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metodologia da
pesquasa cientíÍica
FIcHA CAT LOORAFTC

(Píeparade p6lo Cenlro do CalalogaÇâo-na-lonte,


Câmara Eresllêira do Livro, SP)

AlliVora, Armendo, 1914-.lS72.


4875m Metodologia dâ pesquisa ci€ntÍlica; tra-
dugâo, Maria Helôna Gued€s Crêspo e
BeatÍiz Maígus§ Magalhâês. PoÍlo AlegÍe,
Globo, 1976.
p.ilust.
BibliogÍaÍia.
í. .MetodologiE 2. Pesquise 3. TÍaba-
lhos monográÍlcos Rêdeçâo l. Título.
-
7. CDD-001 .42
72-0493 8. -001.4
17. a 8. -808.066

lndor perr a.ülogp rlrluúüco:


l. Motodologia da p€squiaa 001.42 (17.)
2. Metodologia e posquise 001.4 (18.)
3. MonogIalias : Fedeçâo : Retóíica 808.066
4. Pesquisa : Metodologia 001 .42 (1 7.) '
5. Peequisâ 6 melodok gie (x)l.a (18.)
6. Redaçâo : MonogÍâlies : Rotórica 808.066
7. TÍabalhos moílogÍáÍicos : Redagão : Hetórica 808.066
-T" - -.'

Dtonttsio /têro.'

armando asti vera


prcícuq ütular dc fllocofu dr ciônch
nr univeruHrde nrcionr! dc bucnor rhcr

meto$gla ila
t ETE nlÍIiua

ü.drrçfo
mrdr hlcnr gucdcr crcsp
o bcrbiz marquos mrgrlhãcr
llconclrdÚ rm prôgoglr

1.. Edlçio
&' lmFc$lo

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cdlton globo
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torG , t.-]-\ p
Título do original argentino:
METODOLOGÍA DE LA INVESTIGACIÓN

Copyright O 19ô8, by EditoÍial Kapelusz S.4.,


Buenos Aires.

1.! Ediçâo
í.4 lmpÍessâo março de 1973
2.8 impÍessâo
- outubro de 1974
-

Capa:
Roberto Miguons

Pleneiamonto GráÍico
MaÍie Laís Fotl Llma

Dlrollos oxclusivosde lredugáo, em língua


porluguose, da Editora Globo S. A.
Porto Alegrê Rio OÍende do Sul BÍasil
- -
SUÍÚÁRIO
lntrodução

PRIMEIRA PARTE

OS MÉTODOS ATUAIS DE PESQUISA

A pesquisa e seus métodos 7


O problema metodológico 7
O que é pesquisa I
As ciências e a investigação 12

A pesquisa nas ciências fáticas 14


A pesquisa na fÍsica 14
A pesquisa biológica 18
A pesquisa na medicina 23

A pesquisa nas ciências do homem 27


A pesquisa em psicologia 27
A pesquisa na sociologia 34
As técnicas estat[sticas 49
A matemática e as ciências sociais: consideraÇÕes
críticas 53
O método Íenomenológico nas ciências do homem 61
A Íenomenologia como método de investigação na
psiquiatria atual 69
Avaliação crÍtica da investigação Íenomenológica 75
Valor instrumental da noção de encontro 79

A iniciaçáo na investigação filosófica 83


Estabelecimento e edição dos textos filosóÍicos 85
Como iniciar-se na investigação filosófica 87
O tema da investigaçáo 88
O "laboratório" filosófico 89

SEGUNDA PARTE

A rNrcrAÇÃo NA PESQUTSA

Oproblemaeotema 97
. Ver o problema 97
Compreender o tema 98
Escolher o. tema 100
Originalidade 102
O plano de investigação 106
Oqueéoplano? 106
Tipos de planos 108
Alguns exemplos 110
lnformação bibliográÍica 115
As fontes 115
A busca metódica 118
A técnica das fichas 120
Análise e crÍtica da documentação bibliográflca 126
Uso da filosofia, da ciência e da literatura 127
Realização da pesquisa 131
O experimento cientÍfico 131
A veriÍicaçáo das hipóteses 134
O uso do raciocínio no desenvolvimento e na solução
do problema 139
A construÇâo da teoria cientíÍica 145
A teoria dos modelos 150
SigniÍicação, valor e limites do uso dos modelos na
pesquisa 155

TERCEIRA PARTE

PREPARAÇÃO DA MONOGRAFIA

Conceito de monograÍia 163


A monografia e outros tipos de inÍormações 163
A estrutura da monografià 165
Redaçâo da monograÍia 174
ApresentaÇão do problema 174
Questões semânlicas 174
Composição gramatical 180
Oestiloeaexpressáo 180
Normas para as referências bibliográÍicas 183
lmpressão da monograÍia 186
A preparaçáo do manuscrito 186
Problemas especiais 147
lndicaçóes tipográficas 189
CoÍreÇáo de provas 191
Bibliografia 195
Apêndice à edição brasileira 197
rNTnoDUç^O

A finalidade primordial deste livro é a exposição e a análise


crítica do sigaificado e limites dos métodos e técnicas atuais dc
investigação. Em segundo lugar, aspira a contribuir para iniciar os
jovens no trabalho científico reflexivo, ordenado e ciítico, familia-
rizandoos, ao mesmo tempo, com as técnicas do trabalho intelectual
e da preparação de relat6rios científicos.
Tivemos o cuidado especial de evitar a exposição desnecessária
de problemas filosóficos que pudessem distanciar-nos dos objetivos
propostos: somente introdr?imos a reflexão filosófica e o era.mo
mctacicntífico quando assim o exigia a própria natureza das ques-
tõec ou a necessidade de meditar sobre o alcance dos métodôs c
técnicas considerados. Esta não é 'ma obra de epistemologie nem
de filosofia das ciências, mas de metodologia cilntífica, o acsse
nível deve scr julgada.
Estií fora das finalidades que nos prbpusemo§, ao escrever cste
trabalho, a exposição completa de todos os métodos e a análisê
detida dos aspectos espcciais de algumas técnicas usadas na iavcs-
ügação científica. Existem excelentes obras que se ocupam do cs-
tudo do método dc uma disciplina, bem como do exame crítico das
respectivas técnicas. Nooso propósito foi escrevcr um manual dc
mctodolo.gia geral e não nm üvro de metodologia científica especial;
creio que do primeiro se caf,ece, enquanto ami1i666-59 os segundo.
Não obstante, ainda que a exposição dos métodos cstudados
nestc liwo seja o resútado de una seleção, ao cumpri-la guardamos
o critério de que nela estivessem repÍesentados méiodos é Ocnicas
dos tr& grupos de ciências: formais, fáticas e do homem,
Julgamos coDvenientc quc os pesquisadores das biências dc
fatos habituados a pcnsar Eediante formas mentais bascadas no
-
2 Introilução
sen§o-perceptivo j- se acostumem a disciplinar logicamente esse
'linstru$e[to dos instrumeotoo", que é o pensamcnto mesmo. Por
isso, ao expor e analisar o método das ciências fáticas, consideramos
detidamento os fundamentos lógicos que o sustentam, sem reduzir
€m Dcúum momento I aboÍdagem metodológica à mera questão
epistemológica.
O método dedutivo, característico das ciências formais, assumo
sua forma mais perfeita na axiomática, mas a noção de modelo
teorético, pstreitamente ligada à formalzação moderna, mostrou-se
eficaz não apcnas na lógica e na matemática, como também nas
ciências fáticas e do homem. A multipücidade de sentidos da palaua
"modelo" e a possibilidade do emprego dos modelos na investigação
justificam a atenção que lhe dedicamos neste livro.
Ainda que a reflexão filosófica sobre os fundamentos das
ciências seja tão antiga quanto as próprias ciências, deve+e reco-
nheccr que as investigações epistemológicas têm a idade de nosso
s&ulo. A investigação metacietrtífica iniciada no estudo dos pro.
blemas metodológicos e epistemológicos da matemática e da ffuica
deüdo, sobretudo, à crise precipitada pelo aparecimento da teoria
- coojuntos e da teoria da relatividade e pelo descobrimento dos para-
dos
doxos lógicos e semânticos deslocou-se depois para a biologta, con-
-
centrando finalmente seu interesse nas ciências do homem. Resolvidos
mediante a axiomática os problemas fundamentais das ciências for-
mais, erguem-se aDte o pesquisador as questões ainda sem solução
que as trovas ciências do homem apresentam, a primeira das quais
é a do método. Por essas raáes, o estudo do método das ciências
do homem ocupa lugar de preferência neste üvro.
A crescente utilização do método fenomenológico em disciplinas
como a psicologia, a sociologia, a etnologia, a economia, a psicolo-
gia social e a história das religiões explica sua iaclusão em um
trabalho de metodologia científlrca, tanto mais se se tem Em cotrta
o sêntido não restritivo que damos aqui à palaua ciência. Com o
objetivo de quc se veja o valor, inclusive ta proais médica, de um
método originado na melhor tradição filosófica, explicamos o sentido
de seu emprego na psiquiatria contemporânea.
A segunda e a terceiÍa partes do livro foram escritas com o
pensamento nos que se iniciam na pesquisa e, muito especialmente,
nos estúantes universitários que devem cumprir tarcfas escolares
quc, scln sc confundircm com a indegação científica no sontido
estrito, estão muito próximas dela do ponto de vista metodológico:
redação de iaformes, relatos escritos sobre capítulos de um liwo,
preparação de monografias c de tcscs. Em várias faculdades de aosso
país e especialmente nas dc humanidadcs os professores exi-
- -
Introdução 3

gen, corDo culminância de trabalhos práticos, seminários, aulas de


análise de textos ou cursos de promoção sem exame, a redação de
uma monografia. Entretanto, em nenhuma cadeira se ensina ao estu-
dante o que é uma monografia, qual é seu arcabouço lógico, como se
devem pensar suas partes e de que maneira pode ser levada à prática.
Uma comunicação científica, um ensaio literário, uma memória
filosófica, uma monografia ou um livro respondem sstrufuralmente
a um esquema lógico. Não poucos professores aceitam que,os tra-
balhos monográficos sobre temas pertencentes às ciências do homem
devem sujeitar-se a norrnas de rigor análogas às que regem a elabo.
ração de monografias sobre questões pertinentes às ciências positivas
ou à filosofia. Mais dificilmente se admitirá que uma monografia
sobrc um tema literário estilístico, por exemplo pogsue a
mesma forma lógica que um - estudo sobre álgebra abstrata
- ou sobre
a teoria platônica das idéias. No mráximo, costuma-se aceitar o
recurso comum para o manejo seguro dos texlos, a organização
material do trabalho, a busca da informação, o uso técnico das
fichas, etc., mas considera-se fora de lugar o tratamento metodolG
gico de tm tema literário com procedimentos aniálogos aos que se
põem em jogo para estudar uma questão científica.
Todavia como veremos a estrutu'a de uma monografia
§ s$sacialmgnte- a mesma, §ejâ qual
- for seu tema e o plano tro qual
se desetrvolvam suas idéias. As normas básicas que presidem uma
investigação e os procedimentos para a elaboração do respectivo
trabalho obedecem a cânones lógicos semelhantes. Mais ainda, a
preparação de uma monografia implica um trabalho intelectual se-
melhante ao exercftJo em certos raciocínios filosóficos e matemáticos.
É forçoso reconhecer que este aspecto da metodologia não tem
sido objeto de preocupação pedagógica em nosso país; situação que
contfasta ostensivamente com o que ocoÍre na Europa e, €,m certâ
medida, também nos Estados Unidos da América, onde se propor-
ciona este tipo de instrução não só na Universidade, como taobém
iá nor estabelecimontos de ensino médio ou secundário. Tanto na
França, como na Alemanha e Suíça, publicam-se obras sobre estes
temas, escritas pelos próprios professores universitários. Essp tra-
balho é complemertado, além disso, por meio de atividades de scmi-
nário que, em certos países, constituem uma verdadeira escola Íú-
madora de pesquisadores, como ocorÍe na Alemanha.
Escrevemos este liwo com espera[ça e com fé, tentaodo pre-
encher um vazio existenre na metodologia do trabalho intelectuali
mais quc com uma intenção teorética tambéE pÍesente com
-
o desejo de contribuir, aiada que parcialmente, -,
para esclarecer e
dar maior rigor às técnicas de investigação. Estàmos cotvencidos
4 Introdugão
dc quc os cstudiosos de paíscs jwens como o Doslro, de limiteda
tradição científico e Êloaófica, dwem adquirir hábite de peosa-
mento ordenado e prccisq único meio de eútar os riscos da fdta
de autocrítica c de imaturidade itrtelectusl.
PRIMEIRA PARTE

OS MÉTODOS ATUAIS
DE PESOUISA
A ?ESQU|SA E SEUS MÉTODOS

O prublemo mctodológ lco

D_evido, talvcz, ao prestígio atual da lógica e da epistemologia,


-.-
difundiu-se o critério dc que basta uma metodologia êorrete para
assegurar o êíto de uma pesquisa, Ainda que esta afirmação seja
inexata, é forçoso reconhecermos a importância do método cm todo
trabalho científico. Antes de definir metodologia, convém espe-
cificar que esta palavra pode ser usada com dois significados, e, am
ambos os casos, seu sentido tem relação com o estudo do método.
Com efeito, há uma disciplina chamada metodologia, quc s na
realidade, um ramo da pedagogia, pois se ocupa do istudà dos mé-
todos adequados à transmissão do conhecimenio. Assim, por cxcm-
plo, esta metodologia expõe, analisa e avalia os diversos métodos
usados no ensino da matemática, gramática ou mírsica, nos difcrcntes
níveis (fundamental, médio, universitário e especial).
Um problema metodológico, no sentido indicado, seria, por
exempJo, o de determinar qual o procedimento mais apropriado para
o ensino da matemática no curso fundamental, médio ou univerJ
sitiário. Assim, é fácil ver que a noção de número natural deverá
ser apresentada mediante recursos pedagógicos diferentes, quando
se transmite essa noção a crianças em idade escolar ou quando
se ensinl a jovens do curso médio. Se atendemos aos aspectos psicG
pedagógicos peÍtinentes, dever-se-á usar a intuição sensoriú (in-
clusive o jogo) na escola fundamental; por outro lado, no ensino médio.
o método aconselhado será um adequado equilíbrio entre a intuição
e a lógica; finalmente, em nível universitáriq convém utilizar cxten-
8 ()a Métod«r Aturb dc Pcsqulsa
san@te o método dcdutivo, a formalização mais estrita. Inclusive'
no nÍvel mais alto de ensino, deve-se disünguir a finalidade do ensho
dcsta ciência para adequar a eln a metodologia. Por exemplq às
escolas técnicas interessa, fundamentalmcntc, o manejo de algo-
ritEos fàcilmênte apücáveis, assim como traz resultados satisfatórios
formular problemas e exercícios em graode quantidade.
Outro exomplo do problema dc metodologia do cnsino é o de es-
tudar os métodos e t&nicas espccielmente adequados ao ensino de
uma língua estrangeira, Dois novos procedimentos deverão ser aYa-
üados pelos estudiosos de metodologia: o uso do laboratório e os
métodos estrutuÍalistas. Se a investigação metodológica estivesse
súicientemente desenvolüda, deveria estar eB condiÉes de opiaar
oom autoridade p respeito da validez das técnicas subliminares no
cnsino dos idiomas, Para saber se é possível aprender. uma língua
estÍatrgeira enquanto se dorme, deve-se não sonente conhecer essa
língua, como també[r dominar certos problemas didáticos e estar
informado dos resultados das investigações neuropsicológicas sobre
o soúo.
Há urna segunda maneira de entender a palavra metodologia,
e csta é a que nos interessa especialmcnte: o estudo analítico c crí-
tico dos métodos dc investigação e de provar. Deste ponlo de üsta'
podemos definir a metodologia como a descrição, análise e avalisção
crítica doe métodos de investigação. A tarefa fundamental desta
disciplina será avaliar os recursos metodológicos, assinalar suas ü-
mitações e, sobretudo, explicitar seus pressuPostos e as conseqüên-
cias de seu emprego. Poder-s+ia úrmar que, ainda que a metodo'
logia não seja uma condição suliciente para o êxito de uma posquisg'
é,-scm dúvida, uma condição nzcessária (no sentido matemático do
terEo) ,
En.tretalto, somente se deümitará perfeitamente o sentido da
expressão se distingrrirmos outras duas de significados próximos: téc-
dcs e método. Entre o método e a técnica há uma difercnça semâtr-
tico análoga à que distingue o gêncro da espécie. Pode-se definir o
método como um procedimento, ou um conjunto de procedimentos,
que §'erve de instrumento para alcançar os fins da investigação; por
outro lado, as técnicas são meios autiliues que concorrem para a
oegma Iinalidade. O método ê geral, as t&oicas §iao puticttlucs;

1 Em nocso li:rro Fvtfunestot dc b lilomÍío dc Ia citttvio\ Buco6 il,iÍot,


Novr, l%7, ocuprmo-no6, com o dcvido dctrlhc, dee Íclagú.. dr metodologh
cicntíficr c',om e lógi.e, ÍiloroÍia de: ciêncier c a hirÚria, pricolocia c lociologil
der ciêocier. "
A Perquisa e seus Métoilos 0

por isso, alguns autores definem em primeiro lugar as técnicas e,


em seguida, generalizando, chegam à noçãg de método.
Vejamos alguns exemplos: em biologia, a observação e a expe-
riência são métodos, mas a coloração do tecido newoso com sais
de prata é uma técnica (criada por Ramón e Cajal). No campo das
ciências do homem, pode-se considerar como método o psicanalí-
tico ou o reflexológico; por outro lado, o uso de palavras indutoras
(Jung) na psicoterapia ou de luzes e sons na reflexologia são sim-
plesmente técnicas. Assim, pois, o método é um procedimento geral,
baseado cm princípios lógicos, que pode ser comum a várias ciências;
uma técnica é n"' meio específico usado em uma determinada ciêocia,
ou em um aspecto particúar desta. Por exemplo: o método deduüvo
é usado tatrto na lógica como na matemática ou física teórica, ao
passo que as técnicas de observação usadas em psicología social
são próprias deste aspecto especial da investigação.
Em síntese, a metodologia sometrte pode oferecer-nos uma
compreensão de certos métodos e técnicas que pÍovaÍEm seu valo,
na prática da pesquisa, mas de forma alguma nos assegura o êxito
da mesma; serve para afastar do caminho os obstáculos que podem
êntorpecer o trabalho científico.

O que é perquiro
O sigpificado da palavra "pesquisa" não parecc ser múto claro
ou, pclo menos, não é unívoco, já que, desde o presidente da Gc-
neral Motors até os membros da Phi Delta Kappa Fraternity,
tentaram defini-la. Anos atrás (em 1929), foÍam propostas quatro
definições da palavra "pesquisa" para que vários estudiosos esco
lhessem uma delas. O resultado foi que as quatro definições tiveram
voto§, e, inclusive, houve quem considerasse o conceito de pesquisa
como indefinível.
Talvez devêssemos começar por pergutrtar a nós mesmos: o
@t Einstein disse, certa vez, que a
ciência consiste em criar teorias "Ideamos uma teoria a s ouha"
j disse 3's
e ue eitamos com o",
-
A compreens para Einstein, se alcança, quando o8 o§
fenômenos, por um processo lógico, a algo já conhecido ou (na
aparência) evideltç"2

2 EIxrlzrx, A., O* thc gcreditcd thcory o! graitotbt, &ieatiíic Americra,


vol. l8ll, n.o ,Í, abril dc t950.
10 Os Métodos Atuais de Pecqulsa

Co,pi crê que o valor essencial da investigação científica residc


ro fato de que satisfaz nossa curiosidade, ao rcalitat nosso desejo
de conhecer, e recorda que já Aristótelcs haúa escrito: "...Apren-
dcr é o maior dos prazeres, não só para o filósofo, mas também
para o Íesto da humanidade, por pequena que seja sua capacidade
pata isso.. . "r.
Rodolfo Mcndolfo afirma que a pcsquisa surge quando se tem
consciência de um problema e Dos sentimos impelidos a buscar sua
solução. A indagação rcalizada para alcaoçar essa solução constitui,
precisamente, a pesquisa propriamente dita..
O emprego nem sempre rigoroso da palavra "pesquisa" tem
Ievado a vas: uisa é a ciên-
Aqueles
esquecem que não é apenas no tÊrreno das
cias positivas que se pode investigar: há uma investigação huma-
q§!&q3Ín!égr. Pesquisa-se e se tem-pesq[isãdo dé§de mais de
dois mil anos -
tanto no terreno científico como no filosófico.
Por outro -lado, a redução da pesquisa à mera busca experimen-
tal de fatos ou de dados é invalidada pelas mesmas ciências fáticas.
Do to de vista histórico a evolução do pensaoento científico
mostÍa a passagem da fase descritiva à experimgnta! em primeiro
Iugar e, em seguida, à: dedutiva. Não obstante, cabe destacar que
a teoria constitui o núcleo essencial da ciência , sem a qual a descrição
e a experiêncií perd eriam o sentido, como úeremos a diante
Alguns homens de ciência nos têm explicado o conteúdo especula-
tivo da tarefa científica no terreno experimental. Rapoport demons-
trou que a zoologia do século xvlrr considerada geralmente como
ciência puramente descritiva -
formulava descrições dp "classes"
- Na realidade, náo eram estudados
de animais, isto é, de espécies.
mais que uns poucos exemplares, desconhecendo-se a origem e os
antecessores de determinados animfis; entretanto, a noção de espécie
era pstendida a esses antecessores. Essa atitude implicava uma tácita
presunção, isto é, uma teoria.
Da mesma forma, a teoria evolucionista também implica a
hipótese de que sucessivas gerações de animais tenden a modificar-
se no sentido de melhor adaptação ao meio. Muitos autores aceitam.
na como um dogma, embora alguns biólogos insistam em que, mais

3 Ârrsróterrs, Poética, 1448b 14.


4 Moroor,ro, R., Problcno y nlé,oür dc iaacttigaeíór cn la hbtotía dc la
lilotollq Tramán, In:tituto de Filosofíe, 1949,p. 28. (Há uma reimpressão editada
por Eudeba, )
---------'t

A Pesguisa e seus Métodos 11

que una teoria, é uma hipótese: Jean Rostand, biólogo evolucio-


nista de prestígio universal, reconheceu que a única razão pela qual
se deve aceitar a teoria da evolução é a de que se tÍata de uma "hi-
pótese racional" a única que nos permite rejeitar a criação
- das espécies
direta e independente - ou sua formação direta por gera-
ção espontânea.
De tudo isso é fácil concluir
a exl Ademais,
deve-se planejá{o e deüneá- lo teoricamente, pgrque toda experiênciq
deve ter um orooósito. oup é iustamente o que confere sentirlo à itr-
ves ão científica.
A universidade atual tende a
ao mesEo temPo, pÍ ofissionais e
rns tos de enslno sup€nor não são apenas fábricas de técnicos prí-
ticos, mas tamMm centros de pesquisa. Na anti.guidade grega, a inves-
tigação teórica e a atividade profissional estavam separadas; mais que
rsso, os gregos depreciavam a prdxis, em especial o trabalho maoual.
Isso a tal extremo que chegaram a afastar da medicina toda a prática
cirúrgica, cujo exercício ficava relegado aos praticantes incultos, como
barbeiros e massagi stas. A corr ao entre pe§qulsa e profissão,
€ntre a teoria e a pfaxis, ue caracteriza a
p.e!499À uma eranÇa mediev trão apÊnas renasc€ntista, como se
costuma afirmar: oprocesso se inicia com a criação dos grêmioo
culturais de estudantes (Aniversitas scholarium) e de mestres ( Uni-
tersitas magistrorum). A exigência de progresso, expressa por Bcr-
nardo de Chartres no século xtt, "se faz mais profunda depois, em
Sto. Tomás de Aquino, por influência de Aristóteles, e adquire a
plenitude de sua força no Renascunento; impõe-se à cultura, em
geral, e ao ensino universitário, em particular, a obrigação de não
se limitar à conservação do antigo, senão de elaborá-lo sQb novas
formas, de explorar novos teÍrenos, aprofundar e estender as inves-
tigações, fazer progredir a ciência. A pesquisa, por certo, conforme
indicado, não era estranha à cultura medieval e às universidades,
nem mesmo enquanto tra.tavam do conservar e recuPerar a herança
da antiguidade; mas ganha novo impulso e mais poderosa energia
q uando o Renascimento introduz a _e4gQncia {e imitar os atr1igo{l
€m sua la a esp[l tual e originalidade criadorãi's
O ponto.de paÍtida da pesquisa é, p ois. a existência
.-' de um Dro-
_.-_.: -.- -
5 Moxoorro. R., Prc?oleiht prolctionol y htacttigqciót cicntíli+a. Scpanta
do volume La wniaertilad. d,cL siglo XX. Lima, Universidad Nacional de San Mar-
cos, 1951, p. 336 c seguintes.
L2 Os Métoiloe Âtuais de Peequtsa

blema que se deverá definir, exeminar avaliar e analisar çgitlca-


em §er sua solução. O primeiro passo
8er ent oo eto a ves o problema
dentro dos temas os s. tão, em seu ogo Meran, estabe-
le@u-o com m eridiana "E como buscarás, ó Socrates,
aquilo que ignoras totalmente? Ej!§_ roi§4§__S9_lg!_o-Il§.-q ual te
orás a inves E se porventura chegares a eocontrá-la, como
tê que essa é a que conheces?" "Etrtetrdo o que queree
dizer, Menon mtr - pode indagu_ aquilo
t*l o que não sabe; porque n ao rra o +ui- sabe
pgÀjÁn_§cbe ; nem o que não sabe, pois nem, go_.,9!ç!9q sebedê s
qu_g-CçyÊ-iryesqigar" 6,

Ar ciêncior e o iny6ligsç5s
Na atualidade, há um acordo bastante generalizado no sentido
de aceitar a divisão das ciências em dois grupo§: a) formais; b) fá-
ticas. A classificação se baseia na natureza de seus objetos, métodos
e crítérios de verdade.
Os objetos das ciências formais são ideais, seu método é a
drdução, e seu critério de verdade é a consistência ou não contra-
dição de seus enunciados. Todos os seus enunciados são analíticos.
isto é, deduzidos de postulados ou teoremas.
Os objetos das ciências fáticas são materiais, scu método é
a obaervação e a experimentação (e, em segundo lugar, também a
dedução) e seu critério de verdade é a verificação. Os enunciados
das ciências fáticas são predominantemente sintéticos, cmbora haja
também enunciados analíticos.
Toda classificação é convencional; além disso, como supõe
um ponto de partida rpstritivo a dicotornia das ciências deve
cnfrentar o problema da ubiquaçâo- -, da
das denominadas ciências
cultura. À medida que estas cumprem as exigênciâs que supõe a
tcoria das ciências positivas, são incluídas eur ume ou outra classe"
 tendência predominante consiste em incluí-las no grupo de ciên*
cias fáücas.
A nosso ver, esta classificação é extremamente esquemática e
impüca "ma atitude préüa de caráter doutrinário, conãenando as
ciêacias da cultura a uma contínua oscilação entre o grupo das ciên-
cias fáticas e das formais, como o prova a história da ciência. Com

6 Citedo por Moxmr,ro em cur obrt Pmblcmat


- cr hittotio dc la y nírodot dc la iutctüga-
ciír libtolta.
 Pesqulsa e seus Métodc 18

efeito, a linguagem foi, durante o século passado, ,ma ciência fá-


tica; atualmente é uma ciência forinal (lingiística estrutural). Con.
siderações aniálogas poderiam ser feitas sobre diÍeito, psicologia c
sociologia.
Um procedimento mais adequado seria o de aceitar un terceiro
grupo, c), integrado pelas ciências da cultuta, que conviria chamer
"ciêucias do homem"7, evi.tando os rótulos pouco convenientes,
mas também usados - (por suas impliçaçõcs
"ciências do espírito"
- do comportamento" (porque supõc uma
metafísicas) e "ciências
ideologia condutista). Poder-se-ia ainda acrescentaÍ um- quaÍto
gupo, d) ciê.ncias interdisciplinares, como a biologia matemática
e a cibernética, e até um quinto, e) ciências novas, coao a parapsi-
colqgia e a semiótica.
As ciências humanas são, em certo sentido, Íáticas, mas os
fatm (dados) dos quais par'tem pertencem à cultura criada pelo
homem. Por exemplo, os *fatos' lingiÍsticos pprtencem à cultura,
não à natureza Íísica.. Uma pedra qualquer podc ser objeto de inve+
tiga§ão física ou qrímisa (ciências fáticas), mas, se há nelas picto-
grafias ou pekoglifos, convcrte-se nrrm objeto cultural. As ciências
humanas estudam 'ma certa experiência (histórica, psíquica, social )
e, por isso, se aproximarn das ciências de fatos, mas diÍerem destrs
plo caráter de seus objptos, pell noneha de considerálos (enfoquc
ou perspectiva) e pelos métodos de investigação e de prova.

7 Ocupamo-nos analiticamcntc destc problcme crn noslo livro já citadr,, I.rn.


dontcntot ü lo filotoÍía dc la cial,cio.
A PESQUTSA NAS C|ÊNCIAS FÁTICAS

A pesquiro no fírico

Pode-se estar informado cientificamente, sem que isso ofereça


garantias de que se pensa cientificamente. Compreender o que é
ciência sigrrifica conhecer o que J. B. Conant denominou "a estratégia
e as táticas científicas", ou seja, saber qual é o processo real da
investigação científica: a) que relações vinculam a observação ou
o experimento com os novos conceitos e as novas teorias; b) em
que medida as novas técnicas modificam a investigação; e c) a ade-
quação das teorias aos experimentos até que sejam modurcadas_ por
novas observações, por eiperiências ou por uma revolução teórica.
Do ponto de vista da investigação científica, costuma-se dividir
as ciências em: a) empíricas e b) não empíricas. Estas úÍimas, entre
as quais figuram a lógica e a matemática, comprovam suas proposi-
çõei sem ÍecorÍer à experiêqcia. As primeiras, ao coDtrfuio, €xplo-
ram, descrevem, explicam e formulam predições sobre os aconte-
cimentos do mundo que nos rodeia: suas proposições devem ser
confrontadas com os fatos e somente são válidas se verificadas ex-
perimentalmente.
As ciências empíricas são classificadas, por sua vez, em ciências
naturais e sociais; as primeiras incluem a física, a química e a biologia,
e as segundas compreendem a sociologia, a ciência política, a eco-
nomia, a história, etc. A psicologia conforme os autores e as
escolas é incluída em uma ou outra- classe, c inclusive em ambas.
-
Ilustraremos o processo de investi.gção na tísica com a análise
de alguns exemplos extraídos da história da ciência: nos tempos de
Galileu (século xw), sabia-se que uma bomba de sucção não
A Pesquisa nas Ciências Fáticas 15

podia elevar a água a mais de 10,33 m, aproximadametrte. O


funcionamento da bomba baseava-se no conceito aristotélico de que.
a natuÍeza detesta o vácuo; ao levantar o pistão em um tubo, cria-
se um vácuo, mas, como a natureza "tem horror ao vácuo", a água
sobe pelo tubo, enchendo-o. Galileu sentiu-se intrigado ante o fato
de que este princípio somente tivesse validade dentro de certos li-
mites ( entre 0 e 10,33 m) : se à natureza aborrece o vácuo, por que
somente se verifica esse "horror ao'vácuo" até a altura de 10,33 m?
Galileu equivocou-se ao propor a solução do problema: julgou
que a coluna de água "se quebrava" pela ação de seu próprio peso-
Depois da morte de Galileu, seu discípulo Torricelli formulou uma
nova teoria. Aqueles que aindâ hoje se assombram de que os físicos
da época aceitassem a hipótese do "horror ao vácuo" demonsEam
seu desconhecimento de como se desenvolve o processo científico.
Uma hipótese, uma lei ou uma teoria têm validade enquanto podem
explicar adequadamentr um conjunto de fatos, o que acontecia com
a teoria à qual nos referimos. A dificuldade que exigia uma am-
pliação da teoria residia na limitação da-explicação e, inclusive,
- que não permitia elevar a água por sucção a uma
na projeção prática,
altura superior aos I 0,33 m.
Galileu criou o método experimental, e seus discípulos sabiam
que, para que um conjunto de proposições científicas su siÍn-
plesmente uma proposição -
seja válido, deve ser verificado. Tor-
-
ricelü associou ao fato observado um conhecimento já adquirido
em seu tempo: o peso do ar. Se o ar tem peso, poder-se-ia conjeturar
que exerces§e certa pressão sobre a superfície da água de um poço e,
ao subir o pistão e prduzir sucção, esta pressão fizesse subir a
água pela bomba de sucção. Em conseqüência, a altura de 10,33 m
representava o peso da água que podia sustentar esta pressão do ar.
O segundo passo da pesquisa consistia em coryÍovar se À
hipótese proposta era correta. Para verificar sua proposição, Torri-
celli pensou em realizar um experimento com uma coluna de mer-
cúrio, líquido que é 14 vezes mais pesado que a água. O enunciado
preditivo que devia provar era o seguinte: a pressão do ar sustentaria
uma coluna de mercúrio a uma altura 14 vezes menor que a da
água, isto é, um pouco mais de 0,60 m dp altura. Tomou um
tubo de vidro de 0,90 m de longitude e um dedo de diâmetro,
fechou-o hermeticamente em um de seus extÍemos, encheu-o de
mercúrio e, tapando o outro extremo com o dedo, introduziu-o,
invertido, em uma vasilha cheia de mercúrio. Aconteceu o previsto:
o mercúrio desceu a uma altura de 0,76 m e o espaço superior do
tubo ficou vazio. Este vazio se chamou então "vazio dp Torricelli"
16 0s Métoilos Atuais ile Pesqulsa
Este experimento de Torricelli não apenas provou sua hipótes,e,
como também permitiu incorporar à ciência três novas técnicas,
usadas ainda hoje: 1) o emprego do mercúrio como meio de expe-
rimeotação com os gases; 2) o descobrimento de uma tecnica para
produzir o vácuo; e 3) a invenção do barômetro.
Umr nova verificação e, ao mesmo tempo, uma ampliação da
hipótesc foi realizada por Pascal, que pensou que, se a natuÍeza
tem horor ao vácuo, este horror deve manifestar-se com a mesma
intensidade na planície e na montanha; mas, se a hipótese de Tor-
ricêlli fosse ceÍÍa, a coluna de mercúrio deveria diminuir em altura
à medida que dirninuísse a pressão do ar; Perier, cunhado de Pascal.
verificou o enunciado preditivo levando o "barômetro de Torricelli"
para o alto de uma montanha; a altura da coluna de mercrlLrio di-
minuía progressivamente à medida que o barômotro era levado a
maiores alturas.
A experimentação científica baseia-se eÍn provocar situações
artificialmente paÍa, em seguida, controlar as variações produzidas.
A observação, por outro lado, está limitada pelo fato de náo poder
produzir os acontecimetrtos cujas variações se quer observar. Há
ciências, como a astronomia, que contam apenas com a observação
para investigar. Vejamos como sp pratica a .observação e como é
possível alcançar resultados novos e rigorosamente viálidos apenas
com o uso deste método.
Dtrraute uma das reuniôes de um congresso de psicologla, em
Gotinga, um homern irrompeu sala adentro, seguido de ouEo que
esgrimia um revólver. Após periorrerem rapidamente a habitaçáo,
saÍram', vinte segundos depois de terem entrado. Os participantes da
reunião científica ignoravam que o incidente havia sido previamente
plaaejado e fotografado. O presidente do congresso conüdou os
assistentes a redigirem um informe sobre o que haviam presenciado.
Foram apresentados 40 informes; o menor número de erroc cometi-
dos ao relato atingl 20Vo e correspondeu a ap€nas um dos par-
ticipaates do congresso. l4Eo cofieteÍata de 20 a 4O7o de Ía\tas;
25Vo ircorreram em 4OVo de erros. O rnais curioso foi que metadc
dos zujeitos inventou detalhcs em uma propoição de lOVo. Leve-se
eE conta, para avaliar adequadamente a experiência, que o acon-
tecimento foi brevíssimo, o suficiente para despertar a stenção, c
que oc participantes eram homens de ciência, acostumados à obser-
vação científica.
O priqeiro problema da observação é, pois, constituído pelas
íalrlars obwvqics, devidas a crros dos sentidos ou falhas originadas
Da meàte. As primeiras vêm sendo assinaladas desde Heródoto: as
A Pcequisa nnr Ciêncúas Fá6ces l?
ilusõcs produzidas pela refração da luz, ao atÍavessaÍ s água, .o
vidro ou o aÍ quente, são bem coúccldas. As segundas podem ser
sintctizadas na Írase dc Goethe: "Vemos somente o que conhece-
most',
W. I. B, Beveridge, num liwo muito üdo pelos pesquisadccsr,
reldta 'rna anedota atribuída a um médico de Manchestei: duÍâtrte
rrms 6ulq introduziu u.n dedo em uma amostrê dc urina diabética
com o objetivo de prová-la. Fm seguida, convidou os estuda es a
imitáJo. Estes, com gestos de repugnância, provaram a urina e ad-
mitiram que tinha um sabor doce. O médico sorriu, dizendolhes:
"Para ensinar a vocês a importância de observar os detalhes, intro-
duzi na urina o dcdo polegar, mas lambi o dedo indicador".
Observar não significa simplesmente ver algo: a observação
implica um processo mental. Segundo Beveridge, em toda observa-
ção intervêm dois elementos: 1) o fator sensopcrceptivo (habitual-
mente visual) e 2) o elemento mental, que pode ser parcirlmúte
co$ciente e parcialmente inconsciente.
Não.se pode olüdar o conselho de Claude Bernard: "Assim como
sê tiÍÍt o casaco ao 6e entrar no laboratórió, da mesma forma deve-
se deixar fora a imaginação". Isto não quer dizer que a observação
científica seja um processo passivo; ao cotrtráÍio, é uma atividadc
mental ativa. Observar cientificamente implica estabelecer ass@ia-
ções sugestivas êntre os objetos examinadi» e entre estes e o conhe-
cimento.
A observação pode constituiÍ-se também em um método de
prova científica, quando associada à
matemática. Inclusive, pode
até üncular-se ao descobrimcnto cienúfico, como wremos tro ef,em-
plo seguinte: Apücandose a teoria newtoniana e mediante observa-
ções das posições do planeta Urano, foi determinada sua órbita. Mas
a órbita calculada não coincidia com as posições observadas poste-
riormente, isto é, com a trajetória rcgistrada. Adrms (pm 1845 ) e
Le Verrier (em 1846) postularam e seguhte hipótese: as variações
na trajetória calcrrlada dc Urano obcdecem a perturbações produ-
zidas por um planeta descoúecido. De imediato, calcularao a tra-
jetória que o planeta desconhecido deveria cumprir para produzir
as pertuÍbações registradas na órbita de Urano, Postoriormenüe, Lc
Verrier soücitqr ao astrônomo Galle que verificasse sua hipótecc,
obsoryando o firmanento. Nesse. mesmo dia, Galle encontrou o
oovo plüreta a 52' da posição preüsta por Le Verrier.

8 BrvsuDcr, W. I 8., The st of rciattitic ittocttigaliotr., N, Y,, Vinajt


BooL, 1957.
18 0s Métotlos Atuais de Pesquisa
A perquiro biológico
A experimentação constitui a base fundamental da pesquisa
biológica; todaüa, nem sempre é possível, sobretudo na investigação
clínica humana. Um conceito essencial da experimentação bioló-
gica é o experimento controlado: provocar um fato, em condições
prefixadas, eliminando ao máximo as influências exteriores ao
acontecimento que se experimenta, e submetê-lo a uma cuidadosa
observação.
No experimento controlado, separam-se dois erupos semelhan-
tes: a) grupo de controle e b) grupo experimental. Os grupos de-
vem ser tão seÍrelhantes quanto possível e diferir somente no fator
de va,riação que se quer investigar. Em biologia, nem sempre é fácil
assegurar-se de que ambos os gÍupos são semelhantes em relação ao
sexo, idade, peso, €tc. As diferenças ainda possíveis podem ser cor-
rigidas mediante técnicas matemáticas na estimativa dos resultados.
Antigamente e ainda hoje, em certos experimsÍr[6s s65-
-
- um fator em cada experiência. Atualmente,
tumava-se Íazer variar
as téctricas estatísticas possibilitam provar, ao mesmo tempo, um
conjunto de variáveis.
Na pesquisa farmacológica, emprega-se o grupo de controle nos
experimontos denominados double blind (duplamente cego). Uma
vez estabelecida a ação medicamentosa de um remédio em uma en-
fermidade, primeiro em laboratório e depois em animais, a prova
de sua eficácia em nível humano deve eliminar a ação psicológica
inerente a todo meio terapêutico usado nos séres humanos. Para
evitáJa, são fabricados dois medicamentos exteriormente iguais,
porém um deles contém apenas algo passivo, inócuo, como água
destilada ou açúcar, e o outro contém o medicamento cuja ação
se quer provar. Às vezes, trem o próprio médico que administra o
remédio sabe quais são realmente medicamentos e quais são "pla-
cebos" (nome técnico do produto inocuo). A experiência é reali-
zada com dois grupos humânos, ambos afetados pelo mesmo mal
e com características semelhantes. Ao término do experimento, com-
prova-se que se verificou melhoria em ambos os grupos; por exem-
plo,2OVo tro grupo ao qual se administrou o placcbo, dizendo-se-lhe
que se tratava de um novo e poderoso remédio, e 9OVo no segundo
ltupol QueTrccebeu o remédio verdadeiro. Subtrai+e 20 de 90, e
o resultado, 70, é a média provável da ação terapêutica do produto
que foi submetido à prova.
O procedimrnt o do double blind é adotado para evitar que o
próprio médico, com suâ atitude consciente ou inconsciente ante o
produto, deixe transparecer ao paciente qual é realmente o remédio.
A Pesqufua nas Ciêucias Fáticas 19

Os placebos e outÍos procedimentos terapêuticos inócuos


são empregados- também como medicamentos em enfermos neur& -
ticos ou histéricos. Alguns psiquiatras, por exemplo, utilizam em
pacientes neuróticos complicados aparelhos, aos quais atribuem ür-
tudes terapêuticas para o paciente. A melhoria ou a cura obedecem
à ação dos mecanismos psicológicos. A escolha de aparelhos mecâ-
nicm ou eletromecânicos (que são, como os placebos, inócuos far-
macologicamente) baseia-se no prestígio atual da tecnologia entre
o povo.
. Na experimentação bioquímica, costuma-se usar o procedimento
da slimisaç66 sistemática, base do conhecido jogo infantil de adivi-
nhar uma palavra descoúecidq começando por perguntar se é
6nim3l, vsgetal ou mineral. Este método é efetivo quando se pro-
cura uma substância desconhecida usando substiitrcias quÍmicas.
Com equipes de pesquisadores e grandes inversões em diaheiro,
chegou-se a isolar a estreptomicina, depois de haver eliminado
grande quantidade de cepas de fungos. A descoberta da penicilina,
por obra do misterioso âcaso e do gênio observador de Fleming, foi
mútíssimo mais econômica. A descoberta do PAS (ácido paramino'
salicflico) foi resultado de um processo dedutivo: seu autoÍ buscqt
um produto químico que, ao inibir o metabolismo do bacilo de
Koch, anulasse sua ação patógena.
Em biologia, é muito freqüente o uso de experimentos "piloto",
que consistem em pesquisas em escala reduzida ov in vitro,
preparatórias à experiência in vivo. Todos estes procedimentos su-
@m o conhecimento, pelo pesquisador, das técnicas e aparelhos
urilizados no experimento. E, o que é muito importante, supõ€ que
o pesquisador admita a possibilidade do erro inclusive em expcriên-
cias aparentemente bem planejadas. Beveridge recorda o caso de
John Hunter, que se auto-inoculou a gonorréia com o objetivo de
estudar as üferenças entre essa doença e a sífilis. Lamentavelmentc,
inoculou-se inadvertidamente também a sífilis. Contraiu ambas as
infecçóes e, duÍante muitq 1s6pe, acreditou que oo sintomas das
duas doenças fossem manifestações de uma rínica: a gonorréia.
Nas pesquisas biológicas baseadas ern auto-experiêocias, corre-
se o risco de somar aos fatores de erros possíveis pelas técnicas expe-
rimentais os provenientes da própria subjetividade. O caso das auto-
experiências de Brown-Séquard, o pioneiro da endocrinologia contem-
porílnea, ésumamente eloqüente. Sua primeira comunicação foi
apresentada à Sociedade de Biologia em l.o de junho dc 1889, sob
o título "Efeitos produzidos no homem pelas injoções subcutânoas
de um líquido extraído dos testículos frescos de cobaio e de cão".
Podernos imaginar as dificuldades de suas tentativas de automedi-
20 Os Métodos Atuais de'Pcsquisa

cação hormonal através dc uma comunicação posterior, tambem


apresentada à sociedade dc biologia, onde esoreve: "A dor e a iafla-
mação quc sofri após cada injeção poderiam ser notavel-úcnte dimi-
núdas mediante o emprego de um líquido mais diluído em água. . .
Paém. . . deveria €mpregar outro procedimrnto. . . Por exemplo, a
iajeção do líquido testicular no intestino. É provável que pudesse
hEoduziÍ na cavidade rctal um líquido muito Denos irritantc..
Ne primcira comuDicação dizia: "Tenho 72 atos. Meu ügor geral "'
tem diminúdo gradualmente e de forma percepível, de l0 a 12
antx para cá. Antes das experiências às quais aqui me reÍiro (as
injeções de exhato testicular), dpvia necessariamente sentar-me, de-
pois de peÍmanecer meia hora de pé no laboratório. Âo e,ntÍar em
casa, de carro, poÍ volta das 6 da tarde, sentia-me tão Íatigado que,
depois de um refrigério, tinha que ir para a cama. Por vezcs, o esgo-
tâmento era tão grande que, apesaÍ de necessitar dormir e de sentir
uma sonolência que inclusive me impedia de ler os jornais, não
podia conciliar o sono até depois de muitas horas. Hoje, depois do
segundo dia e, sobretudo, após o terceiro de tratamento com
- injeçõos até este momento), tudo
as injeções (3 - mudou e rccuperei,
pelo mcnos, toda a força que possuía há alguns anos".
Sabe-se que, para a obtenção do equivalente a alguns miügra-
mas do hormônio propinato de testosterona hoje sintetizado
cram necessárias algumas csotenas de qúlos de -
- testícrÍos. Pois bem,
Brown-Séquard injetava-se um cêntímetro cúbico de extrato, corrcs-
pondente à quarta ou à quinta parte do hormônio de um tesdculo,
quantidadc dc ação praticamente nula. A explicação do "êíto te.
taÉutico" descrita pelo cientista deriva do diagnóstico de sua eúer-
nidade: síndrome melancóüco de frustração, caracterizâdo por
insônia, astenia, adiaamia, improdutividadc intelectual, transtornos
hipocondríacos. A melhora só pode ser atribuída a uma ação.placebo
dss irjeções, isto é, a um mecanismo puramentc psicológico. Se beo,
que este Íato em nada desmereça o trabalho pioneiro de Broum-
Séquard, constitui um chamado de alerta para as conclusões apres-
sadas no campo da pesquisa biológicae.
Examinemos o processo da investigação biológica através da cria-
ção de uma grande teoria científica contcmporânea: a teoria do
Jrr"sJ, cujo autor, Hans Selye, escreveu @ntenas de memórias cien-
úúcas, mcia d(tzia, de üvros e ÍÊalizolr cxperimentos duraole trinta
atros para provsÍ e aplicar as conseqüências de suas iavestiga6ões

9 Vcja+c o crpítulo "flormone et Ícvitditttion' ', no livro dc F. DrgoCoct,


Lc ttirot ct let rctdtht, P.rir, P:í..... llnivcrriteittr dc Frencr, t!úí.
A Pccçdsa nas Ciênclas Fáücas ZL

no canlro da medicina, especiatmente à ilsiolo6a, à farmacologia c à


terapêuüca humanas,
Em um livro quase autobiográfico, Selye descreve miflrciqs-
mcotê os passos percorridos na investigação, desde suas primeiras
observações como estudante de medicina até a formulação de teoria
e respectivas provaslo. Aos 18 anos, quando começava a cursaÍ
medicina iíterna, Selye adverte que, na descrição das doeaças, o
professor não dava maior importância a um conjunto de siaais c
sintomas dos pacientes: dores difusas, perda de apetite, febre, dis-
túrbios iatestinais, dilatação do fígado, inflamação das amígdalas.
Esta sintomatologia variada e constante não parecia interessar ao
profassor, porque constituía sintomas não específicos e, por isso,
não utiliáveis no diapóstico específico da doçnça:
Não obstante sua juventude e inexperiência o que indica
sua capacidadc para o que chamamos anteriormente - ..obcervação
cientÍfica" adverte que a constâacia desses sinais e sintomas em
-,
todas as enfermidades determinava um sÍndrome especial: o de .s€,a-
tir-sc cafermo, isto Ç o síndrome que caracteriza a enfermidade cmo
!al, Dcz anos depois, realizut experiências com ratazaf,as, às quais
injetava um extrato de ovário e placenta. Observa que se produz uoc
animtrig rm aume.o,to do córtex supra-renal, uma atrofiá do timo,
do baço e dos aódulos linfáticos e que ápareceE úlceras gastroduo
denais. O conhecimeoto endocrinológico não permitia, até esse mo
mentq atribuir essas mudanças a nenhum hormônio conhecido.
Sclyc pcnsou, entãq que talvez estivesse por descobrir um novo
hormônio do ovário. Formula, pois, uma hipótese: existe um hor-
m6aio do ovário, ainda desconhecido,. que é capaz de produzir
ccrtas mudanças Íro orgürismo.
O passo scguinte deüa ser a projeção de experimentos que pro
va$em sua hipótese. Inferimos, pelo que ele próprio nos diz, que,
talvez sem se propor explicitamente, pôs em prática a técoica da
eliminação sistemática, Foi assim que decidiu injetar nos enimais
sob experiência extÍato pituitário, A escolha dos hormônios da
hipófise se explica pela função cooidenadora que este hormônio
desempeúa na fisiologia das secreções internas ( âtravés das gona-
dotrofinas, por exemplo, rege as funções dos ovários).
Ao cmprovar que se reproduzia a sintomatologia anterior, su-
pôe que o novo hormômio era fabricado pela hipófise. Decide injetar,
entãq ertratos de fígado e rim e, com suq)resa, comprova que vol-

l0 Sttvs, Htns, Thc rctt of lifc, Londro, Longmans, Grcen and Co., 1957.
(Há tradução pera o espanhol.)
22 Os Método§ Atuals de Pesquisa

tqm a se apÍÊsentar âs mcsmas modificaçõcs orgânicas. Formula,


cntiío, uma nova hipótese: existirá um hormônio, até hoje desconhecido,
produzido por uma célula qualquer do organismo, algo assim como
um "hormô,nio tissular"? Sem dúüda, esta nova suposição não é
múto compreensível, porque Selye co,mprova algo inesperado: ao
purificar oiextratos, ao invés de aumentar sua potência, como ocoffe
(uando se trata de hormônios, a atividade diminuía sensivelmente.
Decide, então, realizar um experirnento crucial, injelando formalina,
um,a substância tóxica muito irritante usada nos laboratórios bio-
lógicos como fixador de tecidos. Sua hipótese de trabalho pode ser
sintetizada, nesse momento, na segu.inte pergunta: pode uma subs-
tância não derivada de um tecido üvo, inclusive tóxica, produzir o
mesmo síndrome?
Quarenta e oito horas depois de haver injetado a formalina,
examinou os órgãos dos animais e comptovou um aumeoto ainda
maior do córtex supra-renal, a conhecida atrofia timolinfática e a
formação de úlceras intestinais. O experimento e a observação cm-
seqüente eliminavam radicalmente toda possibilidade dp descoberta
de um "novo hormônio". Cabia formular, então, uma nova hipótese
de trabalho: a existência de um síndrome geral inespecífico da en-
fcrmidade. A investigação experimental havia conduzido Selye ao
limiar de um problema que ele vislumbrara quase intuitivamente em
sua juventude: o síndrome geral da enfermidade.
O esboço dos experimentos que devia realizar foi conseqüên-
cia de um conjuoto de indagações que o pesquisador se propõe:

l9 Até que ponto sc pode dizer que este síndrome é inespe-


cífico?
29 Que manifestações apresenta o síndrome, além das já
conhecidas?
39 Como se desenvolve no tempo?
49 Até que ponto as manifestações do síndrome específico
são influenciadas pelas ações especílicas dos agentes que
o produzem?

59 Qual é o mecanismo a "dinâmica" desta reação?


- -
O relato minucioso das succssivas experiências que conduziram
ao estabelecimento da teoria do slresü validada por provas fisio-
lógicas estritas, que chegam, inclusive, ao estabelecimento de Íela'
ções quantitativai e mensuráveis, tomar-nos-ia muito espaço e está
À Pesquisa nas Ciências Fáticas Zg

fora dos objetivos deste üvro. Mais inrteressante será destacar al-
gumas reflexões do próprio Selye sobre a investigação científicarr.
Muita gente está convencida segundo Selye de que, para
pesqüsar, requerem-se grandes somas- de dinheiro, laboraórios
- mo-
dernos, equipados com máquinac complexas e caras, e eqúpes de
ajudantes bem treinados. A descoberta do síndrome geral àe adap
taçãq que constitui o fundamento da teoria do sÍress, não necessitóu
de laboratórios luxuosos. O único ..labora.tório" de Selyr, nessa época,
estava integrado poÍ umas tesouras (para abrir as Íatazanas, r uma
sslinga (para as injeções ) e nm ajuãante. É verdade qoe há um
ingrediente sem o qual não há investigação científica possível: o
talento.

A perquLo no rnedicino

Vejamos, finalmente, um exemplo de investigação cienüfica


-.
ryaJ.y4da no campo especÍfico da medicina, através ãa- narÍativa de
Carl HempeFz: Ignacio Sçrnmelweis trabalhou durante os anos de
184+1848 no Hospital Geral de Viena como m,édico da materni_
dade desse nosocômio. No primeiro ano de seu ingresso na mater-
nidade, morreram 260 mulheres de febre puerperal- sobre um total
de 3157 mães internadas , isto é, 8,2Vo; no ano sêguinte, a mortandade
media diminuit para 6,8Vo e, em 1846, subiu para l l,47o. Nos
mesmos anos ( 1844, 1845 e 1846), em outra sila de maternidade
do mesmo hospital, a média_ de- mortes por febre puerperal regis_
trada foi muito menor: 2,3%, 2Vo e 2,1Vo, respeciivaàente. Ésta
diferença notável entre as médias das duas salas constituía um ver_
dadeiro enigrra.
Semmelweis iniciou srra investigação, considerando várias expli_
cações propctas em sua época, rejeitando sistematicamente as que
não fossem compatíveis com os fatos cientificomente estabeleciáos
e submetendo as restantes a provas concretas:
1) Uma opinião múto difundida atribuía os estÍagos da febre
puerperal a "irúuências epidêmicas", que eram descritas como ..mu-
danças atmosférico+ósmico-teluricas".- Esta hipótese era insusten-
tável, por pouco que se pensasse em: a) por que a ..epidemia" di-

Il Na obra já citade de Selyc, pode-se ver o desenvolvimento minucioso da


pesqursa.

_ 12
Inc.,
HBurrr, C. G,, Ph otopluy oÍ narural rcienccs, Nova Iorque, prentice-llall
Englewood CliÍír, 1966.
24 0a Métodos Atusls ile Pesqutua
minúa de intensidade !a scgr. {a sala da materoidade do hospital
e b)como expücar rrm6 sçfl6 cp^- 3mica quc se verifica em um hos-
pital e se apresetrta excepciooalmente na vizinha cidade de Viena
Uma verdadeira epidemia não pode ser seletiva, Das total.
2) Outra bpinião era que a mortalidade cra causada pelo aglo-
merado das mães na maternidade; hipótese contrariada pelos fatos,
uma vez que na segunda sala havia muito mais mulheres (pelo temor
que s primeiÍa inspirava, com sua elevada mortandadc).
3) Uma terceira opinião também rejeitada por Semmelweis,
por ser contÍária aos fatos - atribuía a catástrofe a diferenças na
dieta ou na âtenção médica.-
4) Uma comissão médica encarregada de estudar o fenômeno
atribuiu-o às feridas causadas pelo exame realizado nas parturientes
por estudantes imperitos. Semmelweis observou: a) que as feridas
naturais conseqüentes do parto eram mais extensas que aquelas que
um exame rude ou mais ou menos inábil podia provocar; b) que as
parteiras que examinavam as pacientes na segunda sala realizavanr
as rtresmas manobras que os estudantes da primeira, mas sem que
se produassem os mesmos resultados, e c) quando se reduziu o
número de estudantes à metade por rêcomendação da citada co-
missão e sua intervenção na- maternidade foi mínima, a morta-
-
lidade alcançou níveis mais elevados que antes.
5 ) Não faltaram as hipóteses psicológicas, como a que atribuía
a elevada percentagem da febre puerperal à passagem "terrorÍfica
e debiütante" (sic) de um sacerdote que percorria a maternidade,
precedido de um ajudante que fazia soaÍ uma campainha, para mi-
nistrar os últimos sacramentos a uma mulher agonizante. O sacerdote
cnzÀya apenas a primeira sala da maternidade. Para submeter à
prova mais esta hipótese, Semmelweis pediu ao sacerdote que mu-
dasse seu percurso, de modo que não cnrzasse a sala onde se- re-
gistrava o àlto percentual de enfermas: nem poÍ isso a mortalidade
dec,resceu.
6) Alguém sugeriu a Semmelweis uma oova hipótese: as mu-
lheres da primeira sala descansavam sobre a espádua, ao Passo que
as da segunda o faziam de costas. A conseqüente mudança de po-
sição na cama não trouxe modificação alguma nas Percentagens.
A chave decisiva para a solução do problema foi proporcionada
a Serhelweis por um acidente ocorrido com um colega: durante
uma autópsia, um estudante feriu o dedo de um médico com o bis-
turi. Este morreu, após uma agonia em que manifestou os Eresmos
sintomas que caracterizam a febro puerperel. Embora não se co-
nhecesse ainda o papel dos microrganismos nas infecaões, Semmel-
 Peequisa nae Ciênch Fá6oas 26

weis atribúu a imorte do colega à introdução de "matéria cadrv&


rica" no sangue d9 médico. As semelhanças entÍc a cnformidadp
que produziu a morte de seu colega e a fcbre puerperal conduzirarn-lo
à hip&ese de que a causa era a mesma: certo enveneoamcnto do
sangue. Os transmissores de material iafeccioso deviam ser seus
colegas, os estudantes e ele próprio, já que neúum deles tomava
precauções especiais, ao realizar as autópsias e examinar em seguidE
as parturientes, fazendo'o depois de uma lavagem superficial das
mãos.
Formulada esta hipótese, Semmelweis deciüu submet&la uma I
verificação: exigiu dos estudatrtes que, antes dg çlsminar ums par-
turiente, desinfctassem as mãos. O resútado de seu experimento
comprovou sua suspeita, porquc, durante o ano de 1848, a Eo[tan-
dade média desceu a l,27Vo ta primeira sala, sendo mcnor ainda
quc a da segunda, l,33Vo. A verificação de sua hipótese foi cocoa-
trada no fato de que, oa segu.nda sala, as pacientes eram atendidaE
por parteiras que não lealiznvam dissecagão de cadáveres. Outro
apoio experimental. à sua hipótese proveio do fato de que as mulhc-
res que tinham seus filhos na rua erarn internadas rapidanente, scm
ser examinadas, e nunca sofriam de febre pucrperal.
Novas cxperiênc,ias serviram para que Sàmmelweis ampüassc
sua hipótese. Em uma ocasião, slaminaram uma mulhcr que
-softir
do um câncer cervical ulcerado e, após lavarem superficialÍrtcnte as
mãos, examinaram vinte mulheres na mesma sala: onzê delas mor-
reram de febre puerperal. Deste acontecimento fúnebrc Semmclweis
extraiu uma cons.eqüência que ampüou sua hipótese inicial: a febrc
puerperal não é causada apmas por matéria cadavérica, mas tambéo
pc "matéria pútrida derivada de organismos vhos".
Hempel analisa o processo lógico da prova de hrpótcse, aa p€§-
quisa biológic4 através do exemplo de Semmelweis. Por vczcs, a
prova é imediata, cüno tr(x casos das hipótcses que atribuíam a
enfermidade à dieta, à superpopulação da sala ou à otenção médica:
todac estas conjeturas foram rejeitadas como falsas por serem con-
trfuias a fatos facilnente verificáveis.
Outras vezes a prova não é tão simples, como no caso do hi-
pótese que atribúa o mal à presença do sacerdote. O raciocínio de
Semmelweis segundo. Hempel : deve ter sido o seguiate: sc
este hipótese- fosse verdadeira, eüão uma modificação apropriada
Eo comportamento do sacerdotê deveria ser seguida por uma dimi-
nuição na mortatrdade. Submeteu à prova esta relaçãq por meio do
simplcs cxperimcnto que relatamos antcriormcnte, e cmstltou sctr
falsa; em conseqüência disso, rejeitou essa hip6tesc. Um processo
26 Os Métodos Atuals ilc Pcsquisa

análogo lcvou à rejeição da hipótese que atribuía a cnfermidade à


posição das pacientes no leito (o Ieitor pode rcconstruir o respectivo
raciocínio por analogia ao anterior).
Examinemos com algum detalhe o processo ldgrbo subjacente
ncste aspecto da investigação biológica. A prova reside num argu-
uento accrca do $eito verilicável por dbservação que devcrá ocor-
reÍ, se a hipótcse considerada for verdadeira em certas circunstôn-
cias bem detenninadas. A hipótese que charna,remos H é a "pas-
sagem do sacerdote pelas salas. ..";- o leito espeÍado-é "o declí-.
nio da mortaüdade" que denominaremos I e as circrmstâncias
são "a proibição ao- sacerdote de cruzar as -; salas". A hipótese foi
rejeitada segundo se explicou e seu mecanismo lógico pode ser
-
assim esquematizado: -,
Se H é verdadeira, então I também o será,
mas (como a observação o comprova'| I não é verddeira
H não é verdadeira.
lF-Íffi

A PESQUTSA NAS CnNC|AS DO HOMEM

â perquiro cnr pricologlo

Há os que sustentam que basta nm método para defioir umo


disciplina; outros, ao contrário, centran a definição ns naturczs do
objeto. Para nós, uma ciência se define por seu objeto, seu método
e seus fins. É evidente que o que distiague o trabalho de iavcstigação
nos diferentcs campos da ciência é fundamentalmênte a trrtuÍGza
dos respectivos objetos científicos. Isto não signilica que sc possa
sepüar o objeto do método; há dois excessos igualnente perigoso§:
a) estudar um objeto sem considerar a influência sobre elc dog
métodos usados para investigá-lo e b) determinar o objeto pclo
uso dc um método. Na realidade, existe uma estreita relação cnkc
os objetos científicos e os métodos cmpregados no scu estudo.
Qual é a natureza dos objetos psicológicos? Na psicologia, como
em qualquer outra ciência, os objetos não são entes materiaig, mas
conceitos, e o que em rigor se estuda são as relações e re esoes
conceitos. Só há ciência quando é possível realizar observaçõcs rcpc-
tidas e, inclusive, reproduzíveis em condições prefixadas.
Ray Hym6ara exempüficou a relação métodc.conteúdo no
campo psicológico mostrando como o método itrtrospectivo dc
Wundt estava em correspondência com a definição quc ele dava de
psicologia cono o estudo da experiência consciente. Analogamcnte,
Watson que concebia a psicologia como uma ciência natural
rejeita a- experiência subjetiva para centrar seu intercsse no que- é

13 Hw,rx, R., The natstc ol prychohgical inquiea, Novz Jerse;, Prenticc Hall,
Inc., Englcwood Cliffs, 1964. (Há tradução paÍl o português.)
§ Os Métoalc Atuals dc Peqrdsn
obsen ável nos organismos: o coÍrgrtaúento (behoiotttl. A cs-
cola . comportamentista' exclú todo procedimento subjclivo, ba-
ceando as iavesügações na observação objetiva do comportamento.
Reafirmamos aqui o critério exposto anteriormetrte, segundo o
qual toda p§icologia supõe um sistema conceptual e que não existe
metodologia alguma que não o suponha. Esta descoberta foi inde-
pendentenetrte alcançada tam!(la por outros pesqúsadores: Piaget
e Gonseth a denominam "doutrina prévia" ou "filosofia implícita",
respcctivamente.
Na anrflise dos métodos de investigação psicológica (melhor
scria falar de técnicas ) , seguiremos a classificação de Hyman na
obra citada, que distingue: a) métodos natwal&as; b) métodos
üferenciais; c) métodos experimenÍais e d) métodos combindos.
O Eétodo traturalista consiste em observar o compoÉametrto
dos organismos em seu estado natural (daí seu nome), evi.tando ao
máximo toda interferência do ôbservador. A tarefa do pasqúsador
co[siste em observar e registrar o que vê. Na investigação psicolG
gica, costuma+e usaf, uma variaate importante desto método: o mé-
todo clínico. Usado em medicina com fins terapêúicos, serv€ tambéE
como instrumento de.investigação. O método psicanalítico tanto
eo sua fase teÍapêutica como científica - outro
é um bom exemplo;
6 o de Piaget. -
Expücaremos, em primeiro lugar, o método psicanútico para,
em seguida, analisáJo criticamente, üão eB seu aspecto médico (te-
rapêutico), mas como instrumento de investigação psicológica. Ê
oecessário coÍneçaÍ por distinguir a doutrina psicanalítica do método
tcrapêutico e do método de investigação cieotffica, aspectos que, oa
obra de Freud, nem sempre são estritamente diferenciados. fnclusive,
dever-se-ia distinguir um quarto especto cuja análise está fora
doe objetivos deste livro as apücações.-
O método psicanalítico-: (na reúdade uma técnica) como pro
sedimento de iavestigação da personalidade foi criado sobre a baso
da doutrina Aeudinna. Freud começou seu trsbalho psicoterapêuúco
como hipnólogo (haúa sido discípulo de Charcot, na Salpêtriêre).
As experiências de sugestão pós-hipnótica servem-lhe para desco-
brir a atiúdade inconsciente e a função da catarse; mas, ao con-
preender as limitações da hipnose como método terapêutico e sua
natureza necessariamente sintomática, substitui-a primeiro pela su-
gestão em estado de ügflia, depois pelo método psicanaütico.

' No original, cotdsctita PreÍerimos a traduçío acima, embora eejr um neolo-


gismo, por ser o teÍmo de uso correntc em psicologia no Brasil. (N. de Tnd.)
 Pceqrrlrr nar Cl€uclac do Eoncm D
A essêtrcia do método consiste na interprctação dos sonho, ac
atoc ftlhos, nos siitmas neuróticos e psióticoc c no cnÍprelo rie-
teraático da üvre associação.
A psicologia profunda entende que a atividade psíqúca é o
rcsultado do conflito etrtre as tendências instintivas e as represeõan
qrre a clas se opõem. A psicanálise, como técnica de investigação,
é um eubproduto do método terapêutico: uEr emprego terapêutico
prematuro exigido pela urgência médica de aliviar os pacientcs
tem sido a-causa de muitos erros de compreeosão, de interpretação -
e até de utilização. Kubie que se ocupa do estudo do método
- anos destacou que Freuó considc-
psicanalítico há mais de trinta
- um método de investigação
rava a psicanálise mais que uma terapia,
psicológica; mas, sem uma necessidade terapêutica, pouca gentr sÊ
submeteris a um tratameato psicanalíticq eiceto os- que aspiravam
a ser psicoterapeutasrr.
_. Em que consiste a técnica da liwe associação? O papel da aaá-
lise
- tanto éemtazer
oalidade
sua fase terapêutica como na investiga!ãã da pcrso-
aflorar à consciência os conteúdos não cons-
-
cientes (pré'conscientes) ; como usar a consciência para alcançar
tal objetivo sem cair em uma contrdiaio in adiao? Uma lógica
elementar nos indica que, se se üvesse acesso ao pré-consciente por
meio da aüüdadc conscicnte, o inconsciente seria cônscieotp, ou více-
verBa.

