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Introdução
-Eliphas Levi
A árvore da vida da Cabalah, uma de suas mais marcantes simbologias, pode ser
considerada um rascunho do Universo, sintetizado para que nossa compreensão humana
pudesse absorver pelo menos um trecho mínimo do conhecimento natural que nos cerca.
É interessante também citarmos que não apenas os sumérios e posteriormente os
Hebreus sintetizaram as formas do Macrocosmo em forma de uma árvore. Os Eslavos,
os Nórdicos e até mesmos os Africanos realizaram esse simbolismo, de modo que as
raízes da árvore tocavam o submundo e os deuses inferiores, o tronco passava pelo
mundo físico e a copa atingia as alturas do céu e as manifestações superioras.
As energias que fluem pelas Sephiras de Otz Chiim são intensificações das
emanações demiúrgicas de IHWH que chegam ao plano físico, enquanto as emanações
de HWHI (Yahvajoth, Deus Averso, primordial a entidade “Satan”.) se erguem do
abismo caótico para adentrar no reino material.
Estas esferas não são meramente planos. Mas uma rede de energia que inclui partes
do plano Astral, Físico, entidades, e a própria energia que emana destas “conchas”
presentes no Sitra Ahra e adentram o nosso Universo. As Qliphots são o próprio fluxo e
influxo energético, ou seja, a presença ou não de determinadas energias em determinado
local.
É válido lembrar também ao leitor que não existe um “certo ou errado”. Não há
verdades absolutas ou certezas dentro do ocultismo. Por mais que se divida a filosofia
do ocultismo em dois caminhos na teoria, na prática eles ocorrem todos
simultaneamente. Ninguém é unicamente bondoso e altruísta, reagimos em nossa defesa
quando necessário. E ninguém é totalmente livre, ainda somos presos as amarras de
nossa consciência e a nossas limitações. “Direita e Esquerda” ocorrem de forma
misturada e às vezes até mesmo indistinta. O mundo é composto afinal de Luz e Trevas
e é impossível enxergar sem o contraste que ambos proporcionam.
Literatura oculta
Um fator importante de expressão dentro do Ocultismo é a Arte. O Universo é um
macrocosmo, e o homem, seu fruto proibido, é um Microcosmo equivalente. Somos
estrelas dançantes em meio à escuridão e as ciências ocultas nos auxiliam a entender a
nós mesmos a ao meio que nos cerca. E não há nada mais humano que a Arte.
A Arte é a Alma.
Na primeira parte deste livro alguns contos de influência “qliphótica” serão contados,
como forma de expressar melhor o real significado das Qliphots e seus caminhos. Tais
contos misturam em si fatos fictícios e alguns fatos reais inseridos, seja de experiências
com mágica ou relatos da vida de um ocultista. Alguns deles contêm em si fatos de meu
próprio interesse, em uma tentativa de fazê-los se manifestar no mundo físico. Mas em
todos está presente a simbologia Mágica necessária para entender estas emanações
energéticas que inspiraram estas páginas.
Antes de cada história ser contada, as informações sobre a esfera serão detalhadas
para que possa haver relação entre os simbolismos. Cada esfera Qliphótica é regida por
um planeta astrológico que influencia suas características e está diretamente ligado a
astrologia. Uma carta de tarô que contém os simbolismos sincretizados com a esfera ao
longo dos anos pelos praticantes deste oráculo, que além de poder representar a
influência desta emanação na vida do consulente, também serve como sigilo durante
rituais envolvendo as Qliphots.
Por fim, cada esfera possui uma entidade regente, que representa uma personificação
consciente daquela emanação energética. Estes regentes são os onze demônios do
abismo do Caos, responsáveis pela manutenção destas esferas. Estas entidades são
correspondentes aos onze guerreiros de Tiamat, A Mãe Dragão na mitologia Suméria.
Contos de Influência Qliphotica
A árvore da Morte
תגרירון
Thagiriron
Thagiriron
Demônio: Belphegor
Significado: Litígio / Processo Jurídico
Descrição: Disputa
Poder: Discussão
Planeta: Sol
Tarô: O Sol
Thagiriron é talvez uma das Qliphot mais importantes da árvore de NOX. É o centro
da estrutura, e consequentemente o centro do ser humano. É a Qliphot oposta a Tipharet,
a Sephira do Sol, da beleza interior, do amor próprio e do individualismo.
