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GEOLOGIA
11.o ano de escolaridade
Ano de escolaridade
11.o Ano
Autores
Dorinda Rebelo
António Andrade
Jorge Bonito
Luis Marques
Coordenador de disciplina
Luis Marques
Ilustração
Carla Candeias
Joana Santos
Design e Paginação
Esfera Crítica Unipessoal, Lda.
Carla Candeias
Impressão e Acabamento
Digital Printing, Lda.
ISBN
978 - 989 - 8547 - 36 - 1
Tiragem
6000 exemplares
1ª Edição
Conceção e elaboração
Universidade de Aveiro
2013
Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua
utilização para fins comerciais.
Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma
volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações.
Índice
Unidade Temática
8
9
1.1 Do tempo histórico ao tempo geológico
O que é o tempo?
13 Que evidências existem que nos possam ajudar a contar a história da
Terra e da vida?
16 1.2 Os tempos em geologia: relativo e absoluto
17 Tempo relativo
24 Tempo absoluto
26 1.3 Tabela Estratigráfica
29 Síntese
30 Questões em aberto
30 Sítios Web úteis
31 Avaliação
Unidade Temática
36
37
2.1 Fóssil: registo da vida passada
O que são fósseis?
42 Por que é que os geólogos estudam os fósseis?
43 2.2 Flora e fauna como memória do tempo geológico
44 O que são microfósseis?
45 Ainda existem trilobites? E corais?
47 Serão os ouriços do mar bons fósseis?
52 Quando surgiram as primeiras plantas?
54 Qual é a idade dos répteis?
55 Também haverá fósseis do homem?
58 2.3 “Fósseis vivos” e evolução
61 Como se relaciona a evolução biológica e a paleontologia?
62 Síntese
63 Questões em aberto
63 Sítios Web úteis
64 Avaliação
3
Unidade Temática
3 As reconstituições do passado
68
69
3.1 Áreas-fonte e sistemas de erosão
Ciclo de erosão
70 Como explicar a morfologia da superfície terrestre?
71 Geomorfologia climática: a importância do clima
74 Geomorfologia litológica: a importância das rochas
78 Geomorfologia estrutural: a importância da tectónica
79 O caso especial do relevo costeiro
83 3.2 Os ambientes de deposição
84 Ambientes de sedimentação e fácies sedimentares
87 A importância das estruturas sedimentares
90 Transgressões e Regressões
94 Estratigrafia e Paleogeografia
95 3.3 Regimes tectónicos
96 Regime de dorsal oceânica
97 Regime de arco insular
98 Síntese
99 Questões em aberto
99 Sítios Web úteis
99 Avaliação
Unidade Temática
104
105
4.1 A importância dos mapas
O mapa topográfico
107 O mapa geológico
108 A leitura das cartas geológicas
110 As cartas geológicas de Timor-Leste
112 O mapa de solos
114 4.2 Revisitando as formações rochosas de Timor-Leste
114 O enquadramento geológico de Timor-Leste
116 Timor: uma visão atual
116 Autóctone, Parautóctone e Alóctone
117 Margem Australiana e Terreno de Banda
118 Uma breve história geológica de Timor-Leste
120 Síntese
121 Questões em aberto
121 Sítios Web úteis
122 Avaliação
4
5 Adenda
Glossário
126 Glossário de A a Z
5
No estudo da geologia, o conceito do tempo assume, cada vez
mais, uma particular importância. Contribui para a explicação de
fenómenos observados na Natureza, que resultam de processos
que se combinam, ao longo da história da Terra. O tempo é um
dos temas mais difíceis em geologia, principalmente porque não
se mede com um relógio (um “tempo estático”), mas somente
mediante os testemunhos de um “tempo de mudança”. Apenas
as transformações deixam marcas capazes de ajudar a medir o
tempo. A criação de uma medida do tempo geológico universal,
que seja tão bem entendida por todos, como hoje são as horas,
constituiu um enorme desafio da construção do conhecimento
científico. As divisões das escalas estabelecidas são efetuadas com
base em critérios de alterações na quantidade de populações de
organismos do momento e, posteriormente, em datação isotópica,
a partir do decaimento de elementos radioativos. A Tabela
Estratigráfica permite, assim, correlações de acontecimentos
geológicos, particularmente distantes, oferecendo possibilidades
de uma visão global da dinâmica da Terra.
Atenção, vais precisar de algum tempo!...
Unidade Temática 1 | O tempo dos
geólogos
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
Curiosidade
Sete…, seis…, cinco, sequência de ignição iniciada, quatro…, três…, dois…,
Os relógios marcavam 10h 32min, um…, zero… Lançamento! É com esta expressão familiar que se precede
naquela manhã de 16 de julho de o lançamento de um foguetão. Um dos períodos de tempo mais críticos,
1969, quando o poderoso foguetão
Saturno 5 se deslocou para conduzir o medidos pelo ser humano. O atraso de um segundo pode fazer com que a
primeiro homem à superfície da Lua.
operação seja cancelada.
Há outras situações, para além do lançamento do foguetão, que dependem
de medições exatas de tempo e de relógios de grande precisão. Por
exemplo, o tempo de voo de um determinado avião, tendo em conta o
combustível existente nos seus depósitos.
8
Já deves ter perdido alguns acontecimentos e faltado a compromissos
importantes, simplesmente porque não programaste bem o teu tempo
ou porque o teu relógio não funcionava bem. Muito do que fazemos na
nossa vida está relacionado com o tempo.
Procura enumerar, mentalmente, as coisas que fazes todos os dias e que
dependem da medição do tempo.
Vivemos, atualmente, numa época em que o tempo e a sua medição são
muito importantes. Muitas coisas têm, ou deixam de ter, valor, em função
do tempo.
O tempo, para cada um de nós, é uma evidência. A experiência comum
parece ser suficiente para que não duvidemos da sua existência. Por um
lado, a experiência do dia a dia recorda-nos que poucas coisas podem
parecer tão evidentes como o tempo. Até o podemos quantificar e,
através dele, efetuar previsões do quotidiano. Também o podemos
organizar em ontem, hoje e amanhã. Mas não corresponderá a contagem
do tempo a um disfarce do próprio tempo, por detrás de uma mobilidade
absolutamente regular?
? O que é o tempo?
Citação
Que é, pois, o tempo? Quando
dele falamos, compreendemos o que
“
dizemos. Compreendemos também o
que nos dizem quando dele nos falam.
O que é, por conseguinte, o tempo?
De facto, o tempo existe fora do relógio e nós apenas percebemos os seus Se ninguém mo perguntar, eu sei; se
efeitos, as suas obras, as suas metamorfoses, que podem enganar-nos a o quiser explicar a quem me fizer a
pergunta, já não sei. (…) Quem pode
respeito da sua natureza. Tudo se encontra submetido ao tempo e tudo o medir os tempos passados que já não
existem ou os futuros que ainda não
que é tocado pelo tempo acaba por ter fim.
chegaram? Quando está decorrendo
Deverás estar a pensar que esta é uma matéria complexa. E esta o tempo, pode percebê-lo e medi-lo.
Quando, porém, já tiver decorrido,
complexidade reside, principalmente, no facto do cérebro humano apenas não o pode perceber nem medir,
porque esse tempo já não existe.
estar preparado para compreender um tempo que está relacionado com
Santo Agostinho
o período da vida humana. (Confissões, Livro XI, 15, 16).
Todos nós, independentemente da idade, somos capazes de contar
alguma parte da história da nossa vida, recorrendo aos acontecimentos
que mais a marcaram, pela positiva (por exemplo: nascimento de um
irmão) e pela negativa (por exemplo: morte de um familiar ou de um
amigo). Por outro lado, também sabemos que fazem parte da nossa
história outros acontecimentos que saem do contexto familiar, pois são
de âmbito local (por exemplo: início da exploração de petróleo em Timor-
-Leste), regional (por exemplo: ocorrência de cheias) ou mesmo global
(por exemplo: a última cimeira da ONU para a definição de políticas
ambientais que decorreu em 2011, na cidade de Durban em África
do Sul).
Problematizar
Como é medido o tempo?
Atividade 1.1
1. Cobre todos os relógios existentes na sala de aula, de forma a que não vejas o que indicam.
2. Escolhe um colega para ser um “marcador do tempo”. Ele fará uma marca no quadro, no exato momento em que
tu começares a “medir” um período de tempo de 5 minutos. Usa qualquer técnica que julgues conveniente para
determinar a duração dos 5 minutos.
3. Quanto achares que já passaram 5 minutos, faz um sinal para o “marcador do tempo”. Ele fará uma marca no
quadro cada vez que algum aluno lhe fizer sinal.
4. Houve alguns colegas que lhe fizeram sinal ao mesmo tempo?
5. Como é que decidiste que já tinham decorridos 5 minutos? E como é que os teus colegas decidiram?
6. O que indicam as marcas no quadro?
7. Quais são as consequências, acerca do conceito de tempo, que retiras da atividade efetuada?
São as transformações que vão ocorrendo que nos tornam conscientes do tempo e que nos fornecem uma base
para a sua medição. As primeiras aprendizagens das crianças sobre o tempo são os conceitos de ontem, hoje e
amanhã. Pode aparecer algo de novo (como, por exemplo, a construção de uma grande obra, como o Cristo Rei
de Díli), a alteração de alguma coisa preexistente (por exemplo, obras de recuperação no Centro de Congressos
Problematizar
Que tipo de exemplos existem, na natureza, relativos a aparecimentos
e desaparecimentos de seres vivos?
Atividade 1.2
Problematizar
Quais são os principais acontecimentos que enquadram a história da tua vida – I?
Atividade 1.3
Eixo cronológico
Quando enumeras os acontecimentos na ordem em que aconteceram,
Instrumento para ordenar os
estabeleceste apenas o que ocorreu antes ou depois de alguma coisa, mas acontecimentos e os factos históricos
numa sequência temporal, sobre
não fica esclarecida a duração dos intervalos de tempo decorridos entre uma linha. Quando esta linha é
representada de modo horizontal
eles. Vamos, agora, perceber melhor esses intervalos através de um eixo recebe a designação de friso
cronológico.
cronológico.
Atividade 1.4
Para te ajudar a contar a história da tua vida, assinala agora num eixo cronológico, semelhante ao que se segue,
acontecimentos que a tenham marcado. No lado esquerdo regista os acontecimentos que tiveram lugar em contexto
familiar e no lado direito os que foram de âmbito local, regional ou global. Os registos devem ser feitos no caderno.
1. Elabora um texto, entre 6 a 10 linhas, em que contes a história da tua vida, utilizando os acontecimentos que
assinalaste no eixo. Faz todos os registos no teu caderno.
2. Discute, com os teus colegas de grupo, as questões que a seguir se colocam.
De que forma a escala de tempo que consta no eixo cronológico foi importante para contares a história da tua
vida? Que outras escalas de tempo existem?
3. Apresenta à turma as ideias principais que resultaram da discussão tida no teu grupo de trabalho relativamente às
questões anteriores.
4. Em outras disciplinas já estudaste alguns referentes temporais. Analisa, atentamente, os referentes que a seguir se
apresentam: Agora – Hoje – Amanhã – Ontem – Futuramente – Antigamente.
4.1. Agrupa os referentes temporais apresentados em três categorias, de acordo com o seu significado temporal.
4.2. Que critério utilizaste, na questão anterior, para a separação dos referentes temporais em três categorias?
Quando contares a tua história de vida e a dos teus antepassados estás a localizar no tempo acontecimentos que
as marcaram. Estás, também, a recorrer a uma escala, da qual fazem parte unidades de tempo como os anos, as
horas, os minutos... Estas unidades de tempo existiam antes do aparecimento do homem ou terá sido ele que
as inventou?
Atividade 1.5
1. Com base nos dados fornecidos na Figura 1.1, indica, em anos, a duração da: Pré-História, Antiguidade, Idade
Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
2. Compara a duração de cada uma das divisões/períodos representados no friso cronológico. O que podes concluir?
Quais foram os critérios utilizados para estabelecer a divisão do tempo representada no friso cronológico?
3. Compara a escala de tempo representada no eixo cronológico da Atividade 1.4 com a da Figura 1.1, quanto à
duração das suas divisões. Apresenta uma explicação para as diferenças encontradas.
4. Quais são as dificuldades que pensas que têm os investigadores para contar a história da humanidade?
Atividade 1.6
1. Como explicas que o homem tenha utilizado os astros para medir o tempo?
2. Que importância tem a divisão do tempo em dias, horas, minutos e segundos na vida de cada um de nós?
3. Que vantagens tem a utilização de relógios digitais e atómicos para medir o tempo, comparativamente à utilização
dos relógios de Sol?
!! Curiosidade
conjuntura e os acontecimentos, que
contribuem para a sua formação.
No Sistema Internacional de Unidades (SI), o tempo
corresponde a uma das sete unidades de base. O seu símbolo é o Tempo geológico
t e a unidade o segundo [s]. O segundo traduz a duração de 9 192 Escala de tempo que representa a
631 770 períodos de radiação correspondente à transição entre linha do tempo desde o presente até
dois níveis hiperfinos do estado fundamental de um átomo à formação da Terra, baseando-se nos
de césio 133. grandes acontecimentos geológicos da
história do planeta.
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
• Coluna litoestratigráfica • Compara a escala de tempo geológico com outras escalas temporais,
identificando as principais diferenças e semelhantes que as
• Cronoestratigrafia caraterizam.
• Discordância • Discute criticamente os resultados obtidos na execução de atividades
laboratoriais sobre o princípio da sobreposição.
• Estratigrafia
• Distingue idade relativa de idade radiométrica.
• Fóssil de idade
• Interpreta dados, em formatos diversos, sobre métodos usados na
• Geocronologia datação absoluta.
• Idade
• Período
• Princípios estratigráficos
• Tempo absoluto
• Tempo relativo
Problematizar
O que é a idade relativa?
Atividade 1.7
1. Um amigo do Eusébio perguntou-lhe as idades dos seus amigos e ele respondeu: “a Elvira é mais nova que o
Alexandre e mais velha que eu, que por sua vez sou mais velho que a Evangelina. A Evangelina é mais velha que a
Brígida, que por sua vez é mais nova que o Tomás”.
2. Coloca por ordem crescente de idades dos amigos: Alexandre, Brígida, Elvira, Eusébio, Evangelina e Tomás.
3. Consegues saber a idade exata do Eusébio? Justifica a tua resposta.
Tal como na Figura 1.2, também na Atividade 1.7 não foste capaz de
indicar a idade exata do Eusébio, porque estamos a fazer comparações e
não usamos valores.
Até ao século XX, e apesar das muitas tentativas feitas, não foi possível
descobrir um relógio adequado para medir o tempo geológico. Por isso,
os geólogos só puderam determinar a idade relativa das rochas, isto é, o Estratigrafia
ordenamento em termos de “mais velhas” (ou “mais antigas”) e “mais Ramo da geologia, desde os
princípios do século XIX, que abarca
novas” (ou “mais recentes”). Este ordenamento temporal foi aplicado o estudo das rochas sedimentares e
sobretudo às rochas sedimentares estratificadas, derivando daí o conceito dos acontecimentos geológicos a elas
associado, sempre numa perspetiva
de estratigrafia. E porquê às rochas sedimentares? Por duas razões. Uma geocronológica.
relaciona-se com o facto do seu ordenamento temporal ser mais fácil; e a
Princípios estratigráficos
outra diz respeito a esta classe de rochas ser muito abundante à superfície
Os princípios estratigráficos são
da Terra. fundamentais no estabelecimento
da cronologia relativa, tomando em
O ordenamento temporal das rochas ainda hoje se baseia em algumas consideração as relações espaciais
regras, a que os geólogos chamam princípios estratigráficos. entre os estratos.
Atividade 1.8
Série estratigráfica Com a atividade anterior, verificaste que à medida que os sedimentos se
O m.q. sequência estratigráfica. depositam uns sobre os outros, aqueles que chegam depois ficam sobre
Designação informal para um conjunto os que já lá estavam. Forma-se uma série estratigráfica.
de estratos, de espessura variável,
acumulados uns sobre os outros. Este fenómeno também ocorre na natureza como, por exemplo, nos
Princípio da sobreposição fundos marinhos. Os geólogos consideram-no essencial para o raciocínio
Considera que numa série normal de em geologia, designando-o de princípio da sobreposição (Figura 1.3).
rochas sedimentares, as mais antigas
estão por baixo das mais recentes. Este A ocorrência de rochas intrusivas pode, também, colocar em causa a
princípio não pode ser considerado em
rochas deformadas ou invertidas, uma
aplicabilidade deste princípio. Assim, uma intrusão magmática (por
vez que a relação espacial original pode exemplo, um filão basáltico) é mais recente que as rochas (Figura 1.4).
ter-se perdido.
O mesmo raciocínio se aplica quando uma falha atravessa o conjunto de
estratos, sendo mais recente que estes. Os geólogos denominam este
princípio da interceção.
Quando uma rocha (ou resto de ser vivo) se encontra incluída noutra
(exemplo: fragmentos de micaxisto num conglomerado), esta é mais
antiga do que aquela. Este princípio conhece-se pelo da inclusão
(Figura 1.5).
Recorda o esquema que fizeste no procedimento 1 da Atividade 1.8.
Verificaste, certamente, que uma camada (ou grupo de camadas)
sedimentar deposita-se, em regra, horizontalmente, ao longo de uma
área (e de um volume) mais ou menos considerável. Esse fenómeno é
Figura 1.3 Princípio da sobreposição. traduzido pelo princípio da horizontalidade (Figura 1.6). O vale de um
Atividade 1.9
F
E
D
C
B
A
1. Com base na análise dos diagramas 2 e 5, indica as camadas que se depositaram depois da camada B. Qual a
camada que se depositou em primeiro lugar?
2. Quais são as camadas depositadas após a deformação que se deu no diagrama 3?
3. Ordena os diagramas de acordo com a sucessão dos acontecimentos.
Princípio da interceção
Qualquer corpo geológico ou
estrutura que intersete outro, é mais
recente que o intersetado.
Princípio da inclusão
Qualquer estrato que apresente
outro incluso, é mais recente que os
fragmentos do incluído.
Figura 1.6 Princípio da horizontalidade. Figura1.7 Interrupção da continuidade Figura 1.8 Camadas dobradas.
pelo vale do rio.
Litoestratigrafia
Estudo das sequências sedimentares
com base, sobretudo, na natureza
litológica das camadas.
Formação
O m.q. Fm. Unidade litoestratigráfica,
caraterizada por um conjunto de
rochas que se identificam pelas
suas caraterísticas litológicas
(composicionais) e pela posição
estratigráfica que ocupam. É uma
unidade básica da
cartografia geológica.
