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PERSONAGENS DA PLENÁRIA

Narrador: Felipe
Mãe: Vittória
Criança e advogado: Arthur
Delegado: Cleverson
Médica: Mariana
Socorristas: Renan, Cleverson
Agente Visa: Jorge
Farmacêutica: Ingrid
Técnico: Ruan
Presidente do CRF: Carlos Renan
Relator do processo: Jorge Henrique
Comissão de Ética: Rick Manoel
Advogado de Defesa: Arthur
Conselho de Ética: Isaac, Vittória, Cleverson

NARRADOR:

CENA 1 (CONSULTA)
Personagens: MÃE, FILHO E MÉDICA

Médica está sentada em seu consultório quando chega uma mulher


acompanhada de um garoto.
(MÃE) Bom dia Doutora!

(Drª) Bom dia!


(Mãe) Aqui está os exames que a senhora me pediu
(Médica) Certo! Bom os exames de imagem e os resultados dos testes de
estímulo confirmam o meu parecer clínico sobre o déficit de atenção e a baixa
taxa de hormônios de GH que deixam seu filho com o desenvolvimento
comprometido. A senhora vai dar pra ele Clonidina mas vai ter que mandar
manipular para adequar a dose de seu filho ok?. Depois que estiver com o
medicamento dê um comprimido pra ele uma dose por dia, depois de duas
semanas pode dar duas doses com intervalo de 12h uma de manhã e outra à
noite, escolha um horário que mais se adequa para vocês!

(MÃE) Obrigada! Vamos !

NARRADOR: no dia seguinte a mãe foi cedo na fórmulax, farmácia mais


próxima de sua casa, junto com seu filho antes de deixa-lo na escola.

CENA 2 (FARMÁCIA MANIPULAÇÃO)


Personagens: FARMACÊUTICA, TÉCNICO MÃE E FILHO.

A mãe chega com seu filho na farmácia fórmulaX, o filho pode estar com a farda
da escola.

(MÃE) Bom dia! Eu queria que vocês fizessem um esse medicamento:


Ela entrega a receita para a farmacêutica

(FARMACÊUTICA) Sim, 90 capsulas cloni... nossa mais que letra horrível, acho
que deve ser 0,3 mg. Tudo bem pode aguardar aí um pouquinho que já vamos
manipular.
Mãe e filho sentam, farmacêutica recebe uma ligação e depois vai em direção
ao técnico dizendo que precisará sair. Ela então passa a tarefa de manipulação
para o técnico em farmácia.

(FARMACÊUTICA) Ruan tenho uma tarefa pra você, manipule esses compostos
aqui, tá tudo na receita, é só cloridrato de clonidina com algum excipiente que
quiser, vou ter que levar minha mãe na quimioterapia dela.

(TÉCNICO) Tá certo!

O técnico começa a manipulação do medicamento, não estando devidamente


paramentado, faltando as máscaras e as luvas.

(TÉCNICO) Nossa mas que receita doida, isso é um 3? (Ele ergue a receita
contra a luz depois anota alguma coisa).

Ele se dirige até a balança, para pesar o composto

(TÉCNICO) Tem alguma coisa de errado nessa balança não tá certa, mas como
é que eu regulo?

Nesta hora ele poderá mexer ne alguns papéis

(TÉCNICO) Não tem manual, (pensa um pouco). Deve ser assim. (ele mexe ne
alguns botões e depois começa a pesar.

E assim o técnico termina a manipulação mesmo inseguro com as técnicas. Após


isso ele vai até o encontro da Mãe e entrega o remédio.

(TÉCNICO) Olá! senhorita? Aqui está o seu medicamento


(MÃE) Obrigada! É... o senhor tem um copo de água aí? Como ainda é cedo e
meu filho vai pra escola vou dar logo a ele a primeira dose

(TÉCNICO) Tem sim, aqui está.

(MÃE) Obrigada!

Filho toma medicamento e os dois saem.

