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Estatuto da Advocacia e da OAB comentado, artigo por artigo.

Lei n° 8.906, de 04 de julho de 1996.

TÍTULO I

Da Advocacia

CAPÍTULO I

Da Atividade de Advocacia

Art. 1º. São atividades privativas de advocacia:

O artigo inicial do Estatuto da Advocacia e da OAB trata sobre as atividades que são privativas do
advogado, ou seja, as atividades que somente podem ser praticadas por advogado devidamente inscrito
nos quadros da OAB, após preenchido os requisitos do seu art. 8°, bem como por profissional da advocacia
que não esteja impedido (suspenso ou licenciado) do exercício de suas atividades.

Os incisos I e II do art. 1°, estabelecem quais são essas atividades, vejamos:

I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; (Vide ADIN 1.127-
8)

Neste inciso, importante chamar atenção para a expressão "qualquer" que constava da redação original
do inciso I e que foi declarada inconstitucional pelo STF no julgamento da ADI n° 1.127-8.

O Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade deste inciso, porém, com a retirada da
Juizados de Pequenas Causas, no qual somente se exige
a presença de advogado nas ações cujo valor da causa seja de 20 a 40 salários mínimos e em sede de
recurso; à Justiça do Trabalho que, através do art. 791 da CLT, permite a atuação do reclamante e do
reclamado sem a intervenção de advogado, contudo, necessário observar o entendimento do TST na
Súmula 425.; e à Justiça de Paz, que não faz parte do Poder Judiciário (art. 92 da CF/88), sendo de sua
atribuição o disposto no art. 98, II da CF/88, situações em que a parte não precisa estar representada por
advogado. Tratam-se de verdadeiras exceções ao jus postulandi do advogado.

II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

Segundo Paulo Lôbo, "a assessoria jurídica (...) se perfaz auxiliando quem deve tomar decisões. (...)
Direção jurídica tem o significado de administrar, gerir, coordenar, definir diretrizes de serviços jurídicos.
(...) A consultoria jurídica não pode ser prestada como oferta ao público, de modo impessoal"1.

Como já dito, são atividades que não podem ser praticadas por pessoas ou sociedades não inscritas na
OAB, sob pena de se configurar exercício ilegal da profissão. Da mesma forma, não é permitido ao

1
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 21.
advogado prestar serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedade que não
possam ser registradas na OAB (art. 4°, parágrafo único do Regulamento Geral).

§1º. Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer
instância ou tribunal.

A impetração de habeas corpus, em qualquer instância ou tribunal, não constitui medida privativa de
advogado, podendo ser impetrado por qualquer pessoa, inclusive pelo próprio paciente.

§2º. Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser
admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.

Nestes casos, o visto dado por advogado não pode ser entendido como mera formalidade, por isso é que
o art. 2° do Regulamento Geral determina que "o visto do advogado em atos constitutivos de pessoas
jurídicas, indispensável ao registro e arquivamento nos órgãos competentes, deve resultar da efetiva
constatação, pelo profissional que os examinar, de que os respectivos instrumentos preenchem as
exigências legais pertinentes".

Importante ressaltar que a exigência de visto do advogado em atos e contratos constitutivos de pessoas
jurídicas não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte, conforme previsão do art. 9°,
§2° da Lei Complementar n° 123/06. O registro dessas empresas é mais simplificado e ocorre com o
preenchimento de formulários padrões.

Ainda, prevê o parágrafo único do art. 2° do Regulamento Geral que estão impedidos de visar os atos e
contratos de pessoas jurídicas os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da
Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial, ou a
quaisquer repartições administrativas que seja competente para registrar os atos e contratos de pessoas
jurídicas.

§3º. É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

Esta proibição também está prevista no Provimento n° 94/2000 do Conselho Federal da OAB em seu art.

A vedação é em relação à divulgação da advocacia em conjunto com outra atividade de qualquer


natureza, como também em relação ao exercício da advocacia em conjunto com outra atividade.

A proibição tem por objetivo evitar a mercantilização da atividade advocatícia, pela atuação em conjunto
com outras atividades, como também evitar a captação de clientela.

Art. 2º. O advogado é indispensável à administração da justiça.

Assim como o Ministério Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública, a Advocacia foi incluída na
CF/88, dentro Título que trata da Organização dos Poderes, como uma das funções essenciais à Justiça,
considerando o advogado "indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei" (art. 133, CF/88).
A indispensabilidade do advogado não pode ser vista como questão de corporativismo, mas como uma
garantia de efetivação da justiça. No âmbito constitucional, o advogado é tido como garantidor do devido
processo legal e do exercício da ampla defesa do acusado.

§1º. No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.

§2º. No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu


constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.

A atividade advocatícia, ainda que de forma privada, tem por finalidade a realização da justiça e, desta
forma, é tida como um munus público, uma vez que, segundo Fábio Konder Comparato,
judicial do advogado não visa, apenas ou primariamente, à satisfação de interesses privados, mas a
2
. Por sua vez, a função social da
advocacia se revela muito mais do que o simples cumprimento da lei, é a busca do direito e da justiça.

De acordo com Paulo Lôbo, a advocacia "é serviço público na medida em que o advogado participa
necessariamente da Administração Pública da justiça, sem se agente estatal; cumpre uma função social,
na medida em que não é simples defensor judicial do cliente, mas projeta seu ministério na dimensão
comunitária, tendo sempre presente que o interesse individual que patrocine deve estar plasmando pelo
interesse social"3.

§3º. No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites
desta lei.

Assim como o art. 1°, inciso I desse Estatuto, este dispositivo também foi objeto da ação direta de
inconstitucionalidade n° 1.127-8, tendo o STF entendido que, de fato, a imunidade e a inviolabilidade do
advogado é indispensável para o pleno exercício de suas funções. Sendo assim, ao profissional da
advocacia são garantidos o sigilo profissional, a liberdade de expressão e os seus meios de trabalho,
porém, há na lei um certo limite quanto a esta inviolabilidade, já que o advogado pode ser
responsabilizado com sanções disciplinares pelos excessos que vier a cometer no exercício da profissão.

Art. 3º. O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado


são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Desde que atendidos os requisitos do art. 8° deste Estatuto e ter prestado o compromisso perante o
Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção (art. 20 do Regulamento Geral do EAOAB), o
bacharel em direito inscreve-se nos quadros de advogados da OAB e passa a obter o título de advogado,
estando habilitado para o exercício dessa nobre profissão. Lembrando que a prática de atos privativos de
advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão (art.
4° do Regulamento Geral do EAOAB).

2
COMPARATO, Fábio Konder. A função do advogado na administração da justiça, p. 45.

3
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 29/30.
§1º. Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a
que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda
Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e
fundacional.

De acordo com este parágrafo, os advogados públicos, além do regime próprio a que se subordinam,
também são inscritos na OAB e estão submetidos às regras desse Estatuto.

Importante frisar que, no julgamento do REsp 1.710.155 - 2018, a 2ª Turma do STJ decidiu, por
unanimidade, que Defensores Públicos estão dispensados de inscrição na OAB para poder exercer suas
funções, tendo em vista que não prestam serviços advocatícios na esfera privada. Apesar desta
importantíssima decisão do STJ, o referido dispositivo não sofreu alterações em sua redação e ainda está
em vigor.

No mesmo sentido, o Procurador-Geral da República ajuizou a ADI nº 5334 com o objetivo de ver
declarada a inconstitucionalidade formal e material deste §1°, bem como emprestar interpretação
conforme a CF/88 ao art. 3º, caput, desse Estatuto, com o intuito de desvincular os Advogados Públicos
da OAB. Mas, até a conclusão destes comentários não houve julgamento da referida ADI.

§2º. O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na
forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste.

O estagiário regularmente inscrito na OAB poderá praticar os atos privativos previstos no art. 1° deste
Estatuto, desde que assistido por advogado responsável.

Poderá, também, e de forma isolada, ou seja, sem a presença ou assinatura do advogado, mas ainda sob
a responsabilidade deste, praticar os atos previstos nos §§1° e 2° do Regulamento Geral, quais sejam:
retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; obter junto aos escrivães e chefes de
secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; assinar petições de juntada de
documentos a processos judiciais ou administrativos e praticar os atos extrajudiciais, quando receber
autorização ou substabelecimento do advogado.

Art. 4º. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem
prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.

Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito do
impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a
advocacia.

Este artigo estabelece que haverá nulidade dos atos privativos de advogado quando praticados por
pessoa não inscrita na OAB, por advogado impedido, suspenso, licenciado ou que passar a exercer
atividade incompatível com a advocacia. A nulidade é absoluta, plena, não podendo os atos ser
ratificados por outro profissional.

Atos praticados por pessoa não inscrita na OAB: as atividades privativas de advocacia (art. 1°) somente
podem ser exercidas por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (art. 3°) e,
nem mesmo os estagiários devidamente inscritos em quadro próprio na OAB, podem praticá-las de forma
isolada, sendo necessário que estejam assistidos por advogado responsável. Os estagiários apenas
podem desenvolver, de forma autônoma, as atividades previstas no art. 29 e §§ 1° e 2° do Regulamento
Geral desse Estatuto.

Além da declaração de nulidade dos atos praticados por aquele que não é advogado, o Caput desse art.
também não exclui a aplicação de sanções na esfera cível, penal e administrativa.

Isso se verifica em razão do princípio da independência da jurisdição, no qual admite que um mesmo
infrator possa responder simultaneamente nas três esferas cabíveis (civil, penal e administrativa).

Quanto às sanções civis, a pessoa pode responder pela reparação do dano causado a terceiros, conforme
previsão dos arts. 186 e 927 do Código Civil; na esfera penal, poderá responder por exercício ilegal da
profissão, em virtude da prática e anúncio da atividade de advocacia, de acordo com o art. 47 da Lei das
Contravenções Penais. Na esfera administrativa, o advogado poderá ser punido com sanções
disciplinares, como prevê o art. 34 a 43 do EAOAB. Em relação ao estagiário, este poderá ser punido pela
prática de ato excedente de sua habilitação, conforme prevê o art. 34, XXIX, desse Estatuto.

Atos praticados por advogado impedido: o impedimento constitui proibição parcial do exercício da
atividade de advocacia, pois o advogado pode continuar advogando, exceto contra ou a favor das pessoas
constantes no art. 30 desse Estatuto. Neste caso, praticando o advogado tais atos, estes serão
considerados nulos e o profissional estará cometendo infração disciplinar, sujeito a pena de censura,
conforme estabelece os arts. 34, I e 36, I desse Estatuto.

Atos praticados por advogado suspenso: o advogado que for punido com pena de suspensão, por ter
cometido quaisquer das infrações disciplinares definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34 desse Estatuto
(art. 37, I) não poderá, durante o prazo da suspensão (art. 37, §§1° ao 3°, do Estatuto), praticar os atos
privativos de advogado, sob pena de nulidade.

Atos praticados por advogado licenciado: a licença é um instituto no qual o advogado se afasta
temporariamente de suas funções, nas hipóteses previstas no art. 12 desse Estatuto, quais sejam:
requerimento, dede que por motivo justificado; exercício, em caráter temporário, de atividade
incompatível com a advocacia e doença mental considerada curável. Qualquer ato privativo de advogado
exercido durante o período da licença será considerado nulo.

Atos praticados por advogado que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia: quem
exerce atividade incompatível com a advocacia não pode praticar os atos privativos de advogado, pois a
incompatibilidade tem a ver com o cargo ou a função desempenhada, e não com a pessoa em si. A
depender do tipo de atividade incompatível a ser exercida, o advogado deve requerer à OAB, a licença ou
o cancelamento de sua inscrição, caso não o faça e continue exercendo a advocacia, seus atos serão
considerados nulos.

Art. 5º. O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.
§1º. O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no
prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.

Para que o advogado possa representar a parte e praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou
grau de jurisdição, deverá apresentar a procuração, que é o instrumento de mandato, onde ficam
consignados os poderes outorgados pelo constituinte.

O mandato presume a existência de uma relação de prestação dos serviços advocatícios entre a parte
(outorgante) e o advogado (outorgado), bem como a fixação dos honorários advocatícios.

No entanto, o próprio EAOAB e também o Código de Processo Civil (art. 104, Caput e §1°) facultam ao
advogado, nos casos de urgência, atuar sem procuração, devendo, contudo, apresentá-la no prazo de 15
dias, prorrogável por igual período.

Ainda, prevê o art. 15, §3° desse Estatuto que "as procurações devem ser outorgadas individualmente aos
advogados e indicar a sociedade de que façam parte", ou seja, a procuração não pode fornecer poderes
para a própria sociedade e nem mesmo para a coletividade de advogados que a ela estejam vinculados.

§2º. A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em
qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.

Este parágrafo estabelece os poderes gerais e especiais que podem constar do instrumento de mandato.

Poderes gerais: são poderes básicos que permite ao advogado praticar todos os atos do processo, desde
o ajuizamento da ação até a interposição de recursos nos tribunais, exceto aqueles atos que exijam
poderes especiais (art. 105, do CPC).

Poderes especiais: são aqueles que devem constar nos casos exigidos por lei. O art. 105 do CPC descreve
as hipóteses em que se exige uma procuração especifica.

O artigo 7º, inciso VI, "d" do EAOAB, também exige procuração com poderes especiais nos casos em que
o advogado participe de assembleia ou reunião para representar seu cliente.

Destaca-se que o rol do art. 105 do CPC não é taxativo, pois todo e qualquer ato que implique em
disposição do direito da parte deve ser realizado mediante a outorga de poderes específicos.

§3º. O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação
da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo.

A renúncia ao mandado não se confunde com o substabelecimento, uma vez que aquela é uma forma
através da qual o advogado desiste dos poderes que lhe foram conferidos pela parte, devendo
permanecer atuando no processo durante 10 dias seguintes à notificação, salvo quando for substituído
antes do término desse prazo ou que seja necessário para evitar prejuízo, de acordo com o art. 112, §1°
do CPC. O Regulamento Geral do EAOAB, em seu art. 6°, determina que a comunicação da renúncia ao
cliente deva ser feita preferencialmente mediante carta com aviso de recepção, comunicando, após, o
Juízo.
O advogado que descumprir o prazo de 10 dias, sem que tenha sido substituído, estará cometendo
infração disciplinar (art. 34, XI), sujeito a aplicação da pena de censura (36, I), além de responder na esfera
cível, devendo, neste caso, haver prova do prejuízo sofrido pelo constituinte.

Já o substabelecimento é um instrumento por meio do qual o advogado constituído (substabelecente)


transfere para outro advogado (substabelecido) os poderes que lhe foram outorgados pelo cliente. Esse
substabelecimento pode ser feito com ou sem reserva de poderes:

Substabelecimento com reserva de poderes - é a transferência provisória, pois o advogado


substabelecente permanece atuando na causa em conjunto com o advogado substabelecido. Assim,
neste caso, não há necessidade de se comunicar o fato ao cliente, pois o substabelecimento com reserva
de poderes é ato privativo do advogado. O art. 26, §2° do CED da OAB, estabelece que o advogado
"substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários com o
substabelecente".

Substabelecimento sem reserva de poderes - é a transferência definitiva, na qual o advogado


substabelecente se exime de toda responsabilidade no processo e o novo advogado assume, com
exclusividade, o patrocínio da causa. Como o substabelecimento sem reserva de poderes não constitui
ato privativo do advogado, este deverá comunicar o fato ao cliente, conforme determina o art. 26, §1° do
CED da OAB.

CAPÍTULO II

Dos Direitos do Advogado

Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério
Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem


dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da
advocacia e condições adequadas a seu desempenho.

Este artigo estabelece a igualdade de tratamento entre o advogado, o juiz e o promotor, sendo todos
considerados indispensáveis à administração da justiça, cada um desempenhando funções próprias, isto
é, um postula, outro exerce o papel de fiscal da lei e o outro julga decidindo o litígio, por isso, não se
estabelece entre eles relação de hierarquia e subordinação, muito pelo contrário, todos devem tratar-se
com respeito e cordialidade no desempenho de suas respectivas funções, que tem como objeto a
aplicação do Direito, em busca da justiça.

Além da necessidade de ser tratado com respeito e consideração pelo juiz e pelo promotor de justiça, o
parágrafo único assegura, ainda, o direito do advogado em receber tratamento compatível com a
dignidade da advocacia e as condições adequadas ao seu desempenho, por parte das autoridades, dos
servidores públicos e dos serventuários da justiça. Este tratamento é condição necessária para o
desempenho de suas atividades, em respeito ao exercício do direito de defesa. Assim, trata-se de uma
prerrogativa do advogado e quando violada lhe autoriza a representar o ofensor mediante desagravo
público ou qualquer outra medida disciplinar ou judicial cabível. A imunidade profissional não pode ser
um impeditivo a possibilidade de punição disciplinar.

Art. 7º. São direitos do advogado:

Este artigo relaciona, em rol não taxativo, uma série de direitos assegurados aqueles que exercem a
advocacia, são prerrogativas que têm por finalidade evitar a imposição de óbices ao pleno exercício
profissional, são elas:

I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

O advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB pode exercer livremente suas atividades em todo
o país. Esta atuação ocorre de forma ilimitada na jurisdição do Conselho Seccional em que o advogado
mantém seu domicílio profissional, obtendo sua inscrição principal, e de forma eventual em qualquer
outro Estado, ou seja, a atuação do advogado nestes locais fica limitada a cinco causas por ano (art. 10,
§2°), sendo que a intervenção judicial que exceder a este limite obriga o advogado a promover sua
inscrição suplementar no respectivo Conselho Seccional.

Assim, desta forma, fica garantido ao profissional da advocacia o livre exercício de suas atividades em
todo o território nacional.

II a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de


trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas
ao exercício da advocacia; (Redação dada pela Lei nº 11.767, de 2008)

Este inciso garante ao advogado o direito a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem
como de seus instrumentos de trabalho, porém, esta inviolabilidade não é absoluta, pois quando
presentes os requisitos previstos em lei poderá haver a quebra da inviolabilidade. Tais requisitos são:
indícios de autoria e materialidade de crime por parte do advogado; mandado de busca e apreensão,
específico e pormenorizado, bem como a presença de representante da OAB para o cumprimento do
mandado de busca e apreensão (art. 7°, §6°, do EAOAB).

Importante frisar que, em qualquer caso, é vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos
pertencentes a clientes do advogado averiguado, assim como os demais instrumentos de trabalho que
tenham informações referentes a clientes, a não ser que algum cliente também esteja sendo formalmente
investigado como coautor ou partícipe pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da
inviolabilidade (art. 7°, §7°, do EAOAB).

III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando
estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;

Prerrogativa que assegura a todo o preso ser assistido por advogado, conforme determina o art. 5°, inciso
LXIII, da CF/88.
Assim, em conformidade com a Carta Magma, o Estatuto da OAB, por meio deste inciso, atribui ao
advogado esse direito, ainda que ele não esteja munido de procuração e o seu cliente seja considerado
incomunicável.

Ademais, esta comunicação deve ser entendida de forma ampla, ou seja, não se restringe ao contato físico
e direto com o cliente no estabelecimento em que este se encontre preso, detido ou recolhido, mas
abrange também, por exemplo, a troca de correspondências ou telefonemas, devendo, da mesma forma,
ser resguardado o sigilo profissional.

IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao
exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos,
a comunicação expressa à seccional da OAB;

A prisão em flagrante delito do advogado, quando relacionada ao exercício da profissão, garante a este
ter a presença de representante da OAB para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade. Porém,
o STF, no julgamento da ADI nº 1.127-8, decidiu pela constitucionalidade deste inciso, mas destacou que
se a OAB não enviar representante em tempo hábil, não haverá de se falar em invalidade da prisão em
flagrante.

