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UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

IFCH – Faculdade de História


____________________________

DEMOCRACIA EM XEQUE OU DEMOCRACIAS EM CHOQUE?

O ideal democrático nas manifestações do Brasil contemporâneo

Gabriel Léccas (UERJ)


gabriel_leccas@hotmail.com

RESUMO: O presente artigo pretende traçar um panorama dos protestos que tomaram o Bra-
sil nos anos de 2013 e suas persistências no ano de 2014, dando um enfoque especial ao deba-
te suscitado por tais movimentos acerca do conceito de democracia. Pretende-se analisar o
caso brasileiro em especial, mas enxergando-o como parte de um contexto internacional pro-
pício a tais tipos de mobilização social – portanto, também serão analisados de forma breve os
demais movimentos ao redor do mundo. Nesse sentido, busca-se um convite à reflexão sobre
o ideal democrático no novo tipo de movimento social surgido no século XXI. Assim, o deba-
te será orientado em torno da seguinte questão: a atual conjuntura político-social representa
uma crise definitiva dos princípios democráticos ou trata-se de um momento de ressignifica-
ção do termo, estimulado pelo conflito entre diferentes projetos de democracia?

Palavras-chave: movimentos sociais – democracia – neoliberalismo

Esse ano faz 45 anos do AI-5


Hoje faz 20 anos da Chacina da Candelária
Hoje faz dez dias do sumiço do Amarildo
Amanhã faz um mês da Chacina da Maré
Amanhã faz uma semana do fogo nos manequins

Só para os manequins houve flores


Só para os manequins houve choro
Só para os manequins haverá investigação

A ditadura dura, e ainda há quem diga aos brados que ela é branda
Os corpos que somem se somam aos corpos cuja soma nem se sabe
Quem tenta gritar corre o risco de a luta terminar em luto

Há quem diga, quem finja, quem ache que tá tudo bem


Mas há ninjas gritando e dizendo que não é bem assim
Será que saberíamos onde está Amarildo se ele fosse um manequim?

Lucas Pedretti, em 23 de julho de 2013


Introdução

O modelo de governo democrático é, sem dúvida alguma, um dos maiores orgulhos da


sociedade ocidental, se não o maior. A democracia surge na Grécia arcaica, no século IV a.C.,
num contexto de declínio do pensamento mitológico e de afirmação da cidade-Estado como
modelo exemplar de cidadania e de civilização. Adormecida na época medieval e em momen-
tos posteriores ligados às muitas persistências da feudalidade1, as lutas pelo ideal de democra-
cia ressurgem nas vozes da Ilustração, sobretudo no pensamento de Rousseau, e rapidamente
se tornam característica essencial das chamadas revoluções do século XIX, sobretudo as de
1848. A essas reivindicações, os governos europeus respondem com a invenção do sufrágio e
suas posteriores (re)formulações. Desde os anos de 1800, portanto, a ideia de democracia con-
solida-se na parcela majoritária do Ocidente como um modelo representativo indireto, associ-
ado à composição partidária e ao parlamentarismo, bandeira central de muitas revoluções bur-
guesas. Em outras palavras, uma democracia liberal e burguesa, que se sustenta até a página
dois: com os efeitos do colapso europeu no entreguerras e do crash financeiro global na déca-
da de 1930, o ideal democrático perde espaço para alternativas socialistas e fascistas, muitas
delas desembocando no totalitarismo.
A recuperação vem anos depois, com o keynesianismo e o Estado do bem-estar social,
saídas encontradas pelos Estados Unidos e por alguns países da Europa ocidental para a pro-
blemática. Seguem-se anos de estabilidade política e econômica e de progressivo resgate dos
princípios democráticos, sobretudo no princípio de igualitarismo keynesiano – sem dúvida
relativo – e no advento da social-democracia europeia, esquerda reformista. Com a chegada
de uma nova crise – as do petróleo nos anos 1970 –, reforçam-se alguns princípios já teorica-
mente existentes, mas nunca postos em prática. Ganham força as ideias da Sociedade de Mont
Pèlerin: nas palavras de Perry Anderson, “uma espécie de franco-maçonaria neoliberal”2.
Surge então o espectro do neoliberalismo, edificado sob os lemas de não intervenção, desre-
gulamentação e privatização, e materializado em governos como de Reagan nos Estados Uni-
dos, Thatcher na Inglaterra e – o pioneiro – Pinochet no Chile. O igualitarismo keynesiano e a

