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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA


AUDIOLOGIA CLÍNICA

AUDIOLOGIA INFANTIL
a importância do diagnóstico precoce
em crianças com otite média

CLAUDIA LUCIANA FERNANDES FIALHO

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
AUDIOLOGIA CLÍNICA.
ORIENTADORA: MIRIAM
GOLDENBERG

RIO DE JANEIRO
1999
RESUMO

As alterações auditivas da orelha média relacionadas

às patologias das vias aéreas superiores são muito comuns em

crianças, principalmente em fase pré-escolar. Isto porque a

criança possui a tuba auditiva mais curta e horizontalizada em

relação a tuba do adulto. Aos 7 anos de idade a tuba já está

posicionada como a do adulto, o que ameniza bastante os

problemas de orelha média.

As crianças portadoras de otites médias em

conseqüência de alguma alteração de vias aéreas superiores

(adenóides, sinusites e rinites), muitas vezes são vistas como

desatentas, desinteressadas nos estudos e não se relacionam

socialmente com outras crianças. A preocupação com a

audição dessas crianças só aparece quando elas começam a

apresentar dificuldades de aprendizagem escolar. Por isso, é

de suma importância o diagnóstico precoce, para minimizar as

conseqüências e, o quanto antes, reabilitar essas crianças,

para que elas possam se relacionar melhor no meio social.

O ideal seria que todas as crianças em idade pré-

escolar e escolar realizassem uma avaliação

otorrinolaringológica e audiológica como rotina obrigatória, ao

ingressarem na escola. Algumas escolas exigem esses

procedimentos, mas infelizmente ainda são poucas. Sendo


assim, é essencial que as crianças com suspeitas de rinite,

sinusite e adenóide realizem essas avaliações, pois só assim

iremos constatar alterações de orelha média e tratar,

adequadamente, o mais cedo possível.

Uma vez constatada otite média, esta patologia deve

ser tratada por um otorrinolaringologista através de um

tratamento específico a fim de que a audição se reestabeleça e

não haja prejuízos no desenvolvimento da linguagem. É

imprescindível o tratamento da adenóide, sinusite ou rinite para

não desencadear um quadro de otite e conseqüências no

desenvolvimento escolar.

1
Dedico esta monografia ao meu

querido marido Marcello Leite

Fialho que sempre me admirou,

incentivou e apoiou o meu

desempenho Profissional.
AGRADECIMENTOS

A Marcello Leite Fialho, pelo carinho, incentivo e

compreensão, já que horas de dedicação à monografia foram

roubadas do convívio de nosso lar.

À grande amiga Isabel Cristina Vieira da Cunha, pelo

companheirismo e dedicação durante a elaboração de minha

monografia.

À Murilo Leite Fialho pela paciência e horas perdidas

de sono digitando o meu trabalho no computador.


SUMÁRIO

I - I n t r o d u ç ã o ....................................................... 1

I I - D i s c u s s ã o t e ó r i c a ........................................... 7

I I I - A n á l i s e d e r e s u l t a d o s ...................................... 23

IV - C o n s i d e r a ç õ e s f i n a i s ....................................... 25

V - R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s ............................... 27
I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho enfoca a importância do

diagnóstico precoce de alterações auditivas da orelha média

relacionadas a patologias das vias aéreas superiores em

crianças pré-escolares e escolares.

A falta de informações e orientações adequadas à

família são as principais causas da detecção tardia de

alterações nas vias aéreas superiores. Como conseqüência

surgem os problemas auditivos, que só serão percebidos

através de dificuldades de aprendizagem no meio escolar.

O desenvolvimento da fala e da linguagem está

completa aos 4 anos de idade. Qualquer patologia de orelha

média mantém estreita relação com problemas de linguagem e

posteriormente de aprendizagem escolar.

É indispensável uma atenção especial dos pediatras e

otorrinolaringologistas aos processos inflamatórios da mucosa

nasal pela íntima relação com o aparelho auditivo vias

respiratórias inferiores.