O §3° deste artigo garante ao advogado que a prisão em flagrante só pode ocorrer em caso de crime
inafiançável e desde que por motivo ligado ao exercício da profissão, observado o disposto neste inciso.

Quando a prisão em flagrante não estiver relacionada ao exercício da profissão, a autoridade competente
deverá comunicar o fato à seccional da OAB.

V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior,
com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão
domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8)

Este inciso também foi objeto da ADI nº 1.127-8, tendo o STF decidido pela inconstitucionalidade da
expressão "assim reconhecidas pela OAB".

É direito do advogado, em caso de sentença condenatória recorrível, não ser recolhido preso senão em
sala de Estado Maior e, na sua ausência, em prisão domiciliar. No mérito da referida ADI, o STF enfatizou
risão do advogado em sala de Estado Maior é garantia suficiente para que fique provisoriamente

VI - ingressar livremente:

a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos
magistrados;

b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços


notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e
independentemente da presença de seus titulares;

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde
o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade
profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer
servidor ou empregado;

d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante
a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;

Essas prerrogativas garantem que o advogado não pode ser impedido de ingressar livremente em locais
nos quais deve atuar. Qualquer impedimento a essas garantias dever ser entendido como ilegal, além
disso, a violação as hipóteses das alíneas "a", "b" e "c" configura crime de abuso de autoridade, previsto
no art. 3°, "f", da Lei n 4.898/95. Por fim, para que o advogado possa exercer o direito estabelecido na
alínea "d", precisa estar munido de procuração com poderes especiais.

VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior,


independentemente de licença;

Como não há relação de hierarquia e subordinação entre advogados e magistrados, este inciso assegura
ao profissional da advocacia decidir a melhor maneira de permanecer nos locais onde irá exercer suas
funções, sem qualquer óbice por parte das autoridades judiciárias ou policiais.

VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente
de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada;

Justamente por que não há relação de hierarquia e subordinação, é assegurado ao advogado, desde que
"observadas as regras legais e éticas de convivência profissional harmônica e reciprocamente respeitosa,
dirigir-se diretamente ao magistrado sem horário marcado, nos seus ambientes de trabalho,
naturalmente sem prejuízo da ordem de chegada de outros colegas"4.

IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após
o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se
prazo maior for concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7)

X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para
esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam
no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;

Esta prerrogativa garante ao advogado intervir sumariamente nos processos usando a palavra, pela
ordem, para esclarecer equívoco ou dúvida que possam influir no julgamento da causa ou, ainda, como
forma de defesa em relação as acusação ou censura que lhe forem feitas.

XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a
inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;

Trata-se de prerrogativa que tem o advogado para reclamar contra a inobservância de lei, regulamento
ou regimento, impedindo, desta forma, a violação dos direitos de seu representado. Tal prerrogativa é
aplicável perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, ou seja, amplia-se o direito de reclamar a
qualquer órgão do Estado.

4
LÔBO, Paulo, Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, p. 84.
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração
Pública ou do Poder Legislativo;

É direito do advogado se manifestar oralmente e da forma que lhe convier, sentado ou em pé, seja no
Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo, vedada qualquer norma interna que estabeleça forma diversa
da assegurado por este inciso.

XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração


Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não
estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com
possibilidade de tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019)

Prerrogativa indispensável para o livre exercício da profissão e que também tem por objetivo
salvaguardar as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, imprescindíveis ao Estado
Democrático de Direito.

Este direito também é assegurado a processos e procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§
10 e 11 deste artigo, é o que dispõe o §13 também deste artigo.

XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou
digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)

O direito
no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito

de acesso às diligências já realizadas, cujos documentos se encontram materializados.

Importante salientar que nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos de que trata este inciso (art. 7°, §10, do EAOAB).

elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos,

Já o §12 também deste artigo prevê que a inobservância aos direitos estabelecidos neste inciso, o
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já
incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de
autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da
defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.

Da mesma forma que o inciso anterior, o direito previsto neste inciso também é assegurado a processos
e procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§ 10 e 11 acima mencionados, é o que prevê o
§13 também deste artigo.

XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na


repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;

As prerrogativas trazidas por estes incisos não são absolutas, uma vez que não se aplicam nas hipóteses
previstas no §1° deste artigo, vejamos:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância
relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela
autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da
parte interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no
prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela;

O desagravo público é tratado nos arts. 18 e 19 do Regulamento Geral e considerado por este Estatuto um
direito do profissional da advocacia. Ocorre quando o advogado, no exercício da sua profissão, é ofendido
em razão da sua atividade, cargo ou função na OAB. Pode ser promovido pelo Conselho competente, de
ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa.

Destaca-se que "o desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da
advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser
promovido a critério do Conselho" (art. 18, §7°, do Regulamento Geral).

XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

Esses símbolos são os anéis, adornos e outros relacionados à profissão.

De acordo com o art. 54, inciso X desse Estatuto, em razão da necessidade de uniformização da
identificação no país, compete ao Conselho Federal "dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e
sobre os respectivos símbolos privativos".

XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou
sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou
solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;

É um direito assegurado pelo Estatuto e um dever imposto pelo Código de Ética e Disciplina, devendo o
advogado guardar sigilo profissional dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão.

Importante frisar que, quando notificado, o advogado deve comparecer em juízo e, só então, recusar-se
a depor, sob pena das consequências legais, multa, condução compulsória e, conforme o caso, de
processo por crime de desobediência.

XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos
do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele,
mediante comunicação protocolizada em juízo.
Prerrogativa dos advogados que visa evitar abusos por parte de alguns magistrados. No entanto, este
direito não se aplica quando o juiz já se encontra no local, porém, realizando outro ato processual, assim,
neste caso, não deve o advogado retirar-se do local, sob pena de prejudicar os interesses do seu
representado.

A CLT (art. 815, parágrafo único) estabelece um prazo menor para que o advogado fique no aguardo do
magistrado, o tempo de espera é de 15 minutos após a hora marcada.

Em todo caso, o advogado deve protocolar a comunicação em juízo.

XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,
inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

Também é direito do advogado acompanhar os seus clientes investigados durante a apuração das
infrações e de todos os elementos investigatórios e probatórios, sendo possível apresentar razões e
quesitos no decorrer do procedimento. A presença e a participação do advogado busca evitar que se
cometam abusos contra os investigados e, caso haja violação a essa prerrogativa, haverá nulidade
absoluta de todo o procedimento.

§1º. Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:

1) aos processos sob regime de segredo de justiça;

2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância
relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida
pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a
requerimento da parte interessada;

3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos


autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

Como visto nos incisos XV e XVI, o advogado tem direito a ter vista dos processos judiciais ou
administrativos ou retirá-los pelos prazos legais, bem como direito de retirar autos de processos findos,
mesmo sem procuração, pelo prazo de 10 dias.

Porém, esta regra não se aplica nas situações previstas neste dispositivo.

A hipótese prevista no ponto 3 ocorre quando o advogado deixa de devolver os autos no prazo legal,
mesmo quando tiver sido intimado pelo cartório. Se o advogado não for intimado, não haverá infração
disciplinar aplicável.

§2º. O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou


desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide
ADIN 1.127-8)

O STF, no julgamento da ADI 1.127-


contida na redação original deste inciso.

Assim, a imunidade do advogado estabelecida neste dispositivo é a imunidade penal em relação aos
crimes de injúria e difamação, não podendo o advogado, no exercício da profissão, em juízo ou fora dele,
ser responsabilizado por suas manifestações, palavras e atos considerados ofensivos por qualquer
pessoa ou autoridade.

Esta imunidade já era prevista no Código Penal, em seu art. 142, I, que diz "não constituem injúria ou
difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador".

No entanto, o EAOAB ampliou a imunidade penal do advogado para a imunidade profissional, assim, esta
pode ser de ordem civil, penal e disciplinar. O referido Estatuto também inovou em seu texto no sentido
de que esta imunidade se dá dentro ou fora do juízo.

Importante salientar que o advogado será responsabilizado pela OAB, caso cometa excessos no exercício
de suas funções.

§3º. O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em
caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

Vide comentários ao inciso IV.

§4º. O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais,
delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e
controle assegurados à OAB. (Vide ADIN 1.127-8)

No julgamento da ADI n° 1.127-8 também foi declarada a inconstitucionalidade da expressão "e controle".
Assim, o advogado tem direito a salas especiais permanentes que devem ser instaladas pelo Poder
Judiciário e pelo Poder Executivo em prédios públicos como juizados, fóruns, tribunais, delegacias de
polícia e presídios para que o mesmo exerça o seu múnus público e possa praticar atos como examinar
processos, elaborar petições, tirar cópias, se reunir em caráter de urgente com o cliente e etc.

Entendeu o STF que a OAB não detém o controle dessas salas, pois o controle por parte da entidade
exorbitava a sessão do espaço.

§5º. No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão
da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da
responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.

Vide comentários ao inciso XVII.

§6º. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a
autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso
II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão,
específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em
qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a
clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham
informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§7º. A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que
estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do
mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

Vide comentários ao inciso II.

§8º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§9º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)

§10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos
direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

§11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou
da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

§12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos
ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo
implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que
impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do
direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei
nº 13.245, de 2016)

Vide comentários ao inciso XIV.

§13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se integralmente a processos e a
procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto nos §§ 10 e 11 deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.793, de 2019)

Vide comentários ao inciso XIII e XIV.

Art. 7°-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; (Incluído
pela Lei nº 13.363, de 2016)

b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao
atendimento das necessidades do bebê; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das
audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; (Incluído pela
Lei nº 13.363, de 2016)

IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa,
desde que haja notificação por escrito ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

No ano de 2016, a Lei n° 13.363 acrescentou o art. 7°-A ao Estatuto da OAB, assegurando direitos e
garantias às advogadas gestantes, lactantes, adotante ou que tiver dado à luz.

O inciso I trata dos direitos da advogada gestante, apenas esta tem o direito de não ser submetida a
detectores de metais e a reserva de vaga em garagens. Os direitos previstos neste inciso aplicam-se
enquanto perdurar o estado gravídico.

O inciso II assegura à advogada lactante, adotante ou que der à luz, acesso à creche, onde houver, ou a
local adequado ao atendimento das necessidades do bebê. Em relação à advogada lactante, o direito de
que trata este inciso aplica-se em enquanto perdurar o período de amamentação. Já em relação à
advogada adotante ou que der à luz, os direitos serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT).

Já o inciso III trata dos direitos concedidos à advogada gestante, lactante, adotante ou que der a luz,
mediante comprovação de sua condição. Quanto à advogada adotante ou que der à luz, os direitos
previstos neste inciso também serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT). Para a advogada
lactante, o direito permanece enquanto perdurar o período de amamentação.

Por fim, o inciso IV relaciona o direito atribuído à advogada adotante ou que der a luz, o qual será
concedido pelo prazo de 30 dias a partir da data da concessão da adoção ou da data do parto, sendo
necessária a comunicação ao cliente (art. 313, §6°, do CPC).

§1º. Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar,


respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. (Incluído pela Lei nº 13.363, de
2016)

Vide comentários ao inciso I.

§2°. Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz
serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943
(Consolidação das Leis do Trabalho). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

Vide comentários aos inciso II e III.

§3°. O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz será
concedido pelo prazo previsto no § 6o do art. 313 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

Vide comentários ao inciso IV.

CAPÍTULO III
Da Inscrição

Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

O art. 8° do EAOAB estabelece os requisitos para inscrição como advogado nos quadros da OAB e,
consequentemente, as condições para o exercício da advocacia. No ato de requerimento da inscrição, o
bacharel em direito deve provar que preenche todos esses requisitos, responsabilizando-se
integralmente pela veracidade das informações que prestar e dos documentos que apresentar.

I - capacidade civil;

A capacidade aqui mencionada é a capacidade civil, regulada pelos art. 3° e 4° do Código Civil. Pode ser
comprovada através de documento de identidade que ateste a maioridade. No entanto, é possível a
inscrição de menor de 18 anos nos quadros de advogados da OAB, desde que comprovada a graduação
em curso superior, no caso, Direito, como hipótese de antecipação da maioridade, conforme previsto no
art. 5°, parágrafo único, IV, do CC.

II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente


autorizada e credenciada;

Na ausência do diploma, em virtude da demora em sua expedição, pode ser apresentada a certidão de
graduação em direito acompanhada da cópia autenticada do histórico escolar (art. 23 do Regulamento
Geral).

III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;

Se for brasileira, por razões óbvias, somente deve apresentar o título de eleitor e, no caso de estrangeiro,
nenhum desses documentos é exigido (vide comentários ao §2° deste artigo).

IV - aprovação em Exame de Ordem;

Tem prazo indeterminado, o que possibilita aos que exercem atividade incompatível, em caráter
temporário, requerer a inscrição na OAB após a descompatibilização.

V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;

O art. 28 desse Estatuto relaciona as atividades consideradas incompatíveis com a advocacia, a pessoa
que exercer alguma dessas atividades não pode se inscrever como advogado nos quadros da OAB.

VI - idoneidade moral;

Não há definição de idoneidade moral no EAOAB. No entanto, alguns doutrinadores relacionam este
requisito a um indivíduo honesto, probo ou escrupuloso. O certo é que a idoneidade moral é considerada
um dos requisitos para a inscrição na OAB e caso o advogado posteriormente seja considerado idôneo
moralmente, a entendida aplicará a este a penalidade de exclusão, somente podendo retornar após o
deferimento do pedido de reabilitação, conforme prevê o art. 41 e parágrafo único do Estatuto.
A inidoneidade moral pode ser suscitada por qualquer pessoa, sendo declarada mediante decisão que
obtenha, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos votos de todos os membros do conselho competente, em
procedimento que observe os termos do processo disciplinar (art. 8°, §3°, do EAOAB).

Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que foi condenado por crime infamante, salvo se já
tiver sido reabilitado judicialmente (vide arts. 93 a 95 do CP).

VII - prestar compromisso perante o conselho.

Este compromisso é o juramento, considerado um ato formal, indelegável, personalíssimo.

Além desses requisitos, o Regulamento Geral, em seu art. 20, §2°, trouxe mais uma exigência para a
inscrição como advogado: não praticar conduta incompatível com a advocacia, o que não se confunde
com o requisito previsto no inciso V deste artigo, atividade incompatível, pois esta está relacionada à
atividade profissional da pessoa, como, por exemplo, a atividade policial. Por sua vez, a conduta
incompatível refere-se à vida pessoal do individuo, como, por exemplo, a embriaguez habitual.

§1º. O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.

O Exame de Ordem já foi regulamentado por vários provimentos, sendo atualmente regulamentado pelo
Provimento 144/11.

§2º. O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer prova do
título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de atender
aos demais requisitos previstos neste artigo.

Estrangeiros ou brasileiros graduados em Direito fora do país, podem inscrever-se como advogado nos
quadros da OAB, observado o disposto neste parágrafo, bem como os requisitos previstos neste artigo.

Quanto aos advogados estrangeiros, o exercício da atividade de advocacia no Brasil se restringe a prática
de consultoria em direito do seu país de origem, sendo vedadas, ainda que em conjunto com outro
advogado ou sociedade de advogados brasileiros, o exercício do procuratório judicial, bem como a
consultoria ou assessoria em direito brasileiro.

Uma importante observação a ser feita é em relação aos advogados portugueses que queiram exercer
suas funções no Brasil. O Provimento n° 129/2008 determina que os advogados de nacionalidade
portuguesa, que estejam em situação regular junto à Ordem dos Advogados Portugueses, poderão se
inscrever na OAB, sendo dispensado os requisitos de aprovação no Exame da Ordem, de revalidação do
diploma e da prestação de compromisso pera o Conselho.

§3º. A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante decisão que
obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho competente, em
procedimento que observe os termos do processo disciplinar.

§4º. Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por crime
infamante, salvo reabilitação judicial.

Vide comentários ao inciso VI.


Art. 9º. Para inscrição como estagiário é necessário:

A inscrição como estagiário junto à OAB pode ser realizada no estado onde se localiza o curso jurídico, e
não naquele que tenha o seu domicílio civil, no caso de serem diferentes. O estágio profissional de
advocacia pode ser feito por aluno do curso de Direito ou o bacharel em Direito, com prazo máximo de
dois anos, sendo realizado nos últimos anos do curso jurídico, podendo ser mantido pelas respectivas IES,
pelos Conselhos Seccionais da OAB ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
credenciados pela OAB.

I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;

II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.

Os requisitos para inscrição como estagiário são os seguintes: capacidade civil; título de eleitor e quitação
do serviço militar, se brasileiro; não exercer atividade incompatível com a advocacia; idoneidade moral e
prestar compromisso perante o conselho, além de ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.

O aluno do curso de Direito que exerce atividade incompatível com a advocacia (art. 28 do EAOAB) pode
frequentar, para fins de aprendizagem, o estágio ministrado pela respectiva IES, sendo vedada a inscrição
na OAB (art. 9°, §3°, do EAOAB).

§1º. O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos anos do
curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior pelos Conselhos
da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo
obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.

§2º. A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso
jurídico.

Vide comentários ao Caput deste artigo.

§3º. O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode frequentar
o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem,
vedada a inscrição na OAB.

Vide comentários aos incisos I e II.

§4º. O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se inscrever na
Ordem.

Vide comentários ao Caput deste artigo.

Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território
pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral.
§1º. Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo,
na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.

§2º. Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos
Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão considerando-se
habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano.

§3º. No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o
advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente.

§4º. O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar,


ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao
Conselho Federal.

O advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB pode exercer a profissão em todo o território
nacional, devendo está inscrito perante algum Conselho Seccional. O EAOAB apresenta, no artigo em
comento, a possibilidade de três tipos de inscrições para o advogado, vejamos cada uma delas:

Inscrição principal - é aquela requerida ao Conselho Seccional em cujo território o advogado pretenda
estabelecer seu domicílio profissional, considerado aquele da sede da atividade de advocacia. Havendo
mais de um domicílio profissional, considera-se como principal aquele que coincida com o da instalação
da residência do advogado, domicílio civil (§ 1º).

Com a inscrição principal o advogado pode atuar livremente na jurisdição do Conselho Seccional
respectivo e, eventualmente, em qualquer outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia de forma
habitual na área de outro Conselho Seccional, ou seja, intervenção judicial que exceda a cinco causas por
ano, o advogado será obrigado a promover sua inscrição suplementar naquele local.

Inscrição suplementar - é aquela que deve ser promovida pelo advogado quando passar a exercer a
profissão com habitualidade em outra unidade federativa, além daquela em que possui a inscrição
principal. Como mencionado anteriormente, a habitualidade se configura na intervenção judicial de mais
de cinco causas iniciadas no mesmo ano.

Quando da aplicação de uma penalidade de suspensão ou exclusão ou no caso de cancelamento da


inscrição principal por ausência dos requisitos essenciais do art. 8° desse Estatuto, qualquer dessas
situações se comunica à inscrição suplementar, ficando o advogado proibido do exercício profissional em
todo o território nacional. Em se tratando de suspensão, a proibição é temporária.

Inscrição por transferência - requerida quando há mudança do domicílio profissional para outra
unidade federativa. A transferência da inscrição, em regra, acarreta o cancelamento da inscrição
principal. Contudo, nada impede que esta última se transforme em inscrição suplementar no caso de
remanescer atuação profissional, de forma habitual, no domicílio anterior, mas, para tanto, é
imprescindível requerimento expresso do advogado.

