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Títulos de Crédito

Aula 24.04

Diálogo entre contratos empresariais e títulos de crédito

Os títulos de crédito são os meios de pagamento dos contratos. Por
exemplo: na compra e venda mercantil os pagamentos costumam ocorrer a prazo, a
mercadoria é entregue e depois há o pagamento (ex: fornecedor A vende a B). Depois
naturalmente há revenda, como nos contratos de distribuição/concessão (ex: agora B vende
para C), desse modo B poderia combinar com C para que ele pagasse diretamente a A.
No âmbito do direito cambiário temos os termos sacador sacado e beneficiário. A
matriz clássica trabalha com pagamento futuro (cheque é uma ordem de pagamento à vista,
foge do modelo clássico). No nosso exemplo, conforme discutido anteriormente, o
fornecedor A estava com o crédito (venda da mercadoria a receber), então usando a lógica
do direito cambiário, A ficaria com o papel no bolso, seria o primeiro portador do título.

Regência dos títulos de crédito
• Arts. 887 a 926, CC
• Letras e notas promissórias è decreto nº 2.044/1908 (Lei Saraiva) e Lei Uniforme de
Genebra (L.U.G)/cambiais – decreto nº 57.663/66
• Cheques – Lei nº 7.357/85 e L.U.G./cheques – decreto nº 57.595/66
• Duplicatas – Lei nº 5.474/68

Evolução histórica
• 1º período (Italiano): circulação em dinheiro (até 1650)
• 2º período (Francês): meio de pagamento, endosso/ cláusula "à ordem”, prévia
provisão de fundos
• 3º período (Alemão): 1850 até os dias atuais, títulos abstratos

Letra de câmbio pode ser considerada um modelo/protótipo em cima do qual as outras
modalidades são construídas. No entanto, no Brasil a letra de câmbio não prosperou, de
modo que a duplicata pegou seu lugar.
Vamos voltar às origens históricas dos títulos de crédito. No contexto das feiras que foram
surgindo no desenvolvimento do capitalismo, foi preciso criar meios para superar as
dificuldades de pagamentos (moedas cunhas nos vilarejos, ausência de Estado organizado,
grandes distâncias percorridas à tração animal, perigo de saqueadores etc...).

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Desse modo, dois fatores básicos propiciaram a disseminação das letras


de câmbio: a diversidade de moedas e as dificuldades e perigos para o
transporte de moedas de uma região para outra.
Nas feiras, a conversão de moedas (câmbio) era muito importante. Duas
modalidades estavam à disposição do comerciante, o câmbio manual (ou real)
que era a simples troca manual de moedas. Mas havia também a trajecticium em
que o banqueiro se obrigava a restituir o dinheiro que recebeu em lugar
diverso e na moeda deste segundo lugar. O instrumento deste segundo negócio
era a cautio, formalizada por um notário.
A cautio continha justamente a promessa do banqueiro de pagamento da soma
recebida, tal instrumento começou a vir junto com uma carta particular do banqueiro a seu
correspondente no local de pagamento, encarregando o correspondente de pagar a
respectiva soma ao apresentante da carta (lettera di pagamento). A cautio foi o embrião da
nota promissória, enquanto que a lettera di pagamento, deu origem à letra de câmbio.
Uma vez que a cautio era um instrumento público do contrato de câmbio, aos poucos a
lettera di pagamento foi se tornando mais interessante, suplantando a cautio. Da relação da
lettera temos:
1. Banqueiro – sacador, ele recebia a moeda do mercador e cria a letra, uma vez assinada
por ele já pode circular
2. Mercador – tomador aquele que dava o dinheiro e recebia a letra, ao receber pode já
repassar para outros de modo que se torna o primeiro endossante, assinando no verso
da carta
3. Banqueiro correspondente – sacado, que era incumbido de pagar na segunda
localidade (em regra mandatário do sacador)
4. Beneficiário, quem fica com a letra e recebe o dinheiro na localidade combinada (o
beneficiário pode ser o próprio mercador que entregou o dinheiro ao banqueiro, mas
em geral a carta vai circulando e outra pessoa que acaba com o crédito)
Posteriormente, os participantes se reduziram a três, pois a letra de câmbio passou a ser
paga não por um mandatário do sacador (sacado), mas em virtude de outros negócios (débito
anterior, provisão de fundos creditada pelo sacador etc.), em consequência do que passou o
aceite a ser expresso exprimindo a concordância do sacado em pagar a dívida do sacador.
Porque o nome é letra de câmbio? Letra é uma tradução errada, na França se chata
“lettre” e na Itália “lettera”, significa justamente carta, fazendo menção a essa carta que o
banqueiro da primeira localidade fazia ao segundo banqueiro.

