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Riscos inerentes à falta de inspeção e manutenção em OAEs: Inspeção

da 2ª Ponte de Vitória-ES
Inherent risks to the lack of inspetion and maintenance at OAEs: Inspection at the 2nd
Vitória-ES bridge
Fontana, Litza T. (1); Lavrador, Djanira M. F. (2); Brandão, Higor M. (3); Ceotto_Sobrinho, Bruno (4)
(1) Estudante de Engenharia Civil, Universidade Vila Velha
(2) Estudante de Engenharia Civil, Universidade Vila Velha
(3) Estudante de Engenharia Civil, Universidade Vila Velha
(4) Professor Mestre, Curso de Engenharia Civil - Universidade Vila Velha
Av. Comissário José Dantas Melo, 21 - Boa Vista - Vila Velha/ES - CEP 29100-040 - Curso de Engenharia Civil

Resumo
Nos últimos anos, o aumento no número de acidentes envolvendo a queda de pontes e viadutos no Brasil tem
despertado a atenção da mídia e da sociedade para o descaso com que os órgãos públicos responsáveis
pelos serviços de inspeção e manutenção insistem em tratar esta questão. O problema é grave, e se avoluma
à medida que as obras de infraestrutura rodoviária envelhecem, e desenvolvem processos de deterioração
estrutural, cuja evolução pode provocar a ruína ou até mesmo o desabamento de parte dessas obras, a
exemplo do que aconteceu no último dia 06/02/2018, com parte do viaduto da pista do Eixão, na região central
de Brasília. Atualmente, muitas destas estruturas viárias encontram-se operando completamente fora dos
limites de estabilidade e segurança requeridos pelas normas técnicas. Inúmeras pesquisas e reportagens
abordando o tema, têm revelado a precariedade do estado de conservação em que se encontram estas
estruturas na grande maioria das cidades brasileiras. Esta situação, potencialmente crítica, e cujo cenário
aponta para ocorrência de acidentes anunciados, clama por uma solução, pois muitas dessas estruturas,
fundamentais para o fluxo do transporte rodoviário e setores produtivos, apresentam sério risco de acidentes
para os usuários que, no seu dia a dia, não fazem ideia do perigo que os espreita. O presente artigo tem por
objetivo a apresentação de um laudo de Inspeção da 2ª Ponte de Vitória, de acordo com as recomendações
da ABNT NBR 9452:2016, retratando o atual estado de conservação desta ponte, a fim de que os dados
apresentados neste laudo sirvam de instrumento para auxiliar a ordenação de prioridades relativas aos
serviços de manutenção a serem realizados, visando a garantia das condições de integridade estrutural,
funcional e de durabilidade desta ponte.
Palavra-Chave: Pontes rodoviárias, Obras de arte especiais, Inspeção de Estruturas, Manutenção.

