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Não Vos Conformeis: O Jovem cristão em meio a política

21/07/2018
Pr. João Nelson

INTRODUÇÃO
Falar sobre política e o relacionamento do cristão com esta não é algo novo. Na
verdade, diversos reformadores, começando por Lutero, o fizeram. Alguns eruditos
inclusive apontam a reforma como a originadora do primeiro Contrato Social. Deixe-me
ler um exemplo disso, citado por Grudem em Política Segundo a Bíblia:
“... a influência cristã levou à extinção males como o aborto, o infanticídio, as
lutas entre gladiadores, os sacrifícios humanos, a poligamia, a prática de
queimar vivas mulheres viúvas e a escravidão, bem como essa influência levou
à concessão de direitos de propriedade, direitos de voto e outras salvaguardas
para as mulheres”.
É interessante notar que existe uma falsa afirmação desenvolvida geralmente
dentro de meios pentecostais – por conta de sua visão secular/sagrado – e enfatizada
continuamente após o contragolpe de 1964 que cristãos não se envolvem com política.
Normalmente essa visão é decorrente de uma visão embotada da escatologia.
Mas a consequência desse tipo de pensamento é que é o problema. Em 2020 o
IBGE aponta que os evangélicos serão maioria no país, seguindo o crescimento de mais
de 61% nos últimos dez anos. Entretanto, algo é alarmante, a saber, em nossos dias, a
compreensão política dos evangélicos é bastante débil. Este crescimento deveria, com
toda certeza, mudar para melhor os valores, a ética, as relações e estruturas do país,
corroborando para uma nação mais justa em todos os aspectos. Entretanto, a impressão
que temos é a de um declínio nestas áreas. Neste caso, ou as igrejas estão abrigando
ímpios, ou os justos estão alienados, ou as duas coisas ocorrem paralelamente. A
implicação aqui é que a presença de cristãos verdadeiros numa nação resultará em
transformação de contextos e produção de cultura por meio de boas políticas nas micro e
macro relações (Mt 5.13-16).
Deixe-me exemplificar alguns erros cometidos por evangélicos no nosso
contexto. Algumas igrejas e denominações, por exemplo, lançam candidatos evangélicos
com interesses exclusivistas (reflexo de um nacionalismo inerente à política brasileira), e
não para o bem de toda a população, pautados por uma teologia de dominação e
triunfalismo. E em alguns casos, candidatos ditos evangélicos concorrem como qualquer
outro candidato interesseiro para se aproveitarem do dinheiro que é dividido entre os
corruptos em detrimento do povo.
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Diante de tudo isso, é necessário que, enquanto cristãos, e falo hoje com vocês
jovens, porque são fortes, nós retomemos uma visão adequada de como o crente deve se
relacionar com a política.
POLÍTICA É COISA DE CRENTE SIM, MAS NÃO PODEMOS NOS DEIXAR
MOLDAR PELO MUNDO: AVALIE AS IDEOLOGIAS (Rm 12.2; Mt 5.13-16)
A primeira coisa que precisamos considerar é que, sim, política é coisa de
cristão. Este mês de julho, na minha igreja, estamos tendo aulões sobre o relacionamento
entre o cristão e as ideologias políticas. Nessas palestras eu tenho apresentado os
conceitos ligados as principais ideologias políticas existentes, mostrando como todas elas
possuem elementos que devem ser veementemente rechaçados por nós cristãos. Por
exemplo, não é incomum olhar para cristãos olhando exageradamente para questões
econômicas e se pronunciando a favor, por exemplo, de candidatos ou partidos que
subscrevam uma ideologia liberal, que promova estado mínimo, mesmo às custas de
questões inegociáveis para nós, como casamento de homossexuais, legalização de drogas,
até aborto. O outro lado também é verificável: cristãos defendendo candidatos e partidos
que roubaram como nunca a nação, que defendem e promovem todo tipo de imoralidade,
até mesmo como a pedofilia, tudo por uma suposta maior ajuda para com os pobres.
