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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ORTOMOLECULAR

ELISABETH CRISTINA CORREIA MELLO

O USO DE Moringa oleifra LAM. POR MULHERES ACIMA


DE 30 ANOS COM DORES CRÔNICAS, COMO
SUPLEMENTO DIETÉTICO ANTIOXIDANTE E
TERAPÊUTICO

Aracaju
2017
ELISABETH CRISTINA CORREIA MELLO

O USO DE Moringa oleifra LAM. POR MULHERES ACIMA


DE 30 ANOS COM DORES CRÔNICAS, COMO
SUPLEMENTO DIETÉTICO ANTIOXIDANTE E
TERAPÊUTICO.

Monografia apresentada à Faculdade Unyleya como


exigência parcial à obtenção do título de Especialista
em Ortomolecular.

Nome do Orientador: Camila Ferraz L. Mônaco

Aprovado pelos membros da banca examinadora em 2017, com menção 9,5 (Nove e
meio)

Aracaju
2017
Dedico este estudo a todos os irmãos de Luz
do LESCAJ - Lar Espiritual Socorrista
Coração Abençoado de Jesus e Mentores da
União Espírita de Sergipe.
AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos...

...a Deus em primeiro lugar por ter me concedido a oportunidade de realizar


esse trabalho, por me proteger e guiar os meus passos;

...a minha mãe, Maria Correia e meus filhos que nunca deixaram de
acreditar no meu sucesso;

... à orientadora Profa. Camila Ferraz L. Mônaco minha gratidão pela


confiança, atenção, disponibilidade, e pela oportunidade
de me orientar;

...aos amigos Lopez e André pela amizade eterna e amor incondicional;

Enfim, minha sincera gratidão a todas as pessoas que, mesmo não sendo citadas,
contribuíram e foram importante no desenrolar da pesquisa, tornando mais
prazerosa a realização da mesma.
"Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser descoberta.”
Carl Sagan
RESUMO

O uso indiscriminado de suplementos sintéticos, a exemplo de vitaminas e


sais minerais, especialmente por mulheres acima de 30 anos, na tentativa de
retardar o processo de envelhecimento e equilibrar o sistema imunológico, além de
servir como coadjuvante aos anti-inflamatórios, no tratamento de dores
generalizadas e/ou crônicas sem diagnóstico firmado, tem aumentado nos últimos
anos. O desconhecimento sobre o papel destas substâncias no organismo, expõem
estas mulheres a riscos dos efeitos colaterais indesejados, quando da utilização nas
doses incorretas. O objetivo deste trabalho é demonstrar através de pesquisa
bibliográfica, que é possível fazer uso de droga vegetal em substituição aos
suplementos sintéticos, a exemplo da planta Moringa oleifera Lam. Conhecida no
Brasil por “moringa”, esta possui propriedades nutricionais importantes. O conteúdo
em proteínas, vitaminas e minerais são significativos e todas as suas partes podem
ser utilizadas para algum fim, sendo bastante útil na nutrição, na agricultura, nas
indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia, no tratamento de água e na
obtenção de lubrificantes e biodiesel, despertando o interesse de cientistas em todo
o mundo. O uso crescente de drogas vegetais e fitoterápicos no Brasil despertou o
interesse científico que fornece a partir de pesquisas subsídios sobre a eficácia ou
não da substituição por medicamentos sintéticos, muitas vezes com preço
inacessível, por plantas medicinais. Conclui-se então que desde que prescrito e
acompanhado por profissional habilitado, pode se obter os efeitos desejados com o
uso da droga vegetal Moringa oleifera, como antioxidante dietético, assim como,
alternativa terapêutica para o tratamento de diversas doenças crônicas importantes.

Palavras Chave: Suplementos, Drogas vegetais, Moringa oleífera lam., Antioxidante.


ABSTRACT

The indiscriminate use of synthetic supplements, such as vitamins and minerals,


especially by women over 30 years of age, in an attempt to delay the aging process and
balance the immune system, as well as serving as an adjuvant to anti-inflammatories, in
the treatment of generalized and / or chronic pain with no established diagnosis, has
increased in recent years. The lack of knowledge about the role of these substances in
the body expose these women to the risks of unwanted side effects when used in the
wrong doses. The objective of this work is to demonstrate, through a bibliographical
research, that it is possible to make use of vegetal drug in substitution for the synthetic
supplements, like the Moringa oleifera Lam plant. Known in Brazil by "moringa", it has
important nutritional properties. The content of proteins, vitamins and minerals are
significant and all parts can be used for some purpose, being very useful in nutrition,
agriculture, the pharmaceutical, cosmetic and food industries, water treatment and the
obtaining of lubricants and biodiesel, stirring up the interest of scientists around the
world. The growing use of plant drugs and herbal medicines in Brazil has aroused the
scientific interest that provides from researches subsidies on the effectiveness or not of
the substitution by synthetic medicines, often with inaccessible price, for medicinal
plants. It is concluded that since prescribed and accompanied by a qualified professional,
the desired effects can be obtained with the use of the vegetable drug Moringa oleifera,
as a dietary antioxidant, as well as, a therapeutic alternative for the treatment of several
important chronic diseases.

Keyword (s): Supplements, Plant Drugs, Moringa oleifera Lam., Antioxidant.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 09
2. OBJETIVOS..................................................................................................................... 12
2.1. Objetivo geral............................................................................................................. 12
2.2. Objetivos especificos................................................................................................. 12
3. METODOLOGIA.............................................................................................................. 13
4. DESENVOLVIMENTO..................................................................................................... 14
4.1. Capítulo 1................................................................................................................... 14
4.1.1. Radicais livres e estresse oxidativo....................................................................... 14
4.1.2. Defesas antioxidantes............................................................................................ 16
4.1.3. Antioxidantes Dietéticos......................................................................................... 17
4.1.3.1. Vitaminas.............................................................................................................. 17
4.1.3.2. Carotenoides........................................................................................................ 19
4.1.3.3. Polifenóis.............................................................................................................. 20
4.1.3.4. Minerais................................................................................................................ 21
4.2. Capítulo 2.................................................................................................................... 23
4.2.1. Considerações gerais acerca de plantas medicinais e fitoterápicos....................... 23
4.2.2. Aspectos gerais sobre a Moringa oleífera Lam...................................................... 24
4.2.3. Composição química da Moringa oleífera Lam...................................................... 25
4.2.4. Presença de Substâncias antinutricionais eToxicidade da Moringa oleifera Lam. 28
4.3. Capítulo 3.................................................................................................................... 29
4.3.1. A Moringa oleifera como auxiliar no tratamento de diversas patologias................... 29
4.3.2. Ação antioxidante da Moringa oleifera Lam............................................................. 30
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 33
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 35
9

1. INTRODUÇÃO

Os radicais livres causam oxidação nos sistemas do organismo humano.


