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Técnico Judiciário – Área Administrativa

Direito Administrativo

Prof. Luís Gustavo


Direito Administrativo

Professor Luís Gustavo

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Conteúdo

DIREITO ADMINISTRATIVO (NORMAS APLICÁVEIS AOS SERVIDORES PÚBLICOS): Lei de


Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92 e alterações posteriores).
DIREITO ADMINISTRATIVO: Administração pública: princípios básicos. Noções de organização
administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. Adminis-
tração direta e indireta. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação;
discricionariedade e vinculação. Contratos administrativos: conceito e características. Poderes
administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar, poder de polícia. Ser-
viços Públicos: conceito e princípios. Licitação (Lei nº 8666/93) e Pregão (Lei nº 10520/2002).
Responsabilidade Civil do Estado.

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Introdução

DIREITO ADMINISTRATIVO
TRE-BRASIL – 2016
(Teoria com mais de 600 questões)

NOTAS DO AUTOR:
Luís Gustavo Bezerra de Menezes é Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do
Município do Rio de Janeiro e Ex-Presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos
Concursos (Anpac). Aprovado em diversos concursos públicos, entre os quais se destacam
Técnico Judiciário da Justiça Federal do Rio de Janeiro e Fiscal de Tributos do Espírito Santo, já
atuou em diversos cursos preparatórios, em vários Estados e, atualmente, é professor na Rede
LFG (telepresencial).
LIVROS PUBLICADOS:
Direito Administrativo – Coleção Provas Comentadas FCC – Editora Ferreira (2ª Edição) – Luís
Gustavo Bezerra de Menezes
Direito Administrativo – Coleção Provas Comentadas CESGRANRIO – Editora Ferreira (1ª
Edição) – Luís Gustavo Bezerra de Menezes e Henrique Cantarino
Direito Administrativo – Coleção Provas Comentadas FUNRIO – Editora Ferreira (1ª Edição) –
Luís Gustavo Bezerra de Menezes e Henrique Cantarino
Comentários à Lei 8.112/90 – Teoria mais 500 questões de provas anteriores – Editora Ferreira
(1ª Edição) – Luís Gustavo Bezerra de Menezes e Henrique Cantarino
Meu Primeiro Concurso – Editora Juspodium (1ª Edição/2016) – Luís Gustavo Bezerra de
Menezes e outros

Fanpage: https://www.facebook.com/lgbezerrademenezes
Periscope: @ProfLuisGustavo

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Sumário

Tópico 1: Estado, Governo e Administração Pública / Direito Administrativo . . . . . . . . . . . . . . 11


Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tópico 2: Organização administrativa da União / Agentes Públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Tópico 3: Atos administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Tópico 4: Poderes Administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Tópico 5: Responsabilidade Civil do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Tópico 6: Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
Tópico 7: Licitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Tópico 8: Contratos Administrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Tópico 9: Serviços Públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
Questões CESPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Questões FCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257

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Direito Administrativo

TÓPICO 1

Estado, Governo e Administração Pública: conceitos, elementos, poderes e


organização; natureza, fins e princípios. Direito Administrativo: conceito e fontes

1. Estado, Governo e Administração Pública

1.1 Conceito de Estado


Estado é uma instituição organizada política, social e juridicamente, ocupando um território
definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita e dirigida por um Governo
que possui soberania reconhecida tanto interna quanto externamente. O Estado é responsável
pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo
do uso da força (coerção, especialmente a legal).
De acordo com o atual Código Civil, o Estado possui personalidade jurídica de direito público,
com prerrogativas especiais, para que possa ser atingida a finalidade de interesse público.
O fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade. O Estado deve garantir a ordem
interna, assegurar a soberania na ordem internacional, elaborar as regras de conduta e
distribuir a justiça. Nesse contexto, insere-se o Direito Administrativo, como ramo autônomo
do Direito Público, tendo como finalidade disciplinar as relações entre as diversas pessoas e
órgãos do Estado, bem como entre este e os administrados.
São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que é um Estado Democrático
de Direito: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento
nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação (art. 3º CF)

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1.1.1 Elementos do Estado
Sucintamente, temos que Estado é uma pessoa jurídica territorial, composta dos elementos
povo, território e governo soberano. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um
governo, um povo, um território".
Sendo assim, são elementos do Estado, portanto: povo, território e governo soberano.
O povo é o elemento humano, formado pelo conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica
estatal. O território é o elemento material, espacial ou físico do Estado, é a sua base geográfica,
compreendendo a superfície do solo que o Estado ocupa, seu mar territorial e o espaço aéreo.
Governo é a organização necessária ao exercício do poder político.
A soberania é o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a
universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.

1.1.2 Organização do Estado


O Estado pode ser organizado de várias formas, levando-se em consideração a sua extensão
territorial, a estruturação de seus Poderes e a subdivisão em unidades menores. Estados de
tamanhos variados podem ter vários níveis de governo: local, regional e nacional. Assim, o
Estado pode ser:
a) Unitário ou simples: quando só existe uma fonte de Direito, que é no âmbito nacional,
estendendo-se uniformemente sobre todo o seu território (França, Bélgica, Itália e Portugal
são unitários).
b) Composto: como o Estado Federado, em que há a reunião de vários Estados Membros que
formam a Federação. Existem três fontes de Direito: Federal, Estadual e Municipal (Brasil e
EUA são federados).
No Brasil, a Constituição Federal dispõe, em seu art. 1º, que “A República Federativa do Brasil
é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático do Direito...”
Assim, para o Direito Administrativo, a expressão “Estado”, em sentido amplo, abrange a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Destacamos que o Estado, em suas relações internacionais (externas), possui soberania;
enquanto a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, nas suas relações internas,
possuem, apenas, autonomia.

1.1.3 Poderes do Estado


De acordo com o artigo 2º do Texto Constitucional, são Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Cada um desses Poderes do Estado exerce predominantemente uma função estatal específica,
porém, não há uma separação absoluta de funções, assegurando o sistema de freios e

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contrapesos. Assim, os Poderes irão desempenhar funções típicas (principais) e funções atípicas
(não principais)
Poder Legislativo é aquele que tem como principal função legislar (fazer leis!), ou seja, inovar
o ordenamento jurídico, estabelecendo regras gerais e abstratas, criando comandos a todos os
cidadãos, visto que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.
Poder Judiciário é aquele que tem como principal função julgar, solucionar conflitos de
interesses entre as partes, aplicando as leis aos casos concretos.
Poder Executivo é aquele que tem como principal função executar, administrar a coisa pública,
dentro dos limites impostos por lei, com a finalidade de atender ao interesse público.
Pelo exposto acima, percebemos que a função administrativa (objeto do Direito Administrativo)
é exercida tipicamente (principal) pelo Poder Executivo, porém, os demais Poderes também
irão desempenhá-la, só que de forma atípica (não principal).

RESUMINDO...

PODER LEGISLATIVO – função legislativa


PODER JUDICIÁRIO – função jurisdicional
PODER EXECUTIVO – função administrativa
} FUNÇÕES TÍPICAS (PRINCIPAIS)

1.2 Conceito de Governo


Governar é o poder de regrar uma sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante
funciona e exerce autoridade. Governo não implica necessariamente a existência de Estado.
O governo é usualmente utilizado para designar a instância máxima de administração executiva,
geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou de uma nação. Representa o
conjunto de órgãos e Poderes responsáveis pela função política do Estado, abrangendo as
funções de comando e de estabelecimento de objetivos e diretrizes do Estado, de acordo com
as suas atribuições constitucionais.
A função política e o governo são mais objeto do estudo do Direito Constitucional, enquanto
que a Administração Pública é objeto do estudo do Direito Administrativo.

1.3 Conceito de Administração Pública


A expressão “Administração Pública” abarca diversas concepções. Inicialmente, temos que
Administração Pública em sentido amplo (lato sensu) é o conjunto de órgãos governamentais
(com função política de planejar, comandar e traçar metas) e de órgãos administrativos (com
função administrativa, executando os planos governamentais).

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Num sentido estrito (stricto sensu), podemos definir Administração Pública como o conjunto
de órgãos, entidades e agentes públicos que desempenham a função administrativa do Estado.
Ou seja, num sentido estrito, a Administração Pública é representada, apenas, pelos órgãos
administrativos.

RESUMINDO...
Administração Pública (sentido amplo) – órgãos governamentais (políticos) + órgãos
administrativos
Administração Pública (sentido estrito) – exclusivamente órgãos administrativos

Para fins de prova, é mais comum que as bancas examinadoras exijam do candidato o conceito
de Administração Pública num sentido objetivo e num sentido subjetivo. Assim, teremos:

a) Sentido objetivo ou material ou funcional de Administração Pública


Nesse sentido, a Administração Pública confunde-se com a própria função (atividade)
administrativa desempenhada pelo Estado. O conceito de Administração Pública está
relacionado com o objeto da Administração. Não se preocupa aqui com quem exerce a
Administração, mas sim com o que faz a Administração Pública.
Ressaltamos que a função administrativa é exercida predominantemente pelo Poder Executivo,
porém, os demais Poderes também a exercem de forma atípica. A doutrina majoritária
entende que as atividades administrativas englobam: a prestação de serviço público, a polícia
administrativa, o fomento e a intervenção administrativa.

b) Sentido subjetivo ou formal ou orgânico de Administração Pública:


A expressão Administração Pública confunde-se com os sujeitos que integram a estrutura
administrativa do Estado, ou seja, com quem desempenha a função administrativa. Assim, num
sentido subjetivo, Administração Pública representa o conjunto de órgãos, agentes e entidades
que desempenham a função administrativa. O conceito subjetivo representa os meios de
atuação da Administração Pública.
Os meios de atuação da Administração Pública serão analisados posteriormente de forma
detalhada, mas, de forma sucinta, teremos:
•• Entes ou Entidades ou Pessoas: são as pessoas jurídicas integrantes da estrutura da
Administração Direta e Indireta. Dividem-se em:
•• Entes políticos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios (todos com personalidade
jurídica de Direito Público);

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•• Entes administrativos – autarquias, fundações públicas, empresas públicas e


sociedades de economia mista (todos com personalidade jurídica de Direito Público e/
ou Privado).
•• Órgãos públicos: são centros de competência, despersonalizados, integrantes da estrutura
de uma pessoa jurídica, incumbidos das atividades da entidade a que pertencem. A Lei
nº 9.784/99 conceitua tais órgãos como unidades de atuação integrantes da estrutura da
Administração Direta ou Indireta
•• Agentes públicos: segundo o art. 2º da Lei nº 8.429/92, são todos aqueles que exercem,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, emprego ou função
pública. Isto é, são pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício
de alguma função estatal.

RESUMINDO...
Sentido objetivo ou material ou funcional = atividade administrativa (o que faz a
Administração Pública?)
Sentido subjetivo ou formal ou orgânico = órgãos + agentes + entidades (quem faz a
Administração Pública?)

A natureza da Administração Pública é a de um múnus público para quem a exerce, como


ensina Hely Lopes Meirelles: “a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos
bens, serviços e interesses da coletividade. Como tal, impõe-se ao administrador público a
obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da moral administrativa que regem
a sua atuação. Ao ser investido em função ou cargo público, todo agente assume para com
a coletividade o compromisso de bem servi-la, porque outro não é o desejo do povo, como
legítimo destinatário dos bens, serviços e interesses administrados pelo Estado”.
Os fins da Administração Pública são sempre o interesse público ou o bem da coletividade,
sendo que toda e qualquer atividade administrativa deve almejar este objetivo. Por isso, toda
a atividade do administrador público deve ser orientada para este objetivo. Todo ato por ele
praticado que se afastar deste fim será considerado ilícito e imoral.

1.4 Direito Administrativo: conceito e fontes

a) Conceito
A seguir, transcrevemos os conceitos dados pelos principais doutrinadores do Direito
Administrativo.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, é “o ramo do Direito Público que disciplina a função
administrativa e os órgãos que a exercem”.

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Segundo Hely Lopes Meirelles, é “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os
órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente
os fins desejados pelo Estado”.
Já Maria Sylvia Di Pietro define como “o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, os
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins,
de natureza pública”.

b) Fonte
As fontes do Direito Administrativo são a lei (em sentido amplo, abrangendo desde a
Constituição Federal até os atos normativos), a doutrina, a jurisprudência e os costumes (a
praxe administrativa). Devemos ressaltar que a lei é a principal fonte do Direito Administrativo.

1.5 Princípios do Direito Administrativo


Os princípios são as ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo
a ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão
de seu modo de organizar-se. Os princípios determinam o alcance e o sentido das regras de
determinado ordenamento jurídico e constituem os fundamentos da ação administrativa, ou,
por outras palavras, os sustentáculos da atividade pública; relegá-los é desvirtuar a gestão dos
negócios públicos e olvidar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses
sociais.
Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expressos ou não), visto que tais
diretrizes devem ser aplicadas de forma harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não
exclui a aplicação de outro nem um princípio se sobrepõe ao outro.
Encontram-se, de maneira explícita (art. 37, caput) ou não no texto da Constituição Federal. Os
primeiros são, por unanimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), os demais
são os denominados princípios reconhecidos (ou implícitos). Assim, percebemos que o art. 37
da Constituição Federal não esgota todos os princípios aplicáveis à Administração Pública. Como
os princípios implícitos variam de acordo com cada autor, optamos por trabalhar somente os
princípios reconhecidos pela doutrina majoritária.
Por fim, ressaltamos que o art. 37 da Constituição Federal impõe a observância dos princípios
(LIMPE) à Administração Pública Direta e Indireta, de qualquer dos Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário), de todas as esferas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
•• Princípios Expressos: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência
(LIMPE).
•• Princípios Implícitos ou Reconhecidos: Supremacia do Interesse Público sobre o Particular,
Indisponibilidade do Interesse Público, Motivação, Continuidade do Serviço Público,
Probidade Administrativa, Autotutela, Razoabilidade e Proporcionalidade e Segurança
Jurídica.

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1) Princípios Expressos

a) Legalidade
Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, “Na Administração Pública não há liberdade nem
vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer o que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa
‘pode fazer assim’: para o administrador significa ‘deve fazer assim’”.
Assim, fica demonstrado que, no Direito Constitucional, prevalece a autonomia de vontades,
ou seja, é lícito fazer o que a lei não proíbe (CF, art. 5o., II). Já no Direito Administrativo, os atos
devem estar em conformidade com a lei, visto que só será permitido ao administrador praticar
aqueles atos autorizados ou determinados por lei.
Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da legalidade representa a
consagração da ideia de que a Administração Pública só poderá ser exercida em conformidade
com a lei, sendo a atividade administrativa, consequentemente, sublegal ou infralegal, devendo
restringir-se à expedição de comandos que assegurem a fiel execução da lei.
A Administração Pública, além de não poder atuar contra a lei (contra legem) ou além da lei
(praeter legem), só poderá atuar segundo a lei (secundum legem). Os atos que não respeitem às
disposições legais deverão ser invalidados pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração
Pública.

b) Impessoalidade
Na sua formulação tradicional, o princípio da impessoalidade confunde-se com o princípio da
finalidade da atuação administrativa. De acordo com este, há somente um fim a ser perseguido
pela Administração: o interesse público. Assim, quando o administrador remove um servidor
com o intuito de punir esse servidor por vingança ou quando o Prefeito desapropria inimigo
político, há afronta a tal princípio.
A impessoalidade da atuação administrativa impede que um ato seja pra¬ticado visando
a interesses do agente ou de terceiros. Impede também perseguições, favorecimentos ou
descriminações. A Constituição Federal, em seu art. 37, § 1°, prevê:
“§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campa¬nhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos”.
Isso quer dizer que, se o prefeito de determinada cidade faz uma obra, ele não pode divulgar
que a obra foi executada pelo prefeito “X”, mas sim que a obra foi realizada pela Prefeitura do
Município “Y”.
Por fim, a impessoalidade também tem relação com a aplicação do princípio da isonomia,
quando, por exemplo, a Administração realiza um concurso público ou realiza uma licitação,
buscando a impessoalidade na contratação de seus servidores ou de empresas. Assim, a
prática do nepotismo, no âmbito da Administração Pública, é uma conduta vedada pela

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Súmula Vinculante no 13, proibindo-se, como regra, a colocação de parentes, até certo grau de
parentesco, em cargo em comissão.

c) Moralidade
Tal princípio é mais do que a moralidade ligada a bons costumes. A conduta do administrador
deve ser toda pautada em bons costumes, em uma conduta justa e ética. Mas tal princípio da
moralidade tem proporções jurídicas, ou seja, não basta que a conduta do administrador seja
legal, pois também deverá ser honesta, acima de tudo.
A moralidade administrativa constitui pressuposto de validade de todo ato da Administração
Pública (CF/88, art.37), sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei
jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto;
a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as
exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum.

d) Publicidade
Está relacionado com a transparência da Administração Pública. Nesse contexto, ganha relevo
a recente Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/11), que estabelece normas gerais, em
caráter nacional, sobre o acesso à informação no âmbito da Administração Pública.
A publici¬dade dos atos da administração é a regra, devendo ser ampla. O sigilo é uma exceção
para Administração. Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, só se admitindo
o sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior da
administração, em processo previamente declarado sigiloso.
A publicidade não é elemento formativo do ato, mas é requisito de eficácia e moralidade. O
princípio da publicidade dos atos e dos contratos administrativos, além de assegurar seus
efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo
povo em geral. Os atos internos da Administração Pública não necessitam de publicação no
Diário Oficial, apenas aqueles que produzem efeitos externos.
Tal princípio abrange toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus
atos como, também, de apropriação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Os
atos e os contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária
não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõem à invalidação por falta desse
requisito de eficácia e moralidade.
Por fim, não há que se confundir a publicidade dos atos administrativos com a respectiva
publicação. Veremos que, no caso de licitação na modalidade convite, não é necessária a
publicação da carta-convite no Diário Oficial, porém deve ser dada a respectiva publicidade
desta, por meio de sua afixação no mural da repartição, por exemplo. Assim, a publicação no
Diário Oficial é dispensável em alguns atos, porém, a publicidade não.

e) Eficiência
É aquele que impõe a todo agente público a obrigação de realizar suas atribuições com presteza,
perfeição e rendimento funcional. Administrador eficiente é aquele que sempre procura

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praticar os seus atos com economicidade, procurando sempre atingir o melhor custo-benefício
à Administração.
Segundo a professora Maria Sylvia Di Pietro, o princípio da eficiência deve ser analisado sob
dois aspectos:
•• relativamente à forma de atuação do agente público: espera-se melhor desempenho
possível de suas atribuições, a fim de obter os melhores resultados;
•• quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a administração pública: exige-se que
este seja o mais racional possível, no intuito de alcançar melhores resultados na prestação
dos serviços públicos.
A Emenda Constitucional nº 19/98 foi responsável pela introdução de tal princípio no Texto
Constitucional. Consequentemente, várias passagens da nossa Carta Magna sofreram
influências de tal princípio.
Uma das principais seria a necessidade de aprovação em Avaliação Especial de Desempenho
como condição para aquisição da estabilidade. Após a Emenda Constitucional nº 19/98, a
estabilidade não é mais automática, após o decurso do prazo fixado de três anos (ampliado de
dois para três anos, após a referida emenda).

2) Princípios Implícitos ou Reconhecidos

a) Supremacia do Interesse Público sobre o Particular


Apesar de não encontrar previsão expressa no Texto Constitucional, tal princípio é decorrência
do regime democrático e do sistema representativo. Através dele, presume-se que a atuação
do Estado tenha por finalidade o interesse público.
Sempre que o Estado estiver presente na relação jurídica, como representante da sociedade,
seus interesses prevalecerão sobre os interesses particulares, visto que o Estado defende
o bem-comum, o interesse público primário ou secundário. Tal princípio consagra o Direito
Administrativo como ramo do Direito Público. Marca uma relação de verticalidade existente
entre o Estado e os particulares.
Confere à Administração Pública certas prerrogativas especiais (não aplicáveis aos particulares
administrados), para que atinja o interesse público. Consequentemente, sempre que houver
conflito entre o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de prevalecer este, uma
vez que o objetivo primordial da Administração é o atendimento do interesse público, definido
em lei, explícita ou implicitamente.
Como exemplo de aplicação de tal princípio podemos citar: as cláusulas exorbitantes dos
contratos administrativos, a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a intervenção
do Estado na propriedade privada, entre outros.

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b) Indisponibilidade do Interesse Público
Os bens e os interesses públicos são indisponíveis, ou seja, não pertencem à Administração ou
a seus agentes, cabendo somente sua gestão em prol da coletividade. Veda ao administrador
quaisquer atos que impliquem renúncia de direitos da Administração ou que, injustificadamente,
onerem a sociedade.
Impõe limitações ao Estado, correspondendo a uma contrapartida às prerrogativas estatais,
decorrentes da supremacia do interesse público sobre o particular. Assim, o Estado tem o poder
de desapropriar um imóvel (prerrogativa decorrente da supremacia do interesse público),
porém, deverá indenizar, como regra o proprietário, respeitando o direito à propriedade
(limitação imposta ao Estado).

c) Motivação
Motivação é a exposição dos motivos que determinaram a prática do ato; é a exteriorização
dos motivos que originaram a prática do ato. Formalmente, definimos motivação como sendo
a exposição da situação de fato ou de direito que autoriza ou determina a prática do ato
administrativo.
Na demissão de um servidor, por exemplo, o elemento motivo seria a infração por ele praticada,
ensejadora dessa modalidade de punição; já a motivação seria a exposição de motivos, a
exteriorização, por escrito, do motivo que levou a Administração a aplicar tal penalidade.
Todos os atos administrativos válidos possuem um motivo, porém, a motivação não será
obrigatória quando a lei dispensar ou se a natureza do ato for com ela compatível. Nesses
casos, o motivo não será expresso pela Administração, ou seja, embora o motivo exista, não
haverá motivação do ato.
O exemplo tradicional de ato que prescinde de motivação é a exoneração de cargo em
comissão, visto que este é de “livre nomeação e livre exoneração”. É bom lembrar que a boa
prática administrativa recomenda a motivação de todo ato administrativo, a fim de se dar maior
transparência à atividade administrativa.
A Lei n º 9.784/99 (regulamenta os processos administrativos, em âmbito federal) estabeleceu,
em seu art. 50, uma lista de atos que devem ser motivados. A maioria da doutrina entende
que a regra é motivar todos os atos administrativos, sejam discricionários ou vinculados. Sendo
assim, tal lista é tida pela doutrina majoritária como meramente exemplificativa.

d) Continuidade do Serviço Público


Os serviços públicos, por serem prestados no interesse da coletividade, devem ser adequados
e seu fornecimento não deve sofrer interrupções. A Lei nº 8.987/95 (estabelece normas gerais
sobre as concessões e permissões de serviço público) estabelece, em seu art. 6º, que serviço
público adequado é aquele que atende a alguns requisitos, entre eles, o da continuidade.
Porém, devemos ressaltar que isso não se aplicará às interrupções por situações de emergência
ou após aviso prévio – nos casos de segurança, ordem técnica ou inadimplência do usuário.

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

Ainda como decorrência da aplicação de tal princípio, a CF, em seu art. 37, VII, impõe que os
limites ao exercício de greve do servidor público sejam estabelecidos em lei específica.

CUIDADO!
A única situação em que pode haver interrupção na prestação do serviço sem aviso
prévio ao usuário e que não caracteriza descontinuidade é em caso de emergência.

e) Probidade Administrativa
A conduta do administrador público deve ser honesta, pautada na boa conduta e na boa-
fé. Ganhou status constitucional com a atual Constituição de 1988. O art. 37, §4º traz as
consequências de um ato de improbidade administrativa e o art. 85, V, dispõe que é crime de
responsabilidade do Presidente da República a prática de atos que atentem contra a probidade
administrativa. A improbidade administrativa é regulamentada pela Lei nº 8.428/92, que será
estudada posteriormente.

f) Autotutela
Decorre do princípio da legalidade. Por esse princípio, a Administração pode controlar seus
próprios atos, anulando os ilegais (controle de legalidade) e revogando os inconvenientes
ou inoportunos (controle de mérito). De forma sucinta, é o princípio que autoriza que a
Administração Pública revise os seus atos e conserte os seus erros. Não deve ser confundido
com a tutela administrativa que representa a relação existente entre a Administração Direta e
Indireta.
O princípio da autotutela foi consagrado pela Súmula 473, do STF:
“473 – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de conveniência e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial”.

g) Razoabilidade e Proporcionalidade
São tidos como princípios gerais de Direito, aplicáveis a praticamente todos os ramos da ciência
jurídica. No âmbito do Direito Administrativo, encontram aplicação especialmente no que
concerne à prática de atos administrativos que impliquem restrição ou condicionamento a
direitos dos administrados ou imposição de sanções administrativas.
Funcionam como os maiores limitadores impostos à liberdade de atuação do administrador
público, ou seja, limitam a discricionariedade administrativa. Trata-se da aferição da adequação
da conduta escolhida pelo agente público à finalidade que a lei expressa.
Visa sempre analisar se a conduta do agente público foi razoável e se os fins atingidos foram
proporcionais a determinado caso em concreto. A Lei nº 9.784/99 impõe à Administração

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Pública a adequação entre os meios e os fins (razoabilidade), vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
fim público (proporcionalidade).

h) Segurança Jurídica
O ordenamento jurídico vigente garante que a Administração deve interpretar a norma
administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
O princípio da segurança jurídica não veda que a Administração mude a interpretação dada
anteriormente sobre determinada norma administrativa, porém, veda que a Administração
aplique retroativamente essa nova interpretação.
Por força de tal princípio, por exemplo, veremos que a Administração Pública terá um
prazo decadencial de cinco anos para anular atos administrativos que beneficiem os seus
destinatários, salvo se comprovada a má-fé do administrador público.

3) Regime Jurídico Administrativo


Nas palavras de Maria Sylvia Di Pietro, regime jurídico administrativo é o conjunto das
prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não são encontradas nas
relações entre particulares.
Tal expressão abrange o conjunto de regras que tipificam o Direito Administrativo, colocando a
Administração Pública numa posição de supremacia em relação aos particulares, demonstrando
o desequilíbrio na relação jurídica existente, característica dos diversos ramos do Direito
Público.
Esse desequilíbrio existente na relação jurídica entre a Administração Pública e os particulares é
traduzido por uma relação de verticalidade (Administração num patamar superior ao particular
administrado) e não de horizontalidade, como nos diversos ramos do Direito Privado.
Assim, ao longo do estudo do Direito Administrativo perceberemos que a Administração Pública
possui diversos privilégios e prerrogativas para que possa atingir a consecução do interesse
público, visto que há uma supremacia deste sobre o interesse particular, ou seja, sempre que
entrarem em conflito o direito do indivíduo e o interesse da comunidade, há de prevalecer
este, uma vez que o objetivo primordial da Administração é o bem comum.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o regime jurídico administrativo pauta-se em dois princípios
básicos: a legalidade (sujeições) e a supremacia do interesse público sobre o particular
(prerrogativas).
Segundo a autora, “Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se a Administração Pública à
observância da lei; é a aplicação, ao direito público, do princípio da legalidade. Para assegurar-
se a autoridade da Administração Pública, necessária à consecução de seus fins, são-lhe
outorgados prerrogativas e privilégios que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse
público sobre o particular”.

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Já para Celso Antônio Bandeira de Mello, acompanhado da doutrina majoritária, o estudo


do regime jurídico administrativo se delineia em função da consagração de dois princípios:
supremacia de interesse público sobre o particular (prerrogativas) e a indisponibilidade, pela
Administração Pública, dos interesses públicos (sujeições).
O autor afirma que “Em suma, o necessário – parece-nos – é encarecer que na administração
os bens e os interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador.
Antes, para este, coloca-se a obrigação, o dever de curá-los nos termos da finalidade a que
estão adstritos. É a ordem legal que dispõe sobre ela”.

CUIDADO! PRINCÍPIOS EMBASADORES DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


Maria Sylvia Di Pietro – legalidade e supremacia do interesse público sobre o
particular
Celso Antônio Bandeira de Mello – supremacia do interesse público sobre o
particular e indisponibilidade, pela Administração Pública, dos interesses públicos.

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Questões CESPE

(Cespe – Ministério da Integração – 2013) No que concerne à administração pública,


julgue os itens a seguir.
Com relação a Estado, governo e adminis-
tração pública, julgue os itens seguintes. 5. As entidades que integram a administração
direta e indireta do governo detêm autono-
1. Os conceitos de governo e administração mia política, administrativa e financeira.
não se equiparam; o primeiro refere-se a
uma atividade essencialmente política, ao ( ) Certo   ( ) Errado
passo que o segundo, a uma atividade emi-
nentemente técnica.
6. A administração pratica atos de governo, pois
( ) Certo   ( ) Errado constitui todo aparelhamento do Estado pre-
ordenado à realização de seus serviços, visan-
do à satisfação das necessidades coletivas.
2. Consoante as regras do direito brasileiro,
as funções administrativas, legislativas e ( ) Certo   ( ) Errado
judiciais distribuem-se entre os poderes es-
tatais — Executivo, Legislativo e Judiciário,
respectivamente —, que as exercem de for- 7. Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e
ma exclusiva, segundo o princípio da sepa- a lei constituem as principais fontes do di-
ração dos poderes. reito administrativo

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

3. Em sentido objetivo, a expressão adminis- 8. (Cespe – DPU – 2016)


tração pública denota a própria atividade A administração pública em sentido formal,
administrativa exercida pelo Estado. orgânico ou subjetivo, compreende o con-
( ) Certo   ( ) Errado junto de entidades, órgãos e agentes públi-
cos no exercício da função administrativa.
Em sentido objetivo, material ou funcional,
4. Consoante o modelo de Estado federativo abrange um conjunto de funções ou ativida-
adotado pelo Brasil, os estados-membros des que objetivam realizar o interesse públi-
são dotados de autonomia e soberania, ra- co.
zão por que elaboram suas próprias consti-
tuições. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
9. (Cespe – DPU – 2016)
A repartição do poder estatal em funções
- legislativa, executiva e jurisdicional - não
descaracteriza a sua unicidade e indivisibi-
lidade.
( ) Certo   ( ) Errado

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(Cespe – TRT10 – Analista Judiciário – 2012) (Cespe – TJDF – Procurador – 2012)
Julgue os itens a seguir, acerca dos princí- 15. Por força do princípio da legalidade, a ad-
pios e das fontes do direito administrativo. ministração pública não está autorizada a
reconhecer direitos contra si demandados
10. O princípio da supremacia do interesse pú- quando estiverem ausentes seus pressu-
blico é, ao mesmo tempo, base e objetivo postos.
maior do direito administrativo, não com-
portando, por isso, limites ou relativizações. ( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
16. Constitui exteriorização do princípio da au-
totutela a súmula do STF que enuncia que
11. Em decorrência do princípio da legalidade, “A administração pode anular seus próprios
a lei é a mais importante de todas as fontes atos, quando eivados dos vícios que os tor-
do direito administrativo. nam ilegais, porque deles não se originam
( ) Certo   ( ) Errado direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
veniência e oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
12. (Cespe – TJ-RR – Analista Processual – os casos, a apreciação judicial”.
2012)
( ) Certo   ( ) Errado
O princípio da supremacia do interesse pú-
blico vincula a administração pública no
exercício da função administrativa, assim 17. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
como norteia o trabalho do legislador quan- 2015)
do este edita normas de direito público. O regime jurídico-administrativo brasileiro
( ) Certo   ( ) Errado está fundamentado em dois princípios dos
quais todos os demais decorrem, a saber: o
princípio da supremacia do interesse públi-
(Cespe – TJRR – Administrador – 2012) co sobre o privado e o princípio da indispo-
nibilidade do interesse público.
13. O princípio da impessoalidade nada mais
é do que o clássico princípio da finalidade, ( ) Certo   ( ) Errado
que impõe ao administrador público que só
pratique o ato para o seu fim legal.
18. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
( ) Certo   ( ) Errado 2015)
Por força do princípio da legalidade, o
14. Do princípio da supremacia do interesse administrador público tem sua atuação
público decorre a posição jurídica de pre- limitada ao que estabelece a lei, aspecto
ponderância do interesse da administração que o difere do particular, a quem tudo se
pública. permite se não houver proibição legal.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

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19. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –


2015)
Em decorrência do princípio da impessoali-
dade, previsto expressamente na Constitui-
ção Federal, a administração pública deve
agir sem discriminações, de modo a aten-
der a todos os administrados e não a certos
membros em detrimento de outros.
( ) Certo   ( ) Errado

20. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –


2015)
O princípio da eficiência está previsto no
texto constitucional de forma explícita.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. C 8. C 9. C 10. E 11. C 12. C 13. C 14. C 15. C 16. C 17. C 
18. C 19. C 20. C

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Questões FCC

1. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014) a) subsidiariamente, se não houver lei dis-
ciplinando a matéria em questão, pois
Determinada empresa privada, concessio- não se presta a orientar atividade inter-
nária de serviços públicos, torna-se inadim- pretativa das normas jurídicas.
plente, deixando de prestar o serviço de b) alternativamente, tendo em vista que
administração de uma estrada do Estado do somente tem lugar quando não acudi-
Maranhão, descumprindo o contrato firma- rem outros princípios expressos.
do e prejudicando os usuários. Neste caso, a c) de forma prevalente, posto que tem
retomada do serviço público concedido ain- hierarquia superior aos demais princí-
da no prazo de concessão pelo Governo do pios.
Estado do Maranhão tem por escopo asse- d) de forma ampla e abrangente, na medi-
gurar o princípio do serviço público da da em que também orienta o legislador
a) cortesia. na elaboração da lei, devendo ser ob-
b) continuidade. servado no momento da aplicação dos
c) modicidade. atos normativos.
d) impessoalidade. e) de forma absoluta diante das lacunas
e) atualidade. legislativas, tendo em vista que o inte-
resse público sempre pretere o interes-
2. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014) se privado, prescindindo da análise de
outros princípios.
O Diretor Jurídico de uma autarquia estadu-
al nomeou sua companheira, Cláudia, para 4. (FCC – TRT 19 – Oficial de Justiça – 2014)
o exercício de cargo em comissão na mes-
ma entidade. O Presidente da autarquia, ao Determinada empresa do ramo farmacêuti-
descobrir o episódio, determinou a imedia- co, responsável pela importação de impor-
ta demissão de Cláudia, sob pena de carac- tante fármaco necessário ao tratamento de
terizar grave violação a um dos princípios grave doença, formulou pedido de retifica-
básicos da Administração pública. Trata-se ção de sua declaração de importação, não
do princípio da obtendo resposta da Administração pública.
Em razão disso, ingressou com ação na Jus-
a) presunção de legitimidade. tiça, obtendo ganho de causa. Em síntese,
b) publicidade. considerou o Judiciário que a Administra-
c) motivação. ção pública não pode se esquivar de dar um
d) supremacia do interesse privado sobre pronto retorno ao particular, sob pena in-
o público. clusive de danos irreversíveis à própria po-
e) impessoalidade. pulação. O caso narrado evidencia violação
ao princípio da
3. (FCC – TRT 2 – Oficial de Justiça – 2014)
a) publicidade.
O princípio da supremacia do interesse pú- b) eficiência.
blico informa a atuação da Administração c) impessoalidade.
pública d) motivação.
e) proporcionalidade.

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5. (FCC – PGE-CE – Técnico Ministerial – 2013) 8. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial –
2013)
Determinado administrado formulou re-
querimento administrativo perante a Admi- João obteve a primeira colocação na clas-
nistração Pública pleiteando o fornecimen- sificação final de determinado concurso
to de remédio. Contudo, passados quase público, conforme publicação realizada em
cinco meses do requerimento, a autoridade jornal de grande circulação. No entanto, foi
competente não tinha analisado o pedido, o nomeado mediante publicação em perió-
que ensejou a propositura de ação judicial. dico diverso e de menor circulação, o que
O caso narrado evidencia a violação ao se- o impossibilitou de tomar as providências
guinte princípio do Direito Administrativo: necessárias à posse e entrada em exercício
na função. A convocação de João mediante
a) eficiência. singelo aviso genérico em jornal de peque-
b) especialidade. na circulação, diverso daquele em que os
c) tutela. atos oficiais haviam sido até então publi-
d) autotutela. cados, não é apta a alcançar as finalidades
e) publicidade. de transparência e de conferir ciência ao
nomeado, visto que dificulta o acesso e a
6. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial – compreensão da informação veiculada. A
2013) situação narrada evidencia a violação ao se-
Na atuação administrativa, não basta a lega- guinte princípio da Administração Pública:
lidade formal, restrita; é preciso também a a) publicidade.
observância de princípios éticos, de lealda- b) supremacia do interesse público.
de, de boa-fé. A assertiva em questão refe- c) presunção de veracidade.
re-se ao princípio da d) improbidade.
a) proporcionalidade. e) motivação.
b) supremacia do interesse público.
c) motivação. 9. (FCC – MPE-AP – Técnico Ministerial –
d) eficiência. 2012)
e) moralidade. O Prefeito de determinado Município, a fim
de realizar promoção pessoal, utilizou-se
7. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – de símbolo e de slogan que mencionam o
2013) seu sobrenome na publicidade institucional
Determinado servidor público, ao aplicar do Município. A utilização de publicidade
sanção a seu subordinado, assim o fez de governamental para promoção pessoal de
forma excessiva e sem levar em conta as cir- agente público viola o disposto no artigo 37,
cunstâncias da falta disciplinar e o anterior § 1º, da Constituição Federal, ora transcrito:
comportamento do funcionário, isto é, seus “A publicidade dos atos, programas, obras,
antecedentes funcionais. O fato narrado ca- serviços e campanhas dos órgãos públicos
racteriza violação ao seguinte princípio da deverá ter caráter educativo, informativo
Administração Pública: ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que
a) eficiência. caracterizem promoção pessoal de autori-
b) supremacia do interesse público. dades ou servidores públicos”.
c) presunção de veracidade.
d) razoabilidade. O fato narrado constitui violação ao seguin-
e) publicidade. te princípio da Administração Pública, den-
tre outros:

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a) Eficiência. c) impessoalidade.
b) Publicidade. d) publicidade.
c) Razoabilidade. e) unicidade.
d) Impessoalidade.
e) Supremacia do Interesse Particular so- 13. (FCC – Analista MPE-RN – 2012)
bre o Público.
O Administrador Público, ao remover deter-
10. (FCC – TST – Técnico Judiciário – 2012) minado Servidor Público, com o objetivo de
vingança, viola, dentre outros, o princípio da
Segundo a literalidade do caput do art. 37
da Constituição de 1988, a Administração a) proporcionalidade.
pública obedecerá, entre outros, ao princí- b) impessoalidade.
pio da c) eficiência.
d) publicidade.
a) boa-fé. e) especialidade.
b) proporcionalidade.
c) razoabilidade. 14. (FCC – Prefeitura de Recife – Procurador –
d) igualdade. 2008)
e) moralidade.
A definição de regime jurídico administrati-
11. (FCC – Analista – TJ-RJ – Execução De Man- vo remete ao conjunto de:
dados – 2012) a) prerrogativas e sujeições conferidas
O Poder Público contratou, na forma da à Administração Pública que lhe per-
lei, a prestação de serviços de transporte mitem escusar-se ao cumprimento do
urbano à população. A empresa contrata- princípio da legalidade em prol da su-
da providenciou todos os bens e materiais premacia do interesse público.
necessários à prestação do serviço, mas em b) prerrogativas conferidas à Administra-
determinado momento, interrompeu as ati- ção Pública, das quais são exemplos o
vidades. O Poder Público assumiu a presta- poder expropriatório, a autotutela, a
ção do serviço, utilizando-se, na forma da observância da finalidade pública e o
lei, dos bens materiais de titularidade da princípio da moralidade administrativa.
empresa. A atuação do poder público con- c) prerrogativas e sujeições conferidas à
substanciou-se em expressão do princípio Administração Pública, que lhe permi-
da tem figurar, em alguns casos, em posi-
ção de supremacia em relação ao parti-
a) continuidade do serviço público. cular para atender o interesse público, e
b) eficiência. lhe obrigam a submeter-se a restrições
c) segurança jurídica. em suas atividades.
d) boa-fé. d) sujeições às quais está obrigada a Admi-
e) indisponibilidade do interesse público. nistração Pública, das quais são exem-
plos a obrigatoriedade de lançar mão do
12. (FCC – Analista Judiciário – TRT-11ª Região poder expropriatório, de rescindir con-
– 2012) tratos administrativos e de impor medi-
das de polícia.
A ideia de que a Administração tem que tra- e) prerrogativas conferidas à Administra-
tar todos os administrados sem discrimina- ção Pública para imposição de restrições
ções, traduz o princípio da aos administrados, em relação aos quais
a) legalidade. goza de supremacia sempre que preten-
b) indisponibilidade. der o sacrifício do interesse privado.

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15. (FCC – TRT-MT – Analista Judiciário – 2016) b) foi substituído pelo princípio da indispo-
nibilidade dos bens públicos, posto que
Manoela foi irregularmente investida no as decisões que visam ao atendimento
cargo público de Analista do Tribunal Re- do interesse público não colidem mais,
gional do Trabalho da 23ª Região, tendo, na atualidade, com os interesses priva-
nessa qualidade, praticado inúmeros atos dos.
administrativos. O Tribunal, ao constatar o c) depende de interpretação do conteú-
ocorrido, reconheceu a validade dos atos do no caso concreto, não se aplicando
praticados, sob o fundamento de que os apriorística ou isoladamente, sem con-
atos pertencem ao órgão e não ao agente siderar os demais princípios e as demais
público. Trata-se de aplicação específica do normas que se apliquem aos diversos
princípio da interesses contrapostos, públicos e pri-
a) impessoalidade. vados.
b) eficiência. d) é aplicado quando inexiste disposição
c) motivação. legal para orientar determinada atua-
d) publicidade. ção, posto que, em havendo, é típico
e) presunção de veracidade. caso de incidência do princípio da legali-
dade.
16. (FCC – TRT-MT – Técnico Judiciário – 2016) e) depende essencialmente do princípio
da legalidade, uma vez que, para sua in-
O Supremo Tribunal Federal, em importan- tegral aplicação e validade, é necessário
te julgamento, considerou legítima a publi- que exista norma legal expressa nesse
cação, inclusive em sítio eletrônico mantido sentido.
pela Administração pública, dos nomes dos
seus servidores e do valor dos correspon- 18. (FCC – TRE-TO – Técnico Judiciário – 2011)
dentes vencimentos e vantagens pecuniá-
rias, não havendo qualquer ofensa à Cons- São princípios da Administração Pública, ex-
tituição Federal, bem como à privacidade, pressamente previstos no artigo 37, caput,
intimidade e segurança dos servidores. Pelo da Constituição Federal, dentre outros,
contrário, trata-se de observância a um dos a) eficiência, razoabilidade e legalidade.
princípios básicos que regem a atuação ad- b) motivação, moralidade e proporcionali-
ministrativa, qual seja, o princípio específico dade.
da c) legalidade, moralidade e impessoalida-
a) proporcionalidade. de.
b) eficiência. d) publicidade, finalidade e legalidade.
c) presunção de legitimidade. e) eficiência, razoabilidade e moralidade.
d) discricionariedade.
e) publicidade. 19. (FCC – TRF-4ª – Analista Administrativo –
2010)
17. (FCC – TRE-PB – Técnico Judiciário – 2016) O princípio que norteia a gestão pública em
O princípio da supremacia do interesse pú- que, qualquer atividade pública deve ser di-
blico: rigida a todos os cidadãos, sem a determi-
nação de pessoa ou discriminação de qual-
a) é hierarquicamente superior aos de- quer natureza, é o princípio da
mais princípios, impondo-se sempre
que houver conflito entre o interesse a) impessoalidade.
público e o interesse particular. b) legalidade.
c) moralidade.

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d) igualdade. caráter educativo, informativo ou de


e) continuidade. orientação social.

20. (FCC – ALEPE – Consultor Legislativo Direito 21. (FCC – MPE-PE – Promotor – 2014)
– 2014)
Em sua formação, o Direito Administrativo
O Governo de determinado Estado realizou brasileiro recebeu a influência da experiên-
campanha publicitária, paga com recursos cia doutrinária, legislativa e jurisprudencial
públicos advindos da arrecadação de impos- de vários países, destacando-se especial-
tos, para divulgação do programa de saúde mente a França, considerada como berço da
pública instituído no Estado. A campanha disciplina. No rol de contribuições do Direito
publicitária afirmou que o programa de saú- Administrativo francês à prática atual do Di-
de pública era uma realização do partido reito Administrativo no Brasil, NÃO é corre-
político ao qual o Governador do Estado era to incluir:
filiado, tendo o Governador sido citado no-
minalmente na campanha, que também uti- a) a adoção de teorias publicísticas em
lizou sua imagem. Considerando o disposto matéria de responsabilidade extracon-
na Constituição Federal, trata-se de publici- tratual das entidades estatais.
dade realizada: b) a adoção do interesse público como
eixo da atividade administrativa.
a) regularmente, uma vez que o cidadão c) a ideia de exorbitância em relação ao di-
tem direito a ser informado sobre as po- reito comum, aplicável aos particulares.
líticas públicas instituídas pelo Governo, d) a teoria do desvio de poder.
devendo ter caráter educativo, informa- e) o sistema de contencioso administrati-
tivo ou de orientação social. vo.
b) irregularmente, uma vez que da pu-
blicidade dos programas dos órgãos 22. (FCC – TCE-RS – Auditor Público – 2014)
públicos não poderão constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem A necessidade de publicação dos atos admi-
promoção pessoal de autoridades ou nistrativos no Diário Oficial e, em alguns ca-
servidores públicos, devendo ter caráter sos, em jornais de grande circulação é forma
educativo, informativo ou de orientação de observância do princípio da
social. a) legalidade, ainda que essa obrigação
c) irregularmente, uma vez que é vedada a não esteja prevista na legislação.
realização de campanha publicitária dos b) impessoalidade, na medida em que os
programas de governo com recursos atos administrativos são publicados sem
públicos, salvo se provenientes de doa- identificação da autoridade que os emi-
ções. tiu.
d) irregularmente, uma vez que não pode- c) eficiência, posto que a Administração
ria ter sido utilizada a imagem do Go- deve fazer tudo o que estiver a seu al-
vernador, ainda que seu nome e o nome cance para promover uma boa gestão,
de seu partido pudessem ser utilizados ainda que não haja lastro na legislação.
na campanha. d) supremacia do interesse público, pois a
e) regularmente, uma vez que a publici- Administração tem prioridade sobre ou-
dade dos programas de saúde pública tras publicações.
exige a indicação da autoridade res- e) publicidade, na medida em que a Ad-
ponsável pelo programa, em razão do ministração deve dar conhecimento de
princípio da transparência, devendo ter seus atos aos administrados.

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23. (FCC – TCE-RS – Auditor Público – 2014) blico dependerá de concurso público, exata-
mente para que todos possam disputar-lhes
Os princípios que regem a Administração o acesso em plena igualdade. Do mesmo
pública: modo, ao estabelecer que os contratos com
a) são aqueles que constam expressamen- a Administração direta e indireta depende-
te do texto legal, não se reconhecendo rão de licitação pública que assegure igual-
princípios implícitos, aplicando-se tanto dade de todos os concorrentes. Trata-se do
à Administração direta quanto à indire- princípio da:
ta. a) proporcionalidade.
b) podem ser expressos ou implícitos, os b) publicidade.
primeiros aplicando-se prioritariamente c) eficiência.
em relação aos segundos, ambos se diri- d) motivação.
gindo apenas à Administração direta. e) impessoalidade.
c) são prevalentes em relação às leis que
regem a Administração pública, em ra- 26. (FCC – TRT-MG – Técnico Judiciário – 2015)
zão de seu conteúdo ser mais relevante.
d) dirigem-se indistintamente à Adminis- O Supremo Tribunal Federal, em importan-
tração direta e às autarquias, aplicando- te julgamento, ocorrido no ano de 2001,
-se seja quando forem expressos, seja entendeu não caber ao Banco “X” negar, ao
quando implícitos. Ministério Público, informações sobre no-
e) aplicam-se à Administração direta, indi- mes de beneficiários de empréstimos con-
reta e aos contratados em regular licita- cedidos pela instituição, com recursos subsi-
ção, seja quando forem expressos, seja diados pelo erário federal, sob invocação do
quando implícitos. sigilo bancário, em se tratando de requisição
de informações e documentos para instruir
24. (FCC – TRF-4 – Oficial de Justiça – 2014) procedimento administrativo instaurado em
defesa do patrimônio público. Trata-se de
O princípio que traduz a ideia de que a Ad- observância ao princípio da
ministração tem que tratar a todos os admi-
nistrados sem discriminações, benéficas ou a) motivação.
peculiares denomina-se princípio da: b) supremacia do interesse privado.
c) impessoalidade.
a) moralidade. d) proporcionalidade.
b) publicidade. e) publicidade.
c) supremacia do interesse público.
d) impessoalidade. 27. (FCC – CNMP – 2015)
e) responsabilidade.
Corresponde a um dos princípios básicos da
25. (FCC – TCE-GO – Analista de Controle Exter- Administração pública a:
no – 2014)
a) universalidade.
Um dos princípios básicos da Administração b) livre iniciativa.
pública, além de consagrado explicitamente c) solidariedade.
na Constituição Federal, quando trata dos d) legalidade.
princípios que norteiam a atuação admi- e) precaução.
nistrativa, também consta implicitamente
ao longo do texto constitucional, como por
exemplo, quando a Carta Magna exige que
o ingresso em cargo, função ou emprego pú-

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28. (FCC – TRT-6 – Juiz Substituto – 2015) 29. (FCC – TRE-RR – Analista Administrativo –
2015)
Acerca dos princípios informativos da Admi-
nistração pública, considere: A Administração Pública Federal, enquanto
não concluído e homologado determinado
I – O princípio da publicidade aplica-se tam- concurso público para Auditor Fiscal da Re-
bém às entidades integrantes da Adminis- ceita Federal, alterou as condições do cer-
tração indireta, exceto àquelas submetidas tame constantes do respectivo edital, para
ao regime jurídico de direito privado e que adaptá-las à nova legislação aplicável à es-
atuam em regime de competição no merca- pécie. E, assim ocorreu, porque antes do
do. provimento do cargo, o candidato tem mera
II – O princípio da moralidade é considerado expectativa de direito à nomeação. Trata-se
um princípio prevalente e a ele se subordi- de aplicação do Princípio da
nam os demais princípios reitores da Admi- a) Eficiência.
nistração. b) Publicidade.
III – O princípio da eficiência, que passou a c) Legalidade.
ser explicitamente citado pela Carta Mag- d) Motivação.
na a partir da Emenda Constitucional no e) Supremacia do interesse privado.
19/1998, aplica-se a todas as entidades in-
tegrantes da Administração direta e indire- 30. (FCC – TRE-RR – Analista Judiciário – 2015)
ta. Está correto o que consta APENAS em: O Supremo Tribunal Federal, em importante
a) III. julgamento ocorrido no ano de 2011, julgou
b) I e II. inconstitucional lei que vedava a realização
c) II e III. de processo seletivo para o recrutamento
d) I. de estagiários por órgãos e entidades do
e) II. Poder Público do Distrito Federal. O aludi-
do julgamento consolidou fiel observância,
dentre outros, ao princípio da
a) segurança jurídica.
b) publicidade.
c) presunção de legitimidade.
d) motivação.
e) impessoalidade.

Gabarito: 1. B 2. E 3. D 4. B 5. A 6. E 7. D 8. A 9. D 10. E 11. A 12. C 13. B 14. C 15. A 16. E 
17. C 18. C 19. A 20. B 21. E 22. E 23. D 24. D 25. E 26. E 27. D 28. A 29. C 30. E

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TÓPICO 2

Organização administrativa da União: Administração Direta e Indireta;


Agentes Públicos: classificação e espécies

2. Organização administrativa da União

A organização administrativa da União foi inicialmente estabelecida no Decreto-lei nº 200/67,


por meio do qual fica estabelecido que a Administração Pública Federal compreende:
•• Administração Direta: que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa
da Presidência da República e dos Ministérios;
•• Administração Indireta: formada pelo conjunto de autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista.
Nesse tópico, iremos trabalhar o conceito subjetivo de Administração Pública, ou seja, iremos
analisar o conjunto de órgãos, agentes e entidades integrantes da estrutura administrativa
brasileira, porém, antes disso, é essencial conhecermos os conceitos de centralização,
descentralização e desconcentração.

2.1 Centralização x Descentralização x Desconcentração


O Estado exerce suas funções administrativas mediante um conjunto integrado de órgãos,
agentes e entidades, que integra o conceito subjetivo de Administração Pública.
Para exercer tais funções, o Estado organiza-se de duas formas básicas: administração
centralizada e administração descentralizada. Daí, surgem, respectivamente, os conceitos de
centralização e descentralização.
Centralização ou administração centralizada dá-se quando o Estado exerce suas atividades por
meio de seus órgãos e agentes integrantes da estrutura da Administração Direta. Assim, na
centralização, o Estado exerce suas funções através de seus órgãos e agentes integrantes das
entidades políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
Descentralização ou administração descentralizada ocorre quando as entidades políticas
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) exercem suas funções por outras pessoas físicas
ou jurídicas.
Nesse caso, faz-se necessária a presença de duas pessoas jurídicas: o Estado e a entidade que
executará o serviço.

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A descentralização pode se dar de duas formas: por outorga (ou por serviços) ou por delegação
(ou por colaboração).
Há descentralização por outorga (ou por serviços) quando o Estado cria ou autoriza a criação
de uma entidade, por lei, e a ela transfere, por prazo indeterminado, determinado serviço. A
descentralização por outorga, na verdade, reflete a Administração Indireta.
É o que percebemos com a leitura da Constituição Federal, em seu art. 37, XIX, no qual o
Estado cria, por lei específica, as autarquias e autoriza, também por lei específica, a criação das
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Já na descentralização por delegação (ou por colaboração), o Estado transfere a execução
de determinado serviço a pessoa física ou jurídica, normalmente, por prazo determinado,
mediante ato ou contrato. Em tal situação, as delegatárias de serviço público prestarão os
serviços em nome próprio, por sua conta e risco, mas sob fiscalização do Poder Público. É o que
ocorre, por exemplo, no caso das concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços
públicos.
Pelo exposto, podemos apontar duas formas de prestação de serviço público: a centralização
(ou prestação centralizada) e a descentralização (ou prestação descentralizada). Mas, então, o
que é desconcentração?
A desconcentração é uma mera técnica administrativa de distribuição interna de competências,
visando à eficiência na prestação do serviço. Assim, percebemos que a desconcentração ocorre
em âmbito interno, em uma mesma pessoa jurídica.
Essa é a principal distinção entre a desconcentração e a descentralização. Na primeira,
pressupõe-se a existência de uma única pessoa jurídica, já na segunda, há duas pessoas (o
Estado e a pessoa física ou jurídica que prestará o serviço, por outorga ou delegação).

CUIDADO!
Quando conceituamos descentralização administrativa, percebemos que esta ocorre
quando o Estado transfere a outra pessoa física ou jurídica a titularidade do serviço.
Ora, se as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista são pessoas jurídicas, de onde surge a possibilidade de transferência a
pessoas físicas? Das delegatárias de serviço público. Assim, teremos:
Concessionárias de serviço público – são pessoas jurídicas ou consórcios de empresas;
Permissionárias de serviço público – são pessoas físicas ou jurídicas;
Autorizatárias de serviço público – são pessoas físicas ou jurídicas.

A desconcentração poderá ocorrer tanto na Administração Direta (União criando seus


Ministérios, cada Ministério criando as suas Secretarias, por exemplo) quanto na Administração
Indireta (uma universidade pública criando o Departamento de Contabilidade, de Psicologia, e
assim sucessivamente).

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Por fim, destacamos que poderá ocorrer Administração Pública Centralizada, desconcentrada
ou não, e Administração Pública Descentralizada, desconcentrada ou não.

2.1 Administração Direta


A Administração Direta é representada pelo conjunto de órgãos que compõem as entidades
federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Representa o conceito de
Administração Centralizada.
A Administração Direta é integrada pelas pessoas jurídicas de direito público que possuem
competência legislativa, ou seja, pelas pessoas políticas. Assim, os conceitos de Administração
Pública Direta, de Administração Centralizada e de Entidades Políticas confundem-se.
Em âmbito federal, a União acompanhada dos diversos órgãos que a compõem (Presidência da
República, Ministérios, Secretarias, etc,) formam a estrutura da Administração Pública Federal
Direta ou Centralizada.

2.1.2 Órgãos Públicos


Segundo Hely Lopes Meirelles, os órgãos públicos são centros de competência instituídos para
o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa
jurídica a que pertencem. Já a Lei nº 9.784/99 os define como “unidades de atuação integrantes
da estrutura da Administração Direta ou Indireta”.
Cabe ressaltar que esses órgãos públicos são estruturados de forma hierarquizada (há relação
hierárquica entre os órgãos e unidades integrantes de suas estruturas internas). Assim, a
relação existente entre um Ministério e uma Secretaria sua, por exemplo, resulta da relação
hierárquica presente em suas estruturas.
A seguir, transcreveremos as características dos órgãos públicos, componentes da estrutura
administrativa brasileira:
•• integram a estrutura de uma pessoa jurídica, logo, nenhum órgão público possui
personalidade jurídica própria e nem patrimônio próprio;
•• resultam da desconcentração administrativa, como visto anteriormente;
•• podem ser encontrados na estrutura da Administração Direta ou Indireta, como visto
anteriormente;
•• alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira;
•• não representam em juízo a pessoa jurídica da qual fazem parte;
•• podem firmar contratos de gestão com outros órgãos ou pessoas jurídicas, por meio de
seus administradores (CF, art. 37, §8º);
•• alguns órgãos públicos possuem capacidade processual (ou judiciária) para defesa em juízo
de suas prerrogativas funcionais.

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CUIDADO! CAPACIDADE PROCESSUAL DE ALGUNS ÓRGÃOS PÚBLICOS


O órgão, por ser um ente despersonalizado, não possui, via de regra, capacidade
processual para estar em juízo, ou seja, não pode figurar em um dos polos da relação
jurídica.
Entretanto, o Código de Processo Civil, em seu artigo 7º, atribui capacidade processual
para os órgãos independentes e autônomos, não alcançando os demais órgãos
públicos. A jurisprudência e a doutrina atribuem capacidade processual do órgão
público para impetração de mandado de segurança, na defesa de sua competência,
quando violada por outro órgão.
Cabe ressaltar que nenhum órgão possui personalidade jurídica, porém, os órgãos
independentes e autônomos possuem capacidade processual ou judiciária, ou seja,
excepcionalmente, alguns órgãos podem figurar num dos polos de uma ação (mandado
de segurança).

2.1.2.1 Teoria do Órgão


Diversas teorias tentam explicar a relação jurídica existente entre o Estado e seus agentes
públicos, pessoas que agem em nome do Estado, por vontade própria. Entre essas teorias, a
doutrina majoritária preferiu a denominada teoria do órgão ou da imputação.
Segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, “Por essa teoria, amplamente adotada por
nossa doutrina e jurisprudência, presume-se que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por
meio dos órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de tal
modo que, quando os agentes atuam nestes órgãos manifestam sua vontade, considera-se
que esta foi manifestada pelo próprio Estado. Fala-se em imputação (e não representação) da
atuação do agente, pessoa natural, à pessoa jurídica”.
Maria Helena Diniz explica que essa teoria é utilizada para justificar a validade dos atos
praticados por funcionário de fato, pois considera que o ato do funcionário é ato do órgão,
imputável, portanto, à Administração. Deve-se, entretanto, notar que não é qualquer ato que
será imputado ao Estado. É necessário que o ato se revista, ao menos, de aparência de ato
jurídico legítimo e seja praticado por alguém que se deva presumir ser um agente público
(teoria da aparência). Fora esses casos, o ato não será imputado ao Estado.

2.1.2.2 Classificação dos Órgãos


Adotaremos a classificação consagrada por Hely Lopes Meirelles por entendermos ser ela a mais
utilizada, não só em concursos públicos como também por outras autores pátrios. Segundo ele,
os órgãos podem sofrer diferentes classificações, de acordo com sua posição estatal, quanto à
sua estrutura (composição) e quanto à sua atuação funcional.

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Quanto à posição estatal:
a) Órgãos Independentes: são os diretamente previstos no texto constitucional,
representando os três Poderes (Câmara dos Deputados, Senado Federal, STF, STJ e demais
tribunais, Presidência da República e seus simétricos nas demais esferas da Federação). São
órgãos sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional. As atribuições desses órgãos
são exercidas por agentes políticos.
b) Órgãos Autônomos: situam-se na cúpula da Administração, hierarquicamente logo abaixo
dos órgãos independentes. Possuem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica,
caracterizando-se como órgãos diretivos. São exemplos: os Ministérios, as Secretarias de
Estado, a AGU, etc.
c) Órgãos Superiores: são órgãos que possuem atribuições de direção, controle e decisão,
mas que sempre estão sujeitos ao controle hierárquico de uma chefia mais alta. Não
têm autonomia administrativa nem financeira. Incluem-se nessa categoria órgãos com
denominações muito heterogêneas, como Procuradorias, Coordenadorias, Gabinetes, etc.
d) Órgãos Subalternos: são todos os órgãos que exercem atribuições de mera execução,
sempre subordinados a vários níveis hierárquicos superiores. Têm reduzido poder decisório.
São exemplos as seções de expediente, de pessoal, de material, de portaria, etc.

Quanto à estrutura:
a) Órgãos Simples: os órgãos simples ou unitários são constituídos por um só centro de
competência. Esses órgãos não são subdivididos em sua estrutura interna, integrando-
se em órgãos maiores. Não interessa o número de cargos que tenha o órgão, mas sim a
inexistência de subdivisões com atribuições específicas em sua estrutura, resultado de
desconcentração administrativa.
b) Órgãos Compostos: os órgãos compostos reúnem, em sua estrutura, diversos órgãos,
como resultado da desconcentração administrativa. É o que ocorre com os Ministérios e as
Secretarias. Citando um exemplo concreto: o Ministério da Fazenda é integrado por vários
órgãos, entre eles a Secretaria da Receita Federal. Essa é composta por diversos órgãos,
entre os quais as suas Superintendências Regionais. Essas, por sua vez, são integradas por
Delegacias, que são integradas por Seções até chegarmos a um órgão que não seja mais
subdividido (que será o órgão unitário; todos os demais são compostos).

Quanto à atuação funcional:


a) Órgãos Singulares: também denominados unipessoais, são os órgãos em que a atuação
ou as decisões são atribuição de um único agente, seu chefe e representante. É exemplo a
Presidência da República.
b) Órgãos Colegiados: também denominados pluripessoais, são caracterizados por atuar e
decidir por meio da manifestação conjunta de seus membros. Os atos e as decisões são
tomados após deliberação e aprovação pelos membros integrantes do órgão, conforme as
regras regimentais pertinentes a quorum de instalação, de deliberação, de aprovação, etc.
São exemplos o Congresso Nacional e os Tribunais.

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CUIDADO!
Os órgãos públicos podem ser divididos em: deliberativos e consultivos. Os órgãos
deliberativos são aqueles que tomam decisões, enquanto que os órgãos consultivos são
aqueles que emitem pareceres, opiniões, conselhos que, por sua vez, são transmitidos
aos órgãos deliberativos para os auxiliarem na sua tomada de decisão.
Como exemplo de órgãos consultivos, podemos citar a Assessoria Jurídica ou o
Controle Interno de uma entidade que elabora pareceres opinativos que servem de
balizamento às decisões das autoridades.
Sobre os órgãos consultivos, as bancas examinadoras têm destacado que, apesar
de se encontrarem inseridos na estrutura hierárquica para fins disciplinares, detêm
autonomia quanto à elaboração de seus pareceres, fugindo à relação hierárquica no
que diz respeito ao exercício de suas funções, preservando, assim, a autonomia de
suas opiniões.

2.2 Administração Indireta


A Administração Indireta é representada pelo conjunto de pessoas jurídicas de direito público
e/ou privado que possuem capacidade de autoadministração. Representa o conceito de
Administração Descentralizada.
A Administração Indireta é integrada pelo conjunto de autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista, ou seja, pelas pessoas administrativas.
Assim, os conceitos de Administração Pública Indireta, de Administração Descentralizada e de
Entidades Administrativas confundem-se.
A seguir, iremos transcrever as características comuns de todas as pessoas jurídicas integrantes
da estrutura da Administração Indireta, para, posteriormente, comentarmos uma a uma tais
entidades.

2.2.1 Características Comuns das Entidades da Administração Indireta


•• Resultam da descentralização por outorga (ou por serviço);
•• Possuem personalidade jurídica própria;
•• Patrimônio próprio;
•• São criadas por lei específica ou possuem a criação autorizada por lei específica (CF, art. 37,
XIX);
•• Como regra, sujeitam-se às regras de licitação e contratos (Lei nº 8.666/93) e a concurso
público;
•• De acordo com o novo Código Civil, não se sujeitam à falência (regime falimentar);
•• Relação de vinculação (e não subordinação!) à Administração Direta.

