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Aula 24.04
Diálogo entre contratos empresariais e títulos de crédito
Os títulos de crédito são os meios de pagamento dos contratos. Por
exemplo: na compra e venda mercantil os pagamentos costumam ocorrer a prazo, a
mercadoria é entregue e depois há o pagamento (ex: fornecedor A vende a B). Depois
naturalmente há revenda, como nos contratos de distribuição/concessão (ex: agora B vende
para C), desse modo B poderia combinar com C para que ele pagasse diretamente a A.
No âmbito do direito cambiário temos os termos sacador sacado e beneficiário. A
matriz clássica trabalha com pagamento futuro (cheque é uma ordem de pagamento à vista,
foge do modelo clássico). No nosso exemplo, conforme discutido anteriormente, o
fornecedor A estava com o crédito (venda da mercadoria a receber), então usando a lógica
do direito cambiário, A ficaria com o papel no bolso, seria o primeiro portador do título.
Regência dos títulos de crédito
• Arts. 887 a 926, CC
• Letras e notas promissórias è decreto nº 2.044/1908 (Lei Saraiva) e Lei Uniforme de
Genebra (L.U.G)/cambiais – decreto nº 57.663/66
• Cheques – Lei nº 7.357/85 e L.U.G./cheques – decreto nº 57.595/66
• Duplicatas – Lei nº 5.474/68
Evolução histórica
• 1º período (Italiano): circulação em dinheiro (até 1650)
• 2º período (Francês): meio de pagamento, endosso/ cláusula "à ordem”, prévia
provisão de fundos
• 3º período (Alemão): 1850 até os dias atuais, títulos abstratos
Letra de câmbio pode ser considerada um modelo/protótipo em cima do qual as outras
modalidades são construídas. No entanto, no Brasil a letra de câmbio não prosperou, de
modo que a duplicata pegou seu lugar.
Vamos voltar às origens históricas dos títulos de crédito. No contexto das feiras que foram
surgindo no desenvolvimento do capitalismo, foi preciso criar meios para superar as
dificuldades de pagamentos (moedas cunhas nos vilarejos, ausência de Estado organizado,
grandes distâncias percorridas à tração animal, perigo de saqueadores etc...).
Aula 08.05
Letra de câmbio:
Sujeitos da cártula
1. Beneficiário/tomador: pessoa a favor de quem é emitido
2. Sacador: sujeito que emite a ordem de pagamento
3. Sacado: aquele que emite a ordem de pagamento é dirigida
Requisitos segundo a Lei Saraiva (Dec. nº 2.044/1908) + a lei uniforme de genebra:
1. Denominação: “Letra de câmbio”
2. Soma de dinheiro a pagar
3. Nome da pessoa que vai pagar (sacado)
4. Nome da pessoa a quem deve pagar(beneficiário)
5. Data e lugar do saque
6. Assinatura do sacador (ou mandatário especial)
Vencimentos (art. 6º da Dec. 2.044/1908)
1. A vista
2. A dia certo
3. A tempo certo de data
4. A tempo certo de vista
Aceite
Declaração cambial e unilateral do sacado, por meio da qual assume a
obrigação de realizar o pagamento da soma indicada no título, dentro do
prazo ali especificado, tornando-se assim responsável direto pela execução
da obrigação. O aceite não comporta arrependimento, ele é irretratável.
Essa declaração, ao convertê-lo em aceitante, torna-o principal obrigado
e, se não exonera os demais coobrigados, deixa-os, contudo, numa posição
subsidiária.
O aceite, em regra, é lançado no anverso (face) do título. Costuma-se
escrever alguma expressão como “aceite, aceitamos, pagarei, honrarei, vista
para pagara” e em seguida, uma assinatura ou visto.
L.U.G./cambial: Art. 28. O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra à data do
vencimento. Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o sacador,
tem contra o aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo que
pode ser exigido nos termos dos artigos 48 e 49.
Se o sacado se negar a aceitar, nenhuma obrigação assume em relação ao título, se
diz que ele se torna “estranho à obrigação cambial”. No entanto, é válido observar que o
sacado, em geral, assume previamente obrigação com o sacador (negócio fundamental),
nesse caso, poderá ter que responder ao sacador, mas isso ocorrerá pelo direito
obrigacional e não pela via cambiária.
Mesmo sem o aceite a letra de câmbio é título exequível, o efeito de uma recusa de
aceite é o vencimento extraordinário do título (se não foi aceito nem no aceite, quem
dirá depois).
Então, em regra, o obrigado principal é o sacado. No caso de o sacado não aceitar, o
título é exigível dos obrigados subsidiários, como o sacador e a cadeia de endossantes e
avalistas, mas para tal deve protestar o título em tempo útil, uma vez que a recusa do
aceita acarreta vencimento antecipado do título.
Justamente porque o sacador não deseja o vencimento extraordinário, ele pode emitir
um título com a cláusula “sem aceite”. Neste caso, todos que assinaram respondem por
aquele valor após seu vencimento e recusado pelo devedor principal.