Abstract
In recent years, the increase in number of accidents involving the collapse of bridges and viaducts in Brazil
has attracted the attention of the media and society to the neglect with which the public agencies responsible
for inspection and maintenance insist on addressing this issue. The problem is serious and increases as the
road works age and develop processes of structural deterioration, which could evolve into ruin and even the
collapse of some of these works, like that which happened on 06/02/2018, with part of the viaduct of the Eixão
track, in the central region of Brasilia. Currently, many of these road structures are operating completely outside
the limits of stability and safety required by technical standards. Numerous researches and reports on the
subject have revealed the precarious state of conservation in which these structures are found in the vast
majority of Brazilian cities. This situation which is potentially critical and whose scenario indicates the
occurrence of announced accidents, calls for a solution, since many of these structures, fundamental to the
flow of road transportation and productive sectors, present a serious risk of accidents for users who, in their
day to day, have no idea of the danger that lurks around. The purpose of this article is to present an inspection
report of the 2nd Vitória Bridge, in accordance with the recommendations of ABNT NBR 9452: 2016, describing
the current state of conservation of this bridge, in order that the data presented in this report serves as
instrument to assist in the ordering of priorities regarding to be performed maintenance services, aiming at
guaranteeing durability alongside structural and functional intregrity of this bridge.
Keywords: Road bridges, Special works of art, Structural Inspection, Maintenance.
1
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018
1 Introdução
1.1 Envelhecimento e Deterioração das Estruturas de Concreto
Desde 2003, no capítulo em que trata das diretrizes para durabilidade das estruturas de
concreto, a ABNT NBR 6118 passou a considerar a existência de quatro classes de
agressividade ambiental (CAA) nas quais as estruturas de concreto encontram-se inseridas,
e que, para tais condições ambientais, as estruturas devem ser projetadas e construídas
de modo a preservar a segurança, estabilidade e a atender aos requisitos de desempenho
em serviço ao longo de suas vidas úteis.
Conforme a NBR 6118 - item 6.2.1, a vida útil de projeto corresponde ao período de tempo
em que as características das estruturas são mantidas, desde que sejam atendidos os
requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como
sejam executados os reparos necessários decorrentes de possíveis danos acidentais que,
neste período, venham acometer a estrutura.
A partir destes critérios, ao contrário do entendimento popular que considera o concreto
quase eterno, a NBR 6118 estabeleceu uma mudança cultural em relação aos paradigmas
de uso e durabilidade das estruturas. Verifica-se que, para o atendimento à vida útil, além
dos requisitos técnicos e funcionais de projeto, os serviços de manutenção passam a ser
obrigatórios, assim como a execução dos serviços de reparo relativos a danos que possam
atingir a estrutura ao longo do tempo.
Neste contexto, a agressividade ambiental (Tabela 1) representa um dos principais fatores
responsáveis pela velocidade e pela intensidade com que as manifestações patológicas
surgem nas estruturas de concreto, e que tendem a se agravar quando não sanadas de
imediato, aumentando sensivelmente os gastos com manutenções e reparos futuros.
Com base nessa agressividade é que são estabelecidas as exigências normativas relativas
a alguns parâmetros de projeto que são impostos às estruturas de concreto tais como: fck,
fator a/c, cobrimento, limites de abertura de fissuras e grau de protensão.
Tabela 1 – Classes de agressividade ambiental (CAA) (Tabela 6.1 - NBR 6118 (2003 e 2014))
Classe de agressividade Agressividade Classificação do ambiente Risco de deterioração
I Fraca Rural / Submersa Insignificante
II Moderada Urbana1,2 Pequeno
III Forte Marinha1 / Industrial1,2 Grande
Industrial1,3 /
IV Muito Forte Elevado
Respingo de Maré
1
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para ambientes internos
secos ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura.
2
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em obras em regiões de clima seco, com
umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente
secos, ou regiões onde chove raramente.
3
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e
papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Dessa forma, assim como ocorre com automóveis, as estruturas de concreto, por estarem
sujeitas aos desgastes decorrentes do uso e do tempo, também necessitam de reparos e
manutenções periódicas, para a garantia do seu desempenho ao longo de suas vidas úteis.
2
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1.2 Importância das Atividades de Manutenção nas OAEs

Toda obra de arte especial (OAE) está sujeita a um desgaste natural, decorrente das suas
condições de uso, das diversas condições ambientais na qual se encontra, assim como de
inúmeras combinações de carregamento, ao longo de sua vida útil. Devido a isso, a gestão
das atividades de inspeção e manutenção nessas estruturas torna-se um importante
instrumento para promover a sua adequada conservação e durabilidade.

A inspeção de obras de arte especiais (OAEs) constitui-se, num conjunto de atividades


destinado à coleta de dados sobre o real estado de conservação da estrutura investigada,
na data de sua realização, visando fornecer informações para a elaboração de um sistema
de gestão e manutenção dessa obra.

No Brasil, inúmeras pesquisas, assim como a própria mídia, têm evidenciado, de forma
recorrente, a insuficiência de investimentos públicos neste setor, agravada pelo descaso
com que os serviços de inspeção e manutenção dessas obras têm sido tratados. Tais fatos
têm acentuado o já precário estado de conservação, além de contribuir para a diminuição
da vida útil destas obras e provocar o aumento progressivo nos custos de recuperação.
Além disso, a ausência de informações sobre o estado de conservação dessas estruturas
torna impossível a realização de um planejamento e a destinação adequada de recursos
para os serviços de manutenção e reparo dessas obras.

