Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais

Curso de Agronomia

Relatório de Visita Técnica - Fazenda Ana Luana

Relatório apresentado como atividade para obtenção de crédito na disciplina Zootecnia e

Bem Estar Animal sob orientação da Prof. Gisele Oliveira

Ilhéus - Bahia
2019
Manejo de Reprodução

Observações na fazenda:
As práticas de reprodução adotadas no rebanho leiteiro da propriedade, são as técnicas de
FIV (Fertilização in vitro) e IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) que é somente usada
quando alguma vaca que não funcionou ou não fez a FIV e apresenta o cio, não há monta natural
por não ter macho na propriedade e pelas técnicas terem os doadores machos selecionados além
de garantir que só nasçam fêmeas, então não se faz necessário a monta natural, assim fazendo a
reposição e crescimento do rebanho. A propriedade não tem estação de monta, são realizados
exames ginecológicos e os procedimentos de ciclos hormonais para FIV e IATF quando usadas.
O intervalo entre partos do rebanho é em torno de 15 meses, é feito o desmame dos bezerros aos
7 meses (com 26@). Todos os animais são nascidos no local, assim como todo o manejo com os
bezerros são feitos na propriedade, então não se faz necessário compra de outros animais.
A fazenda se encontra ainda em planejamento, o produtor então ainda não faz nenhum
tipo de alimentação especial para as vacas, o que justifica o escore baixo da vaca recém parida
que foi observada com o escore corporal em 2. Elas comem brachiaria no cocho e pastejam, sem
nenhum tipo de suplementação, concentrado ou silagem, foi observado somente sal mineral e
água a disposição dos animais. As práticas de bem-estar percebidas foram área de sombra, pastejo
e o bezerro ao pé na hora da ordenha, que dispensa o uso de hormônio ocitocina que geralmente
é usado para descer o leite na ordenha quando não se põe o bezerro perto da vaca.
Basicamente o rebanho é formado pela raça Girolando, que é o cruzamento das raças Gir
com Holandês, as quais mesmo sem suplementação somente capim, consegue produzir 10L de
leite com 1 ordenha por dia. A alimentação básica fornecida aos animais não as fazem aumentar
a produção, assim mantendo índices baixos de produtividade.

O que seria ideal para a produção:

O ideal para fazenda é reduzir o IEP de 15 para 12 meses assim maximizando a produção
de leite e de bezerros no rebanho. Tal meta pode ser alcançada na melhora da alimentação e com
a seleção de animais mais aptos a reprodução, que é possível perceber quando se faz escrituração
zootécnica, a propriedade visitada não faz escrituração, e com o uso da FIV sem anotações não é
possível identificar vacas com problemas reprodutivos. Para metas de índices reprodutivos é
necessário fazer anotações (escrituração zootécnica), com uma assistência ideal é possível obter
resultados. As tabelas a seguir são exemplos de anotações a serem feitas para maior desempenho
reprodutivo, e posteriormente as anotações serem analisadas para obtenção de índices.
 Outras ocorrências, como retenção de placenta, aborto, infecções uterinas prolapso
uterino, tratamentos efetuados, devem ser anotados. A eficiência reprodutiva do rebanho pode ser
avaliada com base em alguns índices como intervalo de partos; intervalo de parto ao primeiro cio;
intervalo de parto à concepção (período serviço); taxa de natalidade; taxa de prenhes e número de
serviços por concepção.
Estes são acompanhamentos necessários para obtenção de informações e diagnósticos dos
índices reprodutivos, mas além da escrituração, para melhorar o desempenho reprodutivo é
necessário também a melhora da alimentação do rebanho. Cada fase que são gestação, lactação e
pós-parto tem uma exigência nutricional. A avaliação do escore é uma técnica para avaliação da
condição corporal de forma visual, onde se classificam escore 1 para vacas muito magras, 2 para
magras, 3 regular, 4 boa, e 5 gordas. O escore é um elemento importante na questão reprodutiva
por se tratar da condição nutricional do animal, se o escore está baixo indica que está recebendo
uma alimentação inadequada, ou se está com escore 5 indica uma engorda acima do esperado, e
estas condições influenciam no sistema reprodutor, quando se trata de uma vaca recém parida tem
ainda mais implicação, pois é uma condição em que se precisa estar bem fisicamente e recebendo
alimentação adequada para a recuperação do sistema reprodutor após o parto, e para produção de
leite em quantidade e qualidade.
● A fase do bezerro tem alimentação exclusiva de leite até o desmame, quando se inicia
a introdução de alimento, a fase de mama pode ser ao natural que é diretamente na
vaca ou de forma artificial quando o desmame é feito assim que nasce. Aos 60 ou 70
dias de nascido inicia a introdução do concentrado na alimentação.
● Novilhas devem ter uma atenção na alimentação, pois é uma fase a qual deve ser
acompanhado o ganho de peso diário para que se consiga atingir o peso ideal para
primeira cobertura (ou FIV/IATF) mais cedo, as precoces têm a primeira cobertura
aos 15-16 meses, com peso entre 280 a 340 pois o peso para primeira cobertura varia
entre as raças. A alimentação nesta fase é de grande importância por se tratar da época
de formação do sistema reprodutor e glândulas mamarias.
● A vaca em lactação deve ter um aumento na quantidade de alimento para suprir sua
necessidade de mantença e produção, já que mesmo com aumento do alimento a
produção de leite altera o escore e peso vivo do animal, recomenda-se que aos
requerimentos de mantença sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira
cria e 10% para vacas de segunda cria. Recomenda-se alimentar as vacas primíparas
separadas das vacas mais velhas. Este procedimento evita a dominância, aumentando
o consumo de matéria seca. O uso de concentrado e silagem na lactação ajudam na
manutenção das exigências nutricionais e produção de leite. a vaca em lactação
precisa ingerir de 85 - 90 g de proteína e 304 - 333 g de energia (NDT) para cada
quilograma de leite produzido com 3,5% de gordura.
● Na gestação, da terceira semana anterior ao parto a porção de concentrado ou a dieta
destinada às vacas em início de lactação é introduzida de forma gradativa, com o
objetivo de adaptar a microflora ruminal à nova alimentação.
● No pós-parto, o importante é que a dieta das vacas contenha volumoso de boa
qualidade (pasto, silagem, feno, capim picado ou cana-de-açúcar corrigida com ureia e
sulfato de amônio) e estar adequadamente balanceada para permitir maximizar o consumo
de MS, o mais rapidamente possível depois do parto.

A tabela a seguir mostra o ciclo de vida da vaca na produção de leite:

As tabelas a seguir mostram as recomendações para alimentaç
 A dieta adequada e balanceada é de extrema importância para as fases da produção de
leite, tem influência em todas as fases de produção, principalmente na questão reprodutiva porque
tem direta ligação com a recuperação do sistema reprodutor da vaca enquanto vazia e na produção
do leite. Um outro ponto na produção que é acima da nutrição é o fornecimento abundante de
água e qualidade da mesma, já que o leite é formado aproximadamente 87% de água, então para
seguir com a qualidade deve ser feito periodicamente análise da água fornecida aos animais. Os
processos de cuidados e manejos reprodutivos vai além de somente emprenhar a vaca, para que
se aumente os índices de prenhes e produção de leite, deve seguir recomendações nutricionais em
todas as fases de vida do animal, desde bezerro até vaca e também o acompanhamento individual
do desempenho de cada uma através de dados coletados por fichas individuais (zootécnicas) de
cada vaca e fichas coletivas de lote.

MANEJO COM A VACA

No manejo das matrizes, há a retirada do leite pela manhã com a ordenha mecânica sem
a necessidade de aplicação de hormônio já que os bezerros ficam ao pé, separando um dos tetos
da vaca para ele. É utilizada a prática de lavagem do úbere com água e solução de iodo antes de
ordenhá-las. Após o fim do processo, as matrizes são enviadas para a “praça de alimentação”,
local de sombreamento em que elas se alimentam das gramíneas e se reúnem com os bezerros.
Estes ficam com as vacas durante todo o dia e são separados ao anoitecer. Os animais são
submetidos ao fotoperíodo natural e a curva de lactação é de aproximadamente 250-270 dias.
Todas as matrizes são pertencentes a propriedade, o que garante homogeneidade de características
e reduz os riscos de doenças contagiosas vindas de animais de outras propriedades. A principal
prática utilizada para a geração de novos animais é a Fertilização In Vitro com sêmen já sexado
e a IATF, o intervalo entre partos das matrizes é de 14 meses.

