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Direito Penal aqui é voltado para dogmática excessiva. A própria professora não é
criminóloga, ela identificou a deficiência e pega a matéria por se interessar há anos.
Um olhar completamente diferente do estudo do crime é uma metodologia
diferente,enquanto ciência autônoma. Muito mais experimental que direito penal.
Abordaremos filmes ou peças,podem ser aulas fora da sala.
13a Emenda / Quem matou Eloá? / Música de Marília Pêra
Quais são as caracterizações essenciais da criminologia,para que serve, como se relaciona
com as outras ciências e controle social, que reflexões promove, se é uma práxis ou
ciência. A partir da criminologia, auto reflexão sobre a formação em Direito e outras linhas
mais transdiciplinares. Depois, a evolução do pensamento criminológico:o estudo do crime
na antiguidade,estados modernos, e como se confundia com o direito penal. Separação do
Direito Penal, teoria lombrosiana do criminoso nato e qual contexto racial está por trás
dessa teoria, criminologia crítica e teorias macrossociais, teorias do conflito e consenso,
como marcadores econômicos são determinantes pra criminalização.Fatores de gênero na
contemporaneidade,uma criminologia feminista,seletividade penal tradicional e a neo
seletividade aplicada aos crimes econômicos de colarinho branco até a Lava Jato.
Neurociência,pedofilia,e de que forma determina comportamentos,retomada da etiologia,
um determinismo não fenotípico mas agora genotípico? Transexualidade e aplicação da
Maria da Penha.
Vamos analisar o crime por aspectos que o curso geralmente não aborda.
Há uma professora de criminologia que não ensina no curso daqui.A faculdade de Direito é
hostil e não convidativa,o curso menos plural e não discute esses assuntos.
---- Não anotei a aula 2 ------- copiado de Aline
CRIMINOLOGIA
O crime pode ser analisado através de várias perspectivas, havendo três vertentes que se
destacam nesse processo: i) a criminologia, ii) a dogmática penal e; iii)a política criminal.
Tratam-se de ciências que estudam o crime com enfoques distintos, mas que se relacionam
entre si.
• Criminologia ® se volta para as causas, a origem do crime (por que o crime ocorreu);
• Dogmática penal ® se volta para a decidibilidade do conflito
• Política criminal ® se volta para as formas de controle/combate
EXEMPLO 1:
EXEMPLO 2:
CRIME
1) Conceito:
Criminologia é a ciência que estuda o fenômeno criminoso com enfoque nos seus sujeitos
(autor e vítima), bem como nas formas respectivas de controle social.
Criminologia é ciência?
− objeto
− método
Objeto:
Método:
− Não há um método específico para a criminologia
− A dogmática penal trabalha normalmente com o método da subsunção do fato à norma,
ou seja, o método lógico-dedutivo (definição por influência do positivismo)
− Associa-se a criminologia, por outro lado, ao método causal-explicativo, mas não
exclusiva-mente. 9 Lombroso 9 influência do positivismo
A dogmática penal tem muito a ver com a abordagem fenomenológica do crime - analisa,
por exemplo, o fenômeno da vida em caso de homicídios e tenta captar a essência
/denominador comum e tipificar a conduta “matar alguém - pena de x a y” ® redução do
fenômeno criminoso àquilo que seria sua essência.
A criminologia vem no caminho inverso da dogmática penal (que reduz as situações fáticas
a um denominador comum), assim, problematiza e amplia o estudo das situações fáticas;
todavia, há de haver um limite dessa ampliação (para não se perder). A criminologia muitas
vezes propõe a observação do problema com foco em elementos que não fazem parte da
dogmática.
Período Humanitário:
Herança da Revolução Francesa, com a edificação dos pilares da liberdade, da igualdade e
da fraternidade. Nesse momento, a liberdade se assume como direito fundamental. A pena
privativa de liberdade passa a se apresentar como principal modelo punitivo. E no fim da
revolução francesa, tem-se um momento codificador, com o advento do Código Civil
Napoleônico e consequente sistematização das normas, havendo a relação entre crime e lei
(novo: segurança) (que vai permitir o surgimento das escolas penais).
2) Escola Positiva:
− Estudavam o criminoso, influenciados pelo pensamento evolucionista (Darwin/Spencer),
alimentando a ideia de que o criminoso é um ser humano que não evoluiu.
− É uma preocupação prática, voltada especialmente para a prevenção de futuros delitos.
Parte do olhar de que o crime é explicado a partir do Determinismo (Cesare Lombroso).
− Dentro do viés determinista tem-se a antropologia criminal ou criminologia
etiológica/tradicional/biológica. O pensamento lombrosiano é contextualizado em uma busca
por conceitos práticos, valendo-se do método do experimentalismo.
− Estudo das características fenotípicas, medição do crânio, a fim de estabelecer
características antropormórficas do criminoso nato (ex.: nariz achatado, orelhas de abano)
® perfil não-europeu
Criminologia Etiológica
Lombroso e Espiritismo
Se retrata sobre ter combatido os fenômenos espíritas,os reconhecendo. Representam em
alguma medida a superação da certeza causal e experimental da escola positivista,quando
trata da alma.