1
Conceito utilizado por March Bloch em A sociedade feudal (1939) e recuperado por Arno Mayer em A força da
tradição (1990). Por feudalidade, aqui, entende-se o conjunto de características que remetem à ordem feudal, não
necessariamente dependentes de sua existência em si. Diferencia-se, portanto, da ideia de feudalismo, o movi-
mento doutrinal, as ideias que levam à ação, o sistema constituído e solidificado.
2
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.) Pós-
neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 1.
intervenção do Estado seriam, para os economistas de Mont Pèlerin, caros à liberdade do in-
divíduo e à vitalidade da concorrência, essencial para a prosperidade social como um todo.
Mas, e a democracia? Para Hayek, um dos pais do neoliberalismo, “se quisermos re-
sultados devemos libertar as autoridades responsáveis dos grilhões representados pelas nor-
mas democráticas”3. Portanto, para Hayek, o ideal democrático seria apenas um meio de ga-
rantir a liberdade individual e o livre mercado. Como conclui Perry Anderson,

“(...) a democracia em si mesma – como explicava incansavelmente Hayek – jamais


havia sido um valor central do neoliberalismo. A liberdade e a democracia, explica-
va Hayek, podiam facilmente tornar-se incompatíveis se a maioria democrática de-
cidisse interferir com os direitos incondicionais de cada agente econômico de dispor
de sua renda e de sua propriedade como quisesse. Nesse sentido, Friedman e Hayek
podiam olhar com admiração a experiência chilena [de Pinochet], sem nenhuma in-
consistência intelectual ou compromisso de seus princípios”4.

Nesse sentido, o neoliberalismo consolidou-se no mundo ocidental. Seguida por go-


vernos autoritários e democráticos, no contexto de fins da Guerra Fria, a doutrina neoliberal
fortaleceu-se no Ocidente, apesar dos fortes impactos sociais, sobretudo as elevadas taxas de
desemprego, o exército reserva do neoliberalismo, arma imprescindível para o enfraqueci-
mento das lideranças sindicais. A ideia de democracia representativa, apenas como um meio
de garantir a livre iniciativa do mercado, acabou por se consolidar como um certo padrão de-
mocrático. As sucessivas crises que tomaram conta das economias centrais geravam impactos
prejudiciais, mas eram logo reparadas pelos órgãos de Estado, já dominados pelos seguidores
de Mont Pèlerin – muito bem pagos, vale lembrar. O novo modelo político e econômico, ideal
para a multiplicação do capital e para o fortalecimento da propriedade privada, apesar das
pequenas crises e das famosas bolhas, parecia insuperável. A “democracia como meio”, pelo
voto, apenas representativa e indireta, parecia ser suficiente aos anseios populares, enquanto
“a globalização dos de cima”5 fazia seu papel de enriquecer mais ainda os já ricos. A religião
monoteísta do capitalismo em sua vertente neoliberal estava instituída, com o culto ao deus
Mercado oficializado. Contudo, se as épocas anteriores sacralizaram um único deus, os anos
seguintes materializaram dois demônios: o primeiro – a crise econômica mundial – veio em
2008, carregando a triste notícia de que “neoliberalismo” e “paraíso” pertencem a campos
semânticos distintos; e o segundo – a revolta popular – não tardou a chegar, no ano de 2011,
evocando a necessidade de se pensar uma nova democracia.

3
HAYEK, Friedrich Von. O caminho da servidão. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987, p. 81.
4
ANDERSON, Perry. Op cit. p. 10.
5
ALVES, Giovanni. Ocupar Wall Street... e depois? In: HARVEY, D.; TELES, E.; SADER, E.; et al. Ocuppy:
movimentos de protesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012.
A crise dos subprimes6, iniciada em 2008, trouxe um colapso econômico significativo
nas economias neoliberais. Embora já prevista por economistas influentes nos Estados Unidos
e em diversas partes da Europa ocidental, foi ignorada por Wall Street e pelo estadunidense
até o último segundo, uma vez que a desregulamentação e securitização do sistema financeiro
garantiam lucros astronômicos ao império dos bancos e das seguradoras. Contudo, a corda,
para não perder o costume, arrebentou do lado mais fraco: por ter sua gênese no ramo imobi-
liário, essa crise deixou grande parte da população estadunidense desabrigada, impedida de
pagar hipotecas caríssimas e de arcar com o elevado custo de vida. Essa situação logo se di-
fundiu pelo mundo, tornando crítica a situação das economias centrais e mais crítica ainda a
situação das economias periféricas.
Bastaram pouco mais de dois anos para explodir a revolta popular. Após anos de ex-
ploração e de problemas econômicos críticos, as flores da primavera desabrocharam para pro-
var que os invernos também são passageiros. Seus gritos ecoaram por todo o mundo, refor-
çando o poder da internet anárquica e trazendo à luz um novo tipo de movimento social: sem
lideranças, sem projetos claros e tendo a cidade como palco. Se o fortalecimento da democra-
cia grega arcaica se associa a certo declínio do pensamento mitológico, o modelo democrático
contemporâneo, no contexto de afirmação da doutrina neoliberal, foi perdendo seu caráter
popular e caminhou a passos largos para se tornar um mito, uma utopia. Dos indignados aos
ocupas, do Movimento Passe Livre aos black blocs, são claras as divergências, mas talvez
mais clara seja uma semelhança: a ideia de que não é essa a democracia dos sonhos.

