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ORGANIZADORES
ANA CLÁUDIA BORTOLOZZI MAIA
ARI FERNANDO MAIA
© 2005 – CAMPUS DE BAURU – FACULDADE DE CIÊNCIAS
www.fc.unesp.br
ISBN – 85-99703-01-3
Série: CADERNOS CECEMCA
CADERNOS CECEMCA
Coordenação Geral – UNESP Professora Doutora Maria Amélia Máximo de Araújo
Coordenação CECEMCA Núcleo Bauru Professor Doutor João José Caluzi
Coordenação CECEMCA Núcleo Rio Claro Professora Doutora Maria Isabel Castreghini de Freitas
Coordenação CECEMCA Núcleo EaD Professor Doutor Eugênio Maria de França Ramos
Organizadores do Caderno de Sexualidade Ana Cláudia Bortolozzi Maia
e Infância Ari Fernando Maia
Comitê Técnico Científico Adriana Josefa Ferreira Chaves, Ana Maria de Andrade
Caldeira, João José Caluzi, João Pedro Albino, José Misael
Ferreira do Vale, Mara Sueli Simão Moraes, Nelson Antonio
Pirola, Roberto Nardi, Washington Luiz Pacheco de Carvalho
Corpo de pareceristas Adriana Josefa Ferreira Chaves, Aparecida Valquíria Pereira
da Silva, Carmem Lúcia B. Passos, Lair de Queiroz Costa,
Rosimar Poker, Sonia Maria Martins de Melo, Vera Mariza
Regino Casério, Wilson Massashiro Yonezawa
Bolsistas Carolina Zumiani Navarro, Juliana Campregher Pasqualini,
Rodrigo Marques Pucci
Revisão Carla Lisboa Porto, Christina de Almeida Peter
Assessoria Ana Carolina Galvão Marsiglia, Glória Georges Feres
Avaliação preliminar dos textos Bruna Di Richelly Mattar Padovani, Noemia Tereza Góes
Maciel, Patricia Gonçalves Leão de Besso, Priscila Campesi
Aníbal, Regina Almeida dos Santos, Rita de Cássia Bastos
Zuquieri, Rosa Inês Ungaro Verinaud, Rose Mary Pachele
Mattiazzo, Rosely Fatima Adami Kronka, RosemaraGasparini
Candosin Sementille
Dados para catologação
Sexualidade e Infância / organizado por Ana Cláudia Bortolozzi e Ari Fernando Maia.- -Bauru: FC/CECEMCA:
Brasília: MEC/SEF, 2005.
204 páginas. ( Cadernos Cecemca, n. 1).
ISBN: 85 -99703- 01-3
1. Sexualidade. 2. Repressão sexual. 3. Educação sexual. I. Série.
CDD - 370
Recomenda-se a classificação das publicações desta Série, na área de Educação, por tratar de temática multidisciplinar
sobre ensino e aprendizagem.
Autorizado a reprodução desde que citada a fonte
APRESENTAÇÃO CECEMCA
A Coordenação CECEMCA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Ana Cláudia Bortolozzi Maia 09
9
uma compreensão mais ampla e geral sobre esse assunto.
Ao final de cada tema, há as referências bibliográficas que
nortearam a elaboração do texto e que permitem, ao leitor
interessado, um maior aprofundamento por meio de livros e
textos citados.
10
de, e é mais voltado para a formação de atitudes. Como tal,
encerra o conceito de repressão sexual que, como um conjunto
de regras e valores sociais, dá sentido e representatividade à
sexualidade.
11
Sexuais Infantis” e “Diálogos sobre Sexualidade com a
Criança”, foram separados para garantir uma reflexão mais
pragmática em relação a estas manifestações sexuais das
crianças no cotidiano da escola. Para ajudar o professor,
procuramos oferecer uma reflexão geral sobre o assunto
e, ao final, responder algumas perguntas freqüentes sobre
o tema. Além disso, sugerimos alguns livros de orientação
sexual destinados às crianças, para facilitar o trabalho do
professor que pretende orientar seus alunos. Estes três temas
são centrais para a reflexão sobre a sexualidade na infância,
porque neles são discutidas questões que, em geral, são muito
relevantes no trabalho educativo da escola. Além disso, uma
vez que os comportamentos citados são comuns nas escolas,
existe uma demanda freqüente de dúvidas por parte de muitos
educadores.
12
O nono tema fala sobre a Mídia e a Sexualidade
Infantil, que é um assunto muito atual e importante, na medida
em que a indústria cultural media a formação das pessoas,
inclusive quanto à sexualidade, de um modo muito abrangente
na sociedade atual. É apresentada neste texto, quase sempre
com a televisão como exemplo, uma discussão sobre o concei-
to de mídia e sobre a indústria cultural. Apontamos a hipótese
que a indústria cultural é o grande agente de reprodução da
repressão sexual atualmente. Depois, procura-se estabelecer
uma relação entre estes conceitos e o desenvolvimento da
sexualidade infantil. Procuramos sugerir ferramentas como
o professor pode contribuir para uma educação, por meio do
diálogo com a criança, questionando os preconceitos e estere-
ótipos veiculados nos meios de comunicação de massa.
