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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.

0008

A C Ó R D Ã O
8ª Turma
GMMEA/emn/arp  

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA INTERPOSTO PELAS
RECLAMADAS - DANO MORAL COLETIVO.
VALOR ARBITRADO. Demonstrada violação
do   art.   944,   parágrafo   único,   do
Código   Civil,   merece   provimento   o
agravo de instrumento para determinar
o   processamento   do   recurso   de
revista. 
II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO
PELAS RECLAMADAS – PEDIDO DE
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA.
CONTINÊNCIA. Por força do disposto no
art. 105 do CPC/73 (atual 58 do
CPC/2015), as ações reunidas em razão
da conexão ou continência devem ser
decididas simultaneamente. Trata-se
de medida de economia processual, a
fim de evitar decisões conflitantes.
Contudo, havendo o julgamento de uma
das causas este procedimento não mais
se justifica. É o que se extrai da
Súmula 235 do STJ (positivada no art.
55, § 1º, do novo CPC), cuja redação
é a seguinte: a conexão não determina
a reunião dos processos se um deles
já foi julgado. Julgados desta Corte
no mesmo sentido. Recurso de revista
não conhecido.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.
DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO TRABALHO. A
jurisprudência firmada por esta Corte
é no sentido de que o Ministério
Público do Trabalho tem legitimidade
ativa para propor ação civil pública
em hipóteses como a delineada nos
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autos (em que se discute o


descumprimento de normas trabalhistas
de uma coletividade de empregados),
por se tratar de defesa de direitos
individuais homogêneos. Recurso de
revista não conhecido.
INTERESSE DE AGIR. Cinge-se a
controvérsia a respeito do interesse
de agir do Ministério Público do
Trabalho em relação às obrigações
relativas ao cumprimento do disposto
nos arts. 59, 67, 68 e 71 da CLT
constantes nos itens 01, 02 e 03 do
Termo de Ajustamento de Conduta
celebrado com a empresa Paes Mendonça
S/A em 1998(sucedida por Novasoc
Comercial, uma das empresas demandada
nos autos). Extrai-se do acórdão que
o objeto da presente ação civil
pública é mais amplo, porquanto
envolve não só outras empresas, mas
também o descumprimento de outras
normas trabalhistas, além daquelas já
mencionadas, decorrentes de
circunstâncias identificadas nos anos
posteriores (vide autuações no ano de
2007), e mais específico do que o
fixado no termo ajustado, tanto é que
se postula também a substituição dos
itens acima mencionados pelas
obrigações requeridas nos itens 01,
03 e 04 da presente ação.
Evidenciado, portanto, o interesse de
agir do Ministério Público do
Trabalho, incólume o disposto nos
arts. 5º, § 6º, da Lei 7.347/1985 e
267, VI, do CPC/73. Recurso de
revista não conhecido.
RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO INTERPOSTO
PELO MPT. INSURGÊNCIA RELATIVA À
VALIDADE DO ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE
JORNADA NA MODALIDADE BANCO DE HORAS
AJUSTADO POR MEIO DE NORMA COLETIVA.
PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO
APELO ARGUIDA PELAS RECLAMADAS EM
CONTRARRAZÕES. APLICAÇÃO DA SÚMULA
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422 DO TST. Nos termos do item III da


Súmula 422 do TST, somente é possível
aplicar o entendimento consagrado no
item I do referido verbete ao recurso
ordinário da competência do Tribunal
Regional do Trabalho, nas hipóteses
em que as razões recursais estejam
inteiramente dissociadas dos
fundamentos da sentença, o que não
ocorreu. Recurso de revista não
conhecido.
FGTS. PRESCRIÇÃO. Conforme se
depreende do acórdão regional, trata-
se de caso em que a pretensão
relativa às contribuições do FGTS é
principal e não acessória, porque
incidente sobre parcelas que já foram
pagas no curso do contrato de
trabalho. Nestes casos, esta Corte
Superior entende ser aplicável o
entendimento contido na Súmula 362 do
TST. Registre­se que ajuizada a ação
em   novembro/2011,   não   se   aplica   a
decisão   do   STF   proferida   no   ARE
709212/DF   em   13/11/2014,   ante   a
modulação   dos   seus   efeitos   (Súmula
362, II, do TST).  Recurso de revista
não conhecido.
JORNDADA DE TRABALHO. PRORROGAÇÃO.
DESCUMPRIMENTO DA NORMA CONTIDA NO
ART. 59 DA CLT. INTERVALO
INTERJORNADAS E INTRAJORNADA.
CONCESSÃO PARCIAL. DESCUMPRIMENTO DO
INTERVALO PREVISTO NO ART. 67 DA CLT.
HORA NOTURNA. REDUÇÃO FICTA.
DESCUMPRIMENTO. É insubsistente a
alegação de afronta aos arts. 818 da
CLT e 333, I, do CPC/73, uma vez que
a controvérsia foi solucionada
mediante a valoração do conjunto
fático-probatório e não à luz das
regras de distribuição do ônus da
prova. Recurso de revista não
conhecido.
ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA.
BANCO DE HORAS. AUSÊNCIA DE
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COMPENSAÇÃO NO PRAZO PREVISTO NAS


CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO. Não
há ofensa ao art. 7º, XXVI, da
Constituição Federal, pois consta do
acórdão regional que era a própria
reclamada quem descumpria os termos
do ajuste de compensação de jornada.
Recurso de revista não conhecido.
GUELTAS. NATUREZA JURÍDICA. A
jurisprudência desta Corte é firme no
sentido de que as gueltas são
equiparadas às gorjetas e, por isso,
possuem natureza salarial. Aplica-se,
por analogia, o entendimento
consagrado na Súmula 354 do TST.
Julgados da SbDI-1 desta Corte e de
todas as Turmas. Recurso de revista
não conhecido.
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. A
alegação de afronta ao art. 273 do
CPC/73, sem a indicação expressa do
dispositivo tido como violado
(caput, incisos e/ou parágrafos),
esbarra no óbice da Súmula 221 do
TST. Recurso de revista não
conhecido.
ASTREINTES. LIMITAÇÃO AO VALOR DA
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. ART. 412 DO
CÓDIGO CIVIL. INAPLICABILIDADE. Esta
Corte Superior firmou o
entendimento de que a limitação
contida no art. 412 do Código
Civil não se aplica às
astreintes (multa fixada com o
fim de compelir o demandado ao
cumprimento da obrigação
determinada em juízo), porque a
multa em exame tem natureza
jurídica diversa da multa
estipulada pelas partes em
cláusula penal. Recurso de revista
não conhecido.
DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO
REITERADO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
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(DESCUMPRIMENTO DA NORMA CONTIDA NO


ART. 59 DA CLT, CONCESSÃO PARCIAL DOS
INTERVALOS INTERJORNADAS E
INTRAJORNADA, DESCUMPRIMENTO DO
INTERVALO PREVISTO NO ART. 67 DA CLT.
DESCUMPRIMENTO DA HORA NOTURNA FICTA,
IRREGULARIDADE NO PAGAMENTO DO FGTS E
NÃO INTEGRAÇÃO DAS GUELTAS À
REMUNERAÇÃO). O descumprimento
reiterado das normas trabalhistas
caracteriza lesão a direitos e
interesses transindividuais e, por
isso, autoriza o deferimento da
indenização por dano moral coletivo.
Recurso de revista não conhecido.
DANO MORAL COLETIVO. VALOR ARBITRADO.
Trata-se de ação civil pública
ajuizada pelo Ministério Público do
Trabalho da 3ª Região em que se visa
a defesa de interesses coletivos ante
a constatação de descumprimento
reiterado da legislação trabalhista.
A jurisprudência do TST vem adotando
o entendimento no sentido de que a
revisão do valor fixado a título de
indenização por dano moral, tanto
individual como coletivo, só é
possível nas hipóteses em que o
montante arbitrado for irrisório ou
exorbitante, desatendendo aos
princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o que ocorreu na
hipótese em exame. Considerando a
extensão do dano, a capacidade
econômica das empresas e o caráter
punitivo-pedagógico da condenação, o
Tribunal Regional reduziu o valor
arbitrado pelo juízo de 1º grau para
R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais). Em razão da
inexistência de critérios uniformes e
claramente definidos para o cálculo
da indenização por dano moral,
fatores de cunho subjetivo e
objetivo, tais como a extensão do
dano sofrido, o nexo de causalidade,
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a responsabilidade das partes no


ocorrido, a capacidade econômica dos
envolvidos e o caráter pedagógico da
condenação são utilizados como
parâmetros para o arbitramento do
valor da indenização. Considerando
as particularidades do caso, o valor
fixado pela Corte Regional se mostra
exorbitante e a condenação ao
pagamento dessa quantia se revela
desproporcional aos fins
compensatórios e punitivos
pretendidos. Recurso de revista
conhecido e provido, para fixar o
valor da indenização em R$ 300.000,00
(trezentos mil reais).

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­2174­66.2011.5.03.0008,  em   que   é
Recorrente  COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO E OUTRA  e Recorrido
SINDICATO   DOS   EMPREGADOS   NO   COMÉRCIO   DE   BELO   HORIZONTE   E   REGIÃO
METROPOLITANA ­ SEC,   MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO,
SINDICATO   DOS   EMPREGADOS   NO   COMÉRCIO   DE   UBERLANDIA   E   ARAGUARI   e
SINDICATO   DOS   TRABALHADORES   NO   COMÉRCIO   VAREJISTA   E   ATACADISTA   DE
CONTAGEM ­ SINTRACC.

As reclamadas interpuseram agravo de instrumento


contra o despacho de fls. 3.074/3.076, por meio do qual foi denegado
seguimento ao seu recurso de revista.
Foram apresentadas contrarrazões ao recurso de
revista e contraminuta ao agravo de instrumento.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do regimento interno do TST.
É o relatório.

V O T O

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I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO PELAS RECLAMADAS

1 - CONHECIMENTO

O agravo de instrumento é tempestivo (a decisão


denegatória foi publicada em 31/07/2014, fls. 3.077, e o apelo
protocolado em 08/08/2014, fls. 3.078), está subscrito por
procurador habilitado nos autos (procuração de fls. 622/623) e
satisfeito preparo (fls. 2.857, 2.858 e 3.068).
Portanto, conheço do agravo de instrumento porque
atendidos os pressupostos legais de admissibilidade.

2 – MÉRITO

DANO MORAL COLETIVO. VALOR ARBITRADO

O Tribunal Regional denegou seguimento ao recurso


de revista, sob o fundamento de que, nos termos da decisão
recorrida, não se evidenciam as violações indicadas.
Na minuta do agravo de instrumento, as reclamadas
afirmam que o valor arbitrado é desproporcional à extensão do dano.
Indicam ofensa ao art. 944, caput e parágrafo único, do Código
Civil.
Consta do acórdão:

"Não se conformam as reclamadas com a condenação ao pagamento


de indenização por danos morais coletivos.
Na definição do Dr. Carlos Alberto Bittar Filho, Procurador do Estado
de São Paulo, no artigo "Pode a coletividade sofrer dano moral?",
Repertório IOB – Jurisprudência, vol. 3, 15/96, pág. 271, "o dano moral
coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou
seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores
coletivos."
Conforme a doutrina de Xisto Tiago Medeiros Neto:
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[...]
Nesse sentido, merece transcrição o seguinte precedente
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho:

"... o dano moral coletivo caracteriza-se quando a conduta


antijurídica perpetrada contra trabalhadores extrapola o
interesse jurídico individualmente considerado e atinge
interesses metaindividuais socialmente relevantes para a
coletividade." (Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Turma. RR
12400/2006. Rel. Walmir Oliveira da Costa. DEJT 17/8/2011).

Por outro lado, diante da natureza objetiva do dano moral coletivo


trabalhista, consubstanciando dano "in re ipsa", não há que se perquirir
acerca da culpabilidade do agente, bastando a ocorrência de conduta
empresarial que vilipendie normas de ordem pública.
Nesse raciocínio, no tocante aos pressupostos para a configuração do
dano moral coletivo, cita-se novamente a doutrina de Xisto Tiago de
Medeiros Neto:
[...]
Assim, conforme expendido alhures, o dano moral coletivo restou
configurado, tendo em vista que as rés violaram diversas normas
trabalhistas (prorrogação de jornada além de 2 horas por dia; intervalo
interjornadas; descanso semanal de 24 horas; intervalo intrajornada; hora
noturna; não compensação das horas extras no prazo fixado pelas CCTs; e
não integração das gueltas).
Tais atitudes acarretam, além de prejuízos materiais aos empregados
envolvidos, também danos morais coletivos, consistentes na lesão do
patrimônio moral de toda a coletividade dos trabalhadores da empresa,
assim como da própria sociedade, em virtude das condutas violadoras da
ordem jurídica e social, na medida em que o respeito à dignidade da pessoa
humana e ao valor social do trabalho, erigidos a fundamentos da República
Federativa do Brasil (artigo 5º, incisos III e IV, da CRFB), transcende o
interesse meramente individual, atingindo a esfera coletiva.
Assim, configurado o dano moral coletivo, passa-se à fixação do
valor da indenização, que convém ressaltar, é de grande relevância, uma
vez que a mera cessação da conduta danosa ou correção de uma postura
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negligente empresarial não são suficientes para dissuadir novas práticas


ilícitas.
Dessa forma, visando ao auxílio na mensuração da justa reposição da
ofensa ao bem jurídico coletivo, de modo a garantir a reparação integral, e
ainda, levando-se em conta as peculiares funções punitiva, pedagógica,
preventiva e dissuasória da indenização nesta espécie de responsabilidade
civil extrapatrimonial, os seguintes aspectos merecem ser considerados: a) a
natureza, a gravidade e a repercussão da lesão, b) a situação econômica do
ofensor, c) o proveito obtido com a conduta ilícita, d) o grau de culpa ou
dolo, se presentes, e a verificação de reincidência, e) o grau de
reprovabilidade social da conduta ilícita.
No que concerne ao primeiro aspecto, as rés descumpriram
obrigações legais que pertinem à segurança e saúde laboral, pois a
extrapolação da jornada de forma injustificada, o desrespeito aos intervalos
intra e interjornadas, a não concessão regular de descanso semanal
remunerado, o desrespeito à hora noturna reduzida, revelam condutas que
impedem a efetiva recomposição física e psicológica dos obreiros,
aumentando a risco de acidentes de trabalho e doenças laborais, ao mesmo
tempo em que os priva da fruição de direitos fundamentais, como o direito
ao lazer, à desconexão ao trabalho, ou à convivência familiar.
Nesse sentido:

A)AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. DANO MORAL COLETIVO.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES
TRABALHISTAS. NORMAS RELACIONADAS À
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO.
Caracterizada a divergência jurisprudencial válida e
específica, dá-se provimento ao agravo de instrumento.
Agravo de instrumento conhecido e provido. B)
RECURSO DE REVISTA. 1. DANO MORAL
COLETIVO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES
TRABALHISTAS. NORMAS RELACIONADAS À
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. Consoante
registrou o Tribunal a quo , está comprovado que a ora
recorrente incorreu em conduta prejudicial aos seus
empregados, ao descumprir as normas referentes à
segurança e medicina do trabalho, porquanto não
observou o limite máximo de jornada de trabalho em
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turnos ininterruptos de revezamento, bem como não


concedeu regularmente os intervalos intrajornada e
interjornada e o descanso semanal remunerado, e ainda
adotou regime de compensação de jornada sem observar
os requisitos legais. Ora, aquele que por ato ilícito causar
dano, ainda que exclusivamente moral, fica obrigado a
repará-lo. Assim, demonstrado que a recorrente cometeu
ato ilícito, causando prejuízos a um certo grupo de
trabalhadores e à própria ordem jurídica, não merece
reparos a decisão proferida pela instância ordinária que a
condenou a indenizar os danos morais coletivos. Recurso
de revista conhecido e não provido. (TST. 8ª Turma, RR
9222820115230022 922-28.2011.5.23.0022, Rel.: Dora
Maria da Costa, DEJT 11/10/2013)