6
Não é objetivo, nesse artigo, dissecar a crise dos subprimes. Para mais informações, é indicado o documentário
Inside Job (Charles Fergunson, 2010).
Democracias em conflito no mundo árabe

O ano é 2010, dia 17 de dezembro. O vendedor de rua Mohamed Bouazizi, após ter
suas mercadorias confiscadas por autoridades tunisianas sob a alegação de estar praticando
uma atividade ilegal, ateia fogo no próprio corpo e morre dias depois, em 4 de janeiro do ano
seguinte. Como sempre acontece na história dos movimentos sociais, fatos isolados tornam-se
metonímias de um quadro geral de insatisfação e, de uma maneira inesperada, consolidam-se
como estopim de lutas populares com reivindicações diversas. Com Bouazizi não foi diferen-
te: sua autoimolação serviu para dar impulso à chamada Revolução de Jasmim, responsável
pela derrubada do governo da Tunísia em janeiro de 2011 e, ainda, pela onda de revoluções
que tomou conta do norte da África e de países do Oriente Médio, conhecida por Primavera
Árabe. Um conjunto de protestos contra ditaduras amplamente apoiadas pelos Estados Unidos
e que, por décadas, haviam se consolidado sob o pressuposto de defender a autodeterminação
dos povos frente aos governos anteriores.
“Percebemos que o verdadeiro poder é o povo”7 disse um manifestante egípcio no
contexto das lutas contra a ditadura do presidente Hosni Mubarak, um dos principais capítulos
da Primavera Árabe. As redes sociais foram o principal motor dos protestos, um acontecimen-
to de organização sem lideranças jamais visto na História. Esse caráter popular prosseguiu
conquistando espaço nas praças de variados lugares do norte da África e do Oriente Médio,
onde ainda se desenrolam esses movimentos num misto de vitória e de derrota: o ideal de po-
der popular foi capaz de derrubar governos na Tunísia, no Egito – por duas vezes consecuti-
vas – e na Líbia – cujo ditador foi executado por rebeldes, numa forte demonstração capaz de
retirar de qualquer um a esperança na humanidade. Contudo, as alternativas que se apresenta-
ram não conseguiam corresponder aos anseios populares: persistiu a situação de fome, cares-
tia dos alimentos, autoritarismo e escassa liberdade de expressão – no Egito, por exemplo, o
Exército assumiu o poder após a queda de Mubarak e seus homens protagonizaram cenas de
horror contra manifestantes, divididos entre forças islâmicas e seculares. Entretanto, militares
egípcios e seus partidários afirmam que o controle político do país após a queda de Mubarak
foi essencial para preservar a revolução, culminando com um golpe militar que abriu espaço
para eleições parlamentares e presidenciais, responsáveis pela ascensão da Irmandade Mu-
çulmana ao poder, tempo depois recuperado pela ala militar após o prosseguimento das mani-
festações. Grande parte do povo egípcio, ainda em luta, deixa clara a descrença numa demo-

7
Depoimento retirado do documentário A praça (Jehane Noujaim, 2013).
cracia islamizada ou fardada, pois nenhum desses modelos corresponderia, na visão dessa
parcela da população, uma mudança significativa, como exemplifica a fala de um desses ma-
nifestantes no calor dos protestos em 2011:

“A expectativa, a princípio era de que [Mubarak] saísse, e nós seguiríamos em frente


ou acharíamos um jeito de fazer as coisas. Se ele apenas sair, e alguém entrar em seu
lugar, teremos o mesmo regime sob ele. E teremos um problema sério (...). Se conti-
nuarmos tendo um estado policial, se continuarmos sob lei de emergência, se conti-
nuarmos tendo uma Constituição exatamente como é atualmente, se tivermos uma
eleição daqui a seis meses, a situação será praticamente a mesma, porque os instru-
mentos do Estado continuam sendo os mesmos. No momento, estamos vivendo no
Estado de Tahrir. Tem um departamento de habitação, tem fronteiras, tem seu exér-
cito, tem seu próprio jeito de se alimentar, todas essas coisas”8.