É de grande importância a reabilitação

fonoaudiológica. Normalmente, o perfil do indivíduo com

alterações em vias nasais e auditivas se constitui: postura

incorreta de língua, hipotonia labial, respirador bucal, voz

anasalada, ronco constante ao dormir, problemas ortodônticos,

1
deficiência auditiva, dificuldade de aprendizagem,

principalmente no ditado, dificuldades no desenvolvimento

psico-social, emocional e lingüístico. Já que é através da

audição que nos integramos na sociedade pelo contato com o

mundo e adquirimos linguagem.

O objetivo desta pesquisa é detectar o mais precoce

possível patologias de vias aéreas superiores, possibilitando

encaminhamento para resolução, antes que chegue a

desencadear uma deficiência auditiva que, certamente, trará

grandes prejuízos no desenvolvimento global da criança,

principalmente no que se refere a problemas de aprendizagem.

Estou realizando uma pesquisa em campo no qual o

otorrinolaringologista, na clínica em que eu atuo, encaminha

crianças com história de otites médias, sinusites, rinites

alérgicas e adenóides para uma avaliação audiológica

completa. Esta avaliação consiste em: Anamnese, Metoscopia,

Audiometria Tonal, Audiometria Vocal (Índice de

Reconhecimento de Fala e Limiar de Recepção de Fala),

Imitanciometria.

Os equipamentos utilizados para toda bateria de

testes são os seguintes: Otoscopio Welch Allyn, utilizado na

Meatoscopia, Cabine Acústica, Audiômetro Maico MA41,

Imitanciômetro Maico MA630.

2
• JUSTIFICATIVA

A linguagem é um processo muito complexo, estando

relacionada à elaboração e simbolização do pensamento. É

através dela que o homem compartilha suas idéias,

experiências, emoções e pensamento com o outro.

A audição está diretamente ligada ao processo de

desenvolvimento da linguagem. Para que a aprendizagem da

fala aconteça, é necessário que as funções do sistema

nervoso periférico e central estejam íntegros. Através da

audição, a criança estabelece relações com o mundo que a

cerca.

Desenvolver um programa de detecção precoce da

deficiência auditiva em crianças em idade escolar, visa

prevenir dificuldades na aquisição da fala e no

desenvolvimento da linguagem visto que a aquisição da

linguagem depende do sistema auditivo íntegro.

A escolha deste tema foi baseada na observação

durante o atendimento clínico, onde um grande número de

crianças com problemas de orelha média, por conseqüências

de alterações relacionadas às vias aéreas superiores, foram

constatadas.

O trabalho de prevenção, a realização de exames

audiológicos mais precocemente possível, é uma forma de

3
proteger e impedir que a criança sofra os efeitos provocados

pela deficiência auditiva sobre a função da linguagem.

É de grande importância a orientação à população e

dirigentes de escolas públicas e particulares, da

necessidade da avaliação audiológica como rotina escolar,

onde o mais cedo possível, as patologias de orelha média

devem ser detectadas, permitindo que o tratamento clínico

seja iniciado e as conseqüências para o desenvolvimento

escolar e social sejam amenizadas.

4
• HIPÓTESES

Ÿ Acredito que a incidência de crianças com otite

média é maior no inverno e mais baixa no verão.

Ÿ Suponho que crianças de creche têm mais

possibilidades de contraírem otite média e infecções

respiratórias, do que crianças que ficam só em contato com o

meio familiar.

Ÿ Acredito que o bebê alimentado em posição

horizontal, tem grande tendência à otite média por apresentar

refluxo.

Ÿ Presumo que as crianças do sexo masculino têm

maior tendência a desenvolver otite média, do que às dos sexo

feminino.

Ÿ Suponho que as crianças com constantes crises de

otite média têm dificuldades no rendimento escolar.