Natureza dos títulos de crédito
No Brasil entendemos que os títulos são uma declaração unilateral de vontade, pois é
criado somente com a assinatura do sacador. Já os Franceses apontam que têm natureza
contratual, lá o título somente pode circular depois que o sacado assina que aceitou (prévia
previsão de fundos).

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No nosso sistema, o título começa a circular antes do aceite do sacado,


mas em determinada data o título é apresentado ao sacado, momento em que
ele dará ou não o aceite. No caso de não dar o aceite, o título se torna
contaminado (título podre), o que produz duas consequências, desprestígio no
mercado e vencimento antecipado/extraordinário do título.
Os títulos de crédito são constitutivos de um direito distinto de sua causa e,
por isso as normas que os regem, chamadas em seu conjunto de direito
cambiário, são específicas, podendo constituir inclusive derrogações do direito
comum. As regras são distintas, pois eles precisam circular com segurança e
agilidade, atributos que os créditos decorrentes de contratos em geral não têm. Os
créditos de contratos em geral circulam com o instituto da cessão, que permite que os
devedores invoquem “defesas pessoais” contra os cessionários decorrentes do próprio
negócio que deu origem ao crédito (do qual o cessionário não participou). Uma vez que, em
regra, os títulos de crédito se desgrudam do negócio do fundamental, ele oferece maior
segurança para circulação.

Aula 08.05
Letra de câmbio:
Sujeitos da cártula
1. Beneficiário/tomador: pessoa a favor de quem é emitido
2. Sacador: sujeito que emite a ordem de pagamento
3. Sacado: aquele que emite a ordem de pagamento é dirigida

Requisitos segundo a Lei Saraiva (Dec. nº 2.044/1908) + a lei uniforme de genebra:
1. Denominação: “Letra de câmbio”
2. Soma de dinheiro a pagar
3. Nome da pessoa que vai pagar (sacado)
4. Nome da pessoa a quem deve pagar(beneficiário)
5. Data e lugar do saque
6. Assinatura do sacador (ou mandatário especial)

Vencimentos (art. 6º da Dec. 2.044/1908)
1. A vista
2. A dia certo
3. A tempo certo de data
4. A tempo certo de vista



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Aceite
Declaração cambial e unilateral do sacado, por meio da qual assume a
obrigação de realizar o pagamento da soma indicada no título, dentro do
prazo ali especificado, tornando-se assim responsável direto pela execução
da obrigação. O aceite não comporta arrependimento, ele é irretratável.
Essa declaração, ao convertê-lo em aceitante, torna-o principal obrigado
e, se não exonera os demais coobrigados, deixa-os, contudo, numa posição
subsidiária.
O aceite, em regra, é lançado no anverso (face) do título. Costuma-se
escrever alguma expressão como “aceite, aceitamos, pagarei, honrarei, vista
para pagara” e em seguida, uma assinatura ou visto.

L.U.G./cambial: Art. 28. O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra à data do
vencimento. Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o sacador,
tem contra o aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo que
pode ser exigido nos termos dos artigos 48 e 49.

