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MITOPOÉTICAS
Reitor
José Jackson Coelho Sampaio
Vice-Reitor
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Editora da UECE
Erasmo Miessa Ruiz
Conselho Editorial
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Romeu Gomes (FIOCRUZ)
Túlio Batista Franco (UFF)
[IN]EXISTÊNCIAS
MITOPOÉTICAS
Editora iliada à
Coordenação Editorial
Erasmo Miessa Ruiz
Diagramação
Larri Pereira
Projeto Gráϐico
José Alex Soares Santos
Capa
Antonio Carlos Bonϐim
Revisão de Texto
Francisca Geny Lustosa
Ficha Catalográϐica
S237i
Santos, José Alex Soares.
[In]existências mitopoéticas / José Alex Soares Santos ;
prefácio de Geny Lustosa. - Fortaleza : EdUECE, 2014.
81 p.
ISBN: 978-85-7826-194-8
1. Poesia. 2. Mitologia. 3. Poeta - sentimentos. I. Lustosa,
Francisca Geny. II. Título.
CDU : 82-1
Catalogação pela Bibliotecária Joyanne de Souza Medeiros CRB 15/533.
In Memoriam:
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................11
POÉTICA DO DEVANEIO.....................................................................................................15
O
que leva alguém a escrever poesia e aven-
turar-se no mundo da criação literária? Os
motivos são vários e, diversos são os matizes
da sentimentalidade posta em versos, como forma
de manifestação da beleza poética. Com inspira-
ção em tais sentimentos começa a gestação estéti-
ca da obra [In]existências mitopoéticas.
O nascedouro de filho tão amado está poeti-
camente vinculado as [in]existências experimentadas
pelo autor ao longo de sua trajetória, entrecortada de
vivências pintadas pelas cores do arco-íris, bem como
pelo tom de chumbo de nevoeiros, acompanhados
de trovoadas.
Dizemos isso, em virtude de ter despertado o
interesse pela poesia no momento em que nos re-
cuperávamos de uma primeira crise depressiva, a
qual precederia outras e, diante delas, mais poesias
que revelam estados emocionais os mais diferentes
e jamais imaginados. No entanto, acreditamos que
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são nas circunstâncias vividas e sentidas profunda-
mente que se fazem os poetas. O poeta é aquele
que tatua suas emoções na alma, para em seguida,
transpô-las ao papel por meio da escrita, ou simples-
mente declamá-las.
São tais [in]existências que nos levam ao en-
contro do deus Dioniso e, quando nos deparamos
com este, somos capazes de musicar, pintar, poe-
tizar em vários tons e matizes, a tristeza e a melan-
colia, a sensação de prazer e alegria, os efêmeros
momentos de felicidade, bem como todas as mani-
festações do que há de mais subterrâneo nas entra-
nhas de nosso ser obscuro e repleto de incógnitas.
Com os fios aqui delineados, começamos a
tecer a rede filigranada por emoções, sentimentos
e a força da paixão com reverência aos deuses e
deusas da mitologia greco-romana, a partir da sen-
sibilidade poetizada. Seja homenageando-os, ou
utilizando-os como metáforas para revelar paixões,
amores, saudades, lutas e, por fim, a crítica social
à ordem sociometabólica do sanguinário e parasi-
tário capital. É com esse tom que a primeira parte
da obra constitui sua tessitura estético-política, sob o
título de Mitopoesia.
Como a candura das luzes de Nepal vai sur-
gindo os contornos da parte II, intitulada, Interfaces
poéticas. Nesse ponto da obra temos poemas sobre
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a dramaticidade e a simplicidade da vida. O conjun-
to de poemas aqui reunido, em específico, convida
o leitor a viajar em um caleidoscópio existencial, ou
seja, com as questões que habitam a vida e prenun-
ciam a morte, na mais terna dialética dos contrários.
Por fim, na parte III - com o título de Poemas
Naturomânticos - aparecem os poemas que bus-
cam apresentar com romantismo o contato do po-
eta com a natureza interiorana da “Terra das Pedras
que Estalam”, a querida cidade de Itapipoca. O sur-
gimento da aurora, o desaparecimento da lua; o pôr
do sol; a noite acompanhada pelo nascimento do
luar; o cheiro da terra molhada nas primeiras chuvas
de janeiro; o emergir da relva orvalhada, bem como
trata de aventuras e desventuras amorosas, sem as
quais não conseguimos nos fazer humanos, dema-
siados humanos, ou seja, sempre abertos para amar,
ter prazer, sofrer, chorar, sorrir e termos momentos de
felicidade - elemento que se apresenta para o ser
humano como horizonte, ou seja, quanto mais bus-
camos, mais insiste em afastar-se.