5
II. DISCUSSÃO TEÓRICA

Há uma grande relação entre inflamação da mucosa

nasal e a mucosa da orelha média, por ser o revestimento da

orelha média representado por prolongamentos da mucosa

respiratória, que recobre as fossas nasais, faringe, laringe,

traquéia, brônquios até os alvéolos.

As vegetações adenoideanas são amígdalas

aumentadas de volume localizadas entre o nariz e a garganta.

Quando presentes no bebê, provocam uma grande dificuldade

ao mamar, por não conseguirem respirar durante a mamada,

porque a passagem de ar está impedida na nasofaringe. Desta

forma, o bebê não suga a quantidade de leite suficiente e

consequentemente apresenta perda de peso e desnutrição.

Verificada presença de adenóides, a cirurgia é indicada. Após

a cirurgia, o bebê respira melhor, alimentando-se de maneira

satisfatória para o seu crescimento.

Em crianças maiores de um ano de idade, as

vegetações adenoideanas já compõem um quadro infeccioso e

de obstrução nasal. Respirando mal, a criança dorme de boca

aberta agitada, roncando e babando no travesseiro. As

dificuldades permanentes da passagem de ar pela rinofaringe

acabam por deformar a fisionomia da criança. A voz se torna

fanhosa, a criança não consegue fixar atenção durante as

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aulas, apresentando dificuldades de aprendizagem na escola.

Em função de sua localização, as vegetações

adenoideanas afetam a Trompa de Eustáquio, levando a

infecção até a orelha média, surgem então, as otites medias

agudas que provavelmente irão evoluir se não forem tratadas

adequadamente.

Constatado o problema, a cirurgia para a remoção das

adenóides é indicada. O processo cirúrgico é chamado

adenoidectomia, sendo rápido, simples e não oferece nenhum

perigo ao paciente. As complicações da orelha média irão

desaparecer, e a audição retornará ao normal. Adenoidectomia

deve ser realizada logo que constatada a necessidade de sua

realização, é um meio de prevenção de alterações de otite

média, fala, orofaciais e problemas ortodônticos.

Alguns estudos têm demonstrado que a rinite alérgica

também é um dos fatores nas afecções da orelha média. O

edema na mucosa nasal pode originar a disfunção tubária e ou

produzir secreção seromucosa na orelha média, determinando

deficit auditivo no indivíduo.

Tratar adequadamente e o mais cedo possível, ou seja,

logo que diagnosticada a rinite alérgica, evitará problemas

auditivos, de fala e aprendizagem escolar.

Sinusite é um processo inflamatório pode ser

infeccioso ou não, da mucosa que forra as cavidades dos

7
ossos que circundam as fossas nasais, denominadas seios

paranasais ou seios da face.

É comum às crianças adquirirem certo grau de

sinusite durante infecção de vias aéreas superiores.

Geralmente a sinusite na infância, cura-se espontaneamente

com o término da rinite. Quando os sintomas se prolongam e se

tornam mais severos, pode provocar adenóides, causando mau

funcionamento da Trompa de Eustáquio, o que poderá fazer

surgir as otites médias.

É essencial que todas as crianças com suspeitas de

adenóides, rinites alérgicas, sinusites realizem uma avaliação

completa constando: Anamnese, Meatoscopia, Audiometria

Tonal e Vocal e Imitanciometria. A Imitanciometria tem um

valor fundamental, pois é através dela que iremos constatar as

alterações de orelha média.

É imprescindível que haja um controle no ambiente

familiar, visando eliminar os principais fatores que

desencadeiam as reações alérgicas. O ácaro é o principal

determinante da alergia respiratória no Brasil, por condições

climáticas ideais de temperatura e umidade, localizando-se

especialmente no quarto, lugar que a criança fica por mais

tempo, onde a umidade e a temperatura da cama são ideais e

acabam determinando a piora dos sintomas durante a noite.

O controle ambiental é uma medida que deve ser bem

8
orientada pelo médico, devendo dispender tempo e atenção

para este detalhe.

