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TÓPICO ESPECIAL

Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de


elementos de diagnóstico
Antônio Carlos de Oliveira Ruellas*, Ricardo Martins de Oliveira Ruellas**, Fábio Lourenço Romano***,
Matheus Melo Pithon**, Rogério Lacerda dos Santos**

Resumo

Algumas más oclusões exigem do ortodontista capacidade de diagnóstico para decidir pela
melhor maneira de tratar o paciente. O objetivo dos autores deste artigo foi apresentar
casos clínicos e discutir alguns elementos de diagnóstico utilizados na elaboração do plano
de tratamento, auxiliando na decisão de extrair dentes. Foi dada ênfase em cada elemento
de diagnóstico: aspectos relacionados à cooperação, discrepância de modelo, discrepância
cefalométrica e perfil facial, idade esquelética (crescimento) e relações anteroposteriores,
assimetrias dentárias, padrão facial e patologias. Sugere-se que a associação dos aspectos
citados é importante para a decisão correta. Todavia, algumas vezes, uma característica, por
si só, pode definir o plano de tratamento.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Diagnóstico. Extração dentária. Planejamento ortodôntico.

INTRODUÇÃO extrações em alguns casos. Relatava que extrações


Desde os primórdios da Ortodontia discute- dentárias nunca deveriam ser realizadas com a fi-
se sobre a necessidade de extrações dentárias em nalidade de facilitar a mecânica ortodôntica, mas
algumas situações ortodônticas. Angle, no início para propiciar o melhor tratamento ao paciente2.
do século XX, defendeu o tratamento ortodôn- Tweed, um dos mais brilhantes alunos da
tico sem extrações baseando-se no conceito da escola de Angle, durante muitos anos seguiu
linha de oclusão23. Segundo o autor, havia po- fielmente os conceitos de seu mestre, realizan-
tencial para que os 32 dentes se posicionassem do tratamentos sem extrações dentárias. Como
corretamente na arcada dentária e, quando isso clínico criterioso, observou que muitos de seus
acontecia, os tecidos adjacentes (tegumento, osso casos recidivaram, principalmente aqueles em
e músculo) se adaptavam a essa nova posição. que os incisivos inferiores não terminavam em
Pensando dessa forma, ensinou aos seus alunos e posição vertical em relação à base óssea. Dessa
tratou inúmeros casos24. forma, retratou pacientes com extrações de qua-
Um dos maiores opositores de Angle foi Calvin tro pré-molares e obteve melhores resultados
Case, que defendia o tratamento ortodôntico com estéticos e funcionais. De seguidor fiel, Tweed

* Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor Associado de Ortodontia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ).
** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
*** Doutor em Ortodontia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Doutor de Ortodontia da Faculdade de Odonto-
logia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP).

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tornou-se opositor das ideias não-extracionistas selamento labial. Foram propostos sete itens para
de Angle, motivo pelo qual foi criticado pelos serem avaliados como auxiliares nessa decisão e
ortodontistas da época23. que serviram como guias qualitativos. Ou seja, isso
Essa dicotomia permanece até os dias atu- não significa que seis itens favoráveis à extração de-
ais: o diagnóstico de algumas más oclusões dei- terminem a sua realização, há casos em que apenas
xa dúvidas quanto à realização de extrações. um item pode ser determinante para a decisão.
Segundo Dewel7, o desafio do diagnóstico or-
todôntico não está naqueles casos que declara- COOPeRaÇÃO
damente requerem extrações ou naqueles que Todo tratamento ortodôntico necessita de
não as necessitam, mas, sim, num extenso gru- colaboração do paciente como, por exemplo,
po conhecido como casos limítrofes. Não há, na manter uma higiene bucal adequada, não que-
literatura, unanimidade em relação ao valor da brar ou danificar os acessórios ortodônticos ou,
discrepância negativa na arcada inferior que ca- simplesmente, comparecer regularmente às
racterize tais casos. Entretanto, aceitam-se va- consultas. Porém, para determinados tipos de
riações entre -3 e -6mm, de discrepância total, má oclusão, necessita-se de colaboração adicio-
para classificar o caso como limítrofe. Keedy11 nal para que o tratamento seja executado com
comentou que o diagnóstico será ditado pela sucesso. Para a correção de certos tipos de má
tensão da musculatura e estabilidade pós-trata- oclusão de Classe II, principalmente as de ori-
mento. Williams26 observou que, na maioria dos gem esquelética, é necessário o uso de apare-
casos limítrofes, o paciente apresenta padrão lho extrabucal. Também no tratamento de má
esquelético adequado e aceitável equilíbrio dos oclusão de Classe III com deficiência maxilar
tecidos moles, com a frequência de indicação (paciente com potencial de crescimento), o uso
pelas extrações variando de 5 a 87% dos casos, da máscara facial para protração maxilar é um
por diferentes profissionais. dos tratamentos indicados18. É necessário, em
Diante de qualquer má oclusão, e principal- grande parte dos tratamentos, o uso de elásti-
mente de um caso limítrofe, é necessário avaliar cos intermaxilares como auxiliar na correção da
as características dentárias, faciais e esqueléticas má oclusão ou na fase final do tratamento, para
do paciente para se ter um correto diagnóstico e intercuspidação, os quais também exigem em-
eficiente plano de tratamento. No presente arti- penho do paciente em seu uso regular. Todos os
go, serão discutidas algumas dessas característi- recursos citados acima, devido ao comprometi-
cas, consideradas elementos de diagnóstico, que mento estético, oferecem dificuldades quanto à
devem ser observadas atentamente na decisão aceitação e uso por parte dos pacientes.
sobre a realização de extrações no planejamento É extremamente difícil saber, inicialmente, se
do tratamento ortodôntico. o paciente será ou não colaborador, mas através
A decisão sobre extrações dentárias vai além da da observação de alguns critérios — como o com-
necessidade de obter espaços na arcada, seja para portamento do paciente no consultório, o tipo de
alinhar dentes ou retrair dentes anteriores. Algumas relacionamento do mesmo com o acompanhante
vezes, a extração para alinhar dentes pode com- e através de entrevista separada com os pais —,
prometer a estética facial, tornando o perfil mais pode-se arriscar alguma previsão sobre a coope-
côncavo. Entretanto, obter espaço à custa de mo- ração. Essas observações aplicam-se, principal-
vimento distal de dentes posteriores pode também mente, ao paciente adolescente. De modo geral,
comprometer a estética, tornando o terço inferior o paciente adulto é mais colaborador do que o
mais longo, o que pode resultar em dificuldade de jovem, pois é mais maduro emocionalmente para

