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2 - N0 4
Out/Nov/Dez 2008
ISSN 1981-2922
Nesta Edição
• Caderno Científico - Periodontia
Periodicidade Trimestral
ISSN - 1981-2922
CDD 617.6005
Black D65
D631
Vemos, assim, com muita satisfação, o resultado de um trabalho que teve início
em 2007 com o intuito de valorizar e incentivar a produção científica dos pro-
fissionais das duas especialidades. Somado a isso, promovemos duas edições
do Encontro Internacional de Atualização Clínica em Periodontia e Cariologia -
PerioNews, evento fundamental no debate dos temas mais relevantes para o
aperfeiçoamento da prática profissional.
Leitor, a edição 4 está pronta. Leia a revista, participe dos nossos eventos e faça
parte do crescimento da Periodontia e da Cariologia.
Saúde bucal e as
doenças coronarianas
A associação entre doença periodontal e doença cardiovascular vem
sendo pesquisada desde o final da década de 1960. Em 1963, Mackenzie e
Millard associaram doença periodontal com a doença cardiovascular, quan-
do investigaram a relação entre diabetes e ateroesclerose com a presença
de cálculo e perda óssea alveolar. No entanto, foi a partir do final da década
de 1980 que estudos se tornaram cada vez mais freqüentes, avaliando essa
associação entre saúde bucal e doenças coronarianas.
Ricardo Guimarães
Doenças cardiovasculares englobam uma variedade de condições vascu-
Fischer
lares e cardíacas, incluindo isquemia cardíaca e cerebral, infarto agudo do
miocárdio, ateroesclerose e doença arterial periférica. A partir da observa-
ção que ateroesclerose e doença periodontal são processos inflamatórios, outras doenças passaram
também a serem estudadas, incluindo doenças renais crônicas e hipertensão arterial.
O interessante é que os fatores de risco tradicionais explicam apenas 50% de todos os casos de doenças
cardiovasculares, o que abre espaço para a existência e a pesquisa de outros fatores de risco, como a
periodontite. O grande desafio para a classe médica e odontológica é avaliar se essa associação é causal
ou apenas casual.
Slots, em 1998, definiu seis tipos de estudos para estabelecer relação de causa e efeito entre duas doen-
ças: 1. Plausibilidade biológica; 2. Estudos epidemiológicos transversais e/ou retrospectivos; 3. Estudos
epidemiológicos prospectivos; 4. O tratamento da doença periodontal deve diminuir a incidência da
cardiovascular (efeito do tratamento); 5. O microorganismo deve ser o mesmo nas duas doenças (agen-
te etiológico específico); e 6. Modelos experimentais em animais com periodontite devem desenvolver
mais doença cardiovascular.
Um estudo de metanálise recente mostrou uma associação consistente entre doença periodontal e
eventos cardiovasculares, com fator de risco variando entre 1.14 em estudos prospectivos, e 2.2 em
estudos caso-controle. Outros estudos mostraram também que a periodontite aumenta o nível de mar-
cadores inflamatórios, principalmente proteína C-reativa, interleucina 6 e fator de necrose tumoral alfa,
indicando um impacto negativo sobre doenças cardiovasculares.
No momento, a maior lacuna nos estudos sobre a associação entre doenças periodontais e cardiovascu-
lares se refere a estudos de intervenção periodontal. A falta de estudos randomizados, bem planejados
sobre os efeitos diretos do tratamento periodontal na diminuição de novos eventos cardiovasculares,
prejudica a comprovação da relação entre as doenças e a indicação do cuidado com o periodonto na
prevenção de eventos cardiovasculares.
EDITOR CIENTÍFICO
Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP)
(awsallum@terra.com.br)
259] PONTO DE VISTA
Saúde bucal e as doenças
CONSELHO CIENTÍFICO
Profs. Drs. Álvaro Francisco Bosco (Unesp-Araçatuba/SP), Arthur Be-
coronarianas
lém Novaes Júnior (Forp - USP/SP), Benedicto Egbert Corrêa de Toledo
(Unifeb/SP), Cassiano Kuchenbecker Rösing (UFRGS/RS), Carlos Alberto
Ricardo Fischer
Dotto (Unicid/SP), Daiane Cristina Peruzzo (FOP-Unicamp/SP), Eduardo
Gomes Seabra (UFRN/RN), Eduardo Muniz Barretto Tinoco (Uerj-Uni-
granrio/RJ), Eduardo Saba Chujfi (SLMandic/SP), Elcio Marcantonio
Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Enilson Antonio Sallum (FOP-Unicamp/
262]
SP), Euloir Passanezi (FOB-USP/SP), Fernanda Vieira Ribeiro (FOP-
Unicamp/SP), Francisco Pustiglioni (Fousp/SP), Francisco Humberto MEDICINA PERIODONTAL
Nociti Jr. (FOP-Unicamp/SP), Getúlio da Rocha Nogueira Filho (EBMSP/
BA), Henrique Cruz Pereira (Unig/RJ), José Eduardo Cezar Sampaio A saúde do coração
(Unesp/SP), José Eustáquio da Costa (UFMG/MG), José Roberto Cor-
telli (Unitau/SP), Luis Antonio P. Alves de Lima (USP/SP), Magda Feres começa pela boca
(UnG/SP), Márcio Fernando de Moraes Grisi (Forp-USP/SP), Marcio
Zaffalon Casati (FOP-Unicamp/SP), Renato de Vasconcelos Alves (FOP-
UPE/PE), Ricardo Guimarães Fischer (Uerj-RJ), Rui Vicente Oppermann
(UFRGS/RS), Sérgio Luís da Silva Pereira (Unifor/CE), Sônia Groisman
(UFRJ/RJ), Urbino da Rocha Tunes (EBMSP/BA), Valdir Gouveia Garcia
(Unesp-Araçatuba/SP), Vinicius Augusto Tramontina (PUC/Paraná),
Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP), Wilson Trevisan Jr. (Aonp/PR) 269] CADERNO CIENTÍFICO
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Comparada a uma máquina perfeita, o corpo mente focos que apresentam características crônicas”,
humano vem se transformando no decorrer do tempo afirma Eduardo Saba-Chujfi, coordenador dos cursos
para adaptar-se ao ambiente e ao seu próprio desenvol- de Especialização e Mestrado em Periodontia e profes-
vimento. Contudo, a interdependência de seus órgãos sor do Programa de Doutorado do Centro de Pesquisas
permanece a mesma, de forma a garantir o funciona- Odontológicas São Leopoldo Mandic.
mento integrado para uma vida plena e feliz. E é nesse Na verdade, essa correlação recebe atenção na
sentido que a Medicina Periodontal aponta, tornando Odontologia há mais de cem anos, por meio de William
evidente que para se ter uma vida saudável é necessário Hunter, que em 1900 publicou um artigo a respeito da
que a saúde da boca também esteja a contento. infecção bucal como causa de doenças do organismo.
“Está muito claro que a saúde bucal não pode e “Seus relatos, entretanto, eram apenas especulações,
nem deveria estar separada da saúde sistêmica dos in- sem evidências científicas suficientes”, pondera Vinicius
divíduos. Ter focos infecciosos na cavidade bucal ou em Tramontina, mestre e doutor em Periodontia e profes-
outra parte do organismo pode representar um prejuí- sor titular de Periodontia da PUC-PR.
zo enorme para a saúde geral do ser humano, especial- No entanto, as primeiras referências sobre os be-
nefícios provenientes da eliminação de focos infeccio- hipertensos ou obesos e hipertensos), em que foi ava-
sos foram encontradas nas escritas cuneiformes acha- liada histopatologicamente a estrutura periodontal que
das nas ruínas de Ninive e Ashur (650 a.C.), referindo-se mostrou alterações das paredes dos vasos sangüíneos
à cura do rei Arad-Nana pelo seu médico Anaper, que periodontais mais expressivas nos ratos obesos e hiper-
lhe salvou a vida com a extração de “dentes enfermos”. tensos”, informa Trevisan.
Porém, a partir dos anos 1990, principalmente, Segundo Benedicto Egbert Corrêa de Toledo,
fortes evidências científicas têm demonstrado que “do- professor titular de Periodontia do curso de Odon-
enças periodontais moderadas a avançadas podem afe- tologia do Centro Universitário da Fundação Educa-
tar um indivíduo sistemicamente e podem contribuir cional de Barretos, as doenças periodontais podem
para doenças cardiovasculares, diabetes, baixo peso ao afetar o coração e vice-versa, pois os pacientes com
nascimento e prematuridades” (Williams, Offenbacher, doenças cardiovasculares e com doenças periodon-
2000). “Obviamente, novas estratégias de diagnóstico e tais compartilham de características semelhantes. “As
tratamento que reconheçam essa correlação devem ser duas condições ocorrem, com maior freqüência, em
idealizadas”, completa Tramontina. populações adultas, do sexo masculino e baixo ní-
Dessa forma, pesquisas ao longo do tempo ava- vel educacional”, declara. “Além disso, se relacionam
liaram uma possível relação entre as doenças periodon- com os mesmos fatores de risco, como uso intenso de
tais e as doenças sistêmicas, sobretudo as cardiovascu- fumo, presença de diabetes, obesidade e nível de es-
lares. Alguns relatos na literatura científica indicam que tresse; mesmo a presença de altos níveis de coleste-
pessoas com doenças periodontais são duas vezes mais rol, da hipertensão e artrite reumatóide, mais ligados
suscetíveis a doenças cardíacas do que aquelas com às doenças cardiovasculares, têm sido relacionados à
gengivas saudáveis. doença periodontal”, completa.
De acordo com Wilson Trevisan Junior, professor Assim como outras morbidades sistêmicas, as
associado de Periodontia da Universidade Estadual de doenças cardiovasculares podem sofrer a influência
Londrina e professor coordenador dos cursos de Espe- e/ou influenciar a condição e o tratamento periodon-
cialização, Aperfeiçoamento e Máster em Periodontia e tal de um paciente. “Apesar da endocardite infecciosa
Implante da Associação Odontológica do Norte do Pa- ainda representar o comprometimento sistêmico mais
raná, a doença periodontal deve ser interpretada como lembrado nessas ocasiões, é importante frisar que a ate-
um foco infeccioso no organismo e, assim sendo, um rosclerose é a morbidade mais cogitada como uma en-
fator de risco em potencial para doenças sistêmicas, de tidade relacionada com as periodontites”, esclarece Ro-
forma geral. “Como se pode ver, existe uma correlação drigo Guerreiro Bueno de Moraes, especialista e mestre
íntima nos dois sentidos entre problemas médicos ge- em Periodontia e professor do curso de Especialização
rais e periodontais, que podem colocar em risco o pró- em Periodontia da Abeno.
prio tratamento do paciente”, destaca Trevisan. Segundo ele, cogita-se, por exemplo, que a do-
ença periodontal represente um risco ao estabeleci-
Coração x boca mento e/ou desenvolvimento de manifestações cardio-
vasculares, como angina instável, infarto do miocárdio e
Levantamento realizado pelo National Health acidentes vasculares. Mesmo assim, uma série de outras
and Nutricion Examination Survay dos Estados Unidos, evidências, como as de Hujoel et al (2002), demonstram
em 1993, mostrou que os indivíduos que apresentavam o contrário.
periodontite tinham 25% mais chance de terem doen- “Apesar de contraditório, esse impasse que impe-
ças coronarianas, quando comparados com os que não de a afirmação de causalidade da doença periodontal
mostravam inflamações periodontais significativas. Esta para a cardiovascular, oriunda da aterosclerose, é positi-
influência da presença da doença periodontal sobre as vo. Afinal de contas, muitos pesquisadores das áreas bá-
condições cardíacas dos indivíduos tem sido constan- sicas, da Medicina e da Odontologia estão à procura de
temente relatada, mas faltam observações sobre se a ferramentas melhores e mais adequadas para a aferição
recíproca seja verdadeira. do real nível de interatividade entre essas doenças de
“Na literatura encontramos um estudo realiza- natureza inflamatória (tanto a periodontal quanto a car-
do por Perstein, Bissada (1977) com 44 ratos (obesos, diovascular aterosclerótica). Por outro lado, a condição
destruir os agentes irritantes, com a liberação de produ- pode-se considerar que a periodontite pode contribuir
tos químicos, cuja produção contínua afeta, não só os com alguma fração na etiologia dessa doença. Existem
tecidos locais, mas também tecidos e órgãos distantes, evidências científicas bastante fortes apontando para
com a ativação do sistema imune. Assim, além da res- essa direção”, reforça Tramontina.
posta local, a cronicidade da inflamação, com o aumen-
to dos níveis de células e moléstias inflamatórias, que Estatísticas da relação
podem ter um acesso transitório à circulação sistêmica
durante as fases ativas da destruição periodontal, leva a Um grande número de trabalhos científicos (es-
uma resposta inflamatória sistêmica que pode, inclusi- tudos longitudinais) encontrados na literatura referem
ve, “estimular a expressão de adesão de moléculas infla- correlações estatísticas. Beck et al (1996), desenvolve-
matória nas células endoteliais”. ram estudo no Departamento de Saúde dos Estados
Também segundo Egbert, estudo recente sugere Unidos, avaliando 1.147 homens quanto à perda óssea
que o tratamento periodontal pode resultar em diminui- média e os piores escores de profundidade de sonda-
ção dos níveis de proteína C-reativa, que tem aumentos gem por dente de 1961 a 1971. Destes, 207 homens
associados à inflamação periodontal, IL-6 e função en- desenvolveram doença cardíaca coronariana (DCC), 59
dotelial, o que vem suportar a hipótese da relação entre foram a óbito em decorrência da mesma e 40 tiveram
a DP e as modificações sistêmicas. ataques cardíacos. “A proporção individual (odds rates)
Por outro lado, algumas bactérias associadas entre perda óssea como fator de risco cardiovascular e
à doença periodontal tem a capacidade de liberar en- DCC, DCC fatal e ataque cardíaco foram 15, 19 e 28, res-
dotoxinas (LPS) após a morte da bactéria que, quando pectivamente. Os níveis de perda óssea e a incidência
introduzidas no hospedeiro durante as bacteremias, acumulativa de DCC local e fatal indicaram um gradien-
podem levar a um grande número de manifestações te biológico entre severidade de exposição e ocorrência
patológicas. “Estudos têm demonstrado que os LPS são da doença”, especifica Trevisan.
continuamente difundidos por microorganismos gram- Dunne, Clark (1985), relataram que dentre 130
negativos periodontopatogênicos, sendo a cronicidade pacientes periodontais observados, a condição sistê-
do processo um fator ponderável. Assim, ainda que não mica com maior proporção de freqüência (16,2%) era a
esteja bem claro se e como a inflamação periodontal doença cardiovascular. Infecções, até mesmo de origem
contribui para a elevação da concentração das substân- bucal, podem contribuir para a aterogênese, concluin-
cias da inflamação sistêmica no sangue periférico, existe do que a prevalência difusa da doença periodontal, que
plausabilidade da hipótese da influência da presença da aumenta com idade pode representar um inapreciado e
doença periodontal no aparecimento das cardiopatias”, potencialmente significante fator de risco para doença
reitera Egbert. cardiovascular.