_A üwe-associação postula que a mente associa imageas e senü-


mpotos distantes no espaço e rro tempo aind4 que parosám
-
dissemelhantes -,
e, inclusive, làgicamente càntraútórios: [á üma i.l&
gica do inrconsciente" que reúne em blocos únicos os elementos in,
,conscientcs. Além disso, como o próprio paciente se opõe à mobiü.
zação dos conteúdos inconscientes (mecanismo de defesa e Íepres-
são), oão se pode contar com sua colaboração conscientc,
Kubie, na obra citada, afirma que a livrc associação é a imagcm
especular do reflexo condicionado, e seu valor científico residJ no
fato de que permite desmascarar a inlluência concorenüe doo pro,
cessos conscientes, préronscientes e incooscientes na atividadc úon-
tal.
Outro iastrumento de investigaçáo é a, interpretação doo sonhoc,
cujo aspecto crítico é a semântica do conteúdo nuniÍesto do aooho
com o objetivo de descobrir as idéiu laeúe* Nesse aspcctq a di.

- la.. I!yrr9, L,5., Pryclnnag* o*l scüntilic ncthod, cm "Prycho:nrlpir


.ScientiÍic Method end Philoroph/'. Dirigida por Sidncy HooÍ, Ncr yort Univ:r-
rity Prcrr, 1959, p. 57-77,

1
l
30 Os Métodc Aturb de Poaqulsa
fisuldadc Eaior se apres€ntra quando a Íeútêocia do sujeito a cfe-
tusr üvÍcs associagõcs rcfcrcntes a seu soúo não pode ser vcncida.
Ncsscs casos gu€, segundo o próprio Freud são bastante fre-
qiietrtês - ap€nas um recurso; o uso de chaves scmânticas
rêsta
-
univcrsais, cxtraídas do folclore, da etnologia e da história das reli-
giões, A distinta hierarqura dos dois modos de intcrpretação foi
dcstacada tombém por Freud, que ú admitia a segunda quando de
neúum modo era possível usar a primeira.
Tanto a liwe associação como a análise dos sonhos e dos atos
falhos, caso prctendam scr considerados como proccdimentos de
investigação cienúfica, deverão cumprir as exr.gências que condi-
cionam o exercício de outros. métodos de pesqúsa: especificidade,
possibiüdadc de reproduzir as experiências, objetividade e geneÍa-
üdadc dos resultados. As técnicas usadas na psicologia protunda, como
todo aétodo clínico, dificilmente poderiam çrrmprir estas eígên-
cias: o tratamento específico dos "objetos" da investig,ação (os pa-
cicntes) nuoca pode seÍ o mesmo (recorde-se o fato de.que úo bá
cafcrmidade, mas enfermos) ; os dados obtidos na consúta clínica
diÍicilmcntc são reproduáveis (não obstante o uso atual de magEeto.
fones e máquinas de filmar) e a generalização dc informações é
quasc uma ilusãõ.
A objctividade dos experimentos psicológicos no cootexto
doutrinário e metodológico da psicologia profunda - mcnacê um
i pa,rágrafo À paÉc. Em primeiro lugar, o observador (o - psicanalista)
participa oecessariamente da observação, porque forma com o pa-
ci€ntc um mesmo bloco. Por exemplo, à transferência do paciente
o psicanaliste rcspoode npcessariamente com uma contratransferên-
cia. Em uE agradável üwo de Rudner, intitulado A hora de cin-
qllcnta minutos, o psicanalista confessa que, &o tcntar curú o delírio
dc um paciente por meio de uma técnica de participação, e$eve a
ponto de pcrder seu eqúlíbrio meotal. Após expücar a técnica de
invcstigação cornportamentista, voltarcmos à análisc da objetividade
cm psicologia.
Em termos gerais, pode-se afirmar qué o método clínico
como tdo pr@cdimento baseado na observação livre -
apÍesenta
o inconveniente da falta de rigor das observações pclo- caráter ne-
cossaÍiamonte passivo do observador. O método psicanalíticq por
excmplo, depcndc exclusivamente de dados Ípgistrados pelo ouvido
(cm menor medida, os gestos e atitudes do paciente também intcr-
vêm). Os dados audiüvos trão são rcstringidos apcnas por scu carátcr
tcmporal, mas tanbém porque estão submctidos a várias distorsões,
conscicnüec e.inconscientes: a) distorções perceptivas uo EoBeDto
da audição; b) distorções de transcrição; c) distorções da memória.
A Pcsqutra nas Ctêlrcias do lloncn 31

A introdução dc instrumentos mecânicos de registro impüco o in-


tromies6o das distorçõcs inerentcs ao próprio aparelho (como tam
ocorrido com o microsópio e o cstetosóPio).
Coatúo, o problema mais sério é I interprÊtação, Alguns psicr-
nústas, como o citado Kubie, confessaram que o justificação cicn'
tífica de suas interpretaç6ec peícncr a três níveis de _.rigc lógico
progressivo: a) probabilidade e c) validadc úarca'
possibilidade; b)
É fácil propor interpretações possíveis do comPorta$etrto de um
paciente; menos simphs são as explicaçóes provávcis; 883_ o-quc
t rcel-sa1s difícil formular interPrctações de validde absolula:
é-
adequadq única e necessária. Confundem-sc, inclusive, as dcsctiçõcs
com as etplicações principalmente quando as primeiras se baseiast
eD uma nova nomcnclatura: dar noules oovo§ aos fenômcnoo oão
significa compreeodàlos nem expücá-los,
A primeira
-
condição quc as intcrpretações PsicmalÍticas Cev€n
cumprir é a possibilidade dc sua verificação. E§ta supõe uma cxi-
gência mí"ima de objctiüdade, cujo rcquisito essencial scria que un
gupo de pesquisadores independentes tivesse acesso ao E suro mstc-
iiúe que êstamaterial fosse reunido em condições codifiradas. O cum-
primento desta eígência é dificultado pela relação singular que ügl
ó psicanalista a seu paciente, que é, como dissemos, única o irrc'
petível por ser uma uoidade bipessoal.
Dois argumcntos aduziram os psicanali§tas para justificar a
valklcz de suas interpretações: o aceitação do pecicnrc e a me-
lhoria ou cura. O primeiro é facilmente rccusável, por pouco que
se peme na singular relação entrc anaüsta e analisado que impcde
aui-Uuir qualquei objeüvidade aos juízos deste último. O scgundo
argumentó ndo resisie à análise lógrca porque Pertencc ao tiPo dc
falácias que os antigos tógico (e tqmbém os atuais) dcnminan
post hoC etgo proptü hoc. F;sta falácia consigte em infcrir quc
um fato é a causa de outro porque o primciro se sPresanta antcE do
segundo. No caso prcseote, a falÁcia reside na suposição'dc quc a
interpretação psicanútica é correta porque se verilicou I suscssão
de acontecimentos: enfetmo-tratametrto psicanalítico+ura, Contra-
riamente ao que sustentam os psicanalistas, a succssâo do fato cnu-
merados não-justifica a existência de uma relação de causúdadc
cntrd os Eresmos: há que prová-la, Morris Cohen destacavl o elÍo
do argumeotq recordando que mÚtas pessoas têm sido "curadss"
por riios mágicos ou por cúandeiros. PodcrÍamos acrcsccntar' ioclu-
iive, que, eote os mecanismos de cura que a mcdicina accits' fi5t-
ram os rnpcauismos naturais, isto é, a cua espontâuea.
Duas críticas se esgrimem com bastante freqüência couE& o
método de investigação psicanalÍtico sobretudo com rcfáêocia
-
9
8:l (h Métodoo Aturts de porquisa

às apliçações terapêuticas.. A" primeira. alude, à natureza abstrato dc


algunc de seus conceiüos esscnciais: ego, id, supcrego, übido. Estc
ergunaato üão é válido porqlle todas as ciências empregam concei-
tos anáIogos: as partículas atômicas, a nogão física de..cÂrnpo", o con-
cpito dp §rresü a noção de genes. Todos ostes objetos cieotÍficos
râq na realidade, inobsorváveis; correspondem a ,.tcrmos. tódso§",
cxpressão perfeitamente válida na ciência atual. O segundo argu-
Ecnto contÍa os procedimentos da invcstigação psicanallrica reÍeÍe-
sc à linguagem, isto é, ao :conjuuto de sigpos que utiliza para cx-
pÍessar os fatos e os fenôrncnos observados, Alguns autores criti-
caÍan o emprego dc palavras extraídas da física do século mr,
9 que é explicável pelo contéxto científico em que Freud se formou.
Oulros autores menos perspicazes impugnaram o uso de termos
mfticos e simMücos, expressões que, a nosso ver, constituen um
dos grandes méritos do criador da psicanálise: haver codificado ume
tcrminologia simMüca própria para a categorização de aconteci-
mentoll que, por seus complexos maüzes, carecem de representação
senso-perceptiva.
Ottros roquisitos exigívêis de um método científico que rrm-
bém faltam são: a) os gÍupos de controle e b) a verificação dos
c-nunciados preditivos. Na investigação psicanalítica, realizam-se pre-
dições acerca do comportamento futuro dos psicanalisados; por ciein-
plq sobre a espécie de soúos que terão e ó tipo de sentimintos que
exporimentarão. Pelo fato de qúe estas predições pessoais costumàm
cumpú-se, alguns autores deduziram um argumênto científico de
prova quê é incorretó, porque: 19) não têm sido estudados os casos
noo quais as predições nlio se cumpriram e 29) sste tipo de prodição
não sistemática nem derivada das hipóteses generaliiadas iomente
alcança como aqtecipações váIidas oo caso de que o scjam o
âmbito restrito do sujeito. - -
Os métodos ililerenciais são procedimentos de observação psi-
cológica quc classificam os dados baseando-se nas variações eiis-
teates. A técoica mais usada é a conelacional, que consiste na .om-
Provação das relações existentes entre duas ou mais variáveisl., As

- J5 Uma vrriávcl é rcprescnrada por um signo (uma letra) incluíde cm uma


íómrula. (mqiunto.dc rigaor)
-lógicr ou matcmática, que, por sua vez, rcpÍacntl
ua coujuato. dc ójctor (ou veloú). de Íonarjadctcrminrdr:"O coldutró dc obiú6
ou vrlorcr chrmr-re alorc, cotttpo ü erütlncío ot dc varbbíl bdc'd. vaÍitv;í. S;
duu variávcir re rclacionem cntrc ci couro oo mcmbror dc umr cquação elgébrice,
conatitucnr ume frqb: íhrndo velorer r umr drg vrriávcir (cÊema d" ;ori&r.l
búlodo*e), I outra ou l! outÍa. asumirão valoros nç tcl4b zor etribuÍdor
I prirncin ..'- crt ot átzt variávch rc chz,m?/m ooà&ttit e.gt tai

('
A Pcsquisa nas Ciênctas do llomem Bg

variáveis que caracterizam o sujeito que se estuda (posição, carac-


teres) denominam-se variáveis independentes; a variável quc inte-
ressa conhecer, em relação à variável independente, é chamada va-
riável dependente. A pscolha das variáveis é coovencional; não obs-
tante, através de sua distribuição, é possível descobrir a relaçÍio cau-
sa-efeitq tal como a concebe o pesquisador: a variável independente
é a causa e a variável dependente o 4eito.
Como o leitor terá suspeitado, o uso das variáveis na psicologia
obedece a uma iatenção científica: formular leis e, inclusivê, teorias
sobre a base de dados de observação correlacionados matenatica-
mente. Vejamos um exemplo: a avaliação da educação de
"m indi-
vÍduo (variável dependente) a partir de sua inteligência, sÍdz,r eco-
nômico de sua famflia e o nível cultural do meio em que vive (va-
riáveis independentes). A obtenção das meüdas das variáveis in-
dependentes será conseguida mediante testes (a inteligência ), in-
quéritos (o nível econômico farniliar) e estatísticas (a cultura do
meio), por exemplo. Estabelecida a correlação, a investigação con-
sistirá em determinar a incidência das variáveis independentes na
variável dependente, o que se obterá com uma precisão que estará
em razão direta da qualidade dos procedimentos que tenham sido
aplicados na determinação dos valores das variáveis. Logo, em passos
sucessivos, pode-se fazer "variar" as variáveis independentes e eitu-
dar sua correlação com a variávÊl que se quer cotrhe€er; pode-se, in-
clusive, introduzir outras variáveis iídependentes.
Os métodos experimentais baseiam-se na busca de respostas
induzidas pela introdução planiticada de estímulos. O método cor-
relacional pode ser de observações, se o pesqúsador se limita a rc-
gistrar as relações que estabelece entre duas variáveis tal como se
dão na natureza; mas se converte em üna técnica experimental
quando a variável independente é controlada pelo pesquisador. Um
proccdimento correlacional não experimental poderia ser um estudo,
Epdiante a distribúção de variáveis dependentes e independcntcs,
baseado em dados obtidos diÍetâmente de estatísticas. Por outro lado,
o estudo do comportametrto de um rato pm um labirinto, variando
deliberadamente as condições (variáveis independeates), supõe uma
metodologia experimental.
Eüdpntemente, q que distiague o método experimental dos pro-
cedimentos simplesmente de observação é a restrição da überdaóe e
a maior determinação do primeiro com relação ao segundo. Um
simples teste para a exploraçiío da personaüdade pode mostrar essa
gtúaçáo da coação do experimeotador sobre o sujeito: as provss
de questões abertas são menos restritas do que os questionários
de questões fechadas (respostas "sim" ou "não"). No campo da psi-

)
,t
34 Os Métodos Atusis de Pcsqutsa

cologia social, por exemplo, há coação uo observador que submctc


oc entÍevistados a um quesüonário, não havéndo, por outro lado,
no observador-participante quo se mistura aos membros de um grupo
e simplesmente obscrva c registra seu comportamento §em que estes
o saibam.
Outra característica que comporta o experimento é um incre-
mcoto da artificialidade da situação estudada, cujo grau é maior ainda
quando as experiências se realizam diretamente em, laboratórios, ti-
rando os sujeitos de experiência do seu meio natural. É eúdente,
scm dúvid4 que há uma relação direta entre o incremento do arti-
fício e do rigor e a precisão do experimento. A introdução dc di-
versas coações nos experimentos permite distinguir segundo uma
classificação de Hyman - quc suP&m
entre métodos "débcis",
- "fortes", que implicam condições coa-
poucas restrições, e métodos
tivas cm diferente gau.
.Os
métodos combindos consistem no emPrego de mais de um
dos métodos expücados anteriormente no desenvolvimento d€ uma
pesquiss em psicologia.

A perqutre no rociologio
Em vários livros, o sociólogo Gurvitch insistiu em que, qualquer
que seja a tftnica quc um pesquisador da realidade social utilize,
scus objetos de estudo devcm ser somprc "totaüdades". Seu dMpulo
Gcorgcs Granailo destaca, c@ caráter de priacípio cientffico, a se-
guinte conclusão: qualquer quc seja o aspecto cotrsiderado pclo so-
ciólogo em sua iovcstigação, os fenômenos que se propõe invcstigar
estarão sempre htíEameote ügados a uoidades coleüvas reais, isto é,
a wa realidde grupal. O esquÊciEênto desta relaçíío consta[tc com
a sociedade real encerra um triplo risco quc dcsnaturaliza a pesquisa
sociológica:
a) a separação eÁtre a socicdade e a cultura, que se reflete tanto
no oaturalismo culturalista da etnologia clássica como no formalismo
culturalista dos antÍoÉlogos mdcroo§. Os primeiros isolavam os "fa-
tos culturais" (dos indiúduos), estudaodo-os em si mesmo§' como o
naturalista investiga as espécics naturais. Os c§tólogos contemporeneo§
isolam a cultura couo um todo, considcrando-a um sistcma simbG
lico que pode ser estudado independontcmeote da sociedade real da
qual é uma exprcssão;

16 GrexrI, Gcotges, Tác cu dc iattcttiguiô* tociológieo, 66 §çsrgcr Gur-


ttca: Tnt& th rcciologla (VcÉ. cast,), Bucnor Airea, EditoÍid K.pclusz, 1963.

t'
 Pesquisa nas Ctênctas do Homem 35

b) a extrapolação do eetudo das relações interprssoais e dos


grupos pequeoos às sociedades globais, gerado em grande parte
como aponta Granai por uô vprdadeiro fetichismo da técnica -
operatórja; -
c) a abusiva assimildção da população estdiytica à popdqúo
real, pcigo que espreita o pesquisador que opera sob,re conjuotoc
abstratos construÍdos sobre a base de alguma, câÍacterísticas (nu[cs
todas) dos grupos humanos Íeais. UE risco semelhmtc pode corcr
o psicólogo social que realize investigação por sondagem sem co'
uhoccr profundameote âs Íelações que vin"ulam os iategrantes da
população real.
As.técnicas mais importantes da sociologia são empregadas na
Nsquisd de campo, que se pde definir como a indaFtão dos fen&
menos sociais com o objctivo de resolvcr um problemq comproyrÍ
uma hipótesc ou descobrir relações dcsconhecidas etrke oc falc
examinados. Os procedimentos postos em jogo devem rcspeitar cui-
dadosamcnte as exigências cicntíficas da exploração empírica" dc
modo quc as opcrações reaüzedas possanr ser repetidas por qualquer
pcsqú§ador.
A sociologia, ciência nova, não possú téenicas de investigação
pxclusivas, antes, pelo contráÍiq estas são usadas tambéo Gm outrag
ciências. Toda técnica dcve adaptar-se à natureza da investigaçãq
isto § cxiste uma retação necessária entÍe o obieto de estudo e a
técnica püa.seu estudo. Mais ainda, um procedimento técoico pode
transformar-se, afinar-sc c até combinar-sc com ouhq modos dc
cxploração. Os domínios, os tipoo, as estruturas, (» casos detcrmi-
traE o emprego de difercntcs técnicas. Cmo diz Gurvitch, as técnicss
sociológicas dcvcm ser dürktizada*
Em conscqüência, pode-sc afimar quc as difcrcntcs técoicas
não se excluem, mas podem aplicar-se de forma concomitante or
suoessiva, segundo as necessidades da pe,sqúsa sociológica. De acqdo
con cstc critério, podcmos considcrar qustÍo tipos fundamentris dc
técnicas de pesquisa em sociolqgia: l) a obcervação; 2) a entrcvista;
3) o experimento e 4) a cstatÍstica.
l) As técnicas dc obsenação corstituem o primciro pssso Gm,
um trabalho de campo, porque oferecem o contato inicial com o
grupo socisl que se quer estudar. Ao estudar a iavestigação na pci-
cologia, ocupamGnos da obscnação ncsse dmlnio; vejamc agaa
cono se utiliza a observação Ds sociologia. As condigões Eíninrs
para que u'nn observação se constitua eE uuu técnica cientÍfico são:
a) cstar a scn iço dc uma pesqusa cmo finalidadc; b) scr pla-
nejada shtematicanrcnte; c) ser registrada sistematicamente e cm
36 Os Métodc Atuatu de Pcsquisa

relação com proposições gerais e d) spr submetida a comprovações


e cootrole de valitlez c confiabilidade.
Selltiz, Yúoda, Deutsch e Cookl?', em una obra fundamental
sobre a pesquisa nas ciências sociais, codificarao os aspectos que toda
observação comporta: A) o que se deve observar?; B) como se
deve regisúar a observação?; C) como se deve proceder paÍa asse-
guraf, o rigor da observação? e D) que tipo de relações deve vincular
o observador ao sujeito da observação e como devem ser estabeleci-
das tais relações?
A) A resposta do senso comum "deve-se observar tudd'
dizem os autoÍes mencionados -
representa um objetivo inatingível,
porque Íem o melhor observador, - nem sequer uma eqúpe seletrl
de observadores poderia proporcionar um registro completo de um
simples conjunto de fatos. Quando a investigação é estruturada pre-
viamente, a formulação do problcma que se investiga determina
quais os dados mais importantes a seÍem observados. Isso não
ocorre quando o estudo é exploratório e não responde a uma es-
trutüação prévia. Mesmo quando trão paÍpça aconselhável formular
rcgras muito restritivas para orientar as fases da observação, podem
ser assinalados alguns elementos sigpificativos da situação social que
se observa: a) os participantes; b) o ambiente; c) o propósito; d) o
comportameÍlto social e e) a freqüência de duração dos fatos exami-
nados.
Sobre os participanes, deve-se sabr quem são e como estão
relacionados entÍe si. Para caracterizá-los, servtão dados ügados
à idade, sexo e função social, e a determinação dos vínculos exis-
tentes entÍe eles surgirá da exploração dos grupos que integaln
(coletividade, clube, negocio, igreja, etc.).
O estudo do anbierte se refere ao tipo de compoÍtamento que
o meio possibilita, estimula ou rcprov&.
O propósito que renniu os membros do grupo em estudo deve
ser exeminado do ponto de ústa da atitude dos participantes; por
exemplo, a assistência a um funeral, uma competição csportiva, uma
cerimônia religiosa ou uma reunião política.
Com respeito ao comportconento social, deseja-se saber o que
reâImentc ocorrê, o que fazem os participaotes, cotrl quem comparti-
lham as atividades e como o fazem. Como se iniciou a açáq quais

17 Rctcarch me thoü ht rocid datbnt, New Yort, Holt, Rinchart aod


Winrton, l9ó4. (Há uma tradução cartelhana cm doic volumec.)
r Em portugtà. Método ita lctp;ra nat tcloçúct rocdcir, Editora Hcrdcr
ç Editora Universidede dc Sío Paulo, l%7. (N. da Trrd.)
 Pcsquisa nas Ciências do Homem gz

slo suas finalidades, quais as características do comportamento quc


revelir a ação e quais seus efeitos estas são as questões que devêm
ser plucidadas. -
O sentido da freqüência e duração dos fatos examinados é
óbúo e não requer maior explicação.
B) O registro dos dados implica a resposta à seguinte questão:
quando e como deve o observador registrar os dados? É évidente
que o registro dos fatos enquanto são observados é o que oferece
menos riscos de distôrção por falhas mnemônicas. Todavia, nem
sempre é possível regisrrar os dados enquanto são observados. Em
primeiro lugar, a atenção do observador sc divide entre o que ob-
serva e o que anota, e, além disso, ao re.gistrar o observadg forço-
sampnte interfere na continuidade do fato, O inconveniente que se
apresenta na observação participonte à qual nos referiremos mais
adiante -
é que pode despertar suspeital na pessoa submetida à
-
obcprvação.
Para evitar as distorçóes da mer4ória, ao registrar os dados
posteriormente, alguns pesquisadores recomendam: fazer atrota-
ções breves em uma folhinha de papel, dissimulada na palma da
mão, ou no invólucro de um pacote. Se o registro dos dados exige
'anotações
mais extensas, o observador pode retirar-se brevcmente
da. cerimônia que está observando. O antropólogo E. J. Lindgren
(citado pelos autores de Research methods in sOcial relations)- in-
ventou um procedimento mnemônico que consiste em relacibnar
cada ato com a inicial de uma palavra+have.
_ 9) O rigor
O primeiro
objetivo da observação apresenta dois problemas.
que estudaremos ao tataÍ da observação participante
- ao compromisso do observador que participa ao
diz respeito
-mesmo tempo das ações que registra. O segundo se refere à objeti-
vidade da observação não participante. Deste ponto de vista, déve-
se destacar a conveniência de registrar descritivamente o observado
sem introduzir interpretações dos fatos. O sentido do protocdo do
pesqnisador baseia-se no registro dos enunciados de tais protocolos,
chamados também enunciados básicos, que consistem em uma pura
descrição dos fatos. A interpretação é um segundo passo na p€s-
quisa e está à margem da observação,
Contudo, a fidelidade no registro dos fatos observados nem
sempre é fácil, sobretudo quando é necessário anotar rcxtualmente
€xpressões faladas. Nesses casos, costuma-se r@oÍrrr a magneto,
fones (nem sempre), que, ainda que registrem tertualmente aslozes
e sons, nada nos dizem sobre gestos e atitudes que os âcompalham.
Para minorar este inconveniente, costuma-se conrplementar o Íe-
gistro sonoro com notas apropriadas.
38 Os Métadoe Atuais de Pes(ulsa

Um procedimento adequado para afastar esse obstácuto é a


oboervação intersubjctiva, realizada simultaneamente, e a cmpara-
ção ulterior dos respectivos registros.
D) Na observação de campo, um eÍÍo na relação observador-
observado pode distorcer a totalidade do estudo. O primeiro proble-
ma a resolvpr é o de decidir se se dirá aos sujeitos em observação a fi'
naüdade científica que se busca. A conduta mais conveniente é a de
revclar aos observados o propósito visado; deste modo, obtém-se
um acesso mais fácil às respectivas atividades.
No momento de ingressar na comuddadc que se vai obsewar,
o pesquisador deve estar em condições de explicar 14çiearlmente sua
presença aos diferentes grupos que a compõem. Isso eupõe, atrtes de
tudo, entabular uma boa relação interpessoal com oe difcúentes
cstÍato6; por exemplq se a observação é feita em uma fábrica, deve-se
cuidar para que a relagão com os operários tenha caracüerísticas
análogas à que se mantém com os executivos ou a parte patronal.
Deste modo, elimina-se qualquer suspeita de parcialidade que poderia
gerar má vontade em alguns dos grupos investigados.
A tecnologia m<iderna possibilitou o emprego de diversos re-
cursoo complementaÍes que iperfeiçoam a observação §ociológlca.
Além do registro sonoro mediante magnetofones, dispõe-se hoje de
fichas codificadas, filmes, procedimentos gráficos e caÍtográficos.
Nos estudos de morfologia social, a fotografia aérta reveste-se de
uma importância fundamental, com a notável introdução da fotoiater-
pÍetação.
Um capítulo à parte merece a observação sistemática hdireta'
baseada na utilização de dados documentados, como os registros de
estado civil, paroquiais, cadastros, documentos jurídicos e econômicos
diversos, etc. Ao avaliar os documentos indiretos, o pesquisador
deve exercitar sua aniílise crítica, porque tais documentos não foram
produzidos com uma intenção sociológica, mas constituem simples-
mente obietos sociológicos.
Antes de tÍatar da observação participante, dedicaremos um
parágrafo à observação por buermédio de um informante. Em al-
guns aspectos especiais da investigação social, por exemplo em etno-
lôgia e em história e sociologia das religiões, o recurso ao informante
toina-se muitas vezes imprescindível. No estudo de problemas reli-
gllosos inclusive no exame de certas práticas mágicas o- P9s-
quisador- só está em condi@s de re.gistrar adequadamente-' os dados
quando alguém lhe dpscreve fenomenologicamente o sentido das ati-
vidades observadas. Nas observações etnológicas, o informante serve
para afastar a dificuldade do idioma orr da língua.
 Pcsquisa nas Ct&lcl,ú do Horncm 39

O impôrtante livro sobre os ritos secretos dos índios sbux, e*ú-


to poÍ J. Epes Brown, ú pôde ser levado a termo mediante o auílio
preEtado a seu autor por um informante qualificado: o filho do chefe
espiritual dos sioax, que, além de ser bilíngüe, conhecia profuoda-
mente os ritos internos da comunidade religiosa. Otrtro exemplo, ao
Eesmo tempo pertencente à ctnologia e à história das religiõcs, é a
obra de Paul Radio sobrp a autobiogralia de w4witucbago, elabo-
rada com a ajuda dg rrm inf9156a[sre.
Marcel Griaulele ocupou-se espccificamente do inquérito com
um informaole, sobretúo do ponto de vista da investigação etno'
lógica. Não obstante, suas conclusõcs podem ser estendidas, muttttis
rulandis, a outros campos da investigação sociológica.
Em primeiro lugar, o informante deve ser identificado diz
Griaule com o objetivo de determinar a que grupos peÍtence- e
-,
podcr considerá-lo seu representante. Em seguida, devem-sÊ leÍ em
conta as razões técnicas e, neste sentido, brrscar os informantes espe-
cializados nos diversos aspectos que se deseja conhecer. Por exemplo,
para investigar os conteúdos secÍetos do culto, é necessário recorrer
a seus representantes qualificados. No caso de que estes ieristam a
informar, há que recorrer àqueles que ocasionalmente possuem essas
informações e que, por sua condição menos ÍÊsponsável, estão em
condições de servir de informantes.
Às vezes, é conveniente dirigir-se a um informante que não
po§Eua o total da informação. Por exemplo, no que diz respeito a
receitas medicomágicâs, o mago ou shamán poderia ÍÊr reservas men-
tais; ao contrário, um jovem ou uma criança poderá cometer indis-
criçõcs preciosas paÍa o pesquisador.
As condições morais e intelectuais requeridas em um infor-
mante são a memória e a boa-fé; o maior perigo reside no desme-
moriado e ho que mente por omissão. Um tipo ãe informante incon.
veniente é o nativo convertido aos costumes ou à religião dos colo-
nizadores; este pde distorcer a informação, ou por seu desprezo às
práticas primitivas que já abandonou ou pelo desejo de destacar-se
perante o pesquisador.
Finalmente, Griaule recomenda integrar uma equipe de infc-
mantes pÍovenientes de regiões diferentes que constitua, de certo
modo, uma síntese da população que se quer estudar.

18 Reorx, Paul, Thc ou.tobiogruphy o! a Wiatlcbago l»Lian., Nevl YorI, Do-


ver Publications Inc., s/d.
l9 Grnurr, Marcel, Méthodc de l'ethnographie. Paris. Presses Univcrsi-
taircs de France, 195 7.
40 Os Métodos Atuais de Pcsquisa

Denominamos observado, oarticipante ao pesquisador que sc


integra ao grupo que estuda, par :ipando de suas atividades: é ob-
servador e, ao mesmo tempo, ator. Os etnólogos empregam freqüen-
temente esta tecnica. Nos importantes trabalhos de campo condu-
zidos por Marcel Griaule durante um quarto de século, o grande
antropólogo usou reiteradas vezes a observação participante. Consi-
derações análogas poderíamos fazer em Íelação a Paul Radin e Al-
fred Métraux. Um caso excepcional constitui o livro do antropólqgo
Slotkin intitulado La religión del peyote, escrito por quem, além de
homem de ciência, é um ativo participante dessa religrão. Digao
de ser destacado é o estudo dirigido por De Martino com a parr
ticipação de um psicólogo, um psiquiatra, um sociólogo,- um econ(>
mista e um musicólogo gÍn f gÍrts (Itáüa), traduzido em notável
- que é uma pesquisa exaustiva sobre o
liwo, La terru del rimorso,
"tarantismo", ritual coreográfico mágico-shamânico do sul da Itália.
' Ao ingressar numa comunidade, o pesquisador deve pstudar os
sujeitos com os quais entra em contato, sobretudo se tem que usá-los
como meio de obter informações prévias. Neste sentidq convém
levar em conta a classificação dos informantes feita por Deanzo:
l) o que contempla as coisas a partir da perspectiva de outra cultura
ou outÍa classe social; 2) a pessoa em mudança de um papel aJ §tatus
a outro; 3) o informante ingênuo, podendo sê-lo com respeito à
pesquisa de campo ou em relação ao seu próprio grupo;4) o homem
frustrado (rebelde ou descontente); 5) o subordinado, que se adapta
sempre ao superior hierárquico.
Schwartz-Schwartz observaram que, quando o pesquisador se
integra em uma comunidade com . um propósito científico, forma
parte do contexto que deve observar, de tal modo que pode, ao
mesmo tempo, alterar esse contexto e ser influído por ele. Inclusive
apotrtam os autores citados2l o grau de sua participação
-
chega - os membros da comunidade"
a'ser tão intenso que "são como
que estudam.
Raymond L. Gold22 distingue seguindo Buford Junker
quatro tipos de papéis possíveis do-observador participante: l) - o
paÉicipante completo; 2) o participatrte-como-observador; 3) o ob-
servador-como.participante; 4) o observador completo. O primeiro,

2O Dr,rx, Johr, P., Patici.gaü, obrca.'otiott. and ivteroiê?iat, em John Dby


(Ed.): I*trodwtion to rocial rctcarch. Penn., The Stackpole Co., 1954.
2l Scrw,urz-Scnwerrz, "Problems in participant obseryrtion", Á'npr. Iovo.
of Soa., LX, 311.
22 C*Lo, R. L., "Roles in sociological ficld observatimr", Sociol Forcct.
36 217.
A Pcsquisa nas Ciências do Homem 4l
por exemplo, trabalha em uma fábrica, e os operários o consideram
um operário como eles, participando, inclusive, das atividades que
estes cumprem fora das horas de trabalho. Em um caso pubücado
por Festingcr, Riecken e Shachter2s, o observador participante inte-
grou-se em uma seita que esperava o fim do muÍrdo com o objetivo.
de registrar o comportamento dos membros do grupo no dia marcado.
O papel do participante-como-observador caracteriza-se por ser
sua função científica conhecida, pelo menos, pelo informante. Selltiz
e colaboradores, na obra mencionada, citam ,o informe de Whyte,
reproduzido no livro Steet Corner Society, acerca de como um dos
membros caracterizados do grupo que ele estava observando iden-
tificado como "Doc" leu, página por página, o manuscrito-do pes-
qúsador, -
O contato do pesquisador com o informante é muito menor na.
função denominada observador-como-participiute, e, em conseqüên-
cia, ainda que não corra perigo de confundir-sp com o objeto de
estudo, corre o risco de não compreender o informante nem ser com-
preendido por pste.
Finalmente, o papel de observador completo baseia-se em um
trabalho realizado exclusivamente com informantes que ignoram o
papel que cumprem com respeito ao pesquisador.
As tecnicas de observação têm por objetivo a descrição do cour-
portamento, e aí reside seu valor. Mas, quando se trata de propor-
cionar informação sobre sentimentos e motivações dos sujeitos ou de.
seus projetos e atividades particulares, sua efetivídade é prúicariente
nula. Para se obter este tipo de conhecimento empÍegüu-se outros
procedimentos: o questionário, a entrevista e as técnicas projetivas.
Antes de analisar a entrevista, destacaremos alguns inconvenien-
tes das respostas verbais que tornam questionável sua validez. Existe
sempre a suspeita sobre a faltâ de veçacidade de alguns sujeitos em
certas circunstâncias. Um motivo possível de desvio da verdade nas
respostas é o desejo de parecer respeitável. Assim se comprovou quer
cm uma pesquisa realizada por Parry e Crossley2a, 107o dos eotre-
vistados declararam falsamente ter .telefone e lOVo aÍirmaram ter
carteira de motorista.
Outras vezes, o erro se introduz involuntariamente, por falta de
autoconhecimento ou por ignorância de crenças e motiúações incons-
cientes; inclusive, muita gente aao é capaz de fazer as inferências
necessárias para elaborar certas respostas.

2l lrs'rrNr;rr. e col., lUhen prophecy Jaib, University o[ Minnesota, 1956,


21 ('it:,d,r p,'r Selltiz e col.,
i p. 237 da obra mencionada.
42 Os Métoilos Atuais de Pesquisa

Seguindo Selltiz e colaboradores (obra citada), faremos uma


comparação entrp o questionário e a entrevista, O primeiro é limi-
tado pelo texto escrito, enquanto que o segundo ofereco maior flexi-
bilidade e, alérn disso, apresenta ao entrevistador a oportunidade de
observar o sujeito em situação.
Uma vanta.gem do questionário é sua simplicidade: pode-so até
remeter pelo correio. Além disso, é econômico e pode ser adminis-
trado simultaneamente a uma grande quantidade de pessoas. Tem
um caráter. impessoal, facilmente uniformiável pela padronização das
perguntas e instruçôes. Entretanto, esta uniformidade é relativa, por-
que as mesmas palavras podem possuir interpretações distintas, se-
gundo os sujeitos que as lêem. Finalmente, não pressiona os infor-
mantes, porque têm tempo suficiente para pensar as respostas. Um
questionário suscita maior confiança à medida que asseguÍe o ano-
nimato dos sujeitos. Todavia, em certo tipo de problemas íntimos,
os autores citados confiam mais em uma atitude permissiva da part€
do pesquisador do que na conservação do anonimato.
O analfabetismo constitui uma importante inconveniência dos
qucstionários; às vezes, a questão se complica pelo número elevado
,de semi-analfabetos. Além disso, quando as perguntas sâo complexas,
diminui o nú,rnero de pessoas capazes de responder adequadamentc;
da mesma forma, quando os questionários são enviados pelo corÍeio.
a percentagem dos gue não Íetornam pode alcançar até 5O?o, a
partir de um mínimo de lOVo. Esta proporção varia segundo tenhnm
eido levados em conta os seguintes fatores, que reduzem notavelmente
a percentagem de faltosos: l) prestígio do grupo organizador das
questões; 2) apresentação gráfica atrati\a do questionário; 3) ta-
maúo;4) redaçào adequada da carta em que se requer a colahoração
do sujeito; 5) facilidade para despachá-lô pelo correio; 6) simplici-
dade das perguntas; 7) estímulo paÍa Ícmeter as respostas e 8)
tipo de pessoas a quem se Íemete o questionário.
A rigidez dos questionários e a dificuldade para expressar idéias
poJ escrito e, inclusive, para compreender as perguntas pde ser pre-
servada por meio da entrevista, que se pode realizar em três níveis de
profundidade:
)
I A entrevista telefônica, cujo maior valor reside em se poder
conhecer o que faz um indivíduo, ou sua família, no momento de ser
chamado ao telefone. Em nosso país e também nos Estados Unidos
da América -
usa-se a entrevista telefônica para elaborar os ratings
-,
dos canais de televisão. (A pergunta que muitas vezes nos tem sido
formulada é: "Que canal está vendo agora?") Para ser eficaz, a
'entrevista telefônica deve ser breve e superficial; de outro modo, não
â Pesquisa nas Ciências do Homem 4g

se consegue a coopeÍação dos entrpvistados. Um inconveniente deste


tipo de entrevista é que deixa de fora as pessoas sem telefone e os
que trabalham o dia todo fora de suâ casa.
2) A entrevista a um grupo, no qual se indaga, simultanea-
mente, a conjuntos de 8 a l0 pessoas. Em estudos de psicologia
social e em pesquisa de motivação, realizados com fins cômerciÀs,
é empregada extÊnsamente, com prévia estratificação dos grupos,
de modo que sejam representativos da população que se deseja
investigar. Nestes casos, costumam-se usar também tecnicas pro-
jetivas.
3) A entrevista pessoal possibilita maior flexibilidade, melhoÍa
a compreensão ( porque se pode repetir as perguntas ou formulá-las
de outro modo e acrescentaÍ, inclusive, perguntas esclarecedoras).
O ertrevistador pode criar uma atmosfera favorável que toÍne pos-
sível a expressão de sentimenlos e motivações. A váüdez das rcs-
postas é maior, porquanto o entrevistador não registra apenas o
que diz o informante, mas como o diz,
O êxito da entrevista depende de vários fatores, o primeiro dos
quais consiste em um planejamento correto, Exigem-se do entrevis-
tador três condições objetivas: formular as p€rguntas com proprie-
dade e clareza, obter respostas válidas e com sentido e registrá{as
coÍreta e completamente.
A arte do entrevistador reside em sua capacidade para criar
uma atmosfera favorável, de modo que o entrevistado possa ex-
pr€ssar suas opiniões sem temor e com franqueza. Calcula-se que,
em geral, apenas uns 57a de pessoas poderão resistir a ser entrevis-
tadas, se o entrevistador possui as condições requeridas para o caso.
Toda entrevista deve começar com a identificação do entrevis-
rador (convém que mostre suas credenciais), uma breve explicação
sobre a finalidade da entrevista (as introduções amplas apenas des-
pertam suspeitas) e a segurança do anonimato para o entrevistado
(isto é, gue não há respostas "corretas" ou "incorretas", mas que
o objetivo é conhecer a opinião do povo sobre as questões impor-
tantes).
O entÍevistador deve dominar o questionário de tal maneira
que não se veja obrigado a interromper o diálogo para ler a próxima
pergunta, e, ainda que deva respeitar a forma das perguntas, é
conveniente que esteja em condiçóes de expressáJas natüralmente
no desenrolar da conversação. Deve cuidar-se para não matrifestar
surpresa ou aprovação e muito menos reprovação pelo tipo
- tampouco deve manifestar sua
de respostas que receba; - opinião -e,
se o entÍevistado assim o exigir, deve evitar a resposta com um
44 0s Métorlos Atuais de Peequisa
sorriso ou, explicitamente, esclarecendo que sua missão não é res-
ponder perguntas, mas, pelo contrário, formulá-las. A condução da
entrevista deve estar a cargo do entrevistador, que oão permitirá
digressões ou conversas sem interésse, reconduzindo, em cada caso,
ao assunto em questão.
As peÍguntas devem sÊr formuladas com exatidão, na ordem
preparada e sem omitir nenhuma, cuidando que'as respectiyas tes-
postas sejam específicas e completas. Quando estas condições não
se cumprem, o entrevistador deverá repetir a pergunta sem sugerir
a 'Íesposta esperada. A resposta "não sei" reflete, às vezes, uma falta
real de opinião ou de conhecimento sobre o tema interrogado, mas,
muito freqiientÊmente, obedece ao temor de revelar francameÂte suas
opiniões, a uma dispersão do pensamento ou à pouca clareza das pró-
prias questões. Neste último caso, o entrevistador deve formular novas
perguntas esclarecedoras.
A precisão no registro das respostas se reveste de especial im-
portância, sobretudo quando os questioniários não foram codificados
previamente e no caso Em que se formulam questões abefias (Íree
answer questions). A esse respeito, cabe advertir sobre o risco dp
não anotar de imediato a resposta, não revisar o escrito ao fim da
entrevista ou usar abreviaturas ou paráfrases do texto ouvido. Ê
aconselhável que o entrevistador anote a resposta enquanto o en-
trevistado fala, sem paráfrase e usando abreviaturas não ambíguas.
e que, antes de iniciar outra entrevista, rpvise suas anotações, com-
pletando-as, aclarando-as e tornando-as precisas.
Apesar de todos os cuidados que se tomam para evitar erros ou
distorções, em geral estes são inevitáveis. Os desvios mais freqüentes
obedecem a erros atribuíveis tanto ao eÂtrevistador como ao entre-
vistado: prenoções, preju2os e atitudps de rejeição. As razões destas
falhas que podem reduzir-se ao mínimo, selecionando e instruindo
-
convenientempnte os entrevistadores residem no fato de que en-
treüstados e entrevistadorps são seres - humanos.
Dada a importância que tem o questionário inclusive nas
entrevistas formularemos algumas recomendações - para sua coÍ-
-, e uso. O pri'neiro passo na confecção de urn ques-
reta elaboração
tionário é o registro das pergrrntas sobre os dados iniciais a serem
colhidos em estreita vinculação com o propósito do estudo: idade,
educação e ocupação do informante e outÍas questões a rcspeito
de seu comportamento habitual, como hábitos de trabalho, leituras
( sobretudo de periódicos), programas de rádio e televisão que ouve,

assistência a serviços religiosos e fo,rma de uabalho. O,utros dados


devem ser requeridos na medida dos propósitos que o pesquisador
Persegue.
A Pcsquisa nas Ciências do Homem 45

Antcs de elaborar um questionário, deve-se decidir que úpo


de estrutura lhe será dado; essa estrutuÍa dependerá do tema de
estudo, do modo de aplicação, da classe de pessoas interrogadas (cul-
tura, educação, classe social) e do tipo de pesquisa que se fará com
os dados coletados. Dg acordo com as condições anteriormetrte assi.
naladas, podem-se formular perguntas diretas ou indiretas, fechadas
ou abertas. É útil começar a elaboração do questionrário com un
rascunho do mesmo, enumerando os .tópicos e ordenando-os logo a
partir de um ponto de vista psicológico. Podem-se introduzir per-
guntas para pÍovar a consistência das respostas (isto é, a falácia
ou a contradição do informante).
O rascuúo deve ser submetido a um exame práticq aplicando-
se-o a pequenos grupos e submetendose-o ao juízo crítico de téc-
nicos na matéria. A comprovação prévia da possível eficácia do
questionário devd ser feita em umas poucas entrevistas com pessoal
especialmente capacitado, para atentar is falhas do projeto de ques-
tionário por meio do registro das rrações dos entrevistados.
A impressão do texto das peÍguntas I Íeconetrdações para seu
cumprimento deve ser ügiada cuidadosamente, atendendo à forma e
seqüência das perguntas, sua apresentação (estética, legibilidade,
espaços para respostas) e à precisão e claÍezz das normas e instru-
ções par.a seu uso, tanto por parte do entrevistador como do in-
Íormante. Em caso de ser enviado pelo correio, prescinde-ge do
entreústador, mas deve-se ter bem em conta as questões inerentes
à remessa por via postal a que já nos referimos anteriormente,
Já expusemos as características do experime4to ao estudar a
invesÚ.gação psicológica; agora, resta-nos apenas especificar. quais
são as notas que tipificam as técnicqt etperirncntois na investigação
sociológica. Aqui, como em psicologia, o controfe da realidade ex-
perimeutal se aiíquire à custa de simplificar essa mesma reaüdade:
isolar e limitar as variáveis experimentais e eliminar as variáveis não
controladas que possaür entÍar na formalização da situação empírica
que se quer estudar. Em síntese, o experimento sociológico con-
siste, como em psicologia, em modificar a variável independewe
(isto é, conferir-lhe diferentes valores) e observar e, se for
possível, medir as modificações (isto é, os valores -) experimen-
- dependeníe.
tadas pela variável
A condição inicial para o experimento sociológico é a exis-
tência de 'm grupo experimental e um .grupo de controle; ambos
os gupos dcvem ser homogêneos. Npnhum experimetrto pode ser
considerado como a técnica sociológica por excelência; na realidade.
seu maior mérito reside em sua utilidade como fonte de hipótese de
trabalho. Isto significa que é legítimo formular hipóteses :- que
46 ()s Métodos Atuats de Pesquisa

dever!Ío, em seguida, ser verificadas ou não partindo de expe-


rimentos de laboratório; mas a coostrução de- teorias a partir dos
resultados de experimentos são extrapolaçóes perigosas que convém
evitar sistematicamente.
Ao considerar o experimento sociológico, não se podem deixar
de lado as técnicas sociométicas. Em um trabalho publicado ern
1945, Moreno definia a sociometria como uma microssociologia,
considerando o estudo dessas manifestações atômicas elementares
(ou microssociológicas ) como a base npcessária para as investigações
macrossociológicas. Posteriormente, em um ensaio intitulado Os três
ramds da sociomctriazs, afirmou que o objeto da sociometria tem
sido a reorientação do método experimental, de modo que possa
ser aplicado eficaznente aos fenômenos sociais.
A sociometria (de sociw, companheiro, e metrum, medida)
aspira a estudar matematicamente as "propriedades psicológicas de
populações" mediante um método experimental que possibilite medrr
as relações de pessoa a. pessoar da pessoa ao gruPo e de grupo a
grupo. A finalidade da sociometria é, pois, a descrição e medição
das relações sociais espontâneas que se produzem em todos os gruPos
humanos.
Moreno considera que a observação sociológica corrente é
insuficiente e as técnicas introspectivas clássicas se referem sempre
a relações sociais passadas, Para serem mais objetivas, as técnicas
de investigação devem sofrer uma "crise de subjetivação" . No Letma.
publicado em Viena em 191 428, Moreno descreve poeticamente a
nova técnica:

Un encuentro de dosl ojo a oio, cara a caÍa


Y cuando estés cerca anancaré tus oios
y los colocoré en el lugu de los mtos,
y tú arrancarás pis oios
y los colocanís en el lugar de los tuyos,
entonces le miraré con tus oios
n iú mirarás con los mías.'
^"
25 Monrxo, !. L,, Thc three brarrchu ol rociomclry, Beacon Housc, Socio-
mctry Monographs, l9{9.
26 Morexo, l. L., Picodrunn, Buenos Aires, Ediciones Hormé, ll)6l, p, 17.
t Um encontro de dois: olho a olho, face a Ízce./ E quando otivcrea pcrto
lrrancarei tcus olhos / e os colocarei no lugar dos meus, / e tu erÍencerás m€us
olhos / c os colocaráe no luger dot teus, / €ntão te olharei com teu3 olhos/ e ru
mc olhrrás com os meus. (N. da Trad.)
A Pesquisa nas Ciências do Homem 41

A sociometria tenta integrar em uma nova técnica de investi-


gf!ão o caráter rmpírico do método comportamentista com o subje-
tMsmo das técnicas projetivas. Moreno atribui uma grande impór-
tfuicia, na investigação, ao psicodrama experimental, que, a seu ver,
produziu mudanças decisivas nos procedimentos de exploração so-
ciológica: tÍocou os métodos verbais por técnicas de ação, conver-
tendo em tecnicas grupais as investigações individuais e introdu-
zindo como novidade absoluta a co-exp€rimentação.
Duas são as técnicas básicas introduzidas por Moreno: o psico-
drama e o sociodrama. O psicodrama é "a ciência que busca a verdade
mediante métodos dramáticos"27 e põe em ação cinco instrumentos:
o cenário, o sujeito, o diretor, os egos auxiliares e o auditório.
O cenário é o espaço vital onde os sujeitos livres das coaçôes
que lhes impõe a sociedade em que y[ysÍn -
podem expressar fran-
cametrte seus sentimentos. O sujeito não- é um ator no cenário,
mas deve ser ele próprio e atuar espontaneamente, O diretor deve
cuidar para que a ação desempenhada pelo sujeito na cena corres-
ponda fielmente à linha de sua própria vida. Os egos auxiliares ( ato-
res terapeutas ) estão vinculados, por um lado, ao diretor e, por
outÍo, ao sujeito, representando papéis dos personagens do drama vi-
vido pelo sujeito. O ego auxiliar substitui a \ma pessoa ausente (o
pai, o marido, a irmã, o noivo, etc. do sujeito) ou etrcarna w tipo
awcúe, que é o portador de idéias de uma cultura determinada
(sacerdote, guerreiro, curandeiro, etc.). O auditório representa, em
geral, a opinião pública com suas Íeações amiúde exteriorizadas rui-
dosamente.
À finalidade do sociodrama de acordo com o próprio Mo-
tenoz8 é constituir-se em um- método de investigação .,ativo e
profundo- das relaçóes que se formam entre os grupos e das ideo-
logias coletivas". Há uma diferença fundamental em relação ao psico-
d,rama; da mbsma forma que estê está GÊntrado sempre no inaivíduo,
o protagonista do sociodrama é o grupo: o sujeitó do psicodrama
é indiúdual, enquanto que o sujeito do sociodiama é giupal. Este
último não está limitado pelo númeÍo de indivíduos qul õ consti-
tuem; pode formar-se de tantas pessoas qualtos são ts seres hu-
manos que se queira considerar. Um pressuposto tácito do socio-
drama é que o grupo de estudo é organizado pelas relações sociais
que cumprcm em uma determinada cultura. por isso, não interessa
de um modo especial quem são os indivíduos nem qual é scu ntbnero.

27 Morrxo, J. L., ob. cit., p.330


28 Nlorrxo. J. L.. ob. cir., p. 3-11.
48 0s Métoilos Atuais de Pesquisa
Um segundo pÍessuposto é: o homem é o intérprete de papéis que
'a sociedade da qual faz parle lhe impõe.
O sociodrama, como o psicodr"ma, pode ser usado com uma
finalidade terapêutica e como um método de investigação; este úl-
timo é o que nos interessa aqui. Deste ponto de vista, o sociodrama
rcrve comó técnica de exploração de conflitos culturais. Uma destas
técnicas é o periódico vivo ou dramatizgdo, iniciado por Moreno
há quarenta anos. O periódico dramatizado não é um "Íecital de
notíçias", mas uma síntese entre o drama e o periódico; mais que
dramático diz Moreno era sociodramático2e. Como o Periódico
dramatizado- aspirava a ser- "a própria vida", deveriam considerar-se
três fatores essenciais: as localidades onde ocorriam os fatos, uma
equipe de repórteres improvisados, portadores das notícias, e um
conjunto de atores que pudessem representar espontâneamente
isto é, sem ensaios prévios -
os papéis e as situações que acaba-
vam de ocorrer. -
As técnicas sociodramáticas baseiam-se no estudo do grupo
como totalidade; as pessoas que o integram trão atuam como ihdi-
víduos particulares (como no psicodrama), mas como íipos represen-
ta[tes da sociedade. Sua realização coÍreta como método de
investigação ou como procedimento terapêutico - coletivo exige
um cuidadoso planejamento: o diretor deve reunir toda -a isfor-
mação requerida e comunicá-la a seus ajudantes (os egos auxiüares).
Os atores serão representantes de ginrpos humanos: o que desem-
penha o papel de um judcu será o judeu; o que representa um negro
ierá o negro. O ego auxiliar é "uma extensão enocional de muitos
ego§"; o protagonista que se move em cena não representa um
indiúduo, mas uma coletividade.
Nas sessões sociodramáticas como nas psicodramáticas em-
-
pregam-se meios visuais complementares (versões taquigráficas, foto- -
'grafias, filmes, discos, magpetofones) para documentar a experiên-
éia e examiná-la criticamente. Deste modo, experimentam-se o plano,
a estratégia, as provas, as etrtrevistas, as cenas, as observações e as
interprotações. Como afirma Moreno8o, o sociodrama se ocupa de
problemas que não podem ser estudados nem explicados numa rela-
ção bipessoal (como a psicanalítica). Requer um meio especialmente
adequado como o drama. As situações dramáticas podem ser com-
paf,tidas por todos em um anfiteatro: um foro onde "o grupo, com

29 Momxo, J, L., fuicomútha ! tocioAta r, Buenos Âires, Ediciones Hor-


mé, l!)66, p. 145.
30 Morxo, J L., ob. cit., p. 157.
A Pesquisa nas Ciêucias do Homcm §
seus problemas coletivos, possa tratar-se com a mesma formalidade
com que o indivíduo se trata em um consultório".
Do ponto de vista científico, Moreno está convencido de que
a sociometria contribuiu efetivamente para aperfeiçoar o pesqúsa-
dor social, ao possibilitar, além das t&nicas observacionais, proce-
dimentos operacionais de participação e de ação. Moreno levou à
prática as técnicas sociométricas corn a finalidade de estudar con-
flitos sociais, reproduándo, por exemplo, cenas dramáticas do pro
blema racial em Harlem e usando como atores alguns dos partici-
pantes do drama real.
O extraordinário valor da sociometria reside, a nosso ver, na
revalorização de uma idéia um pouco esquecida até seu emprego
por Moreno, a do encontro; daí que o maior mérito, talvez, da 8o'
ciometria se destaque mais na psicossociologia do que na púpria
sociologia. Destacamos, de passagem, o tratamento independente da
noção de encontro, por Buytendijk, em um pequeno livro intitulado
precisamente Fenomenologia do encontro, no qual se nota a inÍluên-
cia de Buber e de Heidegger, mas publicado muito post€,riorme[te
à aparição do trabalho em que Moreno desenvolve esse conccito,
do qual nos @upamos mais adiante.

Ar iécnicor eúotírticor
As técnicas estatísticas são empregadas nas ciências sociais
como técnicas de controle e como técnicas de medida. Os procedi-
mentos mais utilizados na pesquisa sociológica baseiam-sc em a.mos-
tragem. Denomina-se ünostta a um conjunto de clemcntoe scle-
cionados e extraídos de uma populaçb com o objetivo de descobrir
alguma característica dessa populaçãoal, e baseandose no postulado
de que as conclusões formuladas sobre a .'n6tra valem tambfu
para a população da qual esta foi extraída.
Não é suficiente extrair e aDalisar uma amostra paÍa alcmçar

3l LIma população é o conjunto de todos os casos que integÍam um trupo


de ccpecificaç6cs (característitzs ) prcdeterminadas. Por cxcmplo, mcdientc a!
espccificações "povo" e 'lhabitante da República Argcntina", dcfinimos uma popu-
laçâo Íormadr por todas as pcssoâs que residcm rm nolso peÍs. Chemamc mbpo-
pulação a um subconjunm drdo. Por exemplo, oa cltÍaÀSeiros que rcsidcn oa
Ârgentina são uma subpopulação, com relação à popuhção da Rcpública Ârça-
tina definida acima. Em vcz de subpopulação, pode-re dizcr e ruto (cntawn).
Cade membro dc umr po,pulaçãq irto é, crde indivÍduq é tm &ne*ta. lJm
é o levantamento de todor os clcmentor de uma popula4ão com o objctivo
ccstso
dc detcrminar como ae distribuem suas canctêÍísticar, a partir dâr inÍormaç6es
obtidar dc cada um doc elcmcntos.
50 Os Métodos Atuak de Pesqulsa
generalizações corretas sobre a respectiva população, Inúmeros exem-
ploc de fracassos completos das amostragens têm-se comprovado nas
sondagens de opinião pré-eleitorais. Uma amostra pode ser repre-
sentativa da população e, todavia, as predições baseadas em s€u
estudo podem falhar completamÊnte. Para compreendêJo, basta
refletir no fato, muitas vezes depreciado ou simplesnrente olvrdado,
de que o homem é um ser livre e pode modificaÍ suas decisões em
qualquer momento prévio ao ato em questão.
Por exemplo, r'm conjunto de eleitores pode manifesLar seu.
apoio a determínado candidato e, na crença de que a probabilidade
de seu êxito é muito grande, deixa de contribuir com o voto; esta
conduta, repetida por outros eleitores, pode levar ao fracasso do
candidato. O não comparecimento ao pleito eleitoral pode obedecer,
outras vezes, à dificuldade de transporte até o local da votação.
Outros fatorps subjetivos podem motivar uma mudança de conduta
eleitoral tro momento de emitir o voto. Muitas pessoas estâo iode-
cisas sobre quem preferem e, não obstante, expressam igualmente
.sua opioião no questioniário; outras podem maoifestar ao entre.
vistador um critério contrário ao que expressarão no fato concreto
do voto. Em outros casos como o publicado e investigado poste-
- científico, do fracasso da predição do
riormente, do potrto de vista
resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos da América, em
1948, realizado pelo conhecido Instituto Gallup o erro obedece
a falhas técnicas na extração da amostra. -,
Um exemplo simples quase doméstico deste tipo de
erros constitui o que L D, J.-Bross denomina eleito- de subterfúgidz:
os fruteiros arrumam os caixotes da fruta que exibem de modo que
a melhor mercadoria cuhra completamente a camada extcrior e in-
duza o comprador potencial a pensar em uma qualidade homogênea
da fruta que ele vende, o que, em mútos casos, está muito longe de
ser verdadeiro. Estes casos seriam exemplos próprios do que se
dpnomina amostra enviesada, que analisaremos mais adiante.

- Na teoria da amostragem, distingue-se entre anostÍas probabilís-


ticas e não probabilísticas. As primeiras caracterizam-se -pelo fato
de o pcsquisador poder especificar, para cada elemento da população,
o universo, a probabilidade de ser hcluído na amostra. No segu.ndo
cáso, etrtretanto, nâo há forma de estimar a probabilidade de cada
elemento ser incluÍdo na amostra, nem mesmo existe a segurança
de que cada elemento tenha alguma probabilidade de ser incluído.

32 Bross. I. D. J., Lo dccbiór atalhtica. Madrid, Aguilar, 1958, p. 188-


A Pesquisa nas Ciências do Homem 51

O emprego de amostras prováveis torna possível a especificação


do tamanho da amostra que se necessita para alcançar certo grau de
certeza prefixado, que garanta em que medida as conclusões do
estudo diferem das que resultariam de uma pesquisa dz totalidde
da população.
As formas mais conhecidas de amostras não probabilísticas
cujo emprego se justifica, antes de mais nada, por razões de ece -
nomia são as amostr as ao acaso (acidentais), as amostras por
quota e- as amostras sistemáticas. As amostras ao acaso consistem
em tomar os elementos que estão até tota\zar rrm núttrero
prefixado, que constituirá a amostra. por exemplo, quando um
professor deseja saber se os alunos universitários tÍabalham e inter.
roga a seus alunos. Este tipo de amostra é empregado conr freqüên-
cia no jornalismo: para auscultar a opinião pública, o jornaüsta
interroga pessoas que encontra Ía Íua; por exemplo, um cabeleireiro,
um motorista de ônibus, um pedreiro. Na televisão, as "mesas re-
dondas" integram-se por este procedimento.
As amostras ao acaso não são aleaórtas (conceito técnico em
estatística), como alguns autores afirmam ligeiremeals, mas aciden-
,4ir, e sua seleção depende fundamentalmente de fatoies não racio-
nalizáveis da subjetividade humana. Como é de se supor, este tipo
de amostra é muito econômicq mas está carregado de deformações,
por isso os erros são inúmeros. Bross, na obra citada, oferece um
exemplo de amostra acidental: a sondagem sobre a eleição presi-
dencial de 1936 realizaÀa pelo Literary Dr'gest. Foram enviados
lO 000 000 de fonnulários e dcvolvidos 2376 523, o que constitui
uma amostra muito grande. A predição foi de 360 votos paÍa o ca,n-
didato Landon que, na eleição, não obtcve mais que 4 vtÍos. O
fracasso reside no procedimento usâdo para obtenção da amostra,
que não possibilita aos indivíduos integrantes de classes economica-
mente mais baixas expressar sua opinião. Em geral, pode-se afirmar
que não existe maneira alguma de estimar as deformações ou distor@s
deste tipo de amostras.
Amostra por quota é também um procedimento ao acíso e,
nesse scntido, carregado de distorçóes; portanto, não devem ser
consideradas amostras representa.tivtt§, apesar de que s€u grau de
confiabilidade é algo maior do que o das amostras tomadas sim-
plesmetrte ao acaso. A amostragem por quota pretende incluir os
divcrsos elementos que constituem o universo em consideração nas
mesmas proporções em que se a'presentam neste. Por exemplo, sele-
ciotram-sc as pcssoas que afluem a uma estação de estrada de Íerro,
escolhendo-as segundo sexo, idade, classe seial, etc. Nas pesquisas
52 0s Métodos Atuais ile Pcsquisa
comerciais denominadas aruílise motivacional, costuma-se empregaÍ
a amostragem por quota, Fm uma exploração realizada mediaate
técnicas grupais, empreendida para descobrir as razões que levam
as donas de casa a adquiriÍ uma máquina de lavar roupas, os grupos
foram formados com recém<asadas, senhoras e anciãs, pscolhendo-
as tambénl de modo que estivessem representadas as classes baixa,
mé(ia e alta, respectivamente.
A amostra sistemdtica baseia-se em um processo de inteEação
da amostra fixado de antemão, com independência do mecanismo
do acaso; Exemplo: escolher de um fichário cada décima ficha ou,
em um bairro da cidade, cada casa próxima à esquina. As amostras
sistemáticas são fáceis de obter e de estudar, mas tampouco se pode
dizer que sejam sempre ÍepÍesentativas. Com efeito, pode-se pensar
que nada há na escolha das fichas que ocupam o décimo lugar (ou
qualquer outro) que signifique a introdução de um prro, mas não
podemos dizer o mesmo com relação aos habitantes das casas pró-
ximas à esquina, que habitualmente são ocupadas por pessoas de
certo nível econômico, o que pode condicionar suas opiniões com
respeito a certos temas que se investigam no estudo.
Caracterizam as amostras probabilísticas duas condições que
julgamos importantes para a confiabilidarle das conclusões extrai
das de seu estudo: I ) pode-se especificar qual é o gÍau em que
oo valores da amostra diferem dos valores da população total e 2)
tem-se a seguÍança de que foram escolhidos suficientes casos de cada
estrato para que estes sejam representativos dos respectivos estratos
da população total.
 confiança que o pesquisador deposita nas amostras probabi-
lísticas baseia-se no fato de que são representativas. Qual é o cri-
tério válido para se julgar s€ uma amostra é representativa? O senso
comum indica que, para que esta condição se cumpÍa, a amostra
deve ser uma réplica da população considerada, de modo que os
elementos que compõem o universo estejam representados na amos-
tra na mesma proporção que a que têm naquele. Para sabê-lo, ter-se-
ia que conhecer a população total, mas, nesse caso, para que neces-
sitamos de amostra? De tudo isto, cooclui-se que o caÍáter reprpsen-
tativo é um conceito que não se refere à amostra, mas ao prnedi-
merrt'o \sado para obtêJa.
Em primeiro lugar, consideraÍemos as amostras alea!órias sim-
plcq expressão que deriva seu flome das palavras simples, que dis-
tingue estas amostras de outros procedimeírtos análogos, porém
mais complexos, e aledória, que se refere à técnica estatística uti-
A Peequisa nas Ciências do Homem 53

lizada,t. Uma amostra aleatória simples constitui-se mediante um


procedimento que oferece a cada elemento da população a mesma
probabilidade de ser incluído nela.
As amostras aleatórias estratificadas baseiam-se em uma clas-
sificação prévia da população em estatos baseados em um ou mais cri-
térios. Por exemplo, classificar um universo, segundo o sexo, e.m
hornens e mulheres ou de acordo com dois criÉrios: sexo e idade.
As amostras aleatórias estratiÍicadas formam-se corumostÍas alea-
tórias simples extraídas de cada estrato da população segundo os
critérios de seleção escolhidos,
O princípio geral da estratificação é que esta é acon§elhável se
existe alguma razáo para se. persar que a estratificação realizada se-
gundo um critério (ou vários critérios) levará a estabelecer estratos
homogêneos.

À motcmótico e or ciêncior rorioir:


c onrideruçõet cÉticor

O problema da metodologia da investigação sociotógica não é


alheio ao da fundamentação epistemológica das ciências do homem
em geral e da sociologia e psicologia social em particular. Em ooso
liwo já citadoa., ocupamo-nos detidamente com estas questões; aqui
cabe destacar apenas alguns de seus aspectos.
Os problemas metodológicos estão intinamente vinculados à
caracterizaçâo epistemológica dos objetos das respoctivas ciências,
a tal ponto que a determinação da natureza de tais objetos pode con-
dicimar o enfoque metodológico respectivo. Nas disciplinas cien-
tíficas já constitúdas, como a matemática ou a biologia, existe uma
adequqão pntre o método (ou os métodos) e o respectivo tema
da investigação. Por exemplo, a física faz uso da observação e da
experiência, além de empregar a dedução, e, em alguns capítulos da
física teórica, utilizam-se extensam€nte certos algoritmos matemá-
ticos.