A situação econômica do paciente nem sempre está

relacionada aos cuidados de higiene ambiental. É preciso bom

senso para que a criança não se sinta diferente das outras,

porque nunca pode tomar sorvete, nem jogar bola, ou seja, a

criança deve levar a vida normal dentro do possível.

Os animais devem ser retirados do contato com a

criança alérgica. Ao ser retirado um cão ou gato de uma

residência, podem ser encontrados determinantes antigênicos

do animal naquele ambiente ainda por 6 meses após a retirada

do mesmo, o que pode explicar a manutenção dos sintomas e

evidenciar o dano que causam.

A prática de exercícios físicos é fundamental, sendo

muito importante a escolha do tipo de exercício adequado a

cada criança.

Em muitos caso, em que a criança não consegue

interação completa com exercícios, ou que o seu

comportamento psicossomático é muito forte, é necessário

também acompanhamento psicológico.

A melhor perspectiva no tratamento das alergias

respiratórias está numa avaliação adequada, que é originada

de um diagnóstico preciso, uma orientação no controle

ambiental e nos exercícios, na Imunoterapia bem indicada e

9
nos medicamentos que já estão sendo lançados.

Hungria (1988), Mocellin e Saffer (1989) referem-se à

grande incidência de dor relacionada à tosse ou deglutição em

crianças com infecções de vias aéreas superiores,

normalmente portadoras de otite média aguda. Os sinais

clínicos mais freqüentes são : choro, irritabilidade, rejeição a

alimentos, modificação de comportamento, vômitos, preferência

por alimentos sólidos, sem necessidade de sucção.

Entende-se por otite média aguda a inflamação do

revestimento mucoso da orelha média desencadeada por

infecções de fossas nasais, cavidades sinusais, para nasais e

rinofaringe, propagando-se para a orelha média através da

tuba auditiva (Trompa de Eustáquio).

As principais causas do mau funcionamento da tuba

auditiva incluem entre outras: obstrução causada por adenóides

hipertrofiadas, tumores, cistos na rinofaringe ou edemas de

mucosa causada por alergia (rinite alérgica) e infecções de

vias aéreas superiores.

Hungria (1988), Katz (1989), Lopes Filho (1994),

Mocellin e Saffer (1989) e Paradise (1980) afirmam que a

criança possui a tuba auditiva mais curta e horizontalizada em

relação a tuba do adulto. Somente aos 7 anos de idade a

criança possui a tuba auditiva posicionada como a do adulto, o

que ameniza bastante os problemas de orelha média.

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Mocellin e Saffer (1989), Russo e Santos (1989) e Sich

(1998) mencionam que alguns fatores pré-dispõem à instalação

da otite média. São eles: Síndrome de Down, sinusite, desvio

de septo nasal, amígdalas tubárias hipertróficas, doenças

mucociliares e rinite alérgica.

Normalmente a otite média aguda se processa através

da obstrução nasal que gera diferença de pressão na

rinofaringe, capazes de ocasionar passagem de secreção para

a orelha média.

Existem situações que podemos considerar como risco

à criança adquirir otite média aguda.

Crianças que freqüentam creche ficam muito expostas

a infecções respiratórias e otite média aguda, pelo contato

físico com outras crianças com essas problemáticas.

A posição incorreta para mamar em posição deitada

pode levar o bebê a ter refluxo, e ocorrer penetração de

alimentos na tuba auditiva, que acabam predispondo processos

infecciosos na orelha média.

A amamentação por tempo inferior a 3 meses é um

fator de risco, pois o leite materno protege a criança contra

infecções.

Quanto mais precoce o primeiro episódio de otite

média aguda, maior chance da criança desenvolver um quadro

de otite média recidivante.