Se o sacado se negar a aceitar, nenhuma obrigação assume em relação ao título, se
diz que ele se torna “estranho à obrigação cambial”. No entanto, é válido observar que o
sacado, em geral, assume previamente obrigação com o sacador (negócio fundamental),
nesse caso, poderá ter que responder ao sacador, mas isso ocorrerá pelo direito
obrigacional e não pela via cambiária.
Mesmo sem o aceite a letra de câmbio é título exequível, o efeito de uma recusa de
aceite é o vencimento extraordinário do título (se não foi aceito nem no aceite, quem
dirá depois).
Então, em regra, o obrigado principal é o sacado. No caso de o sacado não aceitar, o
título é exigível dos obrigados subsidiários, como o sacador e a cadeia de endossantes e
avalistas, mas para tal deve protestar o título em tempo útil, uma vez que a recusa do
aceita acarreta vencimento antecipado do título.
Justamente porque o sacador não deseja o vencimento extraordinário, ele pode emitir
um título com a cláusula “sem aceite”. Neste caso, todos que assinaram respondem por
aquele valor após seu vencimento e recusado pelo devedor principal.

Endosso
Endosso transmite a propriedade da letra de câmbio, não se confunde com a cessão,
pois enquanto o primeiro é um ato unilateral, o segundo é um contrato bilateral.
O endosso pode ser negro (preenchido, indicando para quem o título está sendo
transferido) ou branco (em branco, não diz para quem está transferindo). Esse instituto
está intimamente relacionado com a circulação, pois a letra vai sendo endossada na
medida que vai sendo transferida.
O endosso tem que ser lançado no próprio título. Em geral é feito no verso da letra,
mas isso não é necessário quando se trata de endosso completo, ou seja, acompanhado
de uma declaração de que se trata de um endosso, isso porque se feito na face poderia
se confundir com o aval ou aceite. O único elemento essencial do endosso (e na verdade
também das demais declarações cambiais) é a assinatura do obrigante.
O primeiro endossador será sempre o beneficiário (tomador) do título, é ele quem
inaugura a cadeia de endossos, que deverá ser seguida rigorosamente, no caso de

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endosso em preto. Inclusive o art. 39 do Dec. 2.044/1908 estabelece que


o último endossatário é considerado legítimo proprietário da letra
endossada em preto. Já no endosso em branco, o portador é considerado o
legítimo proprietário.
Se o sacador inserir no título a expressão “não à ordem”, a letra não
poderá circular por meio do endosso, será preciso fazer cessão ordinária
para circular.
Efeitos do endosso: por meio do endosso o endossante assume, face
aos endossatários posteriores, a responsabilidade solidária pelo aceite e
pelo pagamento do título de crédito.
Espécies: endosso tardio (feito após o vencimento do título – tem efeito de
cessão civil, pois as relações cambiais cessam com o vencimento do título, presume-se
que o endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se protestar),
endosso-mandato (não se transfere propriedade do título, mas dá poderes para o
mandatário ir exigir o crédito – muito comum nas relações de cobrança entre banco e
empresários) e endosso caução (art. 19 da L.U.G.)

Aval

O aval é uma garantia própria do direito cambiário. Por meio do aval, o avalista
(quem dá o aval) fica obrigado e responsável pelo pagamento do título nas mesmas
condições do seu avalizado (a quem o avalista garantiu)
Classifica-se como garantia fidejussória e não real.
Distingue-se primordialmente da fiança porque na segunda há benefício de ordem,
enquanto que no aval não há.
Espécies: o aval pode ser simples (apenas assinatura do avalista) ou precedido de
declaração formal. O aval pode ser preto, no caso de indicar o nome do avalizado ou em
branco, quando se omite.
Segundo o art. 14 da Lei nº 2.044/08: “O pagamento de uma letra de câmbio,
independente do aceite e do endosso, pode ser garantido por aval. Para a validade do
aval, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do avalista ou do mandatário
especial, no verso ou no anverso da letra.”

O aval pode ser dado no verso (aval ao endossante) ou no anverso (aval ao sacador,
sacado).
Um sujeito cambiário poderia ser avalista? Alguém assumiria dupla obrigação, não há
vedação legal.