De fato, as infecções têm sido reconhecidas como Em 1998, Genco comentou sobre trabalho des-
fatores de risco para a aterogênese e o aparecimento de crito em 1987 por Nery et al, quando avaliaram 581
eventos tromboembólicos, em que as bactérias gram- pacientes com problemas periodontais. A análise dos
negativas ou suas endotoxinas (lipopolisacarídeos) po- dados demonstrou que, dos pacientes pertencentes
dem induzir a formação de infiltrado inflamatório em a clínicas privadas, 27,6% apresentavam problemas
vasos sangüíneos, proliferação vascular em músculos médicos. Dentre aqueles que faziam parte do centro
lisos, degeneração gordurosa vascular e coagulação acadêmico-odontológico, 46,3% tinham problemas
intravascular. “Em alguns indivíduos, uma característica médicos enquanto que 74,1% daqueles que freqüen-
hiperinflamatória em resposta a um estímulo se mani- tavam a clínica odontológica/hospital tinham altera-
festa por uma produção excessiva de citocinas pró-in- ções sistêmicas. “As doenças cardiovasculares foram as
flamatórias e mediadores lipídeos por monócitos e ou- alterações sistêmicas mais prevalentes em todas as clí-
tras células. A resultante parece acrescentar uma carga nicas, seguidas de problemas ou injúrias ortopédicas”,
maior dessa resposta hiperinflamatória, predispondo relata Trevisan.
a uma maior prevalência e severidade de doenças car- Guerreiro, por outro lado, afirma que existe mui-
diovasculares. Dessa maneira, uma vez que a doença ta opinião divergente nesse sentido, e que decorre da
cardiovascular é um processo de doença multifatorial, experiência de cada pesquisador, além do maior e me-
de fatores de risco relacionados com a saúde meio de pacientes bem tratados e orienta-
bucal e sistêmica. dos quanto as suas responsabilidades”.
Informações e condutas sobre os O caminho, sem dúvida, é o da
efeitos do fumo, do consumo excessivo de prevenção. Dentro desse contexto, o ci-
álcool, da alimentação não saudável, o es- rurgião-dentista deve se firmar como um
tresse, da baixa estima, da vida sedentária, profissional da área da saúde voltado para
das cáries dentárias, das doenças periodon- prevenir doenças e preservar a qualidade
tais, das doenças periimplantares, estão as- de vida dos indivíduos. “A Medicina Perio-
sociadas às informações a serem dadas so- dontal invoca a todos para repensar nosso
bre as doenças encéfalo e cardiovasculares, comportamento dentro dos consultórios
Wilson Trevisan
respiratórias, endocrinometabólicas, entre odontológicos. Devemos nos preparar
outras e suas repercussões para a saúde bu- cada vez mais para abordar esses pacien-
cal e saúde sistêmica dos indivíduos e estes tes com problemas sistêmicos de maneira
achados devem fazer parte do cabedal dos individualizada. Devemos nos posicionar
periodontistas e demais profissionais de como participantes diretos na melhoria da
saúde, pois as exigências do atual paradig- condição sistêmica do paciente, provendo
ma clínico clama por uma visão mais ampla aos mesmos as informações pertinentes à
de saúde geral. correlação entre as doenças periodontais
Além disso, determinar o perfil sis- e as doenças cardíacas e motivar o pacien-
têmico dos pacientes, por meio da uma te a se comprometer também com o trata-
anamnese mais ampla, que contemple sua mento periodontal, e não só com o trata-
condição de saúde/doença, é essencial. “Se Rodrigo Guerreiro mento médico, no sentido de realizar um
o paciente já é cardiopata ou sujeito de ris- controle de placa eficiente e ser rigoroso
co, deve-se esclarecer o papel das doenças com a concordância para com as visitas
periodontais, pela sua ampla ocorrência nas para terapia periodontal de suporte. De-
populações e aspectos infecciosos, como vemos focar a nossa atenção para realizar
um dos mais importantes fatores bucais de um tratamento periodontal inserido num
risco”, aconselha Egbert. contexto maior, envolvendo médicos, ci-
Guerreiro ressalta que não há nada rurgiões-dentistas e pacientes na busca
de errado em comunicar esse risco poten- incessante para eliminar ou controlar os
cial aos pacientes, alertando que o bom fatores etiológicos envolvidos nessa com-
cuidado com a saúde bucal pode colabo- plexa patologia que é a doença cardiovas-
rar para a saúde geral, incluindo a cardio- cular, acredita Tramontina.
vascular. “O que preocupa não é o alerta Vinícius Tramontina
aos pacientes sobre o nível dessa evidên- AComPAnHAmEnto CLíniCo
cia, quando cercado pelo bom senso de um profis-
sional preparado e embasado sobre o real estágio do A terapia de suporte é de suma importância e
relacionamento entre doença periodontal e a cardio- deve ser representada pela manutenção da saúde bucal
vascular. O mais assustador é o dolo provocado por e geral de cada indivíduo, conquistada pelos periodon-
aqueles que fazem desses apontamentos um canal tistas e pelos demais profissionais de especialidades
para justificar a prática de extrações indiscriminadas médicas, devendo ser realizada com uma freqüência
seguidas da farta colocação de implantes”, adverte. estabelecida dentro das carências de cada caso, e ainda,
Para ele, “se existe uma diferença clara entre o es- devem também ser inseridas no contexto médico mul-
tado da ciência periodontal na época do velho conceito tidisciplinar. “É extremamente importante a realização
sobre a infecção focal (no início do século 20) e o que pro- de um planejamento personalizado, direcionado para
põe a Medicina Periodontal da atualidade, esta diferença a saúde bucal e sistêmica. Apesar de não termos ainda
reside na maior e melhor capacidade de preservar e/ou forma de demonstrar uma relação causa/efeito direta,
recuperar dentes periodontalmente comprometidos por temos tranqüilidade para afirmar que a saúde bucal é
Wagner Leal Serra e Silva Filho*, Liana Linhares Lima*, Enilson Antônio Sallum**,
Antônio Wilson Sallum**, Francisco Humberto Nociti Junior**, Márcio Zaffalon Casati***
Resumo
A avaliação da resposta clínica dos tecidos periodon- tidos à descontaminação da superfície radicular com
tais à terapia periodontal não-cirúrgica utilizando pon- as pontas ultra-sônicas diamantadas CVDentUS (lado
tas ultra-sônicas diamantadas (CVDentUS), em dentes teste) e com curetas Gracey 5/6 (lado controle). Os
unirradiculares, sob os parâmetros clínicos (Índice de parâmetros clínicos foram avaliados no tempo inicial,
Placa - IP, Sangramento à Sondagem - SS, Profundida- 30, 60 e 90 dias após os tratamentos. Os resultados
de de Sondagem - PS, Nível de Inserção Clínica Rela- não mostraram diferença significante entre os trata-
tivo - NICR e Recessão Gengival - RG), comparados à mentos. Dentro dos limites deste estudo, podemos
instrumentação com curetas Gracey. Trata-se de um concluir que, clinicamente, as pontas ultra-sônicas
estudo clínico controlado e randomizado, com um diamantadas CVDentUS foram tão eficientes quanto
desenho em boca dividida, envolvendo 15 pacientes às curetas na terapia periodontal não-cirúrgica.
com periodontite crônica (profundidade de sonda- Unitermos - Doença periodontal-tratamento; Perio-
gem > 3 mm e ≤ 5 mm). Os pacientes foram subme- dontia; Raspagem radicular; Pontas ultra-sônicas.
Abstract
The aim of this study was to evaluate the coated ultrasonic scaler insert CVDentUS in test
effectiveness of diamond-coated ultrasonic scaler site and Gracey 5/6 curettes in control site. Clinical
insert (CVDentUS), in the root surface debridement parameters were evaluated at baseline (0), 30, 60,
of single-rooted teeth on clinical parameters (plaque and 90 days after treatments. In the end of the study,
index, bleeding on probing, probing depth, relative the results showed no significant differences between
clinical attachment level and gingival recession), the treatments. Within the limits of this study, it can
compared to hand instruments. The investigation be concluded that the diamond-coated ultrasonic
was a randomized and controlled clinical trial scaler insert (CVDentUS) was such efficient as them
with a splith-mouth design involving 15 patients curettes for non-surgical periodontal therapy in
with moderate to advanced chronic periodontitis patients with chronic periodontal disease.
and sites with pocket depth > 3 mm e ≤ 5 mm. The Key Words - Periodontal disease-treatment; Periodontics;
tooth surface was instrumented with diamond- Root debridement; Ultrasonic scaler.
tância da higiene bucal e sua interferência no acúmulo do Após a obtenção dos parâmetros clínicos Índi-
biofilme dental e no início e progressão da doença perio- ce de Placa (IP – Ainamo & Bay, 1975), Índice de San-
dontal. Foram apresentadas às técnicas de escovação, in- gramento Sucular (SS – Mühlemann & Son, 1971), Pro-
cluindo técnica de Bass modificada e medidas de higiene fundidade de Sondagem (PS), Nível de Inserção clínica
interdental, o que continuou ocorrendo, quando necessá- relativo (NICR ) e Retração Gengival (RG), foi realizada
rio, a cada retorno. Nos sítios selecionados para a pesquisa a instrumentação das superfícies radiculares com as
foi realizado controle do biofilme dental e raspagem su- curetas Gracey 5/6 (Millenium) e com as pontas ultra-
pragengival e, nas demais regiões bucais, raspagem supra sônicas diamantadas CVDentUS (acopladas ao aparelho
e subgengival convencional utilizando ponta ultra-sônica ultra-sônico Profi I da marca Dabi Atlante, piezoelétrico,
padrão (aparelho Dabi Atlante, Brasil). Além disso, foram por meio de um adaptador UA-3, de forma suave, na
realizados todos os procedimentos necessários para a tentativa de remover a menor quantidade de estrutura
adequação do meio bucal, como remoção dos fatores de radicular, até que se obtivesse uma superfície livre de
retenção do biofilme dental, adequação das cavidades de cálculo (Figuras 3 a 9).
cárie, entre outros. Em seguida, foram moldados com al-
ginato (hidrocolóide irreversível) por meio de moldeiras,
para obtenção de modelos em gesso para confecção de
guias de sondagem (stents) a partir de placas de PVC, com
o auxílio de uma plastificadora a vácuo (Eco-Vac). Estes
stents foram utilizados para mensuração do nível clínico
de inserção relativo, padronizando, desta forma, a localiza-
ção exata da inserção da sonda. Os pacientes foram acom-
Figura 3
panhados rigorosamente, durante o período do estudo, Montagem da ponta CVDentUS no aparelho Dabi Atlante.
avaliando os cuidados com a higiene bucal após a terapia
inicial e a terapia básica não-cirúrgica (Figura 2).
Figura 4
Figura 1
Parâmetro clínico profundidade de sondagem.
Sonda Milimetrada Carolina do Norte com stop endodôntico (Millenium).
Figura 2 Figura 5
Mensuração do NICr utilizando stent e stop endodôntico. Parâmetro clínico sangramento à sondagem.
Análise Estatística
Resultados
Tabela 1 - Índice de Placa IP (%) em função do grupo, Tabela 2 - Sangramento à Sondagem SS (%) em função
tratamento e tempo do grupo, tratamento e tempo
Grupo Tratamento Tempo (dias) Grupo Tratamento Tempo (dias)
Tempo Tempo
30 60 90 30 60 90
inicial inicial
84,81 45,05 40,92 23,69 38,75 25,74 25,97 11,78
Não-cirúrgico Curetas Não-cirúrgico Curetas
(11,25)Aa (22,58)ABa (19,24)Ba (17,96)Ba (24,59)Aa (28,30)ABa (25,33)ABa (12,26)Ba
Pontas 78,20 42,02 36,34 25,05 Pontas 37,40 19,75 16,64 11,91
CVDentUS (16,93)Aa (20,79)ABa (9,96)Ba (16,65)Ba CVDentUS (28,34)Aa (29,57)ABb (14,82)ABa (12,98)Ba
Médias seguidas de letras distintas. Maiúsculas na horizontal e minúsculas na verti- Médias seguidas de letras distintas. Maiúsculas na horizontal e minúsculas na verti-
cal, dentro de cada grupo, diferem entre si (p< 0,05). cal, dentro de cada grupo, diferem entre si (p< 0,05).
