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(arts. 155 a 183, CP)
Do Furto;
Do Roubo e da Extorsão;
Da Usurpação;
Do Dano;
Da Apropriação Indébita;
Do Estelionato e outras fraudes;
Da Receptação
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
Obs.: No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que a vítima seja índio não
integrado ou comunidade indígena, a pena é aumentada de 1/3. Nesta hipótese, com o aumento, não
cabe suspensão do pro-cesso e admite-se prisão preventiva do agente.
Objeto jurídico: Prevalece o entendimento de que o crime protege a propriedade, a posse e a
detenção legítimas.
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Questão: Subtrair condômino, coerdeiro ou sócio a coisa comum, caracteriza qual crime?
Obs1: É o único furto que é crime de pequeno potencial ofensivo, cuja competência é do JECRIM,
admitindo transação penal.
Obs2: É crime de ação penal pública condicionada a representação da vítima.
Obs3. Se o valor da coisa furtada não ultrapassa o valor da cota a que o agente tem direito, o fato não
é punível (§ 2º).
Obs4. É possível a conciliação do autor e vítima na audiência preliminar, prevista no art. 74 da Lei
9099/95. E se houver tal conciliação, haverá a renúncia tácita ao direito de representar.
Obs5. Para incorrer nas penas do art. 156, é imprescindível que o autor subtraia coisa comum. Se
subtrair coisa particular de um sócio ou condômino, não comete o art. 156, mas sim 155.
Questão: O talão de cheques e o cartão bancário podem ser objeto material do furto?
Talão de cheques: não, por não possuir qualquer valor econômico (STJ).
Cartão de crédito: não, em decorrência do princípio da insignificância. Basta a comunicação do
fato à instituição financeira e a reposição do cartão é efetuada gratuitamente.
Cuidado! Eventual utilização do cartão para saques em dinheiro ou compras em geral, caracteriza
extelionato (art. 171, caut, CP).
Questão: A subtração de objetos deixados dentro de uma sepultura configura qual crime?
Não há crime quando diante da chamada res nullius (coisa de niguém) e da res derelicta (coisa
perdida).
1ª corrente: Se o intuito do agente não era o de violar ou profanar sepultura, mas subtrair ouro existente
na arcada dentária de cadáver, o delito cometido é apenas o de furto, que absorve o art. 211 do CP.
Nesse sentido também leciona Cléber Masson: “O ouro da arcada dentária do esqueleto não constitui
res nullius nem res derelicta. Com a morte, a propriedade dos bens do de cujus é imediatamente
transmitida aos herdeiros (princípio da saisine). Portanto, todos os objetos sepultados com o morto
pertencem aos sucessores do defunto, que figuram como sujeitos passivos do eventual delito de furto”.
Para essa corrente, o agente responde por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
2ª corrente: Haverá o delito do art. 210 ou art. 211, ambos do CP, inexistindo furto, uma vez que os
objetos materiais não pertencem a "alguém" (nesse sentido: RT608/305).
Violação de sepultura
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Fundamento: Para essa corrente, a subtração do ouro existente na arcada dentária do defunto não
configura crime de furto, uma vez que tal bem não integra o patrimônio dos herdeiros do morto. Se assim
fosse, o cadáver teria que ser inevitavelmente inventariado, e se o falecido não tivesse família, seus
restos seriam definidos como res nullius.
Questão: Aquele que subtrai, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo,
de socorro ou salvamento, comete furto?
Código Penal
Art. 169 – (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Obs. É importante ressaltar, porém, que uma coisa somente pode ser classificada como perdida quando
se situa em local público ou de uso público. Logo, pratica furto aquele que vai à residência de uma
pessoa, encontra e se apodera de um bem que estava sendo por ela procurado.
Questão: A remoção (que não deixa de ser subtração) de tecidos, órgãos ou partes do corpo de
pessoa ou de cadáver, para fins de transplante, em desacordo com as disposições legais,
caracteriza o crime: art. 14 da lei 9.434/97 (princípio da especialidade).
Elemento subjetivo: dolo + finalidade especial (“para si ou para outrem”). Dolo de apoderamento
dfinitivo da coisa, de agir como senhor ou dono da coisa.
Obs. Apesar de haver doutrina prendendo-se ao consumo de combustível e de óleo para negar furto de
uso na subtração momentânea de veículo, a doutrina moderna entende que, para haver crime, é
necessário o desfalque juridicamente apreciável no patrimônio, o que não se dá com o mero gasto
dos pneus ou do combustível do tanque de gasolina.
Consumação (teorias):
1ª) Contrectatio – a consumação ocorre com o simples contato do agente com a coisa alheia visada.
2ª) Amotio (ou apprehensio) – dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, perdendo a vítima a sua disponibilidade, independente do deslocamento da coisa ou posse
mansa e pacífica.
3ª) Ablatio – dá-se a consumação quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-
la de um lugar para outro.