NARRADOR: poucos minutos depois de ingerir o medicamento o garoto


começa passar mal na escola e é trazido pela ambulância junto com sua
mãe que voltou ao local após ser comunicada, seu estágio piorava a cada
minuto.

CENA 3 (EMERGÊNCIA HOSPITAL)


Personagens: Mãe, Filho, Socorristas, Médica

A porta da emergência abre abruptamente, por ela entra dois socorristas da


ambulância carregando uma maca, atrás deles vem uma mãe desesperada, que
já não tem lágrimas o suficiente para chorar aquele momento de desespero.

VITTORIA: Meu filho!


(A mãe clama chorando)

SOCORRISTA 1 (NOME) Este garoto está com parada cardiorrespiratória,


precisa ser encaminhado urgentemente para a sala de emergência!!
(Diz um dos enfermeiros para o recepcionista já abrindo a porta)

VITTORIA: Eu quero ir com meu filho!!!

SOCORRISTA 2: ̶ Não! A senhora precisa ficar aqui,


̶ Eu na...

SOCORRISTA 1: ̶ Senhora precisamos encaminha-lo imediatamente se não


ele vai morrer!
(Interrompe o socorrista com tom de autoridade)

Os socorristas entram na sala e deixam o garoto com a equipe de reanimação


do hospital, enquanto a mãe fica inquieta na sala de espera

(Neste momento os socorristas com o garoto saem da sala e fecha a porta,


poderão ser usados efeitos sonoros do desfibrilador junto com a comunicação
da equipe)
Ex:
Socorrista 1: ̶ PCR Doutora!

MARIANA: - Ausência de sinais vitais! Iniciar massagem de reanimação PCR,


equipe de revezamento estejam a postos, demais preparem o marca-passo e
desfibrilador!!
Iniciar contagem 1, 2, 3, 4, 5...

SOCORRISTA 2: – Ligando marca-passo! (começa o som agudo e contínuo


enquanto o médico continua contando)

SOCORRISTA 1: – Desfibrilador pronto!

MARIANA: – Vamos iniciar! (Efeito sonoro do desfibrilador em seguida contagem


até a próxima descarga)

(Depois de tentativas cessagem das descargas, apenas o som continuo do


marca-passo e um ligeiro silêncio da equipe quebrada por essa fala)

MARIANA: Cessar procedimento pessoal, corpo sem resposta, paciente em


óbito.
A doutora sai em direção a sala e chama o nome da mãe do garoto
MARIANA: – Dona Vittoria!

A mãe ao ouvir vai ligeiramente ao seu encontro.

VITTORIA: -- Eai Drª. O que aconteceu, diz que meu filho tá bem!

MARIANA: O seu filho teve uma parada cardiorrespiratória, a equipe fez de tudo
para reanima-lo, porém ele não reagiu, infelizmente veio a falecer.

VITTORIA: – Não!... (choro...lágrimas...e....lágrimas......)

Médica pega no ombro da mãe na tentativa de reconforta-la

MARIANA: A senhora precisa me dizer o estado dele, ele tinha alguma doença
cardíaca?

VITTORIA: (chorando e limpando as lágrimas) – Você consultou ele ontem! Ele


era saudável, alegre, não tomava nenhum remédio... aliás, ele usou o remédio
que a senhora prescreveu pra ele! A Clonidina!! - fala em um tom de
inconformidade e raiva - será que...

MARIANA: Há! Senhora Vittória, Calma o medicamento era para o estímulo do


GH hormônio do crescimento, e melhora do déficit de atenção que ele tinha,
assim como foi constatado naquela consulta lembra? Já havia feito isso antes
com outro caso e não teve problemas.

VITTORIA: – Então o que teve de errado? Fiz tudo certo, só pode ter um erro
nessa porcaria! Maldito remédio.

A mãe fala com raiva mostrando o medicamento para a médica


MARIANA: Calma! Os médicos estão fazendo autópsia do corpo, só a partir daí
poderemos tirar uma conclusão. Fica aqui que volto jajá.