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entender a importância desse fator em seu trata- inferiores e pequenas expansões e/ou projeções
mento. Quando é necessária uma grande colabo- com objetivo de restabelecer inclinações normais
ração, sugere-se planejar um reestudo depois de aos dentes inferiores, principalmente se acompa-
determinado período de tempo, pois, diante da nhadas por disjunção maxilar.
incerteza da efetiva colaboração, o ortodontista O caso clínico 1 ilustra a situação de apro-
não pode contar plenamente com esse fator na veitamento do leeway space para evitar as ex-
resolução dos casos limítrofes. trações. A paciente, com 9 anos de idade, pos-
Algumas vezes, a falta de cooperação prolon- suía discrepância negativa nas arcadas superior
ga o tempo de tratamento e pode, até mesmo, e inferior (Fig. 1). Para resolução desse caso,
acarretar em alteração do planejamento inicial, poderia-se optar por extrações dentárias de
requerendo extrações dentárias. pré-molares superiores e inferiores. Apesar do
Más oclusões de Classe II dentárias, com boa perfil ter se mostrado levemente convexo, op-
arcada inferior, podem ser corrigidas por movi- tou-se pelo tratamento com o aproveitamento
mento distal dos dentes superiores com uso de do leeway space na arcada inferior e colocação
elásticos, ou aparelho extrabucal, o que requer de arco lingual durante a fase de dentição mista
muita cooperação do paciente. Alternativamen- (Fig. 1G), além do procedimento de expansão
te, pode-se realizar o movimento distal apoiado rápida da maxila. Com essa terapêutica, con-
em mini-implantes; ou fazer a correção com ex- seguiu-se o alinhamento dentário sem a neces-
trações de pré-molares superiores, exigindo um sidade de realização de extrações e obteve-se
menor grau de colaboração do paciente. perfil reto que, provavelmente, estaria em pior
Alguns tratamentos podem obter resultados conformação se o caso tivesse sido tratado com
semelhantes se conduzidos com ou sem extra- extrações dentárias (Fig. 2, 3).
ções (principalmente casos limítrofes). Entre- Outra situação, nos casos de discrepâncias ne-
tanto, outros podem ter seu resultado compro- gativas, é aquela onde há necessidade de se reali-
metido caso o planejamento tenha sido baseado zar extrações dentárias porém não se pode alterar
em mecânicas que dependam de cooperação e o o perfil facial. No caso clínico 2, a paciente pos-
paciente não corresponda. suía perfil facial reto com discrepância negativa
nas arcadas superior e inferior e assimetria na ar-
DIsCRePâNCIa De mODelO cada inferior (Fig. 4) com desvio da linha média
A discrepância de modelo deve ser avaliada tan- inferior para a direita. Para resolução desse caso,
to na arcada superior quanto na inferior. Mas, para optou-se pelas extrações de três pré-molares (14,
fins de diagnóstico, a arcada inferior é prioridade, 24 e 34). Para evitar retrações excessivas dos den-
devido à maior dificuldade em se obter espaço. tes anteriores para lingual e aprofundamento do
Quando o ortodontista se depara com uma perfil, utilizou-se torque resistente nas arcadas
discrepância de modelo (DM) negativa acen- superior e inferior durante a retração dentária,
tuada na arcada inferior, dificilmente consegue evitando-se verticalização dos incisivos. O resul-
tratar o paciente sem extrações dentárias. Para tado, ao final do tratamento, foi de harmonização
pequenas discrepâncias negativas, em grande dentária no espaço presente, com manutenção do
parte dos casos, o tratamento é realizado sem perfil facial (Fig. 5).
extrações. Assim, o espaço pode ser obtido por Nas discrepâncias de modelo nulas ou posi-
aproveitamento do leeway space (quando ainda tivas, o tratamento é realizado sem extrações, a
for possível), stripping, correção de inclinações não ser que o paciente apresente outro problema
acentuadas para mesial dos dentes posteriores associado que as indique.

