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Elenize Ferreira Maciel (1); Laura Silvestro (2); Gabriela Nunes (2); Iago Lopes dos Santos (2),
Denise Carpena Coitinho Dal Molin (3), Angela Borges Masuero (3)
(1) Gestora Ambiental, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Av. Osvaldo Aranha, 99, 3º andar, 90035-190 – Porto Alegre, RS, Brasil
(2) Engenheiro (a) Civil, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Av. Osvaldo Aranha, 99, 3º andar, 90035-190 – Porto Alegre, RS, Brasil
(3) Professora Doutora, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – Av. Osvaldo Aranha, 99, 3º andar, 90035-190 – Porto Alegre, RS, Brasil
Resumo
O agregado miúdo é um dos principais componentes do concreto, sendo comumente constituído por areia
natural. Entre os diversos ensaios utilizados para caracterização dos agregados miúdos, o de inchamento é
um dos mais importantes quando as proporções ou medidas para sua utilização são feitas em volume. O
ensaio de inchamento dos agregados miúdos para concreto no Brasil é normatizado pela NBR 6467. O
objetivo deste artigo é identificar problemas na descrição do método de ensaio da NBR 6467 que possam
gerar dúvidas quanto a sua realização, avaliando a influência do recipiente (cadinho de porcelana e cápsula
metálica) utilizado para a determinação do teor de umidade e do tipo de homogeneização nos resultados
obtidos de um agregado miúdo calcário, uma vez que tal norma especifica que a homogeneização pode ser
executada de forma manual ou mecanizada. Após realização do ensaio, foi traçada uma curva de inchamento,
com a qual foi determinada a umidade crítica e o coeficiente de inchamento médio para todas as configurações
estudadas, como também um tratamento estatístico dos dados para analisar a variância obtida na avaliação
do coeficiente de inchamento do agregado miúdo calcário. Constatou-se que o tipo de homogeneização
exerce influência significativa no coeficiente de inchamento e que não houve influência significativa do tipo de
recipiente nos resultados do ensaio. Também foram elencados diversos pontos da metodologia da NBR 6467
que geraram dúvida quanto à realização do ensaio e, por fim, apresentadas sugestões que poderiam tornar
a aplicação do mesmo mais simples e prática.
Abstract
The fine aggregate is one of the main components of the concrete, being commonly constituted by natural
sand. Among several tests used to characterize the aggregates, swelling is one of the most important when
the proportions or measures for their use are made in volume. The test of swelling of fine concrete aggregates
in Brazil is standardized by NBR 6467. This article is focused on identifying problems in the description of the
test method of NBR 6467 that may generate doubts about its performance, evaluating the influence of the
container (porcelain crucible and metal capsule) used for determining the moisture content and the type of
homogenization in the results obtained from a limestone fine aggregate, since this standard specifies that
homogenization may be performed manually or mechanically. After performing the test, a swelling curve was
drawn, which determined the critical humidity and mean swelling coefficient for all the configurations studied,
as well as a statistical treatment of the data to examine the variance obtained in the evaluation of the coefficient
of limestone aggregate swelling. It was found that the type of homogenization caused a significant influence
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on the swelling coefficient and that there was no significant influence of the type of container on the test results.
Several points of the methodology of NBR 6467 were also mentioned, which generated doubts about the
performance of the test and, finally, suggestions that could make its application simpler and more practical.
1 Introdução
O agregado miúdo obtido através da areia natural, para uso na construção civil, está cada
vez mais escasso, principalmente devido ao esgotamento de jazidas localizadas próximas
aos centros urbanos, decorrente dos anos de exploração e impactos ambientais causados
pela prática de extração. Com isso, cada vez mais é importante a realização de pesquisas
para incorporação de outros materiais em substituição à areia natural na produção de
argamassas e concretos.
A areia artificial calcária é obtida através da rocha sedimentar constituída de mais de 50%
de carbonato de cálcio (BAUER, 1994), podendo esta ser utilizada na substituição de areias
naturais.
Os agregados miúdos são materiais granulares, geralmente inertes, que não apresentam
reações químicas complexas com a água. Suas características podem influenciar
significativamente a porosidade e absorção de umidade (inchamento), sendo estas
derivadas da origem mineralógica da rocha e suas condições de exposição antes da
transformação para agregado (MEHTA; MONTEIRO, 2008).
O inchamento da areia pode ser caracterizado como o aumento de volume de uma
determinada massa de areia, isso ocorre devido ao afastamento das partículas, pois se
forma em torno dos grãos uma película de água. O inchamento da areia não afeta
significativamente a proporção dos materiais quando estes são medidos por sua massa,
mas nos casos em que esta proporção é medida em volume, o inchamento resulta em
menor massa de areia ocupada no volume fixo do recipiente de medida (NEVILLE;
BROOKS, 2013).
No Brasil, o método de ensaio para a determinação do inchamento de agregados miúdos é
o estabelecido pela NBR 6467 (ABNT, 2006). Este ensaio consiste em adicionar
quantidades de água que se aproximem de teores de umidade preestabelecidos pela norma
e determinar qual o teor de umidade efetivo e o coeficiente de inchamento para cada porção
de água adicionada. A partir destas informações e da elaboração da curva de inchamento
é possível determinar o teor de umidade crítico e qual o coeficiente de inchamento médio.
Em 2009 a NBR 6467 (ABNT, 2006) foi submetida a uma revisão, sendo que não foram
alteradas partes significativas da norma. Por ser um método desenvolvido para agregados
naturais, poderá se ter dificuldade em sua execução quando aplicado em materiais de
outras origens (ABNT, 2006).