A mãe espera inquieta e pensativa.

A médica retorna com um papel do laudo.

MARIANA: Bom Dona Vittoria, eu estou aqui com o laudo da equipe nefrológica,
ele revela concentrações enormes de clonidina no organismo de seu filho, isso
causou uma queda drástica da pressão arterial, causando a parada cardíaca
dele. Tudo revela que a ingestão do medicamento em grandes quantidades que
causou a morte. Porém eu só recomendei a administração oral de uma pequena
dose.

VITTORIA: - Mas como! Eu fiz como a senhora me pediu, até mandei manipular
o medicamento para adequar a dose!

MARIANA: - Ok! Nesse caso o erro pode estar na manipulação, ligue para a
polícia e faça o boletim de ocorrência ok?

NARRADOR: No mesmo dia a mãe procurou a delegacia da cidade e


registrou o Boletim de Ocorrência, entregando a receita, o laudo médico da
autópsia e o medicamento em uso, o delegado de justiça criminal
encaminhou o medicamento para o INCQS –Instituto de Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde da FIOCRUZ para a análise da substância
e esperava a ligação:

CENA 4 (DELEGACIA)
Personagens: Delegado, Agente FIOCRUZ
(Telefone toca, neste momento Cleverson e Isaac já estão posicionados)
(DELEGADO) Alô

(FIOCRUZ) Olá Delegado, quem fala é Isaac, perito técnico de análises da


INCQS, temos o resultado do exame farmacológico.

(DELEGADO) Sim Isaac, pode prosseguir.

(FIOCRUZ) O produto magistral apresentou uma concentração 100 vezes maior,


segundo a receita a dose pediátrica era de 0,03 mg, ou seja, 30 microgramas da
substância Cloridrato de Clonidina, entretanto foi encontrado uma concentração
de 3000 microgramas. Ou seja, houve falha na manipulação do produto. O
responsável técnico da farmácia que fez a manipulação é a farmacêutica Ingrid
Guimarães segundo consta aqui no carimbo. O senhor já possui o endereço do
estabelecimento?

(DELEGADO) Sim, Isaac, Obrigado! Mande o estudo para mim o quanto antes,
estarei te mandando meu fax, depois checo na minha escrivaninha.

NARRADOR: Após confirmado o erro da manipulação o delegado contata


a Vigilância Sanitária do município para realizarem inspeção urgente Na
Farmácia FórmulaX.

CENA 5 (INSPEÇÃO FARMÁCIA)


Personagens: Delegado, Agente VISA, Farmacêutica e Técnico

Delegado e vigilante sanitária entram no estabelecimento e encontra o técnico


no balcão

(DELEGADO): Bom dia! Sou delegado de polícia a responsável técnica está?


(TÉCNICO) Sim, vou chamá-la

O técnico Ruan vai até a farmacêutica que está conferindo o estoque de insumos

(TÉCNICO) Ingrid, tem um policial aqui querendo falar com você

(FARMACÊUTICA) Comigo? Policial?

Ela se dirige desajeitadamente


(FARMACÊUTICA) Bom dia! Pois não?

(DELEGADO) Bom dia! eu sou o Delegado de justiça criminal da 44° DP de


Barreiras, estou aqui com o vigilante sanitário do município, quero comunicar a
senhora que foram registrados uma queixa referente a morte de um garoto após
ingerir um medicamento manipulado por essa farmácia, a senhora é intimada a
depor imediatamente após a vistoria.

(FARMACÊUTICA) Mas como?! aqui?


A farmacêutica entra em desespero e o técnico fica desconfiado observando

(VIGILANTE):- Calma senhora, agora não adianta mais entrar em desespero.


Bom, sou agente da Visa e estou aqui junto ao delegado Cleverson para
realizarmos a inspeção. Precisamos de as colaboração neste momento.

(VIGILANTE) Quais tipos de medicamentos a senhora manipula?

