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Resumo
ste artigo apresenta os resultados de um estudo cujo objetivo é desenvolver
Abstract
This article presents the results of a research study which aimed to devise a method for
assessing spatial arrangements of flats, considering attributes related both to the user
needs and to construction rationalization. This study can be justified by the fact that
most typical flat layouts do not offer a high level of comfort and quality for the final
Douglas Queiroz Brandão
Departamento de Engenharia user, neither result in high degree of constructability. The variables related to the
Civil vertical plans, which correspond to 45% of building costs, were emphasized. This
Universidade Federal de Mato included the analysis of three attributes that affect the construction rationality: wall
Grosso
Av. Fernando Correa da Costa, density, number of wall segments, and number of wall double junctions. A sample of 83
s.n. flat layouts with private areas of roughly 90 square metres (968.75 square feet), from
Conjunto FAET/ICET, Bloco B 27 different Brazilian towns, was analysed. Some basic architectural characteristics
Cuiabá – MT – Brasil
CEP 78060-900 were collected as well as some morphological and topological attributes, aiming to
Tel.: (65) 3615-8972 assess their impact on the use of materials and on construction rationalization. In
Fax: (65) 3615-8711 conclusion, the study revealed that simple layouts that result in easier and faster site
E-mail: dbrandao@ufmt.br
construction can also provide fairly comfortable and functional arrangements.
Recebido em 11/04/06 Keywords: design quality; geometric indices; constructability; brick walls;
Aceito em 29/08/06 housing morphology; residential buildings.
54 Brandão, D. Q.
hierarquia no que se refere aos dormitórios. É habitação. Complementa os estudos de morfologia.
comum o estabelecimento de áreas diferentes para Como referência, para análise dessas
os cômodos, em geral com destaque para a suíte interconexões, são considerados os extremos
principal. De forma contrária, arranjos com mundiais: de um lado, a estrutura topológica de
dormitórios equivalentes em área são atípicos nos casas tradicionais muçulmanas, cujo esquema
desenhos habitacionais brasileiros (BRANDÃO, topológico é de alta profundidade; de outro lado,
2002). as casas tradicionais japonesas, com grande
Plantas com sala de estar central, onde a sala número de ciclos e, portanto, maior flexibilidade
exerce também a função de circulação e espacial (ver Figura 3). Estudos feitos por
pesquisadores portugueses mostram que o aumento
distribuição, com acessos diretamente aos quartos,
não são também comuns no Brasil. É interessante das aberturas e acessos internos, com a formação
citar o caso da Coréia do Sul, onde os projetos de ciclos, resulta em baixa hierarquia entre os
cômodos, multifuncionalidade e, portanto, maior
contemporâneos seguem o esquema da sala de
estar central (Figura 2). Choi (1999) explica que o flexibilidade espacial (ver Figura 4). É fácil
desenho desses apartamentos acompanha o partido visualizar nessa planta que os cômodos possuem
pouca diferença em suas áreas úteis e que existem
das casas térreas tradicionais, onde um pátio
central funciona como um centro distribuidor para conexões internas adicionais.
todos os demais cômodos da moradia. A topologia constitui método que possibilita
A eliminação de corredores, os quais podem ser caracterizar a rede de acessos, sua forma e sua
seqüência, mostrando o grau de relacionamento
considerados como desperdício de área (que
poderia ser usada para aumento dos próprios entre os cômodos da habitação pela forma das
interconexões. Tem, portanto, estreita ligação com
cômodos principais), traz a vantagem da economia
e da otimização espacial, mas a possível perda de a morfologia da habitação.
privacidade, uma preocupação sempre presente,
com certeza explica a pouca utilização da planta
com sala de estar central nos projetos brasileiros de
apartamentos (BRANDÃO, 2002). Plantas com a
eliminação do corredor e também com a
possibilidade de circuito são casos raros na oferta
imobiliária nacional. Conforme a classificação de
Schneider (1998), existem oito tipos de planta de
apartamentos, sendo relevante estabelecer
comentários sobre as possibilidades de uso nos
projetos brasileiros (ver Quadro 1).