Quanto à situação econômica das rés, evidente que detêm boa saúde
financeira, consistindo notoriamente em grupo econômico sólido e de
elevado porte, que atua fortemente no ramo dos supermercados, o que
requer a fixação de uma indenização equilibrada, que, a um só tempo,
atenda à preponderante função punitiva da indenização por dano moral
coletivo, e não consista em valor desproporcional.
Em relação ao proveito obtido, a conduta das rés se aproxima do tão
combatido "dumping social", uma vez que obtiveram vantagem,
alavancando seus lucros, em detrimento de direitos laborais mínimos
(artigo 7º, da CRFB).
Na análise da culpa/dolo e reincidência, conclui-se que as rés
incorreram em conduta reincidente, pois muito embora tivessem sido
autuadas pelo Ministério do Trabalho e efetuado negociações com o MPT
para assinatura de termo de ajustamento de conduta (f. 2575/2577),
persistiram no desrespeito à legislação laboral, o que reflete a falta de
compromisso das empresas rés com a função social da propriedade,
merecendo repreensão pedagógica.
Nesse sentido:

INDENIZAÇÃO POR DANO IMATERIAL COLETIVO


- RESPONSABILIDADE CIVIL - EVOLUÇÃO JURÍDICA -
DESENVOLVIMENTO DE CATEGORIAS APTAS A LIDAR
COM VIOLAÇÕES DE DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS -
REPARAÇÃO DE LESÃO OFENSIVA AOS VALORES
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FUNDANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 -


NÃO PREENCHIMENTO DAS VAGAS RESERVADAS
PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - ART. 93 DA LEI Nº
8.213/91 - OFENSA A DIREITO DIFUSO - DIREITO
FUNDAMENTAL À IGUALDADE MATERIAL - EFICÁCIA
HOROZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. (...) O
que releva investigar, no caso em tela, é a gravidade da violação
infligida pela ré à ordem jurídica. A coletividade é tida por
ofendida, imaterialmente, a partir do fato objetivo da violação
da ordem jurídica. Assim, verificado nos autos que a ré, não
obstante instada pelo Ministério Público do Trabalho a firmar
termo de ajuste de conduta, resistiu por quatro anos em não
cumprir a cota de portadores de deficiência prevista no art. 93
da Lei nº 8.213/91, descumprindo, injustificadamente, norma
garantidora do princípio da igualdade material e da não
discriminação das pessoas portadoras de necessidades especiais
e, por conseguinte, furtando-se à concretização de sua função
social, é devida a reparação da coletividade pela ofensa aos
valores constitucionais fundamentais. Recurso de revista não
conhecido. (TST - RR 65600-21.2005.5.01.0072, 4ª Turma,
Relator Vieira de Mello Filho, Publicação 22/06/2012)

Por fim, a conduta das rés enseja reprovabilidade social, tendo em


vista a mácula causada no patrimônio imaterial de todos os indivíduos que
laboravam em suas dependências (5.902 empregados – f. 2632- verso).
Assim, imperiosa uma condenação pecuniária hábil a dissuadi-las da
continuidade nas práticas sobreditas.
Nesse sentido:

RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL COLETIVO.


DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS.
NORMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO. Consoante
registrou o Tribunal a quo, está comprovado que a ora
recorrente incorreu em conduta prejudicial aos seus
empregados, ao descumprir as normas referentes à segurança e
à medicina do trabalho. Ora, aquele que por ato ilícito causar
dano, ainda que exclusivamente moral, fica obrigado a repará-
lo. Assim, demonstrado que a recorrente cometeu ato ilícito,
causando prejuízos a um certo grupo de trabalhadores e à
própria ordem jurídica, não merece reparos a decisão proferida
pela instância ordinária que a condenou a indenizar os danos
morais coletivos. Recurso de revista conhecido e não provido.

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

(TST.8ªTurma. RR155005620105170132, Rel.: Min. Dora


Maria da Costa, DEJT 14/6/2013)

Dessarte, em face da criteriosa análise acerca dos aspectos para


quantificação do dano, apesar de as rés consistirem em empresas de grande
vulto econômico, entendo que a sentença merece reparo no tocante ao valor
da indenização, fixado em primeiro grau em R$16.000,000,00 (dezesseis
milhões de reais), valor que considero excessivo, pois ultrapassa a
razoabilidade, termômetro da justa condenação, podendo até mesmo
comprometer os postos de emprego das reclamadas, razão pela qual o
reduzo para R$1.500,000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), monta
mais compatível com o quadro dos autos e suficiente para demonstrar o
caráter punitivo e pedagógico e desestimular a insistência na prática dos
ilícitos.
A monta de R$1.500.000,00 atende aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade, ajustando-se também ao porte econômico das
reclamadas, acarretando o efeito pedagógico, sancionatório, preventivo e
dissuasório, peculiares a esse tipo de responsabilidade civil, sem o risco de
dificultar suas atividades.
Essa obrigação reparatória pecuniária, fixada de forma adequada e
ponderada, valoriza o órgão julgador trabalhista, na medida em que cumpre
sua função de proferir uma decisão justa e hábil a dissuadir a prática de
condutas gravosas e inadmissíveis juridicamente, consubstanciada na
obtenção de absurda e injusta vantagem por parte do ofensor em detrimento
de valores e bens fundamentais da coletividade; bem como impede o
esvaziamento ético da responsabilidade civil.
No sentido da fixação da indenização no importe de R$1.000.000,00,
com constatação de bem menos violações às normas trabalhistas do que no
presente caso, os seguintes julgados:
a) Desta Segunda Turma (terceirização e horas extras); processo
01202-2011-015-03-00-2-RO; Relator: Des. Jales Valadão Cardoso;
Revisor: Des. Sebastião Geraldo de Oliveira; Terceiro Votante: Des. Luiz
Ronan Neves Koury; publicação em 10/04/2013.
b) Do TST, Quarta Turma (obrigações de a reclamada não exigir de
seus empregados batam o cartão de ponto e voltem a trabalhar; a jornada
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

extraordinária superior ao limite máximo de duas horas diárias e 44


semanais ser corretamente apurada e paga; e a real jornada de trabalho ser
registrada nos cartões de ponto); processo TST-ARR-14900-
80.2006.5.01.0080; Rel. Min. Maria de Assis Calsing; publicação em
03/04/2012.
Dou provimento em parte" (fls. 2.992/2.999).

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo


Ministério Público do Trabalho da 3ª Região em que se visa a defesa
de interesses coletivos ante a constatação de descumprimento
reiterado da legislação trabalhista.
A jurisprudência do TST vem adotando o
entendimento no sentido de que a revisão do valor fixado a título de
indenização por dano moral, tanto individual como coletivo, só é
possível nas hipóteses em que o montante arbitrado for irrisório ou
exorbitante, desatendendo aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o que ocorreu na hipótese em exame.
Considerando a extensão do dano, a capacidade
econômica das empresas e o caráter punitivo-pedagógico da
condenação, o Tribunal Regional reduziu o valor arbitrado pelo juízo
de 1º grau para R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).
Em razão da inexistência de critérios uniformes e
claramente definidos para o cálculo da indenização por dano moral,
fatores de cunho subjetivo e objetivo, tais como a extensão do dano
sofrido, o nexo de causalidade, a responsabilidade das partes no
ocorrido, a capacidade econômica dos envolvidos e o caráter
pedagógico da condenação são utilizados como parâmetros para o
arbitramento do valor da indenização.
Considerando as particularidades do caso, o valor
fixado pela Corte Regional se mostra exorbitante e a condenação ao
pagamento dessa quantia se revela desproporcional aos fins
compensatórios e punitivos pretendidos.
Portanto, dou provimento ao agravo de instrumento,
por violação do art. 944, parágrafo único, do Código Civil, para
mandar processar o recurso de revista.
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.14

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

II – RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELAS


RECLAMADAS

O recurso de revista é tempestivo (a decisão do


Tribunal Regional em embargos de declaração foi publicada em
19/03/2014, fls. 3.033, e o apelo protocolado em 27/03/2014, fls.
3.040), regular a representação processual (procuração de fls.
622/623) e satisfeito preparo (fls. 2.857, 2.858 e 3.068).
Preenchidos os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade do recurso.

a) Conhecimento

1 – PEDIDO DE DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA.


CONTINÊNCIA

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


afirmam que os autos deveriam ter sido distribuídos por dependência,
por haver continência entre as causas. Indicam ofensa aos arts. 5º,
LV, da CF e 253, I, do CPC/73.
Consta do acórdão:

"Propugnam as rés Companhia Brasileira de Distribuição e Novasoc


pela distribuição por dependência da presente ação à Quinta Turma deste
Regional, que julgou o agravo de petição interposto no processo 1442/2012,
relatado pelo e. Des. Paulo Roberto Sifuentes Costa.
Preconiza o art. 253 do CPC:

"Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de


qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de
27.12.2001)

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência,


com outra já ajuizada; (Redação dada pela Lei nº 10.358, de
27.12.2001)

II - quando, tendo sido extinto o processo, sem


julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em
litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente
alterados os réus da demanda; (Redação dada pela Lei nº
11.280, de 2006)

III - quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao


juízo prevento. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)."

A conexão de ações, prevista no artigo 105 do CPC, não tem lugar


quando os feitos já foram julgados, estando em grau de recurso no Tribunal,
como é o caso da presente contenda e a teor do que exprime a Súmula 235
do STJ, que assim dispõe: "A conexão não determina a reunião dos
processos, se um deles já foi julgado."
Não bastasse isso, detecta-se não haver plena identidade entre as
partes, pois a reclamada CBD não é parte no processo julgado pela Quinta
Turma deste Tribunal. Como se vê, o caso em foco não se enquadra em
nenhuma das hipóteses legais autorizadoras da distribuição por prevenção.
Rejeito" (fls. 2.978/2.979).

No caso, o Tribunal Regional rejeitou o pedido de


reunião de processos, por dois fundamentos: a) impossibilidade de
reunião de processos reputados conexos, quando um deles já foi
julgado e; b) por não haver identidade entre as partes (premissa
fática insuscetível de alteração nesta fase processual).
Por força do disposto no art. 105 do CPC/73 (atual
58 do CPC/2015), as ações reunidas em razão da conexão ou
continência devem ser decididas simultaneamente. Trata-se de medida
de economia processual, a fim de evitar decisões conflitantes.
Contudo, havendo o julgamento de uma das causas
este procedimento não mais se justifica. É o que se extrai da Súmula
235 do STJ (positivada no art. 55, § 1º, do novo CPC), cuja redação
é a seguinte: a conexão não determina a reunião dos processos se um
deles já foi julgado.
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

No mesmo sentido, os seguintes julgados desta


Corte.

"CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PREVENÇÃO


POR CONTINÊNCIA. JULGAMENTO DE UMA DAS AÇÕES.
REUNIÃO DAS AÇÕES PREJUDICADA. CONFLITO DE
COMPETÊNCIA PROCEDENTE. 1. O Juízo da 16ª Vara do Trabalho de
Brasília/DF (suscitado) declinou da competência por vislumbrar a
ocorrência de prevenção, por conexão ou continência, reconhecendo que a
ação que lhe foi distribuída possui objeto maior (pedido de cancelamento de
registro sindical) do que o da ação anteriormente ajuizada (ação
declaratória de não representatividade sindical) perante o Juízo da 12ª Vara
do Trabalho de Belém/PA (suscitante). 2. Ocorre, todavia, que a ação
apreciada pelo juízo paraense, no momento em determinada a remessa dos
autos para a 12ª Vara do Trabalho de Belém/PA, já havia sido julgada. 3.
Embora a reunião de ações, quando houver conexão ou continência, evite o
concurso desnecessário de órgãos jurisdicionais distintos e a possibilidade
de decisões conflitantes, a circunstância de uma das ações ter sido julgada
inviabiliza o julgamento simultâneo das causas, não havendo, por isso, que
se cogitar de prevenção. Inteligência da Súmula 235 do STJ, cuja
compreensão inclusive encontra-se reproduzida no § 1º do artigo 55 do
CPC/2015. 4. De fato, se o propósito da reunião dos feitos é preservar o
julgamento simultâneo, a fim de evitar decisões contraditórias, lesivas ao
postulado da unidade de convicção, esse objetivo não mais pode ser
alcançado quando um dos juízos profere decisão. Conflito de competência
admitido para declarar a competência do Juízo da 16ª Vara do Trabalho
Brasília/DF, suscitado." (TST-CC - 10142-60.2016.5.08.0000,
Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro: Douglas Alencar
Rodrigues, DEJT 11/11/2016 – destaque acrescido)

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


IMPETRAÇÃO EM FACE DE DECISÃO NA QUAL INDEFERIDO
REQUERIMENTO DE REUNIÃO DE AÇÕES. ART. 105 DO CPC.
POSTERIOR PROLAÇÃO DE SENTENÇA EM UM DOS FEITOS.
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

PERDA SUPERVENIENTE DO INTERESSE PROCESSUAL.


DENEGAÇÃO DA ORDEM. Pretensão mandamental direcionada contra a
decisão judicial em que indeferido o requerimento de reunião de duas ações
indenizatórias, que seriam, na visão do Impetrante, conexas e que foram,
propostas pelos ascendentes e pela viúva do trabalhador falecido em
acidente de trabalho. Motivação judicial centrada na dissintonia de
pretensões materiais formuladas em cada qual das ações consideradas,
ainda que vinculadas, ambas, à causa próxima de pedir, qual seja o evento
que vitimou o trabalhador falecido. Para além da discussão centrada no
próprio cabimento da ação mandamental (art. 5º, II, da Lei 12.016/2009),
considerada não apenas a natureza interlocutória da decisão proferida (CLT,
art. 893, § 1º), mas a própria possibilidade de arguição de conflito de
competência pela parte impetrante (CPC, art. 116), a superveniência de
sentença de mérito em uma das ações indenizatórias, em relação às quais se
afirmava presente a conexão, acarreta a perda de superveniente do interesse
processual necessário ao trânsito da ação de segurança. De fato, se o
propósito da reunião dos feitos é preservar o julgamento simultâneo, a fim
de evitar decisões contraditórias, lesivas ao postulado da unidade de
convicção (CPC, art. 105), esse objetivo não mais pode ser alcançado
quando um dos juízos profere decisão (Súmula 235 do STJ). Ainda que
assim não fosse, na situação concreta, a mera coincidência da causa remota
de pedir (morte do empregado), quando distintas as partes, causas próximas
de pedir e respectivas pretensões deduzidas, não revela a conveniência da
reunião das ações propostas perante juízos diversos. Recurso ordinário
conhecido e não provido." (TST - RO - 10661-
78.2013.5.03.0000, Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro: Douglas
Alencar Rodrigues, DEJT 26/09/2014).

"RECURSO DE REVISTA. NULIDADE POR VIOLAÇÃO AO


DEVIDO PROCESSO LEGAL. PREVENÇÃO. À luz da Súmula 235 do
STJ, não há reunião dos processos se um deles já foi julgado. Há
precedentes deste Tribunal. Recurso de revista não conhecido. [...]"(TST-
RR - 264500-85.1996.5.02.0023, 6ª Turma, Relator

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, DEJT


05/04/2019).