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Proffit e Fields16 elaboraram um guia de pro- preferindo-se os primeiros pré-molares, pois a


cedimentos contemporâneos para avaliação de extração dos segundos pré-molares não é ade-
extrações em casos de Classe I com apinhamen- quada para grandes discrepâncias.
to e/ou protrusão. Os autores relataram que, em Ao se decidir resolver a DM com extrações,
discrepâncias negativas na arcada inferior meno- considerações a respeito de alterações no perfil,
res do que 4mm, raramente a exodontia é neces- por retrações dos dentes anteriores e provável di-
sária, exceto nos casos de protrusão de incisivos minuição do terço inferior da face, devem ser rea-
ou discrepância vertical posterior. Em discrepân- lizadas. Porém, quando se decide solucionar a DM
cias negativas na arcada inferior entre 5 e 9mm, negativa sem extrações, considerações devem ser
pode-se realizar o tratamento com ou sem extra- feitas em relação ao provável aumento do terço
ções, dependendo das características do paciente inferior da face pelo movimento distal de dentes
e da mecanoterapia ortodôntica utilizada. Final- posteriores para se obter espaço. Ou seja, há im-
mente, para discrepâncias negativas superiores plicação direta desses mecanismos com o padrão
a 10mm, a extração é quase sempre necessária, facial, item que será discutido mais adiante.

A B

C D

E F G

FIGURA 1 - Caso clínico 1. Fotografias iniciais faciais (A, B) e intrabucais (C a F). G) Arco lingual instalado para aproveitamento do leeway space.

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FIGURA 2 - Caso clínico 1: fotografias faciais e intrabucais finais.

A B C

FIGURA 3 - Perfil pré (A), pós-tratamento (B) e três anos após a finalização do caso (C).

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FIGURA 4 - Caso clínico 2: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

DIsCRePâNCIa CefalOméTRICa algumas vezes, finaliza-se um caso com incisivos


e PeRfIl faCIal projetados em função de não alterar um perfil satis-
Em situações de acentuada inclinação vestibu- fatório, podendo-se lançar mão de desgastes inter-
lar dos incisivos, evidenciando-se grande discre- proximais (stripping) para criar espaços que possi-
pância cefalométrica (DC) e expressiva convexi- bilitem uma pequena verticalização desses dentes.
dade facial, muitas vezes são necessárias extrações Nem sempre acontecem as alterações de
para reposicioná-los, refletindo positivamente no perfil esperadas durante o tratamento ortodôn-
perfil do paciente. tico. Boley et al.3 realizaram um estudo em 50
A tendência atual do diagnóstico ortodôntico pacientes submetidos a tratamento ortodôntico
é de valorizar mais as características faciais e se com e sem extrações dentárias. Fotografias extra-
prender menos aos valores cefalométricos. Assim, bucais dos pacientes antes e após o tratamento

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FIGURA 5 - Caso clínico 2: fotografias faciais e intrabucais finais.

foram enviadas a ortodontistas e clínicos norte-


americanos para que respondessem que tipo de
tratamento havia sido realizado. Num segundo
momento, as mudanças no perfil dos pacientes
foram avaliadas através de grandezas cefalomé-
tricas. Não foram encontradas diferenças estatis-
ticamente significativas nas duas avaliações, con-
cluindo-se que as mudanças no perfil não foram
tão evidentes para cada tipo de tratamento.
Os pacientes podem apresentar perfis cônca-
vos ou convexos em diferentes graus (acentuado,
moderado ou leve) ou retos. De acordo com o
tipo de perfil, pode-se decidir sobre a necessi-
FIGURA 6 - Sobreposição total. dade de extrações dentárias em um tratamento