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Hungria (1988), Katz (1989), Lopes Filho (1994),

Mocellin e Saffer (1989) e Sich (1998) afirmam que os germes

mais comuns responsáveis pela otite média aguda são:

Streptococcus Pneumonie, Haemophilus Influenzae e Moraxella

Catarrhalis. Os sintomas apresentados são: Otalgia,

diminuição discreta da audição, temperatura maior que 38o C,

irritabilidade, quase sempre antecedido por quadro gripal. A

otoscopia mostra membrana timpânica abaulada, podendo

apresentar-se desde hiperemiada até congestionada, havendo

alteração da mobilidade.

O tratamento mais eficaz é o uso de antibióticos. A

audição tende a se reestabelecer e não há prejuízo ao

desenvolvimento da linguagem.

Quando a otite média aguda não for tratada

adequadamente, ela evolui para otite média aguda supurada,

onde ocorre ruptura da membrana timpânica, de forma que a

secreção muco purulenta pode ser vista no conduto auditivo

externo. Normalmente nessa fase, há uma melhora dos

sintomas em conseqüência da perfuração timpânica, aliviando

a dor através da drenagem de secreção pela perfuração

existente. Nesse estágio, além do uso do antibiótico se torna

necessário a realização da aspiração da secreção

mucopurulenta.

A otite média aguda recidivante se manifesta pelo

12
menos em três episódios durante um ano. São consideradas

crianças de risco para otite média aguda recidivante aquelas

que apresentam o início do quadro de otite antes de um ano de

idade.

Os fatores etiológicos são os mesmos que na otite

média aguda, ou seja, alterações nas vias aéreas superiores

que provocam disfunção tubária, o que proporciona passagem

de secreção para dentro da orelha média. É necessário que se

tratem os fatores predisponentes (problemas de vias aéreas

superiores), sendo indicado o uso de antibióticos (amoxilina ou

a base de sulfa).

Normalmente crianças com otite média aguda

recidivante apresentam dificuldades no aprendizado escolar,

podem ocorrer problemas ortodônticos, dislalia e problemas

de motricidade oral. O tratamento médico deve ser

acompanhado durante toda a recuperação. A terapia

fonoaudiológica se faz necessária assim como o tratamento

ortodôntico.

Hungria (1988), Katz (1989), Lopes Filho (1994),

Mocellin e Saffer (1989) caracterizam a otite média secretora

ou serosa pela presença de líquido na orelha média,

apresentando mais ou menos viscoso dependendo do tempo de

evolução. A membrana timpânica geralmente encontra-se

íntegra não havendo perfuração nesse tipo de otite.

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A diferença entre a otite média secretora e a otite

média aguda caracteriza-se pela ausência de otalgia na otite

média secretora, principalmente em crianças. Os sinais da

otite média secretora são percebidos pela diminuição da

audição, zumbido, vertigem. As crianças maiores se queixam

de orelha entupida e a perda de audição é percebida pelos

pais e professores pelo baixo rendimento escolar, onde

normalmente essas crianças são vistas como desatentas.

Algumas vezes apresentam distúrbios de comportamento

devido à dificuldade de se comunicarem.

No exame otoscópico podemos observar membrana

timpânica retraída, com mobilidade alterada, podendo

apresentar-se também translúcida com presença de bolhas.

O tratamento deve ser feito na base de antibióticos, se

não resolver, é indicado a colocação de tubo de ventilação. Em

alguns casos, onde a criança apresenta crises freqüentes de

amigdalites e adenoamigdalite, onde o uso de tubo de

ventilação não oferece bom resultado, é indicado a

adenoidectomia.

A recorrência e cronicidade da otite média secretora

levam a efeitos adversos na fala, linguagem e no

desenvolvimento cognitivo, provavelmente causados por uma

perda de audição.

É muito importante que crianças com risco de atraso

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no desenvolvimento por problemas de orelha média, tenham

uma estimulação mais enriquecedora. Faz-se necessária a

terapia fonoaudiológica, acompanhamento médico e dentário

para a melhor integração social da criança.