Por fim, determina o §4° que o Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de
inscrição suplementar, caso se verifique, quando da análise dos requisitos para a sua concessão, vício ou
ilegalidade na inscrição principal. Assim, como não compete a uma Seccional corrigir atos
administrativos praticados por outra, cabe-lhe representar ao Conselho Federal comunicando o vício e
suspender o pedido de inscrição até que o colegiado superior julgue a representação.
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:

O cancelamento da inscrição enseja a saída do advogado dos quadros da OAB. Caso ele queira fazer um
novo pedido de inscrição, além de não ter direito ao antigo número de identificação, deverá fazer prova
dos seguintes requisitos: capacidade civil, não exercer atividade incompatível com a advocacia,
idoneidade moral e prestar compromisso perante o Conselho.

As hipóteses de cancelamento da inscrição ocorrem nas seguintes situações:

I - assim o requerer;

O advogado, se assim o desejar, pode requerer o cancelamento de sua inscrição, sem a necessidade de
apresentar um motivo justificado.

II - sofrer penalidade de exclusão;

A penalidade de exclusão dos quadros da OAB acarreta, automaticamente, o cancelamento da inscrição


do advogado. Neste caso, o cancelamento deve ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou
por comunicação por qualquer pessoa.

Caso o advogado queira fazer um novo pedido de inscrição na OAB, seu requerimento deve vir
acompanhado de provas de reabilitação, conforme previsto no art. 41 e parágrafo único, do desse
Estatuto.

III - falecer;

O cancelamento da inscrição em razão do falecimento requer, por questões óbvias, a juntada da certidão
de óbito e, neste caso, também deve ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou por
comunicação por qualquer pessoa.

IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;

As atividades incompatíveis com a advocacia podem ser de caráter temporário ou permanente, sendo
que neste último caso haverá o cancelamento da inscrição do advogado dos quadros da OAB. Nesta
hipótese, assim como ocorre nas situações previstas nos incisos II e III deste artigo, o cancelamento deve
ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou por comunicação por qualquer pessoa.

V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.

Os requisitos são aqueles analisados nos incisos do art. 8° desse Estatuto. Assim, como o indivíduo precisa
preenchê-los para fazer a inscrição na OAB, a perca de qualquer deles, implica no cancelamento da
inscrição.

§1º. Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser promovido, de
ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa.

Vide comentários aos incisos II, III e IV.


§2º. Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de inscrição anterior -
deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º.

Vide comentários ao Caput deste artigo.

§3º. Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado
de provas de reabilitação.

Vide comentários ao inciso II.

Art. 12. Licencia-se o profissional que:

A licença implica no afastamento do advogado do exercício profissional, ele continua com a inscrição
ativa junto à OAB, mas não poderá exercer a função, sob pena de nulidade dos atos praticados. Nulidade
esta que é considerada absoluta, não podendo os atos ser ratificados por outro profissional.

Desta forma, além da nulidade dos atos praticados, o advogado também será penalizado com pena de
censura, na esfera administrativa, por prejuízos causados a terceiros, na esfera cível, bem como pelo
exercício irregular da profissão, na esfera penal.

Assim, será licenciado o advogado que:

I - assim o requerer, por motivo justificado;

Diferentemente do que ocorre em uma das hipóteses de cancelamento da inscrição, o requerimento de


licenciamento do profissional deve vir acompanhado de um motivo justificado. Durante o período da
licença não será cobrada a anuidade e, caso haja eleições na OAB, o advogado não precisa votar, nem
justificar por que não votou. Ainda, com a licença, o advogado conserva o seu número de inscrição na
OAB, sendo mantido quando do seu retorno às atividades.

II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia;

A atividade incompatível com o exercício da advocacia, desde que exercida em caráter temporário, enseja
o licenciamento do profissional.

III - sofrer doença mental considerada curável.

Enquanto durar a enfermidade mental, considerada curável, o profissional ficará licenciado de suas
funções. Como o EAOAB não apresenta um rol de doenças mentais que se enquadram nesta hipótese, a
curabilidade da doença deve ser comprovada por atestados, exames e laudos médicos.

Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é de uso
obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova de identidade
civil para todos os fins legais.
De acordo com o art. 32 do Regulamento Geral, são documentos de identificação tanto para o advogado
quanto para o estagiário o cartão e a carteira.

Art. 32. São documentos de identidade profissional a carteira e o cartão emitidos pela OAB, de uso
obrigatório pelos advogados e estagiários inscritos, para o exercício de suas atividades.

Parágrafo único. O uso do cartão dispensa o da carteira.

Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os documentos


assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade.

Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o exercício da
advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação expressa do nome e do
número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de registro da sociedade de
advogados na OAB.

Os advogados são obrigados a indicar em todos os documentos que assinem, no exercício de sua
atividade profissional, seu nome e o número de sua inscrição, bem como nas procurações que
subescrevem e, no caso de sociedade de advogados, deve ser indicado o número de seu registro na
Ordem.

Neste sentido, é o art. 44 do Código de Ética e Disciplina, vejamos:

Art. 44. Na publicidade profissional que promover ou nos cartões e material de escritório de que se utilizar,
o advogado fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o número ou os números de inscrição
na OAB.

CAPÍTULO IV

Da Sociedade de Advogados

Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia
ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento
geral. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

Quando ainda estava em vigor, o Código Civil de 1916 classificava as sociedades em civis e mercantis. O
EAOAB, que é uma Lei de 1994, acompanhava essa classificação e considerava a sociedade de advogados
como sendo uma sociedade de natureza civil. Hoje, com o advento do Código Civil de 2002, a classificação
passou a ser em sociedades simples e sociedades empresariais, assim, em 2016, a Lei n° 13. 247 deu nova
redação ao art. 15 desse Estatuto estabelecendo que "os advogados podem reunir-se em sociedade
simples de prestação de serviços de advocacia...", ou seja, pode-se dizer que a sociedade de advogados
tem natureza jurídica de sociedade simples. Outra novidade trazida com esta Lei foi a de que os
advogados também podem constituir sociedade unipessoal de advocacia, conforme se verifica da leitura
do art. em comento.
§1º. A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade
jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja
base territorial tiver sede. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

Para que uma sociedade adquira personalidade jurídica, deverá proceder ao registro de seus atos
constitutivos no órgão competente. No caso das sociedades de advogados ou da sociedade unipessoal
de advocacia, também não é diferente, estas só adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado
dos seus atos constitutivos, mas no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede, vedado
o registro em cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais.

§2º. Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o Código de Ética e


Disciplina, no que couber. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

O Código de Ética e Disciplina da OAB não se destina apenas ao profissional da advocacia, mas também
às sociedades de que façam parte, naquilo a que a elas for aplicável, devendo atuar em perfeita harmonia
com as regras deontológicas fundamentais e em estrita observância dos preceitos que orientam as
relações com o cliente ou que digam respeito a sigilo profissional ou publicidade, bem como no que se
refere à contratação de honorários advocatícios.

§3º. As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de
que façam parte.

A sociedade não possui capacidade postulatória, esta é atribuída apenas aos advogados, por isso, os
mandatos judiciais devem ser obrigatoriamente outorgados pelos clientes aos integrantes da sociedade,
sócios, associados ou dela empregados, desde que estes estejam inscritos na Seccional onde esteja
localizada a sede ou filial da entidade. A sociedade apenas pode praticar, com o uso da razão social, os
atos indispensáveis a sua finalidade, que não sejam privativos de advogado.

§4º. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma
sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e
uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo
Conselho Seccional. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

Assim, por exemplo, um advogado que já é sócio de um escritório de advocacia localizado no Estado de
Pernambuco, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra sociedade simples ou constituir
sociedade unipessoal de advogados neste Estado. Porém, poderá ser sócio de outra sociedade, simples
ou unipessoal de advogados, no Estado da Bahia. Esta regra também vale para as filiais das sociedades.

§5º. O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no
Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal
de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

No caso de filial em outro Estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e
arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, obrigando os sócios a promoverem a inscrição
suplementar, sendo esta também exigida para o titular da sociedade unipessoal de advocacia.

§6º. Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo
clientes de interesses opostos.
Essa proibição ocorre, inclusive, se os advogados estiverem em outros Estados, pois esta decorre da
impossibilidade do advogado representar, simultaneamente, o empregador como preposto e advogado.

Nestes casos, devido o conflito de interesses existente, o advogado deverá optar por um dos mandatos.

§7º. A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das
quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal
concentração. (Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016)

Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de
advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio
ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente
proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)

Existem regras a serem seguidas para que o registro da sociedade seja aprovado no Conselho Seccional
da OAB.

Assim, não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados
que apresentem forma ou características de sociedade empresária, pois, como já dito, a sociedade de
advogados apresenta natureza jurídica de sociedade simples.

Na denominação da sociedade (razão social) não se admite o uso de nome fantasia. A denominação
adequada da sociedade de advogados deve trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável
pela sociedade, acompanhada da expressão que indique a finalidade do escritório. Assim, por exemplo,
na sociedade de advogados constituída por Eliza Santos Beltrão, Ricardo Sales Pedrosa e Maria Silva
Castro, poderão se colocadas, entre outras, as seguintes denominações: "Beltrão e advogados", "Ricardo
Sales Pedrosa, advocacia", "Escritório de Advocacia Maria Castro", "Escritório Jurídico Beltrão, Sales e
Castro". Não importa se a expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado.

Em se tratando de sociedade unipessoal de advocacia, a Lei n°13.247/2016 acrescentou o §4° a este artigo
16, estabelecendo que, a denominação deste tipo de sociedade deve ser obrigatoriamente formada pelo
nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão "Sociedade Individual de Advocacia", como,
por exemplo, "Eliza, sociedade individual de advocacia" ou "Eliza Santos Beltrão, sociedade individual de
advocacia".

Também não são admitidas a registro nem podem funcionar como sociedade de advogados, as
sociedades que realizem atividades estranhas à advocacia, pois este tipo societário deve ter por objeto
único a prestação de serviços de advocacia, em quaisquer de suas modalidades ou especialidades, sendo
vedada a adoção de atividade diversa, como, por exemplo, uma sociedade que tenha por objeto a
advocacia e a corretagem de imóveis.

Por fim, a advocacia só pode ser exercida por advogado regularmente inscrito na OAB e desde que este
não esteja proibido de advogar, seja por questões de incompatibilidade de atividades ou por questões
relacionadas ao impedimento. Assim, desta forma, não são admitidas a registro e nem podem funcionar
a sociedade de advogados que inclua como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa
não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar.
§1º. A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsável
pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no
ato constitutivo.

De acordo com este parágrafo, em caso de óbito de um dos sócios, cujo nome era utilizado na
denominação da sociedade, é possível que seu nome permaneça na razão social, desde que prevista tal
possibilidade no contrato social.

§2º. O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter
temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição.

Quando, porém, o sócio passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia,
o que implica no cancelamento da inscrição, será obrigatória a alteração contratual para que seja retirado
o nome daquele sócio, uma vez que a sociedade precisa ter o nome de, pelo menos, um sócio, já que o
anterior não é mais considerado advogado.

§3º. É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais,
de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.

Seja uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, o local adequado para o registro
de seus atos constitutivos é na Seccional da OAB em cujo território esteja sua sede. Somente a Ordem
detém a competência para promover tal registro societário, contando cada Seccional com um setor
específico para essa finalidade. O desrespeito a essa norma, com o registro dos atos constitutivos em
outro local diverso da Ordem dos Advogados, acarreta sérias consequências, como a inexistência de
registro e a responsabilização dos sócios com a penalidade de censura, uma vez que configura infração
disciplinar, de acordo com o art. 34, II, desse Estatuto, "manter sociedade profissional fora das normas e
preceitos estabelecidos nesta lei".

§4º. A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo
nome do seu titula
(Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016)

Vide comentários ao Caput deste artigo.

Art. 17. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem
subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da
advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. (Redação dada
pela Lei nº 13.247, de 2016)

A análise deste art. pode ser feita em conjunto com o art. 40 do Regulamento Geral. Desta forma, temos
que os advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advogados associados
respondem subsidiária e ilimitadamente por todos os prejuízos causados diretamente ao cliente, seja por
dolo ou culpa, ação ou omissão, no exercício dos atos privativos da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar e penal em que possam incorrer.

Importante salientar que o advogado não responderá pelos prejuízos que decorrer da responsabilidade
exclusiva do cliente, nos casos de ausência de documentos, provas e outros instrumentos necessários
para a defesa.
CAPÍTULO V

Do Advogado Empregado

Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a
independência profissional inerentes à advocacia.

Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços profissionais de
interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.

O advogado que mantenha vínculo empregatício com uma empresa ou sociedade de advogados, para a
qual presta os seus serviços de advocacia, não perderá a sua independência profissional ou isenção
técnica inerentes à advocacia, aliás, em nenhuma hipótese isso poderá acontecer, o advogado tem ampla
atuação intelectual e poderá tomar as medidas e providências que achar cabíveis em cada caso.

Isenção técnica é a autonomia no exercício profissional, sem a interferência do empregador, sedo que as
imposições feitas por ele e que violem as prerrogativas profissionais do advogado, poderão por este ser
rejeitadas. Da mesma forma, o advogado poderá se recusar a prestar serviços profissionais de interesse
pessoal do empregador, fora da relação empregatícia.

Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa, salvo se
ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Este artigo faz referência ao salario mínimo profissional do advogado empregado, porém, não existe uma
norma específica que trate sobre o tema, algumas Seccionais da OAB regulamentam a questão e outras
não.

O Regulamento Geral da AOB, em seu art. 11, diz que: "compete a sindicato de advogados e, na sua falta,
a federação ou confederação de advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas
com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a
empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de
trabalho".

Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá
exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou
convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.

A superação da jornada de trabalho de 4 horas diárias e 20 horas semanais não significa,


necessariamente, regime de dedicação exclusiva do advogado. O §2° deste art. dispõe que as horas
excedentes a jornada regular deve ser remunerada acima do valor da hora normal. Por isso, o regime de
trabalho considerado de dedicação exclusiva é aquele que for previsto expressamente em contrato
individual de trabalho. Neste sentido, é o art. 12 do Regulamento Geral:

Art. 12. Para os fins do art. 20 da Lei nº 8.906/94, considera-se de dedicação exclusiva o regime de trabalho
que for expressamente previsto em contrato individual de trabalho. (NR)
Parágrafo único. Em caso de dedicação exclusiva, serão remuneradas como extraordinárias as horas
trabalhadas que excederem a jornada normal de oito horas diárias.

§1º. Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado
estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em
atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e
alimentação.

O que caracteriza o período de trabalho é o tempo em que o advogado empregado está à disposição do
empregador, inclusive aguardando ordens. No caso de atividades externas, o advogado deve ser
reembolsado de todas as despesas feitas para o exercício de sua profissão na defesa dos interesses do
seu empregador.

§2º. As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não
inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito.

Dispositivo que trata das horas extras do advogado empregado.

No caso de regime de dedicação parcial (20 horas semanais), as horas que excederem a esse período serão
remuneradas com um adicional não inferior a 100% acima do valor da hora normal, mesmo havendo
contrato escrito.

Em se tratando de regime de dedicação exclusiva (40 horas semanais), serão remuneradas como extras
as horas que ultrapassarem a jornada de 8 horas diárias.

§3º. As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte
são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento.

O trabalho realizado entre as 20 horas de um dia até às 5 horas do outro dia, configura jornada noturna
do advogado empregado, e como tal deve ser remunerada, acrescidas do adicional de 25%. O EAOAB não
reduziu a hora noturna do advogado empregado, portanto, esta é de 60 minutos.

Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorários
de sucumbência são devidos aos advogados empregados.

Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade


de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo.

Como se pode visualizar, dois critérios foram estabelecidos para os honorários de sucumbência no
Estatuto: a) o primeiro, quando o empregador não for uma sociedade de advogados; b) o segundo,
quando o empregador for uma sociedade de advogados. No primeiro caso, os honorários de sucumbência
pertencem exclusivamente ao advogado empregado porque o empregador não pode exercer atividade
jurídica autonomamente. Entretanto, quando o advogado é empregado de uma sociedade geralmente
presta o serviço jurídico através desta, sendo assim, deve dividir os honorários de sucumbência com sua
empregadora. A forma como ocorrerá a partilha desses honorários deve ser decidida entre o empregado
e a sociedade, não há direito implícito. A título de exemplo, alguns critérios podem ser estabelecidos, tais
como: tempo de atuação no processo que originou a sucumbência; quantos atos foram praticados; tempo
que o advogado tem de escritório; dentre outros.
A jurisprudência já decidiu que os honorários de sucumbência não integram o salário ou remuneração do
advogado empregado.

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.

O caput do artigo prevê três espécies de honorários. Os convencionais são os ajustados verbalmente ou
por escrito entre as partes. Os honorários fixados por arbitramento judicial, por sua vez, aplicam-se aos
casos em que não houve estipulação contratual ou as partes não chegarem a um acordo a respeito dos
valores devidos. Já os honorários de sucumbência são os previstos no Código de Processo Civil, pagos
pela parte vencida ao advogado da parte vencedora.

Vale destacar que os honorários convencionais são de livre estipulação entre as partes, entretanto, os
fixados por arbitramento judicial e os de sucumbência devem observar os valores mínimos estipulados
na Tabela de Honorários fixada pelo Conselho Seccional da OAB.

Todos os honorários advocatícios pertencem ao advogado e são cumulativos!

§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de


impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários
fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.

Para ter direito a esses honorários pagos pelo Estado, alguns requisitos devem restar configurados: a) que
a nomeação do advogado tenha se dado por indicação do magistrado, e não por contratação entre
partes; b) que a parte seja considerada juridicamente necessitada, ou seja, que preencha os requisitos da
Lei nº 10.060/1950; c) que a Defensoria Pública não tenha sido instalada no local da prestação de serviço
ou, se instalada, esteja impossibilitada de atender o caso, não interessando para tanto o local da
residência do juridicamente necessitado ou o endereço profissional do advogado.

O artigo deixa evidente que o recebimento de tal verba é um direito do advogado.

O fato de o advogado ter sido indicado para defender os interesses do juridicamente necessitado não
quer dizer que ele perde o direito ao recebimento de honorários de sucumbência previstos no Código de
Processo Civil. Da mesma forma, o fato de receber honorários de sucumbência não resulta na isenção do
Estado ao pagamento dos honorários arbitrados em favor do nomeado procurador.

Importante salientar que, nessa hipótese do §1º, o advogado é obrigado a atuar, a recusa aos serviços da
defensoria pública só é permitida quando expressamente justificado, sob pena de se configurar infração
disciplinar.

§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judicial, em


remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo ser
inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

Ocorre o arbitramento judicial de honorários, quando houver discussão em relação aos valores devidos,
seja em virtude de falta de estipulação ou por falta de acordo entre as partes.

O parágrafo segundo se aplica também às relações entre advogados. Dessa forma, é possível a
propositura de ação de arbitramento judicial quando, por exemplo, o cliente rescindir o contrato de
determinado advogado, constituir novo e, ao final da ação, o advogado anterior e o atual não chegarem
a um acordo a respeito da proporção dos honorários de sucumbência cabíveis a cada um deles.

§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início do serviço, outro
terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.

No início do §3º, o Estatuto ressalta a liberdade contratual das partes de estipularem a forma de
pagamento de modo diferente do consagrado no referido parágrafo. Logo, todas as situações nas quais
o contrato escrito ou verbal de honorários especificamente estipular forma contrária de pagamento
estrão excluídas do disposto no §3º. Entretanto, se houver controvérsia acerca da forma de pagamento
no contrato verbal, e não sendo possível provar ter sido estabelecida forma diversa, prevalecerá a regra
prevista § 3º do art. 22.