14
Agradeço, imensamente, a contribuição dos colegas
Paulo Rennes Marçal Ribeiro, Giselle Volpato dos Reis e Ari
Fernando Maia, profissionais que eu respeito e admiro e que
muito enriqueceram a elaboração do Caderno, seja na redação
de temas importantes ou oferecendo sugestões gerais sobre o
projeto como um todo.
15
TEMA
ATITUDES E COMPORTAMENTOS
SEXUAIS NA ANTIGÜIDADE
O puritanismo e o vitorianismo.
Considerações finais
33
TEMA
40
Tema 2
d) Que toda esta formação seja permeada por uma
postura crítica, que provoque reflexão e questionamentos
para que o orientador sexual reformule suas atitudes frente ao
sexo, reveja tabus e preconceitos e seja capaz de tratar com
naturalidade os alunos e suas questões polêmicas.
No entanto, a condição mais importante é sentir-se à
vontade para falar de sexo com seus alunos, aceitar que a
sexualidade é natural e necessária na vida de todos nós e que
tabus e preconceitos não podem fazer parte da orientação
dada aos alunos.
Além disso, há outros aspectos importantes a considerar.
Quem lida com orientação sexual, lida também com valores
familiares e com modos de conduta em relação à sexualidade.
Tais valores e condutas podem parecer, à primeira vista,
estranhos ou não usuais, ao lado de outros que nos parecem
desejáveis e certos. Uma vez que a sociedade comporta uma
grande diversidade em relação ao poder aquisitivo, à origem,
à fé religiosa, às convicções políticas e aos padrões para a
organização da família, existem modelos válidos para oferecer
às crianças? Que critérios devemos utilizar para fornecer as
informações? Aprofundando a questão, existem parâmetros
morais ou comportamentais válidos para todas as tentativas de
realizar uma orientação sexual?
Parece-nos que a imposição de qualquer tipo de valor
dogmático na escola confundiria as finalidades da orientação
sexual, tomando-a como um dos mecanismos pelos quais
ocorre a repressão sexual. A abertura para falar sobre o tema
é necessária, mas também é fundamental aceitar e conviver
41
Tema 2
com a diferença, a diversidade de condutas, valores, crenças
e convicções que caracterizam diferentes grupos sociais.
Por exemplo, embora eu possa acreditar que determinada
condição é desvantajosa sob determinado aspecto, não tenho
o direito de impor essa minha crença a outros, ou de julgá-los
com base nessa convicção.
Por isso é essencial que a escola se disponha a debater
esses temas com a sociedade como um todo, envolvendo
principalmente a família e as instâncias internas do ambiente
escolar: professores, funcionários e direção. Além disso, o
compromisso com a orientação sexual, idealmente, não deve
estar vinculado à ocorrência de “problemas” a serem resolvi-
dos, mas à compreensão de que o diálogo sobre a sexualidade
no cotidiano escolar, além de favorecer a promoção da saúde
sexual, desenvolve cidadãos mais livres e conscientes sobre
essa dimensão de suas vidas.
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Tema 2
REFERÊNCIAS
44
Tema 2
ANOTAÇÕES
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TEMA
PROCESSO DE EDUCAÇÃO E
REPRESSÃO SEXUAL
ANA CLÁUDIA BORTOLOZZI MAIA
ARI FERNANDO MAIA
Tema 3
52
Tema 3
Segundo Chauí (1985):
A repressão sexual pode ser considerada como um conjunto
de interdições, permissões, normas, valores, regras estabe-
lecidos histórica e culturalmente para controlar o exercício da
sexualidade… (p.9) […]
De modo geral, entende-se por repressão sexual o sistema
de normas, regras, leis e valores explícitos que uma socie-
dade estabelece no tocante a permissões e proibições nas
práticas sexuais genitais (mesmo porque um dos aspec-
tos profundos da repressão está justamente em não admitir
a sexualidade infantil e não genital). Essas regras, normas,
leis e valores são definidos explicitamente pela religião, pela
moral, pelo direito e, no caso de nossa sociedade, pela ciên-
cia também (p.77).
61
Tema 3
REFERÊNCIAS
62
Tema 3
FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicoló-
gicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,
1976. 24 v., il.
63
Tema 3
VITIELLO, N. A educação sexual necessária. Revista Brasi-
leira de Sexualidade Humana, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 15-28,
1995.
64
Tema 3
ANOTAÇÕES
65
TEMA
68
Tema 4
No entanto, apesar do imperativo biológico, vivemos
em sociedade e o gênero humano é também uma construção
cultural. É na sociedade que nos tornamos uma pessoa femi-
nina ou masculina, principalmente pela introjeção de valores
e normas de conduta relacionada aos gêneros. Diferentes
culturas têm revelado as manifestações de padrões diferen-
ciados ao que chamamos masculino e feminino (MEAD, 1988;
WHITAKER, 1995).
Viver em sociedade implica em representar diferentes
papéis sociais. O papel social nos diz como devemos ser e agir
em diferentes contextos. Tome-se como exemplo os papéis
de aluno, professor, diretor ou de outros profissionais, e as
representações e obrigações produzidas na sociedade sobre
essas diferentes possibilidades de atuação a que estamos
expostos. Os papéis se constituem em um conjunto de atitu-
des esperado por um determinado grupo social, numa cultura
determinada, também em relação ao gênero. Para Cavalcanti
(1990), entende-se por papéis de gênero (ou papéis sexuais)
todas as expectativas e os encargos definidos pelo grupo
social, de acordo com o padrão de normalidade esperado para
seu sexo biológico. Ou seja, há papéis bastante determinados
relacionados ao gênero humano. O que é ser masculino na
nossa cultura? O que é ser feminino? Como aprendemos isso?
