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Parte I- Tema: Crimes contra o patrimônio

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(arts. 155 a 183, CP)
Do Furto;
Do Roubo e da Extorsão;
Da Usurpação;
Do Dano;
Da Apropriação Indébita;
Do Estelionato e outras fraudes;
Da Receptação

Furto – Estrutura (topografia)


Art. 155, caput: furto simples
Art. 155, § 1º: causa de aumento de pena (repouso noturno)
Art. 155, § 2º: furto privilegiado (juiz substitui a pena, diminui a pena ou aplica apenas multa)
Art. 155, § 3º: coisa móvel por equiparação (energia elétrica)
Art. 155, § 4º: furto qualificado – meio de execução do crime: pena de 2 a 8 anos
Art. 155, § 5º: furto qualificado – resultado posterior à subtração: 3 a 8 anos
Art. 155, § 6º: furto qualificado – inerente ao objeto material: 2 a 5 anos.

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
Obs.: No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que a vítima seja índio não
integrado ou comunidade indígena, a pena é aumentada de 1/3. Nesta hipótese, com o aumento, não
cabe suspensão do pro-cesso e admite-se prisão preventiva do agente.
 Objeto jurídico: Prevalece o entendimento de que o crime protege a propriedade, a posse e a
detenção legítimas.
 Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

Questão: O proprietário da coisa pode ser sujeito ativo do furto?


Ex. A pessoa que, depois de efetuar empréstimo e empenhar bem de sua propriedade, a título de
garantia, o subtrai. Responde por furto?
1ª corrente: Considerando que a coisa tem que ser “alheia”, o crime praticado é o do art. 346 do CP.
Essa é a posição que prevalece.
Código Penal
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha
em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
2ª corrente: O proprietário pode ser sujeito ativo, desde que a pose se encontre na posse de outrem.
Ex: empenho de joia na Caixa Federal.

Questão: Subtrair condômino, coerdeiro ou sócio a coisa comum, caracteriza qual crime?

Furto de coisa comum


Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não
excede a quota a que tem direito o agente.

Obs1: É o único furto que é crime de pequeno potencial ofensivo, cuja competência é do JECRIM,
admitindo transação penal.
Obs2: É crime de ação penal pública condicionada a representação da vítima.
Obs3. Se o valor da coisa furtada não ultrapassa o valor da cota a que o agente tem direito, o fato não
é punível (§ 2º).
Obs4. É possível a conciliação do autor e vítima na audiência preliminar, prevista no art. 74 da Lei
9099/95. E se houver tal conciliação, haverá a renúncia tácita ao direito de representar.
Obs5. Para incorrer nas penas do art. 156, é imprescindível que o autor subtraia coisa comum. Se
subtrair coisa particular de um sócio ou condômino, não comete o art. 156, mas sim 155.

 Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum).


 Objeto material: coisa móvel.

Questão: A coisa furtada precisa ter valor econômico?


1ª corrente: Precisa, pois é crime contra o patrimônio (Heleno Claudio Fragoso)
2ª corrente: Não precisa ter natureza econômica (posição amplamente majoritária).

Questão: O talão de cheques e o cartão bancário podem ser objeto material do furto?
 Talão de cheques: não, por não possuir qualquer valor econômico (STJ).
 Cartão de crédito: não, em decorrência do princípio da insignificância. Basta a comunicação do
fato à instituição financeira e a reposição do cartão é efetuada gratuitamente.
Cuidado! Eventual utilização do cartão para saques em dinheiro ou compras em geral, caracteriza
extelionato (art. 171, caut, CP).

Questão: A subtração de objetos deixados dentro de uma sepultura configura qual crime?
Não há crime quando diante da chamada res nullius (coisa de niguém) e da res derelicta (coisa
perdida).
1ª corrente: Se o intuito do agente não era o de violar ou profanar sepultura, mas subtrair ouro existente
na arcada dentária de cadáver, o delito cometido é apenas o de furto, que absorve o art. 211 do CP.
Nesse sentido também leciona Cléber Masson: “O ouro da arcada dentária do esqueleto não constitui
res nullius nem res derelicta. Com a morte, a propriedade dos bens do de cujus é imediatamente
transmitida aos herdeiros (princípio da saisine). Portanto, todos os objetos sepultados com o morto
pertencem aos sucessores do defunto, que figuram como sujeitos passivos do eventual delito de furto”.
Para essa corrente, o agente responde por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
2ª corrente: Haverá o delito do art. 210 ou art. 211, ambos do CP, inexistindo furto, uma vez que os
objetos materiais não pertencem a "alguém" (nesse sentido: RT608/305).

Violação de sepultura
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver


Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Fundamento: Para essa corrente, a subtração do ouro existente na arcada dentária do defunto não
configura crime de furto, uma vez que tal bem não integra o patrimônio dos herdeiros do morto. Se assim
fosse, o cadáver teria que ser inevitavelmente inventariado, e se o falecido não tivesse família, seus
restos seriam definidos como res nullius.