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o
mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente,
por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

Se o advogado estipulou os honorários contratuais por escrito, ele pode requerer ao magistrado que
deduza da quantia a ser paga ao cliente o valor a ser recebido pelos serviços prestados, desde que faça a
juntada do contrato aos autos antes de ser expedido o mandato de levantamento ou precatório, caso
contrário, o advogado receberá no montante do valor recebido pelo seu cliente.

Esse direito do advogado alcançou ainda mais importância dado o caráter alimentar dos honorários
advocatícios, sendo crédito que goza de preferência. Nesse sentido o STF editou a súmula vinculante nº

ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de
precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado por advogado
para defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da profissão.

Este dispositivo se refere ao caso específico dos advogados que atuam em processos junto aos Tribunais
de Ética e Disciplina da OAB, dada as suas particularidades. A atuação dos advogados dativos em
processos éticos ou disciplinares da OAB ocorre voluntariamente e, por isso, não há o que se falar, neste
caso, de arbitramento de honorários em seu favor.

§6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais, compreendidos como os fixados
em ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição processual, sem prejuízo aos
honorários convencionais. (Incluído pela Lei 13.725, de 2018)

A nova Lei disciplinou o recebimento de honorários assistenciais, que são devidos quando o advogado da
parte vencedora estiver credenciado e atuando em nome do sindicato da categoria profissional. A partir
dessa alteração, os advogados inscritos nos Quadros da OAB têm o direito a percepção de honorários
assistenciais nas ações coletivas ajuizadas por entidades de classe cumulada com a percepção dos
honorários convencionais, podendo ainda, indicar os beneficiários para seu recebimento.
A alteração legislativa também sedimentou o entendimento que estabelece a possibilidade de
acumulação de honorários sucumbenciais e contratuais. Essa ideia já era a regra geral (no próprio artigo
22), mas ainda encontrava resistência, sobretudo na seara trabalhista. Agora, com a alteração, a regra foi
concretizada, sendo assim, também se aplica aos honorários sucumbenciais oriundos de atuação na
Justiça Laboral. Sendo assim, os honorários contratuais pactuados com a entidade são acumuláveis com
os honorários de sucumbência fixados no processo.

§7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em substituição


processual poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários que, ao optarem por adquirir os
direitos, assumirão as obrigações decorrentes do contrato originário a partir do momento em que
este foi celebrado, sem a necessidade de mais formalidades. (Incluído pela Lei 13.725, de 2018)

Outro ponto a ser destacado com a mudança foi a validade do contrato de honorários firmado
diretamente com a entidade sindical, em relação aos beneficiários da ação. Essa mudança se coaduna
com a garantia de liberdade sindical, que tem como consequência a liberdade contratual no que se refere
aos honorários de advogados nas ações de substituição processual, basta que o advogado cumpra as
regras estabelecidas no Estatuto.

O novo §7º definiu a situação, isto é, optando o integrante da categoria por ser beneficiário do resultado
da demanda ingressada por seu sindicato ou associação, estará obrigado à verba honorária contratada
pela entidade, sem a necessidade de mais formalidades. Isso significa que é suficiente que o contrato
tenha sido celebrado entre o sindicato ou associação para ser eficaz em relação aos beneficiários da
demanda. Não é necessário que cada substituído autorize por escrito para isso.

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao


advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer
que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor.

Aqui se trata de honorários de sucumbência arbitrados judicialmente em atenção aos critérios do CPC.
Além dos honorários de sucumbência, os advogados são (cumulativamente ou não) remunerados por
honorários contratuais. Os honorários de sucumbência são de responsabilidade da parte contrária,
enquanto que os próprios clientes respondem pelos honorários contratuais. A remuneração dos
advogados, portanto, está na soma dos honorários sucumbenciais e contratuais.

sentença condenará o vencido a pagar hon

dos honorários da sucumbência é remunerar o advogado.

Se o advogado é o credor dos honorários, ele tem legitimidade ativa ordinária para a execução, isto é,
atua em nome próprio; não a representar o constituinte.

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são
títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores,
insolvência civil e liquidação extrajudicial.

Ao fixar honorários, o juiz reconhece a exigibilidade de uma obrigação da parte de pagar quantia ao
advogado, então a decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários é título executivo judicial, por força do
artigo 515, I, do CPC. Já o contrato escrito não está no rol dos títulos executivos extrajudiciais, mas tem
essa natureza por conta de expressa disposição do Estatuto, e o CPC reconhece que leis esparsas possam
atribuir força executiva a um título (art. 784, XII), é o que faz o art. 24 do EAOAB.

O privilégio aqui estabelecido decore do caráter alimentar dos honorários.

§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado
o advogado, se assim lhe convier.

§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência,


proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
(Vide ADIN 1.194-4)

Os sucessores receberão os honorários sucumbenciais de maneira proporcional ao trabalho realizado


pelo advogado até o momento do falecimento ou incapacidade.

O recebimento dos honorários poderá ser proporcional ou integral, a depender do caso.

§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional,
não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença.

Conforme já exposto, os honorários pertencem ao advogado, sendo assim, é evidente que o cliente não
pode dispor do que não lhe pertence. Dessa forma, qualquer acordo firmado pelo cliente não pode incluir
honorários, salvo se houver concordância do próprio advogado.

Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado, contado o prazo:

I - do vencimento do contrato, se houver;

II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;

III - da ultimação do serviço extrajudicial;

IV - da desistência ou transação;

V - da renúncia ou revogação do mandato.

Como se pode observar nos incisos acima, o tipo de ruptura da relação entre cliente e advogado vai
estabelecer a contagem da prescrição.

O prazo de cinco anos é contado a partir do primeiro dia útil seguinte ao encerramento da relação jurídica
contratual, seja pela ocorrência de seu termo final pactuado, renúncia ou revogação de mandato, ou pela
conclusão do trabalho. Ou, ainda, a partir do trânsito em julgado de decisão que houver instituído os
honorários, sejam de sucumbência ou por arbitramento, ou que houver homologado acordo judicial ou
desistência da ação, decretando a extinção do processo.

Art. 25-A. Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas pelas quantias recebidas pelo
advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele (art. 34, XXI).

Faz parte de uma conduta ética por parte do advogado a prestação de contas aos seus clientes.
É importante destacar que o advogado que não presta conta dos seus atos, pode responder civil e
administrativamente. O prazo para a representação ou abertura de procedimento junto à OAB em face
do advogado que se recusa a prestar as contas, como em todo processo administrativo disciplinar, é de
cinco anos, nos termos do artigo 43 e tem início na data da ciência da infração pela OAB. A prescrição em
sede de processo disciplinar não se confunde com a prescrição da pretensão de ação judicial, contida no
artigo 25-A, ora em análise. Dessa forma, se o advogado tiver instaurado contra ele processo
administrativo disciplinar, com fundamento no artigo 34, XXI, isso não suspende ou interrompe o prazo
prescricional do artigo 25-A, que trata da pretensão judicial.

O termo inicial da contagem do prazo descrito no presente artigo, considera-se a data do conhecimento
inequívoco da recusa tanto em prestar como em aceitar as contas prestadas.

Art. 26. O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a
intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.

Em relação ao tema substabelecimento, é importante observar o que dispõe o Código de Ética e


Disciplina, em seu artigo 24, pois é um assunto bastante recorrente em provas. No substabelecimento,
com reserva de poderes, o outorgado estende os poderes que lhe foram conferidos a outro, mantendo-se
responsável pelo serviço e detentor dos direitos sobre eles.

O substabelecimento com reserva é ato pessoal do advogado que substabelece e cria uma relação com o
substabelecido. O cliente não tem vínculo obrigacional com o substabelecido, assim a divisão de
honorários deve ser tratada entre advogados. Dessa forma, quando o advogado substabelece com
reserva de poderes, ele não precisa comunicar ao cliente. Já o substabelecimento sem reserva de
poderes, não é ato privativo do advogado, logo, ele precisa informar previamente e de maneira
inequívoca ao cliente.

Substabelecer sem reserva, quer dizer que o advogado está saindo do processo e passando a
responsabilidade para outro profissional, por isso que o cliente deve ser avisado.

CAPÍTULO VII DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição parcial do


exercício da advocacia.

As hipóteses de incompatibilidade e de impedimento são taxativas e decorrem de condição pessoal do


bacharel, mas são situações perfeitamente distintas entre si, não apenas em relação ao enquadramento,
como também aos respectivos efeitos.

O exercício de qualquer das atividades consideradas incompatíveis pelo EAOAB é impeditivo da


advocacia, ou seja, impede a inscrição do bacharel como advogado. Se superveniente à inscrição, a
situação de incompatibilidade gera efeitos automáticos prejudiciais à continuidade da mesma.

Se a atividade incompatível tiver caráter efetivo ou definitivo (nomeação em cargo de juiz de direito, por
exemplo), opera-se o cancelamento da inscrição, entretanto, se a atividade incompatível tiver caráter
temporário (nomeação para um cargo comissionado de Secretário municipal, por exemplo), opera-se o
licenciamento da inscrição, o que implica numa espécie de suspensão temporária da inscrição.

Incompatibilidades
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:

I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais;

Durante todo o cumprimento do mandato eletivo, Presidente da República, Governadores e Prefeitos,


que forem bacharéis em Direito, não podem exercer a advocacia, devendo requerer o licenciamento junto
à OAB por todo o tempo do mandato eletivo.

Em relação ao Legislativo, o Estatuto veda a advocacia tão somente àqueles que compõem as Mesas do
Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras municipais. Não existe a mesma vedação para
todos os Senadores, Deputados Federais, Distritais, Estaduais e Vereadores, mas tão somente àqueles
que são membros de Mesa e seus substitutos. Aos demais, aplica-se apenas o impedimento do art. 30, II.

II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de


contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que
exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta
e indireta; (Vide ADIN 1127-8)

No julgamento da ADIN 1127-8, o STF entendeu que aos Juízes Eleitorais não se aplica a vedação
totalmente, mas apenas aos juízes eleitorais de carreira, isto é, aos oriundos de concurso público. No
mais, todos os membros do Poder Judiciário são incompatíveis, inclusive, os cargos indiretos ao poder
decisório.

III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou


indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;

Ainda que o exercício da direção na administração pública exija designação específica por lei ou decreto,

do cargo ou da função, como titular ou substituto, pouco importando a natureza do vínculo jurídico, que
pode ser estatutário, trabalhista, efetivo ou comissionado.

IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder


Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;

Não apenas os membros do Poder Judiciário têm incompatibilidade com a advocacia, mas todos os
bacharéis que ocupem cargos ou funções a ele vinculados, direta ou indiretamente. Portanto, aos
bacharéis que sejam serventuários da Justiça, analistas, auxiliares e técnicos judiciários, oficiais de
justiça, escrivães junto ao Judiciário é vedado o exercício da advocacia. Não importa a nomenclatura do
cargo nem a natureza do vínculo, basta que exista vinculação jurídica direta ou indireta, de qualquer
natureza, com o Poder Judiciário.

V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de


qualquer natureza;

Não importa a natureza da atividade policial, nem a hierarquia, desde que esteja na ativa.

Dessa forma, não podem advogar delegados, investigadores, peritos, agentes e quaisquer outros
servidores como técnicos administrativos, secretários, motoristas e outros que ocupem cargos ou
funções vinculadas à polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis,
polícias militares e corpos de bombeiros, ainda que por disponibilidade e mesmo em desvio de função.

VI - militares de qualquer natureza, na ativa;

São militares aqueles que compõem as forças armadas, sejam do Exército, da Marinha e da Aeronáutica,
sendo a todos vedada a advocacia. Essa proibição só termina com a reforma, demissão ou exoneração.

VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou


fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;

Para a incidência da incompatibilidade não importa o nome do cargo ou função, mas sim as funções
efetivamente exercidas, de lançamento, fiscalização ou arrecadação de tributos.

VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.

Nem todo empregado de instituição financeira tem acesso e pode manusear documentos, livros e
registros de pessoas físicas e jurídicas, dentre outras atividades, que lhes confiram significativo poder
sobre interesses e patrimônios de terceiros, a justificar a vedação. Daí a lei ter limitado a
incompatibilidade com a advocacia tão somente àqueles que exercem funções de efetiva gerência e
direção, a ser constatada em cada caso concreto.

§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo


temporariamente.

A incompatibilidade é consequência de uma condição pessoal do bacharel, que o acompanha mesmo


quando ele se afasta temporariamente do cargo ou função incompatível, por exemplo, quando em férias
ou licença.

§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração
acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.

O inciso III fala dos ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da administração pública direta
ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público,
que detenham efetivo poder de decisão sobre interesses de terceiros, a critério da OAB.

Impedimentos

Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos
jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente legitimados
para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.

O Estatuto proíbe que esses advogados exerçam qualquer outro ato de advocacia em razão da
importância de suas funções de direção dos serviços jurídicos do ente público, pela centralização de
mando, pela intimidade que tais advogados mantêm com o centro de poder do respectivo ente. Eles não
podem, nem mesmo, advogar em causa própria, estando legitimados ao exercício da advocacia tão
somente nos contornos estritos do cargo a que estejam vinculados, durante o período da investidura.

Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:


O presente artigo estabelece as únicas situações em que certos advogados não podem exercer advocacia.
Embora não retirem a liberdade de advogar, os impedimentos implicam em diminuição do âmbito de
atuação profissional. São restrições impostas a bacharéis inscritos na OAB, em razão de cargos ou funções
públicas que exerçam ou do exercício de mandato eletivo.

I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os


remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;

Tais impedimentos vão incidir independentemente do vínculo jurídico existente entre o advogado e a
Fazenda Pública, podendo ser de natureza estatutária, trabalhista, em função ou cargo efetivo ou
comissionado. Isso acontece porque esses agentes devem agir sempre em prol do interesse da
administração pública a que estão vinculados. Sendo assim, foi estabelecida a impossibilidade de
patrocinarem causas contra o seu próprio empregador direto ou indireto. O impedimento é restrito à
Fazenda Pública que remunere o advogado.

II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas
jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas,
entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.

Não confundir essa hipótese de impedimento com o artigo 28, I (os membros de Mesa do Poder Legislativo
e seus substitutos legais não podem advogar, pois exercem atividade incompatível). Aqui se trata dos
demais integrantes do Poder Legislativo, que podem advogar, exceto contra a administração pública, em
qualquer esfera.

Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.

Aos professores de cursos jurídicos vinculados a universidades, públicas ou privadas, não se aplica o
impedimento do inciso I. A exceção faz sentido uma vez que o magistério de Direito sequer se insere entre
as atividades privativas de advocacia. Sendo assim, um professor de Universidade pode advogar contra
a própria Instituição, pois não há vedação e nem impedimento.

CAPÍTULO VIII

Da Ética do Advogado

Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para
o prestígio da classe e da advocacia.

A forma como o advogado age no exercício da profissão acabará por gerar o conceito individual do
profissional, além de influenciar a ideia que as pessoas terão sobre a própria categoria como um todo.

§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer circunstância.

O advogado exerce função essencial e indispensável à organização da justiça, então ele precisa ter
liberdade para atuar conforme o Direito e a sua própria consciência.

§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em


impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
A advocacia é tão necessária para a aplicação da justiça quanto é a acusação. Por esse motivo, o
advogado, mesmo diante de casos que causem repulsa popular, deve ter coragem e não recuar diante
das pressões populares, nem tampouco temer desagradar qualquer autoridade.

Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou
culpa.

O advogado não pode ser processado pelos seus atos e manifestações no exercício funcional, isso decorre
de sua imunidade profissional. Todavia, essa prerrogativa deve ser exercida sem excessos, isto é, nos
limites da lei. Sendo assim, tudo que não for considerado essencial para a defesa, é considerado excesso
por parte do advogado e, consequentemente, levará a sua punição.

Diferentemente dos magistrados e membros do MP, que respondem apenas se agirem com dolo, os
advogados serão responsabilizados ainda que hajam culposamente.

Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu
cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação
própria.

Trata-se de responsabilidade ilimitada e solidária, do advogado e do cliente.

Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de Ética
e Disciplina.

O advogado deve observar todos os preceitos éticos e morais no exercício da profissão.

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com a
comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever
de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.

Os deveres éticos devem ser cumpridos na relação do advogado com a comunidade, com seus clientes e
demais profissionais, também com relação à recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever
geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.

CAPÍTULO IX

Das Infrações e Sanções Disciplinares

Art. 34. Constitui infração disciplinar:

I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício
aos não inscritos, proibidos ou impedidos;

Esse inciso dispõe sobre o exercício irregular da advocacia. Não confundir com o exercício ilegal. O
primeiro é infração disciplinar, enquanto o segundo é infração penal.

O impedimento é a vedação parcial ao exercício da advocacia é, portanto, causa superveniente que


alcança aqueles já inscritos nos quadros da OAB e que, por algum motivo, passam a ficar impedidos de
exercer a profissão em sua plenitude.

II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;
É um dispositivo amplo, que pretende abarcar toda e qualquer irregularidade relacionada com as

e demais regras dele derivadas. Todavia, o artigo não diz quando uma sociedade estará infringindo tais
regras, isso se verá em cada caso concreto.

III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;

O agenciador é aquele que encaminha uma causa para outro profissional, no intuito de ser remunerado
com um percentual do negócio. Ao rechaçar essa figura, o Estatuto busca zelar pela dignidade da
advocacia, bem como demonstrar a incompatibilidade da profissão com a mercantilização. Dessa forma,
não se admite o agenciamento de causas ou que o advogado receba algum tipo de remuneração pela
indicação de causas.

O Estatuto veda expressamente a captação de clientes, bem como a publicidade sem moderação.

Circunstâncias atenuantes: se a falta for cometida na defesa de uma prerrogativa funcional; prestação de
relevantes serviços à advocacia ou à causa pública; quando o agente não tiver punição disciplinar anterior
e exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB. Essas circunstâncias
não isentam o agente de punição, mas podem ensejar sua diminuição.

IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;

A principal diferença desse inciso para o anterior, e que nesse a infração se configura independentemente
da atuação de terceiro, sendo inclusive mais abrangente, pois proíbe ao profissional da advocacia
angariar e/ou captar causas, isto é, pedir para si ou atrair, conquistar. O entendimento sedimentado tanto
nesse dispositivo quanto no anterior é o de que o advogado deve ser procurado pelo cliente e não o
contrário. Isso não quer dizer que o advogado não pode divulgar o seu trabalho, ou seja, informar ao
público sobre a sua existência. Ele pode fazer isso, conforme disciplinam os artigos 28 a 34 do Código de
Ética, mas desde que o faça de maneira moderada e dentro dos padrões disciplinados no estatuto.

V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha
feito, ou em que não tenha colaborado;

O inciso trata dos casos de falsa autoria. Nesses casos, o advogado demonstra falta de honestidade e
veracidade no que diz respeito ao vínculo autoral entre ele, na qualidade de subscritor, e o conteúdo do
escrito.

VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado na


inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;

O objetivo dessa hipótese é reprimir condutas temerárias por parte do advogado quando postula em
juízo, estabelecendo punição para aqueles que advogam contra literal dispositivo de lei. Todavia, é
importante salientar que, diante da complexidade do ordenamento jurídico brasileiro, exige-se a
comprovação de má-fé por parte do advogado. Além disso, o dispositivo deixa claro que se presume a
boa-fé do advogado quando sua tese, embora combatendo texto expresso de lei, tenha por fundamento
a inconstitucionalidade, a injustiça da lei ou a existência de precedente jurisprudencial sólido que
justifique sua atuação.

VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;


A regra geral é que o sigilo profissional é inviolável, podendo ser quebrado em duas hipóteses: nos casos
de legítima defesa e quando houver grave ameaça ao direito a avida ou honra de outra pessoa. Se houver
autorização do cliente, resta configurada circunstância atenuante que também permite a quebra do
sigilo.

Todas as hipóteses excludentes do sigilo profissional dependem exclusivamente do advogado, ou seja, o


advogado pode ou não quebrar o sigilo, mas não há obrigatoriedade.

VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do
advogado contrário;

A conciliação pode e deve ser estimulada em todas as instâncias e fases do processo, entretanto, o
advogado não pode promover essa conciliação com a parte contrária sem a autorização do cliente, nem
tampouco diretamente com a parte adversa, sem a ciência do advogado desta. Esse artigo busca
resguardar tanto o cliente do advogado quanto o profissional, patrono da parte contrária.

IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;

O advogado responde por dolo ou culpa, trata-se de responsabilidade ilimitada. É importante destacar
que, não basta haver prejuízo ao cliente, mas que este decorra de culpa grave do advogado, ou seja, que
esta ultrapasse a tomada das medidas mínimas necessárias para o bom andamento do patrocínio.

X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que


funcione;

Fica evidente pela narrativa do texto, que se exige um dolo específico do advogado para a configuração
da infração disciplinar. O advogado age voltado à prática do ato prejudicial ao bom deslinde do processo,
bem como utiliza artifícios processuais que demonstram a contribuição decisiva dele para a ocorrência
da nulidade.

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da
renúncia;

O advogado não é obrigado a continuar representando interesses de quem ele não deseja mais, podendo
renunciar aos poderes recebidos, desde que respeitados os misteres do mandato pelos dez dias que
sucederem a renúncia, cessando após esse prazo sua responsabilidade profissional pelo
acompanhamento da causa.

XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude de
impossibilidade da Defensoria Pública;

O advogado tem o direito de recusar motivadamente, quem faz a avaliação quanto a pertinência ou não
da recusa, bem como em relação aos motivos apresentados é exclusivamente a Ordem dos Advogados
do Brasil.

XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a


causas pendentes;

Nesse caso, o advogado publica na imprensa, fatos relacionados a causas sob seu patrocínio e pendentes
de julgamento, de forma habitual, por ato de vontade dele, cujo conteúdo não há interesse público. A
publicidade deve ter por finalidade ilustrar, educar e informar, não podendo ser meio de autopromoção
do advogado.

XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de
depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o
juiz da causa;

O advogado não pode expor os fatos em Juízo ou na via administrativa falseando deliberadamente a
verdade e utilizando de má-fé, isso inclusive está previsto no artigo 6º do Código de Ética e Disciplina.

XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de fato
definido como crime;

Note que o Estatuto não exige que o fato seja falso como exige o artigo 138 do CP (crime de calúnia),
restando configurada a infração ainda que o fato imputado seja verdadeiro.

XVI- deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de autoridade


da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;

A ordem precisa ser lícita e legítima, bem como a autoridade a que se refere o inciso são aquelas pessoas
que detém competência para emitir a determinação, são as Diretorias, os Conselheiros devidamente
eleitos e nomeados para funções que autorizem a expedição de determinações e os órgãos próprios da
OAB.

O tipo do inciso XVI é o de uma conduta omissiva: deixar de cumprir.

XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou destinado
a fraudá-la;

Prestar concurso é ajudar de alguma forma aquele que, em tese, será o beneficiado pela realização do ato
contrário à lei ou com a fraude. Aqui, o advogado ou estagiário podem ser coautores ou partícipes de uma
terceira pessoa, que é o autor do ato de burlar ou fraudar à lei, não apenas em processo judicial, mas
também no âmbito da OAB, em procedimento administrativo.

Vale destacar que é uma infração formal, de maneira que não se exige que tenha havido um benefício ou
vantagem para o cliente ou terceiros.

XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou desonesta;

Basta que o advogado peça para que reste consumada a infração, mesmo que ele de fato não receba.
Também está configurada quando ele não pede, mas recebe com a finalidade espúria.

Atenção para de quem advém a importância. Só haverá infração se o sujeito a quem se pede ou de quem
se recebe seja constituinte, ou seja, cliente, do Advogado e não terceiro.

XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados como objeto do mandato, sem
expressa autorização do constituinte;

O comportamento previsto no referido inciso disciplina forma agravada da conduta prevista no inciso VIII
do mesmo artigo 34: estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou
ciência do advogado contrário. Isso acontece porque, em regra, o recebimento de valores da parte
contrária pressupõe o entendimento prévio proibido pelo Estatuto da Advocacia e da OAB. Isso é, o
entendimento prévio faz parte do itinerário da infração, sendo assim, a infração do inciso XIX, absorve a
do inciso VIII.

XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou interposta
pessoa;

Aqui, o estatuto está punindo o enriquecimento ilícito do advogado às custas do cliente, no âmbito da
prestação dos serviços. Por certo, trata-se de indevido enriquecimento, incompatível com a natureza da
prestação de serviços profissionais contratada.

XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de


terceiros por conta dele;

O advogado deve prestar contas não apenas sobre o andamento processual, mas também sobre todos os
valores recebidos relacionados direta ou indiretamente com a prestação de serviços de advocacia
contratada, sejam esses valores repassados pelo cliente ou por terceiros.

XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;

O advogado tem a prerrogativa de ter acesso e retirar os autos em carga, mas tem também o dever de os
devolver ao final do prazo estipulado. A retenção abusiva por má-fé não é presumida, deve ser
demonstrada, uma vez que a abusividade envolve a intenção de tirar proveito indevido ou de prejudicar
e isso não se presume.

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de
regularmente notificado a fazê-lo;

É importante destacar que a norma em questão possui caráter disciplinar e não patrimonial. Esse caráter
disciplinar, fundamenta-se no fato de que a inadimplência repercute diretamente na receita da OAB, que
não participa dos recursos orçamentários públicos e depende das contribuições de seus inscritos.

XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

A inépcia profissional caracteriza-se pela falta de conhecimento técnico no exercício da atividade


profissional, erros linguísticos e pela reiteração da falha.

XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;

A disciplina contida no inciso XXV parece ter sido idealizada para ser aplicada nos casos do parágrafo
único e também em situações que, embora contundentemente reprováveis, não tenham sido tipificadas
com exatidão nos demais incisos, tampouco no Código de Ética.

XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;

Os requisitos necessários para a inscrição como advogado nos quadros da OAB estão dispostos no art. 8º
do Estatuto da Advocacia e da OAB.

Nos casos expressos em lei e na hipótese de crime, a sanção a ser aplicada será a de exclusão.
Se no momento da inscrição, o requerente não preenchia integralmente os requisitos necessários e por
isso utilizou-se de prova falsa, mas depois passou a preencher integralmente os requisitos, incidirá a regra
do art. 34, XXVI do Estatuto. No entanto, se o requisito objeto da prova falsa continua a não existir, há
invalidade do ato de inscrição em face da falta dos requisitos previstos no art. 8º do EAOAB. Nesse caso,
pela invalidade do ato de inscrição, não há que se falar em aplicação de sanção, pois o bacharel nunca
preencheu os requisitos para tornar-se advogado.

XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;

Permite a exclusão dos quadros da OAB e está intimamente ligada à hipótese de cometimento de crime
pelo profissional. É diferente da conduta incompatível pela gravidade da conduta praticada e não se
limita a atos praticados no exercício da atividade de advogado.

Depende de condenação transitada em julgado.

XXVIII - praticar crime infamante;

Trata-se de regra de conceito indeterminado. Na prática é difícil distinguir a regra desse inciso com a do
inciso anterior, geralmente a doutrina difere pelo maior grau de gravidade do delito cometido. De todo
modo os conselhos seccionais possuem competência para decidir se crimes cometidos por seus inscritos
se caracterizam ou não como infamantes.

XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

Os atos que podem ser praticados por estagiários estão no artigo 29 do Regulamento Geral.

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:

a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) incontinência pública e escandalosa;

c) embriaguez ou toxicomania habituais.

Trata-se de um rol exemplificativo, sendo assim, outros comportamentos também poderão ser
considerados incompatíveis, dependendo da interpretação do julgador.

Resumo das infrações e suas punições correspondentes:

Dispositivo Legal Bizu Sanção


Art. 34, I a XVI e XXIX Censura

Art. 34, XVII a XXV Suspensão

Art. XXVI a XXVIII Exclusão

Art. 39 Cumulativamente Multa

Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:


A OAB compete, exclusivamente, punir os seus inscritos por meio da aplicação das sanções previstas no
presente artigo.

I - censura;

Vide artigo 36 do Estatuto.

É a sanção mais branda, cujo objetivo maior é a perda da primariedade do agente. Após o trânsito em
julgado da decisão condenatória, é feita anotação da punição nos assentamentos do advogado, sem se
sujeitar a publicidade.

A censura poderá ser convertida em advertência, a juízo da OAB, desde que presente circunstância
atenuante. É usada geralmente quando o agente fere preceitos éticos da OAB.

II - suspensão;

Vide artigo 37 do Estatuto.

É a proibição do exercício da advocacia em todo o território nacional pelo prazo mínimo de trinta dias e
máximo de doze meses, a depender da infração praticada e antecedentes do advogado infrator. Em
alguns casos, esse prazo máximo pode ser prorrogado até o cumprimento de condição futura pelo
representado.

Nos termos do art. 37, II, a suspensão é aplicável, ainda, quando o representado for reincidente em
infração disciplinar. Importante destacar, que a suspensão não retira a condição de advogado, sendo
assim, ele permanece obrigado a todos os deveres da classe. Devido ao interesse público envolvido, à
suspensão deve ser dada publicidade.

II - exclusão;

Vide artigo 38 Estatuto.

Essa sanção veda completamente ao exercício da advocacia pelo punido, pois retira dele a condição de
advogado. Se opera por decisão de 2/3 de todos os membros do Conselho Seccional competente, quando
preenchida uma das hipóteses dispostas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34, EAOAB, ou quando aplicadas
três suspensões.

É possível a reabilitação do advogado, se forem cumpridos os requisitos do artigo 8º, I, V, VI e VII, EAOAB.
Isso não quer dizer que a exclusão não é definitiva pois, ainda que seja reintegrado, o advogado não
recupera o seu número de inscrição originário.

IV- multa.

Vide artigo 39 do Estatuto.

É uma sanção complementar à censura e suspensão quando caracterizada circunstância agravante. Não
pode ser aplicada de forma autônoma e terá o valor de no mínimo uma e no máximo de dez anuidades,
valor esse que será direcionado ao Conselho Seccional.

Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito em
julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.
Fora a de censura, às demais sanções deve ser dada publicidade.

Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:

I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;

II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;

III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais
grave.

Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro
nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante.

Se a conversão for feita, ela constará apenas nos cadastros internos para fins de antecedentes, não será
anotada nos assentamentos do advogado, assim como ocorre com a censura, a qual não é dada
publicidade.

Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:

I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;

II - reincidência em infração disciplinar.

§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o território


nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de individualização
previstos neste capítulo.

§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que satisfaça
integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.

XXI (recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros
por conta dele), XXIII (deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois
de regularmente notificado a fazê-lo).

§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste novas provas de
habilitação.

XXIV: incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional.

Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:

I - aplicação, por três vezes, de suspensão;

II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.

XXVI (fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB), XXVII (tornar-se moralmente
inidôneo para o exercício da advocacia) e XXVIII (praticar crime infamante).

Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a manifestação


favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional competente.
Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo de
seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias
agravantes.

Não se aplica a multa cumulada com a exclusão, somente com a censura ou suspensão.

Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação, as
seguintes circunstâncias, entre outras:

I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;

Não há falta se o advogado estava defendendo uma prerrogativa profissional, que é um direito/dever que
excede o âmbito individual de cada profissional, uma vez que o advogado presta um serviço público e
exerce uma função que interessa a toda sociedade. Sendo assim, as prerrogativas previstas no
Regulamento Geral e no Código de ética devem ser garantidas e respeitadas, não devendo ser punido o
advogado que lutar por elas, desde que respeitada a razoabilidade.

II - ausência de punição disciplinar anterior;

O entendimento majoritário é o de que não há necessidade de haver o trânsito em julgado da decisão


condenatória para efeito de antecedentes.

III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;

Deve haver cumulação: ter assiduidade e ser proficiente, não basta apenas exercer as funções por um
longo tempo, isso deve vir acompanhado de capacidade para exercer as funções de maneira eficiente,
ativa e preparada.

IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

serviços de fato foram prestados à advocacia e à causa pública ou não. Exige-se uma fundamentação
pormenorizada na decisão, para que o advogado possa se defender.

Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele
revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são considerados para o fim de decidir:

a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;

b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.

O tempo que o profissional estará impedido de advogar, bem como o valor da multa aplicada deverão ser
compatíveis com a gravidade da conduta praticada. Para a suspensão, o Estatuto estabelece o máximo
de 12 meses e o mínimo de 30 dias. Já para a multa, o mínimo é o valor de uma anuidade e o máximo é
dez vezes esse valor.

Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu
cumprimento, a reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação
depende também da correspondente reabilitação criminal.
A reabilitação no procedimento ético-disciplinar depende de dois requisitos: o lapso de tempo de um ano após
o cumprimento da sanção disciplinar e provas efetivas de bom comportamento.

Na hipótese da sanção disciplinar resultar da prática de crime, a concessão da reabilitação estará subordinada
a três requisitos: o lapso de tempo de um ano após o cumprimento da sanção disciplinar, provas efetivas de
bom comportamento e a reabilitação criminal (art. 94 do Código Penal).

Essas provas efetivas de bom comportamento são: atestados firmados por autoridades onde reside o requerente
e onde residiu nos últimos cinco anos; certidões expedidas pelos cartórios cíveis e criminais do domicílio
profissional do requerente e das comarcas onde atuou nos últimos cinco anos; ressarcimento dos danos
causados aos clientes e inexistência de outras punições congêneres.

O hábito de anexar certidões tão somente do domicílio atual do reabilitando não satisfaz a exigência normativa,
considerando que pode ter atuado em outras comarcas indevidamente.

Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as sanções
disciplinares de suspensão ou exclusão.
De acordo com o artigo 34, do EOAB, são quatro as sanções disciplinares que podem ser aplicadas pela OAB:
censura; suspensão; exclusão e multa.

Se caso a sanção disciplinar aplicada for suspensão ou exclusão, o advogado fica impedido de exercer seu
mandato. Na hipótese de exercer sua função, os atos serão considerados nulos, conforme dispõe o artigo 4º,
EOAB. A nulidade é absoluta, plena, não podendo os atos ser ratificados por outro profissional.

Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos, contados da
data da constatação oficial do fato.
§1º. Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de
despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem
prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§2º. A prescrição interrompe-se:
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.
Quanto à prescrição da pretensão punitiva das infrações disciplinares, esta prescreve em cinco anos, contados
da constatação oficial dos fatos pela OAB, que tem como marco temporal o despacho que instaura o
procedimento ético.

No que se refere à prescrição intercorrente, esta pressupõe um processo ético-disciplinar instaurado e


paralisado durante três anos sem despacho ou julgamento. Poderá ser arquivado o processo de ofício ou a
requerimento da parte interessada. Os eventuais responsáveis pela paralisação deverão ser punidos pela OAB.
São causas que interrompe a prescrição, devendo ter sua contagem reiniciada, as seguintes situações:
instauração do processo disciplinar ou notificação válida feita diretamente ao representado e decisão
condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

TÍTULO II

Da Ordem dos Advogados do Brasil

CAPÍTULO I

Dos Fins e da Organização

Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de personalidade jurídica e
forma federativa, tem por finalidade:

I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a


justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo
aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;

II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em


toda a República Federativa do Brasil.

§1º. A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou
hierárquico.

§2º. O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.

Segundo o STF e o STJ, a OAB tem natureza jurídica de autarquia profissional de regime especial, seguindo
um regime excepcional, que não se confunde com as demais corporações profissionais.

É reconhecida como um serviço público independente, não se confundindo com as autarquias especiais e com
os demais conselhos de classe.

Em decorrência da natureza jurídica especial da OAB, o STJ firmou posicionamento jurisprudencial no sentido
de que as contribuições pagas pelos filiados à OAB não ostentam natureza tributária, sendo sua execução
regida pelo Código de Processo Civil, e não pela execução fiscal de que trata a Lei nº 6.830/1980.

Ainda por consequência da natureza jurídica tributária da OAB, o STF, na ADIN nº 3.026, entendeu que a
Ordem não está sujeita à fiscalização contábil, financeira, operacional e patrimonial realizada pelo Tribunal
de Contas da União e que para o provimento dos empregos da OAB não se faz necessária a realização de
concurso público.

O artigo 44, I, do EOAB trata das finalidades institucionais da OAB, que se consubstanciam em atividades
externas.
Já o artigo 44, II, do EOAB trata das finalidades corporativas da OAB, que se consubstanciam em atividades
internas.

Art. 45. São órgãos da OAB:

I - o Conselho Federal;

II - os Conselhos Seccionais;

III - as Subseções;

IV - as Caixas de Assistência dos Advogados.

§1º. O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da República,
é o órgão supremo da OAB.

§2º. Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição sobre os
respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.

§3º. As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma desta lei e de seu ato
constitutivo.

§4º. As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria, são criadas
pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e quinhentos inscritos.

§5º. A OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em relação a seus bens,
rendas e serviços.

§6º. Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando reservados ou de administração interna,
devem ser publicados na imprensa oficial ou afixados no fórum, na íntegra ou em resumo.

A OAB está calcada em uma organização federativa, sendo composta de quatro órgãos, todos dotados de
personalidade jurídica própria com exceção das Subseções. São eles: Conselho Federal, Conselhos Seccionais,
Subseções e Caixas de Assistência dos Advogados.

O Conselho Federal é o órgão supremo da OAB e tem jurisdição em todo o país, com sede em Brasília.

Os Conselhos Seccionais atuam nas unidades federativas respectivas.

As Subseções são criadas pelos órgãos estaduais respectivos, que lhes definem porção territorial, competência
e autonomia. Funcionam como extensões das Seccionais e com a finalidade de descentralizar as suas
atividades. Não gozam de personalidade jurídica própria.

A Caixa de Assistência dos Advogados, que tem por finalidade prestar assistência aos inscritos, também é
criada pelos órgãos estaduais respectivos quando estes contarem com mais de mil e quinhentos advogados.

Todos os órgãos da OAB possuem uma diretoria, a qual tem funções executivas e deliberativas e é composta
de cinco integrantes: Presidente; Vice-Presidente; Secretário; Secretário Adjunto e Tesoureiro.
Por prestar uma atividade de fim social, a OAB tem imunidade fiscal sobre seus bens patrimoniais e serviços.
Desta forma, a receita arrecadada pela OAB será de 100%, não sofrendo qualquer incidência de tributos.

Por fim, os atos conclusivos, exceto os reservados ou de administração interna, devem merecer publicidade,
via divulgação na imprensa oficial ou no átrio dos fóruns, ainda que resumidamente.

Art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições, preços de serviços e multas.

Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do Conselho
competente, relativa a crédito previsto neste artigo.

A OAB não recebe nenhum tipo de ajuda ou subvenção oficial, dependendo das contribuições anuais que
recebe dos inscritos em seus quadros para que cumpra seu destacado papel na sociedade brasileira, seja no
tocante à manutenção da independência da advocacia, seja para manter a privilegiada posição de que goza
perante a sociedade brasileira na garantia dos direitos fundamentais de seus cidadãos.