INSTALAÇÔES RURAIS
 O Bem estar animal depende de muitos fatores para ser excelente, assim as instalações rurais
devem ser seguras, ventiladas com sombreamento adequado, deve possuir boa funcionalidade,
higiene e conforto. Dessa forma os animais possuirão melhor desempenho em um sistema de
produção como o de bovinocultura de leite.

Piquetes

Os piquetes em sistema de produção de leite devem ser localizados o mais próximo possível
da sala de ordenha, sendo que o piquete mais distante não ultrapasse 500m, pois isso implica em
gasto de energia, e consequentemente diminui a produção de leite.

Na fazenda visitada pela turma de Zootecnia e BEA, os piquetes localizam- se próximos

da sala de ordenha. Sendo que existem 40 animais na propriedade, alguns cálculos foram feitos
para previsão da área total de pasto. Portanto foi levado em consideração alguns itens necessários
à mantença dos animais.

Cálculos:

Capim Braquiária= 28 a 30 dias de descanso para recuperação dos pastos em clima tropical;

Período de ocupação dos pastos= 7 dias;

● Nº piquetes= período de descanso ÷ período de ocupação+ 1

● Nº piquetes= 30 ÷ 7+1= 6 piquetes

Tamanho de piquetes:

● Consumo animal= 40 x 500kg= 20.000kg peso vivo

● 20.000 x 1,8% de peso vivo em MS= 360kg de MS/ dia
● Necessidade de MS na época das águas/ha= quantidade de pasto ingerido por dia x 180
dias ÷ 1- (perdas de pastejo)
● N. MS/ha= 360kg x 180 dias ÷ 1- (30% de perdas de pastejo) = 92.571kg
● N.MS/ano/ha= 92.571kg ÷ 1- (10% de estacionalidade)= 102.857kg ou 103Toneladas
● Área total= N.MS por ano ÷ produção esperada
● AT= 103T ÷ 18T= 5,7ha
● 5,7ha ÷ 6 piquetes= 0,95UA ou
● 9.500m² ÷ 40 animais= 237,5m²/animal/dia.

Para projeção de 100 animais, recomenda- se pastejo de apenas um dia por piquete, já que
mais de um dia não haverá ganhos nutricionais suficientes para os animais, além de aumentar o
tempo de recuperação dos pastos. Assim a área total de pastos deverá ser de 17ha
aproximadamente, portanto:

● Tamanho de piquete= 17ha ÷ 33 piquetes= 0,52UA ou 5.212m²

● 5.212m² ÷ 100 animais= 52m²/animal

As cercas devem ser compostas por fios de aço ovalados, com estacas e mourões lisos que
não machuquem os animais. Assim cercas elétricas com apenas um fio podem ser utilizadas para
divisões dos piquetes.
Área de sombra

Na propriedade a área de descanso foi construída artificialmente com madeira roliça e tela
sombrite. A instalação tem 4m de altura e dimensão de 6m x 4m.

● Área de sombra= 6m x 4m= 24m²

● 24m² ÷ 5m²/anima= 4,8 animais

Para capacidade de 40 animais, a área de sombra deveria ter uma maior projeção, uma vez
que cada animal necessita de no mínimo 5m².

● 40 animais x 5m²= 200m²

Recomenda- se utilização de tela sombrite 80% em regiões de clima tropical devido as

altas temperaturas durante os dias. A instalação dever ter orientação note- sul, para que a luz solar
possa incidir sob a área de sombra, evitando a exposição do solo com acúmulo da água.

Bebedouro

O bebedouro da área de descanso possui altura de 60cm, é arredondado, facilitando a

circulação da água, possui piso de concreto ao redor, evitando a formação de lama com a água
derramada pelos animais, além de estar localizado próximo ao cocho de sal e da área de sombra.