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ortodôntico, haja vista que o perfil responderá mentoneira vertical durante o período noturno para
às mudanças promovidas nos dentes. De acordo controle vertical, evitando-se extrusões.
com Ramos et al.17, para cada 1mm de retração Ao final do tratamento (Fig. 9, 10), houve cor-
do incisivo superior, o lábio superior se retrai reção das relações dentárias e melhora no perfil fa-
em 0,75mm. Outros autores encontraram valo- cial, o qual não foi totalmente reposicionado, mos-
res menores para essa relação (1/0,64 - Talass et trando-se discretamente protruso, com a finalidade
al.20; 1/0,5 - Massahud e Totti14). Quanto ao lábio de evitar o envelhecimento precoce da paciente.
inferior, para cada 1mm de retração do incisivo
inferior, o lábio se retrai em média 0,6mm12 ou IDaDe esqUeléTICa (CResCImeNTO) e
0,78mm14. Desse modo, o fechamento de espa- RelaÇões aNTeROPOsTeRIORes
ços por retração dos dentes anteriores tenderá a Nas más oclusões com discrepância esquelé-
tornar o perfil mais côncavo. tica, verificar se o paciente ainda apresenta cres-
Há situações onde o perfil facial é côncavo cimento facial expressivo é de fundamental im-
mas o planejamento ortodôntico indica extra- portância no diagnóstico e prognóstico do caso.
ções para resolver problemas de apinhamento O surto máximo de crescimento puberal ocorre,
e/ou assimetrias dentárias anteroposteriores. aproximadamente, por volta dos 11 a 12 anos nas
Atenção deve ser dada ao fato da estética fa- meninas e 13 a 14 anos nos meninos, excetuando-
cial estar sendo cada dia mais valorizada pelos se as variações individuais16. O método mais utili-
pacientes e ao fato do perfil facial tornar-se mais zado para avaliação da idade esquelética é a radio-
côncavo à medida que a idade aumenta. Assim, grafia de mão e punho, analisando-se o tamanho
deve-se preferir finalizar os casos com perfis le- das epífises em relação às diáfises9. Caso o pacien-
vemente protrusos para que, no futuro, eles não te se encontre nesse período do desenvolvimento,
se tornem côncavos. Em pacientes adultos, deve- é possível corrigir uma displasia esquelética com
se evitar a recolocação excessiva de dentes an- uso de aparelhos com efeitos ortopédicos.
teriores para lingual, o que poderá acarretar em Caso a má oclusão possa ser corrigida com res-
evidenciação das rugas de expressão e imediato posta do crescimento (redirecionamento do cres-
aspecto de envelhecimento facial. cimento), o clínico tem a possibilidade de tratar o
As figuras 7 e 8 (caso clínico 3) mostram uma pa- caso sem extrações dentárias.
ciente com 11 anos de idade, perfil convexo, Classe As figuras 11 e 12 (caso clínico 4) demons-
II esquelética (ANB = 6º), Classe I dentária, DM in- tram um caso clínico com essas características.
ferior nula, sobressaliência de 2mm, mordida aberta Utilizando-se aparelho extrabucal associado a
de 3mm, incisivo superior bem posicionado (1.SN aparelho ortodôntico fixo, obteve-se correção
= 103º) e inferior projetado (IMPA = 110º). Como dentária e esquelética. Inicialmente, o paciente
agravantes, a paciente apresentava respiração bucal com 11 anos de idade apresentava perfil conve-
e dificuldade em selar os lábios. Pode-se notar, tam- xo; Classe II esquelética (ANB = 8º); Classe II,
bém, o terço inferior da face aumentado e a falta de divisão 1; DM inferior de 2mm; sobressaliência
espaço para erupção dos caninos superiores. de 8mm; sobremordida de 5%; incisivos superio-
Baseado nessas avaliações, optou-se pelo trata- res bem posicionados (1.SN = 101º) e inferiores
mento ortodôntico associado a extrações dos dentes projetados (IMPA = 99º); e terço inferior da face
14 e 24, com o objetivo de alinhar e nivelar os ca- aumentado. Como agravante, o paciente apresen-
ninos superiores, e dos dentes 35 e 45, para peque- tava hábito de sucção de dedo, respiração bucal
na reposição dos incisivos inferiores e movimento e possuía crescimento com resultante predomi-
mesial dos dentes 36 e 46. Foi utilizada, também, nantemente vertical (Sn.GoGn = 40º).

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FIGURA 7 - Caso clínico 3: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

1.SN = 103º ANB = 6º

IMPA = 110º

FIGURA 8 - Traçado cefalométrico inicial.

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FIGURA 9 - Caso clínico 3: fotografias faciais e intrabucais finais.