Em relatório feito em 2009 e 2011 pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco),


algumas obras foram analisadas e chamava a atenção que nove de onze viadutos e pontes
do DF necessitavam de reparos e obras de manutenção com urgência (Jornal Globo, 2011).

Dessa forma, para que uma OAE tenha o seu estado de conservação preservado e
apresente um desempenho estrutural em nível adequado, com conforto e segurança aos
seus usuários, é indispensável a realização de inspeções e manutenções periódicas, para
que os problemas existentes sejam adequadamente diagnosticados e sanados.

3
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2 Referencial Teórico
2.1 Tipos de Inspeção em OAEs
No Brasil, as atividades de inspeção em OAEs têm como ponto de partida a metodologia
visual regulamentada pela norma NBR 9452:2016 e pela regulamentação do Departamento
Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT), conhecida como DNIT 010:2004 – PRO.
De acordo com a NBR 9452:2016, as inspeções constituem-se nas atividades que
envolvem a coleta de dados que irão permitir a elaboração de um diagnóstico e prognóstico
da obra vistoriada.
Para a realização dos serviços de inspeção, a NBR 9452:2016, classifica os elementos que
compõem a estrutura da OAE de acordo com os três grupos característicos:

● Elemento principal: cujo dano pode resultar no colapso parcial ou total da obra;
● Elemento secundário: cujo dano pode causar ruptura localizada em apenas uma
parte de um vão;

● Elemento complementar: cujo dano não ocasiona comprometimento estrutural,


apenas funcional e de durabilidade.
A partir dos dados coletados nas inspeções realizadas, as OAEs recebem uma avaliação,
que pode ser realizada para cada elemento ou para a estrutura como um todo, de acordo
com parâmetros estabelecidos pela norma.
A NBR 9452:2016 define quatro categorias de inspeção para OAEs: a cadastral, a rotineira,
a especial e a extraordinária.

2.1.1 Inspeção Cadastral

Trata-se da primeira inspeção a ser realizada e cujo objetivo é registrar as informações


construtivas da obra, assim como possíveis anomalias, e deve ser executada
imediatamente após a conclusão da obra ou quando ocorrer uma alteração na configuração
da mesma, como reforço estrutural, alargamento e acréscimo da estrutura e mudanças no
sistema estrutural. Por fim, essa inspeção, assim como as demais, deve permanecer
registrada junto com uma Ficha de Inspeção e o respectivo Relatório Fotográfico.

2.1.2 Inspeção Rotineira

Trata-se de uma inspeção periódica de acompanhamento da OAE, com prazo de realização


não superior a um ano. Baseia-se em informações visuais, obtidas à distância, a partir do
tabuleiro, terreno, ou nível d`água, podendo utilizar equipamentos auxiliares para
visualização ou acesso, tais como binóculos ou embarcações. Visa acompanhar a evolução
das anomalias constatadas em inspeções anteriores, identificar o surgimento de novas
ocorrências, e verificar a condição dos reparos já efetuados.
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Conforme Ferreira (2016), a NBR 9452:2016 estabelece que a inspeção rotineira deve
conter os seguintes itens:

a) Introdução contendo informações básicas;


b) A classificação da OAE, conforme as tabelas da NBR 9452:2016 correspondentes aos
critérios de classificação das OAEs;
c) Informações quanto a possíveis alterações no estado geral da OAE em relação à
inspeção anterior;
d) Ficha de inspeção rotineira, conforme modelo de norma;
e) Registro fotográfico;
f) Demais informações relevantes à inspeção.