Tabela 3 - Profundidade de Sondagem PS (mm) em função Tabela 4 - Nível de Inserção Clínica relativo NICr (mm) em
do grupo, tratamento e tempo função do grupo, tratamento e tempo
vel da terapia periodontal (cirúrgica e não-cirúrgica), uma instrumento, uma nova marca com diferentes desenhos e
vez que ocorre principalmente em decorrência da resolu- superfície, uma vez que não existe na literatura nenhum
ção de uma inflamação dos tecidos periodontais8,25-26. estudo clínico controlado em Periodontia, utilizando as
Pôde-se observar também que não existiram di- novas pontas ultra-sônicas diamantadas CVDentUS.
ferenças estatisticamente significantes, quando compa-
rados os resultados clínicos aos tratamentos com cureta Conclusão
e pontas ultra-sônicas diamantadas CVDentUS. Segundo
autores27, os instrumentos manuais e instrumentos me- Dentro dos limites deste estudo pode-se concluir
canizados apresentam similar efetividade na redução da que, clinicamente, as pontas ultra-sônicas diamantadas
profundidade de sondagem, no ganho de inserção clí- CVDentUS foram tão eficientes quanto às curetas na te-
nica e na redução da inflamação periodontal, através da rapia periodontal não-cirúrgica.
remoção do biofilme dental, cálculos e endotoxinas. Recebido em: nov/2007
É bastante ampla a literatura que afirma que os apa- Aprovado em: jun/2008
relhos sônicos e ultra-sônicos alcançam resultados clínicos Endereço para correspondência:
satisfatórios na descontaminação radicular, com redução Wagner Leal Serra e Silva Filho
Rua Visconde do Rio Branco, 492 - Apto. 34
dos parâmetros clínicos PS, SS, IP e ganho de NICR7-10,28-30. Tel.: (19) 3435-5729
Entretanto, o objetivo deste estudo foi testar um novo wagnerlealfilho@yahoo.com.br
Referências
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A conduta em pacientes
transplantados renais: proposta
de protocolo clínico-periodontal
The management at kidney transplanted patients:
purpose of clinic periodontal protocol
Irineu Gregnanin Pedron*, Anna Torrezani**, Arlindo Aburad***, Estevam Rubens Utumi****,
Leopoldo Penteado Nucci da Silva*****, Carlos Alberto Adde******
Resumo
O paciente transplantado renal, que durante a rentes ao atendimento odontológico no paciente
terapia imunossupressora apresenta-se mais sus- transplantado renal, os protocolos de conduta
cetível às infecções oportunistas, é considerado odontológica e os aspectos quanto à condição sis-
um paciente que requer cuidados odontológicos têmica do paciente, às quais o cirurgião-dentista
especiais. Algumas alterações bucais e sistêmicas deverá estar familiarizado. Foram descritos ainda
podem estar presentes em decorrência da terapia os aspectos clínicos, etiopatogenia e tratamentos
imunossupressora empregada. A ciclosporina A empregados da hiperplasia gengival medicamen-
tem sido a droga imunossupressora mais utilizada tosa, já que esta lesão propicia o acúmulo de bio-
e diversas alterações bucais e sistêmicas são de- filme dentário, favorecendo a instalação de doen-
correntes da sua administração. Dentre os efeitos ças periodontais.
colaterais bucais da ciclosporina A, a hiperplasia Unitermos - Transplante renal; Ciclosporina; Hiper-
gengival medicamentosa é a mais comum. O obje- plasia gengival medicamentosa; Tratamento odon-
tivo deste trabalho foi apresentar as condutas ine- tológico.
Abstract
The kidney transplanted patient, who during the the management inherent to the dentistry care in the
immunosuppressant therapy, is more susceptible to kidney transplanted patient, presenting management
the opportunist infections, is considered a patient dentistry protocols and dentistry care, and broaching
who requires special care in dentistry. Several oral and aspects regarding to the systemic patient conditions
systemic alterations may be present, because of the and which the dentist must be familiarized. The
immunosuppressant therapy used. The cyclosporine A clinical aspects, etiopathogenesis and treatments
has been the immunosuppressant drug most used, and of the gingival overgrowth were described, since this
several oral and systemic alterations may result from lesion propitiates the dental plaque accumulation,
its administration. Among the oral collateral effects promoting the installation of periodontal diseases.
of the cyclosporine A, the gingival overgrowth is the Key Words - Kidney transplant; Cyclosporine; Medica-
commonest. The purpose of this article was to discuss mentous gingival hyperplasia; Dentistry treatment.
* Especialista em Periodontia; Mestrando em Ciências Odontológicas - Área: Clínica Integrada - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
** Cirurgiã-dentista Estagiária da Disciplina de Estomatologia Clínica - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
*** Doutor em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
**** Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial; Mestrando em Ciências Odontológicas - Área: Clínica Integrada - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
***** Mestre em Ciências Fisiológicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Campus Ribeirão Preto; Doutorando em Ciências Odontológicas - Área: Clínica Integrada
- Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
****** Professor Doutor da Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
para prevenir infecções a distância; e a seleção das dro- como penicilina, amoxicilina e clindamicina são segu-
gas que podem ser utilizadas e respectivas dosagens, ros, efetivos e bem tolerados, embora a azitromicina e
já que a maior parte delas é metabolizada e excretada a claritromicina sejam os melhores. Geralmente, doses
por via renal6. moderadas de acetaminofen, codeína, pentazocina e
Os pacientes transplantados renais com histó- propoxifeno são seguros. Referente ao anestésico local,
ria de hemodiálise apresentam maior predisposição às cinco a seis tubetes de lidocaína são bem tolerados pelo
infecções, endarterite e endocardite bacteriana, pela organismo. Pode haver a necessidade de supressão de
criação do shunt ou fístula arteriovenosa (Figura 2), esteróides, se o paciente já faz uso de prednisolona15.
considerada o portal de entrada à bacteremia, e pelo Alguns cuidados devem ser tomados com a he-
esvaziamento cardíaco ser maior6. A bacteremia transi- mostasia, pois, usualmente, são administrados anticoa-
tória, via hematogênica ou linfogênica, pode também gulantes ao paciente6,13,17. Quando da realização de pro-
ser causada pela disseminação de microorganismos ou cedimentos cirúrgicos mais invasivos, pode tornar-se
de suas toxinas de um foco local de infecção, em decor- necessária a redução da dosagem dos anticoagulantes
rência de procedimentos odontológicos que produzam e aguardar três a quatro dias para redução do efeito.
sangramento. Lesões periapicais (granulomas, cistos O tempo de protrombina deve ser mensurado um dia
ou abscessos), dentes com canais radiculares infecta- antes do procedimento odontológico e a utilização de
dos, doenças periodontais ou mesmo o sulco gengival, drogas ou manobras hemostáticas pode também se
cirurgias, entubação orotraqueal, laringoscopia, masti- tornar necessária6.
gação e escovação, podem produzir bacteremia assin-
tomática6,12-13. A antibioticoterapia profilática deve ser • Hiperplasia gengival decorrente do uso da
empregada em procedimentos invasivos que envolvam ciclosporina A
sangramento. A possibilidade de alterações na micro- Atenção especial deve ser dada à hiperplasia
biota causada pelos agentes imunossupressores sugere gengival, já que é uma das principais características
a solicitação de cultura e antibiograma, para uso coe- bucais em decorrência da utilização da ciclosporina A,
rente dos antibióticos. Normalmente é empregado o droga imunossupressora mais utilizada. A hiperplasia
protocolo da American Heart Association6. gengival medicamentosa caracteriza-se clinicamente
A estandardização de protocolos constituídos por crescimentos teciduais edemaciados; lobulares,
por exames radiográficos, testes pulpares, métodos granulares ou nodulares; firmes; fibrosos; às vezes com
preventivos (orientação da higiene bucal, aplicação aspecto hemorrágico, quando há inflamação; com au-
tópica de flúor), tratamentos periodontais, endo- mentos da gengiva marginal e papila; mais comum na
dônticos, reabilitadores e procedimentos cirúrgicos região vestibular dos dentes anteriores; podendo inter-
devem ser realizados quando necessários1,6,9,12-13. Den- ferir com a mastigação, oclusão e fonação2,5,14. A hiper-
tes com prognóstico questionável devem ser extraídos plasia ao atingir grande dimensão, pode causar a perda
antes mesmo do transplante renal, bem como o reco- de vedamento labial e favorecer a respiração bucal, incre-
nhecimento e tratamento de infecções odontogênicas mentando, conseqüentemente, a severidade das doen-
devem ser procedidos6,12. A adesão do paciente aos cui- ças periodontais, além de originar alterações psicológi-
dados bucais é imperativa, com o propósito de eliminar cas4,11. Dificulta a higiene bucal e favorece o acúmulo de
e, conseqüentemente, prevenir a possibilidade da bac- biofilme dentário14. Histologicamente caracteriza-se por
teremia fatal de origem bucal13. A prevenção de altera- projeções digitiformes longas e finas do tecido epitelial
ções gengivais evita a bacteremia nestes pacientes14. em direção ao tecido conjuntivo; epitélio acantótico; e
Qualquer ajuste na dosagem das drogas deve- infiltrado inflamatório crônico17 (Figura 3).
rá ser realizado pelo médico6. Deve ser condicionada A hiperplasia gengival causada pela ciclosporina
a redução ou quando possível a eliminação de drogas apresenta uma freqüência variável, de 8% a 85%4,10-11,14,17.
nefrotóxicas, como o ácido acetil salicílico (AAS), dro- Normalmente desenvolve-se após três meses do início
gas com compostos ulcerogênicos e anticoagulação da terapia imunossupressora. É mais comum em indiví-
(como o próprio AAS e a fenadetina), narcóticos, al- duos jovens e crianças são mais suscetíveis5,11,14,17. Não
guns antibióticos (gentamicina, estreptomicina, eritro- apresenta predileção por gênero, e a raça negra foi con-
micina e tetraciclina) e barbitúricos6,9,13,15. Antibióticos siderada como pouco acometida5.
A etiopatogenia é incerta, embora existam vários melhorando os índices de placa e gengival, diminuindo
fatores envolvidos, como a predisposição genética; a pre- a reação inflamatória. A instituição do tratamento perio-
sença de dentes e especificamente do epitélio sulcular; dontal básico associado à substituição da ciclosporina
alterações gengivais inflamatórias pré-existentes induzi- pelo tacrolimus apresentaram resultados significantes
das por biofilme dentário; alterações hormonais; fatores no tratamento da hiperplasia gengival15. A terapia pe-
iatrogênicos; redução das concentrações de ácido fólico riodontal básica apresentou maior efetividade quando
local e sistêmico; e variáveis das drogas10-11,16. As drogas a medicação foi o tacrolimus2.
estimulam o crescimento de certos microorganismos que
liberam mitógenos e podem causar o desenvolvimento
da hiperplasia gengival10. O biofilme pode ser reservató-
rio de ciclosporina. As alterações celulares no fluxo dinâ-
mico de cálcio e sódio resultam na deficiência de folato
(particularmente em fibroblastos gengivais), causando
decréscimo da atividade da colagenase. Esta resulta na
redução dos níveis de degradação tecidual que são ex-
pressos pelo crescimento gengival17.
Dentre os fatores relacionados com a recorrên-
cia e severidade da hiperplasia gengival, o sangramen-
to gengival; nível sangüíneo e salivar da ciclosporina;
falha na higiene bucal; presença de biofilme dentário,
doenças periodontais e fatores irritativos locais; respi- Figura 1
Hiperplasia gengival medicamentosa em paciente transplantado renal,
ração bucal; tempo de utilização da droga; e a associa- causada pela utilização da ciclosporina, associada à má higiene bucal.
ção da ciclosporina com a nifedipina ou fenitoína foram
reportados2,5,11,14-16. A recorrência da hiperplasia após a
remoção cirúrgica (após 18 meses), durante a terapia
periodontal de suporte foi estimada em 34%2.
Quando o paciente apresenta a hiperplasia gen-
gival severa, como pode ser observado na Figura 1, a
condição favorece o acúmulo de biofilme e cálculos
dentários e a presença de doença periodontal avança-
da. Esta condição pode ser classificada como graus 3 e
4 e necessita de intervenção cirúrgica para melhoria do
contorno gengival, reduzindo desta forma o acúmulo
de biofilme e cálculos dentários3. Previamente à remo-
ção cirúrgica da hiperplasia gengival, deve ser realizado Figura 2
Shunt ou fistulas arteriovenosas no paciente da Figura 1,
o tratamento periodontal básico, com sessões de ras- que no passado foi submetido à hemodiálise.
pagem, alisamento e polimento corono-radiculares e
orientação da higiene bucal, para posterior exérese da
hiperplasia, promovendo um procedimento cirúrgico
com sangramento reduzido, trazendo ao paciente um
pós-operatório mais brando2,15-16. Foram reportados
ainda o controle do biofilme dentário, com bochechos
com clorexidina 0,12%; a terapia com ácido fólico e fo- Figura 3
Histopatologia da hiperplasia
latos tópicos; e a remoção de fatores irritativos locais, a
gengival medicamentosa. Frag-
propósito de minimizar o efeito sobre a hiperplasia gen- mento de mucosa apresentando
gival2,6,15-16. O controle de biofilme dentário ajuda a mi- projeções digitiformes do tecido
epitelial em direção ao tecido
nimizar o processo inflamatório, mas não reduz a hiper- conjuntivo (coloração original HE;
plasia. A clorexidina apresenta efeito antimicrobiano, aumento de 25 vezes).