• Teoria da Degeneração
Morel: progressiva degeneração mental nas gerações,esquema de cadeia hereditária
nervosos geram neuróticos que geram psicóticos que geram idiotas até extinguir a linhagem
defeituosa. O desvio é transmitido hereditariamente.
Magnan: retoma e redefine o pensamento,degenerado interrompe o processo natural
evolutivo. Todo degenerado é um desequilibrado mental,mas nem todo louco é degenerado.
O defeito degenerado era herdado,mas pode ser adquirido,manifestado por estigmas
através de uma variedade de sinais. Ou seja,nem todo louco é fruto de um processo
sucessório,e sim de outros fatores morais e ambientais. As próprias DSTs poderiam ser
vistos como fatores,complementando a teoria lombrosiana sobre as prostitutas.
Hoje,o racismo reveste outros discursos. O pretexto dessas pesquisas era se preocupar e
proteger a questão dos negros. Cuidar e compreender a raça para não responsabilizar com
culpabilidade seres que não seriam livres. O mesmo discurso da exceção é empregado
atualmente na relação de pobreza e crime. O nadar contra a maré de Tobias Barreto é a
mesma base para falar em pobres que escolhem não delinqüir e superam a miséria.
Quando um ministro do STF elogia o outro como negro de primeira classe,ou alguém é
chamada de negra bonita. Economia e direito penal sempre foram fios condutores
necessários dessa questão: o discurso que legitima e o sistema de controle. Hoje quando
se discute de lugar de fala é para incluir quem foi segregado do campo da discussão,e se
depender do sistema,sempre o serão - não excluir ninguém.Quem ocupa um lugar de poder
e não sofre com algo,tende a não ver. O nome não é homicídio,quando é negro: resistência
seguida de morte.
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Teorias Criminológicas
• Teorias Bioantropológicas
⁃ Fruto do positivismo,começo científico da criminologia. Ferri e Lombroso.
• Teorias Sociológicas
Todas têm em comum a compreensão do crime como fenômeno social. Trabalham a
relação do crime com a sociedade e estrutura social.
⁃ Teorias do Consenso
Um fenômeno social que o Estado enquanto estrutura visa combater para alcançar seu
objetivo maior,que é a paz social. O crime quebra essa paz,o Estado pacífica e restabelece
a ordem.
⁃ Teorias do Conflito
Um fenômeno social que é criado pelo próprio Estado. Não objetiva a paz e o consenso,o
objetivo estatal é o próprio conflito. O crime não rompe com a paz,o próprio Estado rompe
com a paz quando cria o crime. Diferente do pensamento contratualista do Estado
regulando o conflito e a natureza humana,ele próprio é quem proíbe e cria o problema.
Teorias do Consenso:
• Escola de Chicago
1. Introdução: corresponde ao contexto do surgimento de uma criminologia
científica nos Estados Unidos,com o momento de crescimento da indústria acompanhado
do criminal. A própria arquitetura e organização da cidade mudava,e as dinâmicas sociais
também.Rockefeller,um investidor do petróleo, patrocina estudos dessa escola para
entender o que estava acontecendo. Isso afeta diretamente o produto resultado dessa
empreitada.
2. Expoentes: Robert Park e Ernest Burgess.
3. Ecologia criminal: o conceito transcende o ambiente natural,se volta para o
ambiente social. Ele também precisa estar em equilíbrio,tanto do natural para o social
quanto dentro do ambiente social em si mesmo estar equilibrado nas relações sociais que
ele desenvolve e projeta. O crime é pensado,portanto,como um desequilíbrio ecológico e
produto de desorganização e caos social,cabendo ao Estado intervir nesses fatores
socioambientais para conter a criminalidade e restabelecer o equilíbrio,como já fazia no
ambiente natural.
4. Metodologia: observação participante. Rompe com a ideia do crime
relacionado a fatores endógenos,e sim fatores exógenos. Não o interior do indivíduo,e sim o
seu entorno exterior. O observador pode examinar o contexto social no qual ele e outros se
inserem,e o quanto pode ser determinante.
5. Teoria das zonas concêntricas ("sucessão")
Estudar o ambiente social no contexto de crescimento industrial. Pode dividir a cidade em
várias zonas,referentes ao mesmo centro. A zona do centro seria comercial,com indústria e
fábricas. Logo no entorno dela,a segunda zona é residencial porém pobre. As duas zonas
seguintes seriam de classe média,com padrão sucessivamente elevado. A última zona seria
a alta classe,abastada com residências de luxo. Diante dessa observação espacial,a zona
com maior número de crimes seria a segunda,e a com menor incidência criminal seria a
última. É possível verificar a relação crime e pobreza,ao invés do positivismo crime e raça.
Duas heranças escolásticas que não superamos até hoje.As pessoas pobres,por viverem
no caos e desordem,delinquem. Estão propensas a isso. Essas zonas se reproduzem
espacialmente em Chicago,não se verificam na periferia de outras realidades urbanas e
seus centros,mas o resultado da relação zona de risco/zona econômica,continua aplicado.