Estes são moléculas que possuem um elétron apartado, que estando livre pode se
ligar a qualquer outro, tornando-se drasticamente reativo. “As fontes exógenas
geradoras de radicais livres incluem o tabaco, poluição do ar, solventes orgânicos,
anestésicos, pesticidas e radiações”. Morais (2006 apud, SOARES, 2002. p.109-
122).
A ação deletéria dos radicais livres nos sistemas biológicos recebe o nome
de estresse oxidativo, que pode ser agudo ou crônico, e está relacionada ao
aparecimento de doenças degenerativas, inflamatórias, neurológicas, oculares e
pulmonares, assim como, o câncer a partir de fontes exógenas.
Estima-se que as diversas lesões causadas pelos radicais livres podem ser
prevenidas ou minimizadas por antioxidantes provenientes dos alimentos. As
substâncias com estas propriedades, tais como as vitaminas E e C, carotenoides,
polifenóis, minerais, entre outros, agem diretamente neutralizando ou indiretamente,
através dos sistemas enzimáticos que atuam contendo a ação destes radicais.
Apesar de haver indícios que o envelhecimento apareça de forma
secundária ao estresse oxidativo, e considerando que os antioxidantes naturais
atuam fortemente no processo de controle das ações danosas, do excesso de
radicais livres no organismo humano, é de suma importância que se conheça como
fazer o uso correto e suas combinações.
A partir do uso popular de plantas medicinais, criou-se uma cultura no Brasil
da automedicação, estimulada pelo próprio governo, que autoriza a venda de alguns
medicamentos e suplementos vitamínicos e/ou minerais, sem prescrição de um
profissional de saúde especializado. O mesmo se dá com as dietas alimentares para
a prevenção de patologias. Pode-se considerar também: “A falta de recursos
orçamentários adequados e destinados ao Sistema Único da Saúde. Musial (2007
apud, CAMPOS, 1985, p. 307-12). Percebe-se um aumento no consumo destes
suplementos por mulheres acima de 30 anos, na tentativa de retardar o processo de
envelhecimento e equilibrar o sistema imunológico, além de servir como coadjuvante
aos anti-inflamatórios, no tratamento de dores generalizadas e/ou crônicas sem
diagnóstico firmado.
10

A automedicação é definida como o ato de administrar remédio sem


prescrição médica, com objetivo de curar ou minimizar sinais e sintomas de
doenças. Musial (2007 apud, OGLIARI, 2004, p.01). Pesquisas apontam que esta
prática acontece em todas as classes sociais, inclusive com alto índice de pessoas
com maior nível de escolaridade, sendo o percentual maior de mulheres que os
homens. Musial (2007 apud, CAMPOS, 1985, p.307-12; LEFÈVRE, 1993, p. 500-
503).
Considerando-se que o excesso de vitaminas e sais minerais produzem
efeitos patológicos, assim como, sua deficiência, é importante que a utilização
destas substâncias sintéticas devam ser substituídas, sempre que possível, pela
ingestão de formas naturais, que não apresentem efeitos colaterais, principalmente
quando a intenção seja prevenção e diminuição de sintomas de doenças
inflamatórias ou envelhecimento.
De acordo com Merlin (2017 apud, BRUSOTTI et al, 2014), o conhecimento
popular sobre as propriedades farmacológicas de plantas ou extratos de plantas
pode representar o ponto de partida para o desenvolvimento de estudos sobre as
moléculas bioativas sintetizadas por diferentes espécies.
A planta escolhida para pesquisa no presente trabalho é a Moringa oleífera
Lamarack, também conhecida como lírio branco, quiabo de quina, acácia-branca,
árvore-rabanete-de-cavalo, cedro e moringueiro. É uma das 14 espécies
pertencentes ao gênero Moringa, único da família Moringaceae. Trata-se de uma
árvore perene, decídua e de crescimento rápido que pode exibir até 10 metros de
altura. Araújo (2013 apud. DUKE, 1983; MORTON, 1991; PALADA; CHANG, 2003;
PALIWAL; SHARMA; PRACHETA, 2011).
Moringa oleifera Lam. é uma árvore, de uso popular de todas as suas partes
(raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes), sendo estas ricas em constituintes
químicos, apresentando diversos compostos fenólicos associados à atividade
antioxidante, flavonoides e glucosinolatos para o tratamento de diversas patologias.
Araújo (2013 apud, AMAGLO et al., 2009; SHIH et al., 2011), mas usada
principalmente como alimento, por possuir alto valor nutritivo e com uma excelente
composição de proteínas, vitaminas e sais minerais. Assim, considerando a
facilidade de cultivo da planta, o que se propõe é um estudo da viabilidade de uso
como suplemento dietético, como antioxidante e anti-inflamatório, em substituição
aos suplementos sintéticos.
11

“Desta forma, M. oleifera constitui importante fonte de nutrientes e compostos


bioativos, sendo utilizada, sobretudo em países em desenvolvimento, onde várias
partes do vegetal estão inclusas na dieta humana e animal”. Araújo (2013 apud,
KASOLO et al., 2010).
12

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

Analisar a viabilidade de uso da Moringa oleifra Lam. como suplemento


dietético, nas mais diversas formas, como antioxidante e antiinflamatório em
mulheres acima de 30 anos com dores crônicas.

2.2. Objetivos Específicos:

− Caracterizar a ação farmacológica da Moringa Oleifera Lam.;


− Avaliar a ação das vitaminas e sais minerais existentes na espécie
Moringa oleífera Lam, como antioxidante;
− Verificar a relação quantidade/ação de substâncias ativas da espécie
Moringa oleífera Lam. E sua relação com os radicais livres e processos
inflamatórios;
− Investigar a toxicidade da espécie Moringa oleífera Lam, quando usada
sob a forma de alimento.
13

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa é de caráter qualitativo, exploratório e descritivo a partir de


revisão bibliográfica, aborda a possibilidade de utilização da Moringa oleifra em
substituição aos suplementos sintéticos como antioxidante e antiinflamatório em
mulheres acima de 30 anos com dores crônicas. É delimitada em capítulos, onde o
primeiro apresenta os conceitos e ações dos radicais livres e estresse antioxidante,
e o papel fisiológico dos antioxidantes dietéticos. No segundo capítulo é feita
considerações gerais acerca de plantas medicinais e fitoterápicos, composição e
toxicidade da planta Moringa Oleifera Lam, e no terceiro capítulo uma abordagem da
ação antioxidante da Moringa Oleifera Lam. e os usos terapêuticos. Por fim, a
conclusão com apresentação da viabilidade da utilização da droga vegetal M.
oleífera para o combate de estresse oxidativo e anti-inflamatório.
14

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Capítulo 1

4.1.1. Radicais livres e Estresse Oxidativo

O termo “radicais livres” é muito utilizado na atualidade, principalmente


quando o assunto é alimentação, envelhecimento e exercícios físicos. Desde 1900,
quando foi descoberto o primeiro radical livre orgânico, as comunidades científicas
se debruçam sobre os danos deletérios destes no organismo humano.
A teoria de que o envelhecimento é resultado de danos causados por
radicais livres é creditada a Denham Harman que, em 1956, baseou-se na
observação de que a irradiação em seres vivos levava à indução da formação de
radicais livres, os quais diminuíam o tempo de vida desses seres e produziam
mudanças semelhantes ao envelhecimento. Hirata (2004 apud, WICKENS, 2001).
“De acordo com esta teoria, o lento desenvolvimento de danos celulares irreversíveis
leva ao envelhecimento”. Hirata (2004 apud, PODDA, 2001). “O foto envelhecimento
é a mais importante causa do envelhecimento, especialmente pela luz ultravioleta,
que produz radicais livres”. Hirata (2004 apud, WICKENS, 2001; KOHEN, 1992). “A
pele também pode sofrer mudanças oxidativas induzidas por danos físicos como
queimaduras e ferimentos”. Hirata (2004 apud, WICKENS, 2001; KOHEN, 1992)
“As moléculas orgânicas e inorgânicas e os átomos que contêm um ou mais
elétrons não pareados, com existência independente, podem ser classificados como
radicais livres”. Bianchi (1999 apud, HALIWELL, 1994). Essa configuração faz dos
radicais livres moléculas altamente instáveis, com meia-vida curtíssima e
quimicamente muito reativas. A presença dos radicais é crítica para a manutenção
de muitas funções fisiológicas normais. Bianchi (1999 apud, POMPELLA, 1997).
Esses radicais livres cujo elétron desemparelhado encontra-se centrado nos
átomos de oxigênio ou nitrogênio são denominados ERO (espécies reativas de
oxigênio) ou ERN (espécies reativas de nitrogênio). Barreiros (2006 apud, VISIOLI et
al, 2000).
A formação de radicais livres in vivo ocorre via ação catalítica de enzimas,
durante os processos de transferência de elétrons que ocorrem no
metabolismo celular e pela exposição à fatores exógenos. Contudo, na
condição de pró-oxidante a concentração desses radicais pode aumentar
15

devido à maior geração intracelular ou pela deficiência dos mecanismos


antioxidantes. Bianchi (1999 apud, Cerutti, 1991).