Quando olhamos para Rm 12.2, aprendemos ali que existe um comando de Paulo
para que os crentes não se amoldem ao padrão do mundo, se é que queremos experimentar
a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Aplicando ao nosso tema, fica óbvio que o
crente não pode se permitir ser moldado pelos princípios que norteiam as ideologias
políticas. Todas elas, na verdade, carregam em si pressupostos que prometem descrever
a realidade, apresentando propostas sobre o que é o mal na sociedade e como nós podemos
redimi-la deste, inclusive muitas vezes divinizando seus meios redentores.
Obviamente que não estamos falando em utilizar o cristianismo na formação de
um estado cristão. A história mostra que essa ideia é sem sentido e deu muito errada. A
missão da igreja não é criar um estado cristão, mas fazer discípulos de Cristo. Na verdade,
a Bíblia é clara ao mostrar a distinção entre a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens.
Um outro ponto que merece nossa consideração é o texto de Mt 5.13-16. Nesse
texto, que está inserido no primeiro sermão dos cinco de Jesus que são apresentados em
Mateus, especificamente o sermão que apresenta a ética do reino, se podemos resumir
assim, Jesus declara duas características dos discípulos que tem ligação direta com o
relacionamento que os discípulos devem ter com o mundo.
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A primeira característica é que os discípulos são sal da terra, e vou me ater


somente a esta. Dentre os diversos significados possíveis relacionados ao sal, sigo D. A.
Carson quando diz que o mais provável aqui é que a característica do retardo da
decomposição esteja sendo enfatizado em relação aos demais. Assim, enquanto sal da
terra, de uma perspectiva ética, os discípulos são responsáveis por retardar a degradação
da sociedade. Observe bem: não é impedir a degradação da sociedade, mas retardar sua
degradação. Sobre isso, geralmente costumo dizer aos membros da minha igreja que,
certamente, o mundo piorará, o amor de muitos esfriará pelo multiplicar da iniquidade e
o anticristo virá, mas nós não devemos ser responsáveis pela aceleração desse processo;
nós não precisamos contribuir para a aceleração desse processo de degradação social, seja
de forma ativa ou passiva (ativa por apoiar comportamentos e políticas que estimulem a
iniquidade e a injustiça; passiva por sermos negligentes com nossa atuação no mundo).
Outro ponto que merece consideração é a pergunta retórica de Jesus ainda no
verso 13: “se o sal perder o seu sabor, que o restaurará? Não servirá para nada...”. Algo
que tem de ser percebido aqui é que para o discípulo ser sal, exercer o seu papel de sal,
ele deve manter-se como tal. Em outras palavras jovem que me escuta, você só será capaz
de agir no mundo retardando o apodrecimento dessa sociedade se você permanecer como
sal. Isto significa permanecer como discípulo de Cristo. Isto significa permanecer fiel ao
seu ensino, à sua Lei. Ou seja, é impossível para o crente ser sal se ele perdeu sua
composição por se contaminar com outros temperos, ou mesmo pela filtragem das
ideologias. Não tem como você seguir a cartilha de Marx, de Gramsci, de Foucault e
permanecer sal. Não se pode adorar a Deus e as Ideologias.
CONHEÇA AS ESCRITURAS
Agora, fica óbvio que, para ter a mente transformada, tal transformação não
ocorreria de outro modo, senão pelo conhecimento da Palavra de Deus. Na verdade, este
é o ponto de partida se vocês jovens quiserem desenvolver uma postura participativa
eficaz e fiel a Deus na política. Nesse sentido, é válido, primariamente, observar como
questões políticas são abordadas nas Escrituras (inclusive entendendo as distinções entre
as Alianças). Se observarmos a Teocracia de Israel, sua legislação poderia ser resumida
em alguns pontos básicos: justiça, bondade e solidariedade.