Há portanto uma sucessão no escalonamento de zonas sociais expandido a partir do
centro.Essa é a primeira fase de produção da escola,a segunda fase virá com o fim da
guerra mundial e irá recortar a sociedade mais incisivamente em classes.
O pensamento da escola de Chicago ainda está presente nas concepções identitárias.
Quando se fala em pobre,mas não criminoso,se faz uma construção quase que
adversativa:pobre,porém honesto. O que se quer dizer ali? Pobre não criminoso,uma vez
que há a concepção de relação direta crime pobreza. Disso nasce uma construção
identitária,como também o exemplo do preto digno ou honrado. A raça,critério da
criminologia etimológica,por si só seria constitutiva desse valor. Essa adjetivação só
acontece ao padrão branco por processo de desconstituição,não pelo processo adversativo
do apesar de.
• Teoria da Anomia
1. Expoentes : Robert Merton e Emile Durkheim
2. "Anomia": ausência de normas. Determinados quadros sociais caóticos são
situações em que os indivíduos se encontram em estado de desamparo normativo. Uma
sociedade em que falta ordem,valores e portanto ausência de identidade social,enquanto
um corpo social. A identidade se restringe aos indivíduos e não há noção de bem ou
interesse comum,coletividade. Diante da desordem,não haverá compreensão do todo.
3. Indivíduo e crime
Se o indivíduo vive nessa sociedade sem coesão coletiva,ele passa a obedecer e seguir só
as suas próprias normas. Dentro desse cenário é produzido o crime. Se os bens são
escassos e cada um só atende aos próprios interesses,emergirá conflito. O crime passa a
ser uma forma individual de adaptação no quadro de uma sociedade agônica em face de
meios escassos. Contexto histórico da década de 60,explosão dos movimentos sociais
identitários com uma raiz política muito forte a quem as normas em vigor não agradavam. A
própria introdução do AI5 fala em restabelecer a ordem. Quando a teoria da Anomia fala
sobre identidade social e todo coletivo,ela está levando em conta a lógica da paz social e do
subversivo,da criminalização da arte e expressão. Despolitização da discussão acadêmica
ou educacional,excessiva normatização de um padrão,pretensão de controle e ordem
gerando intolerância.
Hoje há uma reaproximação na atualidade, depois de um período de despolitização. Deixou
de se falar de feminismo e passou a falar de mulher. Depois distanciou ainda mais da
política, passando para estudos analíticos e academicistas de gênero. O que é bom,mas
não deveria implicar em afastar feminismo e negritude da rua,da política.
(Joan Scott)
Questões:
1. Para os defensores da escola ecológica,o crime é fruto de situação social em
que falta coesão e ordem. Verdadeiro ou falso? Justifique.
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Todas as teorias passadas falavam de crime e ruptura social,e Sutherland inova ao tratar da
associação diferenciada como uma adesão. Aderir à linha de conduta,se associar após
pensar racionalmente em seguir nos caminhos que aprendeu.
3. Cultura X subcultura
--- 13/01.
Política Criminal
É importante pensar o estudo do crime pelo menos num tripé de dogmática penal, política
criminal e criminologia. Não só essas ciências esgotam o estudo do crime, mas elas têm
uma relação indissociável. A criminologia vai tratar da causa e origem do comportamento
criminoso,desdobrando aqueles que pensam no sujeito e os que entendem como fenômeno
social,seja por quebra de consenso ou fomento do conflito. A dogmática penal analisa a
decidibilidade do conflito à luz da norma posta e depois de já ocorrida, uma extração da
consequência jurídica a partir do dogma. Análise sempre tardia,"já que matou,então..."
Daniela entende que o estudo do direito penal não é sinônimo de dogmática,como para
muitos professores. É preciso a análise política e criminológica. Aplicar o princípio da
insignificância é uma análise pela perspectiva política,além do previsto em lei. A política
criminal olha para o crime e pensa de que forma pode controlar ou combater isso. Dentro
dessa lógica, vamos encontrar caminhos diametralmente opostos com o mesmo objetivo
comum. Tem que entenda que é preciso mais direito penal ou menos direito penal. Aí já se
vê que o pensamento político criminal está relacionado a sua concepção de criminologia. A
forma como se pensa ser correto aplicar uma norma dialoga,passa por como você entende
o pensamento político e campo criminológico.
2. Abolicionismo Penal
O desafio não é buscar um direito penal melhor,mas sim algo melhor que o direito penal. É
um movimento deslegitimador do sistema punitivo como um todo. Uma alternativa,não uma
reforma. Postula a abolição radical dos sistemas penais,prefere a solução dos conflitos por
outros mecanismos informais. Não crê na inexistência futura de conflitos,onde há
sociedade,haverá transgressão. Derrubando a pena e todos os institutos do sistema penal,o
conflito continua a existir, mas não será crime. O que virá não será necessariamente
melhor,mas a tentativa é válida.