Questão: Aquele que subtrai, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo,
de socorro ou salvamento, comete furto?

Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento


Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,
naufrágio, ou outro desastre ou calami-dade, aparelho, material ou
qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou
salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Princípio da especialidade, ou seja, norma especial prevalece sobre a geral.
Atenção!
 Coisa perdida (res desperdicta): Pode configurar o crime do art. 169, parágrafo único, inciso
II, do Código Penal (apropriação de coisa achada).

Código Penal
Art. 169 – (...)
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.

É chamado de crime a prazo, pois só haverá esse crime após os 15 dias.

Obs. É importante ressaltar, porém, que uma coisa somente pode ser classificada como perdida quando
se situa em local público ou de uso público. Logo, pratica furto aquele que vai à residência de uma
pessoa, encontra e se apodera de um bem que estava sendo por ela procurado.

Questão: A remoção (que não deixa de ser subtração) de tecidos, órgãos ou partes do corpo de
pessoa ou de cadáver, para fins de transplante, em desacordo com as disposições legais,
caracteriza o crime: art. 14 da lei 9.434/97 (princípio da especialidade).

Elemento subjetivo: dolo + finalidade especial (“para si ou para outrem”). Dolo de apoderamento
dfinitivo da coisa, de agir como senhor ou dono da coisa.

Questão: O furto de uso é crime?


Obs. O agente deve agir com animus de apoderamento definitivo, por isso o furto de uso é considerado
fato atípico.

Requisitos para caracterização do furto de uso:


Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa;
*Coisa não consumível, ou infungível.
Restituição imediata e integral à vítima, logo após o uso pelo agente.

Obs. Apesar de haver doutrina prendendo-se ao consumo de combustível e de óleo para negar furto de
uso na subtração momentânea de veículo, a doutrina moderna entende que, para haver crime, é
necessário o desfalque juridicamente apreciável no patrimônio, o que não se dá com o mero gasto
dos pneus ou do combustível do tanque de gasolina.
Consumação (teorias):
1ª) Contrectatio – a consumação ocorre com o simples contato do agente com a coisa alheia visada.
2ª) Amotio (ou apprehensio) – dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, perdendo a vítima a sua disponibilidade, independente do deslocamento da coisa ou posse
mansa e pacífica.
3ª) Ablatio – dá-se a consumação quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-
la de um lugar para outro.
4ª) Ilatio – a consumação ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo agente, mantida a
salvo.
Obs. Os Tribunais Superiores adotam a teoria da “amotio”. Assim, considera-se perfeito o furto ainda
que a coisa permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima, desde que esta perca a
disponibilidade do bem.

Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse


do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por
breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível (desnecessária) a
posse mansa e pacífica ou desvigiada.

Adotou-se em relação ao furto e ao roubo a teoria da apreensão (amotio ou apprehensio).

Questão: O fato de ter câmeras de vigilância no local, alarmes ou até mesmo agentes de
segurança, impede a consumação do crime? Haveria no caso crime impossível por absoluta
ineficácia dos meios empregados?

Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento


eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de
furto.

Causa de aumento de pena: Repouso noturno


Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o
repouso noturno.

Questão: O que se entende por repouso noturno?


Obs. O costume tem uma importante missão no direito penal, pois serve para interpretar as normas
(costume secundum legem). É uma importante ferramenta de interpretação.
O critério para definir o repouso noturno é variável e deve considerar, necessariamente, os costumes
de uma determinada localidade. Não há dúvida que tal conceito é diverso quando analisado em grandes
metrópoles e em pacatas cidades do interior.
Fica claro, portanto, que repouso noturno não se confunde com noite. Pode ser noite e não estar
caracterizado o repouso noturno.
Ex: É noite na Avenida Paulista às 21h00, mas não se pode falar em repouso noturno.

Questão: A vítima precisa estar dormindo para que se aplique a causa de aumento do repouso
noturno?
Não se exige para o repouso noturno que estejam as pessoas efetivamente dormindo. No caso em que
um furto é cometido em uma residência durante a madrugada, mas a vítima, com insônia, assistia a um
filme, deve incidir a causa de aumento da pena. (Masson).

Atenção! Essa causa de aumento se aplica ao furto qualificado?


Obs.
A causa de aumento de pena prevista no § 1° do art. 155 do CP (repouso noturno) é
aplicável tanto na forma simples (caput) quanto na forma qualificada (§ 4°) do delito de
furto.
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no §1.° e as
qualificadoras do §4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes
da aplicação da pena.
Além disso, recentemente o STJ considerou que o §2º do art. 155 poderia ser aplicado não
apenas para o caput, mas também as hipóteses do § 4º do art. 155 (EREsp 842.425-RS).
Isso significa que a posição topográfica do §1º (vem antes do §4º) não é fator que impede
a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STJ. 6ª Turma. HC 306.450-
SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
O STF também tem esse entendimento (STF, 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

Furto privilegiado Deve

Art. 155 (...)