“O desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes que resulta na


indução de danos celulares pelos radicais livres tem sido chamado de estresse
oxidativo”. Bianchi (1999 apud,Sies, 1993).
O organismo humano sofre ação constante de ERRO (espécies reativas de
oxigênio) e ERN (espécies reativas de nitrogênio) produzidas a partir de
inflamações, por desequilíbrio no organismo ou provenientes dos alimentos. As
principais ERRO distribuem-se em dois grupos, os radicalares e os não-radicalares.
Do grupo radicalar, o radical hidroxila é considerado o mais nocivo ao organismo,
ataque intensivo e frequente, causa danos ao RNA, às proteínas, lipídios,
membranas celulares do núcleo e mitocondrial, podendo originar mutações no DNA
e, consequentemente, levar ao desenvolvimento de câncer em seres humanos no
período de 15 a 20 anos. (BARREIROS, 2006).
Estresses oxidativos, agudo e crônico têm sido relacionados a um grande
número de doenças degenerativas, como aterosclerose, diabetes, doenças
inflamatórias (artrite reumatoide, colite ulcerativa e pancreatite), doenças
neurológicas (doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, síndrome de
Down, doença de Alzheimer), hipertensão, doenças oculares (degeneração macular
relacionada ao envelhecimento e catarata), doenças pulmonares (asma e doença
pulmonar obstrutiva crônica). Cerqueira (2007 apud, BONDY, 1995; TAK et al, 2000;
RAMHMAN, 2002; ANDICAN et al, 2005; DE LA FLUENTE et al, 2005; LANKIN et al,
2005; PRAVDA et al, 2005; SANTOSA et al, 2005). Considera-se que a cronicidade
do estresse oxidativo seja o principal elemento no processo de envelhecimento.
Estima-se que cada célula humana sofra, em média, 10 4 lesões por dia
como consequência do metabolismo endógeno e ação dos radicais livres. Portanto,
é muito importante o controle e defesa contra esses danos. Em todos os organismos
aeróbicos estudados até hoje, foram encontradas enzimas com função de defesa
contra os efeitos das ERRO, dentre elas, podem-se citar a superóxido dismutase, a
catalase e a glutationa peroxidase. (PELIELO, 2012).
16

4.1.2. Defesas antioxidantes

Uma ampla definição de antioxidante é “qualquer substância que, presente


em baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou
inibe a oxidação deste substrato de maneira eficaz” Bianchi (1999 apud, SIES &
STAHL, 1995).
Em vista dos prejuízos provenientes deste excesso de oxidantes, as células
dispõem de uma variedade de mecanismos de defesa contra os danos causados por
estas espécies: as defesas antioxidantes. Para o funcionamento celular normal,
deve haver uma compensação entre a formação de ERO/ERN e os níveis de
defesas antioxidantes, que mantêm a célula em estado geral reduzido.
(CERQUEIRA, 2007).
Os principais mecanismos de ação de compostos antioxidantes incluem
captadores de radicais e supressores de estados excitados; sistemas catalíticos que
neutralizam ou eliminam ROS/RNS e a ligação de íons metálicos a proteínas, o que
os torna indisponíveis para a produção de espécies oxidantes. (CERQUEIRA, 2007).
As proteções conhecidas do organismo contra as ERO e ERN abrangem a
proteção enzimática ou por micromoléculas, que podem ter origem no próprio
organismo ou são adquiridas através da dieta. (BARREIROS, 2006). Entre os
principais antioxidantes encontrados no plasma humano estão proteínas/peptídeos
com grupamento tiol (SH), sendo a albumina a principal representante, ácido úrico,
ácido ascórbico, tocoferol e carotenoides. Cerqueira (2007 apud, YEUM et al, 2004).
Os antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e redução das
lesões causadas pelos radicais livres nas células. Estes podem ser empregados nas
indústrias alimentícias, cosméticas, além dos suplementos sintéticos, que neste caso
deve-se redobrar os cuidados, visto que é possível muitas vezes os próprios
medicamentos aumentarem a geração desses radicais no organismo.
Os antioxidantes endógenos definitivamente críticos para a ótima manutenção
celular, para a saúde sistêmica e o bem-estar geral, mas sob a exposição frequente
ao álcool, medicamentos, traumas, infecções, toxinas, radiação, dietas pobres em
nutrientes, e atividade física árdua, a defesa antioxidante endógena não são
suficientes para neutralizar o estresse oxidativo e essa proteção passa a ser
dependente de antioxidantes provenientes da dieta. Santos (2007 apud Kaliora et
al, 2006).
17

O Stress, seja emocional, físico ou causado por lesão ou doenças, esgota os


nutrientes do corpo, em particular a vitamina C, o complexo B e o zinco. Vitaminas
C, E e zinco favorecem o processo de recuperação. (DABROWSKA, 2009)
A radiação ultravioleta (UV) da luz solar ou de lâmpadas de luz artificial
aumenta a produção de RL gerando, portanto, estresse oxidativo, que pode causar
queimaduras, envelhecimento celular, supressão ou danos ao sistema imunológico
cutâneo e câncer de pele. As vitaminas C, E e selênio ajudam a proteger pele contra
danos causados pelo sol e câncer de pele, e poderia reverter parcialmente rugas e
descoloração associadas ao envelhecimento e à exposição. Dabrowska (2009 apud
FUNG et al, 2002).
A eficácia das terapias antioxidantes dependerá, em última instância, para
definir quais as situações que são propícias para que esses tratamentos sejam bem-
sucedidos. Recomenda-se que manipule cuidadosamente os níveis de antioxidantes
na dieta, porque uma quantidade excessiva poderia interferir com as funções de
proteção de apoptose celular. (DABROWSKA, 2009).