Se a classificação das tipologias for feita com base
nas oito possibilidades de concepção apresentadas
por Schneider (1998), não é difícil afirmar que a
Nota: os quartos não constituem um bloco íntimo único com
diversidade tipológica das plantas brasileiras é um único acesso
restrita. A literatura apresenta um rol variado de Fonte: www.apartment.com
partidos arquitetônicos, mas muito pouco dessas Figura 1 - Planta de apartamento americana, tipo
alternativas é explorado nos projetos brasileiros, 2.0/210, Dallas, Texas
evidenciando, assim, um desafio aos novos
desenhos para o espaço doméstico. Esse quadro
reitera a existência de um campo vasto de pesquisa
ante os novos hábitos, modos de vida, costumes e
necessidades, que surgem e se modificam a cada
dia (BRANDÃO, 2002). Por outro lado, pode ser
considerada diversa se os critérios de análise se
fixarem tão-somente no programa de necessidades
(cômodos). Brandão (2002) levanta 82 tipologias
caracterizando diversidade.
Topologia
Nota: desenho compacto onde os quartos se comunicam
A topologia proporciona a compreensão das diretamente com a sala e a cozinha ao centro
interconexões dos cômodos ou ambientes distintos Fonte: Choi (1999, p. 69)
de uma planta ou arranjo espacial de uma Figura 2 - Apartamento do tipo 1.0/300 oriundo da
Coréia do Sul
56 Brandão, D. Q.
Fonte: Shoul (1993, p. 38)
Figura 3 - Alguns tipos morfológicos: (a) e (b) tipos tradicionais japoneses; (c), (d) e (e) tipos oriundos
da tradição islâmica
58 Brandão, D. Q.
múltiplas opções de projeto e, principalmente, da ressaltam a importância das junções no custo dos
eficiência geométrica do arranjo físico. arranjos geométricos. As junções duplas nesse
levantamento foram localizadas e demarcadas
Densidade, segmentos e junções de somente nas paredes internas das plantas da
paredes amostra.
60 Brandão, D. Q.
Tipologia 2Q Quantidade Tipologia 3Q Quantidade
1.0/200 01 2.0/300 03
2.0/200 01 2.0/310 30
2.0/201 02 2.5/310 03
2.0/210 06 3.0/310 16
2.5/210 01 3.0/311 11
3.0/210 03 3.5/310 01
3.0/211 03 3.5/311 01
4.0/321 01
Total 17 Total 66
1
Tabela 2 - Número de plantas por número de dormitórios e tipologia básica
1
No método estabelecido por Brandão (2002) adotou-se uma convenção numérica para identificação das tipologias, iniciando-se pelo
número de banheiros. Arbitrou-se também que os lavabos são caracterizados por “0.5”, ou seja, meio banheiro. Assim, por exemplo, uma
tipologia identificada como “3.5/311” deve ser lida como sendo um apartamento de três banheiros mais um lavabo, com três dormitórios,
sendo um suíte, existindo dependência completa de serviço.
Figura 7 - Gráficos justificados contendo ciclos: alguns dos poucos casos encontrados na amostra
62 Brandão, D. Q.
Nota: gráfico justificado com 3 ciclos; neste caso ocorrem por meio das sacadas, sobretudo em edifícios situados em regiões de praia
Figura 8 - Residencial Rossini, de Balneário Camboriú, Santa Catarina
13
17
Fre q ü ê n cia
Freqüência
9 12
8 8 8 11
10
6
55 5
5 5
3 4 4
2 2 3 3 3
2
1 1 1 1 11 11 1
12, 00
12, 25
12, 50
12, 75
13, 00
13, 25
13, 50
13, 75
14, 00
14, 25
14, 50
14, 75
15, 00
15, 25
15, 50
15, 75
16, 00
2,2 50 - 2,275
2,3 00 - 2,325
2,3 50 - 2,375
2,4 00 - 2,425
2,4 50 - 2,475
2,5 00 - 2,525
2,5 50 - 2,575
2,6 00 - 2,625
2,6 50 - 2,675
2,7 00 - 2,725
2,7 50 - 2,775
2,8 00 - 2,825
2,8 50 - 2,875
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
11,75
12,00
12,25
12,50
12,75
13,00
13,25
13,50
13,75
14,00
14,25
14,50
14,75
15,00
15,25
15,50
15,75
64 Brandão, D. Q.
Nota: tipologia 2.0/310, com 9 peças e 92,09 m2, profundidade do gráfico justificado igual a 4
Figura 11 - Residencial Portal do Água Verde, em Curitiba
Nota: tipologia 2.0/310, com 10 peças e 90,21 m2, profundidade do gráfico justificado igual a 5
Figura 12 - Residencial Batel, em Florianópolis
66 Brandão, D. Q.
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