2.1.3 Inspeção Especial

As inspeções especiais podem necessitar de meios e equipamentos especiais para a


aproximação dos locais e elementos inspecionados da estrutura. Também abrange as
investigações subaquáticas. É realizada com base em inspeções rotineiras que identifiquem
condições críticas ou ruins associadas aos parâmetros estrutural, funcional e de
durabilidade da obra. Deve ter uma periodicidade de cinco anos, mas pode ser postergada
para até oito anos, nos casos de obras classificadas para sofrerem intervenções de longo
prazo, e em obras que, durante inspeções rotineiras, apresentem total acesso a seus
elementos constituintes. Por outro lado, as inspeções especiais devem ser feitas de
imediato quando a inspeção anterior apresente uma classificação de intervenção de curto
prazo em relação ao desempenho estrutural e durabilidade, ou ainda quando forem
previstas alterações de grande porte, como alargamentos, prolongamentos, reforços e
elevação de classe portante, as inspeções especiais devem ser antecipadas. Durante a
realização das inspeções especiais normalmente são realizados ensaios complementares
ou serviços de monitoramento.

2.1.4 Inspeção Extraordinária

Origina-se por demandas não programadas, devido a ocorrência de impacto de veículo,


trem ou embarcação na obra; ocorrência de eventos da natureza, tais como inundações,
vendaval, sismos e outros, ou quando é necessário avaliar com mais critério um
elemento ou parte da obra de arte especial. Deve ser apresentada em relatório específico,
com identificação da manifestação patológica, incluindo mapeamento, registro fotográfico e
tratamento especificado.

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2.2 Parâmetros de Avaliação e Classificação das OAEs
Tanto a norma DNIT 010:2004-PRO assim como a NBR 9452:2016 estabelecem critérios
para a classificação das OAEs, a partir da análise visual das anomalias identificadas, de
acordo com o risco que cada uma pode apresentar à estabilidade estrutural e
funcionalidade da obra, assim como a dimensão e tipo de elemento afetado.
A NBR 9452:2016 estabelece que as OAEs sejam classificadas de acordo com a
gravidade das anomalias detectadas pelas inspeções realizadas. A classificação adotada
utiliza três tipos de parâmetros de avaliação: o de segurança estrutural, de funcionalidade
e de durabilidade (Tabela 2); todos devendo atender às demais normas da ABNT.
Após ser inspecionada, a OAE é classificada de acordo com uma escala que varia de 1 a
5 em relação aos parâmetros de durabilidade, funcionalidade e desempenho estrutural. A
nota 1 refere-se à condição crítica, e a nota 5 à excelente (Tabela 3). A nota final é a menor
nota atribuída ao componente estrutural analisado. Durante a inspeção são avaliados os
elementos da superestrutura, mesoestrutura e infraestrutura, assim como elementos
complementares e a própria pista de rolamento.

2.2.1 Parâmetros estruturais


Estes parâmetros estão relacionados à estabilidade e capacidade portante da estrutura em
relação aos seus estados limite último e de utilização, estabelecidos na NBR 6118:2014.

2.2.2 Parâmetros funcionais


Estes parâmetros consideram os aspectos funcionais relativos ao atendimento das
finalidades a que se destina a OAE, levando em consideração características geométricas,
conforto e segurança do usuário.

2.2.3 Parâmetros de durabilidade


Estes parâmetros se referem a aspectos associados à vida útil da estrutura, relacionando-
se à capacidade da estrutura em resistir à agressividade ambiental, tais como: espessura
de cobrimento, ocorrência de corrosão e infiltrações, que tendem a reduzir a vida útil de
projeto (ESTEVES, 2016).
Tabela 2 - Modelo de ficha de classificação da OAE
Elemento
Elementos
Parâmetro Super Meso Infra Nota
complementares Pista
estrutura estrutura estrutura final
Estrutura Encontro
Estrutural
Funcional NA NA
Durabilidade
Fonte: (NBR 9452/2016)

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Tabela 3 - Notas classificação da OAE segundo parâmetros analisados
Nota de
Condi- Caracterização de
classifi- Caracterização estrutural Caracterização funcional
ção durabilidade
cação
A estrutura apresenta-se em condições A OAE apresenta-se em perfeitas
Exce- A OAE apresenta segurança e
5 satisfatórias, apresentando defeitos condições, devendo ser prevista
lente conforto aos usuários.
irrelevantes e isolados. manutenção de rotina.
A OAE apresenta pequenas e
A OAE apresenta
A estrutura apresenta danos pequenos e poucas anomalias, que
pequenos danos que não
4 Boa em áreas, sem comprometer a segurança comprometem sua vida útil, em
chegam a causar desconforto
estrutural. região de baixa agressividade
ou insegurança ao usuário.
ambiental.
A OAE apresenta pequenas e
Há danos que podem vir a gerar alguma
poucas anomalias, que
deficiência estrutural, mas não há sinais
comprometem sua vida útil, em
de comprometimento da estabilidade da OAE apresenta desconforto
região de moderada a alta
obra. ao usuário, com defeitos que
3 Regular agressividade ambiental ou a OAE
Recomenda-se acompanhamento dos requerem ações de médio
apresenta moderadas a muitas
problemas. Intervenções podem ser prazo.
anomalias, que comprometem sua
necessárias a médio prazo.
vida útil, em região de baixa
agressividade ambiental.
Há danos que comprometem a segurança OAE com funcionalidade A OAE apresenta anomalias
estrutural da OAE, sem risco iminente. visivelmente comprometida, moderadas a abundantes, que
2 Ruim Sua evolução pode levar ao colapso com riscos de segurança ao comprometam sua vida útil, em
estrutural. A OAE necessita de usuário, requerendo região de alta agressividade
intervenções significativas a curto prazo. intervenções de curto prazo. ambiental.
Há danos que geram grave insuficiência
estrutural na OAE. Há elementos
estruturais em estado crítico, com risco
A OAE encontra-se em elevado
tangível de colapso estrutural. A OAE A OAE não apresenta
estado grau de deterioração,
1 Crítica necessita de intervenção imediata, condições funcionais de
apontando problema já de risco
podendo ser necessária, restrição de utilização.
estrutural e/ou funcional.
carga, interdição total ou parcial ao
tráfego, escoramento provisório e
associada instrumentação, ou não.
Fonte: (NBR 9452/2016)

2.3 Procedimentos de Inspeção


GIOVANNETTI (2014) comenta que o êxito de uma inspeção está fortemente ligado ao seu
planejamento, e destaca as atividades básicas recomendadas pelo manual de treinamento
de inspetores de pontes do FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION (FHA - BRIM, 2012),
para o planejamento das atividades de inspeção:
● Determinação do tipo de inspeção;
● Seleção da equipe de inspeção;
● Avaliação das atividades necessárias tais como: ensaios não destrutivos, controle
de tráfego, licenças, etc.;
● Estabelecimento de uma programação que inclua a duração de inspeção;
● Revisão dos projetos da ponte;
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● Identificar os componentes e elementos;
● Desenvolver uma sequência de inspeção;
● Preparar e organizar as notas, formulários e esboços;
● Organizar o controle de tráfego temporário;
● Rever as precauções de segurança;
● Organizar as ferramentas e equipamentos;
● Organizar as atividades especiais de subcontratação.

De maneira semelhante, a norma DNIT 010:2004-PRO, também propõe uma lista de


requisitos mínimos para a realização de uma inspeção com base em um planejamento
adequado, a qual deve contemplar os seguintes aspectos:

● O motivo da inspeção;
● O tipo da inspeção;
● O dimensionamento da equipe;
● Os equipamentos e as ferramentas;
● A existência de projetos e de relatórios de inspeções anteriores;
● O período do ano mais favorável à inspeção.