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CUIDADO!
A relação existente entre as entidades administrativas (Administração Indireta) e
as entidades políticas (Administração Direta) não é de subordinação, mas sim de
vinculação (ou tutela ou supervisão ministerial ou controle finalístico)
Cabe ressaltar que, na desconcentração administrativa, existe uma relação hierárquica
entre os diversos órgãos integrantes da estrutura administrativa, porém, na
descentralização administrativa, não há tal relação.
Por fim, destacamos que as entidades integrantes da Administração Indireta,
não sendo subordinadas hierarquicamente à entidade estatal-matriz, não estão
submetidas ao controle hierárquico, sendo sujeitas apenas ao controle finalístico de
sua administração e da conduta de seus dirigentes.
Controle hierárquico é aquele decorrente do escalonamento vertical dos órgãos do
Executivo, em que os inferiores estão subordinados aos superiores, daí decorrendo que
os órgãos de cúpula têm sempre o controle pleno dos subalternos, independentemente
de norma que o estabeleça.
Já por controle finalístico entenda-se aquele no qual não há fundamento hierárquico,
porque não há subordinação entre a entidade controlada e a autoridade ou órgão
controlador. É um controle de verificação do enquadramento da instituição no
programa geral do Governo, para o atingimento das finalidades da entidade controlada.

a) Autarquias
São pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei
específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizados do ente estatal
que as criou; funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu
regulamento.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “A autarquia, sendo um prolongamento do Poder Público, uma
longa manus do Estado, deve executar serviços próprios do Estado, em condições idênticas às do
Estado, com os mesmos privilégios da Administração-matriz e passíveis dos mesmos controles
dos atos administrativos”.
De forma resumida, temos as seguintes características nas autarquias:
•• Integram a estrutura da Administração Pública Indireta;
•• Resultam da descentralização por outorga;
•• Possuem personalidade jurídica de direito público, ou seja, sujeita-se a regime jurídico de
direito público;
•• Possuem patrimônio próprio, composto por bens públicos;
•• Os atos lesivos ao seu patrimônio estão sujeitos à ação popular;

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•• São tidas como um serviço público personificado;


•• Estão vinculadas (e não subordinadas!) à pessoa política que as criou – tal relação de
vinculação também é denominada de controle finalístico (e não hierárquico!) ou tutela ou
supervisão ministerial, exercido nos termos e limites definidos em lei;
•• Criadas ou extintas por lei específica (CF, art. 37, XIX);
•• Exercem atividade típica do Estado;
•• Sujeitam-se à realização de concurso público e ao procedimento licitatório, como regra;
•• Regime de Pessoal: regime jurídico único estatutário, reestabelecido por medida cautelar
deferida pela Corte Suprema, no julgamento da ADI 2.135/DF, de 02 de agosto de 2007;
•• Juízo Competente: as autarquias federais, nos litígios comuns, terão suas causas
processadas e julgadas na Justiça Federal, já as autarquias estaduais e municipais terão
suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual;
•• As autarquias respondem de forma objetiva em relação ao dano causado pelos seus
agentes, nessa qualidade, a terceiros (CF, art. 37, § 6º);
•• Sujeitam-se à fiscalização do Tribunal de Contas (CF, art. 70).
Como exemplo de tais entidades temos o Banco Central do Brasil (Bacen), o Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente (Ibama), entre outros.

b) Fundações Públicas
Entende-se como Fundação a entidade formada pela atribuição de personalidade jurídica a um
patrimônio ou complexo de bens, para servir a determinado fim de utilidade pública ou em
benefício da coletividade. Possui personalidade jurídica própria e natureza não lucrativa.
No Direito Brasileiro, a expressão “fundação” requer certo cuidado, pois poderemos ter as
fundações privadas, que são fiscalizadas pelo Ministério Público, guardando relação com o
estudo do Direito Civil (Fundação da Xuxa, Fundação Roberto Marinho, etc); e as fundações
públicas, que são objeto de estudo do Direito Administrativo, devendo ter suas atividades
supervisionadas pela pessoa política responsável.
As fundações públicas podem possuir personalidade jurídica de direito público (quando criada
diretamente por lei) ou de direito privado (quando a lei meramente autorizar sua criação),
mas, sempre que instituída pelo Poder Público, será fundação pública. No caso das fundações
públicas de direito público (as denominadas fundações autárquicas ou autarquias fundacionais),
são válidas as mesmas considerações acerca das autarquias.
Quanto ao juízo competente, embora haja divergência doutrinária, a corrente majoritária é
que as fundações públicas federais de direito público ou privado possuem o foro da Justiça
Federal.
Destacamos que a professora Maria Sylvia di Pietro utiliza a expressão “patrimônio público
personificado” para designar as fundações públicas.

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Como exemplo de fundações públicas, podemos citar a Fundação Rio Zôo (do Município do Rio
de Janeiro), a Fundação IBGE, entre outras.

MACETE!
ÓRGÃO – Centros de Competência, sem personalidade jurídica
AUTARQUIA – Serviço Público Personificado
FUNDAÇÃO PÚBLICA – Patrimônio Público Personificado

c) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista


Empresa pública é a entidade com personalidade jurídica de direito privado, integrante
da Administração Indireta, instituída pelo Poder Público, mediante autorização legislativa
específica, revestindo-se de qualquer das formas admitidas em Direito e com capital
exclusivamente público, para exploração de atividades econômicas ou execução de serviços
públicos.
Sociedade de economia mista é a entidade com personalidade jurídica de direito privado,
integrante da Administração Indireta, instituída pelo Poder Público, mediante autorização
legislativa específica, revestindo-se sob a forma de sociedade anônima e com controle
acionário do Poder Público, para exploração de atividades econômicas ou execução de
serviços públicos.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista possuem as seguintes características
comuns:
•• Personalidade jurídica de direito privado (sem as prerrogativas de direito público);
•• Criação por autorização legislativa específica;
•• Objeto: atividade econômica ou prestação de serviço público;
•• Regime de pessoal: celetista (trabalhista), mas o ingresso depende previamente de
concurso público.
•• Estão sujeitas às regras gerais de licitação (Lei nº 8.666/93), porém poderão ter seu próprio
estatuto, quando seu objeto for atividade econômica (CF, art. 173, § 1º, III)
•• Estão sujeitas a um regime híbrido, ou seja, seguem regras do direito público (concurso
público e licitação, por exemplo) e regras do direito privado (obrigações trabalhistas, por
exemplo).

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Já como distinções entre elas, podemos apontar as seguintes:

Sociedade de Economia
Distinções Empresa Pública
Mista
somente S.A. (Sociedade
Forma Societária Qualquer forma (inclusive S.A.)
Anônima)
Composição do Capital Majoritariamente público Exclusivamente Público
Justiça Federal (União) ou
Foro Processual* Justiça Estadual (U/E/DF/M)
Justiça Estadual (E/DF/M)
Banco do Brasil, Petrobras,
Correios, Caixa Econômica
Exemplos Instituto de Resseguros do
Federal (CEF), entre outras
Brasil (IRB), entre outros
* No caso de causas trabalhistas, o foro é o mesmo – Justiça do Trabalho

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
A Constituição Federal, em seu art. 150, VI, “a”, veda a cobrança de impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços entre os entes da Federação (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios). Essa vedação é chamada de imunidade recíproca.
Assim, não pode o Município cobrar IPTU de um prédio público estadual nem o Estado
cobrar IPVA dos veículos da Prefeitura. O fundamento de tal imunidade é preservar os
entes políticos de qualquer pressão indireta que um ente possa exercer sobre o outro.
Nos termos do § 2º do art. 150 da CF/88, as autarquias e as fundações mantidas pelo
Poder Público também gozam da imunidade tributária recíproca, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes.
Muito embora não haja previsão expressa da imunidade recíproca para empresas
públicas e sociedades de economia mista, a jurisprudência tem estendido tal benefício
também às empresas públicas e às sociedades de economia mista, desde que
prestadoras de serviço público.
Logo, se a empresa pública ou sociedade de economia mista explorar atividade
econômica, não irá gozar do benefício porque a ela deve ser aplicado o mesmo regime
jurídico da iniciativa privada (art. 173, § 1º, II, da CF/88).
O exemplo mais comum de empresa pública que goza de imunidade recíproca é
a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Isso porque os Correios são
entendidos como uma empresa prestadora de serviço público obrigatório e exclusivo
do Estado e não como exploradora de atividade econômica, embora também ofereçam
serviços dessa natureza.

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2.3 Conceitos Relevantes

2.3.1 AGÊNCIAS EXECUTIVAS


Agência executiva é uma qualificação concedida pelo Poder Executivo à autarquia ou à fundação
pública que assinar contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. Por meio de
tal contrato, serão estabelecidas determinadas metas e objetivos a serem cumpridos. Sendo
assim, percebemos que as agências executivas não representam uma nova forma na estrutura
da Administração Pública Brasileira.
A qualificação de agência executiva pode ser concedida (ato discricionário) pelo Poder Público,
desde que os requisitos estabelecidos no art. 51, da Lei nº 9.649/98 sejam preenchidos. Tal
contrato de gestão possui base no próprio Texto Constitucional, art 37, § 8º, visando uma maior
autonomia gerencial, orçamentária e financeira da entidade assim qualificada.
O principal é sabermos que as agências executivas são entidades integrantes da estrutura
da Administração Pública Indireta, visto que apenas representam autarquias ou fundações
públicas com privilégios maiores.

2.3.2 AGÊNCIAS REGULADORAS


No início da década de 1990, iniciou-se um processo denominado “Reforma do Estado”, que
tinha como objetivo principal a redução da máquina administrativa (formação de um “Estado
Mínimo”), pois entendia-se que o Estado desempenhava várias funções que não precisavam
ser por ele desempenhadas.
A intenção de tal movimento era aumentar a eficiência nas áreas em que se considerava
imprescindível a atuação do Estado. Tanto que tal reforma culminou com a Emenda
Constitucional nº 19, de 1998, conhecida como “Primeira Reforma Administrativa”, que inseriu
a eficiência, no rol dos princípios básicos que integram toda atividade administrativa.
Entre essas atividades que só poderiam ser desenvolvidas pelo Estado, destaca-se a regulação
das atividades consideradas típicas do Estado. Assim, surgiram as agências reguladoras, que
vieram suprir tal necessidade.
No Direito Administrativo brasileiro, as agências reguladoras não representaram uma nova
figura jurídica na estrutura da Administração Pública, pois as leis que vêm instituindo essas
entidades têm-lhes conferido a forma de autarquias em regime especial.
As agências reguladoras são integrantes da Administração Indireta, visto que são autarquias
com grande grau de especialização e autonomia.
A expressão “agência reguladora” não encontra base constitucional. No Texto Constitucional,
só encontraremos as expressões “órgão regulador”. Assim, teremos:

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CF, art. 21, XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre
a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais
CF, art. 177, § 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
I – a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território
nacional;
II – as condições de contratação;
III – a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

Consequentemente, as leis que criaram tais “órgãos” reguladores previstos no texto


constitucional foram: a Lei nº 9.472/97 (Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel) e a
Lei nº 9.478/97 (Agência Nacional de Petróleo – ANP).
Ambas as agências foram criadas, pelas respectivas leis, sob a forma jurídica de “autarquia de
regime especial”, sendo a Anatel vinculada ao Ministério das Comunicações e a ANP vinculada
ao Ministério de Minas e Energia.
Quanto à natureza jurídica das agências reguladoras, cabe ressaltar que não há obrigatoriedade
de elas serem instituídas na forma de autarquia. Elas poderiam ser, simplesmente, órgãos (logo,
despersonalizados) especializados, integrantes da Administração Direta.
Na verdade, o legislador procurou dar um maior grau de independência perante o Poder
Executivo, atribuindo às agências reguladoras a forma de autarquias.
Também é importante ressaltar que, pelo fato de as agências reguladoras exercerem atividades
típicas do Estado, para o Supremo Tribunal Federal (STF), elas só poderiam ser pessoas jurídicas
de direito público, caso contrário, a lei instituidora estaria fadada à inconstitucionalidade.

2.3.3 TERCEIRO SETOR: ENTIDADES PARAESTATAIS

PARAESTATAL OU PARESTATAL – “PARALELO AO ESTADO; AO LADO DO ESTADO”

Tradicionalmente, Hely Lopes Meireles incluía as empresas públicas e sociedades de economia


mista em tal conceito. Tal conceito, modernamente, não é mais aceito, visto que as referidas
entidades integram a Administração Indireta. Sendo assim, não estão “ao lado do Estado”, mas
sim integrando o próprio Estado.
Entidades paraestatais são entes de cooperação com o Poder Público. São as pessoas privadas
que, agindo ao lado do Estado, colaboram com este, no desempenho de atividade de interesse
público, não lucrativa, recebendo, por isso, especial proteção estatal, tais como incentivos
fiscais e outros benefícios.

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Assim, são características comuns ao conceito de entidades paraestatais:
• NÃO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;
• Pessoas jurídicas de direito privado;
• Atividade de interesse público, sem fins lucrativos.
São quatro as entidades que integram tal conceito:
a) Serviços sociais autônomos;
b) Organizações sociais;
c) Organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip);
d) Entidades de apoio.

3. Agentes Públicos

É todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função pública. Tal definição tem origem na Lei nº 8.429/92 (Lei de
Improbidade Administrativa), em seu art. 2º.
De forma sucinta, percebemos que agente público é toda pessoa física que presta serviços ao
Estado.
Percebemos que a expressão agente público agrega vários segmentos do serviço público, sendo
bem mais ampla que a definição de servidor público, normalmente, adotada pelos Estatutos,
que os definem como a pessoa legalmente investida em cargo público.
A grande diferença entre as duas nomenclaturas utilizadas no Direito Administrativo Brasileiro
é que servidor público é aquele que ocupa cargo público, já a definição de agente público
engloba aquele que ocupa cargo, emprego, função ou mandato.
Na verdade, o servidor público, como veremos adiante, integra uma das categorias dos agentes
públicos.

3.1 Espécies e Classificação


Existem várias formas de classificação dos agentes públicos, porém a mais utilizada para fins de
prova é a adotada por Hely Lopes Meirelles, que utilizaremos a seguir:
a) Agentes Políticos;
b) Agentes Administrativos;
c) Agentes Honoríficos;
d) Agentes Delegados;
e) Agentes Credenciados.

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CUIDADO!
A professora Maria Sylvia Di Pietro utiliza a seguinte classificação:
a) Agentes políticos;
b) Servidores públicos;
c) Militares (a Emenda Constitucional nº 18/98 aboliu a nomenclatura servidor
público militar);
d) Particulares em colaboração com o Poder Público.

a) Agentes Políticos
São aqueles componentes do alto escalão do Governo, possuindo competência emanada
diretamente pela Constituição Federal, exercendo funções governamentais, judiciais e quase
judiciais, elaborando normas legais, conduzindo os negócios públicos, decidindo e atuando
com independência nos assuntos de sua competência.
Não se submetem aos regimes jurídicos próprios dos servidores públicos em geral, pois
possuem regras próprias, devido à importância de suas funções. Normalmente, seus cargos são
providos mediante eleição, nomeação ou designação.
Segundo Hely Lopes Meirelles, são agentes políticos:
•• Membros do Poder Executivo – o Chefe do Poder Executivo (Presidente da República,
Governador e Prefeito) e seus auxiliares imediatos (Ministros de Estado e Secretários
Estaduais e Municipais);
•• Membros do Poder Legislativo – Senadores, Deputados (Federais, Estaduais e Distritais) e
Vereadores;
•• Membros do Poder Judiciário – Magistrados, em geral;
•• Membros do Ministério Público (Procuradores e Promotores) e Membros dos Tribunais de
Contas (Ministros e Conselheiros);
•• Representantes diplomáticos (diplomatas);
•• Demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho das
atribuições governamentais, judiciais ou quase judiciais, atuando no quadro do
funcionalismo estatutário.
Já Celso Antônio Bandeira de Mello, seguido por Maria Sylvia Di Pietro, entende que “são os
titulares dos cargos estruturais à organização política do País, isto é, são os ocupantes dos
cargos que compõem o arcabouço constitucional do Estado e, portanto, o esquema fundamental
do poder. Sua função é a de formadores da vontade superior do Estado”.
Para eles, os agentes políticos seriam, apenas, os Chefes do Poder Executivo, nas diversas
esferas, seus auxiliares imediatos, os Senadores, os Deputados e os Senadores.

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Conforme Maria Sylvia Di Pietro, “É necessário reconhecer, contudo, que atualmente há uma
grande tendência a considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público como
agentes políticos.
Nesse sentido, o STF referiu-se aos magistrados como “agentes políticos, investidos para
o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no
desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e legislação específica”.
Por fim, é importante ressaltar que, por ser o Tribunal de Contas um órgão auxiliar do Poder
Legislativo, o STF entendeu que os Conselheiros das Cortes de Contas não são agentes políticos,
mas sim agentes administrativos.

b) Agentes Administrativos
São aqueles que possuem uma relação funcional com a Administração Pública. Em regra,
sujeitam-se à hierarquia administrativa e à regime jurídico próprio.
São os servidores públicos, os empregados públicos, os contratados temporariamente, os
ocupantes de cargo em comissão, etc.
Como regime jurídico, devemos entender o conjunto de regras que estabelecem a relação
existente entre a Administração Pública e seus agentes públicos. De modo sucinto, podemos
concluir que tal expressão abrange o conjunto de direitos e deveres existente em tal vínculo
funcional.
Assim, os servidores públicos federais possuem como regime jurídico próprio a Lei nº 8.112/90,
que representa o Estatuto do Servidor Público Federal, que contém seus direitos e deveres.

c) Agentes Honoríficos
Não possuem qualquer vínculo funcional com o Estado. Possuem, geralmente uma função
gratuita e temporária, mas respondem penalmente pelo exercício arbitrário delas. Segundo a
doutrina, decorrem do dever cívico, da honrabilidade de exercer essas atribuições.
Assim temos: mesários do Tribunal Regional Eleitoral (ter), jurados do Tribunal de Júri, etc.

d) Agentes Delegados
São os particulares contratados pela Administração, que agem em nome próprio, executando
as atribuições para as quais foram contratados. Dividem-se, basicamente, em: concessionários,
permissionários e autorizatários de serviços públicos.

e) Agentes Credenciados
Para Hely Lopes Meirelles: são os que recebem a incumbência da Administração para representa-
la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do Poder
Público credenciante”.

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Como exemplo de agentes credenciados, podemos citar as clínicas especializadas credenciadas


pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e as clínicas especializadas credenciadas pelo Departamento
de Trânsito (Detran).

SERVIDOR PÚBLICO
Em sentido amplo, Maria Sylvia Di Pietro afirma serem servidores públicos as pessoas
físicas que prestam serviço ao Estado e às entidades da Administração Indireta, com
vínculo empregatício (seja estatutário, celetista ou especial) e mediante remuneração
paga pelos cofres públicos.
Os Estatutos definem servidor público em sentido estrito, como sendo a pessoa
legalmente investida em cargo público. Essa definição seria a de servidor público, em
sentido estrito, englobando as pessoas físicas ocupantes de cargo público, efetivo ou
em comissão, sujeitas a um regime jurídico estatutário ou legal.
Assim, em sentido amplo, até os empregados públicos celetistas e os contratados
temporariamente, para atender necessidade excepcional de interesse público, podem
ser chamados de servidores públicos.
Também cabe ressaltar que a Emenda Constitucional nº 18/98 aboliu a nomenclatura
servidor público militar. Hoje, fala-se em militares que abrangem as pessoas físicas
que prestam serviços às Forças Armadas, às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares dos Estados e Distrito Federal.
De qualquer forma, as definições de servidor público (em sentido amplo ou em sentido
estrito) são menos abrangentes que a definição de agente público trazida pela Lei nº
8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), em seu artigo 2º.
A grande diferença entre as duas nomenclaturas utilizadas no Direito Administrativo
Brasileiro é que servidor público é aquele que ocupa cargo público, já a definição de
agente público engloba aquele que ocupa cargo, emprego, função ou mandato. Assim,
como visto anteriormente, os servidores públicos são espécies de agentes públicos,
classificados como agentes administrativos.
Já a expressão empregado público é utilizada para representar aqueles que possuem
um vínculo funcional com a Administração, estabelecido por meio de um regime
jurídico celetista, enquanto que funcionário público é um termo que atualmente
só é utilizado no Direito Penal, não tendo mais relevância ao estudo do Direito
Administrativo.
Funcionário público, para o Direito Penal, é todo aquele que, embora transitoriamente
ou sem remuneração, pratica crime contra a Administração Pública, no exercício de
cargo, emprego ou função. Os conceitos de agente público e funcionário público são
bem amplos e equivalentes.

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Questões CESPE

1. (Cespe – MPU – Técnico Administrativo – 5. (Cespe – Defensoria Pública-PE – 2015)


2015)
Considera-se desconcentração a transferên-
Autarquia é entidade dotada de personali- cia, pela administração, da atividade admi-
dade jurídica própria, com autonomia admi- nistrativa para outra pessoa, física ou jurídi-
nistrativa e financeira, não sendo possível ca, integrante do aparelho estatal.
que a lei institua mecanismos de contro-
le da entidade pelo ente federativo que a ( ) Certo   ( ) Errado
criou.
( ) Certo   ( ) Errado 6. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
2015)

2. (Cespe – MPU – Técnico Administrativo – Na desconcentração, há divisão de com-


2015) petências dentro da estrutura da entidade
pública com atribuição para desempenhar
O instrumento adequado para a criação de determinada função.
autarquia é o decreto, pois o ato é de natu-
reza administrativa e de iniciativa privativa ( ) Certo   ( ) Errado
do chefe do Poder Executivo.
( ) Certo   ( ) Errado 7. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
2015)

3. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário – A descentralização é caracterizada pela dis-


2015) tribuição de competência de forma externa,
ou seja, de uma pessoa jurídica para outra
As empresas públicas são pessoas jurídicas criada para esse fim específico, o que resul-
de direito público. ta em uma relação hierárquica entre elas.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

4. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário – 8. (Cespe – MPU – Analista Administrativo –


2015) 2015)
Com exceção das sociedades de economia A criação de autarquia é uma forma de
mista, que — devido à participação da ini- descentralização por meio da qual se
ciativa privada em seu capital — seguem transfere determinado serviço público para
regras próprias, os órgãos da administração outra pessoa jurídica integrante do aparelho
indireta estão sujeitos à regra de licitar. estatal.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

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9. (Cespe – TRE-GO – Analista Judiciário – 14. (Cespe – TJDFT – Oficial de Justiça – 2013)
2015)
Pertence à justiça federal a competência
Entidades paraestatais são pessoas jurídicas para julgar as causas de interesse das em-
de direito público ou privado que atuam ao presas públicas, dado o fato de elas presta-
lado do Estado, executando atividades de rem serviço público, ainda que detenham
interesse público, porém não privativos do personalidade jurídica de direito privado.
ente estatal.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – TJDFT – Analista Judiciário – 2013)
(Cespe – TJDFT – Técnico Judiciário – 2013)
No que se refere ao conceito de administra-
A respeito da administração direta e indire- ção pública e à classificação dos órgãos pú-
ta e dos conceitos de centralização e des- blicos, julgue os itens seguintes.
centralização, julgue os próximos itens.
15. Os órgãos públicos classificam-se, quanto à
10. Entidades paraestatais, pessoas jurídicas de estrutura, em órgãos singulares, formados
direito privado que integram a administra- por um único agente, e coletivos, integra-
ção indireta, não podem exercer atividade dos por mais de um agente ou órgão.
de natureza lucrativa.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
16. Administração pública em sentido orgânico
11. Quando o Estado cria uma entidade e a ela designa os entes que exercem as funções
transfere, por lei, determinado serviço pú- administrativas, compreendendo as pesso-
blico, ocorre a descentralização por meio de as jurídicas, os órgãos e os agentes incumbi-
outorga. dos dessas funções.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

12. A criação, por uma universidade federal, de (Cespe – TJDFT – Analista Judiciário – 2013)
um departamento específico para cursos de Acerca das autarquias, empresas públicas
pós-graduação é exemplo de descentraliza- e sociedades de economia mista, julgue os
ção. itens a seguir.
( ) Certo   ( ) Errado
17. As sociedades de economia mista podem
revestir-se de qualquer das formas em di-
13. (Cespe – TJDFT – Oficial de Justiça – 2013) reito admitidas, a critério do poder público,
Os termos concentração e centralização que procede à sua criação.
estão relacionados à ideia geral de distri- ( ) Certo   ( ) Errado
buição de atribuições do centro para a peri-
feria, ao passo que desconcentração e des- 18. Nos litígios comuns, as causas que digam
centralização associam-se à transferência respeito às autarquias federais, sejam estas
de tarefas da periferia para o centro. autoras, rés, assistentes ou oponentes, são
( ) Certo   ( ) Errado processadas e julgadas na justiça federal.
( ) Certo   ( ) Errado

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19. Pessoas jurídicas de direito privado inte- 24. (Cespe – INPI – Direito – 2013)
grantes da administração indireta, as em-
presas públicas são criadas por autorização O instituto da desconcentração permite que
legal para que o governo exerça atividades as atribuições sejam distribuídas entre ór-
de caráter econômico ou preste serviços pú- gãos públicos pertencentes a uma única
blicos. pessoa jurídica com vistas a alcançar uma
melhora na estrutura organizacional. Assim,
( ) Certo   ( ) Errado concentração refere-se à administração di-
reta; já desconcentração, à indireta.
20. (Cespe – Telebras – Assistente Administra- ( ) Certo   ( ) Errado
tivo – 2013)
Para a instituição de fundação pública, deve 25. (Cespe – INPI – Direito – 2013)
ser editada lei complementar que autorize o
presidente da República a expedir decreto A autarquia, mesmo sendo integrante da
para a criação da fundação. administração pública indireta, tem perso-
nalidade jurídica de direito privado e sua
( ) Certo   ( ) Errado criação depende de lei específica.
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – PCBA – Delegado – 2013)
A respeito de administração pública, julgue 26. (Cespe- ICMBio – Auxiliar Administrativo –
os itens seguintes. 2014)

21. Entidades paraestatais são pessoas jurídicas A administração pública direta é composta
privadas que colaboram com o Estado no por entidades autônomas, com natureza
desempenho de atividades não lucrativas, de direito público ou privado, como as
mas não integram a estrutura da adminis- fundações públicas e também as empresas
tração pública. públicas.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

22. A criação de nova secretaria por governador 27. (Cespe – ICMBio – Técnico Administrativo –
de estado caracteriza exemplo de descen- 2014)
tralização. Existem órgãos da administração direta atu-
( ) Certo   ( ) Errado ando na administração federal, estadual e
municipal.

23. (Cespe – INPI – Direito – 2013) ( ) Certo   ( ) Errado

As empresas públicas são pessoas jurídicas


de direito privado, com totalidade de capi- 28. (Cespe- ANTAQ – Técnico Administrativo –
tal público, cuja criação depende de autori- 2014)
zação legislativa, e sua estruturação jurídica Os órgãos administrativos são pessoas jurí-
pode se dar em qualquer forma admitida dicas de direito público que compõem tanto
em direito. a administração pública direta quanto a in-
( ) Certo   ( ) Errado direta.
( ) Certo   ( ) Errado

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29. (Cespe- SUFRAMA – Agente Administrativo 34. (Cespe – PF – Administrativo – 2014)
– 2014)
São características das sociedades de eco-
Empresa pública e sociedade de economia nomia mista: criação autorizada por lei; per-
mista são entidades da administração sonalidade jurídica de direito privado; sujei-
indireta com personalidade jurídica de ção ao controle estatal; estruturação sob a
direito privado. forma de sociedade anônima.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

30. (Cespe- MDIC – Analista Administrativo – 35. (Cespe – TC-DF – Técnico – 2014)
2014)
Em virtude do princípio da reserva
Embora nos municípios haja apenas admi- legal, a criação dos entes integrantes da
nistração direta, nos estados, em razão da administração indireta depende de lei
autonomia dada pela Constituição Federal de específica.
1988 (CF), pode haver administração indireta
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

36. (Cespe – TC-CE – Técnico Judiciário – 2014)


31. (Cespe – ICMBio – Auxiliar Administrativo –
2014) Trata-se de administração indireta quando
o Estado, a fim de obter maior celeridade
O ICMBio, como entidade da administração e eficiência, exerce algumas de suas
pública indireta, é uma autarquia em regime atividades de forma desconcentrada.
especial, vinculado ao Ministério do Meio
Ambiente, sem autonomia administrativa e ( ) Certo   ( ) Errado
com dever de subordinação hierárquica aos
órgãos da administração pública direta.
37. (Cespe – TC-CE – Técnico Judiciário – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado
As empresas públicas e as sociedades de
economia mista são integrantes da admi-
32. (Cespe – CADE – Analista Administrativo – nistração indireta, independentemente de
2014) prestarem serviço público ou de exercerem
Para a criação de uma autarquia, é atividade econômica de natureza empresa-
necessária lei que autorize a sua instituição, rial.
seguida do registro do ato constitutivo no ( ) Certo   ( ) Errado
órgão competente.
( ) Certo   ( ) Errado 38. (Cespe – TC-CE – Técnico Judiciário – 2014)
Toda pessoa integrante da administração in-
33. (Cespe – CADE – Analista Administrativo – direta está vinculada a determinado órgão
2014) da administração direta, fato que decorre
As entidades da administração pública indi- do princípio da especificidade.
reta têm capacidade de autoadministração, ( ) Certo   ( ) Errado
ou seja, podem definir regras para se orga-
nizarem.
( ) Certo   ( ) Errado

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39. (Cespe – TC-CE – Técnico Judiciário – 2014) 44. (Cespe – TRE-RS – Analista Administrativo –
2015)
Em virtude do princípio da separação dos
poderes, a administração pública direta é Ao promover a descentralização por serviço,
exercida exclusivamente pelo Poder Execu- o poder público transfere ao ente descen-
tivo, o qual é incumbido da atividade admi- tralizado não apenas a execução, mas tam-
nistrativa em geral. bém a titularidade do serviço.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

40. (Cespe – TC-CE – Técnico Judiciário – 2014) 45. (Cespe – TJRR – Administrador – 2012)
A criação de empresa pública e de socieda- Os agentes administrativos vinculam-se pro-
de de economia mista depende de autoriza- fissionalmente ao Estado ou às suas entida-
ção legislativa, porém, o mesmo não ocorre des autárquicas e fundacionais e se sujeitam
às suas subsidiárias. à hierarquia funcional e ao regime jurídico
único da entidade estatal a que servem.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
41. (Cespe – DPU – 2016)
46. (Cespe – TRE-MT – Analista Administrativo
A criação de autarquia federal depende de – 2015)
edição de lei complementar.
Os órgãos públicos não têm personalidade
( ) Certo   ( ) Errado jurídica e podem integrar tanto a estrutura
da administração direta como a da adminis-
42. (Cespe – DPU – 2016) tração indireta.

Cria-se empresa pública e autoriza-se seu ( ) Certo   ( ) Errado


imediato funcionamento por meio de publi-
cação de lei ordinária específica. 47. (Cespe – TJ-RO – Oficial de Justica – 2012)
( ) Certo   ( ) Errado De acordo com a jurisprudência do STF e
com a interpretação doutrinária as funda-
43. (Cespe – TJDFT – Oficial de Justiça – 2015) ções públicas podem ser criadas com per-
sonalidade jurídica de direito público direta-
A criação, pela União, de sociedade de eco- mente por lei específica.
nomia mista depende de autorização le-
gislativa. Autorizada, a sociedade deverá ( ) Certo   ( ) Errado
assumir a forma de sociedade anônima, e
a maioria de suas ações com direito a voto 48. (Cespe – TJ-RO – Oficial de Justica – 2012)
pertencerão à União ou a entidade da admi-
nistração indireta. As entidades administrativas possuem auto-
nomia política e administrativa, bem como
( ) Certo   ( ) Errado capacidade de autoadministração.
( ) Certo   ( ) Errado

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49. (Cespe – TJ-RO – Oficial de Justica – 2012) 54. Denominam-se fundações públicas as enti-
dades integrantes da administração indireta
A criação de uma organização social consis- que não são criadas para a exploração de
te em exemplo de desconcentração admi- atividade econômica em sentido estrito.
nistrativa.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

55. As autarquias não podem ampliar sua autono-


50. (Cespe – TRE-MT – Analista Administrativo mia gerencial, orçamentária e financeira, pois
– 2015) isso acarretaria prejuízo do controle finalístico
As autarquias e as fundações públicas são realizado pela administração pública.
subordinadas hierarquicamente a órgãos da ( ) Certo   ( ) Errado
administração direta.
( ) Certo   ( ) Errado 56. Embora tanto as empresas públicas quanto
as sociedades de economia mista sejam pes-
51. (Cespe – PGEBA – Procurador – 2014) soas jurídicas de direito privado integrantes
da administração pública indireta, ambos os
Desde que presentes a relevância e urgência tipos de entidades sujeitam-se a controles
da matéria, a criação da autarquia pode ser administrativos diversos.
autorizada por medida provisória, devendo,
nesse caso, ser providenciado o registro do ( ) Certo   ( ) Errado
ato constitutivo na junta comercial compe-
tente. (Cespe – DPRF – Técnico Superior – 2012)
( ) Certo   ( ) Errado Acerca da estrutura da administração públi-
ca, que abrange as administrações direta e
indireta, esta composta por entidades do-
52. (Cespe – IBAMA – Analista – 2012) tadas de personalidade jurídica, julgue os
A criação do IBAMA, autarquia a que a União itens subsequentes.
transferiu por lei a competência de atuar na
proteção do meio ambiente, é exemplo de 57. Não é considerada integrante da adminis-
descentralização por serviço. tração pública a entidade qualificada com
natureza de pessoa jurídica de direito priva-
( ) Certo   ( ) Errado do que, embora se constitua como socieda-
de de economia mista, exerça atividade tipi-
(Cespe – DPRF – Agente Administrativo – camente econômica.
2012) ( ) Certo   ( ) Errado
No que se refere à administração direta e in-
direta, julgue os itens subsecutivos. 58. O ente federado, ao optar por descentrali-
zar determinada atividade administrativa
53. São exemplos de prerrogativas estatais es- mediante a criação de uma nova entidade
tendidas às autarquias a imunidade tributá- pública que integre a administração públi-
ria recíproca e os privilégios processuais da ca indireta, deve conferir a esta autonomia
Fazenda Pública. administrativa, gerencial, orçamentária e fi-
( ) Certo   ( ) Errado nanceira, mas não autonomia política.
( ) Certo   ( ) Errado

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59. Para criar uma empresa pública com o obje-


tivo de descentralizar a execução de um ser-
viço público, o ente federado deve fazê-lo
por meio de delegação mediante contrato
administrativo, cabendo à empresa pública
a prestação do serviço por sua conta e risco,
mas sujeitando-se à fiscalização da pessoa
jurídica que o delegou.
( ) Certo   ( ) Errado

60. As organizações sociais não estão compre-


endidas no rol das entidades que consti-
tuem a administração pública indireta.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E 2. E 3. E 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E 10. C 11. C 12. E 13. E 14. E 15. E 16. C 17. E 
18. C 19. C 20. E 21. C 22. E 23. C 24. E 25. E 26. C 27. C 28. E 29. C 30. E 31. E 32. E 33. C 34. C 
35. C 36. E 37. C 38. E 39. E 40. E 41. E 42. E 43. C 44. C 45. C 46. E 47. C 48. E 49. E 50. C 51. E 
52. C 53. C 54. C 55. E 56. E 57. E 58. C 59. E 60. C

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Questões FCC

1. (FCC – TRT – 18ª Região – Analista Judiciá- mente para a prestação de serviço público
rio – 2013) de natureza econômica.
As autarquias integram a Administração in- Está correto o que se afirma APENAS em
direta. São pessoas
a) I e II.
a) políticas, com personalidade jurídica b) I.
própria e têm poder de criar suas pró- c) I e III.
prias normas. d) III.
b) jurídicas de direito público, cuja criação e) II e III.
e indicação dos fins e atividades é auto-
rizada por lei, autônomas e não sujeitas 3. (FCC – PGE-CE – Técnico Ministerial – 2013)
à tutela da Administração direta.
c) jurídicas de direito semipúblico, porque NÃO constitui característica da empresa pú-
sujeitas ao regime jurídico de direito blica:
público, excepcionada a aplicação da lei a) extinção autorizada por lei.
de licitações. b) vinculação aos fins definidos na lei insti-
d) políticas, com personalidade jurídica tuidora.
própria, criadas por lei, com autonomia c) sujeição ao controle estatal.
e capacidade de autoadministração, d) personalidade jurídica de direito públi-
não sujeitas, portanto, ao poder de tu- co.
tela da Administração. e) criação autorizada por lei.
e) jurídicas de direito público, criadas por
lei, com capacidade de autoadministra- 4. (FCC – PGE-CE – Técnico Ministerial – 2013)
ção, mas sujeitas ao poder de tutela do
ente que as criou. No que diz respeito ao órgão público, está
correto o que se afirma em:
2. (FCC – MPE-AM – Agente Técnico Jurídico –
a) É unidade de atuação integrante da es-
2013)
trutura da Administração direta, ape-
Considere as seguintes afirmações a respei- nas.
to da organização administrativa: b) Tem personalidade jurídica própria.
c) É unidade de atuação integrante da es-
I – Autarquias são pessoas jurídicas de direi- trutura da Administração indireta, ape-
to público, criadas por lei específica, sujeitas nas.
ao controle finalístico do ente instituidor. d) Não se confunde com a pessoa física, o
II – Entidades paraestatais são pessoas jurí- agente público, porque congrega fun-
dicas de direito privado que, por lei, são au- ções que este vai exercer.
torizadas a prestar serviços ou realizar ativi- e) Confunde-se com a pessoa jurídica,
dades de interesse coletivo ou público não sendo uma de suas partes integrantes.
exclusivos do Estado.
III – Empresas públicas são pessoas jurídicas
de direito privado, criadas por lei, exclusiva-

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5. (FCC – Fiscal ICMS-SP – 2013) a) superiores e superiores.
b) independentes e autônomos.
O Estado pretende descentralizar a exe- c) independentes e superiores.
cução de atividade atualmente desempe- d) superiores e autônomos.
nhada no âmbito da Administração direta, e) autônomos e independentes.
consistente nos serviços de ampliação e
manutenção de hidrovia estadual, em face 7. (FCC – TRT--18ª Região – Oficial de Justiça
da especialidade de tais serviços. Estudos Avaliador – 2013)
realizados indicaram que será possível a co-
brança de outorga pela concessão, a parti- Com relação à composição do capital das
culares, do uso de portos fluviais que serão empresas estatais, que integram a adminis-
instalados na referida hidrovia, recursos es- tração indireta, considere:
ses que serão destinados a garantir a autos-
suficiência financeira da entidade a ser cria- I – A sociedade de economia mista é com-
da. Considerando os objetivos almejados, posta por capital público, enquanto a em-
poderá ser instituída: presa pública admite capital privado, desde
que não implique controle acionário.
a) autarquia, caracterizada como pessoa
jurídica de direito privado dotada do II – A sociedade de economia mista é com-
poder de autoadministração, nos limi- posta por capital público e privado, deven-
tes previstos na lei instituidora. do o poder público participar da gestão da
b) agência reguladora, sob a forma de au- mesma, observando-se a condição de acio-
tarquia de regime especial, cuja criação nista majoritário.
deve ser autorizada por lei, dotada de III – Na empresa pública o capital votante é
autonomia orçamentária e financeira. público, admitindo-se no capital a partici-
c) agência executiva, sob a forma de em- pação de outras pessoas de direito público
presa ou de autarquia que celebre con- interno.
trato de gestão com a Administração di-
reta para ampliação de sua autonomia. Está correto o que se afirma em
d) sociedade de economia mista, caracte-
a) I e III , apenas.
rizada como pessoa jurídica de direito
b) I e II , apenas.
privado, submetida aos princípios apli-
c) II e III , apenas.
cáveis à Administração pública, e cuja
d) I , II e III .
criação é autorizada por lei.
e) II , apenas.
e) empresa pública, caracterizada como
pessoa jurídica de direito privado, cria-
8. (FCC – ALEPB – Procurador – 2013)
da por lei específica e com patrimônio
afetado à finalidade para a qual foi insti- É característica do regime jurídico das enti-
tuída. dades da Administração Indireta:

6. (FCC – ALEPB – Consultor Legislativo – a) a existência de entidades de direito pú-


2013) blico, como as autarquias e empresas
públicas, dotadas de prerrogativas se-
Os órgãos públicos, quanto à posição esta- melhantes às dos entes políticos.
tal, classificam-se em independentes, au- b) a ausência de subordinação hierárquica
tônomos, superiores e subalternos. Desta entre as pessoas administrativas des-
feita, as Secretarias de Estado e as Casas Le- centralizadas e os órgãos da Adminis-
gislativas são classificadas, respectivamen- tração Direta responsáveis pela sua su-
te, em órgãos públicos: pervisão.

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c) a obrigatoriedade de contratação de b) depende de autorização legislativa para


pessoal das entidades descentralizadas aquelas que atuem no domínio econô-
por meio do regime celetista. mico e de decreto governamental para
d) que a existência legal das entidades as prestadoras de serviço público.
descentralizadas decorra diretamente c) depende de autorização legislativa, as-
da promulgação de lei instituidora. sim como a criação de suas subsidiárias
e) a obediência de todas as entidades des- ou a participação em empresa privada.
centralizadas à Lei Complementar no d) prescinde de autorização legislativa, a
101/2000 (Lei de Responsabilidade Fis- qual é exigida na hipótese de alienação
cal). do controle acionário ou participação
em empresa privada.
9. (FCC – TST – Analista Judiciário – 2012) e) é feita por decreto governamental, no
caso de empresas prestadoras de servi-
Uma pessoa jurídica que se enquadre no ço público de titularidade do ente insti-
conceito de autarquia tuidor, dependendo de lei autorizativa
a) subordina-se hierarquicamente a algum nas demais hipóteses.
Ministério, ou órgão equivalente no pla-
no dos demais entes federativos. 12. (FCC – ARCE – Advogado – 2012)
b) não integra a Administração Indireta. As agências reguladoras, enquanto entida-
c) é essencialmente considerada um servi- des integrantes da Administração indireta,
ço autônomo. são constituídas na forma de
d) deve necessariamente possuir um regi-
me jurídico especial. a) fundação de direito privado.
e) terá garantia de estabilidade de seus di- b) autarquia de regime especial.
rigentes. c) autarquia fundacional de direito priva-
do.
10. (FCC – TST – Técnico Judiciário – 2012) d) ente paraestatal.
e) sociedade de economia mista.
Compõe a Administração pública direta da
União 13. (FCC – TRT-11ª Região – Analista Judiciário
a) a Empresa Brasileira de Correios e Telé- – 2012)
grafos. Existem vários critérios de classificação dos
b) o Departamento de Polícia Federal. órgãos públicos, tais como, os critérios de
c) o Banco Central do Brasil. “esfera de ação”, “posição estatal”, “estrutu-
d) a Agência Nacional de Aviação Civil. ra”, dentre outros. No que concerne ao cri-
e) a Caixa Econômica Federal. tério “posição estatal”, as Casas Legislativas,
a Chefia do Executivo e os Tribunais são ór-
11. (FCC – TRT-4ª – Juiz do Trabalho Substituto gãos públicos
– 2012)
a) autônomos.
De acordo com a Constituição Federal, a b) superiores.
criação de empresa pública ou sociedade de c) singulares.
economia mista d) centrais.
a) é feita por decreto governamental, sal- e) independentes.
vo no caso de ser cometida à empresa
o exercício de atividade em regime de
monopólio, hipótese em que a criação
depende de lei específica.

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14. (FCC – Analista – TJ-RJ – Execução De Man- d) descentralização política, caso alcance
dados – 2012) servidores de outros poderes além do
Executivo.
Determinado Estado da Federação editou e) desconcentração, eis que se trata da
decreto alterando a gestão da previdência criação de ente autônomo ao qual é
complementar dos servidores públicos do atribuída a execução de atividade de ti-
Estado e transferindo-a para autarquia es- tularidade do ente central.
pecial criada no mesmo ato. A medida é
a) regular, na medida em que é obrigatório 16. (FCC – ADGJ – Metrô-SP – 2012)
ao Estado disciplinar a previdência com- É a Entidade pública, com patrimônio to-
plementar dos servidores públicos não tal ou parcialmente público, instituída pelo
submetidos ao sistema único. Estado e cuja função é a realização de de-
b) regular, desde que a nova autarquia terminados fins e sua criação deve ser au-
passe a gerir os recursos previdenciários torizada por lei específica para a prestação
dos servidores públicos admitidos após de serviço público, sendo ente autônomo,
sua criação. dotado de personalidade jurídica que tanto
c) irregular, tendo em vista que a delega- pode ser pública quanto privada:
ção operada somente poderia ter sido
feita para ente integrante da Adminis- a) Fundação.
tração Indireta. b) Autarquia.
d) irregular, na medida em que a gestão de c) Empresa pública.
recursos previdenciários dos servidores d) Sociedade de economia mista.
não poderia ser delegada a outro ente, e) Ministério.
ainda que integrante da Administração
Indireta. 17. (FCC – ADGJ – Metrô-SP – 2012)
e) irregular, na medida em que a autarquia
somente poderia ter sido criada por lei. Autarquia criada em regime especial que
regula determinados setores, fiscalizando e
15. (FCC – Fiscal ISS-SP – 2012) organizando a atividade econômica, impon-
do limitações administrativas, exercendo to-
A criação, pelo Município, de uma autarquia das funções do Poder Público na concessão,
para desempenhar atividade especializada, permissão ou autorização de serviço público
consistente na gestão do regime previdenciá- ou concessão de bem público ao particular.
rio do servidor público, constitui exemplo de Trata-se de
a) descentralização administrativa, também a) Entidade paraestatal.
denominada por serviços, funcional ou b) Agência reguladora.
técnica, sujeitando-se a autarquia à tute- c) Agência executiva.
la do ente instituidor nos limites da lei. d) Organização social.
b) descentralização por colaboração, eis e) OSCIP – Organização da Sociedade Civil
que envolve a transferência da titulari- de Interesse Público.
dade de serviço ou atividade adminis-
trativa a outro ente, dotado de persona- 18. (FCC – DPE-RR – Administrador – 2015)
lidade jurídica própria.
c) desconcentração, também denominada As competências na Administração pública
delegação, correspondendo à transfe- podem ser atribuídas para órgãos públicos e
rência da execução da atividade ou ser- para entidades administrativas, por meio do
viço público, mantendo-se, contudo, a que doutrinariamente se denomina, respec-
titularidade do ente instituidor. tivamente, desconcentração e descentrali-

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zação. Considerando a natureza jurídica dos função administrativa do Estado. Nesse con-
órgãos e entidades, texto, a atividade de organização da Admi-
nistração pública pode compreender a
a) as autarquias, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista são es- a) extinção de órgãos públicos, como me-
pécies de órgãos públicos, excluindo-se dida de reorganização administrativa e
dessa categorização os consórcios públi- redução de custos, por ato do Chefe do
cos, em razão do princípio da especiali- Executivo.
dade. b) criação de órgãos públicos, indepen-
b) os órgãos são partes integrantes da es- dentemente de lei, como expressão da
trutura da Administração pública dire- desconcentração administrativa.
ta e da Administração pública indireta, c) instituição, por lei específica, de empre-
possuindo personalidade jurídica pró- sa pública, como expressão da descon-
pria e capacidade processual, ao con- centração por serviços.
trário das entidades, que possuem per- d) extinção de cargos públicos, quando
sonalidade jurídica própria, mas não vagos, por ato do Chefe do Executivo,
possuem capacidade processual. como medida de organização e funcio-
c) os órgãos são partes integrantes da es- namento da Administração.
trutura da Administração pública dire- e) delegação de serviço público a socieda-
ta e da Administração pública indireta, de de economia mista, como expressão
não possuindo personalidade jurídica de desconcentração funcional.
própria, ao contrário das entidades, que
possuem personalidade jurídica pró- 20. (FCC – TRE-PB – Analista Administrativo –
pria, distinta das pessoas que lhes de- 2015)
ram vida.
d) por serem os órgãos despersonaliza- A organização administrativa, quando cons-
dos, ao contrário das entidades, não tituída por entes com personalidade jurídica
mantém relações institucionais entre si, própria como as autarquias, tem como ca-
tampouco com terceiros, em razão do racterística principal:
princípio da capacidade específica. a) a submissão de todas as decisões finais
e) as autarquias, as empresas públicas e as de mérito desse ente a recurso hierár-
sociedades de economia mista são es- quico, como forma de expressão do po-
pécies de entidades, excluindo-se des- der de tutela do ente federado que o
sa categorização as fundações públicas, criou.
que são espécies de órgãos, com capa- b) o controle político exercido pelo ente
cidade de autoadministração exercida federado que cria o ente descentraliza-
com independência em relação ao po- do, o que exige submissão das decisões
der central. negociais à direção política daquela Ad-
ministração, previamente ou ad refe-
19. (FCC – TCE-SP – Auxiliar de Fiscalização – rendum.
2015) c) dispoem de autonomia administrativa,
O conceito de Administração pública pode com base na lei que as cria, o que reduz
ser estabelecido a partir do critério objeti- as chances de ingerência da Administra-
vo ou subjetivo. Conforme esclarece Maria ção central no processo de tomada de
Sylvia Zanella di Pietro, pode-se definir Ad- decisão do ente, restringindo o contro-
ministração Pública, em sentido subjetivo, le ao exame da atuação, que deve estar
como o conjunto de órgãos e pessoas jurí- afeta às finalidades institucionais.
dicas aos quais a lei atribui o exercício da

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d) a mitigação da incidência do regime ju- 22. (FCC – DPE-SP – 2015)
rídico de direito público, admitindo-se
seja excepcionado o regime licitatório Determinada Secretaria de Estado transfere
para as chamadas atividades meio, que um conjunto de competências administra-
não estão afetas à finalidade institucio- tivas específicas para outra pessoa jurídica,
nal do ente. sem o estabelecimento de contrato ou ato
e) a autoadministração com exercício de administrativo. Esse é caso de
competências próprias, o que limita o a) descentralização por delegação.
poder de controle do ente federado que b) descentralização territorial.
as criou, com exceção da contratação de c) descentralização funcional.
pessoal, cujo concurso deve ser realiza- d) desconcentração funcional.
do na esfera da Administração direta. e) desconcentração territorial.

21. (FCC – TRT-9 – Analista Judiciário – 2015) 23. (FCC – TRT-15 – Juiz do Trabalho – 2015)
Representa mecanismo de “descentraliza- Considere que a União pretenda instituir
ção por serviços" das atividades da Adminis- uma entidade autônoma, com personalida-
tração pública a criação de de jurídica própria, para executar obras de
a) empresa pública, em que parcela da ati- infraestrutura necessárias à realização dos
vidade do poder central é repassado a Jogos Olímpicos. Tendo em vista as caracte-
ente despersonalizado, para que o exer- rísticas e o regime jurídico aplicável, referida
ça em regime de direito privado e com entidade poderá ser
autonomia orçamentária financeira em a) autarquia, criada por lei, com autono-
relação ao poder central. mia administrativa e sujeita a regime de
b) autarquia, em que parcela da ativida- direito privado parcialmente derrogado
de do poder central é repassada a ente pelos princípios aplicáveis à Administra-
personalizado, para que o exerça em re- ção pública.
gime de direito privado e, em razão des- b) empresa pública, cuja criação é autori-
se regime, sem autonomia em relação zada por lei, sujeita ao mesmo regime
ao poder central. jurídico do ente instituidor.
c) empresa pública, em que parcela da c) fundação, constituída mediante contra-
atividade do poder central é repassada to de programa celebrado em conjunto
a ente personalizado, para que o exer- com as entidades da federação benefi-
ça em regime de direito público e, em ciadas pelas obras.
razão da configuração empresarial, sem d) sociedade de economia mista, cuja cria-
autonomia em relação ao poder central. ção é autorizada por lei, admitindo-se a
d) autarquia, em que parcela da ativida- participação minoritária de particulares
de do poder central é repassada a ente no seu capital social.
despersonalizado, para que o exerça em e) agência reguladora, sob a forma de au-
regime de direito público e, em razão tarquia de regime especial, cuja criação
desse regime, sem autonomia em rela- é autorizada por lei, dotada de autono-
ção ao poder central. mia financeira.
e) autarquia, em que parcela da ativida-
de do poder central é repassada a ente
personalizado, para que o exerça em re-
gime de direito público e com autono-
mia financeira e administrativa.

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24. (FCC – TRT-15 – Juiz do Trabalho – 2015) e) o desempenho de atividade de natureza


econômica.
De acordo com a legislação que rege a maté-
ria, as denominadas agências executivas são 27. (FCC – TRT-14ª – Analista Judiciário – 2011)
a) entidades que não integram a Adminis- Para os fins do Decreto-Lei nº 200/67, autar-
tração pública, mas com esta se relacio- quia é
nam por vínculo de colaboração.
b) autarquias de regime especial, com a) a entidade dotada de personalidade
prerrogativas de independência fixadas jurídica de direito privado, criada por
na lei instituidora. lei para a exploração de atividade eco-
c) órgãos colegiados instituídos no âmbito nômica, sob a forma de sociedade anô-
da Administração direta para atividades nima, cujas ações com direito a voto
de coordenação de ações estratégicas. pertençam em sua maioria à União ou a
d) pessoas jurídicas de direito privado sem entidade da Administração Indireta.
fins lucrativos, que recebem tal qualifi- b) a entidade dotada de personalidade ju-
cação mediante celebração de contrato rídica de direito privado, com patrimô-
de gestão. nio próprio e capital exclusivo da União,
e) entidades integrantes da Administração criada por lei para a exploração de ati-
pública, criadas sob a forma de autar- vidade econômica que o Governo seja
quias ou fundações, que, em decorrên- levado a exercer por força de contingên-
cia de tal qualificação, passam a se sub- cia ou de conveniência administrativa.
meter a regime especial. c) o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e re-
25. (FCC – TRE-RN – Analista Administrativo – ceita próprios, para executar atividades
2011) típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funciona-
O princípio segundo o qual a Administração mento, gestão administrativa e financei-
Pública Direta fiscaliza as atividades dos en- ra descentralizada.
tes da Administração Indireta denomina-se d) a entidade dotada de personalidade ju-
a) finalidade. rídica de direito privado, sem fins lucra-
b) controle. tivos, criada em virtude de autorização
c) autotutela. legislativa, para o desenvolvimento de
d) supremacia do interesse público. atividades que não exijam execução por
e) legalidade. órgãos ou entidades de direito público,
com autonomia administrativa.
26. (FCC – TRF-1ª – Execução de Mandados – e) a entidade dotada de personalidade
2011) jurídica de direito privado, com fins lu-
crativos, criada por lei, para o desenvol-
NÃO é considerada característica da socie- vimento de atividades que não exijam
dade de economia mista execução por órgãos ou entidades de
direito público, com patrimônio próprio
a) a criação independente de lei específica
gerido pelos respectivos órgãos de dire-
autorizadora.
ção.
b) a personalidade jurídica de direito pri-
vado.
c) a sujeição a controle estatal.
d) a vinculação obrigatória aos fins defini-
dos em lei.

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28. (FCC – TRE-TO – Analista Judiciário – 2011) e a realização de concurso público para
contratação de seus servidores.
De acordo com a Organização Administra- d) as empresas públicas submetem-se in-
tiva Brasileira, o SESI, o SESC e o SENAI são tegralmente ao regime jurídico de di-
entidades reito público, na medida em que seu
a) estatais. capital é 100% público, enquanto as so-
b) paraestatais. ciedades de economia mista podem se
c) autárquicas. submeter ao regime jurídico de direito
d) fundacionais. privado, caso a participação privada no
e) empresariais. capital represente maioria com poder
de voto.
29. (FCC – TRE-TO – Analista Judiciário – 2011) e) as sociedades de economia mista admi-
tem participação privada em seu capi-
Os órgãos públicos: tal, enquanto as empresas públicas não;
ambas se submetem ao regime jurídico
a) são classificados como entidades esta-
típico das empresas privadas, embora
tais.
possam ter que se submeter à regra de
b) têm autonomia política.
exigência de licitação para contratação
c) têm personalidade jurídica.
de bens e serviços.
d) são soberanos.
e) são centros de competência instituídos
para o desempenho de funções estatais. 31. (FCC – TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014)
As autarquias, empresas públicas e socie-
30. (FCC – TRT 2 – Analista Administrativo – dades de economia mista são entidades es-
2014) tatais. É correto afirmar quanto a referidas
instituições que as:
A propósito de semelhanças ou distinções
entre as empresas públicas e as sociedades a) autarquias e empresas públicas inte-
de economia mista sabe-se que, gram a Administração pública direta,
enquanto que as sociedades de econo-
a) as duas pessoas jurídicas de direito pú-
mia mista, por possuírem personalidade
blico integram a Administração indireta
de direito privado, integram a Adminis-
e podem ser constituídas sob quaisquer
tração pública indireta.
das formas disponíveis às empresas em
b) empresas públicas detêm personalida-
geral, distinguindo-se pela composição
de de direito público e integram a Admi-
do capital, 100% público nas sociedades
nistração pública indireta, as autarquias,
de economia mista e com participação
da mesma forma, detêm personalidade
privada empresas públicas.
jurídica de direito público, mas integram
b) as duas pessoas jurídicas de direito pú-
a Administração pública direta.
blico submetem-se ao regime jurídico
c) autarquias detêm personalidade jurídi-
de direito privado, com exceção à forma
ca de direito público, enquanto as em-
de constituição, na medida em que são
presas públicas e sociedades de econo-
criadas por lei específica, enquanto as
mia mista detêm personalidade jurídica
empresas não estatais são instituídas na
de direito privado, integrando, todas
forma da legislação societária vigente.
elas, a denominada Administração pú-
c) ambas submetem-se ao regime jurídico
blica indireta.
de direito público, não se lhes aplican-
d) sociedades de economia mista presta-
do, contudo, algumas normas, a fim de
doras de serviço público integram a Ad-
lhes dar celeridade e competitividade
ministração pública direta, enquanto as
na atuação, tal como a lei de licitações

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exploradoras de atividade econômica c) prover os cargos por meio de concurso


integram a Administração pública indi- público de provas ou de provas e títulos,
reta. de acordo com a natureza e complexibi-
e) autarquias, empresas públicas e socie- lidade do cargo, na forma prevista em
dade de economia mista detêm perso- lei.
nalidade jurídica de direito privado, ra- d) realizar processo de seleção, desde que
zão pela qual integram a denominada para contratação de empregados públi-
Administração pública indireta. cos, por prazo não superior a 5 anos.
e) justificar a impossibilidade de realizar
32. (FCC – TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014) concurso público e transformar os em-
pregados de fundação governamental
As autarquias possuem personalidade jurí- em servidores públicos da autarquia re-
dica própria, autonomia financeira e auto- cém instituída.
administração. Partindo dessa premissa, é
correto afirmar que 34. (FCC – TJ-AP – Técnico Judiciário- 2014)
a) o ente instituidor mantém em relação A Administração pública pode instituir pes-
à autarquia poder hierárquico e poder soas com personalidade jurídica própria,
disciplinar, em razão do controle de tu- desde que o faça por meio de lei específica,
tela. para prestar serviços públicos. O enunciado
b) a despeito de assumirem obrigações em diz respeito à:
nome próprio por ser sujeito de direi-
tos, é o ente instituidor quem responde a) autarquia, que tem personalidade de
por seus atos. direito público e submete-se a regime
c) não se submetem ao controle de tutela jurídico de direito público.
do ente instituidor, para conformá-las b) sociedade de economia mista, que tem
aos cumprimento dos objetivos públi- personalidade de direito privado e sub-
cos em razão dos quais foram criadas. mete-se a regime de direito privado par-
d) seus recursos e patrimônio, indepen- cialmente derrogado pelo regime públi-
dentemente da origem, configuram re- co.
cursos e patrimônio do ente instituidor. c) empresa pública, que tem personalida-
e) têm liberdade para gerir seus quadros de de direito público e, por isso, subme-
funcionais sem interferências indevidas te-se a regime de direito público.
do ente instituidor. d) autarquia, que tem personalidade de
direito público e submete-se a regime
33. (FCC – TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014) jurídico de direito privado.
e) empresa pública, que tem personalida-
A Administração pública, por lei, criou au- de de direito privado e, por isso, subme-
tarquia atribuindo-lhe competência para te-se a regime jurídico privado.
prestar serviço público de saneamento bási-
co. Para preenchimento dos cargos públicos 35. (FCC – MPE-PE – Promotor – 2014)
efetivos criados poderá:
Em relação às empresas públicas, NÃO é as-
a) realizar concurso público ou, diante da pecto obrigatório a ser observado em seu
justificativa, pautada na situação de regime jurídico a:
emergência, contratar empregados di-
retamente pelo prazo de 5 anos. a) realização de licitação para contratação
b) prover os cargos por livre nomeação, de obras, serviços, compras e aliena-
desde que haja a edição de ato regula- ções, observados os princípios da admi-
mentar autorizador. nistração pública.

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b) criação por meio de registro de seus transferência das demais ações a outros en-
atos constitutivos, na forma do Código tes federados.
Civil.
c) forma societária de sociedade anônima. Está correto o que consta em:
d) personalidade jurídica de direito priva- a) I, II e III.
do. b) I, apenas.
e) vedação à acumulação remunerada de c) I e II, apenas.
cargos, empregos e funções públicas. d) I e III, apenas.
e) II e III, apenas.
36. (FCC – MPE-PA – Promotor – 2014)
A doutrina e a jurisprudência nacional reco- 38. (FCC – TRT-18 – Juiz Substituto – 2014)
nhecem a existência de dois tipos de funda- Ao criar uma entidade da Administração in-
ção governamental: as de direito público e direta, o ente político pode optar por consti-
as de direito privado. NÃO faz parte dos tra- tuí-la sob regime de direito privado. Dentre
ços comuns dessas duas espécies: as entidades que podem ser instituídas sob
a) a imunidade tributária no que se refere tal regime, estão:
ao patrimônio, à renda e aos serviços, a) as autarquias, as fundações e as agên-
vinculados a suas finalidades essenciais cias executivas.
ou às delas decorrentes. b) as sociedades de economia mista, os
b) a vedação de acumulação de cargos e consórcios públicos e as fundações.
empregos públicos. c) as empresas públicas, as sociedades de
c) a submissão às normas gerais de licita- economia mista e as agências regulado-
ção estabelecidas por lei federal. ras.
d) o controle pelos Tribunais de Contas. d) as autarquias corporativas, as empresas
e) a inexigibilidade de inscrição de seus públicas e as sociedades de economia
atos constitutivos no Registro Civil das mista.
Pessoas Jurídicas. e) as agências reguladoras, as sociedades
de economia mista e as fundações.
37. (FCC – PGM – Procurador de Recife – 2014)
Considere: 39. (FCC – TCE-RS – Auditor Público – 2014)

I – É característica recorrente nas agências A Administração indireta pode ser estrutu-


reguladoras estabelecidas no Brasil a partir rada por meio da:
da década de 90 a definição de mandato aos a) instituição de pessoas jurídicas de diver-
seus dirigentes, com duração fixada em suas sas naturezas, que não guardam vínculo
respectivas leis instituidoras. hierárquico com a Administração direta.
II – Para as empresas públicas, a Constitui- b) instituição de pessoas jurídicas com per-
ção Federal prevê uma espécie de investidu- sonalidade jurídica própria, vinculadas
ra especial aos seus diretores, que depende- hierarquicamente à Administração cen-
rá de prévia aprovação do poder legislativo tralizada.
respectivo. c) instituição de pessoas jurídicas com per-
sonalidade jurídica própria, todas cria-
III – Nas sociedades de economia mista, das por meio de lei.
desde que se preservem o capital social ex- d) criação de órgãos integrantes de sua es-
clusivamente público e a maioria do capi- trutura, vinculadas hierarquicamente à
tal votante nas mãos da União, é possível a Administração centralizada.

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e) criação de órgãos distintos da Adminis- c) descentralização funcional.


tração direta, vinculados hierarquica- d) descentralização administrativa.
mente à Administração central. e) desconcentração.

40. (FCC – TJ-AP – Analista Administrativo – 42. (FCC – TCM-RJ – Procurador – 2015)
2014)
A desconcentração pode ser conceituada
A criação de pessoas jurídicas para composi- como a repartição de funções entre vários
ção e estruturação da Administração indire- órgãos de uma mesma Administração. De
ta é uma opção de organização administrati- outro lado, a descentralização, a despeito
va de competência do Poder Executivo. Para de também ser técnica de racionalização da
tanto, pode se valer de propostas de edição prestação das atividades do Estado, implica
de lei para criação de determinados entes a criação de outras pessoas jurídicas. Sobre
ou para autorização da instituição na forma elas, é correto afirmar:
prevista na legislação. A efetiva criação des-
ses entes: a) As autarquias, fundações públicas, em-
presas públicas e sociedades de eco-
a) acarreta dissociação de qualquer víncu- nomia mista são exemplo do emprego,
lo ou relação jurídica com o Executivo, pela Administração pública, da técnica
na medida em que possuem personali- da desconcentração, integrando, refe-
dade jurídica própria. ridas pessoas, a Administração pública
b) não afasta o vínculo hierárquico com a indireta.
Administração pública central, na medi- b) Os ministérios e as secretarias de esta-
da em que integram a estrutura do Po- do originam-se do emprego da técni-
der Executivo. ca da desconcentração; constituem-se
c) é expressão do modelo de descentrali- órgãos que integram a pessoa jurídica
zação, mantendo a Administração públi- que os criou, detendo, no entanto, em
ca central apenas o controle finalístico relação àquelas, autonomia no que con-
sobre aqueles, expressão do poder de cerne aos assuntos que justificaram sua
tutela. criação.
d) acarreta a derrogação do regime jurídi- c) As autarquias são exemplo do empre-
co de direito público e aplicação do di- go da técnica da descentralização, pos-
reito privado, o que confere maior cele- suem regime jurídico de direito público
ridade à Administração pública. e suas relações com as pessoas que as
e) consubstancia-se em desconcentração, criaram são pautadas no princípio da
na medida em que não possuem perso- hierarquia.
nalidade jurídica própria. d) A Administração pública indireta tem
origem no emprego da técnica da des-
41. (FCC – TRT-MG – Técnico Judiciário – 2015) centralização, que implica a criação de
pessoas com personalidade jurídica
O Estado de Minas Gerais, assim como os própria, que assumem obrigações em
demais Estados-Membros e também os nome próprio.
Municípios, detêm competência legislativa e) Tanto os órgãos destituídos de persona-
própria que não decorre da União Federal, lidade jurídica como os entes personali-
nem a ela se subordina, mas encontra seu zados mantêm com as pessoas que lhes
fundamento na própria Constituição Fede- deram vida relação fundamentada no
ral. Trata-se da denominada princípio hierárquico.
a) descentralização política.
b) descentralização por colaboração.