"[...] B) RECURSO DE REVISTA. FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE


SAÚDE DE TERESINA. 1. LITISPENDÊNCIA, CONEXÃO OU
CONTINÊNCIA. O Tribunal Regional registrou que não há identidade de
partes e que a ação proposta pelo Sindicato Laboral na 3ª Vara do Trabalho
já foi julgada. Dessarte, além de não haver litispendência, no tocante à
alegação de conexão, o acórdão está em conformidade com a Súmula 235
do STJ, a qual estabelece que a conexão não determina a reunião dos
processos se um deles já foi julgado, como no caso. Assim, estão ilesos os
artigos 103, 104, 105 e 301, V, § 3º, do CPC. Arestos inservíveis ao
confronto, a teor do artigo 896, -a-, da CLT e da Súmula 337, I, -a-, do TST.
Recurso de revista não conhecido. (…)" (RR - 2276-
75.2011.5.22.0003, 8ª Turma, Relatora Ministra:
Dora Maria da Costa, DEJT 11/10/2013.)

Incólume os dispositivos tidos como violados.


Não conheço.

2 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO


PÚBLICO DO TRABALHO. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. DESCUMPRIMENTO
DAS NORMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


sustentam que o Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade
para propor a presente ação, porquanto se objetiva tutelar direito
individual heterogêneo. Indicam ofensa aos arts. 129, III, da CF,
1º, IV, da Lei 7.347/1985, 81, III, da Lei 8.078/1990 e 267, IV, do
CPC/73.
Consta do acórdão:

"Cumpre observar que, além da Lei n. 7.347/85, que disciplina a ação


civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

paisagístico, a Constituição Federal de 1988, no art. 129, inc. III, prevê a


utilização da ACP para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Não se pode igualmente
olvidar a Lei n. 8.078/90, que introduziu a categoria dos interesses
individuais homogêneos ao lado dos interesses coletivos e difusos já
existentes, apresentando a conceituação dos mesmos.
Preconiza o art. 81 da Lei nº. 8.078/90:

"A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para


efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para


efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim


entendidos os decorrentes de origem comum." (Destaques
acrescidos).

O objeto da demanda é o de forçar a ré a se abster da prática de não


respeitar as normas legais (exemplo: intervalos intrajornada e
interjornadas), dizendo respeito à defesa de direitos individuais
homogêneos dos trabalhadores que se encontram prestando serviços
irregularmente (sem contrato individual de trabalho e registro na forma do
art. 41 da CLT) e, bem assim, de interesses que transcendem a
individualidade dos atuais empregados e com natureza de indivisibilidade,
haja vista a inobservância da legislação trabalhista atingir todo o grupo e
não um indivíduo ou outro isoladamente, o que significa, na verdade,
cuidar-se de interesses coletivos em sentido estrito.
No caso, ao defender os direitos socialmente garantidos aos
trabalhadores, tem-se em mira a defesa da própria ordem jurídica que os
assegura, protegendo-se não somente um grupo específico de trabalhadores,
mas também aqueles que, no futuro, possam vir a trabalhar para a ré em tais
funções.
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Aliás, esse tem sido o entendimento do TST, conforme se vê a seguir:

RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. OBSERVÂNCIA
DA JORNADA DE TRABALHO CONTRATUAL,
CONVENCIONAL OU LEGAL E DOS INTERVALOS
INTRA E INTERJORNADAS. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. TUTELA
INIBITÓRIA. ADIMPLEMENTO DA LEGISLAÇÃO
TRABALHISTA. 1. O Ministério Público do Trabalho detém
legitimidade para pleitear, em ação civil pública, tutela
inibitória na defesa de direitos individuais homogêneos,
cumprimento de obrigações trabalhistas e adimplemento da
legislação, especialmente quando relacionados à dignidade da
pessoa humana e aos valores sociais do trabalho (1º, III e IV,
CF), nos exatos limites dos arts. 127 e 129, III e IX, da
Constituição Federal, 6º, VII, alíneas a e d e 84 da Lei Complr
nº 75/93, 1º, IV, e 3º da Lei nº 7.347/85. Está qualificado o
-Parquet- mesmo que se busque o adimplemento de elementares
direitos trabalhistas - aqui residente a valia de sua atuação. 2.
No presente caso, a busca da efetividade da jornada de trabalho
contratual, convencional ou legal e dos intervalos intra e
interjornadas, além da condenação ao pagamento de
indenização por dano moral coletivo, autoriza a representação
do MPT. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - 3ª
Turma, RR: 10807520105040401 1080-75.2010.5.04.0401,
Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de
Julgamento: 08/05/2013, Data de Publicação: DEJT
17/05/2013).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. O
entendimento desta Corte Superior é no sentido de que o
Ministério Público do Trabalho possui legitimidade ativa para
propor Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho para a defesa
dos interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais,
difusos e coletivos, decorrentes dos direitos sociais dos
trabalhadores, nos termos dos arts. 83 e 84 da Lei Complr nº
75/93, bem como do art. 5º da Lei 7.347/85. Precedentes da
SBDI-1 deste Tribunal Superior. Decisão do Tribunal Regional
em sintonia com esse posicionamento. Incidência da Súmula nº
333 do TST e do art. 896, § 4º, da CLT. Agravo de instrumento
a que se nega provimento. DANOS MORAIS COLETIVOS.
CONDENAÇÃO EM DINHEIRO EM FAVOR DO FAT. O art.
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

3º da Lei nº 7.347/85 dispõe que -a ação civil poderá ter por


objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer-. Assim, tem-se que a correta
interpretação desse preceito legal é a de que tais objetos são
cumuláveis, e não excludentes. Esta Corte Superior, aliás, tem
reiteradamente decidido pelo cabimento de indenização por
dano moral coletivo, em ação civil pública. Precedentes.
Incidência da Súmula nº 333 do TST e do art. 896, § 4º, da CLT.
Agravo de instrumento a que se nega provimento.(TST - 7ª
Turma, AIRR: 8281120125080201 828-11.2012.5.08.0201,
Relator: Valdir Florindo, Data de Julgamento: 19/06/2013, Data
de Publicação: DEJT 21/06/2013)

Por tudo isso, tem-se que o Ministério Público do Trabalho detém


plena legitimidade para promover a presente ação, que não padece de
nenhuma inadequação de procedimento.
Arguição rejeitada" (fls. 2.979/2.982).

A
jurisprudência firmada por esta Corte é no
sentido de que o Ministério Público do Trabalho tem legitimidade
ativa para propor ação civil pública em hipóteses como a delineada
nos autos (em que se discute o descumprimento de normas trabalhistas
de uma coletividade de empregados), por se tratar de defesa de
direitos individuais homogêneos. Nesse sentido, os seguintes
julgados:

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE ATIVA.
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. INTERESSE SOCIAL
RELEVANTE. DANO MORAL COLETIVO. NORMAS DE SAÚDE E
SEGURANÇA NO TRABALHO. A parte agravante não apresenta
argumentos capazes de desconstituir a juridicidade da decisão que negou
seguimento ao agravo de instrumento, uma vez que o recurso de revista não
demonstrou pressuposto intrínseco previsto no art. 896 da CLT. Esta Corte
Superior, considerando o disposto nos arts. 127 e 129, da Constituição
Federal, tem reconhecido a legitimidade ativa do Ministério Público do
Trabalho para a propositura de ação civil pública que tem como causa de
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

pedir o descumprimento das normas de saúde e segurança que guarnecem o


meio-ambiente do trabalho. Incidência do disposto no art. 896, § 7º, da
CLT. Agravo a que se nega provimento" (TST- Ag-AIRR - 11400-
83.2012.5.17.0101, 1ª Turma, Relator Ministro:
Walmir Oliveira da Costa, DEJT 20/10/2017).

"I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA ANTERIOR À


VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. [...] 2 - ILEGITIMIDADE ATIVA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. O Ministério Público do
Trabalho tem legitimidade para ajuizar ação civil pública, não apenas para a
defesa de interesses difusos, mas também para tutelar direito coletivo e
individual homogêneo, desde que demonstrada a relevância social, como
acontece no presente caso. Considerando que o pleito formulado na inicial
da presente Ação Civil Pública visa à observância de normas de ordem
pública atinentes à duração do trabalho não apenas em favor de um
empregado, mas de todos os empregados da ré, evidencia-se a
transindividualidade dos interesses, de origem comum, decorrentes de
irregularidade praticada pelo empregador. Recurso de revista não conhecido
[...]" (TST - RR - 1159-30.2012.5.09.0018, 2ª Turma,
Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, DEJT
15/02/2019).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


LEI 13.015/14. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO. LEGITIMIDADE. O Ministério Público ajuizou Ação Civil
Pública, objetivando o cumprimento pela ré de determinadas obrigações de
fazer, bem como a sua condenação ao pagamento de indenização por danos
morais coletivos, ante suposto cometimento das seguintes irregularidades:
manter empregados laborando em dias de feriados sem permissão da
autoridade competente e sem a ocorrência de necessidade imperiosa de
serviço e aos domingos sem prévia permissão da autoridade competente em
matéria de trabalho, não conceder intervalo para repouso e alimentação de,
no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, a qualquer trabalho
contínuo cuja duração exceda de 6 (seis) horas; não registrar e, por
consequência, não efetuar os pagamentos relativos às horas in itinere; não
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.23

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

registrar e não remunerar o tempo à disposição, em que o empregado


aguardava o transporte fornecido pela empresa, antes do início e após o
término da jornada de trabalho. Com efeito, prevalece nesta Corte Superior
o entendimento de que o Ministério Público do Trabalho tem legitimidade
para ajuizar ação civil pública, não apenas para a defesa de interesses
difusos, mas também para tutelar direito coletivo e individual homogêneo,
desde que demonstrada a relevância social. Portanto, de acordo com a
ordem jurídica vigente, o Ministério Público do Trabalho é parte legítima
para ajuizar ação civil pública visando proteger interesses individuais
indisponíveis, homogêneos, sociais, difusos e coletivos. Na hipótese dos
autos, observa-se que o objeto da ação civil pública diz respeito a direito
que, por ostentar origem comum que atinge todo o grupo de trabalhadores
da ré, e tratar de questões atinentes à saúde e à segurança do trabalho,
qualifica-se como direito individual homogêneo, atraindo, assim, a
legitimidade do Ministério Público do Trabalho para a causa. Precedentes
do STF e do TST [...]" (TST - AIRR - 636-
95.2013.5.18.0191, 3ª Turma, Relator Ministro:
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
07/01/2019).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA
AD CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS. DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS RELATIVAS À
DURAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E FORMA DE RESCISÃO
DO CONTRATO DE TRABALHO. Esta Corte, em inúmeros precedentes
da SBDI-1, tem reconhecido a legitimidade ativa do Ministério Público do
Trabalho para intentar ação civil pública em defesa de direitos individuais
homogêneos, com fundamento em interesse social relevante, nos exatos
limites dos arts. 127 e 129, III e IX, da Constituição Federal, 6.º, VII,
alíneas "a" e "d", e 83, III, da Lei Complementar n.º 75/93. Portanto,
considerando que o direito pleiteado diz respeito a ato lesivo do
empregador, que atinge parcela de seus empregados, não há como afastar a
legitimidade do Ministério Público para propor a presente ação. Agravo de
Instrumento conhecido e não provido" (TST - AIRR - 856-
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.24

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

39.2014.5.11.0002, 4ª Turma , Relatora Ministra:


Maria de Assis Calsing, DEJT 19/12/2017).

I. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. REGIDO PELA


LEI 13.015/2014. [...] LEGITIMIDADE ATIVA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR.
JORNADA DE TRABALHO. O Tribunal Regional registrou que não há
dúvidas de que o Ministério Público do Trabalho possui legitimidade ativa,
porquanto não busca "obter condenação genérica para posterior
individualização em prol de pessoas específicas e determinadas; busca tão
somente a condenação da empresa em obrigações de fazer e não fazer,
relacionadas com o estrito cumprimento da legislação trabalhista pertinente
à jornada de trabalho, a fim de evitar que esta seja executada de forma
exaustiva, com implicações na saúde dos empregados, afetados pelo
desgaste físico e emocional.". Com efeito, o Autor apontou o
descumprimento de direitos trabalhistas de uma coletividade de
empregados da Ré, em razão da inobservância de normas referentes à saúde
e à segurança do trabalho, relacionadas à duração do labor. É pacífica a
jurisprudência desta Corte em reconhecer a legitimidade ativa do Parquet
nas ações coletivas para a tutela dos direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos de trabalhadores integrantes da categoria. É o que se extrai,
inclusive, da interpretação sistemática dos artigos 127, caput, e 129, III, da
CF/88 e 83, III, da Lei Complementar 75/93, 81 e 82 da Lei 8.073/90, não
havendo falar, pois, em ilegitimidade ativa. Recurso de revista não
conhecido [...]" (TST- RR - 855-09.2013.5.09.0014, 5ª
Turma, Relator Ministro: Douglas Alencar
Rodrigues, DEJT 21/09/2018).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA VOTORANTIM


METAIS E ZINCO S/A NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/14. [...]
LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. A legitimidade do
Ministério Público do Trabalho, na defesa de interesses individuais
homogêneos, em ação civil pública, está consagrada na doutrina e na
jurisprudência do c. Tribunal Superior do Trabalho e do e. Supremo
Tribunal Federal. Delimitado pelo eg. TRT que o objeto da presente ação é
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

a proteção do meio ambiente do trabalho, visando observância pela ré das


normas atinentes à jornada de trabalho (registro da jornada; prorrogação da
jornada para os trabalhadores em minas de subsolo; intervalo intrajornada;
trabalho aos domingos e tempo de treinamento durante a jornada de
trabalho), sobressai a legitimidade do Ministério Público do Trabalho, visto
que evidenciada a lesão comum de direitos sociais e indisponíveis de
determinado grupo de trabalhadores. Precedentes. Recurso de revista não
conhecido" (TST- ARR - 11630-98.2014.5.03.0084, 6ª
Turma, Relator Desembargador Convocado: Paulo
Marcelo de Miranda Serrano, DEJT 17/06/2016).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO PELOS RECLAMADOS - PROCESSO SOB A ÉGIDE DO
CPC/1973 E ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 -
LEGITIMIDADE AD CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO - DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS DE
PRORROGAÇÃO DE JORNADA E DE INTERVALO
INTERJORNADAS - AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 1. Trata-se de ação civil
pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho da 9ª Região, que
denuncia crônico quadro de descumprimento da legislação, no que tange
aos limites de prorrogação de jornada e à concessão de intervalo
interjornada, referindo-se a controvérsia às obrigações de fazer e de não
fazer, bem como à condenação ao pagamento de indenização por dano
moral coletivo, a ser revertida para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos
(FDD). 2. Especificamente quanto à legitimidade do Ministério Público do
Trabalho, na esteira dos arts. 127, caput, e 129, III e IV, da Constituição
Federal, a Lei Complementar nº 75/93, em seu art. 83 c/c art. 6º, VII, "d",
deixa inequívoca a legitimidade do Ministério Público do Trabalho para a
propositura de ação civil pública. Os interesses a serem defendidos por esse
instrumento são aqueles de natureza coletiva lato sensu ou transindividual,
disciplinados no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90). 3. Dessa forma, não se persegue a tutela de direito ou interesse
de reparação individual; na realidade, o que se pretende coibir é o
descumprimento sistemático das normas de prorrogação de jornadas e de
descanso entre jornadas, circunstância que traz prejuízos flagrantes aos
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

direitos dos trabalhadores. 4. Há presença, pois, na hipótese, de interesse


social relevante, e ao Ministério Público do Trabalho, como visto, compete
promover a defesa dos direitos ou interesses difusos ou coletivos.
Precedentes" (TST - AIRR - 1127-56.2010.5.09.0095, 7ª
Turma, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, DEJT 07/12/2018).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA – [...]


ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO -
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DESCUMPRIMENTO DE NORMAS DE
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO O Ministério Público do
Trabalho detém legitimidade para o ajuizamento de Ação Civil Pública que
vise à proteção de interesses difusos e coletivos, tal como preconizado no
artigo 129, III, da Constituição da República, e que também contemple a
defesa de interesses individuais homogêneos, considerados espécies de
interesses coletivos em sentido amplo. A presente demanda busca a
observância de normas protetivas à saúde, segurança e integridade física
dos trabalhadores da Ré, cuidando-se de interesses e direitos de natureza
coletiva. Inequívoca, portanto, a legitimação ativa do Ministério Público"
(TST- ARR - 116600-95.2011.5.17.0010 , 8ª Turma ,
Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, DEJT 09/03/2018).

Estando   a   decisão   do   Tribunal   Regional   em


conformidade com a jurisprudência consolidada nesta Corte, incide o
óbice da Súmula 333 do TST.
Não conheço.

3 – INTERESSE DE AGIR

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


sustentam que o MPT não possui o interesse de agir, ante a
identidade das cláusulas 1, 2 e 3 previstas no Termo de Ajuste de
Conduta e dos pedidos 1, 3 e 4 contidos na petição inicial. Afirmam
que por se tratar de um título executivo extrajudicial (TAC), é
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

incabível o ajuizamento da presente ação civil pública com o fim de


constituir um novo título. Indicam ofensa aos arts. 5º, § 6º, da
Lei 7.347/1985 e 267, VI, do CPC/73.
Consta do acórdão:

"Ao revés do que asserem as reclamadas o interesse de agir do MPT


está presente, consistindo na necessidade de o autor buscar o Judiciário para
obter o resultado pretendido, com amparo no art. 5º, inciso XXXV, da
Constituição Federal ( "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito").
O provimento buscado pelo MPT e alcançado nestes autos não
consiste em alterar o "Termo de Compromisso" de f. 66/69, celebrado pela
empresa Paes Mendonça S/A (sucedida pela reclamada Novasoc) e pelo
MPT em 14-agosto-1998.
Trata-se de pedidos relacionados a descumprimento pelas reclamadas
de diversas normas trabalhistas em épocas bem posteriores à data de
celebração do referido Termo (exemplos: denúncia em 2007 – f. 86;
autuações pelo Ministério do Trabalho em 2007 – f. 100, 101, 102; etc).
Entre as normas que restaram descumpridas e deram ensejo às
condenações constantes da sentença recorrida, encontram-se os arts. 59, 71,
67 e 68 da CLT, que foram objetos do Termo de 1998 e que envolvia a
empresa Paes Mendonça.
Agora, na presente ação civil pública, a envolver as reclamadas
Companhia Brasileira de Distribuição e Novasoc Comercial, do Grupo Pão
de Açúcar, está-se a tratar de violações não somente a tais artigos, mas a
outras normas trabalhistas, referentes a empresas diversas e épocas
diferentes.
Convém enfatizar, ademais, que a decisão recorrida não determinou
alteração de cláusula do referido Termo de Compromisso, tendo apenas
tratado dos temas de forma diferente com o devido pronunciamento
judicial. Cabe reproduzir com fidelidade o conteúdo do provimento:

"A) declarar a substituição dos itens 1, 2 e 3 do Termo de


Ajustamento de Conduta firmado pela ré Novasoc com o
Ministério Público do Trabalho, nos autos do PATC

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

293.2001.03.000/0, pelas obrigações acima deferidas nos itens


1, 4 e 3, respectivamente;
...
1 - Cumprir as disposições legais e constitucionais
referentes à duração do trabalho normal, não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, não permitindo
horas extras além de duas horas diárias, exceto quando a
extraordinariedade da situação justificar, o que deverá ficar
registrado em livro próprio com todas as circunstâncias da
necessidade ensejadora daquela jornada;
...
3 - Conceder aos seus empregados, um descanso semanal
de 24 horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência
pública ou necessidade imperiosa de serviço, nos termos da lei,
devendo o mesmo coincidir com um domingo a cada três
semanas trabalhadas, observadas, ainda, as disposições contidas
nos artigos 67 a 70 da CLT, inclusive quanto ao trabalho nos
domingos e feriados;
4 - Conceder aos seus empregados que laboram
continuamente, nos termos do artigo 71 da CLT, o intervalo
intrajornada destinado a alimentação e ao descanso, isto é, de
15(quinze) minutos, para aqueles que laboram em jornada de
até 06(seis) horas diárias, e de 01(uma) e até 02(duas) horas,
para aqueles que laboram em jornadas diárias de até 08(oito)
horas, fazendo com que sejam registrados o horário intrajornada
verdadeiro, sem quaisquer óbices a esta prática."

Por fim, cabe registrar que não houve substituição de cláusulas do


TAC por novas disposições, mas apenas decisão judicial sobre
controvérsias que antes estavam contempladas no TAC. Desse modo, não
haverá o risco de vigência de duas regras simultâneas, pois aqueles temas,
que antes estavam ajustados no TAC, agora estão abrangidos por esta
decisão judicial, nos limites estabelecidos.
Veja-se a propósito:

"... o termo de ajuste de conduta constitui uma forma


muito efetiva de solução extrajudicial de conflitos trabalhistas,
em que o Ministério Público toma dos interessados o
compromisso de se adequar às exigências legais, por meio de
cominação de multas, o qual, uma vez celebrado, terá eficácia
de título executivo extrajudicial, nos termos do artigo 113, § 6º,
do Código de Defesa do Consumidor, aplicável
subsidiariamente ao processo do trabalho no que concerne às
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

lides coletivas, e de disposição expressa nesse sentido,


constante do parágrafo único do artigo 876 da CLT (na nova
redação que lhe foi dada pela Lei nº 9958/2000).
No entanto, na tentativa de solucionar esses conflitos, não
se pode, em hipótese alguma, deixar de observar o princípio da
proteção do trabalhador, principalmente quando, em uma
relação jurídica continuativa como a que foi objeto do TAC em
discussão, o MPT houver alegado a ocorrência de outros fatos e
atos ilícitos em que se envolveu a empresa ré não abrangidos
por aquele ajuste de conduta e que, por isso mesmo, não poderá
ser inibidos e reparados por inteiro pela simples execução
daquele título executivo extrajudicial. Ou seja, uma vez
verificada a possibilidade de o trabalhador ter seus direitos
suprimidos ou reduzidos em razão da ineficácia do termo de
ajuste de conduta celebrado, deve o Ministério Público buscar
meios mais efetivos para salvaguardá-los, como a propositura
de ação civil pública.
E foi exatamente essa a medida adotada pelo
Ministério Público do Trabalho através do presente
processo.
O Parquet, ao relatar, com detalhes, os fatos ocorridos
enquanto se buscava a solução extrajudicial para a
denúncia que acarretou na celebração dos dois termos de
ajuste de conduta, procurou demonstrar a gravidade da
situação que foi levada ao seu conhecimento (bem como o
seu progressivo agravamento) e as tentativas frustradas de
valer os compromissos tomados das rés.
Aliás, a veracidade de tais fatos foi expressamente
admitida pelo próprio Tribunal Regional ao consignar que
"é incontestável que a situação vivenciada pelo órgão do
MPT demonstra afronta a princípios balizares da
Constituição da República Federativa do Brasil".
Não é demais destacar que o Ministério Público tem
legitimidade para promover inquérito civil e ação civil
pública destinados a tutelar qualquer espécie de direitos e
interesses difusos e coletivos, conforme expressamente
preconiza o inciso III do artigo 129 da Constituição Federal,
a qual não pode ser afastada em razão da simples
celebração de termo de ajuste de conduta que, diante das
circunstâncias fáticas registradas na decisão regional, não
foi e claramente não poderá mais ser cumprido.
Aliás, o pedido desta ação civil pública é mais amplo
do que as obrigações que constituíram objeto dos termos de
ajuste de conduta celebrados. ... Com efeito, nessa ação civil
pública, além de pleitear o reconhecimento do vínculo de
emprego dos exempregados da Ademir Dattorre – ME -,
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

prestadora de serviços de fornecimento de lenha, com a


Bunge Alimentos S.A., e o pagamento das verbas
trabalhistas correspondentes, o Ministério Público do
Trabalho pretendeu, também, a condenação das rés ao
pagamento de indenização por danos morais coletivos, no
importe de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a ser
revertido para o FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador -,
matéria que simplesmente não constou dos referidos termos
de ajuste de conduta. Está claro, aqui, que esta ação civil
pública, não obstante tenha sido proposta em razão dos
fatos ocorridos antes da celebração dos termos de ajuste de
conduta e durante sua vigência, não teve como fundamento
único o descumprimento dos compromissos ali tomados,
mas sim a flagrante tentativa de burlar as normas
trabalhistas, ofensa bem mais ampla e que transcende os
termos ali ajustados. ... Assim, ante todo o exposto, está
evidenciado que a Corte regional, ao extinguir esta ação
civil pública sem resolução do mérito ante a falta de
interesse de agir, acabou afrontando o artigo 129, inciso III,
da Constituição Federal" TST, Segunda Turma, processo
RR - 134840-70.2007.5.23.0022, Rel. Min. José Roberto
Freire Pimenta, DJE 13.09.13).
Pela rejeição" (fls. 2.982/2.986 – destaques no
original).

Cinge-se a controvérsia a respeito do interesse de


agir do Ministério Público do Trabalho em relação às obrigações
relativas ao cumprimento do disposto nos arts. 59, 67, 68 e 71 da
CLT constantes nos itens 01, 02 e 03 do Termo de Ajustamento de
Conduta celebrado com a empresa Paes Mendonça S/A em 1998(sucedida
por Novasoc Comercial, uma das empresas demandada nos autos).
Extrai-se do acórdão que o objeto da presente ação
civil pública é mais amplo, porquanto envolve não só outras
empresas, mas também o descumprimento de outras normas trabalhistas,
além daquelas já mencionadas, decorrentes de circunstâncias
identificadas nos anos posteriores (vide autuações no ano de 2007),
e mais específico do que o fixado no termo ajustado, tanto é que se
postula também a substituição dos itens acima mencionados pelas
obrigações requeridas nos itens 01, 03 e 04 da presente ação.

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Evidenciado, portanto, o interesse de agir do


Ministério Público do Trabalho, incólume o disposto nos arts. 5º, §
6º, da Lei 7.347/1985 e 267, VI, do CPC/73.
Não conheço.

4 – RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO INTERPOSTO PELO MPT.


INSURGÊNCIA RELATIVA À VALIDADE DO ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA
NA MODALIDADE BANCO DE HORAS AJUSTADO POR MEIO DE NORMA COLETIVA.
PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO APELO ARGUIDA PELAS RECLAMADAS EM
CONTRARRAZÕES. APLICAÇÃO DA SÚMULA 422 DO TST

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


afirmam que o conhecimento do recurso ordinário interposto pelo MPT
no tocante à insurgência relativa à proibição de utilizar o sistema
de banco de horas, previsto em norma coletiva, durante os próximos
05 anos não merecia conhecimento. Alega que o juízo de 1º grau
adotou dois fundamentos (a negociação coletiva tem amparo
constitucional e a proibição poderia prejudicar a empresa perante as
suas concorrentes, já que estas podem livremente valer-se da
previsão normativa em questão) e o MPT limitou-se a sustentar que o
ajuste é inválido, em razão da inobservância dos requisitos
previstos na própria norma coletiva. Sob esse argumento, entendem
ser aplicável o óbice contido na Súmula 422 do TST.
Consta do acórdão:

"A leitura atenta do apelo revela que o Ministério Público do Trabalho


impugnou os fundamentos da decisão recorrida, o que acarreta o
preenchimento do requisito de admissibilidade exigido pelo art. 514, II, do
CPC e objeto da Súmula 422 do TST. Rejeito a preliminar eriçada pelas
reclamadas CBD e Novasoc" (fls. 2.977).

Nos termos do item III da Súmula 422 do TST,


somente é possível aplicar o entendimento consagrado no item I do
referido verbete ao recurso ordinário da competência do Tribunal
Regional do Trabalho, nas hipóteses em que as razões recursais
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

estejam inteiramente dissociadas dos fundamentos da sentença, o que


não ocorreu.
Não conheço.

5 – FGTS. PRESCRIÇÃO

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


insistem no sobrestamento do feito até o julgamento do ARE 709212
que trata do prazo prescricional da cobrança do FGTS.
Sucessivamente, requer seja pronunciada a prescrição quinquenal, nos
termos do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal e da Súmula 206 do
TST.
Consta do acórdão:

"Insurgem-se as rés contra a declaração da prescrição trintenária do


FGTS. Aspiram a que a presente ação seja sobrestada até o julgamento,
pelo STF, da ação ARE 709212 ou pela decretação da prescrição
quinquenal do FGTS.
Além de, conforme consulta ao "site" do STF na Internet, detectar-se
que o feito sobredito ainda se encontra a tramitar, tem-se que, consoante o
art. 543-B, § 1º., do CPC, o instituto da repercussão geral não acarreta o
sobrestamento dos apelos nos tribunais regionais, fazendo-o somente
quanto aos recursos extraordinários.
Diante disso, entendo que a sentença merece ser mantida, porquanto a
Súmula 362 do TST abrange os casos de parcelas que já foram quitadas no
curso do contrato, mas em relação às quais não houve recolhimento do
FGTS: "362.FGTS. PRESCRIÇÃO - Nova redação - Res. 121/2003, DJ
21.11.2003 - É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não
recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois)
anos após o término do contrato de trabalho."
Por seu turno, a Súmula 206 da mesma Corte aplica-se nos casos de
verbas parcela que não foram pagas no curso do contrato e que tenham sido
deferidas pela sentença: "206. FGTS. NCIDÊNCIA SOBRE PARCELAS
PRESCRITAS - Nova redação - Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 - A

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o


respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS."
Nesse norte, acerca das comissões por vendas de garantia estendida,
quitadas no curso do contrato, aplica-se a Súmula 362, não havendo como
acolher o pleito recursal das reclamadas, de decretar a prescrição
quinquenal prevista pela da Súmula 206.
Nego provimento" (fls. 2.986/2.987).

Concluso o julgamento do ARE 709212 em 13/11/2014,
prejudicado o pedido de sobrestamento.
Conforme se depreende do acórdão regional, trata-
se de caso em que a pretensão relativa às contribuições do FGTS é
principal e não acessória, porque incidente sobre parcelas que já
foram pagas no curso do contrato de trabalho. Nestes casos, esta
Corte Superior entende ser aplicável o entendimento contido na
Súmula 362 do TST.
Registre­se que ajuizada a ação em novembro/2011,
não   se   aplica   a   decisão   do   STF   proferida   no   ARE   709212/DF   em
13/11/2014,  ante  a  modulação  dos  seus  efeitos  (Súmula  362,  II,  do
TST). 
Estando   a   decisão   regional   em   conformidade   com   a
jurisprudência firmada nesta Corte, incide o óbice da Súmula 333 do
TST.
Não conheço.