Dentre as técnicas cirúrgicas empregadas na re- promove a supressão da medula óssea, resultando
moção da hiperplasia gengival, foram citadas a gengi- em leucopenia, trombocitopenia e anemia, tornando
vectomia convencional; cirurgia a retalho periodontal; e o paciente mais suscetível ao sangramento excessivo
remoção cirúrgica com os lasers diodo ou CO22,6,15-19. Em e ao maior risco de infecções. A prednisolona pode
tecidos muito fibrosados, a cirurgia a laser é lenta, sendo causar hipertensão, diabetes, osteoporose, cicatriza-
indicada a terapia convencional. O laser pode ser usado ção prejudicada, depressão mental, psicose e maior
após a cirurgia convencional para recontorno e remover risco de infecção, além da supressão da adrenocor-
excessos de tecidos17. Foram observadas algumas van- tical1. A terapia com prednisolona ou azatioprina as-
tagens com a utilização do laser, como a esterilização do sociadas à ciclosporina podem reduzir a severidade
campo cirúrgico, reduzida hemorragia durante a excisão da hiperplasia gengival11,14. Pacientes que utilizaram
e reparação com mínimo desconforto pós-operatório18-19, prednisolona ou azatioprina apresentaram menor
além da redução significante na taxa de recorrência da reação inflamatória à presença de biofilme em com-
HGM, que pode ser atribuída à redução da produção de paração com os pacientes submetidos a imunossu-
colágeno pelos fibroblastos gengivais e/ou ao atraso no pressão com ciclosporina11. A nifedipina (anti-hiper-
processo de reparação19. tensivo) associada a ciclosporina pode incrementar a
Quando houver a necessidade da realização severidade da hiperplasia gengival1-2,5,14,16. Atua como
do tratamento cirúrgico à exérese da hiperplasia gen- vasodilatador que causa aumento do reflexo no co-
gival, o cirurgião-dentista deve solicitar ao médico ração, reduzindo a resistência vascular periférica e
nefrologista a possibilidade da substituição da ciclos- conseqüentemente a pressão arterial5,17. A fenitoína
porina pelo tacrolimus, a propósito de evitar a recor- (anticonvulsivante) que também pode ser utilizada
rência da hiperplasia após o tratamento, havendo a em pacientes transplantados renais, apresenta a hi-
possibilidade da involução da hiperplasia pela subs- perplasia gengival como efeito colateral. Pode existir o
tituição4,15. O tacrolimus é utilizado como imunos- sinergismo entre a ciclosporina e a fenitoína e, ambas
supressor primário em vários tipos de transplantes, apresentam mecanismos semelhantes no desenvolvi-
como o renal, o hepático, de pâncreas, na terapia de mento da regulação do fenótipo de macrófagos e ex-
indução do anticorpo e no tratamento de resgate em pressão de fatores de crescimento derivados de plaque-
casos de rejeição refratária aguda. Ele reduz a neces- tas e IL-1, e a inibição da IL-2, que poderiam aumentar a
sidade de corticosteróides em adultos e crianças15. O atividade ou proliferação fibroblástica15.
tacrolimus também causou a hiperplasia gengival, A utilização de drogas imunossupressoras pode
sendo, entretanto, menos4,15. tornar-se vantajosa ao paciente transplantado renal
Após a instituição do tratamento na hiperplasia em relação à proteção ao periodonto. Os agentes imu-
gengival medicamentosa, foi recomendada e enaltecida nossupressores reduzem ou modulam a resposta in-
a importância da terapia periodontal de suporte (manu- flamatória dos tecidos periodontais frente ao biofilme
tenção periodontal), que pode prevenir a inflamação e a dentário, protegendo-o dos efeitos deletérios da infla-
recorrência da hiperplasia gengival2,6,15-17. mação, contribuindo ainda à redução do crescimento e
O desenvolvimento do granuloma piogênico proliferação dos microorganismos Bana positivos (Por-
concomitante a hiperplasia gengival no paciente trans- phyromonas gingivalis, Treponema denticola e Tannerella
plantado renal foi reportado. Os granulomas piogêni- forsythensis)10. Entretanto, o agente imunossupressor
cos podem ser removidos pela cirurgia a laser CO217,20. pode mascarar os sinais de infecções bucais, dificultan-
O granuloma piogênico é considerado o processo proli- do o diagnóstico1.
ferativo mais comum dos crescimentos teciduais20. Pela Algumas doenças, como as infecções do her-
amplitude do diagnóstico diferencial, recomenda-se a pes simples e zoster, candidíase, ulcerações aftosas
necessidade do exame histopatológico para verificação recorrentes (são mais comuns) e linfoma, sarcoma de
e elucidação do diagnóstico final. Kaposi e leucoplasia pilosa (mais raros), são sinais da
sobreimunossupressão. Assim que constatadas estas al-
• Outras drogas imunossupressoras terações, o cirurgião-dentista deve informar ao médico
Algumas considerações a respeito de outras do aparecimento, para posterior redução da dosagem
drogas utilizadas devem ser tecidas. A azatioprina das drogas1,6.
rEfErênCiAs
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Resumo
A terapia periodontal não-cirúrgica (TPNC) deve com raspagem e alisamento radicular de todos os
promover a biocompatibilização e controle dos sítios em um curto período de tempo (RAR-BT).
fatores etiológicos da doença periodontal, sendo Neste sentido, esta revisão objetivou analisar e
esta etapa normalmente realizada com raspagem comparar os estudos de terapia periodontal não
e alisamento radicular por quadrante (RAR-Q) ou cirúrgico RAR-Q e RAR-BT em relação às vantagens,
sextante com um intervalo de uma a duas semanas desvantagens e benefícios de ambos os protocolos.
entre as sessões. A possibilidade de reinfecção dos Baseado nos estudos disponibilizados e revisados,
sítios periodontais tratados por patógenos presen- concluiu-se que ambos os protocolos podem ser
tes em sítios ainda não tratados e até mesmo por efetivos no tratamento das periodontites e que a
patógenos presentes em outros nichos intrabucais RAR-BT não é superior ao tratamento periodontal
têm sido motivo de discussão. Com base nesta convencional de RAR-Q.
possibilidade, um novo protocolo para a TPNC foi Unitermos - Periodontia; Raspagem dentária; De-
proposto, visando à desinfecção de toda a boca, sinfecção.
Abstract
The non-surgical periodontal therapy leads to mouth, including root scaling and planing in short
the elimination and control of etiologic factors of period of time. This review aimed to analyze and
periodontal disease, this is normally realized by root compare the studies of non-surgical conventional
scaling and planing of each dental quadrant or and full-mouth periodontal therapy in relation to the
sextant, considering intervals of one or two weeks advantages, disadvantages and benefices of both
between the sessions. The possibility of new infection protocols. Based in the studies available and revised,
in periodontal sites that had ever been treated by conclude that both of protocols can be effectives in
pathogens presents in sites that had never received the treatment of periodontitis Scientific and that the
treatment and in other intraoral sites has been therapy of disinfection full mouth in short time can not
considered reason for discussion. Focused in this be considered better than conventional periodontal
possibility, it was proposed a new protocol for non- therapy of root scaling and planing for quadrant.
surgical periodontal therapy in order to disinfect full Key Words - Periodontics; Dental scaling; Disinfection.
ção mecânica é realizada dentro de 24 horas associada à foi significativamente maior. Alteração na quantidade de
terapia antimicrobiana supra e subgengival com clore- bactérias patogênicas foi insignificante no grupo controle,
xidina, objetivando a erradicação ou ao menos supres- enquanto indivíduos do grupo teste mostraram impor-
são dos periodontopatógenos em um curto espaço de tante redução de P. gingivalis, P. intermédia, F. nucleatum, P.
tempo de todo habitat orofaríngeo. micros e C. rectus. A quantidade de microorganismos nas
Uma vez que os relatos na literatura periodontal amostras da língua, mucosa bucal e saliva permaneceu
sobre os diferentes protocolos utilizados na TPNC têm praticamente inalterada nos dois grupos. Ambas as mo-
reportado achados conflitantes, este estudo tem como dalidades de tratamento mostraram significante redução
objetivo revisar de forma crítica esta literatura no con- na PS após dois e quatro meses, sendo que o grupo teste
texto atual da terapêutica periodontal. Assim, a questão revelou uma redução superior em bolsas profundas e mé-
focal proposta nesta revisão busca contrapor os benefí- dias. O grupo teste mostrou melhores resultados quanto
cios, vantagens e desvantagens da TPNC em dois proto- ao ganho no nível de inserção clínica (NIC), principalmente
colos distintos: (1) RAR-Q e (2) RAR-BT. quando bolsas mais profundas foram consideradas. Os au-
tores concluíram que RAR-BT apresenta benefícios clínicos
Revisão da Literatura e microbiológicos adicionais em relação à RAR-Q9.
Metodologia semelhante foi utilizada para avaliar
Os resultados da terapia de RAR-Q com os da os efeitos clínicos de RAR-BT em 40 indivíduos com alte-
RAR-BT foram avaliados em dez indivíduos com perio- rações periodontais distribuídos entre os grupos teste e
dontite crônica (PC), distribuído em dois grupos. Os controle. Parâmetros clínicos foram registrados antes do
indivíduos do grupo teste foram submetidos à RAR de tratamento e um, dois, quatro e oito meses após. Am-
toda boca em 24 horas associada com aplicação de bas as terapias resultaram em significante melhora no
clorexidina. No grupo controle, a RAR foi realizada por IPL, no índice gengival e no sangramento à sondagem
quadrante com intervalo de 14 dias entre as consultas e (SS) durante os oito meses de avaliação, porém o grupo
sem o uso de anti-séptico. Exame periodontal foi realiza- teste apresentou melhores resultados. Quando os dois
do em todos os indivíduos previamente ao tratamento, grupos foram comparados, superior redução na PS e
após um e dois meses. Amostras de biofilme bacteriano ganho no NIC foi observado no grupo RAR-BT nos oito
subgengival foram coletadas em cada exame. Melhoras meses de avaliação. Os autores concluíram que RAR-BT
significantes de todos os parâmetros clínicos foram ob- apresenta resultados clínicos superiores à RAR-Q10.
servadas em ambas as modalidades de tratamento, po- Os benefícios microbiológicos de RAR-BT também
rém os resultados do grupo teste foram superiores. Uma foram avaliados. Quarenta indivíduos foram distribuídos
maior redução dos índices de biofilme (IPL) e gengival em grupos teste e controle. No grupo controle foi realizada
foi observada no grupo teste. Redução significativa da RAR-Q com intervalo de duas semanas entre as consultas.
profundidade de sondagem (PS) foi observada no gru- No grupo teste RAR foi realizada em duas sessões em 24
po teste em bolsas de 7 mm e 8 mm inicialmente. Os horas associada com administração de clorexidina. Amos-
autores concluíram que a técnica de RAR-BT mostrou tras microbiológicas foram coletadas no exame inicial e um,
significantes resultados em relação à de RAR-Q8. dois, quatro e oito meses após exame inicial da área sub-
Os efeitos de RAR-BT foram testados em diferentes gengival, dorso da língua, mucosa bucal e saliva. Ambas
nichos intrabucais utilizando 16 indivíduos alocados em as modalidades de tratamento resultaram em significante
dois grupos de tratamento. No grupo teste RAR de todos os redução na quantidade total de organismos móveis e es-
sítios foi realizada dentro de 24 horas associada à aplicação piroquetas em todos os exames, com melhores resultados
de anti-séptico. O grupo controle foi tratado com RAR-Q para o grupo RAR-BT. Maior redução de P. intermédia, C.
com intervalo de duas semanas entre as consultas. Análise rectus, P. micro, F. nucleatun e P. gingivalis foi observada no
de parâmetros clínicos e amostras de biofilme subgengival grupo teste. Segundo os autores, RAR-BT apresenta maio-
e do dorso da língua, mucosa bucal e saliva foram obtidas res benefícios microbiológicos do que RAR-Q11.
antes do tratamento e dois e quatro meses após. Ambas A diferença de tempo entre as consultas de RAR
as modalidades de tratamento resultaram em significan- e sua influência na efetividade deste procedimento tam-
te redução na quantidade total de microorganismos mó- bém têm sido analisada. Cem indivíduos com PC foram
veis e espiroquetas; entretanto, a redução no grupo teste alocados em dois grupos de tratamento. Parâmetros clí-
nicos foram avaliados antes do tratamento e três meses foi estabelecido e instrumentos manuais foram utiliza-
após o exame inicial. No primeiro grupo RAR foi realizada dos. Nenhuma diferença estatisticamente significante
diariamente em quatro dias consecutivos. No segundo foi encontrada entre os grupos em qualquer intervalo
grupo RAR foi realizada semanalmente em quatro se- de avaliação. Quanto ao tempo, RAR-BT foi mais eficien-
manas consecutivas. Significante redução do IPL, índice te. Os autores concluíram que os resultados clínicos não
gengival, PS e SS foi observada nos três meses de pesqui- foram significativamente diferentes entre os grupos15.
sa nos dois grupos sem qualquer diferença entre eles. Os A Tabela 1 apresenta, de forma sumarizada, os
autores não observaram diferenças significantes entre os principais achados de estudos que pesquisaram o pro-
grupos em relação aos parâmetros periodontais12. tocolo de RAR-BT, enquanto as Tabelas 2 e 3 apresen-
Parâmetros clínicos periodontais e microbio- tam, respectivamente, os estudos de RAR-BT reportan-
lógicos são freqüentemente utilizados para comparar do redução na PS e ganhos no NIC.