Ironicamente, os regimes combatidos pela primavera árabe haviam hasteado a mesma


bandeira de democracia quando estavam por se afirmar no poder. Na Líbia, por exemplo, a
deterioração do reinado de Idris I levou, em 1969, a um golpe militar liderado por Kadafi sob
a bandeira de atender às reivindicações populares. Contudo, como professou o grande George
Orwell, “não se instala uma ditadura para preservar uma revolução, mas proclama-se uma
revolução para instituir uma ditadura”9. A ideia de democracia dos militares líbios dos anos
de 1960 nem de longe se aproxima da democracia proposta pelos revoltosos, insuflados por
uma utopia democrática que persegue a humanidade desde tempos imemoriais. Voltado ao
Egito, em 2012, notou-se forte repúdio às eleições presidenciais de 2012, que, segundo alguns
cidadãos, não possuía candidatos capazes de representar os anseios de uma revolução sem
líderes. O refrão de uma canção egípcia de protesto deixa claro o choque entre modelos de
democracia no contexto das convulsões do mundo árabe: “Curve-se, curve sua cabeça, por-
que você vive numa ‘democracia’”10.
Os impactos desses movimentos ainda são modestos. Para muitos, as primaveras re-
tornaram a ser longos invernos, de modo a erigir a seguinte reflexão: seriam esses protestos
revoluções no copernicano sentido cíclico? A resposta é “sim” ao observar casos como o do
Egito e da Líbia, onde militares estão novamente à frente do poder, vistos por muitos como
heróis nacionais; ou a Síria, onde o governo ainda não foi deposto, num contexto de sangrenta
guerra civil e em que as precárias condições econômicas ainda não foram superadas. Isso sem
falar da projeção alarmante dos grupos jihadistas, suscitando um estado belicoso na região.
Entretanto, pode-se responder “não” ao considerar a Tunísia, onde se acende uma fagulha de

8 Idem.
9
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 2000. Pág. 193.
10
Depoimento retirado do documentário A praça (Jehane Noujaim, 2013).
esperança desde a aprovação da Constituição e na gradual construção de um governo concilia-
tório entre as tendências populares e islâmicas.

A Praça Tahrir, no Egito, dominada por manifestantes.


Disponível em http://www.boston.com/bigpicture/2012/01/egyptians_gather_in_tahrir_squ.html.
Acesso em 13/08/ 2014.

Indignação e ocupação

As revoltas não pararam no mundo árabe, periférico e pauperizado e o poder de união


das redes sociais foi comprovado: “Desde que haja uma câmera, a revolução continuará”11,
afirmou um manifestante do Egito. Os protestos tomaram as ruas do mundo dito desenvolvi-
do. Na Espanha, onde os índices de desemprego chegaram a preocupantes 20% da população,
o movimento dos Indignados se levanta no histórico 15 de maio de 2011 (o 15M), sob bandei-
ras genéricas de “contra a corrupção” e “pelo governo justo”, “pela democracia”, numa nítida
oposição ao crescente poder das instituições financeiras neoliberais que, com o advento da
globalização, torna-se maior do que o poder dos Estados nação. Em Tóquio, além das críticas
gerais, tomou corpo a oposição à política nuclear. Na Grécia, os indignados protagonizaram
um momento memorável de busca das origens democráticas. Eles

“(...) atacaram o injusto processo de empobrecimento dos trabalhadores gregos, a


perda de soberania que fez do país um feudo de banqueiros e a destruição da demo-

11
Idem.
cracia. Sua demanda é que as elites corruptas que governam há 30 anos ‘e conduzi-
ram a Grécia à beira do colapso’ saiam.

Na Praça Syntagma, em Atenas, os paralelos com a ágora clássica, localizada a al-


gumas centenas de metros, são notáveis. Os aspirantes a orador recebem uma senha
e são convocados ao palanque caso ela seja sorteada (na Atenas clássica, muitos o-
cupantes de cargos públicos eram selecionados por sorteio).

Não há questão acima de discussão. Nos debates semanais, economistas, advogados


e filósofos políticos convidados apresentam ideias sobre como enfrentar a crise. A
assembleia aberta em geral é conduzida sem apupos, e os tópicos variam de novas
modalidades de resistência e solidariedade internacional a alternativas para as medi-
das catastroficamente injustas. É a democracia em ação”12.

A indignação foi tão forte que atravessou o Atlântico e transformou-se em ocupação.


Em 17 de setembro de 2011, surge o Occupy Wall Street, movimento em que diversos cida-
dãos estadunidenses (autodeclarados “os 99%”), criticando os mesmos pontos dos Indignados
europeus, tomaram conta dos arredores do centro do capitalismo internacional. Em tempos de
culto indiscriminado ao livre mercado, Wall Street tornou-se não só o centro financeiro do
mundo, mas um polo de corrupção e de imoralidade, cujos gastos passeiam do mercado imo-
biliário ao tráfico de drogas e à prostituição de luxo. E, em tempos de crise financeira, quem
teve de pagar a conta foram os contribuintes, uma vez que CEOs ligados aos grandes bancos
(os ditos “1%”) preservaram na íntegra suas fortunas conquistadas com a febre especulativa
dos anos anteriores. Colocaram barracas no local e organizaram protestos diários, que, com o
passar do tempo, foram duramente reprimidos pelas forças policiais. A ideia de ocupação do
espaço público ganhou proporções maiores: na revolta dos estudantes chilenos, na ocupação
da Cinelândia carioca, e em diversas partes do globo. Em todos os exemplos, duros conflitos
entre manifestantes e policiais, severas críticas da mídia tradicional conservadora e covarde.
Para o filósofo Slavoj Zizek, os protestos de 2011 construíram um vazio na ideologia hege-
mônica e estimularam a busca de um projeto verdadeiramente novo 13. Em Nova York, o bra-
do era claro “Essa é a cara da democracia”, mas há vozes dissonantes, como a da jornalista
Anne Applebaum, num artigo escrito ao Washington Post:

“(...) essa não é a cara da democracia. Essa é a cara da liberdade de expressão. De-
mocracia é bem mais chato. Democracia requer instituições, eleições, partidos polí-
ticos, regras, leis, um judiciário e muitas nada glamourosas atividades, nenhuma tão

12
Retirado de http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1606201102.htm. Acesso em 13/08/2014.
13
ZIZEK, Slavoj. O violento silêncio de um novo começo. In: HARVEY, D.; TELES, E.; SADER, E.; et al.
Ocuppy: movimentos de protesto que tomaram as ruas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012.
divertida quanto ocupar em frente à catedral de São Paulo ou bradar slogans na rua
Saint-Martin em Paris”14

Applebaum não é a única a pensar dessa forma. A limitação do conceito de democra-


cia é comum, pois a ideia de democracia representativa indireta consolidou-se nas principais
sociedades do Ocidente. Ocorre que esses protestos bradam por um novo modelo, que entra
em conflito com o senso comum e o conservadorismo de grandes grupos sociais: as democra-
cias em choque põem em xeque o regime democrático atualmente instituído, de partidos, de
leis, de regras sólidas. Há uma nítida e violenta oposição – como observou Vladimir Safatle –
entre o Estado de direito e o Estado de justiça15. A “democracia como meio” de Hayek encon-
tra-se combalida, pois os novos movimentos sociais deste século clamam por uma democracia
como início, meio e fim.

Manifestante do Occupy Wall Street preso.


Disponível em: http://www.theatlantic.com/politics/archive/2012/09/occupy-wall-streets-raucous-birthday-party-
arrests-sermons-and-signs/262522/. Acesso em 15/08/2014.

A primeira copa do resto de nossas vidas

Na terra de muitas palmeiras onde canta o sabiá não foi diferente. A efervescência que
dominou mentes, noticiários e – sobretudo – os asfaltos do Brasil não é facilmente crível aos
olhos da maioria que tinha nítida e cristalizada a histórica letargia política nacional. Apesar de
14
Artigo disponível em: http://www.washingtonpost.com/opinions/what-the-occupy-protests-tell-us-about-the-
limits-of-democracy/2011/10/17/gIQAay5YsL_story.html. Tradução livre.
15
SAFATLE, Vladimir. A esquerda que não teme dizer seu nome. São Paulo: Três Estrelas, 2013.
existirem exemplos de lutas populares em nossa História, como os protestos em razão do sui-
cídio de Vargas, ou então na Passeata dos Cem Mil, uma mobilização de grande amplitude
parecia ter sido deixada de lado como artefato de luta por justiça social. Persistiram as revolu-
ções de sofá, marcadas por verborragias hipócritas, cegas e incoerentes. A origem de tudo
isso, pois, não é incomum.
Pelo conjunto de medidas aplicadas pela Reforma do Estado Brasileiro nos anos 90,
que o nosso país, com isso, se inseria na agenda neoliberal. O cumprimento das exigências
neoliberais iniciadas no governo de Fernando Collor de Mello (1990/1992), chegando ao seu
ápice com o governo Fernando Henrique Cardoso e tendo continuidade nos governos do ex-
presidente Lula e da atual presidente Dilma significou o que comumente se chama de Estado
mínimo:

“O Brasil foi submetido, ao longo da década de 90, a profundas reformas neolibe-


rais, no aparelho do Estado, guiadas por instruções do FMI e da Casa Branca ─ pa-
trocinadores da renegociação da dívida pública brasileira. A partir das constatações
neoliberais da crise dos Estados nos anos 80, caracterizada por sua incapacidade de
intervenção social nas garantias sociais básicas, com crescente déficit público e per-
da do potencial de geração de poupança interna, sustentaram-se reformas que dimi-
nuíram o papel estatal na sociedade (...). Procurou-se associar ao Estado a culpa pela
crise do capitalismo nos anos 70, a qual gerou perdas consistentes de emprego e di-
minuição do crescimento. Parece que o ciclo pós-crise do capital sempre está associ-
ado à negação do princípio Keynesiano, que associa a crise sistêmica de demanda
como mola propulsora da crise de mercado (...). Em outras palavras, aquele que sal-
va o mercado (o Estado) passa a ser, na visão neoliberal, o vilão da crise. Isso se faz,
obviamente, após o resgate do mercado financeiro.16