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43. (FCC – TCE-CE – Analista de Controle Exter- 45. (FCC – CNMP – Administração – 2015)
no – Área Judiciária – 2015)
Os agentes públicos subdividem-se em cin-
O governador do Estado Y entendeu pela co espécies ou categorias bem diferencia-
necessidade de instituição de uma pessoa das, dentre elas, o agente
jurídica de direito privado, com capital ex-
clusivamente público, que realizasse a pres- a) investigador.
tação de serviços, nos moldes da iniciativa b) corporativo.
privada, de interesse da coletividade local, c) integral.
cuja autorização para sua criação se reali- d) supervisor.
zasse por lei específica. Tais características e) delegado.
são próprias das
a) empresas públicas.
b) sociedades de economia mista.
c) autarquias.
d) organizações sociais.
e) fundações públicas.

44. (FCC – TCE-CE – Analista de Controle Exter-


no – Área Judiciária – 2015)
O Município X pretende construir um gran-
de ginásio poliesportivo para sediar as olim-
píadas. Entretanto, não possui recursos para
custear a totalidade da obra e nem know-
-how para gerir adequadamente o ginásio.
A forma de contratação que deverá ser uti-
lizada para concretizar o projeto municipal é
a) a Parceria Público-Privada − PPP.
b) o Regime Diferenciado de Contratação −
RDC.
c) a Permissão de serviço público.
d) a Concessão administrativa prevista na
Lei nº 11.079/2004.
e) a Contratação integrada.

Gabarito: 1. E 2. A 3. D 4. D 5. D 6. E 7. C 8. B 9. C 10. B 11. C 12. B 13. E 14. E 15. A 16. A 
17. B 18. C 19. D 20. C 21. E 22. C 23. D 24. E 25. B 26. A 27. C 28. B 29. E 30. E 31. C 32. E 
33. C 34. A 35. C 36. E 37. B 38. B 39. A 40. C 41. A 42. D 43. A 44. A 45. E

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TÓPICO 3

Atos administrativos: conceito, requisitos, atributos, classificação, espécies, revogação,


anulação e invalidação

1. CONCEITO

A Administração Pública realiza sua função executiva (ou administrativa) por meio de
atos jurídicos que recebem a denominação de Atos Administrativos. Sendo assim, atos
administrativos são espécies do gênero ato jurídico.
Segundo a Teoria Geral do Direito, podemos afirmar que todos os fenômenos (naturais
ou humanos) a que o Direito atribui significação e que possuem consequências jurídicas,
denominam-se fatos jurídicos em sentido amplo.
Por sua vez, esses se distinguem em:
a) Fato jurídico (em sentido estrito): qualquer evento que produza efeitos jurídicos e que não
constitua uma manifestação de vontade humana. São eventos da natureza. Ex.: passagem
do tempo (prescrição ou decadência), morte, nascimento, etc.
b) Ato jurídico: decorrem diretamente da manifestação de vontade humana e produzem
efeitos jurídicos. Podem ser unilaterais (atos administrativos), bilaterais (contratos
administrativos), etc.
Assim, segundo Hely Lopes Meireles, “ato administrativo é toda manifestação unilateral de
vontade da Administração Pública que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato, adquirir,
resguardar, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou
a si própria”.
Sucintamente, podemos defini-lo como sendo a manifestação unilateral de vontade da
Administração, quando esta atua na qualidade de Administração Pública (em relações
jurídicas de direito público).
Devemos ressaltar que são manifestações de vontade, diferentes daquelas típicas do Poder
Legislativo (elaboração de normas primárias – leis) ou do Poder Judiciário (decisões judiciais),
mas é importante ressaltar que tanto o Poder Judiciário, quanto o Poder Legislativo também
editam atos administrativos (função atípica), quando exercem suas atividades de gestão
interna, tais como aquisição de materiais, concessão de licenças, etc.

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RESUMO!
Assim, temos que o Poder Executivo emite atos administrativos no exercício de suas
funções típicas e os Poderes Legislativo e Judiciário emitem atos administrativos no
exercício de suas funções atípicas.

Celso Antônio Bandeira de Mello ainda afirma ser o ato administrativo uma manifestação
volitiva do Estado ou de quem lhe faça às vezes, ou seja, quem represente o Estado no exercício
de suas funções administrativas. Assim, uma concessionária de serviço público ao representar a
Administração Pública emite atos administrativos.
Cabe ressaltar que a Administração Pública também pratica atos regidos predominantemente
pelo direito privado, igualando-se aos particulares, abrindo mão de sua supremacia de Poder
Público. Nesse caso, o STF já se pronunciou, afirmando que “quando o Estado pratica atos
jurídicos regulados pelo Direito Civil ou Comercial, coloca-se no plano dos particulares”.

2. FATOS ADMINISTRATIVOS

São também conhecidos como “atos materiais”. É uma mera realização material decorrente do
exercício da função administrativa. De forma simplificada, constatamos ser a concretização da
atividade administrativa. Normalmente, são consequências dos atos administrativos.
Assim, a demolição de um prédio (fato administrativo) pode ser decorrente de uma ordem de
serviço da Administração (ato administrativo).

3. REQUISITOS OU ELEMENTOS OU PRESSUPOSTOS DE VALIDADE

Para que um ato administrativo seja válido e insuscetível de anulação (seja pela própria
Administração Pública ou pelo Poder Judiciário), é fundamental que sejam isentos de vícios
(ou defeitos) os cinco elementos que o compõem (competência, finalidade, forma, motivo e
objeto).
São os componentes essenciais de validade do ato administrativo. Se for desatendido qualquer
um desses elementos, ou seja, praticado em desacordo com o que a lei, em princípio, o ato
administrativo será nulo.
Como dito anteriormente, os elementos de formação do ato administrativo são cinco:
a) COMPETÊNCIA;
b) FINALIDADE;
c) FORMA;
d) MOTIVO ;
e) OBJETO.

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A professora Maria Sylvia Di Pietro cita como elementos de formação do ato administrativo:
SUJEITO, finalidade, forma, motivo e objeto.
Tais elementos do ato administrativo são classificados de acordo com a sua estrita vinculação
ou não à lei. Assim, podemos ter elementos vinculados (ou seja, previstos expressamente em
lei) ou elementos não vinculados (em que a lei estabelece uma possibilidade de o administrador
escolher entre as alternativas previstas em lei, para que haja de acordo com a sua conveniência
e oportunidade).
Conforme a vinculação dos elementos à lei, teremos uma das principais classificações dos atos
administrativos. Assim, os atos administrativos dividem-se basicamente em:

1) Ato vinculado ou regrado: é aquele em que a lei estabelece rigorosamente todos os


requisitos e as condições de sua realização, sem deixar qualquer margem de liberdade
ao administrador, ou seja, todos os elementos estão vinculados à lei. Não cabe ao
administrador apreciar a oportunidade e conveniência para prática do ato.
Como exemplo prático de ato administrativo vinculado, temos a concessão da licença gestante
à servidora, a concessão da aposentadoria compulsória do servidor, entre outros. Em tais
situações, a Administração não possui liberdade, ela tem que praticar o ato administrativo, de
acordo com o estabelecido em lei.

2) Atos discricionários: são aqueles em que a Administração pode praticar com certa
margem de escolha, ou seja, pode ser observada a oportunidade e a conveniência para a
Administração praticar certos atos.
É importante ressaltar que os requisitos competência, finalidade e forma serão sempre
vinculados. Esses requisitos sempre serão limitados por imposição legal. A discricionariedade
do administrador encontra-se na escolha dos motivos e do objeto.
Por fim, devemos sempre lembrar que essa discricionariedade implica liberdade de atuação
para o administrador, dentro dos limites impostos por lei. A margem do administrador é
estabelecida por lei, que, na verdade, atua como fonte do Direito Administrativo e como maior
limitadora da discricionariedade administrativa.
Caso o administrador público ultrapasse tais limites impostos por lei, praticará um ato
administrativo arbitrário, e não discricionário. Ato arbitrário é sinônimo de ato ilegal, ilegítimo,
eivado de nulidade.

IMPORTANTE!
Os três primeiros elementos (COMFIFOR) são tidos como elementos sempre
vinculados, seja o ato vinculado ou o ato discricionário; já o motivo e o objeto
podem ser elementos vinculados (ato vinculado) ou elementos não vinculados (ato
discricionário). Assim, é o conjunto dos elementos motivo + objeto que definirá se o
ato administrativo é vinculado ou discricionário.

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a) COMPETÊNCIA
É a necessidade de se ter um agente competente, por lei, para praticá-lo. Nenhum ato poderá
ser validamente realizado sem que disponha do poder para praticá-lo. Caracteriza-se como
elemento vinculado de todo ato administrativo.
Como regra, a competência é irrenunciável, não podendo o administrador deixar de utilizá-
la, já que dada por lei a ele, com o intuito de atendimento do fim público, salvo nos casos de
delegação e avocação de competências legalmente previstos.
•• Delegação: permite que um órgão transfira para outro as funções que lhe são atribuídas.
Segundo a Lei nº 9.784/99 (que estabelece normas gerais sobre o processo administrativo
federal), não há necessidade de relação hierárquica para que haja delegação de
competências. Também cabe ressaltar que são tidas como matérias indelegáveis: as
decisões de recursos administrativos, as matérias de competência exclusiva, assim como a
edição de atos de caráter normativo.
•• Avocação: é a ordem inversa da delegação, em que a autoridade superior “puxa” para si
a competência atribuída a autoridade inferior. Percebemos que, no caso da avocação de
competências, há necessidade de relação hierárquica entre as autoridades envolvidas.
O elemento competência não se confunde com a capacidade do agente público, pois esta é
presumida e aquele deve ser expresso em lei. O agente público pode ser capaz de praticar o
ato, porém, a lei pode não ter lhe dado competência para tal. Assim, Maria Sylvia Di Pietro cita
o elemento sujeito, reunindo a competência e a capacidade do agente público em um único
elemento de formação do ato administrativo.

b) FINALIDADE
É sempre o interesse público, expressa ou implicitamente, estabelecido na lei. Não é o agente
quem determina o interesse público a ser perseguido, mas sim a lei, caracterizando-se como
elemento sempre vinculado do ato administrativo. O atendimento à finalidade de interesse
público está relacionado à ideia constante no princípio da impessoalidade.
A impessoalidade da atuação administrativa também impede que um ato seja praticado visando
a interesses do agente ou de terceiros, perseguições, favorecimentos ou descriminações.
Assim, quando o Prefeito de determinado Município desapropria seu vizinho inimigo político,
estará atingindo o seu interesse particular – e não o interesse público –; logo, estará se
desviando da finalidade da Administração Pública e, consequentemente, ferindo o princípio da
impessoalidade.

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ABUSO DE PODER
O abuso de poder é gênero do qual são espécies: o excesso de poder e o desvio de
poder.
Excesso de poder: Estará configurado quando a autoridade competente extrapolar os
limites de sua competência, ou seja, quando houver atuação do agente fora dos limites
legais de sua competência.
Assim, por exemplo, quando a autoridade competente para aplicar a pena de suspensão
impõe penalidade mais grave, que não se encontra na esfera de suas atribuições, está
caracterizado o excesso de poder.
Desvio de poder ou de finalidade: Ocorre quando o administrador atinge finalidade
diversa do interesse público, ou seja, quando a atuação do agente é apartada do
interesse público, ainda que dentro da sua competência.
Ocorre quando o Prefeito de determinada cidade, por exemplo, desapropria vizinho
seu, inimigo político, pois nessa situação, não estará atendendo a desapropriação ``a
finalidade do interesse público, mas sim ao interesse particular do administrador.
Também é modalidade de desvio de poder quando o administrador, embora atinja o
interesse público, utiliza-se de ato com finalidade diversa daquela prevista em lei, para
a prática do ato.
Como exemplo de desvio de poder, podemos citar a remoção de ofício como forma
de punição de um servidor. Em tal situação, muito embora tenha atingido o interesse
público, o administrador utilizou o ato de remoção com finalidade de punição, que não
é a prevista em lei, para tal ato, visto que o ato de remoção não tem caráter punitivo.
Como bem sintetiza Maria Sylvia Di Pietro, “É o legislador que define a finalidade que o
ato deve alcançar, não havendo liberdade de opção para a autoridade administrativa;
se a lei coloca a demissão entre os atos punitivos, não pode ela ser utilizada com outra
finalidade que não a de punição; se a lei permite a remoção ex officio do funcionário
para atender a necessidade do serviço público, não pode ser utilizada para finalidade
diversa como a punição.
Seja infringida a finalidade legal do ato (em sentido estrito), seja desatendido o seu fim
de interesse público (sentido amplo), o ato será ilegal por desvio de poder. Tanto ocorre
esse vício quando a Administração remove o funcionário a título de punição, como
no caso em que ela desapropria um imóvel para perseguir o seu proprietário, inimigo
político. No primeiro caso, o ato foi praticado com finalidade diversa da prevista em lei;
no segundo, fugiu ao interesse público e foi praticado para atender ao fim de interesse
particular da autoridade”.
CONCLUSÃO:
Excesso de poder – caracteriza vício (defeito) no elemento competência do ato
administrativo praticado.
Desvio de poder – caracteriza vício (defeito) no elemento finalidade do ato
administrativo praticado.

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c) FORMA
É maneira pela qual o ato é exteriorizado, constituindo-se, também, como elemento vinculado.
Sua inobservância torna o ato passível de invalidação.
A forma usual do ato administrativo é a escrita; porém, há situações excepcionais em que é
admitida a forma não escrita (cartazes e placas que expressam uma ordem da Administração,
sinais do guarda de trânsito, etc.).

d) MOTIVO
É a situação de fato ou de direito que autoriza ou determina a realização do ato administrativo.
Se o motivo determina a prática do ato administrativo, então esse ato será vinculado, porém, se
o motivo autoriza a Administração a praticar o ato, podemos afirmar que tal ato é discricionário.
Pode vir expresso na lei, como condição sempre determinante da prática do ato (vinculado) ou
pode a lei deixar a avaliação da oportunidade e conveniência da prática do ato, nas mãos do
administrador público (ato discricionário).

e) OBJETO
É o resultado que a Administração Pública pretende alcançar com a prática do ato administrativo.
Define-se como sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Identifica-se com o próprio
conteúdo do ato, por meio do qual a Administração manifesta seu poder e sua vontade, ou
atesta, simplesmente, situações preexistentes.

RESUMO!
De forma resumida, podemos obter os elementos do ato administrativo pelas seguintes
perguntas:
COMPETÊNCIA – Quem pratica o ato?
FINALIDADE – Para que pratica o ato?
FORMA – Como se pratica o ato?
MOTIVO – Por que se pratica o ato?
OBJETO – O que se quer praticando o ato?

A Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular) define alguns vícios (defeitos) existentes em alguns
elementos do ato administrativo, tais como descritos no quadro a seguir:

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Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as
seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições
legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular
de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação
de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito,
em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

OBSERVAÇÕES NOTÁVEIS:

I) MOTIVO X MOTIVAÇÃO
Motivação é a exposição dos motivos que determinaram a prática do ato; é a exteriorização dos
motivos que originaram a prática do ato.
Formalmente, definimos motivação como sendo a exposição da situação de fato ou de direito
que autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
Na demissão de um servidor, por exemplo, o elemento motivo seria a infração por ele praticada,
ensejadora dessa modalidade de punição; já a motivação seria a exposição de motivos, a
exteriorização, por escrito, do motivo que levou a Administração a aplicar tal penalidade.
Todos os atos administrativos válidos possuem um motivo, porém, a motivação não será
obrigatória quando a lei dispensar ou se a natureza do ato for com ela compatível. Nesses

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casos, o motivo não será expresso pela Administração, ou seja, embora o motivo exista, não
haverá motivação do ato.
É bom lembrar que a boa prática administrativa recomenda a motivação de todo ato
administrativo, a fim de se dar maior transparência à atividade administrativa. A Lei nº 9.784/99,
em seu art. 50, enumera diversos atos administrativos que exigem motivação.

II) TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES


Quando a explicitação do motivo não for exigida, o agente fica com a faculdade de praticá-lo
sem motivação, entretanto, se motivar, terá que demonstrar sua efetiva ocorrência, como, por
exemplo, no caso de dispensa de um servidor exonerável que não exija motivação. Se forem
explicitados os motivos, ficará a autoridade que os deu sujeita à comprovação de sua real
existência.
A partir do momento em que o administrador público motiva um ato administrativo que não
precisava ser motivado, a motivação passa a integrar a validade do ato administrativo, devendo
ser comprovada a existência dos motivos alegados pelo administrador.
Porém, cabe ressaltar que a teoria dos motivos determinantes não transforma o ato
discricionário em vinculado, pois o ato, na sua essência, continua sendo discricionário, ficando
o administrador sim vinculado à comprovação dos motivos alegados.

III) MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO


Como foi visto acima, nem todos os elementos estruturais dos atos administrativos devem ser
vinculados, visto que em a alguns deles a lei confere certa margem de liberdade à atuação
do administrador. Assim, o administrador pode decidir pela conveniência e oportunidade da
prática de determinado ato, quanto à escolha dos elementos motivo e objeto.
Os atos vinculados são aqueles em que não há margem de opção para o administrador, sua
liberdade de atuação é restringida expressamente por lei. Todos os seus elementos estruturais
se encontram detalhados em previsão legal.
Já os atos discricionários são aqueles em que a lei confere ao administrador uma certa margem
de opção, possibilitando-lhe decidir sobre a conveniência e a oportunidade de seus atos, por
meio da valoração do motivo e do objeto.
A esse conjunto (motivo + objeto) dá-se o nome de mérito do ato administrativo. E é justamente
esse núcleo de elementos que permite verificar se um ato é vinculado ou discricionário.
É importante ressaltarmos que, nos atos vinculados, todos os seus elementos são ditos
vinculados. Nos atos discricionários, os requisitos motivo e objeto são requisitos não vinculados,
ou seja, há certa margem de liberdade de atuação do agente em sua prática.
Sucintamente, podemos definir o mérito do ato administrativo como sendo a escolha do
administrador quanto à conveniência e à oportunidade da prática do ato, ou seja, só haverá
mérito em ato administrativo discricionário. Não há mérito do ato administrativo vinculado.

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O mérito do ato administrativo não pode, em princípio, ser aferido pelo Poder Judiciário, dada a
separação dos poderes. Ao administrador público que vivencia cada situação é que cabe decidir
pela oportunidade e pela conveniência do ato.
Não há vedação para que o Poder Judiciário analise a legalidade dos atos discricionários.
Assim, ao Judiciário cabe verificar os elementos vinculados do ato administrativo discricionário
(competência, finalidade e forma) e também se, na escolha do motivo e do objeto do ato
administrativo, foram observados os limites da lei.

4. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São as características dos atos administrativos:


a) PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE OU LEGITIMIDADE;
b) IMPERATIVIDADE;
c) AUTOEXECUTORIEDADE;
d) TIPICIDADE.

a) PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE OU LEGITIMIDADE


Atributo presente em todas as espécies de atos administrativos. Relaciona-se com a necessidade
de a Administração praticar seus atos de maneira célere. Os atos administrativos presumem-se
legítimos, até prova em contrário. Assim, em regra, desde o momento de sua edição, ainda que
contenha vício de formação, os atos administrativos estão aptos para produzir seus efeitos.
Obviamente, esse atributo não impede que seja decretada, posteriormente, sua invalidade
pela Administração ou pelo Poder Judiciário. O que ocorre é que, enquanto tal invalidade não
for comprovada, considera-se válido e apto a produzir seus efeitos os atos administrativos.
Essa presunção é relativa (presunção júris tantum de legitimidade). Sendo assim, ocorre a
inversão do ônus da prova para quem invoca a ilegitimidade do ato.
Já por meio da presunção de veracidade, presume-se que o conteúdo do ato é verdadeiro. A
Banca da Fundação Carlos Chagas ratificou, em algumas provas, a opinião de que a presunção
de legalidade ou legitimidade não se confunde com a presunção de veracidade. Outras bancas,
porém, já consideram as três expressões como sinônimas.

b) IMPERATIVIDADE
É a possibilidade de a Administração Pública impor os seus atos aos particulares,
independentemente da vontade do particular. Decorre do Poder Extroverso do Estado, ou seja,
do Poder de Império que a Administração exerce sobre os particulares, já que busca sempre
atingir o interesse público.

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Trata-se de um atributo que não está presente em todas as espécies de atos administrativos.
Só é encontrada naqueles atos em que se faz presente a força coercitiva do Estado, ou seja, de
execução forçada.
Sendo assim, encontraremos tal atributo nos atos de polícia, nos atos normativos e nos atos
punitivos.
Por outro lado, os atos de interesse dos administrados dispensam tal atributo. Assim, não é
necessário na obtenção de uma autorização ou de uma certidão, por exemplo.
Da mesma forma que a presunção de legitimidade, encontra-se presente nos atos
administrativos desde o momento de sua edição, ainda que eivados de vícios quanto à sua
validade.

c) AUTOEXECUTORIEDADE
Segundo Hely Lopes Meirelles, “a auto-executoriedade consiste na possibilidade de certos
atos administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração,
independentemente de ordem judicial”.
Como bem define Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: “Assim, o atributo auto-executoriedade
é que autoriza a ação imediata e direta da Administração Pública naquelas situações que
exigem medida urgente, a fim de evitar-se prejuízo maior para toda a coletividade”.
Como podemos presumir, também não é uma característica presente em todos os atos. Não
se deve confundir a dispensa de manifestação prévia do Poder Judiciário nos atos próprios da
Administração com restrição ao acesso do particular ao Judiciário em caso de ameaça ou lesão
a direito seu. O particular sempre poderá recorrer ao Judiciário para comprovar que houve
arbítrio, desvio ou excesso de poder na prática de certo ato administrativo. Como exemplo de
ato autoexecutório, podemos citar os atos de polícia.
Celso Antônio Bandeira de Mello ainda divide a autoexecutoriedade em exigibilidade e
executoriedade e destaca que tais atributos não se confundem. Segundo o autor, temos que:
Exigibilidade: é a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa,
pode exigir de terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que impôs. É o atributo
do ato mediante o qual se impele à obediência, ao atendimento da obrigação imposta, sem
necessidade do Poder Judiciário.
Executoriedade: é a qualidade pela qual o Poder Judiciário pode compelir materialmente o
administrado, sem precisão de buscar previamente as vias judiciais, ao cumprimento da
obrigação que impôs e exigiu.

d) TIPICIDADE:
Decorre do princípio da legalidade. Assim, o ato administrativo deve corresponder a figuras
definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados, como
decorrência do atributo da tipicidade.

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5. FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Uma vez publicado o ato, estará ele sujeito ao atributo da presunção de legitimidade, ou
seja, mesmo que o ato contenha algum vício (defeito) em um de seus elementos de validade,
permanecerá existindo no mundo jurídico, até que ocorra a sua extinção.
Segundo os grandes doutrinadores, as principais formas de invalidação do ato administrativo
são:

1) Anulação;
2) Revogação;
3) Cassação;
4) Caducidade;
5) Contraposição.

1) ANULAÇÃO

a) Definição:
Todo ato administrativo, para ser válido, deve conter os seus cinco elementos ou requisitos de
validade (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) isentos de vícios (defeitos). Caso
um desses elementos apresente-se em desacordo com a lei, o ato será nulo.
O pressuposto da anulação é que o ato possua um vício de legalidade em algum de seus
requisitos de formação. Com isso, podemos defini-la como sendo o desfazimento de um ato por
motivo de ilegalidade. A anulação decorre do controle de legalidade dos atos administrativos.

b) Quem pode ANULAR ato administrativo?


A anulação de um ato que contenha vício de legalidade pode ocorrer tanto por parte do Poder
Judiciário (controle externo) quanto da própria Administração Pública (controle interno).
É óbvio que sendo a Administração Pública seguidora do Princípio da Legalidade, deve ela, por
ato próprio, anular o ato ilegal.
Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá
ser anulado tanto pelo próprio Poder Legislativo (Administração Pública) quanto pelo Poder
Judiciário.
A invalidação por via judicial dependerá, sempre, de provocação do interessado. Já a via
administrativa poderá resultar do Poder de Autotutela do Estado, que deve extingui-lo, muito
embora proveniente da manifestação de vontade de um de seus agentes, contenha vício de
legalidade.

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c) Efeitos da Anulação:
Uma vez que o ato administrativo ofende a lei, é lógico afirmarmos que a invalidação opera
efeitos ex-tunc, retroagindo à origem do ato, ou seja, como bem explicita Bandeira de Melo:
“fulmina o que já ocorreu, no sentido de que se negam hoje os efeitos de ontem”.

2) REVOGAÇÃO

a) Definição:
Ocorre no momento em que um ato válido, legítimo e perfeito torna-se inconveniente e
inoportuno ao interesse público.
O ato não possuía qualquer vício de formação, porém, não atende mais aos pressupostos de
conveniência e oportunidade.
É importante ressaltarmos que o conceito de revogação guarda estreita relação com o de ato
discricionário, visto ser o Poder Discricionário da Administração o fundamento de tal instituto.
Além disso, os atos vinculados são classificados, pelos grandes autores, como atos irrevogáveis,
visto que neles a lei não deixou opção ao administrador, no que tange à valoração da
conveniência e da oportunidade. Sendo assim, concluímos que a revogação decorre do controle
de mérito dos atos administrativos.

b) Quem pode REVOGAR ato administrativo?


Por depender de uma avaliação quanto ao momento em que o ato se tornou inoportuno e
inconveniente, a revogação caberá à autoridade administrativa no exercício de suas funções.
Seria inadmissível imaginar que o Poder Judiciário pudesse revogar ato administrativo,
pois tal competência depende da experiência/vivência do administrador público que decidirá
quanto à oportunidade e à conveniência da prática do ato.
Porém, é importante reforçarmos que, atipicamente, o Poder Judiciário também emite atos
administrativos (quando exerce a função administrativa). Nesse caso, caberá ao Poder Judiciário
revogar os seus próprios atos administrativos.
Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido pelo Poder Legislativo poderá ser
revogado, apenas, pelo próprio Poder Legislativo.

c) Efeitos da Revogação:
A revogação opera efeitos ex-nunc (proativos), ou seja, a partir de sua vigência. O ato de
revogação não retroagirá os seus efeitos, pois o ato revogado era perfeitamente válido, até o
momento em que se tornou inoportuno e inconveniente à Administração Pública.

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d) Atos Irrevogáveis
O Poder Discricionário dado à Administração Pública de revogar seus atos administrativos, por
questões lógicas não é ilimitado. Alguns atos são insuscetíveis de revogação, ou seja, são atos
ditos irrevogáveis.
Assim temos:
•• os atos consumados, que já exauriram seus efeitos;
•• os atos vinculados, pois nesse o administrador não tem escolha na prática do ato;
•• os atos que geram direitos adquiridos;
•• os atos que integram um procedimento administrativo;
•• os “meros atos administrativos” (certidões, pareceres, atestados).

QUADRO COMPARATIVO – RESUMO – ANULAÇÃO X REVOGAÇÃO:

FORMAS DE EXTINÇÃO ANULAÇÃO REVOGAÇÃO


Ilegalidade (ilegitimidade) Inconveniência ou
MOTIVO
do ato inoportunidade do ato
CONTROLE De Legalidade De Mérito
Administração Pública (Poder
Administração Pública
QUEM PROMOVE? que emitiu) ou o Poder
(Poder que emitiu)
Judiciário
EFEITOS DA EXTINÇÃO Ex-tunc (retroativos) Ex-nunc (proativos)

3) CASSAÇÃO
Na verdade, a cassação e a anulação de um ato administrativo possuem efeitos bem
semelhantes. A diferença básica é que, na anulação, o defeito no ato ocorreu em sua formação,
ou seja, na origem do ato, em um de seus requisitos de validade; já na cassação, o vício ocorre
na execução do ato.
Assim, Celso Antônio Bandeira de Mello define a cassação como sendo a extinção do ato porque
o destinatário descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a fim de poder
continuar desfrutando da situação jurídica.
Como exemplo, temos a cassação de uma licença, concedida pelo Poder Público, sob
determinadas condições, devido ao descumprimento de tais condições pelo particular
beneficiário de tal ato.
É importante observarmos que a cassação possui caráter punitivo (decorre do descumprimento
de um ato).

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4) CADUCIDADE
A caducidade origina-se com uma legislação superveniente que acarreta a perda de efeitos
jurídicos da antiga norma que respaldava a prática daquele ato.
Diógenes Gasparini define: “quando a retirada funda-se no advento de nova legislação que
impede a permanência da situação anteriormente consentida”.
Ocorre, por exemplo, quando há retirada de permissão de uso de um bem público, decorrente
de uma nova lei editada que proíbe tal uso privativo por particulares. Assim, podemos afirmar
que tal permissão “caducou”.

5) CONTRAPOSIÇÃO
Também chamada por alguns autores de “derrubada”. Quando um ato deixa de ser válido em
virtude da emissão de um outro ato que gerou efeitos opostos ao seu, dizemos que ocorreu a
contraposição. São atos que possuem efeitos contrapostos e, por isso, não podem existir ao
mesmo tempo.
Exemplo clássico é a exoneração de um funcionário, que aniquila os efeitos do ato de nomeação.

FORMA DE EXTINÇÃO PALAVRA-CHAVE


Anulação Ilegalidade/Controle de Legalidade/Vício de Legalidade
Revogação Inconveniente/Inoportuno/Controle de Mérito
Cassação Sanção/Caráter Punitivo/Descumpriu a Condição
Caducidade Nova Legislação
Contraposição Efeitos Opostos

6) CONVALIDAÇÃO:
Sinônimos: convalidação ou sanatória ou saneamento ou aperfeiçoamento.
Tradicionalmente, a doutrina dividia os atos administrativos em válidos e nulos. Com a
evolução do Direito Administrativo Brasileiro, a doutrina passou a aceitar a classificação dos
atos administrativos em:
Ato válido – possui todos os requisitos de acordo com a lei;
Ato nulo – aquele que possui um vício insanável;
Ato anulável – aquele que possui um vício sanável.
Com o surgimento dos atos anuláveis, surgiu a possibilidade de convalidação dos atos
administrativos, que, de forma sucinta, pode ser definida como a possibilidade de a
Administração consertar vícios sanáveis existentes em alguns elementos do ato, desde que
não gere lesão ao interesse público ou a terceiros.

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Analisando tal definição, percebemos que a convalidação, segundo o ordenamento jurídico


vigente é uma POSSIBILIDADE para a Administração Pública, logo, caracteriza-se como ato
discricionário.
Como pressupostos da convalidação temos que: o vício deve ser sanável (vício insanável não
pode ser convalidado, gerando a nulidade do ato) e não acarretar lesão ao interesse público ou
a terceiros.
Além disso, a convalidação só atinge a alguns elementos do ato. A doutrina majoritária afirma
que ela só poderá incidir nos elementos: competência (salvo os casos de incompetência em
razão da matéria e as matérias de competência exclusiva) e forma (desde que ela não seja
essencial à validade do ato.
Não caberá convalidação sobre a finalidade, o motivo e o objeto, ou seja, o ato com vício em
tais elementos é classificado com um ato nulo, visto que possui vício insanável.
A convalidação, assim como a invalidação do ato, tem efeitos retroativos (ex-tunc), retroagindo
seus efeitos ao momento em que o ato foi praticado.
Segundo o ordenamento jurídico, existem duas hipóteses de convalidação:
a) Convalidação expressa: é a tradicional, por iniciativa discricionária da Administração
Pública, desde que o ato possua vícios sanáveis e não acarrete lesão ao interesse público
ou a terceiros;
b) Convalidação tácita: ocorre, automaticamente, quando os efeitos do ato administrativo
são favoráveis ao administrado (qualquer forma de vício), desde que a Administração não
anule tal ato dentro de um prazo decadencial de 5 anos. Findo esse prazo, sem que haja
manifestação da Administração Pública no sentido de anulá-lo, tornam-se definitivos os
seus efeitos, salvo comprovada má-fé por parte do beneficiário.

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Questões CESPE

1. (Cespe – DPE-PE – Defensor Público – 2015) 5. Conforme a jurisprudência, o ato adminis-


trativo que impõe sanção disciplinar a ser-
Os atos da administração que apresentarem vidor público vincula-se aos princípios da
vício de legalidade deverão ser anulados proporcionalidade, dignidade da pessoa hu-
pela própria administração. No entanto, se mana e culpabilidade. Dessa forma, o con-
de tais atos decorrerem efeitos favoráveis trole jurisdicional desse ato é amplo, não se
a seus destinatários, o direito da adminis- limitando aos aspectos formais do procedi-
tração de anular esses atos administrativos mento sancionatório.
decairá em cinco anos, contados da data em
que forem praticados, salvo se houver com- ( ) Certo   ( ) Errado
provada má-fé.
( ) Certo   ( ) Errado 6. Segundo a doutrina, os atos administrativos
gozam dos atributos da presunção de legiti-
midade, da imperatividade, da exigibilidade
2. (Cespe – ENAP – Administrador – 2015) e da autoexecutoriedade.
O direito de a administração anular seus ( ) Certo   ( ) Errado
próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornem ilegais, implica a desnecessidade
de garantir o contraditório e a ampla defesa 7. De acordo com a doutrina, o ato adminis-
ao terceiro prejudicado. trativo será considerado perfeito, inválido e
eficaz, quando, concluído o seu ciclo de for-
( ) Certo   ( ) Errado mação, e não se conformando às exigências
normativas, ele produzir os efeitos que lhe
3. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário – seriam inerentes.
2015) ( ) Certo   ( ) Errado
A presunção de legitimidade e veracidade
dos atos administrativos é absoluta. 8. Os atos administrativos só podem ser anu-
( ) Certo   ( ) Errado lados mediante ordem judicial.
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – TRT10 – Analista Judiciário – 2012)

4. A competência administrativa pode ser 9. Toda lei, para sua execução, depende de
transferida e prorrogada pela vontade dos regulamentação, que consiste em um ato
interessados, assim como pode ser delega- administrativo geral e normativo expedido
da e avocada de acordo com o interesse do pelo chefe do Poder Executivo.
administrador. ( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

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10. Os atos discricionários praticados pela ad- 15. (Cespe – TRE-MT – Analista Judiciário –
ministração pública estão sujeitos ao con- 2015)
trole pelo Poder Judiciário quanto à lega-
lidade formal e substancial, observada a O controle dos atos administrativos realiza-
vinculação da administração aos motivos do pela administração pública denomina-se
embasadores dos atos por ela praticados, tutela administrativa e possibilita que o pró-
os quais conferem a eles legitimidade e vali- prio ente que produziu o ato avalie sua lega-
dade. lidade, de ofício ou após provocação.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

(Cespe – TRT10 – Analista Judiciário – 2012) 16. (Cespe – TRE-MT – Analista Judiciário –
2015)
11. Os atos administrativos do Poder Executivo O ato administrativo discricionário pratica-
não são passíveis de revogação pelo Poder do por agente incompetente dever ser revo-
Judiciário. gado pela administração.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

12. Sendo a revogação a extinção de um ato ad- 17. (Cespe – TRF-2 – Juiz – 2012)
ministrativo por motivos de conveniência e
oportunidade, é ela, por essência, discricio- Em razão da teoria dos motivos determi-
nária. nantes, no caso de exoneração ad nutum
de ocupante de cargo em comissão, de livre
( ) Certo   ( ) Errado nomeação e exoneração, não há necessida-
de de motivação, mas, caso haja motivação,
13. O Poder Judiciário, no exercício da atividade o administrador ficará vinculado a seus ter-
administrativa, pode exercer controle admi- mos.
nistrativo, inclusive para revogar seus pró- ( ) Certo   ( ) Errado
prios atos administrativos.
( ) Certo   ( ) Errado (Cespe- TRE-MS – Analista Administrativo –
2012)
14. (Cespe – TRE-MT – Analista Administrativo
– 2015) 18. O ato administrativo ilegal praticado por
agente administrativo corrupto produz efei-
A anulação dos atos administrativos, a título tos normalmente, pois traz em si o atributo
de controle judicial, consiste na possibilida- da presunção, ainda que relativa, de legiti-
de de o Poder Judiciário rever os atos admi- midade.
nistrativos por motivo de conveniência ou
oportunidade. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
19. Configura excesso de poder o ato do admi-
nistrador público que remove um servidor
de ofício com o fim de puni-lo.
( ) Certo   ( ) Errado

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20. (Cespe – TRE-RJ – Analista Judiciario – 25. Segundo o entendimento firmado no âm-
2012) bito do STJ, quando se tratar de ato de de-
missão de servidor público, é permitido
Tratando-se de nulidade superveniente, os questionar o Poder Judiciário acerca da le-
efeitos da declaração de nulidade de deter- galidade da pena a ele imposta, até porque,
minado ato administrativo não retroagem. em tais circunstâncias, o controle jurisdicio-
( ) Certo   ( ) Errado nal é amplo, no sentido de verificar se há
motivação para o ato de demissão.

21. (Cespe – TJ-RR – Tecnico Judiciario – 2012) ( ) Certo   ( ) Errado

Caracteriza desvio de finalidade, espécie de


abuso de poder, a conduta do agente que, 26. (Cespe – TRF-2ª – Juiz Substituto – 2011)
embora dentro de sua competência, se afas- É possível a convalidação do ato administra-
ta do interesse público, que deve nortear tivo quando o vício incide em qualquer um
todo o desempenho administrativo, para de seus elementos.
alcançar fim diverso daquele que a lei lhe
permitiu. ( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – TRF-1ª – Juiz Substituto – 2011)
(Cespe – TJ-DF – Procurador – 2012) 27. Embora o ato administrativo seja dotado da
denominada presunção de veracidade, o
22. Por força do princípio da legalidade, a ad- Poder Judiciário pode apreciar de ofício sua
ministração pública não está autorizada a validade.
reconhecer direitos contra si demandados
quando estiverem ausentes seus pressupos- ( ) Certo   ( ) Errado
tos.
( ) Certo   ( ) Errado 28. De acordo com a doutrina, a competência
para a prática do ato administrativo decorre
sempre de lei, não podendo o próprio órgão
23. Constitui exteriorização do princípio da au- estabelecer, por si, as suas atribuições.
totutela a súmula do STF que enuncia que
“A administração pode anular seus próprios ( ) Certo   ( ) Errado
atos, quando eivados dos vícios que os tor-
nam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de con- 29. Quanto à exequibilidade, é denominado ato
veniência e oportunidade, respeitados os di- administrativo pendente aquele que não
reitos adquiridos, e ressalvada, em todos os completou seu ciclo de formação, razão pela
casos, a apreciação judicial”. qual não está apto à produção de efeitos.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

24. O ato administrativo pode ser perfeito, invá-


lido e eficaz.
( ) Certo   ( ) Errado

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(Cespe – TCU – AFCE – 2011) 35. Não havendo impedimento legal, o ato ad-
ministrativo pode ser delegado a órgãos ou
Considerando que os atos administrativos titulares hierarquicamente subordinados e,
têm por finalidade a produção de efeitos em determinadas circunstâncias, a outros
jurídicos determinados, condizentes com o órgãos ou titulares.
interesse público, julgue os itens a seguir.
( ) Certo   ( ) Errado
30. Tendo em vista a aplicação da teoria da rea-
lidade, a doutrina administrativista entende 36. A decisão de recurso administrativo pode
válidos os efeitos decorrentes de ato admi- ser objeto de delegação.
nistrativo típico praticado por pessoa inves-
tida de forma irregular em cargo, emprego ( ) Certo   ( ) Errado
ou função pública.
(Cespe – TCU – AFCE – 2011)
( ) Certo   ( ) Errado
No que se refere aos atos administrativos,
julgue os seguintes itens.
31. Incluem-se na classificação de atos admi-
nistrativos discricionários os praticados em 37. Delegação não transfere competência, mas
decorrência da aplicação de norma que con- somente, e em caráter temporário, trans-
tenha conceitos jurídicos indeterminados. fere o exercício de parte das atribuições do
( ) Certo   ( ) Errado delegante.
( ) Certo   ( ) Errado
32. Considera-se anulado o ato administrativo
extinto em decorrência de controle de méri- 38. A forma é requisito vinculado e imprescindí-
to, segundo critério discricionário, que ava- vel à validade do ato administrativo: sempre
lia oportunidade e conveniência. que a lei expressamente exigir determinada
( ) Certo   ( ) Errado forma para a validade do ato, a inobservân-
cia dessa exigência acarretará a nulidade
desse ato.
33. Os atos vinculados são passíveis de revoga-
ção. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
39. O ato discricionário não está sujeito à apre-
ciação do Poder Judiciário.
34. A presunção de legitimidade, como atributo
do ato administrativo, representa a faculda- ( ) Certo   ( ) Errado
de ou a prerrogativa conferida à adminis-
tração pública para impor, unilateralmente, 40. Ao celebrar com particular um contrato de
obrigações aos administrados e interferir na abertura de contacorrente, um banco esta-
esfera alheia independentemente de anu- tal pratica ato administrativo.
ência prévia.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

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(Cespe – DPU Administrativo – 2010) 46. (Cespe – TRF-5 – Juiz Federal – 2015)
Com relação aos atos administrativos, assi- A competência, como elemento do ato ad-
nale a opção correta. ministrativo, pode ser delegada a outros
órgãos ou agentes, se não houver impedi-
41. Valendo-se de seu poder de autotutela, a mento legal, mesmo que estes não sejam
administração pública pode anular o ato ad- hierarquicamente subordinados aos que
ministrativo, sendo que o reconhecimento possuam a competência originária.
da desconformidade do ato com a lei produz
efeitos a partir da própria anulação. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
47. (Cespe – CGE-PI – Auditora – 2015)

42. Pelo atributo da presunção de veracidade, a A administração pode anular os próprios


validade do ato administrativo não pode ser atos, por motivo de conveniência ou oportu-
apreciada de ofício pelo Poder Judiciário. nidade, respeitados os direitos adquiridos e
ressalvada a apreciação judicial, bem como
( ) Certo   ( ) Errado pode revogá-los quando eles estiverem ei-
vados de vícios que os tornem ilegais.
43. Os atos administrativos discricionários, por ( ) Certo   ( ) Errado
sua própria natureza, não admitem o con-
trole pelo Poder Judiciário.
48. (Cespe – TCU – Técnico de Controle Externo
( ) Certo   ( ) Errado – 2015)
Agirá de acordo com a lei o servidor público
44. (Cespe – MPE-ES – 2010) federal que, ao verificar a ilegalidade de ato
administrativo em seu ambiente de traba-
Como faculdade de que dispõe a adminis- lho, revogue tal ato, para não prejudicar ad-
tração para extinguir os atos que considera ministrados, que sofreriam efeitos danosos
inconvenientes e inoportunos, a revogação em consequência da aplicação desse ato.
pode atingir tanto os atos discricionários
como os vinculados. ( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
49. (Cespe – TCU – Técnico de Controle Externo
– 2015)
45. (Cespe – MPE-ES – 2010)
Conforme a teoria dos motivos determinan-
Todos os atos administrativos dispõem da tes, a validade do ato administrativo vincu-
característica da autoexecutoriedade, isto la-se aos motivos que o determinaram, sen-
é, o ato, tão logo praticado, pode ser ime- do, portanto, nulo o ato administrativo cujo
diatamente executado, sem necessidade de motivo estiver dissociado da situação de di-
intervenção do Poder Judiciário. reito ou de fato que determinou ou autori-
( ) Certo   ( ) Errado zou a sua realização.
( ) Certo   ( ) Errado

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50. (Cespe – TCU – Técnico de Controle Externo 55. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2015)
– 2015)
A decisão de recursos administrativos e a
A revogação de atos pela administração pú- prática de atos ordinatórios do processo não
blica por motivos de conveniência e opor- são passíveis de delegação.
tunidade não possui limitação de natureza
material, mas somente de natureza tempo- ( ) Certo   ( ) Errado
ral, como, por exemplo, o prazo quinquenal
previsto na Lei n.º 9.784/1999, que regula o 56. (Cespe – DPU – 2016)
processo administrativo no âmbito do servi-
ço público federal. Caso seja necessário, a administração públi-
ca poderá revogar ato administrativo válido
( ) Certo   ( ) Errado e legítimo.
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – TCU – Técnico de Controle Externo
– 2015)
57. (Cespe – TRE-MT – Analista Administrativo
Julgue os itens seguintes, relativos aos atos
– 2015)
administrativos.
A anulação dos atos administrativos, a título
51. É proibido delegar a edição de atos de cará- de controle judicial, consiste na possibilida-
ter normativo. de de o Poder Judiciário rever os atos admi-
nistrativos por motivo de conveniência ou
( ) Certo   ( ) Errado oportunidade.
( ) Certo   ( ) Errado
52. Ao delegar a prática de determinado ato ad-
ministrativo, a autoridade delegante trans-
fere a titularidade para sua prática. 58. (Cespe – Procurador de Salvador – 2015)
( ) Certo   ( ) Errado Revogação é instrumento jurídico utilizado
pela administração pública para suspender
temporariamente a validade de um ato ad-
53. Decretos não são considerados atos admi- ministrativo por motivos puramente discri-
nistrativos. cionários.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

54. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2015) 59. (Cespe – Procurador de Salvador – 2015)
A administração deverá anular seus próprios A prerrogativa de invalidar ato administra-
atos quando estes contiverem vícios de le- tivo é da própria administração pública, ao
galidade ou quando houver motivo de con- passo que a de revogá-lo é do Poder Judici-
veniência ou oportunidade. Nesses casos, a ário, em decisão referente a caso concreto
anulação produzirá efeitos ex tunc. que lhe seja apresentado.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

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60. (Cespe – Procurador de Salvador – 2015)


Se ficar constatado que determinado ato
administrativo contém vício de legalidade,
a administração pública deverá promover a
sua revogação.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C 2. E 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. E 9. E 10. C 11. C 12. C 13. C 14. E 15. E 16. E 17. C 
18. C 19. E 20. E 21. C 22. C 23. C 24. C 25. C 26. E 27. E 28. C 29. E 30. E 31. C 32. E 33. E 34. E 
35. C 36. E 37. C 38. C 39. E 40. E 41. E 42. C 43. E 44. E 45. E 46. C 47. E 48. E 49. C 50. E 51. C 
52. E 53. E 54. E 55. E 56. E 57. C 58. E 59. E 60. E

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Questões FCC

1. (FCC – TRT 19 – Oficial de Justiça – 2014) de do certame. Em vista dessa situação, as


certidões por eles emitidas
A atuação discricionária da Administração
pública a) não podem ser atribuídas ao ente es-
tatal, sendo nulas de pleno efeito, em
a) nem sempre se fundamenta por razões face da teoria da usurpação de poder.
de conveniência e oportunidade. b) são consideradas válidas, ressalvada a
b) permite, excepcionalmente, a edição de existência de outros vícios na sua pro-
atos que contrariem a lei, desde que fa- dução, o que se explica pela teoria do
voráveis ao interesse público. órgão ou da imputação.
c) aplica-se aos atos administrativos vin- c) são anuláveis, desde que os interessa-
culados. dos exerçam a faculdade de impugná-
d) tem como exemplo a revogação de atos -las.
administrativos. d) são consideradas inválidas, o que se ex-
e) tem como exemplo a anulação de atos plica pela teoria dos motivos determi-
administrativos. nantes.
e) são consideradas inexistentes, visto que
2. (FCC – TJ-PE – Ser. Notoriais Registro-Re- sua produção se deu sem um dos ele-
moção – 2013) mentos essenciais do ato administrati-
Como consequência decorrente dos vícios, vo, a saber, o agente competente.
os atos administrativos podem ser
4. (FCC – TRT-18ª Região – Analista Judiciário
a) nulos, sendo, no entanto, passíveis de – 2013)
convalidação, com base na discriciona-
riedade da Administração. Pode-se conceituar os atos administrativos
b) anuláveis, passíveis de convalidação como manifestações de vontade do Estado,
diante de vício de forma. as quais são dotadas de alguns atributos.
c) anuláveis, passíveis de convalidação por Dentre eles, destaca-se a presunção de legi-
vício quanto ao motivo declarado. timidade e veracidade, que
d) nulos, passíveis de convalidação quan- a) significa a presunção absoluta de con-
do se tratar de vício de competência, formidade com a lei, dependendo de
ainda que exclusiva. decisão judicial para eventual desfazi-
e) anuláveis, quando se tratar vício de fi- mento.
nalidade, desde que a finalidade prati- b) consiste na presunção de que o ato pra-
cada também tenha sido pública. ticado está conforme a lei e de que os
fatos atestados pela Administração são
3. (FCC – ALE-PB – Procurador – 2013) verdadeiros, admitindo, no entanto,
Em razão de nulidade constatada em con- prova em contrário.
curso público, diversos servidores que tra- c) significa uma derivação do princípio da
balhavam com a expedição de certidões em legalidade, na medida em que os atos
repartição estadual tiveram suas nomea- praticados pela Administração possuem
ções e respectivos atos de posse anulados, força de lei, podendo instituir direitos e
embora não tivessem dado causa à nulida- obrigações aos administrados.

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d) consiste na necessidade de que se- c) deverá anular o ato, não podendo a
jam confirmados pelo poder judiciário anulação operar efeito retroativo, salvo
quando veicularem a produção de efei- comprovada má-fé do beneficiário.
tos limitadores de direitos dos adminis- d) deverá revogar o ato, preservando os
trados. efeitos até então produzidos, desde
e) significa que os atos administrativos se que não haja prejuízo à Administração.
impõem a terceiros, mesmo que esses e) deverá anular o ato, produzindo a anu-
não concordem, podendo a Administra- lação efeitos retroativos à data em que
ção adotar medidas coercitivas diretas foi emitido o ato eivado de vício não
e concretas para fazer valer sua decisão. passível de convalidação.

5. (FCC – PGE-CE – Técnico Ministerial – 2013) 7. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –


2013)
No que concerne ao instituto da revogação
do ato administrativo, é correto afirmar que O ato administrativo ao distanciar-se do fim
público
a) a revogação pelo Judiciário só é possível
se o vício for na finalidade ou no motivo a) deve ser revogado.
do ato administrativo. b) detém vício em um de seus requisitos.
b) é possível o Judiciário revogar ato admi- c) apresenta vício em um dos atributos do
nistrativo viciado, seja qual for o vício. ato.
c) a revogação pelo Judiciário só é possível d) pode ser convalidado.
se o vício for na finalidade do ato admi- e) não comporta anulação.
nistrativo.
d) o Judiciário somente pode revogar ato 8. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –
administrativo se estiver diante de um 2013)
ato válido, isto é, absolutamente legal.
e) a revogação de ato administrativo só Considere:
pode ser feita pela Administração Públi- I – Os atos administrativos discricionários
ca. não comportam controle judicial, haja vista
a necessidade de respeito à atuação admi-
6. (FCC – Fiscal ICMS-SP – 2013) nistrativa discricionária, pautada por razões
Simão, comerciante estabelecido na capital de conveniência e oportunidade.
do Estado, requereu, perante a autoridade II – A discricionariedade ocorre, dentre ou-
competente, licença para funcionamento tras hipóteses, quando a lei é omissa, por-
de um novo estabelecimento. Embora o in- que não lhe é possível prever todas as situ-
teressado não preenchesse os requisitos fi- ações supervenientes ao momento de sua
xados na normatização aplicável, a Adminis- promulgação, hipótese em que a autorida-
tração, levada a erro por falha cometida por de deverá decidir conforme os princípios
funcionário no procedimento correspon- extraídos do ordenamento jurídico.
dente, concedeu a licença. Posteriormente,
constatado o equívoco, a Administração III – Arbitrariedade não se confunde com
discricionariedade; naquela, a Administra-
a) somente poderá desfazer o ato judicial- ção ultrapassa os limites traçados pela lei,
mente, em face da preclusão adminis- passando a atuar contrariamente à lei.
trativa.
b) poderá revogar o ato, com base em ra- Está correto o que se afirma APENAS em:
zões de conveniência e oportunidade,
a) III.
sem prejuízo da apreciação judicial.

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b) I. II – A revogação do ato administrativo,


c) I e II. quando feita pelo Judiciário, produz efeitos
d) II e III. ex tunc.
e) II.
III – A convalidação consiste em modalidade
9. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial – de extinção do ato administrativo, por con-
2013) ter vício insanável.

A Administração Pública revogou ato admi- Está correto o que se afirma em:
nistrativo que havia gerado direito adquiri- a) I e III, apenas.
do. Ao administrado tal postura está: b) I, II e III.
a) incorreta, pois o ato administrativo que c) I, apenas.
gera direito adquirido não é previsto no d) I e II, apenas.
ordenamento jurídico. e) II, apenas.
b) correta, vez que a revogação destina-se
justamente a extirpar ato ilegal. 12. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –
c) correta e independe de qualquer con- 2013)
trapartida ao administrado. O efeito jurídico imediato que o ato admi-
d) correta, desde que indenize o adminis- nistrativo produz é:
trado.
e) incorreta, pois tal ato não comporta re- a) o objeto do ato.
vogação. b) a motivação do ato.
c) a forma do ato.
10. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial – d) a finalidade do ato.
2013) e) o motivo do ato.

Considere a seguinte hipótese: o Ministério 13. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –


dos Transportes praticou ato administrativo 2013)
de competência do Ministério das Teleco-
municações. Nesse caso, A teoria dos motivos determinantes

a) é possível a revogação do ato adminis- a) destina-se ao ato administrativo proferi-


trativo. do sem motivação.
b) o ato deve ser anulado, por conter vício b) tem por objetivo revogar atos adminis-
insanável de competência. trativos que adotaram motivos falsos ou
c) há vício de objeto do ato administrativo. inexistentes.
d) é possível a convalidação do ato admi- c) não se aplica aos atos administrativos
nistrativo. discricionários.
e) há vício de forma do ato administrativo. d) vincula a validade do ato à motivação
nele contida.
11. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial – e) permite a convalidação de atos adminis-
2013) trativos que adotaram motivos falsos.

Com relação ao ato administrativo, conside- 14. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –
re as seguintes assertivas: 2013)
I – O objeto e o motivo do ato administrati- Marcelo, servidor público estadual e che-
vo, em determinadas hipóteses, podem ser fe de determinada repartição pública, ao
discricionários. utilizar-se do poder disciplinar, aplicou pena

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de demissão a seu subordinado Joaquim, d) não é possível a revogação, pois apenas
alegando, para tanto, o cometimento de os atos discricionários e ilegais podem
conduta que, na verdade, inexistiu. Marcelo ser revogados.
agiu premeditadamente, visando o ingresso e) é possível a revogação, pois pode se dar
de parente seu na vaga disponibilizada com em qualquer hipótese, desde que pre-
a saída de Joaquim. O ato administrativo de sentes os requisitos de conveniência e
demissão, no caso narrado, apresenta vício oportunidade.
de:
17. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – 2013)
a) motivo, apenas.
b) motivo e de finalidade. Considere as seguintes assertivas concer-
c) sujeito e de forma. nentes à discricionariedade e vinculação na
d) forma, apenas. atuação administrativa:
e) objeto, apenas.
I – O ato vinculado é analisado apenas sob o
15. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – aspecto da legalidade.
2013) II – Existe ato administrativo inteiramente
Romeo, servidor público, ao praticar deter- discricionário.
minado ato administrativo assim o fez com III – O ato discricionário é analisado apenas
vício de finalidade, isto é, o ato distanciou- sob o aspecto do denominado mérito admi-
-se do fim público. Nesse caso, nistrativo.
a) será possível a convalidação, que, na hi- IV – Um aspecto no qual concerne a discri-
pótese, terá efeitos ex tunc. cionariedade é o momento da prática do
b) caberá a anulação do ato administrativo ato, pois se a lei nada estabelecer, a Admi-
apenas pelo Poder Judiciário. nistração escolherá o momento mais ade-
c) será possível a convalidação, que, na hi- quado para atingir a consecução de deter-
pótese, terá efeitos ex nunc. minado fim.
d) Romeo deverá anular o ato administra-
tivo. Está correto o que se afirma APENAS em
e) Romeo poderá revogar o ato adminis-
a) I e IV.
trativo.
b) II, III e IV.
c) III e IV.
16. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – d) I e II.
2013) e) I, II e III.
A Administração Pública pretende revogar
ato administrativo vinculado e absoluta- 18. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial –
mente legal. Nesse caso, 2013)

a) o ato em questão não comporta revoga- Se a Administração Pública pune um funcio-


ção. nário, mas este não praticou qualquer infra-
b) o ato em questão deve sempre perma- ção, haverá vício:
necer no mundo jurídico, justamente
a) na forma do ato administrativo.
por ser absolutamente legal.
b) em um dos atributos do ato administra-
c) o ato administrativo em questão deve
tivo, mas não nos requisitos de tal ato.
ser extirpado do mundo jurídico através
c) no motivo do ato administrativo.
do instituto da convalidação e não da
d) no objeto do ato administrativo.
revogação.
e) no sujeito do ato administrativo.

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19. (FCC – Técnico Administrativo – TRT-9ª Re- a figuras previamente definidas pela lei
gião – 2013) como aptas a produzir determinados re-
sultados.
A respeito dos atos administrativos, é corre-
to afirmar que: 21. (FCC – TRT-11ª – Técnico Judiciário – 2012)
a) o mérito do ato administrativo corres- Determinado administrador público desa-
ponde ao juízo de conveniência e opor- propriou certo imóvel residencial com o
tunidade presente nos atos discricioná- propósito de perseguir o expropriado, seu
rios. inimigo político. Não obstante o vício narra-
b) os atos vinculados comportam juízo do, a Administração Pública decide conva-
de conveniência e oportunidade pela lidar o ato administrativo praticado (desa-
Administração, que pode revogá-los a propriação) com efeitos retroativos. Sobre o
qualquer tempo. fato, é correto afirmar que:
c) os atos discricionários não são passíveis
de revogação pela Administração, salvo a) Será possível a convalidação, a fim de
por vício de legalidade. ser aproveitado o ato administrativo
d) a discricionariedade corresponde ao juí- praticado, sanando-se, assim, o vício
zo de conveniência e oportunidade pre- existente.
sente nos atos vinculados. b) Não será possível a convalidação, sendo
e) os atos vinculados são passíveis de anu- ilegal o ato praticado, por conter vício
lação pela Administração, de acordo de finalidade.
com juízo de conveniência e oportuni- c) Não será possível a convalidação, sendo
dade. ilegal o ato praticado, por conter vício
de forma.
20. (FCC – Técnico Administrativo – TRT-1ª Re- d) Será possível a convalidação, no entan-
gião – 2013) to, ela deverá ter efeitos ex nunc e, não,
ex tunc.
A respeito de atributo dos atos administrati- e) Não será possível a convalidação, sendo
vos, é INCORRETO afirmar: ilegal o ato praticado, por conter vício
a) A presunção de veracidade é o atributo de objeto.
pelo qual o ato administrativo não pode
ser objeto de anulação pelo Poder Judi- 22. (FCC – MPE-AP – Técnico Ministerial – 2012)
ciário, salvo aqueles considerados dis- A Administração Pública pretende extinguir
cricionários. ato administrativo que contém vício de lega-
b) Imperatividade é o atributo pelo qual os lidade. Nesse caso, a Administração:
atos administrativos se impõem a ter-
ceiros, independentemente de sua con- a) deverá utilizar-se do instituto da revoga-
cordância. ção dos atos administrativos, de modo a
c) Presunção de legitimidade diz respeito retirá-lo do mundo jurídico.
à conformidade do ato com a lei, presu- b) deverá socorrer-se do Poder Judiciário
mindo-se, até prova em contrário, que o para extinguir o ato administrativo.
ato foi emitido com observância da lei. c) extinguirá o ato administrativo, com
d) O atributo da executoriedade permite à efeitos, em regra, ex nunc.
Administração o emprego de meios de d) deverá, obrigatoriamente, em qualquer
coerção para fazer cumprir o ato admi- hipótese de vício de legalidade, manter
nistrativo. o ato administrativo, corrigindo-se o ví-
e) A tipicidade é o atributo pelo qual o cio existente.
ato administrativo deve corresponder e) anulará o ato administrativo.

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23. (FCC – MPE-AP – Técnico Ministerial – 2012) d) válido, por decorrer do princípio da su-
premacia do interesse público.
Determinado órgão público, utilizando-se e) nulo, por conter vício de motivo.
do poder hierárquico, avocou atribuições de
seu órgão subordinado, atribuições estas de 25. (FCC – TST – Analista Judiciário – 2012)
competência exclusiva deste último. A avo-
cação, no caso narrado, Pelo atributo de auto executoriedade do ato
administrativo,
a) não é possível, uma vez que ela não é
consequência do poder hierárquico. a) as normas legais de Direito administra-
b) não é possível, tendo em vista que se tivo são consideradas de aplicabilidade
tratam de atribuições de competência imediata.
exclusiva do órgão subordinado. b) o mérito dos atos administrativos discri-
c) é possível, todavia, é decorrência do po- cionários não pode ser apreciado pelo
der disciplinar e não hierárquico da Ad- Poder Judiciário.
ministração Pública. c) o ato impõe-se ao seu destinatário, in-
d) é possível, ou seja, válida para qualquer dependentemente de sua concordân-
tipo de atribuição, sendo prática corri- cia.
queira da Administração Pública no uso d) cabe à Administração pô-lo em execu-
de seu poder hierárquico. ção, independentemente de interven-
e) não é possível quanto aos órgãos pú- ção do Poder Judiciário.
blicos, por isso não poderia ter sido re- e) o destinatário do ato administrativo
alizada, ao contrário do que narrou o pode executá-lo, independentemente
enunciado. da intervenção do agente administrati-
vo ou do Poder Judiciário.
24. (FCC – MPE-AP – Técnico Ministerial – 2012)
26. (FCC – Analista – TJ-RJ – Execução De Man-
A Administração Pública, ao promover ava- dados – 2012)
liação de desempenho de determinado
servidor público civil efetivo, assim o fez A Administração Pública revogou um ato
motivadamente. Dessa forma, constatou-se de outorga privativa de uso de bem público
através da pontuação conferida ao servidor, sob o único e expresso fundamento de que
por ocasião da avaliação, que os quesitos o permissionário teria cedido a área para
produtividade e assiduidade foram afetados terceiros. Posteriormente ficou demonstra-
por licenças, que não ultrapassaram o pra- do que essa informação era falsa. De acordo
zo de vinte e quatro meses, para tratamento com essas informações tem-se que a revo-
da própria saúde utilizadas pelo servidor. No gação da permissão de uso é
entanto, faz-se necessário esclarecer que a
lei aplicável considera o afastamento do ser- a) válida porque se trata de ato discricio-
vidor civil em virtude de licença para trata- nário, dispensando qualquer motiva-
mento da própria saúde como sendo de efe- ção.
tivo exercício. b) nula, uma vez que não foi respeitado o
contraditório e o princípio da eficiência.
O ato administrativo de avaliação de desem- c) válida, com fundamento na teoria dos
penho, narrado na hipótese, é motivos determinantes, pois o ato não
precisava ser motivado.
a) nulo, por conter vício de forma. d) nula, com fundamento na teoria dos
b) válido, por decorrer de poder discricio- motivos determinantes, uma vez que o
nário da Administração Pública. fundamento invocado para a revogação
c) nulo, por conter vício de objeto. da permissão de uso era falso.