4.1.3. Antioxidantes dietéticos

4.1.3.1. Vitaminas

"Vitamina E é um termo genérico que se refere a tocóis e tocotrienóis. “A


vitamina E consiste em um grupo de oito compostos lipossolúveis, cada um dos
quais com atividades biológicas específicas, sendo o α-tocoferol o mais potente”.
Boni (2010 apud, MARTINS, 2004).
Há 60 anos estuda-se as propriedades da vitamina E contra doenças
cardiovasculares, o que se atribui à sua capacidade antioxidante. Pesquisas indicam
o a-tocoferol como altamente capaz de prevenir a peroxidação lipídica de
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) in vitro, principais responsáveis pelo
transporte de ácidos graxos e colesterol do fígado para os tecidos periféricos.
Cerqueira (2007 apud THOMAS & STOCKER, 2000).
“A ação antioxidante da vitamina E é explicada pelo fato de fornecer átomos
de hidrogênio para as membranas celulares, impedindo a reação em cadeia que se
propaga nas membranas lipídicas”. (BONI, 2010).
18

“Vários estudos descrevem os efeitos da ingestão de doses de vitamina E


acima das estabelecidas pela atual recomendação, na forma de suplementos, na
prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e no estímulo do sistema imune”.
Boni (2010 apud, ENGLER, 2003; YE, 2008). Entretanto, pondera-se que a atual
recomendação de superdoses dessa vitamina na prevenção de doenças
relacionadas ao estresse oxidativo, estariam associadas a um efeito pró-oxidante.
Boni (2010 apud, CHOPRA, 1999; ALDAMIZ, 2006).
“A vitamina C é um nutriente hidrossolúvel envolvido em múltiplas funções
biológicas, também conhecida como ácido ascórbico ou ácido desidroascórbico
(DHAA), em sua outra forma biologicamente ativa”. Boni (2010 apud, CERQUEIRA,
2017). “O ácido ascórbico é considerado o mais importante e potente antioxidante
nutricional hidrossolúvel”. Boni (2010 apud, SESSO, 2008).
É cofator de várias enzimas envolvidas na conversão do neurotransmissor
dopamina a norepinefrina, na amidação peptídica e no metabolismo da tirosina,
entre outras. Adicionalmente, é importante na absorção do ferro dietético, devido a
sua capacidade de reduzir a forma férrica (Fe3+) a ferrosa (Fe2+), propiciando
absorção do ferro não-heme no trato gastrointestinal. Cerqueira (2007 apud,
MUNTEANU et al, 2004).
Acredita-se que a vitamina C estimule o sistema imune, iniba a formação de
nitrosaminas e bloqueie a ativação metabólica de carcinógenos. Contudo, células
tumorais parecem necessitar de ácido ascórbico e competem com células saudáveis
por este nutriente, presumivelmente para se defenderem da ameaça oxidativa, uma
vez que tumores tratados com vitamina C se tornam mais resistentes à injúria
oxidativa. Cerqueira (2007 apud, HALLIWELL, 2001; GOLD, 2003).
A vitamina C sendo utilizada nas doses estabelecidas, na maioria das vezes
alcançadas através da dieta, tem sua ação oxidante reconhecida, sendo ainda capaz
de alterar a expressão de genes envolvidos no processo inflamatório, apoptose e
diferenciação celular, absorção de ferro inorgânico e redução dos níveis de
colesterol, além de outras ações fisiológicas no organismo. Cerqueira (2007 apud,
BERNOTTI, 2003; CATANI et al, 2002; ALCAIN & BURON, 1994).
Segundo Hendler (1994), deve-se evitar ingerir o suplemento de vitamina C
junto com selênio inorgânico, aspirina, e não utilizar se for portador de cálculos
renais e/ou gota. Assim como, suspender o uso se precisar realizar exames de
dosagem de glicose ou sangue oculto.
19

4.1.3.2. Carotenoides

Os carotenoides são isoprenoides, geralmente constituídos por 8 unidades


de isoprenos. São amplamente distribuídos na natureza, sintetizados
exclusivamente em plantas e responsáveis pela coloração de frutas e hortaliças
(amarelo, laranja e vermelho). Cerqueira (2007 apud, FRASER & BRAMLEY, 2004).
Esses carotenoides presentes nos vegetais por sua vez também possuem
funções antioxidantes, prevenindo deficiências de vitamina A e quando consumido
com lipídios, apresentam uma maior biodisponibilidade. Marinho (2016 apud,
ANDARWULAN et al., 2012).
Dos cerca de 600 carotenoides identificados, somente 20 são encontrados
em tecidos humanos e são provenientes da dieta. Entre estes, os principais incluem
os hidrocarbonetos licopeno e b-caroteno, e as xantofilas, astaxantina, cantaxantina,
luteína e zeaxantina. São compostos lipofílicos encontrados em tecido adiposo,
lipoproteínas e membranas celulares. Em concentrações elevadas a capacidade
antioxidante de carotenoides fica diminuída e o licopeno, luteína e betacaroteno
apresentaram efeitos pró-oxidantes. Em altas concentrações eles podem alterar as
propriedades de membranas biológicas, influenciando a permeabilidade a toxinas,
ao oxigênio ou metabólitos. Cerqueira (2007 apud, EL-AGAMEY, 2004).
“O mecanismo de ação dos carotenoides como antioxidantes ainda não está
bem determinado; porém, acredita-se na sua capacidade de interagir com os
radicais livres e espécies reativas de oxigênio”. Boni (2010 apud, CARDOSO, 1997).
“Uma importante função de alguns carotenoides é o seu papel como
precursores de vitamina A, podendo ser agrupados em dois grupos: com e sem
atividade de pró-vitamina A”. De Carvalho (2006 apud, THANE & REDDY,1997). A
vitamina A pré-formada só está disponível em alimentos de origem animal e sua
deficiência pode gerar diversas patologias. Entretanto, o excesso pode produzir
toxicidade. Os carotenoides são convertidos em vitamina A, à medida que o
organismo necessita, com graus variáveis de eficiência. As formas de caroteno pró-
vitamina A são encontradas nas hortaliças folhosas verde-escuras e nas amarelo-
alaranjadas. Cores mais escuras estão associadas a maiores teores de pró-vitamina,
sendo o betacaroteno o mais ativo. De Carvalho (2006 apud, MAHAN & ESCOTT-
STUMP, 1998).
20

Segundo pesquisas os teores de carotenóides totais mais elevados


encontrados em vegetais folhosos, foram em torno de 13,96 mg de β-caroteno por
100g. Marinho (2016 apud, ANDARWULAN et al, 2012). Segundo as pesquisas
realizadas por Lako et al. (2007) os teores de β-caroteno observados nas folhas de
Moringa oleifera cozida a vapor foram de 340 μg por grama e para folhas
ferventadas e de 280μg por grama. (MARINHO, 2016).
O licopeno é um pigmento vermelho que ocorre naturalmente apenas em
tecidos de hortaliças e algas. Ele é encontrado em elevada concentração em tomate
e seus produtos derivados, sendo o antioxidante mais eficiente dentre todos os
carotenoides testados – o dobro da atividade do betacaroteno. De Carvalho (2006
apud, CLINTON, 1998; SHI et al., 1999).
Estudos mostram que o licopeno na dieta está relacionado à redução da
incidência de certos tipos de câncer e à redução do risco de ataque cardíaco. A
luteína e a zeaxantina são carotenoides armazenados em nosso organismo na retina
e na lente do olho, relacionados à redução do risco de catarata e de degeneração
macular. De Carvalho (2006 apud, THANE & REDDY, 1997).