O Estado neoliberal do governo FHC manteve sempre o tripé liberalização do merca-


do, privatização e desregulamentação. Estava dada a largada para, num futuro próximo, eclo-
direm os primeiros problemas.
Muito provavelmente impulsionados pelas convulsões do mundo árabe e seus desdo-
bramentos no globo, surgiram nas redes sociais propostas de manifestações modestas, tendo
sido, com o tempo, convertidas em primaveras murchas de legitimidade indiscutível, mas de
eficácia duvidosa. De protestos pacíficos isolados ao boicote a passeatas governistas, passan-
do por exemplos como a Revolta do Buzu de Salvador, em 2003, e pelas múltiplas ocupações
motivadas pelo histórico 15 de outubro de 2011 – nas quais, nunca é demais lembrar, era forte
a preocupação de evitar eventuais oportunismos partidários ou demais atos que viessem a des-

16
BORGES, Fabiano Tonaco [etal.]. Anatomia da privatização neoliberal do SUS: o papel das organizações
sociais São Paulo, SP: Cultura Acadêmica. 2012.
caracterizar o movimento –, a juventude foi ganhando vivência, experiência e maturidade. A
movimentação foi ganhando solidez, até chegar o dia quando provaria ao sistema que as cri-
anças crescem. A essas reivindicações, com o tempo e em certa medida, uniram-se as de ou-
tros grupos: homossexuais, feministas, negros, indígenas; ao passo que contra elas surgiram
os vorazes interesses de grandes empresários, as concepções de cidade elitista e excludente, os
governos corruptos, a especulação imobiliária e, por mais incrível que pudesse parecer, o fu-
tebol – não obviamente o esporte em si, mas o futebol cartolesco dos padrões FIFA, do pão e
circo e do amor ao dinheiro antes do à camisa. Como se pode notar, já havia luta no Brasil
anteriormente – o próprio Movimento Passe Livre, por exemplo, foi fundado nos idos de 2005
e desde então se empenha para conquistar seus objetivos.

Faces do neoliberalismo tupiniquim em São Paulo. Foto de Lucas Pedretti, março de 2013.