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POÉTICA DO DEVANEIO
Geny Lustosa
Profa. da Universidade Federal do Ceará - UFC.
Pedagoga, Me. e Dra. em Educação Brasileira pela UFC.
A
s experimentações poéticas com as quais
nos deparamos nesta obra traduzem o re-
conhecimento do poeta, tanto na melodia
exalada, quanto nos sentidos e significados que este
oferece. Esta, preserva a unidade da marca huma-
na e de sua intensidade, junto com a enorme ca-
pacidade de paixão, reunidas em um sentido poéti-
co. A poesia de Alex Santos faz-nos imergir, destarte,
em algumas de suas instâncias de passionalidade: a
vida e seus desejos mais pulsantes – o amor, o medo,
a dor, a separação, a luta social...
A Mitologia, fio condutor de sua obra, nos
parece apenas o pretexto (um contexto?) retrata-
do pelos arquétipos de deuses e deusas, bem como
nas narrativas e simbologias que enredam. Tal como
Sherazade, o poeta encanta quando começa a
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contá-las, vez por outra; encanta, principalmente,
por amar e conhecer com tanta propriedade as nar-
rativas mitológicas, no que faz emergir uma verda-
deira sistematização e explicação do Olimpo - Pan-
teão dos deuses.
Quando ao perguntar-se sobre o que leva al-
guém a escrever poesia e aventurar-se no mundo da
criação literária, não ousamos sequer tentar aventar-
mos possíveis respostas, mas não seria, talvez, a credi-
bilidade de que o processo criativo é produtor de seres
humanos e mundos, no qual pode se fundamentar o
humano em sua capacidade de reinvenção?
Mesmo não podendo perspectivar de fato,
respostas absolutas para indagação tão particular,
apreendemos parte das inquietações atuais, con-
cernentes ao autor, acerca da natureza e da pos-
sível interrelação “arte-ser humano-mundo-transfor-
mação social” (aqui formuladas sob nossos grifos!).
Qual a potência dessa linguagem para os
processos de reinvenção dos sujeitos, na produção
de novos modos de existência social, ou como diria
Nietzsche, de novos processos de “subjetivação dis-
sidente?” E na luta revolucionária, qual a possibilida-
de de produzir “sujeitos resistentes ou linhas de fuga
e devires?”
Nesse instante nos ocorre, que suas inda-
gações gravitam em verossimilhança a Bachelard,
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quando se debatendo com os problemas colocados
pela imaginação poética se inquieta em reflexões, e
para quem a imagem poética é “comparada em
arquétipo adormecido no inconsciente.”
Em seus poemas, imaginação poética transi-
tam em [in]existências que devaneiam entre o mito
e a realidade, que bailam, dançam na leitura do
mundo - um mundo que prescinde tão fortemente
da arte, da criatividade como reinvenção. É a pró-
pria poética do imaginário, tal como Bachelard a
compreende. Em [In]existências mitopoéticas, essa
poética emerge em metáforas, como um produto
direto do coração e da alma de seu autor, arreba-
tado na leitura citadina do cotidiano em sua atuali-
dade.
Ao pensarmos sobre os poemas e nas narra-
tivas da mitologia expressas na referida obra, bela-
mente encontramos Alex Santos em duas principais
personificações, as quais temos a sensação de que
este se conjuga, em uma unidade-dual, “Apolo e
Dioniso”.
A nós, esse par de contrários aparece tam-
bém em sua poética, pois o autor utiliza-se do que é
dionisíaco, ou seja, do que é criativo, caótico, eston-
teante e do esteticamente embriagante presente
nas vicissitudes humanas, pari passu, em se tratando
do apolíneo, concilia a unidade dialética da beleza,
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harmonia, da perfeição, da sistematização que es-
tão mais presentes nas virtudes. Estes aspectos estão
claramente perceptíveis no poema “Apolo e Dioni-
so”: [...] “um, é todo impulso, força e violência. Ou-
tro, juventude, luz e canção. Ao unirem-se dão vida
à arte criadora, necessidade destrutiva, princípio de
ordenação”. (p.16).
Revisitando Bachelard, mais uma vez, para
quem era imperativo se chegar a uma “fenome-
nologia da imaginação poética”, em limites bem
singelos, esta “mitopoesia”, indica uma resposta à
indagação do filósofo francês, posto que as motiva-
ções poéticas de Alex Santos são sempre da ordem
do desejo pulsante do humano. Ao lê-las, vemos as
(re)leituras da mitologia no tempo presente, ou seja,
nos componentes da realidade: no amor, na crítica
social, na contemplação dos fenômenos da nature-
za, uma vez que tais parecem consolidar, de modo
exemplar, as existências que o poeta prefere se per-
guntar se reais ou não. [In]existentes?
