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Filosofia Da Psique

Nessa edição:
Introdução: O problema dos textos
científicos
A visão de sujeito e mundo para os gregos
da antiguidade e para Freud

1ª Edição
1º de Setembro de 2019
Introdução: O problema dos
textos científicos
O meio acadêmico se tornou uma mera reprodução do sistema capitalista,
no qual a Mais-Valia é representada por pontos no currículo e não por cifras.
A questão é que os textos produzidos na academia estão mais preocupados
em pontuar com publicações, do que em escrever algo agradável de ser lido.
Os próprios autores dos textos, muitas vezes não tornam a ler seus trabalhos
após publicados. Se sentem entediados até mesmo em ter que revisar e
corrigir seus textos.
Não me admira que a sociedade desvalorize tanto a universidade e que
quando o governo fala em cortar verba da educação, isso não assombra em
nada uma grande parcela da população. Talvez parte disso, seja pelo fato de
a população não ver a utilidade de uma universidade, que mantém as portas
fechadas pra quem não passou em um vestibular e escreve textos tão
tediosos e desinteressantes, que os próprios acadêmicos quando
questionados pelos professores se leram o texto para a aula, logo expressão
a vergonha de quem não teve interesse se quer de ver do que se tratava o
texto.
Durante minha graduação em psicologia, por vezes vi os colegas e eu
mesmo fui por força da ética obrigado a confessar, não ter se quer olhado o
texto recomendado pelo professor ou professora. Mas então seriam os
acadêmicos de psicologia preguiçosos para ler?
De minha parte, posso afirmar que li muito durante minha vida toda e no
processo de formação, passei os cinco anos lendo quase diariamente, sobre:
filosofia, psicanálise e outras áreas da psicologia. Quanto aos meus colegas
de turma, alguns deles, era raro o dia que não estavam com um livro em
mãos, assim como nas conversas, se tornava evidente que a grande maioria,
possuía um nível de leitura muito avançado. Mas porque então os textos
solicitados pelos professores não eram lidos?

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A realidade é que para muitas pessoas
a escrita cientifica é tediosa, maçante e
cansativa. Isso em parte ocorre, porque
os textos científicos são padronizados,
exigem uma linguagem específica e
citações constantes para embasar tudo
que é dito. Nesse sentido os textos
acabam se assemelhando a uma colcha
de retalhos, sendo despesonificados.
Imagem: Pixabay. Não é possível reconhecer o autor do
texto, não é possível sentir sua
Os artigos acabam se tornando uma personalidade durante a leitura, pois
colcha de retalhos. não é cientifico e aceitável utilizar
Pedaço desse e daquele autor, sem gírias na escrita de um artigo, nem
deixar evidente a personalidade de mesmo lançar uma tirada humorística.
quem escreve o novo texto. Talvez por esse motivo, que tantos
Isso por vezes, torna a leitura
acadêmicos se recusem a ler os textos
tediosa.
base para as aulas, enquanto dedicam
horas do seu dia a ler os grandes
clássicos.

Por esse motivo venho escrever esse texto, em um formato mais leve, sem
os engessamentos da academia ou do meio científico. Minha expectativa
aqui, não é construir um grande tratado sobre a ciência da psicanálise, mas
sim, produzir um texto leve, em algum nível bem humorado e de leitura
agradável, se esse objetivo se cumprir me darei por satisfeito. Mas de
modo algum me preocuparei em fazer citações diretas e embasar de
maneira tida como científica, o que estarei escrevendo aqui.
Ao leitor que se questiona sobre a credibilidade das informações, faça-o
sempre, pois os artigos tidos como escritos sob um grande rigor cientifico,
por vezes apresentam estudos e pesquisas tendenciosas, com grupos de
indivíduos insuficientes para qualquer coleta de dados válida. Além de
existirem muitas maneiras de manipular e interpretar os dados ao bem
querer do pesquisador. Por tanto a veracidade de um texto escrito desse
modo, mais coloquial, deve ser posta em dúvida, do mesmo modo que
qualquer texto científico aprovado por uma banca ou uma revista
qualificada.

