Sie sind auf Seite 1von 2

I Dos Crimes Contra a Pessoa 139

Em razão do que foi explicado, se a vítima está no alto de um prédio bradando


que vai pular, mas, diante de sua hesitação, pessoas começam a gritar incentivando o
suicídio, tais pessoas só serão punidas se ela realmente pular e sofrer ao menos lesão
grave.
Não se confunda a tentativa de suicídio, que evidentemente existe e se refere
ao ato suicida em si, com a impossibilidade de tentativa do crime de participação em
suicídio.
Para aqueles que entendem que é possível o crime de auxílio ao suicídio por
omissão, há de ressalvar que tal tipificação só ocorrerá se a vítima efetivamente
morrer­ ou sofrer lesão grave. Caso contrário, o agente só responde por omissão de
socorro.
• Natureza da morte ou das lesões graves
Comungamos do entendimento de Fernando Capez,40 Damásio de Jesus41 e He­
leno Cláudio Fragoso,42 no sentido de que são elementares do crime de participação
em suicídio. Com efeito, a provocação da morte ou da lesão grave integram o dolo
do agente, de modo que, o mero fato de estarem previstos no preceito secundário e
não no preceito primário do tipo penal, não afastam a natureza de elementar.
Nélson Hungria43 defendia tratar-se de condição objetiva de punibilidade,
contudo, a doutrina moderna sustenta que esse tipo de circunstância não pode estar
abrangida pelo dolo do agente — tal como se dá com a sentença de falência nos cri­
mes falimentares. Assim, esse entendimento não tem sido aceito, pois, conforme já
mencionado, a morte e as lesões graves estão abrangidas pelo dolo de quem induz,
instiga ou presta auxílio ao suicídio de outrem.
• Roleta-russa em grupo
Quando duas ou mais pessoas fazem roleta-russa em grupo, estimulando-se mu­
tuamente a apertar o gatilho de uma arma voltada contra o próprio corpo, os sobre­
viventes respondem pelo crime de participação em suicídio.
• Pacto de morte
Se duas pessoas fazem um pacto no sentido de cometerem suicídio no mesmo
momento e uma delas se mata, mas a outra desiste, a sobrevivente responde pelo
crime do art. 122. Assim, se os dois correm em direção a um precipício, um pula e o
outro não, este responde pelo delito em análise, ainda que se prove que ele enganou
a vítima porque nunca pretendeu se matar. Com efeito, tendo a vítima, consciente­
mente, realizado um ato suicida, não há como acusar o outro por homicídio.

40
Fernando Capez, Curso de direito penal, v. 2, p. 92/93.
41
Damásio de Jesus, Código Penal anotado, p. 409.
42
Heleno Cláudio Fragoso, Lições de direito penal, Parte especial, v. I, p. 102.
43
Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, v. V, p. 235/236.

02 - Direito Penal Esquematizado - 059 - 558.indd 139 11/4/2011 17:24:14


140 Direito Penal Esquematizado — Parte Especial Victor Eduardo Rios Gonçalves

A mesma solução deverá ser aplicada se ambas realizarem o ato suicida, mas
uma delas sobreviver.
Caso ambas sobrevivam, mas uma sofra lesão grave e a outra, lesão leve, esta
responderá pelo crime (porque a outra sofreu lesão grave), enquanto para a primeira
o fato será atípico.

• Pacto de morte em que um dos envolvidos fica incumbido de matar a


outra pessoa e depois se matar

Suponha-se que duas pessoas concordem em morrer na mesma oportunidade e


fica decidido que A irá atirar em B e depois em si mesma. Em tal hipótese, se apenas
B sobrevive, responde por participação em suicídio. Se o resultado for o inverso
(morte de B), a sobrevivente (A), autora dos disparos, responde por homicídio. Caso,
ainda, ambas sobrevivam, A responderá por tentativa de homicídio e B pelo crime do
art. 122 se A tiver sofrido lesão grave.

1.1.2.7. Elemento subjetivo


É o dolo, direto ou eventual. Não existe modalidade culposa por opção do
­legislador.
Considera-se ter havido dolo direto quando evidenciado que o agente queria
mesmo que a vítima morresse por meio de um suicídio. Já o dolo eventual se mostra
presente quando o sujeito, com sua conduta, assume o risco de estimular um ato
suicida. É o que ocorre quando alguém incentiva outra pessoa a fazer roleta-russa,
mirando a arma contra a própria cabeça. Não se sabe se a vítima irá realmente
morrer porque só há um projétil no tambor do revólver, porém, é evidente a possi­
bilidade de o evento ocorrer, de modo que o incentivador do ato responde pelo
crime, caso a arma dispare. A doutrina cita também como exemplo o do carcereiro
que não toma qualquer providência em relação a um preso que está fazendo greve
de fome.
É necessário, ainda, que haja dolo em relação ao suicídio de pessoa ou pessoas
determinadas. Nesse sentido, o dizer de Júlio Fabbrini Mirabete: “a conduta deve
ter como destinatário uma ou várias pessoas certas, não ocorrendo o delito quando
se trata de induções ou instigações de caráter geral e indeterminado. Não há crime
quando, por exemplo, um autor de obra literária leva leitores ao suicídio, pela influên-
cia das ideias de suas personagens, como ocorreu após a publicação de Werther, de
Goethe, e René, de Chateaubriand. Na mesma situação, encontra-se recente obra
em que se expõem os vários métodos para a eliminação da própria vida”.44 Em ou­
tras palavras, não se pode punir autores de livros ou músicas que falem em suicídio,
e que, eventualmente, levem um desconhecido a cometê-lo, com o argumento de que
não há dolo em relação ao suicídio daquela pessoa desconhecida. Se fosse possível,

44
Júlio Fabbrini Mirabete, Manual de direito penal, v. 2, p. 83.

02 - Direito Penal Esquematizado - 059 - 558.indd 140 11/4/2011 17:24:14

Das könnte Ihnen auch gefallen