Aula 22.05
Continuação aval
O avalista acompanha a sorte do avalizado, mesmo quando a assinatura do avalizado
for nula (art. 32 da L.U.G). O avalista se responsabiliza em relação ao título, isso significa que
sua responsabilidade se limita a pagar o título (não assume obrigações com o avalizado)
O avalista libera-se também da obrigação nos mesmos casos em que o avalizado. A saber:

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1. Se avalista do endossante, libera-se


a. Prescrição de 01 ano
b. Falta de protesto a tempo certo (em tempo útil, ou da data do
vencimento, no caso de a letra com a cláusula “sem protesto”).
2. Se avalista do sacador, libera-se:
a. Falta de protesto em tempo útil (art. 32)
b. Prescrição de um ano (do protesto ou do vencimento).
3. Se avalista do aceitante, não se aproveita da falta do protesto,
liberando-se pela prescrição de 3 anos
4. Se avalista do endossante, em relação a outros avalistas de endossante,
libera-se pela prescrição de 6 meses, contada a partir do dia em que o
endossante pagou a letra ou em que foi acionado

O avalista que paga o título tem direito de acionar subscritores anteriores e o próprio
avalizado. Fica um pouco confuso no caso em que trabalhamos com avais sucessivos,
simultâneos ou cumulativos, mas essas distinções, de todo modo, só interessam os avalistas
entre si e não o credor que está livre para exigir o pagamento de qualquer um dos avalistas.

Vencimento

Vencimento é a data, previamente estipulada, na qual deve ocorrer o pagamento da letra
de câmbio. Ela somente se torna exigível com o vencimento.
Existem dois tipos de vencimento:
1. Ordinário - com a expiração do termo final, pode variar de acordo com o tipo de
letra:
a. Letras a dia certo: no dia indicado
b. A vista: na apresentação
c. A tempo certo de vista: no prazo indicado após a vista (aceite)
d. A tempo certo de data: no último dia referente ao término do período
assinalado
2. Extraordinário – pela falta ou recusa do aceita ou pela falência do aceitante

Efeitos cambiários do vencimento
1. Torna exigível a soma cambiária
2. Fixa o momento em que o título perde os requisitos de circulação (endosso passa a
ter efeito de cessão) e de garantia (aval póstumo é ineficaz)
3. Fixa o dia em que começa a correr o prazo prescricional para o portador comum
(para endosso e aval a prescrição só começa a correr do dia de pagamento)

Pagamento
O pagamento é o resgate da letra, como forma normal de extinção das obrigações.
Para que ocorra é indispensável a apresentação da letra. Se tratando de título apto a circular,
o devedor sequer sabe quem é o último portador, então aguardará a apresentação do título
na data de seu vencimento, em seu domicílio (trata-se de obrigação querable e não portable).
Se o pagamento não ocorrer na data especificada, no dia seguinte ao vencimento, o portador

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deve levar a letra a protesto, constituindo esta a apresentação oficial (pelo


protesto se prova a recusa de pagamento).
A letra pode ser apresentada, havendo recusa do aceitante ou do
sacado, a qualquer coobrigado cambiário.
A apresentação se prova pelo protesto, a não apresentação para
pagamento acarreta a perda do direito de regresso contra o sacador,
endossantes e avalistas.
O protesto é necessário para garantir o direito de regresso contra os
coobrigados (sacador, endossantes e seus avalistas) e dispensável contra o
obrigado principal (aceitante e seus avalistas).

Efeitos do pagamento:
1. Pelo aceitante – desonera todos os coobrigados
2. Pelo avalista do aceitante – tem ação cambial para receber o que pagou do
aceitante
3. Pelo sacador, endossante e respectivos avalistas – desonera coobrigados
posteriores

O endossante ou avalista que paga o endossatário ou avalista posterior pode riscar o
próprio endosso ou aval e dos posteriores.