Isso fica percebido também quando observamos, por exemplo, como o Estado é
caracterizado no NT. Olhemos para Rm 13.1-7. Antes de olharmos para alguns pontos
que quero chamar atenção neste texto, quer deixar claro que, para mim, aqui em Rm 13
Paulo não está definindo como o Estado deve ser. Por exemplo, alguns olham para este
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texto e o de 1Pe 2 e procuram construir uma perspectiva do que é o Estado segundo a


Bíblia pautados neles, afirmando assim que o Estado deve ser mínimo porque a Bíblia
ensina assim nestes textos.
Penso que você pode argumentar em prol de um Estado mínimo a partir de outros
argumentos, sejam eles sociológicos, filosóficos ou econômicos, mas não com base nas
Escrituras. Na verdade, penso que a descrição do Estado nas Escrituras visa apresentar o
mínimo que o Estado deva ser para ter sua função delegada autenticada. E qual é esta
função, função essa inclusive que alude em certa medida à função que citei do Estado
Teonômico da Antiga Aliança há pouco? Justiça. E ao propor esta característica como
função mais básica, encoraja a prática da bondade, da moral e dos bons costumes dentro
da civilização. Tendo falado um pouco sobre isso, quero sugerir algumas maneiras de
como o jovem cristão pode se relacionar com a política.
FORMAS QUE O JOVEM CRISTÃO PODE INTERAGIR COM A POLÍTICA
Primeiro, orando. O primeiro e mais importante modo como você pode
interagir com a vida política, jovem que me escuta, é orando pelos nossos governantes
(1Tm 2.1-2). Essa é uma ordem das Escrituras clara; isso agrada a Deus; e, o principal, é
um dos meios pelos quais Deus pode nos conceder dias de paz. Ore por aqueles que estão
no governo para que mudem; para que Deus converta seus corações; para que eles possam
realizar mandatos idôneos; para que possam lutar por leis que promovam justiça, que
fomentem a busca pela virtude e sintam repulsa pela maldade. Ore também pelas eleições
(e teremos esse ano). Ore para que Deus levante candidatos justos, idôneos,
comprometidos com o bem da sociedade e não com seus próprios bolsos. Ore para que
homens capacitados se levantem e sejam eleitos. Ore para que Deus derrame
conscientização sobre nossa sociedade para que políticos benéficos para todos sejam
eleitos.
Segundo, votando. Tenho ouvido de muitos cristãos o desejo de anularem seus
votos nessas eleições. Seu argumento é de que não tem nenhum candidato digno de
receberem seu voto. Normalmente, esse argumento vem de crentes que tem ou tinham
alguma afinidade com ideologias de esquerda, mas que se veem cercados pela exposição
da malignidade que permeia o projeto de poder das ideologias desse espectro político.
Outros argumentam que, uma vez que não existe autoridade que não venha de Deus e é
Deus que as estabelece (Rm 13.1-7), independente de votarem ou não, a vontade de Deus
será realizada.
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Entretanto, penso que eximir-se de votar é umas das maiores covardias e


irresponsabilidades que o cristão pode cometer, se tratando de interação ou participação
na vida política de sua nação. Isto, porque só existem dois meios diretos pelos quais
podemos participar diretamente da vida política: votando ou sendo eleito como candidato.
É por meio do voto que nós podemos escolher aqueles que nos representarão; é por meio
do voto que colocaremos no poder aqueles que tem as ferramentas disponíveis para
promover mais justiça ou mais iniquidade na nação. E aqui está a covardia. Eximir-se de
votar é eximir-se da responsabilidade de ser sal da terra. Pense no censo do IBGE que
citei no início dessa palestra. Se já somamos praticamente maioria na nação e votássemos
de modo consciente, avaliado, logo, nossa nação experimentaria um tempo de refrigério
e melhoras substanciais. Mas em quem votar?