33 Um sistema aleatório é um.método de predição de probabilidade que con-


siste em con_stru_ir
-
um conjunto dos resultados possívcis, iodos os quaij têm e
mesma probabilidade. Por exemplo, um dado que tem seis faces e os ieis númerog
das faces têm a mesma probabilidade. Suponhamos que, em um jogo de dadoe,
eu ganho se der o númcro 2 ou 5. O cálculo da probabilidade de gaúar é muito
simples: é igual ao número de resultados possíveis em que o sucesso ocorre (2, no
exemplo citado) dividido pclo número total de rcsultados posaívcis (6), Isto é
igual a 2/6-l/3. Estc número foi obtido scm rcunir dados nem fazer qualquer
expcÍimento: a única coisa que nccessitamo,s saber é como está construído ô drdo.
34 Fund.amcatot da lo lilototla ilc La cica+ia, especirlmente p. 34J0.
54 ()s Métoalos Atuais de Pesquisa

Na ciência matemática como yeremos no capítulo seguiote


ernprega-se - forma mais aperfeiçoada é a axio
a dedução, cuja
-
máúca. Nas ciências do homem, como a sociologia e também
tro caso da psicologia - deixa de
a situação é diferente, porque
ter caráter necessário o-,condicionamento de um método privilegiado
para tÍatar certos obj etos científicos, Foi um mérito indiscutível
de Comte o d haver com endido ue oob da 9,
ao mesmo tE gujeito e obi eto.
Ao ocuparmonos do problema metodológico destacamos a de-
pendência da pesquisa científica, inclusive em sua fase experimental,
com respeito às concepções teóricas. Esta dependência se faz mais
estreita ainda em disciplinas como a sociologia. Vejamos um exem-
plo: se empreendemos uma pesquisa sobÍe o problema da assimi-
lação dos imigrantes, por exemplo, nossa concepção prévia sobre
noções de raça, miscigenação, etc. determinará, em certa medida, a
orientação prática da pesquisa e a brientação das técnicas que con-
sideramos mais adequadas. Assim, um critério etnocentrista nos in-
clinará a uma superestimação da antropometria, das leis de Mendel,
da seleção. Por'outro lado, se considerarmos a influência do paratipo
como um fator decisivo na constituição do fenótipo, recorreÍemos
aos testes projetivos, entrevistas de grupo, inquérito.
Esta vari ão nas tecnicas icas está condicionada, da
mesma orÍna, à ubi ãodas -§é a consideramos como
um ramo das ciências formais, atribu lrem(x proemrn ência ao método
dedutivo e usaremos inclusive as técrricas formais mais estritas (axio-
mática, teoria dos m odelos Se a consideraÍrnos uma ciência fática,
a expl oraçao cren rca começará com a observação e o experimento
E se superestimamos os fatores filosóficos (filosofia social), cabe
até o emprego do método fenomenológico, de filiação mais filosófica
que científica.
+- Será preciso, pois, insistir ainda em que a determinação do
status científico da sociologia está estreitamente vinculado ao pÍc..
blema da caracterização de seu objeto? Uma olhada rápida nas
definições da sg(ologia não nos permite decidir sobre qual delas
caracterizou meiÊor o objeto sociológico, mas nos possibilita des-
tacar três caracteres constantes: a) realidade empírica; b) expressão
de relações inter-humanas e c) unidade estÍutural do grupo.
Creio que as notas anteriores devem servir para caracterizar o
objeto da sociologia mesmo quando a determinação do campo de
uma disciplina possa tropeçar em um inconveniente: o risco de
transcender os limites da própria disciplina. Por exemplo, no caso
específico da sociologia, qual seria o grupo mínimo que constitui
À Pesqr.ira nas Ciências do Homem 55
seu objeto: a nação, a cidade, o povo, a comunidade ou a famflia?
A noso ver, há um modo de afastar definitivamente esta aporia:
conferir à noção de grupo social um sentido convencional, cómo o
das unidades de medida na matemática (metro, mícron, aneluz),
d9 grodo que o sentido do conceito dependa do contexto, isto é, áo
nível da investigação.
Em um vaüoso estudo metodológico e epistemológicoa5, Wright
Mills distingue dois elementos de invlstigaçãô socioló[ica, qu" ãu-
nomina respectivamente tmacroscópio e molecular. O- primeiro _
cuja história esrá limitada pelos nomes de Weber, Mari, Simmel e
Manúeim ocupa-se do estudo de estruturas sociais totais de um
-
modo comparativo, ligando sistematicamente várias esferas institu_
cionais de uma socicdade. Alguns de seus temas seriam: eue rela-
ção existe entre o prote stantismo e o nascimeoto do capitalismo?
Por que não há movimento socialista nos Estados Unidos da América?
Sc quiséssemos filiá-lo a países, encontraríamos entre os pesquisa-
dores macroscópicos sobretudo sociólogos alemães.
A pesquisa molecular caracteriza-se pelo estudo de problemas
em escala reduzida e pelo grande uso das tecnicas estatísticas, pria_
cipalmente no processo de verificação. pertençsm a este tipô de
pesquisa os estudos de mercado e a análise moüvacional, cntie ou_
tros. É cultivado extensamente pelos sociólogos norte-americanos.
A escolha de um ou outro modo de investi.gação depeode evi-
detrtemente do critério filosófico de cada estudioio, mai também
influem nela as possibilidades econômicas. A exploração molecular
requer equipamentos e muito dinheiro, inclusive um bom desenvol_
vimento institucional. Não é em vão que os estudos de opinião e
inquéritos são custeados por poderosás empÍesas comerci-ais, que
,os utilizam no campo econômico ou financeiio.
interesses pragmáticos dos clientes de empresas como o
lnstituto Gallup orientam a pesquisa social aplicada, mais que com
'uma.intenção
_sociológica, com uma finatidade psicossocial, Dio ponto
de vista científico, entretanto, pode-se falar de um estilo molecular,
que segundo Wright Mills se caÍacterizaria pela objetividade,
pelo-caráter cumulativo dos estudos
- e pela quantificação êstatística.
Na pesquisa macroscópica, por outro lado, ressàlta a ..pene_
tração e o talento do pesquisador", e, ainda que não seja cumula_
tivo como o primeiro, possui um nível mais àlto de abstração do

_.. 3-5 Mrrrs, Wright, Dor etilot dc iusettigaciut, et la rcciohgía actuaL, p\t_
hlitado em 'Phylosoph-1,_ of
-Science", vol. 20, n.o 4, outubro a. if5:. lrráuçeo
rpartrcular) de J. Â. Napolitano.
56 Os Método§ Atuais tle Pesquisa

que o tÍabÀlho molecular. Porsq o enfoque macroscópico possui


maior alcaoce: seus conceitos abr-.rgem maior número de variáveis.
Wright Mills postula como uma tarefa metodológica de inte-
resse a complemenação de ambas as técnicas, porque calcula que
a empÍesa sociológica requer pesqúsadores macroscópicos que -espe-
cúem, tanto comó estudiosos que explorem a realidade social por
estratos moleculares, pois, se bem que seja certo que muitas for-
múaçóes macroscópicas sáo ambíguas, também é certo que muitas for-
mulações moleculares são estéreis.
O sincretismo de Mills não encontra muitos adeptos etrtre os
sociólogos; de um modo geral, os estudos quantitativos têm pres-
tígio cíentífico e as pesquisas quantificáveis §ão vistas como filo-
solia de gabinete. O auge da quantificação e da medida, nas ciên-
cias sociais, foi ridicularizado por Sorokin coÉ o§ motes de "quaoto-
frenia" e "metrofrenia"36. Sua crítica distingue as aplicações legítimas
da matemática à sociologia e à psicossociologia das imitações pseudo-
matemáticas; estas úldmãs se cãracterizam por serem meras transcri-
ções de fórmulas matemáticas, sem vinculação com estruturas sociais.
ôitando o matemático E. T. tsell, Sorgkio denuncia a enganadora
redução da ciência matemática a uma taquigrafia, como s€ a mera
simbolização de uma concepção teórica pudesse conferir hierarqrria
cieoúfica aos conieitos: essas transcrições de teorias sociológicas
em signos pseudomatemáticos nada acÍescentarn ao conhecimento
sociológico, nem servem tampouco para compreender nelhor o sen-
tido dõs fatos analisados ou descritos. Na obra n ionada, Se
rokin iaclui entre as teorias pseudomatemáticas as d.. rrt Lewid,
especialmente sua teoria de campo.
A ouantificacão dos. dados nas ciências sociais baseia+e em
pfgo* prlrúostüs',çuja legitimidade convém verificar: I ) o cálculo
é ó único procediidento segurb para descobrir as uniformidades entre
os fenômenos; 2) os resültados do cálculo são generalizáveis, de
modo que as fórmulas quantitativas expressam uíiformidades uni-
versais i 3) as operaçõei permitem descrever seres e definir cate-
gorias e relações que, de outro modo, nos seriam inacessíveis- No
[uodo dessas suposições existe um problema prévio, que, se não
for elucidado, pode incorrer em uma distorção completa do seotido
dos fatos inveitigados. Esta questão é a seguinte: pode-se reduzir
legítima e naturalmente os fenômenos psicossociais qudttativos a
,frdader mensuráveís? Dito de outro modo, podem os dados quàli-

36 Sororrx, P, A,, Achaquu y naníot dc lo tociolagíc oodcrna I cien'cias


aliut, Madríd, Aguilar, 1957, cap' VII.
A Pesquisa nas Ciênciag do Homem ã7

tativos, respectivos ser analisados de maneira que oos cond,"âm a


..sim", é
ltlldades quantificáveis e mensuráveis? Se a resposta for
lícito utilizar uma técnica escalar; mas seu emprego será ilegítimo,
se a resposta for negativa.
Glosando Whitehead, poderíamos afirmar que o risco da quan-
tificação mal utilizada sempre nos espreita. poáemos incorrer iesta
falácia quando supomos que as atitudes, or sentimentos, as formas
de comportamentos, as escolhas, etc. podem s€r somados, subtraídos,
multiplicados e divididos. Ortro ero assinalado também por
- escalarmente as Íespostalr,
Sorokin na obra citada-é o de condicionar
partindo do pressuposto de que a gradação das mesmas correspondc
ao que se estabelece previamente. Por exemplo: .hcdiÍ, a intcn-
sidade de certas atitudes sociais em termos de .,pouco", .,rcgutar"
e 'huito", como se não fosse possível estabelccer oútra escala prévia.
§orokin extrai múltiplos exemplos esclarecedores de uma obra
múto conhecida de Stouffer e colaboradoresar.
Cabe agora, entiio, perguntar: em que casos podem as técnicas
matemáücas ser usadas corretamente na pesquisa sociológica? Não
parece legítimo fazê-lo, após as críticas formúadas aateriumentc,
quando se trata de avaliar opiniões, crenças, atitudes; mas é tÍcito
seu emprego nos estudos demográficos, por exemplo, isto é, quaado
.os fenômenos sociais podem ser redu"idos, sem distorção, a uni-
dades escalares.
- A partir de censos e ní,nero
pulação quantitativamente
estatísticas, é possível estudaÍ rtlna po-
dp habitantes, proporção
:_ segundo
idades e sexq aúmpro de estrangeiros, densidide- da popúação
urbana e rural, distribúção profissiooal das pessoas. É possivet inilu-
sive seguir o desenvolúmento de uEe população através do tempo:
desenvolvimento da industrialização, média de vida humana, propoÍ-
ção de velhos, nataüdade, mortalidade, çtc. Npstes casos, é posiível
modir o ritmo dos fenômenos demográficos: ritmo de crescimênto da
população, fecundidade, migraçóes. As técnicas quantitaüvas nos pro-
porcionam, pois, um conhecimento das transformações de grandes
grupos humanos, e essas mudanças podem ser facilmente quantifi-
cadas.
Neste úvel de estudo, as técnicas estatísticas são múto úteis:
para calcular os dados em um censo de população (idade, grupo

37 Stúia io rccbl prychology ol Wo d War II, espccizlmcnte o tomo IV,


que tatr de mcdida e da pretlição nas ciências peicocsciais (Edição rceliz:da cm
Princeton, l95O).
58 Os Métoatos Atuais de Posquisa

étnico, sexo, reütião, profissão), para rcgistrar as mudanças expe-


rimentadas em uma população (comparando dois censos) e pro'
porcionar uma informação em perccntagem. Este uso simples das
estatísticas ê fâcil e valioso. Mas a situação muda quando as téc-
nicas estatísticas são utilizadas com fins mais arnbiciosos.
H5rmsase chamou seriamente a atenção sobre o perigo do abuso
das estaústicas nas ciências do homem, Alguns dos inconvenientes
.assinalados por este autor são: o €mPrego não crítico de procedi-
meÂtos estatísticos, a seleção dos problemas de modo que se adaptem
às técnicas estatísticas usadas (ao invés de se proceder de modo
inverso), o empÍego do uma única técnica, como a anrilise fatorial,
por exemplo. Ao ocupar-se do erro estatístico nos experimentos de
aprendizagem, Hyman demonstra que, ao transpor Para uma curva
os dados estudados estatisticamente, pode ocorrer que esta traÃtza
m processo cumprido na realidade pot saltos em um processo
grdual falso. Talvez por isso alguns pesquisldores se pÊrguntam se
o uso ex@ssivo das técnicas estatísticas não têm subalternizado, mais
qué hierarquizad o, a pesqúsa.
Por sua parte, Sorokin, no livro citadq dedica dois capítulos de
seu trabalho ao exame cítico da estatística em sociologia e psicoc-
sociologia. Estuda, em primeiro lugar, as limitações da estatística
correlacionalso, destacando as limitações e defeitos destes .estudos,
pelo fato de que se têm comprovado 'notáveis discrepâncias entre
dois ou mais coeficientes de correlação que 'tÍatavam com as mesmas
variáveis" e, além disso, porque as correlaçóes não mostravam re-
lações causais comprovadas experimentalmente ou, invÊrsamente, exi-
biam correlações causais entre as variáveis cuja independência mútua
traüa sido provada por outro método de verificação (por exemplo,
por procrdimentos expcrimentais ) .
Um fator de distorção é o que Sorokin chama de a introdução
Ja "subjetividade disfarçada quantitativamente". Este tipo de erro
!e introduz no estudo através da forma e da expressão das pergu.ntas.
'Stouffer e colaboradoresao demoastraram como se viciam os resulta-
dos do exame estatístito mediante este tipo de subjetividade. For-
mulou-se a seguinte pergunta aos soldados: é conveniente ter mu-

38 Vcjam-se, sobretudo, as páginas 124-144 da obra já citada deste autor.


39 A correlação estatística bisãia-se no €studo das relaçõts entre ás variáveis
c pode ser causal, funcional ou aleatória. Quando o coeÍiciente de correlação se
expressa por uma cifra importante, está indicando uma relação ertreita, provavcl-
rncntc causal, cntre ar variáveis. Já explicamos anteriormente a relação entre a
variávçl independeíte e a ceusa.
{d V.j.-." a obre de Stouffcr e col. já citada.
.tr PGsquisa has Ciências do Homem 59

!|ere1 p exército para o esforço de guerra? euando a perguoÍa


lhçs foi expÍessa nos termos consignadõs, a resposta ae 39%- toi
"aão é necessário". Mas, quando a forma da pergunta onvolvia a
noiva, .a esposa ou a irmã do interrogúo, a perceãtagem de aega-
tfu.as llcançou 7OVo. A variação dessés resultàdos deiende da ta-
neira_de formular a pergunta, e não de seu cohteúdo ôbjeti"o.
Um segundo fator de erro é o tÍatamento dos sisrárzas sociais
ggTg se fossem simples coleções agrupadas quantitaüvamente. A
falácia estatística produz-se quando ai variáveij são escolhidas sem
levar em conta se são coleções independentes ou como diz So-
rokin -
partes inaüenáveis de sistemãs vivos. As institúções sociais
possuem - ura partc material e outra imaterial. Um sistema reügioso,
por exemplq - apóia<e cm estruturas materiais: 'templos, úvroe,
fuadoe finlnçeiros, terras, etc., mas o que dá sentido à rêügião como
tal e ioclusive aos seus elementos matcriais são. ú valorcs
sacros- e as nonnas rifuais, isto é, os fatores -
imateriais. So conside-
ráíscmos um cúto apenas matêriâtmente, jamâis o cmpreenderíanos,
porque veúamos unicamente suas estruturas materiais. Nesse casq
uatá-lo'íamos cwo coleção, p não como sistemo. O perigo do tra-
tameÃto estaústico doa fenômenos sociais reside justamente em con-
fundir o manejo quaotitativo de coleções com o eitudo compreensivo
dos srlíerzaslt.
O terceiro erro assinalado por Sorokin é o de tomar tima p*te
do sistema-cmro variável indipendede (causa ou fator predomi-
nante) e ,odo o sistema como variável dependenie (efeito ôu feo&,
meno coadicionado). Em essência, esta falácia se baseia novamente
na confusão entre coleção e sistema. Dois bons exemplos são a in-
terpretação econômica da história, de Marx, e a preponderância do
fator religioso, de acordo. com Max Weber.
. Segundo Karl Marx e seus parüdrários, os meios o instrumcntos
de produção (infra-estruture econômica) são o fator que produz a
pudança e a estrutura dos outros sistemas que compõen a sociçdade,
inclusive a religião e a ideolo.gia, consideiadas ambas .,superestru-
turas". Para Max Weber, entretanto, o fator religioso (o protestan-
tismo) é o, fator fundamentai que conüciona o sistema iocial, in-
clusive o capitalismo. Para Marx, a variável independente é a eco-

4l _Âlguns sociólogos, ao ertudar o comportamento dos fiéis no, cuho, icdu-


zem a descrição ao contextg social, que é um dç componentes dos ritos reiigioaos.
Deese modo, deíormam a experiência religiosa que eiaminam, ao não ayeiiar o
.tinboli.tmo e_ a dic,it:it doe ritos, que são componentes oniprcsántes no culto. Erc
modo dc reducionismo na sociologia das religiões poddse chamar Àchlogkno c
pouco tem a veÍ com as pesquisas dos sociólogor das rcligiõca.
0() (h Métodc Atuais ile PEequisa
nomia; para Wcbcr, a reügião. Ambos incortem llo Bcsmo erro,
que consiste cm condicionar todo o sistema a uma de suas partgs.
Cmo cooclú prudEtrtemente Soro&itr, o fator econômico não gero-u
o protcstantismo, neul o protestantismo gerou o- capitalismo: tda
pa;te é a causa e o efeitõ das outras PaÍtes e de todo o sistema'
i o próprio sistgma é & caus& e o efeito dc suas partes' A substihri-
çao àcsiâ "mudànça interdcpendeote tridimensional"
pela teoria sim-
ilista, que atribui'a uma parte o fator de mudança, é falsa e nãb
3 arcia ao rsquecimento da profunda diferença que medeia coleções
c sistcmas,
Nas páginas finais de seu estudo, formula um juízo que- é
também umi advertência e que não.perdeu anralidade, apesar dos
aoos transcorridos desde sua formulação aproximadameote uma de-
(

zcna): "Na raivosa epidemia de quantofrenia, todo mundo pode


acr rrn 'pesqúsador' J um 'indagador científico', porque todos po-
rlcn dispor ãe umas fichas, enchàlas com todq classe de pergunta'
cnviar cÉ qucstionários a todo§ os sujeitos possíveis, rcceber as res-
pootas, clas'sificá-las dcst'e ou daquele modo, submetàlas a uma má-
'quina
ãc tabúar, colocar os resultados em várias tâbelas, com todas
ás perccntagens computadas mpcanica,mEate, os coeficicntes de cor-
c
-ensaio Índices, os desvios e os
rclação, eros prováveisr2, e logo -escrev-em
um ou um liwo cheio de impressionantes tabclas, fórmulas,
Índiccs e outras evidências de uma pesquisa 'objotiva, esmerada,
Inccisa, quantitativa'. Essps riros são típicos na 'pesqúsa- quantita-
tva contemporânea' em sociologia, psicologia e outras ciêrcils Psi-
cossociais, Podem scr'oficiados mecanicament€ Por uma fila de pes-
soas ügciramentp treinadas na rePresentaçíio desses riros".
À margem das possibilidades já assinaladas de tratamento m8-
tem&ico dc- fcoômenos sociais redutíveis a r;nidades escalarcs, toda
projcção abusiva de técnicas quantificadas sobre a sociologia implica
vários riscos de distorção, o menor dos quais não é certamente a
convenão deformaute do qualitativo em quaatidades artiticial-
mcntê calculsdas sobre dados previamentc tran§mutadq d hx'
Destc ponto de vista, subscrevemos o juízo lapidar de Sorokin e as
prudentes advertências de H1man.
Assim cono o psicologismo religioso, por exemplo, constitui
uma degradação da psicologia das lsligi§ss e o sociologism!' -d-a -so-
ciologia das rcügióes, cabc denunciar um matematicismo sociológico.
Meúologicamenüe, todos Êstes i§rrt os significam a expre ssão de

42 Em outrr parte de sua obra (veja'se p.213), chama os desvie e erros


provávch de "adornos c outÍo! plraÍeÍnais dr cacolástica estrtísdca" '
A Pcsquisa nas Ctênctas do Eomcm 01

tendêniias reducionistas. A interpreüação psicanútica da religio


sidade apdia-se cm uma reduçiío préüa da expcriência reügioca a
scu contexto psíçico e a uma interprctação uhilatcral em teroo§ ds
doutrina psicaaalítica. Apalogamente,r a i$trumentação quantitctiva
dos dados nas ciências sociais, quando esses dados não podc'm rcr
reduzidos com propriedade, implica urna amputação artificial de rica
rcalidade srrial.

O rn&odo ÍsnomcnológLo nor ciêncior do hornen


. Do ponto de vista metodológico
-
que é o que aqú aos iÂteÍodsâ
pode-se considerar a fenomeoologia coulo uma tetrtstiva dc vencer
-três dificúdades do ponsametrto científico: o reladüsmo cético do
púcologismq do sociologismo e do historicisno;- o iniludÍvcl ú-
culo ücioso do empirismo radical e a incoaseqüêacia das expücsçõcr
cienúficas com sua posição fenomênica i.nicial.
O psicologismo protendia reduzir todo conbecimento possÍvcl
a estados de consciência, màs constituir a psicologia cm una ciêo-
cia "fuodanto" equivalc a deotruiÍ seu pÍctÊnso rigor cicntÍEcq por-
quc a psicologia Írão pode fundamentar-se a si mesma, Ni[,o vamo
rcitcrar os conhecidm aÍgumentos de Husserl em suas Invcstlgoçfus
lógúcas, ondc, rcagindo cotrtra seu psicologismo antcrior .(ot dc sus
Filosofb da aritmética), destrói definitivamente as argumentaçõcs
psicologistas.
O socioloeismo aspira a demonstrar que o coúecimento oão é
mais que um subproduto do meio social; assim, por exemplq a
enperiê,ncia religiosa que tem um clcmento social no culto
-
reduzir-sb-ia a um cootexto -
social, ficando sem explicação os outroc
fatores que intervêm nos fatos hierológicos, cono o dogEa e oa va.
loros, especialmente os valores morais. Uma atitude análoga c
igualrnsa6 parcial -
é a do historicismo, que subjuga toda forma
de coohecimento ao- proce$o históÍico. '
Contra o relativismo e o ceticisno. inercntes a esscs três íszro,r
reagiró Husserl. Por outro lado, o ceücismo tem um fiÍme ponto dc
apoio Da afirmação de que a cxperiência é a única fonüe da vcrdadc.
Cm cfeito, oota afirmação dcve ser submetida a uma prova cxpê:
rimeotal, Das sabcmos que a experiência só noo pode dar coohc-
cimentoc contingeatrs, .particulares, aunca o universal que büscc a
ciência. trn conscqüência, se qucremos que o princípio do empirisno
eeja válido, caímoo no círculo ücioso de sub,metâlo a um üpo dc
rêrificação que apenas mostra sua occcssária relatividadc, cm o qut
perdc o seu caÍáter de princípio necesgário e uaiversal.
Uma terceira dificuldade paÍeac inercnúe à própria atividadç
62 Os Métodos Atuals tle Pesquisa

cientíIica, em especial à pesquisa. Uma das finalidades da pesquisa


científica é a de explicar os.fatos que estuda. Nas ciências fáticas,
parte-se dos dados da experiência, mas, como o pesquisador se sente
obrigado a formular explicações, abandona o dado para elaborar teo-
rias que coostituem uma tentativa de interpretar os fatos. Esta pas-
sagem do fático à teoria é segundo Husserl a suprema incon-
-, ("positivo" significa,
seqiÉncia das ciências positivas - precisamente,
baseado nos fatos).
O criador da fenomenologia propóe um novo método de pensa-
mento que não apenas se baseia no que é dado na experiência, po.
rém, mais ainda, atém-se exclusivamente a isso. Cmtrariamente a
uma opinião córrente ainda hoje nos meios ciéniíficos, Husserl não
busca diminuir o rigor científico, mas o considera insuficiente: a
filosofia, através do exercício do método fenomenológico, conver-
te-se em uma ciência básica, universal, e é z única disciplina czpaz
de propoicionar ao conhecimento científico uma fundamentação
estrita.
. Por essa razão, Husserl afirma que, se um conhecimenio positi-
vo é entendido como absolutamente isento de prejuízos e baseado
exclusivamente no dado, então o método fenomenológico é o único
eskitamente científico e positivo. Ater-se ao que é dado na expe-
riência como quer.Husserl não sigaifica reduzir-se à expe-
riência -sensível. Haver incorrido
- justamente nessa parcialização foi
o erro funesto do positiviSmo de Mach, que, ao reduzir o mundo a
um conjunto de sensações, o destrói, porquc, de fato, a realidade
é aniquilada ao converter a pr6pria consciência em puro feixe de
scnsações.
Se o valor de um método se prova em seu exercício, pouca dú-
vida cabe sob,re a utilidade do método fenomenológico nas ciê.ncias
humanas e inclusive em uma atividade prática como a medicina.
Hoje se emprega o método fenomenológiõo na psicologia, na etno-
logia, na hhtória comparada das religiões e na psiquiatria renom€-
nológica e existencial.
"Ir às coisas mesmas" corno disse Husserl não
em deter-se na experimentação - sênsível, atitude que- tem suaconsiste
causa
eo urn prejufuo naturalista que postúa como única experiência pos-
sível a experiência sonsível. Tampouco consiste em explicar o fen
Eetro através de "objetos" constrúdos pelo homem de ciência: a
"cor" apreendida como tm ddo converte,-se em uma "longitude de
onda" para o físico, .mas, desde esse momento, abandonârse o dadcÍ
pela teoria.
Em que consiste, pois, este procedimento que, para ser cieotí-
A Pecquisa nas Ciências do Honem 68

fico, se âtasta da própria ciêocia? Vários autores têm sido con-


cordes em afirmar que é difícil distioguir o método fenomenológico
da lilosolia fenomenológica; inclusive o próprio Husserl não parece
haver. sintetizado explicitamente as regras de seu métodoa8. Feno-
menologia significa üteralmente estudo dos fenômenos: comooemos,
pois, por esclarecer o sentido da palavra fenômemo. Fenômeno é o.
que aparece À consciência, o que é dado; não se opõe à "realidade"
como uma "fiqá6" ou "ilusão", nem tampouco é a expressiío de
uma "coisa em si" ou "arims16" como queria Kant os fe-
nômenos, -
do ponto de vista fenomenológico, nada têm a -:ver com
o "eu" nem com a suposta "coisa", interessam em si mesmos como
o .dado imediatamente à consciência. Flnalmente, tampouco devem
sêr identificados cotrl os fenômeaos scnsíveis. tal como os int€r-
preta a ciência natural porque o fenôúeno - é, segundo Husserl,
o "que se mostra a si e-,em si mesmo tal como é", isto é, um ele-
mento irreduúvel, originárip, e não üem por que ser necessariamonte
algo sensível. Veremos precisamente a importância que Husserl
atribui a uma intuição ou visão não sensível.
Determinâmos, pois, o obieto da investigação fe,nomcnológica,
isto é, o fcnômeno; devemos agora referir-nos ao instrumento de
conhecimeoto, isto é, à intuíção, Para Husserl, intuição cquivalc a
visiio intelectual do objeto de conhecimento, do dado, que, ern
linguagem fenomenológica, é o fenômeno, o que aparecc, Em s€u
liwo Meditações cartesianas, o criador da fenomenologia disse: "A
evidência designa, ern seu sentido amplo, um fenômeno originário,
universal, da vida intencioDal. Trata-se de opor aos outros modos
de consciência, que podem ser vazios a priori ou que podem ser,
prossi4pificantes, possuindo sipificações dirigidas para o futuro,
signiÍicações .que podem ser indiretas, não autênticas, enqüanto que
a eridência é a lorma de cawciência da aparição, da aúoapuiçb.
A apreserúqão dt aisa rroshta, a dução pr si rnesma, a autdoação
d.e uma coisa ou, do mesrno modo, de .uma generalüadz ou lanbám
de um valor: é, pois, o mdo de ser intuitivamcile ddo, origirwia-
mente (originalipr)" (o grifo é nosso).

43 Virasoro, Miguel Ángel, que re ocupou €m várioE trabalhoe de {oome-


nologia dc Hus6eÍ1, lustentevr que, cgundo seu tutor, não re dcvc septrar o
método da filorofia fenomcnológice (veje-rc ecu cnalio l*roiluci&t al cttúlb tlo h
t..not t nabtío dc Eutx\ editado pela Faclldad dc FilosoÍía y Lctnc, Rorrio,
I95O), Por outro lâdo, I. M, Bochensli, cm seu €studo sobre o método fcnomc-
nológico incluído cm scu livro Lot nltoihr utualat dc tauaniatto (Mzltil,
Rialp, 1957), aíirma que Husserl não eeparou cxplicitemente o método da doutdna
Ícnomcnológica.
il ()s Métoilos Atuais'de Pesquisa

. Na linguagem husserliana aqú reproduzida, a coisa é o fenô-


mcro ("L coisa que se mostÍa por si mes,ma" ). Sipifica dizer que
a intuição ou visão é a forma de consciência na qual uoa coisa
se dá originariamente ou, cqro diz Husserl, "a visão direta, aão
meÍamente a visão sensível" empírica, mas a visão em geral, como
forma de consciência na qual se dá origioariamente algo; qualquer
que scja essa forma, é o fundamento último de todas as afirmações
racionais".
Vimos aparecer, junto ao conceito de intuição, a ooção de
interciorulüade, que Husserl tomou de Brentaúo{4 (e este, ainda
que de forma um pouco diversa, da escolástica): a intuição é pos-
sível pela intencionalidade da consciência. Intencionaüdade (de rz-
tensio, qu,e sigpifica dirigir-se a algo), ou referência intencional, é a
propriedade da consciência que se nos apresenta como um feixe de
raios que se reflete em atos, cada um dos quais menciona ot se retere
a algo como seu objeto. Este referir-se a algo como a seu objeto é
'o que Husserl chama referência intencional ou intencionalidade e
constitui o fato primário e irredutível da consciênci a: a correlação
entre um sujeito que se refere, a uml'bbjeto e um objeto ao quai o
sujeito se refere, Assim, peroúet; júlgar, imaginar or amar são
'formas da intencionalidade, mas, como'todo ato intencional supõe
um objeto iatencional, ao julgar, imaginar, amar ou perceber corres-
ponde algo julgado, imaginado, amado ou percebido. Por i§so, a
vivência interciond cstá constituída pelo "ato intencional e seu
corrclato intencional objetivo".
A anáüse da úvência intpncional conduz Husserl a introduzir
três conceitos que vamos, em seguida, esclarecer: noema, noesls e
.àylc. Continuando com os exemplos anteriores (que são de Husserl),
dircmos q\e o ato de julgar ou amar é z noesís e o objeto desse ato
é o noema. Não há momento noético sem um mometrto noemático,
isto é, a noesis e o noem$ se impücam reciprocamente, são essen-
ciais um em relação ao outro. Mas, além da noesis e seu cores-
pondente roenta, existe uma "matéria" não intencional, a qual Hus-
serl (seguindo Aristóteles) denomina "dados hiléticos", mas que
não pertencem às coisas reais, senão ao noerrut mesmo. Esses dados
hiléticos são como uma matéria que não tem sentido próprio até
que seja provida de sentido ta noesis.
Se recordamos que a preocupação inicial de Husserl é superar
.o relativismo científico com uma constatrte preocupação pelo rigor,

11 Vocobdarb tóetico y cútbo ü b ltlotoíb. dc À Lalandc (vereão cest,,


Buenos Áirec, El Âtcneo), tópico "intenção".
A Pcequtsa nas Clàrci,as do Homem 05

ce1.tea, objetiúdade, compreeade-sc poÍ que a filosofia scrá dcfi-


ni{a por elc como a ciência universal e, em um sentido radical, o
ciêtcia rigorosa por excelência, Se temos presente que inclusivc as
próprias leis científicas estão subnetidas a uma cootingência ncccs-
srária e iniludível, ver-se-á claramente qual é o seúido do cpoché
o-lu yedução, procedimento gnoseológico que desempenha um papcl
fundamental no método fenomenológico
Para alcançar um conhecimento de validade universal, o ho
mem de ciência não passa do individual ao universal, mas simplc+
mente ao geral, porqte o conhecimento se baseia Âa absüaçAo,- isto
é, em isolar in abstracto lm asrycto do ser individual que se inves-
tiga, desprezando os demais. Husserl crê que é necessário iavertcr
completamente a direção [atural do pensamento e alcançar um pr(>
cesso de ideaçãô, mediante o qual passaremos das coisas singulare
ao ser universal, isto é, a essência. E o que é a essência? É o que fez
com que esse objeto seja o que é e não outra coisa.
Mas, se a direção tratural da '.olhada" nos descobre um muodo
ilimilads de coisas singulares, como descobrircmos nelas as essêocias?
Mcdiante uma intúção eidética o! prcccsso ideaório, qu€ nos po§-
sibilita elevarmo-nos à visão do cidos, dessa essência qúe detennina
o ser do individuaú: "Por sobre este verdc ou este vermelho chega-
mos à essência do verde ou do vetmelho; por sobre asta árvore,
mesa, montanha, riq chcgamos às eseêrcias de árvore, mesa, mon-
tanha, rio. Na intuição eidética, o quc sê aos dá de modo imcdiato
é, pois, a essência da coisa, aquilo que, por exemplo, faz com. que
-
uma coisa seja montanha e não rio, mesa, nuvem ou úiângulô1o..
Chega-se à intuição eidética mcdiante a rcdução eid&ica, mc
mento fundamental da fenomenologia que, para alguns autores,
constitui em si um verdadciro métodq o qual de acordo cm a
exposição de Bochenski no ürno já mencionado- cotrsta dc várias
-
regÍas que, cono se disse, estão mais ou menos implícitas nos textos
husserüanos. Bochenski distingue entÍe as rcgras positivas e a8 nc-
gativas. Entre as primeiras, devem se considerar três exclusões ou
suspensões: a) elimiaação do subjotivo; b) exclusão do teórico; c)
suspensão da tradição. A redução an epaché equivalc, na linguagen
de Husserl, a uma colocação entre pa4ênteses, que não sigpifica -nc-
gaçfu, nefr, uma avaliação axiológica, rem tampouco a pxclusão de
outros métodos possíveis, sempre quc estes sejaim posTeriores ao cxcr-
cício da epoché. O prlmeiro passo da redução siggifica assumir uma

45 Vrrrsoro, M. Â., ob. cit., p.26 ç segr


66 ()8 Métodos Atuais tle Pcsqutsa

atitude objctiva frente ao dado; q segundo consiste aa climinação


momentâ,nea de toda hipótese, teoria ou qualquer outra fotma da co-
nhecimento previamcntc adquirido; o .terceiro eqúvale a excluir não
âpetras a tradição como autoridadc humana (rnaglster dtrii) pas
também as tradições da própria ciência, que inclú a consideração do
'
êonhecimpnto científico em seu estado atual, isto é, o aceito tro m(>
mento da investigação.
As. regras positivas são, segundo Bochenski, duas: I ) Yer tdo
o dado, o que supõe combaüer a tendência humana (taÍtbém comum
no animal) de ver someote algns aspeaos do objeto; 2) desaever
o objeto analisando suas paÍtes, porque se inicia na poetulção da
infinita complexidade dos objetos dados à consciência.
A finalidade da redução eidética é separar o conhecinento de
sua inserção no mundo espáciotemporal, considerá-lo fora de suas
relações com as condi@es de origem, com as causas psicofísicas'G. Ver
o dado'tosro algo irreal" segundo a expressão de Jean Wahl.
-
A intuição eidética busca o eidos, a essência, isto é, o quê de
cada objeto; os objetos empíricos úansformam-se, trascem, mor-
rcm, ao passo que as essências nem nascem nem morÍem, porque são
a unidade da multiplicidade, sempre idênücas e permaneÁtes através
das mudaoças. A itrtuição das essências tem como Ponto de orig§m
a intuição scnsível, mas a abstração ideatória a tÍatrscetrde, deixandoa
de lado. As essências podem, inclusive, provir não apenas da expcriên-
cia, mas também da imaginação, Vê-se, pois, que há diversas manpiras
de ver; Jean Wabl, na obra citada, distingue entre o ver como per-
ceber, que se apüca aos objetos sensíveis, individuais' ê o ver cmo
"penetráçÃo intclectual", que é a intúção das es§ências. A visão sim-
piesmentã perceptiva traduz-se em juízos assertóriosl a intuição cs-
sencial. se expressa mediantp proposições apodíücas'
De acordo com isso, podemos distinguir uma intuição cidética,
que descobrc nos objetos indiúduais as essências ,ruteriais (que trão
têm relação com a matéria, no sentido correntê do termo, que -cons-
tituem a qualidade necessária do objeto que o faz ser o que é, -e a
intuição categorial, que capta as essências tortuidas ou categorias:
unidade, multipücidade, identidade, semelhança, etc.
A distinção entre essências materiais e formais se traduz na
respectiva determinação de regiões. Tanto 8s primeiras como as
segundas têm um caráter universal, mas as essências formais se
apticam a todos os objetos possíveis, enquanto que as ess&rcias ma-

{6 W,rsl, lczn, Il*ttal, (Tomo I), Prrir, Gnuc de Documentation Univct-


ritaire, s/data, p.2 c scgs.
A Peequisa nas Ciàrcias do lfomem 6?

teriais cstão restritas a certas esferas, em cujo âmbito têm validcz. por
cxemplq a essência recordação é '"iversal com respeito aoo múl-
tiplos atos de reçsúar, mas sua validez está rpstrita à re$ão psíqiica,
e, em conseqüência, é nma troção fundamental para a ciência psico,
lógica. A essência Íormal identidde, por outro lado, sc apüca a
todos os objetos possíveis ê, por issq é urili"ada em todas as ciências
(rigorosamente na lógica e tra matemática) .
A primazia do conhecimento frlosófico (fenomenológico) sobre
o conhecimcnto cientÍfico baseia-se precisamente na necéssária fun-
dalletrtação do conhecimento científico atravô das essências. Apeoas
a filosofia pode descobrir a priori as categorias de cada regiío do
ser (ontologias regionais ), a partir das quais poder-se-ão cmstruir
então as ciências positivas (a posteriori). A relação ciência eidética-
ciência positiva é assimétrica, porque, da mesma forma que a pri-
meira se constitui sem levar em conta a segunda, esta é uma conse.
qüência da determinação das essências materiais e formais que cor-
responde àquela.
O segundo passo do método fenomenológico e o decisivo, do
ponto de vista científico, é a redução ttonscendentol ou fÊÂometrG
Iógica, em sentido estrito. Este aspccto da fenomcnologia mostra
a difereoça fundamental entre a investig ação cientíÍiil e a iãvestigação
tenoinenológba, porque, enquanto as õiências fátióas partem dos fatos
da- realidade empírica, a fenomenologia, através destê segundo passo
r{utivo, p9,e entre parênteses o mundo inteiro, isto é, frescináe da
eris!|ncia dos objctos reais. Mais ainda, é totalmertc indiferente que
o objeto exisra ou não, o que sipifica uma desvalorização dos faic
( recorde-se que se podem intuir fenomenologicamente túbém
objetos
imaginados inexistentps na realidade empírica exterior ao suieito;.

. Nas_ Meditações cartesidnas, o mesmo Husscrl explica o scntido


da epuhé fenomenológica: .,Esta suspensão universal do todas as
posições tomadas ante o mundo objetivo dado e, portanto, em pri.
meiro tcrmq as posições tornadas tro que diz reqpeito à realidade
(as concernentes à realidade, aparência, ao ser possível ou vcrossí-
mil, etc.), ou, como também já se costuma dizer, esta epoché leno
mcrulógica, ou- este 'pôr entre parênteses, o mundo objctivo, não
nos coloca, pois, frente a um puro nada. O que, justamênte pelo
contrário ou justamente por este meio, nos fazerios próprio - ou,
mars clarament., o qg9 eu, aquele que medita, me faço própno por
cstc meio é miúa vida pura, com todas as suas üvênciall puras o
lodas,as suas coisas assumidas puras: o universo dos tenômeios', no
sentido especial e amptíssimo que tem esta palavra na feoomcnolo.
$a. A e6ic.hé é, pode-se também dizer, o método radical e universal
S8 (lr Métodoc Ahralt dc Pcquln
por meio do qual me apreeado como uú eu Puro, com o vida da
cosciência pura que me é própria, na qual e por .mcio de qual o
mundo objetivo inteiro é para mim, e é prccisanrntc tal como é
para mim. Todo o p€rtencente ao mundo, toda a realidade cspácio-
temporal, cxiste para mim, isto é, vale para min, e vale para mim
porque a experimento, percebea, dou-me conta dela, penso de al-
guma maneira nela, julgo-a, avalioq desejoa, ctc.".
- A redução fenomenológica põe entrc parênteses todo o mundo
natural, isto é, tudo aquilo que não é a consciência. Esta opemção
fenomrnológica coloca certas indagações, a primeira das quais se
refere à realidade do mundo: equivale a redução fenomenológica a
negar a realidade do mundo? A resposta está implícita no texto husscr-
Iiúo que tÍanscÍevenos anteriormcntÊ: não se nega a cxistência do
mundo, sua realidade, mas simplesmente "põe-se-o entre parêntpses":
isto signiÍica assumir uma atitude neutÍa ante o problema de sua
cxistência ou inexistência. Como disse Husserl nas ldéias, o mundo
natural não é aniquilado, mx neutralizdo: trata-se de uma ncutrali-
zaçÁo da realidade.
O segundo problema impüciüo na redução transcendental é o
do sentido do eu puro: acaso Êste cu puto de Husserl não coincide
com o eu psicológico, com o qual se recairia no psicologismo? O cu
psicológico, a consciência que estuda a psicologia, é uma consciêo-
cia c,opírica unida a um corpo e, enquanto tal, portence à rcalidade
natural: o eu psicológico fica eliminado, pois, colno um dos com-
ponentes dcssa realidade natural que é cxclúda pela redução traos-
ccndental. O eu üanscendcntal ou eu puro é o qru reía quaodo ee
p6e o mundo entre paÍênteses.
Neste úvel, já não se pode falar de inüerior ou extcrior à cons-
ciência; tatto a interioridde como a exlcrioriddc ctÍooem de sen-
tido e, coaseqüentemeEte, tampouco o têB o idealismo ou o reaüs-
mo. O plano .transcendpntal é concebido como uú8 nova dimensão.
Talvez a única maneira de evitar o idealismo, quc psrcce ser uma
corscqüência obrigatória da .rigorosa ascese úaurccndental sêÍia a
de zupor que a redução tÍamcetrdental tcm como insinua l-iiwit
no üwo mcncionado de Wúl - quasc místico, o que
rrm car'áter
-. na obra mencionada), ao citar
parecc compartilhar Kelkel (também
uma passagem da obra de Husserl Á crisc dar ciênciaç ewopéias e
a Íercmcnologia fiansrendentd: a melbor aproximação à reduçlo
transccudcatd sêria a conveÍsão rcligicarz.

,17 Hucesrr, 8., La qü ihllc riatzc êt rol.c G h lettoi§ôlogb ,"orcêrdcÀ'


talc. Dhisidz po. tfalter Bicmel; trrdução dc Enrico Filippinl Cera Editora II
Saggiamre, 2.t Edição, l%5.
A Pcsqutsa nas Clênctas do Homem 09

A Íonomcnolqlo corno método dc invcrtigoçõo


no griquiotfo otuo!
So analisamos detidamcnte o senüdo das duas reduções, a eidé-
tica e a transcendental, podemos concluir, com Husserl, que a pri-
mcira permite distioguir a psicologia emp'uica de uma psicologia
tmwcendental, que, todavia, não é uma lenomenologia pura. A crln-
tribúção da fenomenologia, através da reduçáo eidética" cottsiste na
teoria da intencionalidade. A redução fenomenológica, por outro la-
do, traz à psicologia intencional a descoberta do ego tra$c€ndental.
O eu nlío é mais uma pottc do mutrdo: o ego trowcendenlal é ine-
duúvel ao eu intencional obtido aÉs a redução eidética. O ego inten-
cional supera o Êmpirisno iagêouo imptícito no psicologisutq porém,
por sua vez, seró superado pelo ego transcendental.
A redução eidétice possibilita alcançar o eidos elevando.sc por
sobrc o ttitico; t redução transccodental é mú radical ainda, por-
quc, ao reduzir o próprio nundo, permite-nos peÍcebêr o ego trans-
cendcntal. Dcste modo, o Eulrdo não é suprimido ou aniquilado
como já explicamos -.
mas convertido em um correlato intencional
-,
do eu, que o pensa como um& totalidade. Antes da reduçilo trans-
cendental, o sujeito se acreditava dentro do mundo, formnndo ptrte
dcle; dcpois dcsta segunda redução, o sujeito sab-se tro mundo,
mas o considera como fora dele mesmo o eu considerado c<xno
consciência prua cousidera o mundo como - um conjunto de objetos
intcnciooais.
A rcdução transccndental descobriu gue o eu e o mundo nâo
pertcncem à mesma região ontológica: o suieito psbológico cotrver-
tcu-sê em tm suieito íntclectual. Vimos no parágrafo anterior que
L,õwit e Kelkel comparavam a redução tra$cendental à convcrsáo
religiosa. Este é também o paÍeoer de lévinas, dc Ricoeur e de Max
Scheler. Ricoeur fala de ascese ou conversão e Scheler, em seu li-
wo Do crctno no homem, refere-se a um esforço de auto+spiritúa-
fiza4,ío.
Este desprendimento do mundo constitui um verdadeiro méto-
rio dc vide espirituaFe. Seguramente não é alheio a esüe cáráter o
uso do método fenomenológico nas invesügações hierológicas, cspe-
cialmente em hictória c filosofia das religiões, como o testemu.oham
as obras de Van dcr l-eeuw, Duméry, Eliade e o piOprio Scheler.

,18 Vcje.se o livro dc Hcnry Duméry, CÀriqu et digio,\ Pr,À2, SEDES, f957,
ctpccirlmcntc ac páginar l3S-177, A úre de Schder Do *aw rc lorlo;s loi
tteduzide prn o inglôr do origind alcmáo: Or tt. .tt?nd ir ara*, Londrcr, SCM
Prcl Ltd., 1960.
70 Os Mótodos Atuais dc Pcsqulsa

A psicologia, por sue p. +e, foi notavelmente enriquecida ao


contar cm um [ovo método do 'rvestiggção. Nessa direção dwem
scr inclúdas as invasügações fenmenológicas de Dàvid Katz sobre
a fenomenologia das coros, de L P. Sartre sobre as emoções e de
Merleau Ponty sohe a perccpção.e.
Scm dcsconhecer a importílocia do emprego do método feno-
mcnológico em história e filosofia das reügiões, sociologia, história,
etnologi& e psicologia, é indubitável que a mais espetacular de suas
projeções é a psiqúatria fenomenológica e suas derivações recentes
ne psiquiatria existencial, Em um liwo pubücado há mais de cin-
qüenta enos, Charles Blondel denunciava o fracasso dos estudos psi-
qúátricos dissimulado por expressõcs técnicas que, embora detinin-
do os estados mentais dos pacienles, não chegavam t compeefidet
es experiências reais dos psicóticos. Das conclusões de Blondel em
scu üwo Á consciênciz mórbida (pubücado em l9l4), podemos
inferir que a psiqúatria nccessita de métodos de investigação mais
adequados à natureza dos fcnômenos que tenta descrever. Essê mé-
todo sçrá o fcnomenológico e a conscqüência de seu emprego nos
pacientes psióticos é a constituição de uma psiquiatria fenomeno'
lógica.
A investigação fenomenológica em psiquiatria pode ser descrÍ-
tiva, genético-estrutural e categorial. Do ponto de üsta médico, po-
dem scr consideradas como três técnicas fenomenológicas, A feno-
nunologia descritiva constitui a primeira tentativa de apücar o mé-
todo fenomenológico na psiquiatria e rcmonta a Karl Jaspers, que
a dcfinc oomo umâ cuidadosa desccição das experiências subjetivas
doe enfetmos mentais baseada em um csforço de empatia (einlüh-
kn| Em seu livro Psicopatologia gcral, pubücado em 1913, Jaspers
transcrevc o material que recolheu em prolongadas entrevistas, onde
tratou dp compreender empaticamcnte o mundo subietivo dos pacientes.
Eüdeotemente, o método de Jaspers é muito diferente do da psi-
qúatria clássica, coostÍingida à análise de sintomas, sinais e síndro-
mcs psicopatológicos orientados para definir entidades nosológicas
típicas.
A psiqúatria fenomenológica descritiva toma corno ponto de
partida o telato do paciente dwante a enfermidadp ou depois dela
e o compara com as referênci$ nnílqg4s de outros enfermos. Como
sua intcnçío é *ir às coisas mçsmas" scgundo o citado paf,eoôr
-
§ Jcan F. Lyoterd crtudou er rclaçõea cntÍc a fenomcnologie c r poicologie
cm ecu Iivro La tháaa néMlogie , Peds, Prcrce Univcniteircs dc Fnuce, 1954. (Há
uina mdu$o prn o castclhano cditadr por Eudeba.)
À Pesqulsa nas Clências do Homcm 7l
husserliano apreende os fenômenos de consciência tal como os
experimcnta -,o sujeito p através de seu próprio relatq sem que a in-
terpretação ou a teorização dos mesmos interfira na sua captação.
A invesügação fenorrenológica, tal como a entende Jaspers, mootra
a consciência do sujeito através do relato de suas experiências in-
lernas e trata de viver em sua consciêocia por cmpatia os
-
fenômenos relatados pelo enfermo. . Esta perspeotiva supõe- uma
avaliação inicial das dcscrições obtidas dos mpsmos pacientes e uma
atenta ügilância dos fenômenos de consciência do próprio psiqúa-
ra6o,
Quais são as razões gue fundamentam a substituição dos mé-
todos reputados científicos da psiquiatria clássica por um procedi-
mento que não deixa de scr suspeito por sua conhecida origcm filo-
sófica? Um dos princípios nos quais se baseia toda a psicoterepiÊ
dcsde a psiquiatria tradicional até a psicanálise, inclusive é
-que o psiquiatra compreeode melhon -
que o enfermo o que ocorÍe
a este. O conceito de cura da enfermidade mental supõe a accitação,
pelo paciente, dos pontos de vista do médico, o que implica a for-
çosa renúncia à perspectivas do pacientc,
Sem. entrar na análise das conseqüências dcste critério para
uma avaliação objetiva da nada unívoca concepção da enfermidadc
metrtal e da gênese dos processos mórbidos, cabe observar o se-
guinte: ainda que se admita que este critério de cura implique um
conhecimento da normalidade por parte do médico que, na
ocasião, o paciente possui de forma distorcida - dúvida
há pouca
sobre o fato de que ninguém como o próprio-,enfermo "corh@e"
Íenomenologicamente seu mal; melhor dizendo, ele sabe por exp€-
riência imediata o que é sentir-se enfermo. Neste aspecto, as inter-
pretações científicas do psiquiatra são incuravctmente "tóricas",
porque estão lora dos fenômenos. Daí a importância da empaüa na
psiquiatria fenornenológica. É evidente que o enfermo sabe arndt
-
que seu conhecimento estêja distorcido pela própria enfermidade;
por outro lado, o psiquiatra objetivo, não fehomenológico, apcnas
podc interir o que o paciente eÍperimenta diretametrte.
Foi um filósofo bem conhecido em nosso paísr, Jorge San-
tayana, quem descreveu magnificamente o sentido da perspectiva

. 50 Eflenlerger, H. F., em scu docunentado esttdo Á clinical introíl,wrion to


gtgchiattb pluoomcnolagg and cxittenizl an^olgfu (ptfilieado qt Exbtauc, edita,do
.por R. May, E. Ângel e H, F. Elle'nbergcr, traduzirlo g1Ír o cast€lhano pcla cdí-
rora cspanhola Gredos), assinala o par€ntesco cntÍe a noção dc contratnnifcêncir
,da pricanálise.e a obsewação fenomcnológica.
' O autor refere-se à .{rgcntina. (N. da Trad.)
72 Os Métodos Atuair dc Pesquise

gue ce abre cpm a fenomenologia dcscritiva (por ceno que à margem.


do conhecimento técnico do probte6a): "O psiquiatra cônhece a Íou-
cura de uma maoeira; coleciona os sintomas e suas causas e a cura;
mas o loucq a seu modo, conhpce-a muito melhor. O terror e a glóriu
de ilusão, que constitui a própria essência da loucura, só se abrem ao
louco ou a um espírito simpatético, que afronta a loucura tal conr.r
étt,"
A fenomenologi a genélico-estrutural é um prrxedimento de iu-
vesügação fenomenológico.psiquiátrica que aspira a superar alguns
inconvenientes ou, melhor dizendo, limitações que à feoome-
- apresenta. Com eteito, nem tdos- os enfermos
nologia dcscritiva são
capa:zes de expressar fielmente suas experiências, e poucos as rc-
corfum. Uma forma de salvar estas dificuldades é proposta Éelos
adcptos da anáIise estrutural, que se baseia na possibilidade de
apreender o conteúdo total da consciência através de uma estruturs
geral (Gcstalt). A descrição destas Êstruturas Miúowski denominou
"anáIise estrutural" e von Gebcattel, "consideração genético.cons-
trutiva". A intenção de Minkowski e de von Gebsattel é descobrir
o tralrstorno básico (trouble générateur, denomina-o Minkowski ) e,
a partir dele, descobrir os transtornos do paciente e todo o conteúdo
dc suo consciência.
A exploração fenourenológica, por exempto, mediante a aná-
lisc ectrufural e genéticoconstrutiva de um paciente melancólico.
descobre urn tra$torno básico da vivência do tempo: a atenção do
enfermo está concentrada apenas no pessado; o presente é vivido
como se estivesse detido, estancado, e o futuro é percebido "ble
qucsdo". Partindo deste nírcleo genético, são deduãdoe oc dquais
siatmas. Na esquizofrenia, por exemplo, o traostorno básico ---
scgundo Minkowski é a perda de contato vital com a realidade;
com uma metodologia - similar, von Gebsattel estudou a neurose
compulsiva e Strauss as. obsessões.
A tcrcmcnologia catcgorial iotenta reconstruir o mundo interior
doc enfermos através da análise de seu modo de experimentar certes

5l F,rtas palavrrt, omadrr do livro de Santayana, N|bgot cn cl l*túo,


foram rcproduzidar por Bcrt Keplan nr I màvçb dr cxcepcionrl obtt Tha hrur
ootU ol ne*l iü;ut, at qual rão tranrcritoe os relatos de enfermor mcntlir sobre
me enÍcrmidadc, a tcraÉutica, ctc. c qu. conctitui um doqrrmcnto ÍGc.ntc qur
podc prertrr um grendc ruxílio ror perquisadorer que adotem o método fenomeno-
l6gicr no rcntido dcacritivo que cxplicamoc. Â odição derc livro foi rcelizada por
Hepcr c Ror Publidrcn, dc Nova lorquc, cm 1964. Em cartelhano poruímor um
documcnto valioso ncrtr mcrmo sentido, z Aulobhgralía tlo wa qwblt&tito, Lc
Margerita Scchchaye, cditada por Peidóa.
A Pclqübo,nar Clênotae üo Hmcm ?g

catêgoriss: o espaçq o tempo, a causalidadg a matorialidade, etc.


Assin cmo a fcnomcnologia dc Jaspcrs sc apóie na id6a hriscr-
liana de descriçãg a fenomcuologia categorial io Uascla na inhrhão
câtegprial do autc das Mcdit@s Carresiarras. Miotwúi, Fichcr,
von Gebsattel e §trauss ocupar-se-ãq respectivarncatc, dc'estudoc
da fcnm:nologia do tÊ,mpo nos enfe,tmos nentais; o primciro estudo
nesta dircgão pertence a Minkoweki: Le Tcmps V&u.
, No psiqúatria tradicional investig,a-sc o situação do suicito cm
relação à percepção do t€mpo de formo múto simplcs, vcrificando
ry está or-rgntado temporalmente c c@o o pcrcebe. A invotigação
fenorrenológica, ao contrário, bascia-sc na análise e deecriçãó dos
divenos modos de .cxpcrimentá-lo subjcüvamentc. Noe estadoc dG-
pressivos, por exemplo, o transtorno fuodamental afeta a cxperiêocie
do tempo, como Be explicou anterim€ntc. Ests análisê úpico a
prévia distinção entÉ o "tempo pcssoal", a velocidode do tcmpo c
a estimativa conscie,ate ou incooscientc de sua duração.
Sustenta-se quc o qtempo'pcssoôI" é uma conetantg indivilual
que poreoe ser hereditáriq enqua[to que a estirnativa do tcmpo é
ym fe1ôme.n9 complexo que depcnde do metabolismo celular. Após
haver ingerido tiroxina (hormônio produzido pela glândula tiróide),
percebe-se
.a duração do tempo como mais piolongada do quc o é;
quardo se ingere quiniae esta duração parecc mais óurta. Finilmcntc,
-velocidado do tempo varia profundamente segundo o idade do su.
a
jeito. De Grecfóz, num cstudo sobrc a persoaaliáade do débil mcotat,
le99obriu estas difcrenças através da evolução e do crescimeoto, da
infância à velhice: a criança ds rrrn gae vive no prcsetrte; aos trêc
anoo, descobre: que há horas regulares no dia; Bos qua&o, ad$úÍt
g conceito de "hoje", e um ano depois o de . ontem; ç..nmnn-hl-;
aos oito anos,. a criança conta as sematras e perccbe cada uma dclas
cooo intcrmidável; aos quioze, c aé oo vintel adquirc e unidadc tcm-
poral "um mês"; o homem dc quarenta sros cotrta os anoe por décadas.
Em síntese, a velocidade do tempo parcce cresoer çom o-aumcnto da
idade do indiúduo.
Já se expücou como o tempo rctaÍds nos cstados depresoivos;
acrescente-se quo se acelera no sentirnento de alegria, feücidade
e eúoria. Entretantq sob a influêocia do ópio, ia eúcie,
o tempo retarda-se, ao invés de acelerar-se. Também"p"fu
se acclcra nos
maníacos. Na senilidade percebe-se o transcurso do tempo. nuito
acelerado, mas nos estadoa depressivos de velhice volta a retardar.
A percepção correntq do tempo é estruturada em presÊntc, prs-

.52 Vejr-se o tÍabalho citado de Ellenberger, p. t07


74 Os Métoilos Atuals ile Pesqulsa

sado e futuro; fenomenologicamente, o Presente é o "agora", o pas-


sado é "o que nos abandona- e o futuro é "aquelo para o qual nos di-
riglmos". O passado só é acessível através de nossa memória (e, p,m
conseqiiência" sujeito às distorções desta), o futuro, ao contrário, é a
região da previsão e dos projetos. Esta percepção das "etapas tempo'
rais" sofre distorções impoÍtrantes nos diversos estados patológicos.
Os maníacos e os depressivos peiceb€m o futuro como vazio
ou bloqueado; certos paranóicos "sentem" que o passado pode ser
modificado, inclusive que alguém o modificou a,rtificialmentp. As
situações existenciais qúe o homem experimenta podem variar sua
perccpção do tempo: José Solanes descreveu a incapacidade de ex-
perimcntar o futuro imediato nos indivíduos desocupados, 9!c {e
irl m.rito tempo atrás não podem conseguir trabalho. À perda do
scnsoperccptivo do, futuro se traduz na incapacidade para planejar
a vida; csta pcrda do pÍojeto eístencial desemboca na desesperança
e na incapacidade para descobrir o seotido da vida.
Minkowski dividiu o temPo nas seguintes etapas: 1) Passado
Ícmoto; 2) passado mediato; 3 ) passado imediato; 4) presente; 5 )
futuro imediato; 6) futuro mediato e 7) futuro remoto. Alguns
autores diüdem os indivíduos segundo sua percepçáo do tempo
-
c sobretudo tendo em conta sua orientação com respeito ao passado
e ao futuro sa pTsspsctlvos e rctrospectivos. Finalmente' o temPo
pessoal está - inserido no temPo cósmico; os esquizofrênicos, por
êxemplo, üvem mais em scu temPo pessoal que no tÊmPo do mundo,
e oe depressivos, mesmo quando percebem ambas as dimensóes tÊm-
poraig, setrtem que o temPo pe§soal tran§corre muito mais lentamente
que o tÊmpo cósmico.
Seguindo o mencionado estudo de Ellenberger, veremos agora
o sentido da investigação fenomenológrca do espaço de acordo com
a Eetodologia da anáIise cate.gorial. Anâlogamente ao que ocorre
cm a iavestigação fenomenológica do tempo em relação à explq
ração desta cãtegoria, realizada com a metodologia da psiquiatria
clàssica, também a investigação do espaço adquire uma hierarquia
distitrt4 através da fenomenologia categorial.
Alguns fenomenólogos têm descrito esPaço§ cinestésicos, táteis
e úsuaii; Binswanger define outras formas espaciais: "espaço his-
tórico", "espaço mítico", "espaço técnico", "espaço estético", etc.
Oestacamos, dL passa.gem, a importância esÉtica de uma investiga-
ção fenomenológica do espaço plástico, principalmente na pfurtuÍa
e tra escultura contemporâneas. Ellenberger, no estudo citado, inves-
tiga o espaço nas pinturas de Chagall ê em algumas expressôes do
cinerama tridimensional.
 Pcsqulsa nas CiênGiaE do llomern 76
Minkowski, poÍ sua parte, distingre um espaço claro, tm es-
PW esaro e o espaço lwtinoso dos místicos. O espaço místico _
gbryglmente descrito pelos próprios místicos, poi sua traturêza
incfável apresenta características surpreendentes: a .tonsciência
ósmica" - (também descrita pelos místicos orientais), na qual se
fu{* ütpralmente o sujeito e o objeto, e uma úrie de noías que
conÍiguram uma verdadeira cdincidentia oppositorum. por exempio,
a pcrcepção de um espaço no qual a distância e a medida ião
transcendidas porque espaços imensos estão contidos em espaço§
plgyenos; a visão do universo como um êspaço ao mosmo úmpo
chcio e vaziq inundado por uma luz ofuscante.
A patologa metrtal se reflete da mesma forma ua fenmeno-
logra do espaço, que E resenta distorções de maoeira srrnclhatrte
à que se tem verificado nas experiências com s 6esçalins. IVlin-
komki dcfiniu a hipcrsimetria e o geometrismo mórbido dos asqui-
zofrênicos e a pcrcepção patológica do uma .,quaÍta dimersãd', onde
estão localizados invisíveis obnervadores (perseguidores) do enfermo
quc, além do mais, lhc falam.
A catcgoria causalidade tem sido explorada fenomenologica-
Ecnte tro campo psiqúátrico: o aelanóüco é determinista ã sc
satc cottdictondo por um passado que ele aão pode modificar nem
abandonar; o maníaco, pelo contrário, é indeterminista c, como yivc
num mnndo pr_óprlo marcado pela irresponsabilidade, tudo lhe pareco
ocorrcr pelo simples acaso; finalmente, os paranóicos interpretam
9s.
fatos contin- çntes como atos inteacionais de certas pcssoai (de-
lírio persecutório).
Avolbçõo crítico do inveÍigoçõo Íenomenológico

. fácil infcrir que, por suas caracteÍísticas e também poÍ sua


É,-
pÍojqío ne psiquiatria, que acabamos de explicar, o métodb feno-
menológico vem a sêr mais adequado para a pesquisa nr< ciências
huoanas que nas ciências fáticai. por- out.o tado, por pouco que

-pense
eE qug os dois problemas cruciais da psicologia e da ão
ciologia são os de elaborar as respectivas teorias ão hoÀem que ú-
vam de base a suas inúerprctações, advertetse para a importâicia de
contaÍ com um procedimento de aceso ao iodivíduo omo o que
oferece o método fenomenológico.
Uma das técnicas mais fecundas da psicometria contêEporâtres
é a de Rorschach; entretanto, tropeça no irremediável ofutácúo
de qrre, ao não haver constituído previamente uma teoria da pcno-
qalid{e, deve apoiar-se na que está implÍcita, por exemplo, na
doutrina psicanalítica. A antropologia freudiana ioi proposta com
76 ()a Métodc Atuab dc Pcsqulsr

preteBões cietrtificas, m8s, coúlo o demonstraÍam os autoÍc§ a que


D6 Ícferimos ao mtar da investigação psicanútica, não foi lcgiti.
mada cientificamente.
A situação da sociologia cootemporânea aão é menos itrcô-
moda a estc respcito, já que, ao tcntar constituir-sc em bases estri:
tsncnt€ cigntíficas, tsopouco conta cm ums teoria do indiúduo,
chcgaado ao absuÍdo dc aspirar a alcançá-la por um caminho indu-
tivq dêpreciando os graves problemas do princípio dc induçãq ainda
ccm solução satisfatória nas ciências fáticas, cuja PÍetensão ao rigor
ciertÍfico está muito. mais justificada que a da sociologia.
O problema crucial destas ciências do homem pode ser reduzido
ao que Stephan Strasscr chamou o dilcnu *ttropológicoto: como
podc uma pessoa fazer do ho, mem, cmo inüvfluo, um objeto dê
investigação empÍrica? O pciólogo que buscl a caractcrização da
conduta humana configura, ole próprio, certo comportameoto' e o
sociólogo quê itrteila _descobrir as caracteríeticas dos grupos hu'
maaos não-está à marlem das situaçõd sociais que quer investigar
objctivamente.
Por outro lado, o ser humano é sensível aos Yalores, elabora
proiotoo de vida c sente-se atraído por certoc fios. Não parece fácil
alcáDgar uu conhecimento obicrtvo de um ser mutávcl, cfêmcro,
soücitado por uE mundo de valces que nÃo se pode medir e
muitrs vezes ncnr sqluer cmpaÍaÍ perturbado pc -
motiva@es
-, A atitude cicnÚica tende a
obccuras e por iaclinaçõcs proopecüvas.
garantir o dualidade entre o observador e o obcetrado, asseguraodo
a extcrioridadc do sujcito cm relação'ao objeto invcsügado. Por isso,
os cfiiportmenüstas acreditaram eocontrer na observação do com-
portarnento do hdcm un caminho seguro pars cstudá-lo. Eor seu
livro sobro a psicologte considerada do ponto de vista do comporta-
mcnto (cs6ito cm l9l9), Watson afirmava quc estudava o o,itt al
.hutgtto que tiúo diante de si, obscwaodo suss reações c@to se
foecm as dc uma Íatszstrs, um gato ou uma .aneba. Watson, cooto
mútc pcsgpisadores contcmporâne.c da psicologia, via na fÍsica
a ciêocia idcal paro cstudaÍ o homem.
- fecuqdoo quando se ana-
O mêodo ãpedncntal da fieica inclusive emprego dc cer-
to0 nccanigaos operatórioo mosua-Be
- quando o "objcto'' é um homeu, a
lirern oUçúoe inaoimados, mas,
rcfuÃo iujcitoobjcto aprcscnta caractcúticas cdnplctamcntG trovas.
A objcüvidadc dc cieods do hmctn é uma objctividade dilqen c. 6

53 Srrrrrn, Str:ph:l., Phcsarcaology aul tlrr l*tto;. sicrcet, l,orvrrita.


fdition E, Nrurchcrts, 1963, p. 7,
 Pcsqul$ nas Ciêlrclas do llomcm n
scres hum!_nos não sfu "gbjetos". c suâs atitudes aão são aimplcc
"rca@s". Ern sÍatese, a relação básica, ncstc casq úo é dc .rujoito-
objeúo", mas de'sujeito.sujeito".
Buytêndijkó. chanou errconÍro a esta relaçío sujcito a sujdto,
postulando 'm cstudo do homem a partir de uma conôepçao ontOC
glca qu€ supcÍe essa cisão entre o údivÍduo e o muado,
hoo tA
como dizia Binswangcr -
o "câncer da psicologia,'. Eo um rcottdo
- cm seu livro sobre arpmoçõcs: "Sc qpcrt-
anlilqgo expressara-se Sartre
mos fundamentar uma psicologia, scrá necessário que nos rcmontcrtrG
a um nível mais alto que o psíquico, mais alto rüde qüê a aituaçlo
do homem no mundo, até a origem do homem, do mundo c do pcÊ
quico".
fenomenologia psiqúátrica é uma supcração do poeitivirno
- -.4
médico que coaduziu à coisificação do homcÀ. A conccpçto de uo
saber médico baseado na observação e na experiência e &Frizado
racionalmcnte conduziu à autonomia da medicina; mrs, à: mcdida
que.se constitúa como ciência, deixava de ser a,rê. A" modicioa po-
sitivista concebia o hmem como um aaimal cmplicado c rclcgivr
ao teólogo orr ao metafísico o estudo da alma. púa que curgisL a
F$r$31.l.sicoosomática foi neceisário partir dc uma antrt'otogis
psicobiológicâ, o que supõe a uddade Eubstsncial do som; e ãa
psique. O homem não é nem corpo ncm almâ, nem .tenpouco a
soma de ambos, mas uma unidadc indiviívcl que cc rcüctc cm
?s_pectos
psicoesmáticos. O grandc mérito da peicotogia profunda
foi-a passagem -de uma psicologie racional uilip;slrrlt uda pcico- í
logia bipcssml
Mas o homem não está só, faz partc de diferenteg grupos, nG
quais desempcnha, ppéis determinadoe: a famÍtia, o traúhq o cc.
tgdo, 9 esportc. Entrc os itrtegr8ntes dc um grupo hlí uma cm-
pleta inüoraçâo; sobrctudo, manifesta-se u-a reclidrdc difcrcate da
quc aprescota a situação bipcssoal. Desse modo trBsoeu a pgrcologa
de grupos ou psicololia social, que aprcsente uma dircção poicoÍO
gica o outra social. A psicologia industrial, a aoáIfuê motivacioal
ê as relaçõcs humanas são uma microssociologia de inteoção social,
:o passo- quc a-.psicotcrapia dc grupo é a microssociologia do psiaê
logo.e do mflico. A primcira procuÍs coúeccr o computancato
coletivo através do estudo de grupos Íeprcseatativos; a segtnda pcs-
quisa pe4ucnos grupos em benefício de um conhccimertó do údi;
úduo.