Protesto
De acordo com a definição de Whitaker, é “ato oficial pelo qual se prova a não
realização da promessa contida na letra”. Essa promessa se refere tanto ao aceite como ao
pagamento, decorrendo daí duas formas de protesto: por falta ou recusa de aceite ou por
falta e recusa de pagamento. O protesto é um ônus imposto ao portador, por outro lado, leva
ao estigma de quem foi protestado.
O protesto é indispensável para ação de regresso (contra sacador, endossadores e
avalistas) e é facultativo para ação cambial direta (contra aceitante e seus avalistas), sendo
recomendável somente para constituição em mora, responsabilizando o aceitante pelos
juros.
Segundo a L.U.G./letra de câmbio:

“Art. 53. Depois de expirados os prazos fixados:
- para a apresentação de uma letra à vista ou a certo termo de vista;
- para se fazer o protesto por falta de aceite ou por falta de pagamento;
- para a apresentação a pagamento no caso da cláusula "sem despesas".
O portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes, contra o sacador e
contra os outros coobrigados, à exceção do aceitante. Na falta de apresentação ao
aceite no prazo estipulado pelo sacador, o portador perdeu os seus direitos de ação,
tanto por falta de pagamento como por falta de aceite, a não ser que dos termos da
estipulação se conclua que o sacador apenas teve em vista exonerar-se da garantia
do aceite.
Se a estipulação de um prazo para a apresentação constar de um endosso, somente
aproveita ao respectivo endossante.”

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Vale salientar que o Dec. nº 2.044/1908 não admitia a cláusula


proibitiva do protesto, a L.U.G., em seu art. 46 permite ao sacador
endossante ou avalista dispensar do protesto o portador, para o
exercício do direito de regresso. Trata-se de cláusula “sem despesas” ou
“sem protesto”, que pode ser inserida tanto pelos endossantes como
pelo sacador, ou avalistas, mas que não dispensa o portador da
apresentação da letra dentro do prazo prescrito nem tampouco dos
avisos a dar.
O protesto por falta ou recusa de aceite (art. 19, I, Dec. nº
2.044/1908) leva ao vencimento antecipado da letra. O mesmo ocorre com
o protesto feito em razão de falência do aceitante. Outra possibilidade de
protesto, é pela falta ou recusa, total ou parcial de pagamento.
O prazo para apresentação a protesto é primeiro dia útil após a recusa do
aceite ou do vencimento, se não fizer neste prazo o portador perde o direito de
regresso contra os coobrigados.
O protesto foi desvirtuado pelo mercado, se tornando um sensor de bom
pagador, no entanto, é ato objetivo, tirado contra o sacado, sendo somente ele
intimado, mesmo quando não aceitou o título. Os demais coobrigados (sacador e
endossante) devem ser intimado pelo portador. Em dois dias do protesto, o portador
é obrigado a avisar o último endossador e, no mesmo prazo, o endossatário ao
endossador.

Ação cambiária

Uma das maiores vantagens do direito cambiário é o fato de que não é preciso ajuizar
ação de conhecimento para obtenção do crédito, faz uso direto da ação de execução. Trata-
se de benefício concedido ao credor por título cambial, mas ele pode abrir mão e decidir
ajuizar ação de conhecimento.
A execução deve ser proposta no lugar indicado para o pagamento da letra, se não
houver, no domicílio do principal devedor (sacado, se aceita, caso contrário, sacador). Para O
Exercício da ação é imprescindível a apresentação da letra, no caso em que se busca o
exercício de direito de regresso contra os coobrigados, precisa juntar o instrumento de
protesto.

Em razão da ação ser executiva, as defesas são restritas. Assim, o devedor se opõe por meio
de exceções:
1. Direito pessoal do réu em face do autor (defesa extra-cambiária)
a. Basicamente erro, dolo, fraude, violência, satisfação no todo ou em parte da
quantia devida, compensação, novação etc...
b. De fato, em razão do princípio da abstração que rege as letras de câmbio, a
solução mais purista seria não admitir tais exceções, pois em regra se o
devedor tem contra o devedor qualquer direito que não está materializado
no título, então deveria pagar o título e depois, pela via ordinária, obter a
restituição, apresentando a exceção pessoal. No entanto, por economia
processual, admite-se a apresentação da exceção desde logo.
2. Defeito de forma do título, que deve ser original, autêntico e exigível

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3. Fata de requisito necessário ao exercício da ação (defesa processual):


litispendência, coisa julgada, falta de capacidade para agir etc...