Neste contexto, o objetivo deste artigo é identificar problemas na descrição do método de
ensaio da NBR 6467 (ABNT, 2006) que possam gerar dúvidas quanto a sua realização,
avaliando a influência do recipiente (cadinho de porcelana e cápsula metálica) utilizado para
a determinação do teor de umidade e do tipo de homogeneização nos resultados obtidos
de um agregado miúdo calcário, uma vez que tal norma especifica que a homogeneização
pode ser executada de forma manual ou mecanizada.
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2 Metodologia
2.1 Caracterização dos materiais
O presente estudo avaliou o inchamento de um agregado miúdo de calcário. A
granulometria, diâmetro máximo e módulo de finura deste agregado foram determinados
de acordo com a NBR NM 248 (ABNT,2003) e são apresentados na Figura 1.
Figura 2 - Recipientes utilizados na pesquisa – (A) cápsula metálica e (B) cadinho de porcelana
Fonte: Registrada pelos autores
O ensaio, para cada uma das quatros configurações avaliadas, foi realizado utilizando 25
kg de material. Uma estimativa da quantidade de água que deveria ser adicionada para
cada teor de umidade preestabelecido pela NBR 6467 (ABNT, 2006) foi calculada a partir
da Equação 1, a qual gerou as quantidades apresentadas na Tabela 2.
ℎ (%)
𝑀á𝑔𝑢𝑎 = 25 𝐾𝑔 𝑋
100
(Equação 1)
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Tabela 2 - Quantidade de água adicionada para cada teor de umidade preestabelecido pela NBR 6467
(ABNT, 2006)
Teor de Umidade Massa de água Massa de água
(h) total (g) adicionada (g)
0,5% 125 125
1,0% 250 125
2,0% 500 250
3,0% 750 250
4,0% 1000 250
5,0% 1250 250
7,0% 1750 500
9,0% 2250 500
12,0% 3000 750
Fonte: Elaborada pelos autores
Como a norma NBR 6467 (ABNT, 2006) não determina o tempo para a homogeneização
do agregado miúdo e da porção de água adicionada para cada teor de umidade
preestabelecido, foi predefinido um tempo de mistura de 5 min, tanto para o procedimento
realizado de forma manual como mecanizada, sendo que para a mistura mecanizada foi
definido tempo de início de mistura de 2 min, 1 min mistura manual (pois parte da areia
ficava seca no fundo da argamassadeira) e por fim mais 2 min de mistura mecanizada. A
mistura manual foi realizada em cima de uma superfície forrada com um plástico
impermeável e efetuada por duas pessoas. Para a mistura mecanizada foi utilizada uma
argamassadeira da marca Betomaq, modelo mt 40, com capacidade útil de 30 litros. Na
Figura 3, podem-se visualizar as duas formas de misturas empregadas neste estudo.
As amostras com os diferentes teores de adição de água, tanto das cápsulas metálicas
quanto dos cadinhos de porcelana, foram colocadas na mesma estufa para secagem, com
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temperatura de 105°C ± 5°C. Após se constatar a constância de massa de tais amostras,
efetuou-se a pesagem das mesmas.
3 Resultados e discussão
Na Figura 4, pode-se verificar que o tipo de mistura reflete nos resultados de inchamento,
pois a partir do teor de 3% de umidade a mistura mecanizada se mostra mais eficiente,
apresentando picos máximos de inchamento entre os teores de 3 a 5% e após há uma
diminuição deste inchamento. Percebe-se que o tipo de recipiente não influencia no teor de
umidade, sendo que para os dois tipos de recipientes (cápsula metálica e cadinho de
porcelana) os resultados foram praticamente iguais.
Nas Figuras 5 e 6 são apresentadas as curvas de inchamento médio de cada configuração
como também a umidade crítica.
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Figura 5 - Curva de inchamento para a mistura manual com: (A) cadinho de porcelana e (B) cápsula
metálica
Fonte: Elaborada pelos autores
Figura 6 - Curva de inchamento para a mistura mecanizada com: (A) cadinho de porcelana e (B) cápsula
metálica
Fonte: Elaborada pelos autores
Figura 7 - Mistura mecanizada que indica a existência de areia seca no fundo da argamassadeira
Fonte: Registrada pelos autores
Como a norma não determina um tempo mínimo para a homogeneização da mistura, foi
adotado o tempo em que visualmente a areia e a água estivessem mescladas para
homogeneização manual. Porém verificou-se que esse tempo impacta diretamente nos
resultados, sendo que através do processo mecanizado, se buscou utilizar o mesmo tempo
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adotado no processo manual e pode-se observar visualmente que a mistura não ficou
homogênea, o que impactou diretamente nos resultados no ensaio. Sendo assim se sugere
que a norma, além de adotar um processo único, ou manual ou mecanizado, prescreva um
tempo mínimo para a homogeneização da mistura (agregado e água).
4 Conclusões
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os materiais estudados e nas condições descritas na metodologia, a utilização de cápsulas
metálicas ou cadinhos de porcelana não provocou alteração das informações obtidas,
sendo assim se sugere que possa ser utilizado qualquer recipiente que seja acessível ao
laboratório onde se realiza o ensaio, desde que este seja resistente a altas temperaturas
(105ºC) dentro de uma estufa.
Além das conclusões baseadas na análise dos resultados obtidos na realização dos
ensaios, também foram apresentados os obstáculos encontradas, bem como sugestões
consideradas importantes para uma revisão da normatização. Tais observações dizem
respeito: à quantidade de material necessário e a dificuldade para o manuseio do mesmo;
à determinação de apenas uma forma de homogeneização do agregado miúdo e da água
e de um tempo mínimo para este procedimento.
5 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6467: Agregados –
Determinação do inchamento do agregado miúdo – Método de ensaio. Rio de Janeiro,
2009.
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