2.3.1 Procedimentos recomendados pelo Manual IPR – 709 do DNIT


Segundo a publicação IPR – 709 - Manual de inspeção de pontes rodoviárias (DNIT, 2004),
em seu item 6.4.2, os serviços de inspeção devem incluir, mas não necessariamente se
limitarem às observações relacionadas a seguir:

● Geometria e Condições viárias;


● Acessos;
● Cursos d’água;
● Encontros e fundações;
● Apoios Intermediários;
● Aparelhos de Apoio;
● Superestrutura;
● Pista de Rolamento;
● Juntas de Dilatação;
● Barreiras Guarda-Corpos;
● Sinalização;
● Instalações e Utilidades públicas.
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3 Estudo de caso

3.1 Base de dados

Segundo a Base de dados do Sistema de Gerenciamento de Obras de Arte Especiais


(SGO/2018) do DNIT, existem no Brasil 8336 Obras de Arte Especiais catalogadas. Dentre
essas, 195 receberam nota 2 e 1802 receberam nota 3 pelo critério de avaliação da NBR
9452/2016 e DNIT 010-PRO.

A classificação por notas das OAEs do Espírito Santo, que totalizam 139 obras catalogadas,
conforme apresentado graficamente na figura 1, mostra que 34% das OAEs receberam
classificação 3, o que denota condição Regular de conservação, ocasionando danos que
podem vir a gerar alguma deficiência estrutural, desconforto ao usuário e algumas
anomalias que comprometem sua vida útil, em região de alta agressividade ambiental.

Figura 1: Classificação por notas de OAEs do Espírito Santo (Base de Dados SGO 2018)

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3.2 Metodologia
O presente estudo de caso teve por objetivo realizar a vistoria rotineira da Ponte do Príncipe
(Segunda Ponte) que liga Vitória à Vila Velha e à Cariacica. Esta ponte foi aberta ao tráfego
em 1980, tendo aproximadamente 38 anos de uso, e encontra-se localizada na BR-262/ES,
do km 0,0 ao km 1,3, conforme informações obtidas do banco de dados do Sistema de
Gerenciamento de Obras de Arte Especiais (SGO/2018) do DNIT.
A pesquisa consistiu-se de uma inspeção preliminar, realizada a partir de visitas in loco,
baseada em exame a olho nu das partes superior e inferior da estrutura da ponte.
Neste estudo foram utilizadas como base a NBR 9452/2016 e a Norma DNIT 010/2004 –
PRO, a qual conceituam as condições de estabilidade, através da atribuição de uma nota
que pode variar de 1 (obra crítica) a 5 (obra sem problemas), e. Dessa forma, foi possível
identificar e diagnosticar os problemas patológicos e os danos estruturais de maior
incidência na ponte estudada.
3.3 Descrição da estrutura analisada
Trata-se de uma obra de arte especial com superestrutura em concreto protendido tipo
caixão, contendo articulações Gerber e projetada para trem-tipo TT36. O tabuleiro possui
910,0m de extensão, tendo 16,0m de largura entre barreiras tipo New Jersey pré-moldadas
à meia altura, e acomoda 4 faixas de rolamento (Figuras 2 e 3). Com trecho elevado
recebendo acessos intermediários pelos ramos 300 e 200 (Figura 4).

Figura 2: Vista Longitudinal (Fonte: Crea-ES) Figura 3: Vista Lateral (Fonte: autor)

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Figura 4: Vista superior (Fonte: Google Earth, acesso em maio, 2018) e Esquema dos viadutos de acesso
(Projeto CONSEPRO)

3.3 Mapa de Localização


A Figura 5 apresenta a localização da ponte. A obra em estudo cruza o Rio Santa Maria
que desagua na Baía de Vitória. Por abrigar um complexo portuário de grande porte, a Baía
de Vitória apresenta uma malha urbana densa, estando esta sujeita aos impactos diretos
destas atividades, além do despejo de esgoto e de resíduos, dragagens e aterros
(VERONEZ, 2009b). Embora a estrutura em estudo não sofra a ação direta do mar, pode-
se classificar o ambiente ao qual a estrutura se encontra como uma zona altamente
agressiva, uma vez que as estruturas estão sujeitas a respingos de maré e risco de
deterioração elevado.