6 – JORNDADA DE TRABALHO. PRORROGAÇÃO.


DESCUMPRIMENTO DA NORMA CONTIDA NO ART. 59 DA CLT. INTERVALO
INTERJORNADAS E INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. DESCUMPRIMENTO DO
INTERVALO PREVISTO NO ART. 67 DA CLT. HORA NOTURNA. REDUÇÃO FICTA.
DESCUMPRIMENTO

Nas   razões   de   recurso   de   revista,   em   relação   às


matérias   acima   indicadas,   as   reclamadas   afirmam   que   a   prova
documental   demonstra   que   não   havia   o   cumprimento   de   jornada   de
extraordinária   de   forma   habitual   e   regular   acima   de   duas   horas
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

diárias,   tampouco   supressão   do   intervalo   intrajornada.   Alega   ter


demonstrado que eventual supressão do intervalo interjornadas e do
descanso semanal remunerado ocorreu de forma eventual e limitada a
um pequeno número de trabalhadores. Aduz não ter ocorrido confissão
e   ter   se   desincumbiu   do   ônus   processual   que   lhe   cabia. Indicam
ofensa aos arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC/73.
A respeito da prorrogação da jornada de trabalho,
o Tribunal Regional decidiu:

"Reconheceu o magistrado sentenciador que "As rés prorrogam a


jornada de trabalho de forma ordinária, e não extraordinária, e além de
duas horas extras diárias, em violação permanente do disposto nos artigos
59 e 61 da CLT". Em face disso, condenou-as ao cumprimento da obrigação
de fazer consistente em "Cumprir as disposições legais e constitucionais
referentes à duração do trabalho normal, não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, não permitindo horas extras além
de duas horas diárias, exceto quando a extraordinariedade da situação
justificar, o que deverá ficar registrado em livro próprio com todas as
circunstâncias da necessidade ensejadora daquela jornada" – original sem
destaques.
Ao se examinarem os documentos apontados na sentença (f. 33/36,
88/107,109/114 e 120/122), constata-se, tomando por amostragem, o de f.
109, que a fiscalização do Ministério do Trabalho apurou que as reclamadas
prorrogam a jornada de seus empregados, além do limite de 2 horas por dia,
"sem qualquer justifica legal", em transgressão dos arts. 59 e 61 da CLT.
As reclamadas não infirmaram a presunção de veracidade derivada
dos autos de infração juntadas ao processo.
Além disso, as rés, mediante a petição de f. 2557/seguintes, juntaram
uma proposta de termo de ajustamento de conduta, na qual concordaram em
respeitar os limites de duração do trabalho previstos na CF/88 (art. 7º., inc.
XIII) e na CLT (art. 59/seguintes) – f. 2575.
Desprovejo" (fls. 2.987/2.988).

No tocante ao descumprimento, do intervalo


intrajornada, consta do acórdão:
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"Apontou o juiz proferidor da sentença os documentos e f. 99,


115/117, 120/122 e 130/138 como demonstradores da transgressão ao
disposto pelo art. 71 da CLT.
Os autos de infração de f. 131/seguintes comprovam isso e não foram
enfraquecidos por nenhuma prova.
Na proposta de termo de ajustamento de conduta trazida ao processo
pelas rés, elas concordaram em cumprir o aludido dispositivo legal – f.
2575.
Cabível a condenação ao cumprimento da obrigação de conceder aos
empregados o intervalo previsto pelo art. 71 da CLT.
Nego provimento" (fls. 2.989).

Quanto ao descumprimento do intervalo previsto no


art. 66 da CLT, o Tribunal Regional decidiu:

"O juízo de primeira instância apontou documentos com base nos


quais firmou a convicção de que as reclamadas não respeitam o intervalo
entre jornadas de 11 horas, previsto pelo art. 66 da Consolidação das Leis
do Trabalho (f. 115/121, 123 e 125/127).
Adotando, como exemplo, o auto de infração de f. 125, lavrado por
auditora fiscal do Ministério do Trabalho, constata-se que o empregado
Marconi de Souza Ronconi não teve, assim como vários de seus colegas,
esse direito respeitado, o que se pode confirmar no espelho de ponto de f.
126, no qual se vê: término da jornada às 23:20 horas no domingo e início
de trabalho às 08:36 horas na segunda-feira seguinte.
Na proposta de termo de ajustamento de conduta juntada pelas rés,
elas assentiram em cumprir o referido dispositivo legal – f. 2575.
Assim, tem-se por escorreita igualmente a condenação ao
cumprimento da obrigação de as reclamadas concederem aos seus
empregados o intervalo interjornadas.
Nego provimento" (fls. 2.988).

No tocante à inobservância do intervalo previsto


no art. 67 da CLT, consta do decidido:
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fls.36

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

"Analisados os documentos de f. 115/121 e 128/129, mencionados na


sentença, verifica-se a inobservância do art. 67 da CLT.
Apontando, como exemplo, a situação do empregado Johny Patrick
de Oliveira (f. 128), apurou-se que o mesmo trabalhou ininterruptamente de
24-janeiro-2009 (domingo) a 09-fevereiro-2009 (segunda-feira), ou seja,
durante 17 dias seguidos.
As reclamadas não trouxeram aos autos elementos que pudessem
derruir a presunção de veracidade emanada dos autos de infração juntadas
ao processo.
O que veio aos autos foi prova a corroborar a fiscalização do
Ministério do Trabalho. Veja-se, por exemplo, o espelho de ponto de f. 335,
no qual se depara com a constatação de que o empregado Marconi Ronconi
laborou por 10 dias consecutivos e, em seguida a isso, por mais 15 dias sem
nenhum repouso semanal. Na proposta de termo de ajustamento de conduta
juntada pelas rés, elas aquiesceram em cumprir a mencionada norma – f.
2575.
Logo, correta a condenação ao comprimento da obrigação de
conceder o descanso semanal de 24 horas na forma dos arts. 67 a 70 da
CLT.
Desprovejo" (fls. 2.988/2.989).

Quanto ao descumprimento, da hora noturna ficta,


constou do decidido:

"Reconheceu o juízo de primeiro grau que "As rés deixaram de


computar a hora noturna como de 52 minutos e 30 segundos em desrespeito
ao artigo 7º, IX da Constituição Federal e ao § 1 1 do artigo 73 da CLT,
consoante fazem prova os documentos de fls. 130 e 1391151." As auditoras
fiscais do Ministério do Trabalho, conforme os documentos sobreditos,
apuraram que as reclamadas deixaram de computar a hora noturna com 52
minutos e 30 segundos.
Na proposta de termo de ajustamento de conduta juntada pelas rés,
elas assentiram em respeitar a redução da hora noturna - f.
2576.
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fls.37

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Sem infirmação por nenhum elemento as constatações da fiscalização


do referido órgão, não há espaço para excluir a condenação a efetuar o
registro correto da hora noturna, conforme o art. 73 da CLT.
Desprovejo" (fls. 2.990).

Como se observa, é insubsistente a alegação de


afronta aos arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC/73, uma vez que a
controvérsia foi solucionada mediante a valoração do conjunto
fático-probatório e não à luz das regras de distribuição do ônus da
prova.
Na realidade, as reclamadas não pretendem discutir
a quem cabia o ônus de produzir a prova, mas obter novo exame do
acervo fático-probatório, pois entendem que a prova documental
constante dos autos corrobora as suas alegações, conclusão diversa
daquela a que chegou o Tribunal Regional.
Assim, a revisão do decidido depende do reexame da
prova, o que é vedado em recurso de revista, nos termos da Súmula
126 do TST.
Não conheço.

7 – ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA. BANCO DE


HORAS. AUSÊNCIA DE COMPENSAÇÃO NO PRAZO PREVISTO NAS CONVENÇÕES
COLETIVAS DE TRABALHO

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


afirmam que embora fosse descumprido o prazo previsto na convenção
coletiva não há que se falar em nulidade do ajuste, porquanto
previsto a compensação ou o pagamento com adicional de 100% das
horas que não foram compensadas no prazo previsto. Entende que
eventual declaração de nulidade de cláusula convencional deve ser
postulada em ação própria. Indica ofensa aos arts. 7º, XXVI, da CF
e 128 e 460 do CPC/73.
Consta do acórdão regional:

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

"Concluiu o juiz sentenciador que "As rés descumprem


sistematicamente as CCTs, relativamente ao Banco de Horas, uma vez que,
as horas extras dos empregados permanecem por mais de 60 dias, no caso
de Belo Horizonte e Contagem, e por mais de 90 dias, no caso de
Uberlândia, tudo em total afronta ao artigo 7º, XXII e XXVI da
Constituição Federal e artigos 59, § 2º; 444 e 459, § 1º da CLT; consoante
fazem prova os documentos de fls.150/296."
O auto de infração de f. 153, por exemplo, demonstra que a
reclamada CBD ultrapassa o limite de 90 dias para a compensação relativa
ao banco de horas previsto nas convenções coletivas de trabalho. Ademais,
o pagamento das horas extras não é efetuado com o adicional correto.
Não derruída essa prova, correta a condenação a "Zerar o banco de
horas em todos os seus estabelecimentos em Minas Gerais, pagando
imediatamente a todos os seus empregados todas as horas extras laboradas
no 5º dia útil do mês seguinte ao da sua realização".
Na proposta de termo de ajustamento de conduta acostada ao
processo pelas rés, elas se dispuseram a pagar as horas extras constantes do
banco de horas em 30 dias – f. 2576.
Nada a prover" (fls. 2.990/2.991).

Não há ofensa ao art. 7º, XXVI, da Constituição


Federal, pois consta do acórdão regional que era a própria reclamada
quem descumpria os termos do ajuste de compensação de jornada.
Não há registro no acórdão de negociação coletiva
em caso de descumprimento do ajustado, tampouco houve discussão
acerca de sua validade. Também não se discutiu a possibilidade de se
declarar a nulidade de cláusula da norma coletiva de forma
incidental, mas tão somente se constatou o seu descumprimento.
Ausente o prequestionamento, incide o óbice da Súmula 297, I, do
TST.
Não conheço.

8 – GUELTAS. NATUREZA JURÍDICA

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


afirmam que a comissão referente à venda de garantia estendida era
paga pela própria seguradora, de forma não habitual e, por isso, não
integra a remuneração. Alegam que o MPT não se desincumbiu do ônus
de comprovar a existência de pagamento por fora, de forma habitual,
em favor dos empregados das recorrentes. Transcreve aresto.

Consta do acórdão:

"Baseou-se o juiz proferidor da decisão recorrida na sentença


proferida no processo 316/2000 (f. 358/seguintes), no qual o juízo da 15ª.
Vara do Trabalho de Belo Horizonte concluiu que as comissões pela venda
da "garantia estendida" de produtos eram quitadas extrafolha, por meio de
depósito na conta bancária dos empregados.
Como o que foi provado perante a 15ª. Vara do Trabalho de Belo
Horizonte não foi derruído por nenhum elemento, entendo cabível manter a
condenação das reclamadas a "Integrar na remuneração de seus
empregados a parcela referente à comissão por venda de garantia
estendida, com consequentes reflexos no RSR, no aviso prévio, férias +1/3,
13º salário e FGTS +40%."
Nessa mesma linha do que foi decidido pela 15ª. Vara do Trabalho
desta Capital, os seguintes julgados:
Processo: 01241-2007-017-03-00-6 RO (RO- 5513/09)
TRT – 3ª. Região / Segunda Turma
Relator: Juíza Convocada Maristela Íris da Silva
Malheiros
Revisor: Des. Luiz Ronan Neves Koury
Publicação: 08/05/2009 Processo: 00423-2013-043-03-
00-4 RO
TRT – 3ª. Região / Nona Turma
Relator: Juiz Convocado Ricardo Marcelo Silva
Publicação: 12/07/2013

Nego provimento" (fls. 2.991/2.992).

O argumento de que "o MPT não se desincumbiu do


ônus de comprovar a existência de pagamento por fora, de forma
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fls.40

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

habitual, em favor dos empregados das recorrentes" está


desfundamentado à luz do art. 896 da CLT.
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que as gueltas são equiparadas às gorjetas e, por isso, possuem
natureza salarial. Aplica-se, por analogia, o entendimento
consagrado na Súmula 354 do TST. Nesse sentido, os seguintes
julgados:

"REMUNERAÇÃO. BONIFICAÇÕES CONCEDIDAS POR


TERCEIROS EM VIRTUDE DO CONTRATO DE TRABALHO.
-GUELTAS-. NATUREZA JURÍDICA. SÚMULA Nº 354/TST.
GORJETAS. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA. 1. A exemplo das gorjetas
ofertadas por clientes, as -bonificações- pagas por laboratórios, a título de
-incentivo- pelo desempenho nas vendas, a empregada de empresa
atacadista de produtos farmacêuticos e afins -- as denominadas -gueltas- --
decorrem diretamente do contrato de trabalho. Aludida parcela integra a
remuneração da empregada para todos os efeitos legais. Aplicação, por
analogia, da Súmula nº 354 do TST e do artigo 457, § 3º, da CLT. 2. Por
força do contrato de trabalho, o empregador possibilita ao empregado
auferir -bonificações- ou -prêmios- dos laboratórios cujos produtos sejam
comercializados em maior quantidade. 3. O empregador atacadista
igualmente se beneficia diretamente com o incremento nas vendas de
produtos de determinado fornecedor. As -bonificações- percebidas por seus
empregados, conquanto efetuadas por terceiros, repercutem diretamente no
lucro do empreendimento e constituem verdadeiro atrativo à admissão de
novos empregados. 4. Embargos não conhecidos" (TST- E-RR -
224400-06.2007.5.02.0055, Subseção I Especializada
em Dissídios Individuais, Relator Ministro: João
Oreste Dalazen, DEJT 30/05/2014 – destaque
acrescido).

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014.
GUELTAS. NATUREZA SALARIAL. A parte agravante não consegue
viabilizar o acesso à via recursal de natureza extraordinária, à míngua de
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fls.41

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

comprovação de pressuposto intrínseco de admissibilidade inserto no art.


896 da CLT. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a
parcela denominada "gueltas", paga habitualmente ao empregado, ainda que
por terceiros, assemelha-se às gorjetas, merecendo o mesmo tratamento
jurídico a elas dispensado, de modo a reconhecer-lhes o caráter salarial.
Aplicação, por analogia, da Súmula n° 354 do TST. Incidência do art. 896,
§ 7º, da CLT. Agravo a que se nega provimento" (TST-Ag-AIRR -
744-29.2010.5.04.0221 1ª Turma, Relator Ministro:
Walmir Oliveira da Costa, DEJT 04/05/2018).

"III - RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. TAXA DE


RETORNO DE FINANCIAMENTO. GUELTAS. INTEGRAÇÃO À
REMUNERAÇÃO. Os valores pagos à reclamante, a título de taxa de
retorno de financiamento, pagos pelos bancos financiadores, tem nítida
natureza salarial. A referida verba corresponde as gueltas, isto é, valores
pagos ao empregado por terceiro estranho à relação de emprego, em regra,
como incentivo pelas vendas de produtos comercializados pelo terceiro a
clientes do empregador. À semelhança do que acontece com as gorjetas, as
gueltas integram a remuneração na forma prevista na Súmula 354 do TST,
aplicada por analogia. Desse modo, as taxas pelo retorno de financiamento,
a exemplo das gorjetas e gueltas, devem integrar a remuneração da
reclamante. Recurso de revista conhecido e provido" (TST-RR - 2743-
59.2013.5.09.0128 , 2ª Turma, Relatora Ministra:
Delaíde Miranda Arantes, DEJT 15/06/2018).