5{^ Bnrruru;r, f, J. J., Phéaonénologic do h rcncatro, Dcrléc rtc Bmu.


re , 1952.
?8 Os Métodos Atuais de Pesquisa

Szasz e Hollander escreveram três "modelos" básicos da relação


médicopacientc: 1) atiüdade-passividade, em que o médico trata
do enfermo sem contar com sua cooperação; 2) guia-cooperação,
quando ambos são ativos, mas o médico ordena e o enfermo coope-
ra cumprindo as hstruçõe.s, e 3) participação mútua entre o médico
e o paciente, quatrdo ambos atuam baseados em uma compreensão
recíproca, Estcs três modos de relação corresponderiam segundo
os citados auto(es - e pai-
às relações pai-criança, pai-adolescente
- A relação sujeito a sujeito, ou encontro, só
adulto, respectivamente.
se pde apresentar na terceira forma das relações explicadas, como
Yêremüt.

Antes de analisar este importante conceito de Buytendijk, cabe


rma pergiunta: em que se funda o condicionamento social dos trans-
tornos mentais que deu origem à psicossociologia médica? A resposta
foi proposta por Van den Berg, um brilhante discÍpulo de Buyten-
dijk e Binswanger, o qual afirma que os fatores que neurotizam o
hmem são de origem social e que, por isso, em vez de chamá-la
t'[euro6e", dever-se-ia denominá-la "sociose"56, iá que a enfer-
midade é produzida pela própria sociedade. Esta importante dis-
tinção abre uma nova pergunta: qual deve ser, então, a finalidade da
psicoterapia?

Erich Fromm gue não foi em vão discípulo de Buber


- de adaptação da mcdicitu da abrt'a, A psico
diíingue a tuopêutica -
tüapia dc adaptação tal como a pratica a maior parte dos psico
tcrapeutas -
tem a finaüdade de conseguir que o enfermo se adtpc
-
eos grupos que integra, isto é, que se conduza como a maioria das
pessoas de scu meio cultural. Mas o que significa adaptar-se? Nada
oais nada menos que transformar o mal que sofre o enfermo enr
nm mal análogo ao que a sociedadg da qual iaz parte, Padece6s'
A mcdicina {s rlm6, oo contráÍio, implica uma ética e até uma
6stEffsiçss o Eédico da alma não busce a adaptação do paciente a
Bcu mcio; investiga quais são as leis imutáveis da criatura humana,
cm um úvel moral e espiritual, e até que potrto foram wlneradas

55 Vex orx Brrc, J. H., Motablética, Buenos Aires, Edicionce Cerlqs Lohlé,
l%3, p. ll9J90.
56 §alinçr, o trlcntoso autor dc .El cotailor oc'ulto, dhcorrc grzciormentc
aórc a pticotcÍrpia cm um livro rcccntc, Fru*wy 9 Zooay, conclündo quc todo
mirtérir coorirtc cm rccdapter r panoe àr dclíciac rh tclevirÍo, do ecmrnário trrla,
drr virçu pch Europr 1 da bombe dc hidrogênio, 'cntrê ouras coisas muito
normrir".

rr.i
A Pcsquisa nas Clênctas do Hemen 79

ou esquccidas. Registremos o sugestivo fato de que o conceito de


medicino da alma pertence a PlatãoÉ7.

Volor inrtrumentol do noçõo da encontlo

De acordo com Buytendijk e Strasser, podemos definir a noção.


de encontro,codlo a comunicação de pessoas entre si em uma si-
tuação significativa para ambas, Um antecedente esquecido ou talvez
simplesmentc igtorado é a descoberta do concerto de encontro por
L L. Moreno durante a Primeira Guerra Mundial. É importante des-
tacáJq porque o sociodrama teve sua origem na idéia de um "en-
contro face a face" como diz Morenoso e as tecnicas psico
-
e sociod,ramáticas provaram -, no terreno da pes-
sua validez, tÊnto
qúsa como no da terapêutica.
Moreno que desenvolve seu trabalho a partir da psicanálise
- à margem da fenomenologia publicou em 1971
freudiana, porfoi
um üwo que intitulon Convite ao eroontro: - etrcontro sigpifica .
algo mais vivo e real que a expressão "relação interpessoal", porque
quer expressar que duas pêssoas se engqú ün para viver e experi-
mentaÍ-se mutuamente, com toda sua 'força e sua debilidado, cotrs-
cientes de seus objetivos comuns. Apenas as pessoas que se €ncoÍr-
tram mutuametrte formam um grupo natwal, uma sociedade real
de seres humanos, isto é,, de pessoas. A situação psicodramática
como a chamará mais tarde Moreno supera a situação psbenn- -,
lítica. Ncsta, a relaçiio sc desenvolve -96 rrm só se,ntido, isto é, na
,

mcdida do paciente; aquela, por outro lado, é um encontro entrc


duas pessoas, Vejamos agqe a utilização da noção de encontro na
psicologia existcncial.
Enbora o e contÍo suponha uma relação recíprocq reciproci-
dade não significa necessariamente simetria. Se uma pessoa decide
buscar um rmlgo, o encontro, deúdo à reciprocidade da amizade
e do afetq é significativo para ambos, mas, para quem o promoveu,
possui um sigpificado adicional que ronpe a simetria da comuni-
cação. Pode-se, inclusive, falar da possibilidade do enconEo ildirao,
com pessoas que já não existem, através de suas obras,
A'coexistência não é a comprovação de várias existências dadas.
simultaneamertç em um intervalo espaçotemporal. Ao contrário,
coexistii é uma situação originária onde o con não é agreggdo: é a

.57 Sobrc m rclaç6o cntre a ÍilosoÍir platônicr c a mcdicine grcgr, veje-rc


'Le paideia médica".
nz Ptúláa dc W.,Jeq€Í o capÍtulo intitulado
' 58 Morrxo, l, L., Ptbodrona, Bucnos Âira, .Ediciona Hormé, l9í1, p. 336-
80 Os Métodos Atuals de Pesquisa

condição básica dos existentes. O con ê anterior. e não subseqüente,


é um dado inicial.
O sentido da coexistência é a solidariedode, que, para Min-
kowski, é uma noção mais adequada que a reciprociaáOe (ã qual nos
referimos anterionnente) por ser mais protunda e original. Em sín-
tese, existência autêntica é coexistência e coexistência é solidarie-
dade.
Pelo fato de viver em sociedade, todos pertencemos a diferentes
grupos e, em conseqüência, desempenhamos papéis distintos: empre-
gadq chefe, pstudante, professor, irmão, eÍc. O desempenho dos
papéis nos impõe formas rituais que sc traduzem em palavras, gestos
e atitudes corporais e psíquicas mais ou menos cotrvencionais. Se
analisamos mais profundamente o desempenho dos papéis na inter-
relação humana, coÍnprovamos quc âs respectivas situações podem
ser vividas em diversos níveis de profundidade, isto é, com maior
ou menor autenticidade. Chegamos assim À idéia de que tra inter-
relação humana se realizam encontros entre as pessoas e que cstes
encontros, da mais variada natureza, podem ser autênticos e inautên-
ticos.
Merleau Ponty dizia que "o comportamento e as palavras do
outro não são o outro". No encontro aparenúe, acreditamos conhccer
o homem porque o definimos através de seus atos ou baseandefros
no que ele possa dizer-nos de si mesmo. Este não é um encontro
rcal; há nele uma presença inautêntica que é, na realidade, ausência.
Reciprocamente, uma pessoa fisicamente ausente pode estar pre-
setrt€, se há um encontro autêntico.
No encontro autêntico, o homem está pres€nte em sua essência,
quc é sua cxistência, e a autenticidade do encontro se manifesta no
olhar, ao .gesto, tra mímica, no sorriso e até no silêncio. A comuni-
cação ou a não comunicação das pessoas dcpende de que haja ou
não cncontro real entre elas.
A presença física é uma condição necessária, mas não suficiente
do enconko. Duas crianças que briacam sob a vigilância de um
preceptG podem parúcipar de um encontro inautêntico, enquatrto
que essas duas mesmas crianças, trocando pontapés sob a meia na
qual preparam seus deveres, participam de um encontro Íeal.
Cmo duas pooições extremas de encontro autêntico ou inau-
têoticq podcm-se mencionar o encontro solene e o encontro amo-
Ío3o, rcspcctivametrtc. A solenidade nas r_elações humanas traduz-
sc em convcncionalismo, artifício, afastampnto ritual. O encontro
amoroeo é, por sua vez, ted.
As fotmas de relação cntre os BexoÊ expressam encontroe reais
ou aparentes. Por exemplo, a relação puramente sexual é, na rea-
 Pcsqufsa nas Oênclag do llomom gl
lidadc, cncotro iaautêntico, Apenas há encontro real no amor.
Cmpreende-se, assim, a fenomenologia do amor como umú c(mu-
nidade dialógica por um encootro aútêntico.
Na noção dc cncontro adverte-se a influência de Buber c de
Binswanger.
!o_ay_q Binswanger, discípulo de Bleuler, Frcud e pos-
§jg**-tg Heidcggel é o oiador, juntamente com o já ciiado
d3
Mtrtowski, da psiqúatria exisrcncial. sêgundo Binswanger, a pes-
coo muda segundo u modos de sua existência, que pcdle *r dual,
plu{ skgula, e aaôninu.
A cxistência anônima é q modo de viver do indivíduo imcrso
na coletividadg confundido no anonimato da massa. O soldado que
Eata, na guerra, uE homem a quem não conhece vivc esse modo
dc cxirtência anôEima. Algumas pcsltoos buscnm este existir inau-
têotico como. uma üa de escape ao conflito que supõe iwet com
os outf,os hmens. É o que Heidegger dcnominou o ú*|, (Man).
.A exist&rcia siagular signiÍica viver por e para si mesmo: é
a relação de um honem consigo mc$nq relação que irclui a que
se mantém com o próprio corpo. As duas situações extremas da
Gxistêrcia singúaÍ siio o auüsmo csquizoftàrico (patologia) e a
solidão fccunda do gênio.
A existência plural é o campo da cq,m.petência c a luta com os
demais, en re os demais. Uma maneira de cscapar à existência ptural
pode' scr o atronimato.
A existência dual corresponde ao que descrcvemos antcrior-
mente como encontro. A forma de existir dual manifesta-se de várias
manciras: o enoonEo mãe-filho, irmão-irmã, esposocsposa, etc. Me.
dard Bossõo utiliza o conceito de modos de exlstência para analisar
o- €strutura das rela@s matrimoniais. Assim, por exemplo, o ma-
trimônio aormal se baseia na existência dual; ô modo ãingular ou
o plual ambos tão correntes em nosso tempo são algumas de
-
suas degradaçfes. -
inswan.çr sofreu a inÍluência do filósofo Martín Buber, a que
é- mais parcntc eE srn dcfinição da existência dual.
B.

Segunáo áte
fil&oÍo1 as relações humanas se expressam através de ditas .,pala-
rnas primordiais'], gue são: 1) 'eu+le' e 2) .,eu-tu',. A primeira
refere-se ao modo objetivo de relação com o mundo das cóisas, da
expcriência material. Quando um Íísico observa um fenômeno da
naturoza, estsbdeceu com ele uma relação cu+lc. Mas também

59- Priquiatn crirtcnciel, apênar !c conhccc cm castclheno um livro dcrtc


tttol. hboo*tl is y= adltico c*tcackd, publicedo ne Ecpeúr pele cditori Cicn-
tÍÍico.médice. cm 1958.
82 Os Métodos Atualt dc Pcsqdsa
pode-se dar esta forma dc existêucia em outÍas intcr-relações hu-
manas, como a do mcdico-paciente. Quando um médico cmsideÍa
o paciente "uD. caso" (uma simples "ficha " ) , mesmo quando o
estuda conr o máximo rigor científico, na realidâde coisificou-o,
porque estabeleoeu com ele uma relação eu-ele.
A palavra primordial eu-tu reflete a autêntica relação humana
cxistcncial. O modo dc existir traduzido pela palavra primordial cu-
tu é basicamente uma relação de amor e correspoade ao que Buy-
tendijk chama encontro autêntico. Buber sustenta que a veldadeira
dimensão humana apenas existe autenticamente na relação eu-tu'
que é, ao mesmo tempo, a condição essencial do diálogo. Por i19o,
p-ara Buber, a essência da pessoa se dá somente na §ituação de üá-
togo, que de acordo com Buytendijk é a expressão do encon-
tro -
autêntico. -
Através do conceiio instrumental de encontro, Penetramos na
nova dimensão da fenomenologia psiquiátrica: a a[álise existencial
ou antÍopologia médica ontoanalítica. Tanto uma como outra foÍma
de psiqu'iairiã empÍega o método fcnomenológico, Eas podefu-§,e
assinalar algumas diferenças entre ambas. A fenomenologia ciÍcun§-
crcve-se à ãescrição e compreensão da consciência; a análise cxis-
tcncial dirige-se à própria éxistência. Da mesma forma que a pri-
meira insiste em registrar a unidade do oundo individual, a seguldÀ
destaca os diversos modos de.existêncie, que podcm inclusive cntrar
cm conflito entre si.
A rNrctAçÂo NA rNvEsTrGAçÃO FTLOSóFICA

O prestígio atual do trabalho de pesqúsa e o uso desmedido


do vocábulo no âmbito universitário e fora dele (inclusive no jor-
nalismo e através de outros meios de comunicação de massa) ienr
levadq explícita ou implicitamente, a formas ambíguas de trabalho
universitário que conduzem, em definitivg, à progressiva deteriora-
ção da verdadeira pesquisa. Estas considerações poderiam estender-
se à hvestigação científica em geÍal e, em certa mcdida, a tomos
levado em conta ao longo dpste livro- mas nosso objetivg nêste
momento, é circunscrever-nos ao problema-, da investigação no campo
da filosofia.
Deve-se começar por distinguir três níveis: a) a formação de
pesquisadores; b) a iniciação na investigação e c) a investigação em
sentido estrito. Os seminários de filosofia, por exemplo, têm por
finúdade essencial a preparação dos estudantes para futuÍas tarefas
de investigação. Por isso, esses professores que conv@r'n os jovem
"para pesquisar" enganam os alunos (e se enganam a si próprios). Por
outro ladq os serninários são úteis e cumprem sua razão de sér quando
exprcitaür os alunos no uso correto dos instrumentos necessáric
para a investigação filosófica: obras de referência, fontes, dicioaá-
rios e enciclopédias, léxicos gerais e especiais. Neles deve-se aprender
também a organizar interior e exteriormente um escÍito (ensaio,
liwo, tese, artigo) e iniciar-se na redação, na análise semântica dos
escÍitos filosóficos e na crítica objetiva e rigorosa.
Entre os perigos que espreitam esta forma de trabalho univer-
sitário registraremos dois dos mais freqüentes: a conversão do se-
minário em uma aula magistral, corn pouca ou neúuma partici-
&t Oa Métodm Atustr de Pocqutn
pação do alunos, e a deformação do trabalho de estudo, transfor-
mado em eútica pe.dantc ou em dialética superficial.
Como a finalidade dcste capítulo é a iniciação na invesügação
tiloeóÍica, deixá-la+mos para o final, tratando agora da investigação
filoaófica em sentido estrito, Este tipo de investigação comprccnde
dois plaoos: a criação original c os cstudos de história da filosofia.
O Írabalho original, que constitui o sentido e L tuL6o de ser da
frloofia, traduz-sê tâs grandes obras filosóficas. Uma larga tra-
dição ocidental tem defrcciado a filosofia não escrita, isto é, o ensino
oral; todavia, os grandgs mestres da metafísica oriental ceotraram
seus ensinamentos na tradição oral, e, inclusive no Ocidentc, co
nhecemos alguns representantcs desta forma de filosofar: Pitágoras
e Sócrates.
O filósofo original 'traduz', em uma linguagem que em muitos
casos lhe é própria, seu conhecimento de uma realidade quase sêmpre
inefável e única. O grau de lcgitimidade dc scu conhecer depende
da "agudeza" e da "peoetração" dc sua "visêo", e a cocrência e
o rigor de sua linguagem estão condicionados por sua capacidadc
para "traduzir" o que viu ou acreditou vêr. Isto explica as dife'
rentes formas que a linguagem dos filósofos originais assume: o
poema, a autobiografia, o tratado cientíÍico, a descrição fenomeno-
lógic4 o relato simbóüco e o uso das analogias, alegorias e metáforas.
Patmênides, Xenófanes p Empédoclcs escreveraü pocmas e a maior
partc dos textos de metafísica oriental também foram escritos em ver-
sos. Todavia, tanto (x hexâmetros gregos de Parmênides como os
hinos do Rig Veda ou as estâncias do TaeTe-King têm uma iutenção
nEtafísica antes que estética.
A obra de filosofia original está escriüa, portanto, em uma lin-
guagem também original, mesmo quando seja possÍvel assinalar um
uso gencralizado da linguagcrn corrente cm função técnica e do voca-
bulário filosófico canônico, Para usar exprcssõcs da semântica filo'
sófica contemporânca, diremos que a linguagem do filósofo é uma
lingutgem de objeto, enquanto que a linguagem do historiadoÍ de
filosofia ê ruma metalingutgem, isüo é, uma linguagem sobÍe outra
linguagem. As peculiaridades das respectivas linguagens de objeto
dos filósofos jusúficam a existência de léxicos especiais. Por exem-
plo, para a fitosofia antiga, o l*xique dc la langue philosophiqu et
rcligicuse de Platon, de Edouard des Places (Paris, Les Belles l.cttrcs,
I9ó4); para filoeofia mediwal, o Diaionuy of scholastic philwphy,
do Beraard Wucllner (Bruce, 1956); para filosofia Eoderoa, o EIr-
geLlaxtkon, de H. Glockener, qm 4 yolumes, apêtrdice à sua cdiçáo
drs obras complctas (Stuttgart); para filosofie contemporâlca, o
A Inlclr@ na Investigação Fücófrca 85

Index zu Heideggers "Scin und Zeit", de Hildegard Fieck (Nie-


m€ypr, Tubinga, 196l ;0e..
O problema se compüca ainda mais quando se trata de pensa-
dorrs orientais, sobretudo quando traduzidos em línguas modernas,
pela diferença essencial existente entre pstas e as lÍnguas sagrdas
an mdattstcas originais. Na realidade, toda tradução de um texto
oúntal exigc o conhecimento da doutrina que o inforrra e somente
pode scr realizada através de uma versão com notas expücativas.
A criação filooófica co'trlo a invenção oq a descobcrta cien-
tífica -
não obedece a fórmulas nem reqeitas: é um fato misterioso
que se- dá em oertos horrens privilegiados. Os pesquisadores de um
segundo nívcl, isno é, os historiadores da filosoÍia, devem considerar
muito cuidadoaancDte as caf,acterísticas da obra de filosofia original
para melho cumprir sêu encaÍgo. Inclusive, a tarefa do historiador
$-m*of! devc sêr precedida por um penoso trabalho de estahe-
hcirn nlo do texto.

Eúcbcloclmorto o cdlg6c doo


tutoc ílloeóÍlccr
Porrc $tudanteE conhccem o árduo e proloagado trabclho
que, através dc grrações de estudiosos, conduz ao estabelecimento
de um texto filosófico, É certo que as dificuldades são maiores
quando se trata dc fil6sofos da antiguidade, mas .-mbén as obras
,tl autores mais próximos de nós, inclusive as dr alguns contempon
râtrÊo§, rpresetrtom problemas difíceis de resolver. Em priméiro
lugar trabalham os palógrafoc, filólogos e codiólogos; granãe parte
dos textos que chegaram até rús sobretudo a Fragmentos dc
pr&cocráticos - dos doxógrafos. Suas recopi-
deys-se ao trabalho
- cxtÍeídos de obras perdidas são o base dos és-
laçõcs de t€xtos
tud6 tendêntes ao pstabelecimento científico do texto respectivo.
Um simples erro de poltuação podc mudar fundamentalmente
o significado dc um frapento de Heráclito, como já o salietrtava
Aristóteles. Mp, n9r outro lado, desde Platão até Heidegger; pas-
gndo por Aristórclcs, os neoptatônicos, os gn6sticos e os paiJ da
lgreja, cada urn leu Heráclito à sua maneira. p. 14. glrrtrFc» mss-

-59a Uma-cnumeração muito útil de léxicos especiais de filósofos pode rer vista
!T tlcn.y f. Korcn, Rcrcarch in philatophS,, Loviina, Duquesnc Universiry priss,
1966, p. 98-102.
59b Lq techaiqua du philarcphe c, tct ilqtctut dc traoüil, no tomo XIX:
Philorcfhic-Ralight dc la Ercyclapédic Fruaçcitc, paris, Larousie, 1957, p, 19-
20-21 c segs.
86 ()s Métodos Atuais ile Pcsquisa

trou corno difercnúes hitwas i:s primeiras palavras do fragmento


63 do "obscuro de Éfeso'' dcscmbocaram em difereotes intÊrpreta-
gõcs. Heráclito t€rie susteDtado a existência de Deus, spguodo alguns;
dG "um Deus", scgundo outros; ou de "nenhum D.eus", sc aceitamq
uma terceira hterpretação.
Dos 150 manuscritos dos Diálogos platônicos gue chcgaram
at6 aós agrupados em três pelos eruditos, apenas 12 são
anteriorcs ao século :uu. EstÉs maouscritos são obras de copistas
quc, em mútos casos, tinham apenas u[ra vaga idéia do sentido da
obro c cmetia[r pÍros, devido à incompreensão e mesmo à dis-
trasáo.
As obras de Platão, por cxemplo, foram üaoscritas em rolos
de papirq múto difíceis de ler (apesar de serem destinados à
lcitrua pública), devido a faltas de acentuaçáo, de separaçâo entre
as palavras p à caÍência de sinais de ponhiação. Schuhl explicou
(ver obro citada) como esta falta de separação entrê as palavras
gcra problemas insohiveis: apesar de poosuir dois manuscritos do
texto da República, não podemos estabplecer univocamente quais
são as relações cntre o ser e o conhecer (de acordo com as diferen-
tcs leituras da mesma passagem já célebre do üvro VI),
Posteriormente, os rolos de -
papiro, de tão-difícil leitura, foram
rubctituídos por códices de pcrmminho e, em conseqüência, foi
nccessário transcrevpr o tcxto. Mas, como oa pergaminhos eram
muito caros, às vezes apagava-se rm texto e escrevia-se outro sobre
ele; a esses manuscritos dá-se o nome de palimpsestos Schuhl, na
obra citada (quc cootém, além disso, uma bibüogra. completa
aoürc os problemas do estabelecimento, da transmissão . la edição
do textos filoúÍicos ), faz refcrência a um frarment o do Pomênides
dcsentranhado de um pelimpscsto mediante reagentes químicos.
De inestimável valor sempÍp que se mantenha dentro de
scus justos limites - filológica, que examina as diversas
é a crítica
formas dos tpxtos,-suas variantes e inclusive os escóüos que acom-
panham os manuscritos. Ainda que os riscos do filologismo já tenharn
sido destacados por Nietzsche (que era um frlólogq além de filó-
sofo) e, mais recentemetrte, por Heidegger, dpve-se admitir o ad-
mirável trabalho de rrm Ztircher, por exemplo, con Íespeito ao esta-
belecimento, pelo método filológico, da verddeira obra aristotélica.
Na edição de textos modernos, também se apresenta o pro-
blema do estabelecimento dpfinitivo dos textos, e como bem o
destaca Schuhl ediçóes como a de Descartes, de - Adam e Tan-
- em abundância, por certo. Henri Gouhier, por
nery não existe.m
exemplo, assinalou um gÍave erro de leitura devido a A. de la
Valette Mombrun em sua edição do Diário de Maine de Biran:
A Iniciação na Investigaçâo Filos{ôÍica 8?

referindose ao ser superior, fá-lo dizer a Maine de Biran que estÊ


"põc todas as vontades em harmonia com a Ciência" quando, na
realidade, havia dito "com a sud',
Cm relação à obra de Nietzsche, Roos destacou que a maioria
das edi@es baseadas em documentação da irmã do filósofo esÉ
prejudicada por coÍtes e deformações sem número. Por isso, em
algurs países tem-se empre.endido a tarefa de reunir as publicações
de seus filósofos etn tm corpus único que assegure a fidelidade e a
correção científica dos rcspectivos textos (por exanplo, na França.
para os filósofos franceses).

Gomo inicior-rc no invertigoçõo Íilolóíico

Um procedimento adequado para iniciar-se na investigação fi-


losófica é a oreparação de monoEafias e teses de grau, como as
que se realizam em nossas Faculdades de FilosôÍá. semelhantes às
que sc elaboram nos institutos superiores de humanidades de outros
país€s MúIti as são as questões que podem dar a uma tese;
dcsde um tema , uma outr rna ou um
a mm o nao te, apesar de suas grandes vantagens,
dãEtroauzir-se na investigação é a preparação de traduções otticas
de obras tilasóficas.
Antes de mais nada, deve-se hierarquizar o trabalho dos tra-
dutores, que tem sido e é realizado inclusive por grandes filósofos,
mas, além disso, é_ estimável a trad ão dotada do a ato
que converte a tarefa do tr utor em um importante trabalho de
investigação útil para si e, por certo, para a comunidade universitária.
Para uma ao se a aceita como um trabalho de invesü-
gação, deve-se modelar em uma ção a que rmp lca : esta
texto, ln e rqr es to
do@-ãêm-ãi§ío, a verificação das
citações, bem cúto, quando possível, a determinação das riotas
anônimas.
As notas devem cobrir um am o campo: semântica- isto é.
esclarecimen e concer tos obscuramen tp ex o autoÍ ;@
ontes e as e atua-
lizaqáo e p do nsamento do au tor. Corn res peito biblie
a-eest as const erações podem ser estendidas, mltatis mu-
tandis, a todo trabalho de investigação não se de erà
tsn ão de biblio laS -,do onto de vista an-
tas
Citati*, Tampouco se.deve entender a atualizajão bibliográfica néise
mesmo sentido; um re o de lodas as bre
aparecidas nos timos anos é rt te impossível É de se pensar
_"ç

88 Os Métodos Atuais de pesquisa

o que sigr-ific4 no- campo da bibliografia filosófica, uma produçEc


anual de E 0O0 volumes aproximadamcnte. E se considerÃrmos - os
estudos reali2ados sobre filósofos como Platão, Descartes, Kant e
outro§, encoÀtraremos milhares de trabalhos sobre cada um deles. Não
/ apenas não seria suficiente o tempo dedicado à investigação em
( gucstão para recorrer a todos esses livros, como tampouco bastaria
I o período de toda uma existência humana.
tes de se com uma bibliografia, deve-se pensar com qus
finalidade se a p repara or rsso, eve-se com
diversos tipos de bibl fias vet§ e, ,va qqs _plglgqde
ulr os os tra sobre o tema tr o §eletiva, oue
ula nas certas o as es almente escolhidas irurodut ória
ou gaal; crít ica, na qual se sa sinteticamente
(, úídas
O estudo preliminar deve expor as tbntes do autor, a estrutura
e o desenvolvimento de seu pensanrento, Íealizar uma análise crítica
da doutrina e considerar suas aplicações e projeções possíveis na
atualidadeso".

O tcmo do invertlgoçõo
Já nos referimos, em outra parte desta obra, ao problema me-
todológico da escolha do tema dé pesquisa; agora tratarpmos espe-
ciÍicamente da questão do tema de um estudo Íilosófico. Se a escolha
recaiu sobre um autor, uma condição prévia e sirv qua non é o
conhecimento da língua original do filósofo que se quer cstudar. Por
indívpl ler em grego para invostigar sobre Platão;
aest eggeÍ; em rn , para I so
e Russell. Não ocsre o mesmo quando se trata de
pstudar certas doutrinas ou problemas determinados dentro da filo-
sofia. É evidente, que ninguém poderia realiztr uma investigação no
campo-ifá-h'i§íóiía e da filosofia do budismo, do islamismo é do tao-
ísmo sem o conhecimento do sânscrito e do pali, do árabe e do persa,
e do chinês. Todavia, é possível trabalhar em história comparada das
reügiões sem possuir o domínio das respectivas línguas orientais,
pela simples Íazáo de que o estudo comparado baseia-se nos textc
já elaborados por especialistas. Um estudioso como Mircea Eliade,

59c Como um simples exemplo da realização de um trabalho de investigaçio


baeedo ne tradução e cdição crítice de um cláesico de lógice simbótica, veja-se
Â. Ârti Vera, Geotgc Bah, frêcuto? dc lo lógil,, inb6lho, Bucnor Âires, Dc-
parftrm€nto de Fihrofía de la Paculdad de Filosofír y Letras, 1968.
-ltil+.''-*

A Intctaçâo na Investigação l'ilosófica 8g

por exemplq não necessita de um conhpcimento especial de língras


orientais para trabalhar em àistória c@rparada das religiões, mas
lhe é imprescindível um bom manejo das línguas modernas nas quais
os estudos pspeciais têm sido redigidos. I
Com relação ao estudo das línguas clássicas (grego, latim),
convé.m advertir que sua finalidade, numa escola de filosofia, não
é o domínio exaustivo, salvo se se trate de estudioaos que devam,
consagrar-se a estudos filológicos muito especializados. Ê preciso
poscuir um conhecimento suficiente que permita abordar sem difi-
culdades as edições críticas produzidas pelos cspecialistas e as inves-
tigações especializadas dos helenistas ou medievalistas.
A escolha de certos temas exige, ainda, uma formação e até
uma informação especial. Por exemplo, um estudo sobrÊ o meca-
nicismo e o finalisrno em biologia rÊma de filosofia na biologia
exige conhecimentgs biológicos;- analogamentp, uma invcsügação -
sobne a causalidade na física moderna não pode ser empreendida
sern coúecimeotos de física teórica, assim como uma indagação
sob(e axiomática requer uma formação lógico-matemática. Fm sín-
tese, a investigaçõo epistemológica implica certa formaçIo científica
prévia.
A posse de conhecimentos suplementaÍes ou auxiüares também
é condição prévia para o &cesso às investigações estéticas, Como
soria possível levar a cabo um estudo sobre ,o sentido da escale pita-
górica sem noções claras de teoria musical e harmonia? Os pro-
blpmas da estética literária eúgem conhecimentos especisis de üte-
ratura, e cabe formular considerações análogas sob,re as investiga-
ções que se realizem no campo da estética dramática, plástica ou
arquitetônica. Em certos estudos muito ,especiaüzados cofitro na
estética oriental requer-se, além disso. uma formação- filosófica
determinâda, como - se adverte, por exemplo, nos notáveis trabalhos
de Ananda Coomaraswamy. Neste caso, sem um profundo conhe-
cimento da metafísica oriental, o spntido da arte do Oriente é um
enigma sem chave.
A organização da estrutura do trabalho, seu desenvolvimento
e a conclusão já foram expostos em outra parte deste livro, e seu
tratamento geral possibilita sua aplicação direta no campo da inves-
tigação filosófica, Resta-nos som€nte fazer referência ao instru-
mentos intelectuais da investigação filosófica.

O "loborttório" Íilorófico
Os fisiólogos, os químicos ou os zoólogos necessitam de labora-
tórios para realizar suas pesquisas; o filósofo, como o matemático,
90 (h Métodos Atuais ile Pesqulsa

üsa uÊ úoico instrumeÁto, seu pensalnento. A investigação filosófica


tcm aecessitíade de liwc. É pvidente, então, que a iniciação trs Pcs-
quira começa com a organização de fontes bibüográficas' O "labo-
ràtório" filoúfico assenta-se, pois, na informação escrita e oral, mas
Íuadamcnt+lmentc na primeira.
A informação orol que posteriormetrte se conveÍte em in-
formação escrita -
cumpre-se nos cotrgÍessos dr filosofia, oacionais
e internapionais. -Um congresso de filosofia deve aceitar apenas co-
municações técnicas originais, isto é, trabalhos de investigação qur
logo serão submetidos a discussão. Na prática, não é necessário
comparecer a um congresso filosófico para conhecer os trabalhos
apresentados, poÍque quasp sempre (sobretúo se o congresso tem
importância internacional) as comunicações são recolhidas em ora§,
ioótuindo às vezes as discussões, ainda que sinteticameirte. A fina-
liladp dessas reuniões se cumpre se os especialistas trocam informa'
çõcs sobre suas respectivas investigaçóes. No campo da filosofia rea-
'lizam-se congressos iaternacionais desde 1900, data em que tÊve
lugar o primeiro dehs, em Paris; no ano de 1968 efetuou-sc o XIV
Congresso Internacional de Filosofia na cidade de Viena'
A informação escrita ê transmitida através das revistas tilo§&
ticra., de pxrbücação periódica. Com relação à periodicidade de sua
aperiçãq existem diversos critérios, desde o que presidiu a publi-
,cação quinzenal do lôurnal of Philosophy até o critério segundo o
,quuil Líamée philosophique é publicado uma vez por ano. É evi-
deúte que uma publicação quinzeoal deverá dispcosar maior impor-
tância ao aspecto informativo (notícias sobre Íeuniões, congrr§so§,
colóquios, pubücações, etc.) que aos estudos de fundo. Também
é fácil ver que a situação inversa deve orientar a preparação das
revistas anuais. Outras vezas, L freqüência ou a expansão no temPo
da publicação de uma revista de Íilosofia depende de fatores ,eco-
nômicos (ãste tem sido o caso mais comum entre nói).
Cabe agora perguntar+e em que medidas podem ser utilizadas
as revistas nos trabalhos de investigação filosófica, Antes dp mais
nadq é necessário que os artigos astejam fichados, do contrario seu
manejo é árduo e sempre iacompleto. Em gpral, o conteúdo das
roüstas de filosofia assim se distribui: a) ensaios; b) críticas de
liwos; c) crônica sobre reuniões e congressos p d) lista de publi-
cações recebidas. Um aspecto importante que se costuma observar
nas revistas são as traduções de textos clássicos hoje raros.
Àssim como, pata usaÍ um instrumento na pesquisa física ou
biológica, deve-se conhecer previamente a lei do ins.trum:ento, all.a-
logamente, para utilizar com eficácia as revistas de filosofia, devem-
se coúecer suai caracter'uticas e a linalidade de sua publicação.

 Inlclação na fnvestigagâo Ftlosófica g1

Há revistas de filosofia nacionais e intcrnacionais, gerais e pspc-


ciais. As primeiras são as que se publicam nos respectivos paGes
(inclusive no nosso). Entre as rpvistas internacionais, recordúcmos
.as sêguintes: Irxernational Philosophicat euanerly, eàitada pela Uni-
versidade de Fordham e o Belgiam Berchman's philóophicum
(desde f 961); a Reyue I nternatiorule de philosophie, púicada
ettr Bruxelas, desde 1938, em v6rios idiomas e Dialética,- fundada
por F..Gonseth pm 1947 (Neuchâtel),
EntÍe as revistas nacionais de filosofiased, mencionaremos as
segu.intes:
França: l) I-a Revuc Philosophiquc de la France et dc yÉffan-
ger, fiiadada em 1876, teve, a princípiq um espÍrito extrêmamcntc
cientilicista., Atualmente preocupa-sê com a investigação filosófica,
sem deccuidar do pensamento científico.
2) Ia Raue de il.lefuphysiquc ct de Morale, fundada em 1t93,
tem po! finaüdade como o declarou em seu primeiro nrfuero
-
"a publicação de artigos de fundo inspirados na preocupação -dc
trazer mais teorias p conclusões que observações e experiências".
Até hoje tem conservado sua tendência espiritualista e - metafísica,
destinada a contrabalançar o Êxcessivo desenvolvimento do cienti-
ficismo no campo filosófico.
Além disso, os estudiosos franceses publicam revistas gobre
aspccte especiais da filosofia (estética, filosofia das ciências, história
das ciências, Íilosofia das religiões, etc.)60e.
Bélgica: La Revuz PhilosophQue de Ia uvain é talvez a mais
importatrte revista tomista do mundo. Em 1946, mudou scu nome
original, Revue Néoschola*ique, pelo atual. Publica um excclcnte
repertório bibüográfico em fascículos.
Álemanha: Iogos, 619ão da fenourenologia de Husserl.
Itália: possui uma extetrsa produção de revistas de Íilosofia,
ffFe as qlais recordarem a Metlados, dedicada a problemas lógicos,
ep-istemológicos e semânticos, ea importantíssimà publicação -inti-
nlilaÀa Archivio di Filosotia,

59d Por razões óbvias, não podemos enumeraÍ aqui a totalidrde nem
lGqucr umz parte considerável -
das revistas de filosoÍii quc sc publicam aturl-
- corÍcte c completa podé-re cmontrer no li"ro
mcntê no munilo, Uma inforrração
já ciado de H. Korcn.
59c .Uma enuqcragão compteta dee publicações de Fnnça podc-rc cncoritnr
no capíhrlo intitulado Ré1oütian géoglajhiqüe, -inctuído no citado rlc
§chuhl. "*iao'11
.E

92 0s Métodoe Atuais de Pecqulsa


Crd-Breranlu: Mind, Íundaida em 1876, paga seu tributo 80 posi-
üvismo. As revistas Anatysis e Thc British louttul lor the Philosophv
,t-Siiriãt especializam-se em tógica e epistemologia, resPoctiva-
metrte.
Estdos U nidos da América: publicam-se revistas gerais e es-
pecialúJas. Além do lourrul oÍ .liitosog7vl,-já citada, cabe registrar
Ttu phltosoplaalt Revicw, tundada cm 1892, a revista mais impot-
tante dos Eitados Unidos da América. Uma revista especializada va-
ii*" é o lourrul oÍ Symbolic Logic, qure inclui sistematicamente nu-
,.i* resenhas biUlíográficas JUre ô tema' O Philosophy and Fe'
wnunologicsl Researci qiado em 1944 como o órgão da Sociedade
Intornacioinal de Fenomenologia, inclui hoje grande quaotidsde d€
artigos de inspiração ncoposiiivista (como grande- parte das publi'
caSo d".." país)-, mas tàmbém tem publicado trabalhos dc autores
Íussos elatinoamericanos.
Citarcmos algumas das revistas dedicadas a aspectos especiais
da filosofia:
Pdtosophy East urd llzcst, publicada pela Universidade dlr
Havaí a p"itii ac 1951, especializada no estudo.da filosofia com-
o"r"a" aô Oricnte e do Ocidcnte; Founfutions ol Langusc, Prubli'
!ú;ba Dordrecht (Holanda); Ttu Hibbert lownal, dedicada- à
ái*"r1i a" náigiao i E tcotogio Protestartp; Classical Q'totcrlv'
jnclui hruitos artigoo sobre,filo-
outticaaa e Iádr"t desde 1fo6,
I"n" -tfgt; lvtcdicval Sutdbs, que apaÍo9e em-Norra Iorquelewis-lt desde
1-isg,7ü'uoyin Âse, publicadi ern-Paris desde lEtE; Thc
tii*tirty, pvt"rdo ãm i{ladétfia desdc t9l0 e dcdicada à filooofia
.,rra*ri'ei,rart Trditionwllcs, pubücada em Paris, 8 mai3 impor-
ffit.-;;rirú á.ai."a" à metalísú tradicional do orientetextm e do Oci-
àeorc; publica com freqüência excebntcs tÍaduções de mets'
físicos árabes, latino§, gfego§, chineses, isPon'e§es' etc'
Existem muitas publicações periódicas em língua castelhana;
cntrc plas, citarcmos ünas q-uanta'. que qodgm encontradas f8-
-ser
;iÉil;il núas biblioiecà" oni,"itltaiios': Rais'a de Filosolía
iíÃ*rirxo de Madrid; Cudernos de FilosoÍía,Buenos Aires; Rc-
da Faculdade de
i.il*ofi" c Letras da Universidade Naciooal de
* fu*f", da Universidode Nacional de La Plata; Rcvistd de
"*ii
ÃíÃb, ã" Üoí"it*a.ae dc Córdoba; Cudernos Filosólicos' da
ürfr".iú.4-Nacional del Utorsl; PhilosoPhia, da Universidad Na'
;iodi-í;b"y.; Dianoia, da Universidad Nacional Autónoma do
. O autor rcfcre-sc à Argcntina. (N, da Trad.)
'l

ã§rʧE

EflEÊãã

ÊrÊãgã
eãF-ã
El-o
g.oE

ííâ§

Ff * I
ÇF-"., - -

SEGIJNDA PARTE

A INICIAÇÃO NA
PESOUISA

I ri, ,ll
OPTOBLEMAEOTEMA

Yor o prcblorno
Formalmeitp, um problema é uo enunciado ou uma fórmuln;
do pooüo de vista semântico, é una dificuldade, ainda sem solução,
quc é mister deteminar com precisãq para i.trtentar, em seguida,
sêu exâole, avaliagão crítica e solução, O_ de uma
uisa é a detern de um isto é, do e vo
central da
Uma questão preliminar poderia ser a análise da origem do
Prohlpmg ou seja, explcar como súge ou ootrro se apreseÍrta eo
posçrisador. F. L. Whitoewoo refcre que Darwin se inspirou na
leituÍa do Malthus para tornaf, precisos alguns pÍoblenas implícitos
na teoria da cvolução; Jaime Tluslow Adams autor da obra
Thc cpic of Ámerica -
extrai os problcmas fundamentais da his-
- manuscio de materiais históricos e de sua
tória da América, de seu
cxperiência na investigação; W. C. Mitchell, da Universidadc dc
Colúmbia, dpscobre os problemas econômicos aors quais iria
dedicar sua vida de estudioso -
nos cuÍsos acadêmicos quc seguiu
com o professor Laughlin; W.-G. Ogburn, da Universidade de Chi-
cagq escolheu o problema do pensamento polÍtico das classes so-
ciais, motivado por sua exprÍiência dos conflitos vividos por cle
mesDo.
Como podemos deduzir dos exemplos que acahmos de men-
cionar,o objeto de uma pesquisa o problema pode surgh de
-
circuostárcias pessoais ou profissionais, -
da expcnência científica

60 Vcja-cc rctr livro Elawentos ilc iwaligoc 3n, Barcclona, Omcgr. 1958
--.]r-

98 A Inlciaçôo na Pesqulsa
própria ou alheia, da sugestão pÍoveniente de uma personalidade
superior, do estudo, da própria cu'ltura, da leitura de grandes obras,
etc. Em todos os casos, trata-se de uma questão que se nos apre-
sctrta com ccrta sutileza, quE move nosso interesse e nos convida a
buscar sua solução.
Entretanto, não falta quem haja sugerido al.gumas fórmulas
PArA etrcon trar problemas dignos de estudo. J. C. Almackor reco-
mcnda :@ analisar o ue cada um sa buscar lacunas ou rc-
obscuras no conhecimento; r às incon uências e
oon (aos assuntos ose d conclusões não demons-
)e se os pxem eassu tões de leituras._confc-
rências ou da $m ex
es
W. A. Mc Call aconselha @ converter-se num erudito em
uma ou mals es

gríEço; @
alidades;
sente 8 exercitaÍ o en §
ler ouvir e trabalhar com sentido
iniciar uma investi gação e estar ate
uc del a suÍ am; e ls r á deli-
tados
Cabe objetar a estas duas últimas normas pelas seguintes ra-
zõps: em primeiro lugar, iniciar uma pesquisa sem direção, sem
í uma dffiin@o-fr6ià de seus objetivos, é, além de arriscado,
tnmbém estéril e, em scggndo lugqr, a persistência no exame dos
mesmos problemas ou resuliã-óbiia ou inútil, toda vez que se for-
mularam e solucionaram completamente.

Gomprocnde: o temo

o §e teéapeifeitae comprecnsão do te-


ma62, uma vpz a ose men preen-
s6-dos leitores, e os estudantes, por sua vez, os taxaram de "incom-
preénsíveis", sÊm detet-se.ÊrF. pensaÍ em que. se rqdica a incom-
prcensão de ,um textó filosóficol Alquié observou que a comPrê-
ensão filosófica se distingue da compreensão maternática, poética,
musical on plástica. Descartes dizia que, para entender srua primcira
,roditação, eram necessários meses de cstudo; entretanto, se a re-

6l WsrÍNEY, F. L., ob, cit.


62 Há algrxra enoc rc propôr a alunot univerritários dc história o seguinte
tcna: "A hipótcec na hictórie". Or cttudantc.r, rem analimr r fundo o sentido do
pmbleme proposto, rataram de dcmonrtrar que o hirtoriador dcve rcpclir zs hip6teecs,
porque'dcve burcrr r vcrdadc", ctc. O que, na realidadc, dcoonrtnrrm Íoi ne
írtte dc comprccnrão do rntido do tcma, pirtcnccntc à mcta-histórir (epirtemologie
da hirt6,rir).
::.r

O Problcma c o Ima '


90
duzirnos às "verdades racionais" quc coatém, basta meia horaos.
É quo diz-nos Aíqúé para chegar a ser filósofo
qg_lda- uma_ugLEm resumo,
- nÃoéo
mesmo que entender um matemático ou rrm físico, porqup
um
I ,l
prccnsão filosófica não é do tipo psicológico nem
cmpreensão de uma universalidade pessoal ou dp
dade universaloa.
fr
Todo sistema filosófico se formula atÍavés de uma linguagem;
conseqüentenrr e, pode haver uma obscuridde de cxprcssão re*
ponsável pela incompreen são. Nem todos os filósofos são te
cuidadosoe no uso de termos e cr s em seus trabalhos
§êJartr cocren tes, incorrer em solcc ismq div õps ou
scmrS§ nem §pm esclarecidasos, Os h stoÍ CG
os de cxpressão de um filósofo
como Kant ou os neologismos e os meandros singulares da sintaxc
e da semântica de Whitehead que, além dp filósofo, era lógico c
matemático.
Mas, além da obscuridade de expressão há uma obscuridade
cotrcüual, imputável às seguintes causas:

íTt a dificuldade inerente às questões;


Q) uma insuficiente comprÊensão dos problemas pon parte do
&utor;
@ uma incompreensão do próprio leitor.

Escapa às possibilidades deste último rcparar as duas primci-


ra& mas é responsável pela terceira. Tocamos aqui n,m assunlo
dclicado: o da qualificação intelectual que pm última análise, se tra-

63 Os profcsrores univenitárioc de filocoÍie quc endnrram simulttclmcnto


cm Íaculdadcs humanÍsticat c cientíÍicag aabcm quãó diÍcrcntc é a caprcidede me-
tcmática dr filorrófica, erpecialmente da zptidão menfíeica, quu Simmct dcfinir
como a propriedadc de um "órgão espcciel paÍa r compÍGcnsão da totdidedc do
cct".
- 64p. AtavÉ,
dlo,
M., Qa'ut-cc quc comprcrd.tc et lhilan?liut. Perit, CDII, r/
_
15. Em ume oponuaidrdc auirtirnoc e une cxpleneção de priqúuit
sistcacial de Binewanger e Boe por um psiquiatra, quc frz, ro mamo timpo, in:
cur66c! ne filoeofie de Heidegçr. Ao observarJhe quc ruar interprctaçCr dc d-
gnm.s noçúcr da filo:ofia cxigtcncial não €rtm corÍGt ,' Íerpondcu-nos: 'À culpe
é dc Heidegger, por eer tão difícil",
65 Â ênÍacc quc âltuns autorc, contemporânêc dão, ao dcrtrcrr r imEor
tância da ointaxc l6gica e da remântice, não é elhcia r crtrr dcÍiciSncim dr -lin
gua&rn filo.óficr. Oaro ertá quc irto não rignificr acoitar e rcdu$o de filcofn
a um cálcrrlo, ncm tranlformar o Íiló,rofo num policirt de,'Jineuercm ou num tcÍr-
pcutr, como prop& J. lYirdom, rcauindo cm prrrtc z L,.Wittgcrutcin,
r00 A hioirsão na Pcqulrl
duz por aquilo "que a naturcza não dá...". Contudo, é possí-
vel progredir na compreensão filosófica, mediantc a leitura prévia
de obras básicas, a reiterada leitura dc t€xtos E a detida rreditação.
F.m sÍntese, com r o tema si ifica: e star cm condi-
de ex o aos demais; saber
rm c even â-qrêctôs pârticularÊs
(casos e e mas das a is.QlWrlgss
ue se rnlcra na uisa são:
uma nsao -eo
al do unto -
uma focalização latera
§u4 a outra uest ulvalente; E@I- áo \er lõilrca-
mente o tem

Ercolher o tGmo

@ A pergunta obÍigâtória dos pstudantes, quando devem escrever


uma monografia, é: "Como se faz?" A resposte obrigatória do pro-
11
fessor devcria ser necessarEmente a seguinte: "Não se escÍcve sê-
ll não para dizer algo0o, e, para fazêJo, deve-se começaÍ por tcr um
[\ rcma. Caso contrário, se cai no vcrbalismo".
Muito se progride na organização e preparação de um trabalho
monográfico, se se considera cuidadosamente o pÍoblema prévio da
escolha do tena, sua deiorminação precisa c sua correta compre-
ensão. Por isso, é mister estahlecer, em primeiro lugar, quais são
as trormas quo dwem presidir tal escolha. No caso em quê a
temática seja imposta pelo professor, é recmendável uma atenta
Ieitwa da questão. Dialte do perigo de ioterpretar liwemenüe um
tcna ou cornpreendêJo impcrfeitamentc, Denis Huisman aconselha
lcr e reler o tcxto, durantc vários minutosoT.
§ob o to intelcc duas conüçPes
são ao estudante: voc e ão intelectual, p
uma ue a do material o

Um'critério errônpo de economia dc csforço lcva os cstudantes


a procurar temas comiderados fáceis e accssíveis, por sua simpüci-
dado ou pela reiteração de seu tÍatamento. Nestes casos sc enca-
mioha a problemas quaisquer, sem intcressc autêotico cm stu estudo,
oscolhidos com a única Íinaüdade de cumprir uma cxigêacia doccnte

66 Estc problcma foi otudrdo por algunr cocritorcr no phne da íicç'ío c de


pcie. No primciro crn, cnúc o{rttu, por Emccto Sábato, na obn Bl ewitor
y *t tutonur, c no rcgundo por Raincr M. Rillc tal Ca q ô úü iouern l,o.,o.
6l Yqz-rc. *u liryrc Ctiile ih f trtd'Hraa n plúlasoghit, Prrir, Pracr Uli-
vcnitairo dc Fraace, 1956, p. 10.

tf n
O hoblcma e o Tcna 101

quc sc procure rpduzir à sua expressão míoima; coEo co,§trrmattr


dizer os estudantes, e alguns que já não o são, ..para safar-se da di-
ficuldade".
@o A essa atitude se chama "prática", quando, na realidadc, oío
é: uma sa em ndida sem intere§se sumária
a, se converte numa caÍ nao a u0n
L e mul to menos ao ue deverá ler o trabalho. Noseo
o que' sempre que seia possível a livre escolha. o cstu-
dante deve orientú-se púa os tp,mas de sua prcdileçío.
Não basta entÍetant a com que 8C
reali za uma tare é necesslirio, ém estar pm dc
abordá-la eficientemetrte, Esta se.grnda coudiçiio §ague
também estB
o dqnínio dos básicos e
m est nte pode scr por um trma de lógica
matemática (pelo prestígio científico da disciplina ou até por cs-
nobismo), mas nâo poderá considerálo de forma completa se não
possui certa aptidão para o pensamento formal e para a mecânica
operatória dessa disciplina. Analogamente, em questões metafísicas
é firndamental a capacidadc de abstração, a mentalidade simbóüca e
a intuição intelectual ("visão" an "insight"'y.
A usa col a uer antes de o
emocr , intuição psíqüca, facilidadc para o pens ameEto coÍr
a e rrracronal§,
tcmas pedagógicos e soqars exrgem ex-
ência na manipulação dos fatos pedagó.gicos, prática no uso de
testps e questionários, conhecimentos matem ).
Uma questão epistemológica não deve ser escolhida por quem
ignora os problemas da fundamentação da ciência e o sentido e a
função dos métodos de pesquisa e de prova; deve ter cultivado
algum campo da investigação científica, além disso estar de possc
doo conhecimentos metacientíficos respectivos.
Um problema de filosofia da religião exige o conhecimento do
método fcnomenológico e uma base 6ínims em ciência das religiõcs
(histórie comparada das religiões, teologia, etnologia religiosa, erc.).
Considerações semelhantes podem ser feitas com respeito à
escolha de assuatos de caráter histórico, que requerem o ãomínio
do disciplinas auxiliares, conro a paleogrúa ou a cronologia; ou
de fiIoeofia atrtiga e oriental, quc dilicilmente podem ser invesügadas
scm a utilização de grego, latim, hcbraico ou o sânscrito isto é,
daa línguas clássicas c das línguas orientais -
respcctivamente.
-,
102 A Iniciagáo na Peaqutsa

oA torociraão cnvolve
deve-se insistir na nccessidade de que os joven;
leiam em Ínguas modernas, o que impüca uma rpvisão dos métodos
de ensino dos idiomas no ensino médio e universitáriô.
Uma tendência dos e ue
a e - dlqpgrg[o-caracteúticas da idade juvenil
a de c.scolher os" es temas": "O blema da überdade"
de Deus", "QJaloJ.-d&-çi@!P moder-
na" "Os valores éticos", "Filosofia e reügião", "A a con-
t€0 não estarem em c de abordar esses
Egueml! e muito meno§ alguma con
à sua propooiç ão ou solução, os estudantes correm o dsco de cair
em lugares+orruns, de "inventar" C@-ebggd-orr-adas õu' no
lncelE-or--ãoscasos,periEr-íe-emltívagíçõeseintermiàãveisifi scussões
)
Ah I doe "es em ralidades": os temas devem ser
ose cos

Originolidode

Nos rcmpos que correm, devido à obscuridade da linguagem'


à sua distorção semântica, a wa "ori " passou a ser
sinônimo de novidade e esta de modernismo. I pensa que
dade" provém e ongem ( pincípio, *arché" ), domi-
nados como estamos pelo irnpério da moda, inclusive na ciência e
na ülosofiaoo.
Do acordo com Simplíciq Teofrasto atribuiu a Anaximandro a
prioridade no uso filosófico da palavra arché como princípio uni-

68 Em rlguns paíscs europeus - na Fran§a, entÍe outro§ - costumam §€Í


pÍopostos Gomo temas de " d*nrtaliottt" p€nlamentos tomados de qualquer autor
quc poúlam ou não constituiÍ um tcma de intcrtssc çral. Por cxemplo: comcntlr
cera idéie de Arigtóteles: 'Sc homem civilizrdo e léo nmet dos animais,
é tn rE c 3em u§ a tam m o 8eguinte
olhos Íec e nao tcntar abrilos" (Docar-
t!r). tcmrs liteÍ que csta oPlnl e Zyrõms-tv :-''A naturcra
co Leoertinc é uma paira interiof'. Outro tema: (lual a cua ooifiã-m;6í
C3ta Í1EG a to paaia de Victot Hugo 'Épica, tal é a
dcÍinição natural da pocsie" ? Ou também: (lual mria o tipo de mulhcr prrr Mo-
tiàÍc, dc acordo am ag Fcntnat raü@fitet?
69 O auge cxcessivo da lodatica, da pricanálise, da arte ebstÍata, dg qis-
tcmieliamo (ião confundir com a fitoeoÍie cxistcnciel) e da Íilocofia cicntíÍica
rc erplicr Poi culto ao modcrnilmo, no pior *ntido do rcrmo' Há, rlém disso'
"ltc não podcmo cqlicer aqui. O êxito do público dc Bclgron no
qrrnr raz6cr quc
Colâge ü Ít*c o\ di Sa,rtrc no teetÍb ou na tribune políticr obedccc e caures
análogas.
O hoblcma e o Tema 108

vprsal. Na linguagern c(mtum da época, arché sigtificava ramb/.i.


começo, e na medici na antiga se ernpregava com os seguintes slg-
nificados massa coleti de matéria fonte e reserva de
ãoe rd cósmica o mundo o.
dos um e desembocadura final não menos
ue incí io de nascimento das coisasTo
nto no plano metafísico como no cosrnológico, no médico e
mesmo no da linguagem comum, arché siguliÍica princípio intemporal
e transcendente, origem não humana, fonte originária das coisas.
Em filosofia não há 'hovidade" , nem : !9L "Prg
s§9". ex cl contemporâ-'
neq são perigosas pelos matizes valoraüvos que su beEtendem. Desta
forma identifica-se "o novo" com "o bom" e, em co üênciãI"o
com o mau se m g_,o.,m-.p1eendel. qu9, car-Lo §aq_ dq!§
pare§ "novo'bom" e '
exagera-se o papel
bibliográfica (cuja importância ninguém poderá ne-
gar); reduzindo-se a uma questão de quantidade e confundindo a
mera erudição com o conhecimento e a meditação.
uanto a história da ciência julga os pesquisadores do pas-
sado segundo o padrão da ciência atual, partindo do princípio que
afirma a existência de um progresso contínuo, a filosofia avalia os
pensaÍnÊntos desde demro, Não se poderia dizer, por exemplo,
Que
PEEo ouÃ;iG6tetes tãEam sido superados por Gabriel Marcel ou
Martin Heidegger; ainda mais, tal atitude careceria de sentido. Por
isso um rÊputado helenista confessava que toda a história da filosofia
poderia ser considerada como um comentá.rio interminável dos diá-
logos platônicos.
Por outro lado, a idéia de é das ue mais necessitam
ser cxamr que tudo é no
8E9ry ? A ciência é a porque a nosso p ôder
sobre a natureza, ou sobre nossos semelhantes, ainda que esse poder
possa servir para destruir o tiio citado progressq a espécie humana
e o mundo mesmo?
A evolução das ciências é inseparávrl da acumulação de dados
e experiências (de informação, como se cosiuma dizer atualmente).
A endocrinologia de meio século atrás de pouco nos serve na atua-
lidade: o conhecimento da estrutura química das secreções internas,
sua síntese p seu uso terapêutico são o resultado deste acúmulo de

- _ 7O Ot haeinada (Cla*s. Phil,, l9l2), por lV. A. Heindel (citado por R.


MondolÍo em Prcbbnu.s y nétodor, obra já citeda, p. 189).
104 Â Iniclagão na Pesqulra
experiências e conhecimentos. Isto permitiu inclusivc aumentar nos§o
eaber fisiológico? I,
Na Íilosofi a, as coisas ocorÍem de maneira muito diferente. O
objctivo da fiIosofra é a do-ss!-r últim ou merÍo a
o da verdade ou a visâo da realidade (que, no tutrdp, éa
me§ma cor§a ). Não estarcmos mais perto dela porque temos maior
quarE-rrããG de informações, nem por haver apenas atualizado nossa
bibliografra. Brt_gllg tudo isso pode contribuir para alcançar um
cstágio prévio do conhecimento filosófico. tg§lSt, inclusive, obter
um conhecimento mais profundo (mais próximo da verdade) recor-
rendq em certos casos, a um antigo comentaristâ de um texto do
que consultando os autores modernos. B. ste g o Aa titosotla
"at"
livro
o@!úi vale mais ler uma página de Suzuki que um de Benoit
ou dc'Aldous Huxley sobre o budismo zen.
A projeção de categorias "científicas" sobre textos metafísicos
levou-os ao obscurecimcnto e à deformação, sob pretexto de fazar
uma crítica moderna com os instrumentos tecnicos dd hoCz,
Nós usamos aqui a palavra "oricinalidade" em sua silnifica-
primitiva, não como novidadc ou singular idade, mas como um
retoÍloàorigem,àessfu e: embora essa verdade se te-
nha perdido, obccurecido ou esquecido
A originalidade não é um atributo do filósofo como indivíduo
(isso Eúivaleria a reduzi-la à singularidade), como tampouco a
verdade é riedade de Os que pretendem monoPoüáJa
(ainda que aparentemente a eliminem de sua terminologia como
"pseudoproblema") se assemelham suspeitosamente a certos "de-
lirantes", cujas sistematizações originadas pr..i.r". absurdas
- ",
7l O capítulo dog hormônios ad-rcnais, por exemplo, íoi enriquecido notavel-
m€nte com as pesquiear robÍc 08 estcÍóides e o melhor conhccimento do metabo-
lismo intcrmediário. O uso teÍaPêutico iloe derivados dos dekacorticóid€E Í€vo'
Iucionou o tÍatamento dc cnícrmidader como o reumatigmo, as artrites, a asma, e,
cm rcrel, rs aíecçõa elérgicar. Todo c.rte eoímulo dc conhccimcntos é, cntrttrnto,
dc íru muito ricntc. EÀ um livro cÍcclcntc @úo L.t hoTrr,onct, dc Remy
-
Collin (de não muito rntige puàlicação), -
nada disto aparocc.
?2 Heidegger obrervoú ripetidamcntc que vinte séculor de hirtória da Íilo-
soÍia realizada por 'profcroorcr" quc ustytm métodos cicntíficoc rniquilaram o
ÍÉrllmcrri, grc8o, em paniorlrr o pré+ocrltico, quc é, prcciramcnte, um pcn8ar
oàginbb (dc arcV, oriscm) .
OhoblemaeoTema 105

costumanr ser um modelo de lógicara. A contribuição pessoal


- consistir na focalização dada ao problema, em sua delimi'tação
pode \
ou no método de tratarnento do tema.

73 Or ptiquiatras !.bcm quc náo basta o uso corÍcto do reciocínio Iógico


L. CouÍfignal
pera rer conridcrado normal. cepccialirte cm cibemétice dc renome
mundial -
obrcrvl quc c peranóicor reciocinam pcrfcitemcnte, rcb o ponto dc
-
viste dcdutivo. Num celtÍo de cnrino por corrccpondÊncia, de Parir, trabelhem
pcÍÍttncotemcatc quatro oü cinco paranóicor quc cumprcm corÍctamcntc rue!
íunç6ce doccntcs: rcdigcm curroe, corriçm dtlvacr c prova!. Mer, fon dcca
urcÍe lógica quc reelizam mccanicamcntg rua cxirtêocia é abcrreatc. Vcje-* o
Calicr de Royawtonr n.o 5 dedicrdo a Le cot c?t tl'htonutbt dou b rcLrcc cott-
t aqotuôt , Paris, Lcr Editions dc Minuit-Gauthicr-Villerr, 1965, p. 126.128. (Hâ
ume tndução caotelhana, editrdr por Século XXI, no México.) Por outn partcl já
oe psiquiatrm clássico3 sc ocuparam com o dclÍrio mltcmaúentc e o geomctdcirmo
mórbido (vejam-se ag obras de Minlowski, especialmcnte scu livro obre I cr4ri-
zofucnia) .
O PLANO DE INYESTIGAçAO

Oqueéoplono?
Ao dedicar-se à elaboração de um plano, os estudantes costu-
mam reagir, lembrando que se deve saber primeiro qual será a ex-
tensão do trabalho. A pergunta obrigatória é: "Quantas páginas
deve ter uma monografia?" Este critério quantitativo muito pró-
prio de nossa era governada pela quantidade - estimúado
é às vezes
por alguns professores?a. Embora o conselho - aristotélico ("nada
em demasia") ainda seja uma boa norma, que poderíamos traduzir
como nem muito pouco (um par de folhas) nem demasiado, deve-se
tcr presente que o núnero de páginas não indica se o trabalho é ori-
ginal (melhor diríamos, pessoal), orgâoico e coerente. Principal-
mente s€ cumpriu sua finalidade: demonstrar uma tese.
Não costuma ser atributo da juventude o espírito de síntese;
entretanto, a história da matemática nos conservou algúns casos
excepcionais. Tal foi o caso dp Evaristo Galois (que morreu quando
tinha apenas 20 anos), cujas Obras Completas (se é que assim se
pode chamáJas) não chegam a meia centena de páginas. E ninguém
poderia duüdar de que sua influência no pensamento matemático
e inclusive fora dele perdurou por mais de um século. Seu
-"testamcnto cipntíIico" (a- patética carta que dirigiu a seu amigo
Chevalier na noite anterior ao duelo que lhe custou a vida) contém

7{ Há profeseorcs que paÍecem 'peaar" es gonograÍias de seus alunos, e


cstc!, quc asrim o rupõcm, rccorrem àr mais variadar artimrnhas para imprcreio-
ná.lor: dcixar gcncnÉt! martcn. nr cópie datilqrafrd.. ..nprcgâr folhrs dc te-
mrnho pequeno ou usar o Êsp8ço "3" da 'náorrina dc cr,'
0 Plano de Investigação lO7
entre invectivas e juramentos
contra os professores da É,cole po-
-lytechnique (na qual nunca pôde ingressar) os fecundos resul-
tados de suas últimas meditações matemáticas:- as noções de grupo.
subgrupo, transitividade, etc.
Este fato e outros similares se explicam pela natureza sintética
c operatóÍia do pensamento matemático superior e também plo
peculiar "ascetismo" do seu sistema de símbolos. O mais freqüênte
é que os jovens careçam dessa aptidão para a síntese, o que eiplica
gue a criação filosófica não costuma ser atributo da juveniude: kant
escreveu a Crílica da rozão pura quando contava mais de ó0 anos
e Whitehead dedicou-sp à metafísica quando havia ultrapassado esta
idade.
Assim sendo, convém habituar os jovens a pensar logicamente,
com ordem e com método. Para conseguir estr objetivo -contribui,
em medida não desestimável, o ensino da filosofia, da matemática
e da gramática.
A dispersão mental.E a superficialidade conduzem a outro vício:
o verbalismo. Os recursos retóricos e dialéticos para ampliar um
texto são bastante conhecidos, até estáo codificados em algrns ar-
tigos e livros de Perelman.
. _ 9u"! é a função do plano? O plano deve ser preparado com o
critério_ de que não é imutávpl, mas, peto contrário, provisório e
perfectível. Sua finalidade é proporcioiç4r apoio e ajuda, nao coerção.
Por isso, não é indispensável que a reihçãô primitiva do'plano diva
,nanter-se inalterada até o fim. pode modificar-se _ e se deve fa-
zg-lo quando o desenvolvimento da pesquisa mostre a necessidade
-
de alterá-Io.. ?or exemplo, podc-se altêrai a ordem de certos pro_
blemas ou idéias hierarquizando umas e diminuindo a importância
de orrtras;,, elevar a um tÍatamento básico uma noção, considerada
prpuamente como subsidiária dÊ outra, e reduzir a um plano se_ {
cundário certos éonceitos reputados inicialmente de maior interesse;
intercalar temas ou questões não consideradas a princípio; desenvol-
ver mais profundamente alguns aspectos de deiermiÀados proble-
mas, etc.
-.
Quando projetamos este trabalho, fizemos um plano que, à
medida.que pensamos em sua realização e inclusive deiois, eniuántã
o redigíamos, modificamos em parte. por exemplo, no^plano oiiginat
não
_figurava.
a primeira_-parte, dedicada ao estudo da pesquisa -nem
o estudo analítico do estilo e das falácias. O primeiro nos foi sugerido
pela necessidade de explicar aos estudantes à que significa p".fúr",
c quais são os métodos de investigação .eu, üãit"., ôtr&uao
nas ciências humanas e na filosofia, com o "objetivo de dissipar equí_.
vocos e fazer de.^Farecgl trrgares+ornuns muito arraigados nas
fO8 A Iniciaçáo na Pesqulsa
mcntes juvenis. A referência ao estilo foi incluída para ajudar- os
jovens íum aspecto geralmente descuidado nos trabalhos de pesquisa'
iá Eddington havia ôbservado que muitos homens de ciência - ou.
pior aindã, seus corifeus -;- crêem que' Para escrever sobre temas
cientÍficos, deve-se carecer de aptiáões literárias, estignatizaodo
luma virtude' Podem mencionar-se
como sp fosse um pecado o que é
como exccções Einstein, Freud e o próprio Fddington' que foram
excelentes escritores.
O ptano deve sÊr, pois, o produto da reftexão e do couhecimento
do temá da pesquisa. Construí-lo equivale a introduzir um.princípio
de ordem nos cônceitos, isto é, estabelecer a hierarquia lógica das
questões, Para consegui-lo, deve-se começar por saber distinguir - o
fundamental do secundário e, em seguida, cuidar que as idéias sub-
sidiárias ou os desenvolvimentos latérais não cÍesçam desmesurada'
mente, porque isto romperia o equilíbrio do trabalho e incidiria ne-
gativamênte no tÍatamento do tema central da pesquisa.
Alguns estudantes resistem a elaborar o plano, declarando
que, me-smo havendo compreendido bem seu tema, "não lhes ocorre"
nada. Em tais casos, o que na realidade acontece é que o tema não
foi compreendido ou nãô foram levados a cabo os estudos necessá-
rioo paà scu desenvolvimento' Outras vezes os jovens furtam-se à
p€rspectiva de t abalhar metodicamente, alegando que preferem
ôonfiar "na inspiração".
-Essas O rpsultado é a desorientação, a desordcm
e a frustração. justificações da recusa em preparar um. plano
de trabalho são, no fundq "racionalizações" da própria pregulça <»l'
no melhor dos casos, o resultado da tendência bastante generalizada
de seguir a lei do menor esforço.
O plano não é a organização convencional das partes num todo,
) mas uni estrutura (no sentido lógico-matemático do termo), .a ar-
quitetura lógica do trabatho, que é como o esqueJeto de um orga-
nismo. Nebl as partes se achàm sistematicamente vinculadas entre
si, ordenadas em função da unidade do conjunto' Esta unidade do
plano é anterior a suas partes, as quais só têm sentido por seu côn'
dicionamento à unidade primitiva.

