APELO URGENTE AO 64º CONAD E À DIRETORIA DO ANDES-SN
REAGIR IMEDIATAMENTE AO PROGRAMA MINISTERIAL DE “AUTONOMIA
FINANCEIRA DAS UNIVERSIDADES” Durante o 64º CONAD, veio à luz o anúncio da convocação de reitores e pró-reitores de planejamento das Universidades Federais a uma reunião institucional no MEC, no dia 17 de julho, e a uma exposição de um Programa Ministerial, no INEP, no dia 18 de julho. As reuniões tratarão do que a imprensa vem chamando de “autonomia financeira das universidades”. De acordo com as informações divulgadas pela imprensa, o tal Programa Ministerial traz certamente o mais profundo e violento ataque à universidade pública, desde o fim da Ditadura Militar. Um velho projeto da direita liberal, retomado agora no Programa de Governo de Bolsonaro. Segundo o Jornal Valor, “com relação às universidades públicas, elas deixarão de ser autarquias (...) não estarão mais subordinadas ao regime jurídico de direito público. Com isso, uma política de cobrança de mensalidades será implantada, e as contratações passarão a ocorrer pelo regime celetista ou de contrato temporário”. Informações extraoficiais que já circulam nas redes dão conta de medidas que estariam em pauta decorrentes do Programa Ministerial e que efetivamente se coadunam com o objetivo geral revelado na matéria do Valor. Conforme estas informações, várias medidas neste sentido já estariam planejadas: - Implantação de cobrança de mensalidade por faixa de renda; - Instalação de gestão por meio de OSs em regime de Parceria Público Privada (PPP); - Estabelecimento de uma diferença salarial entre os atuais professores concursados e os que seriam contratados em regime CLT, inclusive por meio do instituto do contrato temporário; “oferta” de um plano de demissão dos concursados e de adesão ao novo regime de contratação; - Reestruturação sem precedentes na administração das instituições, como a instalação de juntas de governança nomeadas pelo Planalto com o fim de realizar uma transição rumo a uma gestão de reitores- executivos, inclusive não membros do corpo docente das universidades e a extinção das instâncias decisórias colegiadas atuais em favor de comissões universitárias formadas por gestores nomeados pelas PPPs; - Congelamento salarial dos corpos docente e técnico-administrativo, com introdução de um PDV, associado a adoção da demissão por justa causa de trabalhadores concursados, por critérios subjetivos, conforme projeto de lei já em tramitação no Senado, com parecer favorável da CCJ daquela Casa; - Plano de fusões e venda de instituições consideradas menos produtivas, além de um plano de vendas do patrimônio físico das universidades (prédios, fazendas, terrenos, etc.); - Fortalecimento das áreas de inovação tecnológica e empresarial e da produção direta para o mercado em detrimento da pesquisa básica, orientada para equacionar problemas sociais; São medidas que visam a encerrar a história secular das universidades públicas no Brasil, ameaçando igualmente os IFs e CEFETs. Cheia de contradições, confrontada com enormes obstáculos, com momentos de avanços tímidos e recuos profundos, a trajetória de nossas universidades tem sido marcada por um vivo senso de resistência, que permitiu sua sobrevivência, sobretudo em função da tenacidade de suas comunidades e da sociedade brasileira em manter o ensino superior público e gratuito. Ao ponto de que, para remover esta resistência, o grande capital precisou lançar mão de um governo de extrema direita, emancipado de qualquer mandato da sociedade e associado unicamente à vontade do mercado, um governo que não tem limites em sua sanha destrutiva. A ameaça que já se insinuava fortemente no episódio dos cortes criminosos nos orçamentos da educação e do ensino superior, em particular, em maio, e que foram respondidos fortemente pelas manifestações que se seguiram ao seu anúncio, parece agora se efetivar com as medidas que devem ser oficializadas nos próximos dias 17 e 18. O anúncio deste ataque radical às instituições federais, universidades, IFs e CEFETs (mas que devem, a seguir, se estender às demais esferas administrativas) coincide com a realização de nosso 64º CONAD do ANDES-SN. De nosso ponto de vista, é preciso reordenar as prioridades destes últimos dois dias do CONAD! É preciso que o plenário de delegados, observadores e convidados aprecie imediatamente um conjunto de ações que se antecipem ao anúncio do Programa Ministerial e que nos permita acompanhar seus desdobramentos para organizar, desde a base da categoria, em colaboração com os demais segmentos da universidade e mesmo com as administrações que desejem resistir, a reação a estas medidas. Não podemos “seguir a pauta”, como se não houvesse uma ameaça destas proporções batendo à porta. De imediato, propomos: - Reorganizar a programação do 64º CONAD para darmos prioridade à discussão e adoção de um Manifesto de Alerta Urgente aos docentes, às comunidades universitárias e à sociedade em defesa da Universidade Pública em face do Programa Ministerial de “autonomia financeira das universidades”. - Decidir neste CONAD a convocação emergencial de assembleias das seções sindicais, considerados os calendários das instituições, para organizar de imediato a resistência, agindo articuladamente para unificar nessa luta todos os segmentos da comunidade; - Agir para reunir os mais amplos segmentos sociais, em todas as esferas, das ruas ao parlamento, em defesa da universidade pública, IFs e CEFETs; - Associar a luta contra o Programa Ministerial à batalha pela convocação de uma nova greve geral em agosto.
Chamamos fraternalmente a Diretoria do ANDES-SN, o conjunto de delegados, observadores e
convidados ao 64º CONAD a levarem em conta estas sugestões e a apreciar coletivamente estas e outras propostas que advenham de seus participantes.