Recomenda-se que os bebedouros tenham um mínimo de 4cm linear/UA, e possua boias para
reposição e movimentação da água ao ser consumida pelos animais.

Cochos

Na fazenda os cochos externos possuem cobertura móvel, o que facilita a reposição de sal,
além de proteção desse sal contra ação da chuva e do vento, uma vez que o sal é higroscópico. O
cocho está 30cm acima do nível do solo. O espaço linear para cada animal deve ser de 0,60m a
0,80m a depender do porte dos animais.

Praça de alimentação

A praça de alimentação da propriedade está localizada próxima a sala de ordenha, ao lado

do curral de espera. Possui altura de pé direito de 4m, o que proporciona boa ventilação, deixando
o ambiente fresco, sendo orientado no sentido leste- oeste, o que impede incidência de luz solar
durante o verão e favorece no inverno.

No centro dessa instalação existe um silo de sorgo com 1m metro de largura e 20m de
comprimento, sendo o silo rodeado por 40m de cocho (20m de um lado 20m de outro), o qual
possui 40cm de altura,40cm de largura e 30cm de profundidade, e o fundo côncavo para não haver
acúmulo de alimento.

● Sabendo que os animais precisam de um espaço linear de 0,60m a 0,80m:

● 40m ÷ 0,80m= 50 animais
● No entanto para suportar 100 animais será preciso aumentar o tamanho do cocho em 40m:
● 0,80m x 100 animais= 80m
 ● 80m- 40m= 40m

O cocho dessa instalação foi projetado no cento para facilitar o abastecimento por trator.
Assim o piso é feito de concreto, evitando problemas de cascos dos animais e facilitando a
higienização do local.

Curral de espera

É uma instalação onde os animais a serem ordenhados ficam descansando após chegarem
do pasto, não tendo acesso a nenhum tipo de alimentação até o fim da ordenha. Na propriedade
essa estrutura tem 3m de pé direito, telhado quatro águas, fechado com madeira serrada, e na parte
externa com madeira e cordoalha. O piso é feito de pedras e concreto.

Como existem 20 animais em lactação na fazenda, sendo que cada animal precisa de 2,5m²
de área no mínimo, a instalação deve ter uma área de 50m².

● 20 animais x 2,5m²= 50m²

Sala de ordenha

A sala de ordenha da propriedade é em fosso, no qual trabalha ordenhador, sendo a

profundidade desse local de 0,75m, com piso e paredes revertidos de cerâmica, o que facilita a
higienização. No piso do fosso com declividade adequada há um dreno, para o qual escoa a água
derramada da lavagem dos tetos das vacas.

A estrutura de contenção das vacas é feita de madeira, e a plataforma de circulação dos

animais possui canaletas com grelha, além de um bom espaço. A ordenha é toda mecanizada, e o
sistema de tubulação, por onde é canalizado o leite, está ligado à sala do leite.

Recomenda- se que fosso tenha profundidade de 0,75m e que a plataforma de circulação

dos animais esteja entre 0,90m e 1,90m, sendo 1,50m para espinha de peixe e 2,30m para
caminhamento e portão.

Sala de leite

A sala de leite fica ao lado da sala de ordenha e possui um tanque de 600 litros. Sendo a
produção média de 15L/dia:

20 vacas em lactação x 15l= 300L/dia com apena uma ordenha

● Assim para 100 vacas em lactação x 15L x 2 ordenhas=3.000L/dia

Portanto para atender à capacidade de produção de leite que a fazenda poderá atingir com
100 animais em lactação, recomenda- se mais espaços de armazenamento para o leite. No entanto,
mesmo com apenas 20 animais em lactação se forem feitas duas ordenhas por dia a produção de
leite pode ser superior aos 600 litros e o tanque não será capaz de atender a produção.

Essa sala deve ser forrada, contendo pia, balcão e fonte de água, sendo as paredes e o piso
azulejados e bem higienizados.
Brete

É uma instalação onde pode- se conter o animal para realização do manejo sanitário, assim
como para inseminação das vacas. É construído com madeira, possui 0,40m de largura na base e
1,20m na parte superior. Dos lados há como mover partes dessa estrutura para manejar o animal.
Essa estrutura deve estar na parte interna do curral.

