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31/03/2018 Por que Estados Unidos e Brasil são tão diferentes, se foram colonizados na mesma época?

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N OT Í C I A S 13/10/2017 09:10 -03 | Atualizado 13/10/2017 12:58 -03

Por que Estados Unidos e Brasil são tão diferentes, se


foram colonizados na mesma época?
O início desta resposta está na colonização destes dois países.
By Luiza Belloni

WIKIPÉDIA

Pintura "Independência ou Morte", do pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888).

O Brasil e os Estados Unidos foram colonizados praticamente na mesma época. Cristóvão


Colombo descobriu a América em 1492 e Pedro Álvares Cabral, em 1500. A Declaração
de Independência dos EUA foi redigida e assinada em 4 de julho de 1776 -- apenas 46
anos antes de Dom Pedro I proclamar a independência do Brasil às margens do rio
Ipiranga.

Quase 200 anos depois, muita coisa mudou entre os dois países americanos. Mesmo que
ambos tenham grandes territórios e disponibilidade de matérias-primas, os Estados
Unidos tiveram um salto econômico e social e se tornaram a maior potência do mundo,
enquanto o Brasil viu seu desenvolvimento industrial e humano decolar apenas a partir
dos anos 1930.

O que, de fato, aconteceu nestes quase dois séculos que fizeram dos EUA tão ricos e
poderosos e o Brasil ainda em fase de desenvolvimento? "A explicação para entendermos

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31/03/2018 Por que Estados Unidos e Brasil são tão diferentes, se foram colonizados na mesma época?

o desenvolvimento dos dois países está na História", disse o historiador e pesquisador da


Universidade de São Paulo, Cristiano Addario de Abreu, em entrevista ao HuffPost Brasil.

Segundo ele, a colonização é um ponto histórico essencial. Enquanto no Brasil, em


1500, Cabral aportou e já seguiu rumo à Índia, que era seu objetivo, nos EUA, em 1622, o
barco Mayflower aportou com centenas de ingleses que fugiam de perseguições
religiosas e pretendiam viver na América.

"A questão não é quem nos colonizou, mas como a colonização foi feita. E aí nós temos
uma diferença monumental entre as duas experiências históricas", apontou o historiador
Antônio Barbosa, doutor em História pela Universidade de Brasília. Ao programa da EBC
Na Trilha da História, o professor explica que a colonização brasileira foi principalmente
de exploração, com objetivo claro de "amealhar riquezas do novo mundo" para que
países como Portugal e Espanha se enriquecessem.

"O mundo passava por momentos muito diferentes nas festejadas datas das fundações
de Brasil e Estados Unidos. Em 1500, Portugal era o senhor do mercantilismo nos mares",
escreveu Ricardo Lessa, jornalista e historiador no livro "Brasil e Estados Unidos: O que
Fez a Diferença" (Civilização Brasileira, 2008).

“A prática mercantil, conseqüentemente, se


impregnaria nos primórdios da formação
brasileira. O que importava era conseguir
mercadorias valiosas que pudessem ser trocadas
com vantagem nos portos europeus, sob controle
monopolista do Estado.
Já nos Estados Unidos, a colonização foi de povoamento. "No caso da América do Norte,
nós tivemos grupos de famílias inglesas que vão fugir da intolerância religiosa, da
perseguição política e vão tentar do outro lado do Atlântico reconstruir suas vidas em
novas bases", explicou Barbosa.

O pesquisador da USP, Cristiano Addario de Abreu, acrescenta que o povoamento no


solo norte-americano mais "livre" da corte inglesa também ajudou no rápido
desenvolvimento do país. "O norte dos EUA foi colonizado por puritanos, que foram para
aquela região mais fria, sem grande interesse para a Inglaterra. Eles tiveram muita
autonomia, com a Inglaterra os deixando numa situação chamada na historiografia de

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'negligência salutar'. Podemos dizer que eles se desenvolveram justamente por não
terem sido muito colonizados pelos ingleses", explica.

Processo de independência
Outro momento da história que diferencia os países é sua independência. Nos Estados
Unidos, a ideia de independência das 13 colônias surgiu quando o governo inglês decidiu
aumentar os impostos.

"Ou seja, [eles pensaram] se nós não temos representação lá no parlamento britânico, nós
não somos obrigados a aceitar impostos que recaem sobre nós. Repare que eles não
estavam falando sobre independência. A independência só aconteceu porque a
Inglaterra reagiu de forma muito violenta e aí para reagir à violência dos ingleses, as
colônias se reuniram e declararam a sua independência", explica o historiador Antônio
Barbosa ao programa da EBC.

Enquanto nos EUA a independência foi um movimento que surgiu na sociedade, no Brasil
ela foi feita por Dom Pedro I, com apoio das elites.

"Se você me perguntar se o povo de alguma forma participou, vou dizer que esporádica e
pontualmente. No caso do Pará, por exemplo, os paraenses pegaram em armas contra os
portugueses, havia um destacamento português forte lá. É o caso do Piauí, que pouca
gente sabe... Será que já ouviram falar da Batalha do Jenipapo? Piauienses do interior
pegam paus e pedras pra enfrentar tropas portuguesas", pontuou o historiador ao Na
Trilha da História.

Escravidão e religião
Muitas pessoas e até pesquisas questionam se o Brasil seria hoje a potência econômica
igual aos Estados Unidos se fosse colonizado pela Inglaterra e, principalmente, se os
brasileiros fossem protestantes e não católicos. Esta teoria se baseia no livro A ética
protestante e espírito do capitalismo, de Max Weber, no qual defende que a lógica cristã
está na origem do capitalismo. Assim, muitos acreditam que os protestantes trabalhariam
e enriqueceriam mais que os cristãos.