1.SN = 100º
ANB = 4º

IMPA = 102º

A B

FIGURA 10 - A) Traçado cefalométrico final e B) comparação dos perfis inicial e final.

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FIGURA 11 - Caso clínico 4: fotografias faciais e dos modelos iniciais.

Nesse caso, optou-se por utilizar o aparelho extra-


bucal de tração combinada com maior componente
1.SN = 101º
ANB = 8º vertical, para corrigir a Classe II por diferença de deslo-
camento da mandíbula para anterior (em decorrência
do crescimento), associado ao uso de elásticos de Clas-
se III, para reposicionamento dos incisivos inferiores.
Ao final do tratamento, obteve-se correção das
SN.GoGn = 40º relações esqueléticas (ANB = 3º) e dentárias às
IMPA = 99º custas da restrição do crescimento anteroposterior
e vertical da maxila, além de movimento distal dos
dentes superiores e boa resposta do crescimento
FIGURA 12 - Traçado cefalométrico inicial. mandibular para anterior.

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FIGURA 13 - Caso clínico 4: fotografias faciais e intrabucais finais.

1.SN = 95º ANB = 3º

SN.GoGn = 39º

IMPA = 93º

A B

FIGURA 14 - A) Traçado cefalométrico final e B) sobreposições parciais da maxila e mandíbula.

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Com o melhor posicionamento dentário e es- dentária e, provavelmente, tornando a estética


quelético, o paciente obteve selamento labial pas- facial pior — ou a eliminação da compensação
sivo (Fig. 13, 14). das inclinações dentárias para posterior reali-
No paciente adulto, que obviamente não zação de cirurgia ortognática com impacção da
apresenta mais crescimento suficiente para a maxila e avanço mandibular.
correção de um problema esquelético8, uma Com base na queixa da paciente, optou-se pelo
alternativa viável é a extração de dentes para tratamento ortocirúrgico com alinhamento e ni-
solucionar os distúrbios oclusais, mascarando o velamento, eliminando-se as compensações den-
problema esquelético, ou então a realização de tárias; extrações dos dentes 18, 38 e 48; impacção
cirurgia ortognática. de maxila; avanço de mandíbula e mentoplastia.
Os retratamentos ortodônticos muitas vezes Os resultados obtidos foram a harmonização
enquadram-se nessa situação, pois a correção do das relações oclusais, com bom posicionamento dos
problema esquelético, que poderia ter sido realiza- dentes em suas bases ósseas, e a correção das desar-
da na fase de surto de crescimento, algumas vezes monias esqueléticas (Fig. 17, 18).
não ocorreu completamente e, no retratamento,
as extrações acabam sendo uma possível solução assImeTRIa DeNTáRIa
para resolver discrepâncias anteroposteriores. Os A avaliação das estéticas dentária e facial é item
retratamentos tornam-se mais complexos porque, importante no processo de diagnóstico e planeja-
normalmente, apresentam limitações: a melhor mento do tratamento ortodôntico. Um dos maiores
opção já foi desperdiçada, dentes já foram extra- desafios nesse binômio é o correto posicionamento
ídos, reabsorções radiculares podem estar presen- das linhas medianas dentárias superior e inferior
tes, o paciente apresenta desgaste emocional e não entre si e em relação à face4.
encontra-se mais em fase de crescimento. Segundo Strang19, o posicionamento har-
Quando da execução de um tratamento monioso das linhas medianas dentárias entre si
prévio em que o crescimento não foi apro- e dessas com a facial é característica da oclusão
veitado para correção da má oclusão e foram normal, sendo que qualquer variação nessa com-
realizadas extrações dentárias, uma conduta a binação é indicativa de relacionamento inade-
ser discutida é o tratamento combinando Or- quado entre os dentes ou arcadas dentárias. Des-
todontia com Cirurgia Ortognática. O caso 5 sa maneira, requer atenção em seu diagnóstico,
exemplifica bem essa situação. pois a avaliação adequada da causa dos desvios
As figuras 15 e 16 são de uma paciente com permite ao profissional usar mecânicas diferen-
26 anos de idade, apresentando perfil convexo; ciadas e extrações assimétricas21.
Classe II esquelética; Classe II, divisão 2 de An- Segundo Lewis13, várias maneiras são propos-
gle; DM inferior nula; sobressaliência de 4mm; tas para se fazer o diagnóstico de desvios das li-
sobremordida de 40%; exposição excessiva de nhas medianas. Chiche e Pinault6 relataram que
incisivo superior; terço inferior da face aumen- a avaliação deve ser baseada em três fatores: cen-
tado; e ausência dos dentes 35 e 45 (ausentes tro do lábio superior, posição da papila e incli-
congenitamente), 14 e 24 (extraídos em trata- nação dos incisivos centrais. O diagnóstico pode
mento prévio). A paciente tinha como queixa ser realizado também por meio de modelos de
principal a estética dentária e facial. As possí- gesso bem recortados5, marcando-se dois ou três
veis soluções para resolução desse caso seriam a pontos na região mais posterior da rafe palatina
utilização de recursos para distalização de den- mediana e posicionando a placa reticulada super-
tes superiores — obtendo-se apenas correção pondo esses pontos16.