Endosso
Endosso transmite a propriedade da letra de câmbio, não se confunde com a cessão,
pois enquanto o primeiro é um ato unilateral, o segundo é um contrato bilateral.
O endosso pode ser negro (preenchido, indicando para quem o título está sendo
transferido) ou branco (em branco, não diz para quem está transferindo). Esse instituto
está intimamente relacionado com a circulação, pois a letra vai sendo endossada na
medida que vai sendo transferida.
O endosso tem que ser lançado no próprio título. Em geral é feito no verso da letra,
mas isso não é necessário quando se trata de endosso completo, ou seja, acompanhado
de uma declaração de que se trata de um endosso, isso porque se feito na face poderia
se confundir com o aval ou aceite. O único elemento essencial do endosso (e na verdade
também das demais declarações cambiais) é a assinatura do obrigante.
O primeiro endossador será sempre o beneficiário (tomador) do título, é ele quem
inaugura a cadeia de endossos, que deverá ser seguida rigorosamente, no caso de
Vencimento
Vencimento é a data, previamente estipulada, na qual deve ocorrer o pagamento da letra
de câmbio. Ela somente se torna exigível com o vencimento.
Existem dois tipos de vencimento:
1. Ordinário - com a expiração do termo final, pode variar de acordo com o tipo de
letra:
a. Letras a dia certo: no dia indicado
b. A vista: na apresentação
c. A tempo certo de vista: no prazo indicado após a vista (aceite)
d. A tempo certo de data: no último dia referente ao término do período
assinalado
2. Extraordinário – pela falta ou recusa do aceita ou pela falência do aceitante
Efeitos cambiários do vencimento
1. Torna exigível a soma cambiária
2. Fixa o momento em que o título perde os requisitos de circulação (endosso passa a
ter efeito de cessão) e de garantia (aval póstumo é ineficaz)
3. Fixa o dia em que começa a correr o prazo prescricional para o portador comum
(para endosso e aval a prescrição só começa a correr do dia de pagamento)
Pagamento
O pagamento é o resgate da letra, como forma normal de extinção das obrigações.
Para que ocorra é indispensável a apresentação da letra. Se tratando de título apto a circular,
o devedor sequer sabe quem é o último portador, então aguardará a apresentação do título
na data de seu vencimento, em seu domicílio (trata-se de obrigação querable e não portable).
Se o pagamento não ocorrer na data especificada, no dia seguinte ao vencimento, o portador
de tal título, bem como não mais serão estes fundos usados
para pagamento de outros cheques.
Protesto – art. 32 da lei do cheque
Deve ser apresentado em 30 dias, se na mesma praça e 60, se em outra praça
Forma de protesto generosa: cheque devolvido com carimbo equivale ao
protesto, chamando os coobrigados
Duplicata
Duplicata é um título genuinamente brasileiro, contava no art. 219 do Código
Comercial de 1850. Representa o crédito pelo fornecimento de mercadorias ou prestação de
serviços e justamente por essa relação com o comércio, é considerado um título causal
(duplicata somente pode ser assim definida se corresponder a um contrato de compra e
venda).
A expressão duplicata se explica, pois é documento emitido com base na fatura, ela
“duplica” as informações contidas na fatura (discriminatória das mercadorias vendidas ou
serviços prestados).
A duplicara é tratada na Lei nº 5.474/68 e na Lei nº 6.458/77 (que altera o art. 15 e
seguintes da primeira lei).
Requisitos da duplicata (art. 2º, §1º da Lei nº 5.474/68):
1. Denominação “Duplicata”
2. Número da fatura (conexão com negócio fundamental)
3. Data de emissão
4. Número de ordem
5. Data do vencimento
6. Nome e domicílio do vendedor e do comprador
7. Importância a pagar (algarismos e por extenso)
8. Praça de pagamento
9. Cláusula à ordem
10. Assinatura do emitente
Segundo Bulgareli, as características básicas das duplicatas são:
1. Trata-se de título formal à ordem, ao qual se aplicam as normas das cambiais, no
que cabíveis, causal, com base em efetiva entrega de mercadoria ou prestação de
serviço;
2. A duplicata é facultativamente emitida, com base em fatura (esta obrigatória e
discriminando as mercadorias vendidas) representativa de contrato com prazo
não inferior a 30 dias, não podendo ser emitida outra espécie de título de crédito
para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador;
3. A duplicata deverá ser enviada para aceite do sacado, diretamente pelo vendedor
ou por intermediário de instituições financeiras, dentro de 30 dias de sua emissão,
admitindo-se que o sacado a devolva, ou então, que a conserve em seu poder até
o momento de resgate, comunicando à instituição financeira, por escrito, o aceite
e a retenção;
4. O prazo para devolução, quando a duplicata não for a vista, será de 10 dias,
contado da data de sua apresentação;
Aula 05.06