(FARMACÊUTICA) Homeopatia, Alopatia e Fitoterápicos

(VIGILANTE) Quais as formas farmacêuticas preparadas

(FARMACÊUTICA) Sólidos, Semi-Sólidos, Líquidos Orais, Colírios

(VIGILANTE) Possui Filiais?


(FARMACÊUTICA) Não

(VIGILANTE) Possui manual de Boas Práticas de Manipulação e POP`s?

(FARMACÊUTICA) Ainda não fiz porque tenho muitas atribuições aqui.

(VIGILANTE) Você possuí escala de funcionários?

(FARMACÊUTICA) Sim, hoje e ontem foi o dia do Ruan na manipulação,


fazemos rodízio entre os técnicos

(VIGILANTE) Qual foi a última vez que realizou treinamento de equipe?

(VIGILANTE) Pra falar a verdade só uma vez, na data que cada um entrou
.

NARRADOR: E assim a inspeção continua, os dados analisados pela


vigilância foram suficientes para incriminar culposamente a farmacêutica
e o técnico na justiça comum, após a inspeção os dados e acusações foram
comunicados para CRF.

CENA 6 (Recebimento da Denúncia e instauração)


Personagens: Presidente do CRF, Presidente da Comissão de Ética

Cena começa com o presidente do CRF em sua mesa, ele faz um telefonema
para o presidente da comissão.

(Pres. CRF) Alô Presidente da Comissão de Ética?

(Pres. COMISSÃO) Sim?


(Pres. CRF) Acabei de receber uma denúncia pelo próprio delegado de justiça
de uma farmácia que manipulou errado um medicamento e resultou em uma
morte. Estou mandando o registro de irregularidade.

(Pres. COMISSÃO) Ok! Irei me reunir com a comissão de ética para ouir as
testemunhas do inquérito e no prazo de 20 dias emitirei o parecer

NARRADOR: de acordo com o parecer emitido pela comissão de ética o


presidente do conselho resolve instaurar o processo e marca o julgamento
para o dia 03 de julho de 2019

CENA 7 (Julgamento Ético-Disciplinar)


Personagens: Pres. Do CRF, Relator do Processo, Membros da Comissão de
Ética, Conselheiros, Advogado, Secretária, Farmacêutica e Técnico.

(PRES. CRF) Boa tarde a todos presentes! Eu Carlos Renan da Silva Borges,
Presidente do Conselho Regional de Farmácia da Bahia com as atribuições que
me cabem como presidente dessa plenária e considerando os art. 5 e 6 da
Resolução 418 de 2004, dou início ao julgamento da movimentação do processo
ético-disciplinar número 056324 de 2019 da farmacêutica Ingrid Guimarães da
Costa. A minha direita está a Secretária Sr. Mariana Rabelo e a comissão de
ética constituída pelo relator Jorge Henrique e Dr. Rick Manoel. A minha
esquerda estão presentes a farmacêutica indiciada Ingrid Guimarães e seu
advogado Dr. Arthur, logo após no meu Conselho de Ética Sr° Isaac Pereira, o
Sr° Cleverson Emanuel e a Srª Vittória Gabrielly

É dever de todos os interessados cuidarem para que o julgamento não se afaste


de maneira alguma dos princípios e tradições que dão a justiça sua autoridade
e lugar que deve ocupar em todos assuntos dos estados civilizados, fazendo
cumprir a justiça e dever de aplicabilidade de forma responsável da profissão
farmacêutica. Declaro essa sessão oficialmente aberta. Passo a palavra para o
relator do processo.