"[...] III - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA PONTO


UM. COMISSÕES (GUELTAS). NATUREZA JURÍDICA.
INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO. Recurso fundamentado em
contrariedade a súmula de jurisprudência desta Corte e divergência
jurisprudencial. Esta Corte já pacificou o entendimento de que as gueltas
são equiparadas às gorjetas, uma vez que pagas por terceiros, com
habitualidade, possuindo natureza salarial, a atrair a aplicação analógica da
Súmula 354/TST. Precedentes. Sendo esta a hipótese dos autos, a decisão
recorrida mostra consonância com a jurisprudência atual desta Corte, de
forma que não há falar em contrariedade à Súmula 354 do TST. Além disso,
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fls.42

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

a tese defendida nos arestos colacionados encontra-se superada, nos termos


do artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula 333/TST. Recurso de revista não
conhecido"(TST- ARR - 10586-76.2013.5.12.0036, 3ª
Turma, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, DEJT 16/11/2018).

"RECURSO DE REVISTA. VALORES RECEBIDOS POR


EMPREGADOS A TÍTULO DE GUELTAS. PAGAMENTOS
EFETUADOS POR TERCEIROS. PARCELA DE NATUREZA
SEMELHANTE À DAS GORJETAS. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA
SÚMULA N.º 354 DO TST. No que se refere aos valores recebidos por
empregados a título de gueltas, que nada mais são do que parcelas pagas
por terceiros, em geral os fabricantes, como incentivo pela venda de seus
produtos, tem essa Corte entendido, por meio de suas Turmas, que a parcela
possui a mesma natureza das gorjetas, devendo receber o tratamento que se
dá a esta verba. Aplica-se, de forma analógica, o entendimento
consubstanciado na Súmula n.º 354 do TST. Recurso de Revista conhecido
e provido. [...]" (TST- RR - 8481-60.2012.5.12.0037, 4ª
Turma, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing,
DEJT 10/04/2015).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


COMISSÕES CONCEDIDAS POR TERCEIROS. GUELTAS.
INCORPORAÇÃO À REMUNERAÇÃO. I - O Regional, ao manter a
sentença que deferiu ao agravado o pleito de diferenças salariais
decorrentes do pagamento de comissões pagas por terceiros, em razão da
venda de assessórios e serviços realizados no estabelecimento da agravante,
consignando tratar-se de "gueltas", decidiu em consonância com a iterativa,
notória e atual jurisprudência desta Corte, no sentido de que as referidas
parcelas integram a remuneração do empregado para todos os efeitos legais.
II - Com isso, avulta a convicção de que o recurso de revista não desafiava
processamento à guisa de violação aos artigos 5º, inciso II, da Constituição
e 457 da CLT, por óbice da Súmula 333 do TST, pela qual os precedentes
desta Corte foram erigidos à condição de requisitos negativos de
admissibilidade do apelo. III - Agravo de instrumento a que se nega
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fls.43

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

provimento" (TST-AIRR - 61400-34.2010.5.17.0012, 5ª


Turma, Relator Ministro: Antonio José de Barros
Levenhagen, DEJT 28/04/2017).

"[...] RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. GUELTAS.


NATUREZA JURÍDICA. INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO. As
gueltas, incentivos comerciais pagos pelo fornecedor/produtor com a
finalidade de aumentar a venda de seus produtos durante o contrato de
trabalho, se equiparam às gorjetas e, tendo sido pagas com habitualidade,
integram à remuneração, conforme aplicação analógica da Súmula nº
354/TST. Decisão regional em conformidade com a jurisprudência pacífica
da Corte. Recurso de revista não conhecido. [...]" (TST-RR - 1141-
51.2012.5.20.0002, 6ª Turma, Relator Ministro:
Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT 10/03/2017).

"AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO


DE REVISTA. GUELTAS. NATUREZA SALARIAL. A parte agravante
não consegue viabilizar o acesso à via recursal de natureza extraordinária, à
míngua de comprovação de pressuposto intrínseco de admissibilidade
inserto no art. 896 da CLT. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido
de que a parcela denominada "gueltas", paga habitualmente ao empregado,
ainda que por terceiros, assemelha-se às gorjetas, merecendo o mesmo
tratamento jurídico a elas dispensado, de modo a reconhecer-lhes o caráter
salarial. Aplicação, por analogia, da Súmula n° 354 do TST. Precedentes.
Incidência do art. 896, § 7º, da CLT. Agravo interno de que se conhece e a
que se nega provimento.[...]" (TST- Ag-AIRR - 224800-
65.2006.5.02.0019, 7ª Turma, Relator Desembargador
Convocado: Ubirajara Carlos Mendes, DEJT
11/10/2018).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - GUELTAS -
INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO - NATUREZA JURIDICA No que
tange à natureza jurídica das gueltas, o Eg. TRT aplicou corretamente o
entendimento desta Corte, de que tais parcelas possuem natureza análoga à
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fls.44

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

das gorjetas, incidindo a Súmula nº 354 do TST. Precedentes. Agravo de


Instrumento a que se nega provimento" (TST-AIRR - 1335-
25.2010.5.09.0003, 8ª Turma, Relatora Ministra:
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 02/10/2015).

Assim,   o   modelo   colacionado   às   fls.   3.060   está


superado por iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte.
Incide o óbice da Súmula 333 do TST.                         
Não conheço.

9 – ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


sustentam que não foram demonstrados os pressupostos exigidos pelo
art. 273 do CPC/73.
Consta do acórdão regional:

"Acerca da antecipação de tutela deferida pelo d. Juízo a quo, sou


pela sua manutenção, à luz do art. 273, § 2º, do CPC, tendo em vista a
presença dos pressupostos genéricos e específicos, quais sejam, a
verossimilhança e a prova inequívoca, além do fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação.
Desprovejo" (Fls. 2.999).

A alegação de afronta ao art. 273 do CPC/73, sem a


indicação expressa do dispositivo tido como violado (caput, incisos
e/ou parágrafos), esbarra no óbice da Súmula 221 do TST.
Não conheço.

10 - ASTREINTES. LIMITAÇÃO AO VALOR DA OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. ART. 412 DO CÓDIGO CIVIL. INAPLICABILIDADE

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


alegam que a fixação de multa e prazo para o cumprimento da
obrigação antes do trânsito em julgado viola o devido processo
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fls.45

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

legal. Transcrevem aresto. Afirmam que a aplicação de multa de R$


3.000,00 por cada item descumprido e a cada constatação não está de
acordo com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e
viola o disposto no art. 412 do Código Civil.
Consta do acórdão regional:

"Acerca da antecipação de tutela deferida pelo d. Juízo a quo, sou


pela sua manutenção, à luz do art. 273, § 2º, do CPC, tendo em vista a
presença dos pressupostos genéricos e específicos, quais sejam, a
verossimilhança e a prova inequívoca, além do fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação.
Desprovejo.
[...] 3. No que tange à "multa de R$3.000,00 (três mil reais), por
obrigação descumprida e por empregado em situação irregular e a cada
constatação de descumprimento, relativamente a todos os seus
estabelecimentos situados no Estado de Minas Gerais, respeitado o
interstício mínimo de 30 dias entre uma e outra multa a ser aplicada", cabe
esclarecer que o fato de ela ter sido mantida, inclusive na monta fixada em
primeiro grau, demonstra a compreensão por esta Segunda Turma não
apenas de seu cabimento, mas de ter sido aplicada em harmonia com os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
O modo de apuração das infrações, se ocorrerem, restou claro na
decisão recorrida: "por obrigação descumprida e por empregado em
situação irregular e a cada constatação de descumprimento", sendo
impertinente o questionamento das reclamadas nestes declaratórios (que
não teria sido especificado se as infrações serão apuradas por dia ou mês,
empregado ou loja).
A sentença atacada fixou que as transgressões serão apuradas por
empregado, o que leva ao raciocínio lógico de que abrangem todas as lojas
em que possam acontecer.
A apuração ocorrerá se houver descumprimento das obrigações, não
sendo possível precisar dias ou meses em que possam ocorrer, até porque se
espera que as reclamadas ajam com seriedade e respeito e desistam das
práticas repudiadas pela decisão combatida.

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fls.46

PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

No julgamento, observou-se o art. 412 do Código Civil e não há dupla


punição" (fls. 2.999 e 3.030).

Inviável o processamento do apelo por divergência


jurisprudencial.
O modelo indicado às fls. 3.065 é originário de
Turma desta Corte, órgão judiciário não elencado no art. 896, "a",
da CLT. Já o transcrito às fls. 3.066 é inservível, porque não cita
a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado.
Incidência da Súmula 337, I, "a", do TST.
Quanto ao mais, esta Corte Superior firmou
o entendimento de que a limitação contida no art. 412 do
Código Civil não se aplica às astreintes (multa fixada com
o fim de compelir o demandado ao cumprimento da obrigação
determinada em juízo), porque a multa em exame tem
natureza jurídica diversa da multa estipulada pelas partes
em cláusula penal. Nesse sentido, os seguintes julgados:

"[...] ASTREINTES. LIMITAÇÃO AO VALOR DA OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 412 DO CÓDIGO CIVIL E DA
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 54 DA SBDI-1 DESTA CORTE.
INAPLICABILIDADE. A multa por obrigação de fazer (astreintes) tem
previsão no artigo 497 do CPC de 2015, não se tratando de cláusula penal a
atrair a incidência da Orientação Jurisprudencial nº 54 da SbDI-1 desta
Corte. Nessas condições, não se tratando de multa estipulada em cláusula
penal pelas próprias partes, mas sim de penalidade processual imposta pelo
magistrado para compelir a parte ao cumprimento de determinação judicial,
não se aplica a Orientação Jurisprudencial nº 54 da SbDI-1. Agravo
desprovido" (TST- AgR-E-ED-RR - 509500-
07.2005.5.09.0673, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, DEJT 29/03/2019).

"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.


INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/07. [...]
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DETERMINAÇÃO JUDICIAL PARA ANOTAÇÃO DA CTPS. MULTA


DIÁRIA. ASTREINTES. OJ 54/SDI-I/TST. INAPLICABILIDADE. 1. O
acórdão embargado salientou que o Tribunal Regional manteve a
cominação de multa diária imposta na sentença, nos termos do art. 461, §
4º, do CPC, para compelir a primeira reclamada a efetuar a anotação do
contrato de trabalho na CTPS do autor. Entendeu a Eg. Turma que a fixação
de multa por obrigação de fazer ou não fazer tem fundamento nos arts. 461,
§ 4º, e 644 do CPC, que tratam do instituto denominado " astreintes ", o
qual não se confunde com o instituto da cláusula penal previsto no art. 412
do Código Civil, sendo impertinente, portanto, a limitação nele imposta
para o caso dos autos. 2. Não é o caso de aplicação da OJ-54-SBDI-1-TST,
que trata de cláusula penal , de maneira que o verbete não foi contrariado.
Precedentes. 3. A divergência jurisprudencial alegada é inespecífica ou
formalmente inválida, atraindo os óbices das Súmulas 296, I, e 337, I, do
TST, impedindo o conhecimento dos embargos no tema. [...]. Recurso de
embargos não conhecido." (TST- E-ED-RR - 1400-
14.2005.5.15.0040, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relator Ministro: Hugo
Carlos Scheuermann, DEJT 11/12/2015).

Insubsistente, portanto, a indicação de ofensa ao


art. 412 do Código Civil.
Não conheço.

11 - DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO REITERADO


DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA (DESCUMPRIMENTO DA NORMA CONTIDA NO ART.
59 DA CLT, CONCESSÃO PARCIAL DOS INTERVALOS INTERJORNADAS E
INTRAJORNADA, DESCUMPRIMENTO DO INTERVALO PREVISTO NO ART. 67 DA
CLT. DESCUMPRIMENTO DA HORA NOTURNA FICTA, IRREGULARIDADE NO
PAGAMENTO DO FGTS E NÃO INTEGRAÇÃO DAS GUELTAS À REMUNERAÇÃO)

Nas razões de recurso de revista, as reclamadas


afirmam ser indevido o pagamento de indenização por dano moral
coletivo, sob o argumento de que não cometeram ato ilícito, tampouco
ação ou omissão capaz de provocar dano à coletividade. Indicam
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

ofensa aos arts. 5º, V, da CF, 1º e 21 da Lei 7.347/1985, 186 e 927


do Código Civil e divergência jurisprudencial.
Consta do acórdão:

"Não se conformam as reclamadas com a condenação ao pagamento


de indenização por danos morais coletivos.
Na definição do Dr. Carlos Alberto Bittar Filho, Procurador do Estado
de São Paulo, no artigo "Pode a coletividade sofrer dano moral?",
Repertório IOB – Jurisprudência, vol. 3, 15/96, pág. 271, "o dano moral
coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou
seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores
coletivos."
Conforme a doutrina de Xisto Tiago Medeiros Neto:
[...]
Nesse sentido, merece transcrição o seguinte precedente
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho:

"... o dano moral coletivo caracteriza-se quando a conduta


antijurídica perpetrada contra trabalhadores extrapola o
interesse jurídico individualmente considerado e atinge
interesses metaindividuais socialmente relevantes para a
coletividade." (Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Turma. RR
12400/2006. Rel. Walmir Oliveira da Costa. DEJT 17/8/2011).