Membro Figura 1.9 Princípio da identidade paleontológica. Estratos com a mesma idade: B e G; D,
I e N; E, K e P.
Unidade litoestratigráfica abaixo
da Formação geológica. Tem cara-
terísticas geológicas distintas, próprias, Os princípios da sobreposição e da horizontalidade constituem os
que fazem com que se individualize das fundamentos da Litoestratigrafia. Como verás mais adiante, a unidade
rochas envolventes e,
frequentemente, só tem litoestratigráfica fundamental é a Formação. As Formações podem ser
expressão local.
divididas em Membros e Camadas e podem ser associadas em Grupos.
Camada
O princípio da identidade paleontológica é o fundamento da
O m.q. estrato, banco e bancada. Corpo
sedimentar com desenvolvimento Bioestratigrafia. Cedo se verificou que quanto mais recentes eram
tabular e individualizável das camadas
imediatamente acima e abaixo. Pode
as camadas sedimentares mais parecidos eram os fósseis (que elas
ter espessuras variáveis, mas nunca continham) com os animais e as plantas atuais. Ou seja, se era possível
menos de 1 cm.
ordenar temporalmente as rochas, também era possível ordenar os
fósseis. A unidade fundamental em bioestratigrafia é a Zona. Uma zona
corresponde à extensão vertical (temporal) de um fóssil, ou de uma
associação de fósseis, de evolução rápida; são os chamados fósseis
de idade, que estudarás mais adiante. São os fósseis que permitem
identificar as camadas da mesma idade em colunas (empilhamentos)
litoestratigráficas muito afastadas (Figura 1.10).
Como procederam, então, os primeiros geólogos (séculos XVIII e XIX)?
1. Primeiro, começaram por identificar a sucessão local das camadas
sedimentares em diversos pontos de uma região ou de um país; isto é,
começaram por construir a coluna litoestratigráfica local. É o que se faz
ainda hoje (e que tu próprio poderás fazer).
2. Depois de construídas as colunas estratigráficas locais, o estudo dos
Figura 1.10 Coluna litoestratigráfica. fósseis (quando existem) permitiu identificar as camadas da mesma
grandes “fatias” com uma idade caraterística; ou seja, com o mesmo Fóssil de idade
significado temporal em qualquer parte do mundo. São os Sistemas. Por O m.q. fóssil caraterístico. Fóssil de
um organismo que viveu durante um
outras palavras, a associação da Litoestratigrafia com a Bioestratigrafia intervalo de tempo muito curto, o
que faz com que a sua ocorrência seja
conduziu à Cronoestratigrafia, um conceito mais teórico e completo em indicador da idade da rocha.
termos de tempo relativo. Ainda assim, convém distinguir as unidades
Coluna litoestratigráfica
cronoestratigráficas (Sistema, Série, Andar), materiais e concretas, das Coluna estratigráfica baseada apenas
na natureza das rochas sedimentares
correspondentes unidades cronogeológicas (Período, Época, Idade), de uma região.
temporais e abstratas. Um exemplo: um Sistema é um conjunto de
Sistema
camadas depositadas durante um Período; um Período é um intervalo
Subdivisão da Era a que corresponde a
de tempo durante o qual se depositou um Sistema. Outro exemplo: em unidade estratigráfica Período.
Paraconformidade
Não existe diferença de atitude entre
unidades sobrepostas ainda que, às Figura 1.12 (A) Discordância angular; (B) Inconformidade.
vezes, faltem diversos conjuntos líticos.
Na Figura 1.13 representa-se esse conjunto imaginário.
Desconformidade
As camadas são paralelas de um e de
outro lado da superfície mas esta não é
conforme a estratificação.
Discordância angular
Falta de paralelismo entre uma
sequência estratificada depositada
sobre uma outra, diferentemente
inclinada e arrasada
pela erosão.
Escala Estratigráfica
O m.q. Tabela Estratigráfica. Sequência,
por ordem cronológica, das diversas
unidades estratigráficas adotadas, num
dado período do conhecimento.
Foi assim possível construir uma Escala Estratigráfica, utilizável por toda a Fanerozoico
comunidade de cientistas e já bastante pormenorizada no final do século O m.q. Tempos fossilíferos. Grande
XIX (Figura 1.14). Pormenorizada sim, mas com uma exceção. É que a divisão estratigráfica (Eon) que se
segue ao Proterozoico. Reúne o
parte inferior da Tabela era representada por rochas, geralmente muito Paleozoico, o Mesozoico e o Cenozoico.
Atividade 1.10
A Figura seguinte representa células vistas em ampliação (A), anéis de crescimento em duas árvores distintas (B) e
numa valva de molusco (C) e camadas de rochas sedimentares (D).
A B B C D
1. Observa a parte A da Figura. Que células representam o crescimento na primavera e que células representam o
crescimento no verão?
2. As duas árvores, mostradas na parte B da Figura, foram contemporâneas durante, pelo menos, algum tempo das
suas vidas?
3. Que evidências de mudanças estacionais existem na concha e nas camadas sedimentares apresentadas nas partes
C e D da Figura?
4. Qual poderia ser a causa de cada uma dessas formas apresentadas na Figura?
Já vimos que o dia e o ano são unidades naturais de tempo que decorrem
de movimentos da Terra. Combinados, com a orientação da Terra e
relação ao Sol, provocam estações. Se supusermos que a Terra gira em
torno do Sol desde a formação do sistema solar, podemos admitir, então,
que devem existir evidências das estações do ano nos registos fósseis e
nas rochas. E será que existem, efetivamente, tais evidências?
Na atividade precedente, examinámos materiais de ocorrência natural
que registam mudanças anuais em várias épocas no passado. Porém, o
intervalo de registo é pequeno demais para ser usado na verificação de
acontecimentos terrestres há milhões de anos atrás.
Tempo absoluto
Geocronologia
Estudo dos tempos geológicos, em A quantificação do tempo relativo, ou seja, a medição do chamado tempo
milhões de anos, e dos métodos absoluto (Geocronologia) só foi possível já no século XX. E porquê?
utilizados na respetiva datação.
Porque a descoberta do “relógio geológico” foi uma consequência, da
Radioatividade descoberta da radioatividade, e esta aconteceu em 1896, pelo francês
Fenómeno natural ou artificial, pelo Henry Becquerel. Que relógio é este?
qual algumas substâncias ou elementos
químicos, chamados radioativos, são O princípio do método é fácil de entender. Alguns minerais contêm, na
capazes de emitir radiações, as quais
têm a propriedade de impressionar sua constituição, elementos radioativos (por exemplo U no zircão, Rb nos
placas fotográficas, ionizar gases,
produzir fluorescência ou atravessar feldspatos, K nas micas). Os físicos descobriram os ritmos a que se dão
corpos opacos à luz ordinária. as respetivas desintegrações radioativas. Estes ritmos são medidos pelo
(Figura 1.16).
2. O produto final da desintegração pode escapar-se, com maior ou menor
Isótopos
São átomos de um elemento
facilidade, da rede cristalina do mineral. Por exemplo, o Ar40, elemento químico cujos núcleos têm o mesmo
final da desintegração do K40, é um gás que se escapa facilmente da número atómico.
rede das micas; só o que resta pode ser medido, e a idade aparece Espectrómetro de massa
falseada. Aparelho usado para a análise isotópica
de minerais e de rochas.
3. A análise quantitativa dos isótopos exige uma tecnologia cada vez mais
avançada e dispendiosa. Datação radiométrica
4. Antes de procedermos à datação de uma rocha (ou de um mineral), O m.q. datação isotópica e
geocronologia radiométrica. Datação
temos de conhecer bem essa rocha, tanto no campo (modo de jazida dos minerais e das rochas com base no
decaimento dos isótopos radioativos
e relações com as rochas vizinhas) como no laboratório (natureza dos presentes.
seus minerais, composição química, texturas). Nem todas as rochas (e
minerais) se prestam a uma datação radiométrica; verás porquê mais
adiante, ao analisares a geologia de Timor-Leste.
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
Milhões de anos
542 500 435 410 360 300 251 205 135 65,5 24,5 1,65 1,8
Era Paleozoica Era Mesozoica Era Cenozoica
Milhões de anos
4600 4000 3500 3000 2500 2000 1600 1000 542
Precâmbrico
Hadeano Arcaico Proterozoico Fanerozoico
(informal)
Supercontinente UR
(12 a 16% da crusta
atual)
Supercontinente
Formação da Terra
Consoliação das
rochas mais antigas
que se conhecem
Kenorlândia
Estromatólitos
Supercontinente
Início da fragmentação
do Supercontinente
Columbia
Supercontinente
Supercontinente
Columbia
Pannótia
Rodinia
Problematizar
Como se interpetra a Tabela Estratigráfica?
Atividade 1.11
Tabela estratigráfica | 27
2 500 000 a.C. 3 000 a.C. 476 1453 1789
Idade Idade
Pré-história Antiguidade Idade Média
Moderna Contemporânea
Milhões de anos
542 488 444 416 359 299 251 200 145 65.5 23 2,6
Era Paleozoica Era Mesozoica Era Cenozoica
Câmbrico Ordovícico Silúrico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Paleogénico Neogénico Quaternário
Diversificalção da vida marinha
aparecimento de trilobites e esponjas.
Répteis e trilobites.
Extinção de 30% das famílias de animais,
incluindo peixes primitivos.
grandes extinções
Problematizar
Como investigar a escala de tempo geológico?
Atividade 1.12
Examina a relação de acontecimentos, abaixo, e decide como representá-los numa sequência ordenada de tempo. Usa
o rolo de fita de papel, a fim de poderes construir o modelo gráfico.
Idade dos acontecimentos:
1. As mais velhas rochas conhecidas: 4000 Ma
2. Começo do Câmbrico e primeiros fósseis abundantes: 542 Ma
3. Primeiros répteis: 359 Ma
4. Primeiros mamíferos: 251 Ma
5. Primeiras aves: 199 Ma
6. Primeiros hominídeos (Género Homo): 2 Ma
7. Fim da última glaciação: há 10 000 anos.
Síntese
• O tempo para cada um de nós é uma evidência familiar mas não é fácil de definir. Simplesmente, existe!
Apercebemo-nos dos seus efeitos sobre as pessoas e os objetos. Tudo se encontra submetido ao tempo e
acaba por ter fim. O nosso cérebro está preparado apenas para abarcar uma certa dimensão ou medida do
tempo, em consequência da duração média da vida humana. Para que se torne menos complexo, medimos o
tempo. Fazemo-lo com marcas da nossa vida (ex.: acontecimentos) ao longo de um eixo (ou friso) cronológico
ou com instrumentos (ex.: relógios).
• A história da humanidade é, por isso, contada pelo mesmo processo. Não apenas a soma aritmética de anos
sobre anos (divisões temporais), mas descrevendo-a com grandes acontecimentos que marcaram esses
períodos de vida: o aparecimento da escrita (Antiguidade); o fim do Império Romano do Ocidente (Idade
Média); a queda do Império Romano a Oriente (Idade Moderna); e a Revolução Francesa (que assinala o
início da Idade Contemporânea).
• Para acontecimentos muito mais antigos que a própria existência humana (tempo histórico), não existe
memória que nos valha. Existe outro tipo de registos que nos permitem inferir sobre a duração do tempo. A
29
história da Terra (tempo geológico) preocupou, desde cedo, muitas pessoas, quer fossem através de escritos
oficiais ligados à religião (ex.: hindus, cristãos), quer fossem matemáticos e naturalistas (ex.: Conde de Bufon).
Os métodos usados, face às limitações do conhecimento e tecnológicas, não eram os melhores, pelo que os
valores apresentados ficaram longe da realidade atual. Mas o que contou foi a intenção de compreender a
Natureza e de explicá-la.
• Existem dois tipos de datação das rochas: datação relativa e datação absoluta. A datação relativa é realizada
com base na posição relativa das formações geológicas ou na presença de fósseis de idade. A datação
absoluta procura determinar o valor da duração dos acontecimentos; é feita à base dos elementos radioativos
constituintes das rochas.
• Os minerais que constituem as rochas possuem elementos radioativos, cuja desintegração é feita em velocidade
constante. Mediante o conhecimento dessa variável e das quantidades de elementos radioativos presentes
nas rochas, é possível, com processos químicos e tecnológicos complexos, determinar a idade absoluta
das rochas.
• A história do homem marca-se pela ocorrência de acontecimentos que assinalam determinados momentos
(por exemplo, a II Grande Guerra Mundial, o Renascimento, a Revolução Industrial). Do mesmo modo, a
história da vida é marcada pelo aparecimento, transformações, declínio e extinção de numerosos grupos de
animais e de plantas. Na história da vida existe uma sucessão de acontecimentos com expressão ao nível
do planeta, como sejam grandes períodos de extinção, seguidos de renovação significativa da fauna ou da
flora. As causas para estes fenómenos são variadas, mas é precisamente esta sucessão de povoamentos que
nos permite datar as formações geológicas, uma relativamente a outras e estabelecer uma escala de tempo
geológico.
• A Tabela Estratigráfica surge da necessidade de se estabelecer uma sucessão cronológica de certos acon-
tecimentos geológicos e biológicos. É um método de datação bioestratigráfico. A escala de tempo geológico
encontra-se dividida em unidades cronoestratigráficas, integradas num sistema hierárquico, que inclui o
Sistema, Série e Andar. Para cada unidade cronoestratigráfica, define-se uma unidade geocronológica: Era,
Período, Época e Idade.
Questões em Aberto
• Os meteoritos, que contêm isótopos radioativos, têm fornecido evidências de que a Terra é muito antiga.
Como é que a idade dos meteoritos pode ser comparada com a das rochas mais antigas encontradas na crusta
terrestre?
• Existem duas linhas de pensamento nas explicações propostas para a extinção de grandes grupos de fauna
e flora: uma linha catastrofista e outra não catastrofista. Ambas se apoiam em factos e evidências. Será que
coexistem, de facto, estas duas linhas ou as extinções devem-se a outros aspetos não conhecidos?
• Será a Tabela Estratigráfica de 2011, da International Comission on Statigraphy, a versão final que traduz a
verdadeiro calendário geológico?
Avaliação
1. Os intervalos de tempo tanto podem ser comparados como medidos por intermédio de relógios. Quando
avaliaste um intervalo de tempo na sala de aula (Atividade 1.1), de que modo consideraste o tempo? Como
se denomina esse tipo de tempo?
2. Numa sequência ordenada de acontecimentos, o evento A precedeu o B que, por sua vez, precedeu o C.
O evento D, contudo, precedeu o B mas seguiu-se ao A. Representa estes acontecimentos na ordem de
ocorrência, num friso cronológico.
3. Considera-se a transformação um aspeto dos acontecimentos. Indica alguns acontecimentos que não
envolvam transformação.
4. Observa com atenção a figura que se segue, que representa quatro séries estratigráficas acessíveis em quatro
distintas localidades: A, B, C e D.
A B C D
4.1. É possível relacionar as quatro séries estratigráficas entre si. Desenha no teu caderno as quatro séries,
mantendo a sua posição relativa. Usando um lápis, e com tracejado, representa essa relação entre
as camadas.
4.2. Atribui números a cada camada. Ordena as camadas cronologicamente e indica qual foi a primeira a
depositar-se.
4.3. Que podes concluir quanto à idade absoluta de cada camada?
31
4.4. A terceira camada a depositar-se na localidade D apresenta-se inclinada relativamente aos demais.
Aponta uma causa provável para este fenómeno.
4.5. Qual o nome da superfície de contacto entre os terceiro e quarto estratos da localidade D?
5. A determinação dos tempos geológicos relativo e absoluto será importante para os geocientistas? Fundamenta
a tua resposta.
6. Como podes, agora, definir o tempo?
7. Para além da sequência cronológica, que tipo de informação pode ser obtida através do estudo dos anéis das
árvores?
8. Define o período de semivida. Todos os isótopos radioativos têm a mesma semivida?
9. Analisa o gráfico que se segue. Considera que os dados representados são relativos à desintegração do
isótopo-pai U-235 no isótopo-filho Pb-207.
9.1. Supõe que num cristal de zircão existe 75% de U-235. Determina a percentagem de Pb-207 no cristal.
9.2. Indica a fração de semivida relativa à situação descrita na questão anterior.
9.3. Calcula a idade do referido cristal.
10. Realiza uma pesquisa na Internet, completando os espaços em branco, numa tabela que deves construir no
teu caderno, semelhante à que a seguir se indica.
10.1. Assinala com um X, no quadro que se segue, a idade da Terra determinada em cada momento:
Idade da Terra James Ussher William Thomson Thomas Huxley Atualidade
4004 anos a.C.
Mais de 90 Ma
4 560 Ma
10.2. Faz no teu caderno a correspondência de cada uma das letras - A, B, C, D, E e F - aos respetivos cientistas.
12.1. Compara o número de famílias existentes entre o final do Mesozoico e o início do Cenozoico.
12.2. Indica o nome do período de tempo a que corresponde a maior extinção de organismos.
12.3. Determina o número aproximado de famílias extintas durante o período de tempo referido na resposta
anterior.
12.4. Delimita, no tempo, a existência de extinções de menor expressão.
12.5. Durante o Cenozoico, Jurássico, Cretácico, Triásico e Pérmico existiu intensa atividade vulcânica, assim
como testemunhos de impactos meteoríticos.
12.5.1. Explica a relação entre estes factos e as extinções em massa.
12.5.2. Quais são as hipóteses que estes factos pretendem evidenciar no que diz respeito às grandes
mudanças na biodiversidade?
13. Associa as frases-chave da coluna I às afirmações da coluna II.
Coluna I Coluna II
Permite sequenciar cronologicamente as diferentes
(1) Datação relativa (A)
camadas de rochas.
Possibilita a avaliação da rigidez das rochas das diferentes
(2) Datação radiométrica (B)
camadas.
(3) Datações relativa e radiométrica (C) Tem em consideração a sobreposição de camadas.
Baseia-se no decaimento radioativo de certos elementos
(4) Nem datação relativa nem radiométrica (D)
químicos existentes nas rochas.
Permitiu conhecer a idade das rochas mais antigas da
(E)
superfície terrestre.
(F) Contribui para a elaboração de escalas do tempo geológico.
33
Os fósseis são um testemunho importante para a definição das
paisagens geográficas do passado.
Para além deste tipo de informação, os fósseis também ajudam à
reconstrução dos ambientes originais de deposição de uma rocha.
A unidade A LIÇÃO DOS FÓSSEIS constitui-se como um importante
momento para estudares a vida do passado da Terra e o seu
desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os
processos de integração da informação biológica no registo
geológico.