RAR-BT e RAR-Q. Quarenta indivíduos com PC foram
selecionados e submetidos a exame periodontal inicial. Discussão
Posteriormente a RAR-Q ou RAR-BT foi realizada em cada
indivíduo. Reavaliações foram feitas seis semanas após Alguns autores observaram diferença entre os
terapia (R1) e seis meses após o exame periodontal inicial grupos em relação à redução do IPL e do SS, com re-
(R2). Amostras de biofilme subgengival foram coletadas sultados superiores no grupo RAR-BT8,10. Entretanto,
no sítio mais profundo de cada quadrante. Reação em ca- nenhuma diferença estatisticamente significante entre
deia de polimerase (PCR) foi utilizada para determinar a os protocolos foi observada em relação ao SS e IPL em
presença de cinco patógenos periodontais: P. gingivalis, outros estudos12-13,15. Deve ser ponderado que nos dois
A. actinomycetemcomitans, P. intermédia T. denticola e B. estudos que verificaram uma superioridade da técnica
forsythus. No grupo RAR-Q a instrumentação foi realiza- RAR-BT o uso de anti-séptico foi um importante diferen-
da em quatro consultas com intervalo de duas semanas cial metodológico. RAR-BT estava associada com intensa
entre elas. No grupo RAR-BT toda a instrumentação foi administração de clorexidina enquanto no grupo RAR-Q
realizada no mesmo dia. Terapia antimicrobiana não foi a terapia era realizada sem anti-séptico. O anti-séptico
realizada em nenhum dos grupos. Significante melho- apresenta efeitos benéficos adicionais no tratamento
ra foi observada em todos os índices clínicos tanto em periodontal e é extremamente importante para esta
R1 quanto R2, sem diferença entre os grupos. Marcante terapia16. Portanto, os resultados superiores atribuídos
redução de todas as bactérias analisadas foi observada à técnica RAR-BT8,10 podem estar relacionados ao efeito
após tratamento, com significância estatística para P. gin- benéfico adicional do uso da clorexidina.
givalis, T. denticola e B. forsythus no grupo RAR-Q e para a Outro estudo utilizou uma metodologia mais
maioria dos patógenos no grupo RAR-BT. Estes resultados uniforme e todos os indivíduos envolvidos na pesquisa
foram mantidos nos seis meses de observação. Nenhuma foram instruídos a realizar bochecho com clorexidina
diferença significante foi observada na detecção de qual- 0,2% duas vezes ao dia, independentemente do proto-
quer microorganismo nos seis meses de avaliação. Os colo no qual estavam alocados12. Outros pesquisadores
autores concluíram que RAR-BT não resultou em maior não utilizaram anti-séptico em nenhum dos grupos13,15,17.
redução na detecção dos patógenos periodontais avalia- A melhor padronização destes estudos permitiu eliminar
dos comparado com RAR-Q no período de seis meses da a influência dos efeitos benéficos dos anti-sépticos. Em
pesquisa e que não há diferença entre as terapias quanto outro trabalho15, dois grupos de RAR-BT foram avaliados
à efetividade no tratamento da doença periodontal13-14. além do grupo RAR-Q: RAR-BT associado com água sem o
A avaliação da eficácia clínica da RAR-BT foi obje- uso de anti-séptico e RAR-BT associado à povidine e com
to de outro estudo15. Quarenta e dois indivíduos com PC aplicação de clorexidina 0,05%. A maior redução do SS
foram divididos em dois grupos: RAR-BT e RAR-Q. Exa- para os grupos RAR-BT em relação ao grupo RAR-Q pode
me periodontal foi realizado antes do tratamento, três ter sido influenciada pela maior porcentagem de sítios
e seis meses após. Indivíduos do grupo RAR-BT recebe- apresentando SS nos grupos RAR-BT no exame inicial.
ram instrumentação subgengival de todos os sítios em A motivação individual também deve ser considerada e
única sessão com instrumentos ultra-sônicos. No grupo pode ter exercido grande influência nos resultados, as-
RAR-Q um intervalo de uma semana entre as consultas sim como considerações específicas sobre o IHO.
A PS também foi um dos parâmetros clínicos fre- motivação do indivíduo, gravidade da doença, quanti-
qüentemente avaliados nos estudos que compararam dade de cálculo antes da terapia, bem como número e
RAR-BT e RAR-Q. Alguns pesquisadores observaram padronização dos pesquisadores envolvidos1,20-22.
maior redução da PS em indivíduos tratados com RAR- A maioria dos estudos controlados, avaliando
BT, sendo a diferença entre os protocolos maior em sí- cálculo residual após terapia, tem reportado que a com-
tios mais profundos8,10. Entretanto, nenhuma diferença pleta remoção de cálculo das superfícies dentais é extre-
significante foi reportada quanto à redução da PS por mamente difícil6,22. Além disso, a quantidade de cálculo
outros autores12-13,15,17. Como relatado para os parâme- residual tem sido associada à profundidade das bolsas
tros SS e IPL, foi verificada uma diferença na redução da periodontais. A quantidade de cálculo residual após ins-
PS entre os protocolos, com resultados mais favoráveis trumentação subgengival é maior em sítios inicialmen-
para RAR-BT, pela utilização da clorexidina nestes proto- te mais profundos, que conseqüentemente respondem
colos e sua não inclusão em RAR-Q. menos à instrumentação6. Portanto, diferenças entre os
Tem sido opinião de consenso na literatura perio- protocolos RAR-BT e RAR-Q quanto à PS no exame ini-
dontal que o controle de biofilme é de grande importân- cial podem influenciar o resultado à terapia.
cia para o sucesso da terapia periodontal. A instrumen- O tipo de instrumento utilizado na TPNC foi variá-
tação subgengival não associada a eficientes medidas vel entre as pesquisas e inclusive dentro de um mesmo
de higiene bucal apresenta resultados insatisfatórios. É estudo. Porém, a efetividade de instrumentos manuais e
esperado que indivíduos que tenham melhor controle ultra-sônicos é comparável. Similares resultados têm sido
de biofilme apresentem maior redução da OS, além de observados quanto a IPL, SS, PS, NIC e recessão gengi-
menor porcentagem de sítios com SS e maior ganho de val23-24. Desta forma, o tipo de instrumento utilizado não
inserção clínica periodontal18. Adicionalmente, o contro- influencia a comparação das técnicas RAR-BT e RAR-Q.
le químico do biofilme realizado pela clorexidina pode Quanto ao ganho de inserção, os resultados tam-
influenciar a cicatrização dos tecidos periodontais favo- bém foram discrepantes. Superior ganho de inserção é
recendo uma menor PS residual após terapia16,19. Além obtido após RAR-BT em relação à RAR-Q segundo alguns
das diferenças no uso de clorexidina, a redução da PS autores10. Todavia, similar ganho de inserção entre as
pode ser influenciada pela experiência do profissional, duas técnicas têm sido defendido por outros pesquisa-
dores13,15,17. Novamente, no estudo que verificou maior quisadores confirmam os benefícios microbiológicos da
ganho de inserção no grupo RAR-BT10, o uso de anti- RAR-BT, enfatizando a importante redução de P. gingivalis,
séptico neste grupo parece representar um importante P. intermédia, F. nucleatum, P. micros e C. rectus9. Entretanto,
papel nos resultados à terapia periodontal, dificultando a estes mesmos autores observaram que a quantidade de
comparação com o protocolo RAR-Q sem anti-séptico. microorganismos em outros nichos bucais, como língua,
Quanto aos achados microbiológicos, alguns estu- mucosa bucal e saliva permaneceu inalterada em ambos
dos avaliaram mudanças no perfil microbiológico de indi- os protocolos, sugerindo ser pequeno o potencial destes
víduos após tratamento pelo protocolo RAR-BT e/ou RAR- nichos para contaminação de sítios tratados.
Q com o intuito de verificar a existência e a importância Outros estudos apresentaram benefícios micro-
da contaminação de sítios tratados por nichos intrabucais biológicos para RAR-BT11,25, enquanto outros não veri-
e sítios ainda contaminados. Novamente, a administração ficaram diferenças na análise microbiológica de ambos
de clorexidina pode ser responsável pela diminuição do IPL os grupos7,14,26-27. Recente pesquisa verificou que a de-
e conseqüente alteração da flora subgengival. Alguns pes- tecção e quantificação de A. actinomycetemcomitans, F.
nucleatum ssp., P. intermedia, P. gingivalis, T. denticola e T. esclarecimentos sobre possíveis efeitos benéficos do pro-
forsythia após RAR-BT e RAR-Q foi similar26. Desta forma, tocolo RAR-BT na estabilização da condição periodontal.
este autor confirma que não há risco de reinfecção bac-
teriana dos sítios tratados pelos sítios não-tratados. Conclusão
O tempo despendido para o tratamento foi
pouco avaliado nos estudos que compararam RAR-BT As pesquisas mostram que ambos os protocolos
e RAR-Q. Em um outro estudo, RAR-BT foi significativa- podem ser efetivos no tratamento das periodontites. O
mente mais eficiente que RAR-Q: 3,3 versus 8,8 minutos protocolo RAR-BT não tem provado ser mais benéfico e
por sítio15. Entretanto, nesta pesquisa os indivíduos do eficaz que a terapia não-cirúrgica convencional de RAR-Q.
grupo RAR-BT foram submetidos à instrumentação ul- A possibilidade de instrumentação subgengival de todos
tra-sônica, enquanto instrumentação manual foi reali- os sítios em curto período de tempo é uma vantagem da
zada nos indivíduos do grupo RAR-Q. Apesar de ambos RAR-BT, e pode ser uma boa indicação da técnica quando
os instrumentos serem efetivos23-24, os instrumentos o número de consultas e o prolongamento do tratamen-
ultra-sônicos provaram produzir uma instrumentação to constituírem um problema para o indivíduo.
de forma mais rápida que a instrumentação manual e, Recebido em: mai/2008
desta forma, esta diferença metodológica impossibilita Aprovado em: set/2008
uma comparação entre os grupos quanto à eficiência. Endereço para correspondência:
Estudos adicionais, particularmente prospectivos, Rafael Paschoal Esteves Lima
Rua Oito de Dezembro 232 - Centro
com longos períodos de monitoramento em diferentes 35720-000 - Matozinhos - MG
populações devem ser conduzidos, buscando maiores Tel.: (31) 9807-4111
rafaelpaschoalesteves@yahoo.com.br
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Resumo
Estudos recentes mostram que está havendo um au- Considerando que a progressão das periodontites está
mento do número de doenças crônicas como obesida- associada a diversos fatores sistêmicos, alguns estudos
de, diabetes e doenças cardiovasculares. A associação sugerem haver maior comprometimento periodontal
concomitante entre a obesidade visceral e os distúrbios em pacientes portadores dessa síndrome. Assim sendo,
metabólicos como, elevação de triglicérides, redução propomo-nos a realizar uma revisão da literatura, no
do bom colesterol HDL, elevação da pressão sangüínea intuito de melhor elucidar uma possível relação entre a
e da glicose em jejum, denomina-se síndrome metabó- doença periodontal e a síndrome metabólica.
lica, sendo esta considerada a partir do momento em Unitermos - Síndrome metabólica; Doenças periodontais;
que há a interação de pelo menos três desses fatores. Diabetes mellitus; Obesidade; Doenças cardiovasculares.
Abstract
Recent studies show that there is an increase of the that the progression of the periodontitis is associated to
cases of chronic diseases such as obesity, diabetes and several systemic factors, some studies suggest to be larger the
cardiovascular diseases. The concomitant association periodontal compromising in patients with this syndrome.
between visceral obesity and metabolic disorders such as Thus, the purpose of this study was to carry out a literature
elevation of triglycerides, reducing the good HDL cholesterol, review to elucidate the possible relationship between the
high blood pressure and fasting glucose, it characterizes the periodontal disease and the metabolic syndrome.
metabolic syndrome that can be considered when there is Key Words - Metabolic syndrome; Periodontal diseases;
the interaction of at least three of those factors. Considering Diabetes mellitus; Obesity; Cardiovascular diseases.
Componentes Níveis
com periodontite severa apresentam um infiltrado in- obesidade aumentou com o envelhecimento, porém
flamatório leucocitário, devido ao aumento no núme- mais dramaticamente em homens11; entretanto, algu-
ro de neutrófilos e linfócitos circulantes, refletindo um mas pesquisas demonstram uma maior prevalência no
possível processo inflamatório sistêmico crônico. Além gênero feminino8,27.
disso, estes indivíduos mostram um estado metabólico Alguns autores argumentam que o fator de
caracterizado por níveis diminuídos de HDL, níveis ele- risco mais comum de desenvolvimento da síndrome
vados de LDL (colesterol ruim) e moderada resistência metabólica é a obesidade associada à hipertensão ou
à insulina25. dislipidemia, o que é observado em 50% dos pacientes
Investigou-se a relação entre doença periodon- com diabetes mellitus do tipo 2 e em 10%-20% dos in-
tal e fatores relacionados, como pressão arterial e níveis divíduos com tolerância normal à glicose7,27. Por outro
de colesterol LDL em japoneses, porém não foi possível lado, outro autor21 mencionou que a associação com a
determinar se a síndrome metabólica desempenha um hipertensão é fraca e varia consideravelmente de uma
papel crucial na progressão da doença periodontal24. população para outra.
De acordo com pesquisas, pacientes com obesidade e No ramo da Periodontia, alguns estudos associam
diabetes tipo 2 (ambos componentes da síndrome me- uma maior prevalência e severidade da perda de inser-
tabólica) parecem ser muito sensíveis às periodontites2. ção periodontal com o avanço da idade11, no entanto, a
doença periodontal apresenta um caráter multifatorial,
Discussão podendo ser influenciada por uma grande variedade
de determinantes, incluindo-se características do in-
Um conjunto de fatores de risco, identificado divíduo, fatores sociais, comportamentais, sistêmicos,
como síndrome metabólica, é caracterizado por sinais genéticos, composição microbiana do biofilme dental,
clínicos como hipertensão arterial, sobrepeso, obesida- dentre outros fatores de risco19.
de abdominal, aumento de triglicérides, diminuição do Dentre todos os elementos que compõem o
HDL colesterol, tolerância reduzida à glicose e diabetes diagnóstico para a síndrome metabólica (hipertensão
mellitus tipo 2. Estes fatores são freqüentemente encon- arterial, dislipidemia, obesidade abdominal, redução
trados em indivíduos com essa síndrome21,26. O aumento da tolerância à glicose e diabetes), apenas o diabetes
da incidência da síndrome metabólica está relacionado mellitus apresenta-se como fator de risco comprovado
à atual epidemia de obesidade e diabetes27. para a doença periodontal1. Estes estudos sugerem que
Vários grupos tentaram desenvolver e unificar o diabetes está significativamente associado, com um
uma definição para essa síndrome. A mais amplamen- aumento na ocorrência e progressão das periodontites.
te aceita é a sugerida pela Organização Mundial da Outro aspecto importante, é que pacientes diabéticos
Saúde14, ou seja, síndrome metabólica. O grupo euro- insulino-dependentes apresentam gengivite com maior
peu para o estudo da resistência à insulina e o grupo freqüência em relação aos pacientes saudáveis. Embora
do programa de educação nacional do colesterol nos a gengivite raramente evolua para periodontite, a infla-
EUA15, também propuseram outras definições. Apesar mação gengival é evidente nestes pacientes29.
do conflito de denominações, todos os grupos concor- Por outro lado, estudos recentes vêm indican-
dam quanto aos principais componentes da síndrome; do haver relação entre a obesidade (um dos fatores da
no entanto, fornecem diferentes critérios clínicos para síndrome metabólica) e a doença periodontal. A inter-
identificar um tal agregado21. relação entre essas duas patologias está baseada no
Diversos estudos relatam haver uma tendência fato de haver uma alteração da resposta imunológica,
para o aumento da prevalência da síndrome metabóli- causada principalmente pelo aumento da produção de
ca na população. Observa-se que 24% dos adultos com citocinas pró-inflamatórias. A produção sistêmica des-
idades entre 20 e 70 anos apresentam componentes da sas substâncias promoveria um processo inflamatório
síndrome metabólica, e esta prevalência atinge mais de crônico nas estruturas periodontais9,11,19, no entanto, os
40% dos indivíduos com idade acima dos 60 anos22,28. estudos que tentam associar essas duas patologias ain-
Apesar da sua ocorrência se elevar com o aumento da da são controversos1. Do ponto de vista clínico, algumas
idade, nota-se que está cada vez mais comum entre os pesquisas demonstraram a perda de inserção, como
adultos jovens26. Em ambos os sexos, a prevalência de identificação de experiência anterior de doença perio-
clínicos transversais e longitudinais randomizados para surgido como um potencial fator de risco às doenças pe-
suportar tais evidências. riodontais. Apesar das evidências sugeridas, a definição
da síndrome metabólica como doença relacionada à Pe-
Conclusão riodontia, ainda não é comprovada cientificamente.