4.1.3.3. Polifenóis

Polifenóis são os antioxidantes mais abundantes da dieta. O consumo diário


pode atingir 1 g, o que é muito maior que o consumo de todos os outros fitoquímicos
classificados como antioxidantes. Cerqueira (2007 apud, MANACH et al, 2004). As
plantas sintetizam centenas de compostos fenólicos e polifenólicos que possuem
variadas estruturas e funções. Entre estes compostos, os mais estudados como
antioxidantes são os flavonoides. Dentre os aproximados 4000 flavonoides já
descritos, as maiores classes são flavonóis, catequinas ou flavonas, antocianidinas e
isoflavonas. Nestas classes há grandes variações estruturais, dependendo do nível
de hidrogenação, hidroxilação, metilação e sulfonação das moléculas. Além disso,
flavonoides formam complexos com açúcar, lipídios, aminas e ácidos carboxílicos.
Cerqueira (2007 apud, DUTHIE, 2000; SUN et al, 2002)
De modo geral, os polifenóis e em particular os flavonoides possuem
estrutura ideal para o sequestro de radicais, sendo antioxidantes mais efetivos que
as vitaminas C e E. (BARREIROS, 2006). A Subclasse dos fenóis, atua contra
radicais livres nos processos inflamatórios, alergias, agregação plaquetária, úlceras,
21

vírus, tumores e hepatotoxinas. Há evidências que seu consumo regular reduz o


risco de morte por doenças coronarianas. De Carvalho (2006 apud, DILLARD &
GERMAN, 2000).
As antocianinas são compostos pertencentes ao grupo dos flavonoides e
constituem grupos de pigmentos responsáveis por grande parte das cores em flores,
frutas, folhas, caules e raízes de plantas. (TEIXEIRA et al., 2015).

4.1.3.4. Minerais

O selênio é um mineral-traço essencial, ou seja, o organismo necessita dele


em quantidades mínimas, tornando-se tóxico em altas doses. Deficiências de selênio
ocorrem na maioria dos animais de sangue quente, gerando catarata, distrofia
muscular, depressão, necrose do fígado, infertilidade, doenças cardíacas e câncer.
De Carvalho (2006 apud, HENDLER, 1994). Níveis reduzidos de selênio tem como
consequência concentrações menores da enzima antioxidante glutationa peroxidase,
resultando em maior suscetibilidade das células e do organismo aos danos
oxidativos induzidos pelos radicais livres. Bianchi (1999 apud, SCIESZKA et al.,
1997).
O zinco é frequentemente mencionado na literatura como um mineral
“antioxidante” envolvido nos mecanismos celulares de defesa contra os radicais
livres. Bianchi (1999 apud, ALFIERI et al., 1998; YIIN & LIN, 1998). A atividade de
diversas enzimas depende do metal-traço zinco, entre elas está a superóxido
dismutase. Acredita-se, assim, que esse micronutriente bloqueie a formação desses
radicais livres, mesmo após a peroxidação celular já ter sido iniciada, através de sua
presença no mecanismo de ativação de metaloproteínas celulares, protetoras de
ações oxidativas. Panziera (2011 apud, FORTES et al, 1997).
O manganês tem uma concentração mais significativa na mitocôndria do que
em outras organelas celulares. Tem sido sugerido que a deficiência deste mineral
pode ter importante papel na peroxidação lipídica hepática. Alguns autores sugerem
que a deficiência do manganês afeta o transporte da glicose e o metabolismo das
células do adipócito. Panziera (2011 Apud, BALY et al, 1990).
Considerando que a deficiência de vitaminas e minerais, assim como,
diversas outras substâncias podem levar ao aparecimento de doenças, é importante
que a dieta atenda às necessidades mínimas do ser humano, levando em
22

consideração o sexo, a idade, doenças bases pré-existentes, etc., mas deve haver
um cuidado maior com relação ao excesso que também pode levar ao mesmo
quadro. A despeito de todas as pesquisas cientifica envolvendo a ação de radicais
livres e os antioxidantes dietéticos, deve se observar que ainda existem
controvérsias nestes resultados quanto a sua real eficácia, relacionada a ingestão
ideal, principalmente em se tratando de suplementação sintética, utilizada por
pessoas saudáveis como meio preventivo de patologias crônicas decorrentes de
estresse oxidativo.
23

4.2. Capítulo 2

4.2.1. Considerações gerais acerca de plantas medicinais e fitoterápicos

A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e


prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da
humanidade. “O uso de plantas medicinais é considerado cultural no Brasil, com a
passagem de conhecimentos por gerações, as vezes de forma oral. Este
conhecimento é diverso e para muitas dessas comunidades brasileiras é o único
recurso terapêutico”. (MELO et al., 2007, MELO, 2011).
Ao longo do tempo têm sido registrados variados procedimentos clínicos
tradicionais utilizando plantas medicinais. Apesar da grande evolução da
medicina alopática a partir da segunda metade do século XX, existem
obstáculos básicos na sua utilização pelas populações carentes, que vão
desde o acesso aos centros de atendimento hospitalares à obtenção de
exames e medicamentos. (JUNIOR,2005, p. 519).

A OMS define planta medicinal como sendo “todo e qualquer vegetal que
possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins
terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos”. Júnior (2005
apud, BULLETIN OF THE WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998, p. 520).

Segundo JUNIOR (2005, p. 520), fitoterápico é todo medicamento


tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-
primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de
diagnóstico, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final acabado,
embalado e rotulado. Não podem estar incluídas substâncias ativas de
outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer
substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas
misturas. O fitofármaco, que por definição é a substância ativa, isolada de

matérias-primas vegetais ou mesmo, mistura de substâncias ativas de


origem vegetal.
24

As plantas medicinais, assim como, os medicamentos sintéticos, obedecem


a uma classificação por categorias, de acordo com sua ação no organismo, tais
como: estimulantes, diuréticas, depurativas, calmantes, etc.
Quanto a função, um aspecto que deve ser levado em conta é que a planta
apenas apresenta valor medicinal, quando usada de maneira correta, coletada e
preparada com os cuidados que se fazem necessários, evitando assim, os riscos de
intoxicação e efeitos adversos. A associação de drogas vegetais, assim como, estas
com medicamentos alopáticos, devem ser utilizadas apenas sob orientação
profissional.

4.2.2. Aspectos gerais sobre a Moringa oleífera Lam.

A Moringa oleifera Lam., planta pertencente à família das Moringaceae, é


nativa da Índia e amplamente cultivada nos trópicos de todo o mundo. Bianchi (1999
apud, MADRONA, 2009). No Brasil, foi introduzida como planta ornamental por volta
de 1950 e desde então, tem sido difundida devido ao seu alto valor nutricional,
principalmente em relação às folhas, que são importantes fontes de vitamina A, C e
ferro. Bianchi (1999 apud, BARRETO et al., 2009).
É uma planta de fecundação cruzada, que cresce rapidamente de sementes
e mudas, igualmente em solos marginais, demandando pouco ou até mesmo
nenhum cuidado, por possuir uma resistência que permite viver por longos períodos
de estiagem. (GUALBERTO et al., 2015). O cultivo dessa planta em regiões secas é
muito vantajoso, uma vez que suas folhas podem ser colhidas quando nenhum outro
vegetal verde se apresenta disponível. Marinho (2016 apud, OLSON & FAHEY,
2011).
Considerada como o vegetal de maior valor nutritivo encontrado e
classificado até hoje pelo homem, a moringa, também conhecida como hortaliça
arbórea, possui alto teor de vitamina A em suas folhas. A riqueza de constituintes
químicos explica o esforço em difundi-la. Lima (2013 apud, AMAYA et, al, 1999).
Todas as partes da moringa podem ser utilizadas para algum fim, sendo
bastante usada na nutrição, na agricultura, nas indústrias farmacêutica, cosmética e
alimentícia, no tratamento de água e na obtenção de lubrificantes e biodiesel. Batista
(2013 apud, DEBNATH et al, 2011; DONGMEZA et al, 2006; RASHID et al, 2008;
SHARMA et al, 2009).
25