Thagiriron significa “Litígio”, ou processo judicial. Tal nome tem relação com a
palavra “Shatan”, que em hebraico representa “aquele que acusa”. O poder desta
emanação energética é a Discussão, a disputa. Enquanto sua contraparte luminosa
remete ao poder de argumentação e a personalidades fortes, que chamam para si a
atenção, Thagiriron rege as personalidades egoístas e egóicas que se voltam para si
mesmos.
Enquanto Tipharet pode ser associado ao messias cristão e a sua “luz”, sua
contraparte obscura é associada ao Anticristo, a Besta 666 citada na bíblia cristã. O
demônio regente, Belphegor era um Deus do povo Moabita (descendentes de Moab e
Amon, filhos do incesto de Ló com suas filhas), considerado o senhor das invenções.
Seu aspecto era o de um velho barbudo cuja língua possuía o formato de um pênis.
Quando enfurecido, tomava a forma de uma besta que se assemelhava a um lobo
grotesco. Sua regência em Thagiriron toma forma nos magos da idade média, cuja
aparência entrava em decadência devido a seu comprometimento unicamente com o
conhecimento e com suas invenções. A sede de poder da alma passando para o corpo.
O lado luminoso está associado ao intelecto racional, aos pensamentos lógicos.
Enquanto o lado negro adapta-se a inteligência instintiva, o raciocínio rápido, os
impulsos. Um adepto completo deve saber quando e como utilizar-se de ambos os lados
para tornar-se completo, do contrário uma hora ele irá falhar em sua jornada.
Ambas estas entidades existem em todos nós, e são por muitas vezes mais poderosas
que os demônios evocados e até mesmo que as correntes de energia qliphóticas. No
entanto são muito mais difíceis de serem trabalhadas devido ao alto risco de se contatá-
las. Um erro e a sua própria personalidade pode ser devorada para sempre pelo seu
subconsciente. Por isso é algo a ser feito apenas por pessoas com um alto grau de
experiência. Os trabalhos com estes entes, para despertá-los, são feitos utilizando-se
emanações dessas duas esferas.
Ambas, Tipharet e Thagiriron são esferas solares. Mesmo que o sol da Qlipha seja
negativo e negro, ele ainda ilumina. Sua luz negra revela a realidade e destrói as ilusões.
É o sol do submundo, a luz interna do Abismo da mente.
O sol negro é o motor do Caos. É ele que guia a matéria negra que constitui o
Universo. O astro por trás do astro, que guia a escuridão e cria a dualidade, o contraste
que nos permite enxergar o mundo como ele realmente é.
Thagiriron, nos trabalhos mágicos é representado por um Sol Negro, ou figuras feitas
em ouro (ou material dourado semelhante). O número 666, correspondendo a besta do
apocalipse, a carta de tarô correspondente, ou mesmo a figura de um dragão vermelho
pode ser utilizado para canalizar o fluxo desta energia.
***
Schwarze Sonne
Em completo silêncio, o General olhava fixamente na direção do oficial que lhe
passara o telefone. Não olhava necessariamente para o soldado, mas para algum ponto
perdido entre ele e a parede ao fundo da mansão.
O General soltou o telefone sobre o gancho com convicção. Correu para sua sala
particular e começou a revirar suas gavetas, atirando os conteúdos no chão. Folhas
soltas voavam pela sala, quando ele ergueu o caderno em sinal de triunfo. Os deuses não
podiam, afinal, serem tão cruéis com quem tentou reviver a velha Alemanha em sua
velha forma, conforme os costumes de seus antepassados.
Ordenou que os últimos homens se dirigissem até o salão mais interno da casa. Ele
tentaria uma última e desesperada saída para aquela guerra. Um último triunfo, ainda
que ocasionado pela derrota.
Cada vez mais o General dava indícios de ter ficado louco. Ele recitava imprecações
em alemão, de forma cada vez mais rápida e intensa, lendo as páginas daquele caderno.
Os soldados sabiam da fixação de seu superior por ocultismo e magia negra, mas não
esperavam ser mortos sem a mínima tentativa de escapatória, por causa daquele louco.