§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Requisitos:
a) Primariedade do agente: é aquele que não é reincidente.
b) Coisa de pequeno valor: é aquela que não excede o valor de 1 salário mínimo, a ser analizado ao
tempo do crime.
Atenção! Prevalece o entendimento de que, uma vez presentes os requisitos, o juiz deve conceder o
privilégio. Trata-se de direito subjetivo do réu.
Cuidado! Aqui a lei fala em pequeno valor “da coisa” e não do prejuízo, como fez no estelionato
privilegiado (art. 171, § 1º). A excessiva fortuna ou a demasiada pobreza do ofendido são irrelevantes
para a concessão do privilégio.

Questão: Qual a diferença entre coisa de pequeno valor e coisa de valor insignificante?
1) Natureza jurídica
Furto de pequeno valor: é crime. Incide o privilégio. Causa de diminuição de pena.
Furto insignificante: o fato se torna atípico.
2) Valor da coisa
Furto de pequeno valor: inferior a um salário mínimo.
Furto insignificante: leva-se em consideração a extensão da ofensa ao bem jurídico
tutelado, que é considerada ínfima e, por corolário, irrelevante aos olhos do Direito Penal.

Questão: Admite-se o furto privilegiado-qualificado?

Súmula 511, STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §


2.° do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.

Agente primário + coisa de pequeno valor + qualificadora objetiva = furto privilegiado-qualificado.


(furto híbrido)

Aprofundando o tema: O furto famélico pode caracterizar estado de necessidade?


Obs. Se o agente podia laborar honestamente, ou, então, quando se apodera de bens supérfluos ou em
quantidade exagerada, afasta-se o estado de necessidade. Excepcionalmente, admite-se a prática do
furto famélico para a satisfação de uma necessidade estritamente vital para o agente (alimentos
básicos para saciar a sua fome ou de algum parente) que, não obstante seu empenho, não conseguiu
superar de forma lícita.

Furto
Art. 155 (...)
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.

Norma penal explicativa


Obs. Para parte da doutrina, é necessário distinguir entre o furto de energia elétrica e o estelionato em
razão da adulteração do aparelho medidor. O uso indevido de energia elétrica realizado por meio de
uma prévia ligação clandestina configura furto. Já quando o agente adultera o medidor de energia
elétrica após a sua utilização, há estelionato. (Luiz Régis Prado).

Subtração de energia Estelionato


 Ligação clandestina  Fraude para alterar o
 O agente não está medidor da fornecedora
autorizado a gastar de energia elétrica.
energia.  O agente está autorizado
 Pena de 1 a 4 anos. a gastar a energia.
 Pena de 1 a 5 anos.

Furto qualificado Qualificadoras ligadas ao meio de execução

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Resultado posterior à subtração
§ 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração.
Qualificadora inerente ao OBJETO MATERIAL.

Atenção! Em geral não se admite o princípio da insignificância em furto qualificado.

1. Art. 155, § 4º,


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.
 Rompeu obstáculo para subtrair a próprio coisa que foi danificada (ex.: quebrou vidro do
carro para subtrair o próprio veículo): não incide a qualificadora.
 Rompeu obstáculo para subtrair bem que estava em seu interior (ex.: quebrou o vidro do
carro para subtrair uma bolsa que estava em seu interior: Incide a qualificadora do §4º.
"Não obstante o posicionamento outrora exarado acerca da irrazoabilidade de se considerar o furto
'qualificado' quando há rompimento do vidro do veículo para a subtração do som automotivo, e
considerá-lo 'simples' quando o rompimento se dá para a subtração do próprio veículo, a Terceira Seção
desta Corte, no julgamento do EREsp n° 1.079.847/SP firmou a orientação de que a subtração de objeto
localizado no interior de veículo automotor mediante o rompimento de obstáculo - quebra do vidro -
qualifica o furto" (HC 205.967/SP).

2. Art. 155, § 4º,


II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
Abuso de confiança
Obs1. Trata-se de circunstância subjetiva, reveladora de maior periculosidade do agente que não só
furta, mas viola a confiança nele depositada.
Obs2. A coisa deve ingressar na esfera de disponibilidade do agente em face da facilidade decorrente
da confiança nele depositada. Assim, se, não obstante a relação de confiança, o agente pratica o furto
de uma maneira que qualquer outra pessoa poderia tê-lo cometido, não haverá esta qualificadora.

Furto mediante Fraude


Obs. Diferença do crime de estelionato
 Furto: a fraude qualifica o crime.
 Estelionato: a fraude é elementar do crime.

