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CARACTERÍSTICAS ESSENCIAS DA BÍBLIA

Adolfo S. Suárez

Parece que a maioria dos cristãos lê a Bíblia numa perspectiva devocional, à


procura de bênçãos e de alimento espiritual; na verdade, espera-se que a Bíblia cumpra
essa função. Como afirma o teólogo Bernard Ramm, a ênfase devocional e prática do
ensino da Bíblia é absolutamente necessária; afinal, o propósito da pregação é mais do
que a comunicação doutrinária ou exposição do significado das Escrituras; “deve alcançar
a vida e experiência, e essa é a função do ensino devocional das Escrituras. O vital,
pessoal e espiritual deve estar presente em todo ministério da Palavra”. 1
Se a Bíblia tem função vital na vida do cristão, é necessário pensar na sua
natureza ou características. A seguir, alguns esclarecimentos essenciais a esse respeito. 2

1. A Bíblia é revelação inspirada

Não há dúvidas de que “a Bíblia é um livro sobrenatural, a revelação escrita de


Deus ao seu povo dada por meio de porta-vozes preparados e selecionados, pelo
processo de inspiração”.3 De fato, esta tem sido o entendimento da Igreja cristã ao longo
de sua história.4 A argumentação bíblica a este respeito é clara em textos como 2Tm 3:16
e 1Pd 1:20-21.
Entretanto, é evidente que a Bíblia é um livro escrito por seres humanos, que a
compuseram “no meio de suas próprias culturas e circunstâncias, escrevendo de suas
próprias experiências e com as suas próprias motivações para os seus leitores”. Porém,
“Deus supervisionou sua escrita de modo que o que eles escreveram compôs a sua
mensagem com precisão. A Bíblia é a Palavra de Deus, e o Espírito Santo fala através
dela”.5

2. A Bíblia é autoritativa e verdadeira

Se aceitarmos que a Bíblia é revelação inspirada, vinda de Deus, então segue-se


que ela é autoritativa e verdadeira, constituindo-se em padrão para a crença e
comportamento humanos. De modo que rejeitá-la equivale a rejeitar a vontade de Deus.6
Os aspectos autoritativo e verdadeiro da Bíblia falam-nos de sua confiabilidade: o que ela

1
Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics. p. 62.
2
Esta seção é uma síntese da sólida explicação apresentada em Klein, William W., Craig Blomberg,
Robert L. Hubbard, and Kermit Allen Ecklebarger. Introduction to Biblical Interpretation. Nashville, TN:
Thomas Nelson, 2004, pp.143-150.
3
Ibid., p. 143.
4
A defesa da Bíblia como revelação inspirada pode ser conferida em obras como: J. D.
Woodbridge, Biblical Authority (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1982).; Millard J. Erickson, Christian
Theology, 2a ed. (Grand Rapids, MI: Baker, 1998)., especialmente as págs. 196–259; David S. Dockery,
Christian Scripture: An Evangelical Perspective on Inspiration, Authority and Interpretation (Nashville:
Broadman & Holman, 1995).; C.F.H Henry, "The Authority of the Bible," in The Origin of the Bible, ed. P.W.
Comfort (Wheaton: Tyndale House, 1992)., especificamente as págs. 13–27; e C.F.H. Henry, God,
Revelation, and Authority, 6 vols. (Waco: Word, 1976-1983).
5
Klein et al., Introduction to Biblical Interpretation. 145.
6
Ibid. 145.
comunica é confiável e, portanto, adequado para o viver humano. Neste sentido,
entendemos que a felicidade humana é do pleno interesse de Deus; por isso Ele não
revelaria como autoritativo e verdadeiro algo que conflitasse com a segurança e plena
realização humanas. Afinal, como diz o profeta Jeremias, “Eu é que sei que pensamentos
tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o
fim que desejais” (Jr 29:11).

3. A Bíblia é um documento espiritual

Diferente de qualquer outro livro, a Bíblia é a Palavra de Deus, sendo, portanto, um


documento espiritual, que pode ser usado para diversos propósitos: devoção, nutrição,
adoração corporativa, pregação, ensino, guia ética, etc. Devido à sua autoridade e
abrangência, seu papel não se limita apenas a orientar no sentido humano, mas a servir
de guia transcendental, pois o Espírito Santo pode explicar e aplicar seu conteúdo à vida
do leitor. Isto significa que a Bíblia tem um poder único e especial que influencia o leitor
espiritualmente,7 poder este que não encontra em nenhum outro livro.8

4. A Bíblia caracteriza-se pela unidade e a diversidade

O tema da unidade e diversidade na Escritura já foi amplamente abordado na


literatura especializada.9 De fato, seus livros apresentam uma sequência cronológica
coerente, cada um construindo sobre o que o precede em uma forma aparentemente
consciente e direta. Os quatro grandes períodos da narrativa geral da Bíblia retratam a
criação, a queda, a redenção e a consumação de todos os propósitos de Deus. Em
consonância com isso, as porções não-narrativas da Bíblia – a Lei, os Profetas, a
Sabedoria e a Literatura Epistolar – descrevem como o povo de Deus deve se conduzir.10

EQUILÍBRIO

É mister enfatizar que “religião bíblica não é meramente experiência religiosa; nem
são seus ensinamentos especulações religiosas. A religião bíblica está fundamentada no
conhecimento objetivo de Deus”.11 Ou seja, a religião bíblica não é puramente relacional,
mas também não é puro intelectualismo. De maneira que, se bem é verdade que
devemos fugir da frieza que transforma a Escritura em pura literatura e teoria, devemos
também evitar a irresponsabilidade de um cristianismo superficial, puramente emotivo,
que transforma a Bíblia num manual de autoajuda. Se vivermos como autênticos
discípulos, nossa leitura bíblica deverá ser interpretativa, com efeitos transformativos.

7
Ibid. 147.
8
Textos como os de Isaías 55 e Hebreus 4:12-13 aludem a este poder.
9
C. L. Blomberg, “Unity and Diversity of Scripture” in New Dictionary of Biblical Theology, ed. T. D.
Alexander, and Brian S. Rosner (Downers Grove: InterVarsity, 2000), 64–72; H. H. Rowley, The Unity of the
Bible (Philadelphia: Westminster, 1953); J. Goldingay, “Diversity and Unity in Old Testament Theology,” VT
34 (1984): 153–168; and J. D. G. Dunn, Unity and Diversity in the New Testament (London: SCM;
Philadelphia: Fortress, 1977.
10
Klein et al., Introduction to Biblical Interpretation. 148.
11
Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics.163.

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