Em que medida representamos adequadamente estes papéis e
a que custo? Que tipo de punições existem quando há alguma
diferença do padrão esperado?
A manifestação dos papéis sexuais, na vida dos indiví-
duos, tende a refletir e a se ajustar a uma identidade sexual
69
Tema 4
ou identidade genérica. Por identidade sexual ou genérica
entende-se a noção da “consciência” que cada indivíduo tem
de si mesmo com relação ao seu gênero. É o “sentir-se
como”, “homem” ou “mulher”. A identidade sexual - que faz
parte da identidade do indivíduo como um todo - forma-se
sob a influência de fatores biológicos, sociais (culturais) e
psicológicos (CAVALCANTI, 1990; COSTA, 1994; DUARTE,
1995; PAIVA, 1989).
A identidade sexual ou genérica só poderá ser expressa
de duas maneiras: ou nos sentimos homens ou nos sentimos
mulheres. Ela não pode ser confundida, nem tomada como
sinônimo de orientação afetivo-sexual, que diz respeito às con-
dutas homossexual, heterossexual ou bissexual. A Identidade
sexual seria a consciência de pertencer a determinado gênero:
homens ou mulheres. Uma mulher homossexual, que como
tal, tem como seu objeto afetivo e erótico outra mulher, “não se
sente homem”. Ela pode até manifestar comportamentos asso-
ciados, pela maioria das pessoas, ao papel sexual masculino.
Entretanto, se sente, nem deseja ser um homem. Da mesma
forma, um homem homossexual, que, como tal, tem como seu
objeto afetivo e erótico outro homem, “não se sente mulher”.
Ele não deseja tornar-se mulher. Ele se sente um homem e
gosta de outro homem e pode, em maior ou menor grau, mani-
festar diferentes comportamentos considerados “masculinos”
ou “femininos”. O fato de ele ser afeminado não significa que
tenha problemas com sua identidade sexual. Isso não implica
que ele se sinta mulher, apenas que ele não corresponde aos
padrões considerados masculinos na nossa sociedade. Uma
70
Tema 4
prova disso é que há homens ditos efeminados que não são
homossexuais e mulheres ditas masculinizadas, que não
seguem os padrões vigentes de feminilidade e, nem por isso,
são lésbicas.
Segundo Tucker e Money (1981), há alguns imperativos
biológicos característicos da identidade sexual (o homem
fecundar e a mulher menstruar, gerar e amamentar) que jamais
sairiam da fronteira da identidade para o terreno dos papéis
sexuais. Há características próprias de homens e mulheres,
que são definidas biologicamente e, por isso, são imutáveis.
Porém, é preciso reconhecer que tudo o que escapa a esses
imperativos biológicos pode ser considerado papel sexual
(papel social de ser homem ou mulher). Ou seja, todas as
demais características, ainda que algumas sejam mais comuns
em homens do que em mulheres, podem ser desenvolvidas,
independentemente do gênero. Basta que o indivíduo (homem
ou mulher) queira e seja estimulado. Por exemplo, um homem
pode apresentar maior força física, porque sua constituição
implica, naturalmente, em uma maior massa muscular. Mas
mulheres também podem se tornar musculosas se desejarem
e forem estimuladas devidamente para isso.
Há uma expectativa de que as pessoas mantenham uma
relação de unicidade entre a identidade e os papéis sexuais que
ela expressa predominantemente. Quanto mais as atitudes de
uma pessoa em relação aos papéis sexuais correspondem à
sua identidade sexual (como a pessoa “se sente”), mais “adap-
tada” ela será na sociedade. Esta “adaptação” quer dizer que
a pessoa sofrerá menor discriminação e preconceito quando
71
Tema 4
age de acordo com sua identidade. Ao mesmo tempo, é uma
forma de manter a sociedade tal como ela está (status quo).
Talvez seja mais fácil agir de acordo com a identidade, mas isso
limita muito a expressão do feminino e do masculino, sobre
como aprendemos estas questões. A função dos estereótipos
sexuais (dos papéis sexuais estabelecidos culturalmente) é,
portanto, a de manter uma representação ideológica sexista,
que só interessa a grupos dominantes (CAVALCANTI, 1990;
PAIVA, 1989).
Essa reflexão faz pensar sobre a questão de gênero.
O que fazemos quando alguém se mostra desviante? Como
agimos ou julgamos alguém que acreditamos ser homem,
mas tem comportamentos femininos? Ou uma mulher que
não segue os padrões de feminilidade, ainda que estes sejam
visivelmente cruéis e exigentes com relação à estética, por
exemplo? Por que agimos assim? Por que reproduzimos estes
papéis e punimos os desviantes com a exclusão do grupo? Por
que cobramos deles que atuem de modo coerente com esses
estereótipos sexuais?
Estereótipos sexuais são marcas atribuídas aos gêneros
sexuais. E elas são tão impregnadas ao nosso dia-a-dia, que
costumamos considerar “naturais”. Uma vez que a sociedade
define o que é ser homem ou mulher, menino ou menina, os
estereótipos sexuais tornam-se tão inquestionáveis que, na
educação sexual, na família e na escola, modelamos essa
expectativa social, reforçando os padrões e os papéis sexuais.