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FIGURA 15 - Caso clínico 5: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

1.SN = 94º ANB = 7º

SN.GoGn = 46º

IMPA = 82º

FIGURA 16 - Traçado cefalométrico inicial.

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FIGURA 17 - Caso clínico 5: fotografias faciais e intrabucais finais.

1.SN = 102º ANB = 4º

SN.GoGn = 42º

IMPA = 86º

A B

FIGURA 18 - A) Traçado cefalométrico final e B) sobreposição total.

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Nas más oclusões de Classe II, subdivisão, que A extração do dente 25 propiciou manutenção
apresentam simetria de bases ósseas, porém assi- da relação de chave de oclusão nos caninos do
metria dentária, o ortodontista deve determinar lado esquerdo, e a do elemento 15 manteve a
qual segmento dentário é responsável pelo desvio simetria na arcada superior.
e avaliar a linha mediana dentária em relação à Inicialmente, uma dúvida pode surgir ao ava-
face para elaboração do plano de tratamento com- liar esse caso clínico. Como fazer para que as ex-
patível com a situação apresentada25. trações dentárias não piorem o perfil da paciente,
Em pacientes que apresentem acentuado que estava adequado no início do tratamento?
desvio da linha média dentária em relação à fa- Para se evitar a piora no perfil, foram utilizados
cial (principalmente na arcada inferior), torna- recursos mecânicos de torque resistente, vesti-
se necessária a realização de exodontias dentá- bular de coroa nos incisivos inferiores e ômegas
rias. Pequenas assimetrias podem ser corrigidas justos aos tubos dos segundos molares, para que
com elásticos intermaxilares ou mini-implantes não ocorresse reposição lingual do incisivo infe-
(em alguns casos, com mecânica unilateral), ex- rior, além de apoio em mini-implante para perder
trações assimétricas, desgastes interproximais ancoragem na hemiarcada inferior direita. Desse
e, em poucas situações, aceitar finalizar o tra- modo obteve-se, ao final do tratamento, correção
tamento ortodôntico com pequeno desvio da da má oclusão de Classe II dentária sem compro-
linha mediana. A ausência de coincidência entre metimento do perfil facial (Fig. 21, 22).
as linhas médias dentária e facial é mais notada Vale ressaltar que, após finalização do tratamen-
na arcada superior, sendo esteticamente desa- to, a paciente submeteu-se a uma cirurgia de rino-
gradável. Esse desvio pode representar o moti- plastia, para melhor compor a estética do perfil.
vo principal de muitos pacientes para a procura
por tratamentos ortodônticos. PaDRÃO faCIal
Para ilustrar essa situação, será apresentado o Pacientes com diferentes padrões faciais re-
caso clínico 6, de uma paciente com 18 anos de querem mecânicas diferenciadas e as respostas
idade que apresentava má oclusão de Classe II ao tratamento ortodôntico não são semelhantes.
esquelética (ANB = 8º), incisivos superiores e in- Pacientes dolicofaciais são aqueles que apresen-
feriores bem posicionados (1.SN = 104º e IMPA tam a altura da face maior do que a largura, evi-
= 92º), perfil facial reto (LS-S = 2mm e LI-S = denciando uma face longa, estreita e protrusiva.
1mm). No que concerne ao relacionamento den- Além disso, possuem musculatura facial hipo-
tário, o caso apresentava-se com grande assime- tônica no sentido vertical, podendo apresentar
tria inferior devido a um tratamento prévio com mordida aberta anterior8. Nesses pacientes, nor-
extração apenas do elemento 44, DM inferior de malmente ocorre maior perda de ancoragem, o
-3mm, sobressaliência de 2mm e sobremordida que auxilia no fechamento de espaços, porém,
de 50% (Fig. 19, 20). necessita-se de maior controle para evitar a per-
Com base nos referidos dados de diagnós- da excessiva de ancoragem e a consequente fal-
tico, optou-se pela extração do dente 34 para ta de espaço para a devida correção planejada.
corrigir a assimetria inferior. No entanto, ape- Mecânicas extrusivas devem ser evitadas, bem
nas a extração desse dente corrigiria a assime- como o movimento distal de dentes posteriores.
tria inferior, mas levaria a relação de caninos Os pacientes braquifaciais apresentam a lar-
do lado esquerdo para Classe II. Para evitar tal gura da face maior do que a altura, evidencian-
efeito indesejado, foram necessárias extrações do-se uma face larga, curta e globular8. Nesses
superiores dos segundos pré-molares (15 e 25). pacientes, a perda de ancoragem, geralmente, é

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Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico

FIGURA 19 - Caso clínico 6: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

ANB = 8º
1.SN = 104º

IMPA = 92º

FIGURA 20 - Traçado cefalométrico inicial.

