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Código de Trânsito
O Código de Trânsito promoveu uma alteração na disciplina do trânsito,
optando por um regramento único, tanto administrativo, quanto penal,
estabelecendo, com isso, uma técnica de encampar legislações extravagantes
para setores específicos da legislação penal.
Sobre o ponto de vista penal, o CTB, direciona a tutela para uma forma
especial de incolumidade publica- a segurança viária-, ainda que a tutela não se
esgote nesse bem jurídico.
Segundo Damásio de Jesus, o CTB regula crimes de trânsito próprios –
aqueles onde a falta do veículo automotor conduz à atipicidade- e crimes de
trânsito impróprios – nos quais a falta desse elemento gera a desclassificação
da conduta.
Suspensão da habilitação
Dentro das regras gerais do CTB, consta como pena acessória a
suspensão da habilitação (art. 292) havendo, no art. 296, disposição específica
que condiciona a aplicação dessa pena nos casos de reincidência em crimes de
trânsito.
O alcance do art. 296 é restrito àqueles crimes nos quais o preceito
secundário não traz a previsão de suspensão da habilitação.
Não há que se confundir a suspensão da habilitação prevista no CTB,
onde é pena principal em alguns delitos com a antiga pena restritiva de direitos
do art. 47, III, do CP, que era aplicável à crimes culposos de trânsito. Para
Guilherme Nucci, a pena do Código Penal só poderia ser aplicada hoje nas
hipóteses de ciclomotor.
Art. 298 – Agravantes se aplicam tanto para crimes dolosos quanto culposos
O art. 298 prevê hipóteses de agravantes nos crimes de trânsito que são
aplicáveis também em crimes culposos, diferindo do tratamento do Código
Penal.
Art. 298, II – remissão art. 311 CP
Perdão Judicial
O dispositivo que trazia a previsão do perdão judicial para os crimes
culposos de trânsito foi vetado pelo Presidente da República sob o argumento
de que o Código Penal já regulava de maneira suficiente a questão. Com isso,
não se impede a aplicação do perdão judicial nos delitos de trânsito culposos
(302 e 303).
Quem recebeu perdão judicial pode receber novamente?
Requisitos perdão: Pessoa próxima, relação significativa, sujeito tem que
se sentir punido suficientemente que torna a sanção penal desnecessária.
REsp 1.455178-DF: Informativo nº 0542/Período: 27 de junho de 2014. DIREITO
PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL NO CASO DE HOMICÍDIO
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. O perdão judicial não
pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente de forma grave
pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem
sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão judicial
possa ser aplicado nos casos em que o agente de homicídio culposo sofra
sequelas físicas gravíssimas e permanentes, a doutrina, quando se volta para o
sofrimento psicológico do agente, enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência
de um laço prévio entre os envolvidos para reconhecer como "tão grave" a forma
como as consequências da infração atingiram o agente. A interpretação dada,
na maior parte das vezes, é no sentido de que só sofre intensamente o réu que,
de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha laços afetivos.
O exemplo mais comumente lançado é o caso de um pai que mata culposamente
o filho. Essa interpretação desdobra-se em um norte que ampara o julgador.
Entender pela desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei, não
desejada pelo legislador. Isso porque, além de ser de difícil aferição o "tão grave"
sofrimento, o argumento da desnecessidade do vínculo serviria para todo e
qualquer caso de delito de trânsito com vítima fatal. Isso não significa dizer o que
a lei não disse, mas apenas conferir-lhe interpretação mais razoável e humana,
sem perder de vista o desgaste emocional que possa sofrer o acusado dessa
espécie de delito, mesmo que não conhecendo a vítima. A solidarização com o
choque psicológico do agente não pode conduzir a uma eventual banalização do
instituto do perdão judicial, o que seria no mínimo temerário no atual cenário de
violência no trânsito, que tanto se tenta combater. Como conclusão, conforme
entendimento doutrinário, a desnecessidade da pena que esteia o perdão judicial
deve, a partir da nova ótica penal e constitucional, referir-se à comunicação para
a comunidade de que o intenso e perene sofrimento do infrator não justifica o
reforço de vigência da norma por meio da sanção penal. REsp 1.455.178-DF,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.
Crimes em Espécie
Bens jurídicos:
Vida – 302
Incolumidade física - 303
Controvertido – 304 (solidariedade?)
Segurança Viária – 306-11
Administração Justiça – 305, 312
Homicídio Culposo
Crime mais grave na redação original do CTB (com a recente alteração
do crime de racha, as figuras qualificadas deste crime passaram a constituir
crimes mais graves).
Violação do princípio da proporcionalidade? Legislador reputou que a
culpa é temerária, grave e o novo CP lege ferenda prevê a culpa temerária o que
justificaria essa previsão).
O homicídio culposo de transito tem de especial do homicídio culposo do
CP a violação do dever de cuidado no que diz respeito às normas que viabilizam
um trânsito seguro. Assim, a qualificação de um homicídio como de trânsito
depende da indicação das normas de trânsito violadas pelo agente e do nexo
causal com o resultado.
Teorias Intelectivas
Teoria da representação ou possibilidade
Teoria da probabilidade
Teoria da Evitabilidade
Teoria do Risco
Teoria do Perigo a descoberto (desprotegido) (sorte ou acaso decidem
resultado)
Teorias Volitivas
► Teoria da Assunção ou do Consentimento (não basta prever, há um quê de
querer)
b)
de acordo com a teoria intelectiva do perigo a descoberto, existe dolo eventual quando
a sorte ou o acaso decidem a ocorrência do resultado.
c)
de acordo com a teoria volitiva da indiferença, o dolo eventual pode ser visto como
expressão de dolo de perigo resultante de infração a medidas regulamentares de
segurança.
d)
de acordo com a teoria volitiva da assunção, para a configuração do dolo eventual, basta
a previsão ou o conhecimento do resultado. Incorreta
Crítica - HC 71800/RS STF – adotar-se-ia a teoria da indiferença e não da
assunção
Lei 13.281: Regra – racha culpa /não é mais automaticamente dolo eventual
– necessita de outras circunstâncias
Teorias intelectivas: fixam-se em que os limites do dolo devem ser determinados
sobre o conhecimento do agente acerca dos elementos do tipo objetivo.
- Teoria da representação ou da possibilidade: Não existe culpa consciente,
mas apenas culpa inconsciente. Assim, desde que o agente tenha
conscientemente admitido a possibilidade da ocorrência do resultado, haverá
dolo eventual.
- Teoria do perigo a descoberto: seria a situação em que a sorte ou o acaso
é que decidem se o resultado lesivo ocorrerá ou não, o que caracterizaria o dolo
eventual. Já a culpa consciente estaria presenta na hipótese do perigo
resguardado, quando o próprio autor, a vítima ou um terceiro, tendo em vista
cuidadosa observação do resultado, pudesse evitá-lo. Isto quer dizer que o
perigo será resguardado quando o resultado for evitável (...). O dolo eventual se
dará, portanto, segundo essa concepção, quando o resultado estiver fora do
poder de ser evitado.