Esterqueira

Animais semi- confinados geram de 15 a 20kg de esterco/animal/dia, assim com manejo

incorreto dos dejetos, perde- se componentes de fertilizantes NPK. Com isso a fazenda possui
esterqueira, na qual o esterco produzido é armazenado de 2 a 3 meses para uma posterior
utilização.

Recomenda- se que as esterqueiras sejam ligadas à tanques de chorume, para que se possa
aproveitar esse líquido, devendo haver canaletas com grelhas, por onde escoará o líquido até os
tanques.

Silo

O proprietário irá utilizar container como local para armazenamento de grãos, já que este
pode ser comprado a partir de R$ 3.000,00, sendo um preço mais barato do que o de um silo
graneleiro. Além disso o container possui um bom espaço de armazenamento.

Depósito

No deposito são guardadas todas as ferramentas utilizadas nos manejos dos sistemas de
produção da fazenda, sendo uma parte toda fechada para colocar as ferramentas de pequeno porte.
O restante da instalação é todo aberto dos lados e possui uma cobertura grande com altura de pé
direito de 4m ou mais, sob o qual são colocadas as máquinas da propriedade.

Manejo sanitário

Um dos problemas mais relevante a respeito desse tema foi relacionado com a
água destinada aos animais, que tem origem de uma represa que fica na propriedade. De
acordo com o proprietário, há mais de 10 anos que não é realizada uma análise sanitária
da água. Essa análise é de fundamental importância, pois, o consumo de uma água
contaminada pode trazer risco aos animais, como contaminações, ocasionando doenças.
Logo, é recomendado a cada três meses fazer a análise, visando minimizar o aparecimento
de doenças. Outra questão levantada foi a respeito que não existe um local para armazenar
a água, que é distribuída nos bebedouros para os animais diretamente da represa, sem
nenhum processo de filtragem. É recomendado que se projete um lugar para que essa água
possa ser armazenada, é que seja filtrada.
 Em relação aos bebedouros, eles foram projetados para 100 animais, mas que
atualmente, a quantidade é menor do que o bebedouro pode comportar, fazendo com que
ocorra um menos fluxo no consumo da água, ocasionando um acumulo de matéria
orgânica no local. De acordo com o proprietário, a limpeza é feita 1 vez por semana,
porém, não está sendo eficiente para garantir a higiene do bebedouro, então, é
recomendado que seja feita a limpeza 2 vezes por semana.
Na propriedade não é realizada o casqueamento nos animais, pois, segundo o
proprietário, não há necessidade dessa pratica na fazenda, já que não ocorre acumulo de
lama. O casqueamento é muito importante no que se relaciona a saúde geral dos animais,
pois através da técnica é evitado o surgimento de muitas doenças relacionadas ao casco.
Ele deve ser realizado em conjunto com outros cuidados, como a nutrição adequada,
conforto, qualidade e higiene dos pisos. Portanto, é indicado a adoção dessa pratica por
conta dos benefícios que ela proporciona tanto aos animais, como ao proprietário.
Em relação a sala de ordenha o manejo sanitário utilizado é o pré-dipping, não
usando o pós-dipping, porém como o bezerro fica com a vaca após a ordenha já é o
suficiente e funciona como o pós-dipping.
Manejo do bezerro

O manejo do bezerro na fazenda ao nascer consiste basicamente em colocá-lo para mamar

o colostro o mais rápido possível e na cura do umbigo. São procedimentos básicos e de extrema
importância pois o colostro é quem vai fornecer todos os nutrientes necessário à sobrevivência do
bezerro nos primeiros dias de vida, já a cura do umbigo deve ser devidamente feita para que não
seja porta de entrada para microrganismos presentes no ambiente. Em seguida o bezerro é deixado
juntamente com a vaca até a desmama.

O manejo correto do bezerro deve ser realizado das seguintes maneiras: após o
nascimento, o bezerro precisa se adaptar rapidamente às várias mudanças fisiológicas, estando
exposta ao ambiente. Deve-se deixar a vaca lamber o filhote a fim de promover a limpeza de vias
aéreas a partir da remoção de membranas fetais que possam alterar a respiração, estimulando a
circulação sanguínea e promovendo peristaltismo. Caso a mãe não realize tal estímulo é
necessário enxugar o animal com um pano limpo e friccionar levemente o tórax.