Tal como sucede com a biodiversidade, a geodiversidade é o
valor máximo a proteger relativamente à geologia, mais do que o
próprio património geológico.
E tu, enquanto cidadão de Timor-Leste e do Mundo, estás
consciente desta responsabilidade e disposto a assumi-la?
Unidade Temática 2 | A lição dos fósseis
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
36
Problematizar
O que seriam, de facto, os objetos “estranhos” no interior das rochas observados
no passado?
Atividade 2.1
Realiza a atividade que se segue, que te ajudará a dares a resposta à questão anterior.
Materiais: argila para modelar (também designada, vulgarmente, por barro).
1. Modela em argila, com as tuas mãos, uma rodela larga e alta, como se tratasse de uma
grande bolacha.
2. Pede a um colega da sala que faça uma marca com a sua mão no barro e observa o
resultado.
3. Faz um desenho da mão que o teu colega usou para fazer a marca na argila e um outro do
que observaste. Compara os dois desenhos.
4. Os desenhos são muito diferentes ou são muito semelhantes? Em que diferem?
Figura 2.2 (A) Pegada de dinossauro. (B) Trilho de dinossauro. Figura 2.4 Fóssil vegetal.
Paleontologia A ciência que se ocupa dos estudo dos fósseis designa-se de Paleontologia
Ciência complementar da e os cientistas que os estudam de Paleontólogos.
geologia que se ocupa dos seres do
passado através dos fósseis.
Paleontólogo
O m.q. paleontologista. Cientista que
se ocupa da paleontologia.
Problematizar
Como se terão formado os fósseis?
Atividade 2.2
Lê, com atenção, o texto que se segue, escrito por Leonardo da Vinci:
Nas planícies italianas onde hoje os pássaros voam em bandos, os peixes vagueavam outrora, em
grandes cardumes; para nós é suficiente o testemunho de formas próprias de águas marinhas que,
atualmente, se encontram nas altas montanhas longe do mar.
Citado em H. Read (1976)
1. Que tipo de método utilizou Leonardo da Vinci nas suas observações?
2. Da Vinci tinha-se familiarizado com os processos em curso no leito dos rios e ao longo do litoral marinho. Qual terá
sido a importância desta experiência para a compreensão da formação dos fósseis?
Atividade 2.3
Leonardo da Vinci foi um dos estudiosos, como se disse, que inspecionou Leonardo da
numerosas escavações em rochas fossilíferas e observou os processos Vinci (1452-1519)
Uma das
em curso na Natureza no seu tempo. Todas as informações que recolheu personalidades mais
conduziram-no ao conceito do que atualmente se designa por processo importantes do
Renascimento.
de fossilização.
Esqueleto externo b) esqueleto interno (por exemplo, ossos, dentes). É uma situação
O m.q. exoesqueleto. caraterística dos vertebrados;
Esqueleto interno 2. outras vezes por substituição: as águas de infiltração, ricas em sais,
O m.q. endosqueleto. substituem a matéria orgânica, molécula a molécula (exemplo: madeira
silicificada) (Figura 2.6);
Substituição
3. outras vezes por moldagem. Também aqui intervêm as águas de
Modalidade de fossilização que
consiste na substituição completa da infiltração, mas que não substituem nada; contudo:
substância original que constitui o
organismo por uma outra substância a) o material que constitui o fóssil original é dissolvido e o espaço
mineral contida no sedimento onde o
organismo estava.
vazio é preenchido por novos materiais (calcite, sílica, pirite…).
Assim se originam moldes internos (Figura 2.7), moldes externos
Molde interno e contramoldes.
Molde de superfícies ou de cavidades
interiores de estruturas somáticas ou
de vestígios de atividade orgânica.
Molde externo
Molde de superfícies ou de cavidades
exteriores de estruturas somáticas
ou de vestígios de atividade orgânica.
Os moldes externos são constituídos
pelo material que cobre a superfície
externa de uma qualquer estrutura,
reproduzindo (em negativo) a sua
forma e os seus relevos (a sua
ornamentação).
Contramolde
O preenchimento de um molde
(interno ou externo), dá origem a uma
réplica do elemento original, mas Figura 2.6 Secção de madeira fossilizada, Figura 2.7 Molde interno de concha de
constituída por material distinto do silicificada. Triásico. gastrópode, género Turritella.
inicial: um contramolde.
b) o material original é reforçado pela precipitação de novos minerais
nos poros e interstícios. Podemos falar aqui de conservação?
4. outras vezes ainda por impressão deixada nos sedimentos. Exemplos:
folhas de plantas, pegadas de animais. Estas impressões podem ser
A B
A B C
D E F
Figura 2.9 Fases de fossilização. (A) Uma parte dura de um ser vivo, aqui representado
por um osso de um animal, resiste à meteorização e à deterioração.
(B) Esta porção de osso é limpa num rio e as partículas sedimentares, areia, silte ou argila
depositam-se e cobrem-no. (C) Com o decorrer do tempo, mais material sedimentar é
sucessivamente depositado no topo. As camadas e a referida porção são comprimidas
pelo aumento de peso a que ficam sujeitas. (D) Os minerais da porção inicial são
dissolvidos e retirados, deixando um espaço vazio, isto é uma parte oca - molde. (E) O
espaço é a seguir preenchido por minerais que vêm de rochas vizinhas por percolação.
(F) Movimentos tectónicos, erosão e outros processos vão removendo as camadas
superiores e o fóssil pode vir a aparecer à superfície.
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
Thalassosphaera (A)
Cenosphaera (B) Actinomma (B)
Carposphaera (B)
Cenellipsis (D)
Ellispsoxiphus (C) Staurosphaera (D) Heliodiscus (A)
Rhopalodictyum (C)
Figura 2.16 Radiolários Spumellarios. (A) atual; (B) Miocénico; (C) Jurássico;
(D) Carbónico.
Tórax
Zona intermédia, articulada,
constituída por um número variável
(de dois a mais de 20) de segmentos
idênticos.
Pigídio
O m.q. escudo caudal das trilobites.
Corresponde à zona posterior da
carapaça, que inclui, em algumas
espécies, espinhos e ornamentação Figura 2.17 Trilobite (Ordovícico). Figura 2.18 Segmentos de uma trilobite
variada. O pigídio era, também, uma em vista dorsal.
peça única.
Os Graptólitos (Figuras 2.19 e 2.20) são, igualmente, um grupo extinto de
Graptólitos
animais marinhos. Mas não são fáceis de integrar em nenhum dos grupos
Grupo de invertebrados marinhos,
pelágicos, com grande interesse na taxonómicos conhecidos; há mesmo quem lhes reconheça afinidades com
estratigrafia do Ordovícico e
do Silúrico. os Vertebrados. Cada graptólito é formada por um ou vários rabdossomas;
Rabdossoma estes contêm numerosas estruturas em forma de cálice, chamadas tecas.
Esqueleto colonial escleroproteínico, Os graptólitos são importantes fósseis de idade sobretudo para o
composto por várias cápsulas
denominadas tecas que albergavam os Ordovícico e o Silúrico.
organismos individuais.
Tecas
O m.q. hidrotecas. Estruturas tubulares
que se originavam a partir da sícula
e que no seu interior continham
um zoóide individual. As tecas eram
compostas de colagénio e uniam-se
umas às outras através do nema que
suportava a estrutura.
Corais
O maior recife de coral do mundo é a
Grande Barreira de Recife Australiana,
local de vida marinha muito rica e Figura 2.19 Graptólitos. Figura 2.20 Esquemas de Graptólitos.
diversa, faunística e floristicamente.
Colónias Corais
Nome dado a uma relação ecológica Pertencem ao Filo Cnidaria, que inclui, por exemplo, as anémonas do
harmónica intraespecífica, em que
um grupo de organismos da mesma mar. São basicamente um saco protegido por um exosqueleto cónico ou
espécie formam uma entidade
diferente dos organismos individuais e tubular (Figuras 2.21 e 2.22). Alguns corais vivem em colónias e constroem
todos retiram vantagem.
grandes massas conhecidas por recifes; outros corais são solitários e
Recife de Coral
podem viver em águas mais frias e profundas do que os corais de recifes.
Zona de plataforma carbonatada
construída pela atividade de corais Os corais coloniais (de recife) são bons fósseis de fácies. Alguns corais
em águas quentes e límpidas, pouco
profundas. solitários também são bons fósseis de idade.
A
C D
B
Figura 2.21 Fóssil de coral. Figura 2.22 (A) Porites furcatus; (B) Madrepora verrucosa; (C) Blastotrochus nutrix; (D)
Dendrophyllia ramea; (E) (F) Gorgonia verrucosa.
Problematizar
E se desaparecessem os corais?
Atividade 2.4
?
Crinoides
Serão os ouriços do mar bons fósseis? O m.q. lírios do mar e comatu-
lídeos. É uma classe de equinodermes.
São animais exclusivamente marinhos
que ocupam todas as profundezas até
aos 6000 metros. Atualmente, a classe
conta com apenas algumas centenas
de espécies mas o registo geológico
Crinoides e Equinídeos mostra uma biodiversidade muito
maior dentro do grupo.
Os Crinoides são Equinodermes com aspeto de flores; desenvolvem-se
Equinodermes
em colónias no fundo do mar. A maior parte das formas fósseis estava
São animais marinhos, de vida livre,
fixada por uma espécie de caule ou pedúnculo formado por discos ou exceto por alguns crinoides que
vivem fixos a um substrato rochoso
artículos. Por cima do caule havia um cálice de onde saíam cinco braços (sésseis) e de simetria radial que
também apresentam sua exceção,
que se podiam subdividir (Figura 2.23). os comatulídeos, que se locomovem
utilizando os braços. Este Filo surgiu no
Os Equinídeos (Figura 2.24) são Equinodermes com uma forma globosa. Câmbrico recente e contém cerca de
7 000 espécies viventes e 13 000
O seu exosqueleto é formado por pequenas placas calcárias, muitas extintas.
Pedúnculo
Pé flexível de fixação dos crinoides,
circular ou pentagonal, formado por
numerosas peças – entroques.
Cálice
O m.q. teca. Surge no topo do
A B
pedúnculo, provido de braços que
filtram os alimentos da água. Figura 2.23 (A) Abrotocrinus unicus. Crinoide; (B) Aspeto exterior de um crinoide.
A B
Figura 2.24 (A) Eupatagus antillarum. Equinídeo do Eocénico; (B) Estrutura geral dos
equinídeos.
valva braquial
Figura 2.26 Esquema de um Braquiópode. Figura 2.27 Terebratula (Jurássico).
câmaras
linhas de
sutura
abertura
Figura 2.34 Representação esquemática Figura 2.35 Secção de um Amonoide.
de um amonoide.
Strombus
Figura 2.38 Cefalópodes coleóides (Belemnites). A espécie Strombus bubonius,
por exemplo, é um fóssil de idade para
o Tirreniano (Pleistocénico Superior, há
Gastrópodes 100 000 anos).
Atividade 2.5
Dinossauros
? Qual é a idade dos Répteis?
Braquiossauros
Dinossauros de grandes dimensões
e herbivoros.
Estegossauros
Dinossauro de tamanho médio,
caraterizado pela presença de um
crânio bastante pequeno.
Figura 2.50 Estegossauro (Jurássico
Superior).
Tiranossauros
• Braquiossauros (Figura 2.51) e Brontossauros: gigantes e igualmente
Os famosos Tyrannosaurus rex eram
carnívoros de grandes dimensões e vegetarianos.
predadores de dinossauros herbívoros.
• Tiranossauros (Figura 2.52): carnívoros.
Ictiossauro
Réptil marinho de forma hidrodinâmica.
Crocodilo
O crocodilo é um exemplo do grupo dos
réteis.
Figura 2.53 Ichthyosaurus Gén. (Jurássico Figura 2.54 Plesiosaurus. Réptil marinho
Superior). de grandes dimensões (Jurássico
Superior).
Hominídeos
São os maiores primatas. Têm o
Hominídeos polegar e o hallux (o dedo grande do
pé) oponível aos outros dedos (exceto
Todos nós fazemos parte da espécie Homo sapiens. Esta espécie apareceu no género humano) e todos os dedos
têm unhas achatadas.
há cerca de 300 000 anos com o nosso irmão mais velho, o Homo sapiens
neanderthalensis (ou Neandertal). Os Neandertais extinguiram-se algo ADN mitocondrial
misteriosamente há cerca de 30 000 anos, mais ou menos na mesma É um ADN que não se localiza
no núcleo da célula, mas sim na
altura em que surgiram os Cro-Magnons, ou seja os percursores do mitocôndria (organito celular). O ADN
mitocondrial tem sido estudado com
homem moderno (Homo sapiens sapiens). o intuito de investigar linhagens muito
antigas.
A história dos hominídeos (Figura 2.55) baseia-se tanto nos fósseis
(marcha bípede, capacidade craniana, dentição) como na genética (ADN Genoma
mitocondrial e genoma). Ela começa, tanto quanto hoje se sabe, em Corresponde a toda a informação
hereditária de um organismo que está
África, com o género Ardipithecus, no limiar do Pliocénico há 4,4 Ma; este codificada em seu ADN.
dá lugar, durante o Pliocénico, ao género Australopithecus (Figura 2.56) e este, já no limiar do Quaternário, ao
género Homo: primeiro o Homo habilis, depois o Homo (Pitecanthropus) erectus e finalmente o Homo sapiens
(Figuras 2.57 - 2.59). Um novo fóssil de pé de hominídeo foi encontrado em 2009, na região de Afar, no centro
da Etiópia, vindo revelar que existia uma outra linhagem de hominídeos contemporâneos do Australopithecus
afarensis (a que pertence a famosa Lucy), há cerca de 3,4 Ma. Estes novos elementos reforçam, no entanto, o
que a Ardi já tinha mostrado: o antepassado de chimpanzés, gorilas e humanos (e tudo o que existiu entre estas
espécies), um ser mais antigo que Ardi, viveu há cerca de 10 Ma e não teria o aspeto parecido com os primatas
de hoje, como se pensou durante décadas.
Figura 2.58 Fóssil de Homo erectus. Figura 2.59 Fóssil de Homo sapiens.
Problematizar
Como podes encontrar fósseis perto de onde estás?
Atividade 2.6
Vamos ver se consegues encontrar fósseis na região próximo de onde vives. Procura informar-te junto da tua família,
amigos e vizinhas, acerca de locais próximos da tua escola ou da tua casa, onde possam existir afloramentos rochosos
com fósseis. Apresenta a informação que recolheste ao teu professor e juntos poderão programar melhor uma
atividade no campo. Estuda bem o percurso para não te perderes.
Leva contigo roupas e sapatos resistentes, óculos de proteção, água, martelo de geólogo, escopros, bloco de notas,
lápis, lenços ou pedaços de papel e algodão para envolveres os fósseis, sacos de plástico ou de pano com vários
tamanhos.
Procedimentos no campo
• Procura ir acompanhado por um adulto para estares mais seguro.
• Não te esqueças de pedir autorização aos proprietários de locais
vedados.
• Cuidado com as falésias e com a forma como colocas os pés! Podes cair
acidentalmente ou soltarem-se rochas e aleijarem alguém que esteja em
baixo.
• Levanta sempre as rochas com o teu martelo. Podem existir cobras ou
outros animais recolhidos nesses locais, que poderão magoar-te.
• Quanto encontrares um fóssil, retira-o da rocha utilizando um martelo e
um escopro. Procura partir a rocha longe do fóssil para evitares danificá-
-lo.
• Embrulha o fóssil num guardanapo de papel (ou em algodão, conforme
a sua fragilidade) e anota num papel o local (e o tipo de rocha) onde o
encontraste. Coloca tudo dentro de um saco.
Atenção: Procura não destruir os afloramentos e tem presente que também Paleontólogo no estudo dos fósseis
és responsável pela preservação do ambiente. (Cabo Verde)
Procedimentos em casa ou na escola
• Em tua casa, ou no laboratório da escola, podes iniciar o processo de limpeza. Desbasta as extremidades da rocha
que envolvem o fóssil com uma agulha forte. Cuidado para não te ferires!
• Escova os restos da rocha com uma escova de aço e, finalmente, lava o teu fóssil com água e sabão. Enxuga-o com
um pano seco e macio para que fiquem reluzentes.
• No caso de teres fósseis incluindo material argiloso, coloca as rochas num alguidar com água oxigenada (20
volumes). Mexe os sedimentos com um pau para não te queimares. Ao fim de dois dias, retira-os do alguidar e,
usando um passador, lava-os bem em água corrente. Deixa secar tudo de seguida.
• Observa à lupa, com atenção e demoradamente, os teus fósseis.
• Faz um desenho do fóssil observado a olho nu ou à lupa. Usando um guia de fósseis, procura identificar o teu.
Escreve ao lado do desenho que fizeste as caraterísticas descritas no guia.
• Arranja uma caixa de plástico ou de madeira que seja fechada, à medida do fóssil e coloca-o no seu interior. Não te
esqueças de fazer uma etiqueta com a sua identificação.
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para estas questões. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-
-te a construir conhecimentos e a adquirir competências que te permitirão atingir as metas de aprendizagem
definidas no programa da disciplina.
Atividade 2.7
Em Dezembro de 1938, pescadores entregues à sua faina, no Oceano Índico, ao largo da costa da África do Sul,
apanharam um peixe estranho que, ao ser içado para bordo, ainda vivo, pouco faltou para que lhes mordesse a mão.
Tinha cor azul-metálica, com quase 1,80 m de comprimento e 80 kg de peso. Revestiam-lhe o corpo escamas grandes
e espessas e barbatanas fortes e carnudas, que usava provavelmente para se deslocar ao longo do fundo do mar.
Notaram um facto curioso: a barbatana caudal tinha dois lóbulos iguais. Tudo isto se passou na foz do rio Chalumna,
um rio que nasce entre Stutterheim e Keiskammahoek (África do Sul) com foz na cidade de Hamburgo, no Oceano
Índico. O peixe foi transportado num navio a vapor para o porto de East London em África do Sul. A diretora do Museu
Nacional desta cidade – Marjorie Courtenay-Latimer – foi de imediato avisada.
Após análise do animal, a diretora do museu formulou uma hipótese, que viria a ser confirmada por um grande
especialista de peixes em África, o Prof. J. L. B. Smith. O peixe pertencia a um grupo que se considerava extinto, o dos
Crossopterígeos. Os registos fósseis mais antigos deste peixe datam entre os 400-360 Ma, enquanto as rochas com os
mais recentes têm cerca de 65-70 Ma. Foi atribuído ao peixe o nome de Latimeria chalumnae.