Eis que o ano de 2013 apresenta-se à História. Na Turquia – que até então era, para o
Brasil letárgico, sinônimo apenas de prostituição e tráfico de pessoas graças à então novela
das 9 –, um grupo de manifestantes se levanta contra, mas não somente, a construção de um
shopping numa das poucas áreas verdes do país. No Brasil, às vésperas da Copa das Confede-
rações, após um aumento de 20 centavos da passagem dos ônibus, explodem as primeiras ma-
nifestações. As passeatas foram tomando força e se tornando cada vez mais violentas, mos-
trando que a nocividade da verdadeira democracia vai além de atrapalhar o trânsito: ela com-
promete paredes e vidraças dos palácios, lares dos verdadeiros vândalos; compromete a men-
talidade reacionária do Brasil corrupto e excludente, da grande mídia e de muitos cidadãos
que, no fundo, são produtos e, pior ainda, reprodutores desse mesmo Brasil, o qual não que-
remos que sobreviva. Mas essa democracia nunca tinha tempo para se expressar. Para dar fim
a cada dia de protesto sempre vinham as tropas de choque, provar que a democracia instituída,
na verdade, sufoca e arde nos olhos.
Como já era de se esperar, vieram as primeiras interpretações jornalísticas dos fatos.
Nos primeiros dias, os grupos revoltosos não passavam de “baderneiros”, apenas “atrapalha-
vam o trânsito”. Uma esquerda que, para Arnaldos da vida, “não valia nem 20 centavos”.
Uma classe média hipócrita e inconsequente cuja reivindicação era vazia, afinal ela tinha nos
bolsos dinheiro suficiente para arcar com o aumento das passagens, como se a luta fosse só
por causa dele e, mais grave ainda, como se só devêssemos lutar por interesses individuais.
Mas a voz das ruas falou mais alto: os “baderneiros” tornaram-se “manifestantes”, divididos
entre um grupo “pacífico” e outro minoritário, de “vândalos”, “bandidos”, “arruaceiros”, dis-
postos unicamente a destruir as cidades do país. Os primeiros foram calorosamente elogiados
pelos oportunistas da comunicação de direita, desejosos de uma perda de credibilidade da
presidenta e ansiosos pela vacância do cargo.
Os problemas, contudo, começaram a surgir Em primeiro lugar, a “ausência de cau-
sas”. O brado era claro: “Não é só por 20 centavos!”. Por que seria então? A ansiedade dos
revoltosos exigia uma pauta, antes de tudo ir por água abaixo. A importância de reivindica-
ções sólidas era incontestável, mas como traduzi-la para uma população simplesmente cansa-
da e com raiva dos absurdos do cotidiano? Uma grande massa de manifestantes, fazendo uso
de suas liberdades de pensamento, optou por lutar “contra a corrupção”, numa forma de ex-
pressar um grande “cansei de tudo isso” e muito semelhante aos movimentos anteriores de
todo o mundo. Mas logo vieram grupos de nossa esquerda acusar essa maioria de “descaracte-
rizar o movimento”, cobertos por um autoritarismo desprezível, buscando, da forma mais pro-
tosstalinista e mascarada, dizer quem podia e quem não podia protestar. A generalidade das
lutas pode não levar a nada, ainda mais um objetivo vazio como “contra a corrupção, mas a
construção do “manifestante ideal” não era a saída.
Um segundo problema, visceral e, sem dúvida, uma incoerência tão grande quanto –
senão maior do que – os brados de “abaixo a corrupção” foi o “sem violência” – ou o “sem
vandalismo” emprestado dos reacionários. Primeiramente, talvez numa interpretação mais
abstrata, na negação da violência reside uma negação mais profunda: a da natureza que nos
concebeu e nos rodeia. A própria vida não existiria sem a violência do parto – coube ao ser
humano, pois, mascará-la com a cesariana, da mesma forma que mascara a violência das guer-
ras com a diplomacia. Em segundo lugar, numa perspectiva mais histórica, não existiram pro-
cessos sociais e/ou políticos vitoriosos que não tenham contado com um lado violento – há
aqueles que citam a “revolução” de Gandhi, que nem revolução foi, mas que não sabem nem
quem foi Gandhi e se esqueceram das milhares de mortes que os problemas decorrentes da
independência indiana geraram e ainda geram. E, por último, em terceiro lugar, numa visão
mais contextualizada, há os defensores da preservação do patrimônio público, mas que apoia-
ram a ação do Estado na Aldeia Maracanã, para ficar nos exemplos cariocas. É importante
notar que a nova democracia proposta por esses levantes vai além do Estado de direito, de
modo que existe uma substancial diferença entre depredar um prédio histórico como ALERJ –
onde sobraram janelas intactas demais – e torná-lo mais histórico ainda. Como muito bem
lembrou um velho companheiro de lutas, “os pacifistas parecem ter esquecido que o pau-
brasil é vermelho por dentro”.
A terceira e última questão trata dos (falsos) alarmes sobre um “perigo fascista”, um
“perigo golpista”, ou até mesmo um “perigo golpista fascista”. Os gritos de “sem partido”,
ecoados tanto no Brasil quanto em todos os lugares do mundo onde eclodiram movimentos
desse tipo traduzem a clara insatisfação popular frente à atual representatividade democrática
e aos incontáveis oportunismos protagonizados por essas agremiações políticas em toda a
História. No contexto brasileiro, atitudes como cantar o hino nacional ou bradar “sem partido”
nem de longe denunciavam um respaldo homogêneo e majoritário à construção de um projeto
de Estado fascista e/ou golpista. Essa hipótese golpista só ignorou a singularidade do movi-
mento como consistiu num grande surto de ansiedade esquerdista, convertendo-se em ações
autoritárias e preconceituosas contra aqueles que, sem qualquer influência fascista ou golpista,
agiam de tais formas.
Dias depois, outro conflito de democracias foi vivenciado no Brasil. Pelo menos no
Rio de Janeiro, muitos manifestantes disseram: “agora nós sabíamos como era viver na fave-
la”. A truculência da Polícia Militar – cujo período de militarização já passou da validade –
foi bem categórica em responder que, na verdade, não se sabia de nada, ao levar outra demo-
cracia para a Maré: a democracia da morte, das balas de chumbo, que a mídia não faz questão
em criticar, porque matar preto e pobre já virou normalidade no cotidiano nacional. E, como o
ímpeto de indignação e revolta não se saciava, construiu-se um mártir: Amarildo, desapareci-
do e brutalmente assassinado por policiais da UPP da Rocinha.
Tudo isso provava que o desmonte do Estado ditatorial brasileiro foi, de fato, um pro-
cesso incompleto. A luta pelos direitos sociais básicos se fortaleceu, caiu a PEC 37 e as tarifas
do transporte foram reduzidas. O Brasil venceu a Copa das Confederações – a que se faz com
estádios e não com hospitais, para não deixar de citar o mártir das alternativas orgias contem-
porâneas. A ideia de protesto surgiu no imaginário nacional, mas nada de estrutural foi altera-
do no país. Ganharam espaço os black blocs, ditos anarquistas, ao mesmo tempo rebeldes sem
causa e revolucionários conscientes. Mas os conservadores também construíram seu mártir:
Santiago, repórter, morto numa passeata, tudo o que a mídia nacional, covarde e repulsiva,
desejava para colocar na ilegalidade moral o direito de protestar. As mobilizações foram se
esvaziando, perdendo espaço, mas cientes de que haviam acendido uma fagulha e levantado
perguntas sem resposta. Segundo matéria publicada pelo Estadão em agosto de 2014,

“Em 2008 e 2012, a taxa de adolescentes que tirou título de eleitor para votar para
prefeito e vereador foi de cerca de 43% em relação ao total de jovens dessa idade,
segundo cruzamento dos dados de alistamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
com os da projeção da população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Nas disputas de 2002, 2006 e 2010, a proporção ficou entre 36% e 37% em
cada uma. Em 2014, o índice caiu para 26%”17.