A melhor forma de prevenção da otite média é através

da profilaxia, impedindo que a otite média aguda evolua para

um quadro crônico com muitas seqüelas.

Apesar de já ter sido identificado o S. Pneumonie e H.

Influenzae, como os principais causadores da otite média, e já

possuirmos vacinas, que possuem pouca ou nenhuma eficácia

na prevenção da otite média. A vacina pneumocócica 23 é

indicada somente a partir dos 2 anos de idade, sendo pouco

imunogênica em crianças menores. Essa é uma grande

limitação, pois a maioria das crianças com otite média estão

entre 6 a 12 meses de idade. É grande a expectativa para a

produção dessa vacina para ser aplicada em crianças

pequenas. Existe a vacina contra H. Influenzae já utilizada a

partir dos 2 meses de idade, mas a imunogênica é somente

para H. Influenzae do tipo B, responsável por meningite e

epiglotes.

Uma medida importante na prevenção, tanto na

recorrência, quanto na instalação da otite média secretora é o

tratamento adequado da crise da otite média aguda, evitando-

se a manutenção de secreções na orelha média. Cabe também

15
ao médico estimular o aleitamento materno como prevenção da

otite média, que oferece imunidade nutricional nos primeiros

meses de vida, desfavorece o aparecimento de alergias,

diminui as chances de aspiração do leite para orelha média e

favorece ao desenvolvimento da musculatura facial.

Otite Média Crônica é caracterizada por alterações

histológicas irreversíveis da orelha média , na maioria dos

casos com perfuração da Membrana Timpânica e pela presença

de exsudato muco catarral mucopurulento ou totalmente

purulento oriundos da orelha média e drenando através do

meato acústico externo.

A Otite Média Crônica pode ser causada por Otite

Média Aguda de repetição, sem tratamento clínico adequado ou

resultar de um único episódio com má evolução (Otite Média

Aguda Necrozante), ocorre normalmente no decurso de

sarampo ou escarlatina.

Kenna (1988) define Otite Média Crônica sendo uma

inflamação crônica da orelha média com membrana timpânica

perfurada e otorréia.

Clinicamente a Otite Média Crônica é dividida em 2

grupos:

Otite Média Crônica Simples, possui prognóstico

benigno sem tendência a complicação.

Otite Média Crônica Colesteatomatosa, possui

16
prognóstico reservado, uma vez que pode precipitar

complicações graves para o lado endocrânio, labirinto e nervo

facial.

A Otite Média Crônica Simples é caracterizada por

otorréia intermitente, geralmente relacionada com infecção de

vias aéreas superiores, penetração de água contaminada ou

germes do exterior, através da orelha externa (banho de

piscina ou mar). Não existe otalgia, podendo existir perda

auditiva. Na otoscopia se observa presença de perfuração de

membrana timpânica com supuração (Otite Média Crônica

Simples), podendo ocorrer ainda lesões de cadeia ossicular.

Segundo Lermoyez, a otite média crônica simples é

uma otorréia tubária, em que existem três elementos

patogênicos: uma infecção da rinofaringe, uma permeabilidade

anormal da tuba auditiva e perfuração de membrana timpânica.

Deste modo, a presença de adenóides hipertrofiadas,

acentuados desvios de septo nasal, fenda palatina, tumores da

rinofaringe, etc., devem ser considerados fatores

predisponentes agravantes locais e determinantes de uma

freqüência e duração maiores das crises supurativas

intermitentes.

As características principais da Otite Média Crônica

Supurada são:

Supuração contínua, quase sempre fétida, perfuração

17
central ou marginal de Membrana Timpânica, duração

prolongada quase sempre acompanha o paciente desde a

infância, compromete a audição de modo mais acentuado,

tende a evoluir para complicações, quando não tratada de

modo conveniente.

