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Memória e identidade
“A memória é um fenômeno social influenciado pelas relações entre o indivíduo que
lembra e os fatos lembrados. A memória, enquanto faculdade de preservar informações,
é constituída por um conjunto de funções pelas quais o indivíduo atualiza imagens
passadas, “ou que ele representa como passadas”. Vários episódios serão
seletivamente descartados por um processo de esquecimento em manipulações
conscientes ou inconscientes da memória individual. A memória é um elemento
fundamental na construção da identidade individual ou coletiva, uma das preocupações
essencial das sociedades contemporâneas (LE GOFF, 1994).” (p. 17).
“As lembranças de Amado compõem uma visão do contexto social sul baiano. (...) As
páginas dos seus livros relacionam os costumes e as atitudes apresentadas como
familiares ao autor com a concepção ficcional dos trabalhadores e coronéis do cacau.”
(p. 27).
“As personagens jorgeamadianas são apontadas como tendo sido inspiradas num
conjunto de “figuras que se impuseram ao autor, que fazem parte de sua experiência
vital”, figuras muitas vezes pertencentes ao seu próprio circuito familiar.” (p. 27).
“Com a transferência da família para Ilhéus, Amado entrou em contato mais direto com
a realidade dos tipos urbanos oprimidos: estivadores, pescadores, operários, prostitutas
das “ruas de cantos”, malandro das “docas”, humildes empregados do comércio, que
darão um novo colorido ao seu imaginário.” (p. 28)
“A força da literatura grapiúna estaria justamente no fato de se reportar ao contato direto
dos autores com a realidade por eles vivida e posteriormente transformada em ficção.”
(p. 30).
“A narração dos fatos deixa de ser simplesmente uma elaboração ficcional e, baseada
num contexto histórico, se transforma na memória mesma do “que foi”.” (p. 30).
Interpreta o passado ficcional realisticamente.
“As obras de Adonias e Amado contribuem para a construção do imaginário sobre o sul
baiano, locus de uma civilização forjada na luta do homem para estabelecer a lavoura do
cacau nas matas do interior da região.” (p. 35).