Ou seja, não há nenhuma vantagem, para quem quer que
seja, em manter os estereótipos rígidos que existem em
72
Tema 4
nossa sociedade em relação à sexualidade. Ao vivenciá-la,
somos todos diferentes e a aceitação de uma gama mais
ampla de comportamentos, dentro do que seria considerado
normal, permitiria à muitas pessoas desfrutar da própria
sexualidade sem medo de sofrer as terríveis conseqüências
da exclusão social.
Para se ter uma idéia da rigidez e da inadequação
desses estereótipos, tomemos o exemplo do feminino. Às
mulheres, são impostos papéis sexuais (sociais) que incluem
atitudes como timidez, recato, prudência, insegurança,
fragilidade, emotividade, suavidade, sentimentalidade, afetivi-
dade, romantismo, dependência, passividade, sensibilidade,
delicadeza, vaidade, etc. Além dos comportamentos citados,
as mulheres devem também se casar, ter filhos, estar à dispo-
sição dos desejos sexuais masculinos e trabalhar fora, desde
que não deixem de cuidar da família e da casa. Em relação ao
masculino a situação não é menos rígida. Aos homens, são
impostos ideais masculinos que incluem atitudes de agressivi-
dade, audácia, conquista, atividade, segurança, rudeza, frieza,
intelectualidade, racionalidade, autoridade, força, independên-
cia, rigidez, competitividade, agressividade, etc. Além desses
comportamentos, os homens devem também trabalhar fora
e serem provedores, sustentando o lar e a família (ALVES e
SOARES, 2001; AZEREDO, 1993; GROSSI, 1992; MORENO,
1999; SUPLICY, 1985; TOSCANO, 2000; WHITAKER, 1988;
1995). Corresponder a todas estas expectativas tem um
custo emocional muito grande. Homens e mulheres poderiam
vivenciar todas estas características, mas não é isso que
73
Tema 4
ocorre. Quando há flexibilidade ou inversão destes papéis, há
também, muita discriminação e preconceito.
Atualmente, entretanto, parece haver tendências que
parecem questionar a rigidez dos estereótipos, como a moda
unissex, a maior preocupação masculina com a aparência
e a ascensão da mulher a postos de comando em grandes
corporações. Tais tendências impõem variações nos papéis
masculino e feminino. Apesar disso, a dicotomia parece tão
arraigada que, mesmo quando há variabilidade no padrão, em
geral, aos olhos da sociedade os comportamentos desviantes
acabam sendo rotulados de uma forma ou de outra, gerando
críticas, discriminações ou mesmo culpa. Há mulheres que
ganham mais que seus parceiros e elas mesmas lamentam
isso. Ainda hoje, sabemos que há, em muitos estados brasi-
leiros, mulheres assumindo um trabalho idêntico ao de muitos
homens, mas que, ainda ganham menos simplesmente porque
são mulheres.
Na verdade, mesmo havendo mudanças nesse cenário,
precisamos modificar a tendência de pensar no masculino e o
feminino como determinações naturais. Assim, seria possível
deixar de lidar com papéis rígidos e alheios à imensa variabilida-
de de possibilidades de conduta, em relação à sexualidade que
é própria dos seres humanos. Manter essa tendência reforça
o preconceito que pesa sobre aqueles que desafiam essas
discriminações sociais.
A família e a escola são instituições importantíssimas
para produzir, na socialização da criança, o estabelecimento ou
não dos papéis sexuais. Este processo de socialização é funda-
74
Tema 4
mental no desenvolvimento de qualquer pessoa, mas é preciso
perceber que a educação formal deve ser reflexiva. O educador
deve questionar se a manutenção de um sistema de crenças
e valores sociais discriminatórios, num processo de violência
simbólica que se expressa por meio de mecanismos sutis, é
desejável ou não. Também deve criar situações educativas em
que tais valores sejam questionados, inclusive pelo educando.
Isso é de fundamental importância, pois os educadores são
pessoas importantes em nossa formação, que aprovam ou
desaprovam nossas atitudes. Isso faz com que assumamos
comportamentos estereotipados sobre nossa sexualidade que
podem permanecer durante toda nossa vida (CAVALCANTI;
FRANCO, 2001).
Na escola o processo de socialização ocorre por meio de
um constante relacionamento interpessoal, com uma variedade
de pessoas, portadoras de diferentes valores e atitudes. Diante
da diferença, no entanto, parece prevalecer uma imposição
dos padrões hegemônicos, esperados numa sociedade e ditos
como corretos, naturais, desejáveis. A escola, incluindo aí a
figura do professor e dos materiais didáticos, constituem um
forte apelo à aprendizagem de gênero que queremos imputar.
Em que medida a escola está preparada para questionar e
reinventar esses modelos?