4ª) Ilatio – a consumação ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo agente, mantida a
salvo.
Obs. Os Tribunais Superiores adotam a teoria da “amotio”. Assim, considera-se perfeito o furto ainda
que a coisa permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima, desde que esta perca a
disponibilidade do bem.
Questão: O fato de ter câmeras de vigilância no local, alarmes ou até mesmo agentes de
segurança, impede a consumação do crime? Haveria no caso crime impossível por absoluta
ineficácia dos meios empregados?
Questão: A vítima precisa estar dormindo para que se aplique a causa de aumento do repouso
noturno?
Não se exige para o repouso noturno que estejam as pessoas efetivamente dormindo. No caso em que
um furto é cometido em uma residência durante a madrugada, mas a vítima, com insônia, assistia a um
filme, deve incidir a causa de aumento da pena. (Masson).
Requisitos:
a) Primariedade do agente: é aquele que não é reincidente.
b) Coisa de pequeno valor: é aquela que não excede o valor de 1 salário mínimo, a ser analizado ao
tempo do crime.
Atenção! Prevalece o entendimento de que, uma vez presentes os requisitos, o juiz deve conceder o
privilégio. Trata-se de direito subjetivo do réu.
Cuidado! Aqui a lei fala em pequeno valor “da coisa” e não do prejuízo, como fez no estelionato
privilegiado (art. 171, § 1º). A excessiva fortuna ou a demasiada pobreza do ofendido são irrelevantes
para a concessão do privilégio.
Questão: Qual a diferença entre coisa de pequeno valor e coisa de valor insignificante?
1) Natureza jurídica
Furto de pequeno valor: é crime. Incide o privilégio. Causa de diminuição de pena.
Furto insignificante: o fato se torna atípico.
2) Valor da coisa
Furto de pequeno valor: inferior a um salário mínimo.
Furto insignificante: leva-se em consideração a extensão da ofensa ao bem jurídico
tutelado, que é considerada ínfima e, por corolário, irrelevante aos olhos do Direito Penal.
Furto
Art. 155 (...)
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
Obs. Em síntese, no furto qualificado há subtração do bem sem que a vítima a perceba; no estelionato,
de outro lado, dá-se a entrega espontânea (embora viciada) do bem pela vítima ao agente.
Furto: a fraude é empregada para diminuir a vigilância da vítima e subtrair o bem.
Estelionato: visa induzir a vítima em erro, e entrega do bem.
Casuísticas:
1) Saque fraudulento em conta corrente por meio de internet: Furto mediante fraude. A vítima
é a instituição financeira, e não o correntista.
2) Furto de veículo após realizar test-drive: Furto mediante fraude (STJ).
Segundo entendimento desta Corte, para fins de pagamento de seguro, ocorre furto mediante fraude, e
não estelionato, na conduta do agente que, a pretexto de testar veículo posto à venda, o subtrai (STJ)
Fundamentos:
a) Precariedade da posso
b) Questões de política criminal.
Obs. A jurisprudência entende que a chave falsa deve ser utilizada externamente ao veículo, não
configurando a qualificadora quando este objeto é utilizado para efetuar a ligação direta. (Resp
43047/SP).
Questão: Pessoa maior e capaz comete furto em concurso com um menor de 18 anos de idade.
Tipifique a conduta do maior.
O menor responde pelo ECA
O maior responde pelo art. 155, § 4º - furto qualificado mediante concurso de duas ou mais
pessoas + art. 244-B, lei 8.069/90 – corrupção de menores.
5. Art. 155, § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
O veículo deve ser efetivamente trans portado.
Ex. Veículo subtraído em SP com destino ao RJ. Durante a viagem, ainda em SP, o sujeito é abordado
pela Polícia Rodoviária que constata que o veículo é furtado. O sujeito deve ser preso em flagrante pelo
furto, mas sem a qualificadora, porque não houve a transposição da fronteira dos Estados de SP e RJ.
6. Art. 155, § 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) .
Antes dessa lei, o abigeato ou furto de gado configurava o furto simples (art. 155, caput, CP).
Semovente: Qualquer animal que se move por conta própria.
Domesticável: não precisa ser, necessariamante, doméstico. Ex. Bovinos, suínos, caprinos, etc.
De produção: pode trazer algum proveito econômico ao titular.
Atenção! O tipo penal é amplo, pois o legislador não fez restrições. Abrange basicamente qualquer
animal que se move por conta própria, que possa ser domesticado e que dele possa decorrer algum
proveito econômico, seja pela carne, pelo leite, seja pela reprodução. Ex. Filhotes de cães destinados à
venda.
Importante:
1. “Domesticável”: não alcança os animais selvagens. Ex. leão, tigre, girafa etc.
2. “De produção”: Se o animal tinha outra finalidade não incide essa qualificadora. Ex. Animal de
estimação.