Não há dúvidas que o nível sócio-econômico (fator

determinante das condições de higiene pessoal, vitalidade e

defesa orgânica) condiciona de modo definitivo a evolução

destas otites. A falta de defesa orgânica pode condicionar a

presença de supuração por períodos mais prolongados ou

mesmo de modo continuado. Esses pacientes quando

submetidos a tratamento clínico e melhorando as suas

condições de defesa, tendem a ter o processo supurativo

controlado com maior facilidade.

A Otite Média Crônica Colesteatomatosa se

caracteriza por otorréia constante com odor fétido, que não

cede ao tratamento clínico usual. A otalgia está ausente e

quando presente sugere complicação. A perda de audição

geralmente é condutiva, podendo ser mista ou neurossensorial.

Na otoscopia se nota perfuração de membrana timpânica,

descamação esbranquiçada (semelhante a uma casca de

cebola) e secreção purulenta de odor fétido.

Podemos ainda ter zumbido, e quando o paciente

revela crises vertiginosas com distúrbios neuro-vegetativos, há

18
necessidade de uma assistência médica permanente, pois,

traduzem complicações da otite média crônica

colesteatomatosa. Tais vertigens podem ser desencadeadas

por manobras na orelha na orelha como limpeza ou

manipulação e que fazem suspeitar da presença de fístula

labiríntica. A dor é rara e quando presente é sinal indicativo

de uma complicação, a paralisia facial também é um sinal de

complicação.

Otite Média Crônica Colesteatomatosa pode ser

classificada como:

Congênita - trata-se de uma anomalia do

desenvolvimento embrionário, devido a existência de brotos do

tecido epitelial do osso temporal. O diagnóstico nem sempre

é fácil, podendo ocasionar perda auditiva condutiva, pode ser

confundida muitas vezes como otite média secretora.

Adquirida - ocorre após o nascimento, e para sua

formação há necessidade de uma lesão prévia na orelha média,

podendo ocorrer por traumatismo, Iatrogenia, metaplasias, por

hiperplasia invasiva de células basais, por hiperceratose

invasiva de profundidade do meato acústico externo ou por

invaginação secundária.

A maior incidência da Otite Média Crônica

Colesteatomatosa é na adolescência, segundo estudos

realizados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina

19
da Universidade de São Paulo.

Nos últimos anos as complicações do colesteatoma

estão diminuindo muito, devido às melhores condições de

profilaxia e adequado tratamento cirúrgico. As principais

complicações são: fístula labiríntica, labirintites, paralisia

facial, petrosites, meningites, abscessos extradural e subdural,

abscessos intracranianos e tromboflebites.

Não podendo esquecer que o colesteatoma atua na

mastoide exatamente igual a uma avalanche de neve que vai

destruindo tudo o que encontra pelo caminho.

As bactérias mais encontradas na Otite Média Crônica

são: Staphilococus Aeireus, Pseudomo nas aeruginosa e

proteusvulgaris.

O tratamento indicado para otite média crônica

simples é a Timpanoplastia com ou sem reconstituição da

cadeia ossicular. Na otite média crônica colesteatomatosa

faz-se Timpanomastoidectomia radical. Deve-se seguir o

diagnóstico, pela possibilidade de complicações intra e

extracranianas que acompanham esta doença.

20
III. ANÁLISE DE RESULTADOS

Essa pesquisa foi desenvolvidas em uma clínica

médica, onde trinta crianças com história de processos

alérgicos foram encaminhadas, pelo otorrinolaringologista para

a realização de avaliação audiológica completa. A conclusão

foi a seguinte:

As alterações de vias aéreas superiores como:

adenóide, sinusite e rinite, podem desencadear otites médias,

sendo mais comuns no sexo masculino do que no feminino.

Entre as 30 crianças, 22 eram do sexo feminino e

somente 8 do sexo masculino. A faixa etária dessas crianças

era de 3 a 12 anos de idade.