Whitaker (1988) comenta que:
[…] a escola espera das meninas “um comportamento sem-
pre dócil, meigo, obediente, justificando atitudes agressivas
dos meninos alegando ser esta uma das suas características”
e que alguns mestres (ou mestras) confessam ser involunta-
75
Tema 4
riamente mais afetuosos com as meninas e mais exigentes
com os meninos, porque “menino tem que ser preparado para
iniciativa” enquanto menina deve ser incentivada à “doçura,
desprendimento, o dom de si mesma”. Assim, o professor
aceita mais bagunça do menino do que da menina. Na linha
da repressão sobre o menino, descobrimos ainda que muita
gente acredita que “o menino tem que ser forte, competidor
e briguento, além de pouco amoroso” para não virar “mari-
cas”. Esses depoimentos revelam, com toda transparência, o
quanto são fortes os modelos tradicionais de comportamento
sexista e a forma como são reproduzidos pela escola (WHI-
TAKER, 1988, p.64).
76
Tema 4
a) orientação espacial;
b) auto-estima e autoconfiança;
c) aspirações e expansão do eu;
d) habilidades e experiências gerais.
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Tema 4
REFERÊNCIAS
80
Tema 4
DUARTE, R. G. Sexo, sexualidade e DST. São Paulo: Moder-
na, 1995.
81
Tema 4
VITIELLO, N. Sexualidade: quem educa o educador?. São
Paulo: IGLU, 1997.
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Tema 4
ANOTAÇÕES
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TEMA
O DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE
NA INFÂNCIA
ANA CLÁUDIA BORTOLOZZI MAIA
Tema 5
97
Tema 5
A concepção emancipatória deverá:
a) ser cientifica, crítica, criativa, e ao mesmo tempo
cultural e politicamente aberta e livre;
b) criar nas crianças e jovens uma concepção ampla da
sexualidade baseada na crença da liberdade dos homens
em assumir com plenitude seu papel único de sujeitos;
c) ser pluralista, e considerar a visão de mundo, da socie-
dade e da sexualidade dos próprios pais e educadores;
d) compreender a sexualidade como uma dimensão
humana fundamental que não pode ser negada ou
anulada;
e) intervir junto aos alunos e filhos com motivações e
objetivos claros, com coerência entre palavras e ações;
f) entender a educação sexual como mais do que um
mero conjunto de informações médico-biológicas, ou
uma proposta terapêutica; entendê-la como a formação
da pessoa inteira para uma vivência gratificante e respon-
sável de sua inalienável capacidade humana de desejar e
ser desejado, amar e ser amado.
99
Tema 5
REFERÊNCIAS
101
Tema 5
ANOTAÇÕES
102
Tema 5
ANOTAÇÕES
103
TEMA
106
Tema 6
Ainda que comportamentos inadequados aconteçam, a
criança que os pratica não deve ser meramente censurada,
como se isso resolvesse o problema. Ela merece receber
orientação e esclarecimento, maior atenção e respeito, mas
nunca atitudes de punição. Além disso, ela não será, necessa-
riamente, um adulto pervertido porque foi exposta a cenas de
sexo que ela, ainda, não é capaz de compreender em toda a
sua dimensão. Embora uma criança exposta a cenas explícitas
possa perceber o que ocorre fisicamente entre os adultos,
uma relação sexual envolve muitas outras coisas: o respeito
e a consideração pelo outro, a responsabilidade num ato que
pode ter conseqüências indesejadas, o diálogo sobre como ter
e proporcionar prazer, o aspecto lúdico, o amor, entre outras
dimensões relativas à questão. A educação sexual, sendo
realista ao lidar com a sexualidade, visa desenvolver também
uma reflexão sobre tais dimensões e integrá-las à vida dos
educandos.
Além disso, toda criança tem o direito de explorar seu
próprio corpo e de viver a fase da descoberta das diferenças
(com colegas de mesma idade). Não é necessário que isso
seja interpretado como aberrante, ou absurdo, pois é uma
fase natural do desenvolvimento. Neste período, em geral
entre 3 e 6 anos, é muito comum a masturbação infantil (hoje
denominado auto-erotismo) e do que chamaremos de jogos
sexuais infantis.
A masturbação pode ser definida pela manipulação da
genitália para a obtenção de prazer sexual. Historicamente,
pelo menos a partir do século XVIII, era considerada uma práti-
107
Tema 6
ca inadequada, decorrente de distúrbios psicológicos e morais.
Suas conseqüências físicas seriam desastrosas, incluindo
desde o nascimento de pêlos nas mãos até a inevitável loucura
(BRENOT, 1998; LINS, 1997).
Como nos lembra Lins (1997):
A masturbação foi, então, punida com a morte. Não é de se
estranhar que durante muito tempo se acreditou que a mas-
turbação causava ataques epilépticos, loucura, reumatismo,
impotência, acne, asma, idiotice, cegueira e até crescimento
de pêlos nas palmas das mãos. Muitos adolescentes hoje
não têm certeza de que não sofrerão nenhum tipo de preju-
ízo pela atividade masturbatória já que a idéia de pecado ainda
está presente, provocando culpa e medo. Na Idade Média,
a ejaculação do homem só deveria ocorrer com a finalidade
de procriação e na Inquisição o acusado de masturbação era
considerado herege, podendo ser condenado à morte na
fogueira (LINS, 1997, p.302).
111
Tema 6
Segundo Vitiello (1997):
Neste estágio do desenvolvimento psicossexual a criança
inicia o relacionamento interpessoal com outras crianças. O
interesse pelos órgãos genitais, que é claramente amplifi-
cado pelo clima de mistério feito pelos familiares, leva a uma
exploração mútua, muito mais motivada pela curiosidade do
que pela sensualidade, que culmina, entre os meninos, num
simulacro de coito anal, o denominado “troca-troca”. A fase de
descoberta do corpo do outro inclui a curiosidade pelo corpo da
mãe e do pai. Tem início a socialização sexual da criança. Esta
etapa ocorre até o início da puberdade (VITIELLO, 1997, p.34).