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e) anulável, porque a Administração não c) improbidade


precisa produzir prova dos fundamen- d) excesso de poder.
tos que invocou, ante o princípio da su- e) prevaricação.
premacia do interesse público.
29. (FCC – TRF 3 – Oficial de Justiça – 2014)
27. (FCC – Analista Judiciário – TRF-2ª Região –
2012) O agente competente de um órgão público
emitiu determinada licença requerida por
A respeito da revogação e anulação dos atos um particular. Posteriormente, no mesmo
administrativos, analise: exercício, em regular correição na reparti-
ção, identificou-se que o agente não obser-
I – A revogação é aplicável apenas em re- vou que não foi preenchido um dos requi-
lação aos atos discricionários, podendo ser sitos legais para aquela emissão. Em razão
praticada somente pelo Poder Executivo em disso, a autoridade competente, sem preju-
relação aos seus próprios atos, em decor- ízo de outras possibilidades aqui não cote-
rência do ato tornar-se inconveniente e ino- jadas,
portuno, não podendo ser revogados pelo
Poder Judiciário, em sua função típica. a) poderá revogar a licença concedida, ins-
taurando processo administrativo com
II – Os atos discricionários praticados na es- observância da ampla defesa e do con-
fera do Poder Executivo poderão ser objeto traditório.
de anulação no âmbito desse mesmo Poder, b) não poderá anular a licença emitida, em
em decorrência de vício insanável, portanto razão do direito adquirido do particular
de ilegalidade, mas caberá também ao Po- beneficiado com o ato.
der Judiciário, em sua função típica, a anula- c) não poderá anular a licença emitida,
ção, desde que provocado. tendo em vista que se trata de ato ad-
III – Os atos vinculados praticados na esfe- ministrativo cujos efeitos já foram exau-
ra do Poder Executivo, aqueles que devem ridos, não havendo motivação para a re-
total observância ao respectivo texto legal, visão do mesmo.
não poderão, por esta mesma razão, serem d) deverá anular a licença emitida, diante
alvo de anulação por esse Poder, mas tão da ilegalidade verificada, garantindo,
somente pelo Poder Judiciário, em sua fun- para tanto, a observância, em regular
ção típica. processo administrativo, do contraditó-
rio e da ampla defesa.
Nas hipóteses acima descritas, está correto e) deverá ajuizar medida judicial cautelar
o que consta APENAS em para suspender a licença concedida e
a) III. pleitear a anulação posterior em ação
b) I e III. judicial autônoma.
c) I e II.
d) I. 30. (FCC – Fiscal ISS-SP – 2012)
e) II e III. O Município constatou, após transcorrido
grande lapso temporal, que concedera sub-
28. (FCC – Analista – TRE-PR – 2012) sídio a empresa que não preenchia os requi-
Quando o agente público atua fora dos limi- sitos legais para a obtenção do benefício.
tes de sua competência ele comete Diante de tal constatação, a autoridade

a) desvio de poder. a) não poderá revogar ou anular o ato, em


b) omissão. face da preclusão administrativa, de-
vendo buscar a invalidade pela via ju-

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dicial, desde que não decorrido o prazo a) Sim, porque o direito de proprieda-
decadencial. de deve ser respeitado, uma vez que a
b) deverá convalidar o ato, por razões de construção cumpre sua função social.
interesse público e para preservação do b) Não, porque os atos administrativos são
direito adquirido, exceto se decorrido o dotados de legitimidade, imperativida-
prazo decadencial. de e exigibilidade.
c) poderá revogar o ato concessório, uti- c) Não, porque os atos da Administração
lizando a prerrogativa de rever os pró- pública são dotados de revogabilidade,
prios atos de acordo com critérios de executoriedade e legitimidade.
conveniência e oportunidade. d) Sim, porque nenhuma lesão ou ameaça
d) deverá anular o ato, desde que não a direito será excluída da apreciação do
transcorrido o prazo decadencial, com Poder Judiciário.
efeitos retroativos à data em que o ato e) Sim, porque ninguém é obrigado a des-
foi emitido. fazer aquilo que realizou em prol de um
e) poderá anular o ato, com base em seu interesse social.
poder de autotutela, com efeitos a par-
tir da anulação. 33. (FCC – TCE-CE – Analista de Controle Exter-
no – Área Judiciária – 2015)
31. (FCC – TRT-MG – Técnico Judiciário – 2015)
Carmelo e Leôncio são servidores públicos,
Marlon, chefe de determinada repartição sendo o primeiro chefe do segundo. Leôncio
pública, ao aplicar penalidade ao servidor e Carmelo participaram de um torneio inter-
Milton, equivocou-se, e aplicou pena de ad- no de futebol e Leôncio foi eleito o melhor
vertência, ao invés da pena de suspensão. jogador do campeonato. Carmelo, inconfor-
No caso narrado, há mado com o resultado do prêmio futebolís-
tico, removeu Leôncio para localidade dis-
a) vício de motivo do ato administrativo. tante, a fim de que este não mais pudesse
b) vício relativo à forma do ato administra- participar do campeonato. Neste caso, Car-
tivo. melo
c) mera irregularidade, inexistindo qual-
quer vício no ato administrativo. a) deveria ter contado com a anuência da
d) vício relativo ao objeto do ato adminis- autoridade superior para efetuar a re-
trativo. moção.
e) vício de finalidade do ato administrati- b) agiu dentro das suas atribuições legais.
vo. c) poderia ter realizado esta remoção,
uma vez que possui poder hierárquico
32. (FCC – TCE-CE – Analista de Controle Exter- para tal.
no – Área Judiciária – 2015) d) somente poderia ter realizado a remo-
ção, com este fundamento, após a ins-
Laerte decidiu construir, sem a devida licen- tauração de processo administrativo.
ça ou alvará de construção, um pequeno e) incorreu em desvio de poder.
armazém em seu terreno. Os moradores do
bairro passaram a comprar no novo estabe-
lecimento. A Administração pública muni-
cipal precisa ingressar em juízo para que o
proprietário seja notificado a demolir o que
construiu?

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34. (FCC – CNMP – Administração – 2015) 35. (FCC – TCM-GO – Auditor Substituto – 2015)
Ato administrativo é: É certo que a Administração se manifesta
por meio de atos administrativos. No que
a) manifestação bilateral de poder da Ad- concerne ao desfazimento dos atos admi-
ministração pública que, agindo nessa nistrativos e seus efeitos, é correto afirmar
qualidade, tenha por fim imediato ad- que:
quirir, resguardar, transferir, modificar,
extinguir, declarar direitos e impor obri- a) Pode ocorrer por atuação da própria
gações aos administrados. Administração, na hipótese de estar
b) manifestação unilateral de vontade da presente vício de legalidade, não sendo
Administração pública que visa impor possível à Administração, no entanto,
obrigações aos administrados ou a si desfazer seus próprios atos por motivos
própria ou alguma realização material de conveniência e oportunidade, em ra-
em cumprimento a uma decisão de si zão do princípio da segurança jurídica.
própria. b) Pode ocorrer por atuação da própria ad-
c) manifestação unilateral de vontade da ministração, a qualquer tempo, por mo-
Administração pública que, agindo nes- tivo de legalidade, independentemente
sa qualidade, tenha por fim imediato de terem, os atos, produzido efeitos fa-
adquirir, resguardar, transferir, modifi- voráveis aos destinatários, sendo que a
car, extinguir e declarar direitos, ou im- invalidação, nesse caso, produzirá efei-
por obrigações aos administrados ou a tos ex tunc.
si própria. c) Quando presente vício de legalidade, a
d) realização material da Administração Administração tem o dever de anular o
em cumprimento de alguma decisão ad- ato administrativo, dever este que en-
ministrativa. contra limite, sempre que, nos termos
e) sinônimo de fato administrativo. da lei, tenha transcorrido prazo razoável
e dos atos decorram efeitos favoráveis
para destinatários de boa-fé.
d) Em razão do princípio da inafastabilida-
de da jurisdição, o Poder Judiciário pode
anular os atos administrativos ilegais e
revogar, a qualquer tempo, os atos ad-
ministrativos inoportunos, operando,
nesse último caso, automático retorno
da situação jurídica ao status quo ante.
e) A Administração pode revogar os atos
administrativos por razão de conveni-
ência e oportunidade e anular os atos
eivados de vício de legalidade, no en-
tanto, no primeiro caso, deve recorrer
ao judiciário, porque não incide, na es-
pécie, a autotutela.

Gabarito: 1. D 2. B 3. B 4. B 5. E 6. E 7. B 8. D 9. E 10. B 11. C 12. A 13. D 14. B 15. D 16. A 
17. A 18. C 19. A 20. A 21. B 22. E 23. B 24. E 25. D 26. D 27. C 28. D 29. D 30. D 31. D 32. B 
33. E 34. C 35. C

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TÓPICO 4

Poderes Administrativos

A expressão “poderes administrativos” traz implícita a ideia de uma faculdade dada ao


administrador público, porém, na realidade, tratam-se de poderes-deveres da Administração,
visto que sem eles, esta não conseguiria sobrepor a vontade da lei à vontade individual, o
interesse público sobre o privado.
Os poderes administrativos são ferramentas (prerrogativas) concedidas ao administrador
público para que seja atingida a finalidade de interesse público. Sendo assim, são irrenunciáveis
e devem ser exercidos nos limites da lei.
O professor Hely Lopes Meirelles classifica-os em:
a) poder vinculado;
b) poder discricionário;
c) poder hierárquico;
d) poder disciplinar;
e) poder regulamentar;
f) poder de polícia.

CUIDADO!
Para Maria Sylvia Di Pietro, os poderes discricionário e vinculado não existem como
poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos
de outros poderes ou competências da Administração.

1. Poder Vinculado

Também chamado de poder regrado. Relaciona-se à prática dos atos administrativos chamados
VINCULADOS. Nesse tipo de ato administrativo, é mínima ou inexistente a liberdade de escolha
por parte do administrador, ou seja, deverão ser executados de acordo com a lei.
Devemos lembrar que, nos atos administrativos vinculados, os seus cinco elementos ou
requisitos de validade (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) são rigorosamente

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estabelecidos por lei, não cabendo ao administrador público valorar quanto à conveniência/
oportunidade de sua prática.
Na verdade, até nos atos ditos discricionários, a competência, a finalidade e a forma são
elementos sempre vinculados.
Os atos vinculados que possuam algum vício em seus elementos ou requisitos de validade
deverão ser anulados pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Porém, são tidos
como irrevogáveis.

2. Poder Discricionário

Relaciona-se à prática dos atos chamados DISCRICIONÁRIOS. Nesse tipo de ato administrativo,
o administrador público possui certa margem de liberdade para atuar, podendo valorar quanto
à oportunidade e à conveniência de sua prática, escolhendo o motivo e o objeto da prática do
ato.
É importante ressaltar que, nos atos discricionários, a competência, a finalidade e a forma são
sempre elementos vinculados. A discricionariedade da prática do ato encontra-se presente na
escolha do motivo e do objeto (elementos não vinculados ou discricionários).
Devemos relembrar que o ato discricionário ilegal deverá ser anulado tanto pela Administração
quanto pelo Judiciário. Da mesma forma, nos atos discricionários, não cabe ao Poder Judiciário
apreciar o mérito do ato administrativo, que consiste justamente na escolha da conveniência
e oportunidade da prática do ato pelo administrador.
Só há mérito em atos administrativos discricionários, visto que, nos atos vinculados, não há
escolha quanto ao motivo e ao objeto.
Já a revogação ocorre quando o ato discricionário torna-se inoportuno/inconveniente para a
Administração Pública. Somente pode revogar um ato administrativo quem o praticou!

2.1 Limitações ao Poder Discricionário


A atuação da Administração Pública está limitada ao disposto em lei. Assim, a norma legal
funciona como a maior limitação à atuação do administrador público.

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Desde já, ressaltamos que a discricionariedade administrativa não se confunde com a atuação
arbitrária do administrador (não admitida em qualquer hipótese no Direito Brasileiro, visto que
é tida como sinônimo de ilegalidade, ilegitimidade ou abuso de poder).
Visando a um maior controle dos atos discricionários, justamente para que o Administrador
Público não ultrapasse os limites da discricionariedade, acarretando, consequentemente,
a arbitrariedade, a doutrina e a jurisprudência enfatizam diversas limitações ao poder
discricionário da Administração, além da lei. Destacam-se, entre tais limites, os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.

3. Poder Hierárquico

Segundo Hely Lopes Meirelles, “Poder hierárquico é o de que dispõe o Poder Executivo para
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes,
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”.
Para que haja manifestação do poder hierárquico, é fundamental que haja uma relação de
hierarquia, de subordinação, entre as partes. A hierarquia é típica da atividade administrativa
da Administração Pública, sendo resultado da relação de subordinação que existe entre os
diversos órgãos e agentes que integram a estrutura do Poder Executivo.
Assim, concluímos que não há hierarquia nos Poderes Judiciário e Legislativo, quando estiverem
no desempenho de suas funções típicas, ou seja, só haverá hierarquia em tais poderes quando
no desempenho de suas funções administrativas.
Da relação de subordinação, existente na estrutura hierárquica da Administração, podemos
destacar como objetivos e consequências do poder hierárquico:
•• ordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas;
•• delegar e avocar atribuições;
•• obedecer às determinações superiores, salvo se manifestamente ilegais;
•• fiscalizar os atos praticados pelos subordinados;
•• rever os atos de inferiores hierárquicos.
Ressaltamos que, segundo a legislação vigente, poderá haver delegação de competências entre
órgãos ou autoridades, sem que haja uma relação de hierarquia, ao passo que, na avocação
de competências, é sempre essencial que haja hierarquia entre os órgãos ou as autoridades
envolvidas.
O poder hierárquico permite que o superior aprecie os aspectos de legalidade e mérito dos
atos praticados por seus subordinados.
Por fim, é importante não confundirmos subordinação com vinculação. A relação de
subordinação está associada à ideia de hierarquia administrativa, enquanto que a vinculação
é decorrência do poder de supervisão ministerial sobre a entidade vinculada, fruto da relação
existente entre a Administração Direta e Indireta.

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4. Poder Disciplinar

Para Maria Sylvia Di Pietro, o poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar
infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa; é o caso dos que com ela contratam.
Percebemos, assim, que o poder disciplinar, normalmente, é uma decorrência do poder
hierárquico, ou seja, deriva da estrutura hierarquizada da Administração Pública, da relação de
subordinação existente na estrutura administrativa.
A doutrina aponta o poder disciplinar como de exercício discricionário. Há que se observar
que tal discricionariedade é bastante reduzida. Como exemplo de discricionariedade do Poder
Disciplinar, podemos citar a graduação do número de dias da penalidade de suspensão.

5. Poder Regulamentar

Também chamado por alguns autores de poder normativo. Pode ser definido como a
prerrogativa concedida à Administração Pública de editar atos gerais para complementar as leis
e permitir sua efetiva aplicação. O Poder Regulamentar, em sentido estrito, consubstancia-se
na autorização, ao Chefe do Poder Executivo, para a edição de decretos e regulamentos.
Já o poder normativo, segundo a doutrina moderna, seria o fundamento para que as demais
autoridades públicas também emitissem atos de caráter normativo. Assim, quando um Ministro
de Estado expede uma instrução normativa ou quando o Presidente de uma agência reguladora
expede uma resolução, temos o exercício do poder normativo.
O poder regulamentar é uma das formas pelas quais o Poder Executivo exerce a sua função
normativa, sendo certo que o exercício do poder regulamentar é fruto do poder normativo
(conceito mais amplo e genérico). Doutrinariamente, existem dois tipos de regulamentos:

a) Regulamento Executivo
É aquele que complementa o conteúdo de uma lei, nos termos da Constituição Federal, art. 84,
IV, servindo como instrumento à fiel execução de uma lei. Não pode estabelecer normas contra
legem (contra lei) ou ultra legem (além da lei). Limitam-se a editar normas secundum legem
(segundo a lei). Está hierarquicamente subordinado a uma lei prévia, sendo ato privativo do
chefe do Poder Executivo.

b) Regulamento Autônomo ou Independente


Originariamente, não encontrava previsão na nossa Constituição Federal, porém, com o
advento da Emenda Constitucional nº 32/2001, passou a ter previsão no art. 84, VI. Tal
dispositivo constitucional estabelece competência ao Presidente da República para dispor,
mediante decreto, sobre:

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•• organização e funcionamento da Administração federal, desde que não haja aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgão público;
•• extinção de cargos ou funções públicas, quando vagos.
Ressalta-se que essas são as únicas hipóteses de emissão de decreto autônomo, atualmente.

CUIDADO!
A criação de cargos públicos deve se dar por lei, logo, a extinção, como regra, também
decorrerá de lei. Porém, casos os cargos públicos estejam VAGOS, poderão ser extintos
mediante decreto autônomo.

6. Poder de Polícia

A definição legal de poder de polícia é encontrada no nosso Código Tributário Nacional, em seu
artigo 78, pois o exercício de tal poder pela Administração Pública é fato gerador da taxa, uma
das espécies tributárias elencadas pelo CTN.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,


limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene,
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público,
à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, há duas definições de poder de polícia:


a) Em sentido amplo: “a atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade
ajustando-as aos interesses coletivos”;
b) Em sentido restrito: “as intervenções, quer gerais e abstratas, como os regulamentos,
quer concretas e específicas (tais como as autorizações, as licenças, as injunções) do Poder
Executivo, destinadas a alcançar o mesmo fim de prevenir e obstar ao desenvolvimento de
atividades particulares contrastantes com os interesses sociais”.
É importante destacar que, para alguns autores, a concepção ampla de poder de polícia engloba
as atividades do Poder Legislativo quando da criação das limitações administrativas. Assim,
concluímos que o poder de polícia é a faculdade de que dispõe o Poder Público de fiscalizar o
uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais, em prol do interesse da coletividade. No

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sentido estrito, abrange apenas as atividades do Poder Executivo, já no sentido amplo, abrange
não só as atividades do Poder Executivo, como também as atividades do Poder Legislativo.
Sendo assim, tal Poder é exercido por todos os entes da Federação – União, Estados, Distrito
Federal e Municípios – sobre todas as atividades que possam interferir no interesse público
coletivo ou prejudicá-lo.
A doutrina majoritária aponta como princípio fundamental do exercício do poder de polícia o
da supremacia do interesse público sobre o particular, tendo por finalidade a tutela (proteção)
do interesse público.
Entre as sanções derivadas do exercício do poder de polícia, Hely Lopes Meirelles aponta:
interdição de atividade, fechamento de estabelecimento, demolição de construção irregular,
apreensão de mercadorias irregulares, inutilização de gêneros, destruição de objetos, embargo
de obras, etc.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, temos que “pelo conceito moderno, adotado no direito
brasileiro, o poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos
direitos individuais em benefício do interesse público”.
Não há qualquer incompatibilidade existente entre os direitos individuais e os limites a eles
impostos pelo Estado, com base no poder de polícia. Na verdade, o fundamento de tal poder
é o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, não podendo o Estado
aniquilar totalmente os direitos individuais.
A doutrina majoritária reconhece o poder de polícia originário e o poder de polícia derivado.
Hely Lopes Meirelles os diferencia muito bem:
“Por fim, deve-se distinguir o poder de polícia originário do poder de polícia delegado, pois que
aquele nasce com a entidade que o exerce e este provém de outra, através de transferência
legal. O poder de polícia originário é pleno no seu exercício e consectário, ao passo que o
delegado é limitado ao poder de delegação e se caracteriza por atos de execução. Por isso
mesmo, no poder de polícia delegado não se compreende a imposição de taxas, porque o poder
de tributar é intransferível da entidade estatal que o recebeu constitucionalmente”.
Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), o poder de polícia só pode ser exercido por pessoa
jurídica de direito público, dada a natureza da atividade envolvida.
O poder de polícia também é divido em: POLÍCIA ADMINISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA.

QUADRO COMPARATIVO:

TIPO DE PODER DE POLÍCIA POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA


ATUAÇÃO Principalmente preventiva Principalmente repressiva
TIPO DE ILÍCITO Administrativo Penal
NORMAS REGULAMENTARES Direito Administrativo Direito Processual Penal
INCIDÊNCIA Bens, Direitos e Atividades Pessoas
Diversos órgãos da
COMPETÊNCIA Corporações Especializadas
Administração Pública

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Doutrinariamente, são reconhecidos como atributos do poder de polícia a discricionariedade, a
autoexecutoriedade e a coercibilidade.

a) Discricionariedade

Reside na livre escolha, por parte da Administração Pública, da oportunidade e da conveniência


de exercer o poder de polícia, assim como de aplicar sanções e empregar os meios tendentes a
atingir o fim pretendido, que é a proteção do interesse público.
Muito embora a discricionariedade seja apontada como regra, não podemos esquecer que, em
alguns casos, haverá total vinculação do administrador à lei, no exercício do poder de polícia,
como, por exemplo, na concessão de uma licença para o exercício de uma profissão a um
particular.

b) Autoexecutoriedade

Consiste na possibilidade que tem a Administração Pública de, com seus próprios meios, pôr
em execução as suas decisões, sem precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário.
Segundo a definição de Hely Lopes Meirelles, “a auto-executoriedade consiste na possibilidade
que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria
Administração, independentemente de ordem judicial”.
Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade têm funcionado como limitadores à
autoexecutoriedade dos atos administrativos.

c) Coercibilidade

É a imposição coativa das medidas adotadas pela Administração, ou seja, deve ser
obrigatoriamente observada pelo particular.
A imposição coercitiva também prescinde de prévia autorização judicial, mas não impede uma
posterior avaliação por tal poder, com vistas a apurar o chamado abuso de poder, em suas
modalidades: excesso de poder e desvio de poder.

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RESUMINDO...
PODER DE POLÍCIA
•• Sua definição original está prevista no Código Tributário Nacional. Por meio dessa
legislação, percebemos que o exercício do poder de polícia poderá acarretar
cobrança de taxa.
•• Fundamento: supremacia do interesse público sobre o particular.
•• Finalidade: proteção do interesse público.
•• Deve ser exercido pelo ente da federação (U/E/DF/M) competente para regular a
matéria.
•• Divisão do poder de polícia: originário e derivado; judiciário e administrativo.
•• Entre as sanções derivadas do exercício do Poder de Polícia, Hely Lopes Meirelles
aponta: interdição de atividade, fechamento de estabelecimento, demolição
de construção irregular, apreensão de mercadorias irregulares, inutilização de
gêneros, destruição de objetos, embargo de obras, etc.
•• São atributos do poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e
coercibilidade.

6.7 Uso e abuso do poder


Uso do poder é prerrogativa da autoridade pública. Atualmente, a doutrina aponta que, aos
administradores, cabe o poder-dever de agir, isto é, o poder administrativo, por ser conferido à
Administração para o atingimento do fim público, representa um dever de agir.
Porém, é obrigação do administrador público utilizá-lo segundo as normas legais e com
obediência aos princípios que regem o Direito Administrativo, nos justos limites que o bem-
estar social exige. Quando ultrapassa tais limites, surge a figura do abuso de poder.
O abuso de poder é gênero do qual são espécies: o excesso de poder e o desvio de poder.
Estará configurado o excesso de poder, quando a autoridade competente extrapolar os limites
de sua competência, ou seja, quando a atuação do agente for fora dos limites legais de sua
competência. Assim, por exemplo, quando a autoridade competente para aplicar a pena de
suspensão impõe penalidade mais grave, que não se encontra na esfera de suas atribuições,
está caracterizado o excesso de poder.
Já o desvio de poder ocorre quando o administrador atinge finalidade diversa do interesse
público, ou seja, decorre da atuação do agente apartada do interesse público, ainda que dentro
da sua competência. Também é modalidade de desvio de poder quando o administrador,
embora atinja o interesse público, utiliza-se de ato com finalidade diversa daquela prevista em
lei, para a prática do ato.
Como exemplo de desvio de poder, tradicional de prova, podemos citar a remoção de ofício
como forma de punição de um servidor. Em tal situação, muito embora tenha atingido o
interesse público, o administrador utilizou o ato de remoção com finalidade de punição, que
não é a prevista em lei, para tal ato, visto que o ato de remoção não tem caráter punitivo.

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Questões CESPE

1. (Cespe – DPU – 2016) 6. (Cespe – TRF 2 – Juiz – 2012)


Constitui manifestação do poder discipli- Segundo a jurisprudência pacífica do STF, é
nar da administração pública a aplicação de possível a delegação do poder de polícia à
sanção a sociedade empresarial no âmbito sociedade de economia mista.
de contrato administrativo.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
7. (Cespe – CNJ – Analista Judiciário – 2012)
2. (Cespe – Defensoria Pública-PE – 2015)
O objeto do poder de polícia administrativa
A hierarquia é uma característica encontra- é todo bem, direito ou atividade individual
da exclusivamente no exercício da função que possa afetar a coletividade ou pôr em
administrativa, que inexiste, portanto, nas risco a segurança nacional.
funções legislativa e jurisdicional típicas.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
8. (Cespe – TRE-MS – Analista Administrativo
(Cespe – TRT 10 – Analista Judiciário – 2012) – 2012)
3. Diferentemente do direito penal, no cam- Decorre do poder disciplinar o ato da auto-
po do poder disciplinar, o administrador ridade superior de avocar para a sua esfera
público dispõe da possibilidade de avaliar decisória ato da competência de agente a
se deve punir a falta praticada por servidor, ele subordinado.
razão pela qual se diz que referido poder é
discricionário. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
9. (Cespe – DPU – 2016)

4. No âmbito dos poderes do Estado, a hierar- O poder de polícia, decorrente da suprema-


quia só existe no que tange às funções ad- cia geral do interesse público, permite que
ministrativas, não em relação às funções de a administração pública condicione ou res-
natureza legislativa e judicial. trinja o exercício de atividades, o uso e gozo
de bens e direitos pelos particulares, em
( ) Certo   ( ) Errado nome do interesse público.
( ) Certo   ( ) Errado
5. (Cespe – DPU – 2016)
A interdição de restaurante por autoridade 10. (Cespe – TRE-MS – Analista Administrativo
administrativa de vigilância sanitária cons- – 2012)
titui exemplo de manifestação do exercício
do poder de polícia. O poder regulamentar é prerrogativa de
direito público conferida à administração
( ) Certo   ( ) Errado pública de exercer função normativa para

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complementar as leis criadas pelo Poder 15. Como fator que decorre do poder hierár-
Legislativo, podendo inclusive alterá-las de quico, a relação de subordinação tem cará-
forma a permitir a sua efetiva aplicação. ter interno e se estabelece entre órgãos de
uma mesma pessoa administrativa; a vincu-
( ) Certo   ( ) Errado lação, ao contrário, possui caráter externo e
resulta do poder de supervisão que os ór-
(Cespe – TRE-RJ – Tecnico Judiciário – 2012) gãos detêm sobre as entidades a eles vincu-
ladas, como, por exemplo, o que uma secre-
11. O poder de polícia, que decorre da discricio- taria de estado exerce sobre uma autarquia.
nariedade que caracteriza a administração
pública, é limitado pelo princípio da razoa- ( ) Certo   ( ) Errado
bilidade ou proporcionalidade.
( ) Certo   ( ) Errado 16. (Cespe – TJ-RR – Administrador – 2012)
Define-se poder discricionário como o po-
12. O poder de polícia deriva do poder hierár- der que o direito concede à administração
quico. Os chefes de repartição, por exem- para a prática de atos administrativos com
plo, utilizam-se do poder de polícia para fis- liberdade na escolha de sua conveniência,
calizar os seus subordinados. oportunidade e conteúdo, estando a admi-
nistração, no exercício desse poder, imune à
( ) Certo   ( ) Errado apreciação do Poder Judiciário.
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – TJ-RR – Tecnico Judiciário – 2012)
Acerca dos poderes administrativos e do 17. (Cespe – MP-PI – 2012)
uso e abuso do poder, julgue os itens sub-
secutivos. Não constitui atributo do poder de polícia a
discricionariedade, traduzida na livre esco-
13. No exercício do poder de polícia, a admi- lha, pela administração, da oportunidade e
nistração age apenas de forma repressiva, conveniência de exercer o poder a ela con-
aplicando sanções a condutas que infrinjam ferido, bem como de aplicar as sanções e
leis e regulamentos, uma vez que tal poder empregar os meios conducentes a atingir o
não se coaduna com medidas preventivas, fim colimado.
inseridas, em regra, no âmbito do poder re- ( ) Certo   ( ) Errado
gulamentar.
( ) Certo   ( ) Errado (Cespe – MCTI – Apoio Administrativo –
2012)
14. Caracteriza desvio de finalidade, espécie de
abuso de poder, a conduta do agente que, 18. O poder disciplinar possibilita sancionar os
embora dentro de sua competência, se particulares que não cumprem seus deve-
afasta do interesse público, que deve norte- res, como, por exemplo, deixar de pagar as
ar todo o desempenho administrativo, para taxas cobradas pela administração pública.
alcançar fim diverso daquele que a lei lhe ( ) Certo   ( ) Errado
permitiu.
( ) Certo   ( ) Errado

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19. É possível a existência de poder de polícia (Cespe – PC-AL – Delegado – 2012)


delegado, no entanto, é amplamente aceita
na doutrina a vedação da delegação do po- 25. Na comparação entre a polícia administrati-
der de polícia à iniciativa privada. va e a polícia judiciária, tem-se que a natu-
reza preventiva e repressiva se aplica igual-
( ) Certo   ( ) Errado mente às duas.

(Cespe – IBAMA – Analista – 2012) ( ) Certo   ( ) Errado

20. Ao aplicar penalidade a servidor público, em 26. A aplicação de pena a um servidor público
processo administrativo, o Estado exerce constitui exemplo de exercício de poder hie-
seu poder regulamentar. rárquico.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

21. Suponha que um particular vinculado à ad- 27. (Cespe – TRF-5 – Juiz Federal – 2015)
ministração pública por meio de um contra-
to descumpra as obrigações contratuais que O poder de polícia administrativa tem como
assumiu. Nesse caso, a administração pode, uma de suas características a autoexecuto-
no exercício do poder disciplinar, punir o riedade, entendida como sendo a prerroga-
particular. tiva de que dispõe a administração para pra-
ticar atos e colocá-los em imediata execução
( ) Certo   ( ) Errado sem depender de autorização judicial.
22. Em decorrência do poder regulamentar, a ( ) Certo   ( ) Errado
administração pública pode utilizar o regu-
lamento autorizado para fixar normas téc-
nicas, de forma que um regulamento sobre 28. (Cespe – Ministério da Integração – 2013)
temática não prevista em lei, por exemplo, Considere que um servidor público, após
será considerado válido. regular processo administrativo disciplinar,
( ) Certo   ( ) Errado seja suspenso por decisão da autoridade
competente, por praticar irregularidades no
exercício do cargo. Nessa situação, a impo-
23. No âmbito interno da administração direta sição pela administração pública da sanção
do Poder Executivo, há manifestação do po- ao servidor, independentemente de decisão
der hierárquico entre órgãos e agentes. judicial, decorre do poder hierárquico.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

24. (Cespe – PC-AL – Escrivão – 2012) 29. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
2015)
O excesso de poder relaciona-se à compe-
tência, uma vez que resta configurado quan- O poder hierárquico é aquele que confere à
do o agente público extrapola os limites de administração pública a capacidade de apli-
sua atuação ou pratica ato que é atributo car penalidades.
legal de outra pessoa.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

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30. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
2015)
Poder disciplinar é aquele que permite à
administração pública disciplinar, de forma
concreta, a aplicação de leis gerais e abstra-
tas.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C 2. C 3. E 4. C 5. C 6. E 7. C 8. E 9. C 10. E 11. C 12. E 13. E 14. C 15. C 16. E 17. E 
18. E 19. C 20. E 21. C 22. E 23. C 24. C 25. C 26. E 27. C 28. E 29. E 30. E

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Questões FCC

1. (FCC – TRT 2 – Analista Administrativo – b) de polícia interna, que tem lugar quan-
2014) do os destinatários integram a própria
estrutura da Administração.
O Poder de Polícia atribuído à Administra- c) normativo, que tem lugar quando os
ção pública para o bom desempenho de destinatários integram a própria estru-
suas atribuições tura da Administração.
a) emana da própria natureza das atri- d) de polícia normativa, embora não atin-
buições, a fim de que seja possível re- jam os administrados em geral, sujeitos
alizá-las, prescindindo de previsão nor- apenas ao poder regulamentar.
mativa estabelecendo os aspectos da e) hierárquico, traduzindo a competência
atuação. de ordenar a atuação dos órgãos que
b) possui alguns atributos inerentes à sua integram sua estrutura.
atuação, sem os quais nenhum ato de
polícia teria efetividade, tal como a au- 3. (FCC – TJ-PE – Ser. Notoriais – 2013)
to-executoriedade. Analise as situações abaixo descritas que
c) permite a não aplicação de algumas correspondem ao exercício de poderes da
garantias constitucionais estabelecidas Administração:
em favor dos administrados, tendo em
vista que visa ao atendimento do inte- I – Edição de decreto do Poder Executivo
resse público, que prevalece sobre os dispondo sobre a organização e funciona-
demais princípios. mento de órgãos administrativos.
d) demanda previsão normativa para sua
utilização, embora possa permitir mar- II – Declaração de inidoneidade de particu-
gem de apreciação discricionária no seu lar para participar de licitação ou contratar
desempenho. com a administração pública.
e) autoriza a imposição de medidas con- III – Concessão de licença de instalação e
cretas coercitivas de direitos dos admi- funcionamento para estabelecimento co-
nistrados, demanda autorização judi- mercial.
cial, contudo, para autoexecutoriedade
das mesmas. As situações descritas correspondem, res-
pectivamente, aos poderes
2. (FCC – TRT 2 – Oficial de Justiça – 2014)
a) regulamentar, de polícia e normativo.
Quando a Administração pública edita atos b) disciplinar, de polícia e regulamentar.
normativos que se prestam a orientar e dis- c) normativo, disciplinar e regulamentar.
ciplinar a atuação de seus órgãos subordi- d) normativo, disciplinar e de polícia.
nados, diz-se que atuação é expressão de e) hierárquico, disciplinar e regulamentar.
seu poder
a) disciplinar, atingindo eventuais tercei-
ros que não integram a estrutura da Ad-
ministração.

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4. (FCC – ALEPB – Procurador – 2013) a) demissão de servidor público, por práti-
ca de ato de improbidade.
O chamado poder regulamentar autônomo, b) inabilitação de particular para contratar
trata-se de com a Administração, após apuração de
a) exercício de atividade normativa pelo fraude à licitação.
Executivo, disciplinando matéria não re- c) instituição de servidão administrativa
gulada em lei, de controversa existência sobre terreno particular.
no direito nacional. d) interdição de estabelecimento comer-
b) poder conferido aos entes federados cial, em função de descumprimento de
para legislar em matéria administrativa normas sanitárias.
de seu próprio interesse. e) penhora de bens para pagamento de dí-
c) atividade normativa exercida pelas vida fiscal.
agências reguladoras, nos setores sob
sua responsabilidade. 7. (FCC – TRT-18ª Região – Analista Judiciário
d) prerrogativa conferida a todos os Pode- – 2013)
res para disciplinar seus assuntos inter- A Administração pública, em regular fisca-
na corporis. lização a estabelecimentos comerciais, au-
e) atividade normativa excepcional, con- tuou e impôs multa aos infratores das nor-
ferida ao Conselho de Defesa Nacional, mas que disciplinavam o segmento. Essa
na vigência de estado de defesa ou es- atuação da Administração é expressão do
tado de sítio. poder
5. (FCC – FHEMIG – Auxiliar Administrativo – a) de polícia, sendo o ato de imposição de
2013) multa dotado do atributo da discricio-
nariedade.
Um dos poderes da Administração é o po- b) de polícia, sendo o ato de imposição de
der regulamentar, que corresponde ao po- multa dotado de exigibilidade e coerci-
der de bilidade.
a) organizar as atividades administrativas, c) disciplinar, dotado do atributo de auto-
mediante a edição de regulamentos e executoriedade.
portarias. d) regulamentar, que permite que a Admi-
b) aplicar sanções administrativas a seus nistração institua e aplique multas pe-
subordinados. cuniárias aos administrados.
c) instituir limitações às atividades de par- e) regulamentar, em sua faceta de poder
ticulares, para atendimento ao interes- de polícia, que permite que a Adminis-
se público. tração institua multas pecuniárias aos
d) editar normas complementares à lei, administrados.
para a sua fiel execução.
e) controlar a atividade de órgãos inferio- 8. (FCC – MPE-AM – Agente Técnico Jurídico –
res, delegando e avocando atribuições. 2013)
A concessão de licença para funcionamen-
6. (FCC – FHEMIG – Auxiliar Administrativo – to de estabelecimento comercial constitui
2013) exemplo de atuação administrativa fundada
É a atividade, entre outras, que correspon- no poder
de ao exercício de poder de polícia, em sen- a) regulamentar.
tido estrito, pela Administração: b) disciplinar.
c) de polícia.

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d) normativo. e os cargos vagos poderão ser extintos


e) hierárquico. por ato do Secretário da Fazenda.
e) decreto do Chefe do Executivo poderá
9. (FCC – PGE-CE – Técnico Ministerial – 2013) dispor sobre a organização e funciona-
mento da Secretaria, quando não impli-
O poder que cabe à Administração Pública car aumento de despesa nem criação ou
para apurar infrações e aplicar penalidades extinção de órgãos.
aos servidores públicos e demais pessoas
sujeitas à disciplina administrativa denomi- 11. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –
na-se poder 2013)
a) regulamentar. Considere:
b) de polícia.
c) disciplinar. I – apurar infrações;
d) jurídico-normativo.
e) hierárquico. II – aplicar penalidades;
III – instaurar procedimento administrativo-
10. (FCC – Fiscal ICMS-SP – 2013) -disciplinar;
No início de nova gestão do Estado, a equipe IV – editar atos normativos de efeitos inter-
do Governo decidiu implementar ampla re- nos.
estruturação na Secretaria da Fazenda, com
o objetivo de aumentar a eficiência na arre- NÃO é atividade típica do poder disciplinar o
cadação tributária e no controle de gastos que consta em
públicos. Para tanto, foi contratada consul- a) I, III e IV, apenas.
toria especializada, que identificou a neces- b) I, II, III e IV.
sidade de alteração de algumas estruturas c) I e II, apenas.
organizacionais, realocação de servidores e d) IV, apenas.
revisão de processos de trabalho. De acordo e) III e IV apenas.
com os princípios e normas aplicáveis à Ad-
ministração pública,
12. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial –
a) somente mediante lei poderão ser ex- 2013)
tintos cargos e funções vagas, podendo
Considere a seguinte assertiva: “Prefeitura
ser criados novos órgãos por decreto do
interdita casa noturna por não possuir alva-
Chefe do Executivo, desde que não im-
rá de funcionamento”. A atividade narrada
porte aumento de despesa.
corresponde
b) a extinção de cargos, vagos ou não, bem
como a criação de órgãos poderá ser a) à atividade típica do poder regulamen-
efetuada por decreto do Chefe do Exe- tar da Administração Pública.
cutivo e a revisão de processos de tra- b) à atividade típica do poder hierárquico
balho por ato do Secretário da Fazenda. da Administração Pública.
c) poderão ser criados novos órgãos me- c) à atividade típica do poder disciplinar
diante decreto do Chefe de Executivo da Administração Pública.
e extintos aqueles considerados desne- d) ao exercício do poder de polícia judiciá-
cessários por ato do Secretário da Fa- ria, que não se confunde com a ativida-
zenda. de da polícia administrativa.
d) os servidores somente poderão ser re- e) ao exercício do poder de polícia admi-
alocados por ato do Chefe do Executivo nistrativa.

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13. (FCC – MPE-MA – Técnico Ministerial – c) impossibilidade de licenciamento de
2013) veículo enquanto não paga a multa de
trânsito.
Considere: d) autorização para porte de arma.
I – pode ser vinculado; e) aplicação de multa.

II – não admite condutas repressivas; 16. (FCC – Analista Judiciário – TRT-9ª Região –
III – é ilimitado, pois, do contrário, não ge- 2013)
raria força cogente sobre os administrados. Decreto do Poder Executivo Municipal res-
No que concerne ao poder de polícia, está tringiu a circulação de veículos em determi-
correto o que se afirma APENAS em: nado horário em perímetro identificado da
cidade, sob o fundamento de que a restri-
a) III. ção seria necessária para melhoria da qua-
b) I. lidade do ar na região, comprovadamente
c) I e III. inadequada por medidores oficiais. A me-
d) I e II. dida, considerando que o poder executivo
e) II e III. municipal tenha competência material para
dispor sobre a ordenação do tráfego e seja
14. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – constitucionalmente obrigado a tutela do
2013) meio ambiente,
Uma das atividades da Administração Pú- a) é expressão da faceta disciplinar do po-
blica consiste em controlar a atividade dos der regulamentar, que pode se prestar a
órgãos inferiores, para verificar a legalidade restringir a esfera de interesses dos ad-
de seus atos e o cumprimento de suas obri- ministrados, com vistas ao atendimento
gações, podendo anular os atos ilegais ou do interesse público.
revogar os inconvenientes ou inoportunos. b) é expressão do poder disciplinar, na me-
Trata-se do exercício do poder dida em que houve limitação, ainda que
legal, dos direitos individuais dos admi-
a) regulamentar. nistrados.
b) de polícia. c) insere-se no poder normativo do Exe-
c) hierárquico. cutivo Municipal, que pode editar atos
d) jurídico-normativo. normativos autônomos disciplinando os
e) disciplinar. assuntos de interesse local da comuni-
dade.
15. (FCC – MPE-MA – Analista Ministerial – d) excede o poder regulamentar, que se
2013) restringe à disciplina de organização ad-
Um dos atributos do poder de polícia de- ministrativa do ente, devendo essas dis-
nomina-se auto-executoriedade. Segundo posições constarem de lei formal.
ele, a Administração Pública tem o poder e) insere-se no poder regulamentar do
de compelir materialmente o administrado, Executivo, se as disposições do decreto
utilizando meios diretos de coação. Consti- municipal estiverem explicitando nor-
tui exemplo de tal atributo, mas legais que estabeleçam as diretri-
zes de ordenação do sistema viário com
a) dissolução de uma reunião. vistas a preservação da qualidade do ar.
b) concessão de licença para o exercício de
determinada profissão.

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17. (FCC – Analista Judiciário – TRT-1ª Região – a) aplicação de multa de trânsito.


2013) b) emissão de ordem a ser cumprida pelos
agentes subordinados.
Durante regular fiscalização, fiscais de de- c) interdição de restaurante por razão de
terminada municipalidade identificaram saúde pública.
que um estabelecimento comercial do se- d) prisão de criminoso efetuada por poli-
tor de bares e restaurantes estava utilizan- cial, mediante o devido mandado judi-
do indevidamente a calçada para instalação cial.
de mesas e cadeiras. Os agentes municipais, e) aplicação de penalidade administrativa
considerando que estavam devidamente a servidor público que descumpre seus
autorizados pela lei, no correto desempe- deveres funcionais.
nho de suas funções,
a) apreenderam as mesas e cadeiras e 20. (FCC – Analista – TRE-PR – 2012)
multaram o estabelecimento, no exercí- O exercício do poder disciplinar pelo agen-
cio de seu poder disciplinar. te público pode ser considerado um poder
b) interditaram o estabelecimento, no discricionário porque, dentro dos limites da
exercício de seu poder de tutela admi- Lei,
nistrativa.
c) apreenderam as mesas e cadeiras irre- a) a punição aplicada não necessita de jus-
gulares e multaram o estabelecimento, tificativa da autoridade que a impõe.
no exercício do poder de polícia. b) apoia-se no dever que possui a Adminis-
d) multaram o estabelecimento e deter- tração de punir internamente as infra-
minaram a instauração de processo de ções funcionais de seus servidores.
interdição do estabelecimento, como c) não exige o direito à ampla defesa e ao
expressão de seu poder hierárquico. contraditório.
e) interditaram o estabelecimento e apre- d) no seu exercício, não é necessária a apu-
enderam todo o mobiliário da calçada, ração nem a sanção da conduta afronto-
como expressão de seu poder de auto- sa dos deveres funcionais.
tutela. e) tem a liberdade de escolher a punição
que entenda satisfazer a necessidade da
18. (FCC – Médico Perito – INSS – 2012) Administração Pública.
Quando a Administração Pública limita di- 21. (FCC – TRE-TO – Técnico Judiciário – 2011)
reitos ou atividades de particulares sem
qualquer vínculo com a Administração, com Sobre o poder hierárquico, é correto afir-
base na lei, está atuando como expressão mar:
de seu poder
a) É possível a apreciação da conveniência
a) hierárquico. e da oportunidade das determinações
b) de polícia. superiores pelos subalternos.
c) normativo. b) Em geral, a responsabilidade pelos atos
d) regulamentar. e medidas decorrentes da delegação
e) disciplinar. cabe à autoridade delegante.
c) As determinações superiores, com exce-
19. (FCC – TST – Analista Judiciário – 2012) ção das manifestamente ilegais, devem
ser cumpridas; podem, no entanto, ser
Exemplifica adequadamente o exercício de ampliadas ou restringidas pelo inferior
poder disciplinar por agente da administra- hierárquico.
ção a

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d) Rever atos de inferiores hierárquicos é 24. (FCC – TRT-23a. – Analista Judiciário – 2011)
apreciar tais atos em todos os seus as-
pectos, isto é, tanto por vícios de lega- Considere:
lidade quanto por razões de conveniên- I – A Administração pública não pode, no
cia e oportunidade. exercício do poder de polícia, utilizar-se de
e) A avocação de ato pelo superior não de- meios diretos de coação, sob pena de afron-
sonera o inferior da responsabilidade ta ao princípio da proporcionalidade.
pelo mencionado ato.
II – O objeto da medida de polícia, isto é, o
22. (FCC – TRE-TO – Técnico Judiciário – 2011) meio de ação, sofre limitações, mesmo quan-
do a lei lhe dá várias alternativas possíveis.
Sobre o poder disciplinar, é correto afirmar:
III – A impossibilidade de licenciamento de
a) Existe discricionariedade quanto a cer- veículo enquanto não pagas as multas de
tas infrações que a lei não define, como trânsito corresponde a exemplo da utilização
ocorre, por exemplo, com o “procedi- de meios indiretos de coação, absolutamente
mento irregular” e a “ineficiência no válido no exercício do poder de polícia.
serviço”, puníveis com pena de demis-
são. Está correto o que consta em
b) Há discricionariedade para a Adminis- a) I, II e III.
tração em instaurar procedimento ad- b) II e III, apenas.
ministrativo, caso tome conhecimento c) I e III, apenas.
de eventual falta praticada. d) I, apenas.
c) Inexiste discricionariedade quando a lei e) II, apenas.
dá à Administração o poder de levar em
consideração, na escolha da pena, a na-
25. (FCC – Prefeitura de São Luiz – Procurador –
tureza e a gravidade da infração e os da-
2016)
nos que dela provierem para o serviço
público. O Prefeito de um determinado Município
d) O poder disciplinar é sempre discricio- celebrou convênio com empresa municipal
nário e decorre da supremacia especial para disciplinar as atribuições pertinentes
que o Estado exerce sobre aqueles que ao serviço de trânsito local, que passariam
se vinculam à Administração. a ser realizadas pelos funcionários daquela
e) É possível, em determinadas hipóteses, pessoa jurídica. De acordo com o que restou
que a Administração deixe de punir o convencionado, os empregados dessa em-
servidor comprovadamente faltoso. presa, cujo escopo social assim autorizava,
realizariam atividades de fiscalização em
23. (FCC – TJ-AP – Cartório – 2011) campo. O convênio firmado
O tributo que tem por fato gerador o exer- a) contraria entendimento do Supremo
cício regular do poder de polícia, como, por Tribunal Federal, que declarou indelegá-
exemplo, a fiscalização dos serviços noto- veis todos os ciclos do poder de polícia
riais e registrais, é denominado: quando se tratar de atividade com po-
tencial de sancionamento de particula-
a) imposto res.
b) taxa b) poderia ter abrangido as outras facetas
c) contribuição de melhoria do poder de polícia, sendo necessário
d) emolumento somente que as atividades a serem re-
e) contribuição de interesse de categoria alizadas pela empresa estivessem con-
profissional ou econômica templadas no objeto social da mesma.

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c) disciplina, em verdade, a delegação de 27. (FCC – CNMP – Administração – 2015)


parcela do poder de polícia municipal
à pessoa jurídica, o que dependeria da A Administração é dotada de poderes admi-
constituição de consórcio público, em nistrativos dentre os quais figuram os pode-
razão da transferência de competência res
implícita. a) político, vinculado, hierárquico e de po-
d) veicula delegação do exercício de um lícia.
dos espectros do poder de polícia que b) disciplinar, discricionário, regulamentar
não é exclusivo da Administração direta, e de polícia.
não implicando transferência de com- c) regulamentar, vinculado, disciplinar e
petência constitucional. militar.
e) possui vício de inconstitucionalidade, d) militar, disciplinar, discricionário e hie-
tendo em vista que a delegação de po- rárquico.
deres afetos ao Executivo demanda a e) disciplinar, político, vinculado e hierár-
edição de lei, a fim de garantir que não quico.
haja usurpação de competências priva-
tivas. 28. (FCC – TCM-GO – Auditor de Controle Ex-
terno – 2015)
26. (FCC – TCM-RJ – Auditor Substituto – 2015)
A respeito do poder de polícia, considere:
Considere que uma empresa contratada
pela Administração pública para a presta- I – Constitui um poder vinculado, descaben-
ção de serviços de limpeza tenha cometido do discricionariedade administrativa para a
diversos descumprimentos de suas obriga- prática de atos que envolvam seu exercício.
ções contratuais e a ela tenham sido aplica-
II – Os atos praticados no exercício do poder
das, pela Administração, proibição de parti-
de polícia, quando dotados de auto-execu-
cipar de licitações. No caso citado, a atuação
toriedade, possibilitam que a Administração
da Administração é expressão de seu poder
os ponha em execução sem necessitar de
a) discricionário, que permite à Adminis- tutela jurisdicional.
tração a escolha da conduta que me-
III – Corresponde apenas a atos repressivos,
lhor atenda ao interesse público no caso
tanto no âmbito da polícia administrativa
concreto.
como em relação à polícia judiciária, dota-
b) normativo, que permite impor obriga-
dos de coercibilidade.
ções aos administrados em prol do inte-
resse público. Está correto o que se afirma APENAS em
c) disciplinar, que permite aplicar penali-
dades não apenas aos servidores públi- a) II.
cos mas também às demais pessoas su- b) I.
jeitas à disciplina administrativa. c) III.
d) regulamentar, exercido nos limites da d) I e II.
legislação que rege a matéria. e) II e III.
e) hierárquico, decorrente da supremacia
do interesse público sobre o privado.

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29. (FCC – TRT-6 – Juiz Substituto – 2015) 30. (FCC – TRE-RR – Analista Administrativo –
2015)
Na lição de Hely Lopes Meirelles, os poderes
administrativos nascem com a Administra- Claudio, fiscal do Procon de Roraima, ao re-
ção e se apresentam diversificados segundo ceber denúncia anônima acerca de irregula-
as exigências do serviço público, o interesse ridades em restaurante, comparece ao local
da coletividade e os objetivos a que se di- e apreende gêneros alimentícios impróprios
rigem. Esclarece o renomado administrati- para o consumo, por estarem deteriorados.
vista que, diferentemente dos poderes po- A postura adotada concerne a uma das ca-
líticos, que são estruturais e orgânicos, os racterísticas do poder de polícia, qual seja,
poderes administrativos são instrumentais.
Uma adequada correlação entre o poder ad- a) discricionariedade.
ministrativo citado e sua utilização pela Ad- b) inexigibilidade.
ministração é: c) consensualidade.
d) normatividade.
a) o poder disciplinar possibilita às autori- e) autoexecutoriedade.
dades administrativas a práticas de atos
restritivos de direitos individuais dos ci-
dadãos, nos limites previstos em lei.
b) o poder normativo autoriza a Adminis-
tração a estabelecer condutas e as cor-
respondentes punições aos servidores
públicos, para ordenar a atuação admi-
nistrativa.
c) o poder de polícia comporta atos pre-
ventivos e repressivos, exercidos pela
Administração para condicionar ou res-
tringir atividades ou direitos individuais,
no interesse da coletividade.
d) o poder regulamentar atribuído, pela
Constituição Federal, ao Chefe do Exe-
cutivo, o autoriza a editar normas au-
tônomas em relação a toda e qualquer
matéria de organização administrativa e
complementares à lei em relação às de-
mais matérias.
e) o poder hierárquico autoriza a aplicação
de penalidades aos servidores públicos
e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa em razão de vínculo con-
tratual estabelecido com a Administra-
ção.

Gabarito: 1. D 2. E 3. D 4. A 5. D 6. D 7. B 8. C 9. C 10. E 11. D 12. E 13. B 14. C 15. A 16. E 
17. C 18. B 19. E 20. E 21. D 22. A 23. B 24. B 25. D 26. C 27. B 28. A 29. C 30. E

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TÓPICO 5

Responsabilidade Civil do Estado

A responsabilidade civil, genericamente considerada, tem sua origem no Direito Civil e, no


âmbito do Direito Privado, consubstancia-se na obrigação de indenizar um dano patrimonial
decorrente de um fato lesivo voluntário. No Direito Público, é modalidade de obrigação
extracontratual e, para que ocorra, são necessários, como se depreende de sua definição, os
seguintes elementos:
•• (1) o fato lesivo causado pelo agente em decorrência de culpa em sentido amplo, a qual
abrange o dolo (intenção) e a culpa em sentido estrito, que engloba a negligência, a
imprudência ou a imperícia;
•• (2) a ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e
•• (3) o nexo de causalidade entre o dano havido e o comportamento do agente, o que
significa ser necessário que o dano efetivamente haja decorrido, direta ou indiretamente,
da ação ou omissão indevida do agente.
Na definição de Celso Antônio Bandeira de Melo, responsabilidade civil ou responsabilidade
patrimonial extracontratual do Estado é a obrigação que lhe incumbe de reparar,
economicamente, os danos causados a terceiros e que lhe sejam imputáveis em decorrência de
comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos.
Assim, a responsabilidade civil não se origina de ajustes realizados pela Administração
Pública com particulares, a denominada responsabilidade contratual, mas é decorrente de
comportamentos unilaterais omissivos ou comissivos, legais ou ilegais, materiais ou jurídicos
imputáveis aos agentes públicos.
Temos que a responsabilidade civil da Administração Pública se evidencia na obrigação que tem
o Estado de indenizar os danos patrimoniais que seus agentes, atuando em seu nome, ou seja,
na qualidade de agentes públicos, causem à esfera juridicamente tutelada dos particulares.
Traduz-se, pois, na obrigação de reparar economicamente danos patrimoniais, e com tal
reparação se exaure.

8.2 Evolução
A evolução da responsabilidade do Estado passou, basicamente, pelas seguintes fases:
irresponsabilidade do Estado; responsabilidade com culpa – subjetiva – do Estado (civil e
administrativa) e responsabilidade sem culpa – objetiva – do Estado (risco administrativo e
risco integral).

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8.2.1 Irresponsabilidade do Estado
A teoria da não responsabilização do Estado ante os atos de seus agentes que fossem lesivos
aos particulares assumiu sua maior notoriedade sob os regimes absolutistas. Baseava-se
esta teoria na ideia de que não era possível ao Estado, literalmente personificado na figura
do rei, lesar seus súditos, uma vez que o rei não cometia erros. Os agentes públicos, como
representantes do próprio rei não poderiam, portanto, ser responsabilizados por seus atos,
ou melhor, seus atos, na qualidade de atos do rei, não poderiam ser considerados lesivos aos
súditos. Essa teoria logo começou a ser combatida, por sua evidente injustiça: se o Estado deve
tutelar o Direito, não pode deixar de responder quando, por sua ação ou omissão, causar danos
a terceiros, mesmo porque, sendo pessoa jurídica, é titular de direitos e obrigações.
Naturalmente, esta doutrina somente possui valor histórico, encontrando-se inteiramente
superada, mesmo na Inglaterra e nos Estados Unidos, últimos países a abandoná-la (em 1946 e
1947, respectivamente).

8.2.2 Responsabilidade com Culpa Civil Comum do Estado (culpa subjetiva)


Esta doutrina, influenciada pelo individualismo característico do liberalismo, pretendeu
equiparar o Estado ao indivíduo, sendo, portanto, obrigado a indenizar os danos causados
aos particulares nas mesmas hipóteses em que existe tal obrigação para os indivíduos. Assim,
como o Estado atua por meio de seus agentes, somente existia obrigação de indenizar quando
estes, os agentes, tivessem agido com culpa ou dolo, cabendo, evidentemente, ao particular
prejudicado o ônus de demonstrar a existência desses elementos subjetivos.

8.2.3 Teoria da Culpa Administrativa (culpa anônima)


A Teoria da Culpa Administrativa representou o primeiro estágio da transição entre a doutrina
subjetiva da culpa civil e a responsabilidade objetiva atualmente adotada pela maioria dos
países ocidentais.
Segundo a Teoria da Culpa Administrativa, o dever de o Estado indenizar o dano sofrido pelo
particular somente existe caso seja comprovada a existência de falta do serviço. Não se trata
de perquirir da culpa subjetiva do agente, mas da ocorrência de falta na prestação do serviço,
falta essa objetivamente considerada. A tese subjacente é que somente o dano decorrente de
irregularidade na execução da atividade administrativa ensejaria indenização ao particular, ou
seja, exige-se também uma espécie de culpa, mas não culpa subjetiva do agente, e sim uma
culpa especial da Administração à qual se convencionou chamar culpa administrativa.
A culpa administrativa podia decorrer de uma das três formas possíveis de falta do serviço:
inexistência do serviço, mau funcionamento do serviço ou atraso na prestação do serviço.
Caberá sempre ao particular prejudicado pela falta comprovar sua ocorrência para fazer jus
à indenização. No Direito Brasileiro, sobrevive a teoria da culpa anônima, paralelamente à
responsabilidade objetiva do Estado.

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8.2.4 Teoria do Risco Administrativo


Em todos os tipos de responsabilidade vistos anteriormente ainda se atribuía ao particular todo
o ônus da prova. Pela Teoria do Risco Administrativo, surge a obrigação econômica de reparar o
dano sofrido injustamente pelo particular, independentemente da existência de falta do serviço
e muito menos de culpa do agente público. Basta que exista o dano, sem que, para ele, tenha
concorrido o particular.
Resumidamente, existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano
ocorrido, presume-se a culpa da Administração. Compete a esta, para eximir-se da obrigação de
indenizar, comprovar, se for o caso, existência de culpa exclusiva do particular ou, se comprovar
culpa concorrente, terá atenuada sua obrigação. O que importa, em qualquer caso, é que o
ônus da prova de culpa do particular, se existente, cabe sempre à Administração. Em regra, é a
teoria adotada no Brasil, estando disciplinada no art. 37, § 6o da Constituição Federal.

8.2.5 Teoria do Risco Integral


Vimos que, na Teoria do Risco Administrativo, dispensa-se a prova da culpa da Administração,
mas permite-se que esta venha a comprovar a culpa da vítima para fim de atenuar (se recíproca)
ou excluir (se integralmente do particular) a indenização. Em outras palavras: não significa essa
teoria que a Administração, inexoravelmente, tenha a obrigação de indenizar o particular;
apenas fica dispensada, a vítima, da necessidade de comprovar a culpa da Administração.
Por exemplo, havendo um acidente entre um veículo conduzido por um agente público e um
particular, não necessariamente haverá indenização integral, ou mesmo parcial, por parte da
Administração. Pode ser que a Administração consiga provar que tenha havido culpa recíproca
dos dois condutores (hipótese em que a indenização será atenuada, “repartida” entre as partes)
ou mesmo que a culpa tenha sido exclusivamente do motorista particular (hipótese em que
restaria excluída a obrigação de indenização por parte da Administração, cabendo ao particular
a obrigação de reparação).
Já a Teoria do Risco Integral representa uma exacerbação da responsabilidade civil da
Administração. Segundo essa teoria, basta só a existência do evento danoso e do nexo causal
para que surja a obrigação de indenizar para a Administração, mesmo que o dano decorra de
culpa exclusiva do particular. Tomando-se esse exemplo, mesmo que ficasse comprovado haver
culpa exclusiva do condutor particular, a obrigação de indenizar caberia à Administração.
Segundo administrativistas do peso de Hely Lopes Meirelles, a Teoria do Risco Integral jamais
foi adotada em nosso ordenamento jurídico. Porém, Maria Sylvia Di Pietro afirma a aplicação
de tal teoria em alguns casos, tais como o dano nuclear.

8.3 Responsabilidade Civil do Estado no Brasil


8.3.1 Responsabilidade Civil da Administração no Direito Brasileiro: O já revogado Código Civil
de 1916 dispunha, em seu artigo 15, que “as pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente
responsáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem dano a terceiros,
procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei. salvo o direito

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regressivo contra os causadores do dano”. Adotava, pois, a responsabilidade civil (subjetiva) da
Administração.
A Constituição Federal de 1946 introduziu no Direito Pátrio a responsabilidade civil objetiva
dispondo, em seu art. 194, que “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis pelos danos que seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros”. Foram
eliminados, assim, os elementos subjetivos da culpa presentes no texto anterior.
As Constituições seguintes não promoveram alterações significativas neste aspecto. A atual
Carta Magna, em seu art. 37, §6º, reza que “As pessoas jurídicas de Direito Público e as de
Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo e culpa”. É importante ressaltar que não foram aqui incluídas as pessoas
jurídicas de direito público (EP e SEM) que atuam a título de intervenção no domínio econômico,
apenas as prestadoras de serviços públicos. Dessa forma, tais entidades responderão com base
na responsabilidade subjetiva pelos danos que eventualmente causarem a terceiros, consoante
as regras de direito privado.
Confirmando esse posicionamento, o novo Código Civil (lei nº 10.406/2002), dispõe que
“As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos de seus
agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra
os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”. Consagra-se, assim, no
ordenamento jurídico pátrio, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado (independente
de dolo ou culpa) e a teoria da responsabilidade subjetiva do agente (dependente de dolo ou
culpa), para fins de ação regressiva estatal.
Quanto à ação regressiva, seus efeitos, por tratar-se de uma ação de natureza civil, transmitem-
se aos herdeiros e sucessores do culpado. Portanto, mesmo após a morte do agente, podem
seus sucessores e herdeiros ficar com a obrigação da reparação do dano (sempre respeitado o
limite do valor do patrimônio transferido – CF, art. 5º, XLV). Pelo mesmo motivo, pode tal ação
ser intentada mesmo depois de terminado o vínculo entre o servidor e a Administração. Nada
impede, pois, que seja o agente responsabilizado ainda que aposentado, em disponibilidade,
etc.

8.3.2 Ação de Indenização (Particular x Administração)


A reparação do dano causado pela Administração ao particular poderá dar-se amigavelmente ou
por meio de ação de indenização movida por este contra aquela. O particular que sofreu o dano
praticado pelo agente deverá, pois, intentar a ação de indenização em face da Administração
Pública, e não contra o agente causador do dano. Nessa ação, bastará ao particular demonstrar
a relação de causa e consequência entre o fato lesivo e o dano, bem como o valor patrimonial
desse dano. Isso porque a responsabilidade da Administração é do tipo objetiva, bastando os
pressupostos de nexo causal e dano para surgir a obrigação de indenizar. A partir daí, cabe à
Administração, para eximir-se da obrigação de indenizar, comprovar, se for o caso, que a vítima
concorreu com dolo ou culpa para o evento danoso, podendo resultar três situações:
•• (1) se não conseguir provar, responderá integralmente pelo dano, devendo indenizar o
particular;
•• (2) se comprovar que a culpa total foi do particular, ficará eximida da obrigação de reparar;

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•• (3) se comprovar que houve culpa recíproca (parcial de ambas as partes), a obrigação será
atenuada proporcionalmente.

8.3.3 Ação Regressiva (Administração x Agente)


O § 6º do art. 37 da CF autoriza a ação regressiva do Estado contra o agente causador do dano
no caso de dolo ou culpa deste ao causar o dano ao particular. Segundo posicionamento recente
do STF, o servidor somente responderá mediante ação regressiva, perante a Fazenda Pública,
não sendo possível acionar diretamente o servidor ou o Estado e o servidor conjuntamente,
por meio de litisconsórcio passivo facultativo.
Há, aqui, dois aspectos a serem ressaltados:
•• (1) a entidade pública, para voltar-se contra o agente, deverá comprovar já ter indenizado a
vítima, pois seu direito de regresso nasce a partir do pagamento;
•• (2) não se deve confundir a responsabilidade da Administração em face do particular com
a responsabilidade do agente perante a Administração: aquela é informada pela teoria do
risco administrativo, que, conforme vimos, independe de culpa ou dolo; esta, do agente
perante a Administração, só ocorre no caso de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva
do agente). Tais ações de ressarcimento são imprescritíveis.

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Questões CESPE

1. (Cespe – DPU – 2016) 5. (Cespe – TRE-GO – Analista Judiciário –


2015)
Situação hipotética: Considere que uma
pessoa jurídica de direito público tenha Rafael, agente público, chocou o veículo
sido responsabilizada pelo dano causado a que dirigia, de propriedade do ente ao qual
terceiros por um dos seus servidores públi- é vinculado, com veículo particular dirigido
cos. Assertiva: Nessa situação, o direito de por Paulo, causando-lhe danos materiais.
regresso poderá ser exercido contra esse
servidor ainda que não seja comprovada a Acerca dessa situação hipotética, julgue o
ocorrência de dolo ou culpa. seguinte item.

( ) Certo   ( ) Errado A responsabilidade da administração pelos


danos causados a terceiro é objetiva, ou
seja, independe da comprovação do dolo
2. (Cespe – DPE-TO – 2012) ou culpa de Rafael.
A responsabilidade civil das pessoas jurí- ( ) Certo   ( ) Errado
dicas de direito privado, incluídas as que
prestam serviços públicos, é subjetiva, isto
é, depende da ocorrência de culpa ou dolo. 6. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
2015)
( ) Certo   ( ) Errado
De acordo com a Constituição Federal, so-
mente as pessoas jurídicas de direito públi-
3. (Cespe – DPE-TO – 2012) co responderão pelos danos que seus agen-
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Nas ações de indenização fundadas na res-
ponsabilidade civil objetiva do Estado, é ( ) Certo   ( ) Errado
obrigatória a denunciação da lide do agen-
te público suspostamente responsável pelo (Cespe – TRT10 – Analista Judiciário – 2012)
ato lesivo.
Todos os anos, na estação chuvosa, a região
( ) Certo   ( ) Errado metropolitana de determinado município
é acometida por inundações, o que causa
4. (Cespe – CGE-PI – Auditor – 2015) graves prejuízos a seus moradores. Estudos
no local demonstraram que os fatores pre-
De acordo com a teoria do risco integral, é ponderantes causadores das enchentes são
suficiente a existência de um evento danoso o sistema deficiente de captação de águas
e do nexo de causalidade entre a conduta pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públi-
administrativa e o dano para que seja obri- cas.
gatória a indenização por parte do Estado,
afastada a possibilidade de ser invocada al- Considerando essa situação hipotética, jul-
guma excludente da responsabilidade. gue os itens subsequentes.