"A escravidão é muito mais importante pra entendermos o avanço ou letargia do


desenvolvimento do que a religião", ressalta o pesquisador da USP Cristiano Addario de
Abreu.

Ele afasta a tese de que os EUA se desenvolveram mais que o Brasil por causa da
religião.

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"Um dos outros furos dessa teoria seria o país rico e imperialista que é a França, de
formação religiosa majoritariamente católica. Hoje países como China e Índia já são e
caminham para se tornarem cada vez mais potências capitalistas, como o Japão já é faz
tempo. Todos são países nos quais o protestantismo não têm a menor relevância."

Segundo o historiador, tanto o Brasil quanto o sul dos Estados Unidos até 1860 estavam
numa situação muito parecida. Na época, o norte dos EUA vivia um desenvolvimento
humano em seus estados livres, mas não era exatamente rico como o sul, também
colonizado por protestantes, mas enriquecido com a plantação para exportação, baseada
na escravidão. "Seguramente, a 'ética protestante', que valoriza o mundo do trabalho,
ficava muito comprometida nos estados escravocratas do sul norte-americano."

A grande diferença dos dois países, ainda na visão de Abreu, era demográfica. "Os EUA
tinham uma população livre muito maior, com 2/3 dela concentrada nos homens livres do
norte", disse.

Com a Guerra Civil, entre 1861 e 1865, os EUA deram um salto no desenvolvimento. Ele
explica:

"Logo, com a vitória dos Republicanos de Lincoln e a derrota dos escravistas do sul,
os EUA dão seu salto no desenvolvimento: abolindo a escravidão, emitindo muito
papel sem lastro para pagar salários e estimular a economia, isolando sua economia
através das maiores tarifas alfandegárias protecionistas que o mundo jamais tinha
visto até então, com contratos governamentais a estimular a produção industrial
deles em todos os níveis durante e depois da guerra. Enfim, os EUA enriquecem
fazendo tudo o que dizem para os outros países não fazerem."

Como resultado da Guerra Civil, o fim da escravidão esteve presente no projeto de nação


do centro-norte dos Estados unidos, que tinha como princípios "espírito empreendedor
capitalista, voltado para a valorização do indivíduo, para a liberdade individual".

Já no Brasil, mesmo com o fim da escravidão, o governo não deu a mínima condição para
que os antigos escravos fossem socializados, ou seja, que atingissem o que chamamos
hoje de cidadania.

Não quer dizer que o Brasil não deu certo


Você pode se perguntar por que o Brasil não é "tão desenvolvido" quanto os Estados
Unidos ou lamentar os diferentes processos de desenvolvimento, mas na opinião do

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historiador e pesquisador da Universidade de São Paulo Cristiano Addario de Abreu, a


questão mais importante é perceber quando e como o Brasil se desenvolveu.

Segundo ele, existe uma visão muito pessimista dos brasileiros com o próprio país, como
se fosse muito atrasado. "E isso é uma visão, que além de injusta, atrapalha qualquer
melhora, por não reconhecer o que deu certo."

"A questão da escravidão, por exemplo, tanto no sul dos EUA, que até hoje é menos
desenvolvido que o norte e a Califórnia, quanto no Brasil é uma marca de atraso. Mas o
Brasil saiu oficialmente da escravidão em 1888 e cem anos depois era a 8ª economia
industrial do mundo capitalista. Depois da Rússia, China e Japão, o Brasil foi o país que
mais cresceu no mundo do século 20. Poucos brasileiros vêem isso hoje", ressaltou.

Segundo o historiador, o pico de desenvolvimento do Brasil aconteceu entre 1930 e 1980,


em que o País teve o maior progresso material, industrial e humano de sua história. "E não
por acaso, há pontos de similitude com o desenvolvimento dos EUA: emissão de papel
moeda, política cambial, protecionismo industrial, compras governamentais, vantagens
estratégicas alcançadas por guerras em outros lugares."

Ainda na comparação entre os países, Abreu reitera que os EUA já não são mais um
exemplo de prosperidade. "Cada vez menos os EUA são vistos como modelo. Estão em
desindustrialização, com a maior dívida do mundo, enfiados em guerras e mais guerras
causadas por razões mais que suspeitas, sua política externa brutal e belicosa é o maior
sinal de decadência."

“Com a China sendo a potência industrial


ascendente no Mundo e a Europa uma potência
humana, cultural, com um núcleo industrial
avançado. Os EUA caminham cada vez mais como
superpotência militar hipertrofiada.
O historiador conclui citando que alguns sociólogos alemães já falam que haverá uma
"brasileiração" do mundo. "No futuro, haverá desigualdade, muita riqueza com pobreza,
multiculturalismo, miscigenação, violência crônica. Para tais autores o futuro do mundo é
o Brasil desigual e variado."

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31/03/2018 Por que Estados Unidos e Brasil são tão diferentes, se foram colonizados na mesma época?

“Por mais que ela não seja mais como nos anos
1960, a organização do desenvolvimento é um
desafio do qual não podemos nos furtar. Pois se o
mundo todo vai se tornando mais parecido com
essa imagem de Brasil, o próprio Brasil pode se
tornar melhor: menos desigual, mais rico, menos
violento ao mesmo tempo.

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Luiza Belloni Editora do canal Comida

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