1. Indica se a Latimeria é um peixe de profundidade, ou de superfície, justificando a resposta.
2. Assinala a data mais recente relativamente ao fóssil Latimeria. Formula uma hipótese para o facto de, desde
então, não se terem encontrado mais fósseis desse peixe.
3. Quais te parecem ter sido os critérios usados para atribuir o nome ao peixe encontrado?
Problematizar
Como investigar a variação e a evolução?
Atividade 2.8
Síntese
• Os fósseis são restos de seres vivos (dentes, ossos, conchas, …) que, com tamanhos muito variados, povoaram
a Terra num passado geológico. Recebem também essa designação as marcas da sua atividade (ovos,
pegadas, ...). Encontram-se, essencialmente, no interior de rochas sedimentares. A fossilização corresponde
ao processo em que os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros
mais estáveis nas novas condições. O estudo dos fósseis é realizado pelos paleontólogos, construindo a
ciência que se denomina de Paleontologia.
• As partes moles de um ser vivo raramente se conservam. Pelo contrário, as partes duras sofrem um processo
que se passa no interior dos estratos geológicos, conduzindo à fossilização.
• Dentro dos processos de fossilização, distinguem-se: a conservação, a substituição, a moldagem e a impressão
(icnofósseis).
• Um fóssil com grande distribuição geográfica e pequena longevidade é um bom indicador cronoestratigráfico,
dizendo-se fóssil de idade. Os fósseis que ajudam a reconstituir os ambientes do passado são os chamados
fósseis de fácies. Os principais microfósseis são: foraminíferos e radiolários. Outros grupos de fósseis
incluem: trilobites e graptólitos, corais, crinoides e equinídeos, braquiópodes e lamelibrânquios, amonites e
belemnites e gastrópodes. Existem, também, fósseis de plantas (por exemplo, pteridófitas e gimnospérmicas)
e de animais vertebrados (por exemplo, dinossauros e hominídeos).
• O estudo dos fósseis permite perceber que as espécies, animais e vegetais, evoluíram ao longo dos tempos.
Porém, algumas espécies fósseis mantêm-se quase imutáveis ao longo do tempo, sendo os fósseis idênticos
às formas vivas atuais.
• Os “fósseis vivos” correspondem a grupos biológicos que floresceram em épocas geológicas passadas, cujo
estudo proporciona ao paleontólogo dados muito importantes para a interpretação dos fósseis.
Questões em aberto
• As circunstâncias (por ex. caraterísticas da atmosfera) e o tempo em que apareceram as primeiras formas de
vida na Terra continuam difíceis de conhecer com certeza. Procura justificações para esta situação.
• Quando, onde e como os diferentes grupos de animais terão desenvolvido as suas partes duras?
• Os paleontólogos verificaram que existiram periodicamente extinções em massa. Como explicar este
fenómeno?
• Como se faz a ligação entre os hominídeos e os primatas?
63
Avaliação
1. Define o conceito de fóssil e explica se podem existir fósseis em rochas magmáticas.
2. O que entendes por fossilização? Dá dois exemplos.
3. Observa a Figura ao lado que corresponde a um fóssil da Turritela.
3.1. Que tipo de processo terá ocorrido na formação deste fóssil? Justifica.
3.2. Define contramolde e icnofóssil.
4 . Quais são as limitações do registo fóssil?
5. Observa a Figura que se segue:
5.1. Ordena os processos represen-
tados em A, B e C de acordo
com a sequência em que estes
ocorreram na Natureza.
5.2. Descreve, sumariamente, cada
processo representado.
A B C
14. A evolução das Trilobites e das Amonites ao longo dos tempos encontra-se representada nos dois gráficos
que se seguem. Analisa-os e responde às questões colocadas.
14.1. Refere o momento em que se
deu o apogeu das Trilobites e
das Amonites.
14.2. Comenta a seguinte afirma-
ção: “os dois grupos não po-
dem ser incluídos na mesma
Era geológica”.
65
Os conteúdos estudados nesta Unidade Temática vão ajudar-te a
compreender os recursos e procedimentos usados pelos geólogos
na reconstituição do passado da Terra. Para começar, vais ficar a
conhecer quais as principais áreas onde se formam os sedimentos
e as áreas onde estes se depositam, bem como os fatores que
condicionam o ciclo de erosão e os ambientes de sedimentação,
nomeadamente o clima, a litologia e as estruturas geológicas.
Vais ainda estudar as bacias sedimentares, tendo em conta a sua
classificação espacial e evolução temporal; as estruturas, fácies e
sequências sedimentares, com particular destaque para o exemplo
fluvial, o litoral marinho e o turbidítico. Por último, vais estudar
alguns regimes tectónicos, como a dorsal oceânica e o arco insular
Unidade Temática 3 | As reconstituições
do passado
Estas questões vão orientar o teu trabalho ao longo deste subtema. Os conhecimentos que construíres e as
competências que adquirires vão ajudar-te a alcançar as metas de aprendizagem que se apresentam em seguida.
68
Como já sabes do 10º ano, a origem dos sedimentos provém
Relevo
essencialmente da erosão das terras emersas. Apenas essencialmente, Conjunto de elevações e depres-
porque há algumas exceções; a principal é o vulcanismo submarino. No sões da superfície da Terra.
10º ano não te preocupaste com o relevo das áreas fonte; é chegada a Geomorfologia
altura de o fazeres. Disciplina que se ocupa do estudo das
formas e da evolução do relevo da
A superfície das terras emersas apresenta um relevo muito diversificado, Terra.
desde as mais altas montanhas até às mais baixas planícies; Timor-Leste
Geomorfologia climática
é um excelente exemplo. Mas estas formas de relevo evoluem. Por
Estuda as formas e evolução do relevo
um lado, a tectónica e o vulcanismo tendem a criar irregularidades na em função do clima.
superfície terrestre. Por outro lado, a erosão e a sedimentação tendem
Geomorfologia litológica
a nivelar aquelas irregularidades. Há uma disciplina científica que estuda
Estuda as formas de relevo em função
a evolução das formas de relevo: é a Geomorfologia. Podemos encarar a dos diferentes tipos de rochas.
Geomorfologia sob três perspetivas, consoante a importância relativa do
Geomorfologia estrutural
clima (Geomorfologia climática), das rochas (Geomorfologia litológica)
Estuda as formas de relevo em função
ou da tectónica (Geomorfologia estrutural). Um conceito importante é o dos aspetos estruturais (ex.: dobras,
falhas) dos corpos geológicos.
de ciclo de erosão.
Ciclo de erosão
Ciclo de erosão
O m.q. Ciclo de Davis. Conceito criado
A erosão tende a transportar o material meteorizado dos sítios mais por William M. Davis para regiões
de climas temperados. Descreve o
altos para os sítios mais baixos. A longo prazo, todo o relevo tende a ser processo geodinâmico externo que
destruído e as terras aplanadas. O ciclo de erosão proposto por Davis é conduz teoricamente ao arrasamento
do relevo.
um conceito teórico e atraente; tal conceito significa um levantamento
tectónico que cria relevos, os quais a erosão vai progressivamente William M.
desgastando. O resultado final será uma vasta região aplanada: a Davis (1850-1934)
Geomorfólogo
peneplanície. Um novo levantamento tectónico vai reiniciar o processo. norte-americano
À maneira do que acontece connosco, o relevo de uma região passa por
três fases: juventude, maturidade e velhice (Figura 3.1). Uma fase de
juventude, marcada por um vigoroso encaixe dos cursos de água (Figura
3.1, esquema A); uma fase de maturidade, caraterizada por um estado
Peneplanície
intermédio (Figura 3.1, esquema B); e uma fase de velhice, que termina Superficie incompletamente
com a quase aplanação (Figura 3.1, esquema C). O conceito de ciclo de aplanada, correspondente ao final de
um ciclo de erosão, segundo William
erosão é útil, principalmente sob climas húmidos; mas deve ser utilizado M. Davis.
com muita cautela, pois admite bastantes exceções.
A B C
Figura 3.1 Fases de um ciclo de erosão: A – juventude; B – maturidade; e C - velhice.
Problematizar
Como é que a tectónica explica a existência de ciclos de erosão?
Atividade 3.1
Antes de responderes às questões que se seguem, observa com atenção os esquemas da Figura 3.1. e recorda os
processos envolvidos na formação de rochas sedimentares.
1. Explica a formação da peneplanície representada na Figura 3.1
(Esquema C), referindo os processos geológicos envolvidos.
2. Supõe, agora, que a zona representada pelo esquema C da Figura
3.1 foi afetada por uma falha (assinalada por F-F’), em que o
bloco Y subiu em relação ao X (Figura ao lado). O que prevês que
aconteça ao relevo desta região?
São vários os fatores que explicam a morfologia da superfície terrestre. O clima, as rochas e a tectónica são
alguns desses fatores. Na Figura 3.2 estão representadas as principais zonas climáticas do globo terrestre.
70 | As reconstituições do passado
Geomorfologia climática: a importância do clima Período glaciário
À escala do globo, o clima (Figura 3.2) é determinante na meteorização Período caraterizado pelo
arrefecimento do planeta, com uma
das rochas. A questão das alterações climáticas está hoje na ordem do dia; grande extensão das massas de gelo
mas os climas variaram sempre, e muito, ao longo da história da Terra. e consequente abaixamento do nível
geral das águas nos oceanos.
No que diz respeito ao Quaternário, há duas coisas que deves fixar:
Período interglaciário
1. ocorreram grandes variações climáticas, com períodos glaciários Período entre duas glaciações
separados por períodos interglaciários. consecutivas, caraterizado pelo recuo
das massas de gelo e subida do nível
2. é cada vez maior a importância das atividades humanas na das águas nos oceanos.
dos polos. Apresentam-se como calotes polares; a sua espessura média Glaciar de altitude
ultrapassa os 2000 metros. A frente do glaciar é muitas vezes realçada por O m.q. glaciar de montanha. Glaciar
localizado na parte superior de uma
icebergs.
parte da montanha.
Nos glaciares de altitude, o frio é devido à altitude. São mais pequenos
Iceberg
que os de latitude. Ocupam lugares caraterísticos nas montanhas:
Grande bloco de gelo à deriva nos
pequenas calotes no cimo, circos nas encostas, vales em U (Figura 3.4). oceanos. Por razões de densidade, só
uma pequena parte está fora de água.
Nestes vales, o gelo transporta blocos com dimensões por vezes enormes,
depositando-os nas margens (moreia lateral) e no meio (moreia mediana), Moreia
quando se juntam dois glaciares. São as moreias (Figura 3.4). Em todas Acumulação de blocos, de todas
as dimensões, transportados pelos
estas situações, o atrito do gelo origina, nas rochas subjacentes, estrias glaciares.
e polimento.
72 | As reconstituições do passado
Figura 3.6 Bloco pedunculado (Egito). Figura 3.7 Dreikanter. Figura 3.8 Dunas localizadas no deserto
do Saara no norte de África.
Não deves esquecer que um rio não “trabalha” sozinho; pelo contrário,
Rede fluvial
atua com todos os seus afluentes - rede fluvial (Figura 3.9), numa área
Conjunto dos vários canais naturais
mais ou menos extensa conhecida por bacia de drenagem. (rios, ribeiras, entre outros),
permanentes ou temporários; todos
eles acabam por convergir num canal
principal que desagua no mar, ou por
A B
vezes, num lago.
Bacia de drenagem
Área drenada por um rio ou pelo
conjunto dos seus afluentes.
O contexto timorense
Para compreenderes melhor a importância do clima na modelação da
paisagem timorense presta agora atenção à informação contida nas
Figuras 3.10 e 3.11 relativas, respetivamente, à variação da pluviometria
e temperatura anual em algumas cidades timorenses e à rede hidrográfica
de Timor-Leste. Mas não deves esquecer desde já que a paisagem
timorense tem a ver não apenas com o clima mas também com a litologia
e tectónica.
Figura 3.11 Rede hidrográfica de Timor-Leste, com a rede hidrográfica da ribeira de Lacló
em destaque.
A - Argilas
Como já sabes, as argilas são sedimentos (e rochas sedimentares) porosas
mas praticamente impermeáveis. As paisagens argilosas são caraterizadas
74 | As reconstituições do passado
Problematizar
Como explicar o relevo timorense com base na rede hidrográfica?
Atividade 3.2
por uma rede complexa de linhas de água que originam numerosas Fendas de dessecação
e pequenas ondulações do terreno (colinas); podes observá-las, por O m.q. fendas de retração. Fissuras
exemplo, entre Manatuto e Baucau. Em zonas planas (exemplo: leitos de espaçamento milimétrico a
centimétrico, abertas em solos e
de rios e ribeiras), a argila, quando seca, abre fissuras caraterísticas ou sedimentos, no geral silto-argilosos,
por contração destes, devido à perda
fendas de dessecação (Figura 3.12); estas desaparecem normalmente
da água que os impregna.
após fortes chuvadas.
A
As margas, ou argilas calcárias, comportam-se em grande parte como as
argilas, sobretudo quando a percentagem de calcário não é elevada.
A Atividade 3.3 (página seguinte) vai ajudar-te a compreender os processos
envolvidos na formação das fendas de dessecação e a importância do
estudo deste tipo de estruturas para o conhecimento de ambientes do
passado da Terra. B
B – Calcários
São rochas que, quando bastante “puras” e espessas, se desgastam
por dissolução; isto produz formas de relevo caraterísticas, chamadas
cársicas (Figuras 3.13 a 3.15). O relevo cársico afeta também outras
Figura 3.12 Fendas de dessecação atuais
rochas “solúveis” como o gesso e o salgema; mas estas são rochas muito (A) e fossilizadas (B).
mais raras do que os calcários. Por outro lado, as dolomias são menos
solúveis do que os calcários; as formas de relevo que originam são mais Relevo cársico
O m.q. carso ou “karst”. Paisagem
propriamente “ruiniformes” do que propriamente “cársicas”. sobre terrenos constituídos por rochas
carbonatadas (calcário, dolomitos
Mas o que são as formas cársicas? Tudo tem a ver com a reação à água.
ou mármores) modelada por erosão
Esta não circula aqui (ou só muito raramente) à superfície; pelo contrário, cársica.
Atividade 3.3
76 | As reconstituições do passado
C - Basaltos
Todas as rochas que afloram à superfície da Terra originam formas de
relevo devido à erosão. Todas, ou quase todas. As rochas vulcânicas
constituem um caso especial: é que a própria atividade vulcânica cria
diretamente relevos (Figura 3.16), que a erosão pode, é claro, mais tarde
destruir, como é o caso de Ataúro.
Os vulcões da Figura 3.16 não estão representados à mesma escala. Para
teres uma noção da sua dimensão relativa realiza a Atividade 3.4.
Figura 3.16 Os quatro tipos de erupção vulcânica segundo Lacroix (A – tipo havaiano; B –
tipo estromboliano; C – tipo vulcaniano; e D – tipo peleano).
Problematizar
Como podemos representar os vulcões da Figura 3.16 à escala?
Atividade 3.4
1. Faz, no teu caderno, um esquema dos vulcões da Figura 3.16, utilizando a escala usada no esquema D.
2. Partilha com o professor e colegas os esquemas que realizares.
Figura 3.20 Evolução de um relevo Figura 3.21 Dobramento complexo Figura 3.22 Erosão de uma zona de
dobrado, dito “apalachiano”. (carreamento e cavalgamento). carreamento.
78 | As reconstituições do passado
Os relevos de falha conservam-se mais facilmente em climas áridos do
que em climas húmidos.
Mesmo nos casos em que os relevos de falha foram nivelados pela erosão,
o esmagamento das rochas nas caixas de falha tende a criar depressões
alinhadas, onde se instalam rios e ribeiras. Um extenso vale retilíneo
traduz muitas vezes uma falha.
Para compreenderes melhor de que modo a litologia e as estruturas
geológicas podem condicionar a morfologia de uma determinada região,
realiza a Atividade 3.5.
Problematizar
Como é que a litologia e as estruturas geológicas podem ajudar a interpretar o relevo
de uma região?
Atividade 3.5
1. Os algares e as dolinas são formas de relevo típicas da paisagem cársica. Apresenta uma explicação para a sua
formação.
2. Os domos, os diques e as chaminés são relevos vulcânicos. Apresenta uma explicação para a formação de cada um
deles.
3. Indica formas de relevo que possam estar associadas a falhas e a dobras.
4. Discute a importância do estudo de diferentes formas de relevo e da sua evolução para o conhecimento do
passado da Terra.
Falésia
O m.q. arriba. Escarpado abrupto,
litoral, talhado na vertical ou quase,
pela ação erosiva do mar.
80 | As reconstituições do passado
• Deltas e Estuários – Muitos rios terminam num estuário, que é um
Delta
troço mais ou menos alargado e sujeito a correntes de maré. Outros Forma de acumulação detrítica,
rios terminam em delta, emerso ou não, onde a sedimentação domina construída na foz de um rio, no mar
ou num lago, sempre que correntes ali
sobre a erosão. em ação não dispersem os respetivos
materiais. Tem muitas vezes forma
• Rias e Fiordes – Ambas as formas de relevo representam vales triangular.
inundados pela água do mar. A diferença é a seguinte: no caso das
Estuário
rias os vales inundados são vales fluviais, no caso dos fiordes os vales
Troço alargado na parte final de um
inundados são vales glaciários (Figura 3.27). rio, na sua passagem ao mar, sujeita
a oscilações das marés e, portanto,
com correntes de avanço e de recuo
e correspondentes variações de
salinidade.
Ria
Vale fluvial encaixado invadido pelo
mar, quer na sequência de uma subida
do nível das águas, quer por um
afundamento do continente.
Fiorde
Vale glaciário invadido pelas águas do
mar.
Os ambientes de deposição | 81
Figura 3.29 Um atol das ilhas de Gilbert (Oceano Pacífico) e perfil transversal
do atol (A-B).
Para compreenderes melhor a evolução de algumas formas de relevo costeiro realiza a Atividade 3.6.
Problematizar
Como explicar a evolução do relevo costeiro escarpado?
Atividade 3.6
1.1. Ordena os esquemas (A a E) de modo a que estes traduzam a evolução da morfologia da costa.
1.2. Indica o(s) principal(ais) agentes erosivos que atuaram.
2. Indica o tipo de relevo costeiro que se pode encontrar em Timor-leste.
82 | As reconstituições do passado
3.2 Os ambientes de deposição
Ao longo deste subtema vais encontrar respostas para esta e outras questões. O trabalho que desenvolveres
vai ajudar-te a construir conhecimento e a adquirir competências, para que possas alcançar as metas de
aprendizagem que se apresentam em seguida.