( ) Certo   ( ) Errado

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7. Caso algum cidadão pretenda ser ressar- 12. (Cespe – TRE-PI – Técnico Judiciário – 2016)
cido de prejuízos sofridos, poderá propor
ação contra o Estado ou, se preferir, dire- Em razão do princípio da supremacia do
tamente contra o agente público respon- interesse público, são vedados o reconhe-
sável, visto que a responsabilidade civil na cimento da responsabilidade e a reparação
situação hipotética em apreço é solidária. de dano extrajudicial pela administração.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

8. De acordo com a jurisprudência e a doutri- 13. (Cespe – TRE-PI – Técnico Judiciário – 2016)
na dominante, na hipótese em pauta, casa A responsabilidade objetiva de empresa
haja danos a algum cidadão e reste prova- concessionária de serviço público alcança
da conduta omissiva por parte do Estado, a usuários e não usuários do serviço público.
responsabilidade deste será subjetiva.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

(Cespe – TRT 10 – Analista Judiciário – 14. (Cespe – TRE-MS – Tecnico Judiciário –


2012) 2012)

No tocante à responsabilidade civil da ad- Para configurar a responsabilidade civil do


ministração, julgue os itens subsequentes. Estado, o agente público causador do dano
deve ser servidor público estatutário e pos-
9. A teoria do risco integral obriga o Estado a suir vínculo direto com a administração.
reparar todo e qualquer dano, independen- ( ) Certo   ( ) Errado
temente de a vítima ter concorrido para o
seu aperfeiçoamento.
15. (Cespe – TRE-MS – Tecnico Judiciário –
( ) Certo   ( ) Errado 2012)
Para configurar a responsabilidade civil do
10. Pela teoria da faute du service, ou da cul- Estado, o agente público causador do pre-
pa do serviço, eventual falha é imputada juízo a terceiros deve ter agido na qualidade
pessoalmente ao funcionário culpado, isen- de agente público, sendo irrelevante o fato
tando a administração da responsabilidade de ele atuar dentro, fora ou além de sua
pelo dano causado. competência legal.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

11. (Cespe – TRT 10 – Analista Judiciário – 16. (Cespe – TRE-MS – Tecnico Judiciario –
2012) 2012)
A reparação do dano à pessoa lesada por ato A responsabilidade civil do Estado é objeti-
emanado de agente público no exercício de va, sendo obrigatória configuração da culpa
suas funções pode ser consumada tanto na para a eclosão do evento danoso.
via administrativa, por acordo entre a pes-
soa jurídica civilmente responsável e o lesa- ( ) Certo   ( ) Errado
do, como por ação judicial de indenização.
( ) Certo   ( ) Errado

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

(Cespe – TJ-RR – Técnico Judiciario – 2012) 21. (Cespe – DPE-AC – 2012)


No que tange à responsabilidade civil do Es- Segundo entendimento do STF, a responsa-
tado, julgue os itens que se seguem. bilidade civil das pessoas jurídicas de direi-
to privado prestadoras de serviço público é
17. A responsabilidade civil da pessoa jurídica objetiva relativamente a terceiros usuários e
de direito público em face de particular que não usuários do serviço.
tenha sofrido algum dano pode ser reduzi-
da, ou mesmo excluída, havendo culpa con- ( ) Certo   ( ) Errado
corrente da vítima ou tendo sido ela a única
culpada pelo dano. 22. (Cespe – TJ-DFT – Técnico Judiciário – 2015)
( ) Certo   ( ) Errado Devido à indisponibilidade do interesse
público, não se admite o reconhecimen-
to espontâneo, pela administração, de sua
18. As pessoas jurídicas de direito público e as obrigação de indenizar por ato danoso pra-
de direito privado prestadoras de serviços ticados por um de seus agentes.
públicos respondem objetivamente pelos
eventuais danos que seus agentes causarem ( ) Certo   ( ) Errado
a terceiros ao prestarem tais serviços.
( ) Certo   ( ) Errado 23. (Cespe – TJ-CE – Técnico Judiciário – 2014)
A reparação de danos causados pelo Estado
19. (Cespe – DPRF – Agente Administrativo – a terceiros pode ser feita tanto no âmbito
2012) administrativo, quanto na esfera judicial.
Caso a administração não reconheça desde
Funcionário público federal que, dirigindo logo a sua responsabilidade e não haja en-
um veículo oficial, em serviço, colida em um tendimento entre as partes quanto ao valor
poste, derrubando-o, somente estará obri- da indenização, o prejudicado poderá pro-
gado a ressarcir o dano causado ao patrimô- por ação de indenização contra a pessoa ju-
nio público se for condenado judicialmente rídica causadora do dano.
a fazê-lo.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
24. (Cespe – CAPES – 2012)
20. (Cespe – DPE-ES – 2012)
A responsabilidade objetiva do Estado fun-
A responsabilidade civil da administração damenta-se na teoria do risco administrati-
pública por atos comissivos é objetiva, em- vo.
basada na teoria do risco administrativo,
isto é, independe da comprovação da culpa ( ) Certo   ( ) Errado
ou dolo.
25. (Cespe – ANCINE – Técnico em Regulação –
( ) Certo   ( ) Errado 2012)
A responsabilidade civil das pessoas jurídi-
cas de direito privado prestadoras de servi-
ço público é subjetiva relativamente a ter-
ceiros usuários e não usuários do serviço.
( ) Certo   ( ) Errado

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26. (Cespe – CGE-PI – Auditor – 2015) 30. (Cespe – Procurador BA – 2014)
As pessoas jurídicas de direito público res- No caso, a ação de indenização por danos
ponderão pelos danos que seus agentes, materiais contra o Estado prescreverá em
nessa qualidade, causarem a terceiros, as- vinte anos.
segurado o direito de regresso contra o res-
ponsável apenas nos casos de dolo. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
31. (Cespe – TELEBRAS – Advogado – 2015)

27. (Cespe – Defensoria Pública-PE – 2015) A doutrina predominante entende que, na


conduta comissiva, a responsabilidade civil
A responsabilidade civil do servidor público do Estado só se configurará quando estive-
pela prática, no exercício de suas funções, rem presentes os elementos que caracteri-
de ato que acarrete prejuízo ao erário ou a zem a culpa.
terceiros pode decorrer tanto de ato omis-
sivo quanto de ato comissivo, doloso ou cul- ( ) Certo   ( ) Errado
poso.
( ) Certo   ( ) Errado 32. (Cespe – TELEBRAS – Advogado – 2015)
A necessidade de o lesado pela conduta es-
28. (Cespe – TRE-GO – Analista Judiciário – tatal provar a existência de culpa do agente
2015) é marca característica da responsabilidade
objetiva.
Rafael, agente público, chocou o veículo
que dirigia, de propriedade do ente ao qual ( ) Certo   ( ) Errado
é vinculado, com veículo particular dirigido
por Paulo, causando-lhe danos materiais. (Cespe – TCE-RN – Auditor – 2015)
Acerca dessa situação hipotética, julgue o A respeito de responsabilidade civil do Esta-
seguinte item. do por danos, abuso de poder e má gestão
de serviços públicos, julgue os itens a seguir.
A responsabilidade da administração pode
ser afastada caso fique comprovada a culpa
33. Situação hipotética: Um ônibus de deter-
exclusiva de Paulo e pode ser atenuada em
minada concessionária de serviço público
caso de culpa concorrente.
envolveu-se em acidente com vítima fatal,
( ) Certo   ( ) Errado porém havia indícios de embriaguez da ví-
tima, de que o condutor do ônibus atuara
com diligência no momento do acidente e
29. (Cespe – TJ-CE – Técnico Judiciário – 2014) de que, no momento do acidente, o veículo
No que tange à evolução da temática rela- trafegava com velocidade abaixo do máximo
cionada à responsabilidade civil do Estado, a permitido na via. Assertiva: Nessa situação,
regra adotada inicialmente foi a da respon- a empresa de ônibus não precisará indenizar
sabilidade subjetiva, caminhando-se, poste- a família da pessoa que morreu no aciden-
riormente, para a teoria da irresponsabilida- te, pois a pessoa jurídica de direito privado
de. não responde com responsabilidade objeti-
va diante de danos causados a terceiros não
( ) Certo   ( ) Errado usuários de serviços públicos.
( ) Certo   ( ) Errado

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

34. Haverá reponsabilidade objetiva do Estado 38. (Cespe – TCU – Procurador – 2015)
quando seus agentes, ainda que fora do ex-
pediente do trabalho, praticarem atos com Constitui pressuposto para a incidência da
excesso, utilizando-se de sua condição fun- responsabilidade objetiva do Estado o fato
cional. de o agente público ter praticado ato ilícito.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

(Cespe – TELEBRAS – Advogado – 2015)


35. (Cespe – TCU – Procurador – 2015)
Considerando que a noção de responsabili-
A responsabilidade das pessoas jurídicas de dade civil remete à ideia de responder pe-
direito privado prestadoras de serviços pú- rante a ordem jurídica por fato precedente,
blicos é objetiva em relação aos usuários do julgue os itens subsequentes a respeito da
serviço e subjetiva em relação aos não usu- responsabilidade civil.
ários.
( ) Certo   ( ) Errado 39. A doutrina predominante entende que, na
conduta comissiva, a responsabilidade civil
do Estado só se configurará quando estive-
36. (Cespe – TCU – Procurador – 2015) rem presentes os elementos que caracteri-
Quando se trata de ação fundada na respon- zem a culpa.
sabilidade objetiva do Estado, com arguição ( ) Certo   ( ) Errado
de culpa do agente, é admitida a denuncia-
ção da lide, mas não o litisconsórcio entre
a pessoa jurídica e o agente causador do 40. A necessidade de o lesado pela conduta es-
dano. tatal provar a existência de culpa do agente
é marca característica da responsabilidade
( ) Certo   ( ) Errado objetiva.
( ) Certo   ( ) Errado
37. (Cespe – TCU – Procurador – 2015)
A teoria da responsabilidade subjetiva do
Estado também é denominada de teoria do
risco, já que parte do pressuposto de que o
risco de dano é inerente à atividade exerci-
da pelo agente causador do prejuízo.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E 2. E 3. E 4. C 5. C 6. E 7. E 8. C 9. C 10. E 11. C 12. E 13. C 14. E 15. C 16. E 17. C 
18. C 19. E 20. C 21. C 22. E 23. C 24. C 25. E 26. E 27. C 28. C 29. E 30. E 31. E 32. E 33. E 34. C 
35. E 36. E 37. E 38. E 39. E 40. E

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Questões FCC

1. (FCC – TRT-23ª. – Analista Administrativo – b) não possui responsabilidade objetiva,


2016) vez que a sociedade de economia mista
possui personalidade jurídica de direito
Considere a seguinte situação hipotética: privado.
em determinado Município do Estado do c) possui responsabilidade objetiva, de-
Mato Grosso houve grandes deslizamentos vendo indenizar o particular lesado,
de terras provocados por fortes chuvas na sem prejuízo de exercer direito de re-
região, causando o soterramento de casas e gresso em face do funcionário.
pessoas. O ente público foi condenado a in- d) não possui responsabilidade objetiva,
denizar as vítimas, em razão da ausência de pois ausente o dolo na conduta do fun-
sistema de captação de águas pluviais que, cionário.
caso existisse, teria evitado o ocorrido. Nes- e) possui responsabilidade objetiva, de-
se caso, a condenação está vendo indenizar o particular lesado na
a) correta, tratando-se de típico exemplo da medida e proporção da culpabilidade
responsabilidade disjuntiva do Estado. do funcionário.
b) incorreta, por ser hipótese de exclusão
da responsabilidade em decorrência de 3. (FCC – TRT-15 – Juiz do Trabalho – 2015)
fator da natureza. Os princípios que informam a atuação da
c) correta, haja vista a omissão estatal, Administração pública, embora possam ser
aplicando-se a teoria da culpa do servi- isoladamente identificados como parâme-
ço público. tros para controle das funções executivas,
d) correta, no entanto, a responsabilidade na maior parte das vezes expressam-se por
estatal, no caso, deve ser repartida com meio de normas que não lhes fazem alusão
a da vítima. direta. Como exemplo da presença implíci-
e) incorreta, haja vista que o Estado so- ta do princípio que se destaca nas diversas
mente responde objetivamente, e, no atribuições e obrigações da Administração
caso narrado, não se aplica tal modali- pública pode-se mencionar a
dade de responsabilidade.
a) responsabilidade civil do Estado sob
2. (FCC – DPE-RR – Administrador – 2016) a modalidade objetiva, em decorrên-
cia da prática de atos lícitos, que bem
Funcionário de sociedade de economia mis- representa o conteúdo do princípio da
ta responsável pelo abastecimento de água isonomia, de forma a evitar a distribui-
realizava obras em canalização de deter- ção desigual dos ônus entre os adminis-
minada via pública, quando, por imperícia, trados.
gerou vazamento, que causou inundação e b) responsabilidade civil do Estado sob a
danos materiais a morador da área. Nesse modalidade objetiva, como forma de ex-
caso, o Estado pressão do princípio da moralidade, na
a) tem responsabilidade objetiva, deven- medida em que seria excessivo exigir do
do indenizar o particular lesado, sem a administrado demonstrar culpa do agen-
possibilidade de exercer direito de re- te público em determinado evento.
gresso em face do funcionário. c) ação regressiva cabível em face dos
agentes públicos causadores de danos

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que tenham sido ressarcidos pelo Es- prejuízo da responsabilização dos agen-
tado sob a modalidade da responsabi- tes públicos envolvidos.
lidade objetiva, como forma de mani- e) aos particulares comprovar a culpa dos
festação do princípio da eficiência, na agentes públicos, ou seja, que agiram
medida em que permite o atingimento com imprudência pois não estavam
de dupla finalidade, financeira e disci- atendendo chamado de emergência,
plinar. para fins de caracterização de responsa-
d) modalidade objetiva de responsabili- bilidade objetiva.
zação do Estado, em que não há culpa
nem é necessário demonstrar o nexo 5. (FCC – TJ-GO – Juiz Substituto – 2015)
causal, como expressão do princípio da
impessoalidade, visto que independe Suponha que um servidor público tenha
da identificação do agente público. cometido erro na alimentação do sistema
e) ação regressiva em face do agente pú- informatizado de distribuição de ações ju-
blico causador dos danos, sob a modali- diciais, o que levou a constar, equivocada-
dade objetiva, como expressão do prin- mente, a existência de antecedente criminal
cípio da legalidade, na medida em que a para determinado cidadão. Essa situação
atuação ilícita deve ser sancionada e o gerou prejuízos concretos para o cidadão,
prejuízo reparado. que foi preterido em processo de seleção
para emprego de vigilante e também obri-
4. (FCC – ManausPrev – Analista – 2015) gado a desocupar o quarto na pensão onde
residia. Diante dessa situação, referido cida-
Diante da ocorrência de acidente de trânsi- dão
to envolvendo veículos civis e militares, em
razão do qual os particulares aduzem terem a) possui direito de obter indenização do
sofrido danos materiais de grande monta, servidor pelos prejuízos suportados, in-
atribuindo a responsabilidade pela colisão dependentemente de comprovação de
aos agentes públicos que teriam avançado dolo ou culpa, em caráter subsidiário à
cruzamento quando a sinalização lhes era responsabilidade objetiva do Estado.
contrária, cabe b) possui direito de obter do Estado a in-
denização pelos danos materiais e mo-
a) aos particulares comprovar o nexo de rais sofridos, condicionado à comprova-
causalidade entre a atuação dos agen- ção da culpa in elegendo ou in vigilando
tes públicos e os danos concretos sofri- da Administração.
dos, invocando a responsabilidade ob- c) poderá acionar judicial ou administrati-
jetiva do Estado. vamente o servidor que cometeu a fa-
b) à Administração comprovar a culpa das lha, o qual possui responsabilidade ob-
vítimas, única hipótese de exclusão da jetiva pelos prejuízos comprovados.
responsabilidade extracontratual do Es- d) possui direito de ser indenizado pelo
tado. Estado pelos prejuízos decorrentes da
c) aos particulares aguardar a conclusão conduta do servidor público, indepen-
do processo administrativo que deve dentemente da comprovação de dolo
obrigatoriamente ser instaurado, para, ou culpa deste.
com base na conclusão do mesmo, de- e) poderá demandar, administrativa ou ju-
duzir em juízo sua pretensão indeniza- dicialmente, o Estado e o servidor, que
tória. possuem responsabilidade pelos danos
d) à Administração comprovar a ausência causados por ação ou omissão, respon-
de nexo de causalidade, para fins de dendo o Estado em caráter subsidiário
afastar sua culpa pelo acidente, sem em relação ao servidor.

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6. (FCC – DPE-AM – Defensor Público – 2013) responsável pela alimentação do sistema de


informações. Em razão dessa circunstância,
Paciente internada em UTI de hospital públi- Carlos, que é consultor, sofreu prejuízos fi-
co municipal falece em razão da ocorrência nanceiros, entre os quais a impossibilidade
de interrupção do fornecimento de energia de participar de procedimento licitatório
elétrica, decorrente de uma tempestade na instaurado pela Administração para contra-
região, sendo que o referido hospital não tação de serviços de consultoria, bem como
possuía geradores de emergência. Em sua o impedimento de obtenção de financia-
defesa, o Município alega que se trata de mento de projeto que estava conduzindo
situação de força maior, o que afasta a res- pela Agência de Fomento do Estado, que
ponsabilidade estatal. Tal argumento não se dispunha de linha de crédito com juros sub-
sustenta, pois sidiados, sendo obrigado a tomar financia-
a) a responsabilidade estatal na prestação mento junto a instituição financeira privada
de serviços públicos é baseada na teo- em condições mais onerosas. Diante da situ-
ria do risco administrativo, afastando as ação narrada, de acordo com o disposto na
causas excludentes de responsabilida- Constituição Federal sobre a responsabilida-
de. de civil do Estado,
b) a responsabilidade estatal na prestação a) o Estado responde objetivamente pelos
de serviços públicos é baseada na teo- prejuízos sofridos por Carlos, podendo
ria do risco integral, afastando as causas exercer o direito de regresso em face do
excludentes de responsabilidade. servidor, se comprovada conduta culpo-
c) não se trata de situação de força maior, sa ou dolosa do mesmo.
mas sim de fato de terceiro, que não en- b) Carlos deverá acionar o servidor res-
seja o afastamento da responsabilidade ponsável pelo erro e, desde que com-
estatal. provada a responsabilidade subjetiva,
d) por se tratar de morte natural, decor- possui direito à reparação, pelo Estado,
rente de moléstia contraída antes da in- dos prejuízos sofridos.
ternação, o nexo causal não se encontra c) o Estado não está obrigado a reparar os
configurado, sendo desnecessário re- prejuízos sofridos por Carlos, devendo,
correr à excludente de força maior. contudo, corrigir a falha identificada e
e) a situação ocorrida está no horizonte de proceder à apuração de responsabilida-
previsibilidade da atividade, ensejando de do servidor.
a responsabilidade subjetiva da entida- d) o servidor está obrigado a reparar os
de municipal, que tinha o dever de evi- prejuízos sofridos por Carlos, podendo
tar o evento danoso. exercer direito de regresso em face do
Estado, se comprovada falha na presta-
7. (FCC – Fiscal – ICMS-SP – 2013) ção do serviço.
Carlos, proprietário de um veículo licencia- e) Estado e servidor são solidária e obje-
do na Capital do Estado de São Paulo, teve tivamente responsáveis pelos prejuízos
seu nome inscrito, indevidamente, no ca- sofridos por Carlos, desde que compro-
dastro de devedores do Estado (“Cadin”), vada falha na prestação do serviço.
em face do suposto não pagamento de IPVA.
Constatou-se, subsequentemente, que o
débito objeto do apontamento fora quitado
tempestivamente pelo contribuinte, decor-
rendo a inscrição no Cadin de um erro de
digitação de dados incorrido pelo servidor

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8. (FCC – TRT 1ª Região – Analista Judiciário – 10. (FCC – Juiz Substituto – TJ-GO – 2012)
2013)
O regime publicístico de responsabilida-
O motorista de um automóvel de passeio de objetiva, instituído pelo art. 37, § 6o da
trafegava na contramão de direção de uma Constituição Federal NÃO é aplicável
avenida quando colidiu com uma ambulân-
cia estadual que transitava na mão regular a) a pessoas jurídicas privadas que atuem
da via, em alta velocidade porque acionada como parceiras privadas no âmbito das
a atender uma ocorrência. A responsabilida- Parcerias Público-Privadas (PPPs).
de civil do acidente deve ser imputada b) a pessoas jurídicas privadas que atuem
como concessionárias de serviço públi-
a) ao civil que conduzia o veículo e invadiu co.
a contramão, dando causa ao acidente, c) aos danos causados por particular que
não havendo nexo de causalidade para exerça atividade econômica em sentido
ensejar a responsabilidade do Estado. estrito, sob fiscalização da Administra-
b) ao Estado, uma vez que um veículo esta- ção Pública.
dual (ambulância) estava envolvido d) aos danos decorrentes de atos notariais
no acidente, o que enseja a responsabi- e de registros praticados por particula-
lidade objetiva. res, mediante delegação estatal.
c) ao Estado, sob a modalidade subjetiva, e) aos danos causados pela atuação de en-
devendo ser comprovada a culpa do tidades da Administração Indireta que
motorista da ambulância. tenham personalidade jurídica de direi-
d) tanto ao civil quanto ao Estado, sob a to privado.
responsabilidade subjetiva, em razão de
culpa concorrente. 11. (FCC – Juiz do Trabalho Substituto – TRT 11ª
e) ao civil que conduzia o veículo, que res- – 2012)
ponde sob a modalidade objetiva no
que concerne aos danos apurados na Segundo tendência jurisprudencial mais re-
viatura estadual. cente no Supremo Tribunal Federal, a res-
ponsabilidade civil das pessoas jurídicas de
9. (FCC – Médico Perito – INSS – 2012) direito privado prestadoras de serviço públi-
co é
A responsabilidade civil do Estado encontra
fundamento na Constituição Federal, apli- a) subjetiva relativamente a terceiros usu-
cando-se sob a modalidade ários, e objetiva em relação a não usuá-
rios do serviço.
a) subjetiva quando se tratar da prática de b) objetiva relativamente a terceiros usuá-
atos lícitos e objetiva quando se trata de rios, e subjetiva em relação a não usuá-
atos ilícitos. rios do serviço.
b) subjetiva, tanto para atos comissivos, c) objetiva relativamente a terceiros usuá-
quanto para atos omissivos. rios e não usuários do serviço.
c) objetiva para atos comissivos, ainda que d) objetiva relativamente a terceiros usuá-
lícitos. rios, e não existe em relação a não usuá-
d) subjetiva para atos comissivos dolosos, rios do serviço.
praticados por agentes públicos. e) subjetiva relativamente a terceiros usu-
e) objetiva quando se tratar de danos cau- ários, e não existe em relação a não usu-
sados a terceiros, excluída qualquer res- ários do serviço.
ponsabilização para a prática de atos
omissivos.

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

12. (FCC – TRE-PR – Analista Judiciário – 2012) c) com base na responsabilidade objetiva
do mesmo, bastando a comprovação do
Durante uma perseguição a suspeitos, uma nexo de causalidade entre a atuação do
viatura policial estadual avançou o sinal servidor e o dano.
vermelho e colidiu com outro veículo, par- d) apenas se comprovar a inexistência de
ticular, causando danos de grande monta e causas excludentes de responsabilida-
também lesões corporais nos integrantes do de, situação em que estará configurada
veículo. Nessa hipótese, com base na Cons- a responsabilidade objetiva do servidor.
tituição Federal e com as informações cons- e) independentemente da comprovação
tantes deste preâmbulo, o Estado de dolo ou culpa, desde que constatado
a) responde apenas subjetivamente, des- descumprimento de dever funcional.
de que haja culpa do agente público,
uma vez que este estava no regular de- 14. (FCC – TRT-MG – Oficial de Justiça – 2015)
sempenho de sua função. Uma empresa estatal, delegatária de servi-
b) responde subjetivamente pelos danos ço de transporte urbano intermunicipal, foi
sofridos pelos particulares, desde que acionada judicialmente por sucessores de
reste comprovada negligência do con- um suposto passageiro que, no trajeto en-
dutor da viatura. tre duas estações, juntou-se a um grupo de
c) responde objetivamente pelos danos clandestinos para a prática de “surf ferrovi-
sofridos pelos particulares, cabendo di- ário”, mas acabou se acidentando fatalmen-
reito de regresso contra o condutor da te. O resultado da ação é de provável
viatura na hipótese de ser comprovada
culpa ou dolo. a) procedência, tendo em vista que a res-
d) responde subjetivamente, caso seja de- ponsabilidade das estatais é regida pela
monstrado o nexo de causalidade, e o teoria do risco integral, de modo que é
servidor responde objetivamente pelos prescindível a demonstração de culpa
danos causados. do passageiro.
e) e o servidor respondem objetivamente, b) improcedência, tendo em vista que as
uma vez que avançar sinal vermelho sig- concessionárias de serviço público não
nifica negligência de natureza gravíssi- respondem objetivamente, mas sim
ma. subjetivamente, tendo em vista que são
submetidas a regime jurídico de direito
13. (FCC – Fiscal ISS-SP – 2012) privado.
c) improcedência, pois a modalidade ob-
O Município foi condenado a indenizar par- jetiva de responsabilidade a que se su-
ticular por danos sofridos em razão da omis- jeitam as pessoas jurídicas de direito
são de socorro em hospital da rede pública privado prestadoras de serviço público
municipal. Poderá exercer direito de regres- não afasta a incidência das excludentes
so em face do servidor envolvido no inci- de responsabilidade, tais como a culpa
dente exclusiva da vítima.
a) com base na responsabilidade subjetiva d) procedência, mas como não foi compro-
do servidor, condicionada à comprova- vada a condição de passageiro da víti-
ção de dolo ou culpa. ma, a ação deve se processar como res-
b) desde que comprove conduta omissiva ponsabilidade subjetiva, cabendo aos
ou comissiva dolosa, afastada a respon- sucessores do falecido comprovar que
sabilidade no caso de culpa decorrente houve culpa dos agentes da delegatária
do exercício de sua atividade profissio- de serviço público.
nal.

www.acasadoconcurseiro.com.br 143
e) improcedência, tendo em vista que
as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público respon-
dem objetivamente por danos causados
às vítimas, mas, como se trata de nor-
ma excepcional, no caso de falecimento,
esse direito não se transfere aos suces-
sores, que podem apenas deduzir pleito
de responsabilidade subjetiva em face
da delegatária.

15. (FCC – SEFAZ-PI – Auditor Fiscal – 2015)


Determinado servidor da Secretaria da Fa-
zenda inseriu informações falsas sobre ci-
dadão, seu desafeto, no cadastro de con-
tribuintes do Estado, fazendo com que o
referido cidadão passasse a figurar no cadas-
tro de inadimplentes. Diante dessa situação,
o cidadão, que é um pequeno empresário,
sofreu diversos prejuízos morais e patri-
moniais, especialmente em decorrência de
restrições de crédito. A responsabilidade do
Estado pelos danos sofridos pelo cidadão é:
a) subjetiva, dependendo, pois, da prévia
responsabilização do agente público em
processo disciplinar ou administrativo.
b) objetiva, dependendo, para efeito do de-
ver de indenizar o cidadão, da comprova-
ção do nexo de causalidade entre a con-
duta do servidor e os danos sofridos.
c) afastada, se comprovada culpa exclusiva
do agente público, o qual responde civil-
mente perante o cidadão prejudicado e
administrativamente por falta disciplinar.
d) condicionada à comprovação de dolo
do servidor, circunstância que, se pre-
sente, obriga o Estado a indenizar os da-
nos patrimoniais e morais sofridos pelo
cidadão.
e) decorrente da prestação do serviço pú-
blico, não estando presente na situação
narrada em face da conduta dolosa do
agente público.

Gabarito: 1. C 2. C 3. A 4. A 5. D 6. E 7. A 8. A 9. C 10. C 11. C 12. C 13. A 14. C 15. B

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TÓPICO 6

Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92)

Preliminarmente, cumpre-nos ressaltar que a palavra improbidade tem sua origem na expressão
latina improbitate, e, segundo José Náufel, “ato de improbidade é todo aquele contrário às
normas da moral, à lei e aos bons costumes; aquele que denota falta de honradez e de retidão
no modo de proceder”.
Portanto, em todas as situações analisadas nesse capítulo, expostas na Lei nº 8.429, de 02 de
junho de 1992, é fundamental que a conduta ilícita do administrador público esteja impregnada
pela má-fé ou pela desonestidade, no trato da coisa pública.
Pela primeira vez, em 1988, a expressão “improbidade administrativa” ganhou status
constitucional, visto que a Constituição Federal inseriu-a nos seus artigos 15, V (um caso de
suspensão dos direitos políticos) e 37, § 4º (consequências da prática do ato de improbidade).
O estudo do Texto Constitucional, em seu art. 37, § 4º, é de fundamental importância,
possuindo um alto índice de cobrança pelas diversas bancas examinadoras. De acordo com
esse dispositivo, além das sanções penais cabíveis, os atos de improbidade acarretam:
•• perda da função pública;
•• suspensão dos direitos políticos (e não a sua perda!);
•• ressarcimento ao erário (cofres públicos);
•• indisponibilidade dos bens.
Podemos acrescentar, ainda, que, segundo o art. 85, V, do nosso Texto Constitucional,
constituem crime de responsabilidade do Presidente da República os atos que atentem contra
a probidade da Administração.
Segundo Marino Pazzaglini Filho, “a improbidade administrativa, sinônimo jurídico de corrupção
e malversação administrativas, exprime o exercício da função pública com desconsideração aos
princípios constitucionais expressos e implícitos que regem a Adminstração Pública”.
Em outra passagem, conceitua: “Diante do exposto, é possível conceituar improbidade
administrativa do agente público: toda conduta ilegal (corrupta, nociva ou inepta) do agente
público, dolosa ou culposa, no exercício (ainda que transitório ou sem remuneração) de função,
cargo, mandato ou empregado público, com ou sem participação (auxílio, favorecimento ou
indução) de terceiro, que ofende os princípios constitucionais (expressos e implícitos) que
regem a Administração Pública”.
De forma sucinta, concluímos que a improbidade administrativa é o desrespeito ao princípio
da probidade administrativa, que deve reger a conduta do administrador, de modo que ele aja
dentro de uma conduta ética, com honestidade e decência, zelando pelo interesse público.

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Assim, a Lei nº 8.429/92, atualizada pela Medida Provisória nº 2.225-45/01 e pela Lei nº
11.107/05, regulou os atos de improbidade, praticados pelo administrador, da seguinte forma:
•• atos que importam enriquecimento ilícito do agente público (art. 9º);
•• atos que causam prejuízo ao erário, ou seja, aos cofres públicos (art. 10);
•• atos que atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11).
Além disso, também foi detalhado o procedimento administrativo e judicial a ser adotado (art.
14) e as penalidades civis, políticas e administrativas a serem aplicadas (art. 12).

2. Sujeito Passivo do Ato de Improbidade (art. 1º)

Neste tópico, dispomos as entidades e órgãos que podem ser sujeitos passivos de um ato de
improbidade. A principal característica é que todos exercem atividades públicas ou privadas de
interesse coletivo e, consequentemente, têm como uma de suas atribuições a gestão de verba
pública, destinada pelo Governo para a realização de tais atividades.
Sucintamente, podemos resumir os sujeitos passivos dos atos de improbidade da seguinte
forma (Lei nº 8.429/92, art. 1º):
•• órgãos e entidades integrantes da estrutura da Administração Pública Direta (Entidades
Políticas – União, Estados, Municípios e Distrito Federal);
•• entidades integrantes da Administração Indireta (Entidades Administrativas - autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista);
•• empresas incorporadas ao patrimônio público;
•• entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual;
•• entidades que compõem o denominado “Terceiro Setor”, ou seja, entidades paraestatais:
pessoas jurídicas de Direito Privado, que atuam ao lado do Estado, para desempenhar
atividades de interesse público, sem fins lucrativos, que, para isso, recebem uma certa
proteção estatal, por meio de benefícios, subvenções e incentivos fiscais ou creditícios
(serviços sociais autônomos, organizações sociais e organizações da sociedade civil de
interesse público), limitando-se, nesses casos, a sanção patrimonial ao prejuízo sofrido
pelos cofres públicos.

3. Sujeito Ativo do Ato de Improbidade Administrativa (art. 2º e 3º)

Para fins do disposto nessa lei, a conceituação de agente público é bem abrangente e
comumente utilizada pelos diversos autores. Engloba todo aquele que tenha algum vínculo com
o serviço público, ainda que seja uma ligação temporária e sem remuneração. Tradicionalmente
os agentes públicos são subdivididos em categorias, de acordo com as suas características
comuns (vide agentes públicos).

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Sujeito Ativo do Ato de Improbidade Administrativa ⇒ Agente Público

É importante ressaltarmos que mesmo aquele que não seja agente público, mas que induza
ou concorra para a prática do ato ou dele se beneficie, sob qualquer forma, ainda que
indiretamente, será considerado sujeito ativo do ato de improbidade.

4. Princípios Expressos na Lei de Improbidade Administrativa (art. 4º)

A Lei de Improbidade Administrativa reza que todo agente público é obrigado a observar os
princípios explícitos, da Administração Pública, na Constituição Federal, em seu art. 37. Sendo
assim, sempre deverão ser observados os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência (vide princípios do Direito Administrativo).

CUIDADO!
Cabe ressaltar que o princípio da eficiência foi introduzido no Texto Constitucional
através da Emenda Constitucional 19, de 1998, ou seja, posteriormente à edição da
Lei nº 8.429/92, sendo assim, também deverá ser observado na conduta de qualquer
agente público.

Além dos princípios explícitos na Constituição Federal, também deverão ser adotados pelos
agentes públicos, em sua conduta, os princípios implícitos, com a mesma relevância. Assim, o
próprio princípio da probidade administrativa, logicamente, deverá ser observado.

5. Ressarcimento do Dano (art. 5º)

Pela leitura do art. 5º da Lei nº 8.429/92, percebemos que, para que fique configurada
a obrigação de reparar integralmente a lesão que causou ao patrimônio público, do agente
público ou terceiro causador do dano, será necessária a comprovação de dolo ou culpa. Assim,
fica caracterizada a adoção da responsabilidade civil subjetiva.
Sendo assim, não haverá reparação civil se ficar caracterizado ato de improbidade administrativa
lesivo ao erário, sem culpa ou dolo do agente. Observamos, ainda, que a conduta do agente
poderá ser omissiva ou comissiva.
O ressarcimento ao erário será sempre integral e é essencial a ocorrência de dano real, não
cabendo o dano presumido ou moral.

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6. Perdimento dos Bens (art. 6º)

A perda dos bens ou dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio do agente público ou de
terceiro beneficiário já é uma das sanções previstas no art. 12, I, no caso de ato de improbidade
que importe enriquecimento ilícito (art. 9º).
Pouco importará se houve ou não ato lesivo ao erário, ou seja, ainda que não ocorra efetiva
lesão ao erário, poderá haver o perdimento dos bens.

7. Indisponibilidade dos Bens (art. 7º)

Poderá a autoridade administrativa, responsável pelos procedimentos investigatórios, requerer


ao Ministério Público a indisponibilidade dos bens do indiciado, com o fim de assegurar o
ressarcimento integral de uma futura execução forçada, caso seja condenado.

8. Responsabilidade dos Sucessores (art. 8º)

A responsabilidade dos sucessores daqueles que causarem lesão ao patrimônio público ou que
se enriquecerem ilicitamente, é limitada ao valor da herança recebida.
É bom lembrar que a responsabilidade dos sucessores tem fulcro na nossa Constituição Federal,
em seu art. 5º:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar


o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

9. Dos Atos de Improbidade Administrativa

9.1 Que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º)


Constitui a modalidade mais grave de improbidade administrativa. Consequentemente, as
penalidades aplicáveis, de acordo com o art. 12, I, são as de grau mais elevado.
Alguns tópicos devem ficar caracterizados para que haja a sua tipificação:
•• A vantagem percebida pelo agente público deve ser patrimonial, ainda que não cause
dano ao erário ou ao patrimônio público, como no caso de comissões ou gratificações
percebidas indevidamente.

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•• A vantagem deve originar-se da conduta desonesta do agente público, no exercício de


cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades do art. 1º. O enriquecimento
ilícito deve ser fruto de sua conduta funcional desonesta.
•• A conduta suscetível de acarretar o enriquecimento ilícito do agente deverá ser dolosa,
não se admitindo a forma culposa em nenhuma de suas modalidades.
•• Deve existir nexo causal entre o enriquecimento ilícito e o desempenho da atividade
pública do agente.
•• Em tal modalidade, o beneficiário será o próprio agente público que praticou o ato ímprobo.

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir


qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta
ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III – perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta
ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior
ao valor de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;
V – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço,
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII – adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

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IX – perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza;
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para
omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei.

Por fim, percebemos que a lista do art. 9º não é uma lista taxativa, devido à expressão
“notadamente” utilizada em sua redação. Assim, a lei em questão apenas enumera alguns dos
casos que poderão ocorrer.

9.2 Que Importam Prejuízo ao Erário (art. 10)


O conceito de erário está incluso no conceito de Patrimônio Público. Seu conceito engloba os
recursos financeiros do Estado, ou seja, os cofres públicos propriamente ditos.
Constitui ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erário toda conduta ilegal do
agente público, omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no
art. 1º desta lei.
Do seu conceito, percebemos que devem estar presentes:
•• Ação ou omissão ilegal do agente público, no exercício de suas atribuições. Não há que se
falar em tal modalidade de improbidade administrativa se o agente público agiu secundum
legem, mesmo que tenha incorrido em erro de interpretação da norma ou má conduta
administrativa, desde que não seja caracterizada a sua má-fé.
•• Ocorrência de dano econômico real, não cabendo dano presumido ou moral.
•• Dolo ou culpa na conduta ilegal do agente público, caracterizando, assim, a responsabilidade
subjetiva do agente causador do dano.
•• Deve haver nexo causal entre a lesão ao erário e o desempenho ilegal da atividade pública
do agente.
•• Tal ato de improbidade visa o benefício de terceiros.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

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II – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III – doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;
IV – permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte
delas, por preço inferior ao de mercado;
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior
ao de mercado;
VI – realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou
aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII – conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X – agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;
XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.
XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular
de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;

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XVIII – celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX – frustrar a licitude de processo seletivo para celebração de parcerias da administração
pública com entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente;
XX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas
sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular.

Por fim, percebemos que a lista do art. 10 não é uma lista taxativa, devido à expressão
“notadamente” utilizada em sua redação. Assim, a lei em questão apenas enumera alguns dos
casos que poderão ocorrer.
Uma forma de diferenciarmos as situações enumeradas no art. 9º (atos de improbidade que
importam enriquecimento ilícito), das situações previstas no art. 10 (atos de improbidade
que acarretam lesão ao erário) é que, nas primeiras, o beneficiário do ato de improbidade
administrativa é o próprio agente público que o praticou, enquanto, nas segundas, o benefício
é de terceiros.

9.3 Que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública (art. 11)


Preliminarmente, devemos perceber que todos os atos de improbidade administrativa irão
envolver desrespeito a um ou mais princípios do Direito Administrativo. Inevitavelmente,
quando o agente público pratica um ato de improbidade estará ferindo os princípios da
probidade administrativa e da moralidade.
Sendo assim, o entendimento doutrinário é que o art. 11 da Lei nº 8.429/92 possui caráter
residual ou secundário, ou seja, o agente público que praticar ato de improbidade administrativa
só será enquadrado por transgressão aos princípios que regem a atividade administrativa se
não se enquadrarem nas duas categorias citadas anteriormente.
Na prática do ato de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
Administração Pública, teremos os seguintes traços comuns:
•• Conduta do agente pública denotativa de má-fé, desonestidade.
•• Ação ou omissão dolosa do agente público, violadora dos princípios da Administração
Pública.
•• Além de desrespeito a princípio constitucional, não poderá acarretar lesão ao erário (art.
10) ou enriquecimento ilícito do agente público (art. 9º).

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Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da admi-
nistração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali-
dade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mer-
cadoria, bem ou serviço.
VIII – descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
IX – deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

Na verdade, a melhor forma para enquadramos determinado ato em uma das três hipóteses
seria por exclusão. Sendo assim, devemos começar analisando se o ato em questão acarretou,
de alguma forma, a percepção de vantagens indevidas. Após, numa segunda análise,
observamos se o ato causou dano ao erário. Se, finalmente, também não ocorreu nenhum
dano à Administração Pública, resta o enquadramento final como atentatório aos princípios da
Administração Pública.

4.10 Penalidades (art. 12)


As sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa não excluem outras sanções penais,
civis e administrativas, previstas na legislação específica.
Não há previsão na Lei nº 8.429/92 de nenhuma medida punitiva de natureza penal. Aliás,
o próprio texto constitucional impõe medidas de natureza civil (ressarcimento ao erário e
indisponibilidade dos bens), política (suspensão dos direitos políticos) e político-administrativa
(perda da função pública), sem excluir, contudo, a ação penal cabível.
É importante ressaltar que quase sempre as condutas tipificadoras da improbidade
administrativa são também enquadradas como crime no Código Penal.
Algumas penalidades são aplicáveis, sem graduação, nas três hipóteses previstas na lei (arts.
9º, 10 e 11):
a) perda da função pública;

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b) ressarcimento integral do dano;
c) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
Ressaltamos que a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam
com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Quanto à perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressaltamos que
a perda recairá apenas sobre os bens e valores obtidos indevidamente pelo agente público
condenado, ou seja, não afetará os bens que integravam seu patrimônio antes da prática do ato
de improbidade. Na verdade, o agente público ímprobo não sofrerá uma sanção patrimonial,
visto o caráter meramente indenizatório de tal punição.
Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

Proibição contratar com o


ATOS DE
Suspensão Poder Público e de receber
IMPROBIDADE Previsão
dos direitos Multa civil benefícios ou incentivos
ADMINISTRATIVA legal
políticos fiscais ou creditícios,
QUE IMPORTEM
direta ou indiretamente
Até 3 vezes
Enriquecimento o valor do
Art. 9º 8 a 10 anos 10 anos
Ilícito acréscimo
patrimonial
Até duas
Lesão ao erário Art. 10 5 a 8 anos vezes o valor 5 anos
do dano
Até 100 vezes
Desrespeito aos
o valor da
Princípios da
Art. 11 3 a 5 anos remuneração 3 anos
Administração
do agente
Pública
público

Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,
assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
Cabe ressaltar, ainda, que o art. 21 da Lei de Improbidade afirma que a aplicação das penalidades
independe:
I – da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.

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4.11 Declaração de Bens (art. 13)


A Lei de Improbidade Administrativa condiciona a posse e o exercício do agente público à
apresentação de declaração dos bens que compõem o seu patrimônio privado, além de sua
atualização anual e no momento em que deixar de exercer mandato, cargo, emprego ou função
pública.
Tal exigência é mais completa do que a constante na Lei nº 8.112/90, em seu art. 13, aplicável
ao servidor público federal, estatutário, da Administração Direta, autárquica e fundacional, que
menciona:

§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem


seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou
função pública.

A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações ou quaisquer


bens ou valores patrimoniais localizados no País ou no exterior, pertencentes ao patrimônio do
servidor e, quando for o caso, do cônjuge, companheiro, filhos ou outras pessoas que vivam
sob sua dependência econômica.
Estará sujeito à pena de demissão, a bem do serviço público, o servidor que se recusar a prestar
declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar com informações falsas.
Logicamente, para aplicação de tal penalidade, é imprescindível que haja a apuração mediante
processo administrativo disciplinar, em que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa.

4.12 Procedimento Administrativo e Judicial (art. 14 ao 18)


Dentro do Capítulo intitulado “Do Procedimento Administrativo e Judicial”, encontraremos
a possibilidade de qualquer pessoa representar à autoridade competente para que seja
instaurada investigação visando apurar ato de improbidade administrativa.
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, “Trata-se de direito de natureza constitucional, que poderia ser
exercido mesmo que não previsto nessa lei, já que assegurado pelo artigo 5º, inciso XXXIV, a, da
Constituição”.
Tal representação deverá conter algumas formalidades, tais como: ser formulada por escrito,
assinada e conter a qualificação do representante. Também informará sobre o fato e sua
autoria, além de indicar as provas de que tenha conhecimento o denunciante. Se tais exigências
não forem cumpridas, a autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho
fundamentado, o que não impedirá a representação ao Ministério Público.
Em se tratando de servidor público federal, atendidos os requisitos da representação, deverá
ser iniciada a apuração dos fatos, conforme o estabelecido nos arts. 148 a 182 da Lei nº
8.112/90. Cabe ressaltar que se tratando de processo administrativo, cada ente da federação
deverá seguir o disposto em seus estatutos.
Após a instauração do processo administrativo, a Comissão responsável pela apuração dos fatos
dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas, da existência de
procedimento administrativo para apurar a prática do ato de improbidade.

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O Ministério Público e o Tribunal de Contas poderão, a requerimento, designar representante
para acompanhar o procedimento administrativo.
A ação principal, que terá rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa
jurídica interessada, dentro de trinta dias da medida cautelar.
Ressaltamos que a Lei de Improbidade estabelece que, quando o Ministério Público não for
parte, obrigatoriamente, atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade do processo.
O entendimento doutrinário é que a ação judicial de improbidade administrativa possui
natureza de ação civil pública, sendo-lhe aplicável, no que couber, a Lei nº 7.347/95, que
regulamenta o tema.
A Lei nº 8.429/92 prevê algumas medidas acautelatórias, tais como: indisponibilidade dos bens,
sequestro dos bens, investigação, exame e bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, afastamento do agente público do exercício do
cargo, emprego ou função.

4.13 Disposições Penais da Lei de Improbidade Administrativa (art. 19)


Constitui crime, sujeito à pena de detenção de seis a dez meses e multa a representação de ato
de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o
souber inocente, sem prejuízo da ação de indenização por danos materiais, morais ou à imagem
que forem provocados.

CUIDADO!
Não há previsão de sanção penal, na Lei nº 8.429/92, para o agente ímprobo (autor
do ato de improbidade administrativa). A sanção prevista no art. 19 estabelece sanção
penal para quem representa ato de improbidade administrativa, sabendo que o
suposto autor é do ato é inocente.

4.14 Prescrição (art. 23)


Podemos, de forma sucinta, definir prazo prescricional como sendo aquele de que dispõe a
Administração Pública, para punir o agente que cometeu uma infração. Assim, prescrição é a
perda do direito de punir, da Administração, pelo decurso do prazo prescricional. As ações civis
de improbidade administrativa possuem três prazos de prescrição.
Será de cinco anos o prazo prescricional para ações a serem ajuizadas contra agentes públicos
que exerçam mandato, cargo em comissão ou função de confiança, contados a partir do término
do mandato ou do vínculo funcional.
Já o prazo prescricional para aqueles agentes públicos que exerçam cargo efetivo ou emprego
público, é o estabelecido em lei específica, para as faltas puníveis com demissão a bem do

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serviço público. Segundo a Lei nº 8.112/90, aplicável no âmbito do serviço público federal, esse
prazo também será de cinco anos.
Por fim, a Lei nº 13.019/2014 inclui o prazo prescricional de até cinco anos da data da
apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no
parágrafo único do art. 1º da Lei de Improbidade.

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Questões CESPE

(Cespe – ANCINE – Técnico Administrativo administrativa competente. Assim, a repre-


– 2012) sentação somente poderá ser apresentada
de forma escrita, devendo conter a quali-
Julgue o item a seguir de acordo com a Lei ficação do representante, as informações
nº 8.429/1992. sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento, sob
1. Frustrar a licitude de concurso público con- pena de ser rejeitada.
figura ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da adminis- ( ) Certo   ( ) Errado
tração pública.
( ) Certo   ( ) Errado 5. Aquele que viola os deveres de legalidade e
quem retarda ou deixa de praticar, indevi-
damente, ato de ofício pratica ato de impro-
2. (Cespe – CNJ – Técnico Administrativo – bidade administrativa que causa prejuízo ao
2012) erário.
Quando um servidor público ordena ou per- ( ) Certo   ( ) Errado
mite a realização de despesas não autoriza-
das em lei ou regulamento, ele comete ato
de improbidade administrativa que atenta (Cespe – PC-AL – Delegado – 2012)
contra os princípios da administração públi- Com base nos dispositivos da Lei de Impro-
ca. bidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992),
( ) Certo   ( ) Errado julgue os itens subsecutivos.

6. Apenas o Ministério Público (MP) poderá


3. (Cespe – CNJ – Técnico Administrativo – representar à autoridade administrativa
2012) competente para que seja instaurada inves-
Constituem improbidade administrativa tigação devida para apurar a prática de ato
não apenas os atos que geram enriqueci- de improbidade.
mento ilícito, mas também os que atentam ( ) Certo   ( ) Errado
contra os princípios da administração públi-
ca.
7. As ações que têm por objeto a aplicação das
( ) Certo   ( ) Errado sanções previstas para o cometimento de
ato de improbidade realizado por prefeito
(Cespe – PC-AL – Escrivão – 2012) municipal prescrevem até três anos após a
ocorrência do ato de improbidade.
Julgue os itens que se seguem, em relação à
improbidade administrativa. ( ) Certo   ( ) Errado

4. Apenas o Ministério Público possui legi-


timidade para representar, contra ato de
improbidade administrativa, à autoridade

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8. (Cespe – PF-Agente – 2012) 12. (Cespe – TRT10 – Analista Judiciário – 2012)
Se o suposto autor do ato alegar que não ti- Quando o indivíduo aufere vantagem patri-
nha conhecimento prévio da ilicitude, o ato monial ilícita pelo exercício de função públi-
de improbidade restará afastado, por ser o ca, ele estará incorrendo em conduta de im-
desconhecimento da norma motivo para probidade, ficando sujeito às sanções da Lei
afastá-lo. de Improbidade Administrativa, mesmo que
não haja lesão aos cofres públicos.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
(Cespe – MCTI – Gestão Administrativo –
2012) 13. (Cespe – TRF-5 – Juiz – 2012)
Ainda com base na Lei de Improbidade Ad- Praticado ato de improbidade administra-
ministrativa, julgue os itens a seguir. tiva que importe enriquecimento ilícito, o
responsável estará sujeito às seguintes co-
9. Em geral, a aplicação das sanções previstas minações: perda dos bens ou valores acres-
na Lei de Improbidade depende da compro- cidos ilicitamente ao patrimônio; ressar-
vação de efetivo dano ao patrimônio públi- cimento integral do dano, quando houver;
co. perda da função pública; suspensão dos
( ) Certo   ( ) Errado direitos políticos por período de oito a dez
anos; pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial; e
10. Para os efeitos dessa lei, considera-se agen- proibição de contratar com o poder públi-
te público toda pessoa que exerça cargo, co ou receber benefícios ou incentivos fis-
emprego, mandato ou função pública, ex- cais ou creditícios, direta ou indiretamente,
cluídos os casos de exercício transitório ou ainda que por intermédio de pessoa jurídica
não remunerado. da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos, sendo apenas a perda da função
( ) Certo   ( ) Errado pública e a suspensão dos direitos políticos
efetivadas só com o trânsito em julgado da
(Cespe – MPU – Analista Processual – 2010) sentença condenatória.
Com base no que dispõe a Lei nº ( ) Certo   ( ) Errado
8.429/1992, julgue o item seguinte, relacio-
nado a improbidade administrativa.
14. (Cespe – TRF-5 – Juiz – 2012)
11. São sujeitos passivos do ato de improbida- Dada a necessidade de garantir a incolumi-
de administrativa, entre outros, os entes da dade do patrimônio público, a Lei de Impro-
administração indireta, as pessoas para cuja bidade Administrativa autoriza a realização
criação ou custeio o erário haja concorri- de transação entre o autor do ato de impro-
do ou concorra com mais de cinquenta por bidade e o MP.
cento do patrimônio ou da receita anual e
as entidades que recebam subvenção, be- ( ) Certo   ( ) Errado
nefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público.
( ) Certo   ( ) Errado

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15. (Cespe – TJ-RR – Analista Processual – 18. (Cespe – MPTCE-PB – Procurador – 2014)
2012)
O particular que induza ou concorra para a
Retardar ou deixar de praticar, indevida- prática do ato de improbidade ou dele se
mente, ato de ofício configura ato de im- beneficie, direta ou indiretamente, pode fi-
probidade administrativa cuja configuração gurar, sozinho, no polo passivo de ação de
prescinde da presença de elemento doloso. improbidade administrativa.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

(Cespe – SAEB – 2012) 19. (Cespe – MPTCE-PB – Procurador – 2014)


Em consonância com a Lei nº 8.429/1992, A aplicação das sanções previstas na lei de
que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos improbidade prescinde da efetiva ocorrên-
agentes públicos nos casos de enriqueci- cia do dano ao patrimônio público, salvo
mento ilícito no exercício de mandato, car- quanto à pena de ressarcimento, e da apro-
go, emprego ou função na administração vação ou rejeição das contas pelo tribunal
pública direta, indireta ou fundacional, jul- ou conselho de contas.
gue o item abaixo.
( ) Certo   ( ) Errado
16. O servidor público que, ao celebrar contra-
to administrativo e por ação meramente 20. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2014)
culposa, tenha aceitado do particular con-
tratante garantia insuficiente, não praticou Constitui ato de improbidade exercer ativi-
ato de improbidade administrativa, uma vez dade de consultoria para pessoa física que
que está ausente a intenção de causar pre- tenha interesse que possa ser amparado por
juízo ao erário. ação ou omissão decorrente das atribuições
do agente público, durante a atividade.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
17. (Cespe – SUFRAMA – Agente Administrati-
vo – 2014) 21. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2014)
Suponha que um servidor público tenha au- A declaração de bens deve ser apresentada
torizado o financiamento para a construção tão somente por ocasião da posse e na data
de uma unidade fabril, agindo estritamente em que o agente público deixar o exercício
dentro da legalidade, e que, por tal motivo, do mandato, cargo, emprego ou função pú-
tenha recebido da matriz da sociedade em- blica.
presária um veículo como presente. Nessa
situação, o recebimento do presente não ( ) Certo   ( ) Errado
caracteriza ato de improbidade, em virtude
de não ter ocorrido qualquer violação na 22. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2014)
conduta funcional do servidor.
Para a caraterização de ato de improbidade
( ) Certo   ( ) Errado administrativa, dele deve decorrer lesão ao
erário ou vantagem pessoal ao agente.
( ) Certo   ( ) Errado

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23. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2014) os atos de improbidade administrativa, po-
derá ser cometido ato de improbidade ainda
O administrador público que atrasa a entre- que a infração praticada pelo agente público
ga das contas públicas pratica ato de impro- não esteja descrita na Lei de Improbidade
bidade, independentemente da existência Administrativa.
de dolo na espécie.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

28. (Cespe – DPU – 2015)


24. (Cespe – TJDFT – Juiz – 2014)
O rol de condutas tipificadas como atos de
O sucessor daquele que causar lesão ao pa- improbidade administrativa constante na
trimônio público estará sujeito, até o limite Lei de Improbidade (Lei nº 8.429/1992) é ta-
da lesão, às cominações da Lei de Improbi- xativo.
dade Administrativa.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

29. (Cespe – DPE-RN – Defensor Público – 2015)


25. (Cespe – TJDFT – Analista Judiciário – 2015)
Segundo entendimento jurisprudencial já
Ao negar publicidade a ato oficial, o servidor pacificado no âmbito do STJ, eventual pres-
público comete ato de improbidade admi- crição das sanções decorrentes dos atos de
nistrativa, o que atenta contra os princípios improbidade administrativa não impede o
da administração pública. Para tanto, torna- prosseguimento de ação judicial visando ao
-se irrelevante considerar se houve ação de ressarcimento dos danos causados ao erá-
caráter doloso ou culposo. rio, tendo em vista a imprescritibilidade de
( ) Certo   ( ) Errado referida ação.
( ) Certo   ( ) Errado
26. (Cespe – TJDFT – Oficial de Justiça – 2015)
Ainda que não haja trânsito em julgado da 30. (Cespe – MPU – Analista Administrativo –
sentença condenatória em ação de improbi- 2015)
dade administrativa proposta contra servidor Considere que um agente público, contra-
do TJDFT, a autoridade judicial ou administra- tado para o exercício de função transitória
tiva competente poderá determinar o afasta- e não remunerada em determinado órgão
mento do servidor do exercício da função, sem público, tenha recebido vantagem econô-
prejuízo de sua remuneração, quando a medi- mica indevida em razão desse exercício de
da se fizer necessária à instrução processual. função. Nesse caso, em virtude da precarie-
( ) Certo   ( ) Errado dade do vínculo e da ausência de remunera-
ção, é correto afirmar que o agente público
não estará sujeito às regras e às penalidades
27. (Cespe – MPU – Analista Administrativo – contidas na Lei de Improbidade Administra-
2015) tiva.
Em razão do caráter meramente exemplifi- ( ) Certo   ( ) Errado
cativo do rol de condutas que caracterizam
Gabarito: 1. C 2. E 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. E 9. E 10. E 11. C 12. C 13. C 14. E 15. E 16. E 17. E 
18. E 19. C 20. C 21. E 22. E 23. E 24. E 25. E 26. C 27. C 28. E 29. E 30. E

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Questões FCC

1. (FCC – SABESP – Advogado – 2014) 3. (FCC – TRT 19 – Analista Judiciário – 2014)


Em janeiro de 2005, José, vereador de de- Antônio, agente público, foi processado e
terminado Município, praticou ato de im- condenado por improbidade administrati-
probidade administrativa, previsto na Lei nº va. De acordo com a sentença condenatória,
8.429/92. Em dezembro de 2008, deu-se o Antônio frustrou a licitude de importante
término do exercício do mandato de José concurso público que ocorreu em Maceió.
e, em janeiro de 2012, o Ministério Público Nos termos da Lei nº 8.429/92, NÃO cons-
ajuizou a respectiva ação de improbidade titui sanção passível de ser aplicada a Antô-
administrativa. A propósito dos fatos narra- nio em razão do ato ímprobo cometido:
dos, a ação ajuizada pelo Ministério Público
a) Ressarcimento integral do dano, se
a) não é cabível, vez que José não é con- houver.
siderado sujeito ativo de improbidade b) Suspensão dos direitos políticos por
administrativa. sete anos.
b) está prescrita, pois deveria ser ajuizada c) Perda da função pública.
até janeiro de 2010. d) Proibição de contratar com o Poder Pú-
c) está prescrita, pois deveria ser ajuizada blico ou receber benefícios ou incenti-
até janeiro de 2011. vos fiscais ou creditícios pelo prazo de
d) não está prescrita, pois poderá ser ajui- três anos.
zada até dezembro de 2015. e) Pagamento de multa civil de até cem ve-
e) não está prescrita, pois poderia ser ajui- zes o valor da remuneração de Antônio.
zada até dezembro de 2013.
4. (FCC – TRF 3 – Analista Judiciário – 2014)
2. (FCC – METRO SP – Advogado – 2014)
No curso de determinada ação de improbi-
Marilis, Prefeita de um Município Paulis- dade administrativa, após o encerramento
ta, foi processada e condenada por impro- da fase instrutória, o juiz do processo cha-
bidade administrativa, haja vista ter sido mou o feito para analisar atentamente os
comprovada a prática de ato ímprobo que próximos trâmites processuais e concluiu
importou em enriquecimento ilícito. A pro- pela inadequação da ação de improbida-
pósito do aludido ato de improbidade, é IN- de. Nesse caso e de acordo com a Lei nº
CORRETO afirmar que 8.429/92,
a) não admite conduta culposa. a) poderá optar por extinguir ou não o
b) admite a medida de indisponibilidade processo, com ou sem julgamento de
de bens. mérito.
c) tem as sanções mais severas previstas b) não é mais possível a extinção do pro-
na Lei de Improbidade Administrativa. cesso.
d) pode gerar, dentre outras consequên- c) extinguirá o processo com julgamento
cias, a perda da função pública. de mérito.
e) o sucessor não está sujeito às comina- d) inexiste fase instrutória nas ações de
ções previstas na Lei de Improbidade improbidade administrativa.
Administrativa, independentemente do e) extinguirá o processo sem julgamento
limite do valor da herança. de mérito.

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5. (FCC – TRT 16 – Analista Administrativo – c) necessariamente dolosa e causadora de
2014) dano ao erário.
d) dolosa ou culposa, não sendo necessá-
Maurício é servidor público do Governo do ria a prova de eventual dano ao erário.
Maranhão, atuando em cargo diretivo em e) dolosa ou culposa e causadora de pre-
determinada secretaria e, no exercício re- juízo ao erário.
gular de suas funções, recebeu dinheiro em
espécie de uma empresa para omitir ato de 7. (FCC – TRT 19 – Analista Administrativo –
ofício a que estava obrigado. Neste caso, 2014)
Maurício cometeu ato de improbidade ad-
ministrativa e estará sujeito, dentre outras Emerson, agente público, está respondendo
sanções previstas na Lei de Improbidade a uma ação de improbidade administrativa
Administrativa, à suspensão dos direitos po- movida pelo Ministério Público. Segundo a
líticos de petição inicial da ação, Emerson teria deixa-
do de prestar contas quando estava obriga-
a) oito a dez anos, e ao pagamento de do a fazer.
multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial. Em razão disso, o Ministério Público reque-
b) cinco a oito anos, e ao pagamento de reu a indisponibilidade de seus bens, o que
multa civil de até três vezes o valor do foi indeferido pelo juiz sob o fundamento
acréscimo patrimonial. de que o ato ímprobo em questão não cau-
c) três a cinco anos, e ao pagamento de sou prejuízo ao erário ou mesmo enrique-
multa civil de até três vezes o valor do cimento ilícito. A propósito do tema e nos
acréscimo patrimonial. termos da Lei nº 8.429/92,
d) oito a dez anos, e ao pagamento de
multa civil de até cinco vezes o valor do a) não está correta a decisão do juiz, pois
acréscimo patrimonial. o ato ímprobo em questão comporta o
e) cinco a oito anos, e ao pagamento de pedido de indisponibilidade de bens,
multa civil de até cinco vezes o valor do não importando se inexistiu prejuízo ao
acréscimo patrimonial. erário ou enriquecimento ilícito.
b) pela descrição da conduta, sequer exis-
6. (FCC – TRT 19 – Analista Administrativo – te ato ímprobo, logo, o juiz deveria ter
2014) rejeitado de plano a petição inicial.
c) não está correta a decisão do juiz, pois
Francisco, servidor público federal, está a indisponibilidade de bens é cabível
sendo processado em ação de improbida- para qualquer ato ímprobo e em qual-
de administrativa. Segundo o Ministério quer circunstância, sempre visando o
Público, autor da demanda, Francisco te- interesse público.
ria ordenado a realização de despesas não d) está correta a decisão do juiz, pois não
autorizadas em lei. Para que Francisco seja é cabível, na hipótese narrada, a medi-
condenado pela Justiça, deve ficar provado da de indisponibilidade de bens.
que sua conduta foi e) pela descrição do enunciado, foi prati-
cada conduta expressamente prevista
a) necessariamente dolosa, não sendo ne- na lei como ato ímprobo que importa
cessária a prova de eventual dano ao enriquecimento ilícito; logo, o juiz de-
erário. veria ter deferido a indisponibilidade de
b) necessariamente culposa, não sendo bens.
necessária a prova de eventual dano ao
erário.