Observação: inoponibilidade de exceções ao terceiro de boa fé, ou seja, as
pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as
exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os
portadores anteriores.

Aula 29.05

Notas promissórias

Conforme conversado anteriormente, a letra de câmbio serve como uma base e a
partir dela é possível entender os outros títulos de crédito. Seguindo essa comparação, vale
a pena lembrar que a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, porque através dela o
emitente (sacador) do título requisita a uma pessoa (sacado) o pagamento de uma soma a
um terceiro (beneficiário). Já na nota promissória temos uma promessa de pagamento feita
pelo próprio devedor, que se obriga, dentro de certo prazo, ao pagamento de uma soma pré-
fixada.
Portanto, a nota promissória é um título pelo qual alguém se compromete a pagar a
outrem, determinada quantia em dinheiro, num certo prazo. Como é emitida pelo próprio
devedor, ela passa a ser um título de crédito desde a sua emissão, e o seu possuidor ou
portador poderá, logo após o vencimento, não sendo paga, propor ação executiva para
recebê-la.
Trata-se de um título autônomo que independe da indagação da causa que motivou a
obrigação. “Nota promissória regularmente emitida e avalizada, mesmo originária de um
contrato particular, – decidiu o Tribunal – pode circular. Uma vez endossada, representa
dívida autônoma, com causa legítima” (in RT 659/150).
Disciplinada nos arts. 75 a 78, da L.U.G/cambiais e no decreto nº 57.663/66.

Requisitos das notas promissórias
1. Denominação “nota promissória”
2. Promessa pura e simples de pagar quantia determinada
3. Época de pagamento
4. Indicação do lugar de pagamento
5. Nome de quem ou à ordem de quem deve ser paga
6. Indicação da data/lugar onde a nota promissória foi passada
7. Assinatura de quem passa a anota promissória (subscritor)

Art. 76
- Nota sem data de pagamento – pagável à vista
- Ausência de lugar de pagamento – considera-se o lugar onde foi passada a nota (domicílio
do subscritor)

Aplicam-se ainda às notas promissórias
- Estipulação de juros (art. 5º)

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- Aval (arts. 30 a 32)



Aplicam-se às notas promissórias (art. 77, L.U.G./cambiais)
- endosso – art. 11 a 20
- vencimento – art. 33 a 37
- pagamento – art. 38 a 42
- prescrição – art. 70 a 71

Subscritor nota è coincide com o aceitante da letra

Cheque

Cheque pode ser definido como uma ordem de pagamento a vista sobre um
banqueiro. Distingue-se da letra de câmbio, pois no cheque o sacado deve ser sempre uma
instituição financeira e requer provisão de fundos no momento da emissão, só pode ser
emitido a vista e não comporta o aceite.
O cheque é tratado na L.U.G./cheques, trazida para o Brasil na forma do decreto nº
57.595/66, bem como na lei nº 7.357/85.
Pressupostos:
1. Sacado contra banqueiro
2. Prévia provisão de fundos (emitente ter fundos no banqueiro)
Requisitos essenciais
1. Denominação cheque
2. Indicação em cifra e por extenso da soma a pagar
3. Data e lugar da emissão
a. “cheque pré-datado”- com data posterior ao dia efetivamente emitido é
pagável no dia em que apresentado, mesmo que antes do dia indicado
(data futura é considerada como não escrita)
4. Assinatura do emitente
5. Nome da firma social ou pessoa que deve pagar
Classificação
1. Circulação
a. Ao portador
b. Nominativo
c. À ordem
2. Restrições
a. Cheque marcado: é aquele que vencido e apresentado ao sacado para
pagamento, esse não o efetua, marcando, com a concordância do beneficiário,
dia certo para efetuá-lo. A consequência de tal instituto, é a desobrigação de
todos os obrigados em relação ao título, a exceção do sacado, restando esse
como único responsável pelo pagamento.
b. Cheque cruzado: dois riscos paralelos na frente do papel, normalmente em um
dos cantos de cima, isso faz com que o cheque não possa ser sacado (se
transformando em dinheiro), somente depositado. Como ninguém consegue
sacar na boca do caixa, dá mais tempo para sustar ou cancelar a transação
c. Cheque visado: É aquele que a requerimento do sacador ou beneficiário, é
visado pelo sacado, certificando que existe fundos disponíveis ao pagamento