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A visão de sujeito e mundo
para os gregos da antiguidade
e para Freud
Desde a antiga Grécia que os
filósofos e pensadores, vêm
se questionando sobre a
essência humana e o
propósito de nossa espécie
nesse mundo. Varias
respostas diferentes foram
apontadas, mas nenhuma se
destacou a ponto de suprimir
as demais.
Platão utilizando Sócrates
Imagem: Pixabay como seu personagem, nos
Busto de Platão diz que a existência humana
é uma ação falha, com uma
alma aprisionada em um
corpo, que precisa passar
pela provação terrena para
adquirir conhecimento
através da filosofia e
finalmente se libertar desse
peso, podendo ascender ao
mundo das ideias, um
mundo perfeito, do qual o
mundo sensível em que
vivemos, não passa de uma
Imagem: Pixabay representação falha e
Pintura: Escola de Atenas grotesca.
Rafael Sanzio

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Já o aluno de Platão,
Aristóteles, defendia que o
ser humano nasce com um
propósito pré-determinado,
para exercer com maestria
sua habilidade e desse modo
contribuir para o equilíbrio
cósmico. Sendo assim, cabe
a todo humano buscar
entender em qual atividade é
melhor, que certamente é
para isso que veio ao mundo
e é isso que deve fazer.
Mas e quanto a nossa
essência? Não se chegou a
acordo quanto a nossa
função no universo, mas
seria possível ao ser humano
ser essencialmente algo?
Imagem: Pixabay Não apenas ter uma função
Estatua de Aristóteles no mundo, mas ter
predeterminado uma
maneira correta e natural de
ser e agir nesse mundo?
Seria possível?

Imagem: Pixabay

Busto dos
filósofos gregos
da antiguidade

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Para Thomas Hobbes, o ser humano tem sim uma
essência, uma natureza inata. Segundo ele o ser
humano é mau, é dado a maldade e a individualidade,
cabendo a sociedade civiliza-lo através de um Estado
forte e autoritário. Em parte, a exceção do Estado
autoritário, essa visão pode encontrar semelhanças
com o nosso foco principal desse texto, que é a
psicanálise Freudiana. Mas antes devemos citar
também a noção de ser humano advinda de Rousseau,
um contraponto a Hobbes, pois para Rousseau, o ser
humano é bom por natureza, e cabe ao Estado seguir a
vontade da maioria, que a maioria naturalmente
seguirá pelo caminho do bem. A menos é claro, que
antes disso, ele seja corrompido pela sociedade e seus
artifícios.
Difícil desconsiderar Rousseau, pois será que
seriamos tão invejosos, egoístas e individualistas, se
não fossemos desde crianças, ensinados a desejar o
que pertence ao outro? Desejar o brinquedo da outra
criança? Sermos comparados a crianças da mesma
idade, como se a vida fosse uma competição de quem
deve se desenvolver antes do outro, ao invés de qual a
melhor versão de nós mesmos a ser desenvolvida?
Mantemos as mesmas tendências infantis na vida
adulta. Afinal é tão diferente assim, a criança que
exibe sua bicicleta nova para todas as outras crianças
da rua, do adulto que tira o carro na frente da casa e
liga o som alto para fazer alarde a todos os vizinhos,
que está lavando seu belo carro?
Seriam os desejos nossos corruptores? Mas realmente
desejamos um carro melhor, uma casa maior, um
emprego com mais status, ou apenas nos deixamos
levar pelo que a sociedade nos diz ser desejável?

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Deixemos tais dúvidas em suspenso, irei agora retomar a questão da
essência, citando um fã de Freud, que apesar das contrariedades com a
teoria psicanalítica não deixou de ter apreço pela mesma. Mas o citarei
principalmente porque a essência humana também se fez questão para
ele.
A existência precede a essência, para Jean Paul Sartre, o filósofo francês,
que acredita que o ser humano não nasce predestinado, nem
predeterminado a nada. O ser humano apenas nasce, e sua essência se
constrói a partir de suas escolhas, ao fazer escolhas, também fazemos
centenas, se não milhares de renúncias e desse modo, a partir de escolhas
e renúncias, vamos moldando o que somos e o que nos tornamos.
Basicamente se deseja mudar, é preciso mudar suas escolhas, para ter
diferentes consequências e desse modo, se tornar alguém diferente,
mudando sua vida.
Mas seria fácil fazer novas escolhas? E basta acreditarmos que as
escolhas são novas, para de fato serem? Como saber se não estamos
repetindo as mesmas escolhas, apenas com uma fraca maquiagem as
diferenciando?
Escolher o novo pode ser mais difícil do que parece, aliás, a tarefa mais
difícil pode estar em reconhecer a diferença entre o novo e o mesmo.
Água e H2O são diferentes? Outros nomes, outros rótulos, para os
mesmos produtos. Por que não, outras faces para as mesmas pessoas? As
vezes algo pode nos parecer completamente diferente, mas com o passar
do tempo, nos sentimos em um ciclo vicioso, repetindo as mesmas
conversas, os mesmos sentimentos, as mesmas coisas.
Nem sempre reconhecer o novo é tão fácil assim, diferenciar o que é
apenas um novo rótulo, do que de fato é um novo produto.