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

8. (FCC – TRT 16 – Analista Judiciário – 2014) dos pelos danos materiais, morais ou à
imagem que houver provocado.
Beltrano, agente público, foi processado por c) não cometeu crime previsto na Lei de
improbidade administrativa, haja vista ter Improbidade Administrativa, pois não
praticado ato ímprobo que atenta contra os acusou os denunciados da prática de
princípios da Administração pública. Em sua crime, mas sim de ato de improbidade
defesa, alega que agiu sem qualquer inten- administrativa, e estará sujeito, apenas,
ção de praticar o ato ímprobo, isto é, com a indenizar os denunciados pelos danos
conduta meramente culposa, razão pela materiais, morais ou à imagem que hou-
qual pleiteou a improcedência da demanda. ver provocado.
A tese de defesa de Beltrano, caso efetiva- d) cometeu crime previsto na Lei de Im-
mente comprovada, probidade Administrativa punido com
a) constitui causa de agravamento das san- detenção de três a seis meses e multa,
ções previstas na Lei de Improbidade. e estará sujeito a indenizar os denuncia-
b) não afasta o ato ímprobo. dos pelos danos materiais, morais ou à
c) constitui causa de redução das sanções imagem que houver provocado.
previstas na Lei de Improbidade. e) cometeu crime previsto na Lei de Im-
d) afasta o ato ímprobo. probidade Administrativa punido com
e) afasta única e exclusivamente a aplica- detenção de um a dois anos e multa, e
ção da sanção de suspensão dos direitos estará sujeito a indenizar os denuncia-
políticos. dos pelos danos materiais, morais ou à
imagem que houver provocado.
9. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014)
10. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014)
Renato é diretor de uma empresa de peque-
no porte situada no Estado do Maranhão, Justino praticou ato de improbidade admi-
que ao longo dos anos vem praticando di- nistrativa que atentou contra os princípios
versas irregularidades, dentre elas, a sone- da Administração pública. Marcio praticou
gação de tributo estadual (ICMS). Após re- ato de improbidade administrativa que im-
ceber, em sua empresa, a visita dos fiscais portou em enriquecimento ilícito. Tonico
Patrício e Joaquim, e diante da ameaça imi- praticou ato de improbidade administrativa
nente de receber sanções administrativas que causou prejuízo ao erário. Nos termos
e penais, Renato, ciente da inocência de da Lei nº 8.429/92, o Ministério Público, ao
Patrício e Joaquim, e para tentar se isentar propor as respectivas ações de improbida-
da fiscalização, resolve denunciá-los ao Mi- de, poderá requerer a medida de indisponi-
nistério Público, acusando-os da prática de bilidade de bens contra:
ato de improbidade. Nos termos da Lei nº a) Marcio e Tonico, apenas.
8.429/92, Renato b) Justino, Marcio e Tonico.
a) cometeu crime previsto na Lei de Im- c) Tonico, apenas.
probidade Administrativa punido com d) Marcio, apenas.
detenção de seis a dez meses e multa, e) Marcio e Justino, apenas.
e estará sujeito a indenizar os denuncia-
dos pelos danos materiais, morais ou à
imagem que houver provocado.
b) cometeu crime previsto na Lei de Im-
probidade Administrativa punido com
reclusão de um a três anos e multa, e
estará sujeito a indenizar os denuncia-

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11. (FCC – TRT 19 – Oficial de Justiça – 2014) b) II.
c) I e II.
Valentina, servidora pública, foi processa- d) II e III.
da por improbidade administrativa, tendo e) III e IV
em vista que celebrou contrato de rateio de
consórcio público sem suficiente e prévia 13. (FCC – ALEPE – Consultor Legislativo Direito
dotação orçamentária. Ao final do processo, – 2014)
Valentina foi condenada, dentre outras san-
ções, à suspensão dos direitos políticos por Uma empresa privada da qual o Estado
dez anos. A pena aplicada participa como acionista minoritário, ten-
do concorrido com 20% do patrimônio da
a) está correta. referida empresa quando de sua criação,
b) é superior à prevista em lei para a espé- foi lesada por ato de seus administradores,
cie de ato ímprobo praticado. consistente na aplicação de grande soma de
c) é inferior à prevista em lei para a espé- recursos financeiros em empreendimento
cie de ato ímprobo praticado. sabidamente deficitário. Compõem o Con-
d) está incorreta, haja vista que a conduta selho de Administração e o Conselho Fis-
em questão não caracteriza ato ímpro- cal da referida empresa, tanto particulares
bo. como agentes públicos, estes últimos repre-
e) está incorreta, pois o ato ímprobo pra- sentando o Estado como acionista minoritá-
ticado por Valentina não comporta tal rio. O prejuízo causado à empresa pela con-
espécie de sanção. duta dos administradores
12. (FCC – ALEPE – Consultor Legislativo Admi- a) poderá, em tese, caracterizar improbi-
nistração – 2014) dade administrativa, limitando-se a san-
ção patrimonial à repercussão do ilícito
Considere as afirmativas abaixo. sobre a contribuição dos cofres públi-
I – Nos termos da Lei nº 8.429/92, para que cos.
seja configurado ato de improbidade admi- b) não é passível de subsunção às disposi-
nistrativa é necessário ter havido prejuízo ções da Lei de Improbidade Administra-
financeiro ao erário público. tiva, que somente se aplica no caso de
empresas em relação às quais o Poder
II – Caso o agente já tenha sofrido condena- Público detenha participação majoritá-
ção por crime de peculato, não caberá san- ria.
ção por improbidade administrativa para o c) estará sujeito ao enquadramento na Lei
mesmo fato para o qual já atribuída sanção de Improbidade Administrativa exclusi-
penal. vamente no que diz respeito à conduta
III – As modalidades de atos de improbidade de agentes públicos.
administrativa expressamente previstas na d) somente será passível de caracterização
Lei nº 8.429/92 constituem rol meramente como ato de improbidade administrati-
exemplificativo. va se caracterizada conduta dolosa dos
administradores.
IV – De acordo com a Lei nº 8.429/92, é pos- e) poderá, em tese, caracterizar impro-
sível haver atos de improbidade administra- bidade administrativa, desde que ca-
tiva comissivos, omissivos, dolosos ou cul- racterizado enriquecimento ilícito dos
posos. administradores e dano ao patrimônio
público.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.

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14. (FCC – TRT-12ª Região – Oficial de Justiça público desenvolvido pela concessioná-
Avaliador – 2013) ria.
d) não poderá ser responsabilizado, por-
O Prefeito de determinado Município utili- que o contrato que constitui o vínculo
zou-se de veículo e motorista pertencentes jurídico entre poder concedente e con-
à Prefeitura para transportá-lo até sua casa cessionária não está expressamente
de veraneio situada no litoral do Estado de previsto na lei de improbidade adminis-
Santa Catarina. Em razão do exposto, foi trativa.
condenado por ato de improbidade admi- e) poderá ser responsabilizado, desde que
nistrativa. Nos termos da Lei nº 8.429/92, o o seu vínculo com a concessionária de
ato em questão serviço público seja de natureza definiti-
a) não é ímprobo, haja vista a legalidade va e que seu cargo seja dotado de poder
da conduta do Prefeito, merecendo ser de decisão.
reformada a condenação.
b) caracteriza-se como ato ímprobo que 16. (FCC – Procurador de Campinas – 2016)
importa enriquecimento ilícito. Nas palavras de MARIA SYLVIA ZANELLA DI
c) caracteriza-se como ato ímprobo causa- PIETRO “... também é possível falar em lega-
dor de prejuízo ao erário. lidade em sentido amplo, para abranger não
d) não é ímprobo, pois o Prefeito não é só a obediência à lei, mas também a obser-
agente público, isto é, não é sujeito ati- vância dos princípios e valores que estão na
vo de improbidade administrativa. base do ordenamento jurídico” (Direito ad-
e) caracteriza-se como ato ímprobo aten- ministrativo, São Paulo: Atlas, 28ª edição, p.
tatório aos princípios da Administração 971), tanto que a legislação vigente tipifica
Pública. “... qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, le-
15. (FCC – TRT-18ª Região – Oficial de Justiça galidade e lealdade às instituições” como
Avaliador – 2013)
a) ato de improbidade, salvo se houver
Determinado funcionário de uma conces- apenamento específico na esfera admi-
sionária de serviço público valeu-se de sua nistrativa para as mesmas condutas e
posição e do auxílio de servidor público seu agente for servidor público, pois o
para se locupletar ilicitamente de numerário vínculo funcional prefere à responsabili-
transferido pelo poder concedente. Consi- zação na esfera civil.
derando que a conduta praticada possa ser b) ato de improbidade que atenta contra
enquadrada na Lei nº 8.429/92, o funcioná- os princípios da Administração pública,
rio além do rol constante da respectiva lei,
a) não poderá ser responsabilizado, por- cabendo a demonstração de dolo para
que a tipificação de improbidade é res- configuração da conduta.
trita a sujeitos ativos que sejam agentes c) ato de improbidade, em qualquer de
públicos. suas modalidades, exigida a demonstra-
b) poderá ser responsabilizado, tendo em ção de dolo em todas as condutas, pres-
vista que a lei de improbidade admi- cindindo, no entanto, da demonstração
te que o terceiro, não servidor público, de prejuízo ao erário.
seja considerado sujeito ativo. d) ato de improbidade, desde que cause
c) poderá ser responsabilizado pessoal- prejuízo ao erário, tendo em vista que
mente somente se o ente público lesa- não se trata de conduta específica, mas
do for o poder concedente do serviço sim de tipo aberto.

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e) ato de improbidade, desde que aliado 18. (FCC – TRT-14 – Técnico Judiciário – 2016)
àquelas condutas haja o enriquecimen-
to ilícito por parte de seu agente, o que Considere a seguinte situação hipotética:
prescinde da configuração de dolo. o Prefeito de determinado Município de
Rondônia foi processado por improbidade
17. (FCC – TRT-1 – Juiz do Trabalho – 2016) administrativa juntamente com a empre-
sa YX e seu responsável Josberto. No curso
Em relação aos atos de improbidade admi- da ação, restou comprovado que o procedi-
nistrativa praticados por agentes públicos mento licitatório foi forjado, de modo a ser
ou terceiros, bem como os deveres daque- contratada a empresa YX, gerando prejuízos
les, na forma da Lei n° 8.429/1992, é correto aos cofres públicos, além de enriquecimen-
afirmar: to ilícito aos envolvidos. Em sua defesa, Jos-
berto, proprietário da empresa, sustentou
a) Ressalvados os objetos e utensílios de ser parte ilegítima, por ser particular e não
uso doméstico, anualmente, o agente estar sujeito às disposições da Lei de Impro-
público deve apresentar declaração dos bidade Administrativa. A tese de Josberto
bens e valores que compõem seu patri- está
mônio, de cônjuge ou companheiro, de
ascendentes e descendentes em 1°grau a) incorreta, pois responde por todas as
e de outras pessoas que vivam sob a de- sanções previstas na Lei para os agentes
pendência econômica do agente. públicos.
b) Os sucessores do agente público que b) correta, pois não está sujeito às disposi-
causar lesão dolosa ao erário da União ções da Lei de Improbidade.
serão sempre responsáveis pelo ressar- c) incorreta, pois responde às sanções pre-
cimento integral do prejuízo causado. vistas na Lei de Improbidade, de acordo
c) Considera-se ato de improbidade admi- com o que é cabível aplicar aos particu-
nistrativa aquele praticado pelo agente lares.
público que, por qualquer forma, incor- d) incorreta, pois responde por todas as
pora indevidamente ao seu patrimônio sanções, exceto ressarcimento ao erá-
bens pertencentes à Fundação Pública. rio que deverá ser pleiteado através de
d) O agente público que recebe promessa ação própria.
de vantagem econômica para que tole- e) incorreta, pois responderá por uma úni-
re a exploração ou prática de jogos de ca sanção prevista na Lei de Improbida-
azar, de lenocínio, de narcotráfico, de de, qual seja, a suspensão dos direitos
contrabando ou de usura comete ato de políticos.
improbidade administrativa.
e) Presume-se a prática de ato de impro-
bidade administrativa o agente público
que, até 180 dias após o término do
exercício de mandato, cargo, emprego
ou função pública, adquire, para si ou
para outrem, bens de qualquer nature-
za que seja desproporcional à evolução
de seu patrimônio ou renda.

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19. (FCC – TRT-23 – Técnico Judiciário – 2016) 20. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016)
Rubens, Diretor de uma autarquia, de âm- Dentre as condutas prescritas como atos de
bito federal, doou à escola particular alguns improbidade na Lei n° 8.429/1992, aquela
bens pertencentes à autarquia, como cadei- que admite conduta apenas culposa, pres-
ras e mesas, sem observância das formali- cindindo de demonstração de dolo, é a des-
dades legais e regulamentares aplicáveis à crita no dispositivo que
espécie, gerando prejuízo ao erário. Em ra-
zão disso, foi processado e condenado por a) trata dos atos de improbidade que cau-
improbidade administrativa. Dentre as san- sam prejuízo ao erário, tal como permi-
ções impostas, está o pagamento de multa tir que sejam realizadas despesas sem a
civil de até devida autorização na legislação.
b) elenca as hipóteses de atos que aten-
a) três vezes o valor do dano. tam contra os princípios da Administra-
b) duas vezes o valor do dano. ção pública, dada a gravidade do não
c) cinco vezes o valor do dano. atendimento das balizas de atuação das
d) uma vez o valor do dano. funções executivas.
e) cem vezes o valor da remuneração per- c) trata dos atos que importam enriqueci-
cebida por Rubens. mento ilícito, mas que demandam pro-
va do efetivo prejuízo causado ao erário,
cuja gravidade já justifica a sanção.
d) elenca as hipóteses que causam preju-
ízo ao erário, desde que restem com-
provados os danos causados ao erário
e a violação dos princípios básicos que
informam a atuação da Administração.
e) implica recebimento para o autor da
conduta de benefícios financeiros, pois
fica presumido o prejuízo ao erário e a
violação aos princípios administrativos,
incidindo em todas as modalidades de
ato de improbidade.

Gabarito: 1. E 2. E 3. B 4. E 5. A 6. E 7. D 8. D 9. A 10. A 11. B 12. E 13. A 14. B 15. B 16. B 
17. C 18. C 19. B 20. A

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TÓPICO 7

Licitação

1. CONCEITO:

Conforme a lição do professor Hely Lopes Meirelles, licitação é o procedimento administrativo


vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados se-
lecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com um dos seguin-
tes objetivos: ou a celebração do contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico
ou científico.
Já nas palavras da professora Maria Sylvia Di Pietro, licitação é o procedimento administrativo
pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre, a todos os interessados
que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formula-
rem propostas, entre as quais será selecionada e aceita a mais conveniente para a celebração
do contrato.
De forma sucinta, percebemos que licitação é o procedimento administrativo vinculado (todo
previsto em lei) que possui duas finalidades: selecionar a proposta mais vantajosa para a Admi-
nistração Pública e assegurar a observância do princípio da isonomia (ou igualdade).
O estudo das normas básicas sobre licitações e contratos administrativos está concentrado em
duas leis:
•• Lei nº 8.666/93, conhecida como Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos;
•• Lei nº 10520/02, que institui uma nova modalidade licitatória denominada Pregão.

A Lei nº 8.666/93 estabelece um conjunto de normas gerais aplicáveis à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, alcançando não só a Administração Direta, mas também
a Administração Indireta, bem como às demais entidades controladas direta ou indiretamente
pelo Poder Público.
Sendo assim, a referida lei é tida como uma lei federal (competência da União) de caráter na-
cional (aplicável a todos os entes da federação).

2. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS:

No texto constitucional, o procedimento licitatório está previsto nas seguintes passagens:

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CF, art 22, XXVII. Compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de lici-
tação e contratação em todas as modalidades para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de eco-
nomia mista, nos termos do art 173, § 1º, III.

Comentário: A competência privativa da União é relativa às normas gerais de licitação e con-


tratação, aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, não excluindo a
competência suplementar dos Estados e Municípios para adequarem a referida legislação às
suas necessidades.

CF, art 37, XXI. Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Comentário: A Administração Pública, como regra, está sujeita a procedimento licitatório, antes
da contratação de obras, serviços, compras e alienações. O princípio fundamental da licitação é
a igualdade (ou isonomia), devendo-se assegurá-la não só entre os licitantes, mas também em
relação a todos que tenham interesse de contratar com a Administração Pública.
Cabe ressaltar que tal regra não é absoluta, visto que, nos casos especificados na legislação,
poderá haver contratação direta, pela Administração Pública, não sendo necessária, assim, a
realização de procedimento licitatório prévio (casos de dispensa e inexigibilidade de licitação).

CF, art 173. Ressalvados os casos previstos na Constituição, a exploração direta de


atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados
os princípios da administração pública;

Comentário: Como visto anteriormente, não só os órgãos e as entidades da Administração Pú-


blica Direta, mas também os da Administração Indireta estão sujeitos a procedimento licitatório.

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Porém, as sociedades de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade
econômica poderão ter um estatuto diferenciado, com regras mais flexíveis de licitação e
contratação, visto a celeridade exigida em um mercado de ampla concorrência.
Como tal estatuto ainda não existe, a regra é que todas as empresas públicas e sociedades de
economia mista, independentemente da atividade que exerçam (prestação de serviço público
ou exploração de atividade econômica), estarão sujeitas aos dispositivos da Lei nº 8.666/93.
Por fim, vale ressaltar que há jurisprudência no sentido de que tais estatais não se sujeitam às
regras de licitação para celebração de contratos que tenham objeto relacionado às atividades-
fim de tais entidades.

POLÊMICA!
A Lei nº 9478/97 (que institui a ANP), em seu art. 67, dispõe que “Os contratos celebra-
dos pela PETROBRÁS, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedi-
mento licitatório simplificado, a ser definido em decreto pelo Presidente da República”,
TCU – entende que tal dispositivo é inconstitucional
STF – concedeu liminar suspendendo tal decisão do TCU

CF, art 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviço público

Comentário: O Estado pode prestar serviço público diretamente ou indiretamente, mediante


as delegatárias de serviço público. A Lei nº 8.987/95 regulamenta tal artigo, estabelecendo nor-
mas gerais sobre concessão e permissão de serviço público, aplicáveis à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios.
Existem três formas de delegação de serviço público: concessão, permissão e autorização. Ape-
nas a concessão e a permissão de serviço público necessitam de licitação prévia. A autorização
é a única forma de delegação que prescinde de procedimento licitatório prévio à contratação.
Diferentemente do art. 37, XXI, não consta neste dispositivo nenhuma exceção ao dever de
licitar.

3. PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO:

Nos termos da Lei nº 8.666/93, nos termos do seu art. 3º, a licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia, a selecionar a proposta mais vantajosa e
a promover o desenvolvimento nacional sustentável (FINALIDADES DA LICITAÇÃO).

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O mesmo artigo estabelece uma lista exemplificativa de princípios aplicáveis ao procedimento


licitatório, que será processado e julgado em estrita conformidade com os seguintes princípios
básicos, além dos que lhes são correlatos:
a) Legalidade;
b) Impessoalidade;
c) Moralidade;
d) Igualdade;
e) Publicidade;
f) Probidade administrativa;
g) Vinculação ao instrumento convocatório;
h) Julgamento objetivo.
A grande maioria desses princípios é aplicável a toda atividade administrativa desempenhada
pelo Estado. Apenas os princípios da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento
objetivo são específicos das licitações.
A seguir, iremos analisar não só os princípios expressos na Lei nº 8.666/93 (art. 3º), mas também
os princípios estabelecidos pela doutrina majoritária.
a) Legalidade
O princípio da legalidade é tido como o princípio basilar do Estado de Direito. A aplicação de
tal princípio à licitação traduz-se no sentido de que o administrador público só poderá expedir
os atos, integrantes do procedimento licitatório, quando fundados na lei ou no instrumento
convocatório da licitação (edital ou carta-convite, conforme o caso), reduzindo, assim, a
margem de discricionariedade do administrador público.
b) Impessoalidade
Também é um princípio básico do Direito Administrativo (CF, art. 37). O administrador público
deve sempre atingir a finalidade de interesse público do procedimento licitatório, não podendo
ajudar ou prejudicar qualquer licitante em prol de seu interesse particular. Está intimamente
ligado ao princípio do julgamento objetivo das propostas, visto que possui a ideia central
de inibir o subjetivismo do administrador na seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública.
c) Moralidade
Tal princípio representa mais do que a moralidade vinculada a bons costumes. A conduta do
administrador deve ser inteiramente pautada em bons costumes, em uma conduta justa e éti-
ca. O princípio da moralidade tem proporções jurídicas, ou seja, não basta que a conduta do
administrador seja legal, pois também deverá ser honesta, acima de tudo, tornando-a um dos
pressupostos de validade dos atos da Administração Pública.
O servidor deve decidir não somente entre o legal e o ilegal, mas também deve se preocupar
em ter uma conduta honesta e ética perante os administrados, quando for decidir o melhor
caminho a ser seguido para atingir do fim público.

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d) Igualdade ou isonomia
É o princípio basilar do procedimento licitatório. Deve-se não apenas tratar os licitantes de
maneira igual, mas também dar oportunidade de participar da licitação a quaisquer interessados
que tenham condições de assegurar o futuro cumprimento do contrato a ser celebrado.
Consequentemente, a Lei nº 8.666/93 estabelece que é vedado aos agentes públicos:
I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade,
da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou
irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5º a 12 deste
artigo e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991;
II – estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária
ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a
moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de
agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei nº
8.248, de 23 de outubro de 1991.
Assim, o administrador não poderá diferenciar, favorecer ou discriminar os interessados e os
licitantes em razão de aspectos secundários, irrelevantes à seleção da proposta mais vantajosa
para Administração. Não configura violação ao princípio da igualdade o estabelecimento de
requisitos mínimos que tenham por fim exclusivamente garantir a adequada execução do
contrato.
Nessa linha, sabemos que nem todos são iguais entre si, admitindo-se, portanto, algumas
normas de distinção entre os licitantes. A fase de habilitação, por exemplo, não deixa de ser
mais uma forma de diferenciação entre os licitantes. Na fase de habilitação dos licitantes,
conforme explicita o art. 27 da Lei nº 8.666/93, verifica-se:
a) habilitação jurídica;
b) regularidade fiscal;
c) qualificação técnica;
d) qualificação econômico-financeira;
e) cumprimento do art. 7º., XXXIII, da CF/88 (não empregar menores de 18 anos em atividades
insalubres e perigosas).
Com a introdução da “promoção do desenvolvimento nacional sustentável” como uma das
finalidades do procedimento licitatório (Lei nº 12.349/10), a aplicação de tal princípio sofreu
sensível mitigação, havendo diversas regras de preferência introduzidas em favor de empresas
ligadas aos setores de pesquisa e inovação tecnológicas nacionais, bem como de empresas
produtoras de bens e serviços nacionais. Outrossim, a ideia de sustentabilidade introduziu
outros fatores a serem aferidos pela Administração no momento de julgamento das propostas,
que não sejam somente de ordem econômico-financeira.
Como decorrência da aplicação do princípio da igualdade entre os licitantes, a Lei nº 8.666/93
estabelece alguns parâmetros para resolução de casos de empate entre os licitantes por meio
dos seguintes critérios sequênciais (Art. 3º.):

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I – produzidos no País;
II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
III – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País; e
IV – produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

Margem de Preferência:
A margem de preferência prevista na Lei nº 8.666/93 para o julgamento das propostas do
procedimento licitatório representa uma das maiores mitigações ao princípio da isonomia.
O Decreto nº 7.546/11 estabelece que margem de preferência normal é o diferencial de
preços entre os produtos manufaturados nacionais e de serviços nacionais e os produtos
manufaturados estrangeiros e serviços estrangeiros, que permite assegurar preferência pela
contratação de produtos manufaturados nacionais e serviços nacionais.
Essa margem de preferência poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e aos
serviços originários dos países participantes do Mercosul. Para os produtos manufaturados e os
serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país,
poderá ser estabelecida uma margem de preferência adicional.
A Lei nº 13.146/2015 acrescentou, no art. 3º da Lei nº 8.666/93, que, nos processos de licitação,
poderá ser estabelecida margem de preferência para:
a) produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasilei-
ras; e
b) bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de
reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previ-
dência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
O art. 3º, §8º, estabelece que a soma das margens de preferência por produto, serviço, grupo
de produtos ou serviços, não pode ultrapassar o montante de 25% sobre o preço dos produtos
manufaturados estrangeiros ou serviços estrangeiros.
Com isso, em uma licitação cujo critério de julgamento seja o “menor preço”, não necessaria-
mente será sagrada vencedora a proposta de menor preço. Se for fixada a margem de prefe-
rência máxima de 25% na realização de uma licitação e houver uma proposta de fornecimento
de bem de origem estrangeira de R$ 1.000 e outra com bens nacionais de R$ 1.250, a proposta
vencedora seria a do bem com valor de R$ 1.250.

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123/06)


O art. 47 do Estatuto Nacional das MEs e EPPs estabelece que, nas contratações públicas da
Administração direta e indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, deverá
ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e as empresas
de pequeno porte, objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito
municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação
tecnológica.

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Assim, o art. 48 da LC nº 123/06 estabelece que a Administração Pública:
I – deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação de microempre-
sas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00;
II – poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de obras e serviços,
exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte; (Reda-
ção dada pela Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014)
III – deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza divisível, cota de até
25% do objeto para a contratação de microempresas e empresas de pequeno porte.
Tais benefícios poderão, justificadamente, estabelecer a prioridade de contratação para as mi-
croempresas e empresas de pequeno porte sediadas local ou regionalmente, até o limite de
10% do melhor preço válido.
O art. 44 desse Estatuto ainda estabelece como critério de desempate a preferência de contra-
tação das microempresas e empresas de pequeno porte, porém entende como empate aque-
las situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno
porte sejam iguais ou até 10% superiores à proposta mais bem classificada. No caso da modali-
dade pregão, o percentual é 5% superior ao melhor preço.
Assim, no caso de empate (real ou legal), a lei estabelece os seguintes procedimentos:
I – a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderá apresentar
proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, situação em que será
adjudicado em seu favor o objeto licitado;
II – não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa de pequeno porte, na forma
do inciso I do caput deste artigo, serão convocadas as remanescentes que porventura se
enquadrem no limite de até 10% (ou 5% no caso de pregão), na ordem classificatória, para o
exercício do mesmo direito;
III – no caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e empresas de pe-
queno porte que se encontrem nos intervalos estabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 44 desta Lei
Complementar, será realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro
poderá apresentar melhor oferta.
O art. 49, por sua vez, estabelece que as disposições do art.47 e 48 não serão aplicáveis:
a) os critérios de tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas
de pequeno porte não forem expressamente previstos no instrumento convocatório;
b) não houver um mínimo de 3 (três) fornecedores competitivos enquadrados como micro-
empresas ou empresas de pequeno porte sediados local ou regionalmente e capazes de
cumprir as exigências estabelecidas no instrumento convocatório;
c) o tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno
porte não for vantajoso para a administração pública ou representar prejuízo ao conjunto
ou complexo do objeto a ser contratado;
d) a licitação for dispensável ou inexigível, nos termos dos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de
21 de junho de 1993, excetuando-se as dispensas por pequeno valor, nas quais a compra
deverá ser feita preferencialmente de microempresas e empresas de pequeno porte.

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e) Publicidade
Os atos do procedimento licitatório são públicos e acessíveis a todos, ressalvado, obviamente,
o sigilo das propostas até a sua abertura. Permite o controle dos atos da Administração Pública
não só pelos seus órgãos, mas também pela sociedade em geral, impondo que os motivos
determinantes das decisões proferidas em qualquer etapa do procedimento sejam declarados.
A própria Lei nº 8.666/93, em seu artigo 41, § 1º dispõe que qualquer cidadão é parte legítima
para impugnar edital de licitação por irregularidade. Além disso, a Lei nº 8.666/93, em seu art.
3º, § 3º, estabelece que a licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os
atos de seu procedimento.
Ressaltamos que a ideia de publicidade é mais ampla do que a de publicação. Pode-se dar
publicidade a um ato administrativo, sem que haja a sua publicação. No caso da modalidade
convite, por exemplo, não há necessidade de publicação da carta-convite em Diário Oficial,
bastando que seja afixada em mural da repartição.
f) Probidade Administrativa
A conduta do administrador público deve ser honesta, pautada na boa conduta e na boa-fé.
Ganhou status constitucional com a atual Constituição de 1988.
De forma sucinta, temos que a improbidade administrativa é o desrespeito ao princípio da
probidade administrativa, que deve reger a conduta do administrador, de modo que ele aja
dentro de uma conduta ética, com honestidade e decência, zelando pelo interesse público.
A palavra improbidade tem sua origem na expressão latina improbitate, e, segundo José Náufel,
“ato de improbidade é todo aquele contrário às normas da moral, à lei e aos bons costumes;
aquele que denota falta de honradez e de retidão no modo de proceder”.
Segundo Marino Pazzaglini Filho, “a improbidade administrativa, sinônimo jurídico de corrupção
e malversação administrativas, exprime o exercício da função pública com desconsideração aos
princípios constitucionais expressos e implícitos que regem a Administração Pública”.
Em outra passagem, conceitua: “Diante do exposto, é possível conceituar improbidade administra-
tiva do agente público: toda conduta ilegal (corrupta, nociva ou inepta) do agente público, dolosa
ou culposa, no exercício (ainda que transitório ou sem remuneração) de função, cargo, mandato ou
empregado público, com ou sem participação (auxílio, favorecimento ou indução) de terceiro, que
ofende os princípios constitucionais (expressos e implícitos) que regem a Administração Pública”.
g) Vinculação ao Instrumento Convocatório:
O instrumento convocatório da licitação, como regra, é o edital. Porém, na modalidade de
licitação convite, utiliza-se a carta-convite. O edital é tido como a lei interna das licitações,
vinculando aos seus termos não só os licitantes, como também a própria Administração Pública
que o expediu. A Administração não pode descumprir as normas e as condições do edital, ao
qual se acha estritamente vinculada.
h) Julgamento Objetivo:
O conceito de julgamento objetivo está relacionado com o critério de julgamento das propostas
da licitação, ou seja, aos tipos de licitação previstos na Lei nº 8.666/93. No julgamento das
propostas, a comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou
convite, os quais não devem contrariar as normas e os princípios estabelecidos por essa lei.

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O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de Licitação ou o responsável
pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos,
de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. São quatro os
tipos de licitação previstos na Lei nº 8.666/93:
•• Menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administra-
ção determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
•• Melhor técnica;
•• Técnica e preço;
•• Maior lance ou oferta – nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de
uso.

A lei proíbe a utilização de outros tipos de licitação, diversos dos nela previstos. No caso de con-
cessões e permissões de serviços públicos, a Lei nº 8.987/95 estabelece critérios próprios de
julgamento das propostas, devido à natureza desses contratos diferenciados.
i) Competitividade:

Por ser a licitação um procedimento de disputa isonômica para selecionar a proposta mais van-
tajosa à Administração Pública, a competitividade decorre da própria lógica de sua estrutura.
Só haverá licitação se houver competição. Caso não haja viabilidade jurídica de competição,
teremos um caso de contratação direta pela Administração (inexigibilidade de licitação).
Nesse sentido, a lei veda a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem simila-
ridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tec-
nicamente justificável. Por fim, há que se destacar que a inobservância de tal princípio tipifica
crime, de acordo com a Lei nº 8.666/93:

Art. 90. Frustar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expedien-
te, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si
ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.

j) Formalismo ou Procedimento Formal:

De acordo com o art. 4º, da Lei nº 8.666/93, o procedimento licitatório caracteriza ato
administrativo formal, seja ele praticado por qualquer esfera da Administração Pública. Todo
o procedimento de licitação é detalhado em lei, devendo ser observados os requisitos formais
nela estabelecidos. Como exemplos, podemos citar o dispositivo legal que estabelece que
nenhuma compra será feita sem a indicação dos respectivos recursos orçamentários, o prazo
mínimo entre a publicação do edital e a apresentação das propostas, entre outras formalidades
legais.

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k) Sigilo das propostas:


A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento
(princípio da publicidade), salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
A quebra do sigilo das propostas deixa em condição mais favorável o licitante que dispunha de
informação relativa ao seu conteúdo. Cabe observarmos que o sigilo das propostas é relativo,
tendo em vista que, após a abertura de seus envelopes, não haverá mais o sigilo.
A inobservância de tal princípio tipifica crime, de acordo com a Lei nº 8.666/93:

Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou


proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa.

l) Adjudicação Compulsória:
Adjudicação compulsória pode ser definida como a entrega simbólica do objeto contratual ao
vencedor da licitação. Diz-se ser uma entrega simbólica, pois o vencedor do procedimento lici-
tatório não tem direito adquirido à contratação, mas mera expectativa de direito ao contrato.
A celebração do contrato é ato discricionário, ou seja, a Administração pode resolver não
efetuar a contratação, porém, caso resolva contratar, terá que ser com o vencedor da licitação.
A Administração não poderá atribuir o objeto da licitação a outro que não o vencedor ou a
terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.
Tal princípio também veda a abertura de nova licitação enquanto valida a adjudicação anterior.
A Administração deverá convocar o interessado para assinar o termo do contrato respeitando
o prazo e as condições estabelecidas. Esse prazo poderá ser prorrogado uma vez, por igual
período, quando solicitado pela parte e desde que ocorra motivo aceito pela Administração.
Caso o adjudicatório não compareça, seu direito decairá e ficará caracterizado descumprimento
à obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades cabíveis.
Quando o convocado não assinar o termo do contrato no prazo e nas condições estabelecidas,
a Administração poderá revogar a licitação ou convocar os licitantes remanescentes, na ordem
de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro
classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório.
Por outro lado, os licitantes não podem ficar vinculados eternamente a suas propostas, por
isso a Lei nº 8.666/93 estabelece uma espécie de “prazo de validade” para as propostas, pois a
não convocação para a contratação, por parte da Administração, decorridos 60 dias da data da
entrega das propostas, libera os licitantes dos compromissos assumidos.

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Lei nº 8.666/93
Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar o termo
de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições
estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções
previstas no art. 81 desta lei.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período,
quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo
justificado aceito pela Administração.
§ 2º É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contra-
to ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabele-
cidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em
igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou revogar
a licitação independentemente da cominação prevista no art. 81 desta lei.
§ 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas, sem convoca-
ção para a contratação, ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos.

4. FASES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO:


O procedimento licitatório desenvolve-se em duas fases: uma interna e outra externa. A pri-
meira relaciona-se à abertura do processo administrativo, devidamente autuado, protocolado
e numerado, contendo a autorização respecitiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso
próprio para a sua despesa.
Já a fase externa é descrita no art. 43, da Lei nº 8.666/93, valendo destacar que nem todas as
modalidades licitatórias apresentam todas as etapas. A concorrência é a modalidade licitatória
mais complexa e, consequentemente, mais completa. A fase externa compreende:
“I – abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos concor-
rentes, e sua apreciação;
II – devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as respecti-
vas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
III – abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados, desde
que transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência expres-
sa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
IV – verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o
caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda
com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente regis-
trados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes
ou incompatíveis;

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V – julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação


constantes do edital;
VI – deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto
da licitação”.
Em alguns casos, para ampliar a competitividade, a Lei nº 8.666/93 ainda exige a realização de
audiência pública prévia à publicação do edital das licitações com altos valores. A audiência
pública deverá ser realizada com antecedência mínima de 15 dias úteis da data prevista para
a publicação do edital e divulgada com antecedência mínima de 10 dias úteis da data de sua
realização, para uma licitação ou um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas com
valor superior a R$ 150.000.000.
Consideram-se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com realização prevista
para intervalos não superiores a 30 dias e licitações sucessivas àquelas em que, também com
objetos similares, o edital subsequente tenha uma data anterior a 120 dias após o término do
contrato resultante da licitação antecedente.

IMPORTANTE: HOMOLOGAÇÃO E ADJUDICAÇÃO


Nos termos do art. 43, VI, a Lei nº 8.666/93 estabelece que, após o julgamento, a Comissão de
Licitação deverá remeter o processo à autoridade competente para que haja a homologação
do procedimento e a adjudicação do objeto ao vencedor da licitação. Assim, os trabalhos da
Comissão encerram-se com o julgamento.
A homologação refere-se ao controle de legalidade do procedimento pela autoridade
competente, podendo resultar na anulação do procedimento (em parte ou no todo). Já a
adjudicação é o ato que atribui o objeto licitado ao vencedor da licitação.

5. MODALIDADES:

As modalidades de licitação são a forma do procedimento licitatório adotado em cada contra-


tação. Cabe destacar que as modalidades de licitação não se confundem com os tipos de licita-
ção. Esses são os critérios de julgamento das propostas.
A Lei nº 8.666/93 prevê cinco modalidades licitatórias em seu artigo 22: concorrência, tomada
de preços, convite, concurso e leilão.
O parágrafo 8º do mesmo artigo estabelece que é vedada a criação de outras modalidades de
licitação ou a combinação das já existentes.
Além dessas modalidades previstas na Lei nº 8.666/93, existe mais uma prevista na Lei n
10.520/02, denominada pregão. Como isso é possível, se a Lei nº 8.666/93 veda a criação de
uma nova modalidade licitatória?
Na verdade, o impedimento existente na Lei Geral de Licitações e Contratos veda a criação de
uma nova modalidade de licitação por meio de um simples ato administrativo ou de uma lei
federal, estadual, distrital ou municipal.

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A Lei nº 10.520/02, que instituiu o pregão como uma nova modalidade licitatória, é uma Lei
Federal de caráter nacional, assim como a Lei nº 8.666/93. Sendo assim, não há qualquer impe-
dimento de que uma lei de caráter nacional crie uma nova modalidade de licitação.
Por fim, a Lei nº 9.472/97 (que criou a Anatel) previu uma nova modalidade de licitação, não
prevista na Lei nº 8.666/93, a CONSULTA, hoje aplicável às agências reguladoras federais, pois
foi posteriormente estendida às demais agências pela Lei nº 9.986/00.
Portanto, atualmente, para fins de prova, temos sete modalidades de licitação:
a) Concorrência;
b) Tomada de preços;
c) Convite;
d) Concurso;
e) Leilão;
f) Pregão;
g) Consulta.

Com relação às três primeiras modalidades, a doutrina entende haver uma hierarquia implícita
entre elas, de acordo com o vulto dos contratos (valor contratual) a serem celebrados e com
base na complexidade de seus procedimentos. Assim, há:
I – para obras e serviços de engenharia:

a) convite – até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);


b) tomada de preços – até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
c) concorrência – acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reias);

II – para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite – até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);


b) tomada de preços – até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);
c) concorrência – acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).
O parágrafo 4º do artigo 23, da Lei n 8.666/93 ratifica a hierarquia implícita existente entre tais
modalidades, afirmando que, nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar
a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
Assim, na prática, há os seguintes exemplos:

1. Caso a Administração pretenda contratar uma obra no valor de R$ 120.000, deverá realizar
licitação por meio de convite, tomada de preços ou concorrência.

2. Caso a Administração pretenda adquirir mobiliário (mesas e cadeiras) no valor de R$


500.000, deverá realizar licitação por meio da tomada de preços ou da concorrência.

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3. Caso a Administração pretenda contratar uma obra no valor de R$ 2.000.000, deverá


realizar licitação, obrigatoriamente, por meio da modalidade concorrência.
Com base nos exemplos citados e com a leitura do artigo 23, §4º, percebe-se que a concor-
rência é uma modalidade licitatória que poderá ser utilizada para qualquer valor de contrato.
Porém, tal escolha depende da conveniência e da oportunidade para a Administração e a recí-
proca não é verdadeira, ou seja, quando for caso de concorrência, o administrador não poderá
optar pelo convite ou pela tomada de preços.
Por fim, cabe ressaltar que a Lei nº 11.107/05 (lei dos consórcios públicos – pessoas jurídicas integra-
das por vários entes federativos com o objetivo de prestar serviço público de forma compatilhada)
incluiu o § 8º ao art. 23, no sentido de que esses valores serão o dobro para os consórcios formados
por até três entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.
a) Concorrência
É a modalidade de licitação mais complexa, utilizada para qualquer valor de contratação, entre
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os re-
quisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
De acordo com o professor Hely Lopes Meirelles, a concorrência obedece aos seguintes requisi-
tos: universalidade, ampla publicidade, habilitação preliminar e julgamento por comissão.
•• Universalidade – quaisquer interessados poderão participar, independentemente de
registro cadastral no órgão ou entidade realizadora da licitação;
•• Ampla Publicidade – utilizam-se todos os meios de divulgação, disponíveis e necessários, à
publicidade ampla da abertura do procedimento licitatório;
•• Habilitação Preliminar – a habilitação dos licitantes é a etapa inicial da modalidade
concorrência. Na fase de habilitação dos licitantes, conforme explicita o art. 27 da Lei nº
8.666/93, verifica-se a habilitação jurídica, a regularidade fiscal, a qualificação técnica, a
qualificação econômica-financeira e o cumprimento do art. 7º, XXXIII, da Carta Magna (não
empregar menores de 18 anos em atividades insalubres e perigosas).
•• Julgamento por comissão – as comissões de licitação serão compostas, em regra, por, no
mínimo, três membros, sendo pelo menos dois deles servidores qualificados do próprio
órgão responsável pela licitação. Podem ser permanentes ou provisórias.
A investidura dos membros da Comissão não ultrapassará o prazo de um ano, vedada a recon-
dução da totalidade de seus membros para uma mesma Comissão no período subseqüente.
Os membros das Comissões de Licitações responderão solidariamente por todos os atos prati-
cados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamenta-
da e registrada em sua ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.
Como visto anteriormente, a concorrência é uma modalidade licitatória utilizada para qualquer
valor de contrato, porém, cabe ressaltar que, obrigatoriamente, deverá ser utilizada nas seguin-
tes situações:
•• Contratação de obras e serviços de engenharia com valor superior a R$ 1.500.000 (Lei nº
8.666/93, art. 23, I, c)

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•• Compras e serviços, que não sejam de engenharia, com valor superior a R$ 650.000 (Lei nº
8.666/93, art. 23, II, c)
•• Alienação de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia superior a R$
650.000 (Lei nº 8.666/93, art. 17, §6º.)
•• Como regra, utilizada na compra ou alienação de bens imóveis, independentemente do
valor (Lei nº 8.666/93)
•• Nas concessões de direito real de uso, independentemente do valor (Lei nº 8.666/93, art.
23, §3º)
•• Nas concessões e subconcessões de serviços públicos, independentemente do valor (Lei nº
8.987/95)
•• Como regra, é a modalidade utilizada nas licitações internacionais

b) Tomada de Preços
É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebi-
mento das propostas, observada a necessária qualificação.
De forma esquematizada, a modalidade tomada de preços apresenta as seguintes peculiaridades:
•• Presta-se para contratação de menor vulto que a concorrência. O procedimento adminis-
trativo é o mesmo que o da concorrência.
•• A característica fundamental dessa modalidade de licitação é a habilitação prévia à abertura
do procedimento, ou seja, o interessado deve estar cadastrado pela Administração Pública.

CUIDADO!
Habilitação Prévia – Tomada De Preços
Habilitação Preliminar – Concorrência

•• Aqueles que não estiverem previamente cadastrados poderão cadastrar-se até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, desde que sejam satisfeitas as condições exigidas.
•• A Lei nº 8.666/93 admite a tomada de preços nas licitações internacionais, quando o órgão
ou a entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores e desde que respeitados
os limites de valor estabelecidos na lei.
•• Segundo a Lei nº 8.666/93, quando couber tomada de preços, a Administração poderá
optar pela utilização da concorrência.

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REGISTROS CADASTRAIS:
Os órgãos e as entidades da Administração Pública que realizem frequentemente licita-
ções manterão registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regulamentar,
válidos por, no máximo, um ano. No âmbito do Poder Executivo Federal, há o Sistema de
Cadastro Unificado de Fornecedores (Sicaf). Poderão as unidades administrativas utiliza-
rem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administração Pública.
Assim, o objetivo do registro cadastral é dar maior celeridade à realização de futuros
certames, tendo em vista que o licitante manterá sua habilitação enquanto válido o
seu registro junto ao cadastro. Para isso, ao requerer inscrição no cadastro, ou atua-
lização deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os elementos necessários à
satisfação das exigências para habilitação das licitações (art. 27, da Lei nº 8.666/93).
O registro cadastral deverá ser amplamente divulgado e deverá estar permanentemente
aberto aos interessados, obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, no mí-
nimo anualmente, através da imprensa oficial e de jornal diário, a chamamento público
para a atualização dos registros existentes e para o ingresso de novos interessados.
Nos termos do art. 98, da Lei nº 8.666/93, é crime obstar, impedir ou dificultar, injusta-
mente, a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover inde-
vidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do inscrito, cuja pena é
a detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

c) Convite
É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a
qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedên-
cia de até 24 horas da apresentação das propostas.

De forma esquematizada, a modalidade convite apresenta as seguintes peculiaridades:

•• O instrumento convocatório do convite é a carta-convite e não o edital.


•• Não precisa haver publicação no Diário Oficial, visto que a lei exige apenas que a carta-
convite seja afixada em local apropriado.
•• Inicialmente, a carta-convite poderá ser enviada a interessados do ramo, cadastrados ou
não, porém só poderão “se convidar” os demais cadastrados que se manifestarem com
antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.
•• Regra geral: deverá ser convidado um número mínimo de três empresas.
•• Existindo na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para
objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

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•• Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impos-
sível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos, essas circunstâncias deverão ser
devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
•• No caso de convite, a Comissão de Licitação, excepcionalmente nas pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por
servidor formalmente designado pela autoridade competente.
•• Também é modalidade de licitação que poderá ser utilizada em licitações internacionais,
quando não houver fornecedor do bem ou serviço no Brasil.
•• Segundo a Lei nº 8.666/93, quando couber convite, a Administração poderá optar pela uti-
lização da tomada de preços ou da concorrência.

d) Concurso
Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vence-
dores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
mínima de 45 dias.
À modalidade de licitação concurso não serão aplicados os tipos de licitação previstos no art.
45, da Lei de Licitações, pois será pago um prêmio ou remuneração ao vencedor.
Justamente por ser a modalidade utilizada para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico,
uma das características do concurso é que a comissão de licitação será integrada por pessoas de
reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não.
O concurso deverá ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no
local indicado no edital, que deverá mencionar:
I – a qualificação exigida dos participantes;
II – as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
III – as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos.

Por fim, não podemos esquecer que, ressalvadas as hipóteses de inexigibilidade de licitação,
os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, pre-
ferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de
prêmio ou remuneração.
e) Leilão
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis
para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação
de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação. O leilão será conduzido por um servidor designado ou por leiloeiro oficial.
De forma resumida, o leilão será utilizado na venda de:
•• Bens móveis inservíveis para a Administração;
•• Produtos legalmente apreendidos ou penhorados;
•• Bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição seja derivada de procedimentos
judiciais ou dação em pagamento. Nesse caso, também será admitida a concorrência.

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No caso de alienação de bens móveis, a adoção da modalidade leilão está limitada ao valor de
até R$ 650.000, para os bens avaliados isolada ou globalmente. Para os valores acima, deverá
ser utilizada a modalidade concorrência.

CUIDADO!
Na alienação de bens imóveis, a modalidade utilizada como regra é a concorrência, po-
rém, caso o imóvel seja adquirido por dação em pagamento ou procedimento judicial,
a Administração poderá valer-se da concorrência ou do leilão para aliená-lo.

f) Pregão
A Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações) foi o primeiro diploma legal a introduzir o
pregão como modalidade licitatória em nosso ordenamento jurídico. Tal legislação estabeleceu
um regime de contratação específico para Anatel, criando o pregão como modalidade de
licitação aplicável à aquisição de bens e serviços comuns, em que a disputa pelo fornecimento
seria feita por meio de lances em sessão pública.
Posteriormente, tal modalidade foi estendida para toda a Administração Pública Federal,
mediante a Medida Provisória nº 2.026/00.
Tal medida provisória foi muito criticada pela doutrina, visto que não poderia ser criada uma
nova modalidade licitatória que fosse aplicada somente em âmbito federal. Assim, a referida
medida provisória foi convertida na Lei nº 10.520/02, estendendo a aplicação do pregão a
todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

CUIDADO!
O pregão é uma modalidade licitatória não prevista na Lei nº 8.666/93. O pregão, ini-
cialmente, foi instituído apenas em âmbito federal. Hoje, após a conversão da Medida
Provisória nº 2.026/00, na Lei nº 10.520/02, o pregão é uma modalidade licitatória
aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

O pregão é uma nova modalidade licitatória utilizada na aquisição de bens e serviços comuns,
definidos, pela Lei nº 10.520/02, como aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.
Independentemente do valor da contratação, sua utilização está centrada no objeto contratual:
bens e serviços comuns. O pregão poderá ser utilizado na aquisição de bens e serviços comuns,
qualquer que seja o valor da futura contratação.
Pelo fato de ser uma lei resumida, a Lei do Pregão estabelece que os dispositivos da Lei nº
8.666/93 serão aplicados supletivamente (subsidiariamente) à referida modalidade. Havendo
ausência de dispositivo legal na Lei nº 10.520/02, deve-se aplicar a Lei Geral de Licitações.
A seguir, constam de forma resumida, as características gerais do pregão:

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•• Não é conduzido por uma “Comissão de Licitação”, mas sim por um único representante
da Administração, escolhido entre os servidores do órgão ou da entidade, com atribuições
especiais, denominado pregoeiro. O pregoeiro é auxiliado por uma equipe de apoio.
•• No âmbito do Ministério da Defesa, a Lei nº 10.520/02 autoriza que militares sejam prego-
eiros ou integrantes da equipe de apoio.
•• O tipo de licitação utilizado é sempre o menor preço.
•• É uma modalidade licitatória não prevista na Lei nº 8.666/93, utilizada para qualquer valor
de contrato e seu objeto, é a aquisição de bens e serviços comuns.
•• O pregoeiro abre, em sessão pública, as propostas escritas apresentadas pelos licitantes.
Após essa fase, poderão ser realizados lances verbais e sucessivos para reduzir o valor ofe-
recido pelo licitante.
•• O autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% superiores a ela
poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor, sempre
pelo menor preço. Não havendo pelo menos três ofertas com diferença de até 10% em
relação à mais baixa, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de três,
oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos. Exa-
minada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pre-
goeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade.
•• Após essa fase de lances verbais, o pregoeiro abrirá o envelope contendo os documentos
do licitante que apresentou a melhor proposta, para a verificação do atendimento das con-
dições fixadas no edital. Sendo assim, é importante ressaltar que a maior diferença entre
essa e as outras modalidades de licitação está na inversão que ocorre nas fases de habili-
tação e julgamento das propostas.
•• Para dar maior competitividade ao pregão, a Lei nº 10.520/02 veda:

a) garantia de proposta;
b) aquisição do edital pelos licitantes, como condição para participação do certame;
c) pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital, que não
serão superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de recursos
de tecnologia da informação, quando for o caso.
•• Se a proposta vencedora estiver acima do valor estimado inicialmente pela Administração
Pública, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja obtido
o melhor preço.

•• Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a


intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de três dias para apresentação
das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar
contrarrazões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do
recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;

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•• Quando não houver manifestação de nenhum licitante quanto à sua intenção de recorrer,
caberá ao pregoeiro a adjudicação do objeto da licitação. Quando não houver tal mani-
festação, a adjudicação será realizada pela autoridade competente para julgar o recurso.
Porém, a homologação da licitação sempre caberá a essa autoridade. Com isso, ao contrá-
rio das demais modalidades da Lei nº 8.666/93, no pregão a homologação é posterior à
adjudicação.
•• O prazo de validade das propostas é de 60 dias, salvo outro prazo estabelecido no edital.
•• No pregão, a homologação ocorre após a adjudicação

5.2 Prazo Mínimo entre a Publicação do Edital


e a Apresentação das Propostas

É o início da fase externa do procedimento, quando os interessados tomam ciência do instru-


mento convocatório e das condições de participação. É obrigatória a publicação de um aviso
contendo o resumo do edital, no mínimo uma vez, no DOU (licitação na Administração Federal
ou licitação de obras com recursos federais) ou no DOE (licitação estadual ou municipal) e em
jornal de grande circulação.
Lembrando que, no caso da modalidade convite, a publicação não é obrigatória, bastando que
a carta-convite seja afixada em local apropriado do órgão ou entidade.
Qualquer modificação no edital exige divulgação da mesma forma que se deu o texto original,
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido para apresentação das propostas, exceto quan-
do, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
Os prazos estipulados pela lei são os seguintes – porém, cabe ressaltar que a lei estabelece o
prazo mínimo.
•• 45 dias para as modalidades de:

a) Concurso;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de empreitada inte-
gral ou quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço.

•• 30 dias para as modalidades de:

a) concorrência, nos casos não especificados na letra “b” supracitada;


b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço.

•• 15 dias para as modalidades de:


a) tomada de preços, nos casos não especificados na letra “b” supracitada;
b) leilão.

•• 5 dias úteis para modalidade de convite.


•• 8 dias úteis para a modalidade de pregão, contados a partir da publicação do aviso.

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CUIDADO!
Apenas as modalidades pregão e convite utilizam a contagem em dias úteis.

6. CONTRATAÇÃO DIRETA:

Como já visto anteriormente, a Constituição Federal estabelece que, como regra, a Adminis-
tração Pública Direta e Indireta está sujeita à licitação prévia à realização de um contrato ad-
ministrativo. Porém, em seu art. 37, XXI, nota-se que tal imposição não é absoluta, visto que
comporta ressalvas previstas na legislação.
Assim, a Lei nº 8.666/93 estabelece situações excepcionais em que a Administração poderá
contratar diretamente, sem a necessidade de desencadear todo o processo licitatório. Generi-
camente, os casos de contratação direta dividem-se em: dispensa e inexigibilidade de licitação.
Assim, a Lei nº 8.666/93 veio estabelecer esses casos, da seguinte forma:

1. DISPENSA DE LICITAÇÃO:
a) LICITAÇÃO DISPENSADA – art. 17, I e II
b) LICITAÇÃO DISPENSÁVEL – art. 24

2. INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO – art. 25

O mais importante, para fins de prova, é saber a diferença básica entre essas hipóteses.

a) INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO:

Um dos princípios doutrinários básicos da licitação é a competitividade. É óbvio que, se não


houver competição, não há como realizar uma licitação. A inexigibilidade de licitação caracteri-
za-se, justamente, por tal fato: inviabilidade jurídica de competição.
A Lei nº 8.666/93, em seu artigo 25, estabelece uma lista exemplificativa de situações em que a
licitação será inexigível. São elas:
a) fornecedor exclusivo, vedada a preferência de marca;
b) contratação de serviço técnico profissional especializado, de natureza singular (notória es-
pecialização), vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade;
c) contratação de artistas consagrados pela crítica ou pela opinião pública.

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Quanto à contratação de serviço técnico profissional especializado, a Lei nº 8.666/93 estabe-


lece, em seu artigo 13, quais seriam os serviços assim classificados. Porém, tal contratação só
será feita por inexigibilidade de licitação se os serviços forem visualmente diferenciados, de
natureza singular (notória especialização), pois a regra é que haja licitação, na modalidade con-
curso (Lei nº 8.666/93, art. 13, § 1°).
É importante observar que a lei só exemplificou algumas hipóteses de inexigibilidade de licita-
ção, pois, em qualquer hipótese em que esteja caracterizada a impossibilidade de competição,
ensejará a inexigibilidade do procedimento licitatório.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:


I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser for-
necidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a
preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através
de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se reali-
zaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou
através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada
ou pela opinião pública.
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito
no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experi-
ências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requi-
sitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se compro-
vado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda
Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável,
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

b) DISPENSA DE LICITAÇÃO:

Na dispensa de licitação, há duas hipóteses distintas: licitação dispensada e licitação dispensável.


A diferença crucial entre as hipóteses de dispensa de licitação e as de inexigibilidade é que,
naquelas, há viabilidade jurídica de competição, porém a Lei autoriza alguns casos em que a
Administração está isenta da realização de procedimento licitatório (licitação dispensável)
e, em outros, determina que não será feita licitação (licitação dispensada). Já, nos casos de
inexigibilidade, como visto, não haverá licitação, por falta de competitividade no mercado.

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Inexibilidade de Licitação → Não há viabilidade de competição
Dispensa de Licitação → Há viabilidade de competição

Os casos de licitação dispensável estão previstos no artigo 24, da Lei nº 8.666/93, de forma
taxativa (exaustiva). São situações em que a Administração poderá fazer licitação, mas a lei au-
torizou (ato discricionário) a não realização de tal procedimento.
Já os casos de licitação dispensada estão previstos no artigo 17, I e II, da Lei nº 8.666/93, de
forma taxativa (exaustiva). São situações em que a Administração não irá fazer licitação, porque
a Lei determinou (ato vinculado) a não realização de tal procedimento. São situações que en-
volvem alienação de bens móveis e imóveis, em casos especiais.
Analisando os casos de licitação dispensável e dispensada previstos na Lei nº 8.666/93, pode-se
estabelecer mais uma diferença crucial entre as duas situações. O artigo 24 (licitação dispensá-
vel) refere-se a casos de contratação ou aquisição de algum material ou serviço pela Adminis-
tração Pública; já os casos previstos no artigo 17 (licitação dispensada) envolvem hipóteses de
alienação de bens móveis e imóveis pela Administração Pública.

Dispensável → aquisição/contratação
Dispensada → alienação

Por fim, cabe ressaltar que constitui crime dispensar ou inexigir licitação, fora dos casos
previstos em lei, sujeito à pena de três a cinco anos de detenção e multa.

IMPORTANTE: LICITAÇÃO DESERTA X LICITAÇÃO FRACASSADA


DESERTA: Art. 24, V – quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justi-
ficadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste
caso, todas as condições preestabelecidas.
Não importa o valor do contrato, basta que não apareçam interessados. Nesta hipótese,
se a Administração demonstrar (motivadamente) existir prejuízo na realização de uma
nova licitação e desde que sejam mantidas as mesmas condições do instrumento convo-
catório, poderá haver contratação direta do fornecedor (licitação dispensável).

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FRACASSADA: Art. 48, §3º – quando todos os licitantes forem inabilitados e todas as
propostas desclassificadas, a administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito
dias úteis para apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoima-
das das causas referidas neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste
prazo para três dias úteis.
Nos termos do art. 24, VII, a licitação fracassada poderá configurar um caso de licitação
dispensável quando todos os licitantes forem desclassificados com propostas com preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou incompatíveis com os
fixados pelos órgãos oficiais competentes. Nessa situação, após o prazo de reapresenta-
ção das propostas, fixado no art. 48, § 3º, se as novas propostas incorrerem no mesmo
problema, poderá haver contratação direta do fornecedor (licitação dispensável).

7. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS:

O art. 15 da Lei nº 8.666/93 coloca que as compra da administração pública devem, sempre
que possível, ser processadas pelo sistema de registro de preços, ferramenta que vem sendo
amplamente utilizada pelas aquisições de materiais e serviços por parte da Administração.
O Sistema de Registro de Preço (SRP) deve ser utilizado para eventuais aquisições a serem re-
alizadas pela Administração ao longo de 12 meses (prazo máximo de validade da Ata), quando
não for possível estimar de modo preciso o quantitativo a ser utilizado. Assim, o Decreto Fede-
ral nº 3.931/2001, alterado pelo Decreto nº 4.342/2002, estabelece que o SRP deve ser prefe-
rencialmente adotado nas seguintes hipóteses:

a) quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações fre-


quentes;
b) quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou
contratação de serviços necessários à Administração para o desempenho de suas atribuições;
c) quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimen-
to a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; e
d) quando pela natureza do objeto não for possível definir previamente o quantitativo a ser
demandado pela Administração.
A Lei nº 8.666/93 estabelece que o SRP deve ser formalizado mediante procedimento licitatório
prévio pela modalidade concorrência, porém a Lei nº 10.520/02 possibilita a utilização do pre-
gão para a aquisição de bens e serviços comuns mediante registro de preços.
A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contratações que deles
poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às
licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições.

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Por fim, como forma de controle popular, a lei proporciona a qualquer cidadão o direito de
impugnar preço constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse com o preço
vigente no mercado.

8. ALIENAÇÃO DE BENS:

BENS IMÓVEIS
DA ADM. DIRETA, AUTÁRQUICA DE EMPRESA PÚBLICA OU DE
OU FUNDACIONAL SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
Interesse público justificado Interesse público justificado
Avaliação prévia Avaliação prévia
Licitação na modalidade concorrência Licitação na modalidade concorrência
Autorização legislativa Não precisa de autorização legislativa

Bens imóveis de qualquer órgão ou entidade adquiridos por dação em pagamento ou procedi-
mento judicial:
•• Avaliação prévia;
•• Comprovação da necessidade/utilidade da alienação;
•• Licitação na modalidade concorrência ou leilão;
•• Não precisa de autorização legislativa.
Obs: Na concorrência para venda de bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à compro-
vação do recolhimento de quantia correspondente a 5% da avaliação.
Bens móveis de qualquer órgão ou entidade:
•• Interesse público justificado;
•• Avaliação prévia;
•• Licitação;
•• Não precisa de autorização legislativa.

9. ANULAÇÃO X REVOGAÇÃO:

O desfazimento do procedimento licitatório poderá ocorrer por meio da anulação ou da revo-


gação, sendo assegurado o contraditório e a ampla defesa. Esse poder se relaciona ao princípio
da autotutela.
A anulação do procedimento licitatório decorre de alguma ilegalidade que tenha ocorrido em
alguma de suas etapas invalidando todo o procedimento nas etapas subsequentes. Inclusive, a
lei dispõe que a nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato administrativo.

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Nos termos do art. 49, da Lei nº 8.666/93, a autoridade competente para a aprovação do pro-
cedimento deve anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante
parecer escrito e devidamente fundamentado.
A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de inde-
nizar, não exonerando a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este hou-
ver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente compro-
vados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe
deu causa.
Já a revogação poderá ocorrer em duas situações:
a) por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprova-
do, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, mediante parecer escrito e devida-
mente fundamentado.
b) a critério da administração quando o adjucatário convocado para assinar o contrato não
comparecer ou recusar-se a fazê-lo. Nessa situação, opcionalmente, a Administração pode-
rá convocar os licitantes remanescentes.
Por fim, vale destacar que a anulação do procedimento licitatório poderá ser total ou parcial, já
a revogação deve ser total. Outrossim, a anulação poderá ocorrer mesmo depois da assinatura
do contrato, já a revogação não poderá mais ocorrer posteriormente à assinatura do instru-
mento contratual.

10. RECURSOS ADMINISTRATIVOS:

O art. 109 da Lei nº 8.666/93 apresenta três formas de recursos administrativos aos atos prati-
cados durante o procedimento licitatório: o pedido de reconsideração, o recurso e a represen-
tação.
a) Recurso:
No prazo de cinco dias úteis, a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
•• habilitação ou inabilitação do licitante;
•• julgamento das propostas;
•• anulação ou revogação da licitação;
•• indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;
•• rescisão unilateral do contrato administrativo;
•• aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa;
Obs.: Caso a licitação ocorra pela modalidade convite, o prazo para interposição do recurso
será de apenas dois dias úteis.
Quanto aos efeitos do recurso, apenas será suspensivo em relação aos dois primeiros casos
(habilitação ou inabilitação do licitante/julgamento das propostas). Nos demais casos, a regra é
o efeito meramente devolutivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presen-

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tes razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais
recursos.
O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato recorrido,
a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de cinco dias úteis, ou, nesse mesmo prazo,
fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do
prazo de cinco dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.
Cabe pedido de reconsideração, a ser apresentado no prazo de dez dias úteis, contados da
intimação de decisão de Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal que declare
empresa inidônea para licitar ou contratar junto à Administração Pública.
Já a representação será utilizada para recorrer de decisões relacionadas com o objeto da licita-
ção ou do contrato, contra as quais não caiba recurso hierárquico. O prazo para apresentação
da representação será de cinco dias úteis, contados da intimação da decisão, sendo esse prazo
reduzido para dois dias úteis, no caso de convite.

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Questões CESPE

1. (Cespe – Anatel – Administraçao – 2014) 5. (Cespe – CADE – 2014)


Licitação é um procedimento administrativo Na administração pública, as contratações
discricionário por meio do qual os entes da com terceiros serão necessariamente pre-
administração pública selecionam a melhor cedidas de licitação, ressalvadas as hipóte-
proposta entre as oferecidas, visando à ce- ses previstas na Lei nº 8.666/1993.
lebração de contrato e à obtenção do me-
lhor trabalho técnico, artístico ou científico. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
6. (Cespe – SUFRAMA – Ag. Administrativo –
2014)
2. (Cespe – MPOG – Administração – 2015)
Sendo uma autarquia, a Suframa não é obri-
Para a instrução apropriada do processo li- gada a realizar prévio procedimento de lici-
citatório, faz-se necessária a caracterização tação para contratar o serviço.
adequada do objeto a ser comprado, assim
como a indicação dos recursos orçamentá- ( ) Certo   ( ) Errado
rios necessários ao seu pagamento.
( ) Certo   ( ) Errado 7. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)
Não há previsão legal para o estabelecimen-
3. (Cespe – MPOG – Engenheiro – 2015) to, nos processos licitatórios, de margem de
preferência para bens e serviços com tecno-
É permitida a licitação de uma obra pública logia desenvolvida no Brasil.
com a utilização do projeto básico, poden-
do, no interesse da administração, o projeto ( ) Certo   ( ) Errado
executivo ser desenvolvido concomitante-
mente à execução do empreendimento. 8. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado Dadas as alterações feitas, nos últimos
anos, no marco regulatório das licitações
4. (Cespe – MDIC – Ag. Administrativo – 2015) públicas, aos requisitos do melhor preço e
da maior vantagem para a administração
As normas que disciplinam as licitações pú- pública somaram-se, também, critérios de
blicas devem ser interpretadas em favor da sustentabilidade ambiental.
disputa entre os interessados, desde que
não comprometam o princípio da isonomia. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
9. (Cespe – TER-GO – Técnico Judiciário – 2015)
Critérios de sustentabilidade ambiental de-
vem ser observados no processo licitatório.
( ) Certo   ( ) Errado

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10. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) que a marca escolhida apresenta o menor
Cabe privativamente à União legislar acerca consumo de energia do mercado.
de normas gerais de licitação e contratação, ( ) Certo   ( ) Errado
em todas as modalidades, para as adminis-
trações públicas diretas, autárquicas e fun-
dacionais da União, dos estados, do DF e 15. (Cespe – CGE-PI – Auditor – 2015)
dos municípios.
Em uma licitação, é vedada a participação
( ) Certo   ( ) Errado direta ou indireta de servidor da entidade
licitante.
11. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) ( ) Certo   ( ) Errado
O projeto básico — conjunto de elementos
necessários e suficientes para caracterizar a
16 (Cespe – TCU – Controle Externo – 2015)
obra ou serviço objeto da licitação — deve
ser elaborado com base nos estudos técnicos São consideradas de grande vulto obras,
preliminares, que assegurem a viabilidade serviços ou compras cujo valor estimado
técnica, o adequado tratamento do impacto seja superior a quinze milhões de reais.
ambiental do empreendimento, as condi-
ções de avaliação do custo e a definição dos ( ) Certo   ( ) Errado
métodos e do prazo de execução, devendo
sempre conter orçamento detalhado e global 17. (Cespe – FUB – Administração – 2015)
da obra, sob pena de nulidade.
A licitação poderá ser realizada sem a
( ) Certo   ( ) Errado
previsão de recurso financeiro disponível
para a respectiva liquidação.
12. (Cespe – ICMBio – Analista – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado
Nos termos da Lei de Licitações e Contratos,
o projeto básico deve definir, obrigatoria-
mente, os elementos indispensáveis para a 18. (Cespe – SUFRAMA – Ag. Administrativo –
execução correta da obra objeto da licitação. 2014)
( ) Certo   ( ) Errado Encerrada a sessão de julgamento e habili-
tação das empresas licitantes, a administra-
13. (Cespe – FUB – Engenheiro – 2015) ção estará obrigada a realizar a contratação,
sob pena de indenização à empresa classifi-
Dentro do contexto da Lei de Licitações, o cada em primeiro lugar.
projeto básico é entendido como o conjunto
de elementos necessários suficientes e ( ) Certo   ( ) Errado
precisos, de forma a possibilitar a avaliação
do custo da obra e a definição dos métodos
19. (Cespe – MDIC – Ag. Administrativo – 2014)
e do prazo de execução.
( ) Certo   ( ) Errado Na aquisição pública de materiais mediante
processo licitatório, o princípio da vincula-
ção ao instrumento convocatório poderá,
14. (Cespe – Camara Legislativa – Assessor – excepcionalmente, ser descumprido para se
2014) obter maior celeridade no recebimento dos
É vedada a indicação da marca dos produtos materiais.
a serem adquiridos, ainda que se comprove ( ) Certo   ( ) Errado

198 www.acasadoconcurseiro.com.br
TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

20. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) 25. (Cespe – CEF – Engenheiro – 2014)
Em razão do princípio da eficiência, é pos- Dado que, conforme previsto na Lei nº
sível, mediante licitação, a contratação de 8.666/1993, a promoção do desenvolvimen-
empresa que não tenha apresentado toda a to nacional sustentável é um dos objetivos
documentação de habilitação exigida, desde da licitação pública no Brasil, é possível in-
que a proposta seja a mais vantajosa para a centivar a preservação do meio ambiente
administração. no procedimento licitatório.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

21. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) 26 (Cespe – Antaq – Agente Administrativo –


A utilização da licitação pública para a 2014)
aquisição de produtos e serviços atende ao A principal finalidade da licitação é criar um
princípio da isonomia para a contratação, ambiente isonômico, com base em padrões
assegurando igualdade de condições aos previamente definidos, de modo que haja
interessados em fornecer ao Estado. as mesmas condições entre os participantes
( ) Certo   ( ) Errado que desejarem estabelecer contrato com o
setor público.
22. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) ( ) Certo   ( ) Errado

A adjudicação ao vencedor é obrigatória,


salvo se ele desistir expressamente do con- 27. (Cespe – Antaq – Técnico Administrativo –
trato ou não o firmar no prazo prefixado, a 2014)
menos que comprove justo motivo. Em atendimento ao princípio da vinculação ao
( ) Certo   ( ) Errado instrumento convocatório, o edital, caracte-
rizado como a lei interna da licitação, vincula
23. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) tanto a administração quanto os licitantes.