Tlpor de plonor
Já se disse que o plano de trabálho deve ser Êxposto sintetica-
mente na introdução oú, pelo menos, deve-se pspecificar nela quais
são a intenção e os limitei do estudo e o material utilizado. Alguém
obccrvou quÊ toda antecipação do plano é esaéril. porque, se é clara,
é inútil ex-pôla no princípio (já o verificará o leitor); em troca' sê
O Plano de úrvesügaçáo 100

não o é, conscguir-se-á apenas mostrar ao que lê o üabalho que


este é confuso.
Denis Húsman, prtr seu estudo sobrc L'qt de la dissenaion,
distiague 5 tipos diferentcs de planoo de trabalho: ll dialéti,co; 2)
nociotul; 3) progressivo; 4) comcnt&io de urn Erto; e 5) compa-
tativo16.

â O plano exrge a do em anútese


--e acordo com este p I
Po-
Aêffi-sêi, dp um coaceito a partir do
critério com,m (tese), para, em seguida, opor-lhe a definição t6c-
nica (antítese) e finatopnte reconsiderar ambas as troçõês cmo
estágios prévios à fase fiaal (sÍntese), que é mais elevada, ou su-
perior.
Vejamos um exemplo: a expücação do conccito de paradoxo.
Sc recorremos à linguagem corrente, encontraÍros uma noção bas-
tante vaga que, em parte, foi fixada pcla etimdogia da palavra;
paradoxo é o que se aparta do critério comum (de'para, à margem,
e doxa, opinião); já temos a tese. So analisarmos agora o conceito
clássico de paradoxo, desdo a antiguidade até o século xur, obtc-
Íemos a idéia de uma expressão auloca4trq!{ória, com a qual al-
cançamos a segundo fase@ representada
pelo conceito técnico de paradoxo, tal como se.usa hoje na lógica e
na matemática
/"t) o W--ryqiwl consiste no exame de um conceito através de
tres fâses sucessivas: 19) ualéanaturezada ? 2e exicte?

éo acaso? gunda fase, cxiste o


êo
So quiséssemos desenvolver este plano rpfcrido no exemplo que
demos mais acima, teríamos: primeira fase, o que é um paradoxo?;
segunda fase, existcm os paradoxo§?; e terceira fase. que importânãa
L€In í
O plano progressivo consiste em formular defiaiçOes sucessivas
o termõ-6-ásico do tema. @isam J+
s.guhtc-. a experiência. Primeira definição: é o coúecimento pro.
porcionado pelos sentidos; segunda dcfinição: o que é experieo-
cia para um homem de ciência; terceira definiçãq na qual se refu-
tarão os aspectos individual e univcrsal da experiência, apresentando

75 HuIsuer, Dcnis, ob. cit,, crpecialmcntc nar p. 14,X5


76 Hursur,n, Denir, ob, cit., p. 14.
110 A Inictagão na Perquba
outro tipo dc cxpcriênci4 como a expcriência moral, estéÚca ou
mística, quc encaÍnam o universal no individual.
No exemplo já analisado dos paradoxos, este plano se realizaria
se comoçássernos por formular a definição etimológica da palavra
ou a que figura no dicionáiio da língua, para, sucessivamente, apre-
I setrtar uma definição lógica, filosófica (como a de Kierkegaard, por
I exemplo) e até teológica.
opl ano ti comenlfuio de texto se desenvolve através da ex-
0 plicação lscus sao e aa emplo: análise do conceito
r do paradoxo, discussão das diversas concepções e, finalmente, sín-
itese svaliadora do sentido e importância do conceito na lógica, na
I matemática, na filosofia, etc.
O plan o com ivo se desenvolve confrontando conceitos
similares paÍa mostrar o têm de comum, de opos to ou de seme-
.lhante, para terminar ordenandoos arqurcamen te
O estudioso levar á em conta estas formas de planejar seu tra-
baho, sobrefudo quando careça totalmentc de experiência no atívi'
ddc de pesquisa. Os pesquisadores e os metodologistas e lógicos
.' notrrrão que, no fuodo, a essência de todos estes tipos de plano se
Ícduz a um esqucna lógico comum, ao qual nos referiremos com
o devido detalhããõ-EâEr-Gffifiua do trabalho de pesquisa.
Mais ainda, mutatis nutandis, é poesível reduzir as diversas for'
mas de pl an(xr entre si: o dialético ao sivo ou ao tipo comen-
tário.

Algunr cremplor
A seguir, mostraremos praticamente como se elabora um plano

PLANO I
Tema: À NOÇÃO DE SER NO TEXTO "SOBRE A NATUREZA",
DE PARMÊNIDES
zl O ev|ot
l. InÍormrção sumíria sobre os pré-socráticoc (filorófica' não histórice)
2. Oc tcxtoe dor pré.socráticos (frrgmentos).
3. Permênido.

b) À obra
,1. O tcxto Sobra o u,utcza
5. Problcmec dc autcnticidade.
6. Ermrtun do tcxto: ru peÍtcs.
7. Erprcoão c crtilo: o proêmio, a primeire partc c a lcgundr prrtc
8. Intcrprctrção e rvaliação de ceda pertc.
'- -rqFFF"- "_'
-

O Ptrno üc Invcetlgagõo 111

c) À doyt*n
9. Â noção dc 'rcr" nc pÍé-iocÍáricos.
lO. Conccito dc naturcza.
ll. A noção de -*l' cm Solra o tortncza.
12. Influênciat de doutrinr dc Parmênidcs (robrc Platão, ctc.)

Vejamos agora uB plano paÍa um tem& dc litcratusa cotrten-


porânda:

PLANO II
Temr: O TEMPO LITERÁRIO NÂ OBRA DE JORGE LUIS BORGES

t) Yüh a Tcrtonal*ldt de J. L. Borgct

l. Itincrário dc Borgee (n.lcimcnto, ÍoÍmlçíq viegcne).


2. O ncio litcríÍio aÍlentino e crtrangciro.
3. .Ar cecolar litcráriar cm Bucnoc Âirer (o SÍupo "Manin Ficrro", o dc
'Bocdo", etc. ),
b) At obnt
4. Pocrie, enaeio, novcla, conto.
5. Ediçõcs ("Sur", 'Emccé", ctc.).
6. Lugarcs ondc rc tntr o problcma alguns contoo dc El d4, .rtigos dc
Otrat ittqa*icioact, ctc.
c)o grobbma do tcm|o

7. O tcmpo (em genl) .


8. O tcmpo na filocoíie c na ciência.
9. O tempo nr litcratura nrcionrl c €strangeiÍa.
10. Fontcr litcrárirg c filoúficas de Borges: r literrtura oricntrt, a cabah hc-
bmica, r Íilorofir mcdiwrl, a litrretura inglar, ctc.
Il. Influênciac dc Borter: obre Bioy Czaz;rez (La hve.nebr ila Mod, La
trafio cdrt,c). RcÍIexo dc eua obra ne titcntura nacionrl c dtrangeira,
Por cxcmplo, eur influência no grupo "Plenàtc", de Parir.

PLANO III
Tcara do trabalho: O @NHECIMENTO JURÍDIC0

z)Àlóghacoiuldico
l.Oqucéelógice.
2. O raciocÍnio juídico,
3. Â Íormalização do rrciaínio jurídico
4, Iárica jurídice c lógica rimMlicr.
5. Exi:tc uma lógica jurídica opcciall
w

tlz A Iniciagão n8 PGqutEa

b) T§tia do coofudnento iuídico

6- O ombtcma do conhccimcnto jurídico.


i. Â àt-t t"do conhccimcnto no camPo do dircio
8. Problcsrar r aPoriaa.
9. A normrtividrdc do direito.
c) A bgico Mdica

t0. Ttorie dos cnunciados.


ll. Proporição c juízo.
12. Vcrdade c validadc.
13. JuÍzoa cnunciativoe e juízos normativos
14. Conclurõo.

PLANO tV

Tcmr: Á PATOLOGIA DA LINGUAGEM

z) Tcotb dt lingtagctn

l. Âtueliderh do cctudo da linguagem.


2, A linguegcm dr ciência, da arte, da Íilosofia e de rcligião.
3, Âr ciênciar da lingurgem.
4. Scmiótio.
5, Tcorir da informação.
6. Lingüírtice cstrutuÍal.

b) Po,ologb do liagtogcn.

7. A Íocalizeçio ncurológica: as a[asias.


à. e ir..riàia" priquiíúice: a linguagem -dos. rlicnador'
9. Âr tcoriar- clÁúiceg: dc Broca a PierreMarie'
10.
'll, Âr tcorir: dc H. Jackron, PicL e Head'
 conccpçIo dc Goldstein.
ii. í"à]"gii'a. lingurgem. e lógica simbólica (Matte Blanco)'
t3. Prtoloiie dr lin3uagcm e cibanética'
l{. Coocluúo.
PT-ANO V

Tcma: TEORIA DO STRESS

al Erciotogaaic dq aúcnüla&t .ilc dalt4u


I . Conccito çta,l dc stscst .
2. Áatcccdcota tcóriooe.
3. Â ttoria de §clyi.
,1, O rÍndromc gcrrl dc adrpaçlo.
5. Âr cnÍcrmidedcr dc adaptação.
O Plano de Investigação 113

b) At Trooat d.a teoio e sa crírica

6 Provas biológicas.
7 Provas farmacológÍcas.
8 Experiência farmacológica cm seres humanos.
9 Os modcmos desenvolvimentos dos corticoesteróides.
10 As crÍticar de Engel.
.ll Réplices de Sclye.
t2 Estudos rcccnter.
l3 Exteruão do conceito no campo psicológico.
l4 Conclus6es.

PLANO VI
Iema: A TEORIA DOS MODELOS NÂ FÍSICÁ MODERNA
a) Teorh dot nodolat
l. Modelo c i[têÍpÍctação.
2. Conccito algébrico de modelo.
3. Conceito sinútiào dc modelo.
4. Conceito semântico de modelo.
5. O estudo formal dos modelos.
6) A lun+ito dos.ntodclot nat cünciat f,íticat
6. Modelos e investigação,
7. Modcloc e experiência.
8. Modelos e expliceção.
c) Ot moddos na lítho

9. A noção de modelo nr Íírice tónca.


10. Og modclog de RutherÍord e Bohr.
ll. Modelos vetoriaig e hidrodinâmicos.
12. Â noção de modelo em mecânica ondulatória
13. Conclusõcs.

Finalmente, propom os um esquema básico geral que, coE as


adaptaçõês correspondentes, pode ser utilizado paÍã estabel,eccr o
plano de qualquer tema lite.rário, biográfico ou sobre . alguma dou-
trina e seu autor:
PLANO GERAL
:) Introdução

\) O a*ot
l. Vida, mcio, evoluçio.
2. O rmbiente (cicntíÍico, litcrário, ÍiloúÍico, hirtórico)
4

114 A Iniciagão na Pesqulsa


c) A obru

3. Crrátcr dc scus livros,


4. EdiÉcs.
5. Autcnticidade, cronologia
6. Estrutura dos tertos.
d) ,l doutrinn

7. O pensamento (em geral).


8. Aspectos particularcs da doutrina o tema
9. Âs fontes.
10. Ávelieção e crftica.
ll. Influênciae.
12. Conclusões.
INFORMAçÃO UBLTOGR^FICA

Ac Íonter

Nas ciências posiüvas, em especial nas ciências fáticas, as foatcs


são os trabalhos de laboratóriq as observaç&s e os cxperimento;
nas disciplinas humarústicas nas ciÊacias formais (matc-
mática, física teóric4 lógica matemática) são os lirnos, os arti-
gos tecnicos, os documentoe de arquivos e,- em outr$ caso§ (psico-
logia social, sociologia, economia, etc.), também os resultados dos
trabalhos de campo.
Comecemos, pois, pelo exame do matcrial de publicações quc
usaÍemos na pesquisa. Deve-se ver, antes de tudo, se, se trata de uB
trabalho inédito ou manuscrito; nessê caso é necessário aualisaÍ sr
condições da obrra, A primeira questão consiste em determinar a
autenticidade do texto, problema quc nem sempre sc pode resolvcr
facihente, devido ao fato de que às vezes os manuscritos foram
copiados, traduzidoc, e sofreram toda soÍte de inrcrpolações. Aqui
intervêm os codiólogos, os palógrafos c os filólogos, quc-são os cÍl-
caÍregados de interpretar e pronunciar-se sobre a autenticidade do
texto77.
A interpretação de um texto exige, além do auxflio da paleo-

7l At Epírtolu plztônicas e alguns doa Diálogot Íorzm considerados suc€r-


sivamente autênticc e inautSntkoa (cxietem várior tltudoc crpcciair robre a cpÍr
tola 7.e, por excmplo). Na atualidade, accita-sc quc zs EClst&r nío
tenham sido integralmente obra ori3inal de Pletão - cnrbore plr-
relletem o pcurmcnto
tônico. -
116 A Inictagão na Posqulsa

grafia, o einprcgo dc métodos filológicos. Entretanto, não se deve


cubordinar a exegese filosófica à üngüísticoze.
. Fernand van StecnberghenTo e R. Mondolfoao referiram-se exaus-
üvamonte aos problemas que impücam o exame do material sobre o
quel se deve trabalhar, quando se trata de pcsquisas na história da filo-
sôfia ou na litcratura. Cono exemplos, no plano da indagação literária,
citaremos dois casos apresentados por Daniel Mornetol:

Viotor Hugo: as Contemplações (uma ou muitas partes).


I )
Problenas particularcsi datas de composição das diferentes partes,
ctp. Problcmas gcraisi 19) Temas das diferentes peças; como se
agrupam paÍâ expressar uma concepção de amor; uma concepção da
vida soeial; uma concepção filosófica da naturezal uma filosofia ge-
ral; uma coocepção do papel social e filosófico do poeta. 29) A
arto de Vicúor Hugo; pstudo de: a) sua imaginação sob suas diversas
formas (visual, auditiva, de transfiguração, etc.); b) de sua retórica
(no bom sentido do termo): misc -en-scàne, vaÍiedade dos tons, etc.:
c) dc seu estilo (sob divcrsos aspectos). 39) Lugpr dzs Conten-
plações to conjunto.da obra do poeta; sua evolução; o que anuncia
a inspiração das ohras posteriores. 49) Comparação com as corren-
tcs ou modos poéticos contemporâneos (poesia social a arte pela
artc, poesia do grandioso ou do sobrenatural, etc.). De onde: 5e)
A originúdade de Victor Hugo, que reside sobretudo em sua
imaginaçao e em sua arte.

78 Mcsmo no! tcmpos atuais, o método íilológico conrcrva a sur importância.


Por crcmplq a cla*iÍicaçío doa Dülogot plat6nicos pclo método atilomátrico de Lu-
odewrli, orja cÍicácia Íoi prorreda peh coincidência dc scus rcrultador com oa obtidor
por ume tênice dirtintr, como r preconizedr por Stcíaaini. Encctrnto, rua impot-
tâEcia Íoi cxagcnda pchs Íilólogos. Hcidcgger como Íizcra Nictzrche em cur
époce esinalou ÍrcqüentcmentÊ lurE limitaçõcr.- Pot outra prrte, €m problemas
-
da fil6ofie oricotel, o método Íilológico somcnt! lÊtDu à dcformação drg doutriner
mcaííricae, quc ú podcm eer bem abotdedrr conhecendo'tc rs língura sagredrs
(râarcrito, árrbe literal, chinês), as quai.: aão inabordávcir com or métodoa cicn'
tilficor da filologia c da lingüíetica. exclusivamcntc, Por sua natuÍeza simbólica e
nctafírica.
79 Vcjr*c scu livÍo D xtioct ?our la conlecrhn d'u,tu nonoga|hb scittu
Ni$u úw; oyflbatbu cosuitct oua txlurch.u tw b ghibrcphia &lVval"ç. 2.'
cd., rsvireda i corrigida. Lovrina, Éditionr dc L'Ingtitut Supéricur de Philcophic,
l9{9, p. l*'t8.
§ Ptobtaut I& h iwcttiguilí* n h hittorb dc h tihntla, ú'
mttodot
cit.
81 Vcjr*c rcu livro Cornt Lêf,c ylgant ct iliga unc düscttatiott ço*t,b
licnce ü b*ro4 obrt opccialmcntc úiil pera or 4tudântcr dc lctras. Os ercnploc
quc acolhcmoo râo, nr rcrlidrde, planos completos do trebalho.
V

InÍonmagão Blbüográflca 117

2) Boileau: A arte poética. Problenus püticulorcsi data da


composição, etc, Probletnas geraix P) A doutrina de Boileau: as
regras propostas em á afie poética; as intenções de Boileau: a
doutrina objetiva e desinteressada e a doutrina de combate, da po-
lêmica pessoal; a composição (ou a falta de composição) da obra;
os méritos da expressão ou do estilo. 29) Valor da doutrina de Boi-
Ieau: não traz nenhum princípio novo, nem tampouco alguma or-
gatização mais satisfatória dos princípios; mas é viva e pitoresca.
39) Jnfluência desta doutrina: a) imediata; sobre os "amigos" de
Boileau; sobre a opinião geral; a reação das "vítimas" de Boileau;
b) mais remota: como Boileau chega a ser o "Íegente do Parnaso".
Conseqüentemente, o problema prévio das fontes implica dcter-
minar:

le) Se possuímos a obra completa de um autor.


2e) Se chegou até nós diretamente ou através de cópias.
3e) Se foram perdidas algumas obras.
4e) Se só possuímos frapÍnentos (como no caso dos textos
pÍé-socÍáticos) .
5e) Se só possuímos referências a tais fragmentos.
6c) Tratando-se de cópias, tÍanscrições ou referências indire-
tas, estabelecer sua exatidão e coÍTeção, isto é, se houve
ou não alterações do texto, deforrrações (voluntárias ou
não), erros, omissões ou alterações cronológicas. /
7a) Em que medida os textos Íefletem o pensamento do auíor,
seja por sua forma incompleta ou porque aquele úão con-
fiou à palawa escrita seu pensamento íntimo ou, final-
mente, porque o referido pensamento evoluiu atÍavés do
tempo.
Ee) Valor dos testemunhos indiretos sobre um autor.
9e) Valm dos testemunhos diretos sobre um autor.
10e) Posição, ideologia e atitude das tpstemunhas (diretas ou
indiretas).

Para fixar idéias, mencionaremos al.guns exemplos, Vejamos


primeiro o caso do pitagorismo. Há quem tenha aceito totalmente
os tardios testemunhos dos neopitagóricos; outros, por sua vez, r,âo
só negam seu valor, mas inclusive chegam a negar a própria exis-
tência da escola pitagórica e até de Pitágoras. Ortro exemplo: os
testemúnhos sobre Sócrates são radicalmente diferentes, sÊ conside-
ramos os diáIogos platônicos, as Menorias de Xenofonte, as refe-
rências de Aristóteles ou as alusõ€s satíricas de Aristófanes em
As nuvens.
118 A Iniciryão na Pesqtisa
Lcmbremos e cooccpção_ atual dos pr6socráticoo através de
holcnietas como Kirk ou Ravcn, tão diferentes das interpreta@es clás-
oicas.

A üurco metódicc
A busca metódica é o momento heurístico, a reunião sistemá-
üca o ordenada de textos, obrEãAãtloslPEãTealizsr uma pesquisa,
não é necpssário domiaar a biblioteconornia e a bibliografia como um
perito; com o auxílio do professôr, seguindo suas indicações, muito
se progride. É útil, entretanto, 'conhecer seus fundamentos e sobre-
tudo apreader a usar livros e bibliotecas, de modo que contribuam
para a obtrnção de uma verdadeira economia intelectual.
A biblioteconomia se ocupa da organização e do funciona-
mento dos livros nas bibliotecas; a bibliografra tem por objeto sua
descrição e classificação. O que importa é saber empregar eficiente-
mptrüg as obras necessárias para levar a bom termo a pesquisa ou
a iaformação sobre os antecodentes do tema.
São aspectos da busca a coleta de dados, de fatos e de expe-
riências (quando forem de utiüdade), o acesso às fohtes e à biblio-
grúa (livros, ensaios e artigos de reüstas), que pode ser geral e
eepecial.
O primeiro ponto é hteressantÊ, principalmcnte nas çiênciasjc
fa&§. Áqú havpmos de nos referir abutros dois aspectos]-(õ1ío
oo que influem fundamentalmente em toda a investigação rpúizada
no âmbito da filosofia, das letras, da história e, em geral,.nas ciên-
cias ds cultuÍa.
No parágrafo anterior ocupamo- nos com o exaúe das fontes. Ve-
jamos, agora, a bibliografia Na mpdida do possívelEeve ser de pri-
meira mão (daí a necessidade de conhecer vários idiomas moderoos.
e, em certos casos, inclusive as Ínguas clássicas). Ao manuseâr
traduçôes devem-sÊ preferi.r as realizadas por especialistas na maté-
riaa2, Por exemplo, a tradução inglesa da obra aristotélica por D.
Ross, de Oxford, ou a versão dos Diálogos platônicos patrocinada
pela Association Guillaume Budé. Sempre que possível é bom (so-
bretudo tratatrdo-se de autores antigos) recorrer às traduções ane
tadas (edições críücas).
Fora da utilização óbvia da própria biblioteca, torna-se neces-

82 E sebido quc somentc razõer econômicrr ncm 8€mpÍc pcÍmitem hierar-


qoizer cntrc nós a tareía de trartuçâo, que, cm c!Ítos casor, dcvie ser eolucionade
pclar cditorae das universideda.
InÍornagáo BtbüopáÍtca tlg
sário coltar, eo primeiro lugar, com as bibüotecas universitárias.
Não se devcm.dcsprezar,_:lFetuto-, oltras possibilidaa.r,
o:.rr. plo a- visilaeão à Bibüoteca Nacional- às bibüotêc;"o.o fr
dsí fus-
gg- §q cicntÍficag (como a Unieo Matcáática *- ; 7;*irçã
Mldica), a do.Congresso, da Sociedade CientÍEca Argentina e ac
br-bliotocas populares e municipais. Importa considerar taoUem
as bi_
bliotecas dos semiaários, mostciros, univcrsidadcs particulares, ctc.
-
Como sê aprovei.ta mclhor .ma biblioteca? Conhecendo sua or-
ganização geral e seu funciooamento. As bibüotrcas centrais das
univcrsidadcs e as bibriotêcas das faculdades e institutos p"*roi^
In -acerv-o de obras quc explora com a seleção bibliográiica rca_
lizada pelos professores. -sc
Não ãbstante, no regúanrento de todes as
bibüotecas considera-se a possibilidade ae iaquirir üwos qui sê_
jag eoliq,rtados pcloe loitorcs, em particular se ãte. estudanÊs são
nniversitários. Inclusive, pode-so cõnsiderar
_ o empréstimo de certas
oDrÊs que e steE em outras bibüotecas (empréctimo iotcrbibliotê-
cário).
A biblioteca de uma universidade, faculdade ou escola poesui
uga sala de leitura que .tem uma funÇão. Nela consultam_se as enci-
gloq!íias, diciontírios, colções, histôria da ciência, da literatuÍa,
da Íilosofia, etc., e os repcrtórios bibliográficoo. por isso, o alunó
deve familiarizar-se com o material biHiõgráfico que constituirri sua
o[imeira fonte de consulta, pedir as oUrasl totteá-ias, examinar 6uar
tábuas c índices. Em todos aqueles casoi nos quais os pstudantes
acceesitam de uma orientação - bibliográfica prévia, estas obras de
consulta lhes serão muito úüei§, e por áas devãm iniciar seu trebalho.
Principatnente pelas indicações bibliográÍicas que encerrarn,
- A orientação do
nador da
proftssor, que deve ser em reaüdade o coorde_
ryrqoi"-" que o aluno iealiza, lhe permitirá progr"Oir, .ir_
cuascrevpndo mais rapidamente o objetivo ce-ntral do tiatÃlho.
ena_
loga. função desempenham os pesquisadores que trabalham oa
uni-
-v.crsid-aae
erl rggrTe de tempo intêgral. Nesta fase inicial do traba-
Iho são múto úteis os tratados sistãmáticos e as enciclopédi", ;õ;-
cializadas.
Numa pesquisa sobre filosofia medieval, por exemplq deve_
y- lTorrer em primeiro lugar à História da ÍílosoÍia meaiivai de b
Wulf ou aos tratados sistúáticos de Gilson ou óoUr"n e, eviden_
teqetrte, tr rrm forD dicionário de teologia ou à- Encíclopédit da
BÍbliêí. Num problema de Íilosofia das re-ligiões, haverá necessidade

8-3 P,ara bibliograÍia sobrc 116o1;" mcdicval, vcje.cc r obra citrda dc van
-
Stccnbc4hen.
l2O A Intciaçáo na Petqulsa
de começar por consultar un^ bom tratado de história das religiõe-s'
cüno o pot Qúllet, o produzido sob a 4ireção de M' Bril-
"aitâdo
lant e R. Aigrain ou o de M. Eliade (que é a única destas três obras
que foi traduzida em castelhano).
Dos repertórios bibliográficos da filosofia r'ecordaremos a Bi-
Uio;tatio p'hilosophica ae É. G' A. de Brie, o Manuel dc biblio-
srrinià aà G. Vãret e a editada semestralmente por VrinPhiloso-sob a
iesfonsaUiliAad e do Institut I nternational de Collaboration
phiEtega.
A sala de leitura é também o lugar de consulta das revistas
filosóficas, das quais não se pode prescindir. Algumas destas publi-
cações periódicát costum". dedicar alguns tomos para atualizar
p.óbl"màr ou abordar o estudo de sistemas ou épocas do pensamento
iilosófico ou literário, mrdiante o esforço convergente de pesquisa-
dores especializados nos rÊspectivos temas. Assim, por exemPlo,. a
Revtu Philosophique dedicou alguns números à.filosofia da ciência,
à filosofia gtega i à filosofia ôriental, respectivamente' A revista
súça Dialec-ticã, dirigida por F' Gonseth (matemático e filósofo das
ciências), fez a meima toisa relativamente à noção de "comple-
mentariáade", às "relações entre a ciência e a filosofia" e à "noção
biológica de espécie". Recordemos o tomo dedicado pela -Rivista- di
fUsÜia à diaÉtica e os da I-a Table Ronde sobre a Bíblia, o sím-
bolo áa cruz, Don Juan, Kierkegaard, etc. A publicação francesa
Recherches et Débats consagrou importaútes tomos para expor
questões tão diversas e relevantes como a originalidade biológica do
homem, a psicanálise, a cultura negÍa, etc.

A técnico dor Íichor'


Sem exagerar sua importância nem dissim-ular seus inconve-
nientes, deve-íe admitir a ütilidade das fichas: facilitam a sistema-
tizalao' tiUtiogr âfica, a ordenação das idéias e o trabalho de síntese'
À árganizaçaã do material tórna possível a disposição mais clara
."ii fá"il dos elementos com os quais se trabalhou'
" Uma ficha é um pedaço de cartolina ( substituível por um pedaço
de papel) de medidás variáveis, segundo o y:o -.a que se- destina'
Distinguimos entre: a) ficha bibliográfica e b) ficha de documen-

84 Vejam+e as valiosas informaçõ€s biblir'gÍáIicas incluídas por R' Mon-


aofÍo.- .í, obie já citada, Probhmu ! 'ntétodot de inacttigaaión a la hitoriz
dc la liloto!ío.
- ; 'À ÁBNT, sua publicação PNB-66' estabelece a8 normas t 5613m sbser:
"- da Trad.)
vadas no Braril. (N.
fnformação Bibüográfica U1
tação, O formato usual da ficha bibliográfica, que é também o in_
ternacional, é de t2S x 75 milímetroi. Numa'das faces da ficha
escreve-se o nome completo do autor; o útulo do üwo, ensaio
or
aÍigo; a_edição e a coleção; o lugar de publicação; o formato e o
ofu?r_o de páginas, e alguns autorcs acresõentam
-o
preço da obra.
_ ,.No reverso pode consignar-se o sumário, uma síntese crítica
do livro e o juízo,pessoal, sob o ponto dÊ vista da relação do üvro
com o tema do trabalho. Assim, um üvro excelente pode icr um valor
relativo para a pesquisa, por tÍatar o tema lateralàente ou sob um
ponto de vista diferente do que interessa,
Vejamos alguns exemplos de fichas bibliográficas:

19 EXEMPLO

a ) Anverso
Monxrr, D.r,xirr,
Comonaú.-prfuorer et údigcr unc díttcrtarion goul la lía.,tce àt lctÚct
(Le livre de l'étudiant.)
Paris, Boivin et Cic.. I939.
Um vol. 17 x ll; l2j p.

b) Reverso

Resenhas: não conhcço.


O- autor €screveu impoÍtantes €studos sobrc Diclcrot e Moliàre,
. Observações: inclui
rios cxernoloc
uma boa bibtiografia básica de literatura franc€sa e vr-
literárins. É aproveitávcr- pa-ra estuáos de riieiatura; mcnos útil
no caso de monografias científicas e filoióficas. Bom delineamento 'ao piàút"rri
de estilo e de composição.

29 EXEMPLO

a) Ânverso

Monoor,ro, Rooorro
Problenos y nêtodot d,c la hucttigrción ?r, la h;rrotk dc lo
(Cuadernoe de Filosofía, S) lilorcfia
Tucumán, Instituto dê Filosofia (Universidade Nacional de Tucumán), 1949.
Um vol. 23 x 16; 222 p.

b) Reverso

-boa Observações: exccl€ntc obra, cspecialmcnte para trabalhar em filo:ofir. Muito


e- completa bibliograÍia sobre guias ,.p"rióri* filúãtrtficos, dicionários dc
filosofia, higtória da filosofia e rústas "filocóíicae. Um p"r-quir"dár ;;,* -"-".,
se deve pecquisar.
(Exicte uma nove edição de Eudrba, com atualização bibliográfica.)
722 A Iniciação na Pesquisa
Os dois exemplos antcriores, como se suspeitará' foram ex-
traídoc das fichas preparada§ paÍa escr€ver o pres€nte trabalho.
Vcjamos, agora, um exemplo alheio a este estudo:

39 EXEMPLO
a) Anverso

Mu§cz, Vrcerrr
L,ógiaa matenútico y lógba tilotüha.
Madrid, Edição da Revirta Erttdiot, 1962
Um vol. 23 x 17; 288 p.
b) Reverso

Sirtcmatização de invertigaçócs antcriores do autor cm revirtrr difíceis dc


con*guir. Muito importantc paia a filorofia da lógica, da lógica matemáticr G
da mctrlógica. Estudo objetivo. Com ebundrnte bibliografia.

Vejamos agora como se faz uma ficha de um artigo de revista:

49 EXEMPLO

a) Ánverao
,

Sermn, Grorcn
"Tirc Hietory oÍ Science versug thc History oÍ Medicine". Revista /rir, Parie,
n.o XXIII, 4 de julho dc 1935, p. {O5409.

Como se vê, o título do artigo escreve-§e entre asPas c sublinha-se


o tÍtulo da revista. Por certo que não constitui um erro gÍave citar-sc
um artigo de revista da mesÀa forma quc um livro; entretanto, é
necossáÍio admitir que, §e usarmos aspas no primeiro ca§o, o leitor
de imcdiato sabe qüc se tÍata de um artigo de revista e não de um
livro.
As fichas de documentação (que costumamo§ chamar, Por
vezes, "fichas de seminário") são de um tamanho maior que as bi-
bliográficas: 140 x 90 ou 140 x 105 milímetros. Empregam-se numa
ÍasCpostcrior da pesquisa, depois dc se terem lido e estudado analiti-
camcnt€ as fontes bibüográficas. Nclas se consigpará a informação
ncccssária para a proposição e a §olução das questões e problema§
a considerar oo trabalho.
À rcdação das fichas de documentação deve seÍ múto cúdadosa,
I
coEeçando Por Íegistrsr com toda precisão a ori8em da- infor-
mação, o luú e o autor. Ao realizar a traNcrição ou a síntcse' dcvo-sc
extrcrlar e objetividsdc, evitando dcfrontar os dados com juízos ol
Inlomagão BibtiográÍlca 123

apreciaçõcs pessoais ou dc outros autores. Cumpre não psquecer que,


passado algtm tempo, torna-se diÍÍcil saber até que ponto estão sendo
expostas (analisadas, criticadas) idéias próprias ou alheias e. sobtc-
tndo, se as atribuições e responsabilidades são cotrer,§.
Uma das inegáveis vantagens das fichas é a economia de traba-
Iho intelectual e material. Por isso, ao escreveÍ as fichas de documen'
tação, deve-se evitar o excesso de informação. Assim, num trabalho
sobre Descartes, nllo interessa anotaÍ nas fichas a data e o lugar
do seu nascimeoto, que foi o autor do Discurso do método, o criador
da geometria analítica, etc. Isto seria perder lamentavelmcnte o
tempo anotando dados que figuram em qualquer hisória da filosofia.
A documentação pode consistir em: a) transcriçõcs; b) re-
sumos; c) sÍntcse e d) referências.
N tarrsctiçies textuais scrão feitas quando os respectivoe ex-
tÍatos tiverem que ser incluídos no trabalho pot sua condição de fontes
ou por constifuírem um elemento de prova. No caso já citado do
eetudo sobre Parmêntdes, poderia ser convenientc transcrever .al'
guns fragmentos do tÊxto "Sobre a natureza", com o objeüvo dc
realizar um estudo sobre as notáveis diferenças de estilo existentes
entre o Proêmia e a Primeira Parte. Não só por razões estilÍsücas,
mas, além disso, porque deste cotejo de textos se poderá elucidar
o sentido da obra e a intenção do autor. O Proêmio escrito trnma
linguagem reügiosa, quase mística e muito poética, e o resto usando
expressões lógicas, racionais.
A função básica dos rcsumos é instrumental, e, por isso, devem-se
fazer quando as obras (ou as partes das mesmas) utilizadas per'
tencem a uma biblioteca pública, à qual deverão ser devolvidas de-
pois de lidas.
A síntese que não deve ser confundida com o Íesumo é
-
o trabalho mais- importantc, mas também o mais difícil: é o fim idcal
da documentação, Consiste em expor as idéias centrais de um tcxto,
sua significação e sua unidade dc sentido. O trabalho de sínte.sc in-
tervém na parte básica do trabalho de pesquisa, sobretudo no de.
senvolvimento, na fundamentação e na conclusão.
As reÍerêrcios breves e concisas {sv66 consigoar-se
- acesso,
- conhecidas e de fácil
guando se tÍata de obras
Para as transcrições e os resumos de certa extensão, torna-se
práüco utilizar folhas grandes, das chamadas tamaúo "ofício", ou
pequenos cadernos que se acrescentarão às fichas respectivas.
O valor da técnica das fichas, como dc todo méüodo, depende
também de quem o põe em prática. Além disso, assinalaremos alguns
de seus inconvenientes mais notórios: um deles é a "fichamania"'
isto é, a estéril acumulação dc fichas que nunca serão aproveitadas
121 A Inlctação na Pesquisa
num trabelho final. Em disciplinas históricas, onde a documentação
é fundamentat e não se podc presciadir da heurÍstica, pode-se oorrer
estc risco. Daí a importância do estudo da filosofia da história, e
inclusivc de considerar a reconstrução histórica coÍn um critâio filo-
sófico, como sustetrtarâm hisüoriadores do porte dc Tolmbee c
Marrou.
Outras vezes, o compilador das fichas limita-se a um mero tra-
balho de transcrição das notas das mesmas. Einalmente. citaremos
corno uma sifuação extrema, detrtro destas tendências, a destas mo-
nografias intermináveis que se apresentam como um subproduto de
monumentais coleções de fichas, mas onde, em suma, nem o autor
nem o leitor sabem por fim "a que se ater".
Vejamos alguns exemplos do modo de redigir as fichas de do-
cumentação. Em primeiro lugar, a transcrição de uma rÊferência.

Heom, Prnr.r-Hrxnr
L' lwnnc, "plaul cahttc"
Atrs do XI Congrcsso das Sociedrdcs dc Filosofia de Língua Franccea
Ed. Prcssee Uriivcrsiaires dc France, Paris, 1961, p. 79.

"Ccltc in.agc de I'ho*mt'platla ccl"clc' o doac ut dou-bb o4cct. D'uao


lort, cllc indiquc una o?foritio* londornattds çltrc la llontê cL I'honiL.i
cüo-là a s* rucíttdt d.ou Ia tcrtc, cclui-ci dau lo cicl; I'konnnc ctt oini unc
pla a iouor c. D'aulrê ?art, il lc lzittc cobcacit t,r.c farê|Lté groloddt antru
I'honatc et la plo*c: ,our dauu jowürnt dd la vcrticalité; I'honmc ctr, alort
sn oabtal qü rutrcuvl lo uettitalitá dc la plo*tc,"

Acomunicação científica de onde extraímos Êssa referência


constituiuE estudo muito interessante de antropologia e a referência
quc tr8[screveEos tcE a vantagem de quc, ao apresentar a idéia
central que o autor desenvolve, tros serve, ao mesmo tempo, de
sÍatcsc de seu estudo. Note-se que fizemos a transcrição no idioma
original.
Outro eximplo:
Dr Pr,urr, T.,. Lecoa, N. c PIzzIxt, T. (Dirigidos por E. Sábato)

Atrtohgla da iríornacioaa 9 ogittionct nbrc cl tatgo f tt ,nitrdo.


(Incluído on S.Árero, 8,, Tarogo, ditcutión y clate, Brcnot Âircr, Lorrda, r963.)

eurg Maüwiottot sdonaieataq Waldo Fraú ersim cc rxprcssa:


t.., 'Em
Todr a vrrtidão, tode e nrelencolir c todr . pairío.cm limito c incrper
dc rotução dr Argcntina, rê wrtcrão logo... no beilc nacionrl do argcntino
etual... quc narocu crn tnbrlder couívocor'." (p. 28)
"Florcncio Ererdó arstcnta quc: 'O tango é r crnção íolclórica da cidede
cnquento cxprcrra, deumr mrncin involuntárir, trrac bcm rigoificative, algo
profundo, úrnrccndcntal c pcÍüancntc dr almr dr próprir cidade'," (p, 29)
Informação Blbltográlica 125
''Na opinião de Carlo; Vcga,'... o u!.'tÉur peh consideração c o ertrldo
rlo Tango porteoho reulta de uma completa faltr de sentido histórico,..,,'
1p.3l)
"Por outro lado, Maccdonio Femándcz rustcntavâ: .Nrôs, poÍtcnhos,
si,nros um povo dc mcrtadotea e tonlort icõct':' b. 3d
Como se faz um resurr,.. para a documentação? Aqui está um
exemplo:

-{rpurÉ, Iü.
Qu'ctt-ce que com?rctdrc at un philotophicl
(Coüàgc P hiloto.?hiquc)
Paris, Centrc de Documentation Universitairc, sem data

A<r aentir o tcmor dc scr enganado, Deacartcs nos Lala, oz primciro


nwd,italôo, do carátdr cnganoso dos sentidqs. e, até o final da áerma, o jênio
maligno adqrrire crtc crátcÍ. Por isso mcsmo, ecudirá logo à veracidade diiina.
estabcleccndo ume relação intcrsubjetiva entre a s;a ...,r"iãr"i" . ai
Deus. "
Neste resumo ut izamos, na medida do possível, as mesm&s
palavras do autor, eliminando os circunlóquios, as express&s i.ndi-
retas e as justificações circunstanciais, porque um resumo não é
uma síntese, mas uma redução de um texto respeitando seu sentido.
Fonmrlamos agora um exemplo de síntese:

M,rv, Rolro
i!1, rurgimat-to de la gricologíe crütawiol, p. 42-58.
(Cep. I da obrr coletiva Pitohgla c*üte*b), Buenos Airee, Paidós, ll}63.)

- a) Princípioe dc uma p:icotcrapir cicmífica: l.o) toda a psicotcnpir d*c


adaptar-re-à naturcza do ser humanol 2,".).não é ceÍto que o àais complao rc
cxpüca pclo maia rimplcr mer ro cootrário: o mais simpkr ó
se poác cu-
prcerdcr e cxplicar-ç pclo mait mmplcxo; 3.o) o objeto dc totudo-úo é um
paciente,
_
um homem mer dt 4r-?croat-"Eirlofitct-cit-utt-owndo (quc é o
conrultório do pricotcrepcutr) ; 4.o) a dimcruão crirtcnciel bánica é i cüdêo-
an dz oatado c h doib;S.o)e cxittência humrne rc ddine como coco-
cialmcntc tiwr, o quc implicr rtgar es Íorçar dctcmrinistas quê etueú tobrc o
homcm; ó.o) vcnccndo e conccpção pticanrUticr, e pricólqia exircmirl mr-
tcntr quc câda 'reÍ" eprclcntt üêr alpccto!: "cu mc!mo", "pcrsoa" e.'cu,,.
b) Dilia&lda c rücot ü Ficologb cri.ltctuidz l.o) o ú!o doc coú-
ceitoc dr psicologia cxirtcncial pra jurtúicar etitude entiintclccturlirtrr;
2.o) Dificuldrdcs ecmânticrr deriredal do uro dc umr tcrminologie hcrdeda
de Europa; 3.o) a pricologia cristcncirl corre o ricco dc scr rubmcne nume
Írlra dielética: ncionalicmernti-ncionelirmo; {.o) idêntiÍicaÉo cortr ccm.
crcolrr dc budirmezcn (o quc não irnplica nume dclotimeÉo dote filo.
rofía ) .

Em poucas linhas, sintetizarnos um texto. de dezesseis págtras.


l2A A Intctação na Pesquisa

Anólbe e crítico do dccunrcntoçõo blbliogrÚÍico


A reÍlexão crítica sobre o material bibliográfico inicia-se a
partii do -o."rto da seleção, que -já implica -assumir uma atitude
êríti." fac. aos textos. A critica d'a documcntação, em senüdo estrito'
i. formular um juízo de valor sobre os textos como tais'
"*.i.t" externa e úma crítica interna ou de itrterpretação'
--- uma críticaexterna

útia"
À-úa refere-se às fontes e é de natureza histórica'
incfui critica: a) dos textos; b) da autenticidade e c) da ori-
[o"fiA"a.. A crítica textual deve responder às seguintes perguntas:
l) É o texto autógrafo do autor presumido?
2) Foi escrito Para ser publicado ou não (o-caso de algumas
obras de KaIka ou dos Carnets de Levy-Bruhl e de parte
da produção inédita de Husserl)?
3) É uma cóPia?
4) De que éPoca?
5) Foi revisado Pelo autor?
6) É uma cóPia de cóPia?

O estÍito oumprimento da crítica textual impõe-se em toda a


publicação de inédiios, o que nflo é o caso de um trabalho mooo-
ãiíritr'.o, finalidadei esôlares86' O conhecimento de sua proble-
iráüca fundamental serve, entretanto, para aplicáJa à escolha das
E esta, sim, é uma questão que se aPres€nta correntemente
"Uiç0"t.
no preparo de uma moriografia.
'À crítica de autenticidade e de originalidade costuma ser tra-
balho prévio a toda pesquisa; no caso dos trabalhos monográl]c9s'
considcia+e realizada se- foi feita uma boa escolha das edições
(por cxemplo, as edi@es críticas, anotadas, cmlo I já Íne1-
àionaaa de'Ross para Ari*óteles ou a de Gilson do Discwso do
Ct o j6 explicamos, a crítica dc autcnticidade foi efe-
^a"a"».
tuada, ántretanto,' sobrã parte da obra platônica' Uta das aplica-
Oã1" dô aurcnticidade é o exame crítico da fideüdadc das
traduções."titi."
crítica interna ou hermenêutica possui maior interesse parc
Ã
nooso objctivo. Exige de quem a exerce um culto desinteressado da ver-

-lf"-. um exlme detido dcete arpecto da crítica, veja-ec J' Bidcz e- A' -8.'
Dr""l-"nn, Enlbi üt sigtw critiquct . Disroitbn da f og1orot dau lcs étli-
tiorLt tcrtallrlt d, l^to, grcu cl btias, Cotttcík ct' tccootnandotiottr' Union Aca-
demique Internationelle, Parir, Les Belles Lettret, 1938.
InÍotmaçõo BibliogrÍúica 127

dade, um espírito desprevenido e a maior objetividade face às intcr-


prctações, sejam estas modernas ou clássicas, e, sobrctudo, diante
das próprias interpretações (autocrítica).
Devc-se penetrar no texto até uma idewilicação com o Pcnsa-
metrto e as intenções de seu autor. Para isso, é preciso ler com sin-
patia e respcito, tratatrdo-se mais de comPrecnder do qlule rfutar.
Âo utilizar os trabalhos doo comentaristas de um autor, é nccessíírio
tcr era conta que o grau dc objetividade está quase scmpre afetado
pcla própria doutrina.
Compreender um texto equivale a haver entendido o quc ,um
autor quis dizer, os problenas que postulou e as soluçles quc propôs
paÍa 06 mcsflros. Uma tentação freqücnte nos jovens é a de inter-
prctar os autores clássicos à luz dos moderBos, o que o§ leva a mo
dernizar pêrigosamcnte até o próprio texto. Devêm-sc lcr os autorcs
em função de toda a sua obra, mas também tro contexto dc sur
época e dÊ scu meio.
Além da pcculiar atitude intelectual e esPiÍitual que supõc csta
idcntificação (transitória, está claro) com o pensamcnto e as iatcn-
ções do autor, condição préüa para a sua compreensáo, é mistcr pe-
neEar Da linguagem, no estilo e nas fontes. Os professores dc filo
soÍia medieval sabem a cautela com que devem scr traduzidas a§
expressões dos filósofos da época, lcvando cm conta, principalmcntc,
a intenção cour que eram usadas as expressões latinas.
A fase final da cítica interna é a avaliação do tcxto, que varia
scgundo a tratureza da fontc a apreciar: literária, histórica, filoeófica'
- Os alunos €ncontf,âÍão um valioso auxflio para a avaliação das
fontes nas resenhas bibliográficas de autores comp€tcntes na§ res-
pcctivas matérias.
Ao final de toda esta tarefa, o estudioso possuirá dados oro-
porcionados pelas fontes, análiscs e estudos deüdos a espccialistaa
;o tema escolhido c críticas pessoais: observações, Problcmas c hi-
pótescs não expücadas ou sintetiadas, rctações e conclusões prcli-
minares. Á tdaidade destc materíd é a documentrcõo, oue scntlrd
dc base à estruturqão da monogralia ou do tabalho de pesEiso
quc se projcta realtzg.

Uro do Ílloooíb, do ciêncin c do litcloturo


É óbüo que em toda pesquisa devem-se consi<terar as contri-
buições anteriores. refletir sobre elas e extrair conclusõcs úteis para
o trabalho pessoal. Se, por cxemplo. se estuda a teoria do cooceit"'
como deixar de parte as contribuicões socrático-platônicas e aristo-
télicas? Mas, ao tomar de cada doutrina o aspocto quc interessa
128 A Iniciação na Posqulsa
para o caso, é necessário avaliaro sistema completo; em outras pa-
lavras, considerá-lo em função do sistema do autor.
Quando o estudo da história da filosofia ou da literatura foi
efetuado com base em sínteses, resumos e interpretações de segutrda
mão (manuais, "introduções" e histórias), os estudantes pdem
cometer o erro de deformar uma doutrina. Entre outras razões,
devido ao fato de que nos livros úilizados siio omitidas as justifi-
cações das idéias expostas e não se explicam as suas articulações
internas, porque essas omissõês foram já preüstas ao planeja,r tais
obras.
O conhecimento dos alunos costuma ser incompleto porque
está condicionado, nesses casos, à finalidade docente, isto é, ao
ensino de um problema, um método ou uma doutrina. E o caráter
fragrrentário do sistema que estudam não só os prejudica estrutuÍal-
mentÊ (por ser incompleto), mas o que é muito mais grave
os faz perder o sentido da unidade - da doutrina, extraviados pela -
letra cujo espízlo lhes escapa.
Em problemas de história, metodologia e filosofia das ciências,
é necessário ter cuidado na manipulação das idéias científicas, eü-
dentemente sem csquecer que se está num plano filosófico ou histórico,
e não técnico (científico). Significa isso que a intenção do estudo,
a postulação da probleúática, a análise e as idéias são estritamcntp
filoúficas88.
O estudioso deste tipo de problemas não só deverá possuir
:erta formagão epistemológica, mas deverá conhecer ainda o sen-
tido dos conceitos cienúficos próprios da respectiva ciência. Por
cxemplo, uma mono.gpafia sobre a filosofia do infinito matemático
requer o coúecimento correto das noções matemáticas de limite,
sucessão, série, nrimero real etc. E o fato de trataÍ-se de uma inves-
tigação filoúfica em nada diminui t trleza e o rigor na manipulação
dessas noções científicas.
Evidentemente que esta atitude de respeito pelo contexto cicn-
tífico de certas idéias pode levar a outro erro: o de retirar conclusões
filoúÍicas de um uso ingênuo dos conceitos da ciência, por uma

86 Transladar ume qucstío filor6fica a uma formulação cicntíÍica implica rcu


aniquilamento; por isto, justamcnte, os cientificistas catão incrpacitados, salvo
cxc.çõc., paÍa a íilocofie das ciênciar, como pata qualqucr outro tipo de inverti-
gaçío filocóÍice. Sc, pelo contrário, o cicntííico !c movc num plano íiloróíico, atuará
como filósoío; ncltc clso devcrá pouuir o conhecimento, ar condiçõcs e rs téc-
nicar quc exige a reÍlexão filoófica. Semprc eltará, por irso mesmo, cm inÍcriori-
dadc de condiç6ea face a um íilósofo profiseional (no bom rentido do tcrmo); icto
cxplica os êÍros gro$eiros dos cientiÍicistas convertidos em fi!ósoÍos.
Inloruação Bibliogtáflca 1l2g

intcrp^retação superficial dos mesmos ou por extrapolações ilegí_


timastT.
É lícito utilizar obras literárias nume monografia sobre um
tema trão literário? O uso da literatura fora de sà emprego espe_
- está claro
cífico em questões literárias ou estéticas, _ aôoníeha_ie,
em certos casos, pelos ensinamentos que oos podem levar a um
-
melhor conhecimeoto do homem. Os grandes elscritores são psic&
logos natos, como provam as obras dã Dostoievsky, Moliêre, Flau_
bert, Ccrvantes, Dante, etd, e, nos tempos rnoderíos, Sartre, Faul-
kner, Camus, Genet, KaÍka, Marcel, irriestley, Milier, Annouilh,
Grúam Greene, Julien Green, Ionesco, etc.
Nas obras üterárias cumpre considerar dois aspectos principais:
a) ,a psicologia dos personagens c b) o coúeciáento áo homem
e,da vida que se deriva dú trabalhos autobiográficos e dos que
aão o são, porque salvo no caso da novela de-iicAão e policial'_
todo o novelista de- algum modo é autobiogriáfico.
-Um
tôrceiro as_
pecto- não depreciável é constituído pelas cónsiderações psicológicas
introduzidas pelos autores de forma impessoal, ou oi ensàios esciitos
com. esta- filú9ade expressa, como o Dilfuio de Amiel ou alguns
ensaios de P. Valéry.
- }Iáb além disso, idéias filosóficas em obras de ficção e inclu_
sive em alguns poemas. Por exemplo, as variações em torno do
tempo_em algumas peças teatrais, em alguns contos de Borges e
Bioy Casares, em alguma novela de Faulkner e nos euatro -quar_
ietos de Elliot. Os temas de filosofia oriental nas novelaide H. Éesse
(Sidarta, Viagew ao O,riente e o logo das contas de vidro) e eti
livros de A, Huxley (A f ilosolia perene, O escritor e a deusa), os
temas trológicos em Bernanos (soas le soleil de Satan), em Julien
Green (Moira e, principalmente, seu Diátio), em Graham Greene
lO poder e a glthia, O liydl da aventuta, Átravés da powe), em C.
Coccioü_. (Céu e nferno), em Huysmans (Os elixires do" diabo);
os conflitos morais em Sartre, Camus, Simone de Beauvoir, Gá-
briel Marcel (em suas obras de ficção, está claro); os problemas
escatológicos em H. James (A turn oÍ the screw); as intuições cos-
mológicas e alquimistas na poesia de Milosz (Le canrique de la
connaissance) ou em alguns poemas de Fernando pessoa e de Wil_
liam Blake (inclusive em suai gravuras); o existencialism o avdnt la
lettre de Roberto Arlt (Os sei loucos) ou de p. Lagerkvist (Bar-

Ç. Yz1:, Ferreyra ocupou-se com €stc problema em sua conhecida mono-


-.87sobre
grafia, Trarcendattalizuiont natcm,itios ilcgítimat (Eáiçao do instituto
dc Filosofía de la Facultad de FilosoÍía y Letras, B-uenos Âires, l-g45.)
f3O A Iniclação na Pcsquisa
rabás) oa de KaÍka (O prouesso, Metotrorlosc); a ontologia imPlí-
cita nos poemas de Trakl, Hôlderlin c Rilke (Aç elegias de Dutrto,
Livro de horas) e nas obras de muitoe outtos novelistas e poctí§ que
tornariam intcrminável a Pre§etrte enumcração.
Não se deve confundlir a poesia filosófica com a filosofia poé-
tica, como o que se encontra em alguns diátogos platônicos do
Pocma de Parmênides (escrito em hexâmctros), ou da maior partc
das obras da filosofia oriental' Os cscritorcs têm fundamentalmente
uma finalidade üterária escrever fic4ões e não científica, nem
filosófica. Às vezes -
descrevem personagens -
que Passam a §er aÍque-
tipos: o "avaro" e o "hipócriti' de Moliêre; o '"crimiooso epilép-
ti'co " Oe Dostoievsky; ú "pícaros" de Cervantes; o Hamlet de
Shakespeare, com toãas as vàntagens e -os. inconvenientes de serem
formai perfeitas (como os arquétipos platônicos, embora em outro
plano) que só existem de maneirá aproximada. na vida real'
^ íor'isso, não devemos esquecer que o objetivo das obras lite-
rárias não é científico, mas sim estétiôo. Poetas, novelistas e dra-
maturgos são homens que procedem, . na maioria dos casos' sem
intenção filosófica. Seuf poemas, porém, podem proporcionar um
rico iilão metafísico, comb abundántemente o mostrou Heidegger
a propósito de Hôlderlin, Trakl e Rilke.
TEAUZAçÃO DA PESQUISA

O erpcrimonto cicntlÍico
A observação cientÍfica é a busca deüberada e controlada dc
objetos, fatos e fenômenos sob certas condiçõês previBmente dctçr-
miaadas, a mais importante das quais é a intersubletividadc, A obi+
tiüdade da ciência no campo cmpÍrico se baseie no poosibilidadc
de que -
a observação seja realizada -
por qualquer obscwador colo
cado numa situação análoga. Esta exigência garsote I elimiaação
dos fatores subjetivos inerentes a um obscrvador, ma3, por certo'
admite as distorções comuns a todos eles. É evidente que a inter-
subjctividade é a úrica possibilidade de evitar o subjetivismo solip
sista.
Os fatos observados ou experimentados convertem-se em enu*
ciados protocolares (chamados também "proposições atômicas" ou
"singulares") quando traduzem lingüisticamente a reaüdade otrscr-
rada, sem interpretação nem explicação alguma. Ncstc ptano de pcs-
quisa, o homem de ciência dcve usar as formas impessoais de lingt+
gem e, sempre que isso seja possÍvel, Íecorrer ao simbolismo artificial
da Eatemática.
Um bom exemplo é dado pelo registro da temperatura de um
doente internado num hospital. A localização do fato o doeate
-
se efetua mcdiante a determinação das duas coordenadas: o es-
-paço e o tempo. Localização espacial: doente 25, da sala 1l do
i{ospital de Clínicas; localização temporal: dia 20 de julho de 1968,
às fl horas. Com base na determinação de ambas as coordenadag
registra-se o fato que, oeste caso, é o controle periódico da tempc-
raúra do doente: 38o, a primeira vez (às ll horas), e suceggiva.
182 A Infcbgão na Pesquisa
mcntc vão sendo anotados os registros termométricís obtidos em
diferentes horas do dia. Estas operações poderão rer efetuadas por
um enfermciro (como ocorre de fato nos hospitais): a única coisa
que se exige é uma atitude objetiva ao verificar a tempêratura e ao
registrá-la.
Se, em vez de ser um enfermeiro, for um médico que tome a tem-
peratura do doente, é inevitável que relacione as variações tcrmG
métricas com o processo patológico que afeta o paciente e do qual
o médico tem conhecimento. Neste caso, deverá igualmente anotar
sem comentáÍios os dados (graus termométricos), omitindo Íoda
referência causal ou expücativa. Os enunciados protocolares são,
pois, o resultado direto de observações, ou melhor, sua tradução
lingüística.
Logicamente, exige-se que estes enunciados sejam verificáveis
diretamente, mediante o confronto com os fatos que lhes deram
origem. O processo técnico de verificação não está isento de difi-
culdades, porque sua comprovação exige como se disse a
-
confirmação intersubjetiva, isto é, a verificação -
conjunta. Segue-se
daí que a objetividade cienúfica da observação baseia-se na intersub.
jeüvidade, mas a observaçáo intersubjetiva está limitada por duas
situações aporéticas: se a observação é simultânea, cada observador
estará limitado por sua prípria perspectiva; se a observação é suces-
siva, o processo observado se modificará com o tempo. Esta rúltima
diÍiculdade é especialmente importante nos experimentos da micro-
física.
Tradicionalmente se exige que os fenômenos sejam passíveis
dc repetição, o que, no fundo, equivale a postular urra condição
biásica de legitimidade universalno processo da verificação. Todaúa,
cabc observar que a condição de possibilidade de repetição nem
sempre se pode exigir, em vista da própria natureza dos fatos obser-
vados. Por exemplo, as pesquisas realizadas durante experiências ex-
cepcionais, como as guerras, 'm eclipse, t Ía catástrofe, o nascimento
de seres teratológicos. No caso particular da parapsicologia, trão só as
percepções extra-sensoriais nem sempÍe são suscetíveis de repetição,
mas inclusive as próprias condições da observação podem inibir a
produção dos fenômenos paranormais. O ceticismo crítico sobre sua
cxistência; por exemplo, tão comum em tudo o que concerne à
fenomenologia parapslcológica, pode impedir o sujeiio dâ realização
exitosa das experiêucias.
O fator humano na observação denominado hu-
maoa" ou 'tquação pessoal" - cuidadosamente"equação
deve ser controlado.
O primeiro passo para eliminar- os erros de observação é o isola-
mento do fato observado relativamente ao contexto que pode dis-
Ecallzaçõo da Pesquisa IBB
torcer a observação ao introduzir o erro. Esta função exige o trei-
trameoto das técnicas de experinentação científica, âesde õ uso dos
instrumJntos até a precisão na redação e tra ioterpretação dos ques_
tion4rios.
A lei do inshummto está htimamente relacionada com este
üpo de erro: um homem de ciência formula problemas cuja solução
qÍge- o empreg_o- 4lo técnicas que ele próprió habilmente manipüa.
Atualmente, a lei do instrumentô manifãsti-se na adoção de métodos
e- técnicas que estão na moda ou que possuem prestígio. por exem-
plo, os conrputadores eletrônicos ã ai técnicaj estaústicas.
Qual é o sentido c a função do experimento científico? Não há
uma distinção precisa entre a observaçãó e o experimento, visto que
este é, na -realidade, uma observação planejadÀ e delimitada côm
um, propósito. Foram descritos experimentos de diversas espécies:
n-ada. que uma dúzia, sem tsgotar as possibilidades ãc .ua
-menos
classificação. fnclusive, numa pesquisá podem-ie planejar expuiên-
cias que.impliquem, simultânea ou sucessivaoente, maii de uin tipo
de experimento.
.A.calibração ou padronização dos instrumentos dp observação
constitui vm etperimznío tnetodológico; podemos defini-lo como un
procedimento. que serve para provar ou -desenvolver alguma técnica
de pesquisa.
Anres de empreender uma pesquisa, pode-se tentar estabelecer
as grandezas de ceÍas variáveis; tal tipo dJ experimento denomina_se
yll9to orl lambém pté-tesÍeíB, A procura dõ novas idéias ou de
linhas aindr não pdrcorrirdas na pesqúsa chama-se experimento
.
hcur'utico. O uso dos modelos- (que-estüdaremos ao nos ocuparoos
da construção da teoria cienúfica) ilustra perfeitanrente esta ãspécie
de experimento. Alguns autores distinguçm, dentro desta espécie de
experimentos, um tipo especiel que dãoominam etploratórià, como,
por exemplq o procertimento chamado de ..ensaio e erro" e a téc-
nica já estudada do uso dos placebos paÍa provar a eficiência qú-
mica de uma droga. Os experimtntos de iimuláçao podem ser incluídos
nesta rubrica, especiatmente no que se refere- ao -uso dos modelos.
O expcimento nomológico tam 4 finnlid6d9 d6 ps6yar ou invaüdar
-com
1m1_hrpótese e o expeimenÍo crucial é projetado
-de o objetivo de
decidir entre duas possíveis interpretaç6es um processo. Muito
proxrtro a esta espécie de experimentos está o experinunto leorético,
que couiste em um ou mais experimentos planejàdos e interpretados

. .. - 88 lhrun, Âbraham, T.hc cuttluct o! inquiry, San Francisco, Chanrller pu-


bliúing Company, 19i4, p. 149.
134 A Inlciagão na Pcsqutse
à luz de certas tcorias. Por exemplo, uma das comprovações expe-
;.ãrtú a" t*ri" da rclatividúc gcncmlizsda de Einstein' quc
orylicsrcmos c scguir com o§ devidoa Po(Eto.nü-€s'
' ú t -Oo cú a tcoria gcral da relatividade, um raio dc luz
ó obtigsdo e dcsviar-sc cn direçgo 8o corPo que. produz um campo
L"fti"ioo"tt a luz é atraÍda plo corpo. Einstein antccipou que a
ãrriú" prcvista pcla tcorla ãa rclatiüdadc gcneralizada tcq^ quo
(mrdiaolc
;Ê;çor-l'i ..úãos dc arcoee. Para verificai a tcoria fotogafar uma
,- iíúrit"oti do tipo tcorético) era- eÀcontra§sc e tornar
necessário.
a
costcüção do ?Álacõ duando o Sol nela se
iotogl*à-r" Gm oute ép-oca do ano, quando-o ocupa1e -ouga
-S.ot.
ooeicão, ADrcsetrtava'se' cntretanto' uma dificuldade, derivada- do
ilã-ird; d; cipouiçáo a que scria nccessário submetcr a placa
*i" ,."rii"t a totôgrúa c qüe teria como conscqüência o obscure-
'"ú;d" .;tma."somcoti se podcria fotografar o fenôoeno du'
rante uB ccüPse total.
A primcira gucrra puropéia a cxperi-
-19 impediu que se realizasse
êocia dürante o-eclipse de de agosto de l9l4; finalmente sc
realizar a ãxpcriência em 29 de maio dc 1919' Duas ex-
"oniecoio tomaÍam as iotografias ncccssárias,-durantc o ccüpsc c
p.dilil
ãopoit a" dois mcses, quúdo a me§ltra rcgião do céu era visível
ãü;it a noite. Uma das expediçõcs realizou experiências em So'
(golfo da Guiné)' Esta
úal (Brasil) e a outra na ilhã do Príncipc
Oti-à-foi presidida pelo astrônomo sir Arthur S' Eddington (que
,.i.*r", iosterionmente coBo o mclhor comeatarista científico da
i"*i"ã"1à"tividadc). A comparação das duss fotografias tomadas
i
;;-ãua; iituaçoes pievistas duiantc o cclipse e dois mcsescom de-
Dois rc,t etou uma'médis de desvio de 1,78", o guc coocordava
=
ã-"Eh;;"iti" ú Eiott.ioto. Obscrvações posüeriorcs, em ccüpses
pelo
;,ú;tú, ratiÍicanam una c outrs vez ó fcnãmeno antecipado
autor da teoria da rclatiúdade.