116
Tema 6
REFERÊNCIAS
117
Tema 6
NUNES, C.; SILVA, E. A Educação sexual da criança: subsí-
dios teóricos e propostas práticas para uma abordagem da
sexualidade para além da transversalidade. Campinas: Autores
Associados, 2000. (Polêmicas do nosso tempo, 72).
118
Tema 6
ANOTAÇÕES
119
TEMA
121
Tema 7
Atualmente, temos a impressão de que esses estímulos
ocorrem cada vez mais precocemente, pois existe uma grande
exposição às mais variadas informações sobre sexo (verbalmen-
te ou por imagens). Isso coloca a criança diante de mensagens
que ela, principalmente antes de completar seis ou sete anos,
não tem condições de compreender bem. O desenvolvimento
da capacidade de abstração na criança ocorre por meio da
construção de funções cognitivas, que dependem essencial-
mente do ambiente social que a cerca. Antes dos sete anos,
toda informação recebida, especialmente sobre sexo, passa
pelo pensamento mágico infantil, que “fantasia” e “interpreta”
a mensagem segundo seu nível de desenvolvimento. Por isso,
acreditamos que toda informação solicitada pela criança deve
ser respondida com explicações que não recorram a fantasias
e analogias absurdas, com alusões a sementes ou animais,
por exemplo. Deve-se levar em conta a idade e a capacidade
intelectual das crianças. Uma coisa é certa: não podemos
ignorar que as crianças têm contato com os diferentes temas
da sexualidade desde os primeiros anos de vida.
Nas primeiras perguntas, a criança não busca grandes
detalhes e sim respostas simples, imediatas, diretas e, se
possível, verdadeiras. Ela quer saber sobre o tema, como
gostaria de saber sobre qualquer outro assunto, principalmente
se estiver diante de alguma situação que desperte nela maior
curiosidade. Uma parente grávida, cenas vistas em filmes ou
na televisão, narrativas de fábulas e estórias, etc., podem
levar à questões feitas pela criança sem considerar o possível
embaraço que representam para o adulto. Se a resposta for
122
Tema 7
dada também sem embaraço, a curiosidade é saciada e ela
criança pode se ocupar de outros assuntos. Mas se a criança
percebe que o tema gera silêncio, respostas evasivas ou
mentirosas, ou que a partir da sua pergunta se cria uma história
fantástica para explicar uma pergunta simples, além de não
respondê-la, a criança terá a impressão (verdadeira) de que é
um assunto proibido (FRAIMAN, 1986; MAIA, 2004; SUPLICY,
1990; VITIELLO, 1997).
Entre as perguntas mais comuns encontram-se aquelas
sobre o nascimento e a origem da vida. O mistério que cerca o
assunto, produzido em diferentes contextos, expõe a criança a
muitas dúvidas. Em primeiro lugar, ela deseja saber a sua ori-
gem, a partir de uma pergunta essencial (“De onde eu vim?”).
Depois, quer saber sobre o nascimento e o parto (“Como eu
saí da barriga?”) e, finalmente sobre a concepção e a relação
sexual (“Como eu entrei na barriga?”). É interessante notar
que, em primeiro lugar, a criança vai querer saber como é que
sai o bebê da barriga da mãe. Só depois é que vai perguntar
como é que entrou. Além disso, essas perguntas não vêm de
uma vez só. As crianças fazem uma questão num dia, outra em
outro dia, e vão compreendendo as informações recebidas e
elaboram novas perguntas. Daí a importância de uma resposta
objetiva por parte do adulto, numa linguagem compreensível
para a criança. Dessa forma, tem-se a garantia que estas
perguntas serão feitas para ele. E também que o diálogo sobre
o assunto sexo e sexualidade seja mantido com um adulto
confiável e esclarecedor, de fato.
123
Tema 7
Há também, além das perguntas sobre reprodução
humana, outros questionamentos. Dada as transformações
ocorridas recentemente na sociedade, questões mais com-
plexas relacionadas ao sexo, que envolvem muitos valores,
ficaram muito mais explícitas e não passam despercebidas às
crianças. Temas como homossexualidade, virgindade, aborto,
prostituição, em geral, são mais embaraçosos de se comentar
e vem à tona nas dúvidas infantis. Segundo uma reportagem
da Revista VEJA (2000), um novo repertório de perguntas
das crianças, apenas retratando o grau de curiosidade normal
nesta idade, está assustando pais e educadores. Essas dúvidas
vêm carregado de palavras e expressões consideradas adultas
por remeterem à situações eróticas. O contato com novelas,
filmes, pessoas mais velhas, etc pode gerar perguntas como:
“Professora, você é virgem?”;
“Como um homem faz sexo com outro?”;
“Por que ninguém gosta que o filho diga que vai
sair pra transar?”;
“O que é uma camisinha?”;
“Todo mundo pega AIDS?”;
“O que é 69?”;
“O que é traição?”;
“O que é puta?”;
“Por que uma pessoa vira gay?”.