A partir da avaliação das ideologias políticas, meu direcionamento pastoral para
sua vida é que você procure votar naquele candidato cuja conduta, histórico, propostas
(principalmente), e ideologia (dele e partidária), menos se distanciem daquilo que as
Escrituras estabelecem com bom, verdadeiro e belo.
Terceiro, se candidatando. A terceira forma como um jovem cristão pode
participar efetivamente da vida pública, como já introduzi, é se candidatando. Óbvio que,
para isso, o jovem cristão deve se preparar para tal. Deve, prioritariamente, ser um
profundo conhecedor das Escrituras, uma vez que deverá lutar por leis que promovam a
justiça segundo os padrões de Deus. Além disso, deverá se preparar lendo os clássicos,
conhecendo as ideologias (inclusive as mais contrárias as Escrituras) de modo profundo,
enfim, tornando-se um intelectual na área.
Quarto, ensinando. Uma quarta maneira como você, jovem que me escuta,
pode interagir com a política é estuando e ensinando outras pessoas sobre política. Aqui
vem a responsabilidade de conscientização das pessoas sobre as características do Estado
segundo a Bíblia, sobre o que cada ideologia defende e propõe, apontando seus pontos
corretos e malefícios (principalmente os ataques contra os valores cristãos), etc. Talvez,
pequenos grupos de estudo na igreja como forma de se preparar para tal seja um caminho
para começar. Talvez grupos no Whats App, ou no colégio, ou na faculdade, ou no Face.
Construir amizades com outras pessoas – penso aqui em ímpios – como ponte para
conversar e ensinar sobre política. As possibilidades são vastas e deixo à criatividade de
vocês.
Quinto, participando da associação de moradores do seu bairro. Procure
informar-se de como está a situação do seu bairro, município, estado. Seja com os filhos
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de Issacar (1Cr 12.32) e conheça os tempos para saber em que direção a política deve
agir. Procure estar relacionado com as questões de necessidade local, as quais, junto à
associação de moradores, você possa lutar por políticas justas.
Sexto, escrevendo cartas ou abaixo-assinados. Uma última maneira que sugiro é
escrevendo para os governantes locais. Escreva suas percepções para algum vereador.
Desenvolva abaixo-assinados em prol da justiça e do bem. Mova-se, por exemplo,
promovendo abaixo-assinados contra a implantação da ideologia de gênero nas escolas.
Escreva cartas não somente com pedidos, mas com material de pesquisa bem elaborado
para vereadores ou deputados.
UMA RESSALVA
Antes de concluir, quero fazer uma ressalva importante. Estamos falando de
relacionamento particular, pessoal do jovem cristão com a política. Com isso, quero
enfatizar que não é o papel da igreja fazer política. É certo que distorções podem
acontecer, e meu ponto como pastor é preveni-los disso. A igreja não existe para fazer
política, e aqui aparece um entendimento exacerbado de uma kuiperianismo crescente,
principalmente em meio aos jovens. A igreja existe para fazer discípulos, e sua principal
missão, jovem, como crente, é fazer discípulos.
Meu ponto é, cuidado para não confundir participação política com banimento
do evangelismo. Política nos ajudará a retardar de modo mais geral a corrupção e
degeneração da sociedade. Evangelismo transformará a nação. O Estado não pode mudar
a natureza de ninguém. Deus pode. Assim, tenha essa cautela para não confundir as
coisas, ou colocá-las em escalas de prioridade erradas.
CONCLUSÃO
Assim, espero ter contribuído com os irmãos nessa questão do relacionamento
do jovem com a política. Se pudermos resumir toda essa palestra, resumiria em três frases
que permeiam os pontos importantes que vimos hoje (ser um discípulo de Cristo, ser
conhecedor da Palavra e sobre política, e participar ativamente na sociedade): seja sal,
seja sábio, seja atuante.
Vamos orar. Abrir para perguntas.

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