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Resumo
A doença periodontal é uma infecção crônica que en- a importância do conhecimento da doença periodon-
volve um grande número de bactérias gram-negativas tal como um fator de risco putativo para o desenvolvi-
que liberam endotoxinas e citocinas pró-inflamatórias. mento da doença cardiovascular. Além disso, discutir as
Esses fatores poderiam predispor o paciente com doen- causas que estão relacionadas ao desenvolvimento de
ça periodontal ao desenvolvimento ou exacerbação de ambas as desordens.
desordens coronárias. Portanto, o objetivo deste traba- Unitermos - Doenças periodontais; Doenças cardiovas-
lho é, através de uma revisão da literatura, estabelecer culares; Fatores de risco.
Abstract
The periodontal disease is a chronic infection that involves establish the importance of the knowledge of the disease
a great number of gram-negative bacterias that liberate periodontal as a putative risk factor for the development of
endotoxins and pro-inflammatory cytokines. Those factors the cardiovascular disease. Besides, it will discuss the causes
could predispose the patient with periodontal disease to the that are related to the development of both disorders.
development or exacerbation of coronary disorders. Therefore, Key Words - Periodontal diseases; Cardiovascular diseases;
the objective of this paper is, through a literature review, to Risk factors.
bulina. A PCR vem sendo considerada um importante para morte por doenças cardiovasculares, especialmen-
marcador de inflamação sistêmica, e níveis elevados te quando em combinação com um fator de risco já es-
dessa proteína vêm sendo relacionados com o risco au- tabelecido, como por exemplo, o fumo. A perda de osso
mentado do infarto agudo do miocárdio24- 25. alveolar foi encontrada como o único indicador odonto-
Um dos estudos mais importantes acerca do in- lógico de risco significativo para homens jovens6.
farto agudo do miocárdio realizados no Brasil, em 2003, Um estudo investigou a associação entre a
refere como principais fatores como de risco indepen- doença periodontal e doença coronária isquêmica
dente para esta desordem: tabagismo igual ou superior e foi possível observar a relação entre a presença de
a cinco cigarros por dia, glicemia maior que 226 mg/dL, profundidade de sondagem elevada com a presença
relação cintura-quadril maior que 0,94, história familiar de DCV, bem como a média do nível de inserção e a
de doença arterial coronária, colesterol LDL maior que DCV7. Corroborando esses achados, outros pesquisa-
120 mg/dl, hipertensão arterial e diabetes mellitus. Os dores encontraram uma significativa relação entre a
autores concluíram que no Brasil existe o modelo con- profundidade de sondagem, a presença de biofilme
vencional de fatores de risco para DCV com diferentes dentário visível e a perda óssea com a presença de in-
forças de associação e que a maioria delas pode ser pre- farto agudo do miocárdio. Os autores alertam que se a
venida através de implantação de políticas preventivas associação observada realmente acontece na natureza
adequadas26. de forma causal, é muito importante o conhecimento
por parte dos clínicos no intuito de uma redução da
Discussão infecção periodontal para que ocorra uma queda na
incidência e/ou mortalidade por DCV10.
Diversos estudos têm avaliado uma possível as- Outra pesquisa analisou o efeito da terapia perio-
sociação entre DCVs e DP, com o objetivo de demonstrar dontal nos níveis da Proteína-C reativa (PCR) e interleu-
uma relação entre a presença da doença periodontal cina-6 (IL-6) em indivíduos portadores de periodontite
como fator de risco para o desenvolvimento ou agrava- severa generalizada, no momento da primeira visita,
mento da doença cardiovascular3, 27-28. dois meses e seis meses depois do tratamento perio-
Alguns autores afirmam que infecções crônicas dontal não cirúrgico. Observaram que a PCR reduziu em
podem influenciar na severidade e no curso de doenças média 31% (p<0,05) e a IL-6 sofreu uma redução média
sistêmicas, sendo que, alguns mecanismos podem ser- de 12% (p<0,05) após seis meses de tratamento nos in-
vir para explicar a associação entre a DP e a DCV, como divíduos que estavam em alto ou médio risco de DCV4.
o efeito direto dos agentes infecciosos na formação do Acrescentando esses resultados, um estudo ava-
ateroma, efeitos indiretos ou mediados pelo hospe- liou a função endotelial em indivíduos, três meses após
deiro acionados pela infecção, predisposição genética o tratamento periodontal, incluindo terapia mecânica e
comum para doença periodontal e arteriosclerose e fa- farmacológica. Além disso foram medidas as concentra-
tores de risco comuns, tais como o estilo de vida. Obser- ções de colesterol, HDL, LDL, triglicérides, hemoglobina
varam in vitro que a Porphyromonas ginvivalis, presente A1c e PCR. O sucesso no tratamento periodontal resultou
nas placas de ateroma, poderia invadir e se proliferar em um significante acréscimo do fluxo, acompanhado
junto às células endoteliais da aorta e do coração, e que de um decréscimo na concentração da PCR. Portanto, o
o Streptococcus sanguis juntamente com a P. gingivalis tratamento da periodontite severa nesse estudo mostrou
induzem a agregação plaquetária, assim contribuindo capacidade de reverte a disfunção endotelial22.
para a formação de trombos9. Diante desses resultados, pode-se concluir que
Outros estudiosos investigaram a mortalidade de a periodontite pode adicionar a carga inflamatória do
uma população de 1.393 indivíduos entre 1970 e 1996, indivíduo e pode resultar no aumento do risco de DCVs
avaliando uma série de variáveis desses indivíduos baseadas na concentração sérica de PCR e IL-6.
como o fumo, idade, gênero, presença de infarto prévio, Um grupo de pesquisadores isolou e identificou
além de terem colhido dados referentes a saúde bucal bactérias em bolsas periodontais de diferentes pacien-
(cáries, restaurações, lesões periapicais, perda de osso tes e compararam com os microorganismos detectados
marginal, número de dentes ausentes e presença de nas placas de ateroma obtidas nos mesmos pacientes.
placa). A doença bucal foi considerada um fator de risco Os autores encontraram em nove amostras uma asso-
ciação entre três tipos de bactérias periodontopatogê- cidado ao longo de diversos estudos apesar de algumas
nicas, onde o P. gingivalis foi a mais comum. Em duas pesquisas não encontrarem relação entre tais patolo-
amostras de placas de ateroma foi detectado o Actino- gias. Porém, ainda são necessários novos trabalhos que
bacillus actinomycetemcomitans e os mesmos pacientes permitam aferir a força com que a doença periodontal
apresentaram nas amostras de bactérias periodontais se associa com a doença cardiovascular, tentando con-
essa mesma espécie. Observaram, então, que a pre- trolar diversos outros fatores de risco para tal doença,
sença de bactérias periodontopatogênicas, nas placas eliminando vieses importantes. É de extrema importân-
de ateroma e nas bolsas periodontais dos mesmos pa- cia que os profissionais da área de saúde se conscien-
cientes, indica um papel dessas bactérias no processo tizem da possível existência desta relação, tratando ou
da arteriosclerose29, onde participariam diretamente na encaminhando pacientes para tratamento periodontal,
formação do trombo. diminuindo, dessa forma, mais um possível fator de ris-
co para as doenças cardiovasculares.
Conclusão
Recebido em: abr/2008
Existem indícios que mostram que a relação
Aprovado em: set/2008
entre as doenças periodontal e cardiovascular possa
existir. O papel biológico da doença periodontal como Endereço para correspondência:
Alexandre Pinto Maia
um fator de risco putativo para desenvolvimento ou Rua Felipe Cortez, 1469 - Lagoa Nova
exacerbação da doença cardiovascular vem sendo elu- 59056-150 - Natal - RN
alexandrepintomaia@yahoo.com.br
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Resumo
O presente estudo demonstrou uma proposta de técni- deslocamento das papilas adjacentes às raízes desnudas.
ca, para recobrimento radicular localizado, em regiões de Após controle variando de oito a 13 meses, houve bom
vestíbulo raso e na presença de freios labiais de inserção recobrimento radicular, desaparecimento do freio de in-
papilar ou gengival. Utilizou um enxerto de tecido con- serção gengival e boa extensão vestibular, facilitando a
juntivo subepitelial de maior espessura, adaptado pre- higiene e devolvendo a estética aos pacientes, além de
viamente sob um retalho parcial, na região vestibular de permitir a homeostasia do periodonto.
dentes com recessões. Após 60 dias, estes enxertos foram Unitermos - Recessão gengival; Vestíbulo raso; Recobri-
divididos, reposicionados coronalmente e cobertos por mento radicular; Freios labiais.
Abstract
The present analysis reports a techinical proposal for After controls, ranging from eight to 13 months, there
localized radicular recover in localized, regions and or was a good root coverage, the absence of brakes of
when lip brakes of papilar or gingival insertion are present. gingival inserccion, and good vestibulary extension,
A thicker subepitelial conjunctive tissue graft was used, making it easier for hygiene and developing esthetics
previously adapted under a partial flap, im the vetibulary of pacients, besides the recovery the homeostasy of the
region of recessive teeths. After 60 days, these graft were periodontol.
divided and repositioned coronary, being covered by the Key Words - Gingival recession; Shallow vestibulary;
mobility of the papilla adjacents to uncovered roots. Radicular overlap; Labial frenun.
Caso 1
Figura 1 Figura 2
Pré-operatório. Incisão.
Figura 4
Aspecto
favorável
Figura 3 para
Adaptação segunda
do enxerto. fase.
Figura 6
Incisão em
Figura 5 forma de “U”
Incisões (traçado ne-
preservando gro) do tecido
papilas. conjuntivo.
Figura 8
Figura 7 Aspecto após
Suturas. 13 meses.
Após assepsia da face e da cavidade oral, proce- condicionamento radicular com tetraciclina hidroclora-
deu-se à anestesia infiltrativa com adrenalina 1:100.000, da, em consistência de pasta, por cinco minutos e de-
pois esta traz uma vasoconstrição adequada, diminuin- pois lavada com soro fisiológico para remover a acidez
do o sangramento transcirúrgico. do meio. Com este procedimento, removemos raspas
Com uma lâmina de bisturi 15C, penetrou-se no de dentina e toxinas bacterianas, expondo as fibras de
sulco gengival e delicadamente, com movimentos de Sharpey do cemento e dentina, unindo células do en-
mesial para distal, dissecou-se todo o tecido em um xerto adaptado junto a raiz desnuda11-12.
retalho parcial, sem realizar qualquer incisão relaxante, Com uma lâmina de bisturi 15C, removeu-se o epi-
abrindo o retalho em forma de envelope10 (Figura 2). télio V, expondo todo o TC enxertado anteriormente. Com
Esta incisão deve-se limitar somente ao dente envolvi- duas incisões: mesial e distal do 41, contornou-se e preser-
do e, após este procedimento, deixa-se a área protegida vou-se toda a papila (Figura 5), deslocando-a através de um
com uma gase umedecida em soro fisiológico. retalho dividido, auxiliado por incisões verticais relaxantes,
Com anestesia de Adrenalina 1:50.000, a fim de deixando o periósteo e depois as suturando entre si13.
melhorar ainda mais a vasoconstrição, realizou-se o blo- Foram feitas duas incisões verticais (uma mesial,
queio no palato na região do segundo pré-molar e pri- outra distal) e uma incisão horizontal, ligando as duas
meiro molar e a remoção do tecido conjuntivo (TC) mais verticais na sua porção apical, agora somente no TC en-
espesso (em torno de 2,0 mm a 3,0 mm), pois o mesmo xertado, formando a letra “U” (traçado em linhas negras
será dividido em uma segunda fase cirúrgica. conforme a Figura 6). Este tecido é então dividido no
Este enxerto é então adaptado sob o retalho divi- sentido do terço médio para cervical e o reposiciona-
dido realizado na região V do 41 (Figura 3) e totalmente mos a coronal sobre a raiz desnuda. O enxerto foi su-
coberto por ele. Realizou-se então, a contenção do en- turado com fio 6.0 Vycril em torno do dente, a mesial e
xerto, com sutura suspensória, usando fio 5.0 de Nylon. distal; e as papilas adaptadas sobre o TC reposicionado
Após 60 dias, um aumento gengival em espes- e com suturas suspensórias de fio de Nylon, foram man-
sura é visualizado na área receptora, o que indica o mo- tidas em posição (Figura 7).
mento para início da segunda fase da cirurgia (Figura 4) Após 13 meses, foi conseguido uma cobertura
Após anestesia feita com Adrenalina de 1:100.000 radicular favorável, levando em consideração a má posi-
realizou-se a raspagem da raiz desnuda com cureta de ção dentária existente e o freio permaneceu em posição
Gracey 5/6. Logo após, foi aplicado sobre a recessão, um inalterada (Figura 8).