A vcrlÍiccaúo dor hlPótoror

Nos difercntes níveis da investigaç ão científica salicnta-sc o


papcl proeminente que se atribui ao cxPêrimen to nas ciêocias frí-
ticas, A ex ência cicntÍfica dis da sim les observação

89 A eotecipaçío eiortcinirna conctitui un ctuui& -ptditiuo, crtcgorir dc


cicntíiicar quc cxplicaranol ao p:rágrrÍo rcguintc'
t'"tô'T.,io;iógr.r"'ã.
orooái.o.r
Éiãtt.in t l"riu q'o" olt ttttônto*ot mos*ârrm r Ein3'
tci".i L,qrt fú.,'àiãã-ttt "Eir eÍ e prove da validedc dc rue tcorir"' ro quc
.'?Üil-i.i-a"i: "Ecter provrr or rcnhotco es ncccrtit'vrm. cu nío" '
Rcallzação dr Pcrquisa 135

caráter cminentemente ativo do pcsquisador quaodo rediza


cxpcrimcntog, CM YA da obscrvação
A cxperimcntagão consiste em projctar, org8nizar à comprEilIér
atividadcs quo são inseparáveis da elaboração iotclcctusl
A cpistcEologia dcfioc as duas caractcrÍstiças fundamcnteis da
pcsquisa Por meio de duas expressões: @ o coDtcxto d8
ê o coDterto dc À criação ou a descG
r3l nessa primeira etâpa, quc coosiste na
descoberta (ou na invenção) de novas idéias. Claudc Bernard, em
seu valioso liwo Introdução ao estudo da mediciru experimental, di-
zla que antêci ão de uma idéia é o ao lo
de toda a invcsti DaÍ quc muitas vczes a tri-
de uma iovestigação não seja mais do que o rcsultado da
pobreza itrtelectual da hipótese que lhe dcu origem.
Amc da ur§a métodos p1úg_ye3úçaÍ
as hi tescs, I corretamcntc uma fr' t§
'idêi,Cs
enc a recet
a§ ma idéia ori al pode nascer num Pqno-
e também tro um tra Em ccrtos casos
e um& aÍ a de uma teoÍia, õIrTtdE-r@r
no desen vimcnto de uma ou nascer de um ÍaciocÍnio
fean L, ouches afirma que toda a
noção teórica formulada proposicionelmente por excmplo, uma
bipótese é o resultado de um pÍ(rcesso mental- dc csquematização
-
e dp_abstÍeçe.o_ a oartir de ,-{ndos sPggiYqis. friEFl ncnhuma ox-
s6o à A
ação das idéias quc ir dc uma
to
ur§a üQl!r!o- I-e§ipçÍúo sLe.- 8p9E para a
pars teofiss dcdutivas p8rcnls
e com e também para a indução e a analogia. Esta elabo-
ração mcntal complcxa que está na base da formulação dc hipó-
teses denomina-se WE indulivg
A condiç ão essencial do con êav
cha ve m que caracteriza as ciências
f ciênc forma de coúecimento da reaüdade
(de um fagmcnto o! dc \a, asrycto dãiCalidadc) due se tiàiluz
mediante rrm sistema de símbolos (linguagem cicntífica); por isso,
em última análisc, pode-se atirmar que a ciência é uma
bem feita. As ciências positivas sê pors, cm 8§tcEas
ctnccftõi, isüo é, cm oonjutrto de palavrac logicaneotc relacionadas.
Na análisc do urnc tcoria CM
I ou
136 A Iniciagão na Pesquisa
nas ciências formais como nas fáticas, inicia-se a elaboração teórica
com termos indefinidos, seguidos dos termos definidos e dos enun-
ciados protocolares. No parágrafo seguinte ocuPar-tros-Pmo§ com a
comtrução da teoria científica, mas, neste momento, é mister já
nos refeÍirmos ao problema da yerificação dos enunciados, que se
pode realizar ,àrio. nÍveis:@ verificação lógica:@ yel!$sgsêS-
".
técnig e@ Erú!9êgõ9-§rçE!lüca.
A veri na reaüdad a LA Cnjg

da teoria Uma prop ao da forma "a âgaa ferve e


não ferve a cem grau s de temperatura" é eliminada sem confrontar
a proposição com os fatos, porque, por sua própria estrutura, é
contraditória (viola a lei da não contradição).
A ão técnica está condici desenvolvimento
dos meios téc ntcos no camDo da _çÉqgiê. Por exemplo, o enunciado
"no outro lado da Lua existem montanhas" era inverific ável antps do
lançamento do "Sputnik", que fotogafou o outro lado de nosso
satélite; entretanto, a é verificável s conh
face da Lua. Por isso, o princípio científico de verificabiüdade vale.
..-Eoof, u,.tu"l."nt" ("". pot ), e, um enunciado pode ser
admitido, mesmo quando não se verifico[ ds lao, sempre que o
seja em principio
terceiro ano e o decisivo é a verificação científica
em sentido es o. Dos- eíüãõGãõilrotocolares - passâ-se ao nível
das hipóteses, que são enunciados gerais. Braithwaiteel define um
sistemá científicô como um conjunto de hipóteses que configuram
uma teoria dedutiva: se se tomam algumas delas como Prerztssas,
os demais enunciados dprivam-se logicame nte como conclusões. Çles-
sifica as hi ses em tÍês oíveis @) aIs-EÍygj nível intermediário
e baixo nível teses de alto nível constituem as issas
do ose uzem como conclusões
das anteriores e as de nível inferior são as conclusões a
Toda hi Sê' sua estrutura I como
tal. Com to, uma t,ese é um e pols Fem a
vãific de um en uncr ad or sua Íon o com um
fato. Mas os enunciados protocolares são singu lares e podem ser
cínfrontados com os fatos, que tamb,ém são simples; por outra parte,
com as hi teses são enunciados itrsua verific ão direta su-
a a existência de '', o ue temente a o
possível, entÍetanto, ver te ava ade s
hiÉtcses, dcduzindo das hipóteses de nÍvel mais baixo enunciados

9l BneIrnw,r,trr, R.8., La cxglhociótt cbntífica, Madrid, Tecnos, 1965


neaUragao da Pesquisa 13?

singulares (protocolares) qire, eslc.l suzl, podem ser verificados ou


refutados. As teorias fát icas devem ser a
à eIll momcnto Inclusive novas
riências podem colocar em crise uo a considerado
até t'm dado momento. Nestes casos, ainda quando certos fatos úol
sãam expriõávãs meiliã nte as leis estabelecidas na teoria, podem scr\
htroduzidas hipóte ses auxiüares as hi ad hoc
rl{
a§ -
sua vez, devem ser confirmadas. No caso 8S
hi o ,a teoria foi
ad hoc con§ m exceções crs
sistcma; por isso, a introd iúo destas hi auxiüares
uece" a e teórica teoria
vertem-se e um con
de amente verificadas cmstitui um sistema teór rco.
em conta 9r, ao um aou §u-
cxem do da ao da lei ou da ao
da cada nível vo ser med iante enun-
uma vez ser os
ou
No último nível, isto é, na teoria, realiza-se o processo final da
verificação (considerando a palavra "final" no sentido rela tivo quc
supõc sua incorporação ao pr(rêsso de confirmação, cuja relativi.
dade já destacamos) .N este
isto um fato ainda
teEa. No cxemplo de t
estabé ;I do sis- ^^lJ,
e V erÍler an te o enutr-
ciado preditivo foi a fórmula que antecipava a localizasão es paçG
tcmporal do planeta transuraniano Netunq eg, verificaçiío foi
realizada , como é lógico, posteriormcnte, ao se desco brir o novo corpo
celcste.
A arquitetura lógica da ciência não isenta de certa beleza ^
formal -
não possui a harmonia preestabelecida dos arquétipos pla-
tôdcos ;- existem em sua tessitua alguns resqúcios que deram ori-
gem a uma polêmica que se prolonga há muitos anos, mas que se tornou
crítica em nosso tempo o problema da justificativa do indução,
quc pode form ular-se nos - seguintes termos: que é que justifica que
falemos de um princípio de indução normativo deste processo que
parece constitu ir a pr6pria essência da pcsquisa Íática, a indução?
Do ponto de vista semântico, o princípio devc ter a estrutura
de yma proposiçÍío, e, neste caso, câbc pcrgunter que tipo de enun-
ciado é. Não podc scr contraditório, porque não seria cientifica-
mentc válido, trem tampouco um sem sentido, por razões análogas.
Já não restam muitas possibilidades: ou é analítico ou é sintético.
138 A nlOrelo nr ltrqutrr
So é roalÍtico (por cxcoplq uns tlutologiq iá quc cliniornc e
pcúUlid.d,
-ro do quc roja unr coatrrdição)' 9 PÍollcn dr iodttçIo
Oeryuccc ao àcoprroccr a poribilitMc do pcóprio proccuo in-
duüvo: todos c cnuocirdo, ilclurivc c fáticoc, sc podcriam dc-
druir dclc; cooscqtlco&EÊntc, não nccocaitsoq dc proccsso- indu-
tivo alguE. Mar tirnpouco podc rcr riotético, porquc então devcrie
rcr lcgltinado poÍ um princÍpio auporior (cm o dccorrcoto Ícgrclto
eo únito) or podpriC rcr r-cfutrdo cm qualqucr Pgmento pcla cx'
pciêocls. F'inalÀcntc, sp o considorarmos num nívcl mctalógico
i*o e, coo !úa Ícgto tüá alrênas urna validgdç catritÜncâtc -
convcncioodes. -
A cxigência dc uma exausüvo conftrmação das hipótescs ^ c das
lcis tra ãrut r. uss.iu o indugão Pors sêÍ cienüficamcntc váüda
-
ac conduz- a um bcco scn ssÍdt; prús, como sc sabc, lunca 8G G3- -
gotam os cnunciados dcrivados dc uma hipótcsc que sc dcscia con-
frmar. Egtc carátcr "abcrto" da vcrificação poasui una cot§c'
qlllocia catastrófrca parr a ciência como o assinalou Poppcro8. ;'
iorquc não ú as lcis cicnlÍIicas -
seriam iaverificávcis, mas, ainda
inaii, seriarn enunciadoc çm gcntido. Com efeito, se o scntido dBs
proposiçõcs dcpcode da poseibiüdedc dc sercm vcrificávcic, como
is iAs õicnttticãs nâo podcm scr roduzidas a cnuociados cnphicos
scriam inverificáveis e, con§cqüentementc, careceriam dc scntido'
Tcriasr o Ecsno §r4r4J lógico que os enunciados mctaffsicos' tra-
-pclos -positivistas
dicionalmente impugnados c agora também pclos
positivistas lógicos.
Poppcr propõc uma invcrsão total da formulação: os posiü-
vistas ciáisicos i scus moderoos hcrdciros, os aeopositivistas, fazianr
residir a iustificação das tcorias no princípio dc vcrificabiüdadrc- (vc-
rificação'd, lato-ou cm pútcÍpb)i Popper propõe a lalsabilíddc.
Ao derivar cnuociados preditivos c confrontá-los com os f&tos,
pode ocorrcr quc catcs scjam vcrificados ou rcfutados. Conformc
ioi cxplicadq á vcriÍicação dp um cnunciado gcral é 4csg-otáv-cl'
mas hi algo mais impoÍtontct s rcfutação de um pnunciado sinEtlar
prcditivo é suficicnta pa,ra invalidar a totalitlade da tcoria da qlal
iA acauziao. A cxpliioção dcsta afirmação foi formulada anterior'
mento (ao nos ocuparmõs do caso das experiências dc Scmmelweis):

92 Em nooo cntaio Semórtica ! mcrothica, publicado nar .{tas des Sc'


gundrr Jornrdar dc FiloroÍir (Edit. Suümcricrm, 1966, n. 193'ã)3)6atudroor
csc problcne.
93 Porrrr, Kerl R., tre lígicc do h ilrrtcttigar;iótt cicnt$icq Medrid' Tcc'
neu, 1962.
Rcdlzagão rla Pcaqulra 130

o proocsso lógico implícito nesta operação constitui uma infcrência


váIida, porque correspoode à trutologia chauada mdus tollctts.
Por outro lado, o Docani$lo lógico subjaccotc no precsso dc
verificação apÍesenta a forma lógica dc "me falÉcia, como sÊ mostrou
aaaliticancnto tro êBprcgo citado de §emnclweis. Em eíotesc, a
ldlsaçfu dc um enunciado tem como conscqilência a íals*çfu túrl
da tcoria. H4 pois, ume aotório a"rsirncfiir entre o proccsso lógkn
do corroboraçãô (verificabiüdadc) de uma teoria c o dc talsaçdo
("faleabüdadc") de mlsma.
Conclú Poppcr quc a justificaüva dos cnuaciadoc cicntÍficos
podc scr feita contrastandoos dc modo quc só a possibiüdado dc
sue falsação seja a que dçlslmine §ou GaÍátcr cieutÍfico. As propo-
siçôcs formuladas Âo oontcxto dc uma tcoria cieatífica que aão oc-
iea tdsávcis dcvem scr banidas do corpo da ciêocia. A estc critério
discriminativo sobre o srcgs cipnúfico dos cnunciadq Poppcr dene
mina "critério dc demarcação".

O uro do nciocínio no dcronvolvino[to


e nc aoluçõo do prólomo
A condição inicial que todo texto cicntífico dcve obedccer
é a coerência; por isso, uma das fun@s básicas da lógica é o nu
apücação nos difcrentes cEnpos do conhccimcoto. Durante o dcrcn-
volvimeoto dc uma pesquisa, em qualquer dc suas Íascs c nÍvcic, é
accessário avaliar logicamentc o próprio pmsr,mcoto.
O çontexto de dcscoberta é o procecso paicológico quc cooduz
à Íormulação do argumcnto; p6 outro lado, o contcrto do judif-
caüva é a prova lógica de uma proposição. Justificar UEB propo-
sição cquivale a fotmular um argumcato cuja conclusão é prccisrocnto
a proposição cuja fundamentaçío sc busca.
G. H. HardS P. V. S. Almar e B. M. Wilsooer,aludtu a um
cpieódio da vida de Ramanuyaa contado por clc Dcsmo tro
- e lhc dcu algumas fótnul8s
qual uma deusa visitou-o em soúos -
matemáticas quc, já accdado, atrotou e vcrificor. A rcfcrhcia à
visão da dousa à margem do problema dc eua lcgitinidrdo
-
pcrtence âo contexto dc descoberta. A validadç ciontÍEca &r fóF- -
mulas bascia-se na de,monstração rcalizda pclo matcmático hindu,
ou seja, no contexto da jusüÍicativr.
A redução da fundamcntação lógica dc uma proporição ao oon-

9l Cdbctcd ?o?.rt of S'iaival,c Ranswiaa, Crmbridgr Univcnity Prco,


1927. p. XIL
1{0 A Infdagáo na Pcequlsa
tcxto da dcscobcrta é uma falácia, chamada lalbb gcnética. ExcOplo
disso scria a rcjcição da tcoria gcnética dc Mendcl pelos biólogos
soüêicoo de escola dc Lyscúo, objctendo quc é uma conccpção
burgucsa. Outro cxcmplo: a condenação nazista da teoria da rela-
tiüdadc, po scr obra dc um físico júeu.
Uma forma dc prcscrvar a coeÍência do discurso é evitar toda
ambigüidade que facilite a incorreção lógica, isto é, as falácias.
IIma argumeatação pode ser psicologicanente porsuasiva e, entre-
tatúo, êncerrar um paralogismo. Assim como resulta praticamente
impossível classificar exaustivaalente os tratrstornos mentais, tam-
bém o é a classificação das falácias. Os autores, desde dristóteles,
leo se puscram de acordo acerca do modo de classificar as falácias
(o estagirita é autor de uma. classificação cuja exposição não cabo
apresentar aqui) . Consideramos mais importante ocupar-nos das
Íalácias informais que podem cnvolver o pesquisador desprevenido.
A apclação ao critério de autoridadc, falácia em que incorrem
com freqüência os jovens (e às vezes também alguns que já não
o são), consiste em basear uma conclusão no testemuÍúo de uma
recoúecida autoridade na matéria, sem considerar a correção da
argumentssão ncm a validade do testemuúo invocado. Chamada tam-
fu argumewwn ad verecwtdiam, esta falácia varia em uma escala
que pode chegar inclusive até o raciocínio váIido, precisamente no
caso cm que o apoio buscado é perfeitamente coÍreto e atinge a
Dstureza da questão.
No outro extÍemo, cotrverte-se em falácia não só quando é falso
o testemuohq mas quando, sendo este correto, o campo de conhcci-
rlrentg dr suposta autoridade é diferento daquele no qual se iotroduz tal
argumentação. No campo da propaganda, o argwncntun ad vere-
cnndia.m é usado abundantcmente, e geralmentc se invoca cono au-
toridade a "opinião" de figuras popularcs, . pelo simples fato de
serem populares, sem levar em cont& a sua cultura e educação.
O argtnunum d ignoranÍia.m (aÍgumentação por iggorância):
ocorre quando se afiÍma que uma proposição é verdadeira porque
não sc demonstÍou sua falsidade ou, reciprocamente, que é falsa por-
quo não sc demonstrou sua verdade. Exemplo: os incas não conhe-
ciam o tclégrafo porque não foi possÍvel encontrar os cabos con-
dutores,
O ogunuwum ad miscricordion consiste em um apelo à pie-
daile para conseguir que sc admita certa conclusão. Costuma-se em-
pregar no terreno jurídico, sobretudo na defesa de um acusado,
quando sc tcnta inÍluenciar os jurados, nos sistemas processuais que
o admitem, através de considerações sentimentais. Às vezes, inclú-
sc esta falácia em outra mais qeral: o argumetúurn ad populum, no
Bealização da Pesquka l{l
qual o chamamento sc faz ao povo, apelando tanbéE ao
scu r@ü-
mcoto.
A falácia da conchuib _ impróprb comctc-lo quando EG êE-
prega urn raciocÍnio desthado o estabel€cêr ume côndueao pard-
cular para sustentar outre coaclusão, rslo é, quando sÊ torriullm
rcflexões-e obsenraçses que oío têm correlação íOglo.m o
Bslutrto
que se deseja provar.
Há várias formas dc Íalácis cauwt?,
l) A falácia de contundir a cauxt com o clcito (chanada
anügos lógicos ,ron aausa plo cYutta ) consistc E'I
cfeito e o efeito qua (,t
c se conclú Ípe, Para fl6úoúo,
deve-so fumar cachimbo. Esta forma dc
muita frcqüência m jovcns quo como§aE Pü
adotar o "unifmc da rt)

2) A Íalácira da caus comwn 8(, drs


causais: dois fatos estão GIT'
causa eam §pr por rm tcttciro acoo-
uEa Pq§§o8 c
na zoú gástrica, após as rcfcições. Púo ctcr quc a dor é produdds
pela inllamação c tentar evitá-la por vlirios caminho; trobém
Pde perlsar que a comida é a causa da innanaçgo, qr de dc. Na
realidade, a iníamagão e a dor possucm uma causa eonun: utrtt
perturbação digestiva.
3) A falácia que oe clássicos chamavam post h@ ctp goprct
lroc consiste eE t@ar nm fato cómo causa dc outro gomcntc
o ao oegundo. A succssõo têm
por §r de causúdadc. Na modiciaa ca-
seira incorre-se em falácias de caucr falsa, como a quc acabo-
mos dc cstudar. uma xÍcaro dc chá quêEtc com mcl
o resfriado porquc 'fulano" estava muito êocaturado e, dcpoircrua dc
ter tomado este re,nédio popular, [r{N &tc
pode ser um caso e múto freqüentc dc falácia po couce faba.
§66 çonsidglgl g- do- diagnóstico do rtúiado o
sua variada cabc indicar quo o maic provávcl é quc
cono tatrtas outrae cnfcrnidades de cvolução natural o cÊtarÍo
desaparece depois de uns dias. A falácia rcsidc pm havcr abib,uído
a cura I um elemento alhcio à mesma. euasc scmpro cctcs paralo- t/
Fismos caracterizam-se por tomar u coincidêrcü táticas Ãoril Ir
lagcs cauuis.
4) A folácis dc diytsb consiEtc cD corcluir qu! csds um doo
Eembros de uma clasec poccui uma propriodadi quc cáÍsct€siz.
t42 A Intclagão ne Pcequlsa
e ctacsc como totalidadc. SuPoohamos que uma institúção científica
poçeua prcsÚgio pelos trabalhos rcalizados através dos anos. A partir
ãcrtr picnissa, não podcmoo cqcluir, scm mais, que cada um dos
porqui'eadccs do tal jnstituto gcin 'de prcsÚgio. Pare comprecoder
i goüdadc dast! ry@--PC$ÉE!g' q"q- lever cm conta a§
crãotcrÍsticet do trabalho cm oquifr-quc distribúJarefas e fuoçôcs
do varirdo nível e hierarquia intclcctual p cicntífica. Na e4úpc que
rcalizou a façaoha cicaÚfica dc Íotografar o plcneta Martc' com cer-
tcza trabalhúam divcrse pcsquieaóoreg, téónicc, pessoal auxiliar,
i'Marincr fV' scia atribuível à instituição
etc. Se bcm que o êxito do
quo o projetóu e o rcalizou, do prestÍgio dcla não se deriva o Pres-
ti$o dd cada um doc que trabalhanr dc uma ou de outra forma nesse
ingtituto cicntÍfico.
A propaganda institucional que tEo cuidadoeamente é cul-
tivada oclai rrandes emDrcSSlt -
baseia-sc na §ugcstlo que emaoa
-
do noric da údírstrie ou-da fábrica, da qual o público infere por
cxtcnúo
-
a boa qualidadc dos diferenics produtos, conhecidc ou
n[o. -
5) A Íalácia da contposiçío é inversa à antPrior e baseia'se
trÊ atri dc a cada um de
a constituir uÍra equ pe de
com cxcclcntcs , mas, 8e o conjunto não atua de forma
coopcrativa, podc fracassar totalmentc; sigPifica isso que a classo
não pooeuiria as condi@s de cada um dc seus mcmbros Este tipo
do falácia obseÍva-sc, inclusive, om algumas cqulpcs de futebol que
cootrstsm iogadorcs ootáveis individuelmcnte' mas quo' Por *u
erccaEivo iddÉidualismq nlo a@te; a conscqüên'
cia é quc e êqüpc aao poodiã-fãlõiãs qiÉ é pooiível supor-através
da aaÁlisc daã óondiçõcs técnicas de ccda um dp seus membros'
6) No orywrcnlum d vcrecwdiom basta que ocrta pessoa
(uma autoridadc) tcnhe por verdadcira urno proposição paÍ8 que
spla considerada vcrdadcira QtuSLrw dl.rrl). Na mesma direção
mâs cm'scotido invcreo situa-sc o atguÍt ntwrt d hotttinem (aÍ'
-
-
guneotação contra o homcm) : é suficicnte que cctta pesso-a- consi-
ãoro tcrãaAcira ume propoeição para quc scje dccloreda falsa' Se
rquclo apóia-se na autórid-ade, podcr-sc-ia dizer quc cstc baseia-se na -
antiautoridadc.
O uso falaz do argumcnto contÍa o hompm apóia-se em mo-
tivaçõcs cmocionais, nãó bgicas. Exanplo: alguns psicanalkts§ jul'
gavÀin quo a morto dc Sócratcs Prova §cus impulsos masoquistas e
quo Plaião padccia dc um fortc cmplcxo dc Édipo; conseqÜente-
mctrtc parâ cstcs eutorês a filosofia platônica pode scr ex-
- -
ncAfeçío dr PGlquhr lag
plicada e portir dc c@p<nGntcs rpuróticos dc rue pcnmalidrdc.
A Íalácia rcsido cE quc, mosno adnitindo guc llóctatcr foso un
mrroquirta o PlatÍo soÊccsc dc um cm. phxo dc Édipo, a quo*Io
da validado da toosis das idéias não podc scr alterada por t!to, dG-
vmdo ror provrda or inpugnada cD totn6 filoóficõ or lóglcc, c
não através dc intcrprctaçõor pricológicrs impreodcatce cuia lcgid-
nidadc dcverio ainda ecr dcoogtrrda.
' 7) Mcrcce um parágraÍo à partc o pxrmc das lalácias dcrivrdrr
do uo incarcto de Une ddrs é a chrnada hlícL de
ou dc Ircorrao+c nola
quaado sG rcslizr una tndutiva Eroo drdos
acunuladc a jrutifiçcm. Em algunc lnqb&itoo icndírticq roa.
lLadc aa tclcvlsÍo o tr s clrtaçõco dc rádio cd-ce aocta frlHa. Pa
cxcmplq prro aurcultar o opinião dt PoPohçío rctrtivamcntc ao
probLeoa do divótpio ou da sutanária o do copiritirnq cntrsvirtr-
io uma dcana dc pcasoos mú ou DGo6 rcprulcotttiY!!: O ÍGsul-
tado Í€0Ête spenrr os rcspcctivoo pontoc de vbta das pcssoas intcr-
rog!d.s, c dc nodo algum o oPtlilo ds PoPulrção.
Paralogiemoo dcoto tipo comctc I maioria das pcesoas quc pod.
suco ptrcoccitoc rachis ou rcligicoe, ro cEibulÍ rm 6éir dc um
culto ou@ Sfupo étEtco as caracÚcrír'
ticu quc clcs obccrveran ot iulgrran oücorYu Gm uns§
taltas pcssoo§. - -
A frcqüência dcetr falthia ord ç dcvc ro Íaüo do
quc não é fácil dctcrniur quantoo caso! orl, para diz&,lo cm linps'
*rnodre' ço roia Apmcrm
Écn tócnics, qud 6 o trmanho d8
fera fcmular unr inÍorêocia corÍctr rórc o tottl dt "eofts'
çío". Lameotrvclncntc, slgulres valca na cxpcriêocia clínice ro cri
ncrta Íalácig so'propccm-ro conctu$Gt borcrdar cú utrt Pooo6
caros crtrdadoc or cxlpcrimotador. Os ethrda de ectatírfrco nódica
procrnan'fazcr rG pcquildqor ctÍlicc qurdo rtmr
à'rpcrtêoú podo mcignificetiva à qü.odo crrocc do vdh iadúivo.
A rguda Íalíclt, virsulads ao atrPrcgo dr proüeHliilrdo na
pocquisa, é a chanaar hüícia da csroústlrz cnvicda, quc coodrtc
cn iotcdorr o inc,luir cuc dc tel modo quc' ainô quc rcu lúnco
ecje arúcicatc, aÍo ccjrm ,crysent4ttv*. Vcianoo somo orilplo
o caro iá citrdo por Boq no qud umr revirte aortaanclicrnr Quir
cohec a opiaiÍo do povo rntcr do una clcição. Nlo c.@otÊran
s FhciÍr Ílládr, pú cúúüllrna uE trfuÊrc múto olcvrdo do
rctrata (ocrs do 10(mün), rpcobondo rcryo.ta ib 25f; (98
rcttr dÊ 2ínm0). O rcnrltado do studo Ícú, cntsotanto' cda'
mitao, pois a elcição rcsultor cmPtctsmcntc difercnte do que pre'
l+l A Inictagõo na Pcrçdra
dissê o estudo de opinião. O fracasso sc cxplica porque incorrcram
nume falácia dc cstatística duplamentc enviesada: primciro, pc
t@ú@ os o@cs dos interrogadrx duetamentc da guia telefônica,
o scgundq txnquc as Pcssoas qu€ respondem aos questionárioc eo- .

viadoc por corrcio taEpouco constituem uma a,mostra rcpresentativa.


Or dois deoüos mencionade erpücan o êrro do inquérito prévio.
Um fenômcno análogo ocorreu alguns anoa depois, numa cleição
prosidoncial nos Estados Unidos da Américq c a falácia também
do estaústica enüesada foi cometida êsta vez nada- mcnos do
que pelo fa[reo Ipstituto - Gallup, como explicamos anteriormente.
Um inquérito do opiniõo deve levar em conta, em primeiro
lugar, o oúmero de entrevistados e ainda as clssses ou grupos, dc
tal modo que cstejam reprosentados os hobitatrtes do campo e da
cidadp, oo pcrtencetrtes às classes alta, média e baixa, os que viwm
cm difcrentes bairros da cidade, eüc.
8) Uma fonte de coafusões e paralogi smos é a não ão
ctrtre de contrariedade e , Duas
§ contraditórias ea
c Íecrprocamentc; não im sc sabemc ou não qual é a verdC-
dcira e qual a fals4 o ouàipteÍessa é a relacão enEg-a s. Duas
propoei@s contraditórias não podem ser, ao mesm-g tempo, ncm
contraditórias trcm falsas. Exemplo: Aqú chove. Aqui não chove.
Há outro tipo de relação etrtre duas proposições segundo a qual
dois uízos não §eÍ ao mesmo verdadciros mas é
8m am es càso se que a§ proPo-
sigõce cão faz calor. Aqui faz frio.
É impossívcl que, ao mesmo tempo. faça frio e calor: as pro-
poeigõcs. aão podem ser ambas verdadeiras. Mas é possível que as
duas ecjan falsas, se, por exemplo, a temperatur& é temperada (ncm
Êiq ncm celor).
A se confunde a
com a contr eramos exemplo. Chamamos
doutrina ue ue tudo está determinado (con-
) §uas cau§a§ osófica
BustentE está deíerminado causalmente
a Uma possibili-
a que nada cstg aca No primciro
caeo, nada ec su unr no eubtraiÍ-
§ca cno a es§8
aaalisarmos as lâ, PG.
dcmos cmprovar facilmente que a (>
eotre con ; por
a ao equl valc à dos coDtráÍio§.
Rcaltzaçõo ila Pesqulra 1{5
Com efeito, os componcntes da oposição determinismo,caoticismo
poderiam ser ambos falsos, se ocoÍrcsse quc ãffiTãiãTiffi
dcterminados e outros trão.
Pois bcm, o dilema delerminismelivre-gbjGig podc ger ou não
válido, conforme o tipo-@o qual sc tra-
duzem os jufuos respcctivos. Se qpusermos determinisào a caoti-
cismo, não htí tal dilema rígidq pôrquc pode haver rrma tcÍGêiÍô
possibüdade; mas, se Íizcrmos o deterurinismo defrontaÍ-se e(m
o indeterminismo, o dilcma subsiste, porquc não é possível uma tcr-
ccira poeição. Mais ainda, a expresseo . dctcnmiaiúo ou itrdptermi-
nismo" é um exemplo de uma lei lógica (proposição anútica),;
a do tcrcciro excluído que, como toda tautologia, é.seupre vcrdi- [
deira: pv p.
-
Recorde-se, finalmente, quc os exemplos e os oaJos não são
provas definitivas. Os exemploc aada dcmonsbam (por nuucrosoo
que sejam), eua finalidadc essencial não é probatória, mas mera-
Fente esclarecedora ou cxplicativa. Na reaüdade, as teorias se cons-
troem para dar conta dos fatos, e não ao cotrtráÍio.
Por issq os erÊmplos ou os cssos servcm oomo .,aplicaçõcs" da
doutring já que csta foi constnrída como uma tentativa de expli-
cação desses fatoe. É pocsível edificar uma tcoria cotrtráriê sobre
outro_ conjunto de fatos quê em seguida serviriam de ..eremploe" da
doutrina; como se dete16 1srir, entãq qual é a mais .,vprd-adcira"?
Cotrtatrgo os exemplos? Na realidade, nada disto se pode fazer, por-
que o único mcio de conseguir certo rigor nas cooclusões, oâs ciên-
cias de fatos, é mediante a aplicação do cálculo de probabilidades.
For ouho lado, é possível intcrpretar os Ecsnos fatos de manciras
divcrsas, o que como veremos se pÍ@urou rcsolv.êr coeren-
- -
temente com o auxílio da teoria dos modclos,

A colutrugõo do teodo cbntíÍico


A iavestigação cientíIica no câmpo das ciências fáticas cmeça
g9n os expcrimentos "para observar',. euando o pesquisador res-
tringe as suas observações, toraando.as precisas, circunlrcvendo-as
â determimdos aspectos ou sctores da realidade, começa o ciclo
cxperimeotal, que peÍtencc à etapa quc chamarnoo de concxn dc
dcscoberta (criação ou invenção). Da obscrvação sistemático surge
uma pr&hipótcsc, isto é, uma conjetura; com esta c outras conjã-
turas se clabora uma hipótesc.
O contexto de justificativa começa com a dedução dc cnun-
ciados proditivos que dcvcm ser coúirmad$ medianÇ a observa-
ll0 A nUrOfo ne llrqube
çlo or o €rpcriocnto. Se o prcdição foi cdtosa' o ciclo devc rçco-
mo§lÍ, poÍíluê ó noccssário tnrgcar novos clcmcotos dc julgamcnto.
So i pràliçeo íÍEca6ta, igualmcnto o ciclo dcvc rccomoçar I Parür
do aors conpmras. En_antgg os-9§91, icto é, qu€r sc tcnhs con-
trnaAo qr Étuuao s pr 6 PÍatttiva, é ooccssádo variar as
ll coodições iaiciú aqtcs de rccomçar o ciclo.
A mtlxima aepiração cicnúÍica é as lcis ue
um 88 lcis
ão ao . Cmo cstto I
cm
rmGrtat no acootcccr una rcla-
tive, já que, cmo vinoc, awos fatos oodem modiÍicá-la ou, inclu'
'raUaaa" das lcis cientÍÍicas,
eivo, invelidÉ-las. §c estendêsecmog a
nós a subtrairÍamo§ à tcm ue c tc€
um a da ciêocia condiçüo cs-
scocial da libcrdadc da posq uiea é aprcscntada -
eomo scu Prln-
cipal néri to, mas é tanbérr o -
sinal de gua fatal linitação.
A cutminância da atiüdadc cicntíÍica é a íormulação da tcoria
que coostitui o nÍvcl máximo dc abstração I Partir da formulação
dôs enunciados protocolares iniciais. Uoa um sistGma dc
Icis cienúficas, um ,complexo-l!&9 st
tcE e
um pollto vl sts lógico, astabêlcccr
mrm dc implicação entÍc o conjunto das lcis (considcrado
o urtcccdcnlc) c as conclusõcs teóricas (que rcprescntam o con-
wiÊtrtc).
A constr uma tcoria cicntÍfica nas ciências dos fá r
dc duas m o
com o csq o§ an tcriornÊotc, ou
axlom No concçt Gom a
orm ulação dos enunciados pÍotosolsrcs; no sêguodo, 6C coorig-
nam dirctamcnto os PGtuIados. A tccia cicntÍficr claborado pclo pri-
mciro proccdiocnto dcnonina-sc ioduúvo-dedutiva, ou meis cürcn-
tcmcoto, hiporético{cduüva; os sistemas construÍdoc .dc rcordo cm
o scguado- dcoominam-sc tcoriac dcdutivas. O método idcal nas
citocias formais é, indubitavclmontc, estc último; oas ciências fáticas
c trmbém nas ciêocias do bomeo é mais frcqihor o princiro pre
codlnroto. A! tcorits hipoté0codcdutivos aepirln r estsbGbccr
um cúitério dc vcrdadc Uaicaao ns oorÍcsPondtocia cotrc as Íanu-
la6õcs e os dado; os sistrmas formaic besciam'cê nun critério da
vcrdadc como cocrêocis (nío conEadigio).
Inctusivc na ciência física é posÍvel elabonr teorias dq dois
Boeltzagão rla Pcrquba l{7
tipoc; cmo já o havia Grplhâdo Eiostciaer: "Podoooe ,didinguir
v&lu erpécioc do tccias f,dcal. Mútls dclr. r[s cúrffiil. .
púocrram êlaborar un Eradro do fcoômcoo mair cúphtrc r
pcrtir dc uD cqluens fuoal cimploc. Jutrto a ccto impctôntc üpri
do tccias oxistc otrs ccpécie de têuiar Ero chanrrcooc tuür
dô pÍitrdplod, rs çais utilizam o m&odo analÍtico, cll vçc do
siúótico. E ts úttimas não tmam c@o lptrto de partidr poltuh'
doc, mas ôiE d€scbbcrtas cü1úicu".
n
É induütável que o u.o do oétodo dcdutivo caÍcrc rigr,
procisão o clcgância às tcdae Íormalizadas; não ohtrotc, rcmlit
;uÍgc uma interrogação cm respcito à eua rclação co o uüo
opírico que dwcm explicar. As tÊoriss conetmídls a perür ü
cxpcriêoda ccnslowam, dcdo sua orlgem, a conc#lo con o f6l
Ealr omtrariamentc às primciras, ciiÍGgr,m de prcc{rto c do ftjf
quo o método dodutivo gaÍettc.
AadE é@o sc gcneraliza a arihética convcrtc,ndo q ú
E€roll em variávcis, ieto é, passando da aritméüca para a ólgobra
ordinária, se gfncraltzaml também as opcrações, alcançana u'
aÍvcl mais alto dc abdtrsção: as ágcbras dc Boolc. Analogrnmtr, o
prooccso de formalizaçÉo das tccias implico parear para un flrno
dc maic gpncralidadc; t880. a aximatização coortitui o idcrl
do nétodo dedutivo
N&t sê derrc qopfupdiÍ a foroalizqçl[o_eom!§ElolizaÉo. Sin-
bolizar "ma teoria sipifica,§ubstituir,termos c cxproroõcs por lctrar
coovencionais. Ao vantagens da eimbolização eÍo óhias: ccomlr
t e prccisão. Tampouco rc podcrá idcntiÍicar dnboliz.çto co malo-,1i
matização, embora 8 mstoôótlcs utilizc cxtonumentc una llnsu& ll
gem simbóüca coayend@d.
A matematização inplica antcs de mais nada o cálculo, isto é,
a manipulação qcracionol dos eímbole G, ao nesmo. tcmpo, urtrl
tendência ao empÍcgo dc variávcic, or scja, dc eÍnbotc lmrdt
A aximaüzação implica atingir ccrto nÍwl dc fqoalhdo.
A axiom6tica ovolulb para nÍveis aada vcz mais clsvrdoc & rb-
tração e Íormalização, dqsdc seus primórdios ainda lnhridva na
elÊmcntos de Bucüdcs. clássico
como um8_ -
ec br&eia nas
rfl a
c

95 Errcrrrr, A,, Eray jn rcímcr, Na Yorl, 193{.


t{8 A lrlú'llfão ns Pe!$drr
A crice dB svidência ç da autmomia da lógica c do matemática
rchdvancoto à mtologia c à mctaÍÍsica conduziram ao coocÊito úurl
do axime or poetulado (hojc cxpreesões si!ôtrinss), rcduzido a
irn enunciado coavcncional ou I uma fórmula quc nade tem gue
vçr c@ a vcrdade, com a univorsalidade ncm com a aecessidade:
ó somcnte uma convenção quc deve sor submetida 6s ç"mprimcnto
dc ccrtas coadigõcs lógicso. Os aximas c todoe <x cnurcisdos
dclcs dcduzirtos dcvcm ser oão contraditórios; além disso, os pri-
moiros dcvem ser independcntes e completos. As oxigências para o
rirtcma axiomático sê curpletam cour a decisibrlidade e catcgorici-
dadc do sistenasB.
Para alcançar os objetivos que fixamos nesta obra, basta ex-
pücar o scntido das três primeiras exigências, o quc faremos depois
do analisar a estrutura de uma teoria axiomatizada. Podemos consi-
derar três ptapas: a) a aximática intuitiva de Euclides; b) a axio-
mlítica scmifotmalizada de Peano e c) a axiomática formalizada con-
tcmporâleao?. Ocupar-noo+moô diÍetamente com esta última. De-
finiremos uma axiomática formalizada como uma teoria cujos axio-
aras r Íc$rs tcnham sido forrlrlados expücitamentc, e ú mpdientc
cstas rúltimas o sistema é desenvolvido. Os símbolos e as exprcssões
do sistema carecem de sipificado e são suscetíveis de diversas in-
tcrpretâções.
Distinguimos numa axiomática formalizada dois níveis: a) t nur-
tolosia c b) a netalósia. A moúologia cstá coostituÍda pelas expes-
&s bem Íormdas, que são sinais ou coajuntos de sinais (fórmulas)
ooostruÍdas dc acordo com, rcgrds coovqnciooais. Entre 8s expressõec
bom formadas, distinguimos o aüabcto e as exprcssões válidas. O
altabeto coosta dos siruis primilivos, que são sinais introduzidos con-
veocionalmcutc, sem definição, o os srrurs definidos, isto é, os que
eo defincm e partir de outros sinais de6nidos ou, em úItima análise,
através dos sinais primitivos.
As expressões válidas sõo lórmulas (isto é, coojuntos ordenados
dc sinais) que,,tro sistema, são válidoe por convenção ou por demons-

96 Em ertrito rigor, a comphticidrde é o quc rc denomina $nrr2,{to to?,.,


rcldo a raturação Jraca a incxtcnsibilidadc. A conrirtência, !.trmção c dccidibili-
drdc lc podco dcnortrar ointátice ou rcmanticrcntc. A cetcaori<idadc podc
rcr abroluta ou rchtiva. Â análirc dcrtcr conccitos trrarctndc oa oüjctivo dcrtc
fiuo.
97 Tratemoo analiticamcotc cste qucrtio rm ndlo livrc Gangc Bale, 1r*
cwtot ü b lógha tinb&lica, Bucoor Âiree, Ed. rlo Depanemento de Filorofíe
do le Univorcided dc Bucnor Ailct, 1967,
ncaüragão ila Pesqulsa llg
tr8ção. Os axiomas são exprcssões válidas por convençfu; por outra
paúe, os- teorpEas (tese) são válidos por demonsfiação. dcmms.
^A-
tÍação, dedução ou derivação (exprcisões sinônimÀs) se reaüzam
aplicando mecanicamente u regtas-de deivação. Conseqtientemente,
as expressões válidas do sistema são os axiomas e os teorenas.

. . O nível metalógico é constitúdo pelas rcgras de formaçiÍo dos


siaais e das fórmúas e regras de deiivação ãu transformação. Se
comparamos uma teoria formalizada com uEa língua (como fazem
alguns pesquisadores contemporâneos ), o vocabulãrio estaria consti-
tnÍdo pelo alfabeto o as expressões váIidas, isto é, pelos sinais pri-
milivos e sinais dpfinidos, pelos axiomas e os teoreÀas, e a gr;ná-
tj9g, plas regras para a construção e a manipulação do vocabu-
lário.
. As- regrag de lormação dos sinais estabelecem explicitamente
quais são os sinais primitivos e as regru, de lormação dhs
lórmulas
realizam uma função análoga relativamente à construçao das fór-
müas a partir dos sinais. As regras de derivação, deduçao, dentons-
ttoçfu o\ translormaçfu permitem passar de umas fórmulas a outrag
ou, dito de outra forma, possibilitàm a demonstração das proposi-
-
çóes expressas em fórmulas. Uma teoria axiomática formaliiadà se
denoaiaa uma língua ou também tm cálctio; neste rúltimo caso se uti-
liza a expressão regras de transformação (das fórmulas), em lugar de
regras. de derivação ou dedução (expressão que, evidentemente, tam_
b 'em é correta ).

.Do mesmo modo pertencpm ao nível metaló.gico as provas de


consistência, de completicidade e independência, às quais nos refe-
rimos anteriormente. Diz-se que um àonjunto de axiomas é inde-
qeu$9nt9 (e, dev+se prová-lo) quando nénhum deles pode ser de-
{yag algum dos outros. Se lsso fosse possível, o axioma dedu-
-a"
zido deixaria de ser axioma para converter-si num teorema. A prova
de independência consiste cm demonstrar que a negação resfctiva
de cada um dos axiomas forma, com os resiantes, súemas não con_
traditórioso8.
O. sistema é completo se, acrescendo ao conjunto de axiomas
uma- fórmula-.que não seja um teorema, se obtém uma contradição.
Finalnente, diz-se que a teoria é consistente, não contraditória,
patível ou coerente (expressões sinônimas) se não se pode derivar
"ãr_

98 O quinto axioma euclidirno (o das paralelas) é independentg porq ueÂ


sua neSasão forma, mm os restantes axiomar, siottmas não- contradítórios, que
conttituem precisainente as geometrias não-euclidianrs.
150 A Inlcrlação na Pcrqulra
no útm& mcdianrc ac ÍGgras dc traosfornação, uma fórmula e sua
mg!§looe.
Há duae panciras de provar a consistência dp um sistema te6
rico: a) dcnonstraÍ $tL cocrêncla sintáica c b) demonstrar suâ
cocrêncta scmânlica' A dcfinição de consistência que formulamos
&toriornpntc corrcsponde À coerência sintática; a coerência semân'
tice so referc à irueryretação do sieteme: um sist'ema é coerente
(sooanticamente) sc P6§ú uE Eodclo, isüo é, se há um modelo que
õ rea[rc. O conceito de modelo quo acaba.mos de introduzir requer
uE tratarnento e um desenvolvimento especiais, sobretudo pela iI-
poftâoda que logrou obter atuâlmente, tanto nos estudos epistemoló'
'gr* rnátodotõgicos como no campo da pesquisa cientítica'
"
A tGoric dor nodelor
Urn dos traços característicos da linguagpm científica contem-
oorânea é o uso ãa palavra "modelo", nãó só nas ciências fáticas e
íotn;it, rnx t.mbát nas ciências do homem, nas -quais se fala de
."ait"i de aprendizagem, de conduta, de personalidade, de comuni-r
cação, etc.too. Uma piova da popularidade da noção de modelo na
ciõncia contcmpo.ânea oul õomo diz acertadamente Abraham
-
KõÉ;, ae quê é uma palavra "da moda" na linguagem científica
é que a revisti da uNESCo, Diógenes, dedicou seu nú-
"trit -
mero 52, dé outubro-dezembro de t965, à "sigtificação dos mo'
dcloe".
-parã longe de esclarecer
freqüência de seu empregq
A o sentido pre-
cico àó coáceito, contÍibuiu obscürecê-lo, e não. é alheia a cste
i;ilffi;t; u"tú."rn polissêririca da palavra "modeIo", devido à sua
iorúriao em diferentes cotrtextos õientíficos e, sobretudo, à mul-

I Nos eictcmas construtivog quc não €mPregam e negação, a consistência


rrrim- rc- dcÍinc: um sistcma é consiitentc sc úo tê podem dcrivar dele todas aa
pÍoposiç{h!,
' 'lü)
Eir alguns cxemplos bibliogtáÍicogi l) Lececnp,. D', e col" Lct noüht
* [iir*àr*itt n otvclologis, Prrir, Prerrcs Univcrritaim, l{5; 2) ,Surrrr'
É.. iol,, llorkoa hanú*g tatldt lot nwltiça*on i''ttcrac'io'tt, §tlnloro' ÜÍan-
" prcoo, rs6q-sl Ârrurson, R. C,, Tht.*tc oJ nodek ln c*,aà"tlr'
',,aí uii"J"ií
6rh
a( 1tu-t-$ of thc qwleb i* ma'
-ú;;útu" -;i
c";;üü, ".
ri. ri.úa"n."t; Th, concart
'Dotdrccht-Hollaad,
D' Reidcl Publi'
ot*,il axl toiià-iiLy,rt.
.ffi.p;y,'ilüi; ll i^ro-rt, À., ll-tcs ad timitatiom,o! nn'lú"'^'üal no'
trh t;;íi;ib""a, ám'L. Gross (Éa)i sv'npt;** on Sociologhal Thco4, Eva'ns'
itr-"rxgocr, s'.â;
il. íoãíff;-;í õá..p;ú,'Iri'e; 5-) nodcb nalbo
'E'
í'c*ii.;*st", ". "o;og"irtí, t.o izi| Secrsrloir, w', Elene*'os dd no'
il& üanitlüo, na rcvirte citatla.
norUrepfo rh Pcequira fõ1
tiplicidado do seus usos. Com o objeüvo de tornar precisa a noçâo
ou, dizoodo mclbor, os dbtintos conceitos de modelo podcmor -
-
ropir doir csuiohoE: a) o hirtóricq rsstrcando pacieoteocnte o cig-
siÍicsdo c,o uoo doo modclos atravée da história da ciêocia; b) o
cpirtcmológicq ordcnando logicamento as difercntes noçõcs e escla-
reccodo o ecnüdo dc suar respccüvas projoçõcs teóricas e práticas.
Scn doscoohcccr o iatcrogs€ do primeiro, principalmcntc para cf,-
trrir cnsiaancntos do fracasso de certos modclos não provados,
qrcolhcrcoo o seguado pr@cdincnto.
Em primciro luger, é ncce$áÍio distingrrir cntre modelos cien-
tíficc, Um modclo aão cioatÍfico é ,me miniahrra mais ou
mc[os cscàlsÍEcntc relacionadE .-- de un objeto real ou- imaginário.
Excoplo destc tipo dc modclos sío as rcprescnta@s tridimensio-
!ti! dc brrcoo co a3Êocirs de viagem, das botrÊcas dc uma menina;
o tvião quc constrói un menino c@ sêu 'Mécano". O uso vulgar
do tcrmo cooGrrt mais duas rigniEcações: o modclo como arquétipo
dipo do rcr imitado c o modelo como cópia da realidadc. Um exem-
plo do primciro podc scr o vcstido dr moda e do scgundo, o quadro
'dc um pinüor.
Tamporco é único o scntido do modelo cientíÍico, já quc, como
vimoo, cxiotcm vários conccitos de oodclo cuja significação depende
dr linelidrdc c@ quc sfu utilizado. Partindo dcsto pcrspoctiva
técnica' urn Eod€lo podo servir psÍs dcmonstrar a consciêncio dc
rrnr têorig cmo insilurnG ant€rio[meote. Um cxcmplo bem co-
nhccido 6 o da gcomctriE euclidiana, tsl cono foi interpretada a
psÍtir dt! geomctrias não.euclidianagror. Cm cfeiüo, a firmeza da
gcooetria cuclidiana ectá provada porquc o cspaço conum é um
nodclo fÍsico quo 'rcaliza' ar rclsçõcs Ebstratas formuladas
ts Elaruntos. As propocições euclidiaoas coovertêm-se cm eriun-
ciados vcrdadciros sobrc o espaço c os objctoe do mundo Empírico.
OuEo cxcmplo: a consistência das geooctriar nãoeucüdianas foi
pÍov8ds ao sG deEo[stÍBr que I gcomptria eucüdiana é um modclo
daquclas.
Em euma, trma tÊoria cientÍfica podc scr coosidcrada consistcnte
se possui um modelo. Como sc poderia deÍrnk csrc conceito de mo-
delo? Vcjamor um cxcmplo já citado, com mais pormenores, A
coúistênêis da geomcfia plana dc Riemano pode scr estabelecida
8ê cEcontramo3 rrm la6dpls que goEprcenda seus pootulados. Se

l0l Eatt crctrncincato á nccolário porquc mdicioorlmcatc idcntifrcorrc a


3coocrir coo o nurdo Íí.ho, ô qurl equcle é u. oodcb, irieorÍ"ndo* m cro
dc higortÚirr ccÍtor clnccito..
162 A Intctagão na Pcsqrlsa
estc modelo é a gcomaria eucüdiana, é necessáÍio "traduzir" as
noções riemanniatras cm noções erlcüdianas corrcspondcntes; por
cxcmplo, a palarna "plaao" da primeira significa "supcrfície de uma
eúora euclidiane" ha segunda; a expressão "linha reta" da geome-
tria ricmanniana se traduz cmo "círculo máximo" no modclo cucli-
diaoo, É fácil vor quc, tra realidade, o problema da consistência é
"trasladado" ou "difcrido", desde quc, em última análise, a coc-
rência do sistena se baseie na coerência do modeloroe. Hilbcrt tras-
ladou novamentc o problema ao encontrar um modelo algébrico da
geonrctria cucüdiana, traduzindo "ponto" por um par de núme-
ros; "linha" por uma equação de primeiro grau com duas incógpitas;
'tftculo" pú ums equação de segundo grau, etc. Note-se que, nesta
operação lógice'matcmática, a geometria eucüdiana, que represen-
tava um modelo em relação ao sisÍcnra riemanniano, torna-se um
sístcnu cm relação ao modclo algébrico.
Dos desenvolvimentos anteriores podemos concluir: 19) o ca-
rátcr relativo da noção de modelo; 29) sua estreila relação com o
conccito de sistcma ou teoria. Al.guns autores manipulam as expres-
sõcs "modelos" e "teorias" como palawas sinônimas e referem-sÊ
indiferetrtementc à rcorta da relatividade or ao modelo rela'tivista;
ou também à &oria ou ao modelo evolucionista de Darwin, etc.
Já estamos em condiçõ€s de definir o conceito de modelo no
scnüdo anteriormente explicado: um modelo é o conjunto de sinais
isomorfo a uma teoriaroa, isto é, qualquer que sejs a relação existente
entre dois ctpmentos do sistema ou tcoria, deve existir uma relação
correspondente etrtre os dois elementos respectivos do modelo.
A confusão entre modelo e teoria provém de que se considera

102 Â solução deÍinitiva do problema deve colocar-sc €m termoa de prova


de consistência absolvtz. dz aritmética. Lementavêlm€ntc a prova dc Gôdel 6
conclusiva: dernonstrou que é imooasível en«)ntrar uml pÍova meamatemática de
consistência (absoluta) da aritmética. Veja-se Gôotl, K., On í?íz4lly íat^çcüabb
,ralorithnr oi Pánci?ia mothên4,ha and, dztcd ttJternt, Lnndt.4 Olivrr &
Boyd, 1962; e N,rcrl-Nrwrr,rex, Giiàel't frtoot, LoodÍes, Routledgc and Kegan
Paul. 1959. Há uma venãn espanhola deste último livro cditada peh Univaeidad,
Nacional Áutónoma de México.
103 Dois eiotemas de sinais são isomorfoc quando seus elcmontoc estão cm
correspondência biunÍvoca, e se diz que dois conjuntoc dc cnttr estão em corres-
pondência biunívoca qurndo cada elemento dc um delco rc corrclponde com outro
do 2,o sirtcma, e rcciprocamcntc. Por excmplo, se tivcrmoe um conjunto dc
cadcirao e um conjunto dc pessoas, dircmos quc ambos os conjuntos cstão cm
corrcspondência quendo cada cadeira é ocupada por uma petloa c cada pcssoe
pouui sur cadeirr (quando não cobnm çadeirer nem pcrroas). Doie gistcmrc ou
teoriar isomorfar têm r meema ctí,rltaata, ilto é, r tltetm, {orma lógica (iaomorÍo'
rignifica a mcsma forma).
trodlnção da Pcrqulsa 1õg

quc a tcoria é, de fato, tm modclo da rcalidade, isto é, quc rcus


c-ooceitos ou sinais correspondem-se biuaivocamcotc com or oblctoo
do muodo cmpírico. Este ponto de vista foi su$trntado por Wittlanc.
tcin no Tractuas logico-philosophictu e também por [,usscll-Whitc-
head no Prlrcipia mathcrnatica. Segundo estes autores, urt cnun-
ciado "atômico" ou singular é o rcflcxo dc uB fsto, isto é, corres-
poude-se birrniv@amentc gour o mêsmo. Conseqiientementc, a cong-
trução tcórica é como trma "pintuÍa" da rpalidadc fcnomenal, o que
equivale a assumir uma posição ontológice empirista.
Sob o ponto de vista .epistemológico, os modelos se utilizam
como itúerpretaçõcs de uma teoria, dc tal modo que, para alguns
autorcs, modelo e interpÍetação são expressões sinônimas. Car-
napro., etrtretanto, distingue ambas as noções: w modelo dc uma
linguagem, sob o ponto dc vista usual, consiste em atfibuir vSloÍcs
de cxtensão às constantes c às variáveis, traduzir os sinais por entês
que os realizam. Uma interpretação de uma linguagcm (ou de um
sistema de axiomas) consiste em atribuir signiíicados aos sinaie e
às fórmulas (ou enunciados), o quq se pode lcvar a cabo formal-
mcüe, Â?Áianlc Íegralr semâaticas explÍcitas, oü iníorrnalrrunte,
mediante indicações nõo técnicas de qualquer forma. Os modelos e
as intcrpretações não são isomorfos. A intcrpretação e o modclo
são, pois, duas maneiras de "traduzir', uma teoria; a primcira se
efetua no plano da linguagem; a segunda se realiza num nívcl ôntico,
isto é, com relação a objetos ou entes.
. - . Uma terceira função dos modelos, sempre num plano epistemo
lógico, é seu emprego explicativo, isto é, coniiderar um modilo cqno
ume maneira de explicar uma teoria. O modelo como intcrpretaçãq
no sentido abteriormente estudado, e o mdelo como expücàção po-
dem coexistir. Neste último sentido, o modelo constitui-se num ins-
trÍmerto intelectual que torna mais precisa e clara a análise, por
exemplo, I teoria biológica do sistema nervoso central é substitúda
parcialmente por um modelo cibernético que permite simplificar rela-
ções complexas e melhor entendê-las.
As difercnças estabelesidas anteriormente podem servir-nos parh
propor uma classificação dos modelos científicos, Iniciaremoo pelo
modelo explicariyo, baseado no.,ruso recérg-exposto, quc consiste
f undamentalmente em estruturas concretas, específicas, que são isc.

morfas com relação a uma teoria ou a parte de uma téoria, Entre


os múltiplos exemplos cibernéticos citaremos as tartarugas eletrô-

lu !-eja+e §cxtm P.. A., Thc aWox,phy oÍ Rdd! Canral, The l,ibrary
of Living Philoophers, Londres-Cembridgc, University Press, l9(rJ,
764 A Iniciagão na Pesquisa
nicas de Ross Aúby (machitw speculatrk), o homeostato do mes-
Do autor e os modplos de nervos que diversos neurologistas reali-
zaraln.
Os n odelos Í'uicos eíáro especificações dos modelos explicativos,
gcralmente construídos com materiais cotrcretos e em escala. Tão
anügos como a humanidade, os modelos físicos remontam a épocas
muito remotas, nas quais o homem fabricava ídolos com fioalidades
mágicas ou ieligiosas.
Os modelos tormais consistem em abstrair a forma lógica dos
modelos concretos, alcaoçando deste modo uma grande generali-
dede106. Exemplo: a representação de um campo eletromagnético
em termos das propnedades de um fluido imaginário não compres-
sível, tal como o fez Clerk Maxwell. A finalidade de Maxweü era
simplificar e reduzir os resultados de suas investigações numa tór-
mula matemáüca ou numa hipótese física: "Ao referir-me ao mo-
vimento de um Ílúdo ialaginário, espero alcançar generaüdade e pre-
cisão e evitar os riscos de professar uma teoria prematura para ex-
plicar a causa dos fsnôm9n9s"106. O "fluido" de Maxwell êra .§ôo-
cebido por ele como rrm conjutrto de propriedades imaginrárias que
podem ser utilizadas para estabelecer certos teoÍemas matemáticoc
de maneira a sqreÉ mais comproensíveis e melhor aplicáveis aos pro-
blemas físicos.
Os modelos matpmáticos são, ao mesmo tempo, uma formali-
zaçAo e uma simbolização de teorias ou de modelos concretos (fÊ
sicos ) . Por exemplo, a rppresentação do sistema solar. por meio de
uma grande esfera central (o sol) e um conjunto de esferas girando
êE toÍDo dele (os planetas e, eDtre eles, a ferra) é um modelo
físico. Este oodelo concreto convertemGlo em modelo matemático,
se substituíEos as esferas por pontos geométricos e os braços de
aramo que unem as esferas girantes à central por relações numé-
ricas. O leigo pensará que o modelo físico é mais singelo; entre-
ta[to, o modelo matemático é mais simples, porque eliminou todos
os fatoÍes de perturbação alheios ao processo em.si, como o atritq
a vibração, etc. É fácil ver por que a previsão de um ecüpse por meio
de cálculos realizados num modelo matemático (baseado, evidente-
Dcnte, €E observações experimentais) é múto Eais precisa do que
a- porventura rcalizada com um modelo concreto.

105 Bmcx, Mrx, em *t liwo Modclt otul nrtolhôtt (New Yorlc, Cornell
Univcrrity Prcrs, 1962) chama-oe "os modelos teoréticos".
106 Vcjr-so Tlv tcicntilb lai.rt of lenet Cleth MorodJ, Cambridgc Uni-
vcrrity Prccs. mcncionado por M. Black nr obra citadr, p. 226227.
Bcalização da Pesquisa 1õ5

SigniÍlcoç6o, volor e limite. do u.o da


modelor no perquiro

Uma das razões do prestígio atual da teoria dos modelos é o


aspecto instrumenral
_
e programático da noção de modelo. As fó- I
bricas de aviões constroem modelos que sãô répücas simpüficadas,
em escala, dos aviões reais. Estes modelos põssuem motores dc
gasolina, controles remotos s rrm EcCsnismo àe radiocontrole que
permite_ dirigir o pequeno avião à distância. Ncstes casos, os m(>
delos são mais fáceis de experimpntar que os originais e, uô m.smo
tempo, são mais fáceis de pntender e o que é muito ímportante
na indústria mais econômicos. -
-
Na engenharia aeronáutica, experimentam-se os aviões em tú-
neis aerodinâmicos, reduzidos pr@ionaEãie ao tamanho dos
modelos utilizados. Claro está que não basta experimentar o modelo
para obter, mediante um raciocínio por analolia, todac as infur_
maçõ€§ que se deseja conhecer sobre o funciónamento do avião
original, mas o ensaio constitui uma base importatrte e econômica.
@ nem semPre ionsiste na manipula-
çao oe unroades lsclrrziflg5; por v€zes, constroem-se modelos par_
ciais para estudar as relações intre os elementos de um dctermúdo
setor do objeto; por exemplo, a asa de um avião Recorde-se. quc
a característica da noção de modelo é mais a fa ou abs
do ue a red ução em escala. Em geral, os mod is tanto
na glca como am ica são abstr isomorfas- de teo
gas' e não red de ob tos:- esta última caracter por
outro o, Plc ada malona dos modelos concÍetos
Um modelo reduzido de avião impüca num processo de abs_
tração., porque, ao construí-lo, prescindiu-se de uo conjunto de ca_
o peso, tamánho, etc,
-a forma; noocaso
racterísücas para limitár-se a uma
só delas - da asa,
da reprodução o fator abs_
traído é, -além disso, o tamanho.
O uso dos modelos na lsa ta
Pouco tes, se ndo o clen em uestão. No terTeno
as cas, por exêmp o,osm cotrsidêrados
válidos se rem ao confronto com os fatog, islg é, sc forem
verificados. A história das ciências naturais oferece uma dialética
constante entre os dados e os modelos formais. Nas ciências biolG
grcas possuem-se muitos dados, mas poucos modelos teórico§ (csta
desproporção é ainda mais notória na medicina). Na cconomia vo
rificou-se a rpl ão inversa: bons model os teóricos, mas falta dc dados
que os corroborem. Nas ciências de fatos, o êíto depende de umo tí
boa relação entre modelos e dados Sob este ponto de vista, po-
150 A Inlcl,agão na Pcequlsa
demos considerar que os matcmáticos puros são fabricantes de mo'
detos formais e que a ciência matemáüca é o depósito dos mcsmm.
Quando Einstein fonnulou a teoria de relatividade, usou o modelo
geomérico de Ricmann, que haüa sido elaborado muitos aoos aotcs
o sem pelsar em suas possÍveis aplicações.
No uisa modelos taÍr o das
tc§e§, com e difcrcnça de que, se aqueles são ormals, perÍnr
ffi-dcsenvolvimento muito mais preciso o
ção constânte c scm fim da investi ao pode ser reprc-
sêntÀdo como uma aç a Êntre os dados c
os modelos, de o com o segu esquemar 0í

trEE EE @ ;!ii:ii:iil:
:!E
iili:iii!il
iili!llliii
T iiIil:!i!
,l i!l iiI!ii:i::!
'il:iririri
Âv.llÍlo: DEfICIEilIE @L
8 J

I
!
ÍM IE@ El'," E@
O sentido pedagógico do uso dos modelos é óbvio, basta lem-
brar os modelos anatômicos, os plutetários, os modelos do ADN
ou do átomo.
Nas ciências do homem estudou-se a coÂduta humana mediante
modelos matemáticos; por excmplo, cm alguns üabalhos de Herbcrt
A. Simonroa, ou pclas técnicas do psicodrama e o sociodrama. O
estudo das rela@es famiüares mcdiante o ro\playing baseia-se na
0 utilização dc modplos que se constroem com ôs egos auxiüares, etc.
Uma significação análoga posui o cmprego de modelos cibernéticos
para estudar aspectos fisiológicos ou psicológicos e, inclusive, certas
enfermidades epidêmicas.

107 Estc csquemr é a rcprodução de Íigura t042 (p. 182) do livro de Irwin
D. Boer, Ia dec ibt crtadlttic4 Madrid, Âguilar' 1958.
IOE Vrja-rc seu livro Jtlotlcb o! aran, Ncw York-l,ondon, John Wiley and
Sonr, Inc., 1961.
Boaltzagão da Pcsqulsa 15?