Os ambientes de deposição | 83
As áreas de sedimentação podem ser divididas de três maneiras diferentes:
a) a primeira é, de acordo com a repartição geográfica, em domínio
continental, domínio transicional e domínio marinho (Figuras 3.30,
Figura 3.30 Bloco diagrama com os
diferentes ambientes marinhos (Zl – zona 3.31 e 3.33).
litoral; Zn – zona nerítica; Zb – zona batial;
Za – zona abissal). b) a segunda é, de acordo com a natureza dos sedimentos predominantes,
em sistemas siliciclásticos e sistemas carbonatados (Figuras 3.33 e
Sistema siliciclástico 3.38).
O m.q. modelo silisiclástico. c) a terceira área de sedimentação é, de acordo com os processos
Sucessão de ambientes associados à
deposição de sedimentos de natureza envolvidos, em ambientes de sedimentação. Ela faz de certo modo a
detrítica de diferentes dimensões.
síntese das outras duas.
Sistema carbonatado
Sucessão de ambientes associados à
deposição de carbonato de cálcio e/ou
de magnésio.
Domínio continental
Domínio relacionado com os
continentes (ex.: ambiente desértico,
glaciar, fluvial).
Figura 3.31 Divisões morfológicas submarinas e zonas de sedimentação
Domínio transicional
Ambientes de sedimentação e fácies sedimentares
Domínio associado a zonas de transição
entre os ambientes terrestre e marinho Um ambiente deposicional ou de sedimentação é uma porção da superfície
(ex.: ambiente deltaico, de estuário)
terrestre caraterizada por uma combinação única de processos físicos,
Domínio marinho químicos e biológicos ligados à sedimentação. Cada um dos diferentes
Domínio associado a zonas cobertas ambientes deposicionais imprime caraterísticas únicas nos sedimentos
por mares e oceanos, deste a
plataforma continental à planície que aí se acumulam. A estas caraterísticas chamam os geólogos fácies.
abissal.
Fácies é um conceito importante, que irás entender mais adiante, mas
Fácies que convém definir desde já.
Conjunto de caraterísticas O termo fácies refere-se a coisas por vezes muito diferentes. Por exemplo,
mineralógicas, texturais,
paleontológicas, entre outras, de em geologia metamórfica, fácies é o conjunto de rochas (pelíticas,
uma rocha, em função do respetivo
ambiente de deposição. carbonatadas, basálticas…) metamorfizadas sob condições idênticas
de pressão e temperatura. Em geologia sedimentar, o conceito é mais
confuso: fala-se de fácies bréchica, fácies de praia, fácies marinha, fácies
recifal, fácies carbonatada, fácies bentónica.
Idealmente, o termo fácies refere-se ao aspeto global (físico, químico e
biológico) de uma rocha sedimentar em função do respetivo ambiente
de deposição; isto qualquer que seja a época em que a rocha se formou.
Mas também se diz, por exemplo, que o sedimento ou rocha sedimentar
A é uma fácies lateral do sedimento ou rocha sedimentar B depositado
ao mesmo tempo. Esta segunda definição de fácies é fácil de entender,
pois uma areia de praia, uns seixos de rio e uma argila de bacia podem
84 | As reconstituições do passado
depositar-se ao mesmo tempo em ambientes muito diversos; dizemos
Variação lateral de fácies
que representam variações laterais de fácies (Figura 3.32) da mesma Variação de fácies sedimentar no
unidade cronostratigráfica. espaço, de lugar para lugar, para uma
determinada época.
Unidade cronoestratigráfica
Subdivisão da escala estratigráfica.
As fácies podem ser representadas em mapas: são os mapas de fácies. Mapa de fácies
Os ambientes deposicionais não se distribuem ao acaso. Pelo contrário, Mapa que mostra a variação, numa
determinada área, de uma unidade
ocorrem em sítios específicos por razões específicas; e passam uns aos estratigráfica em termos de fácies.
outros numa sucessão lógica, articulada e previsível. Merecem o nome de
Sistema siliciclástico longo
sistema. É uma designação sugestiva. Mas não é a única.
Sequência completa de ambientes
Vais fixar rapidamente três situações ideais, que até podes observar na siliciclásticos da montanha até à bacia
oceânica.
atualidade: o sistema siliciclástico longo, o sistema siliciclástico curto e o
sistema carbonatado. Sistema siliciclástico curto
Sequência de ambientes siliciclásticos
Sistema siliciclástico longo em que a fonte dos detritos está
próxima da bacia oceânica
O sistema siliciclástico longo (Figura 3.33) é uma sequência completa (e
ideal) dos ambientes, desde a montanha até à bacia oceânica. Mesmo
que falte um ou outro ambiente individual, o sentido geral mantém-se.
Entretanto, podes associar a cada ambiente um depósito caraterístico.
Sistema curto
Rio me Plataforma
andrifo
a lo
entrançado continental
Sist
Lago
Praia
Laguna Leque
Ilha barreira submarino
Bacia
Rifte Figura 3.34 Esquema de uma torrente
(1 – bacia de receção; 2 – canal de
escoamento; 3 – cone de dejeção).
Figura 3.33 Sistema siliciclástico: sistema longo e sistema curto.
Os ambientes de deposição | 85
rochas clásticas de origem sedimentar, constituídas por clastos rochosos,
angulosos, de dimensões superiores às das areias grosseiras e com 10 a
15% de feldspato.
Rios entrançados Os rios entrançados (Figura 3.35) são caraterizados pela presença
Rede de canais fluviais que se bifur- de depósitos de conglomerados e arenitos arcósicos, já com alguma
cam e recombinam em vários pontos.
estratificação. Por sua vez, aos rios meandriformes (Figura 3.36) estão
Rios meandriformes associados depósitos de arenitos subarcósicos.
Rio cujo curso apresenta uma A planície aluvial está associada a depósitos de sedimentos mais finos e
sinuosidade bastante acentuada.
bem estratificados, tais como: siltitos gresosos e argilitos gresosos. Pode
incluir as planícies fluviais (Figura 3.37).
A praia é um ambiente de sedimentação associada a depósitos de arenitos
quartzosos, eventualmente com alguns feldspatos; as “impurezas” mais
finas (silte e argila) são levadas para o largo.
No caso da plataforma continental os depósitos caraterísticos, da costa
Figura 3.35 Rio entrançado. para o largo, são uma sequência de arenitos, argilitos e calcários.
Planície aluvial
Superfície aplanada até à linha
de costa, formada por depósito
sedimentar terrígeno.
Plataforma continental
Continuação submersa da superfície
litoral, caraterizada por um declive Figura 3.36 Algumas fases do Figura 3.37 Planície fluvial entre Aileu e
médio da ordem de 0,1%, até uma desenvolvimento e modificação do Maubisse (Timor-Leste).
profundidade de cerca de 200 metros. traçado dos meandros.
Sistema carbonatado
O sistema carbonatado (Figura 3.38) é uma sequência que se desenvolve, a
partir da linha de costa, quando a área-fonte é baixa e aplanada, ou então
longínqua; as águas são pouco profundas; o clima é tropical a subtropical.
86 | As reconstituições do passado
Inter-
Superficial Submareal Plataforma pouco profunda
mareal
Recife
Megarriples oolíticos
Barras
de maré
Supra- Inter-
mareal mareal Turbiditos
Submareal Bioclasto
Recife de Resto esquelético, de origem
Planície mareal Laguna Plataforma profunda
barreira animal ou vegetal, frequentemente
Bacia fragmentado, muito comum em rochas
sedimentares biogénicas.
Figura 3.38 Sistema carbonatado, onde se nota a ausência do domínio continental.
Peloide
Nestas condições, florescem algas calcárias que geram micritos, enquanto
Componente carbonatada, com
que esqueletos de invertebrados se acumulam como bioclastos; granulometria equivalenete à das
localmente podem formar-se ainda oólitos, peloides e intraclastos. areias finas e do silte, com forma
esferoidal ou irregular microcristalina.
Como te apercebeste da leitura que acabaste de fazer, os diferentes
Intraclastos
ambientes sedimentares dão origem a depósitos caraterísticos. Para uma
Fragmento de rocha carbonatada
melhor articulação entre os ambientes de deposição e as rochas a que contemporânea do sedimento no qual
se encontra.
dão origem, realiza a Atividade 3.7.
Problematizar
Como articular os diferentes ambientes sedimentares com as rochas que lhes estão
associadas?
Atividade 3.7
1. Constrói, em grupo, um mapa de conceitos que integre os diferentes ambientes de deposição estudados e as
rochas a que dão origem. Para isso segue a seguinte metodologia:
1.1. lista os conceitos que consideres importantes para a elaboração do mapa;
1.2. ordena os conceitos selecionados, tendo em conta o seu grau de complexidade;
1.3. organiza os conceitos atendendo à sua hierarquia;
1.4. articula os diferentes conceitos através de proposições verdadeiras.
2. Partilha o mapa de conceitos elaborado pelo teu grupo com a turma e professor.
Os ambientes de deposição | 87
1. Os minerais e as texturas. Como te recordas, a informação básica foi
obtida no 10º ano.
2. Os fósseis de fácies (quando existem). A informação básica foi obtida
na unidade temática anterior.
3. As estruturas sedimentares e suas articulações (sequências) verticais.
Vais obter de seguida a informação básica.
As estruturas sedimentares são padrões (ou aspetos) geométricos, em
regra macroscópicos, que os sedimentos adquirem à medida que se
depositam e consolidam. Aqueles padrões refletem a energia do meio de
Regime de fluxo transporte, ou seja, o regime de fluxo.
Energia do meio que transporta os
Os especialistas distinguem mais de 400 estruturas sedimentares,
sedimentos.
incluindo pós-deposicionais; contudo conhecer cinco ou seis é suficiente
Estruturas pós-deposicionais para as necessidades ao nível do 11º ano (Figursa 3.39 e 3.40).
O m.q. estruturas diagenéticas.
A B C
Figura 3.40 Outras estruturas sedimentares comuns: (A) estrutura de carga (vista
lateral); (B) marcas de ondulação simétricas; (C) seixos imbricados (vista lateral de seixos
orientados atuais).
88 | As reconstituições do passado
Quando as correntes são oscilatórias, ou seja, de sentido alternante, como
acontece com as correntes de maré num estuário ou num canal, formam-
-se marcas de ondulação simétricas (Figura 3.40, esquema B). Caso a Marcas de ondulação
corrente seja unidirecional, esta pode, ainda, orientar os sedimentos (ex.: simétricas
Ondulações produzidas num
da dimensão dos seixos) segundo uma direção preferencial (Figura 3.40, sedimento, em geral arenoso, pelos
esquema C). movimentos de um fluído que pode ser
a água ou o vento.
Por vezes, quando uma camada arenosa se sobrepõe a uma camada limo-
argilosa, formam-se bolsadas irregulares de areia que mergulham no corpo
pelitico (limo-argiloso). Estas estruturas sedimentares são denominadas
estruturas de carga, também conhecidas por figuras de carga (Figura 3.40, Estrutura de carga
esquema A). Bolsadas de areia, provenientes
de uma camada arenosa não
As estruturas sedimentares ajudam muitas vezes a caraterizar uma consolidada que mergulha numa
camada pelítica não consolidada.
camada. Mas o reconhecimento de um ambiente deposicional exige
a análise de uma sequência vertical de camadas. As sequências de
estruturas sedimentares são sucessões verticais articuladas que refletem
as variações temporais do regime de fluxo.
Um exemplo didático é a chamada sequência de Bouma. Corresponde ao Sequência de Bouma
produto de uma corrente de turbidez. Quando esta se inicia, a energia do Sequência teórica aceite para
os turbiditos siliciclásticos. Esta
meio é elevada; mas vai diminuindo progressivamente, o que se reflete na compreende, de baixo para cima, cinco
termos: 1 – seixos e areia grossa; 2 –
maneira como se sucedem os sedimentos (ou as rochas) e as estruturas
areia média a fina; 3 – areia fina e silte;
sedimentares. 4 – silte a argila; 5 – argila.
Os ambientes de deposição | 89
Repara nas palavras colocadas no topo da coluna da Figura 3.41. Elas indicam-nos o tamanho das partículas
a crescer da esquerda para a direita. Mas atenção, os sedimentos químicos (ex.: o calcário) situam-se, por
convenção, à esquerda dos detríticos mais finos. Não tem necessariamente a ver com a dureza das camadas.
Para compreenderes melhor a importância das estruturas sedimentares e da sua articulação vertical,
para o conhecimento dos ambientes de deposição em que se formaram e sua evolução temporal, realiza a
Atividade 3.8.
Problematizar
Qual a importância das estruturas sedimentares para o conhecimento do ambiente
de deposição onde que se formaram?
Atividade 3.8
90 | As reconstituições do passado
Problematizar
Que ambiente(s) de deposição podes encontrar nas proximidades da escola?
Como o(s) pode(s) caraterizar?
Atividade 3.9
1. Tendo em conta o que já conheces sobre ambientes de deposição e a localização da tua escola, partilha com o
professor e colegas de turma locais perto da escola que identifiques como ambiente de deposição.
2. Discute na turma o local que poderá ser mais adequado para a realização da saída, tendo em conta aspetos como,
por exemplo, os seguintes:
2.1. tempo necessário para te deslocares da escola até ao local;
2.2. acessibilidade à área de estudo;
2.3. espaço disponível para se trabalhar.
3. Discute com o professor aspetos relacionados com a organização da saída (ex.: hora de partida e hora de chegada;
material necessário à saída).
4. Durante a saída deves realizar, em grupo, as seguintes tarefas:
4.1. caraterizar os depósitos que encontrares, quanto:
- ao tamanho do sedimento e grau de calibragem;
- às estruturas sedimentares presentes.
4.2. fazer uma representação esquemática dos depósitos observados e respetiva legenda. Se necessário solicita a
ajuda do teu professor.
4.3. concluir em relação à variação da energia do meio em que os materiais se depositaram, com base na
caraterização dos depósitos e registos efetuados.
4.4. inferir o tipo de ambiente de sedimentação onde se terão formado os depósitos observados.
4.5. registar dúvidas/questões que as observações efetuadas te tenham suscitado
4.6. partilhar com o professor e colegas o trabalho realizado pelo teu grupo. Durante a partilha deves confrontar
os registos efetuados pelo teu grupo com os dos outros grupos e, se necessário, completá-los.
5. Após a saída deves organizar a informação recolhida (ex.: mapa de conceitos, tabela, relatório) e disponibilizá-la ao
teu professor, para que ele possa avaliar o teu desempenho nesta atividade.
uma margem continental passiva (exemplo: a margem australiana) que acaba por colidir com um arco insular
(exemplo: arco de Banda).
A B
Figura 3.42 Limites de placas (A) divergente com formação de nova crusta oceânica e (B) convergente com formação de cadeias
montanhosas/ arcos insulares.
A história será contada, a seguir, muito esquematicamente e à maneira de banda desenhada (Figura 3.43). É
suficiente para as tuas necessidades. E ajudar-te-á, mais tarde, a entender a complexa geologia de Timor-Leste.
Para isso deves interpretar os esquemas que se seguem e o texto correspondente.
Os ambientes de deposição | 91
Tempo 1
O mar começa a transgredir sobre a margem continental. Só a parte
esquerda do mapa de fácies (Plataforma clástica proximal) está debaixo
de água. A sedimentação passa de arenosa na praia a silto-argilosa para
o largo. Trata-se de uma variação lateral de fácies. Deves analisar, em
baixo, o perfil correspondente a cada mapa de fácies.
Tempo 2
O mar inunda progressivamente a margem continental. A zona de praia
desloca-se para o interior. Para o largo (esquerda do mapa), tem início a
sedimentação carbonatada.
Tempo 3
Os três ambientes deposicionais vão-se deslocando para terra dentro. O
que era terra (área-fonte) passa a ser mar (área deposicional).
Tempo 4
As condições mudam radicalmente. A nossa margem continental
divergente chega a uma zona de subducção/colisão. Uma bacia profunda
(à direita) coexiste com um leque submarino (à esquerda) - sequência
de Bouma - mais perto da área-fonte montanhosa (recorda o sistema
curto).
92 | As reconstituições do passado
Tempo 5
Leque submarino
Plataforma
Vai aparecendo, à esquerda, uma fácies de plataforma, à medida que a
bacia se vai enchendo de sedimentos.
Leque submarino
Tempo 6
Plataforma
A plataforma alarga-se, avançando para o interior da bacia. O processo
chama-se progradação. O resultado é uma regressão da linha de costa.
tempo 6
tempo 5
tempo 4
Tempo 7
Planície aluvial
Plataforma
O ambiente de fácies de planície aluvial começa a aparecer à esquerda
no mapa. No perfil, ele sobrepõe-se ao ambiente/fácies de plataforma.
Tempo 8
Planície aluvial
Plataforma
tempo 7
tempo 6
Os ambientes de deposição | 93
Numa coluna litológica sintética, a granulometria dos sedimentos diminui
Sequência positiva
Sequência de fácies correspon-
ao longo dos tempos 1 a 3 (sequência positiva) e aumenta para cima ao
dente a uma transgressão. longo dos tempos 4 a 7 (sequência negativa), como está evidenciado na
Sequência de fácies correspondente a A informação contida na Figura 3.43 ajudou-te, certamente, a compreender
uma regressão.
melhor o ciclo de transgressão-regressão. A realização da Atividade 3.10
vai contribuir para clarificar os aspetos que ainda não estejam bem
compreendidos em relação a essa sequência cíclica.
Problematizar
Qual a importância das fácies e das sequências de fácies para a reconstituição do
passado da terra?
Atividade 3.10
Estratigrafia e Paleogeografia
A análise de uma coluna estratigráfica em termos de fácies permite, entre
Paleogeografia outras coisas, a reconstituição das geografias antigas (Paleogeografia). A
Reconstrução histórica do padrão da tarefa não é fácil e poderás vir um dia a exercitá-lo se vieres na Universidade
superfície terrestre ou de uma dada
área num determinado tempo do a escolher o curso de Geologia. A Paleogeografia não pretende apenas dar
passado geológico.
a conhecer a distribuição, numa dada região (ex.: Timor), das terras e dos
mares; pretende também conhecer a distribuição dos vários ambientes
sedimentares antigos, como por exemplo desertos, lagos, vales fluviais,
deltas, plataforma continental, entre outros.
94 | As reconstituições do passado
3.3 Regimes tectónicos
nova
Neste subtema vais encontrar respostas para questões como esta e para outras questões que venham a surgir
durante o processo de aprendizagem. O trabalho que desenvolveres vai ajudar-te a construir conhecimento e a
adquirir competências, visando alcançar as metas de aprendizagem que se apresentam em seguida.