Imagem: Wikimedia. Commons


Domínio Público

Jean Paul Sartre

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Se a essa altura você já está perdido ou perdida na leitura e se
perguntando aonde tudo isso vai levar, te acalme, não posso garantir que
chegaremos as respostas dessas perguntas, dar tal garantia seria um ato de
má fé da minha parte, mas posso garantir que chegaremos a algum lugar.
Se a angústia da duvida lhe é insuportável, saiba que não é o primeiro ser
humano a passar por isso. A dúvida parece ao longo da humanidade, ter se
constituído, como uma grande fonte de angústia insuportável, essa mesma
angústia levou inicialmente a criação do mito como uma tentativa de sanar
as dúvidas para as quais, nenhuma resposta óbvia servia. Posteriormente,
quando mesmo as respostas mitológicas não pareciam mais fazer tanto
sentido e não cumpriam com eficácia a sua tarefa de aliviar a angústia, o
ser humano desenvolveu a filosofia. Mais recentemente, a ciência veio
como uma resposta mais coerente há algumas das dúvidas mais antigas da
humanidade.
E onde entra a psicanálise em tudo isso? Certamente você já se questiona,
seria só mais um texto que usa palavras chamativas no título para cativar
o leitor e depois se põe a discutir coisas sem relação com esse mesmo
título?
Bom, então vamos fingir que falamos um pouco de psicanálise para não te
desestimular a continuar lendo.
A psicanálise também foi e é uma área do conhecimento que discute o
surgimento do ser humano e sua essência. Talvez não com essas palavras,
mas de certo modo acaba indo por esse caminho.
Durante o desenvolvimento da teoria psicanalítica, Freud fez amplo uso
da mitologia, tanto para explorar a construção da forma de pensamento
humana, como para analogias ao próprio funcionamento. Além disso,
alguns dos personagens mitológicos viriam a se tornar conceitos da teoria.
Édipo, Tânatos e Eros são apenas alguns exemplos disso.

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Algumas das perguntas
clássicas da filosofia
também passaram pela
mente de Freud, ele talvez
não tenha se questionado
tanto sobre de onde o ser
humano veio, mas se fez
muita questão, como nos
organizamos em sociedade e
o que tivemos que renunciar
para sobreviver desse modo.
Suas obras antropológicas e
sociológicas demonstram
muito isso. Dentre as obras
antropológicas, certamente a
mais famosa é Totem e Tabu
(1913) na qual Freud se
dedica através do estudo de
antropólogos e suas próprias
analises, a entender como se
constituiu o tabu do incesto
e as figuras totêmicas. Nesse
texto fica um pouco mais
Imagem: Wikimedia Commons
clara a visão Freudiana do
Domínio Público
ser humano primitivo. Um
Sigmund Freud (1926) ser cheio de impulsos,
desejos e fome, fome de
carne e sangue.