Conforme se verifica da leitura do art. 58 e incisos IX e XII desse Estatuto, compete privativamente ao
Conselho Seccional a fixação da anuidade, bem como aprovar e modificar seu orçamento anual.

Assim, a OAB custeia todas as suas atividades através das cobranças autorizadas por lei, competindo-lhe com
exclusividade a elaboração de seu orçamento anual, a fixação das anuidades, como também a aprovação das
contas (art. 58 do Regulamento Geral), sem qualquer interferência por parte do Poder Público, sendo estas
condições indispensáveis para a manutenção na sua necessária independência (art. 54, III, EAOAB).

Art. 47. O pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus quadros do pagamento
obrigatório da contribuição sindical.

A CLT, em seu art. 579, determina que "o requerimento de pagamento da contribuição sindical está
condicionado à autorização prévia e voluntária do empregado que participar de determinada categoria
econômica ou profissional ou de profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria
ou profissão (...) (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019).

Entretanto, tal norma não se aplica ao advogado, tendo em vista que o Estatuto da Advocacia e da OAB é o
único diploma legal que isenta o profissional inscrito do pagamento da contribuição sindical anual obrigatória,
exatamente pelo fato de que as atividades de defesa da profissão a justificarem, também, a existência de um
ente sindical, são atribuições, exclusivas, já presentes no art. 44 do EAOAB.

Art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da OAB é de exercício gratuito e
obrigatório, considerado serviço público relevante, inclusive para fins de disponibilidade e
aposentadoria.

O art. 45 determina que são órgãos da OAB o Conselho Federal, os Conselhos Seccionais, as Subseções e as
Caixas de Assistência dos Advogados. Assim, é possível concluir que os cargos de conselheiro do Conselho
Federal, dos Conselhos das Seções e dos Conselhos das Subseções são considerados serviço público relevante.
Da mesma maneira, os cargos da Diretoria do Conselho Federal, dos Conselhos Seccionais e das Subseções.
Também assim serão os cargos da Diretoria e do Conselho das Caixas de Assistência.

A qualificação de serviço público também é atribuída ao titular do cargo, assim, pode-se dizer que os
conselheiros e diretores da OAB exercem atividade publica, consistente no exercício das atribuições da Ordem
e sob o regime jurídico desta mesma instituição.

Com relação as suas características, o exercício desses cargos será sempre gratuito, (não sendo admissível
qualquer remuneração ou contrapartida) e obrigatório para o escolhido ou eleito para o cargo. Se o ocupante
do cargo for servidor publico, poderá utilizar o tempo de exercício para vantagens funcionais como contagem
de tempo para aposentadoria e disponibilidade.

O conselheiro ou membro da Diretoria não poderá valer-se dessa vantagem se o exercício do cargo público
(como servidor) for concomitante ao período dedicado ao trabalho desinteressado na OAB.

A atribuição da qualidade de serviço público relevante aos cargos da OAB não atribui ao seu titular o cargo
de servidor público: apenas lhe garante as vantagens relacionadas ao tempo de exercício do cargo (na OAB)
se ele também for servidor público.

Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimidade para agir, judicial e
extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins desta lei.

Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo têm, ainda, legitimidade para
intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou
ofendidos os inscritos na OAB.

Este art. determina que o Presidente do Conselho Federal, os Presidentes das Seccionais e os Presidentes das
Subseções, gozam de legitimidade para atuar em defesa dos princípios e preceitos do Estatuto, da advocacia
e de cada advogado, tanto judicial quanto extrajudicialmente.

A função atribuída a essas autoridades é bem mais abrangente do que a administração das entidades pelas
quais representam, pois incumbe a cada uma representar a OAB nos seus âmbitos territoriais, assim como os
advogados inscritos. Para tanto, o Estatuto prevê hipótese de legitimação para atuação como parte ou para
intervenção como terceiro assistente do(s) membro(s) inscrito(s) na OAB, tanto no âmbito judicial ou
administrativo, no pólo ativo ou passivo.

Quando se trata de inquéritos policiais ou ações penais em que o advogado figurar como indiciado, acusado
ou ofendido, sempre que o fato a ele imputado decorrer do exercício da profissão ou a este vincular-se, contará
com assistência de representante da OAB, o que não significa dizer que esta exerce, nem tampouco substitui
a atuação do defensor.
Por fim, a legitimação atribuída aos Presidentes nos três níveis organizacionais da OAB deve está diretamente
vinculada ao bem jurídico que a lei busca proteger. Assim, portanto, é necessário e relevante demonstrar que
o objeto de proteção pretendido está albergado pelos princípios do Estatuto, da advocacia e/ou dos direitos e
prerrogativas dos advogados inscritos.

Art. 50. Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subseções podem requisitar
cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da
Administração Pública direta, indireta e fundacional.

Na ADI nº 1.127-8, o STF apreciou o artigo 50 da EOAB e entendeu que o advogado ao requisitar cópias deve
motivar o pedido, ressalvados os documentos cobertos por sigilo.

CAPÍTULO II

Do Conselho Federal

Art. 51. O Conselho Federal compõe-se:

I - dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa;

II - dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.

§1º. Cada delegação é formada por três conselheiros federais.

§2º. Os ex-presidentes têm direito apenas a voz nas sessões

O Conselho Federal é órgão supremo da OAB, com jurisdição em todo território nacional, tendo sua sede em
Brasília. É composto por 81 conselheiros federais, proveniente das delegações de cada unidade federativa,
mais os ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.

O presidente do Conselho Federal é conhecido também como Presidente Nacional da OAB, competindo-lhe
exercer a representação nacional e internacional da Ordem.

Conforme se verifica da leitura do §2°, os ex-presidentes não têm direito a voto nas sessões, mas apenas direito
de voz. Contudo, o art. 81 desse Estatuto determinou que essa restrição ao direito de voto não se aplica aos
que tenham assumido originalmente o cargo de Presidente do Conselho Federal até a data da publicação desta
lei (05/07/1994), ficando assegurados o pleno direito de voz e voto em suas sessões. Previsão também
encontrada no art. 77, §2° do Regulamento Geral, que assim dispõe: "os ex-Presidentes empossados antes de
5 de julho de 1994 têm direito de voto equivalente ao de uma delegação, em todas as matérias, exceto na
eleição dos membros da Diretoria do Conselho Federal".

Art. 52. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, têm lugar reservado
junto à delegação respectiva e direito somente a voz.
Diante da evidente representatividade, os Presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho
Federal, têm lugar reservado junto à respectiva delegação. No entanto, como no caso anterior, possuem apenas
direito a voz, não tendo o direito a voto, este é reservado aos conselheiros e aos ex-presidentes empossados
anteriormente à vigência desse Estatuto.

Art. 53. O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento definidos no Regulamento Geral da
OAB.

§1º. O Presidente, nas deliberações do Conselho, tem apenas o voto de qualidade.

§2º. O voto é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de interesse da unidade que
represente.

§3º Na eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da delegação terá direito
a 1 (um) voto, vedado aos membros honorários vitalícios.

A estrutura e o funcionamento do Conselho Federal encontram-se disciplinados no Capítulo III do


Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB.

O Presidente deste órgão tem apenas o voto de qualidade, ou seja, o voto de minerva, voto de desempate nas
deliberações do Conselho.

As votações nos órgãos internos do Conselho Federal são efetivadas por intermédio das delegações, sendo
que cada uma possui o direito a apenas um voto. Havendo divergência, será computada a vontade da maioria.

Importante desatacar que, nas matérias de interesse da sua Seccional, é vedada a participação da delegação
respectiva.

Art. 54. Compete ao Conselho Federal:

I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;

São as finalidades institucionais e coorporativas previstas no art. 44 desse Estatuto e que serão efetivadas
através de seus órgãos (Conselho Federal, Conselhos Seccionais, Subseções e as Caixas de Assistência dos
Advogados - art. 45, EAOAB).

II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados;

Competência em cumprimento às finalidades corporativas da OAB, relacionadas no art. 44, II, desse Estatuto.

III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;

A atuação institucional na defesa dos interesses coletivos dos advogados, da dignidade profissional,
independência, prerrogativas e valorização da advocacia, encontra exemplo na propositura de Ação Civil
Pública com o objetivo de garantir atendimento preferencial a advogados em agências do INSS; na obtenção
de liminar em face de instituições bancárias, garantindo aos advogados o direito de efetuar pagamento de guias
e levantamento de alvarás judiciais durante o período de greve, etc.

IV - representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da


advocacia;

O Regulamento Geral, em seu art. 80, paragrafo único, também determina que "os Conselhos Seccionais
podem representar a OAB em geral ou os advogados brasileiros em eventos internacionais ou no exterior,
quando autorizados pelo Presidente Nacional", que é o Presidente do Conselho Federal.

V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar
necessários;

O mais recente exemplo do exercício desta competência se deu com a edição do Novo Código de Ética e
Disciplina, Resolução 002/2015 do Conselho Federal.

VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais;

Competência que Paulo Lôbo chama de intervenção parcial5. "É um modo parcial e localizado de intervenção,
sem os rigores da intervenção completa, porque não implica o afastamento de seus dirigentes". (...) "Essas
providências podem ser mínimas e pouco traumáticas, como na hipótese de envio de observadores ou
auditores".

VII - intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do
regulamento geral;

Já a esta competência, Paulo Lôbo da o nome de intervenção completa6 sendo aquela que se dá "nos casos de
extrema gravidade, quando ocorrerem claras e flagrantes violações ao Estatuto e à legislação regulamentar,
ou quando as determinações do Conselho Federal forem sistematicamente descumpridas ou desafiadas, ou
ainda quando a entidade local estiver em situação de grave perigo para a instituição".

Por mitigar a autonomia dos Conselhos Seccionais, a intervenção respeitará requisitos inafastáveis, como
deliberação por quórum especial de dois terços das delegações para sua instauração, fixação de prazo
determinado e prorrogável para sua vigência e oitiva prévia do Conselho Seccional afetado, que poderá
oferecer defesa e apresentar provas. Uma vez decidida a intervenção, o presidente nacional da OAB nomeará
diretoria provisória, suspendendo o mandato dos dirigentes em exercício (art. 54, paragrafo único do EAOAB
c/c art. 81 do Regulamento Geral do EAOAB).

VIII - cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade
da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos,
ouvida a autoridade ou o órgão em causa;

5
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia. 7ª ed., p. 290.
6
Idem.
O Conselho Federal é o guardião da legislação da advocacia e da OAB, devendo primar pelo fiel cumprimento
e respeito a estas normas.

IX - julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos casos previstos
neste estatuto e no regulamento geral;

O Conselho Federal é o órgão supremo da OAB, competindo-lhe julgar, em última instância, todos os recursos
interpostos contra decisões dos Conselhos Seccionais que não tenham sido unânimes ou, quando unânimes,
contrariem esse Estatuto e a legislação regulamentar. Vide comentários ao art. 75.

X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos;

Para que haja uniformidade, cabe ao Conselho Federal a competência descrita neste inciso.

XI - apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria;

XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais;

De acordo com Paulo Lôbo, "se as contas forem rejeitadas por razões formais, as irregularidades poderão ser
supridas. Se a rejeição for de mérito, os responsáveis responderão nos âmbitos disciplinar, penal e civil"7.

XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da
profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB;

A elaboração da lista sêxtupla para a composição dos tribunais por advogados através do denominado quinto
constitucional é atribuição do Conselho Federal quando se tratar de tribunais de abrangência nacional ou
interestadual, os quais se consubstanciam no Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e os
tribunais federais cuja competência territorial alcance mais de um estado.

Quando o tribunal tiver abrangência territorial restrita a um Estado-membro ou Distrito Federal, a competência
para elaboração da lista sêxtupla será dos respectivos Conselhos Seccionais, conforme dispõe o artigo 58,
XIV, do EAOAB.

Visando evitar influências e democratizar o pleito, membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da
OAB, no triênio para o qual foram eleitos não podem concorrer, ainda que renunciem aos mandatos.
Integrantes dos Tribunais de Ética, das Comissões e das Escolas da Advocacia, para concorrer, devem fazer
prova da renúncia. Não podem se candidatar os advogados que exerçam cargos exoneráveis ad nutum. Os ex-
presidentes ao candidatarem-se, perdem o direito de participação no Conselho até a nomeação para a vaga.

XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil
pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja
outorgada por lei;

7
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia. 7ª ed., p. 293
Por força do artigo 103, VII, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o Conselho Federal
da OAB tem legitimidade para propor ação declaratória de constitucionalidade.

E, conforme dispõe o artigo 2º, I, da Lei nº 9882/1999, o Conselho Federal da OAB também tem legitimidade
para propor arguição de descumprimento de preceito fundamental.

XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos
apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos;

Competência também em cumprimento às finalidades da OAB previstas no art. 44 desse Estatuto.

De acordo com o Caput do art. 83 do Regulamento Geral, essa competência é desempenhada pela Comissão
Nacional de Educação Jurídica do Conselho Federal.

XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis;

Neste caso, o quórum deve ser de maioria absoluta das delegações (metade mais uma).

XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas
fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;

O Regulamento Geral, em seu art. 52, Caput, também trata do assunto, estabelecendo que "a OAB participa
dos concursos públicos, previstos na Constituição e nas leis, em todas as suas fases, por meio de representante
do Conselho competente, designado pelo Presidente, incumbindo-lhe apresentar relatório sucinto de suas
atividades".

No entanto, de acordo com o artigo 58, X, do EOAB, quando os concursos tiverem abrangência estadual, a
competência será do Conselho Seccional respectivo.

XVIII - resolver os casos omissos neste estatuto.

Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste artigo depende de prévia aprovação por
dois terços das delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo,
nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar.

Vide comentários ao inciso VII.

Art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de um Vice-Presidente, de um


Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.

§1º. O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe convocar o


Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover-lhe a
administração patrimonial e dar execução às suas decisões.

§2º. O regulamento geral define as atribuições dos membros da diretoria e a ordem de substituição em
caso de vacância, licença, falta ou impedimento.
§3º. Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros de suas
delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de embargar a decisão, se
esta não for unânime.

É o próprio Conselho Federal que elegerá, no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, os membros de
sua Diretoria, sendo que estes somente tomarão posse no dia seguinte, conforme procedimento disciplinado
no art. 67 desse Estatuto.

Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa deverão ser conselheiros federais
eleitos (art. 67, parágrafo único, EAOAB).

Normalmente, nas deliberações do Conselho Federal “o voto é tomado por delegação” (art. 53, § 2º, EAOAB),
mas na “eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada membro da delegação terá direito a 1
(um) voto, vedado aos membros honorários vitalícios” (art. 53, § 3º, EAOAB). O Presidente tem somente voto
de qualidade, estando legitimado a embargar as decisões não unânimes. Os demais Diretores votam como
membros de suas respectivas delegações.

O art. 98 da legislação regulamentar define as atribuições dos membros da diretoria e a ordem de substituição
em caso de vacância, licença, falta ou impedimento.

A Diretoria, coletivamente, tem funções executivas (das decisões dos órgãos deliberativos do Conselho
Federal) e deliberativas, que estão arroladas no art. 99 do RGEAOAB, dentre elas a de “resolver os casos
omissos no Estatuto e no Regulamento Geral, ad referendum do Conselho Pleno” (inciso IX). Os seus
membros têm as atribuições previstas nos artigos 100 a 104 do RGEAOAB.

CAPÍTULO III

Do Conselho Seccional

Art. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número proporcional ao de seus inscritos,
segundo critérios estabelecidos no regulamento geral.

§1º. São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, somente com direito a voz em suas
sessões.

§2º. O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário, somente com direito a voz nas
sessões do Conselho.

§3º. Quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Conselho Federal, os


Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da Caixa de Assistência dos
Advogados e os Presidentes das Subseções, têm direito a voz.

A composição dos Conselhos Seccionais é proporcional ao número de advogados inscritos e o art. 106 do
Regulamento Geral prevê os critérios para esta composição, estabelecendo que:
Art. 106. Os Conselhos Seccionais são compostos de conselheiros eleitos, incluindo os membros da Diretoria,
proporcionalmente ao número de advogados com inscrição concedida, observados os seguintes critérios:

I – abaixo de 3.000 (três mil) inscritos, até 30 (trinta) membros;

II – a partir de 3.000 (três mil) inscritos, mais um membro por grupo completo de 3.000 (três mil) inscritos,
até o total de 80 (oitenta) membros.

Também compõe os Conselhos Seccionais os seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários,


valendo para estes a mesma regra do art. 81 deste Estatuto quanto ao direito de voto, ou seja, a restrição ao
direito de voto não se aplica aos que tenham assumido originalmente o cargo de Presidente até a data da
publicação desta lei (05/07/1994), sendo lhes assegurado o pleno direito de voz e voto em suas sessões. Os
demais membros, de acordo com esse Estatuto, possuem apenas o direito de voz.

O Presidente do Instituto dos Advogados local, conforme prevê o §2° deste artigo, é membro honorário, tendo
direito a voz em suas sessões.

Já o Presidente do Conselho Federal, os Conselheiros Federais do próprio Estado e os Presidentes de


Subseções, não são membros do conselho e apenas tem o direito a voz, ou seja, apenas podem se manifestar
durante a sessão, não tendo as demais prerrogativas dos conselheiros seccionais, entre as quais, por exemplo,
formular pedido de vista de processo que está em julgamento na sessão.

Art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as competências, vedações e
funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua competência material e
territorial, e as normas gerais estabelecidas nesta lei, no regulamento geral, no Código de Ética e
Disciplina, e nos Provimentos.

O previsto neste artigo decorre da própria estrutura organizacional da OAB, cujas representações respeitam
os limites territoriais de cada Estado da Federação. De acordo com este artigo, as seccionais exercem as
competências e funções do Conselho Federal no âmbito dos respectivos Estados e naquilo em que for
compatível. Assim, dentre as competências traçadas no art. 54 referentes ao Conselho Federal, aquelas que se
aplicam às seccionais são as seguintes: dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; representar, em juízo
ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; ajuizar ação direta de inconstitucionalidade
de normais legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção
e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei.

Ademais, o EAOAB estabelece em seu art. 58 as competências privativas do Conselho Seccional e o


Regulamento Geral completa essas competências em seu art. 105. Vejamos:

Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:

I - editar seu regimento interno e resoluções;


Segundo Paulo Lôbo8, o regimento interno não precisa ser submetido ao Conselho Federal, porque este dispõe
de instrumentos inibitórios e invalidantes, se ultrapassar a competência do Conselho ou violar o Estatuto e
legislação regulamentar, inclusive cassação e intervenção. Quanto maior o grau de autonomia, maior o da
autorresponsabilidade.

II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;

A criação de Subseções, assim como a criação da Caixa de Assistência dos Advogados é de competência
exclusiva dos Conselhos Seccionais, não havendo necessidade de submetê-las ao Conselho Federal, ou seja,
a criação desses órgãos pelas Seccionais não depende do referendo do Conselho Federal.

III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo
Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;

O Conselho Seccional também funciona como tribunal de recurso. Regra geral, os recursos em segunda
instância na OAB são julgados neste Conselho.

Assim, as decisões proferidas pelo Presidente do Conselho Seccional, por sua diretoria ou pelas diretorias das
Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados, bem como pelo Tribunal de Ética e Disciplina terão seus
recursos encaminhados para este Conselho, não podendo ser remetidos diretamente ao Conselho Federal, sob
pena de supressão de instância.

IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas
de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;

Além de funcionar como tribunal de recurso, o Conselho Seccional também funciona como Conselho Fiscal,
sendo de sua atribuição fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e aprovar ou desaprovar o
balanço e as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados.