Consoante o princípio da indisponibilidade ( ) Certo   ( ) Errado


do interesse público, as empresas estatais,
embora regidas pelo direito privado, devem 28 (Cespe – Câmara Federal – Consultor –
submeter-se ao processo licitatório, uma 2014)
vez que administram recursos total ou
parcialmente públicos. A Diretoria Administrativa da Câmara dos
Deputados, com o intuito de fomentar a
( ) Certo   ( ) Errado utilização de bens ecologicamente susten-
táveis, inseriu, em edital de licitação de
24. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) compra de aparelhos elétricos diversos, a
exigência de que somente seriam aceitos
Constitui atentado ao princípio da igualda- produtos com consumo de energia limitado
de entre os licitantes o estabelecimento, no a determinado nível.
edital ou no convite, de requisitos mínimos
para participação no processo de licitação. Considerando a situação hipotética acima,
julgue o item subsequente, com base na Lei
( ) Certo   ( ) Errado nº 8.666/1993.

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O edital de licitação é passível de anulação, 33. (Cespe – STJ – Técnico Administrativo – 2015)
visto que a exigência feita restringe a isono-
mia e a competitividade do certame. Cabe à administração pública federal, visan-
do promover o desenvolvimento nacional
( ) Certo   ( ) Errado sustentável, observar, nas contratações re-
alizadas, o menor impacto sobre recursos
naturais e utilizar inovações que reduzam a
29. (Cespe – TCU – Técnico – 2015) pressão sobre esses recursos.
Dado o princípio da adjudicação compul- ( ) Certo   ( ) Errado
sória, a administração não pode, concluída
a licitação, atribuir o objeto desse procedi-
mento a outrem que não o vencedor. 34 (Cespe – STJ – Técnico Administrativo – 2015)
( ) Certo   ( ) Errado A impessoalidade é princípio que norteia a
administração e está intimamente afeta às
licitações públicas.
30 (Cespe – TCU – Auditor – 2015)
( ) Certo   ( ) Errado
Dado o princípio da isonomia, é vedado atri-
buir preferências para bens e serviços pro-
duzidos e prestados no Brasil, ou por em- 35 (Cespe – STJ – Técnico Administrativo – 2015)
presas brasileiras, mesmo que se trate de
critério de desempate em procedimentos li- Embora vise garantir a observância do prin-
citatórios, situação que deverá ser resolvida cípio constitucional da isonomia, o processo
por sorteio. licitatório poderá, excepcionalmente, priori-
zar a proposta que promova em maior grau
( ) Certo   ( ) Errado o desenvolvimento sustentável, em detri-
mento da proposta mais vantajosa.
31 (Cespe – FUB – Administrador – 2015) ( ) Certo   ( ) Errado
Se, em determinado processo licitatório,
houver empate e igualdade de condições 36 (Cespe – ICMBio-Ag. Administrativo – 2014)
entre concorrentes, deverá ser dada prefe-
rência à concorrente que produzir bens e Segundo o disposto na Lei de Licitações e
serviços no Brasil em detrimento da empre- Contratos, a modalidade de licitação, no
sa que o fizer em país estrangeiro. caso de obras e serviços de engenharia com
custos entre R$ 15.000,00 e R$ 150.000,00,
( ) Certo   ( ) Errado será o convite.
( ) Certo   ( ) Errado
32 (Cespe – FUB – Administrador – 2015)
No âmbito das licitações públicas, é permi- 37 (Cespe – CADE – Analista – 2014)
tido os editais estabelecerem normas que
restrinjam a participação de concorrentes, De acordo com a legislação vigente, as mo-
de modo que se consiga a contratação de dalidades de licitação são a concorrência, a
empresa específica. tomada de preços, o concurso, o convite, o
leilão e o pregão. Em uma licitação, é per-
( ) Certo   ( ) Errado mitido combinar duas ou mais formas de li-
citação.
( ) Certo   ( ) Errado

200 www.acasadoconcurseiro.com.br
TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

38. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) público, são contados em dias corridos, e
variam apenas com relação ao número mí-
É recomendável que o administrador públi- nimo de dias, conforme o tipo de licitação
co fracione ou desmembre obra, compra ou adotado.
serviço, para o devido enquadramento do
valor dentro dos limites de dispensa previs- ( ) Certo   ( ) Errado
tos nessa lei.
( ) Certo   ( ) Errado 43 (Cespe – MPOG – 2015)
Situação hipotética: Determinado órgão
39. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) público está em processo de mudança para
novas instalações, o que justificou o início
Ao Poder Legislativo estadual é permitida a de processo licitatório para contratação de
criação de novas modalidades de licitação, empresa especializada em mudança. O ser-
conforme as peculiaridades locais existen- vidor responsável pelo processo julgou ser a
tes. forma de licitar mais adequada, nesse caso,
( ) Certo   ( ) Errado a combinação entre as modalidades concor-
rência e tomada de preços. Por isso, foi deci-
dido realizar um pregão com a combinação
40. (Cespe – Câmara Legislativa – Consultor – de ambas as modalidades. Assertiva: Nessa
2014) situação, é correto afirmar que o processo li-
citatório adotado foi adequado para o caso.
A Lei de Licitações instituiu como modalida-
des de licitação a concorrência, a tomada de ( ) Certo   ( ) Errado
preços, o convite, o concurso e o leilão, ten-
do vedado a criação de outras modalidades
ou a combinação das existentes, embora o 44. (Cespe – MDIC – Analista – 2014)
pregão tenha sido legalmente instituído, Caso a administração pública convoque, por
mais tarde, como nova modalidade de lici- meio de convite, dez empresas do mesmo
tação. ramo do objeto a ser licitado para contra-
( ) Certo   ( ) Errado tação de determinado serviço, e, por desin-
teresse de alguns convidados, apenas uma
empresa apresente proposta, a administra-
41. (Cespe – TER-GO – Técnico Judiciário – ção poderá prosseguir com o certame, des-
2015) de que justifique devidamente o fato e as
circunstâncias especiais.
O valor estimado da contratação é determi-
nante na escolha da modalidade licitatória a ( ) Certo   ( ) Errado
ser adotada: concorrência pública, tomada
de preços, convite ou pregão.
45. (Cespe – ICMBio – Técnico – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado
Concorrência é a modalidade de licitação
recomendada para compras que importem
42. (Cespe – DEPEN – 2015) valores elevados.
Os prazos de antecedência para divulgação ( ) Certo   ( ) Errado
do instrumento convocatório, previstos na
Lei de Licitações e Contratos, qualquer que
seja a modalidade escolhida pelo gestor

www.acasadoconcurseiro.com.br 201
46. (Cespe – Anatel – Administração – 2014) 52. (Cespe – ICMBio – Técnico – 2014)
Para licitações de obras e serviços de enge- Na modalidade concurso, só é possível con-
nharia, a tomada de preços poderá ser utili- tratar trabalhos artísticos que serão pagos
zada até o limite de R$ 1,5 milhão. por meio de prêmios, pois, nessa modali-
( ) Certo   ( ) Errado dade, não se permite a remuneração direta
aos vencedores.
47. (Cespe – Câmara Legislativa – Consultor – ( ) Certo   ( ) Errado
2014)
Nos casos em que couber licitação na moda- 53. (Cespe – CADE – Ag. Administrativo – 2014)
lidade convite, será facultado à administra-
ção utilizar a tomada de preços e, em qual- Considere que, em operação da polícia fe-
quer caso, a concorrência. deral, tenha sido apreendida grande quan-
tidade de veículos introduzidos ilegalmente
( ) Certo   ( ) Errado no território brasileiro. Nesse caso, a admi-
nistração poderá realizar leilão para a venda
48. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário – 2015) desses veículos.
Na modalidade convite, empresas que não ( ) Certo   ( ) Errado
tenham sido convidadas pela administração
não poderão participar da licitação.
54. (Cespe – TRE-GO – Técnico Judiciário –
( ) Certo   ( ) Errado 2015)

49. (Cespe – FUB – Administração – 2015) Leilão é a modalidade de licitação entre in-
teressados devidamente cadastrados ou
Cinco dias úteis são estabelecidos legalmen- que atenderem a todas as condições exigi-
te como o prazo mínimo para o recebimento das para cadastramento até o terceiro dia
de propostas para a licitação na modalidade anterior à data do recebimento das propos-
convite. tas, observada a necessária qualificação.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

50 (Cespe – FUB – Administração – 2015)


55. (Cespe – MPU – Técnico – 2015)
A concorrência pública é a modalidade de li-
citação que deve ser utilizada para a venda Se a administração pública pretender ven-
de bens móveis inservíveis para a adminis- der bens móveis inservíveis, ela deverá fazê-
tração ou de produtos legalmente apreendi- -lo mediante leilão a quem oferecer o maior
dos ou penhorados, ou para a alienação de lance, igual ou superior ao valor da avalia-
bens imóveis. ção dos bens em questão.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

51. (Cespe – FUB – Administração – 2015)


56. (Cespe – Suframa – Administrador – 2014)
Para participar de uma tomada de preços, a
empresa deverá estar cadastrada junto ao Caso, em razão de fortes chuvas em deter-
órgão ou atender às condições exigidas para minado município, uma represa se rompa e
o cadastramento. ocasione alagamento em alguns bairros, e,
em razão desse fato, o governo local decrete
( ) Certo   ( ) Errado

202 www.acasadoconcurseiro.com.br
TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

estado de calamidade pública, poderá o mu- 61. (Cespe – ICMBio – Técnico – 2014)
nicípio valer-se da inexigibilidade de licita-
ção para realizar obras de reparo da represa Ausência de mercado concorrencial e im-
e evitar novos alagamentos. possibilidade de julgamento objetivo carac-
terizam inviabilidade de competição, casos
( ) Certo   ( ) Errado em que ocorre a inexigibilidade de licitação.
( ) Certo   ( ) Errado
57. (Cespe – Suframa – Administrador – 2014)
Se determinado município, para realizar fes- 62. (Cespe – ICMBio – Técnico – 2014)
tividade em razão do aniversário da cidade,
decidir pela contratação de bandas com- A contratação de assessorias técnicas não
postas por renomados artistas nacionais, a admite inexigibilidade de licitação.
contratação desses artistas poderá dar-se ( ) Certo   ( ) Errado
mediante inexigibilidade de licitação.
( ) Certo   ( ) Errado
63. (Cespe – CADE – 2014)
A dispensa da licitação ocorre quando há in-
58. (Cespe – MDIC – 2014) viabilidade de competição, isto é, inexigibili-
Caso pretenda comprar um medicamento dade de licitar.
produzido por apenas uma indústria farma- ( ) Certo   ( ) Errado
cêutica, utilizado para tratar doença tropical
típica em algumas regiões brasileiras, o res-
ponsável pelo setor de compras de um hos- 64. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)
pital público deverá considerar inexigível a
licitação. Considere que determinado órgão da ad-
ministração pública pretenda adquirir equi-
( ) Certo   ( ) Errado pamentos de informática no valor de R$
5.000,00. Nesse caso, o referido órgão tem a
opção discricionária de realizar licitação ou
59. (Cespe – MTE – Contador – 2014) proceder à aquisição direta mediante dis-
Caso o MTE pretenda celebrar contrato de pensa de licitação, em razão do baixo valor
prestação de serviços com organização so- dos equipamentos.
cial devidamente qualificada para atividade ( ) Certo   ( ) Errado
contemplada no contrato de gestão, a licita-
ção será dispensável.
65. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado
Considere que determinada pessoa jurídica
de direito privado que administra um porto
60. (Cespe – MTE – Ag. Administrativo – 2014) brasileiro pretenda contratar o único escri-
Se a administração necessita adquirir equi- tório de advocacia especializado em direito
pamentos que só podem ser fornecidos por portuário no Brasil para promover ações ju-
produtor, empresa ou representante comer- diciais acerca dessa matéria. Nessa situação,
cial exclusivo, a licitação é dispensada, pois é dispensável a licitação.
cabe ao poder público ajuizar a conveniên- ( ) Certo   ( ) Errado
cia e oportunidade da dispensa.
( ) Certo   ( ) Errado

www.acasadoconcurseiro.com.br 203
66. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) 72. (Cespe – FUB – Administrador – 2015)
A dispensa de licitação é prevista em caso Em casos de situação de emergência ou de ca-
de inviabilidade de competição, situação lamidade pública, poderá haver contratação
que permite à administração adjudicar dire- direta, com dispensa de licitação, tendo o con-
tamente o objeto do contrato. trato decorrente prazo máximo de duração de
cento e oitenta dias, vedada a sua prorrogação.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

67. (Cespe – Anatel – Analista – 2014)


73. (Cespe – STJ – Analista – 2015)
É inexigível a licitação para a contratação de As hipóteses de dispensa de licitação estão
profissional de qualquer setor artístico, dire- previstas em rol exemplificativo, cabendo ao
tamente ou por intermédio de empresário agente público justificar a necessidade de
exclusivo, desde que o referido profissional contratação direta.
seja consagrado pela crítica especializada
ou pela opinião pública. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
74. (Cespe – Câmara Legislativa – Consultor –
2014)
68. (Cespe – MPU – Técnico – 2015)
A relação das hipóteses de inexigibilidade
A contratação de serviços técnicos, de natu- elencada na Lei de Licitações não é exausti-
reza singular, com profissionais ou empresas va. Assim, poderá haver outras hipóteses de
de notória especialização, insere-se entre as inviabilidade de competição, que não este-
hipóteses de licitação dispensável. jam arroladas nos dispositivos da referida lei
e possam configurar a inexigibilidade.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

69. (Cespe – FUB – Engenheiro – 2015)


75. (Cespe – CBM-CE – 2014)
As situações de emergência ou de calami-
dade pública justificam a inexigibilidade da Caso a administração pública pretenda con-
licitação. tratar serviços de publicidade e divulgação
que se caracterizem como de natureza sin-
( ) Certo   ( ) Errado gular e cuja execução requeira profissionais
ou empresas de notória especialização, ela
poderá fazê-lo diretamente, configurando
70. (Cespe – TCU – Técnico – 2015) uma situação de licitação inexigível.
Será dispensável a licitação caso haja invia- ( ) Certo   ( ) Errado
bilidade de competição.
( ) Certo   ( ) Errado 76. (Cespe – ENAP – Técnico – 2015)
Se um órgão público tiver de adquirir ma-
71. (Cespe – TCU – Técnico – 2015) terial que só possa ser fornecido por repre-
sentante comercial exclusivo, a licitação será
É inexigível a licitação em caso de guerra ou inexigível e a administração ficará dispensa-
de grave perturbação da ordem. da de justificar os preços praticados.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

204 www.acasadoconcurseiro.com.br
TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

77. (Cespe – CADE – 2014) 79. (Cespe – MPOG – 2015)


Será dispensada da apresentação da docu- A realização de audiência pública concedi-
mentação exigida no ato convocatório de da pela autoridade responsável é exigência
licitação a empresa participante já inscrita obrigatória nos casos em que a modalidade
no Sistema de Cadastramento Unificado de de licitação adotada for a concorrência.
Fornecedores (SICAF).
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
80. (Cespe – Anatel – Administração – 2014)
78. (Cespe – Anatel – Técnico – 2014)
Dada a sua excepcionalidade, a licitação
Não ofende o princípio da igualdade ou da do tipo técnica e preço somente é admiti-
ampla competitividade a cláusula editalícia da para serviços de natureza predominan-
que exija, em licitação destinada à contrata- temente intelectual, serviços de grande
ção de serviço, para fins de qualificação téc- complexidade ou inovação tecnológica, ou
nica, comprovada experiência. serviços que possam ser executados com
diferentes metodologias, tecnologias, aloca-
( ) Certo   ( ) Errado ção de recursos humanos e materiais.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C 2. C 3. C 4. C 5. C 6. E 7. E 8. C 9. C 10. C 11. C 12. C 13. C 14. E 15. C 16. C 17. C 
18. E 19. E 20. E 21. C 22. C 23. C 24. E 25. C 26. C 27. C 28. E 29. C 30. E 31. C 32. E 33. C 34. C 
35. C 36. E 37. E 38. E 39. E 40. C 41. E 42. E 43. E 44. C 45. C 46. C 47. C 48. E 49. C 50. E 51. C 
52. E 53. C 54. E 55. C 56. E 57. C 58. C 59. C 60. E 61. C 62. E 63. E 64. C 65. E 66. E 67. C 68. E 
69. E 70. E 71. E 72. C 73. E 74. C 75. E 76. E 77. C 78. C 79. E 80. C

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Questões FCC

1. (FCC – TRT-3 – Analista Judiciario – 2016) convive com situações em que o certame se
mostra dispensável ou inexigível. As hipó-
A escolha da modalidade licitatória a ser tese são várias, algumas que a lei escolheu
utilizada pela Administração pública é prer- excluir da obrigatoriedade de serem licita-
rogativa da autoridade competente para a das, outras cuja realização do certame não
contratação, decisão que se mostra possível ou adequada.
a) pode ser discricionária, baseada nas op- Diante de um cenário em que a Adminis-
ções constantes da legislação, tal como tração pública precise firmar contrato para
o leilão ou o pregão para a alienação de prestação de serviço de atendimento da
bens inservíveis. população para orientação inicial e enca-
b) é invariavelmente vinculada, tendo em minhamento aos setores adequados de co-
vista que o cabimento de cada modali- nhecido complexo que concentra vários ser-
dade de licitação está expressamente viços públicos em um mesmo local, é
arrolado na legislação vigente para as
hipóteses de contratação pretendidas. a) possível declarar inexigibilidade de lici-
c) pode ser discricionária, cabendo ao ad- tação para contratação de associação
ministrador fundamentar e justificar a sem fins lucrativos que congregue por-
escolha feita, tal como na escolha da tadores de deficiência física e pessoas
modalidade leilão para a alienação de com reconhecida hipossuficiência fi-
bens imóveis adquiridos por meio de nanceira, como forma de execução de
adjudicação em execuções fiscais. política social.
d) pode ser vinculada, quando a lei des- b) permitido dispensar a licitação para
crever a modalidade cabível para uma contratar associação sem fins lucrati-
hipótese, como no caso das contrata- vos, de pessoas portadoras de defici-
ções de bens e serviços de natureza co- ência física, tendo em vista que as ativi-
mum, que deve ser realizada por meio dades necessárias à Administração são
de pregão. condizentes com as limitações físicas
e) é discricionária, posto que cabe ao ad- dos associados, o que não afasta a ne-
ministrador justificar a escolha da mo- cessidade do valor ser compatível com
dalidade de licitação a ser escolhida o praticado no mercado.
visando ao resultado pretendido, com c) necessário realizar licitação, tendo em
base em critérios de conveniência e vista que se trata de contratação de
oportunidade, como no caso da aliena- mão de obra, para cuja finalidade ine-
ção onerosa de imóveis, que pode ser xiste previsão legal de dispensa ou ine-
realizada por meio de leilão ou concor- xigibilidade de certame.
rência. d) dispensada a licitação para contratação
de associações sem fins lucrativos, bas-
2. (FCC – TRF-3 – Analista Administrativo – tando à Administração pública compro-
2016) var essa condição e a respectiva decla-
ração de utilidade pública emitida pelo
O princípio que obriga a Administração pú- ente da mesma esfera do potencial con-
blica à prévia licitação para contratação dos tratante.
diversos bens e serviços de seu interesse

www.acasadoconcurseiro.com.br 207
e) inexigível a licitação para os casos em Nos termos da Lei nº 8.666/1993, em con-
que o contratado seja pessoa jurídica dições de igualdade, como critério de de-
sem fins lucrativos e desde que o valor sempate, será assegurada preferência pela
da contratação seja compatível com o ordem, sucessivamente, aos itens
praticado no mercado.
a) I, II, III e IV.
3. (FCC – TRF-3 – Analista Judiciário – 2016) b) IV, I, II e III.
c) IV, II, III e I.
Considere: d) II, IV, I e III.
e) II, IV, III e I.
I – No âmbito do Ministério da Defesa, a
função de pregoeiro deve ser desempenha- 5. (FCC – TRF-3 – Técnico Judiciário – 2016)
da por militar, sob pena de ser decretada a
nulidade do certame. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região
pretende realizar licitação do tipo “técnica e
II – A Lei Geral de Licitações aplica-se ape- preço”, para a construção de novo edifício,
nas subsidiariamente ao pregão. sendo o valor da contratação estimado em
III – As compras e contratações de bens e R$ 1.550.000,00 (um milhão, quinhentos e
serviços comuns, no âmbito dos Estados, cinquenta mil reais). Nos termos da Lei nº
quando efetuadas pelo sistema de registro 8.666/1993 e considerando a modalidade
de preços, deverão obrigatoriamente ado- apropriada de licitação no caso narrado, o
tar a modalidade pregão. prazo mínimo entre a publicação do edital e
o recebimento das propostas será de:
Nos termos da Lei nº 10.520/2002, está cor-
reto o que consta em a) 45 dias
b) 30 dias
a) II, apenas. c) 15 dias.
b) I, II e III. d) 60 dias.
c) I e II, apenas. e) 25 dias.
d) III, apenas.
e) I e III, apenas. 6. (FCC – TRF-3 – Analista Judiciário – 2016)

4. (FCC – TRF-3 – Analista Judiciário – 2016) O Tribunal Regional Federal da 3ª Região


pretende contratar empresa para a constru-
Em uma licitação para bens e serviços ocor- ção de obra de engenharia. Trata-se especi-
reu empate entre as propostas. Considere: ficamente da reforma das instalações de es-
I – Produzidos ou prestados por empresas paço físico dentro do próprio Tribunal que,
que comprovem cumprimento de reserva no futuro, será destinado a um restaurante,
de cargos prevista em lei para pessoa com sendo o valor da contratação estimado em
deficiência ou para reabilitado da Previdên- dez mil reais. Nesse caso, conforme precei-
cia Social e que atendam às regras de aces- tua a Lei nº 8.666/1993, a licitação é
sibilidade previstas na legislação. a) obrigatória na modalidade pregão
II – Produzidos ou prestados por empresas b) inexigível.
brasileiras. c) obrigatória na modalidade concurso.
d) obrigatória na modalidade convite.
III – Produzidos ou prestados por empresas e) dispensável.
que invistam em pesquisa e no desenvolvi-
mento de tecnologia no País.
IV – Produzidos no País.

208 www.acasadoconcurseiro.com.br
TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

7. (FCC – TRT-14 – Técnico Judiciário – 2016) do pela parte durante o seu transcurso
e desde que ocorra motivo justificado
Em razão do caos da limpeza pública em de- aceito pela Administração.
terminado Município do Acre, que afetou, e) poderá ser prorrogado duas vezes, por
inclusive, a situação ambiental da Cidade, período igual ou inferior, desde que so-
a Prefeitura dispensou o procedimento li- licitado pela parte durante seu transcur-
citatório, justificando tratar-se de situação so e haja motivo justificado aceito pela
emergencial. Assim, efetivou a contratação Administração.
direta e imediata de empresa para a pres-
tação dos serviços de limpeza. Nesse caso, 9. (FCC – TRT-14 – Analista Judiciário – 2016)
os serviços deverão ser concluídos em prazo
máximo, contado, em dias consecutivos e Nos termos da Lei nº 10.520/2002, a equipe
ininterruptos, da ocorrência da emergência, de apoio do pregão deverá ser integrada
sendo vedada a prorrogação do respectivo
contrato. Nos termos da Lei nº 8.666/1993, a) em sua maioria por servidores ocupan-
o prazo a que se refere o enunciado é de tes de cargo efetivo ou emprego da Ad-
ministração, obrigatoriamente perten-
a) 210 dias. centes ao quadro permanente do órgão
b) 120 dias. ou entidade promotora do evento.
c) 90 dias. b) apenas por servidores ocupantes de
d) 60 dias. cargo efetivo ou emprego da Adminis-
e) 180 dias. tração, pertencentes ao quadro perma-
nente do órgão ou entidade promotora
8. (FCC – TRT-14 – Oficial de Justiça – 2016) do evento.
c) em sua maioria por servidores ocupan-
A empresa WX, vencedora de licitação pro- tes de cargo efetivo ou emprego da Ad-
movida pela União Federal, foi convocada ministração, preferencialmente perten-
para assinar o respectivo contrato adminis- centes ao quadro permanente do órgão
trativo. No curso do prazo de convocação ou entidade promotora do evento.
para a assinatura do contrato, a mencionada d) apenas por servidores ocupantes de
empresa solicitou prorrogação do prazo, jus- cargo em comissão, obrigatoriamente
tificando a impossibilidade de assinar o con- pertencentes ao quadro do órgão ou
trato dentro do lapso temporal inicialmente entidade promotora do evento.
previsto. Nos termos da Lei nª 8.666/1993, e) apenas por servidores ocupantes de
o prazo de convocação para a assinatura do cargo efetivo ou emprego da Adminis-
contrato tração, não se exigindo que sejam do
a) não admite qualquer tipo de prorroga- quadro do órgão ou entidade promoto-
ção. ra do evento.
b) poderá ser prorrogado uma vez, por
igual período, quando solicitado pela 10. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016)
parte durante o seu transcurso e des- De acordo com a ordem estabelecida pelo §
de que ocorra motivo justificado aceito 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, em igual-
pela Administração. dade de condições, como critério de desem-
c) admite prorrogação automática uma pate, é assegurada preferência aos bens e
única vez, que, portanto, independe de serviços produzidos
justificativa, bastando a solicitação da
empresa contratante. a) por empresas estrangeiras que invistam
d) poderá ser prorrogado uma vez, por pe- em pesquisa e no desenvolvimento de
ríodo igual ou superior, quando solicita- tecnologia do País.

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b) ou prestados por empresas que com- 12. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016)
provem o cumprimento de reserva de
cargos legal para pessoa com deficiên- No curso do pregão, o autor da oferta de va-
cia. lor mais baixo e os das ofertas com preços
c) ou prestados por empresas que possu- até dez por cento superiores àquela pode-
am, no mínimo, 30% do capital estran- rão fazer novos lances verbais e sucessivos,
geiro. até a proclamação do vencedor. Nos termos
d) ou prestados por empresas brasileiras da Lei nº 10.520/2002, NÃO havendo pelo
que invistam em pesquisa e no desen- menos
volvimento de tecnologia no País ou no a) cinco ofertas nas condições narradas
exterior. poderão os autores das melhores pro-
e) no País, ou seja dentro do território na- postas, até o máximo de três, oferecer
cional brasileiro. novos lances verbais e sucessivos, de-
vendo os preços, obrigatoriamente, cir-
11. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016) cundarem em torno de limite máximo
No tocante à licitação, considere: fixado pelo pregoeiro.
b) duas ofertas nas condições narradas
I – A licitação não será sigilosa, sendo pú- poderão os autores das melhores pro-
blicos e acessíveis ao público os atos de seu postas, até o máximo de cinco, ofere-
procedimento, salvo quanto ao conteúdo cer novos lances verbais e sucessivos,
das propostas, até a respectiva abertura. quaisquer que sejam os preços ofereci-
dos.
II – A margem de preferência pré-estabele- c) três ofertas nas condições narradas po-
cida não poderá ser estendida, total ou par- derão os autores das melhores propos-
cialmente, aos bens e serviços originários tas, até o máximo de cinco, oferecer
dos Estados Partes do Mercado Comum do novos lances verbais e sucessivos, de-
Sul − Mercosul. vendo os preços, obrigatoriamente, cir-
III – Os editais de licitação para a contrata- cundarem em torno de limite máximo
ção de bens, serviços e obras não poderão fixado pelo pregoeiro.
exigir que o contratado promova, em favor d) duas ofertas nas condições narradas
de órgão ou entidade integrante da Admi- poderão os autores das melhores pro-
nistração pública medidas de compensação postas, até o máximo de três, ofere-
comercial, industrial, tecnológica ou acesso cer novos lances verbais e sucessivos,
a condições vantajosas de financiamento, quaisquer que sejam os preços ofereci-
cumulativamente ou não. dos.
e) três ofertas nas condições narradas
De acordo com a Lei nº 8.666/1993 está cor- poderão os autores das melhores pro-
reto o que consta APENAS em postas, até o máximo de três, ofere-
cer novos lances verbais e sucessivos,
a) II.
quaisquer que sejam os preços ofereci-
b) I e II.
dos.
c) II e III.
d) I e III.
e) I.

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13. (FCC – TRT-23 – Técnico Judiciário – 2016) d) por empresas estrangeiras que invistam
em pesquisa e no desenvolvimento de
Considere três licitações na modalidade tecnologia do País.
convite: (i) No primeiro convite, o interessa- e) ou prestados por empresas que com-
do cadastrado na correspondente especiali- provem o cumprimento de reserva de
dade manifestou interesse em participar do cargos legal para pessoa com deficiên-
certame 36 horas antes da apresentação das cia.
propostas. (ii) O segundo convite, em virtu-
de de limitações do mercado devidamente 15. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016)
justificadas no processo, foi realizado com
apenas dois interessados do ramo pertinen- A Lei nº 10.520/02 estabelece que
te a seu objeto, cadastrados, escolhidos e
convidados pela respectiva unidade admi- a) o pregão é destinado à aquisição de
nistrativa. (iii) O terceiro convite foi realiza- bens e serviços de natureza intelectual.
do com apenas três interessados do ramo b) a definição do objeto do pregão é ato
pertinente a seu objeto, não cadastrados, realizado na fase externa do pregão.
escolhidos e convidados pela respectiva uni- c) no pregão é vedada a exigência de ga-
dade administrativa. A propósito dos fatos rantia de proposta.
narrados e nos termos da Lei nº 8.666/1993, d) a equipe de apoio no pregão deverá ser
está totalmente formada por servidores ocu-
pantes de cargos efetivos.
a) correto apenas o que ocorreu no pri- e) o pregão é incompatível com o sistema
meiro convite. de registro de preços.
b) correto o que ocorreu em todos os con-
vites. 16. (FCC – DPE-RR – Administrador – 2015)
c) correto apenas o que ocorreu no pri-
meiro e no terceiro convites. As contratações de obras, serviços, compras
d) correto apenas o que ocorreu no segun- e alienações levadas a efeito pela Adminis-
do convite. tração pública, conforme determina a Cons-
e) incorreto o que ocorreu em todos os tituição Federal, devem, como regra, ser
convites. precedidas de processo de licitação pública.
Nos termos do que estabelece a Lei Geral de
14. (FCC – TRT-23 – Oficial de Justiça – 2016) Licitações, o procedimento licitatório desti-
na-se a garantir a:
De acordo com a ordem estabelecida pelo §
2º do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, em igual- a) melhor contratação para a Administra-
dade de condições, como critério de desem- ção, considerada aquela de menor pre-
pate, é assegurada preferência aos bens e ço, independentemente da observância
serviços produzidos do princípio constitucional da isonomia,
isso em razão da positivação dos princí-
a) ou prestados por empresas que possu- pios da eficiência e da economicidade.
am, no mínimo, 30% do capital estran- b) melhor contratação para a Administra-
geiro. ção, considerada aquela de menor custo
b) ou prestados por empresas brasileiras e melhor técnica, independentemente
que invistam em pesquisa e no desen- da observância do princípio constitucio-
volvimento de tecnologia no País ou no nal da isonomia, isso em razão da positi-
exterior. vação do princípio da promoção do de-
c) no País, ou seja dentro do território na- senvolvimento nacional sustentável.
cional brasileiro. c) seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração e a promoção do

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desenvolvimento nacional sustentável, putável ao licitante, o que não se aplica
com a observância do princípio cons- às hipóteses de revogação, onde não há
titucional da isonomia, devendo, ain- o dever de indenizar.
da, ser processada e julgada em estrita d) à Administração é possibilitado revogar
conformidade com os princípios consti- a licitação, desde que estejam presentes
tucionais básicos regedores do agir ad- razões de interesse público decorren-
ministrativo e com os princípios da vin- tes de comprovado fato superveniente,
culação ao instrumento convocatório e pertinente e suficiente para justificar a
do julgamento objetivo. medida, podendo o certame ser anula-
d) seleção da proposta mais vantajosa do por vício de legalidade.
para a Administração e a promoção do e) a revogação somente é viável antes da
desenvolvimento nacional sustentável, homologação do certame, porque não
o que pode implicar a não observância supõe vício, mas mero juízo de conve-
do princípio constitucional da isonomia, niência e oportunidade, sendo viável,
bem como a desobrigação de seu pro- após a homologação, tão somente o
cessamento em conformidade com os desfazimento do certame por razão de
princípios da vinculação ao instrumento legalidade.
convocatório e do julgamento objetivo.
e) melhor contratação para a Administra- 18. (FCC – DPE-RR – Administrador – 2015)
ção, considerada aquela de menor pre-
ço, independentemente da qualidade A Administração pública, para atender ne-
dos produtos e serviços, isso em razão cessidade específica de museu administra-
do princípio que veda a preferência de do pela Secretaria da Cultura, precisa con-
marcas. tratar determinado pintor modernista, de
renome, consagrado pela crítica especiali-
17. (FCC – DPE-RR – Administrador – 2015) zada e também pela opinião pública, para
execução de painel que passará a compor o
A Lei nº 8.666/1993 consagra a possibilida- acervo do respectivo equipamento público.
de de autotutela dos atos administrativos. A Considerando os princípios que disciplinam
análise sistemática das disposições normati- o agir administrativo e o disposto na Lei nº
vas que disciplinam os institutos da revoga- 8.666/1993, para a referida contratação, a
ção e da anulação do procedimento licitató- Administração
rio autoriza a conclusão segundo a qual
a) deverá realizar previamente procedi-
a) é vedado o desfazimento do procedi- mento licitatório, na modalidade con-
mento licitatório após a publicação do corrência, sendo obrigatório que da
edital, por razões de interesse público, comissão de licitação participe crítico
sendo possível, tão somente, à Adminis- de arte, considerando que o critério de
tração, a anulação do certame por moti- adjudicação necessariamente será o de
vo de ilegalidade. melhor técnica.
b) o desfazimento do procedimento licita- b) poderá contratar o profissional dire-
tório, pautado em razões de conveniên- tamente ou por meio de empresário
cia e oportunidade ou por ilegalidade, exclusivo, sem a necessidade de reali-
prescinde de procedimentalização e da zar prévia licitação, por se tratar de hi-
garantia do contraditório e da ampla de- pótese de inexigibilidade de licitação,
fesa. admitida por lei, devendo, no entanto,
c) a anulação do procedimento licitatório necessariamente, justificar a situação à
por motivo de legalidade gera obrigação autoridade superior para ratificação no
de indenizar, mesmo que o vício seja im- prazo de 3 dias.

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c) deverá realizar procedimento licitatório, a) I, II e III, apenas.


na modalidade concurso, sendo obriga- b) II e IV, apenas.
tório que da comissão de licitação parti- c) I e II, apenas.
cipe crítico de arte, considerando que o d) III e IV, apenas.
critério de adjudicação necessariamen- e) I, II, III e IV.
te será o de melhor conteúdo artístico,
para que seja selecionada a melhor pro- 20. (FCC – TCE-SP – Auxiliar de Fiscalização –
posta para a futura execução. 2015)
d) poderá contratar o profissional direta-
mente ou por meio de empresário exclu- O Estado de São Paulo publicou edital para
sivo, sem a necessidade de realizar pré- a realização de certame na modalidade con-
via licitação, por se tratar de hipótese de corrência. Joaquim é cidadão e está acom-
dispensa de licitação, admitida por lei. panhando o mencionado certame. Nos
e) poderá contratar o profissional direta- termos da Lei nº 8.666/93, caso Joaquim
mente ou por meio de empresário ex- constate irregularidade na aplicação da re-
clusivo, sem a necessidade de realizar ferida Lei,
prévia licitação, por se tratar de hipó- a) poderá impugnar o edital até vinte e
tese de inexigibilidade de licitação, ad- quarto horas antes da data fixada para a
mitida por lei, não havendo necessida- abertura dos envelopes de habilitação.
de de justificar a situação à autoridade b) não poderá impugnar o edital, pois ape-
superior, por se tratar de juízo de con- nas as empresas licitantes podem assim
veniência e oportunidade, não sujeito a o fazer.
controle interno, fundamentado na hie- c) poderá impugnar o edital até cinco dias
rarquia. úteis antes da data fixada para a abertu-
ra dos envelopes de habilitação.
19. (FCC – TCE-SP – Auxiliar de Fiscalização – d) poderá impugnar o edital obrigatoria-
2015) mente dois dias após a publicação do
Considere os seguintes serviços: edital.
e) poderá impugnar o edital até dois dias
I – Treinamento e aperfeiçoamento de pes- úteis antes da data fixada para a abertu-
soal. ra dos envelopes de habilitação.
II – Auditorias financeiras ou tributárias.
III – Estudos técnicos, planejamentos e pro-
jetos básicos ou executivos.
IV – Restauração de obras de arte e bens de
valor histórico.
Nos termos da Lei nº 8.666/93, é inexigível
a licitação, quando houver inviabilidade de
competição, em especial, para a contrata-
ção de serviços técnicos, de natureza singu-
lar, com profissionais ou empresas de notó-
ria especialização, constantes em

Gabarito: 1. C 2. B 3. A 4. C 5. A 6. E 7. E 8. B 9. C 10. E 11. E 12. E 13. B 14. C 15. C 16. C 
17. D 18. B 19. E 20. C

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TÓPICO 8

Contratos Administrativos

1. DEFINIÇÃO GERAL DE CONTRATO:

Segundo a definição de Maria Helena Diniz, contrato é “o acordo de duas ou mais vontades, na
conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses
entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza
patrimonial”.
Para os fins da Lei nº 8.666/93, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para
a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação
utilizada.

2. CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO X CONTRATOS ADMINISTRATIVOS PRO-


PRIAMENTE DITOS:

A Lei nº 8.666/93 define contrato administrativo como “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para
formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação uti-
lizada”.
Apesar de tal definição legal, a doutrina majoritária divide os contratos assinados pela Administra-
ção Pública em: Contratos da Administração e Contratos Administrativos Propriamente Ditos.
Na verdade, tal distinção é baseada na presença ou não da Administração Pública com prerro-
gativas especiais, ou seja, privilégios especiais que não estão presentes em um contrato regido
pelo Direito Civil (Direito Privado).
Segundo a doutrina majoritária, os Contratos da Administração são aqueles regidos predo-
minantemente pelo Direito Privado, em que a Administração Pública atua, em princípio, em
condições de igualdade com o particular (relação de horizontalidade). Nos contratos típicos do
Direito Privado (Direito Civil), existe um equilíbrio na relação jurídica entre as partes.
Já nos contratos administrativos propriamente ditos, há um desequilíbrio na relação jurídica,
visto que o Estado possui prerrogativas especiais denominadas, de forma genérica, de cláusu-
las exorbitantes. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, “em tais contratos, a Administração age como
poder público, com todo o seu poder de império sobre o particular, caracterizando-se a relação
jurídica pelo traço da verticalidade”.

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O importante é reparar que a distinção entre os termos não é a presença do Estado como
uma das partes no contrato. Tanto nos contratos da administração, como nos contratos
administrativos propriamente ditos, o Estado estará sempre presente.
Atualmente, tal distinção é de pouca utilidade, pois o art. 62, §3º., da Lei nº 8.666/93, afirma:

“Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61, desta Lei e demais normas gerais, no que
couber:
I – aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público
seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por
normas de direito privado;
II – aos contratos em que a Administração for parte como usuária de serviço público”.

Os contratos citados são regidos pelo direito privado, mas seguem um regime híbrido, ou seja,
mesclam regras do Direito Privado com regras do Direito Público, pois os art.s 55 e 58 a 61, cita-
dos acima, referem-se a algumas cláusulas exorbitantes.
Assim, com a redação do art. 62, §3º., da Lei 8.666/93, a distinção doutrinária entre contratos
administrativos propriamente ditos e contratos da Administração fica atenuada, visto que os
dois passaram a ter a possibilidade de possuir cláusulas exorbitantes.
A expressão contratos administrativos fará referência aos contratos administrativos propria-
mente ditos. Dentro da Lei nº 8.666/93, o estudo dos contratos administrativos está concentra-
do entre os arts. 54 e 80.

3. CARACTERÍSTICAS:

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, “considerando os contratos administrativos, não no sentido am-
plo empregado na Lei 8.666/93, mas no sentido próprio e restrito, que abrange apenas aqueles
acordos de que a Administração é parte, sob regime jurídico publicístico, derrogatório e exorbi-
tante do direito comum, podem ser apontadas as seguintes características:

1. Presença da Administração Pública como Poder Público

2. Finalidade pública

3. Obediência à forma prescrita em lei

4. Procedimento Legal

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5. Natureza de contrato de adesão

6. Natureza intuitu personae

7. Presença de cláusulas exorbitantes

8. Mutabilidade”.

1. Presença da Administração Pública como Poder Público


Nos contratos administrativos propriamente ditos, a Administração possui uma série de prerrogati-
vas especiais, garantidas pelas cláusulas exorbitantes, que a coloca em uma posição de supremacia
sobre os particulares. É a relação de verticalidade, característica do regime-jurídico administrativo.

2. Finalidade Pública:
Sempre presente em qualquer contrato administrativo. Tal finalidade pode ocorrer de forma
imediata (compra de materiais para a repartição) ou de forma mediata (reforma e manutenção
de carros oficiais).

3. Obediência à forma prescrita em lei:


Os contratos administrativos são sempre formais e, em regra, escritos. São nulo e de nenhum
efeito os contratos verbais com a Administração Pública, salvo o de pequenas compras de
pronto pagamento (até R$ 4.000,00), feitas sob o regime de adiantamento.
Além disso, os contratos administrativos possuem cláusulas essenciais: cláusulas econômico-
financeiras e cláusulas regulamentares ou de serviço.
O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços,
bem como nas dispensas e nas inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos
limites dessas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração
puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho
de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

4. Procedimento Legal:
O ordenamento jurídico vigente estabelece uma série de procedimentos obrigatórios para a cele-
bração de contratos e que podem variar de um tipo para outro de contrato. Tais medidas podem ser:
exigência de autorização legislativa, avaliação, motivação, autorização pela autoridade competente,
indicação de recursos orçamentários e licitação prévia, salvo nos casos de dispensa e inexigibilidade.
Regulam-se pelas cláusulas neles constantes e pelos preceitos de Direito Público, aplicando-se
supletivamente princípios de Direito Privado.

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5. Natureza de contrato de adesão:


Os contratos administrativos são dessa espécie, ou seja, uma das partes propõe as cláusulas e a
outra não pode propor alteração. A autonomia de vontade das partes limita-se à aceitação ou
não das condições do contrato.

6. Natureza intuitu personae:


Os contratos administrativos possuem tal natureza, dado que são celebrados em razão de con-
dições pessoais do contratado, apuradas no procedimento licitatório prévio. Consequentemen-
te, como regra, é vedada a subcontratação, porém tal regra não é absoluta, pois é prevista a
subcontratação parcial, contanto que seja prevista no edital e autorizada pela Administração
até certo limite. Já a subcontratação total é vedada.
Como decorrência da natureza pessoal dos contratos, há a rescisão do contrato por morte do
contratado ou pela extinção da pessoa jurídica (extinção de pleno direito).
Por fim, há que se ressaltar que, na contratação de serviços técnicos especializados, existe ve-
dação absoluta à possibilidade de subcontratação.

7. Presença de cláusulas exorbitantes:


São aquelas que extrapolam as cláusulas comuns do Direito Privado (no âmbito do qual seriam
inadmissíveis, por conferirem prerrogativas a uma das partes).
São peculiaridades dos contratos administrativos. Caracterizam os contratos administrativos,
diferenciando-os dos ajustes de Direito Privado. Podem ser implícitas ou explícitas, consignando
sempre uma vantagem (prerrogativa) ou uma restrição à Administração ou ao contratado.
Tais cláusulas serão analisadas posteriormente.

8. Mutabilidade:
Segundo Maria Sylvia Di Pietro: “Um dos traços característicos do contrato administrativo é a sua
mutabilidade, que, segundo muitos doutrinadores, decorre de determinadas cláusulas exorbitantes,
ou seja, das que conferem à Administração o poder de, unilateralmente, alterar as cláusulas
regulamentares ou rescindir o contrato antes do prazo estabelecido, por motivo de interesse público”.

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OBSERVAÇÕES NOTÁVEIS:
Os contratos administrativos também são consensuais e, em regra, formais, onerosos,
comutativos e realizados intuitu personae (em regra, não admitem subcontratação).
Também devem possuir partes capazes, objeto lícito e possível e a forma prevista em lei.
a) Consensuais – são aqueles que se ultimam pelo mero consentimento das par-
tes, sem a necessidade de qualquer outro complemento, ou seja, dependem
de consenso entre os contratantes.
b) Formais – os contratos administrativos devem ter a forma prescrita em lei, de-
vendo, em regra, ser formalizados por escrito.
c) Onerosos – são, em regra, onerosos porque uma das partes sofre um sacrifício
patrimonial ao qual corresponde uma vantagem que pleiteia, em relação de
equivalência.
d) Comutativos – a ideia de comutatividade insere-se, em parte, à de equivalência
nas prestações, ou seja, uma das partes pode antecipar o montante da presta-
ção que receberá, em troca da que fornece. O contrário de contrato comutativo
seria o contrato aleatório, no qual não há como ser realizada tal antecipação, em
virtude da compra de um risco, como ocorre nos contratos de seguro.
e) Intuitu Personae – é uma regra não absoluta. Decorre da característica perso-
nalíssima das contratações realizadas pela Administração Pública, acarretando
a impossibilidade, como regra, de haver subcontratação.

4. PRINCÍPIOS BÁSICOS:

a) Autonomia de vontades (ninguém é obrigado a contratar com a Administração);


b) Lex inter partes (lei entre as partes);
c) Pacta sunt servanda (obrigação de cumprir o avençado).

5. PUBLICAÇÃO:

A publicação na imprensa oficial é condição suspensiva de eficácia do contrato (até o 5º dia útil
do mês seguinte ao da assinatura, para iniciar a produção de efeitos no prazo de 20 dias conta-
dos da publicação)
Lei nº 8.666/93, art. 61
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos
na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela

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Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo
de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o
disposto no art. 26 desta Lei.

6. CLÁUSULAS EXORBITANTES:

São tidas como cláusulas exorbitantes, segundo a doutrina majoritária:


a) Exigência de garantia;
b) Alteração unilateral dos contratos;
c) Rescisão unilateral dos contratos;
d) Manutenção do equilíbrio financeiro do contrato;
e) Fiscalização, acompanhamento e ocupação temporária;
f) Restrições ao uso da exceptio non adimpleti contractus;
g) Aplicação direta de penalidades;
h) Anulação.

a) Exigência de Garantia:
→ A exigência de garantia é decisão discricionária da autoridade competente.
→ É obrigatória a previsão no edital.
→ É o contratado que escolhe uma das modalidades previstas em lei.
→ Regra geral, a garantia não pode exceder 5% do valor contratado (poderá ser de até 10% nas
contratações de grande vulto, que envolvam alta complexidade técnicas e riscos financeiros con-
sideráveis).
→ Modalidades: caução em dinheiro, título da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária.
→ Com o fim do contrato será liberada ou restituída e, quando em dinheiro, será atualizada
monetariamente.
→ Reduzida ou perdida a garantia inicial, é lícito à Administração exigir sua recomposição para
prosseguimento do contrato, sob pena de rescisão.
Obs. 1: Garantia dos licitantes (Lei nº 8.666/93, art. 31, III) – quando o objeto da licitação
for obras, serviços e compras é limitada a 1% do valor estimado do objeto. Integra a fase de
habilitação, estando relacionada à qualificação econômico-financeira do licitante.
Obs. 2: Nos contratos de parcerias público-privadas, deverá ser exigida garantia de até 10% do
valor do contrato, do parceiro privado.

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b) Alteração Unilateral do Contrato:
→ Só podem ser alteradas unilateralmente as cláusulas regulamentares ou de serviço (as
cláusulas econômico-financeiras não podem ser alteradas unilateralmente – Lei nº 8.666/93,
art. 58, §1º)
→ Casos:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justifi-
cativas, nos seguintes casos:
I – unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos; (qualitativa)
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acrés-
cimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
(quantitativa)
II – por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem
como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade
dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de cir-
cunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação
do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;

→ Limites para acréscimos e supressões de obras, serviços e compras:

a) 25% do valor inicial atualizado (regra geral)


b) 50% no caso de reforma de edifício ou equipamento (só no caso de acréscimo, pois, no
caso de supressão, é de 25%)
c) qualquer porcentagem, desde que haja acordo entre as partes (mas, nesse caso, não é
unilateral!)

Obs. 1: Os acréscimos e as supressões devem respeitar as mesmas condições previamente


acordadas.

Obs. 2: No caso de supressão de obras, serviços ou compras, se o contratado já houver adquirido


os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelo
custo de aquisição, regularmente comprovados e corrigidos monetariamente.

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c) Rescisão Unilateral dos Contratos (Rescisão Administrativa):


→ Essa possibilidade não existe num contrato de Direito Privado. Já nos contratos administra-
tivos não se observa a igualdade jurídica entre os contratados e a Administração, uma vez que
são regidos basicamente por normas de Direito Público.

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere
à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de inte-
resse público, respeitados os direitos do contratado;
II – rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 des-
ta Lei;
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
I – determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enume-
rados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
II – amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licita-
ção, desde que haja conveniência para a Administração;
III – judicial, nos termos da legislação;
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I – o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
II – o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e
prazos;
III – a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a im-
possibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos es-
tipulados;

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VI – a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado
com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão
ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
VII – o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada
para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII – o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do §
1º do art. 67 desta Lei;
IX – a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X – a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI – a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa,
que prejudique a execução do contrato;
XII – razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justifi-
cadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está
subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere
o contrato;
XVII – a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada,
impeditiva da execução do contrato.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados
nos autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

OBSERVAÇÕES:
1. A rescisão unilateral será sempre motivada, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa.
2. A rescisão unilateral autoriza a ocupação provisória do local, instalações, equipamentos,
material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade.
Os quais serão devolvidos e ressarcidos, posteriormente, mediante avaliação (art. 80, I e II).
3. A rescisão unilateral acarreta, ainda, para o administrado, a execução da garantia para res-
sarcimento da Administração e pagamento automático dos valores, das multas e indeniza-
ções a ela devidos, além da retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos
prejuízos causados à Administração (art. 80, III e IV)

d) Manutenção do Equilíbrio Financeiro do Contrato:


→ Apesar de ser classificada como cláusula exorbitante, não se trata de uma prerrogativa da
Administração, mas sim de uma limitação à sua atuação.
→ Como já observado anteriormente, a alteração unilateral dos contratos é restrita às cláusulas
regulamentares ou de serviço. As cláusulas econômico-financeiras não podem ser objeto de
alteração unilateral.

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→ Assim, sempre que houver alteração unilateral de alguma cláusula regulamentar, a Adminis-
tração terá que proceder aos ajustamentos econômicos necessários à manutenção do equilí-
brio financeiro denotativo da relação encargo-remuneração, inicialmente estabelecida para o
particular, como justa e devida.
→ Outra consequência é a previsão legal e contratual para fazer face ao reajustamento periódi-
co de preços e tarifas. A lei esclarece também que a variação do valor contratual para fazer face
ao reajuste de preços previsto nele próprio não caracteriza alteração do contrato.

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere
à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de inte-
resse público, respeitados os direitos do contratado;
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrati-
vos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.
Art. 65
§ 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os encargos do
contratado, a Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio eco-
nômico-financeiro inicial.
§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previs-
to no próprio contrato,as atualizações, compensações ou penalizações financeiras
decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho
de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila,
dispensando a celebração de aditamento.

→ Como consequência da manutenção do equilíbrio financeiro do contrato, surgem os termos


revisão e reajuste contratual. O primeiro refere-se ao reequílibro contratual decorrente da
alteração unilateral do contrato ou de algum evento externo ao contrato. Já o segundo decorre
da inflação, sendo decorrência da perda do poder aquisitivo da moeda, ocorrendo de forma
periódica.

e) Fiscalização, Acompanhamento e Ocupação Temporária:

→ Essa prerrogativa dispensa cláusula expressa, pois o poder de controle e acompanhamento


é inerente à atividade administrativa e autoriza, em casos extremos, a Administração a assumir
o objeto do contrato, ocupando provisoriamente as instalações e utilizando os recursos
vinculados à execução do contrato.

www.acasadoconcurseiro.com.br 223
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere
à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imó-
veis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessi-
dade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado,
bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um repre-
sentante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de ter-
ceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administra-
ção ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não ex-
cluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo
órgão interessado.

f) Restrições ao Uso da Cláusula Exceptio non adimpleti contractus:


→ Exceptio non adimpleti contractus – suspensão da execução do contrato pela parte prejudi-
cada pela inadimplência do outro contratante.
→ É uma cláusula típica nos contratos de Direito Privado, permitindo a qualquer dos contratan-
tes suspender a execução de sua parte no contrato enquanto o outro contratante não adimplir
a sua.
→ Motivo: Princípio da continuidade do serviço público.
→ Por conta de tal princípio, o particular não pode interromper a execução do contrato em
caso de inadimplemento da Administração. Em regra, ele deverá esperar o inadimplemento da
Administração por prazo superior a 90 dias para então poder suspender a execução do contrato
ou, se preferir, rescindi-lo judicial ou amigavelmente, mas nunca unilateralmente.
→ É bom lembrar que já a Administração Pública poderá suspender a execução do contrato
imediatamente, ou até rescindi-lo unilateralmente, em decorrência de inadimplemento do
contratado, sem prejuízo das sanções cabíveis.
→ Por fim, vale lembrar que a exceção do contrato não cumprido não é oponível mesmo diante
de atraso no pagamento superior a 90 dias, em caso de calamidade pública, grave perturbação
da ordem interna ou guerra.

Art. 78, XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Ad-
ministração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já re-
cebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão
do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;

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g) Aplicação Direta de Penalidades:


→ Decorre da auto-executoriedade dos atos administrativos.
→ Ao contratar, a Administração reserva-se, implicitamente, a faculdade de aplicar as penali-
dades contratuais e legais, ainda que não previstas expressamente no contrato, independen-
temente de prévia intervenção do Judiciário, salvo as cobranças resistidas pelo particular con-
tratante. Obviamente, isso não exclui o direito da contratada ao contraditório e à ampla defesa.
→ São elas:

I – Por atraso na execução:

a) multa de mora (cumulativamente com as demais penalidades)


II – Pela inexecução total ou parcial:

a) Advertência;
b) multa (cumulativamente com as demais penalidades);
c) suspensão temporária para participar de licitação ou contratar com a Administração:

•• aplicada a quem culposamente prejudique a execução do contrato, embora por fatos ou


atos de menor gravidade;
•• prazo máximo de dois anos.

d) declaração de inidoneidade para participar de licitação ou contratar com a Administração Pú-


blica (competência exclusiva do Ministro de Estado ou do Secretário Estadual ou Municipal):
•• aplicada no caso de dolo ou falta grave.
Obs. 1: Reabilitação – pode ser requerida após dois anos da aplicação dessa penalidade e será
concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração dos danos causados. A lei consi-
dera crime a contratação de empresa declarada inidônea.
Obs. 2: A multa de mora e a multa por inadimplemento contratual podem ser aplicadas cumu-
lativamente com as demais penalidades.
Obs. 3: STJ – entende que a declaração de inidoneidade e a suspensão temporária de participar
de licitação produz efeitos em relação a todos os entes federados.

7. RESPONSABILIDADE PELOS ENCARGOS DA EXECUÇÃO CONTRATUAL:

Responsabilidade Subjetiva
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou
a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou re-
duzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.

www.acasadoconcurseiro.com.br 225
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais
e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fis-
cais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização
e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos en-
cargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
Encargos da Obra – Resumo:
a) Trabalhista/Fiscal/Comercial – não é transferido para a Administração
b) Previdenciário – resultantes da execução do contrato – Administração é solidá-
ria

Obs. 1: STF – entende que a Administração Pública pode ter responsabilidade subsidiária em
relação aos encargos trabalhistas quando ficar comprovado, em um caso concreto, que a Ad-
ministração agim, no mínimo, de forma culposa ao fiscalizar a execução do contrato.

Obs. 2: Manutenção de Preposto – obrigação do contratado à manutenção, no local da obra ou


serviço, de preposto credenciado para dirigir os trabalhos, informar a fiscalização e atender às
recomendações da Administração na execução do contrato.

8. EXTINÇÃO E PRORROGAÇÃO DO CONTRATO:

Casos:
a) conclusão do objeto;
b) término do prazo;
c) anulação por motivo de ilegalidade;
d) rescisão (amigável, judicial ou unilateral).

9. PRORROGAÇÃO DO CONTRATO:

→ Regra Geral: duração limitada à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceção
feita para os casos do art. 57.

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Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos
créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
I – aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Pluria-
nual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso
tenha sido previsto no ato convocatório;
II – à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua du-
ração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração,limitada a sessenta meses;
III – (VETADO)
IV – ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração
estender- se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
V – contratos celebrados nas hipóteses de licitação dispensável previstas nos incisos IX, XIX,
XXVIII, XXXI do art. 24 da Lei 8.666/93, os quais poderão ter vigência por até cento e vinte
meses, caso haja interesse da administração.
§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela
autoridade competente para celebrar o contrato.
§ 3º É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.
§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade superior,
o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses.

→ Motivos para prorrogação – lista taxativa – art. 57, §1º

§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem


prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção
de seu equilíbrio econômico- financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes moti-
vos, devidamente autuados em processo:
I – alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II – superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes,
que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;
III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por or-
dem e no interesse da Administração;
IV – aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permiti-
dos por esta Lei;
V – impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela
Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;
VI – omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos
pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

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Obs.: Parceria Público-Privada (PPP) – prazo mínimo de 5 anos e máximo de 35 anos.

10. INEXECUÇÃO DO CONTRATO:

A inexecução do contrato administrativo decorre do descumprimento, total ou parcial, das cláu-


sulas contratuais por uma das partes contratantes. Obviamente, essa inexecução pode ocorrer
por culpa das partes ou por fatores alheios à vontade das partes, variando as consequências do
descumprimento contratual.
a) Inexecução culposa do contratado – aplicação de sanções e/ou rescisão unilateral;
b) Inexecução culposa da Administração Pública – rescisão judicial ou amigável;
c) Inexecução sem culpa – pressupõe a existência de uma causa justificadora do inadimple-
mento e libera o inadimplente de responsabilidade, em razão da aplicação da denominada
Teoria da Imprevisão.
A inexecução sem culpa das partes é justificada por fatos imprevisíveis, extraordinários e ex-
tracontratuais ocorridos posteriormente à assinatura do contrato que impeçam ou tornem ex-
cessivamente onerosa a execução do contrato da forma inicialmente acordada, isentando as
partes de responsabilidades.
É bom lembrar que os contratos devem ser cumpridos (pacta sunt servanda), desde que se
mantenham as condições iniciais pactuadas (rebus sic standibus).
c.1) Hipóteses:

a) Caso fortuito e força maior;


b) Fato do príncipe;
c) Fato da administração;
d) Interferências imprevistas.

a) Caso Fortuito e Força Maior:


→ Eventos imprevisíveis e inevitáveis que geram, para o contratado, excessiva onerosidade ou
mesmo impossibilidade da normal execução do contrato. Ensejam sua revisão ou rescisão.

b) Fato do Príncipe:
→ É toda determinação estatal, geral e imprevisível, que impeça ou, o que é mais comum, one-
re substancialmente a execução do contrato, autorizando sua revisão, ou mesmo sua rescisão,
na hipótese de tornar-se impossível o seu cumprimento.
→ “Medidas de ordem geral, não relacionadas diretamente com o contrato, mas que nele
repercutem, provocando o desequilíbrio econômico-financeiro em determinado contrato”
(MSZP)

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c) Fato da Administração:
→ Decorre de uma ação ou omissão do Poder Público, especificamente relacionada com o
contrato, que impede ou retarda a sua execução.

Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:


XIV – a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo
superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, gra-
ve perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de
indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e
mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito
de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja
normalizada a situação;
XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Admi-
nistração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação
da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus-
pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
XVI – a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para
execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das
fontes de materiais naturais especificadas no projeto;

d) Interferências Imprevistas:

→ São elementos materiais que surgem durante a execução do contrato, que dificultam extre-
mamente sua execução, tornando-a insuportavelmente onerosa.
→ “Correspondem a fatos de ordem material, que podiam já existir no momento da celebração
do contrato, mas que eram desconhecidos pelo contratante”.

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Questões CESPE

1. (Cespe – TCDF – Técnico – 2014) 6. (Cespe – TCDF – Técnico – 2014)


Aos contratos administrativos aplicam-se, Em decorrência do princípio do formalismo,
supletivamente, as disposições de direito todas as contratações celebradas pela ad-
privado. ministração pública devem ser formalizadas
por meio de instrumento de contrato, não
( ) Certo   ( ) Errado sendo possível a sua substituição por outros
instrumentos, como a nota de empenho de
2. (Cespe – STJ – Técnico Judiciário – 2015) despesa.

Contratos públicos são celebrados em cará- ( ) Certo   ( ) Errado


ter intuitu personae, sendo, em regra, veda-
da a subcontratação. 7. (Cespe – ANTAQ – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado É dispensável o termo de contrato, indepen-
dentemente do valor da contratação, se se
3. (Cespe – TEM – Ag. Administrativo – 2014) tratar de compra com entrega imediata e
integral.
Todos os contratos para os quais a lei exige
licitação são firmados intuitu personae, ou ( ) Certo   ( ) Errado
seja, em razão de condições pessoais do
contratado, apuradas no procedimento da 8. (Cespe – DPE-CE – 2015)
licitação.
De acordo com a Lei n.º 8.666/1993, o con-
( ) Certo   ( ) Errado trato administrativo deve ser escrito, sendo
nulo e de nenhum efeito todo contrato ver-
4. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014) bal celebrado com a administração pública.

Como o contrato administrativo é um con- ( ) Certo   ( ) Errado


trato de adesão, todo o seu conteúdo será
definido unilateralmente pela própria admi- 9. (Cespe – FUB – 2015)
nistração.
A disposição das cláusulas de um contra-
( ) Certo   ( ) Errado to administrativo é livre à negociação pelo
particular, com a finalidade de se buscar o
5. (Cespe – TCDF – Técnico – 2014) equilíbrio contratual.