O uso dc modelos matcmáticos na pccquisa beseia-se em idpa- ,,


tiücer um número de variáveis rclevantes nrrms peseúsa de qualquer \l
nÍvcl. Por cxemplq num cstudo sobre o crcsciúcnio dc umi popu- '
lação postula-se que as variações desta dcpendem das scguintcs va-
riáveis: número de indivíduos nascidos em um momento daão, númcro
de mortes, número de pcssoas quc abandonam a regrão, Sc-\ Estas
variávpis são tratadas matcmaticamente e manipuladas oper-"acional-
mente: aí está o modelo c scu dcscnvolvimento. Posteriormcntc se
podem c iáJas e, inclusive,
fqmular prcvisões, que servirão como provo fática ao serem con-
frontadas com os acontecimentós antecipado§.
Talvez a maior vatrtagÊm do uso dos modelos na pesquisa
rasida na poss
ainda quo aí possa ÍosidiÍ também a principal causa dêEdesr,"an-
tagcns, já quc a prccisão depcnde da abstração deliberada das carac-
teúticas que sc quer estudar. N de um modelo é ne-
c.cssário o de se dctcrm rnar exp tamente
qua§ o§ do e conhec.Êr e pesqui§ar, c,
conseqiicntemente, tais caractcrísticas são as que se incorporam ao
modelo. Uma conseqüência anexa à ab,stração é a econonia dc pcn-
sameoto e também como já cxplicamos uma economia de custos.
- -
Para esta prcciseo contribucm a formalização c a simbolização im-
plícitas nos modelos matemáticos. No campo matemático, a simpli-
ficação incrente ao modelo facilita, do mesmo modo, a so[ução das
rcspectivall equações.
Os dos modelos residem no que consütui seu
principal mérito : aa que é inercnte. Toda a abstração
§upõo uma simpliücaçãq c pode aconteccr que se confunda I prÊ
tl
cisão do modclo simplilicdo com a realidade complcxa da qual te
foi extraído. Um pcrigo quc, de certo modo, é uma conscqüência
do anterior reside Eâ supcrvalorização dc um procedimcnto quc,
c@o a matcmatiação c a tccnificaçãq é o sinal dos tempos que
correm e, por isso, adquirc um presúgio que trem sempre cstá rcal-
mcnte justificedo. A atraç ão da eim ão deve soÍ com-
batido com a o osa te: "A essênciq da lt
matemática não é seu simboüsmo, mas seu Ínétodo d e dedução". Aoll
quo acresccntarínmos que,'iaclusive, devcrnos oos precavêr contra
a sedução do método dedutivo: formalizar cstritamentc um proHe-
m@q e, mesmo quatrdo por rôrer."
obtém a solução, o modelo formal pode constituir uma flagraatc
dcsarturalizaçãq ou redução da iica esgência de questão, como cf,-
plicamos atrteriormcnte, ao ocuparmoíos com métodoe mat€mático§
nas ciências sociais.
158 Â Iniciação na Pesqulsa
Estc risco persegue constantemente os constÍutoÍes de modelos
formais, com uma agÍavante: a elaboração de modelos estéreis. Com
efeito, é possível construir um sistema axiomático a partir de um
conjunto dc sinais Pflmr vos e aromas, mas §so n ão garatrte que
§e teúa descoberto uma cstrutuÍa matemática, que é, no fuodo,
o quc justifica a pesquisa mediante a busca de modelos formais.
A. Kaplanroe exige duas coÍrdições para que um modelo seja
ll accitável cientificamentc: a fertilid e a fertilidade àe«-
rÍ.rrl'ca Urn modelo formal ou matemático é dedutivamente fértil se
trato de cstruturas das quais se podem deduzir conseqüências válidas
e úteis cientificameDte. A fertilidads heurística. Por4utre.lrdí), Íe-
fere-se a suas possibilidades como fonte de experiências, de hip ó-
teses ou de conceitualizagões.
Assim como uma menina que brinca com uma boneca a ela se
apega c a considera coruo se fosse uma criatura viva, ou o menino
o considera um cavalo real, um pesquisador
Pde ão" ao seu modelo e reputáJo o único
dc coahecer tratar uma certa realidade. Nesta atitude se
ref,cte também o que denominamos anteriormente a lei do ins-
trrumento.
Como vimos, a v4idcz de um modelo no campo das ciências
fáticas dcvc provar-se i-o conf,ronto com os fatos. A verificação que
sê segue, entretanto, não convpÍte o modelo em "võitlãil rd'; os
modeloe não são ncm verdadeiros, nem falsos, são apenas mais
ou menos adequados para certos usos. O modelo euclidiano não é
mais vcrdadeiro do quc os modelos não-euclidianqs, trcm cstes o são
mais do quc aquelc. Nas pesquisas físicas realizadas dcntro de certos
ümitcs, o modclo euclidiano pode ser útil; poÍ outro lado, na mecâ-
dco rclatiústa é adcquado o modelo geométrico não+uclidiano de
Rie,mann. O valol de um modelo não é alguma coisa intrínseca:
dcpondc do câilpo no qual vai ser aplicadoi isto é, que não será
vcrdadciro nem falso, mas sim úlil-oujútil.
So comprcendemos o papel instrumental dos modelos, desapa-
roc€m oo apsrcntcs parado@s lógicas,
cspccialnento a de não cotrtradição, A tcoria ondulatória e a teoria
corpuscular da luz nEo são contraditórias, mas sim complementaÍca,
rcgundo a tcoris da complemcntaridade dc Bohr. Com cfci to, a luz
é algo 9uc, cm ccrtas cx periênciàs, aprcscnta-sc cmo onda e. eE
dltra!, c@o ccpúeculo. A qucstão ainda ren rolução cicntÍ-
lica - da luz não é um problona
sob,re qual é a natureza esscncial
-
l(D Vcjr-rc Thc condrct ol inq*im. ob. cit., p. 284
Bcalizagão da Pesqutua 159

científico, mas filosófico (ontológico), Assim, podemos considerar


ambas as teorias como m deixando de parté- o piõ5i6ã
Pensar ne í como se refletissem a realidade e aceitando-as como
modos de explicação cuja validade residp unicamente em sua ade-
quação às respectivas situações (experimentos).
O maior eÍl dos modelos é indubitaveknente a hipóstase 1
de um es, Çue é ent o com a realidade. A história da ciên- t
cia nos deu diversas amostras 'desta mal-aventurada dentificacão
cntre o modelo e a realidade. O éter- que para Maxwell era simples-
mente uma convenção heuristicamente útil, se converte para muitós
entr_ e-os quais Íigura Lord Kelvin -
numa matéria real. A geomctria
euclidiana foi identificada durante-muito tempo com o cspaço físico,
atribuindo-se aos volumes físicos as propriedades estabelecidas nas
relações geométricas: su unha-se ue ue vrn-
cula os te oremas com os ostulad nos Elcmentos de Eucl s,
no espaço
A drástica difere entre um modelo p uma teoria , ou enlÍe
um mode oeaÍe e
crpeee* o modelo não é a realidade nem a t n-
tendê-lo como se o§§e Êssa rea e ou essa teo ria. O modelo se
parece com aqu o do qualT um modelo apenas em sua estrutura:
todas aguÊlas características do sistema alheias a sua estrutura
tembém o são com relação ao modelo.
Comparando novamente o modelo e a teoriâ ( ou sistema),
poderÍanos distinguir entre propriedades endógenas e propriedades
exócenasr I 0 As primeiras são ai inerentesFestrutura e, cnquan to tais,
tnvartavers ; as segundas são al elas a e a e,'por isso, variáveis e con-
titrgcntes A imesma teoria pode ser interpretada mediante diversos
delos; todos eles teÍ a§ mesm te es en gena§, mas v lt
ãõ-iEfinito as exógenas
A teoria dos modelos é uma tentativa de substituir o uso onto- tr
lóglco da analõfiã por-ma metáfora científica manejável. Iogrca- I te I
meDte e isenta das implicaçõcs mctafísicas da analogia. Na medida
em que o haja alcançado, é fora de dúvida que proporcionou à
p€sqúsa científica um valioso instrumento, desde que o pesquisador
aceite suas limitaÉes, resignando-se a abandonar de vei a ambição
de alcançar a verdade e conformando-se com um cômodo espelhismo
dcsta: o Ersatz da utilidade,

- _ Il0 Elta dirtinçâo Íoi introdtzidr por Abrahrm Kaplan na.obra citada, p.
285-286; ernbora rua crpliczçío difin da noesa, crcio quc ioincide no íundemcnal.
TERCEIRA PARTE

PRÉPARAÇÃO DA MONOGRAFIA
tr

CONCEITO DE MONOGRAFIA

A monogrcíio e outrol tipor de lnÍormoçóer

Podemos definir a monogralia cotrlo o tratamenb por escÍito


de um tema específico. Sua característica essencial não é à extensão,
porque pode-.ter desde_ poucas páginas até a dimensão de um liwo,
como- se explicou anteriormente (veja-se eue é o plano?). Cabe dis_
tinguir, entretanto, entre o uso eséolar da palavia ..mónografia'; e
seu emprego cienlífico. Em ambos os caso§, a definição ie baseia
no caráter específico do trabalho (o tratamento de um tema bem
delimitado) , mas a diferença reside na qualiilade da tarefa, isto é,
no nível da pesquisa, que depende das Íinalidades respectivas quc
presidiram sua elaboração. As monografias que servem para a pro_
moção de estudantes universitários ao final-de.um seáinário, -por
exgmplq nã9 9e podem considerar verdadeiros trabalhos de'fes-
qlirl trabalho para o qual os estudantes não estão ainda cápa-
- salvo raras exceções
citados, mas, em resumo, tarefas de íni:
ciação na pesquisa. -,
. As monografias científicas (no sentido amplo do termo) cons-
titu€-m a concretização de um domínio do tema tratado, tal como
realizam os pesquisadores. Um exemplo de monografia
-verdadeiros
neste segundo sentido são as teses de doutoranrinto, que, mesmo
,
quando abordam temas especiais, implicam um estudo exàustivo das
respectivas questões. Outro exemplo poderia ser o estudo sobr.e uma
enfermidade, gujas partes são: ãefinições, etiologia, atratomia
patolóciga, epidemiologia, §intomatologia, diagnóstico-, propóstico,
protilaxias e tratamento. Como se vê, à monografia é túbém neste
caso um estudo completo do tema considerado: a enfermidade.
164 Ptcparação ila MonograÍla

A comunicqfu ou menória cicntífica é uma informação, ü-


mitada em sua cxtensão pelas normas estabelecidas pelo local ondc
é aprcscntada (congressos, jornadas, academia, socicdado ciotrtí-
fica), na qual se expóem os resuhcdos de uoa pesquisa oÍigiual,
Nun trabalho desta íodole, não é necessário abundar cm deseovol-
vimcntos analíticos; o essencial é aprescntar e idéia, a teoria ou o
expcrimento realizados com as rcspcctivas fuadamentaçõcs.
A atulização dc uE tema ou um problemt (mi* au point, ou
posts em dia) rcpresenta uma estimávcl contribúçÉo ao dcsenvol-
vimcnto do coúecimento: é a revisão crítica dos cstudos rcalizados
sobre uma questão, atualizando os conhccimentos e as pcsqúsas
sobre a mcsma. Os relatos encmendados especialmente nos con-
grcssos cicntíficoo supõem um trabalho minucioso de atualização
do tema em questão.
O primeiro passo de uma atualização é ler, consútar c fichar
os cstudos realizado sobire o tema c@ um espírito crítico semprc
atento, ÍecorÍendo à üteratura técnica a partir dos trabalhos mais
gerais e passando a scguir aos estudos mais cspecÍficoe. O ecgundo
passo consiste em hicrarquizar os tÍabalhos consutados, distinguiodo
estritameute o fundamental do accsúrio; posteriormente, deve-se
procedcr à ordcnação dos estúos analisadoo, cscolhcndo um cri-
tério paÍa classificá-los: épocas, escolas, tondêocias, analogia ou
coincidência dos métodos or as pcrspectivas teóricas dos autd€s.
Após um trabalho dc síntesc da ütcratura analirada, devc-se
procedrr à reforurulação dos problemas impücadoo noe cshrdos rca-
pectivm, çynminandosg criticamentc as tcEcs dos autorca cm rclação
aos descnvolvimcntos e às dpmonstra@s por elcs ofcrccidae e ava-
liandosc objetivamcnte os resultadoe obtidoe c as cooclusóes cx-
postas. Somcate ao tétmino dcsto trabalho o autü da atuolização po-
dcr6 expor o estado atusl d8s qucstõcs, irto § a oxistêocio dc pro-
blemas ainde scm soluçãq inücando, se possÍvel, quais scrian os
mcioc para alcançá-la. Não precisamoo destacar que Das ciências
Íáticas, caÍacterizadas pcls rápida evoluçío dos cmhÊcimcotoe ba'
seados cm cxperiências e em novÊs técnicas, o0 trabalhos de atua'
lização se revestem de grande importâocia. Em atividadcs pre
fissionais como a medicina, ondc a casuÍstica é abuodantc e cstá
bascada sobretudo aa cxposição dc caso iodividuais, a atuali-
zaçÁo ê uma tarcfa de intercsse pernatrentc.
Prccisamente na mediciaa rcalizao-se outras ospécics dc inÍor-
maçõca cono ccoamentô dc trabalhos de pcsquisa: o rclato de
casos clínicos e o comcn!&b médico. O rclato dc ctsos qt traball@
de caitnÍstica tem poÍ finalidadc o dcscrição de um caso rcputado
pouco comum do uma enfcrmidade conhecida, ou um ou mais casos
Conccilúo de MonogaÍla 165

do um mal desconhecido. A base do relato clínico é a descrição mi-


nuciosa dos casos, incluindo a história do doente, dc tal maaoira
quc o leitor fique habütado a apreciar claramente todos os dctalbes.
Nestc tipo de informação cientíÉca é muito importanrc conscnvaÍ
um csülo dcscritivq sem incluir interpretações ou rclato; cstas
quc podclão ser ae de ouúos Butores c as próprias -
nar-sc depois de haver sido esgotada a descrição. - deverão consig-
O domíaio da
bibliografia pertincnte é fundameotal.
A nota ou o corrÉirário clínico é um trabalho de menor fôlcgo
cujo maior valor residc na apreseotação de inÍorrrações ou conhe'
cimentos de caráter prático: descrição dc sinais c sintomas de cn-
fcrmidades quc ainda não foram descritas, modificações ntrn pro.
ccdimcnto tcrapêutico, apcrfeiçoaneoto de uma técnica ciÍúÍgics.
Os cwaios, opúsculos, livros e traÍados possuem uma cstnúura
comum, à qual já nos referimos anteriormente c sobre a qual vol.
taÍcmos a falar no parágrofo seguintc. Recordemos, para termiúr
esto ennmeração de trabalhoe e informcs, a tarcfa de divttlgqão qte
sc rcaliza em nÍvcis dc difercnte hierarquia, porque abrango dcsde
os trabalhos de divulgação para leitorcs cultos aão especializados
no tema até a vulgarização de cooceitos científicos elcmetrtarÊs que
sc descja cmunicar a grandcs massas, comq por eremplo, ccrtos
conccitos de profilaxias c higicne púbüca.

A oúruturu dc monogroÍio
a) A introduçtu
Dissemos quc a organização do trabalho intelectual dcpeode
do tema e do plano de idéias no qual se realiza e pesqúsa. Scguado
este critériq não seria possível estabelecer de antemão e em fqoa
regular a eslrutura geral de uma monograÍia ou uma tesê, suas
partes integraúes e o sentido de cada uma delas.
É fora dc dúvida gue os trabalhos que tÍatam de difereotes
temas terão de diferir materiolmente entre si, mas não formalmcnte,
Um estudo literário distingue-se por s€u temâ e seu estilo de uma
comuoicação científica ou de um ensaio filosófico, malr a estrutwo
e o método de trabalho são os mesmos em todos eles. Quantas paÍtÊs
compõem um trabelho de pesqúsa? Tiês, nem mais nem menos: a
introdrção, o d.esenvolvirnento e t conclusão,
Obcervou-se que esta diüsão é aÍbitrária: por que trà partes e
não duas ou quatf,o? Esta objeção sufloe a cmpreensão de duas
coisas: 19) que a estrutuÍa do tÍabalho é uma unidade, um (xga-
nismo, e 29) que a divisão de um trabalho em três partes nÃo é
166 Prêparagão ila Monografia

fcita por capricho, mas obcdece a uma Àoocssidadc lógica. Com


cfeito, a introdução, o dcscnvolvimcnto e a conclusão são portes
rclaoionadas dc uma configuração orgânica, os clcmentos integrantes
de 'ma arquitctura lógica, isto é, dc uma estrutura..
A finalidade dt intrduçfu é a formulação clara e simples do
tema da pesquisa e a apresentação sintética do galns quaestionis, o
que implica numa rápida referência aos trabalhos anteriores dedi-
cadoa ao problema.
Alguns erros que devem ser evitados são os seguintes:
19) As inhoduções grandiloqüentes, ambiciosas, onde se in-
cluem intermináveis discursos, consideraçóes marginais e lugares-
comuns, como o de afirmar que o tema escolhido é "complexo, in-
teÍessante e discutido". É evidente que, se o tema não tivesse de
algum modo tais qualidades, nâo valeria a pena ocupar-se corr ele.
l9) Introdução histórica que Íemete a questão a seus ante-
cedentes remotos e se demora em sua descrição e análise. Por exem-
plo, um tema de semâtrtica (lógica) contemporânea não pode comcçar
por uma introdução que examine o problema da origem da lingua-
gem (problema, por outra parte, sem solução científica), que pode
rctroctder até a cova de Altamira e ainda antes.
39) A introdução exemplificadora, onde se formulam exem-
plos ilustrativos do tema. Às vezes, em medicina, incorre-se neste
crro, incluindo casos desde a própria introdução.
49) Introdução-solução, na qual já se enunciam os iesultados
da pesquisa, com o que se comete um duplo erro: psicológico, por-
que priva o leitor do interesse de achar por si mesmo essa solução
(seguindoa através do desenvolvimento), e lógica, porque, se o
resútado foi alcançado, pouco sentido tem o desenvolvimento e a
argumentação.
A introdução não é um preâmbulo que se deve desenvolver de
qualquer matreiÍa; é, como foi dito, o lugar onde se formula o pro-
blema da pesquisa. Por exemplo, se s€ trata de indagar qual era o
sentido do ensino oral (ágrafa dógmua) através das Eplsiolas pla-
tônicas, haverá necessidade de começar por estabelecer inequivoca-
mente qual era a siglificação deste tipo de ensino na época de
Platão, consultando a opinião dos helenistíts sobre a questão, Em
sfutese, é necessário responder a duas per.guntas: são autênticas as
Ep'utolas?; existiu um ensino oral na Academia?
Se o tema fosse Influências ortentuis na lilosolia pré-socrática,
a introdução deveria apresentar uma síntese dos poatos de vista dos
cspecialistâs sobÍe a existência ou oão de tal influência, corn uma
referência histórica às diferentes formulações (pró ou contra), se-
gundo as correntes de idéias dominantes aas respectivas épocas.
Concclto de Monograüa 16?

Dentro da üteratura, o tema I nostalgio da idule do ouro cm O


grande Maulrcss de Alain Fownicr se iniciará pela formulação do
probleaa do simbotsmo da "idadc de ouro" deotro da literatura,
com algumas reÍcrências à antropologia, à teologia e à filosofia das
religiões. Serão feitas as dcüdas rcfcrências a Átlônüda, a 12 @r-
ttque de la connaissance e a algutrs poemas de Trakl, onde é dire-
tanente aludida; ao mesmo tempo, serão examinadas as considc-
rações sobne o tema, que poderão ser derivadas de ohras como
Ópio an Les enlants tenibles, de J. Cocteau, e A mãe e o menirp,
de Charles Loris Philippe, ou de alguns poemas de W. Blake, como
The little bq lost.
Convém dedicar maior atenção à fixação do sentido das ex-
prcs$a qadas: a) os termos equÍvocos or amHguos; b) os que
são introduzidos com uma siggilicação difereote da habirual; c) -os
termos técuicos e d) as palavras c os modismos introduzidos pelo
autü.
É necesúrio evitar as pseudodefinições, é preferível dpixar um
conceito sem defiair do que incorrer n"m verbalismo sem seotido.
Thmpouco se deve teotaÍ deÍidr os conceitos primitivos (os entes
ou sinais primitivos, segundo a moderna axiomática), tais cmo
ponto, reta, planq nr'rmero oatural, etc,
Este respeito pela lógica não significa reduzir todo o problema
filosófico a uma questão dp sintaxe lógica. No plano metafísicq o
papel da l6gca é secundário e essencialmente instrumental, num
segundo grau. Tal é o sentido da subalternação da lógica no ..acesso
ao ser", segundo Heidegger, claramente expressado em várioc de
seus liwos (rpcordem-se suas expücitas referências em, Ser e tcmpo,
Que é metaflsica? e A superação da metu!'tsica, entre outros) 1rr.
Isto não sigpifica tmar uma posição irracional nem antilógica,
mas simplesmente hierarquizar o plano de cada problema. Ana-
logameate, podemos afirmar que uma formulagão de um problema
metafísico em um nível ateológico não implica ateísmo algum; mais
ainda, é perfeitamente compatível com uma crenga religiosa.
Na introdução convém pxpor a intenção do trabalho, seus li-
mites e qualquer indicação sobre o material, :rs normas e, sobretudo,
o método de pesquisa. Por exemplo, se o trabalho refere-se a ques-

_ lll O scntido da posição heideggeriana a este reopeito Íoi completamente


-crlticor,
deÍormado por seus advemáriog e inclurivc por alguns comentaristas € a
tal ponto que obrigou Hridcgger a ultcriorej retifiiaçca (InttohlA à *ctalltüo
e a Cor,d tobru -o futnwúnu). Não é nccessário ser heideggcriano parr oompreender
que muitar de suas colocações foram objcto das mris caprichosar c mrl-intcncio-
nrdes interpretaç6es,
168 Prcpereção ila Monogrr[r
tõcs oriotsis (Vcdanta" por drcrrrplo), convésr indicar quc Eétodo
de tra$litêração sc uesrá no tÉbolho,
Cads parte possui sua autooomio c gua Ínalidade cspocífica;
por issq no inuodução é nccessíhio assimlsr o scntdo da pcsquira,
mas de nenhum modo aatccipar npm o dcsenvolvimento ncm a con-
clusão.

b) O descnvolvineruo

O desenvolvimcnto é, em cssêocig a fundamentação lógica do


trabalho de pcsquica literário, históricq cicntífico otr Íiloúfico
-
cuja finalidade é expor c demonstrar. Formúada uma tcsê um -,
problema descnvolvem{e certos aÍgumentos, cujo justificativa -
-,
lógica sc propõe, e se chcga a uma conclusão. Por issq disscmos quc
o dcsenvolümento é semelhanto ao utilizado em matemátice: dc-
molt§trar um& tesc.
DuÍa.ote a pcsqÚsa principalmcatc sê se trstrr dc um tra-
-
balho rcalizado dentro do campo expcrimental põc-se cm jogo
a -
lógica corrcntc, o guc alguns âutorcsuc chaúaÍao "tógica co
uso", que distinguem da reconstnrção lógica cxplíciA. A prova dcsta
"lógica em uso" seria o êxito da pesquisa. Não obstante, devc-se
cotrsiderar múto cautelosamentc estc poto dc vista, porquc cada
ciência tem "sua própria lógica", neo há uma "lógica natutal"lr8.
Por outra paÍtc, todo o pesquisador deve pcnsar logicamcate; cc
assim não foose, suas re0cxões cstariam à margem da ciência c do
filosofia.
Deve-se admitk, fioalmente, quc, antes dc est uturar o traba-
Itq o pcsquisador movc-sc dentro do "cootexto d! descobcrta", e
ú ao planejar o desenvolvimento começa o "c@texto de justifica-
tiva". Este último é o quc existe na segunda parte do trabalhq por-
que aqú não interessa corru, *chcga às coaclusões, mas sc ae jus-
tilicamos logicamentc. Este critério êpistcmológico foi rcpctido abun-
dantÊmctrtc pa divcrse aut(res, a partir de Carnap c Rcichenboch,
sob o nome de "reconstrução racional".
Um teorema é "ma proposição dc,monstrada, Eas, qualquer
que seja o desenvolvimento por mcio do qusl sc clcançor a prova,
semprc se uüliza o mesmo método: o dedução. Em filoeofia, a libcr-
dade dc métodos é maior, e, sc bon quc é certo quê sp dcyc justiEcar
logicamente a tesc, isso pode fazcr-se pa meis dc um caminlro: a

ll2 Vcjr-:c sobrctudo Krrr.rr, Âbnhrm, ob cit, p. 3-18.


ll3 Vejrmac oo tnbalhor liryülrticoc c enropol6iico dc B. L. Whorf,
Conccito de MonôgraÍta 160

intuição intelectual, a fenomenologia, a dialétice, etc, Ê ccrto que


uma propoaição matemática pode ser justifrcada pc vÉrioo procedi-
mentos lógicos iguaünentc válidoc ou, dito de outro fcma, un too-
rcma é suscetível de várias demonstraçôes. Mas a caractcrística da
matcm6tica é que todas as demonstrações devem necessariamente chc-
gar à mesma cônclusão, o que podc ou náo ocorrer quardo sc trata de
uma tese filoúficau'.
podLmos considerar tÍês fases ou estágtos to de scnvolvittunto
ds rrmg monqgrafia (trabalhq artigo, tese, etc.): a) a orpücação;
b) a discussão e c) a demonstração, Esta é a cdem paradig4árica,
mas não é necessário qu€ scmprc ocorra assim.
1. A, explicaçtb é o ato pelo qual se faz explícito o inplÍcito'
claro o escurq simples o cmplexo. O desenvolvimcnto dc um tcma
começa, pois, com sua explicáção. Explicar é awsentü o scntido
dc uma nrqáo, estendê-la ante oc "olhoe do espírito'' ou da meote;
em outros termoo, é analisar para compreender.
Etrtretanto, não há nenhuma explicação completa; mais sisda-
toda a explicação está, de algum modo, aberta, poique é 4tasc
scmprc parcial, condicional, aproximada, instrumcúÍsl p heuútica.
É parcial porque só são levadc em conta algus ôa falorcs que
determinam um fato, um fenômeno ou uma idéia; é condicional pa-
que toda a explicação é válida em certo plano e aplicável sob certss
coadiçOps; é aproximada porque nem as medidas nem as qualidades
consideradas são exatas; é instrumental desde quo a explicação pro
duza um resultado pelo simples fato de ser comunióada e, fiaal-
mente, é heurística pcque é capaz de promover e orientar pcsqúsas
ultériores.
A expücação tende a suprimir a obscuridade e ambi$iidade;
por isso, lança mão freqüentemente das definigões. Uma dcfinição
é, em linguagem coffente, um procedimeoto para especificar o uig-
nificado de um termo. Sob o ponto de vista lógtco, proporciou um
coÃjunto de termos shônimos.que pode substituir o terno de6nido.
Mais estritameúe, uma definição formula as condi@s necessáÍias e
suficientes para a apücação de uma pa.lawa (ou de um sinal).
A definição está limitada pelo denominado podoxo da con-
ceituação, que consiste no seguinte: para formular uma boo teoria

lI{ Cabc observar quc, pate alSuns matemáticos, crde probleme poarui
uma soluçio nzturi, gróltia; eláa de outrae logiczmcnte poeívcir. Erte é umr
conccpção dntico ôa demonstnção que ncm todos os matsaátiooc compertilhrm.
Além diclo, a cscolhe dc umr dcmonatrrçío matemáúcr podc rcr Ícitr por rur
clcgância (cstética) ou com vittzt 1 ganraliuçfu ür roluÉcr.
770 Prqnraçáo da MonognÍia
aecessitam-se conceitos rigorosos, mas para alcançá-los aecessita-se
uma boa tcoria. Isto resulta eüdente, por pouco que se pense que,
ao ouEentar nosso conhecimcnto de um tema, a concepção de tal
tema modifica-se paralelamente; mas, ao mesmo tempo, quando
manipularros conceitos mais precisos, cresce nosso conhecimento.
Na prática,. esta aporia se resolve mediante um processo de
.aproximação, isto é, mediante "defiaições sucessivas" (Lenzen): ao
melhorarem nossos conceitos, melhoram também nossas teorias, e
.reciprocamente.
. .. Esta aspiração à precisão conceitual pode, entretanto, nos pre-
cipitar no "mito semântico"1I6, que consiste em afirmar que, supe-
radas as dificuldades lingüísticas, já não restam problemas impor-
tantes na pesquisa. A este respeito, um lógico com o presúgio de
Quine destacou a importância de certa ambigiüdade conscienÉ nos
.termos prudetrtemente vigiada porque constitui uma constante
pressãp-para a busca da convenção -, mais útil e adequada.
Por outra parte, os homens de ciência. não esperam que os
lógicos polacos criassem a semântica para àescobrir- o. proüI"-".
lingiiísticos. Tradicionalmente, usaram a descrição, a óstedação
(aprÊsetrtação da denotação de um termo) e os exemplos cotrro
procodimentos para combater a ambigiiidade e a interdelerminação
na expressão.
2 . A discussão é um momento dialético e consiste em exami.oar
duas teses opostas, a fim de optar por alguma destas soluções: a)
rejeitar uma e aceitar a outra; b) rejeitar ambas e c) alcançar
uma solução complementar ( síntese) . No primeiro caso, as proposi-
.ções costumam ser contraditórias (incompatíveis); no segundo, con-
trrárias (não podem ser ambas verdadeiras,.mas sim falsas as duas),
e no terceiro, estamos ante um esquema dialético: tese, antítese e
síotese. Nestc último caso, não há oposição absoluta entre as teses
que,-se defrontam, mas uma relação de complementaridade que pos-
sibilita a síntese. Exemplo: o princípio de complementariáade- de
Búr, dentro da física moderna a luz não é nem corpúsculo nem
ondq mas algc que, de acordo com - ceÍtas experiências se aprcsenta
como corpúsculo e, em outras condições experimentais, se manifesta
como onda.
O mometto da discussão se apresenta quando as teses ex-
clucm-se como contrárias ou como contraditórias. Em tais casos
dev+se examinar analiticamente, em primeiro lugar, a tese que se
haverá de rejeitar e logo a que se adotará;'isto é, as que foram pro-

ll5 Krprex, Á., ob. cit


EF

Coaodto do MonograÍla l?l


vadas como falsa e verdadeira, respectivamentç. A razão da ordern
da argumertação não é lógica, oas psicológiia. Se procedêssemos
de forma itrveÍsa, não teríamos faltadô à bgica, md sim à poico-
togia,- porque semearíamos a dúvida no leitoi, em cujo ânimó per-
durarie a tese rejeitada. E isto porque a metrtc humána se inóliaa
quase §empre a aceitaÍ o que se apÍesenta en último lugar
Sob de üsta estri e sempre qCg yalhl4 apli-
do o, destruir uma
tc§c pas sar à sua c(m a: e.stc o a
o ponto ta da solidez da argu-
con razões da primeira para a enunciação d
tese final. Assim , pois, a aarcha do raciocínio seria:
Exame de uma tese e análise dos argume[tos que a sus-
o
L,qtda

tentqm,
Demonstr&ção da falácia desses argumentos.
N.çcessidadc de enunciar e tese final cmo conseqüência da
rejeição da primeira.
3 . Como se disse mais acima, o fuodaoento lógico do dcsen-
volvinento sua razão de ser é a demorutração
- não é mais
A de,monstração - um caso partiiulardedauma
do que
tese.
dedução;
co$eqüeotemente, a essência de um trabalho de pesquisa (em qual-
qucr nível) reside no exercício do raciocíniq na Íorma ajustada a'os
cânones mais puros: a dedução.
Tenha-se sempre pÍesente que a base da pesquisa é uma idéia
ccntral; por isso, embora durante a argumen-tação ss mnnipulem
conceitos subsidiários, não se deve perder de vista o objctivo fhat
do trabalhor deve-se evitar que as idéias subo,rdinadas nos afastem
do tema. Mais ainda, se se vê que o deseovolvimento de um co[ceito
complementar pode nos desviar demasiado do tema central, convém
renunciar a este desenvolvimento para manter a unidade temática
p o scntido originário da pesquisa.
Cumpre não esquecer quLe a ndarcza do assunto não incide na
estrutura lggrca das aÍgumentações. Assim, por exemplo, um t€ma
pS"- !"1 irracional por exemplo, se se trata de -um problema
psicológico -
sem que, por isso, se altere o rigor lógico da funaa-
-
mentação. Recorde-se que um trabalho de pesquisa é, de certo modo,
um exercício de lógica: as idéias e as opiniões se mantêrr com
razões, não com vprbalismos; deve-se demonstrar, não persuadir.
Os jovens podem se sentir inclinados a usar o que se chamou
lógica passional, a seguir uma ordem sentimental (psicotógica), em
Iugar de uma ordem raciorul (lógica): argumentam parJ pstificar
'tonclucões" que, na realidade, não são tais, porque, longc dc sc-
172 PrcParaçõo ila Monofnlla

rÇm a culminação de um proccssô rcf,cxivo, clas gão suas prcmirrrar,


ico ê seu poto do partida. A csccilhs das "cmclusões" é dc odcm
aão racioal (inaciooü afetiva). Congidera'ge vcrdadciro o que
stidoz intimanente ao sujcito, isto é, acredits-se Do quc é agra'
dávcl crer. A besê da argumcntação é, nestes caso§, lttrla idéis orl
uos tcsc não dcúonstrada quo fcri poladzade afetivamente.
A raiz irracional dcsto mecanismo Eêtrtal hipereofiado c
dcfcmado pela eafcrmidadc podc-sc ver som-maior clarpze aos
raciocÍnios doo dclkantee: nos- delÍrios sistc,matizadoo, a construção
racimal 'Juetifica" a cretrça dclirantc. Por exemplo, aos delÍrioo de
ciúmcs, no dclÍrio do movimento pcrpétuo ou noo delÍrios perccp
tórioe. É de lamcntar que não existam suficicnteg estudos do pcnsa-
mento dclirante reolizadoe com uma metodologia não ú psiquiátrica'
mas, além disso, filosófica, utilizando, por cxc,mplq o método fe-
-método atrteriqnelt€'
omcAotOgico em algum dos scntidos cxplicadc ao
ocupar-aoe com e finomenologie cmo de pesqüsa nas
ciêocias do homcm.
Do mqsmo modo, seria de grandc utilidade realizar estudos
analfticos da mentalidade dos fanáticos da políúca e inclusivc de
ccrto idólogos e fundadacs dc escolas pseudofilosóficas, que abra-
çan --dctiíancnte una doutrina polarizada irracionalmcntc. Um
cxaac, oum aível de mcnor importância, para esclareccr o problcma
que aqú nos ocupa foi realizado por alguns psicólogos ao estudar
o Eocanimo de sublimação.
A pcsquisa consiete, às vezés, em ir dos efeitos às causas'
aas cooscqUencias aos princ'Ípios qup as iustificam c sustcntam, mas
a'tccoostnrção racional" isto é, a sistcmatizáção lógica deve
expor primeiro as causas -c os princípios, em seguida os -
efeitos e
as conscqiiências.

c) A conclusão

Coocluir run trabelho de prsquisa não é simplesmentc lhe


pôr ponto final. A ancltufu, c(mo a introdução e o descnvolvitmcnto,
possú cstrutura própria. A conclusáo defe propccionar um resumo
rintético, mas cmplotq da argunentaçãq das lrrovas e dos excrn-
plo (so for o caso) consignados nas duas primeiras partes do tra-
balho. Esta parte deve poseuir as caractcrísticas do que chamamc
eÍntcse. Fm primeiro lugar, a conclusão deve relacionar as divcrsas
paÍtes da argumcntação, unir as idéias dcscnvolúdas. É pcisso
quc se dissc quc, ertr c.erto sentido, a conclusão é um regrcsso à
introdução: fecha-se soüre o começo. Esta ciÍculsridade do trabolho
Cocdto ilc Monogtrfla l78
coortitui um de scus clementoc cstéticos (de bcleza lógics). f!c8
iassin no leitor a impreesão do estaÍ diante de um siet€mo haroôoico,
cooclusivo em si mcsmo.
Essa cirsularidade, entrctantq dcrre complemeatar-se oon um8
formulação gpral do Mzpntc quo a coclusão do trabotho pprnitc
ÊEtrtycr, isto é, que sc podc insitruer o plano dc um futuro deseo-
vdvimeato das idéias fqmuladas na conclugâo,
"B:

REDAçÃO DA MONOGRAFTA

Aprcrentoçõo do proolemo
Uma vez compreendido o setrtido do tema, suas impücações
e seu alcance, devo-se formular o proHema meüante uma expressão
tingiística a mais estrita possÍvel. A palawa repÍesetrta, súboliza
<xr sugere a idéia. Por isso, é mister ponderar os termos empregados,
esclarecer a sua relação com o contexto total e determinar a unidade
semântica deste.
Por vezes, todo o sentido de um problema pode residir aa
sigpificação de uma palavra relacionante (um conetivq como é
chamada na lógica simbólica). Por exemplq o problema essencial
da teologia da história depende da correta interpretação de uma
iaaente palavra "da". Com efeito, a maioria dos estudo deste
gênero o reduzem a um capítulo da teologia ou tentam anúar esta
em benefício do sentido histórico. Por outra parte, a teolqgia da
tistória justifica-se precisambnte como uma tentativa de equübrar
o terreno e o diviao, os fatos históricos e a revelação: é umã inter-
protação da história através da teologia, rns sem reduziJa a um
mero capítulo desta. A colocação inversa, que é também incor-
reta, consiste em transformar o sa.gpado num subproduto dos fatos
humanos s d3s çirsnnstânçia" sociaii. Como se vê, a chave .de uma
correta interpretação está na maneira de entender o relação lógica
estabelecida pela partícula "da".

Qu.Éõ.. rcmônticor
Outro elemento lingiiístico gerador de enggooo costuma ser a
conjunçãg "e", por sua indetermiaação (cm termoe da lógica sim-
tÚlica, dirínmes ,que é uma variável não quantificada),' já que se
I

Redsgão da MonograÍia l?6


pode entender com urn sentido aditivo ou relacionante. No tema ..os
pamdoxos e os sen-',netrtos", o ,.e" ta[to pode ,.smar,' oe concei-
toe (os paradoxos mais os eeotimentos) como relacioná-los (os pa-
radoxos em relação aos sentimentos ), o que conduziria, eÀ cÀaa
caso, a uma colocação distinta.
A filoofia como a ciência, a técnica e o aÍte possú um
- A lioguagem
vocabrulário próprio. -
da filosofia está integrada pelas
Tcsmry palawas da linguagem cffiente (que se incorporarn ao lé-
íco fiIosófico coln uE sentido técnico ou anAOgió;, mais os
termos novos criadcr d hoc.
P-ara entender a linguagem filosófica e para poder maoejá-ta
com descnvoltura, é necessádo perctrü em seus mecanismos inte-
riores. Só a freqüentação das obras dos gandes filósofos (um platãq
um Âristótelçs, um Kant) possibiütam seu domínio, I que so
chega mcdiante a meditação pernranetrte. Obtém-se grande- ajuda
sobretudo os estudantes quc sc iniciam em seu eitudo
-
dicionários especializados. --dos
Cjpo foi assinalado, um dos argumentos (que já é tm leitmotiv)
dos filósofc cieotÍficos baseia-se na amUigiüaúe da lingrrageni
comum, à qual deve foÍçosamente recorrer o filósofo 1e também,
logicamentg aqueles que o criticam, como este tipo de filósofo§) u0:
Não há drftvida que a prédica logicista (sintaticista e semanticista,
diríafros, se nos é permitido o uso destes barbarismos) tem sua razão
de serr u! Uma mesma palawa pode ser usada por diversos autores
com diferentes simificações, segundo os respectivos sistemas e de
acordo cm as épocasrre.

116 Â imprecisão e a Íeltr de rigor lógico da liuguagem mrrente, pcrÍcia-


eG leva cE @nta rue fiaalidadc, são estudadag aneliticamcntc
mcntc crglicávcl, rc
por §. Hayllav'e em várioe de ecur livroc. Vcja+e, entrc outr@, c diÍuadklo
I,angugc h tho*gl* otà utbt.
Sobrt o rralor do'dicionário da tíngua, o cnprÊgo
das ddiniç6cs nominais e as tautologiar, vcja-sc o capítulo "Como si Íaz um áicio-
nário", Heyratawa p€rtence à ala joven do movimento conhccido sob o nomc de
"Gcncral Semrntics" e dirigiu dunntc muitoa anos a publicacão .,ETC. Â Revicw
of Gcncral ScmaÊtics", editada em Chicago.
117 Sem ir mais longc, já Bochensti aminalou a existência de uma sintalc ou
uma scmântica (no sentido moderno) em Áristóteles. E Lukrsianicz, cm reu
eatudo da silogística aristotélica, revalorizou a l6gica do estagirite, mostrrndo que
o dceconhecimcnto do grego por parte da r4aioria dos lógicos contefiporâneog cra
tão rcapooeávcl pú interpretação crrônea dà Orgatan como a ignorância ló3ica de
muitoe de !cu! comentadoÍe! cláuicor. À considcrrções semânticar ttmpouco !ío
cxcluriver dcetcr eu-tores: Confúcio c L:Lo Tté jâ haviam destacado eur importância
c certamcntc caavam implícitas nz Cabú e to Ycdonta.
ll8 Bta poli$Gmia originede por um uso indeterminado ou cquÍvoco da lin-
guagcm nadr tcm e ver com o cmpÍcgo de símbolos, analogias c até de mitoo na
liaguagem filoúíica.
l?6 Prcllaragão da Monografra
Vcjrmo el8unc ccmploc; r pelaVrr 'crpcriêncie" pocrui v&ios ligoificedoc:
l) ErpcriSacie prÍquic., quc podc rcr "iotcrna", como ne introcpccçãq "ob-
jctive", como nor íatoo do componamcnto, ou "rimbólica", como nz peicrnálirc.
'2) Expcriência íÍrica, como r qu. rG tcm dor íatoa da 'naturczr"ll0 ou dc
nooro púprio corpo. t
3) Erpcriêncir biológica, e luc :c obtém num laboratório dc ciência.r bio'
lógicer, por cxcmplo.
4) Erpcriência €tética, constituída pch ontcrnplação e a fruição da obre
rh rrtc or d atpÊctu iateriorts da criaÉo cetétice.
5) &periência metcmática, como a dacritr por matemáncor dc Íorê tcn-
dêmie ncopletôoicr (Cantor, Heruritte, Lautmrnn, P<inceré). Hermittc dizia quê,
paÍr clg oo aúmcror, rr Íungõee c er rclacícr matemáticas tiúem ume consic-
têncir rimilrr à dor rcrcc biológicc- Ctrro cstá quc Íalavr anelogicamente, rc{aindo-
lc l um muado marccndcote.
6) Erpaiência nct'.fíricr, quc é o quc nrr doutrinec orientair ce dcnomine
'rcalizrçío mctrfíricr", r qual conrirtc numr peculirr cxperiência do tranrccndentc
por idmtiÍicação entre o aujeito c o objcto,
. 7) ExpcriSncia parapricológica, como e docritr antigam€nte pêlo€ mctapsí-
qLicol hojc pclo prrapcicólogm: clarividêncie, tolcpatia, pÉcognição, etc.
t) Expcriêrxie mística, à qual rc rcfcrcm oú tcólogo! e oc frlóaofor dar rcligiltes
(c a próprioa mírticos), consiotante ne incfávcl invaaão de Dcug nas criaturas
hurnrner.
Âdcmrir, coovém distinguir o G?rtirrtst o dals v;vêiabt: o primeiro é o con-
juno dc técnicar cmprcgadac na pcequira fáticz; por cxcmplo, nas ciêncim nrtunis;
as últimer rão o corrpleto príquico der divpner former de expcriênciar (cxcnplo,
ar l, 4, 5, 6, 7, I dt úuarrr.çIo antcrior).
Outro cxcmplo: r intuiçio trntuir é coúcccr a Íorma dirtta, imcdiat1120,
mrr dcwm-e dirtinguir várias íormar de inoiçlo.
l) Intuição rcnrorial, que éa captação direta dos Íenômenos atrevér doc
óryãor doc *ntido.
2) Inoição cmocional, ou stje; o conhccimento cem inteÍÍncdiário. de otrdoc
rcntimcntrir ou efctivo. Scheler projctou nr ÍilocoÍie dos valorcr cstc acntido da
palevn iatuiçio.
3) Intuiflo prÍquica, ieto é, o conlrrcimento dircto dor tcnômcnol p:íquicos,
4) IntuiÉo prnpricológica, quc é e corropoadcnte aor Íeúmcnoa àtn-rc,n-
Éúia, O uro vulgar de palavra intui6o cumo antociprção miatcrioca dc um Írto
é, cm rcelidrdc, uau cxtco!ío oio técnice do rigaificado perepsiml6gico,

ll9 À pelevn 'naturcza" aoumc nr Íilaofir um rcntido técnico, No tivro


V & lltdbica, Árietótelcr dirtinguc cinco rcntidoa difcrcntcc da palavrr "phyrir".
(Vcja-rc o c.ntdo robr. o conccito dc naturcza nor pré+ocráticoe, citado por Mon-
dolÍo cm rcu livro Problcmayy nétad,ot er lz hittotb dc lo litatofia c na anâiaê
rcrlizrdr por Hcidcggcr em vários de rcur livror, pÍincipalmcntc em Q*c á o
íilotol&+ ob, cit,)
lã) Intuir rigoifica vcr. Por ireo, e intuigão sc comparr com e virão. O
rimbolirno do olho, robrrtudo no rufirmo, tcm o eotido dc um coohccimcnto por
idcotificegão imcdiate. A aprclrão iolho do conçãc", oorÍtotc nl mctaÍílica
islâmice c aabém mtrc or riarc, e'crcrccote o rímbolo to coraÉo co@ ccniro do
scr (quc neda tcm 1 ycr coE o scntimcnto). Eltc tipo dc coaridereçúcr corrco-
poodc eo quc rc podoria úlmelt scmlntíco mctctküa.
Rcdaçõo ita MonograÍla t77
5) Intuição intclectual, carrcterírtica do parumcmo mctaÍísico cnair clcrado.
 Íalta de uma hierarquização ccmântica data palawa originou ambíguar
quando não rmôneal interprcteg6cr de intuifo bergrooirnr ouio neir pcico--
lógica quc mctríÍsica. -Ne intcrprcação do &6 iild, chegqroe a coúrdir o quc
é iníra-racional (instintivo c emocionel) com o rupra-racional (erpiritual, iatc-
lectuel); irto é, o príquico e o biológico com o m€tafísico.
O pricanalirte com€teu outÍo crro quc se deriva de rue metapcicologia
-
ao rcduzir o mpra-racional ao incorciente,.
-
único nÍvel não racio'nal que Frcud
conhccie, Erta meqna Íalta otrigou o cúdor da pricanáliae I empregar o con-
ccito dc raecaniaao dc deÍese (eublimação, ctc.).
Na filoíie ocideatat, o rcrmo íd inroduzido com diÍerpntes eigoificadoc: "Na
linguagcm filoróf,rca, a intuição dgrrifica scmpre uE1 Íorin. rh epreearão cognoc-
citiva direo c imedieta; e por trl ciráter, prccicamcnte, Dcrcerta, Loclc e kibaiz
opuúam a intuição à dedução ou infcéacie, cmsidenndo ambar igualmentc mm
Íormar de atividâdc intelectiva e atribuindo à intuiçáo a râÍeÍa de Íuodamcanr tode
a evidência e e certca de lNor conhecimcntos, imediatoc or mcdiatos. Por outro
lado, Reid e a ercola crcocesâ, scguidd por Cousin c o *lctismo fnncêa, conridc-
ravam a intuição como um ato dr crença imediata, anterior a toda reflcxão inte'
lecturl e procedentc dc uma espécie de inrtinto crpootâru.
'Kant se rÍartou de ambos os sentidos .rncncionador eo definir a intuição
como um esndo patsivo de coneciência que peÍtJence à renribilidadg quer rc tret€
de intuição empíricz (doo objctoc rensíveir), qucr de intuição pure (dae formar
do esprço e do tempo); nunca, aegundo Kant, a intuição pode dar um conhccimrnlo
verdadeiro, maa unicamentc a metéria do conhecimento intelectivo. Pelo tontrÍio;
Fidrtc afirma a cxistêncie de uma intuição intclectual da rutaonrciêncie; e Schcllhg
opõe ata intuiÉo intelcctual (coúecimento do eu por meio do pnó,prio eu) à
intuição ren:ívcl. Schopcúrucr avrnça mais rinda ncste ceminho; pan elc, todr
a intuição é intcl€ctual e somcÍrte o intelecto pode conhecer intuitivamentc, chegando
à inoição mai! pÊrfcite nr contemphÉo dtética, dc onde capta a naturerr mcta-
fÍsica, ou seja, a idéia do objeto.
'Tembéo os filósoío italianoc Rocmini e GioÉcrti falam dc intuição (intuito)
intclcctual do scr, couidcrede por Rormini como o fundamento de todor os txir-
tentrs c por Gioberti como reu criador. Mrr embog considcram earr irmrição como
uma rccepção (pareiva) ou'uma erpécie de iluminação irrcsictível.. E evidcnte, por-
tanto, nest intcrprctação de intuição, uma hcrança ou traço do pensamcmo rcli-
gioo ou mÍatico, pclo qual a intuiçto é um contrto direto com a diviodrde con-
ceguido por graçe diüna ou poÍ um egforço dc vontade pcrcoal, m.r quc lamprc
consirte mrm abandonrr-se ou anular-se do aujeito, o qual, ne cootemplâção crtá-
tica de Deur, re pcrdc a ei mesmo como ruieito, rbismando-oe em eeu objeto in-
Íinito. Análogo rellexo do p€nsamento rcligiôro e mírtico podc conhecer-ee m intct-
prcaçio de intuiçlo dada por Bradlcy, quc a conriden como uma tapcriêmie
espiritual do abeoluto ne quel ae Íundcm todas ar atividader anteriores (renaação,
cmoçãq penramento, vontadc) c dcaaprrece toda a dirtinção do rujeito e do objcto;
cntretanto, Bradley contiderr ceta comunhão com o abroluto inetingívcl em rua
plenitude de vida para todor os rerer finitos, or quais ó podem formrr para ri
umr idéia ebrtntad: mecmr.
'Dhtinto dc todos.o3 entccGdcatcs é o gentido quc dá Bergron à intuiçío'
opondo-a ao conhccimento enalítico e dircurgivo: chama-re intuiçio rqucla
especic de iúNai. ioLtdzcbol, pda qurl nos tÍalrlad.Eo. eo inttrior dc
um objcto para coincidir coín o quc tcm dc único e, portrnto, de incxprimívcl, Pot
ceÍto, ro rcconhcccr quc notlo própÍio cu é a realidadc que podc, mclhor quc qurl-
qucr outrz coire, rer apretndide por inoiÉo c por iodcÍcctível rimpetia, Bugron
l?8 Preparação da llflonografa
aproxima parcialmente sua intuiçáo de intuição intehctual de Fichtc e Sôc[ing,
mae lhe conferc uma extensão maie ampla e comprccosival2l
No dccorrer do texto anterior, MondolÍo mo8úa como os Íilóso{or, na realidadc,
adotaram elgune dos conccitoe de intuição I quc ms rderimoe mais acima, indruive
seu gentido meis coEcnte. O ruo da intuiçâo intclectual em Íiloso{og como Romisi
e Bradlay corrtsponde, com bastante aproximação, à deÍinida por nós. Nío obrtantc,
é necessário esclatecer que a intuição intelectual pura não é passiva nem religice,
coaro a intuição mística, que é umt gruça. Por ieso, a experiência mística é gretuita,
Íif o ponto de vigtr dô homan; por outro ledo, o conhecimento intelcctual (me-
taÍísico) é o resultado de uma busca.
' Outra palavra quc apÍesenta matizes é "lei", já que poucoe termos úo
mtia suretíyeis de utilização equívoca: há leir lógicar, matemáticas, físicas, quí-
micrs, biol6gicas, econômicas, jurídicas, moraie, cosmológicas e ônticas. Derde as
lcir lógicaa e matemáticas até as biológicas há um abirmo. No que se reÍerg às lcis
morris, são normativas, como as jurídicrs. Âs leis fí^cico-químic4s rêg€m com
ccrto Srau de probâbilidade o mundo dos fenômenos; por outro lado,- re leis
-
lógicas são tautológicrs e as ônticas cumprem-se num universo transcendente, lcm
tcmpo c r€m erpaço.
Ouhas vezes, manipulam-se conceitos técnicos "por aproxi-
mação", isto é, sem precisão e o que é pior ainda sem uma
-
compre€nsão mínima de sua significação, Por exemplo,-o fato cien-
tífico que, em realidade, é um ente de razão. Com efeito, na base do
fato está a percepção, quê não é um ato passivo da arente, mas
ut,ra co$trução: a mente isola o objeto, que originariamente está
integrado numa Gesral, (configuração), "recorta-o" do contínuo
sensorial e logo abstrai, isto é, separa (é o que significa abstrair)
certos atÍibutos petmane es de magnitude, forma, cor. A mcmória
possibilita o reconhecimento (pela mera sucessão de experiências) -
O fato científico origina-se, pois, na percepção, mas culmina no
concÊito, porque é o Íesultado de uma abstração ou, como susten-
tarn alguns neokantistas, de um esqu«natismo a partir dos dados da
percepção.
Outra confusão habitual é a de fatos e valores. Por exemplo, o
materiaüsmo dialético classifica os homeos, com um critério econ6mico,
em üurgueses e proletários e o considera um fato. Mas logo projeta
sob're os qembros de ambas as classes juízos de valor, identificando
os burgueses com os exploradores, reacionáÍios, etc., e os prolctários
com as vítimas, os escravos, çtc. Há aqui uma confusão de fatos e
volore§.
Este equívoco é, contudo, menos grave do que a identificação
voluntária de fatos e valores por uma prestidigitação lógica (na
rcalidade, paÍalógico). Por ,exemplo, da circunsüincia que na nafu-
rcza não existem s€res iguais (nem duas folhas o são)- se inforc que

l2l Voxoor.ro, R., ob. cit., p. 195-196


-tT- í

Rcdação da MonograÍia l?E


não é posível sustentar a igualdade social. Com um raciocínio gi-
milar, poder-se-ia sustentar e legitimidadc natural da desigualdade
humana, Tanto o igualita,rismo cotrro o antiigualitarismo são doutri-
nas de fundomento ético que, por isso mesmo, tanscendeo o na-
tual. Mais ainda, se na natureza os fatos estão distribuídoe scgundo
certas leis, tocaria a uma moral sociológica, precisamente, o cd-
peruar com um. critério teológico os possíveis ..erros" ou ..itrJúí
tiças naturais", qualquer arbifariedade, çtç.rzz,
O rápido panorama que acabamos de traçar pstá indicando
que em frlosofia, como em qualquer outra forma de conhccimentq
convém recoÍrer a um bom vocabulário técnico cada vêz que haja
dúüda sob,re a significação de um termo. Mas, antes de úar ú
lé:rico ou um dicioaário de filosofia, convérn estar infcmado sohre
as diferenças eotre vocabulário ou léxico, dicionário e enciclopédia.
O vocabulário filosófico tem um& fiulidade semâ.ntica sim-
ples o ihediatarss, su& consulta auxilia ao aluno que não pode avan-
çar na compreensão de um texto por seu desconhecimento de algum
termo técnico. São coadições de um bom léxico a concisõo e a cla-
Íe?,,,
O dicionário de filosoÍia tem um objetivo mais amplo e am-
bicioso: é uçanz estudar", apm de servir para elucidar o sentido de
alguns conceitos técnicos. Costuma incluir bibliografia em cada
artigqrzl.
A enciclopédia filoeófica é uma verdad eta sunnu de filoso-

122 Inclurivc em biologh se chcgou a incorrer neste tipo de conÍurão. Du.


Íalte _mrlito tcmpo conridcrou-ee que o orgrnismo "se defendii,, contÍa 6 agcnt€r
pato8Éaicot, como um cxército quc rteiste e rejcite ume horda inragore. Ásrim
como na medicin3 pitegórica !e u3avam oo conceitq! de hrrmonia e doamonie,
na_ ficiologia contcmporânce cmprcgrm-lc ac noçõel mais ocidcíair dc atequc i
rlefesa. As teorias. de Selye dcrnonstraram que tair ( o ,ttcJr) podúl
constituir verdadeires enfermidadec. Por outre parte, o conhccimcnto dos'Ícn&.
menos de_ 'reshtência'' do organiamo a cenoa entibiótims, com e conscqücatc
modiÍicação ulterior daa cepar microbianas patogênicar, rr;strocou eeta iftênur
virão, do organismo como um crmpo dc betalha ónde as forçrr do bem triu-nÍrm
sobrã as do mal. Corúusão
- lamintável,
123 Recordamos oa vocabulários
por perigosa dc fatoe e valorcs.
da Íilosofia de -Goblot, Cuvitlier, tolivct,
Laland6, .oo" outros. Or de Goblot, Lelandc c folivet fúm . traduzidó pare
o ca!rclhano; o primeiro delcs tstá esgotado.
:124 Em clatclhano existc um cxcelentc, o dc Fernter Mora, quc, por rua
extcnsão, é gua.rê ümr ia: é o fruto nodvcl dc unr drr
cnciclo,pód.ia dc filocof
mcntcr mair lúcide: c É muito bom também o Diationaty
eruditae da Erpanlra,
of Phibalby, cditedo por D. Runcr ne Philorophicel Librery, cm l9{J, i,
imprcltõêr ultcriorcr c uma cdiçio econômica (comptcta).
180 PrcparagSo'ila Mono3retla

fal,õ. 08 rrtigos são, na realklade, ensaios ou mooogaÍias sobre


os t€ma$ noções ou teorias eshldodas; iliscutcm-se as diforontes
çolocasões poosíveis, complementando-se cada teNtra con uma bi-
büognfia geral e espccial.
para tcrminar, recordemos as enciclopédias gerais: a Britânica,
a de Treccani, a Fratrcesâ, a Alemã e a de Espasa{alpe; Podcm
ser utiüzadas cm grando benefÍcio e, inclusiv€, poden ser citadas
cm prudência numa bibliografia.

Conrporigõo grumoticcl

Há. um aspçcto que, embora cxterior, reveste-se de não pe-


quena impotfucia: a composição igramatical do trabalho. Embora
alguém tenha afirmado quc todos os estilos são bons, menos o
ma§ante, cnÍnpre admitir gue a forma expressiva reflete cm boa
medida o pensamento do autor: a faciüdade e a clErata do estilo são o
resultado da ordcm e clareza do pcnsamento.
É covenipntc evitsÍ cuidadosameDte os períodos €xtorsos, com
frases longns, obscuras e sem ritmo. Quando I construção é longa,
deve-se subctituí-la por ftases breves. Neste caso, cuidc-se'na cone-
xão das orações, que podc ser feita exteriormente, por meio de
coajunções ou advérbios ("com efeito", "1ogo", "em primeiro lugÊ_r ",
" além disso " , "assim mesmo", "por isso", eüc. ) , ou internamente,
isto é, logicamente. Se a rcdação é nutrida e racional, pode-se cvitar o
pcrigo de abusar das palawas de união, que obstrucm o ritoo da
expressão. Em síntese: recomeadamos encadear as idéias logicamcnte
seúpre quê possível.
O estilo possú um "movimento" que depende do temperamc,nto
de cada escritor. Contudo, cabe recomcndar a medida, a prudência
e a simpücidade, eütando a ironia, o tom excessivamcntc familiar,
a banalidade € os recrúsos rctóricos.

Ocrtllcoorxpruuõo
Antcs de cstudar os eetilos dc um trabalho de pesquisa; cum. pÍe
fazer alguma referência ao problema da própria liaguagcm. Enípri-
aoiro lugrir, cmvém não perdcr dc vists o distioção estabclocida pc
.Heideggcr, em estudc rcccntca, eútÍÊ a linguagE cmo instrumcnto

f25 Nío podâoor peoar D,o,r elto r c*traordinÁrh cncicbp6dir quc rceba
& publior (dcpoir dc úrid anc dc tnbelto) o loedtuto Ge[attc, ne ltllia.
f,ccoorcod,rr celorcrrncotc r todor o omdioro de f ooÍia.
Larflo (fs Uüo3rtfr .181

c r linguagcm cmo instauração do realiladc. Scgrrodo isto, a lingua-


gco dos poetas é rcycldaa do scr eísteote: quando o pocta aomcia
qr diz a rçalidade. FÁt8 concepção metaffskl de
-
pelavra -, cvidctria
conferc À linguage,o um valor eúatencia! do modo tal çp,
oair do que um instrtorÉt to, cla seria uma forma de vida a WtiÍ dl
gal apreeodemo o mundo.
§c, por outÍa paÍtE, considcraruros a ünguagem corno un mcio
dc cmunicação ou de transmissão dc coúecimetrtor podcmoc d€6-
ai-la corno um cojunto convercionsl de sinais, entendendo por ei-
neis 6s unidadcs quc a compõcm. Se cmferirmos À palawa 'tai-
dado" ccu scotido mat€mático de quantidadc convenciotral, rcsultÊ
quc, conÍotmc o plano liagtiÍstico, escolhcrcmos cmo unidadc ade-
qurda a ccse nívcl: an fmáica, scr6 o foocma; cm sintarc, a oÍsção,
êtc. S'ob uE poÁto dc vista instrumcntal, podemoe classificar as for-
mss erprcssirnr em: a) liaguage,m coloqúÍal, quc é a lingurgcm cc-
rlnto'oü diccuBiva; b) linguagcm ütertiria, ieto é, a quc u3anog cm
fios estético, c c) linguagc,m técnica, que é o sistcma de exprcssão
da ciência e da flcofia.
Fhalocntc, sc considcrarmoc a litrguagcm sob o pooto dc viste
dc suas funçõcc, dcve,m-sê distinguir três usos: a) cxpres8iva; b)
iaformativa c c) diretiva. É utilizada cm função cxpressiva quaodo
lcryc para cmunicar ou simplesmente cxprcssaÍ cmoçõcc
- a linguagem coloqúal, 0 uso
§c,[timüt6; por exemplo, - infcmativoe
caractcrba-se pclo fato de que as palavras ou sinais têm a Ínalidade
dc trusnitir uma informação (conhccimento) a lin-
- exemplo:
gusgem cientÍfica. A linguagem dirctiva é a emprcgada paÍo atu6Í
sobre a codúa dos homcos. Por exemplo, a linguaçm da propa-
ganda. É evidente, poÍ outra parte, que a ünguapm corrente podc
§er usads com as três fuaçóes apontadas. Além disso, a função artá
dcterminada pela inrcnção num grau tal que, v.9., a lhguagcn da
propaganda, cuja Íinúdade é diretiva, vale-se tanto da linguagem
informaüve cmo da expressiva.
Dados est€s esclarecimentos, consideraremos agora o probleira
dos diversoo estilos de um trabalho de pesquisa. Comecemoo por
advertir qup, em todos os casos, o estilo deve caracterizar-se por
*et cognoscitivo, isto é, deve refletir uma inquietude reflexiva.
O uso de utr estilo parcialmente literário pode ser convenientc,
entretatrto, em estudos de natureza estética, inclusive em psicologia.
AbundanJes exrmplos podem ser recolhidoe aos liwos de Freú; em
alguns de seus trabalhos sobre persoaagens históricos (Moisés, Mi-
grrel Ângelo) or simplesmente em certas histórias clínicas, a utili-
zaçao aá um pstilo litirário pode enriquecer cientificamcnte a obra.
f82 hcpalação da Monogtrle
Com cfeito, a exploração do individual encontra um veÍculo ade-
quardo aa linguagem üterária. Assim, pois, nlio se deve ter medo de
Ênprogar certas formas exprcssivag se não se perde de vista o obje-
tivo científico, isto é, se se consêrva ,Íerrrotncn e um estudo cognos-
citivo.
Outra trota que se deve buscar é a que alguns autores denomi-
naÍzià estilo rcdêmico, caracterizado pcla preocupação com a pre-
cisão através de um vocabulário t&nico. Próprio da ciência e da
Íilooofia correspon(e à linguagem técnica (veja-se acima), é teô
rico e especulativo, No caso em que se deva Ípcorrer a palavras cor-
rcnte.s, são elas despojadas de seus sigrüficados vagos ou indeter-
ninados, definindo-se-as techicameote.
Por vezes, um estudo pode utilizar o estilo erístico, no qual
existe um grande interesse em certo tipo de prova, como as esta-
tísticas e os dados experimentais. Costuma ser freqüente nas obras
pertencentes às ciências da cultura.
Nos trabalhos de lógica e matemática, o é predominan-
temeote simbólico e lormal e, dentro do possível, ".,ilopostulacional. O
aspecto simbólico do estilo se caracteriza pelo uso de sinais arti-
ficia§ aeologismos e notações especiais. Os desenvolvimentos são
estritamente dedutivos e busca-se a mecanização dos shais mediante
rêgras convencionais que tornem possíveis as transformações. Exem-
plo: os .trabalhos de lógica, matemática, psicometri sociomptria,
econmia, etc,
A formalização consiste em usar o simbolismo con. / carente de
sigpificasão ou de qualquer conteúdo experimental. A validez dos
símbolos utilizados não depende do conteúdo, mas do aro corÍeto
das rcgras que os vinculam entre si. O aspecto formal do estilo torna
poosível a manipulação operatória dos sinais. Como os símbolos
fmalizados podem imediatameote tornar-se objeto de diversas in-
terpÍetações, uma das vantagens deste estilo é sua aplicação aos
diversos campos do conhecimento.
O bm-senso é, em rfltima anáIise, o que dÊtermina o estilo,
já que, embora seja certo que em lógica e matemática é conveniente
o uso de expressões simbólicas formalizadas, nas ciências dos fatos
não se pode prescindir de uma lingua.gem formada por palavras
técnicas e por expressões extraídas da linguagem coloquial. Cabe
formular algumas considerações análogas com relação às ciências
da cultura, ressalvando as exceções assinaladas em parágrafos ante-
riaes.
I"UçU"
da Monogralla tBB

Nonnor porc or rrÍcÉnclor bibliogrúÍicoro


Mesmo quando não existam npas de validade univereal para
es referências bibliográficaq há alguÀí preceitos normativos qrc io.-
.
vfu obcen.ar para não cair na desordem ou na inccroção: Atual-
mente empregam-se vários sistemas de referências bibliográlicas para
anotar as referências de pé de página ou as citações leunidai ao
final de um trabalho de pesquisa.-
A primeira recomendação refer+se ao uso moderado das mai-
riscúas. Escrever+e-á, por exemplo, ..Introdução à lógica simb&
lica", e oão "Intsodução à Lógica Simbólica". Do mesmo modo,
truma e[umeração de disciplinas prefeú-se-á ..lógica", ..matemátice.,
"econmia", etc., a "Iógica", ..Matemática", ..Economia", ctc.
Egtretalto quando a expressão pode dar lugar a um rquívoco ou re-
sultar simplesmente ambígua, usar-se-ão as letras maiúsculas. ZcrDÍ
graia, *A, Razão" ou, inclusive, A RAZÃO, e não ,.a razão" ou
"A, razão'', se nos ieferirmos ao jornal homônimo.
Quando existe alguma dúvida acerca de um dado citadq deve-se
colocar na continuação um sinal de interrogação, por exemplq se
não sorbermos cora certeza a data de nasôimento de um autor ou da
publicação de um livro, escrÊvetemos: 1912?
Os colchetes [ ] são usados para indicar que o consigpado em
seu interior não está no frontispício do livro lpodendo -provir de
outro lugar da obra ou de um repertório bibliográfico).
Mesmo quando já se. tenh66 6"6o algumas indicações gerais
acerca de citações, no parágrafo sobre I técnica das
fichas, icrrsig-
naremos, agora, as normas atualmente aceitas com todo o detalhe.
A citação de um livro está constituída por 3 partes: a) autor;
b) útulo; subútulo; tradutor, ilustrador, etc.;-edição (quando úo foi
a primeira); c) lugar, editor e data de edição. Estás 3 parbs são indis_
pens_áveis; a elas se pode acrescentar o número Ae'iaginas, as ilus-
trações e a série.

Exemplos:

t) Srxr.ror, Edmund \{r.. La biobgía d.el cspíriru. Traducción <le


Josefina
Ossorie. México-Buenos Âires, Fondo de Cultura Económica, 19e10. 1g6
p. (Breviários)
2) Il-"rr, Ernest; Nrwuax, James R., Cadel't ptoo!, Londres, Routledge
6t Kegan Paul Ltd., 1959. ll3 p.

A ABNT, em sua publicação PNB-66 estabelece as normas a serem ohservadas


no Brasil. (N. da Trad.)
iA4 Pr:Paragão da Monografa

@aodo os autoroE são mars dc 3, proceds-s€ como no exemplo


ceguinÍc:

3) Rercovrr, Â, c outÍot, Gtc., êtc.

Nq c8§oo cm quc falta algun doo dadoo do Srupo (c), indico-se,


ÍÊspcctivameolc s(l s/ci g,/d. Quado faltam os 3 dados, usa-sê a
,
oigla ocgrrintc: s, o. t., qua signilica "sêm aotas tipográficas".
- lóitaçao de um artigo de rcvista êstá cotrstituída também po
3 poÍEs, que são: a) aut& do artigo; b)
tÍtulo do artigo; c) título
ds rcvfuta, seguido do lugar de odição §mênte no caso,em que- o
útulq pc ei ú, não pcrmita laalizar a revistq or sc fcam editadas
vtírias rcvistas com o- EeSoo nome; séric, volume, núncro, fascículo
e páginas; data (abrcviando mescs).c
Ercmplo:
Odrov, Laón, Lot atgaclot úbatzs tlcl alara. (Rcviate dl Univcridedc de
Bucnoa Airo, 5'' época, ano 8, ni 2, p. 193'?íJÉ, abril-junho 1963')

Para citar um capítuto dererminado ou PaÍto de un livro, o


únrlo c.ompleto dcstc passa a um scgundo plaoo' cmo o que ocuPam'
t trcr cEs(R antcriorcs, o útulo e os dados da revista. Nestes casos' usa-
rc a cxprecslo: "Em scu".

Ercmplo:
Vrre, Fnncirco, Lat gcomct u to-cu+lídcot. (Em seu: eac hittotia dc
b geot*uta, Bucnoe. Âirct, Iacada, l9{8, cap. XI' '34-155.)

Indcpeadentementc do tipo de obra (liwo, artigo, erc.)' cxistern


nontr8s Para citaÍ sobÍ€nmes e troEles de autores qu€ costumam va-
riar conforue as línguas:
a) Nas cita@s de sobrenomes franceses, espanhóis e italianos,
o primeiro cobrpn@c é o que enca@a a referência. Exemplo: Or-
tcga y Gasspt. Joeé; e não Gasset, @ega fosé.
b) Nos sob'rcnomcs ingleses considera-sê como palavra de ordem
o seguodo, pois o sobÍenme da mãe deve anteceder ao do pai, de
acordo cm um costume in.glês. Exemplo: Mill, John Stuart; e não
Stuart Mill, fohn.
c) Nos sobrenomes portugu.eses e b'rasileiros considera-se a pa-
Iavra do ordem o úItimo, Por exeurplo: Brandão, João Silva Barros;
e não Silva Barros, João, nem Barros Brandão, João Silva.
d) Nos sobrenomes espanhóis e portugueses com prefixós, estes
sc pospõcm. Exemplo: Casas, Cristóbal de las; e não las Casas, Cris-
tóbal de.
1Fi;ge$;Ê; E

FsBíge§[Ê[ã
rer§'ã$FEÊF

âÊnÊÊÊss Êi
; EBFíã §ã 'r
g$sEüEEs ã
rgfEEE,Ê; 3
ê$ãFEFÉE ãH
IMPRESSÃO DA MONOGRAFIA

A preportçõo do monuscrito

Alguns autores consideraram óbvias as recomendações que consig-


namos aqui; não é a eles que estão dirigidas, mas aos estudantes e
àquelas pessoas que se iniciam na preparação de manuscritos para a
impressão, isto é, os autores oovos.
Os autores não costumam levar em conta o processo que se inicia
quando eles concluíram s€u rabalho e, em muitos casos, nem sequer
o conherem. Com o objetivo de facilitar-lhes este asPecto de sua taÍefa,
comêçaremos por destacar alguns detalhes materiais de natureza ele-
Dentar, mas não is€fltos de importância, Deve-se ter Presente que,
atrdo §e o-trabalro, ele será !id" pgt pgl9-t_pes-soq1 4lhels
à alidade técnica 4S lgllo, cuja tarefa consiste em sua traascrição
por meio de máquinas ad hoc. Neste sentido, deve-se escrever,
desde o princípio, em um só lado da folha, deixando uma margeÍh
constante, e com o espaço 2 da máquina (nunca com o espaço 1); veri-
ficar o bom estado da fita, a qual, dentro do possível, convém que
seja preta. Inclusive, é aconselhável comprovar se os tipos da máquina
estão limpos.
Convém verificar a qualidade do papel, antes de começar a es-
crever, para garantir que ele tornará possív-el real-izar, es qecessárias
correcõ es com ti.ota (sem borrar) e. inclusive ,o uso da borracha a
tamanho das folhas deverá ser sem pre _g mesmo porque, como se
disse, se co0serva c tea medida da maÍgem inicial e final (no
sentido horizontal) e a superior e inferior; mediante um simples cál-
culo matemático e slim_qr- cpm oefrãã-pi@@ãÇãõ, ó-í(-
lDero de páginas do futuro livro
fmpreseão da Monogratia 187

Se se decide utilizar material já redigidq é preciso voltar a es-


crevêJo para que não quebre a uniformidade e a ordem do manus-
crtto; não se devem utilizar jarnais lsyt66, mimgsgafados ou escritos
com o espaço 1 e, muito menos, fotocópias ou qualquer outro Eate-
rial reprod uzido. Em todos os é conveniente voltar a
os textos de acordo com as normaggerais_gue _foram leva_{as. elr ggglq
Para a do trabalE-o.
om o risco de ser julgado reite,rativo e ingênuo, não vacilamos,
entretanto, em recordar que o autor deve conservar
"ma cópia do
manuscrito; ninguém está liwe de lo. Recordamos dois casos
c'êtrbreíã de Carlyle, cuJo manuscrito sobre .rl revoluçfu lrancesa
foi queimado acidentalmente, e o do grande matemático Galois, cujo
gênio não foi reconhecido pelos acadêmicos da época poÍ "qg_!ê,vg!ggq
extraüado os oricinais" de al guns de seus trabalhos sobre teoria dos
gruPo§.
Enquanto se escreve o trabalho em sua redação definitiva e
úanscrita à máquina, pode ser necessário efetuar algumas correções.
Se sp tratar de poucas modificações e se foram escritas coE clareza
(à mão ou à máquina), mostrando sem ambigüidade o lugar da subs-
tituição, elas podem ser incluídas sem risco de obscurecer o texto.
MEs, asc eÍosas éac
e Em caso dever-se-ão c vras
ou as escreveodo s e ma§ flsc (}as .e a
grafia correta: tampouco deve-se escrever no Íeverso daBágiSa
Embora o autor conheça as indicações habituais na imprensa
para indicar as características e o tamaúo dos diforpntes corpos da
letra, não deve escrever essas indicações (por exemplo: 8/l0,.etc.),
mas cotrversar se cabe previametrtç com o impressor ou editor
-
c combinar a distribuição - conveniente dos tipos que seÍão usados.
mais
Geralmente, os editores selecionam a tipografia e os detálhes técnicos
combinados com sua linha de produção ou edição.