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Ruellas ACO, Ruellas RMO, Romano FL, Pithon MM, Santos RL

FIGURA 21 - Caso clínico 6: fotografias faciais e intrabucais finais.

ANB = 6º
1.SN = 97º

IMPA = 92º

A B

FIGURA 22 - A) Traçado cefalométrico final e B) sobreposição total.

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Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico

mais difícil de ocorrer devido às características movimentá-los para distal e para manutenção da
de sua musculatura (músculos da mastigação ancoragem durante a retração dentária. O api-
hipertônicos), o que dificulta a movimentação nhamento inferior foi resolvido com stripping,
dentária. Muitos pacientes braquicefálicos apre- principalmente nos incisivos que apresentavam
sentam mordida profunda. Nesses casos, extra- formato triangular, com presença de espaços ne-
ções dentárias tenderiam a piorar esse trespasse gros, quando alinhados. Os resultados obtidos,
vertical, necessitando de um bom controle me- nesse caso, foram a correção da relação dentária
cânico. Apesar de normalmente ocorrer maior de Classe II com fechamento da mordida atra-
perda de ancoragem no dolicocefálico e menor vés de intrusão de molares superiores (Fig. 24). A
no braquicefálico, nem sempre isso acontece. sobreposição total evidencia a intrusão do molar
Portanto, cuidado adicional deve ser tomado superior, diminuição do plano mandibular pela
durante a fase de fechamento de espaços. rotação anti-horária da mandíbula e consequente
A literatura sugere a remoção de dentes per- fechamento da mordida aberta (Fig. 25).
manentes posteriores e subsequente perda de
ancoragem para correção da mordida aberta an- PaTOlOgIas
terior pela rotação anti-horária da mandíbula1,15. Algumas patologias têm grande contribuição
Por outro lado, há autores10 que questionam essa na definição do planejamento do tratamento or-
associação entre diminuição do crescimento ver- todôntico. Os pacientes podem apresentar den-
tical e extrações. tes que interromperam sua formação, agenesias,
Entretanto, a experiência clínica evidencia ectopias, anomalias de forma ou, até mesmo,
que o movimento dos dentes posteriores para processos cariosos e lesões endodônticas que
distal provoca tendência à abertura do plano indiquem a extração do dente. No diagnóstico,
mandibular, principalmente em pacientes que essas patologias devem ser consideradas, poden-
já passaram o surto de crescimento ou que do alterar, em determinadas situações, o plane-
tenham padrão de crescimento desfavorável jamento do dente a ser extraído.
(predominantemente vertical), o que remete à Em pacientes com indicação de extrações de
maior necessidade de extrações. Por outro lado, pré-molares devido à acentuada discrepância nega-
a realização de extrações associada ao controle tiva de modelo, mas que apresentam os primeiros
vertical (uso de mentoneira vertical, AEB tração molares permanentes acometidos por cárie exten-
alta, mini-implantes, sem utilização de mecâni- sa, esses últimos dentes tornam-se alternativa viá-
cas extrusivas) pode resultar no fechamento do vel de extração ao invés dos pré-molares22. Em más
plano mandibular e/ou controle do crescimento oclusões assimétricas, onde apenas um dente deve
vertical da face com diminuição do terço infe- ser extraído e o paciente apresenta um elemento
rior e melhora do selamento labial (Fig. 7 a 10). anômalo, esse deve ser o escolhido. Muitas outras
Para elucidar essa situação, apresentamos o situações patológicas — como cistos, anomalias
caso clínico 7 (Fig. 23), onde foi realizado o tra- radiculares e problemas periodontais — indicam a
tamento ortodôntico em paciente com padrão extração de elementos dentários. Dessa forma, as
facial vertical. No exame clínico, foi identificada patologias contribuem bastante para tratamentos
mordida aberta anterior e posterior. O planeja- ortodônticos com extração.
mento indicou extrações dos segundos molares O caso clínico 8, de uma paciente com 10 anos
superiores, aproveitamento dos elementos 18 de idade, ilustra a importância das patologias na
e 28, além da colocação de mini-implantes or- decisão de qual dente extrair. A mesma encontra-
todônticos para intruir os molares superiores, va-se na fase de dentição mista, apresentava má

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Ruellas ACO, Ruellas RMO, Romano FL, Pithon MM, Santos RL