Por outro lado, diante da natureza objetiva do dano moral coletivo


trabalhista, consubstanciando dano "in re ipsa", não há que se perquirir
acerca da culpabilidade do agente, bastando a ocorrência de conduta
empresarial que vilipendie normas de ordem pública.
Nesse raciocínio, no tocante aos pressupostos para a configuração do
dano moral coletivo, cita-se novamente a doutrina de Xisto Tiago de
Medeiros Neto:
[...]
Assim, conforme expendido alhures, o dano moral coletivo restou
configurado, tendo em vista que as rés violaram diversas normas
trabalhistas (prorrogação de jornada além de 2 horas por dia; intervalo
interjornadas; descanso semanal de 24 horas; intervalo intrajornada; hora
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

noturna; não compensação das horas extras no prazo fixado pelas CCTs; e
não integração das gueltas).
Tais atitudes acarretam, além de prejuízos materiais aos empregados
envolvidos, também danos morais coletivos, consistentes na lesão do
patrimônio moral de toda a coletividade dos trabalhadores da empresa,
assim como da própria sociedade, em virtude das condutas violadoras da
ordem jurídica e social, na medida em que o respeito à dignidade da pessoa
humana e ao valor social do trabalho, erigidos a fundamentos da República
Federativa do Brasil (artigo 5º, incisos III e IV, da CRFB), transcende o
interesse meramente individual, atingindo a esfera coletiva.
Assim, configurado o dano moral coletivo, passa-se à fixação do
valor da indenização, que convém ressaltar, é de grande relevância, uma
vez que a mera cessação da conduta danosa ou correção de uma postura
negligente empresarial não são suficientes para dissuadir novas práticas
ilícitas.
Dessa forma, visando ao auxílio na mensuração da justa reposição da
ofensa ao bem jurídico coletivo, de modo a garantir a reparação integral, e
ainda, levando-se em conta as peculiares funções punitiva, pedagógica,
preventiva e dissuasória da indenização nesta espécie de responsabilidade
civil extrapatrimonial, os seguintes aspectos merecem ser considerados: a) a
natureza, a gravidade e a repercussão da lesão, b) a situação econômica do
ofensor, c) o proveito obtido com a conduta ilícita, d) o grau de culpa ou
dolo, se presentes, e a verificação de reincidência, e) o grau de
reprovabilidade social da conduta ilícita.
No que concerne ao primeiro aspecto, as rés descumpriram
obrigações legais que pertinem à segurança e saúde laboral, pois a
extrapolação da jornada de forma injustificada, o desrespeito aos intervalos
intra e interjornadas, a não concessão regular de descanso semanal
remunerado, o desrespeito à hora noturna reduzida, revelam condutas que
impedem a efetiva recomposição física e psicológica dos obreiros,
aumentando a risco de acidentes de trabalho e doenças laborais, ao mesmo
tempo em que os priva da fruição de direitos fundamentais, como o direito
ao lazer, à desconexão ao trabalho, ou à convivência familiar.
Nesse sentido:

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

A)AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. DANO MORAL COLETIVO.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES
TRABALHISTAS. NORMAS RELACIONADAS À
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO.
Caracterizada a divergência jurisprudencial válida e
específica, dá-se provimento ao agravo de instrumento.
Agravo de instrumento conhecido e provido. B)
RECURSO DE REVISTA. 1. DANO MORAL
COLETIVO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES
TRABALHISTAS. NORMAS RELACIONADAS À
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. Consoante
registrou o Tribunal a quo , está comprovado que a ora
recorrente incorreu em conduta prejudicial aos seus
empregados, ao descumprir as normas referentes à
segurança e medicina do trabalho, porquanto não
observou o limite máximo de jornada de trabalho em
turnos ininterruptos de revezamento, bem como não
concedeu regularmente os intervalos intrajornada e
interjornada e o descanso semanal remunerado, e ainda
adotou regime de compensação de jornada sem observar
os requisitos legais. Ora, aquele que por ato ilícito causar
dano, ainda que exclusivamente moral, fica obrigado a
repará-lo. Assim, demonstrado que a recorrente cometeu
ato ilícito, causando prejuízos a um certo grupo de
trabalhadores e à própria ordem jurídica, não merece
reparos a decisão proferida pela instância ordinária que a
condenou a indenizar os danos morais coletivos. Recurso
de revista conhecido e não provido. (TST. 8ª Turma, RR
9222820115230022 922-28.2011.5.23.0022, Rel.: Dora
Maria da Costa, DEJT 11/10/2013)

Quanto à situação econômica das rés, evidente que detêm boa saúde
financeira, consistindo notoriamente em grupo econômico sólido e de
elevado porte, que atua fortemente no ramo dos supermercados, o que
requer a fixação de uma indenização equilibrada, que, a um só tempo,
atenda à preponderante função punitiva da indenização por dano moral
coletivo, e não consista em valor desproporcional.
Em relação ao proveito obtido, a conduta das rés se aproxima do tão
combatido "dumping social", uma vez que obtiveram vantagem,
alavancando seus lucros, em detrimento de direitos laborais mínimos
(artigo 7º, da CRFB).
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Na análise da culpa/dolo e reincidência, conclui-se que as rés


incorreram em conduta reincidente, pois muito embora tivessem sido
autuadas pelo Ministério do Trabalho e efetuado negociações com o MPT
para assinatura de termo de ajustamento de conduta (f. 2575/2577),
persistiram no desrespeito à legislação laboral, o que reflete a falta de
compromisso das empresas rés com a função social da propriedade,
merecendo repreensão pedagógica.
Nesse sentido:

INDENIZAÇÃO POR DANO IMATERIAL COLETIVO


- RESPONSABILIDADE CIVIL - EVOLUÇÃO JURÍDICA -
DESENVOLVIMENTO DE CATEGORIAS APTAS A LIDAR
COM VIOLAÇÕES DE DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS -
REPARAÇÃO DE LESÃO OFENSIVA AOS VALORES
FUNDANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 -
NÃO PREENCHIMENTO DAS VAGAS RESERVADAS
PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - ART. 93 DA LEI Nº
8.213/91 - OFENSA A DIREITO DIFUSO - DIREITO
FUNDAMENTAL À IGUALDADE MATERIAL - EFICÁCIA
HOROZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. (...) O
que releva investigar, no caso em tela, é a gravidade da violação
infligida pela ré à ordem jurídica. A coletividade é tida por
ofendida, imaterialmente, a partir do fato objetivo da violação
da ordem jurídica. Assim, verificado nos autos que a ré, não
obstante instada pelo Ministério Público do Trabalho a firmar
termo de ajuste de conduta, resistiu por quatro anos em não
cumprir a cota de portadores de deficiência prevista no art. 93
da Lei nº 8.213/91, descumprindo, injustificadamente, norma
garantidora do princípio da igualdade material e da não
discriminação das pessoas portadoras de necessidades especiais
e, por conseguinte, furtando-se à concretização de sua função
social, é devida a reparação da coletividade pela ofensa aos
valores constitucionais fundamentais. Recurso de revista não
conhecido. (TST - RR 65600-21.2005.5.01.0072, 4ª Turma,
Relator Vieira de Mello Filho, Publicação 22/06/2012)

Por fim, a conduta das rés enseja reprovabilidade social, tendo em


vista a mácula causada no patrimônio imaterial de todos os indivíduos que
laboravam em suas dependências (5.902 empregados – f. 2632- verso).
Assim, imperiosa uma condenação pecuniária hábil a dissuadi-las da
continuidade nas práticas sobreditas.
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Nesse sentido:

RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL COLETIVO.


DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS.
NORMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO. Consoante
registrou o Tribunal a quo, está comprovado que a ora
recorrente incorreu em conduta prejudicial aos seus
empregados, ao descumprir as normas referentes à segurança e
à medicina do trabalho. Ora, aquele que por ato ilícito causar
dano, ainda que exclusivamente moral, fica obrigado a repará-
lo. Assim, demonstrado que a recorrente cometeu ato ilícito,
causando prejuízos a um certo grupo de trabalhadores e à
própria ordem jurídica, não merece reparos a decisão proferida
pela instância ordinária que a condenou a indenizar os danos
morais coletivos. Recurso de revista conhecido e não provido.
(TST.8ªTurma. RR155005620105170132, Rel.: Min. Dora
Maria da Costa, DEJT 14/6/2013)

Dessarte, em face da criteriosa análise acerca dos aspectos para


quantificação do dano, apesar de as rés consistirem em empresas de grande
vulto econômico, entendo que a sentença merece reparo no tocante ao valor
da indenização, fixado em primeiro grau em R$16.000,000,00 (dezesseis
milhões de reais), valor que considero excessivo, pois ultrapassa a
razoabilidade, termômetro da justa condenação, podendo até mesmo
comprometer os postos de emprego das reclamadas, razão pela qual o
reduzo para R$1.500,000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), monta
mais compatível com o quadro dos autos e suficiente para demonstrar o
caráter punitivo e pedagógico e desestimular a insistência na prática dos
ilícitos.
A monta de R$1.500.000,00 atende aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade, ajustando-se também ao porte econômico das
reclamadas, acarretando o efeito pedagógico, sancionatório, preventivo e
dissuasório, peculiares a esse tipo de responsabilidade civil, sem o risco de
dificultar suas atividades.
Essa obrigação reparatória pecuniária, fixada de forma adequada e
ponderada, valoriza o órgão julgador trabalhista, na medida em que cumpre
sua função de proferir uma decisão justa e hábil a dissuadir a prática de
condutas gravosas e inadmissíveis juridicamente, consubstanciada na
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

obtenção de absurda e injusta vantagem por parte do ofensor em detrimento


de valores e bens fundamentais da coletividade; bem como impede o
esvaziamento ético da responsabilidade civil.
No sentido da fixação da indenização no importe de R$1.000.000,00,
com constatação de bem menos violações às normas trabalhistas do que no
presente caso, os seguintes julgados:
a) Desta Segunda Turma (terceirização e horas extras); processo
01202-2011-015-03-00-2-RO; Relator: Des. Jales Valadão Cardoso;
Revisor: Des. Sebastião Geraldo de Oliveira; Terceiro Votante: Des. Luiz
Ronan Neves Koury; publicação em 10/04/2013.
b) Do TST, Quarta Turma (obrigações de a reclamada não exigir de
seus empregados batam o cartão de ponto e voltem a trabalhar; a jornada
extraordinária superior ao limite máximo de duas horas diárias e 44
semanais ser corretamente apurada e paga; e a real jornada de trabalho ser
registrada nos cartões de ponto); processo TST-ARR-14900-
80.2006.5.01.0080; Rel. Min. Maria de Assis Calsing; publicação em
03/04/2012.
Dou provimento em parte" (fls. 2.992/2.999).

A alegação de afronta ao art. 1º da Lei


7.347/1985, sem a indicação expressa do dispositivo tido como
violado (caput, incisos e/ou parágrafo único), esbarra no óbice da
Súmula 221 do TST.
Não se evidencia ofensa ao enunciado normativo do
art. 21 da Lei 7.347/1985, porque esse dispositivo legal apenas
dispõe que são aplicáveis à defesa dos direitos e interesses
difusos, coletivos e individuais, naquilo que for cabível, os
dispositivos do título III da lei que institui o Código de Defesa do
Consumidor.
O descumprimento reiterado das normas de saúde e
de segurança no trabalho caracteriza lesão a direitos e interesses
transindividuais e, por isso, autoriza o deferimento da indenização
por dano moral coletivo. Nesse sentido, os seguintes julgados desta
Corte:

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELAS LEIS Nos


13.015/2014 E 13.105/2015. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. DANO
MORAL COLETIVO. CONFIGURAÇÃO. 1. A Quarta Turma não
conheceu do recurso de revista do autor, mantendo o acórdão regional que
excluiu da condenação a indenização por danos morais coletivos. Concluiu
que "a ilicitude da conduta perpetrada pelas Requeridas, ao deixar de
proceder ao recolhimento de FGTS e à assinatura da CTPS dos
empregados, entabular contratos de experiência por prazo superior a
noventa dias e pagar salários de forma complessiva, a lesão à ordem
jurídica não transcende a esfera subjetiva dos empregados prejudicados, de
modo a atingir objetivamente o patrimônio jurídico da coletividade e causar
repercussão social". 2. O Ministério Público do Trabalho afirma que tais
condutas configuram o dano moral coletivo, razão pela qual é devida a
indenização. 3. Na hipótese, o sistemático e reiterado desrespeito às normas
trabalhistas (v.g. ausência de recolhimento de FGTS e contribuições sociais,
contratos de experiência irregulares, ausência de assinatura de CTPS)
demonstra que a lesão perpetrada foi significativa e que, efetivamente,
ofendeu a ordem jurídica, ultrapassando a esfera individual. 4. As empresas
que se lançam no mercado, assumindo o ônus financeiro de cumprir a
legislação trabalhista, perdem competitividade em relação àquelas que
reduzem seus custos de produção à custa dos direitos mínimos assegurados
aos empregados. 5. Diante desse quadro, tem-se que a deliberada e reiterada
desobediência do empregador à legislação trabalhista ofende a população e
a Carta Magna, que tem por objetivo fundamental construir sociedade livre,
justa e solidária (art. 3°, I, da CF). 6. Tratando-se de lesão que viola bens
jurídicos indiscutivelmente caros a toda a sociedade, surge o dever de
indenizar, sendo cabível a reparação por dano moral coletivo (arts. 186 e
927 do CC e 3° e 13 da LACP). Recurso de embargos conhecido e provido"
(TST- E-ED-ED-ARR - 3224600-55.2006.5.11.0019,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 17/05/2019).

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

"[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO. DANO MORAL
COLETIVO. OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER. NORMAS
RELATIVAS À SAÚDE, À SEGURANÇA E AO MEIO AMBIENTE DO
TRABALHO. O DESCUMPRIMENTO DESSAS NORMAS CAUSA
LESÃO À COMUNIDADE. A Corte regional apontou que, na hipótese,
constatou a existência de "irregularidades de falta de utilização de EPI; falta
de realização de exames médicos periódicos; prorrogação da jornada
normal de trabalho além do limite legal de duas horas; desrespeito ao limite
mínimo de onze horas interjornada; não pagamento das horas extras
laboradas; supressão do descanso semanal remunerado; descumprimento do
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e
descumprimento do PPRA - Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais", bem como que, a título meramente exemplificativo, apontou a
existência de prova nos autos que demonstraram o caso de "um trabalhador
que afirmou laborar na Ré por mais de 10 anos sem realizar um exame
periódico sequer", além do "labor de um empregado durante 30 dias
seguidos sem a concessão de folga compensatória". O Tribunal a quo
registrou que "o próprio Ministério Público realizou inspeções nos locais de
trabalho e entrevistou trabalhadores que confirmaram as denúncias e o
desrespeito à legislação trabalhista, como se infere nos documentos
adunados às fls. 19/169" e que "a Acionada, por outro lado, não logrou se
desincumbir do ônus de provar o cumprimento e o respeito à legislação, nos
termos do art. 818 da CLT e art. 333, II, do CPC". Dessa forma, o Regional
confirmou a sentença pela qual a reclamada foi condenada a cumprir
obrigações de fazer e de não fazer, relativas à observância da legislação
acerca da saúde e segurança dos seus empregados. Não obstante o Tribunal
a quo ter registrado as irregularidades praticadas pela reclamada, entendeu
ser indevida a condenação por dano moral coletivo, na medida em que "não
vislumbramos que a violação à regra de proteção trabalhista em relação a
um determinado e restrito grupo de empregados caracterize violação a um
direito coletivo deste mesmo grupo", tendo concluído, assim, que a
"simples violação de direitos individuais, relativos ao registro da jornada,
ao pagamento de horas extras e ao descanso de determinado e outros, de um
grupo de empregados, portanto, não caracteriza o dano moral coletivo".
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

Discute-se, pois, se a ré, ao deixar de cumprir as normas trabalhistas


relativas à saúde, à segurança e ao meio ambiente do trabalho, afrontou
toda a coletividade, para ser condenada ao pagamento de indenização por
dano moral coletivo. A recepção à proteção aos interesses coletivos difusos
encontra-se prevista especificamente no artigo 129 da Constituição Federal,
quando prevê o ajuizamento de ação civil pública para defesa dos interesses
sociais e coletivos. Salienta-se que o dever de indenizar não está restrito ao
indivíduo lesado, mas à coletividade. Contudo, há diferença entre os
âmbitos de abrangência da indenização individual, que cada trabalhador
eventualmente poderá obter da indenização por dano moral coletivo, que é
mais amplo. A tutela coletiva ora em exame abrange não apenas os direitos
individuais homogêneos desses trabalhadores como também os direitos
difusos de todos os membros da sociedade e também os direitos coletivos,
em sentido estrito, não só daqueles que se encontram nesta situação
especial mas também daqueles que poderão vir a se encontrar nessa
condição futuramente, caso essa conduta ilícita não seja coibida. Visando à
cessação da conduta reiterada da reclamada, portanto, é também necessária
a condenação ao pagamento dessa indenização por danos morais coletivos.
Como se sabe, essa condenação não tem cunho somente meramente
indenizatório mas também reparatório dos danos causados ao conjunto da
sociedade ou aos demais trabalhadores em geral, além de conteúdo
suasório, de induzimento, quase que coercitivo, a uma postura não contrária
ao ordenamento jurídico. Ademais, embora se admita a indenização por
danos morais coletivos e difusos, não é nenhum atentado aos interesses de
um grupo que pode vir a acarretar esse tipo de dano, resultando na
responsabilidade civil. Dessa forma, não apenas a pessoa individualmente
considerada mas também a coletividade é titular de interesses juridicamente
protegidos. Assim, o entendimento jurisprudencial predominante desta
Corte é o de que a prática de atos antijurídicos e discriminatórios, em
completo desvirtuamento do que preconiza a legislação pátria - desrespeito
das normas de proteção à saúde, à segurança e ao meio ambiente do
trabalho -, além de causar prejuízos individuais aos empregados da ré,
configura ofensa ao patrimônio moral coletivo, sendo, portanto, passível de
reparação por meio da indenização respectiva, nos termos dos artigos 5º,
inciso X, da Constituição Federal e 186 do Código Civil. Assim, ao
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

contrário da tese adotada pelo Tribunal a quo, o descumprimento das


normas de segurança e saúde dos trabalhadores causa dano à coletividade.
Impõe-se, pois, restabelecer a sentença, em que se condenou da ré ao
pagamento da indenização por dano moral coletivo no valor de R$
200.000,00 (duzentos mil reais), a ser revertido ao Fundo de Amparo ao
Trabalhador. Recurso de revista conhecido e provido" (TST- ARR -
702-37.2011.5.05.0311, 2ª Turma, Relator Ministro:
José Roberto Freire Pimenta, DEJT 15/12/2017).

RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E
ANTERIORMENTE À LEI Nº 13.467/2017. DESCUMPRIMENTO DA
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. ATRASO NO PAGAMENTO DE
SALÁRIOS, DEPÓSITOS DE FGTS, QUITAÇÃO DE FÉRIAS E
VERBAS RESCISÓRIAS. DANO MORAL COLETIVO.
CARACTERIZAÇÃO. Releva para a configuração do dano moral coletivo
a materialização de ofensa à ordem jurídica, ou seja, a todo o plexo de
normas edificadas com a finalidade de tutela dos direitos mínimos
assegurados aos trabalhadores a partir da matriz constitucional de 1988 e
que se protrai por todo o ordenamento jurídico. Assim, o dano moral
coletivo se caracteriza pela ofensa a uma coletividade e não apenas a um
individuo e, também pelo descumprimento de preceitos ou obrigações
legais que causem dano a uma coletividade de trabalhadores. O artigo 186
do Código Civil expressamente prevê o cometimento de ato ilícito por parte
daquele que, "por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral". Por
outro lado, o artigo 927 do mesmo diploma legal atribui àquele que pratica
ato ilícito o dever de indenizar. No caso concreto, a Corte Regional
registrou que a Ré deixou de observar os prazos legalmente fixados para o
pagamento de salários, concessão e quitação de férias, depósitos do FGTS,
bem como de pagamento de verbas rescisórias aos empregados
dispensados. Entendeu que, não obstante, em que pese ao inequívoco
prejuízo sofrido pelos trabalhadores da empresa Ré, tal conduta não importa
agressão que implique repugnante sensação a fato intolerável e irreversível
que atinja significativamente a comunidade a ensejar a caracterização de
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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

dano moral coletivo. Na esteira do entendimento firmado no âmbito deste


Tribunal Superior do Trabalho, o desrespeito à legislação trabalhista não
pode ser tolerado pelo Poder Judiciário, porquanto importa a inobservância
aos primados constitucionais da dignidade da pessoa humana e do valor
social do trabalho (art. 1º, III e IV). Entende-se que a conduta da empresa,
consistente no descumprimento às normas trabalhistas caracteriza, por si só,
a lesão a direitos e interesses transindividuais e rende ensejo ao dano moral
coletivo, uma vez que vulnera direitos mínimos constitucionalmente
assegurados aos trabalhadores. Precedentes da SBDI-1 e de Turmas do TST.
Recurso de revista conhecido por divergência jurisprudencial e
parcialmente provido. (TST- RR - 24642-49.2014.5.24.0003,
3ª Turma, Relator Ministro: Alexandre de Souza
Agra Belmonte, DEJT 07/12/2018).

I. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. REGIDO PELA


LEI 13.015/2014. [...] 5. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL
COLETIVO. DESCUMPRIMENTO REITERADO DAS NORMAS
TRABALHISTAS RELATIVAS À JORNADA DE TRABALHO
(INTERVALO INTERJORNADAS, EXTRAPOLAÇÃO HABITUAL DA
JORNADA DE TRABALHO, LABOR AOS DOMINGOS E FERIADOS).
No caso presente, o Tribunal Regional manteve a condenação da
Reclamada ao pagamento do dano moral coletivo em virtude de ter restado
comprovada a conduta negligente da Reclamada no que diz respeito ao
descumprimento reiterado de normas trabalhistas relativas à extrapolação
habitual da jornada de trabalho, inobservância do intervalo interjornadas e
trabalho aos domingos e feriados. Esta Corte tem firmado jurisprudência no
sentido de que, em hipóteses como a tratada nos autos, resta configurado o
dano moral coletivo, estando dispensada a prova do prejuízo financeiro ou
psíquico, uma vez que a lesão encontra-se relacionada ao próprio ato ilícito.
Julgados desta Corte. Incide a Súmula 333/TST como óbice ao
conhecimento do recurso de revista. Recurso de revista não conhecido [...]"
(TST-RR - 855-09.2013.5.09.0014, 5ª Turma, Relator
Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, DEJT
21/09/2018).

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PROCESSO Nº TST-RR-2174-66.2011.5.03.0008

I-AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS
RELACIONADAS À JORNADA DE TRABALHO. DANO MORAL
COLETIVO. CONFIGURAÇÃO. Aconselhável o provimento do agravo de
instrumento para melhor exame do recurso de revista, por provável violação
dos arts. 186 do Código Civil e 5º, V, da Constituição Federal. Agravo de
instrumento a que se dá provimento. II-RECURSO DE REVISTA.
PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. O TRT fundamentou sua decisão de forma clara,
embora adotando tese contrária aos interesses do reclamante. Essa situação,
entretanto, não configura negativa de prestação jurisdicional. Recurso de
revista de que não se conhece. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DIREITOS INDIVIDUAIS. IMPROCEDÊNCIA
DOS PEDIDOS. 1 - A ação civil pública, prevista na Lei nº 7.347/85, é
instrumento de defesa de direitos e interesses metaindividuais. O próprio
Código de Defesa do Consumidor (art. 81, III) prevê o cabimento de ações
coletivas para salvaguardar direitos ou interesses individuais homogêneos,
que são, segundo o STF, subespécie de direitos coletivos e decorrem de
uma origem comum. 2 - Na jurisprudência desta Corte Superior, desde
longa data, adota-se o entendimento de que o Ministério Público do
Trabalho tem legitimidade ativa ad causam para ajuizar a ação civil pública
na defesa dos interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais
homogêneos, subespécies de coletivos) quando está em debate a aplicação
das normas e princípios trabalhistas (E-RR-411489/1997, DJ-7/12/2007,
Ministro Lélio Bentes; E-ED-RR-1108/1999-002-23-00, DEJT-6/3/2009,
Ministro Aloysio Corrêa da Veiga; RR-1584/2002-005-03-00, DEJT-
14/8/2009, Ministra Maria de Assis Calsing). 3 - No caso dos autos, cinge-
se o debate aos seguintes interesses defendidos pelo Ministério Público do
Trabalho: a) remuneração do trabalho compreendido entre 22 horas de um
dia e as 05 horas do dia seguinte com o adicional noturno de 20% sobre a
hora diurna; b) consignação em registro mecânico, manual ou sistema
eletrônico os horários de entrada, saída, devendo haver pré-assinalação do
período de repouso; c) realização de exames médicos admissionais,
periódicos, e entrega da segunda via dos exames e do Atestado de Saúde
Ocupacional, bem como, demais exigências previstas na NR 7, com
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redação da Portaria 24/1994. 4 - Conforme consignado no acórdão não foi


comprovado que esses pedidosse constituem direito exclusivamente
individual. Incidente a Súmula nº 126 do TST quanto às premissas fáticas. 5
- Recurso de revista de que não se conhece. MINISTÉRIO PÚBLICO DO
TRABALHO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CARÊNCIA DA AÇÃO.
INTERESSE DE AGIR. PEDIDO REFERENTE À NECESIDADE DE
REGULARIZAÇÃO FORMAL DA CIPA. O interesse de agir do
Ministério Público do Trabalho, ao ajuizar ação civil pública trabalhista,
repousa no binômio necessidade-utilidade da tutela solicitada no processo,
com a finalidade de que a ordem jurídica e social dita violada pelo réu seja
restabelecida. No caso, conforme consignado pelo Regional, a constituição
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA é regulamentada
pela NR-5 da Portaria nº 3.213/78, que dispõe que a empresa deve
promover o treinamento de seus titulares e suplentes "antes da posse", o que
não foi o caso. De fato ficou assentado que a CIPA foi regularmente
constituída, e que não houve o treinamento dos titulares, porquanto ainda
não havia previsão de data para a posse. Não há, pois, interesse de obter a
prestação jurisdicional pretendida pelo Ministério Público do Trabalho.
Recurso de revista de que não se conhece. DESCUMPRIMENTO DE
NORMAS TRABALHISTAS RELACIONADAS À JORNADA DE
TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO. CONFIGURAÇÃO. 1 - O art.
5º, V e X, da Constituição Federal, ao assegurar a indenização por dano
moral às pessoas, não limita o direito à esfera individual, o que se confirma
pelo fato de o dispositivo constar no Capítulo I do Título II, o qual diz
respeito aos direitos individuais e coletivos. 2 - O entendimento doutrinário
e jurisprudencial é de que se admite a condenação ao pagamento de
indenização por dano moral coletivo. 3 - Registre-se, ainda, que a ofensa a
direitos transindividuais, que enseja a indenização por danos morais
coletivos é a lesão à ordem jurídica, patrimônio jurídico de toda a
coletividade. 4 - A necessidade de punição da empresa pela não observância
das normas de proteção à saúde e segurança no trabalho, em decorrência
dos efeitos que seu descumprimento causa à saúde física e mental dos
trabalhadores sujeitos a jornadas exaustivas, das quais decorre maior risco
de doenças e acidentes de trabalho, transcende o interesse jurídico das
pessoas diretamente envolvidas no litígio, para atingir, difusamente, toda a
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universalidade dos trabalhadores que se encontra ao abrigo desta tutela


jurídica. 5 - No caso, ficou configurada a conduta ilícita da recorrente, pois,
conforme consignado no acórdão, não observava normas trabalhistas. Com
efeito, foram parcialmente deferidos os pedidos formulados pelo Ministério
Público do Trabalho, mormente quanto à duração da jornada de trabalho, e
realização de exames previstos nos PCMSO. 6 - Nesse contexto, pode-se
concluir que ficou configurado o dano moral coletivo, razão por que deve
ser provido o recurso de revista do MPT para restabelecer a sentença quanto
à condenação da empresa ao pagamento de indenização por dano moral
coletivo no valor de R$ 50.000,00, o qual não se mostra desproporcional
em relação aos fatos. 7 - Recurso de revista a que se dá provimento" (TST
- RR - 44100-52.2009.5.23.0004, 6ª Turma, Relatora
Ministra: Kátia Magalhães Arruda, DEJT
24/02/2017).

"RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA


ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DANO MORAL
COLETIVO. REITERADO DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO
TRABALHISTA. CONFIGURAÇÃO. PEDIDO ALTERNATIVO.
realização de campanha publicitária tendo POR objeto a defesa do meio
ambiente do trabalho. deferimento. A prática reiterada de desrespeito aos
direitos trabalhistas não pode ser opção, tampouco merece ser tolerada pelo
Poder Judiciário, sobretudo no Estado Democrático de Direito, em que a
dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho representam
fundamentos da República (artigo 1º, III e IV, CF). No caso, a
caracterização do dano moral coletivo perpetrado pela empresa dispensa a
prova do efetivo prejuízo de todos os empregados, pois a lesão decorre da
própria conduta ilícita na qual incorrera, ante o descumprimento reiterado
de normas alusivas à proteção contra queda de pessoas e materiais, itens
relativos às normas trabalhistas de proteção ao meio ambiente e à segurança
do trabalho, contidas na NR-18/MTE, em flagrante desrespeito à lei e à
dignidade do trabalhador. Tal contexto caracteriza lesão a direitos e
interesses transindividuais, tendo-se por configurada a ofensa a patrimônio
jurídico da coletividade, que necessita ser recomposto. Vale registrar -
conforme narrado na inicial e registrado em sentença e no acórdão regional
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- que, não obstante as medidas tomadas pelo Ministério Público do


Trabalho (realização de TAC), algumas irregularidades continuaram
ocorrendo. Desse modo, merece reforma a decisão recorrida, de modo a se
condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais coletivos, no
importe de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), revertida na forma
do pedido alternativo inicial, para o fim de custear campanha publicitária
tendo como objeto a defesa do meio ambiente do trabalho sadio, seguro e
equilibrado na construção civil, a ser divulgada inclusive nos locais de
grande circulação na cidade de Aracajú (SE). Recurso de revista conhecido
e provido" (TST-RR - 20793-42.2012.5.20.0006, 7ª
Turma, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
Brandão, DEJT 19/12/2018)

"RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. DANO MORAL
COLETIVO. DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS RELATIVAS À
PROTEÇÃO À SAÚDE, À SEGURANÇA E AO MEIO AMBIENTE DO
TRABALHO. Constata-se, no caso, a inobservância de normas trabalhistas
de natureza cogente, porquanto não foram asseguradas condições mínimas
de trabalho seguro, conforme descrito nos autos de infração constantes da
decisão recorrida. Ora, ante tal contexto fático, não restam dúvidas acerca
da conduta ilícita praticada pelo empregador, causando prejuízos a certo
grupo de trabalhadores e à própria ordem jurídica, cuja gravidade dos fatos
e do ato lesivo impõe o reconhecimento do dano moral coletivo,
independentemente da ocorrência de qualquer acidente laboral vinculado
com as referidas irregularidades detectadas. Recurso de revista conhecido e
provido" (TST- RR - 1390-86.2015.5.23.0107, 8ª
Turma, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
DEJT 06/10/2017).

Incólume o disposto nos arts. 5º, V, da


Constituição Federal e 186 e 927, caput, do Código Civil.
Inviável o conhecimento do recurso de revista, por
divergência jurisprudencial.

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O   modelo   colacionado   às   fls.   3.063   está   superado


por iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte. Incide o
óbice da Súmula 333 do TST.                         
Não conheço.

12 – DANO MORAL COLETIVO. VALOR ARBITRADO

Conforme razões consignadas no julgamento do


agravo de instrumento, as recorrentes demonstraram a violação do
art. 944, parágrafo único, do Código Civil, razão pela qual conheço
do recurso de revista.

b) Mérito

DANO MORAL COLETIVO. VALOR ARBITRADO

Conhecido o recurso de revista por violação do


art. 944, parágrafo único, do Código Civil, a consequência lógica é
o seu provimento para fixar o valor da indenização por dano moral
coletivo em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Oitava   Turma   do   Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I – dar provimento ao agravo
de   instrumento,   para   mandar   processar   o   recurso   de   revista;   II   ­
conhecer do recurso de revista apenas em relação ao tema "Dano moral
coletivo.   Valor   arbitrado",   por   violação   do   art.   944,   parágrafo
único, do Código Civil e, no mérito, dar­lhe provimento para fixar o
valor   da   indenização   por   dano   moral   coletivo   em   R$  300.000,00
(trezentos mil reais). 
Brasília, 21 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


MÁRCIO EURICO VITRAL AMARO
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Ministro Relator

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