Caso 2 Caso 3
Paciente sexo feminino, 21 anos, com boa saúde, Paciente sexo feminino 31 anos, com saúde fa-
queixou-se de sensibilidade e envolvimento estético na vorável, queixou-se de sensibilidade no elemento 31
área V do 41. (Figura 12)
Ao exame clínico foi verificado agenesia do 31, Ao exame clínico foi verificada recessão gene-
encontrado freio labial com inserção gengival, fundo de ralizada. Devido a este quadro, a paciente foi reeduca-
vestíbulo raso, recessão de 5,0 mm e toque prematuro da, eliminando sua higiene traumatogênica. Seguiu-se
em movimento protusivo, que foi corrigido (Figura 9). Foi todo o protocolo para a técnica proposta neste estudo,
então realizada a cirurgia proposta neste estudo, com re- diferindo somente pelo tipo de sutura após reposição
posição de TC dividido, sob a raiz desnuda (Figura 10). coronal do TC, que foi em forma da letra “X” (Figura 13).
Após oito meses, o resultado conseguido foi fa- Após doze meses, obteve-se um bom resultado, devol-
vorável, com boa cobertura radicular, aprofundamento vendo a homeostasia do periodonto (Figura 14).
do vestíbulo e remoção do freio labial (Figura 11).
Caso 3
Caso 2
Figura 12
Pré-operatório.
Figura 9
Pré-Operatório.
Figura 13
Suturas em “X”.
Figura 10
Suturas.
Figura 14
Pós-operatório após 12 meses.
Discussão
Figura 11
A recessão gengival é uma patologia periodontal
Pós-operatório após oito meses. com alto índice de incidência, sendo um dos principais
fatores de visitas aos consultórios, alcançando 25,6% esta conclusão. Possivelmente teremos a mesma condi-
dos motivos das queixas14. No Brasil, 51,6% da popu- ção para esta técnica cirúrgica.
lação examinada, possui recessão gengival15 e, possi- Por se tratar de uma proposta de técnica, sua
velmente, há uma prevalência alta de quadros clínicos realização em âmbito de consultório particular e sem
como os apresentados neste estudo. estudos longitudinais, seria indicado um controle minu-
Este quadro clínico (associado à presença de cioso, com métodos de avaliação adequados21.
freio labial ou gengival, com ou sem a presença de vestí-
bulo raso, que são agravantes para a solução deste tipo Conclusão
de problema1,4), possui maior freqüência em regiões de
incisivos inferiores e em raízes mesiovestibulares de pri- 1. É uma cirurgia específica, com indicações precisas.
meiros molares superiores16. 2. A divisão do TC na segunda fase da cirurgia requer
Desenvolveu então a técnica proposta para a so- uma maior habilidade.
lução desta periodontopatia, baseada nas técnicas de 3. Traz resultado clínico favorável, resolvendo em duas
retalho reposicionado coronalmente após enxerto gen- fases cirúrgicas o recobrimento radicular, aprofunda-
gival livre4-5, retalho reposicionado coronalmente17-18, no mento do vestíbulo e eliminação de freio labial de
Ecse19 e na técnica de envelope10. inserções gengival ou papilar.
Trata-se de uma técnica previsível, devido a com- 4. Por se tratar de uma nova técnica cirúrgica, requer es-
binação de procedimentos consagrados18,20, diferindo na tudos minuciosos, tanto clínicos quanto histológicos.
fase de embutimento do TC sob o retalho parcial, com sua
Recebido em: fev/2008
total submersão e sua posterior divisão sobre a raiz desnu- Aprovado em: out/2008
da. Porém, a quantificação de resultado da cobertura radi- Endereço para correspondência:
cular será igual ou inferior aos níveis dos dentes intactos20. Geraldo Muzzi Guimarães
Resultados histológicos em cirurgias para cober- Rua Paraíba, 225 - Salas 1.301 a 1.303
35500-016 - Divinópolis - MG
turas radiculares, relatam cicatrização de nova inser- Tels.: (37) 3221-0657 / 9986-3901
ção11. No entanto, isso não está regularmente ligado a muzziguimaraes@mastercabo.com.br
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Halitosis
Resumo
Halitose é um sintoma que afeta grande parte da síveis formas de tratamento. O objetivo do presente
população causando constrangimento e isolamento estudo foi elucidar através da revisão da literatura os
social. Essa sintomatologia é discutida neste artigo, mitos e realidades acerca da etiologia, tratamento e
no que tange a sua etiologia, assim como a percep- percepção da halitose.
ção dos indivíduos sobre esses sintomas e suas pos- Unitermos - Halitose; Etiologia e percepção.
Abstract
Halitosis is a symptom which affects a great part of the The aim of this study was elucidate though literature
population, causing isolation and embarrassment, review the myths and realities about halitosis’s
besides a different behavior from those who surround etiology, treatment and perception, as well the
this patient. Aware of this fact, its relevant its perception of two differents population samples.
discussion, concerning the etiology, perception and Key Words - Halitosis; Etiology and perception.
possible treatments.
tes e, apesar de 97% acreditarem que existe tratamento, Gráfico 2 - Possíveis causas do mau hálito
as Tabelas 3 e 4 evidenciam desconhecimento a cerca
deste tratamento ou de qual profissional procurar.
Através destes dados, observou-se que a maio-
ria dos entrevistados acredita que o mau hálito é con-
seqüência de um problema odontológico, tal como a
cavidade cariosa e os problemas estomacais.
A Tabela 3 evidencia que a totalidade da amostra
(100%) acredita que a introdução de hábitos de higiene
pode ser um tratamento da halitose, seguido de alimen-
tação satisfatória (54%) e uso de antiácidos (12%).
Sim Não
A halitose afeta todo mundo? 92 08
E possível ter halitose e não saber? 23 77
É contagioso? 05 95
Tem tratamento? 97 03
Já tentou esconder o mau hálito com chicletes e/ou
77 33
balas?
Apesar da maioria da amostra procurar o cirur- Em relação às restrições familiares e sociais cau-
gião-dentista para o tratamento da halitose, a diferença sadas pela halitose, 100% da amostra relatou problemas
entre os que procuram esses profissionais e aqueles que de relacionamento1-2,9,15-16.
procuram outros profissionais é muito pequena. Cem
por cento da amostra relatou preocupação em que a Conclusão
halitose interferisse nas suas relações sociais.
Considerando a halitose um problema local, a
Discussão procura por tratamentos com profissionais que não o
cirurgião-dentista evidencia o desconhecimento sobre
A maioria dos autores concorda que a causa mais a doença. A realidade sobre as causas, percepção e tra-
freqüente da halitose é local1,4,6-7, o que é corroborado tamento da halitose ainda são um mito.
pelo presente estudo, assim como o percentual entre A anamnese detalhada e exames clínicos odon-
71% a 75%, que relacionam, respectivamente, fumo e tológicos, objetivando o diagnóstico e o tratamento
alimentação como agentes temporários nas mudanças da halitose, é um hábito que deve ser estimulado a ser
do hálito5,12 realizado pelo cirurgião-dentista rotineiramente, uma
No presente trabalho observou-se, como um dos vez que, perceptível ou não, a halitose é uma causa de
grandes mitos, a relação entre halitose e problemas es- exclusão social, necessita ser diagnosticada e tratada
tomacais, também descritos por outros autores13-14 pelo profissional, o mais breve possível, para evitar e ex-
Apesar da maioria do estudo, assim como os clusão social dos indivíduos.
trabalhos da literatura, descreverem que o tratamento
Recebido em: set/2008
da halitose deve ser baseado em hábitos de higiene, a
Aprovado em: out/2008
maioria dos indivíduos tenta mascarar a halitose ( 77%)
com o uso de gomas de mascar para mascarar o mau Endereço para correspondência:
Sonia Groisman
hálito, tal qual no estudo de outro pesquisador11. Tal Rua Viúva Lacerda, 246/102 - Humaitá
fato se justifica pelos indivíduos se sentirem freqüente- 22261-050 - Rio de Janeiro - RJ
sonia@dentistas.com.br
mente envergonhados e incomodados com o próprio
odor desagradável12-13,15.
Referências
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Resumo
O presente trabalho constitui-se de uma revi- tância de evolução do diagnóstico radiológico
são da literatura, apresentando uma mudança por imagem como precursora da teleodontolo-
de paradigma da prática odontológica, pautada gia; explicita os usos da Biotecnologia aplicada
no binômio pessoa-pessoa e emerge, através da à Odontologia, através da teleodontologia na
engenharia de computação, para uma atuação, prática e as implicações da difusão da telessaúde
orientada a distância. Para tal o texto parte da nessa práxis.
gênese do diagnóstico, perpassa pela impor- Unitermos - Diagnóstico; Raios-x; Teleodontologia.
Abstract
The present article aim to present a literature review, diagnosis as the basis of the teledentistry as well the
a new paradigm of dentistry of dentistry care, that implications of the diffusion of the telemedicine/
before was only based in dentistry and patients, now teledentistry in the health practice, with emphasis in
through, can be oriented by distance. The article dentistry.
summarized the role of the evolution of the radiology Key Words - Diagnosis; X- rays; Teledentistry.
da imagem. Esse conjunto de recursos possibilita maior clínicas e consultórios médicos. Essa forma de atuação
resolução espacial do que os filmes convencionais e jus- está atraindo uma grande escala populacional, o que
tifica a melhoria no diagnóstico de lesões incipientes vem acarretando aumento da demanda dessa facilida-
feitas digitalmente1 . de de tratamento5-6. Revisões sistemáticas da literatura
apontam que de 55 estudos selecionados, a partir de
A revolução da Biotecnologia 612 encontrados na literatura, avaliaram o custo/be-
aplicada à Odontologia neficio da intervenção da telemedicina como positiva.
A radiologia digital foi um avanço grandioso, mas Desses 55 estudos, 44%, justificaram a inclusão da te-
a tomografia Cone-beam representa um marco para lemedicina baseada na sua qualidade, 83% obtiveram
uma prática odontológica diferenciada. Através desse somente a uma comparação de custos e 295 avaliaram
exame, o cirurgião-dentista recebe o laudo juntamente o nível de utilização dessa política, em comparação a or-
com as imagens que podem estar impressas em papel ganização do atendimento médico-odontológico con-
ou filme, com os cortes mais vencional, levando alguns
representativos e reconstru- autores a acreditarem que
ções tridimensionais e um CD Telemedicina é a combinação da ainda não existe suficiente
com todos os cortes obtidos tecnologia de comunicação e a evidência de que a política
a partir do volume original. criação de inovadores software da telemedicina apresenta
Softwares para a visualização melhor custo/benefício do
dos exames tridimensionais
de computação, para armazenar, que o sistema convencional,
podem ser instalados no monitorar e interpretar sinais vitais que além de tudo é mais hu-
computador do cirurgião- dos pacientes e permite via tela de manizado7-8.
dentista ou serem executá- A teleodontologia é
computador, diagnosticar e orientar
veis a partir do CD, enviado um campo relativamente
pelo centro de radiologia, no tratamento do mesmo seja na novo, que combina a tec-
para ser manipulado pelo sua residência ou fora das áreas nologia de comunicação
próprio cirurgião-dentista convencionais de tratamento, tais e os cuidados dentários. A
com as imagens do pacien- teleodontologia, ao mesmo
te. Assim, o profissional tem
como hospitais, centros de saúde, tempo que é uma prática de
acesso à navegação dos três clínicas e consultórios médicos. atuação, é uma política go-
planos do espaço, na forma vernamental, para dar aces-
de fatias, possibilitando ao so aos menos favorecidos
profissional navegar pelo volume e em todos os planos economicamente e residentes em áreas mais remotas.
do espaço ou ainda com reconstrução do volume; per- Ela emerge da fusão da prática odontológica com a
mitindo também aplicar zoom, além de fazer suas pró- tecnologia e pode se apresentar de duas formas. A pri-
prias mensurações, explicar o plano de tratamento ao meira como uma consulta em tempo real ou em arma-
paciente, realizar cirurgias virtuais e consultar colegas zenamento para discussão, elaboração de diagnóstico
via internet. A partir desta premissa a radiologia digital e plano de tratamento entre dois cirurgiões-dentistas
pode ser considerada uma realidade, gerando modifica- em pontos distantes. A consulta em tempo real, na te-
ções na forma de atuação do cirurgião-dentista1-4. leodontologia foi primeiramente praticada por Army
em 1994, que foi objeto de consulta por dois outros
Telemedicina/Teleodontologia cirurgiões-dentistas ao mesmo tempo, cada um deles
Telemedicina é a combinação da tecnologia de localizados em cidades distantes. Desde então, várias
comunicação e a criação de inovadores softwares de instituições, organizações e universidades, começaram
computação, para armazenar, monitorar e interpretar a praticar a teleodontologia com diferentes graus de
sinais vitais dos pacientes e permite via tela de compu- sucesso. O projeto de teleodontologia do “Children’s
tador, diagnosticar e orientar no tratamento do mesmo Hospital Los Angeles” associado a Clínica Odontológica
seja na sua residência ou fora das áreas convencionais Móvel da University of Southern California’s, são uma
de tratamento, tais como hospitais, centros de saúde, referência nessa forma de atuação, levando acesso as
crianças de áreas rurais remotas na Califórnia. O projeto xas rendas per capita, isolamento social e falta de profis-
é composto de três fases: Fase I - Envolve o estabeleci- sionais da área de saúde e especialistas para assistência,
mento e organização de uma rede de teleodontologia; a telemedicina e a teleodontologia possibilitam minimi-
Fase II - Possibilita consultas e tratamento ortodônti- zar esse quadro, criando para o próximo milênio, novas
cos; e Fase III - Expande a rede, abrindo espaço para a oportunidades para atendimento médico-odontológi-
entrada de outras especialidades, ofertando cuidados co nas áreas rurais14.
odontológicos especializados a crianças com grandes Os estudos sobre a prática odontológica na era
necessidades em áreas remotas9. da teleodontologia examinam seus aspectos legais e di-
A teleodontologia vem sendo aprimorada desde recionam para um potencial expoente de crescimento
1994 como um método que permitiria aos profissionais de acesso de tratamento odontológico versus o decrés-
da Odontologia e áreas afins a se comunicar com os ou- cimo dos custos com os mesmos. Como tanto a teleme-
tros apesar da longa distância, permitindo um olhar múl- dicina, quanto a teleodontologia são campos relativa-
tiplo, que viria a colaborar em decisões de tratamento, mente novos, a tecnologia ainda não progrediu para
beneficiando o paciente. A teleodontologia pode ser uti- todos de forma uniforme, além de não se poder garantir
lizada em larga escala em comunidades das áreas rurais, em áreas remotas que haja alguma falha técnica que in-
aumentando o acesso dos pacientes a especialistas, dimi- terrompa a consulta dentária. Apesar desses problemas,
nuindo o custo relacionado a deslocamento e pagamen- os potenciais da telemedicina e da teleodontologia são
to de honorários de consultas especializadas, via vídeo infinitos. O aumento do acesso a consulta odontológica
conferência em tempo real. Com o aumento crescente e a diminuição dos custos são as duas maiores vanta-
da mídia digital nos consultórios dentários, a teleodonto- gens que irão pressionar para que a telemedicina e a
logia tende a se alastrar como política de acesso e consul- teleodontologia, venham a se integrar definitivamente
tas para orientação aos clínicos a cerca de procedimentos na Medicina e na Odontologia15.
especializados. No Brasil, tal possibilidade, passa a ser vis- Apesar da telemedicina/teleodontologia serem
lumbrada a partir da política Nacional do homem virtual, consideradas resolutivas sua difusão permanece baixa,
lançada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, abrindo devido à resistência dos profissionais das áreas da saú-
novos horizontes ao tratamento odontológico10. de, o que pode ser uma barreira à sua implementação.