Nesta pesquisa detectei 25 crianças com queixa de

dor e secreção nos ouvidos. Elas apresentaram também ronco

constante ao dormir, baba, respiração bucal, postura incorreta

de língua e lábios, alterações ortodônticas, dificuldades

escolares e na fala. A avaliação audiológica mostrou perda

auditiva condutiva leve à moderada, com timpanometria tipo “B”

em 18 crianças com queixas de dor ou secreção nos ouvidos.

Sete crianças apresentaram audiometria normal, mas com

alteração na timpanometria que foi tipo “B”. As cinco crianças

que vieram encaminhadas com sintomas de resfriado, tiveram

uma avaliação audiológica normal, porém com alteração de

21
timpanometria: 3 com quadro de disfunção tubária, perfil tipo

“C” e 2 com perfil tipo “AD”.

Dessas 25 crianças com queixa de dor e secreção nos

ouvidos, 24 foram precocemente diagnosticadas e submetidas

a(s) cirurgia(s) de adenóides, amígdalas e otites e

posteriormente foram acompanhadas pelo trabalho

fonoaudiológico, tendo um excelente resultado. Essas crianças

passaram a dormir melhor, não roncaram, nem babaram mais,

apresentaram respiração normal nasal e não mais bucal.

Apenas uma criança que realizou cirurgia, continua respirando

pela boca e roncando, porém não apresentou quadro de otite.

É muito importante mencionar que o número de

crianças encaminhadas pelo otorrinolaringologista com essas

queixas, foram bem maiores no inverno do que no verão.

Outro fato de suma importância se refere à maneira de

como os responsáveis pela criança foram orientados a realizar

um controle ambiental, retirando tapetes, cortinas, animais,

etc., que pudessem provocar a crise alérgica nas crianças pelo

acúmulo de ácaro nesses ambientes.

22
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dias de hoje, nossas crianças logo que nascem,

adquirem problemas alérgicos, por isso, requerem cuidados especiais.

O ambiente em que vivem precisa ser bem preparado: elas não podem

ter contato direto com animais, poeira, etc.

No meio escolar, para que a criança tenha um bom

desempenho, é preciso que esteja “gozando” saúde. É fundamental

que os canais auditivos e visuais estejam integros, sem qualquer

alteração. Um problema nas vias aéreas superiores pode gerar uma

otite que irá comprometer o rendimento escolar.

Quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento das

alergias, poucas serão as chances de se desenvolver conseqüências

dos processos alérgicos.

A população e dirigentes escolares precisam tomar

conhecimento dos males causados pelas alterações nas vias aéreas

superiores e como se pode minimizar o problema.

Na pesquisa realizada constatou-se que a maioria das

crianças examinadas apresentaram: adenóides, rinites e sinusites,

sendo tratadas precocemente por medicamentos e cirurgia quando

necessárias. O resultado foi excelente. As crianças não roncam mais,

não babam e respiram adequadamente pelo nariz ao dormir, etc.

Diante desse resultado, conclui-se que a intervenção precoce é a

23
melhor formam de evitar conseqüências desastrosas dos processos

alérgicos.

24
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Carvalho, Alencar
1968 Vida e Saúde da Criança. S.P., Ciência e Progresso

• Hungria, Hélio
1988 Otorrinolaringologia. R.J., Guanabara Koogan

• Katz, Jack
1989 Tratado de Audiologia Clínica. S.P., Manole

• Lagrota, Márcia G. M. e outros


1997 A Fonoaudiologia nas Instituições, S.P., Lovise

• Lopes Filho, Otacílio


1994 - Tratado de Otorrinolaringologia, S.P., Roca

• Mocellin, Marcos e Saffer, Moacyr


1989 Otorrinolaringologia Pediátrica, R.J., Medsi

• Russo, Iêda c. Pacheco e Santos, Teresa M. Momensohn


1989 Audiologia Infantil, S.P., Cortez

• Scochat, Eliane
1996 Procedimentos Auditivos, S.P., Lovise

• Sich, Tânia
1998 Otorrinolaringologia Pediátrica, R.J., Reventer

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