Nessa polifonia entre existências e [in]exis-
tências, está situada a ponte que é construída en-
tre mito e poesia? Que semelhança temos nós e o
mundo em que vivemos hoje com essa ordenação
mitológica?
Arriscamos a crer que a poética propos-
ta nesta obra, na técnica, métrica, (des)alinhada
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é dionisíaca, mas suas repercussões imagéticas no
pensamento e as sensações que produzem na sub-
jetividade dos que a leem poderiam ser compara-
das ao efeito apolíneo: certeiras no alvo, no cora-
ção e na alma d’aqueles(as) que, agora, podem ter
contato com tão sutis informações sobre o universo
mitológico, que aqui são partilhadas, pertencente a
poucos, mas que em tempos remotos, já explicaram
e organizaram o mundo.
Em síntese, ousamos afirmar que a “aprecia-
ção ética e estética da vida” parece ser o fio que
costura os versos e poemas que por hora expressam
a reinvenção da “poética do devaneio”.
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PARTE I
MITOPOESIA
DEUSA DA SEDUÇÃO
Onde estará,
Bela Afrodite?
Deusa da sedução
Que desperta prazeres!
Elementos da paixão
Na deidade consiste.
Olimpiana mais linda
E perfumada que existe.
Das graças recebeu a beleza,
Por Posídon abençoada,
Da genitália de Urano gerada,
De Zeus, a sua realeza.
Foi por Ares muito amada,
Por Hefesto desposada,
No entanto, Adônis
É por quem foi enamorada.
Teve Eros como filho
Que Psiqué adorava
Pelo travesso conquistada,
Deixando a mãe enciumada.
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
APOLO E DIONISO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
PELOS DEUSES!
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
26
JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
FILOSOFIA
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
AMBROSIA
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
SONETO À POSÍDON
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
À DEUSA AFRODITE
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
AFRODITE E ADÔNIS
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
ANÊMONA
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
AO DEUS EROS
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
ARMADILHA DE EROS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
SOPRO DE ÉOLO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
37
[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
DESTINO DE IO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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PARTE II
INTERFACES POÉTICAS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
PAI
Poliedro Painel
Ágape, Ampliado,
Imortal. Iluminação.
Potência Paisagem
Amorosa, Atrativa,
Incondicional. Insofismável.
Pássaro Plano
Alado, Angular,
Idoneidade. Imutável.
Porção Porte
Aromática, Apolíneo,
Intimidade. Incomparável.
Portal Pórtico
Aberto, Adornado.
Imensidão. Istmo.
Paixão Paz,
Adorável, Amor.
Implosão. Imolação.
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
A PARTIDA
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
TREM DA VIDA
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
TÂNATOS: A MORTE
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
DEPRESSÃO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
SER LIVRE
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
BOEMIA EXCITANTE
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
VELA DO FILOSOFAR
Após te conhecer,
Aprendi a perguntar,
Sobre a existência do ser
E a imensidão do mar.
Foram tantos, porque?
Difícil todos explicar,
Mas, fizeram-se saber
Nas páginas do ensinar.
No teu caminho busquei,
Com a intenção de aprender
O que está por revelar.
Contigo nas ideias viajei,
Ao mundo, questionar comecei,
Depois de com Sophia dialogar.
Andando em tua presença,
Estou sempre contente.
Tristeza, só com tua ausência,
Pois, tua arte o fogo acende
A forte vela do filosofar.
Os que de ti se aproximam,
Teu calor latente logo aquece,
De ignorância ninguém padece
Quando resolve ti experimentar.
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
A GREVE
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
SANGUE REVOLUCIONÁRIO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
O CAPITAL E A BARBÁRIE
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
INCONTROLÁVEL CAPITAL
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
ARQUÉTIPOS DO CAPITAL
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
FULMINANTE CAPITAL
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
O MALVADO CAPITAL
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
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PARTE III
POEMAS NATUROMÂNTICOS
PÔR DO SOL
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
PALAVRAS AO VENTO
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
AMANHECER DE SAUDADES
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
68
JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
SELENE E EOS
69
[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
FLOR DA TOSCANA
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
SONETO D’AMANTE
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
OLHAR DE SELENE
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
II
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
VIVER D’AMOR
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
TERRA MOLHADA
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
AMOR E PAIXÃO
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
CHUVA LITORÂNEA
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
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[IN]EXISTÊNCIAS MITOPOÉTICAS
ARCO-ÍRIS NA CIDADE
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JOSÉ ALEX SOARES SANTOS
PÉROLA OU FLOR?
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