(RELATOR) De acordo com a resolução 418/04, venho através dessa sessão


apresentar os fatos que incitam as infrações disciplinares que foram cometidas
pela farmacêutica Ingrid Guimarães da Costa como responsável técnica da
farmácia FórmulaX, apuradas durante os trabalhos da comissão de ética antes
da instauração do caso. A farmacêutica está sendo indiciada em relação a
manipulação errada do composto cloridrato de clonidina na farmácia ao qual é
responsável técnica, segundo exame técnico do Instituto Nacional de Controle
de Qualidade em Saúde da FIOCRUZ as capsulas manipuladas apresentavam
concentração 100X vezes maiores que a prescrição terapêutica adequada,
levando a óbito no dia 2 de maio de 2019 um garoto de doze anos da cidade de
Barreiras Oeste da Bahia. Devido ao ocorrido, a delegacia em conjunto com a
Vigilância Sanitária do município realizou uma visita à farmácia, sendo que o
parecer de inspeção cedida pela vigilância que eu vou ler agora aborda os
seguintes aspectos:

Data da Inspeção: 3 de maio de 3019


Nome fictício: Farmácia FórmulaX
Proprietário: Arildo Cardoso Santana
Razão social: Venda de medicamentos e manipulação de fórmulas magistrais.

A farmacêutica Ingrid Guimarães de Souza responsável técnico estava presente


durante a inspeção e não obsteve a vistoria sanitária. A imediação possuia boa
higiene e conservação, não existindo fonte de contaminantes ambientais sendo
os requisitos para a venda de medicamentos industrializados satisfatória, porém
se tratando das questões pertinentes as práticas de manipulação a Autorização
de Funcionamento da Empresa só cobria seu funcionamento como drogaria, as
caixas de insumos estavam em um local onde não tinha controle de temperatura
estava comprometido, o estabelecimento não possui o Manual de Boas Práticas
de Manipulação bem como os Procedimentos Operacionais Padrão, o local
possuía escala de atribuições dos funcionários, no entanto o treinamento com
os técnico só foi feito no dia que cada um entrou para a equipe e alguns
equipamentos de proteção individual como luva e máscaras estavam faltando. O
local possuía controle de qualidade, porém alguns equipamentos apresentavam-
se visivelmente sem manutenção. Portanto diante do observado e dos padrões
sanitários a vigilância tem o local como em condições impróprias para as
manipulações de fórmulas magistrais e oficinais, sendo a responsável técnica
autuada como ato de infração sanitária n° 562.

Além disso segundo relatos da mãe do menino medicamento foi entregue pelo
técnico que não lhe deu orientações como posologia. Os relatos de outra
testemunha não identificada e ouvida anteriormente relatou que realizou o
pedido de uma manipulação fitoterápica pela farmácia, porém este não fez efeito
em seu organismo, alegou posteriormente ter procurado outra farmácia e pedido
a mesma fórmula só que desta vez alcançando êxito em seu tratamento.

Bom esse foi o parecer da comissão de ética.

(PRES. CRF) Passo a palavra para o Doutor Rick Manoel do comitê de ética.

(RICK) Bom dia a todos! De acordo com o que foi apresentado pelo relator,
podemos observar que a farmacêutica deixou já em primeira instância de cumprir
com suas obrigações previstas no Código de Ética, no artigo 12 que diz sobre
os deveres do farmacêutico, ela infringe especificamente o seu incisos: III - exercer
a profissão farmacêutica respeitando os atos, as diretrizes, as normas técnicas e a legislação
vigentes; já que ela não possui a documentação e alguns dos requisitos sanitários
mínimos para a realização de suas atividades magistrais; infringe o inciso: VIII -
assumir, com responsabilidade social, ética, sanitária, ambiental e educativa, sua função na
determinação de padrões desejáveis em todo o âmbito profissional e inciso: XI - selecionar
e supervisionar, nos limites da lei, os colaboradores para atuarem no auxílio ao exercício das
suas atividades, ela infringe as duas leis anteriormente citadas quando deixa de
cumprir com seu papel ético e educativo não realizando o treinamento de seu
pessoal, ao mesmo tempo que o inciso V, artigo 14 do Código de ética diz que é
proibido - deixar de prestar assistência técnica efetiva ao estabelecimento com o qual
mantém vínculo profissional, ou permitir a utilização do seu nome por qualquer
estabelecimento ou instituição onde não exerça pessoal e efetivamente sua função;