Obs. Em síntese, no furto qualificado há subtração do bem sem que a vítima a perceba; no estelionato,
de outro lado, dá-se a entrega espontânea (embora viciada) do bem pela vítima ao agente.
 Furto: a fraude é empregada para diminuir a vigilância da vítima e subtrair o bem.
 Estelionato: visa induzir a vítima em erro, e entrega do bem.

Furto mediante fraude x estelionato


 Se a coisa é retirada sem o consentimento da vítima, que, na realidade, tem sua vigilância sobre
o bem diminuída pelo ardil empregado pelo agente: Furto mediante fraude.
Ex. Agente que se faz passar por eletricista e se proveita para subtrair objetos da casa, sem que
a vítima perceba.
 Se a vítima, em razão da fraude, é enganada e entrega espontaneamente a coisa para o agente:
Estelionato.
Ex. Agente que se faz passar por técnico de informática e leva o computador consigo, com o
consentimento da vítima, a pretexto de consertá-lo.

Casuísticas:
1) Saque fraudulento em conta corrente por meio de internet: Furto mediante fraude. A vítima
é a instituição financeira, e não o correntista.
2) Furto de veículo após realizar test-drive: Furto mediante fraude (STJ).
Segundo entendimento desta Corte, para fins de pagamento de seguro, ocorre furto mediante fraude, e
não estelionato, na conduta do agente que, a pretexto de testar veículo posto à venda, o subtrai (STJ)
Fundamentos:
a) Precariedade da posso
b) Questões de política criminal.

3. Art. 155, § 4º (...)


III - com emprego de chave falsa.
Conceito: abrange todo o instrumento, com ou sem forma de chave, utilizado como dispositivo para
abrir fechadura, incluindo mixas.
Chave verdadeira: a doutrina majoritária não qualifica o crime.

Obs. A jurisprudência entende que a chave falsa deve ser utilizada externamente ao veículo, não
configurando a qualificadora quando este objeto é utilizado para efetuar a ligação direta. (Resp
43047/SP).

4. Art. 155, § 4º.


IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Questão: Caso uma associação criminosa pratique delito de furto, é possível incidir a
qualificadora do concurso de pessoas ou isso caracteriza “bis in idem”?
Se o crime foi cometido por associação criminosa, entende o STJ que a incidência da qualificadora do
concurso de agentes não acarreta bis in idem.
Fundamentos:
1. Bem jurídicos distintos(paz pública para a associação criminosa, crimes contra o
patrimônio para o furto).
2. Momentos distintos em relação à consumação.

Vale lembrar! Furto qualificado pelo concurso de pessoas


Crime eventualmente plurissubjetivo: pode ser praticado por uma só pessoa, mas a pluralidade de
sujeitos acarreta aumento de pena.
Consequência: a qualificadora é aplicada ainda que um dos indivíduos seja inimputável ou, ainda,
desconhecido.

Questão: Pessoa maior e capaz comete furto em concurso com um menor de 18 anos de idade.
Tipifique a conduta do maior.
O menor responde pelo ECA
O maior responde pelo art. 155, § 4º - furto qualificado mediante concurso de duas ou mais
pessoas + art. 244-B, lei 8.069/90 – corrupção de menores.
5. Art. 155, § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
O veículo deve ser efetivamente trans portado.
Ex. Veículo subtraído em SP com destino ao RJ. Durante a viagem, ainda em SP, o sujeito é abordado
pela Polícia Rodoviária que constata que o veículo é furtado. O sujeito deve ser preso em flagrante pelo
furto, mas sem a qualificadora, porque não houve a transposição da fronteira dos Estados de SP e RJ.

6. Art. 155, § 6º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) .
Antes dessa lei, o abigeato ou furto de gado configurava o furto simples (art. 155, caput, CP).
 Semovente: Qualquer animal que se move por conta própria.
 Domesticável: não precisa ser, necessariamante, doméstico. Ex. Bovinos, suínos, caprinos, etc.
 De produção: pode trazer algum proveito econômico ao titular.

Atenção! O tipo penal é amplo, pois o legislador não fez restrições. Abrange basicamente qualquer
animal que se move por conta própria, que possa ser domesticado e que dele possa decorrer algum
proveito econômico, seja pela carne, pelo leite, seja pela reprodução. Ex. Filhotes de cães destinados à
venda.

Importante:
1. “Domesticável”: não alcança os animais selvagens. Ex. leão, tigre, girafa etc.
2. “De produção”: Se o animal tinha outra finalidade não incide essa qualificadora. Ex. Animal de
estimação.

Compatível com as demais qualificadoras: essa qualificadora é totalmente compatível com as


demais. Ex. furtou um gado juntamente com um amigo. Furto duplamente qualificado. Incide a
qualificadora do concurso de pessoas e a qualificadora do semovente domesticável de produção.

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