As flores, perfumadas, muito procuradas pelas abelhas por possuírem


propriedades melíferas que são aproveitadas na apicultura, também são
comestíveis, devendo ser consumidas cozidas, fritas na manteiga ou misturadas a
outros alimentos. Marinho (2016 apud PASSOS et al., 2013; SINGH et al., 2013;
GUALBERTO et al., 2015).
Com a possibilidade de ser usada como suplemento alimentar na nutrição
humana com segurança, tem como destaque a farinha que pode ser usada para
controlar a glicemia e dislipidemia, em humanos e animais, possivelmente devido a
uma vasta gama de substâncias com atividades antioxidante, analgésica, anti-
hipertensiva e de proteção dos tecidos (fígado, rins e coração). Marinelli (2016 apud,
STOHS e HARTMAN, 2015).
A Moringa oleifera possui propriedades nutricionais importantes. O conteúdo
em proteínas, vitaminas e minerais são significativos. As folhas têm sabor agradável,
podendo ser consumidas cozidas em sopas, guisados e pratos variados, sendo seu
sabor ligeiramente picante; as folhas e hastes podem ser secas e usadas como
condimento, polvilhando sobre os alimentos; a vagem pode ser usada verde e
fresca, e tem sabor de ervilhas quando cozida; as sementes podem ser consumidas
cozidas com sal, tendo um sabor parecido com grão de bico e também pode ser
consumida torrada; as flores podem ser utilizadas em saladas, e é considerada
importante fonte de néctar para as abelhas. Teixeira (2012 apud, HELVIOB, 2007).

4.2.3. Composição química da Moringa oleífera Lam.

Barreto et al. (2009), analisando os óleos essenciais das folhas, flores e


frutos de Moringa oleifera Lam., identificaram os seguintes constituintes químicos:
fitol (21,6%) e timol (9,6%) nas folhas, octadecano (27,4%) e ácido hexadecanóico
(18,4%) nas flores e docosano (32,7%) e tetracosano (24,0%) nos frutos. Relatam
ainda para o gênero Moringa, o isolamento da substância 4-hidroxifenil-acetonitrila,
de poderosa capacidade antioxidante.
O óleo extraído das sementes apresenta alta resistência à oxidação e
contém elevados teores de ácidos graxos insaturados, especialmente o oleico
(71,6%), sendo o palmítico e o behênico (ambos com 6,4%) os ácidos graxos
saturados dominantes (LALAS e TSAKINS, 2002). Este óleo é conhecido
comercialmente como Behen oil, resistente a oxidação e extensivamente utilizado na
26

indústria de perfumes, sendo similar ao azeite de oliva, também é rico em ácido


esteárico. Pereira (2014 apud BECKER, 2001; RASHID et al, 2008)
“Os cotilédones e tegumentos das sementes de M. oleifera contêm proteínas
com alta capacidade de coagulação e, portanto, são usados na purificação e
clarificação de águas naturais” Barreto (2009 apud, GASSENSCHMIDT et al., 1995;
OKUDA et al., 2001; BENNETT et al., 2003; BEZERRA et al., 2004;
GHEBREMICHAEL et al., 2005).
Os relatos sobre estudos químicos de Moringa descrevem que plantas deste
gênero são ricas em α- e γ-tocoferóis., glicosinolatos, nitrilas, glicosídeos,
quercetina, canferol, ramnosídeos, isotiocianatos e esteroides. Relatam-se que os
componentes principais do óleo essencial das folhas de Moringa oleífera são: fitol
(7,66%), pentacosano (17,41%) e hexacosano (11,20%). Barreto (2009 apud,
EILERT et al, 1981; SÁNCHEZ-MACHADO et al, 2006; GUEVARA et al, 1999;
ABDULKARIM et al, 2004; ANWAR et al, 2007; CHUANG et al, 2007).
Passos et al. (2012) mostraram que, dependendo da parte da planta e do
uso “in natura” ou fresco, pode haver variações em sua composição química.
Verificaram que o composto mais elevado na moringa são os carboidratos, seguido
de proteínas e lipídeos, com destaque para a moringa seca, que em todas as suas
partes apresentou maiores teores de nutrientes, possuindo em sua composição
vitaminas A, B, C, minerais como: ferro, cálcio, fósforo, potássio e zinco. Marinho
(2016 apud, MOYO et al., 2013) possuindo uma digestibilidade in vitro de 79,7%,
sendo considerado um excelente suplemento nutricional. Marinho (2016 apud,
SÁNCHEZ et al., 2006).
No Brasil, segundo Silva e Kerr (1999), há um esforço no sentido de difundir
o cultivo e uso da Moringa oleifera Lam como hortaliça rica em vitamina A, pois as
suas folhas possuem cerca de 23.000 UI da vitamina.
Segundo a literatura, o teor de vitamina C para folha de Moringa de acordo
com a tabela de composição de alimento é de, 164 mg AA por 100 g folha fresca.
Marinho (2016 apud, KUNYANGA et al., 2012).
O perfil das folhas secas de M. oleifera mostrou níveis elevados de
aminoácidos importantes. Dez dos 19 aminoácidos observados são categorizados
como essenciais; são eles: treonina, tirosina, metionina, valina, fenilalanina,
isoleucina, leucina, histidina, lisina e triptofano. Segundo pesquisas as folhas da
27

moringa não contêm fatores antinutricionais como: taninos, lecitinas ou inibidores de


tripsina. Marinho (2016 apud, MAKKAR & BECKER 1997).
Segundo Gopalan (1994), as folhas secas e frescas de Moringa apresentam
os seguintes teores de aminoácidos: arginina (406,6 mg f. frescas e 1,325 mg f.
secas), histidina (149,8 mg f. frescas e 613 mg f. secas), isoleucina (299,6 mg f.
frescas e 825 mg f. secas), leucina (492,2 mg f. frescas e 1,950 mg f. secas), lisina
(342,4 mg f. frescas e 1,325 mg f. secas), metionina (117,7 mg f. frescas e 350 mg f.
secas), fenilalanina (310,3 mg f. frescas e 1,388 mg f. secas), teonina (117,7 mg f.
frescas e 1,188 mg f. secas), triptofano (107,0 mg f. frescas e 425 mg f. secas) e
valina (374,5 mg f. frescas e 1,063 mg f. secas).
As vagens verdes cozidas e sementes maduras (torradas) podem ser
consumidas como verdura além de apresentar leucina livre. Passos (2013 apud,
CHAWLA et al., 1988; HERDES,1994).
O alto teor em carboidrato que a Moringa oleífera Lam. apresenta é
indicativo de vegetal potencialmente energético e os resultados obtidos em estudo
(38,8%) podem ser comparados a outros encontrados em folhas de Moringa oleífera
Lam. (base seca), com teor de 48,3 % para carboidratos. Gasqui (2014 apud,
MOURA et al., 2009; SILVA et al. (2009).
A porcentagem de fibras encontradas na farinha da Moringa oleifera Lam. é
de 14,56%, o que a torna importante fonte deste nutriente. A quantidade diária de
fibra ingerida deve ser cerca de 30 g conforme os profissionais da nutrição, porém a
maioria das pessoas não atinge esta quantidade com a alimentação. Segundo a
legislação (portaria nº27 de 1998) um alimento para ser rico em fibras deve conter
pelo menos 6g de fibra em 100g de alimento, e para ser fonte de fibras deve conter
3g de fibras em 100g de alimento. Gasqui (2014 apud, BRASIL, 1998; CAMPOS,
1998; POURCHET, 1998).
Compostos glucosinolatos e isotiocianatos, grupo bastante exclusivo, foram
identificados em diferentes partes da moringa, conferindo importante atividade
antibacteriana contra a Heliobacter pylori, um dos principais responsáveis pelo
surgimento de gastrites e úlceras gástricas e duodenais. (BATISTA, 2013).
A composição nutricional de folhas de Moringa oleifera foram apresentadas
por Gopalan (1994): em 100 gramas de porção comestível de folhas frescas e
secas. Proteínas (6,70 g f. frescas e 27,1 g f. secas), Caroteno (6,78 mg f. frescas e
18,9 mg f. secas), vitamina C (220 mg f. frescas e 17,3 mg f. secas), fibra (0,90 g f.
28