É importante ainda pôr em pauta que a indiciada não se ateve as normas da


RDC n° 67/07 da ANVISA que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação
de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias pois em
seu estabelecimento ela não tinha manual de boas práticas, os POP´s, EPI´s e
seu documento de Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) não incluía
a manipulação dessas fórmulas

Podemos assim tirar como conclusão o comportamento negligente da indiciada


já que não cumpriu com esses deveres, mesmo sabendo de sua existência no
momento que passou pelos requisitos curriculares da graduação e jurou mostrar-
se sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência em seu
juramento, e ainda imprudência por não se ater as normas técnicas como a
presença de POP e EPI para os funcionários, incluindo assim no inciso IV do
artigo 14 do Código de Ética que diz ser infração - praticar ato profissional que cause
dano material, físico, moral ou psicológico, que possa ser caracterizado como imperícia,
negligência ou imprudência.

É certo que a farmacêutica não é a única culpada mas é ela que responde pelas
infrações técnicas da farmácia, tudo isso contribuiu para o dano físico grave de
uma pessoa levando-a infelizmente à morte sem falar o dano moral e psicológico
da mãe do garoto e por isso senhores, a indiciada deverá responder as sanções
disciplinares cabíveis.
(PRES. CRF) Agradeço a comissão de ética, Agora passo a palavra para a
farmacêutica indiciada que terá 10 minutos para se retratar

(FARMACÊUTICA) Eu sinto muito pela morte do garoto, mas o ocorrido fugiu do


meu controle, eu tive que me ausentar no momento que foi feita a manipulação
pois tinha horário para levar minha mãe no tratamento de câncer dela, acho que
o erro do técnico é por causa imperícia dele e da receita médica que estava muito
difícil de ler até eu mesmo senti dificuldade os senhores mesmo sabem que é
difícil compreender o que eles escrevem, sobre as coisas faltando o proprietário
do local queria fazer manipulação de medicamento para aumentar os lucros da
farmácia, só que eu já tinha muitas atribuições na farmácia e acabava tudo sendo
muito pesado pra mim, porém ele queria tanto que fosse feito que até os
equipamentos ele adquiriu de segunda mão por uma clínica que estava fechando
mesmo eu dizendo que eles estavam em péssimas condições não quis
confrontá-lo pois tinha medo de perder meu emprego. Eu sinto muito mesmo por
tudo isso mas como eu disse nem tudo tava no meu controle!

Diz a farmacêutica ligeiramente emocionada

(PRES. CRF) Neste instante eu cedo a palavra para o Advogado de Defesa da


Farmacêutica Indiciada, Dr° Arthur Oliveira.

(ADVOGADO) Bom de acordo como minha cliente retratou ela não estava
presente, como diz o Art. 13 do Código Penal: O resultado, de que depende a
existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Como a minha cliente não
estava presente, por motivos inteiramente justificáveis já que foi visitar a mãe, a
causalidade não se dá a ela. Ainda o Art. 22 diz: Se o fato é cometido sob coação
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem, Dessa forma as infrações
técnicas não estavam ao seu alcance pelo fato da minha cliente estar a serviço
de seu chefe que ainda dificultou sua atuação não contratando outro
farmacêutico e se opondo as recomendações da mesma, o poder de retira-la do
cargo a colocou em uma posição de impedimento já que não queria perder a
fonte de renda tão importante para seu sustento, inclusive para o tratamento do
câncer da mãe. Nisso tudo pode ser visto uma situação de necessidade da
farmacêutica em se manter no cargo devido aos altos custos com o tratamento
oncológico e o artigo 23 do Código Penal diz que não há ilicitude quando o
agente pratica o fato: I - em estado de necessidade, II - em legítima defesa,III - em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

(PRES. CRF) Amparado pelo inciso I Art. 13 da Resolução 418 eu peço por
gentileza para a indiciada se retirar temporariamente do recinto por favor
(acenando para a secretária)

A secretária conduz a farmacêutica até a porta de saída.