Pelo que parece, a democracia partidária não é a saída, pois a ela já se associa o retro-
cesso. Que situação, porém, teria sido responsável pelo esvaziamento do ideal democrático
em vigor e consolidado até o século anterior? Que democracia, então, desejam os novos mo-
vimentos sociais do século XXI? Eis algumas questões para reflexão.

Conclusão: os desafios do porvir

Como afirmou o linguista Mikhail Bakhtin,

“Assim, num dado momento de sua existência histórica, a linguagem é “heteroglóti-


ca” de cima pra baixo: ela representa a coexistência de contradições sócio-
ideológicas entre presente e passado, entre diferentes épocas do passado, entre dife-
rentes grupos sócio-ideológicos do presente, entre tendências, escolas, círculos e as-
sim por diante (...). Essas linguagens de heteroglossia se interceptam numa varieda-
18
de de caminhos, formando novas linguagens”.

A democracia, portanto, mostra-se como o mais heteroglótico dos conceitos. As neces-


sidades do presente impõem a importância de se construir uma nova democracia, que atenda
ao poder popular. Muitos postam no modelo participativo, dos recalls, dos plebiscitos e dos
referendos, como foi visto na Islândia, onde a população optou pelo calote aos grandes bancos
após a crise econômica para preservar o bem comum, tendo aprovado novas leis que reforça-
ram a força do povo. Trata-se, pois, de uma reflexão imprescindível ao homem do século

17
Disponível em: http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/eleicoes/story.aspx?cp-documentid=264752441.
Acesso em 11/08/2014.
18
BAKHTIN, Mikhail. Discourse in the novel in Dialogical imagination. 15.ed. Austin: University of Texas
Press, 2004, p. 291. Tradução livre.
XXI, época de democracias em choque, de um ideal democrático sólido em xeque, de diversas
propostas de ressignificação.
Em síntese, as manifestações brasileiras de antes, durante e após junho, bem como os
protestos internacionais que as antecederam e as sucederam serviram para mostrar ao mundo
ocidental as fragilidades e incoerências do modelo de democracia construído pelo neolibera-
lismo. As mesmas bocas de onde ecoam gritos de indignação cospem com repúdio nos símbo-
los da democracia neoliberal, profanando os santuários do deus Mercado e desmascarando a
hipocrisia sem precedentes de se orgulhar de um modelo democrático historicamente deturpa-
do, falho e essencialmente perverso. As utopias que tomaram as ruas nos últimos anos podem
não ter tido, pelo menos até o momento, impactos mundialmente revolucionários, mas carre-
gam um legado, propondo ao mundo uma nova democracia – a que realmente preserva o “po-
der do povo”. Sobretudo no caso brasileiro, esse novos movimentos sociais provam aos seus
inimigos que nem todos os cidadãos estão deitados eternamente em berço esplêndido; mos-
tram que muitas Marias, Clarices e Elizabeths ainda chorarão, mas não desistirão de lutar pela
justiça; fazem do poeta um profeta e insistem em nos lembrar que nossa piscina está mesmo
cheia de ratos.

Referências bibliográficas

BAKHTIN, Mikhail. Discourse in the novel in Dialogical imagination. 15.ed. Austin: Uni-
versity of Texas Press, 2004, p. 291. Tradução livre.

BORGES, Fabiano Tonaco [etal.]. Anatomia da privatização neoliberal do SUS: o papel das
organizações sociais São Paulo, SP: Cultura Acadêmica. 2012.

CANDIOTTO, Cesar. Neoliberalismo e democracia (artigo). Publicado na revista Princípios


.Natal (RN), v. 19, n. 32, Julho/Dezembro de 2012, p. 153-179.

HARVEY, D.; TELES, E.; SADER, E.; et al. Ocuppy: movimentos de protesto que tomaram
as ruas. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012.

HAYEK, Friedrich Von. O caminho da servidão. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987,
p. 81.
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 2000.

SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.) Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Esta-
do democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 9-23.

SAFATLE, Vladimir. A esquerda que não teme dizer seu nome. São Paulo: Três Estrelas,
2013.

Referências eletrônicas

http://estudoshumeanos.com/2011/05/30/a-primavera-arabe-e-as-lembrancas-de-1848/

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/jogos-multimidia/infografico-primavera-arabe-
743910.shtml

http://www.boston.com/bigpicture/2012/01/egyptians_gather_in_tahrir_squ.html

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/534177-ideais-da-primavera-arabe-caem-no-
esquecimento-com-descredito-da-democracia

http://www.theatlantic.com/politics/archive/2012/09/occupy-wall-streets-raucous-birthday-
party-arrests-sermons-and-signs/262522/

http://www.washingtonpost.com/opinions/what-the-occupy-protests-tell-us-about-the-limits-
of-democracy/2011/10/17/gIQAay5YsL_story.html

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1606201102.htm

Referências cinematográficas

A praça – The square (Jehane Noujaim, 2013).

Trabalho interno – Inside Job (Charles Fergunson, 2010).

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