Prcblemos especioir

Quando os autores inserem textos (em sua língua original ou


traduzidos) publicados em outra obra, sempre que estejam compre-
endidos dentro do lapso em que a lei protege o direito do autor será
indispensável solicitar, a-Slgs de dispor'a-re_§p9,clua inclurão, a per-
missão correspondente ao detetrtor dos direitos (o autor, os herdeiros,
o agente literiário ou o editor). Esta permissão deve ser obtida no
princípio, porque, se por qualquer razÁo imprevisível for denegada,
não será fácil, no último momentq substituir ou eliminar o texto s€m
prejuízo da unidade do trabalho.
r88 Prclmragão da Monografi.a
Os uatados irtcrnacionais respectivos estabelecem que .qg{íg
consideradss violaçõcs do cu as rcprod de material im-
c@lo e suEtanciõí
§e o problema consisê'em o sentido das palawas
'matcrial e substarcisl". A lei argentina permiüe a reprodução de até
mil palavras de obrag üterárias õu cie,lrtíficas cm fins didáticos ou
científicos, consigtando a referência sob,re o &utor e o lugar de onde
foi extraída. Em todo casq é recomendável soücitar a autorização
cxpressa do autor ou do detentor dos direitos do autor, Mesmo tra-
tando-re dc uma ailologia, convém solicitar a autorização relativa-
mêúte à totalidade do matorial utilizado,
Com o objetivo de prevenir dificuldades por poosíveis recla-
Daçõeg ê aborrccimentos, convém sempre obter a autorização corrcs-
pondcnte paÍa usar não ú o materiel impresso de outros autores,
mas, alén disso, tabelas, tortos musicais e ilustrações.
A inserção da ulna Sa_yi_v4_n_l-o--pg{eser_tgila
scm §ua u ; pode-sc, entrctaEto, incluir, sem permissão
ae fotografias de personagens de púbüca notoriedade, sempre
quê sus incorporação no texto obedcça o razões cienúficas (históri-
css, ctc. ) ou informativas.
'Ê Ao dirigir-se ao detentor dos direitos do autor para soücitar a
eutorizsção de iaclusão dc um texto, é necessário registrar na nota
rcspcctiva o seguinte:
l9 O útulo da obra que se estó prcpaÍa[do e a intenção de in-
cluir o texto dc refcrência,
29 A referência completa do autor, obra, edição, lugar e ano,
cm indicação precisa do trecho que se quer utilizar.
39 O compromisso dc citar o autor, üwo e editora no lugar
(págrna) cm que se insere o texto.
As natas devem ser escritrs com espaço'duplo e se inserirão
ao pé da página correspondente à referência, mediante um nrimero
ccrelativo a partir do núrnero l. O número respectivo deve ser repe-
tido no texto, ao lugar correspondente à referência. Também podem-
so incluir as trotas no texto eutre parênteses. (Nesta obra optou-se
pelo primeiro procedimento, isto é, o de registrar as notas ao.pé da
pÁgtne.) Nas obras de pesquisa, há autores que costumam cólocar
as notas ao final do liwo, por ordem alfabética de autores ou segundo
a seqiiência de seu aparecimento; há também aqueles que colocam
as rotas ao final de cada capítulo, numeradas.
A bibliogralia deve incluir as fontes utilizadas na elaboração da
obra. Tanto a bibüografia como os índices dos autorcs citados cons-
tituem uma valiosa indicação que facilila ao pesquisador a valorização
fmprcsão de MonograÍla 189

do üwo qua tcm cm úãos. Ao mesmo tempo, a bibliografia técnica


sorvc ao cstudaote para ampliar seu coúccimento de alguns dos
êmas implicados üo texto ou, eE outros casos, para conferir a ccm-
preeDsão de problemas préüos à intelec.ção do sigpificado essencial
da obra.
A organização da bibliografia exige a análise do objctivo do üvro
c do universo de seus posíveis lcitores. §p a obra está dirigida a
pʧlJuisadores, a bibliografia deve ser múto especializada e abun-
dantc, mas, se foi concebida como um texto para esfudantes, é oeces-
,.. _
sário selecionar as obras firndameotais, levando em coota as que
são mais acessíveis s, |s vezes, mais gecessárias _
par8 Comple_
mcntaÍ o cm.hecimento dos jovens qup devem utilizá-la muitas vezes
con fins escolares. Ao escolber os livros, devem-se preferir as edições
mais reccntes em certos casor, as Édições mais críticas cú
-
incluir obras esgotadas -
ou difíceis de encontrar se sãp realmeote
essenciais.

lndicoçõer tipogÉflcot

A transcrição de fórmulas técnicas (matemáticas, quírricas, 16


gicas, etc.) exige um cuidado €special. O autor não deverá esqueoer
que o pessoal (da editora ou da tipografia) que irá hahÊlhaÍ seu
maquscrito nunca é especialista aa matéria e que, às vezes, Dão lhe
é familiar a utiüzação dos símbolos. Por estas razães, é preciso ex-
tremaÍ o cuidado na transcrição dos sinais, fórmulas e termos técnicos,
a fim de quc sua apresentação seja súicientemcnte clara e exata e
pars que o linotifista não se engane.
A seguir, anotamos algumas regras p sugestões recomendadas
-
por eqpecialístas Da apÍesêtrtação de manuscritos técnicos que diri-
gimc espccialmcntc aos autores de liwoo de matemática,- fÍsica, Sú-
mica, lógica matcmática, ciberaética, etc.
1) Os termos c os aírmetos que intervêm tras pquaçõÊs e, em
geral, oas fórmulas, 'devem ser cscritos à máquiru; os síBbolos e.e
pociais o as letras do alfabeto grelo strão registradas à rita Análogas
considerações valem pare o uso excqrcional de sinais pertenoentes a
outrm alfabetos; por exemplo, a letraaleÍ, na teoria dos conjuntoo, que
pcrtcnco ao alfabeto hebraico.
2) As equações cscritas em linhas sepamdas não devem levar
Pootos na continuação dc cada uma dplae. E:remplo:

Vn-a+Zbc-a (sem ponto fiaal)


x:3atP 5c-d (scm ponto final)
-V+
f90 PrcPamção da Monogt'lln

3) Os nrimeros das equações que devem ser numeradas (oão é


necessário se fazer com todas) vão no final. Exemplo:

YrYz-brbz* y, (Yr-bz) + b2 (yl (6-32)


-br)
4) Ao desenvolver as equações, devem-se usar liahas horizontais
para as frações, com linhas oblíquas paÍa as frações do numerador, o
denominador e os expoentes:

a
Ç,:-,s\/z
À/b

5) Sempre que for possível, convém usar os sinais conhecidos


de parênteses( ), colchetes [ ], e chaves { }, a não ser quando se
qúser introduzir sinais especiais (cmo ocorre, por exemplo, com a
notação que se v&m obrigados a inventar os membros do grupo
"Bourbaki" de matemática).
6) Quando se usam letras que podem resultar ambíguas
como e e o -
é necessário sublinhá-las, o que significa, na tipografia,
-, gríiada.
utilizar a letÍa
7) Dentro do possível, aconselha-se usar a notação starrdad,
evitando o emprego de símbolos especiais que exijam o trabalho ma-
nual do tipó.Eafo. Se não for possível prescindi,r deles, convém falar
cm o editor (ou o impressor), especificando o número de vezes
aproximadamente que se apresentará cada símbolo que não
- usual.
scja -
8) As fórmulas químicas devem ser desenhadas cuidadosampnte,
de modo que o impressor possa copiá-las exatamente.
9) Como foi dito, as letras do alfabeto grego devem ser dcsc-
nhadas, exceto duas, que podem ser reproduzidas na máquina
pN e thcta; (D e 0, respectivamente e que se constro€m com o "d' -
-
minúsculo cruza:do pela barra oblíqua e o "O" maiúsculo com um
traço no meio.
Depois de se colocar ponto final no texto e .se revisar a cópia
fcita à' máquina, deve-se lê-lo novamente, em sua totalidade, para
corrigu possíveis erros e omissões. Ao fazê-lo, é necessiário asseguÍar-
so dc haver incluído os textos, as tàbelas e as ilustrações previstas;
devem-se verificar a exatidão e o lugar das referências, a numeraçãô
G, fiaqlmsalç, comprovar sc foi inclúdo o agradecimento de rigor
ao editor ou ao autor que autorizou a utilização do ou dos textos de
referência.
Imprcesõo da MonograÍie 191

Gonoç6o de provor

Um "paquê" ou "prova de paquê" é uma folha larga impressa


que equivale, por seu conteúdq a três pág"as aproximadamente
de um üvro conum. Não contém ilustrações- ncm está dividida em
-
págnas; as notas de pé de página não estão registradas em seu lugar,
mas inüercaladas no texto. sob as refer&rcias correspondentes, e a qúa-
Iidade do papel é inferioi à que se irá utilizar no ü*o.
As proras de paquê às vezes são enviadas ao autor junto cm
o manuscrito. Algumas oficinas possueú seus próprios revisores;
treste casq o autor recebe as provas de paquê com uma primeira
correção. Caso contrário, a revisão inicial ficará a caÍgo do escritor.
O trabalho de leitura e correção pode exigir a colaboração de
duas pessoas: uma lê o original e a outra verifica as pÍovas, Os
autores devem eütar seguir o texto de mernória, atendendo ao que
"deveria estar êscrito" e não ao que 'teaLnente foi escrito', nas
provas. Neste casq se vê o que "se espera ver" e não "o que está
escrito" (isto é, iporam-se os erros possíveis). Os autores novatos *
poderão consultar os sinais convencionais que devem usar na correção
das provas e que incluímos mais adiante.
Quando a obra contém ilustrações, quadros ou tabelas, é ne-
cessário verificar as legendas e as epígrafes e embora pçreça
ocioso convém verificar se as ilustrações ou-os quadros fôram
- em posição correta (o que, em certas reproduções de
colocados
arte moderna, pode não ser fácil, exceto para o contemplador expe-
riente). Aconselha a experiência efetuar uma leitura múto cuidadosa
das provas de paquê; pois, deste modo, a possibüdade de erros na
impressão se reduz ao mÍnimo.
O ünotipista deve realizar as correções indicadas nas provas e
preparar com o paqinador, que devolverá novamente ao revisor. É.
ocioso repetir que, embora o autor possua certeza de que as provas
já foram lidas, nem por isso deve diminrrir seu zelo em revisá-las,
tarefa que deverá executar como se ninguém o tivesse feito antes
dele.
As "provas de pÁgin4' já apresentam o aspecto das págin6 ds
um livro, e a distribuição do texto, as ilustrações, as tabelas e as notas
estão cm seus próprios lugares. Ao ler as provas de página, não se
deve esquecer que esta constitui a ütima oportrrnidade de eliminar os
erros do üwo. Assim sendo, deve-se verificar, antes de mais nada,
se foram realizadas as correções que haviarn sido indicadas nâs provas .

dc paquê, e comprovar se, ao compor as novas linhas, não foram


lg2 kepáragõo da Monogratla
iatroduzidoc outros erros. Três casos podem ocoÍrer: que nem todas as
corrcaOcs tcnham sido realizadas, ou que, ao compc as novas linhas,
so tcoham cmetido outros crro§, <xr que as trovas linhas tcnhao
gklo mâl coleadag no texto. Dcvc+e voltar a revisar as ilustÍações
para veriücar se a posição dcste e outro moterial gáúrco ê a corr€ta.
ImPorta evitar a incorporação de corrcções e acréscimos que
aão scjam rênlmcntc erros, pois cada leitura induz sempre o autor
a um novo retoque ou a introduzir modilicações; por isso, a roleitura
do original tem a vantagem de evitá-los. Tais modiÉcações tro texto,
além de retardarem a publicaçãq. aumcntam o custo; principâlmcnte
quando as moditicações ou acréscimos são fcitos nas provas de pá-
giu. Inclusivc a composição de novos teÉos está sujcita a novos
eÍro8, o quc poderá redundar num verdadeiro círculo vicioso.
Quande aJ coreçf"s são oriuirdas de modificações quc o autor
htroduz nas provas, os editores calculam os custoc destas para
,dobitÁJos ao'autor. Há, cntretaotq um núme,ro razoável de modi-
ficaçõcs que são aceitas scm despesas pelos editores.
A correção de prwas é uma atividade especiúzada; não obs-
taotc, G autces podem realizá-las, se aprenderem a utilizar-se dos
sinais convencionais empregadoc pelos revisor.es profissionais e le-
varem em consideração algumas troÍmas e consclhos fáceis de ob
scÍv8r.
Nõo há dúvida que, mesmo quando os rcvisores profissionú
poosuen qualidades cspeciú para realizar sua tarefa, o autor pode
'scr um oolabqador-revisor muito importanle de seu próprio liwo. A
correção dc provas difqe da correção do original, porque êsta se
tenlin dentro do texto; por outro lado, aquela deve ser indi-
coÀl nas ,rzatgcrrs dc cada pígina, quc é o lugar ondp o linotifista
procurar6 as corrogões. Os sinais, as letras ou as palavras (even-
luelmç1ts as frases) devcm scr anotadas na maÍgem direita ou
qtquêrds, confotmc a palarna estfja mais próxima de um ou de
,oüro lado. sc o texto que se devc acrescentaÍ é cxtcnso, convém
accrcv&lo nume folha e acrcscentá-lo à prova d.c paquê ou à de
págine, indicando claramêtrt€ quel é o lugar onde deve ser inscrido.
r{notamc, a scguir, os sinais conveocionaie mais utitizados na
cffÍGção dc provas.:

Por nrocc- óbrier, ruürrtituímor o tcxto'Grpaúol aprcrêntrdo pclo Áutor por


uE tãto brerildro. Convém órcrvar, por outÍr prrtc, quc or rintir comu-
ncntG urrdoú no Brrril difccm ligciremcntc dor rprcrcntrdor no livro oriSilel.
<ll, lot Ea.)
Imprcsão ôa Monogalla lct

l[T[l rc.r" ou sinal para corrigir ou substituir

3 euprimir

J[ unir letras ou palavras

# aeparar tetras ou. palavras

O letra de outro tipo, rasurada ou suja

MÂIúSCI LA ou VERSAL

VErsrr.rrr

negrito

modificar a ordem de palavras ou


Ê;] partes da oração

r ponto e divirão

CJ ponto e continuação

It separar (de um grupo) e/ou acrescentar (a outro)

4 8en8rrÍ marS

# abrir linhas

dcixar sem efeito e correção marcadr

gifo
Preparação tla MonograÍia
r@
194

c.o..
A reiisão dc provas é, sem dúvida, umrfa das tareÍas q
@ quc maior cuid/do o empenho exifem dos que a cla se
@
dedicam. r
ê
íNãO basta o p"fl'"ito conhecirrrerrto da língua c das e
) normfs üpográticas, M cultura strÍiôicrrtemente a mPlil 9
para poder abarcar com facilidade os mais variados assull-
.Lj--tos, c inteligência aberta c perspicaz. É prec inda.
lumal
além daqui lo que se corrvencionou chama r ol 'rcta§ot, l_r.-
um poder de conccntração contínuo c incanúel, pois quo al/
Y oualouer Deoueno cochilíoode
,F <.lar ádito e crros sravís.
r-'----- _
L simoslpizD,rurer.nv-fouvfnxeun,r numâ obra publicada'9f ' E_ f
Fc,.f,há q,i.u@"n*, "ó trabalho do cornpositrr tipográ- =t ='
;Íico, pot não ser definitivo,fpode, la lrigor, lcomportarla llll
ll ."ai*'.i[de;iá não .o dálo -*Ào lom o do i,rpr"..nl',
JIcujos Jf
rcsúitado$ão irrcvogáveis; mus t;ur., de qualqucr {f
I
--'-I
modo, não cxige tão grandcs conhecinrerrtos da arte. tanl,o
E 6 veáade d salvo" raras cxccções. rrão s.: cucontra erti<
4/ lossos dias ma$[rista capaz de unlâ linha LJI
I a . O revifor, ao contrário, de ser univ<.:rsal; zr/ 6
I u ma acuidade c resistência cxtremas."
z o que mais importa, terá de possuir órgãos visuais do
nos transporl,amos dos domírrios da literal,ura para õl- :
da ciência e da técrrica{ai ,tla rnais *Íffilo i".rni-r-t-
sabilidade do corrctor dc provas. No cmaranhado das
mulas de um livro dc física ou dc matcrnática,
xemplo, conr que facilidade não nos pâs.sa unl r I por cn ,i
lançando às vezes a confusão na
Um
ffi'
do cstudante!
conhecidos escritores do s6culo ai, (
cons a leitura de va§ com o 6
I t.b
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it'r,*:#
,,. :.;f.,.,- ;,:; rr"-iÉúrt*dT,lí'"r#* ;,ir, +l;1441;ffi
APÊNDICE À EDIÇÃO
BRASILEIRA
INDICE DE ASSUNTOS

A Anteceal,ente, 146
Antítsse, 109, 170
-{dapteção, teraDêutlcs de, 7E Arcké, lü2, 103, L04
-.ldsptâr-se, BlgnlÍicaçáo de, 78 Arg&rnefitern ait hornlnern, 142
ADN, modelo do, 156 Ar gulnentlun ait ígnorafltlott, 140
.l,grala il,ógrnata, 166 Argumentuw ad, núo erícorit laÍ|,
Álestórta, correlação estatíBtica, 140
58 Ar0LfiLentarn ail popLlüt t, 140
Álea,tória6, amoBtra8, 51 Argunlentan ail Derecu,nillanl, 110,
Alfêbeto, 148 742
ÁlgebrÊs de Boole, 147 Arquétlpo8, 13O
-l,lna, ,neiticina da, 78 ArquétlDo6 Dlatônlcos, 137
Amo8tra, 49 Atívldaate DroÍtsslonê!, 11
-{mostra ao âcaso, exemplo de,61 Átuallzação, 164
Amo8tra,gem, teoria da, 50 Arloma, 147, 118, 149, 168
-A.mostra r€prêBontatlva, crltérlo Axlomss lndeDendentes, 149
para Julgar a, 62 Âxlomátlca formalizadá,, 1,18
ÂEostrs slsteEátlcs, 51-62 Axlomátlca lntultlva de Euclldeg,
-{mostras sleÊtórles estratlÍlca- 148
das,53 Áxlomatização, 147
Ámostras al€etórl&s slmples, 52
Ámostra8 ao acaso, 51 B
-{mostras por qúota, 6l
ámostra8 Drobabllístlcas. condl. Blbllografia, 11t, 119, 188
çõeB da8, 52 Blbuografla crÍtlca, 88
-A,mostraa representatloas, 5L Btbuogralta ecaLstlüa, 88
ÁEostra§ sl,sterndtlceE, 6l BlbllogrBfla, êrlstêtrcl& de, 102
.lndr,l,se motto@ctonal, 62 Blbltotrofla fllosóílca, 03, 94
2«l Apêrdlcc
Btbuogrsll3 litroirttôrla, 88 ClêDclss Eáo empÍrlcas, 14
Blbuogr&ü8, orgsDl!8glo ô4, 189 ClêDclas naturals, 1{
BlbllogrsÍta roletíoa, 88 Clêncles BoYeB, 13
Blbllogrollas, tlDos do, 88 Clêtrcla8 DorlttvsB, 10, 116, 136
Blbllotecs, llE e s. ClêEclaB toclalB, ltl, {9, 66, 01
BlbllotêcoroDla, ut Clôaclas soclals: conslaler&gõôt
BlunÍvocs, correrpotrdêBcle, 162 crlucas, 68 e 88.
Bohr, trorla ôa comDlomêntarldadê CteDtíÍlclsDo coDtemDorÀlso, 103
do, 16t, U0 Clontlllco, erperlmento, 131 e E8.
Boolo, álaêbr8s de, 1{? Classe, 32
Brovn-Séquard, autoêrDellênclat cle8sltlcasã.o dsB lorma8 elpressl'
de, 19 vas, 181
Bulca Detódlca, llt ClasrlÍlcsg[o óa8 blpót38e8, 1:16
Codlcólogor, 86, 116
c Coêrôncls sêEeDUce, 160
Coerêncla slDtáttca, 160
Csotlclsmo, 14{ C olrtcidcntlo opposlto?un, 7l

CssoB, rolsto de, 16{ Comsntárlo clírlco, 166


Coüoa,3& Complemêtrtarldeds, 120, 170
Csusal, corrêlagfo eotÂtÍEttca, 6E ComDleEêntarldado, teorls ds, 168,
Cotrlo, 49, 5? l?0
Cotlctsmo, 0l CoEDortsEeutlBta, escolo, 28
Clêucte, 136 GoEDortaDêDto soclsl, 36
Clêncla, comDrê€ndêr D que é a, 1{ CoEDosl9áo gramatlcal, 180
Clêncla e lnv€stlgaçáo, 12 e L Compreeas[o ÍtlosóÍlca, 9E e 8.
Clâncl8, obrotlvldBdê da, 131 ComBreeusâo ma 1ôtlcs, _
9E
Cl6ncla8 blológlca6, 166 CoEunlcscáo, 164
Clônclas de ÍEto8, 18, 166 Concelto, tôorla do, 127
ClâncL8s, dlvlsÉo ôs6, 12, 14 Coacepglo An bar 169
ClêncLB§ alo coEportaDsEto, 18 Corclu8ão, l8õ, 172 o s.
ClêDcla8 do espÍrlto, 13 ConheclEêrto fllo8ôÍlco, 104
ClôDclaB ôo D,oDeD, 13, 64,58, 166 CoDhoclEeDto rurÍdlco, 111
ClêEclsg do homem, mêtodo l€no- CoiúêclEentoE metscloBtttlco6, 101
Eonológíco nas, 61 ê 88, Conseqüentc, 146
Clêncles do homêB, p€sqülBa na8, ConststêDcla de uE slstema teórl-
27 6 rB. co, 160
ClênctsB êEpírlcas, 14 Construçéo da t€orlÊ clentÍllcs,
Clênclaô Íátlcês, 10, 12, 116, 16{ 136, 146 e ss.
Clêlclss tóUcas, obreto das, 12 Conterto dê deccob€rta, 135, 139,
ClêlclaB tôtlcas, Desqul8s na8, 14 e 146, 16t
tg. CoÀtêrto dê ,uBtlncÊtlv8, 135, 139,
ClêDcla8 forEsls, õ{, U6 146, 168
clêmlas lorEals, obreto alrs, 12 Cowrtoht, 188
ClêEcles lntôldlsclplltrsres, l8 Correçôo de provec, 191 e ss.
Ap€ndcc 201

Corroclo do lrroves, ersEt lo ile, DocEEeBtsClo blbuogrúÍlco, .Díll-


1e{ !s o crÍüce ds, 128 o ar.
CorrcClo de Drovea, rlnatr coE. DocuEertscão, sesuEo t)am, 12ó
rioDcloEals tntr, 192 g !. " DoutllDr Drévlo", 28
Corr€l|gão êststhtlcs, 6E
CorÍelo0ão estau.tlcs ôl6ctárla, E
6t
Corrolrgf,o s3tatísuca csursl, 68 Dlclto, 89
Corrsl,Bqâo ôstatÍBüca Íunclonel, 68 Efu$o Aa sútc?Í*glo, 60
Crlasêo Íllo!óltcs, t6 Elib., 88
Crlt6rlo il6 Butorlil,Bdo, 1{0 EloEeDto, {9
Crlt6rlo ilô AêEarcs0[o, 130 EEDstÍs, ?0
Crltérlo êDhtêEológíco, 10t tDclcloD6dla Íllosóllcs, 179 e B.
Crluca da ÀutôDtlclil,adc, 12G Enaontro, 77
CrÍtlc8 da docum€ntsgEo, 126 EncoDtro rmoroao, E0
CrÍtlc8 ds ortalaslldeilo, 126 EEcontro lrltlrcro, 7g
CrÍtlcs ôe tortos, 128 Ercontro, aoglo ile, 79
CrÍtlcs Grtêrna, 120 EDcoDtro Eoleno, 80
CrÍtlc8 Íllolóalca, E8 Encoutro, uso Da D8lcologla oxls.
CrÍtlc& lBtôlDs, 126 toDclal üs Dogâo dê, 70
Crítlce tortual, 126 EncontroB eutêDüco§, 80
EncoDtros lnêutêDtlcos, 80
EDtrevlBts, {l e !.
D Entrevlsta a um gÍuDo, 43
EntrêYlstador, arts do, 43
" Dados hll6tlcos", 6.1 Dntrêylctador, conallçõ€s erlgldaa
DadoB, ratÍrtro alo, 3? do, 43
Dêducáo, retror do, l{0 Entrêvlrta, BÍYsls ds, ,12

Deduüvo, Eétodo, 8, I Entrevlstô pêssoel, 43


Detê8s, mocaDlsEo de, 29 Entrevl8ta têleÍonlca, 42
DeÍlnlçro, 169 EDuDclaalo BDalÍtlco, 12; 13? e s.
DemoDstrasão, ÍaBê de, 1?1 Enunclodo etôDlco, 169
D€rlvasâo, regrar rle, 149 EDurclado Drêautlvo, 16, 187
ds Denlcllltra, 19
'Dêscoberts, Enunclaalo slntétlco, 12, 137 o s.
DsBcobrlmento cl6EtÍÍlco, 1? Enunclsdos bÉBlcoa, 87
I)êBênvolvlEênto, E9, 166, 168 Elnunclado8 clenuflcos, rusuÍlcs-
DêtêrmhlBEo, 14{ sáo doB, 139
Dlólogos DlatôDlco6, 119 EnunclailoB gêrsls, 136
DlcloDêrlo da lÍngus, volor do, 1?6 Euuactaalos DredltlvoÉ, verlÍlcegâo
DlcloDêrlo ds Íllosotlo, 1?9 alos, 82
D$eric otttopor6gtco, 7 6 EnuDclaalos Drotocolarê8, 131, 132,
I»s8€rt8çf,o, tsEas ds, 102 138, 13?, 140
Dtvulgação, 166 Enunclsdod, verlÍlcagão ilos, 136
Documsntagã,o, 123 Eplstemoloala, 186
202 Apênilice
DltlltoEologla ds hlrtórls, 0E ErI)€íDertBClo, 12, 18, 13ó
X,Dtltomolódca, Auê.tão, r01 trirDsrlEentrgâo blológlce, lE
&roorrá ÍoDoDelológlcÂ, 07 trDsíEsBtagÉo bloquÍElca, 10
Equa,Cõê8, 189 Erl,orlEsnts!úo clontlflco, 16
EecolB ôe l{ys€n},o, l{0 Erl»rlmentogâo coE Eodolor, 165
EsÉclo, Eoç[o btológÍcs Ae, 120 ErDsrlE6lto, 14, 22, 84, L?e
Ersêlclaa ÍorDal8, 66 ElrDerlEeDto cleEtÍÍlco, 181 e gg.
EsaêD'clssEatorlsls, 66 ErDêrlBeDto clentÍÍlco, ÍunçÉo do,
E8tatÍstlca correlarclonal, llElta- r88
Cõ6s ô8, 68 ErDerlmênto controliBdo, 18
Esulo scsdêmlco, 182 ExDerlEento crucle'l, 22, 133
EBtllo ê srprersÉo, 180 e Ê6. IrrD6rlEotrto do TonlcBlll, 16
Ertllo, erÍBüco, 182 Ehp€rlEonto orDloretórlo, 188
Bttllo slEMlico, 182 lirDsrlEsDto hôurÍ!üco, 183
E tllos alo trabslho alo llesqulsa, Erperlmento Detodológíco, 138
181 ErDêrlmsEto nomolóEJco, 133
XhtratlÍlcação, prlacíplo gere,l ile, ErDerlmento soclológtco, 46
63 Erpsrlmsuto teor6üco, 138
XistratlllcadBs, artrostraB aleatórl- ErDorlmentos dê slnulaçáo, 133
as, 63 ErlrorlmontoB iloúbte bltnlt, 7t
Xhtrutura da monograflo, 166 € Bs. Erlrorlrneutoa "Dlloto", 19, 188
EtDóIogoE,34,40 ErDerlEêEtos DElcológlco8, ôbretl.
"EuiIô",81 vldads dos, 80
Eü pslcológdco, OB ExDUcaC[o, 109
El* ?taro, 88 trpressão lltraüÍstlca, 174
'iu-tu', El Eapressdo, obsca Aqd,ê lle, gg
tYolugâ.o, toorla da, 9? El:(Dregsõês bom ÍormaataÊ, 14E
EreEDlo dê corrogto do provas, Expressõcr válldas, 148
lel Extrsto, 49, õ3
Eírtêncla anônlms, 8l
D4lstâncl8 dual, E1
Ildatáncle Dlur8l, 81 F
Ed8têDcls lltrtul8r, 8l
E4,erlêDcl8, 9, 108, 1?6 tr'ôlócla, 140
EaDorlêlcla blológÍca, 176 tr'alácla caía@r, 141
trperlôncto cl€nüÍlca, 13{ tralêcla dB coüoe corrlunt, L4L
nrDorl0Dcls sst6ücs, 176 nallclo da cortuposlglto, 142
&perloncle ÍÍ6lc8, 17o tr8IÉcl8 ds coÍcl{oõo lrrlprópriú,
DxDerlâDcls ht oloo, 79 1{1
Eglêrl6ncls. EatrDóttcs, 176 Fblácls ds coiÍtnitlr o ca{ao cot*
Er erloDcls Eêta/ÍÍBlca, 176 o elelto, Ul
ExDorlêüclo DÍ6üca, 1?6 Xllêcte do irlúbõo, l1l s a.
XirDerlâlrdls DarsDglcológlc8, 176 FalÁcl8 ato astatl,stlco crwletúa,
ErD€rl6nclc DrÍqulca, 176 1{3
'I
!

Apêndice 203

FalÊcls do cstatlstlcú ínsúllcíarüte, "trllosoÍla lEDuclts", 28


1{8 FllosoÍla tudatce, revlsts üedlcêda
F,8láDls |anétlca, L40 s,92
tr'slácla posú koc ergo propter hoc, Fllosofla, llngusgem ala, 176
81, 141 Fuosotle m€dl€vsl, parê blbllo.
Falssblitdede, 138 grefla sobre, 119
Fsto cÍênuÍlco, 178 trllosoflê, nÍvelB de lnve8tlgagÉo
FatoB, 17E 6 r. Ee, 88
FoBôEêDo, 83, 6? Fllo6oll8, objotlvo da, 104
f'onoEonolog{a, 61, 63 Fllo6olla orlsDtal, 104
FeDoEelologle cstêtorlel, 72 FllosoÍls plotôuir:a, relegões €utre
tr'eDoEsEologla coEo mêtodo do a mêdlclns grega e a, 79
lEveBütaglo na pslqulatrls atuÊI, fllosóÍlco, conhoclmento, 10{
69 e s8. FtlosóÍfcô, plano, 128
FeDoEonología . dê HurBerI, 63 FllóroÍor orlglnals, llnguagêm doÔ,
l'etonenoloolo ileacrlti/|sa, 70'e a. 8{
F€nornsnologis do amor, 81 trÍslca, Desqulsa Do, 14 ê Bs.
Fênonênologla do osDsso, ?5 Fluldo dê Marwell, 164
f,'ênor,1eDologla g€nétlco€struturol, tr'oDtê6, 11õê ss., 127
72 f,'orEallzêção, 182
FêDoEênologla DElqulátrlca, 77, 82 FormÊB otrprêsslvas, claeslticeçáo
tr'êrtllldsdê dêdutlvo, 168, aler, 181
Fertlualedo hourÍ.tlca, 168 ForDulasáo da tsorle, 140
tr'tchê blbllosxóflc8, 121 trórEulôs, 148
Flch& do docum€rtação, 121 e s. F'órEulos, ÍorDaçâ.o ôss, Ug
FlchaB, 120 FólEulaB quÍElcs8, 100
F tcb.s! btbltogxáÍlca8, êrêmDlos ale, tróÍEula8 técrllcas, trsDscrlçEo de,
tzt 189
nchas de documsEtaçã,o, roilag.Ão tr.ung[o,,82
dú, 124 trungfu alo orDorlnento clentÍÍlco,
Flchar, técnlcas al88, 120 s BB. 188
trllólogo5, 86, 86, 116, 116 IhDglo do Dlano, 107
I'llosoÍls, 102, 104 tr'ung&! de llEtuaaoE, 181
Fllo6oÍls aaüg8, revlÉta qu€ êótu- trulcloEal, corrêl&gÉo êBtetíEtlca,
dB B, 92 68
tr.llo8ofla comDerade alo Orlsntê s Futuro, 7*
OcldêDto, revlsts sobrs o €Btualo
4., 92
FllosoÍls ds reut1lo, ÍeYlrta de- G
allcoilB ao êltuilo da, 02
trllo6oÍls ilsÊ . .16llglõ0r, 101, 119 GooEotf,ls suclldlsns, 1õ2, 160 e r.
trllosolla, ôlclouárlo ôe, 179 Geometrle pl,Bnl do Rl€EaE!, 168
trlloôotl8 do budlsDo, E8 Gctralt, 72, 178
F'llosolla ÍonoDobológlca, 63 GraEóttcr, 149
n4 Apênrüce

Gtut)o ale cortrole, 18, 8r, {5 IutêrDr€tacüo ilos golhor, 29


Orupo erlnrlmentsl, lt, {6 ItrtêrDretaçãr, nÍvelr de, 31
IatorsubjouTlôÊde, 181
IntroducÉo, 106 o .s.
t{ Introdugflo e!êEDllllcadors, 16e
IntroduçÉo hlstórlcs, 188
Hlpóte.o, 16, 26, 186 Introdugão-soluçÃo, 100
IIIDótesês ú hoc, 187 Introdugõ€B BxaEdlloqüsntss, 106
HtDótesês, clrsslÍlcaçlo dês, 186 Irtnlstro, 69, 176
Hlpótsr€s de slto nÍYol, 180 Intulgão catego"lar, Oi
HtÉtêr€r ô6 ElYsl lDl€rlor, 130 lDtulçtro eDoclonsl, 176
HlD6to!ê! de DÍvêl tntorm€ülárlo, IntutcEo lntolectusl, 1?7
186 Intul@ IraraDslcológlca, 176
HlÉtêlo! Dslcológlcar, 24 Itrtulcáo psÍqulca, 1?0
HIDót€!o!, Ysllôodo dss, 180 e 8. Iatut§lo senrorlal, 1?6
ttipOtosês, verttlcecüo ô86, 26, 184 Invssügaqão clêntÍllcs, Drocedl-
0 ta, montos ds, 30
Hlstórle dB Estemá,ttcs, loG IBYostlgagEo ilo ssDaço, 74
HlltorlclsEo, 01 IDvesügBgf,o s clêBclô, 12 e §.
U,e, A4 Invêsttgacáo, eremDlo d8 reellzo-
gão de uE trabalho dê, 88
IrvôBtlgagá.o Íênotnenológlca, avs-
Ue§[o crÍtlca do, 75 ê Eô..
IEvêstl8eçÁo ÍenomenológtcB, obie-
Moqdo, tlrocerso ds, 86 to d8, 63
IDDrolr[o ds EoDotraÍla, 180 6 ss,
IDvetugf,gão Ílloróllca, como lrl-
IEdrgisgto Utêrtuls, 110 clar{ê Da, 87 e s.
IÃletorElEl.Do, 1{{ ItryoBtlgagáo ÍllosóÍlca, lnlctsção
IarllcaCões UDogréÍtcas, 189 o ss. na, tll e ss.
I luclão, ,u.UÍlcatlYs ds, 187 IDvêstlgação Íllo6óÍlcê, lDôtruDetr-
IEÍorusgão blbuogróÍlcs, 108, U6 to8 lntolectual8 ds, 89
o lt, IavesügsqÉo Íllo8óÍlca, Dlanoê na,
InÍorEragao cao ta, 90 88
IúorDa0[o orsl, g0
InvestlgÊcgo, métodos ale, 8
, IDÍoEsgõê8, tlpos ds, 108 Inveatlgagâo Drlcológíca, métodos
Iúo[EâDtr, lDqu6rlto com uE, 89 da, 28 o sB,
I!ÍorEantes, clssst tlcagâo dor, {0 Investlaação 6oclológlc8, t6cnlcas
I[quállto coE un lnÍorEanto, 39 orDêrlmêntals oa, 46
IDqu&lto d€ oDlnlto, l{a InveltlgtrCâo, toEa da, tE c E.
IErtru.EsEto, lol do, 90, 133 IEvsstlgiagão teóÍlca, 1l
I[toEclorsllilrats, 04 Ifr ttlito, erllollêncls, 19
Interyset eüo, 81, 15& I.oDorÍo, 169
r[tort»retag[o de torto, U6 IeomorÍoe, slat€maâ do slnals, 1õ2
Âpênilice 206

J MecatllsEo ite reDros8âo, 29


MêDd6l, l€ls de, 64
JustlÍlcêgâo doE êtruDclodos clen' MetalÍslca traallclotrêl alo Orlêntê
tíflcos, 139 e Oclalonte, rovlsta dedlcaals à'
ot
JuBtillcatlva da indugáo, 137
Meta-histórla, 98
Metalíngatugarl, 84
L MetalógÍcs, 14E
M6todo ctentíÍtco, rêquiBltos êxlgl'
alog Derê o, 32
Labbratórto" filoEótlco, Eg
Método clÍDlco, 30
I/ê1, 178
Método dealutlvo, t,9
Lel do lustrumento, 90, 133 Métoalo, aleÍlDl§{p de, 8, I
Lel lóglca, 146 Método dê proYe clentÍÍ|c8, 17
Lels de MoDalel, 64
M6todo êstlloEéúlco, 116
IJlnguBg€m, 180
Método €xperlmental, 16
LlEguagsm ds Íilo8ofta, 176
Método oxp€Ítmetrtal da Ííslce, 76
Ilnguagen dê obieto, 84
M6todo f8romênológtco, 1?2
Llatuatom dtretlYÊ, 181
Método lenomenolóElco Da6 clên'
l,lnguatêm dos ft ló8oÍos origlnalB, clas do hoE6m,61 e 88.
84
Método ÍetroEsnoló8lco, sentldo
Llnguagem expres8lva, 1El
de6crltlvo do, 72
Llngusgem, Íurqõ€8 da, 181
Métoalo lDtrospectlao, 27
Linguagem lnÍormatlvs, 181
MetodologÍÊ, 7
liiteraturÊ, u8o ds, 129 Metodologla, concêlto ale, 8
LlYre assoclaçeo, têclrlce ala, 29
MêtodolóElco, o problema, 7 e Es.,
Lysenko, escola de, 140

Métoalo naturallstB, 28
Método pslcanalltico, 9, 28
M Método DBlcanêlÍtlco, ess6Dclê ilo,
29
Mochina specalatrla, 151 Métoalo reÍlêxoló8lco, I
lvÍanuscrlto, prepêraçao do, 186 e Método teraDêutlco, 28
s. Métodos coEblnaalos, 34
MaDuscrltos técDico§, 189 Métodos da investlgagÉo pslcológl-
Matemátlca: consiatersçõe§ €rítl- ca, 28 € ss.
cas, '63 e BB. Métodos de lnvestlgaçáo, t
Mstemátlca, história dB, 106 Métoalos de prove, 8
Mo,te?naticlgnlo Boclológico, 60 Métoalos dlferenclal6, 32
Matematlzageo, 147, 157 MétodoB experlmeDtals, 83
Maxweu, fluldo de, 154 IIétodos fllológicos, 62, 116
Meiltcina ila alma, 18 Mito semôntico, 170
Medicina DslcosÊomátlca, 77 Motlelo, 160
Mecanismo de detesa, 29 Modelo clbornétlco, 153, 156
206 Apênilice
Modelo, concêlto dê, 160 € Bs. Normaa Dara cltar nomes e sobte-
Modêlo, cotrrtrução ale um, 157 nomêB de autores, 18{
Moalêlo expllcatl'vo, 163 Normaa para. rêfêrêtrcts8 blblio-
Moüêlo ÍÍBlco, 161, 1õ4 tráficas, 183 € s.
ModeloB cleEtÍtlcog, 161 Nota, 166, 1E8
Modelos torEals, 154, 167
Môdelos, expêrlmsatação coE, 166 o
Modelos EêtemátlcoE, lõ4
Modelo8 matsmátlcos, uso na Des- ObJetividade da clêncla, 13-
quls8 dos, 157 Obrettvo da fllosofla, 104
Modôlos râo clêntíflco8, 161 Objêtos ctêntíflco8, 27
ModêloÊ na pê6qulss, u8o dê, 166 Obr€tos DBtcolóatco§, 27
Modolos, teorla8 dos, 64, 146, 160 Obras llterárla§, 129
e 86. Ob scurúirole cor.celtu,al,, gg
ModeloÊ, u8o dos, 183 Obsc&riiLaile ire eüpresoõo, 99
Itoirlr.s touerls, l?9 ObEerYaçã,o, 9, 72, 14, L7, 22, 6C
Monografls, 106, 127, 128, 163 ObservaçEo, a,Bpectoa que compor-
Monogr8fle, concelto dê, 163 ta a, 36
Monogrefla, estrutura da, 127, 165 Observação cl€ntÍflca, 131
e 45. ObserYêçã,o, coEo Êe Draüca e, 16
Monografle, ÍaBes do dssênvolvl- ObserYosão ale camDo, 38
mênto ala, 169 Ob6ervaçáo feDomeaológlca, ?1
MonoBraÍla, lmpressão alê, 186 e s§. ObserYação lDtêrsubjetlYa, 38, 132
MonograÍla, preparac6o de, 161 ê s. Obgervasã,o na soclologla, 36
MotrogratlÊ, neilação da, 1?4 e Bs. Obserud,çilo pertlclpante, 37, 40
Monograflas cl€nuflcag, 163 Obserüaqdo por lntel'nxéirdo d,a üm
Monográflco, tra,balho, 100, 126 inÍorm,ante, gE
Morfologta, 148 Ob8ervação glmultâneo, 132
MoBtraB nã,o DrobabllíBtlce6, 60 ObEerüaçõ,o sistenldtlco lnilíf etd, 38:.

Mostra8 BrobabllíBtlcas, 60 Ob6€rva,çã,o, t€cnlcs8 de, 9, 35, 41


O serYogões etnolótlcss, 3t
N Observações falsas, 16
ObssrYaÍlor completo, 41
Natureza, concelto de, 1?6 Obseryoalor DêrtlclDente, tipos de
Nêologlsmos, 99 'Dapéls do, 40
NÍvel metalóg{co, 139, 149 Obse?var, stgnlflcÊalo dê, 1?
Nívels da entrevlBta, 42 Organlzeção d8 bibltografla, 189
Nív€16 da lnyestlgaçáo Ítlosóflca, Orlglnalldade, 102 e ss.
83
NoçEo btológica de espécle, 120 P
Noção de êncotrtro, yelor ,nstru.
mental ds, 79 e BB. Págltra, proyas de, 191 e s
Noertua, 64 Pslsó8f,Êfos, 86, 115
lÍoes{r. 64 PaliEDsestos, 86
Apênilice 207
Paradoxo, 109 Plaro ale coEeDtôrlo dê uE terto,
Poraatoxo da conccltuageo, 169 110
ParteB de rêforêncla, 183 Plano dlaléflco, lm, l?0
Partlclpante-como-observador, 41 Plaro ÍllosóÍlco, 128
PartlclDantes, 36 Plano, funçã.o do, 107
Pa8sado lEedlato, ?4 Plano Beral, 113
Patología da llaguaaem, 112 Plano metaÍÍBlco, 108
Penlclllna, ale6coberta da, 19 Plauo nocloEal, 109
Perlódlco draEatlzado, 4E Pla,no, o qu€ 6, 63, 106 ê ss.
Pêrlódlco vlvo, 4E Plaao DrotÍoBslTo, 100
Peso do ar, t€orla ilo, 16 PlsnoB, tlDos de, 108 e ss.
Pesqul8a, 10, 172 Platlo, obrss ale, 86
PeÊqulsa blológlca, l8 e ss. Populaçáo, ,19
Pesqulsa alê cempo, 36
Po6slblltdade, nÍvel ile, 3l
Pe8qulsa em D6lcologtê,27 e ss.,36
Po6tulado, l{E
Pesqulsê e seu3 métoalos, 7 e Es.
Preparagão do Eanu8crlto, lS0 6 s.
Pesqulsa exDêrlment3l, 11
Presonto,7{
Pesqulsê farmacológlca, 18
Pré-terte, 133
Pe8qulsa fêttca, 166
PrlncíDlo clênuÍlco, 34
P€Bqul6a macroscóDlca, 66
PrlncÍDlo clêntÍtlco dê rErl/(lcsbl-
Pesqul8a molêcular, 65
lld8de, 136
Pesqul8a na ÍIslca, 14 e ss.
Pesqulsa na E€dlclna, 23 e
PrlncÍDlo gêrÊl ale €6traútlcoçeo,
sB.
63
Pesqulsa na Boclolo8LB, 34 6 ss.
Probablllalsdê, Dlvel de, 31
Pesqulsâ, nas clêntla6 do homem,
PÍoblsma, 9?, 98
27 e ss.
PesqulBs na6 clênclas látlcss, 14 Problêma, apre8êntr,çáo do, 17,1
e Bs. Prouemo m6todoló8Íco, 7 o ss., 63
Pesqul8â,oqueé,ge86. Problêma, v€r o, 9?, 98
Pegqulsa, partea comDonentes de
Problemas especlala, 187 o 8!.
uE trabalho de, 166 Procedlmentos de lnvertlgagâo cl.
PesqulBa, ponto de partlda i[8, 11, 6ntíflcs, 30
72 lProceaso de lireaçdo, A6
Pesqulsa pslcológlca, 101 ê Es. Proooaso lóglco, 26
Pe6qulsê, reallzaçáo de, 131 e ss. Protrêaso, td6la de, 103
Pesquls& sociológlca, técnlca8 ma- ProDostçâo proalltlve, 137
tenátÍcaE na, 57 Proposlçõês coutradltórlag, 1{{
PttstorlBmo, 117 Prop@lções contrÉrlas, 14{
' .Physt8 ', l?6 Proprledade8 etu óOetas, 169 s §.
Placebos, 19 ProDrledadêB etógenw, 7É9 e a.
Placebo6, uBo do8, 133 Prova de "psquê", 191
Plano, 106 e sr. Prova, métodos de, 8
PlaDo, como 8e elabora um, 110 Provas de Dâ8íDs, 101 e 6.
Plano comDÊrÊtlvo, 110 Pslcaná,llse,29
208 ApêorlicG

Prlcfntül!€, m6rlto do crlador ilj, Rêaluftro lonomonolóEÍcr, 6t


82 nat@ trarrccnar,,/úal, 07, 69
PrlcaDêll!ô, Bosâo ds coDtratra!!- AoÍorêlcls, Dertê! ds, lt8
l€r{Dclr als, ?1 BoÍ€rêEctr!, 128
P.lcoilnEa, {? o !. RcÍerôDclr! DlbllolirfÍlc.!, DorB.r
Prlcoloda dê FuDos, ?? Dera, lts o !!.
PllcolotÍr eEDlllca, 60 \egtzr ncgatloú, A6
Pllcoloüi8 sd.tôncLrl, u.o ôr '!o- R.aru ,o.artírar, 06
96,0 ala oDcontro Es, 70 Râlatlvl,ilsdo tDnersllzrila, têorla
Prlcoloala lnt€nclonal, 68 d., 18{ s 8., 1{0
P8lcolotl8, De3qulra oE, 2? o !r., RoLto cllnlco, 10ó
36 Belato dô crso!, lG{
Pslcoloda proÍunals, 29 RsDortóllo! blbUotréflco!, 11g
Pllcolo!ía lrroluüda, técnlcs8 E!a- RoIprúrlo. blDuotrúÍlco3 11106óÍl-
ôaE eE, 80 co6, 08, 0{
Pllcologls soclal, ?? BoDrê!!ão, DscalllEo do, 29
Pslcolotih traneceudental, 69 Reaprtae ?crbata, lrrco[v€nlênt6s
PrlcologÍrEo,0l dú, 11
P.lcolotlsno reudo6o, 60 RoruEo., 128, lzE
P.lconôtlls coEtêElloÍôaeo, técnl- RêüBtas lllosóÍtcrt, 90
cs dr, ?6 Rêvlstrs Íllosóflca!, Dubllcagõô!
PElcGsoctologla méallcs, ?8 edstoDtôr alo, 0l
P.lcotêrsDls alâ lruDor, 77 Rlto!, oltcícl,r doü, 69
Pllcotgrallla, ÍlnslldrBdo dB, 78 Rltos, .lEbollsEo rlol, 59
P.hulatrls êrlrtênclal, 8t
Pslqul.trlc fcroEotolótlca, ?0 s
P8lqulstrla tladlctouel, ?8
8abêr Ílslol6glco, l(X
Q Ssturagâô íortc, U8
§atuÍag[o. lr@a, ll8
QuauÍlcsglo lnt€l€ctual, 99 e 68.
§êLye, tDorla6 ds, 179
Que6tto eDlsteDolótlcs, 101 Scrndntlco rtuetaflslct, l7 I
Qusltlo!árlo, 11 go!!õGs lrrlcoilmmÁücas, 48
Quesüonlrlo, lncoEY€trlontê do, {2 Sorsõe! ' roclodramêtlcss, {8
Quêstloaérlo, r6com6ndagõês Dara glEbollra! uEa táorla, 1{?
a elaboração e uro do, l{ Elmpler, rEoBtra! aleatórlas, õ2
QuostloEórlo, yaDtogen do, 42 §llnslr coavotrcloB&I6 l)ara corro-
Quo8tfts roE0Dtlcâs, 17,1 ê !8.
§áo dê Drovas, 192 e r.
Slnals itefinlitos, 148 e 8.
R
Slnsls, lorEsçâo do8, 140
RacloclEto, uso do, 139 e 86. Blnols pr"lrnlrloor, 148 ê s.
nêalrlrúe OrüOú\ 31 §tatêr€, 109, L2?, 128, 170
Reallrêgão als Dosqulsa, 181 ê 16 SÍDtêse, oroEplo d6, 126
Rêlrüúo eklêtba, 66 e i., 69 gíntese tDalntlvs, 1lõ
Apàdlcc 200

tlltoE .lqstórlo,68 ToEr, @Bl)rcclil6r o, 0t o !s.


SlrtoEs clentÍÍlôo, 180 TeE8, coDDteealto do, 0E
SlrtaEr t órlco, 187 Tsnr dr lDveluinglo, 88
SlstêDa Eórlco, coaalrtêncls do Tema do e.tEüo ÍlloróÍtco, Et
.n, 150 ToEa, 6acolDa do, 100 e a!.
Sht nt' coDstruüYoo, 160 TeEr, r6colh6r o, 100 . !s.
§l!tsD.! loclBls, 60 TeDet da dtr!êstrglo, 102
go@lôt!, tcEa6, 101 Tst!.. Deó.góÉror, 101
SÉlodrr,EL {? c r. TeEtt roclsl!, 101
Soctologls, pêlqul!. Da, 3{ ToDt o có.Etco, 7l
§ocloloiíe, técntc8! d€ D€8qut.a T€EDo, GtaDa! do, 7{
em, 85 Tempo, percepgão correDte do, ?t
goctolotí.Eo, 61 "TôEDo D6!ool", ?3
SocloD€trt., ilellBlgfo do, 46 Têoloaí. d,r àtrt6rle, u{
SocloEotrls, T8lor alrr, {0 Tsoloaí. t)rot€ütslts, reírta de
§olldarledade, ?9 o r. dlc..b so ertudo dr, 02
§rr6sr, t€orla do, N, 22 Tso!.Ei, 10t -
SübDoDuIaçIo, 49 Toorla, 10, 1{e, 162
Surelto lDtêlscturl, 60' lieorle clentlflca, 186, 151
§[&lto Dllcol6tlco, 69 Toorlr clcDtIflcs, coDltnrglo 6+
186, 116 e !8.
T Tsolls corDusc[lar, 168
Teorls da aDoatrls€m, 60
T8utología, 139 Toorlr adoDst&ed8, 148
Tócnlcr corrolaclonrl, 32 T6orll co[lhteÀt , l{9
T6cllcs ala llvÍo arloclagão, 29 Toorla ilê relgtlvl.lsde gêDsrsllrai
Técllcs alBr Ílchas, 120 ê sr, ôe, l8l e 'r., 1{0
T6cDlc8, alôÍlllglo d6, 8, I Toorls do coDcolto, 127
T6cDlcô erDêrlDeutal, 88 TeorL alo De.o alo ar, 16
Técnlc8 oD€rlt6ala, 86 Teorla d6 ,nod€lo!, 5{, 146, 1t6,
Técnlcd il. .oclologl., 86 160 ô .s.
Técnlcs! d€ coDtrols, {9 Tsorte rlo ,trect, ?,0, 22
TécElcer de ,trêdlala, {0 Têolla evoluclonlsta, 10
Téculc.r de obrervaC.lo, 9, 35, {1 Teorla, lorDulaçÂo ds, 1{8
Téoalc.t de Delqulla oE soclolo- Toorla ordulstórls, lt8
gte, 86 Teorh, llEDollrsr u!nr, 1{?
TácDlcss srtatlstlcs!, 18, 66 ê ú. Too!1. slEDlllte, 60
T6cnlc!! exDêrlmâDtsls !a lnysltl- Têorlar ate DrtDclDto!, 147
88c!, loclológlcr, {6 Teoúar rte 8ely6, l?g
T6cttlcrr Ert Eátlclr, 18 Tomo!, IEE
T6cBlcl! Eatsmótlcr! ne pesqulo Torro3 d.ll!lilo., lto
loêlológlcs, 6? Termor lndolltrtdor, 186
T6calcr. Drorsttvô!, {1, 47 TB!c, 100, li0
T6cEloar aocloEétrlcar, 48, 49 Totto, co&Dro€nator o, 12?
2t0 Apârdice
Tertd, oatsbeleclmeBto dsÍlnltlvo YrudBdo únlca, nÍvêl de, 31
dor, Et Valores, 178 o L
Têrtos Íllo6óÍlcos, estâbelsclmen- VarlávolE, 32, 56
to e edlftro rlor, tE e s. VsrlóvEls alelrêDdentes, 38, {6, 6$
TrsbsEo ilo cssuísuc8, 16{ VarlÁvelB ladeDenalertos, 88, {6, 64
Ds.bclho morotrÉflco, 100, f 26 Varlêvelr, u8o nê Dslcologrs das.
Tranrcrlg6.s, 123 83
TranEloru&gÉo, regraa dê, 149 Vêrbaltsmo, 107
TorrlcêUl, exDerlmeBto ale, 16 V€rlÍlcabllldede, prlnclplo clêntÍ-
ÍIco do, 136
V€rlÍlcaçEo ctêBtÍÍlca, 186
U
VerlÍlcsqÉo dBE htpóteôê8, 134 e
BA.
üftloeísltat meqh,rorunl. lL VerlÍtcasáo rloa enunclados, 136
v$loerult8 ccholorlarn, 7l VerlflcaçAo lóglca, 136
Unlvorlo, 60
Verlflcsçõo, Droceaso llnal de, 13;
Uso dos modelos, 133
verlllcação técnlcs, 136
Vlvêncla lntonclora,l, 64
v Vlvênct88, 176
Vocabulérlo, 1{9
Vallôeale ôar hlDótesos, 136.e s. Vocabulórlo ÍllosóÍtco, 1?9
lNDtcE oNoM^srrco

A BINSWANOER, Lualwls, 81, 99


BtrRÂN, Mslle de, 80
ADAüS, JÊlDe Tru8low, 26, 9? BIrlCK, líar, 164
AIGRAIN, R., 12O BIIII(8, WtlUBm, 120, 167
ALMAqK, J. C., 9E BI,EUT,ER, 81
AI.QUIÚ. O8 BIJONPDIJ, CharlêB, 70
Àt[rEL, 129 BC'IIR, 118, I6t
ANNOIIII,H, 129 BOILEIAU, II7
ÂQITINO, SsBto Tomá6 ale, 11 BORGES, J. L., 111, r20
Â.BIsTóTANE S, 1I? ;otffit-0t+*r
ARISTóTELE§, TO, 64, 86, 102, BOI,RGTDT, P., 102
ro's, l1?, 12e, 1{0, l?6 BRAI)IJEY, 177 e B.
ARLT, Rob€rto, 129 BBAITITWAITE, 130, 167
ASIIBY, RoEs, 164 BRIE. P. G. A, de, 120
ATKIN§ON, R. C., 160 BRI,IJJANT, ü., 120,
-{YMAR, P. V. S., 139 BROS§, I. D. J., 6O 51; 160
BROWN, J. 8De8, 39
B BI',B&R, 49, 8I, 82
BUYTENDUK, 49, 82
BIIAIryOIR, Slmone de, 129
B'E,IJL, E. T,, 56 c
BENOIT, IO{
BERG, Van der, 78 CAJAIâ 9
BtRri§oN, 102, 117 CAMUS, 129
BEn,NANOS, 129 CÀNTOR, 1?0
BERNARD, Clsude, 17, lB5 CÀRI,YLE, 18?
BEY,ERI.DGE, W. I. 8., 17, 1O canNÁP, 158, 168
BIDEZ, J., 128 CA§ARE§, Bloy, 111, 129
2r2 Apêniücc
CABÁs, Crlrtóbal ile las, 181 F
CEBYANTES, 129 ê B.
CIIáGÂIJL, ?{ rÀUIJ$IER, 129
CHARCOT, 28 trERNÁNDEZ, Macedonlo. 126
CHÂATBES, Bortraralo, 11 rDAREYBA, C. Vez, 129
ooccroLr, c., r29 tr.RÀNK, Waldo, 184
COOTEAU, J., 167 TESTINGER, {1
COHEN, Morrls, 31 r.ICHTE, 177 e s.
cor.I.INr Remy, 10{ FIECK, Hlldegard, 86
co![TE, 6{ FLAI'BERT, 129
CONANT, J. 8., 14 FLEMING, T9
coNrúclo, 176 FOUBNIER, Àlaln, 107
coor{, 30 FREI,D,28,29, tl, lO8, 177, lEl
COOMâI,A§WÁMY, Anênd8, 89 FROMM, Erlcà, 78
coPr, 10
COU FIGINAL, L., 106 G
CWILI,ER, 179
GAI.,II,EU, 14
GAI,LE, 17
D
GALOIS, EYarlsto, 106
GEBSATTEL, 72
DAGOGNET, F.., A}
GENE|'T, 129
DANTE, 120
GIOBERTI, 177
DARWIN, 97, 162
GLOCKNIIR, H., 8{
DEÁN, 10
GOBLOT, 179
DE ANGEIJIS, PàdTo, 186
GôDEIJ, K., 162
DD§CÁATES, René, 80, 98, 102,
GOETHE, 17
tzs, L77' (rcLD, nâyEond L., 40
DESTOUGIIES, Jeen L., 135
GONSETII, F., 28, 180
Df,IUT§CII, 8O
GOI,IIIER, Honrl, 86
DIPAUIJA, T., 124
GRANÂI, Georgee, 34
DOSTOIEWSKT, 129
GREEP, D€, 73
DRÂCHtrIANN, A. 8., 126
GRDEN, JullsE, 129
DUIfÚRY, 69
GREEND, GrBhaE, 129
SRIAULEI, Mercsl, 89 o 6
E GROSSLEY, {1
GURYITCII, Georges, 34
EDDINOTON, lOE, 13{
EIN§TEIN, 0, 108, 134, l{7, 166 H
DI,ITDE, M., 8t, 120
ELIJTNBERSSR, 74 HADm, Plêlre-HsDrl, 124
DUP:ÉDOCLES, 81 HAGEN, Tbooalor Yon, 185
E§CÀRDó, Flor€nclo, 12{ HôI,DTru..IN, 130
EUOLIDES, 1{7, 160, 160 HAR,DY, O. H., 189
Ap€arfice 213

HARI.T|M, 19 KIRKDOAARD, 1IO, 120


HÁTÁI(AWA, S., 176 KOCH, 19
ITEI.DXIGGDR, M., {9, 81, 86, E8, KOREN, Hsnry J., E6, 91, 98 o ..
99. 108, 116, 16?, 1?6, 180 KUBIE, 29
HEIN.DEr,, W. 4., 1o{t
H,El@rÍÍ., Csrl c.., 28, 26 L
EDNÀIITTE, I?O
HERÓDoTO, 16 LAGACIII}, D., 160
rrEssE, H., 129 LÀGTBI§'IIST, P., 18S
HIIJBERT, 162 LÀcro§, N., 12{
HOIJ!\NDER, ?8 LAI,ANDE, 1?9
HULAUÂN, Denls, 10O, 109 LAUARTIN.E, 102
HIT!i|:XER JohD, 19 IJAUIEIANN, 178
IIUSSDRI,, I2O LE BOURCEOIS, Jacquê6, 1t6
HUX[,EY, Âldous, 104, 129 LEEUW, Yan der, 09
HUYSIIAN8, 129 LEIBNIZ, 17?
HYMAN, Rry, 27,28, 31, 60 LENZEN, 170
LEWIN, Kurt, 66
LINDGR,EN, E. J., 87
LOCKE, 17?
roNEsco, 129 LõWJT, 68 e s.
LUKA§I E,WICZ, 176
J LYOTÂXD, JcBr F., ?0
LYSENKO, r{O
JÀEGER, W,, 79
JAHODA, S6 M
JÀrdts, H., 129
JA§PtRg, Xarl, 70 UâNNIIEI.Iú, 65
JOUMIT, 179 UA,BOEú, GsbrtêI, 108, 12$
JUNGI, 9 MARROI', 12{
JUNI(ER, Butoral, {0 IIA.RX, 66
Uâ.X,WELI-,, Clerk, 16{, 159, 160
K MÂY, noUo, 126
MC CAÍ.L, W. .A., 98
KArI(Â, 126, 130 MEN'DEI,, 1{O
,I{ANT, 88, 99, 107, 1?6, 17? MÉTRAIIX, AlÍred, 40
KâPLAN, AbÍsham, 133, 160, 168 MIt L, John Stuart, 184
e ss., 168, 1?0 MIIJXÍR" 129
KáPLAN, BoÍt, 72 MU,I§, Wrltht, 55
KATZ, Davld, 70 MILOSZ, 129
KELKEL,T 08 c s. MINKOW$<I. ?2, ?{, 81, 106
KELVIN, ü.,ord, 159 e B. MITCHEI,I,, W. C., 97
KING, TBo-Te-, &4 MOLrüRD, 102, tzr, 129
KIRK, 118 MOIíBRUN, À ile la Valette, 80
2L4 Apêniücc
MONDOITTO, R., 10, 103, 116, 120, R
178
MORA, trêrrator, 179 IIÂDIN, Peul, 39 o s,
MORENO, le I r., ?9 RAMANUYAN, 139
I{,ORNET, Dsntel, U6, 121 RÀUóN, O
MU§OZ, Vlc6ntc, 12z RÂPOPORT, 10
MUS§ET, Allrêal de, 185 RASCOYSKY, 4., 18{
RAVEN, l1t
BE ICIIENBACH, 168
N
RTID, 1?7

NAGEIJ, Ernest, 162, 1E3 RICOEUR, 69


NIETZ§ICHE, 86, 116 R,IECKEN,41
NEWIiIÃN, Jemss R., 1Ea RIEMANN, 1õ1, 166
a.ILN, 100, 180
RORSCHACH,76
o ROSIIINI, 1?7
ROSS, D., 118, 126
OGBURN, W. C., 9?
ROSTAND, Jeen, 11
ONTEGÀ Y GÂSsET, 184
RUSSELL, 8E, 153
OSTROV, Léon, 181

s
P
SÁBá,TO, D., 100, 124
PARMÍNIDES, 110, 111, 123, 130 ,SACKSTNDER, W., T60
PâRRY, 41 SÀNTAYANA, Jorgê, 71
PÂSCÂL, 16 SÂRTON, Goorye, 182
PEANO, 148 ,SA.R,TRE, 70, ttz, 129
PEN.E,IJMÂN, 107 scHrlr.Í.rNc, 177
PERIER, 16 SCHII/PP, P. 4., r53
FESSOA, Forna,ndo, 129 §CHOPTNHAT'ER, 1?7
PHILIPPE, Charles L,ouls. 16? §oIII,HL, P. M., 86, 9r
PIAGET,28 SCIÍWÂRTZ.SCHWARTZ, 40
PITÁGOBA§, 84, 117 SEGHEIIÂYE, Msrgrrlts, ?2
PrzztNt, T, 126 SDLl"fiZ, 36, {1 e g.
PIJATÃO, tt, 79, 85, 86, 88, 108, SELYE, Hans, 20 e ss., 112
ttt, tt6, 112, 776 SEMMEITVTEIS, 23 e Bs., 138
POINCA.RÉ, 176 SIIACIITER, 41
PONTY, IÚorloau, 70, 80 SHAI<E§PEá,RE, I3()
POPPER, 138 SIMIIIEIJ, 55
PRIE§TIJUY, 129 SIMON, Hêrbert À, 156
SINNOTT, Edmund W., 188
Q §J,OTI(IN, {O
SóCBATES, tl, 717, 142
QUINE, 170 SOITANEI§, J@ê, 71
Apêndlce 215

§TEENBERGHEN, tr'ernaEü Yan. w


116, lt$
STEFANINI, 116 'WAHL, Jesn, 66
STRAUSS, ?2 wÂTsoN, 27, 70
STOUT'FEB,, õ7 WEBER, 66
SUPPES, 8., I5O WEIN§IIOCK, S, A., 150
auzuKl, 104 WHITEIIEAD, 6?, 99, 10?, 163
õz[gz, 7E WHITNEY, F. IJ., 9?
wr{oRr., B. L., 168
T ItrILEY, John, 166
WILSON, B. M., 139
I'ANNERY, 86 wrsDQ[, J., 99
TRAI<L, 130, 167 WITT{IEN§TIIIN, 153
TORRICTI,LI, 1õ WIIELKNER, Bernsral, 84
TOYNBnn, 124 WUNDT, 2?
TSú, LÂO, 175 WYTE, 4I

v
VÀLÉRY, Paul, 129
x
VARET, G., 120
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