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de tal título, bem como não mais serão estes fundos usados
para pagamento de outros cheques.

Protesto – art. 32 da lei do cheque
Deve ser apresentado em 30 dias, se na mesma praça e 60, se em outra praça
Forma de protesto generosa: cheque devolvido com carimbo equivale ao
protesto, chamando os coobrigados

Duplicata

Duplicata é um título genuinamente brasileiro, contava no art. 219 do Código
Comercial de 1850. Representa o crédito pelo fornecimento de mercadorias ou prestação de
serviços e justamente por essa relação com o comércio, é considerado um título causal
(duplicata somente pode ser assim definida se corresponder a um contrato de compra e
venda).
A expressão duplicata se explica, pois é documento emitido com base na fatura, ela
“duplica” as informações contidas na fatura (discriminatória das mercadorias vendidas ou
serviços prestados).
A duplicara é tratada na Lei nº 5.474/68 e na Lei nº 6.458/77 (que altera o art. 15 e
seguintes da primeira lei).
Requisitos da duplicata (art. 2º, §1º da Lei nº 5.474/68):
1. Denominação “Duplicata”
2. Número da fatura (conexão com negócio fundamental)
3. Data de emissão
4. Número de ordem
5. Data do vencimento
6. Nome e domicílio do vendedor e do comprador
7. Importância a pagar (algarismos e por extenso)
8. Praça de pagamento
9. Cláusula à ordem
10. Assinatura do emitente

Segundo Bulgareli, as características básicas das duplicatas são:
1. Trata-se de título formal à ordem, ao qual se aplicam as normas das cambiais, no
que cabíveis, causal, com base em efetiva entrega de mercadoria ou prestação de
serviço;
2. A duplicata é facultativamente emitida, com base em fatura (esta obrigatória e
discriminando as mercadorias vendidas) representativa de contrato com prazo
não inferior a 30 dias, não podendo ser emitida outra espécie de título de crédito
para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador;
3. A duplicata deverá ser enviada para aceite do sacado, diretamente pelo vendedor
ou por intermediário de instituições financeiras, dentro de 30 dias de sua emissão,
admitindo-se que o sacado a devolva, ou então, que a conserve em seu poder até
o momento de resgate, comunicando à instituição financeira, por escrito, o aceite
e a retenção;
4. O prazo para devolução, quando a duplicata não for a vista, será de 10 dias,
contado da data de sua apresentação;

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5. Em regra,o aceite é obrigatório, comporta algumas exceções (art.


8º da lei 5.474):
a. Avaria ou não recebimento da mercadoria
b. Não expedidas ou não entregues por sua conta e risco
c. Vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou quantidade das
mercadorias, devidamente comprovadas
d. Divergências nos prazos ou nos preços ajustados
6. Se fizer a recusa expressamente, ela suspenderá a possibilidade de
ação executiva, com base em duplicata ou triplicata com os
comprovantes de entrega da mercadoria;
7. A duplicata poderá ser resgatada, mediante o pagamento contra a própria
apresentação do título, ou por recibo, com referência expressa à duplicata
8. Como título de crédito, as regras da letra de câmbio são aplicáveis (Dec.
2.044/1908) – pode ser garantida por aval;
9. É protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento. É indispensável o
protesto, no prazo de 30 dias, contando da data do vencimento, para assegurar
o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas (para
acionar o devedor principal – comprador – não há necessidade de protesto);
10. Em caso da não devolução da duplicata enviada para o aceite, o portador poderá
protestá-la por indicações ou por meio de triplicata;
11. Prescrição da duplicata
a. Contra o sacado e respectivos avalistas em 03 anos, contados da data do
protesto;
b. Contra o endossante e seus avalistas, em um ano, contado da data do
protesto;
c. De qualquer dos coobrigados contra os demais em um ano, contado da
data em que haja sido efetuado o pagamento do título;
12. O comerciante que quiser emitir duplicatas será obrigado a ter e a escriturar o
Livro de Registro de Duplicatas