As forças do eixo invadiram a sala, habitada apenas pela grande figura de um Sol
Negro no meio do mármore branco e folhas chamuscadas, ainda flutuando no ar.
A única coisa que se passou pela mente do líder daquele pequeno contingente que
invadira a mansão do General, foi como diabos explicar isto em um relatório de forma
sã.
***
Falsa Aurora
E seu eu lhe disser que este conto não é sobre guerreiros, generais nazistas, demônios
ou entidades? E se tudo isso for, na verdade, sobre você. Sobre os seus fundamentos,
motivos e capacidade.
Não, eu não me importo com nada disso. Nem o mundo se importa. Muito pelo
contrário eu diria, quanto menor você for, mais o mundo se alimentará de você.
Por que sempre que tentamos pensar sobre nós mesmos algo impede? Porque não
querem que você pense. Então é exatamente isso o que você fará agora. Pensar.
Pare de ler tudo que passam pra você. Escreva algo. Pare de aceitar toda realidade
que te impõe. Teste sua realidade. Seja sincero consigo mesmo pelo menos uma vez na
vida e admita a sua incapacidade.
Esmague o Ego. Destrua sua imagem. Você não é sua roupa ou seu corpo ou o nome
que te deram. Todos nós estamos em decomposição, agora mesmo enquanto você lê
isso.
Isso não é sobre o que você pensa de si mesmo. É sobre o que você é. E você não é
uma Estrela. Você é uma falsa aurora que tenta brilhar com algo que não é seu.
Somente aqueles que se consomem totalmente podem emitir alguma luz. E somente
quando estamos na escuridão nós podemos ver a Estrela da Manhã.
***
Os Caminhos Qliphóticos
Esses túneis são como Qliphas secundárias, localizadas juntas as dez conchas
maiores. São menos influentes, mas são a ligação entre uma forma de emanação e outra,
como se a energia formasse um “degrade” conforme mudasse sua atuação. Por serem
considerados também Qliphas secundárias, sua numeração começa a partir do Onze, ou
seja, segue logo após a décima esfera de Thaumiel.
No capítulo final, durante a parte prática deste livro, será demonstrado como se
trabalhar com cada Qliphot e com cada um dos vinte e dois caminhos complementares
destes fluxos energéticos.
Estes fluxos nunca são estáticos ou estagnados. Eles são uma constante
movimentação, as quais podem associar a falange dos Exus presente na
umbanda/kimbanda e cujo símbolo é um tridente e também aos Corvos Negros,
representantes da dispersão e movimentação. A força vinda da direção oposta, que força
o mundo a se mover, e traz o Caos para destruir a estagnação da Ordem.
Cada dissertação sobre cada caminho será seguida de alguns breves versos, que
servem como uma forma de sigilo de acesso a esta manifestação energética. O jogo de
palavras inteiras pode, assim como os riscos que formam um selo, servir como um
sigilo para determinado fim. É o princípio dos mantras e evocações faladas ou cantadas.
24 - Nianthiel
Também regido pelo signo de escorpião, Nianthiel são as águas negras onde residem
os senhores do Tempo, da degeneração e da Morte, o Arcano do tarô que rege esta
Qlipha secundária. É a purificação que faz parte da Iniciação (do túnel anterior) sendo
realizada através do processo de putrefação. É a transição, o Nigredo da Alquimia.
O esqueleto segurando uma foice e vestido com uma mortalha é o símbolo desta
emanação. É o Falcifer, o portador da Foice que introduz a Morte no mundo físico, para
que se possa adentrar nos planos etéreos. Os animais relacionados são o Lobo e o Corvo
que representam a morte.
A consequência de ser aprisionado por estas energias são a atração pela morte, a
doença sexual da Necrofilia, Canibalismo, psicopatia entre outras perversões.
***
Nianthiel
Para dançar
E girar e girar
Pode Alcançar
Morrerá
Para dançar...
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Este é um “preview” para demonstrar o livro e seus objetivos. Todos os direitos
autorais pertencem ao autor e não deve ser reproduzido/alterado sem permissão do
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https://www.clubedeautores.com.br/book/144498--Sabedoria_do_Abismo
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