A fiscalização das contas é feita por uma comissão permanente de orçamento e contas, eleita pelo Conselho
Seccional dentre seus membros, podendo, inclusive, utilizar-se de auditoria independente para auxiliá-la nesta
fiscalização.

V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;

Não existe uma tabela nacional, esta é fixada por cada Conselho Seccional, tendo validade para o respectivo
Estado-membro ou Distrito Federal.

A tabela de honorários estabelece os parâmetros mínimos, mas pode indicar os limites máximos em várias
situações de maior risco de abuso. Deve ser amplamente divulgada e de conhecimento dos magistrados, que
a utilizará como parâmetro para atribuição dos honorários aos advogados que prestarem assistência jurídica
nos casos de impossibilidade da Defensoria Pública.

8
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia. 7ª ed., p. 298.
Por fim, importante salientar que, conforme previsto no art. 36, inciso III desse Estatuto, a cobrança de
honorários aviltados, inferiores aos parâmetros estabelecidos na tabela, constitui infração disciplina punível
com sanção de censura.

VI - realizar o Exame de Ordem;

Apesar de esse inciso atribuir ao Conselho Seccional a realização do Exame de Ordem, na prática, tal
atribuição não se concretiza. Isso porque, em decorrência de convênio entre os Conselhos Seccionais, a
competência passou a ser do Conselho Federal da Ordem.

VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;

A aprovação da inscrição ocorre em duas fases: a primeira, ainda na Subseção, desde que esta tenha Conselho,
que instruirá o pedido de inscrição (fase de análise dos pré-requisitos previstos nos artigos 8° e 9° desse
Estatuto) e emitirá o seu parecer prévio (aprovado em sessão), submetendo-o ao Conselho da Seccional, o
qual finalmente será emitida a decisão final para o referido pedido.

No caso de não haver Subseção, o pedido será instruído pela Secretaria do Conselho Seccional e distribuído
ao Relator ou Comissão, que o submeterá à Sessão da Câmara competente ou ao Pleno do Conselho, nos
moldes do seu regimento interno.

VIII - manter cadastro de seus inscritos;

O cadastro é mantido na forma do regimento interno de cada Conselho Seccional, o qual terá obrigatoriamente
os dados para identificação do inscrito, bem como as alterações feitas, inclusive com o registro das infrações
disciplinares. O cadastro nacional é feito pelo Conselho Federal.

Importante destacar que, apesar de todas as informações contidas no cadastro serem públicas, é mantido sob
sigilo as informações referentes às sanções de censura, processos disciplinares em andamento ou em grau de
recurso, as sanções de advertência e as que foram canceladas em virtude de reabilitação.

IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;

As contribuições obrigatórias são as anuidades dos advogados e estagiários.

Os preços de serviços são os valores fixados para a emissão de carteira, inscrição no Exame da Ordem, etc.

As multas são valores aplicados aos inscritos decorrentes de alguma infração legal.

X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos previstos na
Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;

De acordo com o artigo 54, XVII, do EOAB, quando os concursos tiverem abrangência nacional ou
interestadual, a competência será do Conselho Federal.
O representante da OAB, indicado pelo Conselho Seccional, tem atuação em todas as fases do concurso, desde
a fase da elaboração do edital, fiscalizando e intervindo quando houver suspeita de irregularidades.

XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional;

Os parâmetros de vestuário para o advogado são determinados pelo Conselho Seccional, não cabendo a
qualquer outra autoridade fazer exigências, observados os costumes do local.

São vários os casos de constrangimentos sofridos por advogados no exercício de suas funções, em razão de
idiossincrasias estéticas por parte de magistrados e autoridades, por isso a importância de tal previsão no
Estatuto.

XII - aprovar e modificar seu orçamento anual;

O Conselho Seccional aprova e, quando necessário, modifica o orçamento do ano que se segue, fixando receita
e dessa, inclusive com as transferências ao Conselho Federal, à Caixa de Assistência e às Subseções.

O quorum de deliberação é o comum, ou seja, pela maioria absoluta de seus membros eleitos.

XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher seus


membros;

O Tribunal de Ética e Disciplina é organizado pelo Conselho Seccional. Os procedimentos a serem observados
constam do Código de Ética e Disciplina.

Seus membros podem, ou não, ser conselheiros seccionais.

XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho Federal, vedada a
inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;

A elaboração da lista sêxtupla para a composição dos tribunais por advogados através do denominado quinto
constitucional é atribuição dos Conselhos Seccionais quando se tratar de tribunais de abrangência estadual.

Quando o tribunal tiver abrangência territorial nacional ou interestadual a competência para elaboração da
lista sêxtupla será do Conselho Federal, conforme dispõe o artigo 54, XIII, do EAOAB.

Visando evitar influências e democratizar o pleito, membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da
OAB, no triênio para o qual foram eleitos não podem concorrer, ainda que renunciem aos mandatos.
Integrantes dos Tribunais de Ética, das Comissões e das Escolas da Advocacia, para concorrer, devem fazer
prova da renúncia. Não podem se candidatar os advogados que exerçam cargos exoneráveis ad nutum. Os ex-
presidentes ao candidatarem-se, perdem o direito de participação no Conselho até a nomeação para a vaga.

XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;


A intervenção deve seguir as mesmas condições exigidas para intervenção do Conselho Federal nos Conselhos
Seccionais (art. 4, VII), observado o quórum especial de 2/3 (dois terços) de seus membros.

XVI - desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral.

O Regulamento Geral apresenta função supletiva aos casos omissos nesse Estatuto.

Art. 59. A diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições equivalentes às do
Conselho Federal, na forma do regimento interno daquele.

Assim, a Diretoria do Conselho Seccional é composta de um Presidente, de um Vice-Presidente, de um


Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.

As atribuições de cada membro da diretoria, e da diretoria como órgão conjunto deliberativo e executivo, são
definidas no regimento interno do Conselho Seccional, guardando simetria com as da diretoria do Conselho
Federal, estas determinadas pelo Regulamento Geral.

Compete indelegavelmente ao presidente a representação ativa e passiva, em juízo ou fora dele; o qual detém
apenas o voto de qualidade nas sessões do Conselho, além de poder interpor o recurso de embargo à execução
não unânime, para que seja reapreciada a matéria em sessão seguinte.

CAPÍTULO IV

Da Subseção

Art. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixa sua área territorial e seus limites
de competência e autonomia.

§1º. A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de município,
inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de quinze advogados, nela profissionalmente
domiciliados.

§2º. A Subseção é administrada por uma diretoria, com atribuições e composição equivalentes às da
diretoria do Conselho Seccional.

A diretoria é composta pelo: Presidente, Vice-Presidente, Secretário-Geral, Secretário-Geral Adjunto e


Tesoureiro.

§3º. Havendo mais de cem advogados, a Subseção pode ser integrada, também, por um conselho em
número de membros fixado pelo Conselho Seccional.

§4º. Os quantitativos referidos nos §§ 1º e 3º deste artigo podem ser ampliados, na forma do regimento
interno do Conselho Seccional.

§5º. Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações específicas destinadas à manutenção
das Subseções.
§6º. O Conselho Seccional, mediante o voto de dois terços de seus membros, pode intervir nas Subseções,
onde constatar grave violação desta lei ou do regimento interno daquele.

As subseções são partes autônomas do Conselho Seccional desprovidas de personalidade jurídica própria.

São criadas pelo Conselho Seccional.

A área territorial pode abranger um município, mais de um município ou parte de um município, inclusive na
capital do Estado.

É necessário haver um mínimo de quinze advogados nela profissionalmente domiciliados.

Havendo mais de cem advogados, a Subseção poderá dispor de um Conselho próprio, o qual tem suas
atribuições idênticas ao Conselho Seccional.

O §4° ressalta que os quantitativos acima referidos para a criação da subseção ou do conselho da subseção,
(15 e 100, respectivamente) podem ser aumentados, mas não diminuídos, na forma do Regimento Interno do
Conselho Seccional.

As dotações orçamentárias a serem destinadas à manutenção do Conselho das Subseções serão definidas pelo
Conselho da Seccional e deverão mensalmente, prestar contas das receitas auferidas e das despesas realizadas,
devidamente acompanhadas dos documentos contábeis que as justifiquem, sob pena de se submeterem à
suspensão da remessa dos repasses a que tiverem direito.

Art. 61. Compete à Subseção, no âmbito de seu território:

I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;

II - velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer valer as prerrogativas do


advogado;

Correspondem às competências dos Conselhos Federal e Seccional da OAB.

Vide comentários aos artigos 44 e 54, inciso III.

III - representar a OAB perante os poderes constituídos;

IV - desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delegação de competência do


Conselho Seccional.

As competências delegadas pelo Conselho Seccional estão estabelecidas, por este mesmo Conselho, no ato
constitutivo da Subseção, no regimento interno do Conselho Seccional ou em resolução deste que as defina.

Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e atribuições
do Conselho Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda:

a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccional;


Observe que o regimento interno do Conselho da Subseção é referendado pelo Conselho Seccional e não pelo
Conselho Federal.

b) editar resoluções, no âmbito de sua competência;

c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal de Ética e Disciplina;

O TED fica localizado em cada Conselho Seccional.

d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo e emitindo parecer
prévio, para decisão do Conselho Seccional.

Vide comentários ao art. 58, inciso VII.

Conforme previsão do §3°, caso haja mais de 100 advogados domiciliados profissionalmente na respectiva
área da subseção, esta pode contar com um Conselho (Conselho da Subseção), cujo número de membros será
fiado pelo Conselho Seccional, competindo-lhe, agora, exercer as mesmas funções do Conselho Seccional, na
forma do regimento interno deste, e, ainda, as competências previstas neste parágrafo único.

CAPÍTULO V

Da Caixa de Assistência dos Advogados

Art. 62. A Caixa de Assistência dos Advogados, com personalidade jurídica própria, destina-se a prestar
assistência aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule.

§1º. A Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu estatuto pelo
respectivo Conselho Seccional da OAB, na forma do regulamento geral.

§2º. A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar.

§3º. Compete ao Conselho Seccional fixar contribuição obrigatória devida por seus inscritos, destinada
à manutenção do disposto no parágrafo anterior, incidente sobre atos decorrentes do efetivo exercício
da advocacia.

§4º. A diretoria da Caixa é composta de cinco membros, com atribuições definidas no seu regimento
interno.

§5º. Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccional, considerado o
valor resultante após as deduções regulamentares obrigatórias.

§6º. Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao do Conselho Seccional
respectivo.

§7º. O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode intervir na Caixa de
Assistência dos Advogados, no caso de descumprimento de suas finalidades, designando diretoria
provisória, enquanto durar a intervenção.
A Caixa de Assistência dos Advogados, criada pelo Conselho Seccional, quando estes contarem com mais de
1.500 inscritos em seu território (art. 45, §4º, EAOAB), é órgão autônomo da OAB, dotado de personalidade
jurídica própria, com finalidade de prestar assistência aos advogados e aos estagiários vinculados ao respectivo
Conselho Seccional.

Essa assistência é definida no Estatuto da Caixa e está condicionada à: regularidade do pagamento da


anuidade; carência de um ano, após o deferimento da inscrição; e disponibilidade de recursos da Caixa de
Assistência. Em casos especiais pode haver a dispensa dos dois primeiros requisitos, de acordo com o art. 123
do Regulamento Geral.

Sua administração ocorre nos mesmos moldes previstos às Subseções, ou seja, por intermédio de diretoria
composta por Presidente, Vice-Presidente, Secretário, Secretário Adjunto e Tesoureiro (art. 49, Parágrafo
Único, RGEAOAB).

O repasse da metade líquida das anuidades a que faz jus a Caixa de Assistência dos Advogados, segundo os
critérios estabelecidos pelos artigos 56 e 57 do Regulamento Geral, representa o equivalente a 20% das
anuidades amealhadas pelo Conselho Seccional, pois os descontos fixados pelo art. 56 do mesmo diploma
importam em 60% do total das anuidades, não incluídas as multas e os preços de serviços.

No caso de descumprimento de suas finalidades, pode sofrer intervenção por parte do Conselho Seccional,
mediante voto de 2/3 de seus membros, sendo designada diretoria provisória, enquanto durar a intervenção
(artigo 58, XV, da EAOAB).

CAPÍTULO VI

Das Eleições e dos Mandatos

Art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será realizada na segunda quinzena do mês
de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados
regularmente inscritos.

Utiliza-se o termo “cédula”, mas, na prática, o Conselho Federal tem conseguido junto com a Justiça Eleitoral
o empréstimo de urnas eleitorais digitais.

§1º. A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos estabelecidos no regulamento geral, é


de comparecimento obrigatório para todos os advogados inscritos na OAB.

Em caso de ausência, o advogado será multado em valor equivalente a 20% da anuidade, a não ser que a
ausência seja justificada por escrito (art. 134, RGEAOAB). Os estagiários não votam.

§2º. O candidato deve comprovar situação regular junto à OAB, não ocupar cargo exonerável ad
nutum, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivamente a
profissão há mais de cinco anos.
O candidato a membro da OAB deve preencher os seguintes requisitos: a) ser advogado regularmente inscrito
no Conselho Seccional, seja inscrição principal, seja inscrição suplementar; b) estar em dia com as anuidades;
c) não ocupar cargos ou funções incompatíveis com a advocacia em caráter permanente ou temporário; d) não
ocupar cargos ou funções dos quais possa ser exonerável ad nutum; e) não ter sido condenado por qualquer
infração disciplinar por decisão transitada em julgado, salvo se estiver reabilitado pela OAB; f) exercer
efetivamente a profissão há mais de cinco anos; e g) não estar em débito com a prestação de contas ao Conselho
Federal, caso seja dirigente do Conselho Seccional.

Art. 64. Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos votos
válidos.

As eleições na OAB seguem o critério da proporcionalidade, maioria simples, de modo que a chapa vencedora
será aquela que tiver 50% + 1 dos votos válidos.

§1º. A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos candidatos ao conselho e à sua diretoria
e, ainda, à delegação ao Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados para
eleição conjunta.

§2º. A chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria, e de seu conselho quando
houver.

As chapas pretendentes deverão ser completas, vale dizer, deverão ser apresentadas a registro perante a
Comissão Eleitoral, nomeada para cada pleito e contando com cinco membros, os (as) candidatos (as),
indicando-se o cargo a que cada qual se candidata.

No caso do §1°, a eleição é conjunta e consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a
maioria dos votos válidos.

Art. 65. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três anos, iniciando-se em primeiro de janeiro do
ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal.

Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam seus mandatos em primeiro de fevereiro do
ano seguinte ao da eleição.

Na OAB a duração do exercício do mandato em qualquer de seus órgãos é de três anos, tendo início no dia 1º
de janeiro do ano subsequente ao da eleição, excetuando- se o Conselho Federal que tem rito próprio, ou seja,
quando os Conselheiros Federais forem eleitos em suas respectivas seccionais somente iniciam seus mandatos
em 1º de Fevereiro do ano subsequente à eleição (art. 67, EAOAB) e elegerão a Diretoria do Conselho Federal
(art. 67, IV, EAOAB).

Art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu término, quando:

I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do profissional;


As hipóteses de cancelamento e de licenciamento estão previstas nos arts 11 e 12 desse Estatuto.

II - o titular sofrer condenação disciplinar;

Vide artigos 34 a 43.

III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão
deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não
podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato.

O Titular eleito assume o compromisso de bem desempenhar o cargo para o qual foi eleito por todos os
advogados (as) e, assim sendo, se não justificada sua falta consecutiva por três vezes em sessão ordinária, tal
ato ensejará a extinção do mandato. Além do mais, o faltante não poderá ser reconduzido no mesmo período
de mandato.

Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses deste artigo, cabe ao Conselho Seccional
escolher o substituto, caso não haja suplente.

Art. 67. A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia 1º de fevereiro, obedecerá
às seguintes regras:

I - será admitido registro, junto ao Conselho Federal, de candidatura à presidência, desde seis meses
até um mês antes da eleição;

II - o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoiamento de, no mínimo, seis Conselhos
Seccionais;

Perceba que o inciso I refere-se a registro tão somente dos nomes dos candidatos que pretendam concorrer à
presidência do Conselho Federal. Contudo, prevê o inciso II, que tal pretensão deverá, necessariamente, estar
acompanhada com manifestação expressa de apoio à candidatura de, pelo menos, seis Conselhos Seccionais
Estaduais.

III - até um mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob pena de
cancelamento da candidatura respectiva;

Este inciso determina o prazo final para o registro, agora, da chapa completa para a Diretoria do Conselho
Federal, ou seja, Presidente, Vice- Presidente, Secretário-Geral, Secretário-Geral Adjunto e Tesoureiro. Em
não ocorrendo será cancelada a candidatura porventura já apresentada.

IV – no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselho Federal elegerá, em reunião presidida
pelo conselheiro mais antigo, por voto secreto e para mandato de 3 (três) anos, sua diretoria, que tomará
posse no dia seguinte; (Redação dada pela Lei nº 11.179, de 2005)

No âmbito dos Conselhos Seccionais, a votação para a escolha da Diretoria do Conselho se dá de forma direta,
já no âmbito do Conselho Federal, a modalidade de escolha da Diretoria passa a ser de forma indireta, ou seja,
acontecerá em reunião presidida pelo conselheiro mais antigo e por voto secreto.
V – será considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos votos dos Conselheiros Federais,
presente a metade mais 1 (um) de seus membros. (Redação dada pela Lei nº 11.179, de 2005)

De acordo com Paulo Lobo9, a regra eleitoral prevista neste inciso, “prevê dois requisitos para eleição dos
membros da chapa que obtiver a maioria dos votos: a) maioria simples dos conselheiros eleitos presentes; b)
quorum de presença de metade mais um dos conselheiros federais eleitos. O critério da maioria simples difere
do que foi utilizado como regra geral no art. 64 do Estatuto, isto é, a maioria dos votos válidos, seja qual for
seu percentual. Assim, se nenhuma chapa concorrente à Diretoria do Conselho Federal obtiver a maioria
simples dos votos dos conselheiros presentes, a votação deverá ser repetida até que alguma a atinja. O art.
137-A do Regulamento Geral estabeleceu que, na segunda votação, concorrerão apenas as duas chapas mais
votadas, repetindo-se a votação até que a maioria seja atingida. Na ausência de normas expressas no Estatuto
e no Regulamento Geral, ou em Provimento, aplica-se, supletivamente, no que couber, a legislação eleitoral”.

Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa deverão ser
conselheiros federais eleitos.

TÍTULO III

Do Processo na OAB

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar as regras
da legislação processual penal comum e, aos demais processos, as regras gerais do procedimento
administrativo comum e da legislação processual civil, nessa ordem.

A aplicação subsidiária prescrita pelo artigo em comento pressupõe omissão da legislação específica, o que
importa dizer que, esgotado o tema pela fonte primária, não há que se falar em aplicação subsidiária de diploma
diverso.

Em se tratando de processo disciplinar, a regra subsidiariamente aplicável é a processual penal comum.

Aos demais processos que na OAB tramitam (inscrição, licenciamento, cancelamento, etc), havendo omissão
da fonte original, aplicáveis as regras gerais do procedimento administrativo comum e da legislação processual
civil, nessa ordem.

A legislação específica que serve de fonte primária para regulamentação do processo disciplinar e demais
processos na OAB é, além do Estatuto da Advocacia e da OAB: o Regulamento Geral do Estatuto, o Código

9
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia. 7ª ed., p. 309
de Ética e Disciplina, Provimentos do Conselho Federal e, em âmbito estadual, o Regimento Interno das
Seccionais e Regimento dos Tribunais de Ética e Disciplina.