133
Tema 7
PERGUNTAS FREQÜENTES SOBRE O TEMA:
134
Tema 7
Qual a melhor maneira de se falar sobre sexo com
crianças?
137
Tema 7
Como devem ser as respostas às perguntas sobre
sexo das crianças?
138
Tema 7
REFERÊNCIAS
139
Tema 7
ANOTAÇÕES
140
Tema 7
ANOTAÇÕES
141
TEMA
148
Tema 8
Os estudos sobre as características gerais do abusador
indicam que ele não tem um perfil definido. Ele não tem carac-
terísticas pessoais visíveis, que permitam caracterizá-lo como
tal. Qualquer pessoa pode ser um abusador sexual, e não há
nenhum traço físico ou de personalidade que indique, a priori,
que aquele sujeito tem potencial para ser um abusador sexual.
Diante disso, fica ainda mais difícil identificar um abusador para
garantir uma prevenção eficaz.
É por isso que o esclarecimento que devemos oferecer a
elas não deve ser limitado a um conjunto de cuidados. Dizer a
ela para tomar cuidado com esta ou aquela pessoa não basta.
Devemos explicar o que é um abuso sexual, investigar se ela é
capaz de identificá-lo e evitá-lo. Também devemos orientá-la
sobre que providências deve tomar diante de uma ameaça
de abuso. Sem criar um clima aterrorizante, é possível dizer à
criança que o abuso sexual ocorre quando um adulto ou uma
pessoa maior que ele pede para fazer coisas relacionadas à
sexualidade, que não são próprias para serem feitas. Como
exemplos podemos citar: quando um adulto força a criança a
olhar para seu corpo nu ou a tocar a sua genitália; quando um
adulto manipula propositalmente o corpo nu dela ou esfrega
seu corpo insistentemente no dela, especialmente na genitália,
ânus, nádegas, mamas; quando um adulto fala coisas sobre
sexo e palavras que a criança não entenda e que a incomode,
etc. Todos estes comportamentos vêm acompanhados de
uma situação específica: a criança, sozinha, ou com outras,
está escondida com este adulto, que lhe pede que tudo o que
ocorre entre eles seja mantido em sigilo. Por isso o pedido de
149
Tema 8
segredo é uma das características mais comuns às situações
de abuso, e a criança deve ser esclarecida para identificar essas
situações.
É preciso que elas compreendam que, quando um adulto
toca a sua genitália, seja para exame clínico, no caso do médi-
co, seja para limpeza, no caso de professoras ou cuidadores,
isso nunca será um abuso sexual, porque não se trata de um
segredo! Quando este adulto, porém, pede que nunca conte o
que ocorre com eles, isso é errado. Na infância, não há nada
em relação ao toque corporal legítimo que aconteça entre uma
criança e um adulto que a mãe (ou a pessoa responsável e de
confiança da criança) não possa saber. Em geral, o pedido de
segredo vem acompanhado de ameaça: “Se você contar para
alguém eu não vou gostar mais de você”; “Se você contar
para alguém, eu bato em você depois”; “Se você contar para
alguém, sua mãe vai ficar brava”, “Se você nunca contar para
ninguém, eu lhe dou um presente”, etc. A criança precisa
aprender que quando alguém diz isso a ela, somado a uma
situação de intimidade sexual, isso será sempre caracterizado
como abuso sexual. Além disso, ela precisa saber que isso será
abuso sexual, mesmo que ela goste e tenha prazer. O prazer
que ela pode sentir não a culpa de nada e, mesmo que ela gos-
te, ela não deve se submeter aos pedidos de um adulto que a
incita a fazer coisas que não podem ser contadas a ninguém.
É importante lembrar que o esclarecimento sobre abuso
sexual só é eficaz se há diálogo aberto entre a criança e seus
educadores (pais ou professores) também sobre sexualidade.
Se o assunto é proibido, considerado tabu, ou se os pais e
150
Tema 8
educadores se omitem sobre esse tema, provavelmente o
segredo sobre as questões da sexualidade já faz parte da
relação da criança com os adultos, o que favorece o abusador,
que depende justamente, do segredo para perpetrar um ato de
violência contra ela.
Por isso, se estimularmos as crianças a dialogar sobre
assuntos relativos à sexualidade é muito mais provável que se
sinta livre para contar sobre as possíveis ocorrências de abuso,
ou seja, é preciso também investir numa orientação sexual
adequada desde a infância. Se ela souber nomear as partes
do corpo adequadamente, conhecer a genitália masculina e
feminina pelo nome e for esclarecida sobre o abuso sexual,
ela estará mais preparada para identificar situações de risco
e, se eventualmente algo ocorrer com ela, saberá contar para
alguém. Uma grande dificuldade que os profissionais têm ao
entrevistar crianças supostamente abusadas sexualmente é
que elas não sabem contar exatamente o ocorrido, nem nome-
ar, adequadamente, as partes manipuladas pelo abusador.
Contar o ocorrido é sempre difícil porque as pessoas, em
geral, nunca acreditam nelas. Muitos adultos acreditam que
fantasiam sempre, que tudo o que dizem é somente “conto de
fadas”. Mas, uma criança não mente sobre a ocorrência de um
abuso. Ela pode até fantasiar algo ou ser induzida a dizer algo,
sem saber exatamente do que se trata, mas é muito difícil que
invente estórias mirabolantes sobre abuso sexual, com detalhes
que, somente quem vivenciou a situação poderia saber.