A maioria dos cirurgiões-dentistas e educadores Devendo-se iniciar pela compreensão dos fatores que
nesta área ainda estão na sua maioria despercebidos de podem influenciar sua aceitação pela classe médica-
que a teleodontologia pode ser utilizada não somente odontológica. A utilização da tecnologia de telemedi-
para aumentar o acesso ao cuidado odontológico, mas cina/teleodontologia evidenciou sua importância, bem
também para educação odontológica. A teleodontolo- como a necessidade da integração dessa tecnologia nos
gia na educação pode ser dividida em duas caracterís- serviços. Entretanto, existe a necessidade da interação
ticas majoritárias: auto-instrução e videoconferência in- entre os profissionais e essa nova forma de atuar. Uma
terativa; entretanto, a última permite um feed back mais vez que a telemedicina, não vem substituir a figura pre-
rápido. Ambos os métodos são largamente utilizados sencial do médico-dentista de forma integral, elas são
com sucesso. Além disso, o tipo de rede de conectivi- consideradas estratégias adicionais. A telemedicina/te-
dade, acelera o acesso a informação, e como todo pro- leodontologia devem ser ministradas como disciplinas
fissional necessita de educação continuada, ele pode na graduação para familiarizar os futuros profissionais
escolher o método que menos o distancia geografica- de saúde com mais esta ferramenta16.
mente do seu consultório, Estado ou país, diminuindo
os custos de se estar presencialmente em um evento Implicações da difusão da telessaúde
fora de sua cidade11-12. A diversidade de serviços que podem ser oferta-
Como implicações clínicas, a teleodontologia dos através da telessaúde é crescente, tanto em termos
permite estender o cuidado com o paciente em áreas da indústria de tecnologia, quanto ao que tange sua
remotas, como as áreas rurais a um custo razoável e credibilidade científica17. O crescente uso da teleme-
oportuniza educação continuada, tanto para estudan- dicina em Cardiologia pediátrica, em Oncologia e em
tes de Odontologia quanto para cirurgiões-dentistas13. Odontologia, vem direcionando novas pesquisas, assim
Áreas rurais onde residem populações com bai- como o surgimento de diversos softwares para atuar
nesta área, captando medidas, imagens e enviando, em 2. Permite colaboração entre múltiplos profissionais,
tempo real, em rede. diagnosticando e elaborando plano de tratamento
Os programas de telessaúde não são isolados, em conjunto, mesmo estando em locais distantes,
mas localizados em grandes centros geográficos, eco- podendo ser utilizado em comunidade rurais dimi-
nômicos, políticos e de grande relevância na área de nuindo, assim, o tempo de consultas e locomoções
saúde, interligados em rede a áreas rurais ou de difícil de especialistas.
acesso7. Além disso, a teleodontologia, via a teleradio- 3. As vídeoconferências e armazenamento de dados, as-
grafia, possibilita o envio de imagens em tempo real sim como protocolos de procedimentos clínicos, são
dos centros de radiologia para o cirurgião-dentista os usos mais freqüentes da teleodontologia. A teleo-
(CD), que através dos softwares de diagnóstico, realiza o dontologia será amplamente utilizada pelo aumento
diagnóstico em conjunto com o radiologista e/ou outro da mídia digital e pressão convergente do mercado,
CD, obtendo um planejamento rápido e preciso para o ou seja, dos pacientes e da indústria.
tratamento. Entrevistas com médicos têm demonstrado 4. A teleodontologia é um campo relativamente novo,
que a telessaúde também pode modificar os papéis e que necessita, como as demais tecnologias, de apoio
responsabilidades dos profissionais de saúde. Apesar a profissão e mais estudos científicos. Entretanto, é
do, ainda, baixo impacto de utilização da telessaúde, uma área com potencial infinito e o cirurgião-dentis-
essa ferramenta vem expressando um grande impacto ta precisa estar atento às mudanças que acarretaram
na prática clínica. Para aumentar a utilização da teles- na sua prática do dia-a-dia.
saúde é necessário dar poder de conhecimento aos pro-
Recebido em: set/2008
fissionais de saúde do funcionamento dos softwares e
Aprovado em: out/2008
vencer as barreiras pertinentes a fobia ao novo4-6,10,15.
Endereço para correspondência:
Sonia Groisman
Conclusão Rua Viúva Lacerda 246/102 - Humaitá
22261-050 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 2535-0455
1. A teleodontologia emergiu da combinação da práti-
sonia@dentistas.com.br
ca dental e da tecnologia de telecomunicações asso-
ciadas à internet.
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Teledentistry in rural California: a USC initiative. J Calif Dent Assoc. IEEE Computer Society; 2002.
2000 Feb;28(2):133-40.
Anti-séPtiCo buCAL
Possuem inovador filamento composto de “ilhas
de nylon” unidas por Pebax (componente que lubrifica
Com os agentes ativos Fluoreto de Sódio e Clo-
o filamento), que garante suavidade no contato com a
reto de Cetilpiridínio, complementa a higiene bucal e
gengiva e com os dedos, melhor deslizamento entre os
ajuda a reduzir a placa bacteriana em até 50% a mais
dentes e maior resistência à quebra e ao desfiamento.
que a escovação isolada. Disponível no sabor menta e
Exclusiva tecnologia de aplicação do sabor: através do
hortelã. Não contém álcool nem açúcar, podendo ser
sistema patenteado de encapsulamento da essência, o
utilizado por crianças e gestantes. Uso diário, com em-
sabor entra em ação durante o uso, garantindo sensa-
balagem de 250 ml.
ção de frescor por mais tempo.
Desenvolvido pelo Laboratório Daudt para ofe- fício: maior quantidade de superfícies livres de man-
recer mais benefícios aos usuários de soluções de clore- chamento extrínseco nos dentes e na língua, sendo
xidina, Noplak Max é uma linha de produtos cuidadosa- cerca de cinco vezes menor que o produzido por uma
mente formulada, utilizando a associação de clorexidina solução comum de clorexidina a 0,12%1.
ao fluoreto de sódio e cetilpiridínio. Esta exclusiva asso- Como o conforto e a satisfação dos clientes são
ciação possui ampla ação anti-séptica e anticárie, ideal de grande importância para o Laboratório Daudt, No-
para ser utilizada como auxiliar no controle das princi- plak Max tem sabor agradável, permitindo maior ade-
pais doenças bucais. rência ao tratamento.
Composta de dois produtos – solução bucal e Noplak Max pode ser encontrada em farmácias
creme dental em gel – a linha Noplak Max atua tam- em todo o Brasil, uma garantia de tratamento comple-
bém como coadjuvante no tratamento de gengivites, to e eficaz no controle da placa bacteriana, gengivite e
periodontites e implantites. Sua fórmula, com exclusiva problemas periodontais.
associação de substâncias (clorexidina, cetilpiridínio e
fluoreto de sódio), promove a redução da placa bacte-
riana e do sangramento gengival, como comprovado Referências
em estudos clínicos1,2. 1. Silva WC, Silva DG, Teixeira HG, Falabella MEV, Weyne SC, Tinoco EMB.
Unigranrio, Uerj; UFF. “Efeitos de uma solução para cochecho conten-
Esses estudos atestam ainda que Noplak Max
do 0,12% de clorexidina, 0,05% de cetilpiridínio e 0,05 de fluoreto de
Solução apresenta a mesma ação anti-séptica de am- sódio na atividade inibitória de placa e na formação da pigmentação
plo espectro das soluções de clorexidina a 0,12%, sem extrínseca dental e da língua”. Perionews 2007 Julho.
2. Weyne SC, Salles F, Tinoco EMB, UFF; Unigranrio Uerj. “Avaliação clí-
associações. nica do efeito de Noplak Max sobre a gengivite e placa bacteriana”.
Por meio de sua fórmula diferenciada e sem ál- RBO Julho 2005.
cool, Noplak Max Solução apresenta um grande bene-
Importante: caso de dúvida, entre em contato com a redação pelo imagens/figuras. Antes de postar, confira se o trabalho
1 – Envie seu trabalho apenas pelo correio, em envelope telefone (11) 2168-3400. está de acordo com esses limites no item 3, Apresenta-
com: • impressos completos do trabalho enviado, do Termo ção, das Normas de Publicação.
• CD, identificado, contendo o texto gravado nos for- de Cessão de Direitos Autorais, assinado, e do Termo de 4 – Dados para envio dos trabalhos:
matos DOC ou RTF (Word for Windows ou editores de Consentimento do Paciente, se for o caso. Para
texto compatíveis), e as imagens (se houver) nos forma- 2 – Os trabalhos devem conter, imprescindivelmente, PerioNews
tos JPG ou TIF, em alta resolução (300 dpi). Atenção: todos os dados para contato com o autor principal (en- Att. Ana Lúcia Zanini Luz
apenas o texto do trabalho deve estar no formato DOC dereço, telefones e e-mails). Editora-Assistente – Caderno Científico
(Word ). Em hipótese nenhuma, as imagens devem estar 3 – Todos os trabalhos enviados devem respeitar os li- Rua Gandavo, 70 - Vila Mariana
contidas em um arquivo DOC ou PPT (PowerPoint). Em mites máximos de tamanho de texto e quantidade de CEP 04023-000 - São Paulo - SP
NORMAS DE PUBLICAÇÃO a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores de Consentimento do Paciente, assinado por este.
permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos
1. OBJETIVO autores do trabalho analisado. 3. APRESENTAÇÃO
A revista PerioNews, de periodicidade trimestral, 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o 3.1. Estrutura
destina-se à publicação de trabalhos inéditos de Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e te-
pesquisa aplicada, eminentemente clínicos, bem autor(es) ou pelo autor responsável. ses) – Deverão conter título em português, nome(s)
como artigos de atualização, relatos de casos clíni- 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo,
cos e revisão de literatura nas áreas de Periodontia e [Local e data] unitermos, introdução e/ou revisão da literatura,
Cariologia e de especialidades multidisciplinares que Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) proposição, material(ais) e método(s), resultados,
compreendam ambas. do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual discussão, conclusão, título em inglês, resumo em
submeto(emos) à apreciação da revista PerioNews inglês (abstract), unitermos em inglês (key words)
2. NORMAS para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, e referências bibliográficas.
2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser por meio deste suficiente instrumento, que os direi- Limites máximos: texto com, no máximo, 35.000 carac-
inéditos, não sendo permitida a sua apresentação si- tos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se teres (com espaço), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e
multânea em outro periódico. propriedade exclusiva da revista PerioNews a partir 16 figuras/imagens.
2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente da data de sua submissão, sendo vedada qualquer re- 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em
via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF produção, total ou parcial, em qualquer outra parte ou português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s)
(Word for Windows), acompanhados de uma cópia em meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou propo-
papel, com informações para contato (endereço, tele- prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida sição, revisão da literatura, discussão, conclusão, título
fone e e-mail do autor responsável). junto à revista PerioNews. No caso de não-aceitação em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em
2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor para publicação, essa cessão de direitos autorais será inglês (key words) e referências bibliográficas.
responsável, em sua face não gravável, com etiqueta automaticamente revogada após a devolução definitiva Limites máximos: texto com, no máximo, 25.000 carac-
ou caneta retroprojetor (própria para escrever na su- do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte teres (com espaço), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos
perfície do CD). do autor, de ofício específico para esse fim. e 16 figuras.
2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, [Data/assinatura(s)] 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título
não será devolvido. 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s)
2.4. A revista PerioNews reserva todos os direitos au- de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposi-
torais do trabalho publicado. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais ção, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclu-
2.5. A revista PerioNews receberá para publicação de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto refe- são, título em inglês, resumo em inglês (abstract), uniter-
trabalhos redigidos em português. rências à aprovação pelo Comitê de Ética. mos em inglês (key words) e referências bibliográficas.
2.6. A revista PerioNews submeterá os originais à 2.10. Os trabalhos que se referirem a relato de caso clíni- Limites máximos: texto com, no máximo, 18.000 carac-
apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre co com identificação do paciente deverão conter o Termo teres (com espaço), 2 tabelas ou quadros, 2 gráficos