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A QUESTÃO DA INTERCULTURALIDADE.
CELSO KOSINSKI
Disciplina
TOCANTINOPOLIS
2019
Ao ser solicitado a escrever um trabalho final para a disciplina de sociedades
e culturas indígenas, do curso de Ciências Sociais da UFT, revendo as aulas e recor-
dando as vivencias, chego à conclusão de quão pouco sabemos, e até mesmo quanto
desprezamos os habitantes originais deste país. Um semestre onde tivemos a opor-
tunidade de conhecer temas nunca abordados e cuja variedade é exuberante, não
nos qualifica para sequer comentar que entendemos o que ou quem são os indígenas.
Este período de estudos teve seus méritos, porém, ao chegar ao final do semestre
fica a sensação de que arranhamos a casca do fruto sentimos o odor, sabendo que
dentro há algo saboroso, mas não pudemos provar dele. Efetivamente durante o se-
mestre pudemos adentrar vários temas nos seminários, porém de certa forma super-
ficial, os debates foram suficientes para nos mostrar superficialmente a questão mas
não nos proporcionaram apreciar com profundidade tal como o exemplo do fruto, resta
ainda como último recurso escrever um trabalho que proporcione a apreensão de mais
alguns aspectos da disciplina. Pretendo, portanto, nas próximas páginas resumir um
pouco do que apreendi nesta, principalmente com foco na interculturalidade, especifi-
camente expressando o que é o meu entendimento sobre o tema a partir da disciplina
e dos fatos que observo no cotidiano.
Comecemos pelo quão pouco sabemos, a quem esta expressão se dirige? A
resposta segundo a minha interpretação envolve a totalidade do povo brasileiro e a
totalidade do povo indígena. Em primeiro lugar é importante esclarecer quanto ao
termo índio, sobre o qual recorro a BANIWA:
Por outro lado aprendemos nesta disciplina em alguns textos, não somente
na interpretação direta destes, mas também pela observação das narrativas antropo-
lógicas que em muitas das tribos contatadas e pesquisadas o etnógrafo após a ambi-
entação é levado pelos indígenas a fazer parte da vida cotidiana com o objetivo de
conhecer os fatos, não somente em participação observante, mas também em obser-
vação participante, diferente do homem civilizado, o indígena vivencia seus conheci-
mentos e quando nos dirigimos ao seu território somos levados a aprender de forma
intercultural.
Relacionar a interculturalidade quanto a organização entre os povos indíge-
nas, é uma proposição que exige grande esforço, visto que diferentemente dos oci-
dentais, suas formas de organização são variadas, tanto no aspecto da vida diária
familiar, quanto no aspecto da coletividade, há inúmeras formas de organização vari-
ando estas em função do povo em questão, o que podemos destacar é que por não
possuírem uma tradição escrita, suas leis, seus costumes, suas medidas sanitárias,
seus relacionamentos sociais e políticos, são regulados pela transmissão oral exer-
cida por diferentes pessoas, em diferentes situações, desta forma estudar ou conhe-
cer um povo não significa conhecer todos os povos, mas apenas características dis-
tintivas entre eles. Sabemos que todos os povos tem danças, pinturas, trançados, ce-
râmicas, mas em cada um desses povos estes elementos tem diferentes significados.
Se a interculturalidade significa um processo dinâmico, um intercâmbio que
se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e práticas culturalmente diferen-
tes, um espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais, econô-
micas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade não são mantidos
ocultos e sim reconhecidos e confrontados; então estamos diante de uma empreitada
gigante, que tem a mesma dimensão do nosso pais, em aspectos demográficos e
culturais, e que nos força a tomarmos uma posição ativa diante da tarefa, qual seria a
de realmente conhecermos os nossos interlocutores.
Referências bibliográficas
BANIWA, Gersem dos Santos Luciano. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber
sobre os povos indígenas no Brasil de hoje, Brasilia -DF Ministério da Educação, Se-
cretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Naci-
onal, 2006
DURKHEIM, Émile, Da divisão do Trabalho Social, São Paulo SP: Martins Fontes,
1999