(PRES. CRF) Neste momento eu convoco Ruan Prado Técnico que realizou a
manipulação causadora da morte do jovem, para dar seu depoimento sobre o
caso, peço a um voluntário do conselho de ética para que grave o depoimento
da testemunha, ato também previsto no inciso III Art. 13 da resolução 418 do
CFF.

Ruan no instante da fala se dirige até a mesa e se senta, um membro do


conselho se dirige até a testemunha e começa a gravar sua fala.

(TESTEMUNHA) Bom dia, me chamo Ruan, como o presidente falou foi eu quem
manipulei a fórmula. Foi manipulada errada, concordo, já respondi pela minha
falta de responsabilidade na justiça, mas quero dizer que a receita foi entregue
pra mim sem nenhuma orientação, e ainda estava muito difícil de entender, além
disso quando fui realizar a pesagem a balança analítica estava desregulada, não
sabia que horas a Ingrid voltava e a mãe estava com pressa pra levar o filho na
escola, então eu tentei regular. A Ingrid até já tinha me ensinado mas fazia muito
tempo e a balança não costuma desregular, não achei nenhum manual no local
então fiz a regulagem mesmo sem saber direito. Acabou que ouve uma diferença
decimal e a pesagem errada acabou interferindo na concentração final. (pausa)
Então, meu relacionamento com a Ingrid sempre foi bom, ela é uma pessoa
ótima trata os clientes e as pessoas super bem, só que ela não me explicava
algumas coisas e acabava ficando realmente com muitas dúvidas. Só isso que
tenho a falar.

Ruan volta ao seu lugar. O presidente acena para secretária e ela se dirige até
a porta para chamar a farmacêutica. As duas retornam e o julgamento continua

(PRES. CRF) A comissão de ética tem algo a falar sobre a acusada e a


testemunha?

(RICK) Bom, as colocações feitas até agora pelas partes da defesa não têm
nenhum fundamento para nós da comissão de ética, visto que o doutor Arthur
não está levando em consideração que o julgamento criminal já passou, agora
estamos tratando da conduta ético-disciplinar dela como farmacêutica, nós como
membros do CRF de acordo com a lei 3820 de 60 que cria o Conselho Regional
e Federal de Fármacia diz no seu Art. 28 que - O poder de punir disciplinarmente
compete, com exclusividade, ao Conselho Regional em que o faltoso estiver inscrito ao
tempo do fato punível em que incorreu. Para assim doutor Artur, combater os atos
danosos a saúde da população que tornam cada vez mais se cometidas a
profissão farmacêutica mal valorizada perante a sociedade e os outros
profissionais da saúde.

Além disso o fato do proprietário, chefe dela, não ter colaborado para a mesma
tomar as ações cabíveis sobre a regularização das atividades de manipulação
não justifica da mesma ter se submetido a cometer atos de infração disciplinar já
que a o Art. 9 da resolução 417 diz que - Em seu trabalho, o farmacêutico não pode
se deixar explorar por terceiros, seja com objetivo de lucro, seja com finalidade política
ou religiosa. O Código de Ética também aborda essa questão: inciso XVII – É
proibido - aceitar a interferência de leigos em seus trabalhos e em suas decisões de
natureza profissional, Inciso XXVII – É proibido - submeter-se a fins meramente
mercantilistas que venham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo da
sua atividade profissional. Com tudo como não considerar que a indiciada
realmente é responsável pelos atos que fez e deixou de fazer?

(ADVOGADO) Respondendo a pergunta do caro doutor Rick (tom meio


sarcástico) como não considerar que o fato da mãe dela estar passando por um
tratamento que gera gastos não justifica seus atos. O senhor assim como
qualquer um se preocupa com o tratamento de um ente querido se opunharia a
realizar um ato que ponha em risco o futuro de sua possibilidade de cura?