frescas e 19,2 g f. secas), cálcio (440 mg f. frescas e 2,00 mg f. secas), cobre (0,07
mg f. frescas e 0,57 mg f. secas), ferro (0,85 mg f. frescas e 28,2 mg f. secas),
magnésio (42 mg f. frescas e 368 mg f. secas), fósforo (70 mg f. frescas e 204 mg f.
secas), potássio (259 mg f. frescas e 1,32 mg f. secas) e zinco (0,16 mg f. frescas e
3,29 mg f. secas).

4.2.4. Presença de Substâncias antinutricionais e toxicidade da Moringa


oleífera Lam.

Pesquisas apontam baixos teores de substâncias antinutricionais nas folhas


de M. oleifera. Os valores de taninos ficaram entre 12 e 20,60 mg; ausência de
glicosídeos cianogênicos; teor de ácido oxálico apresentou-se inferior ao espinafre
(10,5 mg / 822 mg.) e os inibidores de tripsina foram bem menos ativos do que os da
soja (1,45 UTI.g / 107,22 UTI.mg). Teixeira (2012 apud, FRANCO, 1986; SILVA et al,
1999; FERREIRA et al, 2008).
Não foram encontrados estudos científicos que apontassem substâncias
tóxicas na planta Moringa oleifera Lam.
29

4.3. Capítulo 3

4.3.1. A Moringa oleífera Lam. Como auxiliar no tratamento de diversas


patologias.

A Moringa oleífera Lam possui diversas aplicações como recurso terapêutico


alternativo, reconhecidas por sistemas milenares de medicina, como Ayurvédica e
Unani e confirmadas pela comunidade cientifica. Pereira ( 2014 apud FERREIRA et
al, 2008), tais como: anti-inflamatório, analgésico, antiasmático, antianêmico,
ativador do metabolismo, purificador, protetor do fígado, hipotensivo, mobilizador de
líquidos do corpo (homeostático), desintoxicante, fortalecedor de músculos e ossos,
ativador do alerta mental, da memória e da capacidade de aprendizagem, inibidor do
edema e da atividade diurética e ainda como agente hipocolesterolêmico em
pacientes obesos. Marinho (2016 apud, CACERES et al., 1992; GHASI et al., 2000;
ANWAR et al., 2007). Age também como estimulante cardíaco e circulatório,
antitumoral, antipirética, antiepilética, antiespasmódica. Gimenis (2015 apud,
ANWAR et al., 2007).
As sementes de M. oleífera por apresentarem cerca de 33,9% de proteínas
(BEZERRA et al., 2004) podem ser utilizadas como substitutos proteicos, na
aplicação farmacológica como anti-inflamatório importante. Marinho (2016 apud,
VIEIRA et al., 2010).
O extrato metanólico de raízes de M. oleifera foi capaz de deprimir o sistema
nervoso central, causando analgesia e potencializando o efeito analgésico da
morfina. Foi encontrado também um raro dipeptídeo (acetato de aurantiamida) e um
derivado de ureia (1,3-dibenzil urea), responsáveis pelas atividades antinociceptiva e
anti-inflamatória do extrato alcoólico das raízes. Tais fitoquímicos exercem suas
atividades via controle de ativação de mastócitos, inibindo a produção de TNF-α e
IL-2 em condições inflamatórias. Pereira (2014 apud GUPTA, MAZUMDER E
CHAKRABARTI, 1999; SASHIDHARA et al, 2009).
As folhas também demonstraram capacidade de promover uma redução
considerável dos níveis de glicose no sangue e na urina, com aumento da proteína
sérica total, do peso corporal e da hemoglobina e redução da proteinúria, sendo
indicada para o tratamento de diabetes mellitus. Batista (2013 apud JAISWAL et al,
2009). Extratos aquosos e alcoólicos da raiz da moringa demonstraram sua
30

eficiência no tratamento de litíase urinaria de oxalato de cálcio. Batista (2013 apud


KARADI et al, 2006).
A partir do extrato etanólico das folhas de moringa tem sido obtido
compostos com atividade contra infecção do vírus herpes simplex tipo 1. Santos
(2007 apud LIPIPUN et al, 2003), possui hormônios promotores do crescimento.
Santos (2007 apud MAKKAR E BECKER, 1996) e ação sobre o colesterol alto.
Santos (2007 apud GHASI et al. 2000).
Outros estudos mostram que todas as partes da planta moringa possuem
atividade diurética, que geralmente são usadas como auxiliar para o tratamento de
hipertensão. Pereira (2014 apud MORTON, 1991).
Tem sido pesquisado também a ação dos frutos da M. oleifera de diminuir os
níveis de fosfolipídios, triglicerídeos e lipoproteínas de baixa densidade (LDL), além
de aumentar os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL), diminuindo a
quantidade de lipídios no fígado, coração e aorta de coelhos, podendo ser usados
na prevenção de aterosclerose. Pereira (2014 apud MEHTA et al, 2003).
Atividade antiespasmódica foi encontrada em raízes e folhas, fornecendo
base para o uso de desordens da motilidade gastrointestinal. Pereira (2014 apud
GILANI et al, 1994).

4.3.2. Ação antioxidante da Moringa oleífera Lam.

Terapia antioxidante é uma importante ferramenta no tratamento de


desordens mediadas por radicais livres e isto justifica a pesquisa de fontes
antioxidantes naturais. Santos (2007 apud BRIANTE et al, 2002). Nos últimos anos,
a prevenção de câncer e doenças cardiovasculares está associada com a ingestão
de vegetais, frutas ou chás como fontes de antioxidantes naturais. Santos (2007
apud JOHNSON, 2001).
Um estudo conduzido por Gimenis (2015), constatou que a moringa possui
potencial para ser utilizada como composto antioxidante com atividade fotoprotetora
e antiglicante e virtude do alto teor de compostos fenólicos.
Nos alimentos vegetais são encontrados compostos considerados não
nutrientes, chamados de compostos bioativos, que apresentam diversos benefícios à
saúde. São considerados super antioxidantes que possuem a importante função de
neutralizar os radicais livres no organismo humano, reduzindo assim o risco de
31