Em razão do caráter personalíssimo dos ( ) Certo   ( ) Errado


contratos administrativos, a administração
não poderá admitir a subcontratação do re-
ferido serviço.
( ) Certo   ( ) Errado

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10. (Cespe – FUB – 2015) 15. (Cespe – ANTAQ – 2014)
No âmbito da contratação pública, assim A duração do contrato administrativo ficará
como ocorre na esfera civil, a contratação adstrita à vigência dos respectivos créditos
do particular poderá ocorrer verbalmente, orçamentários, sendo exceção a contrata-
sem a necessidade, em determinadas hipó- ção de serviços a serem executados de for-
teses, de formalizá-la por meio de contrato ma contínua.
administrativo.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
16. (Cespe – ANTAQ – 2014)
11. (Cespe – STJ – Técnico Judiciário – 2015)
Nos casos de prestação de serviços a serem
Nos contratos administrativos, dada a pre- executados de forma contínua, a duração
valência do interesse público sobre o priva- dos contratos poderá ser prorrogada ordi-
do, a administração pública ocupa posição nariamente por períodos iguais e sucessi-
privilegiada em relação ao particular, go- vos, até o prazo máximo de 60 meses.
zando de algumas prerrogativas que lhe são
atribuídas por lei. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
17. (Cespe – STJ – Analista Judiciário – 2015)

12. (Cespe – FUB – 2015) Os contratos administrativos celebrados


pelo poder público podem ter tanto prazo
O prazo de execução de um contrato admi- determinado quanto indeterminado.
nistrativo é iniciado na data de assinatura
do contrato. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
18. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)

13. (Cespe – CADE – 2014) O princípio da impessoalidade, no que se


refere à execução de obras públicas, proíbe
O contrato terá vigência dentro do exercício a subcontratação de empresas para a exe-
financeiro, embora sejam permitidos, em cução de parte do serviço licitado, porquan-
casos especiais, contratos com prazo de vi- to a escolha pessoal do subcontratado pelo
gência indeterminado. contratado viola o interesse público.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

14. (Cespe – ANATEL – 2014) (Cespe – TC-DF – Auditor – 2014)

O prazo de vigência de qualquer contrato Suponha que a Secretaria de Saúde do DF


administrativo é determinado e adstrito à tenha celebrado contrato de prestação de
existência de créditos orçamentários. serviços de limpeza e conservação do pré-
dio da sede do órgão. Suponha, ainda, que a
( ) Certo   ( ) Errado empresa contratada não esteja fornecendo
o material necessário à execução dos ser-
viços e que alguns dos funcionários da em-
presa reiteradamente se ausentem do tra-
balho sem justificativa adequada. Com base

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nessa situação hipotética, julgue o seguinte 22. (Cespe – ANTAQ – Analista – 2014)
item.
O contratado deve manter um preposto no
19. A empresa de limpeza e conservação con- local dos serviços para representá-lo na exe-
tratada não será isenta da responsabilidade cução do contrato, contudo a administração
pelas falhas verificadas na execução de suas pode aceitar ou rejeitar a pessoa indicada.
obrigações, ainda que se verifique que a ad- ( ) Certo   ( ) Errado
ministração não tenha fiscalizado o contrato
adequadamente.
23. (Cespe – PF – Ag. Administrativo – 2014)
( ) Certo   ( ) Errado
A rescisão unilateral do contrato poderá
ocorrer tanto por inadimplência do contra-
20. Caso a administração não possua servidor tado quanto por interesse público, exigindo-
com qualificação necessária para exercer as -se, em ambos os casos, da administração
atividades de fiscal do contrato, é possível a justa motivação para a rescisão.
contratação de terceiros para auxiliarem o
servidor designado para fiscal. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
24. (Cespe – ANATEL – Analista Administrativo
– 2014)
21. (Cespe – ANATEL – Analista – 2014)
A falência da empresa prestadora do serviço
Uma empresa prestadora de serviço de ter- de terceirização constitui motivo para a res-
ceirização de mão de obra para a adminis- cisão do contrato por ato unilateral e escrito
tração pública fechará as portas por proble- da administração pública.
mas de caixa. A decisão afetará milhares de
empregados da prestadora lotados em di- ( ) Certo   ( ) Errado
versos órgãos do governo federal, entre mi-
nistérios, agências reguladoras, autarquias
25. (Cespe – ANTAQ – Analista Administrativo
e fundações. Conforme denúncia veiculada
– 2014)
em jornal de grande circulação, empregados
da empresa lotados em vários órgãos da ad- Conforme expresso na Lei n.º 8.666/1993,
ministração direta e indireta não receberam caso haja inadimplência do contratado em
o salário no mês passado. relação a encargo trabalhista, a responsabi-
lidade pelo pagamento desse encargo não
Com base nas informações acima, julgue o
será transferida à administração.
item.
( ) Certo   ( ) Errado
Somente se verificada a omissão da admi-
nistração pública em fiscalizar o cumprimen-
to das cláusulas contratuais pela empresa 26. (Cespe – ANTAQ – Analista Administrativo
prestadora do serviço, poderá ser a adminis- – 2014)
tração pública responsabilizada subsidiaria-
mente pelo pagamento das obrigações tra- Conforme entendimento recente do Tribu-
balhistas da referida empresa. nal Superior do Trabalho, a administração
pública poderá ser responsabilizada sub-
( ) Certo   ( ) Errado sidiariamente pelos encargos trabalhistas
apenas quando evidenciada sua conduta
dolosa na atividade de fiscalização contratu-

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al, especialmente no tocante ao recolhimen- tes, que conferem poderes ao contratado, a
to dos referidos encargos pelo contratado. fim de eliminar as desvantagens do contra-
to.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
27. (Cespe – Câmara dos Deputados – Assessor
Legislativo – 2014) 31. (Cespe – FUB – 2015)
Em razão do inadimplemento das obriga- Nos contratos administrativos, a administra-
ções contratuais pela empresa contratada, ção pública terá situação privilegiada, legal-
a administração pública poderá, unilateral- mente estabelecida, em relação ao particu-
mente, rescindir o contrato e aplicar à em- lar, dada a prevalência do interesse público
presa contratada a penalidade de multa pre- sobre o privado.
vista no edital e no contrato.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
32. (Cespe – MPOG – 2015)
28. (Cespe – TCU – Auditor – 2015)
As cláusulas exorbitantes proporcionam à
Em caso de inadimplência do contratado em administração prerrogativas de rescindir
relação a encargos trabalhistas, fiscais e co- unilateralmente o contrato e a de estabe-
merciais, a responsabilidade por seu paga- lecer o reequilíbrio físico-financeiro que so-
mento será automaticamente transferido à brevierem de fatos imprevisíveis.
administração e poderá onerar o objeto do
contrato. ( ) Certo   ( ) Errado

( ) Certo   ( ) Errado
33. (Cespe – TCDF – Técnico – 2015)

29. (Cespe – TJDFT – OJA – 2015) A administração pública possui a prerroga-


tiva de alterar unilateralmente o objeto do
Situação hipotética: Determinado órgão pú- contrato, desde que a alteração seja apenas
blico contratou uma prestadora de serviços quantitativa, mantendo-se a qualidade do
para executar uma atividade em seu edifí- objeto.
cio sede. Durante a execução do contrato,
o órgão atrasou por cem dias o pagamento ( ) Certo   ( ) Errado
dos serviços executados. Não houve culpa
da contratada. Assertiva: Nessa situação, o 34. (Cespe – ANATEL – 2014)
atraso poderá ensejar a rescisão do contra-
to, devendo a contratada ser ressarcida dos A previsão de alteração unilateral do con-
prejuízos regularmente comprovados que trato administrativo, seja quantitativa, seja
houver sofrido. qualitativa, realizada pela administração pú-
blica, constitui exemplo de cláusula exorbi-
( ) Certo   ( ) Errado tante.
( ) Certo   ( ) Errado
30. (Cespe – ICMBio – 2014)
O contrato administrativo exige licitação em
qualquer situação, cabendo à administração
pública determinar as cláusulas exorbitan-

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35. (Cespe – ANATEL – 2014) 39. (Cespe – ANATEL – 2014)


O contratado é obrigado a aceitar, nas Conforme entendimento do Tribunal de
mesmas condições contratuais, os Contas da União, a extensão dos efeitos da
acréscimos que se fizerem necessários na sanção de suspensão temporária do direito
obra nova, até a quarta parte do valor inicial de licitar e contratar aplicada pelo órgão ou
do contrato. entidade à empresa contratada impede a
referida empresa de licitar a contratar ape-
( ) Certo   ( ) Errado nas com o órgão ou a entidade que aplicou
a sanção.
36. (Cespe – ANTAQ – 2014) ( ) Certo   ( ) Errado
O aumento quantitativo dos serviços no mo-
mento da prorrogação do prazo contratual 40. (Cespe – ANATEL – 2014)
não está limitado aos 25% do valor atuali-
zado do contrato, desde que configurada a Aplicada a sanção de declaração de inido-
obtenção de preços e condições mais vanta- neidade para licitar ou contratar com a ad-
josas para a administração. ministração pública, os demais contratos
vigentes com o sancionado estarão automa-
( ) Certo   ( ) Errado ticamente rescindidos, cabendo à adminis-
tração apenas a declaração formal da resci-
37. (Cespe – MPOG – 2015) são.

Os limites para alteração quantitativa do ( ) Certo   ( ) Errado


contrato do valor de supressão poderá ex-
ceder 25% do valor inicial caso haja acordo
entre as partes.
( ) Certo   ( ) Errado

38. (Cespe – TCU – Auditor – 2015)


Nas hipóteses de inexecução total ou parcial
do contrato, a administração pode, entre
outras formas de sanção, suspender tem-
porariamente a participação do contratado
em licitação e impedi-lo de contratar com a
administração, por prazo não superior a dois
anos.
( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. C 2. C 3. C 4. C 5. E 6. E 7. C 8. E 9. E 10. E 11. C 12. C 13. E 14. E 15. C 16. C 17. E 
18. E 19. E 20. C 21. E 22. C 23. C 24. C 25. C 26. E 27. C 28. E 29. E 30. E 31. C 32. E 33. C 34. C 
35. C 36. E 37. C 38. C 39. C 40. E

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Questões FCC

1. (FCC – TRT-23 – Analista Judiciário – 2016) 3. (FCC – MPE-PB – Analista Ministerial –


2015)
O Estado do Mato Grosso realizará licitação
de grande vulto envolvendo alta complexi- Em relação aos contratos decorrentes de
dade técnica e riscos financeiros conside- procedimentos licitatórios é correto afirmar
ráveis, demonstrados através de parecer que
tecnicamente aprovado pela autoridade
competente. No edital da respectiva licita- a) aqueles que abrangem serviços execu-
ção, foi exigida a apresentação de garantia tados de forma continuada são exceção
contratual. A empresa SW, interessada em legal à regra de que a duração dos con-
participar do certame, pretende apresentar tratos deve ficar adstrita à vigência dos
garantia na forma de caução em dinheiro, respectivos créditos orçamentários.
cujo montante representa uma porcenta- b) podem ter prazo de vigência indeter-
gem sobre o valor do contrato administra- minado os contratos relacionados a
tivo. No caso narrado, conforme preceitua serviços que não possuam limitação de
a Lei nº 8.666/1993, a garantia na forma de tempo, a exemplo de manutenção de
caução em dinheiro poderá ser em %, de até hospitais.
c) em hipótese alguma a vigência dos con-
a) 5. tratos de execução continuada pode ser
b) 10. superior a 60 meses.
c) 20. d) a designação do foro da sede da Admi-
d) 15. nistração para a solução de questões
e) 25. contratuais só é obrigatória se firmado
com pessoa física ou jurídica domicilia-
2. (FCC – TRE-SE – Técnico Judiciário – 2015) da no território nacional.
e) a exigência de prestação de garantia na
O Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe de- contratação de obras, serviços e com-
cidiu realizar procedimento licitatório para pras é prerrogativa da administração,
a construção de relevante obra pública. As- independentemente de previsão no ins-
sim, no instrumento convocatório, fixou as trumento convocatório da licitação.
condições em que pretende contratar, es-
tabelecendo previamente as cláusulas do 4. (FCC – TJ-SC – Juiz Substituto – 2015)
contrato administrativo. Trata-se especifi-
camente da seguinte característica inerente Existe no direito brasileiro, especialmen-
aos contratos administrativos: te no âmbito da doutrina, imprecisão na
compreensão conceitual do dito “contrato
a) natureza intuitu personae. administrativo". Com efeito, o direito posi-
b) bilateralidade. tivo brasileiro não é expresso ao cuidar da
c) mutabilidade. matéria, nem mesmo o faz de modo nacio-
d) contrato de adesão. nalmente unificado. Quando muito, encon-
e) comutatividade. tram-se exemplos de tratamento da noção
de contrato, no direito positivo, com o senti-
do pragmático de fixação de entendimento
necessário para a aplicação de determinada

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Lei. É o que se passa, por exemplo, com a b) deverá realizar contratação com inexigi-
Lei nº 8.666/93: bilidade de licitação, com fundamento
em situação emergencial, ante a im-
"Para os fins desta Lei, considera-se contra- possibilidade de aguardar a conclusão
to todo e qualquer ajuste entre órgãos ou de novo procedimento de licitação
entidades da Administração Pública e parti- c) poderá formalizar contratação direta
culares, em que haja um acordo de vonta- com o segundo colocado na licitação
des para a formação de vínculo e a estipula- realizada, com dispensa de licitação,
ção de obrigações recíprocas, ... desde que observadas as condições da
Conhecendo o espírito da Lei nº 8.666/93, proposta vencedora
assim se completa corretamente a definição d) deverá concluir diretamente a obra,
de contrato apresentada acima: diante da vedação para contratação di-
reta e em razão da urgência da inaugu-
a) ... observados estritamente os tipos ração do hospital, não sendo possível
contratuais fixados por esta Lei". aguardar novo procedimento de licita-
b) ... não sendo admissível contrato cele- ção.
brado pela Administração e predomi- e) deverá ajuizar medida judicial para
nantemente regido pelo direito priva- obrigar a contratada a concluir a obra,
do". tendo em vista que esta não pode res-
c) ... devendo tais contratos, salvo exce- cindir unilateralmente o contrato.
ções legalmente previstas, ser regidos
pelos princípios gerais aplicáveis aos 6. (FCC – TRE-PR – Técnico Judiciário – 2015)
contratos privados"
d) ... seja qual for a denominação utiliza- Uma das características dos contratos ad-
da". ministrativos denomina-se comutatividade,
e) ... excluídas as relações jurídicas em segundo a qual o contrato administrativo
que as partes possuam interesses con- a) se reveste de obrigações recíprocas e
vergentes". equivalentes para as partes.
b) deve ser executado pelo próprio contra-
5. (FCC – ManausPrev – Procurador – 2015) tado.
Um Estado da Federação contratou, após c) se expressa por escrito e com requisitos
prévia licitação pela Lei nº 8.666/93, a cons- especiais.
trução de um hospital para atender deman- d) é remunerado na forma convenciona-
da ambulatorial, de maternidade, emer- da.
gência e algumas outras especialidades. e) pressupõe anterior licitação.
Faltando pouco mais de 5% (cinco por cen-
to) para a conclusão das obras, a construto- 7. (FCC – TJ-AP – Oficial de Justiça – 2014)
ra contratada paralisou completamente os O regime jurídico incidente nos contratos
trabalhos e, adotadas todas as providências administrativos é distinto do regime jurídico
cabíveis, ficou constatada a impossibilidade incidente nos contratos de direito privado.
de retornarem aos trabalhos. A Administra- No que diz respeito ao regime jurídico inci-
ção, dentre as alternativas legalmente cabí- dente nos contratos administrativos,
veis,
a) é dado ao contratado opor contra o
a) deverá rescindir o contrato e realizar contratante, em qualquer circunstância,
contratação emergencial com outra à exceção do contrato não cumprido.
empresa. b) o regime de execução do ajuste é imu-
tável, sendo que a alteração desse regi-

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me autoriza a rescisão unilateral do con- créditos orçamentários, salvo diante da


trato pelo contratado, isso em razão da demonstração de interesse público e da
força obrigatória do vínculo. inexistência de prejuízo.
c) é dado ao contratado paralisar sumaria- e) não procede, tendo em vista que se tra-
mente a execução do contrato alegando ta de contrato administrativo de execu-
descumprimento de qualquer das cláu- ção continuada, para os quais não se
sulas contratuais pelo contratante. aplica a limitação de vigência à qual alu-
d) o contratante responde frente ao con- diu o administrador.
tratado pelos riscos advindos da álea or-
dinária, também denominada álea em- 9. (FCC – TRT-1 – Analista Judiciário – 2014)
presarial e da álea extraordinária, isso
em razão da obrigação do contratante Alguns contratos firmados pela Adminis-
de manter as condições efetivas da pro- tração pública possuem características pró-
posta. prias, que lhes predicam como administra-
e) não há previsão de rescisão administra- tivos. Sabendo-se que nem todo contrato
tiva unilateral do contrato por parte do firmado pela Administração pode assim ser
contratado, mas tão somente do contra- qualificado, destaca-se como indicativo des-
tante. sa condição, dentre outros aspectos, a
a) impossibilidade do contratado suspen-
8. (FCC – TJ-AP – Analista Judiciário – 2014) der a execução de suas obrigações, seja
Determinado órgão público celebrou con- qual for o objeto contratado, diante de
trato de locação de imóvel para instalar sua inadimplência prolongada da Adminis-
repartição em Tartarugalzinho. O locador tração pública.
exigiu que o prazo de vigência fosse fixado b) possibilidade de contratação sem que
em 60 (sessenta) meses, na forma do que haja demonstração da existência de re-
dispõe a legislação civil aplicável. O admi- cursos para fazer frente às despesas, em
nistrador, contudo, inicialmente não acatou face da supremacia do interesse público
o pedido, recordando-se da norma contida e da relevância do objeto a ser contrata-
na Lei nº 8.666/93 que limita a duração dos do.
contratos à vigência dos créditos orçamen- c) mutabilidade intrínseca dos termos e
tários. A preocupação do administrador, in- condições pactuados, permitida unila-
vocando a referida norma, teralmente à Administração e aos parti-
culares contratados, desde que o objeto
a) procede, tendo em vista que os contra- seja a prestação de serviços públicos.
tos celebrados pela Administração pú- d) impossibilidade de prorrogação da
blica não podem exceder a vigência dos avença, exigindo-se sempre a realização
créditos orçamentários. de licitação como forma de privilegiar o
b) não procede, na medida em que a lei de menor preço nas contratações da Admi-
licitações excepcionou as locações da nistração.
incidência da norma que limita o prazo e) obrigação de manutenção do equilíbrio
de vigência dos contratos. econômico-financeiro inicial da avença,
c) não procede, sendo necessário, todavia, diante de determinados fatores e condi-
prévia e ex- pressa autorização norma- ções, tais como a alteração unilateral do
tiva para a aprovação de prazo superior contrato.
ao estabelecido pela Lei nº 8.666/93.
d) procede, tendo em vista que os contra-
tos administrativos não podem exceder
o exercício e a vigência dos respectivos

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10. (FCC – TCE-RS – Auditor – 2014)
A Administração celebrou contrato de loca-
ção de um edifício para lá instalar uma divi-
são de determinado órgão de sua estrutura.
Esse contrato
a) exige que seja mantido o equilíbrio eco-
nômico-financeiro, aplicando-se majo-
ração da locação em período diverso do
previsto no contrato de locação.
b) não admite, como contrato administra-
tivo, rescisão nos termos da legislação
que rege os contratos de locação no âm-
bito privado.
c) é regido por cláusulas próprias dos con-
tratos de locação no âmbito privado, ad-
mitidas algumas derrogações pelo regi-
me de direito público.
d) não poderia ter sido celebrado, na me-
dida em que a Administração não pode
se submeter a um contrato típico do di-
reito privado.
e) deve se submeter a todas as disposições
típicas dos contratos administrativos,
inclusive aquelas que restringem a ini-
ciativa da rescisão à Administração.

Gabarito: 1. B 2. C 3. A 4. D 5. C 6. A 7. E 8. B 9. E 10. C

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TÓPICO 9

Serviços Públicos (Lei nº 8.987/95)

1. BASE CONSTITUCIONAL E REGULAMENTAÇÃO LEGAL:

a) Previsão Constitucional: CF, art. 175


Atribui ao Poder Público a titularidade na prestação de serviços públicos, direta ou indireta-
mente, sempre por meio de procedimento licitatório prévio.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

b) Regulamentação: Lei nº 8987/95 e alterações posteriores, que dispõe sobre o regime


de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da
Constituição Federal, e dá outras providências. Estabelece normas gerais sobre concessão
e permissão de serviços públicos aplicáveis à União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

2. CONCEITO:

O Estado possui funções de natureza administrativa, judicial e legislativo. Entre as funções tidas
como administrativa, prestadas, predominantemente, pelo Poder Executivo, destaca-se a pres-
tação de serviços públicos.

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Não há que se confundir a prestação de serviços públicos e o exercício do poder de polícia. As
duas atividades, prestadas pelo Poder Público, compõem desdobramentos da função adminis-
trativa do Estado.

Devido à dificuldade na conceituação de tal instituto, abaixo, utilizaremos elementos usados


pela doutrina majoritária na formação de tal definição:
a) Conceito Orgânico (subjetivo) – considera serviço público aquele que é prestado pelo Esta-
do (órgãos, agentes e entidades).
b) Conceito Material (objetivo) – atividades destinadas ao atendimento da coletividade em
geral, sob a titularidade do Poder Público. São atividades cujo objetivo é a satisfação do
interesse coletivo (Corrente Essencialista)
c) Conceito Formal – atividades desempenhadas sob regime de Direito Público, exorbitan-
do o Direito Comum. Serão públicos os serviços determinados pelo ordenamento jurídico
(Constituição e leis). É a corrente adotada no Brasil (corrente formalista).

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, serviço público é “atividade de oferecimento de


utilidade ou comodidade fruível preponderantemente pelos administrados, prestada pela
Administração Pública ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito Público,
instituído em favor de interesses definidos como próprios pelo ordenamento jurídico”.
Para Hely Lopes Meirelles, “é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados,
sob normas e controle estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniências do Estado”.
Por fim, percebemos que a prestação de serviços públicos pode atender às necessidades dos
administrados diretamente (ex.: serviços de energia elétrica ou de telefonia) ou indiretamente
(ex.: segurança pública e transporte coletivo).

3. COMPETÊNCIA:

A competência na prestação de serviços públicos foi partilhada pela nossa Carta Magna,
levando-se em consideração a predominância de interesses. Assim, caberá a União a prestação
de serviços de interesse, predominantemente, nacional, destinando aos Estados e aos
Municípios os de interesse regional e local, respectivamente.
Para os Estados, as questões de interesse regional são atribuídas de forma residual, pois a eles
foram atribuídas as competências que não foram vedadas pelo Texto Constitucional.

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Cabe, ainda, aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais
de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
Situação relevante é a do Distrito Federal, que, por não poder ser dividido em Municípios,
dará conta das questões de interesse regional (serviços de competência dos Estados) e das de
interesse local (serviços de competência dos Municípios).
Assim, tem-se:

Competência da União → art. 21 (privativos) e art. 23 (comuns)


Competência dos Estados → art. 23 (comuns) e art. 25, §§ 1º e 2º
Competência do Município → art. 23 e art. 30

Exemplo interessante foi adotado por Cláudio Brandão:


“O transporte coletivo serve como exemplo do critério adotado. Se o transporte coletivo é feito
de um Estado para outro, a competência é da União, se o transporte é feito de um Município
para outro, dentro do mesmo Estado é competência estadual, se o transporte é feito nos limites
de um Município a competência é municipal”.

4. FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO:

FORMAS DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:


a) Serviço Centralizado – é aquele prestado diretamente por meio dos órgãos e agentes da
Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), em seu nome e sob
sua exclusiva responsabilidade.
b) Serviço Descentralizado – é aquele em que há outorga ou delegação na prestação do serviço.

No primeiro caso, quando estado cria ou autoriza a criação de uma entidade e, por lei, trans-
fere a ela a titularidade do serviço público, normalmente por prazo indeterminado, ocorrerá
a outorga. É o caso das entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas,
sociedades de economia mista e fundações públicas).
Já na delegação, o Estado transfere a execução do serviço, mediante contrato (concessão e per-
missão) ou ato (autorização), por prazo determinado.
Repare que, no caso da outorga, há a transferência da titularidade do serviço e, no caso da de-
legação, só se transfere a execução do serviço.

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RESUMO:

SERVIÇO CENTRALIZADO – Administração Direta (U/E/DF/M)

MEIOS DE EXECUÇÃO
a) Execução direta: é a realizada pelos próprios meios da pessoa responsável pela sua presta-
ção ao público. Considera-se execução direta sempre que o encarregado do oferecimento
do serviço ao público o realiza pessoalmente, por seus órgãos ou por seus prepostos (não
por terceiros contratados).
b) Execução indireta: é a que o responsável comete a terceiros (por contratação, e não por
delegação) para realizá-lo nas condições regulamentares. Serviço próprio ou recebido por
delegação, quando feito por terceiros, caracteriza a execução indireta.

5. CLASSIFICAÇÃO

Os serviços públicos podem ser classificados segundo:


5.1 sua possibilidade de delegação: serviços delegáveis e serviços indelegáveis.
5.2 sua adequação: serviços próprios e serviços impróprios do Estado.
5.3 sua finalidade: serviços administrativos e serviços industriais.
5.4 os destinatários do serviço: serviços uti universi (gerais) e serviços uti singuli (individu-
ais).

5.1 Quanto à possibilidade de delegação:


Serviços Delegáveis: são aqueles que podem ser prestados diretamente pelo Estado, por meio
da Administração Direta ou Indireta, ou de delegação de serviço público (concessão, permissão
ou autorização).
Serviços Indelegáveis: são aqueles que só podem ser prestados pelo Estado, por meio da
Administração Direta ou de pessoa jurídica de direito público integrante da Administração
Indireta, tendo em vista que é fundamental a utilização de poder de império para a sua
prestação.

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5.2 Quanto à sua adequação:


Obs.: Há grande divergência doutrinária quanto a essa classificação!
Serviços Próprios do Estado: são os que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder
Público (segurança, polícia, saúde pública, etc.) e para a execução dos quais a Administração usa
de sua supremacia sobre os administrados. Por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou
de baixa remuneração.
Serviços Impróprios do Estado: são os que não afetam substancialmente as necessidades da
comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros. São atividades de natureza
social executadas por particulares sem delegação, por regime jurídico de direito privado.

5.3 Quanto à sua finalidade:


Serviços Administrativos: atende as necessidades internas ou prepara serviços que serão pres-
tados ao público (atividade-meio)
Serviços Sociais: aqueles que correspondem aos direitos sociais elencados na CF, art. 6º e que
devem obrigatoriamente ser oferecidos pelo Estado. Também podem ser oferecidos por parti-
culares, mas, obviamente, não serão classificados como serviços públicos.
Serviços Industriais: produzem renda para quem os presta, mediante remuneração da utilida-
de usada ou consumida (tarifa). Pode ser realizado pelo Poder Público ou por concessionários,
permissionários ou autorizatários, e a tarifa (ou preço público) é sempre fixada pelo Poder Pú-
blico.

5.4 Quanto aos destinatários:


Serviços Gerais: são prestados sem ter usuários determinados, para atender à coletividade no
seu todo, como os de polícia, iluminação pública. São indivisíveis, devendo ser mantidos por
imposto (tributo geral). Ex: polícia, calçamento, etc.
Serviços Individuais: possuem usuários determinados e utilização particular e mensurável para
cada destinatário, devendo ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público). Ex.:
telefone, água, energia.

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6. REQUISITOS

Lei nº 8987/95:
Art. 6º, § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, conti-
nuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.

Segundo o art. 6º, §1º, da Lei nº 8.987/95, podemos conceituar serviço público adequado como
aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade (permanência), eficiência, se-
gurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emer-
gência ou após prévio aviso, quando motivada por razões de ordem técnica ou de segurança
das instalações, ou ainda por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletivi-
dade.

7. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS:

Lei nº 8.987/95
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direi-
tos e obrigações dos usuários:
I – receber serviço adequado;
II – receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de
interesses individuais ou coletivos;
III – obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de
serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.
IV – levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades
de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V – comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela conces-
sionária na prestação do serviço;
VI – contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através
dos quais lhes são prestados os serviços.
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos Es-
tados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, den-
tro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias
de vencimento de seus débitos.

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8. OBRIGAÇÕES DAS CONCESSIONÁRIAS:

Lei nº 8.987/95:
Art. 31. Incumbe à concessionária:
I – prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas técnicas apli-
cáveis e no contrato;
II – manter em dia o inventário e o registro dos bens vinculados à concessão;
III – prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários, nos
termos definidos no contrato;
IV – cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da
concessão;
V – permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquer época, às
obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do serviço, bem como a seus
registros contábeis;

VI – promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder


concedente, conforme previsto no edital e no contrato;
VII – zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço, bem como
segurá-los adequadamente;
VIII – captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à prestação do ser-
viço.
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-obra, feitas pela concessio-
nária serão regidas pelas disposições de direito privado e pela legislação trabalhis-
ta, não se estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contratados pela con-
cessionária e o poder concedente.

9. SERVIÇOS DELEGADOS A PARTICULARES: CONCESSÃO, PERMISSÃO E


AUTORIZAÇÃO

Entende-se por delegação a transferência do exercício das atividades públicas para os particula-
res. Nela, a transferência se dá para uma pessoa física ou jurídica privada, que exerce a ativida-
de por sua conta e risco, mas em nome do Estado.

As formas em que a delegação se materializa são a concessão, a permissão e a autorização

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•• Concessão
Serviços concedidos são aqueles que o particular executa em seu nome, por sua conta e risco,
remunerados por tarifa, na forma regulamentar, mediante delegação do Poder Público conce-
dente. Serviço concedido é serviço do Poder Público, apenas executado por particular em razão
da concessão.
Assim, concessão de serviço público é o contrato por meio do qual a Administração Pública
delega a alguém a execução de determinado serviço ou atividade pública e este aceita prestá-
-la, por sua conta e risco, em nome da própria administração, sob condições fixadas e alteráveis
unilateralmente pelo Poder Público.
A remuneração é dada pela cobrança de tarifas diretamente dos usuários do serviço, sendo ga-
rantida a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro. O interesse é predominantemente
público.
Pelo art. 2º, II, da Lei nº 8.987/95, considera-se concessão de serviço público “a delegação de
sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência,
à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho,
por sua conta e risco, por prazo determinado”. Verificamos, assim, não ser possível a utilização
do instituto da concessão para delegação de serviços públicos a pessoas físicas.
Resumidamente:
•• Há uma modalidade de concessão que deve ser precedida da execução de obra pública;
•• A concessão só é possível a uma pessoa jurídica ou consórcio de empresas, não cabendo a
pessoa física;
•• Deverá haver licitação prévia, na modalidade de concorrência;
•• Há prazo determinado.

A Lei nº 8.987/95 estatui regras próprias de licitação para concessão e permissão de serviços
públicos, aplicando-se supletivamente as regras da Lei nº 8.666/93.
As duas passagens mais importantes da Lei nº 8.987/95, no que tange à licitação, estabelecem
critérios próprios para o julgamento das propostas (art. 15) e permitem a inversão da ordem
das fases de habilitação e julgamento (assemelhando-se ao pregão – art. 18-A, acrescentado
pela Lei nº 11.196/05).

Formas de Extinção da Concessão

a) advento do termo contratual – pelo término do prazo contratual; dar-se-á com a indeniza-
ção das parcelas dos investimentos relacionados aos bens reversíveis, ainda não amortiza-
dos ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade
e atualidade do serviço concedido (art. 36);

b) encampação (ou resgate) – retomada coativa do serviço, por interesse público superve-
niente. Necessita de lei autorizativa específica e pagamento de indenização prévia (art. 37);

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c) caducidade – pelo descumprimento total ou parcial do contrato por parte do contratado;


a declaração da caducidade se dará por meio de decreto, independentemente de indeniza-
ção prévia e após processo administrativo em que seja assegurada a ampla defesa (art. 38).

d) rescisão – pela inexecução total ou parcial do contrato por parte do poder concedente; ocor-
rerá por iniciativa da concessionária, mediante ação judicial, sendo que os serviços não pode-
rão ser interrompidos ou paralisados até a decisão judicial transitada em julgado (art. 39);

e) anulação – pela ilegalidade da licitação ou do contrato;

f) falência ou extinção da empresa concessionária ou falecimento ou incapacidade do titular,


no caso de empresa individual.

Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, os direitos e os


privilégios transferidos ao concessionário, devendo ainda haver a imediata assunção do serviço
pelo poder concedente, o que autoriza a ocupação das instalações e a utilização de todos os
bens reversíveis.
•• Permissão

Serviços permitidos são aqueles em que a Administração estabelece os requisitos para sua
prestação ao público e, por contrato de adesão, transfere sua execução aos particulares que
demonstrarem capacidade para seu desempenho, mediante procedimento licitatório prévio.
A permissão é, em princípio, discricionária e precária (revogável unilateralmente), mas admite
condições e prazos para exploração do serviço, a fim de garantir rentabilidade e assegurar a
recuperação do investimento do permissionário visando atrair a iniciativa privada. Assim,
podemos dizer que a revogabilidade e a precariedade são atributos da permissão. O interesse é
concorrente do particular e da Administração.
Pela Lei nº 8.987/95, considera-se permissão de serviço público “a delegação, a título precário,
mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco”. Ex.:
transportes coletivos.
•• Autorização

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, há três modalidades distintas de autorização, previstas em


nosso ordenamento jurídico:
a) Autorização mediante a qual a Administração faculta ao particular determinada atividade
de seu interesse, sem a qual seria ilegal. Ex.: autorização de porte de arma.
b) Autorização de uso de bem público, que faculta ao particular a utilização de um bem de
propriedade estatal. Ex.: autorização para funcionamento de uma banca de jornal em de-
terminada rua.
c) Autorização de serviço público, na forma definida pela Lei nº 8.987/95.
Segundo Hely Lopes Meireles, “serviços autorizados são aqueles que o Poder Público, por ato
unilateral, precário e discricionário, consente na sua execução por particular para atender a in-
teresses coletivos instáveis ou emergências transitórias”.

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A doutrina admite que é a única forma de delegação de serviços públicos que não necessita de
licitação prévia e que não depende da celebração de contrato. Destina-se a serviços que não
exigem execução pela própria Administração, nem exigem grande especialização, como no caso
de serviços de táxi, de despachantes, segurança particular, etc.
A autorização não está prevista no art. 175 da Constituição Federal, nem a Lei nº 8.987/95
contempla tal modalidade de delegação. No entanto, há previsão em outras passagens do texto
constitucional, como no art. 21, XI e XII e no art. 223.

10. CONVÊNIOS E CONSÓRCIOS ADMINISTRATIVOS

a) Convênios Administrativos: são acordos firmados por entidades públicas de qualquer es-
pécie, ou entre essas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse
comum dos partícipes. É acordo, mas não é contrato, possuindo ampla liberdade de ingres-
so e retirada dos partícipes.
b) Consórcios Administrativos: são acordos firmados entre entidades estatais, autárquicas,
fundacionais ou paraestatais, sempre de mesma espécie, para realização de objetivos de
interesse comum. O que o caracteriza é que ele só é feito entre entidades da mesma es-
pécie, diferentemente do convênio, que é celebrado entre pessoas jurídicas de espécies
diferentes.

11. PARCERIA PÚBLICO PRIVADA – PPP

Trata-se de uma nova forma de delegação de serviço público criada pela Lei nº 11.079/04. A
diferença entre ela e as demais formas de delegação tradicionais está no fato de que sempre
haverá uma retribuição financeira por parte da Administração Pública. Nas demais formas de
delegação, regidas pela Lei nº 8.987/95, o delegatário é remunerado diretamente por tarifa
paga por usuários.
Em virtude do grande risco no investimento ou de seu alto custo, nessa nova forma de delega-
ção, o ente federativo torna-se parceiro da empresa privada na prestação do serviço público.
Assim, na PPP há uma repartição dos riscos, enquanto que, nas demais formas de delegação, o
delegatário presta o serviço por sua conta e risco.
A definição legal do instituto da parceria público-privada consta no art. 2º da Lei Federal nº
11.079/2004: “é o contrato administrativo de concessão na modalidade patrocinada ou admi-
nistrativa”. No mesmo dispositivo, ainda constam os conceitos de concessões patrocinadas e
administrativas.
Nas palavras de Marçal Justen Filho, “parceria público-privada é um contrato organizacional, de
longo prazo de duração, por meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar
obra pública e (ou) prestar serviço público, com ou sem direito à remuneração, por meio da
exploração da infra-estrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada prestada pelo
Poder Público, utilizável para a obtenção de recursos no mercado financeiro”.

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

A lei estabelece ainda que não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim
entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de
13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado. Sendo assim, quando ausentes os demais requisitos elencados na lei es-
pecífica das parcerias e a remuneração por parte da Administração Pública limitar-se à contra-
prestação não pecuniária ou alternativa, caracterizar-se-á a concessão comum.
Ressaltamos que a Lei nº 11.079/04 estabelece normas gerais de licitações e contratos relacio-
nados com as PPPs, ou seja, é uma lei geral e de observância obrigatória por parte da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Nos termos do art. 2º, da Lei nº 11.079/04, as PPPs podem ser celebradas sob duas modalida-
des: a concessão patrocinada ou a concessão administrativa, conforme a retribuição financeira
oferecida pelo Poder Público parceiro.

a) Concessão patrocinada:

§ 1º “Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que


trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa
cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado”.
Na parceria público-privada patrocinada, o serviço é prestado diretamente ao público, com
cobrança tarifária que, complementada por contraprestação pecuniária do ente público,
compõe a receita do parceiro privado. Quando mais de 70% da remuneração do parceiro
privado for paga pela Administração, deverá haver autorização legislativa.
b) Concessão administrativa:

§ 2º “Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração


Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento
e instalação de bens”.
Nessa situação, há uma concessão de serviço público em que a remuneração é feita totalmente
pelo ente federado, não havendo cobrança de tarifas dos usuários.
Pela leitura atenta do dispositivo, percebe-se que há dois tipos de concessões administrativas:
A concessão administrativa de serviços públicos, em que a Administração Pública é usuária in-
direta, tem por objeto os serviços públicos a que se refere o art. 175 da Constituição Federal.
A concessão administrativa de serviços ao Estado visa a prestar serviços ou fornecer utilidades
diretamente à Administração. Em ambas as modalidades de concessão administrativa, o Poder
Público assume o ônus relativo ao pagamento do serviço prestado.
A Lei nº 11.079/04, a fim de assegurar a participação da iniciativa privada na prestação de ser-
viços públicos, mediante as PPPs, trouxe diversas regras, tendo em vista os grandes investi-
mentos e o alto risco dos particulares. Entre elas, destacam-se: penalidades impostas, em caso
de inadimplência, ao parceiro privado e ao parceiro público; repartição dos riscos financeiros;
estipulação de garantias a serem prestadas por ambas as partes.
Também são estipuladas regras específicas à licitação prévia às PPPs. A concorrência poderá ser
feita por propostas escritas e lances verbais, bem como poderá haver a inversão das fases de
habilitação e julgamento, tal como no pregão. Além disso, o edital poderá restringir a apresen-

www.acasadoconcurseiro.com.br 251
tação de lances em viva voz aos licitantes cuja proposta escrita for, no máximo, 20% maior que
o valor da melhor proposta.
É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação
de equipamentos ou a execução de obra pública.
Por fim, destacamos que a Lei nº 11.079/04 determina que deverá ser constituída uma socieda-
de de propósito específico para o objeto da concessão, incumbida de implantar e gerir o objeto
da pareceria, na qual a Administração não poderá, como regra, possuir a maioria do capital
votante.
Essa sociedade poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admiti-
dos à negociação no mercado, devendo obedecer a padrões de governança corporativa e ado-
tar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento.

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Questões CESPE

1. (Cespe – Câmara dos Deputados – Assessor 5. (Cespe – Antaq – 2014)


Legislativo – 2014) Nem toda concessão de serviço público
A prestação de serviços públicos sob regime deve ser decorrente de licitação prévia, po-
de concessão ou de permissão deve ser pre- rém toda concessão deve observar os prin-
cedida de licitação, sendo possível, em am- cípios da legalidade, da moralidade, da pu-
bos os regimes, a fixação, em contrato, de blicidade e da igualdade.
cláusulas exorbitantes. ( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado
6. (Cespe – Câmara dos Deputados –
2. (Cespe – CEF – Engenheiro – 2014) Consultor Legislativo – 2014)

A autorização de serviço público consiste As concessões de serviços públicos precedi-


em ato unilateral, discricionário e precário, das de obras públicas terão de ser objeto de
por meio do qual se delega um serviço prévia licitação, mas as que não forem pre-
público a um autorizatário, que o explorará, cedidas das referidas obras se enquadrarão
predominantemente, em benefício próprio. nas modalidades de dispensa de licitação.

( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

3. (Cespe – CEF – Engenheiro – 2014) 7. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul-


tor Legislativo – 2014)
Suponha que a administração pública dire-
ta, após regular licitação, tenha transferido Considerando que um usuário do serviço
temporariamente a execução de determina- de energia elétrica fornecido por empresa
do serviço público a empresa privada. Nessa privada concessionária deixe de pagar as
situação, está caracterizado o fenômeno da contas referentes aos três últimos meses, e
prestação de serviço público por outorga. tendo em vista aspectos diversos relaciona-
dos a essa situação hipotética, julgue o item
( ) Certo   ( ) Errado a seguir.
Na situação considerada, a concessionária,
4. (Cespe – CEF – Engenheiro – 2014) pessoa jurídica de direito privado, fornece
Ao conceder serviço público, o poder públi- serviço público por descentralização nego-
co concedente só transfere ao concessio- cial, mas o Estado detém a titularidade e o
nário a execução do serviço, continuando controle do serviço.
titular do serviço concedido, o que lhe per- ( ) Certo   ( ) Errado
mite dele dispor de acordo com o interesse
público.
( ) Certo   ( ) Errado

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8. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul- 12. (Cespe – TRT 3 – Técnico Judiciário – 2015)
tor Legislativo – 2014)
O estabelecimento de tarifas reduzidas para
A concessão de serviço público, assim como usuários de serviços públicos, que possuem
a permissão, pode ser feita a pessoa física, menor poder aquisitivo,
jurídica, ou consórcio de empresas.
a) é legítimo e corresponde à aplicação do
( ) Certo   ( ) Errado princípio da modicidade das tarifas.
b) viola o princípio da legalidade.
c) viola o princípio da igualdade dos usu-
9. (Cespe – TCERN – Inspetor – 2015) ários de serviços públicos, devendo o
Tanto a concessão como a permissão de Estado promover outros meios para pri-
serviço público têm a natureza de contrato vilegiar tais pessoas.
de adesão; nesse sentido, são formalizadas d) viola o princípio da flexibilidade dos
por contrato administrativo e não dispen- meios aos fins.
sam licitação prévia. e) é legítimo e corresponde à aplicação do
( ) Certo   ( ) Errado princípio da razoabilidade e da igualda-
de dos usuários.

10. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul- 13. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul-
tor Legislativo – 2014) tor Legislativo – 2014)
O princípio da mutabilidade, que determina O princípio da igualdade, que pressupõe a
que o regime jurídico possa mudar para não diferenciação entre usuários na pres-
atender ao interesse público, integra o rol tação de serviço público, é inaplicável à de-
de princípios inerentes ao regime jurídico terminação legal de isenção de tarifas para
dos serviços públicos. idosos e deficientes.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

11. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul- 14. (Cespe – Câmara dos Deputados – Consul-
tor Legislativo – 2014) tor Legislativo – 2014)
Considerando que um usuário do serviço de A remuneração do fornecimento de ener-
energia elétrica fornecido por empresa pri- gia pela empresa privada concessionária do
vada concessionária deixe de pagar as contas serviço se dá por taxa, que possui natureza
referentes aos três últimos meses, e tendo em tributária.
vista aspectos diversos relacionados a essa si- ( ) Certo   ( ) Errado
tuação hipotética, julgue o item a seguir.
Na hipótese considerada, em razão do 15. (Cespe – Câmara dos Deputados –
inadimplemento por parte do usuário, a Consultor Legislativo – 2014)
concessionária está autorizada a suspender
o fornecimento de energia elétrica para a O concessionário de um serviço público é
preservação do equilíbrio econômico-finan- remunerado mediante o sistema de tarifas
ceiro do contrato de concessão, sem que pagas pelos usuários, as quais configuram
isso vulnere o princípio da continuidade dos remuneração pelo serviço prestado e con-
serviços públicos. cedido pelo concedente em contrato.
( ) Certo   ( ) Errado
( ) Certo   ( ) Errado

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16. (Cespe – Anatel – 2014) 20. (Cespe – TCM-GO – Auditor – 2015)


O inadimplemento do concessionário, que Em um contrato de concessão firmado entre
deixa de executar total ou parcialmente ser- um Município e empresa privada para a ex-
viço público concedido, acarreta a extinção ploração de serviços públicos de transporte
do contrato de concessão por rescisão pro- de passageiros verificou-se o reiterado des-
movida pelo poder concedente. cumprimento, pela concessionária, de obri-
( ) Certo   ( ) Errado gações estabelecidas contratualmente rela-
tivas a indicadores de qualidade, conforto e
pontualidade do serviço prestado aos usuá-
17. (Cespe – Antaq – 2014) rios. Diante de tal situação, o poder conce-
dente poderá
Caso um serviço não seja prestado de forma
adequada, segundo critérios e indicadores a) declarar a caducidade da concessão,
de qualidade definidos, poderá ser decla- mediante prévia autorização legislativa.
rada a caducidade da concessão pelo poder b) encampar o serviço, hipótese em que a
concedente. concessionária não terá direito a indeni-
zação por investimentos não amortiza-
( ) Certo   ( ) Errado dos.
c) decretar a intervenção no contrato, por
18. (Cespe – Antaq – 2014) decreto, com instauração de procedi-
mento administrativo que deverá ser
A transferência de concessão, de uma concluído no prazo máximo de 180 dias.
concessionária para outra, pode ocorrer d) extinguir o contrato, por ato motivado,
sem prévia anuência do poder concedente, mediante prévia indenização à conces-
sem implicar na caducidade da concessão. sionária pelos investimentos não amor-
tizados e lucros cessantes.
( ) Certo   ( ) Errado
e) aplicar as penalidades previstas contra-
tualmente, culminando com a declara-
19. (Cespe – Câmara dos Deputados – ção de encampação, caso não sanados
Consultor Legislativo – 2014) os descumprimentos identificados.
Caso determinada empresa concessionária 21. (Cespe – TJDFT – Analista Judiciário – 2015)
de serviços públicos preste serviços de
forma deficiente, e essa deficiência seja Com base no princípio da continuidade do
identificada pelo poder público por meio serviço público, a extinção da concessão,
da análise de indicadores de qualidade nas hipóteses previstas em lei, autoriza a
previamente definidos em contrato, o imediata assunção do serviço pelo poder
referido poder poderá declarar a caducidade concedente e a utilização de todos os bens
como forma de extinção da concessão. reversíveis.
( ) Certo   ( ) Errado ( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. Certo 2. Certo 3. Errado 4. C 5. Errado 6. Errado 7. Certo 8. Errado 9. Certo 10. Certo 
11. Certo 12. E 13. Errado 14. Errado 15. Certo 16. Errado 17. Certo 18. Certo 19. Certo 20. C 21. Certo

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Questões FCC

1. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014) Maranhão, descumprindo o contrato firma-


do e prejudicando os usuários. Neste caso, a
Os serviços públicos podem ser prestados retomada do serviço público concedido ain-
direta ou indiretamente pelo Poder Público, da no prazo de concessão pelo Governo do
respeitadas a titularidade e competência pre- Estado do Maranhão tem por escopo asse-
vistas na legislação pertinente. Dentre a pos- gurar o princípio do serviço público da
sibilidade de execução indireta do serviço pú-
blico por determinado ente está a outorga de a) cortesia.
b) continuidade.
a) permissão de serviço público, cuja na- c) modicidade.
tureza contratual permite a delegação d) impessoalidade.
de titularidade e execução das atribui- e) atualidade.
ções típicas do ente político.
b) concessão de serviço público, contrato 3. (FCC – PGE-BA – Analista de Procuradoria –
que estabelece as atribuições e condi- 2013)
ções da prestação do serviço, cabendo
ao contratado o desempenho adequa- Na história do Direito Administrativo, a
do do mesmo e a responsabilidade pelo noção de serviço público sofreu sensíveis
risco do negócio. transformações. No que se refere aos servi-
c) concessão de serviço público, ato que ços públicos no Direito Administrativo brasi-
transfere ao privado a competência leiro, é correto afirmar que
para o adequado desempenho das atri-
buições, responsabilizando-se o Poder a) uma atividade que exija cobrança de ta-
Público, no entanto, integralmente pelo rifa, e não de taxa, não mais se coaduna
risco do negócio. com a noção de serviço público.
d) autorização de serviço público, con- b) o serviço postal, consoante jurisprudên-
trato que delega ao privado execução cia recente do STF, não é propriamente
do serviço público e, caso também te- serviço público, mas atividade econô-
nha transferido a titularidade, permite mica em sentido estrito, exercida pela
o exercício do poder de polícia antes União (ECT) sob regime de monopólio.
competência do po der público. c) houve mudanças no seu aspecto subje-
e) permissão de serviço público, contra- tivo admitindo-se a prestação indireta,
to que delega ao privado execução do não obstante o Poder Público permane-
serviço público e, caso também tenha ça com a sua titularidade.
transferido a titularidade, permite o d) atividades que importem prestações
exercício do poder de polícia antes específicas apenas para determinados
competência do Poder Público. indivíduos fogem do perfil moderno de
serviço público.
2. (FCC – TRT 16 – Oficial de Justiça – 2014) e) o exercício do direito de greve por servi-
dores públicos vê-se plenamente obsta-
Determinada empresa privada, concessio- do atualmente, em razão da inexistên-
nária de serviços públicos, torna-se inadim- cia de lei específica sobre o tema e da
plente, deixando de prestar o serviço de necessidade de se garantir o funciona-
administração de uma estrada do Estado do mento contínuo do serviço público.

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4. (FCC – MPE-AM – Agente Técnico Jurídico – nutenção, encargos setoriais e amortizar os
2013) investimentos necessários à manutenção
da atualidade dos serviços. De acordo com
Determinado município outorgou à empre- a legislação mencionada, assegura-se à con-
sa privada, mediante prévio procedimen- cessionária o direito de optar por
to licitatório, permissão para operação de
linhas de ônibus para o serviço público de a) não renovação da concessão com a in-
transporte de passageiros. Após três anos denização das parcelas dos investimen-
de operação privada, o novo Prefeito deci- tos vinculados a bens reversíveis, ainda
diu que o município deveria retomar a ope- não amortizados ou depreciados.
ração dessas linhas, como forma de propi- b) renovação automática, pelo prazo ne-
ciar a modicidade tarifária aos usuários, cessário à amortização dos investi-
muito embora a permissão originalmente mentos em bens reversíveis, ainda não
outorgada previsse o prazo de cinco anos, amortizados.
prorrogável por igual período. De acordo c) retenção dos bens vinculados à conces-
com as disposições legais que disciplinam a são, cujos investimentos não tenham
matéria, essa decisão é sido indenizados.
d) ressarcimento dos custos com pessoal
a) legal, desde que declarada, mediante e manutenção vinculados ao objeto da
prévia autorização legislativa, a encam- concessão.
pação do serviço. e) encampação do serviço, até a integral
b) legal, haja vista o caráter precário do recomposição dos investimentos efeti-
regime de permissão de exploração de vamente comprovados e não amortiza-
serviço público. dos.
c) ilegal, haja vista que a retomada an-
tes do prazo outorgado somente pode 6. (FCC – TRE-TO – Técnico Judiciário – 2011)
ocorrer em caso de declaração de cadu-
cidade. Um dos princípios concernentes aos servi-
d) ilegal, salvo se houver expressa concor- ços públicos denomina-se princípio da atu-
dância da permissionária e indenização alidade, que, em síntese, significa
por todos os investimentos não amorti-
zados. a) igualdade entre os usuários dos servi-
e) legal, desde que fundada em razões de ços contratados.
interesse público devidamente justifica- b) modernidade das técnicas, melhoria e
do e constatada a ineficiência na pres- expansão do serviço.
tação do serviço pelo permissionário. c) razoabilidade no valor atualizado das
tarifas exigidas.
5. (FCC – TCE-SP – Auditor do Tribunal de Con- d) continuidade na prestação do serviço
tas – 2013) público.
e) bom tratamento para com o público
Empresa controlada pelo Estado, conces- usuário do serviço contratado.
sionária de serviço público de geração de
energia elétrica, com contrato de concessão 7. (FCC – TCE-SP – Auditor do Tribunal de
celebrado ao amparo das Leis Federais nº Contas – 2013)
8.987/95 e nº 9.074/95, considerou que a
tarifa estabelecida pelo Poder Concedente Determinado município pretende outorgar
para vigorar na hipótese de prorrogação do à iniciativa privada a prestação de serviço
contrato de concessão não seria suficiente público de transporte de passageiros em
para remunerar os custos de operação, ma- linhas de ônibus. Considerando a disciplina

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legal da matéria, a prestação do serviço por 9. (FCC – Defensor Público-RS – 2011)


entidades privadas
Considere as seguintes afirmações com rela-
a) somente é admitida sob regime de con- ção ao regime de concessão e permissão da
cessão, com prazo determinado, prece- prestação dos serviços públicos, tendo em
dida de lei específica e licitação na mo- vista a Lei nº 8.987/95:
dalidade concorrência.
b) depende de lei específica, autorizando a I – O poder concedente publicará, simulta-
transferência da titularidade do serviço neamente ao edital de licitação, ato justi-
à iniciativa privada. ficando a conveniência da outorga de con-
c) é admitida sob o regime de concessão, cessão ou permissão do serviço público,
em caráter precário, ou por permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo.
quando ensejar subsídio do poder con- II – O serviço adequado é aquele que sa-
cedente. tisfaz as condições de regularidade, conti-
d) somente é admitida em caráter subsidi- nuidade, eficiência, segurança, atualidade,
ário e precário, mediante permissão ou generalidade, cortesia na sua prestação e
autorização. modicidade das tarifas.
e) é admitida sob o regime de concessão
ou permissão, precedida, em qualquer III – A permissão de serviço público é a de-
caso, de licitação. legação, a título precário, feita pelo poder
concedente apenas à pessoa jurídica que
8. (FCC – TRT-1ª Região – Analista Judiciário – demonstre capacidade para seu desempe-
2013) nho, precedida ou não de licitação, formali-
zada mediante contrato de adesão.
Não dispondo de recursos financeiros, o
Poder Público pretende delegar a execução Está correto o que se afirma APENAS em:
material de serviço público de sua titulari- a) I.
dade a particular para que ele possa explo- b) II.
rá-lo e dele se remunerar. De acordo com o c) III.
ordenamento jurídico vigente, o poder pú- d) I e III.
blico pode: e) II e III.
a) firmar contrato de concessão de servi-
ço público, precedido de licitação. 10. (FCC – TST – Analista Judiciário – 2012)
b) outorgar a titularidade do serviço públi-
De acordo com a legislação federal em vi-
co por meio de ato normativo, precedi-
gor (Lei nº 8.987/95), é uma diferença entre
do de licitação.
concessão e permissão de serviço público
c) editar decreto transferindo a concessão
do serviço público ao particular, inde- a) voltar-se a primeira a serviços de cará-
pendentemente de licitação. ter social; e a segunda, a serviços de ca-
d) celebrar convênio para trespasse da ex- ráter econômico.
ploração do serviço público, precedido b) poder a primeira ser celebrada com pes-
de licitação. soa jurídica ou consórcio de empresas;
e) celebrar contrato de permissão de ser- e a segunda, com pessoa física ou jurídi-
viço público, declarando-se prévia inexi- ca.
gibilidade de licitação. c) ser obrigatória a licitação para a primei-
ra; e facultativa, para a segunda.
d) ser a primeira contrato; e a segunda, ato
unilateral.

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e) ter a primeira prazo determinado; e a demonstre capacidade para seu desem-
segunda, não comportar prazo. penho, por sua conta e risco.
d) caracteriza a prestação do serviço pú-
11. (FCC – TJ-GO – Juiz Substituto – 2012) blico em regime precário, nas situações
em que o regime de concessão não seja
No tocante ao regime da concessão de ser- viável em face da ausência de sustenta-
viços públicos, na sua forma tradicional, a bilidade financeira da exploração me-
Lei Federal nº 8.987/95 diante cobrança de tarifa.
a) condiciona a outorga de subconcessão, e) é possível apenas em relação a serviços
a transferência da concessão e a trans- públicos não exclusivos de Estado, tam-
ferência do controle societário da con- bém denominados impróprios, cuja ex-
cessionária à expressa concordância do ploração econômica é facultada ao par-
poder concedente. ticular mediante autorização do poder
b) admite a possibilidade de subconces- público.
são, desde que haja previsão no con-
trato original de concessão, o que torna 13. (FCC – TRT-20ª – Juiz do Trabalho Substitu-
dispensável nova autorização do poder to – 2012)
concedente. Determinada atividade, quando caracteriza-
c) exige que a transferência da concessão da como serviço público, constitui obrigação
seja expressamente autorizada pelo po- do Estado, que pode prestá-la diretamente
der concedente, mas nada estabelece ou sob o regime de concessão ou permis-
no tocante à transferência do controle são, devendo observar, entre outros, o prin-
societário da concessionária. cípio da
d) veda a subconcessão do serviço delega-
do, pois o contrato de concessão é intui- a) modicidade tarifária, que veda a explo-
tu personae. ração por regime de concessão de ser-
e) permite a transferência da concessão, viços de natureza essencial, exceto se
mediante a realização prévia de concor- subsidiada pelo poder concedente.
rência para a escolha do novo conces- b) universalidade, que impõe a obriga-
sionário. ção do poder concedente de subsidiar
a prestação do serviço, por agente pú-
12. (FCC – TRT-4ª – Juiz do Trabalho Substituto blico ou privado, quando o mesmo se
– 2012) mostrar deficitário.
c) continuidade, que impede o concessio-
A prestação de serviço público mediante re- nário de rescindir o contrato administra-
gime de permissão tivamente, exceto no caso de desequilí-
a) independe de prévio procedimento li- brio econômico-financeiro.
citatório, dado o seu caráter precário e d) continuidade, que impede a Administra-
limita-se ao prazo máximo de 5 (cinco) ção de declarar a encampação em con-
anos. trato de concessão, salvo se verificada
b) somente é permitida para serviços de a prestação deficiente do serviço pela
natureza não essencial, sendo obrigató- concessionária.
ria, nos demais casos, a prestação direta e) continuidade, que não é violado quan-
pelo poder público. do a interrupção do serviço se dá, após
c) constitui delegação feita pelo poder prévio aviso, por inadimplemento do
concedente, a título precário, mediante usuário.
licitação, a pessoa física ou jurídica que

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14. (FCC – Advogado – SABES – 2012) vidades. O Poder Público assumiu a presta-
ção do serviço, utilizando-se, na forma da
Em matéria de concessão e permissão de lei, dos bens materiais de titularidade da
serviços públicos analise as afirmações abai- empresa. A atuação do poder público con-
xo. substanciou-se em expressão do princípio
I – A concessão de serviço público só pode da
ser feita mediante licitação, sob qualquer a) continuidade do serviço público.
modalidade, enquanto a permissão desse b) eficiência.
serviço não exige licitação, ficando a critério c) segurança jurídica.
da Administração. d) boa-fé.
II – As concessões ou permissões de serviço e) indisponibilidade do interesse público.
público poderão ser feitas por prazo inde-
terminado, sendo rescisão a única causa de 16. (FCC – TRT-23ª – Técnico Judiciário – 2016)
sua extinção. Considere:
III – Mesmo com a natureza intuitu perso- I – Independente de a pessoa satisfazer as
nae é cabível a subconcessão de serviços condições legais, ela faz jus à prestação do
públicos nos termos previstos no contrato serviço público, não podendo haver distin-
de concessão, desde que expressamen- ção de caráter pessoal.
te autorizada pelo poder concedente, mas
sempre precedida de concorrência. II – Um dos princípios que regem os servi-
ços públicos denomina-se mutabilidade do
IV – As permissões de serviço público serão regime jurídico, segundo o qual admitem-se
formalizadas mediante contrato de adesão, mudanças no regime de execução do servi-
observando os termos da lei específica, das ço para adaptá-lo ao interesse privado, que
demais normas pertinentes e do edital de é variável no tempo.
licitação, inclusive quanto à precariedade e
à revogabilidade unilateral do contrato pelo III – O princípio da continuidade do serviço
poder concedente. Porém, a permissão de público tem aplicação especialmente com
uso de bem público, se apresenta como ato relação aos contratos administrativos e ao
administrativo unilateral. exercício da função pública.
Estão corretas APENAS as afirmações No que concerne aos princípios inerentes ao
regime jurídico dos serviços públicos, está
a) I e II. correto o que consta APENAS em
b) II e IV.
c) III e IV. a) I.
d) I, II e IV. b) I e III.
e) I, II e III. c) II.
d) I e II.
15. (FCC – Analista – TJ-RJ – Execução De Man- e) III.
dados – 2012)
17. (FCC – TRE-PB – Técnico Judiciário – 2015)
O Poder Público contratou, na forma da
lei, a prestação de serviços de transporte Considere as afirmativas:
urbano à população. A empresa contrata-
da providenciou todos os bens e materiais I – Serviço público é toda utilidade presta-
necessários à prestação do serviço, mas em da pelo Poder Público em favor da coletivi-
determinado momento, interrompeu as ati- dade, vedada delegação da execução a par-

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ticulares, sob pena de alteração do regime forma adequada o contrato e isso esti-
jurídico e desnaturação do objeto. ver prejudicando a qualidade do serviço
disponibilizado aos usuários.
II – Serviço público pode ser prestado di- e) imutabilidade do regime jurídico dos
retamente pelo Estado ou por meio de de- serviços públicos, que impede que se-
legação a particulares, o que não afasta a jam promovidas alterações na forma de
submissão aos princípios que garantem a prestação dos serviços, garantindo aos
adequada prestação daquela utilidade aos usuários que esses receberão os bene-
usuários. fícios na forma em que foram contrata-
III – O princípio da continuidade dos servi- dos inicialmente.
ços públicos permite que o Estado prorro-
gue reiteradamente os contratos por meio 19. (FCC – TRT-9ª – Analista Judiciário – 2015)
dos quais delega a execução daquelas ativi- Considerando a tripartição de poderes con-
dades aos particulares. sagrada na Constituição da República de
Está correto o que se afirma em 1988, à função executiva incumbem as ati-
vidades prestacionais de interesse público,
a) I, II e III. que são aquelas que visam ao atendimento
b) I e II, apenas. do interesse coletivo, fornecendo disponibi-
c) III, apenas. lidades e utilidades aos cidadãos para que
d) II, apenas. estes alcancem o bem-estar. Essas ativida-
e) I, apenas. des

18. (FCC – TRT-9ª – Técnico Judiciário – 2015) a) são qualificadas como serviços públicos,
quando previstas em lei, e desde que
As atividades materiais prestadas aos admi- prestadas diretamente pelo Poder Pú-
nistrados que sejam predicadas como servi- blico.
ços públicos estão sujeitas a regime jurídico b) devem ser qualificadas como serviços
com características próprias, dentre elas, a públicos independentemente de previ-
previsão de princípios específicos, como o são legal, e podem ter sua titularidade
princípio da: delegada a particulares, pois não impor-
a) continuidade dos serviços públicos, que ta o regime jurídico de sua prestação.
permite sucessivas prorrogações de c) podem ser delegadas a pessoas jurídicas
contratações, sem submissão a nova li- de direito público, de forma a garantir
citação, sempre que o serviço estiver que o regime jurídico de execução seja
sendo prestado adequadamente. sempre público, independentemente da
b) igualdade dos usuários, que impede co- titularidade do serviço público.
brança de valores diferenciados de tari- d) materiais previstas em lei, podem ter
fas, independentemente das distinções sua execução delegada a particulares
de situação jurídica dos usuários. sem que percam a natureza de serviço
c) mutabilidade do serviço público, que público, vedada a transferência da titu-
permite alteração do serviço público laridade.
prestado, para que o contratado execu- e) devem ser prestadas em regime de gra-
te o serviço cuja natureza melhor aten- tuidade ou subsidiadas, posto que im-
da às necessidades dos administrados. pera o princípio da modicidade tarifária
d) continuidade dos serviços públicos, que para os serviços públicos.
permite que o Poder Público assuma a
prestação dos serviços sempre que o
contratado não estiver executando de

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TRE-Brasil – Direito Administrativo – Prof. Luís Gustavo

20. (FCC – TRE-SE – Técnico Judiciário – 2015)


A cortesia constitui um dos princípios que
regem os serviços públicos. Exemplo de sua
aplicação é
a) modicidade das tarifas, de modo a não
onerar os usuários dos serviços públi-
cos.
b) isenção de tarifas para administrados
que assim necessitem.
c) tratamento educado, prestativo e res-
peitoso aos usuários dos serviços públi-
cos.
d) eficiência na prestação dos serviços pú-
blicos.
e) trazer ao conhecimento público e geral
dos administrados a forma como o ser-
viço foi prestado, os gastos e a disponi-
bilidade de atendimento.

Gabarito: 1. B 2. B 3. C 4. B 5. A 6. B 7. E 8. A 9. B 10. B 11. A 12. C 13. E 14. C 15. A 16. E 
17. D 18. D 19. D 20. C

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