FIGURA 23 - Caso clínico 7: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

oclusão de Classe I de Angle, mordida aberta ante- bem implantados na mandíbula (IMPA = 89°). O
rior de 3mm, respiração bucal, linha média supe- perfil se mostrava reto (S-LS = +1 / S-LI = +1).
rior desviada em virtude da falta do elemento 21 Verificou-se, na radiografia panorâmica (Fig.
e relação de Classe II esquelética. A maxila estava 27A), um posicionamento invertido do elemento
ligeiramente contraída com ausência de mordida 21 intraósseo, com irregularidade na porção radicu-
cruzada e discrepância de modelo negativa da ar- lar sugestiva de dilaceração. O ângulo entre a raiz
cada inferior de 6mm (Fig. 26, 27). e a coroa do incisivo central mostrava amplitude
A análise da telerradiografia lateral (Fig. 27B) de cerca de 90° na radiografia cefalométrica lateral.
demonstrou Classe II esquelética (ANB = 6°), pa- A paciente apresentava hábito prévio de sucção
drão vertical de crescimento facial (SnGoGn = 42° de polegar, causa da mordida aberta anterior manti-
e Eixo Y-SN = 74°), incisivos superiores retroinclina- da, posteriormente, pela postura anterior da língua.
dos (1.NA = 16°) e em linguoversão (1-NA = 3mm) O padrão vertical excessivo, associado à
e inferiores projetados e em vestibuloversão (1.NB DM negativa seriam fatores decisivos para ex-
= 29º e 1-NB = 5mm), apesar dos mesmos estarem trações de quatro pré-molares. Entretanto, a

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Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico

FIGURA 24 - Caso clínico 7: fotografias faciais e intrabucais finais.

FIGURA 25 - Sobreposição total.

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Ruellas ACO, Ruellas RMO, Romano FL, Pithon MM, Santos RL

FIGURA 26 - Caso clínico 8: fotografias faciais e intrabucais iniciais.

1.SN = 100º
ANB = 6º

SN.GoGn = 42º

IMPA = 89º

A B

FIGURA 27 - A) Radiografia panorâmica inicial e B) traçado cefalométrico inicial.

patologia (ectopia e dilaceração) do 21 deter- YSn = 73°) às custas das extrações dentárias e
minou a necessidade de sua extração ao invés da utilização de aparelho extrabucal de tração
do elemento 24. Realizou-se a transposição do combinada, minimizando-se, com essa mecâni-
elemento 23 para o local do 21. Dessa forma, o ca, o vetor extrusivo. Com o aparelho extrabu-
caso foi conduzido com extrações dos elemen- cal, obteve-se melhor relação anteroposterior
tos 14, 21, 34 e 44. das bases ósseas (ANB = 2°), levando a pacien-
Ao final do tratamento, o padrão vertical te de uma relação de Classe II esquelética para
da paciente foi mantido (SnGoGn = 40°, Eixo Classe I (Fig. 28, 29).

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Extrações dentárias em Ortodontia: avaliação de elementos de diagnóstico

FIGURA 28 - Caso clínico 8: fotografias faciais e intrabucais finais.

1.SN = 104º

ANB = 2º

SN.GoGn = 40º

IMPA = 89º

A B

FIGURA 29 - A) Traçado cefalométrico final e B) sobreposição total.

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Ruellas ACO, Ruellas RMO, Romano FL, Pithon MM, Santos RL

CONClUsÃO de espaços nas arcadas. Outros aspectos devem ser


A decisão quanto à necessidade de extrações avaliados para se conseguir correção adequada da
de dentes durante a terapêutica ortodôntica não má oclusão, manutenção ou melhora da estética
está apenas na dependência da falta ou presença facial e estabilidade dos resultados obtidos.

Tooth extraction in orthodontics: an evaluation of diagnostic elements

abstract

Certain malocclusions require orthodontists to be capable of establishing a diagnosis in order to determine the
best approach to treatment. The purpose of this article was to present clinical cases and discuss some diagnostic
elements used in drawing up a treatment plan to support tooth extraction. All diagnostic elements have been high-
lighted: Issues concerning compliance, model discrepancy, cephalometric discrepancy and facial profile, skeletal
age (growth) and anteroposterior relationships, dental asymmetry, facial pattern and pathologies. We suggest that
sound decision-making is dependent on the factors mentioned above. Sometimes, however, one single character-
istic can, by itself, determine a treatment plan.

Keywords: Corrective Orthodontics. Diagnosis. Tooth extraction. Orthodontic planning.

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[dissertação]. Rio de Janeiro: Faculdade de Odontologia da CEP: 37.701-041 – Poços de Caldas / MG
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1993. Email: antonioruellas@yahoo.com.br

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