doenças tais como artrite, doenças cardiovasculares, câncer, além de retardar o


processo de envelhecimento. Marinho (2016 apud, FAUSTINO et al., 2007).
Esses compostos bioativos são originados do metabolismo secundário das
plantas e lhe auxiliam a aumentarem a capacidade de sobrevivência e superação
dos desafios locais, proporcionando a interação com meio exterior. Portanto, os
compostos bioativos nas plantas são definidos como metabólitos secundários que
provocam efeitos farmacológicos ou toxicológicos em humanos e animais. Marinho
(2016 apud, AZMIR et al., 2013).
A grande quantidade de componentes como proteínas, lipídiose
aminoácidos, incentiva o uso de Moringa oleifera como alimento para animais. A
ação antioxidante de alguns compostos presentes na planta, um dos papéis
fisiológicos mais importantes, podem proteger organismos contra os efeitos
deletérios de oxidação. Levando em consideração a relativa falta de compostos
tóxicos na semente e sua capacidade para clarear e purificar a água enlameada, a
divulgação desta planta poderia constituir uma fonte de alimento adicional e uma
alternativa para obter água potável, onde não está disponível. (FERREIRA, 2008).
Há muito a Moringa oleífera é utilizada no combate de avitaminoses A e C,
nos tratamentos de reumatismo e gota, como cicatrizantes de feridas, assim como,
antimicrobiano e antioxidante. Marinho (2016 apud Makkar & Becker, 1997, Mbikay,
2012, Moyo et al., 2013). Por essa última propriedade, pode ser também utilizada na
prevenção e tratamento de muitas doenças, como aterosclerose, câncer,
reumatismo, dentre outras, que são causadas por radicais livres, podendo ser
evitadas por agentes antioxidantes naturais. Marinho (2016 apud Mbikay, 2012).
As folhas da moringa fornecem mais vitamina A do que cenouras, mais
vitamina C do que laranjas, mais cálcio do que o leite, mais potássio do que a
banana, mais ferro do que o espinafre e mais proteína do que qualquer outro
vegetal. Além de ser considerada uma fonte valiosa de compostos bioativos, com
atividade antioxidante (FERREIRA et al., 2008). Dentre esses compostos bioativos
estão: os carotenoides, flavonoides, polifenóis, dentre outros.
As sementes protegem animais contra o estresse oxidativo induzido pelo
arsênico da biosfera, presente na água de beber, inalado e absorvido pela pele,
além de absorver esse composto da água. Santos (2007 apud KUMARI et al, 2006).
Em extrato aquoso e alcoólico de flores de M. oleifera foi encontrado um
flavonoide conhecido como quercetina, responsável pelo efeito hepatoprotetor,
32

quanto ao extrato de sementes, este foi capaz de bloquear injuria e fibrose em


fígados de ratos por um mecanismo relacionado as características antioxidante e
anti-inflamatória, além da destreza em abrandar a ativação das células
armazenadoras de gordura no fígado. Santos (2007 apud GILANI et al, 1994;
HAMZA, 2010).
As folhas secas de Moringa contêm zinco e cobre. O zinco é essencial para
a síntese de DNA, RNA, insulina, reprodução celular e crescimento, especialmente
as células do esperma, além de ser conhecido por ação antiviral e antibacteriana. O
cobre tem fortes efeitos sobre o sistema imunológico, participando da produção de
neutrófilos, desenvolvimento de anticorpos e linfócitos de replicação. O zinco em
combinação com o cobre, desempenham papel significativo na atividade do
superóxido dismutase e a remoção de radicais livres de oxigênio. (MOYO, 2011).
33

5. CONCLUSÃO

A utilização de produtos naturais, derivados de plantas, como alternativa


terapêutica para o tratamento de diversas doenças é importante assunto para
discutir e pesquisar, já que várias comunidades no Brasil usam plantas medicinais, e
na maioria das vezes, só possuem estas disponíveis.
Na atualidade a maior preocupação é conter patologias provocadas pela
ação dos radicais livres. As tensões da vida moderna combinada com a idade e as
deficiências nutricionais (alimentação rica em gorduras saturadas, açúcares e
pobres em nutrientes), contribuem para o aparecimento de radicais livres no
organismo, causando estresse oxidativo, que é o desequilíbrio entre moléculas
oxidantes e antioxidantes que resulta na indução de agravos celulares.
Normalmente, o organismo pode lidar com os radicais livres através dos
antioxidantes naturais. Porém, se não forem suficientes se faz necessário a
suplementação sintética ou dietética destas substâncias para manter o bom
funcionamento do organismo. Entre os antioxidantes se destacam as vitaminas C
eE, carotenoides, polifenóis, além dos minerais zinco, selênio e manganês, entre
tantos outros de igual importância.
A planta Moringa oleifera Lam. conhecida como “Moringa”, que foi o objeto
de estudo desta revisão bibliográfica, é nativa da Índia, trazida para o Brasil como
planta ornamental, que se adaptou muito bem em todo o país, inclusive em locais
áridos, e hoje é considerada por pesquisadores como o vegetal de maior valor
nutritivo encontrado e classificado pelo homem.
A Moringa oleifera possui propriedades nutricionais importantes. O conteúdo
em proteínas, vitaminas e minerais são significativos e todas as suas partes podem
ser utilizadas para algum fim, sendo bastante útil na nutrição, na agricultura, nas
indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia, no tratamento de água e na
obtenção de lubrificantes e biodiesel, despertando o interesse de cientistas em todo
o mundo.
É de suma importância que se busque alternativas terapêuticas mais viáveis
para a população, que a comunidade médica passe a prescrever fitoterápicos, assim
como, instruam seus pacientes ao uso seguro das plantas de uso popular,
escolhendo-as a partir da existência de estudos científicos sérios, que comprovem
34

suas eficácias, ou mesmo a existência ou não de toxicidade aguda ou crônica e os


seus efeitos colaterais.
Existem diversos trabalhos que apontam a planta A Moringa oleífera Lam
como recurso terapêutico alternativo para algumas doenças, tais como: anti-
inflamatório, analgésico, antiasmático, antianêmico, ativador do metabolismo,
purificador, protetor do fígado, hipotensivo, mobilizador de líquidos do corpo
(homeostático), desintoxicante, fortalecedor de músculos e ossos, ativador do alerta
mental, da memória e da capacidade de aprendizagem, inibidor do edema e da
atividade diurética e ainda como agente hipocolesterolêmico em pacientes obesos.
Diante ao aumento significativo de utilização de suplementação sintética de
vitaminas e sais minerais por mulheres acima de 30 anos com dores crônicas, como
suplemento dietético antioxidante e terapêutico, muitas vezes sem prescrição e
acompanhamento médico, é importante que se possa utilizar como substituto drogas
vegetais com a mesma eficácia, sem, entretanto, causar efeitos colaterais,
provocando assim o aparecimento de outras patologias.
Pesquisas realizadas com a planta p demonstram que seus constituintes
químicos são suficientes para auxiliar uma dieta antioxidante, prevenindo e/ou
tratando patologias, considerando que são baixos os teores de substâncias
antinutricionais da planta. Quanto aos estudos referentes ao potencial toxicológico
da Moringa, estes apresentam a planta com baixa toxicidade para utilização por
homens e animais. Portanto, se faz necessário mais aprofundamento científico sobre
os efeitos da planta no organismo.
Ressaltamos ainda que é importante também considerar os efeitos colaterais
do uso da planta pelos seus constituintes em uso prolongado, assim como os riscos
pela manipulação inadequada da espécie vegetal. Embora seja frequente o uso de
fitoterápicos pela população, por não serem conclusivos os resultados encontrados
de toxicidade da Moringa oleifera, deve-se fazer uso de forma segura para alcançar
os resultados esperados e evitar as reações adversas.
Nesta Perspectiva, mesmo que as pesquisas apontem para o uso racional
seguro das diversas formas de uso da Moringa oleífera também se faz importante
estudos que indiquem as dosagens ideais e os demais efeitos que lhes são
atribuídos, porque além de ajudar as pessoas a utilizarem de forma correta, podem
fornecer material promissor para estudos sobre o desenvolvimento de drogas
antioxidantes e com demais ações terapêuticas.
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