De fato, as crianças têm dificuldades cognitivas para des-
crever situações por ela experienciadas e, por isso, as melhores
151
Tema 8
fontes de informação, para um bom observador, vêm do seu
comportamento não-verbal, mais do que pela linguagem,
isto é, do que ela fala. Ela não chegará dizendo “Fui abusada
sexualmente e não sei direito o que é isso”. Comportamentos
como: choro sem motivo aparente, a ocorrência de palavras
ou expressões sobre sexo que antes eram desconhecidas,
medo ou repulsa a pessoas ou situações, que remetem ao
abuso ou ao abusador ou, por outro lado, o estabelecimento
de uma relação por demais estreita com um adulto que lhe
dá atenção privilegiada, ou presentes constantes, são sinais
que devem chamar a atenção dos pais ou responsáveis para
que investiguem um possível abuso. Por exemplo: atendemos
um caso de uma criança que se recusava a ir a escola. A
família toda já estava preocupada, mas procurava na escola os
motivos da recusa. Foi necessário um bom tempo até que se
descobrisse que o motorista da perua escolar, que levava as
crianças à escola, abusava de uma menina, que era a última a
ser deixada em casa.
Portanto, atenção: precisamos estar atentos a toda
mudança brusca de comportamento: apatia, superexcitação,
choro excessivo, medo, agressividade, etc. Obviamente, esses
sintomas podem ocorrem por conta de vários fatores e não
indicam diretamente a ocorrência de abuso sexual. Por isso,
saber ouvir a criança, e informá-la, num ambiente em que ela
saiba que poderá falar sobe isso, com os pais ou professores,
sem ser punida, é a melhor medida que podemos tomar para
evitar situações indesejáveis. Pelo mesmo motivo, discutir o
abuso sexual, nos programas de orientação sexual na infância,
152
Tema 8
me parece fundamental. É importante também repetir que
todo abuso sexual deve ser denunciado. Para isso existem
instituições, como o CRAMI, ou o Conselho Tutelar, por exem-
plo, que a partir de uma denúncia, anônima ou não, investigam
se há abuso sexual ou violência sexual na família para tomar
providências junto às delegacias e aos psicólogos.
Quando uma situação de abuso ocorre, toda a família
precisa de orientação e tratamento. Não só a criança é abusa-
da, mas também os pais, familiares e, até mesmo, o abusador.
Muitas famílias escondem a ocorrência de um abuso sexual,
não denunciam e se calam, por medo, vergonha ou omissão.
Mas o abuso não será apagado nunca da vida de uma criança e
ela deve saber falar sobre isso e compreender, na sua dinâmica
emocional, como lidar com este fato.
154
Tema 8
O que fazer quando um professor desconfia que
um(a) de suas(eus) alunas(os) está sendo vítima
de abuso sexual em casa?
156
Tema 8
REFERÊNCIAS
157
Tema 8
WATSON, J. D. Talking about the best kept secrect: sexual
abuse and children with disabilities. The Execptional Parent,
v.14, n.1, p.15-20, 1984.
158
Tema 8
ANOTAÇÕES
159
TEMA
175
Tema 9
REFERÊNCIAS
176
Tema 9
ANOTAÇÕES
177
TEMA
10
SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIAS
ANA CLÁUDIA BORTOLOZZI MAIA
Tema 10
187
Tema 10
A SEXUALIDADE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
SENSORIAL: VISUAL OU AUDITIVA
189
Tema 10
A sexualidade da pessoa com deficiência física
Reflexões finais
194
Tema 10
REFERÊNCIAS
195
Tema 10
EDWARDS, J. P. Adolescência e vida adulta. In: PUESCHEL, S.
(Org.). Síndrome de Down: guia para pais e educadores. 2. ed.
Tradução Lúcia Helena Reily. Campinas: Papirus, 1995. p. 267-
276. (Educação especial).
196
Tema 10
MAIA, A. C.B. Reflexões sobre a educação sexual da pessoa
com deficiência. Revista Brasileira de Educação Especial,
Marília: UNESP, v. 7, n. 1, p. 35-46, 2001.
197
Tema 10
SALIMENE, A. M. Sexo: caminho para a reabilitação. São
Paulo: Cortez, 1995.
198
Tema 10
ANOTAÇÕES
199
AUTORES
200
Giselle Volpato dos Reis
Giselle Volpato dos Reis é pedagoga. Integrante do
Núcleo de Estudos da Sexualidade (NUSEX) e Mestranda em
Educação Escolar na Universidade Estadual Paulista (UNESP)
– Campus de Araraquara.
201
PUBLICAÇÕES DA SÉRIE CADERNOS CECEMCA
Núcleo Bauru
n. 1 Sexualidade e Infância
n. 2 Educação Inclusiva: iniciando o debate.
n. 3 Inclusão Digital
n. 4 Saberes Pedagógicos da Educação Infantil
n. 5 Fundamentos da Educação
n. 6 Ciências Naturais
n. 7 Ciência, Tecnologia e Implicações Sócio-ambientais
n. 8 Matemática e Educação Infantil
202
203
Projeto Gráfico Inky Design - FAAC - Unesp - Bauru
Capa e Editoração Eliane Cristina Barbosa - Inky Design
Tipografia Charcoal, Univers e Verdana
Bauru, 2005