(RICK) O fato Doutor Arthur, é que não se pode deixar que coisas pessoais
interfiram no ato profissional, refutando sua ideia, que diferença faz se ela deixa
de fazer suas obrigações profissionais pra não por em risco a mãe, quando isso
fez com que acontece realmente o fato, outra mãe neste momento lamenta a
morte do filho. Outras pessoas ainda poderiam morrer se erros como esses ainda
continuassem acontecendo e tudo isso por causa de um único interesse pessoal
de não perder o emprego e por em risco o tratamento da mãe? Será que não
existia outro meio de ganhar dinheiro? E agora adiantou de que? já que a
farmacêutica foi julgada pela justiça comum, o estabelecimento ao qual
trabalhava foi interditado até se adequar as normas e ela está prestes ser
impedida por um tempo de exercer a profissão além ter a chance de também
receber multa? Agora sim vai ser difícil arrumar algum emprego na sua com esse
processo no seu histórico. Realmente é triste e até me comovo com a situação
toda, mas se ela tivesse realmente cumprido com tudo previsto no código de
ética esta situação poderia ter sido evitada, tudo seria bem mais fácil para todos
os envolvidos.

(neste momento a farmacêutica fica com a cabeça abaixada em choro interno,


a um breve silêncio na sala)

A comissão de ética já expos tudo que tinha pra falar, obrigado!

(PRES. CRF) Bom depois de tudo posto em pauta vamos ter uma pausa o comitê
de ética fechar seu parecer sobre as sanções disciplinares vocês tem 10
minutos.
Os membros da comissão falam entre si, depois de uns cochichos dá-se
prosseguimento à plenária.

(PRES. CRF) Voltamos a reunião, passo a palavra para a comissão de ética

(RELATOR) Considerando as colocações aqui feitas, considerando os


atenuentes da indiciada previstas no inciso I e inciso V Art. 6 da resolução 461,
Considerando os agravantes do caso previsto no inciso VII Art. 7 desta mesma
resolução. Assim nós da comissão de ética decidimos que é cabível a suspenção
de 6 meses, multa no valor de 6 mil reais além de advertência.

(PRES. CRF) Agora ´passo a palavra para os Conselheiros, passo agora a


palavra o doutor Isaac

(CLEVERSON) De acordo com o que foi exposto a farmacêutica Ingrid foi


imprudente e negligente em seus atos mesmo com as justificativas apresentado
pela defesa. Então acho cabíveis as sanções propostas pela comissão de ética.

(ISAAC) Eu também penso da mesma forma, acho que mesmo ela precisando
do emprego, a falta do cumprimento de suas atribuições causou a morte de uma
pessoa e assim tem que ser responsabilizada disciplinarmente por isso portanto
eu também concordo com a proposta.

(VITTÓRIA) Concordo também pelo fato da mesma ser responsabilizada, porém


6 mil reais de multa pode ser muito devido a extensão de 9 meses sem exercer
a profissão. Assim eu proponho a diminuição da multa para 4 mil reais.

(PRES. CRF) Como pode-se observar temos duas sanções a primeira proposto
pela Comissão de Ética; suspenção de 9 meses, multa no valor de 6 mil reais
além de advertência e a segunda proposta pela Conselheira Vittória que foi a de
suspensão de 9 meses, multa no valor de 4 mil reais e advertência. Quem for a
favor da proposta um levanta a mão direita
(Isaac levanta a mão)

Quem é a favor da proposta dois levanta a mão direita.

(Cleverson e Vittória levantam a mão)


Sendo assim a proposta dois ganhou, a farmacêutica Ingrid Guimarães será
suspensa de suas atividades como farmacêutica durante 9 meses, pagará multa
no valor de 4 mil reais e receberá advertência. Eu como Presidente do Conselho
Regional de Farmácia e presidente dessa sessão plenária, declaro esse
julgamento encerrador. (bate martelo).

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