Os registos tectónicos | 95
Arco insular Regime de dorsal oceânica
Rosário de ilhas, muitas vezes A formação de uma crusta oceânica é um processo complexo; ela ocorre
vulcânicas, dispostas numa cadeia
arqueada. Caraterísticos das margens
sobretudo no rifte central de uma dorsal oceânica. As rochas caraterísticas
do oceano Pacífico e das Caraíbas, os da crusta oceânica constituem os chamados ofiolitos. O termo ofiolito
arcos insulares são associados a zonas
de subducção de crusta oceânica sob não designa uma rocha, mas sim uma associação vertical de rochas. Já
crosta geralmente oceânica, de que
resulta intensa atividade vulcânica e ouviste falar em ofiolitos no 10ºano.
sísmica de foco profundo.
No caso de um ofiolito considerado completo, esta associação compreende
Ofiolito quatro “camadas”, numeradas de 1 a 4 de cima para baixo (Figura 3.44).
Associação de rochas ígneas básicas
e ultrabásicas (gabros, basaltos,
peridotitos) mais ou menos
serpentinizados. Os ofiolitos são
interpretados como porções de
crusta oceânica e de manto superior,
na sequência de importantes
deformações orogénicas.
96 | As reconstituições do passado
gabros de aspeto maciço e podem servir de canais para a subida do magma que alimenta as lavas da
camada 2.
• A subcamada inferior é formada por gabros de aspeto estratificado; estes gabros podem associar-se, na base,
a peridotitos igualmente estratificados.
Camada 4 – É já parte do manto superior; por isso, um ofiolito não representa, em rigor, a crusta oceânica, mas
sim a litosfera oceânica.
Os registos tectónicos | 97
Para facilitar a realização dessa tarefa tem em conta as sugestões apresentadas na Atividade 3.11.
Problematizar
Como explicar a dinâmica de uma zona de subducção intraoceânica?
Atividade 3.11
1. A Figura 3.45 mostra os processos e os produtos associados a zonas de subducção. Explica a Figura relacionando:
1.1. o magmatismo com a Tectónica de Placas;
1.2. o metamorfismo com a Tectónica de Placas.
Síntese
• A superfície da Terra apresenta um relevo muito diversificado, que evolui ao longo do tempo. O relevo tende
a passar por diferentes fases: juventude; maturidade e velhice.
• A erosão das áreas emersas é a principal fonte de sedimentos.
• A erosão e a sedimentação tendem a aplanar a superfície terrestre.
• A tectónica e o vulcanismo são fenómenos que tendem a criar irregularidades na superfície da Terra,
conduzindo ao aparecimento de diferentes formas de relevo.
• O clima, a litologia e as estruturas geológicas são fatores que condicionam a modelação e evolução do relevo
terrestre.
• As áreas de sedimentação podem ser denominadas atendendo à natureza dos sedimentos (sistema siliciclástico
e sistema carbonatado), à sua distribuição geográfica (domínios continental, transicional e marinho) e aos
processos envolvidos nos ambientes de sedimentação.
• Aos diferentes ambientes de deposição correspondem depósitos caraterísticos, pelo que o seu estudo ajuda
a conhecer os ambientes em que se formaram.
• As rochas sedimentares são as mais abundantes à superfície da Terra. São também as que nos dão mais
informações sobre os ambientes antigos, tanto subaéreos como subaquáticos, através das estruturas
sedimentares e das sequências de estruturas sedimentares.
• As informações contidas nas rochas sedimentares dizem respeito às caraterísticas dos estratos e dos
sedimentos e ao registo fóssil que contêm.
• A composição mineralógica das rochas sedimentares dá-nos indicações sobre a natureza geológica das áreas
fonte.
• A fácies das rochas diz respeito às caraterísticas que permitem definir o ambiente em que foram geradas e
reconstituir paleoambientes.
• A dorsal oceânica e o arco insular são regimes tectónicos que nos ajudam a compreender a formação e
destruição da crusta oceânica.
98 | As reconstituições do passado
• Aos diferentes regimes tectónicos estão associadas rochas com caraterísticas específicas (ex.: mineralogia,
textura). Estas rochas (ex.: arenitos) dão-nos informação sobre a sua história (ex.: meio de transporte dos
sedimentos, ambiente de sedimentação, diagénese).
Questões em aberto
• Fala-se hoje em responsabilidade antrópica quando se abordam as questões do risco de desaparecimento
de algumas das espécies vivas. Conhecem-se, contudo, ao longo da história da Terra, diferentes momentos
de extinções em massa de organismos vivos. O que pensar do verdadeiro grau de responsabilidade da
Humanidade na situação atual?
• Numa sequência estratigráfica podem encontrar-se lacunas. A que correspondem? A ausência de
sedimentação? À erosão de material antes depositado? Como respondes a estas questões de forma a melhor
compreender o passado geológico?
Avaliação
1. Na Figura está representado o percurso de um rio e perfis transversais
de diferentes partes do seu percurso.
1.1. Indica o estado de evolução em que se encontra o rio.
1.2. Estabelece a correspondência entre os perfis X, Y e Z e os
segmentos do rio A-A’, B-B’ e C-C’.
1.3. Apresenta uma explicação para a formação da estrutura assinalada
pela letra W.
2. Na Figura seguinte estão representadas estruturas sedimentares comuns, a estratificação paralela (1) e a
estratificação entrecruzada (2).
1 2
99
2.1. Apresenta uma explicação para a formação de estratificação paralela.
2.2. Indica as condições do meio (ex.: agente de transporte) em que se terá formado a estratificação
entrecruzada.
3. Na Figura estão representadas sequências de camadas rochosas que traduzem variações do nível das águas
do mar.
101
Os conteúdos desta Unidade Temática pretendem fornecer
uma visão geral do passado geológico de Timor-Leste,
contextualizando-o na história geológica da região e do próprio
planeta Terra. A carta topográfica, a carta geológica e a carta
de solos serão exploradas como representações da superfície
terrestre, pelo que serão um recurso a usar na abordagem dos
conteúdos desta unidade. São também abordados aspetos como
a formação e a fragmentação da Pangea e a colisão “alpina”, sendo
relevados os registos timorenses.
Para facilitar a tua aprendizagem a Unidade Temática O PASSADO
GEOLÓGICO DE TIMOR-LESTE está dividida em dois subtemas:
• A importância dos mapas;
• Revisitando as formações rochosas de Timor-Leste.
Unidade Temática 4 | O passado
geológico de Timor-Leste
Ao longo deste subtema vais encontrar resposta para esta e outras questões. O trabalho que desenvolveres vai
ajudar-te a construir conhecimento e a adquirir competências visando alcançar as metas de aprendizagem que
se apresentam em seguida.
• Mapa geológico/Carta geológica • Determina a distância real entre dois pontos, a partir da informação
fornecida numa carta topográfica.
• Coluna estratigráfica
• Elabora um relatório sobre uma saída de campo, de acordo com os
• Corte geológico/Perfil geológico objetivos definidos.
• Mapa de solos/ Carta pedológica • Carateriza uma região do ponto de vista geológico (ex.: litologia,
idade das rochas, estruturas geológicas presentes), tendo em conta a
• Cambissolo informação contida numa carta geológica.
• Vertissolo • Traça um perfil geológico a partir da informação contida numa carta
• Fluvissolo geológica.
• Textura de solos • Relaciona famílias de solos com as rochas que lhes deram origem.
A geologia de Timor-Leste é de uma complexidade extrema, mesmo para especialistas. Talvez por isso, o mais
importante, ao nível do 11º ano, seja apenas entender o porquê dessa complexidade. Verás com satisfação que
tudo o que aprendeste até agora te vai facilitar muito aquele entendimento. Mas será que aprendeste mesmo
o suficiente? Não. Falta-te conhecer alguns documentos importantes que são representações da superfície
terrestre: o mapa topográfico, o mapa geológico e o mapa de solos.
104
O mapa topográfico
Os mapas topográficos ou cartas topográficas são a base de suporte de Carta Topográfica
outras cartas como, por exemplo, a carta geológica (Figura 4.2). Contêm O m.q. mapa topográfico. É o
documento que representa, em plano,
dois tipos de informação: o relevo da superfície terrestre de uma
dada região por meio de projeções
• o traçado dos cursos de água e das estradas e caminhos, a localização cartográficas.
dos bosques, edifícios, entre outros;
• o traçado do relevo.
É o relevo que as distingue dos mapas de estradas e lhes confere a
denominação de carta ou mapa topográfico. O relevo é normalmente
representado por curvas de nível, cujas cotas têm como referência o nível Curva de nível
médio do mar. Linha imaginária sobre o terreno
que une todos os pontos de igual
Estas cartas têm uma finalidade essencialmente prática. Devem permitir altitude de uma região representada.
Figura 4.1 Carta topográfica da região de Díli (Escala 1:1 000 000).
Atividade 4.1
Na carta da Figura 4.1 estão representadas algumas curvas de nível. A tarefa que se segue vai ajudar-te a compreender
o traçado de curvas de nível.
1. Solicita ao teu professor o seguinte material: papel milimétrico; canetas de acetato de ponta fina de várias cores;
modelo de relevo semelhante ao da Figura A (poderá ser uma amostra de rocha); tina de vidro; água; corante não
tóxico; régua; placa de vidro, e fita-cola.
2. Agora executa, em grupo, os seguintes procedimentos (ver Figuras A e B).
2.1. Corta uma tira de papel milimétrico com 1 cm de largura e 15 cm de comprimento.
2.2. Marca na tira intervalos de 8 mm.
2.3. Convenciona que cada intervalo corresponde a 10 m e inicia a contagem a partir do zero.
2.4. Coloca a tira de papel milimétrico a toda a altura da tina, do lado de fora.
2.5. Coloca o modelo de relevo dentro da tina.
2.6. Coloca a placa de vidro sobre a tina, de modo a deixar uma abertura para introduzir água corada.
2.7. Coloca água corada na tina até que o seu nível atinja a primeira divisão da escala que colocaste no exterior da
tina.
2.8. Olhando por cima, traça na placa de vidro, com auxílio de uma caneta de acetato, os contornos
correspondentes à interceção da superfície da água com os limites do modelo. Com uma caneta de outra cor
marca a curva correspondente aos 10 m.
2.9. Repete as operações anteriores até atingir o ponto mais alto do modelo.
3. Elabora, agora, um perfil topográfico a partir das curvas de nível traçadas. Para isso segue os seguintes procedi-
mentos. A Figura C e o esquema, podem ser úteis para a elaboração do perfil (caso sintas dificuldades pede ajuda
ao teu professor).
3.1. Com a régua traça uma linha que intersete o conjunto das curvas de nível obtidas e nela marca dois pontos.
3.2. Utilizando o papel milimétrico restante marca na vertical a mesma escala usada no exterior da tina.
3.3. Retirando a placa de vidro, faz coincidir o primeiro ponto de interseção do segmento de reta traçado com a
origem da escala e traça a linha correspondente, na horizontal.
3.4. Volta a colocar a placa de vidro sobre o papel e traça os restantes pontos de interseção, indicando a cota a que
corresponde cada um deles.
3.5. Traça agora o perfil que obterias se cortasses o modelo segundo aquele segmento de reta.
4. Discute os resultados obtidos, com os colegas de grupo, tendo em conta as seguintes questões.
• Como se apresentam as curvas de nível junto a uma escarpa?
• E num declive suave?
5. Partilha com a turma e
professor as conclusões
a que o teu grupo chegou.
A B C
Problematizar
Que elementos caraterizam a geologia da área em estudo?
Atividade 4.2
Na saída que vais realizar nas proximidades da escola deves seguir as orientações do teu professor e ter em conta os
aspetos que se apresentam em seguida.
1. Antes da saída deves:
• solicitar ao professor uma carta topográfica da região que vais visitar;
• preparar o material necessário à realização das tarefas proposta para o campo (ex.: bússola, martelo, bloco de
notas, máquina fotográfica, material de escrita, sacos de plástico, marcadores).
2. Durante a saída sugere-se a realização de tarefas como, por exemplo:
• localização das várias paragens;
• identificação de linhas de água e de linhas de altura;
• medição da inclinação das camadas;
• identificação das rochas que encontrares;
• realização de registos escritos e fotográficos;
• recolha de amostras de rochas para mais tarde serem estudadas;
• articulação da informação recolhida com a que está presente na carta.
3. Depois da saída sugere-se a realização de tarefas como, por exemplo:
• discussão da informação recolhida no campo e esclarecimento de dúvidas;
• elaboração de um relatório sobre a visita realizada.
O mapa geológico
Os mapas ou cartas geológicas mostram, como o próprio nome indica, Carta geológica
aspetos geológicos visíveis à superfície: rochas, formações, dobras, falhas, O m.q. mapa geológico. É uma
representação da geologia de uma
entre outros. dada região, nos seus múltiplos aspetos
(litológicos, estruturais, estratigráficos,
Os mapas geológicos representam rochas ou associações de rochas, mineiros, entre outros) sobre fundo
topográfico.
consolidadas ou não, meteorizadas ou não. Mas não representam solos;
estes são representados nas cartas pedológicas (mais à frente vais ficar a Carta pedológica
conhecer melhor este tipo de cartas). Pelo contrário, os mapas geológicos O m.q. carta de solos ou mapa
pedológico. Mapa que representa os
são representações do subsolo. solos de uma determinada região
ou país.
Um mapa é uma representação, não uma fotografia. Os diversos elementos
geológicos (rochas, falhas…) são representados simbolicamente por meio
de cores, tramas, linhas especiais, entre outros.
Deve reconhecer-se que uma coisa é construir uma carta geológica e
outra, bem diferente, é interpretar (ou ler) uma carta geológica.
Problematizar
Como fazer um corte geológico?
Atividade 4.3
Problematizar
Quais as principais diferenças entre as três cartas geológicas de Timor-Leste de
Gageonnet e Lemoine, Azeredo Leme e Audley-Charles?
Atividade 4.4
1. Observa com atenção as cartas geológicas de Timor-Leste (Figuras 4.4, 4.5 e 4.6) e realiza, em grupo, as tarefas que
se seguem.
1.1. Indica o tipo de informação geológica que está contida nessas cartas geológicas.
1.2. Refere a carta que apresenta uma maior área de Timor-Leste cartografada. Fundamenta a resposta.
1.3. No corte A-A’ da Figura 4.4, está representado o anticlinal de Cribas. Fundamenta esta designação com base
em dados fornecidos pela carta geológica representada na Figura 4.4.
2. Partilha com a turma e professor as conclusões a que o teu grupo chegou.
O mapa de solos
Mapa de solos O mapa de solos representa os solos de uma determinada região ou país.
O m.q. carta de solos. Deves recordar o que no 10º ano estudaste sobre a origem de um solo. Na
Figura 4.7 estão representados os principais tipos de solo de Timor-Leste e
Textura de solos
sua localização. Trata-se de uma carta de solos de Timor-Leste.
Está relacionada com a dimensão
e organização das partículas que o O território timorense apresenta essencialmente três tipos de solo:
constituem. Podem ser arenosos e
leves ou mais argilosos e pesados. cambissolos, vertissolos e fluvissolos (ver Figura 4.7). Estes apresentam
texturas próprias (texturas de solos).
Cambissolo
Os cambissolos são constituídos por materiais de textura fina derivada de
Solo de textura fina, resultante de
intensa alteração da rocha-mãe. uma grande diversidade de rochas, principalmente em zonas coluviais e
aluviais ou de depósitos eólicos. Estes solos encontram-se principalmente
Vertissolo
nos distritos das zonas montanhosas: Aileu, Ainaro, Ermera, Manatuto,
Solo mineral rico em argilas
expansivas, comum em climas Manufahi e Viqueque. Os cambissolos suportam uma grande variedade
marcados por uma alternância de
de usos agrícolas, mas em terras íngremes são utilizados principalmente
secura e humidade.
para pasto, café e floresta.
Horizonte
Os vertissolos são solos de textura pesada (com 30% ou mais de argila
Espessura de solo aproximadamente
paralela à superfície do terreno e que montmorilonítica em todos os horizontes, até pelo menos 50 cm de
difere das que lhe estão próximas profundidade), sendo deficientes em drenagem natural. Os vertissolos
pela propriedades físicas, químicas e
biológicas. encontram-se nas zonas de média montanha: Ainaro, Baucau, Bobonaro,
Lautem e Viqueque. Estes solos são encontrados em depressões e zonas
ligeiramente ondulantes.
O estudo das caraterísticas naturais dos solos permite associá-los às rochas que lhes deram origem. Por exemplo,
os cambissolos e os fluvissolos podem ter, ou não, calcário.
Para ficares a conhecer as caraterísticas dos solos timorenses e sua distribuição realiza a Atividade 4.5.
Problematizar
Como é que os solos timorenses se relacionam com as rochas que lhes
deram origem?
Atividade 4.5
Ao longo deste subtema vais encontrar respostas para esta e outras questões. No trabalho que vais desenvolver
terás necessidade de mobilizar conhecimentos adquiridos no ano anterior (10º ano), os quais te vão ajudar a
construir novos conhecimentos e a adquirir competências que te permitam alcançar as metas de aprendizagem
que a seguir se apresentam.
Escala global
Timor-Leste fica no cruzamento de duas grandes faixas orogénicas geologicamente recentes (Cenozoico); elas
apresentam-se como duas faixas que dão a volta ao globo terrestre. Uma delas é a cadeia “alpina”, assim chamada
por incluir os Alpes, na Europa (inclui também os Himalaias, na India). Ela distribui-se numa direção este-oeste e
acompanha de perto a linha equatorial, ou quase (Figura 4.8).
Em termos de Tectónica de Placas (Figura 4.9), ela engloba zonas de colisão (Himalaias), de subducção (Samatra,
Java) e de obducção (Nova Guiné).
Placa Himalaias
Arábica
Placa Placa Placa das Fossa das
Placa Caribeana Placa Indiana Filipinas Marianas
Placa do de Cocos Africana Placa do
Placa
A outra é a cordilheira circum-pacífica; tem uma disposição norte-sul, meridiana ou quase (Figura 4.8). Em
termos de Tectónica de Placas (Figura 4.9), engloba zonas de subducção continental (Andes) e oceânica (Japão,
Filipinas).
A faixa orogénica meridiana parece ter sido deslocada pela faixa orogénica equatorial. E porquê? Repara que
a fossa submarina de Tonga-Kermadec prolonga-se, para norte, pela fossa das Marianas depois de ter sido
desligada para oeste por alturas de Timor. Prolonga este desligamento para ocidente, até à América Central; não
te parece que a América do Norte está igualmente deslocada para oeste relativamente à América do Sul?