A ingestão de colostro é de extrema importância para a manutenção das crias, devendo

ser fornecido no máximo até 6 horas após o nascimento e de preferência quando mamado na
própria vaca. Esse alimento contribui fornecendo os anticorpos necessários para a sobrevivência
do animal e, consequentemente, reduzindo a incidências de doenças.

A identificação do animal é necessária, devendo ser feita no dia do nascimento através de

brinco. É imprescindível a anotação em fichas dos dados do animal, como data de nascimento,
sexo, nome dos pais e peso ao nascer. Outro fator fundamental corresponde à cura de umbigo,
que deve ser realizada com solução de iodo a 5-10%. Tal procedimento deve ser repetido durante
4 dias, duas vezes ao dia até que se tenha a cicatrização completa. Essa pratica visa desinfeccionar
o umbigo, que pode funcionar como uma entrada de agentes patogênicos. Outro ponto a ser
salientado se refere ao manejo sanitário através de imunização dos filhotes e da mãe. A
imunização garante saúde ao futuro rebanho e melhores produções e visto esse fator, é necessária
a vermifugação e aplicação de vacinas, impedindo endo e ectoparasitos, além de doenças que
podem contaminar o rebanho por completo.

Em relação ao aleitamento, há duas praticas que podem ser utilizadas: aleitamento natural
ou artificial. No aleitamento natural o animal mama diretamente da vaca, sendo esse sistema
adotado muito para raças zebuínas em que há necessidade do bezerro ao pé para estimular a
descida de leite da mãe. Esse método não permite mensurar a quantidade de leite ingerida pelo
filhote e só é eficiente para vacas que produzem menos que 8 kg de leite por dia. O aleitamento
artificial utiliza-se de mais mão de obra, no entanto é possível mensurar a quantidade de leite
ingerido pelo bezerro e assegurar o controle, além de separar a vaca do bezerro, acarretando na
mais rápida desmama e melhorar o manejo dos animais.

Complementos

Qual o consumo diário de água dos 40 animais de 600 kg. À temperatura de 30° C?

Os animais consomem cerca de 2.560 litros de água por dia.

Onde ficará armazenado a casca cacau a ser utilizado na alimentação?

A casca do cacau será armazenado em containers, pois o custo é mais baixo, sendo esses
aproximadamente 6.000 reais, enquanto que o silo graneleiro custa em torno de 30 mil reais, sendo
portanto mais em conta.

Qual a temperatura de conforto térmico dos animais?

Tais animais são homeotérmicos, tendo a capacidade de manter a temperatura corporal com
pouca variação em relação as alterações de ambiente entre 10 e 28°C.

Qual o peso a desmama dos animais?

O peso à desmama dos animais será de seis arrobas (90 kg).

 Referências

CAMARGO, Luiz Sérgio Almeida. FERREIRA, Ademir de Morais. SÁ, Wanderley Ferreira de.
VIANA, João Henrique Moreira. Embrapa. Reprodução de Bovinos Leiteiros. Juiz de Fora,
MG. out. 2003.
NOVAES, Luciano Patto. PIRES, Maria de Fátima Ávila. CAMPOS, Aloísio Torres de.
Embrapa. Procedimentos para o manejo correto da vaca gestante, no pré-parto, ao parto e
pós-parto. Juiz de Fora, MG. out. 2003.
SIGNORETTI, R. C. Práticas de manejo para correta criação de bezerras leiteiras. Consultoria
avançada em pecuária. Ano (??).

COSTA, M. J. R. P.; SCHMIDEK, A.; TOLEDO, L. M. Boas práticas de manejo: Bezerros ao

nascimento. MAPA, Brasília-DF: 2013.

SANTOS, G. T.; MASSUDA, E. M.; KAZAMA, D. C. S.; JOBIM, C. C.; BRANCO, A. F.

Bovinocultura leiteira: Bases zootécnicas, fisiológicas e de produção. Maringá, 2010.