No Regulamento Geral da OAB e no Código de Ética e Disciplina, são abordadas matérias específicas para
regulamentação dos processos perante a OAB. Vide artigos 49 a 61, CED e 137-D a 144, RGEAOAB.

Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados, estagiários e terceiros, nos processos
em geral da OAB, são de quinze dias, inclusive para interposição de recursos.

§1º. Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação pessoal, o prazo se conta a partir
do dia útil imediato ao da notificação do recebimento.

§2º. Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-se no primeiro dia
útil seguinte.

Os prazos para manifestação, bem come de interposição de recursos na OAB é de 15 dias, observado o
seguinte:

Quando a notificação para a apresentação de defesa prévia ou manifestação em processo administrativo for
por via postal (com aviso de recebimento), a contagem do prazo inicia-se a partir do dia útil imediato ao da
notificação do recebimento.

Porém, quando a notificação for feita através de edital (imprensa oficial do Estado), o prazo inicia-se no
primeiro dia útil seguinte.

As modalidades de notificação em processo administrativo de competência da OAB estão previstas no art.


137-D do Regulamento Geral.

Frise-se, neste ponto, que, nos termos da lei, a notificação via edital só possui cabimento quando frustrada a
entrega da notificação por correspondência, ou seja, não se aplica aos casos em que a correspondência é
recebida no endereço cadastrado pelo advogado e, ainda assim, este não se manifesta.

CAPÍTULO II

Do Processo Disciplinar

Art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao Conselho
Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o
Conselho Federal.

Esse dispositivo versa sobre regra de competência de natureza jurídica material e territorial.

É regra de competência de natureza jurídica material, na medida em que afirma que se aplica aos inscritos na
OAB, sejam advogados, sejam estagiários.
De outro ponto, é considerada regra de competência territorial, na medida em que afirma a competência do
Conselho Seccional do local onde tenha acontecido os fatos para processar e julgar o representado.

§1º. Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente, julgar os processos
disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio conselho.

Observando a mesma regra de competência material e territorial constante no caput deste artigo 70, competirá
ao Tribunal de Ética e Disciplina da mesma Seccional julgar os processos instruídos pelo Conselho, da
respectiva Seção ou Subseção.

§2º. A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente comunicada ao Conselho Seccional
onde o representado tenha inscrição principal, para constar dos respectivos assentamentos.

Trata a regra de hipótese de o processo ético ou disciplinar instaurado contra Advogado que possua inscrição
principal em Seccional diversa daquela em que o feito tramitou, por força da competência territorial,
competindo a este último, quando não houver mais recurso ou depois do trânsito da decisão condenatória,
informar imediatamente o fato ao Conselho Seccional em que o Advogado tenha a sua inscrição principal para
o fim de constar nos seus assentamentos.

§3º. O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal pode
suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois de
ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender à
notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de noventa dias.

Havendo por parte do Advogado a prática de conduta que importe na repercussão reputada prejudicial à
dignidade da Advocacia, é possível que a OAB, através do Tribunal de Ética da Seção da OAB em que ele
tenha inscrição principal defira medida liminar para determinar a sua suspensão preventiva.

Art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou contravenção,
deve ser comunicado às autoridades competentes.

O dispositivo trata do princípio da independência das instâncias, o qual significa que sobre o mesmo fato é
possível haver responsabilização ética ou disciplinar, civil, administrativa e criminal.

Art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação de qualquer autoridade
ou pessoa interessada.

§1º. O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de admissibilidade da representação e os


procedimentos disciplinares.

§2º. O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às suas informações as
partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente.

A instauração do processo disciplinar mediante representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada


deve conter os requisitos mínimos, como a indicação do representado e sua condição e Advogado inscrito na
OAB, da descrição dos fatos e ser acompanhada de documentos ou indicação das provas pertinentes.
Parte interessada é aquela que detenha legitimidade para reclamar sobre o fato ou, na eventual impossibilidade
de fazê-lo, por pessoa que tenha conhecimento da ocorrência. Autoridade é qualquer daquelas pessoas que
tenham sido investidas nas funções dos órgãos da administração pública ou do Poder Judiciário onde se
execute a atividade profissional do Advogado.

Os critérios para a admissibilidade das representações e as regras procedimentais não estão definidas no
EAOAB, mas no CED, que regulamentou a matéria exclusivamente sob o único aspecto de ser expressamente
vedado o anonimato, na forma do artigo 55, §2°, do Código de Ética e Disciplina.

Se o processo disciplinar tramita em sigilo até o seu término, é expressamente vedado o fornecimento de
informações ou certidões sobre o procedimento até o trânsito em julgado da decisão.

Art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a quem compete a instrução do
processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina.

O dispositivo retrata o princípio do juiz natural, na medida em que atribui ao relator designado pelo Presidente
do Conselho Seccional competência para instrução e oferecimento de parecer preliminar ao TED.

O não cumprimento desta regra implica em nulidade insanável, pois ninguém pode ser processado senão por
autoridade competente, regularmente investida na função.

§1º. Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acompanhar o processo em
todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procurador, oferecendo defesa prévia após ser
notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina, por
ocasião do julgamento.

Reitera a regra a necessidade de observar no processo disciplinar o princípio constitucional da ampla defesa,
na medida que se trata de processo de natureza punitiva.

Compete aos órgãos de instrução e julgamento da OAB outorgar aos representados todas as oportunidades
possíveis para que a defesa seja exercida de fato, e isso em todas as fases do processo, do que terá ciência o
representado, que tem a faculdade de acompanhar o procedimento até seu término.

§2º. Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento liminar da representação, este
deve ser decidido pelo Presidente do Conselho Seccional, para determinar seu arquivamento.

Sendo oferecida defesa prévia, pelo representado, pelo advogado ou pelo defensor dativo, competirá o relator
do processo analisá-lo, podendo providenciar o saneamento dos autos ou proferir parecer para o indeferimento
liminar, se acaso houver ausência de indícios de infração ética ou disciplinar.

Note-se que o relator do processo disciplinar propõe seu indeferimento liminar, mas quem tem poder para
decidir, ou melhor, arquivar a representação é o Presidente do Conselho Seccional. Entretanto, pode o
Presidente do Conselho Seccional discordar do relator, determinando o regular processamento dos autos.

§3º. O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do relator.
Mais um dispositivo que visa dar eficácia ao princípio da ampla defesa no âmbito do processo disciplinar da
OAB.

§4º. Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do Conselho ou da Subseção deve
designar-lhe defensor dativo;

É imprescindível que o defensor observe as regras pertinentes à defesa dativa, como a impossibilidade de
ofertar defesa por negativa geral, o dever de promover a defesa técnica e a evidente vedação para concordar
com pedido da acusação ou reconhecer a procedência da denúncia, porque não detém poderes especiais o
defensor dativo para confessar, transigir ou reconhecer fatos, daí a ilegalidade do eventual ato nesse sentido,
o que redundará nulidade absoluta do processo.

Para a válida nomeação do defensor dativo, é necessário que tenha sido esgotadas todas as formas para a
notificação pessoal do representado ou que este seja revel.

§5º. É também permitida a revisão do processo disciplinar, por erro de julgamento ou por condenação
baseada em falsa prova.

O dispositivo trata da possibilidade de rescisão da decisão condenatória, desde que verificadas as hipóteses de
error in judicando ou de falsidade da prova.

Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e judiciais pertinentes,
objetivando a que o profissional suspenso ou excluído devolva os documentos de identificação.

Isso ocorre porque o advogado suspenso ou excluído fica impedido de exercer as suas funções, e caso exerça,
seus atos serão considerados nulos, não podendo ser ratificado por outro profissional.

Vide comentários ao art. 35, incisos II e III.

CAPÍTULO III

Dos Recursos

Art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo Conselho
Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem esta lei, decisão do
Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o regulamento geral, o Código de Ética e
Disciplina e os Provimentos.

Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho Seccional é legitimado a interpor o
recurso referido neste artigo.

Hipóteses de cabimento de recurso perante o Conselho Federal, órgão supremo da OAB.


São interessados a interpor recurso todos aqueles prejudicados pela decisão definitiva proferida pelo Conselho
Seccional: o representante; o representado, ainda que sem advogado; e os terceiros que tenham interesse
demonstrado.

Este recurso não tem uma denominação específica, sendo considerado recurso inominado e possui efeito
suspensivo, com exceção das hipóteses previstas no art. 77 desse Estatuto.

As decisões definitivas do Conselho Seccional podem, ainda, ser impugnadas por embargos de declaração,
nos casos de omissão, contradição e obscuridade.

Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por seu Presidente, pelo
Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados.

Hipóteses de cabimento de recurso perante o Conselho Seccional da OAB.

São os mesmos tipos de recursos mencionados no artigo anterior e com atribuição de efeito suspensivo, exceto
para as hipóteses previstas no art. 77 desse Estatuto.

Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições (arts. 63 e
seguintes), de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de cancelamento da
inscrição obtida com falsa prova.

Regra geral, todos os recursos no âmbito do processo disciplinar têm efeitos suspensivos, de modo que as
decisões recorríveis não geram efeito imediato.

Excepcionalmente, em três situações os recursos terão apenas efeito devolutivo, de modo que as decisões
recorríveis geram efeito imediato. São elas: eleições; suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e
Disciplina; cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.

Parágrafo único. O regulamento geral disciplina o cabimento de recursos específicos, no âmbito de cada
órgão julgador.

No regulamento geral do EAOAB, a disciplina acerca de recursos está nos Arts. 137-D a 144-A.

TÍTULO IV

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 78. Cabe ao Conselho Federal da OAB, por deliberação de dois terços, pelo menos, das delegações,
editar o regulamento geral deste estatuto, no prazo de seis meses, contados da publicação desta lei.

O Conselho Federal, no uso das atribuições conferidas pelo art. 54, V, bem como do art. em comento, editou
o Regulamento Geral da AOB em 16 de outubro e em 6 de novembro, ambos de 1994, havendo algumas
alterações posteriores.
As alterações no Regulamento Geral cabem ao Conselho Federal, observado o quórum de 2/3 (dois terços)
das delegações. Quórum também previsto no próprio Regulamento Geral, em seu art. 78.

Conforme ressaltado por Paulo Lobo10: "O Estatuto é uma lei compacta, que procurou tratar apenas das
matérias que se encartassem na denominada reserva legal (criação, modificação ou extinção de direitos e
obrigações). Todas as demais foram remetidas ao seu Regulamento Geral, mediante delegação de competência
legal ao CFOAB, cumprindo-lhe editá-lo ou alterá-lo, além de provimento e resoluções, com idêntica força
de obrigatoriedade a todos os órgãos da instituição e a todos os inscritos".

Art. 79. Aos servidores da OAB, aplica-se o regime trabalhista. (Vide ADIN 3026-4)

§1º. Aos servidores da OAB, sujeitos ao regime da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, é concedido
o direito de opção pelo regime trabalhista, no prazo de noventa dias a partir da vigência desta lei, sendo
assegurado aos optantes o pagamento de indenização, quando da aposentadoria, correspondente a cinco
vezes o valor da última remuneração.

§2º. Os servidores que não optarem pelo regime trabalhista serão posicionados no quadro em extinção,
assegurado o direito adquirido ao regime legal anterior.

A OAB é serviço público independente, isto é, não se vincula à Administração Pública de qualquer espécie.
Desta forma, aos seus servidores não se aplica o regime dos servidores públicos. O regime próprio é o
trabalhista.

A Procuradoria-Geral da República ajuizou a ADI n° 3.026-4 com o objetivo de ver declarada a


inconstitucionalidade do §1º do art. 79 e de ser conferida interpretação conforme a Constituição ao caput do
art. 79, para o fim de ser exigido concurso público para contratação como empregado da OAB. A Procuradoria
argumentava que a OAB seria uma autarquia especial e que, portanto, deveria ser regida pelas normas da
Administração Pública. Porém, o STF, em decisão definitiva, julgou improcedente a ação.

O art. 148 do antigo Estatuto, Lei n° 4.215/63, determinava a aplicação do regime estatutário aos servidores
da Ordem.

Mas, em 1969, o referido regime foi extinto pelo art. 1° do Decreto-Lei n° 968, que revogou o mencionado
art. 148 do antigo Estatuto, e os empregados da OAB passaram ser celetistas. Isto foi reiterado pelo atual
Estatuto (de 1994), que assinalou o regime trabalhista aos servidores da OAB.

O objetivo do art. em comento e seus parágrafos é reafirmar a condição dos servidores da OAB de
subordinados à legislação trabalhista. Atualmente, tendo em vista o lapso temporal, são raros os empregados
sob o regime anterior, protegidos pelo direito adquirido.

10
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia. 7ª ed., p. 356.
Art. 80. Os Conselhos Federal e Seccionais devem promover trienalmente as respectivas Conferências,
em data não coincidente com o ano eleitoral, e, periodicamente, reunião do colégio de presidentes a eles
vinculados, com finalidade consultiva.

Com relação às Conferencias da OAB e ao Colégio de Presidentes, Paulo Lôbo11 assevera que:

As Conferências nacionais e estaduais tornaram-se obrigatórias, porque o


Estatuto concebeu-as como órgão da OAB, de caráter consultivo. Para os
Conselhos Seccionais tornaram-se imprescindíveis, em virtude da extinção
da assembleia geral, como locus de manifestação coletiva dos advogados.
Estabelece o art. 145 do Regulamento Geral, com a redação da Res. n. 8/2016,
que a conferência nacional é o ‘órgão consultivo máximo do Conselho
Federal’, além de espaço de congraçamento da advocacia.

As conclusões das Conferências são vertidas em recomendações aos


respectivos Conselhos, que poderão adotá-las ou rejeitá-las, mas não ignorá-
las.

Cabe à diretoria do Conselho Federal reunir periodicamente o Colégio de


Presidentes dos Conselhos Seccionais. O Colégio é órgão consultivo
permanente do Conselho, não podendo, contudo, manifestar-se em nome dos
advogados brasileiros. Suas manifestações são específicas, não vinculando o
Conselho Federal, que poderá acatá-las ou rejeitá-las. O Colégio de
presidentes está regulamentado em Provimento específico, com finalidades
de intercâmbio de experiências e de formulações de propostas e sugestões ao
Conselho Federal.

Cabe às diretorias dos Conselhos Seccionais reunirem periodicamente os


Colégios de presidentes das Subseções, com idênticas finalidades, devendo
os Conselhos Seccionais regulamentá-los mediante resoluções.

Art. 81. Não se aplicam aos que tenham assumido originariamente o cargo de Presidente do Conselho
Federal ou dos Conselhos Seccionais, até a data da publicação desta lei, as normas contidas no Título
II, acerca da composição desses Conselhos, ficando assegurado o pleno direito de voz e voto em suas
sessões.

Vide comentários aos artigos 51 e 56.

Art. 82. Aplicam-se as alterações previstas nesta lei, quanto a mandatos, eleições, composição e
atribuições dos órgãos da OAB, a partir do término do mandato dos atuais membros, devendo os
Conselhos Federal e Seccionais disciplinarem os respectivos procedimentos de adaptação.

Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos da OAB, eleitos na primeira eleição sob a
vigência desta lei, e na forma do Capítulo VI do Título II, terão início no dia seguinte ao término dos
atuais mandatos, encerrando-se em 31 de dezembro do terceiro ano do mandato e em 31 de janeiro do
terceiro ano do mandato, neste caso com relação ao Conselho Federal.

11
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 357.
Ainda nos dizeres de Paulo Lobo12:

Os mandatos, a composição e as atribuições dos órgãos da OAB, existentes


quando da data do início de vigência do novo Estatuto, foram mantidos até
31 de janeiro de 1995, para os Conselhos Seccionais, e 31 de março de 1995,
para o Conselho Federal. Dessa forma, permaneceram as comissões
estatutárias previstas na Lei n. 4.215/63, até essas datas, com suas atribuições
e bem assim os procedimentos existentes para os processos disciplinares e de
inscrição. O Estatuto atribuiu aos Conselhos competência para regularem
mediante resoluções os procedimentos de adaptação até à edição dos
diplomas definitivos.

Quanto às primeiras eleições realizadas na vigência do novo Estatuto, este


determinou que se observasse, para elas, o sistema eleitoral por ele
introduzido, exceto quanto aos mandatos, que teriam o tempo de
encerramento reduzido para adaptação às datas de início dos próximos. O
Conselho Federal aprovou, logo em seguida ao início de vigência da Lei n.
8.906/94, o regulamento eleitoral disciplinando as primeiras eleições da
OAB, sob as novas regras.

Art. 83. Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta lei, aos membros do Ministério Público que,
na data de promulgação da Constituição, se incluam na previsão do art. 29, § 3º, do seu Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.

Os integrantes das carreiras de MP, sejam federais ou estaduais são os membros do MP e, para tais bacharéis,
a incompatibilidade se estende desde a posse até o fim da investidura no cargo.

Ressalva-se a situação dos integrantes do MP que já estavam na carreira ao ensejo da promulgação da CF/1988
e que, em relação às suas garantias e vantagens, puderam optar pelo regime jurídico anterior (art. 29 § 3º da
CF), situação expressamente ressalvada neste artigo.

Art. 84. O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica dispensado do Exame de Ordem, desde que
comprove, em até dois anos da promulgação desta lei, o exercício e resultado do estágio profissional ou
a conclusão, com aproveitamento, do estágio de Prática Forense e Organização Judiciária, realizado
junto à respectiva faculdade, na forma da legislação em vigor.

O art. 84 determinou a dispensa do Exame de Ordem para os que realizassem o estágio profissional de
advocacia ou o de prática forense e de organização judiciária, desde que o concluíssem regularmente em até
dois anos da publicação desta lei, ou seja, até o dia 05 de julho de 1996, com aprovação em exame final.

Atentar para o fato de que o estagiário referido neste artigo é o que se inscreveu no respectivo quadro da OAB.
Isso significa dizer que os estudantes de cursos de estágio não se qualificam nesta situação, tendo em vista
que as instituições de ensino não inscrevem estagiários, mas apenas matriculam estudantes.

12
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 359.
Art. 85. O Instituto dos Advogados Brasileiros e as instituições a ele filiadas têm qualidade para
promover perante a OAB o que julgarem do interesse dos advogados em geral ou de qualquer dos seus
membros.

O EAOAB prevê a participação do Instituto, entidade associativa dos advogados mais antiga, em duas
ocasiões, a saber:

i) O Presidente do Instituto local, desde que filiado ao Instituto dos Advogados Brasileiros, tem assento no
Conselho Seccional, como membro nato, e direito a voz;

ii) O Instituto dos Advogados Brasileiros e os Institutos filiados têm iniciativa direta de proposições ao
Conselho Federal e Conselhos Seccionais.

Art. 86. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

O Estatuto da Advocacia e da OAB entrou em vigor no dia 05 de julho de 1994, com a publicação do seu texto
no Diário Oficial da União.

Art. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 4.215, de 27 de abril de 1963,
a Lei nº 5.390, de 23 de fevereiro de 1968, o Decreto-Lei nº 505, de 18 de março de 1969, a Lei nº 5.681,
de 20 de julho de 1971, a Lei nº 5.842, de 6 de dezembro de 1972, a Lei nº 5.960, de 10 de dezembro de
1973, a Lei nº 6.743, de 5 de dezembro de 1979, a Lei nº 6.884, de 9 de dezembro de 1980, a Lei nº 6.994,
de 26 de maio de 1982, mantidos os efeitos da Lei nº 7.346, de 22 de julho de 1985.

Este último artigo do Estatuto determina expressamente a revogação de todos os diplomas legais que regiam,
antes dele, a advocacia e a OAB. Estão revogadas todas as disposições legais que com ele sejam, contrários,
incompatíveis.

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