Na prática se tornou muito comum o comprador dos produtos não devolver a
duplicata com o aceite, então, passou-se a admitir o aceite presumido. Nestes casos a
constituição do título executivo depende da reunião dos seguintes elementos:
a) protesto cambial - a duplicata deve ser protestada, seja com a exibição do título,
seja por indicações. No primeiro caso, a cártula é elemento constitutivo do título executivo,
devendo ser acompanhada do respectivo instrumento de protesto; no segundo caso, o
próprio instrumento de protesto será o título executivo; e
b) comprovante de entrega da mercadoria - a prova escrita de recebimento da
mercadoria pelo comprador.

Nas palavras de Fábio Ulhoa:
Muitas das regras acerca da duplicata mercantil estão em completo desuso em razão
da utilização do suporte eletrônico pelos comerciantes, prestadores de serviços,
bancos e cartórios de protesto. A emissão do título em papel, seu envio ao sacado e
posterior devolução, por exemplo, simplesmente não existem mais. A triplicata caiu
em completo desuso, porque sua emissão cabia na hipótese de perda ou extravio da
duplicata, fato que nunca acontece com os registros eletrônicos

Beatriz Mena – turma 22 - 189


Aula 05.06

Títulos de crédito eletrônicos



Tradicionalmente, os títulos de crédito são emitidos em papel (princípio
da cartularidade), sendo que o próprio documento físico é passado de mão em
mão (circulação) e as declarações cambiais (aval e endosso) dependem da
assinatura no documento. Os desafios no caso dos títulos de crédito eletrônicos são
superar o princípio da cartularidade e da literalidade.
É possível afirmar que atualmente, no direito material (civil) a questão está resolvida,
mas por outro lado, no direito processual ainda existe a necessidade de fazer algumas
adaptações (lei exige que o título em si seja anexado na inicial).
O art. 889, §3º, CC abre caminho para os títulos de crédito eletrônicos: “o título
poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos
previstos neste artigo.”
No caso da duplicata, conseguimos comprovar o título de crédito sem a cártula,
justamente atestando a entrega da mercadoria e o protesto, disso podemos tirar duas
conclusões que serão transplantadas para análise do título de crédito eletrônico.
1. Emissão não se vincula com a cartularidade;
2. Para instruir o processo é preciso ter o título extrajudicial (documento/cártula), a
fim de cumprir a necessária certeza, liquidez e exigibilidade, que são requisitos
para ação de execução.
A título de comparação, na França toda circulação do título de crédito já é eletrônica
e no final o sacado tem um extrato das movimentações. Newton de Lucca sustenta que isso
sequer poderia ser letra de câmbio, pois fere o princípio da cartularidade. No entanto, é
possível adotar um novo conceito de documento, tal como os franceses fizeram, e transpor a
barreira da cartularidade.
Aliás, inclusive de acordo com Carnelucci, o documento tem três requisitos e estes
podem se flexibilizar para comportar documentos eletrônicos:
1. Matéria: já foi pedra, tecido, papel... (porque não eletromagnético?)
2. Meio: discurso, expressão, que pode ser verbal ou figurativa (texto/linguagem em
computadores)
3. Conteúdo: qualquer transmissão de informações


Beatriz Mena – turma 22 - 189

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