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Segundo o texto antropológico de Freud, inicialmente existiu uma
tribo na qual um grande pai, era dominador e autoritário, tendo
domínio sobre todas as mulheres da tribo. Os filhos, cansados desse
domínio do pai, tomam a decisão de matá-lo, para que pudessem desse
modo, desfrutar livremente das mulheres. Mas não bastou matar o pai,
eles ainda o devoraram, como um ritual bastante comum entre varias
tribos, na qual se consome a carne do rival, para adquirir sua força e
poder. Porém, após matarem o pai, os membros da tribo sentiram
imenso remorso, pois esse mesmo pai autoritário, também era uma
figura de segurança. Para mais do que o remorso, surge uma
preocupação, o que garante que um deles mesmo, não iria tomar o
lugar desse pai e tentar dominar? A única solução encontrada pelos
membros da tribo foi estabelecer o tabu do incesto, no qual nenhum
homem deveria desposar uma mulher da própria tribo, desse modo,
nenhum deles iria tentar ter o domínio sobre as mulheres, pois essas,
não lhe serviriam a propósitos sexuais. E para manterem bem avivado
o crime cometido contra o pai, por seus desejos primitivos, a tribo
criou a figura totêmica, como uma representação desse pai. Matasse o
pai “real” e cria-se uma figura paterna.
Através dessa narração, podemos perceber que a ideia Freudiana de
essência humana, passa por um sujeito cheio de desejos, desejos e
impulsos sexuais direcionados a própria família, desejos incestuosos e
assassinos. E é a instauração de um “remorso” (Eu Superior) que vem
para evitar que esses desejos sejam plenamente realizados, pois não foi
por acaso que os membros da tribo estabeleceram o tabu do incesto. O
maior medo deles, não era apenas o fato de que outro membro tomaria
o lugar desse pai, mas sim, o fato de que ao fazê-lo, seria igualmente
morto e assim aconteceria sucessivamente, até o extermínio total dos
homens da tribo. Por isso, o tabu, vem como um impedimento da
autodestruição do ser humano. E o totem, como uma eterna lembrança
do crime cometido em função dos desejos não controlados.

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Mas e quanto ao propósito no mundo? Lembremos que ao inicio desse texto,
discutíamos sobre dois aspectos: a essência humana, que vemos para a
psicanálise Freudiana, o ser humano ser egoísta movido por desejos e
impulsos, que somente renuncia por medo da autoaniquilação, mas também
discutíamos a função do ser humano no mundo. Qual seria então o propósito
do ser humano no mundo, para a psicanálise? Nesse aspecto, não encontramos
uma resposta cósmica semelhante à de Aristóteles, mas sim, algo mais singular,
de sujeito, afinal, conforme vimos, a psicanálise tem uma visão de sujeito mais
egoísta, focado em si, que só olha para seus semelhantes, porque precisa deles
para a própria sobrevivência. Por tanto, não existe um encaixe cósmico para o
ser humano, uma função inata pré-determinada na organização universal. O
que acontece é que o ser humano nasce cheio de desejos e impulsos e se
relaciona com o mundo através desses desejos e em função do prazer, que é a
realização de parte desses desejos.
Esse aspecto está melhor definido por Freud no texto Além do Principio de
Prazer (1920), quando o autor apresenta um sujeito que vem ao mundo e se
relaciona com esse através do prazer. Inicialmente o propósito humano, seria
obter o máximo prazer, evitando todo desprazer. Porém já notamos no texto
Totem e Tabu (1913), que a busca desenfreada pelo prazer, pode trazer
consequências autodestrutivas e não favoráveis para o convívio social. Em
função disso, o ser humano é obrigado a renunciar ao prazer desenfreado e se
colocar limites, mas mais do que isso, o ser humano precisa em vários
momentos fazer coisas que podem ser consideradas desprazerosas. Afinal, se
vivemos em função do prazer, porque alguém se submete a ir trabalhar em
plena segunda feira, mesmo que pragueje contra isso e se veja louca para
chegar o próximo fim de semana? A isso Freud chama princípio da realidade, a
capacidade que o ser humano desenvolve de suportar os pequenos desprazeres
da vida em função de um prazer maior posterior. No caso do trabalho, o salário
ou o que ele compra. Diga-se de passagem, algo lamentável quando essa é a
situação, pois o sujeito viverá uma semana toda de desprazer, para ao final de
semana ter uma folga e um prazer de fato, talvez ao final ou início do mês,
quando recebe seu salário.

Pudemos ver nesse texto, que o ser humano é visto pela psicanálise, como
alguém egoísta, movido por seus desejos e impulsos, mas que se obriga a
renunciá-los, em função do convívio social, indispensável para a espécie
humana. Esse ser existe no mundo em função do prazer da realização de seus
desejos, mas ao mesmo tempo não pode realizar todos os seus desejos, porque
isso o levaria a deixar de existir.

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Texto: João Vitor Wrobleski


Editoração: João Vitor Wrobleski
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