Figura 5: Localização da Ponte sobre o Rio Santa Maria (Fonte: Google Maps, Acesso em Março, 2018)

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3.3 Manifestações patológicas e danos estruturais identificados

Os principais danos estruturais e manifestações patológicas identificadas na ponte


estudada estão apontados nas tabelas 4 e 5 e ilustrados nas Figuras 6 a 13.

Tabela 4 - Ficha de classificação da OAE


Elemento
Elementos
Parâmetro Super Meso Infra Nota
complementares Pista
estrutura estrutura estrutura final
Estrutura Encontro
Estrutural 4 3 3 3 4 4 3
Funcional 3 NA NA 3 3 3 3
Durabilidade 3 3 3 3 3 3 3
Fonte: (NBR 9452/2016)

Tabela 5 - Ficha de inspeção rotineira


Inspeção rotineira (ano): 2018 OAE Código: 170041 (SGO)
Jurisdição (Órgão, concessão ou outros): Estudantes da Universidade Vila Velha/ES Data da inspeção: 24/03/2018
PARTE I - Informações gerais
A - Identificação e localização
Via ou município: BR 262/ES Sentido: Vila Velha / Vitória
Obra: Segunda Ponte de Vitória/ES Localização (km ou endereço): km 0 ao Km 13
B - Histórico das inspeções
Inicial: Não realizado Última rotineira: Não realizado
Especial: Não realizado
C - Descrição das intervenções executadas ou em andamento
Reparos: Juntas de dilatação preenchidas vedantes elásticos (tipo JEENE)
Alargamentos: Não realizado
Reforços: Não realizado
PARTE II - Registro de manifestações patológicas
A - Elementos estruturais:
Superestrutura: Lajes tipo caixão com desplacamento de concreto e armaduras expostas e desgaste devido a choque
de veículos; vigas de contraventamento com desplacamento de concreto e armadura exposta;
Mesoestrutura: Pilares com desplacamento de concreto no topo e base, armadura exposta e com leve diminuição de
seção;
Infraestrutura: Blocos de estacas com desplacamento de concreto na base, armadura exposta com diminuição de seção
e rompimento de armadura transversal.
Aparelhos de apoio: Aparelhos de apoio tipo Neoprene comprometidos (desgastados e/ou enrijecidos), em alguns
casos substituídos por material rígido.
Juntas de dilatação: Junta tipo “JEENE” inexistente, incompletas e/ou sem vedação, com acúmulo de detritos;
vegetação nas juntas de dilatação;
Encontros: Não avaliado
Outros elementos: Não avaliado
B - Elementos da pista ou funcionais
Pavimento: Irregularidades na pista de rolamento, como buracos, acúmulo de água e detritos.
Acostamento e refúgio: não existe.
Drenagem: drenos de aço galvanizado enferrujados, entupidos e/ou retirados;

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Tabela 5 (continuação)

Guarda-corpo: Guarda-corpos meia altura de concreto armado danificados e incompletos, com desplacamento de
concreto e armadura exposta;
Barreiras rígidas/ Defesas metálicas: Armadura exposta, colocando em risco o usuário;
C - Outros elementos
Taludes: Não avaliado;
Iluminação: Não verificado;
Sinalização: Em bom estado;
Gabaritos: Não avaliado;
Proteção de pilares: Não avaliado;
D - Informações complementares
E - Recomendações de terapia
PARTE III - Classificação da OAE
Estrutural: 3 Funcional: 3
Durabilidade: 3
Justificativas: As anomalias encontradas não foram consideradas de risco imediato, porém, não deve ser descartada a
necessidade de intervenção o mais breve possível.
Fonte: (NBR 9452/2016)

3.4 Levantamento fotográfico


Com base na inspeção visual realizada, pôde-se identificar um intenso quadro de lixiviação
conforme mostrado na figura 11. Esta manifestação patológica é nociva ao concreto armado
e está associada à penetração de água, potencializando o processo de corrosão do aço.
A ocorrência de vegetações, como mostra a figura 13, constata que a falta de manutenção
nesta OAE é antiga, e favorece a ocorrência de fogo, aparecimento de manchas, além de
dificultar o acesso à verificação da parte inferior.

Figura 6: Guarda-corpo pré-moldado incompleto Figura 7: Tubos de drenagem obstruídos


com armadura exposta. (Fonte: autor) e/ou arrancados. (Fonte: autor)

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Figura 8: Base de pilar e bloco de fundação com Figura 9: Desgaste devido ao choque de
desplacamento de concreto, armadura exposta veículos e armadura exposta. (Fonte: autor)
e rompimento de estribo. (Fonte: autor)

Figura 10: Base de pilar com desplacamento de Figura 11: Base de pilar com desplacamento de
concreto e armadura exposta. (Fonte: autor) concreto e armadura exposta. (Fonte: Crea-ES)

Figura 12: Transversina com armadura Figura 13: Presença de vegetação.


exposta e Lixiviação (Fonte: autor) (Fonte: autor)
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4 Comentários finais

A Obra de Arte Especial analisada, que serviu de base para o estudo, apresenta diversas
deficiências funcionais e manifestações patológicas, como fissuras, desplacamentos do
cobrimento do concreto, lixiviação, oxidação, armaduras expostas em estado avançado de
corrosão, indicando uma clara ausência de manutenção, agravando assim os efeitos
danosos da ação dos fenômenos da natureza e das condições de uso da estrutura.

Dessa forma, através da inspeção visual realizada, recomenda-se, a médio prazo, o


acompanhamento da evolução dos problemas encontrados por meio de inspeções
rotineiras, para se verificar, em tempo hábil, o avanço das patologias detectadas.
Recomenda-se também a elaboração de um projeto de recuperação estrutural, por
empresa especializada, que realize ensaios específicos e detalhados, a fim de determinar
uma ação corretiva para as anomalias encontradas; além de um plano de manutenção
periódica, que terá como objetivo manter o bom desempenho estrutural e funcional dessa
obra. Além disso, também foi identificada juntas de dilatação com abertura superior ao limite
do aparelho de vedação tipo JEENE, que sofreu deslocamento, deixando a junta sem
proteção. Dessa forma, entende-se que a recuperação dessas juntas apresenta caráter de
urgência.

No que tange à condição de estabilidade da ponte, ela foi classificada com a Nota 3,
conforme os critérios das normas NBR 9452/2016 e a Norma DNIT 010/2004 – PRO,
apresentando danos que podem gerar alguma deficiência estrutural futura, mas sem sinais
de comprometimento da estabilidade da obra.

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5 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto de estruturas
de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9452 – Inspeção de pontes,


viadutos e passarelas de concreto – Procedimento. Rio de janeiro, 2016.

Base de dados OAE. DNIT. Disponível em: <http://www.dnit.gov.br/planejamento-e-


pesquisa/planejamento/base-de-dados-de-oae-do-dnit>. Acesso em: 20 abril 2018.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. Manual IPR


– 709: Manual de inspeção de pontes rodoviárias. 2.ed. Rio de Janeiro, 2004.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. Norma DNIT


010/2004 – PRO: inspeções em pontes e viadutos de concreto armado e protendido –
procedimento. 2.ed. Rio de Janeiro, 2004.

ESTEVES, I. C. A. Avaliação das estruturas de obras de arte especiais por métodos


de ensaios não destrutivos. 2016. 163f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado
em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2016.

FERREIRA, B. M. Análise quantitativa da ponte do Bragueto – DF utilizando a


metodologia GDE/UnB. 2016. 107f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado
em Engenharia Civil) - Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais Aplicadas, Brasília,
2016.

Relatório aponta que 9 viadutos e pontes do DF precisam de reparo. Jornal Globo -


G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/08/relatorio-indica-
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VERONEZ JÚNIOR, P. BASTOS, A. C.; PIZZIN, B. F.; GAVA, R. D.; QUARESMA, V. S.;
SILVA, C. G. Sonar de varredura lateral e sísmica de alta resolução aplicados no
estudo de ecofácies na baía de Vitória - ES. Revista Brasileira de Geofísica, Rio de
Janeiro. v. 27, p. 411-425, 2009b.

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