Sequência 3
A B
20 km
Sequência 3
20 km Terreno de Banda Sequência 2
Aileu-Maubisse Sequência 1
Após uma fase de riftingue no Jurássico Superior (há cerca de 155 Ma)
depositou-se a sequência 2 (conhecida por vários nomes, consoante os
autores), no bordo do que é hoje a plataforma continental do norte da
Austrália; ela contém rochas que vão do Cretácico até ao Mio-Pliocénico.
Uma unidade especial, e ainda um tanto misteriosa, é o Complexo
Argiloso de Bobonaro ou Argilas de Bobonaro. Trata-se de argilas que
englobam blocos rochosos de diferente natureza e de todos os tamanhos;
Mélange tectónica há quem as interprete como uma mélange tectónica e há quem as faça
Depósitos caóticos e cisalhados, corresponder a um olistostroma sedimentar.
considerados típicos de zonas de
subducção. O Quaternário corresponde ao autóctone; podemos chamar-lhe
igualmente a sequência 3. Esta sequência inclui os calcários recifais de
Olistostroma sedimentar
Baucau, que testemunham uma rápida elevação da ilha nos tempos
Formação brechóide (de brecha),
caótica, resultante do deslizamento recentes.
intraformacional submarino.
Em posição estrutural elevada (Nível Estrutural Superior: ver 10º ano,
Intraformacional UT4) encontram-se unidades alóctones (Aileu-Maubisse, Lolotoi), em
Diz-se de uma entidade (brecha, regra metamórficas e carreadas sobre o Parautóctone. Ainda não há
conglomerado) ou de um
acontecimento gerados durante a acordo entre os especialistas quanto à proveniência destes mantos de
deposição de uma camada sedimentar carreamento: Mar de Banda ou Margem Australiana?
com elementos dela retirados.
Uma breve história geológica de Timor-Leste
Não se conhecem rochas precâmbricas em Timor-Leste. Isto não quer
dizer que não existam; apenas que não se conhecem.
A situação é diferente no que diz respeito ao Paleozoico. No final desta
Era, os continentes estavam reunidos num único supercontinente
(Pangeia), ou quando muito em dois supercontinentes (Laurásia a norte e
Gondwana a sul).
A 0 M.a.
(atualidade)
B 5 M.a. C 30 M.a.
Figura 4.12 Representação, em mapa, da evolução tectónica de Timor-Leste (Cenozoico). A - Situação atual; B - Colisão da margem
continental australiana com a zona de subducção e formação da proto-ilha de Timor; C - Início da colisão entre a margem continental
australiana e a zona de subducção euroasiática-pacífico (adaptado de Charlton - B e C.; Hamilton - A).
Os processos envolvidos nesta história são extraordinariamente complexos, mesmo para os especialistas. Repara
que Timor-Leste está envolvido na movimentação relativa de três placas (Figura 4.9): Australiana, Euroasiática e
Pacífica. E a placa das Filipinas não fica longe!
Vais reter uma interpretação possível, mas não única, e atraente, à luz da Tectónica de Placas. Para isso analisa
os esquemas das Figuras 4.12. e 4.13.
Agora que já sabes mais sobre a geologia de Timor-Leste é importante que sistematizes a informação recolhida
para contares a história geológica do teu país. Para isso realiza a Atividade 4.6.
A Figura 4.13 representa uma secção vertical que te permite, à luz da Teoria da Tectónica de Placas interpretar
o que anteriormente foi referido.
Problematizar
Como é que a tectónica e a paleogeografia ajudam a compreender o passado
geológico de Timor-Leste?
Atividade 4.6
1. Depois de leres com atenção a informação relativa a Timor-Leste que se encontra na secção 4.2 do teu manual,
sistematiza essa informação numa tabela semelhante à que se apresenta em seguida (no teu caderno acrescenta
as linhas que forem necessárias).
Síntese
• A carta topográfica é uma representação da superfície terrestre num plano. Este tipo de carta é importante
para caraterizar o relevo de uma região.
• O relevo é representado nas cartas topográficas através de curvas de nível. Estas são linhas imaginárias que
unem os pontos de igual altitude da região representada.
• O perfil topográfico representa, num plano vertical, o corte de uma superfície topográfica. Pode ser construído
a partir de uma carta topográfica.
• A carta geológica fornece-nos informação sobre a geologia de uma região (ex.: litológica, estrutural,
estratigráfica, mineira, entre outra). Para a interpretação dessa informação é importante o mapa geológico
e respetiva legenda, incluindo a escala; a coluna estratigráfica; os cortes geológicos e, caso exista, a noticia
explicativa.
Questões em aberto
• Foram referidas diversas cartas geológicas gerais de Timor-Leste. O que pensas da sua utilidade para o
entendidmento dos recursos minerais do País?
• O cruzamento da informação retirada das cartas topográficas, geológicas e de solos é muito útil para ajudar a
tomar decisões. Basta pensar em situações que interessam a toda a população como, por exemplo, o traçado
de estradas. Como pode todo este trabalho aprofundado ainda pelo desenvolvimento tecnológico, contribuir
para uma melhor sustentabilidade de Timor-Leste?
121
Avaliação
1. A Figura representa uma carta topográfica de uma região.
2. A Figura que se segue ajuda-nos a compreender a evolução de Timor-Leste à luz da Tectónica de Placas.
Dili
3.1. Refere como varia a litologia, ao longo do corte geológico referido, de norte para sul (ver corte 1 da Figura
4.5).
3.2. Como sabes, os calcários formam-se em bacias de sedimentação. Como explicas a presença de calcários
no Monte Cablac?
123
Adenda
Tabela cronostratigráfica
Glossário
Escala cronostratigráfica
fonte: www.stratigraphy.org
125
Glossário
A Acumulação eólica Acumulação mais ou menos espessa de sedimentos transportados pelo vento.
ADN mitocondrial É um ADN que não se localiza no núcleo da célula, mas sim na mitocôndria (organito celular). O ADN
mitocondrial tem sido estudado com o intuito de investigar linhagens muito antigas.
Amonite Cefalópode fóssil surgido no Triásico e extinto no final do Cretácico. Tem grande importância no estabelecimento
da estratigrafia do Mesozoico.
Amonoides Grupo de cefalópodes fósseis com representantes no Devónico (climenídeos), no Carbónico-Pérmico (goniati-
tes), no Triásico (ceratites) e no Mesozoico (amonites).
Análise de fácies Metodologia comum à estratigrafia e à sedimentologia, vocacionada para o estudo de fácies sedimentares.
Andar Unidade cronoestratigráfica que abrange o conjunto de formações sedimentares depositadas durante o intervalo de
tempo designado por idade. É definido a partir de um estratotipo.
Arco insular Rosário de ilhas, muitas vezes vulcânicas, dispostas numa cadeia arqueada. Característicos das margens do
oceano Pacífico e das Caraíbas, os arcos insulares são associados a zonas de subducção de crusta oceânica sob crusta
geralmente ceânica, de que resulta intensa atividade vulcânica e sísmica de foco profundo.
Autóctone Terreno não deslocado tectonicamente, ou uma rocha gerada no próprio local onde se encontra.
Bacia de drenagem Área drenada por um rio ou pelo conjunto dos seus afluentes.
Bacia profunda O m.q. bacia oceânica. Domínio oceânico entre continentes, limitado pelas respetivas margens (exemplo:
talude continental).
Bioclasto Resto esquelético, de origem animal ou vegetal, frequentemente fragmentado, muito comum em rochas sedi-
mentares biogénicas.
Bioestratigrafia O m.q. estratigrafia baseada nos fósseis. Do gr. Βιοs (bios) = vida. Estudo da idade das camadas sedimenta-
res e execução de correlações entre estratos, tendo como base o seu conteúdo fossilífero.
Bio-rexistasia Teoria que liga o tipo de erosão na área-fonte com o tipo de deposição na bacia sedimentar contemporânea.
Braquiópodes São invertebrados marinhos, bênticos e com duas valvas diferentes: a valva peduncular (ou ventral) e a valva
braquial (ou dorsal) – a mais pequena. Geralmente fixam-se a um substrato através de um pé carnudo - o pedúnculo -
que sai pela parte dorsal da valva peduncular.
C Cálice O m.q. teca. Surge no topo do pedúnculo, provido de braços que filtram os alimentos da água.
Camada O m.q. estrato, banco e bancada. Corpo sedimentar com desenvolvimento tabular e individualizável das camadas
imediatamente acima e abaixo. Pode ter espessuras variáveis, mas nunca menos de 1 cm.
Câmbrico Corresponde ao mais antigo Sistema da Era Paleozoica, com 542-488 Ma. A designação deriva de Cambria, nome
latino do País de Gales (Reino Unido).
Carta geológica O m.q. mapa geológico. É uma representação da geologia de uma dada região, nos seus múltiplos aspetos
(litológicos, estruturais, estratigráficos, mineiros, entre outros) sobre fundo topográfico.
Carta pedológica O m.q. carta de solos ou mapa pedológico. Mapa que representa os solos de uma determinada região ou
país.
Carta topográfica O m.q. mapa topográfico. É o documento que representa, de forma sistemática, o relevo da superfície
terrestre de uma dada região por meio de projeções cartográficas
Cefalão Constituía a zona anterior da carapaça das trilobites, incluía os olhos e peças bucais, mas também boa parte do tubo
digestivo, e era inteiriço, não articulado.
Charles Darwin (1809-1882) Naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência
da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual.
126
Ciclo de erosão O m.q. ciclo de Davis. Conceito criado pelo geomorfólogo norte-americano W. M. Davis para regiões de
climas temperados. Descreve o processo geodinâmico externo que conduz teoricamente ao arrasamento de um
relevo forte.
Ciclo de transgressão-regressão Período e conjunto de processos compreendidos entre o início de uma transgressão (avan-
ço do mar) e o final da regressão (recuo do mar) que lhe sucede. Termina num regresso ao tipo de sedimentação inicial.
Colónias Nome dado a uma relação ecológica harmónica intraespecífica, em que um grupo de organismos da mesma espé-
cie formam uma entidade diferente dos organismos individuais e todos retiram vantagem.
Coluna estratigráfica Desenho esquemático que representa uma dada sequência de estratos.
Coluna litostratigráfica Coluna estratigráfica baseada apenas na natureza das rochas sedimentares de uma região.
Conservação Uma das modalidades de fossilização. Os casos de conservação total dos organismos, mantendo também as
partes moles, são raros, mas acontecem, por exemplo, com penas de aves e com os gusanos. Um tipo particular de
conservação total é o caso dos mamutes incluídos dentro de gelos siberianos e o dos insetos englobados em âmbar.
Contramolde O preenchimento de um molde (interno ou externo) dá origem a uma réplica do elemento original mas cons-
tituída por material distinto do inicial: um contramolde.
Corais O maior recife de coral do mundo é a Grande Barreira de Recife Australiana, local de vida marinha muito rica e
diversa, faunística e floristicamente.
Corrente de turbidez Massa de água do mar em movimento, carregada de detritos em suspensão, vindos sobretudo da
vertente continental.
Correntes de deriva litoral O m.q. corrente litoral. Correntes ao longo da linha de costa, em resultado do vaivém da vaga em
rebentação, quando esta incide obliquamente ao litoral.
Corrosão Processo de desgaste físico das rochas através, principalmente, do impacto e/ou atrito de partículas transportadas
pelo vento (eólica), pela água (fluvial, de marés, correntes) ou pelo gelo (de geleira).
Corte geológico O m.q. perfil geológico. Representação esquemática da constituição geológica de um troço do terreno, em
profundidade.
Cronoestratigrafia Estratigrafia baseada no conhecimento da idade (em milhões de anos) das divisões estratigráficas (siste-
mas, series, andares, etc.).
Crinoides O m.q. lírios do mar e comatulídeos. É uma classe de equinodermos. São animais exclusivamente marinhos que
ocupam todas as profundezas até aos 6000 metros. Atualmente, a classe conta com apenas algumas centenas de espé-
cies mas o registo geológico mostra uma biodiversidade muito maior dentro do grupo.
Crosta calcária O m.q. couraça calcária. Crosta de origem pedológca, mais ou menos endurecida, essencialmente formada
por carbonato de cálcio.
Cuesta Forma de relevo esculpida em terreno estratificado, monoclinal, mostrando uma superfície suavemente inclinada,
paralela aos estratos, oposta a um escarpado que corta os planos de estratificação.
Curva de nível Linha imaginária sobre o terreno que une todos os pontos de igual altitude de uma região representada.
D Datação radiométrica O m.q. datação isotópica e geocronologia radiométrica. Datação dos minerais e das rochas com base
no decaimento dos isótopos radioativos presentes.
Deflação Tipo de erosão eólica que consiste na remoção e transporte de detritos do calibre das areias ou inferior (silte e
argila) soprados ou varridos pelo vento.
Delta Forma de acumulação detrítica, construída na foz de um rio, no mar ou num lago, sempre que correntes ali em ação
não dispersem os respetivos materiais. Tem muitas vezes forma triangular.
Depósito fluvio-glaciário Conjunto de materiais arrancados ao substrato rochoso, transportados até ao sopé da montanha
e depositados por cursos de água após a fusão do gelo.
Desconformidade As camadas são paralelas de um e de outro lado da superfície mas esta não é conforme com a estratifi-
cação.
Glossário | 127
Descontinuidade Interrupção na continuidade do processo sedimentar, estando representada por uma superfície ou plano,
ditos de descontinuidade.
Dinossauros O m.q. dinossáurio. Grupo variado de animais membros do clado e da superordem Arcossauros. Tornaram-se,
durante 135 Ma, a espécie dominante do planeta. Durante a primeira metade do século XX, a maior parte da comuni-
dade científica acreditava que os dinossauros eram lentos, sem inteligência e com sangue-frio. No entanto, a maioria
das pesquisas realizadas desde a década de 1970 indicaram que estes animais eram ativos, com elevado metabolismo e
com numerosas adaptações para a interação social. Além disso, muitos grupos (especialmente os carnívoros) estavam
entre os organismos mais inteligentes do seu tempo.
Discordância angular Falta de paralelismo entre uma sequência estratificada depositada sobre uma outra, diferentemente
inclinada e arrasada pela erosão.
Discordância Assentamento de uma sequência sedimentar sobre uma superfície de erosão, seja ela talhada sobre uma
outra ou não, ou sobre rochas magmáticas do soco.
Domínio continental Domínio relacionado com os continentes (exemplo: ambiente desértico, glaciar, fluvial).
Domínio marinho Domínio associado a zonas cobertas por mares e oceanos, deste a plataforma continental à planície
abissal.
Domínio transicional Domínio associado a zonas de transição entre os ambientes terrestre e marinho (exemplo: ambiente
deltaico, de estuário).
Dorsal oceânica Grande alinhamento de relevos vulcânicos submarinos à escala do planeta. Coincide com a suposta faixa de
alastramento e afastamento de duas placas oceânicas.
E Eixo cronológico Instrumento para ordenar os acontecimentos e os factos históricos numa sequência temporal, sobre uma
linha. Quando esta linha é representada de modo horizontal recebe a designação de friso cronológico.
Época Divisão geocronológica, hierarquicamente acima da Idade e abaixo do Período. Corresponde à Série, em termos
estratigráficos.
Equinídeos O m.q. equinoides ou ouriços do mar. Possuem concha rígida globosa, formada por placas calcárias, coberta por
espinhos. Existem desde o Ordovícico até à atualidade.
Equinodermes São animais marinhos, de vida livre, exceto por alguns crinoides que vivem fixos a um subs-
trato rochoso (sésseis) e de simetria radial que também apresentam sua exceção, os comatulíde-
os, que se locomovem utilizando os braços. Este filo surgiu no Câmbrico recente e contém cerca de
7 000 espécies viventes e 13 000 extintas.
Escala Quociente entre uma distância na Carta e a correspondente distância horizontal medida no terrono.
Escala Estratigráfica O m.q. Tabela Estratigráfica. Sequência, por ordem cronológica, das diversas unidades estratigráficas
adotadas, num dado período do conhecimento.
Estegossauros Dinossauro de tamanho médio caracterizado pela presença de um crânio bastante pequeno.
Estratificação entrecruzada Estrutura das rochas sedimentares detríticas médias e finas marcada pela existência de lâminas
de deposição oblíquas ao plano de sedimentação horizontal
Estratigrafia Ramo da geologia, desde os princípios do século XIX, que abarca o estudo das rochas sedimentares e dos acon-
tecimentos geológicos a elas associado, sempre numa perspetiva geocronológica.
Estrutura de carga Bolsadas de areia, proveniente de uma camada arenosa não consolidada que mergulha numa camada
pelítica não consolidada.
128 | Adenda
Estrutura dobrada Estrutura em que as rochas estratificadas sofreram deformação por encurvamento, na sequência de
esforços tectónicos tangenciais e compressivos ou de escorregamentos.
Estrutura sedimentar Conjunto de arranjos e marcas de origem mecânica e/ou biológica deixados nos sedimentos, muitos
dos quais se mantêm após a litificação.
Estuário Troço alargado na parte final de um rio, na sua passagem ao mar, sujeita a oscilações das marés e, portanto, com
correntes de avanço e de recuo e correspondentes variações de salinidade.
Evolução biológica Transformação dos seres vivos ao longo do tempo, a partir de antepassados comuns.
F Fabio Colonna (1567-1640) Filho de um filólogo e antiquário italiano, que se interessou pelos autores antigos de medicina,
botânica e história natural.
Fácies Conjunto de características mineralógicas, texturais, paleontológicas, entre outras, de uma rocha, em função do
respetivo ambiente de deposição.
Falésia O m.q. arriba. Escarpado abrupto, litoral, talhado na vertical ou quase, pela ação erosiva do mar.
Fanerozoico O m.q. Tempos fossilíferos. Grande divisão estratigráfica (Eon) que se segue ao Proterozoico. Reúne o Paleozoi-
co, o Mesozoico e o Cenozoico.
Fendas de dessecação O m.q. fendas de retração. Fissuras de espaçamento milimétrico a centimétrico, abertas em solos e
sedimentos, no geral silto-argilosos, por contração destes, devido à perda da água que os impregna.
Filo É um táxon usado na classificação científica dos seres vivos, hierarquicamente abaixo do Reino e acima da Classe.
Formação O m.q. Fm. Unidade litoestratigráfica, caracterizada por um conjunto de rochas que se identificam pelas suas ca-
racterísticas litológicas (composicionais) e pela posição estratigráfica que ocupam. É uma unidade básica da cartografia
geológica.
