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Uma breve investigação em Fausto I: Tragédia alemã inspirada na lenda do Dr.

Fausto

Resumo: O artigo pretende fazer uma breve análise do Fausto I, a tragédia de Goethe, e destacar
trechos e elementos importantes da tragédia escrita no classicismo de Weimar. Uma versão da
lenda do Dr. Fausto, um bruxo alquimista que, supostamente, viveu no século XV e fez um
pacto com Mefistofilis. Nessa tragédia veremos elementos da poesia de Goethe e de suas
vivências mescladas a lenda alemã.

A vida Goethe , a lenda do Dr. Fausto e a Revolução

O alemão Johann Wolfgang von Goethe nasceu na Alemanha em 28 de agosto de 1749,


em Frankfurt am Main. e em 1753 o pequeno goethe foi surpreendido por sua avó em uma
noite de Natal onde ela apresentou a todos na casa o teatro de bonecos, criando um novo
ambiente no local. O Doutor Fausto então era a peça principal desta modalidade teatral - que
influenciou o jovem Goethe - sendo uma história antiga, uma lenda alemã.

Segundo a lenda, a ânsia de tudo saber levou-o, entretanto, a firmar um


pacto com o Diabo, graças ao qual terá tido tudo quanto quis: poder,
sabedoria, belas mulheres, como Helena de Tróia e as concubinas do
sultão da Turquia, viagens para onde desejasse, desde as profundezas
dos infernos até às estrelas mais distantes [...]

No século XV a lenda se espalhou pela Alemanha e as diversas formas de literatura


utilizavam os elementos da história. O fascinante teatro de bonecos que rondavam em feiras,
no período pós queda do sistema feudal, e principalmente nas feiras de Frankfurt onde levavam
aos olhos e ouvidos das pessoas a história do doutor que firmou um pacto com Mefistofilis.
Mas a lenda não ficou por aqui e deu origem a uma outra, a de um livro
intitulado O Mestre Infernal do Dr. Faust, que ensinaria a arte de
controlar espíritos e de tornar o próprio Diabo subserviente ao mestre
[...] (p. 3)

A versão ainda primeira e juvenil do Goethe chamada de Urfaust, foi escrita entre 1772
e 1775, com ares estéticos pré-românticos do movimento Tempestade e Ímpeto, essa versão
primeira foi destruída pelo autor, mas uma cópia foi feita por Louise von Gochhausen, que
ouvia quando o poeta contava as versões da história que estava escrevendo na corte de Weimar.
No entanto, a primeira versão publicada do Fausto I em 1808, era versão aprimorada
do Fausto, depois de muitos manuscritos, Goethe a publicou em uma feira de livros na Páscoa.
Reparemos que esses anos antecedem um pouco a revolução Francesa que ocorria em Paris, o
Goethe se depara com situações de revolução na Europa que explodiu, e em sua obra no entanto
sua obra pouco se apodera dos elementos revolucionários daquela época, podemos ver
pequenas referências no Fausto I a revolução.
Goethe mesclou muitos elementos estéticos do Classicismo de Weimar e os traços pré-
românticos do movimento Tempestade e Ímpeto, que eram movimentos que estavam ocorrendo
naquela época.

Na passagem do século XVIII para o século XIX, há anos em que


coexistem dois dos três movimentos do período áureo da literatura
alemã: o Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto) de 1767 a 1790, a
Kassik de 1786 a 1805 e os vários Romantismos de 1797 a 1830.
(WISK, p. 45,46, grifos meus)

A tragédia dividida em duas partes contém muito da cultura alemã e do amadurecimento


de Goethe. Foram 60 anos de trabalho para desenvolvê-la e sem dúvidas essa é uma das mais
importante obras do século XVIII e de Goethe. Se equipara a divina comédia.
O artigo no entanto foca na parte I da tragédia, onde o jovem Goethe escrevia sobre o
que viveu na corte de Weimar e sobre uma alemanha burguesa, já que ele era um escritor que
representava a burguesia, mas não lutava por ela. Muito questionado por essas características
conservadoras, mas sua obra não perde qualidade, sendo que a utilização de elementos do
universo católico e protestante são recorrentes. O leitor não estará dentro dentro de regras da
religião cristã, mas em frente de dilemas humanos e diabólicos acerca dos desejos ambições e
crimes humanos.

´Fausto I e suas peculiaridades

Um prólogo do teatro, que é a primeira parte da tragédia, mostra diálogo entre o Diretor,
o Poeta e o Bufo. a primeira parte exala um clima de teatro, mostrando que a obra fala de uma
dramaturgia teatral. As falas muito dizem diretamente ao leitor e provocam a sensação de
diálogo com quem assiste ou lê. O diálogo entre os três lembra uma espécie de desafio entre
violeiros, comuns no nordeste, onde o poeta rima e provoca o outro a falar um verso de melhor
qualidade ou que supere até onde o verso anterior conseguiu chegar. De certa maneira um fio
de empolgação se mostra, com os versos rimados.

Diretor - Deveis reger a poesia


O que nos pedem, já não falte:
Forte poção que empolgue e exalte;
O que hoje não se faz, nos faz falta amanhã;
E não passe só um dia em vão.
Deve aferrar-se a decisão
Ao que é possível; tão em breve
[...]
Percorrei, pois, no estreito barracão,
Toda órbita da criação,
E, em comedido curso alterno,
Transponde a terra, o céu e o inferno. (GOETHE, 2016, p. 45)

Assim finaliza o diálogo entre os três e logo em seguida se inicia o prólogo do céu, onde
os anjos conversam com o altíssimo, junto a Mefistofilis. Nesta parte da obra se vê uma grande
influência de personagens bíblicos, onde no prologo o Mefistofilis aposta com o Altissimo a
alma de Fausto, quem o Mefisto diz ser capaz de corromper.
Existem várias alusões nesse trecho, que se referem ao livro de Jó, onde o Diabo
também pede autorização para testar a fé de Jó.

E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na
tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás
saiu da presença do Senhor. (Jó 1:12)

Em Fausto o altíssimo se refere ao Doutor com palavras bastante parecidas, fica bem
claro a referência ao livro de Jó.

O ALTÌSSIMO - Pois bem, por tua conta deixo!


Subtrai essa ala à sua inata fonte
E leva-a, se a atraíres pra teu eixo,
Contigo abaixo a tua ponte.
Mas, vem, depois, confuso confessar [...] (GOETHE, 2016, p.
55)

O prólogo se encerra se segue-se para Fausto a companhia de Wagner, onde o Dr mostra


a sua vida cansada e sua insatisfação com a mesma. Pois ele já doutor, conhece tudo sobre
magia. O Doutor é muito conhecido e muitos o procuram para que dê aulas sobre ciências, artes
e outros áreas de conhecimento.
No entanto, o Dr. Fausto se vê como um nada, e ai demonstra seu desejo de conhecer
os segredos da criação. Ele invoca o Gênio da terra, personagem do universo Goethiano, que
se revela como um espírito da natureza, mas refuta contato com o Fausto. O Dr. em seguida
decide tirar a própria vida, levando a sua boca uma taça com veneno, mas o sino da igreja toca
neste momento, e o mesmo sugere que aquilo é um sinal para que continue com sua vida.

FAUSTO - Um mundo novo me surgia.


trazia esse cantar gentil
Folgas da adolescência, a primavera suave;
Põem-me as recordações, com ânimo infantil,
Hoje, ao supremo passo, entrave.
Ressoai, ó doces saudações do Além!
Jorra meu pranto, a terra me retém. (GOETHE, 2016, p. 93)
Fausto se vê convencido com os sinos da igreja que ressoam naquela páscoa e um ar de
vivacidade e energia tomam seu corpo. Em um dos passeios que faz com o seu colega Wagner,
que aparece como um amigo que tenta animar o deprimido Dr. Fausto, ele se vê sendo seguido
por um cão negro o Dr. Fausto expressa espanto ao ver a criatura que nas sombras começa a
tomar a forma do Mefistofilis. Antes do ser se tornar o Mefisto, Fausto o expulsa de casa: “O
quarto vou contigo dividir, Oh cão, cessa de latir! Não te ponhas a uivar! Hóspede a incomodar,
Não pode aqui ficar! Um dos dois há de sair.” (GOETHE, 2016, N. 131).
Fausto, com o conhecimento que conseguiu estudando alquimia utiliza versos mágicos,
invocando os espíritos dos quatro elementos,- Salamandra, Ondina, Silfo e Gnomo. O
conhecimento de magia e alquimia leva o Dr. a se bater de frente com os seres com que ele se
relaciona. É importante ressaltar as influências do autor de textos cabalísticos, alquímicos e
mágicos.

Salamandra se abrase,
Ondina se retorça,
Silfo se encase,
Gnomo use força.

Quem não sabe os portentos


Dos elementos,
E de sua potência
A íntima essência,
Não pode ter
Sobre gênios o poder.

[...]

Deita-te aos pés de teu mestre, de teu amo!


Já vês que em vão eu não te ameaço. [...]
(GOETHE, 2016, p. 135)

Mefistofilis enfim mostra-se para o Dr. e pergunta, “Por que o barulho? Estou às ordens
do senhor!” (2016, p. 137). O Mefisto se descreve com uma energia do mal, que o bem também
cria. As alusões a textos bíblicos são inúmeras, até mesmo a cristo.
O diálogo com Mefisto faz Fausto perceber que têm a chance de conhecer o
desconhecido, de chegar aonde quiser, ter o que quiser e ir para onde quiser. A proposta de
Mefistofili de servir Fausto faz com que ele aceite essa parceria só basta ele fazer o pacto com
Mefisto. Um pacto sem ter muito o que conversar

MEFISTOFILIS - Por que que exageras teu fraseado


Com jeito tão acalorado?
Serve qualquer folheto ou nota.
Com sangue assinas uma gota!
[...]

Sangue é muito especial extrato. (2016, p. 173)

No prologo do céu o Mefistofilies expressa para o Altíssimo o interesse em pessoas


vivas e não mortas. E neste trecho ele mostra seu interesse tirando o sangue do Fausto para que
o pacto seja fechado. E então o pacto é firmado.
Mefisto convence e leva o doutor para outro lugar que não seja a sua casa, na cena da
taberna, Mefistofilis e Fausto se encontram com beberrões e o Mefisto serve para os anfitriões
bebidas flamejantes e os confunde com magia antes de fugir. As descrições dessas cenas
mostram um momento em que o Mefistofilis faz um milagre que faz uma referência direta ao
milagre do vinho feito por Jesus durante as núpcias de Caná (joão, 2: 1-12).

MEFISTOFILIS - As cepas uvas dão!


Tem chifres o cabrão;
dá suco e vinho, é de pau a videira,
dá vinho a mesa de madeira.
Olhai dentro dentro da natureza, vede!
Eis um milagre, amigos, crede!

Ainda na cena da taberna o Mefisto faz referências a Revolução Francesa enquanto


todos se embebedam, menos o Fausto. “Vê como o povo está livre e à vontade!”. A irônica
observação faz alusão a um dos lemas da revolução a “liberdade”. A maioria das críticas e
manifestações da razão se mostram sempre em Mefistofilis que age com a intenção de concluir
com o pacto e realizar os desejos de Fausto, para a todo custo deseja a sua alma.
A cena que sucede, após a cena da taberna, vemos o Fausto e Mefisto na cozinha da
bruxa, onde diversos animais que lá habitam juntos com fantasmas que ressoam seus versos
enquanto os dois aproveitam de sua estadia no local. Fausto contesta o Mefisto por ele não ter
uma poção da juventude ele mesmo, para não ter que estar num ambiente de mágica infernal,
loucura e delírio.
Nesta cena da casa da bruxa, é onde o Fausto se depara com Gretchen, diminutivo de
Margareth ou Margarida. O olhar de Fausto se direciona para o espelho, e nele ele vê a bela
dama. E não esconde, depois de ter tomado a poção e ter rejuvenescido seu corpo, de mostrar
o seu desejo de possuir a mais bela imagem que os seus olhos já viram.
FAUSTO - Que vejo? que visão celeste
No espelho se me revela!
Ah! suas asas Cupido me empreste
Eme leve à paragem dela!
Mas, se não paro neste canto,
Se ouso avançar, como em neblina
A etérea aparição se fina!
De uma mulher visão de encanto!
Como! é tão bela a forma feminina?
Devo ver nesse corpo em lânguido quebranto
A síntese da criação divina?
Na terra há formosura tal? (2016, p. 251)

Fausto demonstra total interesse a imagem que viu no espelho, e após tomar a poção
deseja encontrá-la, e obrigá Mefisto a fazer com que ela seja sua. O Mefisto como um gênio
das artimanhas, descobre a maneira de chegar a casa onde ela morava. As cenas seguintes
mostram o Fausto perdidamente apaixonado, querendo a todo custo, a Margarida como sua.
São muitas a artimanhas do Mefisto que se aproxima de Marta a pessoa mais próxima
de Margarida para que possa colocar Fausto diante dela. A poesia que se põe entre o Fausto
apaixonado e a Margarida conhecendo são de extrema beleza poética e melódica. O verso em
Alemão têm a sua originalidade, mas a métrica a beleza dos versos de Margarida expõe um
personagem puro, sincero. O poder da poesia sendo o discurso dos personagens contribui
bastante para a sonoridade dos diálogos, que se tornam belos em sua simetria e conteúdo.
O personagem da Margarida expõe beleza e sentimento em seu versos, enquanto o
Fausto procura saber, existe e se move como razão, mas até encontrá-la nesta primeira parte
da tragédia.

“Margarida ingênua imagem de oposição a Fausto, o primitivo


homem sentimental, mas também a filha, proletária, a mãe
solteira a infanticida que é executada e na qual ardente crítica
social do movimento Tempestade e Ìmpeto já havia se nutrido
longamente em poemas e dramas. (2018, p. 171)

Margarida é apresentada a Fausto depois que Mefistofilis convence a um passeio os


dois juntos conversam e se relacionam como dois perdidos apaixonados, colhendo flores e
brincando no jardim.

MARGARIDA - Um homem desses, ah, Deus Santo!


Quanto não sabe e diz, mas quanto!
Ante ele, envergonhada fico,
E a tudo o que diz, “sim” replico.
Pobre e ignorante sou, assim,
Não sei o que ele vê em mim. (GOETHE, 2016, p. 355)

Margarida pensa em si como um indivíduo desprovido de saber e de classe baixa, o


encontro com alguém como Fausto para uma pessoa humilde como ela é estranho. Mas
apaixonado e longe dela está o Fausto a quem no ar, como se o céu fosse o espelho da bruxa, e
no céus vê a Margarida, até que Mefistofilis lhe apareça para falar.
Os pensamento de Fausto se confundem com o seu desejo por entender a perfeição, e
ele cede e esquece até de seu acordo com o Mefisto.

FAUSTO - Nada mais tens em que ocupar-te


Do que em me vir turbar a paz?
MEFISTÓFILIS - Bem, bem! deixo-te já de parte,
não mo repitas, tanto faz.
Contigo, inculto e rude companheiro,
Pouco se perde; há quem o diz!
Tem-se trabalho o dia inteiro,
E o que praz e não ao cavalheiro,
Jamais lhe está escrito no nariz. (2016, p. 361)

O belíssimo verso da cena Quarto de Gretchen é simples e muito sentimental, neste


verso é possível ver a solidão da personagem e o talento do Goethe em compor os versos. Mas,
uma das cenas mais importantes da primeira parte da tragédia é o assassinato do irmão de
Gretchen, Valentim, esse que ao ver Mefisto e Fausto na porta da casa de sua irmã, dirige-se
enfurecido com sua espada para cortá-los ao meio. Num movimento rápido, Mefisto salva a
vida de Fausto mas põe em desgraça a vida de Valentim, esse que morre sussurrando.

VALENTIM - repito, deixa ais e lamento!


Quando pisaste a honra no chão,
é que me abriste o coração.
Morrendo, eu entro para o Além,
Como soldado e homem de bem. (2016, p. 423)

A morte de Valentim leva a Gretchen a prisão, isso e outros crimes que a igreja acusa
ela de cometer condenam a morte. A Margarida do texto foi inspirada em condenações que
existiam naquele período em Weimar. Mães eram acusadas de infanticídio, matavam os seus
bebês, e as punições eram de morte.
Como mencionado no texto, Gretchen não assassina a sua irmã pequena, ela justifica
na primeira parte que quem levou a vida de sua irmã foi uma doença. No entanto na catedral
espíritos não a deixam em paz, e sua mente acusa a ela, atormentado-a. Se envolver com o
Fausto junto a Mefisto a fez perder a mãe, envenenada um poção para dormir, enquanto ela se
encontrava com Fausto.

Conclusão

O que se segue até o fim de Fausto I é o assassinato de uma criança pela Margarida.
Esse evento têm inspiração em um condenação verdadeira de Susanna Margaretha Brandt que
foi executada em Frankfurt. Goethe tinha acesso a documentos e aos julgamentos. E descrever
a personagem foi algo que se formou pela proximidade com esses acontecimentos macabros.
Margareth é então presa e Fausto ao descobrir isso pedi que Mefisto a tire de lá junto com ele.
Os dois montam em cavalos negros e com o céu rodeado de bruxas vão ao cárcere, onde se
deparam com Margarida delirando, a espera da morte.

[...] essa primeira parte é uma das mais sombrias criações de


Goethe. E dela se pôde dizer que a lenda de Fausto expressou no
século XVI, como lenda universal, e no século XVIII como
tragédia universal da burguesia de Fausto. (BENJAMIN, 2018,
p. 172)

A primeira parte se encerra com o desaparecimento de Fausto puxado por Mefisto e


Gretchen sendo levada por uma força que grita “salva”. Assim finda a tragédia de Fausto I. A
segunda parte levou bastante tempo para ser escrita, e o Goethe que escreve é um poeta mais
maduro.
No entanto a obra nos leva a várias reflexões acerca da poesia daquele tempo e de suas
reverberações. A lenda do Dr. Fausto se mistura a vivência de Goethe com as tragédias
suburbanas do novo mundo Alemão. A sociedade que naquela época vivia perecia em dores
como essa da tragédia Goethiana. E a falta de destaque na Revolução Francesa, é lugar para os
dramas internos da burguesia Alemã. .

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