Fósseis de fácies Fóssil que indica o tipo de ambiente sedimentar da rocha em que ficou conservado.
Fóssil de idade O m.q. fóssil característico. Fóssil de um organismo que viveu durante um intervalo de tempo muito curto,
o que faz com que a sua ocorrência seja indicador da idade da rocha.
Fóssil Resto ou vestígio de seres vivos do passado, conservando nas rochas de que foram contemporâneos.
Fóssil vivo O m.q. fóssil persistente. Organismos atuais pertencentes a grupos biológicos que, no passado geológico, foram
muito mais abundantes e diversificados que na atualidade. São morfologicamente muito similares a organismos dos
quais há, apenas, conhecimento do registo fóssil. Até há bem pouco tempo, um outro termo era adotado entre a co-
munidade científica: “formas-relíquia”.
Fossilização Processo em que os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros mais
estáveis nas novas condições. Estes compostos podem ser calcite, sílica, pirite, carbono, entre outros.
G Genoma Corresponde a toda a informação hereditária de um organismo que está codificada em seu ADN.
Geocronologia Estudo dos tempos geológicos, em milhões de anos, e dos métodos utilizados na respetiva datação.
Geomorfologia Disciplina que se ocupa do estudo das formas e da evolução do relevo da Terra.
Geomorfologia estrutural Estuda as formas de relevo em função dos aspetos estruturais (exemplos: dobras, falhas) dos
corpos geológicos.
Geomorfologia litológica Estuda as formas de relevo em função dos diferentes tipos de rochas.
Georges Cuvier (1769-1832) Foi um dos mais importantes naturalistas da primeira metade do século XIX, tendo desenvolvi-
do métodos e programas de pesquisas para várias áreas da História Natural.
Glossário | 127
Gimnospérmicas São plantas vasculares com frutos não carnosos (frutos sem polpa) e cujas sementes não se encerram
num fruto.
Glaciar Acumulação de gelo permanente característica das calotes polares e das altas montanhas. Neste último caso, o gelo
da periferia “escorre” lentamente em vales, sob a forma de línguas glaciárias.
Glaciar de altitude O m.q. Glaciar de montanha. Glaciar localizado na parte superior de uma parte da montanha.
Gondwana O m.q. Gonduana. Significa “terra dos Gonds, na Índia”. Supercontinente centrado no pólo sul que terá agrupa-
do, até ao Triásico, os atuais continentes.
Graptólitos Grupo de invertebrados marinhos, pelágicos, com grande interesse na estratigrafia do Ordovícico e do Silúrico.
H Hominídeos São os maiores primatas. Têm o polegar e o hallux (o dedo grande do pé) oponível aos outros dedos (exceto no
género humano) e todos os dedos têm unhas achatadas.
Horizonte Espessura de solo aproximadamente paralela à superfície do terreno e que difere das que lhe estão próximas pela
propriedades físicas, químicas e biológicas.
I Iceberg Grande bloco de gelo à deriva nos oceanos. Por razões de densidade, só uma pequena parte está fora de água.
Icnofóssil O m.q. icnito fóssil. Vestígio ou impressão da existência, presente ou passada, de um animal, com destaque para
pegadas, ovos, excrementos e gastrólitos.
Idade dos Répteis Expressão por vezes usada como sinónima de Mesozoico.
Iluminismo Movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa. Procurava mobilizar o poder da razão,
com o objetivo de reformar a sociedade e o conhecimento prévio.
Intraformacional Diz-se de uma entidade (brecha, conglomerado) ou de um acontecimento gerados durante a deposição de
uma camada sedimentar com elementos dela retirada.
Isótopos São átomos de um elemento químico cujos núcleos têm o mesmo número atómico.
J Jean- Baptiste Lamarck (1744-1829) Naturalista francês que desenvolveu a teoria dos caracteres adquiridos. Personificou as
ideias pré-darwinistas sobre a evolução. Introduziu o termo “biologia”.
James Ussher (1581-1656) Arcebispo de Armagh, Primaz da Irlanda. Baseando-se na Bíblia, e outros textos sagrados, escre-
veu o livro The Annals of the World, publicado em 1658, onde defende o valor de 4004 a.C. para a criação do mundo.
Lamelibrânquios Classe de moluscos de conchas calcárias bivalves, de cabeça rudimentar e brânquias formadas de lâminas
cobertas de cílios vibráteis.
Leque aluvial Troço terminal de uma torrente, onde se acumulam materiais detríticos mais grosseiros, por perda da capaci-
dade das águas que os transportam ao longo do canal de escoamento.
Linha de altura Sucessão de cumes de cadeias montanhosas que separam as respetivas vertentes.
Litoestratigrafia Estudo das sequências sedimentares com base, sobretudo, na natureza litológica das camadas.
128 | Adenda
M Mapa de fácies Mapa que mostra a variação, numa determinada área, de uma unidade estratigráfica em termos de fácies.
Marcas de ondulação simétricas Ondulações prodizidas num sedimento, em geral arenoso, pelos movimentos de um fluído
que pode ser a água ou o vento.
Membro Unidade litoestratigráfica abaixo da Formação geológica. Tem características geológicas distintas, próprias, que
fazem com que se individualize das rochas envolventes e, frequentemente, só tem expressão local.
Mesa Relevo tabular, mais ou menos extenso, encimado por uma camada horizontal, sedimentar ou de basalto. As áreas
mais pequenas e localizadas deste tipo de relevo são denominadas de testemunhos ou cabeços.
Molde externo Molde de superfícies ou de cavidades exteriores de estruturas somáticas ou de vestígios de atividade or-
gânica. Os moldes externos são constituídos pelo material que cobre a superfície externa de uma qualquer estrutura,
reproduzindo (em negativo) a sua forma e os seus relevos (a sua ornamentação).
Molde interno Molde de superfícies ou de cavidades interiores de estruturas somáticas ou de vestígios de atividade orgâ-
nica.
Montmorilonite Mineral argiloso. É um silicato hidratado de alumínio com magnésio e, por vezes, sódio e/ou potássio.
O Ofiolito Associação de rochas ígneas básicas e ultrabásicas (gabros, basaltos, peridotitos) mais ou menos serpentinizadas.
Os ofiolitos são interpretados como porções de crusta oceânica e de manto superior, na sequência de importantes
deformações orogénicas.
Olistostroma sedimentar Formação brechóide (de brecha), caótica, resultante do deslizamento intraformacional
submarino.
P Paleobotânica Ramo da paleontologia que estuda os fósseis vegetais, ou seja, os restos de plantas fossilizadas.
Paleogeografia Reconstrução histórica do padrão da superfície terrestre ou de uma dada área num determinado tempo do
passado geológico.
Paleontologia Ciência complementar da geologia que se ocupa dos seres do passado através dos fósseis.
Paraconformidade Não existe diferença de atitude entre unidades sobrepostas ainda que, às vezes, faltem diversos con-
juntos líticos.
Pé Unidade de comprimento do sistema anglo-saxónico, equivalente no sistema métrico decimal a 30,48 cm.
Pedúnculo Pé flexível de fixação dos crinoides, circular ou pentagonal, formado por numerosas peças – entroques.
Peloide Componente carbonatada, com granulometria equivalenete à das areias finas e do silte, com forma esferoidal ou
irregular microcristalina.
Peneplanície Superficie incompletamente aplanada, correspondente ao final de um ciclo de erosão segundo William M.
Davis.
Perfil topográfico Representação do corte de uma superfície topográfica por um plano vertical.
Período Divisão geocronológica hierarquicamente situada abaixo da Era e acima da Época. É equivalente, em termos estra-
tigráficos, ao Sistema.
Glossário | 127
Período glaciário Período caracterizado pelo arrefecimento do planeta, com uma grande extensão das massas de gelo e
consequente abaixamento do nível geral das águas nos oceanos.
Período interglaciário Período entre duas glaciações consecutivas, caracterizado pelo recuo das massas de gelo e subida do
nível das águas nos oceanos.
Pigídio O m.q. escudo caudal das trilobites. Corresponde à zona posterior da carapaça, que inclui, em algumas espécies,
espinhos e ornamentação variada. O pigídio era, também, uma peça única.
Planície aluvial Superfície aplanada até à linha de costa, formada por depósito sedimentar terrígeno.
Plataforma continental Continuação submersa da superfície litoral, caracterizada por um declive médio da ordem de 0,1%,
até uma profundidade de cerca de 200 metros.
Precâmbrico O m.q. que Antecâmbrico. Corresponde a cerca de 90% do tempo geológico. Agrupa os Eons Arcaico e
Proterozoico.
Princípio da horizontalidade As rochas sedimentares depositam-se em estratos ou camadas horizontais e qualquer evento
que altere essa condição de horizontalidade é posterior à sua formação.
Princípio da identidade paleontológica O m.q. princípio da identidade fossilífera. Considera que estratos onde exis-
tam as mesmas associações de fósseis, ter-se-ão formado na mesma altura e em locais e ambientes sedimentares
semelhantes.
Princípio da inclusão Qualquer estrato que apresente outro incluso é mais recente que os fragmentos do incluído.
Princípio da interceção Qualquer corpo geológico ou estrutura que intersete outro é mais recente que o intersetado.
Princípio da sobreposição Considera que numa série normal de rochas sedimentares, as mais antigas estão por baixo das
mais recentes. Este princípio não pode ser considerado em rochas deformadas ou invertidas, uma vez que a relação
espacial original pode ter-se perdido.
Princípios estratigráficos Os princípios estratigráficos são fundamentais no estabelecimento da cronologia relativa, toman-
do em consideração as relações espaciais entre os estratos.
R Rabdossoma Esqueleto colonial escleroproteínico, composto por várias cápsulas denominadas tecas que albergavam os
organismos individuais.
Radioatividade Fenómeno natural ou artificial, pelo qual algumas substâncias ou elementos químicos, chamados radioa-
tivos, são capazes de emitir radiações, as quais têm a propriedade de impressionar placas fotográficas, ionizar gases,
produzir fluorescência ou atravessar corpos opacos à luz ordinária.
Radiolários Protozoários marinhos, pelágicos (região oceânica onde vivem normalmente seres vivos que não dependem
dos fundos marinhos), de esqueleto silicioso (opala).
Radiolarito O m.q. cherte radiolarítico. Rocha siliciosa biogénica, coesa, dura, de granulado muito fino e coloração variável
(branco, vermelho, verde, preto). É essencialmente formada por acumulação de restos esqueléticos (opala) de radiolá-
rios, fonte de sílica que, no decurso da diagénese, toma a forma de quartzo microcristalino.
Recife de coral Zona de plataforma carbonatada construída pela atividade de corais em águas quentes e límpidas, pouco
profundas.
Rede fluvial Conjunto dos vários canais naturais (rios, ribeiras, entre outros), permanentes ou temporários; todos eles aca-
bam por convergir num canal principal que desagua no mar ou por vezes num lago.
Região árida Território onde o clima ou sistema climático é caraterizado pela secura, por vezes, extrema, onde a precipita-
ção é inferior a 500 mm/ano.
Região subárida Território caraterizado por ter uma estação seca e quente bem marcada, fazendo a transição entre os cli-
mas tropicais húmidos e os temperados. Exemplo: savana.
Regime tectónico Conjunto de características que definem a estrutura tectónica de uma dada região da crusta terrestre.
Exemplo: arco insular.
128 | Adenda
Relevo cársico O m.q. carso ou “karst”. Paisagem sobre terrenos constituídos por rochas carbonatadas (calcário, dolomitos
ou mármores) modelado por erosão cársica.
Ria Vale fluvial encaixado invadido pelo mar, quer na sequência de uma subida do nível das águas, quer por um afunda-
mento do continente.
Rios entrançados Rede de canais fluviais que se bifurcam e recombinam em vários pontos.
Rios meandriformes Rios cujos cursos apresentam uma sinuosidade bastante acentuada.
S Santo Agostinho (354-430) Nasceu em Tagaste, na província romana Souk Ahras (atual Argélia). Foi bispo de Hipona (Argé-
lia), escritor, teólogo e Doutor da Igreja Católica.
Semivida O m.q. meiavida. A meiavida de um elemento radioativo é o intervalo de tempo em que uma amostra deste ele-
mento se reduz à metade.
Sequência de Bouma Sequência teórica aceite para os turbiditos siliciclásticos. Esta compreende, de baixo para cima, cinco
termos: 1 – seixos e areia grossa; 2 – areia média a fina; 3 – areia fina e silte; 4 – silte a argila; 5 – argila.
Série estratigráfica O m.q. sequência estratigráfica. Designação informal para um conjunto de estratos, de espessura variá-
vel, acumulados uns sobre os outros.
Série O m.q. Série estratigráfica da época. Unidade estratigráfica hierarquicamente situada entre o Sistema e o Período.
Sir Isaac Newton (1643-1727) Cientista inglês, mais conhecido como físico e matemático. Foi, também, astrónomo, alqui-
mista, filósofo natural e teólogo.
Sistema carbonatado Sucessão de ambientes associados à deposição de carbonato de cálcio e/ou de magnésio.
Sistema siliciclástico curto Sequência de ambientes siliciclásticos em que a fonte dos detritos está próxima da bacia oceâ-
nica.
Sistema siliciclástico longo Sequência completa de ambientes siliciclásticos da montanha até à bacia oceânica.
Sistema siliciclástico O m.q. modelo silisiclástico. Sucessão de ambientes associados à deposição de sedimentos de nature-
za detrítica de diferentes dimensões.
Sistemática Inventariação, ordenamento e designação de objetos naturais, nomeadamente de seres vivos e fósseis.
Strombus A espécie Strombus bubonius, por exemplo, é um fóssil de idade para o Tirreniano (Pleistocénico Superior, há
100 000 anos).
Substituição Modalidade de fossilização que consiste na substituição completa da substância original que constitui o orga-
nismo por um outra substância mineral contida no sedimento onde o organismo estava.
Suturas As Goniatites diferem das amonites pelas suas suturas não rendilhadas e pela posição do canal que liga as câmaras.
T Talude continental Parte do fundo marinho que separa o bordo da plataforma continental dos grandes fundos oceânicos.
Tecas O m.q. hidrotecas. Estruturas tubulares que se originavam a partir da sícula e que no seu interior continham um
zoóide individual. As tecas eram compostas de colagénio e uniam-se umas às outras através do nema que suportava a
estrutura.
Tempo absoluto Tempo expresso em anos. Em geologia, a unidade de tempo é, normalmente, o milhão de anos (Ma).
Tempo geológico Escala de tempo que representa a linha do tempo desde o presente até à formação da Terra, baseando-se
nos grandes acontecimentos geológicos da história do planeta.
Glossário | 127
Tempo histórico O m.q. ciência dos homens no tempo. Compreende a estrutura, a conjuntura e os acontecimentos, que
contribuem para a sua formação.
Testa O m.q. concha. Os foraminíferos constroem uma testa extracelular de material orgânico, compactando partículas mi-
nerais e carbonato de cálcio secretado na matriz orgânica. As testas calcárias são muito importantes quando são bem
preservadas para obter-se o registo fóssil, além de serem mais comuns do que sem imagina: cerca de 40 000 das 45 000
espécies descritas atualmente de foraminíferos são espécies fósseis.
Textura de solos Está relacionada com a dimensão e organização das partículas que o constituem. Podem ser arenosos e
leves ou mais argilosos e pesados.
Tiranossauros Os famosos Tyrannosaurus rex eram carnívoros de grandes dimensões e predadores de dinossauros
herbívoros.
Tórax Zona intermédia, articulada, constituída por um número variável (de dois a mais de 20) de segmentos idênticos.
Trilobites Grupo de artrópodes marinhos fósseis do Paleozoico, com interesse na estratigrafia desta Era.
V Variação lateral de fácies Variação de fácies sedimentar no espaço, de lugar para lugar, para uma determinada época.
Vedas Correspondem aos quatro textos escritos em sânscrito por volta de 1500 a.C., que formam a base do sistema de
escrituras do hinduísmo. São a mais antiga literatura de qualquer língua indo-europeia.
Vertissolo Solo mineral rico em argilas expansivas, comum em climas marcados por uma alternância de secura e humidade.
Z Zircão Mineral de silicato de zircónio, do sistema tetragonal. A sua fórmula química é ZrSiO4. Tem fratura conchoidal, dureza
7,5, densidade 4,6 a 4,7 e brilho resinoso a adamantino. Pode ter cores variadas, desde incolor a vermelho e é um mi-
neral acessório de algumas rochas plutónicas (granitos e sienitos, por exemplo) ou de rochas sedimentares (arenitos).
Zona Camada ou conjunto de camadas caracterizadas por uma ou mais espécies fósseis, que lhe dão o nome, constituindo
a unidade de base da zonação bioestratigráfica.
Zona costeira Faixa do terreno geralmente compreendida entre a baixamar e a preiamar. Mas é costume acrescentar a faixa
acima da preiamar e mesmo abaixo da baixamar.
128 | Adenda
Créditos das Imagens
Amu Borges (p. 17, Fig. 1.2; p. 76, Fig. 3.15; p. 102; p. 114)
Ângelo Ferreira (p. 19, Fig. 1.6)
António Andrade (p. 41, Fig. 2.9; p. 90, Fig. A da Ativ. 3.8; p. 111, Fig. 4.4 e 4.5; p. 112, Fig. 4.6; p. 118, Fig. 4.11)
Carla Candeias (p. 38, Fig. 2.3; p. 40, Fig. 2.5; p. 47, Fig. 2.21; p.48, Fig. 2.23 e 2.24; p. 49, Fig. 2.27, 2.28 e 2.29; p.50,
Fig. 2.30, 2.31 e 2.33; p. 51, Fig. 2.37, 2.39, 2.40 e 2.41; p. 52, Fig. 2.44; p. 53, Fig. 2.45 e 2.47) - Coleção de fósseis do
Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro
Dorinda Rebelo (p. 18, Fig. Ativ. 1.8; p. 38, Fig. 2.2 A, Fig. 2.4; p.50, Fig. 2.32; p. 75, Fig. 3.12; p. 76, Fig. Ativ. 3.3; p. 80,
Fig. 3.26; p. 83; p. 86, Fig. 3.37; p. 90, Fig. B e C Ativ. 3.8; p. 95; p. 106, Fig. A, B e C)
Lino Borges (p. 72)
Jorge Bonito (p. 57, Fig. Ativ. 2.6; p. 55, Fig. 2.52)
Rui Dias (p. 36; p. 44, Fig. 2.13 e 2.14)
Rui Soares (p.46, Fig. 2.17)
Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de
Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro