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Apostila Completa

Processo Seletivo para o


SMV de PRAÇAS - RM2
Língua Portuguesa - Organização Básica da Marinha
Legislação Militar Naval - Relações H. e Lideranças
História Naval - Tradições Navais
Regulamento Disciplinar da Marinha (RDM)
Constituição Federal
Exercícios de Fixação + de 100 questões para
resolver!

Elaborada por: Douglas


Barros
DESENVOLVIDA POR: DOUGLAS BARROS
d-lopes2011@bol.com.br

PORTUGUÊS ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2

ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA MARINHA ---------------------------------------------------------------------- 98

LEGISLAÇÃO MILITAR NAVAL --------------------------------------------------------------------------------- 122

RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇAS ----------------------------------------------------------------------- 144

HISTÓRIA NAVAL 1.0 -------------------------------------------------------------------------------------------- 151

REGULAMENTO DICIPLINAR PARA DA MARINHA(RDM) ----------------------------------------------- 197

HISTÓRIA NAVAL BRASILEIRA --------------------------------------------------------------------------------- 211

ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA----------------------------------------------------------------- 403

ESTATUTO DOS MILITARES ------------------------------------------------------------------------------------ 420

JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE ------------------------------------------------------------------------------- 453

TRADIÇÕES NAVAIS --------------------------------------------------------------------------------------------- 460

CONSTITUIÇÃO FEDERAL -------------------------------------------------------------------------------------- 485

PROVAS ANTERIORES ------------------------------------------------------------------------------------------- 592

HISTÓRIA NAVAL 2.0 -------------------------------------------------------------------------------------------- 701

EXERCÍCIOS/REVISÃO ------------------------------------------------------------------------------------------- 729

MAPA MENTAL --------------------------------------------------------------------------------------------------- 748

APOSTILA MAIS COMPLETA DA INTERNET!


DESENVOLVIDA POR: DOUGLAS BARROS
d-lopes2011@bol.com.br
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GRAMÁTICA – SISTEMA ORTOGRÁFICO EM VIGOR;


EMPREGO DAS LETRAS, ACENTUAÇÃO GRÁFICA E USO DO SINAL INDICADOR DE CRASE;
MORFOSSINTASE; ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS; CLASSES DE PALAVRAS E VALORES
SINTÁTICOS; FLEXÃO (NOMINAL E VERBAL); FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO; ESTRUTURA DA FRASE; A
ORDEM DE COLOCAÇÃO DOS TERMOS NA FRASE; PONTUAÇÃO; RELAÇÕES DE SENTIDO NA
CONSTRUÇÃO DO PERÍODO; CONCORDÂNCIA (NOMINAL E VERBAL); REGÊNCIA (NOMINAL E
VERBAL); COLOCAÇÃO PRONOMINAL; AS RELAÇÕES DE SENTIDO NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO:
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO; AMBIGUIDADE E POLISSEMIA.

ORTOGRAFIA

A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.
As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados diferen-
tes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal). As palavras
homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo gostar) e
homófonas, quando têm o mesmo som (paço, palácio ou passo, movimento durante o andar).
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se observar as seguintes regras:

O fonema s:

Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir - submersão / divertir - diver-
são / impelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
- consensual

Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
dos por tir ou meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão
/ regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer - compromisso / submeter - submissão
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re + surgir -
ressurgir
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: ficasse, falasse

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança, carapuça,
dentuço
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
*após ditongos: foice, coice, traição
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção

O fonema z:

Escreve-se com S e não com Z:


*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia,
poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamorfose.
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, quiseste.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / difundir -
difusão

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*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - - atenção para as palavras que mudam de sentido quando subs-
Luisi-nho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho tituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me-
*após ditongos: coisa, pausa, pouso lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”: tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé),
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar pião (brinquedo).

Escreve-se com Z e não com S: Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/orto-


*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: grafia
macio - maciez / rico - riqueza
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem
não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar Questões sobre Ortografia
*como consoante de ligação se o radical não terminar com s:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho 1. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
as frases que seguem, a única correta é:
O fonema j: a) Ele se esqueceu de que?
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo
Escreve-se com G e não com J: entre os presentes.
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso. c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas. d)
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos fun-
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas ex- cionários.
ceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.

Observação: Exceção: pajem 2. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa


*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
litígio, relógio, refúgio. -padrão.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. *depois da (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir. *depois da (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
letra “a”, desde que não seja radical terminado com (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
j: ágil, agente. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
Escreve-se com J e não com G: (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, man- 3. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
jerona. Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. usuários sobre o festival Sounderground.
Prezado Usuário
O fonema ch: ________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me-
trô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
Escreve-se com X e não com CH: começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, mu- músicos que tocam em estações do metrô.
xoxo, xucro. Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu, divirta-se!
lagartixa. Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher
*depois de ditongo: frouxo, feixe. as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. A) A fim ...a partir ... as
B) A fim ...à partir ... às
Observação: Exceção: quando a palavra de origem não derive C) A fim ...a partir ... às
de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) D) Afim ...a partir ... às
E) Afim ...à partir ... as
Escreve-se com CH e não com X:
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi, 4. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na seguinte
frase:
As letras e e i: (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com “i”, ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
só o ditongo interno cãibra. portos.
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos (B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade,
com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês.
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui. (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
des-cançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio.

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(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa pode GABARITO
estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise. 01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia, 06. E 07. C 08. E 09. A 10. C
mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios
ilegítimos. RESOLUÇÃO

05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita? 1-)


A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para distri-
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. bui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos
excessivos nas críticas.
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU- (D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações
NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas ela dos funcionários.
cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o verbo no (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
tempo futuro.
(A) Mas elas cresceram... 2-)
(B) Mas elas cresciam... (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
(C) Mas elas cresçam... (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. = ci-
(D) Mas elas crescem... dadãos
(E) Mas elas crescerão... (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
certidões
7. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU-
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho
– O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão ansioso e sofre-
3-) Prezado Usuário
dor...– está escrito corretamente no plural.
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do metrô, a
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos
ansioso e sofredores... partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o Sounder-
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães ground, festival internacional que prestigia os músicos que tocam
ansio-so e sofredores... em estações do metrô.
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão e
ansio-sos e sofredores... divirta-se!
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de
ansioso e sofredores... horas: há crase
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães
ansio-sos e sofredores... 4-) Fiz a correção entre parênteses:
8. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011) (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a
Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a norma culta: ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aero-
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, por portos.
isso posso me queixar com razão. (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua esponta-
B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultrapas- neidade, mas nada que ponha em cheque (xeque) sua reputação de
sarmos os infortúnios da vida. pessoa cortês.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de
ver-mos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida. descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza (frondosa)
D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento, principal- árvore do pátio.
mente daqueles que procuram viver com dignidade e simplicidade. (D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência dessa má-
E) As dificuldades por que passamos certamente nos fazem goa pode estar sendo o grande impecilho (empecilho) na superação
mais fortes e preparados para os infortúnios da vida. dessa sua crise.
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção dessa alta
09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta: quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente na concessão
A) Porque essa cara? de privilégios ilegítimos.
B) Não vou porque não quero.
C) Mas por quê? 5-)
D) Você saiu por quê? A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
mendigo/caderneta/poupança
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igualmente mendigo/caderneta/poupança
correta do termo “autópsia” é autopsia. D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.
( ) Certo =mendigo/depositou/caderneta/poupança
( ) Errado

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6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas elas 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quan-
crescerão... do associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resisten-
te, inter-racial, super-racional, etc.
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alternativa
cor-reta já indica onde estão as inadequações nos demais itens. 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex--
presidente, vice-governador, vice-prefeito.
8-) Fiz as correções entre parênteses:
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infortúnios, 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal,
por isso posso me queixar com razão. pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes para ul-
trapassarmos os infortúnios da vida. 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o,
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que ver-
lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
mos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto sofrimen- 10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo ter-mo
to, principalmente daqueles que procuram viver com dignidade e uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro,
simplicidade.
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) passamos
-homem.
certamente nos fazem mais fortes e preparados para os infortúnios
da vida. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo termina
na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica,
9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome está longe semi-interno, auto-observação, etc.
do ponto de interrogação. Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança de
start.htm?sid=23)
RESPOSTA: “CERTO”. linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen,
repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório
HÍFEN e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei: “-
in-flamatório” (hífen em ambas as linhas).
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar
os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex-presidente) e Não se emprega o hífen:
para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei).
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto é, 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina
no fim de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
compa-/nheiro). passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra,
Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográfica: infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo ter-mina
1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente: antiaéreo,
unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formar extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendiza-gem,
um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-
-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e
“in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: desabilitar, etc.
couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva-doce,
feijão-verde. 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o segun-
do elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação, coorde-
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: nar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.
além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-
-fiar, etc. 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de
composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exce-
ções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor- -de-ro- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
sa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de- -co- ben-querer, benquerido, etc.
lônia, queima-roupa, deus-dará.
Questões sobre Hífen
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói,
percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou 01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc. Acordo, está sendo usado corretamente:

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A) Ele fez sua auto-crítica ontem. C) contramestre / infravermelho / autoescola
B) Ela é muito mal-educada. D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói
C) Ele tomou um belo ponta-pé. E) extraoficial / infra-hepático /semirreta
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões. 09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção quanto
ao emprego do hífen.
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen: A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para rela-
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria cionamento extraconjugal.
uma superalimentação. B) Era extraoficial a notícia da vinda de um extraterreno.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultramarinas.
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina antirrábica.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. E) Era um suboficial de uma superpotência.
E) O autodidata fez uma autoanálise.
10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do hí- empre-go do hífen.
fen, respeitando-se o novo Acordo. A) Foi iniciada a campanha pró-leite.
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. B) O ex-aluno fez a sua autodefesa.
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal do C) O contrarregra comeu um contra-filé.
cam-peonato. D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. E) O meia-direita deu início ao contra-ataque.
D) O recém-chegado veio de além-mar.
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. GABARITO
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro (ava- 01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
rento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o hífen é 06. D 07. D 08. B 09. D 10. C
obrigatório:
A) em nenhuma delas. RESOLUÇÃO
B) na segunda palavra.
C) na terceira palavra. 1-)
D) em todas as palavras. A) autocrítica
E) na primeira e na segunda palavra. C) pontapé
D) supermercado
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual al- E) infravermelhos
ternativa completa corretamente as lacunas?
A) sobreumano/interregional 2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada.
B) sobrehumano-interregional
C) sobre-humano / inter-regional 3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
D) sobrehumano/ inter-regional 4-)
E) sobre-humano /interegional a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque (doce)
6. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub- às pa- a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam
lavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assinale aquela que elementos de ligação.
tem de ser escrita com hífen: b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies ani-
A) (sub) chefe B) mais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, semen-
(sub) entender C) tes), tenham ou não elementos de ligação.
(sub) solo D) c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam
(sub) reptício E) elementos de ligação.
(sub) liminar
5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o campeonato
07.Assinale a alternativa em que todas as palavras estão inter-regional.
grafa-das corretamente: - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
A) autocrítica, contramestre, extra-oficial - Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com
B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som que se inicia a outra palavra
C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
D) supervida, superelegante, supermoda 6-) Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender, subsolo, sub--
reptício (sem o hífen até a leitura da palavra será alterada; /subre/,
08.Assinale o item em que o uso do hífen está incorreto. ao invés de /sub re/), subliminar
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação
B) bem-vindo / antessala /contra-regra

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7-) Os acentos
A) autocrítica, contramestre, extraoficial
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e
C) semicírculo, semi-humano, semi-internato sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as
D) supervida, superelegante, supermoda = corretas vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
E) sobressaia, minissaia, supersaia Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)

9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina antirrábica. acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”
indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara – Atlân-
10-) C) O contrarregra comeu um contrafilé. tico – pêssego – supôs
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos
ACENTUAÇÃO GRÁFICA e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abo-lido
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras esta- das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras deri-vadas de
belecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algumas nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de Müller)
particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando esta-
belecer uma relação de familiaridade e, consequentemente, colo- til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais na-
cando-as em prática na linguagem escrita. sais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de
redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo Regras fundamentais:
nos adequamos à forma padrão.
Palavras oxítonas:
Regras básicas – Acentuação tônica Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”,
“em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – ar-
A acentuação tônica implica na intensidade com que são pro- mazém(s)
nunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como são Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas. ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas
De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo
como:
Paroxítonas:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel - i, is : táxi – lápis – júri
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na pe- - us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
núltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê?
antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médi-co Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
– ônibus que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã,
ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de uma
sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba so-mente: -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”:
são os chamados monossílabos que, quando pronunciados, água – pônei – mágoa – jóquei
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade.
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em Regras especiais:
uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar
no exemplo a seguir: Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
“Sei que não vai dar em nada, nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
Seus segredos sei de cor”.
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais, oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
como átonos (que, em, de). herói, céu, dói, escarcéu.

Antes Agora
assembléia assembleia
idéia ideia

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geléia geleia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
jibóia jiboia plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir)
apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter,
deter, abster.
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ele contém – eles contêm
ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – ele obtém – eles obtêm
Luís ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm
Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram
quando vierem depois de ditongo: Ex.: acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do
Antes Agora acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como:
bocaiúva bocaiuva A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito
feiúra feiura perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para
Sauípe Sauipe diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
indicativo). Ex:
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
Ela pode fazer isso agora.
Ex.:
Antes Agora Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
crêem creem
lêem leem O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da prepo-
vôo voo sição por.
enjôo enjoo - Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos que, casos, “por” preposição. Ex:
no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento como Faço isso por você.
antes: CRER, DAR, LER e VER. Posso pôr (colocar) meus livros aqui?

Repare: Questões sobre Acentuação Gráfica


1-) O menino crê em você
Os meninos creem em você. 1. (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
2-) Elza lê bem! – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as palavras são
Todas leem bem! acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam,
3-) Espero que ele dê o recado à sala. respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços.
Esperamos que os garotos deem o recado! (A) flexíveis, cartório, tênis.
4-) Rubens vê tudo! (B) inferência, provável, saída.
Eles veem tudo! (C) óbvio, após, países.
(D) islâmico, cenário, propôs.
* Cuidado! Há o verbo vir: (E) república, empresária, graúda.
Ele vem à tarde!
Eles vêm à tarde! 2. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando segui- NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acentuadas
dos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri-bu- segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio
in-te, sa-ir, ju-iz e antropológico.
(A) Distúrbio e acórdão.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem
(B) Máquina e jiló.
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. (C) Alvará e Vândalo.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem prece- (D) Consciência e características.
(E) Órgão e órfãs.
didas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba

As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com 3. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE –
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As pa-
serão mais acentuadas. Ex.: lavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são acentuadas de acordo
com a mesma regra de acentuação gráfica.
Antes Depois ( ) CERTO
apazigúe (apaziguar) apazigue ( ) ERRADO
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui

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4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona
GERAIS – OFICIAL JUDICIÁRIO – FUNDEP/2010) Assinale a terminada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s”
afirmativa em que se aplica a mesma regra de acentuação. (E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
A) tevê – pôde – vê termi-nada em ditongo / graúda = regra do hiato
B) únicas – histórias – saudáveis
C) indivíduo – séria – noticiários 2-) Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro te-
D) diário – máximo – satélite mos que classificar as palavras do enunciado quanto à posição de
sua sílaba tônica:
5. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antropológi-
PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acen- co = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, vamos à análise
to gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. dos itens apresentados:
( ) CERTO (A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão =
( ) ERRADO paroxítona terminada em “ão”
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em “o”
6. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- (C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = proparo-
PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” rece- xítona
bem acento gráfico com base na mesma regra de acentuação grá- (D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; caracte-
fica. rísticas = proparoxítona
( ) CERTO (E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e
( ) ERRADO “ã”, respectivamente.
7. (BACEN – TÉCNICO DO BANCO CENTRAL – CES- 3-) “Conteúdo” é acentuada seguindo a regra do hiato; calúnia
GRANRIO/2010) As palavras que se acentuam pelas mesmas = paroxítona terminada em ditongo; injúria = paroxítona termina-
regras de “conferência”, “razoável”, “países” e “será”, respecti- da em ditongo.
vamente, são RESPOSTA: “ERRADO”.
a) trajetória, inútil, café e baú.
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. 4-)
c) necessário, túnel, infindáveis e só. A) tevê – pôde – vê
d) médio, nível, raízes e você. Tevê = oxítona terminada em “e”; pôde (pretérito perfeito do
e) éter, hífen, propôs e saída. Indicativo) = acento diferencial (que ainda prevalece após o Novo
Acordo Ortográfico) para diferenciar de “pode” – presente do In-
8. (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) São acentua- dicativo; vê = monossílaba terminada em “e”
dos graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação grá- B) únicas – histórias – saudáveis
fica os vocábulos Únicas = proparoxítona; história = paroxítona terminada em
A) também e coincidência. ditongo; saudáveis = paroxítona terminada em ditongo.
B) quilômetros e tivéssemos. C) indivíduo – séria – noticiários
C) jogá-la e incrível. Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; séria = paro-
D) Escócia e nós. xítona terminada em ditongo; noticiários = paroxítona terminada
E) correspondência e três. em ditongo.
9. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- D) diário – máximo – satélite
PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo Diário = paroxítona terminada em ditongo; máximo = proparo-
com a mesma regra de acentuação gráfica. xítona; satélite = proparoxítona.
( ) CERTO 5-) Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona. Am-
( ) ERRADO bas são acentuadas pela mesma regra (antepenúltima sílaba é tôni-
ca, “mais forte”).
GABARITO RESPOSTA: “ERRADO”.
01. E 02. D 03. E 04. C 05. E
06. C 07. D 08. B 09. E 6-) Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária = pa-
roxítona terminada em ditongo; paciência = paroxítona terminada
RESOLUÇÃO em ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido à mesma
regra.
1-) Década = proparoxítona / relógios = paroxítona terminada RESPOSTA: “CERTO”.
em ditongo / suíços = regra do hiato
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em ditongo / 7-) Vamos classificar as palavras do enunciado:
tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”) 1-) Conferência = paroxítona terminada em ditongo
(B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / provável 2-) razoável = paroxítona terminada em “l’
= paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato 3-) países = regra do hiato
(C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após = oxítona 4-) será = oxítona terminada em “a”
terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato

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a) trajetória, inútil, café e baú. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”, exigida
Trajetória = paroxítona terminada em ditongo; inútil = paroxí- pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo “a” que está
tona terminada em “l’; café = oxítona terminada em “e” determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse
b) exercício, balaústre, níveis e sofá. encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
Exercício = paroxítona terminada em ditongo; balaústre = re- é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
gra do hiato; níveis = paroxítona terminada em “i + s”; sofá = Conheço a aluna.
oxítona terminada em “a”. Refiro-me à aluna.
c) necessário, túnel, infindáveis e só.
Necessário = paroxítona terminada em ditongo; túnel = paro- No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo
xítona terminada em “l’; infindáveis = paroxítona terminada em “i ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode ocorrer. No
+ s”; só = monossílaba terminada em “o”. segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir--se a algo ou a
d) médio, nível, raízes e você. alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase
Médio = paroxítona terminada em ditongo; nível = paroxítona é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o
terminada em “l’; raízes = regra do hiato; será = oxítona terminada artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.
em “a”. Casos em que a crase NÃO ocorre:
e) éter, hífen, propôs e saída.
Éter = paroxítona terminada em “r”; hífen = paroxítona ter- - diante de substantivos
minada em “n”; propôs = oxítona terminada em “o + s”; saída = masculinos: Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
regra do hiato.
Passou a camisa a ferro. Fazer
8-) o exercício a lápis. Compramos
A) também e coincidência. os móveis a prazo.
Também = oxítona terminada em “e + m”; coincidência = pa-
roxítona terminada em ditongo - diante de verbos no infinitivo:
B) quilômetros e tivéssemos. A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.
Quilômetros = proparoxítona; tivéssemos = proparoxítona
C) jogá-la e incrível.
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos
Oxítona terminada em “a”; incrível = paroxítona terminada em
“l’ acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
D) Escócia e nós.
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra-
Escócia = paroxítona terminada em ditongo; nós = monossíla-
tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
ba terminada em “o + s” Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
E) correspondência e três. Entreguei a todos os documentos necessários.
Correspondência = paroxítona terminada em ditongo; três = Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
monossílaba terminada em “e + s” Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
9-) Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba ter- Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes po-
minada em “o”; céu = monossílaba terminada em ditongo aberto dem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina por
“éu”. uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocor-
RESPOSTA: “ERRADO”. rerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se-
CRASE nhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistu-ra”. Cláudio para sair mais cedo.)
Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas vogais
idênticas. É de grande importância a crase da preposição “a” com o - diante de numerais cardinais: Chegou a
artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), duzentos o número de feridos. Daqui a uma
aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escrita, semana começa o campeonato.
utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso apropriado
do acento grave depende da compreensão da fusão das duas vogais. É Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
fundamental também, para o entendi-mento da crase, dominar a
regência dos verbos e nomes que exi-gem a preposição “a”. Aprender - diante de palavras femininas:
a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe: Sempre vamos à praia no verão.
Vou a + a igreja. Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Vou à igreja. Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

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- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” Refiro-me àquele atentado.
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire-
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan-
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho. to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. Aluguei aquela casa.

- na indicação de horas: O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-ge
Acordei às sete horas da manhã. preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
Elas chegaram às dez horas. exemplos:
Foram dormir à meia-noite. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de Quero agradecer àqueles que me socorreram.
que participam palavras femininas. Por exemplo: Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
à tarde às ocultas às pressas à medida Não obedecerei àquele sujeito.
que Assisti àquele filme três vezes.
à noite às claras às escondidas à força Espero aquele rapaz.
à vontade à beça à larga à escuta Fiz aquilo que você disse.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de Comprei aquela caneta.
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais
Crase diante de Nomes de Lugar depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi-gir a
preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência da crase
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo nesses casos utilizando a substituição do termo regido feminino por
“a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de- um termo regido masculino. Por exemplo:
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”.
Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver- O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração
“da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
isso, haverá crase. Por exemplo: Veja outros exemplos:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] Fran- Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
ça.) Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam respon-
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.) der nenhuma das questões.
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália) A sessão à qual assisti estava vazia. Crase
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
Ale-gre.) com o Pronome Demonstrativo “a”

*- Dica da Zê! : use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas. feminino por um termo regido masculino. Veja:
Vou à praia. = Volto da praia. Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, As orações são semelhantes às de antes.
ocorrerá crase. Veja: Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela Suas perguntas são superiores às dele.
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Seus argumentos são superiores aos dele.
Irei à Salvador de Jorge Amado. Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo A Palavra Distância

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re- Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra-
gente exigir a preposição “a”. Por exemplo: se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km
daqui. (A palavra está determinada)
Refiro-me a + aquele atentado. Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala-
Preposição Pronome vra está especificada.)

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Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec-
pode ocorrer. Por exemplo: tivamente, com:
Os militares ficaram a distância. (A) aos … à … a … a
Gostava de fotografar a distância. (B) aos … a … à … a
Ensinou a distância. (C) a … a … à … à
Dizem que aquele médico cura a distância. (D) à … à … à … à
Reconheci o menino a distância. (E) a … a … a … a

Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, 2. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
pode-se usar a crase. Veja: texto a seguir.
Gostava de fotografar à distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Ensinou à distância. ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Dizem que aquele médico cura à distância. procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA - -lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
diante de nomes próprios femininos: que fez.
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró- (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. dada:
A) à – a – a
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femini- B) a – a – à
no diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as C) à – a – à
frases abaixo das seguintes formas: D) à – à – a
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto. E) a – à – à
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
- diante de pronome possessivo feminino: NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes sa, o acento indicativo de crase está corretamente empregado em:
possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Ob- (A) A população, de um modo geral, está à espera de que,
serve: com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
você. a sua postura.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
por você. muito mais severas.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo dos demais motoristas e de pedestres.
das seguintes formas: (E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô. nova lei para que ela possa funcionar.
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
4. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me estou
- depois da preposição até: referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente.
Fui até a praia. ou Fui até à praia. O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta. segmento grifado for substituído por:
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai A) leitura apressada e sem profundidade.
até às cinco horas da tarde. B) cada um de nós neste formigueiro.
C) exemplo de obras publicadas recentemente.
Questões sobre Crase D) uma comunicação festiva e virtual.
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões
sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou po- 5. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
liciais. É como se suas únicas consequências estivessem em lega- – 2013).
lismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____res-peito O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) tam-
envolvendo questões de saúde pública como programas de bém desenvolve atividades lúdicas de apoio______ ressociali-
esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de zação do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para o
reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, ele
médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna.
própria família? (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em:
S.Paulo, 17.09.2012. Adaptado) 18.08.2012. Adaptado)

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Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- (A) à - à - a
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua (B) a - à - a
portuguesa. (C) à - a - à
A) à … à … à (D) a - à - à
B) a … a … à (E) à - a – a
C) a … à … à
D) à … à ... a 10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
E) a … à … a SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente indica-
6. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- do?
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a seguir,
C) Esta era à medida certa do quarto. D)
empregando o sinal indicativo de crase de acordo com a norma -
Ela fechou a porta e saiu às pressas.
padrão.
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos es-
paço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar nossas GABARITO
instituições. 01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
(A) à … à … à 06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
(B) a … à … à
(C) à … a … a RESOLUÇÃO
(D) à … à … a
(E) a … a … à 1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
7. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP há crase)
– 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente em- de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à)
pregado em: o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as um drogado da nossa própria família? (antes de pronome indefini-
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. do/relativo)
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me-
canismos biológicos de controle emocional. 2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre a
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__car-
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali- tomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto di-
mentam a violência crescente nas cidades. reto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez.
E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade 3-)
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para
atinge os mais vulneráveis.
substituir por “esperando”) de que
8. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem
sinal indicativo de crase está correto em: (antes de verbo)
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições
(generalizando, palavra no plural)
biotecnologia.
(D) À ninguém (pronome indefinido)
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à edu-
(E) Cabe à todos (pronome indefinido)
cação dos filhos. 4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as profundidade.
insta-lações do prédio. a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome inde-
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe finido)
que envolva a segurança das pessoas. a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra mascu-
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que lina)
com-prometa o bem-estar do cidadão. a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra
masculina)
9. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um homem de 5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e citações dos também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ ressocia-
clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e sossegada, fica lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para o
sentada tricotando tranquilamente, impassível ...... propensão de retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, ele
seu marido ...... investigar assassinatos. estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna.
(Adaptado de P.D.James, op.cit.) Preenchem corretamente as - Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
lacunas da frase acima, na ordem - retorno a? regência nominal pede preposição;
dada: - antes de verbo no infinitivo não há crase.

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6-) Vamos por partes! D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: modo = apressadamente)
pede preposição; E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto masculina
e indireto;
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço A Estudar a estrutura é conhecer os elementos formadores das
nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições. palavras. Assim, compreendemos melhor o significado de cada uma
* Sujeitar A + A corrupção; delas. As palavras podem ser divididas em unidades menores, a que
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto indire- damos o nome de elementos mórficos ou morfemas.
to. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é pronome Vamos analisar a palavra “cachorrinhas”. Nessa palavra ob-
indefinido); servamos facilmente a existência de quatro elementos. São eles:
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, ora- cachorr - este é o elemento base da palavra, ou seja, aquele
ção subordinada com função de objeto indireto. Não há acento que contém o significado.
indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – “pre- inh - indica que a palavra é um diminutivo a
judicar”). - indica que a palavra é feminina s - indica
que a palavra se encontra no plural
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as Morfemas: unidades mínimas de caráter significativo. Exis-
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes tem palavras que não comportam divisão em unidades menores,
de verbo no infinitivo não há crase) tais como: mar, sol, lua, etc. São elementos mórficos:
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me- - Raiz, Radical, Tema: elementos básicos e significativos
canismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no - Afixos (Prefixos, Sufixos), Desinência, Vogal Temática:
singular e antecede palavra no plural, não há crase) elementos modificadores da significação dos primeiros
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (arti- - Vogal de Ligação, Consoante de Ligação: elementos de li-
go indefinido)
gação ou eufônicos.
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
mentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina) Raiz: É o elemento originário e irredutível em que se concen-tra
E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico.
atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfa- É a raiz que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma
vorável a?) família etimológica. Exemplo: Raiz noc [Latim nocere = prejudi-
car] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem,
8-)
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de pela origem comum, as palavras nocivo, nocividade, inocente, ino-
biotecnologia. (artigo indefinido) centar, inócuo, etc.
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à
Uma raiz pode sofrer alterações: at-o; at-or; at-ivo; aç-ão; ac -
educa-ção dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as ionar;
insta-lações do prédio. (verbo no infinitivo)
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe Radical:
que envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
E) É função da política é dedicar-se à todo problema que Observe o seguinte grupo de palavras: livr-o; livr-inho; livr -
eiro; livr-eco. Você reparou que há um elemento comum nesse
com-prometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
grupo? Você reparou que o elemento livr serve de base para o sig-
9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no sin- nificado? Esse elemento é chamado de radical (ou semantema).
gular e “frases”, no plural) Elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o
Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição) aspecto gramatical e prático. É encontrado através do despojo dos
A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento in- elementos secundários (quando houver) da palavra. Exemplo: cer-
dicativo de crase) t-o; cert-eza; in-cert-eza.
Sequência: a / à / a.
Afixos: são elementos secundários (geralmente sem vida autô-
10-) noma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras
A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e subs- derivadas. Sabemos que o acréscimo do morfema “-mente”, por
tantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia) exemplo, cria uma nova palavra a partir de “certo”: certamente,
B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de advérbio de modo. De maneira semelhante, o acréscimo dos mor-
pronome demonstrativo) femas “a-” e “-ar” à forma “cert-” cria o verbo acertar. Observe que
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e subs- a- e -ar são morfemas capazes de operar mudança de classe gramatical
tantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À medida na palavra a que são anexados.
que lia, mais aprendia)

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Quando são colocados antes do radical, como acontece com - Derivação Sufixal ou Sufixação: resulta de acréscimo de
“a-”, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como “-ar”, sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado
surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos. ou mudança de classe gramatical: alfabetização. No exemplo, o
Exemplo: in-at-ivo; em-pobr-ecer; inter-nacion-al. sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este,
por sua vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo
Desinências: são os elementos terminais indicativos das fle- do sufixo -izar.
xões das palavras. Existem dois tipos:
- Desinências Nominais: indicam as flexões de gênero (mas- A derivação sufixal pode ser:
culino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes. Nominal, formando substantivos e adjetivos: papel – papela-
Exemplos: aluno-o / aluno-s; alun-a / aluna-s. Só podemos falar ria; riso – risonho.
em desinências nominais de gêneros e de números em palavras Verbal, formando verbos: atual - atualizar.
que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras Adverbial, formando advérbios de modo: feliz – felizmente.
como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência
nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinên- - Derivação Parassintética ou Parassíntese: Ocorre quando a
cia nominal de número. palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufi-
xo à palavra primitiva. Por meio da parassíntese formam-se nomes
- Desinências Verbais: indicam as flexões de número e pes- (substantivos e adjetivos) e verbos. Considere o adjetivo “triste”.
soa e de modo e tempo dos verbos. A desinência “-o”, presente Do radical “trist-” formamos o verbo entristecer através da junção
em “am-o”, é uma desinência número pessoal, pois indica que o simultânea do prefixo “en-” e do sufixo “-ecer”. A presença de
verbo está na primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é apenas um desses afixos não é suficiente para formar uma nova
desinência modo-temporal: caracteriza uma forma verbal do pre- palavra, pois em nossa língua não existem as palavras “entriste”,
térito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação. nem “tristecer”. Exemplos:
emudecer
Vogal Temática: é a vogal que se junta ao radical, preparan- mudo – palavra inicial
do-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três e – prefixo
vogais temáticas: mud – radical
- Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: buscar, buscavas,
ecer – sufixo
etc.
- Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: romper, rompemos, desalmado
etc. alma – palavra inicial
- Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: proibir, proibirá, etc. des – prefixo
alm – radical
Tema: é o grupo formado pelo radical mais vogal temática. ado – sufixo
Nos verbos citados acima, os temas são: busca-, rompe-, proibi-
Não devemos confundir derivação parassintética, em que o
Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e consoantes de
acréscimo de sufixo e de prefixo é obrigatoriamente simultâneo,
ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para
com casos como os das palavras desvalorização e desigualdade.
facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determi-nada
Nessas palavras, os afixos são acoplados em sequência: desvalo-
palavra. Exemplos: parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de rização provém de desvalorizar, que provém de valorizar, que por
ligação=i); gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l -ada, cafe-t- sua vez provém de valor.
eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc. É impossível fazer o mesmo com palavras formadas por pa-
Formação das Palavras: existem dois processos básicos pe- rassíntese: não se pode dizer que expropriar provém de “propriar”
los quais se formam as palavras: a Derivação e a Composição. A ou de “expróprio”, pois tais palavras não existem. Logo, expro-
priar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante
diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo
de prefixo e sufixo.
de derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no
- Derivação Regressiva: ocorre derivação regressiva quando
processo de composição sempre haverá mais de um radical.
uma palavra é formada não por acréscimo, mas por redução: com-
Derivação: é o processo pelo qual se obtém uma palavra nova, prar (verbo), compra (substantivo); beijar (verbo), beijo (substan-
chamada derivada, a partir de outra já existente, chamada primiti-va. tivo).
Exemplo: Mar (marítimo, marinheiro, marujo); terra (enterrar,
terreiro, aterrar). Observamos que «mar» e «terra» não se formam de Para descobrirmos se um substantivo deriva de um verbo ou
nenhuma outra palavra, mas, ao contrário, possibilitam a for-mação de se ocorre o contrário, podemos seguir a seguinte orientação:
outras, por meio do acréscimo de um sufixo ou prefixo. Logo, mar e - Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e o
terra são palavras primitivas, e as demais, derivadas. ver-bo palavra primitiva.
- Se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o
Tipos de Derivação contrário.
Vamos observar os exemplos acima: compra e beijo indicam
- Derivação Prefixal ou Prefixação: resulta do acréscimo de ações, logo, são palavras derivadas. O mesmo não ocorre, porém,
prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado: com a palavra âncora, que é um objeto. Neste caso, um substanti-
crer- descrer; ler- reler; capaz- incapaz. vo primitivo que dá origem ao verbo ancorar.

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Por derivação regressiva, formam-se basicamente substanti-vos a - Hibridismo: ocorre hibridismo na palavra em cuja forma-
partir de verbos. Por isso, recebem o nome de substanti-vos ção entram elementos de línguas diferentes: auto (grego) + móvel
deverbais. Note que na linguagem popular, são frequentes os (latim).
exemplos de palavras formadas por derivação regressiva. o portu-ga
(de português); o boteco (de botequim); o comuna (de comu-nista); - Onomatopeia: numerosas palavras devem sua origem a uma
agito (de agitar); amasso (de amassar); chego (de chegar) tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruí-
dos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que reproduzem
O processo normal é criar um verbo a partir de um substanti- aproximadamente os sons e as vozes dos seres: miau, zumzum,
vo. Na derivação regressiva, a língua procede em sentido inverso: piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.
forma o substantivo a partir do verbo.
Prefixos: os prefixos são morfemas que se colocam antes dos
- Derivação Imprópria: A derivação imprópria ocorre quando radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido; raramen-te
determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em esses morfemas produzem mudança de classe gramatical. Os prefixos
sua forma, muda de classe gramatical. Neste processo: ocorrentes em palavras portuguesas se originam do latim e do grego,
Os adjetivos passam a substantivos: Os bons serão contem- línguas em que funcionavam como preposições ou ad-vérbios, logo,
plados. como vocábulos autônomos. Alguns prefixos foram pouco ou nada
Os particípios passam a substantivos ou adjetivos: Aquele produtivos em português. Outros, por sua vez, tive - ram grande
ga-roto alcançou um feito passando no concurso. vitalidade na formação de novas palavras: a- , contra- , des- , em- (ou
Os infinitivos passam a substantivos: O andar de Roberta era en-) , es- , entre- re- , sub- , super- , anti-.
fascinante; O badalar dos sinos soou na cidadezinha.
Os substantivos passam a adjetivos: O funcionário fantasma Prefixos de Origem Grega
foi despedido; O menino prodígio resolveu o problema.
Os adjetivos passam a advérbios: Falei baixo para que nin- a-, an-: afastamento, privação, negação, insuficiência, carên-
guém escutasse. cia: anônimo, amoral, ateu, afônico.
Palavras invariáveis passam a substantivos: Não entendo o ana-: inversão, mudança, repetição: analogia, análise, anagra-
porquê disso tudo. ma, anacrônico.
Substantivos próprios tornam-se comuns: Aquele coordena- anfi-: em redor, em torno, de um e outro lado, duplicidade:
dor é um caxias! (chefe severo e exigente) anfiteatro, anfíbio, anfibologia.
anti-: oposição, ação contrária: antídoto, antipatia, antagonis-
Os processos de derivação vistos anteriormente fazem parte ta, antítese.
da Morfologia porque implicam alterações na forma das palavras. apo-: afastamento, separação: apoteose, apóstolo, apocalipse,
No entanto, a derivação imprópria lida basicamente com seu sig- apologia.
nificado, o que acaba caracterizando um processo semântico. Por arqui-, arce-: superioridade hierárquica, primazia, excesso:
essa razão, entendemos o motivo pelo qual é denominada “impró- arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário.
pria”. cata-: movimento de cima para baixo: cataplasma, catálogo,
catarata.
Composição: é o processo que forma palavras compostas, a di-: duplicidade: dissílabo, ditongo, dilema.
partir da junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos: dia-: movimento através de, afastamento: diálogo, diagonal,
diafragma, diagrama.
- Composição por Justaposição: ao juntarmos duas ou mais dis-: dificuldade, privação: dispneia, disenteria, dispepsia,
palavras ou radicais, não ocorre alteração fonética: passatempo, disfasia.
quinta-feira, girassol, couve-flor. Em «girassol» houve uma altera- ec-, ex-, exo-, ecto-: movimento para fora: eclipse, êxodo, ec-
ção na grafia (acréscimo de um «s») justamente para manter inal- toderma, exorcismo.
terada a sonoridade da palavra. en-, em-, e-: posição interior, movimento para dentro: encé-
falo, embrião, elipse, entusiasmo.
- Composição por Aglutinação: ao unirmos dois ou mais endo-: movimento para dentro: endovenoso, endocarpo, en-
vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um ou mais de seus dosmose.
elementos fonéticos: embora (em boa hora); fidalgo (filho de algo epi-: posição superior, movimento para: epiderme, epílogo,
- referindo-se a família nobre); hidrelétrico (hidro + elétrico); pla- epidemia, epitáfio.
nalto (plano alto). Ao aglutinarem-se, os componentes subordi- eu-: excelência, perfeição, bondade: eufemismo, euforia, eu-
nam-se a um só acento tônico, o do último componente. caristia, eufonia.
hemi-: metade, meio: hemisfério, hemistíquio, hemiplégico.
- Redução: algumas palavras apresentam, ao lado de sua for- hiper-: posição superior, excesso: hipertensão, hipérbole, hi-
ma plena, uma forma reduzida. Observe: auto - por automóvel; pertrofia.
cine - por cinema; micro - por microcomputador; Zé - por José. hipo-: posição inferior, escassez: hipocrisia, hipótese, hipo-
Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem dérmico.
ser citadas também as siglas, muito frequentes na comunicação meta-: mudança, sucessão: metamorfose, metáfora, metacar-
atual. po.

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para-: proximidade, semelhança, intensidade: paralelo, para- pre-: anterioridade: prefácio, prever, prefixo, preliminar.
sita, paradoxo, paradigma. pro-: movimento para frente: progresso, promover, prosse-
peri-: movimento ou posição em torno de: periferia, peripé- guir, projeção.
cia, período, periscópio. re-: repetição, reciprocidade: rever, reduzir, rebater, reatar.
pro-: posição em frente, anterioridade: prólogo, prognóstico, retro-: movimento para trás: retrospectiva, retrocesso, retroa-
profeta, programa. gir, retrógrado.
pros-: adjunção, em adição a: prosélito, prosódia. so-, sob-, sub-, su-: movimento de baixo para cima, inferiori-
proto-: início, começo, anterioridade: proto-história, protóti- dade: soterrar, sobpor, subestimar.
po, protomártir. super-, supra-, sobre-: posição superior, excesso: supercílio,
poli-: multiplicidade: polissílabo, polissíndeto, politeísmo. supérfluo.
sin-, sim-: simultaneidade, companhia: síntese, sinfonia, sim- soto-, sota-: posição inferior: soto-mestre, sota-voga, soto -
patia, sinopse. pôr.
tele-: distância, afastamento: televisão, telepatia, trans-, tras-, tres-, tra-: movimento para além, movimento
através: transatlântico, tresnoitar, tradição.
telégrafo. Prefixos de Origem Latina ultra-: posição além do limite, excesso: ultrapassar, ultrarro-
mantismo, ultrassom, ultraleve, ultravioleta.
a-, ab-, abs-: afastamento, separação: aversão, abuso, absti- vice-, vis-: em lugar de: vice-presidente, visconde, vice-almi-
nência, abstração. rante.
a-, ad-: aproximação, movimento para junto: adjunto,advoga-
do, advir, aposto. Sufixos: são elementos (isoladamente insignificativos) que,
ante-: anterioridade, procedência: antebraço, antessala, an- acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua principal
teontem, antever. característica é a mudança de classe gramatical que geralmente
ambi-: duplicidade: ambidestro, ambiente, ambiguidade, am- opera. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo
bivalente. num contexto em que se deve usar um substantivo, por exemplo.
ben(e)-, bem-: bem, excelência de fato ou ação: benefício, Como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são incorpora-
bendito. das as desinências que indicam as flexões das palavras variáveis.
bis-, bi-: repetição, duas vezes: bisneto, bimestral, bisavô, Existem dois grupos de sufixos formadores de substantivos extre-
biscoito. mamente importantes para o funcionamento da língua. São os que
circu(m)-: movimento em torno: circunferência, circunscrito, formam nomes de ação e os que formam nomes de agente.
circulação.
cis-: posição aquém: cisalpino, cisplatino, cisandino. Sufixos que formam nomes de ação: -ada – caminhada; -ança –
co-, con-, com-: companhia, concomitância: colégio, coope- mudança; -ância – abundância; -ção – emoção; -dão – so-lidão; -ença
rativa, condutor. – presença; -ez(a) – sensatez, beleza; -ismo – civismo; -mento –
contra-: oposição: contrapeso, contrapor, contradizer. casamento; -são – compreensão; -tude – amplitude; -ura
de-: movimento de cima para baixo, separação, negação: de- – formatura.
capitar, decair, depor.
de(s)-, di(s)-: negação, ação contrária, separação: desventura, Sufixos que formam nomes de agente: -ário(a) – secretário;
discórdia, discussão. -eiro(a) – ferreiro; -ista – manobrista; -or – lutador; -nte – fei-
e-, es-, ex-: movimento para fora: excêntrico, evasão, expor- rante.
tação, expelir.
en-, em-, in-: movimento para dentro, passagem para um es- Sufixos que formam nomes de lugar, depositório: -aria –
tado ou forma, revestimento: imergir, enterrar, embeber, injetar, churrascaria; -ário – herbanário; -eiro – açucareiro; -or – corre-
importar. dor; -tério – cemitério; -tório – dormitório.
extra-: posição exterior, excesso: extradição, extraordinário,
extraviar. Sufixos que formam nomes indicadores de abundância,
i-, in-, im-: sentido contrário, privação, negação: ilegal, im- aglomeração, coleção: -aço – ricaço; -ada – papelada; -agem –
possível, improdutivo. folhagem; -al – capinzal; -ame – gentame; -ario(a) - casario, in-
inter-, entre-: posição intermediária: internacional, interpla- fantaria; -edo – arvoredo; -eria – correria; -io – mulherio; -ume
netário. – negrume.
intra-: posição interior: intramuscular, intravenoso, intraver-
bal. Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência:
intro-: movimento para dentro: introduzir, introvertido, in- -ite - bronquite, hepatite (inflamação), amotite (fósseis). -
trospectivo. oma - mioma, epitelioma, carcinoma (tumores).
justa-: posição ao lado: justapor, justalinear. -ato, eto, Ito - sulfato, cloreto, sulfito (sais), granito (pedra).
ob-, o-: posição em frente, oposição: obstruir, ofuscar, ocupar, -ina - cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais).
obstáculo. -ol - fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto).
per-: movimento através: percorrer, perplexo, perfurar, per- -ema - morfema, fonema, semema, semantema (ciência lin-
verter. guística).
pos-: posterioridade: pospor, posterior, pós-graduado. -io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)

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Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, a) ajoelhar / antebraço / assinatura
sistemas políticos: - ismo: budismo, kantismo, comunismo. b) atraso / embarque / pesca
c) o jota / o sim / o tropeço
Sufixos Formadores de Adjetivos d) entrega / estupidez / sobreviver
e) antepor / exportação / sanguessuga
- de substantivos: -aco – maníaco; -ado – barbado; -áceo(a)
- herbáceo, liláceas; -aico – prosaico; -al – anual; -ar – escolar; 2. A palavra “aguardente” formou-se
-ário - diário, ordinário; -ático – problemático; -az – mordaz; - por: a) hibridismo
engo – mulherengo; -ento – cruento; -eo – róseo; -esco – pito- b) aglutinação
resco; -este – agreste; -estre – terrestre; -enho – ferrenho; -eno c) justaposição
– terreno; -ício – alimentício; -ico – geométrico; -il – febril; -ino d) parassíntese
– cristalino; -ivo – lucrativo; -onho – tristonho; -oso – e) derivação regressiva
bondoso; -udo – barrigudo.
3. Que item contém somente palavras formadas por justa-
- de verbos: posição?
-(a)(e)(i)nte: ação, qualidade, estado – semelhante, doente, a) desagradável – complemente
seguinte. b) vaga-lume - pé-de-cabra
-(á)(í)vel: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação – lou- c) encruzilhada – estremeceu
vável, perecível, punível. d) supersticiosa – valiosas e)
-io, -(t)ivo: ação referência, modo de ser – tardio, afirmativo, desatarraxou – estremeceu
pensativo.
-(d)iço, -(t)ício: possibilidade de praticar ou sofrer uma ação, 4. “Sarampo” é:
referência – movediço, quebradiço, factício. a) forma primitiva
-(d)ouro,-(t)ório: ação, pertinência – casadouro, preparatório. b) formado por derivação parassintética
c) formado por derivação regressiva d)
Sufixos Adverbiais: Na Língua Portuguesa, existe apenas um formado por derivação imprópria e)
único sufixo adverbial: É o sufixo “-mente”, derivado do substan-tivo formado por onomatopéia
feminino latino mens, mentis que pode significar “a mente, o espírito,
o intento”.Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma feminina, para 5. Numere as palavras da primeira coluna conforme os pro-
indicar circunstâncias, especialmente a de modo. Exemplos: altiva- cessos de formação numerados à direita. Em seguida, marque a
mente, brava-mente, bondosa-mente, nervo-sa-mente, fraca-mente, alternativa que corresponde à sequência numérica encontrada:
pia-mente. Já os advérbios que se derivam de adjetivos terminados em ( ) aguardente 1) justaposição
–ês (burgues-mente, portugues-men-te, etc.) não seguem esta regra, ( ) casamento 2) aglutinação
pois esses adjetivos eram outrora uniformes. Exemplos: cabrito ( ) portuário 3) parassíntese
montês / cabrita montês. ( ) pontapé 4) derivação sufixal
( ) os contras 5) derivação imprópria
Sufixos Verbais: Os sufixos verbais agregam-se, via de regra, ( ) submarino 6) derivação prefixal
ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos verbos. ( ) hipótese
Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo da
terminação-ar. Exemplos: esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1
nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar. b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6
c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6
Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação. d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6
-ar: cruzar, analisar, limpar e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6
-ear: guerrear, golear
-entar: afugentar, amamentar 6. Indique a palavra que foge ao processo de formação de
-ficar: dignificar, liquidificar chapechape:
-izar: finalizar, organizar a) zunzum b)
reco-reco c)
Verbo Frequentativo: é aquele que traduz ação repetida. toque-toque d)
Verbo Factitivo: é aquele que envolve ideia de fazer ou cau- tlim-tlim e)
sar. vivido
Verbo Diminutivo: é aquele que exprime ação pouco in-
tensa. 7. Em que alternativa a palavra sublinhada resulta de
deriva-ção imprópria?
Exercícios a) Às sete horas da manhã começou o trabalho principal: a
votação.
1. Assinale a opção em que todas as palavras se formam b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto
pelo mesmo processo: secre-to... Bobagens, bobagens!

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c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições continua- - Há palavras cuja sílaba tônica avança: júnior − juniores; ca-
riam sendo uma farsa! ráter – caracteres. A palavra
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se entenderam. Caracteres é plural tanto de caractere quanto de caráter.
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de raiva.
- Palavras terminadas em ão fazem o plural em ãos, ães e
8. Assinale a série de palavras em que todas são formadas ões.
por parassíntese: Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.
a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. Os pa-
b) solução, passional, corrupção, visionário roxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o plural em ãos.
c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
d) biografia, macróbio, bibliografia, asteróide Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos, verões/verãos, anões/
e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo anãos.
Em ões ou ães: charlatões/charlatães, guardiões/guardiães,
9. As palavras couve-flor, planalto e aguardente são forma- cirugiões/cirurgiães.
das por: Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães, ermitões/ermi-
a) derivação b) tãos/ermitães
onomatopeia c)
hibridismo d) - Plural dos diminutivos com a letra z. Coloca-se a palavra no
composição e) plural, corta-se o s e acrescenta-se zinhos (ou zinhas): coraçãozi-
prefixação nho – corações – coraçõe – coraçõezinhos.

10. Assinale a alternativa em que uma das palavras não é for- - Plural com metafonia (ô - ó). Algumas palavras, quando
mada por prefixação: vão ao plural, abrem o timbre da vogal “o”, outras não. Com me-
a) readquirir, predestinado, propor tafonia singular (ô) plural (ó): coro-coros; corvo-corvos; destroço-
b) irregular, amoral, demover destroços. Sem metafonia singular (ô) plural (ô): adorno-adornos;
c) remeter, conter, antegozar bolso-bolsos; transtorno-transtornos.
d) irrestrito, antípoda, prever
e) dever, deter, antever - Casos especiais: aval, avales e avaiscal − cales e caiscós −
coses e cós – fel, feles e féis – mal e males – cônsul e cônsules.
Respostas: 1-B / 2-B / 3-B / 4-C / 5-E / 6-E / 7-D / 8-A / 9-D
- Os dois elementos variam. Quando os compostos são forma-dos
/ 10-E /
por substantivo mais palavra variável (adjetivo, substantivo, numeral,
CLASSES DE PALAVRAS pronome): amor-perfeito − amores-perfeitos; couve-flor
− couves-flores; segunda-feira − segundas-feiras.
Flexão Nominal
- Só o primeiro elemento varia. Quando há preposição no
Flexão de número: Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de composto, mesmo que oculta: pé-de-moleque − pés-de-moleque;
modo geral, admitem a flexão de número: singular e plural: animal cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou a vapor). Quando o segundo
substantivo determina o primeiro (fim ou semelhança): banana-
– animais.
maçã − bananas-maçã (semelhante a maçã); navio-escola − navios
- Na maioria das vezes, acrescenta-se S: ponte – pontes; bo-
-escola (a finalidade é a escola).
nito – bonitos.
Alguns autores admitem a flexão dos dois elementos. É uma
- Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES: éter –
situação polêmica: mangas-espada (preferível) ou mangas-espa-
éteres; avestruz – avestruzes. O pronome qualquer faz o plural no
das. Quando dizemos (e isso vai ocorrer outras vezes) que é uma
meio: quaisquer
- Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES: ana- situação polêmica, discutível, convém ter em mente que a questão
do concurso deve ser resolvida por eliminação, ou seja, analisando
nás – ananases. As paroxítonas e as proparoxítonas são invariá-
bem as outras opções.
veis: o pires − os pires, o ônibus − os ônibus
- Apenas o último elemento varia. Quando os elementos são
- Palavras terminadas em IL: adjetivos: hispano-americano − hispano-americanos. A exceção é
átono: trocam IL por EIS: fóssil – fósseis. surdo-mudo, em que os dois adjetivos se flexionam: surdos-mu-
tônico: trocam L por S: funil – funis. dos. Nos compostos em que aparecem os adjetivos grão, grã e bel:
grão-duque − grão-duques; grã-cruz − grã-cruzes; bel-pra-zer −
- Palavras terminadas em EL: bel-prazeres. Quando o composto é formado por verbo ou qualquer
átono: plural em EIS: nível – níveis. elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo etc.) mais
tônico: plural em ÉIS: carretel – carretéis. substantivo ou adjetivo: arranha-céu − arranha-céus; sempre-viva
− sempre-vivas; super-homem − super-homens. Quando os
- Palavras terminadas em X são invariáveis: o clímax − os elementos são repetidos ou onomatopaicos (representam sons):
clímax. reco-reco − reco-recos; pingue-pongue − pingue-pongues; bem-te-
vi − bem-te-vis.

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Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver alguma alte- - Diminutivo: Sintético: chapeuzinho. Analítico: chapéu pe-
ração nos elementos, ou seja, não serem iguais. Se forem verbos queno, chapéu reduzido etc. Um grau é sintético quando formado
repetidos, admite-se também pôr os dois no plural: pisca-pisca − por sufixo; analítico, por meio de outras palavras.
pisca-piscas ou piscas-piscas
Grau do adjetivo
- Nenhum elemento varia. Quando há verbo mais palavra in- - Normal ou Positivo: João é forte.
variável: O cola-tudo – os cola-tudo. Quando há dois verbos de - Comparativo: de superioridade: João é mais forte que An-
sentido oposto: o perde-ganha – os perde-ganha. Nas frases subs- dré. (ou do que); de inferioridade: João é menos forte que An-dré.
tantivas (frases que se transformam em substantivos): O maria-vai- (ou do que); de igualdade: João é tão forte quanto André. (ou
com-as-outras − os maria-vai-com-as-outras. como)
- Superlativo: Absoluto: sintético: João é fortíssimo; analíti-
- São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, sem-
co: João é muito forte (bastante forte, forte demais etc.); Relativo:
teto e sem-terra: Os sem-terra apreciavam os arco-íris. Admitem
de superioridade: João é o mais forte da turma; de inferioridade:
mais de um plural: pai-nosso − pais-nossos ou pai-nossos; padre-
nosso − padres-nossos ou padre-nossos; terra-nova − terras-novas João é o menos forte da turma.
ou terra-novas; salvo-conduto − salvos-condutos ou salvo-con- O grau superlativo absoluto corresponde a um aumento do ad-
dutos; xeque-mate − xeques-mates ou xeques-mate; fruta-pão − jetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo, érrimo ou imo) ou
frutas-pães ou frutas-pão; guarda-marinha − guardas-marinhas ou uma palavra de apoio, como muito, bastante, demasiadamente, enorme
guardas-marinha. Casos especiais: palavras que não se encaixam etc. As palavras maior, menor, melhor, e pior constituem sempre graus
nas regras: o bem-me-quer − os bem-me-queres; o joão-ninguém de superioridade: O carro é menor que o ônibus; me-nor (mais
− os joões-ninguém; o lugar-tenente − os lugar-tenentes; o mapa- pequeno): comparativo de superioridade. Ele é o pior do grupo; pior
(mais mau): superlativo relativo de superioridade.
múndi − os mapas-múndi.
Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem apresen-
Flexão de Gênero: Os substantivos e as palavras que o acom- tar dúvidas. acre – acérrimo, amargo – amaríssimo; amigo – ami-
panham na frase admitem a flexão de gênero: masculino e femi- císsimo; antigo – antiqüíssimo; cruel – crudelíssimo; doce – dul-
nino: Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário. Minha amiga císsimo; fácil – facílimo; feroz – ferocíssimo; fiel – fidelíssimo;
diretora recebeu a primeira prestação. A flexão de feminino pode geral – generalíssimo; humilde – humílimo; magro – macérrimo;
ocorrer de duas maneiras. negro – nigérrimo; pobre – paupérrimo; sagrado – sacratíssimo;
- Com a troca de o ou e por a: lobo – loba; mestre – mestra. sério – seriíssimo; soberbo – superbíssimo.
- Por meio de diferentes sufixos nominais de gênero, muitas
vezes com alterações do radical: ateu – atéia; bispo – episcopisa; Flexão Verbal
conde – condessa; duque – duquesa; frade – freira; ilhéu – ilhoa;
judeu – judia; marajá – marani; monje – monja; pigmeu – pigmeia; As flexões verbais são expressas por meio dos tempos, modo e
píton – pitonisa; sandeu – sandia; sultão – sultana. pessoa da seguinte forma: O tempo indica o momento em que ocorre
o processo verbal; O modo indica a atitude do falante (dú-vida, certeza,
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gênero, ou seja, impossibilidade, pedido, imposição, etc.); A pessoa marca na forma
possuem uma única forma para masculino e feminino. Podem ser: do verbo a pessoa gramatical do sujeito.
Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo designar Tempos: Há tempos do presente, do passado (pretérito) e do
os dois sexos: a pessoa, o cônjuge, a testemunha.
Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, podendo futuro.
então ser masculinos ou femininos: o estudante − a estudante, o
cientista − a cientista, o patriota − a patriota. Modo
Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os ani-
mais: O jacaré, a cobra, o polvo Modo Indicativo: Indica uma certeza relativa do falante com
referência ao que o verbo exprime; pode ocorrer no tempo presen-
O feminino de elefante é elefanta , e não elefoa. Aliá é correto, te, passado ou futuro:
mas designa apenas uma espécie de elefanta. Mamão, para alguns
gramáticos, deve ser considerado epiceno. É algo discutível. Presente: Processo simultâneo ao ato da fala, fato corriqueiro,
Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas costu- habitual: Compro livros nesta livraria. Usa-se também o presente com
mam trocar: champanha aguardente, dó, alface, eclipse, calfor- o valor de passado, passado histórico (nos contos, narrativas)
micida, cataplasma, grama (peso), grafite, milhar libido, plasma,
soprano, musse, suéter, preá, telefonema. Tempos do Pretérito (passado): Exprimem processos ante-
Existem substantivos que admitem os dois gêneros: diabetes riores ao ato da fala. São eles:
(ou diabete), laringe, usucapião etc. - Pretérito Imperfeito: Exprime um processo habitual, ou
com duração no tempo: Naquela época eu cantava como um pás-
Flexão de Grau: saro.
- Pretérito Perfeito: Exprime uma ação acabada: Paulo que-
Grau do substantivo brou meu violão de estimação.
- Normal ou Positivo: sem nenhuma alteração. - Pretérito Mais-que-Perfeito: Exprime um processo ante-
- Aumentativo: Sintético: chapelão. Analítico: chapéu gran- rior a um processo acabado: Embora tivera deixado a escola, ele
de, chapéu enorme etc. nunca deixou de estudar.

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Tempos do Futuro: Indicam processos que irão acontecer: 5. Mesma pronúncia de “bolos”:
- Futuro do Presente: Exprime um processo que ainda não a) tijolos
aconteceu: Farei essa viagem no fim do ano. b) caroços
- Futuro do Pretérito: Exprime um processo posterior a um c) olhos
processo que já passou: Eu faria essa viagem se não tivesse com- d) fornos
prado o carro. e) rostos

Modo Subjuntivo: Expressa incerteza, possibilidade ou dúvi- 6. Não varia no plural:


da em relação ao processo verbal e não está ligado com a noção de a) tique-taque
tempo. Há três tempos: presente, imperfeito e futuro. Quero que b) guarda-comida
voltes para mim; Não pise na grama; É possível que ele seja c) beija-flor
honesto; Espero que ele fique contente; Duvido que ele seja o cul- d) para-lama
pado; Procuro alguém que seja meu companheiro para sempre; e) cola-tudo
Ainda que ele queira, não lhe será concedida a vaga; Se eu fosse
bailarina, estaria na Rússia; Quando eu tiver dinheiro, irei para as 7. Está mal flexionado o adjetivo na alternativa:
praias do nordeste. a) Tecidos verde-olivas
b) Festas cívico-religiosas
Modo Imperativo: Exprime atitude de ordem, pedido ou soli- c) Guardas noturnos luso-brasileiros
citação: Vai e não voltes mais. d) Ternos azul-marinho
e) Vários porta-estandartes
Pessoa: A norma da língua portuguesa estabelece três pes-
soas: Singular: eu , tu , ele, ela. Plural: nós, vós, eles, elas. No 8. Na sentença “Há frases que contêm mais beleza do que
português brasileiro é comum o uso do pronome de tratamento verdade”, temos grau:
você (s) em lugar do tu e vós. a) comparativo de superioridade
b) superlativo absoluto sintético
c) comparativo de igualdade d)
Exercícios superlativo relativo
e) superlativo por meio de acréscimo de sufixo
1. Assinale o par de vocábulos que formam o plural como
órfão e mata-burro, respectivamente: 9. Assinale a alternativa em que a flexão do substantivo
a) cristão / guarda-roupa com-posto está errada:
b) questão / abaixo-assinado a) os pés-de-chumbo
c) alemão / beija-flor b) os corre-corre
d) tabelião / sexta-feira c) as públicas-formas
e) cidadão / salário-família d) os cavalos-vapor
e) os vaivéns
2. Relativamente à concordância dos adjetivos compostos
in-dicativos de cor, uma, dentre as seguintes, está errada. Qual? 10. Aponte a alternativa em que haja erro quanto à flexão do
a) saia amarelo-ouro b) nome composto:
papel amarelo-ouro c) a) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-fora
caixa vermelho-sangue d) b) tico-ticos, salários-família, obras-primas
caixa vermelha-sangue e) c) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivas
caixas vermelho-sangue d) pseudo-esferas, chefes-de-seção, pães-de-ló
e) pisca-piscas, cartões-postais, mulas-sem-cabeças
03. Indique a frase correta:
a) Mariazinha e Rita são duas leva-e-trazes. Respostas: 1-A / 2-D / 3-C / 4-D / 5-E / 6-E / 7-A / 8-A / 9-B
b) Os filhos de Clotilde são dois espalhas-brasas. / 10-E /
c) O ladrão forçou a porta com dois pés-de-cabra.
d) Godofredo almoçou duas couves-flor.
e) Alfredo e Radagásio são dois gentilhomens. Frase, período e oração:
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabele-
4. Flexão incorreta: cer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenôme-
a) os cidadãos no, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
b) os açúcares Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e
c) os cônsules o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há
d) os tóraxes orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.
e) os fósseis
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoa-ção,
na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.

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Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e Termos essenciais da oração:
nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem
ser classificadas a partir de seu sentido global: O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais
- frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis
pergunta: Que queres fazer? para a formação das orações. No entanto, existem orações forma-
- frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem das exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é
ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair! a presença do verbo.
- frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo: O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.
Que dia difícil! “Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”
- frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já chegou. “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e
Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo (ora- primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Lá-
ção) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e pre- grima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
dicado. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em minada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se com o
número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema do
verbo, estabelecendo a concordância.
que se vai comunicar”. O predicado é a parte da frase que contém
A função do sujeito é basicamente desempenhada por substan-
“a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema,
tivos, o que a torna uma função substantiva da oração. Pronomes,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
substantivos, numerais e quaisquer outras palavras substantivadas
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o
predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um (derivação imprópria) também podem exercer a função de sujeito.
predicado nominal: Ele já partiu;
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opi- Os dois sumiram;
nião. Um sim é suave e sugestivo.
A existência é frágil.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de
A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.
quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto- Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável
final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por reticências. pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco. ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível
Acima temos três orações correspondentes a três períodos sim-ples identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso
ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: “convém que te ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente
apresses” apresenta duas orações, mas uma só frase, pois somente o o sujeito de uma oração.
conjunto das duas é que traduz um pensamento completo. Estão gritando seu nome lá fora;
Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que Trabalha-se demais neste lugar.
se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre um
verbo (ou locução verbal), que implica na existência de um O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único
predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito. núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. também ser um pronome indefinido.
Des-sa forma: Nós nos respeitamos mutuamente;
Rua! = é uma frase, não é uma oração. A existência é frágil;
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a Ninguém se move;
noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas
O amar faz bem.
últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem
um pro-pósito comunicativo; são, portanto, membros de frase. O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por um núcleo.
Alimentos e roupas andam caríssimos;
uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
completo. O período pode ser simples ou composto.
O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração,
que recebe o nome de oração absoluta. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência
Chove. ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do sujeito que está
A existência é frágil. implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opi- pelo contexto.
nião. Abolimos todas as regras. = (nós)

Período composto é aquele constituído por duas ou mais ora- O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se
ções: pode identificar claramente a que o predicado da oração refere--se.
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário, tería-
viver.” Cantei, dancei e depois dormi. mos uma oração sem sujeito.

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Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da
duas maneiras: oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a
- com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito palavra a ele relacionada.
não tenha sido identificado anteriormente:
Bateram à porta; O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significati-
Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro. vo um verbo:
Chove muito nesta época do
- com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pro- ano; Senti seu toque suave;
nome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não apresen- O velho prédio foi demolido.
tam complemento direto: Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas
Precisa-se de mentes criativas; para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
Vivia-se bem naqueles tempos;
Trata-se de casos delicados; O predicado nominal é aquele que tem como núcleo signifi-
Sempre se está sujeito a erros. cativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao
O pronome se funciona como índice de indeterminação do su- sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predica-
jeito. tivo é um nome que se liga a outro nome da oração por meio de
um verbo.
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, arti- Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é,
culam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem está centra- não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, in-
da no processo verbal. Os principais casos de orações sem sujeito dicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito:
com: “Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
- os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Amanheceu repentinamente; Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar,
Está chuviscando. andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como ele-
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
- os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam A função de predicativo é exercida normalmente por um adje-
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral: tivo ou substantivo.
Está tarde.
Ainda é cedo. O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois nú-
Já são três horas, preciso ir; cleos significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo-no-
Faz frio nesta época do ano; minal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento
Há muitos anos aguardamos mudanças significativas; verbal.
Faz anos que esperamos melhores condições de vida; O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo,
indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem sujei-to, o O dia amanheceu ensolarado;
predicado simplesmente enuncia um fato qualquer: As mulheres julgam os homens inconstantes
Chove muito nesta época do ano;
Houve problemas na reunião. No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas fun-
ções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse predi-
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se cado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro nominal:
declara a respeito desse sujeito. O dia amanheceu;
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que O dia estava ensolarado.
difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado); No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o comple-
Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo pen- mento homens como o predicativo inconstantes.
samento (predicado).
Termos integrantes da oração:
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo
está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o comple-
palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou mento nominal são chamados termos integrantes da oração.
também ao sujeito da oração. Os complementos verbais integram o sentido dos verbos tran-
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres sitivos, com eles formando unidades significativas. Esses verbos
de opinião. podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a
presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de pre-
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere posição.
ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indireta- O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao
mente ao verbo. verbo.
A existência (sujeito) é frágil (predicado). Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;

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Os homens sinceros pedem-no às mulheres de - intensidade: Corria bastante.
opinião; Dou-lhes três. - limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.
Houve muita confusão na partida final. - lugar: Vou à cidade.
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente: - meio: Viajarei de trem.
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes - modo: Foram recrutados a dedo.
a pessoas: - negação: Não há ninguém que mereça.
Amar a Deus; - preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes.
Adorar a Xangô; - substituição ou troca: Abandonou suas convicções por privi-
Estimar aos pais. légios econômicos.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.
- com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de trata-
mento: O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, es-
Não excluo a ninguém; pecifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois
Não quero cansar a Vossa Senhoria. são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de
adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos ad-
- para evitar ambiguidade: nominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo
outra) de infância.

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que
ao verbo, ou seja, através de uma preposição. se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres; liga-se ao objeto por meio de um verbo.
Os homens pedem-lhes amor sincero; O poeta português deixou uma obra
Gosto de música popular brasileira. originalíssima. O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto
O termo que integra o sentido de um nome chama-se com- ad-nominal)
plemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome que O poeta português deixou uma obra
completa por intermédio de preposição: inacabada. O poeta deixou-a inacabada.
Desenvolvemos profundo respeito à arte; (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto)
A arte é necessária à vida;
Tenho-lhe profundo respeito. Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substan-
tivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas
Termos acessórios da oração e vocativo: ao substantivo.

Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar,
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto ad- desenvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça
verbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo. qualquer função sintática.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma cir- Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
cunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um ad-
jetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.
advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que
adverbial. se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça. dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adver- oração, em:
bial são: a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas,
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. per-mite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
- afirmação: Sim, realmente irei partir. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas:
- assunto: Falavam sobre futebol. amor, arte, ação.
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. isso forma o carnaval.
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. se por muito tempo na baía anoitecida.
- dúvida: Talvez nos deixem entrar.
- fim: Estudou para o exame. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou in-
- frequência: Sempre aparecia por lá. terpelar um ouvinte real ou hipotético.
- instrumento: Fez o corte com a faca.

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A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
papel na linguagem. Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.

João, venha comigo! Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas princi-


Traga-me doces, minha menina! pais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja.
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras di-
O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma ferentes.
oração em sua composição. Sendo assim: Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas prin-
(Pe-ríodo Composto =locução verbal, verbo, duas orações) cipais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte,
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um consequentemente, pois (posposto ao verbo)
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três orações). Passei no concurso, portanto irei comemorar.
Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma oração. Isso Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
implica que o primeiro exemplo é um período simples, pois tem A situação é delicada; devemos, pois, agir
apenas uma oração, os dois outros exemplos são períodos compos-
tos, pois têm mais de uma oração. Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas princi-
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as pais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois (an-
orações de um período composto: uma relação de coordenação ou teposto ao verbo).
uma relação de subordinação. Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas indivi- PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
duais, como é o exemplo de:
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Pe-
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.”
ríodo Composto)
Oração Principal Oração Subordinada
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar.
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”,
2. Irei à praia.
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do
Separando as duas, vemos que elas são independentes.
indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em
É esse tipo de período que veremos agora: o Período qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, sub-
Composto por Coordenação. juntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ou
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois explícitas.
tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas. Podemos modificar o período acima. Veja:
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
Coordenadas Assindéticas Oração Principal Oração Subordinada
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através
de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a
oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir em
Coordenadas Sindéticas meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apre-senta
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo
que são ligadas através de uma conjunção coordenativa. Esse que unia as duas orações, desapareceu. As orações su-bordinadas cujo
caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação. As verbo surge numa das formas nominais (infinitivo
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: - flexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações
aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. reduzidas ou implícitas.
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjun-
conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como, ções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introdu-
assim... como. zidas por preposição.
Não só cantei como também dancei.
Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Comprei o protetor solar e fui à praia.
A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas princi- vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
pais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no Suponho que você foi à biblioteca hoje.
entanto, ainda, assim, senão. Oração Subordinada Substantiva

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Você sabe se o presidente já chegou? Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem
Oração Subordinada Substantiva isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objetiva
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introdu- Direta
zem as orações subordinadas substantivas, bem como os advérbios
interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos: As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desen-
O garoto perguntou qual seu nome. volvidas são iniciadas por:
Oração Subordinada Substantiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A
professora verificou se todos alunos estavam presentes.
Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Oração Subordinada Substantiva - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes re-
gidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pessoal queria
Classificação das Orações Subordinadas Substantivas saber quem era o dono do carro importado.

De acordo com a função que exerce no período, a oração su- - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes re-
bordinada substantiva pode ser: gidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não sei por
a) Subjetiva que ela fez isso.
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do
ver-bo da oração principal. Observe: c) Objetiva Indireta
É fundamental o seu comparecimento à reunião. A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como
Sujeito objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição.
É fundamental que você compareça à reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subje- Objeto Indireto
tiva
Atenção: Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso)
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser subs- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
tituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período simples:
É fundamental isso. ou Isso é fundamental. Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na ora-
ção.
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a fun- Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Oração
ção de sujeito Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração prin-
cipal: d) Completiva Nominal
A oração subordinada substantiva completiva nominal com-
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: pleta um nome que pertence à oração principal e também vem
É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - marcada por preposição.
Está evidente - Está comprovado Sentimos orgulho de seu comportamento.
É bom que você compareça à minha festa. Complemento Nominal
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se - Con-
ta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos
provado orgulho disso.)
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Oração Subordinada Substantiva Completiva No-
minal
- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar
- ocorrer - acontecer Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas
Convém que não se atrase na entrevista. indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sen-
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o tido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar
verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre
o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
b) Objetiva Direta complemen-ta um verbo, o segundo, um nome.

A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce fun- e) Predicativa


ção de objeto direto do verbo da oração principal. A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de
predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
Todos querem sua aprovação no concurso. depois do verbo ser.
Objeto Direto Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

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Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso) No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva
Oração Subordinada Substantiva Predicativa desen-volvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No
realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na pro- segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de
va. infinitivo: não há pro-nome relativo e seu verbo está no infinitivo.
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
f) Apositiva
A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as
aposto de algum termo da oração principal. orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras dife-
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! rentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo
Aposto a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não há mar-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.) cação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas.
Existem também orações que realçam um detalhe ou amplificam da-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! dos sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente definido,
Oração Subordinada Substantiva Apositiva as quais denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
reduzida de infinitivo Exemplo 1:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : ) que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem
função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é,
introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto não se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava
adnominal do antecedente. Observe o exemplo: passando naquele momento.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) Exemplo 2:
O homem, que se considera racional, muitas vezes age anima-
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjetivo lescamente.
bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra construção, Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Esta foi uma redação que fez sucesso. Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restritivo em
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas expli-cita uma
ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”.
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é separada
termo da oração principal que ela modifica é feita pelo prono-me da oração principal por uma pausa que, na escrita, é representada pela
relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma
pronome relativo desempenha uma função sintática na oração de diferenciar as orações explicativas das restritivas; de fato, as
subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, 3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
altera-se o modo verbal da segunda oração.
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função
pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa forma, pode
- a qual - os quais - as quais exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipóte-
Refiro-me ao aluno que é estudioso. se, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida por uma das conjun-
Essa oração é equivalente a: ções subordinativas (com exclusão das integrantes). Classifica-se de
Refiro-me ao aluno o qual estuda. acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Oração Subordinada Adverbial
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresen-
tam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordi- Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância de
nadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial tem-
as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introdu- poral. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indicam uma
zidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposi- circunstância referente, via de regra, a um verbo. A classifi-cação do
ção) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, adjunto adverbial depende da exata compreensão da cir-cunstância que
gerúndio ou particípio). exprime. Observe os exemplos abaixo:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. vida.

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Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de minha Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certa-
vida. mente o melhor time será campeão.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o con-
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adver- trato.
bial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo Caso você se case, convide-me para a festa.
período, esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”, d) Concessão
que é, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam con-
oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção su- cessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem uma
bordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo in- contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está dire-
dicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível tamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa.
reduzi-la, obtendo-se: Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ainda
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de
vida. que.
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das for- Só irei se ele for.
mas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, realizará caso essa condição seja satisfeita.
combinada com o artigo “o”). Compare agora com:
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é Irei mesmo que ele não vá.
feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais. A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de
Baseia-se na circunstância expressa pela oração. qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração desta-
cada é, portanto, subordinada adverbial concessiva.
Circunstâncias Expressas pelas Orações Subordinadas Ad- Observe outros exemplos:
verbiais Embora fizesse calor, levei agasalho.
a) Causa Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca população continua à margem do mercado de consumo.
um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração prin- Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não
cipal. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”. estudasse). (reduzida de infinitivo)
Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introdu- e) Comparação
zido na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já As orações subordinadas adverbiais comparativas estabelecem
que, uma vez que, visto que. uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração prin-
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. cipal.
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alterna- Principal conjunção subordinativa comparativa:
tiva a não ser cancelá-lo. COMO Ele dorme como um urso.
Já que você não vai, eu também não vou. Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações subordi-
nadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
b) Consequência Agem como crianças. (agem)
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem
Oração Subordinada Adverbial Comparativa
um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na ora-
ção principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão... No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
que, tanto...que, tamanho...que. ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (precedi- verbo falar e do verbo fazer).
do de tal, tanto, tão, tamanho)
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.) f) Conformidade
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concreti-
zando-os. As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
Infinitivo) adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFOR-
c) Condição ME
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a reali- Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
zação ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais con- (todas com o mesmo valor de conforme).
dicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize Fiz o bolo conforme ensina a receita.
ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
Principal conjunção subordinativa condicional: SE iguais.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
vez que (seguida de verbo no subjuntivo).

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g) Finalidade Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a nor-ma-
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção, -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo em destaque,
a finalidade daquilo que se declara na oração principal. o trecho estará corretamente reescrito em:
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locução a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prá-
conjuntiva para que. tica.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos. B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada entras- a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prá-
se. tica.
h) Proporção C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a
As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase toda a
oração principal. cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultura
PROPORÇÃO QUE humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática.
Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao 04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.) Em –
passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel mas
também da necessidade de maior número de viagens... –, os termos
maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
em destaque estabelecem relação de
quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
A) explicação.
(mais), quanto menos...(menos). B) oposição.
À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões. C) alternância.
Visito meus amigos à medida que eles me convidam. D) conclusão.
Quanto maior for a altura, maior será o tombo. E) adição.
i) Tempo 5. Analise a oração destacada: Não se desespere, que estare-
As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam mos a seu lado sempre.
uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo Marque a opção correta quanto à sua
exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posteriorida- classificação: A) Coordenada sindética aditiva.
de. B) Coordenada sindética alternativa.
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO C) Coordenada sindética conclusiva.
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal e D) Coordenada sindética explicativa.
locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, an-
tes que, depois que, sempre que, desde que, etc. 6. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor adversa-
Quando você foi embora, chegaram outros convidados. tivo é:
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”.
Mal você saiu, ela chegou. B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de
festa) (Oração Reduzida de Particípio) pe-dir esmola”.
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da
Questões sobre Orações Coordenadas miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”.
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
1. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplantação moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde
integral de gosto e de estilo” tem valor: E à educação”.
A) conclusivo
7. Assinale a alternativa em que o sentido da conjunção
B) adversativo subli-nhada está corretamente indicado entre parênteses.
C) concessivo A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende tra-
D) explicativo balhar como advogado. (explicação)
E) alternativo B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição)
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se
2. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A ora- preocupe. (oposição)
ção em destaque é: D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. (al-
a) coordenada explicativa b) coordenada adversativa ternância)
c) coordenada aditiva d) coordenada conclusiva E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
e) coordenada assindética chuva. (conclusão)
3. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia o 8. Analise sintaticamente as duas orações destacadas no texto
seguinte trecho: “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na casa, nem as-
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a cul- sustou seus habitantes.” A seguir, classifique-as, respectivamente,
tura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. como coordenadas:

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A) adversativa e aditiva. C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa de
B) explicativa e aditiva. pe-dir esmola”. = adição
C) adversativa e alternativa. D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manutenção da
D) aditiva e alternativa. miséria E prejudica o desenvolvimento da sociedade”. = adição
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinheiro, de
9. Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura, acesso à saúde
pessoas que não sabem cozinhar. A palavra “porque” pode ser E à educação”. = adição
substituída, sem alteração de sentido, por
A) entretanto. B) então. C) assim. D) pois. E) porém. 7-)
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pretende tra-
10- Na oração “Pedro não joga E NEM ASSISTE”, temos a balhar como advogado. = adversativa
presença de uma oração coordenada que pode ser classificada em: C) Você está preparado para a prova; por isso, não se preocupe.
A) Coordenada assindética; = conclusão
B) Coordenada assindética aditiva; D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
C) Coordenada sindética alternativa; = explicativa
D) Coordenada sindética aditiva. E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam toda a
chuva. = alternativa
GABARITO
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D 8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa -
06. A 07. B 08. A 09. D 10. D nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva
RESOLUÇÃO 9-) Um livro de receita é um bom presente porque ajuda as
pessoas que não sabem cozinhar.
1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de = conjunção explicativa: pois
gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: oração coor-
denada sindética adversativa 10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adição,
2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a oração soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva.
em destaque não é introduzida por conjunção, então: coordenada Questões sobre Orações Subordinadas
assindética
(Papiloscopista Policial – Vunesp/2013).
3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e ideia)
adversativa Mais denso, menos trânsito
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e em pro-
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida práti-
cesso de deterioração agudizado pelo crescimento econômico da
ca. = conclusiva
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como quase toda última década. Existem deficiências evidentes em infraestrutura, mas
a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida práti- é importante também considerar o planejamento urbano.
ca. = conformativa Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de descon-
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a centração, incentivando a criação de diversos centros urbanos, na
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. visão de que isso levaria a uma maior facilidade de deslocamento.
= conclusiva Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos centros
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase toda a cultura e o aumento das distâncias multiplicam o número de viagens, di-
humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. ficultando o investimento em transporte coletivo e aumentando a
= explicativa necessidade do transporte individual.
Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu substituir Se olharmos Los Angeles como a região que levou a des-
por porque; como conclusiva: substituo por portanto. concentração ao extremo, ficam claras as consequências. Numa
região rica como a Califórnia, com enorme investimento viário,
4-) fruto não só do novo acesso da população ao automóvel temos engarrafamentos gigantescos que viraram característica da
mas também da necessidade de maior número de viagens... estabe- cidade.
lecem relação de adição de ideias, de fatos Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com elevado
adensamento e predominância do transporte coletivo, como mos-
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre. tram Manhattan e Tóquio.
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindética ex- O centro histórico de São Paulo é a região da cidade mais bem
plicativa servida de transporte coletivo, com infraestrutura de telecomuni-
cação, água, eletricidade etc. Como em outras grandes cidades, essa
6-) deveria ser a região mais adensada da metrópole. Mas não
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não ajuda é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento gradual do centro, com
(ideia contrária) deslocamento das atividades para diversas regiões da cidade.
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. =
adição

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A visão de adensamento com uso abundante de transporte co- A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar de-
letivo precisa ser recuperada. Desse modo, será possível reverter pois de casada.
esse processo de uso cada vez mais intenso do transporte indivi- B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso como
dual, fruto não só do novo acesso da população ao automóvel, mas can-tor romântico.
também da necessidade de maior número de viagens em fun-ção C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já pensam
da distância cada vez maior entre os destinos da população. em casamento.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adaptado) D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão de mú-
sico provavelmente ganhará pouco.
As expressões mais denso e menos trânsito, no título, estabele- E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido torne-
cem entre si uma relação de se um artista famoso.
(A) comparação e adição. (B) causa e consequência.
(C) conformidade e negação. (D) hipótese e concessão. 5. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – Ape-
(E) alternância e explicação sar da desconcentração e do aumento da extensão urbana veri-
ficados no Brasil, é importante desenvolver e adensar ainda mais
2. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP os diversos centros já existentes... –, sem que tenha seu sentido
– 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positivo por eles se alterado, o trecho em destaque está corretamente reescrito em:
tor-narem uma referência positiva dentro da unidade, já que A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Extensão
cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e pensam melhor urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
nas suas ações, refletem antes de tomar uma atitude. – o termo em ainda mais os diversos centros já existentes...
destaque estabelece entre as orações uma relação de B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da
extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar
A) condição. B) causa. C) comparação. D) tempo.
ainda mais os diversos centros já existentes...
E) concessão. C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento
3. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas que da extensão urbana no Brasil, é importante desenvolver e adensar
apa-recem nos períodos abaixo são todas subjetivas, exceto: ainda mais os diversos centros já existentes...
A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço. D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e adensar
vida. ainda mais os diversos centros já existentes...
C) Ignoras quanto custou meu relógio? E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da
D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos. E)
extensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e
Convinha-nos que você estivesse presente à reunião adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
4. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). 6. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É fun-
Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com seu Na- damental que essa visão de adensamento com uso abundante de
morado Lute. transporte coletivo seja recuperada para que possamos reverter
esse processo de uso… –, a expressão em destaque estabelece en-
tre as orações relação de
A) consequência.
B) condição.
C) finalidade.
D) causa.
E) concessão.

7. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). Consi-


dere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, naquele mes-
mo ano foi enquadrado na lei de segurança nacional pela ditadura
militar e exilado.” O termo Como, em destaque na primeira parte
do enunciado, expressa ideia de
A) contraste e tem sentido equivalente a porém.
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que. C)
conformidade e tem sentido equivalente a conforme. D)
causa e tem sentido equivalente a visto que.
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que.

8. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-


cas – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – “Fio, disjuntor, toma-
(Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013) da, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho que chega a
contaminar-me. –, a construção tanto ... que estabelece entre as
É correto afirmar que a expressão contanto que estabelece construções [com tanto orgulho] e [que chega a contaminar-me]
en-tre as orações relação de uma relação de

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A) condição e finalidade. 6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
B) conformidade e proporção.
C) finalidade e concessão. 7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia de
D) proporção e comparação. causa da consequência “foi enquadrado” = causa e tem sentido
E) causa e consequência. equivalente a visto que.

9. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem 8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a constru-
mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número ção estabelece uma relação de causa e consequência. (a causa da
de imigrantes que o Brasil em um ano.” A alternativa que substitui “contaminação” – consequência)
a expressão em negrito, sem prejuízo ao conteúdo, é:
A) já que. B) 9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país bem
todavia. C) mais fechado – embora em doze dias recebam o mesmo número de
ainda que. D) imigrantes que o Brasil em um ano.” = conjunção concessiva:
entretanto. E) ainda que
talvez. 10-) contanto que garantam sua autenticidade. = conjunção
10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alternativa condicional = desde que
que substitui o trecho em destaque na frase – Assinarei o docu- Questões sobre Análise Sintática
mento, contanto que garantam sua autenticidade. – sem que haja
prejuízo de sentido. 1. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os tra-
(A) desde que garantam sua autenticidade. balhadores passaram mais tempo na escola...
(B) no entanto garantam sua autenticidade. O segmento grifado acima possui a mesma função sintática
(C) embora garantam sua autenticidade. que o destacado em:
(D) portanto garantam sua autenticidade. A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
(E) a menos que garantam sua autenticidade. B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
C) O crescimento da escolaridade também foi impulsionado...
GABARITO D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio...
01. B 02. B 03. C 04. D 05. A E) ...impulsionado pelo aumento do número de universida-
06. C 07. D 08. E 09. C 10. A des...
RESOLUÇÃO 02.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013). Donos de
uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens [...], sabiam
1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, consequente- os paulistas como...
mente, menos trânsito, então: causa e consequência O segmento em destaque na frase acima exerce a mesma fun-
ção sintática que o elemento grifado em:
2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece entre as A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mostradores
para a volta.
orações uma relação de causa com a consequência de “tem um
B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescentariam
efeito positivo”. aqueles de considerável...
C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal. D)
3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subordinada
Uma sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia
substantiva objetiva direta
significar uma pista.
A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou seja, não
E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a
se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos verbos “convir”,
vila de São Paulo como centro...
“parecer”, “importar”, “constar” etc., e também não inicia com as
conjunções integrantes “que” e “se”. 3. Há complemento nominal em:
A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
4-) a expressão contanto que estabelece uma relação de con- B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de ganhar a
dição (condicional) vida.
C)Ela estava na janela do edifício.
5-) Apesar da desconcentração e do aumento da extensão urba- D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
na verificados no Brasil = conjunção concessiva E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e mocinho
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o aumento da de cinema.
extensão urbana no Brasil, = causal
C) Assim como são verificados a desconcentração e o aumento 4. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o termo
da extensão urbana no Brasil = comparativa destacado é:
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da extensão A) pronome possessivo B)
urbana verificados no Brasil = causal complemento nominal C)
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento da objeto indireto
extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas D) adjunto adnominal
E) objeto direto

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5. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito das C)na janela do edifício. = adjunto adnominal
se-guintes orações em relação aos verbos destacados: D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto indireto E)
- Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto indireto
vida. - Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
A)Tu – vós 4-) esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransitivo,
B)Nós – eu ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de dois com-
C)Vós – nós plementos – dois objetos: direto e indireto.
D) Ele - tu Deu o quê? = cem mil contos (direto) Deu
a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
6. Classifique o sujeito das orações destacadas no texto se-
guinte e, a seguir, assinale a sequência correta. 5-) - Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualidade de
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatural. vida.
É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacionalismo com - Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses tomam partido e
interferem nas aventuras dos heróis, ajudando-os ou atrapalhan- 6-) É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatural.
do- -os. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacionalismo com o
A)simples, composto caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses tomam partido e
B)indeterminado, composto interferem nas aventuras dos heróis, ajudando-os ou atrapalhan-
C)simples, simples do-os.
D) oculto, indeterminado Ambos os termos apresentam sujeito simples

7. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”. Identi- 7-) Surgiram fotógrafos e repórteres.


fique a alternativa que classifica corretamente a função sintática e O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta (final da
a classe morfológica dos termos destacados: oração). Portanto: função sintática: sujeito (composto); classe
A) objeto indireto – substantivo morfológica (classe de palavras): substantivos.
B) objeto direto - substantivo
C) sujeito – adjetivo PONTUAÇÃO
D) objeto direto – adjetivo
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
E) sujeito - substantivo para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar es-
GABARITO pecificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
1. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
portuguesa.
RESOLUÇÃO
Ponto
1-) Os trabalhadores passaram mais tempo na 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
escola = SUJEITO - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = objeto direto se encontra.
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe. = objeto - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
direto - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
C) O crescimento da escolaridade também foi impulsionado...
= sujeito paciente 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio... =
objeto direto Ponto e Vírgula ( ; )
E) ...impulsionado pelo aumento do número de universida- 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma impor-
des... = agente da passiva tância.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão a
2-) Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
selva-gens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= adjunto 2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas.
adverbial - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
C) seria perceptível o sinal. = predicativo frio e cobertor.
D) Uma sequência de tais galhos = sujeito
E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto direto 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
de-creto de lei, etc.
3-) - Ir ao supermercado;
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal - Pegar as crianças na escola;
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento nomi- - Caminhada na praia;
nal (possibilidade de quê?) - Reunião com amigos.

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Dois pontos c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não
1- Antes de uma citação querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: dos lucros altos.

2- Antes de um aposto - Para marcar inversão:


- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
tarde e calor à noite. Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento pesquisa-dores, não lhes destinaram verba alguma.
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de
rotina de sempre. 1982.

4- Em frases de estilo direto - Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em


Maria perguntou: enumeração):
- Por que você não toma uma decisão? Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
súplica, etc. Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! - Para isolar:
2- Depois de interjeições ou vocativos - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
- Ai! Que susto! possui um trânsito caótico.
- João! Há quanto tempo! - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm

Reticências Questões sobre Pontuação


1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos... 1. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com
2- Indica interrupção violenta da frase. a norma-padrão da língua portuguesa.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou a
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
- Este mal... pega doutor? dar a revelar quem era a sua dona.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou a
- Deixa, depois, o coração falar... esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
dar a revelar quem era a sua dona.
Vírgula (C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
Não se usa vírgula esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se dar a revelar quem era a sua dona.
diretamente entre si: (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
- entre sujeito e predicado. experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
Todos os alunos da sala foram advertidos. esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju-
Sujeito predicado dar a revelar quem era a sua dona.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
- entre o verbo e seus objetos. experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju-
V.T.D.I. O.D. O.I. dar a revelar quem era a sua dona.

Usa-se a vírgula: 2. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP-


- Para marcar intercalação: TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Campeo-
vem caindo de preço. nato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir o número
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão de pessoas que não possuem o nome do pai em sua certidão de
produ-zindo, todavia, altas quantidades de alimentos. nascimento. (...)

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A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em sua a) A
certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque tem b) B
natureza restritiva. c) C
( ) Certo d) D
( ) Errado e) E

03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN- 7. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO –


DES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo- VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
se o sentido e a obediência à norma-padrão? pontuação.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns-
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque você
para o evento. está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos, são
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- desconhecidos.
to do desportista. (C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, extensão de nossa personalidade.
natação e canoagem. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os
níveis de estresse em alguns motoristas.
4. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012) (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta. são as principais causas da ira de trânsito.
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da 8. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
transação. c) Maria, você trouxe os documentos? GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco-
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí
estranha. desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
agora afasta que abriu o sinal.”
5. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên-
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo cia, minha filha, este é [...]”, para separar
das vírgulas. (A) aposto.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (B) vocativo.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (C) adjunto adverbial.
acione o código na internet.
(D) expressão explicativa.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o
có-digo foi acionado.
9. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, re-
OPERACIONAL PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO –
cebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança foi
FCC/2011) O período corretamente pontuado é:
encontrada.
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em con-
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro
às, areias do Guarujá. dições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de
podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
quem a encontrou e informar um ponto de referência (C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre,
6. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor- (D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos
reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição iminentes que comprometem, a sobrevivência.
em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para (E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a
que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus- liberdade, nada poderia parecer, realmente intransponível.
tes nas letras iniciais minúsculas.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de GABARITO
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro- 01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- 06. D 07. A 08. B 09.B
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e RESOLUÇÃO
reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também cen-tros
de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para reci- 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
clagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas pela (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo-ra,
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade,
melhores para se viver. procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

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(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e
bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade, reciclagem(C). As escolas participantes se tornam também centros
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que de descarte de garrafas PET(D), destinadas depois para recicla-
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. gem(E). O programa possibilitará o retorno das bicicletas pela
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, em- saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu- melhores para se viver.
rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição (D),
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. pois antecipa um termo explicativo.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
(X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu- 7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns-
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, porque
2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha você está junto; (X) com os outros motoristas cujos comportamen-
(apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimen-to). tos, (X) são desconhecidos.
Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”, (C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem
generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as ser uma extensão de nossa personalidade.
pessoa não têm o nome do pai na certidão. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) au-
RESPOSTA: “CERTO”. mentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua,
3-) (X) são as principais causas da ira de trânsito.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. =
mantê-la (termo deslocado) 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (vocativo)
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara 9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequa-
para o evento. das ou faltantes:
= mantê-la (explicação) (A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência em
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos espec-
to do desportista. tadores.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
natação e canoagem. (C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
= mantê-la (enumeração) sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante: a) pelo frio.
Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem! (D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência.
transação. c) Maria, você trouxe os documentos? (E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema. liber-dade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível.
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma
movimen-tação estranha. CONCORDÂNCIA

5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo e
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
ao grupo ou acione o código na internet. principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
onde o código foi acionado. função de subordinado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados , Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
a criança foi encontrada. pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega pri- chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pes-
meiro às , (X) areias do Guarujá. soa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chega-
6-) ram atrasados.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pro-
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili-zarem
a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos ajudam

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Casos referentes a sujeito simples 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. casa sou eu que decido tudo.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
multidão, apavorada, saiu aos gritos. com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos
Observação: funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitora-
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal do apoiou a decisão.
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
plural: Observações:
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem,
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
diretoria 50% dos funcionários.
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter-
núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue: A minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos
maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol-
funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
veram ficar.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro-
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aproxi-
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
mativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concorda
com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candidatos pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
se inscreveram no concurso. homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.

5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró-
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi- prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os
dato se inscreveu no concurso de piadas. determinam:
Observação: - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada este permanece no singular, contanto que o predicativo também
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente, esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma cria-
deverá permanecer no plural: ção de Machado de Assis.
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per-
cam-panha de doação de alimentos. manece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades - Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
de formatura. aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
potência mundial.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”,
o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atua- Casos referentes a sujeito composto
ram na Copa América.
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi- cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós, a dois pressupostos básicos:
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais:
questões básicas: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de
nós o receberão. 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de nós receram ao evento.
o receberá.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa-
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós receu ao evento o pai e seus dois filhos.
quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos
toda a verdade para ela.

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4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais de e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo e - Concordam com o substantivo a que se referem.
grande companheiro merece toda a felicidade do mundo. As cartas estão anexas. A bebida
está inclusa. Precisamos de
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou nomes próprios. Obrigado, disse
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer no o rapaz.
singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista, mi-nha
premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, minha f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
conquista, minha premiação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular
e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis. Pusemos
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais ter- numa e noutra bandeja rasas o peixe.
mos da oração para que concordem em gênero e número com o
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o g) É bom, é necessário, é proibido
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se - Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
flexionará à sua maneira. de artigo ou outro determinante.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con- Canja é bom. / A canja é boa.
cordam em gênero e número com o substantivo. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
- A pequena criança é uma gracinha. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. proibida.

Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge- h) Muito, pouco, caro
ral mostrada acima. - Como adjetivos: seguem a regra geral.
a) Um adjetivo após vários substantivos Comi muitas frutas durante a viagem.
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou Pouco arroz é suficiente para mim.
concorda com o substantivo mais próximo. Os sapatos estavam caros.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. - Como advérbios: são invariáveis.
Comi muito durante a viagem.
- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural Pouco lutei, por isso perdi a
masculi-no ou concorda com o substantivo mais próximo. batalha. Comprei caro os sapatos.
- Ela tem pai e mãe louros. i) Mesmo, bastante
- Ela tem pai e mãe loura. - Como advérbios: invariáveis
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente Preciso mesmo da sua ajuda.
para o plural. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
- O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. - Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró-
ximo. j) Menos, alerta
Comi delicioso almoço e sobremesa. - Em todas as ocasiões são invariáveis.
Provei deliciosa fruta e suco. Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda
com o mais próximo ou vai para o plural. k) Tal Qual
Estavam feridos o pai e os filhos. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Estava ferido o pai e os filhos. consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava
fluentemente a língua inglesa e a espanhola. l) Possível
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
- coloca o substantivo no plural. ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
d) Pronomes de tratamento As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
- sempre concordam com a 3ª pessoa. cidade.
Vossa Santidade esteve no Brasil.

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m) Meio 3. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para res-
- Como advérbio: invariável. ponder à questão.
Estou meio (um pouco) insegura. _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada
- Como numeral: segue a regra geral. em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbo-no,
Comi meia (metade) laranja pela manhã. a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
n) Só ___________diferença, as companhias não podem suportar ter de
- apenas, somente (advérbio): invariável. pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem
Só consegui comprar uma passagem. qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços--
sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de
- sozinho (adjetivo): variável. quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
Estiveram sós durante horas. das políticas de crescimento verde sempre ___________
a segunda opção.
Fonte: (Carta Capital, 27.06.2012.
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal. Adaptado)
htm
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
cunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
com:
(A) Restam… faça… será
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
(B) Resta… faz… será
cordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:
(C) Restam… faz... serão
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
(D) Restam… façam… serão
determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
(E) Resta… fazem… será
de a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser 04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a prá- em que o trecho
tica política. – Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro regi- quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamen-te
me democrático, em que se respeita tanto as liberdades individuais reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
quanto as coletivas. (A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até agora
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
poder central. agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser quantifi-
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o cados.
momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até
na sociedade. agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
quantificado.
2. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concordân- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
cia verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura, quantificado.
que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec- (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras, agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá-
sua matéria-prima. sicos.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre de-
lineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultra- 5. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATI-
passar os limites da época em que vivem seus autores, gênios no VO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
domínio das palavras, sua matéria-prima. I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa...
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe per- II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifica-
mitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens se ção do continente americano (2,0)...
transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa ver- Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
dadeira interação com a realidade. concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- em:
mente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
deste último e o prazer da leitura. (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos
ultrapassa os limites de tempo e de época. quiseram ficar até o nascer do sol na praia.

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(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
também existem umas que não merecem nossa atenção. mundial de barris de petróleo)
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
da matéria-prima... (Constantes aumentos)
6. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de pe- mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas)
regrinação.
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso 10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi-
o segmento grifado seja substituído por: nale a alternativa em que a concordância das formas verbais desta-
(A) Há folheteiros que cadas está de acordo com a norma-padrão da língua.
(B) A maior parte dos folheteiros (A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização
(C) O folheteiro e sua família subterrânea.
(D) O grosso dos folheteiros (B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os trabalha-
(E) Cada um dos folheteiros dores da área de limpeza.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de
7. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) se contrair alguma doença.
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em: (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem pre- manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
conceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou
poéticas tão originais. a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus funcio-
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído à nários.
arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
versidades do país. GABARITO
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa-
ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi- 01. A 02. A 03. A 04. E 05. A
zessem o respeito que faziam por merecer. 06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C
(D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a pouca
visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado do
puro e simples desconhecimento. RESOLUÇÃO
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas dos
cordelistas estavam diretamente ligados à falta de representativi- 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
dade. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
8. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – de a suas decisões.
FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve)
verbal e nominal em: ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os que regem a prática política.
mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais hu- (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro
mildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje. regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as liber-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony dades individuais quanto as coletivas.
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de (D) As instituições fundamentais de um regime democrático
seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram. não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens in-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e discriminadas de um único poder central.
judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados (vol-
próximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma tré- tado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as diferentes
gua. opiniões existentes na sociedade.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, 2-)
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu- A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
mam encontrar muito mais detratores que admiradores. que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos sua matéria-prima. = correta
livros que publicavam como pelas posições que corajosamente as- B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre de-
sumiam. lineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor ao
ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores, gê-
9. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) O nios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes per-
segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em: mite criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans-
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta) interação com a realidade.

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D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa-
mente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi-
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual zessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer.
deste último e o prazer da leitura. (D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvaloriza-
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que consti- ção e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (po-
tuem leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo dem) ser resultado do puro e simples desconhecimento.
que ultrapassa os limites de tempo e de época. (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
3-) _Restam___dúvidas representatividade.
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
__faça __diferença 8-) Fiz as correções entre parênteses:
a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____ a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os
será_____ a segunda opção. mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais hu-
Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no mildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje.
plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/ b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas. Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram.
4-) c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos. (esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido)
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua.
agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem quan- d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
tificados. ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu-
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até mam encontrar muito mais detratores que admiradores.
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
quantificados. tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que co-
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam rajosamente assumiam.
quantificados.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até 9-)
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá- (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há”
sicos. = correta permaneceria no singular
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) =
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos “sabe” permaneceria no singular
itens: (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (sin- mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular
gular) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” passaria para
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (plu- “refletem-se”
ral) (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) =
(plural) “pressiona” permaneceria no singular
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as for-
mas estão no plural) 10-) Fiz as correções:
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
6-) (B) Ainda existe muitas pessoas = existem
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “folhe- (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
terios”) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) manhã = eram
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) = começaram
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta: REGÊNCIA
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocor-
dessas criações poéticas tão originais. re entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído à em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não am-
arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni- bíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam
versidades do país. corretas e claras.

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Regência Verbal Verbos Transitivos Diretos

Termo Regente: VERBO Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos
diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele-
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve-mos
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje- lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como objetos
tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa- formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as formas verbais terminadas em sons nasais), enquan-to lhe e lhes são,
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples quando complementos verbais, objetos indiretos.
mudança ou retirada de uma preposição. Observe: São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, aben-
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar. A çoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar,
mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar,
prazer”, satisfazer. conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar,
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar,
a alguém”. socorrer, su-portar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
Saiba que: verbo amar:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos Amo aquele rapaz. / Amo-o.
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também Amo aquela moça. / Amo-a.
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o Amam aquele rapaz. / Amam-no.
sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

Cheguei ao metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
Cheguei no metrô. indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é Verbos Transitivos Indiretos
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje-tos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acor- indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi-ção para
do com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pessoais do
absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como objetos
frases distintas. indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos
Verbos Intransitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen-tam pessoas,
usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes-soa (ele, ela) em
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É impor- lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
tante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
adverbiais que costumam acompanhá-los. - Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
- Chegar, Ir “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de todos.
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
ou direção são: a, para. - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in-
Fui ao teatro. troduzidos pela preposição “a”:
Adjunto Adverbial de Lugar Devemos obedecer aos nossos princípios e
ideais. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Ricardo foi para a Espanha. - Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
- Comparecer Respondi ao meu patrão.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Respondemos às perguntas.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Respondeu-lhe à altura.
jogo.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
Veja:

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O questionário foi respondido corretamente. Saiba que:
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. - A construção “pedir para”, muito comum na linguagem co-
tidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No en-
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos intro- tanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver su-
duzidos pela preposição “com”. bentendida.
Antipatizo com aquela apresentadora. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
para uma minoria privilegiada. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir
entregar-lhe os catálogos em casa).
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
- A construção “dizer para”, também muito usada popularmen-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de te, é igualmente considerada incorreta.
um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto Preferir
direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto in-
Veja os exemplos: troduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeço aos ouvintes a audiência. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Indireto Objeto Direto Prefiro trem a ônibus.

Paguei o débito ao cobrador. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Objeto Direto Objeto Indireto termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um mi-
lhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com par- próprio verbo (pre).
ticular cuidado. Observe:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Mudança de Transitividade X Mudança de Significado
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
Paguei minhas contas. / Paguei-as. tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escre-
Informar ve. Dentre os principais, estão:
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. AGRADAR
Informe os novos preços aos clientes. - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos pre- riciar.
ços) Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quan-
do o revê.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
construções: não perde oportunidade de agradá-lo.
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
eles) satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição “a”.
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os O cantor não agradou aos presentes.
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. O cantor não lhes agradou.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi- ASPIRAR
ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto. - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Pedir - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva-
oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. mos a elas)
Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, mas
coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” e sim
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem-plo: Aspiravam
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Objetiva Direta

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ASSISTIR - Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, en-
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar volver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
assis-tência a, auxiliar. Por exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não
trabalhasse arduamente.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
es-tar presente, caber, pertencer. Exemplos: PROCEDER
Assistimos ao documentário. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabi-
Não assisti às últimas sessões. mento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa se-
Essa lei assiste ao inquilino. gunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de
modo.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran- As afirmações da testemunha procediam, não havia como re-
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu- futá-las.
Você procede muito mal.
zido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.

CHAMAR - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”


- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela prepo-
a atenção ou a presença de. sição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-
Procedeu-se aos exames.
la. Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. O delegado procederá ao inquérito.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
QUERER
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicio-
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
nado ou não.
de, cobiçar.
A torcida chamou o jogador mercenário. A
Querem melhor atendimento.
torcida chamou ao jogador mercenário. A
Queremos um país melhor.
torcida chamou o jogador de mercenário. A
torcida chamou ao jogador de mercenário. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar.
CUSTAR Quero muito aos meus amigos.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou Ele quer bem à linda menina.
preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu- Despede-se o filho que muito lhe quer.
ras não deveriam custar muito.
VISAR
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer
transitivo indireto. pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Muito custa viver tão longe da família. O gerente não quis visar o cheque.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo,
é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati- O ensino deve sempre visar ao progresso social.
tude. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar públi-
Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva co.
Indireto Reduzida de Infinitivo
ESQUECER – LEMBRAR
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que - Lembrar algo – esquecer algo
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Observe:
Custei para entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
Forma correta: Custou-me entender o problema. complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes impli- indiretos:
cavam um firme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarre- - Eu me esqueci da chave.
tar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento po- - Eles se esqueceram da prova.
lítico de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É
uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses.
Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).
SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.
VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sem-pre
intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o
exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

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Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra de Tunuí...
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador...

04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).


... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da frase acima se encontra em:
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo latino dirigere...
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das sociedades...
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da justiça...
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento de justiça.

5. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012,
está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável em
alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais notável,
em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais notável,
em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais notável
em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável em
alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.
6. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a responsabilidade pelo problema.
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se perdido.
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um índio na porta do prédio.
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido de sua família.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à garotinha.

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7. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al- Pedir = verbo transitivo direto e indireto
ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo
texto, de acordo com as regras de regência. direto
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi- B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação
nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
exposição a imagens idealizadas pela mídia. =verbo intransitivo
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
mí-dia pode exercer sobre os jovens. =transitivo direto
A) dos … na B) nos … entre a
C) aos … para a D) sobre os … pela 3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par-
E) pelos … sob a tes desiguais...
Constar = verbo intransitivo
8. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi- B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua, troncos mais robustos. =ligação
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
quanto à regência, verbal ou nominal. não raro, quem... =transitivo direto
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na
mil tomadas. serra de Tunuí... = transitivo direto
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio,
homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. mestre e colaborador...=transitivo direto
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
logo-tipos e negociar. 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas Lidar = transitivo indireto
do edifício. B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie-
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse dades... =transitivo direto
a um prédio na marginal. C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
justiça. =ligação
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
9. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale justiça... =transitivo direto e indireto
a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, confor- E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
me as regras de regência da norma-padrão da língua e sem altera- sentimento de justiça. =transitivo direto
ção de sentido. 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontua-
dos trabalhadores domésticos. ção encontra-se em tópico específico)
A) da B) (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
na C) (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação)
pela D) (C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à
sob a E) pontuação)
sobre a (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente, seu
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais no-tável
GABARITO em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
06. A 07. C 08. A 09. C 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
RESOLUÇÃO perdido.
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras índio na porta do prédio.
ciên-cias ... (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de
Facilitar – verbo transitivo direto sua família.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura pela
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de liga- garotinha.
ção
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
direto e indireto assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
transitivo indireto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a mídia
pode exercer sobre os jovens.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos
filhos do sueco.

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8-) Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às
B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar lo- - Aço (substantivo) e asso (verbo).
gotipos e negociar.
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de toma- Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.
das do edifício. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside-
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse rada uma deficiência dos idiomas.
em um prédio na marginal. O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
dos trabalhadores domésticos. Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no
timbre ou na intensidade das vogais.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS - Rego (substantivo) e rego (verbo).
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguin- - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
tes categorias: - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
- Para (verbo parar) e para (preposição).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
aproxi-mado. Exemplo: - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
- Alfabeto, abecedário. - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o).
- Brado, grito, clamor.
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. na escrita.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos dife- - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
renciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação con-sertar).
e certas propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (ani- - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
mal e quadrúpede); uns são próprios da fala corrente, desataviada, - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta, - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmo- - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
logista, cinzento e cinéreo). - Paço (palácio) e passo (andar).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
- Adversário e antagonista. anular).
- Translúcido e diáfano. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Semicírculo e hemiciclo. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Contraveneno e antídoto.
- Moral e ética. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
- Colóquio e diálogo. - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Transformação e metamorfose. - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
- Oposição e antítese. - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinoní- - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
mia, palavra que também designa o emprego de sinônimos. - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).

Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos: Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia:
- Ordem e anarquia. Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni-co,
- Soberba e humildade. atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever e
- Louvar e censurar. proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir
- Mal e bem. (transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo
ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto ou rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir-mar)
negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático, e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito grande:
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/ soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.

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Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. 04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem po-
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan- lítica.
tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado. b) A catástrofe torna-se iminente.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. c) Sua ascensão foi rápida.
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao d) Ascenderam o fogo rapidamente.
véu do palato. e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas 5. Há uma alternativa errada. Assinale-
de acepções. a: a) cozer = cozinhar; coser = costurar
b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país c)
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser comprimento = medida; cumprimento = saudação
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos: d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio). e) chácara = sítio; xácara = verso
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). 6. Assinale o item em que a palavra destacada está incorre-
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado). tamente aplicada:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.
nos seguintes exemplos: c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
- Comprei uma correntinha de ouro. d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever.
- Fulano nadava em ouro. e) A cessão de terras compete ao Estado.
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim-
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real, 7. O ...... do prefeito foi ..... ontem.
denotativo. a) mandado - caçado
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder, b) mandato - cassado
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias c) mandato - caçado d)
conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra- mandado - casçado e)
diam da palavra). mandado - cassado

8. Marque a alternativa cujas palavras preenchem correta-mente


Exercícios as respectivas lacunas, na frase seguinte: “Necessitando ......
o número do cartão do PIS, ...... a data de meu nascimento.”
1. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos a) ratificar, proscrevi
erros do passado. b) prescrever, discriminei
a) eminente, deflagração, incidiram b) c) descriminar, retifiquei
iminente, deflagração, reincidiram c) d) proscrever, prescrevi
eminente, conflagração, reincidiram e) retificar, ratifiquei
d) preste, conflaglação, incidiram
e) prestes, flagração, recindiram 9. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os
..... em astronomia.”
2. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre a) insipiência tachar expertos
diante da ....... demonstrada pelo político”. b) insipiência taxar expertos
a) seção - fragrante - incipiência b) c) incipiência taxar espertos
sessão - flagrante - insipiência c) d) incipiência tachar espertos
sessão - fragrante - incipiência d) e) insipiência taxar espertos
cessão - flagrante - incipiência e)
seção - flagrante - insipiência 10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apresen-
tava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras adequadas
03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a para preenchimento das lacunas são:
..... . a) censo - lasso - cumprimento - eminentes
a) sessão - cessão - estrangeiros b) senso - lasso - cumprimento - iminentes
b) seção - cessão - estrangeiros c) senso - laço - comprimento - iminentes
c) secção - sessão - extrangeiros d) senso - laço - cumprimento - eminentes
d) sessão - seção - estrangeiros e) censo - lasso - comprimento - iminentes
e) seção - sessão - estrangeiros
Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
(08.E)(09.A)(10.B)

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – LEITURA E ANÁLISE DE TEXTO; OS PROPÓSITOS


DO AUTOR E SUAS IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO TEXTO; INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E
EXPLICITAS; TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS DISCURSIVOS; OS FATORES DETERMINANTES DA
TEXTUALIDADE: COESÃO, COERÊNCIA, INTENCIONALIDADE; ACEITABILIDADE;
SITUACINALIDADE; INFORMATIVIDADE E INTERTEXTUALIDADE; VARIAÇÃO LINGUÍSTICA:
AS VÁRIAS NORMAS E A VARIEDADE PADRÃO;
PROCESSOS ARGUMENTATIVOS.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui alguns
detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões relacionadas a textos.

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comu-
nicativa (capacidade de codificar e decodificar ).

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior
e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto.
Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente,
poderá ter um significado diferente daquele inicial.

Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso
denomina-se intertexto.

Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí,
localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apre-
sentadas na prova.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:

- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-
se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo.
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.

Condições básicas para interpretar

Fazem-se necessários:
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática;
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico;
Observação – na semântica (significado das palavras) incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e
anto-nímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.

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Interpretar X compreender - cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o
objeto possuído.
Interpretar significa - como (modo)
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. - onde (lugar)
- Através do texto, infere-se que... quando (tempo)
- É possível deduzir que... quanto (montante)
- O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Compreender significa Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es- apa-recer o demonstrativo O ).
crito.
- o texto diz que... Dicas para melhorar a interpretação de textos
- é sugerido pelo autor que...
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação... - Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
- o narrador afirma... - Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a lei-
tura;
Erros de interpretação - Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
me-nos duas vezes;
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de - Inferir;
erros de interpretação. Os mais frequentes são: - Voltar ao texto quantas vezes precisar;
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto, - Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento - Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor com-
prévio do tema quer pela imaginação. preensão;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada ques-
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas tão;
a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o - O autor defende ideias e você deve percebê-las.
que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
desenvolvido. Fonte:
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/co-
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às mo-interpretar-textos
do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
quentemente, errando a questão. QUESTÕES

Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso, LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular
mais. os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e ra-
inhas do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona menção a
palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras pa- (A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido
lavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, não literal.
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma (B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não li-
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. teral.
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia referência em sentido não literal.
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu referência em sentido literal.
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes (E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de
adequação ao antecedente. Texto para a questão 2:
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen-do, DA DISCRIÇÃO
deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo Mário Quintana
adequado a cada circunstância, a saber: Não te abras com teu amigo
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas Que ele um outro amigo tem.
depende das condições da frase. E o amigo do teu amigo
- qual (neutro) idem ao anterior. Possui amigos também...
- quem (pessoa) (http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)

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2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU- Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de
NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o poe- cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e
ma, é correto afirmar que tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos
(A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver
ruim. para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o
(B) amigo que não guarda segredos não merece respeito. mundo cabe numa fresta.
(C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
(D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de
(E) entre amigos, não devem existir segredos. Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE- reduzi-do no qual o menino detém sua atenção é
CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITEN- (A) fresta.
CIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à ques- (B) marca.
tão. (C) alma.
(D) solidão.
Casamento (E) penumbra.

Há mulheres que dizem: 5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-


Meu marido, se quiser pescar, PE/2012)
pesque, mas que limpe os peixes. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a tota-
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, lidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção de
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o
de vez em quando os cotovelos se esbarram, aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma
ele fala coisas como “este foi difícil” espécie de segunda revelação do mundo.
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão. Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re-
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec,
atravessa a cozinha como um rio profundo. 1987, p. 73 (com adaptações).
Por fim, os peixes na
travessa, vamos dormir. Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O
Coisas prateadas espocam: riso”.
somos noivo e noiva. (...) CERTO
(Adélia Prado, Poesia Reunida) ( ) ERRADO

A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que 6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não gostam PE/2010)
que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil limpar os Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu
peixes. pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma expli-
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que cação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de
não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os esbarrões de energia no final de 2009.
cotovelos na cozinha. Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Fur-
com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes. nas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais sim- separam Itaipu de São Paulo.
ples do cotidiano vividos com a pessoa amada. Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investi-
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para mentos e também erros operacionais conspiraram para produzir
limpar, abrir e salgar o peixe. a mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia
do país desde o traumático racionamento de 2001.
4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão,
considere o texto abaixo. Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto
acima apresentado, julgue os próximos itens.
A marca da solidão A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 esta-
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa- dos do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa (...) CERTO
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra ( ) ERRADO
na tarde quente.

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7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos e
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura, realizações de grandes personagens da história e da vida social ou, então,
com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São a uma dimensão mágica, em que algumas poucas pessoas teriam
Paulo.” habilidades inatas ou o dom de transformar-se em grandes líderes,
Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua capazes de influenciar outras e, assim, obter e manter o poder.
estrutura sintática, houve supressão da expressão Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria
a) vigilantes. das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver
b) carga. considera-velmente as suas capacidades de liderança.
c) viatura. Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que
d) foi. aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, formam uma
e) desviada. pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas habilida-des,
mas elas podem ser aprendidas tanto através das experiências da
8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) vida, quanto da formação voltada para essa finalidade.
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve
— Carta para o 9.326!!! duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está aten-didas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a
interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe
em branco, e um outro pergunta:
proximidade fí-sica ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o
— Quem te mandou essa carta?
comportamento influen-ciado por um escritor ou por um líder
— Minha irmã.
religioso que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...]
— Mas por que não está escrito nada?
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do poder
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
de influência do líder, implica dizer que parte desse poder encontra-
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta a maioria
ções). das teorias contemporâneas sobre liderança.
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que existe
decorre nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que se
A) da identificação numérica atribuída ao louco. requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...]
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no (Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. Ges-
hospício.
tão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administração
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta. pú-blica do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira e
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
Maria Cristina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
Paulo: Fun-dap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações)
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO –
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica: TÉCNICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro. com o texto, liderança
— O senhor tem hora? (A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser
O sujeito olha para o relógio e diz: desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu
— Sim. São duas e meia. am-biente de trabalho.
— Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente. (B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis da
— O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se
paga o aluguel do consultório... tornaram poderosos através deles.
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta- (C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo
ções). ad-quirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que
constituem a equipe de trabalho.
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao ho- (D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos
mem para saber se ele quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses
A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do gru-pos em torno de seus objetivos pessoais.
dr. Pedro.
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento 11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
do aluguel. DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa claro que
C) tem relógio e sabe esperar. (A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o
D) marcou consulta e está calmo. gru-po em torno da realização de um objetivo comum.
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do (B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização,
dr. Pedro. pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo.
(C) pode não haver condições de liderança em algumas
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO equipes, caso não se estabeleçam atividades específicas para cada
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Aten- um de seus membros.
ção: As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo. (D) a liderança é um dom que independe da participação dos
componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.

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12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-CO (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da lide-rança – VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo) questões de números 15 a 17.
No contexto, inter-relação significa
(A) o respeito que os membros de uma equipe devem demons- Férias na Ilha do Nanja
trar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem em be- Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas
nefício de todo o grupo. nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensan-
(B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um grupo do nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras* – sem
devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela fa-lar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as
organiza-ção a que prestam serviço. pedras soltas e as barreiras...
(C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe, de Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto
modo que os mais capacitados colaborem com os de menor capa- trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim,
cidade. cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande ci-
(D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma equi-
dade, isto que já está sendo a negação da própria vida.
pe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos. E eu vou para a Ilha do Nanja.
13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI- Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce
pro-ximidade física ou temporal ... (4º parágrafo) como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo os
A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a
(A) a presença física de um líder natural é fundamental para namorar um moço na outra janela de outra ilha.
que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos. (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
(B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diversos. Adaptado) *fissuras: fendas, rachaduras
(C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
houver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia 15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
e aquele que é influenciado. LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a
(D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e postas maneira como se preparam para suas férias, a autora mostra que
em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia. seus amigos estão
(A) serenos.
14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – (B) descuidados.
FGV PROJETOS/2010) (C) apreensivos.
(D) indiferentes.
Painel do leitor (Carta do leitor) (E) relaxados.
Resgate no Chile
16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de salva- LHO – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
mento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de uma que, assim como seus amigos, a autora viaja para
mina de cobre e ouro no Chile. (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso, (B) escapar do lugar em que está.
mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus (C) reencontrar familiares queridos.
companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica
(D) praticar esportes radicais.
e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram à
(E) dedicar-se ao trabalho.
equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que só eno-
brece esses países. E, também, dos dois médicos e dois “socorris-
17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à beira
tas” que, demonstrando coragem e desprendimento, desceram na
mina para ajudar no salvamento. das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque” (último
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar
(A) repulsivo e populoso.
do leitor – 17/10/2010)
(B) sombrio e desabitado.
Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões (C) comercial e movimentado.
demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por (D) bucólico e sossegado.
ele narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos (E) opressivo e agitado.
trechos a seguir, EXCETO:
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina
de cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram
na mina...”

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18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL- 6-)
PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão. Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portan-to,
trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva).
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria: “do
apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, delimita a
informação – como no caso do exercício).

RESPOSTA: “CERTO’.

7-)
(Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. “A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abando-
Porto Alegre: L&PM, 1976. p. 95.) nada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se da figura
de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, que consis-te
A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista mi- na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente da
neiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar que o tema elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). No
apresentado é enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de que a
(A) a oposição entre o modo de pensar e agir. viatura foi abandonada.
(B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
(C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas. RESPOSTA: “D”.
(D) a massificação do pensamento na sociedade moderna. 8-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece
Resolução no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós
brigamos e não estamos nos falando”.
1-)
Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do sécu- RESPOSTA: “D”.
lo 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”.
Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte, 9-)
literalmente. “O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o se-
nhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou horário
RESPOSTA: “B”. e se é paciente do Dr. Pedro.

2-) RESPOSTA: “E”.


Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informação con-
tida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser arris- 10-)
cado. Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à con-
clusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en-volve
RESPOSTA: “D”. duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem
atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a
3-) interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora narra
um momento simples, mas que é prazeroso ao casal. RESPOSTA: “C”.

RESPOSTA: “D”. 11-)


4-) O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na
Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo
numa fresta. comum.

RESPOSTA: “A”. RESPOSTA: “A”.

5-) 12-)
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a
pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de
respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”.
RESPOSTA: “CERTO”.
RESPOSTA: “D”.

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13-) Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por es-
Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendi- crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe
zado da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua
no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se
influenciado. até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterio-
ridade e posterioridade. É fazer uma descrição minuciosa do obje-
RESPOSTA: “C”. to ou da personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as
coisas acontecem ao mesmo tempo.
14-) - expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
Em todas as alternativas há expressões que representam a opi- visão;
nião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se pode - é um tipo de texto figurativo;
esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando co- - retrato de pessoas, ambientes, objetos;
ragem e desprendimento. - predomínio de atributos;
- uso de verbos de ligação;
RESPOSTA: “B”. - frequente emprego de metáforas, comparações e outras
figuras de linguagem;
15-)
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras - tem como resultado a imagem física ou psicológica.
– sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa, in-
pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente,
terpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual re-quer
deixa-os apreensivos.
reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em relação
RESPOSTA: “C”. ao que se discute têm grande importância. O texto disserta-tivo é
16-) temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo ex-plorado é
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução
própria autora! onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido por uma
argumentação que caracteriza o ponto de vista do autor sobre o assunto
RESPOSTA: “B”. em evidência. Nesse tipo de texto a expressão das ideias, valores,
crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de texto que propõe a
17-) reflexão, o debate de ideias. A linguagem ex-plorada é a denotativa,
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim. embora o uso da conotação possa marcar um estilo pessoal. A
objetividade é um fator importante, pois dá ao texto um valor
RESPOSTA: “D”. universal, por isso geralmente o enunciador não aparece porque o mais
importante é o assunto em questão e não quem fala dele. A ausência
18-) do emissor é importante para que a ideia defendida torne algo
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta ob- partilhado entre muitas pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª
servar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”. pessoa do plural - nós, pois esse não descaracteriza o discurso
dissertativo.
RESPOSTA: “A”. - expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
- é um tipo de texto argumentativo.
TIPOLOGIA TEXTUAL - defesa de um argumento: apresentação de uma tese que será
defendida; desenvolvimento ou argumentação; fechamento;
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As únicas
- predomínio da linguagem objetiva;
tipologias existentes são: narração, descrição, dissertação ou ex- - prevalece a denotação.
posição, informação e injunção. É importante que não se confun-
da tipo textual com gênero textual. Texto Argumentativo - esse texto tem a função de persuadir o
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que ocor- leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É o
reram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando
um narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou fictício. Possui também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um
uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal pre- texto dissertativo-argumentativo.
dominante é o passado.
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta an- Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
tes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente); ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e com-
- é um tipo de texto sequencial; portamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
- relato de fatos; na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo; também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo
- apresentação de um conflito; indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais,
- uso de verbos de ação; leis, bula de remédio, convenções, regras e eventos.
- geralmente, é mesclada de descrições;
- o diálogo direto é frequente.

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Narração - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem-
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte-
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo rior, subjetivo.
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
organizados por uma narração feita por um narrador. É uma série Elementos Estruturais (II):
de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um
estado para outro, segundo relações de sequencialidade e causali- Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
dade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações Acontecimento - O quê? Fato Tempo - Quando?
entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses Época em que ocorreu o fato Espaço - Onde?
indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa vi- Lugar onde ocorreu o fato Modo - Como? De
vência. que forma ocorreu o fato Causa - Por quê?
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra- Motivo pelo qual ocorreu o fato Resultado -
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor-reu previsível ou imprevisível. Final - Fechado ou
o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o texto Aberto.
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos verbos
que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal
ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his-tória que é contada forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como
nesse tipo de texto recebe o nome de enredo. simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implica-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per- ção mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que à história narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses não
está sendo contado. As personagens são identificadas (nomea-das) no estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
texto narrativo pelos substantivos próprios. personagens ou o fato a ser narrado.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações do Exemplo:
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
uma ação ou ações é chamado de espaço, representado no texto Porquinho-da-índia
pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer Quando eu tinha seis anos
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra- Ganhei um porquinho-da-índía.
tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos Que dor de coração me dava
verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor Levava ele pra sala
“como” o fato narrado aconteceu. Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte Ele não gostava:
inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi- Queria era estar debaixo do fogão.
mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo” da Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu-são da - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história
é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...). Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de
ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos subs- Observe que, no texto acima, há um conjunto de transforma-
tantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ções de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar da situa-
ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver- ção de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo para a sala ou
bos, formando uma rede: a própria história contada. para outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a fogão para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria
história. era estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior;
“não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender
Elementos Estruturais (I): que o menino passava de uma situação de não ser terno com o
animalzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se a
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por meio de mudanças de situação. É isso que define o que se chama o compo-
características físicas ou psicológicas. Os personagens podem ser nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es-tado
lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si-tuação.
estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está
avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um
- Narrador: é quem conta a história. porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzinho.

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Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que al- “Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do
guém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista
índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor- Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar
tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na
de aquisição e de privação. escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que
chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de
Existem três tipos de foco narrativo: padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cru-
zada!...
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na (...)
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele.
mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos desde muito
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como tempo. (...)
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his- Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matan-
tória é contada em 3ª pessoa. ça dos leitões e no tiramento dos assados com couro.
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as (J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos.
Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada com - Em 3ª pessoa:
pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa.
Estrutura: Exemplo:

- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história, de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar
como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria- de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra,
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo sem máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ri-
ao clímax. dículo.”
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu (Ilka Laurito. Sal do Lírico)
momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como
dos personagens. sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:

Tipos de Personagens: Festa

Os personagens têm muita importância na construção de um Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o
texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se- crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni-
cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po- nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos
dem ser apresentados direta ou indiretamente. com menos de dez anos.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta-
de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas
psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona- desertas.
gens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho-
com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e dois
ela vai fazendo e do modo como vai fazendo. pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
- Em 1ª pessoa: O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a __ Como?
história e é o protagonista. Exemplo: __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
toso.
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o O homem olha para os meninos.
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia __ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de __ Está certo.
um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
vez e estacava.” se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
(Machado de Assis. Dom Casmurro) O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos
eu estava lá e vi. Exemplo: pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.

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Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri-
cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e
primeiro bocado do pão. esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para
O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri- nada.
teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi- __ Olho vivo – como dizia Paraná.
dos com o sanduíche e a bebida. Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas
permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
naquela mesa. Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher.
(Wander Piroli) Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jar-
dim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu.
Tipos de Discurso: Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava
mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passa-
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para vam.
o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço) Discurso
Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do per-sonagem e a
Caso de Desquite fala do narrador. É um recurso relativamente recente.
Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. A Morte da Porta-Estandarte
Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha.
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
me pise, fico uma jararaca. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso se-
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. gurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciên-
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei- cia... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambo-
ro mês. res? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que não
__Você desempregado, quem é que fazia roça? está malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo- cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo
gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui (Aníbal Machado)
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom?
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
Sequência Narrativa:
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a ou-
__ Eu arranjo.
tra.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois
cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
deixar sem nada? - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca, dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida e - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
roupa lavada. compe-tência para fazer algo);
__ Para onde foi a lavadeira? - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
__ Quem? via fazer (é a mudança principal da narrativa);
__ A mulata. - uma em que se constata que uma transformação se deu e em que
(...) se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral-mente os
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).

Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização
de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque
Frio quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por
exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a
O menino tinha só dez anos. escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos despejado, por exemplo).
bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce-
besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?)

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Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acon-
Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu ou tecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto
outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O narrador
antes conseguir o dinheiro. que usa essa técnica (característica comum no cinema moderno)
demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar as
Narrativa e Narração ações ziguezagueando no tempo e no espaço.
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é um Exemplo - Personagens
componente narrativo que pode existir em textos que não são
narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo, “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de
Amâncio não viu a mulher chegar.
europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um
- Não quer que se carpa o quintal, moço?
componente narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es-
incentivo ao incentivo da imigração européia.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pas-
o que é narração? sado, os olhos).”
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características: - é
um conjunto de transformações de situação (o texto de Ma-nuel (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche essa Mer-cado Aberto, p. 5O)
condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos Exemplo - Espaço
concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também esse re- Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
quisito); escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.”
entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e posterio- (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann.
ridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de ganhar o animal é Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior
ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao Exemplo - Tempo
de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre per- mu-lher lhe pediu que a chamasse cedo.”
tinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance
machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narra-dor Tipologia da Narrativa Ficcional:
começa contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a
sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao - Romance
longo da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade. - Conto
Resumindo: na narração, as três características explicadas aci- - Crônica
ma (transformação de situações, figuratividade e relações de ante- - Fábula
rioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem - Lenda
estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas - Parábola
des-sas características não é uma narração. - Anedota
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto narrativo: - Poema Épico

- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
aconteceu, quando e onde.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos perso- - Memorialismo
nagens. - Notícias
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Relatos
- Conclusão: consequências do fato. - História da Civilização

Caracterização Formal: Apresentação da Narrativa:


Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto nar-rativo
apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a criação - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
e o colorido do contexto estão em função da individuali-dade e do drinhos) e desenhos.
estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a - auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma in-
ferência do último através da onipresença e onisciência.

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Descrição Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica,
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situa-ção ou pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são
coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares ou descritos produz determinados efeitos de sentido.
individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em ima-gens. certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pala-
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc.
paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é necessário ou catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como
que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do ob-servador varia este, etc.), que podem perder sua função e assim não ser
de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será compreendi-dos. Se tomarmos uma descrição como As flores
importante ser analisado para um, não será para outro. A vivência de manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao
quem descreve também influencia na hora de trans-mitir a impressão invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas
alcançada sobre determinado objeto, pessoa, ani-mal, cena, ambiente, alterações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol fazia
emoção vivida ou sentimento. as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor. Como,
na versão original, o pronome oblíquo as é um anafórico que
Exemplos: retoma flores, se alterar-mos a ordem das frases ele perderá o
sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para a
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. primeira frase e retomá-la com o anafórico elas na segunda.
Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. Por todas essas características, diz-se que o fragmento do
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque- conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em que
nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos instan- se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos,
tes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo situações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de
qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo posterioridade.
era estranho, suave demais, grande demais.”
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) Características:

(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica-do, - Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aqui-lo que ções e inúmeros elementos sensoriais;
a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o - As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso grande camente, ou pelas ações;
medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente - A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O tutivos da dissertação e da argumentação;
mestre era mais severo com ele do que conosco. - É impossível separar narração de descrição;
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza.
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare-
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou- cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)”
tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande (Raul Pompéia – O Ateneu)
medo ao pai); - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis-te
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser conside- relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados.
rada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se
(no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito
anterior a retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi-
duas ocorrências é indiferente: o que o escritor quer é explicitar quem estado ou fenômeno.
uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
ações); adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em A característica fundamental de um texto descritivo é essa
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
portanto, não denota nenhuma transformação de estado; sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría- anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguís-
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - poderíamos ticas da descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pre-
mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto do térito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância
fim para o começo: O mestre era mais severo com ele do que em relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco
conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes... temporal pretérito instalado no texto.

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Para transformar uma descrição numa narração, bastaria in- - As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
troduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que
anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans- deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto.
do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito
crente.
Características Linguísticas:
O enunciado narrativo, por ter a representação de um acon- A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
tecimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa-
descritivo, não tendo transformação, é atemporal. gem são apresentadas como realmente são, concretamente. Exem-
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se- plo:
mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, om-
de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no bros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos ne-
presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, gros e lisos”.
existir, ficar).
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des- Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo:
crito;
“A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central
Exemplo: que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de gui-
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço enta- lhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro
lado num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alar- de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de
gando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz
tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho
brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre
caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente
escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito do alinhamento (...).”
despegadas do crânio.” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo-
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfi-
sinestesias). Exemplo: gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres-
sar seus sentimentos. Exemplo:
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao ho-
gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu mem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma
corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anún-
lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi- cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...”
nhos de azougue.” (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
(José de Alencar - Senhora)
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra espe-
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: rança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-fran-
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e ça, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, de
essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você sobregoverno.”
entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
devia ter uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali
tinha um corredor comprido de onde saíam três portas; no final do Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no descritivos:
quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
Recursos: vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, de sentido distintos.
uma pureza de cristal. Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo-
cage:

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Magro, de olhos azuis, carão moreno, Descrição de paisagens:
bem servido de pés, meão de altura, - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
triste de facha, o mesmo de figura, outra referência de caráter geral.
nariz alto no meio, e não pequeno. - Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica-
ção do que se vê ao longe).
Incapaz de assistir num só terreno, - Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos
mais propenso ao furor do que à ternura; do observador - explicação detalhada dos elementos que compõem
bebendo em níveas mãos por taça escura de a paisagem, de acordo com determinada ordem.
zelos infernais letal veneno. - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
Descrição de pessoas (I):
O poeta descreve-se das características físicas para as caracte- - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
rísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria o mesmo,
aspecto de caráter geral.
pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar
da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto,
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil- - Desenvolvimento: características psicológicas (personali-
mente identificáveis (descrição objetiva), ou suas características dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura,
psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva). objetivos).
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des- geral.
ta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto,
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des- Descrição de pessoas (II):
te um adjetivo ou uma locução adjetiva. - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
aspecto de caráter geral.
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
ciadas às características psicológicas (1ª parte).
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
dência ou localização do objeto descrito. ciadas às características psicológicas (2ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões geral.
(largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/ A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
brilho, textura. estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. Porque
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti- toda técnica descritiva implica contemplação e apreen-são de algo
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo
um todo. grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
dência ou localização do objeto descrito. imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-li-
partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as
partes se agrupam para formar o todo. terária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preocu-
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo pação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por ser
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textura, cor e objetiva, há predominância da denotação.
brilho.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti- Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
totalidade. gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever
aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para
Descrição de ambientes: descrever experiências, processos, etc. Exemplo:
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do Folheto de propaganda de carro
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
ma (se houver). Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje- o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran-
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant
quaisquer outros objetos. possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci-
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am- dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
biente.

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Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida- Características:
de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o
encosto do banco traseiro rebaixado. - ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás- - como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anteriori-
deformação em caso de colisão. dade e de posterioridade dos enunciados não têm maior importân-cia
- o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência,
Textos descritivos literários: Na descrição literária predo- causalidade, coexistência, correspondência, implicação, etc.
mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de reda-
conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de ção. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem característi-
pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi- cas próprias a cada tipo de texto.
sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer
tanto em prosa como em verso. São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento /
Conclusão.
Dissertação
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. Pres- Tipos:
supõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza,
coerência, objetividade na exposição, um planejamento de traba- - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
lho e uma habilidade de expressão. É em função da capacidade Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que
crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato
dissertação no seu significado diz respeito a um tipo de texto em presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo dos anos
que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a dé-cada
a finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou colecionou, agravou vários dos históricos problemas sociais do país.
artístico. Exemplo: Entre eles, a violência, principalmente a urbana, cuja es-calada tem
sido facilmente identificada pela população brasileira.”
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri- - Proposição: o autor explicita seus objetivos.
meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como servir-se de - Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa
uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como trair ou apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer se sentir
solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça parte
contra a corrupção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear desse time de vencedores desde a escolha desse momento!
os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos - Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. Ex: “É
sempre se revelam os mais obsequiosos e sub-servientes à vontade e importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
às paixões do amo. Tendo à sua disposição todos os cargos, solução no combate à insegurança.”
conservam-se no poder esses ministros subordi-nando a maioria do - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
senado, ou grande conselho, e, afinal, por via de um expediente - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se contra 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televisores.
futuras prestações de contas e retiram-se da vida pública carregados Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos recepto-
com os despojos da nação. res instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emisso-ras
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repetidoras (que
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a es- texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
colhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e justifi- fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
ca esse conselho. Observe-se que: que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem par- sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
ticular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder); compõem o texto.
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu- - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte no pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo fu-
momento em que se tornam primeiros-ministros); tebol não é uma prova de alienação?”
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân-cia, - Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosi-
pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a dade do leitor.
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para - Comparação: social e geográfica.
primeiro-ministro).

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- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à dis- Não é uma utopia?!
tância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na colheita da
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go-
marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo a
século...” queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então pelas
- Narração: narrar um fato. máquinas, desemprega milhares deles. (D)
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mercado de
organizada e progressiva. É a parte maior e mais importante do trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas: Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda estão
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com desempregados?, como vimos no último concurso da prefeitura do Rio
este tipo de abordagem. de Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição.
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a idéia (E)
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição. Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm o
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que almeja
distintas. um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desní-
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos veis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise gene-
favoráveis e desfavoráveis. ralizada (F), pois a uma nação doente, miserável e desigual, não
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou compete a tão sonhada modernidade. (G)
des-crever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos. 1º Parágrafo – Introdução
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
resultados. A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apre- Contextualização: decorrência de um processo histórico pro-
sentar questionamento e reflexão. blemático.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, va-
lores, juízos. 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
quês de uma determinada situação. B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que reme-
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. tem a uma análise do tema em questão.
- Exemplificação: dar exemplos. C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da
realidade.
Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de
integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas as quem propõe soluções.
ideias anteriormente desenvolvidas. E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. 7º Parágrafo: Conclusão


- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pen- F. Uma possível solução é apresentada.
samento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê. G. O texto conclui que desigualdade não se casa com moder-
nidade.
Exemplo:
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar
Direito de Trabalho sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos
recursos que permite uma segurança maior no momento de dis-
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo sertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes que
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia por favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de um
meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da texto dissertativo.
exclusão. (A)
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o traba- Ainda temos:
lho automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de
qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
fator que também leva ao desemprego de um sem número de tra- sunto que vai ser abordado.
balhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discu-
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social tido.
que provém dessa automatização e qualificação, obriga que seja Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhado- com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de forma a
res, de que, mesmo que as empresas sejam automatizadas, não per- torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões
derão eles seu mercado de trabalho. (C) a favor ou contra uma determinada tese.

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Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. 3-
- A Santa Missa em seu lar.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: - Terço Bizantino.
- Despertar da Fé.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de - Palavra de Vida.
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; - Igreja da Graça no Lar.
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; 4-
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi- brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios socioló-
guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se gicos e poluição.
quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso pelos caminhos do crime.
da primeira pessoa). - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou mais sobrevivên-cia no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
frases que explicitem tal ideia. - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá-
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia
rias categorias.
central) porque oculta os problemas sociais realmente graves.
(ideia secundária)”. Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da
Vejamos: comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apresenta-
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida ur- lhes a semelhança ou dessemelhança.
gentemente. Exemplo:
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser comba-
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve-
tida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente senti-
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas mento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felici-
que sofrem de problemas respiratórios: dade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
(Arthur Schopenhauer)
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
muita gente ao vício.
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon-
criados pelo homem. tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador)
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fa-
hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas tos decorrentes).
pela polícia. Exemplos:
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmen-
te. - O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie- abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas
dade brasileira. imediatistas e lucrativas que o rodeiam.

O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: - O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre
nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de fria e inamistosa.
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enu- temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
merar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classi- Exemplos:
ficação ou aleatoriamente.
Exemplo: Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos e muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa.
demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os
Televisão. solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decompo-sição
de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o nú- umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais frias, a
mero de emissoras que dedicam parte da sua programação à veicu- camada do solo é pouco profunda. (Melhem Adas)
lação de programas religiosos de crenças variadas.

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Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar, Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Argumen-tum,
exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais compreensí- que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é “fazer bri-lhar”,
veis. “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “argúcia”, “arguto”. Os
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do argumentos de um texto são facilmente localizados: identifica-da a
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na tese, faz-se a pergunta por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de
ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém san- morte (tese). Por que... (argumentos).
gue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, Estratégias argumentativas são todos os recursos (verbais e
corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para im-
remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbô- pressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais fa-
nico”. cilmente, para gerar credibilidade, etc.
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve de- A Estrutura de um Texto Argumentativo
limitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser enfocado sob
diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indíge-na, ela A argumentação Formal
poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Comunica-ção
- A violência contra os povos indígenas é uma constante na em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada obra, apresenta o
história do Brasil.
seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limi-
indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi- tada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
leiro. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da propo-
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. sição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatís-
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve ticos, testemunhos, etc.
fazer a estruturação do texto. Conclusão.

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos
do plano-padrão da argumentação formal.
Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por isso Gramática e desempenho Linguístico
é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens
básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo in-
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a tencional da gramática não traz benefícios significativos para o
hipótese ou a tese a ser defendida. desempenho linguístico dos utentes de uma língua.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda- Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de
mentar a ideia principal que pode vir especificada através da argu- definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises
mentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequên-cia, (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de
das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológi-ca, da concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. O
interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados tantos “desempenho linguístico”, por outro lado, é expressão técnica
parágrafos quantos forem necessários para a completa expo-sição da definida como sendo o processo de atualização da competência na
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
expostas acima. simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
comunicação.
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fun-
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na
damentada durante o desenvolvimento da dissertação (um pará-grafo).
verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras
Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto na instrução,
gramáticas. Definida como “arte”, “arte de escrever”, percebe-se
a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação que subjaz à definição a ideia da sua importância para a prática da
básica empregada no desenvolvimento. língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como
Texto Argumentativo se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II
a.C.: “Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem,
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma ideia, estú-pidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas
opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os que mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o
meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. diabo, percevejos que devorais os versos belos”.
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e
os argumentos e as estratégias argumentativas. linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo
intencional da gramática e a melhora do desempenho linguístico do
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessaria- usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof.
mente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opi- Celso Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova
nião. concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM,

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1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como re-
da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguísti- cuperar linguisticamente os alunos, como promover um melhor
ca, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu desempenho linguístico mediante o ensino-estudo da teoria gra-
combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. matical. O caminho é seguramente outro.
Por oportuno, uma citação apenas:
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez aban- Gilberto Scarton
donem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer en-sinar
a língua por definições, classificações, análises inconsistentes e Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício”.
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia cla-
referida suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um jovem ramente a tese a ser defendida.
estudante universitário cujo texto apresente preocupantes problemas Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se definem as
de concordância, regência, colocação, ortografia, pon-tuação, expressões “estudo intencional da gramática” e “desempenho lin-
adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, entre güístico”, citadas na tese.
outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gra-mática que Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oi-
ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo-gia? Que é tavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de - Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
cupim? Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e- - Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
Minho? Que é oração subordinada adverbial con-cessiva reduzida de
- Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipo-
gerúndio? E decorasse regras de ortografia, fizesse lista de
tética.
- Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
homônimos, parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural
- Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.
de compostos, todas regras de concordância, re-gências... os casos de
Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresenta a con-
próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de todo esse processo, se
clusão.
voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na produção de
um texto. A melhora seria, indubi-tavelmente, pouco significativa;
A Argumentação Informal
uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema
de coesão, de coerência, de in-formatividade - quem sabe os mais A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referi-
graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a da. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
gramática tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à - Citação da tese adversária.
construção do texto. - Argumentos da tese adversária.
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hi- - Introdução da tese a ser defendida.
potética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra - Argumentos da tese a ser defendida.
argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato na - Conclusão.
prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é grama-
ticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista, Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores
prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos ves- Lenz, Promotor de Justiça.
tibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
estes no vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candi- Considerações sobre justiça e equidade
datos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou
seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode ser Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico
considerado bom. nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos
Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembran-do que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu pro-
que são os gramáticos, os linguistas - como especialistas das ceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da
funcionamento dos códigos linguísticos. Que se esperaria, de fato, real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação.
se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reitera-
língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e do, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmen-
os linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na te desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei,
prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inade-
tese que se vem defendendo. quação à realidade nacional.
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse signifi- Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos
cativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais
- a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos,
realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da genera-
língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria lização desse entendimento.
gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos
nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Verís-simo arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os
saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual
bons escritores seriam aprovados num teste de Português à maneira se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de
tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!). atribuições dos órgãos do Estado.

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Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insu- Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui
perável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo
ao afirmar que: “O magistrado não pode sobrepor os seus próprios da argumentação.
juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer
quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mes- Texto Injuntivo/Instrucional
mo quando o caso é omisso”.
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qual-quer No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orientações
espécie de legalidade ou garantia de soberania popular prove-niente precisas no sentido de efetuar uma transformação. É marcado pela
dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo presença de tempos e modos verbais que apresentam um valor di-
processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de for-ma retivo. Este tipo de texto distingue-se de uma sequencia narrativa
absolutamente espúria, na condição de legislador. pela ausência de um sujeito responsável pelas ações a praticar e
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria instituciona- pelo caráter diretivo dos tempos e modos verbais usado e uma se-
lizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer quência descritiva pela transformação desejada.
garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma or-
amores do juiz de plantão. dem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal
De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes in- ação. As formas verbais específicas destas frases estão no modo
dicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo.
ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportu- Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de montagem, re-
nidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que ceitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos que incitam à
sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcio-
ação, impõem regras; textos que fornecem instruções. São orienta-
nal.
dos para um comportamento futuro do destinatário.
A própria independência do parlamento sucumbiria integral-
mente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orientar por es-crito
de suas deliberações. o modo de realizar determinados procedimentos, manipular
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civi- instrumentos, desenvolver atividades lúdicas e desempenhar algu-mas
lização. funções profissionais, por exemplo, deu origem aos chamados textos
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscali-
injuntivos, nos quais prevalece a função apelativa da lin-guagem,
zar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes
criando-se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando
dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o caderno de
a eles, a todo momento, como proceder.
questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o caderno de questões,
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa
verificar o número de alternativas...). Não apresenta caráter coercitivo,
concepção.
haja vista que apenas induz o interlocutor a pro-ceder desta ou daquela
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem som-
forma. Assim, torna-se possível substituir um determinado
bra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça,
procedimento em função de outro, como é o caso do que ocorre com
incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.
os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São exemplos
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da lega- dessa modalidade:
lidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais aperta-do, - A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, - O discurso manifestado mediante um manual de instruções;
independentemente da correspondente com a justiça social”. - As instruções materializadas por meio de uma receita culi-
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concre- nária.
tos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao
Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de texto
diretamente pelo povo. injuntivo, didático, que tem por objetivo justamente apresentar
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, ade- orientações ao receptor para que ele realize determinada atividade.
quando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Le- Como as palavras do texto serão transformadas em ações visando a um
gislação. objetivo, ou seja, algo deverá ser concretizado, é de suma im-portância
Luís Alberto Thompson Flores Lenz que nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se trata, é
imprescindível haver explicações ou enumerações em que estejam
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; elencados os materiais a serem utilizados, bem como os itens de
determinados objetos que serão manipulados. Por conta dessas
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese características, é necessário um título objetivo. Quanto à pontuação,
adversária. frequentemente empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argu- vírgulas. É possível separar as orientações por itens ou de modo coeso,
mento da tese adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a por meio de períodos. Alguns textos instrucionais possuem subtítulos
pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional”. separando em tópicos as instruções, basta re-parar nas bulas de
Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo fato de o espaço
a ser defendida. destinado aos textos instrucionais geralmente não ser muito extenso,
Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apre- recomenda-se o uso de períodos. Leia os exem-plos.
sentam os argumentos.

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Texto organizado em itens: Textos Ficcionais e Não Ficcionais

Para economizar nas compras Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os


ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem
Quem deseja economizar ao comprar deve: coerentemente com o que se passa no enredo da história.
- estabelecer um valor máximo para gastar;
- escolher previamente aquilo que deseja comprar antes de ir Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História em
à loja ou entrar em sites de compra; Quadrinhos.
- pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se possível;
- não se deixar levar completamente pelas sugestões dos ven- Não Ficcionais:
dedores nem pelos apelos das propagandas;
- optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem se esque- - Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos de
cer de que o uso do cartão de crédito exige certa cautela e plane- divulgação científica.
jamento.
Do mais, é só ir às compras e aproveitar! - Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas de
Texto organizado em períodos: embalagens.

Para economizar nas compras - Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais.

Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça um - Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.


valor máximo para gastar e então escolha previamente aquilo que
deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites de compra. Se FICCIONAIS
possível, pesquise os preços em diferentes lojas e sites; não se dei-
xe levar completamente pelas sugestões dos vendedores nem pelos CONTO
apelos das propagandas e opte pela forma de pagamento mais cô-
moda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito exige certa É um gênero textual que apresenta um único conflito, tomado já
cautela e planejamento. próximo do seu desfecho. Encerra uma história com poucas
Do mais, aproveite as compras! personagens, e também tempo e espaço reduzido. A linguagem pode
ser formal ou informal. É uma obra de ficção que cria um universo de
Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo assun-to, seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os
o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o modo verbal quanto textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto
a pontuação sofreram alterações; além disso, algumas pala-vras foram de vista e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua
omitidas e outras acrescentadas. Isso ocorreu para que o aspecto pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem
instrucional, conferido pelos itens do primeiro exemplo, não se uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um
perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, passaria a clímax. Exemplo:
impressão de ser um mero texto expositivo.
Lépida
GÊNEROS TEXTUAIS
Tudo lento, parado, paralisado.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas - Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir corredor daquele lugar.
interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). - Que tristeza a minha - lamentava uma pequena bailarina,
olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no passado
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus habitantes. Todos
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a muito fortes, andavam, corriam e nadavam pelos seus limpos
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá- canais.
se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza do
frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um elixir
original e analisada separadamente, poderá ter um significado paralisante e despejou no principal rio. Após beberem a água, os
diferente daquele inicial. habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que não conseguiram
impedir a maldade do terrível pirata. Seu povo nunca mais foi o
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências mesmo. Lépida foi roubada em seu maior tesouro e permaneceu
diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo estagnada por muitos anos.
de recurso denomina-se intertexto. Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O único
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma entre tantos que ficou livre da maldição que passara de geração em
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A geração. Diferente de todos, era muito ágil e, ao crescer, saiu em
partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, busca de uma solução. Encontrou pelo caminho bruxas de olhar
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento feroz, gigantes de três, cinco e sete cabeças, noites escuras, dias de
das questões apresentadas na prova. chuva, sol intenso. Zim tudo enfrentou.

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E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de folhas, viu em prosa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou
ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhantes. Era o mago seja, em torno dos acontecimentos que são organizados em uma
que havia sido roubado pelo pirata muitos anos antes. Zim ficou sequência temporal. A linguagem utilizada em um Romance é
apreensivo. Mas o velho mago (que tudo sabia) deu-lhe um frasco. muito variável, vai depender de quem escreve, de uma boa
Nele havia um antídoto e Zim compreendeu o que deveria fazer. diferenciação entre linguagem escrita e linguagem oral e
Despejou o líquido no rio de sua cidade. principalmente do tipo de Romance.
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo de água Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: Urbano,
aqui, um banho ali e eram novamente braços que se mexiam, Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à época ou Escola
pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança das sapatilhas cor- Literária, o Romance pode ser: Romântico, Realista, Naturalista e
de-rosa. Modernista.
(Carla Caruso)
POEMA
CRÔNICA
Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em
Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados por um versos e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim
escritor de ficção ou por uma pessoa especializada em determinada designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo
área (economia, gastronomia, negócios, entre outras) que escreve com próprias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre
periodicidade para uma seção (por exemplo, todos os domingos para poesia e poema. Segundo vários autores, o poema é um objeto
o Caderno de Economia). Esses textos, conhecidos como crônicas, são literário com existência material concreta, a poesia tem um
curtos e em geral predominantemente narrativos, podendo apresentar carácter imaterial e transcendente. Fortemente relacionado com a
alguns trechos dissertativos. Exemplo: música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas nas
A luta e a lição letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média,
os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separado do
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem uma
após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o grande importância. Um poema também faz parte de um sarau
monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de (reuniões em casas particulares para expressar artes, canções,
oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou poemas, poesias etc). Obra em verso em que há poesia. Exemplo:
o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. Soneto do amigo
Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no
bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que Enfim, depois de tanto erro passado
levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume Tantas retaliações, tanto perigo
mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a Eis que ressurge noutro o velho amigo
ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem Nunca perdido, sempre reencontrado.
sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se É bom sentá-lo novamente ao lado
cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado no Com olhos que contêm o olhar antigo
chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando Sempre comigo um pouco atribulado
o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando nossas mulheres E como sempre singular comigo.
pelos cabelos, como os trogloditas - se é que os trogloditas faziam isso. Um bicho igual a mim, simples e humano
Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco. Sabendo se mover e comover
Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de prático E a disfarçar com o meu próprio engano.
ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda planície da
segurança. O amigo: um ser que a vida não explica
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Que só se vai ao ver outro nascer
Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais E o espelho de minha alma multiplica...
alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao
recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é Vinicius de Moraes
uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
(Autor: Carlos Heitor Cony. HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Publicado na Folha Online)
As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos
ROMANCE surgiram no começo do século XX, na busca de novos meios de
comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primeiros
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literários. O autores das histórias em quadrinhos estão o suíço Rudolph Töpffer,
primeiro deles é uma composição poética popular, histórica ou o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o brasileiro Ângelo
lírica, transmitida pela tradição oral, sendo geralmente de autor Agostini. A origem dos balões presentes nas histórias em
anônimo; corresponde aproximadamente à balada medieval. E quadrinhos pode ser atribuída a personagens, observadas em
como forma literária moderna, o termo designa uma composição ilustrações europeias desde o século XIV.

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As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS
adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou
caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras. A NOTÍCIA
publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no Brasil
começou no início do século XX também. Atualmente, o estilo O principal objetivo da notícia é levar informação atual a um
cômicos dos super-heróis americanos é o predominante, mas vem público específico. A notícia conta o que ocorreu, quando, onde,
perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos como e por quê. Para verificar se ela está bem elaborada, o emissor
japoneses (conhecidos como Mangá). deve responder às perguntas: O quê? (fato ou fatos); Quando?
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, assim como (tempo); Onde? (local); Como? (de que forma) e Por quê? (causas).
de charges, requer uma construção de sentidos que, para que ocorra, é A notícia apresenta três partes:
necessário mobilizar alguns processos de significação, como a
percepção da atualidade, a representação do mundo, a observação dos - Manchete (ou título principal) – resume, com objetividade,
detalhes visuais e/ou linguísticos, a transformação de linguagem o assunto da notícia. Essa frase curta e de impacto, em geral,
conotativa (sentido mais usual) em denotativa (sentido amplificado aparece em letras grandes e destacadas.
pelo contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em suma, usa-se o - Lide (ou lead) – complementa o título principal, fornecendo as
conhecimento da realidade e de processos linguísticos para “inverter” principais informações da notícia. Como a manchete, sua função
ou “subverter” produzindo, assim, sentidos alternativos a partir de é despertar a atenção do leitor para o texto.
situações extremas. Exemplo: - Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e detalhado
dos fatos.
Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:
A notícia usa uma linguagem formal, que segue a norma culta da
língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos de ação e as frases curtas
permitem fluir as ideias. É preferível a linguagem acessível e simples.
Evite gírias, termos coloquiais e frases intercaladas.
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impessoal e
escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função referencial, já
que esse texto visa à informação.
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informações
mais relevantes, vocabulário preciso e termos específicos que o
ajudem a compreender melhor os fatos. Em jornais ou revistas
impressos ou on-line, e em programas de rádio ou televisão, a
informação transmitida pela notícia precisa ser verídica, atual e
despertar o interesse do leitor.

O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho de sua EDITORIAL


autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele optou por valorizar
o desenho, mostrando todas as habilidades conquistadas para Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo
conseguir produzi-lo. O pai, no último quadrinho, reconhece o expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação,
empenho do filho, utilizando-se de um conector de concessão (“Ainda sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade.
assim”), valorizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado
que não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim, filho, foi um para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras
esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”). páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso “maduro” normalmente demarcados com uma borda ou tipografia diferente
em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e motor nos dois para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não
primeiros quadrinhos e, somente depois, ficar claro para nós, informativo. Exemplo:
leitores, que toda a força argumentativa foi em prol da cobrança
pelo desenho que ele mesmo fez. Em outras palavras, o Cidade paraibana é exemplo ao País
personagem empenha-se na construção de um raciocínio em prol
de uma finalidade absurda – o que nos faz sorrir no último Em tempos em que estudantes escrevem receita de macarrão
quadrinho, já que é somente nele que conseguimos “completar” o instantâneo e transcrevem hino de clube de futebol na redação do
sentido. Claro, se você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que Exame Nacional do Ensino Médio e ainda obtém nota máxima no
ele tem apenas 6 anos, o que torna tudo ainda mais hilário, mas a teste, uma boa notícia vem de uma pequena cidade no interior da
falta deste conhecimento não prejudica em nada a interpretação Paraíba chamada Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos
textual. da Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram
destaque nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas Públicas.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é a
professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Matemática
através de atividades do cotidiano, como fazer compras na feira

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ou medir ingredientes para uma receita. Com essas ações práticas, CARTAS
na edição de 2012 da Olimpíada, a escola conquistou nada menos
do que cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e 12 Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a
menções honrosas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor elogiar ou
triste com a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de criticar uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários
pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproximando- podem referir-se às ideias de um texto, com as quais o leitor
os da disciplina. concorda ou não; à maneira como o assunto foi abordado; ou à
O que parecia ser um grande desafio tornou-se realidade e, hoje, qualidade do texto em si. É possível também fazer alusão a outras
a cidade inteira orgulha-se de seus filhos campeões olímpicos. Os cartas de leitores, para concordar ou não com o ponto de vista
estudantes paraibanos devem ser exemplo para todo o País, que anda expresso nelas. A linguagem da carta costuma variar conforme o
precisando, sim, de modelos a se inspirar. O Programa Internacional perfil dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se o
de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) – o mais sério público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse tipo de carta
teste internacional para avaliar o desempenho escolar e coordenado apresenta formato parecido com o das cartas pessoais: data,
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do texto, despedida e
– continua sendo implacável com o Brasil. No exame publicado de assinatura.
2012, o País aparece na incômoda penúltima posição entre 40 países
avaliados. TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Leitura e
Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e perdemos para Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de
países como Colômbia, Tailândia e México. Já passa da hora de as conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando-se,
autoridades melhorarem a gestão de nossa Educação Pública e portanto, com os demais gêneros circundantes no meio
seguir o exemplo da pequena Paulista. educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e verbetes
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/ de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já temos a ideia do
editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais caráter condizente à linguagem, uma vez que esta se perfaz de
características marcantes - a objetividade, isentando-se de traços
ARTIGOS pessoais por parte do emissor, como também por obedecer ao
padrão formal da língua. Outro aspecto passível de destaque é o
É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, fato de que no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de
nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte nos deparar com determinadas terminologias e conceitos próprios
dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente da área científica a que eles se referem.
apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em
artigo (texto jornalístico). jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, compartilham-se com
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a uma gama de interlocutores. Razão esta que incide na forma como
intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa se estruturam, não seguindo um padrão rígido, uma vez que este se
apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e interliga a vários fatores, tais como: assunto, público-alvo,
opiniões. O artigo de opinião é fundamentado em impressões emissor, momento histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no
pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar. primeiro e segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal,
O artigo deve começar com uma breve introdução, que descreva sendo representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos que
sucintamente o tema e refira os pontos mais importantes. Um leitor seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito da ideia,
deve conseguir formar uma ideia clara sobre o assunto e o conteúdo lembrando que tais argumentos são subsidiados em fontes
do artigo ao ler apenas a introdução. Por favor tenha em mente que verdadeiramente passíveis de comprovação - comparações, dados
embora esteja familiarizado com o tema sobre o qual está a escrever, estatísticos, relações de causa e efeito, dentre outras.
outros leitores da podem não o estar. Assim,
é importante clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
em vez de escrever:
Guano é um personagem que faz o papel de mascote do DIDÁTICOS
grupo Lily Mu. Seria mais informativo escrever:
Guano é um personagem da série de desenho animado Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas ideias
Kappa Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu. fundamentais. Um texto didático é um texto conceitual, ou seja,
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opiniões não figurativo. Nele os termos significam exatamente aquilo que
diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de eufemismos denotam, sendo descabida a atribuição de segundos sentidos ou
e de calão ou gíria, e explique o jargão. No final do artigo deve valores conotativos aos termos. Num texto didático devem se
listar as referências utilizadas, e ao longo do artigo deve citar a analisar ainda com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-
fonte das afirmações feitas, especialmente se estas forem se observar a expectativa de sentido que eles criam, para que possa
controversas ou suscitarem dúvidas. entender bem o texto.
O entendimento do texto didático de uma determinada
disciplina requer o conhecimento do significado exato dos termos
com que ela opera. Conhecer esses termos significa conhecer um
conjunto de princípios e de conceitos sobre os quais repousa uma

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determinada ciência, certa teoria, um campo do saber. O uso da VERBETES EM GERAL
terminologia científica dá maior rigor à exposição, pois evita as
conotações e as imprecisões dos termos da linguagem cotidiana. O verbete é um tipo de texto predominantemente descritivo.
Por outro lado, a definição dos termos depende do nível de público A elaboração reflete o conflito seminal que define a elegância
a que se destina. científica: a negociação constante entre síntese e exaustividade. Os
Um manual de introdução à física, destinado a alunos de padrões do gênero valorizam tanto a brevidade e a abordagem
primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por conseguinte, direta dos temas quanto o detalhamento e a completude da
vai definindo paulatinamente os termos específicos dessa ciência. informação.
Num livro de física para universitários não cabe a definição de É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a
termos que os alunos já deveriam saber, pois senão quem escreve explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemáticos,
precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é determinados pela obra de referência da qual faz parte: mais
especialista já estudou. comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O verbete
é essencialmente destinado a consulta, o que lhe impõe uma
RESUMOS construção discursiva sucinta e de acesso imediato, embora isso
não incorra necessariamente em curta extensão. Geralmente, os
Resumo é uma exposição abreviada de um acontecimento. verbetes abordam conceitos bem estabelecidos em algum
Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo de forma paradigma acadêmico-científico, ao invés de entrar em polêmicas
sintética, destacando as informações essenciais do conteúdo de um referentes a categorias teóricas discutíveis.
livro, artigo, argumento de filme, peça teatral, etc. A elaboração de Por sua pretensão universalista e pela posição respeitável que
um resumo exige análise e interpretação do conteúdo para que ocupa no sistema de valores da cultura racionalista, espera-se que
sejam transmitidas as ideias mais importantes. todo verbete siga as normas padrão de uso da língua escrita, em
Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a desenvolver um nível elevado de formalidade. Por sua natureza sistemática e
a sua capacidade de síntese, objetividade e clareza: três fatores que por ser destinado à consulta, espera-se que a linguagem do verbete
serão muito importantes ao longo da vida escolar. Além de ser um seja também o mais objetiva possível. As consequências
ótimo instrumento de estudo da matéria para fazer um teste. Resumo gramaticais desse princípio são: no nível lexical, precisão na
é sinônimo de “recapitulação”, quando, ao final de cada capítulo de escolha dos termos e ausência de palavras que expressem
um livro é apresentado um breve texto com as ideias chave do assunto subjetividade (opiniões, impressões e sensações); no nível
introduzido. Outros sinônimos de resumo são: sinopse, sumário, sintático, simplificação das construções; e no nível estilístico,
síntese, epítome e compêndio. denotação (ausência de ornamentos e figuras de linguagem).
É comum a presença de terminologia especializada na
RECEITAS construção do verbete, embora sua frequência varie conforme o
público consumidor da obra de referência em que se insere o texto.
A receita tem como objetivo informar a fórmula de um
Elementos de linguagens não verbais (especialmente pictóricos)
produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalhadamente
são tradicionalmente agregados ao verbete com função de
sobre seu preparo. É uma sequência de passos para a preparação
de alimentos. As receitas geralmente vêm com seus verbos no esclarecimento.
modo imperativo, para dar ordens de como preparar seu prato seja BULAS
ele qual for. Elas são encontradas em diversas fontes como: livros,
sites, programas (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e Bula pode referir-se a:
panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos
típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas. Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé. Refere-se
CATÁLOGOS não ao conteúdo e à solenidade de um documento pontifício, como tal,
mas à apresentação, à forma externa do documento, a saber, lacrado
Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas com com pequena bola (em latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral,
descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de livro, guia ou chumbo. Assim, existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em
sumário que contém informações sobre lugares, pessoas, produtos e forma ou não de bula e também Constituição Apostólica em forma de
outros. Têm o objetivo de dar opções para uma melhor escolha. bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munificentissimus Deus”, bem
como as Constituições Apostólicas de criação de dioceses. A bula mais
ÍNDICES antiga que se conhece é do Papa Agapito I (535), conservada apenas
em desenho. O mais antigo original conservado é do Papa Adeodato I
Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pessoas, (615-618).
nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a indicação de sua
localização no texto. Bula (medicamento) - folha com informações sobre
medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de informações sobre um
LISTAS medicamento que obrigatoriamente os laboratórios farmacêuticos
devem acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no varejo.
Enumeração de elementos selecionados do texto, tais como As informações podem ser direcionadas aos usuários dos
datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de sua medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos.
ocorrência.

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NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS

As notas explicativas servem para que o fabricante do produto REQUERIMENTOS


esclareça ou explique aspectos da composição, nutrição,
advertências a respeito do produto. É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor.
NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou
BILHETES seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pessoas, (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação:
para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar ou perguntar. nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade,
O bilhete é composto normalmente de: data, nome do destinatário idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação
antecedido de um cumprimento, mensagem, despedida e nome do do processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o
remetente. Exemplo: requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à
qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional
Belinha, e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo ontem fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios de
à noite. natureza fática.
Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudinho - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
para você! - Local e data.
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013 - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS OFÍCIOS

A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações O Ofício deve conter as seguintes partes:
diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. Em uma
carta formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por - Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
exemplo, se começamos a carta no tratamento em terceira pessoa que o expede. Exemplos:
devemos ir até o fim em terceira pessoa, seguindo também os
pronomes e formas verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de Of. 123/2002-MME
cartas, o formato da carta depende do seu conteúdo: Aviso 123/2002-SG
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, Mem. 123/2002-MF
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que assina a
carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma - Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
maneira particular. direita. Exemplo:
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de
comunicação dentro de uma organização. A linguagem deve ser Brasília, 20 de maio de 2013
clara, simples, correta e objetiva. - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:

A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada em Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar a concordância, Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
a pontuação e a maneira de escrever com início, meio e então o fim,
contendo também um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e por fim a a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
finalização da carta que deve conter somente um cumprimento formal endereço.
ou não (grato, beijos, abraços, adeus etc.). Depois de todos esses itens
terem sido colocados na carta, a mesma deverá ser colocada em um - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
envelope para ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
do envelope deve-se conter alguns dados muito importantes tais como:
nome do destinatário, endereço (rua, bairro e cidade) e por fim o CEP. Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
Já o remetente (quem vai enviar a carta), também deve inserir na carta qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
os mesmos dados que o do destinatário, que devem ser escritos na parte uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”,
da frente do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope um “Cumpreme informar que”, empregue a forma direta;
selo que serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada. Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser
tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à
exposição; Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente
reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.

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Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.
Os termos que servem para retomar outros são denominados
Coesão anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban-
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon-
donar a faculdade no último ano:
toado de frases é a relação existente entre os elementos que os
constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre “Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último
palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- ano?”
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os
componentes do texto. Observe: pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes-
“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os prono-
anotações, que segurava na mão.” mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão indefinidos. Exemplos:
entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo-
“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na
quinho comum de anotações e segurava na mão , retomando na
cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati-
vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.
fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como
Arroz-doce da infância
um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.”
Ingredientes
1 litro de leite desnatado O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o
150g de arroz cru lavado pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis.
1 pitada de sal
4 colheres (sopa) de açúcar “Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando
1 colher (sobremesa) de canela em pó roupa escura.”

Preparo O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.


Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de
sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e “Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado
deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, com a fila.”
polvilhe a canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.
São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun-
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos
modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são servidores.”
retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei-
ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu-
o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter- rar e seu complemento.
minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica
já fizera menção. - Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste
açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi- exemplo:
cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar,
diverso daquele citado no rol dos ingredientes. “André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada meses.”
ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento
de segmentos. A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó-
rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes.
Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra grama- Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudica-
tical do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono-
(pronome, verbos ou advérbios) me.
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a ne-
“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que
igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ganham menos do possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que
que aqueles em cargos equivalentes.” se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este:

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“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de- “O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” recente minissérie de tevê.”
é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva. Num
casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado
atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). pela liberdade na Europa e na América.
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir infor- “Ele é um hércules (=um homem muito forte).
mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser
precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indi- Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér-
car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor cules.
referencial, a um termo já mencionado.
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores,
de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento
dentro, mas nem um documento sequer.” tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne-
cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi-
termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma nar sua jornada altas horas da noite.”
ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal
forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o
retomada pelo anafórico. último período e o que vem antes dele.

“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por “Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros
causa da sua arrogância.” sempre o atraíram.

O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros,
quanto a diretor. que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.

“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho-mem


“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba-
era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam, ou
lha na mesma firma.” apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor-po.
Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmo-nar), a
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo
bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro fluidos
amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco),
qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita. à Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio),
respectivamen-te.”
Retomada por palavra lexical Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
(substantivo, adjetivo ou verbo)
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se-
por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an- gundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.
tonomásia. É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras,
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten-
mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria sificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a seguir,
e afronta, alegre e contente. por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente intenção de
do tipo contém/está contido; ridicularizar a condição secundária que um provável flamenguista
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente:
do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está con-
tido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma “Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas
flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas
rosa, e esta palavra é hipônimo daquela. tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”
Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden-
nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin- te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E
cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca- isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete,
racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes
famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes- que vicejam. Espero que não viciem.
ma característica que a distingue: José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p.
4-7.

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A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es-
ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es-
repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os
(=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou- operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamen-
tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que te.
se desenrola a fala. Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcan-
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha- çou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamen-
do de Assis: te usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumenta-
tiva contrária.
(...) Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resul-tado
Mas a lua, fitando o sol, com azedume: seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo liga dois
segmentos com a mesma orientação argumentativa, sen-do o segmento
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela introduzido por ele a conclusão do anterior.
Claridade imorta, que toda a luz resume!”
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, - Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa
v.III, p. 151. série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi-
dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que
que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
por ser facilmente presumível. pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no
exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado) “Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti-
antes de sentiu e parou: culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.”

“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com-
peito e parou.” provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor
é considerado o argumento mais forte.
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que
segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de “Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che-
desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo: gará a ser pelo menos diretor da empresa.”

“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afi- Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo
nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.” sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por
outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com-
Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por
regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o menos
dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o valor positivo.
complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-vida:
“Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e “Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo
dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no grau.”
complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
verbo implicar. No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen-
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co- tido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala
locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está
regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres- usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a
centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga-
eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os ção entre argumentos de valor depreciativo.
dispenso sem dó).
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam
Coesão por Conexão uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar-
gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também,
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res- ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par
ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto. de.
Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou “Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor
seja. da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito
querido pelos alunos.”

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Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo- “__Precisamos promover atletas das divisões de base para
cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro- reforçar nosso time.
duzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os
direção argumentativa dos precedentes. do time principal.”
Esses operadores introduzem novos argumentos; não signifi-cam, Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção,
em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, só podem pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo
ser ligados com conectores de conjunção segmentos que representam menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que
uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis-farçou as lágrimas estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou-
que o assaltaram e continuou seu discurso”, porque o segundo tros.
segmento indica um desenvolvimento da expo-sição. Não teria Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg-
cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como
mentos na sua fala:
“Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e escondeu o choro que tomou
conta dele”. “__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das
- Disjunção Argumentativa: há também operadores que in- divisões de base.”
dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro-
entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta-
moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal
ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja,
são tão bons quanto os das divisões de base.
caso contrário, ao contrário.
- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a
uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito
briga, para que ele não apanhasse.”
anteriormente: porque, já que, que, pois.
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori-
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém.
zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão
em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a
(geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo
implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal- da guerra contra o Iraque.
mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con-
clusivo quando não encabeça a oração). - Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam
uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro- orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati-
le dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral- vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as
mente defensável.” concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda
que, posto que, se bem que).
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirma- Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se
ção exposta no primeiro período. tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu-
mentativa contrária?
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro-
os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade duzido pela conjunção.
ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, “O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta
mais... (do) que. mais decidido a vencer.”

“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati-
quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.” va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun-
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu- da orientação é a mais forte.
mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me- Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni-ta”
dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o que se
isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no
sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim-patia.
há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor- Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um
rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida,
problema da fuga de presos”. apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa
opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire- que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção.
tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:

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“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti- Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
ca, trata-se de capacidades diferentes.” exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar- adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática
são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção - Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma re-
argumentativa contrária. tificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar- fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em
gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo- outras palavras. Exemplo:
ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com
orientação contrária. “Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é a viver junto com minha namorada.”
de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos:
O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito an-
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu- tes.
mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu- Esses operadores servem também para marcar um esclareci-
mento mais forte).” mento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enun-
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumen- ciado anteriormente. Exemplo:
to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
mento mais forte).” “A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas
corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri-
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que intro- cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
duzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação con-
trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito
fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, antes.
Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do
além de tudo, além disso, ademais.
conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namo-
rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu “Quando a atual oposição estava no comando do país, não
um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga- fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti-
nhou uma bolada na loteria.” cas iam na direção contrária do que prega atualmente.

O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais


O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito
forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no entanto, antes.
essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma. - Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica-
- Generalização ou Amplificação: existem operadores que ção, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes:
assim, desse modo, dessa maneira.
assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito
antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que. “O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se
“O problema da erradicação da pobreza passa pela geração processavam as negociações, atacou de surpresa.”
de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumen- O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado
to de renda da população.” antes.
O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes. Coesão por Justaposição
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun-
atualmente militam no nosso futebol. ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin-
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: cipais sequenciadores.
não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei-
ros. - Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio-
ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma
- Especificação ou Exemplificação: também há operadores semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi-
que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi nantemente nas narrações).
afirmado anteriormente: por exemplo, como.
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele
“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.”
entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres- - Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição
cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados
toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.” principalmente nas descrições).

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“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem
o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, es-creveu o período começou a encadear orações subordinadas e
donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. “es-queceu-se” de terminar a principal.
(...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos
ameno clima fluminense, ainda na maior força do inverno.” longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é
José de Alencar. Senhora. preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que
São Paulo, FTD, 1992, p. 77. suas partes estejam bem conectadas entre si.
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido, mesmo
dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a que aparentemente organizadas, elas não passarão de um
seguir, fi-nalmente, etc. amontoado injustificado. Exemplo:

“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das “Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes
agruras por que passam as populações civis; em seguida, discor-rerei restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de
sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei Janei-ro tem favelas.”
suas consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida
cotidiana de todos os habitantes do planeta.” Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o subs-
tantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segundo e o
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade, vin-
conversação principalmente, servem para introduzir um tema ou culando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza
mudar de assun-to: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao uma conjunção argumentativa, relacionando o quarto período ao ter-
assunto, fazendo um parêntese, etc. ceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta
unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto,
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A é condição necessária, mas não suficiente, para produzir um texto.
propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.”
Coerência
- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for cons-
truído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá inferir, a partir Infância
da ordem dos enunciados, os operadores discursivos não ex-plicitados
na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos diferen-tes O camisolão
conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de pontua-ção: O jarro
ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos. O passarinho
O oceano
“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fide- A vista na casa que a gente sentava no sofá
lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses
e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases Adolescência
governamentais sólidas.”
Aquele amor
Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de Nem me fale
a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do
primei-ro período está no lugar de um porque. Maturidade

A língua tem um grande número de conectores e sequenciado-res. O Sr. e a Sra. Amadeu


Apresentamos os principais e explicamos sua função. É preciso ficar Participam a V. Exa.
atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso inade-quado O feliz nascimento
dos conectores e a utilização inapropriada dos anafóricos ou De sua filha
catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a não ter Gilberta
sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra falha Velhice
comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensáveis da
oração ou do período. Analisemos este exemplo: O netinho jogou os óculos
Na latrina
“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas.
combate à fome que foi lançada pelo governo federal.” 4ª Ed. Rio de Janeiro
O período compõe-se de: Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161.
- As empresas
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à
primeira oração) primeira vista, seja a ausência de elementos de coesão, quer reto-
- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração mando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais.
subor-dinada substantiva objetiva direta da segunda oração) No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro
adjetiva restritiva da terceira oração). estações.

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Com essa informação, podemos imaginar que se trata de fla-shes Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o com-
de cada uma das quatro grandes fases da vida: a infância, a põem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis de coerência.
adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada
pelas descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a Coerência Narrativa
criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por experiências
marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o cami-solão A coerência narrativa consiste no respeito às implicações ló-
que se usava para dormir); a segunda é caracterizada por amores gicas entre as partes do relato. Por exemplo, para que um sujeito
perdidos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela formalidade e realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto,
pela responsabilidade indicadas pela participação formal do ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerên-cia
nascimento da filha; a última, pela condescendência para com a
narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta que foi a uma festa
traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir a ação). A primeira
onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia que se
parte é uma sucessão de palavras; a segunda, uma frase em que falta
um nexo sintático; a terceira, a participação do nascimento de uma
visse qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma
filha; e a quarta, uma oração completa, po-rém aparentemente mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma coluna e
desgarrada das demais. passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas. Se
Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema o narrador diz que não podia enxergar nada, é incoerente dizer que
em seus múltiplos sentidos, apesar da falta de marcadores de coe- via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega a
são entre as partes? competência para a realização de um desempenho qualquer, esse
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indis- desempenho não pode ocorrer. Isso por respeito às leis da coerên-
pensável para a existência de um texto: a coerência. cia narrativa. Observe outro exemplo:
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se esta-
belece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreender a “Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clu-
outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das be, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Paraná tinha
partes ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”, tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias
“Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem essa unidade. antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não
Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exem- teve dúvida sobre os motivos:
plo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilida-de __ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ata-
habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido que do Guarani.”
unitário. Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina.
Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um
conjunto de enunciados pode formar um todo coerente mesmo sem A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendi-
a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença do com o que já se esperava que acontecesse.
explícita de marcadores de relação entre as diferentes unidades lin-
guísticas. Em outros termos, a coesão funciona apenas como um Coerência Argumentativa
mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta
depende, na verdade, das relações subjacentes ao texto, da não- A coerência argumentativa diz respeito às relações de im-
contradição entre as partes, da continuidade semântica, em síntese, plicação ou de adequação entre premissas e conclusões ou entre
da coerência. afirmações e consequências. Não é possível alguém dizer que é a
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois favor da pena de morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da
possibilita que todas as suas partes sejam englobadas num único mesma forma, é incoerente defender o respeito à lei e à Constitui-
significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não ção Brasileira e ser favorável à execução de assaltantes no interior
pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes,
de prisões.
lemos um texto incoerente, como este:
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas.
A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a medio-
cridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de uma vida Não há coerência, por exemplo, num raciocínio como este:
voltada para o aprimoramento intelectual.
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros
repente vejo que não sou mais uma “criancinha” dependente do marajás.
“papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma O candidato a governador é funcionário público.
profissão para me realizar e ser independente financeiramente. Portanto o candidato é um marajá.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais
rico sempre é quem vence! Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. com certeza baseado em duas premissas particulares. Dizer que
Vieira (orgs). muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que
A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53. qualquer um seja.
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anterior-
Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adoles- mente também constitui incoerência. É o que se vê neste diálogo:
cência e escolha profissional; relações sociais sob o capitalismo) que
mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando “__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de
a continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do pedágio para circular no centro da cidade?
todo e, portanto, configura um texto incoerente. _

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_ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes cida- Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa
des. A degradação urbana atinge a todos nós e, por conseguinte, completamente do utilizado no período anterior.
é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante
oferta de serviços públicos.” Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este:
Saltou para a rua, abriu a janela do 5º andar e deixou um bilhe-te
Coerência Figurativa no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há
evidente violação da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto
A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das figuras talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente incluir guar-
que manifestam determinado tema. Para que o leitor possa per- danapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre
ceber o tema que está sendo veiculado por uma série de figuras coerência figurativa, alguém poderia objetivar que é preconceito
encadeadas, estas precisam ser compatíveis umas com as outras. considerá-los inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que,
Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao descrever um afinal, determina se um texto é ou não coerente?
jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estran- A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos bá-
geiro, depois de falar de baixela de prata, porcelana finíssima, flo- sicos de verdade: adequação à realidade e conformidade lógica
res, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso figurativo entre os enunciados.
guardanapos de papel. Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, ar-
gumentativa, figurativa, etc. Em cada nível, temos duas espécies
Coerência Temporal diversas de coerência:
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o
Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à su- texto e uma “realidade” exterior a ele.
cessão dos eventos e à compatibilidade dos enunciados do ponto - intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à
de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo,
adequação, à não-contradição entre os enunciados do texto.
dizer: “O assassino foi executado na câmara de gás e, depois,
condenado à morte”. A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se
pode ser:
Coerência Espacial - o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes
ao mundo físico, à cultura de um povo, ao conteúdo das ciências,
A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enun-
etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem
ciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria incoeren-
textos. O período “O homem olhou através das paredes e viu onde
te, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’
os bandidos escondiam a vítima que havia sido sequestrada” é
mostra a mudança sofrida por um homem que vivia lá no interior
incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens
e encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital,
não vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência fi-
pois aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá
no interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento gurativa extratextual.
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o con-
está sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele
não poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e junto dos conhecimentos sobre o código linguístico necessário à
“o tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. codificação de mensagens decodificáveis por outros usuários da
Em síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesma língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente sem
mesmo lugar. sentido por inobservância de mecanismos desse tipo:
Coerência do Nível de Linguagem Utilizado “Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carrei-ra
universitária informações críticas a respeito da realidade pro-
A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que con- fissional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos
cerne à compatibilidade do léxico e das estruturas morfossintáti-cas ensinos de primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a forma-ção
com a variante escolhida numa dada situação de comunicação. Ocorre crítica de suas ideias as quais, serão a praticidade cotidiana. Aptidões
incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por exemplo, pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de maneira
o enunciador utiliza um termo chulo ou pertencente à linguagem discursiva a analisar conceituações fundamentais.”
informal num texto caracterizado pela norma culta for-mal. Tanto
sabemos que isso não é permitido que, quando o faze-mos, Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p.
acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra, se me permitem
dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível: 58. Fatores de Coerência

“Tendo recebido a notificação para pagamento da chama-da - O contexto: para uma dada unidade linguística, funcio-na
taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita, para como contexto a unidade linguística maior que ela: a sílaba é
expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a
IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do palavra; o período, para a oração; o texto, para o período, e assim
valor venal do imóvel exatamente para cobrir as despesas da mu- por diante.
nicipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos só-
lidos produzidos pelos moradores de nossa cidade. Francamente, “Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napo-li,
achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais um cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, o
gasto nas costas da gente.” “Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.”

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À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enu- - As regras do gênero:
meração desses elementos. Quando ficamos sabendo, no entanto,
que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para “O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos
gostar de São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se escondiam a vítima que havia sido sequestrada.”
coerente:
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é comple-
100 motivos para gostar de São Paulo tamente coerente no mundo criado pelas histórias de super-heróis, em
que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente ilimitada;
1. Um chopps pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz; quando
2. E dois pastel ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do tempo e pode
(...) transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permi-tem-lhe
5. O polpettone do Jardim de ver através de qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
Napoli (...) Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetiva-
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
mente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele inclui também os
(...)
43. O “Parmera” mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto,
(...) ficção científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso,
45. O “Curíntia” etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é incoerente num
(..) determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...) - O sentido não literal:

O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos con- “As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a
vergem para um único significado: a celebração da capital do esta-do qualquer momento.”
de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nos-so
exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois,
terceiro, a um prato que tornou conhecido o restaurante chamado nessa acepção, o termo ideias não pode ser qualificado por adjeti-
Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de vos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo,
Caetano Veloso; o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times mais as qualidades verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujei-
populares da cidade são denominados na variante linguística popular; to um substantivo animado.
o último à obediência a uma lei que na época ainda não vigorava no No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não li-
resto do país. teral, como concepções ambientalistas, o período pode ser lido da
- A situação de comunicação: seguinte maneira: “As idéias ambientalistas sem atrativo estão la-
tentes, mas poderão manifestar-se a qualquer momento.”
__A telefônica.
__Era hoje? - O intertexto:
Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de in- Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro
terlocução, porque deixa implícitos certos enunciados que, dentro
dela, são perfeitamente compreendidos: __ a chuva me deixa triste...
__ a mim me deixa molhado.
__ O empregado da companhia telefônica que vinha conser-
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79.
tar o telefone está aí.
__ Era hoje que ele viria?
Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em
- O conhecimento de mundo: outros e, por isso, só ganham coerência nessa relação com o texto
sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextua-
31 de março / 1º de abril lidade. É o caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber
Dúvida Revolucionária que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando Pes-
soa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade
Ontem foi hoje? lírica distinta da do autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a
Ou hoje é que foi ontem? exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjeti-
vas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpre-
Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que tar a realidade pela inteligência, pois essa interpretação conduz a
significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”. No entanto, as simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de
duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a um Caeiro. Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando
episódio da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chama-do Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções, falando da solidão in-
Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de nosso conhe-cimento terior, do tédio, etc.
de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia
1º de abril, mas sua comemoração foi mudada para 31 de março, Incoerência Proposital
para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.

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Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no míni-
com vistas a produzir determinado efeito de sentido, assim como mo, que nosso conhecimento de mundo inclua o poema:
existem outros que fazem da não-coerência o próprio princípio
constitutivo da produção de sentido. Poderia alguém perguntar, então, O Adeus de Teresa
se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é aquele em
que a incoerência é produzida involuntariamente, por inabilidade, A primeira vez que fitei Teresa,
descuido ou ignorância do enunciador, e não usada funcionalmente Como as plantas que arrasta a correnteza,
para construir certo sentido. A valsa nos levou nos giros seus...
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dis-
semina pistas no texto, para que o leitor perceba que ela faz parte de Castro Alves
um programa intencionalmente direcionado para veicular de-
terminado tema. Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles;
muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas comendo de boca que tenhamos noção da crítica do Modernismo às escolas literárias
aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, osten-tando precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa se-
sua últimas aquisições, o enunciador certamente não está querendo ria tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que fa-
manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vulga-ridade dos çamos uma leitura não literal; que percebamos sua lógica interna,
novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes como “Quero criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall em 1988, com Tom absurdos em outro contexto.
Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The party, Blake Edwards,
1968, com Peter Sellers), há cenas em que os respectivos protagonistas VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
exibem comportamento incompatível com a ocasião, mas não há
incoerência nisso, pois todo o enredo converge para que o espectador “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se
se solidarize com eles, por sua ingenuidade e falta de traquejo social. um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade;
Mas, se aparece num texto uma figura incoerente uma única vez, o se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador
leitor não pode ter certeza de que se trata de uma quebra de coerência errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
proposital, com vistas a criar determinado efeito de sentido, vai pensar
Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhe-
que se trata de contradição devida a inabilidade, descuido ou
cem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer
ignorância do enun-ciador.
variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações,
que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evi-
Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão dentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações lin-
da realidade seu princípio constitutivo; da incoerência, um fator de guísticas.
coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
das maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apre- seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
sentar paradoxos de sentido, subverter o princípio da realidade, que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum mo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por
com outras. exemplo, os dois enunciados a seguir:
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tem-
mais de um exemplo do que foi abordado: po.
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
Teresa Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enun-
ciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas tam-
A primeira vez que vi Teresa bém que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é
Achei que ela tinha pernas estúpidas de gente mais “estudada”.
Achei também que a cara parecia uma perna Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar
grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas
Quando vi Teresa de novo maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de
Achei que seus olhos eram muito mais velhos variações linguísticas.
[que o resto do corpo As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
[que o resto do corpo nascesse) sintático e lexical.

Da terceira vez não vi mais nada Variações Fônicas


Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituin-
[das águas. tes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e,
Poesias completas e prosa. Rio de ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe
Janeiro, Aguilar, 1986, p. 214. com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre es-
ses casos, podemos citar:

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- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem - a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia).
hoje frequentes na fala caipira. - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com você
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me
linguagem oral coloquial. irrita.
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam típicas gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela
de pessoas de baixa extração social. semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande do Variações Léxicas
Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extração social. caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra.
Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
Variações Morfológicas - a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nes- gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
se domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numero- Esse amigo é um carinha maior esforçado.
sas quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
exemplos, podemos citar:
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar
lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil,
humaníssimo), uma prova hiper difícil (em vez de dificílima), um em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz
carro hiper pos-sante (em vez de possantíssimo). pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que cha-
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- mamos de suéter, malha, camiseta.
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver
(vir) o recado, quando ele repor (repuser). Designações das Variantes Lexicais:
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de
irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso,
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-ver-sa: denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É o caso de
duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o cham- reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o rapaz
panha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou forma
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem antiga,
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo muito
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que bom, de qualidade excelente, era supimpa.
o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições;
Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras
que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. recém-criadas, muitas das quais mal ou nem estraram para os di-
cionários. A moderna linguagem da computação tem vários exem-
Variações Sintáticas plos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos
da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons),
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No robotizar, robotização.
domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as dife-
renças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras empresta-
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a das de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preser-
de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão vando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões lati-
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) nas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus
e ele. (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”),
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo
- a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escri-
em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: de to”), data venia (“com sua permissão”).
que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu
assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.

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As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (com- As variações mais importantes, para o interesse do concurso
preensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sen- público, são os seguintes:
sibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de in-
formações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido
música). com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não
se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particu- (frase 1)
lar entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, cor-
porativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um
de um personagem). trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpei-
ro? Um repórter de televisão?
- Jargão: é o lexo típico de um campo profissional como a E quem usaria a frase abaixo?
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jar-
gão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente
(frase 2)
vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico cha-
ma-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a
inversão de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas
de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito,
assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito pro- fizeram-no em condições não adequadas.
lixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que ti-
mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jor- veram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam, por
nalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura,
__ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é considerado com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma,
errado pela gramática normativa). “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita aci-ma
- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamente de
está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fa-tores que
marginais) que não deseja ser entendido por outros grupos ou que
interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a
frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num
gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmen-tos
tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não
sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades
significa que ele não possa usá-la numa situa-ção informal
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua:
(conversando com alguns amigos, por exemplo).
ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir
pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavel- Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as
mente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, geran-
masculino), levar um lero (conversar). do, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua.
A elas damos o nome de variações socioculturais.
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessiva-
mente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); - Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facil-
procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); mente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o
cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, inten-
ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez de sidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principal-
caçoada, troça). mente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia
de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mi-
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um neiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográ-
léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem diz, por fica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no
exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferen-
(em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar tes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do
mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). país.
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo,
Tipos de Variação em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de
um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as va-riantes
linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao mesmo “__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que caracterizam os Mangolô!].
múltiplos modos de falar dentro de uma comuni-dade linguística. O __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço,
principal problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, isso
superpõem, em vez de atuarem isoladamente. sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras

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d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fa- Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo,
zer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha,
é sossego...” o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servo-
se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de mecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a
falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas altera- homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a
ções recebem o nome de variações históricas. Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglo-
Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a lín- merado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM,
gua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tenso-
ra, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de
Texto I bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da gira-
fa, poluição.
Antigamente Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fis-
cais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras.
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram
Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados.
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam prima-
Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh!
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
Pow! Click!
meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais ido-sos, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a apa-
depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também recer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para
tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica
animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chu-pando balas de de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras
alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, circula-mos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente,
se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não mas com que significado?
admira que dessem com os burros n’agua. (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão
em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramon-tana. - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações
A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um
faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. modo de falar compatível com determinada situação é incompatí-
Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo enca-petados; vel com outra:
chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não:
verdadeiros cromos, umas teteias. Ô mano, ta difícil de te entendê.
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os me-
ninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação
bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratis- informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em
tas, e os cristãos não morriam: descansavam. situação de aula.
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em
todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem
Texto II culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sen-
do, por isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afe-
Entre Palavras tados.
São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – cir-
indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio
culamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos,
ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria de
ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar
conhecimento de novas palavras e combinações de. um jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma ambiente físico em que se dá um diálogo (num templo não se usa a
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Ama- mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre os
nhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um colega de
talvez ele não entenda o que você diz. mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento que a fala implica
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, para o falante (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, palavras, num relato de uma conquista amorosa para um colega fala-
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? se com menos preocupação).
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a As variações de acordo com a situação costumam ser chama-
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o das de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são
enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apar- classificadas em duas grandes divisões:
theid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura.

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- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o
que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na lin- que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
guagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso. da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com de linguagem.
despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C.,
esse estilo melhor se manifesta. numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se
tem de escolher entre duas ou mais coisas”.
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas universi- vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
tárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Lin- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas
guísticos, de Fernando Tarallo. AS reticências indicam as pausas. igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-cisamos
argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-mento pode
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica desejável que outra. Isso significa que ele atua no domínio do
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer que, entre duas
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-sível que a outra,
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de eco- mais desejável que a outra, é preferível à outra.
nomia, das nove da noite. O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia enunciador está propondo.
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das pala- Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-ção.
vras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravação O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
de uma aula de português de uma professora universitária do Rio demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A linguagem falada missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
reticências. crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
mento de premissas e conclusões.
...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmenta-
ção do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen-
uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe to:
vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido tam-
bém para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de A é igual a B.
conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas A é igual a C.
que... na hora de serem empregados... deixam muito a desejar... Então: C é igual a A.

Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamen-
formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata-se de um te, que C é igual a A.
estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone. Outro exemplo:

Argumentação Todo ruminante é um mamífero.


A vaca é um ruminante.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- Logo, a vaca é um mamífero.
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja ad- também será verdadeira.
mitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
faça o que ele propõe. mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada da
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso,
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de vista confiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de
defendidos. uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argu-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma mentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é
prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiá-
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse vel do que outro fundado há dois ou três anos.
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu-

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Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase Argumento do Consenso
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
der bem como eles funcionam. em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o audi-tório, objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto mais que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
os argumentos estiverem de acordo com suas cren-ças, suas tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não
expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que
Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
essa associação certamente não surtiria efei-to, porque lá o futebol não carentes de qualquer base científica.
é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo de um
argumento está vinculado ao que Argumento de Existência
é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
Tipos de Argumento aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um ar- mão do que dois voando”.
gumento. Exemplo: Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas con-
Argumento de Autoridade cretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Duran-
te a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exér-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas cito americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse re- vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
curso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do pro- comparação do número de canhões, de carros de combate, de
dutor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao navios, etc., ganhava credibilidade.
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e Argumento quase lógico
verdadeira. Exemplo:
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias en-tre
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
nhecimento. Nunca o inverso. plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual
a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identi-
Alex José Periscinoto. In: Folha de S. dade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é
Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma iden-
tidade provável.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
acreditar que é verdade. fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generaliza-
Argumento de Quantidade ções indevidas.

É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- Argumento do Atributo
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
largo uso do argumento de quantidade. raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
que é mais grosseiro, etc.

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Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce- - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da que outras crescam”, em que o termo imperialismo é des-cabido, uma
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- outros à sua dependência política e econômica”.
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
dizer dá confiabilidade ao que se diz. ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de
o assunto, etc).
uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-ras
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com ma-
indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-quada nifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evi-dente,
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas qualidades
houve por bem determinar o internamento do governador pelo pe- não se prometem, manifestam-se na ação.
ríodo de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hos- a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
pital por três dias. Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui a
Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo
deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se
texto tem sempre uma orientação argumentativa. convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante comportamento.
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá- da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro-
lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí-
dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não mica e até o choro.
outras, etc. Veja: Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa-vor
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen-ta
trocavam abraços afetuosos.” dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras e levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma “tomada
sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, sem a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vista, a
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. dissertação pode ser definida como discussão, debate, questionamento,
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- o que implica a liberdade de pensamento, a pos-sibilidade de discordar
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: ou concordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental,
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É necessária
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu con- também a exposição dos fundamen-tos, os motivos, os porquês da
trário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode defesa de um ponto de vista.
ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e seus
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, a
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa
destruir o argumento. capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
ver as seguintes habilidades:

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- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nes-se
mente contrária; caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja,
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desco-
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresen- nhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa.
taria contra a argumentação proposta; Exemplo:
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação
oposta. O calor dilata o ferro (particular)
O calor dilata o bronze (particular)
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- O calor dilata o cobre (particular)
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões O ferro, o bronze, o cobre são metais
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético não Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-
se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e
recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-tão e da verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas tam-
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. bém o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, po-
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o de-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão
método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, uma
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-ma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são al-
coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões gumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, come- deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
çando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar os de sofisma no seguinte diálogo:
conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos e
determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução. - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a - Lógico, concordo.
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma - Claro que não!
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
da verdade:
- evidência; Exemplos de sofismas:
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução; Dedução
- enumeração. Todo professor tem um diploma (geral, universal)
Fulano tem um diploma (particular)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e a Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Indução
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, (par-ticular)
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu-
conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a lar)
conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premis- Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
sa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
não caracteriza a universalidade. ral – conclusão falsa)
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
do particular para o geral. A expressão formal do método de-dutivo fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia- tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
se em uma conexão descendente (do geral para o particular) que infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou aná-
leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias lise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos,
gerais, de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou deter- baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
minação de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
da causa para o efeito. Exemplo: mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) existem outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam
Fulano é homem (premissa menor = particular) os processos de dedução e indução à natureza de uma realidade
Logo, Fulano é mortal (conclusão) particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu mé-

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todo próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos siste- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
máticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância,
sistematizar a pesquisa. é uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimen-to de
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para importante para o menos importante, ou decrescente, primei-ro o
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma menos importante e, no final, o impacto do mais importante;
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, en-quanto é indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que (Garcia, 1973, p. 302304.)
reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devida- introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex-
mente combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias, pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e
funcionais, então, o relógio estaria reconstruído. racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus-
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por tificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, os pontos de vista sobre ele.
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin-
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme
assim relacionadas: a espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a ló-
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha gica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
dos elementos que farão parte do texto. - o termo a ser definido;
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou - o gênero ou espécie;
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é - a diferença específica.
característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experi-
mentais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discer- O que distingue o termo definido de outros elementos da
nir” por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de mes-ma espécie. Exemplo:
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: Elemento especie diferença
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. a ser definido específica
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por
a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-tes. Esse
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de
são empregados de modo mais ou menos convencional. A classi- tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial
ficação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, não adequada à redação acadêmica. Tão importan-te é saber formular
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos va- os “requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição
riados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é ar- deve apresentar os seguintes requisitos:
tificial. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
relógio, sabiá, torradeira. ou instalação”;
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restri-to
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;

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- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser breve (contida num só período). Quando a defini- frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois,
ção, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de perío- ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-pois de,
dos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
expandida;d respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
+ cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
adjun-tos (as diferenças). interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mes-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a ma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para
palavra e seus significados. estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, me-
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. nos que, melhor que, pior que.
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma fun-
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
damentação coerente e adequada.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica,
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-mento da
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer uma
reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha de
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, misturando-
raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou justificar
se na estrutura do argumento. Por isso, é preci-so aprender a um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais caráter
reconhecer os elementos que constituem um argu-mento: confirmatório que comprobatório.
premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais
elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam ex-
argumento está expresso corretamente; se há coerência e adequa-ção plicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
os processos de raciocínio por dedução e por indução. Ad-mitindo-se Nesse caso, incluem-se
que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo - A declaração que expressa uma verdade universal (o
específico de relação entre as premissas e a conclusão. homem, mortal, aspira à imortalidade);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postu-
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-tos lados e axiomas);
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirma-ção: - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na-
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio de não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ain-
exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões co-muns nesse tipo da que parece absurdo).
de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatís-ticos, Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
acompanhados de expressões: considerando os dados; con-forme os um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela concretos, estatísticos ou documentais.
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por
causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-car causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar esse Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-niões
explicitação por definição, empregamse expressões como: quer dizer, pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-da, e só os
denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma
testemunhos são comuns as expressões: conforme, se-gundo, na opinião pessoal só terá validade se fundamentada na evidência dos
opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no entender de, no fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argumentos,
pensamento de. A explicitação se faz também pela interpretação, em porém, pode ser contestada por meio da contra
que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
de vista. gumentação:

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Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- Introdução
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraar-
gumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordei- - função social da ciência e da tecnologia;
ro”; - definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- Desenvolvimento
dadeira;
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- vimento tecnológico;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou
dade da afirmação; as condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de au- desenvolvidos;
toridade que contrariam a afirmação apresentada; - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- passado; apontar semelhanças e diferenças;
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se em - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Por banos;
exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- humanizar mais a sociedade.
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em uma
relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con- Conclusão
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
que gera o controle demográfico”. quências maléficas;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para apresentados.
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a reda-ção: é um dos possíveis.
elaboração de um Plano de Redação.

Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-


lução tecnológica

- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, respon-


der a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
resposta, justificar, criando um argumento básico;
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
(rever tipos de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse-
quência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do ar-
gumento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
menos a seguinte:

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BÁSICA DA MARINHA

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Seção II
DO ESTADO DE SÍTIO
FORÇAS ARMADAS (FFAA) – MISSÃO
CONSTITUCIONAL; HIERARQUIA E Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conse-
DISCIPLINA; E COMANDANTE SUPREMO DAS lho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
FORÇAS ARMADAS; E Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos
casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es-
TÍTULO V tado de defesa;
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar-
mada estrangeira.
CAPÍTULO I Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar auto-
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO rização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
Seção I nal decidir por maioria absoluta.
DO ESTADO DE DEFESA
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-nais
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conse-
que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da
lho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado República designará o executor das medidas específicas e as áreas
de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais abrangidas.
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaça- § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
das por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por
por calamidades de grandes proporções na natureza. prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo- durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
rarem, dentre as seguintes: imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para
I - restrições aos direitos de: se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
a) reunião, ainda que exercida no seio das § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
associações; b) sigilo de correspondência;
até o término das medidas coercitivas.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
e custos decorrentes. seguintes medidas:
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a I - obrigação de permanência em localidade determinada;
trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se II - detenção em edifício não destinado a acusados ou conde-
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. nados por crimes comuns;
§ 3º Na vigência do estado de defesa: III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência,
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe- ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liber-
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz dade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso IV - suspensão da liberdade de reunião;
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; V - busca e apreensão em domicílio;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au- VI - intervenção nas empresas de serviços
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua públicos; VII - requisição de bens.
autuação; Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi- Seção III
dente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato DISPOSIÇÕES GERAIS
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá
por maioria absoluta. Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convo- partidários, designará Comissão composta de cinco de seus mem-
cado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. bros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referen-
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez tes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa. Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces-
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de- sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos
fesa. ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.

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Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o esta- VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII,
do de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV
pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Na- e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da ativida-de
cional, com especificação e justificação das providências adota- militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela
das, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
aplicadas. IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de
19.12.2003)
CAPÍTULO II X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limi-tes
DAS FORÇAS ARMADAS de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar
para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo prerrogativas e outras situações especiais dos militares, con-sideradas
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanen-tes e as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a força de compromissos internacionais e de guer-ra. (Incluído pela
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem. Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar- serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, ale-
madas. garem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decor-
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disci- rente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para
plinares militares. se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. (Re-
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados mili- gulamento)
tares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço
as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros en-
18, de 1998) cargos que a lei lhes atribuir. (Regulamento)
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e assegura-das CAPÍTULO III
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo- DA SEGURANÇA PÚBLICA
lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Arma-das; (Incluído Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no seguintes órgãos:
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos I - polícia federal;
termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, II - polícia rodoviária federal;
de 2014) III - polícia ferroviária federal;
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse IV - polícias civis;
em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser destina-se a:” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço de 1998)
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferi-do em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
Constitucional nº 77, de 2014) frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (In- nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
cluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
de 1998) competência;
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in- III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribu- fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
nal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal 1998)
especial, em tempo de guerra; (Incluído pela Emenda Constitucio- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judi-
nal nº 18, de 1998) ciária da União.
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso ante-rior; na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias fede-rais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi- DECRETA:
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fede-rais. Art. 1o Fica aprovada a Estratégia Nacional de Defesa anexa a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) este Decreto.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as Art. 2o Os órgãos e entidades da administração pública federal
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, deverão considerar, em seus planejamentos, ações que concorram
exceto as militares.
para fortalecer a Defesa Nacional.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades Brasília, 18 de dezembro de 2008; 187 o da Independência e
de defesa civil.
120o da República.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente
Nelson Jobim
com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios. Roberto Mangabeira Unger
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos Este texto não substitui o publicado no DOU de 19.12.2008
órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir
a eficiência de suas atividades. ANEXO
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA
des-tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, I – FORMULAÇÃO SISTEMÁTICA
conforme dispuser a lei. Introdução
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos ór- O Brasil é pacífico por tradição e por convicção. Vive em paz com
gãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. seus vizinhos. Rege suas relações internacionais, dentre ou-tros, pelos
39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) princípios constitucionais da não-intervenção, defesa da paz e solução
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pacífica dos conflitos. Esse traço de pacifismo
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias é parte da identidade nacional e um valor a ser conservado pelo
públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) povo brasileiro.
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- País em desenvolvimento, o Brasil ascenderá ao primeiro pla-
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao no no mundo sem exercer hegemonia ou dominação. O povo bra-
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela sileiro não deseja exercer mando sobre outros povos. Quer que o
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) Brasil se engrandeça sem imperar.
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Talvez por isso nunca tenha sido realizado no Brasil, em toda a
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus sua história, amplo debate sobre os assuntos de defesa. Perio-
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (In- dicamente, os governos autorizavam a compra ou a produção de novos
cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) materiais de defesa e introduziam reformas pontuais nas Forças
Armadas. No entanto, nunca propuseram uma estratégia nacional de
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA – defesa para orientar de forma sistemática a reorganiza-ção e
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E reorientação das Forças Armadas; a organização da indústria de
material de defesa, com a finalidade de assegurar a autonomia
ESTRATÉGIA NACIONAL DE
operacional para as três Forças: a Marinha, o Exército e a Aero-
DESENVOLVIMENTO; NATUREZA E ÂMBITO DA náutica; e a política de composição dos seus efetivos, sobretudo a
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA; reconsideração do Serviço Militar Obrigatório.
DIRETRIZES DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE Porém, se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mun-
DEFESA; MARINHA DO BRASIL: A HIERARQUIA do, precisará estar preparado para defender-se não somente das
DOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E TÁTICOS agressões, mas também das ameaças. Vive-se em um mundo em
que a intimidação tripudia sobre a boa fé. Nada substitui o en-
volvimento do povo brasileiro no debate e na construção da sua
própria defesa.
DECRETO Nº 6.703, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008. Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de De-
Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providên-
senvolvimento
1.Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia na-
cias. cional de desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece
escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. Defendido, o
que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá ca-
tendo em vista o disposto no Decreto de 6 de setembro de 2007, pacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento.
que institui o Comitê Ministerial de Formulação da Estratégia Na- 2.Difícil – e necessário – é para um País que pouco trato teve
cional de Defesa, com guerras convencer-se da necessidade de defender-se para po-
der construir-se. Não bastam, ainda que sejam proveitosos e até
3

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mesmo indispensáveis, os argumentos que invocam as utilidades Ao lado da destinação constitucional, das atribuições, da cul-
das tecnologias e dos conhecimentos da defesa para o desenvolvi- tura, dos costumes e das competências próprias de cada Força e da
mento do País. Os recursos demandados pela defesa exigem uma maneira de sistematizá-las em estratégia de defesa integrada,
transformação de consciências para que se constitua uma estraté- aborda-se o papel de três setores decisivos para a defesa nacio-nal:
gia de defesa para o Brasil. o espacial, o cibernético e o nuclear. Descreve-se como as três
3.Difícil – e necessário – é para as Forças Armadas de um País Forças devem operar em rede - entre si e em ligação com o moni-
tão pacífico como o Brasil manterem, em meio à paz, o impulso de toramento do território, do espaço aéreo e das águas jurisdicionais
se prepararem para o combate e de cultivarem, em prol desse brasileiras.
preparo, o hábito da transformação. O segundo eixo estruturante refere-se à reorganização da in-
Disposição para mudar é o que a Nação está a exigir agora de dústria nacional de material de defesa, para assegurar que o aten-
seus marinheiros, soldados e aviadores. Não se trata apenas de dimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas
financiar e de equipar as Forças Armadas. Trata-se de transformá apóie-se em tecnologias sob domínio nacional.
-las, para melhor defenderem o Brasil. O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição dos efetivos
4.Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvol- das Forças Armadas e, consequentemente, sobre o futuro do Serviço
vimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais Militar Obrigatório. Seu propósito é zelar para que as Forças Armadas
forem suas demais orientações, se guie pelos seguintes princípios: reproduzam, em sua composição, a própria Nação
a) Independência nacional, efetivada pela mobilização de re- - para que elas não sejam uma parte da Nação, pagas para lutar por
cursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no po- conta e em benefício das outras partes. O Serviço Militar Obri-
tencial produtivo do País. Aproveitar a poupança estrangeira, sem gatório deve, pois, funcionar como espaço republicano, no qual
dela depender; possa a Nação encontrar-se acima das classes sociais.
b) Independência nacional, alcançada pela capacitação tecno- Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa.
lógica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, ci- Pauta-se a Estratégia Nacional de Defesa pelas seguintes di-
bernético e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio retrizes.
das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desen- 1.Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras ter-
volvimento; e restres, nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-
c) Independência nacional, assegurada pela democratização lhes o uso do espaço aéreo nacional.
de oportunidades educativas e econômicas e pelas oportunidades Para dissuadir, é preciso estar preparado para combater. A tec-
para ampliar a participação popular nos processos decisórios da nologia, por mais avançada que seja, jamais será alternativa ao
vida política e econômica do País. O Brasil não será independente combate. Será sempre instrumento do combate.
enquanto faltar para parcela do seu povo condições para aprender, 2.Organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio
trabalhar e produzir. moni-toramento/controle, mobilidade e presença.
Natureza e âmbito da Estratégia Nacional de Defesa Esse triplo imperativo vale, com as adaptações cabíveis, para
1.A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o conceito e cada Força. Do trinômio resulta a definição das capacitações ope-
a política de independência nacional, de um lado, e as Forças Armadas racionais de cada uma das Forças.
para resguardar essa independência, de outro. Trata de questões 3.Desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o es-
políticas e institucionais decisivas para a defesa do País, como os paço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras.
objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para fazer com que a Tal desenvolvimento dar-se-á a partir da utilização de tecno-
Nação participe da defesa. Aborda, também, problemas propriamente logias de monitoramento terrestre, marítimo, aéreo e espacial que
militares, derivados da influência dessa “grande es-tratégia” na estejam sob inteiro e incondicional domínio nacional.
orientação e nas práticas operacionais das três Forças. 4.Desenvolver, lastreado na capacidade de monitorar/contro-
A Estratégia Nacional de Defesa será complementada por pla- lar, a capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou
nos para a paz e para a guerra, concebidos para fazer frente a dife- agressão: a mobilidade estratégica.
rentes hipóteses de emprego. A mobilidade estratégica - entendida como a aptidão para se
2.A Estratégia Nacional de Defesa organiza-se em torno de chegar rapidamente ao teatro de operações – reforçada pela mo-
três eixos estruturantes. bilidade tática – entendida como a aptidão para se mover dentro
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as Forças daquele teatro - é o complemento prioritário do monitoramento/
Armadas devem-se organizar e orientar para melhor desempenha-rem controle e uma das bases do poder de combate, exigindo das For-
sua destinação constitucional e suas atribuições na paz e na guerra. ças Armadas ação que, mais do que conjunta, seja unificada.
Enumeram-se diretrizes estratégicas relativas a cada uma das Forças e O imperativo de mobilidade ganha importância decisiva, da-
especifica-se a relação que deve prevalecer entre elas. das a vastidão do espaço a defender e a escassez dos meios para
Descreve-se a maneira de transformar tais diretrizes em práticas e defendê-lo. O esforço de presença, sobretudo ao longo das fron-
capacitações operacionais e propõe-se a linha de evolução tecno- teiras terrestres e nas partes mais estratégicas do litoral, tem limi-
lógica necessária para assegurar que se concretizem. tações intrínsecas. É a mobilidade que permitirá superar o efeito
A análise das hipóteses de emprego das Forças Armadas - para prejudicial de tais limitações.
resguardar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais 5.Aprofundar o vínculo entre os aspectos tecnológicos e os
brasileiras - permite dar foco mais preciso às diretrizes estraté- operacionais da mobilidade, sob a disciplina de objetivos bem de-
gicas. Nenhuma análise de hipóteses de emprego pode, porém, finidos.
desconsiderar as ameaças do futuro. Por isso mesmo, as diretrizes Mobilidade depende de meios terrestres, marítimos e aéreos
estratégicas e as capacitações operacionais precisam transcender o apropriados e da maneira de combiná-los. Depende, também, de
horizonte imediato que a experiência e o entendimento de hoje capacitações operacionais que permitam aproveitar ao máximo o
permitem descortinar. potencial das tecnologias do movimento.

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O vínculo entre os aspectos tecnológicos e operacionais da Os Estados-Maiores das três Forças, subordinados a seus Co-
mobilidade há de se realizar de maneira a alcançar objetivos bem mandantes, serão os agentes da formulação estratégica em cada
definidos. Entre esses objetivos, há um que guarda relação espe- uma delas, sob a orientação do respectivo comandante.
cialmente próxima com a mobilidade: a capacidade de alternar a 8.Reposicionar os efetivos das três Forças.
concentração e a desconcentração de forças com o propósito de As principais unidades do Exército estacionam no Sudeste e
dissuadir e combater a ameaça. no Sul do Brasil. A esquadra da Marinha concentra-se na cidade
6.Fortalecer três setores de importância estratégica: o espa- do Rio de Janeiro. As instalações tecnológicas da Força Aérea
cial, o cibernético e o nuclear. estão quase todas localizadas em São José dos Campos, em São
Esse fortalecimento assegurará o atendimento ao conceito de Paulo. As preocupações mais agudas de defesa estão, porém, no
flexibilidade. Norte, no Oeste e no Atlântico Sul.
Como decorrência de sua própria natureza, esse setores trans- Sem desconsiderar a necessidade de defender as maiores con-
cendem a divisão entre desenvolvimento e defesa, entre o civil e o centrações demográficas e os maiores centros industriais do País,
militar. a Marinha deverá estar mais presente na região da foz do
Os setores espacial e cibernético permitirão, em conjunto, que Amazonas e nas grandes bacias fluviais do Amazonas e do
a capacidade de visualizar o próprio país não dependa de tecnolo- Paraguai-Paraná. O Exército deverá posicionar suas reservas
gia estrangeira e que as três Forças, em conjunto, possam atuar em estratégicas no centro do País, de onde poderão se deslocar em
rede, instruídas por monitoramento que se faça também a partir do qualquer direção. Deverá também o Exército agrupar suas reservas
espaço. regionais nas respectivas áreas, para possibilitar a resposta
O Brasil tem compromisso - decorrente da Constituição Fede-ral imediata na crise ou no conflito armado.
e da adesão ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nuclea-res - Pelas mesmas razões que exigem a formação do Estado-Maior
com o uso estritamente pacífico da energia nuclear. Entretan-to, afirma Conjunto das Forças Armadas, os Distritos Navais ou Comandos de
a necessidade estratégica de desenvolver e dominar a tecnologia Área das três Forças terão suas áreas de jurisdição coincidentes,
nuclear. O Brasil precisa garantir o equilíbrio e a versa-tilidade da sua ressalvados impedimentos decorrentes de circunstâncias locais ou
matriz energética e avançar em áreas, tais como as de agricultura e específicas. Os oficiais-generais que comandarem, por conta de suas
saúde, que podem se beneficiar da tecnologia de energia nuclear. E respectivas Forças, um Distrito Naval ou Comando de Área, reunir-se-
levar a cabo, entre outras iniciativas que exigem independência ão regularmente, acompanhados de seus principais as-sessores, para
tecnológica em matéria de energia nuclear, o proje-to do submarino de assegurar a unidade operacional das três Forças na-quela área. Em
propulsão nuclear. cada área deverá ser estruturado um Estado-Maior Conjunto, que será
7.Unificar as operações das três Forças, muito além dos limi- ativado para realizar e atualizar, desde o tempo de paz, os
tes impostos pelos protocolos de exercícios conjuntos. planejamentos operacionais da área.
Os instrumentos principais dessa unificação serão o Minis- 9.Adensar a presença de unidades do Exército, da Marinha e
tério da Defesa e o Estado-Maior de Defesa, a ser reestruturado da Força Aérea nas fronteiras.
como Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Devem ganhar Deve-se ter claro que, dadas as dimensões continentais do ter-
dimensão maior e responsabilidades mais abrangentes. ritório nacional, presença não pode significar onipresença. A pre-
O Ministro da Defesa exercerá, na plenitude, todos os poderes sença ganha efetividade graças à sua relação com monitoramento/
de direção das Forças Armadas que a Constituição e as leis não controle e com mobilidade.
reservarem, expressamente, ao Presidente da República. Nas fronteiras terrestres e nas águas jurisdicionais brasileiras,
A subordinação das Forças Armadas ao poder político cons- as unidades do Exército, da Marinha e da Força Aérea têm, so-
titucional é pressuposto do regime republicano e garantia da inte- bretudo, tarefas de vigilância. No cumprimento dessas tarefas, as
gridade da Nação. unidades ganham seu pleno significado apenas quando compõem
Os Secretários do Ministério da Defesa serão livremente es- sistema integrado de monitoramento/controle, feito, inclusive, a
colhidos pelo Ministro da Defesa, entre cidadãos brasileiros, mili- partir do espaço. Ao mesmo tempo, tais unidades potencializam-
tares das três Forças e civis, respeitadas as peculiaridades e as fun- se como instrumentos de defesa, por meio de seus vínculos com as
ções de cada secretaria. As iniciativas destinadas a formar quadros reservas táticas e estratégicas. Os vigias alertam. As reservas
de especialistas civis em defesa permitirão, no futuro, aumentar a respondem e operam. E a eficácia do emprego das reservas táticas
presença de civis em postos dirigentes no Ministério da Defesa. As regionais e estratégicas é proporcional à capacidade de elas aten-
disposições legais em contrário serão revogadas. derem à exigência da mobilidade.
O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas será chefiado 10.Priorizar a região amazônica.
por um oficial-general de último posto, e terá a participação dos A Amazônia representa um dos focos de maior interesse para
Chefes dos Estados-Maiores das três Forças. Será subordinado a defesa. A defesa da Amazônia exige avanço de projeto de de-
diretamente ao Ministro da Defesa. Construirá as iniciativas que senvolvimento sustentável e passa pelo trinômio monitoramento/
dêem realidade prática à tese da unificação doutrinária, estratégica controle, mobilidade e presença.
e operacional e contará com estrutura permanente que lhe permita O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de sua
cumprir sua tarefa. soberania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará, pela prática de
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica disporão, singularmen-te, atos de desenvolvimento e de defesa, qualquer tentativa de tutela
de um Comandante, nomeado pelo Presidente da República e indicado sobre as suas decisões a respeito de preservação, de desenvolvi-
pelo Ministro da Defesa. O Comandante de Força, no âmbito das suas mento e de defesa da Amazônia. Não permitirá que organizações
atribuições, exercerá a direção e a gestão da sua Força, formulará a sua ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses estrangeiros
política e doutrina e preparará seus órgãos - políticos ou econômicos - que queiram enfraquecer a soberania
operativos e de apoio para o cumprimento da destinação constitu- brasileira. Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço da huma-
cional. nidade e de si mesmo, é o Brasil.

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11.Desenvolver, para fortalecer a mobilidade, a capacidade 14.Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos atributos
logística, sobretudo na região amazônica. e predicados exigidos pelo conceito de flexibilidade.
Daí a importância de se possuir estruturas de transporte e de O militar brasileiro precisa reunir qualificação e rusticidade.
comando e controle que possam operar em grande variedade de Necessita dominar as tecnologias e as práticas operacionais exi-
circunstâncias, inclusive sob as condições extraordinárias impos- gidas pelo conceito de flexibilidade. Deve identificar-se com as
tas por um conflito armado. peculiaridades e características geográficas exigentes ou extremas
12.Desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramen- que existem no País. Só assim realizar-se-á, na prática, o conceito
to/controle, mobilidade e presença, o conceito de flexibilidade no de flexibilidade, dentro das características do território nacional e
combate. da situação geográfica e geopolítica do Brasil.
Isso exigirá, sobretudo na Força Terrestre, que as forças con- 15.Rever, a partir de uma política de otimização do emprego
vencionais cultivem alguns predicados atribuídos a forças não- de recursos humanos, a composição dos efetivos das três Forças,
convencionais. de modo a dimensioná-las para atender adequadamente ao dispos-
Somente Forças Armadas com tais predicados estarão aptas to na Estratégia Nacional de Defesa.
para operar no amplíssimo espectro de circunstâncias que o futuro 16. Estruturar o potencial estratégico em torno de capacida-
poderá trazer. des.
A conveniência de assegurar que as forças convencionais ad- Convém organizar as Forças Armadas em torno de capacida-
quiram predicados comumente associados a forças não-convencio- des, não em torno de inimigos específicos. O Brasil não tem inimi-
nais pode parecer mais evidente no ambiente da selva amazônica. gos no presente. Para não tê-los no futuro, é preciso preservar a paz
Aplicam-se eles, porém, com igual pertinência, a outras áreas do País. e preparar-se para a guerra.
Não é uma adaptação a especificidades geográficas localiza-das. É 17.Preparar efetivos para o cumprimento de missões de garan-
resposta a uma vocação estratégica geral. tia da lei e da ordem, nos termos da Constituição Federal.
13.Desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramen- O País cuida para evitar que as Forças Armadas desempenhem
to/controle, mobilidade e presença, o repertório de práticas e de papel de polícia. Efetuar operações internas em garantia da lei e da
capacitações operacionais dos combatentes. ordem, quando os poderes constituídos não conseguem garantir a
Cada homem e mulher a serviço das Forças Armadas há de paz pública e um dos Chefes dos três Poderes o requer, faz parte
dispor de três ordens de meios e de habilitações. das responsabilidades constitucionais das Forças Armadas. A legi-
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com meios e timação de tais responsabilidades pressupõe, entretanto, legislação
habilitações para atuar em rede, não só com outros combatentes e que ordene e respalde as condições específicas e os procedimentos
contingentes de sua própria Força, mas também com combatentes e federativos que dêem ensejo a tais operações, com resguardo de
contingentes das outras Forças. As tecnologias de comunicações,
seus integrantes.
inclusive com os veículos que monitorem a superfície da terra e do
18.Estimular a integração da América do Sul.
mar a partir do espaço, devem ser encaradas como instrumentos
Essa integração não somente contribuirá para a defesa do Bra-sil,
potencializadores de iniciativas de defesa e de combate. Esse é o
como possibilitará fomentar a cooperação militar regional e a
sentido do requisito de monitoramento e controle e de sua relação com
integração das bases industriais de defesa. Afastará a sombra de
as exigências de mobilidade e de presença.
conflitos dentro da região. Com todos os países avança-se rumo
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de tecnolo-
à construção da unidade sul-americana. O Conselho de Defesa
gias e de conhecimentos que permitam radicalizar, em qualquer
Sul-Americano, em debate na região, criará mecanismo consultivo
teatro de operações, terrestre ou marítimo, o imperativo de mobi-
lidade. É a esse imperativo, combinado com a capacidade de com- que permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperaçãomilitar re-
bate, que devem servir as plataformas e os sistemas de armas à gional e a integração das bases industriais de defesa, sem que dele
disposição do combatente. participe país alheio à região.
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado para 19.Preparar as Forças Armadas para desempenharem respon-
abordar o combate de modo a atenuar as formas rígidas e tradicio- sabilidades crescentes em operações de manutenção da paz.
nais de comando e controle, em prol da flexibilidade, da adaptabi- Em tais operações, as Forças agirão sob a orientação das Na-
lidade, da audácia e da surpresa no campo de batalha. Esse com- ções Unidas ou em apoio a iniciativas de órgãos multilaterais da
batente será, ao mesmo tempo, um comandado que sabe obedecer, região, pois o fortalecimento do sistema de segurança coletiva é
exercer a iniciativa na ausência de ordens específicas e orientar-se benéfico à paz mundial e à defesa nacional.
em meio às incertezas e aos sobressaltos do combate - e uma fonte 20.Ampliar a capacidade de atender aos compromissos inter-
de iniciativas - capaz de adaptar suas ordens à realidade da situa- nacionais de busca e salvamento.
ção mutável em que se encontra. É tarefa prioritária para o País o aprimoramento dos meios
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção indus-trial existentes e da capacitação do pessoal envolvido com as atividades
marcado pela atenuação de contrastes entre atividades de pla- de busca e salvamento no território nacional, nas águas jurisdicio-
nejamento e de execução e pela relativização de especializações nais brasileiras e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em
rígidas nas atividades de execução. Esse estilo encontra contra-partida decorrência de compromissos internacionais.
na maneira de fazer a guerra, cada vez mais caracterizada por extrema 21.Desenvolver o potencial de mobilização militar e nacional
flexibilidade. O desdobramento final dessa trajetória para assegurar a capacidade dissuasória e operacional das Forças
é esmaecer o contraste entre forças convencionais e não-conven- Armadas.
cionais, não em relação aos armamentos com que cada uma delas Diante de eventual degeneração do quadro internacional, o
possa contar, senão no radicalismo com que ambas praticam o con- Brasil e suas Forças Armadas deverão estar prontos para tomar
ceito de flexibilidade. medidas de resguardo do território, das linhas de comércio ma-

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rítimo e plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. As A motivação de ordem nacional será contribuir para a amplia-
Forças Armadas deverão, também, estar habilitadas a aumentar ção das instituições que democratizem a economia de mercado e
rapidamente os meios humanos e materiais disponíveis para a de- aprofundem a democracia, organizando o crescimento econômico
fesa. Exprime-se o imperativo de elasticidade em capacidade de socialmente includente. O método preferido desse trabalho é o dos
mobilização nacional e militar. experimentos binacionais: as iniciativas desenvolvidas em conjun-
Ao decretar a mobilização nacional, o Poder Executivo deli- to com os países parceiros.
mitará a área em que será realizada e especificará as medidas ne- 23.Manter o Serviço Militar Obrigatório.
cessárias à sua execução, tais como poderes para assumir o contro-le O Serviço Militar Obrigatório é condição para que se possa
de recursos materiais, inclusive meios de transporte, necessários mobilizar o povo brasileiro em defesa da soberania nacional. É,
à defesa, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional. A mobi- também, instrumento para afirmar a unidade da Nação acima das
lização militar demanda a organização de uma força de reserva, divisões das classes sociais.
mobilizável em tais circunstâncias. Reporta-se, portanto, à questão O objetivo, a ser perseguido gradativamente, é tornar o Ser-
do futuro do Serviço Militar Obrigatório. viço Militar realmente obrigatório. Como o número dos alistados
Sem que se assegure a elasticidade para as Forças Armadas, anualmente é muito maior do que o número de recrutas de que
seu poder dissuasório e defensivo ficará comprometido. precisam as Forças Armadas, deverão elas selecioná-los segundo
22.Capacitar a indústria nacional de material de defesa para o vigor físico, a aptidão e a capacidade intelectual, em vez de
que conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa. permi-tir que eles se auto-selecionem, cuidando para que todas as
Regime jurídico, regulatório e tributário especiais protegerá as classes sociais sejam representadas.
empresas privadas nacionais de material de defesa contra os ris- No futuro, convirá que os que forem desobrigados da pres-tação
cos do imediatismo mercantil e assegurará continuidade nas com- do serviço militar obrigatório sejam incentivados a prestar um serviço
pras públicas. A contrapartida a tal regime especial será, porém, o civil, de preferência em região do País diferente da região das quais se
poder estratégico que o Estado exercerá sobre tais empresas, a ser originam. Prestariam o serviço de acordo com a natureza de sua
assegurado por um conjunto de instrumentos de direito privado ou instrução preexistente, além de receber instrução nova. O serviço seria,
de direito público. portanto, ao mesmo tempo oportunidade de aprendizagem, expressão
Já o setor estatal de material de defesa terá por missão operar de solidariedade e instrumento de unida-de nacional. Os que o
no teto tecnológico, desenvolvendo as tecnologias que as empresas prestassem receberiam treinamento militar básico que embasasse
privadas não possam alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de eventual mobilização futura. E passariam a compor força de reserva
maneira rentável. mobilizável.
A formulação e a execução da política de compras de produtos Devem as escolas de formação de oficiais das três Forças con-
de defesa serão centralizadas no Ministério da Defesa, sob a res- tinuarem a atrair candidatos de todas as classes sociais. É ótimo que
ponsabilidade de uma secretaria de produtos de defesa. , admitida número cada vez maior deles provenha da classe trabalhadora.
delegação na sua execução. É necessário, porém, que os efetivos das Forças Armadas sejam
A indústria nacional de material de defesa será incentivada a formados por cidadãos oriundos de todas as classes sociais. Essa é
competir em mercados externos para aumentar a sua escala de uma das razões pelas quais a valorização da carreira, inclusive em
produção. A consolidação da União de Nações Sul-Americanas termos remuneratórios, representa exigência de segurança na-
poderá atenuar a tensão entre o requisito da independência em pro- cional.
dução de defesa e a necessidade de compensar custo com escala, A Marinha do Brasil: a hierarquia dos objetivos estratégicos
possibilitando o desenvolvimento da produção de defesa em con- e táticos.
junto com outros países da região. 1.Na maneira de conceber a relação entre as tarefas estraté-
Serão buscadas parcerias com outros países, com o propósito gicas de negação do uso do mar, de controle de áreas marítimas e
de desenvolver a capacitação tecnológica e a fabricação de produ- de projeção de poder, a Marinha do Brasil se pautará por um
tos de defesa nacionais, de modo a eliminar, progressivamente, a desenvolvimento desigual e conjunto. Se aceitasse dar peso igual
compra de serviços e produtos importados. a todos os três objetivos, seria grande o risco de ser medíocre em
Sempre que possível, as parcerias serão construídas como ex- todos eles. Embora todos mereçam ser cultivados, o serão em de-
pressões de associação estratégica mais abrangente entre o Brasil terminadas ordem e sequência.
e o país parceiro. A associação será manifestada em colaborações A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do mar a
de defesa e de desenvolvimento e será pautada por duas ordens de qualquer concentração de forças inimigas que se aproxime do
motivações básicas: a internacional e a nacional. Brasil por via marítima. A negação do uso do mar ao inimigo é a
A motivação de ordem internacional será trabalhar com o país que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos estra-
parceiro em prol de um maior pluralismo de poder e de visão no tégicos, a estratégia de defesa marítima do Brasil. Essa prioridade
mundo. Esse trabalho conjunto passa por duas etapas. Na primeira tem implicações para a reconfiguração das forças navais.
etapa, o objetivo é a melhor representação de países emergentes, Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo,
inclusive o Brasil, nas organizações internacionais – políticas e precisa o Brasil manter a capacidade focada de projeção de poder
econômicas – estabelecidas. Na segunda, o alvo é a reestruturação das e criar condições para controlar, no grau necessário à defesa e den-
organizações internacionais, inclusive a do regime internacio-nal de tro dos limites do direito internacional, as áreas marítimas e águas
comércio, para que se tornem mais abertas às divergências, às interiores de importância político-estratégica, econômica e militar,
inovações e aos experimentos do que são as instituições nasci-das ao e também as suas linhas de comunicação marítimas. A despeito
término da Segunda Guerra Mundial. desta consideração, a projeção de poder se subordina, hierarquica-
mente, à negação do uso do mar.

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A negação do uso do mar, o controle de áreas marítimas e a A Marinha contará, também, com embarcações de combate,
projeção de poder devem ter por foco, sem hierarquização de obje- de transporte e de patrulha, oceânicas, litorâneas e fluviais. Serão
tivos e de acordo com as circunstâncias: concebidas e fabricadas de acordo com a mesma preocupação de
(a) defesa pró-ativa das plataformas petrolíferas; versatilidade funcional que orientará a construção das belonaves
(b) defesa pró-ativa das instalações navais e portuárias, dos de alto mar. A Marinha adensará sua presença nas vias navegáveis
arquipélagos e das ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasi- das duas grandes bacias fluviais, a do Amazonas e a do Paraguai -
leiras; Paraná, empregando tanto navios-patrulha como navios-transpor-
(c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por Estado te, ambos guarnecidos por helicópteros, adaptados ao regime das
ou por forças não-convencionais ou criminosas, às vias marítimas águas.
de comércio; A presença da Marinha nas bacias fluviais será facilitada pela
(d) capacidade de participar de operações internacionais de paz, dedicação do País à inauguração de um paradigma multimodal de
fora do território e das águas jurisdicionais brasileiras, sob a égide transporte. Esse paradigma contemplará a construção das hidrovias do
das Nações Unidas ou de organismos multilaterais da região; A Paraná-Tietê, do Madeira, do Tocantins-Araguaia e do Tapa-jós-Teles
construção de meios para exercer o controle de áreas marí-timas terá Pires. As barragens serão, quando possível, providas de eclusas, de
como focos as áreas estratégicas de acesso marítimo ao Brasil. Duas modo a assegurar franca navegabilidade às hidrovias.
áreas do litoral continuarão a merecer atenção espe-cial, do ponto de 6.O monitoramento da superfície do mar a partir do espaço
vista da necessidade de controlar o acesso maríti-mo ao Brasil: a deverá integrar o repertório de práticas e capacitações operacio-
faixa que vai de Santos a Vitória e a área em torno nais da Marinha.
da foz do rio Amazonas. A partir dele as forças navais, submarinas e de superfície te-
2.A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto tem im- rão fortalecidas suas capacidades de atuar em rede com as forças
plicações para a reconfiguração das forças navais. A implicação mais terrestre e aérea.
importante é que a Marinha se reconstruirá, por etapas, como uma 7.A constituição de uma força e de uma estratégia navais que
arma balanceada entre o componente submarino, o compo-nente de integrem os componentes submarino, de superfície e aéreo,
superfície e o componente aeroespacial. permitirá realçar a flexibilidade com que se resguarda o objetivo
3.Para assegurar o objetivo de negação do uso do mar, o Brasil prioritário da estratégia de segurança marítima: a dissuasão com a
contará com força naval submarina de envergadura, composta de negação do uso do mar ao inimigo que se aproxime, por meio do
submarinos convencionais e de submarinos de propulsão nuclear. O mar, do Brasil. Em amplo espectro de circunstâncias de comba-te,
Brasil manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e de fabricar
sobretudo quando a força inimiga for muito mais poderosa, a força
de superfície será concebida e operada como reserva tática ou
tanto submarinos de propulsão convencional como de pro-pulsão
estratégica. Preferencialmente e sempre que a situação tática
nuclear. Acelerará os investimentos e as parcerias necessá-rios para
permitir, a força de superfície será engajada no conflito depois do
executar o projeto do submarino de propulsão nuclear. Armará os
emprego inicial da força submarina, que atuará de maneira coor-
submarinos, convencionais e nucleares, com mísseis e desenvolverá
denada com os veículos espaciais (para efeito de monitoramento)
capacitações para projetá-los e fabricá-los. Cuidará de ganhar
e com meios aéreos (para efeito de fogo focado).
autonomia nas tecnologias cibernéticas que guiem os submarinos e
Esse desdobramento do combate em etapas sucessivas, sob a
seus sistemas de armas e que lhes possibilitem atuar em rede com as
responsabilidade de contingentes distintos, permitirá, na guerra
outras forças navais, terrestres e aéreas.
naval, a agilização da alternância entre a concentração e a descon-
4.Para assegurar sua capacidade de projeção de poder, a Ma-rinha centração de forças e o aprofundamento da flexibilidade a serviço
possuirá, ainda, meios de Fuzileiros Navais, em permanente condição da surpresa.
de pronto emprego. A existência de tais meios é também essencial para 8.Um dos elos entre a etapa preliminar do embate, sob a res-
a defesa das instalações navais e portuárias, dos ar-quipélagos e ilhas ponsabilidade da força submarina e de suas contrapartes espacial e
oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras, para atuar em operações aérea, e a etapa subsequente, conduzida com o pleno engajamento
internacionais de paz, em operações hu-manitárias, em qualquer lugar da força naval de superfície, será a Aviação Naval, embarcada em
do mundo. Nas vias fluviais, serão fundamentais para assegurar o navios. A Marinha trabalhará com a indústria nacional de material
controle das margens durante as operações ribeirinhas. O Corpo de de defesa para desenvolver um avião versátil, de defesa e ataque,
Fuzileiros Navais consolidar-se-á como a força de caráter que maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da Força Na-
expedicionário por excelência. val.
5.A força naval de superfície contará tanto com navios de 9.A Marinha iniciará os estudos e preparativos para estabele-cer,
grande porte, capazes de operar e de permanecer por longo tempo em lugar próprio, o mais próximo possível da foz do rio Ama-zonas,
em alto mar, como de navios de porte menor, dedicados a patrulhar uma base naval de uso múltiplo, comparável, na abrangên-cia e na
o litoral e os principais rios navegáveis brasileiros. Requisito para densidade de seus meios, à Base Naval do Rio de Janeiro.
a manutenção de tal esquadra será a capacidade da Força Aérea de 10.A Marinha acelerará o trabalho de instalação de suas bases
trabalhar em conjunto com a Aviação Naval para garantir superio- de submarinos, convencionais e de propulsão nuclear.
ridade aérea local em caso de conflito armado. O Exército Brasileiro: os imperativos de flexibilidade e de
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará especial aten- elasticidade
ção ao projeto e à fabricação de navios de propósitos múltiplos que 1.O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação constitucio-
possam, também, servir como navios-aeródromos. Serão pre- nal e desempenhará suas atribuições, na paz e na guerra, sob a
feridos aos navios-aeródromos convencionais e de dedicação ex- orientação dos conceitos estratégicos de flexibilidade e de elastici-
clusiva. dade. A flexibilidade, por sua vez, inclui os requisitos estratégicos
de monitoramento/controle e de mobilidade.

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Flexibilidade é a capacidade de empregar forças militares com o (c) Instrumentos de mobilidade que lhes permitam deslocar-se
mínimo de rigidez pré-estabelecida e com o máximo de adapta- rapidamente por terra, água e ar - para o teatro de operações e den-
bilidade à circunstância de emprego da força. Na paz, significa a tro dele. Por ar e por água, a mobilidade se efetuará comumente
versatilidade com que se substitui a presença - ou a onipresença - pela por meio de operações conjuntas com a Marinha e com a Força
capacidade de se fazer presente (mobilidade) à luz da infor-mação Aérea;
(monitoramento/controle). Na guerra, exige a capacidade de deixar o (d) Recursos logísticos capazes de manter a brigada com su-
inimigo em desequilíbrio permanente, surpreendendo -o por meio da primento, mesmo em regiões isoladas e inóspitas, por um período
dialética da desconcentração e da concentração de forças e da audácia de várias semanas.
com que se desfecha o golpe inesperado. A qualificação do módulo brigada como vanguarda exige am-
A flexibilidade relativiza o contraste entre o conflito conven- plo espectro de meios tecnológicos, desde os menos sofisticados,
cional e o conflito não-convencional: reivindica para as forças tais como radar portátil e instrumental de visão noturna, até as for-
convencionais alguns dos atributos de força não-convencional e mas mais avançadas de comunicação entre as operações terrestres
firma a supremacia da inteligência e da imaginação sobre o mero e o monitoramento espacial.
acúmulo de meios materiais e humanos. Por isso mesmo, rejeita a O entendimento da mobilidade tem implicações para a evo-lução
tentação de ver na alta tecnologia alternativa ao combate, assu- dos blindados, dos meios mecanizados e da artilharia. Uma implicação
mindo-a como um reforço da capacidade operacional. Insiste no desse entendimento é harmonizar, no desenho dos blin-dados e dos
papel da surpresa. Transforma a incerteza em solução, em vez de meios mecanizados, características técnicas de prote-ção e
encará-la como problema. Combina as defesas meditadas com os movimento. Outra implicação – nos blindados, nos meios
ataques fulminantes. mecanizados e na artilharia - é priorizar o desenvolvimento de tec-
Elasticidade é a capacidade de aumentar rapidamente o di- nologias capazes de assegurar precisão na execução do tiro.
mensionamento das forças militares quando as circunstâncias o 3.A transformação de todo o Exército em vanguarda, com base
exigirem, mobilizando em grande escala os recursos humanos e no módulo brigada, terá prioridade sobre a estratégia de pre-sença.
materiais do País. A elasticidade exige, portanto, a construção de Nessa transformação, o aparelhamento baseado no comple-
força de reserva, mobilizável de acordo com as circunstâncias. A tamento e modernização dos sistemas operacionais das brigadas,
base derradeira da elasticidade é a integração das Forças Armadas para dotá-las de capacidade de rapidamente fazerem-se presentes,
com a Nação. O desdobramento da elasticidade reporta-se à parte será prioritário.
desta Estratégia Nacional de Defesa que trata do futuro do Serviço A transformação será, porém, compatibilizada com a estra-
Militar Obrigatório e da mobilização nacional. tégia da presença, em especial na região amazônica, em face dos
A flexibilidade depende, para sua afirmação plena, da elasti- obstáculos ao deslocamento e à concentração de forças. Em todas
cidade. O potencial da flexibilidade, para dissuasão e para defesa, as circunstâncias, as unidades militares situadas nas fronteiras fun-
ficaria severamente limitado se não fosse possível, em caso de ne- cionarão como destacamentos avançados de vigilância e de dis-
cessidade, multiplicar os meios humanos e materiais das Forças suasão.
Armadas. Por outro lado, a maneira de interpretar e de efetuar o Nos centros estratégicos do País – políticos, industriais, tecno-
imperativo da elasticidade revela o desdobramento mais radical da lógicos e militares – a estratégia de presença do Exército concorre-
flexibilidade. A elasticidade é a flexibilidade, traduzida no engaja- rá também para o objetivo de se assegurar a capacidade de defesa
mento de toda a Nação em sua própria defesa. antiaérea, em quantidade e em qualidade, sobretudo por meio de
2.O Exército, embora seja empregado de forma progressiva artilharia antiaérea de média altura.
nas crises e conflitos armados, deve ser constituído por meios 4.O Exército continuará a manter reservas regionais e estra-
modernos e por efetivos muito bem adestrados. O Exército não terá tégicas, articuladas em dispositivo de expectativa. As reservas es-
dentro de si uma vanguarda. O Exército será, todo ele, uma tratégicas, incluindo pára-quedistas e contingentes de operações
vanguarda. A concepção do Exército como vanguarda tem, como especiais, em prol da faculdade de concentrar forças rapidamente,
expressão prática principal a sua reconstrução em módulo brigada, serão estacionadas no centro do País.
que vem a ser o módulo básico de combate da Força Terrestre. Na 5.O monitoramento/controle, como componente do imperati-vo
composição atual do Exército, as brigadas das Forças de Ação de flexibilidade, exigirá que entre os recursos espaciais haja um vetor
Rápida Estratégicas são as que melhor exprimem o ideal de flexi- sob integral domínio nacional, ainda que parceiros estrangei-ros
bilidade. participem do seu projeto e da sua implementação, incluindo:
O modelo de composição das Forças de Ação Rápida Estra- (a) a fabricação de veículos lançadores de satélites;
tégicas não precisa nem deve ser seguido rigidamente, sem que se (b) a fabricação de satélites de baixa e de alta altitude, sobre-
levem em conta os problemas operacionais próprios dos diferen- tudo de satélites geoestacionários, de múltiplos usos;
tes teatros de operações. Entretanto, todas as brigadas do Exército (c) o desenvolvimento de alternativas nacionais aos sistemas
devem conter, em princípio, os seguintes elementos, para que se de localização e de posicionamento dos quais o Brasil depende,
generalize o atendimento do conceito da flexibilidade: passando pelas necessárias etapas internas de evolução dessas tec-
(a) Recursos humanos com elevada motivação e efetiva ca- nologias;
pacitação operacional, típicas da Brigada de Operações Especiais, (d) os meios aéreos e terrestres para monitoramento focado,
que hoje compõe a reserva estratégica do Exército; de alta resolução;
(b) Instrumentos de comunicações e de monitoramento que (e) as capacitações e os instrumentos cibernéticos necessários
lhes permitam operar em rede com outras unidades do Exército, da para assegurar comunicações entre os monitores espaciais e aéreos
Marinha e da Força Aérea e receber informação fornecida pelo e a força terrestre.
monitoramento do terreno a partir do ar e do espaço;

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6.A mobilidade como componente do imperativo de flexibili- Cada uma das condições, a seguir listadas, para a condução
dade requer o desenvolvimento de veículos terrestres e de meios exi-tosa da guerra de resistência deve ser interpretada como
aéreos de combate e de transporte. Demandará, também, a reor- advertên-cia orientadora da maneira de desempenhar as
ganização das relações com a Marinha e com a Força Aérea, de responsabilidades do Exército:
maneira a assegurar, tanto na cúpula dos Estados-Maiores como na a. Ver a Nação identificada com a causa da defesa. Toda a
base dos contingentes operacionais, a capacidade de atuar como estra-tégia nacional repousa sobre a conscientização do povo
uma única força. brasileiro da importância central dos problemas de defesa.
7.Monitoramento/controle e mobilidade têm seu complemen- b. Juntar a soldados regulares, fortalecidos com atributos de
to em medidas destinadas a assegurar, ainda no módulo brigada, a sol-dados não-convencionais, as reservas mobilizadas de acordo
obtenção do efetivo poder de combate. Algumas dessas medidas com o conceito da elasticidade.
são tecnológicas: o desenvolvimento de sistemas de armas e de c. Contar com um soldado resistente que, além dos pendores
guiamento que permitam precisão no direcionamento do tiro e o de qualificação e de rusticidade, seja também, no mais alto grau,
desenvolvimento da capacidade de fabricar munições não-nuclea- tenaz. Sua tenacidade se inspirará na identificação da Nação com
res de todos os tipos. Outras medidas são operacionais: a consoli- a causa da defesa.
dação de um repertório de práticas e de capacitações que propor- d. Sustentar, sob condições adversas e extremas, a capacidade
cionem à Força Terrestre os conhecimentos e as potencialidades, de comando e controle entre as forças combatentes.
tanto para o combate convencional quanto para não-convencional, e. Manter e construir, mesmo sob condições adversas e extre-
capaz de operar com adaptabilidade nas condições imensamente mas, o poder de apoio logístico às forças combatentes.
variadas do território nacional. Outras medidas - ainda mais im- f. Saber aproveitar ao máximo as características do terreno.
portantes - são educativas: a formação de um militar que reúna A Força Aérea Brasileira: vigilância orientadora,
qualificação e rusticidade. superioridade aérea, combate focado, combate aeroestratégico
8.A defesa da região amazônica será encarada, na atual fase da 1.Quatro objetivos estratégicos orientam a missão da Força
História, como o foco de concentração das diretrizes resumi-das sob o Aé-rea Brasileira e fixam o lugar de seu trabalho dentro da
rótulo dos imperativos de monitoramento/controle e de mobilidade. Estratégia Na-cional de Defesa. Esses objetivos estão encadeados
Não exige qualquer exceção a tais diretrizes; reforça as razões para em determinada ordem: cada um condiciona a definição e a
seguí-las. As adaptações necessárias serão as reque-ridas pela natureza execução dos objetivos subsequentes.
daquele teatro de operações: a intensificação das tecnologias e dos a. A prioridade da vigilância aérea.
dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do ar e da terra; a Exercer do ar a vigilância do espaço aéreo, sobre o território
primazia da transformação da brigada em uma força com atributos nacional e as águas jurisdicionais brasileiras, com a assistência dos
tecnológicos e operacionais; os meios logísticos e aéreos para apoiar meios espaciais, terrestres e marítimos, é a primeira das responsa-
unidades de fronteira isoladas em áreas remotas, exigentes e bilidades da Força Aérea e a condição essencial para poder inibir o
vulneráveis; e a formação de um com-batente detentor de qualificação sobrevôo desimpedido do espaço aéreo nacional pelo inimigo. A
e de rusticidade necessárias à pro-ficiência de um combatente de selva. estratégia da Força Aérea será a de cercar o Brasil com sucessivas e
O desenvolvimento sustentável da região amazônica passará a ser complementares camadas de visualização, condicionantes da pron-
visto, também, como instrumento da defesa nacional: só ele pode tidão para responder. Implicação prática dessa tarefa é que a Força
consolidar as condições para assegurar a soberania nacional sobre Aérea precisará contar com plataformas e sistemas próprios para mo-
aquela região. Dentro dos planos para o desenvolvimento sustentável nitorar, e não apenas para combater e transportar, particularmente na
da Amazônia, caberá papel primordial à regularização fundiária. Para região amazônica.
defender a Amazônia, será preciso tirá-la da con-dição de insegurança O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), uma
jurídica e de conflito generalizado em que, por conta da falta de dessas camadas, disporá de um complexo de monitoramento,
solução ao problema da terra, ela se encontra. incluindo veículos lançadores, satélites geoestacionários e de moni-
9.Atender ao imperativo da elasticidade será preocupação es- toramento, aviões de inteligência e respectivos aparatos de visualiza-
pecial do Exército, pois é, sobretudo, a Força Terrestre que terá de ção e de comunicações, que estejam sob integral domínio nacional.
multiplicar-se em caso de conflito armado. O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDA-BRA)
10.Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade culmi- será fortalecido como núcleo da defesa aeroespacial, incumbi-do de
nam no preparo para uma guerra assimétrica, sobretudo na região liderar e de integrar todos os meios de monitoramento aeroes-pacial
amazônica, a ser sustentada contra inimigo de poder militar muito do País. A indústria nacional de material de defesa será orien-tada a
superior, por ação de um país ou de uma coligação de países que dar a mais alta prioridade ao desenvolvimento das tecnologias
insista em contestar, a pretexto de supostos interesses da Humani- necessárias, inclusive aquelas que viabilizem independência do sis-
dade, a incondicional soberania brasileira sobre a sua Amazônia. tema de sinal GPS ou de qualquer outro sistema de sinal estrangeiro.
A preparação para tal guerra não consiste apenas em ajudar a O potencial para contribuir com tal independência tecnológica pesará
evitar o que hoje é uma hipótese remota, a de envolvimento do na escolha das parcerias com outros países em matéria de tecnologias
Brasil em um conflito armado de grande escala. É, também, de defesa.
aproveitar disciplina útil para a formação de sua doutrina militar e b. O poder para assegurar superioridade aérea local.
de suas capacitações operacionais. Um exército que conquistou os Em qualquer hipótese de emprego a Força Aérea terá a respon-
atributos de flexibilidade e de elasticidade é um exército que sabe sabilidade de assegurar superioridade aérea local. Do cumprimento
conjugar as ações convencionais com as não-convencionais. A dessa responsabilidade, dependerá em grande parte a viabilidade das
guerra assimétrica, no quadro de uma guerra de resistência na- operações navais e das operações das forças terrestres no interior do
cional, representa uma efetiva possibilidade da doutrina aqui es- País. O requisito do potencial de garantir superioridade aérea local
pecificada. será o primeiro passo para afirmar a superioridade aérea sobre o
território e as águas jurisdicionais brasileiras.

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Impõe, como consequência, evitar qualquer hiato de despro- 4.Dentre todas as preocupações a enfrentar no desenvolvi-
teção aérea no período de 2015 a 2025, durante o qual terão de ser mento da Força Aérea, a que inspira cuidados mais vivos e pre-
substituídos a atual frota de aviões de combate, os sistemas de ar- mentes é a maneira de substituir os atuais aviões de combate no
mas e armamentos inteligentes embarcados, inclusive os sistemas intervalo entre 2015 e 2025, uma vez esgotada a possibilidade de
inerciais que permitam dirigir o fogo ao alvo com exatidão e “além prolongar-lhes a vida por modernização de seus sistemas de armas,
do alcance visual”. de sua aviônica e de partes de sua estrutura e fuselagem.
c. A capacidade para levar o combate a pontos específicos do O Brasil confronta, nesse particular, dilema corriqueiro em toda a
território nacional, em conjunto com o Exército e a Marinha, cons- parte: manter a prioridade das capacitações futuras sobre os gastos
tituindo uma única força combatente, sob a disciplina do teatro de atuais, sem tolerar desproteção aérea. Precisa investir nas capacidades
operações. que lhe assegurem potencial de fabricação indepen-dente de seus
A primeira implicação é a necessidade de dispor de aviões de meios aéreos de defesa. Não pode, porém, aceitar ficar desfalcado de
transporte em número suficiente para transportar em poucas horas um escudo aéreo enquanto reúne as condições para ganhar tal
uma brigada da reserva estratégica, do centro do País para qual- independência. A solução a dar a esse problema é tão importante, e
quer ponto do território nacional. As unidades de transporte aéreo exerce efeitos tão variados sobre a situação estra-tégica do País na
ficarão baseadas no centro do País, próximo às reservas estratégi- América do Sul e no mundo, que transcende uma mera discussão de
cas da Força Terrestre. equipamento e merece ser entendida como parte integrante da
A segunda implicação é a necessidade de contar com siste- Estratégia Nacional de Defesa.
mas de armas de grande precisão, capazes de permitir a adequada O princípio genérico da solução é a rejeição das soluções
discriminação de alvos em situações nas quais forças nacionais extremas - simplesmente comprar no mercado internacional um
poderão estar entremeadas ao inimigo. caça “de quinta geração” ou sacrificar a compra para investir na
A terceira implicação é a necessidade de dispor de suficientes e modernização dos aviões existentes, nos projetos de aviões não-
adequados meios de transporte para apoiar a aplicação da estra-tégia tripulados, no desenvolvimento, junto com outro país, do protótipo
da presença do Exército na região Amazônica e no Centro -Oeste, de um caça tripulado do futuro e na formação maciça de quadros
sobretudo as atividades operacionais e logísticas realizadas pelas científicos e técnicos. Convém solução híbrida, que providencie o
unidades da Força Terrestre situadas na fronteira. avião de combate dentro do intervalo temporal necessário mas que
d. A índole pacífica do Brasil não elimina a necessidade de o faça de maneira a criar condições para a fabricação nacional de
assegurar à Força Aérea o domínio de um potencial estratégico que caças tripulados avançados.
se organize em torno de uma capacidade, não em torno de um Tal solução híbrida poderá obedecer a um de dois figurinos.
inimigo. Sem que a Força Aérea tenha o pleno domínio desse Embora esses dois figurinos possam coexistir em tese, na prática
potencial aeroestratégico, não estará ela em condições de defen- um terá de prevalecer sobre o outro. Ambos ultrapassam de muito
der o Brasil, nem mesmo dentro dos mais estritos limites de uma os limites convencionais de compra com transferência de tecnolo-
guerra defensiva. Para tanto, precisa contar com todos os meios gia ou “off-set” e envolvem iniciativa substancial de concepção e
relevantes: plataformas, sistemas de armas, subsídios cartográficos de fabricação no Brasil. Atingem o mesmo resultado por caminhos
e recursos de inteligência. diferentes.
2.Na região amazônica, o atendimento a esses objetivos exi- De acordo com o primeiro figurino, estabelecer-se-ia parceria
girá que a Força Aérea disponha de unidades com recursos técni- com outro país ou países para projetar e fabricar no Brasil, dentro
cos para assegurar a operacionalidade das pistas de pouso e das do intervalo temporal relevante, um sucedâneo a um caça de quinta
instalações de proteção ao vôo nas situações de vigilância e de geração à venda no mercado internacional. Projeta-se e constrói-se
combate. o sucedâneo de maneira a superar limitações técnicas e operacio-
3.O complexo tecnológico e científico sediado em São José nais significativas da versão atual daquele avião (por exemplo, seu
dos Campos continuará a ser o sustentáculo da Força Aérea e de raio de ação, suas limitações em matéria de empuxo vetorado, sua
seu futuro. De sua importância central resultam os seguintes impe- falta de baixa assinatura radar). A solução em foco daria resposta
rativos estratégicos: simultânea aos problemas das limitações técnicas e da indepen-
a. Priorizar a formação, dentro e fora do Brasil, dos quadros dência tecnológica.
técnico-científicos, militares e civis, que permitam alcançar a in- De acordo com o segundo figurino, seria comprado um caça
dependência tecnológica; de quinta geração, em negociação que contemplasse a transferên-
b. Desenvolver projetos tecnológicos que se distingam por sua cia integral de tecnologia, inclusive as tecnologias de projeto e de
fecundidade tecnológica (aplicação análoga a outras áreas) e por fabricação do avião e os “códigos-fonte”. A compra seria feita na
seu significado transformador (alteração revolucionária das condi- escala mínima necessária para facultar a transferência integral
ções de combate), não apenas por sua aplicação imediata; dessas tecnologias. Uma empresa brasileira começa a produzir, sob
c. Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa do Cen- orientação do Estado brasileiro, um sucedâneo àquele avião
tro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e as empresas privadas, comprado, autorizado por negociação antecedente com o país e a
resguardando sempre os interesses do Estado quanto à proteção de empresa vendedores. A solução em foco dar-se-ia por sequencia-
patentes e à propriedade industrial; mento e não por simultaneidade.
d. Promover o desenvolvimento, em São José de Campos ou A escolha entre os dois figurinos é questão de circunstância e
em outros lugares, de adequadas condições de ensaio; de negociação. Consideração que poderá ser decisiva é a necessi-
e. Enfrentar o problema da vulnerabilidade estratégica cria-da dade de preferir a opção que minimize a dependência tecnológica
pela concentração de iniciativas no complexo tecnológico e ou política em relação a qualquer fornecedor que, por deter com-
empresarial de São José dos Campos. Preparar a progressiva des- ponentes do avião a comprar ou a modernizar, possa pretender,
concentração geográfica de algumas das partes mais sensíveis do por conta dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de
complexo. defesa desencadeadas pelo Brasil.

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5.Três diretrizes estratégicas marcarão a evolução da Força Por imperativo constitucional e por tratado internacional, pri-
Aérea. Cada uma dessas diretrizes representa muito mais do que vou-se o Brasil da faculdade de empregar a energia nuclear para
uma tarefa, uma oportunidade de transformação. qualquer fim que não seja pacífico. Fê-lo sob várias premissas, das
A primeira diretriz é o desenvolvimento do repertório de tec- quais a mais importante foi o progressivo desarmamento nuclear
nologias e de capacitações que permitam à Força Aérea operar em das potências nucleares.
rede, não só entre seus próprios componentes, mas, também, com Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa do de-
o Exército e a Marinha. sarmamento nuclear. Entretanto o Brasil, ao proibir a si mesmo o
A segunda diretriz é o avanço nos programas de veículos aé-reos acesso ao armamento nuclear, não se deve despojar da tecnologia
não tripulados, primeiro de vigilância e depois de combate. Os nuclear. Deve, pelo contrário, desenvolvê-la, inclusive por meio
veículos não tripulados poderão vir a ser meios centrais, não das seguintes iniciativas:
meramente acessórios, do combate aéreo, além de facultar patamar a. Completar, no que diz respeito ao programa de submarino
mais exigente de precisão no monitoramento/controle do território de propulsão nuclear, a nacionalização completa e o desenvolvi-
nacional. A Força Aérea absorverá as implicações desse meio de mento em escala industrial do ciclo do combustível (inclusive a
vigilância e de combate para sua orientação tática e estratégica. gaseificação e o enriquecimento) e da tecnologia da construção de
Formulará doutrina sobre a interação entre os veículos tripulados e não reatores, para uso exclusivo do Brasil.
tripulados que aproveite o novo meio para radicalizar o poder de b. Acelerar o mapeamento, a prospecção e o aproveitamento
surpreender, sem expor as vidas dos pilotos. das jazidas de urânio.
A terceira diretriz é a integração das atividades espaciais nas c. Desenvolver o potencial de projetar e construir termelé-
operações da Força Aérea. O monitoramento espacial será par-te tricas nucleares, com tecnologias e capacitações que acabem sob
integral e condição indispensável do cumprimento das tarefas domínio nacional, ainda que desenvolvidas por meio de parcerias
estratégicas que orientarão a Força Aérea: vigilância múltipla e com Estados e empresas estrangeiras. Empregar a energia nuclear
cumulativa, superioridade aérea local e fogo focado no contexto de criteriosamente, e sujeitá-la aos mais rigorosos controles de segu-
operações conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de veícu-los rança e de proteção do meio-ambiente, como forma de estabilizar
lançadores servirá como instrumento amplo, não só para apoiar os a matriz energética nacional, ajustando as variações no suprimento
programas espaciais, mas também para desenvolver tecnologia de energias renováveis, sobretudo a energia de origem hidrelétrica;
nacional de projeto e de fabricação de mísseis. e
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o nuclear d. Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear em amplo
1.Três setores estratégicos - o espacial, o cibernético e o nu- espectro de atividades.
clear –são essenciais para a defesa nacional. O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao desen-
2.Nos três setores, as parcerias com outros países e as compras de volvimento de suas tecnologias de energia nuclear. Não aderirá a
produtos e serviços no exterior devem ser compatibilizadas com o acréscimos ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares
objetivo de assegurar espectro abrangente de capacitações e de destinados a ampliar as restrições do Tratado sem que as potências
tecnologias sob domínio nacional. nucleares tenham avançado na premissa central do Tratado: seu
3.No setor espacial, as prioridades são as seguintes: próprio desarmamento nuclear.
a. Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites e desen- 6.A primeira prioridade do Estado na política dos três setores
volver tecnologias de guiamento remoto, sobretudo sistemas iner- estratégicos será a formação de recursos humanos nas ciências re-
ciais e tecnologias de propulsão líquida. levantes. Para tanto, ajudará a financiar os programas de pesquisa
b. Projetar e fabricar satélites, sobretudo os geoestacionários, e de formação nas universidades brasileiras e nos centros nacionais
para telecomunicações e os destinados ao sensoriamento remoto de pesquisa e aumentará a oferta de bolsas de doutoramento e de
de alta resolução, multiespectral e desenvolver tecnologias de con- pós-doutoramento nas instituições internacionais pertinentes. Essa
trole de atitude dos satélites. política de apoio não se limitará à ciência aplicada, de emprego
c. Desenvolver tecnologias de comunicações, comando e con- tecnológico imediato. Beneficiará, também, a ciência fundamental
trole a partir de satélites, com as forças terrestres, aéreas e maríti- e especulativa.
mas, inclusive submarinas, para que elas se capacitem a operar em A reorganização da indústria nacional de material de defesa:
rede e a se orientar por informações deles recebidas; desenvolvimento tecnológico independente
d. Desenvolver tecnologia de determinação de coordenadas 1.A defesa do Brasil requer a reorganização da indústria na-cional de
geográficas a partir de satélites. material de defesa, de acordo com as seguintes diretrizes: a. Dar
4.As capacitações cibernéticas se destinarão ao mais amplo prioridade ao desenvolvimento de capacitações tecno-
espectro de usos industriais, educativos e militares. Incluirão, lógicas independentes.
como parte prioritária, as tecnologias de comunicação entre to-dos Essa meta condicionará as parcerias com países e empresas
os contingentes das Forças Armadas de modo a assegurar sua estrangeiras ao desenvolvimento progressivo de pesquisa e de pro-
capacidade para atuar em rede. Contemplarão o poder de comu- dução no País.
nicação entre os contingentes das Forças Armadas e os veículos b. Subordinar as considerações comerciais aos imperativos
espaciais. No setor cibernético, será constituída organização en- estratégicos.
carregada de desenvolver a capacitação cibernética nos campos Isso importa em organizar o regime legal, regulatório e tribu-
industrial e militar. tário da indústria nacional de material de defesa para que reflita tal
5.O setor nuclear tem valor estratégico. Transcende, por sua subordinação.
natureza, a divisão entre desenvolvimento e defesa. c. Evitar que a indústria nacional de material de defesa polari-
ze-se entre pesquisa avançada e produção rotineira.

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Deve-se cuidar para que a pesquisa de vanguarda sirva à pro- O objetivo será implementar, no mais breve período, uma
dução de vanguarda. po-lítica centralizada de compras produtos de defesa capaz de:
d. Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa como (a) otimizar o dispêndio de recursos;
foco para o desenvolvimento de capacitações operacionais. (b) assegurar que as compras obedeçam às diretrizes da Estra-
Isso implica buscar a modernização permanente das platafor- tégia Nacional de Defesa e de sua elaboração, ao longo do tempo;
mas, seja pela reavaliação à luz da experiência operacional, seja e
pela incorporação de melhorias provindas do desenvolvimento (c) garantir, nas decisões de compra, a primazia do compro-
tecnoló-gico. misso com o desenvolvimento das capacitações tecnológicas na-
2.Estabelecer-se-á, para a indústria nacional de material de de- cionais em produtos de defesa.
fesa, regime legal, regulatório e tributário especial. 8.A Secretaria responsável pela área de Ciência e Tecnologia
Tal regime resguardará as empresas privadas de material de de- no Ministério da Defesa deverá ter, entre as suas atribuições, a de
fesa das pressões do imediatismo mercantil ao eximi-las do regime coordenar a pesquisa avançada em tecnologias de defesa que se
geral de licitações; as protegerá contra o risco dos contingenciamen- realize nos Institutos de pesquisa da Marinha, do Exército e da
tos orçamentários e assegurará a continuidade nas compras públicas. Aeronáutica, bem como em outras organizações subordinadas às
Em contrapartida, o Estado ganhará poderes especiais sobre as em-
Forças Armadas.
presas privadas, para além das fronteiras da autoridade regulatória
O objetivo será implementar uma política tecnológica integra-
geral. Esses poderes serão exercidos quer por meio de instrumentos de
da, que evite duplicação; compartilhe quadros, idéias e recursos; e
direito privado, como a “golden share”, quer por meio de ins-
trumentos de direito público, como os licenciamentos regulatórios. prime por construir elos entre pesquisa e produção, sem perder
3.O componente estatal da indústria de material de defesa terá por contato com avanços em ciências básicas. Para assegurar a conse-
vocação produzir o que o setor privado não possa projetar e fa-bricar, cução desses objetivos, a Secretaria fará com que muitos projetos
a curto e médio prazo, de maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, de pesquisa sejam realizados conjuntamente pelas instituições de
e não no piso tecnológico. Manterá estreito vínculo com os centros tecnologia avançada das três Forças Armadas. Alguns desses pro-
avançados de pesquisa das próprias Forças Armadas e das instituições jetos conjuntos poderão ser organizados com personalidade pró-
acadêmicas brasileiras. pria, seja como empresas de propósitos específicos, seja sob outras
4.O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a in- formas jurídicas.
dústria nacional de material de defesa. Entretanto, a continuidade Os projetos serão escolhidos e avaliados não só pelo seu po-
da produção deve ser organizada para não depender da conquista tencial produtivo próximo, mas também por sua fecundidade tec-
ou da continuidade de tal clientela. Portanto, o Estado reconhecerá nológica: sua utilidade como fonte de inspiração e de capacitação
que em muitas linhas de produção, aquela indústria terá de operar para iniciativas análogas.
em sistema de “custo mais margem” e, por conseguinte, sob 9.Resguardados os interesses de segurança do Estado quanto
intenso escrutínio regulatório. ao acesso a informações, serão estimuladas iniciativas conjuntas
5.O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de defesa entre organizações de pesquisa das Forças Armadas, instituições
depende mais da formação de recursos humanos do que do desen- acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. O objetivo
volvimento de aparato industrial. Daí a primazia da política de for- será fomentar o desenvolvimento de um complexo militar-univer-
mação de cientistas, em ciência aplicada e básica, já abordada no sitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias que
tratamento dos setores espacial, cibernético e nuclear. terão quase sempre utilidade dual, militar e civil.
6.No esforço de reorganizar a indústria nacional de material de O serviço militar obrigatório: nivelamento republicano e mo-
defesa, buscar-se-á parcerias com outros países, com o objetivo de bilização nacional
desenvolver a capacitação tecnológica nacional, de modo a reduzir 1.A base da defesa nacional é a identificação da Nação com as
progressivamente a compra de serviços e de produtos acabados no Forças Armadas e das Forças Armadas com a Nação. Tal identifi-
exterior. A esses interlocutores estrangeiros, o Brasil deixará sem-pre
cação exige que a Nação compreenda serem inseparáveis as causas
claro que pretende ser parceiro, não cliente ou comprador. O País está
do desenvolvimento e da defesa.
mais interessado em parcerias que fortaleçam suas capa-citações
O Serviço Militar Obrigatório será, por isso, mantido e re-
independentes do que na compra de produtos e serviços acabados. Tais
forçado. É a mais importante garantia da defesa nacional. Pode ser
parcerias devem contemplar, em princípio, que parte substancial da
pesquisa e da fabricação seja desenvolvida no Brasil e ganharão relevo também o mais eficaz nivelador republicano, permitindo que a
maior quando forem expressão de associações es-tratégicas Nação se encontre acima de suas classes sociais.
abrangentes. 2.As Forças Armadas limitarão e reverterão a tendência de
7.Estabelecer-se-á, no Ministério da Defesa, uma Secretaria diminuir a proporção de recrutas e de aumentar a proporção de
de Produtos de Defesa. O Secretário será nomeado pelo Presidente soldados profissionais. No Exército, respeitada a necessidade de
da República, por indicação do Ministro da Defesa. especialistas, a maioria do efetivo de soldados deverá sempre con-
Caberá ao Secretário executar as diretrizes fixadas pelo Mi-nistro tinuar a ser de recrutas do Serviço Militar Obrigatório. Na Marinha e
da Defesa e, com base nelas, formular e dirigir a política de compras na Força Aérea, a necessidade de contar com especialistas, for-mados
de produtos de defesa, inclusive armamentos, munições, meios de ao longo de vários anos, deverá ter como contrapeso a im-portância
transporte e de comunicações, fardamentos e materiais de uso estratégica de manter abertos os canais do recrutamento.
individual e coletivo, empregados nas atividades operacionais. O O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os valores
Ministro da Defesa delegará aos órgãos das três Forças poderes do recrutamento há de ser atenuado por meio da educação - técnica
para executarem a política formulada pela Secretaria quanto a en- e geral, porém de orientação analítica e capacitadora - que será
comendas e compras de produtos específicos de sua área, sujeita ministrada aos recrutas ao longo do período de serviço.
tal execução à avaliação permanente pelo Ministério.

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3.As Forças Armadas se colocarão no rumo de tornar o Ser- A Escola Superior de Guerra deve servir como um dos prin-
viço Militar realmente obrigatório. Não se contentarão em deixar cipais instrumentos de tal formação. Deve, também, organizar o
que a desproporção entre o número muito maior de obrigados ao debate permanente, entre as lideranças civis e militares, a respeito
serviço e o número muito menor de vagas e de necessidades das dos problemas da defesa. Para melhor cumprir essas funções, de-
Forças seja resolvido pelo critério da auto-seleção de recrutas de- verá a Escola ser transferida para Brasília, sem prejuízo de sua
sejosos de servir. O uso preponderante de tal critério, ainda que presença no Rio de Janeiro, e passar a contar com o engajamento
sob o efeito de melhores atrativos financeiros, limita o potencial direto do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e dos Esta-
do serviço militar, em prejuízo de seus objetivos de defesa nacional dos-Maiores das três Forças.
e de nivelamento republicano. Conclusão
Os recrutas serão selecionados por dois critérios principais. O A Estratégia Nacional de Defesa inspira-se em duas realidades
primeiro será a combinação do vigor físico com a capacidade analítica, que lhe garantem a viabilidade e lhe indicam o rumo.
medida de maneira independente do nível de informação ou de A primeira realidade é a capacidade de improvisação e adap-
formação cultural de que goze o recruta. O segundo será o da tação, o pendor para criar soluções quando faltam instrumentos, a
representação de todas as classes sociais e regiões do país. disposição de enfrentar as agruras da natureza e da sociedade,
4.Complementarmente ao Serviço Militar Obrigatório insti- enfim, a capacidade quase irrestrita de adaptação que permeia a
tuir-se-á Serviço Civil, de amplas proporções. Nele poderão ser cultura brasileira. É esse o fato que permite efetivar o conceito de
progressivamente aproveitados os jovens brasileiros que não fo-
flexibilidade.
rem incorporados no Serviço Militar. Nesse serviço civil - con-
A segunda realidade é o sentido do compromisso nacional no
cebido como generalização das aspirações do Projeto Rondon
- receberão os incorporados, de acordo com suas qualificações e Brasil. A Nação brasileira foi e é um projeto do povo brasileiro;
preferências, formação para poder participar de um trabalho so- foi ele que sempre abraçou a idéia de nacionalidade e lutou para
cial. Esse trabalho se destinará a atender às carências do povo bra- converter a essa idéia os quadros dirigentes e letrados. Este fato é
sileiro e a reafirmar a unidade da Nação. Receberão, também, os a garantia profunda da identificação da Nação com as Forças
participantes do Serviço Civil, treinamento militar básico que lhes Arma-das e destas com a Nação.
permita compor força de reserva, mobilizável em circunstâncias de Do encontro dessas duas realidades, resultaram as diretrizes
necessidade. Serão catalogados, de acordo com suas habilitações, da Estratégia Nacional de Defesa.
para eventual mobilização. II – MEDIDAS DE
À medida que os recursos o permitirem, os jovens do Serviço IMPLEMENTAÇÃO Contexto
Civil serão estimulados a servir em região do País diferente daque- A segunda parte da Estratégia Nacional de Defesa comple-
las de onde são originários. menta a formulação sistemática contida na primeira.
Até que se criem as condições para instituir plenamente o São três seus propósitos. O primeiro é contextualizá-la, enu-
Serviço Civil, as Forças Armadas tratarão, por meio de trabalho merando circunstâncias que ajudam a precisar-lhe os objetivos e a
conjunto com os prefeitos municipais, de restabelecer a tradição explicar-lhe os métodos. O segundo é aplicar a Estratégia a um
dos Tiros de Guerra. Em princípio, todas as prefeituras do País espectro, amplo e representativo, de problemas atuais enfrentados
deverão estar aptas para participar dessa renovação dos Tiros de pelas Forças Armadas e, com isso, tornar mais claras sua doutrina
Guerra, derrubadas as restrições legais que ainda restringem o rol e suas exigências. O terceiro é enumerar medidas de transição que
dos municípios qualificados. indiquem o caminho que levará o Brasil, de onde está para onde
5.Os Serviços Militar e Civil evoluirão em conjunto com as deve ir, na organização de sua defesa.
providências para assegurar a mobilização nacional em caso de ne- Podem ser considerados como principais aspectos positivos
cessidade, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional. O Brasil do atual quadro da defesa nacional:
entenderá, em todo o momento, que sua defesa depende do poten-cial - Forças Armadas identificadas com a sociedade brasileira,
de mobilizar recursos humanos e materiais em grande escala, muito com altos índices de confiabilidade;
além do efetivo das suas Forças Armadas em tempo de paz. Jamais
- adaptabilidade do brasileiro às situações novas e inusitadas,
tratará a evolução tecnológica como alternativa à mobi-lização
criando situação propícia a uma cultura militar pautada pelo con-
nacional; aquela será entendida como instrumento desta.
ceito da flexibilidade; e
Ao assegurar a flexibilidade de suas Forças Armadas, assegurará
também a elasticidade delas. - excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz respei-
6.É importante para a defesa nacional que o oficialato seja to à metodologia e à atualização em relação às modernas táticas e
representativo de todos os setores da sociedade brasileira. É bom estratégias de emprego de meios militares, incluindo o uso de
que os filhos de trabalhadores ingressem nas academias militares. concepções próprias, adequadas aos ambientes operacionais de
Entretanto, a ampla representação de todas as classes sociais nas provável emprego.
academias militares é imperativo de segurança nacional. Duas Por outro lado, configuram-se como principais vulnerabilida-
condições são indispensáveis para que se alcance esse objetivo. A des da atual estrutura de defesa do País:
primeira é que a carreira militar seja remunerada com venci-mentos - pouco envolvimento da sociedade brasileira com os
competitivos com outras valorizadas carreiras do Estado. A segunda assuntos de defesa e escassez de especialistas civis nesses temas;
condição é que a Nação abrace a causa da defesa e nela identifique - insuficiência e descontinuidade na alocação de recursos or-
requisito para o engrandecimento do povo brasileiro. çamentários para a defesa;
7.Um interesse estratégico do Estado é a formação de especia- - obsolescência da maioria dos equipamentos das Forças Ar-
listas civis em assuntos de defesa. No intuito de formá-los, o Go-verno madas; elevado grau de dependência em relação a produtos de de-
Federal deve apoiar, nas universidades, um amplo espectro de fesa estrangeiros; e ausência de direção unificada para aquisições
programas e de cursos que versem sobre a defesa. de produtos de defesa;

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- inadequada distribuição espacial das Forças Armadas no - otimização dos esforços em Ciência, Tecnologia e Inovação
território nacional, para o atendimento otimizado às necessidades para a Defesa, por intermédio, dentre outras, das seguintes medi-
estratégicas; das:
- falta de articulação com o Governo federal e com a socieda-de (a) maior integração entre as instituições científicas e tecnoló-
do principal Instituto brasileiro de altos estudos estratégicos - a Escola gicas, tanto militares como civis, e a indústria nacional de defesa;
Superior de Guerra - no desenvolvimento e consolidação dos (b) definição de pesquisas de uso dual; e
conhecimentos necessários ao planejamento de defesa e no as- (c) fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos de
sessoramento à formulação de políticas e estratégias decorrentes; interesse da defesa;
- insuficiência ou pouca atratividade e divulgação dos cursos - maior integração entre as indústrias estatal e privada de ma-
para a capacitação de civis em assuntos de defesa; e inexistência terial de defesa, com a definição de um modelo de participação na
de carreira civil na área de defesa, mesmo sendo uma função de produção nacional de meios de defesa;
Estado;
- estabelecimento de regime jurídico especial para a indústria
- limitados recursos aplicados em pesquisa científica e tecno-
nacional de material de defesa, que possibilite a continuidade e o
lógica para o desenvolvimento de material de emprego militar e
caráter preferencial nas compras públicas;
produtos de defesa, associados ao incipiente nível de integração
entre os órgãos militares de pesquisa, e entre estes e os institutos - integração e definição centralizada na aquisição de produtos
civis de pesquisa; de defesa de uso comum, compatíveis com as prioridades estabe-
- inexistência de planejamento nacional para desenvolvimento lecidas;
de produtos de elevado conteúdo tecnológico, com participação - condicionamento da compra de produtos de defesa no exte-
coordenada dos centros de pesquisa das universidades, das Forças rior à transferência substancial de tecnologia, inclusive por meio
Armadas e da indústria; de parcerias para pesquisa e fabricação no Brasil de partes desses
- falta de inclusão, nos planos governamentais, de programas produtos ou de sucedâneos a eles;
de aquisição de produtos de defesa em longo prazo, calcados em - articulação das Forças Armadas, compatível com as necessi-
programas plurianuais e em planos de equipamento das Forças dades estratégicas e de adestramento dos Comandos Operacionais,
Armadas, com priorização da indústria nacional de material de tanto singulares quanto conjuntos, capaz de levar em consideração
defesa. Essa omissão ocasiona aquisições de produtos de defesa no as exigências de cada ambiente operacional, em especial o amazô-
exterior, às vezes, calcadas em oportunidades, com desníveis nico e o do Atlântico Sul;
tecnológicos em relação ao “estado da arte” e com a geração de - fomento da atividade aeroespacial, de forma a proporcionar
indesejável dependência externa; ao País o conhecimento tecnológico necessário ao desenvolvimen-
- inexistência de regras claras de prioridade à indústria nacio- to de projeto e fabricação de satélites e de veículos lançadores de
nal, no caso de produtos de defesa fabricados no País; satélites e desenvolvimento de um sistema integrado de monito-
- dualidade de tratamento tributário entre o produto de defesa ramento do espaço aéreo, do território e das águas jurisdicionais
fabricado no País e o adquirido no exterior, com excessiva carga brasileiras;
tributária incidente sobre o material nacional, favorecendo a opção - desenvolvimento das infra-estruturas marítima, terrestre e
pela importação; aeroespacial necessárias para viabilizar as estratégias de defesa;
- deficiências nos programas de financiamento para as empre- - promoção de ações de presença do Estado na região amazô-
sas nacionais fornecedoras de produtos de defesa, prejudicando-as nica, em especial pelo fortalecimento do viés de defesa do Progra-
nos mercados interno e externo; ma Calha Norte;
- falta de garantias para apoiar possíveis contratos de forneci- - estreitamento da cooperação entre os países da América do
mento oriundos da indústria nacional de defesa;
Sul e, por extensão, com os do entorno estratégico brasileiro;
- bloqueios tecnológicos impostos por países desenvolvidos,
- valorização da profissão militar, a fim de estimular o
retardando os projetos estratégicos de concepção brasileira;
recruta-mento de seus quadros em todas as classes sociais;
- cláusula de compensação comercial, industrial e tecnológica
(off-set) inexistente em alguns contratos de importação de produ- - aperfeiçoamento do Serviço Militar Obrigatório, na busca de
tos de defesa, ou mesmo a não-participação efetiva da indústria maior identificação das Forças Armadas com a sociedade brasi-
nacional em programas de compensação; e leira, e estudos para viabilizar a criação de um Serviço Civil, a ser
- sistemas nacionais de logística e de mobilização deficientes. A regulado por normas específicas;
identificação e a análise dos principais aspectos positivos e - expansão da capacidade de combate das Forças Armadas,
das vulnerabilidades permitem vislumbrar as seguintes oportuni- por meio da mobilização de pessoal, material e serviços, para com-
dades a serem exploradas: plementar a logística militar, no caso de o País se ver envolvido
- maior engajamento da sociedade brasileira nos assuntos de em conflito; e
defesa, assim como maior integração entre os diferentes setores dos - otimização do controle sobre atores não-governamentais, es-
três poderes do Estado brasileiro e desses setores com os insti-tutos pecialmente na região amazônica, visando à preservação do patri-
nacionais de estudos estratégicos, públicos ou privados; mônio nacional, mediante ampla coordenação das Forças Armadas
- regularidade e continuidade na alocação dos recursos orça- com os órgãos governamentais brasileiros responsáveis pela auto-
mentários de defesa, para incrementar os investimentos e garantir rização de atuação no País desses atores, sobretudo daqueles com
o custeio das Forças Armadas; vinculação estrangeira.
- aparelhamento das Forças Armadas e capacitação profissio-
nal de seus integrantes, para que disponham de meios militares ap-
tos ao pronto emprego, integrado, com elevada mobilidade tática e
estratégica;

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Hipóteses de Emprego (HE) Fundamentos
Entende-se por “Hipótese de Emprego” a antevisão de pos- Os ambientes apontados na Estratégia Nacional de Defesa não
sível emprego das Forças Armadas em determinada situação ou permitem vislumbrar ameaças militares concretas e definidas,
área de interesse estratégico para a defesa nacional. É formulada representadas por forças antagônicas de países potencialmente ini-
considerando-se o alto grau de indeterminação e imprevisibilidade migos ou de outros agentes não-estatais. Devido à incerteza das
de ameaças ao País. Com base nas hipóteses de emprego, serão ameaças ao Estado, o preparo das Forças Armadas deve ser orien-tado
elaborados e mantidos atualizados os planos estratégicos e opera- para atuar no cumprimento de variadas missões, em diferen-tes áreas
cionais pertinentes, visando a possibilitar o contínuo aprestamento e cenários, para respaldar a ação política do Estado.
da Nação como um todo, e em particular das Forças Armadas, para As Hipóteses de Emprego são provenientes da associação das
emprego na defesa do País. principais tendências de evolução das conjunturas nacional e inter-
Emprego Conjunto das Forças Armadas em atendimento às nacional com as orientações político-estratégicas do País.
HE Na elaboração das Hipóteses de Emprego, a Estratégia Militar
A evolução da estrutura das Forças Armadas, do estado de paz de Defesa deverá contemplar o emprego das Forças Armadas con-
para o de conflito armado ou guerra, dar-se-á de acordo com as pe- siderando, dentre outros, os seguintes aspectos:
culiaridades da situação apresentada e de uma maneira sequencial, - o monitoramento e controle do espaço aéreo, das fronteiras
que pode ser assim esquematizada: terrestres, do território e das águas jurisdicionais brasileiras em
(a) Na paz circunstâncias de paz;
As organizações militares serão articuladas para conciliar o - a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou aborda-
atendimento às Hipóteses de Emprego com a necessidade de oti-mizar gem nas águas jurisdicionais brasileiras;
os seus custos de manutenção e para proporcionar a realiza-ção do - a ameaça de forças militares muito superiores na região
adestramento em ambientes operacionais específicos. ama-zônica;
Serão desenvolvidas atividades permanentes de inteligência, - as providências internas ligadas à defesa nacional decorren-
para acompanhamento da situação e dos atores que possam vir a tes de guerra em outra região do mundo, ultrapassando os limites
representar potenciais ameaças ao Estado e para proporcionar o de uma guerra regional controlada, com emprego efetivo ou poten-
alerta antecipado ante a possibilidade de concretização de tais cial de armamento nuclear;
ameaças. As atividades de inteligência devem obedecer a salva- - a participação do Brasil em operações de paz e
guardas e controles que resguardem os direitos e garantias cons- humanitárias, regidas por organismos internacionais;
titucionais. - a participação em operações internas de Garantia da Lei e da
(b) Na crise Ordem, nos termos da Constituição Federal, e os atendimentos às
O Comandante Supremo das Forças Armadas, consultado o requisições da Justiça Eleitoral;
Conselho de Defesa Nacional, poderá ativar uma estrutura de ge-
- ameaça de conflito armado no Atlântico Sul.
renciamento de crise, com a participação de representantes do Mi-
Estruturação das Forças Armadas
nistério da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da
Para o atendimento eficaz das Hipóteses de Emprego, as For-
Aeronáutica, bem como de representantes de outros Ministérios,
ças Armadas deverão estar organizadas e articuladas de maneira a
se necessários.
facilitar a realização de operações conjuntas e singulares, adequa-
O emprego das Forças Armadas será singular ou conjunto e
das às características peculiares das operações de cada uma das
ocorrerá em consonância com as diretrizes expedidas.
áreas estratégicas.
As atividades de inteligência serão intensificadas.
Medidas políticas inerentes ao gerenciamento de crise conti- O instrumento principal, por meio do qual as Forças desen-
nuarão a ser adotadas, em paralelo com as ações militares. volverão sua flexibilidade tática e estratégica, será o trabalho
Ante a possibilidade de a crise evoluir para conflito armado, coordenado entre as Forças, a fim de tirar proveito da dialética da
poderão ser desencadeadas, entre outras, as seguintes medidas: concentração e desconcentração. Portanto, as Forças, como regra,
- a ativação dos Comandos Operacionais previstos na Estrutu- definirão suas orientações operacionais em conjunto, privilegiando
ra Militar de Defesa; essa visão conjunta como forma de aprofundar suas capacidades e
- a adjudicação de forças pertencentes à estrutura organizacio-nal rejeitarão qualquer tentativa de definir orientação operacional
das três Forças aos Comandos Operacionais ativados; isolada.
- a atualização e implementação, pelo Comando Operacional O agente institucional para esse trabalho unificado será a cola-
ativado, dos planos de campanha elaborados no estado de paz; boração entre os Estados-Maiores das Forças com o Estado-Maior
- o recompletamento das estruturas; Conjunto das Forças Armadas, no estabelecimento e definição das
- a ativação de Zona de Defesa, áreas onde são mobilizáveis linhas de frente de atuação conjunta. Nesse sentido, o sistema edu-
tropas da ativa e reservistas, inclusive os egressos dos Tiros de cacional de cada Força ministrará cursos e realizará projetos de
Guerra, para defesa do interior do país em caso de conflito pesquisa e de formulação em conjunto com os sistemas das demais
armado; e Forças e com a Escola Superior de Guerra.
- a decretação da Mobilização Nacional, se necessária. Da mesma forma, as Forças Armadas deverão ser equipadas,
(c) Durante o conflito armado/guerra articuladas e adestradas, desde os tempos de paz, segundo as di-
O desencadeamento da campanha militar prevista no Plano retrizes do Ministério da Defesa, realizando exercícios singulares
de Campanha elaborado. e conjuntos.
(d) Ao término do conflito armado/guerra Assim, com base na Estratégia Nacional de Defesa e na Es-
A progressiva desmobilização dos recursos não mais neces- tratégia Militar dela decorrente, as Forças Armadas submeterão ao
sários. Ministério da Defesa seus Planos de Equipamento e de

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Art.culação, os quais deverão contemplar uma proposta de (b) a manutenção de tropas no centro do País, em particular as
distribuição espacial das instalações militares e de quantificação reservas estratégicas, na situação de prontidão operacional com
dos meios necessários ao atendimento eficaz das Hipóteses de Em- mobilidade, que lhes permitam deslocar-se rapidamente para qual-
prego, de maneira a possibilitar: quer parte do território nacional ou para o exterior;
- poder de combate que propicie credibilidade à estratégia da (c) a manutenção de tropas no centro-sul do País para garantir
dissuasão; a defesa da principal concentração demográfica, industrial e eco-
- que o Sistema de Defesa Nacional disponha de meios que nômica, bem como da infra-estrutura, particularmente a geradora
permitam o aprimoramento da vigilância; o controle do espaço aé- de energia; e
reo, das fronteiras terrestres, do território e das águas jurisdicionais (d) a concentração das reservas regionais em suas respectivas
brasileiras; e da infra-estrutura estratégica nacional; áreas; e
- o aumento da presença militar nas áreas estratégicas do - na Força Aérea, a adequação da localização de suas unidades
Atlântico Sul e da região amazônica; de transporte de tropa de forma a propiciar o rápido atendimento
- o aumento da participação de órgãos governamentais, milita-res de apoio de transporte a forças estratégicas de emprego. Isso pres-
e civis, no plano de vivificação e desenvolvimento da faixa de fronteira supõe que se baseiem próximo às reservas estratégicas do Exército
amazônica, empregando a estratégia da presença; no centro do País. Além disso, suas unidades de defesa aérea e de
- a adoção de uma articulação que atenda aos aspectos ligados controle do espaço aéreo serão distribuídas de forma a possibilitar
à concentração dos meios, à eficiência operacional, à rapidez no um efetivo atendimento às necessidades correntes com velocidade
emprego e à otimização do custeio em tempo de paz; e e presteza.
- a existência de forças estratégicas de elevada mobilidade e A partir da consolidação dos Planos de Equipamento e de
flexibilidade, dotadas de material tecnologicamente avançado e em Art.culação elaborados pelas Forças, o Ministério da Defesa
condições de emprego imediato, articuladas de maneira à me-lhor proporá ao Presidente da República o Projeto de Lei de Equipa-
atender às Hipóteses de Emprego. mento e de
Os Planos das Forças singulares, consolidados no Ministé-rio Art.culação da Defesa Nacional, envolvendo a sociedade bra-
da Defesa, deverão referenciar-se a metas de curto prazo (até sileira na busca das soluções necessárias.
2014), de médio prazo (entre 2015 e 2022) e de longo prazo (entre As características especiais do ambiente amazônico, com re-
2027 e 2030). flexos na doutrina de emprego das Forças Armadas, deverão de-
Em relação ao equipamento, o planejamento deverá priorizar, mandar tratamento especial, devendo ser incrementadas as ações
com compensação comercial, industrial e tecnológica: de fortalecimento da estratégia da presença naquele ambiente ope-
- no âmbito das três Forças, sob a condução do Ministério da racional.
Defesa, a aquisição de helicópteros de transporte e de reconheci- Em face da indefinição das ameaças, as Forças Armadas deve-
mento e ataque; rão se dedicar à obtenção de capacidades orientadoras das medidas
- na Marinha, o projeto e fabricação de submarinos conven- a serem planejadas e adotadas.
cionais que permitam a evolução para o projeto e fabricação, no No tempo de paz ou enquanto os recursos forem insuficientes,
País, de submarinos de propulsão nuclear, de meios de superfície algumas capacidades serão mantidas temporariamente por meio de
e aéreos priorizados nesta Estratégia; núcleos de expansão, constituídos por estruturas flexíveis e capa-
- no Exército, os meios necessários ao completamento dos zes de evoluir rapidamente, de modo a obter adequado poder de
sistemas operacionais das brigadas; o aumento da mobilidade táti-ca e combate nas operações.
estratégica da Força Terrestre, sobretudo das Forças de Ação As seguintes capacidades são desejadas para as Forças Arma-
Rápida Estratégicas e das forças estacionadas na região amazôni-ca; das:
os denominados “Núcleos de Modernidade”; a nova família de - permanente prontidão operacional para atender às
blindados sobre rodas; os sistemas de mísseis e radares antiaéreos Hipóteses de Emprego, integrando forças conjuntas ou não;
(defesa antiaérea); a produção de munições e o armamento e o - manutenção de unidades aptas a compor Forças de Pronto
equipamento individual do combatente, entre outros, aproximando -os Emprego, em condições de atuar em diferentes ambientes opera-
das tecnologias necessárias ao combatente do futuro; e cionais;
- na Força Aérea, a aquisição de aeronaves de caça que subs- - projeção de poder nas áreas de interesse estratégico;
tituam, paulatinamente, as hoje existentes, buscando a possível - estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência conso-
padronização; a aquisição e o desenvolvimento de armamentos e lidadas;
sensores, objetivando a auto-suficiência na integração destes às ae- - permanência na ação, sustentada por um adequado apoio
ronaves; e a aquisição de aeronaves de transporte de tropa. logístico, buscando ao máximo a integração da logística das três
Em relação à distribuição espacial das Forças no território Forças;
nacional, o planejamento consolidado no Ministério da Defesa, - aumento do poder de combate, em curto prazo, pela
deverá priorizar: incorpo-ração de recursos mobilizáveis, previstos em lei; e
- na Marinha, a necessidade de constituição de uma Esquadra - interoperabilidade nas operações conjuntas.
no norte/nordeste do País; Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)
- no Exército, a distribuição que atenda às seguintes condi- A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Defesa
cionantes: Nacional tem como propósito estimular o desenvolvimento cientí-fico
(a) um flexível dispositivo de expectativa, em face da indefi- e tecnológico e a inovação de interesse para a defesa nacional.
nição de ameaças, que facilite o emprego progressivo das tropas e
a presença seletiva em uma escalada de crise;

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Isso ocorrerá por meio de um planejamento nacional para As medidas descritas têm respaldo na parceria entre o Minis-tério
desenvolvimento de produtos de alto conteúdo tecnológico, com da Defesa e o Ministério da Ciência e Tecnologia, que remon-ta à
envolvimento coordenado das instituições científicas e tecnológi- “Concepção para CT&I de Interesse da Defesa” – documento
cas (ICT) civis e militares, da indústria e da universidade, com a elaborado conjuntamente em 2003 e revisado em 2008. Foi forta-
definição de áreas prioritárias e suas respectivas tecnologias de lecida com o lançamento do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e
interesse e a criação de instrumentos de fomento à pesquisa de ma- Inovação (PACTI/MCT - Portaria Interministerial MCT/MD nº 750,
teriais, equipamentos e sistemas de emprego de defesa ou dual, de de 20.11.2007), cuja finalidade é viabilizar soluções científi-co-
forma a viabilizar uma vanguarda tecnológica e operacional pau- tecnológicas e inovações para o atendimento das necessidades do País
tada na mobilidade estratégica, na flexibilidade e na capacidade de atinentes à defesa e ao desenvolvimento nacional.
dissuadir ou de surpreender. Indústria de Material de Defesa
Para atender ao propósito dessa política, deverá ser conside- A relação entre Ciência, Tecnologia e Inovação na área de
rada, ainda, a “Concepção Estratégica para CT&I de Interesse da defesa fortalece-se com a Política de Desenvolvimento Produti-vo
Defesa”, documento elaborado em 2003, em conjunto pelo Mi- (PDP), lançada em maio de 2008. Sob a coordenação geral do
nistério da Defesa e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a
revisado em 2008. PDP contempla 32 áreas. O programa estruturante do Complexo
O Ministério da Defesa, em coordenação com o Ministério da Industrial de Defesa está sob a gestão do Ministério da Defesa e
Ciência e Tecnologia, atualizará a Política de Ciência, Tecnolo-gia sob a coordenação do Ministério da Ciência e Tecnologia.
e Inovação para a Defesa Nacional e os instrumentos normati-vos Tal programa tem por objetivo “recuperar e incentivar o cres-
decorrentes. Para atender aos objetivos dessa Política, deverá cimento da base industrial instalada, ampliando o fornecimento
ocorrer a adequação das estruturas organizacionais existentes e que para as Forças Armadas brasileiras e exportações”. Estabelece
atuam na área de Ciência e Tecnologia da Defesa. Os citados quatro desafios para a consecução do objetivo:
documentos contemplarão: - aumentar os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento
- medidas para a maximização e a otimização dos esforços de e Inovação;
pesquisa nas instituições científicas e tecnológicas civis e milita- - promover isonomia tributária em relação a produtos/mate-
res, para o desenvolvimento de tecnologias de ponta para o sistema riais importados;
de defesa, com a definição de esforços integrados de pesquisadores - expandir a participação nos mercados interno e externo; e
das três Forças, especialmente para áreas prioritárias e suas respec- - fortalecer a cadeia de fornecedores no Brasil.
tivas tecnologias de interesse; A PDP sugere, ainda, um conjunto de ações destinadas à
- um plano nacional de pesquisa e desenvolvimento de pro- supe-ração dos desafios identificados:
dutos de defesa, tendo como escopo prioritário a busca do domínio - ampliação das compras nacionais;
de tecnologias consideradas estratégicas e medidas para o finan- - expansão e adequação do financiamento;
ciamento de pesquisas; - promoção das vendas e capacitação de empresas brasileiras;
- a integração dos esforços dos centros de pesquisa militares, e
com a definição das prioridades de pesquisa de material de empre- - fortalecimento da base de P, D&I.
go comum para cada centro, e a participação de pesquisadores das Com base em tais objetivos, desafios e ações, a PDP visa ao
três Forças em projetos prioritários; e fortalecimento da associação entre desenvolvimento da Ciência e
- o estabelecimento de parcerias estratégicas com países que da Tecnologia e desenvolvimento da produção. Busca aproveitar o
possam contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de ponta potencial de tecnologias empregadas no País e transformá-las em
de interesse para a defesa. bens finais, estimulando a indústria nacional.
Projetos de interesse comum a mais de uma Força deverão ter Os projetos a serem apoiados serão selecionados e avaliados
seus esforços de pesquisa integrados, definindo-se, no plano espe- de acordo com as ações estratégicas a seguir descritas e com ca-
cificado, para cada um deles, um pólo integrador. racterísticas que considerem o potencial da demanda pública, a
No que respeita à utilização do espaço exterior como meio de possibilidade de uso comum pelas Forças, o uso dual – militar e
suporte às atividades de defesa, os satélites geoestacionários para civil – das tecnologias, subprodutos tecnológicos de emprego ci-
comunicações, controle de tráfego aéreo e meteorologia desem- vil, o índice de nacionalização, o potencial exportador, a presença
penharão papel fundamental na viabilização de diversas funções de matéria-prima crítica dependente de importação e o potencial
em sistemas de comando e controle. As capacidades de alerta, vi- de embargo internacional.
gilância, monitoramento e reconhecimento poderão, também, ser O Ministério da Defesa, em coordenação com o Ministério de
aperfeiçoadas por meio do uso de sensores ópticos e de radar, a Ciência e Tecnologia e com o Ministério do Desenvolvimento,
bordo de satélites ou de veículos aéreos não-tripulados (VANT). Indústria e Comércio Exterior, realizará a análise das característi-
Serão consideradas, nesse contexto, as plataformas e missões cas referidas, selecionando de forma articulada projetos e produtos
espaciais em desenvolvimento, para fins civis, tais como satélites que unam as necessidades das atividades de defesa com as poten-
de monitoramento ambiental e científicos, ou satélites geoestacio- cialidades tecnológicas e produtivas existentes no Brasil.
nários de comunicações e meteorologia, no âmbito do Programa Para atendimento aos novos desafios da indústria de material
Nacional de Atividades Espaciais - PNAE. de defesa do País, impõe-se a atualização da Política Nacional da
Em qualquer situação, a concepção, o projeto e a operação dos Indústria de Material de Defesa.
sistemas espaciais devem observar a legislação internacional, os
tratados, bilaterais e multilaterais, ratificados pelo País, bem como
os regimes internacionais dos quais o Brasil é signatário.

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Inteligência de Defesa - um satélite geoestacionário nacional para meteorologia e co-
A exatidão é o princípio fundamental da Inteligência Militar. municações seguras, entre outras aplicações; e
Por meio da Inteligência, busca-se que todos os planejamentos - satélites de sensoriamento remoto para monitoramento am-
– políticos, estratégicos, operacionais e táticos – e sua execução biental, com sensores ópticos e radar de abertura sintética.
desenvolvam-se com base em fatos que se transformam em co- 4.O Ministério da Defesa e o Ministério da Ciência e Tec-nologia,
nhecimentos confiáveis e oportunos. As informações precisas são por intermédio do Instituto de Aeronáutica e Espaço do Comando da
condição essencial para o emprego adequado dos meios militares. Aeronáutica e da Agência Espacial Brasileira, pro-moverão medidas
A Inteligência deve ser desenvolvida desde o tempo de paz, com vistas a garantir a autonomia de produção, lançamento, operação
pois é ela que possibilita superar as incertezas. É da sua vertente e reposição de sistemas espaciais, por meio:
prospectiva que procedem os melhores resultados, permitindo o - do desenvolvimento de veículos lançadores de satélites e
delineamento dos cursos de ação possíveis e os seus desdobramen- sistemas de solo para garantir acesso ao espaço em órbitas baixa e
tos. A identificação das ameaças é o primeiro resultado da ativida- geoestacionária;
de da Inteligência Militar. - de atividades de fomento e apoio ao desenvolvimento de ca-
Ações Estratégicas pacidade industrial no setor espacial, com a participação do Minis-
Enunciam-se a seguir as ações estratégicas que irão orientar a tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de modo
implementação da Estratégia Nacional de Defesa: a garantir o fornecimento e a reposição tempestiva de componen-
Ciência e Tecnologia tes, subsistemas e sistemas espaciais; e
Fomentar a pesquisa de materiais, equipamentos e sistemas - de atividades de capacitação de pessoal nas áreas de concep-
militares e civis que compatibilize as prioridades científico-tecno- ção, projeto, desenvolvimento e operação de sistemas espaciais.
lógicas com as necessidades de defesa. Recursos Humanos
1.O Ministério da Defesa proporá, em coordenação com os Promover a valorização da profissão militar de forma compa-
Ministérios das Relações Exteriores, da Fazenda, do Desenvolvi- tível com seu papel na sociedade brasileira, assim como fomentar
mento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Orçamen-to e o recrutamento, a seleção, o desenvolvimento e a permanência de
Gestão, da Ciência e Tecnologia e com a Secretaria de Assun-tos quadros civis, para contribuir com o esforço de defesa.
Estratégicos da Presidência da República, o estabelecimento de 1.O recrutamento dos quadros profissionais das Forças Arma-das
parcerias estratégicas com países que possam contribuir para o de- deverá ser representativo de todas as classes sociais. A carreira militar
senvolvimento de tecnologias de ponta de interesse para a defesa. será valorizada pela criação de atrativos compatíveis com as
2.O Ministério da Defesa, em coordenação com os Ministérios da características peculiares da profissão. Nesse sentido, o Minis-tério da
Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Defesa, assessorado pelos Comandos das três Forças, pro-porá as
Planejamento, Orçamento e Gestão, e da Ciência e Tecnologia e com medidas necessárias à valorização pretendida.
as Forças Armadas, deverá estabelecer ato legal que garanta a 2.O recrutamento do pessoal temporário das Forças Armadas
alocação, de forma continuada, de recursos financeiros específi-cos deve representar a sociedade brasileira, assim como possibilitar a
que viabilizem o desenvolvimento integrado e a conclusão de projetos oferta de mão-de-obra adequada aos novos meios tecnológicos da
relacionados à defesa nacional, cada um deles com um pólo integrador defesa nacional. Nesse sentido, o Ministério da Defesa, assessora-
definido, com ênfase para o desenvolvimento e a fabricação, dentre do pelos Comandos das três Forças, proporá as mudanças necessá-
outros, de: rias no Serviço Militar Obrigatório.
- aeronaves de caça e de transporte; 3.O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Estraté-
- submarinos convencionais e de propulsão nuclear; gicos da Presidência da República proporão a criação e a regula-
- meios navais de superfície; mentação de um Serviço Civil, em todo o território nacional, a ser
- armamentos inteligentes, como mísseis, bombas e torpedos, prestado por cidadãos que não forem designados para a realização
dentre outros; do Serviço Militar Obrigatório.
- veículos aéreos não-tripulados; 4.O Ministério da Defesa realizará estudos sobre a criação de
- sistemas de comando e controle e de segurança das infor- quadro de especialistas civis em Defesa, em complementação às
mações; carreiras existentes na administração civil e militar, de forma a
- radares; constituir-se numa força de trabalho capaz de atuar na gestão de
- equipamentos e plataformas de guerra eletrônica; políticas públicas de defesa, em programas e projetos da área de
- equipamento individual e sistemas de comunicação do defesa, bem como na interação com órgãos governamentais e a
com-batente do futuro; sociedade, integrando os pontos de vista político e técnico.
- veículos blindados; Ensino
- helicópteros de transporte de tropa, para o aumento da Promover maior integração e participação dos setores civis
mobi-lidade tática, e helicópteros de reconhecimento e ataque; governamentais na discussão dos temas ligados à defesa, assim
- munições; e como a participação efetiva da sociedade brasileira, por intermédio
- sensores óticos e eletro-óticos. do meio acadêmico e de institutos e entidades ligados aos assuntos
3.O Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio da estratégicos de defesa.
Agência Espacial Brasileira, promoverá a atualização do Progra- 1.O Ministério da Defesa deverá apresentar planejamento para
ma Espacial Brasileiro, de forma a priorizar o desenvolvimento de a transferência da Escola Superior de Guerra para Brasília, de
sistemas espaciais necessários à ampliação da capacidade de modo a intensificar o intercâmbio fluido entre os membros do
comunicações, meteorologia e monitoramento ambiental, com Governo Federal e aquela Instituição, assim como para otimizar a
destaque para o desenvolvimento de: formação de recursos humanos ligados aos assuntos de defesa.

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2. O Ministério da Defesa e o Ministério do Planejamento, 2.O Ministério da Defesa proporá a criação de estrutura, a si
Orçamento e Gestão proporão projeto de lei, alterando a Lei de subordinada, encarregada da coordenação dos processos de certi-
Criação da Escola Superior de Guerra. O projeto de lei visará criar ficação, de metrologia, de normatização e de fomento industrial.
cargos de direção e assessoria superior destinados à constituição de Indústria de Material de Defesa
um corpo permanente que, podendo ser renovado, permita o exercício Compatibilizar os esforços governamentais de aceleração do
das atividades acadêmicas, pela atração de pessoas com notória crescimento com as necessidades da Defesa Nacional.
especialização ou reconhecido saber em áreas específicas. 1.O Ministério da Defesa, ouvidos os Ministérios da Fazenda,
Isso possibilitará incrementar a capacidade institucional da Esco- do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planeja-
la de desenvolver atividades acadêmicas e administrativas, bem mento, Orçamento e Gestão e da Ciência e Tecnologia e a Secreta-
como intensificar o intercâmbio entre os membros do Governo Fe- ria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, deverá
deral, a sociedade organizada e aquela instituição. propor modificações na legislação referente ao regime jurídico e
3.O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Estra- econômico especial para compras de produtos de defesa junto às
tégicos da Presidência da República estimularão a realização de empresas nacionais, com propostas de modificação da Lei nº
Encontros, Simpósios e Seminários destinados à discussão de as- 8.666, de junho de 1993.
suntos estratégicos, aí incluída a temática da Defesa Nacional. A
2.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios
participação da sociedade nesses eventos deve ser objeto de aten-
ção especial. da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
4.O Ministério da Defesa intensificará a divulgação das ativi- dos Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciên-
dades de defesa, de modo a aumentar sua visibilidade junto à so- cia e Tecnologia e com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da
ciedade, e implementará ações e programas voltados à promoção e Presidência da República, deverá propor modificações na legisla-
disseminação de pesquisas e à formação de recursos humanos ção referente à tributação incidente sobre a indústria nacional de
qualificados na área, a exemplo do Programa de Apoio ao Ensino material de defesa, por meio da criação de regime jurídico especial
e à Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional (Pró- que viabilize incentivos e desoneração tributária à iniciativa pri-
Defesa). vada na fabricação de produto de defesa prioritário para as Forças
5. O Ministério da Defesa elaborará uma Política de Ensino Armadas e para a exportação.
com as seguintes finalidades: 3.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios da
- acelerar o processo de interação do ensino militar, em parti- Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dos
cular no nível de Altos Estudos, atendendo às orientações contidas Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciên-cia e
na primeira parte da presente Estratégia e Tecnologia, e a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Pre-sidência da
- capacitar civis e militares para a própria Administração Cen- República, deverá propor modificações na legislação referente à linha
tral do Ministério e para outros setores do Governo, de interesse da de crédito especial, por intermédio do Banco Na-cional de
Defesa. Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para os produtos de
6.As instituições de ensino das três Forças ampliarão nos seus defesa, similar às já concedidas para outras atividades.
currículos de formação militar disciplinas relativas a noções de 4.O Ministério da Defesa, em articulação com os Ministérios
Direito Constitucional e de Direitos Humanos, indispensáveis para da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
consolidar a identificação das Forças Armadas com o povo brasi- dos Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Ciên-
leiro. cia e Tecnologia e com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Mobilização Presidência da República, deverá propor modificações na legisla-
Realizar, integrar e coordenar as ações de planejamento, pre- ção referente à viabilização, por parte do Ministério da Fazenda,
paro, execução e controle das atividades de Mobilização e Desmo- de procedimentos de garantias para contratos de exportação de
bilização Nacionais previstas no Sistema Nacional de Mobilização produto de defesa de grande vulto, em consonância com o Decreto
(SINAMOB).
Lei nº 1.418, de 03 de setembro de 1975, e com a Lei de Respon-
1.O Ministério da Defesa, enquanto não for aprovada altera-
sabilidade Fiscal.
ção na legislação do Sistema Nacional de Mobilização, orientará e
coordenará os demais ministérios, secretarias e órgãos envolvidos Comando e Controle
no SINAMOB no estabelecimento de programas, normas e proce- Consolidar o sistema de comando e controle para a Defesa
dimentos relativos à complementação da Logística Nacional e na Nacional.
adequação das políticas governamentais à política de Mobilização O Ministério da Defesa aperfeiçoará o Sistema de Comando e
Nacional. Controle de Defesa, para contemplar o uso de satélite de teleco-
2.O Ministério da Defesa, em coordenação com a Secretaria municações próprio.
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, proporá O sistema integrado de Comando e Controle de Defesa deverá
modificações na Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007, no que ser capaz de disponibilizar, em função de seus sensores de monito-
concerne à definição do órgão central do SINAMOB. ramento e controle do espaço terrestre, marítimo e aéreo brasileiro,
Logística dados de interesse do Sistema Nacional de Segurança Pública, em
Acelerar o processo de integração entre as três Forças, espe- função de suas atribuições constitucionais específicas. De forma
cialmente nos campos da tecnologia industrial básica, da logística recíproca, o Sistema Nacional de Segurança Pública deverá dis-
e mobilização, do comando e controle e das operações conjuntas. ponibilizar ao sistema de defesa nacional dados de interesse do
1.O Ministério da Defesa proporá a modificação de sua es- controle das fronteiras, exercido também pelas Forças Armadas,
trutura regimental, de forma a criar órgão a si subordinado encar- em especial no que diz respeito às atividades ligadas aos crimes
regado de formular e dirigir a política de compras de produtos de transnacionais fronteiriços.
defesa.

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Adestramento 3.O Ministério da Defesa apresentará ao Ministério dos Trans-
Atualizar o planejamento operacional e adestrar EM Con- portes, em data coordenada com este, programação de investi-
juntos. mentos de médio e longo prazo, bem como a ordenação de suas
O Ministério da Defesa definirá núcleos de Estados-Maiores prioridades ligadas às necessidades de vias de transporte para o
Conjuntos, coordenados pelo Estado-Maior Conjunto das Forças atendimento aos planejamentos estratégicos decorrentes das Hi-
Armadas, a serem ativados, desde o tempo de paz, dentro da es- póteses de Emprego. O Ministério dos Transportes, por sua vez,
trutura organizacional das Forças Armadas, para que possibilitem promoverá a inclusão das citadas prioridades no Plano Nacional de
a continuidade e a atualização do planejamento e do adestramento Logística e Transportes (PNLT).
operacionais que atendam o ao estabelecido nos planos estratégi- 4.O Ministério dos Transportes, em coordenação com o Mi-
cos. nistério da Defesa, fará instalar, no Centro de Operações do Co-
Inteligência de Defesa mandante Supremo (COCS), terminal da Base de Dados Georrefe-
Aperfeiçoar o Sistema de Inteligência de Defesa. renciados em Transporte que possibilite a utilização das informa-
O Sistema deverá receber recursos necessários à formulação ções ligadas à infra-estrutura de transportes, disponibilizadas por
de diagnóstico conjuntural dos cenários vigentes em prospectiva aquele sistema, no planejamento e na gestão estratégica de crises e
político-estratégica, nos campos nacional e internacional. conflitos.
O recursos humanos serão capacitados em análise e técnicas 5.O Ministério da Defesa e o Ministério da Integração Na-
nos campos científico, tecnológico, cibernético, espacial e nuclear, cional desenvolverão estudos conjuntos com vistas à compati-
com ênfase para o monitoramento/controle, à mobilidade estraté- bilização dos Programas Calha Norte e de Promoção do Desen-
gica e à capacidade logística. volvimento da Faixa de Fronteira (PDFF) e ao levantamento da
Criar-se-á, no Ministério da Defesa, uma estrutura compatí- viabilidade de estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APL),
vel com as necessidades de integração dos órgãos de inteligência com ações de infra-estrutura econômica e social, para atendimen-
militar. to a eventuais necessidades de vivificação e desenvolvimento da
Doutrina fronteira, identificadas nos planejamentos estratégicos decorrentes
Promover o aperfeiçoamento da Doutrina de Operações Con- das Hipóteses de Emprego.
juntas. 6.O Ministério das Comunicações, no contexto do Programa
O Ministério da Defesa promoverá estudos relativos ao aper- Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (GE-
feiçoamento da Doutrina de Operações Conjuntas, considerando, SAC), deverá prever a instalação de telecentros comunitários com
principalmente, o ambiente operacional e o aprimoramento dos conexão em banda larga nas sedes das instalações militares de
meios de defesa, a experiência e os ensinamentos adquiridos com fronteira existentes e a serem implantadas em decorrência do pre-
a realização de operações conjuntas e as orientações da Estraté-gia visto no Decreto nº 4.412, de 7 de outubro de 2002, alterado pelo
Nacional de Defesa, no que concerne às atribuições do Estado - Decreto nº 6.513, de 22 de julho de 2008.
Maior Conjunto das Forças Armadas e dos Estados-Maiores das 7.O Ministério da Defesa, com o apoio das Forças Armadas
três Forças. no que for julgado pertinente, e o Ministério das Comunicações
Operações de Paz promoverão estudos com vistas à coordenação de ações de incen-
Promover o incremento do adestramento e da participação tivo à habilitação de rádios comunitárias nos municípios das áreas
das Forças Armadas em operações de paz, integrando Força de Paz de fronteira, de forma a atenuar, com isto, os efeitos de emissões
da ONU ou de organismos multilaterais da região. indesejáveis.
1.O Brasil deverá ampliar a participação em operações de paz, Garantia da Lei e da Ordem
sob a égide da ONU ou de organismos multilaterais da região, de Compatibilizar a legislação e adestrar meios específicos das
acordo com os interesses nacionais expressos em compromissos Forças Armadas para o emprego episódico na Garantia da Lei e da
internacionais. Ordem nos termos da Constituição Federal.
2.O Ministério da Defesa promoverá ações com vistas ao in- 1.O Ministério da Defesa proporá alterações na Lei Comple-
cremento das atividades de um Centro de Instrução de Operações mentar nº 97, de 09 de junho de 1999, alterada pela Lei Comple-mentar
de Paz, de maneira a estimular o adestramento de civis e militares nº 117, de 02 de setembro de 2004; e na Lei nº 9.299, de 07 de agosto
ou de contingentes de Segurança Pública, assim como de convida- de 1996, que viabilizem o emprego das Forças Armadas na Garantia
dos de outras nações amigas. Para tal, prover-lhe-á o apoio neces- da Lei e da Ordem, nos termos da Constituição Fede-ral, com eficácia
sário a torná-lo referência regional no adestramento conjunto para e resguardo de seus integrantes.
operações de paz e de desminagem humanitária. 2.O adestramento das Forças deverá prever a capacitação de
Infra-Estrutura tropa para o cumprimento das missões de Garantia da Lei e da
Compatibilizar os atuais esforços governamentais de acele- Ordem, nos termos da Constituição Federal.
ração do crescimento com as necessidades da Defesa Nacional. Estabilidade Regional
1.O Ministério da Defesa, em coordenação com a Secretaria Contribuir para a manutenção da estabilidade regional.
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República proporá aos 1.O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exterio-
ministérios competentes as iniciativas necessárias ao desenvolvi- res promoverão o incremento das atividades destinadas à manuten-
mento da infra-estrutura de energia, transporte e comunicações de ção da estabilidade regional e à cooperação nas áreas de fronteira
interesse da defesa, de acordo com os planejamentos estratégicos do País.
de emprego das Forças. 2.O Ministério da Defesa e as Forças Armadas intensificarão as
2.O Ministério da Defesa priorizará, na elaboração do Plano de parcerias estratégicas nas áreas cibernética, espacial e nuclear e o
Desenvolvimento de Aeródromos de Interesse Militar (PDAIM), intercâmbio militar com as Forças Armadas das nações amigas,
os aeródromos de desdobramento previstos nos planejamentos re- neste caso particularmente com as do entorno estratégico brasilei-
lativos à defesa da região amazônica. ro e as da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

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3.O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores e as Forças Armadas buscarão contribuir ativamente para o fortaleci-
mento, a expansão e a consolidação da integração regional, com ênfase na pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns de produtos de
defesa.
Inserção Internacional
Incrementar o apoio à participação brasileira nas atividades antárticas.
1.O Ministério da Defesa, demais ministérios envolvidos e as Forças Armadas deverão incrementar o apoio necessário à participação
brasileira nos processos de decisão sobre o destino da Região Antártica.
Segurança Nacional
Contribuir para o incremento do nível de Segurança Nacional.
Todas as instâncias do Estado deverão contribuir para o incremento do nível de Segurança Nacional, com particular ênfase sobre:
- o aperfeiçoamento de processos para o gerenciamento de crises;
- a integração de todos os órgãos do Sistema de Inteligência Nacional (SISBIN);
- a prevenção de atos terroristas e de atentados massivos aos Direitos Humanos, bem como a condução de operações contra-terrorismo, a
cargo dos Ministérios da Defesa e da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR);
- as medidas para a segurança das áreas de infra-estruturas críticas, incluindo serviços, em especial no que se refere à energia, transporte,
água e telecomunicações, a cargo dos Ministérios da Defesa, das Minas e Energia, dos Transportes, da Integração Nacional e das Comunica-
ções, e ao trabalho de coordenação, avaliação, monitoramento e redução de riscos, desempenhado pelo Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República (GSI/PR);
- as medidas de defesa química, bacteriológica e nuclear, a cargo da Casa Civil da Presidência da República, dos Ministérios da Defesa,
da Saúde, da Integração Nacional, das Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia, e do GSI-PR, para as ações de proteção à população e às
instalações em território nacional, decorrentes de possíveis efeitos do emprego de armas dessa natureza;
- as ações de defesa civil, a cargo do Ministério da Integração Nacional;
- as ações de segurança pública, a cargo do Ministério da Justiça e dos órgãos de segurança pública estaduais;
- o aperfeiçoamento dos dispositivos e procedimentos de segurança que reduzam a vulnerabilidade dos sistemas relacionados à Defesa
Nacional contra ataques cibernéticos e, se for o caso, que permitam seu pronto restabelecimento, a cargo da Casa Civil da Presidência da
República, dos Ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência e Tecnologia, e do GSI-PR;
- a execução de estudos para viabilizar a instalação de um centro de pesquisa de doenças tropicais para a região amazônica, a cargo dos
Ministérios da Defesa, da Ciência e Tecnologia, da Saúde e órgãos de saúde estaduais e municipais;
- medidas de defesa contra pandemias; e
- o atendimento aos compromissos internacionais relativos à salvaguarda da vida humana no mar e ao tráfego aéreo internacional, a
cargo do Ministério da Defesa, por intermédio dos Comandos da Marinha e da Aeronáutica, respectivamente, e do Ministério das Relações
Exteriores;
Disposições Finais
Os documentos complementares e decorrentes da presente Estratégia Nacional de Defesa, cujas necessidades de elaboração ou atuali-
zação atendem às exigências desta Estratégia, deverão ser confeccionados conforme o quadro a seguir:

PRAZO TAREFA A REALIZAR RESPONSÁVEL


Planos Estratégicos que servirão de base para os Planos de
31/12/2010 MD
Campanha dos Comandos Conjuntos, para cada HE
Planos de Equipamento e
30/06/2009 MD e Forças Armadas
Art.culação das Forças Armadas (2009-2030)
Proposta de Projeto de Lei de Equipamento e
30/09/2009 Art.culação da Defesa Nacional a ser submetida ao CC e MD
Presidente da República
Atualização da Política de Ciência, Tecnologia e Inovação
31/03/2009 para a Defesa Nacional e instrumentos normativos MD e MCT
decorrentes.
MD, MF, MDIC,
31/03/2009 Atualização da Política Nacional da Indústria de Defesa MPOG MCT e SAE
Proposta de estabelecimento de parcerias estratégicas com
31/03/2009 países que possam contribuir para o desenvolvimento de MD, MRE e SAE
tecnologia de ponta de interesse para a defesa

Proposta de estabelecimento de ato legal que garanta a


alocação, de forma continuada, de recursos financeiros CC, MF, MD, MPOG
31/03/2009 específicos, para viabilizar o desenvolvimento integrado e SAE
e a conclusão de projetos relacionados à defesa nacional.

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PRAZO TAREFA A REALIZAR RESPONSÁVEL
Proposta de dispositivos necessários a viabilizar
investimentos nas Forças Armadas a partir de receitas
30/06/2009 eventualmente geradas pelos bens imóveis da União, CC, MD, MF e MPOG
administrados pelas Forças.
Proposta de uma legislação específica que possibilite a
30/06/2009 aplicação, nas Forças Armadas, dos recursos provenientes CC, MD, MF e MPOG
do recolhimento de taxas e serviços
Projeto de Lei com a nova Estrutura Militar de Defesa
30/06/2009 contemplando a estruturação de núcleos de Estados- CC e MD
Maiores Conjuntos vinculados ao MD.
Apresentação de estudo de viabilidade para a criação e
regulamentação de um Serviço Civil, em todo o território CC, MD, MPOG e
30/06/2009 nacional, a ser prestado por cidadãos que não forem SAE, MEC e SAÚDE
designados para a realização do Serviço Militar
Projeto de Lei propondo a criação de quadro específico
de Especialistas de Defesa, para a inclusão no Plano
30/06/2009 Único de Carreira dos servidores da área de defesa, em CC, MD e MPOG
complementação às carreiras existentes na administração
civil e militar
Plano de Transferência da ESG para Brasília e proposta de
30/06/2009 medidas complementares necessárias MD
Projeto de Lei alterando a Lei de Criação da ESG,
31/03/2009 viabilizando a criação de cargos DAS CC, MD e MPOG
Proposta de Política de Ensino para as Forças Armadas, em
30/06/2009 particular no nível de Altos Estudos MD e MEC
Proposta de Modificação da Lei do Sistema Nacional de
31/03/2009 Mobilização CC, MD e SAE
Projeto de Lei propondo nova estrutura do MD, com a
criação de órgão encarregado do processo de aquisição de
30/06/2009 produto de defesa, devidamente integrado ao processo de CC, MD e MPOG
catalogação de material
Proposta de criação de estrutura, subordinada ao MD,
31/03/2009 encarregada da coordenação dos processos de certificação, MD, MDIC e MPOG
de metrologia, de normalização e de fomento industrial
Proposta de modificações na Lei nº 8.666 e legislação
complementar, possibilitando regime jurídico e econômico CC, MD, MDIC, MT,
31/03/2009 especial para compras de produtos de defesa junto às MPOG e SAE
empresas nacionais
Proposta de modificações na legislação referente à
tributação incidente sobre a indústria nacional de defesa,
por meio da criação de regime jurídico especial que CC, MD, MDIC, MF,
31/03/2009 viabilize incentivos e desoneração tributária à iniciativa MT, MPOG e SAE
privada na fabricação de produto de defesa prioritário para
as Forças Armadas
Proposta de modificações na legislação referente à
viabilização, por parte do Ministério da Fazenda, de CC, MD, MF, MT,
31/03/2009 procedimentos de garantias para contratos de exportação MDIC e SAE
de produto de defesa de grande vulto
Propostas de alterações na LCP 97, na LCP 117 e na Lei
30/06/2009 CC e MD
nº 9.299, para adequá-las à Estratégia Nacional de Defesa

A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E SEUS DOCUMENTOS DECORRENTES SERÃO COMPLEMENTADOS POR


ANEXOS. TAIS ANEXOS FORMULARÃO PLANOS PARA DIVERSAS HIPÓTESES DE EMPREGO DAS FORÇAS
ARMADAS. SERÃO ELABORADOS, SOB A DIREÇÃO DO MINISTRO DA DEFESA, PELO ESTADO-MAIOR CONJUNTO
DAS FORÇAS ARMADAS E PELOS ESTADOS-MAIORES DAS TRÊS FORÇAS.

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IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e
LEGISLAÇÃO MILITAR NAVAL da reserva; e
V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado
BRASIL. LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO
para o serviço ativo nas Forças Armadas.
DO 1980. ESTATUTO DOS MILITARES, b) na inatividade:
TÍTULOS I E II. VADE MECUM NAVAL. I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das
DIRETORIA DO PATRIMONIO HISTÓRICO E Forças Armadas e percebam remuneração da União, porém sujei-
DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA . ED. VER. RIO tos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação
DE JANEIRO, 2009. ou mobilização; e
ESTATUTO DOS MILITARES - II - os reformados, quando, tendo passado por uma das si-
HIERARQUIA MILITAR E DISCIPLINA; CARGOS tuações anteriores estejam dispensados, definitivamente, da pres-
E FUNÇÕES MILITARES; VALOR E ÉTICA tação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração
MILITAR; COMPROMISSO, COMANDO E da União.
lll - os da reserva remunerada, e, excepcionalmente, os refor-
SUBORDINAÇÃO; VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES mados, executado tarefa por tempo certo, segundo regulamenta-
E DEVERES MILITARES; CRIMS MILITARES; ção para cada Força Armada.(Redação dada pela Lei nº 9.442, de
CONTRAVENÇÃO 14.3.1997) (Vide Decreto nº 4.307, de 2002)
§ 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempe-
OU TRANSGESSÕES DISCIPLINARES. nho voluntário e permanente do serviço militar, tenham vitalicie-
dade assegurada ou presumida.

Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas:


LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980. I - individualmente:
a) os militares da reserva remunerada; e
Dispõe sobre o Estatuto dos Militares.
b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- mobilização para a ativa.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - no seu conjunto:
ESTATUTO DOS MILITARES a) as Polícias Militares; e
b) os Corpos de Bombeiros Militares.
TÍTULO I § 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas de-
Generalidades claradas diretamente devotada às finalidades precípuas das Forças
Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de em-
CAPÍTULO I prego, reserva das Forças Armadas.
Disposições Preliminares § 2º O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação
Civil e das empresas declaradas diretamente relacionadas com a
Art. 1º O presente Estatuto regula a situação, obrigações, de- segurança nacional, bem como os demais cidadãos em condições
veres, direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas. de convocação ou mobilização para a ativa, só serão considerados
militares quando convocados ou mobilizados para o serviço nas
Art. 2º As Forças Armadas, essenciais à execução da política Forças Armadas.
de segurança nacional, são constituídas pela Marinha, pelo Exérci-
to e pela Aeronáutica, e destinam-se a defender a Pátria e a garantir Art. 5º A carreira militar é caracterizada por atividade conti-
os poderes constituídos, a lei e a ordem. São instituições nacionais, nuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas das Forças
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na Armadas, denominada atividade militar.
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e § 1º A carreira militar é privativa do pessoal da ativa, inicia-
dentro dos limites da lei. se com o ingresso nas Forças Armadas e obedece às diversas
sequên-cias de graus hierárquicos.
Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua § 2º São privativas de brasileiro nato as carreiras de oficial da
destinação constitucional, formam uma categoria especial de ser- Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
vidores da Pátria e são denominados militares.
§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situa- Art. 6o São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”,
ções:
“em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”, “em ati-
a) na ativa:
I - os de carreira; vidade” ou “em atividade militar”, conferidas aos militares no de-
II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de sempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão,
serviço militar inicial, durante os prazos previstos na legislação serviço ou atividade militar ou considerada de natureza militar nas
que trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presi-
prazos; dência da República, na Vice-Presidência da República, no Mi-
III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando nistério da Defesa e nos demais órgãos quando previsto em lei, ou
convocados, reincluídos, designados ou mobilizados; quando incorporados às Forças Armadas. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001)

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Art. 7° A condição jurídica dos militares é definida pelos dis- CAPÍTULO III
positivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis, por este Esta- Da Hierarquia Militar e da Disciplina
tuto e pela legislação, que lhes outorgam direitos e prerrogativas e
lhes impõem deveres e obrigações. Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das
Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com
Art. 8° O disposto neste Estatuto aplica-se, no que couber: o grau hierárquico.
I - aos militares da reserva remunerada e reformados; § 1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis
II - aos alunos de órgão de formação da reserva; diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A orde-nação se
III - aos membros do Magistério Militar; e faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação
IV - aos Capelães Militares. se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à
hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento
Art. 9º Os oficiais-generais nomeados Ministros do Superior à sequência de autoridade.
Tribunal Militar, os membros do Magistério Militar e os Capelães § 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento inte-gral
Militares são regidos por legislação específica. das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamen-tam o
organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e
CAPÍTULO II harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por
Do Ingresso nas Forças Armadas parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
§ 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos
Art. 10. O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da re-
incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os brasileiros que serva remunerada e reformados.
preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Art. 15. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência
§ 1º Quando houver conveniência para o serviço de qual- entre os militares da mesma categoria e têm a finalidade de de-
quer das Forças Armadas, o brasileiro possuidor de reconhecida senvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e
competência técnico-profissional ou de notória cultura científica confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
poderá, mediante sua aquiescência e proposta do Ministro da For-
ça interessada, ser incluído nos Quadros ou Corpos da Reserva e Art.. 16. Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica nas
convocado para o serviço na ativa em caráter transitório. Forças Armadas, bem como a correspondência entre os postos e as
§ 2º A inclusão nos termos do parágrafo anterior será feita em graduações da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, são fixados
grau hierárquico compatível com sua idade, atividades civis e res- nos parágrafos seguintes e no Quadro em anexo.
ponsabilidades que lhe serão atribuídas, nas condições reguladas § 1° Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato
pelo Poder Executivo. do Presidente da República ou do Ministro de Força Singular e
confirmado em Carta Patente.
Art. 11. Para matrícula nos estabelecimentos de ensino mili- § 2º Os postos de Almirante, Marechal e Marechal-do-Ar
tar destinados à formação de oficiais, da ativa e da reserva, e de so-mente serão providos em tempo de guerra.
graduados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, § 3º Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pela
aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade moral, é neces- autoridade militar competente.
sário que o candidato não exerça ou não tenha exercido atividades § 4º Os Guardas-Marinha, os Aspirantes-a-Oficial e os alunos
prejudiciais ou perigosas à segurança nacional. de órgãos específicos de formação de militares são denominados
Parágrafo único. O disposto neste artigo e no anterior aplica- praças especiais.
se, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou Quadros de § 5º Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos Corpos,
Oficiais em que é exigido o diploma de estabelecimento de ensino Quadros, Armas, Serviços, Especialidades ou Subespecialidades
superior reconhecido pelo Governo Federal. são fixados, separadamente, para cada caso, na Marinha, no Exér-
cito e na Aeronáutica.
Art. 12. A convocação em tempo de paz é regulada pela legis- § 6º Os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
lação que trata do serviço militar. cujos graus hierárquicos tenham denominação comum, acrescen-
§ 1° Em tempo de paz e independentemente de convocação, tarão aos mesmos, quando julgado necessário, a indicação do res-
os integrantes da reserva poderão ser designados para o serviço pectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço e, se ainda necessário, a
ativo, em caráter transitório e mediante aceitação voluntária. Força Armada a que pertencerem, conforme os regulamentos ou
§ 2º O disposto no parágrafo anterior será regulamentado normas em vigor.
pelo Poder Executivo. § 7º Sempre que o militar da reserva remunerada ou reforma-
do fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as abrevia-
Art. 13. A mobilização é regulada em legislação específica. turas respectivas de sua situação.
Parágrafo único. A incorporação às Forças Armadas de depu-
tados federais e senadores, embora militares e ainda que em Art. 17. A precedência entre militares da ativa do mesmo grau
tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara respectiva. hierárquico, ou correspondente, é assegurada pela antiguidade no
posto ou graduação, salvo nos casos de precedência funcional es-
tabelecida em lei.

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§ 1º A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a § 2º As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser com-
partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção, no- patíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas em le-
meação, declaração ou incorporação, salvo quando estiver taxati- gislação ou regulamentação específicas.
vamente fixada outra data.
§ 2º No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a anti- Art. 21. Os cargos militares são providos com pessoal que sa-
guidade será estabelecida: tisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de qualificação exigi-
a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou Ser- dos para o seu desempenho.
viço, pela posição nas respectivas escalas numéricas ou registros Parágrafo único. O provimento de cargo militar far-se-á por
existentes em cada Força; ato de nomeação ou determinação expressa da autoridade compe-
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação tente.
anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-se-á, su-
cessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de praça e Art. 22. O cargo militar é considerado vago a partir de sua
à data de nascimento para definir a procedência, e, neste último criação e até que um militar nele tome posse, ou desde o momento
caso, o de mais idade será considerado o mais antigo; em que o militar exonerado, ou que tenha recebido determinação
c) na existência de mais de uma data de praça, inclusive de expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro militar
outra Força Singular, prevalece a antiguidade do militar que tiver nele tome posse de acordo com as normas de provimento previstas
maior tempo de efetivo serviço na praça anterior ou nas praças no parágrafo único do artigo anterior.
anteriores; e Parágrafo único. Consideram-se também vagos os cargos mi-
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de mi- litares cujos ocupantes tenham:
litares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não a) falecido;
estiverem especificamente enquadrados nas letras a , b e c. b) sido considerados extraviados;
§ 3º Em igualdade de posto ou de graduação, os militares da c) sido feitos prisioneiros; e
ativa têm precedência sobre os da inatividade. d) sido considerados desertores.
§ 4º Em igualdade de posto ou de graduação, a precedência
entre os militares de carreira na ativa e os da reserva remunerada Art. 23. Função militar é o exercício das obrigações inerentes
ou não, que estejam convocados, é definida pelo tempo de efetivo ao cargo militar.
serviço no posto ou graduação.
Art. 24. Dentro de uma mesma organização militar, a sequên-
Art. 18. Em legislação especial, regular-se-á: cia de substituições para assumir cargo ou responder por funções,
I - a precedência entre militares e civis, em missões bem como as normas, atribuições e responsabilidades relativas, são
diplomá-ticas, ou em comissão no País ou no estrangeiro; e as estabelecidas na legislação ou regulamentação específicas,
II - a precedência nas solenidades oficiais. respeitadas a precedência e a qualificação exigidas para o cargo ou
o exercício da função.
Art. 19. A precedência entre as praças especiais e as demais
praças é assim regulada: Art. 25. O militar ocupante de cargo provido em caráter efeti-
I - os Guardas-Marinha e os Aspirantes-a-Oficial são hierar- vo ou interino, de acordo com o parágrafo único do artigo 21, faz
quicamente superiores às demais praças; jus aos direitos correspondentes ao cargo, conforme previsto em
II - os Aspirantes, alunos da Escola Naval, e os Cadetes, alu- dispositivo legal.
nos da Academia Militar das Agulhas Negras e da Academia da
Força Aérea, bem como os alunos da Escola de Oficiais Especia- Art. 26. As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
listas da Aeronáutica, são hierarquicamente superiores aos subofi- duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como posições
ciais e aos subtenentes; tituladas em “Quadro de Efetivo”, “Quadro de Organização”, “Ta-
III - os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do Colégio bela de Lotação” ou dispositivo legal, são cumpridas como en-
Naval têm precedência sobre os Terceiros-Sargentos, aos quais são cargo, incumbência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de
equiparados; natureza militar.
IV - os alunos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, Parágrafo único. Aplica-se, no que couber, a encargo, incum-
quando fardados, têm precedência sobre os Cabos, aos quais são bência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza mi-
equiparados; e litar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
V - os Cabos têm precedência sobre os alunos das escolas ou
dos centros de formação de sargentos, que a eles são equiparados, TÍTULO II
respeitada, no caso de militares, a antiguidade relativa. Das Obrigações e dos Deveres Militares

CAPÍTULO IV CAPÍTULO I
Do Cargo e da Função Militares Das Obrigações Militares

Art. 20. Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres SEÇÃO IDo Valor Militar
e responsabilidades cometidos a um militar em serviço ativo.
§ 1º O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se en- Art. 27. São manifestações essenciais do valor militar:
contra especificado nos Quadros de Efetivo ou Tabelas de Lotação I - o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cum-
das Forças Armadas ou previsto, caracterizado ou definido como prir o dever militar e pelo solene juramento de fidelidade à Pátria
tal em outras disposições legais. até com o sacrifício da própria vida;

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II - o civismo e o culto das tradições históricas; Art. 29. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte
III - a fé na missão elevada das Forças Armadas; na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou
IV - o espírito de corpo, orgulho do militar pela organização participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anôni-
onde serve; ma ou por quotas de responsabilidade limitada.
V - o amor à profissão das armas e o entusiasmo com que é § 1º Os integrantes da reserva, quando convocados, ficam
exercida; e proibidos de tratar, nas organizações militares e nas repartições
VI - o aprimoramento técnico-profissional. públicas civis, de interesse de organizações ou empresas privadas
de qualquer natureza.
SEÇÃO II § 2º Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a ges-
Da Ética Militar tão de seus bens, desde que não infrinjam o disposto no presente
artigo.
Art. 28. O sentimento do dever, o pundonor militar e o decoro § 3º No intuito de desenvolver a prática profissional, é permi-
da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas, tido aos oficiais titulares dos Quadros ou Serviços de Saúde e de
conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância Veterinária o exercício de atividade técnico-profissional no meio
dos seguintes preceitos de ética militar:
civil, desde que tal prática não prejudique o serviço e não infrinja
I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de
dignidade pessoal; o disposto neste artigo.
II - exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as fun-
Art. 30. Os Ministros das Forças Singulares poderão determi-
ções que lhe couberem em decorrência do cargo;
III - respeitar a dignidade da pessoa humana; nar aos militares da ativa da respectiva Força que, no interesse da
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as ins- salvaguarda da dignidade dos mesmos, informem sobre a origem e
truções e as ordens das autoridades competentes; natureza dos seus bens, sempre que houver razões que recomen-
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na dem tal medida.
aprecia-ção do mérito dos subordinados;
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, CAPÍTULO II
também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da Dos Deveres Militares
missão comum;
VII - empregar todas as suas energias em benefício do ser- SEÇÃO I
viço; Conceituação
VIII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanente-
mente, o espírito de cooperação; Art. 31. Os deveres militares emanam de um conjunto de vín-
IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lingua- culos racionais, bem como morais, que ligam o militar à Pátria e
gem escrita e falada; ao seu serviço, e compreendem, essencialmente:
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria I - a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade
sigilosa de qualquer natureza; e instituições devem ser defendidas mesmo com o sacrifício da
XI - acatar as autoridades civis; própria vida;
XII - cumprir seus deveres de cidadão; II - o culto aos Símbolos Nacionais;
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na par- III - a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
ticular; IV - a disciplina e o respeito à hierarquia;
XIV - observar as normas da boa educação; V - o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e
XV - garantir assistência moral e material ao seu lar e VI - a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com
condu-zir-se como chefe de família modelar; urbanidade.
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na
inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da
SEÇÃO II
disciplina, do respeito e do decoro militar;
Do Compromisso Militar
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encami-
nhar negócios particulares ou de terceiros; Art. 32. Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças Ar-
XVIII - abster-se, na inatividade, do uso das designações madas mediante incorporação, matrícula ou nomeação, prestará
hie-rárquicas: compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação conscien-
a) em atividades político-partidárias; te das obrigações e dos deveres militares e manifestará a sua firme
b) em atividades comerciais; disposição de bem cumpri-los.
c) em atividades industriais;
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a res- Art.. 33. O compromisso do incorporado, do matriculado e do
peito de assuntos políticos ou militares, excetuando-se os de natu- nomeado, a que se refere o artigo anterior, terá caráter solene e será
reza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e sempre prestado sob a forma de juramento à Bandeira na presença
e) no exercício de cargo ou função de natureza civil, mesmo de tropa ou guarnição formada, conforme os dizeres estabelecidos
que seja da Administração Pública; e nos regulamentos específicos das Forças Armadas, e tão logo o
XIX - zelar pelo bom nome das Forças Armadas e de cada um militar tenha adquirido um grau de instrução compatível com o
de seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos perfeito entendimento de seus deveres como integrante das Forças
da ética militar. Armadas.

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§ 1º O compromisso de Guarda-Marinha ou Aspirante-a-O- CAPÍTULO III
ficial é prestado nos estabelecimentos de formação, obedecendo o Da Violação das Obrigações e dos Deveres Militares
cerimonial ao fixado nos respectivos regulamentos.
§ 2º O compromisso como oficial, quando houver, será SEÇÃO I
regu-lado em cada Força Armada. Conceituação

SEÇÃO III Art. 42. A violação das obrigações ou dos deveres militares
Do Comando e da Subordinação constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar, con-
forme dispuser a legislação ou regulamentação específicas.
Art. 34. Comando é a soma de autoridade, deveres e respon- § 1º A violação dos preceitos da ética militar será tão mais
sabilidades de que o militar é investido legalmente quando conduz grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a co-
homens ou dirige uma organização militar. O comando é vincu-lado meter.
ao grau hierárquico e constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo § 2° No concurso de crime militar e de contravenção ou trans-
exercício o militar se define e se caracteriza como chefe. gressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, será aplica-
Parágrafo único. Aplica-se à direção e à chefia de organização da somente a pena relativa ao crime.
militar, no que couber, o estabelecido para comando.
Art. 43. A inobservância dos deveres especificados nas leis e
Art. 35. A subordinação não afeta, de modo algum, a dignida- regulamentos, ou a falta de exação no cumprimento dos mesmos,
de pessoal do militar e decorre, exclusivamente, da estrutura hie- acarreta para o militar responsabilidade funcional, pecuniária, dis-
rarquizada das Forças Armadas. ciplinar ou penal, consoante a legislação específica.
Parágrafo único. A apuração da responsabilidade funcional,
Art. 36. O oficial é preparado, ao longo da carreira, para o pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela incompatibi-
exercício de funções de comando, de chefia e de direção. lidade do militar com o cargo ou pela incapacidade para o exercí-
cio das funções militares a ele inerentes.
Art. 37. Os graduados auxiliam ou complementam as ativi-
dades dos oficiais, quer no adestramento e no emprego de meios, Art. 44. O militar que, por sua atuação, se tornar incompatível
quer na instrução e na administração. com o cargo, ou demonstrar incapacidade no exercício de funções
Parágrafo único. No exercício das atividades mencionadas neste militares a ele inerentes, será afastado do cargo.
artigo e no comando de elementos subordinados, os subofi-ciais, os § 1º São competentes para determinar o imediato
subtenentes e os sargentos deverão impor-se pela lealda-de, pelo afastamento do cargo ou o impedimento do exercício da função:
exemplo e pela capacidade profissional e técnica, incum-bindo-lhes a) o Presidente da República;
assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das b) os titulares das respectivas pastas militares e o Chefe do
regras do serviço e das normas operativas pelas praças que lhes Estado-Maior das Forças Armadas; e
estiverem diretamente subordinadas e a manutenção da coesão e do c) os comandantes, os chefes e os diretores, na conformidade da
moral das mesmas praças em todas as circunstâncias. legislação ou regulamentação específica de cada Força Armada.
§ 2º O militar afastado do cargo, nas condições mencionadas
Art. 38. Os Cabos, Taifeiros-Mores, Soldados-de-Primei-ra- neste artigo, ficará privado do exercício de qualquer função militar até
Classe, Taifeiros-de-Primeira-Classe, Marinheiros, Soldados, a solução do processo ou das providências legais cabíveis.
Soldados-de-Segunda-Classe e Taifeiros-de-Segunda-Classe são,
essencialmente, elementos de execução. Art. 45. São proibidas quaisquer manifestações coletivas, tan-
to sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou
Art. 39. Os Marinheiros-Recrutas, Recrutas, Soldados-Recru- político.
tas e Soldados-de-Segunda-Classe constituem os elementos in-
corporados às Forças Armadas para a prestação do serviço militar SEÇÃO II
inicial. Dos Crimes Militares

Art. 40. Às praças especiais cabe a rigorosa observância das Art. 46. O Código Penal Militar relaciona e classifica os cri-
prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes, exigindo- mes militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e dispõe so-
se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-pro- bre a aplicação aos militares das penas correspondentes aos crimes
fissional. por eles cometidos.
Parágrafo único. Às praças especiais também se assegura a
prestação do serviço militar inicial. SEÇÃO III
Das Contravenções ou Transgressões Disciplinares
Art. 41. Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas de-
cisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar. Art. 47. Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas
especificarão e classificarão as contravenções ou transgressões dis-
ciplinares e estabelecerão as normas relativas à amplitude e apli-cação
das penas disciplinares, à classificação do comportamento militar e à
interposição de recursos contra as penas disciplinares.

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§ 1º As penas disciplinares de impedimento, detenção ou IV - nas condições ou nas limitações impostas na legislação e
pri-são não podem ultrapassar 30 (trinta) dias. regulamentação específicas:
§ 2º À praça especial aplicam-se, também, as disposições dis- a) a estabilidade, quando praça com 10 (dez) ou mais anos
ciplinares previstas no regulamento do estabelecimento de ensino de tempo de efetivo serviço;
onde estiver matriculada. b) o uso das designações hierárquicas;
c) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à gradua-
SEÇÃO IV ção;
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina d) a percepção de remuneração;
e) a assistência médico-hospitalar para si e seus dependentes,
Art. 48. O oficial presumivelmente incapaz de permanecer assim entendida como o conjunto de atividades relacionadas com
como militar da ativa será, na forma da legislação específica, sub- a prevenção, conservação ou recuperação da saúde, abrangendo
metido a Conselho de Justificação. ser-viços profissionais médicos, farmacêuticos e odontológicos,
§ 1º O oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação,
bem como o fornecimento, a aplicação de meios e os cuidados e
poderá ser afastado do exercício de suas funções, a critério do res-
demais atos médicos e paramédicos necessários;
pectivo Ministro, conforme estabelecido em legislação específica.
§ 2º Compete ao Superior Tribunal Militar, em tempo de paz, ou
f) o funeral para si e seus dependentes, constituindo-se no
a Tribunal Especial, em tempo de guerra, julgar, em instância conjunto de medidas tomadas pelo Estado, quando solicitado, des-
única, os processos oriundos dos Conselhos de Justificação, nos de o óbito até o sepultamento condigno;
ca-sos previstos em lei específica. g) a alimentação, assim entendida como as refeições forneci-
§ 3º A Conselho de Justificação poderá, também, ser submeti- das aos militares em atividade;
do o oficial da reserva remunerada ou reformado, presumivelmente h) o fardamento, constituindo-se no conjunto de uniformes,
incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se en- roupa branca e roupa de cama, fornecido ao militar na ativa de gra-
contra. duação inferior a terceiro-sargento e, em casos especiais, a outros
militares;
Art. 49. O Guarda-Marinha, o Aspirante-a-Oficial e as praças i) a moradia para o militar em atividade, compreendendo:
com estabilidade assegurada, presumivelmente incapazes de per- 1 - alojamento em organização militar, quando aquartelado
manecerem como militares da ativa, serão submetidos a Conselho ou embarcado; e
de Disciplina e afastados das atividades que estiverem exercendo, 2 - habitação para si e seus dependentes; em imóvel sob a
na forma da regulamentação específica. responsabilidade da União, de acordo com a disponibilidade exis-
§ 1º O Conselho de Disciplina obedecerá a normas comuns tente.
às três Forças Armadas. j) (Revogada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
§ 2º Compete aos Ministros das Forças Singulares julgar, em 31.8.2001)
última instância, os processos oriundos dos Conselhos de Discipli-na l) a constituição de pensão militar;
convocados no âmbito das respectivas Forças Armadas. m) a promoção;
§ 3º A Conselho de Disciplina poderá, também, ser submetida a n) a transferência a pedido para a reserva remunerada;
praça na reserva remunerada ou reformada, presumivelmente in-capaz o) as férias, os afastamentos temporários do serviço e as li-
de permanecer na situação de inatividade em que se encontra. cenças;
p) a demissão e o licenciamento voluntários;
TÍTULO III q) o porte de arma quando oficial em serviço ativo ou em
Dos Direitos e das Prerrogativas dos Militares inatividade, salvo caso de inatividade por alienação mental ou con-
denação por crimes contra a segurança do Estado ou por atividades
CAPÍTULO I
que desaconselhem aquele porte;
Dos Direitos
r) o porte de arma, pelas praças, com as restrições impostas
SEÇÃO I pela respectiva Força Armada; e
Enumeração s) outros direitos previstos em leis específicas.
§ 1º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
Art. 50. São direitos dos militares: 31.8.2001)
I - a garantia da patente em toda a sua plenitude, com as van- § 2° São considerados dependentes do militar:
tagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quando oficial, nos I - a esposa;
termos da Constituição; II - o filho menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou
II - o provento calculado com base no soldo integral do posto ou interdito;
graduação que possuía quando da transferência para a inativida-de III - a filha solteira, desde que não receba remuneração;
remunerada, se contar com mais de trinta anos de serviço; (Re-dação IV - o filho estudante, menor de 24 (vinte e quatro) anos,
dada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001) desde que não receba remuneração;
III - o provento calculado com base no soldo integral do pos- V - a mãe viúva, desde que não receba remuneração;
to ou graduação quando, não contando trinta anos de serviço, for VI - o enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas con-
transferido para a reserva remunerada, ex officio, por ter atingido dições dos itens II, III e IV;
a idade-limite de permanência em atividade no posto ou na gra- VII - a viúva do militar, enquanto permanecer neste estado, e os
duação, ou ter sido abrangido pela quota compulsória; e (Redação demais dependentes mencionados nos itens II, III, IV, V e VI deste
dada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001) parágrafo, desde que vivam sob a responsabilidade da viúva;

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VIII - a ex-esposa com direito à pensão alimentícia estabe- a) se contar menos de 5 (cinco) anos de serviço, será, ao se
lecida por sentença transitada em julgado, enquanto não contrair candidatar a cargo eletivo, excluído do serviço ativo mediante de-
novo matrimônio. missão ou licenciamento ex officio ; e
§ 3º São, ainda, considerados dependentes do militar, desde b) se em atividade, com 5 (cinco) ou mais anos de serviço,
que vivam sob sua dependência econômica, sob o mesmo teto, e será, ao se candidatar a cargo eletivo, afastado, temporariamente,
quando expressamente declarados na organização militar compe- do serviço ativo e agregado, considerado em licença para tratar de
tente: interesse particular; se eleito, será, no ato da diplomação, transfe-
a) a filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viúvas, rido para a reserva remunerada, percebendo a remuneração a que
separadas judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam fizer jus em função do seu tempo de serviço.
remuneração;
b) a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou solteira, SEÇÃO II
bem como separadas judicialmente ou divorciadas, desde que, em Da Remuneração
qualquer dessas situações, não recebam remuneração;
c) os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e Art. 53. A remuneração dos militares será estabelecida em
respec-tivos cônjuges, estes desde que não recebam remuneração; legislação específica, comum às Forças Armadas. (Redação dada
d) o pai maior de 60 (sessenta) anos e seu respectivo pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001)
cônjuge, desde que ambos não recebam remuneração; I - na ativa; (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)
e) o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores ou a) soldo, gratificações e indenizações regulares; (Redação
invá-lidos ou interditos, sem outro arrimo; dada pela Lei nº 8.237, de 1991)
f) a irmã, a cunhada e a sobrinha, solteiras, viúvas, separadas II - na inatividade: (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)
judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam remunera- a) proventos, constituídos de soldo os quotas de soldo e grati-
ção; ficações incorporáveis; (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)
g) o neto, órfão, menor inválido ou interdito; b) adicionais. (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)
h) a pessoa que viva, no mínimo há 5 (cinco) anos, sob a sua
exclusiva dependência econômica, comprovada mediante justifi- Art. 54. O soldo é irredutível e não está sujeito à penhora,
cação judicial;
i) a companheira, desde que viva em sua companhia há mais sequestro ou arresto, exceto nos casos previstos em lei.
de 5 (cinco) anos, comprovada por justificação judicial; e
Art. 55. O valor do soldo é igual para o militar da ativa, da reserva
j) o menor que esteja sob sua guarda, sustento e
remunerada ou reformado, de um mesmo grau hierárquico, ressalvado
responsabili-dade, mediante autorização judicial.
§ 4º Para efeito do disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, não o disposto no item II, do caput , do artigo 50.
serão considerados como remuneração os rendimentos não-pro-
Art. 56. Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o mi-litar
venientes de trabalho assalariado, ainda que recebidos dos cofres terá direito a tantas quotas de soldo quantos forem os anos de serviço,
públicos, ou a remuneração que, mesmo resultante de relação de computáveis para a inatividade, até o máximo de 30 (trin-ta) anos,
trabalho, não enseje ao dependente do militar qualquer direito à ressalvado o disposto no item III do caput , do artigo 50.
assistência previdenciária oficial. Parágrafo único. Para efeito de contagem das quotas, a fração
Art. 51. O militar que se julgar prejudicado ou ofendido por de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias será consi-
qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior hierárquico derada 1 (um) ano.
poderá recorrer ou interpor pedido de reconsideração, queixa ou
representação, segundo regulamentação específica de cada Força Art. 57. Nos termos do § 9º, do artigo 93, da Constituição, a
Armada. proibição de acumular proventos de inatividade não se aplica aos
§ 1º O direito de recorrer na esfera administrativa prescre- militares da reserva remunerada e aos reformados quanto ao
verá: exercício de mandato eletivo, quanto ao de função de magistério
a) em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimento da ou de cargo em comissão ou quanto ao contrato para prestação de
comunicação oficial, quanto a ato que decorra de inclusão em quo- serviços técnicos ou especializados.
ta compulsória ou de composição de Quadro de Acesso; e
b) em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos. Art. 58. Os proventos de inatividade serão revistos sempre
§ 2º O pedido de reconsideração, a queixa e a representação que, por motivo de alteração do poder aquisitivo da moeda, se mo-
não podem ser feitos coletivamente. dificarem os vencimentos dos militares em serviço ativo.
§ 3º O militar só poderá recorrer ao Judiciário após esgotados Parágrafo único. Ressalvados os casos previstos em lei, os
todos os recursos administrativos e deverá participar esta iniciati-va, proventos da inatividade não poderão exceder à remuneração per-
antecipadamente, à autoridade à qual estiver subordinado. cebida pelo militar da ativa no posto ou graduação correspondente
aos dos seus proventos.
Art. 52. Os militares são alistáveis, como eleitores, desde que
oficiais, guardas-marinha ou aspirantes-a-oficial, suboficiais ou
subtenentes, sargentos ou alunos das escolas militares de nível su-
perior para formação de oficiais.
Parágrafo único. Os militares alistáveis são elegíveis, atendi-
das às seguintes condições:

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SEÇÃO III b) na data fixada na Lei de Promoções de Oficiais da Ativa
Da Promoção das Forças Armadas ou seus regulamentos, em casos neles indi-
cados; e
Art. 59. O acesso na hierarquia militar, fundamentado prin- c) na data oficial do óbito do militar.
cipalmente no valor moral e profissional, é seletivo, gradual e su-
cessivo e será feito mediante promoções, de conformidade com a Art. 62. Não haverá promoção de militar por ocasião de sua
legislação e regulamentação de promoções de oficiais e de praças,
transferência para a reserva remunerada ou reforma.
de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para
os militares. SEÇÃO IV
Parágrafo único. O planejamento da carreira dos oficiais e das Das Férias e de Outros Afastamentos
praças é atribuição de cada um dos Ministérios das Forças Singu- Temporários do Serviço
lares.
Art. 63. Férias são afastamentos totais do serviço, anual e
Art. 60. As promoções serão efetuadas pelos critérios de an-
tiguidade, merecimento ou escolha, ou, ainda, por bravura e post obrigatoriamente concedidos aos militares para descanso, a par-tir
mortem . do último mês do ano a que se referem e durante todo o ano
§ 1º Em casos extraordinários e independentemente de seguinte.
vagas, poderá haver promoção em ressarcimento de preterição. § 1º O Poder Executivo fixará a duração das férias, inclusive
§ 2º A promoção de militar feita em ressarcimento de prete- para os militares servindo em localidades especiais.
rição será efetuada segundo os critérios de antiguidade ou mere- § 2º Compete aos Ministros Militares regulamentar a
cimento, recebendo ele o número que lhe competir na escala hie- conces-são de férias.
rárquica, como se houvesse sido promovido, na época devida, pelo § 3o A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo ante-
critério em que ora é feita sua promoção. rior de licença para tratamento de saúde, nem por punição anterior
decorrente de contravenção ou transgressão disciplinar, ou pelo
Art. 61. A fim de manter a renovação, o equilíbrio e a regula- estado de guerra, ou para que sejam cumpridos atos em serviço,
ridade de acesso nos diferentes Corpos, Quadros, Armas ou Servi- bem como não anula o direito àquela licença. (Redação dada pela
ços, haverá anual e obrigatoriamente um número fixado de vagas Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001)
à promoção, nas proporções abaixo indicadas: § 4º Somente em casos de interesse da segurança nacional, de
I - Almirantes-de-Esquadra, Generais-de-Exército e Tenentes - manutenção da ordem, de extrema necessidade do serviço, de
Brigadeiros - 1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros; transferência para a inatividade, ou para cumprimento de punição
II - Vice-Almirantes, Generais-de-Divisão e Majores-Briga- decorrente de contravenção ou de transgressão disciplinar de natu-reza
deiros - 1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros; grave e em caso de baixa a hospital, os militares terão inter-rompido
III - Contra-Almirantes, Generais-de-Brigada e Brigadeiros - ou deixarão de gozar na época prevista o período de férias a que
1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros; tiverem direito, registrando-se o fato em seus assentamentos.
IV - Capitães-de-Mar-e-Guerra e Coronéis - no mínimo 1/8 (um § 5º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
oitavo) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços; V -
31.8.2001)
Capitães-de-Fragata e Tenentes-Coronéis - no mínimo 1/15 (um
quinze avos) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas
Art. 64. Os militares têm direito, ainda, aos seguintes períodos
ou Serviços;
de afastamento total do serviço, obedecidas às disposições legais e
VI - Capitães-de-Corveta e Majores - no mínimo 1/20 (um vinte
regulamentares, por motivo de:
avos) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços; e
VII - Oficiais dos 3 (três) últimos postos dos Quadros de que I - núpcias: 8 (oito) dias;
trata a alínea b do inciso I do art. 98, 1/4 para o último posto, no II - luto: 8 (oito) dias;
mínimo 1/10 para o penúltimo posto, e no mínimo 1/15 para o III - instalação: até 10 (dez) dias;
antepenúltimo posto, dos respectivos Quadros, exceto quando o e IV - trânsito: até 30 (trinta) dias.
último e o penúltimo postos forem Capitão-Tenente ou capitão e
1º Tenente, caso em que as proporções serão no mínimo 1/10 e Art. 65. As férias e os afastamentos mencionados no artigo
1/20, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988) anterior são concedidos com a remuneração prevista na legislação
§ 1º O número de vagas para promoção obrigatória em cada específica e computados como tempo de efetivo serviço para todos
ano-base para os postos relativos aos itens IV, V, VI e VII deste os efeitos legais.
artigo será fixado, para cada Força, em decretos separados, até o
dia 15 (quinze) de janeiro do ano seguinte. Art. 66. As férias, instalação e trânsito dos militares que se en-
§ 2º As frações que resultarem da aplicação das proporções contrem a serviço no estrangeiro devem ter regulamentação idên-
estabelecidas neste artigo serão adicionadas, cumulativamente, aos tica para as três Forças Armadas.
cálculos correspondentes dos anos seguintes, até completar-se pelo
menos 1 (um) inteiro que, então, será computado para obten-ção SEÇÃO V
de uma vaga para promoção obrigatória. Das Licenças
§ 3º As vagas serão consideradas abertas:
a) na data da assinatura do ato que promover, passar para a Art. 67. Licença é a autorização para afastamento total do ser-
inatividade, transferir de Corpo ou Quadro, demitir ou agregar o viço, em caráter temporário, concedida ao militar, obedecidas às
militar; disposições legais e regulamentares.

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§ 1º A licença pode ser: § 1o A interrupção da licença especial, da licença para tratar
a) (Revogada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de de interesse particular e da licença para acompanhar cônjuge ou
31.8.2001) companheiro(a) poderá ocorrer: (Redação dada pela Lei nº 11.447,
b) para tratar de interesse particular; de 2007)
c) para tratamento de saúde de pessoa da família; e a) em caso de mobilização e estado de guerra;
d) para tratamento de saúde própria. b) em caso de decretação de estado de emergência ou de es-
e) para acompanhar cônjuge ou companheiro(a). (Redação tado de sítio;
dada pela Lei nº 11.447, de 2007) c) para cumprimento de sentença que importe em restrição
§ 2º A remuneração do militar licenciado será regulada em da liberdade individual;
legislação específica. d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme regu-
§ 3o A concessão da licença é regulada pelo Comandante da lamentação de cada Força. (Redação dada pela Medida Provisória
Força. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de nº 2.215-10, de 31.8.2001)
31.8.2001) e) em caso de denúncia ou de pronúncia em processo criminal
ou indiciação em inquérito militar, a juízo da autoridade que efeti-
Art. 68. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de vou a denúncia, a pronúncia ou a indiciação.
31.8.2001) § 2o A interrupção da licença para tratar de interesse particu-
lar e da licença para acompanhar cônjuge ou companheiro(a) será
Art. 69. Licença para tratar de interesse particular é a autori- definitiva quando o militar for reformado ou transferido, de ofício,
zação para o afastamento total do serviço, concedida ao militar, para a reserva remunerada.(Redação dada pela Lei nº 11.447, de
com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço, que a requeira com 2007)
aquela finalidade. § 3º A interrupção da licença para tratamento de saúde de pes-
Parágrafo único. A licença de que trata este artigo será sempre
soa da família, para cumprimento de pena disciplinar que importe em
concedida com prejuízo da remuneração e da contagem de tempo
restrição da liberdade individual, será regulada em cada Força.
de efetivo serviço, exceto, quanto a este último, para fins de indi-
cação para a quota compulsória. SEÇÃO VI
Da Pensão Militar
Art. 69-A. Licença para acompanhar cônjuge ou companhei-
ro(a) é a autorização para o afastamento total do serviço, conce-
Art. 71. A pensão militar destina-se a amparar os beneficiários
dida a militar com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço que a
do militar falecido ou extraviado e será paga conforme o disposto
requeira para acompanhar cônjuge ou companheiro(a) que, sendo
servidor público da União ou militar das Forças Armadas, for, de em legislação específica.
ofício, exercer atividade em órgão público federal situado em ou- § 1º Para fins de aplicação da legislação específica, será con-
tro ponto do território nacional ou no exterior, diverso da locali- siderado como posto ou graduação do militar o correspondente ao
zação da organização militar do requerente. (Incluído pela Lei nº soldo sobre o qual forem calculadas as suas contribuições.
11.447, de 2007) § 2º Todos os militares são contribuintes obrigatórios da pen-
§ 1o A licença será concedida sempre com prejuízo da remu- são militar correspondente ao seu posto ou graduação, com as ex-
neração e da contagem de tempo de efetivo serviço, exceto, quanto ceções previstas em legislação específica.
a este último, para fins de indicação para a quota compulsória. (In- § 3º Todo militar é obrigado a fazer sua declaração de benefi-
cluído pela Lei nº 11.447, de 2007) ciários que, salvo prova em contrário, prevalecerá para a habilita-
§ 2o O prazo-limite para a licença será de 36 (trinta e seis) me- ção dos mesmos à pensão militar.
ses, podendo ser concedido de forma contínua ou fracionada. (In-
cluído pela Lei nº 11.447, de 2007) Art. 72. A pensão militar defere-se nas prioridades e condi-
§ 3o Para a concessão da licença para acompanhar compa- ções estabelecidas em legislação específica.
nheiro(a), há necessidade de que seja reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, de acordo com CAPÍTULO II
a legislação específica.(Incluído pela Lei nº 11.447, de 2007) Das Prerrogativas
§ 4o Não será concedida a licença de que trata este artigo
quando o militar acompanhante puder ser passado à disposição ou SEÇÃO I
à situação de adido ou ser classificado/lotado em organização Constituição e Enumeração
militar das Forças Armadas para o desempenho de funções com-
patíveis com o seu nível hierárquico. (Incluído pela Lei nº 11.447, Art. 73. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas
de 2007) honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e
§ 5o A passagem à disposição ou à situação de adido ou a clas- cargos.
sificação/lotação em organização militar, de que trata o § 4o des-te Parágrafo único. São prerrogativas dos militares:
artigo, será efetivada sem ônus para a União e sempre com a a) uso de títulos, uniformes, distintivos, insígnias e emblemas
aquiescência das Forças Armadas envolvidas. (Incluído pela Lei nº militares das Forças Armadas, correspondentes ao posto ou gra-
11.447, de 2007) duação, Corpo, Quadro, Arma, Serviço ou Cargo;
b) honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam
Art. 70. As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou asse-gurados em leis e regulamentos;
nas condições estabelecidas neste artigo.

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c) cumprimento de pena de prisão ou detenção somente em Art. 79. É vedado às Forças Auxiliares e a qualquer elemento
organização militar da respectiva Força cujo comandante, chefe ou civil ou organizações civis usar uniformes ou ostentar distintivos,
diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou, na impos- insígnias ou emblemas que possam ser confundidos com os adota-
sibilidade de cumprir esta disposição, em organização militar de dos nas Forças Armadas.
outra Força cujo comandante, chefe ou diretor tenha a necessária Parágrafo único. São responsáveis pela infração das dispo-
precedência; e sições deste artigo, além dos indivíduos que a tenham cometido, os
d) julgamento em foro especial, nos crimes militares. comandantes das Forças Auxiliares, diretores ou chefes de re-
partições, organizações de qualquer natureza, firmas ou emprega-
Art. 74. Somente em caso de flagrante delito o militar poderá dores, empresas, institutos ou departamentos que tenham adotado
ser preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a entregá - ou consentido sejam usados uniformes ou ostentados distintivos,
lo imediatamente à autoridade militar mais próxima, só podendo insígnias ou emblemas que possam ser confundidos com os adota-
retê-lo, na delegacia ou posto policial, durante o tempo necessário dos nas Forças Armadas.
à lavratura do flagrante.
§ 1º Cabe à autoridade militar competente a iniciativa de TÍTULO IV
responsabilizar a autoridade policial que não cumprir ao dispos-to Das Disposições Diversas
neste artigo e a que maltratar ou consentir que seja maltratado
qualquer preso militar ou não lhe der o tratamento devido ao seu CAPÍTULO I
posto ou graduação. Das Situações Especiais
§ 2º Se, durante o processo e julgamento no foro civil, houver
perigo de vida para qualquer preso militar, a autoridade militar SEÇÃO I
competente, mediante requisição da autoridade judiciária, manda- Da Agregação
rá guardar os pretórios ou tribunais por força federal.
Art. 80. Agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa
Art. 75. Os militares da ativa, no exercício de funções milita-
de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma
res, são dispensados do serviço na instituição do Júri e do serviço
ou Serviço, nela permanecendo sem número.
na Justiça Eleitoral.
Art. 81. O militar será agregado e considerado, para todos os
SEÇÃO II
efeitos legais, como em serviço ativo quando:
Do Uso dos Uniformes
I - for nomeado para cargo, militar ou considerado de na-
tureza militar, estabelecido em lei ou decreto, no País ou no es-
Art. 76. Os uniformes das Forças Armadas, com seus distin-
tivos, insígnias e emblemas, são privativos dos militares e sim- trangeiro, não-previsto nos Quadros de Organização ou Tabelas de
bolizam a autoridade militar, com as prerrogativas que lhe são Lotação da respectiva Força Armada, exceção feita aos membros
inerentes. das comissões de estudo ou de aquisição de material, aos obser-
Parágrafo único. Constituem crimes previstos na legislação vadores de guerra e aos estagiários para aperfeiçoamento de co-
nhecimentos militares em organizações militares ou industriais no
específica o desrespeito aos uniformes, distintivos, insígnias e em-
estrangeiro;
blemas militares, bem como seu uso por quem a eles não tiver
II - for posto à disposição exclusiva do Ministério da Defesa
direito.
ou de Força Armada diversa daquela a que pertença, para ocupar
Art. 77. O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias e cargo militar ou considerado de natureza militar; (Redação dada
emblemas, bem como os modelos, descrição, composição, peças pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001)
acessórias e outras disposições, são os estabelecidos na regula- III - aguardar transferência ex officio para a reserva, por ter
mentação específica de cada Força Armada. sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que a motivaram;
§ 1º É proibido ao militar o uso dos uniformes: IV - o órgão competente para formalizar o respectivo proces-
a) em manifestação de caráter político-partidária; so tiver conhecimento oficial do pedido de transferência do militar
b) em atividade não-militar no estrangeiro, salvo quando ex- para a reserva; e
pressamente determinado ou autorizado; e V - houver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos na situação
c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades mili- de convocado para funcionar como Ministro do Superior Tribunal
tares, a cerimônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou a Militar.
atos sociais solenes de caráter particular, desde que autorizado. § 1º A agregação de militar nos casos dos itens I e II é conta-da
§ 2º O oficial na inatividade, quando no cargo de Ministro de a partir da data da posse no novo cargo até o regresso à Força Armada
Estado da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, poderá usar a que pertence ou a transferência ex officio para a reserva.
os mesmos uniformes dos militares na ativa. § 2º A agregação de militar no caso do item III é contada a
§ 3º Os militares na inatividade cuja conduta possa ser con- partir da data indicada no ato que tornar público o respectivo
siderada como ofensiva à dignidade da classe poderão ser defini- evento.
tivamente proibidos de usar uniformes por decisão do Ministro da § 3º A agregação de militar no caso do item IV é contada a
respectiva Força Singular. partir da data indicada no ato que tornar pública a comunicação
oficial até a transferência para a reserva.
Art. 78. O militar fardado tem as obrigações correspondentes § 4º A agregação de militar no caso do item V é contada a
ao uniforme que use e aos distintivos, emblemas ou às insígnias partir do primeiro dia após o respectivo prazo e enquanto durar o
que ostente. evento.

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Art. 82. O militar será agregado quando for afastado Art. 85. A agregação se faz por ato do Presidente da República ou
tempora-riamente do serviço ativo por motivo de: da autoridade à qual tenha sido delegada a devida competência.
I - ter sido julgado incapaz temporariamente, após 1 (um)
ano contínuo de tratamento; SEÇÃO II
II - haver ultrapassado 1 (um) ano contínuo em licença para Da Reversão
tratamento de saúde própria;
III - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença Art. 86. Reversão é o ato pelo qual o militar agregado retorna
para tratar de interesse particular ou em licença para acompanhar ao respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço tão logo cesse o
cônjuge ou companheiro(a); (Redação dada pela Lei nº 11.447, de motivo que determinou sua agregação, voltando a ocupar o lugar
2007) que lhe competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga
IV - haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença que ocorrer, observado o disposto no § 3° do artigo 100.
para tratar de saúde de pessoa da família; Parágrafo único. Em qualquer tempo poderá ser determinada
V - ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto a reversão do militar agregado nos casos previstos nos itens IX,
tramita o processo de reforma;
XII e XIII do artigo 82.
VI - ter sido considerado oficialmente extraviado;
VII - ter-se esgotado o prazo que caracteriza o crime de de- Art. 87. A reversão será efetuada mediante ato do Presidente
serção previsto no Código Penal Militar, se oficial ou praça com
estabilidade assegurada; da República ou da autoridade à qual tenha sido delegada a devida
VIII - como desertor, ter-se apresentado voluntariamente, ou competência.
ter sido capturado, e reincluído a fim de se ver processar;
IX - se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição SEÇÃO III
da Justiça Comum; Do Excedente
X - ter sido condenado à pena restritiva de liberdade superior
a 6 (seis) meses, em sentença transitada em julgado, enquanto du- Art. 88. Excedente é a situação transitória a que, automatica-
rar a execução, excluído o período de sua suspensão condicional, mente, passa o militar que:
se concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer às I - tendo cessado o motivo que determinou sua agregação,
Forças Armadas ou com elas incompatível; reverta ao respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, estando
XI - ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do qualquer destes com seu efetivo completo;
posto, graduação, cargo ou função prevista no Código Penal II - aguarda a colocação a que faz jus na escala hierárquica,
Militar; após haver sido transferido de Corpo ou Quadro, estando os mes-
XII - ter passado à disposição de Ministério Civil, de órgão mos com seu efetivo completo;
do Governo Federal, de Governo Estadual, de Território ou III - é promovido por bravura, sem haver
Distrito Federal, para exercer função de natureza civil; vaga; IV - é promovido indevidamente;
XIII - ter sido nomeado para qualquer cargo público civil V - sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica,
temporário, não-eletivo, inclusive da administração indireta; e ultrapasse o efetivo de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, em
XIV - ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que conte 5 virtude de promoção de outro militar em ressarcimento de prete-
(cinco) ou mais anos de serviço. rição; e
§ 1° A agregação de militar nos casos dos itens I, II, III e IV VI - tendo cessado o motivo que determinou sua reforma por
é contada a partir do primeiro dia após os respectivos prazos e incapacidade definitiva, retorne ao respectivo Corpo, Quadro,
enquanto durar o evento. Arma ou Serviço, estando qualquer destes com seu efetivo com-
§ 2º A agregação de militar nos casos dos itens V, VI, VII, pleto.
VIII, IX, X e XI é contada a partir da data indicada no ato que § 1º O militar cuja situação é a de excedente, salvo o indevi-
tornar público o respectivo evento. damente promovido, ocupa a mesma posição relativa, em antigui-
§ 3º A agregação de militar nos casos dos itens XII e XIII dade, que lhe cabe na escala hierárquica e receberá o número que
é contada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso à
lhe competir, em consequência da primeira vaga que se verificar,
Força Armada a que pertence ou transferência ex officio para a
reserva. observado o disposto no § 3º do artigo 100.
§ 2º O militar, cuja situação é de excedente, é considerado,
§ 4º A agregação de militar no caso do item XIV é contada a
para todos os efeitos, como em efetivo serviço e concorre, respei-
partir da data do registro como candidato até sua diplomação ou
tados os requisitos legais, em igualdade de condições e sem nenhu-
seu regresso à Força Armada a que pertence, se não houver sido
ma restrição, a qualquer cargo militar, bem como à promoção e à
eleito.
quota compulsória.
Art. 83. O militar agregado fica sujeito às obrigações discipli- § 3º O militar promovido por bravura sem haver vaga ocupa-
nares concernentes às suas relações com outros militares e autori- rá a primeira vaga aberta, observado o disposto no § 3º do artigo
dades civis, salvo quando titular de cargo que lhe dê precedência 100, deslocando o critério de promoção a ser seguido para a vaga
funcional sobre outros militares mais graduados ou mais antigos. seguinte.
§ 4º O militar promovido indevidamente só contará antigui-
Art. 84. O militar agregado ficará adido, para efeito de altera- dade e receberá o número que lhe competir na escala hierárquica
ções e remuneração, à organização militar que lhe for designada, quando a vaga que deverá preencher corresponder ao critério pelo
continuando a figurar no respectivo registro, sem número, no qual deveria ter sido promovido, desde que satisfaça aos requisitos
lugar que até então ocupava. para promoção.

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SEÇÃO IV § 1º O militar excluído do serviço ativo e desligado da orga-
Do Ausente e do Desertor nização a que estiver vinculado passará a integrar a reserva das
Forças Armadas, exceto se incidir em qualquer dos itens II, IV, VI,
Art. 89. É considerado ausente o militar que, por mais de 24 VIII, IX, X e XI deste artigo ou for licenciado, ex officio , a bem
(vinte e quatro) horas consecutivas: da disciplina.
I - deixar de comparecer à sua organização militar sem § 2º Os atos referentes às situações de que trata o presente
comu-nicar qualquer motivo de impedimento; e artigo são da alçada do Presidente da República, ou da autoridade
II - ausentar-se, sem licença, da organização militar onde competente para realizá-los, por delegação.
ser-ve ou local onde deve permanecer.
Parágrafo único. Decorrido o prazo mencionado neste artigo, Art. 95. O militar na ativa, enquadrado em um dos itens I, II,
serão observadas as formalidades previstas em legislação especí- V e VII do artigo anterior, ou demissionário a pedido, continuará
fica. no exercício de suas funções até ser desligado da organização
militar em que serve.
Art. 90. O militar é considerado desertor nos casos previstos § 1º O desligamento do militar da organização em que serve
na legislação penal militar. deverá ser feito após a publicação em Diário Oficial , em Boletim
ou em Ordem de Serviço de sua organização militar, do ato oficial
SEÇÃO V correspondente, e não poderá exceder 45 (quarenta e cinco) dias
Do Desaparecido e do Extraviado da data da primeira publicação oficial.
§ 2º Ultrapassado o prazo a que se refere o parágrafo anterior,
Art. 91. É considerado desaparecido o militar na ativa que, no o militar será considerado desligado da organização a que estiver
desempenho de qualquer serviço, em viagem, em campanha ou em vinculado, deixando de contar tempo de serviço, para fins de trans-
caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais de ferência para a inatividade.
8 (oito) dias.
Parágrafo único. A situação de desaparecimento só será con- SEÇÃO II
siderada quando não houver indício de deserção. Da Transferência para a Reserva Remunerada

Art. 92. O militar que, na forma do artigo anterior, permanecer Art. 96. A passagem do militar à situação de inatividade, me-
desaparecido por mais de 30 (trinta) dias, ser oficialmente consi- diante transferência para a reserva remunerada, se efetua:
derado extraviado. I - a pedido; e
II - ex officio .
SEÇÃO VI Parágrafo único. A transferência do militar para a reserva
Do Comissionado remunerada pode ser suspensa na vigência do estado de guerra,
estado de sítio, estado de emergência ou em caso de mobilização.
Art. 93. Após a declaração de estado de guerra, os militares em
serviço ativo poderão ser comissionados, temporariamente, em postos Art. 97. A transferência para a reserva remunerada, a pedido,
ou graduações superiores aos que efetivamente possuírem. será concedida mediante requerimento, ao militar que contar, no
Parágrafo único. O comissionamento de que trata este artigo mínimo, 30 (trinta) anos de serviço.
será regulado em legislação específica. § 1º O oficial da ativa pode pleitear transferência para a re-
serva remunerada mediante inclusão voluntária na quota compul-
CAPÍTULO II sória.
Da Exclusão do Serviço Ativo § 2º No caso de o militar haver realizado qualquer curso ou
estágio de duração superior a 6 ( seis ) meses, por conta da União, no
SEÇÃO I estrangeiro, sem haver decorrido 3 (três) anos de seu término, a
Da Ocorrência transferência para a reserva só será concedida mediante indeniza-ção
de todas as despesas correspondentes à realização do referido curso ou
Art. 94. A exclusão do serviço ativo das Forças Armadas e o estágio, inclusive as diferenças de vencimentos. O cál-culo da
consequente desligamento da organização a que estiver vinculado indenização será efetuado pelos respectivos Ministérios.
o militar decorrem dos seguintes motivos: (Vide Decreto nº 2.790, § 3º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos ofi-
de 1998) ciais que deixem de ser incluídos em Lista de Escolha, quando nela
I - transferência para a reserva remunerada; tenha entrado oficial mais moderno do seu respectivo Corpo,
II - reforma; Quadro, Arma ou Serviço.
III - demissão; § 4º Não será concedida transferência para a reserva
IV - perda de posto e patente; remune-rada, a pedido, ao militar que:
V - licenciamento; a) estiver respondendo a inquérito ou processo em qualquer
VI - anulação de incorporação; jurisdição; e
VII - desincorporação; b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.
VIII - a bem da disciplina;
IX - deserção; Art. 98. A transferência para a reserva remunerada, ex officio
X - falecimento; e , verificar-se-á sempre que o militar incidir em um dos seguintes
XI - extravio. casos:

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I - atingir as seguintes idades-limite: (Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)
a) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para os Oficiais dos Corpos, Quadros, Armas e Serviços não incluídos na alínea b; (Re-
dação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)

Postos Idades
Almirante-de-Esquadra, General-de-Exéreito e Tenente-Brigadeiro 66 anos
Vice-Almirante, General-de-Divisão e Major-Brigadeiro 64 anos
Contra-Almirante, General-de-Brigada e Brigadeiro 62 anos
Capitão-de-Mar-e-Guerra e Coronel 59 anos
Capitão-de-Fragata e Tenente-Coronel 56 anos
Capitão-de-Corveta e Major 52 anos
Capitão-Tenente ou Capitão e Oficiais Subalternos 48 anos
(Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

b) na Marinha, para os Oficiais do Quadro de Cirurgiões-Dentistas (CD) e do Quadro de Apoio à Saúde (S), componentes do Corpo de Saúde
da Marinha e do Quadro Técnico (T), do Quadro Auxiliar da Armada (AA) e do Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais (AFN), componentes do
Corpo Auxiliar da Marinha; no Exército, para os Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (QCO), do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO), do
Quadro de Oficiais Médicos (QOM), do Quadro de Oficiais Farmacêuticos (QOF), e do Quadro de Oficiais Dentistas (QOD); na Aeronáutica, para
os Oficiais do Quadro de Oficiais Médicos (QOMed), do Quadro de Oficiais Farmacêuticos (QOFarm), do Quadro de Oficiais Dentistas (QODent),
do Quadro de Oficiais de Infantaria da Aeronáutica (QOInf), dos Quadros de Oficiais Especialistas em Aviões (QOEAv), em Comunicações
(QOECom), em Armamento (QOEArm), em Fotografia (QOEFot), em Meteorologia (QOEMet), em Controle de Tráfego Aéreo (QOECTA), em
Suprimento Técnico (QOESup) e do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica
(QOEA): (Redação dada pela Lei nº 10.416, de 27.3.2002)

Postos Idades
Capitão-de-Mar-e-Guerra e Corone 62 anos
Capitão-de-Fragata e Tenente-Corone 60 anos
Capitão-de-Corveta e Major 58 anos
Capitão-Tenente e Capitão 56 anos
Primeiro Tenente 56 anos
Segundo-Tenente 56 anos

c) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para Praças: (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)
Graduação Idades
Suboficial e Subtenente 54 anos
Primeiro-Sargento e Taifeiro-Mor 52 anos
Segundo-Sargento e Taifeiro-de-Primeira-Classe 50 anos

Graduação Idades
Terceiro-Sargento 49 anos
Cabo e Taifeiro-de-Segunda-Classe 48 anos
Marinheiro, Soldado e Soldado-de-Primeira-Classe 44 anos

II - completar o Oficial-General 4 (quatro) anos no último posto da hierarquia, em tempo de paz, prevista para cada Corpo ou Quadro
da respectiva Força. (Redação dada pela Lei nº 7.659, de 1988)
III - completar os seguintes tempos de serviço como Oficial-General:
a) nos Corpos ou Quadros que possuírem até o posto de Almirante-de-Esquadra, General-de-Exército e Tenente-Brigadeiro, 12
(doze) anos;
b) nos Corpos ou Quadros que possuírem até o posto de Vice-Almirante, General-de-Divisão e Major-Brigadeiro, 8 (oito) anos; e c) nos
Corpos ou Quadros que possuírem apenas o posto de Contra-Almirante, General-de-Brigada e Brigadeiro, 4 (quatro) anos;

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IV - ultrapassar o oficial 5 (cinco) anos de permanência no b) somente poderá ser promovido por antiguidade; e
último posto da hierarquia de paz de seu Corpo, Quadro, Arma ou c) o tempo de serviço é contado apenas para aquela
Serviço; para o Capitão-de-Mar-e-Guerra ou Coronel esse prazo promoção e para a transferência para a inatividade.
será acrescido de 4 (quatro) anos se, ao completar os primeiros 5 § 5º Entende-se como Lista de Escolha aquela que como tal
(cinco) anos no posto, já possuir o curso exigido para a promoção for definida na lei que dispõe sobre as promoções dos oficiais da
ao primeiro posto de oficial-general, ou nele estiver matriculado e ativa das Forças Armadas.
vier a concluí-lo com aproveitamento;
V - for o oficial abrangido pela quota compulsória; Art. 99. A quota compulsória, a que se refere o item V do
VI - for a praça abrangida pela quota compulsória, na forma artigo anterior, é destinada a assegurar a renovação, o equilíbrio, a
regulada em decreto, para cada Força Singular; regularidade de acesso e a adequação dos efetivos de cada Força
VII - for o oficial considerado não-habilitado para o acesso Singular.
em caráter definitivo, no momento em que vier a ser objeto de
apreciação para ingresso em Quadro de Acesso ou Lista de Esco- Art. 100. Para assegurar o número fixado de vagas à promoção
lha; na forma estabelecida no artigo 61, quando este número não tenha
VIII - deixar o Oficial-General, o Capitão-de-Mar-e-Guerra sido alcançado com as vagas ocorridas durante o ano considerado
ou o Coronel de integrar a Lista de Escolha a ser apresentada ao ano-base, aplicar-se-á a quota compulsória a que se refere o artigo
Presidente da República, pelo número de vezes fixado pela Lei de anterior.
Promoções de Oficiais da Ativa das Forças Armadas, quando na § 1º A quota compulsória é calculada deduzindo-se das
referida Lista de Escolha tenha entrado oficial mais moderno do vagas fixadas para o ano-base para um determinado posto:
seu respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço; a) as vagas fixadas para o posto imediatamente superior no
IX - for o Capitão-de-Mar-e-Guerra ou o Coronel, inabilita- referido ano-base; e
do para o acesso, por estar definitivamente impedido de realizar o b) as vagas havidas durante o ano-base e abertas a partir de 1º
curso exigido, ultrapassado 2 (duas) vezes, consecutivas ou não, (primeiro) de janeiro até 31 (trinta e um) de dezembro, inclusive.
por oficial mais moderno do respectivo Corpo, Quadro, Arma ou § 2º Não estarão enquadradas na letra b do parágrafo
Serviço, que tenha sido incluído em Lista de Escolha; anterior as vagas que:
X - na Marinha e na Aeronáutica, deixar o oficial do penúl- a) resultarem da fixação de quota compulsória para o ano
timo posto de Quadro, cujo último posto seja de oficial superior, an-terior ao base; e
de ingressar em Quadro de Acesso por Merecimento pelo número b) abertas durante o ano-base, tiverem sido preenchidas por
de vezes fixado pela Lei de Promoções de Oficiais da Ativa das oficiais excedentes nos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços ou
Forças Armadas, quando nele tenha entrado oficial mais moderno que a eles houverem revertido em virtude de terem cessado as cau-
do respectivo Quadro; sas que deram motivo à agregação, observado o disposto no § 3º
XI - ingressar o oficial no Magistério Militar, se assim o de-
deste artigo.
terminar a legislação específica;
§ 3º As vagas decorrentes da aplicação direta da quota com-
XII - ultrapassar 2 (dois) anos, contínuos ou não, em licença
pulsória e as resultantes das promoções efetivadas nos diversos
para tratar de interesse particular;
postos, em face daquela aplicação inicial, não serão preenchidas
XIII - ultrapassar 2 (dois) anos contínuos em licença para
por oficiais excedentes ou agregados que reverterem em virtude de
tratamento de saúde de pessoa de sua família;
haverem cessado as causas da agregação.
XIV - (Revogado pela Lei nº 9.297, de 1996);
XV - ultrapassar 2 (dois) anos de afastamento, contínuos ou § 4º As quotas compulsórias só serão aplicadas quando hou-
não, agregado em virtude de ter passado a exercer cargo ou empre- ver, no posto imediatamente abaixo, oficiais que satisfaçam às
go público civil temporário, não-eletivo, inclusive da administra- condições de acesso.
ção indireta; e
XVI - ser diplomado em cargo eletivo, na forma da letra b , Art.. 101. A indicação dos oficiais para integrarem a quota
do parágrafo único, do artigo 52. compulsória obedecerá às seguintes prescrições:
§ 1º A transferência para a reserva processar-se-á quando o I - inicialmente serão apreciados os requerimentos apresenta-
militar for enquadrado em um dos itens deste artigo, salvo quanto dos pelos oficiais da ativa que, contando mais de 20 (vinte) anos
ao item V, caso em que será processada na primeira quinzena de de tempo de efetivo serviço, requererem sua inclusão na quota
março. com-pulsória, dando-se atendimento, por prioridade em cada
§ 2° (Revogado pela Lei nº 9.297, de 1996) posto, aos mais idosos; e
§ 3° A nomeação ou admissão do militar para os cargos ou II - se o número de oficiais voluntários na forma do item I não
empregos públicos de que trata o inciso XV deste artigo somente atingir o total de vagas da quota fixada em cada posto, esse total
poderá ser feita se: (Redação dada pela Lei nº 9.297, de 1996) será completado, ex officio , pelos oficiais que:
a) oficial, pelo Presidente da República ou mediante sua auto- a) contarem, no mínimo, como tempo de efetivo serviço:
rização quando a nomeação ou admissão for da alçada de qualquer 1 - 30 (trinta) anos, se Oficial-General;
outra autoridade federal, estadual ou municipal; e 2 - 28 (vinte e oito) anos, se Capitão-de-Mar-e-Guerra ou
b) praça, mediante autorização do respectivo Ministro. Coronel;
§ 4º Enquanto o militar permanecer no cargo ou emprego de 3 - 25 (vinte e cinco) anos, se Capitão-de-Fragata ou
que trata o item XV: Tenente-Coronel; e
a) é-lhe assegurada a opção entre a remuneração do cargo ou
emprego e a do posto ou da graduação;

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4 - 20 (vinte) anos, de Capitão-de-Corveta ou Major. § 1º Para aplicação da quota compulsória na forma deste ar-
b) possuírem interstício para promoção, quando for o caso; tigo, o Poder Executivo fixará percentual calculado sobre os efeti-
c) estiverem compreendidos nos limites quantitativos de anti- vos de oficiais não-remunerados existentes em cada Corpo, Qua-
guidade que definem a faixa dos que concorrem à constituição dos dro, Arma ou Serviço, em 31 de dezembro de cada ano.
Quadros de Acesso por Antiguidade, Merecimento ou Escolha; § 2º A indicação de oficiais não-numerados para integrarem
d) ainda que não concorrendo à constituição dos Quadros de a quota compulsória, os quais deverão ter, no mínimo, 28 (vinte e
Acesso por Escolha, estiverem compreendidos nos limites quanti- oito) anos de efetivo serviço, obedecerá às seguintes prioridades:
tativos de antiguidade estabelecidos para a organização dos refe- 1ª) os que requererem sua inclusão na quota compulsória; 2ª) os
ridos Quadros; e de menor merecimento a ser apreciado pelo órgão com-
e) satisfizerem as condições das letras a , b , c e d, na petente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; em igualdade
seguinte ordem de prioridade: de merecimento, os de mais idade e, em caso de mesma idade, os
1ª) não possuírem as condições regulamentares para a promo- mais modernos; e
ção, ressalvada a incapacidade física até 6 (seis) meses contínuos ou 3ª) forem os de mais idade e, no caso de mesma idade, os
12 (doze) meses descontínuos; dentre eles os de menor mere-cimento mais modernos.
a ser apreciado pelo órgão competente da Marinha, do Exército e da § 3º Observar-se-ão na aplicação da quota compulsória, refe-
Aeronáutica; em igualdade de merecimento, os de mais idade e, em rida no parágrafo anterior, as disposições estabelecidas no artigo
caso de mesma idade, os mais modernos; 102.
2ª) deixarem de integrar os Quadros de Acesso por Mereci-
mento ou Lista de Escolha, pelo maior número de vezes no posto, SEÇÃO III
quando neles tenha entrado oficial mais moderno; em igualdade de Da Reforma
condições, os de menor merecimento a ser apreciado pelo órgão
competente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; em igualda- Art. 104. A passagem do militar à situação de inatividade,
de de merecimento, os de mais idade e, em caso de mesma idade, me-diante reforma, se efetua:
os mais modernos; e I - a pedido; e
3ª) forem os de mais idade e, no caso da mesma idade, os II - ex officio .
mais modernos.
§ 1º Aos oficiais excedentes, aos agregados e aos não-nume- Art.. 105. A reforma a pedido, exclusivamente aplicada aos
rados em virtude de lei especial aplicam-se as disposições deste membros do Magistério Militar; se o dispuser a legislação especí-
artigo e os que forem relacionados para a compulsória serão trans- fica da respectiva Força, somente poderá ser concedida àquele que
feridos para a reserva juntamente com os demais componentes da contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10 (dez), no
quota, não sendo computados, entretanto, no total das vagas fixa- mínimo, de tempo de Magistério Militar.
das.
§ 2º Nos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços, nos quais não Art.. 106. A reforma ex officio será aplicada ao militar que:
haja posto de Oficial-General, só poderão ser atingidos pela quota I - atingir as seguintes idades-limite de permanência na re-
compulsória os oficiais do último posto da hierarquia que tiverem, no serva:
mínimo, 28 (vinte e oito) anos de tempo de efetivo serviço e os oficiais a) para Oficial-General, 68 (sessenta e oito) anos;
dos penúltimo e antepenúltimo postos que tiverem, no mínimo, 25 b) para Oficial Superior, inclusive membros do Magistério
(vinte e cinco) anos de tempo de efetivo serviço. Militar, 64 (sessenta e quatro) anos;
§ 3º Computar-se-á, para os fins de aplicação da quota com- c) para Capitão-Tenente, Capitão e oficial subalterno, 60
pulsória, no caso previsto no item II, letra a , número 1, como de (ses-senta) anos; e
efetivo serviço, o acréscimo a que se refere o item II do artigo 137. d) para Praças, 56 (cinquenta e seis) anos.
II - for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo
Art. 102. O órgão competente da Marinha, do Exército e da das Forças Armadas;
Aeronáutica organizará, até o dia 31 (trinta e um) de janeiro de III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido
cada ano, a lista dos oficiais destinados a integrarem a quota com- julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Jun-
pulsória, na forma do artigo anterior. ta Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável;
§ 1º Os oficiais indicados para integrarem a quota compulsó- IV - for condenado à pena de reforma prevista no Código
ria anual serão notificados imediatamente e terão, para apresentar Penal Militar, por sentença transitada em julgado;
recursos contra essa medida, o prazo previsto na letra a , do § 1º, V - sendo oficial, a tiver determinada em julgado do Superior
do artigo 51. Tribunal Militar, efetuado em consequência de Conselho de Justi-
§ 2º Não serão relacionados para integrarem a quota compul- ficação a que foi submetido; e
sória os oficiais que estiverem agregados por terem sido declara- VI - sendo Guarda-Marinha, Aspirante-a-Oficial ou praça
dos extraviados ou desertores. com estabilidade assegurada, for para tal indicado, ao Ministro
respectivo, em julgamento de Conselho de Disciplina.
Art. 103. Para assegurar a adequação dos efetivos à necessi-dade Parágrafo único. O militar reformado na forma do item V ou
de cada Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, o Poder Executivo poderá VI só poderá readquirir a situação militar anterior:
aplicar também a quota compulsória aos Capitães-de-Mar -e-Guerra e a) no caso do item V, por outra sentença do Superior
Coronéis não-numerados, por não possuírem o curso exigido para Tribunal Militar e nas condições nela estabelecidas; e
ascender ao primeiro posto de Oficial-General. b) no caso do item VI, por decisão do Ministro respectivo.

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Art. 107. Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão compe- b) o de Segundo-Tenente, para Primeiro-Sargento, Segundo-
tente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica organizará a rela- Sargento e Terceiro-Sargento; e
ção dos militares, inclusive membros do Magistério Militar, que c) o de Terceiro-Sargento, para Cabo e demais praças cons-
houverem atingido a idade-limite de permanência na reserva, a fim tantes do Quadro a que se refere o artigo 16.
de serem reformados. § 3º Aos benefícios previstos neste artigo e seus parágrafos
Parágrafo único. A situação de inatividade do militar da reser- poderão ser acrescidos outros relativos à remuneração, estabele-
va remunerada, quando reformado por limite de idade, não sofre cidos em leis especiais, desde que o militar, ao ser reformado, já
solução de continuidade, exceto quanto às condições de mobili- satisfaça às condições por elas exigidas.
zação. § 4º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
31.8.2001)
Art. 108. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse- § 5º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
quência de: 31.8.2001)
I - ferimento recebido em campanha ou na manutenção da
ordem pública; Art. 111. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente
II - enfermidade contraída em campanha ou na manutenção por um dos motivos constantes do item VI do artigo 108 será re-
da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de formado:
uma dessas situações; I - com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se
III - acidente em serviço; oficial ou praça com estabilidade assegurada; e
IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de II - com remuneração calculada com base no soldo integral
paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço; do posto ou graduação, desde que, com qualquer tempo de serviço,
V - tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e permanen-
neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia irreversível e inca- temente para qualquer trabalho.
pacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondi-
loartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a Art. 112. O militar reformado por incapacidade definitiva que
lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e for julgado apto em inspeção de saúde por junta superior, em grau
(Redação dada pela Lei nº 12.670, de 2012) de recurso ou revisão, poderá retornar ao serviço ativo ou ser trans-
VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem rela- ferido para a reserva remunerada, conforme dispuser regulamen-
ção de causa e efeito com o serviço. tação específica.
§ 1º Os casos de que tratam os itens I, II, III e IV serão pro- § 1º O retorno ao serviço ativo ocorrerá se o tempo decorrido
vados por atestado de origem, inquérito sanitário de origem ou fi- na situação de reformado não ultrapassar 2 (dois) anos e na forma
cha de evacuação, sendo os termos do acidente, baixa ao hospital, do disposto no § 1º do artigo 88.
papeleta de tratamento nas enfermarias e hospitais, e os registros § 2º A transferência para a reserva remunerada, observado o
de baixa utilizados como meios subsidiários para esclarecer a si- limite de idade para a permanência nessa reserva, ocorrerá se o
tuação. tempo transcorrido na situação de reformado ultrapassar 2 (dois)
§ 2º Os militares julgados incapazes por um dos motivos anos.
constantes do item V deste artigo somente poderão ser reformados
após a homologação, por Junta Superior de Saúde, da inspeção de Art.. 113. A interdição judicial do militar reformado por alie-
saúde que concluiu pela incapacidade definitiva, obedecida à nação mental deverá ser providenciada junto ao Ministério Públi-
regulamentação específica de cada Força Singular. co, por iniciativa de beneficiários, parentes ou responsáveis, até 60
(sessenta) dias a contar da data do ato da reforma.
Art. 109. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente § 1º A interdição judicial do militar e seu internamento em
por um dos motivos constantes dos itens I, II, III, IV e V do artigo instituição apropriada, militar ou não, deverão ser providenciados
anterior será reformado com qualquer tempo de serviço. pelo Ministério Militar, sob cuja responsabilidade houver sido pre-
parado o processo de reforma, quando:
Art. 110. O militar da ativa ou da reserva remunerada, julgado a) não existirem beneficiários, parentes ou responsáveis, ou
incapaz definitivamente por um dos motivos constantes dos inci- estes não promoverem a interdição conforme previsto no parágra-
sos I e II do art. 108, será reformado com a remuneração calculada fo anterior; ou
com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao b) não forem satisfeitas às condições de tratamento exigidas
que possuir ou que possuía na ativa, respectivamente. (Redação neste artigo.
dada pela Lei nº 7.580, de 1986) § 2º Os processos e os atos de registro de interdição do mili-
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos nos tar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo proferido
itens III, IV e V do artigo 108, quando, verificada a incapacidade por Junta Militar de Saúde e isentos de custas.
definitiva, for o militar considerado inválido, isto é, impossibilita- § 3º O militar reformado por alienação mental, enquanto não
do total e permanentemente para qualquer trabalho. ocorrer a designação judicial do curador, terá sua remunera-
§ 2º Considera-se, para efeito deste artigo, grau hierárquico ção paga aos seus beneficiários, desde que estes o tenham sob sua
imediato: guarda e responsabilidade e lhe dispensem tratamento humano e
a) o de Primeiro-Tenente, para Guarda-Marinha, Aspirante-a condigno.
-Oficial e Suboficial ou Subtenente;

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Art. 114. Para fins de passagem à situação de inatividade, me- Art. 117. O oficial da ativa que passar a exercer cargo ou
diante reforma ex officio , as praças especiais, constantes do Qua- emprego público permanente, estranho à sua carreira, será ime-
dro a que se refere o artigo 16, são consideradas como: diatamente demitido ex officio e transferido para a reserva não
I - Segundo-Tenente: os Guardas-Marinha, Aspirantes-a-O- remunerada, onde ingressará com o posto que possuía na ativa e
ficial; com as obrigações estabelecidas na legislação do serviço militar,
II - Guarda-Marinha ou Aspirante-a-Oficial: os Aspirantes, os obedecidos os preceitos do art. 116 no que se refere às indeniza-
Cadetes, os alunos da Escola de Oficiais Especialistas da Aeronáu- ções. (Redação dada pela Lei nº 9.297, de 1996)
tica, conforme o caso específico;
III - Segundo-Sargento: os alunos do Colégio Naval, da Es- SEÇÃO V
cola Preparatória de Cadetes do Exército e da Escola Preparatória Da Perda do Posto e da Patente
de Cadetes-do-Ar;
IV - Terceiro-Sargento: os alunos de órgão de formação de Art. 118. O oficial perderá o posto e a patente se for decla-
oficiais da reserva e de escola ou centro de formação de sargentos; rado indigno do oficialato, ou com ele incompatível, por decisão
e do Superior Tribunal Militar, em tempo de paz, ou de Tribunal
V - Cabos: os Aprendizes-Marinheiros e os demais alunos Especial, em tempo de guerra, em decorrência de julgamento a que
de órgãos de formação de praças, da ativa e da reserva. for submetido.
Parágrafo único. O disposto nos itens II, III e IV é aplicável Parágrafo único. O oficial declarado indigno do oficialato, ou
com ele incompatível, e condenado à perda de posto e patente só
às praças especiais em qualquer ano escolar.
poderá readquirir a situação militar anterior por outra sentença dos
SEÇÃO IV tribunais referidos neste artigo e nas condições nela estabelecidas.
Da Demissão
Art. 119. O oficial que houver perdido o posto e a patente será
Art. 115. A demissão das Forças Armadas, aplicada demitido ex officio sem direito a qualquer remuneração ou
exclusiva-mente aos oficiais, se efetua: indenização e receberá a certidão de situação militar prevista na
I - a pedido; e legislação que trata do serviço militar.
II - ex officio.
Art. 120. Ficará sujeito à declaração de indignidade para o
oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo, o oficial que:
Art.. 116 A demissão a pedido será concedida mediante reque-
I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sentença
rimento do interessado:
transitada em julgado, à pena restritiva de liberdade individual su-
I - sem indenização aos cofres públicos, quando contar mais
perior a 2 (dois) anos;
de 5 (cinco) anos de oficialato, ressalvado o disposto no § 1º deste II - for condenado, em sentença transitada em julgado, por
artigo; e crimes para os quais o Código Penal Militar comina essas penas
II - com indenização das despesas feitas pela União, com a acessórias e por crimes previstos na legislação especial concernen-
sua preparação e formação, quando contar menos de 5 (cinco) anos te à segurança do Estado;
de oficialato. III - incidir nos casos, previstos em lei específica, que moti-
§ 1º A demissão a pedido só será concedida mediante a inde- vam o julgamento por Conselho de Justificação e neste for consi-
nização de todas as despesas correspondentes, acrescidas, se for o derado culpado; e
caso, das previstas no item II, quando o oficial tiver realizado IV - houver perdido a nacionalidade brasileira.
qualquer curso ou estágio, no País ou no exterior, e não tenham
decorrido os seguintes prazos: SEÇÃO VI
a) 2 (dois) anos, para curso ou estágio de duração igual ou Do Licenciamento
superior a 2 (dois) meses e inferior a 6 (seis) meses;
b) 3 (três) anos, para curso ou estágio de duração igual ou Art. 121. O licenciamento do serviço ativo se efetua:
superior a 6 (seis) meses e igual ou inferior a 18 (dezoito) meses; I - a pedido; e
c) 5 (cinco) anos, para curso ou estágio de duração superior a II - ex officio .
18 (dezoito) meses. § 1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde
§ 2º O cálculo das indenizações a que se referem o item II e que não haja prejuízo para o serviço:
o parágrafo anterior será efetuado pelos respectivos Ministérios. a) ao oficial da reserva convocado, após prestação do
§ 3º O oficial demissionário, a pedido, ingressará na reserva, serviço ativo durante 6 (seis) meses; e
onde permanecerá sem direito a qualquer remuneração. O ingresso na b) à praça engajada ou reengajada, desde que conte, no míni-
reserva será no mesmo posto que tinha no serviço ativo e sua situação, mo, a metade do tempo de serviço a que se obrigou.
inclusive promoções, será regulada pelo Regulamento do § 2º A praça com estabilidade assegurada, quando licenciada
Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força. para fins de matrícula em Estabelecimento de Ensino de Formação ou
§ 4º O direito à demissão a pedido pode ser suspenso na vi- Preparatório de outra Força Singular ou Auxiliar, caso não con-clua o
gência de estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio curso onde foi matriculada, poderá ser reincluída na Força de origem,
ou em caso de mobilização. mediante requerimento ao respectivo Ministro.
§ 3º O licenciamento ex officio será feito na forma da legisla-
ção que trata do serviço militar e dos regulamentos específicos de
cada Força Armada:

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a) por conclusão de tempo de serviço ou de estágio; Art. 126. É da competência dos Ministros das Forças Singula-
b) por conveniência do serviço; e res, ou autoridades às quais tenha sido delegada competência para
c) a bem da disciplina. isso, o ato de exclusão a bem da disciplina do Guarda-Marinha e
§ 4º O militar licenciado não tem direito a qualquer remune- do Aspirante-a-Oficial, bem como das praças com estabilidade
ração e, exceto o licenciado ex officio a bem da disciplina, deve ser assegurada.
incluído ou reincluído na reserva.
§ 5° O licenciado ex officio a bem da disciplina receberá o Art. 127. A exclusão da praça a bem da disciplina acarreta a
certificado de isenção do serviço militar, previsto na legislação que perda de seu grau hierárquico e não a isenta das indenizações dos
trata do serviço militar. prejuízos causados à Fazenda Nacional ou a terceiros, nem das
pensões decorrentes de sentença judicial.
Art. 122. O Guarda-Marinha, o Aspirante-a-Oficial e as de- Parágrafo único. A praça excluída a bem da disciplina recebe-
mais praças empossados em cargos ou emprego público perma- rá o certificado de isenção do serviço militar previsto na legislação
nente, estranho à sua carreira, serão imediatamente, mediante que trata do serviço militar, sem direito a qualquer remuneração ou
licenciamento ex officio, transferidos para a reserva não remune- indenização.
rada, com as obrigações estabelecidas na legislação do serviço mi-
litar. (Redação dada pela Lei nº 9.297, de 1996) SEÇÃO IX
Da Deserção
Art. 123. O licenciamento poderá ser suspenso na vigência de
estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio ou em caso Art. 128. A deserção do militar acarreta interrupção do serviço
militar, com a consequente demissão ex officio para o oficial, ou a
de mobilização.
exclusão do serviço ativo, para a praça.
SEÇÃO VII § 1º A demissão do oficial ou a exclusão da praça com estabi-
Da Anulação de Incorporação e da Desincorporação da Praça lidade assegurada processar-se-á após 1 (um) ano de agregação, se não
houver captura ou apresentação voluntária antes desse prazo.
Art. 124. A anulação de incorporação e a desincorporação da § 2º A praça sem estabilidade assegurada será automatica-
mente excluída após oficialmente declarada desertora.
praça resultam na interrupção do serviço militar com a consequen-
§ 3º O militar desertor que for capturado ou que se apresen-
te exclusão do serviço ativo.
tar voluntariamente, depois de haver sido demitido ou excluído,
Parágrafo único. A legislação que trata do serviço militar
será reincluído no serviço ativo e, a seguir, agregado para se ver
estabelece os casos em que haverá anulação de incorporação ou processar.
desincorporação da praça. § 4º A reinclusão em definitivo do militar de que trata o
SEÇÃO VIII pará-grafo anterior dependerá de sentença de Conselho de Justiça.
Da Exclusão da Praça a Bem da Disciplina SEÇÃO X
Do Falecimento e do Extravio
Art. 125. A exclusão a bem da disciplina será aplicada ex of-
ficio ao Guarda-Marinha, ao Aspirante-a-Oficial ou às praças com Art. 129. O militar na ativa que vier a falecer será excluído do
estabilidade assegurada:
serviço ativo e desligado da organização a que estava vinculado, a
I - quando assim se pronunciar o Conselho Permanente de
partir da data da ocorrência do óbito.
Justiça, em tempo de paz, ou Tribunal Especial, em tempo de guer-
ra, ou Tribunal Civil após terem sido essas praças condenadas, em Art. 130. O extravio do militar na ativa acarreta interrupção
sentença transitada em julgado, à pena restritiva de liberdade in- do serviço militar, com o consequente afastamento temporário do
dividual superior a 2 (dois) anos ou, nos crimes previstos na le- serviço ativo, a partir da data em que o mesmo for oficialmente
gislação especial concernente à segurança do Estado, a pena de considerado extraviado.
qualquer duração; § 1º A exclusão do serviço ativo será feita 6 (seis) meses
II - quando assim se pronunciar o Conselho Permanente de após a agregação por motivo de extravio.
Justiça, em tempo de paz, ou Tribunal Especial, em tempo de guer- § 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, calami-
ra, por haverem perdido a nacionalidade brasileira; e dade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos, o ex-
III - que incidirem nos casos que motivarem o julgamento travio ou o desaparecimento de militar da ativa será considerado,
pelo Conselho de Disciplina previsto no artigo 49 e nele forem para fins deste Estatuto, como falecimento, tão logo sejam esgo-
considerados culpados. tados os prazos máximos de possível sobrevivência ou quando se
Parágrafo único. O Guarda-Marinha, o Aspirante-a-Oficial ou a dêem por encerradas as providências de salvamento.
praça com estabilidade assegurada que houver sido excluído a bem
da disciplina só poderá readquirir a situação militar anterior: a) por Art. 131. O militar reaparecido será submetido a Conselho de
outra sentença do Conselho Permanente de Justiça, em tempo de paz, Justificação ou a Conselho de Disciplina, por decisão do Ministro
ou Tribunal Especial, em tempo de guerra, e nas condições nela da respectiva Força, se assim for julgado necessário.
estabelecidas, se a exclusão tiver sido consequên- Parágrafo único. O reaparecimento de militar extraviado, já
cia de sentença de um daqueles Tribunais; e excluído do serviço ativo, resultará em sua reinclusão e nova
b) por decisão do Ministro respectivo, se a exclusão foi con- agregação enquanto se apuram as causas que deram origem ao seu
sequência de ter sido julgado culpado em Conselho de Disciplina. afastamento.

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CAPÍTULO III § 2º Será, também, computado como tempo de efetivo serviço
Da Reabilitação o tempo passado dia a dia nas organizações militares, pelo militar
da reserva convocado ou mobilizado, no exercício de funções mi-
Art. 132. A reabilitação do militar será efetuada: litares.
I - de acordo com o Código Penal Militar e o Código de Pro- § 3º Não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço, além
cesso Penal Militar, se tiver sido condenado, por sentença definiti- dos afastamentos previstos no artigo 65, os períodos em que o
va, a quaisquer penas previstas no Código Penal Militar; militar estiver afastado do exercício de suas funções em gozo de
II - de acordo com a legislação que trata do serviço militar, licença especial.
se tiver sido excluído ou licenciado a bem da disciplina. § 4º Ao tempo de efetivo serviço, de que trata este artigo,
Parágrafo único. Nos casos em que a condenação do militar apurado e totalizado em dias, será aplicado o divisor 365 (trezen-
acarretar sua exclusão a bem da disciplina, a reabilitação previs-ta tos e sessenta e cinco) para a correspondente obtenção dos anos de
na legislação que trata do serviço militar poderá anteceder a efetivo serviço.
efetuada de acordo com o Código Penal Militar e o Código de
Processo Penal Militar. Art. 137. Anos de serviço é a expressão que designa o tempo
de efetivo serviço a que se refere o artigo anterior, com os seguin-
Art. 133. A concessão da reabilitação implica em que sejam tes acréscimos:
cancelados, mediante averbação, os antecedentes criminais do mi- I - tempo de serviço público federal, estadual ou municipal,
litar e os registros constantes de seus assentamentos militares ou prestado pelo militar anteriormente à sua incorporação, matrícula,
alterações, ou substituídos seus documentos comprobatórios de nomeação ou reinclusão em qualquer organização militar;
situação militar pelos adequados à nova situação. II - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
31.8.2001)
CAPÍTULO IV III - tempo de serviço computável durante o período
Do Tempo de Serviço matricu-lado como aluno de órgão de formação da reserva;
IV - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
Art. 134. Os militares começam a contar tempo de serviço nas 31.8.2001)
Forças Armadas a partir da data de seu ingresso em qualquer V - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
organização militar da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica. 31.8.2001)
§ 1º Considera-se como data de ingresso, para fins deste ar- VI - 1/3 (um terço) para cada período consecutivo ou não de
tigo: 2 (dois) anos de efetivo serviço passados pelo militar nas
a) a do ato em que o convocado ou voluntário é incorporado guarnições especiais da Categoria “A”, a partir da vigência da Lei
em uma organização militar; nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971. (Redação dada pela Lei nº
b) a de matrícula como praça especial; e 7.698, de 1988)
c) a do ato de nomeação. § 1º Os acréscimos a que se referem os itens I, III e VI serão
§ 2º O tempo de serviço como aluno de órgão de formação da computados somente no momento da passagem do militar à situa-
reserva é computado, apenas, para fins de inatividade na base de ção de inatividade e para esse fim.
1 (um) dia para cada período de 8 (oito) horas de instrução, desde § 2º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
que concluída com aproveitamento a formação militar. 31.8.2001)
§ 3º O militar reincluído recomeça a contar tempo de serviço § 3º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de
a partir da data de sua reinclusão. 31.8.2001)
§ 4º Quando, por motivo de força maior, oficialmente reco- § 4º Não é computável para efeito algum, salvo para fins de
nhecida, decorrente de incêndio, inundação, naufrágio, sinistro aé- indicação para a quota compulsória, o tempo:
reo e outras calamidades, faltarem dados para contagem de tempo a) que ultrapassar de 1 (um) ano, contínuo ou não, em
de serviço, caberá aos Ministros Militares arbitrar o tempo a ser licença para tratamento de saúde de pessoa da família;
computado para cada caso particular, de acordo com os elementos b) passado em licença para tratar de interesse particular ou
disponíveis. para acompanhar cônjuge ou companheiro(a); (Redação dada pela
Lei nº 11.447, de 2007)
Art. 135. Na apuração do tempo de serviço militar, será feita c) passado como desertor;
distinção entre: d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão do exer-
I - tempo de efetivo serviço; e cício do posto, graduação, cargo ou função por sentença transitada
II - anos de serviço. em julgado; e
e) decorrido em cumprimento de pena restritiva da liberda-
Art. 136. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo com- de, por sentença transitada em julgado, desde que não tenha sido
putado dia a dia entre a data de ingresso e a data-limite estabele- concedida suspensão condicional de pena, quando, então, o tempo
cida para a contagem ou a data do desligamento em consequência correspondente ao período da pena será computado apenas para
da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja fins de indicação para a quota compulsória e o que dele exceder,
parcelado. para todos os efeitos, caso as condições estipuladas na sentença
§ 1º O tempo de serviço em campanha é computado pelo não o impeçam.
dobro como tempo de efetivo serviço, para todos os efeitos, exceto
indicação para a quota compulsória.

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Art. 138. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de § 1º São recompensas:
31.8.2001) a) os prêmios de Honra ao Mérito;
b) as condecorações por serviços prestados na paz e na guer-
Art. 139. O tempo que o militar passou ou vier a passar afas- ra;
tado do exercício de suas funções, em consequência de ferimentos c) os elogios, louvores e referências elogiosas; e
recebidos em acidente quando em serviço, combate, na defesa da d) as dispensas de serviço.
Pátria e na garantia dos poderes constituídos, da lei e da ordem, ou § 2º As recompensas serão concedidas de acordo com as nor-
de moléstia adquirida no exercício de qualquer função militar, será mas estabelecidas nos regulamentos da Marinha, do Exército e da
computado como se o tivesse passado no exercício efetivo Aeronáutica.
daquelas funções.
Art.. 147. As dispensas de serviço são autorizações conce-
Art. 140. Entende-se por tempo de serviço em campanha o didas aos militares para afastamento total do serviço, em caráter
período em que o militar estiver em operações de guerra. temporário.
Parágrafo único. A participação do militar em atividades de-
pendentes ou decorrentes das operações de guerra será regulada Art.. 148. As dispensas de serviço podem ser concedidas aos
em legislação específica. militares:
I - como recompensa;
Art. 141. O tempo de serviço dos militares beneficiados por II - para desconto em férias; e
anistia será contado como estabelecer o ato legal que a conceder. III - em decorrência de prescrição médica.
Parágrafo único. As dispensas de serviço serão concedidas
Art. 142. A data-limite estabelecida para final da contagem com a remuneração integral e computadas como tempo de efetivo
dos anos de serviço para fins de passagem para a inatividade será serviço.
do desligamento em consequência da exclusão do serviço ativo.
TÍTULO V
Art. 143. Na contagem dos anos de serviço não poderá ser Disposições Gerais, Transitórias e Finais
computada qualquer superposição dos tempos de serviço público
federal, estadual e municipal ou passado em administração indire- Art. 149. A transferência para a reserva remunerada ou a re-forma
ta, entre si, nem com os acréscimos de tempo, para os possuidores não isentam o militar da indenização dos prejuízos causados
de curso universitário, e nem com o tempo de serviço computável à Fazenda Nacional ou a terceiros, nem do pagamento das
após a incorporação em organização militar, matrícula em órgão pensões decorrentes de sentença judicial.
de formação de militares ou nomeação para posto ou graduação
nas Forças Armadas. Art. 150. A Assistência Religiosa às Forças Armadas é regula-
da por lei específica.
CAPÍTULO V
Do Casamento Art. 151. É vedado o uso por organização civil de designações
que possam sugerir sua vinculação às Forças Armadas.
Art. 144. O militar da ativa pode contrair matrimônio, desde Parágrafo único. Excetuam-se das prescrições deste artigo as
que observada a legislação civil específica. associações, clubes, círculos e outras organizações que congre-guem
§ 1º Os Guardas-Marinha e os Aspirantes-a-Oficial não po- membros das Forças Armadas e que se destinem, exclusiva-mente, a
dem contrair matrimônio, salvo em casos excepcionais, a critério promover intercâmbio social e assistencial entre os mili-tares e suas
do Ministro da respectiva Força. famílias e entre esses e a sociedade civil.
§ 2º É vedado o casamento às praças especiais, com qualquer
idade, enquanto estiverem sujeitas aos regulamentos dos órgãos de Art. 152. Ao militar amparado por uma ou mais das Leis n° 288,
formação de oficiais, de graduados e de praças, cujos requisi-tos para de 8 de junho de 1948, 616, de 2 de fevereiro de 1949, 1.156, de 12 de
admissão exijam a condição de solteiro, salvo em casos excepcionais, julho de 1950, e 1.267, de 9 de dezembro de 1950, e que em virtude
a critério do Ministro da respectiva Força Armada. do disposto no artigo 62 desta Lei não mais usufruirá as promoções
§ 3º O casamento com mulher estrangeira somente poderá ser previstas naquelas leis, fica assegurada, por ocasião da transferência
realizado após a autorização do Ministro da Força Armada a que para a reserva ou da reforma, a remuneração da inatividade relativa ao
pertencer o militar. posto ou graduação a que seria promovido em decorrência da
aplicação das referidas leis.
Art. 145. As praças especiais que contraírem matrimônio em Parágrafo único. A remuneração de inatividade assegurada
desacordo com os §§ 1º e 2° do artigo anterior serão excluídas do neste artigo não poderá exceder, em nenhum caso, a que caberia
serviço ativo, sem direito a qualquer remuneração ou indenização. ao militar, se fosse ele promovido até 2 (dois) graus hierárquicos
aci-ma daquele que tiver por ocasião do processamento de sua
CAPÍTULO VI trans-ferência para a reserva ou reforma, incluindo-se nesta
Das Recompensas e das Dispensas do Serviço limitação a aplicação do disposto no § 1º do artigo 50 e no artigo
110 e seu § 1º.
Art. 146. As recompensas constituem reconhecimento dos
bons serviços prestados pelos militares.

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Art. 153. Na passagem para a reserva remunerada, aos milita-
res obrigados ao vôo serão computados os acréscimos de tempo de
efetivo serviço decorrentes das horas de vôo realizadas até 20 de
outubro de 1946, na forma da legislação então vigente.

Art. 154. Os militares da Aeronáutica que, por enfermidade,


acidente ou deficiência psicofisiológica, verificada em inspeção de
saúde, na forma regulamentar, forem considerados definitivamente
incapacitados para o exercício da atividade aérea, exigida pelos
regulamentos específicos, só passarão à inatividade se essa incapa-
cidade o for também para todo o serviço militar.
Parágrafo único. A regulamentação própria da Aeronáutica
estabelece a situação do pessoal enquadrado neste artigo.

Art. 155. Aos Cabos que, na data da vigência desta Lei, te-
nham adquirido estabilidade será permitido permanecer no serviço
ativo, em caráter excepcional, de acordo com o interesse da res-
pectiva Força Singular, até completarem 50 (cinquenta) anos de
idade, ressalvadas outras disposições legais.

Art. 156. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de


31.8.2001)

Art. 157. As disposições deste Estatuto não retroagem para


alcançar situações definidas anteriormente à data de sua vigência.

Art. 158. Após a vigência do presente Estatuto serão a ele


ajustadas todas as disposições legais e regulamentares que com ele
tenham ou venham a ter pertinência.

Art. 159. O presente Estatuto entrará em vigor a partir de 1º de


janeiro de 1981, salvo quanto ao disposto no item IV do artigo 98,
que terá vigência 1 (um) ano após a data da publicação desta Lei.
Parágrafo único. Até a entrada em vigor do disposto no item
IV do artigo 98, permanecerão em vigor as disposições constantes
dos itens IV e V do artigo 102 da Lei n° 5.774, de 23 de dezembro
de 1971.

Art. 160. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215-10, de


31.8.2001)
JOÃO FIGUEIREDO
Maximiano Fonseca
Ernani Ayrosa da Silva
Délio Jardim de Mattos
José Ferraz da Rocha
Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.12.1988

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RELAÇÕES HUMANAS E
LIDERANÇA

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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇAS
1.3 ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LIDERANÇA
Neste tópico serão abordados aspectos relacionados aos tipos
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA BRASIL. de liderança.
MARINHA DO BRASIL. ESCOLA-MAIOR DA Existem diversas conceituações para liderança na literatura
ARMADA. EMA-137 – DOUTRINA DE LIDERANÇA especializada. A Marinha do Brasil define liderança como: “ o pro-
DA MARINHA. cesso que consiste em influenciar pessoas no sentido de que ainda
CAPÍTULO I, VER 1. BRASÍLIA, DF, 2013. voluntariamente, em prol do cumprimento da missão. Fica eviden-
DOUTRINA DE LIDERANÇA DA MARINHA ciado, pela definição, que a liderança inclui não só a capacidade de
- CHEFIA E LIDERANÇA; ASPECTOS fazer um grupo realizar uma tarefa especifica mas, sobretudo,
FUNDAMENTAIS DA LLIDERANÇA; executa-la de forma voluntária, atendendo ao desejo do líder como
se fosse o seu próprio.
ESTILOSDE LIDERANÇA; SELEÇÃO DE ESTILOS
Nessa definição de liderança, estão implícitos os seus agentes,
DE LIDERANÇA; FATORES DA LIDERANÇA; ou seja, o líder e os liderados, as relações entre eles e os princípios
ATRIBUIÇÃO DE UM LÍDER; NÍVEIS DE filosóficos, psicológicos e sociológico que regem o comportamen-
LIDERANÇA. to humano.
1.3.1 – Aspectos Filosóficos
A filosofia tem como característica desenvolver o senso cri-
tico, que fornece o individuo bases metodológicas para efetuar,
EMA -137 – Doutrina de Liderança na permanentemente, o exame corrente da situação, favorecendo o
Marinha Capítulo I exame corrente da situação, favorecendo o processo de tomada de
decisões. Tal prática é fundamental ao exercício da liderança, po-
Elementos Conceituais de dendo-se verificar que o requisito pensamento critico está direta e
Liderança 1.1 - PROPÓSITO indiretamente associado a diversos atributos de liderança prescri-
Este capítulo aborda conceitos, aspectos fundamentais, es- tos nessa Doutrina.
tilos, fatores, atributos e níveis de liderança, para prover conhe- A axiologia , também conhecida como a teoria dos valores, é
cimentos básicos que definam a natureza das relações desejáveis considerada a parte mais nobre da filosofia. O processo de influen-
entre lideres e liderados. ciação de um grupo, que é a essência da liderança, está profunda-
1.2 CHEFIA e LIDERANÇA mente ligado aos valores éticos e morais que devem ser transmiti-
O exercício da chefia, comando ou direção, é entendido pelo dos e praticados pelo líder.
conjunto de ações e decisões tomadas pelo mais antigo, com auto- A prática dos fundamentais filosóficos da educação, seja ela
ridade para tal, na sua esfera de competência, a fim de conduzir de formal ou informal, desenvolvida pro grupos sociais, independente de
forma integrada o setor que lhe é confiado. suas crenças e culturas, constitui-se no elemento catalisador dos
No desempenho de suas funções, os mais antigos normalmen- valores universais. O ser humano precisa receber uma educação
te , desempenham dois papéis funcionais , a saber: o de “chefe” e adequada para ser capaz de valorizar um objeto ( a vida huma-na, a
o de “ condutor de homens”. Em relação ao primeiro papel, preva- Pátria, a família). Sem essa educação, perde-se a capacidade de
lece a autoridade advinda da responsabilidade atribuída à função, perceber esses valores, especialmente quando se trata daqueles
associada com aquela decorrente de seu posto ou graduação, à qual universais, tais como: honra, dignidade e honestidade.
passaremos a definir, genericamente, como chefia. Com respeito A característica fundamental da Axiologia consiste na hierar-
ao segundo papel, identifica-se um estreito relacionamento com o quização desses valores, que são transmitidos pela educação fami-liar,
atributo de líder. Neste contexto, fica ressaltada a importância da pela sociedade e pelo grupo. Essa hierarquização de valores varia de
capacidade individual dos amis antigos em influenciarem e inspi-
um pais para o outro , de uma sociedade organizada para outra, de um
rarem os seus subordinados.
grupo social para outro. Por exemplo, os fundamen-talistas islâmicos,
Caracterizados esses dois atributos do comandante, o de chefe
que se sacrificam em atentados, contrariando o instinto de
e o de líder , pode- se dizer que comandar é exercer a chefia e a
preservação, valor primordial do ser humano.
liderança, a fim de conduzir eficazmente a organização no cum-
Valores como honra, a dignidade, a honestidade, a lealdade e
primento da missão . sendo o exercício do comando um processo
abrangente, a divisão ora apresentada será utilizada para efeito de o amor à pátria, assim como todos os outros considerados vitais
uma melhor compreensão do tema em lide, pois chefia e liderança pela Marinha, devem ser praticados e transmitidos, permanente-
não são processos alternativos e sim simultâneos e complementa- mente, pelo líder aos seus liderados. A tarefa de doutrinamento
res. visa a transmitira sua correta hierarquização, priorizando-os em
Os melhores resultados no tocante à liderança ocorrem quan-do relação aos valores materiais, como dinheiro, o poder e a satisfa-
ela é desenvolvida, não sendo impositiva. Nesse contexto, a li-derança ção pessoal. Este é o maior desafio a ser enfrentado por aquele que
deve ser entendida como um processo dinâmico e progres-sivo de pretende exercer a liderança de um grupo.
aprendizado, o qual, desenvolvido nos cursos de carreira e no dia a dia 1.3.2 Aspectos psicológicos
das OM, trará não so evidentes benefícios às organi-zações, como “Em essência, a liderança envolve a realização de objetivos
também contribuirá para os sucesso profissional in-dividual de cada com e através de pessoas.
militar. Desta forma o contínuo desenvolvimento das qualidades dos Consequentemente, um líder precisa preocupar-se com tarefas e
militares MB como líderes deverá ser objeto de atenta e permanente relações humanas” (HERSEY;BLANCHARD, 1982, p 105).
atenção, a ser trabalhada, conjuntamente, pela instituição e,
prioritariamente, pro cada militar.

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O líder influencia outros indivíduos, provocando, Cooperando , etimologicamente, significa trabalhar em con-
basicamente, mudanças psicológicas e “[..] num nível de junto. Implica uma opção pelo coletivo em detrimento do indivi-
generalidade que in-clui mudanças em comportamentos, opiniões, dual, mas nada impede o desenvolvimento e o estimulo das ha-
atitudes, objetivos, necessidades, valores e todos os outros bilidades de cada membro, em prol de um objetivo comum. Sob
aspectos do campo psico-lógico do individuo”. (FRENCH; muitos aspectos, e de um ponto de vista humanista, é a forma ideal
RAVEN, 1969, apud NOBRE , 1998, p 43). de atuação de grupos.
Os processos grupais e a liderança são os principais objetos de Ocorre que nem sempre é possível, dentro de um grupo, man-
estudo da Psicologia Social e a subjetividade humana, a per- ter, exclusivamente, o processo cooperativo. Em função do con-
sonalidade e as mudanças psicológicas oriundas de processos de texto, das circunstancias da própria tarefa a realizar, da natureza
influenciação e de aprendizagem são focos de estudo e de análise do grupo, ou das características do líder, outros processos se de-
da Psicologia. senvolvem.
O caminho apara a liderança passa pelo conhecimento profis- Competição é definida como a luta pela posse de recompensas
sional, mas também pelo autoconhecimento e pro conhecer bem seus cuja oferta é limitada.
subordinados. Para os dois últimos requisitos, a Psicologia pode Tais recompensas incluem dinheiro, poder, status, amor e
oferecer ferramentas úteis para o líder. Pesquisas mostram que o muito outros. Outra forma de descrever o processo competitivo o
quociente emocional (QE) ou inteligência emocional está cada vez mostra como a tentativa de obter uma recompensa superando todos
,aso, destacando-se como o principal diferencial de com-petência no os rivais.
trabalho. Esta conclusão é especialmente pertinente, em se tratando do A competição pode ser pessoal – entre um número limitado de
desempenho em funções de liderança. concorrentes que se conhecem entre si – ou impessoal - quando o
A Psicologia é, portanto, uma ciência que fornece firme emba- numero de rivais é tal, que se torna impossível o conhecimento
samento teórico e prático para que o líder possa influenciar pessoas. entre eles, como ocorre, por exemplo, nos exames vestibulares ou
1.3.3 Aspectos Sociológicos concursos públicos.
Os textos deste subitem foram retirados, com adaptações , do Atualmente , os especialistas concordam que ambos os pro-
Manual de Liderança, editado em 1996 ( 130 – Bases sociológicas).
cessos - cooperação e competição – coexistem e, até mesmo,
Sociólogos concordam que a perspectiva sociológica envolve sobrepõe na maioria das sociedades. O que varia, em função de
um processo que vai permitir examinar as coletividades além das
diferenças culturais, é a intensidade com que cada um é experi-
fachadas das estruturas sociais, com o proposito de refletir, com
mentado.
profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes em cada cole-
Sob o ponto de vista psicológico, é relevante considerar que,
tividade.
se a competição tem mérito inicial de estimular a atividade dos
A liderança envolve líder, liderados, e contexto (ou situação),
indivíduos e dos grupos aumentando-lhes a produtividade, tem o
constituindo, fundamentalmente, uma relação. Para muitos teóri-
grave inconveniente de desencorajar os esforços daqueles que se
cos, a liderança, dadas as características singulares que envolve,
habituaram a fracassar.
constitui-se em um processo impar de interação social. Partindo
Vencedor há um só; todos os demais são perdedores. Outro
desta visão da liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para
inconveniente sério, decorrente do estímulo à competição, consiste na
contribuir em termos de embasamento teórico no estudo e na cons-
trução do processo de liderança. forte possiblidade de desenvolvimento de hostilidades e desa-venças
Os militares, em geral, em função da peculiaridade de suas no interior do grupo, contribuindo para sua desagregação. A
atividades profissionais, constituem uma subcultura dentro da so- instabilidade inerente ao processo competitivo faz com que este, com
ciedade brasileira. bastante frequência, se transforme em conflito. Na liderança, a
Focalizando mais de perto ainda, pode-se afirmar que a Ma- competição tem sempre que ser saudável e estimulante.
rinha, dentro das Forças Armadas, face as suas atribuições muito Conflito é a exacerbação da competição. Uma definição mais
próprias, constitui-se igualmente em uma subcultura. A liderança , especifica afirma que tal processo consiste em obter recompensas pela
por definição, pressupõe a ação do líder sobre grupos humanos; os eliminação ou enfraquecimento dos competidores. Ou seja, o conflito
membros desse grupo são , em geral, oriundos de diferentes sub- é uma forma de competição que pode caminhar para a instalação de
culturas. violência e, que se vai intensificando, à medida que aumenta a duração
Esses indivíduos, ao ingressarem na Marinha, passarão a inte- do processo, já que este tem caráter cumulativo - a cada ato hostil surge
grar-se a esta nova subcultura, após um período de adaptação. No uma represália cada vez mais agressiva.
âmbito da Marinha, pode-se distinguir subculturas correspondentes O processo social de conflito inclui aspectos positivos e ne-
aos diferentes corpos e quadros, em função da missão atribuída a cada gativos. Por um lado, o conflito tende a destruir a unidade social e
um deles. Cultura e subcultura são, portanto , temas de estudo da , da mesma forma, desagregar grupos menores, pelo aumento de
Sociologia de interesse para a liderança. ressentimento, pelo desvio dos objetivos mais elevados do grupo,
Outro tópico da Sociologia avaliado como relevante é o dos pela destruição dos canais normais do cooperação, pela intensifica-
processos sociais, estes definidos como interação repetitivas de pa- ção de tensões internas, podendo chegar à violência.
drões de comportamento comumente encontrados na vida social. Por outro lado, doses regulares de conflito de posições , po-dem
Os processos sociais de maior incidência nas sociedades e grupos ter efeito integrador dentro do grupo, na medida em que obri-gam os
humanos são: cooperação, competição e conflito. O líder, cuja ma- grupos a se autocriticarem, a reverem posições, a forçarem a
téria prima é o grupo liderado, necessita identificar a existência de formulação de novas politicas e práticas, e em consequência, a uma
tais processos, estimulando-os ou não, em função das especifida- revitalização dos valores autênticos próprios daquele grupo.
des da situação corrente e da natureza da missão a ser levada a
termo.

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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇAS
Uma vez instalado e manifesto o conflito no seio de um gru- de liderança mais conhecida e de mais fácil adoção. A principal
po, seu respectivo líder terá de buscar soluções e alternativas para restrição a esse tipo de liderança é o desinteresse pelos problemas
manter o controle da situação. Não é fácil ou agradável para os e ideias, tolhendo a iniciativa e, por conseguinte, a participação e
lideres atuar em situações de conflito, o que justifica sua pura e a criatividade dos subordinados. Ouso desse estilo de liderança
simples negação. pode gerar resistência passiva dentro da equipe e inibir a iniciativa
É indispensável que o líder seja capaz de diagnosticar as situa- do subordinado, além de não considerar os aspectos humanos,
ções de conflito, mesmo quando ainda latentes, de modo a buscar dentre eles, o relacionamento líder-liderados.
estratégias adequadas para gerencia-las construtivamente. 1.4.2 -Liderança Participativa ou Democrática
Nesse estilo de liderança, abre-se mão de parte da autoridade
1.4 ESTILOS DE LIDERANÇA formal em prol de uma esperada participação dos subordinados e
aproveitamento de suas ideias. Os componentes do grupo são
Nos primórdios do século XX, prevaleceram as pesquisas so- incentivados a opinarem sobre as formas como uma tarefa poderá
bre liderança, entendida como qualidade inerente a certas pessoas ser realizada, cabendo a decisão final ao líder (exemplo típico é o
ou traço pessoal inato. A partir, dos anos 30, evoluiu-se para uma Estado-Maior). O êxito desse estilo é condicionado pelas carac-
concepção de liderança como conjunto de comportamentos e de terísticas pessoais, pelo conhecimento técnico-profissional e pelo
habilidades que podem ser ensinadas às pessoas que, desta forma, engajamento e motivação dos componentes do grupo como um
teriam a possibilidade de se tronarem lideres eficazes. todo. Em se obtendo sucesso, a satisfação pessoal e o sentimento
Progressivamente, os pesquisadores abandonaram a busca de uma de contribuição por parte dos subordinados são fatores que per-
essência da liderança, percebendo toda a complexidade envolvida e mitem uma realimentação positiva do processo. Na ausência do
evoluindo para análise bem mais sofisticadas, que in-cluíam diversas líder, uma boa equipe terá condições de continuar agindo de acor-
variáveis situacionais. Nesse contexto, observa-se a proliferação de do com o planejamento previamente estabelecido para cumprir a
publicações sobre liderança, incluindo trabalhos científicos e literatura missão.O líder deve estabelecer um ambiente de respeito, con-
sensacionalista e de autoajuda. Diferentes autores propõem uma fiança e entendimentorecíprocos, devendo possuir, para tanto, as-
infinidade de estilos de liderança que se so-brepõem. Alguns cendência técnico-profissional sobre seussubordinados e conduta
fundamentam-se em estudos e pesquisas e outros são meramente ética e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder que
empíricos e intuitivos. Há também muitos modis-mos, alguns adota o estilo democrático encoraja a participação e delega com
consistindo, apenas, em atribuição de novos nomes e roupagens a sabedoria, mas nunca perde de vista sua autoridade e responsa-
antigos conceitos, sendo reapresentados como se fossem avanços na bilidade. Um chefe inseguro dificilmente conseguirá exercer uma
área da liderança. liderança democrática, mastenderá a submeter ao grupo todas as
Para simplificar a apresentação e o emprego de uma gama de decisões. Isso poderá fazer com que o chefe acabe sendo conduzi-
estilos de liderança consagrados e relevantes para o contexto mili- do pelo próprio grupo.
tar-naval, foram considerados alguns estilos selecionados em três 1.4.3 -Liderança Delegativa
grandes eixos: grau de centralização de poder; tipo de incentivo; e Esse estilo é indicado para assuntos de natureza técnica,
foco do líder. Pode-se afirmar , genericamente, que os diferen-tes onde o líder atribui a assessores a tomada de decisões especia-
estilos de liderança, propostos à luz das diversas teorias, se lizadas, deixando-os agir por si só. Desse modo, eletem mais
enquadram em três principais critérios de classificação, apresen- tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter especi-
tados como eixos lógicos em que se agrupam apenas sete estilos ficamente a uma determinada área.
principais: É eficaz quando exercido sobre pessoas altamente qualificadas e
a) quanto ao grau de centralização de poder: Liderança Auto- motivadas. O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança
crática, Liderança participativa e Liderança Delegativa. é saber delegar atribuições sem perder o controle da situação e, por
b)quanto ao tipo de incentivo: Liderança Transformacional e essa razão, o líder, também, deverá ser altamente qualificado
Liderança Transacional; e emotivado. O controle das atividades dos elementos subordinados
c) quanto ao foco do líder: Liderança Orientada para tarefa e é pequeno, competindo ao chefe as tarefas de orientar e motivar o
Liderança Orientada para o relacionamento. grupo para atingir as metas estabelecidas.
Os subitens a seguir descrevem os sete principais estilos de 1.4.4 -Liderança Transformacional
liderança propostos pelas diversas teorias. Esse estilo de liderança é especialmente indicado para si-
tuações de pressão, crise emudança, que requerem elevados ní-veis
1.4.1 Liderança Autocrática de envolvimento e comprometimento dossubordinados, sendo que
“uma ou mais pessoas engajam-se com outras de tal forma que
A liderança autocrática é baseada na autoridade formal, aceita líderes e seguidores elevam um ao outro a níveis mais altos de
como correta a legitima pela estrutura do grupo. motivação e moral” (BURNS, 1978,apud SMITH; PETERSON,
O líder autocrático baseia a sua atuação numa disciplina rígi- 1994, p. 129)
da, impondo obediência e mantendo-se afastado de relacionamen- Quatro aspectos caracterizam a liderança transformacio-nal:
tos menos formais com os seus subordinados, controla o grupo por 1º) “[...] carisma(influência idealizada) associado com um grau
meio de inspeções de verificação do cumprimento de normas e elevado de poder de referência por parte do líder [...]” (NO-BRE,
padrões de eficiência, exercendo pressão contínua. Esse tipo de 1998, p. 54), que é capaz de despertar respeito, confiança e
liderança pode ser útil e, até mesmo, recomendável, em situações admiração;2º) inspiração motivadora, que consiste na capacidade
especiais como em combate, quando o líder tem que tomar deci- de apresentar uma visão, dando sentido à missão a ser realizada,
sões rápidas e não é possível ouvir seus liderados, sendo a forma

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de instilar orgulho. Inclui também a capacidade de simplificar o 1.5 -SELEÇÃO DE ESTILOS DE LIDERANÇA
entendimento sobre a importância dos objetivos a serem atingi-dos e, Ao proporem diferentes estilos de liderança, os autores condi-
a “[...] possibilidade decriar símbolos, “slogans” ou ima-gens que cionam a eficácia do seu emprego a algumas variáveis, tais como:
sintetizam e comunicam metas e ideais,concentrando assim os relevância da qualidade da tarefa ou decisão; importância da aceita-
esforços [...]” (NOBRE, 1998, p. 54); 3º) estimulação ção da decisão pelos subordinados para obtenção de seu envolvimen-
intelectual,consiste “[...] em encorajar os subordinados a questio- to na implantação de determinada linha de ação; tempo disponível para
narem sua forma usual de fazer ascoisas, [...] além de incen-tivar a realização da missão; riscos envolvidos; níveis de prioridade no que
criatividade, o auto-desenvolvimento e a autonomia de pensamento” diz respeito à produtividade ou à satisfação do grupo; e nível de
(NOBRE, 1998, p. 54-55), propiciando a formula-ção de críticas maturidade psicológica e profissional dos subordinados. Destacando-
construtivas, em busca da melhoria contínua; 4º) “consideração seapenas esta última variável como exemplo, pode-se afirmar, gene-
individualizada, implica em considerar asneces-sidades diferenciadas ricamente, que aidentificação de um baixo nível de maturidade (pro-
dos subordinados, dedicando atenção pes-soal, fissional e/ou emocional) no grupo de subordinados induz à aplica-ção
orientandotecnicamente e aconselhando individualmen-te” de estilos com maior centralização de poder, mais foco na tarefa e que
(CAVALCANTI et al., 2005) e “[...]oferecendo também meios incentivos no nível transacional (licença, rancho, conforto etc) tendem
efetivos de desenvolvimento e auto-superação.” (NOBRE, 1998, a ter mais valência para o grupo. Por outro lado, grupos mais maduros,
p.55). Segundo o enfoque da liderança transformacional, ao en- em geral, respondem melhor a estilos menos centralizado-res de poder
contrarem significado eperspectivas de realização pessoal no traba- e a incentivos no nível da autorrealização, como ocorre no estilo
lho, os subordinados alcançam os mais elevados níveis de produti- transformacional. Naturalmente, não apenas uma, mas to-das as
vidade e criatividade, fazendo desaparecer a dicotomia trabalho e variáveis relevantes de cada situação devem ser consideradas pelo
prazer.(BARRETT, 2000, apud CAVALCANTI et al., 2005). líder.Portanto, diferentes estilos de liderança podem ser adota-dos, de
acordo com ascircunstâncias. Pode-se considerar que:
1.4.5 -Liderança Transacional “[...] quando se abandona a ideia de que deve existir uma me-
Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com interesses e lhor forma de liderar,todas as teorias subsequentes de liderança de-
necessidades primárias dos seguidores, oferecendo recompensas vem ser contingenciais ousituacionais, isto é, devem definir as cir-
de natureza econômica ou psicológica, em troca de esforço para cunstâncias que afetam o comportamento e a eficácia dos líderes.”
alcançar os resultados organizacionais desejados (CAVALCANTI (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173)
et al., 2005) À luz da abordagem situacional, que prevalece na atualidade,
na qual a liderança pode assumir diversos estilos, os principais
A liderança transacional envolve os seguintes fatores: requisi-tos de liderança passam a ser a capacidade de diagnosticar
“A recompensa é contingente, buscando-se uma sintonia en- as variá-veis situacionais, a flexibilidade e a adaptabilidade às
tre o atendimento das necessidades dos subordinados e o alcan-ce mudanças. Os melhores líderes utilizam estilos diferentes, em
dos objetivos organizacionais; Esse estilo de liderança carac- distintas situações. Assim, é necessário um esforço pessoal do líder
teriza-se também pela administração por exceção, que implica num no sentido de se adaptar, continuamente, às mudanças de estilo
gerenciamento atuante somente no sentido de corrigir erros adequadas a cada con-texto.
[...].”(NOBRE, 1998, p. 55)
Neste estilo de liderança, o líder “[...] observa e procura des- 1.6 -FATORES DA LIDERANÇA
vios das regras e padrões, toma medidas corretivas.” (CAVAL- Os fatores da liderança, mencionados neste item, baseiam-se
CANTI et al., 2005, p. 120). na publicação Liderança Militar, Instruções Provisórias IP 20-10,
de 1991, do Estado-Maior do Exército.
1.4.6 -Liderança Orientada para Tarefa
A especialização em tarefas é uma das principais responsabili- 1.6.1 -O Líder
dades do líder, na medida em que possui a necessária qualificação O líder deve conhecer a si mesmo, para saber de suas capacida-
profissional para o exercício da função. Nesse estilo de liderança, des, características e limitações, evitando atribuir aos seus liderados
então, o líder focaliza o desempenho de tarefas e a realização de falhas ou restrições. “Os bons líderes eficientes são também bons
objetivos, transmitindo orientações específicas, definindo manei- seguidores [...]” (BRASIL, 1991, p. 3-3)e cumpridores das orienta-
ras de realizar o trabalho, o que espera de cada um e quais são os ções de seus superiores, passando esse exemplo a seussubordinados.
padrões organizacionais. “O líder, independentemente de sua vontade, atua como ele-mento
modificador docomportamento de seus liderados subordina-dos. [...] A
1.4.7 -Liderança Orientada para Relacionamento função militar estárelacionada com a segurança e a respon-sabilidade pela
Nesse estilo de liderança, o foco do líder é a manutenção e vida de seres humanos.”(BRASIL, 1991, p. 3-3, 3-4)
fortalecimento das relações pessoais e do próprio grupo. O líder Provavelmente, poucos profissionais são forçados a assumir
demonstra sensibilidade às necessidades pessoais dos liderados, ta-refa tão grave ao liderar subordinados. (BRASIL, 1991).
concentra-se nas relações interpessoais, no clima e no moral do 1.6.2 -Os Liderados
grupo. Esse estilo de liderança, que está significativamente asso- “O conhecimento dos liderados é fator essencial para o exercí-
ciado às medidas de satisfação dos liderados em relação ao traba- cio da liderança edepende do entendimento claro da natureza
lho e ao chefe, pode ser útil em situações de tensão, frustração, huma-na, das suas necessidades,emoções e motivações.”
insatisfação e desmotivação do grupo. (BRASIL, 1991, p. 3-4)
Isto é, ainda, crucial para o salutar exercício de Delegação de
Autoridade.

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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇAS
1.6.3 -A Situação abrangência da liderança e será adotado ao longo desta Doutrina. A
“Não existem normas nem fórmulas que mostrem com exati- liderança direta é obtida por meio do relacionamento face a face entre
dão o que deve ser feito. O líder precisa compreender a dinâmica o líder e seus liderados e é mais presente nos escalões infe-riores,
do processo de liderança, os fatores principais que a compõem, as quando o contato pessoal é constante. A liderança direta, conquanto
características de seus liderados e aplicar estes conhecimentos seja mais intensa no comando de pequenas frações ou unidades, tendo
como guia para cada situação em particular.” (BRASIL, 1991, p. em vista que a estrutura organizacional da Força exige o trato com
3-5) assessores e subordinados diretos. A lideran-ça organizacional
Fica, assim, bem clara a necessidade exaustiva da prática da desenvolvese em organizações de maior enver-gadura, normalmente
liderança, para o sucesso do líder, levando sempre em conta a cul- estruturadas como Estado Maior, sendo com-posta por liderança
tura e/ou a subcultura organizacional da instituição. direta, conduzida em menor escala e voltada para os subordinados
imediatos, e por delegação de tarefas. A lide-rança estratégica militar
1.6.4 -A Comunicação é aquela exercida nos níveis que definem a política e a estratégia da
“A comunicação é um processo essencial à liderança, que consiste Força. É um processo empregado para conduzir a realização de uma
na troca de ordens, informações e ideias, só ocorrendo quando a visão de futuro desejável e bem de-lineada.
mensagem é recebida e compreendida. [...] É através desse processo
que o líder coordena, supervisiona, avalia, ensina, treina e aconselha
seus subordinados.[...] O que é comunicado e a forma como isto é feito 1.8.1 -Liderança Direta
aumentam ou diminuem o vínculo das re-lações pessoais, criam o Essa é a primeira linha de liderança e ocorre em organizações
respeito, a confiança mútua e a compreen-são. Os laços que se onde os subordinados estão acostumados a ver seus chefes fre-
formam, com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados, são a quentemente: seções, divisões, departamentos, navios, batalhões,
base da disciplina e da coesão em uma or-ganização. O líder deve ser companhias, pelotões e esquadras de tiro. Para serem eficazes, os
claro e “escolher” cuidadosamente as palavras, de tal forma que líderes diretos devem possuir muitas habilidades interpessoais,
signifiquem a mesma coisa para ele e para seus subordinados.” conceituais, técnicas e táticas.
(BRASIL, 1991, p. 3-4). Os líderes diretos aplicam os atributos conceituais de pensa-
mento crítico-lógico e pensamento criativo para determinar a me-lhor
1.7 -ATRIBUTOS DE UM LÍDER maneira de cumprir a missão. Como todo líder, usam a Ética para
A natureza e as especificidades da profissão militar, a des- pautar suas condutas e adquirir certeza de que suas escolhas são as
tinação constitucional das Forças Armadas e a cultura organi- melhores e contribuem para o aperfeiçoamento da perfor-mance do
zacional da Forças Armadas como um todo e, da Marinha, mais grupo, dos subordinados e deles próprios. Eles empre-gam os atributos
especificamente, fazem com que certos traços de personalidade interpessoais de comunicação e supervisão para realizar o seu trabalho.
tornem-se desejáveis etendam a encontrar-se especialmente acen- Desenvolvem seus liderados por instruções e aconselhamento e os
tuados nos líderes militares. Embora não existamfórmulas de lide- moldam em equipes coesas, treinando-os até a obtenção de um padrão.
rança, a História, a experiência e também a pesquisa psicossocial São especialistas técnicos e os me-lhores mentores. Tanto seus chefes
têm demonstrado que é importante que os chefes procurem desen- quanto seus subordinados es-peram que eles conheçam bem sua
volver esses traços em si e nosseus subordinados, porque em mo- equipe, os equipamentos e que sejam “expert” na área em que atuam.
mentos críticos ou nas situações difíceis eles podemcontribuir para Usam a competência para incrementar a disciplina entre os seus
um exercício mais eficaz da liderança no contexto militar. Os atri- comandados. Usam o co-nhecimento dos equipamentos e da doutrina
butos de um líder têm como componente comum a capacidade de para treinar homens e levá-los a alcançar padrões elevados, bem como
influenciar. criam e sus-tentam equipes com habilidade, certeza e confiança no
Um bom líder deve perseguir, manter, desenvolver e culti-var sucesso na paz e na guerra. Exercem influência continuamente,
essa capacidade e,sobretudo, transmiti-la aos seus subor-dinados, buscando cumprir a missão, tendo por base ospropósitos e orientações
formando assim, novos líderes que, por sua vez, devem agir da mesma ema-nadas das decisões e do conceito da operação do chefe,adquirin-
forma, na tentativa de alcançar um círculo virtuoso. O Anexo A define do e aferindo resultados e motivando seus subordinados, principal-
os principais atributos de um líder, que devem estar em consonância mente peloexemplo pessoal. Devido a sua liderança ser face a face,
com os preceitos da Ética Militar, segundo os fundamentos veem os resultados de suas ações quase imediatamente. Trabalham
estabelecidos no Estatuto dos Militares. Nunca é demais ressaltar que focando as atividades de seus subordinados em direção aos obje-tivos
a Ética é parâmetro fundamental para o exer-cício da liderança, da organização, bem como planejam, preparam, executam e controlam
notadamente no âmbito militar. os resultados. Se aperfeiçoam ao assumirem os valores da instituição
e ao estabelecerem um modelo de conduta para seus subordinados,
1.8 -NÍVEIS DE LIDERANÇA colocando os interesses da instituição e do Grupo que lideram acima
Com a evolução das técnicas de gestão empresa-rial, o foco do dos próprios. Com isto, eles desenvolvem equi-pes fortes e coesas em
estudo sobre ocomportamento dos dirigentes passou a ser voltado para um ambiente de aprendizagem saudável e efetiva. Os líderes diretos
as diferenças entre o líder de base e ode cúpula. Foi então idealizado devem, ainda, estimular ao máximo o desenvolvimento de líderes
um padrão de organização baseado em três ní-veis funcionais: subordinados, de forma a potencializar a sua influência até os níveis
operacional, tático e estratégico, discriminando as características organizacionais mais baixos e obter melhores resultados.
desejáveis para um líder nos três níveis, de acordo com suas
habilidades.Em consonância com esses novos concei-tos, foram
estabelecidos três níveis deliderança: direta, organiza-cional e
estratégica. Estes três níveis definem com precisão toda a

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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇAS
1.8.2 -Liderança Organizacional Conhecendo a si mesmos e aos demais “atores” estratégicos, tendo
Ao contrário do que acontece no nível de liderança dire-ta, um nítido domínio dos requisitos operacionais, da situa-ção
onde os líderes planejam, preparam, executam e controlam di- geopolítica e da sociedade, os líderes estratégicos conduzem
retamente os resultados dos seus trabalhos, a influenciados líderes adequadamente a Força e contribuem para o desenvolvimento e a
organizacionais é basicamente indireta: eles expedem suas políti- segurança da Nação. Tendo em vista que os conflitos nos dias de
cas e diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu hojepodem ser desencadeados muito rapidamente, não permi-tindo
staff e comandantes subordinados. Devido ao fato de não ha-ver um longo período demobilização para a guerra – como se fazia no
proximidade, os resultados de suas ações são frequentemente menos passado –, o sucesso de um líder estratégicosignifica dei-xar a
visíveis e mais demorados. No entanto, a presença desses líderes em Força pronta para vencer uma variedade de conflitos no pre-sente
momentos e lugares críticos aumenta a confiança e a performance dos epermanecer pronta para enfrentar as incertezas do futuro. Em
seus liderados. Independente do tipo de organi-zaçãoque eles chefiem, resumo, esses líderes preparam a instituição para o futuro por meio
líderes organizacionais conduzem opera-ções pela força do de sua liderança. Isto significa influenciar pessoas – integran-tes
exemplo,estimulando os subordinados e su-pervisionando-os da própria organização, membros de outros setores do governo,
apropriadamente. Sempre que possível, o líder organizacional deve elites políticas – por meio de propósitos significativos, direções
mostrar sua presença física junto aos escalões subordinados, seja por claras e motivação consistente. Significa, também, acompanhar o
intermédio de visitas e mostras, seja por meio de reuniões funcionais desenrolar das missões atuais, sejam quais forem, e buscar aper-
com os comandantes subordinados. feiçoar a instituição – tendo a certeza que o pessoal está adestrado
e de que seus equipamentos e estrutura estão prontos para os fu-
1.8.3 -Liderança Estratégica turos desafios.
Líderes estratégicos exercem sua liderança no âmbito dos ní-veis
mais elevados dainstituição. Sua influência é ainda mais in-direta e
distante do que a dos líderesorganizacionais. Des-se modo, eles devem
desenvolver atributos adicionais de forma ae-liminar ou reduzir esses
inconvenientes. Os líderes estratégicos trabalham para deixar, hoje, a
instituição pronta para o amanhã, ou seja, para enfrentar os desafios
do futuro, oscilando entre a cons-ciência das necessidades nacionais
correntes e na missão e obje-tivos de longo prazo. Desde que a
incerteza quanto às possíveis ameaças não permita uma visualização
clara do futuro, a visão dos líderes estratégicos é especialmente crucial
na identificação do que éimportante com relação ao pessoal, material,
logística e tecno-logia, a fim de subsidiardecisões críticas que irão
determinar a estrutura e a capacidade futura da organização. Dentro da
ins-tituição, os líderes estratégicos constroem o suporte para facilitar
a buscados objetivos finais de sua visão. Isto significa montar um staff
que possa assessorá-los convenientemente a conduzir seus
subordinados de maneira segura e flexível. Para obter o suporte
necessário, os líderes estratégicos procuram obter o consenso não só
no âmbito interno da organização, como também trabalhando junto a
outros órgãos e instituições a que tenham acesso, em ques-tões como
orçamento, estrutura da Força e outras de interesse, bem como
estabelecendo contatos com representações de outros países e Forças
em assuntos de interesse mútuo. A maneira como eles comunicam as
suas políticas e diretivas aos militares e civis subor-dinados e
apresentam aquelas de interesse aos demais cidadãos vai determinar o
nível de compreensão alcançado e o possível apoio para as novas
ideias. Para se fazer entender por essas diversas au-diências, os líderes
estratégicos empregam múltiplas mídias, ajus-tando a mensagem ao
público alvo, sempre reforçando os temas de real interesse da
instituição.
Os líderes estratégicos estão decidindo hoje como transformar a
Força para o futuro. Eles devem trabalhar para criar e desenvol-ver a
próxima geração de líderes estratégicos, montar a estrutura para o
futuro e pesquisar os novos sistemas que contribuirão na obtenção do
sucesso. Para capitanear as mudanças pessoalmente e levar a
instituição em direção à realização do seu projeto de futuro, esses
líderes transformam programas conceituais e políticos emi-niciativas
práticas e concretas. Este processo envolve uma pro-gressiva
alavancagemtecnológica e uma modelagem cultural.

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HISTÓRIA NAVAL
OS NAVIOS DE MADEIRA:
CONSTRUINDO EMBARCAÇÕES E NAVIOS
A HISTÓRIA DA NAVEGAÇÃO: OS NAVIOS DE
MADEIRA: CONSTRUINDO EMBARCAÇÕES E As caravelas provavelmente tiveram sua origem em em-
NAVIOS; barcações de pesca, que já existiam na Península Ibérica desde o
O DESENVOLVIMENTO DOS NAVIOS século XIII. Tinham, em geral, velas latinas. Essas velas são muito
PORTUGUESES. O DESENVOLVIMENTO DA boas para navegar quase contra o vento, con-tribuindo para que as
NAVEGAÇÃO OCEÂNICA : INSTRUMENTOS E AS caravelas fossem muito úteis na costa da África. Foi
principalmente com elas que os portugueses exploraram
CARTAS DE MAREAR; A VIDA A BORDO DOS
NAVIOS VELEIROS. o litoral africano durante o século XV. As caravelas foram os
navios mais importantes para Portugal até a descoberta do Cabo da
Boa Esperança, que permitiu contornar a África, passando do
Oceano Atlântico para o Oceano Índi-co. A partir de então, o
Os rios, lagos, mares e oceanos eram obstáculos que transporte de mercadorias por [naus] passou a ser o mais
os seres humanos do passado muitas vezes precisavam importante.
ultrapassar. Primeiro, eles se agarravam a qualquer coisa que A nau era um navio mercante com grandes espaços nos porões
flutuasse. Depois, sentiram a necessidade de descobrir como para carregar as mercadorias do Oriente. Essa ênfase na carga, no
transformar materiais, para que estes, flutuando, pu-dessem se entanto, fazia com que as naus fossem mal armadas. Levavam
sustentar melhor sobre a água. Assim, ao longo do tempo, em cada poucos canhões para carregar
lugar surgiu uma solução, que dependeu do material disponível: a
canoa feita de um só tronco cavado; a canoa feita da casca de uma Galeão do século XVI (acervo SDM) mais mercadorias e
única árvore; a jangada de vários troncos amarrados; o bote de eram presas fáceis para os navios dos países que começa-riam a
feixes de juncos ou de [papiro]; o bote de couro de animais e desafiar o monopólio português do comércio com o Oriente pelo
outros. Cabo da Boa Esperança, da chamada Carreira da Índia. Até então,
Todas essas soluções simples, no entanto, não transpor-tavam Portugal vinha utilizando caravelas bem armadas como navios de
muita coisa, ou eram difíceis de manejar, ou mesmo perigosas em guerra, mas, desde o início do século XVI, sentira a necessidade
águas agitadas. Era necessário desenvolver embarcações de desenvolver o [galeão], um navio de guerra maior e com mais
construídas a partir da junção de diversas par-tes, para que fossem 5
maiores e melhores. canhões, para combater turcos no Oriente e corsários e piratas
Durante o século XV, os portugueses decidiram que de-veriam europeus ou muçul-manos no Atlântico. O galeão foi a verdadeira
prosperar negociando diretamente com o Oriente, por meio do mar. origem do na-vio de guerra para emprego no oceano. Foi
Para alcançar bom êxito nesse ambicioso projeto de interesse construído para fazer longas viagens e combater longe da Europa.
nacional, foi necessário: explorar a costa da África no Oceano
Atlântico e encontrar a passagem, ao sul do continente africano, O DESENVOLVIMENTO DA NAVEGAÇÃO OCEÂNI-
para o Oceano Índico; chegar às Índias e lá negociar diretamente CA: OS INSTRUMENTOS E AS CARTAS DE MAREAR
as mercadorias; trazê-las para Portugal em navios capazes de
transportar quantidades relativamente grandes de carga e defender Um dos instrumentos mais importantes que, no passado,
esse comércio. Isso exigiu desenvolvimentos científicos e permitiram as Grandes Navegações foi a bússola, inventada pelos
tecnológicos para os navios e para a navegação. chineses. A bordo ela é chamada de agulha magnéti-ca e,
antigamente, de agulha de marear. Basicamente, ela consta de uma
agulha imantada que se alinha em função do campo magnético
Os portugueses desenvolveram e utilizaram: [caravelas] para natural da Terra, podendo-se, então, saber a direção em que está o
explorações; naus como navios mercantes para o comér-cio e polo norte magnético. Assim, é possível saber a direção em que o
galeões como navios de guerra. Mas isso só não bas-tava para navio segue, ou seja, seu rumo.
chegar Para saber exatamente a posição em que se está em relação ao
com sucesso ao porto de destino. globo terrestre, é necessário calcular a latitude e a longitude do
lugar. O cálculo prático da longitude depende de se saber, com
A navegação, quando se mantém terra à vista, é feita pela precisão, a hora. Porém, a inexistência de relógios (cronômetros)
observação de pontos geográficos de terra determinando a posição que não fossem afetados pelos mo-vimentos do navio, causados
do navio em relação à costa. Quando não se avista mais a terra e pelas ondas, fez com que a hora não pudesse ser calculada no mar
quando o mar e o céu se encontram no horizonte a toda volta, é até o século XVIII, quando foram desenvolvidos cronômetros
necessário saber em que direção o navio segue e a posição em que adequados à utilização a bordo dos navios, para o cálculo da
se está em relação à superfície do globo terrestre. longitude. A latitude não era difícil de se calcular e, por ela e pela
estimativa de quanto o navio havia se deslocado, os navegadores
Foi necessário, portanto, desenvolver instrumentos ca-pazes da época das Grandes Navegações sabiam aproximadamente onde
de indicar a direção (bússola) do navio, a latitude (astrolábio) e a estavam. Evidentemente, erros de navegação ocorreram, com
longitude (cronômetro). consequências desastrosas.

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Outros instrumentos utilizados mais tarde, como o qua-drante
e o sextante, mediam a altura do Sol pelo ângulo em relação ao
horizonte, permitindo estimar a hora e o cálculo de longitude. A EXPANSÃO MARITIMA EUROPEIA E O
As cartas náuticas, mapas do mar, eram muito impreci-sas e DESCOBRIMENTO DO BRASIL:
passaram por difícil processo de desenvolvimento. As que foram FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
inicialmente feitas pelos portugueses eram conhecidas como PORTUGUES E A EXPANSÃO ULTRMARINA:
portulanos. A partir do final do século XVI, passou-se a utilizar a LUSITANIA; ORDENS MILITARES E
Projeção de Mercator, usada até os dias de hoje nas cartas náuticas. RELIGIOSAS; O PAPEL DA NOBREZA; A
Nela os meridia nos e os pa-ralelos são representados por linhas IMPORTANCIA DO MAR NA FORMAÇÃO DE
retas que se intercep-tam formando ângulos de 90 graus. Isso causa
PORTUGAL; DESENVOLVIMENTO ECONOMICO
consideráveis distorções nas latitudes mais elevadas, porém tem a
vanta-gem de os rumos e as marcações de pontos de terra serem E SOCIAL; A DESCOBERTA DO BRASIL
linhas retas, facilitando a [plotagem] nas cartas. Como a Terra é
aproximadamente esférica (na verdade um geóide), a distância
mais curta entre dois pontos não é uma linha reta na Projeção de
Mercator, mas isso é somente um pequeno incon-veniente, e a SINOPSE
curva que representa a menor distância pode ser calculada pelo Este capítulo trata das condicionantes, físicas e políticas, que
navegador. levaram portugueses e espanhóis a se aventurar pelo mar, em busca
de caminhos alternativos para o comércio com as Ín-dias. Vimos,
no capítulo anterior, o desenvolvimento da cons-trução naval e dos
A VIDA A BORDO DOS NAVIOS VELEIROS instrumentos náuticos que permitiram tal feito. Agora, vamos
conhecer um pouco os navegantes que se aventuraram e um pouco
A vida a bordo dos navios veleiros era muito difícil. A Idade da história dos seus países de origem, ou seja, Portugal e Espanha.
da Vela representou para os marinheiros muito sacri-fício. O
trabalho a bordo, manobrando com as velas, muitas vezes durante O pioneirismo português, já no final do século XIV, foi
tempestades, exigia bastante esforço físico e era arriscado. A resultado de Portugal estar com suas fronteiras estabeleci-das e ter
comida, sem possibilidade de contar com uma câmara frigorífica, um poder estatal em processo de centralização, possibilitando o
era deficiente, principalmente em vita-minas, o que causava incentivo, por parte do governo, à expansão ultramarina. A
doenças como o beribéri (pela carência de vitamina B) e o primeira conquista portuguesa no ultramar foi a cidade de Ceuta,
escorbuto (pela carência de vitamina C). Durante os longos no norte da África. Na sequência, Dio-go Cão explorou a costa
períodos de mau tempo, não havia como secar as roupas. A higiene africana entre os anos de 1482 e 1485; depois foi a vez de
a bordo também deixava muito a desejar. Muitos morreram nas Bartolomeu Dias que, atingindo o sul do continente africano,
longas viagens oceânicas. passou pelo Cabo das Tormentas, em 1487, que passou a ser
O escorbuto, no entanto, merece destaque, pois foi uma denominado Cabo da Boa Esperança.
doença que causou a morte de muitos marinheiros nas longas
travessias no mar, quando a dieta dependia apenas de peixe, carne Vasco da Gama, em 1498, chegou a Calicute, sudoeste da
salgada e biscoito (feito de farinha de trigo, o último alimento que Índia, estabelecendo a rota entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a
se deteriorava a bordo dos veleiros). Ele é cau-sado pela falta de frota de Pedro Álvares Cabral chegou às terras do Brasil. Estava,
vitamina C na dieta. As gengivas incham e sangram, os dentes assim, formado o império ultramarino portu-guês.
perdem sua fixação, aparecem manchas na pele, sente-se muito
cansaço. Com o tempo, vem a morte. Em uma viagem da Marinha
inglesa (força naval comandada pelo Comodoro George Anson), Já os espanhóis se aventuraram em busca do caminho para as
em 1741, dos dois mil ho-mens que partiram da Inglaterra, Índias na direção oeste. Cristóvão Colombo chegou
somente 200 regressaram. A maioria morreu por causa do à América em 1492, e Fernão de Magalhães, financiado pela
escorbuto. Ele foi responsá-vel por mais mortes na Idade da Vela Espanha, alcançou, em 1519, o extremo sul do continente sul -
do que os combates, os naufrágios, as tempestades e todas as outras americano, ultrapassou o estreito que hoje leva seu nome e cruzou
doenças juntas. o Oceano Pacífico, chegando às Filipinas em 1521.
A prevenção do escorbuto obtém-se bebendo, fre-
quentemente, um pouco de suco de limão (que é rico em vitamina Tendo descoberto as terras que Portugal denominou Brasil, foi
C), como parte da dieta. Essa solução surgiu no final do século necessário reconhecê-las e povoá-las. Veremos, a partir daqui,
XVIII, tornando mais saudável a vida a bordo nos navios. quais as expedições que reconheceram o nosso litoral e as
providências adotadas para povoá-lo.
Agora é possível deduzir porque a maioria dos piratas re- Singremos, portanto, no reconhecimento da nova terra.
presentados em filmes não possui alguns dentes.

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FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO A origem do próprio Estado português se deu com a formação
DO ESTADO PORTUGUÊS E EXPANSÃO ULTRAMARI- do Condado Portucalense, sob o domínio de Dom Henrique de
NA Borgonha.
As vitórias alcançadas pelos exércitos de Dom Henrique
A condição fundamental para o processo de formação das mostraram à Santa Sé a importância que estes vinham adqui-rindo
nações europeias foi a crise do feudalismo, que teve início em com o sucesso das lutas militares. Assim, os interesses do senhorio
meados do século XIII. Essa crise foi resultante da relativa paz em do condado e os do papado iam aos poucos convergindo para o
que vivia o continente europeu, que permitiu a criação dos burgos reconhecimento da autonomia portuca-lense ante o Reino de Leão.
(fora dos limites do senhor feudal, que lhes dava proteção em troca O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre o duque
da vassalagem), que viriam a se transformar em vilas ou cidades portucalense Dom Afonso Henriques (1128-1185), filho de
com relativa autonomia. Isso provocou o enfraquecimento dos Henrique de Borgonha, e Dom Afonso VII, imperador de Leão,
senhores feudais, redu-zindo o poder da nobreza e, determinou o reconhecimento, por parte deste último, da in-
consequentemente, abrindo espaço para a retomada do poder dependência do antigo condado, agora Reino de Portugal.
político pelos reis.
Os soberanos, à medida que obtinham recursos finan-ceiros, ORDENS MILITARES E RELIGIOSAS
em troca de privilégios, fortaleciam seus exércitos e submetiam os
antigos feudos e as novas vilas e cidades Outro fator a ser ressaltado diz respeito às ordens milita-res
à sua autoridade, incorporando esses territórios ao que viriam a ser (ordens de cavalaria sujeitas a um estatuto religioso e que se
seus reinos. Era o embrião do futuro Estado na-cional. propunham a lutar contra os mulçumanos) no processo da
Reconquista. Tais ordens, fundadas com o intuito de auxiliar
Intensas lutas precederam e consolidaram o Estado português. doentes e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para
O primeiro grande embate foi para a expulsão dos mouros da combater militarmenteos adeptos da fé mulçumana, participaram
Península Ibérica em das batalhas contra os mouros na Península Ibérica.
1249 (os mouros, comandados pelo general Tarik,
invadiram a Península Ibérica no ano de 711), no movi- O PAPEL DA NOBREZA
mento denominado Reconquista, quando Portugal con-
solidou seu território e firmou-se como “o primeiro Estado
Além de setores diretamente ligados à Igreja, assinala-se
europeu moderno”, segundo o historiador Charles Boxer.
também intensa vinculação da nobreza portucalense na formação
Mas somente após a vitória sobre os Reinos de Leão e Castela,
do Estado nacional lusitano. Esse setor social, cujo poder se
em 1385, na Batalha de Aljubarrota, e a assinatura do tratado
de paz e aliança perpétua com o Reino de Castela, em 1411, a originava na propriedade da terra, também partici-pou de forma
decisiva nas guerras da Reconquista, apoiando o esforço militar da
paz foi selada.
realeza. Esta, num primeiro momen-to, concedeu privilégios
Portugal iniciou seu processo de expansão ultramarina bastante amplos à nobreza. Mais tarde, contudo, pretendeu limitar
conquistando aos mouros a cidade de Ceuta, no norte da tais privilégios, impondo medidas que beneficiavam a
África. A partir daí, virou-se para o mar, onde se tornou domi- centralização do poder.
nante. Como não poderia deixar de ser, essa empreitada en-
volveu somas altíssimas e, para financiá-la, a coroa portuguesa A IMPORTÂNCIA DO MAR NA FORMAÇÃO DE POR-
se valeu do aumento de impostos e recorreu a empréstimos TUGAL
financeiros de grandes comerciantes e banqueiros (inclusive
italianos). Paralelamente aos problemas político-territoriais apon-tados,
LUSITÂNIA é digno de destaque que, além da agricultura, o co-mércio marítimo
Conhecida outrora pelo nome de Lusitânia, a região que e a pesca eram das mais importantes ati-vidades praticadas em
hoje é Portugal foi originalmente habitada por populações Portugal, país de solo nem sempre fértil e produtivo. A atividade
iberas de origem indo-européia. Mais tarde, foi ocupada, su- pesqueira destacou-se como fundamental para complemento da
cessivamente, por fenícios (século XII a.C.), gregos (século VII alimentação de sua po-pulação.
a.C.), cartagineses (século III a.C.), romanos (século II a.C.) e,
posteriormente, pelos visigodos (povo germânico, converti- Situado em posição geográfica estratégica, à beira do Oceano
do ao cristianismo no século VI), desde o ano de 624. Atlântico e próximo ao Mediterrâneo, era de se es-perar que
Em 711, a região foi conquistada pelos muçulmanos, desenvolvesse grande devotamento à navegação e,
impulsionados por sua política de expansionismo, tendo consequentemente, à construção naval. Natural, também, que a
como base uma coligação formada por árabes, sírios, per- Marinha portuguesa fosse utilizada em caráter militar, o que
sas, egípcios e berberes, estes em maioria, todos unidos ocorreu a partir do século XII.
pela fé islâmica e denominados mouros. No reinado de Dom Sancho II (1223-1245) podem ser
A resistência aos invasores só ganhou força a partir do assinaladas as primeiras tentativas de implantação de uma frota
século XI, após a formação dos reinos cristãos ao norte, naval pertencente ao Estado, ordenando, inclusive, a construção de
como Leão, Castela, Navarra e Aragão. A guerra deflagrada locais específicos nas praias para reparo de em-barcações.
contra os mouros contou com o apoio de grande parte da
aristocracia europeia, atraída pelas terras que a conquista
lhes proporcionaria.

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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL século, Portugal dominou as rotas comerciais do Atlântico
Sul, da África e da Ásia. Sua presença foi tão marcante nesses
Durante o reinado de Dom Dinis (1279-1325), sexto rei de mercados que, nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era
Portugal (primeiro a assinar documentos com nome completo e, usada nos portos como língua franca– aquela que permite
presumidamente, primeiro rei não analfa-beto daquele país), o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionali-dades.
iniciativas bastante relevantes foram adotadas para o fomento da
cultura, da agricultura, do comércio e da navegação. Denominado
O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei Poeta ou Rei Trovador, Ordem de Cristo
Dom Dinis foi monarca essencialmente administrador e não
guerreiro. Envolvendo-se em guerra contra Castela, em 1295, Na segunda vertente, o objetivo colocava-se mais a lon-go
desistiu dela em troca das Vilas de Serpa e Moura. prazo, já que se buscava conquistar pontos estratégicos das rotas
comerciais com o Oriente, criando ali entrepostos (feitorias)
controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da tomada das
Pelo Tratado de Alcanizes (1297) formou a paz com Caste-la, cidades asiáticas. Tal modo de expansão tam-bém ficou marcado
ocasião em que foram definidas as fronteiras atuais entre os países pelo aspecto religioso (cruzadas), pois mantinha-se a ideia de luta
ibéricos. cristã contra os muçulmanos.
Preocupado com a infraestrutura do país, ordenou a
Cronologicamente e resumidamente, assim se deu o referido
exploração de cobre, estanho e ferro, fomentou as trocas co-
processo expansionista:
merciais com outros países, assinou o primeiro tratado co-mercial
Entre 1421 e 1434 os lusitanos chegaram aos Arqui-pélagos
com a Inglaterra, em 1308, e instituiu a Marinha Real. Nomeou,
da Madeira e dos Açores e avançaram para além do Cabo Bojador.
então, o primeiro almirante (de que se tem conhe-cimento) da
Até esse ponto, a navegação era basicamente costeira.
Marinha portuguesa, Nuno Fernandes Cogo-minho, para cuja vaga
foi contratado, em
1317, o genovês Pezagno (ou Manuel Pessanha). Data dessa Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal, onde ins-
época a chegada dos portugueses às Ilhas Canárias. talaram a primeira feitoria em território africano e iniciaram a
Deve-se também à sua iniciativa a intensificação da mono- comercialização de escravos, marfim e ouro.
cultura do pinheiro bravo (Pinhal de Leiria), como reserva flo-
restal para o fornecimento de madeira destinada à construção naval Entre 1445 e 1461, descobriram o Arquipélago de Cabo
e à exportação. Verde, navegaram pelos Rios Senegal e Gâmbia e avança-ram até
No reinado de Dom Fernando I (1367-1383), a construção Serra Leoa.
naval recebeu grande incentivo, mediante a isenção de im-postos e No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das
a concessão de vantagens e garantias aos constru-tores navais. Tormentas, no extremo sul do continente – que passou a ser
Como resulta do, incrementaram-se o comércio marítimo, a chamado de Cabo da Boa Esperança – e chegou ao Oceano Índico,
exportação de produtos da agricultura e a impor-tação de tecidos e conquistando o trecho mais difícil do cami-nho das Índias.
manufaturas. As rendas da Alfândega de Lisboa, considerado porto
franco e intensamente frequenta-do por estrangeiros, aumentaram Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa
significativamente. sudoeste da Índia, estabelecendo a rota entre Portugal e o Oriente.
O processo de centralização do poder foi o elemento essencial
que permitiu ao reino português lançar-se na ex-pansão
ultramarina porém, deve-se destacar que os limites da extração das Durante o reinado de Dom João II, iniciado em 1481, a
rendas obtidas com a agricultura fizeram a coroa voltar seus olhos expansão ultramarina atingiu o auge com os feitos dos na-
às atividades comerciais e marítimas. vegadores Diogo Cão e Bartolomeu Dias. Abriram-se, des-se
O monopólio exercido pelas cidades italianas de Gê-nova e modo, novas e extraordinárias perspectivas para a nação
Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia levou os grupos portuguesa. O negócio das especiarias do Oriente, levadas para a
mercantis portugueses a procurar outra alternati-va para realização Arábia e o Egito pelos árabes e dali transportadas aos países
de seus negócios e, consequentemente, para obtenção de lucros. A europeus, por intermédio de Veneza – que enrique-cera com o
saída seria o contato direto com os comerciantes árabes, evitando tráfico –, vai se concentrar em novas rotas, deslo-cando o foco do
o intermediário genovês ou veneziano. Para isso muito contribuiu comércio mundial do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
a estrutura naval já existente no reino, cujo desenvolvimento foi
estimulado pela coroa. Foi justamente um genovês, Cristóvão Colombo, quem abalou
as pretensões de Dom João II na sua política expan-sionista, ao
A expansão marítima portuguesa caracterizou-se por duas descobrir a América em 1492. No retorno de sua famosa viagem,
vertentes. A primeira, de aspecto imediatista, realizada ao norte do Colombo avistou-se com o rei de Portugal, comunicando-lhe a
continente africano, visava à obtenção de riquezas acumuladas descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo já havia oferecido
naquelas regiões por meio da prática de pilhagens. A tomada de seus serviços ao soberano por-tuguês, que recusou a oferta baseado
Ceuta, no norte da África (Mar-rocos), em 1415, seria um dos em informações dadas
exemplos mais representativos desse tipo de empreendimento e pelos cosmógrafos do reino, levando o genovês a dirigir-se a
marca o início da expan-são portuguesa rumo à África e à Ásia. Castela, onde obteve apoio financeiro para sua viagem.
Em menos de um

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Abalado com as notícias trazidas por Colombo, Dom João II nhã seguinte avançaram as caravelas, sondando o fundo, e
cogitou em mandar uma expedição em direção às terras recém- [fundearam] a milha e meia da praia próxima à foz de um rio, mais
descobertas, convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco tarde denominado Rio do Frade. Após reunião com os
de pois, a questão foi arbitrada por três [bulas] do Papa Alexandre comandantes, foi decidido enviar a terra um [batel], sob o co-
VI, que concederam à Espanha os direi-tos sobre as terras achadas mando de Nicolau Coelho, para fazer contato com os nativos,
por seus navegadores a ocidente do meridiano traçado a cem léguas quando se deu o primeiro encontro entre portugueses e in-dígenas.
a oeste das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde. Durante a noite soprou vento forte, seguido de chu-varada,
colocando em risco as embarcações. Consultados os pilotos,
Os portugueses discordaram da proposta e novas nego-ciações decidiu Cabral sair em busca de local mais abrigado, chegando em
resultaram na assinatura do Tratado de Tordesilhas (cidade Porto Seguro, hoje Baía Cabrália. Alguns tri-pulantes desceram à
espanhola), em 7 de junho de 1494, que garantiu à coroa terra, e não conseguiram entender os habitantes, nem por eles ser
portuguesa as terras que viessem a ser descobertas até 370 léguas entendidos, pois falavam uma língua desconhecida.
a oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas além
desse limite pertenceriam à Espanha. No dia 26 de abril de 1500, no litoral sul da Bahia, foi reza-da
Dom João II morreu em 1495 e coube ao seu sucessor, Dom a primeira missa – num domingo de Páscoa –, onde foi decidido
Manuel, dar continuidade ao projeto expansionista. Du-rante sua mandar ao reino, pela [naveta] de mantimentos,
gestão aconteceu a viagem de Vasco da Gama, que partiu do Rio a notícia da descoberta. Nos dias posteriores, os marinheiros
Tejo em julho de 1497, dobrou o Cabo da Boa Esperança e, em ocuparam-se em cortar lenha, lavar roupa e preparar [aguada],
maio de 1498, após quase um ano de viagem, chegou a Calicute, o
além de trocar presentes com os habitantes do lugar. No dia 1 de
na Índia.
maio, Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida uma
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal em conta-to cruz, próximo ao que hoje conhecemos como Rio Mutari.
Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro em lugar visível, foi
direto com a região das especiarias, do ouro e das pedras preciosas, erguido um altar, onde Frei Henrique de Coimbra celebrou a
e, como consequência, passou a ser o principal fornecedor de tais segunda missa.
produtos na Europa, abalando seriamente o comércio das
repúblicas italianas. No dia 2 de maio, a frota de onze navios levantou ân-coras
A DESCOBERTA DO BRASIL rumo a Calicute, deixando na praia dois [degredados], além de
Vasco da Gama retornou a Portugal em julho de 1499 sob outros tantos [grumetes], se não mais, que deserta-ram de bordo.
clima de grande excitação, motivado pela descoberta da nova rota Antes de atingirem o Cabo da Boa Esperança, quatro navios
para as Índias. Pouco depois, a 9 de março de 1500, partiu em naufragaram e desgarrou-se a nau comandada por Diogo Dias, que
direção ao oriente uma portentosa frota de treze navios (dez percorreu todo o litoral africano, reen-contrando a frota na altura
provavelmente eram naus e três navios menores, que seriam de Cabo Verde quando esta re-tornou.
caravelas).

De seu comandante, Pedro Álvares Cabral, sabe-se que nasceu Com seis navios, Cabral alcançou as Índias, em se-tembro de
na vila de Belmonte, em 1500. Em Calicute, as negociações foram difíceis, surgindo
1467 ou 1468, segundo filho de Fernão Cabral, senhor de desentendimentos com os indianos, quando portu-gueses foram
Belmonte, e de Dona Isabel de Gouveia. Na juventude teria mortos em terra (inclusive o escrivão da armada, Pero Vaz de
prestado bons serviços à coroa nas guerras da África. De qual-quer Caminha) e o porto bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou
modo, sabe-se da dúvida de Dom Manuel na escolha do em Cochim e Cananor, onde foi bem re-cebida, abastecendo-se de
comandante da expedição, que no primeiro momento re-caiu sobre especiarias antes da viagem de retorno, iniciada no dia 16 de
Vasco da Gama. janeiro de
Cabral teria na época cerca de 30 anos e levava consigo 1501. Em 23 de junho, finalmente, a Armada adentrou o Rio
marinheiros ilustres, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, Tejo, concluindo sua jornada.
além de numerosa tripulação, perto de 1,5 mil homens e oito frades
franciscanos, os primeiros religiosos mandados por Portugal a tais
lugares.
Uma das recomendações feitas a Cabral era que tivesse
particular cuidado com o sistema de ventos nas proximidades da
costa africana, fruto da experiência de Vasco da Gama. Na manhã
do dia 14 de março, a frota atingiu as Ilhas Canárias, fazendo 5.8
[nós] de velocidade média. No dia 22, avistou São Nicolau, uma
das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.
Prosseguindo a navegação sempre em rumo sudoeste, foram
avistadas ervas marinhas, indicando terra próxima. No dia 22 de
abril, foram avistadas as primeiras aves e, ao entar-decer,
avistaram terra. Ao longe, um monte alto e redondo foi
denominado Pascoal, por ser semana da Páscoa. Na ma-

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HISTÓRIA NAVAL
Havendo aguardado por dois meses e quatro dias al-guma
O RECONHECIMENTO DA COSTA notícia de Gonçalo Coelho, decidiram percorrer o litoral em
BRASILEIRAA direção ao sul, onde se detiveram durante cinco meses em um
EXPEDIÇÃO DE 1501/1502 ponto que tudo indica ter sido o Rio de Janei-ro, onde ergueram
uma fortificação e deixaram 24 homens. Logo depois retornaram a
Portugal, onde aportaram em 18 de junho de 1504. Gonçalo
Coelho, com o restante da frota, regressou a Portugal, ainda em
1503.
Preocupado em realizar o reconhecimento da nova ter-ra, Dom
Manuel enviou, antes mesmo do retorno de Cabral, uma
expedição, composta por três caravelas, comandadas por Gonçalo AS EXPEDIÇÕES GUARDA-COSTAS
Coelho, tendo a companhia do florentino Américo Vespúcio. A
expedição partiu de Lisboa, em 13 de maio de

1501, em direção às Canárias, de onde rumou para Cabo


O litoral, conhecido como a costa do pau-brasil, pro-longava-
Verde. Nesse arquipélago se encontrou com navios da es-quadra
se desde o Rio de Janeiro até Pernambuco, onde foram sendo
de Cabral que regressavam das Índias. Em meados do mês de
estabelecidas feitorias, nas quais navios portu-gueses realizavam
junho, partiu para sua travessia oceânica, chegan-do à costa
regularmente o carregamento desse tipo de madeira para o reino.
brasileira na altura do Rio Grande do Norte.
Esse negócio rendoso começou a atrair a atenção de outros países
Na Praia dos Marcos (RN) deu-se o primeiro desembar-que,
europeus que nunca acei-taram a partilha do mundo entre Portugal
tendo sido fincado um marco de pedra, sinal de posse da terra. A
e Espanha, entre eles a França.
partir de então, Gonçalo Coelho deu partida à sua missão
exploradora, navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou
Os franceses começaram a frequentar nosso litoral co-
e denominou os pontos litorâneos, con-forme calendário religioso
mercializando o pau-brasil clandestinamente com os índios.
da época. O [périplo] costeiro da expedição teve como limite sul a
Portugal procurou, a princípio, usar de mecanismos diplomá-ticos,
região de Cananéia.
encaminhando várias reclamações ao governo francês, na
esperança de que aquele Estado coibisse esse comércio
A EXPEDIÇÃO DE 1502/1503 clandestino.
Notando que ainda era grande a presença de contra-bandistas
franceses no Brasil, Dom Manuel I resolveu enviar o fidalgo
português Cristóvão Jaques, com a principal missão de realizar o
Essa segunda expedição foi resultado do arrenda-mento da patrulhamento da costa brasileira.
Terra de Santa Cruz a um consórcio formado por cristãos-novos, Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de nossa costa
encabeçado por Fernando de Noronha, e que tinha a obrigação, entre os períodos de 1516 a 1519, de 1521 a 1522 e de 1527 a 1528,
conforme contrato, de mandar todos os anos seis navios às novas onde combateu e reprimiu as atividades do comércio clandestino.
terras com a missão de descobrir, a cada ano, 300 léguas [avante] Em 1528, foi dispensado do cargo de Capitão-Morda Ar mada
e construir uma fortaleza. Guarda -Costa, regressando para Portugal.

A rota traçada pela expedição possivelmente seguiu o


A EXPEDIÇÃO COLONIZADORA DE
percurso normal até o Arquipélago de Cabo Verde, cruzou o
Atlântico, passando pelo Arquipélago de Fernando de No-ronha, MARTIM AFONSO DE SOUSA
concluindo sua navegação nas imediações de Porto Seguro, na
atual Baía Cabrália.

Em 1530, Portugal resolveu enviar ao Brasil uma expe-dição


A EXPEDIÇÃO DE 1503/1504 comandada por Martim Afonso de Sousa visando à ocupação da
nova terra. A [Armada] partiu de Lisboa, a 3 de dezembro, com
duas naus, um galeão e duas caravelas que, juntas, conduziam 400
pessoas. Tinha a missão de combater os franceses, que
Segundo as informações do cronista Damião de Góis, essa continuavam a frequentar o litoral e contra-bandear o pau-brasil;
expedição partiu de Portugal, em 10 de junho de 1503, com seis descobrir terras e explorar rios; esta-belecer um ou mais núcleos
naus, e novamente foi comandada por Gonçalo Coelho. Ao de povoação.
chegarem em Fernando de Noronha, naufragou a [capitânia]. Em 1532, fundou, no atual litoral de São Paulo, a Vila de São
Nesse local deu-se a separação da frota. Após aguardar por oito Vicente e, logo a seguir – no limite do planalto que os índios
dias o aparecimento do restante da frota, dois navios (num dos chamavam de Piratininga –, a Vila de Santo André da Borda do
quais se encontrava embarcado Américo Vespúcio) rumaram para Campo. Da Ilha da Madeira, Martim Afonso trouxe as pri-meiras
a Baía de Todos os Santos, pois assim determinava o regimento mudas de cana que plantou no Brasil, construindo na Vila de São
real para qualquer navio que se perdesse do capitão-mor. Vicente o primeiro engenho de cana-de-açúcar.

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Ainda se encontrava no Brasil quando, em 1532, Dom João III A Holanda era um país de bons comerciantes e hábeis
decidiu impulsionar a colonização, utilizando a tra-dicional marinheiros. Os holandeses possuíam uma fortíssima cons-ciência
distribuição de terras. O regime de capitanias he-reditárias marítima e utilizavam seu poder marítimo com muita competência.
consistiu em dividir o Brasil em imensos [tratos de terra], Eles não pretendiam ficar sem o rico mercado do açúcar brasileiro
distribuídos a fidalgos da pequena nobreza, abrindo à iniciativa devido ao conflito com a Espanha e, conse-quentemente, com
privada a colonização. Portugal. Em 1621, eles criaram a West -Indische Compagnie, a
Martim Afonso de Sousa retornou a Portugal em 13 de março Companhia das Índias Ocidentais.
de 1533, após ter cumprido de maneira satisfatória sua missão de
fincar as bases do processo de ocupação das terras brasileiras. A Companhia das Índias Ocidentais holandesa invadiu
primeiro Salvador, de onde foi expulsa por uma força naval luso-
INVASÕES ESTRANGEIRAS NO BRASIL: espanhola cerca de um ano depois, e, em seguida, Olinda, de onde
INVASÕES FRANCESAS NO RIO DE JANEIRO E se expandiu para boa parte do Nordeste e onde permaneceu por 24
anos.
NO MARANHAO: RIO DE JANEIRO; MARANHAO;
INVASORES NA FOZ DO AMAZONAS: INVAÕES Ocorreram nesse período muitos combates no mar e até uma
HOLANDESAS NA BAHIA E EM PERNAMBUCO; grande batalha naval, a Batalha de 1640, onde quase cem navios,
HOLANDESES NA BAHIA; A OCUPAÇÃO DO entre holandeses e luso-espanhóis, combate-ram na costa do
NORDESTE BRASILEIRO, A INSURREIÇÃO EM Nordeste brasileiro.
PERNAMBUCO; A DERROTA DOS HOLANDESES
EM RECIFE; CORSARIOS FRANCESES NO RIO Nessa luta para expulsar os holandeses, o esforço em terra foi
DE JANEIRO fundamental, mas o poder naval português foi capaz de manter
NO SÉCULO VXIII, GUERRAS, TRATADOS E Salvador como base de operações e, com a presença de uma força
naval em Pernambuco, foi possível obter a ren-dição definitiva dos
LIMITES NO SUL DO BRASIL invasores.
No século XVIII, com o envolvimento de Portugal na Guer-ra
de Sucessão da Espanha, na Europa, o Rio de Janeiro foi atacado
por dois corsários franceses. Com a descoberta do ouro das Minas
SINOPSE Gerais, no final do século XVII, o Rio de Janeiro vinha se tornando
Diversos intrusos e invasores desafiaram os interesses uma cidade próspera. Mais tarde, ela se tornaria a capital da
ultramarinos de Portugal durante os séculos XVI e XVII. Os colônia.
franceses foram os primeiros e, desde o início do século XVI,
navios Por seu lado, os portugueses sempre ambicionaram atingir as
de armadores franceses frequentavam a costa brasileira, riquezas existentes nas possessões espanholas do oeste sul-ameri
comerciando com os nativos os produtos da terra: pau-brasil cano. Eles desejavam apossar-se da região do Rio da Prata, pois
(utilizado para tingir tecido); peles de animais selvagens; pa- isso possibilitaria o acesso às minas de prata de Potosi, na Bolívia.
pagaios e macacos; resinas vegetais e outros. Portugal rea-giu A ocupação espanhola dessa região foi, portanto, fundamental para
enviando expedições guarda-costas e, depois, iniciando a deter os interesses portugueses. Mesmo assim, por ela, a prata
colonização do Brasil. boliviana foi contrabandeada para o Brasil.
Esse início da colonização pelos portugueses criou difi-
culdades para os franceses, mas logo eles tentaram estabe-lecer
duas colônias: em 1555, no Rio de Janeiro, e em 1612, no Buscando expandir seus domínios em direção ao sul do Brasil
Maranhão. Portugal reagiu às duas invasões projetando seu poder e alcançar sua meta, Portugal rompeu formalmen-te com o antigo
naval, com bom êxito, para expulsar os invasores. Tratado de Tordesilhas, assinado com os espanhóis em 1494,
Na foz do Rio Amazonas vamos encontrar ingleses, ho- quando, em janeiro de 1680, o gover-nador do Rio de Janeiro, Dom
landeses e irlandeses que haviam estabelecido feitorias pri-vadas, Manuel Lobo, fundou, na margem esquerda do Rio da Prata, a
e foi preciso empregar a força para expulsá-los. Colônia do Santíssimo Sacramento. Esse fato desencadeou uma
O comércio holandês com o Brasil datava quase do início da série de desen-tendimentos, lutas e tratados de limites com a
colonização, da primeira metade do século XVI. Em 1580, ocorreu Espanha que se estenderiam por mais de um século, em que o
a união das coroas de Portugal e Espanha, e o rei da Espanha, emprego do poder naval português foi muito importante, como
Felipe II, passou a ser, também, o rei de Portugal. Os holandeses veremos neste capítulo.
iniciaram sua guerra de independência con-tra a Espanha no final
do século XVI, mas, mesmo assim, esse comércio continuou, no
início do século XVII, intermediado por comerciantes portugueses. Naveguemos, portanto, na luta de nossa integridade ter-
Destacavam-se como mer-cadorias brasileiras o açúcar, o couro, o ritorial.
pau-brasil e o algo-dão.

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INVASÕES FRANCESAS NO RIO DE JANEIRO E NO A reação portuguesa somente ocorreu por intermédio do
MARANHÃO governador Mem de Sá, em 1560. Portugal desistira da via
Essas duas invasões não foram iniciativas do governo da diplomática para a solução dos problemas com os franceses.
França, cuja estratégia estava voltada para seus interesses na
própria Europa, mas sim iniciativas privadas. Em ambas faltou o Mem de Sá atacou o Forte de Coligny com uma força naval
apoio do Estado francês, no momento em que, atacadas pe-los (soldados e índios) que trouxera da Bahia e arrasou-o. Depois
portugueses, necessitaram de socorro. Já a colonização do Brasil partiu para São Vicente sem deixar uma guarnição na Guanabara.
foi um interesse de Portugal, que pretendia prote-ger a rota de seu
comércio com as Índias. Todos os recursos do Estado português Os franceses fugiram para o continente, abrigando-se junto a
estavam disponíveis para expulsar os invasores e proteger os seus aliados tupinambás e, logo depois que os por-tugueses se
núcleos de colonização portuguesa. foram, restabeleceram suas fortificações.

RIO DE JANEIRO Mem de Sá concluiu que era necessário ocupar definiti-


Em 1553, Nicolau Durand de Villegagnon foi nomeado Vice- vamente o Rio de Janeiro para garantir a expulsão dos in-vasores.
Almirante da Bretanha. Assim tomou conhecimento do comércio Dessa vez enviou, em 1563, seu sobrinho Estácio de Sá à testa da
francês com o Brasil e desenvolveu um plano para fundar uma nova força naval, com ordens para fundar uma povoação na Baía
colônia na Baía de Guanabara, onde habitavam nativos da tribo de Guanabara e derrotar definitivamente os franceses.
Tupinambá, aliados dos franceses. O rei da França, Henrique II,
aprovou esse plano de iniciativa privada, prometeu apoio, forneceu
financiamento e dois navios do rei para a viagem. Estácio de Sá obteve a participação de uma tribo tupi, ini-miga
Villegagnon chegou à Baía de Guanabara em 1555. Ins-talou dos tupinambás do Rio de Janeiro, os temiminós, lidera-dos por
o núcleo da colônia – que chamou de França Antártica –, na ilha Araribóia. Participaram, também, como aliados dos portugueses,
que atualmente tem seu nome, e construiu uma fortificação, dando- índios da tribo tupiniquim de Piratininga, trazi-dos de São Vicente.
lhe o nome de Forte de Coligny. A ilha era pequena e não tinha
Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de
água, mas era uma excelente posição de defesa. Em terra firme,
Janeiro, em 1565, entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar.
perto do atual Morro da Glória, instalou uma olaria para fabricar
Era um local apertado, mas protegido pelos morros, de fácil defesa
tijolos e telhas, fez planta-ções e deu início a uma povoação, que
e de onde se controlava a entrada da barra da Baía de Guanabara.
chamou de Henryville, homenageando o rei da França, Henrique
Sem dúvida, o melhor lugar para poder cumprir sua missão. Logo
II. A povo ação em terra firme, porém, não teve bom êxito e o
começaram a combater os franceses e os tupinambás. Houve
progresso da colô-nia, como um todo, deixou a desejar.
grandes combates, inclusive um de ca-noas nas águas da baía e um
Villegagnon, que já mostrara sua bravura e compe-tência
ataque ao atual Morro da Glória, onde Estácio de Sá foi ferido por
como militar em diversas ocasiões, encontrou muitas dificuldades
uma flecha, no rosto, vindo a falecer em consequência desse
para recrutar as pessoas certas para sua colônia. Um núcleo de
ferimento.
colonização precisa de sapateiros, alfaiates, barbeiros,
carpinteiros, oleiros, pedreiros, médicos, solda-dos e muitos Derrotados na Guanabara, os franceses e seus aliados
outros. Sem eles haveria falta de coisas necessá-rias à tentaram, ainda, estabelecer uma resistência na cidade de Cabo
sobrevivência na colônia. Além disso, é funda mental a presença Frio, mas acabaram vencidos. Os franceses que se renderam foram
de bons agricultores para que não faltem alimentos e produtos para
enviados em navios para a França.
o comércio externo.
As pessoas que vieram com Villegagnon formavam, po-rém, MARANHÃO
um grupo heterogêneo em muitos aspectos: católicos e protestantes
(em uma época de sérios conflitos religio-sos), soldados escoceses Os franceses continuaram com o tráfico marítimo na cos-ta
e ex-presi diários (caracterizando extremos de aceitação de brasileira. Seu eixo de atuação, porém, deslocou-se para o Norte,
disciplina). A pior falha, no entanto, foi a presença de poucas ainda sem povoações portuguesas. Após diversas ações na costa
mulheres européias no grupo, o que fez com que muitos colonos do Brasil, estabeleceram-se, em pequeno nú-mero, em diversos
procurassem as mulheres índias. Isso era difícil para Villegagnon pontos do litoral Norte. Desde o final do século XVI, o Maranhão
entender, devido à sua formação religiosa de Cavaleiro de Malta, passou a ser um local regularmente frequentado por navios
com voto de castidade, que não admitia o sexo fora do casamento. franceses. Na atual Ilha de São Luís ha-via uma pequena povoação
Os franceses contavam com a amizade dos tupinambás. Eles de franceses, em boa convivência com os índios, também
comerciavam com os franceses por meio de trocas (es-cambo) – tupinambás, que habitavam o local.
recebiam machados, facas, tesouras, espelhos, tecidos coloridos,
anzóis e outros objetos e forneciam o pau -brasil, que cortavam na Em 1612, partiu da França uma expedição que constituía uma
floresta e traziam para a colônia, e alimentos. Os tupinambás tentativa séria da iniciativa privada para estabelecer uma colônia
lutaram bravamente ao lado dos franceses, pois detestavam os no Brasil. O destino era o Maranhão. A expedição era chefiada
portugueses, que eram amigos de outros índios, seus inimigos. pelos sócios François de Razilly, Daniel de la Touche de la
Ravardière e o Barão de Sancy, com poderes de tenentes-generais
do rei da França. Quando chegaram, construíram o Forte de São
Luís.

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HISTÓRIA NAVAL
Na França, o bom relacionamento com a Espanha fez com que Os navios dessa força partiram de diversos portos da Ho-landa
o governo não colaborasse significativamente com re-cursos para e reuniram-se em uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.
o reforço da colônia. Em 1614, uma força naval, comandada pela No dia 8 de maio de 1624, eles chegaram à Baía de Todos os
primera vez por um brasileiro, Jerônimo de Albuquerque, chegou Santos. No dia seguinte, iniciaram o ataque a Salvador.
ao Maranhão para combater os franceses.
Os holandeses atacaram os fortes que defendiam a ci-dade, e
os navios que transportavam tropas se dirigiram para o Porto da
No Maranhão os portugueses iniciaram a construção de um Barra, onde, após calarem o Forte de Santo Antônio,
forte, que chamaram Santa Maria. Logo os franceses fize-ram uma desembarcaram um contingente que avançou na direção da cidade.
[sortida] e se apoderaram de três dos navios que es-tavam funde
ados. Animados com o bom êxito alcançado, resolveram, uma O governador português resistiu, mas, como não tinha
semana depois, atacar o forte português. Planejaram um ataque recursos suficientes e a população havia abandonado a cida-de,
simultâneo de tropas. Os portugue-ses, no entanto, foram mais acabou se rendendo. A cidade foi saqueada. Somente al-guns dias
rápidos e contra-atacaram sepa-radamente, com vigor, as duas depois organizou-se a reação contra os invasores.
forças francesas, vencendo-as.
Estabelecidos em Salvador, os holandeses foram, aos poucos,
Apesar de os franceses terem um navio de maior porte, o
diminuindo os efetivos de sua força naval, com a par-tida de
Regente, e as três presas portuguesas, além de ainda con-tarem com
diversos navios.
os tupinambás, resolveram propor um armistício, para conseguir
reforços na França ou obter solução diplomá-tica. Os portugueses Soube-se da perda de Salvador, cerca de dois meses
aceitaram. e meio depois, em Lisboa e Madri. As notícias chegavam
à Europa levadas por navios. Logo, o governo luso-espanhol
A trégua também era favorável aos portugueses, que ob-
começou a preparar uma grande força naval para recuperar a
tiveram reforços no Brasil. La Ravardière não conseguiu no-
vamente o apoio de seu governo e o tratado de paz em vigor, colônia antes que a companhia holandesa consolidasse sua
naquele momento, previa que, em casos como esse, os riscos e os conquista. Na Holanda, sabendo-se dos preparativos luso -
perigos cabiam aos particulares, sem que a paz entre os Estados espanhóis, acelerou-se a prontificação dos reforços que de-veriam
fosse perturbada. Além do mais, o rei de Portugal não ratificou a garantir a ocupação da Bahia.
trégua e ordenou que se expulsassem os franceses do Maranhão.
Providenciou reforços e mandou, em seguida, o governador de A preparação de forças navais que projetassem poder a tão
Pernambuco organizar uma nova expedição. O comando coube a longa distância exigia enorme esforço. Era necessário pla-
Alexandre de Moura. nejamento cuidadoso de consideráveis recursos financeiros,
Os franceses foram cercados no Maranhão, por mar e por materiais e huma nos. A força deveria ser composta de navios de
terra, e, sem esperança de reforços, para evitar que os portugueses diferentes tipos. Os galeões eram os principais navios de guerra da
os tratassem como piratas, renderam-se, em 1615. época. As naus e as urcas eram navios mercantes armados com 10
a 20 canhões, o que lhes possibilitava, tam-bém, emprego militar.
As caravelas, pequenas, nem sempre com canhões, eram muito
INVASÕES NA FOZ DO RIO AMAZONAS empregadas para desembarcar tropas. Havia ainda diversos outros
Após a ocupação do Maranhão, os portugueses resolve-ram navios menores, como [patachos], iates velozes e embarcações que
dirigir sua atenção para os invasores da foz do Rio Ama-zonas, complementa-vam a capacidade das forças navais.
enviando uma expedição que fundou o Forte do Presé-pio, origem
da cidade de Belém, para servir de base para suas ações militares. Considerando as populações da época – a Holanda teria cerca
De lá, eles passaram a atacar os estabele-cimentos ingleses, de 1,5 milhão de habitantes e Portugal ainda menos – não era fácil
holandeses e irlandeses, enforcando os que resistiam e conservar em segredo a preparação de uma força naval. Espiões
escravizando as tribos de índios que os apoia-vam. Essa violência mantinham as cortes européias bem informa-das e seus informes
e a criação de uma flotilha de embarca-ções (que agia eram avaliados e utilizados para preparar contra-ofensivas.
permanentemente na região, apoiando as ações militares e Ocorreram verdadeiras corridas de forças navais para alcançar a
patrulhando os rios) garantiram o bom êxito e asseguraram a posse costa brasileira. Chegar primeiro podia ser uma vantagem decisiva.
da Amazônia Oriental para Portugal. Os luso-espanhóis conseguiram, dessa vez, ficar pron-tos
antes dos holandeses e, em 22 de novembro, partiu de Lisboa uma
INVASÕES HOLANDESAS NA BAHIA E EM PERNAM- armada composta por 25 galeões, 10 naus, 10 urcas, 6 caravelas, 2
BUCO patachos e 4 navios menores, tendo a bordo 12,5 mil marinheiros
HOLANDESES NA BAHIA e soldados. O Comandante-Geral era Dom Fadrique de Toledo
A invasão holandesa de Salvador (BA) foi planejada pela Osório, Marquês de Villanueva de Valdueza.
Companhia das Índias Ocidentais com o propósito de lucro, a ser
obtido, principalmente, com a exploração da agroin-dústria do
açúcar. Levantado o capital para o empreendi-mento, os
holandeses reuniram uma relativamente pode-rosa força naval de
26 navios, 1,6 mil marinheiros e 1,7 mil soldados. O comando
coube ao Almirante Jacob Willekens.

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A Armada luso-espanhola chegou a Salvador em 29 de março A INSURREIÇÃO EM PERNAMBUCO
de 1625. Era a maior força naval que até aquela data atravessara o
Atlântico. Cerca de vinte navios holandeses se abrigavam sob a o
Em 1 de dezembro de 1640, ocorreu a Restauração de
proteção dos fortes e a cidade estava defen-dida por tropas
Portugal, sendo o Duque de Bragança aclamado rei, com o nome
holandesas. Logo, iniciou-se o ataque luso -espanhol, que, pela de Dom João IV.
superioridade de forças, não poderia en-contrar muita resistência.
o Em junho de 1641, assinou-se uma trégua de dez anos com os
Com a rendição dos holandeses, a cidade foi ocupada em 1 de holandeses em Haia. Essa trégua interessava à Com-panhia, que
maio. via seus lucros consumidos pelas ações militares,
A OCUPAÇÃO DO NORDESTE BRASILEIRO e aos portugueses, que, no momento, estavam em guerra com a
Espanha e precisavam reduzir as frentes de combate.
Em 1629, a Companhia das Índias Ocidentais resolveu dirigir
seus esforços para Pernambuco, em lugar de tentar re-conquistar a Como sempre ocorre às vésperas de uma trégua, trataram os
Bahia. holandeses de alargar suas conquistas. Assim, ocuparam Sergipe e
Maranhão, no Brasil, e Angola e São Tomé, na África.
A força naval holandesa enviada conquistou Olinda em 1630.
Era comandada pelo General-do-Mar Wendrich Cor-neliszoon
Lonck e trazia, além de uma tripulação de 3,5 mil homens, 3 mil Após a Restauração de Portugal, foi enviado novo go-
soldados. vernadorgeral para o Brasil, Antônio Teles da Silva. Embora
oficialmente o governo português respeitasse a trégua, para evitar
Soube-se dos preparativos com antecedência em Madri e uma guerra declarada contra a Holanda, sigilosamente aprovava a
Lisboa. O General Matias de Albuquerque, que então estava na insurreição no Brasil, e o novo governador desem-penhou papel de
Europa, regressou ao Brasil para organizar a reação, mas pouco destaque no apoio a essa causa, poden-do-se identificá-lo como seu
pôde ser feito de efetivo, restando, para os defenso-res, iniciar a organizador chefe. Iniciou-se, assim, em Pernambuco, a campanha
defesa em terra, depois da ocupação. da insurreição contra os holandeses.

Entre 1631 e 1640, dentro do período da união com a Es-


panha, foram enviadas três Esquadras luso-espanholas ao Brasil Em 1644, Teles da Silva resolveu reunir uma força naval para
para recuperar Pernambuco. auxiliar os revoltosos, com base no que havia dispo-nível. Os três
navios mais fortes eram naus, armadas com 16 canhões cada.
Os holandeses também enviaram forças navais, com re-forços Tripulações de novatos faziam com que dificilmente essa força
de tropas, para proteger suas conquistas no Brasil. Ocorreram, pudesse fazer frente aos profissio-nais holandeses. O comando foi
consequentemente, encontros que resultaram em diversos dado ao coronel Jerônimo Serrão de Paiva.
combates navais de porte. Destacam-se, entre eles:
O Governador Teles da Silva decidiu executar um plano para
– o Combate Naval dos Abrolhos, em 3 de setembro de ocupar o Recife. Os galeões e outros navios de uma frota que
1631; seguia para Portugal deveriam se juntar aos de Serrão de Paiva e,
caso os holandeses fossem ingênuos ou se a po-pulação se
– os combates navais que ocorreram intermitentemente revoltasse, tentar desembarcar na cidade.
durante cinco dias, a partir de 12 de janeiro, na Batalha Naval de Na noite de 11 de agosto, 37 navios portugueses, incluin-do
1640. os galeões, fundearam em frente ao Recife. Vigorava a trégua e,
portanto, oficialmente, as hostilidades não estavam autorizadas.
Para os luso-espanhóis, a batalha ocorrida em 1640 foi uma
derrota estratégica. Após cinco dias de combate, não haviam Os navios holandeses permaneceram no porto, aguar-dando os
desembarcado as tropas em Pernambuco. Os com-bates levaram a acontecimentos e, em terra, os representantes da Companhia das
força naval muito para o norte, ao longo do litoral do Nordeste, e Índias Ocidentais estavam dispostos a resis-tir a qualquer tentativa
tinha, entre ela e Pernambuco, a for-ça holandesa muito pouco de desembarque.
desfalcada. O desembarque das tropas acabou se realizando no No dia 13, o mau tempo obrigou os navios portugueses a
atual estado do Rio Grande do Norte e o conde da Torre regressou buscar o alto-mar. Durante todo o dia 12, no entanto, ti-nham sido
a Salvador com sua força naval. admirados pelo povo pernambucano, e o que ficou conhecido
como A Jornada do Galeão, acabou sendo, somente, um ato de
emprego político do poder naval pelos portugueses, influenciando
Os holandeses, por sua vez, conseguiram manter o do-mínio as mentes e as atitudes, sem uso de força.
do mar e se aproveitaram dele para bloquear os portos principais e
atacar o litoral do Nordeste do Brasil, expandindo sua conquista.
No dia 9 de setembro de 1645, o almirante holandês Lichthardt
resolveu atacar a força de Serrão de Paiva, que se separara dos
outros navios. Os portugueses contavam com sete naus, três
caravelas e quatro embarcações, com uma tri-

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pulação de mil homens, aproximadamente, e estavam fun-deados A DERROTA DOS HOLANDESES EM RECIFE
na Baía de Tamandaré. Lichthardt [investiu à barra] com oito Em 1949 os holandeses foram novamente derrotados em terra
navios holandeses e foi abordar os navios portugue-ses dentro da na segunda Batalha de Guararapes. Apesar de ain-da terem o
baía. domínio do mar, iniciou-se, em seguida, grande deterioração do
ânimo do pessoal embarcado, com motins, destituições de
A resistência se limitou ao bravo Serrão de Paiva e a pou- comandantes e navios que regressaram para a Holanda
cos homens de seu navio. A maioria dos marinheiros e soldados amotinados.
portugueses se lançou ao mar, nadando para a praia. Seguiu- Em fevereiro de 1650, a primeira frota portuguesa da
se uma verdadeira carnificina de fugitivos e uma consequente Companhia do Comércio do Brasil, com 18 navios de guer-ra,
derrota fragorosa, com muitos mortos, prisioneiros, inclusive chegou ao Brasil. Não tinha ordens para atacar o Recife. Dom João
o Serrão de Paiva ferido, e navios queimados ou apresados IV ainda temia uma guerra com a Holanda na Europa e preferiu
e levados para o Recife. Os documentos e a correspondên- manter a situação informal no Brasil, pro-curando obter resultados
cia sigilosa, comprometedores quanto ao envolvimento das por meio de negociações diplomá-ticas e da guerra de insurreição.
autoridades portuguesas na revolta, caíram nas mãos dos Perdia-se, novamente, uma oportunidade, pois os holandeses, já
holandeses. sitiados em terra, não mais contavam com a força naval de De
Com o domínio do mar novamente assegurado, os holan- With.
deses puderam movimentar suas tropas de reforço, sem ris- Em abril de 1650, o Recife recebeu o reforço de doze na-vios
co de oposição no mar. Assim, puderam organizar ataques holandeses, o que permitiu recuperar o domínio do mar e bloquear
para diminuir a pressão que os insurretos já exerciam o Cabo de Santo Agostinho, local por onde as forças de terra luso-
sobre seus principais pontos estratégicos. brasileiras recebiam suas provisões. A força do Conde de Vila
Em fevereiro de 1647, os holandeses atacaram, pelo mar, Pouca de Aguiar ainda estava em Salvador, porém, com ordem de
e ocuparam a Ilha de Itaparica. O propósito era ameaçar Sal- somente entrar em comba-te se atacada. No final de 1650, partiu
vador. para Portugal.
O ataque a Itaparica incentivou Dom João IV a iniciar a Por décadas, o poder marítimo holandês havia prepon-derado
preparação de uma força naval para enviar ao Brasil. nos oceanos, mas, em meados do século XVII, reapa-receu a
Dom João IV designou Antônio Teles de Menezes coman- concorrência séria da Grã-Bretanha, que teve como consequência
dante da Armada de Socorro do Brasil, fazendo-o Conde de a Guerra Anglo-Holandesa, de 1652 a 1654. Tornou-se, portanto,
Vila Pouca de Aguiar e nomeando-o governador e capitão- inviável para os holandeses manter o domínio do mar permanente
general do Estado do Brasil, em substituição a Teles da Silva. na costa do Brasil.
Compunha-se essa esquadra de 20 navios: 11 galeões, 1 urca, Em dezembro de 1653, uma frota portuguesa chegou ao
2 naus, 2 [fragatas] e 4 navios menores. Brasil. O comandante da frota, Pedro Jaques de Magalhães,
A missão da esquadra do Conde de Vila Pouca de Aguiar decidiu bloquear o Recife e apoiar os revoltosos luso-brasilei-ros.
não era expulsar os holandeses de Pernambuco, ou atacar o As posições holandesas foram, sucessivamente, sendo
Recife, mas, sim, proteger Salvador e expulsar os invasores conquistadas, e a rendição do Recife finalmente ocorreu no final
da Ilha de Itaparica. A perda de Salvador seria, sem dúvida, de janeiro de 1654.
desastrosa para Portugal e para a causa dos revoltosos. O longo êxito dos holandeses no Brasil foi resultante do
Na Holanda, sabendo-se da Armada portuguesa de esmagador domínio do mar que conseguiram manter du-rante
Socorro do Brasil, organizou-se uma força naval sob o co- quase todo o período da ocupação. Mesmo quando o Recife já
mando do ViceAlmirante Witte Corneliszoon de With. estava cercado e era inviável vencer em terra, ainda conseguiram,
Os navios holandeses saíram aos poucos dos portos e, por longos anos, suprir a cidade por mar.
somente em março de 1648, alcançaram o Recife. Encontra-
ram uma situação muito desfavorável e indefinições sobre a CORSÁRIOS FRANCESES NO
ação a tomar no mar. As forças holandesas tinham se retirado RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XVIII
de Itaparica e somente restava em poder da Companhia, A França utilizou a estratégia de empregar corsários para, por
além do Recife, a Ilha de Itamaracá e os Fortes do Rio Grande meio de ações que visavam ao lucro, causar danos nos mares a seus
do Norte e da Paraíba. inimigos. Eles não eram piratas, pois tinham uma carta de corso,
Em 19 de abril de 1648, travou-se a Primeira Batalha dos que lhes dava a autorização real para agir. Tinham, portanto, o
Guararapes e os holandeses, mais numerosos e com a fama direito de ser tratados como prisioneiros de guerra, enquanto os
de estarem entre os melhores soldados da Europa de então, piratas, se apanhados, podiam ser en-forcados.
foram derrotados no campo de batalha escolhido pelos luso
-brasileiros. As riquezas do Rio de Janeiro emergente atraíram a co-biça de
Restava para a Companhia agir no mar, bloqueando os dois franceses. O primeiro foi Duclerc, que foi derro-tado depois
portos brasileiros e atacando pontos do litoral. O bloqueio, de invadir a cidade. O segundo foi Duguay-Trou-in, que veio com
apesar de exigir dos marinheiros longas estadas no mar, com uma considerável força naval, conquistou a Ilha das Cobras, depois
consequentes problemas sanitários e alimentares, tinha como o Morro da Conceição e, de lá, logrou ocupar a cidade que,
incentivo a possibilidade de fazer presas, havendo participa- ameaçada de ser incendiada, rendeu-se. Saqueou o Rio de Janeiro
ção da tripulação no resultado financeiro da venda dos navios e somente o deixou após receber resgate.
e das cargas apresadas.

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HISTÓRIA NAVAL
GUERRAS, TRATADOS E LIMITES NO SUL DO O Brigadeiro Silva Paes permaneceu no Sul e, após ameaçar
BRA-SIL um ataque a Montevidéu – que não ocorreu de-vido ao grande risco
A fronteira do Sul do Brasil demorou a ser definida devi-do à dos navios ficarem encalhados naque-la baía –, decidiu partir para
ferrenha disputa travada entre Portugal e Espanha, que tinham o Rio Grande de São Pedro e cumprir a missão de fortificá-la. Ao
interesse em dominar a estratégica região platina. As-sim, para chegar, tratou Silva Paes de organizar suas defesas e mandou
consolidar o domínio da região, os dois reinos trava-ram diversas construir o forte que de-nominou Jesus, Maria e José. Estavam
batalhas – nas quais o poder naval de ambos os lados foi muito assim criadas as con-dições para o início da povoação dessa região,
empregado – e vários acordos foram firmados. A fronteira sul do que recebeu mais tarde casais açorianos para ocupar a terra.
Brasil mudou então diversas vezes, confor-me o estipulado em
cada novo acordo assinado entre as duas coroas, ficando conhecida Procurando solucionar suas questões de limites, Por-tugal e
como a fronteira do vai-e-vem. Espanha resolveram assinar, em 1750, o Tratado de Madri, que,
entre outras medidas, estabeleceu a posse da Colônia de
Tratado de Lisboa (1681) – Já no primeiro ano de sua Sacramento para Espanha e a de Sete Povos das Missões para
fundação, em 1680, a Colônia de Sacramento foi atacada e recon Portugal. A troca estabelecida pelo trata-do não foi efetuada, pois
quistada aos espanhóis pelo governador de Buenos Aires, sendo os índios que viviam nas Missões se recusaram a deixar o local,
devolvida aos portugueses em 1683, após a assi-natura do Tratado empreendendo resistência armada, levando os luso-espanhóis a
de Lisboa, em 1681. responder com ação militar conjunta que, em 1756, por meio da
força, permitiu a ocupação da região.
Tratado de Utrecht (1715) – A morte do rei da Espanha Carlos
II, em novembro de 1700, levou as maiores potências europeias a
engajarem-se no conflito que ficou conhecido como Guerra da Tratado do Pardo (1761) – Celebrado entre portugueses e
Sucessão da Espanha, que durou quase 15 anos e teve seus reflexos espanhóis, anulou os efeitos do Tratado de Madri e estabe-leceu
estendidos para o continente ame-ricano. Nesse conflito, Portugal que a Colônia de Sacramento voltasse a ser de Portugal. Durante a
e Espanha ficaram em lados opostos e, como consequência, a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), Portugal e Es-panha voltaram
Colônia de Sacramento foi novamente ocupada pelos espanhóis a ficar em lados opostos quando, em 1761, a Espanha assinou um
em 1705. O tratado foi celebrado em 1715 entre as duas nações – tratado de aliança com a França, o que levou a Grã-Bretanha a
legitimou a presença portuguesa na região do Prata com a declarar guerra aos espanhóis. Como consequência, Portugal, que
restituição aos lusos da Colônia de Sacramento. apoiava os britânicos, foi inva-dido, em 1762, por forças
hispânicas e, consequentemente, a guerra se propagou para o Sul
do Brasil.
Tratado de Madri (1750) O conflito ocorrido entre
O espanhol Dom Pedro Antônio Cevallos tinha ambicioso
as cortes portuguesa e espanhola, entre 1735 e 1737, mo-
proje to de dominação do Sul do Brasil e preparou-se militar-mente
tivou a terceira investida hispânica sobre a Colônia de
para atacar a Colônia de Sacramento, recebendo re-forços da
Sacramento. Cumprindo ordem do governador de Buenos
Aires, em junho de 1735, navios espanhóis já empreen- Espanha em navios, material de artilharia e munição.
diam bloqueio marítimo à colônia lusa, enquanto 4 mil A Colônia de Sacramento dispunha, para sua defesa, de uma
soldados realizavam sítio por terra. pequena tropa, que não excedia 500 homens, e o Gover-nador
No Rio de Janeiro, o governador interino, Brigadeiro Vicente da Silva Fonseca respondia às intimações de Cevallos
José Silva Paes, preparou e enviou, às pressas, uma força procurando ganhar tempo, enquanto aguardava reforços. Em
naval para socorrer a colônia. Assim que chegou à região do outubro de 1762, a Colônia de Sacramento foi atacada pela quarta
Prata, essa força naval dissipou o bloqueio que os navios es- vez e, não obstante a resistência oferecida pelos portugueses,
panhóis vinham impondo à Colônia de Sacramento.
capitulou.
Em Portugal, o recebimento da notícia do assédio es-panhol à
colônia lusa levou o rei a ordenar o preparo de uma força naval, Os espanhóis continuaram avançando sobre terras ocupadas
constituída de duas naus e uma fragata. Essa força partiu de Lisboa pelos luso-brasileiros e, com superioridade de forças, tomaram o
em março de 1736. Ao chegar ao Rio de Janeiro, recebeu reforços Rio Grande de São Pedro, em 1763. Ape-sar de ter sido resta
e a ela se juntou o Brigadeiro Silva Paes, com ordens de socorrer a belecida a paz entre as duas nações, após a assinatura do Tratado
Colônia de Sacramento e, se possível, reconquistar de Paris, e o governador de Buenos Aires restituir a Colônia de
Sacramento, este con-tinuou com a ocupação do Rio Grande de
Montevidéu (fundada e abandonada pelos luso-brasilei-ros e São Pedro, que pretendia tornar definitiva, tendo como base o
novamente fundada pelos espanhóis) e fortificar o Rio Grande de Tratado de Tordesilhas. Não obstante a reclamação dos
São Pedro. portugueses por via diplomática, foi necessário empreender uma
ação militar, na qual tropas luso-brasileiras, comandadas pelo
A força naval portuguesa no Prata combateu os es-panhóis, Tenente-General João Henrique Boehm (alemão a serviço de
apoiou a Colônia de Sacramento e estabeleceu o domínio do mar Portugal), juntamente com o emprego da Esquadra por-tuguesa,
na região. Após alcançar esses objetivos, parte dessa força reconquistaram o Rio Grande de São Pedro, em abril de 1776.
regressou ao Rio de Janeiro.

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HISTÓRIA NAVAL
Em 1777, os espanhóis protestaram contra a tomada do Rio
Grande pelos portugueses e, após insucessos diplomá-ticos,
decidiram enviar poderosa expedição sob comando de Dom Pedro FORMAÇÃO DA MARINHA IMPERIAL
de Cevallos. Os espanhóis ocuparam a Ilha de Santa Catarina e, BRASILEIRA: A VINDA DA FAMILIA REAL;
pela quinta vez, atacaram a Colônia de Sacramento. POLITICA EXTERNA DE D.JOÃO E A ATUAÇÃO
DA MARINHA: A CONQUISTA DE CAIENA E A
Tratado de Santo Ildefonso (1777) OCUPAÇÃO DA BAHIA ORIENTAL: A BANDA
– Com a morte de Dom José I, em fevereiro de 1777, assu-miu ORIENTAL;
o trono de Portugal Dona Maria I. Na tentativa de resolver as A REVOLTA NATIVISTA DE 1817 E A ATUAÇÃO
o DA MARINHA; GUERRA DE INDEPENDENCIA;
questões de limites entre os dois países, foi assinado, em 1 de
ELEVAÇÃO DO BRASIL A REINO UNIDO; O
outubro de 1777, o Tratado de Santo Ildefonso. Por esse tratado,
ficou estabelecida a restituição a Portugal da Ilha de Santa
RETORNO DE D. JOÃO VI PARA PORTUGAL; A
Catarina, porém os lusos perderam a Colônia do Santíssimo INDEPENDENCIA ; A FORMAÇÃO DE UMA
Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões. Esse tratado ESQUADRA BRASILEIRA; OPERAÇÕES NAVAIS;
deixou os espanhóis com o domínio exclusivo do Rio da Prata, CONDEFERAÇÃOD O EQUADOR.
sendo deveras desvantajoso para Portugal.
Tratado de Badajós (1801) – A estabilidade entre as relações
luso-espanholas foi afetada quando Napoleão Bo-naparte,
desejoso de castigar Portugal por participar, com seus navios, de SINOPSE
cruzeiros ingleses no Mediterrâneo e visando a trazer os Emergindo das dificuldades do período revolucioná-rio
portugueses para a zona de influência francesa, forçou a Espanha (1789- 1799), a França erguia-se perante a Europa aristo-crática
a declarar guerra a Portugal, em 1801. O rompimento das relações com o Grande Exército chefiado por Napoleão Bo-naparte. As
entre os dois países na Europa du-rou poucas semanas, sem ações notáveis vitórias militares francesas subjugaram a maior parte do
militares dignas de registro, ficando o episódio conhecido como a Velho Mundo e esse expansionismo teve repercussões intensas na
Guerra das Laranjas. Na América, porém, a chegada da notícia própria América, abrindo caminho para a emancipação política das
sobre o conflito entre as duas coroas desencadeou o rompimento colônias ibéricas.
de hostilidades entre as populações de fronteiras. No Rio Grande
de São Pedro, tropas foram aprestadas para defender as frontei-ras, As guerras napoleônicas (1804–1815) foram caracteri-zadas
ainda em demarcação, e os luso-brasileiros invadiram e por dois aspectos: o primeiro, na luta de uma nação burguesa
conquistaram Sete Povos das Missões, do lado espanhol, enquanto contra uma Europa aristocrática; e o segundo, na luta entre França
os hispano-americanos invadiram o sul de Mato Grosso. e Inglaterra. Com a derrota da Marinha francesa na Batalha de
Trafalgar (1805) para a Marinha inglesa, muito superior, decide
O Tratado de Badajós pôs fim à guerra de França e Espanha Napoleão investir contra seus inimi-gos continentais (Áustria e
contra Portugal, tendo a Espanha, por direito de guerra, conservado Prússia) e, ao tomar Berlim, iniciou guerra econômica à Inglaterra,
a praça de Olivença, e Portugal recupera-do, no sul da América, o estabelecendo, em 1806, um bloqueio continental. Os demais
território dos Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai. Estados europeus foram concitados a aderir ao bloqueio, entre eles
Portugal.

Portugal sempre manteve laços comerciais com a Inglaterra, e


sua não-adesão ao bloqueio foi determinante para a decisão de sua
invasão por exército francês sob o comando do General Junot. Ao
saber da chegada do exér-cito invasor de Napoleão, o Conselho de
Estado e o Príncipe Regente Dom João acordaram na retirada para
o Brasil de toda a Família Real.

Em 29 de novembro de 1807, a Família Real embarca rumo


ao Brasil. O comboio de transportes que conduziu todo o aparato
(15 mil pessoas, entre militares e civis) era de trinta navios e várias
embarcações. Foi protegido por escolta ingle-sa composta por
dezesseis naus.

Em 22 de janeiro de 1808, a nau Príncipe Real, onde o


Príncipe Regente Dom João encontrava-se embarcado, che-gou à
Bahia.

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HISTÓRIA NAVAL
Em 28 de janeiro daquele ano, Dom João proclamava a POLÍTICA EXTERNA DE DOM JOÃO E A ATUAÇÃO DA
independência econômica do Brasil, com a publicação da famosa MARINHA: A CONQUISTA DE CAIENA
carta régia, que abriu ao comércio estrangeiro os portos do País;
em 7 de março de 1808, Dom João, à testa de uma força naval Diante da invasão do território continental português pelas
composta por três naus, um [bergantim] e um transporte, entrou na o
Baía de Guanabara. A bordo tam- tropas do General Junot, Dom João assinou, em 1 de maio de
bém vinham os integrantes da Brigada Real da Estandarte dos 1808, manifesto declarando guerra à França, consideran-do nulos
todos os tratados que o imperador dos franceses o obrigara a
Fuzileiros Navais assinar. Os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa voltaram a
ser questionados.
Marinha, encarregados da artilharia e da defesa dos na-vios.
Como a guerra não poderia ser levada a cabo no terri-tório
Vamos ver neste capítulo o que ocorreu quanto ao es- europeu, e sendo importante a ocupação de território inimigo em
tabelecimento da Marinha na Corte e a política externa de Dom qualquer guerra, o objetivo ideal se tornou a colônia francesa. A
João, caracterizada pela invasão da capital da Guia-na Francesa, Corte determinou ao capitão-general da Capitania do Grão-Pará,
Caiena, e a ocupação da Banda Oriental, atual Uruguai. Tenente-Coronel José Narciso Magalhães de Meneses, que
ocupasse militarmente as margens do Rio Oiapoque. Ordem
recebida, tratou de ar-regimentar pessoal e material, valendo-se,
No campo interno, veremos a Revolta Nativista de 1817, inclusive, (diante dos escassos recursos existentes nos cofres da
movimento separatista ocorrido em Pernambuco, onde a Marinha capitania) de subscrição popular.
atuou na sua repressão, bloqueando o porto do Re-cife.

Em outubro de 1808 a força estava pronta, sob o co-mando do


Com o retorno de Dom João VI para Portugal, permane-ceu Tenente-Coronel Manuel Marques d’Elvas Portugal. Para
no Brasil seu filho Dom Pedro, que passou a sofrer pressão vinda conduzir essa força ao lugar de destino, aprestou-se uma
da Corte de Portugal para que regressasse a Lisboa. Como [esquadrilha] composta por dez embar-cações. Em 3 de novembro,
consequência, temos o Dia do Fico (9/1/1822) e, pos-teriormente, a esquadrilha foi acrescida de três navios vindos da Corte, um
após novas pressões, Dom Pedro proclama a nossa Independência. deles, o [brigue] Infante D. Pedro, estava sob o comando do
Para concretizar a Independência e levar a todos os recantos Capitão-Tenente Luís da Cunha Moreira. Juntos traziam um
do litoral brasileiro a notícia do dia 7 de setembro, foi necessário reforço de 300 homens. Tinham ordens de ocupar o território da
organizar uma força naval capaz de atingir todas as províncias e Guiana Francesa e submeter Caiena.
fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.
o
Em 1 de dezembro, desembarcaram as nossas tropas no
território inimigo. Quatro escunas francesas foram apri-sionadas,
Vamos, então, iniciar esta viagem. incorporadas e rebatizadas de Lusitana, D. Carlos, Sydney Smith e
A VINDA DA FAMÍLIA REAL Invencível Meneses.
A CORTE NO RIO DE JANEIRO O governador de Caiena, Victor Hughes, tratou, em vão, de
Juntamente com a Família Real, todo o aparato buro-crático e preparar a resistência, levantando baterias, fortificando os
administrativo foi transferido para o Rio de Janeiro. Entre as melhores pontos estratégicos e guarnecendo os fortes. As forças de
primeiras decisões de Dom João, já no dia 11 de março de 1808, ataque foram ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à
está a instalação do Ministério dos Negócios da Marinha e capital Caiena, até sua rendição final, em 12 de janeiro de 1809. A
Ultramar, que continuou a ter o mesmo regula-mento instituído importância dessa operação recai na condição de ter sido o
pelo Alvará de 1736. primeiro ato consistente de política ex-terna de Dom João
A seguir, foram sucessivamente criadas ou estabelecidas realizado por meio militar, contando com forças navais e terrestres
várias repartições necessárias ao funcionamento do Minis-tério da anglo-luso-brasileiras.
Marinha, tais como: Quartel-General da Armada, In-tendência e
Contadoria, Arquivo Militar, Hospital de Marinha, Fábrica de A ocupação portuguesa da Guiana Francesa durou mais de
Pólvora e Conselho Supremo Militar. oito anos. Embora temporária, a ocupação da Guiana Francesa foi
A Academia Real de Guardas-Marinha, hoje Escola Naval, da maior valia para a fixação dos limites do País, porquanto, na
que também acompanhou a Família Real, teve sua instalação nas ocasião de sua devolução, em 1817, ficaram ta-citamente
dependências do Mosteiro de São Bento, tor-nando-se, desta feita, estabelecidos os limites do Oiapoque.
o primeiro estabelecimento de ensino superior no Brasil.
A BANDA ORIENTAL

No tocante à infraestrutura já existente no Rio de Ja-neiro, Outro movimento importante de Dom João na política externa
observamos que o Arsenal Real da Marinha, localiza-do então ao foi a ocupação da Banda Oriental. Na ocupação, foi de grande
pé do morro do Mosteiro de São Bento, cuja criação data de 29 de importância o papel que desempenhou a Marinha, não só no
dezembro de 1763, teve sua capacida-de ampliada para poder transporte das tropas, desde Portugal (já liberado do domínio
apoiar a recém-chegada Esquadra. francês), como também em todo o desenrolar da ocupação.

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HISTÓRIA NAVAL
O movimento de independência da América espanhola A REVOLTA NATIVISTA DE 1817 E A ATUAÇÃO DA
provocou o aparecimento de novas nações americanas, cada qual MARINHA
com lideranças individuais. Foi o caso do Uruguai, então chamado
de Banda Oriental, que se recusava a fazer parte das Províncias Em paralelo ao que ocorria no Sul, teve a Corte de se mo-
Unidas do Rio da Prata, encabeçada por Buenos Aires. Seu líder, bilizar para fazer frente ao movimento separatista que eclodiu em
José Gervásio Artigas, arregimentou as ca-madas populares contra Pernambuco, em março de 1817.
o domínio espanhol e para o ideal da anexação promovido por
Buenos Aires. Nesse intento, in-vadiu as fronteiras portenhas e As primeiras providências para o restabelecimento da ordem
brasileiras, o que ocasionou o acordo entre as duas últimas para legal em Pernambuco foram tomadas pelo Conde dos Arcos,
uma ação conjunta contra Artigas. governador da Bahia, que fez armar em guerra alguns navios
mercantes, e mandou-os seguir para Pernambuco sob o comando
Em 12 de junho de 1816, partiu do Rio de Janeiro uma Di-visão do Capitão Tenente Rufino Peres Batista. A es-quadrilha era
Naval, composta de uma fragata, uma [corveta], cinco naus (das composta por três navios e tinha como missão o bloqueio do porto
quais uma era inglesa e outra francesa) e seis brigues, capitaneada
pela nau Vasco da Gama, onde acha-vam-se embarcados o do Recife.
Chefe-de-Divisão Rodrigo José Fer-reira Lobo, responsável
pelas atividades navais da expedi-ção, e o tenente-coronel Carlos Em 2 de abril, partiu da Corte uma Divisão sob o co-mando
Frederico Lecor, então no-meado governador e capitãogeneral da do Chefe-de-Esquadra Rodrigo José Ferreira Lôbo, composta por
o três navios, enquanto que, da Bahia, seguiram por terra dois
Praça e Capitania de Montevidéu. Foi se reunir com o 1 regimentos de cavalaria e dois de infantaria. Em 4 de maio, outra
Escalão, composto por seis navios, que já havia seguido para Divisão Naval, sob o comando do Chefe-de-Divisão Brás Caetano
Santa Catarina em Barreto Cogomilho, partiu do Rio de Janeiro.
janeiro.
Do Rio de Janeiro, em 4 de agosto, partiu nova flotilha,
composta por quatro navios, com a missão de operar em com- O cerco da cidade do Recife por terra e o bloqueio efe-tuado
binação com a Divisão dos Voluntários Reais. Em 22 de novem- por mar fizeram com que os rebeldes abandonassem a cidade em
bro de 1816 deu-se o desembarque, em Maldonado, das for-ças 20 de maio, dando fim ao movimento separatista.
navais de Rodrigo José Ferreira Lobo. Com a ocupação da cidade GUERRA DA INDEPENDÊNCIA
e a vitória pelas forças terrestres em Índia Morta, o caminho para
Montevidéu ficou livre. Lecor encontrava-se acampado no passo ELEVAÇÃO DO BRASIL A REINO UNIDO
de São Miguel, quando recebeu uma [deputação] de Montevidéu,
que apresentou-lhe as chaves da cidade e seu submisso respeito e Do mesmo modo que a transferência para o Brasil da sede do
completa adesão ao governo de Dom João VI. reino português foi motivada pela ameaça repre-sentada pelo
expansionismo francês na Europa, a queda de Napoleão e o
Não foi imediata a completa submissão da Banda Oriental. movimento de restauração das monar-
Ainda, por alguns anos, fez José Artigas tenaz re-sistência à quias absolutistas, encabeçado pelo Congresso de Viena,
dominação portuguesa, até sua derrota final na Ba-talha de levou os portugueses a esperar que seu
Taquarembó, em 22 de janeiro de 1820. rei retornasse para Portugal e trouxesse a Corte de volta para
Durante esse período, os partidários de Artigas valiam-se de Lisboa. Entretanto, o monarca permaneceu no Rio de Janeiro e,
corsários que, com base na Colônia de Sacramento, oca-sionavam para viabilizar essa situação, elevou o Brasil a uma condição
grandes prejuízos ao comércio de nossa Marinha Mercante. Com equivalente a de Portugal, com a formação do Reino Unido de
recursos navais reduzidos para liquidar a nova ameaça, o comando Portugal, Brasil e Algarves. Enquanto comerciantes e fazendeiros
português empregou tropas terrestres para tentar destruir as bases brasileiros desfrutavam do afrouxamento dos laços coloniais, a
inimigas. Assim, o Tenente-Coronel Manuel Jorge Rodrigues, sociedade portuguesa via-se deixada em segundo plano, com o
auxiliado por forças na-vais, atacou e conquistou Colônia, território luso sendo administrado por uma junta sob controle de
Paissandu e outros locais às margens do Uruguai, tendo em um militar britânico.
Sacramento conseguido aprisionar vários corsários que aí se
encontravam. Tal estado de “abrasileiramento” da monarquia portu-guesa,
No mar, o último episódio em que a força naval atuou, somado ao clamor por uma flexibilização do absolu-tismo de
ocorrido em 15 de junho de 1820, foi o aprisionamento do corsário setores da sociedade portuguesa, fez estourar, na Cidade do Porto,
General Rivera, com a recuperação dos mercantes Ulisses e um movimento revolucionário liberal. Logo a revolução se
Triunfantes, pela Corveta Maria da Glória, co-mandada pelo espalhou por todo o Portugal, fomentando a instalação de uma
Capitão-de-Fragata Diogo Jorge de Brito. assembleia nacional constituinte deno-minada de “Cortes”, que
visava a instaurar uma monarquia constitucionalista. O estado
Em 31 de julho de 1821, em assembléia formada por de- revolucionário da antiga metró-pole provocou o retorno do rei em
putados representantes de todas as localidades orientais, foi 26 de abril de 1821, dei-xando seu filho Dom Pedro como príncipe
aprovada, por unanimidade, a incorporação da Banda Orien-tal à regente. Tentava, assim, a dinastia de Bragança, manter sob
Coroa portuguesa, fazendo parte do domínio do Brasil com o nome controle, e longe dos ventos liberais, as duas partes de seu reino.
de Província Cisplatina.

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HISTÓRIA NAVAL
Mesmo com o retorno do rei, as Cortes reunidas em Lis-boa A FORMAÇÃO DE UMA ESQUADRA BRASILEIRA
mantiveram-se atuantes na imposição de uma monarquia O governo brasileiro, constituído por José Bonifácio,
constitucional a Dom João VI. Contudo, o posicionamento das percebeu que só o domínio do mar manteria a unidade da ex-
Cortes em relação ao Brasil era completamente contrário ao seu colônia portuguesa, pois as ligações entre as províncias litorâneas,
discurso liberal: vinha no sentido de reativar a subor-dinação onde estava concentrada a maior parte da popu-lação e da força
política e econômica, reerguendo o pacto colonial. A oposição que produtiva brasileira, eram inteiramente pelas vias marítimas, ao
as Cortes faziam à dinastia de Bragança em Portugal e suas longo de um extenso litoral de mais de 8 mil quilômetros.
crescentes imposições ao príncipe regente provocaram reações de A rápida formação de uma Marinha de Guerra nacional
Dom Pedro. Em 9 de janeiro de 1822, no que ficou conhecido constituía-se no melhor meio de transportar e concentrar tropas
como Dia do Fico, Dom Pedro decla-rou que permaneceria no leais e suprimentos para as áreas de embate com os portugueses,
Brasil, apesar da determinação das Cortes para que retornasse à com a rapidez e a segurança que os caminhos terrestres não
Lisboa. Concomitantemente, o príncipe nomeou um novo permitiam. Ainda, esse conjunto de navios de guerra, a Esquadra,
Gabinete de Ministros, sob a li-derança de José Bonifácio de promoveria o bloqueio aos portos das cidades brasileiras ocupadas
Andrada e Silva, que defendia a emancipação do Brasil sob uma pelos portugueses, impedindo a chegada de reforços da metrópole
monarquia constitucional encabeçada pelo príncipe regente. e isolando as guarnições portuguesas de ressuprimentos vindos por
mar, bem como fustigando-as com o fogo dos canhões
A pressão das Cortes pela restauração do pacto colonial, com embarcados.
o consequente esvaziamento das suas atribuições de regente, O nascimento da Marinha Imperial se deu nesse regime de
levaram Dom Pedro a defender a autonomia brasi-leira perante a urgência, aproveitando os navios deixados no porto do Rio de
restauração da condição de colônia pretendi-da pelas Cortes. Janeiro pelos portugueses, em mau estado de con-servação, e os
oficiais e praças da Marinha portuguesa que aderiram à
Independência. Os navios foram reparados, em um intenso
A INDEPENDÊNCIA trabalho do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, e foram
adquiridos outros, tanto pelo governo como por subscrição
Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe Dom Pedro declarava
pública. E as lacunas encontradas nos corpos de oficiais e praças
a Independência do Brasil. Porém, só as províncias do Rio de
foram completadas com a contratação de estrangeiros, sobretudo
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais atenderam de imediato à
experientes remanescentes da Marinha inglesa. A necessidade de
conclamação emanada das margens do Ipiran-ga. Até pela
dispor da Força Naval como eficiente elemento operativo e como
proximidade geográfica, estas mantiveram-se fiéis às decisões
fator de dissua-são para as pretensões de reconquista portu guesa
emanadas do Paço, mesmo após a partida de Dom João VI. As
capitais das províncias ao Norte do País mantiveram sua ligação fez com que o governo imperial contratasse Lorde Thomas
com a metrópole, pois as peculiari-dades da navegação a vela e a Cochra-ne, um brilhante e experiente oficial de marinha inglês,
falta de estradas as punham mais próximas desta do que do Rio de como Comandante-em-Chefe da Esquadra.
Janeiro. Mormente o expressivo número de patriotas no interior
dessas provín-cias, nas capitais e nas poucas principais cidades, as
OPERAÇÕES NAVAIS
elites de comerciantes era majoritariamente portuguesa e adepta da
restauração colonial pretendida pelo movimento liberal português. o
Durante a queda-de-braço empreendida en-tre as Cortes e Dom Em 1 de abril de 1823, a Esquadra brasileira co-mandada por
Pedro, foram reforçadas as guarnições militares das capitanias do Cochrane deixava a Guanabara com destino
à Bahia, para bloquear Salvador e dar combate às forças navais
Norte e Nordeste para manter a vinculação com Lisboa.
portuguesas que lá se concentravam sob o comando do Chefe-de-
Divisão Félix dos Campos. A primeira tentati-va de dar combate
A resistência mais forte estava justamente em Salvador, aos navios portugueses foi desfavorável a Cochrane, tendo
Bahia, onde essa guarnição era mais numerosa. No Sul, a re-cém- enfrentado, além do inimigo, a indisposição para luta dos
incorporada Província Cisplatina viu as guarnições mili-tares, que marinheiros portugueses nos navios da Esquadra, muitos dos quais
lá ainda estavam, dividirem-se perante a causa da independência. guarneciam os canhões com uma inabi-lidade próxima ao motim.
Enquanto o comandante das tropas de ocu-pação, General Carlos Depois de reorganizar suas forças e expurgar os elementos
Frederico Lecor, colocou-se ao lado dos brasileiros, seu desleais, e a despeito das
subcomandante, Dom Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a Forças Navais portuguesas, Cochrane colocou Salvador
maior parte das tropas defenderam o pacto com Lisboa. A situação sob bloqueio naval, capturando os navios que realizavam
geral que se descortinava pa-recia cada vez mais desfavorável para o abastecimento da cidade, já sitiada por terra pelas forças
o processo de inde-pendência. Mesmo que as forças brasileiras, brasileiras.
constituídas de militares e milícias patrióticas, no interior, Pressionadas pelo desabastecimento, as tropas portu-guesas
forçassem e mesmo sitiassem as guarnições portuguesas, o mar era abandonaram a cidade em 2 de julho, num comboio de mais de 70
uma via aberta para o recebimento de reforços. Assim, Portugal navios, escoltados por 17 navios de guerra. Este foi acompanhado
refor-çou com tropas, suprimentos e navios de guerra a guarnição e fustigado pela Esquadra brasileira, des-tacando-se a atuação da
de Salvador comandada pelo governador das Armas da Província, fragata Niterói, comandada pelo Capitão-de-Fragata John Taylor,
Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo. que, apresando vários navios, atacou o comboio português até a
foz do Rio Tejo.

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HISTÓRIA NAVAL
O próximo passo para a expulsão dos portugueses do Norte-
Nordeste brasileiro era o Maranhão, onde Cochra-ne, utilizando-se
de um hábil ardil, fez da nau Pedro I, sua capitânia, a ponta de A ATUAÇÃO DA MARINHA NOS CONLFITOS DA
lança de uma grande força naval que viria próxima, transportando REGENCIA E DO INICIO DO SEGUNDO REINADO
um vultoso exército nacional que tomaria São Luís. Porém, tudo
não passava de um blefe para levar à deposição da junta
governativa que se mantinha fiel a Lisboa, o que aconteceu em 27
de julho de 1823. SINOPSE
Seguiu-se a utilização do mesmo ardil no Pará, conduzido pelo A peculiar independência brasileira, que pôs à frente do
Capitão-Tenente John Pascoe Grenfell, no comando do brigue processo de emancipação da ex-colônia o herdeiro do trono real
Maranhão. Tais blefes, que conduziram à aceitação português, produziu uma divisão na política brasileira que
da Independência brasileira pelas elites, formadas em sua marcaria o reinado de Dom Pedro I: a separação entre brasi-leiros,
maioria de portugueses, em São Luís e em Belém, não os liberais, que defendiam a monarquia constitucional, e
se deram tão facilmente, como um vislumbre superficial do portugueses, que propunham a maior concentração de poder nas
evento histórico permite concluir. A luta pelo poder pro- mãos do imperador.
vincial entre brasileiros nativos e portugueses recém-adep-
O Imperador D. Pedro I tornava-se cada vez mais autoritá-rio,
tos da Independência levou a que o contingente da Marinha,
buscando o apoio da facção dos portugueses que defendia maior
naquelas cidades, atuasse tanto num sentido apaziguador, mesmo
poder ao monarca. Já a facção dos brasileiros queria que o poder
diplomático, como trazendo a ordem pela força das armas.
do Estado brasileiro fosse dividido entre o imperador e a
As operações navais na Cisplatina assemelharam-se às Assembleia Legislativa, constituída de representantes eleitos da
realizadas na Bahia, sendo empreendido um bloqueio naval sociedade, que redigiria a Carta Constitucional e faria as leis. Ou
seja, defendiam que a monarquia de Dom Pedro fosse uma
conjugado com um cerco à Montevidéu, isolando as tropas
portuguesas comandadas por Dom Álvaro Macedo. Em mar-ço de monarquia constitucional.
1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo Capitão-de-Mar-e- A Assembleia Constituinte foi reunida para redigir a pri-meira
Guerra Pedro Antônio Nunes, foi reforçada com a chegada de mais Constituição brasileira. Contudo, a maioria dos deputados
navios vindos das vitórias no Norte-Nordeste do Império, a tempo constituintes queria uma Constituição que limitasse os poderes do
de se opor à tentativa portuguesa de romper o bloqueio em 21 de
imperador. Tal fato desagradava a Dom Pedro e aos homens que o
outubro. A batalha que se se-guiu, embora violenta, terminou sem
apoiavam, já que o monarca queria no Brasil uma monar-quia
a vitória de nenhum dos oponentes, mas configurou-se como uma
absolutista, como seu pai, Dom João, reinou em Portugal.
vitória estra-tégica das forças brasileiras com a manutenção do
bloqueio. O desabastecimento provocado pelo bloqueio e pelo O conflito entre Dom Pedro e os deputados constituintes
cerco por terra, somado à desalentadora notícia que Montevidéu acabou quando o imperador dissolveu a Assembleia Consti-tuinte
era a última resistência portuguesa na ex-colônia, provocou em 1823. Em seguida, nomeou um Conselho de Estado, composto
a evacuação do contingente português da Cisplatina, em por dez membros, com a tarefa de redigir um projeto de
novembro de 1823. Constituição. O resultado é que impôs uma Constituição,
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR outorgada em 1824, que praticamente resgatava o regime
absolutista. A atitude autoritária do imperador aumentou em muito
Ainda no reinado de Dom Pedro I, uma revolta na Provín- a oposição liberal a ele, representada pelo Partido Bra-sileiro.
cia de Pernambuco colocou em perigo a integridade terri-
torial do Império. A Marinha atuou contra a Confederação Foram vários anos de disputa política entre os Partidos
do Equador a partir de abril de 1824. Porém, o aumento do Português e Brasileiro e de críticas cada vez mais violentas ao
combate à revolta só se deu com o envio da Força Naval imperador, vindas dos políticos do Partido Brasileiro e de todos os
comandada por Cochrane, onde foi embarcada a 3ª Brigada do que defendiam que o poder do Estado não ficasse tão concen-trado
Exército Imperial, com 1,2 mil homens, comandada pelo nas mãos de Dom Pedro. Também desagradava muito aos
Brigadeiro Francisco Lima e Silva. As tropas seriam desem- brasileiros naturais a influência que os portugueses, que haviam
barcadas em Alagoas e seguiriam por terra para a província aderido à nacionalidade brasileira com a independência, tinham
rebelada, enquanto a Força Naval alcançava o Recife, em 18 de perante o imperador. Os nativos brasileiros acusavam os por-
agosto de 1824, instituindo severo bloqueio naval. Com a Marinha tugueses de monopolizar o comércio com o exterior.
e o Exército atuando conjuntamente, as forças rebeldes do Recife O embate entre portugueses e brasileiros na Assembleia Geral
foram derrotadas em 18 de setembro. Legislativa transparece na imprensa, que ataca o impera-dor e vai
para as ruas, onde partidários do imperador entram em choque com
defensores do Partido Brasileiro. Preocupava Dom Pedro I não
somente a oposição a seu reinado, que crescia entre os brasileiros,
mas também a situação política em sua terra natal, Portugal, onde
ele próprio e seus des-cendentes tinham direitos sobre o trono.

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HISTÓRIA NAVAL
Em 7 de abril de 1831, Dom Pedro I abdicou do trono em favor Na Guerra Cisplatina, Brasil e as Províncias Unidas do Rio da
de seu filho, Dom Pedro de Alcântara, então com cinco anos de Prata, atual Argentina, lutaram pela posse ou influência no
idade. Enquanto o herdeiro não tinha idade para assumir o trono, território uruguaio, ainda não independente. Nessa guer-ra, que
instalou-se no Brasil um governo regen-cial. O Poder Executivo custou muito à economia de um país recém-formado como o
seria composto por três membros, uma regência trina, conforme Brasil, a Marinha lutou longe de sua base principal, o Rio de
determinava a Carta Cons-titucional. Posteriormente, a regência Janeiro, contra a Marinha argentina que, embora me-nor, atuava
seria constituída de uma só pessoa, a regência una. muito perto de sua principal base de apoio, Buenos Aires, e
conhecendo muito um teatro de operações repleto de obstáculos
naturais à navegação, o Rio da Prata.
No período regencial, o conturbado ambiente político da Corte
se refletiu nas províncias do Império, em movimentos armados que A Marinha Imperial brasileira, além das atividades de
explodiram por todos os principais centros regio-nais, desde 1831 abastecimento das tropas em combate, operou de modo ofensivo
até os anos de consolidação do reinado de Dom Pedro II. A no Rio da Prata. A Força Naval brasileira efetuou um bloqueio
Marinha da Independência e da Guerra Cis-platina, constituída por naval sobre Buenos Aires, visando a isolar a capital adversária de
elevado número de navios de relativo grande porte, foi sendo abastecimento vindo do exterior e impedir que embarcações
transformada em uma Marinha de unidades menores, próprias para argentinas transportassem tropas e arma-mento para reforçar
enfrentar as conflagrações nas províncias e também de acordo com argentinos e orientais que lutavam contra as tropas brasileiras no
as limitações orça-mentárias. território uruguaio.

Revoltas deflagradas em diversas províncias foram abafa-das Além do bloqueio, a Força Naval brasileira combateu a
pelo governo regencial com a utilização da Marinha e do Exército. Esquadra argentina até seu desmembramento, privando o
A Marinha se fez mais presente nos combates no Pará adversário do principal e primeiro braço do Poder Naval. Os navios
(Cabanagem), no Rio Grande do Sul (Guerra dos Farrapos ou da Marinha que não foram deslocados para aquela guerra não
Revolução Farroupilha), na Bahia (Sabinada), no Maranhão e no deixaram de se envolver no conflito. A Marinha defendeu as linhas
Piauí (Balaiada) e em Pernambuco (Revolta Praieira), esta já anos de comunicação marítimas, dando com-bate aos corsários armados
após a coroação de Dom Pedro II. pela Argentina e pelos rebeldes uruguaios que atacavam a
navegação mercante
Em todas essas revoltas, a Marinha não enfrentou nenhum brasileira ao longo de toda a nossa costa.
grande inimigo no mar. Embora na Guerra dos Far-rapos os A próxima guerra em que o Brasil se envolveria no Rio da
rebeldes tenham formado uma pequena flotilha de embarcações Prata seria contra Juan Manuel de Rosas, ditador argentino, e
armadas, que foi prontamente combatida e vencida. A Marinha se Manuel Oribe, presidente da República Oriental do Uruguai e líder
fez presente no rápido transporte de tropas do Exército Imperial da do Partido Blanco. Tendo como seus aliados os governa-dores das
Corte e de outras provín-cias até as províncias conflagradas. províncias argentinas de Entre Rios e Corrientes e o Partido
Também dependeu do transporte por mar, em grande parte Colorado uruguaio, o Império brasileiro se interpôs a uma tentativa
realizado pela Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam de união de seus vizinhos do sul, que enfraque-ceria a posição
nas províncias rebe-ladas, pois não existiam estradas que ligassem brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na fronteira do
a Corte às províncias do Norte e do Sul. Rio Grande do Sul, há pouco pacifica-do e impedido de se separar
do Brasil na Guerra dos Farrapos.
A Marinha também cumpriu ações de bloqueio nos portos
ocupados pelos rebeldes nas províncias, evitando que recebessem Coube à Marinha um grande momento nesse curto confli-to: a
qualquer abastecimento vindo do mar, como armas e munições Passagem de Tonelero. Pela primeira vez se utilizando de navios a
desviadas de outras províncias ou com-pradas no estrangeiro. vapor em um conflito externo, a Força Naval brasi-leira
Finalmente, militares da Marinha Imperial atuaram diversas vezes ultrapassou, em ávida troca de fogos, o ponto fortificado
em desembarques, lutando com grupos rebelados lado a lado com adversário no Rio Paraná, o Passo de Tonelero, e conduziu as
tropas do Exército, da Guarda Nacional e milicianos. tropas aliadas rio acima, para uma posição de desembarque
favorável, onde foi possível o ataque e a posterior vitória so-bre as
Os dois grandes conflitos externos em que o Império bra- tropas adversárias.
sileiro se envolveu, desde sua independência até o início das
hostilidades que levariam à guerra contra o Paraguai, foram a
Guerra Cisplatina, entre 1825 e 1828, e a Guerra contra Ma-nuel
Oribe e Juan Manuel de Rosas, em 1850 e 1852. A área marítimo-
fluvial em que se desenrolou a grande maioria das operações
navais desses dois conflitos, separados no tempo por quase um
quarto de século, foi a mesma, o grande estuá-rio do Rio da Prata,
que separa o Uruguai da Argentina. Foi com as forças militares
dessas duas repúblicas que o Império brasileiro lutou.

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HISTÓRIA NAVAL

CONFLITOS INTERNOS SABINADA


CABANAGEM

A Sabinada, revolta que eclodiu contra a autoridade da


A primeira sublevação ocorrida contra a Regência foi a Regência na Bahia, em novembro de 1837, foi combatida pela
Cabanagem, no Pará, que se generalizou em 1835 com a ocupação Marinha Imperial com o bloqueio da província e o combate a uma
da capital da província, Belém. O governo central enviou uma diminuta Força Naval montada pelos rebel-des com navios
força interventora constituída de elementos da Marinha e do apresados.
Exército Imperial que, após uma primeira ten-tativa frustrada de A revolta foi finalmente sufocada em 1838.
reconquistar a capital, desembarcou
e a ocupou sem a resistência dos rebeldes. Contudo, os cabanos
retomaram o fôlego para a luta com o crescimento da revolta no BALAIADA
interior e retomaram a capital em agosto de 1835.
Durante todo o conflito, as forças legais atuaram con-tra focos
rebeldes espalhados por um território inóspito e desconhecido, a
floresta amazônica. A Marinha bloqueou o porto de Belém, A Balaiada, agitação que tomou conta das Províncias do
dificultando o seu abastecimento, mas também bombardeou Maranhão e do Piauí, entre 1838 e 1841, reuniu a popula-ção pobre
posições rebeldes, desembarcou tro-pas do Exército e embrenhou- e os escravos contra as autoridades constituídas da própria
se nos rios amazônicos para dar combate aos mais isolados focos província. Em agosto de 1839, seguiu para o Ma-ranhão o Capitão-
de revolta. Tenente Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de Tamandaré,
O desgaste que as forças militares impuseram aos caba-nos nomeado comandante da Força Na-val em operação contra os
levou ao abandono da capital em maio de 1836. A luta se estendeu insurretos.
até 1840, com a ação conjunta da Força Naval e das tropas do
Exército debelando a resistência dos cabanos por todo o Pará. Após estudar a região, armou pequenas embarca-ções que,
enviadas para diversos pontos dos principais rios maranhenses,
combateriam os rebeldes isoladamente ou apoiariam forças em
GUERRA DOS FARRAPOS terra. A partir de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão-Tenente
Joaquim Marques Lisboa atua-ria em cooperação com o então
Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias,
que comandava a Divisão Pacificadora do Norte, reunida para
A Guerra dos Farrapos, rebelião no Sul do Império, que durou debelar a revolta. A união dos futuros patronos das forças
dez anos, de 1835 a 1845, atingiu uma região de fronteira já singulares de mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma
conturbada por conflitos exter nos. A Marinha novamente atuaria situação recorrente em todos os conflitos internos durante a
em cooperação com o Exército no transporte e no abastecimento Regência e o Segundo Império: a atuação conjunta da Marinha e
das tropas e apoiando ações em terra com o fogo dos canhões do Exército na manutenção da ordem constituída e da unidade do
embarcados. Império.
Porém, na Guerra dos Farrapos, os navios de guerra estiveram
envolvidos em pequenos combates navais com os farroupilhas. Os REVOLTA PRAIEIRA
combates não ocorreriam em mar aberto, mas em águas restritas,
como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro combate naval da
Guerra dos Farrapos opôs o Iate Oceano, da Marinha Imperial, e o
Cúter Minuano, dos revoltosos, na Lagoa Mirim, quando o navio A Revolta Praieira estourou em Pernambuco em no-vembro
rebelde foi posto a pique. de
1848. Iniciada na capital, tomou corpo nas vilas e nos en-
A pequena Força Naval que os farroupilhas mantinham na genhos da zona da mata e do interior pernambucanos. Para
Lagoa dos Patos foi completamente vencida em agosto de 1839, combatê-la, tropas leais ao governo provincial deixaram Recife, a
quando o Chefe-de-Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das capital da província, para engajar as forças praieiras que estariam
Forças Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes em no interior. Ao ver a capital desguarnecida, forças praieiras
Cama quã. A rebelião rio-granden-se estendeu-se para Santa atacaram-na, em 2 de fevereiro de 1849. O peque-no contingente
Catarina, onde os farroupilhas formaram uma pequena Força militar que guarnecia a cidade foi imediata-mente apoiado pela
Naval com navios mercantes apresados e lanchões remanescentes Força Naval fundeada no porto.
das operações nas La-goas dos Patos e Mirim, que foi vencida pela Contingentes de marinheiros e fuzileiros navais desem-
Marinha em um combate no porto de Laguna. Foi nesse conflito barcaram dos navios para reunir-se aos defensores da capital na
regional que, pela primeira vez, a Marinha brasileira empregou um batalha, enquanto os canhões da Marinha fustigaram as investidas
navio movido a vapor em operações de guerra. dos revoltosos. A atuação da Marinha nessa
revolta, embora breve, evitou que a capital provincial caísse nas
mãos dos rebeldes.

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HISTÓRIA NAVAL
A batalha mais significativa da Guerra Cisplatina, a Batalha
do Passo do Rosário, ou Ituzaingó, como argentinos e uru-guaios
CONFLITOS EXTERNOS a chamam, ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados
GUERRA CISPLATINA tão indecisos como toda a guerra terrestre que se travou na
Província Cisplatina. Nenhum dos lados conseguiu impor-se sobre
o outro, não sendo possível apontar vitorio-sos nem derrotados.
A Marinha Imperial brasileira, na Guerra Cisplatina, lutou
O Brasil recém-independente envolveu-se numa guer-ra com com a Força Naval argentina, mas também atuou con-tra os
as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, pela posse corsários que, com Patentes de corso emitidas pelas Províncias
da então província brasileira da Cisplatina, atual República Unidas do Rio da Prata e pelo próprio Exército de Lavalleja,
Oriental do Uruguai, anexa da, ainda por Dom João VI, em 1821. atacavam os navios mercantes brasileiros por toda a nossa costa.

O interesse pelo domínio daquelas terras não era novo. O O embate entre a Esquadra brasileira e a Esquadra ar-gentina
Império do Brasil e a Argentina herdaram as aspirações e as teve lugar no estuário do Rio da Prata e suas proximi-dades, região
disputas dos colonizadores portugueses e espanhóis pela margem com grande número de bancos de areia que dificultava a
esquerda do estuário do Rio da Prata. Nos séculos XVII e XVIII, navegação. Isso ajudou os argentinos a desen-volver uma variação
o centro da disputa era a Colônia de Sacramen-to, o enclave naval da guerra de guerrilha. Os navios argentinos atacavam e,
português na região. No início do século XIX, com os movimentos quando repelidos, escapavam da perseguição dos navios
de independência na América espanho-la e portuguesa, a brasileiros pelos estreitos canais que se formavam entre os vários
conflagração atingiu o Brasil e a Argentina, no conflito conhecido bancos de areia da região, em sua maioria desconhecidos dos
como Guerra Cisplatina. marinheiros brasileiros.
A guerra não envolvia só a disputa pela posse do ter-ritório da Como primeira ação de guerra, a Força Naval brasileira no Rio
Província Cisplatina que, além do gado criado nos pampas e de da Prata, comandada pelo Vice-Almirante Rodrigo Lobo,
dois portos comerciais importantes (Montevidéu e Maldonado), estabeleceu um bloqueio naval no Rio da Prata, pre-tendendo
não continha recursos naturais de monta, mas tinha como objetivo impedir qualquer ligação marítima entre as Provín-cias Unidas e
o controle do Rio da Prata, área geo-gráfica de suma importância os rebeldes de Lavalleja, e dos dois adversários com o exterior. O
estratégica desde o início da colonização europeia na América do inimigo a ser confrontado pela Força Naval brasileira deslocada
Sul. No estuário do Rio da Prata desembocavam dois grandes rios para o estuário do Rio da Prata era liderado pelo experiente
(Uruguai e Para-ná), que constituíam o caminho natural para a irlandês William George Brown, comandante da pequena
penetração no continente sul-americano, representando uma Esquadra sediada em Buenos Aires desde as lutas pela
estrada fluvial para a colonização, o acesso aos recursos naturais e independência daquele país. O adversá-rio, apesar do menor
a viabilização das trocas comerciais por todo interior da América número de navios de guerra, tinha suas ações facilitadas não só
do Sul. pelo conhecimento da conformação hidrográfica do estuário do
Rio da Prata, como também por permanecer operando próximo de
seu porto base, o anco-radouro de Los Pozos, em Buenos Aires,
O Estado argentino, naquela época, era formado por várias onde seus navios eram abastecidos e reparados.
províncias com alto grau de autonomia, que reconhe-ciam a
liderança exercida pela província de Buenos Aires. A confederação
de províncias argentinas tinha um interes-se comum na sublevação Nos primeiros meses da guerra, o bloqueio naval im-posto
de cisplatinos contra o Império brasileiro, visando à possibilidade pela Esquadra brasileira provocou o primeiro emba-te entre as
de incorporar a Banda Oriental. Assim, imediatamente deram forças navais. O Combate de Colares ocorreu em 9 de fevereiro de
apoio político, militar e financeiro à revolta, passando, 1826, quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios, deixou
posteriormente, a envolver-se oficialmente na luta. seu ancoradouro para em-preender uma ação de desgaste à Força
Naval brasileira em bloqueio, também composta de 14 navios. As
Para se opor à sublevação, nitidamente suportada pela forças navais adversárias, dispostas em colunas, trocaram tiros de
Argentina, o Brasil desenvolveu uma campanha militar na Banda canhão a grande distância uma da outra, causando perdas humanas
Oriental entre os anos de 1825 e 1828. Além de tropas, deslocou e avarias materiais reduzidas de parte a parte. A Esquadra
vários meios navais da Esquadra, recém-formada nas Guerras da argentina se retirou para o refúgio de Los Pozos e a Força Naval
Independência, para o estuário da Prata, sob o comando do Vice- brasileira foi fundear entre os Bancos de Ortiz e Chico.
Almirante Rodrigo Lobo. Com o fortaleci-mento das forças de
Lavalleja na Banda Oriental, as Províncias Unidas do Rio da Prata O passo posterior do comandante das forças argentinas teria
oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada a Banda consequências muito mais significativas para os destinos da guer
Oriental ao território argenti-no, o que significava uma declaração ra no mar e em terra, se bem-sucedido. Seu alvo era a Colônia de
de guerra ao Governo Imperial. Sacramento, uma praça fortificada situada na margem esquerda do
Rio da Prata e guarnecida por 1,5 mil

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HISTÓRIA NAVAL
homens, chefiados pelo Brigadeiro Manoel Jorge Rodrigues, concentrou nos navios de maior porte, com a fragata Niterói
complementados por uma pequena força de quatro navios, trocando disparos com a fragata 25 de Mayo e com um dos brigues
comandada pelo Capitão-de-Fragata Frederico Mariath. Sete que a acompanhavam. Com o cair da noite, os na-vios argentinos,
navios da Esquadra argentina, capitaneados pela fragata 25 de com graves avarias, retiraram-se para Buenos Aires, dando por
Mayo, romperam o bloqueio brasileiro ao largo de Bue-nos Aires encerrado o embate que ficou conhecido como o Combate de
e fizeram vela para a Colônia de Sacramento, simul-taneamente Montevidéu.
aquela praça era cercada por tropas.
Em primeiro plano a fragata Niterói, à direita o navio capitâ-
Devido ao maior poder de combate da Força Naval argentina, nia argentino, a fragata 25 de Mayo, no momento em que perde o
perante a flotilha brasileira que defendia a Colô-nia, as tripulações joanete do mastro grande. Aquarela do Almirante Trajano Augusto
e os canhões dos navios brasileiros foram desembarcados e de Carvalho (Acervo SDM)
incorporados às defesas de terra. Em 26 de fevereiro de 1826, os
Esquadra com navios brasileiros capturados. Tencionava
navios argentinos e as tropas de cer-co iniciaram o bombardeio,
abordar e capturar a fragata Niterói, o mesmo navio que frus-trou
respondido pelas fortificações da Colônia do Sacramento, que
sua incursão anterior. Na noite de 27 de abril, sete navios
inutilizaram um dos navios adversários. Repelido o primeiro
argentinos rumaram para próximo de Montevidéu, onde os navios
ataque, os defensores da Colônia do Sacramento enviaram uma
brasileiros se reuniam, e tentaram identificar seu alvo. Enganados
escuna para pedir au-xílio às forças navais brasileiras estacionadas
pela escuridão, investiram contra a fragata Im-peratriz que, tendo
em Montevidéu, esperando que o socorro chegasse mais rápido percebido a aproximação do inimigo, se preparou para o combate.
àquela praça sitiada. Os navios argentinos 25 de Mayo e Independencia tentaram a
abordagem, mas foram repelidos pela tripulação da Imperatriz. O
Contudo, o Vice-Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de
comandante do navio brasileiro, Capitão-de-Fragata Luís Barroso
o Pereira, liderou seus homens na renhida luta até tombar
imediato à cidade acossada pelo inimigo. Na noite de 1 de março,
mortalmente ferido no convés, atingido por disparos do inimigo.
a Força Naval argentina, reforçada por seis canhonei-ras, tentou
desembarcar 200 homens naquela praça. Depois de severa luta, os Foi uma das duas vítimas fatais da Imperatriz no combate.
atacantes argentinos foram repelidos, com a perda de duas
canhoneiras e muitos homens, não sem antes conseguirem Em 3 de maio de 1826, a Esquadra comandada por Bro-wn foi
incendiar um dos nossos navios. Os navios ar-gentinos só avistada pelos navios brasileiros quando tentava es-capar do
desistiram do cerco em 12 de março, escapando da Esquadra bloqueio naval ao seu porto. Os navios argentinos tentaram
brasileira, que chegara com atraso em defesa de Sacramento. alcançar o Banco de Ortiz, na esperança de atrair os perseguidores,
que, com navios de maior porte, encalhariam naquele banco de
Uma das missões da Esquadra argentina era justamente a areia, tornando-se alvos imóveis para seus canhões.
manutenção do abastecimento dos exércitos que lutavam na O Combate do Banco de Ortiz acabou sem grandes perdas
Província Cisplatina. Como obstáculo, antepunha-se a Esquadra para ambos os adversários, mas mostrou o perigo que os bancos de
brasileira, comandada pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar areia do estuário do Rio da Prata representavam para as esquadras
da ineficiência desse início de bloqueio naval (pelos primeiros em luta.
embates navais da guerra, observa-se que a Esquadra argentina
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo Pinto Gue-des,
movimentava-se com relativa facilidade), mantinha-se superior em
o Barão do Rio da Prata, substituiu o Almirante Rodrigo Lobo, que
número às forças navais comandadas por Brown.
tinha se mostrado pouco capaz no comando da Força Naval do
Império do Brasil em operações de guerra no Rio da Prata. A
O comandante da Esquadra argentina, William Brown, primeira medida tomada pelo Almirante Pin-to Guedes foi
reuniu sua capitânia, a fragata 25 de Mayo, e dois brigues em estabelecer uma nova disposição das forças navais que reforçasse
uma audaciosa ação para capturar navios que se dirigissem a o bloqueio naval. Dividiu suas forças em quatro divisões, sob o
Montevidéu, tentando aumentar o tamanho de sua Esqua-dra e comando de oficiais capazes e experientes, devendo em todas as
tomar alguma carga de valor dos navios mercantes. Em 10 de abril oportunidades engajar o inimigo, obrigando-o a aceitar a luta.
de 1826, conseguiu capturar a pequena escuna Isabel Maria. No
dia seguinte, ao perseguir um navio mer-cante, a fragata 25 de No dia 15 de maio de 1826, as três linhas de bloqueio de-
Mayo aproximou-se tanto do porto de Montevidéu que foi terminadas pelo novo comandante da Força Naval brasileira no Rio
reconhecida por navios da Esquadra brasileira, mesmo arvorando da Prata já se achavam em posição. Em 23 de maio, a Esquadra
a bandeira francesa. argentina decidiu testar a resistência da Força Na-val brasileira
a
responsável pelo bloqueio de Buenos Aires, a 2 Divisão da
Saiu em sua perseguição a fragata Niterói, comandada pelo Esquadra Imperial, chefiada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra James
hábil Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton, ambos, navio e Norton. Os navios brasileiros en-gajaram-se no Combate das
comandante, veteranos das Guerras da Independên-cia e recém Balizas Exteriores, mesmo com o risco de encalharem nos bancos
chegados para reforçar a Força Naval brasileira no Rio da Prata. de areia em torno de Buenos
Acompanharam a perseguição à capitânia argentina quatro outros Aires. Os navios argentinos perceberam a resolução da força
pequenos navios, mas o combate se bloqueadora e voltaram ao seu ancoradouro, em Los Pozos.

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Mesmo a nova estratégia de bloqueio, mais agressiva, não se Já nesse período da guerra no mar, o governo de Buenos Aires
mostrava eficiente na destruição dos navios argenti-nos, que se concentrava seu esforço na guerra de corso, que afetava o comércio
mantinham protegidos no ancoradouro de Los Pozos. marítimo do Império brasileiro. Mesmo a Esqua-dra argentina, já
muito debilitada depois do Combate de La-ra-Quilmes, cedia seus
navios para campanhas de corso na costa brasileira. E foi com esse
No começo de junho de 1826, buscando um engajamen-to propósito que os quatro principais navios argentinos tentaram
decisivo, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes planejou atacar a
a romper o bloqueio brasileiro, na noite de 6 de abril de 1827.
Esquadra inimiga dentro de Los Pozos. Para isso, a 2 Divisão foi A Força Naval argentina, composta pelos brigues Re-pública,
a Congresso e Independencia, e pela escuna Sarandi, comandada
reunida à 3 Divisão da Esquadra Imperial, composta por navios pelo próprio comandante da Esquadra argenti-na, William Brown,
menores que poderiam transpor os bancos de areia que protegiam a
o ancoradouro de Buenos Aires. foi interceptada pelos navios da 2 Di-visão quando tentava
a a contornar o bloqueio naval brasileiro.
Em 11 daquele mês, as 2 e 3 Divisões, comandadas por
Norton, executaram o plano de ataque e investiram contra a Nesse último grande encontro entre as forças adver-sárias,
Esquadra argentina em Los Pozos. Novamente, os bancos de areia a
protegeram os navios argentinos. O comandante da Força Naval conhecido como Combate de Monte Santiago, a 2 Divisão
brasileira, Norton, desistiu do ataque que seria infrutífero. Apesar brasileira, reforçada pelos navios das outras duas divisões
dos insucessos da ação planejada, a escu-na Isabel Maria, apresada bloqueadoras, fustigou os navios argentinos com os seus canhões,
pelos argentinos, foi recuperada. que, encurralados entre a força brasileira e os bancos de areia,
foram sendo destroçados. Os brigues República e Independência
Considerando o malogro do último ataque brasileiro à
Esquadra argentina como sua vitória, Brown preparou nova foram abordados e capturados pelos brasileiros. O brigue
a Congresso e a escuna Sarandi, na-vios menores e mais leves,
investida à 2 Divisão, determinado a livrar Buenos Aires do conseguiram passar pelos bancos de areia e refugiaram-se em
bloqueio naval. Buenos Aires, ainda assim bas-tante atingidos pelos canhões
brasileiros e com muitos mortos e feridos a bordo.
Protegidos pela noite, em 29 de julho de 1826, 17 navios da
Esquadra argentina tentaram surpreender os navios sob o comando
Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e a demons-
do Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton. Po-rém, alertados por
uma escuna que fazia a vigilância, os brasileiros responderam ao tração de que o bloqueio naval organizado pelo Almirante Rodrigo
ataque. O combate tornou-se confuso; a mesma noite que escondia Pinto Guedes foi efetivo no combate ao inimigo.
os atacantes prejudi-cava a precisão dos disparos e a identificação
As grandes perdas argentinas no Combate de Monte Santiago,
do inimigo. A possibilidade de atingir navios amigos determinou
em abril de 1827, ratificaram a opção pela guerra de corso. Durante
que ambos os lados suspendessem a luta.
todo o conflito, as Províncias Unidas arma-ram corsários.
Ao alvorecer, o combate recomeçou. O comandante da
Esquadra argentina, Brown, conduziu seu navio capitânia, a A guerra de corso, empreendida contra nosso comércio
fragata 25 de Mayo, na direção dos navios brasileiros, mas só foi marítimo (à época, como hoje, essencial para a economia
acompanhado pela escuna Rio de La Plata. Os dois navios nacional), foi mais efetiva contra o esforço de guerra brasileiro do
argentinos receberam todo o peso dos disparos dos canhões que as ações da Esquadra argentina. A operação ofensiva que a
brasileiros e ficaram completamente inutilizados. O chefe das Marinha Imperial brasileira realizou com o bloqueio naval no Prata
forças argentinas foi obrigado a transferir-se sob fogo para um coexistiu com a ação defensiva na vigilância das extensas águas
navio argentino que ousou aproximar-se. O restante da Esquadra territoriais brasileiras, defendendo nosso comércio marítimo dos
argentina retirou-se para a segurança de seu ancoradouro. O
corsários.
Combate de Lara-Quilmes foi a última tentativa da Esquadra
a O combate aos corsários foi mais efetivo no bloqueio na-val
argentina de destruir os navios da 2 Divisão da Esquadra
Imperial, desmantelando o bloqueio naval brasileiro em torno de empreendido a outra de suas “bases”, a localizada no Rio Salado.
Buenos Aires. Outros corsários foram batidos no mar pela Marinha Imperial,
como o brigue Niger, capturado em março de 1828 e o brigue
a General Brandsen, destruído por navios brasileiros após longa
No início de fevereiro de 1827, a 3 Divisão desceu o Rio
Uruguai para combater a Força Naval argentina que o blo-queava. campanha de corso.
A indefinição da campanha terrestre e o esgotamento
O bloqueio naval mais rigoroso, realizado desde maio de 1826 econômico e militar de ambos os contendores levou o Brasil a
a aceitar a mediação da Grã-Bretanha para o fim da guerra. A
pela 2 Divisão da Esquadra Imperial, mantinha a maior parte do Convenção Preliminar de Paz foi assinada entre o Império do
tempo a Esquadra argentina confinada em seu ancoradouro. Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, em 27 de agosto de
Porém, a Esquadra brasileira não conseguia uma vitória definitiva 1828. O acordo estipulava que ambos os lados renunciariam a suas
frente ao inimigo, não evi-tando pequenas incursões que, algumas pretensões sobre a Banda Oriental, que se tornaria um país
vezes, mostravam-se desastrosas. independente como República Oriental do Uruguai.

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O término da Guerra Cisplatina não seria o fim dos conflitos por 16 peças de artilharia e 2,8 mil homens. Devido à pou-
na região. A Marinha Imperial brasileira permanece-ria ca largura do rio naquele trecho, os navios brasileiros seriam
guarnecendo a segurança do Império do Brasil no Rio da Prata. obrigados a passar a menos de
400 metros daquela fortificação, recebendo o peso da
artilharia inimiga. A solução encontrada pelo Chefe-de-Es-quadra
Grenfell foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na
GUERRA CONTRA ORIBE E ROSAS operação de transposição daquele obstáculo.
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham artilharia
postada por todo seu costado, substituída nos navios a vapor pelas
rodas laterais), foram rebocados pelos navios a vapor, mais rápidos
Terminada a longa revolta que sublevou as Províncias do Rio e ágeis nas manobras.
Grande e de Santa Catarina, o Império brasileiro pôde retomar a
Tonelero foi vencida em 17 de dezembro de 1851, com as
vigilância na fronteira Sul e ater-se ao conflito que crescia na área
do Rio da Prata. Mesmo com o fim da Guer-ra Cisplatina e a inde tropas desembarcando em Diamante com sucesso.
pendência da República Oriental do Uruguai, as lideranças Naquela localidade, os navios a vapor auxiliaram tam-bém na
políticas argentinas continuavam com a pretensão de restituir o transposição do rio pelas tropas oriundas das pro-víncias
mando de Buenos Aires sobre o território do Vice-Reinado do argentinas aliadas que tinham marchado até aquela posição.
Prata.

O projeto de anexação do Uruguai ao território argenti-no O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas tropas
encontrou seus executores em Juan Manuel de Rosas, liderança brasileiras e de seus aliados platinos, em fevereiro de 1852, e a
máxima da Confederação Argentina desde 1835, e em Manuel Passagem de Tonelero representou a única operação ofensi-va
Oribe, líder do partido de oposição ao governo uruguaio, o Partido realizada pela Marinha Imperial naquele conflito.
Blanco.
Contudo, o emprego da Força Naval no transporte de tropas
O Império brasileiro, que se opunha frontalmente à ane-xação, para a área do conflito e, notadamente depois de Tonelero, na
apoiava o governo constituído do Uruguai, exercido pelo Partido transposição das tropas aliadas da margem uruguaia para território
Colorado. A situação política no Uruguai apro-ximava-se a de uma argentino, no Rio da Prata e no Rio Paraná, constituiu fator
guerra civil, com tropas partidárias de Oribe e apoiadas por Rosas essencial para o sucesso das ações militares desenvolvidas pelos
cercando a capital, Montevidéu. aliados contra Rosas e Oribe.

Em 1851, o governo brasileiro procedeu uma aliança com o A ATUAÇÃO DA MARINHA NA GUERRA DA
governo legal uruguaio e com um oposicionista de Rosas, o TRIPLICE ALIANÇA CONTRA O GOVERNO DO
governador da Província argentina de Entre Rios, Justo José de PARAGUAI: O BLOQUEIO DO RIO PARANA E A
Urquiza, para defender o Uruguai do ataque das forças de Rosas e
BATALHA NAVAL DO RIACHUELO; NAVIOS
Oribe.
ENCOURAÇADOS E A INVASÃO DO PARAGUAI;
A ação da Marinha novamente seria realizada em es-treita CUZUZU E CURUPAITI; CAXIAS E INHAÚMA;
colaboração com o Exército Imperial. O comando da Força Naval PASSAGEM DE CURUPAITI; PASSAGEM DE
foi entregue ao Chefe-de-Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano HUMAITÁ; O RECUO DAS FORÇAS
das lutas da Independência e na Cisplatina. PARAGUAIAS; O AVANÇO ALIADO E A
DEZEMBRADA; OCUPAÇÃO DE ASSUNÇÃO E
Somente com a intervenção da força terrestre, as tro-pas que AFASE FINAL DA GUERRA.
cercavam Montevidéu capitularam. Manuel Oribe estava
derrotado. A Esquadra brasileira, disposta ao longo do Rio da
Prata, impediu que as tropas vencidas pudessem evacuar para a
margem direita, o lado argentino. SINOPSE
A livre navegação nos rios e os limites entre o Brasil e o norte
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira e seus alia-dos do Paraguai eram motivos de discordância entre os dois países.
platinos voltaram-se contra Rosas, que mantinha-se Não se chegou a um acordo satisfatório até a con-clusão da Guerra
como uma ameaça à estabilidade da região. Nessa nova ação da Tríplice Aliança. Para os brasileiros, era muito importante
militar, coube à Marinha a tarefa de transportar as tropas aliadas acessar, sem empecilhos, a Província de Mato Grosso, navegando
pelo Rio Paraná até a localidade de Diamante, para ali desembarcá- pelo Rio Paraguai. Sabendo disso, os paraguaios mantinham a
las. questão dos limites, que rei-vindicavam, associada à da livre
navegação. O litígio existia, principalmente em relação a um
A Força Naval brasileira, composta por quatro navios com território situado à margem
propulsão a vapor e três navios a vela, tinha como obstáculo o esquerda do Rio Paraguai, entre os Rios Apa e Branco, ocu-pado
Passo de Tonelero, nas proximidades da Barranca de Ace-vedo, por brasileiros.
onde o inimigo instalara uma fortificação guarnecida

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Apesar dessas questões, o entendimento entre o Bra-sil e o No início da Guerra da Tríplice Aliança, a Marinha do Brasil
Paraguai era cordial, excetuando-se algumas crises que não dispunha de 45 navios armados. Destes, 33 eram navios de
chegaram a ter maiores consequências. Interessa-va propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam exclusiva-mente
principalmente ao Império que o Paraguai se mantivesse fora da do vento. A propulsão a vapor, no entanto, era essen-cial para
Confederação Argentina, que muitas dificuldades lhe vinha operar nos rios. Todos tinham casco de madeira. Muitos deles já
causando, com sua permanente instabilidade política. estavam armados com canhões raiados de carregamento pela
Com a morte de Carlos López, ascendeu ao governo do culatra.
Paraguai seu filho, Francisco Solano López, que ampliou a política
externa do país, inclusive estabelecendo laços de amizade com o Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os de propulsão
General Justo José de Urquiza, que liderava a Província argentina mista, eram adequados para operar no mar e não nas condi-ções de
de Entre Rios, e com o Partido Blanco uruguaio. Essas alianças, águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações nos
sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai ao mar. Rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um
perigo sempre presente. Além disso, esses navios, com casco de
madeira, eram muito vulneráveis à artilha-ria de terra, posicionada
Com a invasão do Uruguai por tropas brasileiras, na in- nas margens.
tervenção realizada em 1864, contra o governo do presiden-te
uruguaio Manuel Aguirre, do Partido Blanco, Solano López Era uma época de frequentes inovações tecnológicas no
considerou que seu próprio país fora agredido e declarou guerra ao Hemisfério Norte, e a Guerra Civil Americana trouxera muitas
Brasil. Aliás, ele havia enviado um ultimato ao Brasil, que fora novidades para a guerra naval e, especificamente, para o combate
ignorado. Como foi negada pelos argentinos per-missão para que nos rios. Sua influência, logo depois dessa primeira fase de navios
o Exército paraguaio atravessasse seu terri-tório para atacar o Rio de madeira, na Guerra da Tríplice Aliança, fe-z-se sentir,
Grande do Sul, invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a principalmente, com o aparecimento dos navios protegidos por
Argentina no conflito. couraça de ferro, projetados para a guerra fluvial, e a mina naval.

O Paraguai estava se mobilizando para uma possível guer-ra


desde o início de 1864. López se julgava mais forte – o que Todos os navios da Esquadra paraguaia, exceto um, eram
provavel mente era verdadeiro, ao final de 1864 e início de 1865 navios de madeira, mistos, a vela e vapor, com propulsão por rodas
– e acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e do ar- de pás. Embora todos eles fossem adequados para navegar nos rios,
gentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele superestimou o poderio somente o Taquary era um verdadeiro navio de guerra; os outros,
econômico e militar do Paraguai e subestimou o potencial do Poder apesar de convertidos, não foram projetados para tal.
Militar brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.
Os seguintes atos de hostilidade do Paraguai levaram
à assinatura do Tratado da Tríplice Aliança contra o Governo do Os paraguaios desenvolveram a chata com canhão como arma
o de guerra. Era um barco de fundo chato, sem propulsão, com
Paraguai, pelo Brasil, Argentina e Uruguai, em 1 de maio de
1865: canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado até o local
de utilização, onde ficava fundeado. Transportava apenas a
• o apresamento do vapor brasileiro Marquês de Olin-da, que guarnição do canhão e sua borda ficava próximo da água, deixando
viajava para Mato Grosso, transportando o novo presidente dessa à vista um reduzidíssimo alvo. Via-se somen-te a boca do canhão
província, em 12 de novembro de 1864, em Assunção; acima da superfície da água.

Discriminadas as forças, sigamos então no conflito. A se-guir


• a invasão do sul de Mato Grosso por tropas para-guaias, serão destacados os pontos de maior relevância da nossa Força
em 28 de dezembro de 1864; Naval.
• a invasão de território da Argentina por tropas pa-raguaias,
em 13 de abril de 1865, ocupando a cidade de Cor-rientes e O BLOQUEIO DO RIO PARANÁ E
apresando os vapores argentinos Gualeguay e 25 de Mayo. A BATALHA NAVAL DO RIACHUELO

Foi designado comandante das Forças Navais Brasileiras em


A aliança com os argentinos era, na opinião de um dos Operação o Almirante Joaquim Marques Lisboa, Viscon-de de
observadores estrangeiros, uma “aliança de cão e gato”. Havia Tamandaré. A estratégia naval adotada foi a de negar o acesso ao
muitas desavenças recentes e ao Brasil não interessava subordinar território paraguaio através do
sua Força Naval a um comandante argentino. A Argentina possuía, bloqueio. Tamandaré, logo no início, tratou também de
durante essa guerra, apenas uma peque-na Marinha e o esforço organizar a difícil logística que o teatro de operações exigia. Os
naval foi quase totalmente da Marinha do Brasil. O Império não rios eram as principais vias de comunicação da região, e navios e
queria criar uma situação em que um estrangeiro pudesse decidir o embarcações teriam de transportar supri-mentos para as tropas,
destino de seu Poder Naval. Poder que sempre desempenhara papel carvão para servir como combustí-vel dos próprios navios e,
importante, de di-ferenciador, nos conflitos da região do Rio da muitas vezes, soldados, cavalos e armamento.
Prata.

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HISTÓRIA NAVAL
Com o avanço das tropas paraguaias ao longo do Rio Pa-raná, Às 9h25min, dispararam-se os primeiros tiros de ar-tilharia.
ocupando a Província de Corrientes, Tamandaré resol-veu Passou, logo em seguida, a força paraguaia, em coluna, pelo
designar seu Chefe de Estado Maior, o Chefe-de-Divisão [través] da brasileira, ainda imobilizada, indo, logo depois, rio
Francisco Manoel Barroso da Silva, para assumir o comando da abaixo, para as proximidades da margem esquerda, logo após o
Força Naval brasileira, que subira o rio para efetivar o bloqueio do local onde estavam as baterias de terra. Fechou-se a armadilha em
Paraguai. Ele queria mais ação. Barroso partiu em 28 de abril de uma extensão de uns seis quilômetros, ao longo de um trecho do
1865, na fragata Amazonas, e assumiu o cargo em ataque à cidade Rio Paraná, junto à foz do Riachuelo.
de Corrientes, então ocupada pelos pa-raguaios. O desembarque
das tropas aliadas em Corrientes ocorreu com bom êxito, no dia 25
de maio. Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com o Bel-monte à
frente, seguido pelo Jequitinhonha e por outros na-vios, avistou as
Não era, sabidamente, possível manter a posse dessa ci-dade barrancas de Santa Catalina.
na retaguarda das tropas invasoras, principalmente na-quele
momento da luta, em que os paraguaios mantinham ofensiva Barroso resolveu deter a Amazonas, reservando-a para
vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá-la. interceptar uma possível fuga dos paraguaios rio acima. Al-guns
Mas o ataque deteve o avanço paraguaio para o Sul. Ficou navios brasileiros não entenderam a manobra e ficaram indecisos.
evidente que a presença da Força Naval brasileira dei-xava o flanco Como consequência, o Jequitinhonha encalhou num banco, sob as
direito dos invasores, que se apoiava no Rio Paraná, sempre muito baterias de terra, e o Belmonte, à frente, prosseguiu sozinho,
vulnerável. Para os paraguaios, era necessário destruí-la e isso recebendo o fogo concentrado da artilha-ria do inimigo e tendo de
levou Solano López a planejar a ação que levaria à Batalha Naval encalhar, propositadamente, após completar a passagem, para não
do Riachuelo. afundar, devido às avarias sofridas em combate.

Os preparativos para o ataque aos navios brasileiros fo-ram


realizados sob a orientação direta do próprio López. O plano Para reorganizar sua força naval, Barroso avançou com a
consistia em surpreender os navios brasileiros fundea-dos, abordá- Amazonas, assumiu a liderança dos navios que estavam a ré do
los e, após a vitória, rebocá-los para Humaitá. Por isso, os navios Belmonte e, seguido por eles, completou a passagem, sob o fogo
paraguaios estavam superlotados com tropas. dos canhões paraguaios e da fuzilaria de terra. Afas-tou-se, depois,
descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove navios,
porque o Parnaíba, com o leme avaria-do, também não conseguira
Tirando o máximo proveito do terre no ao longo do Rio Pa- passar. Completou-se assim, às 12h10min, a primeira fase da
raná, ele mandou assentar canhões nas barrancas da Ponta de Santa batalha.
Catalina, que fica imediatamente antes da foz do Ria-chuelo, e
reforçar com tropas de infantaria o Rincão de Lagraña, que lhe fica Então, Barroso mostrou toda a sua coragem, decidindo
a jusante. regressar para o interior da armadilha de Riachuelo. Foi ne-
cessário descer o rio até um lugar onde o canal permitia fazer a
Da extremidade sul do Rincão de Lagraña, que tem uma volta com os navios e, cerca de uma hora depois, ele estava
barranca mais elevada, os paraguaios podiam atirar, de cima, sobre novamente em frente à ponta sul do Rincão de Lagraña.
os conveses dos navios brasileiros que escapassem, descendo o Rio Até aquele instante, o resultado era altamente insatisfa-tório
Paraná. O local era perfeito para uma arma-dilha, pois o canal para o Brasil. O Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado,
navegável era estreito e tortuoso, com risco de encalhe em bancos para sempre, e o Parnaíba sendo abordado e dominado pelo
submersos, o que forçava as embar-cações a passarem próximo à inimigo, apesar da resistência heroica de brasileiros, como o
margem esquerda. Guarda-Marinha Guilherme Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio
Dias, que lutaram até a morte.
Na noite de 10 para 11 de junho de 1865, a Força Naval Tirando vantagem do porte da Amazonas e contando com a
brasileira, comandada por Barroso, constituída pela perícia do prático argentino que tinha a bordo, Barroso usou seu
fragata Amazonas e pelos vapo res Jequitinhonha, Bebe- navio para abalroar os paraguaios e vencer a batalha. Foi um
ribe, Parnaíba, Mearim, Araguari, Iguatemi e Ipiranga, improviso, seu navio não tinha esporão, nem a proa pro-
estava fundeada ao sul da cidade de Corrientes, próxima à positadamente reforçada para ser empregada como aríete.
margem direita, em um trecho largo do rio. De lá avistaram,
pouco de pois das oito horas da manhã, a força paraguaia Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe-de-Divisão
comandada pelo Capitão-de-Fragata Pedro Inácio Mezza, Barroso, na parte que transmitiu ao Visconde de Tamandaré, assim
com os navios: Tacuary, Paraguary, Igurey, Ipora, Jejuy, Sal-to se deu a batalha (grafia de época):
Oriental, Marquês de Olinda e Pirabebe, rebocando seis chatas
artilhadas. – “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma vez, com
toda a esquadra paraguaya, que eu teria conseguido se os quatro
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou para o iminente vapores que estavam mais acima não tivessem fugido. Pus a proa
combate, as tripulações assumindo seus postos, despertando o fogo sobre o primeiro, que o escangalhei, ficando inutili-sado
das fornalhas das caldeiras com carvão e largando as [amarras]. completamente, de agoa aberta, indo pouco depois ao fundo. Segui
a mesma manobra contra o segundo, que era o

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HISTÓRIA NAVAL
Marques de Olinda, que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável enquan-to não
Salto, que ficou pela mesma fórma. Os quatro restantes vendo a estivessem disponíveis os novos meios navais que es-tavam em
manobra que eu praticava e que eu estava disposto a fazer-lhes o obtenção pelo Brasil: os navios encouraçados.
mesmo, trataram de fugir rio acima. Em seguimento ao terceiro
vapor destruí do, aproei a uma chata que com o choque e um tiro Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era necessá-rio vencer
foi a pique. diversas passagens fortificadas, destacando-se, inicialmente,
Curuzu, Curupaiti e Humaitá. Navios oceânicos de calado inapro
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram feitas pela priado para navegar em rios, de casco de madeira, sem couraça,
Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos navios e cha-tas, como os da Força Naval brasileira que combatera em Riachuelo,
como das baterias de terra e mosquetaria de mais de mil
não teriam bom êxito. Era evidente que o Brasil necessitava de
espingardas. A minha tenção era destruir por esta forma toda a
navios encouraçados para o prosseguimento das ações de guerra.
Esquadra Paraguaya, do que andar para baixo e para cima, que
Os obstáculos e as fortifi cações de Humaitá eram séria ameaça,
necessariamente mais cedo ou mais tarde ha-víamos de encalhar,
mesmo para esses navios.
por ser naquela localidade o canal mui estreito.

Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, tratei de to- NAVIOS ENCOURAÇADOS
mar as chatas, que ao approximar-me delas eram abandona-das, E A INVASÃO DO PARAGUAI
saltando todos ao rio, e nadando para terra, que estava a curta
distância. Eles começaram a chegar à frente de combate em de-zembro
de 1865. O encouraçado Brasil, encomendado após a Questão
O quarto vapor paraguayo Paraguary, de que ainda não falei, Christie na França, foi o primeiro que chegou a Cor-rientes, em
recebeu tal rombo no costado e caldeiras, quando des-ceram, que dezembro de 1865.
foi encalhar em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para ela, No Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, inicia-ra-
fugindo e abandonando o navio”. se a construção de outros navios encouraçados, especifica-dos para
lutar naquele teatro de operações fluviais.
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, com a
aproximação da noite, os navios brasileiros que os perseguiam Durante a guerra, foram incorporados à Armada bra-sileira 17
regressaram, para evitar encalhes em território inimigo. Além navios encouraçados, incluindo alguns clas-sificados como
disto, apesar de não comentarem, na época, não seria sensato [monitores], que obedeciam a características de projeto
abordar um navio lotado com tropas. inovadoras, desenvolvidas poucos anos antes na Guerra Civil
Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira. Americana.
Foi uma batalha naval, em alguns aspectos, decisiva.
A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada, e não teria Em 21 de fevereiro de 1866, Tamandaré chegou a Cor-rientes
mais participação relevante no conflito. Estava garantido o e assumiu o comando da Força Naval, mantendo Barroso como seu
bloqueio que impediria o Paraguai de receber armamentos e, até Chefe de Estado-Maior. Em 17 de março, os navios suspenderam
mesmo, os [encouraçados] encomen-dados no exterior. para iniciar as operações rio acima. Qua-tro dos encouraçados já
Comprometeu, também, a situação das tropas invasoras e, pouco estavam disponíveis nessa força. Um deles tinha o nome de
tempo depois, a guerra passou para o território paraguaio. Barroso e outro, o de Tamandaré. Era uma grande homenagem,
em vida, aos dois ilustres chefes.
Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo bom êxito de sua A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai necessitava de
Força Naval em Riachuelo. O futuro Barão de Teffé declarou que apoio naval. Passo da Pátria foi uma operação conjunta de forças
o vira, da Araguari, em plena batalha, deste-mido, expondo-se navais e terrestres. Coube, inicialmente, à Marinha fazer os
sobre a [roda] da Amazonas, com a barba branca, que deixara levantamentos hidrográficos, combater as chatas pa-raguaias e
crescer, ao vento, e sentira por ele grande respeito e admiração. bombardear o Forte de Itapiru e o acampamento inimigo. Em
março de 1866, já estavam disponíveis nove na-vios encouraçados,
A cidade de Corrientes continuava ocupada pelo inimigo e a inclusive três construídos no Brasil: Ta-mandaré, Barroso e Rio de
Força Naval brasileira, que mostrara sua presença, fun-deada Janeiro. A reação da artilharia paraguaia ceifou vidas preciosas,
próxima a ela, precisou iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a como a do Tenente Mariz e Barros, comandante do Tamandaré.
descida do rio, que estava baixando.
Houve, depois, perfeita cooperação entre as forças, na grande
Barroso passou com seus navios por Mercedes e Cuevas, operação de desembarque que ocorreu em 16 de abril de 1866.
enfrentando a artilharia paraguaia, e somente regressou pas-sados Enquanto parte da Força Naval bombardeava a margem direita do
alguns meses, apoiando o avanço das tropas aliadas, que Rio Paraná, de modo a atrair a atenção do inimigo, os transportes
progrediam aproveitando o recuo do inimigo. avançaram e entraram no Rio Pa-raguai.
Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança venceria a
guerra em pouco tempo, mas tal não ocorreu. O que parecia fácil
estagnou. O Paraguai era um país mobilizado para a guer-ra que,
aliás, foi ele que iniciou, achando que tinha vantagens.

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Os navios transportaram inicialmente cerca de 45 mil ho- PASSAGEM DE CURUPAITI
mens, de um efetivo de 66 mil (38 mil brasileiros, 25 mil
argentinos e 3 mil uruguaios), artilharia, cavalos e material. O Há meses que a Força Naval bombardeava diariamente
General Osório foi o primeiro a desembarcar em território inimigo. Curupaiti, tentando diminuir seu poder de fogo e abalar o moral
Com a invasão, os paraguaios abandonaram Itapiru e Passo da dos defensores.
Pátria e, após tentativas infrutíferas de derrotar o invasor em Estero Em 15 de agosto de 1867, já promovido a Vice-Almirante,
Bellaco e Tuiuti, concentraram suas defesas nas fortificações que Joaquim Ignácio comandou a Passagem de Curupaiti, en-frentando
barravam o caminho: Curuzu, Curupaiti e Humaitá. o fogo das baterias de terra e obstáculos no rio. Pelo feito, recebeu,
CURUZU E CURUPAITI logo depois, o título de Barão de Inhaúma. Participaram da
Em 31 de agosto de 1866, as tropas comandadas pelo Barão passagem dez navios encouraçados que, em seguida, fundearam
de Porto Alegre (Tenente-General Manoel Marques de Souza) um pouco abaixo de Humaitá e começa-ram a bombardeá-la.
desembarcaram na margem esquerda para atacar Curuzu e, no dia
seguinte, os navios começaram a bombar-dear a fortificação. A posição desses navios, porém, expunha-os aos tiros das
fortificações paraguaias, e Inhaúma considerava que ainda não era
o momento de forçar Humaitá. Caxias apoiou essa decisão.
Em 2 de setembro, o navio encouraçado Rio de Janeiro foi
atingido por duas minas flutuantes e afundou, com perda de vidas O apoio logístico a essa Força Naval, operando entre Curupaiti
humanas. e Humaitá, era muito difícil e exigiu que os brasilei-ros fizessem o
caminho pela margem direita do Rio Paraguai, no Chaco. Logo
Curuzu foi conquistada pelo Barão de Porto Alegre, apoiado depois, construiu-se pequena ferrovia nesse caminho, para
pelo fogo naval, em 3 de setembro. transportar as provisões necessárias.
O próximo ataque foi a Curupaiti. O presidente argenti-no, Para apoiar o material das forças em combate, construíra-se
General Bartolomeu Mitre, comandante das Forças da Tríplice um arsenal em Cerrito, próximo à confluência dos Rios Paraguai e
Aliança, assumiu pessoalmente o comando da ope-ração. Apesar Paraná. Graças a ele, foi possível fazer essa estrada de ferro.
do intenso bombardeio naval, o ataque aliado, ocorrido em 22 de
setembro, levou à maior derrota da Tríplice Aliança nessa guerra.
Ultrapassar Humaitá com uma força naval e mantê-la rio
acima exigiria também uma base de suprimentos rio acima. Caxias,
Seguiram-se acusações e críticas, que causaram uma crise após reorganizar as forças terrestres brasileiras, ini-ciou, em julho
entre Mitre e Tamandaré. O preparo da operação, sem dúvida, fora de 1867, a marcha de flanco e ocupou Tayi, no Rio Paraguai, acima
insuficiente e as dificuldades do ataque incor-retamente avaliadas. de Humaitá, que serviria para apoiar os navios.
Como Mitre permaneceria exercendo o comando geral dos
Exércitos Aliados, o governo brasileiro aceitou o pedido de
afastamento feito anteriormente por Tamandaré. Ele e Barroso Em dezembro de 1867, os três primeiros monitores, cons-
foram substituídos, não mais parti-cipando das operações dessa truídos no Arsenal de Marinha da Corte, chegaram à frente de
guerra. combate. Esses monitores, por suas características, seriam
importantes para o prosseguimento das operações.
CAXIAS E INHAÚMA
O Marquês de Caxias, General Luís Alves de Lima e Silva, Em 14 de janeiro de 1868, Mitre precisou reassumir a pre-
futuro Duque de Caxias e patrono do Exército Brasileiro, foi sidência da Argentina e passou, definitivamente, o comando -em-
designado para o cargo de Comandante-em-Chefe das Forças chefe dos Exércitos da Tríplice Aliança para Caxias.
Brasileiras em Operações contra o Governo do Paraguai. Já havia
provado ser um excelente general e estadista; o homem certo para PASSAGEM DE HUMAITÁ
aquela ocasião difícil.
Na madrugada de 19 de fevereiro de 1868, iniciou-se a
O comando da Força Naval coube ao Chefe-de-Esqua-dra Passagem de Humaitá.
Joaquim José Ignácio, futuro Visconde de Inhaúma,
que assumiu seu cargo, substituindo Tamandaré, em 22 A Força Naval de Inhaúma intensificou o bombardeio
de dezembro de 1866. Ele estava subordinado a Caxias, e a Divisão Avançada, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra
mas não a Mitre. Delfim Carlos de Carvalho, depois Almirante e Barão da
Passagem, avançou rio acima. Essa divisão era formada por seis
Caxias soube empregar a Força Naval de Inhaúma, para apoiar navios: os encouraçados Barroso, Tamandaré e Bahia e os
sua ofensiva ao longo do Rio Paraguai, até a ocupa-ção da cidade monitores Rio Grande, Pará e Alagoas.
de Assunção, bombardeando fortificações, fazendo Eles acometeram a passagem formando três pares, compostos,
reconhecimentos pelo rio, transportando tropas de uma margem cada um, por um encouraçado e um monitor amarrado ao seu
para a outra, para contornar o flanco inimigo, e fazendo o apoio contrabordo.
logístico necessário.

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HISTÓRIA NAVAL
Após a passagem, três dos seis navios tiveram que ser en- O ataque de Caxias para o sul é conhecido como a Dezem-
calhados, para não afundarem devido às avarias sofridas no brada. Ocorreu uma sucessão de combates terrestres, dos quais se
percurso. O Alagoas foi atingido por mais de 160 projéteis. destacam Itororó, Avaí e Lomas Valentinas. Ao final, as forças
paraguaias estavam derrotadas e López fugiu.
Estava, no entanto, vencida Humaitá, que aos poucos se-ria
desguarnecida pelos paraguaios. Solano López decidiu que era Não se rendendo, apesar de seu exército estar pratica-mente
necessário retirar-se com seu exército para uma nova posição aniquilado, ele conseguiu prolongar a guerra por mais de um ano,
defensiva, mais ao norte. na região montanhosa do norte de seu país, na chamada Campanha
da Cordilheira, causando enormes sacrifícios a todos os
O RECUO DAS FORÇAS envolvidos, principalmente ao povo pa-raguaio.
PARAGUAIAS

Na madrugada de 3 de março de 1868, López se retirou de A OCUPAÇÃO DE ASSUNÇÃO E A FASE FINAL


Humaitá, com cerca de 12 mil homens. Os aliados fecharam o DA GUERRA
cerco.
Como não havia mais obstáculos até Assunção, ela foi
Solano López (Acervo SDM) ocupada pelos aliados e a Força Naval fundeou em frente à cidade,
Em 25 de julho, os últimos defensores abandonaram Hu- em janeiro de 1869.
maitá, que foi ocupada pelos aliados. Era preciso reforçar o cerco
para evitar que eles se juntassem ao grosso do Exército paraguaio. Em fevereiro, o Chefe-de-Esquadra Elisário Antônio dos
Para isso, os aliados criaram uma flotilha de escale-res, lanchas e Santos assumiu o comando da Força Naval. Ficaram no Pa-raguai
canoas para bloquear a passagem dos fugitivos pela Lagoa Verá. os navios de menor calado, mais úteis para atuar nos afluentes.
Uma Força Naval subiu o Rio Paraguai até território brasileiro, em
Os combates que ali ocorreram, corpo a corpo, entre as Mato Grosso. Houve um último combate no Rio Manduvirá.
tripulações de embarcações, constituíram um dos conjuntos de Seguiu-se a Campanha da Cordilheira, em que a Marinha não mais
episódios mais dramáticos da guerra. Participaram deles, com confrontou o inimigo.
grande bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Te-nentes
Saldanha da Gama e Júlio de Noronha, entre outros. Ao final, Em 1870, o Paraguai estava derrotado e seu povo dizi-mado.
renderam-se 1,3 mil paraguaios. A guerra, por sua dificuldade logística, pelo envol-vimento da
população do país e, até, por ações típicas de guerrilha, foi um
O AVANÇO ALIADO E A DEZEMBRADA enorme desafio para os países da Tríplice Aliança. Ela teve
consequências notáveis. Foi durante o confli-to que a unidade da
Superado o obstáculo de Humaitá, Caxias pôde avançar para Argentina se consolidou. Para o Brasil, foi um grande desafio, que
o norte. Era necessário que a Força Naval acompanhas-se o mobilizou o País e uniu sua popula-ção. Foi lá que brasileiros das
movimento das forças terrestres aliadas e, no dia 16 de agosto de diferentes regiões do País se conheceram melhor, passando a se
1868, Inhaúma começou a subir o Rio Paraguai. A partir de então, respeitar e a se entender.
os navios participaram das operações, prestando o apoio necessário
ao Exército aliado.

Logo, Caxias alcançou Palmas e iniciou seus planos para


atacar a nova posição do inimigo, em Piquissiri. Ele próprio
efetuou vários reconhecimentos empregando os navios e de-cidiu
por não realizar uma ação frontal. Para atacar os para-guaios pela
retaguarda, era preciso utilizar a margem direita, onde se situava o
Chaco, um alagadiço quase intransponível, exposto às inundações.

A genial manobra do Piquissiri, que contornou a po-sição do


inimigo, foi operação em que a Força Naval exerceu papel
relevante. Foi construída uma estrada pelos pântanos do Chaco,
ultrapassando diversos cursos d’água, para que as tropas, que
cruzaram o rio nos navios, avan-çassem pela margem direita até
um ponto em que podiam embarcar novamente, para ser
transportadas para a margem esquerda, acima das posições
inimigas.
Em 4 de dezembro, a Força Naval apoiou o desembarque das
tropas em Santo Antônio, sobre a retaguarda paraguaia.

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indústria adaptavam aos navios. O encouraçado era o pesado e bem
A MARINHA NA REPUBLICA:PRIMEIRA artilhado navio de linha, o cruzador era o leve, a fragata era ligeira
GUERRA MUNDIAL: ANTECEDENTES ; O e a torpedeira e o [brulote], destinado a incendiar as antigas naus.
PREPARO DO BRASIL; A DIVISÃO NAVAL EM Em 15 de novembro de 1906, assumiu a Presidência da
OPERAÇÕES DE GUERRA; O PERIODO ENTRE República o conselheiro Afonso Pena e, com ele, o seu novo
GUERRAS; A SITUAÇÃO EM 1940; SEGUNDA ministério, sendo a pasta da Marinha ocupada pelo Almirante
GUERRA MUNDIAL: Alexandrino Faria de Alencar. Não demorou que este con-seguisse
do Congresso a reforma do Programa de 1904. A alteração mais
ANTECEDENTES ; INICIO DAS HOSTILIDADES E marcante trazida pelo novo programa do Al-mirante Alexandrino
ATAQUES AOS NOSSOA NAVIOS MERCANTES; A foi a adição de três novos encouraçados do tipo dreadnought, de
LEI DE o
20 mil toneladas, cuja aprovação resultou no Decreto n 1.567, de
EMPRESTIMO E ARRENDAMENTO E
24 de novembro de 1906.
MODERNIZAÇÕES DE NOSSOS MEIOS E Nesse programa, foi cancelado o projeto de um novo arsenal.
DEFESA ATIVA DA COSTA BRASILEIRA; Em seu lugar, optou-se por modernizar as instala-ções da Ilha das
DEFESAS LOCAIS; DEFESA ATIVA; A FORÇA Cobras, porém, admitia-se a construção de bases secundárias, em
NAVAL DO NORDESTE; E O QUE FICOU? Belém e em Natal, e um porto militar de pequeno porte em Santa
Catarina.
Como consequência direta do Programa Alexandrino, a
Esquadra de 1910, assim chamada por haver chegado ao Brasil
SINOPSE nesse ano a maior parte de seus componentes, repre-sentou um
Os primeiros anos da República foram marcados pela pro- verdadeiro revigoramento militar e tecnológico da Marinha
gressiva desmobilização da Esquadra brasileira. As revoltas que brasileira. Dessa forma, o Brasil obteve uma frota de alto-mar
assolaram a Nação e o desgaste econômico conhecido como ofensiva, podendo levar a outros rincões o Pavilhão Nacional e,
encilhamento provocaram o gradativo desmantela-mento das principalmente, apoiar a ação diplomática do governo brasileiro
unidades da Força Naval. A situação interna do País se refletia nos em qualquer local em que se fizesse necessário.
orçamentos insuficientes que negavam à Marinha os recursos
necessários à modernização dos meios flutuantes e à criação de A incorporação de navios como os encouraçados Minas
uma infra-estrutura de apoio. Gerais e São Paulo, pertencentes à classe dos dreadnoughts, os
Essa situação se manteve por toda a década fi nal do sécu-lo mais poderosos do mundo, encheu de orgulho e confiança os
XIX. A sucessão de quatro ministros da Marinha em apenas seis cidadãos brasileiros.
anos contribuiu negativamente para a elaboração de um programa Além dessas embarcações, também chegaram os cru-zadores
naval condizente com o litoral e os interesses a de-fender. Bahia e Rio Grande do Sul e os [contratorpedeiros] Amazonas,
Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ala-goas, Sergipe,
Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.
Em 15 de novembro de 1902, o Almirante Júlio de Noro-nha Posteriormente ao ano de 1910, o contratorpedeiro Ma-
assumiu a pasta da Marinha, encontrando uma Força Na-val ranhão, os submarinos F1, F3, F5 e Humaitá, o tender Ceará e
composta de navios reformados, sendo, na sua maioria, modelos outros navios auxiliares complementaram os efetivos navais da
obsoletos perante as classes mais modernas que estavam em Marinha.
processo de construção pelas potências indus-triais da época.
A Esquadra brasileira passou a ser organizada, essencial-mente,
Procurando satisfazer a justa aspiração brasileira em constituir em divisões de encouraçados e cruzadores e flotilhas de
uma Marinha bem aparelhada, o deputado Dr. Laurindo Pitta contratorpedeiros e de submarinos. Porém, com o início da
apresentou à Câmara, em julho de 1904, proje-to que continha o Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o ministro da Marinha,
programa Alexandrino de Alencar, determinou que as principais unidades
naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual poderia atender operativas de superfície fossem reorganizadas em três divisões, a
a tais expectativas. Em discurso entusiasmado, pro-pôs a fim de patrulhar as águas costeiras dentro
aprovação de orçamento que financiasse os navios re-quisitados. de cada área de responsabilidade.
Pitta encabeçou uma grande luta nos bastidores da política Dessa forma, a Marinha iria enfrentar os seus dois prin-cipais
nacional com a finalidade de obter a aprovação, no Congresso
Nacional, do projeto que reorganizaria toda a Esquadra brasileira. desafios no século XX.
Sendo o projeto finalmente aprovado, quase por unanimidade, ele As duas grandes guerras mundiais.
o
se transformou no Decreto n 1.296, de 14 de novembro de 1904.
Segundo o próprio Laurindo Pitta, em discurso por oca-sião
da apresentação do seu projeto de reaparelhamento naval,
couraçados, [cruzadores], torpedeiras não eram inven-ções
modernas, eram aperfeiçoamentos que a ciência e a

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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O PREPARO DO BRASIL
ANTECEDENTES
A disposição do Brasil em manter-se neutro no conflito foi
No ano de 1914, as relações entre as principais nações eu- evidenciada desde o primeiro minuto dos combates na Europa, em
ropeias estavam tensas. Nos últimos 60 anos havia ocorrido a 1914. Naqueles dias conturbados, prevalecia no País uma
Segunda Revolução Industrial e várias potências econô-micas tendência natural de simpatia em favor dos aliados, principalmente
surgiram ameaçando a supremacia da Grã-Bretanha, com destaque porque a elite nacional via na edu-cação e na cultura francesas seus
para Estados Unidos, Itália, Rússia, Alemanha e Japão. Isso principais paradigmas. A neutralidade foi a marca brasileira nos
significava que todos esses países tinham como produzir, mas três primeiros anos de guerra, mesmo quando Portugal foi a ela
precisavam de matérias primas e de mercados para vender a sua arrastada, em março de 1916.
produção.
O bloqueio sem restrições, firmado pelo governo ale-mão em
Se na primeira Revolução Industrial o grande fato impul- 31 de janeiro de 1917, trouxe não só mal-estar a todos os neutros,
sionador foi a invenção do vapor, na segunda, a eletricidade foi o mas também preocupação ao governo brasi-leiro, que dependia
mecanismo que revolucionou os meios de produção. Outro grande fundamentalmente do mar para escoar a produção de café para a
fator de crescimento econômico foi o aumento da disponibilidade Europa e os Estados Unidos, nossos principais compradores.
de ferro e aço. A mecanização da indústria se elevou, Ademais, importávamos muitos produtos da Inglaterra, que
proporcionando o consequente aumento do nú-mero de máquinas naquela altura lutava desesperadamente nos campos franceses e
e motores menores, que viriam dotar os bens de consumo duráveis, enfrentava, com preocupação, os ataques dos submarinos alemães
os maiores símbolos da socieda-de moderna. a seu trá-fego marítimo.

O Brasil apresentou, inicialmente, seu protesto formal


Naquele ano de 1914 vigorava a Paz Armada, uma situa-ção à
em que todas as nações procuravam se armar para inibir o
adversário de atacá-las. Duas grandes alianças político-militares Alemanha, sendo logo depois obrigado a romper re-lações
predominavam: a Tríplice Aliança, formada pelo Im-pério Austro- comerciais com aquele país, mantendo-se, contudo, ainda, na mais
Húngaro, Itália e Alemanha, e a Tríplice Entente, formada por rigorosa neutralidade.
França, Inglaterra e Rússia. Pequenas frentes de luta surgiam nas
áreas em disputa. Todos queriam se apossar de territórios. Um O que veio a modificar a atitude brasileira foi o afun-damento
terrorista sérvio conseguiu assassinar o Ar-quiduque Francisco do navio mercante Paraná, ao largo de Barfleur, na França, apesar
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, em um atentado em de ostentar a palavra Brasil pintada no costado e a Bandeira
Sarajevo, na Bósnia. Essa morte imediata-mente provocou a guerra Nacional içada no mastro. Naquela oportunidade, a população na
entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia, fiadora da Sérvia, iniciou um capital, Rio de Janeiro, atacou firmas comerciais alemãs, criando
confronto com a Áustria, provo-cando a intervenção alemã e grande desconforto para o governo de Wenceslau Braz. Seguiu-se
unindo a França e a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado então o rompimento das relações diplomáticas com o governo
entraram na Guerra. Iniciava-se a Primeira Guerra Mundial. alemão, em 11 de abril de 1917. Um fato importante, que influiu
também na decisão de se romper relações com o Império Alemão,
De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu lado mais cruel. foi a atitude de protesto dos Estados Unidos contra o bloqueio
Milhões de vidas foram ceifadas na chamada guerra de trincheiras, irrestrito, tendo sofrido por isso o torpedeamento de dois de seus
quando as tropas limitavam-se a defender deter-minadas posições navios. Tais acontecimentos motivaram a declaração de guerra
estratégicas. norte-americana. Mantínhamos, até esse ponto, laços comerciais
profundos com esse país e claras simpatias com os aliados.
Em 1917, os EUA entraram na guerra. No mesmo ano, eclodiu
a revolução socialista na Rússia e seus dirigentes assinaram, com
a Alemanha, o Tratado de Brest-Litovsky, re-tirando-se da guerra. No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o Tijuca, foi
torpedeado nas proximidades de Brest, na costa francesa. Seis dias
Em 1918, o Brasil entrou no conflito quando a campanha depois seguiu-se o mercante Lapa. Ele foi abordado por um
submarina alemã atingiu seus navios mercantes, afundados em submarino alemão, que mandou a tripulação deixar o vapor para
razão do bloqueio alemão à Grã-Bretanha. depois torpedeá-lo. Esses três ataques levaram o presidente
O Brasil enviou, nesse mesmo ano, uma Divisão Naval para Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45 navios dos impérios
operar com a Marinha britânica entre Dakar e Gibraltar. centrais aportados no Brasil e a revogação da neutralidade. Muitos
deles encontravam-se danificados por sabotagem dos próprios
A Alemanha, depois de uma fracassada ofensiva no tea-tro de tripulantes. Isso não impediu que o Brasil utilizasse 15 deles e
operações ocidental, se viu exausta com as perdas sofridas, vindo repassasse 30 por afretamento para a França. Um fato curioso foi
a assinar o Armistício com os aliados no mês de novembro de o arresto da Canhoneira alemã Eber, surta no porto de Salvador.
1918. Tratava-se de navio militar e não de vapor mercante, como os 45
navios arres-tados. Antes de ser abordada por autoridades
brasileiras, e

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percebendo essa medida, os tripulantes queimaram esse vaso de esforço para a Marinha significativa foi a designação de treze
guerra e conseguiram se transferir para outro navio mer-cante que oficiais aviadores, sendo doze da Marinha e um do Exército, para
se evadiu dos portos nacionais com o armamento e os homens se aperfeiçoarem como pilotos de caça da Royal Air Force no
especializados, que seriam ainda úteis à Marinha alemã no teatro europeu. Depois de árduo adestramento em que dois pilotos
se acidentaram, sendo um fatal, eles fo-ram considerados
conflito. qualificados para operações de combate, tendo sido empregados
Quatro meses se passaram até que novo navio brasilei-ro fosse
o
no 16 Grupo da RAF, com sede em Plymouth, em missões de
atacado e afundado, dessa feita foi o vapor Tupi, nas mediações do patrulhamento no Canal da Mancha.
Cabo Finisterra. O caso tornou-se grave porque o comandante e o
despenseiro foram aprisionados por um submarino alemão e nunca No principal porto do País, o do Rio de Janeiro, centro
mais se teve notícia de seus destinos. econômico e político mais importante, instituiu-se uma linha de
minas submarinas, cobrindo 600 metros entre as Fortalezas da Laje
e Santa Cruz. Duas ilhas oceânicas preocupavam as auto-ridades
Oito dias depois, 26 de outubro de 1917, o Brasil reco-nhecia navais devido à possibilidade de seu uso como pontos de refúgio
e proclamava o estado de guerra com o Império Ale-mão. de navios inimigos: as de Trindade e de Fernando de Noronha. A
primeira foi ocupada militarmente, em maio de 1916, com um
grupo de cerca de 50 militares. Uma estação ra-diotelegráfica
Como estava o Brasil naquela oportunidade para enfren-tar os mantinha as comunicações com o continente e, frequentemente,
germânicos? Trindade era visitada por navios de guerra para o seu
reabastecimento. Quanto a Fernando de Noronha, lá existia um
O governo brasileiro tinha consciência de que a grande presídio do estado de Pernambuco. A Marinha, então, passou a
ameaça seria o submarino alemão, ávido por atacar os nossos assumir a defesa dessa ilha, destacando um grupo de militares para
navios mercantes que mantinham comércio com outros paí-ses em guarnecê-la. Não houve nenhuma tentativa de ocupação por parte
pleno desenvolvimento. Além disso, naquela opor-tunidade, não dos alemães.
existiam estradas ligando o Sul e Sudeste com o Norte e Nordeste.
Todas as comunicações entre essas regiões eram feitas por mar, daí Com o estado de guerra declarado, os ataques aos mercantes
nossa grande vulnerabilida-de estratégica. Tanto a Marinha brasileiros continuaram. Em 2 de novembro, nas proximidades da
Mercante como a de Guerra seriam as grandes protagonistas Ilha de São Vicente, na costa africana, foram torpedeados mais
brasileiras nesse confronto. dois navios, o Guaíba e o Acari. Depois de atingidos, seus
comandantes conseguiram encalhá-los, sal-vando-se a carga, não
A Marinha Mercante brasileira era modesta, no entanto, desde impedindo, no entanto, que vidas brasileiras fossem perdidas.
os primeiros anos do século, os governos que se su-cederam
procuraram aparelhá-la, o que foi auspicioso, pois teríamos na Outro ataque, já no ano de 1918, aconteceu ao mer-cante
guerra um teste fundamental para a manutenção de nosso fluxo Taquari, da Companhia de Comércio e Navegação, na costa
comercial. No início do conflito – quando o Brasil ainda mantinha inglesa. Desta feita o navio foi atingido por tiros
irrestrita neutralidade –, diversos países envolvidos na guerra, de canhão, tendo tempo de arriar as baleeiras que, no entanto,
ávidos para cobrir as perdas provoca-das por afundamentos, foram metralhadas, provocando a morte de oito tri-pulantes.
ofereceram propostas de compras de muitos de nossos mercantes.
Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião públi-ca
Propostas de compras do Lloyd Brasileiro foram comuns. brasileira que, influenciada por campanhas jornalísticas e
Entretanto, o governo nacional, premido pela necessidade de declarações de diversos homens públicos, exigiu um com-
manter o comércio com outros países e de escoar o nosso principal prometimento maior com a causa aliada, com a participação
produto, o café, principalmente para os Estados Uni-dos, impediu efetiva no esforço bélico contra as Potências Centrais.
todas essas tentativas de arrendamento. Ao final, essa ação veio a
ser fundamental para o Brasil. Desde o início do conflito, a participação da Marinha no
Nossa Marinha de Guerra era centrada na chamada Es-quadra confronto baseou-se no patrulhamento marítimo do litoral
de 1910, com navios relativamente novos construídos na Inglaterra brasileiro com três divisões navais, como já mencionado,
sob o Plano de Construção Naval do Almirante Alexandrino Faria distribuídas nos portos de Belém, Rio de Janeiro e São Fran-cisco
de Alencar, ministro da Marinha de então, como anteriormente do Sul. Esse serviço tinha por finalidade colocar a na-vegação
mencionado. Eram ao todo dois en-couraçados tipo dread nought, nacional, a aliada e a neutra ao abrigo de possíveis ataques de
o Minas Gerais e o São Pau-lo, dois cruzadores tipo scouts, o Rio navios alemães, de qualquer natureza, nas nossas águas.
Grande do Sul e o Bahia, que viria a ser perdido tragicamente na
Segunda Guerra Mundial, e dez contratorpedeiros de pequenas
dimensões. Esses meios eram todos movidos a vapor, queimando A Divisão Naval do Norte possuía os encouraçados guarda
carvão. costas, Deodoro e Floriano, dois cruzadores, Tira-dentes e
Desde o início da participação brasileira no conflito, o República, dois contratorpedeiros, três avisos e duas canhoneiras.
governo nacional decidiu-se pelo envio de uma divisão naval para Sua sede era Belém.
operar em águas europeias, o que representaria grande

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A Divisão Naval do Centro compunha-se dos encoura-çados A principal tarefa a ser cumprida por essa Divisão seria
Minas Gerais e São Paulo e de seis contratorpedei-ros, com sede patrulhar uma área marítima contra os submarinos alemães,
no Rio de janeiro. compreendida entre Dakar, no Senegal, e Gibraltar, na entrada do
Mediterrâneo, com subordinação ao Almiran-tado inglês.
Por fim, a Divisão Naval do Sul possuía os cruzadores Bar-
roso, Bahia e Rio Grande do Sul, um iate e dois contratorpe-deiros, A preparação dos navios, ainda no Brasil, requereu mui-tos
com sede em São Francisco do Sul. recursos de toda a ordem. Entre os pontos a ser corrigidos estava a
deficiência de abastecimento, principalmente a escassez de
A Marinha possuía também três navios mineiros, uma flo-tilha combustível, o carvão. Dava-se preferência a um tipo de carvão
de submersíveis, com um tênder, três pequenos sub-marinos proveniente da Inglaterra, o tipo cardiff, ou dos Estados Unidos da
construí dos na Itália e uma torpedeira, as flotilhas do Mato América. O carvão nacional, por possuir grande quantidade de
Grosso, do Amazonas, aviões de guerra e, por fim, navios soltos. enxofre, era contra-indicado, e esse ponto nevrálgico preocupou os
chefes navais durante toda a comissão da DNOG.

A DIVISÃO NAVAL EM OPERAÇÕES DE GUERRA Depois de três meses de adestramento contínuo com as
tripulações, os navios suspenderam do Rio de Janeiro, em grupos
O governo de Wenceslau Braz decidiu enviar uma divisão pequenos, para se juntarem na Ilha de Fernando de Noronha.
naval para operar sob as ordens da Marinha britânica, na oca-sião Inicialmente, os contratorpedeiros deixaram a Guanabara no dia 7
a maior e mais poderosa do mundo. Logicamente, os na-vios de maio de 1918, seguidos, no dia 11, pelos dois cruzadores. Em 6
escolhidos deve riam ser da Esquadra adquirida oito anos antes na de julho, suspendeu do Rio de Janeiro o cruzador auxiliar
própria Inglaterra, pois eram os mais modernos que o Brasil Belmonte e dois dias depois o rebocador Laurindo Pitta. Esses
possuía. No entanto, devido aos avanços tecnológicos provocados navios ficaram responsáveis pelo transporte do carvão necessário
pela própria guerra, esses navios tornaram-se obsoletos para a DNOG, daí sua grande importância logística.
rapidamente. Em que pese tal fato, a escolha da alta administração
naval recaiu nos dois cruzadores (Rio Grande do Sul e Bahia), em o
quatro contratorpedeiros (Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e No dia 1 de agosto, a Divisão unida suspendeu de Fer-nando
Santa Catarina), um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador- de Noronha com destino a Dakar, passando por Free-town.
auxiliar (Belmonte), ao todo oito navios. O propósito dessa primeira [derrota] até Freetown era destruir
os submarinos inimigos que se encontravam na rota da DNOG. O
Contra quem iríamos lutar? A Alemanha, apesar de pos-suir armamento, naquela ocasião, para se neutralizar esses submarinos,
Esquadra menor que a da Inglaterra, possuía uma frota muito era bastante primitivo, não se comparando com coisa alguma que
agressiva e motivada, que se batera com valentia até aquele se viu na Segunda Guerra Mundial. Existiam hidrofones primitivos
momento. e bombas de profundidade de 40 libras, que eram lançadas pela
borda no local provável onde se encontrava o submarino. É
No início do conflito, os alemães se lançaram à guerra de interessante mencionar que o próprio submarino, naquela
corso utilizando navios de superfície, no estilo de corsários oportunidade, possuía pequena capacidade de permanecer
independentes, que atacavam os mercantes navegando soli-tários. mergulhado durante longo período de tempo, o que era uma grande
Essa estratégia, com o decorrer da guerra, foi abando-nada. limitação. Normalmente, os ataques contra mercantes eram
Preferiu-se a guerra submarina, que mostrou-se muito mais realizados utilizando-se os canhões localizados em seus
eficiente. Esses submarinos não chegaram a atuar nas nossas [conveses]. A maior possibilidade de destruir esses submarinos
costas, como aconteceu na Segunda Guerra Mundial, no entanto, acontecia quando o inimigo vinha à superfície para destruir o alvo
atacaram nossos navios nas costas europeias e os afundaram sem por canhão, ou mesmo com o uso de [torpedos]. Nessa travessia
trégua. inicial, alguns [rebates] de “prováveis submarinos” foram da-dos,
porém não tiveram confirmação.
Há de se notar que a Marinha brasileira era dependente de
suprimentos vindos do exterior. Não existiam estaleiros ca- Outro ponto interessante na travessia Fernando de Noronha–
pacitados, nem fábricas de munição e estoques logísticos Dakar era a faina de transferência de carvão em al-to-mar. Esses
adequados. Dessa forma, a preparação da Divisão Naval em recebimentos aconteciam em quaisquer con-dições de tempo e de
Operações de Guerra (DNOG), como ficou conhecida essa mar e obrigavam a atracação dos navios ao cruzador-auxiliar
pequena força, foi muito dificultada por limitações que não eram Belmonte e a utilização do rebocador Laurindo Pitta para auxílio
só da Marinha, mas também do Brasil. Como critério de escolha, nas aproximações. Foram fainas perigosas que demandaram muita
abriu-se o voluntariado para os seus componentes e foi escolhido capacidade marinheira dos tripulantes, além da natural
um Contra-Almirante, ainda muito jovem, com 51 anos de idade, vulnerabilidade durante os abastecimentos, quando os submarinos
muito habilidoso, com grande experiência marinheira, na ocasião inimigos poderiam aproveitar a baixa velocidade dos navios para
comandante da Divisão de Cruzado-res com base no porto de o ataque torpé-dico. A tensão reinante durante esses eventos era
Santos, o Almirante Pedro Max de Frontin, irmão do engenheiro enorme, sem contar com as difíceis condições em que eram
Paulo de Frontin, para o coman-do da DNOG. realizadas. Os navios ficavam literalmente negros de carvão e
todos tra-balhavam do nascer do sol até o término do
abastecimento.

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HISTÓRIA NAVAL
Depois de oito dias de travessia, a DNOG chegou ao A vitória dos aliados seria confirmada em Paris, em 28 de
porto de Freetown, onde se agregou ao esquadrão britânico. Nessa junho de 1919, quando se reuniram os representantes de 32 países
cidade, os navios permaneceram por 14 dias, reabaste-cendo-se e para assinar o Tratado de Versalhes, que foi imposto à Alemanha
sofrendo os reparos necessários à continuação da missão. derrotada.
No dia 9 de junho de 1919, depois de tocar Recife por breves
No dia 23 de agosto de 1918, a Divisão suspendeu em direção dias, os navios da DNOG entravam na Baía de Gua-nabara, porto
a Dakar, tendo essa derrota sido muito desconfor-tável para as sede da Divisão Naval. Acabara, assim, a par-ticipação da Marinha
tripulações dos navios devido ao mau tempo reinante. Na véspera na Primeira Guerra Mundial.
da chegada a esse porto africano, no período noturno, foi avistado
um submarino navegando na superfície. Imediatamente foi atacado O PERÍODO ENTRE GUERRAS
pela força brasileira, no entanto, o submarino conseguiu lançar um O período entre guerras, que abarcou os anos de 1918 até
contra-ataque contra o cruzador-auxiliar Belmonte, quase 1939, caracterizou-se pelo abandono a que foi submetida não só a
atingindo seu intento, uma vez que a esteira fosforescente do Marinha de Guerra como praticamente toda a ativi-dade nacional
torpedo foi perfeitamente observada a 20 metros da popa do navio relacionada com o mar. A ausência de mentali-dade marítima do
brasi-leiro. No dia 26 de agosto, os navios aportavam em Dakar e
povo brasileiro revelou-se em toda a sua intensidade.
aí começariam as grandes provações dos tripulantes nacionais.
Todo esse martírio teria início quando determinado navio
inglês, o Mantua, iniciou uma rotina, observada por nossos No entanto, iniciativas modestas, ainda durante a Gran-de
marinheiros, que o viam suspender de quando em vez para o alto- Guerra, como a criação da Escola Naval de Guerra (depois Escola
mar regressando em seguida. Logo após, soube-se que essas saídas de Guerra Naval), da Flotilha dos Submarinos, com os três
eram para lançar ao mar os corpos dos homens de sua tripulação pequenos submarinos da Classe F, e da Escola de Aviação Naval,
. indicaram a necessidade de avançar na melhoria das condições de
que haviam contraído a terrível “gripe espanho-la” Possivelmente
o Mantua foi o responsável pela moléstia que vitimaria diversos de prontidão da nossa Força Naval.
nossos tripulantes que nunca retor-nariam ao Brasil.
A revolução de 30 representou para a Marinha um divi-sor de
No início de setembro, as primeiras vítimas brasileiras eram águas entre duas épocas distintas. Em relatório do ministro da
atingidas pela [gripe mortal]. Marinha, no ano de 1932, em que foi feita análise da situação da
Marinha, encontra-se registrada a seguinte declaração: “Estamos
A permanência em Dakar deveria ser curta. No entanto, deixando morrer a nossa Marinha. A Esquadra agoniza pela idade
devido à gravidade da situação sanitária com a gripe, os navios lá [a maior parte dos navios era da Esquadra de 1910], e, perdido com
permaneceram mais tempo. A tudo isso somou-se o [impa- ela o hábito das viagens, substituído pela vida parasitária e
ludismo] e as [febres biliares africanas]. Dos navios atingidos pelas burocrática dos portos, morrem todas as tradições... Estamos numa
doenças, o mais afetado foi o cruzador-auxiliar Belmonte que, encruzilhada: ou fazemos renascer o Poder Naval sob bases
entre seus 364 tripulantes, contaram-se 154 doentes. permanentes e voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa
Substituições foram solicitadas ao Brasil, que vie-ram no fraqueza provocadora.... estamos completamente desaparelhados.
paquete Ásia, para completar os claros deixados pelos O programa naval estabelecido em 1932, e ajustado em 1936
falecimentos. Foram vitimados 156 brasileiros da DNOG pela elaborado sem obedecer a nenhum planejamento es-tratégico ou
“gripe espanhola”. político, criou uma Força Naval modesta, dentro das possibilidades
financeiras e técnicas do País, podendo ministrar adestramento
Os navios britânicos e brasileiros em Free-town e Dakar satisfatório e com capacidade de in-tervir em operações limitadas,
ficaram inoperantes em face das condições sanitárias reinan-tes, mais no campo interno que externo. Devemos reconhecer, no
estando a defesa do estreito entre Dakar e Cabo Verde somente a
entanto, que tal modesta iniciativa foi um marco de coragem, pois
cargo de dois pequenos navios portugueses. Com grande esforço
utilizou a incipiente indústria brasileira na tentativa de reconstituir,
pessoal, a DNOG conseguiu logo depois de-signar o Piauí e o
em termos nacionais, um Poder Naval com alguma credibilidade.
Paraíba para auxiliarem os portugueses na-quela área de
operações. Em 1935, foi iniciada grande reforma no encouraçado Minas
No dia 3 de novembro, a DNOG [largou] de Dakar em direção Gerais, que constou da substituição de suas caldeiras e do aumento
a Gibraltar, sem o Rio Grande do Sul, o Rio Grande do Norte, o do alcance de seus canhões de 305 mm.
Belmonte e o Laurindo Pitta, os dois primeiros avaria-dos e os dois
seguintes designados para outras missões. Sete dias depois, os As atividades de minagem e varredura tinham sido man-tidas
navios da Divisão faziam sua entrada em Gibraltar. No dia em segundo plano desde o fim da Grande Guerra, utilizando-se
seguinte, o Armistício foi assinado, dando a Grande Guerra como navios mineiros varredores improvisados. Em 1940, obedecendo
terminada. Nossa missão de guerra fin- ao novo programa naval, então aprovado, decidiu-se pela
dara; no entanto, nossa Divisão prolongou sua permanência na construção, no Brasil, de uma série de navios mineiros varredores.
Europa, já que foi convidada para participar das festivida-des
promovidas pelos vitoriosos.

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Em 1940, a nossa Força de Alto-Mar era assim constituída: Nossa Esquadra, despreparada, pouco podia fazer para
ESQUADRA: enfrentar uma esquadra como a alemã.
– Divisão de encouraçados: Minas Gerais e São Paulo.
– Divisão de cruzadores: Rio Grande do Sul e Bahia. SEGUNDA GUERRA
– Flotilha de contratorpedeiros: Maranhão, Piauí, Rio MUNDIAL ANTECEDENTES
Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina e Mato Grosso.
– Flotilha de submarinos: Humaitá, Tupi, Timbira e Tamoio. Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi
– Trem: tênderes Belmonte e Ceará; navios-tanques No-vais obrigada a restituir a Alsácia e a Lorena à França, ceder minas de
de Abreu e Marajó; rebocadores Aníbal de Mendonça, Muniz carvão, colônias, submarinos e navios mercantes. Além disso,
Freire, Henrique Perdigão e DNOG. deveria pagar aos vencedores uma indenização em dinheiro,
ficando proibida de possuir Força Aérea e de fabricar alguns tipos
Flotilha de Navios Mineiros Varredores: de armas. Era proibida também de possuir Exérci-to superior a 100
– dez navios. mil homens.

Flotilha da Diretoria de Hidrografia e Navegação: Essas medidas do Tratado de Versalhes atingiram du-ramente
– três navios hidrográficos e dois navios faroleiros. a economia alemã, afligindo seu povo, que passou a nutrir
sentimento de aversão às principais potências da épo-ca. Estava
Navio isolado: constituído o caldo que os nazistas necessitavam para alcançar o
– navio-escola Almirante Saldanha. poder. Muitas des sas restrições, sob o coman-do de Hitler,
Flotilhas Fluviais começaram a ser ignoradas. A Alemanha crescia e, por isso,
necessitava de mercado para os seus produtos e de colônias onde
Dispondo o Brasil de imensas bacias [potamográficas], as pudesse adquirir matérias-primas.
forças fluviais sempre representaram papel importante em nossa
concepção estratégica. Em 1940, elas eram assim cons-tituídas: Por outro lado, também dispostos a destruir a ordem colonial
vigente, Japão e Itália adotaram, na década de 30, uma política
– Flotilha do Amazonas: canhoneira Amapá e rebocador expansionista contra a qual a [Liga das Nações] mostrou-se
Mário Alves. impotente. Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados da
Ásia, o Japão reiniciou sua investida im-perialista, em 1931,
– Flotilha de Mato Grosso: monitores Parnaíba, Paraguaçu e conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia
Pernambuco; avisos Oiapoque e Voluntários e navio-tanque à China. Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini invadiu a
Potengi. Etiópia. Em 1936, a Alemanha nazista começou a mostrar suas
garras ocupando a Renânia (região situada entre a França e a
Pode-se perceber, claramente, a vulnerabilidade de nosso Alemanha), indo juntar-se à Itália fascista e intervir na guerra civil
Poder Naval para o enfrentamento da guerra A/S (an-ti- espanhola a favor do General Franco. Nesse ano de 1936, Itália,
submarino). Não possuíamos sensores adequados, nem Alemanha e Japão assina-ram acordo para combater o comunismo
adestramento para a luta contra os submarinos. A doutrina A/S era internacional (Pacto AntiComintern), formalizando o Eixo Roma–
baseada ainda nas lições apreendidas na Primeira Guerra Mundial, Berlim– Tóquio.
muito diferente do que vinha ocorrendo nas águas do Atlântico
Norte e do Mediterrâneo, desde 1939.
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética fir-
A SITUAÇÃO EM 1940 maram entre si um pacto de não-agressão, que estabelecia,
secretamente, a partilha do território polonês entre as duas nações.
Como vimos, o nosso Poder Naval possuía limitações Hitler se sentiu à vontade para agir, invadindo a Polô-nia e dando
operacionais importantes. No início da guerra na Europa, o Brasil início à Segunda Guerra Mundial, que se alastrou por toda a
contava com praticamente os mesmos navios da Primei-ra Guerra Europa.
Mundial. INÍCIO DAS HOSTILIDADES E ATAQUES AOS NOS-
SOS NAVIOS MERCANTES
A verdade é que não se equipam e treinam forças navais A Marinha Mercante brasileira somava 652.100 toneladas
sem verbas condizentes, que eram seguidamente preteridas brutas de [arqueação] no início da guerra. Mesmo peque-na e
pelo governo Getúlio Vargas. composta de navios antiquados, se comparada com as grandes
As grandes preocupações do nosso Estado-Maior da potências de então, ela exercia papel fundamental na economia
Armada eram a defesa de nossa enorme e desprotegida nacional, não só no transporte das exportações brasileiras, mas
costa marítima e, essencialmente, a proteção das linhas de também na navegação de cabotagem, que mantinha o fluxo
comunicação, vitais para a conservação de nossas artérias co- comercial entre as economias regio-nais, isoladas pela deficiência
merciais com o exterior e para a manutenção das linhas de das nossas redes rodoviárias e ferroviárias.
.
cabotagem Devemos observar que no ano de 1940 esse tipo
de transporte era fundamental, pois não existia uma única co-
municação terrestre entre Belém e São Luís, entre Fortaleza
e Natal e entre Salvador e Vitória.

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No decorrer da guerra, foram perdidos, por ação de sub- Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplo-
marinos alemães e italianos, 33 navios mercantes, que soma-ram máticas com os países que compunham o Eixo. A colabo-ração
cerca de 140 mil toneladas de arqueação (21% do total), com a militar entre o Brasil e os Estados Unidos, que desde meados de
morte de 480 tripulantes e 502 passageiros. 1941 já era notória, intensificou-se com a assinatura de um acordo
político-militar, em 23 de maio de 1942.
Os primeiros ataques à nossa Marinha Mercante ocor-reram
quando o Brasil ainda se mantinha neutro no conflito europeu. Em Nesse período deslocava-se para o saliente nordestino
22 de março de 1941, no Mar Mediterrâneo, o navio mercante brasileiro a Força-Tarefa 3 da Marinha norte-americana, tendo o
(NM) Taubaté foi metralhado pela Força Aérea alemã, tendo sido governo Vargas colocado os portos de Recife, Salvador e
avariado, apesar da pintura, em seu costado, da Bandeira posteriormente Natal à disposição das forças norte-america-nas.
Brasileira. Com a entrada dos Estados Unidos da América naquele
conflito, os submarinos alemães passaram a operar no Atlântico
ocidental, ameaçando todos os navios de bandeiras neutras que As atitudes cada vez mais claras de alinhamento do Brasil com
tentassem adentrar por-tos norte-americanos. os países aliados levaram o alto comando alemão a pla-nejar uma
A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo, que deixou o operação contra os principais portos brasileiros. Posteriormente,
porto de Filadélfia, nos Estados Unidos, com carga de carvão, no por ordem de Hitler, essa ofensiva submarina foi reduzida em
dia 14 de fevereiro de 1942. Ainda não existia o sistema de tamanho, mas não em intensidade, com o en-vio de dez submarinos
comboios nas Antilhas. O navio desapareceu rapidamente sem dar ao litoral, com ordens para atacar nossa navegação de [longo
sinais, podendo ter sido torpedeado por um submarino alemão ou curso] e de [cabotagem].
italiano.
Ele foi considerado perdido por ação do inimigo, uma vez que No cair da tarde de 15 de agosto de 1942, o submarino alemão
o tempo reinante era bom e claro. U-507, comandado pelo Capitão-de Corveta Harro Schacht,
torpedeou o paquete Baependi, que navegava ao largo da costa de
Seguiu-se o torpedeamento do NM Buarque, em 16 de Alagoas com destino ao Recife. O velho navio foi ao fundo,
fevereiro de 1942, pelo submarino alemão U-432, comanda-do levando 270 almas de um total de 306 tripu-lantes e passageiros
pelo Capitão-Tenente Heins-Otto Schultze, a 60 milhas do Cabo o
embarcados, inclusive parte da guarni-ção do 7 Grupo de
Hatteras, quando levava para os Estados Unidos 11 passageiros, Artilharia de Dorso do Exército brasileiro, que iria reforçar as
café, algodão, cacau e peles. O navio, do tipo misto, era do Lloyd defesas do saliente nordestino.
Brasileiro, tendo se salvado toda a tripula-ção de 73 homens.
Algumas horas depois, o U-507 encontrou o paquete
Araraquara, navegando [escoteiro] e inteiramente ilumina-do, e o
Em 18 de fevereiro de 1942, foi a vez do NM Olinda, torpe- afundou com dois torpedos, vitimando 131 das 142 pessoas a
deado pelo mesmo U-432, ao largo da Virgínia, Estados Uni-dos. bordo.
O submarino veio à superfície, mandando o mercante pa-rar, dando
ordem de abandonar o navio. Esperou que todos embarcassem nas Na madrugada do dia 16, foi a vez do paquete Aníbal Be-
baleeiras e, a tiros de canhão, pôs a pique o Olinda. A tripulação, névolo, também utilizado nas linhas de cabotagem.
de 46 homens, foi salva pelo [USS] Dallas.
No dia 17 de agosto, na altura do Farol do Morro de São Paulo,
Seguiram-se, em 1942, os torpedeamentos dos mer-cantes ao sul de Salvador, o U-507 torpedeou o paquete Ita-giba, que
o
o tinha, entre os seus 121 passageiros, o restante do 7 Grupo de
Arabutã, em 7 de março; Cairu, em 8 de março; Par-naíba, em 1 Artilharia de Dorso.
o Nesse mesmo dia, o NM Arará foi torpedeado quando
de maio; Gonçalves Dias, em 24 de maio; Alegre-te, em 1 de recolhia náufragos dos primeiros alvos do submarino germâ-nico.
junho; ocorridos ou na costa norte-americana ou no Mar das
Antilhas, área em que os submarinos alemães atuaram no início do
envolvimento dos Estados Unidos no conflito, quando ainda eram A última vítima do comandante Schacht foi a barcaça Ja-cira,
precárias as patrulhas anti-sub-marinas norte-americanas. pequena embarcação que foi posta a pique em 19 de agosto.
A única exceção nesse período foi o NM Comandante Lira,
torpedeado no litoral brasileiro, ao largo do Ceará, pelo submarino A ação de cinco dias do submarino alemão U-507 levou a
italiano Barbarigo. Foi o único navio a ser salvo, gra-ças ao pronto pique seis embarcações dedicadas às linhas de cabotagem,
auxílio dado pelo rebocador da Marinha bra-sileira Heitor vitimando 607 pessoas, chocando a opinião pública brasileira e
Perdigão e por alguns navios norte-americanos. levando o governo a declarar o estado de beligerância com a
O NM Barbacena e NM Piave, torpedeados pelo subma-rino Alemanha, em 22 daquele mês e, finalmente, o estado de guerra
alemão U-155 ao largo da Ilha de Trinidade, em 28 de julho de contra esse país, a Itália e o Japão, em 31 de agosto de 1942.
1942, foram as últimas perdas ocorridas por ação do inimigo
enquanto o Brasil ainda se mantinha formalmente como país
neutro.

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Com comboios organizados ainda de maneira inci-piente, Ao rompermos relações diplomáticas com o Eixo, a Mari-nha
foram afundados os navios mercantes Osório e La-ges, em 27 de do Brasil desconhecia as novas táticas anti-submarino e estava,
setembro de 1942, seguindo-se o afunda-mento do pequeno NM consequentemente, desprovida do material flutuan-te e dos
Antonico, que navegava escoteiro ao largo da costa da Guiana equipamentos necessários para executá-las, como bem mostramos
Francesa. Esse ataque alemão ficou tragicamente gravado na anteriormente.
mente dos protagonistas, pois o U-516, com sua artilharia, Os progressos verificados nos entendimentos entre o Brasil e
metralhou os náufragos nas baleei-ras, após o pequeno navio ter os Estados Unidos, depois dos torpedeamentos dos primeiros
sido posto a pique, matando e ferindo muitos deles. Ainda em navios na costa Leste norte-americana e nas Antilhas, permitira
1942, foram perdidos os NM Porto Alegre e Apalóide. incluir na agenda das discussões o forneci-mento ao Brasil de
pequenas unidades de proteção ao tráfe-go e para o ataque a
submarinos.
A organização dos comboios nos portos nacionais, que Os primeiros navios recebidos pelo Brasil, depois da de-
reuniam navios mercantes da navegação de longo curso e de claração de guerra, foram os caça-submarinos da classe G
cabotagem, escoltados por navios de guerra brasileiros e norte- (Guaporé e Gurupi), entregues em Natal, em 24 de setembro de
americanos, e a intensa patrulha anti-submarino empreendida pelas 1942.
forças aeronavais aliadas, levaram a uma drástica diminuição nas
perdas dos navios de ban-deira brasileira, com oito Em seguida, foram incorporados à Marinha do Brasil, em
torpedeamentos, comparados aos 24 ocorridos ao longo do ano Miami, oito caça-submarinos da classe J (Javari, Jutaí, Juruá,
anterior. Juruena, Jaguarão, Jaguaribe, Jacuí, e Jundiaí).
A maioria dos navios mercantes brasileiros vitimados por No ano de 1943, foram entregues mais seis unidades da classe
submarinos alemães em 1943 navegava fora dos comboios. O NM G (Guaíba, Gurupá, Guajará, Goiana, Grajaú e Graúna).
Brasilóide navegava escoteiro quando foi torpedea-do, em 18 de Nos anos de 44/45, mais oito unidades foram entregues, dessa
fevereiro de 1943; já o NM Afonso Pena, inde-vidamente, vez os excelentes contratorpedeiros-de-escolta que já operavam
abandonou o comboio do qual fazia parte e foi afundado em 2 de em nossas águas (Bertioga, Beberibe, Bracuí, Bau-ru, Baependi,
março; o NM Tutóia foi atingido em 30 de junho, também viajando Benevente, Babitonga e Bocaina).
isolado. O NM Pelotaslóide, fretado ao governo norte-americano
para transporte de material bé-lico, foi afundado na entrada do Após o término da guerra na Europa, a Marinha recebeu dos
canal para o porto de Belém quando esperava o embarque do Estados Unidos, em 16 de julho de 1945, em Tampa, na Fló-rida,
prático, estando escoltado por três caça-submarinos da Marinha o navio-transporte de tropas Duque de Caxias.
brasileira. Quanto às construções navais aqui no Brasil, tivemos a
O NM Bagé compunha um comboio quando, na tarde de 31 incorporação de contratorpedeiros da classe M (Mariz e Bar-ros,
de julho, foi obrigado a seguir viagem isolado, pois suas máquinas Marcílio Dias e Greenhalgh) e das corvetas Matias de Al-
produziam fumaça em demasia, fazendo com que o comboio buquerque, Felipe Camarão, Henrique Dias, Fernando Vieira,
pudesse ser localizado por submarinos do Eixo a grandes Vidal de Negreiros e Barreto de Menezes.
distâncias, colocando em risco os outros navios com-boiados.
Naquela mesma noite foi torpedeado. Os dois últi-mos Declarada a guerra, foi desenvolvido trabalho intenso para
torpedeamentos de navios mercantes brasileiros foram o Itapagé, adaptar nossos antigos navios, dentro de suas possibi-lidades, para
em 26 de setembro, e o Campos, em 23 de outubro de 1943, ambos a campanha anti-submarino.
navegando escoteiros. Os aperfeiçoamentos impetrados em nossa Força Na-val
vieram aumentar em muito nossa capacidade de reagir de forma
A LEI DE EMPRÉSTIMO E ARRENDAMENTO E MO- adequada aos novos desafios que se afiguravam. Seria injusto não
DERNIZAÇÕES DE NOSSOS MEIOS DE DEFESA ATIVA DA mencionar que o auxílio norte-americano foi vital para que
COSTA BRASILEIRA pudéssemos nos contrapor aos submarinos alemães.

A Lei de Empréstimo e Arrendamento – Lend Lease –, com


os Estados Unidos da América permitia, sem ope-rações Além disso, algumas providências de caráter adminis-trativo,
financeiras imediatas, o fornecimento dos materiais necessários ao de treinamento e modificações materiais foram se tornando
esforço de guerra dos países aliados. Ela foi assinada em 11 de necessárias.
março de 1941.
Como primeira medida de caráter orgânico, foram insta-lados
o o
Em acordo firmado em 1 de outubro de 1941, o Brasil os Comandos Navais, criados pelo Decreto n 10.359, de 31 de
obteve, nos termos dessa lei, crédito de 200 milhões de dó-lares, agosto de 1942, com o propósito de prover defesa mais eficaz da
dos quais, por ordem do presidente da República, couberam ao nossa fronteira marítima, orientando e con-trolando as operações
Exército 100 milhões e à Marinha e à Força Aérea, 50 milhões em águas a ela adjacentes, não só as relativas à navegação
cada. Da cota destinada à Marinha, um total de 2 milhões de comercial, como às de guerra pro-priamente ditas e de assuntos
dólares foi despendido com o armamento dos navios mercantes. correlatos. A área de cada Comando abrangia determinado setor de
nossas costas marítimas e fluviais.

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HISTÓRIA NAVAL
O Chefe do Estado-Maior da Armada entrou em enten- As minas encontradas à deriva eram destruídas pelos na-vios
dimento com seus colegas do Exército e da Aeronáutica para de patrulha com tiros de canhão. O Terceiro Grupamento Móvel
organizar um serviço conjunto de vigilância e defesa da de Artilharia de Costa e o Segundo Grupo do Terceiro Regimento
costa, tendente a prevenir a possibilidade de aproximação e de Artilharia Antiaérea do Exército coordenavam-se com os
desembarque inimigos. elementos da Marinha, o que permitia uma cobertu-ra completa da
costa.
DEFESA ATIVA Salvador – A defesa principal do porto cabia ao encou-raçado
Minas Gerais, com sua artilharia controlada em con-junto com as
Na História, há numerosos exemplos de navios corsários baterias do Exército, situadas na Ponta de Santo Antônio e na Ilha
surgirem de surpresa diante de um porto para danificarem suas de Itaparica. Em abril de 1943, os monitores Parnaíba e
16 Paraguaçu foram movimentados de Mato Grosso para Salvador,
instalações ou amedrontarem suas populações . Do ponto de
vista militar, os efeitos dessas incursões são reduzi-dos, sendo a por solicitação do comandante naval do Leste. Depois de sofrerem
ação, na maioria das vezes, executada para desor-ganizar a vida da algumas modificações no Rio de Janeiro (em especial no
localidade e obter efeitos morais. armamento), ficaram em condições de operar na Baía de Todos os
Com o advento do submarino, o perigo tornou-se maior, com Santos.
a possibilidade de torpedeamento de navios surtos nos portos. Por [Aparelhos de radiogoniometria] de alta frequência [cruzavam
esses motivos, foi organizada a defesa ati-va, atuando em pontos as marcações] com equipamentos semelhantes no Recife, a fim de
focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer ataque aéreo
localizar submarinos.
ou naval inimigo, por meio de ações coordenadas da Marinha de
Guerra, do Exército e da Aeronáutica. Foram essas as seguintes Natal – Os serviços de proteção do porto estavam a cargo do
medidas de defesa ativa adotadas: Comando da Base Naval de Natal. Também eram acionadas
unidades do Exército (que mantinham baterias na barra) e da Força
Rio de Janeiro – Instalação de rede de aço protetora no Aérea Brasileira.
alinhamento Boa Viagem–Villegagnon e coordenação do serviço
de defesa do porto com as fortalezas da barra. A rede era Vitória – A proteção do porto ficou entregue ao Exército,
fiscalizada por lanchas velozes, e a sua entrada, aberta e fechada havendo a Marinha cedido alguns canhões navais de 120 mm para
por rebocadores. O patrulhamento interno cabia aos navios da artilhar a barra. Ilhas oceânicas – Na Ilha da Trindade foi
chamada flotilha João das Bottas (constituída de navios mineiros estacionado um destacamento de fuzileiros navais, em 20 de março
de instrução), rememorando a flotilha de pequenas embarcações de 1942, levado pelo navio-transporte José Bo-nifácio.
comandada pelo Segundo-Tenente João Francisco de Oliveira
Bottas, que fustigou os portugueses encastelados em Salvador e na A defesa do Arquipélago de Fernando de Noronha, situado em
Baía de Todos os Santos, na Guerra da Independência. ponto focal da [cintura estreita do Atlântico], ficou entregue ao
Exército, que a artilhou fortemente, levando contingentes em
comboios escoltados por navios da Ma-rinha. A ocupação se deu
Externamente, ou onde fosse necessário, atuavam os an-tigos logo depois que o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo,
contratorpedeiros classe Pará, oriundos do programa de sendo o primeiro grupo de militares transportado, junto com
reaparelhamento naval desde 1906, recebidos em 1910, com mais material de guerra, em um comboio, em 15 de abril de 1942.
de 30 anos de intensa operação. A responsabilidade da defesa ficou
afeta ao Comando da Defesa Flutuante, subordi-nado ao Comando
Naval do Centro. Santos – Os rebocadores São Paulo (eram dois com o mesmo
nome, sendo um chamado de iate) foram artilha-dos; outras
Em junho de 1944, afastado o perigo de um ataque de
embarcações menores requisitadas faziam ser-viço de vigilância.
submarinos aos navios surtos no porto, suspendeu-se a patru-lha
externa feita pelos veteranos contratorpedeiros, sendo mantida
apenas a vigilância interna, a cargo de um rebocador portuário. Rio Grande – Foi artilhado o rebocador Antonio Azam-buja.
Um especialista norte-americano, o Tenente Jacowski,
estabeleceu planos para a utilização de boias de escuta subma-rina,
a ser adotados de acordo com as necessidades. Em julho de 1943, Como reforço às defesas locais, foram criadas Compa-nhias
teve início o serviço de varredura de minas do canal da barra, Regionais do Corpo de Fuzileiros Navais em Belém, Natal, Recife
realizado pelo USS Flincker, substituído mais tarde pelo USS e Salvador.
Linnet. Observamos aí mais uma vez o auxílio direto dos norte-
americanos ao nosso plano de defesa local. Ao se lembrar da participação da Marinha na Segunda Guerra
Recife – O encouraçado São Paulo, [amarrado] no interior do Mundial, a primeira imagem que surge é a conhecida Força Naval
arrecife, provia a defesa da artilharia e supervisionava a rede do Nordeste. Como eram afinal sua composição e suas tarefas?
antitorpédica. A varredura de minas era feita por navios mineiros-
varredores norte-americanos. Estava estacionado
no Recife um grupo de especialistas em desativação de mi-nas, as
quais, por vezes, chegavam à costa, sendo estudadas
cuidadosamente antes de serem destruídas.

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HISTÓRIA NAVAL
A FORÇA NAVAL DO NORDESTE Quarenta e oito horas após o torpedeamento do Vital de
Oliveira, a cerca de 12 milhas a nordeste da barra do Recife, perdeu
A missão da Marinha do Brasil, na Segunda Guerra Mun-dial, nossa Marinha a corveta Camaquã, afundada devido a violento
foi patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mar. Discute-se até hoje os motivos que levaram esse navio a seu
mercantes, que trafegavam entre o Mar do Caribe e o nosso litoral afundamento. O comandante Antônio Bas-tos Bernardes,
Sul, contra a ação dos submarinos e dos navios corsários sobrevivente do sinistro, afirmou, alguns anos após esse acidente,
germânicos e italianos. Luta constante, silenciosa e pouco que o emborcamento se deu por “fortu-na do mar”. Seja como for,
conhecida pelos brasileiros. pereceram nessa oportunidade 33 pessoas.
A capacidade de combate da Marinha do Brasil, no alvo-recer
do conflito, era modesta se comparada com as grandes esquadras Por fim, o pior desastre enfrentado pela Marinha durante a
em luta no Atlântico Norte e no Pacífico. O nosso pessoal e os Segunda Guerra Mundial foi a perda do cruzador Bah-ia, no dia 4
nossos meios não estavam preparados para se engajar com o de julho de 1945. Essa tragédia foi exacerbada pelo conhecimento
inimigo oculto sob o mar, que assolava o trans-porte marítimo em dos terríveis sofrimentos dos náufragos, abandonados no mar
nosso litoral. durante muitos dias, por incompreensí-vel falha de comunicações.
Ingressaríamos em uma guerra anti-submarino sem
equipamentos para detecção e sem armamento apropriado, porém Três infortúnios e cerca de 469 mortos, sem contar os cerca de
esse obstáculo não impediu que navios e tripulações patrulhassem 23 falecidos em outros navios e em navios mercantes afun-dados,
nossas águas, mesmo antes do envolvimento oficial do governo elevaram o total de perdas humanas a 492, mais que os mortos
brasileiro no conflito, apesar de todos os perigos. brasileiros em combate pela Força Expedicionária Brasileira.

Um ponto pouco discutido em nossa historiografia com-


o preende a atuação da Quarta Esquadra Norte-Americana,
A criação da Força Naval do Nordeste (FNNE), pelo Aviso n subordinada ao Vice-Almirante Jonas Ingram. Figura no-tável, de
1.661, de 5 de outubro de 1942, foi parte de rápido e inten-so grande afabilidade, e realmente um grande chefe naval, que teve o
processo de reorganização das nossas forças navais para adequar- mérito de congregar forças heterogêneas em um único comando
se à situação de conflito. Sob o comando do então Capitão-de-Mar-
e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, a re-cém criada força foi unificado, eficiente e coeso, auxiliado pelos Almirantes Oliver
inicialmente composta pelos seguintes navios: cruzadores Bahia e Read e Soares Dutra, comandantes das principais forças-tarefas.
Rio Grande do Sul, navios mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã
e Cabedelo (posteriormente reclassificados como corvetas) e caça-
submarinos Guaporé Essa força norte-americana compreendeu, em seu maior
e Gurupi. efetivo, seis cruzadores, 33 contratorpedeiros, diversas es-
Ela seria posteriormente acrescida do tênder Bel-monte, de quadrilhas de patrulha, bombardeiros e dirigíveis, além de caça-
caça-submarinos, contratorpedeiros-de-escolta, contratorpedeiros submarinos, patrulheiros, tênderes, varredores, auxilia-res e
classe M, submarinos classe T, constituin-do-se na Força-Tarefa rebocadores.
46 da Força do Atlântico Sul, reunindo a nossa Marinha sob o
a Um dos principais pontos desse relacionamento Brasil– EUA
comando operacional da 4 Esquadra Americana. foi a integração operacional entre as duas Marinhas. Fo-ram
aperfeiçoados procedimentos comuns e táticas eficazes na luta
A atuação conjunta com os norte-americanos trouxe novos anti-submarino.
meios navais e armamentos adequados à guerra an-ti-submarino,
bem como proporcionou treinamento para o nosso pessoal. Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a FNNE
regressou ao Rio de Janeiro em seu último cruzeiro. A curta, árdua
O combate, porém, custou-nos muitas vidas. As perdas e intensa vida operativa da FNNE contribuiu para a livre circulação
brasileiras na guerra marítima somaram 30 navios mercantes e três nas linhas de navegação do Atlântico Sul e, certamente, em muito
navios de guerra, tendo a Marinha do Brasil perdido 486 homens. somou para o esforço de guerra aliado.
Nesse ponto seria interessante descrever em maiores detalhes as
perdas de nossas unidades de combate durante a Batalha do E O QUE FICOU?
Atlântico. Não se pode analisar a participação da Marinha de Guerra
brasileira na Segunda Guerra Mundial sem apontar alguns dados
A primeira perda da Marinha de Guerra foi a do navio-au- que delimitam todo o seu esforço para manter nossas linhas de
xiliar Vital de Oliveira, torpedeado por submarino alemão nas comunicação abertas.
proximidades do Farol de São Tomé, no dia 19 de julho de 1944.
Às 23h55min, foi sentida forte explosão na popa, abrindo grande Foram comboiados cerca de 3.164 navios, sendo 1.577
rombo, por onde começou a entrar água em enor-mes proporções. brasileiros e 1.041 norte-americanos, em 254 comboios. Con-
Segundo algumas testemunhas, o afun-damento do navio deu-se siderando esse número de navios e as perdas em comboios,
em apenas três minutos. A maior parte dos sobreviventes foi chegamos à conclusão de que cerca de 99,01% dos navios pro-
resgatada no dia seguinte por um barco pesqueiro e por outros dois tegidos atingiram os seus destinos.
navios da Marinha, o Javari e o Mariz e Barros. Morreram nesse
ataque 99 militares.

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HISTÓRIA NAVAL
Foram percorridos pelos escoltas, sem contar os zigue-zagues E, por fim, a guerra no mar mostrou que, no caso do Bra-sil,
realizados para dificultar a detecção submarina e o tiro torpédico, em uma conflagração generalizada, as nossas linhas de
um total de 600 mil milhas náuticas, ou seja, trinta voltas em redor comunicação serão os alvos prioritários. Assim aconteceu em 1917
da Terra pelo Equador. e 1942. Somos ainda dependentes do comércio maríti-mo. Não
podemos estar despreparados mais uma vez.
A Esquadra americana comboiou no Atlântico 16 mil na-vios,
o que corresponde a 16 mercantes por navio de guerra. A Marinha
do Brasil comboiou 3 mil navios, o que correspon-de a 50 O EMPREGO PERMANETE DO PODER
mercantes por navio de guerra brasileiro. NAVAL: O PODER NAVAL NA GUERRA E NA
Foram atacados 32 navios brasileiros, com um total de 972 PAZ : CLASSIFICAÇÃO ; A PERCEPÇÃO DO
mortos ou desaparecidos na Marinha Mercante. Em navios, foram PODER NAVAL; O EMPREGO
perdidos 21,47% da frota nacional. PERMANENTE DO PODER NAVAL.

A Marinha de Guerra perdeu três navios e teve 492 mortos. O


navio de guerra que mais tempo passou no mar foi o
caçasubmarinos Guaporé, num total de 427 dias de mar, em O PODER NAVAL NA GUERRA E NA PAZ
pouco mais de três anos, o que perfez uma média anual de 142 dias
de mar. Sem o Poder Naval não haveria este Brasil que herdamos de
O navio que participou do maior número de comboios foi a nossos antepassados. Conforme se verifica neste livro, o Poder
corveta Caravelas, com 77 participações. Naval português, por algum tempo o luso-espa-nhol, e, mais tarde,
após a Independência, o brasileiro, foram empregados com a
Com todos esses dados, o que efetivamente significou para a violência necessária nos conflitos e nas guerras que ocorreram no
Marinha de Guerra a sua participação no último conflito mundial? passado. Toda vez que alguém uti-lizou a força para impor seus
A primeira conclusão foi que adquirimos maior capacida-de próprios interesses, encontrou a oposição de um Poder Naval que
para controlar áreas marítimas e maior poder dissuasório. No defendeu com eficácia o ter-ritório e os interesses que
entanto, deve ser admitido que tal situação foi fruto do auxílio possibilitaram a formação do Brasil.
norte-americano. Se estivéssemos sozinhos nessa empreitada,
poderíamos ficar em situação muito delicada, principalmente na Cabe observar que, em geral, o que qualquer nação mais
manutenção segura de nossas linhas de co-mércio marítimo. deseja é a paz. Mesmo os países que promoveram as guerras do
passado queriam alcançar a paz. A paz, porém, da forma que
A segunda conclusão aponta para uma mudança de men- desejavam, impondo aos outros o que lhes convinha.
talidade na Marinha, com a assimilação de novas técnicas de
combate e a incorporação de meios modernos para as forças A Alemanha mandou seus submarinos afundarem os navios
navais. Essa mudança de mentalidade fez a Marinha tornar-se bem mercantes brasileiros porque não queria que o Brasil, apesar de ser
mais profissional. ainda um país neutro na Segunda Guerra Mundial, continuasse a
fornecer matérias-primas para seus inimigos. Algumas dessas
A terceira foi a oportunidade de a Marinha “sentir o odor do matérias-primas eram mui-to importantes para o esforço de guerra
combate”, participar de ações de guerra e adquirir ex-periências da deles. O interesse do Brasil era continuar comerciando com quem
refrega, das adversidades, do medo e da dor com a perda de navios desejasse e transportando as mercadorias livremente em seus
e companheiros. Essa experiência de guerra foi fundamental para navios, mas isso não era bom para os alemães, que precisavam
forjar os futuros almirantes, ofi-ciais e praças com a vida dura da vencer a guerra para alcançar a paz da forma que desejavam, o
guerra antisubmarino e com a monotonia e o estresse dos mais brevemente possível. Na paz que a Alemanha queria, suas
comboios. conquistas territoriais deveriam ser reconhecidas pelos ou-tros
países e sua expansão, julgada por ela importante para o futuro dos
A quarta conclusão foi a percepção de que a logística ocupa alemães, imposta aos povos vencidos.
um lugar de suma importância na manutenção de uma força
combatente operando eficientemente. Esse tipo de percepção A guerra resulta de conflitos de interesses. Ela ocorre porque
refletiu-se na construção da Base Naval de Natal e outros pontos não há um árbitro supremo para resolver comple-tamente as
de apoio logístico no nosso litoral. Nisso os EUA foram os grandes questões entre os países. Existem organizações internacionais,
mestres. como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização
dos Estados Americanos (OEA), por exemplo, que muito ajudam
A quinta foi a nossa aproximação franca com os EUA. Essa a evitar a violência e manter essas questões no campo da
associação nos alinhou diretamente com as doutrinas norte- diplomacia. Verifica-se, no entanto, que o poder delas é limitado,
americanas e com uma ênfase exacerbada na guerra anti- porque as nações são ciosas de sua soberania. Cada país precisa se
submarino. Essa percepção só foi mudada a partir da denúncia do precaver, cuidando da defesa de seus interesses, para que os outros
Acordo Militar com esse país em 1977, quando optamos por uma nunca pensem em empregar meios violentos para resolver os
tecnologia relativamente [autóctone]. conflitos.

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Não seria lógico pensar que alguém possa empregar a O sentido indireto da palavra persuasão é sig-nificativo, pois
violência, sem imaginar ter probabilidade de bom êxito, sofrendo é por meio da reação dos outros que ela se manifesta. Então, é
apenas perdas aceitáveis. Cabe ao Poder Militar de um país – do essencial que eles percebam o emprego das forças navais,
qual o Poder Naval é também um dos com-ponentes – criar modificando seu ambiente político e, consequentemente, afetando
permanentemente uma situação em que seja inaceitável, para os suas decisões, por se sentir apoiados, dissuadidos ou mesmo
outros, respaldar seus interesses conflitantes com o emprego de compelidos a uma reação específica. Exerce-se, portanto, a
força. Nosso Poder Militar deve permanentemente dissuadir os persuasão armada, estimu-lando resultados que dependem de
outros países de usar a violência e é, consequentemente, o guardião reações alheias, políticas ou táticas, às vezes conflitantes e em
da paz – da-quela paz que nos interessa, evidentemente. princípio imprevisíveis. Existe sempre a possibilidade de se
configurarem situações inesperadas, até pelo resultado, não
No caso do Brasil, por exemplo, na paz que desejamos, a intencional, da exci-tação de terceiros. Daí a importância da
Amazônia é território nacional; o comércio internacional deve ser permanente avalia-ção em qualquer ação de emprego político do
livre, assim como o uso do transporte marítimo, nas rotas de nosso Poder Naval.
interesse; a maior parte do petróleo continua sendo extraída do
fundo do mar, sem ingerências de outros países; a enorme área No passado, muitas vezes, as nações detentoras de Po-der
compreendida pela Zona Econômica Exclusiva e a Plataforma Naval utilizaram seus navios de guerra e suas forças navais com o
Continental brasileira, chamada de Amazônia Azul, é controlada propósito de sustentação ou de dissuasão. A simples existência de
pelo País, entre outras coisas. A dissuasão é, portanto, uma das um Poder Naval preparado para a guerra pode fazer que aliados se
principais formas de em-prego permanente do Poder Militar em sintam apoiados em suas decisões políti-cas, nas relações
tempo de paz, mas existem outras, como veremos adiante. internacionais, e inimigos sejam dissuadidos de suas intenções
agressivas.
Na paz, ou no que se denomina paz no mundo, o con-fronto A PERCEPÇÃO DO PODER NAVAL
entre os países, resultante de conflitos de interesses, ocorre
evitando, ao máximo, o uso da violência, porém, disputando Como toda percepção, a do Poder Naval depende das
politicamente, economicamente e em todas as outras capacidades que são visíveis ao observador. Esse observador está
manifestações da potencialidade nacional. Nesse contexto, o embebido num contexto político, doméstico, regional e
potencial ofensivo intrínseco dos instrumentos do Poder Militar internacional, que não apenas molda suas reações, como também
faz com que seu emprego, mesmo indireto, possa excitar reações influi na própria percepção.
em países observadores. Tais reações podem simplesmente Enquanto numa guerra preponderam as qualidades reais dos
resultar de excitação acidental, ou refletir resultados meios empregados, que decidem os resultados das ações militares,
intencionalmente desejados por quem exerce esse emprego em situação de paz ou de conflitos de natureza limitada, as ameaças
indireto do Poder Militar, chamado de persuasão armada. são medidas em termos de previsões e comparações. Essas
previsões se baseiam nos dados quanti-tativos e qualitativos ao
Como a paz é relativa, a persuasão armada não exclui o uso da alcance do observador, de sua capa cidade de perceber.
força, de maneira limitada, desde que entendido como simbólico Os países desenvolvidos têm, em geral, maior capa-cidade
pelo país agredido. As grandes potências internacionais, como os para avaliar as verdadeiras ameaças resultantes do Poder Militar,
Estados Unidos da América, a Rússia e outros, utilizam inclusive do Poder Naval, que é um de seus componentes. Sabem
permanentemente seus poderes militares. utilizar seus meios de comunicação para divulgar notícias que
Dos componentes do Poder Militar, o Poder Naval pode ser valorizam a capacidade de seus armamentos. O mesmo não ocorre
empregado para exercer persuasão armada, em tempo de paz, no com países em desen-volvimento, que podem até ter sua percepção
que se denominou, na década de 1970, de “empre-go político do bastante influenciada por essas notícias, tendo em vista suas
Poder Naval”. Ele pode ser empregado em condições inigualáveis próprias limitações de análise. Consequentemente, as avaliações
com outros poderes militares, graças a seus atributos de: das forças navais podem levar a conclusões bastante distorcidas
[mobilidade, versatilidade de tarefas, flexibilidade tática, em relação à capacidade real em combate, mas, em tempo de paz,
autonomia, capacidade de projeção de poder e alcance geográfico]. são essas avaliações subjetivas que importam e que produzem
Concorre para isso o conceito de liberdade dos mares, que resultados.
possibilita aos navios de guerra se deslocar livremente em águas
internacionais, atingindo locais distantes e lá permanecendo, sem
maiores comprome-timentos, em tempo de paz. São “invisíveis” aos leigos em guerra naval, por exemplo, a
complexidade sistêmica dos navios modernos, necessá-rias às
Antes da invasão do Afeganistão, em outubro de 2001, por respostas rápidas e eficazes, quando em combate. Por outro lado,
exemplo, os americanos deslocaram para águas inter-nacionais, são “visíveis” os mísseis, os canhões, o porte e o aspecto externo
próximas do local do conflito, uma poderosa força naval. Influíam do navio. Na realidade, é importante que o navio tenha suficiente
assim nos países da região, sinalizando apoio aos aliados, flexibilidade para possibilitar seu em-prego político, mas a função
dissuadindo as ações dos que lhes eram hostis e favorecendo o política de tempo de paz não deve levar à preparação de um Poder
apoio dos indecisos; em suma, criando uma quantidade de reações Naval apenas aparente.
intencionais.

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HISTÓRIA NAVAL
O prestígio de uma Marinha sempre foi um dos atribu-tos mais Para os países mais pobres, o armamento moderno pos-sibilita
importantes para a percepção do Poder Naval. O prestígio está condições excepcionais, em relação ao passado. O conflito das
principalmente baseado nas capacidades “vi-síveis” e pode levar à Falklands/Malvinas, em 1982, apesar do des-fecho desfavorável à
necessidade de demonstrar permanen-te superioridade, como fazia Argentina, é um exemplo que não pode deixar de ser citado, porque
a Marinha Real da Grã-Bretanha, durante a época em que poderia, até, ter outro resultado, se houvesse submarinos
dominava os mares, para manter o seu prestígio. argentinos eficazes e suficientes.

O cruzador russo Askold, por exemplo, era o único navio de As táticas para persuasão naval são as diversas formas de
cinco chaminés do mundo e, em 1902, visitou o Gol-fo Pérsico. emprego das forças navais para alcançar resultados políticos, em
Sua visita causou profunda impressão, devido à percepção de tempo de paz. Elas são:
potência mecânica que o número de chaminés transmitia.
Imediatamente, os britânicos desviaram o cruza-dor HMS • demonstração permanente do Poder Naval;
Amphritite para Mascate (capital de Omã). Para eles, a disputa de
prestígio com a Rússia, nessa época, no Orien-te, era importante. • posicionamentos operativos específicos;
Seu comandante providenciou mais duas chaminés de lona para
seu navio, totalizando seis e restau-rando o prestígio local da • auxílio naval;
Marinha Real.
• visitas operativas a portos;
É interessante observar que, atualmente, os mísseis ar–
superfície e superfície–superfície colocaram países relativa-mente • visitas específicas de boa vontade.
fracos em condições de causar danos consideráveis a uma força
naval próxima a suas costas. Tal fato, porém, não impede que uma A demonstração permanente do Poder Naval é feita, por meio
força naval pos sa exercer persuasão, porque não é sua capacidade de ações como deslocamentos e manobras com forças, inclusive
absoluta que importa, mas sim o que ela significa como estrangeiras; participação em missões de paz da Organização das
representante do Poder Naval e da vontade de seu país de alcançar Nações Unidas; reforços e reduções de nível de forças; aumento
o objetivo, suportando as perdas pro-váveis, se tal for assim ou redução da prontificação para combate entre outras – obtenção
percebido. de efeitos desejados, como: aumentar a intensidade da persuasão;
desencorajar; demonstrar preocupação em crises entre terceiros;
Na crise dos mísseis que a União Soviética pretendia instalar exercer coerção ou apoio de maneira limitada ou restrita e outros.
em Cuba, em 1962, a Marinha dos Estados Unidos mostrou
determinação suficiente para que os soviéticos decidissem que os Os posicionamentos operativos específicos, situando navios
navios que transportavam os mísseis de-veriam regressar. Foi, ou forças navais próximo a um local de crise, constituem apenas
portanto, uma ação de coerção deter-rente do emprego político do um caso especial da demonstração permanente do Poder Naval e
Poder Naval americano, pois modificou uma ação que já estava em as ações podem ser semelhantes.
andamento, em face de terem percebido que os americanos
estavam dispostos a usar a força para não ter seu território ao O auxílio naval inclui a instalação de missões navais, o for-
alcance dos mísseis em Cuba. necimento de navios e o apoio de manutenção.
As visitas a portos estrangeiros, para reabastecimento,
descanso das tripulações, ou mesmo ações específicas de boa
Considerando o conflito pela posse das Ilhas Falklands/ Malvi vontade, no que se denomina “mostrar a bandeira”, podem
nas, em 1982, os argentinos deixaram de ser dissuadi-dos pelo transmitir a imagem do prestígio da Marinha, au-mentando a
Poder Naval britânico e invadiram as ilhas, porque julgaram que o influência e acumulando vantagens psicosso-ciais sobre o país
valor daquelas ilhas não compensava o es-forço de projetar o poder visitado.
da Marinha da Grã-Bretanha àque-la distância no Atlântico Sul,
em face das perdas humanas e materiais que provavelmente teria. O Poder Naval brasileiro é empregado em tempo de paz de
Por seu turno, a ocupação militar das ilhas falhou, porque o diversas maneiras, podendo-se destacar:
governo britânico levou a questão ao ponto de defesa da honra do – as operações com Marinhas aliadas, como: a Operação
Reino Unido. Unitas, com a Marinha dos Estados Unidos e de países sul-a-
mericanos; a Operação Fraterno, com a Armada da República
O EMPREGO PERMANENTE DO PODER NAVAL Argentina, e muitas outras;
– a participação em diversas missões de paz, trans-
A teoria do emprego político do Poder Naval mostra a portando as tropas ou enviando seus fuzileiros navais, como
possibilidade do uso permanente das forças navais em tempo de em São Domingos, Angola, Moçambique, Nicarágua e Haiti;
paz, em apoio aos interesses de uma nação. Isso é verda-de tanto
para os países desenvolvidos quanto para aqueles em – as viagens de instrução do navio-escola e as visitas a portos
desenvolvimento, e a intensidade e os tipos de emprego são apenas estrangeiros, “mostrando a bandeira”.
funções do ambiente regional onde se situam e das
vulnerabilidades que possuem.

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Cabe também ressaltar o apoio que a Marinha do Brasil presta tivos para o preparo e o emprego de todas as esferas do Poder
a outras Marinhas aliadas, na América do Sul e no con-tinente Nacional relacionados com a defesa e, também, orienta o pla-
africano. nejamento estratégico de longo prazo das Forças Armadas. A
publicação afirma, ainda, que o Brasil não pode prescindir de
A análise do passado demonstra a necessidade do emprego Forças Armadas, pois tem enorme patrimônio a zelar. Define as
permanente do Poder Naval. Para o Brasil, é muito importante duas áreas estratégicas prioritárias para o Brasil: Atlântico Sul e
manter um Poder Naval capaz de inibir interesses antagônicos e de Bacia Amazônica.
conservar a paz como desejada pelos brasi-leiros.
ATUAÇÃO EM SITUAÇÃO DE CRISE OU CONFLI-
A MARINHA NA HISTÓRIA TO ARMADO
DO BRASIL EM TEMPOS DE PAZ
Considerando a destinação constitucional, as áreas es-
ASPECTOS LEGAIS tratégicas prioritárias, os interesses do País no cenário in-
Atualmente, a Constituição Federal dispõe, no artigo 142, que ternacional e as vulnerabilidades da nossa economia, foram
as Forças Armadas destinam-se à defesa da Pátria, estabelecidas as áreas de atuação e as possibilidades de em-prego
à garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem. da Marinha do Brasil, em situação de crise ou conflito armado:
Podemos afirmar, então, que essa destinação tem duas com-
ponentes:
• Atlântico Sul;
• a primeira refere-se à defesa da pátria, defesa externa, • Bacia Amazônica;
relacionada à soberania, à independência e ao patrimônio • Bacia do Paraguai–Paraná:
nacionais; • Operações de Paz e Humanitárias;
• Operações em coalizões com países amigos;
• a segunda refere-se à atuação interna no País, relacio-nada • Salvaguarda de cidadãos ou do patrimônio brasileiros no
à garantia dos poderes constitucionais e à garantia da lei e da exterior.
ordem.
Certamente as duas primeiras são prioritárias em relação às
A defesa da pátria é a componente principal e essencial da demais. Para a Marinha, o emprego principal é no Atlântico Sul e,
destinação constitucional das Forças Armadas brasileiras, sendo a entre as duas Bacias, a prioridade é para a Amazônica.
atividade-fim para a Marinha do Brasil. Em decorrên-cia, a missão
da Força é “Preparar e aplicar o Poder Naval, a fim de contribuir No Atlântico Sul, o conceito de emprego do Poder Naval será
para a defesa da Pátria”. no sentido de impedir que as forças navais do possível inimigo
alcancem as proximidades do território nacional.
Lei Complementar definiu que a atuação na área interna
somente se dará após esgotados os instrumentos da Segu-rança Atualmente, estão presentes nas relações internacionais novas
Pública e quando expressamente decidido pelo Presi-dente da questões como os atores não estatais, as novas amea-ças, o
República. Portanto, esse emprego será episódico, temporário e de terrorismo internacional, o nacionalismo radical, os deli-tos
curta duração. transnacionais, entre outros, que também permeiam os arranjos de
segurança e defesa dos estados.
ASPECTOS ESTRATÉGICOS
ATIVIDADES PERMANENTES EM TEMPO DE PAZ
Apesar de vivermos em paz com nossos vizinhos há mais de
130 anos, não estamos livres de ameaças externas, hoje mais Em período de paz, a tarefa da Marinha do Brasil é de grande
presentes as oriundas de atores não-estatais, apesar de não estarem relevância, com a obrigação de:
descartadas as originárias de outros países. A história da • patrulhar cerca de 40 mil km de rios navegáveis, de nove
civilização demonstra que qualquer nação que deseje ser soberana diferentes bacias hidrográficas, que, por não estarem inter-ligadas,
no cenário internacional deve dispor de Poder Militar adequado e exigem inúmeros navios e embarcações de diversos tipos;
confiável, ajustado às dimensões territoriais, populacionais, • fiscalizar e inspecionar os navios que chegam aos nos-sos
políticas, estratégicas e econômi-cas do país. A Marinha tem 80 portos ou terminais hidroviários e marítimos e os que deles
grandes áreas estratégicas a proteger e um enorme patrimônio saem;
econômico a zelar, sejam terrestres, fluviais ou marítimos. • proteger cerca de 100 plataformas de exploração de petróleo
O principal documento de planejamento estratégico de defesa situadas na Amazônia Azul, particularmente na Ba-cia de Campos,
do Brasil é a Política de Defesa Nacional. Não é uma publicação de onde se extrai 90% do petróleo produzido no Brasil;
de uso exclusivo da área militar: deve ser do conhecimento de toda • prover o socorro (emergência) às pessoas acidentadas no
a sociedade, podendo ser aces-sada na internet pelo site: mar e nos rios, operando o Serviço de Busca e Salvamento
https://www. defesa.gov.br/pdn/ index.php. A edição em vigor é (Salvamar) – atividade conhecida mundialmente pela sigla
de junho de 2005, tendo sido aprovada pelo Presidente da SAR (Search and Rescue);
Republica. Ela estabelece obje-

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HISTÓRIA NAVAL
• acompanhar cerca de 750 navios, sendo 70 de bandei-ra Também, em apoio à política externa brasileira, a Ma-rinha do
brasileira, que trafegam diariamente de/para portos na-cionais em Brasil atua em ações internacionais que ratificam o compromisso
uma extensa área no Atlântico Sul (área SAR de responsabilidade do País em participar do concerto das Nações e dá clara
do Brasil), caracterizando a atividade denominada demonstração da capacidade de o Brasil atuar efi-cientemente,
internacionalmente como Controle Naval do Tráfego Marítimo; com suas Forças Armadas, o que contribui para a busca do efeito
de dissuasão, como comentado neste livro, fundamental para evitar
• autorizar a atividade de pesquisa e de exploração de conflitos armados.
recursos naturais por navios e embarcações estrangeiras na
Amazônia Azul; A Marinha do Brasil participou de Operações de Paz com
• executar ações preventivas e repressivas nos navios envio de militares para vários países, de diversas formas:
brasileiros ou estrangeiros, quando navegando na área SAR do observadores militares, em grupos isolados, verificando o
Brasil e submetidos a ataques terroristas, após decisão de cumprimento dos acordos de paz, com tropas de infantaria,
autoridade competente; unidades médicas, equipes de desminagem, pelotões de engenharia
• fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, na e transporte de contingente brasileiro por navios, conforme dados
Amazônia Azul, exercendo a função de Autoridade Marítima; resumidos a seguir:
• executar a inspeção naval e a vistoria da qualificação do pes
soal de bordo, a fim de verificar o cumprimento de todos os a) observadores militares verificando o cumprimento dos
requisitos de segurança da navegação aquaviária; acordos de paz:
• cooperar com os órgãos de segurança pública, na re-pressão • El Salvador: Operação Onusal – julho de 1991 a abril de
aos crimes de repercussão nacional ou internacional, quando 1995;
ocorridos no mar e nas águas interiores; • Angola: Operações Unavem I e II e Monua – maio de 1989
• contribuir para a formulação e a condução de políti-cas a fevereiro de 1995 e de julho de 1997 a fevereiro de 1999;
nacionais que digam respeito ao mar, particularmente, nas áreas de • Ex-Iugoslávia: Operação Unprofor e Unpredep – agos-to de
pes ca, pesquisa científica no mar, mentalidade marítima e 1992 a dezembro de 1995;
modernização dos portos. • Moçambique: Operação Onumoz – janeiro 1993 a de-
• efetuar levantamentos hidrográficos, sinalização, ba- zembro de 1994;
lizamento e manutenção dos faróis no litoral e no mar brasi-leiros; • Libéria: Operação Unomil – setembro a novembro de 1993;
• prover a prevenção e a fiscalização ambiental de polui-ções
causa das por embarcações ou plataformas petrolíferas no mar • Ruanda: Operação Unomur – agosto de 1993 a setem-bro
brasileiro; de 1994;
• qualificar os profissionais aquaviários, levando Ensi-no • Croácia: Operação Unicro – maio de 1995 a janeiro de
Profissional Marítimo para aqueles que guarnecerão as 1996;
embarcações e os navios em todo o mar brasileiro e nas co- • Macedônia: Operação Unipredep – maio de 1995 a maio de
munidades ribeirinhas situadas nas nove bacias hidrográficas; 1996;
• regulamentar o serviço de praticagem e estabelecer as • Guatemala: Operação Minugua – fevereiro a maio de 1997;
zonas em que a utilização desse serviço seja obrigatória;
• conduzir o Programa Antártico Brasileiro, mantendo a • Eslavônia: Operação Untaes – janeiro de 1996 a janeiro de
Estação 1998;
Antártica Comandante Ferraz; • Prevlaka: Operação Unmpo – janeiro de 1996 a janeiro de
• cooperar com o desenvolvimento nacional, por meio de 1998;
projetos elaborados pelas organizações de pesquisa cien-tífica e de • Peru e Equador: Operação Momep, conflito entre os dois
desenvolvimento tecnológico; países, entre 1995 e 1999;
• cooperar com o Sistema Nacional de Defesa Civil, por meio • Timor Leste: Operação Unamet – julho de 1997 a julho de
de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recu-perativas, 1999;
destinadas a evitar ou atenuar os efeitos causados por catástrofes • Libéria: Operação Unmil – outubro de 2003 a outubro de
naturais; 2004;
• prover assistência médica e odontológica às popula-ções • Costa do Marfim: Operação Onuci – dezembro de 2003 até
ribeirinhas na Bacia Amazônica e do Rio Paraguai, que não têm os dias de hoje.
acesso a esses serviços de outra forma;
• executar Assistência Cívico-Sociais nas comunidades b) equipes de desminagem, limpando campos minados
carentes, particularmente nas áreas ribeirinhas da Bacia Ama- terrestres:
zônica e do Rio Paraguai; • Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Guatemala: Opera-ção
Marminca – outubro de 1994 até setembro de 2006;
• participar de campanhas institucionais de utilidade pública • Equador e Peru: Operação Marminas – maio de 2003 até os
ou de interesse social, determinadas pelo governo federal. dias de hoje.

c) tropas de infantaria, engenharia e equipes médicas:


• República Dominicana: Operação FIP, entre 1965 e
1966, uma

43

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HISTÓRIA NAVAL
Companhia de Fuzileiros Navais;
• Angola: Operação Unavem III, de agosto de 1995 a julho
de
1997, com uma Companhia de Infantaria, um Pelotão de
Engenharia e um posto de saúde;
• Haiti: Operação Minustah, de 2004 até a presente data,
com uma Companhia de Infantaria.

d) navios transportando tropas e material do contingente


brasileiro:
• Faixa de Gaza: Operação Unef I, em 1957;
• República Dominicana: Operação FIP, em 1965;
• Angola: Operação Unavem III, em setembro de 1996;
• Haiti: Operação Minustah, três grupos de navios trans-
portando três diferentes contingentes: em junho e novembro de
2004 e em junho de 2006.

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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 88.545, DE 26 DE JULHO DE 1983.


Aprova o Regulamento Disciplinar para a Marinha
e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da


atribuição que lhe confere o art. 81 - item III da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º - Fica aprovado o Regulamento Disciplinar para a Marinha que com este baixa, assinado pelo Ministro
de Estado da Marinha.

Art. 2º - Este Decreto entrará em vigor na data da sua publicação, ficando revogado o Decreto nº 38.010 de 5
de outubro de 1955, e demais disposições em contrário.

Brasília, em 26 de julho de 1983; 162º da Independência e 95º da República.

AURELIANO CHAVES

Maximiano Fonseca

REGULAMENTO DISCIPLINAR PARA A MARINHA

TÍTULO I

GENERALIDADES

CAPÍTULO I

Do Propósito

Art. 1º - O Regulamento Disciplinar para a Marinha tem por propósito a especificação e a classificação das
contravenções disciplinares e o estabelecimento das normas relativas à amplitude e à aplicação das penas disci-
plinares, à classificação do comportamento militar e à interposição de recursos contra as penas disciplinares.

CAPÍTULO II

Da Disciplina e da Hierarquia Militar

Art. 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposi-
ções que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se
pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.

Parágrafo único - A disciplina militar manifesta-se basicamente pela:

- obediência pronta às ordens do superior;


-2-
- utilização total das energias em prol do serviço;

- correção de atitudes; e

- cooperação espontânea em benefício da disciplina coletiva e da eficiência da instituição.

Art. 3º - Hierarquia Militar é a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura militar. A orde-
nação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação, se faz pela antiguidade no
posto ou na graduação.

Parágrafo único - O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autori-


dade.

Art. 4º - A boa educação militar não prescinde da cortesia. É dever de todos, em serviço ou não, tratarem-se
mutuamente com urbanidade, e aos subordinados com atenção e justiça.

CAPÍTULO III

Da Esfera de Ação Disciplinar

Art. 5º - As prescrições deste Regulamento aplicam-se aos militares da Marinha da ativa, da reserva remunera-
da e aos reformados.

TÍTULO II

DAS CONTRAVENÇÕES DISCIPLINARES

CAPÍTULO I

Definição e Especificação

Art. 6º - Contravenção Disciplinar é toda ação ou omissão contrária às obrigações ou aos deveres militares
estatuídos nas leis, nos regulamentos, nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização
Militar, desde que não incidindo no que é capitulado pelo Código Penal Militar como crime.

Art. 7º - São contravenções disciplinares:

1. dirigir-se ou referir-se a superior de modo desrespeitoso;

2. censurar atos de superior;

3. responder de maneira desatenciosa ao superior;

4. dirigir-se ao superior para tratar de assuntos de serviço ou de caráter particular em inobservância à via hie-
rárquica;

5. deixar o subalterno, quer uniformizado quer trajando à paisana, de cumprimentar o superior quando unifor-
mizado, ou em traje civil, desde que o conheça; ou deixar de prestar-lhe as homenagens e sinais de considera-
ção e respeito previstos nos regulamentos militares;

6. deixar deliberadamente de corresponder ao cumprimento do subalterno;

7. deixar de cumprir ordem recebida da autoridade competente;

8. retardar, sem motivo justo, o cumprimento de ordem recebida de autoridade competente;

9. aconselhar ou concorrer para o não cumprimento de qualquer ordem de autoridade competente ou para o
retardamento da sua execução;
-3-
10. induzir ou concorrer intencionalmente para que outrem incida em contravenção;

11. deixar de comunicar ao superior a execução de ordem dele recebida;

12. retirar-se da presença do superior sem a sua devida licença ou ordem para fazê-lo;

13. deixar o Oficial presente a solenidade interna ou externa onde se encontrem superiores hierárquicos de
apresentar-se ao mais antigo e saudar os demais;

14. deixar, quando estiver sentado, de oferecer seu lugar ao superior, ressalvadas as exceções previstas no
Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito das Forças Armadas;

15. representar contra o superior:

a) sem prévia autorização deste;

b) em inobservância à via hierárquica;

c) em termos desrespeitosos; e

d) empregando argumentos falsos ou envolvendo má-fé.

16. deixar de se apresentar, finda a licença ou cumprimento de pena, aos seus superiores ou a quem deva
fazê-lo, de acordo com as normas de serviço da Organização Militar;

17. permutar serviço sem autorização do superior competente;

18. autorizar, promover, tomar parte ou assinar representação ou manifestação coletiva de qualquer caráter
contra superior;

19. recusar pagamento, fardamento, equipamento ou artigo de recebimento obrigatório;

20. recusar-se ao cumprimento de castigo imposto;

21. tratar subalterno com injustiça;

22. dirigir-se ou referir-se a subalterno em termos incompatíveis com a disciplina militar;

23. tratar com excessivo rigor preso sob sua guarda;

24. negar licença a subalterno para representar contra ato seu;

25. protelar licença, sem motivo justificável, a subalterno para representar contra ato seu;

26. negar licença, sem motivo justificável, a subalterno para se dirigir a autoridade superior, afim de tratar dos
seus interesses;

27. deixar de punir o subalterno que cometer contravenção, ou de promover sua punição pela autoridade
competente;

28. deixar de cumprir ou de fazer cumprir, quando isso lhe competir, qualquer prescrição ou ordem regulamen-
tar;

29. ofender física ou moralmente qualquer pessoa, procurar desacreditá-la ou concorrer para isso, desde que
não incorra em crime;

30. desrespeitar medidas gerais de ordem policial, embaraçar sua execução ou concorrer para isso;
-4-
31. desrespeitar ou desconsiderar autoridade civil;

32. desrespeitar, por palavras ou atos, a religião, as instituições ou os costumes de país estrangeiro em que se
achar;

33. faltar à verdade ou omitir informações que possam conduzir à sua apuração;

34. portar-se sem compostura em lugar público;

35. apresentar-se em Organização Militar em estado de embriaguez ou embriagar-se e comportar-se de modo


inconveniente ou incompatível com a disciplina militar em Organização Militar;

36. contrair dívidas ou assumir compromissos superiores às suas possibilidades, comprometendo o bom no-
me da classe;

37. esquivar-se a satisfazer compromissos assumidos de ordem moral ou pecuniária;

38. não atender a advertência de superior para satisfazer débito já reclamado;

39. participar em Organização Militar de jogos proibidos, ou jogar a dinheiro os permitidos;

40. fazer qualquer transação de caráter comercial em Organização Militar;

41. estar fora do uniforme determinado ou tê-lo em desalinho;

42. ser descuidado no asseio do corpo e do uniforme;

43. ter o cabelo fora das normas regulamentares;

44. dar, vender, empenhar ou trocar peças de uniformes fornecidas pela União;

45. simular doença;

46. executar intencionalmente mal qualquer serviço ou exercício;

47. ser negligente no desempenho da incumbência ou serviço que lhe for confiado;

48. extraviar ou concorrer para que se extraviem ou se estraguem quaisquer objetos da Fazenda Nacional ou
documentos oficiais, estejam ou não sob sua responsabilidade direta;

49. deixar de comparecer ou atender imediatamente à chamada para qualquer exercício, faina, manobra ou
formatura;

50. deixar de se apresentar, sem motivo justificado, nos prazos regulamentares, à Organização Militar para que
tenha sido transferido e, às autoridades competentes, nos casos de comissões ou serviços extraordinários para
que tenha sido nomeado ou designado;

51. deixar de participar em tempo à autoridade a que estiver diretamente subordinado a impossibilidade de
comparecer à Organização Militar ou a qualquer ato de serviço a que esteja obrigado a participar ou a que tenha
que assistir;

52. faltar ou chegar atrasado, sem justo motivo, a qualquer ato ou serviço de que deva participar ou a que deva
assistir;

53. ausentar-se sem a devida autorização da Organização Militar onde serve ou do local onde deva permane-
cer;

54. ausentar-se sem a devida autorização da sede da Organização Militar onde serve;
-5-
55. deixar de regressar à hora determinada à Organização Militar onde serve;

56. exceder a licença;

57. deixar de comunicar à Organização Militar onde serve mudança de endereço domiciliar;

58. contrair matrimônio em desacordo com a legislação em vigor;

59. deixar de se identificar quando solicitado por quem de direito;

60. transitar sem ter em seu poder documento atualizado comprobatório de identidade;

61. trajar à paisana em condições que não as permitidas pelas disposições em vigor;

62. permanecer em Organização Militar em traje civil, contrariando instruções em vigor;

63. conversar com sentinela, vigia, plantão ou preso incomunicável;

64. conversar, sentar-se ou fumar, estando em serviço e quando não permitido pelas normas e disposições da
Organização Militar;

65. fumar em lugares onde seja proibido fazê-lo, em ocasião não permitida, ou em presença de superior que
não seja do seu círculo, exceto quando dele tenha obtido licença;

66. penetrar nos aposentos de superior, em paióis e outros lugares reservados, sem a devida permissão ou
ordem para fazê-lo;

67. entrar ou sair da Organização Militar por acesso que não o determinado;

68. introduzir clandestinamente bebidas alcóolicas em Organização Militar;

69. introduzir clandestinamente matérias inflamáveis, explosivas, tóxicas ou outras em Organização Militar,
pondo em risco sua segurança, e desde que não seja tal atitude enquadrada como crime;

70. introduzir ou estar de posse em Organização Militar de publicações prejudiciais à moral e à disciplina;

71. introduzir ou estar de posse em Organização Militar de armas ou instrumentos proibidos;

72. portar arma sem autorização legal ou ordem escrita de autoridade competente;

73. dar toques, fazer sinais, içar ou arriar a bandeira nacional ou insígnias, disparar qualquer arma sem ordem;

74. conversar ou fazer ruído desnecessário por ocasião de faina, manobra, exercício ou reunião para qualquer
serviço;

75. deixar de comunicar em tempo hábil ao seu superior imediato ou a quem de direito o conhecimento que
tiver de qualquer fato que possa comprometer a disciplina ou a segurança da Organização Militar, ou afetar os
interesses da Segurança Nacional;

76. ser indiscreto em relação a assuntos de caráter oficial, cuja divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou
à boa ordem do serviço;

77. discutir pela imprensa ou por qualquer outro meio de publicidade, sem autorização competente, assunto
militar, exceto de caráter técnico não sigiloso e que não se refira à Defesa ou à Segurança Nacional;

78. manifestar-se publicamente a respeito de assuntos políticos ou tomar parte fardado em manifestações de
caráter político-partidário;
-6-
79. provocar ou tomar parte em Organização Militar em discussão a respeito de política ou religião;

80. faltar com o respeito devido, por ação ou omissão, a qualquer dos símbolos nacionais, desde que em situ-
ação não considerada como crime;

81. fazer uso indevido de viaturas, embarcações ou aeronaves pertencentes à Marinha, desde que o ato não
constitua crime.

82. disparar arma em Organização Militar por imprudência ou negligência;

83. concorrer para a discórdia ou desarmonia ou cultivar inimizades entre os militares ou seus familiares; e

84. disseminar boatos ou notícias tendenciosas.

Parágrafo único - São também consideradas contravenções disciplinares todas as omissões do dever militar
não especificadas no presente artigo, desde que não qualificadas como crimes nas leis penais militares, cometi-
das contra preceitos de subordinação e regras de serviço estabelecidos nos diversos regulamentos militares e
determinações das autoridades superiores competentes.

CAPÍTULO II

Da Natureza das Contravenções e suas Circunstâncias

Art. 8º - As contravenções disciplinares são classificadas em graves e leves - conforme o dano - grave ou leve -
que causarem à disciplina ou ao serviço, em virtude da sua natureza intrínseca, ou das conseqüências que delas
advierem, ou puderem advir, pelas circunstâncias em que forem cometidas.

Art. 9º - No concurso de crime militar e de contravenção disciplinar, ambos de idêntica natureza, será aplicada
somente a penalidade relativa ao crime.

Parágrafo único - No caso de descaracterização de crime para contravenção disciplinar, esta deverá ser julga-
da pela autoridade a que o contraventor estiver subordinado.

Art. 10 - São circunstâncias agravantes da contravenção disciplinar:

a) acúmulo de contravenções simultâneas e correlatas;

b) reincidência;

c) conluio de duas ou mais pessoas;

d) premeditação;

e) ter sido praticada com ofensa à honra e ao pundonor militar;

f) ter sido praticada durante o serviço ordinário ou com prejuízo do serviço;

g) ter sido cometida estando em risco a segurança da Organização Militar;

h) maus antecedentes militares;

i) ter o contraventor abusado da sua autoridade hierárquica ou funcional; e

j) ter cometido a falta em presença de subordinado.

Art. 11 - São circunstâncias atenuantes da contravenção disciplinar:

a) bons antecedentes militares;


-7-
b) idade menor de 18 anos;

c) tempo de serviço militar menor de seis meses;

d) prestação anterior de serviços relevantes já reconhecidos;

e) tratamento em serviço ordinário com rigor não autorizado pelos regulamentos militares; e

f) provocação.

Art. 12 - São circunstâncias justificativas ou dirimentes da contravenção disciplinar:

a) ignorância plenamente comprovada da ordem transgredida;

b) força maior ou caso fortuito plenamente comprovado;

c) evitar mal maior ou dano ao serviço ou à ordem pública;

d) ordem de superior hierárquico; e

e) legítima defesa, própria ou de outrem.

TÍTULO III

DAS PENAS DISCIPLINARES

CAPÍTULO I

Da Classificação e Extensão

Art. 13 - As contravenções definidas e classificadas no Título anterior serão punidas com penas disciplinares.

Art. 14 - As penas disciplinares são as seguintes:

a) para Oficiais da ativa:

1. repreensão;

2. prisão simples, até 10 dias; e

3. prisão rigorosa, até 10 dias.

b) para Oficiais da reserva que exerçam funções de atividade:

1. repreensão;

2. prisão simples, até 10 dias;

3. prisão rigorosa, até 10 dias; e

4. dispensa das funções de atividade.

c) para os Oficiais da reserva remunerada não compreendidos na alínea anterior e os reformados:

1. repreensão

2. prisão simples, até 10 dias; e


-8-
3. prisão rigorosa, até 10 dias.

d) para Suboficiais:

1. repreensão;

2. prisão simples, até 10 dias;

3. prisão rigorosa, até 10 dias; e

4. exclusão do serviço ativo, a bem da disciplina.

e) para Sargentos:

1. repreensão;

2. impedimento, até 30 dias;

3. prisão simples, até 10 dias;

4. prisão rigorosa, até 10 dias; e

5. licenciamento ou exclusão do serviço ativo, a bem da disciplina.

f) para Cabos, Marinheiros e Soldados:

1. repreensão;

2. impedimento, até 30 dias;

3. serviço extraordinário, até 10 dias;

4. prisão simples, até 10 dias;

5. prisão rigorosa, até 10 dias; e

6. licenciamento ou exclusão do serviço ativo, a bem da disciplina.

Parágrafo único - Às Praças da reserva ou reformados aplicam-se as mesmas penas estabelecidas neste arti-
go, de acordo com a respectiva graduação.

Art. 15 - Não será considerada como pena a admoestação que o superior fizer ao subalterno, mostrando-lhe
irregularidade praticada no serviço ou chamando sua atenção para fato que possa trazer como conseqüência
uma contravenção.

Art. 16 - Não será considerado como pena o recolhimento em compartimento fechado, com ou sem sentinela,
bem como a aplicação de camisa de força, algemas ou outro meio de coerção física, de quem for atacado de
loucura ou excitação violenta.

Art. 17 - Por uma única contravenção não pode ser aplicada mais de uma punição.

Art. 18 - A punição disciplinar não exime o punido da responsabilidade civil que lhe couber.

CAPÍTULO II

Da Competência e Jurisdição para Imposição

Art. 19 - Têm competência para impor penas disciplinares as seguintes autoridades:


-9-
a) a todos os militares da Marinha:

O Presidente da República e o Ministro da Marinha; e

b) aos seus comandados ou aos que servem sob sua direção ou ordem:

- o Chefe, Vice-Chefe e Subchefes do Estado-Maior da Armada;

- o Comandante, Chefe do Estado-Maior e os Subchefes do Comando de Operações Navais;

- o Secretário-Geral da Marinha;

- os Diretores-Gerais;

- o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais;

- os Comandantes dos Distritos Navais ou de Comando Naval;

- os Comandantes de Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais;

- os Presidentes e Encarregados de Organizações Militares;

- os Diretores dos Órgãos do Setor de Apoio;

- o Comandante de Apoio do CFN;

- os Comandantes de Navios e Unidades de Tropa;

- os Diretores de Estabelecimentos de Apoio ou Ensino;

- os Chefes de Gabinete; e

- os Capitães dos Portos e seus Delegados.

§ 1º - Os Almirantes poderão delegar esta competência, no todo ou em parte, a Oficiais subordinados;

§ 2º - Os Comandantes de Força observarão a competência preconizada na Ordenança Geral para o Serviço


da Armada.

§ 3º - A pena de licenciamento e exclusão do serviço ativo da Marinha será imposta pelo Ministro da Marinha
ou por autoridade que dele tenha recebido delegação de competência.

§ 4º - A pena de licenciamento do serviço ativo da Marinha "ex officio", a bem da disciplina, será aplicada às
Praças prestando serviço militar inicial pelo Comandante de Distrito Naval ou de Comando Naval onde ocorreu a
incorporação, de acordo com o Regulamento da Lei do Serviço Militar.

§ 5º - A pena de dispensa das funções de atividade será imposta privativamente pelo Ministro da Marinha.

§ 6º - Os Comandantes dos Distritos Navais ou de Comando Naval têm competência, ainda, para aplicar puni-
ção aos militares da reserva remunerada ou reformados que residem ou exercem atividades na área de jurisdição
do respectivo Comando, respeitada a precedência hierárquica.

Art. 20 - Quando duas autoridades, ambas com jurisdição disciplinar sobre o contraventor, tiverem conheci-
mento da falta, caberá o julgamento à autoridade mais antiga, ou à mais moderna, se o seu superior assim o
determinar.
- 10 -
Parágrafo único - A autoridade mais moderna deverá manter o mais antigo informado a respeito da falta, dos
esclarecimentos que se fizerem necessários, bem como, quando julgar a falta, participar a pena imposta e os
motivos que orientaram sua disposição.

CAPÍTULO III

Do Cumprimento

Art. 21 - A repreensão consistirá na declaração formal de que o contraventor é assim punido por haver cometi-
do determinada contravenção, podendo ser aplicada em particular ou não.

§ 1º - Quando em particular, será aplicada diretamente pelo superior que a impuser; verbalmente, na presença
única do contraventor; por escrito, em ofício reservado a ele dirigido.

§ 2º - Quando pública, será aplicada pelo superior, ou por sua delegação:

a) verbalmente:

1. ao Oficial - na presença de Oficiais do mesmo posto ou superiores;

2. ao Suboficial - nos círculos de Oficiais a Suboficiais;

3. ao Sargento - nos círculos de Oficiais, Suboficiais e Sargentos; e

4. às Praças de graduação inferior a Sargento - em formatura da guarnição, ou parte dela, a que pertencer o
contraventor.

b) por escrito, em documento do qual será dado conhecimento aos mesmos círculos acima indicados.

Art. 22 - A pena de impedimento obriga o contraventor a permanecer na organização Militar, sem prejuízo de
qualquer serviço que lhe competir.

Art. 23 - A pena de serviço extraordinário consistirá no desempenho pelo contraventor de qualquer serviço
interno, inclusive faina, em dias e horas em que não lhe competir esse serviço.

Art. 24 - A pena de prisão simples consiste no recolhimento:

a) do Oficial, Suboficial ou Sargento na Organização Militar ou outro local determinado, sem prejuízo do servi-
ço interno que lhe couber;

b) da Praça, à sua coberta na Organização Militar ou outro local determinado, sem prejuízo dos serviços inter-
nos que lhe couberem, salvo os de responsabilidade e confiança.

Art. 25 - A pena de prisão rigorosa consiste no recolhimento:

a) do Oficial, Suboficial ou Sargento aos recintos que na Organização Militar forem destinados ao uso do seu
círculo;

b) da Praça, à prisão fechada.

§ 1º - Quando na Organização Militar não houver lugar ou recinto apropriado ao cumprimento da prisão rigoro-
sa com a necessária segurança ou em boas condições de higiene, o Comandante ou autoridade equivalente
solicitará que esse cumprimento seja feito em outra Organização Militar em que isto seja possível.

§ 2º - A critério da autoridade que as impôs, as penas de prisão simples e prisão rigorosa poderão ser cumpri-
das pelas Praças como determina o art. 22, computando-se dois (2) dias de impedimento para cada dia de prisão
simples e três (3) dias de impedimento para cada dia de prisão rigorosa.
- 11 -
§ 3º - Não será considerada agravação da pena deste artigo a reclusão do Oficial, Suboficial ou Sargento a
camarote, com ou sem sentinela, quando sua liberdade puder causar dano à ordem ou à disciplina.

CAPÍTULO IV

Das Normas Para Imposição

Art. 26 - Nenhuma pena será imposta sem ser ouvido o contraventor e serem devidamente apurados os fatos.

§ 1º - Normalmente, a pena deverá ser imposta dentro do prazo de 48 horas, contados do momento em que a
contravenção chegou ao conhecimento da autoridade que tiver que impô-la.

§ 2º - Quando houver necessidade de maiores esclarecimentos sobre a contravenção, a autoridade mandará


proceder a sindicância ou, se houver indício de crime, a inquérito, de acordo com as normas e prazos legais.

§ 3º - Durante o período de sindicância de que trata o parágrafo anterior, o contraventor poderá ficar impedido
de ausentar-se de Organização Militar ou de qualquer outro local que lhe seja determinado.

§ 4º - Os presos para averiguações podem ser mantidos incomunicáveis, não devendo comparecer a exercí-
cios ou fainas, nem fazer serviço algum. A cessação da incomunicabilidade depende da ultimação das averigua-
ções a serem processadas com a maior urgência. A incomunicabilidade não excederá três (3) dias.

§ 5º - Nenhum contraventor será interrogado em estado de embriaguez, devendo, nesse caso, ser recolhido a
prisão fechada, em benefício da manutenção da ordem ou da sua própria segurança.

§ 6º - O Oficial que lançou a contravenção disciplinar em Livro de Registro de Contravenções deverá dar co-
nhecimento dos seus termos à referida Praça, antes do julgamento da mesma.

Art. 27 - A autoridade julgará com imparcialidade e isenção de ânimo a gravidade da contravenção, sem con-
descendência ou rigor excessivo, levando em conta as circunstâncias justificativas ou atenuantes, em face das
disposições deste Regulamento e tendo sempre em vista os acontecimentos e a situação pessoal do contraven-
tor.

Art. 28 - Toda pena disciplinar, exceto repreensão verbal, será imposta na forma abaixo:

a) para Oficiais e Suboficiais: mediante Ordem-de-Serviço que contenha resumo do histórico da falta, seu en-
quadramento neste Regulamento, as circunstâncias atenuantes ou agravantes e a pena imposta; e

b) para Sargentos e demais Praças: mediante lançamento nos respectivos Livros de Registro de Contraven-
ções, onde constará o histórico da falta, seu enquadramento neste Regulamento, as circunstâncias atenuantes
ou agravantes e a pena imposta.

Art. 29 - Quando o contraventor houver cometido contravenções simultâneas mas não correlatas, ser-lhe-ão
impostas penas separadamente.

Parágrafo único - Se essas penas consistirem em prisão rigorosa e seu total exceder o máximo fixado no art.
14, serão cumpridas em parcelas não maiores do que esse prazo, com intervalos de cinco dias.

Art. 30 - A pena de licenciamento "ex-officio" do Serviço Ativo da Marinha, a bem da disciplina, será imposta às
Praças com estabilidade assegurada, como disposto no Estatuto dos Militares o nos Regulamentos do Corpo de
Praças da Armada e do Corpo de Praças do Corpo de Fuzileiros Navais.

Art. 31 - A pena de exclusão do serviço da Marinha será imposta:

a) a bem da disciplina ou por conveniência do serviço;

b) por incapacidade moral.


- 12 -
§ 1º - A bem da disciplina ou por conveniência do serviço, a pena será imposta sempre que a Praça, de gradu-
ação inferior a Suboficial, houver sido punida no espaço de um ano com trinta dias de prisão rigorosa ou quando
for julgado merecê-la por um Conselho de Disciplina, por má conduta habitual ou inaptidão profissional.

§ 2º - Por incapacidade moral, será imposta quando houver cometido ato ou julgado aviltante ou infamante por
um Conselho de Disciplina.

Art. 32 - A pena de exclusão do Serviço Ativo da Marinha a bem da disciplina será aplicada "ex-officio" às Pra-
ças com estabilidade assegurada, como disposto no Estatuto dos Militares.

Art. 33 - O licenciamento "ex-officio" e a exclusão do Serviço Ativo da Marinha a bem da disciplina inabilita o
militar para exercer cargo, função ou emprego na Marinha.

Parágrafo único - A sua situação posterior relativa à Reserva será determinada pela Lei do Serviço Militar e pelo
Estatuto dos Militares.

CAPÍTULO V

Da Contagem do Tempo de Punição

Art. 34 - O tempo que durar o impedimento de que trata o art. 26, § 3º, será levado em conta:

a) integralmente para o cumprimento de penas de impedimento;

b) na razão de 1/2 para as de prisão simples; e

c) na razão de 1/3 para as de prisão rigorosa.

Art. 35 - O tempo passado em Hospitais (doentes hospitalizados) não será computado para cumprimento de
pena disciplinar.

CAPÍTULO VI

Do Registro e da Transcrição

Art. 36 - Para o registro das contravenções cometidas e penas impostas, haverá nas Organizações Militares
dois livros numerados e rubricados pelo Comandante ou por quem dele haja recebido delegação, sendo um para
os Sargentos e outro para as demais Praças.

Art. 37 - Todas as penas impostas, exceto repreensões em particular, serão transcritas nos assentamentos do
contraventor, logo após o seu cumprimento ou a solução de recursos interpostos.

§ 1º - Para Sargentos e demais Praças, esta transcrição será feita na Caderneta Registro, independente de
ordem superior.

§ 2º - Para Oficiais e Suboficiais, cópia da Ordem de Serviço que publicou a punição será remetida à DPMM ou
ao CGCFN, conforme o caso, a fim de ser anexada aos documentos de informação referentes ao Oficial ou Subo-
ficial punido.

§ 3º - A transcrição conterá o resumo do histórico da falta cometida e a pena imposta.

CAPÍTULO VII

Da Anulação, Relevamento e Alteração

Art. 38 - O disposto no art. 19 não inibe a autoridade superior na Cadeia de Comando de tomar conhecimento
"ex-officio" de qualquer contavenção e julgá-Ia de acordo com as normas deste Regulamento, ou reformar o jul-
gamento de autoridade inferior, anulando, atenuando ou agravando a pena imposta.
- 13 -
§ 1º - Esta revisão de julgamento poderá ocorrer até cento e vinte dias após a data da sua imposição. Fora
desse prazo, a revisão de julgamento somente poderá ser feita privativamente pelo Ministro da Marinha.

§ 2º - Quando já tiver havido transcrição da pena nos assentamentos, será dado conhecimento à DPMM ou ao
CGCFN, conforme o caso, para efeito de cancelamento ou alteração.

Art. 39 - A competência para relevar o cumprimento da pena é atribuição das mesmas autoridades citadas nas
alíneas a) e b) do art. .19, cada um quanto às punições que houver imposto, ou quanto às aplicadas pelos seus
subordinados.

Parágrafo único - Esse relevamento poderá ser aplicado:

a) por motivo de serviços relevantes prestados à Nação pelo contraventor, privativamente pelo Presidente da
República e pelo Ministro da Marinha; e

b) por motivo de gala nacional ou passagem de Chefia, Comando ou Diretoria, quando os contraventores já
houverem cumprido pelo menos metade da pena.

TÍTULO IV

DA PARTE, PRISÃO IMEDIATA E RECURSOS

CAPÍTULO I

Da Parte e da Prisão Imediata

Art. 40 - Todo superior que tiver conhecimento, direto ou indireto, de contravenção cometida por qualquer su-
balterno, deverá dar parte escrita do fato à autoridade sob cujas ordens estiver, a fim de que esta puna ou remeta
a parte à autoridade sob cujas ordens estiver o contraventor, para o mesmo fim.

Parágrafo único - Servindo superior e subalterno na mesma Organização Militar e sendo o subalterno Praça de
graduação inferior a Suboficial, será efetuado o lançamento da parte no Livro de Registro de Contravenções Dis-
ciplinares.

Art. 41 - O superior deverá também dar voz de prisão imediata ao contraventor e fazê-lo recolher-se à sua Or-
ganização Militar quando a contravenção ou suas circunstâncias assim o exigirem, a bem da ordem pública, da
disciplina ou da regularidade do serviço.

Parágrafo único - Essa voz de prisão será dada em nome da autoridade a que o contraventor estiver direta-
mente subordinado, ou, quando esta for menos graduada ou antiga do que quem dá a voz, em nome da que se
lhe seguir em escala ascendente. Caso o contraventor se recuse a declarar a Organização Militar em que serve, a
voz de prisão será dada em nome do Comandante do Distrito Naval ou do Comando Naval em cuja jurisdição
ocorrer a prisão.

Art. 42 - O superior que houver agido de acordo com os artigos 40 e 41 terá cumprido seu dever e resguardada
sua responsabilidade. A solução que for dada à sua parte pela autoridade superior é de inteira e exclusiva res-
ponsabilidade desta, devendo ser adotada dentro dos prazos previstos neste Regulamento e comunicada ao
autor da parte.

Parágrafo único - A quem deu parte assiste o direito de pedir à respectiva autoridade, dentro de oito dias úteis,
pelos meios legais, a reconsideração da solução, se julgar que esta deprime sua pessoa ou a dignidade de seu
posto, não podendo o pedido ficar sem despacho. Para tanto, a autoridade que aplicar a pena disciplinar deverá
comunicar ao autor da parte a punição efetivamente imposta e o enquadramento neste Regulamento, com as
circunstâncias atenuantes ou agravantes que envolveram o ato do contraventor.

Art. 43º - O subalterno preso nas condições do art. 41 só poderá ser solto por determinação da autoridade a
cuja ordem foi feita a prisão, ou de autoridade superior a ela.

Art. 44 - Esta prisão, de caráter preventivo, será cumprida como determina o art. 24.
- 14 -
CAPÍTULO II

Dos Recursos

Art. 45 - Àquele a quem for imposta pena disciplinar será facultado solicitar reconsideração da punição à auto-
ridade que a aplicou, devendo esta apreciar e decidir sobre a mesma dentro de oito dias úteis, contados do re-
cebimento do pedido.

Art. 46 - Àquele a quem for imposta pena disciplinar poderá, verbalmente ou por escrito, por via hierárquica e
em termos respeitosos, recorrer à autoridade superior à que a impôs, pedindo sua anulação ou modificação, com
prévia licença da mesma autoridade.

§ 1º - O recurso deve ser interposto após o cumprimento da pena e dentro do prazo de oito dias úteis.

§ 2º - Da solução de um recurso só cabe a interposição de novos recursos às autoridades superiores, até o


Ministro da Marinha.

§ 3º - Contra decisão do Ministro da Marinha, o único recurso admissível é o pedido de reconsideração a essa
mesma autoridade.

§ 4º - Quando a punição disciplinar tiver sido imposta pelo Ministro da Marinha, caberá interposição de recurso
ao Presidente da República, nos termos definidos no presente artigo.

Art. 47 - O recurso deve ser remetido à autoridade a quem dirigido, dentro do prazo de oito dias úteis, devida-
mente informado pela autoridade que tiver imposto a pena.

Art. 48 - A autoridade a quem for dirigido o recurso deve conhecer do mesmo sem demora, procedendo ou
mandando proceder às averiguações necessárias para resolver a questão com justiça.

Parágrafo único - No caso de delegação, para proceder a estas averiguações será nomeado um Oficial de
posto superior ao do recorrente.

Art. 49 - Se o recurso for julgado inteiramente procedente, a punição será anulada e cancelado tudo quanto a
ela se referir; se apenas em parte, será modificada a pena.

Parágrafo único - Se o recurso fizer referência somente aos termos em que foi aplicada a punição e parecer à
autoridade que os mesmos devem ser modificados, ordenará que isso se faça, indicando a nova forma a ser u-
sada.

TÍTULO V

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 50 - Aos Guardas-Marinha, Aspirantes, Alunos do Colégio Naval e Aprendizes-Marinheiros serão aplicados,
quando na Escola Naval, Colégio Naval ou nas Escolas de Aprendizes, as penas estabelecidas nos respectivos
regulamentos, e mais as escolares previstas para faltas de aproveitamento; quando embarcados, as que este
Regulamento determina para Oficiais e Praças, conforme o caso.

Art. 51 - O militar sob prisão rigorosa fica inibido de ordenar serviços aos seus subalternos ou subordinados,
mas não perde o direito de precedência às honras e prerrogativas inerentes ao seu posto ou graduação.

Art. 52 - Os Comandantes de Organizações Militares farão com que seus respectivos médicos ou requisitados
para tal visitem com freqüência os locais destinados a prisão fechada, a fim de proporem, por escrito, medidas
que resguardem a saúde dos presos e higiene dos mesmos locais.

Art. 53 - Os artigos deste Regulamento que definem as contravenções e estabelecem as penas disciplinares
devem ser periodicamente lidos e explicados à guarnição.
- 15 -
Art. 54 - A Jurisdição disciplinar, quando erroneamente aplicada, não impede nem restringe a ação judicial
militar.

MAXIMIANO EDUARDO DA SILVA FONSECA

Ministro da Marinha
Introdução à História
Marítima Brasileira

11
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2
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Diretoria de Ensino da Marinha
Serviço de Documentação da Marinha

Introdução à História
Marítima Brasileira

2006

3
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I61 Introdução à história marítima brasileira. — Rio de Janeiro: Serviço
de Documentação da Marinha, 2006.
181p. : il.

Bibliografia: p.180.
ISBN 85-7047-076-2

1. Brasil. – História naval. I. Serviço de Documentação da


Marinha. II. Título.

CDD 22.ed. – 359.00981

4
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COMANDANTE DA MARINHA
Almirante-de-Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho

SECRETÁRIO-GERAL DA MARINHA
Almirante-de-Esquadra Kleber Luciano de Assis

DIRETOR DE ENSINO DA MARINHA


Vice-Almirante Lucio Franco de Sá Fernandes

DIRETOR DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DA MARINHA


Vice-Almirante (EN-RM1) Armando de Senna Bittencourt

SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA


Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida

Departamento de História Marítima e Naval


Capitão-de-Fragata (T) Mônica Hartz Oliveira Moitrel

Departamento de Arquivos da Marinha


Capitão-de-Fragata (T) Maria Rosângela da Cunha

Departamento de Publicações e Divulgação


Capitão-de-Corveta (T) Ivone Maria de Lima Camillo

Colaboradores
Vice-Almirante (EN-RM1) Armando de Senna Bittencourt
Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida
Capitão-de-Fragata (T) Mônica Hartz Oliveira Moitrel
Capitão-Tenente (T) Carlos André Lopes da Silva
Primeiro-Tenente (T) Ricardo dos Santos Guimarães
Professor Paulo Fernando Dias Vianna

Revisão Pedagógica
Capitão-Tenente (T) Andréa Paula Fernandes Delduque

Revisão Bibliográfica
Capitão-de-Fragata (T) Valéria Regina de Almeida Morandi

Revisão Ortográfica
Denise Coutinho Koracakis
Jacir Roberto Guimarães
Manuel Carlos Corgo Ferreira

Revisão Técnica
André Figueiredo Rodrigues

Iconografia
Márcia Prestes Taft
1oSG (MT) Marcelo Guimarães Cruz

Projeto Gráfico e Capa


Edna S. Costa

Acompanhamento Gráfico
Capitão-Tenente (T) Ana Cristina Requeijo

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
S U M Á R I O ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

APRESENTAÇÃO 9

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I
A História da Navegação
– Sinopse 16
– Os navios de madeira: construindo embarcações e navios 18
– O desenvolvimento dos navios portugueses 19
– O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumenos e as cartas de marear 20
– A vida a bordo dos navios veleiros 22

CAPÍTULO II
A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil
– Sinopse 24
– Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina 26
– O reconhecimento da costa brasileira 38
– As expedições guarda-costas 39
– A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa 40

CAPÍTULO III
Invasões Estrangeiras ao Brasil
– Sinopse 44
– Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão 47
– Invasores na foz do Amazonas 50
– Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco 50
– Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII 58
– Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil 58

CAPÍTULO IV
Formação da Marinha Imperial Brasileira
– Sinopse 66
– A vinda da Família Real 68
– Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a co quista de Caiena e a
ocupação da Banda Oriental 68
– Guerra de Independência 73

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CAPÍTULO V
A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência
e do Início do Segundo Reinado
– Sinopse 82
– Conflitos internos 86
– Conflitos externos 89

CAPÍTULO VI
A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança
contra o Governo do Paraguai
– Sinopse 104
– O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo 108
– Navios encouraçados e a invasão do Paraguai 113
– Curuzu e Curupaiti 115
– Caxias e Inhaúma 116
– Passagem de Curupaiti 116
– Passagem de Humaitá 117
– O recuo das forças paraguaias 118
– O avanço aliado e a Dezembrada 118
– A ocupação de Assunção e a fase final da guerra 119

CAPÍTULO VII
A Marinha na República
– Sinopse 124
– Primeira Guerra Mundial 128
– Segunda Guerra Mundial 141

CAPÍTULO VIII
O Emprego Permanente do Poder Naval
– O Poder Naval na guerra e na paz 162

GLOSSÁRIO 173

BIBLIOGRAFIA 180

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Apresentação

Este livro foi produzido em resposta à necessidade de uma introdução à História Marítima
brasileira para os alunos das escolas de aprendizes-marinheiros da Marinha do Brasil.
Demonstra-se aqui o quanto o Brasil dependeu do mar. Uma simples análise disto permite
concluir o quanto seu futuro também dependerá da defesa de seus interesses referentes aos
recursos marinhos. O desenvolvimento da consciência marítima no País é, portanto, de enorme
importância e espera-se que a edição deste livro contribua para tal. Ele resultou do trabalho de
uma equipe constituída por pessoas do Departamento de História do Serviço de Documentação
da Marinha (SDM), com formação universitária em História, e pelos diretores deste Serviço e da
Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha (DPHCM).
Das decisões tomadas na elaboração do livro, destaca-se a de não abordar os assuntos de
maneira superficial, porque a História se torna interessante e atraente quando se aprofunda a
descrição dos fatos e suas análises. Disponibilizar para o leitor um texto mais detalhado do que se
poderia esperar, em face do tempo previsto para a duração das aulas desta matéria e além do que
poderia ser exigido nos testes, foi, portanto, proposital. Tornou-se, porém, conseqüentemente
necessário preceder cada capítulo por uma sinopse, com a finalidade didática de ressaltar o que é
importante e facilitar a leitura e o estudo. Essas sinopses contêm tudo que deve ser exigido do
aluno principiante. O texto desenvolvido no capítulo lhe permite aprofundar seu conhecimento,
aprimorar sua cultura e desenvolver sua consciência marítima, o gosto pela História e pela leitura.
Talvez, futuramente, também ele possa empregar este livro como seu primeiro livro de referência.
Esta configuração, com as sinopses no início do texto dos capítulos e não um resumo ao final
de cada um deles, pode parecer inusitada para um livro didático, mas é usual em jornalismo. As
pessoas estão habituadas a ela nos meios de comunicação e a equipe a considerou adequada.
É desejável que, ao se educar, o aluno estude História e aprenda. É esse conhecimento que
permitirá a ele se situar, durante sua vida, com racionalidade no instante presente, consciente da
existência de um passado, que criou aquele momento, e de um futuro, que depende dos erros e
acertos de decisões a serem tomadas. A História não se repete, mas é insensatez não levar em
conta as experiências do passado, registradas por ela, diante de situações semelhantes, ao se
decidir racionalmente como agir.

ARMANDO DE SENNA BITTENCOURT


Vice-Almirante (EN-RM1)
Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha

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INTRODUÇÃO

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O mar sempre teve uma importância fundamental na
história do Brasil. Do mar, de Portugal, veio Pedro Álvares
Cabral, em 1500, para encontrar o nosso País. Do mar, vieram
as invasões francesas, holandesas e as incursões inglesas nos
séculos XVI e XVII. O mar também foi o principal meio em
que se transportaram colonos e funcionários administrativos
portugueses para o Brasil durante o período colonial. 1
De 7 de abril de 1831, quando D. Pedro I abdi-
Durante a Guerra da Independência do Brasil, a então cou do trono, até 23 de junho de 1840, quando a
Assembléia votou a maioridade de D. Pedro II, acla-
recém-criada Esquadra brasileira teve papel primordial nas mando-o Imperador do Brasil.
mãos do Primeiro Almirante Lorde Thomas Cochrane,
bloqueando os portos conflagrados e combatendo os
lusitanos. As tropas de Dom Pedro I, que lutaram contra as
juntas governativas da Bahia, Maranhão, Pará e Banda Oriental
– aliadas das Cortes (parlamento) portuguesas – foram
transportadas pelo mar.
No período regencial1, o mar novamente foi o caminho
natural para o transporte de tropas para as províncias
insurgentes que ameaçavam se separar do Império. Naquela
ocasião, as estradas que ligavam as principais cidades do Brasil
eram muito rudimentares, daí a enorme importância
estratégica que o mar adquiriu mais uma vez.
Com a Proclamação da República e o aumento da
tecnologia náutica, a importância do mar ficou ainda mais
evidente. Do mar aumentaram as nossas importações e
escoaram os nossos produtos para o exterior. Também do
mar vieram nossos inimigos: os submarinos alemães que
atacaram os navios mercantes que transportavam nossas
mercadorias, tanto na Primeira como na Segunda Guerra
Mundiais. Naquela oportunidade houve a necessidade
premente de se proteger as comunicações marítimas.
Aparece aqui o primeiro conceito importante. Procure
escrever em um papel à parte essa nova definição. Entende-
se por comunicações marítimas os caminhos existentes no
mar para o comércio exterior ou interno, isto é, as rotas por
onde trafegam os navios, desde seus portos de origem até os
de destino. Elas não são vias físicas, somente se materializando
quando existirem navios, tanto de transporte ou de guerra,
navegando com suas cargas.
Cada nação atribui determinada importância às

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comunicações marítimas segundo o seu grau de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dependência. Sua importância econômica e militar
determinará o esforço a ser realizado para a manutenção
dessas rotas abertas e livres de ataque do inimigo. Para o País
a proteção dessas comunicações tem sido fundamental.
Hoje em dia o mar assume uma importância cada vez
maior para o Brasil. Nosso comércio é transportado quase
que exclusivamente por ele. Do mar extraímos o petróleo,
tão importante para o desenvolvimento do País, e os peixes,
que servem de alimento aos brasileiros e proporcionam
melhores condições de vida aos nossos pescadores.
Enfim, o mar é fundamental para a sobrevivência do País.
Devemos cada vez mais desenvolver o nosso Poder Marítimo
para nos projetarmos no cenário internacional. Surge o
segundo conceito de nossa discussão: o que vem a ser o Poder
Marítimo de uma nação? Anote aí mais uma vez.
Poder Marítimo é a capacidade que resulta da
integração dos recursos que dispõe o Brasil para a utilização
do mar e também das águas interiores, quer como instrumento
de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento
econômico e social, visando a conquistar e a manter os
objetivos nacionais.
Esse conceito pode parecer teórico demais, mas não é.
Vejamos agora quais os elementos constitutivos desse Poder
Marítimo.
Esses elementos, que constituem o nosso Poder
Marítimo, são componentes das expressões do poder da
Nação, relacionados com a capacidade de utilização do mar e
hidrovias interiores. Há situações em que um certo recurso
ou organização é componente do Poder Marítimo quando
vinculado ao uso do mar e deixa de sê-lo fora dessa situação.
Assim, tudo ou quase tudo que se relaciona com o mar faz
parte do Poder Marítimo.
Quais os elementos que constituem o nosso Poder
Marítimo?
– A Marinha Mercante, com suas facilidades, serviços
e organizações relacionadas com os transportes marítimo
e fluvial. Dessa maneira, o navio mercante, a companhia
de navegação e os representantes marítimos fazem parte
desse Poder.

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– A infra-estrutura hidroviária, incluindo-se os portos,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os terminais, os meios e as instalações de apoio e controle.
Assim, todos os portos brasileiros fazem parte desse Poder.
– A indústria naval com seus estaleiros de construção e
reparos e setor de navipeças.
– A indústria bélica de interesse do aprestamento
naval.
– A indústria de pesca com suas embarcações, terminais
e indústrias de processamento de pescado.
– As organizações e os meios de pesquisa e desen- 2
Parte da arte da guerra que trata do planejamento
volvimento tecnológico de interesse para o uso do mar e águas e da realização de: a) projeto e desenvolvimento,
obtenção, armazenamento, transporte, distribuição,
interiores e de seus recursos, aí se incluindo as universidades reparação, manutenção e evacuação de material
(para fins operativos ou administrativos); b) recru-
e os centros de pesquisa voltados para o mar. tamento, incorporação, instrução e adestramento,
– As organizações e os meios de exploração (sondagem, designação, transporte, bem-estar, evacuação,
hospitalização e desligamento de pessoal; c) aquisi-
pesquisa, estudo) e explotação (retirada de recursos para fins ção ou construção, reparação, manutenção e ope-
ração de instalações e acessórios destinados a aju-
de utilização) dos recursos do mar, seu leito e subsolo, inclusive dar o desempenho de qualquer função militar;
d) contrato ou prestação de serviços.
as que operam embarcações de apoio offshore (movimento
terra para o mar).
– O pessoal que desempenha atividades relacionadas
com o mar e hidrovias interiores e os estabelecimentos
destinados à formação e ao treinamento.
– O Poder Naval.
O que seria esse elemento? Anote mais um conceito no
seu caderno de estudos.

Você deve ter notado que mostramos os elementos


constitutivos sem apresentar o nosso elemento militar.
Dessa maneira, o Poder Naval é o componente militar
do Poder Marítimo, capaz de atuar no mar e nas águas
interiores na conquista e manutenção dos objetivos
estabelecidos pelo Estado brasileiro. Pronto, parece que
conseguimos fechar todos os elementos, correto? Que tal
discutirmos um pouco mais o Poder Naval?
O Poder Naval compreende os meios navais,
aeronavais e de fuzileiros navais, as bases e posições de apoio,
suas estruturas de comando e controle, logística 2 e
administração, bem como as forças e os meios de apoio não
constitutivos da Marinha do Brasil, quando vinculados ao
cumprimento da missão da Marinha e submetidos a algum
tipo de orientação, comando ou controle de autoridade naval.
Podemos, assim, observar que um Poder Naval, para
ser eficaz, necessita ser capaz de atuar em grandes áreas, por
um período de tempo ponderável e nelas adotar atitudes tanto
defensivas quanto ofensivas, com aproveitamento de suas

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características de mobilidade, permanência, versatilidade e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
flexibilidade.
Vejamos o que significa cada uma dessas características.
A mobilidade representa a capacidade de deslocar-se
prontamente e a grandes distâncias, mantendo elevado nível
de prontidão em condições de emprego. Assim, quando uma
força naval se desloca rapidamente para uma área conflagrada
a característica por ela utilizada é a mobilidade.
A permanência indica a possibilidade de operar
continuamente por longos períodos em áreas distantes e de
grandes dimensões com independência.
A versatilidade permite regular o poder de destruição e
alterar a postura militar, mantendo a aptidão para executar
uma grande gama de tarefas. Um exemplo dessa característica
é a utilização de uma força naval como instrumento de
combate, ao mesmo tempo em que ela pode transformar-se
em instrumento da paz por meio de apoio a populações
atingidas por sinistros naturais, como furacões e tsunamis.
A última característica importante para um Poder Naval
com credibilidade é a flexibilidade, que pode ser sintetizada
pela capacidade de organizar grupamentos operativos de
diferentes valores, em função da missão recebida. Por
exemplo, um grupo de navios varredores pode limpar as minas
de um campo marítimo, assim como pode, devido ao seu
armamento, realizar uma patrulha no mar territorial
reprimindo a pesca ilegal.
Agora você já sabe o que é Poder Naval.
Com esses conceitos bem estabelecidos, a partir desse
momento você irá passear pela História Marítima Brasileira.
Inicialmente vamos investigar a História da Navegação,
abordando a evolução dos navios, dos instrumentos náuticos
e das chamadas cartas de marear.
Nos capítulos dois e três, discutiremos a expansão
marítima européia e o descobrimento do Brasil, abordando a
conjuntura político-social ibérica durante o chamado período
colonial brasileiro. Nesses capítulos serão descritos o
reconhecimento da costa brasileira pelos primeiros
navegadores que aqui chegaram, o envio de expedições
guarda-costas ao litoral da terra descoberta e a atuação de
invasores que atacaram em nossas costas. A reação a essas
incursões dependeu do emprego do Poder Naval português,
em alguns casos com apoio espanhol.

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No capítulo quatro, iremos analisar a formação da

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Marinha Imperial e sua importância para o Brasil. Nesse
ponto discutiremos a transmigração da Família Real
portuguesa para o Brasil, devido à invasão dos exércitos
de Napoleão Bonaparte na Península Ibérica, com a
conseqüente abertura dos portos e a discussão das
questões de fronteira nas áreas das Guianas e da Banda
Oriental. Em seguida, será apresentada a Guerra da
Independência, sob o ponto de vista naval e suas repercussões
para a história do País.
O capítulo cinco discutirá a atuação da Marinha nos
conflitos internos e externos, abordando a Guerra
Cisplatina, as revoltas regenciais e a guerra contra Oribe e
Rosas. No capítulo seguinte, será apresentada a Guerra da
Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai, conflito
importante na história da Marinha do Brasil. Nessa parte
serão discutidas questões logísticas e estratégicas da guerra
e suas conseqüências para o Poder Naval brasileiro.
No capítulo sete, serão analisados o panorama político
que levou à República e a situação da Marinha durante
aquele episódio e, em seguida, discutidas questões relativas
à Marinha no final do século XIX e meados do XX –
incluindo nessa parte a atuação na Primeira Guerra Mundial,
a Marinha entre guerras e, por fim, a participação na
Segunda Guerra Mundial.
No capítulo oito, serão apresentadas considerações
sobre o emprego permanente do Poder Naval a partir da
Segunda Guerra Mundial e as principais tendências seguidas
pela Marinha até o final do século XX. Por fim, serão discutidas
as possibilidades de atuação do Poder Naval e os desafios
que se apresentam para o desenvolvimento de nosso Poder
Marítimo .

Comecemos a passear pela História Marítima com os


olhos da Marinha.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Sinopse
Os rios, lagos, mares e oceanos eram obstáculos que os seres
1
A canoa construída de diversas tábuas é um bom humanos do passado muitas vezes precisavam ultrapassar. Primeiro,
exemplo. Ela não depende do tamanho de um úni-
co tronco, pode ser construída com a borda mais
eles se agarravam a qualquer coisa que flutuasse. Depois, sentiram
alta para enfrentar as ondas e até pode ser reforça- a necessidade de transformar materiais, para que estes, flutuando,
da internamente com elementos estruturais para
ser mais resistente.
pudessem sustentar melhor sobre a água. Assim, ao longo do
tempo, em cada lugar surgiu uma solução, que dependeu do
material disponível: a canoa feita de um só tronco cavado; a
canoa feita da casca de uma
Canoa feita de um só tronco
única árvore; a jangada de Modelo de embarcação da Coleção Alves Câmara
vários troncos amarrados; o Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
bote de feixes de juncos ou de
papiro (plantas que nascem
Aquarela de Robson Carvajall junto a rios e lagos); o bote de
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
couro de animais; e outros.
Todas essas soluções simples, no entanto, não permitiam
transportar muita coisa, ou eram difíceis de manejar, ou mesmo
perigosas em águas agitadas. Era necessário desenvolver
embarcações construídas de diversas partes, para que elas fossem
maiores e melhores.1
Durante o século XV, os portugueses decidiram que
Bote de couro de animais deveriam prosperar negociando diretamente com o Oriente
Aquarela de Robson Carvajall
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
através do mar. Até então, as mercadorias do Oriente, inclusive as
especiarias (pimenta, cravo,
canela e gengibre, que eram
necessárias para conservar os
alimentos), eram trazidas por
caravanas de camelos guiados
pelos árabes até portos do Mar
Mediterrâneo, onde eram com-
pradas pelos italianos, que
revendiam na Europa. Para
alcançar um bom êxito, nesse
Aquarela de pele de animal ambicioso projeto de interesse
nacional de Portugal, foi ne-
cessário explorar a costa da
África no Oceano Atlântico e
encontrar a passagem, ao sul do

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continente africano, para o Oceano Índico; chegar à Índia e lá

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
negociar diretamente as mercadorias; trazê-las para Portugal em
navios capazes de transportar quantidades relativamente grandes
de carga; e defender esse comércio. Isso exigiu desenvolvimentos
científicos e tecnológicos para os navios e para a navegação.
Os portugueses desenvolveram e utilizaram caravelas para
explorações; naus como navios mercantes para o comércio; e
galeões como navios de guerra. Mas isso só não bastava para chegar
com sucesso ao porto de destino.
A navegação, quando se mantém terra à vista, é feita
observando pontos geográficos de terra para saber a posição do
navio em relação à costa. Quando não se avista mais a terra, o mar
e o céu se encontram no horizonte a toda volta, é necessário saber
em que direção o navio segue e a posição em que se está em
relação à superfície do globo terrestre.
Foi necessário, portanto, desenvolver instrumentos capazes
de indicar a direção (bússola) do navio, a latitude (astrolábio) e a
longitude (cronômetro).
Veremos neste capítulo o desenvolvimento dos navios na
época das Grandes Navegações e os instrumentos utilizados para
as singraduras realizadas.

Sigamos, portanto, nessa derrota...

17
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Os navios de madeira: construindo

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
embarcações e navios
O primeiro método de construção de embarcações, utilizado
desde a canoa de tábuas, é chamado de “costado rígido”. Construía-
se primeiro o costado da embarcação, juntando as tábuas pelas
bordas e, depois, acrescentavam-se, os reforços estruturais
internos e externos. O costado podia ser liso ou trincado, conforme
se juntavam as tábuas, topo a topo ou sobrepondo suas bordas. O
2
A tecnologia da utilização da madeira é complica- resultado deste método é um casco resistente, com ênfase
da. É preciso conhecer que qualidade de madeira estrutural no costado, bom para resistir a colisões e para encalhar,
usar, obedecer à época e à hora certa para cortar
as árvores; armazenar as toras corretamente, se- se necessário, nas praias. Ainda hoje se constroem pequenas
cas ou submersas, e trabalhá-las conforme suas ca- embarcações assim e, na Antigüidade, era como se construíam
racterísticas físicas. O construtor naval passeava
pelas florestas escolhendo as árvores que tinham as galés.
as curvas adequadas para fazer os elementos es- As galés eram
truturais e eram necessárias centenas delas para
construir embarcações movidas
um navio. principalmente por
Além disto,
c a d a p a r- remos, algumas com
t e da em- muitos remadores,
barcação
precisava de
embora pudessem
uma espécie também ter velas.
vegetal dife-
rente e es-
Foram muito utilizadas
tas espécies Adequação da madeira
Fonte: O Arsenal de Marinha do Rio
por povos navegadores
não eram as de Janeiro na História (1783-1822)
mesmas em de Juvenal Greenhalg
do passado, como os
cada região. cretenses, os gregos, os Modelo de galé trirreme grega
A que servia para mastros não podia ser utilizada
em costado, a que era boa para a parte submersa
romanos, os bizantinos Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
do casco nem sempre servia para conveses, por e os nórdicos.
exemplo.
As galés, que eram construídas pelo método de
Chama-se de navio uma embarcação grande. Há mais de
“costado rígido”, tinham as formas do casco muito dois mil anos, já se construíam navios. Empregava-se a madeira,
semelhantes. Isto resultava do método emprega-
do, de construir o costado primeiro, que até nem pois ela foi o primeiro material que se mostrou mais adequado
precisava de um projeto. O problema do método
de “costado rígido” é que ele não permite cons-
para a construção naval.2 Somente após o desenvolvimento industrial
truir um navio exatamente com a forma do casco alcançado no século XIX, há cerca de 150 anos, é que o ferro e,
desejada por um projetista, para que ele possa ter
maior capacidade de carga e suportar melhor a na- depois, o aço, passaram a ser matérias-primas importantes para a
vegação no oceano. construção naval.
3
Foi preciso desenvolver um método que permi- Chegou-se ao método de “esqueleto rígido”3 após uma longa
tisse controlar a forma do casco durante a cons- evolução que durou mais
trução, para que ele pudesse enfrentar melhor as
grandes ondas do oceano. Isso se resolveu cons-
de mil anos, passando por
truindo primeiro a estrutura. A quilha e as caver- métodos chamados de hí-
nas do navio são montadas em primeiro lugar, for-
mando o que parece ser o “esqueleto” do navio.
bridos, em que algumas
Depois é que se montam as tábuas do costado, fi- cavernas eram montadas
xando-as aos elementos estruturais. Este método
é chamado de “esqueleto rígido”.
antes do costado, para
possibilitar algum controle
Nau São Sebastião em construção no Arsenal
da forma final do casco.
de Marinha da Corte em 1764 Embora o método de
Desenho de Armando Pacheco
Fonte: O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro esqueleto rígido tivesse se
na História (1783-1822) de Juvenal Greenhalg desenvolvido no litoral do

18
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Mar Mediterrâneo (fora de Portugal), ele foi empregado pelos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
portugueses para construir os navios que iniciaram, no século
XV, a aventura das Grandes Navegações, que não somente levou
ao Descobrimento do Brasil, mas também transformou o
mundo. Os oceanos, que antes eram obstáculos entre os povos
da Terra, tornaram-se vias de comunicação entre eles.

4
Península Ibérica representa hoje Portugal e
Espanha.
Desenho da quilha e Figuras do casco, cobertas Modelo de galeão de
de outras partes de uma e lemes de uma caravela 300 toneladas Modelo de
caravela de 12 rumos de 12 rumos Caravela de
três mastros.
Fonte: Livro das Traças de Carpintaria de Manuel Fernandez Acervo do
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Serviço de
Documentação
da Marinha

O desenvolvimento dos 5
A vela latina é a que tem a verga longitudinal à

navios portugueses linha de centro do navio, como as dos pequenos


barcos a vela que atualmente competem nas
regatas.

As caravelas provavelmente tiveram sua origem em 6


Suas velas principais têm as vergas transversais à
embarcações de pesca, que já existiam na Península Ibérica4 desde linha de centro do navio e têm a forma de um
trapézio, mas são chamadas de redondas. O nome
o século XIII. Tinham, em geral, velas latinas5. As velas latinas são não tem a ver com seu formato, mas com o fato de
próprias para navegar com qualquer vento e, por isso, adequadas serem semelhantes às velas dos navios mercantes
da Antigüidade, chamados de navios redondos (que
às explorações da costa da África. Principalmente foi com as eram muito largos, ou, em linguagem marinheira,
caravelas que os portugueses exploraram o litoral africano durante tinham uma boca grande em relação a seu compri-
mento). A vela redonda era boa com vento de popa,
o século XV. Devido ao desenvolvimento dos navios e de técnicas mas exigia ângulos bem mais abertos do que a vela
e instrumentos náuticos foi possível chegar ao extremo sul do latina quando navegando contra o vento.
continente africano, ao Cabo da Boa Esperança, permitindo
contornar a África, passando do Oceano Atlântico para o Oceano
Índico, e chegar ao Oriente.
A partir de então apareceu a nau, navio maior destinado à
navegação e ao transporte de mercadorias. Tem-se notícias que
naus de três mastros, com o velame completamente desenvolvido,
eram utilizadas pelos portugueses desde o século XV6.
Por se enfatizar a prática mercantil, as naus eram mal armadas
militarmente, levando poucos canhões para sua defesa e das rotas
Modelo de Nau
marítimas que comandavam, abrindo espaço para a concorrência Acervo do Serviço de Documentação
estrangeira. Até então Portugal vinha utilizando caravelas bem da Marinha

armadas como navio de guerra, mas, desde o início do século XVI, 7


Navio Corsário – Navio, com manutenção, arma-
mento e operação a cargo de particular, que rece-
sentira a necessidade de desenvolver o galeão, navio de guerra bia autorização de um país em conflito, através do
maior e com mais canhões, para combater os turcos no Oriente documento chamado Patente de Corso, para ope-
e os corsários 7 e piratas europeus ou muçulmanos no Atlântico. rar sob sua bandeira exclusivamente contra os ini-
migos do concedente, atacando o comércio maríti-
O galeão foi a verdadeira origem do navio de guerra para mo do adversário e, eventualmente, depredando
emprego no oceano. Foi construído para fazer longas viagens estabelecimentos terrestres. Sustentava-se com o
que fosse conseguido nos apresamentos, o que
e combater longe da Europa. tornava a operação um “negócio”.

19
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Modelo de Galeão do século XVI


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

O desenvolvimento da navegação
oceânica: os instrumentos e
as cartas de marear
Para que Portugal pudesse realizar a expansão marítima
efetiva nos séculos XV e XVI foi preciso que se aperfeiçoasse a
navegação, de modo a que se tornasse transoceânica e não apenas
costeira, como se praticava.
Quando começaram as Grandes Navegações, já eram
conhecidos a bússola, inventada pelos chineses, também chamada
de agulha de marear ou agulha magnética, e, dentre os instrumentos
de observação, o astrolábio.
A bússola é composta por uma agulha
imantada que se alinha em função do campo
magnético natural da terra, podendo-se
saber a direção em que está o pólo norte
magnético, propiciando ao navio traçar seu
rumo, sua direção.
Para saber exatamente a posição em
que se está em relação ao globo
terrestre, é necessário calcular a latitude
e a longitude do local. O cálculo prático
da longitude, a bordo de navios, depende
de se conhecer, com precisão, a hora.
Porém, a inexistência de relógios
(cronômetros) que não fossem afetados pelos
movimentos do navio causados pelas ondas fez
com que a hora não pudesse ser calculada no mar
até o século XVIII, quando foram desenvolvidos
Bússola ou agulha de marear cronômetros adequados para serem utilizados a bordo dos
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
navios. A latitude não era difícil de se calcular e era através dela

20
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e da estimativa de quanto o navio havia se deslocado, que

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os navegadores da época das Grandes Navegações sabiam
aproximadamente onde estavam. Evidentemente, erros de
navegação ocorreram com conseqüências desastrosas.
No Hemisfério Norte, a estrela Polar, que ocupa uma posição
muito próxima do pólo norte celeste, permite nos crepúsculos –
ao nascente e ao poente, quando se avista ao mesmo tempo o
horizonte e as estrelas de maior brilho no céu – um cálculo mais
seguro da latitude. Basta medir sua altura em relação ao horizonte.
Navegar mantendo a mesma altura significa manter a mesma
latitude. Deslocando-se para o Sul ou para o Norte, essa altura 8
Gerardus Mercator, um importante fabricante de
varia. Era assim, e com a ajuda de umas pedras translúcidas que mapas e cartas náuticas, nasceu em 1512, onde hoje
é território belga, e faleceu em 1594.
polarizavam a luz nos dias nublados, que os nórdicos navegavam
sem agulha de marear. Viajando para o Oeste, alcançaram a
Islândia e a América do Norte (muitos séculos antes de
Cristóvão Colombo chegar à América em 1492).
No Hemisfério Sul, a estrela Polar, que marca o pólo norte
celeste, não é visível, e a estrela Alfa do Cruzeiro do Sul (a mais
brilhante desta constelação), que ocupa a posição no céu mais
próxima do pólo sul celeste, não está suficientemente próxima
para ser uma referência para a navegação. A melhor forma de
calcular a latitude nesse hemisfério era observando o Sol em sua
passagem meridiana, ou seja, medindo em graus sua altura, quando
ele passa pelo ponto mais alto do céu, no local onde se está. Os
navegadores da época das Grandes Navegações faziam isto muito
bem, utilizando instrumentos náuticos. O astrolábio era o mais
importante deles e servia, neste caso, para medir o ângulo entre o
Sol em sua passagem meridiana e a vertical. Outros instrumentos
utilizados mais tarde, como o quadrante e o sextante, mediam a
altura do Sol através do ângulo em
relação ao horizonte.
As cartas náuticas eram muito O astrolábio é um instrumento astronômico
inventado pelo grego Hiparco, no século II a.C., e
imprecisas e passaram por um difícil aperfeiçoado pelos astrônomos portugueses. Ele
processo de desenvolvimento. As se constituía de uma roda de madeira com escala
em graus, um pino central (a alidade) com orifícios
que foram inicialmente elaboradas nas duas extremidades (as pínulas). O piloto fazia
pelos portugueses eram conhecidas a alidade girar até os raios do Sol atravessarem os
orifícios das pínulas. O número então indicado na
como portulanos. A partir do final do roda revelava a altura do sol acima do horizonte,
permitindo ao piloto estabelecer a latitude em que
século XVI, passou-se a utilizar a seu navio se encontrava naquele momento.
Projeção de Mercator8. Esta projeção Astrolábio Com o balanço, o astrolábio provocava erros na
medição da altura do Sol.
é utilizada até os dias de hoje nas Acervo do Serviço de
Documentação da
cartas náuticas. Nela os meridianos
e paralelos são representados por linhas retas, que se interceptam
formando ângulos de 90 graus. Isto causa consideráveis distorções
nas latitudes mais elevadas, porém tem a vantagem de os rumos e
as marcações de pontos de terra serem linhas retas, facilitando a
plotagem nas cartas. Como a Terra é aproximadamente esférica

21
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(na verdade um geóide), a distância mais curta entre dois pontos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
não é uma linha reta na Projeção de Mercator, mas isto é somente
um pequeno inconveniente e a curva que representa a menor
distância pode ser calculada pelo navegador.

Compasso de ponta-seca e dois Relógio de sol, de algibeira, preciso


compassos de cartear - um somente na latitude para
completo e parte de outro - até a qual foi construído.
hoje usados para comparar O estojo de marfim continha,
medidas e distâncias sobre originalmente, a rosa, a agulha
as cartas náuticas. magnética e a escala horária com
gnômon rebatível, de bronze.

A vida a bordo dos navios veleiros

A vida a bordo dos navios veleiros era muito difícil. O trabalho


a bordo, com as manobras de pano, muitas vezes durante
tempestades, exigia bastante esforço físico e era arriscado. A
comida, sem possibilidade de se ter uma frigorífica, era deficiente,
principalmente em vitaminas, o que causava doenças como o
beribéri (pela carência de vitamina B) e o escorbuto (carência de
vitamina C). Durante os longos períodos de mau tempo, não havia
como secar as roupas. A higiene a bordo também deixava muito a
desejar. Muitos morreram nas longas viagens oceânicas.
Cabe observar que a vida em terra também não era fácil. O
trabalho podia ser fatigante e o ambiente insalubre. Desconhecia-
se a causa de muitas doenças. Havia pouco conhecimento sobre
uma dieta alimentar adequada, a medicina da época era muito
deficiente e os antibióticos ainda não existiam. Morria-se por
infecções causadas por bactérias, que seriam curadas sem grandes
dificuldades nos dias de hoje.
O escorbuto merece destaque, pois foi uma doença que
causou a morte de muitos marinheiros nas longas estadias no mar,
quando a dieta dependia apenas de peixe, carne salgada e biscoito
(feito de farinha de trigo, o último alimento que se deteriorava a
bordo dos veleiros). O escorbuto é causado pela falta de vitamina
C na dieta. As gengivas incham e sangram, os dentes perdem sua
fixação, aparecem manchas na pele, sente-se muito cansaço. Com
o tempo, vem a morte. Em uma viagem da Marinha inglesa (força
naval comandada pelo Comodoro George Anson), em 1741, dos
dois mil homens que partiram da Inglaterra, somente 200

22
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regressaram. A maioria morreu por causa do escorbuto. Por volta

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de 1800, descobriu-se que esse mal poderia ser evitado
acrescentando à dieta suco de limão, rico em vitamina C, pois sua
ingestão diária, em pequenas doses, evita o escorbuto, tornando
mais saudável a vida a bordo dos navios.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A Expansão Marítima Européia


e o Descobrimento do Brasil
Sinopse
Este capítulo aborda as condicionantes físicas e políticas que
levaram os portugueses a se aventurarem pelo “mar tenebroso” - como
antigamente era chamado o Oceano Atlântico - em busca de caminhos
alternativos para o comércio com o Oriente. Examinamos no capítulo
anterior o desenvolvimento da construção naval e dos instrumentos
náuticos que permitiram tal feito e agora vamos conhecer um pouco
da história de Portugal e de seus navegadores.
O pioneirismo português, ao assumir a liderança do processo
de expansão marítima européia no final do século XIV, encontra
explicação em dois acontecimentos decisivos: o país estava com suas
fronteiras estabelecidas, após as guerras da Reconquista (que resultou
na expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica) e firmava-se, então,
como o primeiro Estado europeu moderno, politicamente centralizado,
após a vitória militar contra os reinos vizinhos de Leão e Castela. Tal
processo de centralização do poder foi fator muito importante para
que o reino português pudesse lançar-se a aventura ultramarina, e
quebrar o monopólio exercido pelas cidades de Gênova e Veneza sobre
as rotas de comércio com a Ásia e estabelecer contato direto com as
fontes produtoras. Para isso, em muito contribuiu a estrutura naval já
existente, cujo desenvolvimento foi estimulado pela coroa portuguesa.
Na verdade, a expansão ultramarina ensejou uma aliança entre setores
mercantis e a nobreza, tendo o Estado o controle e direção de tal
empreendimento.
A primeira conquista portuguesa no ultramar foi a cidade de
Ceuta, ao norte da África onde hoje fica situado o Marrocos. Na
seqüência, Diogo Cão explorou a costa africana entre os anos de 1482
e 1485. Bartolomeu Dias atingiu o sul do continente africano e
ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487 (onde hoje fica a África do
Sul) que, após este acontecimento, passou a chamar-se Cabo da Boa
Esperança. Vasco da Gama, em 1498, chegou a Calicute, Sudoeste da
Índia, estabelecendo a rota entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a
frota de Pedro Álvares Cabral chegou às terras do Brasil, consolidando
o império ultramarino português.
Descoberta as terras que Portugal denominou Brasil, tornou-se
imperioso seu reconhecimento e povoamento. Veremos, a partir daqui,

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quais as expedições que partiram para o reconhecimento do litoral das

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
novas terras e as providências para povoá-la e defendê-la.
Como “Navegar é preciso”, vamos partir para o reconhecimento
de novas terras...

As armas e os barões assinalados


Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram;...

Já no largo Oceano navegavam,


As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,...
(Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra Os Lusíadas, editada em 1572).

Nau
Pintura a óleo de Carlos Kirovsky
Acervo do Clube Naval

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Fundamentos da organização

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
do Estado português e a
expansão ultramarina
A condição fundamental para o processo de formação das
nações européias1 foi a crise do feudalismo, que teve início em
meados do século XIII. Esta crise foi resultante da relativa paz que
vivia o continente europeu, que permitiu a criação dos burgos (fora
dos limites do senhor feudal, que lhes
1
Até o final da Idade Média não existiam nações dava proteção em troca da
como Portugal, Espanha, França e Inglaterra,
por exemplo. Grande parte do território euro-
vassalagem), que viriam a se
peu naquela época era dividido em feudos go- transformar em vilas ou cidades com
vernados por nobres (senhor feudal), onde os
indivíduos (vassalos) consideravam-se naturais
relativa autonomia. Isto provocou o
da cidade em que haviam nascido, como Lon- enfraquecimento dos senhores
dres, Lisboa, Madri. É importante saber que o feudais, reduzindo o poder da nobreza
conceito de Nação e o de Estado não se confun-
dem. O Estado é constituído por um conjunto e, conseqüentemente, abrindo espaço
de instituições e poderes políticos tendo como para a retomada do poder político
base um território. O conceito de Nação pode
ser definido como um agrupamento humano, pelos reis.
em geral numeroso, cujos membros, fixados Os soberanos, à medida que REINO
em um território, são ligados por laços históri- DE REINO DE CASTEL
cos, culturais, econômicos e lingüísticos. Um obtinham recursos financeiros, em PORTUGAL
Estado pode ser formado por várias nações, troca de privilégios, fortaleciam seus
como o caso da ex-União Soviética e da antiga
Iugoslávia. exércitos e submetiam os antigos
feudos e as novas vilas e cidades à sua
autoridade, incorporando esses
territórios ao que viria ser seus reinos.
Era o embrião do futuro Estado REINO DE GR
Nacional.
Intensas lutas precederam e
consolidaram o Estado português. OCEANO
.
Iniciou com a expulsão dos mouros da ATLÂNTICO CEUTA

Península Ibérica em 1249 (os


ÁFRICA
mouros invadiram a Península Ibérica
no ano de 711 2 ), no movimento
denominado Reconquista, quando Portugal consolidou seu
Tarik
Fonte: http://pt:wikipedia.org
território e firmou-se como “o primeiro Estado europeu
moderno”, segundo o historiador Charles Boxer. Mas somente
2
A 30 de abril de 711, o exército de Tarik, após a vitória sobre os Reinos de Leão e Castela, em 1385, na
general berbere muçulmano, desembarcou no Batalha de Aljubarrota, e a assinatura do tratado de paz e aliança
rochedo que posteriormente se chamou Djebel
el-Tarik, ou seja, Monte de Tarik, e que hoje é perpétua com o Reino de Castela, em 1411, a paz foi selada.
conhecido como Gibraltar. Depois de ter todo o Portugal iniciou seu processo de expansão ultramarina
exército em terra, conta-se que mandou quei-
mar os navios e disse aos seus soldados:
conquistando aos mouros a cidade de Ceuta, no norte da África.
“Irmãos pelo Islã! Temos agora o inimigo pela A partir daí, virou-se para o mar, onde se tornou dominante. Como
frente e o mar profundo por detrás. Não pode- não poderia deixar de ser, esta empreitada envolveu somas
mos voltar para o nosso lar porque queimamos
os nossos barcos. Agora só nos resta derrotar o altíssimas e, para financiá-la, a coroa portuguesa se valeu do
inimigo ou morrer de forma covarde, afogando- aumento de impostos e recorreu a empréstimos de grandes
nos no mar. Quem me seguirá?”
comerciantes e banqueiros (inclusive italianos).

26
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Lusitânia

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A região que hoje é conhecida como Portugal foi
originalmente habitada por populações iberas de origem indo-
européia. Mais tarde, foi ocupada, sucessivamente, por fenícios
(século XII a.C.), gregos (século VII a.C.), cartagineses (século III
a.C.), romanos (século II a.C.) e, posteriormente, pelos visigodos
(povo germânico, convertido ao cristianismo no século VI),
desde 624.
Em 711, a região foi conquistada
pelos muçulmanos, impulsionados por
sua política de expansionismo, tendo
REINO DE como base uma coligação formada por
NAVARRA
árabes, sírios, persas, egípcios e
berberes, estes em maioria, todos
unidos pela fé islâmica e denominados
mouros. Quase a totalidade da
REINO DE península caiu em mãos dos mouros
ARA GÃ O
que, em seu avanço, só foram
bloqueados quando tentaram invadir a
LLA França.
A resistência aos invasores só
ganhou força a partir do século XI,
após a formação dos reinos cristãos ao
norte, como Leão, Castela, Navarra e
MAR
Aragão. A guerra deflagrada contra os
MEDITERRÂNEO
mouros contou com o apoio de grande
RANADA
parte da aristocracia européia,
atraída pelas terras que a conquista
lhes proporcionaria.
Durante o reinado de Afonso VI
Península Ibérica
após a consolidação (1069-1109), de Leão e Castela,
do Estado português a partir de 1072, dois nobres
franceses – Raimundo e Henrique de
Borgonha – receberam como recompensa pelos serviços
prestados na campanha a mão das filhas do rei, além de terras
como dote. D. Raimundo recebeu as terras a norte do Rio Minho,
o Condado de Galiza, e D. Henrique o Condado Portucalense.
Estas terras não se constituíam em reinos independentes e seus
proprietários deviam prestar vassalagem ao rei de Leão.
A origem do próprio Estado português se deu com a
formação do Condado Portucalense, sob o domínio de D. Henrique
de Borgonha. Este nobre, tendo o senhorio de ampla região entre
os Rios Minho e Mondego, procurou reforçar, através da luta contra
os mouros, seu poderio sobre os demais senhores de terras
daquela área, bem como conseguir autonomia frente aos

27
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interesses do vizinho Reino de Leão, a cujo soberano, como já foi

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dito, devia vassalagem.
O caráter inicial da formação dos reinos ibéricos, definido
pelos aspectos militar e religioso desenvolvidos nas lutas contra
os mouros, marcou as tendências principais da constituição
desses Estados.
De um lado, o processo de expulsão do inimigo muçulmano
deu prioridade ao aspecto militar, o que criou a necessidade de
unificação do comando das forças cristãs, papel exercido pelos
senhores de terras mais poderosos das diversas regiões da
3
Uma carta régia de 13 de dezembro de 1143
península. Por outro lado, o profundo caráter religioso tomado
colocou o novo reino sob a proteção da Santa pela Reconquista, identificada com as cruzadas contra os infiéis
Sé, o que lhe garantia a mediação do papado em
caso de ruptura do Tratado de Zamora e a cria-
muçulmanos, fez com que a Igreja de Roma tivesse grande interesse
ção de bispados sem interferência leonesa. Esse no sucesso das forças cristãs.
processo se concluiu em 1179, quando o Papa
Alexandre III, pela bula Manifestis Probatum,
As vitórias alcançadas pelos exércitos de D. Henrique
de 23 de maio do mesmo ano, reconheceu mostraram à Santa Sé a importância que estes vinham adquirindo
Dom Afonso Henriques como rei de Portugal. no sucesso das lutas militares. Assim, os interesses do senhorio do
condado e os do papado iam aos poucos convergindo para o
reconhecimento da autonomia portucalense ante o Reino de Leão.
O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre o Duque
portucalense D. Afonso Henriques (1128-1185), filho de Henrique
de Borgonha, e D. Afonso VII, imperador de Leão, determinou o
reconhecimento por parte deste último da independência do antigo
condado, agora Reino de Portugal.3

Os diferentes reinos cristãos

Mapa da evolução da Reconquista cristã


Fonte: http://pt:wikipedia.org

28
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Ordens militares e religiosas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Outro fator a ser ressaltado diz respeito às ordens militares
(ordens de cavalaria sujeitas a um estatuto religioso e que se
propunham a lutar contra os mulçumanos) no processo da
Reconquista. Tais ordens, fundadas com o intuito de auxiliar os
doentes e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para
combater militarmente os adeptos da fé mulçumana, participaram
das batalhas contra os mouros na Península Ibérica.
Seus contingentes, em muitos casos, formaram a base dos
exércitos cristãos. Em conseqüência dessa atuação, várias ordens
receberam doações de terras nos reinos ibéricos. Em Portugal, as
ordens dos Templários, de Avis e de Santiago foram as mais
beneficiadas por tais privilégios.
As ordens, no entanto, não se destacaram apenas pelo seu
aspecto militar. Contribuíram significativamente para o povoamento
do território português, a partir das regiões que lhes foram
distribuídas. Em torno de castelos e fortalezas, com efeito,
desenvolveram atividades agrícolas que levaram à fixação da
população.
Além disso, foi igualmente importante nesse processo de
Ilustração de uma batalha na fase da Reconquista
ocupação territorial a participação das ordens religiosas cujos Fonte: http://pt:wikipedia.org
membros não atuavam das lutas militares. Os mosteiros e capelas
destas ordens, dentre as quais se destacou a dos beneditinos,
tornaram-se pólos de atração pela segurança que ofereciam a
inúmeras famílias. Da mesma forma, desde a Reconquista, as ordens
tomaram a peito a colonização de zonas desertas ou dizimadas
pela guerra, criando novos focos de povoamento e estimulando a
exploração da terra.

O papel da nobreza
Além de setores diretamente ligados à Igreja, assinala-se
também intensa vinculação da nobreza portucalense na formação
do Estado Nacional lusitano. Este setor social, cujo poder se
originava na propriedade da terra, também participou de forma
decisiva nas guerras da Reconquista, apoiando o esforço militar da
realeza. Esta, num primeiro momento, concedeu privilégios
bastante amplos à nobreza. Mais tarde, contudo, pretendeu limitar
tais privilégios, impondo medidas que beneficiavam a centralização
do poder.
Uma das providências tomadas nesse sentido foi a autonomia
concedida pelo poder central aos concelhos (que correspondem
aos municípios nos dias de hoje), onde começavam a ter influência
as aspirações de comerciantes e mestres de ofício. O apoio do rei
aos concelhos visava a enfraquecer o poder da nobreza fundiária
em sua própria base territorial, impedindo assim que os senhores

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de terras fizessem prevalecer livremente seus interesses nas áreas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
que comandavam, sem levar em conta as determinações régias.
Outro mecanismo de limitação do poder da nobreza
foi o estabelecimento das inquirições. A partir de uma
interrupção nas lutas militares contra os mouros, entre os séculos
XII e XIII, a coroa portuguesa buscou avaliar a situação da
propriedade de terras no reino.
Durante a Reconquista, a nobreza laica e eclesiástica
aproveitou-se da falta de controle régio para alargar seus domínios
territoriais e privilégios, prejudicando em alguns casos os direitos e
4
Durante o reinado de D.Dinis foi publicado código
rendimentos da coroa. Para coibir tal situação, o poder real utilizou-
voltado para a proteção das classes menos se das inquirições, pelas quais se formavam comissões de
favorecidas contra abusos de poder, e estimulada
uma “reforma agrária” que incluiu a redistribuição
inquérito (alçadas) a fim de investigar se os direitos reais
de terras e fundação de várias comunidades rurais. devidos estariam sendo cumpridos e até mesmo verificar o direito
A cultura foi um de seus interesses pessoais e,
como apreciador da literatura, escreveu vários li-
legal às propriedades.
vros abordando temas como administração e vários Tal mecanismo se completava com as confirmações, processo
volumes de poesia. Nesse período, Lisboa foi con-
siderada um importante centro cultural, culminan-
pelo qual o rei sancionava não só a propriedade da terra como o
do com a fundação da Universidade de Coimbra próprio título nobiliárquico do senhor em questão. Esses poderes
pela Magna Charta Priveligiorum. submetiam, de certa maneira, a nobreza eclesiástica e civil à coroa,
já que passavam a depender desta para a preservação tanto do
título quanto da propriedade.

A importância do mar na formação de Portugal

Paralelamente aos problemas político-territoriais apontados,


é digno de destaque que, além da agricultura, o comércio marítimo
e a pesca eram as mais importantes atividades praticadas em
Portugal, país de solo nem sempre fértil e produtivo. A atividade
pesqueira destacou-se como fundamental para complemento da
alimentação de sua população.
Situado em posição geográfica estratégica, à beira do Oceano
Atlântico e próximo ao Mediterrâneo, era de se esperar que
desenvolvesse grande devotamento à navegação e,
D. Dinis conseqüentemente, à construção naval. Natural, também, que a
Fonte: http://pt:wikipedia.org
Marinha portuguesa fosse utilizada em caráter militar, o que ocorreu
a partir do século XII.
No reinado de D. Sancho II (1223-1245) podem ser
assinaladas as primeiras tentativas de implantação de uma frota naval
pertencente ao Estado, ordenando, inclusive, a construção de locais
específicos nas praias para reparo de embarcações.

Desenvolvimento econômico e social


Durante o reinado de D. Dinis (1279-1325)4, sexto rei de
Portugal (primeiro a assinar documentos com nome completo e,
presumidamente, primeiro rei não analfabeto daquele país),
iniciativas bastante relevantes foram adotadas para o fomento da

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cultura, da agricultura, do comércio e da navegação. Denominado

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei Poeta ou Rei Trovador, D.
Dinis foi um monarca essencialmente administrador e não
guerreiro. Envolvendo-se em guerra contra Castela, em 1295,
desistiu dela em troca das Vilas de Serpa e Moura. Pelo Tratado de
Alcanizes (1297) formou a paz com Castela, ocasião em que foram
definidas as fronteiras atuais entre os países ibéricos.
Preocupado com a infra-estrutura do país, ordenou a
exploração de minas de cobre, estanho e ferro, fomentou as trocas
comerciais com outros países, assinou o primeiro tratado comercial
com a Inglaterra, em 1308, e instituiu a Marinha Real. Nomeou 5
Hoje, técnica muito parecida é defendida por
então o primeiro almirante (que se tem conhecimento) da Marinha ambientalistas para ser implantada na exploração de
madeira da região amazônica, considerada interna-
portuguesa, Nuno Fernandes Cogominho, para cuja vaga foi cionalmente como “ecologicamente correta”.
contratado, em 1317, o genovês Pezagno (ou Manuel Pessanha). 6
Durante o reinado de Dom Afonso IV (1325-
Data dessa época a chegada dos portugueses às Ilhas Canárias. 1357), Portugal foi atingido pela peste negra
Deve-se também à sua iniciativa a intensificação da (peste bubônica, transmitida pelas pulgas que
infestam ratos). Esta foi a maior, a mais trágica
monocultura do pinheiro bravo (Pinhal de Leiria), em princípio, epidemia que a História registra, tendo produ-
zido um morticínio sem paralelo. Foi chamada
com a finalidade de criar uma barreira vegetal que protegesse as peste negra pelas manchas escuras que apareci-
terras agrícolas do avanço das areias costeiras e, também, como am na pele dos enfermos. Como outras epide-
mias, teve início na Ásia Central, espalhando-se
reserva florestal para o fornecimento de madeira destinada à por via terrestre e marítima em todas as dire-
construção naval e à exportação. ções. Em 1334 causou 5 mil mortes na Mongólia e
no norte da China. Houve grande mortandade na
O cultivo era extremamente racional: sempre que havia corte Mesopotâmia e na Síria, cujas estradas ficaram
de árvores, novas mudas eram plantadas de imediato, recorrendo- juncadas de cadáveres dos que fugiam das cida-
des. No Cairo os mortos eram atirados em
se a enormes sementeiras 5 . Esta ação manteve o pinhal valas comuns e em Alexandria os cadáveres
ficaram insepultos. Calcula-se em 24 milhões
praticamente intacto e foi bastante utilizado durante os séculos o número de mortos nos países do Oriente.
XV e XVI, no período dos descobrimentos marítimos. Além de Em 1347 a epidemia alcançou a Criméia, o arquipé-
lago grego e a Sicília. Em 1348 embarcações
fornecer madeira para a construção naval, o pinho fornecia um genovesas procedentes da Criméia aportaram
subproduto importantíssimo para conservação e calafeto dos cascos em Marselha, no sul da França, ali disseminando
a doença. Em um ano, a maior parte da popula-
das embarcações: o chamado pez, alcatrão vegetal de grande poder ção de Marselha foi dizimada pela peste. Em
de vedação. É notável que o Pinhal de Leiria exista até os dias de 1349 a peste chegou ao centro e ao norte da
Itália e dali se estendeu a toda a Europa.
hoje, constituindo uma das maiores manchas naturais da região do Em sua caminhada devastadora semeou a desolação
e a morte nos campos e nas cidades. Povoados
norte do distrito de Leiria. inteiros se transformaram em cemitérios. Calcula-
No reinado de D. Fernando I (1367-1383), último soberano se que a Europa tenha perdido a metade de sua
população. Em Portugal, o impacto da epidemia tam-
da dinastia de Borgonha, foi baixada a Lei de Sesmarias, de 28 de bém foi muito grande, tendo como conseqüência
maio de 1375. Tendo como medida coercitiva mais rígida a natural a drástica redução da mão-de-obra em to-
dos os níveis. Os trabalhadores que sobrevive-
expropriação das terras não produtivas, essa lei foi mais uma ram exigiram salários superiores aos que vi-
tentativa de solucionar a carência de mão-de-obra no campo, goravam antes da peste, gerando forte rea-
ção dos proprietários de terras, que apela-
causada pela fuga das populações para os centros urbanos, devido ram para o rei. Como resultado, o Rei Afon-
so IV (1325-1357), em 1349, ordenou que os
à peste negra6. O resultado foi uma séria crise de abastecimento proprietários e autoridades competentes de-
de gêneros alimentícios no reino. terminassem as medidas necessárias: foram
fixados salários abaixo do que os trabalhado-
A Lei de Sesmarias, que mais tarde seria aplicada no Brasil, res esperavam; tornaram obrigatória a acei-
teve pouco efeito prático. Seus artigos, apesar de conterem tação da proposta por todos os trabalhadores
e também obtiveram o direito de recrutar a
ameaças aos proprietários de terras, atuaram no sentido de mão-de-obra à força. Apesar deste elenco de
fortalecê-los, pois obrigavam os trabalhadores a permanecerem medidas, passados três anos, os proprietári-
os de terras permaneciam insatisfeitos com
nos campos, mesmo em troca de baixa remuneração. as dificuldades de recrutar trabalhadores pelo
salário fixado. Em face do insucesso das me-
Ainda durante o reinado de D. Fernando I, a construção naval didas coercitivas, agravou-se a crise de abas-
recebeu grande incentivo, mediante a isenção de impostos e a tecimento no país.

31
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concessão de vantagens e garantias aos construtores navais, tais

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
como a autorização aos construtores de embarcações com mais
de cem tonéis que cortassem a madeira necessária nas matas reais
com isenção de impostos. Também ficou isenta de impostos, a
matéria-prima importada destinada à construção naval. Em 1380,
o monarca criou a Companhia das Naus, que funcionava como
uma empresa de seguros destinada a evitar a ruína financeira dos
homens do mar. Como resultado, incrementaram-se o comércio
marítimo, a exportação de produtos da agricultura e a importação
de tecidos e manufaturas. As rendas da Alfândega de Lisboa,
7
Porém, o estabelecimento de um novo imposto, a
considerado porto franco, aumentaram significativamente e era
sisa, ao incidir sobre as trocas comerciais realizadas intensamente freqüentado por estrangeiros.
no Reino, constituiu a principal fonte de recursos Outra importante iniciativa de D. Fernando foi a instalação
para o Tesouro Real. A coroa, em conseqüência,
estabeleceu uma política de incentivo às atividades da Torre do Tombo, o Arquivo Nacional Português, onde se
mercantis. No entanto, se esta política de fato be- guardavam documentos importantes que preservavam a memória
neficiou o setor mercantil único capaz de, naquele
momento, propiciar o sustento da nobreza, por e a história de Portugal. Foi-lhe dado este nome porque ficava
outro lado o subordinou aos próprios interesses do sediado numa torre do Castelo de São Jorge, e tombo, porque
Estado. Do mesmo modo, as decisões quanto aos
investimentos na empresa mercantil marítima eram significava lançar em livro, inventariar, registrar.
tomadas por funcionários reunidos nos diversos D. Fernando I envolveu-se em três guerras contra Castela e
conselhos régios, e não pelos diretamente envolvi-
dos na questão.
passou a ser malvisto pela opinião pública por seu casamento com
Dona Leonor Teles (cujo casamento anterior fora anulado). Após
a morte de D. Fernando, os portugueses não aceitaram a regência
da rainha viúva em nome da filha, a Infanta Dona Beatriz, casada
com um potencial inimigo, o rei de Castela. Este fator, somado à
continuidade da crise de abastecimento, deflagrou a Revolução de
Avis.
Após deliberação das Cortes, foi aclamado rei o Mestre da
Ordem de Avis, D. João I (1385-1433), filho bastardo do oitavo rei
de Portugal D. Pedro I (1357-1367), a quem caberia inaugurar uma
nova dinastia.
Vitoriosa em Lisboa, a revolta transformou-se em movimento de
fidalgos e plebeus em guerra contra Castela, cujo rei declarou
pretensão à coroa portuguesa. Os castelhanos foram vencidos
em várias batalhas e, embora tenham bloqueado Lisboa, foram,
afinal, fragorosamente derrotados na Batalha de Aljubarrota (1385).
A paz só foi selada em 1411.
Outra conseqüência importante dos fatos apontados foi a
renovação da aristocracia portuguesa. Os setores que haviam
apoiado Castela tiveram seus bens confiscados pela coroa, a qual
os doou em parte aos seus aliados. Com tal divisão na nobreza,
houve até mesmo casos em que pais perderam os bens para seus
próprios filhos.
Além disso, o apoio dos grupos mercantis a D. João I fez
com que as aspirações de tais grupos passassem a ser valorizadas
pelo poder régio. A situação econômica do reino, ao sair
vitoriosa da revolução, era uma das mais graves. A alta do custo
de vida e a queda do valor da moeda colocaram o tesouro
português em situação bastante difícil.7
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A nobreza também teve suas bases de poder atingidas pelo

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
movimento de centralização régia, com a colocação em prática da
Lei Mental. Por meio dessa lei, baixada por D. Duarte (1433-1438)
em 8 de abril de 1434, os bens doados pela coroa à nobreza só
poderiam ser herdados pelo filho varão legítimo mais velho. Isso
permitiu à coroa retomar uma série de propriedades antes doadas
às famílias nobres, reforçando seu poder e, de alguma maneira,
minando as bases do poderio senhorial.
Tal processo de centralização do poder foi o elemento
essencial que permitiu ao reino português lançar-se na expansão
ultramarina. Deve-se destacar ainda que os limites da extração das 8
A mentalidade vigente na Europa no século XV se
rendas obtidas com a agricultura fizeram a coroa voltar seus olhos caracterizava por uma visão do mundo desconheci-
às atividades comerciais e marítimas. do como alguma coisa muito perigosa. Acreditava-
se que nos oceanos viviam monstros terríveis, cor-
O monopólio exercido pelas cidades italianas de Gênova e rentes traiçoeiras e intransponíveis à espera dos
marinheiros. Uma mistura de conhecimentos geo-
Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia levou os grupos gráficos com crendices e lendas que atormentava
mercantis portugueses a procurar outra alternativa para a realização os homens do mar. Quando os navegadores dobra-
ram o Cabo Bojador no reconhecimento da costa
de seus negócios e, conseqüentemente, para obtenção de lucros. africana, isto foi considerado um grande feito, ten-
A saída seria a tentativa de contato direto com os comerciantes do em vista a visão existente do que existiria além
naquele mar desconhecido. Doze anos levaram os
árabes, evitando o intermediário genovês ou veneziano. Para isso portugueses na tentativa de ultrapassá-lo. Os cro-
nistas da época assim se referiam: “Depois deste
muito contribuiu a estrutura naval já existente no reino, cujo cabo não há gente ou povoação alguma; a terra não
desenvolvimento foi estimulado pela coroa. é menos arenosa que os desertos da Líbia, onde
não há água, nem árvore, nem erva verde; e o mar
A expansão marítima portuguesa caracterizou-se por duas é tão baixo, que a uma légua de terra não há fundo
vertentes. A primeira, de aspecto imediatista, realizada ao norte mais que uma braça. As correntes são tamanhas
que o navio que lá passe jamais nunca poderá
do continente africano, visava à obtenção de riquezas acumuladas tornar...Ora qual pensais que havia de ser o capitão
de navio a que pusessem semelhantes dúvidas dian-
naquelas regiões através de prática de pilhagens. A tomada de Ceuta, te, e mais por homens a que a razão de dar fé e
no norte da África (Marrocos), em 1415, seria um dos exemplos autoridade em tais lugares, que ousasse de tomar
tal atrevimento, sob tão certa esperança de morte
mais representativos deste tipo de empreendimento e marca o como lhe ante os olhos se apresentaram?”Nessa
início da expansão portuguesa rumo à África e à Ásia8. época vivia-se muito pouco se compararmos com
os dias de hoje. A média de vida era de 30 anos, e
Em menos de um século, Portugal dominou as rotas um homem saudável de 60, uma raridade. Daí tal-
vez o fato de indivíduos assumirem a vida do mar
comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia, cuja presença foi motivados pelo espírito aventureiro e também cons-
tão marcante nesses mercados que, nos séculos XVI e XVII, a língua cientes da grande incerteza de retorno.

portuguesa era usada nos portos como língua franca – aquela que
permite o entendimento entre marinheiros de diferentes
nacionalidades. Na segunda vertente, o objetivo colocava-se mais
a longo prazo, já que se buscava conquistar pontos estratégicos
das rotas comerciais com o Oriente, criando ali entrepostos
(feitorias) controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da
tomada das cidades asiáticas. Tal modo de expansão também ficou Ordem de Cristo

marcado pelo aspecto religioso (cruzadas), pois mantinha-se a idéia 9


É necessário ressaltar a importante atuação das
de luta cristã contra os muçulmanos.9 ordens militares no processo de expansão ultrama-
rina, especialmente da riquíssima Ordem de Cris-
A expansão ultramarina permitiu, assim, uma convergência to. Constituída em 1319, com os bens lusitanos
pertencentes à Ordem dos Templários (1119-1311),
de interesses entre os setores mercantis e a nobreza, tendo o a Ordem de Cristo tornou-se aos poucos detento-
Estado o papel de controle e direção de tal empreendimento. O ra de um grande poder no reino, o que despertou
o interesse da coroa em absorver suas posses,
monopólio do comércio dos produtos asiáticos e o tráfico de quando do movimento, já referido, de centralização
escravos africanos (mão-de-obra para as regiões produtoras de político-administrativa. Mais tarde, a obtenção do
grão-mestrado da Ordem de Cristo por Dom João
matérias-primas) enriqueciam não só os grupos mercantis, como III (1521-1557), em 1522, permitiu ao monarca
garantir a si próprio os poderes oriundos da influ-
geravam vultosas receitas para o tesouro régio, as quais a coroa, ência da própria ordem.

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em certa medida, repassava à nobreza através da doação de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mercês, bens móveis e de raiz, bem como de privilégios.
Cronologicamente e resumidamente, assim se deu o referido
processo expansionista:
· Entre 1421 e 1434, os lusitanos chegaram aos Arquipélagos da
Madeira e dos Açores e avançaram para além do Cabo Bojador.
Até esse ponto, a navegação era basicamente costeira.
· Em 1436 atingiram o Rio do Ouro e iniciaram a conquista da
Guiné. Ali se apropriaram da Mina, centro aurífero explorado pelos
reinos nativos em associação aos comerciantes mouros, a maior
fonte de ouro de toda a história de Portugal até aquela data.
· Em 1441, chegaram ao Cabo Branco.
· Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal, onde instalaram
a primeira feitoria em território africano e iniciaram a
comercialização de escravos, marfim e ouro.
· Entre 1445 e 1461, descobriram o Cabo Verde, navegaram pelos
Rios Senegal e Gâmbia e avançaram até Serra Leoa.
· Entre 1470 e 1475, exploraram a costa da Serra Leoa até o Cabo
de Santa Catarina.
· Em 1482, atingiram São Jorge da Mina e avançaram até o Rio
Zaire, o trecho mais difícil da costa ocidental africana. O navegador
Diogo Cão explorou a costa da África Ocidental entre 1482 e 1485.
· No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das
Tormentas, no extremo Sul do continente – que passou a ser
Vasco da Gama chamado de Cabo da Boa Esperança – e chegou ao Oceano Índico,
Fonte: http://pt:wikipedia.org
conquistando o trecho mais difícil do caminho das Índias.
· Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa Sudoeste
da Índia, estabelecendo a rota entre Portugal e o Oriente.
Durante o reinado de D. João II, iniciado em 1481, a
expansão ultramarina atingiu o auge com os feitos dos navegadores
Diogo Cão e Bartolomeu Dias. Abriram-se, desse modo, novas e
extraordinárias perspectivas para a nação portuguesa. O negócio
das especiarias do Oriente, levadas para a Arábia e para o Egito
pelos árabes e dali transportadas aos países europeus, por
intermédio de Veneza – que enriquecera com o tráfico –, vai se
concentrar em novas rotas, deslocando o foco do comércio
mundial do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
Foi justamente um genovês, Cristóvão Colombo, quem
abalou as pretensões de D. João II na sua política expansionista, ao
descobrir a América em 1492. No retorno de sua famosa viagem,
Colombo avistou-se com o rei de Portugal comunicando-lhe a
descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo já havia oferecido
seus serviços ao soberano português, que recusou a oferta baseado
em informações dadas pelos cosmógrafos do reino, levando o
genovês a dirigir-se a Castela, onde obteve apoio financeiro para
sua famosa viagem.

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Abalado com as notícias trazidas por Colombo, D. João II

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
cogitou em mandar uma expedição em direção às terras recém-
descobertas, convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco
depois, a questão foi arbitrada por três bulas10 do Papa Alexandre
VI, que concederam à Espanha os direitos sobre as terras achadas
por seus navegadores a ocidente do meridiano traçado a cem léguas
a oeste das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde.
Os portugueses discordaram da proposta e novas
negociações resultaram na assinatura do Tratado de Tordesilhas
(cidade espanhola) em 7 de junho de 1494, que garantiu à coroa
portuguesa as terras que viessem a ser descobertas até 370 léguas 10
Documentos emitidos pelos papas de caráter
a oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas além internacional e oficial.
desse limite pertenceriam à Espanha.
D. João II morreu em 1495 e coube ao seu sucessor, D.
Manuel, dar continuidade ao projeto expansionista. Durante sua
gestão aconteceu a famosa viagem de Vasco da Gama, que partiu
do Rio Tejo em julho de 1497, dobrou o Cabo da Boa Esperança,
transpôs o Rio Infante, ponto extremo da viagem de Bartolomeu

Mapa das Grandes Navegações


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

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Dias, reconheceu Moçambique, Melinde, Mombaça e, em maio

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de 1498, após quase um ano de viagem, chegou a Calicute, na
Índia.
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal em contato
direto com a região das especiarias, do ouro e das pedras preciosas,
e, como conseqüência, a conquista do quase total monopólio de
tais produtos na Europa, abalando seriamente o comércio das
repúblicas italianas. A conquista da rota marítima para as Índias
assumiu, na época, importância revolucionária e suas conseqüências
imediatas empalideceram até mesmo o maior acontecimento da
história moderna das navegações: o descobrimento da América
por Cristóvão Colombo.

A descoberta do Brasil

Vasco da Gama retornou a Portugal


em julho de 1499 sob clima de grande
excitação motivado pela descoberta da
nova rota para a Índia. Pouco depois, a
9 de março de 1500, partiu em direção
ao oriente uma portentosa frota de 13
navios (dez provavelmente eram naus e
“três navios menores”, que seriam
caravelas, incluída aí, uma naveta de
mantimentos).
De seu comandante, Pedro Álvares
Cabral, sabe-se que nasceu na Vila de
Belmonte em 1467 ou 1468, segundo
filho de Fernão Cabral, senhor de
Belmonte, e de Dona Isabel de Gouveia.
Na juventude teria prestado bons
serviços à coroa nas guerras da África e
por isso recebia 13.000 réis anuais. De
qualquer modo, sabe-se da dúvida de D.
Manuel na escolha do comandante da
expedição, que no primeiro momen-to
recaiu sobre Vasco da Gama.
Cabral teria na época cerca de 30
anos e levava consigo marinheiros
ilustres, como Bartolomeu Dias e
Nicolau Coelho, além de numerosa
tripulação, perto de 1.500 homens,
alguns degredados e oito frades fran-
Frota de Cabral
Livro das Armadas. c. 1568.
ciscanos, os primeros religiosos manda-
Academia das Ciências, Lisboa dos por Portugal a tais lugares.
Uma das recomendações feitas a

36
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Cabral era que tivesse particular cuidado com o sistema de ventos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
nas proximidades da costa africana, fruto da experiência de Vasco
da Gama. Na manhã do dia 14 de março, a frota atingiu as Ilhas
Canárias, fazendo 5.8 nós de velocidade média. No dia 22, avistou
São Nicolau, uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde. Na
manhã seguinte, desgarrou a nau comandada por Vasco de
Ataíde, que foi procurada exaustivamente e dada como
perdida.
Prosseguindo a navegação sempre em rumo sudoeste, foram
avistadas ervas marinhas, indicando terra próxima. No dia 22 de
abril, foram avistadas as primeiras aves e ao entardecer avistaram
terra. Ao longe, um monte alto e redondo foi denominado Pascoal
por ser semana da Páscoa. Na manhã seguinte, avançaram as
caravelas sondando o fundo e fundeando a milha e meia da praia
próxima à foz de um rio mais tarde denominado Rio do Frade.
Após reunião com os comandantes, foi decidido enviar a terra um
batel sob o comando de Nicolau Coelho para fazer contato com
os homens da terra, quando se deu o primeiro
encontro entre portugueses e indígenas.
Durante a noite soprou vento forte, seguido
de chuvarada, colocando em risco as embarcações.
Consultados os pilotos, decidiu Cabral sair em busca
de local mais abrigado, chegando em Porto Seguro,
hoje Baía Cabrália. Alguns tripulantes desceram a
terra, não conseguindo se fazer entender nem ser
entendidos pelos habitantes que falavam uma língua
desconhecida.
No domingo de Páscoa, rezou-se a missa e
foi decidido mandar ao reino, pela naveta de
mantimentos, a notícia do acontecimento. Nos dias
posteriores, os marinheiros ocuparam-se em
cortar lenha, lavar roupa e preparar aguada, além
de trocar presentes com os habitantes do lugar. Em
1o de maio, Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar
onde foi erigida uma cruz, próximo ao que hoje
conhecemos como Rio Mutari. Assentadas as armas
reais e erigido o cruzeiro em lugar visível, foi erguido
um altar, onde Frei Henrique de Coimbra celebrou
a segunda missa.
Pedro Álvares Cabral
No dia 2 de maio, a frota de 11 navios Fonte: http://pt: wikipedia.org
levantou âncoras rumo a Calicute, deixando na praia
dois degredados, além de outros tantos grumetes,
se não mais, que desertaram de bordo. Antes de atingirem o Cabo
da Boa Esperança, quatro navios naufragaram e desgarrou-se a
nau comandada por Diogo Dias, que percorreu todo o litoral

37
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africano, reencontrando a frota na altura de Cabo Verde, quando

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
esta retornava a Portugal.
Com seis navios, Cabral alcançou à Índia, em setembro de
1500. Em Calicute, as negociações foram difíceis, surgindo
desentendimentos com os indianos, quando portugueses foram
mortos em terra (inclusive o escrivão da Armada, Pero Vaz de
Caminha) e o porto bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou
em Cochim e Cananor, onde foi bem recebida, abastecendo-se de
especiarias antes da viagem de retorno, iniciada no dia 16 de
janeiro de 1501. No trajeto de volta, um navio perdeu-se
11
Américo Vespúcio (1454-1512) – Navegador ita- no regresso e, dos que sobraram da esquadra, cinco
liano que estava a serviço de Portugal. Foi repre- retornaram ao reino. Em 23 de junho, a Armada adentrou
sentante dos Médicis em Sevilha. Teve em sua ho-
menagem o novo continente batizado com nome de o Rio Tejo concluindo sua jornada.
América pelo cosmógrafo Martin Waldseemüller em

O reconhecimento da costa brasileira


sua Cosmographie Introductio.

A expedição de 1501/1502

Preocupado em realizar o reconhecimento da nova terra,


D. Manuel enviou, antes mesmo do retorno de Cabral, uma
expedição composta por três caravelas comandadas por Gonçalo
Coelho, tendo a companhia do florentino Américo Vespúcio11. A
expedição partiu de Lisboa em 13 de maio de 1501 em direção às
Canárias, de onde rumou para Cabo Verde. Nessa ilha se encontrou
com navios da Esquadra de Cabral que regressavam da Índia. Em
meados do mês de junho, partiu para sua travessia oceânica,
chegando à costa brasileira na altura do Rio Grande do Norte.
Na Praia dos Marcos (RN), deu-se o primeiro desembarque,
Américo Vespúcio tendo sido fincado um marco de pedra, sinal da posse da terra. A
Fonte: http://pt:wikipedia.org/wikiimagem:
amerigo_vespucci.jpg
partir de então, Gonçalo Coelho deu partida a sua missão
exploradora navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou
e denominou pontos litorâneos, conforme calendário religioso da
12

16 de agosto (1501) – Cabo de São Roque (RN)


28 de agosto – Cabo de Santo Agostinho (PE) época12. O périplo costeiro da expedição teve como limite sul a
14 de setembro – Cabo de São Jorge (PE)
29 de setembro – Rio de São Miguel (AL)
região de Cananéia, localizada no atual litoral Sul do Estado de São
4 de outubro – Rio de São Francisco (SE) Paulo.
1 de novembro – Baía de Todos os Santos (BA)
14 de novembro – Rio de São João (BA)
13 de dezembro – Rio de Santa Luzia (BA)
21 de dezembro – Serra de São Tomé (RJ)
A expedição de 1502/1503
1 de janeiro (1502) – Rio de Janeiro
6 de janeiro – Angra dos Reis (RJ)
13 de janeiro – Rio Jordão (RJ)
Essa segunda expedição foi resultado do arrendamento da
17 de janeiro – Rio de Santo Antônio (RJ) Terra de Santa Cruz (nome inicial das nossas terras) a um consórcio
20 de janeiro – Porto de São Sebastião (RJ)
22 de janeiro – Rio e Porto de São Vicente (SP) formado por cristãos-novos 13, encabeçado por Fernando de
29 de fevereiro – Rio de Cananéia (SP) Noronha, e que tinha a obrigação, conforme contrato, de mandar
13
Cristão-novo era o judeu que se conver- todos os anos seis navios às novas terras com a missão de descobrir,
teu ao cristianismo por ocasião da Inquisição a cada ano, 300 léguas a vante e construir uma fortaleza.
ocorrida na Europa.
Segundo o Almirante Max Justo Guedes14, essa viagem foi
14
Coleção História Naval Brasileira, I Volume –
Tomo I.
realizada entre o segundo semestre de 1502 e o primeiro semestre

38
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de 1503. A rota traçada pela
expedição possivelmente seguiu o
percurso normal até Cabo Verde,
cruzou o Atlântico, passando pelo
Arquipélago de Fernando de
Noronha, concluindo sua nave-
gação nas imediações de Porto
Seguro.

A expedição de 1503/1504

Segundo as informações do
cronista Damião de Góis, essa
expedição partiu de Portugal em
10 de junho de 1503, era
composta por seis naus, e
novamente foi comandada por
Gonçalo Coelho. Ao chegarem
em Fernando de Noronha,
naufragou a capitânia. Neste local
deu-se a separação da frota. Após
aguardar por oito dias o
aparecimento do restante da
frota, dois navios (num dos quais
se encontrava embarcado
Américo Vespúcio) rumaram para
a Baía de Todos os Santos, pois
assim determinava o regimento
real para qualquer navio que se perdesse da companhia do
capitão-mor. 15
As feitorias foram os primeiros estabelecimentos
Havendo aguardado por dois meses e quatro dias alguma europeus ao longo da costa brasileira, não constitu-
notícia de Gonçalo Coelho, decidiram percorrer o litoral em direção íam núcleos de povoamento e sim depósitos provi-
sórios das riquezas retiradas da terra.
ao sul, onde se detiveram durante cinco meses em um ponto cujas
coordenadas indicam ter sido no litoral do Rio de Janeiro, onde
ergueram uma fortificação e deixaram 24 homens. Logo depois
retornaram a Portugal aportando em 18 de junho de 1504.
Gonçalo Coelho com o restante da frota regressou a Portugal,
ainda em 1503.

As expedições guarda-costas
A costa do pau-brasil prolongava-se desde o Rio de Janeiro
até Pernambuco, onde foram sendo estabelecidas feitorias15, nas
quais navios portugueses realizavam regularmente o carregamento
desse tipo de madeira para o reino. Esse negócio rendoso começou
a atrair a atenção de outros países europeus que nunca aceitaram
a partilha do mundo entre Portugal e Espanha, dentre eles a França.

39
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Os franceses começaram a freqüentar nosso litoral

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
comercializando o pau-brasil clandestinamente com os índios.
Portugal procurou, a princípio, usar de mecanismos diplomáticos,
encaminhando várias reclamações ao governo francês na esperança
de que o mesmo coibisse esse comércio clandestino.
Notando que ainda era grande a presença de contrabandistas
franceses no Brasil, D. Manuel resolveu enviar o fidalgo português
Cristóvão Jaques16, com a missão de realizar o patrulhamento
da costa brasileira 17 .
Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de nossa costa
entre os períodos de 1516 a 1519, 1521 a 1522 e de 1527 a 1528,
16
O sobrenome de Jaques não é de origem onde combatendo e reprimindo as atividades do comércio
francesa e sim devido aos membros dessa famí-
lia serem oriundos de Jaca, cidade espanhola do
clandestino.
Alto Aragão. Em 1528, foi dispensado do cargo de capitão-mor da
17
Uma de suas primeiras providências foi
Armada Guarda-Costa, regressando para Portugal.
transladar, por motivo de segurança, a feitoria
do Rio de Janeiro para Itamaracá, em
Pernambuco.
A expedição colonizadora de
18
Martim Afonso de Sousa contou com a pre-
sença e o auxilio de seu irmão Pero Lopes de Martim Afonso de Sousa
Sousa, que registrou em diário os principais
acontecimentos da viagem.
Em 1530, Portugal resolveu enviar ao Brasil uma expedição
comandada por Martim Afonso de Sousa visando à ocupação da
nova terra18. A Armada partiu de Lisboa a 3 de dezembro e era
composta por duas naus, um galeão e duas caravelas que, juntas,
conduziam 400 pessoas. Tinha a missão de combater os franceses,
que continuavam a freqüentar o litoral e contrabandear o pau-
brasil; descobrir terras e explorar rios; e estabelecer núcleos de
povoação.
Em 1532, fundou no atual litoral de São Paulo a Vila de São
Vicente e logo a seguir – no limite do planalto que os índios
chamavam de Piratininga – a Vila de Santo André da Borba do
Campo. Da Ilha da Madeira, Martim Afonso trouxe as primeiras
mudas de cana que plantou no Brasil, construindo na Vila de São
Vicente o primeiro engenho de cana-de-açúcar.
Ainda se encontrava no Brasil quando, em 1532, Dom João
III decidiu impulsionar a colonização, utilizando a tradicional
distribuição de terras. O regime de capitanias hereditárias consistiu
Martim Afonso de Sousa em dividir o Brasil em imensos tratos de terra que foram
Fonte: O Descobrimento do Brasil de
Max Justo Guedes
distribuídos a fidalgos da pequena nobreza, abrindo à iniciativa
privada a colonização.
Martim Afonso de Sousa retornou a Portugal em 13 de março
de 1533, após ter cumprido de maneira satisfatória sua missão de
fincar as bases do processo de ocupação das terras brasileiras.

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Fonte: História da Colonização Portuguesa no Brasil
Direção e coordenação de Carlos Malheiros Dias

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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO

1415 Conquista da cidade de Ceuta pelos portugueses.

1421 e 1434 Os lusitanos chegam aos Arquipélagos da Madeira e dos Açores e avançam para
além do Cabo Bojador. Até esse ponto, a navegação era basicamente costeira.

1436 Os lusitanos atingem o Rio do Ouro e iniciam a conquista da Guiné. Ali se


apropriam da Mina, centro aurífero explorado pelos reinos nativos em associação
aos comerciantes mouros, a maior fonte de ouro de toda a história de Portugal.

1441 Chegam ao Cabo Branco.

1444 Atingem a Ilha de Arguim, onde instalam a primeira feitoria em território


africano, e iniciam a comercialização de escravos, marfim e ouro.

1445 e 1461 Descobrem o Cabo Verde, navegam pelos Rios Senegal e Gâmbia e avançam até
Serra Leoa.

1470 a 1475 Exploração da costa da Serra Leoa até o Cabo de Santa Catarina.

1482 e 1485 O navegador Diogo Cão explorou a costa da África.

1487 Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das Tormentas, no extremo sul do continente –
que passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança – e chegou ao Oceano
Índico, conquistando o trecho mais difícil do caminho da Índia.

1492 Cristóvão Colombo chegou à América.

1494 Assinatura do Tratado de Tordesilhas.

1498 Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa sudoeste da Índia.

1500 Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral.

1519 Fernão de Magalhães chegou às Filipinas passando pelo extremo sul do


continente americano.

42
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F I X A Ç Ã O

1 – O que possibilitou a Portugal se dedicar à sua expansão marítima?

2 – Segundo o texto que acabamos de ler, qual expedição foi a responsável por fincar as
bases do processo de ocupação das terras brasileiras por Portugal?

3 – Quem eram os cristãos-novos que formaram um consórcio com a finalidade de explorar


economicamente as “terras brasileiras” recém-descobertas por Portugal?

SAIBA MAIS:

GUEDES, Max Justo. O descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Diretoria do Patrimônio Histórico
e Cultural da Marinha, 1998.

HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975 - . v.1. t.1.
wikipedia: http://pt:wikipedia.org

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Invasões Estrangeiras ao Brasil

Sinopse
1
As tintas vermelha e roxa tiradas da madeira eram
utilizadas para tingir tecidos.
Diversos intrusos desafiaram os interesses ultramarinos de
Portugal durante os séculos XVI e XVII. Os franceses foram os
primeiros e, desde o início do século XVI, navios de armadores
franceses freqüentavam a costa brasileira, comerciando com os
nativos os produtos da terra: pau-brasil1; pele de animais
selvagens; papagaios e macacos; resinas vegetais e outros. Portugal
reagiu, como vimos no capítulo anterior, enviando expedições
guarda-costas e iniciando a colonização do Brasil.
No início da colonização portuguesa no Brasil, os franceses
estabeleceram duas colônias: em 1555, no Rio de Janeiro, e em
1612, no Maranhão. Portugal reagiu às duas invasões, projetando
seu Poder Naval, com bom êxito, para expulsar os invasores.
Na foz do Amazonas, ingleses, holandeses e
irlandeses estabeleceram feitorias privadas; sendo preciso
Le teinturier en rouge de Nuremberg
Fonte: Pau-Brasil de Eduardo Bueno
o emprego da força para expulsá-los.
O comércio holandês com o Brasil data da primeira
metade do século XVI. Em 1580, ocorreu a união das coroas de
Portugal e Espanha e o rei da Espanha, Felipe II, passou a ser,
também, o rei de Portugal. Os holandeses iniciaram sua guerra
de independência contra a Espanha no final do século XVI, mesmo
assim continuaram a comercializar, com o auxílio de mercadores
portugueses, produtos brasileiros, como o açúcar, algodão e
pau-brasil.
A Holanda era um país de bons comerciantes e hábeis
marinheiros. Os holandeses possuíam uma fortíssima consciência
marítima e utilizavam seu Poder Marítimo com muita habilidade.
Eles não pretendiam ficar sem o rico mercado do açúcar
brasileiro, devido ao conflito com a Espanha e conseqüentemente
Portugal. Em 1621, eles criaram a West-Indische Compagnie, a
Companhia das Índias Ocidentais. Logo, Salvador, capital da
colônia do Brasil, seria alvo de uma invasão desta companhia.

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O objetivo maior da Companhia das Índias Ocidentais era

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
manter o relacionamento comercial com o Brasil e, se possível, a
conquista do Nordeste. A tentativa não tarda, e, em 1624, é feito
o ataque a Salvador (BA), ocupada por breve período, pois o
invasor é logo expulso por uma Esquadra luso-espanhola.
Os holandeses, em seguida, ocuparam Pernambuco,
realizando conquistas ao sul, em Alagoas e Sergipe, bem como
ao norte, na Paraíba, Rio Grande do Norte e mais áreas,
permanecendo no Nordeste por 24 anos.
Ocorreram, nesse período, muitos combates no mar, como
a “Batalha Naval de 1640”, que envolveu cerca de cem navios,
entre holandeses e luso-espanhóis, em embates que duraram
cinco dias na costa do Nordeste.
Nessa luta para expulsar os holandeses, o esforço em terra
foi fundamental. O Poder Naval português foi capaz de manter
Salvador como base de operações e somente com a presença de
uma força naval em Pernambuco é que foi possível obter a
rendição definitiva dos invasores.
No século XVIII, com o envolvimento de Portugal na
Guerra de Sucessão de Espanha, na Europa, o Rio de Janeiro
foi atacado por dois corsários franceses. Com a descoberta do
ouro das Minas Gerais, no final do século XVII, o Rio de Janeiro
vinha se tornando uma cidade próspera durante o início do
século XVIII. Mais tarde, devido às riquezas das minas, tornou-
se a capital da colônia.
Pretensões expansionistas também podem ser visualizadas
no interesse que Portugal tinha nas riquezas espanholas do oeste
sul-americano na região do Rio da Prata – acesso às minas de
prata de Potosi, na Bolívia. A ocupação espanhola na região foi,
portanto, fundamental para deter os interesses portugueses.
Mesmo assim, era por ela que a prata boliviana era
contrabandeada para o Brasil.
Buscando expandir seus domínios em direção ao Sul do
continente, Portugal rompeu o Tratado de Tordesilhas, assinado
com os espanhóis em 1494, quando, em janeiro de 1680, o
governador do Rio de Janeiro, D. Manuel Lobo, fundou, na
margem esquerda do Rio da Prata, a Colônia do Santíssimo
Sacramento. Este fato desencadeou uma série de
desentendimentos, lutas e tratados de limites, em que o emprego
do Poder Naval português foi muito importante, como veremos
neste capítulo.

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O interesse no estudo desse período é mostrar que foi nele

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
que definiram as fronteiras Sul do território brasileiro, que
mudavam conforme o poderio militar e os tratados firmados entre
portugueses e espanhóis.
Por tudo isso, estudemos as lutas que permitiram ao
nosso País manter-se íntegro territorialmente.

Boa aventura...

Mapa português representando


o Brasil Colonial, provavelmente do século XVII

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Invasões francesas no Rio de Janeiro

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e no Maranhão
Essas duas invasões não foram iniciativas do governo da
França, cuja estratégia estava voltada para seus interesses na própria
Europa, mas sim iniciativas privadas. Em ambas, faltou o apoio do
Estado francês, no momento em que, atacadas pelos portugueses,
necessitaram de socorro. Por outro lado, a colonização do Brasil
foi interesse de Portugal, que pretendia proteger a rota de seu
comércio com a Índia. Todos os recursos do Estado português
estavam disponíveis para expulsar os invasores e proteger os 2
Bretanha, região administrativa do oeste da Fran-
núcleos de colonização portuguesa. ça, com uma larga costa litoral entre o Canal da
Mancha e o Oceano Atlântico.

Rio de Janeiro 3
França Antártica. Instalada na ilha onde atualmente
funciona a Escola Naval.

Nicolau Durant de Villegagnon Em 1553, Nicolau Durand de


Villegagnon foi nomeado vice-almirante da
Bretanha2, e desenvolveu um plano para
fundar uma colônia na Baía de Guanabara
(RJ), onde habitavam nativos da tribo
Tupinambá, aliados dos franceses. O Rei da
França, Henrique II, aprovou esse plano de
iniciativa privada, prometeu apoio e
forneceu financiamento e dois navios para
a viagem.
Villegagnon chegou à Baía de
Guanabara em 1555, instalou o núcleo da colônia – que chamou
de França Antártica3 – na ilha que atualmente tem seu nome e
construiu uma fortificação, dando-lhe o nome de Forte de Coligny,
em homenagem ao almirante francês que lhe apoiara. A ilha era
pequena e não tinha água, mas era uma excelente posição de
defesa. Em terra firme, perto do atual Morro da Glória, instalou
uma olaria para fabricar tijolos e telhas, fez plantações e deu início
a uma povoação, que chamou de Henryville, homenageando o
Rei da França Henrique II. A povoação em terra firme, não teve
bom êxito e o progresso da colônia, como um todo, deixou a
desejar.
Villegagnon, que anteriormente já mostrara sua bravura e
competência como militar em diversas ocasiões, encontrou muitas
dificuldades para recrutar pessoas para a colônia. Um núcleo de
colonização precisaria de profissionais (exemplo: sapateiros,
alfaiates, barbeiros, carpinteiros, oleiros, pedreiros, médicos,
soldados entre outros) necessários à sobrevivência na colônia.
As pessoas que vieram com Villegagnon formavam um grupo
heterogêneo: católicos e protestantes (em uma época de sérios
conflitos religiosos), soldados escoceses e ex-presidiários

47
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(caracterizando extremos de aceitação de disciplina). A pior falha,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
no entanto, foi a presença de poucas mulheres européias no grupo,
o que fez com que muitos colonos procurassem as índias para se
relacionarem. Esta atitude era difícil para Villegagnon entender, por
sua formação religiosa de Cavaleiro de Malta4, com voto de
castidade, não admitindo sexo fora do casamento.
Houve um excesso de conflitos, principalmente após a
chegada de um grupo de protestantes calvinistas, com o propósito
de estudar a possibilidade de fazer da França Antártica uma
colônia protestante.
Os franceses contavam com a amizade dos tupinambás. Eles
4
Ordem de Malta, ordem militar cristã, com sua comerciavam com os franceses por meio de trocas (escambo) –
origem nas Cruzadas. recebiam machados, facas, tesouras, espelhos, tecidos coloridos,
5
Esses nomes ficaram em nossa nomenclatura de
anzóis e outros objetos. Em troca, forneciam o pau-brasil, que
cidades, como Ubatuba (muita ubá) e Igarassu (igara cortavam na floresta e traziam para a colônia, além de outros
grande). A ubá era mais leve, porém, afundava
quando se enchia de água. Os tupinambás aventura- produtos da terra e alimentos. Os tupinambás construíram grandes
vam-se fora da barra com suas canoas, às vezes em canoas de um só tronco (igara) ou da casca de uma árvore (ubá)5.
incursões guerreiras contra tribos inimigas, nave-
gando longas distâncias sem perder a terra de vista. Eles lutaram bravamente ao lado dos franceses, pois detestavam
os portugueses que eram amigos de seus inimigos.
A reação portuguesa ocorreu quando o Governador Mem
de Sá, em 1560, atacou o Forte de Coligny com uma força naval
(soldados e índios) que trouxera da Bahia, arrasando-o. Depois
partiu para São Vicente sem deixar uma guarnição na Guanabara.
Os franceses fugiram para o continente, abrigando-se junto a seus
aliados tupinambás e, logo depois que os portugueses se foram,
restabeleceram suas fortificações.
Mem de Sá concluiu que era necessário ocupar
definitivamente o Rio de Janeiro para garantir a expulsão dos
invasores. Dessa vez enviou, em 1563, seu sobrinho Estácio de Sá
Os selvagens vão para a Guerra à testa da nova força naval, com ordens para fundar uma povoação
Fonte: Viagem ao Brasil de Hans Staden
na Baía de Guanabara e derrotar definitivamente os franceses.
6
Araribóia em tupi guarani quer dizer “cobra Estácio de Sá obteve a ajuda de uma tribo tupi inimiga dos
feroz”. Araribóia liderou a tribo tupi dos índios
termiminós. Após a expulsão dos franceses, em
tupinambás, os maracajás ou temiminós, liderados por Araribóia6.
gratidão, recebeu a sesmaria de Niterói e se con- Participaram, também, como aliados dos portugueses, índios da
verteu ao cristianismo adotando o nome de
Martim Afonso.
tribo tupiniquim de Piratininga, trazidos de São Vicente (SP).
Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de
7
Como havia pouco espaço para o desenvolvimento Janeiro, em 1565, entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar7.
de uma cidade no local de sua fundação, a sede do
Rio de Janeiro foi, logo depois da expulsão dos Era um local apertado, protegido pelos morros e de fácil defesa,
invasores, transferida para o morro que passou a de onde se controlava a entrada da barra da Baía de Guanabara.
ser chamado do Castelo. Era uma posição defensiva
para a nova cidade. Com o tempo, para cumprir sua Logo, começaram a combater os franceses e os tupinambás. Houve
função, com comércio e negócios, a cidade ocupou grandes combates, inclusive um de canoas nas águas da baía e um
a praia entre o Morro do Castelo e o Morro de São
Bento, formando-se a Rua Direita. Passou a existir,
ataque ao atual Morro da Glória, onde Estácio de Sá foi ferido por
portanto, uma cidade baixa, em contraposição à uma flecha, no rosto, vindo a falecer em conseqüência deste
cidade alta, no Castelo. Na parte baixa, ela se espa-
lhou, aos poucos, surgindo outras ruas paralelas e
ferimento.
transversais e uma praça, a atual Praça Quinze de Derrotados na Guanabara, os franceses e seus aliados
Novembro, que, mais tarde passaria a ser o Cen-
tro da Cidade, ainda nos tempos de colônia, com a
tentaram, ainda, estabelecer uma resistência em Cabo Frio, mas
residência do governador e outros prédios de ad- acabaram vencidos. Os franceses que se renderam foram enviados
ministração. de navio para a França.

48
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Maranhão

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os franceses continuaram com o tráfico marítimo na costa
brasileira. Seu eixo de atuação, porém, deslocou-se para o norte,
ainda sem povoações portuguesas. Após diversas ações,
estabeleceram-se, em pequeno número, em diversos pontos do
litoral. Desde o final do século XVI, o Maranhão passou a ser um
local regularmente freqüentado por navios franceses. Na atual Ilha
de São Luís havia uma pequena povoação de franceses, em boa
convivência com os índios, também tupinambás, que habitavam o
local.
Em 1612, partiu da França a expedição chefiada pelos sócios,
Daniel de la Touche de la Ravardière e Nicolau de Harlay de Sancy,
com poderes de tenentes-generais do rei da França. Quando
chegaram, construíram o Forte de São Luís.
Na França, o bom relacionamento do momento com a
Espanha fez com que o governo não colaborasse significativamente
com recursos para o reforço da colônia.
Em 1614, uma força naval comandada por Jerônimo de Fundação da Cidade do Rio de Janeiro
Albuquerque, nascido no Brasil, chegou ao Maranhão para Óleo sobre tela de Antônio Firmino Monteiro
combater os franceses. Este grupamento pode ser considerado a Acervo da Câmara Municipal do Rio de Janeiro

primeira força naval comandada por um brasileiro. 8


E também rei da Espanha, nesse período da Histó-
Chegando ao Maranhão, os portugueses iniciaram a ria conhecido como União Ibérica.
construção de um forte, que chamaram Santa Maria. Logo os
franceses se apoderaram de três dos navios que estavam
fundeados. Animados com o bom êxito alcançado, resolveram,
uma semana depois, atacar o forte português. Planejaram um ataque
simultâneo de tropas que desembarcariam e de tropas que
atacariam o forte pela retaguarda, vindas de terra. Os portugueses,
no entanto, foram mais ágeis e contra-atacaram separadamente,
com vigor, as duas forças francesas, vencendo-as.
Os franceses, resolveram propor um armistício, para
conseguir reforços na França ou obter uma solução diplomática.
Os portugueses aceitaram.
A trégua foi favorável aos portugueses, que obtiveram
reforços no Brasil. La Ravardière não conseguiu novamente o apoio
de seu governo e o tratado de paz em vigor, naquele momento,
previa que em casos como esse os riscos e perigos cabiam aos
particulares, sem que a paz entre os Estados fosse perturbada.
Além do mais, o rei de Portugal8 não ratificou a trégua e ordenou
que se expulsassem os franceses do Maranhão. Providenciou
reforços e mandou o governador de Pernambuco organizar uma
nova expedição. O comando coube a Alexandre de Moura, que
partiu em uma força naval.
Os franceses foram cercados no Maranhão, por mar e por
terra, e, sem esperança de reforços, para evitar que os portugueses
os tratassem como piratas, renderam-se em 1615.

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Invasores na foz do Amazonas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Após a ocupação do Maranhão, os portugueses resolveram
dirigir sua atenção para os invasores da foz do Amazonas, enviando
uma expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da cidade
de Belém, para servir de base para suas ações militares. De lá, eles
passaram a atacar os estabelecimentos dos ingleses, holandeses e
irlandeses, enforcando os que resistiam e escravizando as tribos
de índios que os apoiavam. Esta violência e a criação de uma flotilha
de embarcações (que agia permanentemente na região apoiando
as ações militares e patrulhando os rios) garantiram o bom êxito e
asseguraram a posse da Amazônia Oriental para Portugal.

Invasões holandesas na Bahia


e em Pernambuco
Holandeses na Bahia
A invasão holandesa de Salvador (BA) foi planejada pela
Companhia das Índias Ocidentais com o propósito de lucro, a ser
obtido com a exploração da cultura do açúcar. Levantado o capital
para o empreen-dimento, os
holandeses reu-niram uma
força naval de 26 navios, com
509 canhões e tripulados por
1.600 ma-rinheiros e 1.700
soldados. O comando coube
ao Almirante Jacob Willekens.
Os navios partiram de
diversos portos da Holanda e
reuniram-se em uma das ilhas
do Arquipélago de Cabo
Verde. Em 8 de maio de 1624,
chegaram à Baía de Todos os
Esquadra holandesa em Salvador Santos; no dia seguinte, iniciaram o ataque a Salvador.
Fonte: http://pt:wikipedia.org
Os holandeses atacaram os fortes que defendiam a
cidade. Os navios que transportavam tropas se dirigiram para
o Porto da Barra, onde desembarcaram. A cidade foi saqueada.
Somente alguns dias depois organizou-se reação contra os
invasores.
Estabelecidos em Salvador, os holandeses foram, aos poucos,
diminuindo os efetivos de sua força naval, com o retorno de
diversos navios para a Holanda.
Em Lisboa e Madri, a notícia sobre a tomada da cidade de
Salvador chegou cerca de dois meses e meio depois da invasão.
De maneira imediata, o governo luso-espanhol começou a

50
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preparar uma força naval capaz de recuperar a cidade antes que

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os holandeses se consolidassem na região. Na Holanda, sabendo-
se dos preparativos espanhóis, acelerou-se a prontificação dos
reforços que deveriam garantir a ocupação da Bahia.
A preparação de forças navais que projetassem poder militar
a tão longa distância exigia um enorme esforço. Era necessário
um planejamento cuidadoso dos recursos financeiros, materiais e
humanos. A força deveria ser composta por variados navios: os de
guerra, como os galeões e as fragatas; as naus e as urcas9, que
serviam tanto como embarcações mercantes quanto navios
militares; e as caravelas, que serviam ao transporte. Havia, também,
diversos outros navios menores, como patachos, iates velozes e 9
As urcas, muito utilizadas pelos holandeses, ti-
embarcações que complementavam a capacidade das forças navais. nham uma forma de casco específica, com a popa
arredondada.
Considerando as populações da época – Holanda teria cerca de
1,5 milhão de habitantes e Portugal menos que isto – não era fácil 10
Esta expedição foi denominada a Jornada dos
Vassalos por ser composta de vários fidalgos, tanto
conservar em segredo a preparação de uma força naval. Espiões portugueses quanto espanhóis, voluntários para
mantinham as cortes européias informadas e seus informes eram defender a causa da coroa ibérica.

avaliados e utilizados para preparar contra-ofensivas. Ocorreram 11


Ex-governador do Brasil (1624-5) e por muito
verdadeiras corridas de forças navais para alcançar a costa tempo de Pernambuco.

brasileira. Chegar primeiro podia ser uma decisiva vantagem.


Os luso-espanhóis conseguiram ficar prontos antes dos
holandeses e, em 22 de novembro, partia de Lisboa uma armada
composta por 25 galeões, dez naus, dez urcas, seis caravelas, dois
patachos e quatro navios menores, tendo a bordo 12.500
marinheiros e soldados. Como comandante-geral, vinha D. Fadrique
de Toledo Osório, Marquês de Villanueva de Valdueza10.
A armada luso-espanhola chegou a Salvador em 29 de março
de 1625. Era a maior força naval que até aquela data atravessara o
Atlântico. Cerca de 20 navios holandeses se abrigavam sob a
proteção dos fortes e a cidade de Salvador era defendida por tropas
holandesas. Iniciou-se o ataque luso-espanhol e, a 1º de maio, os
holandeses renderam-se. Dias depois de se entregarem, apareceu
na barra o socorro holandês, de 34 naus. Percebendo a retomada
da cidade, não se animaram a tentar a luta.

A ocupação do Nordeste brasileiro


Em 1629, a Companhia das Índias Ocidentais resolveu
dirigir seus esforços para Pernambuco em vez de tentar
reconquistar a Bahia.
Conduzia a nova expedição uma armada de 56 navios,
fortemente artilhados, trazendo 3500 tripulantes e 3000
soldados. Comandava a força naval holandesa o General-do-
Mar Wendrich Corneliszoon Lonck. Olinda e Recife (PE) foram
conquistadas em 1630.
Soube-se dos preparativos com antecedência em Madri e
Lisboa. O General Matias de Albuquerque11, que então estava na

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Europa, regressou ao Brasil para organizar a reação, mas pouco

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
pôde ser feito de efetivo, restando, para os defensores, iniciar a
defesa em terra depois da ocupação.
As providências luso-espanholas para recuperar Pernambuco,
durante o período de união das duas coroas, encontraram
dificuldades crescentes de recursos e não lograram a mobilização
das forças necessárias. O tesouro espanhol, cada vez mais debilitado,
não foi capaz de arcar com um empreendimento semelhante ao
da armada que libertara a Bahia em 162512. Cabe observar que era
necessário proteger com escoltas as frotas que levavam a produção
de açúcar para Portugal e as que levavam a produção mineral das
12
Na realidade, uma força naval de porte seme- colônias espanholas para a Espanha. Entre 1631 e 1640, dentro do
lhante ao da Jornada dos Vassalos, que restaurara a
Bahia, poderia ter vencido os holandeses e recon- período da união com a Espanha, foram enviadas três esquadras
quistado Pernambuco. Além de forças insuficien- luso-espanholas ao Brasil.13
tes, os luso-espanhóis não souberam aproveitar as
oportunidades que tiveram de surpreender Recife Os holandeses também enviaram forças navais, com reforços
nas ocasiões em que estava mal guarnecida. de tropas, para proteger suas conquistas no Brasil. Ocorreram,
13
A primeira, comandada por Don Antônio de
conseqüentemente, encontros que resultaram em diversos
Oquendo, que chegou em 1631; a segunda, co- combates navais. Destacam-se, entre eles, o Combate Naval dos
mandada por Don Lope de Hoce, tendo como co-
mandante da Armada de Portugal Don Rodrigo Lobo,
Abrolhos, em 3 de setembro de 1631, e os ocorridos
que chegou em 1635; e a terceira, comandada pelo intermitentemente durante cinco dias, de 12 a 16 de janeiro, na
Conde da Torre, Don Fernando de Mascarenhas, Batalha Naval de 1640.
que chegou em 1639.
No Combate Naval dos Abrolhos, os luso-espanhóis,
comandados por D. Antônio de Oquendo de Zandátegui, tinham
17 galeões, 23 navios mercantes carregados com açúcar, 12
caravelas com tropas e três patachos. Os holandeses, comandados
por Adriaen Janszoon Pater, lutaram com 18 navios.
A missão de Oquendo era desembarcar as tropas que trazia
de Pernambuco e da Paraíba; comboiar os navios mercantes que
levariam ao reino a produção de açúcar e outros produtos do Brasil,
até que estivessem livres de ataques das forças holandesas; e
alcançar o Caribe para comboiar a Frota da Prata para a Espanha.
Depois de escalar em Salvador, a força naval luso-espanhola
partiu para cumprir sua missão. Devido ao vento contrário, navegou
para sueste para depois rumar para Pernambuco. Foram
interceptados pela força naval holandesa na altura do Arquipélago
dos Abrolhos.
Oquendo formou seus galeões em coluna e deu ordem aos
navios do comboio para se posicionarem fora do combate. Os
holandeses tinham planejado abordar cada um dos maiores galeões
luso-espanhóis com dois navios. Seguiu-se um terrível combate,
com tentativas e sucessos de abordagens e bordadas bem próximas
de artilharia. Como resultado, os holandeses perderam dois navios,
inclusive o capitânia, que incendiou e explodiu, e um outro ficou
seriamente avariado. Os luso-espanhóis tiveram dois navios
afundados, um navio foi apresado pelos holandeses e outro
regressou a Salvador devido às grandes avarias sofridas. Nesse
combate, morreram ou desapareceram cerca de 700 homens,
aproximadamente 280 ficaram feridos e 240 foram aprisionados.

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Na Batalha Naval de 1640, 66 navios e embarcações luso-

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
espanhóis, transportando tropas da força naval comandada pelo
Conde da Torre14, combateram navios holandeses (inicialmente
30, depois 35) comandados por Willem Loos.
O Conde da Torre saiu de Salvador com o propósito de
desembarcar tropas em Pernambuco. Os holandeses pretendiam
evitar que ocorresse esse desembarque. As forças navais se
encontraram no dia 12 de janeiro e travaram combates durante
cinco dias, tendo se combatido, de fato, em quatro deles. A iniciativa
coube aos holandeses que visavam a atingir, com seus tiros, os
cascos dos galeões luso-espanhóis, que se defendiam atirando nos
mastros e velas, procurando imobilizar os inimigos. Os holandeses 14
D. Fernando de Mascarenhas, governador e capi-
tão-general do Estado do Brasil (1631-1640).
evitaram as abordagens.
Durante o combate, o Almirante Willem Loos, comandante
holandês, teve a cabeça mutilada por um tiro de canhão, logo após
o início da batalha. Coube ao seu imediato assumir a frente na
liderança da frota.
No intervalo dos combates, os holandeses foram abastecidos
com pólvora e munições por embarcações vindas de terra. Também
receberam reforços de mais cinco navios.
Para os luso-espanhóis, a Batalha de 1640 foi uma derrota
estratégica. Após cinco dias, as tropas não haviam desembarcado
em Pernambuco. Os combates levaram a força naval do Conde da
Torre para o norte, ao longo do litoral do Nordeste. Com resultado
insatisfatório, já que a força holandesa muito pouco fora desfalcada,
o Conde da Torre decidiu pelo desembarque das tropas no atual
Estado do Rio Grande do Norte e regressar a Salvador com sua
força naval.
Os holandeses, por sua vez, conseguiram manter o domínio
do mar e se aproveitaram dele para bloquear os portos principais
e atacar o litoral do Nordeste do Brasil, expandindo sua conquista.

A insurreição em Pernambuco
Em 1o de dezembro de 1640, ocorreu a Restauração de
Portugal, ou seja, a separação de Portugal da Espanha, com o fim
da união das coroas ibéricas, e a aclamação do Duque de Bragança
como rei, com o nome de D. João IV.
Em junho de 1641, assinou-se uma trégua de dez anos com
os holandeses em Haia. Essa trégua interessava à Companhia das
Índias Ocidentais, que via seus lucros consumidos pelas ações
militares, e aos portugueses, que estavam em guerra com a Espanha
e precisavam reduzir as frentes de combate.
Às vésperas do armistício, os holandeses trataram de alargar
suas conquistas, ocuparando o Sergipe e o Maranhão, no Brasil, e
Angola e São Tomé, na África.
Após a Restauração de Portugal, foi enviado um novo
governador-geral para o Brasil, Antônio Teles da Silva. Embora

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oficialmente o governo português respeitasse a trégua, para evitar

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
uma guerra declarada contra a Holanda, sigilosamente aprovava a
insurreição no Brasil, e o novo governador desempenhou papel
de destaque no apoio a essa causa, podendo-se identificá-lo como
seu organizador-chefe. Iniciou-se, assim, em Pernambuco, a
campanha da insurreição contra os holandeses.
Em 1644, Teles da Silva resolveu reunir uma força naval para
auxiliar os revoltosos, com base no que havia disponível. Os três
navios mais fortes eram naus, armadas com 16 canhões cada.
Tripulações despreparadas faziam com que essa força improvisada
não fizesse frente aos profissionais holandeses e mercenários15. O
15
Não eram só holandeses, havia muitos alemães e
outros protestantes do norte da Europa nas forças comando foi dado ao Coronel Jerônimo Serrão de Paiva.
da Companhia das Índias Ocidentais. Haviam chegado ao Brasil, em fevereiro de 1645, dois galeões
16
É discutível a disposição de Salvador de Sá em se portugueses, o São Pantaleão, de 36 canhões, e o São Pedro de
engajar nessa aventura. Teles da Silva o acusou de Hamburgo, de 26 ou 30 canhões. Eram parte da escolta da primeira
não querer cooperar. Quando se explicou com D.
João IV, mais tarde, suas justificativas foram aceitas,
frota comboiada que, após carregar no Rio de Janeiro, regressou a
provavelmente porque estavam coerentes com a Salvador, com o propósito de, em seguida, partir para Portugal. O
política do rei.
almirante dessa frota era Salvador Correia de Sá e Benevides, filho
de um fluminense e uma espanhola, que tinha propriedades no
Rio de Janeiro.
Decidiu o Governador Teles da Silva executar, com auxílio
de Salvador de Sá, um plano para ocupar Recife. Deveriam os
galeões se juntar aos navios de Serrão de Paiva e, caso os holandeses
permitissem ou se a população se revoltasse, tentar desembarcar
na cidade.
Na noite de 11 de agosto, 37 navios portugueses, incluindo
os dois galeões, fundearam em frente a Recife. Vigorava a trégua
e, portanto, oficialmente, as hostilidades não estavam autorizadas.
Os navios holandeses permaneceram no porto, aguardando
o desenrolar dos acontecimentos e, em terra, estavam dispostos
a resistir a qualquer tentativa de desembarque.
Salvador de Sá, que estava com a mulher e os filhos a bordo
do São Pantaleão, mandou entregar uma carta sua, juntamente com
outra de Serrão de Paiva, declarando que estavam ali para ajudar
os holandeses no restabelecimento da paz em Pernambuco. Não
houve resposta imediata. Convocado um conselho a bordo do
São Pantaleão, concordaram os comandantes dos navios
portugueses que não havia condições favoráveis para atacar ou
manter um bloqueio de Recife 16.
No dia 13, o mau tempo obrigou os navios a buscarem o
alto-mar. Durante todo o dia 12, no entanto, tinham sido admirados
pelo povo pernambucano e o que, depois, ficou conhecido como
a Jornada do Galeão, acabou sendo, somente, um ato de emprego
político do Poder Naval pelos portugueses, influenciando as mentes
e as atitudes, sem uso de força.
No dia seguinte chegou a carta-resposta holandesa.
Estranhava o auxílio oferecido e pedia que se retirassem de Recife.

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Durante o mau tempo, Serrão de Paiva separou-se de Salvador de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Sá e, depois de alguma insistência em permanecer em alto-mar no
litoral de Pernambuco, resolveu se abrigar na Baía de Tamandaré17.
Salvador de Sá seguiu para Lisboa com o comboio.
Em 9 de setembro de 1645, o Almirante holandês Lichthardt
resolveu atacar Serrão de Paiva. Os portugueses contavam com
sete naus, três caravelas e quatro embarcações, com uma
tripulação de mil homens aproximadamente, e estavam fundeados.
Lichthardt investiu a barra com oito navios holandeses e foi abordar
os navios portugueses dentro da baía.
A resistência se limitou ao bravo Serrão de Paiva e a poucos 17
Origem do nome do título do Patrono da Mari-
homens de seu navio. A maioria dos marinheiros e soldados se nha, Joaquim Marques Lisboa. Naquele local seu
irmão mais velho fora enterrado por ocasião da
lançou ao mar, nadando para a praia. Seguiu-se uma verdadeira Confederação do Equador em 1824.
carnificina de fugitivos e uma derrota fragorosa, com muitos mortos,
prisioneiros, inclusive o Serrão de Paiva ferido, e navios queimados
ou apresados e levados para Recife. Os documentos e a
correspondência sigilosa, comprometedores quanto ao
envolvimento das autoridades portuguesas na revolta, caíram nas
mãos dos holandeses.
Com o domínio do mar novamente assegurado, os
holandeses puderam movimentar suas tropas de reforço, sem risco
de oposição no mar. Assim, puderam organizar ataques para
diminuir a pressão que os insurretos já exerciam sobre seus
principais pontos estratégicos.
Em fevereiro de 1647, os holandeses atacaram e ocuparam
a Ilha de Itaparica, com uma força naval comandada pelo Almirante
Banckert. O propósito era ameaçar Salvador.
O ataque a Itaparica incentivou D. João IV a iniciar a
preparação de uma força naval para enviar ao Brasil. As dificuldades
financeiras e materiais eram muito grandes para o empobrecido
Portugal. Foi necessário conseguir empréstimos de particulares, a
serem amortizados com o imposto sobre o açúcar do Brasil.
D. João IV designou Antônio Teles de Menezes comandante
da “Armada de Socorro do Brasil”, fazendo-o Conde de Vila Pouca
de Aguiar e nomeando-o governador e capitão-general do Estado
do Brasil, em substituição a Teles da Silva. Compunha-se essa
esquadra de 20 navios: 11 galeões, uma urca, duas naus, duas
fragatas e quatro navios menores. Partiu de Lisboa em 18 de
outubro de 1647, chegando a Salvador em 24 de dezembro.
Enquanto isso, em 7 de novembro, saiu de Lisboa, com
destino ao Rio de Janeiro, uma força naval comandada por Salvador
de Sá, com o propósito de libertar Angola, na África.
A missão da esquadra do Conde de Vila Pouca de Aguiar não
era expulsar os holandeses de Pernambuco ou atacar Recife, mas
proteger Salvador e expulsar os invasores da Ilha de Itaparica. A

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perda de Salvador seria, sem dúvida, desastrosa para Portugal e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
para a causa dos revoltosos.
Na Holanda, sabendo-se da Armada portuguesa de socorro
ao Brasil, organizou-se uma força naval sob o comando do Vice-
Almirante Witte Corneliszoon de With. Os navios saíram aos
poucos dos portos e somente em março de 1648 alcançaram
Recife. Encontraram uma situação desfavorável: as forças
holandesas tinham se retirado de Itaparica e restava em poder da
Companhia, além de Recife, a Ilha de Itamaracá e os Fortes do Rio
Grande do Norte e da Paraíba.
Ao chegar a Recife, o Almirante Witte de With encontrou
indefinições sobre que ação tomar no mar. A decisão da Companhia
era lançar suas forças de terra, reforçadas pelas tropas trazidas
por De With, para vencer os rebeldes luso-brasileiros, aliviando a
pressão que já exerciam sobre Recife.
Em 19 de abril de 1648, travou-se a Primeira Batalha dos
Guararapes e os holandeses, mais numerosos e com fama de
estarem entre os melhores soldados da Europa de então, foram
derrotados no campo de batalha.
Restava para a Companhia agir no mar, bloqueando os portos
brasileiros, tentando capturar a Frota do Açúcar e atacando pontos
do litoral. O bloqueio, apesar de exigir dos marinheiros longas
estadias no mar, com conseqüentes problemas sanitários e
alimentares, tinha como incentivo a possibilidade de fazer presas,
havendo participação da tripulação no resultado financeiro da venda
dos navios e das cargas apresadas.
Fez-se ao mar De With, tendo atenção ao bloqueio de
Salvador, onde a poderosa força naval do Conde de Vila Pouca de
Aguiar se mantinha inativa. Em dezembro, aproveitou para atacar
os engenhos de açúcar situados nas margens da Baía de Todos os
Santos, sem ser molestado pela força naval portuguesa, que
mantinha seus navios protegidos pela artilharia das fortificações de
terra de Salvador.
Em novembro de 1648, chegou a notícia da vitória de
Salvador de Sá, com a rendição dos holandeses em Angola, no que
poderia se chamar de primeira projeção brasileira de poder para o
exterior, pois o Rio de Janeiro foi a base para a libertação de Angola
e muitos brasileiros participaram da luta, inclusive índios. Isso
levantou o ânimo dos portugueses para continuar a luta no Brasil.
Ficou evidente que somente com a organização de comboios,
fortemente escoltados, seria possível manter as rotas de navegação
entre Portugal e Brasil. Criou-se, então, a Companhia Geral do
Comércio do Brasil.
Em fevereiro de 1649, a Companhia das Índias Ocidentais
resolveu repetir, em terra, o ataque às forças rebeldes, em
Guararapes. Novamente os holandeses foram derrotados, ficando

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óbvio para eles que sem um novo socorro da Europa nada mais

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
poderia ser feito em terra.

A derrota dos holandeses em Recife

Apesar de ainda manterem o domínio do mar, o ânimo dos


tripulantes estava diminuindo, ocasionando motins, destituição de
comandantes e o regresso de navios amotinados para a Holanda.
Queixava-se De With, em cartas ao governo holandês, da
dificuldade de se realizar as manutenções necessárias em seus
navios, das condições precárias de vida de seus marinheiros e da
necessidade de reforços, para que não se perdesse o Brasil. No
final de 1649, o próprio De With passou a solicitar seu regresso
para a Holanda e, logo depois partiu, à revelia da Companhia das
Índias. Em dezembro, os outros navios dos Estados Gerais
Holandeses se amotinaram e iniciaram seu regresso para a Europa,
sem autorização.
Em fevereiro de 1650, a primeira frota da Companhia Geral
do Comércio do Brasil portuguesa, com 18 navios de guerra,
chegou ao Brasil. Não tinha ordens para atacar Recife. D. João IV
ainda temia uma guerra com a Holanda na Europa e preferia manter
a situação informal no Brasil, procurando obter resultados através
de negociações diplomáticas e da guerra de insurreição. Perdia-se,
novamente, uma oportunidade, pois os holandeses, já sitiados em
terra, não mais contavam com a força naval de De With.
Em abril de 1650, os holandeses no Recife receberam o
reforço de 12 navios, o que permitiu recuperar o domínio do mar
e bloquear o Cabo de Santo Agostinho, local por onde as forças
de terra luso-brasileiras recebiam suas provisões. A força do Conde
de Vila Pouca de Aguiar ainda estava em Salvador, porém com
ordem de somente entrar em combate se atacada. No final daquele
ano, partiu para Portugal, escoltando a frota da Companhia do Brasil.
Vieram ao Brasil outras frotas da Companhia portuguesa e
os holandeses conseguiram enviar outras forças navais, mas os dias
do domínio holandês estavam contados. A Companhia das Índias
Ocidentais não lograra alcançar um bom êxito econômico e
financeiramente estava muito mal. Recife continuava estrangulado
pelos insurretos luso-brasileiros.
Por décadas, o Poder Marítimo holandês havia preponderado
nos oceanos, mas, em meados do século XVII, reapareceu a
concorrência séria da Grã-Bretanha, que teve como conseqüência
a Guerra Anglo-Holandesa de 1652-54. Tornou-se, portanto,
inviável para os holandeses manter o domínio permanente do mar
na costa do Brasil.
Em dezembro de 1653, a quarta frota da Companhia do Brasil
portuguesa chegou ao Brasil. O comandante da frota, Pedro Jaques
de Magalhães, decidiu bloquear Recife e apoiar os revoltosos luso-

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brasileiros. As posições holandesas foram, sucessivamente, sendo

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conquistadas e a rendição de Recife finalmente ocorreu no final de
janeiro de 1654.
O longo êxito dos holandeses no Brasil foi resultante do
esmagador domínio do mar que conseguiram manter durante
quase todo o período da ocupação. Mesmo quando Recife já estava
cercado e era inviável vencer em terra, ainda conseguiram, por
longos anos, suprir a cidade por mar.
Podemos afirmar que, na longa guerra travada entre
holandeses e portugueses, os holandeses foram derrotados no
Brasil, venceram na Ásia e houve empate na África e na Europa.

Corsários franceses no Rio de Janeiro


no século XVIII
A França utilizou a estratégia de empregar corsários para,
através de ações que visavam ao lucro, causar danos nos mares a
seus inimigos. Eles não eram piratas, pois tinham uma patente de
corso, que lhes dava autorização real para agir. Tinham, portanto,
o direito de ser tratados como prisioneiros de guerra, enquanto
os piratas podiam ser enforcados se apanhados.
As riquezas do Rio de Janeiro atraíram a cobiça de dois
franceses. O primeiro foi Duclerc, que acabou derrotado depois
de invadir a cidade. Preso, acabou assassinado, por razão pouco
esclarecida, mas não relacionada com seu ataque. O segundo foi
Duguay-Trouin, que veio com uma considerável força naval,
conquistou a Ilha das Cobras, depois o Morro da Conceição e, de
lá, logrou ocupar a cidade que, ameaçada de ser incendiada, rendeu-
se. Saqueou o Rio de Janeiro e somente o deixou após receber
um resgate.

Guerras, tratados e limites


no Sul do Brasil
A fronteira do Sul do Brasil demorou a ser definida devido à
ferrenha disputa travada entre Portugal e Espanha que tinham
interesse em dominar a estratégica região platina. Para consolidar
o domínio da região, os dois reinos travavam diversas batalhas –
nas quais o poder naval de ambos os lados foi muito empregado –
e vários acordos foram firmados.

Tratado de Lisboa (1681) – Já no primeiro ano de sua


fundação, em 1680, a Colônia de Sacramento foi atacada e
reconquistada aos espanhóis pelo governador de Buenos Aires,
sendo devolvida aos portugueses em 1683, após a assinatura do
Tratado de Lisboa, em 1681.

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Tratado de Utrecht (1715) – A morte do Rei da Espanha

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Carlos II, em novembro de 1700, levou as maiores potências
européias a engajarem-se no conflito que ficou conhecido como
Guerra de Sucessão de Espanha, que durou quase 15 anos e teve
seus reflexos estendidos para o continente americano. Nesse
conflito, Portugal e Espanha ficaram em lados opostos e, como
conseqüência, a Colônia de Sacramento foi novamente ocupada
pelos espanhóis em 1705.
O Tratado de Utrecht – celebrado em 1715 entre as duas
nações – legitimou a presença portuguesa na região do Prata com
a restituição aos lusos da Colônia de Sacramento.
18
Bloqueio Naval – Impedir a entrada ou saída de
navios mercantes e de guerra de um porto, base ou
Tratado de Madri (1750) – O conflito ocorrido entre as área confinada, pela ameaça de atacá-los com forças
cortes portuguesa e espanhola entre 1735 e 1737 motivou a navais superiores. O bloqueio naval poderá ser co-
mercial ou militar. O bloqueio comercial, mais que
terceira investida hispânica sobre a Colônia de Sacramento. isolar e não permitir o abastecimento por via marí-
Cumprindo ordem do governador de Buenos Aires, em junho de tima do adversário, impede o comércio marítimo
no porto bloqueado. O bloqueio militar destina-se a
1735, navios espanhóis já empreendiam um bloqueio naval18 à manter no porto ou confinada numa área restrita a
colônia lusa enquanto quatro mil soldados realizavam um sítio força naval adversária, sem que esta possa pertur-
bar o bloqueio comercial.
por terra.
No Rio de Janeiro, o governador interino,
Brigadeiro José Silva Paes, preparou e enviou, às
pressas, uma força naval para socorrer a colônia.
Assim que chegou à região do Prata, essa força
naval dissipou o bloqueio que os navios espanhóis
vinham impondo à Colônia de Sacramento.
Em Portugal, o recebimento da notícia do
assédio espanhol à colônia lusa levou o rei a ordenar
o preparo de uma força naval que foi constituída
por duas naus e uma fragata. Essa força suspendeu
de Lisboa em março de 1736 e, ao chegar ao Rio
de Janeiro, recebeu reforços. Juntou-se a ela o
Brigadeiro Silva Paes, contendo ordens de so-
correr a Colônia de Sacramento e, se possível,
reconquistar Montevidéu (fundada e abandonada
pelos luso-brasileiros e novamente fundada pelos
espanhóis) e fortificar o Rio Grande de São Pedro.
A força naval portuguesa no Prata combateu
os espanhóis, apoiou a Colônia de Sacramento e
estabeleceu o domínio do mar na região. Após
alcançar seus objetivos, parte dessa força regressou
ao Rio de Janeiro.
O Brigadeiro Silva Paes permaneceu no Sul e, após ameaçar Tratado de Madri - 1750
Fonte: Livro Fronteiras do Brasil
um ataque a Montevidéu – que não ocorreu devido ao grande no Regime Colonial de José Carlos
risco dos navios ficarem encalhados –, decidiu partir para o Rio de Macedo Soares
Grande de São Pedro e cumprir a missão de fortificá-lo. Ao chegar,
tratou o Brigadeiro de organizar suas defesas e mandou construir
o forte que denominou Jesus, Maria e José. Estavam assim criadas

59
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as condições para o início da povoação da região, que recebeu,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mais tarde, casais açorianos para ocupar a terra.
Mesmo após a assinatura por portugueses e espanhóis do
armistício de 1737, o cerco terrestre à Colônia de Sacramento
continuou, demonstrando a grande instabilidade que existia nas
relações entre as duas colônias.
Procurando solucionar suas questões de limites, Portugal e
Espanha resolveram assinar, em 1750, o Tratado de Madri, que,
dentre outras medidas, estabeleceu a posse da Colônia de
Sacramento para a Espanha e a de Sete Povos das Missões para
Portugal. Esse tratado foi fruto do trabalho de Alexandre de
19
Esse conflito ficou conhecido como a Guerra Gusmão, secretário de D. João V, junto ao qual teve grande
Guaranítica (1753-1756) e foi contada no poema O
Uraguai, de José Basílio da Gama. influência. Foram nomeadas duas comissões para demarcarem
a fronteira, uma para o norte – onde Portugal teve como
representante Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do
Marquês de Pombal) – e outra para o sul, sendo o representante
português Gomes Freire de Andrade. A troca estabelecida pelo
Tratado não foi efetuada, pois os índios que viviam nas Missões se
recusaram a deixar o local, empreendendo uma resistência armada,
levando os luso-espanhóis a responderem com ação militar
conjunta que, em 1756, por meio da força, ocuparam a região19.

Tratado do Pardo (1761) – Celebrado entre portugueses


e espanhóis, anulou os efeitos do Tratado de Madri e estabeleceu
que a Colônia de Sacramento voltasse a ser de Portugal. Durante
a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), Portugal e Espanha voltaram
a ficar em lados opostos quando, em 1761, a Espanha assinou um
tratado de aliança com a França, o que levou a Grã-Bretanha a
declarar guerra aos espanhóis. Como conseqüência, Portugal, que
apoiava os britânicos, foi invadido em 1762 por forças hispânicas e
conseqüentemente a guerra se propagou para o Sul do Brasil.
Na região do Prata, o governador de Buenos Aires ordenou
ao comandante do cerco, que estava sendo feito à Colônia de
Sacramento, que fosse restabelecido o tiro de canhão como limite
reconhecido para a praça e “convidasse” o governador da Colônia
de Sacramento a desocupar imediatamente as Ilhas de Martin Garcia
e dos Hermanos. Ainda delegou ao Capitão Francisco Gorriti a
incumbência de viajar até a Vila de Rio Grande para entregar, ao
comandante da mesma, um ofício, em que exigia a desocupação
daquelas terras, já que, com a nulidade do Tratado de Madri, as
terras voltavam a pertencer à Espanha. O Governador de Buenos
Aires, D. Pedro Antônio Cevallos, tinha ambicioso projeto de
dominação do Sul do Brasil, e preparou-se militarmente para atacar
a Colônia de Sacramento, recebendo reforços da Espanha em
navios, material de artilharia e munição.
A Colônia de Sacramento dispunha para sua defesa de uma
pequena tropa, que não excedia 500 homens, e o Governador
Vicente da Silva Fonseca respondia às intimações de Cevallos

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procurando ganhar tempo, enquanto aguardava reforços. Em

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
outubro de 1762, a Colônia de Sacramento foi atacada pela
quarta vez e, não obstante a resistência oferecida pelos
portugueses, capitulou.
Os espanhóis continuaram avançando sobre terras ocupadas
pelos luso-brasileiros e com superioridade de forças tomaram o
Rio Grande de São Pedro em 1763. Apesar de ter sido restabelecida
a paz entre as duas nações após a assinatura do Tratado de Paris, e
o governador de Buenos Aires restituir a Colônia de Sacramento,
este continuou com a ocupação do Rio Grande de São Pedro, que
pretendia tornar definitiva tendo como base o Tratado de
Tordesilhas. Não obstante a reclamação dos portugueses por via
diplomática, foi necessário empreender uma ação militar, na qual
tropas luso-brasileiras, comandadas pelo Tenente-General João
Henrique Boehm (alemão a serviço de Portugal), juntamente com
o emprego da Esquadra portuguesa, reconquistaram o Rio Grande
de São Pedro em abril 1776.
Em 1777, os espanhóis protestaram contra a tomada do Rio
Grande pelos portugueses e, após insucessos diplomáticos,
decidiram enviar uma poderosa expedição sob o comando de D.
Pedro de Cevallos, nomeado primeiro vice-rei do Rio da Prata.
Coube ao Marquês da Casa de Tilly o comando da força naval
espanhola, que era composta de 19 navios de guerra e 26 de
transporte. Embora providências tenham sido tomadas, no sentido
de combater tal ameaça pelo Marquês de Pombal, os espanhóis
ocuparam a Ilha de Santa Catarina e pela quinta vez atacaram a
Colônia de Sacramento.

Tratado de Santo Ilde-


fonso (1777) – Com a morte
de D. José I, em fevereiro de
1777, assumiu o trono de
Portugal D. Maria I. Na tentativa
de resolver as questões de
limites entre Portugal e Es- ,
panha, foi assinado em 1o de
outubro de 1777 o Tratado de
Santo Ildefonso. Por este tra-
tado, ficou estabelecido a res-
tituição a Portugal da Ilha de
Santa Catarina, porém os lusos
perderam a Colônia do San-
tíssimo Sacramento e a região
dos Sete Povos das Missões. Este Tratado de Santo Ildefonso -1777
tratado deixou os espanhóis Fonte: Livro Fronteiras do Brasil
com o domínio exclusivo do Rio no Regime Colonial, de José Carlos
de Macedo Soares
da Prata, sendo deveras desvan-
tajoso para Portugal.

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Tratado de Badajós (1801) – A estabilidade entre as

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
relações luso-espanholas foi afetada quando Napoleão Bonaparte,
desejoso de castigar Portugal por participar, com seus navios, de
cruzeiros ingleses no Mediterrâneo e visando a trazer os
portugueses para zona de influência francesa, forçou a Espanha a
declarar guerra a Portugal em 1801. O rompimento das relações
entre os dois países na Europa durou poucas semanas, sem ações
militares dignas de registro, ficando o episódio conhecido como a
Guerra das Laranjas. Na América, porém, a chegada da notícia
sobre o conflito entre as duas coroas desencadeou o rompimento
de hostilidades entre as populações da fronteira. No Rio Grande
de São Pedro, tropas foram aprestadas para defenderem as
fronteiras, ainda em processo demarcatório, e os luso-brasileiros
invadiram e conquistaram os Sete Povos das Missões, do lado
espanhol, enquanto os hispano-americanos invadiram o Sul de Mato
Grosso.
O Tratado de Badajós pôs fim à guerra de França e Espanha
contra Portugal, tendo a Espanha por direito de guerra, conservado
a praça de Olivença, na Europa, e a Colônia de Sacramento. Portugal
recuperou no sul da América o território dos Sete Povos das
Missões.

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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO

1555 Chegada de Nicolau Durand de Villegagnon ao Rio de Janeiro, instalação da


França Antártica.
1560 Ataque da força naval portuguesa ao Forte Coligny.
1565 Fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro por Estácio de Sá.
Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
1580-1640 União Ibérica.
1612 Parte da França uma expedição com o intento de fundar outra colônia no
Brasil, desta vez no Maranhão.
1614 Formada a primeira força naval comandada por brasileiro nato (Jerônimo de
Albuquerque), para combater os franceses no Maranhão.
1615 Rendição e expulsão dos franceses do Maranhão pelas forças lusas.
1621 Criação da Companhia das Índias Ocidentais pelos holandeses.
1624 Chegada da força naval holandesa a Salvador e início do ataque.
1625 Chegada da armada luso-espanhola (denominada Jornada dos Vassalos) a
Salvador e expulsão dos holandeses.
1630 Invasão holandesa em Pernambuco.
1631 Combate Naval de Abrolhos.
1640 Restauração Portuguesa. Batalha Naval de 1640.
1641 Assinatura de Tratado de Trégua entre Portugal e Holanda. Invasão holandesa
em Sergipe, Maranhão, Angola e São Tomé.
1648 Rendição dos holandeses em Angola.
1649 Holandeses são derrotados em Guararapes.
1654 Rendição dos holandeses em Recife, término da ocupação holandesa.
1681 Tratado de Lisboa.
1715 Tratado de Utrecht.
1750 Tratado de Madri.
1761 Tratado do Pardo.
1777 Tratado de Santo Ildefonso.
1801 Tratado de Badajós.

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F I X A Ç Ã O

1 – O Brasil, ao longo dos séculos XVI e XVII, foi invadido por estrangeiros no intuito de
formar colônias. Qual era a nacionalidade deles e em que período ocuparam terras
brasileiras?

2 – O que foi a Jornada dos Vassalos?

3– Como foi estabelecida a fronteira sul das terras portuguesas no continente americano?

4 – Na sua opinião, qual foi a importância das forças navais para a manutenção de nossa
unidade territorial no período estudado?

SAIBA MAIS:

ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de


Documentação da Marinha, 1985.

HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975- .


v.2. t.1B e t.2.

VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, Monarquia e República. 14.ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1980.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Formação da Marinha Imperial Brasileira


Sinopse
1
O Decreto de Berlim, assinado em 1806, estabe- Emergindo das dificuldades do período revolucionário (1789-
lecia o bloqueio continental. Tratava-se de medidas
protecionistas, pelas quais países europeus associa-
1799), a França erguia-se perante a Europa aristocrática com o
dos e aliados à França deviam abster-se de importar “Grande Exército” chefiado por Napoleão Bonaparte. As notáveis
mercadorias inglesas. vitórias militares francesas subjugaram a maior parte do Velho
2
Pela Convenção Secreta de Londres, de 1807, Mundo e esse expansionismo teve repercussões intensas na própria
entre Inglaterra e Portugal, decidiu-se, dentre ou- América, abrindo caminho para a emancipação política das colônias
tras providências, a mudança da sede da monarquia
portuguesa para o Brasil e a assinatura de novo ibéricas.
tratado de comércio quando da sua chegada. As guerras napoleônicas (1804-1815) foram caracterizadas
3
Charruas e algumas fustalhas (embarcação com- por dois aspectos: o primeiro na luta de uma nação burguesa contra
prida e estreita, de pequeno calado, proa lançada e uma Europa aristocrática; e o segundo na luta entre França e
armada de esporão, dotada de 10 a 26 bancos de
remadores, mastro envergando vela bastarda, e Inglaterra. Com a derrota da Marinha francesa na Batalha de
tendal à popa). Trafalgar (1805) para a Marinha inglesa, muito superior, decide
4
A Força Naval era composta das Naus Príncipe Napoleão investir contra seus inimigos continentais (Áustria e
Real, Afonso de Albuquerque e Medusa, da Nau ingle- Prússia) e, ao tomar Berlim, iniciou guerra econômica à Inglaterra,
sa Bedford, da Fragata Urânia, do Bergantim Três
Corações e Transporte Imperador Alexandre.
estabelecendo em 1806 um “bloqueio continental”1. Os demais
Estados europeus foram concitados a aderir ao bloqueio, dentre
eles Portugal.
Portugal sempre manteve laços comerciais com a Inglaterra
e a sua não-adesão ao bloqueio2 foi determinante para a decisão
de sua invasão por Exército francês sob o comando do General
Junot. Ao saber da chegada do Exército invasor de Napoleão, o
Conselho de Estado com o Príncipe Regente D. João acordaram
na retirada para o Brasil de toda a Família Real.
A 29 de novembro de 1807, a Família Real embarca rumo
ao Brasil. O comboio de transportes que conduziu todo o aparato
(15.000 pessoas dentre militares e civis) era de 30 navios, e várias
embarcações3. Foi protegido por uma escolta inglesa composta
por 16 naus.
A 22 de janeiro de 1808, a Nau Príncipe Real, onde o Príncipe
Regente D. João encontrava-se embarcado, chegou à Bahia. A 28,
D. João proclamava a independência econômica do Brasil com a
publicação da famosa carta régia que abriu ao comércio estrangeiro
os portos do país; e a 7 de março de 1808 D. João, à testa de uma
força naval composta por três naus, um bergantim e um transporte4,
entrou na Baía de Guanabara. A bordo também vinham os

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integrantes da Brigada Real da Marinha encarregados da artilharia

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e da defesa dos navios.5
Vamos ver neste capítulo o que ocorreu quanto ao
estabelecimento da Marinha na Corte e a política externa de D.
João, caracterizada pela invasão da capital da Guiana Francesa,
Caiena, e a ocupação da Banda Oriental, atual Uruguai.
No campo interno veremos a Revolta Nativista de 1817,
movimento separatista ocorrido em Pernambuco, onde a Marinha
atuou na sua repressão, bloqueando o porto de Recife.
Com o retorno de D. João VI para Portugal, permaneceu no
Brasil seu filho D. Pedro, que passou a sofrer pressão vinda da
Corte de Portugal para que regressasse a Lisboa. Como 5
O desembarque no Rio de Janeiro da Brigada Real
da Marinha, em 7 de março de 1808, é considerado
conseqüência, temos o Dia do Fico (09/01/1822) e, posteriormente, o marco zero da história dos Fuzileiros Navais.
após novas pressões, D. Pedro proclama a nossa Independência.
Para concretizar a nossa Independência e levar a todos os
recantos do litoral brasileiro a notícia do dia 7 de setembro, foi
necessário organizar uma força naval capaz de atingir todas as
províncias, e fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.

Vamos, então, iniciar esta viagem.....

Embarque da Família Real


óleo s/tela de Francisco Bartolozzi
Acervo do Museu Histórico Nacional

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A vinda da Família Real

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Corte no Rio de Janeiro

Junto com a Família Real


todo o aparato burocrático e
administrativo foi transferido
para o Rio de Janeiro. Dentre
as primeiras decisões de D.
João, já no dia 11 de março de
6
Salvo o Conselho Supremo, o Arquivo, a Conta-
1808, está a instalação do
doria e a Fábrica de Pólvora, as demais repartições Ministério dos Negócios da
citadas eram verdadeiros desdobramentos das já
existentes em Portugal.
Marinha e Ultramar, q u e
continuou a ter o mesmo Desembarque da corte portuguesa no
Rio de Janeiro, 7 de março de 1808.
O primeiro estaleiro organizado oficialmente foi a regulamento instituído pelo
7

Ribeira das Naus de Salvador, depois Arsenal de Óleo sobre tela de Miranda Júnior.
Marinha da Bahia, fundado no final do século XVI. Alvará de 1736.
Apesar das dificuldades, o estaleiro de Salvador A seguir, foram sucessivamente criadas ou estabelecidas várias
desenvolveu-se rapidamente, tornando-se o mais
importante centro de construção naval do Brasil repartições necessárias ao funcionamento do Ministério da Marinha,
durante todo o período colonial, e mesmo até me- tais como: Quartel-General da Armada, Intendência e Contadoria,
ados do século XIX. Além de Salvador e do Rio de
Janeiro, a construção naval desenvolveu-se também Arquivo Militar, Hospital de Marinha, Fábrica de Pólvora e Conselho
em vários outros pontos do nosso litoral: Belém, Supremo Militar6.
Recife, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, São Paulo
e Santa Catarina; sendo que os de Recife e Belém A Academia Real de Guardas-Marinha, que também
existiram como arsenais de Marinha. acompanhou a Família Real, teve sua instalação nas dependências
do Mosteiro de São Bento, se tornando desta feita o primeiro
estabelecimento de ensino superior no Brasil.
No tocante à infra-estrutura já existente no Rio de Janeiro,
observamos que o Arsenal Real da Marinha, localizado então ao
pé do morro do Mosteiro de São Bento, cuja criação data de 29
de dezembro de 1763, teve sua capacidade ampliada para poder
apoiar a recém-chegada Esquadra7.

Política externa de D. João e a atuação


da Marinha: a conquista de Caiena e a
ocupação da Banda Oriental
Diante da invasão do território continental português pelas
tropas do General Junot, D. João assinou, a 1o de maio de 1808,
manifesto declarando guerra à França, considerando nulos todos
os tratados que o imperador dos franceses o obrigara a assinar,
principalmente o de Badajós e de Madri, ambos de 1801, e o de
neutralidade, de 1804. Os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa
voltaram a ser questionados.
Como a guerra não poderia ser levada a cabo no território
europeu, e sendo importante a ocupação de território inimigo em
qualquer guerra, o objetivo ideal se tornou a colônia francesa.

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Determinou então a Corte ao Capitão-General da Capitania do

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Grão-Pará, Tenente-Coronel José Narciso Magalhães de Meneses,
que ocupasse militarmente as margens do Rio Oiapoque. Ordem
recebida, tratou de arregimentar pessoal e material, se valendo
inclusive (diante dos escassos recursos existentes nos cofres da
capitania) de subscrição popular.
Em outubro de 1808, a força estava pronta. Sob o comando
do Tenente-Coronel Manuel Marques d’Elvas Portugal, compunha-
se de duas companhias de granadeiros, duas companhias de
caçadores e uma bateria de artilharia, totalizando 400 homens com
armas. Para conduzir essa força ao lugar de destino, aprestou-se
uma esquadrilha composta por dez embarcações8. A 3 de 8
Escuna General Magalhães (capitânia); Cúteres Vin-
gança e Leão; três barcas-canhoneiras; Sumaca Ninfa;
novembro, a esquadrilha foi acrescida de três navios vindos da dois obuseiros; Iate Santo Antônio; e a Lancha São
Corte: Corveta inglesa Confidence (comando do Capitão-de-Mar- Narciso.

e-Guerra James Lucas Yeo) e Brigue Voador (comando do Capitão- 9


O Almirante Luís da Cunha Moreira teve carreira
Tenente José Antônio Salgado), Brigue Infante D. Pedro (comando brilhante, sendo após a proclamação da Indepen-
dência nomeado Ministro da Marinha, se tornando
do Capitão-Tenente Luís da Cunha Moreira)9. Juntos traziam um portanto o primeiro ministro brasileiro nato da nos-
reforço de 300 homens. Tinham ordens de ocupar o território sa Marinha. Em Caiena, praticamente seu batismo
de fogo, se destacou em combate, sendo ferido
da Guiana Francesa e submeter Caiena. por golpe de sabre, cuja cicatriz o acompanhou por
toda vida.

Invasão de Caiena, 1808-1809


Óleo sobre tela de Álvaro Martins

A 1o de dezembro, desembarcaram as nossas tropas no


território inimigo, ficando o comando da expedição assim
repartido: o Tenente-Coronel Manuel Marques dirigiria as forças
terrestres; os navios ficariam sob as ordens do Comandante Yeo.
Este, com os navios menores (os demais foram bloquear Caiena
por mar), subiu o Oiapoque e foi dominando, sem maior resistência,
os pontos fortificados que ia encontrando. Quatro escunas
francesas foram aprisionadas, incorporadas e rebatizadas de
Lusitana, D. Carlos, Sydney Smith e Invencível Meneses.

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O governador de Caiena, Victor Hughes, tratou, em vão, de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
preparar a resistência, levantando baterias, fortificando os melhores
pontos estratégicos e guarnecendo os fortes. As forças de ataque
foram ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à capital
Caiena, até sua rendição final, a 12 de janeiro de 1809. A importância
dessa operação recai na condição de ter sido o primeiro ato
consistente de política externa de D. João realizada por meio
militar, contando com forças navais e terrestres anglo-luso-brasileira.
A ocupação portuguesa da Guiana Francesa durou mais de
oito anos. Embora temporária, foi de grande valia para a fixação
dos limites do País, porquanto, na ocasião de sua devolução, em
10
De Portugal veio uma Divisão de Voluntários
Reais, sob o comando do Tenente-Coronel Carlos 1817, ficaram tacitamente estabelecidos os limites do Oiapoque.
Frederico Lecor, embarcados em dez navios. O
comboio, que entrou no Rio de Janeiro no dia 30 de
março de 1816, trazia a última tropa de Lisboa. A Banda Oriental
11
José Gervásio Artigas se intitulava Chefe dos
Orientais e Protetor dos Povos Livres. Outro movimento importante de D. João na política externa
foi a ocupação da Banda Oriental. Na operação, foi de grande
12
Fragatas Graça e Príncipe Real, Charrua
Voador, Brigues Lebre, Providente e Atrevido.
importância o papel que desempenhou a Marinha, não só no
transporte das tropas, desde Portugal10 (já liberado do domínio
francês), como também em todo o desenrolar da ocupação.
O movimento de independência da América espanhola
provocou o aparecimento de novas nações americanas, cada qual
com lideranças individuais. Foi o caso do Uruguai, então chamado
de Banda Oriental, que se recusava a fazer parte das Províncias
Unidas do Rio da Prata, encabeçada por Buenos Aires. Seu líder
José Gervásio Artigas11 arregimentou as camadas populares contra
o domínio espanhol e para o ideal da anexação promovido por
Buenos Aires. Neste intento invadiu as fronteiras portenhas e
brasileiras, o que ocasionou o acordo entre as duas últimas para
uma ação conjunta contra Artigas.
A 12 de junho de 1816, partiu do Rio de Janeiro uma Divisão
Naval, composta de uma fragata, uma corveta, cinco naus (das
quais uma era inglesa e outra francesa) e de seis brigues, capitaneada
pela Nau Vasco da Gama, onde achavam-se embarcados o Chefe-
de-Divisão Rodrigo José Ferreira Lobo, responsável pelas atividades
navais da expedição, e o Tenente-Coronel Carlos Frederico Lecor,
então nomeado Governador e Capitão-General da Praça e
Capitania de Montevidéu.
A Divisão Naval foi se
reunir com o 1o Escalão,
c o m p o s t o p o r seis na-
vios12, que já havia seguido
para Santa Catarina em
janeiro.
Aportando a Divisão
na Ilha de Santa Catarina a Embarque na Praia Grande
26 de junho, decidiu Lecor Fonte: O Exército na História do Brasil:
Reino Unido e Império
seguir por terra com sua

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tropa para o Rio Grande do Sul e, então, iniciar a invasão, visto que

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
as condições climáticas só eram favoráveis à navegação no Rio
da Prata em outubro. Seguiu então à frente dos seus 6 mil
comandados, margeando o mar até as proximidades de
Maldonado. A Esquadra, por sua vez, rumou em direção ao Rio
da Prata, devendo antes estacionar naquele porto.
Do Rio de Janeiro, a 4 de agosto, partiu nova flotilha,
composta por quatro navios 13 com a missão de operar em
combinação com a Divisão dos Voluntários Reais. A 22 de
novembro de 1816, deu-se o desembarque em Maldonado pelas
forças navais de Rodrigo José Ferreira Lobo. Com a ocupação do 13
Era composta da Corveta Calipso (capitânia), sob
cidade, e a vitória pelas forças terrestres em Índia Morta, o caminho o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra D. José
para Montevidéu ficou livre. Lecor encontrava-se acampado no Manuel de Meneses; Escuna Tártara, comando do
Primeiro-Tenente Vitorino A. J. Gregório; Brigue
passo de São Miguel, quando recebeu uma deputação de Real Pedro, comando do Segundo-Tenente José da
Montevidéu que apresentou-lhe as chaves da cidade e seu Costa Couto; e Transporte Patrimônio, comando do
Mestre Antonio Francisco Firmo.
submisso respeito e completa adesão ao governo de D. João VI.
Nessa época, o governo das Províncias do Rio da Prata não 14
Também nos portos de Buenos Aires e de
Baltimore (EUA), armaram-se a princípio muitos
mais apoiava a intervenção armada do Brasil na Banda Oriental, corsários contra nós; porém devido a reclamações
deixando-nos em campo sozinhos. do governo português, tal irregularidade cessou.
Não foi imediata a completa submissão da Banda Oriental.
Ainda por alguns anos, fez José Artigas tenaz resistência à
dominação portuguesa, até sua derrota final na Batalha de
Taquarembó, a 22 de janeiro de 1820.
Durante esse período, os partidários de Artigas valiam-se de
corsários que, com base na Colônia de Sacramento14, ocasionavam
grandes prejuízos ao comércio de nossa Marinha Mercante. Com
recursos navais reduzidos para liquidar a nova ameaça, o comando
português empregou tropas terrestres para tentar destruir as bases
inimigas. Assim, o Tenente-Coronel Manuel Jorge Rodrigues,
auxiliado por forças navais, atacou e conquistou Colônia, Paissandu
e outros locais às margens do Uruguai, tendo em Sacramento
conseguido aprisionar vários corsários que aí se encontravam.
Para as operações realizadas no Rio Uruguai, foi constituída
uma pequena flotilha, sob o comando do Capitão-Tenente Jacinto
Roque Sena Pereira, formada pela Escuna Oriental e Barcas Cossaca,
Mameluca e Infante D. Sebastião. Esta flotilha prestou auxílio
inestimável às forças de terra, tanto na tomada de Arroio de La
China, quanto na tomada de Calera de Barquin, Perucho Verna e
Hervidero. Em Perucho Verna, doze embarcações inimigas, uma
lancha artilhada e um escaler foram apresados.
No mar, o último episódio em que a força naval atuou,
ocorrido em 15 de junho de 1820, foi o aprisionamento do corsário
General Rivera, com a recuperação dos mercantes Ulisses e
Triunfantes, pela Corveta Maria da Glória, comandada pelo Capitão-
de-Fragata Diogo Jorge de Brito.
A 31 de julho de 1821, em assembléia formada por deputados
representantes de todas as localidades orientais, foi aprovada por

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unanimidade a incorporação da Banda Oriental à Coroa portuguesa,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
fazendo parte do domínio do Brasil com o nome de Província
Cisplatina.

Situação geral inicial da guerra com Artigas


e a marcha de Lecor ao longo da Costa.
Fonte: O Exército na História do Brasil:
Mapas, Esquemas e Esboços

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A Revolta Nativista de 1817

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e a atuação da Marinha

Em paralelo ao que ocorria no Sul, teve a Corte que se


mobilizar para fazer frente ao movimento separatista que eclodiu
em Pernambuco, em março de 1817.
As primeiras providências para o restabelecimento da ordem
legal em Pernambuco foram tomadas pelo Conde dos Arcos,
Governador da Bahia, que fez armar em guerra alguns navios
mercantes, e mandou seguir para Pernambuco sob o comando do
Capitão-Tenente Rufino Peres Batista. A esquadrilha era composta
15
Corveta Carrasco, Brigue Mercúrio e uma
por três navios15, e tinha como missão o bloqueio do porto do escuna.
Recife.
Brigues Benjamin, comando do Capitão-Tenente
A 2 de abril partiu da Corte uma Divisão sob o comando do
16

Fernando José Melo; e Aurora, comando do Capi-


Chefe-de-Esquadra Rodrigo José Ferreira Lobo, composta por três tão-de-Fragata José Felix Pereira de Campos; e
navios16, enquanto que da Bahia seguiram por terra dois regimentos pela Escuna Maria Teresa, comando do Capitão-
Tenente Nuno José de Sousa Manuel de Melo.
de cavalaria e dois de infantaria. A 4 de maio outra Divisão Naval,
sob o comando do Chefe-de-Divisão Brás Caetano Barreto Era constituída pela Nau Vasco da Gama (capitânia),
17

e dos transportes Santiago Maior, comando do Ca-


Cogomilho, partiu do Rio de Janeiro17. pitão-Tenente José de Oliveira; Almirante, comando
O cerco da cidade de Recife por terra e o bloqueio efetuado do Segundo-Tenente Luís Antonio Ribeiro; Harmo-
nia, comando do Primeiro-Tenente Isidoro da Cos-
por mar fizeram com que os rebeldes abandonassem a cidade a ta Chaves; Feliz Eugenia, comando do Segundo-
20 de maio, dando fim ao movimento separatista. Tenente Francisco José Damásio; Joaquim Guilher-
me, comando do Capitão Bernardo José Carreirão;
Olímpia, comando do Capitão-Tenente José

Guerra de Independência Domingues; Ateneu, comando do Primeiro-Tenente


Estevão do Vale; Bela Americana, comando do Pri-
meiro-Tenente Cipriano J. Pires; e Bonfim, coman-
do do Segundo-Tenente José da Fonseca Figueiredo.
Elevação do Brasil a Reino Unido Mais tarde a Divisão foi acrescida da Fragata Pérola,
comando do Capitão-Tenente José Maria Monteiro.

Do mesmo modo que a transferência para o Brasil da sede 18


Pacto Colonial foi o nome dado às relações entre
do reino português foi motivada pela ameaça representada pelo a metrópole e a colônia, que implicavam sempre na
subordinação da segunda à primeira. O pacto colo-
expansionismo francês na Europa, seria esperado o retorno do nial implicava que todo o comércio dos produtos
Rei D. João VI a Lisboa e a restauração do pacto colonial18 após produzidos na colônia só poderia ser feito com a
metrópole. De maneira inversa, todos os produtos
a paz européia. Com a queda de Napoleão e o movimento de que os colonos quisesse importar só poderia ser
restauração das monarquias absolutistas encabeçado pelo vendido pela metrópole, isto se chama monopólio
comercial ou exclusivismo mercantil.
Congresso de Viena19, os portugueses esperavam que seu rei
retornasse para Portugal e trouxesse a Corte de volta para Lisboa. 19
O Congresso de Viena (1814-1815) foi a reunião
dos representantes dos países que derrotaram a
Entretanto, o monarca permaneceu no Rio de Janeiro e, para França de Napoleão para restaurar a organização
viabilizar esta situação, elevou o Brasil a uma condição equivalente política dos países da Europa afetados pela Revolu-
ção Francesa e pela invasão das tropas de Napoleão.
de Portugal com a formação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Os principais objetivos dos representantes das gran-
Algarves. des potências que derrotaram a França (Inglaterra,
Prússia, Áustria e Rússia) era refazer o mapa políti-
Enquanto os comerciantes e fazendeiros brasileiros co europeu, promovendo a volta do Antigo Regime,
desfrutavam do afrouxamento dos laços coloniais, a sociedade e das monarquias absolutistas derrubadas por
Napoleão.
portuguesa via-se deixada em segundo plano, com o território
luso sendo administrado por uma junta sob controle de um
militar britânico.

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O retorno de D. João VI

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
para Portugal

Tal estado de “abrasileiramento” da monarquia portuguesa,


somado ao clamor por uma flexibilização do absolutismo vindo de
setores da sociedade portuguesa, fez estourar na Cidade do Porto
um movimento revolucionário liberal. Logo a revolução se espalhou
por todo o Portugal, fomentando a instalação de uma Assembléia
Nacional Constituinte denominada de “Cortes”, que visava a
instaurar uma monarquia Constitucional. O estado revolucionário
da antiga metrópole provocou o retorno do Rei em 26 de abril de
1821, deixando seu filho D. Pedro como Príncipe Regente. Tentava,
assim, a dinastia de Bragança manter sob controle, e longe dos
ventos liberais, as duas partes de seu reino.
Mesmo com o retorno do Rei, as Cortes reunidas em Lisboa
mantiveram-se atuantes na imposição de uma monarquia
constitucional a D. João VI. Contudo, o posicionamento das Cortes
em relação ao Brasil era completamente contrário ao seu discurso
Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil
e Algarves
liberal: vinha no sentido de reativar a subordinação política e
econômica posterior a 1808, reerguendo o pacto colonial. A
oposição que as Cortes faziam à dinastia de Bragança em Portugal
e suas crescentes imposições ao Príncipe Regente provocaram
reações de D. Pedro. Em 9 de janeiro de 1822, no que ficou
conhecido como Dia do Fico, D. Pedro declarou que permaneceria
no Brasil apesar da determinação das Cortes para que retornasse
a Lisboa. Concomitantemente, o Príncipe nomeou um novo
Gabinete de Ministros, sob a liderança de José Bonifácio de Andrada
e Silva, que defendia a emancipação do Brasil sob uma monarquia
constitucional encabeçada pelo Príncipe Regente.
A pressão das Cortes pela restauração do pacto colonial com
o conseqüente esvaziamento das suas atribuições de regente
levaram D. Pedro a defender a autonomia brasileira perante a
restauração da condição de colônia pretendida pelas Cortes.

A Independência
Princesa D. Leopoldina, esposa de D. Pedro, Em 7 de setem-
investida das funções de Princesa Regente do
Brasil, reúne o Conselho de Estado em 2 de
bro de 1822, o Príncipe
setembro de 1822 e ouve de José Bonifácio de D. Pedro declarava a
Andrada e Silva os argumentos pela imediata
proclamação da Independência do Brasil.
Independência do Brasil.
Motivada por esta reunião,a princesa teria Porém, só as províncias
enviado a carta que, lida às margens do Ipiranga,
levou D. Pedro ao definitivo rompimento com
do Rio de Janeiro, São
Lisboa. Paulo e Minas Gerais
Óleo sobre tela de Georgina de Albuquerque.
Acervo do Museu Histórico Nacional.
atenderam de imediato
à conclamação emanada
das margens do Ipiranga.

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Até pela proximidade

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
geográfica, estas manti-
veram-se fiéis às decisões
emanadas do Paço 20
mesmo após a partida de
D. João VI. As capitais das
províncias ao Norte do
País mantiveram sua li-
gação com a metrópole,
pois as peculiaridades da
navegação a vela e a falta
de estradas as punham 20
Paço Imperial foi a sede administrativa
mais próximas desta do do governo durante o período do reinado de
que do Rio de Janeiro. D. João VI e por todo o Império, localiza-se na
Praça XV de Novembro, no centro da cidade
Mormente o expressivo do Rio de Janeiro.

Retrato do Imperador D. Pedro I, cuja coroação


número de patriotas no
ocorreu em 1 de dezembro de 1822.
o interior destas províncias,
Óleo sobre tela de Manoel de Araújo Porto-Alegre. nas capitais e nas poucas
Acervo do Museu Histórico Nacional.
Fonte: http://www.museuhistóriconacional.com.br principais cidades, a elite
de comerciantes era
majoritariamente por-
tuguesa e adepta da restauração colonial realizada pelo movimento
liberal português. Durante a “queda-de-braço” empreendida entre
as Cortes e D. Pedro, foram reforçadas as guarnições militares Paço Imperial
das províncias do Norte e Nordeste para manter a vinculação Fonte: http://portal.iphan.gov.br

com Lisboa.
A resistência mais forte estava justamente em Salvador,
Bahia, onde essa guarnição era mais numerosa. No sul, a recém-
incorporada Província Cisplatina viu as guarnições militares que lá
ainda estavam dividirem-se perante a causa da Independência,
enquanto o comandante das tropas de ocupação, General Carlos
Frederico Lecor, colocou-se ao lado dos brasileiros, seu
subcomandante, D. Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior
parte das tropas defenderam o pacto com Lisboa.
A situação que se descortinava no Brasil parecia cada vez
mais desfavorável ao processo de Independência. Mesmo que as
forças brasileiras, constituídas de militares e milícias patrióticas
forçassem e sitiassem as guarnições portuguesas, o mar era uma
via aberta para o recebimento de reforços. Por esta via, Portugal
aumentou sua força com tropas, suprimentos e navios de guerra à
guarnição de Salvador comandada pelo Governador das Armas da
Província Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo.

A Formação de uma Esquadra Brasileira

O governo brasileiro, por intermédio de seu Ministro do


Interior e dos Negócios Estrangeiros José Bonifácio de Andrada e
Silva, percebeu que somente com o domínio do mar conseguiriam

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manter a unidade territorial brasileira, pois eram por meio do mar

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
que as províncias litorâneas, onde estava concentrada a maior parte
da população e da força produtiva brasileira, se interligavam e
comercializavam seus produtos. A rápida formação de uma Marinha
de Guerra nacional constituía-se no melhor meio de transportar
e concentrar tropas leais e suprimentos para as áreas de embate
com os portugueses.
Este conjunto de navios de guerra, a Esquadra, impediria que
chegassem aos portos das cidades brasileiras ocupadas pelos
portugueses os reforços que Portugal enviasse, interceptando e
combatendo os navios que os trouxessem. Privando as guarnições
O conceito de dissuasão será exposto no
21
portuguesas de mais soldados e armas vindos por mar, as
Capítulo VIII – O Emprego Permanente do
Poder Naval. bombardeando com canhões embarcados e transportando
soldados brasileiros para reforçar os patriotas que lutavam
contra os portugueses no interior, a Marinha Brasileira contribuiu
para a Independência do Brasil, permitindo que do território da
colônia portuguesa na América emergisse um só país, com um
grande território.
O nascimento da Marinha Imperial, portanto, se deu nesse
regime de urgência, aproveitando os navios que
tinham sido deixados no porto do Rio de Janeiro
pelos portugueses, que estavam em mal estado de
conservação, e os oficiais e praças da Marinha
portuguesa que aderiram à Independência. Os navios
foram reparados em um intenso trabalho do Arsenal
de Marinha do Rio de Janeiro e foram adquiridos
outros, tanto pelo governo como por subscrição
pública. E as lacunas encontradas nos corpos de
oficiais e praças foram completadas com a
contratação de estrangeiros, sobretudo experientes
remanescentes da Marinha inglesa. A
necessidade de se dispor da Força Naval como
Nau Pedro I. um eficiente elemento operativo e como um fator de
Navio capitânia da primeira Esquadra do Brasil
independente. Exemplo maior dos vários navios dissuasão 21para as pretensões de reconquista portuguesa fez com
da Marinha portuguesa que se encomtravam no que o governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas
porto do Rio de Janeiro em mal estado de
conservação e foram reparados pelo Arsenal de Cochrane, um brilhante e experiente oficial de Marinha inglês,
Marinha da Corte (Arsenal de Marinha do Rio de como Comandante-em-Chefe da Esquadra.
Janeiro). Na Marinha Portuguesa era nomeada
Martin de Freitas e fez parte da Esquadra que
transportou a Família Real para o Brasil em Operações Navais
1808.
Óleo sobre tela de Eduardo de Martino
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. A 1o de abril de 1823, a Esquadra brasileira comandada por
Cochrane, deixava a Baía de Guanabara com destino à Bahia, para
bloquear Salvador e dar combate às forças navais portuguesas que
lá se concentravam sob o comando do Chefe-de-Divisão Félix dos
Campos. A primeira tentativa de dar combate aos navios
portugueses foi desfavorável à Cochrane, tendo enfrentado, além
do inimigo, a indisposição para luta dos marinheiros portugueses
nos navios da Esquadra, muitos dos quais guarneciam os canhões
com uma inabilidade próxima ao motim. Depois de reorganizar

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suas forças e expurgar os elementos desleais, e a despeito das

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Forças Navais portuguesas, Cochrane colocou Salvador sob
bloqueio naval, capturando os navios que provinham o
abastecimento da cidade, que já se encontrava sitiada por terra
pelas forças brasileiras.
Pressionados pelo desabastecimento, as tropas portuguesas
abandonaram a cidade em 2 de julho, em um comboio de mais de
70 navios, escoltados por 17 navios de guerra. Este foi
acompanhado e fustigado pela Esquadra brasileira, destacando-se
a atuação da Fragata Niterói, comandada pelo Capitão-de-Fragata
John Taylor, que, apresando vários navios, atacou o comboio
português até a foz do Rio Tejo.

Primeira Esquadra do Brasil independente,


capitaneada pela Nau Pedro I que largou do
Rio de Janeiro em 1o de abril de 1823
com destino à Bahia.
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de
Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da
Marinha.

Fragata Niterói persegue os navios


portugueses que se retiram da Bahia.
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de
Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da Lorde Thomas Cochrane, Conde de Dundonald
Marinha (Grã-Bretanha) e Marquês do Maranhão (Brasil),
comandante da Esquadra Brasileira na Guerra
da Independência.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

O próximo passo para expulsão dos portugueses do


Norte-Nordeste brasileiro era o Maranhão, onde Cochrane,
utilizando-se de um hábil ardil, fez da Nau Pedro I, sua capitânia,
a ponta de lança de uma grande força naval que viria próxima,
transportando um vultoso Exército nacional que tomaria São
Luís. Porém, tudo não passava de um blefe para levar a
deposição da Junta Governativa que se mantinha fiel à Lisboa, o
que aconteceu em 27 de julho de 1823.
Seguiu-se a utilização do mesmo ardil no Grão-Pará,
conduzido pelo Capitão-Tenente John Pascoe Grenfell, no comando
do Brigue Maranhão. Tais estratagemas, que conduziram a aceitação
da Independência brasileira pelas elites formadas em sua maioria
de portugueses em São Luís e em Belém, não se deram tão
facilmente como um vislumbre superficial do evento histórico

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permite concluir, a luta pelo poder provincial entre brasileiros e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
portugueses recém-adeptos da Independência levou que o
contingente da Marinha naquelas cidades atuasse tanto num
sentido apaziguador, mesmo diplomático, como trazendo a
ordem pela força das armas.
As operações navais na Cisplatina assemelharam-se às
realizadas na Bahia, sendo empreendido um bloqueio naval
conjugado com um cerco por terra a Montevidéu, isolando as
tropas portuguesas comandadas por D. Álvaro Macedo. Em março
de 1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo Capitão-de-Mar-
e-Guerra Pedro Antônio Nunes, foi reforçada com a chegada de
navios vindos do Norte-Nordeste do Império, a tempo de se opor
à tentativa portuguesa de romper o bloqueio em 21 de outubro. A
batalha que se seguiu, embora violenta, terminou sem a vitória de
nenhum dos oponentes, mas configurou-se como uma vitória
estratégica das forças brasileiras com a manutenção do bloqueio.
O desabastecimento provocado pelo bloqueio e pelo cerco por
terra, somado a desalentadora notícia
que Montevidéu era a última resistência
GUERRA DE INDEPENDÊNCIA
Deslocamento das Forças Navais brasileiras
portuguesa na ex-colônia, provocou a
que possibilitou a expulsão das forças portuguesas evacuação do contingente português da
Cisplatina em novembro de 1823.

Confederação do Equador
Ainda no reinado de D. Pedro I, uma
revolta na Província de Pernambuco
colocou em perigo a integridade territorial
do Império. A Marinha atuou contra a
Confederação do Equador a partir de abril
de 1824, que congregou, no seu ápice,
também as províncias da Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará. Porém, o
aumento do combate à revolta só se deu
com o envio da Força Naval comandada
por Cochrane, onde foi embarcada a 3a
Brigada do Exército Imperial, com 1.200
homens, comandada pelo Brigadeiro
Francisco Lima e Silva. As tropas foram
desembarcadas em Alagoas e seguiriam
por terra para a província rebelada;
enquanto a Força Naval alcançou Recife
em 18 de agosto de 1824, instituindo
severo bloqueio naval. Com a Marinha e
o Exército atuando conjuntamente, as
forças rebeldes de Recife foram
derrotadas em 18 de setembro.

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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO

29/11/1807 Saída de Lisboa da Família Real.


22/01/1808 Chegada da Família Real em Salvador.
29/01/1808 Abertura dos portos ao comércio estrangeiro.
07/03/1808 Chegada da Família Real ao Rio de Janeiro.
Desembarque da Brigada Real de Marinha no Rio de Janeiro,
marco zero da história dos Fuzileiros Navais.
11/03/1808 Instalação do Ministério dos Negócios da Marinha e Ultramar no Rio de Janeiro.
01/05/1808 D. João assina manifesto declarando guerra à França.
01/12/1808 Desembarque das tropas luso-brasileiras em território da Guiana
Francesa.
12/01/1809 Caiena, capital da Guiana Francesa se rende.
12/06/1816 Saída da Divisão Naval para a Banda Oriental.
22/11/1816 Desembarque em Maldonado.
02/04/1817 Parte da Corte a Divisão Naval com a missão de bloquear Recife,
durante a Revolta Nativista de 1817.
20/05/1817 Fim do movimento nativista de Pernambuco.
26/04/1821 Regresso de D. João VI para Portugal.
31/07/1821 Incorporação da Banda Oriental à Coroa de Portugal.
09/01/1822 Dia do Fico, o Príncipe Regente D. Pedro declara que não
obedecerá às determinações das Cortes portuguesas e que permanecerá
no Brasil.
07/09/1822 Independência do Brasil.
10/11/1822 Primeira vez em que é içada a Bandeira Imperial em navio da nova Esquadra.
Aniversário da Esquadra.

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DATA EVENTO

01/04/1823 A Esquadra brasileira, sob o comando do Primeiro-Almirante Cochrane,


deixou o porto do Rio de Janeiro rumo à Bahia.
02/07/1823 Larga do porto de Salvador comboio de navios levando as tropas
portuguesas para Portugal.
27/07/1823 Adesão à causa da Independência pela Província do Maranhão.
15/08/1823 Adesão à causa da Independência pela Província do Grão-Pará.
21/10/1823 Tentativa de rompimento do bloqueio naval brasileiro pelos navios fiéis
a Portugal estacionados na Província Cisplatina. Vitória estratégica da
Força Naval brasileira.
18/11/1823 Capitulação de Montevidéu e retirada das tropas portuguesas da
Província Cisplatina.
18/09/1824 As forças rebeldes de Recife foram derrotadas.

FIXAÇÃO

1- O que motivou a vinda da Família Real para o Brasil?


2- Quais foram as duas ações iniciais de política externa empreendida por D. João?
3- Do que se tratou a Revolta de 1817 e qual atuação da Marinha nesse episódio?
4- Proclamada a Independência, como o novo governo resolveu a questão
da falta de pessoal para guarnecer os navios?
5- Na sua opinião, qual a relação de uma Marinha forte no período em estudo e
a extensão do litoral brasileiro ?

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SAIBA MAIS

ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de


Documentação da Marinha, 1985.

DIEGUES, Fernando. A revolução brasílica: o projeto e a estratégia da Independência. Rio de


Janeiro: Objetiva, 2004.

HISTÓRIA geral do Brasil. Org. de Maria Yedda Linhares. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1990.

HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975- . v.2.
t.2. e v.3. t.1.

MAIA, João do Prado. A Marinha de Guerra do Brasil na colônia e no império: (tentativa de


reconstituição histórica). Rio de Janeiro: J. Olympio, 1965.

PÁGINAS NA INTERNET

Museu Histórico Nacional: http://www.museuhistoriconacional.com.br/


Museu do Primeiro Reinado: http://www.sec.rj.gov.br/webmuseu/mpr.htm
Centro de Informações de História do Brasil – Educação MultiRio: http://
www.multirio.rj.gov.br/historia/index.html
Biblioteca Virtual sobre História do Brasil – Grupo de Estudos da História do Brasil:
http://br.geocities.com/grupohistoriadobrasil/Biblioteca.htm
História do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: http://www.mar.mil.br/amrj/historia
historia.html
Marinha do Brasil: http://www.mar.mil.br
Serviço de Documentação da Marinha: http://www.sdm.mar.mil.br

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A Atuação da Marinha nos Conflitos


da Regência e do Início do Segundo Reinado
Sinopse
1
A constituição de 1824 tinha como principal carac- A peculiar Independência brasileira, que pôs à frente do
terística a criação do Poder Moderador (exercido
exclusivamente por D. Pedro I, que podia dissolver processo de emancipação da ex-colônia o herdeiro do trono real
a Câmara dos Deputados, convocar as Forças Ar- português, produziu uma divisão na política brasileira que marcaria
madas e nomear ministros, presidentes de provín-
cias, senadores e juízes), que tinha o direito de
o reinado de D. Pedro I: a separação entre brasileiros, liberais, que
intervir nos outros três poderes: Executivo, defendiam a monarquia constitucional, e portugueses, que propunham
Legislativo e Judiciário.
a concentração de poder nas mãos do Imperador.
2
Esta divisão entre o Imperador e o Partido Portu- O Imperador D. Pedro I tornava-se cada vez mais autoritário,
guês contra o Partido Brasileiro se tornou mais buscando o apoio da facção dos portugueses que defendiam maior
radical pela crise econômica que o Brasil tinha en-
trado logo no começo de sua história como Estado poder ao monarca. Já a facção dos brasileiros queria que o poder
autônomo, causada pelos gastos com o reconheci- do Estado brasileiro fosse dividido entre o Imperador e a Assembléia
mento da Independência e com a guerra empreen-
dida pela posse da Província Cisplatina, da qual tra-
Legislativa, constituída de representantes eleitos da sociedade, que
taremos mais tarde.- redigiria a Carta Constitucional e faria as leis. Ou seja, defendiam
que a monarquia de D. Pedro fosse uma monarquia constitucional.
3
Os donos das casas comerciais que tratavam do
movimento de produtos importados e exportados A Assembléia Constituinte foi reunida, em maio de 1823,
pelos portos brasileiros eram, em sua maioria, por- para redigir a primeira Constituição brasileira. A maioria dos
tugueses de nascimento. Esses estabelecimentos
intermediavam a exportação da produção agrícola
deputados constituintes queria uma Constituição que limitasse os
das grandes propriedades, como o algodão e o açú- poderes do Imperador. Tal fato desagradava D. Pedro e os
car. Também eram os intermediários na importa- homens que o apoiavam, já que o monarca queria no Brasil
ção da mão-de-obra que trabalhava nas plantações;
os escravos trazidos da África. uma monarquia absolutista.
O conflito entre D. Pedro e os deputados constituintes
acabou quando o Imperador dissolveu a Assembléia Constituinte
em 1823. Em seguida, nomeou um Conselho de Estado composto
por dez membros, com a tarefa de redigir um projeto de
Constituição. Resultando na imposição uma Constituição,
outorgada em 1824, que praticamente resgatava o regime
absolutista1. A atitude autoritária do Imperador aumentou em muito
a oposição liberal a ele, representada pelo Partido Brasileiro2.
Foram vários anos de disputa política entre os Partidos
Português e Brasileiro, e de críticas, cada vez mais violentas, ao
Imperador vindas dos políticos do Partido Brasileiro e de todos
que defendiam que o poder do Estado não ficasse concentrado
nas mãos de D. Pedro. Também desagradava muito aos brasileiros
a influência que os portugueses residentes no país tinham junto ao
Imperador, ampliando o poder dos portugueses adesistas na
sociedade brasileira, pois monopolizavam o comércio exterior nas
capitais das principais províncias, motivo de insatisfação do resto
da população3.

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O embate entre portugueses e brasileiros na Assembléia Geral

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Legislativa transpareceu na imprensa, que atacou o absolutismo
do Imperador, e foi para as ruas, onde partidários do monarca
entraram em choque com defensores do Partido Brasileiro.
Preocupava D. Pedro I não somente a oposição ao seu reinado,
que crescia entre os brasileiros, mas também a situação política
em Portugal, onde tinha pretensão de ascender ao trono.
Pressionado pela população, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I
abdicou do trono em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara,
que tinha apenas cinco anos de idade. Como o herdeiro não tinha
idade para assumir o trono, instalou-se no Brasil um governo
regencial. O Poder Executivo seria composto por três membros,
uma regência trina, conforme determinava a Carta Constitucional.
Posteriormente, a regência seria constituída de uma só pessoa, a
regência una.
No período regencial, o conturbado ambiente político da
Corte se refletiu nas províncias do Império em movimentos
armados que explodiram por todos os principais centros regionais,
desde 1831 até os anos de consolidação do reinado de D. Pedro
II. A Marinha da Independência e da Guerra Cisplatina, constituída
por elevado número de navios de grande porte, foi sendo
transformada em uma Marinha de unidades menores, próprias para
enfrentar as conflagrações nas províncias e ajustadas às limitações
orçamentárias.
Revoltas deflagradas em diversas províncias foram abafadas
pelo governo regencial com a utilização da Marinha e do Exército.
A Marinha se fez mais presente nos combates no Pará
(Cabanagem), no Rio Grande do Sul (Guerra dos Farrapos ou
Revolução Farroupilha), na Bahia (Sabinada), no Maranhão e Piauí
(Balaiada) e em Pernambuco (Revolta Praieira), esta já anos após a
coroação de D. Pedro II.
Em todas estas revoltas, a Marinha não enfrentou nenhum
grande inimigo no mar. Embora na Guerra dos Farrapos os rebeldes
tenham formado uma pequena flotilha de embarcações armadas,
que foi prontamente combatida e vencida, a Marinha se fez
presente no rápido transporte de tropas do Exército Imperial da
Corte e de outras províncias até as áreas conflagradas. Também
dependeu do transporte por mar, em grande parte realizado pela
Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam nas províncias
rebeladas, pois não existiam estradas que ligassem a Corte às
províncias do Norte e do Sul.
A Marinha também cumpriu ações de bloqueio nos portos
ocupados pelos rebeldes, evitando que recebessem qualquer
abastecimento vindo do mar, como armas e munições desviadas
de outras províncias ou compradas no estrangeiro. Finalmente,
militares da Marinha Imperial atuaram diversas vezes em
desembarques, lutando com grupos rebelados lado a lado com
tropas do Exército, da Guarda Nacional e milicianos.

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Fragata Imperatriz, navio com 54 canhões que operou na Escuna Rio da Prata (esquerda) e Corveta Dorrego. Detalhe do desenho de
Marinha Imperial entre 1824 a 1845. Com 46 metros de Gaston Roullet.
comprimento e 12,20 metros de boca, era um exemplo A Escuna Rio da Prata, com 23 metros de comprimento e armada com dez
tipico dos grandes navios que formavam a Esquadra brasileira canhões, representa os pequenos navios de guerra utilizados para auxiliar no
no Primeiro Reinado. sufocamento das diversas insurreições que se abateram sobre as províncias do
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. Império do Brasil durante o período regencial.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

No contexto externo, os dois grandes conflitos que o Império


brasileiro se envolveu, desde sua Independência até o início das
hostilidades que levariam à guerra contra o Paraguai, foram a Guerra
Cisplatina, entre 1825 e 1828, e a Guerra contra Manuel Oribe e
Juan Manuel de Rosas, em 1850 e 1852. A área marítimo-fluvial
em que se desenrolaram a maioria das operações navais destes
dois conflitos, separados no tempo por quase um quarto de século,
foi a mesma, o estuário do Rio da Prata, que separa o Uruguai da
Argentina.
Na Guerra Cisplatina, Brasil e as Províncias Unidas do Rio
da Prata, atual Argentina, lutaram pela posse do território
uruguaio, ainda não independente. Nesta guerra, que custou
muito à economia de um país recém-formado como o Brasil, a
Marinha lutou longe de sua base principal, o Rio de Janeiro,
contra a Marinha argentina que, embora menor, atuava muito
perto de sua principal base de apoio, Buenos Aires, e
conhecendo o teatro de operações repleto de obstáculos
naturais à navegação, o Rio da Prata.
A Marinha Imperial brasileira, além das atividades de
abastecimento das tropas em combate, operou de modo ofensivo
no Rio da Prata. A Força Naval brasileira efetuou um bloqueio naval4

84
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sobre Buenos Aires visando a isolar a capital adversária de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
abastecimento vindo do exterior e impedir que embarcações
argentinas transportassem tropas e armamento para reforçar
argentinos e orientais que lutavam contra as tropas brasileiras no
território uruguaio.
Além do bloqueio, a Força Naval brasileira combateu a
Esquadra argentina até seu desmembramento, privando o
adversário do principal e primeiro braço do Poder Naval. Os navios
da Marinha que não foram deslocados para aquela guerra não
deixaram de se envolver no conflito. A Marinha defendeu as linhas
de comunicação marítimas, dando combate aos corsários armados
pela Argentina e pelos rebeldes uruguaios que atacaram a
navegação mercante brasileira ao longo de toda a nossa costa.
A próxima guerra que o Brasil se envolveria no Rio da Prata
seria contra Juan Manuel de Rosas, governador da Província de
Buenos Aires e Manuel Oribe, presidente da República Oriental
do Uruguai e líder do Partido Blanco. Tendo como seus aliados os
governadores das províncias argentinas de Entre Rios e Corrientes
e o Partido Colorado uruguaio, o Império brasileiro se interpôs a
uma tentativa de união de seus vizinhos do sul, que enfraqueceria
a posição brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na
fronteira do Rio Grande do Sul, há pouco pacificado e impedido de
se separar do Brasil na Guerra dos Farrapos.
Coube à Marinha um grande momento neste curto conflito:
a Passagem de Tonelero. Pela primeira vez se utilizando navios a
vapor em um conflito externo, a Força Naval brasileira ultrapassou sob
os disparos dos canhões das
tropas Juan Manuel de Rosas
o ponto fortificado adversário MARINHA IMPERIAL BRASILEIRA
no Rio Paraná, o Passo de CONFLITOS INTERNOS E EXTERNOS DE 1831 A 1852
Tonelero, e conduziu as tropas
aliadas rio acima para uma
INTERNOS
posição de desembarque
favorável, onde foi possível o CABANAGEM

ataque e a pos-terior vitória BALAIADA


sobre as tropas adversárias.
REVOLTA PRAIEIRA

SABINADA

GUERRA DOS FARRAPOS

EXTERNOS

GUERRA CISPLATINA

GUERRA CONTRA
ORIBE E ROSAS

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Conflitos internos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Cabanagem

A primeira sublevação ocorrida no período regencial foi a


Cabanagem, no Grão-Pará, que se generalizou em 1835 com a
ocupação da capital da província, Belém. O governo central enviou
uma força interventora constituída de elementos da Marinha e do
Exército Imperial que, após primeira tentativa frustrada de
reconquistar a capital, desembarcou e a ocupou sem a resistência
dos rebeldes. Contudo, os cabanos retomaram o fôlego para a
luta com o crescimento da revolta no interior e retomaram a
capital em agosto de 1835.
Durante o conflito, as forças militares atuaram contra focos
rebeldes espalhados por um território inóspito e desconhecido, a
floresta amazônica. A Marinha bloqueou o porto de Belém,
dificultando o seu abastecimento, bombardeou posições rebeldes,
desembarcou tropas do Exército e embrenhou-se nos rios
amazônicos para dar combate aos mais isolados focos de revolta.
O desgaste que as forças militares impuseram aos cabanos levou-
os ao abandono da capital em maio de 1836 continuando a resistir
no interior. A luta se estendeu até 1840, com a ação conjunta da
Força Naval e das tropas do Exército debelando a resistência
Vice-Almirante Frederico Mariath, como capitão-
de-fragata, substituiu o Chefe-de-Divisão John
dos cabanos por todo o Pará.
Taylor no comando da Força Naval que combateu
a Cabanagem. Também atuou na Guerra dos
Farrapos, comandando a Força Naval do Império
brasileiro no Rio Grande do Sul (1838-1839) e na
Província de Santa Catarina (1839).
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

Litografia da primeira metade do século XIX


mostrando o porto da cidade do Pará,
atual Belém do Pará.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

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Guerra dos Farrapos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Guerra dos Farrapos, rebelião no sul do Império que durou
dez anos, de 1835 a 1845, atingiu uma região de fronteira já
conturbada por conflitos externos. A Marinha novamente atuaria
em cooperação com o Exército no transporte e abastecimento
das tropas e apoiando ações em terra com o fogo dos canhões
embarcados.
Porém, na Guerra dos Farrapos os navios de guerra
estiveram envolvidos em pequenos combates navais com os
farroupilhas. Os combates não ocorreram em mar aberto, mas
em águas restritas, como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro
combate naval da Guerra dos Farrapos opôs o Iate Oceano, da
Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos revoltosos, na Lagoa
Mirim, quando o navio rebelde foi posto a pique.
A pequena Força Naval que os farroupilhas mantinham na
Lagoa dos Patos foi completamente vencida em agosto de 1839,
quando o Chefe-de-Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das
Forças Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes em
Camaquã. A rebelião rio-grandense estendeu-se para Santa
Catarina, onde os farroupilhas formaram uma pequena Força Naval
com navios mercantes apresados e lanchões remanescentes das
operações na Lagoa dos Patos e Mirim, que foi vencida pela Marinha
em um combate no porto de Laguna. Foi neste conflito regional
que pela primeira vez a Marinha brasileira empregou um navio
movido a vapor em operações de guerra.

Sabinada

A Sabinada, revolta que eclodiu contra a autoridade da


Regência na Bahia, em novembro de 1837, foi combatida pela
Marinha Imperial com um bloqueio da província e o combate a
uma diminuta Força Naval montada pelos rebeldes com navios
apresados. A revolta foi finalmente sufocada em 1838.

Balaiada

A Balaiada, agitação que tomou conta das Províncias do


Maranhão e do Piauí, entre 1838 e 1841, reuniu a população pobre
e os escravos contra as autoridades constituídas da própria
província. Em agosto de 1839, seguiu para o Maranhão o Capitão-
Tenente Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de Tamandaré,
nomeado comandante da Força Naval em operação contra
os insurretos.
Após estudar a região, armou pequenas embarcações que,
enviadas para diversos pontos dos principais rios maranhenses,

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combateriam os rebeldes isoladamente ou apoiariam forças em

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
terra. A partir de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão-Tenente
Joaquim Marques Lisboa atuaria em cooperação com o então
Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que
comandava a Divisão Pacificadora do Norte, reunida para debelar
a revolta. A união dos futuros patronos das forças singulares de
mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma situação
recorrente em todos os conflitos internos durante a Regência e o
Segundo Império: a atuação conjunta da Marinha e do Exército na
manutenção da ordem constituída e da unidade do Império.

Revolta Praieira

A Revolta Praieira estourou em Pernambuco em novembro


de 1848. Iniciada na capital, tomou corpo nas vilas e engenhos da
zona da mata e interior pernambucanos. Para combatê-la, tropas
leais ao governo provincial deixaram Recife, a capital da província,
para engajar as forças praieiras que estariam no interior. Ao ver a
capital desguarnecida, forças praieiras atacaram-na, em 2 de
fevereiro de 1849. O pequeno contingente militar que guarnecia a
cidade foi imediatamente apoiado pela Força Naval fundeada no
porto. Contingentes de marinheiros e fuzileiros navais
desembarcaram dos navios para reunir-se aos defensores da capital
na batalha, enquanto os canhões da Marinha fustigaram as investidas
dos revoltosos. A atuação da Marinha nesta revolta, embora breve,
Vice-Almirante Joaquim José Ignácio, Visconde de evitou que a capital provincial caísse nas mãos dos rebeldes.
Inhaúma. Como capitão-de-fragata comandou a
Força Naval do Império brasileiro que combateu
os rebeldes praieiros. Tinha como capitânia a
Fragata Constituição, porém sua Força Naval era
composta de pequenos navios, brigues-escunas,
escunas e barcas a vapor.
Acervo do serviço de Documentação da Marinha
Aspectos do porto de Recife, Pernambuco, no século XIX. Deste porto, os pequenos navios de
guerra da Força Naval comandada pelo Capitão-de-Fragata Joaquim José Ignácio, partiam para combater
as forças da Revolta Praieira nos pequenos portos e ancouradores no Norte e no Sul da Província de
Pernambuco.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

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Conflitos externos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Guerra Cisplatina

O Brasil recém-independente envolveu-se numa guerra com


as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, pela posse
da então Província brasileira da Cisplatina, atual República Oriental
do Uruguai, anexada ainda por D. João VI, em 1821. Esta guerra
pouco aparece nos livros de história e, mesmo tendo durado quatro
anos, entre 1825 e 1828, é desconhecida para a maioria dos
brasileiros.
O interesse pelo domínio daquelas terras não era novo. O
Império do Brasil e a Argentina herdaram as aspirações e as disputas
dos colonizadores portugueses e espanhóis pela margem esquerda
do estuário do Rio da Prata. Nos séculos XVII e XVIII, o centro da
disputa era a Colônia de Sacramento, o enclave português na região.
No início do século XIX, com os movimentos de independência
na América espanhola e portuguesa, a conflagração atingiu o Brasil
e a Argentina, no conflito conhecido como Guerra Cisplatina.
A guerra não envolvia só a disputa pela posse do território
da Província Cisplatina que, além do gado criado nos pampas e de
dois portos comerciais importantes (Montevidéu e Maldonado),
não continha recursos naturais de monta, mas tinha como objetivo
o controle do Rio da Prata, área geográfica de suma importância
estratégica desde o início da colonização européia na América do
Sul. No estuário do Rio da Prata desembocavam dois grandes rios
(Uruguai e Paraná), que constituíam o caminho natural para a
penetração no continente sul-americano, representando uma
estrada fluvial para a colonização, o acesso aos recursos naturais
e a viabilização das trocas comerciais por todo o interior da
América do Sul.
Apesar do controle português e, depois de 1822, brasileiro,
a Cisplatina, ou Banda Oriental, mantinha uma população de
ascendência e hábitos hispânicos, culturalmente distantes dos
brasileiros. Os cisplatinos, liderados por Juan Antonio Lavalleja,
iniciaram um levante buscando sua independência, procurando
apoio das Províncias Unidas do Rio da Prata, o único Estado
Nacional à época constituído na Bacia do Rio da Prata que poderia
rivalizar com o Império brasileiro.
O Estado argentino, naquela época, era formado por várias
províncias com alto grau de autonomia, que reconheciam a
liderança exercida pela Província de Buenos Aires. A confederação
de províncias argentinas tinha um interesse comum na sublevação
dos cisplatinos contra o Império brasileiro: a possibilidade de
incorporação da Banda Oriental aos seus domínios. Por isso, deram
apoio político, militar e financeiro à revolta, passando,
posteriormente, a envolver-se oficialmente na luta.

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Para se opor à sublevação, nitidamente suportada pela

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Argentina, o Brasil desenvolveu uma campanha militar na Banda
Oriental entre os anos de 1825 e 1828. Além de tropas, deslocou
vários meios navais da Esquadra recém-formada na Guerra de
Independência para o Estuário da Prata, comandadas pelo Vice-
Almirante Rodrigo Lobo. Com o fortalecimento das forças de
Lavalleja na Banda Oriental, as Províncias Unidas do Rio da Prata
oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada a Banda
Oriental ao território argentino, o que significava uma declaração
de guerra ao Governo Imperial brasileiro.
Destacaremos aqui a participação brasileira na guerra naval,
que teve como seu principal palco o Estuário do Rio da Prata. A
ênfase no aspecto naval não indica que as operações de guerra
conduzidas pelos Exércitos em terra tenham sido menos
importantes para a história da Guerra Cisplatina. O Exército
Brasileiro e as forças de Lavalleja, somadas ao Exército argentino,
confrontaram-se em diversas batalhas, mas até o final da guerra,
em 1828, nenhum dos oponentes alcançou uma nítida vantagem
na guerra terrestre.
A batalha mais significativa da Guerra Cisplatina, a Batalha do
Selo uruguaio comemorativo dos 175 anos da Batalha Passo do Rosário, ou Ituzaingó, como os argentinos e uruguaios a
de Ituzaingó (ou Batalha do Passo do Rosário). chamam, ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados
Fonte: http//pt:wikipedia.org
tão indecisos como toda a guerra terrestre que se travou na
Província Cisplatina. Nenhum dos lados conseguiu impor-se sobre
o outro, não sendo possível apontar vitoriosos nem derrotados.
Contudo, a função desta obra é destacar a participação da Marinha
brasileira na nossa história. Assim, descreveremos as operações
navais realizadas na Guerra Cisplatina.
A Marinha Imperial brasileira na Guerra Cisplatina lutou com
a Força Naval argentina, mas também atuou contra os corsários
que, com Patentes de corso emitidas pelas Províncias Unidas do
Rio da Prata e pelo próprio Exército de Lavalleja, atacavam os
navios mercantes brasileiros por toda a nossa costa.
O embate entre a Esquadra brasileira e a Esquadra argentina
teve lugar no estuário do Rio da Prata e nas suas proximidades –
região com grande número de bancos de areia que dificultava a
navegação. Isto ajudou os argentinos a desenvolver uma variação
naval da guerra de guerrilha. Os navios argentinos atacavam e,
quando repelidos, escapavam da perseguição dos navios brasileiros
pelos estreitos canais que se formavam entre os vários bancos de
areia da região, em sua maioria desconhecidos dos marinheiros
brasileiros.
Como primeira ação de guerra, a Força Naval brasileira no
Rio da Prata, comandada pelo Vice-Almirante Rodrigo Lobo,
estabeleceu um bloqueio naval no Rio da Prata, pretendendo
impedir qualquer ligação marítima entre as Províncias Unidas e os
rebeldes de Lavalleja, e dos dois adversários com o exterior. O

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inimigo a ser confrontado pela Força Naval brasileira era liderado

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
pelo experiente irlandês William George Brown, comandante
da pequena Esquadra sediada em Buenos Aires, desde as lutas
pela independência daquele país. O adversário, apesar de contar
com um menor número de navios de guerra, tinha suas ações
facilitadas não só pelo conhecimento da conformação
hidrográfica4 do estuário do Rio da Prata, como também por
permanecer operando próximo ao seu porto base, o
ancoradouro de Los Pozos, em Buenos Aires, onde seus navios
eram abastecidos e reparados.
Nos primeiros meses da guerra, o bloqueio naval imposto
pela Esquadra brasileira provocou o primeiro embate entre as 4
Hidrografia é a topografia marítima, ciência utiliza-
forças navais. O Combate de Colares ocorreu em 9 de fevereiro da para a produção de plantas da costa e ilhas,
chamadas de cartas náuticas.
de 1826, quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios,
deixou seu ancoradouro para empreender uma ação de desgaste
à Força Naval brasileira em bloqueio, também composta de 14
navios. As forças navais adversárias, dispostas em colunas, trocaram
tiros de canhão a grande distância uma da outra, causando p e r d a s
h u m a n a s e avarias
materiais reduzidas
de parte a parte. A
Esquadra argentina
se retirou para o
refúgio de Los Pozos
e a Força Naval
brasileira foi fundear
entre os Bancos de
Ortiz e Chico.
Combate Naval de Colares. O passo poste-
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
rior do comandante
das forças argen-
tinas teria conseqüências muito mais significativas para os
destinos da guerra no mar e em terra se bem-sucedido. Seu
alvo era a Colônia de Sacramento, uma praça fortificada situada
na margem esquerda do Rio da Prata e guarnecida por 1.500
homens chefiados pelo Brigadeiro Manoel Jorge Rodrigues,
complementados por uma pequena força de quatro navios,
comandada pelo Capitão-de-Fragata Frederico Mariath. Sete
navios da Esquadra argentina, capitaneados pela Fragata 25 de
Mayo, romperam o bloqueio brasileiro ao largo de Buenos Aires
e fizeram vela para a Colônia de Sacramento, simultaneamente
aquela praça era cercada por tropas.
Devido ao maior poder de combate da Força Naval
Argentina perante a flotilha brasileira que defendia a Colônia, as
tripulações e os canhões dos navios brasileiros foram
desembarcados e incorporados às defesas de terra. Em 26 de
fevereiro de 1826, os navios argentinos e as tropas de cerco

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iniciaram o bombardeio, respondido pelas fortificações da Colônia

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
do Sacramento, que inutilizaram um dos navios adversários.
Repelido o primeiro ataque, os defensores da Colônia do
Sacramento enviaram uma escuna para pedir auxílio às forças navais
brasileiras estacionadas em Montevidéu, esperando que o socorro
chegasse o mais rápido possível àquela praça sitiada.
O Vice-Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de imediato a
cidade acossada pelo inimigo. Na noite de 1o de março, a Força
Naval argentina, reforçada por seis canhoneiras, tentou
desembarcar 200 homens naquela praça. Depois de severa luta,
os atacantes argentinos foram repelidos, com a perda de duas
5
Expediente comum nas guerras no mar no tem-
canhoneiras e muitos homens, não sem antes conseguirem
po dos navios a vela, utilizando-se da bandeira incendiar um dos nossos navios. Os navios argentinos só desistiram
de outra nação um navio de guerra ocultava sua
identidade perante o inimigo. Este ardil foi utili-
do cerco em 12 de março, escapando da Esquadra brasileira, que
zado pelo Capitão-de-Fragata John Taylor quan- chegara com atraso em defesa de Sacramento.
do no comando da Fragata Niterói na épica per-
seguição aos navios portugueses em retirada, na
A Força Naval argentina empreendia ações mais ousadas
Guerra da Independência. contra a Esquadra brasileira. De uma troca de tiros sem muitas
conseqüências, em fevereiro, tentou a conquista de uma praça
fortificada na margem esquerda do Rio da Prata que, se conquistada,
transformaria-se em um importante ponto de abastecimento das
tropas uruguaias e argentinas.
Uma das missões da Esquadra argentina era justamente a
manutenção do abastecimento dos exércitos que lutavam na
Província Cisplatina. Como obstáculo, antepunha-se a Esquadra
brasileira comandada pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar da
ineficiência desse início de bloqueio naval (pelos primeiros embates
navais da guerra, observa-se que a Esquadra argentina
movimentava-se com relativa facilidade), mantinha-se superior em
número às forças navais comandadas por Brown.
O Comandante da Esquadra argentina William Brown reuniu
sua capitânia, a Fragata 25 de Mayo, e dois brigues em uma audaciosa
ação para capturar navios que se dirigissem a Montevidéu, tentando
aumentar o tamanho de sua Esquadra e tomar alguma carga de
valor em navios mercantes. Em 10 de abril de 1826, conseguiu
capturar a pequena Escuna Isabel Maria. No dia seguinte, ao
perseguir um navio mercante, a Fragata 25 de Mayo aproximou-se
muito do porto de Montevidéu, onde foi reconhecida pelos navios
da Esquadra brasileira, mesmo arvorando a bandeira francesa5.
Saiu em sua perseguição a Fragata Niterói, comandada pelo
Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton, ambos, navio e
comandante, veteranos da Guerra de Independência e recém-
chegados para reforçar a Força Naval brasileira no Rio da Prata.
Acompanharam o encalço à capitânia argentina quatro outros
pequenos navios, mas o combate se concentrou nos navios de
maior porte, com a Fragata Niterói trocando disparos com a Fragata
25 de Mayo e com um dos brigues que a acompanhava. Com o cair
da noite, os navios argentinos, com graves avarias, retiraram-se

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para Buenos Aires, dando por encerrado o embate que ficou

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conhecido como o Combate de Montevidéu.
Após o malogro da tentativa de capturar navios ao largo do
porto de Montevidéu, William Brown planejou outra ação para
reforçar sua esquadra com navios brasileiros capturados.

Combate de Montevidéu.
Em primeiro plano a Fragata Niterói,
à direita o navio capitânia argentino,
a Fragata 25 de Mayo no momento
em que perde o joanete do mastro
grande.
Aquarela do Almirante Trajano
Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação
da Marinha.

Tencionava abordar e capturar a Fragata Niterói, o mesmo navio


que frustrou sua incursão anterior. Na noite de 27 de abril, sete
navios argentinos rumaram para próximo de Montevidéu, onde
os navios brasileiros se reuniam, e tentaram identificar seu alvo.
Enganados pela escuridão, investiram contra a Fragata Imperatriz
que, tendo percebido a aproximação do inimigo, se preparara para
o combate. Os navios argentinos 25 de Mayo e Independencia
tentaram a abordagem, mas foram repelidos pela tripulação da
Imperatriz. O comandante do navio brasileiro, Capitão-de-Fragata
Luís Barroso Pereira, liderou seus homens na renhida luta até
tombar morto no convés, atingido por disparos do inimigo. Foi
uma das duas vítimas fatais da Imperatriz no combate. Momento em que a Fragata argentina 25 de Mayo
A 3 de maio de 1826, a Esquadra comandada por Brown foi aborda a Fragata Imperatriz.
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho
avistada pelos navios brasileiros quando tentava escapar do bloqueio Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.
naval ao seu porto. Os navios
argentinos tentaram alcançar o
Banco de Ortiz na esperança de
atrair os perseguidores, que,
com navios de maior porte,
encalhariam naquele banco de
areia, tornando-se alvos imóveis
para seus canhões.
Contudo, no combate que
ficou conhecido como o do
Banco de Ortiz, foi justamente
a Fragata argentina 25 de Mayo a
primeira a ficar encalhada, logo
seguida pela nossa Fragata
Niterói. Os dois navios

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imobilizados empenharam-se em um duelo de artilharia. A Niterói

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conseguiu livrar-se do encalhe. A seguir, a 25 de Mayo também
escapou do Banco de Ortiz e se reuniu ao restante da Esquadra
argentina. O Combate do Banco de Ortiz acabou sem grandes
perdas para ambos os adversários, mas mostrou o perigo que os
bancos de areia do Estuário do Rio da Prata representavam para
as Esquadras em luta.
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes,
o Barão do Rio da Prata, substituiu o Almirante Rodrigo Lobo, que
tinha se mostrado pouco capaz no comando da Força Naval do
Império do Brasil em operações de guerra no Rio da Prata. A
primeira medida tomada pelo Almirante Pinto Guedes foi
estabelecer uma nova disposição das forças navais que reforçasse
o bloqueio naval. Dividiu suas forças em quatro divisões, sob o
comando de oficiais capazes e experientes, devendo em todas as
oportunidades engajar o inimigo, obrigando-o a aceitar a luta. A 1a
Divisão, reunindo os maiores e mais poderosos navios que estavam
no Rio da Prata, formaria a linha exterior do bloqueio, impedindo
que navios entrassem no Rio da Prata para abastecer a Argentina e
seu Exército lutando na Cisplatina e tentando capturar os corsários
que transitassem pela região. A 2a Divisão, constituída de navios
mais leves, manobreiros e numerosos, operaria no interior do
estuário, efetuando um rigoroso bloqueio naval entre a Colônia
de Sacramento, Buenos Aires e a Enseada de Barregã, isolando a
Esquadra argentina no seu ancoradouro e tentando impedir o
abastecimento por mar da capital argentina. A 3a Divisão, composta
de pequenos navios adequados à navegação fluvial, defenderia a
Colônia do Sacramento e patrulharia os Rios Uruguai, Negro e
Paraná, que formavam a fronteira natural entre as Províncias Unidas
do Rio da Prata e a Província Cisplatina, impedindo que as forças
de Lavalleja e o Exército argentino fossem supridos desde o
território argentino. A 4a Divisão era formada por navios em reparo,
e foi mantida em Montevidéu, para atuar como uma força de
reserva. A reorganização das forças navais brasileiras mostrou sua
eficiência na contenção dos movimentos da Esquadra adversária.
Em 15 de maio de 1826, as três linhas de bloqueio
determinadas pelo novo comandante da Força Naval brasileira no
Rio da Prata já se achavam em posição. Em 23 de maio, a Esquadra
argentina decidiu testar a resistência da Força Naval brasileira
responsável pelo bloqueio de Buenos Aires, a 2a Divisão da Esquadra
Imperial, chefiada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton.
Os navios brasileiros engajaram-se no Combate das Balizas
Exteriores, mesmo com o risco de encalharem nos bancos de
areia em torno de Buenos Aires. Os navios argentinos perceberam
a resolução da força bloqueadora e voltaram ao seu ancoradouro,
em Los Pozos. Dois dias depois, o navio capitânia da 2a Divisão, a
Fragata Niterói, navegando sozinha, atraiu a Esquadra argentina para

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o combate, mas, novamente, a troca de tiros não causou danos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
significativos a nenhum dos lados.
Mesmo a nova estratégia de bloqueio, mais agressiva, não se
mostrava eficiente na destruição dos navios argentinos, que se
mantinham protegidos no ancoradouro de Los Pozos.
No começo de junho de 1826, buscando um engajamento
decisivo, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes planejou atacar a
Esquadra inimiga dentro de Los Pozos. Para isso, a 2a Divisão foi
reunida à 3a Divisão da Esquadra Imperial, composta por navios
menores que poderiam transpor os bancos de areia que protegiam
o ancoradouro de Buenos Aires.
Em 7 de junho, antes que as duas forças brasileiras se
reunissem, cinco navios de transporte argentinos, escoltados por
navios de guerra, largaram de Buenos Aires com soldados e
suprimentos para apoiar as tropas argentinas que lutavam junto
aos cisplatinos. Ao mesmo tempo, o resto da Esquadra argentina,
comandada por Brown, fez vela para atrair a atenção da força
brasileira. Nem a 2a Divisão, junto a Buenos Aires, nem a 3a, ainda
em águas da Colônia de Sacramento, alcançaram os navios de
transporte argentinos.
Em 11 daquele mês, as 2a e 3a Divisões, comandadas por
Norton, executaram o plano de ataque e investiram contra a
Esquadra argentina em Los Pozos. Novamente, os bancos de areia
protegeram os navios argentinos. O comandante da Força Naval
brasileira, Norton, desistiu do ataque que seria infrutífero. Apesar
dos insucessos da ação planejada, a Escuna Isabel Maria, apresada
pelos argentinos, foi recuperada.
Considerando o malogro do último ataque brasileiro à
Esquadra argentina como sua vitória, Brown preparou uma nova
investida à 2a Divisão, determinado a livrar Buenos Aires do bloqueio
naval. Protegidos pela noite, em 29 de julho de 1826, 17 navios da
Esquadra argentina tentaram surpreender os navios sob o comando
do Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton. Porém, alertados por
uma escuna que fazia a vigilância, os brasileiros responderam ao
ataque. O combate tornou-se confuso; a mesma noite que
escondia os atacantes, prejudicava a precisão dos disparos e a
identificação do inimigo. A possibilidade de atingir navios amigos
determinou que ambos os lados suspendessem a luta.
Ao alvorecer, o combate recomeçou. O Comandante da
Esquadra argentina Brown conduziu seu navio capitânia, a Fragata
25 de Mayo, na direção dos navios brasileiros, mas só foi
acompanhado pela Escuna Rio de La Plata. Os dois navios argentinos
receberam todo o peso dos disparos dos canhões brasileiros e
ficaram completamente inutilizados. O chefe das forças argentinas
foi obrigado a transferir-se sob fogo para um navio argentino que
ousou aproximar-se. O restante da Esquadra argentina retirou-se
para a segurança de seu ancoradouro. O Combate de Lara-Quilmes

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foi a última tentativa da Esquadra argentina de destruir os navios

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
da 2a Divisão da Esquadra Imperial e desmantelar o bloqueio naval
brasileiro em torno de Buenos Aires.
Depois dessa expressiva vitória das forças navais brasileiras,
no começo do ano de 1827, a 3a Divisão, composta pelos menores
navios da Esquadra brasileira, comandada pelo Capitão-de-Fragata
Jacinto Roque Sena Pereira, foi derrotada no Combate de Juncal.

Combate Naval de Lara-Quilmes (30 de julho de 1826).


Desenho de Gaston Roullet, segundo indicações do Barão do Rio Branco.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

No final do ano anterior a 3a Divisão recebeu ordens de subir o


Rio Uruguai para auxiliar as operações do Exército Imperial
Brasileiro na Cisplatina. Sabendo daquela movimentação, o
comandante da Esquadra argentina reuniu uma força composta
de 16 navios adaptados à navegação fluvial para destruir a 3a Divisão
brasileira e permitir o livre trânsito de reforços vindos das Províncias
Unidas para os seus exércitos na Cisplatina.
Em 29 de dezembro de 1826, a Força Naval argentina atacou
a 3 Divisão, fundeada na foz do Rio Iaguari, mas foi repelida pelo
a

intenso fogo da artilharia dos pequenos navios de Sena Pereira e


recuou, descendo o Rio Uruguai. Embora tivesse repelido o ataque
argentino, a 3a Divisão brasileira se viu presa dentro do Rio Uruguai,
uma vez que os navios inimigos postaram-se na foz daquele rio.
Foi organizada uma Força Naval com unidades da 2a Divisão
para combater os argentinos que bloqueavam a 3a Divisão no
interior do Rio Uruguai, chamada de Divisão Auxiliadora. Apesar
da urgência no socorro, a progressão desta Força Naval foi lenta e
difícil, devido ao grande número de bancos de areia que tornavam
aquelas águas pouco profundas e inadequadas para navios de maior
porte, como os que compunham a 2a Divisão brasileira.
A Corveta Maceió, a capitânia e o maior navio da divisão,
ficou isolada dos outros navios brasileiros perto de um banco de
areia conhecido como Playa Honda. A Maceió era o alvo perfeito

96
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para as forças argentinas, sempre em busca de navios para reforçar

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
sua já diminuída Esquadra. Cinco navios inimigos aproximaram-se
da corveta, que estava acompanhada apenas da Escuna Dois de
Dezembro, e tentaram a abordagem. A tripulação da Maceió repeliu
o inimigo com o fogo de seus 20 canhões. Por fim, os navios
argentinos recuaram, mas a missão da Divisão Auxiliadora ainda
não terminara. Os navios brasileiros da 3a Divisão permaneciam
presos no Rio Uruguai.
No início de fevereiro de 1827, a 3a Divisão desceu o Rio
Uruguai para combater a Força Naval argentina que o bloqueava.
Com ajuda da Divisão Auxiliadora, planejou-se colocar o inimigo
entre os canhões das duas divisões brasileiras.
Em 8 de fevereiro, começava o Combate de Juncal, nome
tomado da Ilha fluvial de Juncal, segmento do Rio Uruguai onde os
navios da 3a Divisão foram derrotados pela Força Naval argentina,
pois não receberam o esperado apoio da Divisão Auxiliadora, que
permaneceu longe do local da batalha.
O bloqueio naval mais rigoroso realizado desde maio de
1826 pela 2a Divisão da Esquadra Imperial mantinha a maior
parte do tempo a Esquadra argentina confinada em seu
ancoradouro. Porém, a Esquadra brasileira não conseguia uma
vitória definitiva frente ao inimigo, não evitando pequenas
incursões que, algumas vezes, mostravam-se desastrosas, como
o combate fluvial em Juncal.
Já nesse período da guerra no mar, o governo de Buenos
Aires concentrava seu esforço na guerra de corso, que afetava o
comércio marítimo do Império brasileiro. Mesmo a Esquadra
argentina, já muito debilitada depois do Combate de Lara-
Quilmes, cedia seus navios para campanhas de corso na costa
brasileira. E foi com esse propósito que os quatro principais
navios argentinos tentaram romper o bloqueio brasileiro na noite
de 6 de abril de 1827.
A Força Naval argentina, composta pelos Brigues República,
Congresso e Independência, e pela Escuna Sarandi, comandada pelo
próprio comandante da Esquadra argentina, William Brown, foi
interceptada pelos navios da 2a Divisão quando tentava contornar
o bloqueio naval brasileiro.
Neste último grande encontro entre as forças adversárias,
conhecido como Combate de Monte Santiago, a 2a Divisão
brasileira, reforçada pelos navios das outras duas divisões
bloqueadoras, fustigou os navios argentinos com os seus canhões,
que, encurralados entre a força brasileira e os bancos de areia,
foram sendo destroçados. Os Brigues República e Independência
foram abordados e capturados pelos brasileiros. O Brigue Congresso
e a Escuna Sarandi, navios menores e mais leves, conseguiram passar
pelos bancos de areia e refugiaram-se em Buenos Aires, ainda assim
bastante atingidos pelos canhões brasileiros e com muitos mortos
e feridos a bordo.

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Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e a

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
demonstração de que o bloqueio naval organizado pelo Almirante
Rodrigo Pinto Guedes foi efetivo no combate ao inimigo.
As grandes perdas argentinas no Combate de Monte
Santiago, em abril de 1827, ratificaram a opção pela guerra de
corso. Durante todo o conflito, as Províncias Unidas armaram
corsários. Alguns corsários eram armados no porto de Buenos
Aires e conseguiam romper o bloqueio naval brasileiro; outros
vinham das bases de corsários de Carmen de Patagones e San Blas,
em território das Províncias Unidas do Rio da Prata, e havia mesmo
os que, recebendo as patentes de corso do governo de Buenos
Aires em portos do exterior,
daí largavam para acossar os
navios mercantes nas costas
brasileiras.
A guerra de corso em-
preendida contra o nosso
comércio marítimo (à época,
como hoje, essencial para
economia nacional) foi mais
efetiva contra o esforço de
guerra brasileiro do que a
Esquadra argentina. A ope-
ração ofensiva que a Marinha
Imperial brasileira realizou com
o bloqueio naval no Prata
Combate Naval de Monte Santiago (7 e 8 de coexistiu com a ação defensiva na vigilância das extensas águas
abril de 1827). territoriais brasileiras, defendendo nosso comércio marítimo dos
Desenho de Gaston Roullet segundo as indicações
do Barão do Rio Branco. corsários.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. Exemplos da ação da Marinha Imperial no combate aos
corsários foram as duas incursões da Esquadra sediada no Rio da
Prata às bases corsárias de Carmen de Patagones e San Blas, na
região da Patagônia. Ambas ocorreram em 1827 e pretendiam
destruir esses verdadeiros ninhos de corsários e recapturar alguns
dos navios mercantes que estes tinham tomado.
Contudo, as condições hidrográficas da costa argentina da
Patagônia, completamente desconhecida dos brasileiros, e,
especialmente na incursão a Carmen de Patagones, a falta de
informação sobre as defesas a serem enfrentadas determinaram o
fracasso das duas expedições.
Entretanto, o combate aos corsários foi mais efetivo no
bloqueio naval empreendido a outra de suas “bases”, a localizada
no Rio Salado. Outros corsários também foram batidos no mar
pela Marinha Imperial, como o Brigue Niger, capturado em março
de 1828, e o Brigue General Brandsen, destruído por navios
brasileiros após longa campanha de corso.

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A indefinição da campanha terrestre e o esgotamento
econômico e militar de ambos os contendores levaram o Brasil a
aceitar a mediação da Grã-Bretanha para o fim da guerra. A
Convenção Preliminar de Paz foi assinada entre o Império do Brasil
e as Províncias Unidas do Rio da Prata em 27 de agosto de 1828.
O acordo estipulava que ambos os lados renunciariam a suas
pretensões sobre a Banda Oriental, que se tornaria um país
independente: a República Oriental do Uruguai.
O término da Guerra Cisplatina não seria o fim dos conflitos
na região. A Marinha Imperial brasileira permaneceria guarnecendo
a segurança do Império do Brasil no Rio da Prata.

Aprisionamento do navio corsário Gobernador Dorrego em 24 de agosto de 1828, no que foi último combate naval antes da vigência da
Convenção Preliminar de Paz. O corsário Gobernador Dorrego foi uma fragata mercante francesa de nome Mandarine que adquiriu patente
de corso das Províncias Unidas do Rio da Prata e, sob o comando de Jean Soulin, juntou-se a dois outros navios corsário, o General Rondeau
e Argentina, para empreender uma campanha de corso sobre as costas da Província do Rio Grande do Sul. Foram interceptados pela Esquadra
brasileira ainda no Rio da Prata e o Gobernador Dorrego, depois de ter sua mastreação destruída pela Fragata Piranga, Corveta Bertioga (que
aparece a direita na pintura), Brigue Caboclo e Escuna Rio da Prata, foi capturado e incorporado à Marinha Imperial.
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

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Guerra contra Oribe e Rosas

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Terminada a revolta que sublevou as Províncias do Rio
Grande e de Santa Catarina, o Império brasileiro pôde retomar
a vigilância na fronteira sul e ater-se ao conflito que crescia na
área do Rio da Prata. Mesmo com o fim da Guerra Cisplatina e
a independência da República Oriental do Uruguai, as lideranças
políticas argentinas continuavam com a pretensão de restituir o
mando de Buenos Aires sobre o território do Vice-Reinado do
Prata.
O projeto de anexação do Uruguai ao território argentino
encontrou em Juan Manuel de Rosas liderança máxima da
Confederação Argentina desde 1835 e em Manuel Oribe, líder
do partido de oposição ao governo uruguaio (o Partido Blanco),
seus executores.
O Império brasileiro, que se opunha frontalmente à anexação,
apoiava o governo constituído do Uruguai, exercido pelo Partido
Colorado. A situação política no Uruguai aproximava-se a de uma
guerra civil, com tropas partidárias de Oribe e apoiadas por Rosas
cercando a capital, Montevidéu.
Em 1851, o Governo brasileiro procedeu uma aliança com
o governo uruguaio e com um oposicionista de Rosas, o governador
da Província argentina de Entre Rios, Justo José de Urquiza, para
defender o Uruguai do ataque das forças de Rosas e Oribe.
A ação da Marinha novamente seria realizada em estreita
colaboração com o Exército Imperial. O comando da Força Naval
foi entregue ao Chefe-de-Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano
das lutas na Independência e na Cisplatina.
Chefe-de-Esquadra John Pascoe Grenfell, Somente com a intervenção da força terrestre, as tropas
comandante da Força Naval que irrompeu pelo
passo fortificado de Tonelero.
que cercavam Montevidéu capitularam e Manuel Oribe foi
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha derrotado. A Esquadra brasileira, disposta ao longo do Rio da Prata,
impediu que as tropas vencidas pudessem evacuar para a margem
direita, o lado argentino.
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira e seus aliados
platinos voltaram-se contra Rosas, que mantinha-se como uma
ameaça à estabilidade da região. Nessa nova ação militar coube à
Marinha a tarefa de transportar as tropas aliadas pelo Rio Paraná
até a localidade de Diamante, para ali desembarcá-las.
A Força Naval brasileira, composta por quatro navios com
propulsão a vapor e três navios a vela, tinha como obstáculo o
Passo de Tonelero, nas proximidades da Barranca de Acevedo,
onde o inimigo instalara uma fortificação guarnecida por 16 peças
de artilharia e 2.800 homens. Devido à pouca largura do rio naquele
trecho, os navios brasileiros seriam obrigados a passar a menos de
400 metros daquela fortificação, recebendo o peso da artilharia
inimiga. A solução encontrada pelo Chefe-de-Esquadra Grenfell

100
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foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na operação

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de transposição daquele obstáculo.
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham artilharia
postada por todo seu costado, substituída nos navios a vapor pelas
rodas laterais), foram rebocados pelos navios a vapor, mais rápidos
e ágeis nas manobras.
Tonelero foi vencida em 17 de dezembro de 1851, com as
tropas desembarcando em Diamante com sucesso.
Naquela localidade, os navios a vapor auxiliaram também na
transposição do rio pelas tropas oriundas das províncias argentinas
aliadas que tinham marchado até aquela posição.
O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas tropas
brasileiras e de seus aliados platinos, em fevereiro de 1852. A
Passagem de Tonelero representou a única operação ofensiva
realizada pela Marinha Imperial naquele conflito.
Contudo, o emprego da Força Naval no transporte de tropas
para a área do conflito e, notadamente depois de Tonelero, na
transposição das tropas aliadas da margem uruguaia para território
argentino, no Rio da Prata e Rio Paraná, constituiu fator essencial
para o sucesso das ações militares desenvolvidas pelos aliados
contra Rosas e Oribe.

Planta esquemática representando a Passagem de Tonelero.


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO

1825 a 1828 Guerra Cisplatina.


1835 a 1838 Cabanagem (Província do Pará).
1835 a 1845 Guerra dos Farrapos (Província do Rio Grande do Sul).
1837 a 1838 Sabinada (Província da Bahia).
1838 a 1841 Balaiada (Províncias do Maranhão e Piauí).
1848 a 1849 Revolta Praieira (Província de Pernambuco).
1850 a 1852 Guerra contra Oribe e Rosas.

102
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F I X A Ç Ã O

1– Quais foram duas das principais ações efetuadas pela Marinha Imperial brasileira no
combate às revoltas internas da Regência e início do reinado de D. Pedro II?

2– Durante o reinado de D. Pedro I, quais eram as duas principais forças políticas contrárias?

3– Cite uma das atividades militares desenvolvidas pela Marinha Imperial Brasileira na Guerra
Cisplatina.

4– Qual foi a área de atuação da Marinha comum aos dois conflitos externos que o Brasil se
envolveu no período entre o reinado de D. Pedro e o início do reinado de seu herdeiro,
D. Pedro II?

5– Por que uma das atividades essenciais que a Marinha provia em qualquer operação militar
durante as várias revoltas eclodidas nas províncias durante o período das regências era o
transporte e abastecimento das tropas que combatiam os rebeldes?

SAIBA MAIS
ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação da Marinha, 1985.

HISTÓRIA geral do Brasil. Org. de Maria Yedda Linhares. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1990.

HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975-


v.3. t.2.

MAIA, João do Prado. A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império: (tentativa de


reconstituição histórica). Rio de Janeiro: J. Olympio, 1965.

MARTINS, Hélio Leôncio ; BOITEUX, Lucas Alexandre. Campanha naval na Guerra Cisplatina.
In: HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975-
v.3. t.1.

PÁGINAS NA INTERNET
Museu Histórico Nacional: http://www.museuhistoriconacional.com.br/

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice


Aliança contra o Governo do Paraguai
Sinopse
A livre navegação nos rios e os limites entre o Brasil e o
norte do Paraguai eram motivos de discordância entre os dois
países. Não se chegou a um acordo satisfatório até a conclusão
da Guerra da Tríplice Aliança. Para os brasileiros, era muito
importante acessar, sem empecilhos, a Província de Mato
Grosso, navegando pelo Rio Paraguai. Sabendo disto, os
paraguaios mantinham a questão dos limites, que reivindicavam
associada à da livre navegação. O litígio existia, principalmente
em relação a um território situado à margem esquerda do Rio
Paraguai, entre os Rios Apa e Branco, ocupado por brasileiros.
Apesar dessas questões, o entendimento entre o Brasil e o
Paraguai era cordial, excetuando-se algumas crises que não
chegaram a ter maiores conseqüências. Interessava
principalmente ao Império que o Paraguai se mantivesse fora
da Confederação Argentina, que muitas dificuldades lhe vinha
causando, com sua permanente instabilidade política.
Com a morte de Carlos López, ascendeu ao governo do
Paraguai seu filho, Francisco Solano López, que ampliou a política
externa do País, inclusive estabelecendo laços de amizade com o
General Justo José de Urquiza, que liderava a Província argentina
de Entre Rios, e com o Partido Blanco uruguaio. Essas alianças,
sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai ao mar.
Com a invasão do Uruguai por tropas brasileiras, na
intervenção realizada em 1864, contra o governo do Presidente
uruguaio Manuel Aguirre, do Partido Blanco, Solano López
considerou que seu próprio país fora agredido e declarou guerra
ao Brasil. Aliás, ele havia enviado um ultimato ao Brasil, que fora
ignorado. Como foi negada pelos portenhos permissão para que
seu exército atravessasse território argentino para atacar o Rio
Grande do Sul, invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a
Argentina no conflito.

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O Paraguai estava se mobilizando para uma possível guerra

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
desde o início de 1864. López se julgava mais forte – o que
provavelmente era verdadeiro, no final de 1864 e início de 1865
– e acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e do
argentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele superestimou o poderio
econômico e militar do Paraguai e subestimou o potencial do
Poder Militar brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.

Paraguai: da independência à Guerra da Tríplice Aliança

Ex-colônia espanhola na América do Sul, o Paraguai foi diretamente beneficiado pela


política expansionista de Napoleão Bonaparte na Europa. A Espanha era aliada da França nas
Guerras Napoleônicas, inclusive permitindo que as tropas de Napoleão atravessassem seu terri-
tório para invadir Portugal, em 30 de novembro 1807, um dia após a Família Real e a Corte
portuguesa terem rumado para o Brasil.
Enquanto a invasão de Portugal se sucedia, Napoleão forçou a abdicação do Rei Carlos IV
de Espanha e de seu herdeiro, D. Fernando, conduzindo ao trono espanhol o seu irmão José
Bonaparte. Os espanhóis revoltaram-se contra os usurpadores franceses, obtendo apoio das
tropas inglesas estacionadas no Norte de Portugal. As tropas anglo-portuguesas expulsariam os
franceses em 1813 e Fernando VII restauraria o trono em 1814, pelo Tratado de Valença.
Neste ínterim, com o trono espanhol ocupado por estrangeiros, o isolamento da metró-
pole favoreceu aos patriotas hispano-americanos das colônias espanholas na América que dese-
javam a independência das terras em que viviam. O Paraguai declara a sua independência, derru-
bando as autoridades espanholas locais a 15 de maio de 1811 e derrotando, neste mesmo ano,
tropas argentinas que queriam sua adesão às Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina).
Daí para a frente, as relações com a Argentina seriam complicadas.
Assumiu o governo do Paraguai uma junta composta por três membros. Em 1817, um dos
membros da junta, Dr. José Gaspar Rodriguez de Francia, por maioria no Congresso, passou a ser
o Ditador Perpétuo do Paraguai. O Dr. Francia adotou uma política de isolamento em relação ao
resto do mundo. Consolidou a independência do país e, enquanto governou, ela não foi contestada
oficialmente. O Brasil foi o primeiro país que a reconheceu.
Por seu turno, a Argentina não apenas não reconhecia a independência do Paraguai, como
também não autorizava quaisquer relações exteriores através de território argentino. Mesmo os
estrangeiros em missão oficial eram obrigados a chegar a Assunção sem transitar por território
argentino. O acesso ao mar também era fundamental para o Paraguai.
Em 1844, Carlos López foi aclamado Presidente da República do Paraguai por um
período de dez anos. Durante seu governo, incentivou a abertura ao comércio internacional
e o país começou a participar dos acontecimentos políticos da região. Já no ano seguinte,
firmou uma convenção de aliança ofensiva e defensiva com a Província de Corrientes, decla-
rou guerra a Rosas e enviou 4 mil homens, comandados por um de seus filhos, o jovem
Francisco Solano López, para Corrientes. Solano López viria a ser o ditador paraguaio
que provocou a Guerra da Tríplice Aliança.

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Os seguintes atos de

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
hostilidade do Paraguai
levaram à assinatura
do Tratado da Tríplice
Aliança contra o Governo do
Paraguai, pelo Brasil,
Argentina e Uruguai 1, em Assinatura da Tríplice Aliança entre o General
Venâncio Flores (Uruguai), Dr. Francisco
1 de maio de 1865:
o
Otaviano (Brasil) e o Presidente da Argentina
Bartolomeu Mitre
· o apresamento do Vapor
brasileiro Marquês de Olinda, que viajava para Mato Grosso
Entre outros itens importantes, o Tratado da Tríplice
transportando o novo presidente dessa província, em 12 de
1

Aliança estabelecia que o Comando da Força Naval


do Brasil em Operações contra o Governo do novembro de 1864, em Assunção;
Paraguai não ficaria subordinado ao Comando
Geral. · a invasão do Sul de Mato Grosso por tropas paraguaias, em 28
de dezembro de 1864; e
· a invasão de território da Argentina por tropas paraguaias, em
13 de abril de 1865, ocupando a Cidade de Corrientes e
apresando os vapores argentinos Gualeguay e 25 de Mayo.
A aliança com os argentinos era, na opinião de um dos
observadores estrangeiros, uma “aliança de cão e gato”. Havia
muitas desavenças recentes e ao Brasil não interessava subordinar
Tratado da Tríplice Aliança
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
sua Força Naval a um comandante argentino. A Argentina possuía,
durante essa guerra, apenas uma pequena Marinha e o esforço
2
Como, aliás, ocorrera na Campanha do Mississipi,
durante a Guerra Civil Americana. No vale do Rio naval foi quase totalmente da Marinha do Brasil. O Império não
Mississipi, onde os rios eram as principais vias de
comunicação, houve semelhanças com o conflito
queria criar uma situação em que um estrangeiro pudesse decidir
sul-americano. o destino de seu Poder Naval. Poder que sempre desempenhara
3
O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (Arsenal um papel importante, de diferenciador nos conflitos da região
de Marinha da Corte) passara por uma moderniza-
ção em meados do século XIX. Alguns de seus
do Rio da Prata.
engenheiros, como Napoleão Level e Carlos Isto significava, também, que no início da guerra, as
Braconnot, haviam estagiado em estaleiros eu-
ropeus e eram capazes de projetar navios movidos operações envolvendo forças navais e terrestres seriam
por hélice e sistemas de propulsão a vapor. Diver-
sos dos navios do início da guerra foram
operações conjuntas, sem unidade de comando2.
projetados e construídos no País. No início da Guerra da Tríplice Aliança, a Marinha do Brasil
dispunha de 45 navios armados. Destes, 33 eram navios de
propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam exclusivamente
do vento. A propulsão a vapor, no entanto, era essencial para
operar nos rios. Todos tinham casco de madeira. Muitos deles
já estavam armados com canhões raiados de carregamento
pela culatra3.

Navios da Marinha Imperial Brasileira fundeados


na Baía de Guanabara em 1865.
Foto de George Leuzinger
Acervo do Instituto Moreira Salles, 1998

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Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os de propulsão

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mista, eram adequados para operar no mar e não nas condições
de águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações
nos Rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era
um perigo sempre presente. Além disso, esses navios, com casco
de madeira, eram muito vulneráveis à artilharia de terra,
posicionada nas margens.
Era uma época de freqüentes inovações tecnológicas no
hemisfério norte e a Guerra Civil Americana trouxera muitas
novidades para a guerra naval e, especificamente, para o combate
O Pirabebe, um pequeno navio fluvial, tinha a
nos rios. Sua influência, logo depois dessa primeira fase de navios
4

estrutura de ferro e era a hélice.


de madeira, na Guerra da Tríplice Aliança fez-se sentir,
principalmente, com o aparecimento dos navios protegidos por
couraça de ferro, projetados para a guerra fluvial, e a mina naval.
Todos os navios da Esquadra paraguaia, exceto um4, eram
navios de madeira, mistos, a vela e a vapor, com propulsão por
rodas de pás. Embora todos eles fossem adequados para navegar
nos rios, somente o Taquary era um verdadeiro navio de guerra;
os outros, apesar de convertidos, não foram projetados para tal.
Os paraguaios desenvolveram a chata com canhão como
arma de guerra. Era um barco de fundo chato, sem propulsão,
com canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado até
o local de utilização, onde ficava fundeado. Transportava apenas
a guarnição do canhão e sua borda ficava próximo da água,
deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via-se somente a boca
do canhão acima da superfície da água.
Discriminadas as forças, sigamos então no conflito.
A seguir serão destacados os pontos de maior relevância
da nossa Força Naval...

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O bloqueio do Rio Paraná e a

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Batalha Naval do Riachuelo
O Paraguai enviou duas
colunas de tropas invasoras, uma
destinada ao Rio Grande do Sul e
outra para o sul, em território
argentino, acompanhando o Rio
Paraná.
Foi designado comandante das
Forças Navais Brasileiras em Operação
o Almirante Joaquim Marques Lisboa,
Visconde de Tamandaré. A estratégia
naval adotada foi a de negar o acesso
ao território paraguaio através do Almirante Tamandaré
Acervo do Serviço de
bloqueio. Tamandaré, logo no início, Documentação da Marinha
tratou também de organizar a difícil
logística que o teatro de operações exigia. Os rios eram as principais
vias de comunicação da região, e navios e embarcações teriam
que transportar os suprimentos para as tropas, o carvão para servir
como combustível dos próprios navios e,
muitas vezes, soldados, cavalos e armamento.
Com o avanço das tropas paraguaias ao
longo do Rio Paraná, ocupando a Província
de Corrientes, Tamandaré resolveu designar
seu chefe de estado-maior, o Chefe-de-
Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva,
para assumir o comando da Força Naval
brasileira, que subira o rio para efetivar o
bloqueio do Paraguai. Ele queria mais ação.
Barroso partiu em 28 de abril de 1865, na
Fragata Amazonas, e assumiu o cargo em Bela
Vista. Sua primeira missão foi um ataque à
Cidade de Corrientes, então ocupada pelos
paraguaios. O desembarque das tropas
Batalha Naval do Riachuelo aliadas em Corrientes ocorreu com bom
Óleo sobre tela de Victor Meireles
Acervo do Museu Histórico Nacional êxito no dia 25 de maio.
Não era, sabidamente, possível manter a posse dessa cidade
na retaguarda das tropas invasoras, principalmente naquele
momento da luta, em que os paraguaios mantinham uma ofensiva
vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá-la. Mas, o ataque deteve
o avanço paraguaio para o Sul. Ficou evidente que a presença da
Força Naval brasileira deixava o flanco direito dos invasores, que
se apoiava no Rio Paraná, sempre muito vulnerável. Para os
paraguaios, era necessário destruí-la e isto levou Solano López a
planejar a ação que levaria à Batalha Naval do Riachuelo.

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Os preparativos para o ataque aos navios brasileiros foram

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
realizados sob a orientação direta do próprio López. O plano
consistia em surpreender os navios brasileiros fundeados, abordá-
los e, após a vitória, rebocá-los para Humaitá. Por isso, os navios
paraguaios estavam superlotados com tropas.
Tirando o máximo proveito do terreno ao longo do Rio
Paraná, ele mandou, também, assentar canhões nas barrancas da
Ponta de Santa Catalina, que fica imediatamente antes da foz do
Riachuelo5, e reforçar com tropas de infantaria o Rincão de
Lagraña6, que lhe fica rio abaixo.
Da extremidade Sul do Rincão de Lagraña, que tem uma 5
17 quilômetros distante ao Sul da cidade de
barranca mais elevada, os paraguaios podiam atirar, de cima, sobre Corrientes, portanto, em território argentino ocu-
os conveses dos navios brasileiros que escapassem, descendo o pado pelo Paraguai.

Paraná. O local era perfeito para uma armadilha, pois o canal 6


Assim chamado porque era uma estância do Go-
navegável era estreito e tortuoso, com risco de encalhe em bancos vernador Lagraña.

submersos, o que forçava as embarcações a passarem próximo à 7


Existem, também, diversas ilhas nesse trecho do
margem esquerda7. rio, as principais são as Palomeras, baixas e cober-
tas com vegetação. Elas ficam entre o canal que era
Na noite de 10 para 11 de junho de 1865, a Força Naval utilizado nessa época e a margem direita, que é
brasileira comandada por Barroso, constituída pela Fragata ocupada pelo Chaco, região alagadiça e inóspita.

Amazonas e pelos Vapores Jequitinhonha, Belmonte, Beberibe,

Plano da Batalha Naval do Riachuelo feito pelo


Parnaíba, Mearim, Araguari, Iguatemi e Ipiranga, estava fundeada ao Primeiro Tenente Antônio Luiz Von Hoonholtz
(futuro Barão de Teffé), comandante da
sul da Cidade de Corrientes, próximo à margem direita, em um Canhoneira Araguari.
trecho largo do rio. De lá avistaram, pouco depois das oito horas Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
da manhã, a força paraguaia comandada pelo Capitão-de-Fragata
Pedro Inácio Mezza, com os navios: Tacuary, Paraguary, Igurey, Ipora,
Jejuy, Salto Oriental, Marquês de Olinda e Pirabebe; rebocando seis
chatas artilhadas.

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Mezza se atrasara

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
devido a problemas na
propulsão de um de seus
navios, o Ibera, que acabou
sendo deixado para trás. As
chatas que rebocava tinham
uma pequena borda-livre, Em destaque o Vapor Araguari
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
fazendo água quando os
navios aumentavam a velocidade procurando recuperar o tempo
perdido.
Ele decidiu não largar as chatas, pois sua presença na batalha
8
Coube a iniciativa desse primeiro combate aos era uma determinação de López, e, chegando tarde, desistiu de
paraguaios. A força brasileira somente conseguiu iniciar o combate com a abordagem. Julgava que não havia
pressão nas caldeiras para se movimentar às
10h50min, aproximadamente. surpreendido os brasileiros e é acusado de ter, assim, perdido sua
melhor chance de vitória. A surpresa, na realidade, foi maior até
do que se poderia supor. Era uma manhã de domingo, parte das
guarnições estava em terra para trazer lenha, com o propósito de
poupar carvão. É sempre difícil manter um estado prolongado de
alerta quando as ameaças não se fazem freqüentemente sensíveis.
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou para o iminente
combate, as tripulações assumindo seus postos, despertando o
fogo das fornalhas das caldeiras com carvão e largando as amarras.
Às 9h25min, dispararam-se os primeiros tiros de artilharia. Passou,
logo em seguida, a força paraguaia, em coluna, pelo través da
brasileira, ainda imobilizada, indo, logo depois, rio abaixo, para as
proximidades da margem esquerda, logo após o local onde
estavam as baterias de terra. Fechou-se, assim, a armadilha em
uma extensão de uns seis quilômetros, ao longo de um trecho do
Paraná, junto à foz do Riachuelo8.
Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com o Belmonte à
“O Brasil espera que frente, seguido pelo Jequitinhonha e por outros navios, avistou as
cada um cumpra o seu
dever.”
barrancas de Santa Catalina. Somente mais adiante, já com as
barrancas pelo través, era possível ter a visão completa da curva
do Rincão de Lagraña, rio abaixo da foz do Riachuelo, onde estavam
parados os navios e as chatas da força paraguaia. A vegetação
“Sustentar o fogo que a impedia que se soubesse que as barrancas de Santa Catalina
vitória é nossa.”
estavam artilhadas.
Barroso resolveu deter a Amazonas, reservando-a para
interceptar uma possível fuga dos paraguaios rio acima. Alguns
navios brasileiros não entenderam a manobra e ficaram indecisos.
Sinais de Barroso Como conseqüência, o Jequitinhonha encalhou num banco, sob as
baterias de terra, e o Belmonte, à frente, prosseguiu sozinho,
recebendo o fogo concentrado da artilharia do inimigo e tendo
que encalhar, propositadamente, após completar a passagem para
não afundar, devido às avarias sofridas em combate.
Para reorganizar sua força naval, Barroso avançou com a
Amazonas, assumiu a liderança dos navios que estavam a ré do
Belmonte e, seguido por eles, completou a passagem sob o fogo

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dos canhões paraguaios e da fuzilaria de terra. Afastou-se,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
depois, descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove
navios, porque o Parnaíba, com o leme avariado, também não
conseguira passar. Completou-se assim, às 12h10min, a primeira
fase da batalha.
Então, Barroso mostrou toda a sua coragem, decidindo
regressar para o interior da armadilha de Riachuelo. Foi necessário
descer o rio até um lugar onde o canal permitia fazer a volta com
os navios e, cerca de uma hora depois, ele estava novamente em
frente à ponta sul do Rincão de Lagraña.
Até aquele instante, o resultado era altamente insatisfatório
para o Brasil. O Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado,
para sempre, e o Parnaíba sendo abordado e dominado pelo
inimigo, apesar de resistência heróica de brasileiros, como o Guarda-
Marinha Guilherme Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que
lutaram até a morte.
Tirando, porém, vantagem do porte da Amazonas e contando
com a perícia do prático argentino que tinha a bordo, Barroso
usou seu navio para abalroar os paraguaios e vencer a batalha. Foi
um improviso, seu navio não tinha a proa propositadamente
reforçada para ser empregada como aríete.
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe-de-Divisão
Barroso, na parte que transmitiu ao Visconde de Tamandaré, assim
se deu a batalha (grafia de época):

– “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma vez, com tôda a


esquadra paraguaya, que eu teria conseguido se os quatro vapôres que Guarda-Marinha Greenhalgh
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
estavam mais acima não tivessem fugido. Pus a prôa sôbre o primeiro, que
o escangalhei, ficando inutilisado completamente, de agoa aberta, indo
pouco depois ao fundo. Segui a mesma manobra contra o segundo, que
era o Marques de Olinda, que inutilisei, e depois o terceiro, que era o
Salto, que ficou pela mesma fórma. Os quatro restantes vendo a manobra
que eu praticava e que eu estava disposto a fazer-lhes o mesmo, trataram
de fugir rio acima. Em seguimento ao terceiro vapor destruído, aproei a
uma chata que com o choque e um tiro foi a pique.
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram feitas pela
Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos navios e chatas, como das
baterias de terra e mosquetaria de mais de mil espingardas. A minha tenção
era destruir por esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que andar para
baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais tarde havíamos de
encalhar, por ser naquella localidade o canal mui estreito.
Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, tratei de tomar as
chatas, que ao approximar-me d’ellas eram abandonadas, saltando todos
ao rio, e nadando para terra, que estava a curta distância.
O quarto vapor paraguayo Paraguary, de que ainda não fallei, recebeu
tal rombo no costado e caldeiras, quando desceram, que foi encalhar
em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para ella, fugindo e Imperial Marinheiro Marcílio Dias
abandonando o navio”. Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

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Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, com a

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
aproximação da noite, os navios brasileiros que os perseguiam
regressaram, para evitar encalhes em território inimigo. Além disto,
apesar de não comentarem, na época, não seria sensato abordar
um navio lotado com tropas.
Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira.
Foi uma batalha naval, em alguns aspectos, decisiva.

9
Tamandaré explicou sua ordem de recuar a força
naval pela necessidade dela estar sempre próxima à
frente do exército inimigo.

10
López ordenara o regresso da coluna que avança-
ra junto ao Rio Paraná, logo após a derrota das
forças que invadiram o Rio Grande do Sul, em
Uruguaiana. Só então foi possível recuperar, defini-
tivamente, a cidade de Corrientes. Em dezembro
de 1865, os Exércitos Aliados estavam acampados
em locais próximos a essa cidade e a Força Naval Batalha Naval do Riachuelo
brasileira, sob o comando de Barroso, também Óleo sobre tela de Eduardo de Martino
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
estava fundeada nas imediações.

A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada, e não teria


mais participação relevante no conflito. Estava garantido o bloqueio
que impediria que o Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo,
os navios encouraçados encomendados no exterior.
Comprometeu, também, a situação das tropas invasoras e, pouco
tempo depois, a guerra passou para o território paraguaio.
Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo bom êxito de
sua força naval em Riachuelo. O futuro Barão de Teffé declarou
que o vira, do Araguari, em plena batalha, destemido, expondo-se
Francisco Solano López
sobre a roda da Amazonas, com a barba branca, que deixara crescer,
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha ao vento e sentira por ele um grande respeito e admiração.
A cidade de Corrientes continuava ocupada pelo inimigo e a
Força Naval brasileira, que mostrara sua presença, fundeada
próxima a ela, precisou iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a
descida do rio, que estava baixando.
Os paraguaios haviam retirado suas baterias, que estavam
na Ponta de Santa Catalina, e as instalaram, primeiro em
Mercedes, depois em Cuevas, criando dificuldades para o
abastecimento dos navios brasileiros, que era realizado pelo rio.
Sob todos esses aspectos, incluindo a diminuição do nível do
Rio Paraná, que aumentava o risco de encalhe, a posição da
Força Naval, avançada em território ainda ocupado por tropas
do Paraguai, mostrava-se muito vulnerável9.
Barroso passou com seus navios por Mercedes e Cuevas,
enfrentando a artilharia paraguaia, e somente regressou passados
alguns meses, apoiando o avanço das tropas aliadas, que progrediam
Barão de Teffé - Antonio Luiz Von Hoonholtz
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
aproveitando o recuo do inimigo10.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Passagem de Mercedes Passagem de Cuevas
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança venceria a guerra


em pouco tempo, mas tal não ocorreu. O que parecia fácil 11
Incidente com a Inglaterra, ocorrido em 1863.
estagnou. O Paraguai era um país mobilizado para a guerra que,
aliás, foi ele que iniciou, achando que tinha vantagens. 12
O Encouraçado Brasil foi o primeiro navio
encouraçado da Marinha do Brasil.
Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável enquanto não
estivessem disponíveis os novos meios navais que estavam em
obtenção pelo Brasil: os navios encouraçados.
Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era necessário vencer
diversas passagens fortificadas, destacando-se, inicialmente, Curuzu,
Curupaiti e Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado para
navegar em rios, de casco de madeira, sem couraça, como os da
Força Naval brasileira que combatera em Riachuelo, não teriam
bom êxito. Era evidente que o Brasil necessitava de navios
encouraçados para o prosseguimento das ações de guerra. Os
obstáculos e fortificações de Humaitá eram uma séria ameaça,
mesmo para estes navios.

Navios encouraçados e
a invasão do Paraguai
Os navios encouraçados começaram a chegar à frente de
combate em dezembro de 1865. O Encouraçado Brasil,
encomendado após a Questão Christie11 na França, foi o primeiro
que chegou a Corrientes em dezembro de
186512.
No Arsenal de Marinha da Corte, no Rio
de Janeiro, iniciara-se a construção de outros
navios encouraçados, especificados para lutar
naquele teatro de operações fluviais. O projeto
e a construção estavam a cargo de brasileiros,
como os engenheiros Napoleão Level e Carlos
Braconnot. Destacou-se, também, o Capitão-
de-Fragata Henrique Antônio Baptista,
especialista em armamento, que também
chefiara o recebimento e trouxera o
Encouraçado Brasil da França.
Durante a guerra, foram incorporados à Encouraçado Brasil – Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Armada brasileira 17 navios encouraçados,

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incluindo alguns classificados como monitores, que obedeciam a

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
características de projeto inovadoras, desenvolvidas poucos anos
antes na Guerra Civil Americana.
Em 21 de fevereiro de 1866, Tamandaré chegou a Corrientes
e assumiu o comando da Força Naval, mantendo Barroso como
seu chefe de estado-maior. Em 17 de março, os navios
suspenderam para iniciar as operações rio acima. Quatro dos
encouraçados já estavam disponíveis nessa força. Um deles tinha
o nome de Barroso, e outro o de Tamandaré. Era uma grande
homenagem, em vida, aos dois ilustres chefes.
A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai necessitava
de apoio naval. Passo da Pátria foi uma operação conjunta de
forças navais e terrestres. Coube, inicialmente, à Marinha fazer
os levantamentos hidrográficos, combater as chatas paraguaias
e bombardear o Forte de
Itapiru e o acampamento
inimigo. Em março de 1866,
já estavam disponíveis nove
navios encouraçados, inclu-
sive três construídos no
Brasil: Tamandaré, Barroso e
Rio de Janeiro. A reação da
artilharia paraguaia ceifou
vidas preciosas, como a do
Encouraçado Barroso
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Tenente Mariz e Barros,
comandante do Tamandaré.
Houve, depois, perfeita cooperação entre as forças, na grande
operação de desembarque que ocorreu em 16 de abril de 1866.
Enquanto parte da Força Naval bombardeava a margem direita do
Rio Paraná, de modo a atrair a atenção do inimigo, os
transportes avançaram e entraram no Rio Paraguai.
Os navios transportaram inicialmente cerca de 45 mil
homens, de um efetivo de 66 mil (38 mil brasileiros, 25 mil
argentinos e 3 mil uruguaios), artilharia, cavalos e material. O
General Osório foi o primeiro a desembarcar em território inimigo.
Com a invasão, os paraguaios abandonaram Itapiru e Passo da Pátria
e, após tentativas infrutíferas de derrotar o invasor em Estero
Bellaco e Tuiuti, concentraram suas defesas nas fortificações que
barravam o caminho: Curuzu, Curupaiti e Humaitá.

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Curuzu e Curupaiti

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Em 31 de agosto de 1866, as tropas comandadas pelo
General Manoel Marques de Souza, o Barão de Porto Alegre,
desembarcaram na margem esquerda para atacar Curuzu e, no
dia seguinte, os navios começaram a bombardear a fortificação.
Em 2 de setembro, o navio encouraçado Rio de Janeiro foi
atingido por duas minas flutuantes e afundou com perda de vidas
humanas.
Curuzu foi conquistada pelo Barão de Porto Alegre, apoiado
pelo fogo naval, em 3 de setembro.
O próximo ataque foi a Curupaiti. O Presidente argentino,
General Bartolomeu Mitre, comandante das Forças da Tríplice
Aliança, assumiu pessoalmente o comando da operação. Apesar
do intenso bombardeio naval, o ataque aliado, ocorrido em 22 de
setembro, levou à maior derrota da Tríplice Aliança nessa guerra.
Seguiram-se acusações e críticas, que causaram uma crise
entre Mitre e Tamandaré. O preparo da operação, sem dúvida,
fora insuficiente e as dificuldades do ataque incorretamente
avaliadas. Como Mitre permaneceria exercendo o comando geral
dos Exércitos Aliados, o governo brasileiro aceitou o pedido de
afastamento feito anteriormente por Tamandaré. Ele e
Barroso foram substituídos, não mais participando das
operações dessa guerra.

Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho retratando o Encouraçado Rio de janeiro


no momento em que afundava durante o ataque a Curuzu.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.

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Caxias e Inhaúma

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Marquês de Caxias, General Luís Alves de Lima e Silva,
futuro Duque de Caxias e Patrono do Exército Brasileiro, foi
designado para o cargo de Comandante-em-Chefe das Forças
Brasileiras em Operações contra o Governo do Paraguai.
O comando da Força Naval coube ao Chefe-de-Esquadra
Joaquim José Ignácio, futuro Visconde de Inhaúma, que assumiu
seu cargo, substituindo Tamandaré, em 22 de dezembro de 1866.
Ele estava subordinado a Caxias, mas não a Mitre.
Caxias empregou com maestria a Força Naval de Inhaúma,
13
Caxias e Inhaúma eram amigos e sua amizade e para apoiar sua ofensiva ao longo do Rio Paraguai, até a ocupação
confiança mútua contribuíram para o excelente re-
sultado das operações combinadas. Ambos possuí- da cidade de Assunção; bombardeando fortificações; fazendo
am, também, uma boa experiência política, o que reconhecimentos pelo rio; transportando tropas de uma margem
ajudou no, às vezes, difícil relacionamento com os
aliados da Tríplice Aliança. para a outra, para contornar o flanco inimigo; e fazendo o apoio
logístico necessário13.

Passagem de Curupaiti
Há meses que a Força Naval bombardeava diariamente
Curupaiti, tentando diminuir seu poder de fogo e abalar o moral
dos defensores.
Em 15 de agosto de 1867, já promovido a Vice-Almirante,
Joaquim Ignácio comandou a Passagem de Curupaiti, enfrentando
o fogo das baterias de terra e
Duque de Caxias obstá-culos no rio. Pelo feito,
Acervo do Serviço de
Documentação da Marinha re-cebeu, logo depois, o título
de Barão de Inhaúma. Partici-
param da passagem dez navios
encouraçados que, em se-
guida, fundearam um pouco
abaixo de Humaitá e
Passagem de Curupaiti
começaram a bombardeá-la. Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho
A posição desses navios, Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
porém, expunha-os aos tiros
das fortificações paraguaias e Inhaúma considerava que ainda não
era o momento de forçar Humaitá. Caxias apoiou esta decisão.
O apoio logístico a essa Força Naval operando entre
Curupaiti e Humaitá era muito difícil e exigiu que os brasileiros
fizessem o caminho pela margem direita do Rio Paraguai, no Chaco.
Visconde de Inhaúma Logo depois construiu-se uma pequena ferrovia nesse caminho,
Acervo do Serviço de
Documentação da Marinha para transportar as provisões necessárias.
Para apoiar o material das forças em combate, construíra-se
um arsenal em Cerrito, próximo à confluência dos Rios Paraguai e
Paraná. Graças a ele, foi possível fazer essa estrada de ferro.
Ultrapassar Humaitá com uma força naval e mantê-la rio
acima exigiria também uma base de suprimentos rio acima. Caxias,

116
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após reorganizar as forças terrestres brasileiras, iniciou, em julho

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de 1867, a marcha de flanco e ocupou Tayi, no Rio Paraguai, acima
de Humaitá, que serviria depois para apoiar os navios.
Em dezembro de 1867, os três primeiros monitores
construídos no Arsenal de Marinha da Corte chegaram à frente de
combate. Esses monitores, por suas características, seriam
importantes para o prosseguimento das operações.
Em 14 de janeiro de 1868, Mitre precisou reassumir a
presidência da Argentina e passou definitivamente o comando-em-
chefe dos Exércitos da Tríplice Aliança para Caxias.

Passagem de Humaitá
Na madrugada de 19 de fevereiro de 1868, iniciou-se a
Passagem de Humaitá.
A Força Naval de Inhaúma intensificou o bombardeio e a
Divisão Avançada, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra
Delfim Carlos de Carvalho, depois Almirante e Barão da
Passagem, avançou rio acima.
Essa divisão era formada por seis
navios: os Encouraçados Barroso,
Tamandaré e Bahia e os Moni-
tores Rio Grande, Pará e Alagoas.
Eles acometeram a passa-
gem formando três pares com-
postos, cada um, por um encou-
raçado e um monitoramarrado ao
seu contrabordo.
Após a passagem, três dos
seis navios tiveram que ser
encalhados, para não afundarem
devido às avarias sofridas no
percurso. O Alagoas foi atingido
por mais de 160 projéteis.
Estava, no entanto, vencida
Humaitá, que aos poucos seria
desguarnecida pelos paraguaios.
Solano López decidiu que era
necessário retirar-se com seu
exército para uma nova posição
defensiva, mais ao norte.

Planta geral mostrando


a posição da Esquadra na
Passagem de Humaitá.

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O recuo das forças paraguaias

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Na madrugada de 3 de março de 1868, López se
retirou de Humaitá com cerca de 12 mil homens. Os aliados
fecharam o cerco.
Em 25 de julho, os últimos defensores abandonaram
Humaitá, que foi ocupada pelos aliados. Era preciso reforçar o
cerco para evitar que eles se juntassem ao grosso do
Exército paraguaio. Para isso, os aliados criaram uma flotilha
de escaleres, lanchas e canoas para bloquear a passagem dos
fugitivos pela Lagoa Verá.
Almirante Saldanha da Gama
14

Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.


Os combates que ali ocorreram, corpo-a-corpo, entre as
tripulações de embarcações, constituíram um dos conjuntos de
episódios mais dramáticos da guerra. Participaram deles, com
grande bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes
Saldanha da Gama14 e Júlio de Noronha, entre outros. Ao final,
renderam-se 1.300 paraguaios.

O avanço aliado e a Dezembrada


Superado o obstáculo de Humaitá, Caxias pôde avançar para
o norte. Era necessário que a Força Naval acompanhasse o
movimento das forças terrestres aliadas e, no dia 16 de agosto de
1868, Inhaúma começou a subir o Rio Paraguai. A partir de então,
os navios participaram das operações prestando o apoio
determinado por Caxias.
Logo, Caxias alcançou Palmas e iniciou seus planos para atacar
a nova posição do inimigo, em Piquissiri. Ele próprio efetuou vários
reconhecimentos empregando os navios e decidiu por não realizar
uma ação frontal. Para atacar os paraguaios pela retaguarda, era
preciso utilizar a margem direita, onde se situava o Chaco, um
alagadiço quase intransponível, exposto às inundações.
A genial manobra do Piquissiri, que contornou a posição do
inimigo, foi uma operação em que a Força Naval exerceu um papel
relevante. Foi construída uma estrada pelos pântanos do Chaco,
ultrapassando diversos cursos d’água, para que as tropas, que
cruzaram o rio nos navios, avançassem pela margem direita até
um ponto em que podiam embarcar novamente, para serem
transportadas para a margem esquerda, acima das posições
inimigas. Em 4 de dezembro, a Força Naval apoiou o desembarque
das tropas em Santo Antônio, sobre a retaguarda paraguaia.
O ataque de Caxias para o Sul é conhecido como a
Dezembrada. Ocorreu uma sucessão de combates terrestres, dos
quais se destacam Itororó, Avaí e Lomas Valentinas. Ao final, as
forças paraguaias estavam derrotadas e López fugiu.

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Não se rendendo, apesar de seu exército estar praticamente

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
aniquilado, ele conseguiu prolongar a guerra por mais de um ano,
na região montanhosa do Norte de seu país, na chamada Campanha
da Cordilheira, causando enormes sacrifícios a todos os envolvidos,
principalmente ao povo paraguaio15.

A ocupação de Assunção e
a fase final da guerra
Como não havia mais obstáculos até Assunção, ela foi
ocupada pelos aliados e a Força Naval fundeou em frente à cidade, 15
A Guerra da Tríplice Aliança contra o governo do
Paraguai só foi superada na América em número de
em janeiro de 1869. mortes pela Guerra Civil Americana.
Em fevereiro, o Chefe-de-Esquadra Elisário Antônio dos
Santos assumiu o comando da Força Naval. Ficaram no Paraguai
os navios de menor calado, mais úteis para atuar nos afluentes.
Uma Força Naval subiu o Rio Paraguai até território brasileiro, em
Mato Grosso. Houve um último combate no Rio Manduvirá. Seguiu-
se a Campanha da Cordilheira, em que a Marinha não mais
confrontou o inimigo.
Em 1870, o Paraguai estava derrotado e seu povo dizimado.
A Guerra foi muito importante para a consolidação dos
Estados Nacionais na região do Rio da Prata. Foi durante o conflito
que a unidade da Argentina se consolidou. Para o Brasil, foi um
grande desafio que mobilizou o País e uniu sua população. Foi lá
que os brasileiros das diferentes regiões do País se conheceram
melhor, passando a se respeitar e a se entender.

119
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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO
12/11/1864 O governo paraguaio apreende o Navio Mercante brasileiro
Marquês de Olinda, quando este navegava 30 milhas acima de
Assunção, rumo ao Mato Grosso levando o novo presidente dessa
província.

28/12/1864 Forças paraguaias invadem a Província do Mato Grosso, atacando e


ocupando o Forte Coimbra.

27/01/1865 O Império do Brasil declara oficialmente que responderá às


hostilidades do Paraguai.

05/04/1865 Parte de Buenos Aires uma Força Naval brasileira para bloquear o
Rio Paraná.

13/04/1865 O Governo paraguaio declara guerra à Argentina e forças paraguaias


atacam Corrientes.

01/05/1865 Assinado em Buenos Aires o Tratado da Tríplice Aliança, entre os


governos do Brasil, Argentina e Uruguai.

20/05/1865 O Chefe-de-Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva assume o


comando das duas divisões navais brasileiras incumbidas do bloqueio.

10/06/1865 Forças paraguaias invadem a Província do Rio Grande do Sul.

11/06/1865 Batalha Naval do Riachuelo.

21/02/1866 O Vice-Almirante Tamandaré, Comandante-em-Chefe da Esquadra


brasileira, chega à cidade argentina de Corrientes.

16/04/1866 Inicia-se a travessia de Passo da Pátria.

27/07/1866 Início do reconhecimento, pelos navios da Esquadra, da área da


Fortaleza de Curuzu.

31/08/1866 As tropas brasileiras, comandadas pelo Barão de Porto Alegre,


desembarcam para a tomada do Forte de Curuzu, apoiadas pelo
fogo dos navios.

120
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02/09/1866 A Marinha perde o Encouraçado Rio de Janeiro, posto a pique pela
explosão de duas minas flutuantes.

03/09/1866 Tomada da Fortaleza de Curuzu.

22/09/1866 A Esquadra bombardeia pesadamente o Forte de Curupaiti, enquanto


tentavam conquistá-lo. Percebendo a impossibilidade de tomar a praça,
ordena a retirada. Foi a maior derrota da Tríplice Aliança nessa guerra.

22/12/1866 O Chefe-de-Esquadra Joaquim José Ignácio recebe do Almirante


Tamandaré o comando da Esquadra Brasileira em Operações no Paraguai.

13/01/1867 A Esquadra brasileira inicia os bombardeios ao Forte de Curupaiti.

15/08/1867 O Vice-Almirante Joaquim José Ignácio comanda a 1a Passagem de Curupaiti.

13/02/1868 Os Monitores Pará, Rio Grande e Alagoas forçam durante a noite a Passagem
de Curupaiti, indo reunir-se aos encouraçados que se destinavam a passar
Humaitá. (2a Passagem de Curupaiti).

19/02/1868 Inicia-se a Passagem de Humaitá. (1a Passagem de Humaitá).

21/03/1868 A Fortaleza de Curupaiti é conquistada.

02/05/1868 A Divisão Avançada da Esquadra, composta dos Encouraçados Bahia, Barroso


e Tamandaré e dos Monitores Rio Grande e Pará, transporta para a Península
do Araça as tropas que cortarão as comunicações do inimigo concentrado
em Humaitá, impedindo o recebimento de socorro.

21/07/1868 Os Encouraçados Cabral, Silvado e Piauí forçam a Passagem de Humaitá,


para se reunirem à Divisão do Chefe Delfim. (2ª Passagem de Humaitá).

25/07/1868 As tropas aliadas conquistam a Fortaleza de Humaitá.

01/08/1868 Combate na Lagoa Verá entre chalanas paraguaias e escaleres dos navios
brasileiros.

16/08/1868 Início da Dezembrada.

30/08/1868 O Barão da Passagem, Chefe-de-Divisão Delfim Carlos de Carvalho,


comandando uma divisão composta do Encouraçado Bahia, e dos Monitores
Alagoas, Ceará, Pará, Piauí e Rio Grande, entra pelo Rio Tebiquari para
proteger a passagem do Exército.

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01/10/1868 Os Encouraçados Bahia, Barroso, Tamandaré e Silvado forçam as baterias
de Angostura, ao mesmo tempo que os encouraçados restantes
bombardeam o acampamento inimigo.

19/11/1868 A Esquadra bombardea as fortificações de Angostura – manobra do


Pissiquiri.

04/12/1868 A Esquadra inicia a passagem do Exército do Chaco para a Barranca de


Santo Antônio.

01/01/1869 Tropas brasileiras, sob o comando o Coronel Hermes da Fonseca, ocupam


Assunção, que se encontrava deserta.

16/01/1869 O Vice-Almirante Joaquim José Ignácio, gravemente enfermo, deixa o


comando da Esquadra brasileira em Operações no Paraguai e regressa ao
Rio de Janeiro.

06/02/1869 O Chefe-de-Esquadra Elisário Antônio dos Santos assume o comando da


Força Naval.

18/04/1869 O Comandante-em-Chefe da Esquadra no Paraguai ordena a perseguição


e a captura de embarcações paraguaias no Rio Manduvirá e afluentes.

122
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FIXAÇÃO

1 – Quais foram os atos de hostilidade do Paraguai que levaram à assinatura do Tratado da


Tríplice Aliança em 1o de maio de 1865?

2 – Quais eram os países que compunham a Tríplice Aliança?

3 – Qual o nome dos três comandantes-em-chefe da Força Naval Aliada?

4 – Qual o nome dos dois rios onde ocorreu grande parte do conflito?

5 – Como podemos caracterizar a guerra antes e depois de Riachuelo?

6 – Por onde se deu a invasão do território paraguaio?

SAIBA MAIS

BITTENCOURT, Armando de Senna. Visitando Riachuelo e revendo controvérsias: 132 anos


depois. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, v.117, n.7/9, p.41-57, jul./set. 1997.

MARTINS, Hélio Leôncio. A estratégia naval brasileira da Guerra do Paraguai: com algumas
observações sobre ações táticas e o apoio logístico. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro,
v.117, n.7/9, p.59-86, jul./set. 1997.

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A Marinha na República
Sinopse
1
Encilhamento se refere ao processo
Os primeiros anos da República foram marcados pela
especulativo que ocorreu na Bolsa de Valores progressiva desmobilização da Esquadra brasileira. As revoltas que
do Rio de Janeiro. Podem ser incluídos no
Encilhamento outros problemas econômicos que
assolaram a Nação e o desgaste econômico conhecido como
ocorreram no período, especialmente a brusca Encilhamento1 provocaram o gradativo desmantelamento das
desvalorização cambial, provocando grande nú-
mero de falências e recessão econômica. Essa
unidades da Força Naval. A situação interna do País se refletia nos
política foi idealizada por Rui Barbosa, Ministro orçamentos insuficientes que negavam à Marinha os recursos
da Fazenda de então. necessários à modernização dos meios flutuantes e à criação de
uma infra-estrutura de apoio.
Essa situação se manteve por toda a década final do século
XIX. A sucessão de quatro ministros da Marinha em apenas seis
anos contribuiu negativamente para a elaboração de um programa
naval condizente com o litoral e os interesses a serem defendidos.
Em 15 de novembro de 1902, o Almirante Júlio de Noronha2
assumiu a pasta da Marinha, encontrando uma Força Naval
composta de navios reformados, sendo, na sua maioria, modelos
obsoletos frente às classes mais modernas que estavam em
processo de construção pelas potências industriais da época.
Em 1904, o Ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio
Branco, percebeu que a Marinha, apesar de querer se equipar com
os melhores meios, não alcançava um nível aceitável de Força
Armada para o porte do Brasil. Apresentou então ao Almirante
Júlio de Noronha pessoas interessadas em oferecer navios ou
indicar estaleiros para a construção daqueles que fariam parte do
Programa Naval que o almirante imaginava.
2
O Almirante Júlio de Noronha assumiu o Mi- Procurando satisfazer a justa aspiração brasileira em constituir
nistério da Marinha em 1902, durante o gover- uma Marinha bem aparelhada, o Deputado Dr. Laurindo Pitta
no de Rodrigues Alves, passando a pasta, em
1906, ao Almirante Alexandrino Faria de Alencar. apresentou à Câmara, em julho de 1904, um projeto que continha
o programa naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual poderia
atender a tais expectativas. Em um discurso entusiasmado, propôs
a aprovação de orçamento que financiasse os navios requisitados.
Pitta encabeçou então uma grande luta nos bastidores da política
nacional com a finalidade de obter a aprovação, no Congresso
Nacional, do projeto que reorganizaria toda a Esquadra brasileira.
Sendo o projeto finalmente aprovado, quase que por
unanimidade, ele se transformou no Decreto no 1.296, de 14
de novembro de 1904.

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Segundo o próprio Laurindo Pitta, em seu discurso, por

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ocasião da apresentação do seu projeto de reaparelhamento naval,
encouraçados, cruzadores, torpedeiras não eram invenções
modernas, eram aperfeiçoamentos que a ciência e a indústria
adaptavam aos navios. O encouraçado era o pesado e bem artilhado
navio de linha, o cruzador era a leve e ligeira fragata e o torpedeiro,
o brulote3, destinado a incendiar as antigas naus.
O Programa de 1904, de autoria de Júlio de Noronha,
apresentava a vantagem de ser um plano de conjunto, ou seja,
incluía a criação de um moderno arsenal e um porto militar, que
juntamente com os navios formaria um tripé de sustentação da 3
Brulote – Embarcação carregada de matérias
Marinha brasileira. Foi o Almirante Júlio de Noronha quem fez inflamáveis e explosivas destinada a levar fogo
nascer a campanha de remodelação da Esquadra, que deveria aos navios inimigos.

impressionar principalmente a opinião pública e que gerou os


resultados necessários para a reforma da nossa Marinha.
O programa incluía os modelos de navios que, no momento,
equipavam as melhores Esquadras do mundo, logo a seguir
empregados nas Batalhas de Port Arthur e Tsushima, travadas
durante a Guerra Russo-Japonesa. O estudo estratégico das
experiências proporcionadas por essas batalhas (1905) e o
lançamento do Encouraçado Dreadnought4, pela Marinha britânica
(1906), que aparecia como o navio mais poderoso do mundo,
inspiraram debates em torno do 4
Encouraçado Dreadnought – Idealizado pelo
Programa de 1904. O Deputado José Almirante Lorde Fisher, Primeiro Lorde do Mar
Carlos de Carvalho e o Almirante da Marinha britânica. Tinha como característi-
cas forte armamento com canhões de até 12
Alexandrino Faria de Alencar, então polegadas, grande deslocamento, motores de
senador, foram os grandes propulsão mais eficientes e poderosa blinda-
gem.
defensores da remodelação do
Programa Júlio de Noronha.
Em 15 de novembro de 1906,
assumiu a Presidência da República o
Conselheiro Afonso Pena e, com ele,
o seu novo ministério, sendo a pasta
da Marinha ocupada pelo Almirante
Alexandrino Faria de Alencar. Não
Almirante Alexandrino Faria de Alencar
demorou que este conseguisse do
Congresso a reforma do Programa
de 1904. A alteração mais marcante trazida pelo novo programa
do Almirante Alexandrino foi a adição de três novos encouraçados
do tipo dreadnought de 20 mil toneladas, cuja aprovação resultou
no Decreto no 1.567, de 24 de novembro de 1906.
Nesse programa, foi cancelado o projeto de um novo
arsenal. Em seu lugar, optou-se por modernizar as instalações
da Ilha das Cobras, porém, admitia-se a construção de bases
secundárias em Belém e em Natal, e um porto militar de
pequeno porte em Santa Catarina.

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Como conseqüência direta do Programa Alexandrino, a

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Esquadra de 1910, assim chamada por haver chegado ao Brasil
nesse ano a maior parte de seus componentes, representou um
verdadeiro revigoramento militar e tecnológico da Marinha
brasileira. Dessa forma, o Brasil passou a possuir uma frota de alto-
mar ofensiva, podendo levar a outros rincões o Pavilhão Nacional
e, principalmente, apoiar a ação diplomática do governo brasileiro
em qualquer local que se fizesse necessário.
A incorporação de navios Encouraçado Minas Gerais
como os Encouraçados Minas Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
5
Recebeu o nome de Agincourt na Marinha ingle-
Gerais e São Paulo, pertencentes
sa, sob as ordens do Almirante Sir John Jellicoe na à classe dos dreadnoughts mais
Batalha da Jutlândia, travada entre a Grã-Bretanha
e a Alemanha durante a 1a Guerra Mundial.
poderosos do mundo, encheu
de orgulho e confiança os brasi-
leiros. Além dessas embarcações,
também chegaram os Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os
Contratorpedeiros Amazonas, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Alagoas, Sergipe, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.

Cruzador Bahia Contratorpedeiro Pará


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

Posteriormente ao ano de 1910, o Contratorpedeiro Maranhão,


os Submarinos F1, F3, F5 e Humaitá, o Tender Ceará e outros
navios auxiliares complementaram os efetivos navais da Marinha.
O terceiro encouraçado previsto pelo Programa Alexandrino
era o Rio de Janeiro, lançado ao mar em 22 de janeiro de 1913. A
demora em sua construção se deveu à necessidade de se introduzir
novas modificações que o
tornassem ainda mais poderoso.
Este navio não chegou a ser
incorporado à Armada brasileira.
Foi adquirido pela Marinha turca
e depois pela Marinha inglesa,
tendo participado da Batalha da
Jutlândia 5 .
A Esquadra brasileira passou a
Submarinos F1,F3 e F5
Acervo do Serviço de ser organizada, essencialmente,
Documentação da Marinha em divisões de encouraçados e

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cruzadores, e flotilhas de contratorpedeiros e de submarinos.

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Porém, com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o
Ministro da Marinha Alexandrino de Alencar determinou que as
principais unidades operativas de superfície fossem reorganizadas
em três divisões a fim de patrulhar as águas costeiras dentro de
cada área de responsabilidade, sendo criadas as Divisões Navais do
Sul (São Francisco do Sul), Centro (Rio de Janeiro) e Norte (Belém).
Dessa maneira, a Marinha iria enfrentar os seus dois principais
desafios no Século XX. As duas grandes guerras mundiais.

As duas grandes guerras


Eclodido o conflito na Europa em 1914, que veio a ser conhecido por Primeira Grande Guerra, o Brasil
permaneceu neutro nos primeiros três anos de guerra. O bloqueio submarino sem restrições aos países Aliados,
firmado pelo governo alemão em 31 de janeiro de 1917, trouxe não só mal-estar a todos os países neutros, como
também preocupação ao Governo brasileiro, que dependia fundamentalmente do mar para escoar a sua produção
e importar produtos que necessitava.
O Brasil apresentou inicialmente seu protesto formal à Alemanha, seguido do rompimento das relações
comerciais. Mantínhamos ainda nossa neutralidade, postura que veio a ser modificada em 11 de abril de 1917,
devido ao afundamento do Navio Mercante Paraná ao largo da costa francesa, quando o governo brasileiro
rompeu as relações diplomáticas com o governo alemão. Após o ataque a mais três dos nossos mercantes, em 26
de outubro de 1917 o Brasil reconheceu e proclamou o estado de guerra com o Império alemão.
A participação da Marinha brasileira na Primeira Grande Guerra formalizou-se com o envio para o teatro
de operação da Divisão Naval em Operação de Guerra (DNOG), sob o comando do Almirante Pedro Max
Fernando de Frontin. Era composta pelos seguintes meios navais: Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul;
Contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina; Cruzador-Auxiliar Belmonte; e Rebocador
Laurindo Pitta, e tinha como missão o patrulhamento da área entre Dakar–São Vicente–Gibraltar na costa da
África. A tripulação da DNOG foi gravemente atingida pela “gripe espanhola”, mas mesmo com muitas baixas
sofridas, cumpriu a missão a ela determinada.
Outra participação significativa da Marinha foi a designação de 12 oficiais aviadores para servirem junto
à Royal Air Force (RAF). Foram depois empregados no patrulhamento do Canal da Mancha.
Na Segunda Guerra Mundial, também mantivemo-nos neutros a princípio. Com a vinculação de interesses
comuns que tínhamos com os Estados Unidos, concretizada pelo Tratado do Rio de Janeiro, no qual nos
comprometíamos a formar ao lado de qualquer nação americana que fosse atacada, com eles nos solidarizamos
quando do ataque japonês a Pearl Harbour, em 7 de dezembro de 1941. Como represália, nossa Marinha
Mercante começou a ser agredida pelos submarinos alemães. A primeira perda foi o Navio Mercante Cabedelo,
em fevereiro de 1942. Seguiram-se outros afundamentos, terminando com o ataque fulminante do U-507, que
em cinco dias, levou a pique seis embarcações nacionais dedicadas à linha de cabotagem nas costas de
Sergipe, com 507 vítimas, inclusive soldados do Exército.
Este ato levou o Brasil a declarar guerra, a 31 de janeiro de 1942, às potências do Eixo – Alemanha, Itália
e Japão. Imediatamente a Marinha mobilizou-se, criando a Força Naval do Nordeste (com navios já em operação
e meios recebidos do Acordo Lend Lease com os Estados Unidos). Essa Força foi comandada pelo Almirante
Alfredo Soares Dutra, subordinada operativamente à Quarta Esquadra norte americana.
Era missão da Marinha, cumprida desde o primeiro dia de guerra até o armistício, a proteção de comboios
internacionais e nacionais, garantindo a segurança de mais de três mil navios, de muitas nacionalidades, contra a
ameaça submarina germânica. Cada passagem de um comboio ao seu destino era considerado uma vitória
Garantiu-se o suprimento, vital na época, de combustível, insumos e alimentos, sem que o Brasil sofresse as
agruras da guerra.

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Primeira Guerra Mundial

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Antecedentes

No ano de 1914, as relações entre as principais nações


européias estavam tensas. Nos últimos 60 anos havia ocorrido a
Segunda Revolução Industrial e várias potências econômicas
surgiram ameaçando a supremacia da Grã-Bretanha, com destaque
para os Estados Unidos, Itália, Rússia, Alemanha e Japão. Isto
significava que todos esses países tinham como produzir, mas
precisavam de matérias-primas e de mercados para vender
a sua produção.
Se na primeira Revolução Industrial o grande fato
impulsionador foi a invenção da máquina a vapor, na segunda a
eletricidade foi o mecanismo que revolucionou os meios de
produção. Outro grande fator de crescimento econômico foi o
aumento da disponibilidade de ferro e aço. A mecanização da
indústria se elevou, proporcionando o conseqüente aumento do
número de máquinas e motores menores, que viriam dotar os
bens de consumo duráveis, os maiores símbolos da sociedade
moderna.
Naquele ano de 1914 vigorava a Paz Armada, uma situação
em que todas as nações procuravam se armar para inibir o
adversário de atacá-las. Duas grandes alianças político-militares
predominavam: a Tríplice Aliança, formada pelo Império Austro-
Húngaro, Itália e Alemanha, e a Tríplice Entente, formada pela
França, Inglaterra e Rússia. Pequenas frentes de luta surgiam nas
áreas em disputa. Todos queriam se apossar de territórios. Um
terrorista sérvio conseguiu assassinar o Arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, em um atentado em
Sarajevo, na Bósnia. Esta morte imediatamente provocou a guerra
entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia, fiadora da Sérvia, iniciou um
confronto com a Áustria, provocando a intervenção alemã e unindo
a França e a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado entraram na
Guerra.Iniciava-se a Primeira Guerra Mundial.
De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu lado mais cruel.
Milhões de vidas foram ceifadas na chamada guerra de trincheiras,
quando as tropas limitavam-se a defender determinadas
posições estratégicas.
Em 1917, os Estados Unidos da América (EUA) entraram
no conflito. No mesmo ano, eclodiu a revolução socialista na
Rússia e seus dirigentes assinaram com a Alemanha o Tratado de
Brest-Litovsky, se retirando da guerra.
Em 1917, o Brasil entrou no conflito quando a campanha
submarina alemã atingiu seus navios mercantes, afundados em razão
do bloqueio alemão a Grã-Bretanha.
O Brasil enviou então uma Divisão Naval para operar com a
Marinha britânica entre Dakar e Gibraltar em 1918.

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A Alemanha, depois de uma fracassada ofensiva no teatro

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de operação ocidental, se viu exausta com as perdas sofridas, vindo
a assinar o Armistício com os aliados no mês de novembro de 1918.

O preparo do Brasil

A disposição do Brasil em manter-se neutro no conflito foi


evidenciada desde o primeiro minuto de combates na Europa em
1914. Naqueles dias conturbados, prevalecia no País uma tendência
natural de simpatia a favor dos aliados, principalmente porque a
elite nacional via na educação e na cultura francesas seus principais 6
O Presidente Wenceslau Braz assumiu o governo
em 15 de novembro de 1914 e o transferiu quatro
paradigmas. A neutralidade foi a marca brasileira nos três primeiros anos depois ao Vice-Presidente Delfim Moreira,
anos de guerra, mesmo quando Portugal foi a ela arrastada em que substituiu o titular Rodrigues Alves, doente e
que viria a falecer pouco tempo depois.
março de 1916.
O bloqueio sem restrições firmado pelo governo alemão
em 31 de janeiro de 1917 trouxe não só mal-estar a todos os
neutros, mas também preocupação ao governo brasileiro que
dependia fundamentalmente do mar para escoar
a produção de café para a Europa e os Estados
Unidos, nossos principais compradores.
Ademais, importávamos muitos produtos da
Inglaterra, que naquela altura lutava
desesperadamente nos campos franceses e
enfrentava, com preocupação, os ataques dos
submarinos alemães a seu tráfego marítimo.
O Brasil apresentou, inicialmente, seu
protesto formal à Alemanha, sendo logo depois
obrigado a romper relações comerciais com
esse país, mantendo-se, contudo, ainda, na mais
rigorosa neutralidade.
O que veio a modificar a atitude brasileira
foi o afundamento do Navio Mercante Paraná
ao largo de Barfleur, na França, apesar de
ostentar a palavra Brasil pintada no costado e
a Bandeira Nacional içada no mastro. Naquela
oportunidade, a população na capital Rio de
Janeiro atacou firmas comerciais alemãs,
criando grande desconforto para o governo de Presidente Wenceslau Braz
Wenceslau Braz6. Seguiu-se então o rompimento das relações assinando a declaração de guerra em 26 de
diplomáticas com o governo alemão em 11 de abril de 1917. Um outubro de 1917, tendo ao seu lado o Ministro
das Relações Exteriores, o Sr. Nilo Peçanha.
fato importante que influiu na decisão de se romper relações com Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
o Império Alemão foi a atitude de protesto dos Estados Unidos
com o bloqueio irrestrito, tendo sofrido por isso o torpedeamento
de dois de seus navios. Tais acontecimentos motivaram a declaração
de guerra norte-americana. Mantínhamos até esse ponto laços
comerciais profundos com esse país e claras simpatias com os
aliados.

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No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o Tijuca, foi

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torpedeado nas proximidades de Brest na costa francesa. Seis dias
depois seguiu-se o Mercante Lapa. Antes ele fora abordado por
um submarino alemão, mandando que a tripulação deixasse o vapor
para depois torpedeá-lo. Esses três ataques levaram o Presidente
Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45 navios dos impérios
centrais aportados no Brasil e a revogação da neutralidade. Muitos
deles encontravam-se danificados por sabotagem dos próprios
tripulantes. Isso não impediu que o Brasil utilizasse 15 deles e
repassasse 30 por afretamento para a França. Um fato curioso foi
o arresto da Canhoneira alemã Eber, surta no porto de Salvador.
Tratava-se de navio militar e não de vapor mercante, como os 45
navios arrestados. Antes de ser abordada por autoridades
brasileiras, e percebendo essa medida, os tripulantes queimaram
esse vaso de guerra e conseguiram se transferir para outro navio
mercante que se evadiu dos portos nacionais com o armamento e
os homens especializados, que seriam ainda úteis à Marinha alemã
no conflito.
Quatro meses se passaram até que um novo navio brasileiro
fosse atacado e afundado, dessa feita foi o Vapor Tupi nas mediações
do Cabo Finisterra. O caso tornou-se grave na medida em que o
comandante e o despenseiro foram aprisionados por um
submarino alemão e nunca mais se teve notícia de seus destinos.
Oito dias depois, 26 de outubro de 1917, o Brasil reconhecia
e proclamava o estado de guerra com o Império alemão.
Como estava o Brasil naquela oportunidade para enfrentar
os germânicos?
O governo brasileiro tinha consciência de que a grande
ameaça seria o submarino alemão, ávido por atacar os nossos
navios mercantes que mantinham o comércio com outros países
em pleno desenvolvimento. Além disso, naquela oportunidade, não
existiam estradas ligando o Sul e Sudeste com o Norte e Nordeste.
Todas as comunicações entre essas regiões eram feitas por mar,
daí nossa grande vulnerabilidade estratégica. Tanto a Marinha
Mercante como a de Guerra seriam as grandes protagonistas
brasileiras nesse confronto.
A Marinha Mercante brasileira era modesta, no entanto,
desde os primeiros anos do século, os governos que se sucederam
procuraram aparelhá-la, o que foi auspicioso, pois teríamos na
guerra um teste fundamental para a manutenção de nosso fluxo
comercial. No início do conflito – quando o Brasil ainda mantinha
irrestrita neutralidade –, diversos países envolvidos na guerra, ávidos
para cobrir as perdas provocadas por afundamentos, ofereceram
propostas de compras de muitos de nossos mercantes.
Propostas de compras do Lloyd Brasileiro, maior companhia
de navegação do período, foram comuns. Entretanto, o governo

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nacional, premido pela necessidade de manter o comércio com

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outros países e de escoar o nosso principal produto, o café,
principalmente para os Estados Unidos, impediu todas essas
tentativas de arrendamento. Ao final essa ação veio a ser
fundamental para o Brasil.
Nossa Marinha de Guerra era centrada na chamada
Esquadra de 1910, com navios relativamente novos construídos
na Inglaterra sob o Plano de Construção Naval do Almirante
Alexandrino Faria de
Alencar, Ministro da
Marinha, como an-
teriormente mencio- Cruzadores leves e velozes que tinham a tarefa de
7

nado. Eram ao todo esclarecer em apoio a linha de batalha formada por


encouraçados e cruzadores de batalha.
dois encouraçados tipo
dreadnought, o Minas
Gerais e o São Paulo,
dois cruzadores tipo
scouts 7, o Rio Grande
do Sul e o Bahia, que
viria a ser perdido tra-
gicamente na Segunda
O Encouraçado Minas Gerais fundeado na cidade de Salvador Guerra Mundial, e dez
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha contratorpedeiros de
pequenas dimensões.
Esses meios eram todos movidos a vapor, q u e i m a n d o
carvão.
Desde o início da participação brasileira no conflito, o
governo nacional decidiu-se pelo envio de uma divisão naval para
operar em águas européias, o que representaria um grande
esforço para a Marinha.
Uma outra contribuição significativa foi a designação de 13
oficiais aviadores, sendo 12 da Marinha e um do Exército para se
aperfeiçoarem como pilotos de caça da RAF no teatro europeu.
Depois de árduo adestramento em que
dois pilotos se acidentaram, sendo um
fatal, eles foram considerados qualificados
para operações de combate, tendo sido
empregados no 16o Grupo da RAF, com
sede em Plymouth, em missões de
patrulhamento no Canal da Mancha.
A propósito, a Escola de Aviação
Naval Brasileira, localizada na Ilha das
Enxadas, na Baía de Guanabara, e a Flotilha
de Aviões de Guerra haviam sido criadas
no dia 23 de agosto de 1916, com-
portando inicialmente apenas três aviões
Curtiss que chegaram ao Brasil dois meses
antes. A Aviação Militar, por outro lado, Aviadores brasileiros na Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
operava no Campo dos Afonsos, onde
funcionava a Escola de Aviação Militar.

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Hidroavião Curtiss pertencente à Escola de Aviação Naval brasileira


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

Um fato inusitado e curioso que na época provocou grande


sucesso promocional foi o primeiro vôo do Presidente da República
Wenceslau Braz em hidroavião da Armada, em 2 de abril de 1917,
um dia antes do torpedeamento de primeiro navio brasileiro, o
Paraná, nas costas francesas. O mais interessante foi que Wenceslau
havia comparecido à formatura dos novos pilotos na Ilha das
Enxadas e não estava previsto o vôo realizado com o primeiro
mandatário da República. Ao ser provocado pelo Ministro da
Marinha, Wenceslau Braz aceitou o convite para um vôo sobre o
Rio de Janeiro e Niterói. Imediatamente colocou o capacete e a
túnica a ele oferecida e se posicionou no avião para início da
aventura. Por cerca de 30 minutos, o Presidente se deliciou com
aquele sobrevôo, para o espanto dos repórteres que esperavam
o seu regresso.
No principal porto do país, o do Rio de Janeiro, centro
econômico e político mais importante, instituiu-se uma linha de
minas submarinas cobrindo 600 metros entre as Fortalezas da Laje
e Santa Cruz. Duas ilhas oceânicas preocupavam as autoridades
navais devido a possibilidade de serem utilizadas como pontos de
refúgio de navios inimigos. As de Trindade e Fernando de Noronha.
A primeira foi ocupada militarmente em maio de 1916 com um
grupo de cerca de 50 militares. Uma estação radiotelegráfica
mantinha as comunicações com o continente e freqüentemente
Trindade era visitada por navios de guerra para o seu
reabastecimento. Quanto a Fernando de Noronha, lá existia um
presídio do Estado de Pernambuco. A Marinha, então, passou a
assumir a defesa dessa ilha, destacando um grupo de militares
para guarnecê-la. Não houve nenhuma tentativa de ocupação
por parte dos alemães.

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Com o estado de guerra declarado, os ataques aos mercantes

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brasileiros continuaram. Em 2 de novembro, nas proximidades da
Ilha de São Vicente, na costa africana, foram torpedeados mais
dois navios, o Guaíba e o Acari. Depois de atingidos, seus
comandantes conseguiram os encalhar, salvando-se a carga, não
impedindo, no entanto, que vidas brasileiras fossem perdidas.
Outro ataque, já no ano de 1918, aconteceu ao Mercante
Taquari da Companhia de Comércio e Navegação, na costa inglesa.
Desta feita o navio foi atingido por tiros de canhão, tendo tempo
de arriar as baleeiras que, no entanto, foram metralhadas,
provocando a morte de oito tripulantes. 8
As potências centrais eram compostas pelo Impé-
Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião pública brasileira rio Alemão, pela Austro-Hungria e pela Turquia.
que, influenciada por campanhas jornalísticas e declarações de
diversos homens públicos, exigiu um comprometimento maior
com a causa Aliada, com a participação efetiva no esforço bélico
contra as Potências Centrais8.
Desde o início do conflito, a participação da Marinha no
confronto baseou-se no patrulhamento marítimo do litoral
brasileiro com três divisões navais, como já mencionado, distribuídas
nos portos de Belém, Rio de Janeiro e São Francisco do Sul. Esse
serviço tinha por finalidade colocar a navegação nacional, a aliada e
a neutra ao abrigo de possíveis ataques de navios alemães de
qualquer natureza nas nossas águas.
A Divisão Naval do Norte era composta dos Encouraçados
guarda-costas Deodoro e Floriano, dos Cruzadores Tiradentes e
República, de dois contratorpedeiros, três avisos e duas
canhoneiras. Sua sede era Belém.
A Divisão Naval do Centro compunha-se dos Encouraçados
Minas Gerais e São Paulo e de seis contratorpedeiros, com sede no
Rio de janeiro.
Por fim, a Divisão Naval do Sul era composta dos Cruzadores
Barroso, Bahia e Rio Grande do Sul, de um iate e dois
contratorpedeiros, com sede em São Francisco do Sul.
A Marinha possuía também três navios mineiros; uma flotilha
de submersíveis, com um tênder, três pequenos submarinos
construídos na Itália e uma torpedeira; as Flotilhas do Mato Grosso,
Amazonas e de aviões de guerra; e, por fim, navios soltos.

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A Divisão Naval em Operações de Guerra

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O governo de Wenceslau Braz decidiu enviar uma divisão
naval para operar sob as ordens da Marinha britânica, na ocasião a
maior e mais poderosa do mundo. Logicamente, os navios
escolhidos deveriam ser da Esquadra adquirida oito anos antes na
própria Inglaterra, pois eram os mais modernos que o Brasil
possuía. No entanto, devido aos avanços tecnológicos provocados
pela própria guerra, esses navios se tornaram obsoletos
rapidamente. Em que pese tal fato, a escolha da alta administração
naval recaiu nos dois cruzadores (Rio Grande do Sul e Bahia), em
9
O Cruzador-Auxiliar Belmonte fora um dos navios quatro contratorpedeiros (Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa
alemães apresados logo após a declaração de guerra
pelo Brasil. Levava o nome de Valesia.
Catarina), um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador-auxiliar
(Belmonte)9, ao todo oito navios.
Contra quem iríamos lutar? A Alemanha, apesar de
possuir uma Esquadra menor que a Inglaterra, possuía uma
frota muito agressiva e motivada, que se batera com valentia
até aquele momento.
No início da guerra os alemães se
lançaram à guerra de corso utilizando
navios de superfície, no estilo de
corsários independentes que atacavam
os mercantes navegando solitários.
Essa estratégia, com o decorrer da
guerra, foi abandonada. Preferiu-se a
Cruzador Rio Grande do Sul
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha guerra submarina, que mostrou-se
muito mais eficiente. Esses submarinos
não chegaram a atuar nas nossas costas
como aconteceu na Segunda Guerra
Mundial, no entanto atacaram nossos
navios nas costas européias e os
afundaram sem trégua.
Há que se notar que a Marinha
brasileira era dependente de supri-
mentos vindos do exterior. Não
existiam estaleiros capacitados, nem
Contratorpedeiro Piauí fábricas de munição e estoques Divisão Naval em Operações de Guerra
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha logísticos adequados. Dessa forma, a Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
preparação da Divisão Naval em
Operações de Guerra (DNOG), como ficou conhecida essa
pequena força, foi muito dificultada por limitações que não eram
só da Marinha, mas também do Brasil. Como critério de escolha,
abriu-se o voluntariado para os seus componentes e foi escolhido
um contra-almirante ainda muito jovem, com 51 anos de idade,
habilidoso e com grande experiência marinheira, na ocasião
comandante da Divisão de Cruzadores com base no porto de

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Santos, o Almirante Pedro Max Fernando de Frontin, irmão do

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
engenheiro Paulo de Frontin10.
A principal tarefa a ser cumprida por essa divisão seria
patrulhar uma área marítima contra os submarinos alemães,
compreendida entre Dakar no Senegal e Gibraltar, na entrada do
Mediterrâneo, com subordinação ao Almirantado inglês.
A preparação dos navios ainda no Brasil requereu muitos
recursos de toda a ordem. Entre os pontos a serem corrigidos
estava a deficiência de abastecimento, principalmente a escassez
de combustível, o carvão. Dava-se preferência a um tipo de carvão
proveniente da Inglaterra, o tipo cardiff ou dos Estados Unidos da 10
O Engenheiro Paulo de Frontin teve destacado
América. O carvão nacional, por possuir grande quantidade de papel nas reformas urbanas empreendidas pelo
enxofre, era contra-indicado e esse ponto nevrálgico preocupou Prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro, tendo
sido nomeado chefe da Comissão Construtora da
os chefes navais durante toda a comissão da DNOG. Avenida Central em 1903.
Depois de três meses de adestramento contínuo com as
tripulações, os navios suspenderam do Rio de Janeiro em grupos
pequenos para se juntarem na Ilha de Fernando de Noronha.
Inicialmente, os contratorpedeiros deixaram a Guanabara no dia 7
de maio de 1918, seguidos no dia 11
pelos dois cruzadores. Em 6 de julho,
suspendeu do Rio de Janeiro o
Cruzador Auxiliar Belmonte e, dois dias
depois, o Rebocador Laurindo Pitta.
Esses navios ficaram responsáveis de
transportar o carvão necessário para a
DNOG, daí sua grande importância
logística.
No dia 1o de agosto a Divisão unida
suspendeu de Fernando de Noronha
com destino a Dakar, passando por
Almirante Pedro Max Fernando de Frontin
Freetown. Comandante da DNOG
O propósito dessa primeira Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
derrota até Freetown era destruir
os submarinos inimigos que se
encontravam na rota da DNOG. O
armamento naquela ocasião para se
neutralizar esses submarinos era
bastante primitivo, não se comparando
com nada que se viu na Segunda Guerra
Mundial. Existiam hidrofones primitivos e bombas de profundidade
de 40 libras, que eram lançadas pela borda no local provável onde
se encontrava o submarino. É interessante mencionar que o
próprio submarino, naquela oportunidade, não possuía capacidade
de permanecer mergulhado durante longo período de tempo, o Rebocador Laurindo Pitta
que era uma grande limitação. Normalmente, os ataques contra Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
mercantes eram realizados utilizando-se os canhões localizados

135
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em seus conveses. A maior possibilidade de se destruir esses

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
submarinos acontecia quando o inimigo vinha à superfície para
destruir o alvo ou por canhão ou mesmo com o uso de torpedos.
Nessa travessia inicial, alguns rebates de “prováveis submarinos”
foram dados, porém não tiveram confirmação.
Outro ponto interessante na travessia Fernando de
Noronha–Freetown era a faina de transferência de carvão em alto-
mar. Esses recebimentos aconteciam em quaisquer condições de
tempo e de mar e obrigavam a atracação dos navios ao Cruzador-
Auxiliar Belmonte e a utilização do Rebocador Laurindo Pitta para
auxílio nas aproximações. Foram manobras perigosas que
Pandemia que teve o seu ápice no segundo se-
11 demandaram muita capacidade marinheira dos tripulantes, além
mestre de 1918, não só na África, mas em todo o da natural vulnerabilidade durante os abastecimentos, quando os
mundo, inclusive no Brasil.
submarinos inimigos poderiam aproveitar a baixa velocidade dos
navios para o ataque torpédico. A tensão reinante durante esses
eventos era enorme, sem contar com as difíceis condições em
que eram realizadas. Os navios ficavam literalmente negros de
carvão e todos trabalhavam do nascer do sol até o término do
abastecimento.
Depois de oito dias de travessia, a DNOG chegou ao porto
de Freetown, onde se agregou ao Esquadrão britânico. Nessa
cidade, os navios permaneceram por 14 dias, reabastecendo-se e
sofrendo os reparos necessários à continuação da missão.
Em 23 de agosto de 1918, a Divisão suspendeu em direção a
Dakar, tendo essa derrota sido muito desconfortável para as
tripulações dos navios devido ao mau tempo reinante. Na véspera
da chegada a esse porto africano, no período noturno, foi avistado
um submarino navegando na superfície. Imediatamente foi atacado
pela força brasileira, no entanto o submarino conseguiu lançar um
contra-ataque contra o Cruzador-Auxiliar Belmonte, quase atingindo
seu intento, uma vez que a esteira fosforescente do torpedo foi
perfeitamente observada a 20 metros da popa do navio brasileiro.
A 26 de agosto, os navios aportavam em Dakar e aí começariam
as grandes provações dos tripulantes nacionais.
Todo esse martírio teria início quando o navio inglês Mantua
iniciou uma rotina observada por nossos marinheiros que o viam
suspender de quando em vez para o alto-mar regressando em
seguida. Logo após, soube-se que essas saídas eram para lançar
ao mar os corpos dos homens de sua tripulação que haviam
contraído a terrível “gripe espanhola”11. Possivelmente o Mantua
foi o responsável pela transmissão da moléstia que vitimaria diversos
tripulantes que nunca retornariam ao Brasil.
No início de setembro as primeiras vítimas brasileiras eram
atingidas pela gripe mortal. Os sintomas eram quase sempre os
mesmos. Fraqueza generalizada, seguida de grande aumento de
temperatura, com transpiração excessiva. Depois de três ou quatro
dias de grande mal-estar, seguia-se tosse com expectoração

136
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sangüínea e congestão pulmonar. Alguns iniciavam as convulsões e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os soluços, outros se debatiam em agonia, todos ávidos por água
para debelar a sede incontrolável. Dentro de pouco tempo a morte
se abatia derradeira e incontrolável.
A permanência em Dakar deveria ser curta. No entanto,
devido a gravidade da situação sanitária com a gripe, os navios lá
permaneceram mais tempo. A tudo isso somou-se o impaludismo
e as febres biliares africanas. Dos navios atingidos pelas doenças, o
mais afetado foi o Cruzador-Auxiliar Belmonte que, entre seus 364
tripulantes, contaram-se 154 doentes. Substituições foram
solicitadas ao Brasil, que vieram no Paquete Ásia para completar
os claros com as moléstias apontadas. 12
Total de marinheiros brasileiros enterrados no
Foram vitimados 156 brasileiros12 da DNOG pela “gripe cemitério de Dakar. Outros vieram a falecer mais
tarde, não podendo-se, desta feita, precisar o nú-
espanhola”. mero exato de perdas por causa da gripe.
Os navios britânicos e brasileiros em Freetown e Dakar
ficaram inoperantes em face das condições
sanitárias reinantes, estando a defesa do
estreito entre Dakar e Cabo Verde somente
a cargo de dois pequenos navios
portugueses. Com grande esforço pessoal,
a DNOG conseguiu logo depois designar o
Piauí e o Paraíba para a u x i l i a r e m o s
portugueses naquela área de operações.
Em 3 de novembro, a DNOG largou
de Dakar em direção a Gibraltar, sem o Rio
Grande do Sul, o Rio Grande do Norte, o
Belmonte e o Laurindo Pitta, os dois primeiros
avariados e os dois seguintes designados para
outras missões. Sete dias depois os navios
da Divisão faziam sua entrada em Gibraltar. Cemitério São João Batista
No dia seguinte, o Armistício foi assinado, dando a Grande Guerra Mausoléu erguido em homenagem aos mortos
da Divisão Naval em Operações de Guerra
como terminada. Nossa missão de guerra findara, no entanto nossa (DNOG)
Divisão prolongou sua permanência na Europa, já que foi convidada Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
para participar das festividades promovidas pelos vitoriosos. Por
cerca de seis meses nossos navios permaneceram em águas
européias participando das comemorações pela vitória, e visitando
países que tomaram parte naquele grande conflito.
A vitória dos aliados seria confirmada em Paris, em 28 de
junho de 1919, quando se reuniram os representantes de 32 países
e assinaram o Tratado de Versalhes, que foi imposto à Alemanha
derrotada.
Em 9 de junho de 1919, depois de parar Recife por breves
dias, os navios da DNOG entravam na Baía de Guanabara, porto-
sede da Divisão Naval. Acabara assim, a participação da Marinha
na Primeira Guerra Mundial.

137
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

13
Relatório do Ministro da Marinha, Almirante
Protógenes Pereira Guimarães encaminhado ao
presidente da República em junho de 1932.

14
Incluíam-se nesse programa três submarinos ad- Chegada da DNOG no Rio de Janeiro.
quiridos na Itália (Tupi, Timbira e Tamoio) dois navi- Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
os hidrográficos (Jaceguai e Rio Branco), um navio-
escola (Almirante Saldanha), três contratorpedeiros
(Marcílio Dias, Mariz e Barros e Greenhalgh), dois
monitores (Paraguassu e Parnaíba) e um navio-tan-
que fluvial (Potengi), entre outros.
O Período entre Guerras

O período entre guerras, que abarcou os anos de 1918 até


1939, caracterizou-se pelo abandono a que foi submetida não só a
Marinha de Guerra como praticamente toda a atividade nacional
relacionada com o mar. A ausência de mentalidade marítima do
povo brasileiro revelou-se em toda a sua intensidade.
No entanto, iniciativas modestas, ainda durante a Grande
Guerra, como a criação da Escola Naval de Guerra (depois Escola
de Guerra Naval), da Flotilha dos Submarinos, com os três
pequenos submarinos da Classe F, e da Escola de Aviação Naval,
indicaram a necessidade de se avançar na melhoria das condições
de prontidão da nossa Força Naval.
A Revolução de 1930 representou para a Marinha um divisor
de águas entre duas épocas distintas. Em relatório do Ministro da
Marinha no ano de 1932, em que foi feita uma análise da situação
da Marinha, encontra-se registrada a seguinte declaração: “Estamos
deixando morrer a nossa Marinha. A Esquadra agoniza pela idade
[a maior parte dos navios era da Esquadra de 1910], e, perdido
Almirante Protógenes Pereira Guimarães
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
com ela o hábito das viagens, substituído pela vida parasitária e
burocrática dos portos, morrem todas as tradições(...) Estamos
numa encruzilhada: ou fazemos renascer o Poder Naval sob bases
permanentes e voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa
f r a q u e z a p r o v o c a d o r a (. . .) e s t a m o s c o m p l e t a m e n t e
desaparelhados....”13.
O programa naval estabelecido em 1932, e ajustado em
193614, elaborado sem obedecer nenhum planejamento estratégico
ou político, criou uma Força Naval modesta, um pouco melhor

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equilibrada, dentro das possibilidades financeiras e técnicas do País,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
podendo ministrar adestramento satisfatório e de intervir em
operações limitadas, mais no campo interno que externo. Devemos
reconhecer, no entanto, que tal modesta iniciativa foi um marco
de coragem, pois utilizou a incipiente indústria brasileira na tentativa
de se reconstituir em termos nacionais um Poder Naval com alguma
credibilidade.
Em 1935, foi iniciada uma grande reforma no Encouraçado
Minas Gerais, que constou da substituição de suas caldeiras e do
aumento do alcance de seus canhões de 305 mm.

Os seis navios da classe Carioca.


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

As atividades de minagem e varredura tinham sido mantidas


em segundo plano desde o fim da Grande Guerra, utilizando-se
navios mineiros varredores improvisados. Em 1940, obedecendo
ao novo programa naval então aprovado, decidiu-se pela
construção no Brasil de uma série de navios mineiros varredores,
todos pertencentes à classe Carioca.
Em 1940, a nossa Força de Alto-Mar era assim constituída:

139
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Esquadra:

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
– Divisão de Encouraçados: Minas Gerais e São Paulo.

– Divisão de Cruzadores: Rio Grande do Sul e Bahia.

– Flotilha de Contratorpedeiros: Maranhão, Piauí, Rio Grande do


Norte, Sergipe, Santa Catarina e Mato Grosso.

– Flotilha de Submarinos: Humaitá, Tupi, Timbira e Tamoio.

– Trem: Tênderes Belmonte e Ceará; Navios-Tanques Novais de


Abreu e Marajó; Rebocadores Aníbal de Mendonça, Muniz Freire,
Henrique Perdigão e DNOG.

Flotilha de Navios Mineiros Varredores:


– dez navios.

Flotilha da Diretoria de Hidrografia e Navegação:


– três navios hidrográficos e dois navios faroleiros.

Navio isolado:
– Navio-Escola Almirante Saldanha.

Navio-Escola Almirante Saldanha


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

Flotilha Fluviais:
Dispondo o Brasil de imensas bacias potamográficas, as forças
fluviais sempre representaram um papel importante em nossa
concepção estratégica. Em 1940, elas eram assim constituídas:

– Flotilha do Amazonas: Canhoneira Amapá e Rebocador


Mário Alves.

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– Flotilha de Mato Grosso: Monitores Parnaíba, Paraguaçu e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Pernambuco; Avisos Oiapoque e Voluntários; e Navio-Tanque Potengi.

Pode-se perceber, claramente, a vulnerabilidade de nosso Poder


Naval para o enfrentamento da guerra A/S (anti-submarino). Não
possuíamos sensores adequados, nem adestramento para a luta
contra os submarinos. A doutrina A/S era baseada ainda nas lições
apreendidas na Primeira Guerra Mundial, muito diferente do que
vinha ocorrendo nas águas do Atlântico Norte e Mediterrâneo
desde 1939.
15
Linhas de cabotagem – Linhas de comunicação

A situação em 1940 marítima ao longo da costa, geralmente ligando por-


tos nacionais.

Como vimos, no início da década de 1940 o nosso Poder


Naval possuía limitações operacionais importantes. No início da
Segunda Guerra Mundial, em 1939, na Europa, o Brasil contava
com praticamente os mesmos navios da Primeira Guerra Mundial.
A verdade é que não se equipam e treinam forças navais
sem verbas condizentes, que eram seguidamente preteridas pelo
governo Getúlio Vargas.
As grandes preocupações do nosso Estado-Maior da Armada
eram a defesa de nossa enorme e desprotegida costa marítima e,
fundamentalmente, a proteção das linhas de comunicação, vitais
para a conservação de nossas artérias comerciais com o exterior
e para a manutenção das linhas de cabotagem15. Devemos observar
que no ano de 1940 esse tipo de transporte era fundamental, pois
não existia uma única comunicação terrestre entre Belém e São
Luís, entre Fortaleza e Natal e entre Salvador e Vitória.

Segunda Guerra Mundial


Antecedentes

Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi


obrigada a restituir a Alsácia e a Lorena à França, ceder as minas
de carvão, suas colônias, submarinos e navios mercantes. Além
disso, deveria pagar aos vencedores uma indenização em dinheiro,
ficando proibida de possuir Força Aérea e de fabricar alguns tipos
de armas. Era proibido também possuir um Exército superior a
100 mil homens.
Estas medidas do Tratado de Versalhes atingiram duramente
a economia alemã, afligindo seu povo, que passou a nutrir um
sentimento de aversão às principais potências da época. Estavam
constituídos os elementos que os nazistas necessitavam para
alcançar o poder. Muitas dessas restrições, sob o comando de Hitler,

141
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começaram a ser ignoradas. A Alemanha crescia e, por isso,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
necessitava de mercado para os seus produtos e de colônias onde
pudesse adquirir matérias-primas.
Por outro lado, também dispostos a destruírem a ordem
colonial vigente, Japão e Itália adotaram, na década de 1930, uma
política expansionista contra a qual a Liga das Nações mostrou-se
impotente. Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados
da Ásia, o Japão reiniciou sua investida imperialista em 1931,
conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia
à China. Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini invadiu a Etiópia.
Em 1936, a Alemanha nazista começou a mostrar suas intensões
ocupando a Renânia (região situada entre a França e a Alemanha),
indo juntar-se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil Espanhola a
favor do General Franco. Neste ano de 1936, Itália, Alemanha e
Japão assinaram um acordo para combater o comunismo
internacional (Pacto Anti-Comintern), formalizando o Eixo Roma-
Berlim-Tóquio.
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética firmaram
entre si um Pacto de Não Agressão, que estabelecia, secretamente,
a partilha do território polonês entre as duas nações. Hitler se
sentiu à vontade para agir, invadindo a Polônia e dando início à
Segunda Guerra Mundial, que se alastrou por toda a Europa.

Início das hostilidades e ataques


aos nossos navios mercantes

A Marinha Mercante brasileira somava 652.100 toneladas


brutas de arqueação no início da guerra. Mesmo pequena e
composta de navios antiquados, se comparada com as grandes
potências de então, ela exercia papel fundamental na economia
nacional, não só no transporte das exportações brasileiras, mas
também na navegação de cabotagem que mantinha o fluxo
comercial entre as economias regionais, isoladas pela deficiência
das nossas redes rodoviárias e ferroviárias.
No decorrer da guerra, foram perdidos por ação dos
submarinos alemães e italianos 33 navios mercantes, que somaram
cerca de 140 mil toneladas de arqueação (21% do total) e a morte
de 480 tripulantes e 502 passageiros.
Os primeiros ataques à nossa Marinha Mercante ocorreram
quando o Brasil ainda se mantinha neutro no conflito europeu. Em
22 de março de 1941, no Mar Mediterrâneo, o Navio Mercante
(NM) Taubaté foi metralhado pela Força Aérea alemã, tendo sido
avariado apesar da pintura em seu costado da Bandeira Brasileira.
Com a entrada dos Estados Unidos da América naquele conflito,
os submarinos alemães passaram a operar no Atlântico ocidental,

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ameaçando os navios de bandeiras neutras que tentassem adentrar

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
portos norte-americanos.
A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo, que deixou o
porto de Filadélfia, nos Estados Unidos, com carga de carvão, em
14 de fevereiro de 1942. Naquele momento ainda não existia o
sistema de comboios nas Antilhas. O navio desapareceu
rapidamente sem dar sinais, podendo ter sido torpedeado por um
submarino alemão ou italiano. Ele foi considerado perdido por ação
do inimigo, uma vez que o tempo reinante era bom e claro.

Navio Mercante Cabedelo 16


No torpedeamento desse navio aconteceu um
fato inusitado: segundo relato do comandante, às
19h30min, um avião sobrevoou o navio para iluminá-
lo. Hoje, sabe-se que os alemães tinham uma aero-
nave espiã, com base em território norte-america-
no, para orientar os submarinos para os ataques.

Seguiu-se o torpedeamento do NM Buarque, em 16 de


fevereiro de 1942, pelo Submarino alemão U-432, comandado pelo
Capitão-Tenente Heins-Otto Schultze, a 60 milhas do Cabo
Hatteras, quando levava para os Estados Unidos 11 passageiros,
café, algodão, cacau e peles. O navio, do tipo misto, era do Lloyd
Brasileiro, tendo se salvado toda a tripulação de 73 homens16.
Em 18 de fevereiro de 1942 foi a vez do NM Olinda,
torpedeado pelo mesmo U-432, ao largo da Virgínia, Estados
Unidos. O submarino veio à superfície, mandando o mercante
parar, dando ordem de abandonar o navio. Esperou que todos
embarcassem nas baleeiras e, a tiros de canhão, pôs a pique o
Olinda. A tripulação, de 46 homens, foi salva pelo USS Dallas.
Seguiram-se, em 1942, os torpedeamentos dos mercantes
Arabutã, em 7 de março; Cairu, em 8 de março; Parnaíba, em 1o
de maio; Gonçalves Dias, em 24 de maio; Alegrete, em 1o de junho;
Pedrinhas e Tamandaré, em 26 de
junho, todos ocorridos ou na
costa norte-americana ou no
Mar das Antilhas, área que os
submarinos alemães atuaram no
início do envolvimento dos
Estados Unidos no conflito,
quando ainda eram precárias Navio Mercante Alegrete
as patrulhas anti-submarinas
norte-americanas.

143
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A única exceção nesse período foi o NM Comandante Lira,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
torpedeado no litoral brasileiro, ao largo do Ceará, pelo Submarino
italiano Barbarigo. Foi o único navio a ser salvo, graças ao pronto
auxílio dado pelo Rebocador
da Marinha brasileira Heitor Rebocador Heitor Perdigão
Perdigão e por alguns navios
norte-americanos.
O NM Barbacena e NM
Piave, torpedeados pelo Subma-
rino alemão U-155 ao largo da
Ilha de Trinidad, em 28 de julho
de 1942, foram as últimas perdas
ocorridas por ação do inimigo enquanto o Brasil ainda se mantinha
formalmente como país neutro.
Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações
diplomáticas com os países que compunham o Eixo. A colaboração
militar entre o Brasil e os Estados Unidos, que desde meados de
1941 já era notória, intensificou-se com a assinatura de um acordo
político-militar em 23 de maio de 1942.
Neste período deslocava-se para o saliente nordestino
brasileiro a Força-Tarefa 3 da Marinha norte-americana, tendo o
governo Vargas colocado os portos de Recife, Salvador e,
posteriormente, Natal à disposição das forças norte-americanas.
As atitudes cada vez mais claras de alinhamento do Brasil
com os países aliados levaram o Alto Comando alemão a planejar
uma operação contra os principais portos brasileiros.
Posteriormente, por ordem de Hitler, esta ofensiva submarina foi
reduzida em tamanho, mas não em intensidade, com o envio de
um submarino ao litoral com ordens para atacar nossa navegação
de longo curso e de cabotagem.
Capitão-de-Corveta Harro Schacht No cair da tarde de 15 de agosto de 1942, o Submarino
alemão U-507, comandando pelo Capitão-de-Corveta Harro
Schacht, torpedeou o Paquete
Baependi, que navegava ao largo Submarino U-507
da costa de Alagoas com destino
ao Recife. O velho navio foi ao
fundo levando 270 almas de um
total de 306 tripulantes e passa-
geiros embarcados, inclusive
parte da guarnição do 7o Grupo
de Artilharia de Dorso do
Exército Brasileiro que iria reforçar as defesas do Nordeste.
Algumas horas depois, o U-507 encontrou o Paquete
Araraquara navegando escoteiro e inteiramente iluminado e o
afundou com dois torpedos, vitimando 131 das 142 pessoas a bordo.
Na madrugada do dia 16, foi a vez do Paquete Aníbal Benévolo,
também utilizado nas linhas de cabotagem.

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Em 17 de agosto, na altura do Farol do Morro de São Paulo,

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ao Sul de Salvador, o U-507 torpedeou o Paquete Itagiba, que tinha,
entre os seus 121 passageiros, o restante do 7o Grupo de Artilharia
de Dorso.
Nesse mesmo dia, o NM Arará foi torpedeado quando
recolhia náufragos dos primeiros alvos do submarino germânico.
A última vítima do Comandante Schacht foi a Barcaça Jacira,
pequena embarcação que foi posta a pique em 19 de agosto.
A ação de cinco dias do submarino alemão U-507 levou a
pique seis embarcações dedicadas às linhas de cabotagem,
vitimando 607 pessoas, chocando a opinião pública brasileira e
levando o governo a declarar o estado de beligerância com a
Alemanha em 22 daquele mês e, finalmente, o estado de guerra
contra esse país, a Itália e o Japão em 31 de agosto de 1942.
Com comboios organizados ainda de maneira incipiente,
foram afundados os navios mercantes Osório e Lages, em 27 de
setembro de 1942, seguindo-se o afundamento do pequeno NM
Antonico, que navegava escoteiro ao largo da costa da Guiana
Francesa. Este ataque alemão ficou tragicamente gravado na mente
dos protagonistas, pois o U-516 com sua artilharia metralhou os
náufragos nas baleeiras, após o pequeno navio ter sido posto a
pique, matando e ferindo muitos deles. Ainda em 1942, foram
perdidos os NM Porto Alegre e Apalóide.
A organização dos comboios nos portos nacionais, que
reuniam navios mercantes da navegação de longo curso e de
cabotagem, escoltados por navios de guerra brasileiros e norte-
americanos e a intensa patrulha anti-submarino empreendida pelas
forças aeronavais aliadas levaram a uma drástica diminuição nas
perdas dos navios de Bandeira Brasileira, com oito torpe-
deamentos, comparados aos 24 ocorridos ao longo do ano anterior.

Comboio na costa brasileira


Acervo do Serviço de
Documentação da Marinha

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MORTES NA MARINHA MERCANTE (1941–1943)
MORTOS OU
Nº DE D AT A D O Nº DE Nº DE SALVOS TOTAL DOS MORTOS
NAVIOS DESAPARECIDOS
ORDEM AT AQ U E TRIPULAN. PASSAG. OU DESAPARECIDOS
Trip. Pass. Trip. Pass.

1 Taubaté 22 de mar. de 1941 - - - 1 - 1

2 Cabedel o Desconhecida 54 - - - 54 - 54

3 Buarque 16 de fev. de 1942 74 11 74 10 - 1 1

-
4 Ol i nda 18 de fev. 1942 46 - 46 - - -

5 Arabutã 7 de mar. 1942 51 - 50 - 1 - 1

53
6 Cai ru 8 de mar. 1942 75 14 28 8 47 6

7 Parnaí ba 1 de mai. 1942 72 - 65 - 7 7 7

Comandante 2
8 18 de mai. de 1942 52 - 50 - 2 -
L i ra
Gonaçal ves
9 24 de mai. de 1942 52 - 46 - 6 - 6
Di as
-
10 Al egrete 1 de jun. de 1942 64 - 64 - - -

11 Pedri nhas 26 de jun. de 1942 48 - 48 - - - -

12 Tamandaré 26 de jul. de 1942 52 - 48 - 4 - 4

13 Pi ave 28 de jul. 1942 35 - 34 - 1 - 1

14 Barbacena 28 de jul. de 1942 61 1 55 1 6 - 6

15 Baependi 15 de ago de 1942 73 233 18 18 55 215 270

16 Araraquara 15 de ago de 1942 74 68 8 3 66 65 131

Aní bal
17 16 de ago de 1942 71 83 4 - 67 83 150
Benévol o

18 Itagi ba 17 de ago de 1942 60 121 50 95 10 26 36

19 Arará 17 de ago de 1942 35 - 15 - 20 - 20

20 Jaci ra 19 de ago. de 1942 5 1 5 1 - - -

21 Osóri o 27 de set. de 1942 39 - 34 - 5 - 5

22 Lajes 27 de set.de 1942 49 - 46 - 3 - 3

23 Antoni co 28 de set. de 1942 40 - 24 - 16 - 16

24 Porto Al egre 3 de nov.. de 1942 47 11 46 11 1 - 1

25 Apal ói de 22 de nov. 1942 57 - 52 - 5 - 5

26 Brasi l ói de 18 de fev. de 1943 46 4 46 4 - - -

27 Afonso Pena 2 de mar de 1943 89 153 56 61 33 92 125

28 Tutói a 30 de jun. de 1943 37 - 30 - 7 - 7

29 Pel otasl ói de 4 de jul de 1943 42 - 37 - 5 - 5

30 Shangri -l á 22 de jul de 1943 10 - - - 10 - 10

31 Bagé 31 de jul de 1943 107 27 87 19 20 8 28

32 Itapagé 26 de set. de 1943 70 36 52 32 18 4 22

33 Campos 23 de out. de 1943 57 6 47 4 10 2 12

T. Ge ral 1.744 769 1.265 267 480 502 982

146
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A maioria dos navios mercantes brasileiros vitimados por

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
submarinos alemães em 1943 navegava fora dos comboios. O NM
Brasilóide navegava escoteiro quando foi torpedeado em 18 de
fevereiro de 1943; já o NM Afonso Pena, indevidamente, abandonou
o comboio do qual fazia parte e foi afundado em 2 de março; o
NM Tutóia foi atingido em 20 de junho, também viajando isolado.
O NM Pelotaslóide, fretado ao governo norte-americano para
transporte de material bélico, foi afundado na entrada do canal
para o Porto de Belém quando esperava o embarque do prático,
estando escoltado por três caça-submarinos da Marinha brasileira.
O NM Bagé compunha um comboio quando, na tarde de 31 de
julho, foi obrigado a seguir viagem isolado, pois suas máquinas
produziam fumaça em demasia, fazendo com que o comboio
pudesse ser localizado por submarinos do Eixo a grandes distâncias,
colocando em risco os outros navios comboiados. Naquela mesma
noite foi torpedeado. Os dois últimos torpedeamentos de navios
mercantes brasileiros foram o Itapagé, em 26 de setembro, e o
Campos, em 21 de outubro de 1943, todos os dois navegando
escoteiros.

Navio Mercante Bagé


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

147
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A Lei de Empréstimo e Arrendamento e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
modernizações de nossos meios e defesa
ativa da costa brasileira

A Lei de Empréstimo e Arrendamento – Lend Lease – com


os Estados Unidos permitia, sem operações financeiras
imediatas, o fornecimento dos materiais necessários ao
esforço de guerra dos países aliados. Ela foi assinada a 11de
março de 1941.
Em acordo firmado a 1o de outubro de 1941, o Brasil obteve,
nos termos dessa lei, um crédito de 200 milhões de dólares, o
qual, por ordem do presidente da República, coube ao Exército
100 milhões e à Marinha e à Força Aérea 50 milhões cada. Da cota
destinada à Marinha, um total de 2 milhões de dólares foi
despendido com o armamento dos navios mercantes.
Ao rompermos relações diplomáticas como Eixo, a
Marinha do Brasil desconhecia as novas táticas anti-submarino e
estava, conseqüentemente, desprovida do material flutuante e dos
equipamentos necessários para executá-las, como bem
Caça-Submarinos Juruema mostramos anteriormente.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Os progressos verificados nos entendimentos entre o Brasil
e os Estados Unidos, depois dos torpedeamentos dos primeiros
navios na costa leste norte-americana e nas Antilhas, permitiram
incluir na agenda de discussões o fornecimento ao Brasil de
pequenas unidades de proteção ao tráfego e de ataque a
submarinos.
Os primeiros navios recebidos pelo Brasil, depois da
declaração de guerra, foram os caça-submarinos da classe G
(Guaporé e Gurupi), entregues em Natal, a 24 de setembro
de 1942.
Em seguida, foram incorporados à Marinha do Brasil, em
Miami, oito caça-submarinos da classe J (Javari, Jutaí, Juruá,
Juruema, Jaguarão, Jaguaribe,
Jacuí e Jundiaí). Caça-Submarinos Gurupi
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
No ano de 1943, foram
entregues mais seis unidades
da classe G (Guaíba, Gurupá,
Contratorpedeiro Bauru
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Guajará, Goiana, Grajaú e
Graúna).
Nos anos de 1944 e 1945,
mais oito unidades foram
entregues, dessa vez os exce-
lentes contratorpedeiros-de-escolta que já operavam em
nossas águas (Bertioga, Beberibe, Bracuí, Bauru, Baependi,
Benevente, Babitonga e Bocaina).

148
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Após o término da guerra na Europa, a Marinha recebeu

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dos Estados Unidos, a 16 de julho de 1945, em Tampa, na Flórida,
o Navio-Transporte de Tropas Duque de Caxias.
Mais tarde, a cessão desses navios ao Brasil foi tornada
permanente, com o compromisso de não os entregarmos a outros
países, sendo então fixado o seu aluguel em 5 milhões de dólares,
descontando-se o que nos era devido pelo arrendamento de navios
brasileiros aos Estados Unidos, pela cessão do mercante misto
alemão Windhunk aos norte-americanos e pelos navios perdidos
durante a guerra.
Nada se conhece sobre indenizações norte-americanas, em
troca das facilidades concedidas à sua Marinha em nossos portos,
nem pelo uso do território nacional para instalação de suas bases
aéreas e navais. Simplesmente, ficamos de posse das benfeitorias
realizadas e dos materiais existentes em seus armazéns.
Quanto às construções navais aqui no Brasil, tivemos a
incorporação de contratorpedeiros da classe M (Mariz e Barros,
Marcílio Dias e Greenhalgh) e das Corvetas Matias de Albuquerque,
Contratorpedeiro Greenhalgh
Felipe Camarão, Henrique Dias, Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
e Barreto de Menezes.
Declarada a guerra, foi desenvolvido um
trabalho intenso para adaptar nossos antigos
navios, dentro de suas possibilidades, para a
campanha anti-submarino. Os seguintes serviços
foram executados:
– Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul: instalados
sonar e equipamento para ataques anti-
submarino (duas calhas para lançamento de
bombas de profundidade de 300 libras);
– Navios mineiros varredores classe Carioca:
reclassificados como corvetas. Retirados os trilhos
para lançamento de minas e instalados sonar e
equipamentos para ataques anti-submarino (dois
morteiros K e duas calhas para lançamento de Corveta Carioca
bombas de profundidade de 300 libras); Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
– Navios Hidrográficos Rio Branco e Jaceguai:
mesmas instalações das Corvetas classe Carioca e
mais duas metralhadoras de 20mm Oerlikon;
– Navio-Tanque Marajó: instalado um canhão de
120mm na popa e uma metralhadora de 20mm
Oerlikon;
– Tênder Belmonte: reinstalados dois canhões de
120 mm;
– Contratorpedeiros classe Maranhão e restante
de classe Pará: instaladas duas calhas para

149
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lançamento de bombas de profundidade de 300 libras; e

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
– Rebocadores e demais navios-auxiliares, armados com uma ou
duas metralhadoras de 20 mm Oerlikon.
Essas aquisições pelo Lend Lease e os aperfeiçoamentos
impetrados em nossa Força Naval vieram aumentar em muito nossa
capacidade de reagir de forma adequada aos novos desafios que
se afiguravam. Seria injusto não mencionar que o auxílio norte-
americano foi vital para que pudéssemos nos contrapor aos
submarinos alemães.
Além disso, algumas providências de caráter administrativo,
de treinamento e modificações materiais foram se tornando
necessárias.
Como primeira medida de caráter orgânico, foram instalados
os Comandos Navais, criados pelo Decreto no 10.359, de 31 de
agosto de 1942, com o propósito de prover uma defesa mais eficaz
da nossa fronteira marítima, orientando e controlando as operações
em águas a ela adjacentes, não só as relativas à navegação comercial,
como às de guerra propriamente ditas e de assuntos correlatos. A
área de cada Comando abrangia determinado setor de nossas
costas marítimas e fluviais.
Foram instalados os seguintes comandos:
Comando Naval do Norte, com sede em Belém, abrangendo
os Estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí.

Comando Naval do Nordeste, com sede em Recife, abrangendo


os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
e Alagoas.

Comando Naval do Leste, com sede em Salvador, abrangendo


os Estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo.

Comando Naval do Centro, com sede no Rio de Janeiro,


abrangendo os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Comando Naval do Sul, com sede em Florianópolis, abrangendo


os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Comando Naval do Mato Grosso, com sede em Ladário,


abrangendo as bacias fluviais de Mato Grosso e Alto Paraná.

Esses Comandos, ordenando suas atividades conforme a


concepção estratégica da guerra no mar (da preparação logística e
do emprego das forças ou outros elementos de defesa nas zonas
que lhes eram atribuídas, e obedecendo às diretrizes gerais
estabelecidas pelo Estado-Maior da Armada, a quem se achavam
subordinadas), constituíram uma organização da maior importância

150
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na conduta eficaz das operações navais. Sua existência facilitou o

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
desenvolvimento dos recursos disponíveis nas respectivas áreas
de influência, mobilizando elementos para o apoio logístico e para
a defesa local.
O chefe do Estado-Maior da Armada entrou em
entendimento com seus colegas do Exército e da Aeronáutica para
organizar um serviço conjunto de vigilância e defesa da costa,
tendente a prevenir a possibilidade de aproximação e desembarque
inimigos.

Defesas Locais Um desses exemplos foi Duguay-Trouin em 1711,


17

na Baía de Guanabara.
Desde julho de 1942, por meio da Circular no 40, do dia 14,
em atendimento às Circulares Secretas nos 9 e 33, respectivamente
de 22 de janeiro e 12 de junho de 1942, o Estado-Maior da Armada
determinou que se observassem as instruções que orientavam as
atividades de cada capitania de porto ou delegacia, em benefício da
Segurança Nacional.
A ação do Estado-Maior da Armada estendeu-se ao serviço
de carga e descarga dos navios mercantes nos portos, tendo, para
esse fim, coordenado sua ação com a do Ministério da Viação e
Obras Públicas e com a Comissão de Marinha Mercante.
Preocupou-se, também, com as luzes das praias e edifícios
próximos aos portos, ou em regiões que pudessem silhuetar os
navios no mar, alvos dos submarinos inimigos.
Imaginava-se que o Alto Comando alemão traçaria planos
para realizar ataques maciços aos portos brasileiros. Em agosto de
1942, chegou a ser ventilada pelo Alto Comando Naval alemão a
autorização para investida em nossas águas de vários submarinos.
No entanto, somente o U-507 foi designado para operar em nossas
águas. A 20 de agosto de 1943, pela Circular no 5, o Comando da
Força Naval do Nordeste alertou para a possibilidade de
desembarque de elementos isolados, tendo como objetivo realizar
atos de sabotagem contra portos, depósitos, comunicações e
outros pontos vitais do território brasileiro.

Defesa Ativa

Na História há numerosos exemplos de navios corsários que


surgiram de surpresa diante de um porto para danificarem suas
instalações ou amedrontarem suas populações17. Do ponto de vista
militar, os efeitos dessas incursões são reduzidos, sendo a ação, na
maioria das vezes, executada para desorganizar a vida da localidade
e obter efeitos morais.
Com o advento do submarino, o perigo tornou-se maior,
com a possibilidade de torpedeamento de navios surtos nos portos.

151
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Por esses motivos, foi organizada a defesa ativa, atuando em pontos
focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer ataque aéreo
ou naval inimigo, por meio de ações coordenadas da Marinha de
Guerra, do Exército e da Aeronáutica. Adotaram-se seguintes
medidas de defesa ativa adotadas:

Rio de Janeiro – Instalação de uma rede de aço protetora no


alinhamento Boa Viagem – Villegagnon e coordenação do serviço
de defesa do porto com as fortalezas da barra. A rede era fiscalizada
por lanchas velozes, e a sua entrada aberta e fechada por
rebocadores. O patrulhamento interno cabia aos navios da chamada
Flotilha “João das Bottas” (constituída de navios mineiros e de
instrução), rememorando a flotilha de pequenas embarcações
comandada pelo Segundo-Tenente João Francisco de Oliveira
Bottas, que fustigou os portugueses encastelados em Salvador e
na Baía de Todos os Santos na Guerra de Independência.
Externamente, ou onde fosse necessário, atuavam os antigos
contratorpedeiros classe Pará, oriundos do programa de
reaparelhamento naval de 1906, recebidos em 1910, com mais de
30 anos de intensa operação. A responsabilidade da defesa ficou
afeta ao Comando da Defesa Flutuante, subordinado ao Comando
Naval do Centro.
Em junho de 1944, afastado o perigo de um ataque de
submarinos aos navios surtos no porto, suspendeu-se a patrulha
externa feita pelos veteranos contratorpedeiros, sendo mantida
apenas a vigilância interna, a cargo de um rebocador portuário.
Um especialista norte-americano, o Tenente Jacowski,
estabeleceu planos para a utilização de bóias de escuta submarina,
a serem adotadas de acordo com as necessidades. Em julho de
1943, teve início o serviço de varredura de minas do canal da barra,
realizada pelo USS Flincker, substituído mais tarde pelo USS Linnet.
Observamos aí, mais uma vez, o auxílio direto norte-americano
Encouraçado Sâo Paulo
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha ao nosso plano de defesa local;

Recife – O Encouraçado São Paulo, amarrado no


interior do arrecife, provia a defesa da artilharia e
supervisionava a rede antitorpédica. A varredura
de minas era feita por navios mineiros varredores
norte-americanos. Estava estacionado no Recife
um grupo de especialistas em desativação de
minas, as quais, por vezes, davam à costa, sendo
estudadas cuidadosamente antes de serem
destruídas.
As minas encontradas à deriva eram
destruídas pelos navios de patrulha com tiros de
canhão. O Terceiro Grupamento Móvel de
Artilharia de Costa e o Segundo Grupo do

152
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Terceiro Regimento de Artilharia Antiaérea do Exército
coordenavam-se com os elementos da Marinha, o que permitia
uma cobertura completa da costa;

Salvador – A defesa principal do porto cabia ao Encouraçado Minas


Gerais, com sua artilharia controlada em conjunto com as baterias
do Exército, situadas na Ponta de Santo Antônio e na Ilha de
Itaparica. Em abril de 1943, os Monitores Parnaíba e Paraguaçu foram Monitor Parnaíba
movimentados de Mato Grosso para Salvador, por solicitação do Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Comandante Naval do Leste. Depois de sofrerem
algumas modificações no Rio de Janeiro (em
especial no armamento), ficaram em condições
de operar na Baía de Todos os Santos.
Aparelhos de radiogoniometria de alta
freqüência cruzavam as marcações com
equipamentos semelhantes no Recife, a fim de
localizar submarinos;

Natal – Os serviços de proteção do porto


estavam a cargo do Comando da Base Naval de
Natal. Também eram acionadas unidades do
Exército (que mantinham baterias na barra) e da
Força Aérea Brasileira;

Vitória – A proteção do porto ficou entregue ao Exército, havendo


a Marinha cedido alguns canhões navais de 120 mm para artilhar
a barra;

Ilhas oceânicas – Na Ilha da Trindade foi estacionado um


destacamento de fuzileiros navais, em 20 de março de 1942, levado
pelo Navio-Transporte José Bonifácio.
A defesa do Arquipélago de Fernando de Noronha, situado
Navio-Transporte José Bonifácio
em ponto focal no Atlântico, ficou entregue ao Exército, que o Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
artilhou fortemente, levando contingentes em
comboios escoltados por navios da Marinha. A
ocupação se deu logo depois que o Brasil rompeu
relações diplomáticas com o Eixo, sendo o
primeiro grupo de militares transportados, junto
com material de guerra, em um comboio, em 15
de abril de 1942;

Santos – Os Rebocadores São Paulo (eram dois


com o mesmo nome, sendo um chamado de iate)
foram artilhados; outras embarcações menores
requisitadas faziam serviço de vigilância;
Rio Grande – Foi artilhado o Rebocador Antonio
Azambuja. Como reforço às defesas locais, foram

153
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criadas Companhias Regionais do Corpo de Fuzileiros Navais em
Belém, Natal, Recife e Salvador.
Ao se lembrar da participação da Marinha na Segunda Guerra
Mundial, a primeira imagem que surge é a conhecida Força Naval
do Nordeste. Como era afinal a sua composição e tarefas?

A Força Naval do Nordeste


A missão da Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial
foi patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios
mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o nosso litoral
sul contra a ação dos submarinos e navios corsários germânicos e
italianos.
A capacidade de combate da Marinha do Brasil no alvorecer
do conflito era modesta se comparada com as grandes Esquadras
em luta no Atlântico Norte e no Pacífico. O nosso pessoal e nossos
meios não estavam preparados para se engajar com o inimigo oculto
sob o mar, que assolava o transporte marítimo em nosso litoral.
Ingressaríamos em uma guerra anti-submarino sem
equipamentos para detecção e armamento apropriados, porém
este obstáculo não impediu que navios e tripulações estivessem
patrulhando nossas águas, mesmo antes do envolvimento oficial
do governo brasileiro no conflito, apesar de todos os perigos.
A criação da Força Naval do Nordeste, pelo Aviso no 1.661,
de 5 de outubro de 1942, foi parte de um rápido e intenso processo
de reorganização das nossas forças navais para adequar-se à
situação de conflito. Sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra
Alfredo Carlos Soares Dutra, a recém-criada força foi inicialmente
composta pelos seguintes navios: Cruzadores Bahia e Rio Grande
do Sul, Navios Mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã e Cabedelo
(posteriormente reclassificados como corvetas) e os Caça-
Submarinos Guaporé e Gurupi.
Ela seria posteriormente acrescida do Tênder Belmonte, caça-
submarinos, contratorpedeiros-de-
escolta, contratorpedeiros classe M,
submarinos classe T, constituindo-se na
Força-Tarefa 46 da Força do Atlântico Sul,
reunindo a nossa Marinha sob o comando
operacional da 4a Esquadra Americana.
A atuação conjunta com os norte-
americanos trouxe novos meios navais e
armamentos adequados à guerra anti-
submarino, bem como proporcionou
treinamento para o nosso pessoal.
O combate, porém, nos custou
muitas vidas. As perdas brasileiras na guerra Contra-Almirante Soares Dutra
marítima somaram 31 navios mercantes e

154
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três navios de guerra, tendo a Marinha do Brasil perdido 486
homens. Nesse ponto seria interessante descrever em maiores
detalhes as perdas de nossas unidades de combate durante a Batalha
do Atlântico.
A primeira perda da Marinha de Guerra foi a do Navio-
Auxiliar Vital de Oliveira, torpedeado por submarino alemão pelo
través do Farol de São Tomé, em 19 de julho de 1944. Às 23h55min,
foi sentida forte explosão na popa, abrindo grande rombo, por Caça-Submarino Gurupi
onde começou a entrar água em enormes proporções. Segundo Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
algumas testemunhas, o afundamento do navio deu-se em apenas
três minutos. A maior parte dos sobreviventes foi resgatada no
dia seguinte por um barco pesqueiro e por outros dois navios
da Marinha, o Javari e o Mariz e Barros. Morreram nesse ataque
99 militares.
Quarenta e oito horas após o torpedeamento do Vital de
Oliveira, a cerca de 12 milhas a nordeste da barra de Recife,
perdeu-se a Corveta Camaquã, afundada devido a violento mar.
Discutem-se até hoje os motivos que levaram esse navio a seu
Navio-Auxiliar Vital de Oliveira afundamento. O Comandante
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Antônio Bastos Bernardes,
sobrevivente do sinistro,
afirmou alguns anos após esse
acidente que o emborcamento
se deu por “fortuna do mar”.
Seja como for, pereceram
nessa oportunidade 33
pessoas.
Por fim, o pior desastre enfrentado pela Marinha durante a
Segunda Guerra Mundial foi a perda do Cruzador Bahia, no dia 4
de julho de 1945. E s s a t r a g é d i a foi exacerbada pelo Corveta Camaquã
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
conhecimento dos terríveis sofrimentos dos náufragos,
abandonados no mar durante muitos dias, por incompreensível
falha de comunicações.
Três infortúnios e cerca de 486 mortos, incluindo os falecidos
em outros navios e em navios mercantes afundados, mais que os
mortos brasileiros em combate na Força Expedicionária
Brasileira que lutou na Itália.
Cruzador Bahia Pouco discutida é a
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha atuação da Quarta Esquadra
Norte-Americana, subordinada
ao Vice-Almirante Jonas Ingram.
Figura notável que teve o
mérito de congregar forças
heterogêneas em um coman-
do unificado, eficiente e coeso,
auxiliado pelos Almirantes

155
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Oliver Read e Soares Dutra, comandantes das principais forças-

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
tarefas.
Essa força norte-americana compreendeu, em seu maior
efetivo, seis cruzadores, 33 contratorpedeiros, diversas esquadrilhas
de patrulha, bombardeiros e dirigíveis, além de caça-submarinos,
patrulheiros, tênderes, varredores, auxiliares e rebocadores.
Um dos principais pontos desse relacionamento Brasil–
Estados Unidos foi a integração operacional entre as duas Marinhas.
Foram aperfeiçoados procedimentos comuns e táticas eficazes
na luta anti-submarino.
Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a Força
Naval do Nordeste regressou ao Rio de Janeiro em seu último
cruzeiro, tendo contribuido para a livre circulação nas linhas de
navegação do Atlântico Sul.

E o que ficou?

Não se pode analisar a participação da Marinha de Guerra


brasileira na Segunda Guerra Mundial sem apontar alguns dados
que delimitam todo o seu esforço para manter nossas linhas de
comunicação abertas.
Foram comboiados cerca de 3.164 navios, sendo 1.577
brasileiros e 1.041 norte-americanos, em 575 comboios.
Considerando esse número de navios e as perdas em comboios,
chegamos à conclusão de que cerca de 99,01% dos navios
protegidos atingiram os seus destinos.
Foram percorridos pelos escoltas, sem contar os ziguezagues
realizados para dificultar a detecção submarina e o tiro torpédico,
um total de 600.000 milhas náuticas, ou seja, 28 voltas em redor
da Terra pelo Equador.
A Esquadra americana comboiou no Atlântico 16 mil navios,
o que corresponde a 16 mercantes por cada navio de guerra. A
Marinha do Brasil comboiou mais de tres mil navios, o que
corresponde a 50 mercantes por cada navio de guerra brasileiro.
Foram atacados 33 navios mercantes brasileiros, com um
total de 982 mortos ou desaparecidos na Marinha Mercante. Em
tonelagem bruta, foram perdidos 21,47% da frota nacional.
O navio de guerra que mais tempo passou no mar foi o
Caça-Submarinos Guaporé, num total de 427 dias de mar, em
pouco mais de três anos de operação, o que perfez uma média
anual de 142 dias de mar.
O navio que participou no maior número de comboios foi a
Corveta Caravelas, com 77 participações.
Com todos esses dados, o que efetivamente significou para
a nossa Marinha de Guerra a sua participação no conflito mundial?

156
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A primeira conclusão a que se pode chegar é a que adquirimos

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
maior capacidade para controlar áreas marítimas e maior poder
dissuasório. No entanto, deve ser admitido que tal situação foi fruto
do auxílio norte-americano. Se estivéssemos sozinhos nessa
empreitada, poderíamos ficar em situação delicada, principalmente
na manutenção de nossas linhas de comércio marítimo.
A segunda conclusão aponta para uma mudança de
mentalidade na Marinha, com a assimilação de novas técnicas de
combate e a incorporação de meios modernos para as forças
navais. Essa mudança de mentalidade fez a Marinha tornar-se bem
mais profissional.
A terceira foi a oportunidade de a Marinha “sentir o odor do
combate”, participar de ações de guerra e adquirir experiências da
Corveta Caravelas
refrega, das adversidades, do medo e da dor com a perda de navios Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
e companheiros. Essa experiência
de combate foi fundamental para
forjar os futuros almirantes, oficiais
e praças da Marinha, acostumados
com a vida dura da guerra anti-
submarino e da monotonia e do
estresse dos comboios.
A quarta conclusão é a
percepção de que a logística ocupa
lugar de importância na manu-
tenção de uma força combatente
operando eficientemente. Esse tipo
de percepção refletiu-se na cons-
trução da Base Naval de Natal e
outros pontos de apoio logístico do
nosso litoral. Nisso os Estados
Unidos foram os grandes mestres.
A quinta foi a nossa aproximação com os norte-americanos.
Essa associação nos alinhou diretamente com suas doutrinas e com
uma exacerbada ênfase na guerra anti-submarino. Essa percepção
só foi mudada a partir da denúncia, em 1977, do Acordo Militar
assinado com esse país em 1952. Com esta denúncia, optamos
por uma tecnologia relativamente autóctone.
E, por fim, a guerra no mar mostrou-nos que, no caso do
Brasil, em uma conflagração generalizada, as nossas linhas de
comunicação serão os alvos prioritários em nossa defesa, pois ainda
somos dependentes do comércio marítimo.

157
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Desfile das tripulações da Força Naval do Nordeste e da Força


Naval do Sul em 7 de setembro de 1945 na Avenida Rio
Branco (RJ)
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

158
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C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

DATA EVENTO

Julho de 1904 Apresentação na Câmara dos Deputados do programa de reaparelhamento


naval do Almirante Júlio de Noronha pelo Deputado Laurindo Pitta.

Nov. de 1906 Aprovação do programa de reaparelhamento naval do Almirante Júlio de


Noronha modificado pelo Almirante Alexandrino de Alencar.

Ago. de 1914 Começa a Primeira Guerra Mundial.

17 /01/ 1917 A Alemanha estabelece bloqueio sem restrições ao comércio


marítimo com os Aliados.

11/04/ 1917 Rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Alemanha.

26/10/ 1917 Declaração de guerra entre o Brasil e a Alemanha.

01/08/ 1918 DNOG suspende de Fernando de Noronha com destino à África.

09/11/ 1918 Termina a Primeira Guerra Mundial.

09/06/1919 DNOG regressa ao Rio de Janeiro.

01/09/1939 Começa a Segunda Guerra Mundial.

11/03/1941 Assinatura da Lei de Empréstimos e Arrendamentos – Lend Lease – com


os Estados Unidos da América.
28/01/1942 Brasil rompe relações diplomáticas com os países do Eixo.

31/08/1942 Declaração de guerra entre o Brasil e a Alemanha – Criação


dos Comandos Navais na costa brasileira e Mato Grosso.

05/10/1942 Criação da Força Naval do Nordeste.

19/07/1944 Torpedeamento do Navio-Auxiliar Vital de Oliveira no través do


Farol de São Tomé.

21/07/1944 Afundamento da Corveta Camaquã próximo a Recife.

08/05/1945 Termina a Segunda Guerra Mundial.

04/07/1945 Afundamento do Cruzador Bahia entre o Nordeste e a África.

07/11/1945 A Força Naval do Nordeste regressa ao Rio de Janeiro.

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FIXAÇÃO
1– O Programa de Reaparelhamento da Marinha de 1904, além da aquisição de navios,
incluía alguns melhoramentos fundamentais para um Poder Naval que se desejava no
Brasil. Quais eram esses melhoramentos? Quem foi o idealizador desse Programa?
Quem o modificou? Por que? Quais as alterações propostas?

2– Como estava a Marinha preparada para enfrentar os germânicos na Primeira Guerra


Mundial? Qual foi a principal contribuição da Marinha na luta contra as potências centrais?
Descreva em quinze linhas essa contribuição.

3– Por que o Brasil declarou guerra ao Eixo na Segunda Guerra Mundial? Como era
constituída a Marinha brasileira e quais as Defesas Ativas do Rio de Janeiro? Quais as
perdas na Marinha de Guerra nesse conflito?

4– O que foi o Programa Lend Lease?

5– O que efetivamente significou para a Marinha do Brasil a sua participação na Segunda


Guerra Mundial? Descreva em 15 linhas as suas conclusões.

SAIBA MAIS:

HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975- .


v.5. t.1B e t.2.

PÁGINAS NA INTERNET

Marinha do Brasil: www.mar.mil.br


Mundo Educação: www.mundoeducacao.com.br/primeira-guerra-mundial
Cultura Brasileira: www.culturabrasil.pro.br/segundaguerra.htm
Naufrágios.com: www.naufragios.com.br/subbra.htm

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

O Emprego Permanente do Poder Naval


O Poder Naval na guerra e na paz

Sem o Poder Naval não haveria este Brasil que herdamos de


nossos antepassados. Conforme se verifica neste livro, o Poder
Naval português, por algum tempo o luso-espanhol, e, mais tarde,
após a Independência, o brasileiro, foram empregados com a
violência necessária nos conflitos e nas guerras que ocorreram no
passado. Toda vez que alguém utilizou a força para impor seus
próprios interesses encontrou a oposição de um Poder Naval que
defendeu com eficácia o território e os interesses que possibilitaram
a formação do Brasil.
Cabe observar que, em geral, o que qualquer nação mais
deseja é a paz. Mesmo os países que promoveram as guerras do
passado queriam alcançar a paz. A paz, porém, da forma que
Símbolo da Organização das Nações Unidas desejavam, impondo aos outros o que lhes convinha.
A Alemanha mandou seus submarinos afundarem os navios
mercantes brasileiros porque não queria que o Brasil, apesar de
ser ainda neutro na Segunda Guerra Mundial, continuasse a fornecer
matérias-primas para seus inimigos. Algumas dessas matérias-primas
eram muito importantes para o esforço de guerra deles. O
interesse do Brasil era continuar comerciando com quem desejasse
e transportando as mercadorias livremente em seus navios, mas
isto não era bom para os alemães, que precisavam vencer a guerra
para alcançar a paz da forma que desejavam, o mais breve possível.
Na paz que a Alemanha queria, suas conquistas territoriais deveriam
ser reconhecidas pelos outros países e sua expansão, julgada por
ela importante para o futuro dos alemães, imposta aos povos
vencidos.
A guerra resulta de conflitos de interesses. Ela ocorre porque
não há um árbitro supremo para resolver completamente as
questões entre os países. Existem organizações internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização
dos Estados Americanos (OEA), por exemplo, que muito ajudam
para evitar a violência e manter essas questões no campo da
diplomacia. Verifica-se, no entanto, que o poder delas é limitado,
porque as nações são ciosas de sua soberania. Cada país precisa
Símbolo da Organização dos Estados Americanos se precaver, cuidando da defesa de seus interesses, para que

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os outros nunca pensem em empregar meios violentos para

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
resolver os conflitos.
Não seria lógico pensar que alguém possa empregar a
violência sem que imagine ter uma boa probabilidade de êxito,
sofrendo apenas perdas aceitáveis. Cabe ao Poder Militar de um
país – do qual o Poder Naval é também um dos componentes –
criar permanentemente uma situação em que seja inaceitável,
para os outros, respaldar seus interesses conflitantes com o
emprego de força. Isto é, o nosso Poder Militar deve
permanentemente dissuadir1 os outros países de usar a violência
e é, conseqüentemente, o guardião da paz – daquela paz que nos 1
Dissuadir – desestimular a ação contrária aos
interessa, evidentemente. interesses.
No caso do Brasil, por exemplo, na paz
que desejamos, a Amazônia é território nacional;
o comércio internacional deve ser livre, assim
como o uso do transporte marítimo nas rotas
de nosso interesse; a maior parte do petróleo
continua sendo extraída do fundo do mar, sem
ingerências de outros países; a enorme área
compreendida pela Zona Econômica Exclusiva
e pela Plataforma Continental brasileira,
chamada de Amazônia Azul2, é controlada pelo
País; não ocorrem exigências anormais no
pagamento de nossa dívida externa; entre outras
coisas. A dissuasão é, portanto, uma das
principais formas de emprego permanente do
Poder Militar em tempo de paz, existindo outras,
como veremos adiante.
Na paz, ou no que se denomina paz no
mundo, o confronto entre os países, resultante
de conflitos de interesses, ocorre evitando, ao
máximo, o uso da violência, porém, disputando
politicamente, econo-micamente e em todas as
outras manifes-tações da potencialidade
nacional. Nesse contexto, o potencial ofensivo
intrínseco dos instrumentos do Poder Militar faz
com que seu emprego, mesmo indireto, possa
excitar reações em países observadores. Tais 2
A Amazônia Azul é a área marítima costeira
reações podem simplesmente resultar de excitação acidental ou compreendida pela Zona Econômica Exclusiva
(ZEE) – uma faixa de 200 milhas de extensão, con-
refletir resultados intencionalmente desejados por quem exerce tadas a partir da linha de baixa-mar – e a Plataforma
esse emprego indireto do Poder Militar, chamado de persuasão Continental (PC), onde existir – uma extensão do
território continental que se prolonga mar adentro.
armada. Essa PC, representada na figura azul mais escuro e
Como a paz é relativa, a persuasão armada não exclui nem após a ZEE (azul mais claro), foi reivindicada junto à
ONU e foi levantada em trabalho conjunto da Mari-
o uso da força, de maneira limitada, desde que entendido como nha, Petrobras e universidades lideradas pela MB.
simbólico pelo país agredido. As grandes potências internacionais, Aceita integralmente a proposta brasileira, nossas
águas costeiras abrangerão uma área um pouco in-
como os Estados Unidos da América, a Rússia e outros utilizam ferior à Amazônia Legal, daí ser chamada de
permanentemente seus poderes militares. Amazônia Azul.

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Dos componentes do Poder Militar, o Poder Naval pode ser

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
empregado para exercer persuasão armada, em tempo de paz,
no que se denominou, na década de 1970, de “emprego político
do Poder Naval”. Ele pode ser empregado em condições
inigualáveis com outros poderes militares, graças a seus atributos
de: mobilidade, versatilidade de tarefas, flexibilidade tática,
autonomia, capacidade de projeção de poder e alcance geográfico
– que já foram referidos no primeiro capítulo deste livro. Concorre
para isso o conceito de liberdade dos mares, que possibilita aos
navios de guerra se deslocar livremente em águas internacionais,
atingindo locais distantes e lá permanecendo, sem maiores
comprometimentos, em tempo de paz.
Antes da invasão do Afeganistão em outubro de 2001, por
exemplo, os americanos deslocaram para águas internacionais,
próximas do local do conflito, uma poderosa força naval. Influíam
assim nos países da região, sinalizando apoio aos aliados,
dissuadindo as ações dos que lhes eram hostis e favorecendo o
apoio dos indecisos, em suma, criando intencionalmente uma
variedade de reações.
O sentido indireto da palavra persuasão é significativo, pois é
através da reação dos outros que ela se manifesta. Então, é
essencial que eles percebam o emprego das forças navais,
modificando seu ambiente político e, conseqüentemente, afetando
suas decisões, por se sentirem apoiados, dissuadidos ou mesmo
compelidos a uma reação específica. Exerce-se, portanto, a
persuasão armada estimulando resultados que dependem de
reações alheias, políticas e/ou táticas, às vezes conflitantes e em
princípio imprevisíveis. Existe sempre a possibilidade de se
configurarem situações inesperadas, até pelo resultado, não
intencional, da excitação
de terceiros. Daí a impor-
tância de uma permanente
avaliação em qualquer ação
de emprego político do
Poder Naval.

Manobra no mar do
Navio-Tanque Gastão Motta
e Fragata União

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Classificação

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os tipos de persuasão naval, específicos do emprego do
Poder Naval em tempo de paz, classificados quanto aos modos
em que os efeitos políticos se manifestam são:
– sustentação;
– dissuasão;
– coerção.
Na sustentação e na dissuasão, a persuasão se manifesta
comportamentalmente em termos de se sentir apoiado ou
contrariado em suas intenções, de acordo com o próprio significado 3
Coerção deterrente – a ação fez com que o
dos termos empregados. Os aliados se sentem apoiados e quem é oponente desistisse de sua atitude.
hostil se sente inibido de agir, portanto, dissuadido.
A coerção, por sua vez, pode ser positiva ou compelente,
quando a uma ação já iniciada é forçada uma determinada linha de
ação, modificando-a, ou negativa, também chamada de deterrente,
quando inibe uma determinada atitude, impedindo que seja tomada.
Na crise da década de 1960, chamada de Guerra da Lagosta,
por exemplo, a França enviou navios de guerra, em tempo de paz,
para proteger seus barcos de pesca, que capturavam lagostas na
plataforma continental brasileira. O governo brasileiro determinou
que diversos navios da Marinha do Brasil se dirigissem para o local
da crise, mostrando que o País estava disposto a defender seus
direitos, se necessário com o emprego da força. Logo os navios
franceses retornaram e o conflito de interesses voltou para o
campo da diplomacia – de onde nunca deveria ter saído. A
persuasão naval exercida pelo emprego do Poder Naval
Contratorpedeiro Araguari, que compôs junto
brasileiro foi de coerção deterrente3, porque inibiu o apoio que com os contratorpedeiros Pará, Pernambuco,
intencionalmente os franceses pretendiam dar a seus barcos Paraná e Greenhalgh, a Força Naval que se dirigiu
para o local onde se encontravam os navios
de pesca. franceses na chamada Guerra da Lagosta.
No passado, muitas
vezes as nações detentoras
de Poder Naval utilizaram
seus navios de guerra e
forças navais com o pro-
pósito de sustentação ou de
dissuasão. A simples exis-
tência de um Poder Naval
preparado para a guerra
pode fazer com que aliados
se sintam apoiados em suas
decisões políticas nas
relações internacionais e
inimigos sejam dissuadidos de
suas intenções agressivas.
Evidentemente, os
efeitos da persuasão armada

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podem se manifestar em diferentes níveis de intensidade. A relação

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
entre as forças empregadas para a persuasão naval e a intensidade
dos efeitos que elas estimulam não é nem direta nem proporcional.
A resultante final da persuasão depende da integração das inibições
e incitações provocadas pela ameaça ou apoio, que são, por sua
vez, função de decisões tomadas sob pressões políticas,
condicionadas por fatores psicossociais e culturais e pela interação
entre os líderes e a opinião pública. A percepção, portanto, além
de relativa, é essencial à análise da persuasão.

A percepção do Poder Naval

Como toda percepção, a do Poder Naval depende das


capacidades que são visíveis ao observador. Esse observador está
embebido num contexto político, doméstico, regional e
internacional, que não apenas molda suas reações, como também
influi na própria percepção.
Enquanto numa guerra preponderam as qualidades reais dos
meios empregados, que decidem os resultados das ações militares,
em situação de paz ou conflitos de natureza limitada, as ameaças
são medidas em termos de previsões e comparações. Essas
previsões se baseiam nos dados quantitativos e qualitativos ao
Treinamento de fuzileiros
navais brasileiros
alcance do observador, de sua capacidade de perceber, portanto.
Os países desenvolvidos têm, em
geral, maior capacidade para avaliar as
verdadeiras ameaças resultantes do
Poder Militar, inclusive do Poder Naval,
que é um de seus componentes. Sabem
utilizar seus meios de comunicação para
divulgar notícias que valorizam a
capacidade de seus armamentos. O
mesmo não ocorre com países em
desenvolvimento, que podem até ter sua
percepção bastante influenciada por
essas notícias, tendo em vista suas
próprias limitações de análise.
Conseqüentemente, as avaliações das
forças navais podem levar a conclusões
bastante distorcidas em relação à
capacidade real em combate, mas, em
tempo de paz, são estas avaliações
subjetivas que importam e que
produzem resultados.
São “invisíveis” aos leigos em guerra
naval, por exemplo, a complexidade
sistêmica dos navios modernos,
necessárias às respostas rápidas e

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eficazes, quando em combate. Por outro lado, são “visíveis” os

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mísseis, os canhões e o próprio porte e aspecto externo do navio.
Na realidade, é importante que o navio tenha suficiente flexibilidade
para possibilitar seu emprego político, mas a função política de
tempo de paz não deve levar à preparação de um Poder Naval
apenas aparente.
O prestígio de uma Marinha sempre foi um dos atributos
mais importantes para a percepção do Poder Naval. O prestígio
está principalmente baseado nas capacidades “visíveis” e pode levar
à necessidade de demonstrar permanente superioridade. A Marinha
Real da Grã-Bretanha, por exemplo, durante a época em que
dominava os mares, fazia questão de manter o seu prestígio.
O Cruzador russo Askold, por exemplo, era o único navio
de cinco chaminés do mundo e, em 1902, visitou o Golfo Pérsico.
Sua visita causou profunda impressão, devido à percepção de
potência mecânica que o número de chaminés transmitia. Em
resposta, os britânicos desviaram o Cruzador HMS Amphritite para
Mascate (capital de Omã). Para eles, a disputa de prestígio com a
Rússia no Oriente era importante. Seu comandante providenciou
mais duas chaminés de lona para seu navio, totalizando seis e
restaurando o prestígio local da Marinha Real.
Possivelmente, a percepção mais importante do emprego
político de uma força naval não está na aparência da força em si,
nem no prestígio da Marinha a que pertence, mas na percepção
do quanto é realmente importante o objetivo pretendido para
quem aplica a persuasão armada. A disposição de usar a força e
de sofrer as perdas conseqüentes deste ato é essencial e deve ser
claramente perceptível. A percepção da capacidade de alcançar o
objetivo pela força também é muito importante. Pode ocorrer
que não exista essa capacidade, ou que não se possa alcançar o
objetivo sem um sacrifício superior ao seu valor, ou basta que
assim seja avaliado pelo país alvo, para que os resultados não sejam
atingíveis através do emprego político do Poder Naval.
É interessante observar que, atualmente, os mísseis ar-
superfície e superfície-superfície colocaram países relativamente
fracos em condições de causar danos consideráveis a uma força
naval próxima a suas costas. Tal fato, porém, não impede que uma
força naval possa exercer persuasão, porque não é sua capacidade
absoluta que importa, mas sim o que ela significa como
representante do Poder Naval e da vontade de seu país de alcançar
o objetivo suportando as perdas prováveis, se tal for assim
percebido.
Na crise provocada pelos mísseis que a União Soviética
pretendia instalar em Cuba, em 1962, a Marinha dos Estados Unidos
mostrou determinação suficiente para que os soviéticos decidissem
que os navios que transportavam os mísseis deveriam regressar.
Foi portanto uma ação de coerção deterrente do emprego político

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do Poder Naval americano, pois modificou uma ação que já estava

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
em andamento, em face de terem percebido que os americanos
estavam dispostos a usar a força para não ter seu território ao
alcance dos mísseis de Cuba.
Considerando o conflito pela posse das Ilhas Falklands/
Malvinas, em 1982, os argentinos deixaram de ser dissuadidos pelo
Poder Naval britânico e invadiram as ilhas, porque julgaram que o
valor daquelas ilhas não compensava o esforço de projetar o poder
da Marinha da Grã-Bretanha àquela distância no Atlântico Sul, em
face das perdas humanas e materiais que provavelmente teria. Por
seu turno, a ocupação militar das ilhas falhou porque o governo
britânico levou a questão ao ponto de defesa da honra do
Reino Unido.
O ambiente doméstico do país que é alvo da persuasão é
básico no contexto político das decisões que governam sua eficácia.
É fundamental que os líderes desse país aceitem serem persuadidos
e até cooperem, servindo de intermediários com a opinião pública,
para que o objetivo da persuasão seja considerado uma necessidade
imposta e a atitude tomada como pragmática.

O emprego permanente do Poder Naval

A teoria do emprego político do Poder Naval mostra a


possibilidade do uso permanente das forças navais em tempo de
paz, em apoio aos interesses de uma nação. Isso é verdade tanto
para os países desenvolvidos quanto para os países em
desenvolvimento e a intensidade e tipos de emprego são apenas
funções do ambiente regional onde se situam e das vulnerabilidades
que possuem.
Para os países mais pobres, o armamento moderno
possibilita condições excepcionais, em relação ao passado. O
conflito das Falklands/Malvinas, em 1982, apesar do desfecho
desfavorável à Argentina, é um exemplo que não pode deixar de
ser citado, porque poderia, até, ter outro resultado, se houvesse
submarinos argentinos eficazes e suficientes.
Táticas podem ser descritas para a persuasão naval. Essas
táticas são as diversas formas de emprego das forças navais para
alcançarem resultados políticos em tempo de paz. Elas são:
· demonstração permanente do Poder Naval;
· posicionamentos operativos específicos;
· auxílio naval;
· visitas operativas a portos; e
· visitas específicas de boa vontade.
A demonstração permanente do Poder Naval permite,
através de ações como deslocamentos e manobras com forças,
inclusive estrangeiras, participação em missões de paz da
Organização das Nações Unidas; reforços e reduções de nível de

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forças; aumento ou redução da prontificação para combate; e obter

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
efeitos desejados como: aumentar a intensidade da persuasão;
desencorajar; demonstrar preocupação em crises entre terceiros;
exercer coerção ou apoio de maneira limitada ou restrita, entre
outros.
Os posicionamentos operativos específicos, situando navios
ou forças navais próximo a um local de crise constituem apenas
um caso especial da demonstração permanente e as ações podem
ser semelhantes.
O auxílio naval inclui a instalação de missões navais, o
fornecimento de navios e o apoio de manutenção.
As visitas a portos estrangeiros, para reabastecimento,
descanso das tripulações, ou mesmo, específicas de boa vontade,
no que se denomina “mostrar a bandeira”, podem transmitir a
imagem do prestígio da Marinha, aumentando a influência e
acumulando vantagens psicossociais sobre o país visitado.

O Poder Naval brasileiro é empregado em tempo de paz de Placa existente, em 2006, no portão de entrada da
diversas maneiras, podendo-se destacar: Base de Fuzileiros Navais no Haiti. Acadêmica
Rachel de Queiroz.
– as operações com Marinhas aliadas, como a Operação Unitas, O nome da Base é em homenagem à escritora,
com a Marinha dos Estados Unidos e de países sul-americanos; a autora da frase estampada em português e francês
Operação Fraterno, com a Armada da República Argentina; e muitas (língua oficial do Haiti).

outras;
– a participação em diversas missões de paz, transportando as tropas
ou através de seus fuzileiros navais, como em São Domingos,
Angola, Moçambique, Nicarágua e Haiti;
– e as viagens de instrução do navio-escola e as visitas a portos
estrangeiros, “mostrando a bandeira”.
Cabe também ressaltar o apoio que a Marinha do Brasil presta
a outras Marinhas aliadas, na América do Sul e no continente
africano.

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A análise do passado demonstra a necessidade do emprego
permanente do Poder Naval. Para o Brasil, é importante manter
um Poder Naval capaz de inibir interesses antagônicos e de
conservar a paz como desejada pelos brasileiros.

Navio Veleiro Cisne Branco

Navio-Escola Brasil

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
G L O S S Á R I O ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

CLASSIFICAÇÃO GERAL DE NAVIOS DE GUERRA

Brigue – Do inglês brigantine, do francês brick: navio a vela, com dois mastros espigando mastaréus
e envergando pano redondo, com velas de entremastro e gurupés e um latino quadrangular no
mastro da mezena.

Bergantim – Do italiano brigantino, embarcação pirata do Mediterrâneo, do inglês brigantine, do


francês, brigantin. Antiga embarcação a vela e remo, esguia e veloz, de convés corrido, com um ou
dois mastros de galé e oito a dez bancos para remadores. Posteriormente, navio a vela de dois
mastros, cada um espigando dois mastaréus (mastro suplementar preso ao mastro real) e envergando
pano redondo, com velas no entremastro e gurupés, armado com 10 a 20 peças de artilharia.

Caravela – De caravo, do inglês caravel, do francês caravelle: navio de casco alto na popa e baixo na
proa, de proa aberta ou coberta, arvorando de um a quatro mastros de velas bastardas (latinas e
triangulares) e armado com até dez peças de artilharia. Sua tonelagem variava de 60 a 160t. Algumas
caravelas tinham velas redondas no mastro do traquete; foram os navios mais utilizados pelos
portugueses nos descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI; tinham pouco calado, bolinavam
bem e eram de fácil manobra.

Caravo – Embarcação a vela, de porte variável, muito utilizado pelos mouros no Mediterrâneo.

Corveta – Do francês corvette: navio de guerra semelhante à nau, menor e mais armado que ela,
com três mastros, sem acastelamentos, armado apenas com uma bateria de canhões, coberta ou
descoberta, porém mais veloz. Apareceu em fins do século XVIII para substituir a fragata e o brigue
em missões de reconhecimento ofensivo, para o qual este era demasiado fraco e aquela forte demais,
e desempenhava missões de aviso, de transporte e munição.
Durante a Segunda Guerra Mundial foram empregadas pelos aliados para patrulha anti-submarino
e escolta a comboios. As corvetas construídas após a guerra eram basicamente navios de patrulha
adaptados a diversas finalidades, inclusive salvamento e reboque. Eram navios pequenos, de 500 a
1.100t, e velocidade de 12 a 18 nós. Atualmente, principalmente devido aos altos custos das fragatas
e contratorpedeiros, as corvetas estão readquirindo sua importância, com várias Marinhas envolvidas
em programas de construção de navios desta classe. As modernas corvetas da Marinha brasileira
(Classes Inhaúma e Barroso) são dotadas de boa capacidade anti-submarina, mísseis antinavio, canhão
de duplo emprego (antiaéreo e superfície), sistemas de defesa antiaérea e antimíssil de curta distância
e podem operar um helicóptero. Devido a sua complexidade e armamento, algumas Marinhas as
classificam como fragatas leves.

Cruzador – Navio de combate, de tamanho médio, grande velocidade, proteção moderada, grande
raio de ação, boa mobilidade, e armamento de calibre médio e tiro rápido, destinado a efetuar
explorações, coberturas, escoltas de comboios (contra-ataque) de superfície, guerra de corso,
bombardeios de costa, etc.
Os cruzadores descendem das antigas fragatas. A Revolução Industrial, que permitiu, em meados
do século XIX, a substituição quase simultânea da vela pela máquina a vapor e da madeira pelo ferro,
resultou em profundas modificações nos métodos da guerra naval. Em 1860, começaram a surgir as

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primeiras fragatas dotadas de couraça, assumindo logo depois um papel preponderante na linha de
batalha, e sentiu-se a necessidade de dar às fragatas mais velozes e menos armadas uma função de
observação avançada.
Na Guerra Civil Americana (1861-1865) apareceu o cruzador ligeiro, um navio levemente
armado, sem proteção, destinado a dar caça aos navios de comércio e reprimir o contrabando.
Pouco depois surgia o cruzador protegido, dotado de uma coberta protetora e subdivisões
internas adequadas.
Entretanto, somente em 1889 é que começaram a aparecer os modernos cruzadores,
tendo a Inglaterra nesse ano mandado construir navios que classificavam três tipos: cruzadores
de 1a, 2a e 3a classes.
No princípio do século XX, a Inglaterra construiu os cruzadores de batalha. Na Batalha da
Jutlândia, em 1916 (Primeira Guerra Mundial), três cruzadores de batalha ingleses foram afundados
com quase toda a tripulação: o Invencible, o Infatigable e o Queen Mary. Todos eles explodiram
depois de alguns impactos e admitiu-se que os projéteis tenham atingido os paióis de munição devido
à sua leve couraça. O mesmo fato repetiu-se em 1941 (Segunda Guerra Mundial) com o Hood, inglês
e considerado o maior navio do mundo na época, liquidado com a terceira salva do Encouraçado
alemão Bismarck.
Os tratados assinados em 1919 proibiam a Alemanha de construir navios de guerra com mais
de 10.000t de deslocamento. Tendo isto em vista, esse país construiu três navios, o Almirante Graff
Spee, o Almirante Scheer e o Deutschland (alterado em 1940 para Lutzow), aos quais classificou como
panzerschiffe (navio encouraçado). Até 1939, pouco se sabia sobre eles fora da Alemanha, e a imprensa
os cognominou de encouraçados de bolso. Aparentemente, tinham 10.000t de deslocamento, mas
eram na realidade supercruzadores de 12.000t, armados com seis canhões de 11 polegadas (280mm)
e oito de 5,9 polegadas (150mm).
O Graff Spee foi vencido na Batalha do Rio da Prata, Argentina, em 1939 (onde se refugiou
avariado e foi afundado pelo próprio comandante), por uma Força Naval composta de um cruzador
pesado de 8.400t , o Exeter, e dois cruzadores leves, o Ajax e o Achilles.
Os cruzadores construídos até a Segunda Guerra Mundial eram classificados em cruzadores
pesados e cruzadores ligeiros. É lógico admitir que os cruzadores pesados eram maiores e mais
poderosos, mas a base desta classificação não era o tamanho, e sim o armamento, sendo considerados
pesados os que tinham canhões de mais de seis polegadas em sua bateria principal e ligeiros aqueles
cujos canhões eram menores. Havia ainda os cruzadores de batalha, navios que, em comparação
com os encouraçados, tinham canhões de mesmo calibre, mas, em menor número, possuíam maior
velocidade e menor couraça.
Os cruzadores pesados (CP) possuíam uma bateria principal de oito a dez canhões de oito
polegadas, dispostos em torres duplas encouraçadas, ou nove canhões em torres tríplices. Sua bateria
secundária era constituída de oito a doze canhões de cinco polegadas e a bateria antiaérea por um
grande número de armas automáticas para tiro a curta distância; possuíam proteção de couraça e
alguns CP levavam hidroaviões ou helicópteros.
Em 20 de julho de 1959, a Marinha norte-americana lançou ao mar o Long Beach, de 14.000t,
classificado como cruzador nuclear de mísseis guiados. Primeiro navio de guerra de superfície de
propulsão nuclear do mundo, com velocidade superior a 45 nós, desenhado para operar contra
quaisquer inimigos na guerra nuclear ou convencional. Possuía os mais modernos equipamentos
para detectar e destruir submarinos, aviões e mísseis inimigos da época.
O cruzador nuclear de mísseis guiados California, de 9.500t, lançado ao mar em 1971,
semelhante ao Long Beach, foi o primeiro navio de guerra a ser armado com canhões de cinco
polegadas desguarnecidos.

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O primeiro cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga foi lançado ao mar em 1981,
constituindo-se no mais moderno e poderoso cruzador da atualidade, podendo contar com uma
excelente capacidade de detecção nos três ambientes de guerra, além de equipamentos de guerra
eletrônica de última geração e boa capacidade de defesa contra ataque nuclear, químico e biológico.

Contratorpedeiro – Navio de combate destinado a combater as torpedeiras. Ver verbete: torpedos,


torpedeiras, contratorpedeiros.

Contratorpedeiro-de-Escolta – Contratorpedeiro construído na Segunda Guerra Mundial pelos


Aliados, especialmente para escoltar comboios. É menor que o contratorpedeiro comum, de menor
velocidade e com armamento preponderantemente anti-submarino.

Contratorpedeiro-líder – Contratorpedeiro maior do que o comum, com acomodações para um


comandante de força e seu estado-maior, utilizado como líder de flotilha; contratorpedeiro de esquadra.

Encouraçado – Do inglês ironclad, battleship, do francês cuirassê: navio de combate desenvolvido


no século XIX, armado de canhões de grosso calibre, fortemente protegido por couraças nos pontos
vitais, e por subdivisão interna do casco em compartimentos estanques. Até a Segunda Guerra Mundial
era o navio de combate mais poderoso, deslocando de 30 a 50 mil toneladas, e destinado a constituir
a espinha dorsal da linha de batalha, no combate entre Esquadras. Durante a Segunda Guerra Mundial,
os encouraçados foram empregados para canhonear fortificações costeiras, nas operações anfíbias;
depois cederam a primazia aos navios-aeródromos.
Na Marinha do Brasil: Encouraçados Minas Gerais e São Paulo do tipo Dreadnought, lançados ao
mar em 1910 e desativados na década de 1950.
Os primeiros navios encouraçados foram as fragatas francesa Gloire e inglesa Warrior, construídas
em 1860. Eram navios a vela e vapor, tendo seus números canhões nas cobertas, que ficavam
protegidas pela couraça. Na Gloire, a couraça estendia-se por todo o comprimento do casco, desde
o convés até dois metros abaixo da linha-d‘água em plena carga, e tinha a espessura de 120mm nas
obras vivas e 110mm nas obras mortas. A Warrior tinha uma cinta couraçada estendendo-se por 60
metros na parte central do casco, limitada na proa e a ré por duas anteparas transversais de couraça.
O calibre dos canhões foi aumentando gradualmente com a espessura das couraças até que, com o
surgimento das primeiras torpedeiras, entre 1875 e 1880, houve necessidade de se adotar nos
encouraçados uma artilharia de calibre médio e tiro rápido.
Na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) apareceram os encouraçados maiores, bem armados,
com canhões de grosso, médio e pequeno calibre. Em 1906, a Inglaterra revolucionou a arquitetura
naval com a construção do tipo Dreadnought, em que se suprimia a artilharia médio calibre, aumentava-
se o deslocamento para 18.000t e a velocidade para 21 nós. Logo em seguida, em 1910, o mesmo
país sentia necessidade de restaurar a bateria secundária ao construir para o Brasil os Encouraçados
Minas Gerais e São Paulo, os maiores navios daquela época, cujo tipo evoluiu nos encouraçados da
Segunda Guerra Mundial.
Até aquela época, o encouraçado era considerado o navio mais poderoso, reunindo máximo
poder ofensivo. Em ações da Esquadra, ele permanecia na linha de batalha atacando os maiores
navios inimigos com tiros de canhão de grosso calibre, apoiado por cruzadores, navios-aeródromos
e contratorpedeiros.

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Os encouraçados têm sido utilizados para bombardeio pesado e contínuo de instalações de
terra e portos inimigos, inclusive para apoio de operações anfíbias. Na Segunda Guerra Mundial, eles
também faziam parte da escolta dos grandes comboios.
Até a última grande guerra, o armamento dos encouraçados constituía-se de:
1) uma bateria principal com canhões de 304mm a 406mm, geralmente dispostos em torres
tríplices e que lançavam projéteis pesando cerca de uma tonelada a mais de 20 milhas de
distância;
2) uma bateria secundária com canhões de 122mm ou 147mm, em numero de 15 a 20, dispostos
em torres duplas;
3) bateria antiaérea com armas automáticas de pequeno calibre.
A modernização dos encouraçados que estão em serviço inclui: substituição de parte de sua
bateria secundária e antiaérea por lançadores de mísseis de cruzeiro e antinavio; instalações de novos
sensores, sistema de defesa antimíssil, sistema de direção de tiro e equipamentos de guerra eletrônica
passiva e ativa; e capacitação para operar três helicópteros de porte médio.
O encouraçado é, em síntese, uma plataforma flutuante móvel de canhões de grosso calibre e
longo alcance. A couraça constitui a principal proteção contra tiros de canhão. A espessura da couraça
varia nas diferentes partes do casco, devendo a espessura máxima ser aproximadamente igual ao
calibre dos canhões dos navios semelhantes de outras nações. Considera-se que a couraça deve
resistir à penetração dos projéteis de calibre igual a sua espessura, quando lançados das distâncias
usuais de tiro.
A couraça é de maior espessura nas torres e na cinta, onde é mais provável o impacto direto
dos projéteis em ângulo favorável à penetração. Na torres dos canhões e na torre de comando, a
espessura pode atingir 457mm.
A couraça lateral é uma cinta encouraçada de pouco mais de uma altura de coberta, estendendo-
se ao longo da parte central do casco, que compreende suas partes vitais, na linha-d’água e um
pouco abaixo.
A couraça horizontal protege o casco contra as bombas aéreas e tiros de canhão de grande
elevação; consta de um convés encouraçado de 152 a 205mm e um convés protegido, abaixo do
primeiro, com cerca de 101mm de espessura. Os pavimentos destas coberturas ajudam a absorver
a energia de choque do projétil.
Outras partes do casco, como os compartimentos dos aparelhos de governo, estações de
direção de tiro, passagens principais e tubulações colocadas acima da coberta encouraçada são também
protegidas por chapas de couraça. O peso da couraça pode atingir 40% do peso total do navio.
A proteção contra explosões submarinas (torpedos, bombas e minas) é realizada por duas ou
três anteparas longitudinais, constituindo compartimentos de segurança laterais, chamados coferdans
ou contraminas. Esses compartimentos são cheios de óleo, de água, ou são conservados vazios. A
espessura das chapas dos coferdans, óleo e a água absorvem grande parte do choque e do calor da
explosão; os espaços vazios tendem a absorver a compressão dos gases resultantes da explosão,
reduzindo seus efeitos antes de ser atingida a antepara interna.

Encouraçado de bolso – Do inglês pocket batteship: nome cunhado pela mídia para designar os
encouraçados de 10.000 toneladas, construídos e empregados pelos alemães durante a Segunda
Guerra Mundial. Ex: Graff Spee.

Fragata – (Do italiano) Embarcação menor que o bergantim com popa menos elevada. Navio de
guerra semelhante à nau, menor e menos armado que ela, porém mais veloz e de melhor manobra.
Não tinha castelo e sua mastreação era de galera. Apareceu na primeira metade do século XVII,
como aviso e, com o tempo, chegou a ter 60 peças de artilharia e deslocamento de 1.800t (no
último quartel do século XIX houve fragatas mistas, a vela e a vapor).

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(Do português) Embarcação de boca aberta e popa chata, com um mastro que enverga vela
latina quadrangular e duas velas de proa, 200 a 300t de capacidade de carga, usada no Rio Tejo para
transporte de mercadorias.
Modernamente, navio de combate maior e mais bem armado que a corveta, empregado para
patrulha anti-submarina e escolta de comboio e de forças-tarefas, cujo principal armamento são
mísseis. São dotadas de numerosos sensores eletrônicos. No Brasil, fragatas da classe Niterói, com
duas das seis incorporadas construídas no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).
As fragatas estão ligadas aos contratorpedeiros. Cumprem os mesmos tipos de tarefa e têm
características semelhantes. Estes navios, hoje, se confundem. Pode-se dizer que, em geral, as fragatas
têm menor deslocamento, menor velocidade e menor quantidade de armamento que os
contratorpedeiros, mas isso está longe de ser uma regra geral e varia de Marinha para Marinha.
Podem atuar em qualquer ambiente da guerra naval, sendo empregadas, principalmente, em ataques
contra navios de superfície; guerra anti-submarino; defesa antiaérea e antimíssil; apoio a operações
anfíbias; operações de esclarecimento e como piquete radar; escolta de comboios; e guerra de
corso contra navegação mercante e combate ao narcotráfico.
As fragatas americanas da classe Oliver Hazard Perry utilizam mísseis guiados na defesa antiaérea,
antimíssil e para ataque a navios de superfície. A primeira unidade dessa classe foi comissionada em
1977. Os navios têm propulsão a turbina a gás e são equipados com mísseis Standard e Harpoon,
armamento de 76 e 20mm e dois tubos triplos de torpedos, além de vários equipamentos utilizados
na guerra eletrônica. Elas também podem operar com dois helicópteros orgânicos.

Galé – (Do inglês galley), do francês galée – Embarcação de guerra da Antigüidade greco-romana
e bizantina, comprida e estreita, impelida basicamente por grandes remos (15 a 30 por bordo,
manejado cada um por três a cinco remadores sentenciados a trabalhos forçados) e, eventualmente,
por duas velas bastardas1 içadas em mastros próximos à proa. Era dotada de esporão, que constituía
o seu principal instrumento de ataque a navios inimigos.

Galera – Navio mercante a vela, com gurupés, três mastros2, cada um com dois mastaréus, cruzando
vergas (velas redondas) e, eventualmente, com velas latinas quadrangulares.

Galeão– (Do inglês galeno, do francês galion) – Embarcação de alto-bordo, com dois ou três
mastros envergando velas redondas e gurupés com velas de proa; empregada no transporte de
ouro e prata da América para a Espanha e Portugal nos séculos XVI, XVII e XVIII. Era armado
com numerosos canhões.

Monitor – Navio de combate, de calado reduzido, borda-livre muito pequena, armado com canhões
de médio ou grosso calibre, em geral instalados numa torre giratória na parte de vante e na mediana,
para emprego em operações fluviais ou de bombardeio de costa. A vela fora abolida, e o casco do
monitor era todo de ferro, bastante baixo, com uma borda livre de 40cm apenas; as únicas estruturas
acima da borda eram a torre, uma pequena estação de governo e as chaminés.

1
Vela bastarda: pano quadrangular, cujas dimensões são tão pequenas que o pano parece triangular, e que é estendida em uma verga
muito comprida, inclinada no mastro.
2
Excepcionalmente, existiam galeras com quatro ou cinco mastros.

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Durante a Guerra Civil Americana a partir de 1861, os confederados construíram uma bateria
encouraçada auto-impulsionada chamada Merrimack. Embora pouco de novo apresentasse em relação
às canhoneiras francesas da Criméia, revelou-se uma ameaça que foi enfrentada pelo Monitor, do
engenheiro naval sueco John Ericsson. Embarcação de ferro, com bordo livre baixo de 52m de
comprimento cobrindo um casco convencional de 37m. Não havia nenhuma superestrutura além de
chaminés, escotilhas, pequena estação de governo e, a obra-prima de Ericsson, uma única torre
rotativa que continha dois canhões de antecarga de 11 polegadas. A disposição da torre sobre o
convés permitia a redução do número de canhões, por atirarem eles pelos dois bordos.

Nau – Até fins do século XV, navio de porte relativamente grande, com acastelamentos à proa e à
popa, arvorando geralmente um só mastro com vela redonda (ou “pano”). Daí até fins do século
XVI, princípios do XVII, as naus foram aumentando de tamanho, tornaram-se muito bojudas (boca
com cerca de 1/3 do comprimento da quilha), passaram a arvorar até três mastros (traquete, grande
e mezena) envergando pano redondo, e uma vela latina quadrangular à popa além de gurupés, e
tinham até três ou quatro cobertas com duas a três baterias de canhões; dependendo destas, variava
o número de peças de artilharia que portavam. Com o passar dos anos, foi-se modificando o seu
velame. Eram embarcações imponentes, em geral ricamente ornamentadas, mas de difícil manejo.

Nau de Guerra – Destinada a proteger o comércio marítimo e fazer a guerra no mar, armada de 60
a 120 peças de artilharia, podendo ser de 1a classe (mais de 100 canhões), de 2a classe (90 a 100
canhões) ou de 3a (40 a 80 canhões).

Nau de linha – Armada com 74 canhões ou mais, assim chamada porque integrava a linha de batalha
nos combates navais de vulto.

Torpedos, torpedeiras, contratorpedeiros – Os primeiros torpedos surgiram no início do século


XIX, sob a forma de uma carga explosiva rudimentar, que deveria ser transportada por pequenas
embarcações para ser colocada sob o casco de um navio fundeado, onde explodiria com uma espoleta
de tempo. Apareceram também os torpedos rebocados por um cabo de aço, mas a dificuldade da
aproximação sem ser notado pelo inimigo retardou o desenvolvimento da nova arma. Apesar disto,
alguns navios foram afundados desta maneira até 1864, quando o escocês Robert Whitehead construiu
o primeiro torpedo de autopropulsão.
Com o desenvolvimento do torpedo, começaram a aparecer navios destinados à sua utilização,
as torpedeiras. Os primeiros navios deste tipo, que empregaram torpedos Whitehead, foram
construídos de 1875 a 1880. Eram embarcações costeiras, com aproximadamente 30t de
deslocamento e que atacavam principalmente à noite ou com nevoeiro, pois seus torpedos de seis
nós de velocidade só percorriam 100 metros de distância.
O sucesso das torpedeiras fez aparecer o navio destinado a combatê-las. Maior, mais rápido e
armado com canhões de médio calibre para emprego contra a chapa fina das torpedeiras, ficou
conhecido como contratorpedeiro (destróier).
Na Guerra Hispano-Americana (1898), as torpedeiras e contratorpedeiros assumiram papel
predominante, mas os últimos, logo dotados também de torpedos, mostraram-se tão eficientes em
todas as formas de combate que foram também tomando o lugar dos próprios navios a que eram
destinados a combater, reduzindo a importância das torpedeiras. Os contratorpedeiros foram
aumentando de ano a ano, em tamanho, velocidade e poderio, e hoje são navios destinados não
somente a atacar navios de sua espécie, mas também podem ser empregados com eficiência contra
todos os demais navios, tornando-se os mais decididos adversários de submarinos. Nas duas guerras
mundiais, esses navios tiveram grande desenvolvimento e foram usados com muito sucesso.

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Os maiores contratorpedeiros dos últimos anos são os da classe Spruance. Construídos de
forma modular, em uma linha de montagem muito avançada, têm 170m de comprimento, 8.040t de
deslocamento, propulsão a turbina a gás e velocidade acima de 30 nós. Seu armamento inclui mísseis
de cruzeiro, antiaéreos, antinavios, armas para guerra anti-submarino, canhões e helicópteros.
Atualmente, além de serem navios bastante versáteis, os contratorpedeiros são também os
mais numerosos navios de guerra do mundo. São navios de grande velocidade, podendo desenvolver
até mais de 30 nós, com grande mobilidade, pequena autonomia, tamanho moderado e pequena
proteção estrutural. Seu armamento principal consta de mísseis de curto e longo alcance, torpedos,
canhões e helicópteros.
Apesar de executarem todos os tipos de tarefas, são empregados principalmente em proteção
de um grupo de batalha nucleado por um navio-aeródromo; guerra anti-submarino; ataques contra
navios de superfície e alvos em terra; defesa antiaérea e antimíssil; apoio a operações anfíbias;
operações de esclarecimento e como piquete radar; e escolta a comboios.
Os contratorpedeiros modernos possuem mísseis de cruzeiro de longo alcance, canhões de
4,5 ou 5 polegadas de tiro rápido, mísseis antinavio, lançadores de torpedo, mísseis para defesa
antiaérea a curta, média e longa distâncias, helicópteros capazes de levar torpedos e mísseis e grande
capacidade de trocar informações com navios da força por meio de link de dados. A Marinha americana
possui ainda contratorpedeiros com grande capacidade de defesa nuclear e utilização de tecnologia
stealth, a qual dificulta a identificação do mesmo pelo inimigo, utilizando para isso diferentes tecnologias,
como uso de superfície e bordas em ângulo (evitando-se ângulos retos), para diminuir a sua superfície
refletora de radar, sistemas de resfriamento de equipamentos e compartimentos diminuindo a
assinatura infravermelha. Um exemplo disso seria o resfriamento dos gases das turbinas, que, antes
de atingirem o exterior do navio, aquecem a água dos grupos destilatórios e, conseqüentemente, se
resfriam antes de chegarem ao meio ambiente, dificultando assim a detecção do navio por sistemas
infravermelho.
A utilização de equipamentos elétricos, tais como cabrestante e guinchos, nas partes internas
do navio são muito eficientes para diminuir a assinatura acústica e, com isso, dificultar a detecção por
submarinos. Todo e qualquer artifício utilizado para evitar a detecção do navio pelo inimigo pode ser
considerado tecnologia stealth.

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ B I B L I O G R A F I A ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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MARINHA E IMPÉRIO NO BRASIL: O ENSINO NAVAL

Simone Vieira de Mesquitai

O presente estudo tem como foco o ensino militar naval no Brasil do século XIX, que teve
grande importância na formação do ensino superior, bem como relevância política, científica
e técnica, a exemplo de sua atuação no que se refere à construção de navios que participaram,
por exemplo, da Guerra do Paraguai. Parte de referências cronológicas e analíticas da
historiografia consultada, junto a Liberato Barroso (1897), Fernando de Azevedo (1958),
Gilberto Freire (1959), João Batista Magalhães (1998) e Dermeval Saviani (2007), onde o
ensino naval é visto com notoriedade, desde 1808, com a criação da Academia Real da
Marinha, como instituição de nível superior, quando o Rio de Janeiro se torna a capital do
Reino de Portugal, Brasil e Algarve, em face da transferência da Corte de Portugal para o
Brasil, em função da invasão francesa, o que explica porque era destacada a preocupação
daquela Academia com a construção naval. Nas décadas seguintes, em diferentes períodos,
demarcados por rupturas e rearranjos políticos, que caracterizam a construção do Brasil
independente e imperial, o ensino naval terá apoio governamental e até simpatia de alguns
segmentos sociais, como está detalhado mais abaixo. Evidencia que: 1) nesse período, o
ensino naval contou com a colaboração de oficiais estrangeiros, especialmente dos ingleses,
que ajudaram na organização da armada brasileira; 2) o ensino militar foi um dos caminhos de
acesso ao ensino superior, especialmente, para os estratos médios da sociedade, uma vez que
os alunos que se formavam nessas escolas, estavam capacitados, não apenas em assuntos
tecnicamente militares, como da esfera política, social e econômica, levando-os a um preparo
profissional que lhes permitia exercer cargos, no âmbito do poder público; 3) além da
preocupação de formar seus oficiais, o ensino militar naval cuidava de capacitar um corpo
docente, para fazer parte do quadro de professores da Academia da Marinha, o que para
muitas famílias abria a perspectiva de seus filhos ascenderem, intelectual e socialmente. Esta
descrição analítica integra a nossa tese de Doutorado, que se encontra em fase de cotejo de
fontes para mapeamento cronológico e exame da disseminação territorial das escolas de
ensino militar naval no País. Os resultados aqui apresentados evidenciam a importância desse
campo de ensino para o entendimento histórico da formação da elite militar e civil, no período
aqui assinalado, que, além disso, se mostrou uma oportunidade de inserção e ascensão
profissional, intelectual e social para os moços de origem familiar socialmente bem situada e
remediada, para depois compor as forças armadas do Brasil, à medida que este se organizava
como nação independente e imperial.

Palavras-Chave: Império – Educação - Ensino Naval.

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Introdução

O ensino militar naval, no Brasil, teve grande importância na formação do ensino


superior, bem como relevância política, científica e técnica, a exemplo de sua atuação no
que se refere à construção de navios que participaram, por exemplo, da Guerra do
Paraguai. Contudo, o ensino militar do Exército e da Armada apresenta indícios de
formação não sistematizada, com aulas avulsas e pontuais, desde o período colonial. É o
que afirma Azevedo:

Nessa paisagem escolar, uniforme e sem relevo, não se encontravam fora


do domínio espiritual dos jesuítas senão a escola de arte e edificações
militares, criada na Bahia em 1699, - talvez a primeira instituição leiga
de ensino no Brasil, [...]. (grifamos) (1958, p.47).

Durante a formação do Império, a educação brasileira passou por reformas na


tentativa de atender às mudanças do novo contexto político e social que se estabelecia. O
ensino, dividido em ensino elementar, secundário, superior, profissionalizante, especiais e
oficiais, fomentou a busca de uma unidade nacional, especialmente, depois do hiato havido
no ordenamento da educação, após a expulsão dos Jesuítas em 1759, pelo Marques de
Pombal, e a criação das chamadas aulas régias. Nesse contexto, o ensino militar, do
Exército e da Marinha, estava caracterizado como ensino especial como enfatizou Barroso
(1867) e Azevedo (1959).
Durante sua instalação no Brasil, D. João VI teve a preocupação de reorganizar os
arsenais de Guerra e da Marinha, além dos hospitais militares, investindo na formação dos
oficiais, na construção da biblioteca da Academia Naval do Rio de Janeiro, na construção
de navios, bem como na criação, em 1808, da Academia Real da Marinha. Essa ganharia
notoriedade, como instituição de nível superior, quando o Rio de Janeiro se tornou a capital
do Reino de Portugal, Brasil e Algarve, em face da invasão francesa e da transferência da
Corte de Portugal para o Brasil, o que explica porque era destacada a preocupação daquela
Academia com a construção naval. Como enfatiza Magalhãesii

[...] a vinda de Dom João VI, transplantaram-se para aqui os órgãos


principais constitutivos da Marinha portuguesa, com os quais se lançaram
os fundamentos de nossa força naval própria. Sendo criadas “a Academia

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de Marinha de Guarda-Marinha e uma Brigada Real”, voltada para
guarnição de navios [...] (1998, p.238),

A Academia de Marinha foi instalada nas proximidades do Convento de São Bento


e, para ingressar, os pretendentes deveriam ter domínio das quatro operações matemáticas,
saber latim, grego, línguas vivas, como inglês e francês, e ter idade igual ou superior a 18
anos. Nesse novo cenário político, o ensino naval lança suas bases no ensino superior.
Almeida ressalta que a “Academia de Ensino da Marinha” era equipada com
“instrumentos, livros, modelos, máquinas, mapas e plantas.” no modelo da “Academia de
Lisboa”. (1989, p.46), trazendo em sua base a formação acadêmica européia para os
trópicos.
Nas décadas seguintes, em diferentes períodos, demarcados por rupturas e
rearranjos políticos, que caracterizam a construção do Brasil independente e imperial, o
ensino militar foi se estruturando em um sistema de ensino específico que permitia uma
formação profissional e acadêmica de seus integrantes.

Primórdios do ensino naval

Magalhães traz relatos da existência de escolas navais antes da Corte portuguesa


chegar ao Brasil. No Pará, segundo o citado autor, foi instalada em “4 de fevereiro de
1803, uma escola de pilotos práticos”, composta por “[...] 1 diretor, 1 ajudante, 12
discípulos e dispunha de 2 embarcações armadas à escuna.” (1998, p. 207), mostrando
que a escola poderia cumprir dois papeis específicos: formar seus alunos e atender as
necessidades da instituição de vistoriar a costa brasileira.
Além disso, a Marinha investiu na construção de navios. Ainda de acordo com
Magalhães, o grande centro de construção naval estava na Bahia. Entre 1810 a 1822, na
Bahia e no Rio de Janeiro, foram construídos sete navios de guerra: “fragatas Dom Pedro
I, Real Leopoldina, União, corveta Dez de fevereiro e lugre Maria Teresa” (1998, p.245).
Esses barcos estiveram envolvidos em diversos acontecimentos históricos, entre eles, a
defesa do Recôncavo e da Cisplatina, a Independência do Brasil, a revolta dos “Cabanos”
no Pará e a Guerra do Paraguai.
Com o processo de Independência, as instituições militares foram reformadas e a
Marinha recebeu um aumento considerável de oficiais e marinheiros ingleses que vieram
substituir os oficiais portugueses.

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A nova organização da Marinha e a formação dos oficiais sofreram influencia de
ingleses, estadunidenses, franceses, holandeses, que estavam radicados e serviam no
Brasil. De acordo com a Marinha, a primeira esquadra nacionaliii, composta por alguns
desses navios, recebeu influencia do inglês Lord Cocharne, e dos oficiais Grenfell e
Taylor.
José Bonifácio, então Conselheiro do Império, convidou Thomas Cochrane para
administrar e organizar a frota brasileira. Segundo Lopez & Mota, Cochrane inspecionou e
constatou que os navios estavam em péssimo estado e que “a tripulação era formada por
portugueses da “pior espécie”, descartados do serviço mercante[...] e por brasileiros que
tinham [...]horror aos tripulantes portugueses” (2008, p.339). Nos levando a refletir sobre
a formação do corpo de marinheiros e dos oficiais na instituição.
Além da dificuldade com o corpo de marinheiros, o Almirante Cochrane teria
também problemas com os capitães de navios, que, apresentavam resistência em receber
ordens de oficiais que não fossem seus superiores compatriotas, dificultando a organização
e o comando da frota.
Lopez & Mota (2008) afirmam que para garantir a operacionalidade e a disciplina
desejada, o Almirante Cochrane precisou investir em um quadro de marinheiros e militares
contratados entre ingleses e norte-americanos. Estrangeiros que trabalharam também como
instrutores e professores em suas áreas de domínio, nos próprios navios onde estavam em
serviço.
Além dos conflitos acima citados, Cochrane também enfrentou problemas com os
militares e os marinheiros mais velhos, para isso ele propôs a contratação de “meninos de
14 a 20 anos para aprender o ofício”. Jovens que seriam formadas pela própria instituição,
dando abertura a um novo campo de ensino e formação.
De acordo com Lopez & Mota, minimizados os problemas práticos, Chochrane teve
como missão inicial, “recapturar a Bahia”, expulsando os ingleses e restaurando o
monopólio comercial. Em sua empreitada, ele comandou a nau capitã, fragata Pedro I,
única embarcação apta para o combate, conquistando a retirada de “13 navios de guerra e
mais de 60 navios mercantes do porto de Salvador.” Cochrane interveio também no
Maranhão, libertando seus portos, o que lhe valeu o título de Marquês do Maranhão (idem,
p.p 338-342) e o reconhecimento pela organização da frota naval da época, bem como
levou os oficiais a repensarem a formação do corpo de oficiais da Marinha.

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Com a Independência, a Constituição do Império de 1824 lançou os fundamentos
das forças militares brasileiras, cuja finalidade, estava “[...] definida pelo art. 145:
“sustentar a independência e integridade do Império” [...]”(MAGALHÃES, 1998, p.249).
Durante a afirmação do Brasil como Nação, as instituições militares tiveram que se
reorganizar e reestruturar, ao ver seus oficiais regressarem a Lisboa. Assim, a Marinha
buscou, na formação de seus oficiais, o caminho para reestruturar a instituição, tendo como
preocupação a nomeação de “lentes” para a Academia da Marinha.
Após a renúncia de D. Pedro I, em 1831, houve uma nova organização nas forças
militares. Elas diminuíram o número de estrangeiros em suas fileiras, dando início ao
caráter nacionalista das forças armadas – Exército e Marinha.
Em 1932, as Academias Militar e de Marinha se fundiram e passaram a ser
denominadas Academia Militar e de Marinha da Corte do Império do Brasil, com ensino
voltado para atender os assuntos militares, a construção de pontes e calçadas e a construção
de navios.
Essa fusão, segundo Magalhães, não durou:

[...] evidentemente adotada por medida de economia orçamentária e por


causa talvez da dificuldade de reunir um corpo docente suficiente para
servir as duas academias. Havia, aliás, a vantagem de dar uma formação
mental homogênea aos quadros das Forças Armadas. Não obstante, em
1838, foram novamente separados os cursos para a formação de oficiais
de terra e mar, dando surto à Escola Naval [...](1998, p.271)

Embora as duas instituições estivessem ligadas pela unidade militar, cada uma
apresentava sua especificidade, uma voltada para domínio da terra e outra do mar, a partir
de 1838 conquistaram sua identidade, autonomia e espaço no novo cenário nacional.

O ensino militar naval no Império

Ao longo do Império, o ensino militar constituiu-se em oportunidade de ascensão


intelectual e social, principalmente, para a população situada entre a classe superior e a
inferior. Gilberto Freire enfatizou, nesse sentido, que o ensino militar foi:

[...] para os brasileiros de origem modesta e de condições étnica tida, em


certos meios, por inferior, de se instruírem em escolas militares e a
expensas do Estado; e se instruírem nessas escolas não apenas em
assuntos tecnicamente militares como os políticos, sociológicos,
econômicos, tornando-se rivais dos bacharéis em Direito, dos médicos,

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dos engenheiros, dos sacerdotes, em aptidões para o exercício de cargos
públicos. [...] uma rivalidade entre esses subgrupos – os formados nas
escolas militares, por um lado, e o educando nas escolas de Direito, de
Medicina, de Engenharia e nos Seminários de Teologia, por outro – que
veio se esboçando desde a ascendência dos militares, favorecidos pela
campanha paraguaia, [...] (1959, p.318)

Podemos perceber que o ensino militar foi assumindo espaço na sociedade,


equiparando-se ao ensino oficial, bem como criando oportunidade de ascensão
profissional, política, social e intelectual, especialmente, nos cargos públicos, levando as
organizações militares a desenvolverem um sistema de ensino próprio, que foi sendo
ampliados ao longo dos anos.
O Ensino Militar – do Exército e da Armada – constituiu-se em uma formação
especifica, que permitiu acesso aos títulos de doutores, como ressaltou Gilberto Freire:

[...] que das escolas militares de ensino gratuito e até remuneração, no


sentido de se dar acesso ao ensino superior e, através do ensino superior,
aos cargos políticos de importância, a numerosos brasileiros cujas
famílias não podiam custear, para seus filhos, estudos caros. Não os
podendo manter nos cursos jurídicos, médicos, politécnicos, nem por isto
deixaram de vê-los doutores sob outro aspecto: como capitães-doutôres,
majores-doutôres, coronéis-doutôres. Duplamente prestigiosos, portanto,
numa época, como foi, no Brasil, a que se seguiu à campanha
Paraguai,[...] (1959, p.318)

Durante o Império, a formação superior e seus títulos constituíam-se em objeto de


desejo não somente da elite. Embora a beca e a batina não tenham vingado, no Brasil, o
traje de doutores, como “sobrecasaca, cartola, botinas caras e bengala, de preferencia de
castão de ouro, definido entre outros aspectos o ensino superior como aristocrático ou
altamente burguês” (Freire, 1959, p. 325) era motivo de cobiça, para afirmação social,
intelectual e política, especialmente, de pessoas oriundas dos setores médios, dentre eles,
os militares que vinha ganhando espaço desde a Guerra do Paraguai.
Gilberto Freire ressaltou também que para os militares existia “a farda”, que eles
consideravam como “equivalente da batina universitária: trajo igualitário ou democrático
de escolares, fosse qual fosse sua origem social ou sua situação econômica.” (1959, p.325)
O ensino militar ganhou respaldo perante a sociedade, igualando ou se equiparando
à formação oficial, permitindo aos estudantes militares acesso a um patamar de elite, como
ressaltou Fernando Azevedo, ao colocar que:

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[...] os engenheiros militares [...], adquiriam no país de doutores o melhor
direito de incluir-se na elite da cultura oficial. A turquesa de seus anéis
simbólicos valia bem ou mais do que o rubi, a esmeralda e a safira dos
juristas, dos médicos e dos engenheiros. (1958, p. 122)

Nesse sentido, as escolas militares, tornaram-se caminho para ascensão ao ensino


superior pelos estratos médios, que vinham se constituindo e buscando espaço nos cenários
político e social, assim como no âmbito intelectual, como ressaltou Gilberto Freire:

[...] era de numerosos jovens brasileiros de origem modesta e alguns


mestiços, a quem as escolas – ou colégios – militares facilitaram a
formação intelectual, secundária e superior. E com essa formação,
oportunidade de ascensão social, completada pelo desejo de direção
política do País. (1959, p. 325)

Durante o Segundo Reinado, o ensino militar despontou no cenário nacional com a


criação do ensino secundário militar com o Colégio Naval, em 1871.

Assim é que, pelo Decreto nº 4679, de 17 de janeiro de 1871, foi


estabelecido no Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, um
Externato, que consistia de um curso de um ano, para o ensino das
matérias preparatórias do curso da Escola de Marinha. Em seguida, pela
Lei nº 2670, de 20 de outubro, foi autorizado à criação do Colégio Naval,
efetivada pelo Decreto nº 6440, de 28 de dezembro de 1876, assinado
pela Princesa Isabel, então ocupando a Regência do Trono.
(<http://www.mar.mil.br/cn/colegio/historico.htm> consultado em
07/09/2012, 15:30)

E com Colégio Militar, em 1889.

Artigo 1° (...) sob a denominação de Imperial Collegio Militar, um


instituto de instrução e educação militar, destinado a receber
gratuitamente, os filhos dos officieas effectivos, reformados e honorários
do Exército e da Armada; e, mediante contribuição pecuniária, alumnos
procedentes de outras classes sociaes. (grifo nosso) (DECRETO N°
10.202, 9 de março de 1889.)
(<http://www2.camara.gov.br/atividade-
legislativa/legislacao/publicacoes/doimperio/colecao8.html> consultado
em 07/09/2012, 16:00h)

Percebemos a expansão do ensino militar, ampliado que fora ao nível secundário,


com os colégios preparatórios, passando a integrar o sistema de ensino militar do Exército
e Marinha, bem como permitindo o ingresso de jovens que teriam as escolas preparatórias,
como mais uma opção de formação. Na tabelaiv abaixo verificamos a expansão do ensino
naval de forma sistemática durante os anos de 1840 a 1875.

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Uma expansão que perpassou por todas as regiões do Brasil, permitindo que as
escolas navais ganhassem espaço e notoriedade. Por elas, passaram inúmeros estudantes
que, segundo Gilberto Freire, foram “bons administradores, homens de governo e
parlamentares que pela sua formação militar [...] prestaram ao País serviços notáveis,
[...]” (1959, p. 316).
Liberato Barroso, Conselheiro do Império, na pasta de Instrução Pública,
identificou o ensino naval como um campo de ensino voltado para a formação profissional
de uma elite, com estudos pautados nas ciências matemáticas e na filosofia positivista.
Em 1867, segundo Liberato Barroso, o ensino naval contava com:

[...] Eschola de Marinha e eschola pratica de artilharia da marinha,


estabelecimentos subordinados ao Ministerio da Marinha.
ESCHOLA DE MARINHA. – A Eschola de marinha comprehende em
um mesmo estabelecimento composto de internato e externato um curso
theorico e pratico das materiais náuticas e accessorias, cujo conhecimento
é indispensável aos que se dedução á vida marítima. (BARROSO, 1867,
p.20)

Mas de acordo com Barroso, as escolas navais nesse período não eram acessíveis a
toda a população, somente os “aspirantes ao posto de guarda-marinha” e os que
conseguissem “licença especial do governo” (Idem, idem, p. 21). Os professores, por sua
vez, prestavam concurso e tinha formação “cathedratica”, nas diversas áreas de
conhecimento náutico militar. As escolas, acima citadas, tinham como objetivo específico
aperfeiçoar a profissão militar da Marinha, que vinha se defrontando com a modernização
da indústria náutica e sua aparelhagem de guerra.

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Saviani ressalta que, no final do Império, quando Liberato Barroso ocupou a pasta
de Ministro da Instrução Pública, a educação era vista como “elemento de conservação do
status quo e fator de integridade nacional”. (2007, p.135) Havia, portanto, a preocupação
em disseminar a educação em todo o território nacional, momento em que o ensino militar
percebeu e aproveitou a oportunidade para criar várias escolas e melhorar o quadro de
oficiais de suas instituições.
Nos depoimentos colhidos por Gilberto Freire, o ensino militar, dava ênfase ao
esforço particular de cada aluno. Nesse depoimento, o ex-aluno da Escola Militar do Ceará,
Raimundo, afirma que:

Aos dezesseis anos, matriculou-se, a conselho de outro parente, na Escola


Militar do Ceará. Por êsse parente, Tenente do Exército, soube que “a
Escola Militar era um instituto nacional de ensino onde os moços pobres,
por esforço, se fazer na vida, [...]” Raimundo foi beneficiado, na Escola
do Ceará, pela “disciplina militar” que lhe pareceu “positiva e real”. E
que corrigiu nêle o suposto “menino incorrigível”. Explica-se assim ter
envelhecido considerando admirável esse tipo de ensino e dignos do
máximo respeito seus principais orientadores [...](1959, p.172)

O que parecia não ocorrer nas Escolas e Colégios oficiais, uma vez que o princípio
da meritocracia não era respeitado, como cita um aluno em depoimento colhido por
Gilberto Freire,

No Ginásio, Claúdio ele próprio se tornou entusiasta de Martins Júnior de


quem recorda que “prestava concurso para a Academia de Direito,
classificado em 1° lugar e não era nomeado”. Daí Claúdio não gostar de
Pedro II: o Imperador não respeitava a classificação dos concursos.
(1959, p. 173)

Não somente o Imperador, mas seus Ministros também não respeitavam os critérios
de aprovação nos colégios, como citou outro aluno do Colégio Pedro II, em depoimento
colhido por Gilberto Freire

[...] Carlos Luís guardou a lembrança até a velhice, sem nunca o ter
divulgado: “Tinha Benjamim Constant um filho, seu homônimo, no 6°
ano do Colégio Pedro II (Externato). Por êle fui procurado quase no
encerramento do ano letivo de 1889, creio que a 26 de novembro, para
que, como setianista, encabeçasse as assinaturas de uma petição coletiva
por êle trazida de casa, na qual os alunos de todos os anos solicitavam
que o [novo] Ministro da Instrução [Benjamim Constant] lhes concedesse
dispensa do ato de exame. Tratando-se de rapaz folgadão tomei o pedido
como pilhéria, certo de que o pai não acederia ao pedido, mas depois de
pequeno diálogo fiquei sabendo que entre pai e filo tudo tinha sido

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prèviamente concertado [....] cheio de surprêsa do que ouvia, prometi
assinar não no início, mas no meio, e assim o fiz, para minha recusa não
fosse mal interpretada. Recebida a petição, foi logo deferida. Um dos
beneficiados seia Benjamim Filho, com notas baixas em História Geral.”
(GILBERTO FREIRE, 1959, p. 109)

Embora esse fato tenha ocorrido na transição do Império para a República,


podemos perceber que a prática de intervir pelo outro, especialmente pelos filhos ou filhos
de amigos, fazia com que as escolas oficiais perdessem credibilidade.
Na busca de atender às inclinações e vocações dos filhos, sem esquecer o prestígio
intelectual, social e político, muitas famílias da elite intelectual e social desse período
encaminharam seus filhos para o ensino militar, especialmente por estar se destacando no
cenário educacional.
Gilberto Freire ressaltou essa procura pelo ensino militar, ao afirmar “[...] haver,
nas escolas militares, certo número de jovens de famílias aristocráticas com decidida
vocação para a pura e crua vida de soldado; nem que freqüentassem os cursos jurídicos,
médicos, politécnicos, teológicos [...]” (1959, p.318). Além disso, sabemos que a elite
tinha, como nos indica Aranha, o Colégio Pedro II, que foi criado em 1837, no Rio de
Janeiro, e destinava-se [...]a educar a elite intelectual e a servir de padrão de ensino para
os demais liceus do país, [...] (2006, p.224).
Paralelo ao ensino oficial, o ensino militar – do Exército e da Armada - foi se
estruturando, constituindo um campo de educação pautado em regras e normas que
atendessem suas especificidades e melhor desenvolvessem o trabalho pedagógico com seus
alunos.
Nas escolas navais haviam regras disciplinares muito rigorosas. Entretanto, apesar
dos critérios de aprovação serem rígidos, os alunos que apresentassem dificuldades tinham
oportunidade de reverterem essa situação e permanecer nas escolas, como cita o artigo
abaixo:

Art. 7º Os Aspirantes, que forem reprovados em qualquer das materias do


curso da Escola de Marinha, e os que perderem algum dos annos do
mesmo curso, em virtude do disposto no paragrapho primeiro do artigo
quarenta e um do Regulamento, que baixou com o Decreto numero dous
mil cento sessenta e tres, do primeiro de Maio de mil oitocentos cincoenta
e oito, poderão repetir as ditas materias ou annos, como alumnos
externos, e ser de novo admittidos ao internato, se obtiverem approvação
plena e forem menores de dezoito annos.

Art. 8º Os alumnos externos, que forem approvados dos plenamente nos


tres annos do curso, os que tiverem feito os respectivos exercicios

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praticos, e houverem dado provas de bim comportamento, poderão ser
admittidos ao serviço da Armada como Guardas Marinhas, uma vez que
satisfação as condições estabelecidas para a admissão dos alumnos
internos, e não tenhão de idade mais de vinte e um annos. (Presidência
da Republica – Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
1.250, de 8 de julho de 1865. Consultado em 20 de janeiro de 2013 ,9:00
h)
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/LIM/LIM1250.htm>

Percebemos, assim, que o ensino nas escolas navais levava os alunos a se


esforçarem ao máximo para permanecer e concluir sua formação, principalmente, porque
depois poderiam ser admitidos no quadro de profissionais da Marinha.

Considerações Parciais

Durante o Império, a educação apresentou-se muito fortemente voltada para a


formação de uma elite, capaz de ordenar a sociedade nacional. Os governantes acreditavam
que, através dela, poderia manter e consolidar o status quo, visão também perseguida pelos
estratos médios, que no caso buscava ascender socialmente, numa sociedade dividida em
nobres e escravos.
Sendo oriundos de tais setores médios emergentes, os militares perceberam o
momento de investir em seus estabelecimentos de ensino, ampliando um sistema de ensino
que, na época, contava com escolas regimentais, preparatórias, militares, de marinheiros,
estando sujeitos à disciplina militar, cujo objetivo maior estava centrado na formação
especifica de seus profissionais. Vale ressaltar que o ensino militar, ainda em formação,
recebeu influência de diversos estrangeiros que transitavam pelo País. Muitos deles
exerceram o ofício de professor nas escolas militares, enquanto estavam em missão no
país.
O ensino militar tem como foco o ensino profissionalizante e superior, embora
tenha investido no ensino secundário, que era um ensino preparatório para o ingresso nas
escolas militares, mas que também viabilizava o ingresso nas demais escolas de ensino
superior pertencentes ao ensino oficial do governo.
Seguindo paralelo ao ensino oficial, o ensino militar manteve um caráter próprio,
voltado para atender às suas especificidades, desde a Constituição de 1824, ganhando
respaldo perante a sociedade brasileira. Respaldado pelo o Estado, o ensino militar investiu

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em um sistema próprio de ensino, de acordo com a especificidade do Exército e da
Marinha.
Os resultados aqui apresentados evidenciam a importância de tais instituições de
ensino para o entendimento histórico da formação das elites militar e civil, no período aqui
assinalado, que, além disso, abriram oportunidades de inserção e ascensão profissional,
intelectual e social para os moços de origem familiar socialmente bem situada e remediada,
para depois compor as forças armadas do Brasil, à medida que este se organizava como
nação independente e imperial.

Referências

ALMEIDA, José Ricardo Pires de. História da instrução pública no Brasil, 1500 a 1889.
São Paulo: EDUC; Brasília, DF: INEP/MEC, 1989.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e


Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.

AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira: introdução ao estudo da cultura no Brasil.


São Paulo: Edições Melhoramento, 1958.

BARROSO, José Liberato. A Instrução Pública no Brasil. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.


1867.

CASTRO, Rozenilda. Companhia de aprendizes marinheiros do Piauí (1874 a 1915:


história de uma instituição educativa. Teresina: EDUFPI, 2008.

FREIRE, Gilberto. Ordem e Progresso. Rio de Janeiro: José Olímpio Editora, 1959.

LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma interpretação. São
Paulo: Editora Senac São Paulo. 2008.

MAGALHÃES, João Batista. A evolução militar do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do


Exército, 1998.

SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas-SP: Autores


Associados, 2007.

NOTAS

i
Graduada em Pedagogia e Mestre em Educação Brasileira, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde
é atualmente Doutoranda, da Linha de História da Educação Comparada (LHEC), no Programa de Pós-
Graduação em Educação Brasileira, sob a orientação da Professora Doutora Maria Juraci Maia Cavalcante.
E-mail: simonevmesquita@yahoo.com.br
ii
João Batista Magalhães foi Coronel do Exército, Professor da Escola de Comando do Exército e da Escola
de Estado-Maior, além de sócio do Instituto de História e Geografia Brasileiro e do Instituto de Geografia e

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História Militar do Brasil. Durante a pesquisa de mestrado, encontramos um exemplar do seu livro “Evolução
Militar do Brasil”, no CMF – Colégio Militar de Fortaleza, que traz um panorama da História Militar, desde
o período do Brasil Colônia, apontando marcos históricos relevantes para a pesquisa. A pesquisa encontra-se
em fase de cotejo, na buscar de fontes bibliográficas, junto as bibliotecas nessas instituições, para melhor
compreender a participação do ensino militar no cenário educacional brasileiro.
iii
História dos navios brasileiros. http://www.naviosbrasileiros.com.br/ngb/P/P088/P088.htm> consultado dia
01/09/2012, 17h e 27min.
iv
Foto retirado do livro Companhia de Aprendizes Marinheiro do Piauí de Rozenilda Castro, 2008, p.40.

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OSTENSIVO EMA-137

CAPÍTULO 1
ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA
1.1 - PROPÓSITO
Este capítulo aborda conceitos, aspectos fundamentais, estilos, fatores, atributos e níveis
de liderança, para prover conhecimentos básicos que definam a natureza das relações
desejáveis entre líderes e liderados.
1.2 - CHEFIA E LIDERANÇA
O exercício da chefia, comando ou direção, é entendido pelo conjunto de ações e
decisões tomadas pelo mais antigo, com autoridade para tal, na sua esfera de competência, a
fim de conduzir de forma integrada o setor que lhe é confiado.
No desempenho de suas funções, os mais antigos, normalmente, desempenham dois
papéis funcionais, a saber: o de “chefe” e o de “condutor de homens”. Em relação ao primeiro
papel, prevalece a autoridade advinda da responsabilidade atribuída à função, associada com
aquela decorrente de seu posto ou graduação, à qual passaremos a definir, genericamente,
como chefia. Com respeito ao segundo papel, identifica-se um estreito relacionamento com o
atributo de líder. Neste contexto, fica ressaltada a importância da capacidade individual dos
mais antigos em influenciarem e inspirarem os seus subordinados.
Caracterizados esses dois atributos do comandante, o de chefe e o de líder, pode-se
afirmar que comandar é exercer a chefia e a liderança, a fim de conduzir eficazmente a
organização no cumprimento da missão. Sendo o exercício do comando um processo
abrangente, a divisão ora apresentada será utilizada para efeito de uma melhor compreensão
do tema em lide, pois chefia e liderança não são processos alternativos e sim, simultâneos e
complementares.
Os melhores resultados no tocante à liderança ocorrem quando ela é desenvolvida, não
sendo impositiva. Neste contexto, a liderança deve ser entendida como um processo dinâmico
e progressivo de aprendizado, o qual, desenvolvido nos cursos de carreira e no dia a dia das
OM, trará não só evidentes benefícios às organizações, como também contribuirá para o
sucesso profissional individual de cada militar. Desta forma, o contínuo desenvolvimento das
qualidades dos militares da MB como líderes deverá ser objeto de atenta e permanente
atenção, a ser trabalhada, conjuntamente, pela instituição e, prioritariamente, por cada militar.
1.3 - ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LIDERANÇA
Neste tópico serão abordados aspectos relacionados aos tipos de liderança.

OSTENSIVO - 1-1 - REV.1

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OSTENSIVO EMA-137

Existem diversas conceituações para liderança na literatura especializada. A Marinha do


Brasil define liderança como: “o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de
que ajam, voluntariamente, em prol do cumprimento da missão”. Fica evidenciado, pela
definição, que a liderança inclui não só a capacidade de fazer um grupo realizar uma tarefa
específica mas, sobretudo, executá-la de forma voluntária, atendendo ao desejo do líder como
se fosse o seu próprio.
Nessa definição de liderança, estão implícitos os seus agentes, ou seja, o líder e os
liderados, as relações entre eles e os princípios filosóficos, psicológicos e sociológicos que
regem o comportamento humano.
1.3.1 - Aspectos Filosóficos
A Filosofia tem como característica desenvolver o senso crítico, que fornece ao
indivíduo bases metodológicas para efetuar, permanentemente, o exame corrente da situação,
favorecendo o processo de tomada de decisões. Tal prática é fundamental ao exercício da
liderança, podendo-se verificar que o requisito pensamento crítico está direta ou indiretamente
associado a diversos atributos de liderança prescritos nesta Doutrina.
A Axiologia, também conhecida como a teoria dos valores, é considerada a parte mais
nobre da Filosofia. O processo de influenciação de um grupo, que é a essência da liderança,
está profundamente ligado aos valores éticos e morais que devem ser transmitidos e
praticados pelo líder.
A prática dos fundamentos filosóficos da educação, seja ela formal ou informal,
desenvolvida por grupos sociais, independente de suas crenças e culturas, constitui-se no
elemento catalisador dos valores universais.
O ser humano precisa receber uma educação adequada para ser capaz de valorizar um
objeto (a vida humana, a Pátria, a família). Sem essa educação, perde-se a capacidade de
perceber esses valores, especialmente quando se trata daqueles universais, tais como: honra,
dignidade e honestidade.
A característica fundamental da Axiologia consiste na hierarquização desses valores,
que são transmitidos pela educação familiar, pela sociedade e pelo grupo. Essa hierarquização
de valores varia de um país para o outro, de uma sociedade organizada para outra, de um
grupo social para outro. Por exemplo, os fundamentalistas islâmicos, que se sacrificam em
atentados, contrariando o instinto de preservação, valor primordial do ser humano.
Valores como a honra, a dignidade, a honestidade, a lealdade e o amor à pátria, assim
como todos os outros considerados vitais pela Marinha, devem ser praticados e transmitidos,

OSTENSIVO - 1-2 - REV.1

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OSTENSIVO EMA-137

permanentemente, pelo líder aos seus liderados. A tarefa de doutrinamento visa a transmitir a
sua correta hierarquização, priorizando-os em relação aos valores materiais, como o dinheiro,
o poder e a satisfação pessoal.
Este é o maior desafio a ser enfrentado por aquele que pretende exercer a liderança de
um grupo.
1.3.2 - Aspectos Psicológicos
“Em essência, a liderança envolve a realização de objetivos com e através de
pessoas. Consequentemente, um líder precisa preocupar-se com tarefas e relações
humanas.” (HERSEY; BLANCHARD, 1982, p. 105).
O líder influencia outros indivíduos, provocando, basicamente, mudanças psicológicas
e
“[...] num nível de generalidade que inclui mudanças em comportamentos,
opiniões, atitudes, objetivos, necessidades, valores e todos os outros aspectos do
campo psicológico do indivíduo.” (FRENCH; RAVEN, 1969, apud NOBRE, 1998,
p. 43)
Os processos grupais e a liderança são os principais objetos de estudo da Psicologia
Social e a subjetividade humana, a personalidade e as mudanças psicológicas oriundas de
processos de influenciação e de aprendizagem são focos de estudo e de análise da Psicologia.
O caminho para a liderança passa pelo conhecimento profissional, mas também pelo
autoconhecimento e por conhecer bem seus subordinados. Para os dois últimos requisitos, a
Psicologia pode oferecer ferramentas úteis para o líder. Pesquisas mostram que o quociente
emocional (QE) ou inteligência emocional está, cada vez mais, destacando-se como o
principal diferencial de competência no trabalho. Esta conclusão é especialmente pertinente,
em se tratando do desempenho em funções de liderança. A Psicologia é, portanto, uma
ciência que fornece firme embasamento teórico e prático para que o líder possa influenciar
pessoas.
1.3.3 - Aspectos Sociológicos
Os textos deste subitem foram retirados, com adaptações, do Manual de Liderança,
editado em 1996 (130- Bases Sociológicas).
Sociólogos concordam que a perspectiva sociológica envolve um processo que vai
permitir examinar as coletividades além das fachadas das estruturas sociais, com o propósito
de refletir, com profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes em dada coletividade.
A liderança envolve líder, liderados, e contexto (ou situação), constituindo,
fundamentalmente, uma relação. Para muitos teóricos, a liderança, dadas as características

OSTENSIVO - 1-3 - REV.1

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OSTENSIVO EMA-137

singulares que envolve, constitui-se em um processo ímpar de interação social. Partindo desta
visão da liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para contribuir em termos de
embasamento teórico no estudo e na construção do processo da liderança.
Os militares, em geral, em função da peculiaridade de suas atividades profissionais,
constituem uma subcultura dentro da sociedade brasileira. Focalizando mais de perto ainda,
pode-se afirmar que a Marinha, dentro das Forças Armadas, face a suas atribuições muito
próprias, constitui-se, igualmente, em uma subcultura. A liderança, por definição, pressupõe a
atuação do líder sobre grupos humanos; os membros destes grupos são, em geral, oriundos de
diferentes subculturas. Estes indivíduos, ao ingressarem na Marinha, passarão a integrar-se a
esta nova subcultura, após um período de adaptação. No âmbito da Marinha, pode-se
distinguir subculturas correspondentes aos diferentes Corpos e Quadros, em função da missão
atribuída a cada um deles. Cultura e subcultura são, portanto, temas de estudo da Sociologia
de interesse para a liderança.
Outro tópico de Sociologia avaliado como relevante é o dos processos sociais, estes
definidos como a interação repetitiva de padrões de comportamento comumente encontrados
na vida social. Os processos sociais de maior incidência nas sociedades e grupos humanos
são: cooperação, competição e conflito. O líder, cuja matéria-prima é o grupo liderado,
necessita identificar a existência de tais processos, estimulando-os ou não, em função das
especificidades da situação corrente e da natureza da missão a ser levada a termo.
Cooperação, etimologicamente, significa trabalhar em conjunto. Implica uma opção
pelo coletivo em detrimento do individual, mas nada impede o desenvolvimento e o estímulo
das habilidades de cada membro, em prol de um objetivo comum. Sob muitos aspectos, e de
um ponto de vista humanista, é a forma ideal de atuação de grupos. Ocorre que nem sempre é
possível, dentro de um grupo, manter, exclusivamente, o processo cooperativo. Em função do
contexto, das circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza do grupo, ou das
características do líder, outros processos se desenvolvem.
Competição é definida como a luta pela posse de recompensas cuja oferta é limitada.
Tais recompensas incluem dinheiro, poder, status, amor e muitos outros. Outra forma de
descrever o processo competitivo o mostra como a tentativa de obter uma recompensa
superando todos os rivais.
A competição pode ser pessoal – entre um número limitado de concorrentes que se
conhecem entre si – ou impessoal – quando o número de rivais é tal, que se torna impossível o

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conhecimento entre eles, como ocorre, por exemplo, nos exames vestibulares ou em
concursos públicos.
Atualmente, os especialistas concordam que ambos os processos – cooperação e
competição – coexistem e, até mesmo, sobrepõem-se na maioria das sociedades. O que varia,
em função de diferenças culturais, é a intensidade com que cada um é experimentado.
Sob o ponto de vista psicológico, é relevante considerar que, se a competição tem o
mérito inicial de estimular a atividade dos indivíduos e dos grupos, aumentando-lhes a
produtividade, tem o grave inconveniente de desencorajar os esforços daqueles que se
habituaram a fracassar. Vencedor há um só; todos os demais são perdedores. Outro
inconveniente sério, decorrente do estímulo à competição, consiste na forte possibilidade de
desenvolvimento de hostilidades e desavenças no interior do grupo, contribuindo para sua
desagregação. A instabilidade inerente ao processo competitivo faz com que este, com
bastante frequência, se transforme em conflito. Na liderança, a competição tem sempre que
ser saudável e estimulante.
Conflito é a exacerbação da competição. Uma definição mais específica afirma que tal
processo consiste em obter recompensas pela eliminação ou enfraquecimento dos
competidores. Ou seja, o conflito é uma forma de competição que pode caminhar para a
instalação de violência e, que se vai intensificando, à medida que aumenta a duração do
processo, já que este tem caráter cumulativo – a cada ato hostil surge uma represália cada vez
mais agressiva.
O processo social de conflito inclui aspectos positivos e negativos. Por um lado, o
conflito tende a destruir a unidade social e, da mesma forma, desagregar grupos menores, pelo
aumento de ressentimento, pelo desvio dos objetivos mais elevados do grupo, pela destruição
dos canais normais de cooperação, pela intensificação de tensões internas, podendo chegar à
violência. Por outro lado, doses regulares de conflito de posições, podem ter efeito integrador
dentro do grupo, na medida em que obrigam os grupos a se autocriticarem, a reverem
posições, a forçarem a formulação de novas políticas e práticas, e, em consequência, a uma
revitalização dos valores autênticos próprios daquele grupo.
Uma vez instalado e manifesto o conflito no seio de um grupo, seu respectivo líder terá
de buscar soluções e alternativas para manter o controle da situação. Não é fácil ou agradável
para os líderes atuar em situações de conflito, o que não justifica sua pura e simples negação.
É indispensável que o líder seja capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo quando
ainda latentes, de modo a buscar estratégias adequadas para gerenciá-las construtivamente.

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1.4 - ESTILOS DE LIDERANÇA


Nos primórdios do século XX, prevaleceram as pesquisas sobre liderança, entendida
como qualidade inerente a certas pessoas ou traço pessoal inato. A partir dos anos 30, evoluiu-
se para uma concepção de liderança como conjunto de comportamentos e de habilidades que
podem ser ensinadas às pessoas que, desta forma, teriam a possibilidade de se tornarem
líderes eficazes.
Progressivamente, os pesquisadores abandonaram a busca de uma essência da liderança,
percebendo toda a complexidade envolvida e evoluindo para análises bem mais sofisticadas,
que incluíam diversas variáveis situacionais. Nesse contexto, observa-se a proliferação de
publicações sobre liderança, incluindo trabalhos científicos e literatura sensacionalista e de
autoajuda. Diferentes autores propõem uma infinidade de estilos de liderança que se
sobrepõem. Alguns fundamentam-se em estudos e pesquisas e outros são meramente
empíricos e intuitivos. Há também muitos modismos, alguns consistindo, apenas, em
atribuição de novos nomes e roupagens a antigos conceitos, sendo reapresentados como se
fossem avanços na área de liderança.
Para simplificar a apresentação e o emprego de uma gama de estilos de liderança
consagrados e relevantes para o contexto militar-naval, foram considerados alguns estilos
selecionados em três grandes eixos: grau de centralização de poder; tipo de incentivo; e foco
do líder. Pode-se afirmar, genericamente, que os diferentes estilos de liderança, propostos à
luz das diversas teorias, se enquadram em três principais critérios de classificação,
apresentados como eixos lógicos em que se agrupam apenas sete estilos principais:
a) quanto ao grau de centralização de poder: Liderança Autocrática, Liderança
Participativa e Liderança Delegativa;
b) quanto ao tipo de incentivo: Liderança Transformacional e Liderança Transacional; e
c) quanto ao foco do líder: Liderança Orientada para Tarefa e Liderança Orientada para
Relacionamento.
Os subitens a seguir descrevem os sete principais estilos de liderança propostos pelas
diversas teorias.
1.4.1 - Liderança Autocrática
A liderança autocrática é baseada na autoridade formal, aceita como correta e legítima
pela estrutura do grupo.
O líder autocrático baseia a sua atuação numa disciplina rígida, impondo obediência e
mantendo-se afastado de relacionamentos menos formais com os seus subordinados, controla

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o grupo por meio de inspeções de verificação do cumprimento de normas e padrões de


eficiência, exercendo pressão contínua. Esse tipo de liderança pode ser útil e, até mesmo,
recomendável, em situações especiais como em combate, quando o líder tem que tomar
decisões rápidas e não é possível ouvir seus liderados, sendo a forma de liderança mais
conhecida e de mais fácil adoção.
A principal restrição a esse tipo de liderança é o desinteresse pelos problemas e ideias,
tolhendo a iniciativa e, por conseguinte, a participação e a criatividade dos subordinados. O
uso desse estilo de liderança pode gerar resistência passiva dentro da equipe e inibir a
iniciativa do subordinado, além de não considerar os aspectos humanos, dentre eles, o
relacionamento líder-liderados.
1.4.2 - Liderança Participativa ou Democrática
Nesse estilo de liderança, abre-se mão de parte da autoridade formal em prol de uma
esperada participação dos subordinados e aproveitamento de suas ideias. Os componentes do
grupo são incentivados a opinarem sobre as formas como uma tarefa poderá ser realizada,
cabendo a decisão final ao líder (exemplo típico é o Estado-Maior). O êxito desse estilo é
condicionado pelas características pessoais, pelo conhecimento técnico-profissional e pelo
engajamento e motivação dos componentes do grupo como um todo. Em se obtendo sucesso,
a satisfação pessoal e o sentimento de contribuição por parte dos subordinados são fatores que
permitem uma realimentação positiva do processo. Na ausência do líder, uma boa equipe terá
condições de continuar agindo de acordo com o planejamento previamente estabelecido para
cumprir a missão.
O líder deve estabelecer um ambiente de respeito, confiança e entendimento
recíprocos, devendo possuir, para tanto, ascendência técnico-profissional sobre seus
subordinados e conduta ética e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder que
adota o estilo democrático encoraja a participação e delega com sabedoria, mas nunca perde
de vista sua autoridade e responsabilidade.
Um chefe inseguro dificilmente conseguirá exercer uma liderança democrática, mas
tenderá a submeter ao grupo todas as decisões. Isso poderá fazer com que o chefe acabe sendo
conduzido pelo próprio grupo.
1.4.3 - Liderança Delegativa
Esse estilo é indicado para assuntos de natureza técnica, onde o líder atribui a
assessores a tomada de decisões especializadas, deixando-os agir por si só. Desse modo, ele
tem mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter especificamente a uma

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determinada área. É eficaz quando exercido sobre pessoas altamente qualificadas e motivadas.
O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar atribuições sem perder o
controle da situação e, por essa razão, o líder, também, deverá ser altamente qualificado e
motivado. O controle das atividades dos elementos subordinados é pequeno, competindo ao
chefe as tarefas de orientar e motivar o grupo para atingir as metas estabelecidas.
1.4.4 - Liderança Transformacional
Esse estilo de liderança é especialmente indicado para situações de pressão, crise e
mudança, que requerem elevados níveis de envolvimento e comprometimento dos
subordinados, sendo que
“uma ou mais pessoas engajam-se com outras de tal forma que líderes e seguidores
elevam um ao outro a níveis mais altos de motivação e moral” (BURNS, 1978,
apud SMITH; PETERSON, 1994, p. 129)
Quatro aspectos caracterizam a liderança transformacional: 1º) “[...] carisma
(influência idealizada) associado com um grau elevado de poder de referência por parte do
líder [...]” (NOBRE, 1998, p. 54), que é capaz de despertar respeito, confiança e admiração;
2º) inspiração motivadora, que consiste na capacidade de apresentar uma visão, dando sentido
à missão a ser realizada, de instilar orgulho. Inclui também a capacidade de simplificar o
entendimento sobre a importância dos objetivos a serem atingidos e, a “[...] possibilidade de
criar símbolos, “slogans” ou imagens que sintetizam e comunicam metas e ideais,
concentrando assim os esforços [...]” (NOBRE, 1998, p. 54); 3º) estimulação intelectual,
consiste “[...] em encorajar os subordinados a questionarem sua forma usual de fazer as
coisas, [...] além de incentivar a criatividade, o auto-desenvolvimento e a autonomia de
pensamento” (NOBRE, 1998, p. 54-55), propiciando a formulação de críticas construtivas, em
busca da melhoria contínua; 4º) “consideração individualizada, implica em considerar as
necessidades diferenciadas dos subordinados, dedicando atenção pessoal, orientando
tecnicamente e aconselhando individualmente” (CAVALCANTI et al., 2005) e “[...]
oferecendo também meios efetivos de desenvolvimento e auto-superação.” (NOBRE, 1998, p.
55). Segundo o enfoque da liderança transformacional, ao encontrarem significado e
perspectivas de realização pessoal no trabalho, os subordinados alcançam os mais elevados
níveis de produtividade e criatividade, fazendo desaparecer a dicotomia trabalho e prazer.
(BARRETT, 2000, apud CAVALCANTI et al., 2005).

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1.4.5 - Liderança Transacional


Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com interesses e necessidades primárias dos
seguidores, oferecendo recompensas de natureza econômica ou psicológica, em troca de
esforço para alcançar os resultados organizacionais desejados (CAVALCANTI et al., 2005).
A liderança transacional envolve os seguintes fatores:
“A recompensa é contingente, buscando-se uma sintonia entre o atendimento das
necessidades dos subordinados e o alcance dos objetivos organizacionais; Esse
estilo de liderança caracteriza-se também pela administração por exceção, que
implica num gerenciamento atuante somente no sentido de corrigir erros [...].”
(NOBRE, 1998, p. 55)
Neste estilo de liderança, o líder “[...] observa e procura desvios das regras e padrões,
toma medidas corretivas.” (CAVALCANTI et al., 2005, p. 120).
1.4.6 - Liderança Orientada para Tarefa
A especialização em tarefas é uma das principais responsabilidades do líder, na medida
em que possui a necessária qualificação profissional para o exercício da função. Nesse estilo
de liderança, então, o líder focaliza o desempenho de tarefas e a realização de objetivos,
transmitindo orientações específicas, definindo maneiras de realizar o trabalho, o que espera
de cada um e quais são os padrões organizacionais.
1.4.7 - Liderança Orientada para Relacionamento
Nesse estilo de liderança, o foco do líder é a manutenção e fortalecimento das relações
pessoais e do próprio grupo. O líder demonstra sensibilidade às necessidades pessoais dos
liderados, concentra-se nas relações interpessoais, no clima e no moral do grupo. Esse estilo
de liderança, que está significativamente associado às medidas de satisfação dos liderados em
relação ao trabalho e ao chefe, pode ser útil em situações de tensão, frustração, insatisfação e
desmotivação do grupo.
1.5 - SELEÇÃO DE ESTILOS DE LIDERANÇA
Ao proporem diferentes estilos de liderança, os autores condicionam a eficácia do seu
emprego a algumas variáveis, tais como: relevância da qualidade da tarefa ou decisão;
importância da aceitação da decisão pelos subordinados para obtenção de seu envolvimento
na implantação de determinada linha de ação; tempo disponível para realização da missão;
riscos envolvidos; níveis de prioridade no que diz respeito à produtividade ou à satisfação do
grupo; e nível de maturidade psicológica e profissional dos subordinados. Destacando-se
apenas esta última variável como exemplo, pode-se afirmar, genericamente, que a
identificação de um baixo nível de maturidade (profissional e/ou emocional) no grupo de

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subordinados induz à aplicação de estilos com maior centralização de poder, mais foco na
tarefa e que incentivos no nível transacional (licença, rancho, conforto etc) tendem a ter mais
valência para o grupo. Por outro lado, grupos mais maduros, em geral, respondem melhor a
estilos menos centralizadores de poder e a incentivos no nível da autorrealização, como ocorre
no estilo transformacional. Naturalmente, não apenas uma, mas todas as variáveis relevantes
de cada situação devem ser consideradas pelo líder.
Portanto, diferentes estilos de liderança podem ser adotados, de acordo com as
circunstâncias. Pode-se considerar que:
“[...] quando se abandona a ideia de que deve existir uma melhor forma de liderar,
todas as teorias subsequentes de liderança devem ser contingenciais ou
situacionais, isto é, devem definir as circunstâncias que afetam o comportamento e
a eficácia dos líderes.” (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173)
À luz da abordagem situacional, que prevalece na atualidade, na qual a liderança pode
assumir diversos estilos, os principais requisitos de liderança passam a ser a capacidade de
diagnosticar as variáveis situacionais, a flexibilidade e a adaptabilidade às mudanças. Os
melhores líderes utilizam estilos diferentes, em distintas situações. Assim, é necessário um
esforço pessoal do líder no sentido de se adaptar, continuamente, às mudanças de estilo
adequadas a cada contexto.
1.6 - FATORES DA LIDERANÇA
Os fatores da liderança, mencionados neste item, baseiam-se na publicação Liderança
Militar, Instruções Provisórias IP 20-10, de 1991, do Estado-Maior do Exército.
1.6.1 - O Líder
O líder deve conhecer a si mesmo, para saber de suas capacidades, características e
limitações, evitando atribuir aos seus liderados falhas ou restrições.
“Os bons líderes eficientes são também bons seguidores [...]” (BRASIL, 1991, p. 3-3)
e cumpridores das orientações de seus superiores, passando esse exemplo a seus
subordinados.
“O líder, independentemente de sua vontade, atua como elemento modificador do
comportamento de seus liderados subordinados. [...] A função militar está
relacionada com a segurança e a responsabilidade pela vida de seres humanos.”
(BRASIL, 1991, p. 3-3, 3-4)
Provavelmente, poucos profissionais são forçados a assumir tarefa tão grave ao liderar
subordinados. (BRASIL, 1991).

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1.6.2 - Os Liderados
“O conhecimento dos liderados é fator essencial para o exercício da liderança e
depende do entendimento claro da natureza humana, das suas necessidades,
emoções e motivações.” (BRASIL, 1991, p. 3-4)
Isto é, ainda, crucial para o salutar exercício de Delegação de Autoridade.
1.6.3 - A Situação
“Não existem normas nem fórmulas que mostrem com exatidão o que deve ser
feito. O líder precisa compreender a dinâmica do processo de liderança, os fatores
principais que a compõem, as características de seus liderados e aplicar estes
conhecimentos como guia para cada situação em particular.” (BRASIL, 1991, p. 3-
5)
Fica, assim, bem clara a necessidade exaustiva da prática da liderança, para o sucesso
do líder, levando sempre em conta a cultura e/ou a subcultura organizacional da instituição.
1.6.4 - A Comunicação
“A comunicação é um processo essencial à liderança, que consiste na troca de
ordens, informações e ideias, só ocorrendo quando a mensagem é recebida e
compreendida. [...] É através desse processo que o líder coordena, supervisiona,
avalia, ensina, treina e aconselha seus subordinados.[...] O que é comunicado e a
forma como isto é feito aumentam ou diminuem o vínculo das relações pessoais,
criam o respeito, a confiança mútua e a compreensão. Os laços que se formam,
com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados, são a base da disciplina e da
coesão em uma organização. O líder deve ser claro e “escolher” cuidadosamente as
palavras, de tal forma que signifiquem a mesma coisa para ele e para seus
subordinados.” (BRASIL, 1991, p. 3-4).
1.7 - ATRIBUTOS DE UM LÍDER
A natureza e as especificidades da profissão militar, a destinação constitucional das
Forças Armadas e a cultura organizacional da Forças Armadas como um todo e, da Marinha,
mais especificamente, fazem com que certos traços de personalidade tornem-se desejáveis e
tendam a encontrar-se especialmente acentuados nos líderes militares. Embora não existam
fórmulas de liderança, a História, a experiência e também a pesquisa psicossocial têm
demonstrado que é importante que os chefes procurem desenvolver esses traços em si e nos
seus subordinados, porque em momentos críticos ou nas situações difíceis eles podem
contribuir para um exercício mais eficaz da liderança no contexto militar.
Os atributos de um líder têm como componente comum a capacidade de influenciar.

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Um bom líder deve perseguir, manter, desenvolver e cultivar essa capacidade e,


sobretudo, transmiti-la aos seus subordinados, formando assim, novos líderes que, por sua
vez, devem agir da mesma forma, na tentativa de alcançar um círculo virtuoso.
O Anexo A define os principais atributos de um líder, que devem estar em consonância
com os preceitos da Ética Militar, segundo os fundamentos estabelecidos no Estatuto dos
Militares. Nunca é demais ressaltar que a Ética é parâmetro fundamental para o exercício da
liderança, notadamente no âmbito militar.
1.8 - NÍVEIS DE LIDERANÇA
Com a evolução das técnicas de gestão empresarial, o foco do estudo sobre o
comportamento dos dirigentes passou a ser voltado para as diferenças entre o líder de base e o
de cúpula. Foi então idealizado um padrão de organização baseado em três níveis funcionais:
operacional, tático e estratégico, discriminando as características desejáveis para um líder nos
três níveis, de acordo com suas habilidades.
Em consonância com esses novos conceitos, foram estabelecidos três níveis de
liderança: direta, organizacional e estratégica. Estes três níveis definem com precisão toda a
abrangência da liderança e será adotado ao longo desta Doutrina.
A liderança direta é obtida por meio do relacionamento face a face entre o líder e seus
liderados e é mais presente nos escalões inferiores, quando o contato pessoal é constante. A
liderança direta, conquanto seja mais intensa no comando de pequenas frações ou unidades,
tendo em vista que a estrutura organizacional da Força exige o trato com assessores e
subordinados diretos.
A liderança organizacional desenvolve-se em organizações de maior envergadura,
normalmente estruturadas como Estado-Maior, sendo composta por liderança direta,
conduzida em menor escala e voltada para os subordinados imediatos, e por delegação de
tarefas.
A liderança estratégica militar é aquela exercida nos níveis que definem a política e a
estratégia da Força. É um processo empregado para conduzir a realização de uma visão de
futuro desejável e bem delineada.
1.8.1 - Liderança Direta
Essa é a primeira linha de liderança e ocorre em organizações onde os subordinados
estão acostumados a ver seus chefes frequentemente: seções, divisões, departamentos, navios,
batalhões, companhias, pelotões e esquadras de tiro. Para serem eficazes, os líderes diretos
devem possuir muitas habilidades interpessoais, conceituais, técnicas e táticas.

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Os líderes diretos aplicam os atributos conceituais de pensamento crítico-lógico e


pensamento criativo para determinar a melhor maneira de cumprir a missão. Como todo líder,
usam a Ética para pautar suas condutas e adquirir certeza de que suas escolhas são as
melhores e contribuem para o aperfeiçoamento da performance do grupo, dos subordinados e
deles próprios. Eles empregam os atributos interpessoais de comunicação e supervisão para
realizar o seu trabalho. Desenvolvem seus liderados por instruções e aconselhamento e os
moldam em equipes coesas, treinando-os até a obtenção de um padrão.
São especialistas técnicos e os melhores mentores. Tanto seus chefes quanto seus
subordinados esperam que eles conheçam bem sua equipe, os equipamentos e que sejam
“expert” na área em que atuam.
Usam a competência para incrementar a disciplina entre os seus comandados. Usam o
conhecimento dos equipamentos e da doutrina para treinar homens e levá-los a alcançar
padrões elevados, bem como criam e sustentam equipes com habilidade, certeza e confiança
no sucesso na paz e na guerra.
Exercem influência continuamente, buscando cumprir a missão, tendo por base os
propósitos e orientações emanadas das decisões e do conceito da operação do chefe,
adquirindo e aferindo resultados e motivando seus subordinados, principalmente pelo
exemplo pessoal. Devido a sua liderança ser face a face, veem os resultados de suas ações
quase imediatamente.
Trabalham focando as atividades de seus subordinados em direção aos objetivos da
organização, bem como planejam, preparam, executam e controlam os resultados.
Se aperfeiçoam ao assumirem os valores da instituição e ao estabelecerem um modelo
de conduta para seus subordinados, colocando os interesses da instituição e do Grupo que
lideram acima dos próprios. Com isto, eles desenvolvem equipes fortes e coesas em um
ambiente de aprendizagem saudável e efetiva.
Os líderes diretos devem, ainda, estimular ao máximo o desenvolvimento de líderes
subordinados, de forma a potencializar a sua influência até os níveis organizacionais mais
baixos e obter melhores resultados.
1.8.2 - Liderança Organizacional
Ao contrário do que acontece no nível de liderança direta, onde os líderes planejam,
preparam, executam e controlam diretamente os resultados dos seus trabalhos, a influência
dos líderes organizacionais é basicamente indireta: eles expedem suas políticas e diretivas e
incentivam seus liderados por meio de seu staff e comandantes subordinados. Devido ao fato

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de não haver proximidade, os resultados de suas ações são frequentemente menos visíveis e
mais demorados. No entanto, a presença desses líderes em momentos e lugares críticos
aumenta a confiança e a performance dos seus liderados. Independente do tipo de organização
que eles chefiem, líderes organizacionais conduzem operações pela força do exemplo,
estimulando os subordinados e supervisionando-os apropriadamente. Sempre que possível, o
líder organizacional deve mostrar sua presença física junto aos escalões subordinados, seja
por intermédio de visitas e mostras, seja por meio de reuniões funcionais com os comandantes
subordinados.
1.8.3 - Liderança Estratégica
Líderes estratégicos exercem sua liderança no âmbito dos níveis mais elevados da
instituição. Sua influência é ainda mais indireta e distante do que a dos líderes
organizacionais. Desse modo, eles devem desenvolver atributos adicionais de forma a
eliminar ou reduzir esses inconvenientes.
Os líderes estratégicos trabalham para deixar, hoje, a instituição pronta para o amanhã,
ou seja, para enfrentar os desafios do futuro, oscilando entre a consciência das necessidades
nacionais correntes e na missão e objetivos de longo prazo.
Desde que a incerteza quanto às possíveis ameaças não permita uma visualização clara
do futuro, a visão dos líderes estratégicos é especialmente crucial na identificação do que é
importante com relação ao pessoal, material, logística e tecnologia, a fim de subsidiar
decisões críticas que irão determinar a estrutura e a capacidade futura da organização.
Dentro da instituição, os líderes estratégicos constroem o suporte para facilitar a busca
dos objetivos finais de sua visão. Isto significa montar um staff que possa assessorá-los
convenientemente a conduzir seus subordinados de maneira segura e flexível. Para obter o
suporte necessário, os líderes estratégicos procuram obter o consenso não só no âmbito
interno da organização, como também trabalhando junto a outros órgãos e instituições a que
tenham acesso, em questões como orçamento, estrutura da Força e outras de interesse, bem
como estabelecendo contatos com representações de outros países e Forças em assuntos de
interesse mútuo.
A maneira como eles comunicam as suas políticas e diretivas aos militares e civis
subordinados e apresentam aquelas de interesse aos demais cidadãos vai determinar o nível de
compreensão alcançado e o possível apoio para as novas ideias. Para se fazer entender por
essas diversas audiências, os líderes estratégicos empregam múltiplas mídias, ajustando a
mensagem ao público alvo, sempre reforçando os temas de real interesse da instituição.

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Os líderes estratégicos estão decidindo hoje como transformar a Força para o futuro.
Eles devem trabalhar para criar e desenvolver a próxima geração de líderes estratégicos,
montar a estrutura para o futuro e pesquisar os novos sistemas que contribuirão na obtenção
do sucesso.
Para capitanear as mudanças pessoalmente e levar a instituição em direção à realização
do seu projeto de futuro, esses líderes transformam programas conceituais e políticos em
iniciativas práticas e concretas. Este processo envolve uma progressiva alavancagem
tecnológica e uma modelagem cultural. Conhecendo a si mesmos e aos demais “atores”
estratégicos, tendo um nítido domínio dos requisitos operacionais, da situação geopolítica e da
sociedade, os líderes estratégicos conduzem adequadamente a Força e contribuem para o
desenvolvimento e a segurança da Nação. Tendo em vista que os conflitos nos dias de hoje
podem ser desencadeados muito rapidamente, não permitindo um longo período de
mobilização para a guerra – como se fazia no passado –, o sucesso de um líder estratégico
significa deixar a Força pronta para vencer uma variedade de conflitos no presente e
permanecer pronta para enfrentar as incertezas do futuro.
Em resumo, esses líderes preparam a instituição para o futuro por meio de sua
liderança. Isto significa influenciar pessoas – integrantes da própria organização, membros de
outros setores do governo, elites políticas – por meio de propósitos significativos, direções
claras e motivação consistente. Significa, também, acompanhar o desenrolar das missões
atuais, sejam quais forem, e buscar aperfeiçoar a instituição – tendo a certeza que o pessoal
está adestrado e de que seus equipamentos e estrutura estão prontos para os futuros desafios.

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2017­11­6 L6880

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980.

Texto compilado

Vigência
Dispõe sobre o Estatuto dos Militares.
(Vide Decreto nº 88.455, de 1983)
(Vide Decreto nº 4.307, de 2002)
(Vide Decreto nº 4.346, de 2002)

        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

ESTATUTO DOS MILITARES

TÍTULO I
Generalidades

CAPÍTULO I
Disposições Preliminares

        Art. 1º O presente Estatuto regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas.

                Art.  2º  As  Forças  Armadas,  essenciais  à  execução  da  política  de  segurança  nacional,  são  constituídas  pela  Marinha,  pelo
Exército e pela Aeronáutica, e destinam­se a defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem. São instituições
nacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República e dentro dos limites da lei.

                Art.  3°  Os  membros  das  Forças  Armadas,  em  razão  de  sua  destinação  constitucional,  formam  uma  categoria  especial  de
servidores da Pátria e são denominados militares.

        § 1° Os militares encontram­se em uma das seguintes situações:

        a) na ativa:

        I ­ os de carreira;

        II ­ os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, durante os prazos previstos na legislação que
trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos;

        III ­ os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados, reincluídos, designados ou mobilizados;

        IV ­ os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e

        V ­ em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas.

        b) na inatividade:

        I  ­  os  da  reserva  remunerada,  quando  pertençam  à  reserva  das  Forças  Armadas  e  percebam  remuneração  da  União,  porém
sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização; e

                II  ­  os  reformados,  quando,  tendo  passado  por  uma  das  situações  anteriores  estejam  dispensados,  definitivamente,  da
prestação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração da União.

                III  ­  os  da  reserva  remunerada,  executando  tarefa  por  tempo  certo,  segundo  regulamentação  para  cada  Força
Armada.                             (Incluído pela Lei nº 8.237, de 1991) 

              lll  ­  os  da  reserva  remunerada,  e,  excepcionalmente,  os  reformados,  executado  tarefa  por  tempo  certo,  segundo
regulamentação para cada Força Armada.                      (Redação dada pela Lei nº 9.442, de 14.3.1997)       (Vide Decreto nº 4.307,
de 2002)

                §  2º  Os  militares  de  carreira  são  os  da  ativa  que,  no  desempenho  voluntário  e  permanente  do  serviço  militar,  tenham
vitaliciedade assegurada ou presumida.

        Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas:

        I ­ individualmente:

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        a) os militares da reserva remunerada; e

        b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a ativa.

        II ­ no seu conjunto:

        a) as Polícias Militares; e

        b) os Corpos de Bombeiros Militares.

        § 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente devotada às finalidades precípuas das Forças
Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de emprego, reserva das Forças Armadas.

        § 2º O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente relacionadas com
a  segurança  nacional,  bem  como  os  demais  cidadãos  em  condições  de  convocação  ou  mobilização  para  a  ativa,  só  serão
considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço nas Forças Armadas.

        Art. 5º A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas das Forças
Armadas, denominada atividade militar.

                §  1º  A  carreira  militar  é  privativa  do  pessoal  da  ativa,  inicia­se  com  o  ingresso  nas  Forças  Armadas  e  obedece  às  diversas
seqüências de graus hierárquicos.

        § 2º São privativas de brasileiro nato as carreiras de oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

        Art.  6º  São  equivalentes  as  expressões  "na  ativa",  "da  ativa",  "em  serviço  ativo",  "em  serviço  na  ativa",  "em  serviço",  "em
atividade" ou "em atividade militar", conferidas aos militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão,
serviço  ou  atividade  militar  ou  considerada  de  natureza  militar,  nas  organizações  militares  das  Forças  Armadas,  bem  como  na
Presidência da República, na Vice­Presidência da República e nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando incorporados
às Forças Armadas.

        Art. 6o  São equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", "em serviço na ativa", "em serviço", "em
atividade" ou "em atividade militar", conferidas aos militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão,
serviço  ou  atividade  militar  ou  considerada  de  natureza  militar  nas  organizações  militares  das  Forças  Armadas,  bem  como  na
Presidência da República, na Vice­Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos demais órgãos quando previsto em lei,
ou quando incorporados às Forças Armadas.                           (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

                Art.  7°  A  condição  jurídica  dos  militares  é  definida  pelos  dispositivos  da  Constituição  que  lhes  sejam  aplicáveis,  por  este
Estatuto e pela legislação, que lhes outorgam direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e obrigações.

        Art. 8° O disposto neste Estatuto aplica­se, no que couber:

        I ­ aos militares da reserva remunerada e reformados;

        II ­ aos alunos de órgão de formação da reserva;

        III ­ aos membros do Magistério Militar; e

        IV ­ aos Capelães Militares.

        Art. 9º Os oficiais­generais nomeados Ministros do Superior Tribunal Militar, os membros do Magistério Militar e os Capelães
Militares são regidos por legislação específica.

CAPÍTULO II
Do Ingresso nas Forças Armadas

        Art. 10. O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

                §  1º  Quando  houver  conveniência  para  o  serviço  de  qualquer  das  Forças  Armadas,  o  brasileiro  possuidor  de  reconhecida
competência técnico­profissional ou de notória cultura científica poderá, mediante sua aquiescência e proposta do Ministro da Força
interessada, ser incluído nos Quadros ou Corpos da Reserva e convocado para o serviço na ativa em caráter transitório.

        § 2º A inclusão nos termos do parágrafo anterior será feita em grau hierárquico compatível com sua idade, atividades civis e    
responsabilidades que lhe serão atribuídas, nas condições reguladas pelo Poder Executivo.

        Art. 11. Para matrícula nos estabelecimentos de ensino militar destinados à formação de oficiais, da ativa e da reserva, e de
graduados,  além  das  condições  relativas  à  nacionalidade,  idade,  aptidão  intelectual,  capacidade  física  e  idoneidade  moral,  é
necessário que o candidato não exerça ou não tenha exercido atividades prejudiciais ou perigosas à segurança nacional.

        Parágrafo único. O disposto neste artigo e no anterior aplica­se, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou Quadros
de Oficiais em que é exigido o diploma de estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo Governo Federal.

        Art. 12. A convocação em tempo de paz é regulada pela legislação que trata do serviço militar.

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        § 1° Em tempo de paz e independentemente de convocação, os integrantes da reserva poderão ser designados para o serviço
ativo, em caráter transitório e mediante aceitação voluntária.

        § 2º O disposto no parágrafo anterior será regulamentado pelo Poder Executivo.

        Art. 13. A mobilização é regulada em legislação específica.

                Parágrafo  único.  A  incorporação  às  Forças  Armadas  de  deputados  federais  e  senadores,  embora  militares  e  ainda  que  em
tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara respectiva.

CAPÍTULO III
Da Hierarquia Militar e da Disciplina

        Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem
com o grau hierárquico.

                §  1º  A  hierarquia  militar  é  a  ordenação  da  autoridade,  em  níveis  diferentes,  dentro  da  estrutura  das  Forças  Armadas.  A
ordenação  se  faz  por  postos  ou  graduações;  dentro  de  um  mesmo  posto  ou  graduação  se  faz  pela  antigüidade  no  posto  ou  na
graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade.

                §  2º  Disciplina  é  a  rigorosa  observância  e  o  acatamento  integral  das  leis,  regulamentos,  normas  e  disposições  que
fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo­se pelo perfeito cumprimento do
dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.

        § 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da
reserva remunerada e reformados.

                Art.  15.  Círculos  hierárquicos  são  âmbitos  de  convivência  entre  os  militares  da  mesma  categoria  e  têm  a  finalidade  de
desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.

        Art . 16. Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica nas Forças Armadas, bem como a correspondência entre os postos e
as graduações da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, são fixados nos parágrafos seguintes e no Quadro em anexo.

                §  1°  Posto  é  o  grau  hierárquico  do  oficial,  conferido  por  ato  do  Presidente  da  República  ou  do  Ministro  de  Força  Singular  e
confirmado em Carta Patente.

        § 2º Os postos de Almirante, Marechal e Marechal­do­Ar somente serão providos em tempo de guerra.

        § 3º Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pela autoridade militar competente.

                §  4º  Os  Guardas­Marinha,  os  Aspirantes­a­Oficial  e  os  alunos  de  órgãos  específicos  de  formação  de  militares  são
denominados praças especiais.

                §  5º  Os  graus  hierárquicos  inicial  e  final  dos  diversos  Corpos,  Quadros,  Armas,  Serviços,  Especialidades  ou
Subespecialidades são fixados, separadamente, para cada caso, na Marinha, no Exército e na Aeronáutica.

                §  6º  Os  militares  da  Marinha,  do  Exército  e  da  Aeronáutica,  cujos  graus  hierárquicos  tenham  denominação  comum,
acrescentarão  aos  mesmos,  quando  julgado  necessário,  a  indicação  do  respectivo  Corpo,  Quadro,  Arma  ou  Serviço  e,  se  ainda
necessário, a Força Armada a que pertencerem, conforme os regulamentos ou normas em vigor.

                §  7º  Sempre  que  o  militar  da  reserva  remunerada  ou  reformado  fizer  uso  do  posto  ou  graduação,  deverá  fazê­lo  com  as
abreviaturas respectivas de sua situação.

        Art. 17. A precedência entre militares da ativa do mesmo grau hierárquico, ou correspondente, é assegurada pela antigüidade
no posto ou graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida em lei.

                §  1º  A  antigüidade  em  cada  posto  ou  graduação  é  contada  a  partir  da  data  da  assinatura  do  ato  da  respectiva  promoção,
nomeação, declaração ou incorporação, salvo quando estiver taxativamente fixada outra data.

        § 2º No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a antigüidade será estabelecida:

        a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, pela posição nas respectivas escalas numéricas ou registros
existentes em cada Força;

        b) nos demais casos, pela antigüidade no posto ou graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer­se­á,
sucessivamente,  aos  graus  hierárquicos  anteriores,  à  data  de  praça  e  à  data  de  nascimento  para  definir  a  procedência,  e,  neste
último caso, o de mais idade será considerado o mais antigo;

        c) na existência de mais de uma data de praça, inclusive de outra Força Singular, prevalece a antigüidade do militar que tiver
maior tempo de efetivo serviço na praça anterior ou nas praças anteriores; e

        d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não
estiverem especificamente enquadrados nas letras a , b e c.

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        § 3º Em igualdade de posto ou de graduação, os militares da ativa têm precedência sobre os da inatividade.

        § 4º Em igualdade de posto ou de graduação, a precedência entre os militares de carreira na ativa e os da reserva remunerada
ou não, que estejam convocados, é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação.

        Art. 18. Em legislação especial, regular­se­á:

        I ­ a precedência entre militares e civis, em missões diplomáticas, ou em comissão no País ou no estrangeiro; e

        II ­ a precedência nas solenidades oficiais.

        Art. 19. A precedência entre as praças especiais e as demais praças é assim regulada:

        I ­ os Guardas­Marinha e os Aspirantes­a­Oficial são hierarquicamente superiores às demais praças;

        II ­ os Aspirantes, alunos da Escola Naval, e os Cadetes, alunos da Academia Militar das Agulhas Negras e da Academia da
Força  Aérea,  bem  como  os  alunos  da  Escola  de  Oficiais  Especialistas  da  Aeronáutica,  são  hierarquicamente  superiores  aos
suboficiais e aos subtenentes;

        III ­ os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do Colégio Naval têm precedência sobre os Terceiros­Sargentos, aos quais
são equiparados;

        IV ­ os alunos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, quando fardados, têm precedência sobre os Cabos, aos quais
são equiparados; e

                V  ­  os  Cabos  têm  precedência  sobre  os  alunos  das  escolas  ou  dos  centros  de  formação  de  sargentos,  que  a  eles  são
equiparados, respeitada, no caso de militares, a antigüidade relativa.

CAPÍTULO IV
Do Cargo e da Função Militares

        Art. 20. Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a um militar em serviço ativo.

                §  1º  O  cargo  militar,  a  que  se  refere  este  artigo,  é  o  que  se  encontra  especificado  nos  Quadros  de  Efetivo  ou  Tabelas  de
Lotação das Forças Armadas ou previsto, caracterizado ou definido como tal em outras disposições legais.

        § 2º As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas em
legislação ou regulamentação específicas.

                Art.  21.  Os  cargos  militares  são  providos  com  pessoal  que  satisfaça  aos  requisitos  de  grau  hierárquico  e  de  qualificação
exigidos para o seu desempenho.

                Parágrafo  único.  O  provimento  de  cargo  militar  far­se­á  por  ato  de  nomeação  ou  determinação  expressa  da  autoridade
competente.

        Art. 22. O cargo militar é considerado vago a partir de sua criação e até que um militar nele tome posse, ou desde o momento
em que o militar exonerado, ou que tenha recebido determinação expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro militar
nele tome posse de acordo com as normas de provimento previstas no parágrafo único do artigo anterior.

        Parágrafo único. Consideram­se também vagos os cargos militares cujos ocupantes tenham:

        a) falecido;

        b) sido considerados extraviados;

        c) sido feitos prisioneiros; e

        d) sido considerados desertores.

        Art. 23. Função militar é o exercício das obrigações inerentes ao cargo militar.

        Art. 24. Dentro de uma mesma organização militar, a seqüência de substituições para assumir cargo ou responder por funções,
bem como as normas, atribuições e responsabilidades relativas, são as estabelecidas na legislação ou regulamentação específicas,
respeitadas a precedência e a qualificação exigidas para o cargo ou o exercício da função.

        Art. 25. O militar ocupante de cargo provido em caráter efetivo ou interino, de acordo com o parágrafo único do artigo 21, faz
jus aos direitos correspondentes ao cargo, conforme previsto em dispositivo legal.

        Art. 26. As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como posições
tituladas em "Quadro de Efetivo", "Quadro de Organização", "Tabela de Lotação" ou dispositivo legal, são cumpridas como encargo,
incumbência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza militar.

                Parágrafo  único.  Aplica­se,  no  que  couber,  a  encargo,  incumbência,  comissão,  serviço  ou  atividade,  militar  ou  de  natureza
militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
TÍTULO II
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TÍTULO II

Das Obrigações e dos Deveres Militares

CAPÍTULO I

Das Obrigações Militares

SEÇÃO I

Do Valor Militar

        Art. 27. São manifestações essenciais do valor militar:

        I ­ o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de fidelidade à Pátria até
com o sacrifício da própria vida;

        II ­ o civismo e o culto das tradições históricas;

        III ­ a fé na missão elevada das Forças Armadas;

        IV ­ o espírito de corpo, orgulho do militar pela organização onde serve;

        V ­ o amor à profissão das armas e o entusiasmo com que é exercida; e

        VI ­ o aprimoramento técnico­profissional.

SEÇÃO II

Da Ética Militar

                Art.  28.  O  sentimento  do  dever,  o  pundonor  militar  e  o  decoro  da  classe  impõem,  a  cada  um  dos  integrantes  das  Forças
Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos de ética militar:

        I ­ amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal;

        II ­ exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em decorrência do cargo;

        III ­ respeitar a dignidade da pessoa humana;

        IV ­ cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades competentes;

        V ­ ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados;

        VI ­ zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da
missão comum;

        VII ­ empregar todas as suas energias em benefício do serviço;

        VIII ­ praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação;

        IX ­ ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;

        X ­ abster­se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa de qualquer natureza;

        XI ­ acatar as autoridades civis;

        XII ­ cumprir seus deveres de cidadão;

        XIII ­ proceder de maneira ilibada na vida pública e na particular;

        XIV ­ observar as normas da boa educação;

        XV ­ garantir assistência moral e material ao seu lar e conduzir­se como chefe de família modelar;

        XVI ­ conduzir­se, mesmo fora do serviço ou quando já na inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princípios da
disciplina, do respeito e do decoro militar;

                XVII  ­  abster­se  de  fazer  uso  do  posto  ou  da  graduação  para  obter  facilidades  pessoais  de  qualquer  natureza  ou  para
encaminhar negócios particulares ou de terceiros;

        XVIII ­ abster­se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas:

        a) em atividades político­partidárias;
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        b) em atividades comerciais;

        c) em atividades industriais;

                d)  para  discutir  ou  provocar  discussões  pela  imprensa  a  respeito  de  assuntos  políticos  ou  militares,  excetuando­se  os  de
natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e

        e) no exercício de cargo ou função de natureza civil, mesmo que seja da Administração Pública; e

                XIX  ­  zelar  pelo  bom  nome  das  Forças  Armadas  e  de  cada  um  de  seus  integrantes,  obedecendo  e  fazendo  obedecer  aos
preceitos da ética militar.

        Art. 29. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou
participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.

                §  1º  Os  integrantes  da  reserva,  quando  convocados,  ficam  proibidos  de  tratar,  nas  organizações  militares  e  nas  repartições
públicas civis, de interesse de organizações ou empresas privadas de qualquer natureza.

        § 2º Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o disposto no presente
artigo.

        § 3º No intuito de desenvolver a prática profissional, é permitido aos oficiais titulares dos Quadros ou Serviços de Saúde e de
Veterinária o exercício de atividade técnico­profissional no meio civil, desde que tal prática não prejudique o serviço e não infrinja o
disposto neste artigo.

        Art. 30. Os Ministros das Forças Singulares poderão determinar aos militares da ativa da respectiva Força que, no interesse da
salvaguarda  da  dignidade  dos  mesmos,  informem  sobre  a  origem  e  natureza  dos  seus  bens,  sempre  que  houver  razões  que
recomendem tal medida.

CAPÍTULO II
Dos Deveres Militares

SEÇÃO I
Conceituação

        Art. 31. Os deveres militares emanam de um conjunto de vínculos racionais, bem como morais, que ligam o militar à Pátria e
ao seu serviço, e compreendem, essencialmente:

        I ­ a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade e instituições devem ser defendidas mesmo com o sacrifício da
própria vida;

        II ­ o culto aos Símbolos Nacionais;

        III ­ a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;

        IV ­ a disciplina e o respeito à hierarquia;

        V ­ o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e

        VI ­ a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.

SEÇÃO II
Do Compromisso Militar

        Art. 32. Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças Armadas mediante incorporação, matrícula ou nomeação, prestará
compromisso  de  honra,  no  qual  afirmará  a  sua  aceitação  consciente  das  obrigações  e  dos  deveres  militares  e  manifestará  a  sua
firme disposição de bem cumpri­los.

        Art . 33. O compromisso do incorporado, do matriculado e do nomeado, a que se refere o artigo anterior, terá caráter solene e
será  sempre  prestado  sob  a  forma  de  juramento  à  Bandeira  na  presença  de  tropa  ou  guarnição  formada,  conforme  os  dizeres
estabelecidos  nos  regulamentos  específicos  das  Forças  Armadas,  e  tão  logo  o  militar  tenha  adquirido  um  grau  de  instrução
compatível com o perfeito entendimento de seus deveres como integrante das Forças Armadas.

        § 1º O compromisso de Guarda­Marinha ou Aspirante­a­Oficial é prestado nos estabelecimentos de formação, obedecendo o
cerimonial ao fixado nos respectivos regulamentos.

        § 2º O compromisso como oficial, quando houver, será regulado em cada Força Armada.

SEÇÃO III
Do Comando e da Subordinação

        Art. 34. Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o militar é investido legalmente quando conduz
homens  ou  dirige  uma  organização  militar.  O  comando  é  vinculado  ao  grau  hierárquico  e  constitui  uma  prerrogativa  impessoal,  em
cujo exercício o militar se define e se caracteriza como chefe.

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        Parágrafo único. Aplica­se à direção e à chefia de organização militar, no que couber, o estabelecido para comando.

                Art.  35.  A  subordinação  não  afeta,  de  modo  algum,  a  dignidade  pessoal  do  militar  e  decorre,  exclusivamente,  da  estrutura
hierarquizada das Forças Armadas.

        Art. 36. O oficial é preparado, ao longo da carreira, para o exercício de funções de comando, de chefia e de direção.

        Art. 37. Os graduados auxiliam ou complementam as atividades dos oficiais, quer no adestramento e no emprego de meios,
quer na instrução e na administração.

                Parágrafo  único.  No  exercício  das  atividades  mencionadas  neste  artigo  e  no  comando  de  elementos  subordinados,  os
suboficiais, os subtenentes e os sargentos deverão impor­se pela lealdade, pelo exemplo e pela capacidade profissional e técnica,
incumbindo­lhes assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras do serviço e das normas operativas pelas
praças  que  lhes  estiverem  diretamente  subordinadas  e  a  manutenção  da  coesão  e  do  moral  das  mesmas  praças  em  todas  as
circunstâncias.

                Art.  38.  Os  Cabos,  Taifeiros­Mores,  Soldados­de­Primeira­Classe,  Taifeiros­de­Primeira­Classe,  Marinheiros,  Soldados,


Soldados­de­Segunda­Classe e Taifeiros­de­Segunda­Classe são, essencialmente, elementos de execução.

                Art.  39.  Os  Marinheiros­Recrutas,  Recrutas,  Soldados­Recrutas  e  Soldados­de­Segunda­Classe  constituem  os  elementos
incorporados às Forças Armadas para a prestação do serviço militar inicial.

                Art.  40.  Às  praças  especiais  cabe  a  rigorosa  observância  das  prescrições  dos  regulamentos  que  lhes  são  pertinentes,
exigindo­se­lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico­profissional.

        Parágrafo único. Às praças especiais também se assegura a prestação do serviço militar inicial.

        Art. 41. Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que praticar.

CAPÍTULO III
Da Violação das Obrigações e dos Deveres Militares

SEÇÃO I
Conceituação

                Art.  42.  A  violação  das  obrigações  ou  dos  deveres  militares  constituirá  crime,  contravenção  ou  transgressão  disciplinar,
conforme dispuser a legislação ou regulamentação específicas.

                §  1º  A  violação  dos  preceitos  da  ética  militar  será  tão  mais  grave  quanto  mais  elevado  for  o  grau  hierárquico  de  quem  a
cometer.

                §  2°  No  concurso  de  crime  militar  e  de  contravenção  ou  transgressão  disciplinar,  quando  forem  da  mesma  natureza,  será
aplicada somente a pena relativa ao crime.

                Art.  43.  A  inobservância  dos  deveres  especificados  nas  leis  e  regulamentos,  ou  a  falta  de  exação  no  cumprimento  dos
mesmos, acarreta para o militar responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante a legislação específica.

                Parágrafo  único.  A  apuração  da  responsabilidade  funcional,  pecuniária,  disciplinar  ou  penal  poderá  concluir  pela
incompatibilidade do militar com o cargo ou pela incapacidade para o exercício das funções militares a ele inerentes.

                Art.  44.  O  militar  que,  por  sua  atuação,  se  tornar  incompatível  com  o  cargo,  ou  demonstrar  incapacidade  no  exercício  de
funções militares a ele inerentes, será afastado do cargo.

        § 1º São competentes para determinar o imediato afastamento do cargo ou o impedimento do exercício da função:

        a) o Presidente da República;

        b) os titulares das respectivas pastas militares e o Chefe do Estado­Maior das Forças Armadas; e

                c)  os  comandantes,  os  chefes  e  os  diretores,  na  conformidade  da  legislação  ou  regulamentação  específica  de  cada  Força
Armada.

                §  2º  O  militar  afastado  do  cargo,  nas  condições  mencionadas  neste  artigo,  ficará  privado  do  exercício  de  qualquer  função
militar até a solução do processo ou das providências legais cabíveis.

        Art. 45. São proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório
ou político.

SEÇÃO II
Dos Crimes Militares

        Art. 46. O Código Penal Militar relaciona e classifica os crimes militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e dispõe
sobre a aplicação aos militares das penas correspondentes aos crimes por eles cometidos.

SEÇÃO III
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SEÇÃO III
Das Contravenções ou Transgressões Disciplinares

        Art. 47. Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas especificarão e classificarão as contravenções ou transgressões
disciplinares  e  estabelecerão  as  normas  relativas  à  amplitude  e  aplicação  das  penas  disciplinares,  à  classificação  do
comportamento militar e à interposição de recursos contra as penas disciplinares.

        § 1º As penas disciplinares de impedimento, detenção ou prisão não podem ultrapassar 30 (trinta) dias.

                §  2º  À  praça  especial  aplicam­se,  também,  as  disposições  disciplinares  previstas  no  regulamento  do  estabelecimento  de
ensino onde estiver matriculada.

SEÇÃO IV
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina

                Art.  48.  O  oficial  presumivelmente  incapaz  de  permanecer  como  militar  da  ativa  será,  na  forma  da  legislação  específica,
submetido a Conselho de Justificação.

        § 1º O oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação, poderá ser afastado do exercício de suas funções, a critério do
respectivo Ministro, conforme estabelecido em legislação específica.

        § 2º Compete ao Superior Tribunal Militar, em tempo de paz, ou a Tribunal Especial, em tempo de guerra, julgar, em instância
única, os processos oriundos dos Conselhos de Justificação, nos casos previstos em lei específica.

                §  3º  A  Conselho  de  Justificação  poderá,  também,  ser  submetido  o  oficial  da  reserva  remunerada  ou  reformado,
presumivelmente incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se encontra.

                Art.  49.  O  Guarda­Marinha,  o  Aspirante­a­Oficial  e  as  praças  com  estabilidade  assegurada,  presumivelmente  incapazes  de
permanecerem  como  militares  da  ativa,  serão  submetidos  a  Conselho  de  Disciplina  e  afastados  das  atividades  que  estiverem
exercendo, na forma da regulamentação específica.

        § 1º O Conselho de Disciplina obedecerá a normas comuns às três Forças Armadas.

                §  2º  Compete  aos  Ministros  das  Forças  Singulares  julgar,  em  última  instância,  os  processos  oriundos  dos  Conselhos  de
Disciplina convocados no âmbito das respectivas Forças Armadas.

        § 3º A Conselho de Disciplina poderá, também, ser submetida a praça na reserva remunerada ou reformada, presumivelmente
incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se encontra.

TÍTULO III
Dos Direitos e das Prerrogativas dos Militares

CAPÍTULO I
Dos Direitos

SEÇÃO I
Enumeração

        Art. 50. São direitos dos militares:

        I ­ a garantia da patente em toda a sua plenitude, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes, quando oficial,
nos termos da Constituição;

        II ­ a percepção de remuneração correspondente ao grau hierárquico superior ou melhoria da mesma quando, ao ser transferido
para a inatividade, contar mais de 30 (trinta) anos de serviço;

                II  ­  o  provento  calculado  com  base  no  soldo  integral  do  posto  ou  graduação  que  possuía  quando  da  transferência  para  a
inatividade remunerada, se contar com mais de trinta anos de serviço;                    (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215­
10, de 31.8.2001)

                III  ­  a  remuneração  calculada  com  base  no  soldo  integral  do  posto  ou  graduação  quando,  não  contando  30  (trinta)  anos  de
serviço, for transferido para a reserva remunerada, ex officio , por ter atingido a idade­limite de permanência em atividade no posto
ou na graduação, ou ter sido abrangido pela quota compulsória; e

        III ­ o provento calculado com base no soldo integral do posto ou graduação quando, não contando trinta anos de serviço, for
transferido  para  a  reserva  remunerada,  ex  officio,  por  ter  atingido  a  idade­limite  de  permanência  em  atividade  no  posto  ou  na
graduação, ou ter sido abrangido pela quota compulsória; e                         (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de
31.8.2001)

        IV ­ nas condições ou nas limitações impostas na legislação e regulamentação específicas:

        a) a estabilidade, quando praça com 10 (dez) ou mais anos de tempo de efetivo serviço;

        b) o uso das designações hierárquicas;

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        c) a ocupação de cargo correspondente ao posto ou à graduação;

        d) a percepção de remuneração;

        e) a assistência médico­hospitalar para si e seus dependentes, assim entendida como o conjunto de atividades relacionadas
com  a  prevenção,  conservação  ou  recuperação  da  saúde,  abrangendo  serviços  profissionais  médicos,  farmacêuticos  e
odontológicos, bem como o fornecimento, a aplicação de meios e os cuidados e demais atos médicos e paramédicos necessários;

                f)  o  funeral  para  si  e  seus  dependentes,  constituindo­se  no  conjunto  de  medidas  tomadas  pelo  Estado,  quando  solicitado,
desde o óbito até o sepultamento condigno;

        g) a alimentação, assim entendida como as refeições fornecidas aos militares em atividade;

                h)  o  fardamento,  constituindo­se  no  conjunto  de  uniformes,  roupa  branca  e  roupa  de  cama,  fornecido  ao  militar  na  ativa  de
graduação inferior a terceiro­sargento e, em casos especiais, a outros militares;

        i) a moradia para o militar em atividade, compreendendo:

        1 ­ alojamento em organização militar, quando aquartelado ou embarcado; e

                2  ­  habitação  para  si  e  seus  dependentes;  em  imóvel  sob  a  responsabilidade  da  União,  de  acordo  com  a  disponibilidade
existente.

        j) o transporte, assim entendido como os meios fornecidos ao militar para seu deslocamento por interesse do serviço; quando
o  deslocamento  implicar  em  mudança  de  sede  ou  de  moradia,  compreende  também  as  passagens  para  seus  dependentes  e  a
translação das respectivas bagagens, de residência a residência;                         (Revogada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de
31.8.2001)

        l) a constituição de pensão militar;

        m) a promoção;

        n) a transferência a pedido para a reserva remunerada;

        o) as férias, os afastamentos temporários do serviço e as licenças;

        p) a demissão e o licenciamento voluntários;

                q)  o  porte  de  arma  quando  oficial  em  serviço  ativo  ou  em  inatividade,  salvo  caso  de  inatividade  por  alienação  mental  ou
condenação por crimes contra a segurança do Estado ou por atividades que desaconselhem aquele porte;

        r) o porte de arma, pelas praças, com as restrições impostas pela respectiva Força Armada; e

        s) outros direitos previstos em leis específicas.

        § 1º A percepção da remuneração correspondente ao grau hierárquico superior ou melhoria da mesma, a que se refere o item II
deste artigo, obedecerá às seguintes condições:                       (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        a) o oficial que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, após o ingresso na inatividade, terá seus proventos calculados sobre
o soldo correspondente ao posto imediato, se em sua Força existir, em tempo de paz, posto superior ao seu, mesmo que de outro
Corpo, Quadro, Arma ou Serviço; se ocupante do último posto da hierarquia militar de sua Força, em tempo de paz, o oficial terá os
proventos  calculados  tomando­se  por  base  o  soldo  de  seu  próprio  posto,  acrescido  de  percentual  fixado  em  legislação  específica;
                      (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
                b)  os  subtenentes  e  suboficiais,  quando  transferidos  para  a  inatividade,  terão  os  proventos  calculados  sobre  o  soldo
correspondente ao posto de segundo­tenente, desde que contem mais de 30 (trinta) anos de serviço; e        (Revogado pela  Medida
Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
                c)  as  demais  praças  que  contem  mais  de  30  (trinta)  anos  de  serviço,  ao  serem  transferidas  para  a  inatividade,  terão  os
proventos  calculados  sobre  o  soldo  correspondente  à  graduação  imediatamente  superior.                                    (Revogado  pela  Medida
Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        § 2° São considerados dependentes do militar:

        I ­ a esposa;

        II ­ o filho menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou interdito;

        III ­ a filha solteira, desde que não receba remuneração;

        IV ­ o filho estudante, menor de 24 (vinte e quatro) anos, desde que não receba remuneração;

        V ­ a mãe viúva, desde que não receba remuneração;

        VI ­ o enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas condições dos itens II, III e IV;

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        VII ­ a viúva do militar, enquanto permanecer neste estado, e os demais dependentes mencionados nos itens II, III, IV, V e VI
deste parágrafo, desde que vivam sob a responsabilidade da viúva;

                VIII  ­  a  ex­esposa  com  direito  à  pensão  alimentícia  estabelecida  por  sentença  transitada  em  julgado,  enquanto  não  contrair
novo matrimônio.

        § 3º São, ainda, considerados dependentes do militar, desde que vivam sob sua dependência econômica, sob o mesmo teto, e
quando expressamente declarados na organização militar competente:

        a) a filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viúvas, separadas judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam
remuneração;

        b) a mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou solteira, bem como separadas judicialmente ou divorciadas, desde que,
em qualquer dessas situações, não recebam remuneração;

        c) os avós e os pais, quando inválidos ou interditos, e respectivos cônjuges, estes desde que não recebam remuneração;

        d) o pai maior de 60 (sessenta) anos e seu respectivo cônjuge, desde que ambos não recebam remuneração;

        e) o irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores ou inválidos ou interditos, sem outro arrimo;

                f)  a  irmã,  a  cunhada  e  a  sobrinha,  solteiras,  viúvas,  separadas  judicialmente  ou  divorciadas,  desde  que  não  recebam
remuneração;

        g) o neto, órfão, menor inválido ou interdito;

                h)  a  pessoa  que  viva,  no  mínimo  há  5  (cinco)  anos,  sob  a  sua  exclusiva  dependência  econômica,  comprovada  mediante
justificação judicial;

        i) a companheira, desde que viva em sua companhia há mais de 5 (cinco) anos, comprovada por justificação judicial; e

        j) o menor que esteja sob sua guarda, sustento e responsabilidade, mediante autorização judicial.

                §  4º  Para  efeito  do  disposto  nos  §§  2º  e  3º  deste  artigo,  não  serão  considerados  como  remuneração  os  rendimentos  não­
provenientes de trabalho assalariado, ainda que recebidos dos cofres públicos, ou a remuneração que, mesmo resultante de relação
de trabalho, não enseje ao dependente do militar qualquer direito à assistência previdenciária oficial.

                Art.  51.  O  militar  que  se  julgar  prejudicado  ou  ofendido  por  qualquer  ato  administrativo  ou  disciplinar  de  superior  hierárquico
poderá recorrer ou interpor pedido de reconsideração, queixa ou representação, segundo regulamentação específica de cada Força
Armada.

        § 1º O direito de recorrer na esfera administrativa prescreverá:

                a)  em  15  (quinze)  dias  corridos,  a  contar  do  recebimento  da  comunicação  oficial,  quanto  a  ato  que  decorra  de  inclusão  em
quota compulsória ou de composição de Quadro de Acesso; e

        b) em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos.

        § 2º O pedido de reconsideração, a queixa e a representação não podem ser feitos coletivamente.

                §  3º  O  militar  só  poderá  recorrer  ao  Judiciário  após  esgotados  todos  os  recursos  administrativos  e  deverá  participar  esta
iniciativa, antecipadamente, à autoridade à qual estiver subordinado.

        Art. 52. Os militares são alistáveis, como eleitores, desde que oficiais, guardas­marinha ou aspirantes­a­oficial, suboficiais ou
subtenentes, sargentos ou alunos das escolas militares de nível superior para formação de oficiais.

        Parágrafo único. Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas às seguintes condições:

        a) se contar menos de 5 (cinco) anos de serviço, será, ao se candidatar a cargo eletivo, excluído do serviço ativo mediante
demissão ou licenciamento ex officio ; e

        b) se em atividade, com 5 (cinco) ou mais anos de serviço, será, ao se candidatar a cargo eletivo, afastado, temporariamente,
do  serviço  ativo  e  agregado,  considerado  em  licença  para  tratar  de  interesse  particular;  se  eleito,  será,  no  ato  da  diplomação,
transferido para a reserva remunerada, percebendo a remuneração a que fizer jus em função do seu tempo de serviço.

SEÇÃO II
Da Remuneração

        Art. 53. A remuneração dos militares, devida em bases estabelecidas em legislação específica comum às Forças Armadas,
compreende: 
        I ­ na ativa: 
        a) vencimentos, constituídos de soldo e gratificações; e 
        b ) indenizações. 
        II ­ na inatividade: 

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        a) proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo e gratificações incorporáveis; e 
        b) indenizações na inatividade. 
        Parágrafo único. O militar fará jus, ainda, a outros direitos pecuniários em casos especiais. 
                Art.  53.  A  remuneração  dos  militares  será  estabelecida  em  legislação  específica,  comum  às  Forças  Armadas,  e
compreende:                    (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991) 

        Art. 53.  A remuneração dos militares será estabelecida em legislação específica, comum às Forças Armadas.                      
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

I ­ na ativa;                       (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)

a) soldo, gratificações e indenizações regulares;                     (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)

II ­ na inatividade:                      (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)

a) proventos, constituídos de soldo os quotas de soldo e gratificações incorporáveis;                    (Redação dada  pela
Lei nº 8.237, de 1991)

b) adicionais.                      (Redação dada pela Lei nº 8.237, de 1991)

        Art. 54. O soldo é irredutível e não está sujeito à penhora, seqüestro ou arresto, exceto nos casos previstos em lei.

        Art. 55. O valor do soldo é igual para o militar da ativa, da reserva remunerada ou reformado, de um mesmo grau hierárquico,
ressalvado o disposto no item II, do caput , do artigo 50.

        Art. 56. Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o militar terá direito a tantas quotas de soldo quantos forem os anos
de serviço, computáveis para a inatividade, até o máximo de 30 (trinta) anos, ressalvado o disposto no item III do caput , do artigo
50.

                Parágrafo  único.  Para  efeito  de  contagem  das  quotas,  a  fração  de  tempo  igual  ou  superior  a  180  (cento  e  oitenta)  dias  será
considerada 1 (um) ano.

        Art. 57. Nos termos do § 9º, do artigo 93, da Constituição, a proibição de acumular proventos de inatividade não se aplica aos
militares da reserva remunerada e aos reformados quanto ao exercício de mandato eletivo, quanto ao de função de magistério ou de
cargo em comissão ou quanto ao contrato para prestação de serviços técnicos ou especializados.

                Art.  58.  Os  proventos  de  inatividade  serão  revistos  sempre  que,  por  motivo  de  alteração  do  poder  aquisitivo  da  moeda,  se
modificarem os vencimentos dos militares em serviço ativo.

                Parágrafo  único.  Ressalvados  os  casos  previstos  em  lei,  os  proventos  da  inatividade  não  poderão  exceder  à  remuneração
percebida pelo militar da ativa no posto ou graduação correspondente aos dos seus proventos.

SEÇÃO III
Da Promoção

                Art.  59.  O  acesso  na  hierarquia  militar,  fundamentado  principalmente  no  valor  moral  e  profissional,  é  seletivo,  gradual  e
sucessivo  e  será  feito  mediante  promoções,  de  conformidade  com  a  legislação  e  regulamentação  de  promoções  de  oficiais  e  de
praças, de modo a obter­se um fluxo regular e equilibrado de carreira para os militares.

                Parágrafo  único.  O  planejamento  da  carreira  dos  oficiais  e  das  praças  é  atribuição  de  cada  um  dos  Ministérios  das  Forças
Singulares.

        Art. 60. As promoções serão efetuadas pelos critérios de antigüidade, merecimento ou escolha, ou, ainda, por bravura e post
mortem .

        § 1º Em casos extraordinários e independentemente de vagas, poderá haver promoção em ressarcimento de preterição.

                §  2º  A  promoção  de  militar  feita  em  ressarcimento  de  preterição  será  efetuada  segundo  os  critérios  de  antigüidade  ou
merecimento, recebendo ele o número que lhe competir na escala hierárquica, como se houvesse sido promovido, na época devida,
pelo critério em que ora é feita sua promoção.

                Art.  61.  A  fim  de  manter  a  renovação,  o  equilíbrio  e  a  regularidade  de  acesso  nos  diferentes  Corpos,  Quadros,  Armas  ou
Serviços, haverá anual e obrigatoriamente um número fixado de vagas à promoção, nas proporções abaixo indicadas:

        I ­ Almirantes­de­Esquadra, Generais­de­Exército e Tenentes­Brigadeiros ­ 1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros;

        II ­ Vice­Almirantes, Generais­de­Divisão e Majores­Brigadeiros ­ 1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros;

        III ­ Contra­Almirantes, Generais­de­Brigada e Brigadeiros ­ 1/4 (um quarto) dos respectivos Corpos ou Quadros;

        IV ­ Capitães­de­Mar­e­Guerra e Coronéis ­ no mínimo 1/8 (um oitavo) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços;

        V ­ Capitães­de­Fragata e Tenentes­Coronéis ­ no mínimo 1/15 (um quinze avos) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas ou
Serviços;

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        VI ­ Capitães­de­Corveta e Majores ­ no mínimo 1/20 (um vinte avos) dos respectivos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços; e

        VII ­ Oficiais dos 3 (três) últimos postos dos Quadros de que trata a letra b  ,  do  item  I,  do  artigo  98,  1/4  (um  quarto)  para  o
último posto, no mínimo 1/10 (um décimo) para o penúltimo posto, e no mínimo 1/15 (um quinze avos) para o antepenúltimo posto,
dos  respectivos  Quadros,  exceto  quando  o  último  e  o  penúltimo  postos  forem  Capitão­Tenente  ou  Capitão  e  1º  Tenente,  caso  em
que as proporções serão no mínimo 1/10 (um décimo) e 1/20 (um vinte avos), respectivamente. 
        VII ­ Oficiais dos 3 (três) últimos postos dos Quadros de que tratam as alíneas b, d e f do inciso I do artigo 98, 1/4 (um quarto)
para o último posto, no mínimo, 1/10 (um décimo) para o penúltimo posto e, no mínimo, 1/15 (um quinze avos) para o antepenúltimo
posto, dos respectivos Quadros, exceto quando o último e o penúltimo postos forem de Capitão­Tenente ou de Capitão e Primeiro­
Tenente,  caso  em  que  as  proporções  serão  de,  no  mínimo,  1/10  (um  décimo)  e  1/20  (um  vinte  avos),
respectivamente.                          (Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

        VII ­ Oficiais dos 3 (três) últimos postos dos Quadros de que trata a alínea b do inciso I do art. 98, 1/4 para o último posto, no
mínimo 1/10 para o penúltimo posto, e no mínimo 1/15 para o antepenúltimo posto, dos respectivos Quadros, exceto quando o
último e o penúltimo postos forem Capitão­Tenente ou capitão e 1º Tenente, caso em que as proporções serão no mínimo 1/10 e
1/20, respectivamente.                        (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)

        § 1º O número de vagas para promoção obrigatória em cada ano­base para os postos relativos aos itens IV, V, VI e VII deste
artigo será fixado, para cada Força, em decretos separados, até o dia 15 (quinze) de janeiro do ano seguinte.

        § 2º As frações que resultarem da aplicação das proporções estabelecidas neste artigo serão adicionadas, cumulativamente,
aos  cálculos  correspondentes  dos  anos  seguintes,  até  completar­se  pelo  menos  1  (um)  inteiro  que,  então,  será  computado  para
obtenção de uma vaga para promoção obrigatória.

        § 3º As vagas serão consideradas abertas:

        a) na data da assinatura do ato que promover, passar para a inatividade, transferir de Corpo ou Quadro, demitir ou agregar o
militar;

                b)  na  data  fixada  na  Lei  de  Promoções  de  Oficiais  da  Ativa  das  Forças  Armadas  ou  seus  regulamentos,  em  casos  neles
indicados; e

        c) na data oficial do óbito do militar.

        Art. 62. Não haverá promoção de militar por ocasião de sua transferência para a reserva remunerada ou reforma.

SEÇÃO IV
Das Férias e de Outros Afastamentos
Temporários do Serviço

        Art. 63. Férias são afastamentos totais do serviço, anual e obrigatoriamente concedidos aos militares para descanso, a partir
do último mês do ano a que se referem e durante todo o ano seguinte.

        § 1º O Poder Executivo fixará a duração das férias, inclusive para os militares servindo em localidades especiais.

        § 2º Compete aos Ministros Militares regulamentar a concessão de férias.

        § 3º A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo anterior de licença para tratamento de saúde, licença especial, nem
por  punição  anterior  decorrente  de  contravenção  ou  de  transgressão  disciplinar,  ou  pelo  estado  de  guerra,  ou  para  que  sejam
cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas licenças.

                § 3o   A  concessão  de  férias  não  é  prejudicada  pelo  gozo  anterior  de  licença  para  tratamento  de  saúde,  nem  por  punição
anterior  decorrente  de  contravenção  ou  transgressão  disciplinar,  ou  pelo  estado  de  guerra,  ou  para  que  sejam  cumpridos  atos  em
serviço,  bem  como  não  anula  o  direito  àquela  licença.                                                (Redação  dada  pela  Medida  Provisória  nº  2.215­10,  de
31.8.2001)

        § 4º Somente em casos de interesse da segurança nacional, de manutenção da ordem, de extrema necessidade do serviço,
de transferência para a inatividade, ou para cumprimento de punição decorrente de contravenção ou de transgressão disciplinar de
natureza grave e em caso de baixa a hospital, os militares terão interrompido ou deixarão de gozar na época prevista o período de
férias a que tiverem direito, registrando­se o fato em seus assentamentos.

        § 5º Na impossibilidade do gozo de férias no ano seguinte pelos motivos previstos no parágrafo anterior, ressalvados os casos
de contravenção ou transgressão disciplinar de natureza grave, o período de férias não gozado será computado dia a dia, pelo dobro
no momento da passagem do militar para a inatividade e, nesta situação, para todos os efeitos legais.                        (Revogado
pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        Art.  64.  Os  militares  têm  direito,  ainda,  aos  seguintes  períodos  de  afastamento  total  do  serviço,  obedecidas  às  disposições
legais e regulamentares, por motivo de:

        I ­ núpcias: 8 (oito) dias;

        II ­ luto: 8 (oito) dias;

        III ­ instalação: até 10 (dez) dias; e

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        IV ­ trânsito: até 30 (trinta) dias.

        Art. 65. As férias e os afastamentos mencionados no artigo anterior são concedidos com a remuneração prevista na legislação
específica e computados como tempo de efetivo serviço para todos os efeitos legais.

                Art.  66.  As  férias,  instalação  e  trânsito  dos  militares  que  se  encontrem  a  serviço  no  estrangeiro  devem  ter  regulamentação
idêntica para as três Forças Armadas.

SEÇÃO V
Das Licenças

        Art. 67. Licença é a autorização para afastamento total do serviço, em caráter temporário, concedida ao militar, obedecidas às
disposições legais e regulamentares.

        § 1º A licença pode ser:

        a) especial;                       (Revogada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        b) para tratar de interesse particular;

        c) para tratamento de saúde de pessoa da família; e

        d) para tratamento de saúde própria.

        e) para acompanhar cônjuge ou companheiro(a).                     (Redação dada pela Lei nº 11.447, de 2007)

        § 2º A remuneração do militar licenciado será regulada em legislação específica.

        § 3º A concessão de licença é regulada pelos Ministros das Forças Singulares.

        § 3o  A concessão da licença é regulada pelo Comandante da Força.                         (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.215­10, de 31.8.2001)

                Art.  68.  Licença  especial  é  a  autorização  para  o  afastamento  total  do  serviço,  relativa  a  cada  decênio  de  tempo  de  efetivo
serviço prestado, concedida ao militar que a requeira, sem que implique em qualquer restrição para a sua carreira.                       
(Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        § 1º A licença especial tem a duração de 6 (seis) meses, a ser gozada de uma só vez; quando solicitado pelo interessado e
julgado conveniente pela autoridade competente, poderá ser parcelada em 2 (dois) ou 3 (três) meses.                        (Revogado
pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        § 2º O período de licença especial não interrompe a contagem de tempo de efetivo serviço.                          (Revogado  pela
Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        § 3° Os períodos de licença especial não­gozados pelo militar são computados em dobro para fins exclusivos de contagem de
tempo para a passagem à inatividade e, nesta situação, para todos os efeitos legais.                 (Revogado pela Medida Provisória
nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        § 4º A licença especial não é prejudicada pelo gozo anterior de qualquer licença para tratamento de saúde e para que sejam
cumpridos atos de serviço, bem como não anula o direito àquelas licenças.                        (Revogado pela Medida Provisória nº
2.215­10, de 31.8.2001)
        § 5º Uma vez concedida a licença especial, o militar será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das funções que
exercer  e  ficará  à  disposição  do  órgão  de  pessoal  da  respectiva  Força  Armada,  adido  à  Organização  Militar  onde
servir.                         (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        Art. 69. Licença para tratar de interesse particular é a autorização para o afastamento total do serviço, concedida ao militar,
com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço, que a requeira com aquela finalidade.

                Parágrafo  único.  A  licença  de  que  trata  este  artigo  será  sempre  concedida  com  prejuízo  da  remuneração  e  da  contagem  de
tempo de efetivo serviço, exceto, quanto a este último, para fins de indicação para a quota compulsória.

                Art.  69­A.    Licença  para  acompanhar  cônjuge  ou  companheiro(a)  é  a  autorização  para  o  afastamento  total  do  serviço,
concedida a militar com mais de 10 (dez) anos de efetivo serviço que a requeira para acompanhar cônjuge ou companheiro(a) que,
sendo servidor público da União ou militar das Forças Armadas, for, de ofício, exercer atividade em órgão público federal situado em
outro ponto do território nacional ou no exterior, diverso da localização da organização militar do requerente.                     (Incluído
pela Lei nº 11.447, de 2007)

                §  1o   A  licença  será  concedida  sempre  com  prejuízo  da  remuneração  e  da  contagem  de  tempo  de  efetivo  serviço,  exceto,
quanto a este último, para fins de indicação para a quota compulsória.                    (incluído pela Lei nº 11.447, de 2007)

                §  2o    O  prazo­limite  para  a  licença  será  de  36  (trinta  e  seis)  meses,  podendo  ser  concedido  de  forma  contínua  ou
fracionada.                     (incluído pela Lei nº 11.447, de 2007)

        § 3o  Para a concessão da licença para acompanhar companheiro(a), há necessidade de que seja reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, de acordo com a legislação específica.                          (incluído pela Lei nº
11.447, de 2007)

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        § 4o  Não será concedida a licença de que trata este artigo quando o militar acompanhante puder ser passado à disposição ou
à  situação  de  adido  ou  ser  classificado/lotado  em  organização  militar  das  Forças  Armadas  para  o  desempenho  de  funções
compatíveis com o seu nível hierárquico.                       (incluído pela Lei nº 11.447, de 2007)

        § 5o  A passagem à disposição ou à situação de adido ou a classificação/lotação em organização militar, de que trata o § 4o
deste artigo, será efetivada sem ônus para a União e sempre com a aquiescência das Forças Armadas envolvidas.                      
(incluído pela Lei nº 11.447, de 2007)

        Art. 70. As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou nas condições estabelecidas neste artigo.

        § 1º A interrupção da licença especial e da licença para tratar de interesse particular poderá ocorrer:

                § 1o   A  interrupção  da  licença  para  tratar  de  interesse  particular  poderá  ocorrer:                              (Redação  dada  pela  Medida
Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        § 1o A interrupção da licença especial, da licença para tratar de interesse particular e da licença para acompanhar cônjuge ou
companheiro(a) poderá ocorrer:                      (Redação dada pela Lei nº 11.447, de 2007)

        a) em caso de mobilização e estado de guerra;

        b) em caso de decretação de estado de emergência ou de estado de sítio;

        c) para cumprimento de sentença que importe em restrição da liberdade individual;

        d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme regulado pelo respectivo Ministério Militar; e

       d) para cumprimento de punição disciplinar, conforme regulamentação de cada Força.                         (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

                e)  em  caso  de  denúncia  ou  de  pronúncia  em  processo  criminal  ou  indiciação  em  inquérito  militar,  a  juízo  da  autoridade  que
efetivou a denúncia, a pronúncia ou a indiciação.

        § 2º A interrupção de licença para tratar de interesse particular será definitiva quando o militar for reformado ou transferido ex
officio para a reserva remunerada.

        § 2o  A interrupção da licença para tratar de interesse particular e da licença para acompanhar cônjuge ou companheiro(a) será
definitiva quando o militar for reformado ou transferido, de ofício, para a reserva remunerada.                        (Redação dada pela Lei
nº 11.447, de 2007)

                §  3º  A  interrupção  da  licença  para  tratamento  de  saúde  de  pessoa  da  família,  para  cumprimento  de  pena  disciplinar  que
importe em restrição da liberdade individual, será regulada em cada Força.

SEÇÃO VI
Da Pensão Militar

                Art.  71.  A  pensão  militar  destina­se  a  amparar  os  beneficiários  do  militar  falecido  ou  extraviado  e  será  paga  conforme  o
disposto em legislação específica.

        § 1º Para fins de aplicação da legislação específica, será considerado como posto ou graduação do militar o correspondente
ao soldo sobre o qual forem calculadas as suas contribuições.

                §  2º  Todos  os  militares  são  contribuintes  obrigatórios  da  pensão  militar  correspondente  ao  seu  posto  ou  graduação,  com  as
exceções previstas em legislação específica.

                §  3º  Todo  militar  é  obrigado  a  fazer  sua  declaração  de  beneficiários  que,  salvo  prova  em  contrário,  prevalecerá  para  a
habilitação dos mesmos à pensão militar.

        Art. 72. A pensão militar defere­se nas prioridades e condições estabelecidas em legislação específica.

CAPÍTULO II
Das Prerrogativas

SEÇÃO I
Constituição e Enumeração

        Art. 73. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e
cargos.

        Parágrafo único. São prerrogativas dos militares:

                a)  uso  de  títulos,  uniformes,  distintivos,  insígnias  e  emblemas  militares  das  Forças Armadas,  correspondentes  ao  posto  ou
graduação, Corpo, Quadro, Arma, Serviço ou Cargo;

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        b) honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam assegurados em leis e regulamentos;

        c) cumprimento de pena de prisão ou detenção somente em organização militar da respectiva Força cujo comandante, chefe
ou diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou, na impossibilidade de cumprir esta disposição, em organização militar de
outra Força cujo comandante, chefe ou diretor tenha a necessária precedência; e

        d) julgamento em foro especial, nos crimes militares.

        Art. 74. Somente em caso de flagrante delito o militar poderá ser preso por autoridade policial, ficando esta obrigada a entregá­
lo imediatamente à autoridade militar mais próxima, só podendo retê­lo, na delegacia ou posto policial, durante o tempo necessário à
lavratura do flagrante.

                §  1º  Cabe  à  autoridade  militar  competente  a  iniciativa  de  responsabilizar  a  autoridade  policial  que  não  cumprir  ao  disposto
neste  artigo  e  a  que  maltratar  ou  consentir  que  seja  maltratado  qualquer  preso  militar  ou  não  lhe  der  o  tratamento  devido  ao  seu
posto ou graduação.

        § 2º Se, durante o processo e julgamento no foro civil, houver perigo de vida para qualquer preso militar, a autoridade militar
competente, mediante requisição da autoridade judiciária, mandará guardar os pretórios ou tribunais por força federal.

        Art. 75. Os militares da ativa, no exercício de funções militares, são dispensados do serviço na instituição do Júri e do serviço
na Justiça Eleitoral.

SEÇÃO II
Do Uso dos Uniformes

                Art.  76.  Os  uniformes  das  Forças  Armadas,  com  seus  distintivos,  insígnias  e  emblemas,  são  privativos  dos  militares  e
simbolizam a autoridade militar, com as prerrogativas que lhe são inerentes.

                Parágrafo  único.  Constituem  crimes  previstos  na  legislação  específica  o  desrespeito  aos  uniformes,  distintivos,  insígnias  e
emblemas militares, bem como seu uso por quem a eles não tiver direito.

                Art.  77.  O  uso  dos  uniformes  com  seus  distintivos,  insígnias  e  emblemas,  bem  como  os  modelos,  descrição,  composição,
peças acessórias e outras disposições, são os estabelecidos na regulamentação específica de cada Força Armada.

        § 1º É proibido ao militar o uso dos uniformes:

        a) em manifestação de caráter político­partidária;

        b) em atividade não­militar no estrangeiro, salvo quando expressamente determinado ou autorizado; e

        c) na inatividade, salvo para comparecer a solenidades militares, a cerimônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou a
atos sociais solenes de caráter particular, desde que autorizado.

        § 2º O oficial na inatividade, quando no cargo de Ministro de Estado da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, poderá usar os
mesmos uniformes dos militares na ativa.

                §  3º  Os  militares  na  inatividade  cuja  conduta  possa  ser  considerada  como  ofensiva  à  dignidade  da  classe  poderão  ser
definitivamente proibidos de usar uniformes por decisão do Ministro da respectiva Força Singular.

        Art. 78. O militar fardado tem as obrigações correspondentes ao uniforme que use e aos distintivos, emblemas ou às insígnias
que ostente.

                Art.  79.  É  vedado  às  Forças  Auxiliares  e  a  qualquer  elemento  civil  ou  organizações  civis  usar  uniformes  ou  ostentar
distintivos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidos com os adotados nas Forças Armadas.

        Parágrafo único. São responsáveis pela infração das disposições deste artigo, além dos indivíduos que a tenham cometido, os
comandantes  das  Forças  Auxiliares,  diretores  ou  chefes  de  repartições,  organizações  de  qualquer  natureza,  firmas  ou
empregadores,  empresas,  institutos  ou  departamentos  que  tenham  adotado  ou  consentido  sejam  usados  uniformes  ou  ostentados
distintivos, insígnias ou emblemas que possam ser confundidos com os adotados nas Forças Armadas.

TÍTULO IV
Das Disposições Diversas

CAPÍTULO I
Das Situações Especiais

SEÇÃO I
Da Agregação

        Art. 80. Agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro,
Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número.

        Art. 81. O militar será agregado e considerado, para todos os efeitos legais, como em serviço ativo quando:

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                I  ­  for  nomeado  para  cargo,  militar  ou  considerado  de  natureza  militar,  estabelecido  em  lei  ou  decreto,  no  País  ou  no
estrangeiro,  não­previsto  nos  Quadros  de  Organização  ou  Tabelas  de  Lotação  da  respectiva  Força  Armada,  exceção  feita  aos
membros das comissões de estudo ou de aquisição de material, aos observadores de guerra e aos estagiários para aperfeiçoamento
de conhecimentos militares em organizações militares ou industriais no estrangeiro;

        II ­ for posto à disposição exclusiva de outro Ministério Militar para ocupar cargo militar ou considerado de natureza militar;

       II ­ for posto à disposição exclusiva do Ministério da Defesa ou de Força Armada diversa daquela a que pertença, para ocupar
cargo militar ou considerado de natureza militar;                          (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        III ­ aguardar transferência ex officio para a reserva, por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que a motivaram;

        IV ­ o órgão competente para formalizar o respectivo processo tiver conhecimento oficial do pedido de transferência do militar
para a reserva; e

        V ­ houver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos na situação de convocado para funcionar como Ministro do Superior Tribunal
Militar.

        § 1º A agregação de militar nos casos dos itens I e II é contada a partir da data da posse no novo cargo até o regresso à Força
Armada a que pertence ou a transferência ex officio para a reserva.

                §  2º  A  agregação  de  militar  no  caso  do  item  III  é  contada  a  partir  da  data  indicada  no  ato  que  tornar  público  o  respectivo
evento.

        § 3º A agregação de militar no caso do item IV é contada a partir da data indicada no ato que tornar pública a comunicação
oficial até a transferência para a reserva.

        § 4º A agregação de militar no caso do item V é contada a partir do primeiro dia após o respectivo prazo e enquanto durar o
evento.

        Art. 82. O militar será agregado quando for afastado temporariamente do serviço ativo por motivo de:

        I ­ ter sido julgado incapaz temporariamente, após 1 (um) ano contínuo de tratamento;

        II ­ haver ultrapassado 1 (um) ano contínuo em licença para tratamento de saúde própria;

        III ­ haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença para tratar de interesse particular;

        III ­ haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença para tratar de interesse particular ou em licença para acompanhar
cônjuge ou companheiro(a);                          (Redação dada pela Lei nº 11.447, de 2007)

        IV ­ haver ultrapassado 6 (seis) meses contínuos em licença para tratar de saúde de pessoa da família;

        V ­ ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto tramita o processo de reforma;

        VI ­ ter sido considerado oficialmente extraviado;

        VII  ­  ter­se  esgotado  o  prazo  que  caracteriza  o  crime  de  deserção  previsto  no  Código  Penal  Militar,  se  oficial  ou  praça  com
estabilidade assegurada;

        VIII ­ como desertor, ter­se apresentado voluntariamente, ou ter sido capturado, e reincluído a fim de se ver processar;

        IX ­ se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição da Justiça Comum;

        X ­ ter sido condenado à pena restritiva de liberdade superior a 6 (seis) meses, em sentença transitada em julgado, enquanto
durar a execução, excluído o período de sua suspensão condicional, se concedida esta, ou até ser declarado indigno de pertencer
às Forças Armadas ou com elas incompatível;

                XI  ­  ter  sido  condenado  à  pena  de  suspensão  do  exercício  do  posto,  graduação,  cargo  ou  função  prevista  no  Código  Penal
Militar;

        XII ­ ter passado à disposição de Ministério Civil, de órgão do Governo Federal, de Governo Estadual, de Território ou Distrito
Federal, para exercer função de natureza civil;

        XIII ­ ter sido nomeado para qualquer cargo público civil temporário, não­eletivo, inclusive da administração indireta; e

        XIV ­ ter­se candidatado a cargo eletivo, desde que conte 5 (cinco) ou mais anos de serviço.

        § 1° A agregação de militar nos casos dos itens I, II, III e IV é contada a partir do primeiro dia após os respectivos prazos e
enquanto durar o evento.

        § 2º A agregação de militar nos casos dos itens V, VI, VII, VIII, IX, X e XI é contada a partir da data indicada no ato que tornar
público o respectivo evento.

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        § 3º A agregação de militar nos casos dos itens XII e XIII é contada a partir da data de posse no novo cargo até o regresso à
Força Armada a que pertence ou transferência ex officio para a reserva.

        § 4º A agregação de militar no caso do item XIV é contada a partir da data do registro como candidato até sua diplomação ou
seu regresso à Força Armada a que pertence, se não houver sido eleito.

                Art.  83.  O  militar  agregado  fica  sujeito  às  obrigações  disciplinares  concernentes  às  suas  relações  com  outros  militares  e
autoridades  civis,  salvo  quando  titular  de  cargo  que  lhe  dê  precedência  funcional  sobre  outros  militares  mais  graduados  ou  mais
antigos.

        Art. 84. O militar agregado ficará adido, para efeito de alterações e remuneração, à organização militar que lhe for designada,
continuando a figurar no respectivo registro, sem número, no lugar que até então ocupava.

                Art.  85.  A  agregação  se  faz  por  ato  do  Presidente  da  República  ou  da  autoridade  à  qual  tenha  sido  delegada  a  devida
competência.

SEÇÃO II
Da Reversão

        Art. 86. Reversão é o ato pelo qual o militar agregado retorna ao respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço tão logo cesse o
motivo que determinou sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir na respectiva escala numérica, na primeira vaga
que ocorrer, observado o disposto no § 3° do artigo 100.

        Parágrafo único. Em qualquer tempo poderá ser determinada a reversão do militar agregado nos casos previstos nos itens IX,
XII e XIII do artigo 82.

                Art.  87.  A  reversão  será  efetuada  mediante  ato  do  Presidente  da  República  ou  da  autoridade  à  qual  tenha  sido  delegada  a
devida competência.

SEÇÃO III
Do Excedente

        Art. 88. Excedente é a situação transitória a que, automaticamente, passa o militar que:

                I  ­  tendo  cessado  o  motivo  que  determinou  sua  agregação,  reverta  ao  respectivo  Corpo,  Quadro,  Arma  ou  Serviço,  estando
qualquer destes com seu efetivo completo;

                II  ­  aguarda  a  colocação  a  que  faz  jus  na  escala  hierárquica,  após  haver  sido  transferido  de  Corpo  ou  Quadro,  estando  os
mesmos com seu efetivo completo;

        III ­ é promovido por bravura, sem haver vaga;

        IV ­ é promovido indevidamente;

        V ­ sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, ultrapasse o efetivo de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, em
virtude de promoção de outro militar em ressarcimento de preterição; e

                VI  ­  tendo  cessado  o  motivo  que  determinou  sua  reforma  por  incapacidade  definitiva,  retorne  ao  respectivo  Corpo,  Quadro,
Arma ou Serviço, estando qualquer destes com seu efetivo completo.

                §  1º  O  militar  cuja  situação  é  a  de  excedente,  salvo  o  indevidamente  promovido,  ocupa  a  mesma  posição  relativa,  em
antigüidade,  que  lhe  cabe  na  escala  hierárquica  e  receberá  o  número  que  lhe  competir,  em  conseqüência  da  primeira  vaga  que  se
verificar, observado o disposto no § 3º do artigo 100.

                §  2º  O  militar,  cuja  situação  é  de  excedente,  é  considerado,  para  todos  os  efeitos,  como  em  efetivo  serviço  e  concorre,
respeitados  os  requisitos  legais,  em  igualdade  de  condições  e  sem  nenhuma  restrição,  a  qualquer  cargo  militar,  bem  como  à
promoção e à quota compulsória.

        § 3º O militar promovido por bravura sem haver vaga ocupará a primeira vaga aberta, observado o disposto no § 3º do artigo
100, deslocando o critério de promoção a ser seguido para a vaga seguinte.

                §  4º  O  militar  promovido  indevidamente  só  contará  antigüidade  e  receberá  o  número  que  lhe  competir  na  escala  hierárquica
quando  a  vaga  que  deverá  preencher  corresponder  ao  critério  pelo  qual  deveria  ter  sido  promovido,  desde  que  satisfaça  aos
requisitos para promoção.

SEÇÃO IV
Do Ausente e do Desertor

        Art. 89. É considerado ausente o militar que, por mais de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas:

        I ­ deixar de comparecer à sua organização militar sem comunicar qualquer motivo de impedimento; e

        II ­ ausentar­se, sem licença, da organização militar onde serve ou local onde deve permanecer.

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                Parágrafo  único.  Decorrido  o  prazo  mencionado  neste  artigo,  serão  observadas  as  formalidades  previstas  em  legislação
específica.

        Art. 90. O militar é considerado desertor nos casos previstos na legislação penal militar.

SEÇÃO V
Do Desaparecido e do Extraviado

        Art. 91. É considerado desaparecido o militar na ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em campanha ou
em caso de calamidade pública, tiver paradeiro ignorado por mais de 8 (oito) dias.

        Parágrafo único. A situação de desaparecimento só será considerada quando não houver indício de deserção.

                Art.  92.  O  militar  que,  na  forma  do  artigo  anterior,  permanecer  desaparecido  por  mais  de  30  (trinta)  dias,  ser  oficialmente
considerado extraviado.

SEÇÃO VI
Do Comissionado

        Art. 93. Após a declaração de estado de guerra, os militares em serviço ativo poderão ser comissionados, temporariamente,
em postos ou graduações superiores aos que efetivamente possuírem.

        Parágrafo único. O comissionamento de que trata este artigo será regulado em legislação específica.

CAPÍTULO II
Da Exclusão do Serviço Ativo

SEÇÃO I
Da Ocorrência

                Art.  94.  A  exclusão  do  serviço  ativo  das  Forças  Armadas  e  o  conseqüente  desligamento  da  organização  a  que  estiver
vinculado o militar decorrem dos seguintes motivos:                         (Vide Decreto nº 2.790, de 1998)

        I ­ transferência para a reserva remunerada;

        II ­ reforma;

        III ­ demissão;

        IV ­ perda de posto e patente;

        V ­ licenciamento;

        VI ­ anulação de incorporação;

        VII ­ desincorporação;

        VIII ­ a bem da disciplina;

        IX ­ deserção;

        X ­ falecimento; e

        XI ­ extravio.

        § 1º O militar excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estiver vinculado passará a integrar a reserva das
Forças Armadas, exceto se incidir em qualquer dos itens II, IV, VI, VIII, IX, X e XI deste artigo ou for licenciado, ex officio , a bem
da disciplina.

        § 2º Os atos referentes às situações de que trata o presente artigo são da alçada do Presidente da República, ou da autoridade
competente para realizá­los, por delegação.

        Art. 95. O militar na ativa, enquadrado em um dos itens I, II, V e VII do artigo anterior, ou demissionário a pedido, continuará
no exercício de suas funções até ser desligado da organização militar em que serve.

        § 1º O desligamento do militar da organização em que serve deverá ser feito após a publicação em Diário Oficial , em Boletim
ou em Ordem de Serviço de sua organização militar, do ato oficial correspondente, e não poderá exceder 45 (quarenta e cinco) dias
da data da primeira publicação oficial.

                §  2º  Ultrapassado  o  prazo  a  que  se  refere  o  parágrafo  anterior,  o  militar  será  considerado  desligado  da  organização  a  que
estiver vinculado, deixando de contar tempo de serviço, para fins de transferência para a inatividade.

SEÇÃO II
Da Transferência para a Reserva Remunerada

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        Art. 96. A passagem do militar à situação de inatividade, mediante transferência para a reserva remunerada, se efetua:

        I ­ a pedido; e

        II ­ ex officio .

                Parágrafo  único.  A  transferência  do  militar  para  a  reserva  remunerada  pode  ser  suspensa  na  vigência  do  estado  de  guerra,
estado de sítio, estado de emergência ou em caso de mobilização.

        Art. 97. A transferência para a reserva remunerada, a pedido, será concedida mediante requerimento, ao militar que contar, no
mínimo, 30 (trinta) anos de serviço.

                §  1º  O  oficial  da  ativa  pode  pleitear  transferência  para  a  reserva  remunerada  mediante  inclusão  voluntária  na  quota
compulsória.

        § 2º No caso de o militar haver realizado qualquer curso ou estágio de duração superior a 6 ( seis ) meses, por conta da União,
no  estrangeiro,  sem  haver  decorrido  3  (três)  anos  de  seu  término,  a  transferência  para  a  reserva  só  será  concedida  mediante
indenização  de  todas  as  despesas  correspondentes  à  realização  do  referido  curso  ou  estágio,  inclusive  as  diferenças  de
vencimentos. O cálculo da indenização será efetuado pelos respectivos Ministérios.

        § 3º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos oficiais que deixem de ser incluídos em Lista de Escolha, quando nela
tenha entrado oficial mais moderno do seu respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço.

        § 4º Não será concedida transferência para a reserva remunerada, a pedido, ao militar que:

        a) estiver respondendo a inquérito ou processo em qualquer jurisdição; e

        b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.

        Art. 98. A transferência para a reserva remunerada, ex officio , verificar­se­á sempre que o militar incidir em um dos seguintes
casos:

I ­ atingir as seguintes idades­limites:
a  )  na  Marinha,  no  Exército  e  na  Aeronáutica,  para  os  oficiais  dos  Corpos,  Quadros,  Armas  e  Serviços
não­incluídos na letra b:

Postos Idades
Almirante­de­Esquadra, General­de­Exército e Tenente­Brigadeiro 66 anos
Vice­Almirante, General­de­Divisão e Major­Brigadeiro 64 anos
Contra­Almirante, General­de­Brigada e Brigadeiro 62 anos
Capitão­de­Mar­e­Guerra e Coronel 59 anos
Capitão­de­Fragata e Tenente­Coronel 56 anos
Capitão­de­Corveta e Major 52 anos
Capitão­Tenente ou Capitão e Oficiais Subalternos 48 anos

  b)  na  Marinha,  para  os  oficiais  do  Quadro  de  Oficiais  Auxiliares  da  Armada  ­  QOAA,  do  Quadro  de
Oficiais  Auxiliares  do  CFN  ­  QOA­CFN,  do  Quadro  de  Músicos  do  CFN  ­  QOMU­CFN,  dos  Quadros
Complementares de Oficiais de Marinha e do Quadro de Práticos do Ministério da Marinha; no Exército,
para os oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais ­ QAO; na Aeronáutica, para os Oficiais dos Quadros de
Oficiais  Especialistas,  do  Quadro  de  Oficiais  de  Infantaria  da  Aeronáutica,  do  Quadro  de  Oficiais
Músicos ­ QOMU e do Quadro de Oficiais de Administração ­ QOAdm:

Postos Idades
Capitão­de­Fragata e Tenente­Coronel 60 anos
Capitão­de­Corveta e Major 58 anos
Capitão­Tenente e Capitão 56 anos
Primeiro­Tenente 54 anos
Segundo­Tenente 52 anos

        c) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para as praças:

Graduação Idades
Suboficial ou Subtenente 52 anos
Primeiro­Sargento e Taifeiro­Mor 50 anos

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Segundo­Sargento e Taifeiro­de­Primeira Classe 48 anos
Terceiro­Sargento e Taifeiro­de­Segunda­Classe 47 anos
Cabo 45 anos
Marinheiro, Soldado e Soldado­de­Primeira­Classe 44 anos

           I ­ atingir as seguintes idades­limite:                         (Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

a)  na  Marinha,  no  Exército  e  na  Aeronáutica,  para  os  oficiais  dos  Corpos,  Quadros,  Armas  e  Serviços
não incluídos nas alíneas b, d e f:                          (Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

a) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para os Oficiais dos Corpos, Quadros, Armas e Serviços
não incluídos na alínea b;                            (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)

Postos Idades

Almirante­de­Esquadra, General­de­Exéreito e Tenente­Brigadeiro 66 anos

Vice­Almirante, General­de­Divisão e Major­Brigadeiro 64 anos

Contra­Almirante, General­de­Brigada e Brigadeiro 62 anos

Capitão­de­Mar­e­Guerra e Coronel 59 anos

Capitão­de­Fragata e Tenente­Coronel 56 anos

Capitão­de­Corveta e Major 52 anos

Capitão­Tenente ou Capitão e Oficiais Subalternos 48 anos

(Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

b)  na  Marinha,  para  os  oficiais  do  Quadro  de  Oficiais  Auxiliares  da  Armada  (QOAA),  do
Quadro  de  Oficiais  Auxiliares  do  CFN  (QOA­CFN)  e  dos  Quadros  Complementares  de
Oficiais  de  Marinha,  do  Quadro  de  Farmacêuticos  do  CSM  (QF­CSM)  e  do  Quadro  de
Cirurgiões­Dentistas do CSM (QCD­CSM):                             (Redação dada pela Lei nº
7.503, de 1986)

Postos Idades

Capitão­de­Mar­e­Guerra 62 anos

Capitão­de­Fragata 60 anos

Capitão­de­Corveta 58 anos

Capitão­Tenente 56 anos

Primeiro­Tenente 54 anos

Segundo­Tenente 52 anos

        c) na Marinha, para as praças:                             (Redação dada pela Lei nº 7.503, de 1986)

Graduações Idades

Suboficial 54 anos

Primeiro­Sargento 52 anos

Segundo­Sargento 50 anos

Terceiro­Sargento 49 anos

Cabo 48 anos

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Marinheiro 44 anos

        d) no Exército, para os oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (QCO) e do quadro Auxiliar de
Oficiais (QAO):                                 (Incluída pela Lei nº 7.503, de 1986)

Postos Idades

Coronel 62 anos

Tenente­Coronel 60 anos

Major 58 anos

Capitão 56 anos

Primeiro­Tenente 56 anos

Segundo­Tenente 56 anos

        e) no Exército, para as praças:                            (Incluída pela Lei nº
7.503, de 1986)

Graduações Idades

Subtenente. 54 anos

Primeiro­Sargento e Taifeiro­Mor 52 anos

Segundo­Sargento e Taifeiro­de­Primeira­Classe 50 anos

Terceiro­Sargento 49 anos

Cabo e Taifeiro­de­Segunda­Classe 48 anos

Soldado 44 anos

f)  na  Aeronáutica,  para  os  oficiais  do  Quadro  de  Oficiais  Farmacêuticos,  do  Quadro  de
Oficiais  Dentistas,  do  Quadro  de  Oficiais  de  Infantaria  da  Aeronáutica,  dos  Quadros  de
Oficiais  Especialistas  e  do  Quadro  de  Oficiais  de  Administração:                                                           
(Incluída pela Lei nº 7.503, de 1986)

Postos Idades

Coronel 62 anos

Tenente­Coronel 60 anos

Major 58 anos

Capitão 56 anos

Primeiro­Tenente 56 anos

Segundo­Tenente 56 anos

        g) na Aeronáutica, para as praças:                             (Incluída pela Lei
nº 7.503, de 1986)

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Graduações Idades

Suboficial 54 anos

Primeiro­Sargento e Taifeiro­Mor 52 anos

Segundo­Sargento e Taifeiro­de­Primeira­Classe 50 anos

Terceiro­Sargento 49 anos

Cabo e Taifeiro­de­Segunda­Classe 48 anos

Soldado­de­Primeira­Classe 44 anos

b)  na  Marinha,  para  os  oficiais  do  Quadro  de  Oficiais  Auxiliares  da  Armada  ­  QOAA,  do  Quadro  de
Oficiais  Auxiliares  do  CFN  ­  QOA­CFN,  do  Quadro  de  Músicos  do  CFN  ­  QOMU­CFN,  dos  Quadros
Complementares de Oficiais de Marinha e do Quadro de Práticos do Ministério da Marinha; no Exército,
para os oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais ­ QAO; na Aeronáutica, para os Oficiais dos Quadros de
Oficiais  Especialistas,  do  Quadro  de  Oficiais  de  Infantaria  da  Aeronáutica,  do  Quadro  de  Oficiais
Músicos ­ QOMU e do Quadro de Oficiais de Administração ­ QOAdm:

Postos Idades
Capitão­de­Fragata e Tenente­Coronel 60 anos
Capitão­de­Corveta e Major 58 anos
Capitão­Tenente e Capitão 56 anos
Primeiro­Tenente 54 anos
Segundo­Tenente 52 anos

  b)  na  Marinha,  para  os  Oficiais  do  Quadro  de  Oficiais  Auxiliares  da  Armada  ­  QOAA,  do  Quadro  de
Oficiais  Auxiliares  do  CFN  ­  QOA­CFN  e  dos  Quadros  Complementares  de  Oficiais  de  Marinha,  do
Quadro de Farmacêuticos do CSM ­ QF­CSM e do Quadro de Cirurgiões­Dentistas do CSM ­ QCD­CSM;
no  Exército,  para  Oficiais  do  Quadro  Complementar  de  Oficiais  ­  QCO,  do  Quadro  Auxiliar  de  Oficiais  ­
QAO, do Quadro de Oficiais Médicos ­ QOM, do Quadro de Oficiais Farmacêuticos ­ QOF, do Quadro de
Oficiais Dentistas ­ QOD e do Quadro de Oficiais Veterinários ­ QOV; na Aeronáutica, para os Oficiais do
Quadro de Oficiais Farmacêuticos, do Quadro de Oficiais Dentistas, do Quadro de Oficiais de Infantaria
da  Aeronáutica,  do  Quadro  de  Oficiais  Técnicos  e  do  Quadro  de  Oficiais  Especialistas  da
Aeronáutica.                               (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)

Postos Idades
Capitão­de­Mar­e­Guerra e Coronel 62 anos
Capitão­de­Fragata e Tenente­Coronel 60 anos
Capitão­de­Corveta e Major 58 anos
Capitão­Tenente e Capitão 56 anos
Primeiro­Tenente 56 anos
Segundo­Tenente 56 anos

 b) na Marinha, para os Oficiais do Quadro de Cirurgiões­Dentistas (CD) e do Quadro de Apoio à Saúde
(S),  componentes  do  Corpo  de  Saúde  da  Marinha  e  do  Quadro  Técnico  (T),  do  Quadro  Auxiliar  da
Armada  (AA)  e  do  Quadro  Auxiliar  de  Fuzileiros  Navais  (AFN),  componentes  do  Corpo  Auxiliar  da
Marinha; no Exército, para os Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (QCO), do Quadro Auxiliar de
Oficiais  (QAO),  do  Quadro  de  Oficiais  Médicos  (QOM),  do  Quadro  de  Oficiais  Farmacêuticos  (QOF),  e
do Quadro de Oficiais Dentistas (QOD); na Aeronáutica, para os Oficiais do Quadro de Oficiais Médicos
(QOMed),  do  Quadro  de  Oficiais  Farmacêuticos  (QOFarm),  do  Quadro  de  Oficiais  Dentistas  (QODent),
do  Quadro  de  Oficiais  de  Infantaria  da  Aeronáutica  (QOInf),  dos  Quadros  de  Oficiais  Especialistas  em
Aviões  (QOEAv),  em  Comunicações  (QOECom),  em  Armamento  (QOEArm),  em  Fotografia  (QOEFot),
em  Meteorologia  (QOEMet),  em  Controle  de  Tráfego  Aéreo  (QOECTA),  em  Suprimento  Técnico
(QOESup) e do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica (QOEA):                               (Redação
dada pela Lei nº 10.416, de 27.3.2002)

Postos Idades
Capitão­de­Mar­e­Guerra e Corone 62 anos

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Capitão­de­Fragata e Tenente­Corone 60 anos
Capitão­de­Corveta e Major 58 anos
Capitão­Tenente e Capitão 56 anos
Primeiro Tenente 56 anos
Segundo­Tenente 56 anos

        c) na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, para
Praças:                                (Redação dada pela Lei nº 7.666, de 1988)

Graduação Idades
Suboficial e Subtenente 54 anos
Primeiro­Sargento e Taifeiro­Mor 52 anos
Segundo­Sargento e Taifeiro­de­Primeira­Classe 50 anos

Graduação Idades
Terceiro­Sargento 49 anos
Cabo e Taifeiro­de­Segunda­Classe 48 anos
Marinheiro, Soldado e Soldado­de­Primeira­Classe 44 anos

        II ­ completar o Oficial­General 4 (quatro) anos no último posto da hierarquia de paz da respectiva Força;

        II ­ completar o Oficial­General 4 (quatro) anos no último posto da hierarquia, em tempo de paz, prevista para cada Corpo ou
Quadro da respectiva Força.                           (Redação dada pela Lei nº 7.659, de 1988)

        III ­ completar os seguintes tempos de serviço como Oficial­General:

        a) nos Corpos ou Quadros que possuírem até o posto de Almirante­de­Esquadra, General­de­Exército e Tenente­Brigadeiro, 12
(doze) anos;

        b) nos Corpos ou Quadros que possuírem até o posto de Vice­Almirante, General­de­Divisão e Major­Brigadeiro, 8 (oito) anos;
e

                c)  nos  Corpos  ou  Quadros  que  possuírem  apenas  o  posto  de  Contra­Almirante,  General­de­Brigada  e  Brigadeiro,  4  (quatro)
anos;

        IV ­ ultrapassar o oficial 5 (cinco) anos de permanência no último posto da hierarquia de paz de seu Corpo, Quadro, Arma ou
Serviço;  para  o  Capitão­de­Mar­e­Guerra  ou  Coronel  esse  prazo  será  acrescido  de  4  (quatro)  anos  se,  ao  completar  os  primeiros  5
(cinco) anos no posto, já possuir o curso exigido para a promoção ao primeiro posto de oficial­general, ou nele estiver matriculado e
vier a concluí­lo com aproveitamento;

        V ­ for o oficial abrangido pela quota compulsória;

                VI  ­  for  a  praça  abrangida  pela  quota  compulsória,  na  forma  regulada  em  decreto,  para  cada  Força  Singular;                           
(Vigência)

                VII  ­  for  o  oficial  considerado  não­habilitado  para  o  acesso  em  caráter  definitivo,  no  momento  em  que  vier  a  ser  objeto  de
apreciação para ingresso em Quadro de Acesso ou Lista de Escolha;

                VIII  ­  deixar  o  Oficial­General,  o  Capitão­de­Mar­e­Guerra  ou  o  Coronel  de  integrar  a  Lista  de  Escolha  a  ser  apresentada  ao
Presidente da República, pelo número de vezes fixado pela Lei de Promoções de Oficiais da Ativa das Forças Armadas, quando na
referida Lista de Escolha tenha entrado oficial mais moderno do seu respectivo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço;

                IX  ­  for  o  Capitão­de­Mar­e­Guerra  ou  o  Coronel,  inabilitado  para  o  acesso,  por  estar  definitivamente  impedido  de  realizar  o
curso  exigido,  ultrapassado  2  (duas)  vezes,  consecutivas  ou  não,  por  oficial  mais  moderno  do  respectivo  Corpo,  Quadro,  Arma  ou
Serviço, que tenha sido incluído em Lista de Escolha;

        X ­ na Marinha e na Aeronáutica, deixar o oficial do penúltimo posto de Quadro, cujo último posto seja de oficial superior, de
ingressar  em  Quadro  de  Acesso  por  Merecimento  pelo  número  de  vezes  fixado  pela  Lei  de  Promoções  de  Oficiais  da  Ativa  das
Forças Armadas, quando nele tenha entrado oficial mais moderno do respectivo Quadro;

        XI ­ ingressar o oficial no Magistério Militar, se assim o determinar a legislação específica;

        XII ­ ultrapassar 2 (dois) anos, contínuos ou não, em licença para tratar de interesse particular;

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        XIII ­ ultrapassar 2 (dois) anos contínuos em licença para tratamento de saúde de pessoa de sua família;

                XIV  ­  passar  a  exercer  cargo  ou  emprego  público  permanentes  estranhos  à  sua  carreira,  cujas  funções  sejam  de
magistério;                         (Revogado pela Lei nº 9.297, de 1996)

                XV  ­  ultrapassar  2  (dois)  anos  de  afastamento,  contínuos  ou  não,  agregado  em  virtude  de  ter  passado  a  exercer  cargo  ou
emprego público civil temporário, não­eletivo, inclusive da administração indireta; e

        XVI ­ ser diplomado em cargo eletivo, na forma da letra b , do parágrafo único, do artigo 52.

        § 1º A transferência para a reserva processar­se­á quando o militar for enquadrado em um dos itens deste artigo, salvo quanto
ao item V, caso em que será processada na primeira quinzena de março.

        § 2° A transferência para a reserva do militar enquadrado no item XIV deste artigo será efetivada no posto ou graduação que
tinha na ativa, podendo acumular os proventos a que fizer jus na inatividade com a remuneração do cargo ou emprego para o qual
foi nomeado ou admitido.                          (Revogado pela Lei nº 9.297, de 1996)

        § 3º A nomeação ou admissão do militar para os cargos ou empregos públicos de que tratam os itens XIV e XV deste artigo
somente poderá ser feita se:

        § 3° A nomeação ou admissão do militar para os cargos ou empregos públicos de que trata o inciso XV deste artigo somente
poderá ser feita se:                        (Redação dada pela Lei nº 9.297, de 1996)

                a)  oficial,  pelo  Presidente  da  República  ou  mediante  sua  autorização  quando  a  nomeação  ou  admissão  for  da  alçada  de
qualquer outra autoridade federal, estadual ou municipal; e

        b) praça, mediante autorização do respectivo Ministro.

        § 4º Enquanto o militar permanecer no cargo ou emprego de que trata o item XV:

        a) é­lhe assegurada a opção entre a remuneração do cargo ou emprego e a do posto ou da graduação;

        b) somente poderá ser promovido por antigüidade; e

        c) o tempo de serviço é contado apenas para aquela promoção e para a transferência para a inatividade.

        § 5º Entende­se como Lista de Escolha aquela que como tal for definida na lei que dispõe sobre as promoções dos oficiais da
ativa das Forças Armadas.

        Art. 99. A quota compulsória, a que se refere o item V do artigo anterior, é destinada a assegurar a renovação, o equilíbrio, a
regularidade de acesso e a adequação dos efetivos de cada Força Singular.

        Art. 100. Para assegurar o número fixado de vagas à promoção na forma estabelecida no artigo 61, quando este número não
tenha sido alcançado com as vagas ocorridas durante o ano considerado ano­base, aplicar­se­á a quota compulsória a que se refere
o artigo anterior.

        § 1º A quota compulsória é calculada deduzindo­se das vagas fixadas para o ano­base para um determinado posto:

        a) as vagas fixadas para o posto imediatamente superior no referido ano­base; e

                b)  as  vagas  havidas  durante  o  ano­base  e  abertas  a  partir  de  1º  (primeiro)  de  janeiro  até  31  (trinta  e  um)  de  dezembro,
inclusive.

        § 2º Não estarão enquadradas na letra b do parágrafo anterior as vagas que:

        a) resultarem da fixação de quota compulsória para o ano anterior ao base; e

        b) abertas durante o ano­base, tiverem sido preenchidas por oficiais excedentes nos Corpos, Quadros, Armas ou Serviços ou
que a eles houverem revertido em virtude de terem cessado as causas que deram motivo à agregação, observado o disposto no §
3º deste artigo.

        § 3º As vagas decorrentes da aplicação direta da quota compulsória e as resultantes das promoções efetivadas nos diversos
postos,  em  face  daquela  aplicação  inicial,  não  serão  preenchidas  por  oficiais  excedentes  ou  agregados  que  reverterem  em  virtude
de haverem cessado as causas da agregação.

        § 4º As quotas compulsórias só serão aplicadas quando houver, no posto imediatamente abaixo, oficiais que satisfaçam às
condições de acesso.

        Art . 101. A indicação dos oficiais para integrarem a quota compulsória obedecerá às seguintes prescrições:

        I ­ inicialmente serão apreciados os requerimentos apresentados pelos oficiais da ativa que, contando mais de 20 (vinte) anos
de  tempo  de  efetivo  serviço,  requererem  sua  inclusão  na  quota  compulsória,  dando­se  atendimento,  por  prioridade  em  cada  posto,
aos mais idosos; e

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        II ­ se o número de oficiais voluntários na forma do item I não atingir o total de vagas da quota fixada em cada posto, esse
total será completado, ex officio , pelos oficiais que:

        a) contarem, no mínimo, como tempo de efetivo serviço:

        1 ­ 30 (trinta) anos, se Oficial­General;

        2 ­ 28 (vinte e oito) anos, se Capitão­de­Mar­e­Guerra ou Coronel;

        3 ­ 25 (vinte e cinco) anos, se Capitão­de­Fragata ou Tenente­Coronel; e

        4 ­ 20 (vinte) anos, de Capitão­de­Corveta ou Major.

        b) possuírem interstício para promoção, quando for o caso;

                c)  estiverem  compreendidos  nos  limites  quantitativos  de  antigüidade  que  definem  a  faixa  dos  que  concorrem  à  constituição
dos Quadros de Acesso por Antigüidade, Merecimento ou Escolha;

                d)  ainda  que  não  concorrendo  à  constituição  dos  Quadros  de  Acesso  por  Escolha,  estiverem  compreendidos  nos  limites
quantitativos de antigüidade estabelecidos para a organização dos referidos Quadros; e

        e) satisfizerem as condições das letras a , b , c e d, na seguinte ordem de prioridade:

                1ª)  não  possuírem  as  condições  regulamentares  para  a  promoção,  ressalvada  a  incapacidade  física  até  6  (seis)  meses
contínuos  ou  12  (doze)  meses  descontínuos;  dentre  eles  os  de  menor  merecimento  a  ser  apreciado  pelo  órgão  competente  da
Marinha,  do  Exército  e  da  Aeronáutica;  em  igualdade  de  merecimento,  os  de  mais  idade  e,  em  caso  de  mesma  idade,  os  mais
modernos;

        2ª) deixarem de integrar os Quadros de Acesso por Merecimento ou Lista de Escolha, pelo maior número de vezes no posto,
quando neles tenha entrado oficial mais moderno; em igualdade de condições, os de menor merecimento a ser apreciado pelo órgão
competente  da  Marinha,  do  Exército  e  da  Aeronáutica;  em  igualdade  de  merecimento,  os  de  mais  idade  e,  em  caso  de  mesma
idade, os mais modernos; e

        3ª) forem os de mais idade e, no caso da mesma idade, os mais modernos.

        § 1º Aos oficiais excedentes, aos agregados e aos não­numerados em virtude de lei especial aplicam­se as disposições deste
artigo e os que forem relacionados para a compulsória serão transferidos para a reserva juntamente com os demais componentes da
quota, não sendo computados, entretanto, no total das vagas fixadas.

                §  2º  Nos  Corpos,  Quadros,  Armas  ou  Serviços,  nos  quais  não  haja  posto  de  Oficial­General,  só  poderão  ser  atingidos  pela
quota  compulsória  os  oficiais  do  último  posto  da  hierarquia  que  tiverem,  no  mínimo,  28  (vinte  e  oito)  anos  de  tempo  de  efetivo
serviço  e  os  oficiais  dos  penúltimo  e  antepenúltimo  postos  que  tiverem,  no  mínimo,  25  (vinte  e  cinco)  anos  de  tempo  de  efetivo
serviço.

        § 3º Computar­se­á, para os fins de aplicação da quota compulsória, no caso previsto no item II, letra a , número 1, como de
efetivo serviço, o acréscimo a que se refere o item II do artigo 137.

               Art.  102.  O  órgão  competente  da  Marinha,  do  Exército  e  da  Aeronáutica  organizará,  até  o  dia  31  (trinta  e  um)  de  janeiro  de
cada ano, a lista dos oficiais destinados a integrarem a quota compulsória, na forma do artigo anterior.

        § 1º Os oficiais indicados para integrarem a quota compulsória anual serão notificados imediatamente e terão, para apresentar
recursos contra essa medida, o prazo previsto na letra a , do § 1º, do artigo 51.

                §  2º  Não  serão  relacionados  para  integrarem  a  quota  compulsória  os  oficiais  que  estiverem  agregados  por  terem  sido
declarados extraviados ou desertores.

                Art.  103.  Para  assegurar  a  adequação  dos  efetivos  à  necessidade  de  cada  Corpo,  Quadro,  Arma  ou  Serviço,  o  Poder
Executivo poderá aplicar também a quota compulsória aos Capitães­de­Mar­e­Guerra e Coronéis não­numerados, por não possuírem
o curso exigido para ascender ao primeiro posto de Oficial­General.

                §  1º  Para  aplicação  da  quota  compulsória  na  forma  deste  artigo,  o  Poder  Executivo  fixará  percentual  calculado  sobre  os
efetivos de oficiais não­remunerados existentes em cada Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, em 31 de dezembro de cada ano.

        § 2º A indicação de oficiais não­numerados para integrarem a quota compulsória, os quais deverão ter, no mínimo, 28 (vinte e
oito) anos de efetivo serviço, obedecerá às seguintes prioridades:

        1ª) os que requererem sua inclusão na quota compulsória;

        2ª) os de menor merecimento a ser apreciado pelo órgão competente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; em igualdade
de merecimento, os de mais idade e, em caso de mesma idade, os mais modernos; e

        3ª) forem os de mais idade e, no caso de mesma idade, os mais modernos.

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        § 3º Observar­se­ão na aplicação da quota compulsória, referida no parágrafo anterior, as disposições estabelecidas no artigo
102.

SEÇÃO III
Da Reforma

        Art. 104. A passagem do militar à situação de inatividade, mediante reforma, se efetua:

        I ­ a pedido; e

        II ­ ex officio .

                Art  .  105.  A  reforma  a  pedido,  exclusivamente  aplicada  aos  membros  do  Magistério  Militar;  se  o  dispuser  a  legislação
específica da respectiva Força, somente poderá ser concedida àquele que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço, dos quais 10
(dez), no mínimo, de tempo de Magistério Militar.

        Art . 106. A reforma ex officio será aplicada ao militar que:

        I ­ atingir as seguintes idades­limite de permanência na reserva:

        a) para Oficial­General, 68 (sessenta e oito) anos;

        b) para Oficial Superior, inclusive membros do Magistério Militar, 64 (sessenta e quatro) anos;

        c) para Capitão­Tenente, Capitão e oficial subalterno, 60 (sessenta) anos; e

        d) para Praças, 56 (cinqüenta e seis) anos.

        II ­ for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas;

        III ­ estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Junta
Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável;

        IV ­ for condenado à pena de reforma prevista no Código Penal Militar, por sentença transitada em julgado;

                V  ­  sendo  oficial,  a  tiver  determinada  em  julgado  do  Superior  Tribunal  Militar,  efetuado  em  conseqüência  de  Conselho  de
Justificação a que foi submetido; e

                VI  ­  sendo  Guarda­Marinha,  Aspirante­a­Oficial  ou  praça  com  estabilidade  assegurada,  for  para  tal  indicado,  ao  Ministro
respectivo, em julgamento de Conselho de Disciplina.

        Parágrafo único. O militar reformado na forma do item V ou VI só poderá readquirir a situação militar anterior:

        a) no caso do item V, por outra sentença do Superior Tribunal Militar e nas condições nela estabelecidas; e

        b) no caso do item VI, por decisão do Ministro respectivo.

        Art. 107. Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão competente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica organizará a relação
dos  militares,  inclusive  membros  do  Magistério  Militar,  que  houverem  atingido  a  idade­limite  de  permanência  na  reserva,  a  fim  de
serem reformados.

        Parágrafo único. A situação de inatividade do militar da reserva remunerada, quando reformado por limite de idade, não sofre
solução de continuidade, exceto quanto às condições de mobilização.

        Art. 108. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conseqüência de:

        I ­ ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública;

        II ­ enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de
uma dessas situações;

        III ­ acidente em serviço;

                IV  ­  doença,  moléstia  ou  enfermidade  adquirida  em  tempo  de  paz,  com  relação  de  causa  e  efeito  a  condições  inerentes  ao
serviço;

        V  ­  tuberculose  ativa,  alienação  mental,  neoplasia  maligna,  cegueira,  lepra,  paralisia  irreversível  e  incapacitante,  cardiopatia
grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas
conclusões da medicina especializada; e

                V  ­  tuberculose  ativa,  alienação  mental,  esclerose  múltipla,  neoplasia  maligna,  cegueira,  lepra,  paralisia  irreversível  e
incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a
lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e                          (Redação dada pela Lei nº 12.670, de 2012)

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        VI ­ acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço.

        §  1º  Os  casos  de  que  tratam  os  itens  I,  II,  III  e  IV  serão  provados  por  atestado  de  origem,  inquérito  sanitário  de  origem  ou
ficha  de  evacuação,  sendo  os  termos  do  acidente,  baixa  ao  hospital,  papeleta  de  tratamento  nas  enfermarias  e  hospitais,  e  os
registros de baixa utilizados como meios subsidiários para esclarecer a situação.

        § 2º Os militares julgados incapazes por um dos motivos constantes do item V deste artigo somente poderão ser reformados
após  a  homologação,  por  Junta  Superior  de  Saúde,  da  inspeção  de  saúde  que  concluiu  pela  incapacidade  definitiva,  obedecida  à
regulamentação específica de cada Força Singular.

        Art. 109. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por um dos motivos constantes dos itens I, II, III, IV e V do artigo
anterior será reformado com qualquer tempo de serviço.

        Art. 110. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por um dos motivos constantes dos itens I e II do artigo 108 será
reformado com remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao que possuir na ativa.

                Art.  110.  O  militar  da  ativa  ou  da  reserva  remunerada,  julgado  incapaz  definitivamente  por  um  dos  motivos  constantes  dos
incisos  I  e  II  do  art.  108,  será  reformado  com  a  remuneração  calculada  com  base  no  soldo  correspondente  ao  grau  hierárquico
imediato ao que possuir ou que possuía na ativa, respectivamente.                            (Redação dada pela Lei nº 7.580, de 1986)

                §  1º  Aplica­se  o  disposto  neste  artigo  aos  casos  previstos  nos  itens  III,  IV  e  V  do  artigo  108,  quando,  verificada  a
incapacidade definitiva, for o militar considerado inválido, isto é, impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho.

        § 2º Considera­se, para efeito deste artigo, grau hierárquico imediato:

        a) o de Primeiro­Tenente, para Guarda­Marinha, Aspirante­a­Oficial e Suboficial ou Subtenente;

        b) o de Segundo­Tenente, para Primeiro­Sargento, Segundo­Sargento e Terceiro­Sargento; e

        c) o de Terceiro­Sargento, para Cabo e demais praças constantes do Quadro a que se refere o artigo 16.

                §  3º  Aos  benefícios  previstos  neste  artigo  e  seus  parágrafos  poderão  ser  acrescidos  outros  relativos  à  remuneração,
estabelecidos em leis especiais, desde que o militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições por elas exigidas.

        § 4º O direito do militar previsto no artigo 50, item II, independerá de qualquer dos benefícios referidos no caput e no § 1° deste
artigo, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 152.                           (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de
31.8.2001)
        § 5º Quando a praça fizer jus ao direito previsto no artigo 50, item II, e, conjuntamente, a um dos benefícios a que se refere o
parágrafo anterior, aplicar­se­á somente o disposto no § 2º deste artigo.                         (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­
10, de 31.8.2001)

                Art.  111.  O  militar  da  ativa  julgado  incapaz  definitivamente  por  um  dos  motivos  constantes  do  item  VI  do  artigo  108  será
reformado:

        I ­ com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se oficial ou praça com estabilidade assegurada; e

                II  ­  com  remuneração  calculada  com  base  no  soldo  integral  do  posto  ou  graduação,  desde  que,  com  qualquer  tempo  de
serviço, seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho.

        Art. 112. O militar reformado por incapacidade definitiva que for julgado apto em inspeção de saúde por junta superior, em grau
de  recurso  ou  revisão,  poderá  retornar  ao  serviço  ativo  ou  ser  transferido  para  a  reserva  remunerada,  conforme  dispuser
regulamentação específica.

                §  1º  O  retorno  ao  serviço  ativo  ocorrerá  se  o  tempo  decorrido  na  situação  de  reformado  não  ultrapassar  2  (dois)  anos  e  na
forma do disposto no § 1º do artigo 88.

        § 2º A transferência para a reserva remunerada, observado o limite de idade para a permanência nessa reserva, ocorrerá se o
tempo transcorrido na situação de reformado ultrapassar 2 (dois) anos.

        Art . 113. A interdição judicial do militar reformado por alienação mental deverá ser providenciada junto ao Ministério Público,
por iniciativa de beneficiários, parentes ou responsáveis, até 60 (sessenta) dias a contar da data do ato da reforma.

                §  1º  A  interdição  judicial  do  militar  e  seu  internamento  em  instituição  apropriada,  militar  ou  não,  deverão  ser  providenciados
pelo Ministério Militar, sob cuja responsabilidade houver sido preparado o processo de reforma, quando:

                a)  não  existirem  beneficiários,  parentes  ou  responsáveis,  ou  estes  não  promoverem  a  interdição  conforme  previsto  no
parágrafo anterior; ou

        b) não forem satisfeitas às condições de tratamento exigidas neste artigo.

        § 2º Os processos e os atos de registro de interdição do militar terão andamento sumário, serão instruídos com laudo proferido
por Junta Militar de Saúde e isentos de custas.

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        § 3º O militar reformado por alienação mental, enquanto não ocorrer a designação judicial do curador, terá sua remuneração
paga aos seus beneficiários, desde que estes o tenham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem tratamento humano e
condigno.

        Art. 114. Para fins de passagem à situação de inatividade, mediante reforma ex officio , as praças especiais, constantes do
Quadro a que se refere o artigo 16, são consideradas como:

        I ­ Segundo­Tenente: os Guardas­Marinha, Aspirantes­a­Oficial;

                II  ­  Guarda­Marinha  ou  Aspirante­a­Oficial:  os  Aspirantes,  os  Cadetes,  os  alunos  da  Escola  de  Oficiais  Especialistas  da
Aeronáutica, conforme o caso específico;

        III ­ Segundo­Sargento: os alunos do Colégio Naval, da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e da Escola Preparatória
de Cadetes­do­Ar;

        IV ­ Terceiro­Sargento: os alunos de órgão de formação de oficiais da reserva e de escola ou centro de formação de sargentos;
e

        V ­ Cabos: os Aprendizes­Marinheiros e os demais alunos de órgãos de formação de praças, da ativa e da reserva.

        Parágrafo único. O disposto nos itens II, III e IV é aplicável às praças especiais em qualquer ano escolar.

SEÇÃO IV
Da Demissão

        Art. 115. A demissão das Forças Armadas, aplicada exclusivamente aos oficiais, se efetua:

        I ­ a pedido; e

        II ­ ex officio.

        Art . 116 A demissão a pedido será concedida mediante requerimento do interessado:

                I  ­  sem  indenização  aos  cofres  públicos,  quando  contar  mais  de  5  (cinco)  anos  de  oficialato,  ressalvado  o  disposto  no  §  1º
deste artigo; e

        II ­ com indenização das despesas feitas pela União, com a sua preparação e formação, quando contar menos de 5 (cinco)
anos de oficialato.

        § 1º A demissão a pedido só será concedida mediante a indenização de todas as despesas correspondentes, acrescidas, se
for o caso, das previstas no item II, quando o oficial tiver realizado qualquer curso ou estágio, no País ou no exterior, e não tenham
decorrido os seguintes prazos:

        a) 2 (dois) anos, para curso ou estágio de duração igual ou superior a 2 (dois) meses e inferior a 6 (seis) meses;

        b) 3 (três) anos, para curso ou estágio de duração igual ou superior a 6 (seis) meses e igual ou inferior a 18 (dezoito) meses;

        c) 5 (cinco) anos, para curso ou estágio de duração superior a 18 (dezoito) meses.

        § 2º O cálculo das indenizações a que se referem o item II e o parágrafo anterior será efetuado pelos respectivos Ministérios.

                §  3º  O  oficial  demissionário,  a  pedido,  ingressará  na  reserva,  onde  permanecerá  sem  direito  a  qualquer  remuneração.  O
ingresso  na  reserva  será  no  mesmo  posto  que  tinha  no  serviço  ativo  e  sua  situação,  inclusive  promoções,  será  regulada  pelo
Regulamento do Corpo de Oficiais da Reserva da respectiva Força.

        § 4º O direito à demissão a pedido pode ser suspenso na vigência de estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio
ou em caso de mobilização.

        Art. 117. O oficial da ativa que passar a exercer cargo ou emprego público permanente, estranho à sua carreira e cuja função
não seja de magistério, será, imediatamente, mediante demissão ex officio , transferido para a reserva, onde ingressará com o posto
que possuía na ativa e com as obrigações estabelecidas na legislação que trata do serviço militar, não podendo acumular qualquer
provento de inatividade com a remuneração do cargo ou emprego público permanente.

                Art.  117.  O  oficial  da  ativa  que  passar  a  exercer  cargo  ou  emprego  público  permanente,  estranho  à  sua  carreira,  será
imediatamente demitido ex officio e transferido para a reserva não remunerada, onde ingressará com o posto que possuía na ativa e
com  as  obrigações  estabelecidas  na  legislação  do  serviço  militar,  obedecidos  os  preceitos  do  art.  116  no  que  se  refere  às
indenizações.                         (Redação dada pela Lei nº 9.297, de 1996)

SEÇÃO V
Da Perda do Posto e da Patente

        Art. 118. O oficial perderá o posto e a patente se for declarado indigno do oficialato, ou com ele incompatível, por decisão do
Superior  Tribunal  Militar,  em  tempo  de  paz,  ou  de  Tribunal  Especial,  em  tempo  de  guerra,  em  decorrência  de  julgamento  a  que  for
submetido.

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        Parágrafo único. O oficial declarado indigno do oficialato, ou com ele incompatível, e condenado à perda de posto e patente só
poderá  readquirir  a  situação  militar  anterior  por  outra  sentença  dos  tribunais  referidos  neste  artigo  e  nas  condições  nela
estabelecidas.

                Art.  119.  O  oficial  que  houver  perdido  o  posto  e  a  patente  será  demitido  ex  officio  sem  direito  a  qualquer  remuneração  ou
indenização e receberá a certidão de situação militar prevista na legislação que trata do serviço militar.

        Art. 120. Ficará sujeito à declaração de indignidade para o oficialato, ou de incompatibilidade com o mesmo, o oficial que:

                I  ­  for  condenado,  por  tribunal  civil  ou  militar,  em  sentença  transitada  em  julgado,  à  pena  restritiva  de  liberdade  individual
superior a 2 (dois) anos;

        II ­ for condenado, em sentença transitada em julgado, por crimes para os quais o Código Penal Militar comina essas penas
acessórias e por crimes previstos na legislação especial concernente à segurança do Estado;

                III  ­  incidir  nos  casos,  previstos  em  lei  específica,  que  motivam  o  julgamento  por  Conselho  de  Justificação  e  neste  for
considerado culpado; e

        IV ­ houver perdido a nacionalidade brasileira.

SEÇÃO VI
Do Licenciamento

        Art. 121. O licenciamento do serviço ativo se efetua:

        I ­ a pedido; e

        II ­ ex officio .

        § 1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde que não haja prejuízo para o serviço:

        a) ao oficial da reserva convocado, após prestação do serviço ativo durante 6 (seis) meses; e

        b) à praça engajada ou reengajada, desde que conte, no mínimo, a metade do tempo de serviço a que se obrigou.

                §  2º  A  praça  com  estabilidade  assegurada,  quando  licenciada  para  fins  de  matrícula  em  Estabelecimento  de  Ensino  de
Formação ou Preparatório de outra Força Singular ou Auxiliar, caso não conclua o curso onde foi matriculada, poderá ser reincluída
na Força de origem, mediante requerimento ao respectivo Ministro.

        § 3º O licenciamento ex officio será feito na forma da legislação que trata do serviço militar e dos regulamentos específicos de
cada Força Armada:

        a) por conclusão de tempo de serviço ou de estágio;

        b) por conveniência do serviço; e

        c) a bem da disciplina.

        § 4º O militar licenciado não tem direito a qualquer remuneração e, exceto o licenciado ex officio a bem da disciplina, deve ser
incluído ou reincluído na reserva.

        § 5° O licenciado ex officio a bem da disciplina receberá o certificado de isenção do serviço militar, previsto na legislação que
trata do serviço militar.

                Art.  122.  O  Guarda­Marinha,  o  Aspirante­a­Oficial  e  as  demais  praças  empossadas  em  cargo  ou  emprego  públicos
permanentes, estranhos à sua carreira e cuja função não seja de magistério, serão imediatamente, mediante licenciamento ex officio
, transferidos para a reserva, com as obrigações estabelecidas na legislação que trata do serviço militar.

                Art.  122.  O  Guarda­Marinha,  o  Aspirante­a­Oficial  e  as  demais  praças  empossados  em  cargos  ou  emprego  público
permanente,  estranho  à  sua  carreira,  serão  imediatamente,  mediante  licenciamento  ex  officio,  transferidos  para  a  reserva  não
remunerada, com as obrigações estabelecidas na legislação do serviço militar.                                (Redação dada pela Lei nº
9.297, de 1996)

        Art. 123. O licenciamento poderá ser suspenso na vigência de estado de guerra, estado de emergência, estado de sítio ou em
caso de mobilização.

SEÇÃO VII
Da Anulação de Incorporação e da Desincorporação da Praça

                Art.  124.  A  anulação  de  incorporação  e  a  desincorporação  da  praça  resultam  na  interrupção  do  serviço  militar  com  a
conseqüente exclusão do serviço ativo.

                Parágrafo  único.  A  legislação  que  trata  do  serviço  militar  estabelece  os  casos  em  que  haverá  anulação  de  incorporação  ou
desincorporação da praça.
SEÇÃO VIII
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SEÇÃO VIII
Da Exclusão da Praça a Bem da Disciplina

        Art. 125. A exclusão a bem da disciplina será aplicada ex officio ao Guarda­Marinha, ao Aspirante­a­Oficial ou às praças com
estabilidade assegurada:

                I  ­  quando  assim  se  pronunciar  o  Conselho  Permanente  de  Justiça,  em  tempo  de  paz,  ou  Tribunal  Especial,  em  tempo  de
guerra,  ou  Tribunal  Civil  após  terem  sido  essas  praças  condenadas,  em  sentença  transitada  em  julgado,  à  pena  restritiva  de
liberdade individual superior a 2 (dois) anos ou, nos crimes previstos na legislação especial concernente à segurança do Estado, a
pena de qualquer duração;

                II  ­  quando  assim  se  pronunciar  o  Conselho  Permanente  de  Justiça,  em  tempo  de  paz,  ou Tribunal  Especial,  em  tempo  de
guerra, por haverem perdido a nacionalidade brasileira; e

                III  ­  que  incidirem  nos  casos  que  motivarem  o  julgamento  pelo  Conselho  de  Disciplina  previsto  no  artigo  49  e  nele  forem
considerados culpados.

        Parágrafo único. O Guarda­Marinha, o Aspirante­a­Oficial ou a praça com estabilidade assegurada que houver sido excluído a
bem da disciplina só poderá readquirir a situação militar anterior:

        a) por outra sentença do Conselho Permanente de Justiça, em tempo de paz, ou Tribunal Especial, em tempo de guerra, e nas
condições nela estabelecidas, se a exclusão tiver sido conseqüência de sentença de um daqueles Tribunais; e

        b) por decisão do Ministro respectivo, se a exclusão foi conseqüência de ter sido julgado culpado em Conselho de Disciplina.

        Art. 126. É da competência dos Ministros das Forças Singulares, ou autoridades às quais tenha sido delegada competência
para  isso,  o  ato  de  exclusão  a  bem  da  disciplina  do  Guarda­Marinha  e  do  Aspirante­a­Oficial,  bem  como  das  praças  com
estabilidade assegurada.

        Art. 127. A exclusão da praça a bem da disciplina acarreta a perda de seu grau hierárquico e não a isenta das indenizações
dos prejuízos causados à Fazenda Nacional ou a terceiros, nem das pensões decorrentes de sentença judicial.

                Parágrafo  único.  A  praça  excluída  a  bem  da  disciplina  receberá  o  certificado  de  isenção  do  serviço  militar  previsto  na
legislação que trata do serviço militar, sem direito a qualquer remuneração ou indenização.

SEÇÃO IX
Da Deserção

        Art. 128. A deserção do militar acarreta interrupção do serviço militar, com a conseqüente demissão ex officio para o oficial, ou
a exclusão do serviço ativo, para a praça.

        § 1º A demissão do oficial ou a exclusão da praça com estabilidade assegurada processar­se­á após 1 (um) ano de agregação,
se não houver captura ou apresentação voluntária antes desse prazo.

        § 2º A praça sem estabilidade assegurada será automaticamente excluída após oficialmente declarada desertora.

        § 3º O militar desertor que for capturado ou que se apresentar voluntariamente, depois de haver sido demitido ou excluído, será
reincluído no serviço ativo e, a seguir, agregado para se ver processar.

        § 4º A reinclusão em definitivo do militar de que trata o parágrafo anterior dependerá de sentença de Conselho de Justiça.

SEÇÃO X
Do Falecimento e do Extravio

        Art. 129. O militar na ativa que vier a falecer será excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estava vinculado,
a partir da data da ocorrência do óbito.

        Art. 130. O extravio do militar na ativa acarreta interrupção do serviço militar, com o conseqüente afastamento temporário do
serviço ativo, a partir da data em que o mesmo for oficialmente considerado extraviado.

        § 1º A exclusão do serviço ativo será feita 6 (seis) meses após a agregação por motivo de extravio.

                §  2º  Em  caso  de  naufrágio,  sinistro  aéreo,  catástrofe,  calamidade  pública  ou  outros  acidentes  oficialmente  reconhecidos,  o
extravio  ou  o  desaparecimento  de  militar  da  ativa  será  considerado,  para  fins  deste  Estatuto,  como  falecimento,  tão  logo  sejam
esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência ou quando se dêem por encerradas as providências de salvamento.

        Art. 131. O militar reaparecido será submetido a Conselho de Justificação ou a Conselho de Disciplina, por decisão do Ministro
da respectiva Força, se assim for julgado necessário.

                Parágrafo  único.  O  reaparecimento  de  militar  extraviado,  já  excluído  do  serviço  ativo,  resultará  em  sua  reinclusão  e  nova
agregação enquanto se apuram as causas que deram origem ao seu afastamento.

CAPÍTULO III
Da Reabilitação

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        Art. 132. A reabilitação do militar será efetuada:

                I  ­  de  acordo  com  o  Código  Penal  Militar  e  o  Código  de  Processo  Penal  Militar,  se  tiver  sido  condenado,  por  sentença
definitiva, a quaisquer penas previstas no Código Penal Militar;

        II ­ de acordo com a legislação que trata do serviço militar, se tiver sido excluído ou licenciado a bem da disciplina.

        Parágrafo único. Nos casos em que a condenação do militar acarretar sua exclusão a bem da disciplina, a reabilitação prevista
na legislação que trata do serviço militar poderá anteceder a efetuada de acordo com o Código Penal Militar e o Código de Processo
Penal Militar.

        Art. 133. A concessão da reabilitação implica em que sejam cancelados, mediante averbação, os antecedentes criminais do
militar e os registros constantes de seus assentamentos militares ou alterações, ou substituídos seus documentos comprobatórios
de situação militar pelos adequados à nova situação.

CAPÍTULO IV
Do Tempo de Serviço

        Art. 134. Os militares começam a contar tempo de serviço nas Forças Armadas a partir da data de seu ingresso em qualquer
organização militar da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.

        § 1º Considera­se como data de ingresso, para fins deste artigo:

        a) a do ato em que o convocado ou voluntário é incorporado em uma organização militar;

        b) a de matrícula como praça especial; e

        c) a do ato de nomeação.

        § 2º O tempo de serviço como aluno de órgão de formação da reserva é computado, apenas, para fins de inatividade na base
de 1 (um) dia para cada período de 8 (oito) horas de instrução, desde que concluída com aproveitamento a formação militar.

        § 3º O militar reincluído recomeça a contar tempo de serviço a partir da data de sua reinclusão.

        § 4º Quando, por motivo de força maior, oficialmente reconhecida, decorrente de incêndio, inundação, naufrágio, sinistro aéreo
e  outras  calamidades,  faltarem  dados  para  contagem  de  tempo  de  serviço,  caberá  aos  Ministros  Militares  arbitrar  o  tempo  a  ser
computado para cada caso particular, de acordo com os elementos disponíveis.

        Art. 135. Na apuração do tempo de serviço militar, será feita distinção entre:

        I ­ tempo de efetivo serviço; e

        II ­ anos de serviço.

                Art.  136.  Tempo  de  efetivo  serviço  é  o  espaço  de  tempo  computado  dia  a  dia  entre  a  data  de  ingresso  e  a  data­limite
estabelecida para a contagem ou a data do desligamento em conseqüência da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço de
tempo seja parcelado.

        § 1º O tempo de serviço em campanha é computado pelo dobro como tempo de efetivo serviço, para todos os efeitos, exceto
indicação para a quota compulsória.

                §  2º  Será,  também,  computado  como  tempo  de  efetivo  serviço  o  tempo  passado  dia  a  dia  nas  organizações  militares,  pelo
militar da reserva convocado ou mobilizado, no exercício de funções militares.

        § 3º Não serão deduzidos do tempo de efetivo serviço, além dos afastamentos previstos no artigo 65, os períodos em que o
militar estiver afastado do exercício de suas funções em gozo de licença especial.

        § 4º Ao tempo de efetivo serviço, de que trata este artigo, apurado e totalizado em dias, será aplicado o divisor 365 (trezentos
e sessenta e cinco) para a correspondente obtenção dos anos de efetivo serviço.

                Art.  137.  Anos  de  serviço  é  a  expressão  que  designa  o  tempo  de  efetivo  serviço  a  que  se  refere  o  artigo  anterior,  com  os
seguintes acréscimos:

        I ­ tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, prestado pelo militar anteriormente à sua incorporação, matrícula,
nomeação ou reinclusão em qualquer organização militar;

                II  ­  1  (um)  ano  para  cada  5  (cinco)  anos  de  tempo  de  efetivo  serviço  prestado  pelo  oficial  do  Corpo,  Quadro  ou  Serviço  de
Saúde ou Veterinária que possuir curso universitário até que este acréscimo complete o total de anos de duração normal do referido
curso, sem superposição a qualquer tempo de serviço militar ou público eventualmente prestado durante a realização deste mesmo
curso;                          (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        III ­ tempo de serviço computável durante o período matriculado como aluno de órgão de formação da reserva;

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        IV ­ tempo relativo a cada licença especial não­gozada, contado em dobro;                        (Revogado pela Medida Provisória
nº 2.215­10, de 31.8.2001)
        V ­ tempo relativo a férias não­gozadas, contado em dobro;                          (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de
31.8.2001)

        VI ­ tempo de efetivo serviço passado pelo militar nas guarnições especiais e contado na forma estabelecida em regulamento,
assegurados, porém, os direitos e vantagens dos militares amparados pela legislação vigente na época.

                VI  ­  1/3  (um  terço)  para  cada  período  consecutivo  ou  não  de  2  (dois)  anos  de  efetivo  serviço  passados  pelo  militar  nas
guarnições especiais da Categoria "A", a partir da vigência da Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971.                       (Redação
dada pela Lei nº 7.698, de 1988)

        § 1º Os acréscimos a que se referem os itens I, III e VI serão computados somente no momento da passagem do militar à
situação de inatividade e para esse fim.

        § 2º Os acréscimos a que se referem os itens II, IV e V serão computados somente no momento da passagem do militar à
situação  de  inatividade  e,  nessa  situação,  para  todos  os  efeitos  legais,  inclusive  quanto  a  percepção  definitiva  de  gratificação  de
tempo de serviço, ressalvado o disposto no § 3º do artigo 101.                          (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de
31.8.2001)
        § 3º O disposto no item II aplicar­se­á, nas mesmas condições e na forma da legislação específica, aos possuidores de curso
universitário,  reconhecido  oficialmente,  que  vierem  a  ser  aproveitados  como  oficiais  das  Forças  Armadas,  desde  que  este  curso
seja requisito essencial para seu aproveitamento.                            (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        § 4º Não é computável para efeito algum, salvo para fins de indicação para a quota compulsória, o tempo:

        a) que ultrapassar de 1 (um) ano, contínuo ou não, em licença para tratamento de saúde de pessoa da família;

        b) passado em licença para tratar de interesse particular;

        b) passado em licença para tratar de interesse particular ou para acompanhar cônjuge ou companheiro(a);                       
(Redação dada pela Lei nº 11.447, de 2007)

        c) passado como desertor;

                d)  decorrido  em  cumprimento  de  pena  de  suspensão  do  exercício  do  posto,  graduação,  cargo  ou  função  por  sentença
transitada em julgado; e

        e)  decorrido  em  cumprimento  de  pena  restritiva  da  liberdade,  por  sentença  transitada  em  julgado,  desde  que  não  tenha  sido
concedida suspensão condicional de pena, quando, então, o tempo correspondente ao período da pena será computado apenas para
fins de indicação para a quota compulsória e o que dele exceder, para todos os efeitos, caso as condições estipuladas na sentença
não o impeçam.

        Art. 138. Uma vez computado o tempo de efetivo serviço e seus acréscimos, previstos nos artigos 136 e 137, e no momento
da passagem do militar à situação de inatividade, pelos motivos previstos nos itens I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X do artigo 98 e
nos itens II e III do artigo 106, a fração de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias será considerada como 1 (um) ano
para todos os efeitos legais.                         (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

                Art.  139.  O  tempo  que  o  militar  passou  ou  vier  a  passar  afastado  do  exercício  de  suas  funções,  em  conseqüência  de
ferimentos recebidos em acidente quando em serviço, combate, na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constituídos, da lei e
da ordem, ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer função militar, será computado como se o tivesse passado no exercício
efetivo daquelas funções.

        Art. 140. Entende­se por tempo de serviço em campanha o período em que o militar estiver em operações de guerra.

        Parágrafo único. A participação do militar em atividades dependentes ou decorrentes das operações de guerra será regulada
em legislação específica.

        Art. 141. O tempo de serviço dos militares beneficiados por anistia será contado como estabelecer o ato legal que a conceder.

        Art. 142. A data­limite estabelecida para final da contagem dos anos de serviço para fins de passagem para a inatividade será
do desligamento em conseqüência da exclusão do serviço ativo.

        Art. 143. Na contagem dos anos de serviço não poderá ser computada qualquer superposição dos tempos de serviço público
federal,  estadual  e  municipal  ou  passado  em  administração  indireta,  entre  si,  nem  com  os  acréscimos  de  tempo,  para  os
possuidores  de  curso  universitário,  e  nem  com  o  tempo  de  serviço  computável  após  a  incorporação  em  organização  militar,
matrícula em órgão de formação de militares ou nomeação para posto ou graduação nas Forças Armadas.

CAPÍTULO V
Do Casamento

        Art. 144. O militar da ativa pode contrair matrimônio, desde que observada a legislação civil específica.

        § 1º Os Guardas­Marinha e os Aspirantes­a­Oficial não podem contrair matrimônio, salvo em casos excepcionais, a critério do
Ministro da respectiva Força.

                §  2º  É  vedado  o  casamento  às  praças  especiais,  com  qualquer  idade,  enquanto  estiverem  sujeitas  aos  regulamentos  dos
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                §  2º  É  vedado  o  casamento  às  praças  especiais,  com  qualquer  idade,  enquanto  estiverem  sujeitas  aos  regulamentos  dos
órgãos de formação de oficiais, de graduados e de praças, cujos requisitos para admissão exijam a condição de solteiro, salvo em
casos excepcionais, a critério do Ministro da respectiva Força Armada.

        § 3º O casamento com mulher estrangeira somente poderá ser realizado após a autorização do Ministro da Força Armada a
que pertencer o militar.

        Art. 145. As praças especiais que contraírem matrimônio em desacordo com os §§ 1º e 2° do artigo anterior serão excluídas
do serviço ativo, sem direito a qualquer remuneração ou indenização.

CAPÍTULO VI
Das Recompensas e das Dispensas do Serviço

        Art. 146. As recompensas constituem reconhecimento dos bons serviços prestados pelos militares.

        § 1º São recompensas:

        a) os prêmios de Honra ao Mérito;

        b) as condecorações por serviços prestados na paz e na guerra;

        c) os elogios, louvores e referências elogiosas; e

        d) as dispensas de serviço.

        § 2º As recompensas serão concedidas de acordo com as normas estabelecidas nos regulamentos da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica.

        Art . 147. As dispensas de serviço são autorizações concedidas aos militares para afastamento total do serviço, em caráter
temporário.

        Art . 148. As dispensas de serviço podem ser concedidas aos militares:

        I ­ como recompensa;

        II ­ para desconto em férias; e

        III ­ em decorrência de prescrição médica.

        Parágrafo único. As dispensas de serviço serão concedidas com a remuneração integral e computadas como tempo de efetivo
serviço.

TÍTULO V 
Disposições Gerais, Transitórias e Finais

        Art. 149. A transferência para a reserva remunerada ou a reforma não isentam o militar da indenização dos prejuízos causados
à Fazenda Nacional ou a terceiros, nem do pagamento das pensões decorrentes de sentença judicial.

        Art. 150. A Assistência Religiosa às Forças Armadas é regulada por lei específica.

        Art. 151. É vedado o uso por organização civil de designações que possam sugerir sua vinculação às Forças Armadas.

                Parágrafo  único.  Excetuam­se  das  prescrições  deste  artigo  as  associações,  clubes,  círculos  e  outras  organizações  que
congreguem membros das Forças Armadas e que se destinem, exclusivamente, a promover intercâmbio social e assistencial entre
os militares e suas famílias e entre esses e a sociedade civil.

        Art. 152. Ao militar amparado por uma ou mais das Leis n° 288, de 8 de junho de 1948, 616, de 2 de fevereiro de 1949,  1.156,
de 12 de julho de 1950, e 1.267, de 9 de dezembro de 1950, e que em virtude do disposto no artigo 62 desta Lei não mais usufruirá
as promoções previstas naquelas leis, fica assegurada, por ocasião da transferência para a reserva ou da reforma, a remuneração
da inatividade relativa ao posto ou graduação a que seria promovido em decorrência da aplicação das referidas leis.

        Parágrafo único. A remuneração de inatividade assegurada neste artigo não poderá exceder, em nenhum caso, a que caberia
ao  militar,  se  fosse  ele  promovido  até  2  (dois)  graus  hierárquicos  acima  daquele  que  tiver  por  ocasião  do  processamento  de  sua
transferência para a reserva ou reforma, incluindo­se nesta limitação a aplicação do disposto no § 1º do artigo 50 e no artigo 110 e
seu § 1º.

        Art. 153. Na passagem para a reserva remunerada, aos militares obrigados ao vôo serão computados os acréscimos de tempo
de efetivo serviço decorrentes das horas de vôo realizadas até 20 de outubro de 1946, na forma da legislação então vigente.

        Art. 154. Os militares da Aeronáutica que, por enfermidade, acidente ou deficiência psicofisiológica, verificada em inspeção de
saúde, na forma regulamentar, forem considerados definitivamente incapacitados para o exercício da atividade aérea, exigida pelos
regulamentos específicos, só passarão à inatividade se essa incapacidade o for também para todo o serviço militar.                      
(Vide Decreto nº 94.507, de 1987)

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        Parágrafo único. A regulamentação própria da Aeronáutica estabelece a situação do pessoal enquadrado neste artigo.

        Art. 155. Aos Cabos que, na data da vigência desta Lei, tenham adquirido estabilidade será permitido permanecer no serviço
ativo,  em  caráter  excepcional,  de  acordo  com  o  interesse  da  respectiva  Força  Singular,  até  completarem  50  (cinqüenta)  anos  de
idade, ressalvadas outras disposições legais.

        Art. 156. Enquanto não entrar em vigor nova Lei de Pensões Militares, considerar­se­ão vigentes os artigos 76 a 78 da Lei  n°
5.774, de 23 de dezembro de 1971.                           (Revogado pela Medida Provisória nº 2.215­10, de 31.8.2001)

        Art. 157. As disposições deste Estatuto não retroagem para alcançar situações definidas anteriormente à data de sua vigência.

        Art. 158. Após a vigência do presente Estatuto serão a ele ajustadas todas as disposições legais e regulamentares que com
ele tenham ou venham a ter pertinência.

        Art. 159. O presente Estatuto entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 1981, salvo quanto ao disposto no item IV do artigo
98, que terá vigência 1 (um) ano após a data da publicação desta Lei.

                Parágrafo  único.  Até  a  entrada  em  vigor  do  disposto  no  item  IV  do  artigo  98,  permanecerão  em  vigor  as  disposições
constantes dos itens IV e V do artigo 102 da Lei n° 5.774, de 23 de dezembro de 1971.

        Art. 160. Ressalvado o disposto no artigo 156 e no parágrafo único do artigo anterior, ficam revogadas a Lei n° 5.774, de 23 de
dezembro  de  1971,  e  demais  disposições  em  contrário.                                                  (Revogado  pela  Medida  Provisória  nº  2.215­10,  de
31.8.2001)

JOÃO FIGUEIREDO 
Maximiano Fonseca 
Ernani Ayrosa da Silva 
Délio Jardim de Mattos 
José Ferraz da Rocha

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.12.1988

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Armando de Senna Bittencourt, Marcello José Gomes Loureiro & Renato Jorge Paranhos Restier Junior

Jerônimo de Albuquerque e o
comando da força naval contra os
franceses no Maranhão
Armando de Senna Bittencourt
Vice-Almirante (EN-Refo), graduado em Ciências Navais pela Escola Naval, em Engenharia Naval pela Universi-
dade de São Paulo e mestre em Arquitetura Naval pela Universidade de Londres. É autor de diversos artigos pu-
blicados em livros sobre História. Atualmente é sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto
de Geografia e História Militar do Brasil e sócio correspondente de institutos de História no exterior. É o Diretor
do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha e Vice-Presidente do Comitê Internacional dos Museus
e das Coleções de Armas e de História Militar (ICOMAM) e do Conselho Internacional de Museus (ICOM).
Marcello José Gomes Loureiro
Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (PPGHIS-UFRJ). Concluiu os Cursos de Especialização em História Militar Brasileira (UNIRIO) e
em História do Brasil (UFF); é bacharel e licenciado em História (UERJ) e bacharel pela Escola Naval, com
habilitação em Administração.
Renato Jorge Paranhos Restier Junior
Historiador e mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Primeiro-Tenente
do Quadro Técnico Temporário da Marinha, Encarregado da Divisão de Pesquisas Históricas da Diretoria do
Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Sócio Honorário do Instituto de Geografia e História Mili-
tar do Brasil – IGHMB – e pesquisador associado do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades
Sociais – LEDDES/UERJ.

Resumo Abstract

Este artigo analisa a trajetória de Jerônimo de This paper analyzes the history of Jerônimo de
Albuquerque, que comandou uma força naval Albuquerque, who commanded a naval force
contra os franceses que se instalaram no Mara- against the French who occupied Maranhão
nhão em 1612, liderados por Daniel de La Touche, in 1612, led by Daniel de La Touche, Lord of La
Senhor de La Ravardière. Ravardière.

Palavras-Chave: Jerônimo de Albuquerque, Keywords: Jerônimo de Albuquerque,


conquista do norte, Antigo Regime conquest of the north, Ancién Regime

O braço invicto vejo com que amansa


A dura cerviz bárbara insolente,
Instruindo na Fé, dando esperança
Do bem que sempre dura e é presente;
Eu vejo c`o rigor da tesa lança
Acossar o Francês, impaciente
De lhe ver alcançar uma vitória
Tão capaz e tão digna de memória.1
1
Cf. TEIXEIRA, Bento. Prosopopeia, estrofe XXVIII, 1601. Bento Teixeira é considerado o primeiro escritor barroco da
língua portuguesa.

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Navigator 13 Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão

Estes versos de Bento Teixeira, escritos esposa. Foi apelidado de “Adão Pernambuca-
em 1601, apresentam dois enormes desa- no”, por sua notável contribuição para a ele-
fios aos portugueses que iniciavam a ocu- vada frequência do sobrenome Albuquerque
pação e conquista do Norte do futuro Brasil no País.3 Ao que parece, contudo, Jerônimo
na virada do século XVI para o XVII. Primei- de Albuquerque não recebeu do rei as re-
ro, era preciso “amansar” a população indí- compensas pretendidas.4
gena, “bárbara e insolente”, a partir de sua Dos muitos filhos de Jerônimo de Albu-
cristianização. Em segundo lugar, fazia-se querque, o Jerônimo, filho da índia e neto do
necessário “acossar o francês”, “com o rigor morubixaba Arcoverde, foi o que mais se des-
da tesa lança”, expulsando-o da região. Para tacou. Nos dois primeiros séculos do Brasil
realização dessas duas tarefas, o envolvi- Colônia, ser criado por uma índia tupi podia
mento dos pioneiros da família Albuquerque ser muito vantajoso sob alguns aspectos.
foi fundamental. Seus hábitos de higiene eram mais adequa-
Um de seus membros mais notórios foi dos para o clima tropical; o idioma mais fala-
Jerônimo de Albuquerque (1548-1618), que do na terra era o tupi; e a alimentação indíge-
depois juntou Maranhão a seu sobrenome. na, em geral, mais sadia do que a portuguesa.
Nascido no Brasil, era filho do português de Ele combateu índios hostis e franceses
mesmo nome e da índia tupi batizada como invasores, liderando naturais da terra e
Maria do Espírito Santo Arcoverde. portugueses. Falava fluentemente o tupi,
Seu pai, também Jerônimo de Albuquer- sua língua de infância, e o português,5
que, chegou ao Brasil em 1535, com a irmã, compreendendo claramente as duas cul-
que era a esposa de Duarte Coelho, o dona- turas; era alguém, portanto, capaz de co-
tário da capitania de Pernambuco. Auxiliou nectar mundos distintos.6 “O mameluco
o cunhado, enquanto ele estabelecia as ba- Jerônimo de Albuquerque, devidamen-
ses de sua propriedade, fundando Igaraçu te perfilhado, filho da princesinha índia,
e Olinda. Substituiu-o depois de sua morte, como se dizia de Maria Arcoverde, foi
em 1554, como capitão-mor, até a chegada daqueles que se aportuguesaram com-
de seu sobrinho, o segundo donatário. Aju- pletamente, ao menos nos fatos públicos
dou, mais tarde, o terceiro donatário ainda da vida”.7 A experiência inicial, ele obteve
no período difícil do início da ocupação de acompanhando seu pai nos combates,
novas terras. Permaneceu o resto de sua principalmente contra índios inimigos.
vida no Brasil. Na prática, podia se autode- Por determinação paterna, casou-se com
nominar um dos conquistadores da terra, o Felipa de Melo.
que lhe trazia prestígio no Novo Mundo.2 Os tupis se organizavam em sociedades
Faleceu em 1593, deixando dezenas de guerreiras e havia frequente conflito entre as
filhos com índias e com a portuguesa com tribos, acumulando ofensas mútuas ao lon-
quem se casou 25 anos depois de chegar ao go do tempo, que exigiam vinganças. Muitas
Brasil, e que veio de Portugal para ser sua vezes, também, uma disputa interna fazia

2
FRAGOSO, João; ALMEIDA, Carla; SAMPAIO, Carlos. Conquistadores e negociantes. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2007.
3
Bento Teixeira, sobre este ponto, assim escreveu: “Deste, como de Tronco florescente,/ Nascerão muitos ramos,
que esperança/ Prometerão a todos geralmente/ De nos berços do Sol pregar a lança”. Cf. Prosopopeia, estrofe
XXXIV, 1601.
4
É o que se infere quando são observados estes versos de Teixeira: “Mas, quando virem que do Rei potente/
O pai por seus serviços não alcança/ O galardão devido e glória digna,/ Ficarão nos alpendres da Piscina”. Em
seguida, Bento Teixeira culpa a sorte por isso: “Ó sorte tão cruel, como mudável,/ Por que usurpas aos bons o seu
direito?/ Escolhes sempre o mais abominável,/ Reprovas e abominas o perfeito,/ O menos digno fazes agradável,/
O agradável mais, menos aceito./ Ó frágil, inconstante, quebradiça,/ Roubadora dos bens e da justiça!”. Cf. Proso-
popeia, estrofes XXXIV e XXXV, 1601.
5
Consta que havia pessoas nascidas no Brasil que não dominavam o idioma português, como no caso do bandei-
rante Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo dos Palmares.
6
Sobre os mediadores dessa época, consultar: GRENDI Edoardo. Polanyi. Dall’antropologia alla microanalisi storica.
Milão: Etas Libri, 1978, p. 127-165; LIMA, Henrique Espada. A micro-história italiana: escalas, indícios e singulari-
dades. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 187-199, sobretudo p. 196.
7
Cf. VAINFAS, Ronaldo (Org.), Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808), Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 325

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com que uma família se afastasse, às vezes co ou nenhum auxilio do Governo francês.
formando, mais tarde, uma nova tribo, quan- Encontraram sempre a reação do Governo
do sobrevivia aos ataques do grupo a que de Portugal e de forças organizadas esponta-
pertenciam originalmente. Os portugueses, neamente por portugueses que habitavam o
ao chegarem ao Brasil em pequenos gru- Brasil, inclusive com o apoio de forças navais
pos, precisavam se aliar a uma das tribos, e tropas espanholas, no período da União
ganhando, como consequência, muitos ini- Ibérica (1580-1640).
migos. Isso tornou muito difícil o início da co- O estabelecimento francês na Paraíba aca-
lonização, trazendo certo insucesso de quase bou redundando em fracasso, quando sofreu
todas as capitanias hereditárias. Pernambu- o ataque de portugueses, apoiados, no final,
co, no entanto, prosperou e o Jerônimo pai por uma força naval comandada por um almi-
exerceu um papel importante para esse su- rante espanhol, Diogo Flores Valdez. Os inva-
cesso. Jerônimo filho, o “brasileiro”, foi, mais sores se retiraram para o Rio Grande do Norte.
tarde, fundamental para a ocupação portu- Para desalojá-los, o capitão-mor de Per-
guesa do Nordeste brasileiro, contribuindo nambuco, Manuel Mascarenhas Homem, or-
para a unidade futura do Território Nacional. ganizou uma expedição, em 1597, e escolheu
Nessa época, porém, não existia a consci- Jerônimo de Albuquerque, o mameluco, para
ência de ser brasileiro. Não havia patriotismo, comandar uma das companhias de infanta-
eram vassalos do rei de Portugal. As pessoas ria, por suas boas qualidades de líder guerrei-
estavam defendendo seus interesses, sua ro. Jerônimo era capaz de articular interesses
cultura e religião e não tinham sentimentos portugueses com a cultura dos índios.
semelhantes aos atuais. Expulsos os franceses e seus aliados
Desde as primeiras décadas do sécu- indígenas, o Forte dos Reis Magos, que os
lo XVI, os franceses se interessaram pelo portugueses ergueram na entrada da foz do
Brasil, procurando negociar os produtos Rio Grande, foi entregue a Jerônimo de Al-
da terra com os índios do litoral, que eram buquerque. Após pacificar os índios locais,
principalmente tupis – que, durante sua Jerônimo fundou, em 1599, na margem di-
demorada expansão ao longo da costa, reita do rio, um povoado que foi a origem da
para o sul, haviam expulsado os habitan- cidade de Natal. Em 1603, ele foi nomeado
tes indígenas anteriores. O pau-brasil era o capitão-mor do Rio Grande, por seis anos.
produto mais interessante, pois tinha mui- Ele, de fato, gozava de prestígio na América,
ta demanda para a manufatura de tecidos não apenas por seus feitos, mas também por
francesa, por prover corantes em tons de ser filho de um conquistador (Jerônimo pai),
vermelho, muito apreciados na Europa. As que ganhou fama em Portugal, onde foi até
diversas expedições que empreenderam citado em versos por poeta de sua época.9
permitiram o acúmulo de conhecimentos Estabeleceu, então, uma política de valo-
a respeito do litoral brasileiro, inclusive da rização das terras para povoamento e, como
região entre o “Mearim e a foz do Amazo- dominava a cultura e a língua das tribos in-
nas”,8 que era praticamente desconhecida dígenas locais, amenizou os conflitos entre
pelos portugueses. potiguares e portugueses, o que possibilitou
Os franceses procuraram se estabelecer a ampliação da colonização naquela região.
no Brasil. Eram empreendimentos de “natu- Concedeu a seus filhos, Antônio e Matias de
reza privada”, algumas vezes por particulares Albuquerque, uma sesmaria onde fundaram
que tinham cartas de corso autorizadas pelo o Engenho de Cunhaú, o primeiro engenho
rei da França, mas que contavam com pou- do Rio Grande do Norte.10

8
Cf. CALMON, Pedro. História do Brasil. São Paulo: Ed. Nacional, 1939-1941. 2v.. p. 33.
9
Os versos, de autoria de Bento Teixeira, enalteciam os feitos de Jerônimo de Albuquerque (o pai) nos seguintes
termos: “Aquele branco Cisne venerando, / Que nova fama quer o Céu que merque,/ E me está com seus feitos provo-
cando,/ Que dele cante e sobre ele alterque; / Aquele que na Idea estou pintando,/ Hierônimo sublime d’Albuquerque/
Se diz, cuja invenção, cujo artifício/ Aos bárbaros dar total exício”. Cf. Prosopopeia, estrofe XXXIII, 1601.
10
COSTA, Gilmara Benevides. “Engenho Cunhaú: lugar de memória e transformação história”. In. Revista Vivência,
no 33. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2010, p. 160.
Ver também o capítulo trigésimo segundo da obra História do Brasil do Frei Vicente do Salvador.

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Navigator 13 Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão

Enquanto isso, no ano de 1594, Jacques lo, subvencionando a expedição”.16 La Ra-


Riffault comandou uma expedição que ru- vardière conseguiu a adesão de François
mou para o Maranhão. Já ambientado com de Razilly, gentil-homem da Câmara do Rei,
a navegação no Norte do Brasil, por ter par- cuja família mantinha alianças com a famí-
ticipado da tentativa francesa de ocupação lia do futuro Cardeal Richelieu.17 O projeto
do Rio Grande do Norte, além de ter trafica- ganhou a confiança de uma sociedade de
do a leste do Rio Amazonas, estabelecendo, ricos armadores de navios, normandos li-
inclusive, boas relações com as lideranças derados por Nicolas de Harlay, Senhor de
indígenas, “orientou seus compatriotas para Sancy, Barão de Molle e de Gros-bois.18 Par-
a criação de um estabelecimento duradouro tiram, então, com três navios de Cancale,
no Maranhão”.11 Riffault associou-se a um na Bretanha, em 19 de março de 1612, che-
gentil-homem de Saint-Maure de Touraine, gando ao Brasil em 18 de julho do mesmo
Charles des Vaux, que explorou a ilha ain- ano. O Régent era comandado por François
da em 1594, retornando anos depois para a de Razilly, e nele se encontravam La Ravar-
França onde divulgou as possibilidades de dière e des Vaux, além do índio Yacopo, que
instalação de uma colônia no Maranhão e retornava ao Brasil após ter sido apresenta-
destacou as relações pacíficas com os ín- do à rainha; o La Charlotte era comandado
dios, receptivos à evangelização. por Harlay de Sancy; e, por último, o Saint-
Os relatos de Charles des Vaux entu- Anne, comandado por Isaac de Razylli, ir-
siasmaram o monarca francês Henrique mão de François de Razylli. A expedição foi
IV, que ordenou a Daniel de La Touche, Se- acompanhada por um grupo de missioná-
nhor de La Ravardière,12 que acompanhas- rios capuchinhos, entre eles os padres Ivo
se uma expedição de reconhecimento do d`Evreux e Claude D`Abbeville, que mais
Maranhão.13 Ao retornar, La Ravardière tarde escreveram sobre o Brasil. Quando
encontrou a França nas mãos da Regente chegaram ao Maranhão, lá já se encontra-
Maria de Médice, pois o rei fora assassi- vam cerca de 400 franceses, bem como em-
nado em 14 de maio de 1610.14 Procurou, barcações oriundas do Hâvre e de Dieppe.19
então, persuadir a não entusiasmada re- A primeira iniciativa foi a construção de um
gente, pelo empreendimento colonial. Ar- forte batizado de São Luís. Havia a intenção
gumentou que os franceses mantinham de se estabelecerem definitivamente e co-
há muitos anos relações amistosas com meçaram, em seguida, a construir casas,
os tupinambás e que a região constituía armazéns e a trabalhar a terra para as plan-
“[...] um ponto estratégico à abertura para tações. Essa colônia ficou conhecida como
o mar das Antilhas, permitindo interceptar a França Equinocial.
os navios carregados de metais preciosos Em dezembro de 1612, François de Razylli
em regresso à Espanha”.15 e o Padre Claude D’Abbeville suspenderam
Para completar os recursos financeiros do Maranhão para a França em busca de
necessários à nova expedição para o Bra- mais recursos para o processo de coloniza-
sil, La Ravardière buscou auxílio em outras ção. Entretanto, o entusiasmo demonstrado
fontes, visto que a regente não se mostrou pelos “cortesãos, comanditários e religiosos
muito disposta para “[...] empenhar-se tão não é inteiramente compartilhado pela Rai-
a fundo quanto seu esposo admitira fazê- nha Maria [...]”.20 Razylli tinha consciência

11
Cf. BONICHON, Philippe; e GUEDES, Max Justo. “A França Equinocial”. In. História Naval Brasileira, primeiro
volume, tomo I. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1975, p. 528.
12
La Ravardière era um experiente navegador que, inclusive, participou de explorações na costa da Guiana em 1604.
13
DAHER, Andréa. O Brasil francês: singularidades da França Equinocial, 1612-1615. Trad. Albert Stückenbruck. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 48.
14
Luís XIII não havia atingido a maioridade quando Henrique IV foi assassinado.
15
Cf. Ibidem, p. 50.
16
Cf. BONICHON & GUEDES, op. cit, p. 531.
17
Idem.
18
DAHER, op. cit., p. 52.
19
Ibidem, p. 56.
20
Cf. Ibidem, p. 60.

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da pressão dos defensores de uma aliança melhantes a grandes saveiros, embarcações


da França com a Espanha e das negocia- típicas existentes na Bahia, que ainda são
ções em curso para o casamento de Luís XIII construídos muito artesanalmente, sem de-
com a infanta espanhola Ana D’Áustria, que senhos, obedecendo a métodos e unidades
poderiam gerar grandes dificuldades para a de medida, de certa forma semelhantes aos
manutenção da França Equinocial. De fato, empregados pelos construtores navais por-
os recursos adquiridos para a segunda expe- tugueses para caravelas, naus e galeões do
dição, que partiu na Páscoa de 1614, origina- século XVI e XVII.
ram-se principalmente da iniciativa privada e Jerônimo de Albuquerque partiu de Reci-
não do apoio prestado pela monarquia. fe em junho de 1613, junto com seu filho, An-
Desde o ano de 1608 havia por parte do tônio de Albuquerque,25 que comandava uma
Governador-Geral do Brasil Diogo de Mene- companhia de 50 homens. Ao passar pelo
zes grande preocupação com as atividades Ceará, tomou a seu serviço o Capitão Mar-
francesas no Maranhão. O Rei Felipe III (Feli- tins Soares Moreno. Fundearam no Rio Ca-
pe II, em Portugal) ordenou que Diogo de Me- mocin, escolhido como base das operações.
nezes enviasse informações sobre os acon- Albuquerque ordenou que Martim Soares,
tecimentos naquela região. Este despachou com 25 homens e sete indígenas, efetuasse
Martim Soares Moreno ao Ceará, que com- reconhecimento na região. Martim Soares
bateu um patacho francês que estava apor- efetuou o reconhecimento e destruiu alguns
tando em Mucuripe (atual porto do Ceará)21 redutos franceses, mas não pôde regressar
e, mais tarde, em seu retorno àquela região, ao Camocin para apresentar os resultados
fundou um presídio (forte) chamado Nossa a Jerônimo de Albuquerque em função das
Senhora do Amparo. Em 1613, Felipe III enviou condições adversas de navegação. Dirigiu-se
para o Brasil um novo governador, Gaspar de para as Antilhas e depois para a Espanha,
Souza, com ordens para tomar providências chegando a Sevilha em 24 de abril de 1614.
contra os franceses do Maranhão. Gaspar de Sem o regresso de Martim Soares Mo-
Souza se transferiu para Olinda, onde estaria reno, Albuquerque retirou-se de Camocin,
mais próximo do que se denomina atualmen- por considerar a aguada ruim e foi para o
te de “Teatro de Operações”. Buraco de Tartaruga, ou Jericoacoara, fun-
Rapidamente Gaspar de Souza iniciou as dando uma pequena fortificação, Nossa Se-
ações para combater os franceses no Norte nhora do Rosário. Em função da escassez de
do Brasil, enviando uma expedição para “[…] alimentos, retornou para Pernambuco por
o reconhecimento do Teatro de Operações e terra, ordenando que os navios também re-
o conhecimento do inimigo”.22 Para coman- gressassem para aquela capitania. Manteve
dar a expedição, foi designado Jerônimo de o forte guarnecido com 40 soldados coman-
Albuquerque, o “experimentado nas cousas dados por seu sobrinho, Gregório Cardoso
do sertão e dos Índios”, que se tornou o pri- de Albuquerque.
meiro nascido no Brasil a comandar uma Em 25 de maio, chegou a Recife, como
força naval, em missão tipicamente militar, seu adjunto, Diogo de Campos Moreno, tio
em 1613, na América portuguesa.23 Tal expe- de Martim Soares Moreno, com aproximada-
dição foi formada por aproximadamente cem mente cem homens, para se unir a Jerônimo
homens e uma flotilha composta de três ou de Albuquerque.
quatro navios.24 Esses navios eram denomi- Em Olinda, em 22 de junho, Gaspar de
nados “caravelões”, designação genérica de Souza entregou a Jerônimo de Albuquerque
um tipo de navio que era construído na costa um regimento26 nomeando-o para “Capitão
do Brasil de então. É possível que fossem se- da Conquista e Descobrimento das terras

21
CALMON, op. cit., p. 36.
22
Cf. BONICHON, & GUEDES, op. cit., p. 557.
23
Cf. “Jornada do Maranhão”. In. História Naval Brasileira, op. cit., p. 557.
24
BONICHON & GUEDES, op. cit, p. 557, falam de até três navios; contudo, segundo Pedro Calmon, Jerônimo de
Albuquerque teve a seu comando quatro navios. Ver CALMON, op. cit., p. 37.
25
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil: 1500-1627, op. cit., p. 338.
26
BONICHON & GUEDES, op. cit., p. 560.

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Navigator 13 Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão

do Maranhão (provisão de 29/5/1613)”.27 No da região pelo Capitão Belchior Rangel, com


mesmo dia, Albuquerque partiu por terra até alguns homens e o piloto Sebastião Martins,
o Rio Grande do Norte para reunir índios fle- que acompanhou Martin Soares naquela
cheiros para “Jornada”. Dias depois, foram primeira expedição de reconhecimento em
enviados dois caravelões para aquela capita- 1613. A 26 de outubro de 1614, oito embar-
nia, com soldados e mantimentos.28 cações entraram na Baía de São José, funde-
Em 24 de julho de 1614, chegou ao porto ando em Guaxenduba, próximo à foz do Rio
de Recife um navio com uma carta de Martim Munim. Foi construído um forte denominado
Soares Moreno que continha informações re- Santa Maria de Guaxenduba.
ferentes ao efetivo, às fortificações e à força Em 19 de novembro, La Ravardière deci-
naval dos franceses. A partir desse momen- diu realizar um ataque ao Forte de Santa Ma-
to, os preparativos da “jornada” foram inicia- ria, com aproximadamente 200 franceses e
dos.29 Com as informações reunidas, Gas- 1.500 índios.34 Conforme Philippe Bonnichon:
par de Souza conversou com os principais
comandantes: Alexandre de Moura, então Du Prats e Pézieux, cada qual
Capitão-Mor de Pernambuco, Sargento-Mor com um contingente de sessenta
Campos Moreno e Vicente Campelo, Capitão homens, desembarcariam sob co-
do Forte de Laje do Recife.30 bertura de fogo da artilharia dos
navios, enquanto La Ravardière,
Ficou decidido que, em face da com duzentos homens e muitos
possível aliança com o principal indígenas capitaneados por des
Meratahopa da Ilha do Maranhão, Vaux, assaltariam os portugue-
a força luso-brasileira deveria se- ses pela retaguarda. Mas estes
guir até o Rio Maranhão e, nele foram mais rápidos, atacando de
entrando, desembarcar na terra surpresa para bater separada-
firme, fronteira à aldeia daquele mente as duas forças francesas.
cacique.31 A tentativa de desembarque foi
rechaçada, os franceses lança-
Em 21 de agosto, os navios estavam pron- dos à praia, suas embarcações
tos. Sob o comando de Diogo de Campos incendiadas, Pézieux ferido mor-
talmente, La Touche de Cavannes,
Moreno, se encontraram com Jerônimo de
irmão de La Ravardière, e outros
Albuquerque em 26 de agosto.32 A 5 de se- gentis-homens normandos, Saint-
tembro, fizeram-se por mar com as forças Gilles e d’Ambreville, tombaram
regulares e mais inúmeros guerreiros indí- com a maior parte dos soldados,
genas.33 Antes de chegar ao Ceará, Jerônimo marinheiros e colonos, entre eles
decidiu seguir por terra com os índios, desa- Bridon, natural de Dieppe, o mes-
costumados a viajar grandes distância pelo tre Vincent Guérard e o Ourives
mar, até o Forte de Nossa Senhora do Ampa- Bellanger, de Rouen.35
ro, onde novamente se reuniu com Diogo de
Campos Moreno, que havia chegado antes. La Ravardière, tendo em vista o grande
As duas colunas continuaram separadas até fracasso da iniciativa militar, ofereceu um
a foz do Pará-Mirim, seguindo juntas por mar armistício de um ano a Albuquerque, que
até o Forte Nossa Senhora do Rosário. foi assinado e remetido a ambas as coro-
Antes de se estabelecerem próximo aos as. Havia já uma grande indisposição da
franceses, foi efetuado novo reconhecimento monarquia francesa em relação à França

27
MEIRELES, Mário M. História do Maranhão. DASP: Serviço de Documentação, 1960, p. 44.
28
BONICHON & GUEDES, op. cit., p. 560.
29
VIANNA, Hélio. História do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p. 137.
30
BONICHON, & GUEDES, op. cit, p. 561.
31
Cf. Idem.
32
Idem, p. 562.
33
MEIRELES, op. cit., p. 45.
34
DAHER, op. cit., p. 71.
35
Cf. BONNICHON & GUEDES, op. cit., p. 539.

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Equinocial, logo os reforços para a empresa ultramarina.39 O rei se representava graças à


francesa no Brasil não foram enviados a La lealdade desses homens – por isso dependia
Ravardière. A trégua não foi aceita pelo Rei deles –, que transformavam política em ação
Felipe III, que ordenou nova campanha con- governativa. Frequentemente adaptavam as
tra os franceses, cujo comando passou para ordens régias às realidades locais, de acordo
o então Capitão-Mor de Pernambuco Alexan- com os seus interesses e os de suas redes.
dre de Moura. Durante o período de tréguas, Por isso, o renomado historiador inglês John
Jerônimo de Albuquerque passou para a Ilha Elliott afirmou que a autoridade real era “fil-
do Maranhão e fundou o Fortim de São José trada, mediada e dispersada”.40
de Itapari.36 Os franceses capitularam em no- Ocupado o Maranhão, Francisco Caldeira
vembro de 1615, conforme a descrição da Castelo Branco recebeu ordens para se es-
historiadora Andréa Daher: tabelecer na região da foz do Rio Amazonas,
fundando o Forte do Presépio, de onde se ori-
Em 1o de novembro, antes do ginou a cidade de Belém. Isso completou a
término da trégua de um ano, uma ocupação da costa Norte pelos portugueses,
armada de nove navios comanda- sempre projetando o Poder Militar por meio
dos pelo capitão português Ale- de forças navais.
xandre de Moura cerca os france-
Jerônimo de Albuquerque obteve o auxí-
ses na ‘grande ilha’, enquanto as
forças comandadas por Jerônimo
lio de índios, antes um obstáculo à presença
de Albuquerque se dirigem, no dia lusa na região Norte, em favor da coroa. O
seguinte, para o Forte de São Luís, “brasileiro”, em uma ação pioneira, coman-
onde La Ravardière acaba renden- dou uma força naval e teve participação rele-
do-se sem resistência.37 vante na expulsão de invasores franceses. A
partir da aplicação do Poder Naval, foi capaz
As vitórias sobre os franceses no Mara- de assegurar aos portugueses o domínio do
nhão fizeram com que Jerônimo de Albu- Norte do futuro Brasil, permitindo que essa
querque fosse reconhecido pelo reino como área fosse incorporada à atual configuração
capitão-mor da conquista daquela capitania.38 do Território Brasileiro. O mérito da conquis-
Graças às iniciativas de homens como ta e da vitória “tão digna de memória” sobre
Jerônimo de Albuquerque, a monarquia po- os invasores fez com que Jerônimo de Albu-
dia se viabilizar em suas conquistas. Afinal, querque acrescentasse em seu sobrenome
esses homens, dispersos em intrincadas “Maranhão”, vinculando sua própria identi-
redes imperiais, eram capazes de movimen- dade à terra que, “a custa do seu sangue e
tar redes que traziam substância à política fazendas”, defendeu.41

36
VIANNA, op. cit., p. 138.
37
Cf. DAHER, op. cit., p. 73.
38
FRAGOSO, João Luís & GOUVEIA, Maria de Fátima Silva. “Monarquia pluricontinental e repúblicas: algumas
reflexões sobre a América lusa nos séculos XVI-XVIII”. In. Revista Tempo, no 27, 2009, p. 62.
39
FRAGOSO, João; BICALHO, M. Fernanda Baptista & GOUVÊA, M. de Fátima. “Uma leitura do Brasil Colonial.
Bases da materialidade e da governabilidade no Império” in Penélope, no 23, 2000, p. 67-88, especialmente p. 81-83.
A noção de um Império em rede, acima exposta, obteve suas considerações mais paradigmáticas nos escritos de
Luís Filipe Thomaz acerca da estrutura política e administrativa do Estado da Índia, cf. THOMAZ, Luís F. De Ceuta a
Timor. Lisboa: Difel, 1994, p. 210; Cf. “Da Colônia ao Império: um percurso historiográfico”, in SOUZA, L. FURTADO,
Júnia & BICALHO, Maria Fernanda. O Governo dos Povos. São Paulo: Alameda, 2009, p. 96. A perspectiva recebeu
também interessantes considerações em CASALILLA, Bartolome Yun. “Entre el imperio colonial y la monarquía
compuesta. Élites y territorios en la Monarquía Hispánica (ss. XVI y XVII)”, in CASALILLA, Bartolome Yun (dir). Las
Redes del Imperio. Élites sociales en la articulación de la Monarquía Hispánica, 1492-1714. Madri: Universidad Pablo
de Olavide, 2009, p. 11-94.
40
Cf. ELLIOTT, J. H. “A Espanha e a América nos Séculos XVI e XVII” in BETHELL, Leslie (org.). História da América
Latina Colonial, Vol I. 2a Ed. 2a Reimpressão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília: Fundação
Alexandre de Gusmão, 2004, p. 283-337, citação na p. 299.
41
Faleceu aos 70 anos de idade, no ano de 1618, depois de ter ocupado cargos de prestígio na administração local,
conforme VAINFAS, op. cit., p. 325; e HELIDACY, Maria Muniz Corrêa. “Antigo regime, império português e govern-
ança no Maranhão e Grão-Pará”. Mneme: revista de humanidades. Caicó: Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, v. 9, no 24, set/out, 2008, p. 1-16.

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Tradições Navais
Introdução

Semelhanças entre as Marinhas

Conhecendo o Navio
 Navios e Barcos
 O Navio
 Características do Navio
 A Flâmula de Comando
 Posições Relativas a Bordo
 Câmara
 Camarotes e Afins
 Praças e Cobertas
 Praça D'Armas
 A Tolda a Ré
 Agulha e Bússola
 Corda e Cabo
A Gente de Bordo
 A Gente de Bordo
 A Hierarquia Naval
 A Hierarquia da Marinha Mercante
A Organização de Bordo
 Organização por Quartos e Divisões de Serviço
 O Pessoal de Serviço
 O Sino de Bordo
 As Fainas
 A Presidência das Refeições a Bordo
Cerimonial de Bordo
 Saudar Pavilhão
 Saudar o Comandante
 Saudar o Imediato
 Saudação entre militares
 Saudação com espada

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 O Cerimonial à Bandeira
 Bandeira a Meio-Pau
 Saudação de Navios Mercantes e Resposta
 A salva: saudação com canhões
 Os Postos de Continência
 Vivas
 Vivas do Apito
 Cerimonial de Recepção e Despedida
Uniformes e seus Acessórios
 Os Uniformes
 Gorro de Fita
 O Apito Marinheiro
 Alamares
 Condecorações e Medalhas
Algumas Expressões Corriqueiras
 "SAFO"
 "ONÇA"
 "SAFA ONÇA"
 "PEGAR"
 "ROSCA FINA", "VOGA LARGA" e "VOGA PICADA"

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INTRODUÇÃO

Os homens do mar, há muitos séculos, vêm criando nomes para identificar as


diversas partes dos navios e designar a praxe de suas ações as quais, pela
repetição, tornaram-se costumes. Naturalmente, muitas particularidades e
expressões da tradição naval lembram, às vezes, aspectos da vida doméstica
ou de atividades em terra.
É óbvio que os navios, mesmo sendo pequenas cidades espalhadas por uma
enorme área, fazem contato entre si, nos portos ou na imensidão oceânica.
Vivendo experiências semelhantes, os marinheiros sempre se ajudam uns aos
outros e trocam conhecimento. Por eles foram criados, e continuam a sê-lo,
costumes, usos e linguagem comuns: “tradição do mar”. É fácil entender o
poder de aglutinação das tradições marítimas, visualizando-se a vastidão da
área oceânica onde elas se manifestam. Os homens do mar, por arrostarem
sempre a mesma vida e mutuamente se ajudarem, constituem,
tradicionalmente, uma classe de espírito muito forte. E, como somente em
períodos historicamente curtos se vêem em disputa pelo domínio, geográfico e
cronologicamente limitado, do mar, onde partilham alegrias e perigos, a
fraternidade é a mais digna característica com que pautam o seu
comportamento rotineiro.
Nota-se, no homem do mar, um respeito comum à tradição, a qual dá grandeza
e que o vincula a um extraordinário ânimo patriótico e a uma grande veneração
dos valores espirituais que o ligam à comunidade nacional onde teve seu
berço. Vive, internacionalmente, a percepção que tem da Pátria, perto ou
distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um sentimento unitário, nacional,
impessoal”. A lembrança ou a imagem que dela tem o marinheiro não é
maculada pelos regionalismos. Sua Pátria é um todo de tradições, que venera
com a mesma força que aprendeu a honrar as que são comuns aos homens do
mar. O respeito à tradição é uma característica que gera patriotismo sadio,
fundamentado na valorização dos aspectos comuns ao seu grupo nacional em
que a tradição se constitui em elemento comunitário, num poderoso
aglutinador.
A linguagem própria é um poderoso instrumento de aglutinação. Quando se
serve a bordo, em navio de guerra ou mercante, deve-se procurar segui-la.
Com respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do que fazem, os
homens do mar provocam a integração da comunidade naval e marítima,
favorecendo a conquista de eficiência máxima, tão necessária a seus
propósitos e aspirações.
Assim, as tradições, as cerimônias e os usos marinheiros, juntamente com os
costumes, têm extraordinário poder de amalgamar e incentivar os que vivem do
mar. Tendem, entretanto, a se tornar atos despidos de significado, quando sua
explicação é perdida no tempo.
A lembrança constante das razões dos atos e a sua explicação ou, quando for
o caso, das versões de sua origem, promovem a compreensão, o incentivo e a
incorporação da prática marinheira.

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Semelhanças entre as Marinhas
A vida nas marinhas do mundo inteiro é muito semelhante. Todos que abraçam
a carreira do mar pertencem a uma fraterna classe. Há um vasto conjunto
comum de usos, muitos deles ditados pela necessidade de segurança ou
exigências naturais do meio, e outros, ainda, pela grande cordialidade que,
entre si, nutrem os homens do mar, levando- os a uma permanente troca de
gentilezas.
Não estamos aqui abordando, nem seria possível fazê-lo, tudo o que há em
tradições, usos e costumes navais e marítimos. Só estão em pauta alguns
aspectos mais curiosos. Desejamos que sua divulgação atinja, também, aos
que não são iniciados em assuntos do mar, principalmente o leitor jovem,
dando-lhes um melhor e maior conhecimento da vida do homem do mar.

Conhecendo o Navio

Navios e Barcos
Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar, ou seja, a palavra vem
do latim navigare, navis (nave) + agere (dirigir ou conduzir).
“Estar a bordo” é estar por dentro da borda de um navio. “Abordar” é chegar à
borda para entrar. O termo é mais usado no sentido de entrar a bordo pela
força: abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a bordo de um navio,
para nele entrar. “Pela borda” tem significado oposto. Jogar, lançar pela borda.
Significado natural de barco é o de um navio pequeno (ou um navio é um barco
grande...). Mas a expressão poética de um barco tem maior grandeza: “o
Comandante e seu velho barco” ou “nosso barco, nossa alma”. Barco vem do
latim “barca”. Quem está a bordo, está dentro de um barco ou navio. Está
embarcado. Entrar a bordo de um barco, é “embarcar”. E dele sair é
“desembarcar”. Uma construção que permita o embarque de pessoas ou
cargas para transporte por mar, é uma embarcação.
Um navio de guerra é uma belonave. A palavra vem do latim navis (nave,
navio) e bellum (guerra). Um navio de comércio é um navio mercante. A
palavra é derivada do latim mercans (comerciante), do verbo mercari
(comerciar).
“Aportar” é chegar a um porto. “Aterrar” é aproximar-se de terra. “Amarar” é
afastar-se de terra para o mar. “Fazer-se ao mar” é seguir para o mar, em
viagem. “Importar” é fazer entrar pelo porto; “exportar” é fazer sair pelo porto. O
conceito aplica-se geralmente à mercadoria. Encostar um navio a um cais é
“atracar”; tê-lo seguro a uma bóia é “amarrar, tomar a bóia”; prender o navio ao
fundo é “fundear”; e fazê-lo com uma âncora é “ancorar” (embora este não seja
um termo de uso comum na Marinha do Brasil, em razão de, tradicionalmente,
se chamar a âncora de “ferro” - o navio fundeia com o ferro!). Recolher o peso
ou a amarra do fundo é “suspender”; desencostar do cais onde esteve atracado
é “desatracar”; e largar a bóia onde esteve é “desamarrar ou largar”.
“Arribar” é entrar em um porto que não seja de escala, ou voltar ao ponto de
partida; é, também, desviar o rumo na direção para onde sopra o vento. A
palavra vem do latim “ad” (para) e “ripa” (margem, costa).

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O Navio
O navio tem sua vida marcada por fases. O primeiro evento dessa vida é o
“batimento da quilha”, uma cerimônia no estaleiro, na qual a primeira peça
estrutural que integrará o navio é posicionada no local da construção.
“Estaleiro” é o estabelecimento industrial onde são construídos os navios.
Como os navios antigos eram feitos de madeira, o local de construção ficava
cheio de estilhas, lascas de madeira, estilhaços ou, em castelhano, astillas. Os
espanhóis, então, denominaram os estabelecimentos de astileros, que, em
português derivou para estaleiros.
Quando o navio está com o casco pronto, na carreira do estaleiro, ele é
“lançado ao mar” em cerimônia chamada lançamento. Nesta ocasião é
batizado por sua “madrinha” e recebe o nome oficial. O lançamento
antigamente era feito de proa; mas os portugueses introduziram o hábito de
lançá-lo de popa, existindo também carreiras onde o lançamento é feito de
lado, de través; e hoje, devido ao gigantismo dos navios, muitos deles são
construídos dentro de diques, que se abrem no momento de fazê-los flutuar.
Os navios de guerra, geralmente, são construídos em Arsenais. “Arsenal” é
uma palavra de origem árabe. Vem da expressão ars sina e significa o local
onde são guardados petrechos de guerra ou onde os navios atracam para
recebê-los. A expressão ars sina deu origem ao termo arsenal, em português, e
ao termo darsena que, em espanhol, quer dizer doca. Construído e pronto, o
navio é, então, incorporado a uma esquadra, força naval, companhia de
navegação ou a quem vá ser responsável pelo seu funcionamento. A cerimônia
correspondente é a “incorporação”, da qual faz parte a “mostra de armamento”.
Armamento nada tem a ver com armas e sim com armação. Essa mostra, feita
pelos construtores e recebedores, consiste em uma inspeção do navio para ver
se está tudo em ordem, de acordo com a encomenda. Na ocasião, é lavrado
um termo, onde se faz constar a entrega, a incorporação e tudo o que há a
bordo. A vida do navio passa, então, a ser registrada em um livro: o “Livro do
Navio”, que somente será fechado quando ele for desincorporado.
A armação (ou armamento) corresponde à expressão armar um navio, provê-lo
do necessário à sua utilização; e quem o faz é o armador. Em tempos idos,
armar tinha a ver com a armação dos mastros e vergas, com suas vestiduras,
ou seja, os cabos fixos de sustentação e os cabos de laborar dos mastros, das
vergas e do velame (velas). Podia-se armar um navio em galera, em barca, em
brigue... A inspeção era rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da
mastreação.
Um dos mais conhecidos armadores do mundo foi o provedor de navios,
proprietário e mesmo navegador Américo Vespucci. Tão importante é a
armação de navios e o comércio marítimo das nações, que a influência de
Américo Vespucci foi maior que a do próprio descobridor do novo continente e
que passou a ser conhecido como América, em vez de Colúmbia, como seria
de maior justiça ao navegador Cristovão Colombo. Assim, Américo, como
armador, teve maior influência para denominar o continente, com o qual se
estabelecera o novo comércio marítimo, do que Colombo.
Terminada a vida de um navio, ele é desincorporado por “baixa”, da esquadra,
da força naval, da companhia de navegação a que pertencia, ou do serviço que
prestava. Há, então, uma cerimônia de “desincorporação”, com “mostra de
desarmamento”. Diz-se que o navio foi “desarmado”. As companhias de

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navegação conservam os livros, registros históricos de seus navios. Na
Marinha do Brasil (MB), os livros são arquivados na Diretoria de Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) e servem de fonte de
informações a historiadores e outros fins.

Características do Navio
Quem entrar a bordo verá que o navio, além do nome, tem uma série de
documentos e dimensões que o caracterizam. O nome é gravado usualmente
na proa, em ambos os bordos, local chamado de “bochecha”, e na popa. Nos
navios de guerra, usualmente, é gravado só na popa. Os navios mercantes
levam, também, na popa, sob o nome, a denominação do porto de registro. Os
documentos característicos do navio mercante são, entre outros, seu registro
(Provisão do Registro fornecida pelo Tribunal Marítimo); apólice de seguro
obrigatório; diário de navegação; certificado de arqueação; cartão de tripulação
de segurança; termos de vistoria (anual e de renovação ou certificado de
segurança da navegação); certificado de segurança de equipamento;
certificado de borda livre; certificado de compensação de agulhas e curva de
desvio; certificado de calibração de radiogoniômetro com tabela de correção;
certificado de segurança rádio; e certificado de segurança de construção.
A cor é muito importante. Antigamente, os navios eram pintados na cor preta. O
costume vinha dos fenícios, que tinham facilidade em conseguir betume, e com
ele pintavam os costados de seus navios. A pintura era usada, às vezes, com
faixas brancas, nas linhas de bordada dos canhões. Somente no fim do século
XIX, os navios de guerra abandonaram o preto pelo cinza ou azul acinzentado,
cores que procuravam confundir-se com o horizonte ou com o mar das zonas
em que navegavam. Entretanto, muitos navios mercantes continuam até os
dias de hoje a usar, no costado, a cor preta, principalmente por questão de
economia. Era comum, também, navios de guerra pintados por dentro, junto à
borda, com a cor vermelha, a fim de que não causasse muita impressão a
quantidade de sangue derramada durante o combate, confundida, assim, com
as anteparas.
Normalmente, as cores da chaminé, nos navios mercantes, possuem a
caracterização da companhia de navegação a que pertencem. Nas
embarcações salva-vidas e nas bóias salva-vidas, predomina a preocupação
com a visibilidade. Essas embarcações são pintadas, normalmente, de laranja
ou amarelo, de modo a serem facilmente vistas. Por esse mesmo motivo, bem
como por convenção internacional, para caracterizar a utilização pacífica e não
de guerra dos navios (cor cinza), na Antártica é utilizado o vermelho, inclusive
nos costados dos navios por seu contraste com o branco do gelo.
A bandeira, na popa, identifica a nacionalidade do navio, país que sobre ele
tem soberania. Entretanto, há uma bandeira, na proa, chamada “jeque” (do
inglês jack) que identifica, dentro de cada nação soberana, quem tem a
responsabilidade sobre o navio. Na nossa Marinha, o jeque é uma bandeira
com vinte e uma estrelas - “a bandeira do cruzeiro”. Os navios mercantes usam
no jeque a bandeira da companhia a que pertencem; porém, alguns usam a
bandeira
identificadora de sua companhia na mastreação.

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A Flâmula de Comando
No topo do mastro dos navios da Marinha do Brasil existe uma flâmula com 21
estrelas. Ela indica que o navio é comandado por um Oficial de Marinha. Se
alguma autoridade a quem o Comandante esteja subordinado, organicamente
(dentro de sua cadeia de comando) estiver a bordo, a flâmula é arriada e
substituída pelo pavilhão-símbolo daquela autoridade.
Também são previstas as seguintes situações para o arriamento da flâmula de
comando: quando substituída pela Flâmula de Fim de Comissão, ao término de
comissão igual ou superior a seis meses, desde a aterragem do navio ao porto
final, até o pôr do sol que se seguir; e por ocasião da Mostra de Desarmamento
do Navio.
Finalmente, por ocasião da cerimônia de transmissão de cargo, ocorrerá troca
do pavilhão da autoridade exonerada pelo da autoridade que assume, com a
salva correspondente, no caso de Almirante Comandante de Força, iniciada
após o término do hasteamento da bandeira-insígnia. Após a leitura da Ordem
de Serviço da autoridade que assume, proceder-se-á a entrega da bandeira-
insígnia utilizada pela autoridade exonerada.
Posições Relativas a Bordo
A popa é uma parte do navio mais respeitada que as demais. Nos navios de
guerra, todos que entram a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram
de bordo, cumprimentam a Bandeira Nacional na popa, com o navio no porto.
Ela está lá por ser a popa o lugar de honra do navio, onde, já nos tempos dos
gregos e romanos, era colocado o santuário do navio, com uma imagem ou
Puppis, de uma divindade. O termo popa é derivado de PUPPIS.
Os lados do navio são os “bordos” e o de boreste é mais importante que o de
bombordo. Nele, desde tempos imemoriais, era feito o governo do navio por
uma estaca de madeira em forma de remo, chamada pelos navegantes gregos
de Staurus.
Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça de staurr que os
ingleses herdaram como steor, denominação dada ao remo que servia de
leme, e STEORBORD ao bordo onde era montado, hoje starboard. Ao
português, chegou como estibordo. Os brasileiros inverteram a palavra para
boreste (Aviso do Almirante ALEXANDRINO, Ministro da Marinha), a fim de
evitar confusões com o bordo oposto: bombordo.
A palavra bombordo tem vínculo com o termo da língua espanhola babor que,
por sua vez, parece ter origem ou estar relacionada à palavra francesa bâbord.
Na Marinha francesa os marinheiros que tinham alojamento a bombordo, eram
chamados de babordais e tinham os seus números internos de bordo pares.
Ainda hoje, na numeração de compartimentos, quando o último algarismo é
par, refere-se a um espaço a bombordo, quando é impar, refere-se a boreste.
As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas, não utilizam expressões
próximas de bâbord. Balizam o bordo oposto ao do governo de port, ou seja, o
bordo onde não estava o leme e que, por esta razão, ficava atracado ao cais,
ao porto; daí a expressão port, bordo do porto.

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Câmara
Os compartimentos do navio são tradicionalmente denominados a partir do
principal: a "câmara". Este é o local que aloja o Comandante do navio ou oficial
mais antigo presente a bordo, com autoridade sobre o navio, ou ainda, um
visitante ilustre, quando tal honra lhe for concedida. Se embarcar num navio o
Comandante da Força Naval, esta autoridade maior terá o direito à câmara.
O navio onde embarca o Comandante da Força Naval é chamado capitânia.
Seu Comandante passa a denominar-se "Capitão de Bandeira".

Camarotes e Afins
Os demais compartimentos de bordo, conforme sua utilização, ganham
denominações com diminutivos de câmara: “camarotes”, para alojar Oficiais, e
“camarins”, para uso operacional ou administrativo; como, por exemplo, o
camarim de navegação, ou o da máquina.

Praças e Cobertas
Uns tantos compartimentos são chamados de praças: praça de máquinas,
praça d'armas, praça de vaporizadores, etc.
Os alojamentos da guarnição e seus locais de refeição são chamados de
"cobertas": coberta de rancho, coberta de praças, etc.

Praça D'Armas
O compartimento de estar dos oficiais a bordo, onde também são servidas suas
refeições, é denominado "Praça D'armas".
Essa denominação prende-se ao fato de que, nos navios antigos, as armas
portáteis eram guardadas nesse local, privativo dos oficiais.

A Tolda à Ré
Existem conveses com nomes especiais. Um convés parcial, acima do convés
principal na proa é o “convés do castelo”. A denominação é reminiscência do
antigo castelo que os navios medievais levavam na proa onde os guerreiros
combatiam.
Em certos navios existem mais dois conveses com nomes especiais: “o convés
do tombadilho”, que é o convés da parte alta da popa, e o “convés da tolda”.
Nos navios grandes o local onde permanece o Oficial de Serviço, no porto, é
chamado “convés da tolda à ré”.
Nele não é permitido a ninguém ficar, exceto o Oficial de Serviço e seus
auxiliares.

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Agulha e Bússola
O navio tem agulha, não bússola.
A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para governo do navio,
eram, na realidade, agulhas de ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas
em tubos, com uma secção de bambu. Chamavam-se “calamitas”. Como eram
basicamente agulhas, os navegantes espanhóis consideravam linguagem
marinheira, a denominação de “agulhas”, diferentemente de bússolas, palavra
de origem italiana que se referia à caixa - bosso - que continha as peças
orientadas.

Corda e Cabo
Diz-se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo. Cabos grossos e cabos
finos, cabos fixos e cabos de laborar..., mas tudo é cabo.
Existem porém, duas exceções:
- a corda do sino e
- a dos relógios

A Gente a Bordo

A Gente de Bordo
O “Comandante” é a autoridade suprema de bordo. O “Imediato” é o “Oficial
executivo do navio”, segundo do Comandante; é o substituto eventual do
Comandante: seu substituto Imediato.
A “gente de bordo” se compõe de “Comandante e Tripulação (Oficiais e
Guarnição)”. O Imediato e Oficiais constituem a “oficialidade”. Os demais
tripulantes constituem a Guarnição. As ordens para o navio emanam do
Comandante e são feitas executar pelo Imediato, que é o coordenador de todos
os trabalhos de bordo, exercendo a gerência das atividades administrativas..

A Hierarquia Naval
No Brasil, o estabelecimento deformação de oficiais do Corpo da Armada, de
Intendentes e de Fuzileiros Navais é a Escola Naval. Seus alunos são
Aspirantes e dela saem, ao concluírem o curso, como Guardas-Marinha.
A formação de praças é realizada pelas Escolas de Aprendizes-Marinheiros.
Os alunos dessas Escolas, após o término do curso, são nomeados
Marinheiros.
A unidade de combate naval é o navio. Os Grupamentos de navios constituem
as Forças Navais e as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente, comandam
Forças Navais, grupamentos de navios. Sua hierarquia deve definir a
importância funcional do grupamento. Os postos de Almirantes, em sequência
ascendente são: Contra-Almirante, Vice-Almirante e Almirante de Esquadra.
O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A importância funcional do
navio deve definir a hierarquia de seus Comandantes. É mantida
tradicionalmente a antiga importância dos navios para combate, classificados

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de acordo com o número de conveses e canhões de que dispunham: as
corvetas, com um convés de canhões; as fragatas, com dois conveses de
canhões; e as naus com três conveses de canhões, havendo também, a
denominação de navios de linha ou navios de batalha, por serem os que
constituíam as linhas de batalha. Daí a hierarquia ascendente dos
comandantes, como Capitães de Corveta, Capitães de Fragata e Capitães de
Mar e Guerra.
As funções internas nos navios cabem aos tenentes (em hierarquia
ascendente: 2° Tenente, 1° Tenente e Capitão-Tenente) e praças (em
hierarquia ascendente: Marinheiro, Cabo, 3º Sargento, 2º Sargento, 1º
Sargento e Suboficial). Nos navios de maior importância há, ainda, oficiais
superiores que exercem funções internas, geralmente na chefia de
Departamentos. Navios menores que as corvetas, em geral, são comandados
por Capitães-Tenentes.
É interessante notar, entretanto, uma característica ímpar da Marinha: na
linguagem verbal, o tratamento normalmente dados aos oficiais da Armada
resumem esses nove postos a três: Almirante, Comandante e Tenente.
Divisões de Navios por Classe na MB:

Classe Comando Tipos de Navios (exemplos)


- Navio-Aeródromo
1ª Classe Capitão de Mar e Guerra
- Navio de Desembarque
- Fragatas
- Submarinos
2ª Classe Capitão de Fragata - Corvetas
- Contratorpedeiros
- Navios-Transporte
- Corvetas
3ª Classe Capitão de Corveta - Rebocadores de Alto Mar
- Navios-Patrulha Fluviais
- Navios-Varredores
4ª Classe Capitão-Tenente
- Navios-Patrulha

A Hierarquia da Marinha Mercante


As Escolas responsáveis pela formação de pessoal da Marinha Mercante
funcionam nos Centros de Instrução Almirante Graça Aranha, no Rio de
Janeiro, e Almirante Braz de Aguiar, em Belém.
Esses estabelecimentos pertencem à Marinha do Brasil, assim como as
Capitanias dos Portos, suas Delegacias e Agências, que ministram o Ensino
Profissional Marítimo, capacitando profissionais para exercerem atividades a
bordo de embarcação marítimas e fluviais.
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE CONVÉS:
- Capitão de Longo Curso
- Capitão de Cabotagem
- 1º Oficial de Náutica
- 2° Oficial de Náutica

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HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE MÁQUINAS:
- Oficial Superior de Máquinas
- 1° Oficial de Máquinas
- 2° Oficial de Máquinas
A Organização a Bordo

Organização por Quartos e Divisões de Serviço


Em um navio de guerra, para a sua condução, segurança e andamento dos
serviços administrativos, existe sempre uma parcela da tripulação que fica de
serviço, quando em viagem ou no porto.
Todo o pessoal é dividido em grupos chamados quartos de serviço, que
recebem os nomes de 1° quarto, 2° quarto e 3° quarto. Existe sempre um
quarto, efetivamente, de serviço; um estará de folga; e outro será o retém, que
fornecerá pessoal para cobrir faltas eventuais.
O zelo pelo navio é feito dividindo-se as 24 horas do dia, em seis períodos de
quatro horas - também chamados de quartos - cada um sob a responsabilidade
de um quarto de cabos e marinheiros, de uma divisão de suboficiais e
sargentos e de uma divisão de oficiais.
No porto, haverá sempre, em condições normais, pelo menos, um quarto de
serviço. Mais gente ficará a bordo, quando necessário, podendo permanecer
todo o pessoal em prontidão, se assim for determinado.
Dessa forma, o dia de trabalho do marinheiro, do homem do mar, é contado
diferente do dia do homem de terra. Se fosse possível ao navio navegar
somente de oito horas da manhã até as cinco da tarde - havendo parado uma
hora para almoço - e parar e fundear ao final do dia, para então recomeçar tudo
no dia seguinte, às oito horas, a jornada seria como a de terra. Mas há séculos
os marinheiros se ajustaram às necessidades do mar, cumprindo uma jornada
de trabalho dividida em seis quartos de serviço, cabendo a parcelas diferentes
da tripulação a vigilância, em cada quarto. No porto, os quartos são de 00 às
04h, de 04 às 08h, 08h às 12h, de 12h às 16h, de 16h às 20h e de 20h às 24h.
Em viagem, no período compreendido entre OOh às 12h, os quartos tem o
mesmo horário que do porto, porém, depois das 12 horas, os quartos são de 3
horas: 12-15; 15-18; 18-21; 21-24.
O quarto de 04 às 08 é balizado de "quarto d'alva" (a hora d'alva, do
amanhecer).

O Pessoal de Serviço
Certos postos, ocupados pelo pessoal de serviço, são indicados por uniforme.
Assim, o “Oficial de Quarto” usa um apito, com um cadarço preto. No porto, o
“Oficial de Serviço”, além do apito, usa um cinturão com coldre e pistola. Para
auxiliar o Oficial de Serviço, existem: o “Contramestre de Serviço”, ajudante do
Oficial para manobra e aspectos de ordem marinheira do navio, que tem a
graduação de Suboficial ou Sargento e usa um apito com cadarço preto, um
cinturão com coldre e pistola; o “Polícia”, que é um Sargento ou um Cabo,
encarregado de auxiliar o Oficial de Serviço na fiscalização da disciplina e da
rotina, usa um cinto especial e um cassetete; o “Cabo Auxiliar”, que usa um
apito com cadarço preto e um cinto especial na cintura, com sabre, é o

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encarregado de dar os toques (silvos de apito que transmitem informações e
ordens), efetuar as batidas do sino, marcando os quartos, e fazer cumprir a
rotina de bordo; e o “Ronda”, que é um mensageiro às ordens do Oficial de
Serviço e usa um cinto especial.

O Sino de Bordo
No período compreendido entre os toques de alvorada e de silêncio, os
intervalos dos quartos são marcados por batidas do sino de bordo, feitas ao fim
de cada meia hora.
1ª meia-hora do
Uma batida singela
quarto:
2ª meia-hora do
Uma batida dupla
quarto:
3ª meia-hora do
Uma batida dupla e uma singela
quarto:
4ª meia-hora do
Duas batidas duplas
quarto:
5ª meia-hora do
Duas batidas duplas e uma singela
quarto:
6ª meia-hora do
Três batidasduplas
quarto:
7ª meia-hora do Três batidas batidas duplas e uma
quarto: singela
8ª meia-hora do
Quatro batidas duplas
quarto:
As batidas do sino são uma tradição naval a ser preservada pelos responsáveis
pela rotina de bordo. Deve haver o cuidado, por parte do sinaleiro, de bater
acompanhando o Capitânia, de modo a não haver o indesejável assincronismo.
As Fainas
Organizado em Divisões Administrativas ou em Quartos e Divisões de Serviço,
o navio está pronto para fazer frente aos trabalhos que envolvem toda a gente
de bordo ao mesmo tempo, ou parte dela, para um fim específico. Esses
trabalhos são chamados de "fainas". As fainas são gerais, comuns, especiais
ou de emergência.
Em um navio de guerra, a principal faina geral é a de Postos de Combate.
São fainas gerais e fainas comuns, entre outras:
- Preparar para suspender;
- Suspender (ou desamarrar ou desatracar);
- Preparar para fundear;
- Fundear (ou amarrar, ou atracar):
- Navegação em águas restritas(Detalhe Especial para o Mar);
- Recebimento de munição;
- Recebimento de material comum ou sobressalentes;
- Recebimento de mantimentos;
- Montagem ou desmontagem de toldos;
- Içar e arriar embarcações;
- Operações aéreas, decolagem e pouso de aeronaves;
- Inspeção de material;

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- Docagem e raspagem do casco; e
- Pintura geral.
São fainas de emergência:
- Incêndio;
- Colisão;
- Socorro externo;
- Homem ao mar;
- Reboque;
- Abandono;
- Avaria no sistema de governo;
- Acidente com aeronave ("crash"); e
- Recolhimento de náufragos.
Além das fainas, existem ocasiões em que toda a tripulação do navio deve
atender a formaturas gerais, para certas formalidades a bordo ou para
cerimonial, conhecidas com formaturas gerais.
São formaturas gerais:
- Parada;
- Mostra;
- Distribuição de faxina;
- Postos de continência;
- Bandeira; e
- Concentração da tripulação.
As situações previstas para fainas ou formaturas constam de uma tabela a
bordo, chamada Tabela Mestra, que designa cada homem da tripulação para
um determinado posto ou função, específica em cada faina ou formatura, além
de designar qual é seu bote salva-vidas e seu respectivo quarto.
O cumprimento da rotina de bordo, bem como das fainas, como já mencionado,
são ordenados pelo toque de apito. Alguns avisos e ordens em linguagem
clara, pelo fonoclama, podem ser dados, também, em certas circunstâncias
especiais, mas repetir, em linguagem clara, o significado de um toque de apito
é considerada atitude pouco marinheira, não sendo, normalmente, permitido a
bordo.
As fainas de emergência são ordenadas pelos respectivos sinais de alarme,
fonoclama, sino ou mesmo viva voz.
A Presidência das Refeições a Bordo
As refeições de oficiais são presididas pelo Imediato ou, na sua ausência, pelo
oficial mais antigo presente, o qual convida os demais a sentarem-se à mesa.
Após iniciada uma refeição, qualquer pessoa que deseje sentar-se à mesa, ou
dela retirar-se, deve pedir permissão a quem a estiver presidindo. A cortesia
naval dita que ninguém deve retirar-se da mesa antes do Imediato ou do oficial
mais antigo presente.
As refeições dos suboficiais e sargentos são presididas pelo Mestre do Navio.
Compete ao Mestre d'Armas presidir as refeições dos Cabos e Marinheiros.
Cerimonial de Bordo
Saudar Pavilhão

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Como já foi explicado, faz parte do cerimonial saudar com a continência o
Pavilhão Nacional, que é arvorado na popa , das 8 horas até o por do sol.
Isto se faz ao entrar a bordo pela primeira vez e ao sair pela última vez, no dia.
Saudar o Comandante
É costume os oficiais saudarem o Comandante na câmara, pela manhã,
quando em viagem. À noite, a saudação é feita após o Cerimonial do Arriar a
Bandeira
Quando no porto, os oficiais formam para receber o Comandante, cumprindo o
Cerimonial de Recepção; e, da mesma maneira, formam quando ele se retira
de bordo, no Cerimonial de Despedida. Se algum oficial chegar após o
Comandante, deve saudá-lo na câmara, bem como ao Imediato. Se vai retirar-
se de bordo antes do Comandante, deve despedir-se dele na câmara, obtendo
licença para retirar-se, não sem antes ter sido liberado pelo Imediato.
Saudar o Imediato
Ao entrar e ao retirar-se de bordo os oficiais saúdam o Imediato.
É costume, em viagem, os oficiais cumprimentarem o Imediato pela manhã e,
também, após o Cerimonial da Bandeira.
Saudação entre Militares
Nas Forças Armadas, consequentemente na MB, as diversas formas de
saudação militar, sinais de respeito e correção de atitudes caracterizam o
espírito de disciplina e apreço existentes no âmbito militar.
A continência, saudação militar universal, é uma reminiscência do antigo
costume, que tinham os combatentes medievais, quando vestidos com suas
armaduras, ao serem inspecionados por um superior, de levar a mão à têmpora
direita, para suspender a viseira, permitindo sua identificação.
Cabe ressaltar que, a continência é a saudação prestada pelo militar ou pela
tropa, sendo impessoal e visando sempre a Autoridade e não a pessoa, sendo
assim, parte sempre do militar de menor precedência ou em igualdade de
Posto ou Graduação. Havendo dúvida em relação à antiguidade, deverá ser
executada simultaneamente.
A continência é uma atitude militar de grande relevância e um ícone da tradição
e costumes navais, constitui prova de respeito e cortesia que o militar é
obrigado a prestar ao superior hierárquico, não podendo ser por este
dispensada, salvo nas ocasiões previstas no Cerimonial da Marinha, tais como:
“faina ou serviço que não possa ser interrompida, postos de combate,
praticando esportes, sentado à mesa de rancho, remando, dirigindo viaturas,
militar de sentinela, armado de fuzil ou outra arma que impossibilite o
movimento da mão direita, fazendo parte de tropa armada, em postos de
continência ou Parada”.
Conforme visto anteriormente, a continência é uma saudação entre militares.
Ao cumprimentar um civil, o militar quando fardado, poderá fazer-lhe uma
continência, como cortesia, além de dar-lhe o usual aperto de mão.
A continência individual deve ser exigida e sua retribuição pelo mais antigo é
obrigatória. Não faz parte dos costumes navais desfazer a continência com

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batida da mão à coxa, provocando ruído. A continência deve ser feita com
correção, vivacidade, elegância, energia e franqueza. Da mesma forma, cabe
ao superior responder o cumprimento de maneira semelhante. A continência
mal executada é sinônimo de displicência, o que não condiz com os valores
militares. A continência individual não representa apenas uma manifestação de
respeito ou de apreço a um indivíduo em particular; trata-se também de um ato
público que expressa a cortesia entre os membros de uma corporação.
A continência individual é prestada pelo militar fardado e não deverá ser
executada quando este estiver em trajes civis. Neste caso, a saudação é
realizada com um cumprimento verbal, de acordo com as convenções sociais.
Saudação com Espada
A antiga saudação com espada e o gesto de abatê-la, não é uma tradição
naval, mas militar. O pessoal da Marinha, contudo, faz uso da espada em
algumas cerimônias a bordo e, em formaturas, em terra.
O gesto de levar a ponta da espada até o chão é uma antiga demonstração de
submissão a uma autoridade superior, reconhecendo sua superioridade
hierárquica. A ponta da espada no chão, ao fim da saudação, não permite ao
oficial usá-la, naquele momento.
O Cerimonial à Bandeira
Os navios da Marinha do Brasil, quando em contato com terra (atracados,
fundeados ou amarrados), arvoram a Bandeira Nacional no “pau da bandeira”,
na popa.
Ao suspenderem, no instante em que é desencapelada a última espia ou o
ferro arranca ou é largado o arganéu da bóia, a Bandeira Nacional é arriada na
popa e içada, em movimentos contíguos, no mastro de combate, mas de forma
que nunca deixe de estar içado o Pavilhão Nacional. Não há cerimonial, nessas
ocasiões.
A Bandeira do Cruzeiro, que é arvorada no pau do jeque, acompanha os
movimentos da Bandeira Nacional na popa. Ou seja, é içada e arriada junto
com esta. O Pavilhão é içado às oito horas da manhã e arriado exatamente na
hora do Pôr do Sol. O Cerimonial consta de sete vivas com o apito do
marinheiro e das continências de todo o pessoal. Quem estiver cobertas
abaixo, permanece descoberto e em silêncio, atento. O cerimonial do arriar é
maior e consta de formatura geral da tripulação. Após o arriar, é costume o
cumprimento geral de “boa noite” entre todos os presentes, sendo
primeiramente dirigido ao Comandante.
A Bandeira Nacional deve ser içada ou arriada em movimento uniforme, que
deve ser estimado para que ocorra durante o tempo em que é executado o hino
ou toque.
Da mesma forma, o içar e arriar de galhardetes e Bandeiras-Insígnias deve ser
feito celeremente.
Durante o Cerimonial à Bandeira é vedada a entrada ou saída de pessoas e
veículos na OM que o realiza, salvo se localizada próxima à via pública,
quando a interrupção do trânsito deve ocorrer, com o mínimo de prejuízo
possível ao tráfego de pessoas e veículos, entre o “Segundo Sinal” e o término
do Cerimonial.

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Para as OM de terra são observados os mesmos procedimentos.
Bandeira a Meio-Pau
Nos navios da Marinha não se usa as denominações de "mastros" de bandeira,
nem do jeque: a nomenclatura correia é nomeá-los o "pau da bandeira" e o
"pau do jeque", mesmo que sejam metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a
tradição, é que sejam de madeira e envernizados.
Desta forma, o termo bandeira a meio-pau é a expressão que corresponde à
Bandeira Nacional içada a meio-mastro. O jeque acompanha a Bandeira
Nacional, a meio-pau. E o sinal de luto.
O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era usual que os navios,
como mostra de pesar pela morte de uma personalidade, desamantilhassem as
vergas, de modo a deixá-las desalinhadas e pendentes, em diferentes ângulos,
e com todos os cabos de laborar, de mastros e vergas folgados e pendentes. A
mostra de pesar consistia neste aspecto de desleixo, por tristeza. O Pavilhão
também era arriado a meio-pau.
Saudação de Navios Mercantes e Resposta
O navio mercante que passa ao largo de um navio de guerra cumprimenta-o,
amando sua Bandeira Nacional, fazendo o de guerra o mesmo, como resposta.
O mercante içara novamente sua Bandeira, depois que o de guerra o fizer.
A Salva: Saudação com Canhões
O sinal de amizade era antigamente entendido e mormente caracterizado pelo
fato de apresentar-se uma pessoa, com a espada abatida, ou um navio ou uma
embarcação, momentaneamente impossibilitado de manobrar ou combater.
Nos tempos em que não havia meios seguros de comunicação e quando no
mar não era possível aos navios saberem notícias de terra, a menos que
encontrassem outros que as transmitissem, era importantíssimo para cada um
deles saber quais as intenções uns dos outros, quando se encontravam.
Imagina-se que um navio, no mar há algum tempo, poderia não saber se sua
nação estava ou não em guerra com outra, inclusive com aquela cuja bandeira
um navio avistado ostentava! Era, portanto, importante demonstrar atitude
amistosa, tomando difícil a manobra ou o combate.
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir um tiro levava uma hora.
Assim, um navio estava com os canhões sempre carregados para combate.
Mas, se ele os disparava, ficava impossibilitado momentaneamente de
combater. A maior parte das fragatas e navios menores era armada com uma
bateria de sete canhões, em cada borda. A princípio, uma salva de sete tiros
era a salva nacional britânica. As baterias de terra, no entanto, deveriam
responder às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro de bordo.
Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros, era respondida pela maior salva de
terra, vinte e um tiros. Com o progresso da indústria de armas e,
principalmente, da produção da pólvora, a maior salva de bordo passou a ser
também de vinte e um tiros.
O número de tiros, depois que a salva se transformou num costume, chegou
aos nossos dias consagrado no Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o
máximo que se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do costume
acima, esse número é múltiplo de três. A explicação é que os números 3, 5 e 7

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sempre tiveram significado místico, muito antes, mesmo, de existirem marinhas
organizadas como as dos últimos três séculos.
O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos, entre um tiro e outro.
Havia um velho costume, na Marinha antiga, que ainda hoje os oficiais "safos"
usam para contagem dos cinco segundos regularmentares, que é o de dizer a
expressão: "teco, teleco, teco, pepinos, não são bonecos, - fogo um!";
repetindo-se após cada tiro o mesmo conjunto de palavras só alternando o
número da ordem de fogo. Quem cronometrar o tempo que normalmente se
leva para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de cinco segundos.
Os Postos de Continência
Mas, somente disparar oscanhões não era mostra de ficar sem aptidão para
combater. O navio, além disso, deveria ferrar o pano (colher as velas),
perdendo velocidade e ficando momentaneamente impossibilitado de manobrar
e combater, com todos os cabos de laborar pelo convés e a guarnição ocupada
nas fainas. Assim, essa mostra de respeito mantinha o navio privado de
combater. Foi desse antigo costume, que vieram até nossos dias certas formas
de cumprimento em embarcações como "remos ao alto, folgar as escotas ou
parar a máquina".
Nos grandes navios, no entanto, podia ser demonstrada, ao navio avistado, a
intenção pacífica, fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas. Assim
estava o navio impossibilitado de utilizar seus homens para o combate,
transitoriamente. Desta forma, dispor a guarnição pelas vergas dos navios-
escola a vela, veio até nossos dias, com a denominação de "postos de
continência".
Em todos os navios da Marinha, os postos de continência são atendidos com
toda a guarnição distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai passar
a autoridade a saudar, numa demonstração de respeito.
Vivas
Ainda permanece em nossa Marinha o hábito dos "vivas". É uma repetição da
antiga forma de continência e saudação à autoridade que passar perto do
navio, sempre que o fato for antecipado e devidamente anunciado. A
guarnição, quando em postos de continência, a um sinal, leva o boné ao peito
do lado esquerdo, com a mão direita, e, ao sinal de salvas do apito, sete vezes,
estende a mão com o boné para o alto, à direita, e dá os vivas
correspondentes.
Vivas do Apito
Permanece, no Cerimonial da Bandeira, o costume dos sete vivas, pelo apito
do marinheiro. Durante o içar ou arriar da Bandeira, o Mestre ou Contramestre,
dependendo da ocasião, faz soar sete vezes o apito, correspondendo aos sete
vivas, que é a maior saudação por apito.
O número de sete, como explicado, ainda é a lembrança dos antigos sete tiros
das fragatas e navios menores, que constituíam a maior salva. Embora os tiros
de salva tenham passado para vinte e um, os vivas de apito permaneceram em
sete, como a honra máxima.
Cerimonial de Recepção e Despedida

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Os oficiais ao entrarem e saírem de bordo fazem jus a um cerimonial
correspondente à sua patente, constando de toques de apito característicos e
da continência de quem o recebe ou despede e dos presentes. Além disso,
marinheiros em formatura, em número correspondente a cada cerimonial,
chamados "boys", ladearão o oficial saudado, na escada de portaló e no
convés.
Esses cerimoniais são tradições herdadas dos dias da marinha a vela.
Costumava-se, nas reuniões de Comandantes de navios de uma Força Naval
em um determinado navio - quando o mar não estava muito bom - içar o
visitante por uma guindola, espécie de pequena tábua suspensa pelas
extremidades. A manobra era comandada pelo Mestre, ao som do apito e, para
realizá-la, vários marinheiros iam para o local de embarque. Hoje é uma
cortesia naval acorrer com marinheiros ao portaló (local de embarque ou saída
de bordo) e saudar com toque de apito, a autoridade que chegar ou sair.
Os marinheiros que acorriam para as manobras de embarque do Comandante
a bordo eram chamados, na Real Marinha britânica, de "boys". Esse costume
passou desde o Império, à nossa Marinha. Hoje, há um toque de apito que, em
realidade, significa boys aos cabos. Tratava-se, até há pouco tempo, quando
se vinha ou saía de bordo por lancha, de chamar os marinheiros para que
descessem ao patim inferior da escada de portaló e aí estendessem cabos
(preparados com pinhas nas duas extremidades, uma para o boy e outra para a
autoridade), para que lhe servissem de apoio quando embarcavam ou
desembarcavam.
Ao patim inferior da escada de portaló descem dois "boys" e mais dois quando
há espaço. Os demais formam no convés. Quando estiver com prancha
passada para terra, somente dois devem ficar em terra; os demais formam no
convés. Formar mais de dois "boys" em terra é, como se diz. na gíria
marinheira, uma varada (de "vara", termo espanhol que quer dizer encalhe).
Tudo isso deve-se ao fato de que o emprego dos "boys" é uma tradição na
manobra de embarque e desembarque de oficiais, em navios no mar.
Quando o Comandante é recebido no seu próprio navio, é o Mestre quem
executa os apitos do cerimonial.
Quando o cerimonial é executado em terra, como nos estabelecimentos ou
cerimônias públicas, os "boys" são distribuídos no número completo previsto no
Cerimonial da Marinha, em caráter simbólico.
A chegada de autoridade a bordo de OM da MB deverá ser anunciada no
sistema de fonoclama, quando couber, o cargo da autoridade visitante seguido
da expressão “para bordo”. Não deverá ser anunciado pronome de tratamento
ou nome da autoridade visitante. Por ocasião do cerimonial, a ordem ao Mestre
ou Contramestre de Serviço não deve conter palavras desnecessárias, já que
se trata de uma instrução para quem vai abrir toque. Assim, essa ordem deve
ser pertinente ao toque característico a que tem direito a autoridade. A menção
ao cargo desempenhado somente deve ser feita a quem competir vocativo
específico (Comandante da Marinha, Chefe do Estado-Maior da Armada,
Comandante de Operações Navais, Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros
Navais e Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não se deve
mencionar o Posto, a menos se, eventualmente e no caso de ComemCh, o
cargo estiver sendo exercido por Almirante de Esquadra. O artigo 5-1-7 do
Cerimonial da Marinha reflete com clareza este ponto.

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Os toques de apito devem ser dados apenas pelo Mestre ou Contramestre de
Serviço. Ao final das Honras de Recepção ou Despedida, quando por toque de
corneta, cabe o “ponto”, como sinal de desfazer a continência e a guarda de
portaló executar o comando de “ombro armas”. Nos casos em que houver
Guarda de Honra, esta executará o referido comando quando determinado pelo
seu Comandante.

Uniformes e seus Acessórios


Os Uniformes
Os oficiais, suboficiais e sargentos usam uniformes do mesmo feitio para o
serviço ou para os trabalhos a bordo. São do tipo paletó, ou dóimã, e calça, ou
somente camisa e calça. Na cabeça usa-se o boné. Os oficiais e suboficiais,
para distinção, usam galões nas platinas colocadas nos ombros dos uniformes
brancos, galões nos punhos do uniforme azul e distintivos na gola do uniforme
cinza de manga curta (caqui para os Fuzileiros Navais). Os sargentos, cabos e
marinheiros cursados usam sempre, para distinção de graduação, divisas nos
braços. Os marinheiros-recrutas, aprendizes e grumetes não usam divisas.
As platinas são presas sobre os ombros dos uniformes como acessório, sendo
reminiscências de antigas tiras de couro usados nos uniformes para fixar os
talabardes (boldriés). São de origem francesa.
Os galões dos oficiais são listras douradas. No Corpo da Armada, a mais alta
no punho é terminada por uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência
da volta que o Almirante Nelson, oficial inglês, levava em um pequeno cabo
amarrado à manga de seu dólmã para sustentá-la em um botão, quando, após
perder o braço, subiu ao convés pela primeira vez. As marinhas que tiveram
origem e contatos com a Marinha britânica conservam o símbolo.
Os Cabos e Marinheiros usam uniformes, brancos ou azuis, de gola, e na
cabeça, bonés sem pala. Os de trabalho são de cor mescla, com chapéus
redondos
típicos, de cor branca, chamados caxangá.
O uniforme típico de marinheiro é universal. Suas características são,
principalmente, o lenço preto ao pescoço e a gola azul com três listras.
O lenço teve sua origem na artilharia dos tempos antigos da marinha a vela. Os
marujos usavam um lenço na testa durante os combates, amarrado atrás da
cabeça. Esse procedimento evitava que o suor, misturado à graxa e mesmo à
pólvora das peças de tiro, lhes caísse nos olhos. Ao findar o combate, os
marinheiros regulares giravam o lenço e o amarravam ao pescoço, com o nó
para frente. Hoje, simbolicamente, o lenço é colocado em tomo do pescoço.
Sua cor preta, diferentemente do que muitos dizem, não é originada em sinal
de luto pela morte de Nelson, pois era usado pelos marinheiros, com essa cor,
bem antes disso, embora, naquele evento, tenham retirado o lenço
característico do pescoço e o colocado no braço.
A gola do Marinheiro é bastante antiga. Era usada para proteger a roupa das
substâncias gordurosas com que os marujos untavam o "rabicho" de suas
cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola permaneceu, como
parte característica do uniforme. A cor azul é adotada por quase todas as
marinhas do mundo.

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As três listas da gola são reminiscência do costume antigo de se indicar, por
meio de fitas, presas ao pelerine (capa utilizada sobre os ombros), o tempo de
serviço do embarcado.
Gorro de Fita
Os fuzileiros navais também trazem em seus uniformes simbolismo e tradição.
O gorro de fita, de origem escocesa, é uma das tradições incorporadas que
permanecem e ganham legitimidade. Foi ideia, em 1890, de um comandante
do Batalhão Naval, de ascendência britânica. O gorro foi bem aceito e, hoje,
caracteriza de forma ímpar o uniforme dos Marinheiros de terra, soldados do
mar, que são os fuzileiros navais.
O Apito Marinheiro
Os principais eventos da rotina de bordo são ordenados por toques de apito,
utilizando-se, para isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O apito
serve, também, para chamadas de quem exerce funções específicas ou para
alguns eventos que envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido, ao
longo dos tempos, uma das peças mais características do equipamento de uso
pessoal da gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam para fazer a
marcação do ritmo dos movimentos de remo nas galés.
Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie de distintivo de
autoridade e mesmo de honra. Na Inglaterra, o Lord High Admiral usava um
apito de ouro ao pescoço, preso por uma corrente; um apito de prata era usado
pêlos Oficiais em Comando, como "Apito de Comando". Eram levados tais
símbolos em tanta consideração que, em combate, um oficial que usasse um
apito preferia jogá-lo ao mar a deixá-lo cair em mãos inimigas.
O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um cadarço de tecido e tem
utilização para os toques de rotina e comando de manobras.
As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as manobras que exigem
coordenação e ordens contínuas de um Mestre ou Contramestre, são
conduzidas somente com toques de apito. Fazê-lo aos gritos denota pouca
qualidade marinheira do dirigente da faina e sua equipe.
O Oficial de Serviço utiliza um apito, que não é o tradicional, e serve para
cumprimentar ou responder a cumprimentos dos cerimoniais (honras de
passagem) de navios ou lanchas com autoridades que passam ao largo; mas,
o cadarço que o prende ao pescoço mantém-se como parte do símbolo
tradicional.
Os toques de apitos estão grupados, por tipos, em toques de: Continência e
Cerimonial, Fainas, Pessoal Subalterno, Divisões e Manobras

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TOQUES

Presidente da República
Comandante da Marinha
Autoridade que vence salvas de 19 tiros
Chefe do Estado Maior da armada
Comandante de Operações Navais
Comandante-em-Chefe da Esquadra
Oficial General Comandante de Força
Oficial General Comandante
Oficial General
Oficial Superior Comandante de Força
Oficial Superior
Imediato
Oficial Intermediário Comandante
Oficial Intermediário
Oficial Subalterno
Acelerar
Alvorada (Faxina)
Arejamento de Andainas
Baldeação
Banho de Água Doce para a Guarnição
Banho de Mar
Banho de Sol e Ducha
Boys ao Portaló
Chamada de Oficiais
Chegar ao Local de Ordem
Cobrir Armamento e Holofotes
Continência à Bandeira com Corneta
Continência à Bandeira
Continência entre navios
Contramestre
Cumprir Condiçoes de Fechamento do
Material

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Descobrir Armamento e Holofotes
Detalhe Especial para o Mar (DEM)
Faina ou Manobra
Formar Companhia, Pelotão ou
Contingente de Desembarque
Formar Divisões
Formar para o Cerimonial à Bandeira
Formar Serviço
Inspeção de Material
Inspeção de Rancho
Inspeção
Licenciados Formar
Mestre D' Armas
Mostra de Pessoal
Mostra de Uniforme
Parada (Reunir Geral)
Posto de Suspender e Fundear
Postos de Abandono
Postos de Colisão
Postos de Combate
Postos de Continência
Postos de Incêndio
Postos de Vôo
Quarto de Folga
Quarto de Retém
Quarto de Serviço
Rancho para Serviço
Rancho
Recolher Andainas
Render Rancheiro
Render Serviço
Revista Médica
Silêncio

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Todos ao Vergueiro
Uniforme
Varrer e Arrumar o Navio
Volta

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Alamares
Nos tempos de cavalaria andante, na Idade Média, os ajudantes lavavam os
cavalos e auxiliavam os cavaleiros, com armaduras, a montar, tal era o peso
desses apetrechos. Depois que os cavaleiros montavam, os ajudantes se
afastavam das montarias e dos chefes, ficando porém nas mãos com o cabo
(corda) no braço, na altura do ombro. Ainda hoje, os ajudantes de ordens
usam, com garbo, essa peça, primitivamente humilde, presa ao ombro no
uniforme. Mas, o conjunto completo é constituído desse pequeno cabo (cordel),
junto com os alamares, que são a reminiscência da antiga corrente, que as
autoridades navais usavam para pendurar os apitos, um símbolo de autoridade
já comentado. Assim, o conjunto formado pelos alamares (autoridade) e seu
cabo (ajudante) - este utilizado solteiro nos uniformes internos - significam
“ajudante de uma autoridade”. Os Oficiais Chefes de Estado-Maior e Oficiais do
Gabinete de uma autoridade naval também usam esse símbolo, por serem
seus ajudantes mais diretos. O conjunto é usado do lado esquerdo, porém os
Oficiais do Gabinete Militar da Presidência da República usam os alamares do
lado direito.
Condecorações e Medalhas
As condecorações e medalhas são usadas no lado esquerdo do peito.
O costume, que não é apenas naval, vem do tempo das cruzadas, quando os
cavaleiros traziam a insígnia de sua Ordem (as Ordens da Cavalaria) perto do
coração. Era, também, porque o escudo ficava no braço esquerdo; e assim,
protegia não somente o coração, mas a insígnia de honra.

Algumas expressões Corriqueiras


'SAFO'
"Safo" é talvez a palavra mais usual na Marinha. Serve para tudo que está
correndo bem, ou para tudo que faz as coisas correrem bem: "Oficial safo,
Marinheiro safo. A faina está safa. A entrada é safa, pode demandar: não há
bancos".
'ONÇA'
"Onça" é também uma expressão de grande uso. Significa dificuldade: "onça de
dinheiro, onça de sobressalentes".
"Estar na onça" é estar em apuros. "A onça está solta", quer dizer que tudo vai
mal.
Essa expressão vem de uma velha história de uma onça de circo, que era
transportada a bordo de um navio mercante e se soltou da jaula, durante um
temporal.
'SAFA ONÇA'
"Safa onça" é a combinação das duas expressões anteriores. Significa salvação.
Safa onça é tudo que soluciona uma emergência. "Safei a onça, agarrando-me
a uma tábua que flutuava...O meu safa onça foi um pedaço de queijo, que ainda
restava no barco; do contrário, morreria de fome".
'PEGAR'

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"Pegar" é o contrário de estar safo. "Estar pegando" significa que não está dando
certo: "Tenente, o rancho está pegando! Não chegou a carne! Este marinheiro ainda
está muito inexperiente: com ele tudo pega...Comandante, não pude chegar a
tempo, a lancha pegou bem no meio da baía!"
Parece que a expressão vem de "pegar tempo", ou seja, pegar mau tempo. Fulano
está pegando tempo, para resolver a primeira questão de sua prova...Aquele marujo
não conseguiu safar-se para a parada: pegou tempo, para arranjar um boné novo".
'ROSCA FINA', 'VOGA LARGA', E 'VOGA PICADA'

Na gíria maruja, muitas expressões externam o universal bom humor ou


espirituosidade que caracterizam os homens do mar. As expressões “rosca fina”,
“voga picada” e “voga larga” são alguns exemplos:
“Rosca fina” (ou ainda “voga picada”) denomina o superior, Oficial ou Praça, que é
exigente na observância das normas e regulamentos, bem como na execução das
fainas e tarefas, por si e pelos subordinados. O antônimo é o “voga larga”.
A origem do primeiro está no “aperto”, na “pressão” impressa pelo chefe, comparada
pelo marinheiro a do parafuso com rosca fina - que “aperta mais”. A segunda vem
de “voga”, que é a velocidade da remada ditada pelo patrão aos remadores em uma
embarcação a remos. Pode ser uma “voga picada” (regime de velocidade maior,
portanto mais exaustivo para os remadores) ou “voga larga” (velocidade amena,
mais calma, mais tranquila).

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17/03/2016 Constituição

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Vide Emenda
Constitucional nº 91, Emendas Constitucionais Emendas Constitucionais de Revisão
de 2016

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º

ÍNDICE TEMÁTICO

Texto compilado

PREÂMBULO

                Nós,  representantes  do  povo  brasileiro,  reunidos  em  Assembléia  Nacional  Constituinte  para  instituir  um
Estado  Democrático,  destinado  a  assegurar  o  exercício  dos  direitos  sociais  e  individuais,  a  liberdade,  a
segurança, o bem­estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos  de  uma  sociedade
fraterna,  pluralista  e  sem  preconceitos,  fundada  na  harmonia  social  e  comprometida,  na  ordem  interna  e
internacional,  com  a  solução  pacífica  das  controvérsias,  promulgamos,  sob  a  proteção  de  Deus,  a  seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui­se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I ­ a soberania;

II ­ a cidadania;

III ­ a dignidade da pessoa humana;

IV ­ os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V ­ o pluralismo político.

Parágrafo  único.  Todo  o  poder  emana  do  povo,  que  o  exerce  por  meio  de  representantes  eleitos  ou  diretamente,  nos  termos  desta
Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I ­ construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II ­ garantir o desenvolvimento nacional;

  III ­ erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV ­ promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege­se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

 I ­ independência nacional;

II ­ prevalência dos direitos humanos;

III ­ autodeterminação dos povos;

IV ­ não­intervenção;

V ­ igualdade entre os Estados;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 1/107
17/03/2016 Constituição
VI ­ defesa da paz;

VII ­ solução pacífica dos conflitos;

VIII ­ repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX ­ cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X ­ concessão de asilo político.

Parágrafo  único.  A  República  Federativa  do  Brasil  buscará  a  integração  econômica,  política,  social  e  cultural  dos  povos  da  América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino­americana de nações.

TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo­se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I ­ homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II ­ ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III ­ ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV ­ é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V ­ é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI ­ é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII ­ é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII  ­  ninguém  será  privado  de  direitos  por  motivo  de  crença  religiosa  ou  de  convicção  filosófica  ou  política,  salvo  se  as  invocar  para
eximir­se de obrigação legal a todos imposta e recusar­se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX ­ é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X ­ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;

XI ­ a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito  ou  desastre,  ou  para  prestar  socorro,  ou,  durante  o  dia,  por  determinação  judicial;              (Vide  Lei  nº  13.105,  de  2015)     
(Vigência)
XII  ­  é  inviolável  o  sigilo  da  correspondência  e  das  comunicações  telegráficas,  de  dados  e  das  comunicações  telefônicas,  salvo,  no
último  caso,  por  ordem  judicial,  nas  hipóteses  e  na  forma  que  a  lei  estabelecer  para  fins  de  investigação  criminal  ou  instrução  processual
penal;       (Vide Lei nº 9.296, de 1996)

XIII ­ é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV ­ é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XV ­ é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer
ou dele sair com seus bens;

XVI  ­  todos  podem  reunir­se  pacificamente,  sem  armas,  em  locais  abertos  ao  público,  independentemente  de  autorização,  desde  que
não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII ­ é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII ­ a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal
em seu funcionamento;

XIX ­ as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo­se,
no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX ­ ninguém poderá ser compelido a associar­se ou a permanecer associado;

XXI  ­  as  entidades  associativas,  quando  expressamente  autorizadas,  têm  legitimidade  para  representar  seus  filiados  judicial  ou
extrajudicialmente;

XXII ­ é garantido o direito de propriedade;

XXIII ­ a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV ­ a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV ­ no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;

XXVI  ­  a  pequena  propriedade  rural,  assim  definida  em  lei,  desde  que  trabalhada  pela  família,  não  será  objeto  de  penhora  para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

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XXVII ­ aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar;

XXVIII ­ são assegurados, nos termos da lei:

a)  a  proteção  às  participações  individuais  em  obras  coletivas  e  à  reprodução  da  imagem  e  voz  humanas,  inclusive  nas  atividades
desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e
às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX  ­  a  lei  assegurará  aos  autores  de  inventos  industriais  privilégio  temporário  para  sua  utilização,  bem  como  proteção  às  criações
industriais,  à  propriedade  das  marcas,  aos  nomes  de  empresas  e  a  outros  signos  distintivos,  tendo  em  vista  o  interesse  social  e  o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX ­ é garantido o direito de herança;

XXXI  ­  a  sucessão  de  bens  de  estrangeiros  situados  no  País  será  regulada  pela  lei  brasileira  em  benefício  do  cônjuge  ou  dos  filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";

XXXII ­ o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII ­ todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão  prestadas  no  prazo  da  lei,  sob  pena  de  responsabilidade,  ressalvadas  aquelas  cujo  sigilo  seja  imprescindível  à  segurança  da
sociedade e do Estado; (Regulamento)     (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

 XXXIV ­ são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

XXXV ­ a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI ­ a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII ­ não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII ­ é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

XXXIX ­ não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL ­ a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI ­ a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

XLII ­ a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIII ­ a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas  afins,  o  terrorismo  e  os  definidos  como  crimes  hediondos,  por  eles  respondendo  os  mandantes,  os  executores  e  os  que,  podendo
evitá­los, se omitirem;

XLIV ­ constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;

XLV  ­  nenhuma  pena  passará  da  pessoa  do  condenado,  podendo  a  obrigação  de  reparar  o  dano  e  a  decretação  do  perdimento  de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI ­ a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII ­ não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII ­ a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

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XLIX ­ é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L ­ às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

LI  ­  nenhum  brasileiro  será  extraditado,  salvo  o  naturalizado,  em  caso  de  crime  comum,  praticado  antes  da  naturalização,  ou  de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII ­ não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII ­ ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

LIV ­ ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV  ­  aos  litigantes,  em  processo  judicial  ou  administrativo,  e  aos  acusados  em  geral  são  assegurados  o  contraditório  e  ampla  defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI ­ são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII ­ ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

 LVIII ­ o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento).

LIX ­ será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX ­ a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

LXI  ­  ninguém  será  preso  senão  em  flagrante  delito  ou  por  ordem  escrita  e  fundamentada  de  autoridade  judiciária  competente,  salvo
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

LXII  ­  a  prisão  de  qualquer  pessoa  e  o  local  onde  se  encontre  serão  comunicados  imediatamente  ao  juiz  competente  e  à  família  do
preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII ­ o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo­lhe assegurada a assistência da família e
de advogado;

LXIV ­ o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV ­ a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI ­ ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVII ­ não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia
e a do depositário infiel;

LXVIII ­ conceder­se­á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

 LXIX ­ conceder­se­á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas  data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;

 LXX ­ o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b)  organização  sindical,  entidade  de  classe  ou  associação  legalmente  constituída  e  em  funcionamento  há  pelo  menos  um  ano,  em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI  ­  conceder­se­á  mandado  de  injunção  sempre  que  a  falta  de  norma  regulamentadora  torne  inviável  o  exercício  dos  direitos  e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII ­ conceder­se­á habeas data:

a)  para  assegurar  o  conhecimento  de  informações  relativas  à  pessoa  do  impetrante,  constantes  de  registros  ou  bancos  de  dados  de
entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê­lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LXXIII ­ qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de  que  o  Estado  participe,  à  moralidade  administrativa,  ao  meio  ambiente  e  ao  patrimônio  histórico  e  cultural,  ficando  o  autor,  salvo
comprovada má­fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV ­ o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV ­ o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

LXXVI ­ são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:      (Vide Decreto nº 7.844, de 1989)

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

 LXXVII ­ são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data,  e,  na  forma  da  lei,  os  atos  necessários  ao  exercício  da  cidadania.
(Regulamento)

LXXVIII  a  todos,  no  âmbito  judicial  e  administrativo,  são  assegurados  a  razoável  duração  do  processo  e  os  meios  que  garantam  a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

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§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois  turnos,  por  três  quintos  dos  votos  dos  respectivos  membros,  serão  equivalentes  às  emendas  constitucionais.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)   (Atos aprovados na forma deste parágrafo)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Art.  6 o   São  direitos  sociais  a  educação,  a  saúde,  o  trabalho,  a  moradia,  o  lazer,  a  segurança,  a  previdência  social,  a  proteção  à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26,
de 2000)
Art.  6º  São  direitos  sociais  a  educação,  a  saúde,  a  alimentação,  o  trabalho,  a  moradia,  o  lazer,  a  segurança,  a  previdência  social,  a
proteção  à  maternidade  e  à  infância,  a  assistência  aos  desamparados,  na  forma  desta  Constituição.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 64, de 2010)

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o  lazer,
a  segurança,  a  previdência  social,  a  proteção  à  maternidade  e  à  infância,  a  assistência  aos  desamparados,  na
forma desta Constituição.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

I  ­  relação  de  emprego  protegida  contra  despedida  arbitrária  ou  sem  justa  causa,  nos  termos  de  lei  complementar,  que  preverá
indenização compensatória, dentre outros direitos;

II ­ seguro­desemprego, em caso de desemprego involuntário;

 III ­ fundo de garantia do tempo de serviço;

IV  ­  salário  mínimo  ,  fixado  em  lei,  nacionalmente  unificado,  capaz  de  atender  a  suas  necessidades  vitais  básicas  e  às  de  sua  família
com  moradia,  alimentação,  educação,  saúde,  lazer,  vestuário,  higiene,  transporte  e  previdência  social,  com  reajustes  periódicos  que  lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

V ­ piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI ­ irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII ­ garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

 VIII ­ décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

IX ­ remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

 X ­ proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

XI  ­  participação  nos  lucros,  ou  resultados,  desvinculada  da  remuneração,  e,  excepcionalmente,  participação  na  gestão  da  empresa,
conforme definido em lei;

XII ­ salário­família para os seus dependentes;

  XII  ­  salário­família  pago  em  razão  do  dependente  do  trabalhador  de  baixa  renda  nos  termos  da  lei;(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

XIII ­ duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários
e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto­Lei nº 5.452, de 1943)

XIV ­ jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV ­ repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI ­ remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)

XVII ­ gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

 XVIII ­ licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX ­ licença­paternidade, nos termos fixados em lei;

XX ­ proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXI ­ aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

XXII ­ redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII ­ adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXIV ­ aposentadoria;

XXV ­ assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré­escolas;

  XXV  ­  assistência  gratuita  aos  filhos  e  dependentes  desde  o  nascimento  até  5  (cinco)  anos  de  idade  em  creches  e  pré­escolas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

XXVI ­ reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII ­ proteção em face da automação, na forma da lei;
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  XXVIII  ­  seguro  contra  acidentes  de  trabalho,  a  cargo  do  empregador,  sem  excluir  a  indenização  a  que  este  está  obrigado,  quando
incorrer em dolo ou culpa;

XXIX ­ ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de:
a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; 
      b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural;

XXIX  ­  ação,  quanto  aos  créditos  resultantes  das  relações  de  trabalho,  com  prazo  prescricional  de  cinco  anos  para  os  trabalhadores
urbanos  e  rurais,  até  o  limite  de  dois  anos  após  a  extinção  do  contrato  de  trabalho;(Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  28,  de
25/05/2000)

a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

XXX  ­  proibição  de  diferença  de  salários,  de  exercício  de  funções  e  de  critério  de  admissão  por  motivo  de  sexo,  idade,  cor  ou  estado
civil;

XXXI ­ proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII ­ proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;

XXXIII ­  proibição  de  trabalho  noturno,  perigoso  ou  insalubre  aos  menores  de  dezoito  e  de  qualquer  trabalho  a  menores  de  quatorze
anos, salvo na condição de aprendiz;

XXXIII  ­  proibição  de  trabalho  noturno,  perigoso  ou  insalubre  a  menores  de  dezoito  e  de  qualquer  trabalho  a  menores  de  dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XXXIV ­ igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso

Parágrafo  único.  São  assegurados  à  categoria  dos  trabalhadores  domésticos  os  direitos  previstos  nos  incisos  IV,  VI,  VIII,  XV,  XVII,
XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

Parágrafo único. São assegurados  à  categoria  dos  trabalhadores  domésticos  os  direitos  previstos  nos  incisos  IV,  VI,  VII,  VIII,  X,  XIII,
XV,  XVI,  XVII,  XVIII,  XIX,  XXI,  XXII,  XXIV,  XXVI,  XXX,  XXXI  e  XXXIII  e,  atendidas  as  condições  estabelecidas  em  lei  e  observada  a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
previstos  nos  incisos  I,  II,  III,  IX,  XII,  XXV  e  XXVIII,  bem  como  a  sua  integração  à  previdência  social.      (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 72, de 2013)

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I ­ a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II ­ é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica,
na  mesma  base  territorial,  que  será  definida  pelos  trabalhadores  ou  empregadores  interessados,  não  podendo  ser  inferior  à  área  de  um
Município;

III  ­  ao  sindicato  cabe  a  defesa  dos  direitos  e  interesses  coletivos  ou  individuais  da  categoria,  inclusive  em  questões  judiciais  ou
administrativas;

IV ­ a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

V ­ ninguém será obrigado a filiar­se ou a manter­se filiado a sindicato;

VI ­ é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII ­ o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII ­ é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam­se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as
condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê­lo e sobre os interesses
que devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art.  10.  É  assegurada  a  participação  dos  trabalhadores  e  empregadores  nos  colegiados  dos  órgãos  públicos  em  que  seus  interesses
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art.  11.  Nas  empresas  de  mais  de  duzentos  empregados,  é  assegurada  a  eleição  de  um  representante  destes  com  a  finalidade
exclusiva de promover­lhes o entendimento direto com os empregadores.

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

I ­ natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do

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Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente,
ou  venham  a  residir  na  República  Federativa  do  Brasil  antes  da  maioridade  e,  alcançada  esta,  optem,  em  qualquer  tempo,  pela
nacionalidade brasileira;
      c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem,
em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham  a  residir  na  República  Federativa  do  Brasil  e  optem,  em  qualquer  tempo,  depois  de  atingida  a  maioridade,  pela  nacionalidade
brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

II ­ naturalizados:

a)  os  que,  na  forma  da  lei,  adquiram  a  nacionalidade  brasileira,  exigidas  aos  originários  de  países  de  língua  portuguesa  apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 1º ­ Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos
inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 1º   Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I ­ de Presidente e Vice­Presidente da República;

II ­ de Presidente da Câmara dos Deputados;

III ­ de Presidente do Senado Federal;

IV ­ de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V ­ da carreira diplomática;

VI ­ de oficial das Forças Armadas.

VII ­ de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º ­ Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I ­ tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II ­ adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária.

II ­ adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

b)  de  imposição  de  naturalização,  pela  norma  estrangeira,  ao  brasileiro  residente  em  estado  estrangeiro,  como  condição  para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos
da lei, mediante:

I ­ plebiscito;

II ­ referendo;

III ­ iniciativa popular.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I ­ obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II ­ facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

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§ 2º Não podem alistar­se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I ­ a nacionalidade brasileira;

II ­ o pleno exercício dos direitos políticos;

III ­ o alistamento eleitoral;

IV ­ o domicílio eleitoral na circunscrição;

 V ­ a filiação partidária;    Regulamento

VI ­ a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice­Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice­Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice­Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§  5º  São  inelegíveis  para  os  mesmos  cargos,  no  período  subseqüente,  o  Presidente  da  República,  os  Governadores  de  Estado  e  do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito.

§  5º  O  Presidente  da  República,  os  Governadores  de  Estado  e  do  Distrito  Federal,  os  Prefeitos  e  quem  os  houver  sucedido,  ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
16, de 1997)

§  6º  Para  concorrerem  a  outros  cargos,  o  Presidente  da  República,  os  Governadores  de  Estado  e  do  Distrito  Federal  e  os  Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

 § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I ­ se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar­se da atividade;

II  ­  se  contar  mais  de  dez  anos  de  serviço,  será  agregado  pela  autoridade  superior  e,  se  eleito,  passará  automaticamente,  no  ato  da
diplomação, para a inatividade.

§  9º  Lei  complementar  estabelecerá  outros  casos  de  inelegibilidade  e  os  prazos  de  sua  cessação,  a  fim  de  proteger  a  normalidade  e
legitimidade  das  eleições  contra  a  influência  do  poder  econômico  ou  o  abuso  do  exercício  de  função,  cargo  ou  emprego  na  administração
direta ou indireta.

§  9º  Lei  complementar  estabelecerá  outros  casos  de  inelegibilidade  e  os  prazos  de  sua  cessação,  a  fim  de  proteger  a  probidade
administrativa,  a  moralidade  para  exercício  de  mandato  considerada  vida  pregressa  do  candidato,  e  a  normalidade  e  legitimidade  das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

§ 10 ­ O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a
ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 ­ A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má­fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I ­ cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II ­ incapacidade civil absoluta;

III ­ condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV ­ recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V ­ improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua promulgação.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um
ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS

  Art.  17.  É  livre  a  criação,  fusão,  incorporação  e  extinção  de  partidos  políticos,  resguardados  a  soberania  nacional,  o  regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento

I ­ caráter nacional;

II ­ proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;

III ­ prestação de contas à Justiça Eleitoral;

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IV ­ funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§  1º  É  assegurada  aos  partidos  políticos  autonomia  para  definir  sua  estrutura  interna,  organização  e  funcionamento,  devendo  seus
estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.

§  1º  É  assegurada  aos  partidos  políticos  autonomia  para  definir  sua  estrutura  interna,  organização  e  funcionamento  e  para  adotar  os
critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 52, de 2006)

§  2º  Os  partidos  políticos,  após  adquirirem  personalidade  jurídica,  na  forma  da  lei  civil,  registrarão  seus  estatutos  no  Tribunal  Superior
Eleitoral.

§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO­ADMINISTRATIVA

Art. 18. A organização político­administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

§ 1º Brasília é a Capital Federal.

§  2º  Os  Territórios  Federais  integram  a  União,  e  sua  criação,  transformação  em  Estado  ou  reintegração  ao  Estado  de  origem  serão
reguladas em lei complementar.

§ 3º Os Estados podem incorporar­se entre si, subdividir­se ou desmembrar­se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados
ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios preservarão a continuidade e a unidade histórico­cultural do
ambiente  urbano,  far­se­ão  por  lei  estadual,  obedecidos  os  requisitos  previstos  em  Lei  Complementar  estadual,  e  dependerão  de  consulta
prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far­se­ão por lei estadual, dentro do período determinado
por  Lei  Complementar  Federal,  e  dependerão  de  consulta  prévia,  mediante  plebiscito,  às  populações  dos  Municípios  envolvidos,  após
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
15, de 1996)     Vide art. 96 ­ ADCT

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I  ­  estabelecer  cultos  religiosos  ou  igrejas,  subvencioná­los,  embaraçar­lhes  o  funcionamento  ou  manter  com  eles  ou  seus
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

II ­ recusar fé aos documentos públicos;

III ­ criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

CAPÍTULO II
DA UNIÃO

Art. 20. São bens da União:

I ­ os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II  ­  as  terras  devolutas  indispensáveis  à  defesa  das  fronteiras,  das  fortificações  e  construções  militares,  das  vias  federais  de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III ­ os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV ­ as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas,
destas, as áreas referidas no art. 26, II;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas,
destas,  as  que  contenham  a  sede  de  Municípios,  exceto  aquelas  áreas  afetadas  ao  serviço  público  e  a  unidade  ambiental  federal,  e  as
referidas no art. 26, II;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)

V ­ os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI ­ o mar territorial;

VII ­ os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII ­ os potenciais de energia hidráulica;

IX ­ os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X ­ as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré­históricos;

XI ­ as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da
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União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de
outros  recursos  minerais  no  respectivo  território,  plataforma  continental,  mar  territorial  ou  zona  econômica  exclusiva,  ou  compensação
financeira por essa exploração.

§  2º  A  faixa  de  até  cento  e  cinqüenta  quilômetros  de  largura,  ao  longo  das  fronteiras  terrestres,  designada  como  faixa  de  fronteira,  é
considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Art. 21. Compete à União:

I ­ manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II ­ declarar a guerra e celebrar a paz;

III ­ assegurar a defesa nacional;

IV  ­  permitir,  nos  casos  previstos  em  lei  complementar,  que  forças  estrangeiras  transitem  pelo  território  nacional  ou  nele  permaneçam
temporariamente;

V ­ decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI ­ autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII ­ emitir moeda;

VIII ­ administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e
capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

IX ­ elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;

 X ­ manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI  ­  explorar,  diretamente  ou  mediante  concessão  a  empresas  sob  controle  acionário  estatal,  os  serviços  telefônicos,  telegráficos,  de
transmissão de dados e demais serviços públicos de telecomunicações, assegurada a prestação de serviços de informações por entidades
de direito privado através da rede pública de telecomunicações explorada pela União.

XI ­ explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá  sobre  a  organização  dos  serviços,  a  criação  de  um  órgão  regulador  e  outros  aspectos  institucionais;(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 8, de 15/08/95:)

XII ­ explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens e demais serviços de telecomunicações;

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde
se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra­estrutura aeroportuária;

d)  os  serviços  de  transporte  ferroviário  e  aquaviário  entre  portos  brasileiros  e  fronteiras  nacionais,  ou  que  transponham  os  limites  de
Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

 XIII ­ organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;

XIII  ­  organizar  e  manter  o  Poder  Judiciário,  o  Ministério  Público  do  Distrito  Federal  e  dos  Territórios  e  a  Defensoria  Pública  dos
Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)  (Produção de efeito)

XIV ­ organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária e a ferroviária federais, bem como a polícia civil, a polícia militar e o corpo
de bombeiros militar do Distrito Federal e dos Territórios;

XIV ­ organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

XV ­ organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

XVI ­ exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;

XVII ­ conceder anistia;

XVIII ­ planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

XIX ­ instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; (Regulamento)

XX ­ instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

XXI ­ estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII ­ executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteira;

XXII  ­  executar  os  serviços  de  polícia  marítima,  aeroportuária  e  de  fronteiras;  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  19,  de
1998)

XXIII  ­  explorar  os  serviços  e  instalações  nucleares  de  qualquer  natureza  e  exercer  monopólio  estatal  sobre  a  pesquisa,  a  lavra,  o
enriquecimento  e  reprocessamento,  a  industrialização  e  o  comércio  de  minérios  nucleares  e  seus  derivados,  atendidos  os  seguintes
princípios e condições:

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a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

  b)  sob  regime  de  concessão  ou  permissão,  é  autorizada  a  utilização  de  radioisótopos  para  a  pesquisa  e  usos  medicinais,  agrícolas,
industriais e atividades análogas;

b)  sob  regime  de  permissão,  são  autorizadas  a  comercialização  e  a  utilização  de  radioisótopos  para  a  pesquisa  e  usos  médicos,
agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

 c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia­vida igual ou inferior a
duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

XXIV ­ organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV ­ estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I ­ direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

II ­ desapropriação;

III ­ requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV ­ águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V ­ serviço postal;

VI ­ sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII ­ política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII ­ comércio exterior e interestadual;

IX ­ diretrizes da política nacional de transportes;

X ­ regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI ­ trânsito e transporte;

XII ­ jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII ­ nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV ­ populações indígenas;

XV ­ emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI ­ organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII ­ organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização
administrativa destes;   

XVII ­ organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como
organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)  (Produção de efeito)

XVIII ­ sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX ­ sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX ­ sistemas de consórcios e sorteios;

XXI  ­  normas  gerais  de  organização,  efetivos,  material  bélico,  garantias,  convocação  e  mobilização  das  polícias  militares  e  corpos  de
bombeiros militares;

XXII ­ competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII ­ seguridade social;

XXIV ­ diretrizes e bases da educação nacional;

XXV ­ registros públicos;

XXVI ­ atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII ­ normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a administração pública, direta e indireta, incluídas as
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, nas diversas esferas de governo, e empresas sob seu controle;

XXVII  ­  normas  gerais  de  licitação  e  contratação,  em  todas  as  modalidades,  para  as  administrações  públicas  diretas,  autárquicas  e
fundacionais  da  União,  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  obedecido  o  disposto  no  art.  37,  XXI,  e  para  as  empresas  públicas  e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXVIII ­ defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

XXIX ­ propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.

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Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I ­ zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

II ­ cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

III  ­  proteger  os  documentos,  as  obras  e  outros  bens  de  valor  histórico,  artístico  e  cultural,  os  monumentos,  as  paisagens  naturais
notáveis e os sítios arqueológicos;

IV ­ impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V ­ proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

V  ­  proporcionar  os  meios  de  acesso  à  cultura,  à  educação,  à  ciência,  à  tecnologia,  à  pesquisa  e  à
inovação;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI ­ proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII ­ preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII ­ fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

 IX ­ promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

X ­ combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

  XI  ­  registrar,  acompanhar  e  fiscalizar  as  concessões  de  direitos  de  pesquisa  e  exploração  de  recursos  hídricos  e  minerais  em  seus
territórios;

XII ­ estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo  único.  Lei  complementar  fixará  normas  para  a  cooperação  entre  a  União  e  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios,
tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem­estar em âmbito nacional.

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e  do  bem­estar  em  âmbito  nacional.  (Redação dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  53,  de
2006)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

 I ­ direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II ­ orçamento;

III ­ juntas comerciais;

IV ­ custas dos serviços forenses;

V ­ produção e consumo;

VI  ­  florestas,  caça,  pesca,  fauna,  conservação  da  natureza,  defesa  do  solo  e  dos  recursos  naturais,  proteção  do  meio  ambiente  e
controle da poluição;

VII ­ proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII  ­  responsabilidade  por  dano  ao  meio  ambiente,  ao  consumidor,  a  bens  e  direitos  de  valor  artístico,  estético,  histórico,  turístico  e
paisagístico;

IX ­ educação, cultura, ensino e desporto;

IX  ­  educação,  cultura,  ensino,  desporto,  ciência,  tecnologia,  pesquisa,  desenvolvimento  e  inovação;   
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

X ­ criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI ­ procedimentos em matéria processual;

XII ­ previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII ­ assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV ­ proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV ­ proteção à infância e à juventude;

XVI ­ organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar­se­á a estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§  3º  Inexistindo  lei  federal  sobre  normas  gerais,  os  Estados  exercerão  a  competência  legislativa  plena,  para  atender  a  suas
peculiaridades.

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS

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 Art. 25. Os Estados organizam­se e regem­se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

 § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, a empresa estatal, com exclusividade de distribuição, os serviços
locais de gás canalizado.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)

§  3º  Os  Estados  poderão,  mediante  lei  complementar,  instituir  regiões  metropolitanas,  aglomerações  urbanas  e  microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

Art. 26. Incluem­se entre os bens dos Estados:

I ­ as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes
de obras da União;

II  ­  as  áreas,  nas  ilhas  oceânicas  e  costeiras,  que  estiverem  no  seu  domínio,  excluídas  aquelas  sob  domínio  da  União,  Municípios  ou
terceiros;

III ­ as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV ­ as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art.  27.  O  número  de  Deputados  à  Assembléia  Legislativa  corresponderá  ao  triplo  da  representação  do  Estado  na  Câmara  dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando­ sê­lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

§  2º  A  remuneração  dos  Deputados  Estaduais  será  fixada  em  cada  legislatura,  para  a  subseqüente,  pela  Assembléia  Legislativa,
observado o que dispõem os arts. arts. 150, II, 153, III e 153, § 2.º, I. 
            §  2.º  A  remuneração  dos  Deputados  Estaduais  será  fixada  em  cada  legislatura,  para  a  subseqüente,  pela  Assembléia  Legislativa,
observado  o  que  dispõem  os  arts.  arts.  150,  II,  153,  III  e  153,  §  2.º,  I  ,  na  razão  de,  no  máximo,  setenta  e  cinco  por  cento  daquela
estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 1, 1992)

§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e
cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  3º  Compete  às  Assembléias  Legislativas  dispor  sobre  seu  regimento  interno,  polícia  e  serviços  administrativos  de  sua  secretaria,  e
prover os respectivos cargos.

§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice­Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar­se­á noventa dias antes do
término  do  mandato  de  seus  antecessores,  e  a  posse  ocorrerá  no  dia  1º  de  janeiro  do  ano  subseqüente,  observado,  quanto  ao  mais,  o
disposto no art. 77.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice­Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar­se­á no primeiro domingo de
outubro,  em  primeiro  turno,  e  no  último  domingo  de  outubro,  em  segundo  turno,  se  houver,  do  ano  anterior  ao  do  término  do  mandato  de
seus  antecessores,  e  a  posse  ocorrerá  em  primeiro  de  janeiro  do  ano  subseqüente,  observado,  quanto  ao  mais,  o  disposto  no  art.  77.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997)

Parágrafo  único.  Perderá  o  mandato  o  Governador  que  assumir  outro  cargo  ou  função  na  administração  pública  direta  ou  indireta,
ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.

§  1º  Perderá  o  mandato  o  Governador  que  assumir  outro  cargo  ou  função  na  administração  pública  direta  ou  indireta,  ressalvada  a
posse  em  virtude  de  concurso  público  e  observado  o  disposto  no  art.  38,  I,  IV  e  V.(Renumerado  do  parágrafo  único,  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§  2º  Os  subsídios  do  Governador,  do  Vice­Governador  e  dos  Secretários  de  Estado  serão  fixados  por  lei  de  iniciativa  da  Assembléia
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

CAPÍTULO IV
Dos Municípios

Art. 29. O Município reger­se­á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
dos  membros  da  Câmara  Municipal,  que  a  promulgará,  atendidos  os  princípios  estabelecidos  nesta  Constituição,  na  Constituição  do
respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I ­ eleição do Prefeito, do Vice­Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado
em todo o País;

II ­ eleição do Prefeito e do Vice­Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras
do art. 77, no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores;

II  ­  eleição  do  Prefeito  e  do  Vice­Prefeito  realizada  no  primeiro  domingo  de  outubro  do  ano  anterior  ao  término  do  mandato  dos  que
devam  suceder,  aplicadas  as  regras  do  art.  77,  no  caso  de  Municípios  com  mais  de  duzentos  mil  eleitores;(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 16, de1997)

III ­ posse do Prefeito e do Vice­Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;

IV ­ número de Vereadores proporcional à população do Município, observados os seguintes limites:
a) mínimo de nove e máximo de vinte e um nos Municípios de até um milhão de habitantes;
b) mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um nos Municípios de mais de um milhão e menos de cinco milhões de habitantes;

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c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e cinco nos Municípios de mais de cinco milhões de habitantes;

IV  ­  para  a  composição  das  Câmaras  Municipais,  será  observado  o  limite  máximo  de:  (Redação  dada  pela  Emenda  Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)   (Produção de efeito)  (Vide ADIN 4307)

a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional
nº 58, de 2009)

b)  11  (onze)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  15.000  (quinze  mil)  habitantes  e  de  até  30.000  (trinta  mil)  habitantes;  (Redação
dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

c)  13  (treze)  Vereadores,  nos  Municípios  com  mais  de  30.000  (trinta  mil)  habitantes  e  de  até  50.000  (cinquenta  mil)  habitantes;
(Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

d)  15  (quinze)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  50.000  (cinquenta  mil)  habitantes  e  de  até  80.000  (oitenta  mil)  habitantes;
(Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

e)  17  (dezessete)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  80.000  (oitenta  mil)  habitantes  e  de  até  120.000  (cento  e  vinte  mil)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000  (trezentos  mil)


habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

h)  23  (vinte  e  três)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  300.000  (trezentos  mil)  habitantes  e  de  até  450.000  (quatrocentos  e
cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

i)  25  (vinte  e  cinco)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  450.000  (quatrocentos  e  cinquenta  mil)  habitantes  e  de  até  600.000
(seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos cinquenta
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

k)  29  (vinte  e  nove)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  750.000  (setecentos  e  cinquenta  mil)  habitantes  e  de  até  900.000
(novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

l)  31  (trinta  e  um)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  900.000  (novecentos  mil)  habitantes  e  de  até  1.050.000  (um  milhão  e
cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes  e  de  até  1.200.000  (um


milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 (um
milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

o)  37  (trinta  e  sete)  Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes  e  de  até  1.500.000


(um milhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até 1.800.000 (um
milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

q)  41  (quarenta  e  um)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  1.800.000  (um  milhão  e  oitocentos  mil)  habitantes  e  de  até  2.400.000
(dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

r)  43  (quarenta  e  três)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  2.400.000  (dois  milhões  e  quatrocentos  mil)  habitantes  e  de  até
3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

s)  45  (quarenta  e  cinco)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  3.000.000  (três  milhões)  de  habitantes  e  de  até  4.000.000  (quatro
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

t)  47  (quarenta  e  sete)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  4.000.000  (quatro  milhões)  de  habitantes  e  de  até  5.000.000  (cinco
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

u)  49  (quarenta  e  nove)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  5.000.000  (cinco  milhões)  de  habitantes  e  de  até  6.000.000  (seis
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

v)  51  (cinquenta  e  um)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  6.000.000  (seis  milhões)  de  habitantes  e  de  até  7.000.000  (sete
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

w)  53  (cinquenta  e  três)  Vereadores,  nos  Municípios  de  mais  de  7.000.000  (sete  milhões)  de  habitantes  e  de  até  8.000.000  (oito
milhões) de habitantes; e  (Incluída pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;        (Incluída  pela  Emenda


Constituição Constitucional nº 58, de 2009)

V ­ remuneração do Prefeito, do Vice­Prefeito e dos Vereadores fixada pela Câmara Municipal em cada legislatura, para a subseqüente,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;

V  ­  subsídios  do  Prefeito,  do  Vice­Prefeito  e  dos  Secretários  Municipais  fixados  por  lei  de  iniciativa  da  Câmara  Municipal,  observado  o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;         (Redação dada pela Emenda constitucional nº 19, de 1998)

VI ­ a remuneração dos Vereadores corresponderá a, no máximo, setenta e cinco por cento daquela estabelecida, em espécie, para os
Deputados Estaduais, ressalvado o que dispõe o art. 37, XI;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
VI  ­  subsídio  dos  Vereadores  fixado  por  lei  de  iniciativa  da  Câmara  Municipal,  na  razão  de,  no  máximo,  setenta  e  cinco  por  cento
daquele  estabelecido,  em  espécie,  para  os  Deputados  Estaduais,  observado  o  que  dispõem  os  arts.  39,  §  4º,  57,  §  7º,  150,  II,  153,  III,  e
153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional nº 19, de 1998)

VI ­ o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subseqüente, observado o
que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:       (Redação

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dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

a)  em  Municípios  de  até  dez  mil  habitantes,  o  subsídio  máximo  dos  Vereadores  corresponderá  a  vinte  por  cento  do  subsídio  dos
Deputados Estaduais;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

b)  em  Municípios  de  dez  mil  e  um  a  cinqüenta  mil  habitantes,  o  subsídio  máximo  dos  Vereadores  corresponderá  a  trinta  por  cento  do
subsídio dos Deputados Estaduais;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinqüenta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

VII  ­  o  total  da  despesa  com  a  remuneração  dos  Vereadores  não  poderá  ultrapassar  o  montante  de  cinco  por  cento  da  receita  do
Município;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

VIII  ­  inviolabilidade  dos  Vereadores  por  suas  opiniões,  palavras  e  votos  no  exercício  do  mandato  e  na  circunscrição  do  Município;
(Renumerado do inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

IX  ­  proibições  e  incompatibilidades,  no  exercício  da  vereança,  similares,  no  que  couber,  ao  disposto  nesta  Constituição  para  os
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembléia Legislativa; (Renumerado do inciso
VII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

X ­ julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

XI ­ organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela Emenda Constitucional
nº 1, de 1992)

XII ­ cooperação das associações representativas no planejamento municipal; (Renumerado do inciso X, pela Emenda Constitucional nº
1, de 1992)

XIII  ­  iniciativa  popular  de  projetos  de  lei  de  interesse  específico  do  Município,  da  cidade  ou  de  bairros,  através  de  manifestação  de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

XIV ­ perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda Constitucional nº
1, de 1992)

Art. 29­A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos,
não  poderá  ultrapassar  os  seguintes  percentuais,  relativos  ao  somatório  da  receita  tributária  e  das  transferências  previstas  no  §  5 o   do  art.
153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

I ­ oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

I ­ 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes;  (Redação dada pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009)   (Produção de efeito)

II ­ sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos mil habitantes; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)

II  ­  6%  (seis  por  cento)  para  Municípios  com  população  entre  100.000  (cem  mil)  e  300.000  (trezentos  mil)  habitantes;  (Redação  dada
pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) 

III  ­  seis  por  cento  para  Municípios  com  população  entre  trezentos  mil  e  um  e  quinhentos  mil  habitantes;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 25, de 2000)

III  ­  5%  (cinco  por  cento)  para  Municípios  com  população  entre  300.001  (trezentos  mil  e  um)  e  500.000  (quinhentos  mil)  habitantes;
(Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) 

IV ­ cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil habitantes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
2000)

IV ­ 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000
(três milhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) 

V ­ 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
(Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) 

VI ­ 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes.
(Incluído pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) 

§  1 o   A  Câmara  Municipal  não  gastará  mais  de  setenta  por  cento  de  sua  receita  com  folha  de  pagamento,  incluído  o  gasto  com  o
subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

§ 2 o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

I ­ efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

II ­ não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

III ­ enviá­lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

§ 3 o  Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1 o  deste artigo.(Incluído pela Emenda


Constitucional nº 25, de 2000)

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Art. 30. Compete aos Municípios:

I ­ legislar sobre assuntos de interesse local;

II ­ suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III  ­  instituir  e  arrecadar  os  tributos  de  sua  competência,  bem  como  aplicar  suas  rendas,  sem  prejuízo  da  obrigatoriedade  de  prestar
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV ­ criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V  ­  organizar  e  prestar,  diretamente  ou  sob  regime  de  concessão  ou  permissão,  os  serviços  públicos  de  interesse  local,  incluído  o  de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI  ­  manter,  com  a  cooperação  técnica  e  financeira  da  União  e  do  Estado,  programas  de  educação  pré­escolar  e  de  ensino
fundamental;

VI  ­  manter,  com  a  cooperação  técnica  e  financeira  da  União  e  do  Estado,  programas  de  educação  infantil  e  de  ensino  fundamental;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VII ­ prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

VIII  ­  promover,  no  que  couber,  adequado  ordenamento  territorial,  mediante  planejamento  e  controle  do  uso,  do  parcelamento  e  da
ocupação do solo urbano;

IX ­ promover a proteção do patrimônio histórico­cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

Art.  31.  A  fiscalização  do  Município  será  exercida  pelo  Poder  Legislativo  Municipal,  mediante  controle  externo,  e  pelos  sistemas  de
controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

§  2º  O  parecer  prévio,  emitido  pelo  órgão  competente  sobre  as  contas  que  o  Prefeito  deve  anualmente  prestar,  só  deixará  de
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

§  3º  As  contas  dos  Municípios  ficarão,  durante  sessenta  dias,  anualmente,  à  disposição  de  qualquer  contribuinte,  para  exame  e
apreciação, o qual poderá questionar­lhes a legitimidade, nos termos da lei.

§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

CAPÍTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
SEÇÃO I
DO DISTRITO FEDERAL

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger­ se­á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

§ 2º A eleição do Governador e do Vice­Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos
Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.

§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica­se o disposto no art. 27.

§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.

SEÇÃO II
DOS TERRITÓRIOS

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título.

§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.

§  3º  Nos  Territórios  Federais  com  mais  de  cem  mil  habitantes,  além  do  Governador  nomeado  na  forma  desta  Constituição,  haverá
órgãos  judiciários  de  primeira  e  segunda  instância,  membros  do  Ministério  Público  e  defensores  públicos  federais;  a  lei  disporá  sobre  as
eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.

CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I ­ manter a integridade nacional;

II ­ repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III ­ pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV ­ garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V ­ reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

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17/03/2016 Constituição
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI ­ prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII ­ assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e)  aplicação  do  mínimo  exigido  da  receita  resultante  de  impostos  estaduais,  compreendida  a  proveniente  de  transferências,  na
manutenção e desenvolvimento do ensino. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

e)  aplicação  do  mínimo  exigido  da  receita  resultante  de  impostos  estaduais,  compreendida  a  proveniente  de  transferências,  na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de
2000)

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

I ­ deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II ­ não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III ­ não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino;

III ­ não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV  ­  o  Tribunal  de  Justiça  der  provimento  a  representação  para  assegurar  a  observância  de  princípios  indicados  na  Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I ­ no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

II ­ no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do Tribunal Superior Eleitoral;

III ­ de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador­Geral da República, na hipótese do art. 34, VII;

III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador­Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no
caso de recusa à execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV  ­  de  provimento,  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça,  de  representação  do  Procurador­Geral  da  República,  no  caso  de  recusa  à
execução de lei federal. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  1º  O  decreto  de  intervenção,  que  especificará  a  amplitude,  o  prazo  e  as  condições  de  execução  e  que,  se  couber,  nomeará  o
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§  2º  Se  não  estiver  funcionando  o  Congresso  Nacional  ou  a  Assembléia  Legislativa,  far­se­á  convocação  extraordinária,  no  mesmo
prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa,
o decreto limitar­se­á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte: 
      I ­ os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei;
          II  ­  a  investidura  em  cargo  ou  emprego  público  depende  de  aprovação  prévia  em  concurso  público  de  provas  ou  de  provas  e  títulos,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:       (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I ­ os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como
aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de
acordo  com  a  natureza  e  a  complexidade  do  cargo  ou  emprego,  na  forma  prevista  em  lei,  ressalvadas  as  nomeações  para  cargo  em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;

 IV ­ durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e

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títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

V  ­  os  cargos  em  comissão  e  as  funções  de  confiança  serão  exercidos,  preferencialmente,  por  servidores  ocupantes  de  cargo  de
carreira técnica ou profissional, nos casos e condições previstos em lei;

V ­ as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam­se apenas às atribuições de
direção, chefia e assessoramento;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VI ­ é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII ­ o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar;

VII  ­  o  direito  de  greve  será  exercido  nos  termos  e  nos  limites  definidos  em  lei  específica;              (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

VIII ­ a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão;

  IX  ­  a  lei  estabelecerá  os  casos  de  contratação  por  tempo  determinado  para  atender  a  necessidade  temporária  de  excepcional
interesse público;

X ­ a revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre servidores públicos civis e militares, far­se­á
sempre na mesma data;

X ­ a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica,  observada  a  iniciativa  privativa  em  cada  caso,  assegurada  revisão  geral  anual,  sempre  na  mesma  data  e  sem  distinção  de
índices;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)        (Regulamento)

 XI ­ a lei fixará o limite máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, observados, como
limites máximos e no âmbito dos respectivos poderes, os valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, por membros
do  Congresso  Nacional,  Ministros  de  Estado  e  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  seus  correspondentes  nos  Estados,  no  Distrito
Federal e nos Territórios, e, nos Municípios, os valores percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito;       (Vide Lei nº 8.448, de
1992)
            XI  ­  a  remuneração  e  o  subsídio  dos  ocupantes  de  cargos,  funções  e  empregos  públicos  da  administração  direta,  autárquica  e
fundacional,  dos  membros  de  qualquer  dos  Poderes  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  dos  detentores  de
mandato  eletivo  e  dos  demais  agentes  políticos  e  os  proventos,  pensões  ou  outra  espécie  remuneratória,  percebidos  cumulativamente  ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)        (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XI  ­  a  remuneração  e  o  subsídio  dos  ocupantes  de  cargos,  funções  e  empregos  públicos  da  administração  direta,  autárquica  e
fundacional,  dos  membros  de  qualquer  dos  Poderes  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  dos  detentores  de
mandato  eletivo  e  dos  demais  agentes  políticos  e  os  proventos,  pensões  ou  outra  espécie  remuneratória,  percebidos  cumulativamente  ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando­se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em  espécie,  dos  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal,  no  âmbito  do  Poder  Judiciário,  aplicável  este  limite  aos  membros  do  Ministério
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

XII  ­  os  vencimentos  dos  cargos  do  Poder  Legislativo  e  do  Poder  Judiciário  não  poderão  ser  superiores  aos  pagos  pelo  Poder
Executivo;

XIII ­ é vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos, para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público, ressalvado o
disposto no inciso anterior e no art. 39, § 1º ;

XIII ­ é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XIV  ­  os  acréscimos  pecuniários  percebidos  por  servidor  público  não  serão  computados  nem  acumulados,  para  fins  de  concessão  de
acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento;

XIV  ­  os  acréscimos  pecuniários  percebidos  por  servidor  público  não  serão  computados  nem  acumulados  para  fins  de  concessão  de
acréscimos ulteriores;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XV ­ os vencimentos dos servidores públicos são irredutíveis, e a remuneração observará o que dispõem os arts. 37, XI e XII, 150, II,
153, III e § 2º, I;        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, 1998)

XV ­ o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e
XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

 XVI ­ é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos privativos de médico;

XVI  ­  é  vedada  a  acumulação  remunerada  de  cargos  públicos,  exceto,  quando  houver  compatibilidade  de  horários,  observado  em
qualquer caso o disposto no inciso XI:     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos privativos de médico;        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c)  a  de  dois  cargos  ou  empregos  privativos  de  profissionais  de  saúde,  com  profissões  regulamentadas;              (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

 XVII  a  proibição  de  acumular  estende­se  a  empregos  e  funções  e  abrange  autarquias,  empresas  públicas,  sociedades  de  economia
mista e fundações mantidas pelo Poder Público;

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XVII ­ a proibição de acumular estende­se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;       (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

XVIII ­ a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre
os demais setores administrativos, na forma da lei;

XIX ­ somente por lei específica poderão ser criadas empresa pública , sociedade de economia mista, autarquia ou fundação pública;

XIX ­ somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia
mista  e  de  fundação,  cabendo  à  lei  complementar,  neste  último  caso,  definir  as  áreas  de  sua  atuação;  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

 XX ­ depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim
como a participação de qualquer delas em empresa privada;

XXI ­ ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de  licitação  pública  que  assegure  igualdade  de  condições  a  todos  os  concorrentes,  com  cláusulas  que  estabeleçam  obrigações  de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.      (Regulamento)

XXII ­ as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento
do  Estado,  exercidas  por  servidores  de  carreiras  específicas,  terão  recursos  prioritários  para  a  realização  de  suas  atividades  e  atuarão  de
forma  integrada,  inclusive  com  o  compartilhamento  de  cadastros  e  de  informações  fiscais,  na  forma  da  lei  ou  convênio.              (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou
de  orientação  social,  dela  não  podendo  constar  nomes,  símbolos  ou  imagens  que  caracterizem  promoção  pessoal  de  autoridades  ou
servidores públicos.

§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos
da lei.

§ 3º As reclamações relativas à prestação de serviços públicos serão disciplinadas em lei.

§  3º  A  lei  disciplinará  as  formas  de  participação  do  usuário  na  administração  pública  direta  e  indireta,  regulando  especialmente:           
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I  ­  as  reclamações  relativas  à  prestação  dos  serviços  públicos  em  geral,  asseguradas  a  manutenção  de  serviços  de  atendimento  ao
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II  ­  o  acesso  dos  usuários  a  registros  administrativos  e  a  informações  sobre  atos  de  governo,  observado  o  disposto  no  art.  5º,  X  e
XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)     (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

III  ­  a  disciplina  da  representação  contra  o  exercício  negligente  ou  abusivo  de  cargo,  emprego  ou  função  na  administração  pública.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite
o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  8º  A  autonomia  gerencial,  orçamentária  e  financeira  dos  órgãos  e  entidades  da  administração  direta  e  indireta  poderá  ser  ampliada
mediante  contrato,  a  ser  firmado  entre  seus  administradores  e  o  poder  público,  que  tenha  por  objeto  a  fixação  de  metas  de  desempenho
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I ­ o prazo de duração do contrato;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II  ­  os  controles  e  critérios  de  avaliação  de  desempenho,  direitos,  obrigações  e  responsabilidade  dos  dirigentes;              (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ a remuneração do pessoal.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  9º  O  disposto  no  inciso  XI  aplica­se  às  empresas  públicas  e  às  sociedades  de  economia  mista,  e  suas  subsidiárias,  que  receberem
recursos  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  ou  dos  Municípios  para  pagamento  de  despesas  de  pessoal  ou  de  custeio  em  geral.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  10.  É  vedada  a  percepção  simultânea  de  proventos  de  aposentadoria  decorrentes  do  art.  40  ou  dos  arts.  42  e  142  com  a
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os
cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)       (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  11.  Não  serão  computadas,  para  efeito  dos  limites  remuneratórios  de  que  trata  o  inciso  XI  do  caput  deste  artigo,  as  parcelas  de
caráter indenizatório previstas em lei.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mediante  emenda  às  respectivas  Constituições  e  Lei  Orgânica,  como  limite  único,  o  subsídio  mensal  dos  Desembargadores  do  respectivo
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.        (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

Art. 38. Ao servidor público em exercício de mandato eletivo aplicam­ se as seguintes disposições:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam­se as seguintes

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disposições:     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I ­ tratando­se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;

II ­ investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo­lhe facultado optar pela sua remuneração;

III  ­  investido  no  mandato  de  Vereador,  havendo  compatibilidade  de  horários,  perceberá  as  vantagens  de  seu  cargo,  emprego  ou
função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV ­ em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os
efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

V ­ para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.

SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos
de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.      (Vide ADIN nº 2.135­4)

Art.  39.  A  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  instituirão  conselho  de  política  de  administração  e  remuneração  de
pessoal,  integrado  por  servidores  designados  pelos  respectivos  Poderes.              (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  19,  de
1998)       (Vide ADIN nº 2.135­4)

§  1º  A  lei  assegurará,  aos  servidores  da  administração  direta,  isonomia  de  vencimentos  para  cargos  de  atribuições  iguais  ou
assemelhados  do  mesmo  Poder  ou  entre  servidores  dos  Poderes  Executivo,  Legislativo  e  Judiciário,  ressalvadas  as  vantagens  de  caráter
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.      (Vide Lei nº 8.448, de 1992)

§  1º  A  fixação  dos  padrões  de  vencimento  e  dos  demais  componentes  do  sistema  remuneratório  observará:            (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I  ­  a  natureza,  o  grau  de  responsabilidade  e  a  complexidade  dos  cargos  componentes  de  cada  carreira;              (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ os requisitos para a investidura;       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ as peculiaridades dos cargos.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º Aplica­se a esses servidores o disposto no art. 7º, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX.

§  2º  A  União,  os  Estados  e  o  Distrito  Federal  manterão  escolas  de  governo  para  a  formação  e  o  aperfeiçoamento  dos  servidores
públicos,  constituindo­se  a  participação  nos  cursos  um  dos  requisitos  para  a  promoção  na  carreira,  facultada,  para  isso,  a  celebração  de
convênios ou contratos entre os entes federados.      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Aplica­se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.       (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§  4º  O  membro  de  Poder,  o  detentor  de  mandato  eletivo,  os  Ministros  de  Estado  e  os  Secretários  Estaduais  e  Municipais  serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
verba  de  representação  ou  outra  espécie  remuneratória,  obedecido,  em  qualquer  caso,  o  disposto  no  art.  37,  X  e  XI.            (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração
dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  6º  Os  Poderes  Executivo,  Legislativo  e  Judiciário  publicarão  anualmente  os  valores  do  subsídio  e  da  remuneração  dos  cargos  e
empregos públicos.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da
economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de
adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.      (Incluído  pela  Emenda


Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 40. O servidor será aposentado:
      I ­ por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrentes de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos;
       II ­ compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
       III ­ voluntariamente:
       a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, com proventos integrais;
       b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor, e vinte e cinco, se professora, com proventos integrais;
       c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
       d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
              §  1º  ­  Lei  complementar  poderá  estabelecer  exceções  ao  disposto  no  inciso  III,  "a"  e  "c",  no  caso  de  exercício  de  atividades
consideradas penosas, insalubres ou perigosas.
       § 2º ­ A lei disporá sobre a aposentadoria em cargos ou empregos temporários.
       § 3º ­ O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal será computado integralmente para os efeitos de aposentadoria e de
disponibilidade.
       § 4º ­ Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração
dos  servidores  em  atividade,  sendo  também  estendidos  aos  inativos  quaisquer  benefícios  ou  vantagens  posteriormente  concedidos  aos
servidores  em  atividade,  inclusive  quando  decorrentes  da  transformação  ou  reclassificação  do  cargo  ou  função  em  que  se  deu  a
aposentadoria, na forma da lei.
              §  5º  ­  O  benefício  da  pensão  por  morte  corresponderá  à  totalidade  dos  vencimentos  ou  proventos  do  servidor  falecido,  até  o  limite

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estabelecido em lei, observado o disposto no parágrafo anterior.
      Art. 40 ­ Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias
e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial
e o disposto neste artigo.       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

Art.  40.  Aos  servidores  titulares  de  cargos  efetivos  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  incluídas  suas
autarquias  e  fundações,  é  assegurado  regime  de  previdência  de  caráter  contributivo  e  solidário,  mediante  contribuição  do  respectivo  ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto
neste artigo.       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a
partir dos valores fixados na forma do  § 3º:

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a
partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I ­ por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

I ­ por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,
moléstia  profissional  ou  doença  grave,  contagiosa  ou  incurável,  na  forma  da  lei;  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  41,
19.12.2003)

II  ­  compulsoriamente,  aos  setenta  anos  de  idade,  com  proventos  proporcionais  ao  tempo  de  contribuição;              (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II  ­  compulsoriamente,  com  proventos  proporcionais  ao  tempo  de  contribuição,  aos  70  (setenta)  anos  de
idade,  ou  aos  75  (setenta  e  cinco)  anos  de  idade,  na  forma  de  lei  complementar;              (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
III  ­  voluntariamente,  desde  que  cumprido  tempo  mínimo  de  dez  anos  de  efetivo  exercício  no  serviço  público  e  cinco  anos  no  cargo
efetivo  em  que  se  dará  a  aposentadoria,  observadas  as  seguintes  condições:              (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  20,  de
1998)

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se
mulher;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)       (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

b)  sessenta  e  cinco  anos  de  idade,  se  homem,  e  sessenta  anos  de  idade,  se  mulher,  com  proventos  proporcionais  ao  tempo  de
contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo
servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.        (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão calculados com base na remuneração do servidor no cargo
efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à totalidade da remuneração.        (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  3º  Para  o  cálculo  dos  proventos  de  aposentadoria,  por  ocasião  da  sua  concessão,  serão  consideradas  as  remunerações  utilizadas
como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que
trata  este  artigo,  ressalvados  os  casos  de  atividades  exercidas  exclusivamente  sob  condições  especiais  que  prejudiquem  a  saúde  ou  a
integridade física, definidos em lei complementar.        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que
trata  este  artigo,  ressalvados,  nos  termos  definidos  em  leis  complementares,  os  casos  de  servidores:              (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)

I portadores de deficiência;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

II que exerçam atividades de risco;       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

III  cujas  atividades  sejam  exercidas  sob  condições  especiais  que  prejudiquem  a  saúde  ou  a  integridade  física.              (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no  § 1º, III, "a", para o
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental
e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  6.º  As  aposentadorias  e  pensões  dos  servidores  públicos  federais  serão  custeadas  com  recursos  provenientes  da  União  e  das
contribuições dos servidores, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais
de  uma  aposentadoria  à  conta  do  regime  de  previdência  previsto  neste  artigo.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  20,  de
15/12/98)

§ 7º ­ Lei disporá sobre a concessão do benefício da pensão por morte, que será igual ao valor dos proventos do servidor falecido ou
ao valor dos proventos a que teria direito o servidor em atividade na data de seu falecimento, observado o disposto no  § 3º. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003)

I  ­  ao  valor  da  totalidade  dos  proventos  do  servidor  falecido,  até  o  limite  máximo  estabelecido  para  os  benefícios  do  regime  geral  de
previdência  social  de  que  trata  o  art.  201,  acrescido  de  setenta  por  cento  da  parcela  excedente  a  este  limite,  caso  aposentado  à  data  do
óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

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II ­ ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 8º Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na mesma
data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos pensionistas
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação
ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma
da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  8º  É  assegurado  o  reajustamento  dos  benefícios  para  preservar­lhes,  em  caráter  permanente,  o  valor  real,  conforme  critérios
estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§  9º  O  tempo  de  contribuição  federal,  estadual  ou  municipal  será  contado  para  efeito  de  aposentadoria  e  o  tempo  de  serviço
correspondente para efeito de disponibilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 10 ­ A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 20, de 15/12/98)   (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 11 ­ Aplica­se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de
cargos  ou  empregos  públicos,  bem  como  de  outras  atividades  sujeitas  a  contribuição  para  o  regime  geral  de  previdência  social,  e  ao
montante  resultante  da  adição  de  proventos  de  inatividade  com  remuneração  de  cargo  acumulável  na  forma  desta  Constituição,  cargo  em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  12  ­  Além  do  disposto  neste  artigo,  o  regime  de  previdência  dos  servidores  públicos  titulares  de  cargo  efetivo  observará,  no  que
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  13  ­  Ao  servidor  ocupante,  exclusivamente,  de  cargo  em  comissão  declarado  em  lei  de  livre  nomeação  e  exoneração  bem  como  de
outro cargo temporário ou de emprego público, aplica­se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)

§ 14 ­ A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus
respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
de  que  trata  este  artigo,  o  limite  máximo  estabelecido  para  os  benefícios  do  regime  geral  de  previdência  social  de  que  trata  o  art.  201.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 15 ­ Observado o disposto no art. 202, lei complementar disporá sobre as normas gerais para a instituição de regime de previdência
complementar  pela  União,  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  para  atender  aos  seus  respectivos  servidores  titulares  de  cargo  efetivo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  15.  O  regime  de  previdência  complementar  de  que  trata  o  §  14  será  instituído  por  lei  de  iniciativa  do  respectivo  Poder  Executivo,
observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de
natureza  pública,  que  oferecerão  aos  respectivos  participantes  planos  de  benefícios  somente  na  modalidade  de  contribuição  definida.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 16 ­ Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos  § §  14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado
no  serviço  público  até  a  data  da  publicação  do  ato  de  instituição  do  correspondente  regime  de  previdência  complementar.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na
forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§  18.  Incidirá  contribuição  sobre  os  proventos  de  aposentadorias  e  pensões  concedidas  pelo  regime  de  que  trata  este  artigo  que
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual
ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III,
a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até
completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de
mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que
superem  o  dobro  do  limite  máximo  estabelecido  para  os  benefícios  do  regime  geral  de  previdência  social  de  que  trata  o  art.  201  desta
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  47,  de
2005)

Art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados em virtude de concurso público.
            §  1º  ­  O  servidor  público  estável  só  perderá  o  cargo  em  virtude  de  sentença  judicial  transitada  em  julgado  ou  mediante  processo
administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
      § 2º ­ Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga reconduzido
ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.
            §  3º  ­  Extinto  o  cargo  ou  declarada  sua  desnecessidade,  o  servidor  estável  ficará  em  disponibilidade  remunerada,  até  seu  adequado
aproveitamento em outro cargo.

Art.  41.  São  estáveis  após  três  anos  de  efetivo  exercício  os  servidores  nomeados  para  cargo  de  provimento  efetivo  em  virtude  de
concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I ­ em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido  ao  cargo  de  origem,  sem  direito  a  indenização,  aproveitado  em  outro  cargo  ou  posto  em  disponibilidade  com  remuneração
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proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para
essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

SEÇÃO III
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES

DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

  Art.  42.  São  servidores  militares  federais  os  integrantes  das  Forças  Armadas  e  servidores  militares  dos  Estados,  Territórios  e  Distrito
Federal os integrantes de suas polícias militares e de seus corpos de bombeiros militares.
      § 1º As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva
ou  reformados  das  Forças  Armadas,  das  polícias  militares  e  dos  corpos  de  bombeiros  militares  dos  Estados,  dos  Territórios  e  do  Distrito
Federal, sendo­lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.
      § 2º As patentes dos oficiais das Forças Armadas são conferidas pelo Presidente da República, e as dos oficiais das polícias militares e
corpos de bombeiros militares dos Estados, Territórios e Distrito Federal, pelos respectivos Governadores.
      § 3º O militar em atividade que aceitar cargo público civil permanente será transferido para a reserva.
     § 4º O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficará
agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando­se­lhe o
tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou
não, transferido para a inatividade.
      § 5º Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.
      § 6º O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a partidos políticos.
     § 7º O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão
de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.
            §  8º  O  oficial  condenado  na  justiça  comum  ou  militar  a  pena  privativa  de  liberdade  superior  a  dois  anos,  por  sentença  transitada  em
julgado, será submetido ao julgamento previsto no parágrafo anterior.
      § 9º A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do servidor militar para a inatividade.
      § 10 Aplica­se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º.
      § 10 Aplica­se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4.º, 5.º e 6.º (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
      § 11 Aplica­se aos servidores a que se refere este artigo o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII e XIX.

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina,
são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 1º Aplicam­se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do
art. 14, § 8º; do art. 40, § 3º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, 3º, inciso X,
sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos Governadores.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 2º Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios e a seus pensionistas, aplica­se o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º; e aos
militares do Distrito Federal e dos Territórios, o disposto no art. 40, § 6º.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 1º Aplicam­se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do
art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X,
sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 2º Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios e a seus pensionistas, aplica­se o disposto no art. 40, §§ 7º e 8º.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§  2º  Aos  pensionistas  dos  militares  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Territórios  aplica­se  o  que  for  fixado  em  lei  específica  do
respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

SEÇÃO IV
DAS REGIÕES

Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu
desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.

§ 1º Lei complementar disporá sobre:

I ­ as condições para integração de regiões em desenvolvimento;

II ­ a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de
desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes.

§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei:

I ­ igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;

II ­ juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias;

III ­ isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;

IV  ­  prioridade  para  o  aproveitamento  econômico  e  social  dos  rios  e  das  massas  de  água  represadas  ou  represáveis  nas  regiões  de
baixa renda, sujeitas a secas periódicas.

§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e médios
proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.

TÍTULO IV
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DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe­se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada
Território e no Distrito Federal.

§  1º  O  número  total  de  Deputados,  bem  como  a  representação  por  Estado  e  pelo  Distrito  Federal,  será  estabelecido  por  lei
complementar,  proporcionalmente  à  população,  procedendo­se  aos  ajustes  necessários,  no  ano  anterior  às  eleições,  para  que  nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. (Vide Lei Complementar nº 78, de 1993)

§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe­se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.

§  2º  A  representação  de  cada  Estado  e  do  Distrito  Federal  será  renovada  de  quatro  em  quatro  anos,  alternadamente,  por  um  e  dois
terços.

§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art.  47.  Salvo  disposição  constitucional  em  contrário,  as  deliberações  de  cada  Casa  e  de  suas  Comissões  serão  tomadas  por  maioria
dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51
e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

I ­ sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II ­ plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III ­ fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV ­ planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V ­ limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI ­ incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

VII ­ transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII ­ concessão de anistia;

IX  ­  organização  administrativa,  judiciária,  do  Ministério  Público  e  da  Defensoria  Pública  da  União  e  dos  Territórios  e  organização
judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal;   

IX  ­  organização  administrativa,  judiciária,  do  Ministério  Público  e  da  Defensoria  Pública  da  União  e  dos  Territórios  e  organização
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)  (Produção de efeito)

X ­ criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas;

X ­ criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

XI ­ criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública;

XI ­ criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

XII ­ telecomunicações e radiodifusão;

XIII ­ matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV ­ moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

XV  ­  fixação  do  subsídio  dos  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal,  por  lei  de  iniciativa  conjunta  dos  Presidentes  da  República,  da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XV ­ fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153,
§ 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
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I  ­  resolver  definitivamente  sobre  tratados,  acordos  ou  atos  internacionais  que  acarretem  encargos  ou  compromissos  gravosos  ao
patrimônio nacional;

II  ­  autorizar  o  Presidente  da  República  a  declarar  guerra,  a  celebrar  a  paz,  a  permitir  que  forças  estrangeiras  transitem  pelo  território
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

III ­ autorizar o Presidente e o Vice­Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV ­ aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V ­ sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

VI ­ mudar temporariamente sua sede;

VII  ­  fixar  idêntica  remuneração  para  os  Deputados  Federais  e  os  Senadores,  em  cada  legislatura,  para  a  subseqüente,  observado  o
que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

VII  ­  fixar  idêntico  subsídio  para  os  Deputados  Federais  e  os  Senadores,  observado  o  que  dispõem  os  arts.  37,  XI,  39,  §  4º,  150,  II,
153, III, e 153, § 2º, I;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VIII  ­  fixar  para  cada  exercício  financeiro  a  remuneração  do  Presidente  e  do  Vice­Presidente  da  República  e  dos  Ministros  de  Estado,
observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VIII ­ fixar os subsídios do Presidente e do Vice­Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts.
37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IX  ­  julgar  anualmente  as  contas  prestadas  pelo  Presidente  da  República  e  apreciar  os  relatórios  sobre  a  execução  dos  planos  de
governo;

X  ­  fiscalizar  e  controlar,  diretamente,  ou  por  qualquer  de  suas  Casas,  os  atos  do  Poder  Executivo,  incluídos  os  da  administração
indireta;

XI ­ zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;

XII ­ apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

XIII ­ escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV ­ aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV ­ autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI ­ autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII ­ aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Art. 50. A Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, bem como qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado
para  prestar,  pessoalmente,  informações  sobre  assunto  previamente  determinado,  importando  crime  de  responsabilidade  a  ausência  sem
justificação adequada.

Art.  50.  A  Câmara  dos  Deputados  e  o  Senado  Federal,  ou  qualquer  de  suas  Comissões,  poderão  convocar  Ministro  de  Estado  ou
quaisquer  titulares  de  órgãos  diretamente  subordinados  à  Presidência  da  República  para  prestarem,  pessoalmente,  informações  sobre
assunto  previamente  determinado,  importando  crime  de  responsabilidade  a  ausência  sem  justificação  adequada.(Redação  dada  pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994)

§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por
sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.

§  2º  As  Mesas  da  Câmara  dos  Deputados  e  do  Senado  Federal  poderão  encaminhar  pedidos  escritos  de  informações  a  Ministros  de
Estado,  importando  em  crime  de  responsabilidade  a  recusa,  ou  o  não  ­  atendimento,  no  prazo  de  trinta  dias,  bem  como  a  prestação  de
informações falsas.

§  2º  As  Mesas  da  Câmara  dos  Deputados  e  do  Senado  Federal  poderão  encaminhar  pedidos  escritos  de  informações  a  Ministros  de
Estado  ou  a  qualquer  das  pessoas  referidas  no  caput  deste  artigo,  importando  em  crime  de  responsabilidade  a  recusa,  ou  o  não  ­
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
nº 2, de 1994)

SEÇÃO III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I  ­  autorizar,  por  dois  terços  de  seus  membros,  a  instauração  de  processo  contra  o  Presidente  e  o  Vice­Presidente  da  República  e  os
Ministros de Estado;

II  ­  proceder  à  tomada  de  contas  do  Presidente  da  República,  quando  não  apresentadas  ao  Congresso  Nacional  dentro  de  sessenta
dias após a abertura da sessão legislativa;

III ­ elaborar seu regimento interno;

IV ­ dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

IV ­ dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços,  e  a  iniciativa  de  lei  para  fixação  da  respectiva  remuneração,  observados  os  parâmetros  estabelecidos  na  lei  de  diretrizes
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

V ­ eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

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SEÇÃO IV
DO SENADO FEDERAL

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I ­ processar e julgar o Presidente e o Vice­Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes
da mesma natureza conexos com aqueles;

I ­ processar e julgar o Presidente e o Vice­Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado
e  os  Comandantes  da  Marinha,  do  Exército  e  da  Aeronáutica  nos  crimes  da  mesma  natureza  conexos  com  aqueles;  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

II  ­  processar  e  julgar  os  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal,  o  Procurador­Geral  da  República  e  o  Advogado­Geral  da  União  nos
crimes de responsabilidade;

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério  Público,  o  Procurador­Geral  da  República  e  o  Advogado­Geral  da  União  nos  crimes  de  responsabilidade;  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III ­ aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador­Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV  ­  aprovar  previamente,  por  voto  secreto,  após  argüição  em  sessão  secreta,  a  escolha  dos  chefes  de  missão  diplomática  de  caráter
permanente;

V ­ autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios;

VI ­ fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;

VII ­ dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII ­ dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX ­ estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X ­ suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI ­ aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador­Geral da República antes do término de
seu mandato;

XII ­ elaborar seu regimento interno;

XIII  ­  dispor  sobre  sua  organização,  funcionamento,  polícia,  criação,  transformação  ou  extinção  dos  cargos,  empregos  e  funções  de
seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

XIII  ­  dispor  sobre  sua  organização,  funcionamento,  polícia,  criação,  transformação  ou  extinção  dos  cargos,  empregos  e  funções  de
seus  serviços,  e  a  iniciativa  de  lei  para  fixação  da  respectiva  remuneração,  observados  os  parâmetros  estabelecidos  na  lei  de  diretrizes
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XIV ­ eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV ­ avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho
das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

Parágrafo  único.  Nos  casos  previstos  nos  incisos  I  e  II,  funcionará  como  Presidente  o  do  Supremo  Tribunal  Federal,  limitando­se  a
condenação,  que  somente  será  proferida  por  dois  terços  dos  votos  do  Senado  Federal,  à  perda  do  cargo,  com  inabilitação,  por  oito  anos,
para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

SEÇÃO V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.
            §  1º  ­  Desde  a  expedição  do  diploma,  os  membros  do  Congresso  Nacional  não  poderão  ser  presos,  salvo  em  flagrante  de  crime
inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa. 
      § 2º ­ O indeferimento do pedido de licença ou a ausência de deliberação suspende a prescrição enquanto durar o mandato.
      § 3º ­ No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa respectiva, para que,
pelo voto secreto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a formação de culpa.
      § 4º ­ Os Deputados e Senadores serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
      § 5º ­ Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício
do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
      § 6º ­ A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de
prévia licença da Casa respectiva.
      § 7º ­ As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de

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dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos, praticados fora do recinto do Congresso, que sejam incompatíveis com a
execução da medida.

Art.  53.  Os  Deputados  e  Senadores  são  invioláveis,  civil  e  penalmente,  por  quaisquer  de  suas  opiniões,  palavras  e  votos.  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§  2º  Desde  a  expedição  do  diploma,  os  membros  do  Congresso  Nacional  não  poderão  ser  presos,  salvo  em  flagrante  de  crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§  3º  Recebida  a  denúncia  contra  o  Senador  ou  Deputado,  por  crime  ocorrido  após  a  diplomação,  o  Supremo  Tribunal  Federal  dará
ciência  à  Casa  respectiva,  que,  por  iniciativa  de  partido  político  nela  representado  e  pelo  voto  da  maioria  de  seus  membros,  poderá,  até  a
decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento
pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de
2001)

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício
do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35,
de 2001)

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de
prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de
dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis
com a execução da medida.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

I ­ desde a expedição do diploma:

a)  firmar  ou  manter  contrato  com  pessoa  jurídica  de  direito  público,  autarquia,  empresa  pública,  sociedade  de  economia  mista  ou
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

b)  aceitar  ou  exercer  cargo,  função  ou  emprego  remunerado,  inclusive  os  de  que  sejam  demissíveis  "ad  nutum",  nas  entidades
constantes da alínea anterior;

II ­ desde a posse:

a)  ser  proprietários,  controladores  ou  diretores  de  empresa  que  goze  de  favor  decorrente  de  contrato  com  pessoa  jurídica  de  direito
público, ou nela exercer função remunerada;

b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a";

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";

d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I ­ que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II ­ cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III ­ que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença
ou missão por esta autorizada;

IV ­ que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V ­ quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI ­ que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

§ 1º ­ É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas
a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.

§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto
secreto  e  maioria  absoluta,  mediante  provocação  da  respectiva  Mesa  ou  de  partido  político  representado  no  Congresso  Nacional,
assegurada ampla defesa.

§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
Senado  Federal,  por  maioria  absoluta,  mediante  provocação  da  respectiva  Mesa  ou  de  partido  político
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
76, de 2013)
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação
de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus
efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994)

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 27/107
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I  ­  investido  no  cargo  de  Ministro  de  Estado,  Governador  de  Território,  Secretário  de  Estado,  do  Distrito  Federal,  de  Território,  de
Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;

II ­ licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste
caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e
vinte dias.

§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far­se­á eleição para preenchê­la se faltarem mais de quinze meses para o término do
mandato.

§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.

SEÇÃO VI
DAS REUNIÕES

Art. 57. O Congresso Nacional reunir­se­á, anualmente, na Capital Federal, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de
dezembro.

Art. 57. O Congresso Nacional reunir­se­á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de
dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§  1º  As  reuniões  marcadas  para  essas  datas  serão  transferidas  para  o  primeiro  dia  útil  subseqüente,  quando  recaírem  em  sábados,
domingos ou feriados.

§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir­se­ão em sessão conjunta
para:

I ­ inaugurar a sessão legislativa;

II ­ elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;

III ­ receber o compromisso do Presidente e do Vice­Presidente da República;

IV ­ conhecer do veto e sobre ele deliberar.

§  4º  ­  Cada  uma  das  Casas  reunir­se­á  em  sessões  preparatórias,  a  partir  de  1º  de  fevereiro,  no  primeiro  ano  da  legislatura,  para  a
posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subseqüente.

§ 4º Cada uma das Casas reunir­se­á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse
de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§  5º  A  Mesa  do  Congresso  Nacional  será  presidida  pelo  Presidente  do  Senado  Federal,  e  os  demais  cargos  serão  exercidos,
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far­se­á:

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far­se­á: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

I  ­  pelo  Presidente  do  Senado  Federal,  em  caso  de  decretação  de  estado  de  defesa  ou  de  intervenção  federal,  de  pedido  de
autorização  para  a  decretação  de  estado  de  sítio  e  para  o  compromisso  e  a  posse  do  Presidente  e  do  Vice­Presidente­  Presidente  da
República;

 II  ­  pelo  Presidente  da  República,  pelos  Presidentes  da  Câmara  dos  Deputados  e  do  Senado  Federal,  ou  a  requerimento  da  maioria
dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante.

 II ­ pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos
membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da
maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 7º ­ Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado.
      § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o
pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao do subsídio mensal.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
            §  7º  Na  sessão  legislativa  extraordinária,  o  Congresso  Nacional  somente  deliberará  sobre  a  matéria  para  a  qual  foi  convocado,
ressalvada  a  hipótese  do  §  8º,  vedado  o  pagamento  de  parcela  indenizatória  em  valor  superior  ao  subsídio  mensal.  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§  7º  Na  sessão  legislativa  extraordinária,  o  Congresso  Nacional  somente  deliberará  sobre  a  matéria  para  a  qual  foi  convocado,
ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente
incluídas na pauta da convocação.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

SEÇÃO VII
DAS COMISSÕES

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
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§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos
ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.

§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I  ­  discutir  e  votar  projeto  de  lei  que  dispensar,  na  forma  do  regimento,  a  competência  do  Plenário,  salvo  se  houver  recurso  de  um
décimo dos membros da Casa;

II ­ realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III ­ convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;

IV  ­  receber  petições,  reclamações,  representações  ou  queixas  de  qualquer  pessoa  contra  atos  ou  omissões  das  autoridades  ou
entidades públicas;

V ­ solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VI ­ apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

§  3º  As  comissões  parlamentares  de  inquérito,  que  terão  poderes  de  investigação  próprios  das  autoridades  judiciais,  além  de  outros
previstos  nos  regimentos  das  respectivas  Casas,  serão  criadas  pela  Câmara  dos  Deputados  e  pelo  Senado  Federal,  em  conjunto  ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária
do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
representação partidária.

 SEÇÃO VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
SUBSEÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I ­ emendas à Constituição;

II ­ leis complementares;

III ­ leis ordinárias;

IV ­ leis delegadas;

V ­ medidas provisórias;

VI ­ decretos legislativos;

VII ­ resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

SUBSEÇÃO II
DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I ­ de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II ­ do Presidente da República;

III  ­  de  mais  da  metade  das  Assembléias  Legislativas  das  unidades  da  Federação,  manifestando­se,  cada  uma  delas,  pela  maioria
relativa de seus membros.

§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando­se aprovada se obtiver,
em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número
de ordem.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I ­ a forma federativa de Estado;

II ­ o voto direto, secreto, universal e periódico;

III ­ a separação dos Poderes;

IV ­ os direitos e garantias individuais.

§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa.

SUBSEÇÃO III
DAS LEIS
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Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal  ou  do  Congresso  Nacional,  ao  Presidente  da  República,  ao  Supremo  Tribunal  Federal,  aos  Tribunais  Superiores,  ao  Procurador­
Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I ­ fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II ­ disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria de civis, reforma e
transferência de militares para a inatividade;

c)  servidores  públicos  da  União  e  Territórios,  seu  regime  jurídico,  provimento  de  cargos,  estabilidade  e  aposentadoria;(Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

d)  organização  do  Ministério  Público  e  da  Defensoria  Pública  da  União,  bem  como  normas  gerais  para  a  organização  do  Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;

e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública.

e)  criação  e  extinção  de  Ministérios  e  órgãos  da  administração  pública,  observado  o  disposto  no  art.  84,  VI  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

f)  militares  das  Forças  Armadas,  seu  regime  jurídico,  provimento  de  cargos,  promoções,  estabilidade,  remuneração,  reforma  e
transferência para a reserva.(Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
um deles.

Art.  62.  Em  caso  de  relevância  e  urgência,  o  Presidente  da  República  poderá  adotar  medidas  provisórias,  com  força  de  lei,  devendo
submetê­las de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de
cinco dias.
      Parágrafo único. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de trinta dias, a
partir de sua publicação, devendo o Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.

Art.  62.  Em  caso  de  relevância  e  urgência,  o  Presidente  da  República  poderá  adotar  medidas  provisórias,  com  força  de  lei,  devendo
submetê­las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

I ­ relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

c)  organização  do  Poder  Judiciário  e  do  Ministério  Público,  a  carreira  e  a  garantia  de  seus  membros;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

II  ­  que  vise  a  detenção  ou  seqüestro  de  bens,  de  poupança  popular  ou  qualquer  outro  ativo  financeiro;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

III ­ reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

IV  ­  já  disciplinada  em  projeto  de  lei  aprovado  pelo  Congresso  Nacional  e  pendente  de  sanção  ou  veto  do  Presidente  da  República.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§  2º  Medida  provisória  que  implique  instituição  ou  majoração  de  impostos,  exceto  os  previstos  nos  arts.  153,  I,  II,  IV,  V,  e  154,  II,  só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei
no  prazo  de  sessenta  dias,  prorrogável,  nos  termos  do  §  7º,  uma  vez  por  igual  período,  devendo  o  Congresso  Nacional  disciplinar,  por
decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar­se­á da publicação da medida provisória, suspendendo­se durante os períodos de recesso
do Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio
sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§  6º  Se  a  medida  provisória  não  for  apreciada  em  até  quarenta  e  cinco  dias  contados  de  sua  publicação,  entrará  em  regime  de
urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as
demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 7º Prorrogar­se­á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua
publicação,  não  tiver  a  sua  votação  encerrada  nas  duas  Casas  do  Congresso  Nacional.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  32,  de
2001)

§  8º  As  medidas  provisórias  terão  sua  votação  iniciada  na  Câmara  dos  Deputados.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  32,  de
2001)

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§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem
apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)

§  10.  É  vedada  a  reedição,  na  mesma  sessão  legislativa,  de  medida  provisória  que  tenha  sido  rejeitada  ou  que  tenha  perdido  sua
eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§  11.  Não  editado  o  decreto  legislativo  a  que  se  refere  o  §  3º  até  sessenta  dias  após  a  rejeição  ou  perda  de  eficácia  de  medida
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar­se­ão por ela regidas. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter­se­á integralmente em vigor até
que seja sancionado ou vetado o projeto.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I ­ nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

II ­ nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais
e do Ministério Público.

Art.  64.  A  discussão  e  votação  dos  projetos  de  lei  de  iniciativa  do  Presidente  da  República,  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  dos
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

§ 1º ­ O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.

§  2º  Se,  no  caso  do  parágrafo  anterior,  a  Câmara  dos  Deputados  e  o  Senado  Federal  não  se  manifestarem,  cada  qual,
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobre a proposição, será esta incluída na ordem do dia, sobrestando­se a deliberação quanto
aos demais assuntos, para que se ultime a votação.

§  2º  Se,  no  caso  do  §  1º,  a  Câmara  dos  Deputados  e  o  Senado  Federal  não  se  manifestarem  sobre  a  proposição,  cada  qual
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar­se­ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção
das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far­se­á no prazo de dez dias, observado quanto ao
mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou
promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Art.  66.  A  Casa  na  qual  tenha  sido  concluída  a  votação  enviará  o  projeto  de  lei  ao  Presidente  da  República,  que,  aquiescendo,  o
sancionará.

§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá­lo­
á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao
Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.

§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto
da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.

  §  4º  O  veto  será  apreciado  em  sessão  conjunta,  dentro  de  trinta  dias  a  contar  de  seu  recebimento,  só
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 76, de 2013)
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.

§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas
as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas as matérias de que trata o art. 62, parágrafo único.

§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas
as demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente
do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice­Presidente do Senado fazê­lo.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa,
mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara
dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I ­ organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

II ­ nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III ­ planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os
termos de seu exercício.

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§  3º  Se  a  resolução  determinar  a  apreciação  do  projeto  pelo  Congresso  Nacional,  este  a  fará  em  votação  única,  vedada  qualquer
emenda.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

SEÇÃO IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e
indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo  único.  Prestará  contas  qualquer  pessoa  física  ou  entidade  pública  que  utilize,  arrecade,  guarde,  gerencie  ou  administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Parágrafo  único.  Prestará  contas  qualquer  pessoa  física  ou  jurídica,  pública  ou  privada,  que  utilize,  arrecade,  guarde,  gerencie  ou
administre  dinheiros,  bens  e  valores  públicos  ou  pelos  quais  a  União  responda,  ou  que,  em  nome  desta,  assuma  obrigações  de  natureza
pecuniária.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art.  71.  O  controle  externo,  a  cargo  do  Congresso  Nacional,  será  exercido  com  o  auxílio  do  Tribunal  de  Contas  da  União,  ao  qual
compete:

I  ­  apreciar  as  contas  prestadas  anualmente  pelo  Presidente  da  República,  mediante  parecer  prévio  que  deverá  ser  elaborado  em
sessenta dias a contar de seu recebimento;

II ­ julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,
incluídas  as  fundações  e  sociedades  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público  federal,  e  as  contas  daqueles  que  derem  causa  a  perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III ­ apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta,
incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;

IV  ­  realizar,  por  iniciativa  própria,  da  Câmara  dos  Deputados,  do  Senado  Federal,  de  Comissão  técnica  ou  de  inquérito,  inspeções  e
auditorias  de  natureza  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial,  nas  unidades  administrativas  dos  Poderes  Legislativo,
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V ­ fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos
termos do tratado constitutivo;

VI  ­  fiscalizar  a  aplicação  de  quaisquer  recursos  repassados  pela  União  mediante  convênio,  acordo,  ajuste  ou  outros  instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII  ­  prestar  as  informações  solicitadas  pelo  Congresso  Nacional,  por  qualquer  de  suas  Casas,  ou  por  qualquer  das  respectivas
Comissões,  sobre  a  fiscalização  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial  e  sobre  resultados  de  auditorias  e  inspeções
realizadas;

VIII  ­  aplicar  aos  responsáveis,  em  caso  de  ilegalidade  de  despesa  ou  irregularidade  de  contas,  as  sanções  previstas  em  lei,  que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

IX  ­  assinar  prazo  para  que  o  órgão  ou  entidade  adote  as  providências  necessárias  ao  exato  cumprimento  da  lei,  se  verificada
ilegalidade;

X ­ sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI ­ representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior,
o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a
forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no
prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.

§  1º  Não  prestados  os  esclarecimentos,  ou  considerados  estes  insuficientes,  a  Comissão  solicitará  ao  Tribunal  pronunciamento
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§  2º  Entendendo  o  Tribunal  irregular  a  despesa,  a  Comissão,  se  julgar  que  o  gasto  possa  causar  dano  irreparável  ou  grave  lesão  à
economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art.  73.  O  Tribunal  de  Contas  da  União,  integrado  por  nove  Ministros,  tem  sede  no  Distrito  Federal,  quadro  próprio  de  pessoal  e
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.

§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:

I ­ mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II ­ idoneidade moral e reputação ilibada;

III ­ notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;

IV  ­  mais  de  dez  anos  de  exercício  de  função  ou  de  efetiva  atividade  profissional  que  exija  os  conhecimentos  mencionados  no  inciso
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anterior.

§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I ­ um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros
do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;

II ­ dois terços pelo Congresso Nacional.

§  3º  Os  Ministros  do  Tribunal  de  Contas  da  União  terão  as  mesmas  garantias,  prerrogativas,  impedimentos,  vencimentos  e  vantagens
dos  Ministros  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  e  somente  poderão  aposentar­se  com  as  vantagens  do  cargo  quando  o  tiverem  exercido
efetivamente por mais de cinco anos.

§  3°  Os  Ministros  do  Tribunal  de  Contas  da  União  terão  as  mesmas  garantias,  prerrogativas,  impedimentos,  vencimentos  e  vantagens
dos  Ministros  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  aplicando­se­lhes,  quanto  à  aposentadoria  e  pensão,  as  normas  constantes  do  art.  40.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  4º  O  auditor,  quando  em  substituição  a  Ministro,  terá  as  mesmas  garantias  e  impedimentos  do  titular  e,  quando  no  exercício  das
demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I ­ avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;

II ­ comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos
órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III ­ exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;

IV ­ apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao
Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§  2º  Qualquer  cidadão,  partido  político,  associação  ou  sindicato  é  parte  legítima  para,  na  forma  da  lei,  denunciar  irregularidades  ou
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art.  75.  As  normas  estabelecidas  nesta  seção  aplicam­se,  no  que  couber,  à  organização,  composição  e  fiscalização  dos  Tribunais  de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo  único.  As  Constituições  estaduais  disporão  sobre  os  Tribunais  de  Contas  respectivos,  que  serão  integrados  por  sete
Conselheiros.

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
SEÇÃO I
DO PRESIDENTE E DO VICE­PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art.  77.  A  eleição  do  Presidente  e  do  Vice­Presidente  da  República  realizar­se­á,  simultaneamente,  noventa  dias  antes  do  término  do
mandato presidencial vigente.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice­Presidente da República realizar­se­á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
primeiro  turno,  e  no  último  domingo  de  outubro,  em  segundo  turno,  se  houver,  do  ano  anterior  ao  do  término  do  mandato  presidencial
vigente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice­Presidente com ele registrado.

§  2º  Será  considerado  eleito  Presidente  o  candidato  que,  registrado  por  partido  político,  obtiver  a  maioria  absoluta  de  votos,  não
computados os em branco e os nulos.

§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far­se­á nova eleição em até vinte dias após a proclamação
do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando­se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar­se­á, dentre os
remanescentes, o de maior votação.

§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar­
se­á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice­Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de
manter,  defender  e  cumprir  a  Constituição,  observar  as  leis,  promover  o  bem  geral  do  povo  brasileiro,  sustentar  a  união,  a  integridade  e  a
independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice­Presidente, salvo motivo de força maior,
não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder­lhe­á, no de vaga, o Vice­Presidente.

Parágrafo único. O Vice­Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o
Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art.  80.  Em  caso  de  impedimento  do  Presidente  e  do  Vice­Presidente,  ou  vacância  dos  respectivos  cargos,  serão  sucessivamente
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art.  81.  Vagando  os  cargos  de  Presidente  e  Vice­Presidente  da  República,  far­se­á  eleição  noventa  dias  depois  de  aberta  a  última
vaga.

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§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de cinco anos, vedada a reeleição para o período subseqüente, e terá início em 1º
de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.(Vide Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 1994)

Art.  82.  O  mandato  do  Presidente  da  República  é  de  quatro  anos  e  terá  início  em  primeiro  de  janeiro  do  ano  seguinte  ao  da  sua
eleição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

Art.  83.  O  Presidente  e  o  Vice­Presidente  da  República  não  poderão,  sem  licença  do  Congresso  Nacional,  ausentar­se  do  País  por
período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I ­ nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II ­ exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III ­ iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV ­ sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

V ­ vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

 VI ­ dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei;

VI ­ dispor, mediante decreto, sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

a)  organização  e  funcionamento  da  administração  federal,  quando  não  implicar  aumento  de  despesa  nem  criação  ou  extinção  de
órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

VII ­ manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII ­ celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

IX ­ decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X ­ decretar e executar a intervenção federal;

XI ­ remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação
do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII ­ conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII  ­  exercer  o  comando  supremo  das  Forças  Armadas,  promover  seus  oficiais­generais  e  nomeá­los  para  os  cargos  que  lhes  são
privativos;

XIII ­ exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover
seus oficiais­generais e nomeá­los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

  XIV  ­  nomear,  após  aprovação  pelo  Senado  Federal,  os  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  dos  Tribunais  Superiores,  os
Governadores  de  Territórios,  o  Procurador­Geral  da  República,  o  presidente  e  os  diretores  do  banco  central  e  outros  servidores,  quando
determinado em lei;

XV ­ nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI ­ nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado­Geral da União;

XVII ­ nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

XVIII ­ convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX ­ declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida
no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX ­ celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI ­ conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII ­ permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;

XXIII  ­  enviar  ao  Congresso  Nacional  o  plano  plurianual,  o  projeto  de  lei  de  diretrizes  orçamentárias  e  as  propostas  de  orçamento
previstos nesta Constituição;

XXIV  ­  prestar,  anualmente,  ao  Congresso  Nacional,  dentro  de  sessenta  dias  após  a  abertura  da  sessão  legislativa,  as  contas
referentes ao exercício anterior;

XXV ­ prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI ­ editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII ­ exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

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Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos
Ministros de Estado, ao Procurador­Geral da República ou ao Advogado­Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações.

SEÇÃO III
DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art.  85.  São  crimes  de  responsabilidade  os  atos  do  Presidente  da  República  que  atentem  contra  a  Constituição  Federal  e,
especialmente, contra:

I ­ a existência da União;

II  ­  o  livre  exercício  do  Poder  Legislativo,  do  Poder  Judiciário,  do  Ministério  Público  e  dos  Poderes  constitucionais  das  unidades  da
Federação;

III ­ o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV ­ a segurança interna do País;

V ­ a probidade na administração;

VI ­ a lei orçamentária;

VII ­ o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art.  86.  Admitida  a  acusação  contra  o  Presidente  da  República,  por  dois  terços  da  Câmara  dos  Deputados,  será  ele  submetido  a
julgamento  perante  o  Supremo  Tribunal  Federal,  nas  infrações  penais  comuns,  ou  perante  o  Senado  Federal,  nos  crimes  de
responsabilidade.

§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I ­ nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa­crime pelo Supremo Tribunal Federal;

II ­ nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

§  2º  Se,  decorrido  o  prazo  de  cento  e  oitenta  dias,  o  julgamento  não  estiver  concluído,  cessará  o  afastamento  do  Presidente,  sem
prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas
funções.

SEÇÃO IV
DOS MINISTROS DE ESTADO

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:

I  ­  exercer  a  orientação,  coordenação  e  supervisão  dos  órgãos  e  entidades  da  administração  federal  na  área  de  sua  competência  e
referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República;

II ­ expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III ­ apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;

IV ­ praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos Ministérios.

Art.  88.  A  lei  disporá  sobre  a  criação  e  extinção  de  Ministérios  e  órgãos  da  administração  pública.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

SEÇÃO V
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
SUBSEÇÃO I
DO CONSELHO DA REPÚBLICA

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:

I ­ o Vice­Presidente da República;

II ­ o Presidente da Câmara dos Deputados;

III ­ o Presidente do Senado Federal;

IV ­ os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;

V ­ os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

VI ­ o Ministro da Justiça;

VII ­ seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois
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eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar­se sobre:

I ­ intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

II ­ as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta
questão relacionada com o respectivo Ministério.

§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.

SUBSEÇÃO II
DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania
nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como membros natos:

I ­ o Vice­Presidente da República;

II ­ o Presidente da Câmara dos Deputados;

III ­ o Presidente do Senado Federal;

IV ­ o Ministro da Justiça;

V ­ os Ministros militares;

V ­ o Ministro de Estado da Defesa;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

VI ­ o Ministro das Relações Exteriores;

VII ­ o Ministro do Planejamento.

VIII ­ os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:

I ­ opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição;

II ­ opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;

III ­ propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo
uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;

IV  ­  estudar,  propor  e  acompanhar  o  desenvolvimento  de  iniciativas  necessárias  a  garantir  a  independência  nacional  e  a  defesa  do
Estado democrático.

§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.

CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I ­ o Supremo Tribunal Federal;

I­A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II ­ o Superior Tribunal de Justiça;

III ­ os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV ­ os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V ­ os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI ­ os Tribunais e Juízes Militares;

VII ­ os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Parágrafo  único.  O  Supremo  Tribunal  Federal  e  os  Tribunais  Superiores  têm  sede  na  Capital  Federal  e  jurisdição  em  todo  o  território
nacional.

§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  2º  O  Supremo  Tribunal  Federal  e  os  Tribunais  Superiores  têm  jurisdição  em  todo  o  território  nacional.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  93.  Lei  complementar,  de  iniciativa  do  Supremo  Tribunal  Federal,  disporá  sobre  o  Estatuto  da  Magistratura,  observados  os
seguintes princípios:

I ­ ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, obedecendo­se, nas nomeações, à ordem de classificação;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 36/107
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I ­ ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem  dos  Advogados  do  Brasil  em  todas  as  fases,  exigindo­se  do  bacharel  em  direito,  no  mínimo,  três  anos  de  atividade  jurídica  e
obedecendo­se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II ­ promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:

a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;

b)  a  promoção  por  merecimento  pressupõe  dois  anos  de  exercício  na  respectiva  entrância  e  integrar  o  juiz  a  primeira  quinta  parte  da
lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;

c)  aferição  do  merecimento  pelos  critérios  da  presteza  e  segurança  no  exercício  da  jurisdição  e  pela  freqüência  e  aproveitamento  em
cursos reconhecidos de aperfeiçoamento;

c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e
pela  freqüência  e  aproveitamento  em  cursos  oficiais  ou  reconhecidos  de  aperfeiçoamento;  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº
45, de 2004)

d)  na  apuração  da  antigüidade,  o  tribunal  somente  poderá  recusar  o  juiz  mais  antigo  pelo  voto  de  dois  terços  de  seus  membros,
conforme procedimento próprio, repetindo­se a votação até fixar­se a indicação;

d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus
membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo­se a votação até fixar­se a indicação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

e)  não  será  promovido  o  juiz  que,  injustificadamente,  retiver  autos  em  seu  poder  além  do  prazo  legal,  não  podendo  devolvê­los  ao
cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III ­ o acesso aos tribunais de segundo grau far­se­á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última entrância ou,
onde  houver,  no  Tribunal  de  Alçada,  quando  se  tratar  de  promoção  para  o  Tribunal  de  Justiça,  de  acordo  com  o  inciso  II  e  a  classe  de
origem;
      IV ­ previsão de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento de magistrados como requisitos para ingresso e promoção na carreira;

III  o  acesso  aos  tribunais  de  segundo  grau  far­se­á  por  antigüidade  e  merecimento,  alternadamente,  apurados  na  última  ou  única
entrância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo
de  vitaliciamento  a  participação  em  curso  oficial  ou  reconhecido  por  escola  nacional  de  formação  e  aperfeiçoamento  de  magistrados;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V  ­  os  vencimentos  dos  magistrados  serão  fixados  com  diferença  não  superior  a  dez  por  cento  de  uma  para  outra  das  categorias  da
carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;

V  ­  o  subsídio  dos  Ministros  dos  Tribunais  Superiores  corresponderá  a  noventa  e  cinco  por  cento  do  subsídio  mensal  fixado  para  os
Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  os  subsídios  dos  demais  magistrados  serão  fixados  em  lei  e  escalonados,  em  nível  federal  e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez
por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VI ­ a aposentadoria com proventos integrais é compulsória por invalidez ou aos setenta anos de idade, e facultativa aos trinta anos de
serviço, após cinco anos de exercício efetivo na judicatura;

VI ­ a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

VII ­ o juiz titular residirá na respectiva comarca; 
      VIII ­ o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar­se­á em decisão por voto de dois
terços do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa; 
      IX ­ todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes; 
            X  ­  as  decisões  administrativas  dos  tribunais  serão  motivadas,  sendo  as  disciplinares  tomadas  pelo  voto  da  maioria  absoluta  de  seus
membros; 
            XI  ­  nos  tribunais  com  número  superior  a  vinte  e  cinco  julgadores  poderá  ser  constituído  órgão  especial,  com  o  mínimo  de  onze  e  o
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal pleno.

VII  o  juiz  titular  residirá  na  respectiva  comarca,  salvo  autorização  do  tribunal;  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  45,  de
2004)

VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar­se­á em decisão por voto da maioria
absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

VIIIA  a  remoção  a  pedido  ou  a  permuta  de  magistrados  de  comarca  de  igual  entrância  atenderá,  no  que  couber,  ao  disposto  nas
alíneas a , b , c e e do inciso II; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IX  todos  os  julgamentos  dos  órgãos  do  Poder  Judiciário  serão  públicos,  e  fundamentadas  todas  as  decisões,  sob  pena  de  nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XI  nos  tribunais  com  número  superior  a  vinte  e  cinco  julgadores,  poderá  ser  constituído  órgão  especial,  com  o  mínimo  de  onze  e  o
máximo  de  vinte  e  cinco  membros,  para  o  exercício  das  atribuições  administrativas  e  jurisdicionais  delegadas  da  competência  do  tribunal
pleno,  provendo­se  metade  das  vagas  por  antigüidade  e  a  outra  metade  por  eleição  pelo  tribunal  pleno;  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

XII  a  atividade  jurisdicional  será  ininterrupta,  sendo  vedado  férias  coletivas  nos  juízos  e  tribunais  de  segundo  grau,  funcionando,  nos
dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 37/107
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XIII  o  número  de  juízes  na  unidade  jurisdicional  será  proporcional  à  efetiva  demanda  judicial  e  à  respectiva  população;  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XIV  os  servidores  receberão  delegação  para  a  prática  de  atos  de  administração  e  atos  de  mero  expediente  sem  caráter  decisório;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  94.  Um  quinto  dos  lugares  dos  Tribunais  Regionais  Federais,  dos  Tribunais  dos  Estados,  e  do  Distrito  Federal  e  Territórios  será
composto  de  membros,  do  Ministério  Público,  com  mais  de  dez  anos  de  carreira,  e  de  advogados  de  notório  saber  jurídico  e  de  reputação
ilibada,  com  mais  de  dez  anos  de  efetiva  atividade  profissional,  indicados  em  lista  sêxtupla  pelos  órgãos  de  representação  das  respectivas
classes.

Parágrafo  único.  Recebidas  as  indicações,  o  tribunal  formará  lista  tríplice,  enviando­a  ao  Poder  Executivo,  que,  nos  vinte  dias
subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I ­ vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de
deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

II ­ inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

III ­ irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

III ­ irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I ­ exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II ­ receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III ­ dedicar­se à atividade político­partidária.

IV ­ receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as
exceções previstas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V  ­  exercer  a  advocacia  no  juízo  ou  tribunal  do  qual  se  afastou,  antes  de  decorridos  três  anos  do  afastamento  do  cargo  por
aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 96. Compete privativamente:

I ­ aos tribunais:

a)  eleger  seus  órgãos  diretivos  e  elaborar  seus  regimentos  internos,  com  observância  das  normas  de  processo  e  das  garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b)  organizar  suas  secretarias  e  serviços  auxiliares  e  os  dos  juízos  que  lhes  forem  vinculados,  velando  pelo  exercício  da  atividade
correicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

d) propor a criação de novas varas judiciárias;

e)  prover,  por  concurso  público  de  provas,  ou  de  provas  e  títulos,  obedecido  o  disposto  no  art.  169,  parágrafo  único,  os  cargos
necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;

II ­ ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado
o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;

b) a  criação  e  a  extinção  de  cargos  e  a  fixação  de  vencimentos  de  seus  membros,  dos  juízes,  inclusive  dos  tribunais  inferiores,  onde
houver, dos serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a
fixação  do  subsídio  de  seus  membros  e  dos  juizes,  inclusive  dos  tribunais  inferiores,  onde  houver,  ressalvado  o  disposto  no  art.  48,  XV;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a
fixação  do  subsídio  de  seus  membros  e  dos  juízes,  inclusive  dos  tribunais  inferiores,  onde  houver;  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;

d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

III ­ aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público,
nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.         (Vide Lei nº 13.105, de 2015)    (Vigência)

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I ­ juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de
causas  cíveis  de  menor  complexidade  e  infrações  penais  de  menor  potencial  ofensivo,  mediante  os  procedimentos  oral  e  sumariíssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 38/107
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II  ­  justiça  de  paz,  remunerada,  composta  de  cidadãos  eleitos  pelo  voto  direto,  universal  e  secreto,  com  mandato  de  quatro  anos  e
competência  para,  na  forma  da  lei,  celebrar  casamentos,  verificar,  de  ofício  ou  em  face  de  impugnação  apresentada,  o  processo  de
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

Parágrafo  único.  Lei  federal  disporá  sobre  a  criação  de  juizados  especiais  no  âmbito  da  Justiça  Federal.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 22, de 1999)

§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

§  2º  As  custas  e  emolumentos  serão  destinados  exclusivamente  ao  custeio  dos  serviços  afetos  às  atividades  específicas  da  Justiça.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei
de diretrizes orçamentárias.

§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:

I  ­  no  âmbito  da  União,  aos  Presidentes  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  dos  Tribunais  Superiores,  com  a  aprovação  dos  respectivos
tribunais;

II  ­  no  âmbito  dos  Estados  e  no  do  Distrito  Federal  e  Territórios,  aos  Presidentes  dos  Tribunais  de  Justiça,  com  a  aprovação  dos
respectivos tribunais.

§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do
§  1º,  o  Poder  Executivo  procederá  aos  ajustes  necessários  para  fins  de  consolidação  da  proposta  orçamentária  anual.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  5º  Durante  a  execução  orçamentária  do  exercício,  não  poderá  haver  a  realização  de  despesas  ou  a  assunção  de  obrigações  que
extrapolem  os  limites  estabelecidos  na  lei  de  diretrizes  orçamentárias,  exceto  se  previamente  autorizadas,  mediante  a  abertura  de  créditos
suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  100.  à  exceção  dos  créditos  de  natureza  alimentícia,  os  pagamentos  devidos  pela  Fazenda  Federal,  Estadual  ou  Municipal,  em
virtude  de  sentença  judiciária,  far­se­ão  exclusivamente  na  ordem  cronológica  de  apresentação  dos  precatórios  e  à  conta  dos  créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
§  1º  É  obrigatória  a  inclusão,  no  orçamento  das  entidades  de  direito  público,  de  verba  necessária  ao  pagamento  de  seus  débitos
constantes  de  precatórios  judiciários,  apresentados  até  1º  de  julho,  data  em  que  terão  atualizados  seus  valores,  fazendo­se  o  pagamento
até o final do exercício seguinte.
§  1º  É  obrigatória  a  inclusão,  no  orçamento  das  entidades  de  direito  público,  de  verba  necessária  ao  pagamento  de  seus  débitos
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo­se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30,
de 2000)
§  1º­A  Os  débitos  de  natureza  alimentícia  compreendem  aqueles  decorrentes  de  salários,  vencimentos,  proventos,  pensões  e  suas
complementações,  benefícios  previdenciários  e  indenizações  por  morte  ou  invalidez,  fundadas  na  responsabilidade  civil,  em  virtude  de
sentença transitada em julgado.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)
§  2º  ­  As  dotações  orçamentárias  e  os  créditos  abertos  serão  consignados  ao  Poder  Judiciário,  recolhendo­se  as  importâncias
respectivas  à  repartição  competente,  cabendo  ao  Presidente  do  Tribunal  que  proferir  a  decisão  exeqüenda  determinar  o  pagamento,
segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de
precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.
§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do
Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do
credor,  e  exclusivamente  para  o  caso  de  preterimento  de  seu  direito  de  precedência,  o  seqüestro  da  quantia  necessária  à  satisfação  do
débito.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)
§  3°  O  disposto  no  caput  deste  artigo,  relativamente  à  expedição  de  precatórios,  não  se  aplica  aos  pagamentos  de  obrigações
definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada
em julgado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§  3º  O  disposto  no  caput  deste  artigo,  relativamente  à  expedição  de  precatórios,  não  se  aplica  aos  pagamentos  de  obrigações
definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial
transitada em julgado.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)
§  4º  São  vedados  a  expedição  de  precatório  complementar  ou  suplementar  de  valor  pago,  bem  como  fracionamento,  repartição  ou
quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte,
mediante expedição de precatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
§ 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de
direito público. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
§  6º  O  Presidente  do  Tribunal  competente  que,  por  ato  comissivo  ou  omissivo,  retardar  ou  tentar  frustrar  a  liquidação  regular  de
precatório  incorrerá  em  crime  de  responsabilidade.    (Parágrafo  incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  30,  de  2000  e  Renumerado  pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária,
far­se­ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos  respectivos,  proibida  a  designação
de  casos  ou  de  pessoas  nas  dotações  orçamentárias  e  nos  créditos  adicionais  abertos  para  este  fim.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).   (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  1º  Os  débitos  de  natureza  alimentícia  compreendem  aqueles  decorrentes  de  salários,  vencimentos,  proventos,  pensões  e  suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações  por  morte  ou  por  invalidez,  fundadas  em  responsabilidade  civil,  em  virtude  de
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no §
2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§  2º  Os  débitos  de  natureza  alimentícia  cujos  titulares  tenham  60  (sessenta)  anos  de  idade  ou  mais  na  data  de  expedição  do
precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até
o  valor  equivalente  ao  triplo  do  fixado  em  lei  para  os  fins  do  disposto  no  §  3º  deste  artigo,  admitido  o  fracionamento  para  essa  finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 39/107
17/03/2016 Constituição
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas
em  leis  como  de  pequeno  valor  que  as  Fazendas  referidas  devam  fazer  em  virtude  de  sentença  judicial  transitada  em  julgado.  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo
as diferentes capacidades  econômicas,  sendo  o  mínimo  igual  ao  valor  do  maior  benefício  do  regime  geral  de  previdência  social.  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§  5º  É  obrigatória  a  inclusão,  no  orçamento  das  entidades  de  direito  público,  de  verba  necessária  ao  pagamento  de  seus  débitos,
oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo­se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder  Judiciário,  cabendo  ao  Presidente  do


Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os
casos  de  preterimento  de  seu  direito  de  precedência  ou  de  não  alocação  orçamentária  do  valor  necessário  à  satisfação  do  seu  débito,  o
sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§  7º  O  Presidente  do  Tribunal  competente  que,  por  ato  comissivo  ou  omissivo,  retardar  ou  tentar  frustrar  a  liquidação  regular  de
precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou
quebra  do  valor  da  execução  para  fins  de  enquadramento  de  parcela  do  total  ao  que  dispõe  o  §  3º  deste  artigo.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

§  9º  No  momento  da  expedição  dos  precatórios,  independentemente  de  regulamentação,  deles  deverá  ser  abatido,  a  título  de
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela
Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude
de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob
pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele
previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para
compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo
pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para
fins  de  compensação  da  mora,  incidirão  juros  simples  no  mesmo  percentual  de  juros  incidentes  sobre  a  caderneta  de  poupança,  ficando
excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente  da  concordância  do


devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e
à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§  15.  Sem  prejuízo  do  disposto  neste  artigo,  lei  complementar  a  esta  Constituição  Federal  poderá  estabelecer  regime  especial  para
pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma
e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal  e
Municípios, refinanciando­os diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

SEÇÃO II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe­se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo  único.  Os  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal  serão  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  depois  de  aprovada  a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo­lhe:

I ­ processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual;

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei
ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

b)  nas  infrações  penais  comuns,  o  Presidente  da  República,  o  Vice­Presidente,  os  membros  do  Congresso  Nacional,  seus  próprios
Ministros e o Procurador­Geral da República;

c)  nas  infrações  penais  comuns  e  nos  crimes  de  responsabilidade,  os  Ministros  de  Estado,  ressalvado  o  disposto  no  art.  52,  I,  os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador­Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 40/107
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f)  as  causas  e  os  conflitos  entre  a  União  e  os  Estados,  a  União  e  o  Distrito  Federal,  ou  entre  uns  e  outros,  inclusive  as  respectivas
entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

h)  a  homologação  das  sentenças  estrangeiras  e  a  concessão  do  "exequatur"  às  cartas  rogatórias,  que  podem  ser  conferidas  pelo
regimento interno a seu Presidente; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

i)  o  habeas  corpus,  quando  o  coator  ou  o  paciente  for  tribunal,  autoridade  ou  funcionário  cujos  atos  estejam  sujeitos  diretamente  à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam  sujeitos  diretamente  à  jurisdição  do  Supremo  Tribunal  Federal,  ou  se  trate  de  crime  sujeito  à  mesma  jurisdição  em  uma  única
instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

m)  a  execução  de  sentença  nas  causas  de  sua  competência  originária,  facultada  a  delegação  de  atribuições  para  a  prática  de  atos
processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos
membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r)  as  ações  contra  o  Conselho  Nacional  de  Justiça  e  contra  o  Conselho  Nacional  do  Ministério  Público;  (Incluída  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

II ­ julgar, em recurso ordinário:

a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político;

III ­ julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Parágrafo único. A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei.

§  1º  A  argüição  de  descumprimento  de  preceito  fundamental,  decorrente  desta  Constituição,  será  apreciada  pelo  Supremo  Tribunal
Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei
ou  ato  normativo  federal,  produzirão  eficácia  contra  todos  e  efeito  vinculante,  relativamente  aos  demais  órgãos  do  Poder  Judiciário  e  ao
Poder Executivo. (Incluído em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

§  2º  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Tribunal  Federal,  nas  ações  diretas  de  inconstitucionalidade  e  nas
ações  declaratórias  de  constitucionalidade  produzirão  eficácia  contra  todos  e  efeito  vinculante,  relativamente  aos  demais  órgãos  do  Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá­lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.        (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 103. Podem propor a ação de inconstitucionalidade:

Art.  103.  Podem  propor  a  ação  direta  de  inconstitucionalidade  e  a  ação  declaratória  de  constitucionalidade:          (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)          (Vide Lei nº 13.105, de 2015)    (Vigência)

I ­ o Presidente da República;

II ­ a Mesa do Senado Federal;

III ­ a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV ­ a Mesa de Assembléia Legislativa;

IV ­ a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

V ­ o Governador de Estado;

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V ­ o Governador de Estado ou do Distrito Federal;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI ­ o Procurador­Geral da República;

VII ­ o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII ­ partido político com representação no Congresso Nacional;

IX ­ confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 1º O Procurador­Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de
competência do Supremo Tribunal Federal.

§  2º  Declarada  a  inconstitucionalidade  por  omissão  de  medida  para  tornar  efetiva  norma  constitucional,  será  dada  ciência  ao  Poder
competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê­lo em trinta dias.

§  3º  Quando  o  Supremo  Tribunal  Federal  apreciar  a  inconstitucionalidade,  em  tese,  de  norma  legal  ou  ato  normativo,  citará,
previamente, o Advogado­Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

§ 4.º A ação declaratória de constitucionalidade poderá ser proposta pelo Presidente da República, pela Mesa do Senado Federal, pela
Mesa  da  Câmara  dos  Deputados  ou  pelo  Procurador­Geral  da  República.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  3,  de  1993)(Revogado
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 103­A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação  aos  demais  órgãos  do  Poder  Judiciário  e  à  administração  pública  direta  e  indireta,  nas  esferas  federal,  estadual  e  municipal,  bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide  Lei
nº 11.417, de 2006).

§  1º  A  súmula  terá  por  objetivo  a  validade,  a  interpretação  e  a  eficácia  de  normas  determinadas,  acerca  das  quais  haja  controvérsia
atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de
processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por
aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal  que,  julgando­a  procedente,  anulará  o  ato  administrativo  ou  cassará  a  decisão  judicial  reclamada,  e  determinará
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 103­B. O Conselho Nacional de Justiça compõe­se de quinze membros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e seis anos
de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I ­ um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  103­B.  O  Conselho  Nacional  de  Justiça  compõe­se  de  15  (quinze)  membros  com  mandato  de  2  (dois)  anos,  admitida  1  (uma)
recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

I ­ o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

II ­ um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III  ­  um  Ministro  do  Tribunal  Superior  do  Trabalho,  indicado  pelo  respectivo  tribunal;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  45,  de
2004)

IV ­ um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

V ­ um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI  ­  um  juiz  de  Tribunal  Regional  Federal,  indicado  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  45,  de
2004)

VII ­ um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VIII  ­  um  juiz  de  Tribunal  Regional  do  Trabalho,  indicado  pelo  Tribunal  Superior  do  Trabalho;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº
45, de 2004)

IX ­ um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

X ­ um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador­Geral da República; (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº


45, de 2004)

XI  um  membro  do  Ministério  Público  estadual,  escolhido  pelo  Procurador­Geral  da  República  dentre  os  nomes  indicados  pelo  órgão
competente de cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

XII ­ dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)

XIII  ­  dois  cidadãos,  de  notável  saber  jurídico  e  reputação  ilibada,  indicados  um  pela  Câmara  dos  Deputados  e  outro  pelo  Senado
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  1º  O  Conselho  será  presidido  pelo  Ministro  do  Supremo  Tribunal  Federal,  que  votará  em  caso  de  empate,  ficando  excluído  da
distribuição de processos naquele tribunal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  1º  O  Conselho  será  presidido  pelo  Presidente  do  Supremo  Tribunal  Federal  e,  nas  suas  ausências  e  impedimentos,  pelo  Vice­
Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  2º  Os  demais  membros  do  Conselho  serão  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  depois  de  aprovada  a  escolha  pela  maioria

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absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)

§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  4º  Compete  ao  Conselho  o  controle  da  atuação  administrativa  e  financeira  do  Poder  Judiciário  e  do  cumprimento  dos  deveres
funcionais  dos  juízes,  cabendo­lhe,  além  de  outras  atribuições  que  lhe  forem  conferidas  pelo  Estatuto  da  Magistratura:  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I ­ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no
âmbito de sua competência, ou recomendar providências; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II ­ zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí­los, revê­los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

III  ­  receber  e  conhecer  das  reclamações  contra  membros  ou  órgãos  do  Poder  Judiciário,  inclusive  contra  seus  serviços  auxiliares,
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo
da  competência  disciplinar  e  correicional  dos  tribunais,  podendo  avocar  processos  disciplinares  em  curso  e  determinar  a  remoção,  a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV  ­  representar  ao  Ministério  Público,  no  caso  de  crime  contra  a  administração  pública  ou  de  abuso  de  autoridade;  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V ­ rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI  ­  elaborar  semestralmente  relatório  estatístico  sobre  processos  e  sentenças  prolatadas,  por  unidade  da  Federação,  nos  diferentes
órgãos do Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VII  ­  elaborar  relatório  anual,  propondo  as  providências  que  julgar  necessárias,  sobre  a  situação  do  Poder  Judiciário  no  País  e  as
atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional,
por ocasião da abertura da sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro­Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos
no  Tribunal,  competindo­lhe,  além  das  atribuições  que  lhe  forem  conferidas  pelo  Estatuto  da  Magistratura,  as  seguintes:  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I  receber  as  reclamações  e  denúncias,  de  qualquer  interessado,  relativas  aos  magistrados  e  aos  serviços  judiciários;  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III  requisitar  e  designar  magistrados,  delegando­lhes  atribuições,  e  requisitar  servidores  de  juízos  ou  tribunais,  inclusive  nos  Estados,
Distrito Federal e Territórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador­Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  7º  A  União,  inclusive  no  Distrito  Federal  e  nos  Territórios,  criará  ouvidorias  de  justiça,  competentes  para  receber  reclamações  e
denúncias  de  qualquer  interessado  contra  membros  ou  órgãos  do  Poder  Judiciário,  ou  contra  seus  serviços  auxiliares,  representando
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

SEÇÃO III
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe­se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo  único.  Os  Ministros  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  serão  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  dentre  brasileiros  com
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pelo
Senado Federal, sendo:

Parágrafo  único.  Os  Ministros  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  serão  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  dentre  brasileiros  com
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I ­ um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em
lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II  ­  um  terço,  em  partes  iguais,  dentre  advogados  e  membros  do  Ministério  Público  Federal,  Estadual,  do  Distrito  Federal  e  Territórios,
alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I ­ processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais  Regionais  Federais,  dos  Tribunais  Regionais  Eleitorais  e  do  Trabalho,  os  membros  dos  Conselhos  ou  Tribunais  de  Contas  dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;

b)  os  mandados  de  segurança  e  os  habeas  data  contra  ato  de  Ministro  de  Estado,  dos  Comandantes  da  Marinha,  do  Exército  e  da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

c)  os  habeas  corpus,  quando  o  coator  ou  o  paciente  for  qualquer  das  pessoas  mencionadas  na  alínea  "a",  ou  quando  o  coator  for

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Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", quando coator for tribunal,
sujeito à sua jurisdição, ou Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
22, de 1999)

c)  os  habeas  corpus,  quando  o  coator  ou  paciente  for  qualquer  das  pessoas  mencionadas  na  alínea  "a",  ou  quando  o  coator  for
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele
não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

g)  os  conflitos  de  atribuições  entre  autoridades  administrativas  e  judiciárias  da  União,  ou  entre  autoridades  judiciárias  de  um  Estado  e
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
administração  direta  ou  indireta,  excetuados  os  casos  de  competência  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  dos  órgãos  da  Justiça  Militar,  da
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

II ­ julgar, em recurso ordinário:

a)  os  habeas  corpus  decididos  em  única  ou  última  instância  pelos  Tribunais  Regionais  Federais  ou  pelos  tribunais  dos  Estados,  do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b)  os  mandados  de  segurança  decididos  em  única  instância  pelos  Tribunais  Regionais  Federais  ou  pelos  tribunais  dos  Estados,  do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c)  as  causas  em  que  forem  partes  Estado  estrangeiro  ou  organismo  internacional,  de  um  lado,  e,  do  outro,  Município  ou  pessoa
residente ou domiciliada no País;

III ­ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar­lhes vigência;

b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal, cabendo­lhe, na forma da lei, exercer
a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I  ­  a  Escola  Nacional  de  Formação  e  Aperfeiçoamento  de  Magistrados,  cabendo­lhe,  dentre  outras  funções,  regulamentar  os  cursos
oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II ­ o Conselho da Justiça Federal, cabendo­lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal
de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

SEÇÃO IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:

I ­ os Tribunais Regionais Federais;

II ­ os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem­se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I  ­  um  quinto  dentre  advogados  com  mais  de  dez  anos  de  efetiva  atividade  profissional  e  membros  do  Ministério  Público  Federal  com
mais de dez anos de carreira;

II  ­  os  demais,  mediante  promoção  de  juízes  federais  com  mais  de  cinco  anos  de  exercício,  por  antigüidade  e  merecimento,
alternadamente.

Parágrafo  único.  A  lei  disciplinará  a  remoção  ou  a  permuta  de  juízes  dos  Tribunais  Regionais  Federais  e  determinará  sua  jurisdição  e
sede.

§  1º  A  lei  disciplinará  a  remoção  ou  a  permuta  de  juízes  dos  Tribunais  Regionais  Federais  e  determinará  sua  jurisdição  e  sede.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  2º  Os  Tribunais  Regionais  Federais  instalarão  a  justiça  itinerante,  com  a  realização  de  audiências  e  demais  funções  da  atividade
jurisdicional,  nos  limites  territoriais  da  respectiva  jurisdição,  servindo­se  de  equipamentos  públicos  e  comunitários.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

§  3º  Os  Tribunais  Regionais  Federais  poderão  funcionar  descentralizadamente,  constituindo  Câmaras  regionais,  a  fim  de  assegurar  o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I ­ processar e julgar, originariamente:

a)  os  juízes  federais  da  área  de  sua  jurisdição,  incluídos  os  da  Justiça  Militar  e  da  Justiça  do  Trabalho,  nos  crimes  comuns  e  de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;

c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;

d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

II ­ julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal
da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I  ­  as  causas  em  que  a  União,  entidade  autárquica  ou  empresa  pública  federal  forem  interessadas  na  condição  de  autoras,  rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II ­ as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;

III ­ as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;

IV ­ os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V ­ os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V­A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI  ­  os  crimes  contra  a  organização  do  trabalho  e,  nos  casos  determinados  por  lei,  contra  o  sistema  financeiro  e  a  ordem  econômico­
financeira;

VII  ­  os  habeas  corpus,  em  matéria  criminal  de  sua  competência  ou  quando  o  constrangimento  provier  de  autoridade  cujos  atos  não
estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII  ­  os  mandados  de  segurança  e  os  habeas  data  contra  ato  de  autoridade  federal,  excetuados  os  casos  de  competência  dos
tribunais federais;

IX ­ os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;

X ­ os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI ­ a disputa sobre direitos indígenas.

§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.

§  2º  As  causas  intentadas  contra  a  União  poderão  ser  aforadas  na  seção  judiciária  em  que  for  domiciliado  o  autor,  naquela  onde
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem
parte  instituição  de  previdência  social  e  segurado,  sempre  que  a  comarca  não  seja  sede  de  vara  do  juízo  federal,  e,  se  verificada  essa
condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de
primeiro grau.

§  5º  Nas  hipóteses  de  grave  violação  de  direitos  humanos,  o  Procurador­Geral  da  República,  com  a  finalidade  de  assegurar  o
cumprimento  de  obrigações  decorrentes  de  tratados  internacionais  de  direitos  humanos  dos  quais  o  Brasil  seja  parte,  poderá  suscitar,
perante  o  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  qualquer  fase  do  inquérito  ou  processo,  incidente  de  deslocamento  de  competência  para  a
Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  110.  Cada  Estado,  bem  como  o  Distrito  Federal,  constituirá  uma  seção  judiciária  que  terá  por  sede  a  respectiva  Capital,  e  varas
localizadas segundo o estabelecido em lei.

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local,
na forma da lei.

SEÇÃO V
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I ­ o Tribunal Superior do Trabalho;

II ­ os Tribunais Regionais do Trabalho;

III ­ as Juntas de Conciliação e Julgamento.

III ­ Juizes do Trabalho.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

 § 1º ­ O Tribunal Superior do Trabalho compor­se­á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pelo Senado Federal, sendo: 
      § 1º. O Tribunal Superior do Trabalho compor­se­á de dezessete Ministros, togados e vitalícios, escolhidos dentre brasileiros com mais de

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trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal, dos quais
onze escolhidos dentre juizes dos Tribunais Regionais do Trabalho, integrantes da carreira da magistratura trabalhista, três dentre advogados
e  três  dentre  membros  do  Ministério  Público  do  Trabalho.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  24,  de  1999)(Revogado  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
      I ­ dezessete togados e vitalícios, dos quais onze escolhidos dentre juízes de carreira da magistratura trabalhista, três dentre advogados
e três dentre membros do Ministério Público do Trabalho; 
      II ­ dez classistas temporários, com representação paritária dos trabalhadores e empregadores.  (Revogado pela Emenda Constitucional
nº 24, de 1999)
      § 2º O Tribunal encaminhará ao Presidente da República listas tríplices, observando­se, quanto às vagas destinadas aos advogados e
aos  membros  do  Ministério  Público,  o  disposto  no  art.  94,  e,  para  as  de  classistas,  o  resultado  de  indicação  de  colégio  eleitoral  integrado
pelas  diretorias  das  confederações  nacionais  de  trabalhadores  ou  empregadores,  conforme  o  caso;  as  listas  tríplices  para  o  provimento  de
cargos destinados aos juízes da magistratura trabalhista de carreira deverão ser elaboradas pelos Ministros togados e vitalícios. 
      § 2º. O Tribunal encaminhará ao Presidente da República listas tríplices, observando­se, quanto às vagas destinadas aos advogados e
aos  membros  do  Ministério  Público,  o  disposto  no  art.  94;  as  listas  tríplices  para  o  provimento  de  cargos  destinados  aos  juízes  da
magistratura trabalhista de carreira deverão ser elaboradas pelos Ministros togados e vitalícios. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 24, de 1999) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
      § 3º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  111­A.  O  Tribunal  Superior  do  Trabalho  compor­se­á  de  vinte  e  sete  Ministros,  escolhidos  dentre  brasileiros  com  mais  de  trinta  e
cinco  e  menos  de  sessenta  e  cinco  anos,  nomeados  pelo  Presidente  da  República  após  aprovação  pela  maioria  absoluta  do  Senado
Federal, sendo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II  os  demais  dentre  juízes  dos  Tribunais  Regionais  do  Trabalho,  oriundos  da  magistratura  da  carreira,  indicados  pelo  próprio  Tribunal
Superior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo­lhe, dentre outras funções, regulamentar os
cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II  o  Conselho  Superior  da  Justiça  do  Trabalho,  cabendo­lhe  exercer,  na  forma  da  lei,  a  supervisão  administrativa,  orçamentária,
financeira  e  patrimonial  da  Justiça  do  Trabalho  de  primeiro  e  segundo  graus,  como  órgão  central  do  sistema,  cujas  decisões  terão  efeito
vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  112.  Haverá  pelo  menos  um  Tribunal  Regional  do  Trabalho  em  cada  Estado  e  no  Distrito  Federal,  e  a  lei  instituirá  as  Juntas  de
Conciliação e Julgamento, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito.
Art.  112.  Haverá  pelo  menos  um  Tribunal  Regional  do  Trabalho  em  cada  Estado  e  no  Distrito  Federal,  e  a  lei  instituirá  as  Varas  do
Trabalho,  podendo,  nas  comarcas  onde  não  forem  instituídas,  atribuir  sua  jurisdição  aos  juízes  de  direito.(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 24, de 1999)

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí­la aos juízes de
direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  113.  A  lei  disporá  sobre  a  constituição,  investidura,  jurisdição,  competência,  garantias  e  condições  de  exercício  dos  órgãos  da
Justiça do Trabalho, assegurada a paridade de representação de trabalhadores e empregadores.

Art.  113.  A  lei  disporá  sobre  a  constituição,  investidura,  jurisdição,  competência,  garantias  e  condições  de  exercício  dos  órgãos  da
Justiça do Trabalho.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Art.  114.  Compete  à  Justiça  do  Trabalho  conciliar  e  julgar  os  dissídios  individuais  e  coletivos  entre  trabalhadores  e  empregadores,
abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e
da  União,  e,  na  forma  da  lei,  outras  controvérsias  decorrentes  da  relação  de  trabalho,  bem  como  os  litígios  que  tenham  origem  no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

III  as  ações  sobre  representação  sindical,  entre  sindicatos,  entre  sindicatos  e  trabalhadores,  e  entre  sindicatos  e  empregadores;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IV  os  mandados  de  segurança,  habeas  corpus  e  habeas  data  ,  quando  o  ato  questionado  envolver  matéria  sujeita  à  sua  jurisdição;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V  os  conflitos  de  competência  entre  órgãos  com  jurisdição  trabalhista,  ressalvado  o  disposto  no  art.  102,  I,  o;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VIII  a  execução,  de  ofício,  das  contribuições  sociais  previstas  no  art.  195,  I,  a  ,  e  II,  e  seus  acréscimos  legais,  decorrentes  das
sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º Recusando­se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo,
podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao
trabalho.
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      § 3° Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos
legais, decorrentes das sentenças que proferir.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  2º  Recusando­se  qualquer  das  partes  à  negociação  coletiva  ou  à  arbitragem,  é  facultado  às  mesmas,  de  comum  acordo,  ajuizar
dissídio  coletivo  de  natureza  econômica,  podendo  a  Justiça  do  Trabalho  decidir  o  conflito,  respeitadas  as  disposições  mínimas  legais  de
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá
ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de juízes nomeados pelo Presidente da República, sendo dois terços de
juízes togados vitalícios e um terço de juízes classistas temporários, observada, entre os juízes togados, a proporcionalidade estabelecida no
art. 111, § 1º, I.

Art.  115.  Os  Tribunais  Regionais  do  Trabalho  serão  compostos  de  juízes  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  observada  a
proporcionalidade estabelecida no § 2º do art. 111. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)}
      Parágrafo único. Os magistrados dos Tribunais Regionais do Trabalho serão:
      I ­ juízes do trabalho, escolhidos por promoção, alternadamente, por antigüidade e merecimento;
      II ­ advogados e membros do Ministério Público do Trabalho, obedecido o disposto no art. 94;
      III ­ classistas indicados em listas tríplices pelas diretorias das federações e dos sindicatos com base territorial na região. (Revogado  pela
Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Art.  115.  Os  Tribunais  Regionais  do  Trabalho  compõem­se  de,  no  mínimo,  sete  juízes,  recrutados,  quando  possível,  na  respectiva
região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade
jurisdicional,  nos  limites  territoriais  da  respectiva  jurisdição,  servindo­se  de  equipamentos  públicos  e  comunitários.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art.  116.  A  Junta  de  Conciliação  e  Julgamento  será  composta  de  um  juiz  do  trabalho,  que  a  presidirá,  e  dois  juízes  classistas
temporários, representantes dos empregados e dos empregadores.

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de
1999)

Parágrafo único. Os juízes classistas das Juntas de Conciliação e Julgamento serão nomeados pelo Presidente do Tribunal Regional do
Trabalho, na forma da lei, permitida uma recondução. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

Art. 117. O mandato dos representantes classistas, em todas as instâncias, é de três anos.
      Parágrafo único. Os representantes classistas terão suplentes. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999)

SEÇÃO VI
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I ­ o Tribunal Superior Eleitoral;

II ­ os Tribunais Regionais Eleitorais;

III ­ os Juízes Eleitorais;

IV ­ as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor­se­á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I ­ mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II  ­  por  nomeação  do  Presidente  da  República,  dois  juízes  dentre  seis  advogados  de  notável  saber  jurídico  e  idoneidade  moral,
indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo  único.  O  Tribunal  Superior  Eleitoral  elegerá  seu  Presidente  e  o  Vice­Presidente  dentre  os  Ministros  do  Supremo  Tribunal
Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.

§ 1º ­ Os Tribunais Regionais Eleitorais compor­se­ão:

I ­ mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II  ­  de  um  juiz  do  Tribunal  Regional  Federal  com  sede  na  Capital  do  Estado  ou  no  Distrito  Federal,  ou,  não  havendo,  de  juiz  federal,
escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
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III ­ por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral,
indicados pelo Tribunal de Justiça.

§ 2º ­ O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice­Presidente­ dentre os desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.

§ 1º ­ Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes
for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.

§  2º  ­  Os  juízes  dos  tribunais  eleitorais,  salvo  motivo  justificado,  servirão  por  dois  anos,  no  mínimo,  e  nunca  por  mais  de  dois  biênios
consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

§  3º  ­  São  irrecorríveis  as  decisões  do  Tribunal  Superior  Eleitoral,  salvo  as  que  contrariarem  esta  Constituição  e  as  denegatórias  de
habeas corpus ou mandado de segurança.

§ 4º ­ Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I ­ forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;

II ­ ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III ­ versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;

IV ­ anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V ­ denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.

SEÇÃO VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:

I ­ o Superior Tribunal Militar;

II ­ os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art.  123.  O  Superior  Tribunal  Militar  compor­se­á  de  quinze  Ministros  vitalícios,  nomeados  pelo  Presidente  da  República,  depois  de
aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais­generais da Marinha, quatro dentre oficiais­generais do Exército, três
dentre oficiais­generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo  único.  Os  Ministros  civis  serão  escolhidos  pelo  Presidente  da  República  dentre  brasileiros  maiores  de  trinta  e  cinco  anos,
sendo:

I ­ três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;

II ­ dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

SEÇÃO VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal
de Justiça.

§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos
Conselhos  de  Justiça  e,  em  segundo,  pelo  próprio  Tribunal  de  Justiça,  ou  por  Tribunal  de  Justiça  Militar  nos  Estados  em  que  o  efetivo  da
polícia militar seja superior a vinte mil integrantes.

§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos
juízes  de  direito  e  pelos  Conselhos  de  Justiça  e,  em  segundo  grau,  pelo  próprio  Tribunal  de  Justiça,  ou  por  Tribunal  de  Justiça  Militar  nos
Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes militares, definidos em lei,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

§  4º  Compete  à  Justiça  Militar  estadual  processar  e  julgar  os  militares  dos  Estados,  nos  crimes  militares  definidos  em  lei  e  as  ações
judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações
judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais
crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso
do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo­se de equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 48/107
17/03/2016 Constituição
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância especial, com competência exclusiva para
questões agrárias.

Art.  126.  Para  dirimir  conflitos  fundiários,  o  Tribunal  de  Justiça  proporá  a  criação  de  varas  especializadas,  com  competência  exclusiva
para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far­se­á presente no local do litígio.

 CAPÍTULO IV
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

CAPÍTULO IV
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
SEÇÃO I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art.  127.  O  Ministério  Público  é  instituição  permanente,  essencial  à  função  jurisdicional  do  Estado,  incumbindo­lhe  a  defesa  da  ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º ­ São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

§ 2º ­ Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao
Poder  Legislativo  a  criação  e  extinção  de  seus  cargos  e  serviços  auxiliares,  provendo­os  por  concurso  público  de  provas  e  de  provas  e
títulos; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

§  2º  Ao  Ministério  Público  é  assegurada  autonomia  funcional  e  administrativa,  podendo,  observado  o  disposto  no  art.  169,  propor  ao
Poder  Legislativo  a  criação  e  extinção  de  seus  cargos  e  serviços  auxiliares,  provendo­os  por  concurso  público  de  provas  ou  de  provas  e
títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

§  4º  Se  o  Ministério  Público  não  encaminhar  a  respectiva  proposta  orçamentária  dentro  do  prazo  estabelecido  na  lei  de  diretrizes
orçamentárias,  o  Poder  Executivo  considerará,  para  fins  de  consolidação  da  proposta  orçamentária  anual,  os  valores  aprovados  na  lei
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o
Poder  Executivo  procederá  aos  ajustes  necessários  para  fins  de  consolidação  da  proposta  orçamentária  anual.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

§  6º  Durante  a  execução  orçamentária  do  exercício,  não  poderá  haver  a  realização  de  despesas  ou  a  assunção  de  obrigações  que
extrapolem  os  limites  estabelecidos  na  lei  de  diretrizes  orçamentárias,  exceto  se  previamente  autorizadas,  mediante  a  abertura  de  créditos
suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 128. O Ministério Público abrange:

I ­ o Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

II ­ os Ministérios Públicos dos Estados.

§  1º  O  Ministério  Público  da  União  tem  por  chefe  o  Procurador­Geral  da  República,  nomeado  pelo  Presidente  da  República  dentre
integrantes  da  carreira,  maiores  de  trinta  e  cinco  anos,  após  a  aprovação  de  seu  nome  pela  maioria  absoluta  dos  membros  do  Senado
Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

§ 2º A destituição do Procurador­Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da
maioria absoluta do Senado Federal.

§  3º  Os  Ministérios  Públicos  dos  Estados  e  o  do  Distrito  Federal  e  Territórios  formarão  lista  tríplice  dentre  integrantes  da  carreira,  na
forma  da  lei  respectiva,  para  escolha  de  seu  Procurador­Geral,  que  será  nomeado  pelo  Chefe  do  Poder  Executivo,  para  mandato  de  dois
anos, permitida uma recondução.

§ 4º Os Procuradores­Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta
do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

§  5º  Leis  complementares  da  União  e  dos  Estados,  cuja  iniciativa  é  facultada  aos  respectivos  Procuradores­Gerais,  estabelecerão  a
organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:

I ­ as seguintes garantias:

a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;

b)  inamovibilidade,  salvo  por  motivo  de  interesse  público,  mediante  decisão  do  órgão  colegiado  competente  do  Ministério  Público,  por
voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa;

b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo
voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

c) irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 49/107
17/03/2016 Constituição
 c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º,
I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ as seguintes vedações:

a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;

b) exercer a advocacia;

c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;

e) exercer atividade político­partidária, salvo exceções previstas na lei.

e) exercer atividade político­partidária; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

f)  receber,  a  qualquer  título  ou  pretexto,  auxílios  ou  contribuições  de  pessoas  físicas,  entidades  públicas  ou  privadas,  ressalvadas  as
exceções previstas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 6º Aplica­se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I ­ promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II ­ zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III  ­  promover  o  inquérito  civil  e  a  ação  civil  pública,  para  a  proteção  do  patrimônio  público  e  social,  do  meio  ambiente  e  de  outros
interesses difusos e coletivos;

IV ­ promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
nesta Constituição;

V ­ defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

VI  ­  expedir  notificações  nos  procedimentos  administrativos  de  sua  competência,  requisitando  informações  e  documentos  para  instruí­
los, na forma da lei complementar respectiva;

VII ­ exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;

VIII ­ requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;

IX  ­  exercer  outras  funções  que  lhe  forem  conferidas,  desde  que  compatíveis  com  sua  finalidade,  sendo­lhe  vedada  a  representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

§ 1º ­ A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

§ 2º ­As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação.

§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º O ingresso na carreira far­se­á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em sua realização, e observada, nas nomeações, a ordem de classificação.

§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far­se­á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da
Ordem  dos  Advogados  do  Brasil  em  sua  realização,  exigindo­se  do  bacharel  em  direito,  no  mínimo,  três  anos  de  atividade  jurídica  e
observando­se, nas nomeações, a ordem de classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º Aplica­se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93, II e VI.

§ 4º Aplica­se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam­se as disposições desta seção pertinentes a direitos,
vedações e forma de investidura.

Art.  130­A.  O  Conselho  Nacional  do  Ministério  Público  compõe­se  de  quatorze  membros  nomeados  pelo  Presidente  da  República,
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I o Procurador­Geral da República, que o preside;

II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;

III três membros do Ministério Público dos Estados;

IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;

V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 50/107
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§  2º  Compete  ao  Conselho  Nacional  do  Ministério  Público  o  controle  da  atuação  administrativa  e  financeira  do  Ministério  Público  e  do
cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe:

I  zelar  pela  autonomia  funcional  e  administrativa  do  Ministério  Público,  podendo  expedir  atos  regulamentares,  no  âmbito  de  sua
competência, ou recomendar providências;

II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí­los, revê­los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;

III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus
serviços  auxiliares,  sem  prejuízo  da  competência  disciplinar  e  correicional  da  instituição,  podendo  avocar  processos  disciplinares  em  curso,
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras
sanções administrativas, assegurada ampla defesa;

IV  rever,  de  ofício  ou  mediante  provocação,  os  processos  disciplinares  de  membros  do  Ministério  Público  da  União  ou  dos  Estados
julgados há menos de um ano;

V  elaborar  relatório  anual,  propondo  as  providências  que  julgar  necessárias  sobre  a  situação  do  Ministério  Público  no  País  e  as
atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.

§  3º  O  Conselho  escolherá,  em  votação  secreta,  um  Corregedor  nacional,  dentre  os  membros  do  Ministério  Público  que  o  integram,
vedada a recondução, competindo­lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:

I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;

II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;

III  requisitar  e  designar  membros  do  Ministério  Público,  delegando­lhes  atribuições,  e  requisitar  servidores  de  órgãos  do  Ministério
Público.

§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.

§  5º  Leis  da  União  e  dos  Estados  criarão  ouvidorias  do  Ministério  Público,  competentes  para  receber  reclamações  e  denúncias  de
qualquer  interessado  contra  membros  ou  órgãos  do  Ministério  Público,  inclusive  contra  seus  serviços  auxiliares,  representando  diretamente
ao Conselho Nacional do Ministério Público.

SEÇÃO II
DA ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO

DA ADVOCACIA PÚBLICA
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art.  131.  A  Advocacia­Geral  da  União  é  a  instituição  que,  diretamente  ou  através  de  órgão  vinculado,  representa  a  União,  judicial  e
extrajudicialmente,  cabendo­lhe,  nos  termos  da  lei  complementar  que  dispuser  sobre  sua  organização  e  funcionamento,  as  atividades  de
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ 1º ­ A Advocacia­Geral da União tem por chefe o Advogado­Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

§ 2º ­ O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far­se­á mediante concurso público de provas e
títulos.

§ 3º ­ Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria­Geral da Fazenda Nacional,
observado o disposto em lei.

Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas, organizados em carreira na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, observado o disposto
no art. 135.

Art.  132.  Os  Procuradores  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal,  organizados  em  carreira,  na  qual  o  ingresso  dependerá  de  concurso
público  de  provas  e  títulos,  com  a  participação  da  Ordem  dos  Advogados  do  Brasil  em  todas  as  suas  fases,  exercerão  a  representação
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parágrafo  único.  Aos  procuradores  referidos  neste  artigo  é  assegurada  estabilidade  após  três  anos  de  efetivo  exercício,  mediante
avaliação  de  desempenho  perante  os  órgãos  próprios,  após  relatório  circunstanciado  das  corregedorias.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

SEÇÃO III
DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PÚBLICA

SEÇÃO III
DA ADVOCACIA
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

Art.  133.  O  advogado  é  indispensável  à  administração  da  justiça,  sendo  inviolável  por  seus  atos  e  manifestações  no  exercício  da
profissão, nos limites da lei.

SEÇÃO IV
DA DEFENSORIA PÚBLICA
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

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Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo­lhe a orientação jurídica e a defesa,
em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.)

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo­lhe, como expressão e
instrumento  do  regime  democrático,  fundamentalmente,  a  orientação  jurídica,  a  promoção  dos  direitos  humanos  e  a  defesa,  em  todos  os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do
art. 5º desta Constituição Federal.       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

Parágrafo  único.  Lei  complementar  organizará  a  Defensoria  Pública  da  União  e  do  Distrito  Federal  e  dos  Territórios  e  prescreverá
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para
sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.     (Renumerado  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§  2º  Às  Defensorias  Públicas  Estaduais  são  asseguradas  autonomia  funcional  e  administrativa  e  a  iniciativa  de  sua  proposta
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º .     (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º Aplica­se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74,
de 2013)

§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando­se  também,
no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de
2014)

Art. 135. Às carreiras disciplinadas neste título aplicam­se o princípio do art. 37, XII, e o art. 39, § 1º.

Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39,
§ 4º.       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

TÍTULO V
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
CAPÍTULO I
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
SEÇÃO I
DO ESTADO DE DEFESA

Art.  136.  O  Presidente  da  República  pode,  ouvidos  o  Conselho  da  República  e  o  Conselho  de  Defesa  Nacional,  decretar  estado  de
defesa  para  preservar  ou  prontamente  restabelecer,  em  locais  restritos  e  determinados,  a  ordem  pública  ou  a  paz  social  ameaçadas  por
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§  1º  O  decreto  que  instituir  o  estado  de  defesa  determinará  o  tempo  de  sua  duração,  especificará  as  áreas  a  serem  abrangidas  e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I ­ restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II ­ ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes.

§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

§ 3º Na vigência do estado de defesa:

I  ­  a  prisão  por  crime  contra  o  Estado,  determinada  pelo  executor  da  medida,  será  por  este  comunicada  imediatamente  ao  juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II  ­  a  comunicação  será  acompanhada  de  declaração,  pela  autoridade,  do  estado  físico  e  mental  do  detido  no  momento  de  sua
autuação;

III ­ a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;

IV ­ é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.

§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.

§  6º  O  Congresso  Nacional  apreciará  o  decreto  dentro  de  dez  dias  contados  de  seu  recebimento,  devendo  continuar  funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

SEÇÃO II
DO ESTADO DE SÍTIO

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Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso
Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:

I ­ comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de
defesa;

II ­ declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Parágrafo  único.  O  Presidente  da  República,  ao  solicitar  autorização  para  decretar  o  estado  de  sítio  ou  sua  prorrogação,  relatará  os
motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que
ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.

§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo
superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

§  2º  Solicitada  autorização  para  decretar  o  estado  de  sítio  durante  o  recesso  parlamentar,  o  Presidente  do  Senado  Federal,  de
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.

§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.

Art.  139.  Na  vigência  do  estado  de  sítio  decretado  com  fundamento  no  art.  137,  I,  só  poderão  ser  tomadas  contra  as  pessoas  as
seguintes medidas:

I ­ obrigação de permanência em localidade determinada;

II ­ detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III ­ restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV ­ suspensão da liberdade de reunião;

V ­ busca e apreensão em domicílio;

VI ­ intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII ­ requisição de bens.

Parágrafo  único.  Não  se  inclui  nas  restrições  do  inciso  III  a  difusão  de  pronunciamentos  de  parlamentares  efetuados  em  suas  Casas
Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

SEÇÃO III
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para
acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Art.  141.  Cessado  o  estado  de  defesa  ou  o  estado  de  sítio,  cessarão  também  seus  efeitos,  sem  prejuízo  da  responsabilidade  pelos
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.

Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo
Presidente  da  República,  em  mensagem  ao  Congresso  Nacional,  com  especificação  e  justificação  das  providências  adotadas,  com  relação
nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS

Art.  142.  As  Forças  Armadas,  constituídas  pela  Marinha,  pelo  Exército  e  pela  Aeronáutica,  são  instituições  nacionais  permanentes  e
regulares,  organizadas  com  base  na  hierarquia  e  na  disciplina,  sob  a  autoridade  suprema  do  Presidente  da  República,  e  destinam­se  à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

§  1º  Lei  complementar  estabelecerá  as  normas  gerais  a  serem  adotadas  na  organização,  no  preparo  e  no  emprego  das  Forças
Armadas.

§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

§  3º  Os  membros  das  Forças  Armadas  são  denominados  militares,  aplicando­se­lhes,  além  das  que  vierem  a  ser  fixadas  em  lei,  as
seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

I ­ as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em
plenitude  aos  oficiais  da  ativa,  da  reserva  ou  reformados,  sendo­lhes  privativos  os  títulos  e  postos  militares  e,  juntamente  com  os  demais
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

II ­ o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será transferido para a reserva, nos termos da
lei; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

II  ­  o  militar  em  atividade  que  tomar  posse  em  cargo  ou  emprego  público  civil  permanente,  ressalvada  a
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
III ­ O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda
que  da  administração  indireta,  ficará  agregado  ao  respectivo  quadro  e  somente  poderá,  enquanto  permanecer  nessa  situação,  ser
promovido por antigüidade, contando­se­lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois
de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  18,
de 1998)
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III  ­  o  militar  da  ativa  que,  de  acordo  com  a  lei,  tomar  posse  em  cargo,  emprego  ou  função  pública  civil
temporária,  não  eletiva,  ainda  que  da  administração  indireta,  ressalvada  a  hipótese  prevista  no  art.  37,  inciso
XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação,
ser promovido por antiguidade, contando­se­lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência
para  a  reserva,  sendo  depois  de  dois  anos  de  afastamento,  contínuos  ou  não,  transferido  para  a  reserva,  nos
termos da lei;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IV ­ ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

V ­ o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

VI ­ o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar
de  caráter  permanente,  em  tempo  de  paz,  ou  de  tribunal  especial,  em  tempo  de  guerra;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  18,  de
1998)

VII  ­  o  oficial  condenado  na  justiça  comum  ou  militar  a  pena  privativa  de  liberdade  superior  a  dois  anos,  por  sentença  transitada  em
julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

VIII ­ aplica­se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

VIII  ­  aplica­se  aos  militares  o  disposto  no  art.  7º,  incisos  VIII,  XII,  XVII,  XVIII,  XIX  e  XXV,  e  no  art.  37,
incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso
XVI, alínea "c";   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IX ­ aplica­se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art. 40, §§ 4º,5º e 6º;        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18,
de 1998)
      IX ­ aplica­se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art. 40, §§ 7º e 8º;        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 11998)       (Revogado pela Emenda Constitucional nº 41, de 19.12.2003)

X ­ a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar
para  a  inatividade,  os  direitos,  os  deveres,  a  remuneração,  as  prerrogativas  e  outras  situações  especiais  dos  militares,  consideradas  as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

§  1º  Às  Forças  Armadas  compete,  na  forma  da  lei,  atribuir  serviço  alternativo  aos  que,  em  tempo  de  paz,  após  alistados,  alegarem
imperativo de consciência, entendendo­se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar. (Regulamento)

§  2º  ­  As  mulheres  e  os  eclesiásticos  ficam  isentos  do  serviço  militar  obrigatório  em  tempo  de  paz,  sujeitos,  porém,  a  outros  encargos
que a lei lhes atribuir. (Regulamento)

CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I ­ polícia federal;

II ­ polícia rodoviária federal;

III ­ polícia ferroviária federal;

IV ­ polícias civis;

V ­ polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º ­ A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira, destina­se a:

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina­se
a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I  ­  apurar  infrações  penais  contra  a  ordem  política  e  social  ou  em  detrimento  de  bens,  serviços  e  interesses  da  União  ou  de  suas
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II ­ prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária
e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III ­ exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;

III ­ exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV ­ exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º ­ A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina­se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
das rodovias federais.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina­se, na forma da
lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  3º  A  polícia  ferroviária  federal,  órgão  permanente,  estruturado  em  carreira,  destina­se,  na  forma  da  lei,  ao  patrulhamento  ostensivo

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das ferrovias federais.

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina­se, na forma da
lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  4º  Às  polícias  civis,  dirigidas  por  delegados  de  polícia  de  carreira,  incumbem,  ressalvada  a  competência  da  União,  as  funções  de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

§  5º  Às  polícias  militares  cabem  a  polícia  ostensiva  e  a  preservação  da  ordem  pública;  aos  corpos  de  bombeiros  militares,  além  das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§  6º  As  polícias  militares  e  corpos  de  bombeiros  militares,  forças  auxiliares  e  reserva  do  Exército,  subordinam­se,  juntamente  com  as
polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§  7º  A  lei  disciplinará  a  organização  e  o  funcionamento  dos  órgãos  responsáveis  pela  segurança  pública,  de  maneira  a  garantir  a
eficiência de suas atividades.

§  8º  Os  Municípios  poderão  constituir  guardas  municipais  destinadas  à  proteção  de  seus  bens,  serviços  e  instalações,  conforme
dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
I  ­  compreende  a  educação,  engenharia  e  fiscalização  de  trânsito,  além  de  outras  atividades  previstas  em
lei,  que  assegurem  ao  cidadão  o  direito  à  mobilidade  urbana  eficiente;  e  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  82,  de
2014)

II  ­  compete,  no  âmbito  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  aos  respectivos  órgãos  ou
entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.   (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 82, de 2014)

TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I ­ impostos;

II ­ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III ­ contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§  1º  Sempre  que  possível,  os  impostos  terão  caráter  pessoal  e  serão  graduados  segundo  a  capacidade  econômica  do  contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I ­ dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II ­ regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III ­ estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a)  definição  de  tributos  e  de  suas  espécies,  bem  como,  em  relação  aos  impostos  discriminados  nesta  Constituição,  a  dos  respectivos
fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

d)  definição  de  tratamento  diferenciado  e  favorecido  para  as  microempresas  e  para  as  empresas  de  pequeno  porte,  inclusive  regimes
especiais  ou  simplificados  no  caso  do  imposto  previsto  no  art.  155,  II,  das  contribuições  previstas  no  art.  195,  I  e  §§  12  e  13,  e  da
contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e
contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  42,  de
19.12.2003)

I ­ será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II ­ poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

III ­ o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados
será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
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IV ­ a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de
contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art.  146­A.  Lei  complementar  poderá  estabelecer  critérios  especiais  de  tributação,  com  o  objetivo  de  prevenir  desequilíbrios  da
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)

Art.  147.  Competem  à  União,  em  Território  Federal,  os  impostos  estaduais  e,  se  o  Território  não  for  dividido  em  Municípios,
cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I ­ para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

II ­ no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo  único.  A  aplicação  dos  recursos  provenientes  de  empréstimo  compulsório  será  vinculada  à  despesa  que  fundamentou  sua
instituição.

Art.  149.  Compete  exclusivamente  à  União  instituir  contribuições  sociais,  de  intervenção  no  domínio  econômico  e  de  interesse  das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e
150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

§  1º  Os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  poderão  instituir  contribuição,  cobrada  de  seus  servidores,  para  o  custeio,  em
benefício destes, de sistemas de previdência e assistência social. (Parágrafo Renumerado pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§  1º  Os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  instituirão  contribuição,  cobrada  de  seus  servidores,  para  o  custeio,  em  benefício
destes,  do  regime  previdenciário  de  que  trata  o  art.  40,  cuja  alíquota  não  será  inferior  à  da  contribuição  dos  servidores  titulares  de  cargos
efetivos da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§  2º  As  contribuições  sociais  e  de  intervenção  no  domínio  econômico  de  que  trata  o  caput  deste  artigo:  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)

I ­ não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II ­ poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível;  (Incluído  pela


Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II  ­  incidirão  também  sobre  a  importação  de  produtos  estrangeiros  ou  serviços;  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  42,  de
19.12.2003)

III ­ poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a)  ad  valorem,  tendo  por  base  o  faturamento,  a  receita  bruta  ou  o  valor  da  operação  e,  no  caso  de  importação,  o  valor  aduaneiro;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§  3º  A  pessoa  natural  destinatária  das  operações  de  importação  poderá  ser  equiparada  a  pessoa  jurídica,  na  forma  da  lei.  (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Art. 149­A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)

Parágrafo  único.  É  facultada  a  cobrança  da  contribuição  a  que  se  refere  o  caput,  na  fatura  de  consumo  de  energia  elétrica.(Incluído
pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)

SEÇÃO II
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é  vedado  à  União,  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos
Municípios:

I ­ exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II ­ instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

III ­ cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

IV ­ utilizar tributo com efeito de confisco;

V ­ estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança
de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

VI ­ instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;
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c)  patrimônio,  renda  ou  serviços  dos  partidos  políticos,  inclusive  suas  fundações,  das  entidades  sindicais  dos  trabalhadores,  das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais
de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais
ou  arquivos  digitais  que  os  contenham,  salvo  na  etapa  de  replicação  industrial  de  mídias  ópticas  de  leitura  a
laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
§ 1º ­ A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV e V, e 154, II.

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III,
c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

  §  2º  ­  A  vedação  do  inciso  VI,  "a",  é  extensiva  às  autarquias  e  às  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público,  no  que  se
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

 § 3º ­ As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com
exploração  de  atividades  econômicas  regidas  pelas  normas  aplicáveis  a  empreendimentos  privados,  ou  em  que  haja  contraprestação  ou
pagamento  de  preços  ou  tarifas  pelo  usuário,  nem  exonera  o  promitente  comprador  da  obrigação  de  pagar  imposto  relativamente  ao  bem
imóvel.

 § 4º ­ As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados
com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

§ 5º ­ A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e
serviços.

§ 6º ­ Qualquer anistia ou remissão, que envolva matéria tributária ou previdenciária, só poderá ser concedida através de lei específica,
federal, estadual ou municipal.

§  6º  Qualquer  subsídio  ou  isenção,  redução  de  base  de  cálculo,  concessão  de  crédito  presumido,  anistia  ou  remissão,  relativos  a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente
as  matérias  acima  enumeradas  ou  o  correspondente  tributo  ou  contribuição,  sem  prejuízo  do  disposto  no  art.  155,  §  2.º,  XII,  g.  (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§  7º  A  lei  poderá  atribuir  a  sujeito  passivo  de  obrigação  tributária  a  condição  de  responsável  pelo  pagamento  de  imposto  ou
contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se
realize o fato gerador presumido.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Art. 151. É vedado à União:

I ­ instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito  Federal  ou  a  Município,  em  detrimento  de  outro,  admitida  a  concessão  de  incentivos  fiscais  destinados  a  promover  o  equilíbrio  do
desenvolvimento sócio­econômico entre as diferentes regiões do País;

II ­ tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

III ­ instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino.

SEÇÃO III
DOS IMPOSTOS DA UNIÃO

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I ­ importação de produtos estrangeiros;

II ­ exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III ­ renda e proventos de qualquer natureza;

IV ­ produtos industrializados;

V ­ operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VI ­ propriedade territorial rural;

VII ­ grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§  1º  É  facultado  ao  Poder  Executivo,  atendidas  as  condições  e  os  limites  estabelecidos  em  lei,  alterar  as  alíquotas  dos  impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V.

§ 2º O imposto previsto no inciso III:

I ­ será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

II ­ não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência
social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja renda total
seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho. (Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

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I ­ será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II ­ será não­cumulativo, compensando­se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

III ­ não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

IV ­ terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 4º O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e
não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro
imóvel.

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I ­ será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II ­ não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III  ­  será  fiscalizado  e  cobrado  pelos  Municípios  que  assim  optarem,  na  forma  da  lei,  desde  que  não  implique  redução  do  imposto  ou
qualquer outra forma de renúncia fiscal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)   (Regulamento)

§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita­se exclusivamente à incidência do imposto de
que  trata  o  inciso  V  do  "caput"  deste  artigo,  devido  na  operação  de  origem;  a  alíquota  mínima  será  de  um  por  cento,  assegurada  a
transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I ­ trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;

II ­ setenta por cento para o Município de origem.

Art. 154. A União poderá instituir:

I ­ mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não­cumulativos e não tenham fato gerador
ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;

II ­ na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais
serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

SEÇÃO IV
DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir:
      I ­ impostos sobre:
      a) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
            b)  operações  relativas  à  circulação  de  mercadorias  e  sobre  prestações  de  serviços  de  transporte  interestadual  e  intermunicipal  e  de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
      c) propriedade de veículos automotores
      II ­ adicional de até cinco por cento do que for pago à União por pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas nos respectivos territórios, a
título do imposto previsto no art. 153, III, incidente sobre lucros, ganhos e rendimentos de capital.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I ­ transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

II  ­  operações  relativas  à  circulação  de  mercadorias  e  sobre  prestações  de  serviços  de  transporte  interestadual  e  intermunicipal  e  de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

III ­ propriedade de veículos automotores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 1º O imposto previsto no inciso I, a

§ 1º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I ­ relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal

II ­ relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio
o doador, ou ao Distrito Federal;

III ­ terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;

IV ­ terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

§ 2º O imposto previsto no inciso I, b, atenderá ao seguinte:

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I  ­  será  não­cumulativo,  compensando­se  o  que  for  devido  em  cada  operação  relativa  à  circulação  de  mercadorias  ou  prestação  de
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II ­ a isenção ou não­incidência, salvo determinação em contrário da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

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III ­ poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

IV  ­  resolução  do  Senado  Federal,  de  iniciativa  do  Presidente  da  República  ou  de  um  terço  dos  Senadores,  aprovada  pela  maioria
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;

V ­ é facultado ao Senado Federal:

a)  estabelecer  alíquotas  mínimas  nas  operações  internas,  mediante  resolução  de  iniciativa  de  um  terço  e  aprovada  pela  maioria
absoluta de seus membros;

b)  fixar  alíquotas  máximas  nas  mesmas  operações  para  resolver  conflito  específico  que  envolva  interesse  de  Estados,  mediante
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;

VI ­ salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas,
nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações
interestaduais;

VII ­ em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar­se­á:
a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;
b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;

VII ­ nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do
imposto, localizado em outro Estado, adotar­se­á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do
destinatário  o  imposto  correspondente  à  diferença  entre  a  alíquota  interna  do  Estado  destinatário  e  a  alíquota
interestadual;   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)    (Produção de efeito)

a) (revogada);   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)  

b) (revogada);   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)

VIII  ­  na  hipótese  da  alínea  "a"  do  inciso  anterior,  caberá  ao  Estado  da  localização  do  destinatário  o  imposto  correspondente  à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual;

VIII ­ a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e
a interestadual de que trata o inciso VII será atribuída:   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de
2015)    (Produção de efeito)

a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de
2015)

b)  ao  remetente,  quando  o  destinatário  não  for  contribuinte  do  imposto;      (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 87, de 2015)

IX ­ incidirá também:

a)  sobre  a  entrada  de  mercadoria  importada  do  exterior,  ainda  quando  se  tratar  de  bem  destinado  a  consumo  ou  ativo  fixo  do
estabelecimento,  assim  como  sobre  serviço  prestado  no  exterior,  cabendo  o  imposto  ao  Estado  onde  estiver  situado  o  estabelecimento
destinatário da mercadoria ou do serviço;

a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual
do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver
situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33,
de 2001)

b)  sobre  o  valor  total  da  operação,  quando  mercadorias  forem  fornecidas  com  serviços  não  compreendidos  na  competência  tributária
dos Municípios;

X ­ não incidirá:

a) sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os semi­elaborados definidos em lei complementar;

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a
manutenção  e  o  aproveitamento  do  montante  do  imposto  cobrado  nas  operações  e  prestações  anteriores;  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e
energia elétrica;

c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

d)  nas  prestações  de  serviço  de  comunicação  nas  modalidades  de  radiodifusão  sonora  e  de  sons  e  imagens  de  recepção  livre  e
gratuita; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

XI ­ não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada
entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;

XII ­ cabe à lei complementar:

a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
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d)  fixar,  para  efeito  de  sua  cobrança  e  definição  do  estabelecimento  responsável,  o  local  das  operações  relativas  à  circulação  de
mercadorias e das prestações de serviços;

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"

f)  prever  casos  de  manutenção  de  crédito,  relativamente  à  remessa  para  outro  Estado  e  exportação  para  o  exterior,  de  serviços  e  de
mercadorias;

g)  regular  a  forma  como,  mediante  deliberação  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal,  isenções,  incentivos  e  benefícios  fiscais  serão
concedidos e revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese
em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)   (Vide Emenda Constitucional nº 33,
de 2001)

i)  fixar  a  base  de  cálculo,  de  modo  que  o  montante  do  imposto  a  integre,  também  na  importação  do  exterior  de  bem,  mercadoria  ou
serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do "caput" deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo incidirá sobre
operações relativas a energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais do País.
      § 3° À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste  artigo  e  o  art.  153,  I  e  II,  nenhum  outro  imposto  poderá  incidir
sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar­se­á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

I  ­  nas  operações  com  os  lubrificantes  e  combustíveis  derivados  de  petróleo,  o  imposto  caberá  ao  Estado  onde  ocorrer  o  consumo;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

II ­ nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no
inciso  I  deste  parágrafo,  o  imposto  será  repartido  entre  os  Estados  de  origem  e  de  destino,  mantendo­se  a  mesma  proporcionalidade  que
ocorre nas operações com as demais mercadorias; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

III  ­  nas  operações  interestaduais  com  gás  natural  e  seus  derivados,  e  lubrificantes  e  combustíveis  não  incluídos  no  inciso  I  deste
parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

IV  ­  as  alíquotas  do  imposto  serão  definidas  mediante  deliberação  dos  Estados  e  Distrito  Federal,  nos  termos  do  §  2º,  XII,  g,
observando­se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)

b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que
o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.(Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)

§  5º  As  regras  necessárias  à  aplicação  do  disposto  no  §  4º,  inclusive  as  relativas  à  apuração  e  à  destinação  do  imposto,  serão
estabelecidas  mediante  deliberação  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal,  nos  termos  do  §  2º,  XII,  g. (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº
33, de 2001)

§ 6º O imposto previsto no inciso III: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I ­ terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II ­ poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

SEÇÃO V
DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I ­ propriedade predial e territorial urbana;

II  ­  transmissão  "inter  vivos",  a  qualquer  título,  por  ato  oneroso,  de  bens  imóveis,  por  natureza  ou  acessão  física,  e  de  direitos  reais
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

III ­ vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel;

III  ­  serviços  de  qualquer  natureza,  não  compreendidos  no  art.  155,  II,  definidos  em  lei  complementar.(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

IV  ­  serviços  de  qualquer  natureza,  não  compreendidos  no  art.  155,  I,  b,  definidos  em  lei  complementar.  (Revogado  pela  Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

§ 1º ­ O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos termos de lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da função
social da propriedade.

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I ­ ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II ­ ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

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§ 2º O imposto previsto no inciso II:

I  ­  não  incide  sobre  a  transmissão  de  bens  ou  direitos  incorporados  ao  patrimônio  de  pessoa  jurídica  em  realização  de  capital,  nem
sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a
atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

II ­ compete ao Município da situação do bem.

§ 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a incidência do imposto estadual previsto no art. 155, I, b, sobre a mesma operação.
      § 3.º Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§  3º  Em  relação  ao  imposto  previsto  no  inciso  III  do  caput  deste  artigo,  cabe  à  lei  complementar:(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 37, de 2002)

I ­ fixar as suas alíquotas máximas; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I ­ fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II ­ excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

III ­ regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

§ 4º Cabe à lei complementar: 
      I ­ fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos III e IV; 
      II ­ excluir da incidência do imposto previsto no inciso IV exportações de serviços para o exterior. (Revogado pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993)

SEÇÃO VI
DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I  ­  o  produto  da  arrecadação  do  imposto  da  União  sobre  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza,  incidente  na  fonte,  sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

II ­ vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art.
154, I.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

I  ­  o  produto  da  arrecadação  do  imposto  da  União  sobre  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza,  incidente  na  fonte,  sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

II ­ cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis
neles situados;

II ­ cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis
neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)     (Regulamento)

III ­ cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em
seus territórios;

IV ­ vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

Parágrafo  único.  As  parcelas  de  receita  pertencentes  aos  Municípios,  mencionadas  no  inciso  IV,  serão  creditadas  conforme  os
seguintes critérios:

I ­ três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, realizadas em seus territórios;

II ­ até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal.

Art. 159. A União entregará:    (Vide Emenda Constitucional nº 55, de 2007)

I ­ do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, quarenta
e sete por cento na seguinte forma:   (Vide Emenda Constitucional nº 17, de 1997)
I ­ do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e
oito por cento na seguinte forma: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 55, de 2007)

I ­ do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos
industrializados,  49%  (quarenta  e  nove  por  cento),  na  seguinte  forma:  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 84, de 2014)
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;     (Vide Lei Complementar
nº 62, de 1989)     (Regulamento)

b)  vinte  e  dois  inteiros  e  cinco  décimos  por  cento  ao  Fundo  de  Participação  dos  Municípios;          (Vide  Lei  Complementar  nº  62,  de
1989)     (Regulamento)

c)  três  por  cento,  para  aplicação  em  programas  de  financiamento  ao  setor  produtivo  das  Regiões  Norte,  Nordeste  e  Centro­Oeste,
através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao
semi­árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;

d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 55, de 2007)

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e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do
mês de julho de cada ano; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 84, de 2014)
II  ­  do  produto  da  arrecadação  do  imposto  sobre  produtos  industrializados,  dez  por  cento  aos  Estados  e  ao  Distrito  Federal,
proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados.  (Regulamento)

III ­ do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, vinte e cinco por cento
para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que refere o inciso II, c, do referido parágrafo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 2003)

III ­ do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por
cento)  para  os  Estados  e  o  Distrito  Federal,  distribuídos  na  forma  da  lei,  observada  a  destinação  a  que  se  refere  o  inciso  II,  c,  do  referido
parágrafo.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 44, de 2004)

§  1º  Para  efeito  de  cálculo  da  entrega  a  ser  efetuada  de  acordo  com  o  previsto  no  inciso  I,  excluir­se­á  a  parcela  da  arrecadação  do
imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto
nos arts. 157, I, e 158, I.

§  2º  A  nenhuma  unidade  federada  poderá  ser  destinada  parcela  superior  a  vinte  por  cento  do  montante  a  que  se  refere  o  inciso  II,
devendo  o  eventual  excedente  ser  distribuído  entre  os  demais  participantes,  mantido,  em  relação  a  esses,  o  critério  de  partilha  nele
estabelecido.

§  3º  Os  Estados  entregarão  aos  respectivos  Municípios  vinte  e  cinco  por  cento  dos  recursos  que  receberem  nos  termos  do  inciso  II,
observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II.

§  4º  Do  montante  de  recursos  de  que  trata  o  inciso  III  que  cabe  a  cada  Estado,  vinte  e  cinco  por  cento  serão  destinados  aos  seus
Municípios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art.  160.  É  vedada  a  retenção  ou  qualquer  restrição  à  entrega  e  ao  emprego  dos  recursos  atribuídos,  nesta  seção,  aos  Estados,  ao
Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos.

Parágrafo único. Essa vedação não impede a União de condicionar a entrega de recursos ao pagamento de seus créditos.
            Parágrafo  único.  A  vedação  prevista  neste  artigo  não  impede  a  União  e  os  Estados  de  condicionarem  a  entrega  de  recursos  ao
pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos:(Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I ­ ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II ­ ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 161. Cabe à lei complementar:

I ­ definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;

II  ­  estabelecer  normas  sobre  a  entrega  dos  recursos  de  que  trata  o  art.  159,  especialmente  sobre  os  critérios  de  rateio  dos  fundos
previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio­econômico entre Estados e entre Municípios;

III  ­  dispor  sobre  o  acompanhamento,  pelos  beneficiários,  do  cálculo  das  quotas  e  da  liberação  das  participações  previstas  nos  arts.
157, 158 e 159.

Parágrafo  único.  O  Tribunal  de  Contas  da  União  efetuará  o  cálculo  das  quotas  referentes  aos  fundos  de  participação  a  que  alude  o
inciso II.

Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da arrecadação,
os  montantes  de  cada  um  dos  tributos  arrecadados,  os  recursos  recebidos,  os  valores  de  origem  tributária  entregues  e  a  entregar  e  a
expressão numérica dos critérios de rateio.

Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município.

CAPÍTULO II
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
SEÇÃO I
NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

 I ­ finanças públicas;

 II ­ dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;

III ­ concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV ­ emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V ­ fiscalização das instituições financeiras;

V ­ fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

 VI ­ operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII  ­  compatibilização  das  funções  das  instituições  oficiais  de  crédito  da  União,  resguardadas  as  características  e  condições
operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.

§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade

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que não seja instituição financeira.

§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou
a taxa de juros.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
dos  órgãos  ou  entidades  do  Poder  Público  e  das  empresas  por  ele  controladas,  em  instituições  financeiras  oficiais,  ressalvados  os  casos
previstos em lei.

SEÇÃO II
DOS ORÇAMENTOS

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I ­ o plano plurianual;

II ­ as diretrizes orçamentárias;

III ­ os orçamentos anuais.

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de
capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano
plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I  ­  o  orçamento  fiscal  referente  aos  Poderes  da  União,  seus  fundos,  órgãos  e  entidades  da  administração  direta  e  indireta,  inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II ­ o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
a voto;

III ­ o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta,
bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

§  6º  O  projeto  de  lei  orçamentária  será  acompanhado  de  demonstrativo  regionalizado  do  efeito,  sobre  as  receitas  e  despesas,
decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir
desigualdades inter­regionais, segundo critério populacional.

§  8º  A  lei  orçamentária  anual  não  conterá  dispositivo  estranho  à  previsão  da  receita  e  à  fixação  da  despesa,  não  se  incluindo  na
proibição  a  autorização  para  abertura  de  créditos  suplementares  e  contratação  de  operações  de  crédito,  ainda  que  por  antecipação  de
receita, nos termos da lei.

§ 9º Cabe à lei complementar:

I  ­  dispor  sobre  o  exercício  financeiro,  a  vigência,  os  prazos,  a  elaboração  e  a  organização  do  plano  plurianual,  da  lei  de  diretrizes
orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II  ­  estabelecer  normas  de  gestão  financeira  e  patrimonial  da  administração  direta  e  indireta  bem  como  condições  para  a  instituição  e
funcionamento de fundos.

III  ­  dispor  sobre  critérios  para  a  execução  equitativa,  além  de  procedimentos  que  serão  adotados  quando
houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter
obrigatório,  para  a  realização  do  disposto  no  §  11  do  art.  166.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  86,  de
2015)
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I  ­  examinar  e  emitir  parecer  sobre  os  projetos  referidos  neste  artigo  e  sobre  as  contas  apresentadas  anualmente  pelo  Presidente  da
República;

II  ­  examinar  e  emitir  parecer  sobre  os  planos  e  programas  nacionais,  regionais  e  setoriais  previstos  nesta  Constituição  e  exercer  o
acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas,
criadas de acordo com o art. 58.

§  2º  As  emendas  serão  apresentadas  na  Comissão  mista,  que  sobre  elas  emitirá  parecer,  e  apreciadas,  na  forma  regimental,  pelo
Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:

I ­ sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II ­ indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

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b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III ­ sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere
este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.

§  6º  Os  projetos  de  lei  do  plano  plurianual,  das  diretrizes  orçamentárias  e  do  orçamento  anual  serão  enviados  pelo  Presidente  da
República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

§ 7º Aplicam­se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao
processo legislativo.

§  8º  Os  recursos  que,  em  decorrência  de  veto,  emenda  ou  rejeição  do  projeto  de  lei  orçamentária  anual,  ficarem  sem  despesas
correspondentes  poderão  ser  utilizados,  conforme  o  caso,  mediante  créditos  especiais  ou  suplementares,  com  prévia  e  específica
autorização legislativa.

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro
e  dois  décimos  por  cento)  da  receita  corrente  líquida  prevista  no  projeto  encaminhado  pelo  Poder  Executivo,
sendo  que  a  metade  deste  percentual  será  destinada  a  ações  e  serviços  públicos  de  saúde.    (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive
custeio,  será  computada  para  fins  do  cumprimento  do  inciso  I  do  §  2º  do  art.  198,  vedada  a  destinação  para
pagamento de pessoal ou encargos sociais.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste
artigo,  em  montante  correspondente  a  1,2%  (um  inteiro  e  dois  décimos  por  cento)  da  receita  corrente  líquida
realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação definidos na lei
complementar prevista no § 9º do art. 165.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§  12.  As  programações  orçamentárias  previstas  no  §  9º  deste  artigo  não  serão  de  execução  obrigatória
nos casos dos impedimentos de ordem técnica.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 13. Quando a transferência obrigatória da União, para a execução da programação prevista no §11 deste
artigo,  for  destinada  a  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  a  Municípios,  independerá  da  adimplência  do  ente
federativo  destinatário  e  não  integrará  a  base  de  cálculo  da  receita  corrente  líquida  para  fins  de  aplicação  dos
limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)

§ 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre a programação, na
forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas:  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86,
de 2015)

I  ­  até  120  (cento  e  vinte)  dias  após  a  publicação  da  lei  orçamentária,  o  Poder  Executivo,  o  Poder
Legislativo,  o  Poder  Judiciário,  o  Ministério  Público  e  a  Defensoria  Pública  enviarão  ao  Poder  Legislativo  as
justificativas do impedimento;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

II ­ até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará ao Poder
Executivo  o  remanejamento  da  programação  cujo  impedimento  seja  insuperável;    (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)

III  ­  até  30  de  setembro  ou  até  30  (trinta)  dias  após  o  prazo  previsto  no  inciso  II,  o  Poder  Executivo
encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;  (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

IV  ­  se,  até  20  de  novembro  ou  até  30  (trinta)  dias  após  o  término  do  prazo  previsto  no  inciso  III,  o
Congresso  Nacional  não  deliberar  sobre  o  projeto,  o  remanejamento  será  implementado  por  ato  do  Poder
Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas no § 11 não
serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na notificação prevista no inciso I do §
14.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§  16.  Os  restos  a  pagar  poderão  ser  considerados  para  fins  de  cumprimento  da  execução  financeira
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prevista no § 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da receita corrente líquida realizada
no exercício anterior.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da
meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o montante previsto no § 11 deste artigo
poderá  ser  reduzido  em  até  a  mesma  proporção  da  limitação  incidente  sobre  o  conjunto  das  despesas
discricionárias.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 18.  Considera­se  equitativa  a  execução  das  programações  de  caráter  obrigatório  que  atenda  de  forma
igualitária  e  impessoal  às  emendas  apresentadas,  independentemente  da  autoria.    (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)

Art. 167. São vedados:

I ­ o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II ­ a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

III  ­  a  realização  de  operações  de  créditos  que  excedam  o  montante  das  despesas  de  capital,  ressalvadas  as  autorizadas  mediante
créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;

IV ­ a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos
a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado pelo art.
212, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º;
      IV ­ a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que  se  referem  os  arts.  158  e  159,  a  destinação  de  recursos  para  manutenção  e  desenvolvimento  do  ensino,  como  determinado  pelo  art.
212, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8.º, bem assim o disposto no §
4.º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
      IV ­ a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que  se  referem  os  arts.  158  e  159,  a  destinação  de  recursos  para  as  ações  e  serviços  públicos  de  saúde  e  para  manutenção  e
desenvolvimento do ensino, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, e 212, e a prestação de garantias às operações de
crédito  por  antecipação  de  receita,  previstas  no  art.  165,  §  8º,  bem  como  o  disposto  no  §  4º  deste  artigo;(Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

IV ­ a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos
a  que  se  referem  os  arts.  158  e  159,  a  destinação  de  recursos  para  as  ações  e  serviços  públicos  de  saúde,  para  manutenção  e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198,
§ 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o
disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

V ­ a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;

VI ­ a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para
outro, sem prévia autorização legislativa;

VII ­ a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII  ­  a  utilização,  sem  autorização  legislativa  específica,  de  recursos  dos  orçamentos  fiscal  e  da  seguridade  social  para  suprir
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;

IX ­ a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

X ­ a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal
e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XI  ­  a  utilização  dos  recursos  provenientes  das  contribuições  sociais  de  que  trata  o  art.  195,  I,  a,  e  II,  para  a  realização  de  despesas
distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual,
ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

§  2º  Os  créditos  especiais  e  extraordinários  terão  vigência  no  exercício  financeiro  em  que  forem  autorizados,  salvo  se  o  ato  de
autorização  for  promulgado  nos  últimos  quatro  meses  daquele  exercício,  caso  em  que,  reabertos  nos  limites  de  seus  saldos,  serão
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes
de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.

§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que
tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com
esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para
outra  poderão  ser  admitidos,  no  âmbito  das  atividades  de  ciência,  tecnologia  e  inovação,  com  o  objetivo  de
viabilizar  os  resultados  de  projetos  restritos  a  essas  funções,  mediante  ato  do  Poder  Executivo,  sem
necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº
85, de 2015)

Art.  168.  Os  recursos  correspondentes  às  dotações  orçamentárias,  compreendidos  os  créditos  suplementares  e  especiais,  destinados
aos  órgãos  dos  Poderes  Legislativo  e  Judiciário  e  do  Ministério  Público,  ser­lhes­ão  entregues  até  o  dia  20  de  cada  mês,  na  forma  da  lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

Art.  168.  Os  recursos  correspondentes  às  dotações  orçamentárias,  compreendidos  os  créditos  suplementares  e  especiais,  destinados
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aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser­lhes­ão entregues até o dia 20 de cada
mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

Art.  169.  A  despesa  com  pessoal  ativo  e  inativo  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  não  poderá  exceder  os
limites estabelecidos em lei complementar.
Parágrafo  único.  A  concessão  de  qualquer  vantagem  ou  aumento  de  remuneração,  a  criação  de  cargos  ou  alteração  de  estrutura  de
carreiras,  bem  como  a  admissão  de  pessoal,  a  qualquer  título,  pelos  órgãos  e  entidades  da  administração  direta  ou  indireta,  inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:

Art. 169.  A  despesa  com  pessoal  ativo  e  inativo  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  não  poderá  exceder  os
limites estabelecidos em lei complementar. (Redação dada pela pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  1º  A  concessão  de  qualquer  vantagem  ou  aumento  de  remuneração,  a  criação  de  cargos,  empregos  e  funções  ou  alteração  de
estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta
ou  indireta,  inclusive  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  poder  público,  só  poderão  ser  feitas:  (Renumerado  do  parágrafo  único,  pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I  ­  se  houver  prévia  dotação  orçamentária  suficiente  para  atender  às  projeções  de  despesa  de  pessoal  e  aos  acréscimos  dela
decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia
mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  2º  Decorrido  o  prazo  estabelecido  na  lei  complementar  referida  neste  artigo  para  a  adaptação  aos  parâmetros  ali  previstos,  serão
imediatamente  suspensos  todos  os  repasses  de  verbas  federais  ou  estaduais  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios  que  não
observarem os referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput,
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

I  ­  redução  em  pelo  menos  vinte  por  cento  das  despesas  com  cargos  em  comissão  e  funções  de  confiança;    (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  19,  de  1998)    (Vide  Emenda  Constitucional  nº
19, de 1998)

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da
lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por
ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  6º  O  cargo  objeto  da  redução  prevista  nos  parágrafos  anteriores  será  considerado  extinto,  vedada  a  criação  de  cargo,  emprego  ou
função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§  7º  Lei  federal  disporá  sobre  as  normas  gerais  a  serem  obedecidas  na  efetivação  do  disposto  no  §  4º.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

TÍTULO VII
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I ­ soberania nacional;

II ­ propriedade privada;

III ­ função social da propriedade;

IV ­ livre concorrência;

V ­ defesa do consumidor;

VI ­ defesa do meio ambiente;

VI ­ defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

VII ­ redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII ­ busca do pleno emprego;

IX ­ tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.

IX  ­  tratamento  favorecido  para  as  empresas  de  pequeno  porte  constituídas  sob  as  leis  brasileiras  e  que  tenham  sua  sede  e
administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)

Parágrafo  único.  É  assegurado  a  todos  o  livre  exercício  de  qualquer  atividade  econômica,  independentemente  de  autorização  de
órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Art. 171. São consideradas: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
      I ­ empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País; 
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     II ­ empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de
pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno, entendendo­se por controle efetivo da empresa
a titularidade da maioria de seu capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas atividades. Revogado
pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95
      § 1º ­ A lei poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional: 
      I ­ conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional
ou imprescindíveis ao desenvolvimento do País; 
            II  ­  estabelecer,  sempre  que  considerar  um  setor  imprescindível  ao  desenvolvimento  tecnológico  nacional,  entre  outras  condições  e
requisitos: 
     a) a  exigência  de  que  o  controle  referido  no  inciso  II  do  "caput"  se  estenda  às  atividades  tecnológicas  da  empresa,  assim  entendido  o
exercício, de fato e de direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia; 
      b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou entidades de direito público interno. 
      § 2º ­ Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital
nacional.(Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)

Art.  172.  A  lei  disciplinará,  com  base  no  interesse  nacional,  os  investimentos  de  capital  estrangeiro,  incentivará  os  reinvestimentos  e
regulará a remessa de lucros.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam­se ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.

§  1º  A  lei  estabelecerá  o  estatuto  jurídico  da  empresa  pública,  da  sociedade  de  economia  mista  e  de  suas  subsidiárias  que  explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

I ­ sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas
e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV  ­  a  constituição  e  o  funcionamento  dos  conselhos  de  administração  e  fiscal,  com  a  participação  de  acionistas  minoritários;  (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

V ­ os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

§  2º  As  empresas  públicas  e  as  sociedades  de  economia  mista  não  poderão  gozar  de  privilégios  fiscais  não  extensivos  às  do  setor
privado.

§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§  4º  A  lei  reprimirá  o  abuso  do  poder  econômico  que  vise  à  dominação  dos  mercados,  à  eliminação  da  concorrência  e  ao  aumento
arbitrário dos lucros.

§  5º  A  lei,  sem  prejuízo  da  responsabilidade  individual  dos  dirigentes  da  pessoa  jurídica,  estabelecerá  a  responsabilidade  desta,
sujeitando­a  às  punições  compatíveis  com  sua  natureza,  nos  atos  praticados  contra  a  ordem  econômica  e  financeira  e  contra  a  economia
popular.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização,
incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§  1º  A  lei  estabelecerá  as  diretrizes  e  bases  do  planejamento  do  desenvolvimento  nacional  equilibrado,  o  qual  incorporará  e
compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a
promoção econômico­social dos garimpeiros.

§  4º  As  cooperativas  a  que  se  refere  o  parágrafo  anterior  terão  prioridade  na  autorização  ou  concessão  para  pesquisa  e  lavra  dos
recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da
lei.

Art.  175.  Incumbe  ao  Poder  Público,  na  forma  da  lei,  diretamente  ou  sob  regime  de  concessão  ou  permissão,  sempre  através  de
licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I  ­  o  regime  das  empresas  concessionárias  e  permissionárias  de  serviços  públicos,  o  caráter  especial  de  seu  contrato  e  de  sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II ­ os direitos dos usuários;

III ­ política tarifária;

IV ­ a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta
da  do  solo,  para  efeito  de  exploração  ou  aproveitamento,  e  pertencem  à  União,  garantida  ao  concessionário  a  propriedade  do  produto  da
lavra.

§  1º  A  pesquisa  e  a  lavra  de  recursos  minerais  e  o  aproveitamento  dos  potenciais  a  que  se  refere  o  "caput"  deste  artigo  somente
poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital
nacional,  na  forma  da  lei,  que  estabelecerá  as  condições  específicas  quando  essas  atividades  se  desenvolverem  em  faixa  de  fronteira  ou
terras indígenas.

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§  1º  A  pesquisa  e  a  lavra  de  recursos  minerais  e  o  aproveitamento  dos  potenciais  a  que  se  refere  o  "caput"  deste  artigo  somente
poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as
leis  brasileiras  e  que  tenha  sua  sede  e  administração  no  País,  na  forma  da  lei,  que  estabelecerá  as  condições  específicas  quando  essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)

§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

§  3º  A  autorização  de  pesquisa  será  sempre  por  prazo  determinado,  e  as  autorizações  e  concessões  previstas  neste  artigo  não
poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I  ­  a  pesquisa  e  a  lavra  das  jazidas  de  petróleo  e  gás  natural  e  outros  hidrocarbonetos  fluidos;  (Vide  Emenda  Constitucional  nº  9,  de
1995)

II ­ a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III ­ a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

IV ­ o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o
transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V ­ a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados.

V ­ a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados,  com  exceção  dos  radioisótopos  cuja  produção,  comercialização  e  utilização  poderão  ser  autorizadas  sob  regime  de  permissão,
conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49,
de 2006)

§  1º  O  monopólio  previsto  neste  artigo  inclui  os  riscos  e  resultados  decorrentes  das  atividades  nele  mencionadas,  sendo  vedado  à
União  ceder  ou  conceder  qualquer  tipo  de  participação,  em  espécie  ou  em  valor,  na  exploração  de  jazidas  de  petróleo  ou  gás  natural,
ressalvado o disposto no art. 20, § 1º.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo
observadas as condições estabelecidas em lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)   (Vide Emenda Constitucional nº
9, de 1995)

§ 2º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)    (Vide Emenda Constitucional nº 9,
de 1995)

I  ­  a  garantia  do  fornecimento  dos  derivados  de  petróleo  em  todo  o  território  nacional;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  9,  de
1995)

II ­ as condições de contratação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

III ­ a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

§  3º  A  lei  disporá  sobre  o  transporte  e  a  utilização  de  materiais  radioativos  no  território  nacional.(Renumerado  de  §  2º  para  3º  pela
Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

§  4º  A  lei  que  instituir  contribuição  de  intervenção  no  domínio  econômico  relativa  às  atividades  de  importação  ou  comercialização  de
petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)

I ­ a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a) diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b)reduzida  e  restabelecida  por  ato  do  Poder  Executivo,  não  se  lhe  aplicando  o  disposto  no  art.  150,III,  b;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)

II ­ os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

a)  ao  pagamento  de  subsídios  a  preços  ou  transporte  de  álcool  combustível,  gás  natural  e  seus  derivados  e  derivados  de  petróleo;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
33, de 2001)

c) ao financiamento de programas de infra­estrutura de transportes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Art. 178. A lei disporá sobre:
      I ­ a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre; 
      II ­ a predominância dos armadores nacionais e navios de bandeira e registros brasileiros e do país exportador ou importador; 
      III ­ o transporte de granéis; 
      IV ­ a utilização de embarcações de pesca e outras.
      § 1º A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade 
            §  2º  Serão  brasileiros  os  armadores,  os  proprietários,  os  comandantes  e  dois  terços,  pelo  menos,  dos  tripulantes  de  embarcações
nacionais 
            §  3º  A  navegação  de  cabotagem  e  a  interior  são  privativas  de  embarcações  nacionais,  salvo  caso  de  necessidade  pública,  segundo
dispuser a lei.

Art.  178.  A  lei  disporá  sobre  a  ordenação  dos  transportes  aéreo,  aquático  e  terrestre,  devendo,  quanto  à  ordenação  do  transporte
internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
7, de 1995)

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Parágrafo  único.  Na  ordenação  do  transporte  aquático,  a  lei  estabelecerá  as  condições  em  que  o  transporte  de  mercadorias  na
cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995)

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
definidas  em  lei,  tratamento  jurídico  diferenciado,  visando  a  incentivá­las  pela  simplificação  de  suas  obrigações  administrativas,  tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Art.  180.  A  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  promoverão  e  incentivarão  o  turismo  como  fator  de  desenvolvimento
social e econômico.

Art.  181.  O  atendimento  de  requisição  de  documento  ou  informação  de  natureza  comercial,  feita  por  autoridade  administrativa  ou
judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.

CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem­ estar de seus habitantes.     (Regulamento)

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico
da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas
no plano diretor.

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,
do  proprietário  do  solo  urbano  não  edificado,  subutilizado  ou  não  utilizado,  que  promova  seu  adequado  aproveitamento,            sob  pena,
sucessivamente, de:

I ­ parcelamento ou edificação compulsórios;

II ­ imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III  ­  desapropriação  com  pagamento  mediante  títulos  da  dívida  pública  de  emissão  previamente  aprovada  pelo  Senado  Federal,  com
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente
e sem oposição, utilizando­a para sua moradia ou de sua família, adquirir­lhe­á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.        (Regulamento)

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.

§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

 CAPÍTULO III
DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
Regulamento

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função  social,  mediante  prévia  e  justa  indenização  em  títulos  da  dívida  agrária,  com  cláusula  de  preservação  do  valor  real,  resgatáveis  no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§  2º  O  decreto  que  declarar  o  imóvel  como  de  interesse  social,  para  fins  de  reforma  agrária,  autoriza  a  União  a  propor  a  ação  de
desapropriação.

§  3º  Cabe  à  lei  complementar  estabelecer  procedimento  contraditório  especial,  de  rito  sumário,  para  o  processo  judicial  de
desapropriação.

§  4º  O  orçamento  fixará  anualmente  o  volume  total  de  títulos  da  dívida  agrária,  assim  como  o  montante  de  recursos  para  atender  ao
programa de reforma agrária no exercício.

§  5º  São  isentas  de  impostos  federais,  estaduais  e  municipais  as  operações  de  transferência  de  imóveis  desapropriados  para  fins  de
reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I ­ a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;

II ­ a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos
a sua função social.

Art.  186.  A  função  social  é  cumprida  quando  a  propriedade  rural  atende,  simultaneamente,  segundo  critérios  e  graus  de  exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I ­ aproveitamento racional e adequado;

II ­ utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

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III ­ observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV ­ exploração que favoreça o bem­estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo
produtores  e  trabalhadores  rurais,  bem  como  dos  setores  de  comercialização,  de  armazenamento  e  de  transportes,  levando  em  conta,
especialmente:

I ­ os instrumentos creditícios e fiscais;

II ­ os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;

III ­ o incentivo à pesquisa e à tecnologia;

IV ­ a assistência técnica e extensão rural;

V ­ o seguro agrícola;

VI ­ o cooperativismo;

VII ­ a eletrificação rural e irrigação;

VIII ­ a habitação para o trabalhador rural.

§ 1º Incluem­se no planejamento agrícola as atividades agro­industriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.

§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Art.  188.  A  destinação  de  terras  públicas  e  devolutas  será  compatibilizada  com  a  política  agrícola  e  com  o  plano  nacional  de  reforma
agrária.

§  1º  A  alienação  ou  a  concessão,  a  qualquer  título,  de  terras  públicas  com  área  superior  a  dois  mil  e  quinhentos  hectares  a  pessoa
física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º Excetuam­se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.

Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso,
inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente
do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.

Art.  190.  A  lei  regulará  e  limitará  a  aquisição  ou  o  arrendamento  de  propriedade  rural  por  pessoa  física  ou  jurídica  estrangeira  e
estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição,
área  de  terra,  em  zona  rural,  não  superior  a  cinqüenta  hectares,  tornando­a  produtiva  por  seu  trabalho  ou  de  sua  família,  tendo  nela  sua
moradia, adquirir­lhe­á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

CAPÍTULO IV
DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Art.  192.  O  sistema  financeiro  nacional,  estruturado  de  forma  a  promover  o  desenvolvimento  equilibrado  do  País  e  a  servir  aos
interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre: 
          I  ­  a  autorização  para  o  funcionamento  das  instituições  financeiras,  assegurado  às  instituições  bancárias  oficiais  e  privadas  acesso  a
todos  os  instrumentos  do  mercado  financeiro  bancário,  sendo  vedada  a  essas  instituições  a  participação  em  atividades  não  previstas  na
autorização de que trata este inciso; 
      II ­ autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e capitalização, bem como do órgão oficial fiscalizador e
do órgão oficial ressegurador; 
            II  ­  autorização  e  funcionamento  dos  estabelecimentos  de  seguro,  resseguro,  previdência  e  capitalização,  bem  como  do  órgão  oficial
fiscalizador. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 13, de 1996) 
            III  ­  as  condições  para  a  participação  do  capital  estrangeiro  nas  instituições  a  que  se  referem  os  incisos  anteriores,  tendo  em  vista,
especialmente:
      a) os interesses nacionais;
      b) os acordos internacionais 
       IV ­ a organização, o funcionamento e as atribuições do banco central e demais instituições financeiras públicas e privadas; 
              V  ­  os  requisitos  para  a  designação  de  membros  da  diretoria  do  banco  central  e  demais  instituições  financeiras,  bem  como  seus
impedimentos após o exercício do cargo;
            VI  ­  a  criação  de  fundo  ou  seguro,  com  o  objetivo  de  proteger  a  economia  popular,  garantindo  créditos,  aplicações  e  depósitos  até
determinado valor, vedada a participação de recursos da União; 
            VII  ­  os  critérios  restritivos  da  transferência  de  poupança  de  regiões  com  renda  inferior  à  média  nacional  para  outras  de  maior
desenvolvimento; 
      VIII ­ o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade e estruturação
próprias das instituições financeiras. 
            §  1º  A  autorização  a  que  se  referem  os  incisos  I  e  II  será  inegociável  e  intransferível,  permitida  a  transmissão  do  controle  da  pessoa
jurídica  titular,  e  concedida  sem  ônus,  na  forma  da  lei  do  sistema  financeiro  nacional,  a  pessoa  jurídica  cujos  diretores  tenham  capacidade
técnica e reputação ilibada, e que comprove capacidade econômica compatível com o empreendimento.  
      § 2º Os recursos financeiros relativos a programas e projetos de caráter regional, de responsabilidade da União, serão depositados em
suas instituições regionais de crédito e por elas aplicados.
      § 3º As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão
de  crédito,  não  poderão  ser  superiores  a  doze  por  cento  ao  ano;  a  cobrança  acima  deste  limite  será  conceituada  como  crime  de  usura,
punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.

Art.  192.  O  sistema  financeiro  nacional,  estruturado  de  forma  a  promover  o  desenvolvimento  equilibrado  do  País  e  a  servir  aos
interesses  da  coletividade,  em  todas  as  partes  que  o  compõem,  abrangendo  as  cooperativas  de  crédito,  será  regulado  por  leis
complementares  que  disporão,  inclusive,  sobre  a  participação  do  capital  estrangeiro  nas  instituições  que  o  integram.  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 40, de 2003)  (Vide Lei nº 8.392, de 1991)

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I ­ (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

II ­ (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

III ­ (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

a) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

b) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

IV ­ (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

V ­(Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VI ­ (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VII ­ (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VIII ­ (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 1° (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 2° (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 3° (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

TÍTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem­estar e a justiça sociais.

 CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

  Art.  194.  A  seguridade  social  compreende  um  conjunto  integrado  de  ações  de  iniciativa  dos  Poderes  Públicos  e  da  sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I ­ universalidade da cobertura e do atendimento;

II ­ uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III ­ seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV ­ irredutibilidade do valor dos benefícios;

V ­ eqüidade na forma de participação no custeio;

VI ­ diversidade da base de financiamento;

VII ­ caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores,
empresários e aposentados.

VII  ­  caráter  democrático  e  descentralizado  da  administração,  mediante  gestão  quadripartite,  com  participação  dos  trabalhadores,  dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

  Art.  195.  A  seguridade  social  será  financiada  por  toda  a  sociedade,  de  forma  direta  e  indireta,  nos  termos  da  lei,  mediante  recursos
provenientes  dos  orçamentos  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios,  e  das  seguintes  contribuições  sociais:  (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I ­ dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;

I  ­  do  empregador,  da  empresa  e  da  entidade  a  ela  equiparada  na  forma  da  lei,  incidentes  sobre:  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II ­ dos trabalhadores;

II ­ do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas
pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

III ­ sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV  ­  do  importador  de  bens  ou  serviços  do  exterior,  ou  de  quem  a  lei  a  ele  equiparar.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  42,  de
19.12.2003)

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§  1º  As  receitas  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  destinadas  à  seguridade  social  constarão  dos  respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§  2º  A  proposta  de  orçamento  da  seguridade  social  será  elaborada  de  forma  integrada  pelos  órgãos  responsáveis  pela  saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,      assegurada
a cada área a gestão de seus recursos.

§  3º  A  pessoa  jurídica  em  débito  com  o  sistema  da  seguridade  social,  como  estabelecido  em  lei,  não  poderá  contratar  com  o  Poder
Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.  (Vide Medida Provisória nº 526, de 2011)     (Vide Lei nº
12.453, de 2011)
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no
art. 154, I.

§  5º  Nenhum  benefício  ou  serviço  da  seguridade  social  poderá  ser  criado,  majorado  ou  estendido  sem  a  correspondente  fonte  de
custeio total.

§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei
que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

 § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges,
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante
a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação
de  uma  alíquota  sobre  o  resultado  da  comercialização  da  produção  e  farão  jus  aos  benefícios  nos  termos  da  lei.  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  9°  As  contribuições  sociais  previstas  no  inciso  I  deste  artigo  poderão  ter  alíquotas  ou  bases  de  cálculo  diferenciadas,  em  razão  da
atividade econômica ou da utilização intensiva de mão­de­obra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  9º  As  contribuições  sociais  previstas  no  inciso  I  do  caput  deste  artigo  poderão  ter  alíquotas  ou  bases  de  cálculo  diferenciadas,  em
razão  da  atividade  econômica,  da  utilização  intensiva  de  mão­deobra,  do  porte  da  empresa  ou  da  condição  estrutural  do  mercado  de
trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  11.  É  vedada  a  concessão  de  remissão  ou  anistia  das  contribuições  sociais  de  que  tratam  os  incisos  I,  a,  e  II  deste  artigo,  para
débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput,
serão não­cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 13. Aplica­se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do
inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

SEÇÃO II
DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art.  197.  São  de  relevância  pública  as  ações  e  serviços  de  saúde,  cabendo  ao  Poder  Público  dispor,  nos  termos  da  lei,  sobre  sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica de direito privado.

Art.  198.  As  ações  e  serviços  públicos  de  saúde  integram  uma  rede  regionalizada  e  hierarquizada  e  constituem  um  sistema  único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I ­ descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II ­ atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III ­ participação da comunidade.

§  1º.  O  sistema  único  de  saúde  será  financiado,  nos  termos  do  art.  195,  com  recursos  do  orçamento  da  seguridade  social,  da  União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional
nº 29, de 2000)

§  2º  A  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  aplicarão,  anualmente,  em  ações  e  serviços  públicos  de  saúde  recursos
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I ­ no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de
2000)

 I ­ no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
15% (quinze por cento);  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
II ­ no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que
tratam  os  arts.  157  e  159,  inciso  I,  alínea  a,  e  inciso  II,  deduzidas  as  parcelas  que  forem  transferidas  aos  respectivos  Municípios;  (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 72/107
17/03/2016 Constituição
III ­ no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de
que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  29,


de 2000)  Regulamento

I ­ os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I  ­  os  percentuais  de  que  tratam  os  incisos  II  e  III  do  §  2º;    (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº
86, de 2015)
II ­ os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos
Estados  destinados  a  seus  respectivos  Municípios,  objetivando  a  progressiva  redução  das  disparidades  regionais;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

III  ­  as  normas  de  fiscalização,  avaliação  e  controle  das  despesas  com  saúde  nas  esferas  federal,  estadual,  distrital  e  municipal;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV ­ as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV ­ (revogado).   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
por  meio  de  processo  seletivo  público,  de  acordo  com  a  natureza  e  complexidade  de  suas  atribuições  e  requisitos  específicos  para  sua
atuação. .(Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

§  5º  Lei  federal  disporá  sobre  o  regime  jurídico  e  a  regulamentação  das  atividades  de  agente  comunitário  de  saúde  e  agente  de
combate às endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida provisória nº 297. de 2006)

§  5º  Lei  federal  disporá  sobre  o  regime  jurídico,  o  piso  salarial  profissional  nacional,  as  diretrizes  para  os  Planos  de  Carreira  e  a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei,
prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de 2010) Regulamento

§  6º  Além  das  hipóteses  previstas  no  §  1º  do  art.  41  e  no  §  4º  do  art.  169  da  Constituição  Federal,  o  servidor  que  exerça  funções
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º ­ As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos
previstos em lei.

§  4º  A  lei  disporá  sobre  as  condições  e  os  requisitos  que  facilitem  a  remoção  de  órgãos,  tecidos  e  substâncias  humanas  para  fins  de
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo
de comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I  ­  controlar  e  fiscalizar  procedimentos,  produtos  e  substâncias  de  interesse  para  a  saúde  e  participar  da  produção  de  medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II ­ executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

III ­ ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV ­ participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

V ­ incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

V  ­  incrementar,  em  sua  área  de  atuação,  o  desenvolvimento  científico  e  tecnológico  e  a  inovação;         
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI  ­  fiscalizar  e  inspecionar  alimentos,  compreendido  o  controle  de  seu  teor  nutricional,  bem  como  bebidas  e  águas  para  consumo
humano;

VII ­ participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;

VIII ­ colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

SEÇÃO III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: 
      I ­ cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de acidentes do trabalho, velhice e reclusão;
      II ­ ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda;
      III ­ proteção à maternidade, especialmente à gestante;
      IV ­ proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
      V ­ pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 5º e no
art. 202.
      § 1º Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários.
      § 2º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar­lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 73/107
17/03/2016 Constituição
em lei.
      § 3º Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de benefício serão corrigidos monetariamente.
            §  4º  Os  ganhos  habituais  do  empregado,  a  qualquer  título,  serão  incorporados  ao  salário  para  efeito  de  contribuição  previdenciária  e
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. 
      §  5º  Nenhum  benefício  que  substitua  o  salário  de  contribuição  ou  o  rendimento  do  trabalho  do  segurado  terá  valor  mensal  inferior  ao
salário mínimo.
      § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
      § 7º A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por contribuições adicionais.
      § 8º ­É vedado subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de previdência privada com fins lucrativos.

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)       (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I ­ cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II ­ proteção à maternidade, especialmente à gestante;     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

III ­ proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

IV  ­  salário­família  e  auxílio­reclusão  para  os  dependentes  dos  segurados  de  baixa  renda;          (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

V ­ pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.    
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
definidos em lei complementar.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)      (Vide  Emenda  Constitucional  nº  20,  de
1998)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e
quando  se  tratar  de  segurados  portadores  de  deficiência,  nos  termos  definidos  em  lei  complementar.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)     (Regulamento)      (Vigência)

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo.    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  3º  Todos  os  salários  de  contribuição  considerados  para  o  cálculo  de  benefício  serão  devidamente  atualizados,  na  forma  da  lei.     
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar­lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos
em lei.    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime
próprio de previdência.    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.    
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  7º  É  assegurada  aposentadoria  no  regime  geral  de  previdência  social,  nos  termos  da  lei,  obedecidas  as  seguintes  condições:       
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I ­ trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;     (Incluído dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)

II  ­  sessenta  e  cinco  anos  de  idade,  se  homem,  e  sessenta  anos  de  idade,  se  mulher,  reduzido  em  cinco  anos  o  limite  para  os
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.     (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  8º  Os  requisitos  a  que  se  refere  o  inciso  I  do  parágrafo  anterior  serão  reduzidos  em  cinco  anos,  para  o  professor  que  comprove
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.      (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  9º  Para  efeito  de  aposentadoria,  é  assegurada  a  contagem  recíproca  do  tempo  de  contribuição  na  administração  pública  e  na
atividade  privada,  rural  e  urbana,  hipótese  em  que  os  diversos  regimes  de  previdência  social  se  compensarão  financeiramente,  segundo
critérios estabelecidos em lei.     (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência
social e pelo setor privado.     (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.     (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  12.  Lei  disporá  sobre  sistema  especial  de  inclusão  previdenciária  para  trabalhadores  de  baixa  renda,  garantindo­lhes  acesso  a
benefícios de valor igual a um salário­mínimo, exceto aposentadoria por tempo de contribuição.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003)

§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda
própria  que  se  dediquem  exclusivamente  ao  trabalho  doméstico  no  âmbito  de  sua  residência,  desde  que  pertencentes  a  famílias  de  baixa
renda, garantindo­lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário­mínimo.    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§  13.  O  sistema  especial  de  inclusão  previdenciária  de  que  trata  o  §  12  deste  artigo  terá  alíquotas  e  carências  inferiores  às  vigentes
para os demais segurados do regime geral de previdência social.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

 Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando­se o benefício sobre a média dos trinta e seis últimos salários de
contribuição,  corrigidos  monetariamente  mês  a  mês,  e  comprovada  a  regularidade  dos  reajustes  dos  salários  de  contribuição  de  modo  a
preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes condições: 
      I ­ aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a mulher, reduzido em cinco anos o limite de idade para os
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 74/107
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rural, o garimpeiro e o pescador artesanal;
      II ­ após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições
especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei; 
      III ­ após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de função de magistério.
      § 1º ­ É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, ao homem, e, após vinte e cinco, à mulher.
          §  2º  ­  Para  efeito  de  aposentadoria,  é  assegurada  a  contagem  recíproca  do  tempo  de  contribuição  na  administração  pública  e  na
atividade  privada,  rural  e  urbana,  hipótese  em  que  os  diversos  sistemas  de  previdência  social  se  compensarão  financeiramente,  segundo
critérios estabelecidos em lei.

Art.  202.  O  regime  de  previdência  privada,  de  caráter  complementar  e  organizado  de  forma  autônoma  em  relação  ao  regime  geral  de
previdência  social,  será  facultativo,  baseado  na  constituição  de  reservas  que  garantam  o  benefício  contratado,  e  regulado  por  lei
complementar.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)      (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  1°  A  lei  complementar  de  que  trata  este  artigo  assegurará  ao  participante  de  planos  de  benefícios  de  entidades  de  previdência
privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

§  2°  As  contribuições  do  empregador,  os  benefícios  e  as  condições  contratuais  previstas  nos  estatutos,  regulamentos  e  planos  de
benefícios  das  entidades  de  previdência  privada  não  integram  o  contrato  de  trabalho  dos  participantes,  assim  como,  à  exceção  dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

§  3º  É  vedado  o  aporte  de  recursos  a  entidade  de  previdência  privada  pela  União,  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)      (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§  4º  Lei  complementar  disciplinará  a  relação  entre  a  União,  Estados,  Distrito  Federal  ou  Municípios,  inclusive  suas  autarquias,
fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas
de  previdência  privada,  e  suas  respectivas  entidades  fechadas  de  previdência  privada.          (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  20,  de
1998)

§  5º  A  lei  complementar  de  que  trata  o  parágrafo  anterior  aplicar­se­á,  no  que  couber,  às  empresas  privadas  permissionárias  ou
concessionárias  de  prestação  de  serviços  públicos,  quando  patrocinadoras  de  entidades  fechadas  de  previdência  privada.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias
das  entidades  fechadas  de  previdência  privada  e  disciplinará  a  inserção  dos  participantes  nos  colegiados  e  instâncias  de  decisão  em  que
seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

SEÇÃO IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:

I ­ a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II ­ o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III ­ a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV ­ a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V  ­  a  garantia  de  um  salário  mínimo  de  benefício  mensal  à  pessoa  portadora  de  deficiência  e  ao  idoso  que  comprovem  não  possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê­la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Art.  204.  As  ações  governamentais  na  área  da  assistência  social  serão  realizadas  com  recursos  do  orçamento  da  seguridade  social,
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:

I ­ descentralização político­administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução
dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;

II ­ participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos
os níveis.

Parágrafo  único.  É  facultado  aos  Estados  e  ao  Distrito  Federal  vincular  a  programa  de  apoio  à  inclusão  e  promoção  social  até  cinco
décimos  por  cento  de  sua  receita  tributária  líquida,  vedada  a  aplicação  desses  recursos  no  pagamento  de:  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I ­ despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II ­ serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III  ­  qualquer  outra  despesa  corrente  não  vinculada  diretamente  aos  investimentos  ou  ações  apoiados.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
SEÇÃO I
DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

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I ­ igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II ­ liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III ­ pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV ­ gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V  ­  valorização  dos  profissionais  do  ensino,  garantido,  na  forma  da  lei,  plano  de  carreira  para  o  magistério  público,  com  piso  salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições
mantidas pela União;
V ­ valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

V ­ valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VI ­ gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII ­ garantia de padrão de qualidade.

  VIII  ­  piso  salarial  profissional  nacional  para  os  profissionais  da  educação  escolar  pública,  nos  termos  de  lei  federal.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de
prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático­científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

§  1º  É  facultado  às  universidades  admitir  professores,  técnicos  e  cientistas  estrangeiros,  na  forma  da  lei.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 11, de 1996)

§ 2º O disposto neste artigo aplica­se às instituições de pesquisa científica e tecnológica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de
1996)

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I ­ ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
I ­ ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na
idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

I  ­  educação  básica  obrigatória  e  gratuita  dos  4  (quatro)  aos  17  (dezessete)  anos  de  idade,  assegurada  inclusive  sua  oferta  gratuita
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda  Constitucional  nº  59,  de  2009)  (Vide  Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)

  II ­ progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

II ­ progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III ­ atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV ­ atendimento em creche e pré­escola às crianças de zero a seis anos de idade;

IV ­ educação infantil, em creche e pré­escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional  nº
53, de 2006)

V ­ acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI ­ oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII  ­  atendimento  ao  educando,  no  ensino  fundamental,  através  de  programas  suplementares  de  material  didático­escolar,  transporte,
alimentação e assistência à saúde.

VII  ­  atendimento  ao  educando,  em  todas  as  etapas  da  educação  básica,  por  meio  de  programas  suplementares  de  material
didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§  2º  O  não­oferecimento  do  ensino  obrigatório  pelo  Poder  Público,  ou  sua  oferta  irregular,  importa  responsabilidade  da  autoridade
competente.

§  3º  Compete  ao  Poder  Público  recensear  os  educandos  no  ensino  fundamental,  fazer­lhes  a  chamada  e  zelar,  junto  aos  pais  ou
responsáveis, pela freqüência à escola.

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I ­ cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II ­ autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos
valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização
de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

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§  1º  A  União  organizará  e  financiará  o  sistema  federal  de  ensino  e  o  dos  Territórios,  e  prestará  assistência  técnica  e  financeira  aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade
obrigatória.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá,
em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo
de  qualidade  do  ensino  mediante  assistência  técnica  e  financeira  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios;  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré­escolar.

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 14, de 1996)

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
14, de 1996)

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a
universalização do ensino obrigatório.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§  4º  Na  organização  de  seus  sistemas  de  ensino,  a  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  definirão  formas  de
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art.  212.  A  União  aplicará,  anualmente,  nunca  menos  de  dezoito,  e  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  vinte  e  cinco  por
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino.

§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados
aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.

§  2º  Para  efeito  do  cumprimento  do  disposto  no  "caput"  deste  artigo,  serão  considerados  os  sistemas  de  ensino  federal,  estadual  e
municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.

§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos termos do
plano nacional de educação.

§  3º  A  distribuição  dos  recursos  públicos  assegurará  prioridade  ao  atendimento  das  necessidades  do  ensino  obrigatório,  no  que  se
refere  a  universalização,  garantia  de  padrão  de  qualidade  e  equidade,  nos  termos  do  plano  nacional  de  educação.  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§  4º  Os  programas  suplementares  de  alimentação  e  assistência  à  saúde  previstos  no  art.  208,  VII,  serão  financiados  com  recursos
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.

§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário­educação, recolhida, na
forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes.

§  5º  O  ensino  fundamental  público  terá  como  fonte  adicional  de  financiamento  a  contribuição  social  do  salário­educação,  recolhida
pelas empresas, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a  contribuição  social  do  salário­educação,  recolhida  pelas


empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Decreto nº 6.003, de 2006)

§ 6º As cotas estaduais e municipais  da  arrecadação  da  contribuição  social  do  salário­educação  serão  distribuídas  proporcionalmente
ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº
53, de 2006)

Art.  213.  Os  recursos  públicos  serão  destinados  às  escolas  públicas,  podendo  ser  dirigidos  a  escolas  comunitárias,  confessionais  ou
filantrópicas, definidas em lei, que:

I ­ comprovem finalidade não­lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II ­ assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de
encerramento de suas atividades.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da
lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.

§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público.

§  2º  As  atividades  de  pesquisa,  de  extensão  e  de  estímulo  e  fomento  à  inovação  realizadas  por
universidades  e/ou  por  instituições  de  educação  profissional  e  tecnológica  poderão  receber  apoio  financeiro  do
Poder Público.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
Art.  214.  A  lei  estabelecerá  o  plano  nacional  de  educação,  de  duração  plurianual,  visando  à  articulação  e  ao  desenvolvimento  do
ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à:

Art.  214.  A  lei  estabelecerá  o  plano  nacional  de  educação,  de  duração  decenal,  com  o  objetivo  de  articular  o  sistema  nacional  de
educação  em  regime  de  colaboração  e  definir  diretrizes,  objetivos,  metas  e  estratégias  de  implementação  para  assegurar  a  manutenção  e
desenvolvimento  do  ensino  em  seus  diversos  níveis,  etapas  e  modalidades  por  meio  de  ações  integradas  dos  poderes  públicos  das
diferentes esferas federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

 I ­ erradicação do analfabetismo;

II ­ universalização do atendimento escolar;

III ­ melhoria da qualidade do ensino;

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17/03/2016 Constituição
IV ­ formação para o trabalho;

V ­ promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI ­ estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

SEÇÃO II
DA CULTURA

Art.  215.  O  Estado  garantirá  a  todos  o  pleno  exercício  dos  direitos  culturais  e  acesso  às  fontes  da  cultura  nacional,  e  apoiará  e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro­brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.

§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração
das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,
de 2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

Art.  216.  Constituem  patrimônio  cultural  brasileiro  os  bens  de  natureza  material  e  imaterial,  tomados  individualmente  ou  em  conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I ­ as formas de expressão;

II ­ os modos de criar, fazer e viver;

III ­ as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV ­ as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico­culturais;

V ­ os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§  1º  O  Poder  Público,  com  a  colaboração  da  comunidade,  promoverá  e  protegerá  o  patrimônio  cultural  brasileiro,  por  meio  de
inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua
consulta a quantos dela necessitem.       (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º  Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua
receita  tributária  líquida,  para  o  financiamento  de  programas  e  projetos  culturais,  vedada  a  aplicação  desses  recursos  no  pagamento  de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I ­ despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II ­ serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III  ­  qualquer  outra  despesa  corrente  não  vinculada  diretamente  aos  investimentos  ou  ações  apoiados.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 216­A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um
processo  de  gestão  e  promoção  conjunta  de  políticas  públicas  de  cultura,  democráticas  e  permanentes,  pactuadas  entre  os  entes  da
Federação  e  a  sociedade,  tendo  por  objetivo  promover  o  desenvolvimento  humano,  social  e  econômico  com  pleno  exercício  dos  direitos
culturais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012)

§  1º  O  Sistema  Nacional  de  Cultura  fundamenta­se  na  política  nacional  de  cultura  e  nas  suas  diretrizes,  estabelecidas  no  Plano
Nacional de Cultura, e rege­se pelos seguintes princípios: Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

I ­ diversidade das expressões culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

II ­ universalização do acesso aos bens e serviços culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

III ­ fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IV  ­  cooperação  entre  os  entes  federados,  os  agentes  públicos  e  privados  atuantes  na  área  cultural;  Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 71, de 2012

V ­ integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas; Incluído pela Emenda Constitucional
nº 71, de 2012

VI ­ complementaridade nos papéis dos agentes culturais;  Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 78/107
17/03/2016 Constituição
VII ­ transversalidade das políticas culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VIII ­ autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IX ­ transparência e compartilhamento das informações; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

X ­ democratização dos processos decisórios com participação e controle social; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

XI ­ descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

XII ­ ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura. Incluído pela Emenda Constitucional  nº  71,


de 2012

§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da Federação: Incluído pela Emenda Constitucional
nº 71, de 2012

I ­ órgãos gestores da cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

II ­ conselhos de política cultural; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

III ­ conferências de cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IV ­ comissões intergestores; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

V ­ planos de cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VI ­ sistemas de financiamento à cultura; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VII ­ sistemas de informações e indicadores culturais; Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

VIII ­ programas de formação na área da cultura; e Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

IX ­ sistemas setoriais de cultura. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação com os demais sistemas
nacionais ou políticas setoriais de governo. Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012

§  4º  Os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  organizarão  seus  respectivos  sistemas  de  cultura  em  leis  próprias.  Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 71, de 2012

SEÇÃO III
DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não­formais, como direito de cada um, observados:

I ­ a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II ­ a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto
de alto rendimento;

III ­ o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não­ profissional;

IV ­ a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem­se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.

Art.  218.  O  Estado  promoverá  e  incentivará  o  desenvolvimento  científico,  a  pesquisa,  a  capacitação


científica e tecnológica e a inovação.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
§ 1º A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.

§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o
bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85,
de 2015)
§  2º  A  pesquisa  tecnológica  voltar­se­á  preponderantemente  para  a  solução  dos  problemas  brasileiros  e  para  o  desenvolvimento  do
sistema produtivo nacional e regional.

§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se
ocupem meios e condições especiais de trabalho.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 79/107
17/03/2016 Constituição

§  3º  O  Estado  apoiará  a  formação  de  recursos  humanos  nas  áreas  de  ciência,  pesquisa,  tecnologia  e
inovação,  inclusive  por  meio  do  apoio  às  atividades  de  extensão  tecnológica,  e  concederá  aos  que  delas  se
ocupem meios e condições especiais de trabalho.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
§  4º  A  lei  apoiará  e  estimulará  as  empresas  que  invistam  em  pesquisa,  criação  de  tecnologia  adequada  ao  País,  formação  e
aperfeiçoamento  de  seus  recursos  humanos  e  que  pratiquem  sistemas  de  remuneração  que  assegurem  ao  empregado,  desvinculada  do
salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.

§  5º  É  facultado  aos  Estados  e  ao  Distrito  Federal  vincular  parcela  de  sua  receita  orçamentária  a  entidades  públicas  de  fomento  ao
ensino e à pesquisa científica e tecnológica.

§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , estimulará a articulação entre entes, tanto
públicos  quanto  privados,  nas  diversas  esferas  de  governo.        (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  85,  de
2015)
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições públicas de ciência, tecnologia
e inovação, com vistas à execução das atividades previstas no caput.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº
85, de 2015)
Art.  219.  O  mercado  interno  integra  o  patrimônio  nacional  e  será  incentivado  de  modo  a  viabilizar  o  desenvolvimento  cultural  e  sócio­
econômico, o bem­estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como
nos  demais  entes,  públicos  ou  privados,  a  constituição  e  a  manutenção  de  parques  e  polos  tecnológicos  e  de
demais  ambientes  promotores  da  inovação,  a  atuação  dos  inventores  independentes  e  a  criação,  absorção,
difusão e transferência de tecnologia.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
Art.  219­A.  A  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  poderão  firmar  instrumentos  de
cooperação  com  órgãos  e  entidades  públicos  e  com  entidades  privadas,  inclusive  para  o  compartilhamento  de
recursos  humanos  especializados  e  capacidade  instalada,  para  a  execução  de  projetos  de  pesquisa,  de
desenvolvimento  científico  e  tecnológico  e  de  inovação,  mediante  contrapartida  financeira  ou  não  financeira
assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
Art. 219­B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de
colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e
tecnológico e a inovação.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015)
§  2º  Os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  legislarão  concorrentemente  sobre  suas
peculiaridades.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

CAPÍTULO V
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

§ 3º Compete à lei federal:

I ­ regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não
se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;

II ­ estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações
de  rádio  e  televisão  que  contrariem  o  disposto  no  art.  221,  bem  como  da  propaganda  de  produtos,  práticas  e  serviços  que  possam  ser
nocivos à saúde e ao meio ambiente.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos
termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I ­ preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II ­ promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III ­ regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV ­ respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 80/107
17/03/2016 Constituição
Art.  222.  A  propriedade  de  empresa  jornalística  e  de  radiodifusão  sonora  e  de  sons  e  imagens  é  privativa  de  brasileiros  natos  ou
naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a responsabilidade por sua administração e orientação intelectual.

Art.  222.  A  propriedade  de  empresa  jornalística  e  de  radiodifusão  sonora  e  de  sons  e  imagens  é  privativa  de  brasileiros  natos  ou
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

  §  1º  ­  É  vedada  a  participação  de  pessoa  jurídica  no  capital  social  de  empresa  jornalística  ou  de  radiodifusão,  exceto  a  de  partido
político e de sociedades cujo capital pertença exclusiva e nominalmente a brasileiros.

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão
sonora  e  de  sons  e  imagens  deverá  pertencer,  direta  ou  indiretamente,  a  brasileiros  natos  ou  naturalizados  há  mais  de  dez  anos,  que
exercerão  obrigatoriamente  a  gestão  das  atividades  e  estabelecerão  o  conteúdo  da  programação.  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 36, de 2002)

§ 2º ­ A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará através de capital sem direito a voto e não poderá exceder a trinta por
cento do capital social.

§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§  3º  Os  meios  de  comunicação  social  eletrônica,  independentemente  da  tecnologia  utilizada  para  a  prestação  do  serviço,  deverão
observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na
execução de produções nacionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36,
de 2002)

§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e
de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.

§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em
votação nominal.

§  3º  O  ato  de  outorga  ou  renovação  somente  produzirá  efeitos  legais  após  deliberação  do  Congresso  Nacional,  na  forma  dos
parágrafos anteriores.

§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.

Art.  224.  Para  os  efeitos  do  disposto  neste  capítulo,  o  Congresso  Nacional  instituirá,  como  seu  órgão  auxiliar,  o  Conselho  de
Comunicação Social, na forma da lei.

CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo­se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê­lo e preservá­ lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I  ­  preservar  e  restaurar  os  processos  ecológicos  essenciais  e  prover  o  manejo  ecológico  das  espécies  e  ecossistemas;           
(Regulamento)

II  ­  preservar  a  diversidade  e  a  integridade  do  patrimônio  genético  do  País  e  fiscalizar  as  entidades  dedicadas  à  pesquisa  e
manipulação de material genético;      (Regulamento)     (Regulamento)     (Regulamento)       (Regulamento)

III ­ definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração  e  a  supressão  permitidas  somente  através  de  lei,  vedada  qualquer  utilização  que  comprometa  a  integridade  dos  atributos  que
justifiquem sua proteção;       (Regulamento)

IV  ­  exigir,  na  forma  da  lei,  para  instalação  de  obra  ou  atividade  potencialmente  causadora  de  significativa  degradação  do  meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;      (Regulamento)

V  ­  controlar  a  produção,  a  comercialização  e  o  emprego  de  técnicas,  métodos  e  substâncias  que  comportem  risco  para  a  vida,  a
qualidade de vida e o meio ambiente;      (Regulamento)

VI ­ promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII  ­  proteger  a  fauna  e  a  flora,  vedadas,  na  forma  da  lei,  as  práticas  que  coloquem  em  risco  sua  função  ecológica,  provoquem  a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.       (Regulamento)

§  2º  Aquele  que  explorar  recursos  minerais  fica  obrigado  a  recuperar  o  meio  ambiente  degradado,  de  acordo  com  solução  técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§  4º  A  Floresta  Amazônica  brasileira,  a  Mata  Atlântica,  a  Serra  do  Mar,  o  Pantanal  Mato­Grossense  e  a  Zona  Costeira  são  patrimônio
nacional, e sua utilização far­se­á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais.     (Regulamento)       (Regulamento)

§  5º  São  indisponíveis  as  terras  devolutas  ou  arrecadadas  pelos  Estados,  por  ações  discriminatórias,  necessárias  à  proteção  dos

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ecossistemas naturais.

§  6º  As  usinas  que  operem  com  reator  nuclear  deverão  ter  sua  localização  definida  em  lei  federal,  sem  o  que  não  poderão  ser
instaladas.

 CAPÍTULO VII
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

 § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento.  (Regulamento)

§ 4º Entende­se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

 § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei,
ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.

§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal,  competindo  ao  Estado  propiciar  recursos  educacionais  e  científicos  para  o  exercício  desse  direito,  vedada  qualquer  forma  coercitiva
por parte de instituições oficiais ou privadas.   Regulamento

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência
no âmbito de suas relações.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá­los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§  1º  ­  O  Estado  promoverá  programas  de  assistência  integral  à  saúde  da  criança  e  do  adolescente,  admitida  a  participação  de
entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:

Art.  227.  É  dever  da  família,  da  sociedade  e  do  Estado  assegurar  à  criança,  ao  adolescente  e  ao  jovem,  com  absoluta  prioridade,  o
direito  à  vida,  à  saúde,  à  alimentação,  à  educação,  ao  lazer,  à  profissionalização,  à  cultura,  à  dignidade,  ao  respeito,  à  liberdade  e  à
convivência familiar e comunitária, além de colocá­los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de
entidades  não  governamentais,  mediante  políticas  específicas  e  obedecendo  aos  seguintes  preceitos:  (Redação  dada  Pela  Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)

I ­ aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno­infantil;

II ­ criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem
como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

II  ­  criação  de  programas  de  prevenção  e  atendimento  especializado  para  as  pessoas  portadoras  de  deficiência  física,  sensorial  ou
mental,  bem  como  de  integração  social  do  adolescente  e  do  jovem  portador  de  deficiência,  mediante  o  treinamento  para  o  trabalho  e  a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte
coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.

§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

I ­ idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;

II ­ garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

III ­ garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;

III ­ garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

IV  ­  garantia  de  pleno  e  formal  conhecimento  da  atribuição  de  ato  infracional,  igualdade  na  relação  processual  e  defesa  técnica  por
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;

V  ­  obediência  aos  princípios  de  brevidade,  excepcionalidade  e  respeito  à  condição  peculiar  de  pessoa  em  desenvolvimento,  quando
da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;

VI ­ estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a
forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;

VII ­ programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.

VII  ­  programas  de  prevenção  e  atendimento  especializado  à  criança,  ao  adolescente  e  ao  jovem  dependente  de  entorpecentes  e
drogas afins. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
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§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de
estrangeiros.

§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.

§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar­se­ á em consideração o disposto no art. 204.

§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

I ­ o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

II ­ o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de
políticas públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais
na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem­estar e garantindo­lhes o direito à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º  Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as
terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá­las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem­estar e as necessárias a sua reprodução física
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§  2º  As  terras  tradicionalmente  ocupadas  pelos  índios  destinam­se  a  sua  posse  permanente,  cabendo­lhes  o  usufruto  exclusivo  das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas  só  podem  ser  efetivados  com  autorização  do  Congresso  Nacional,  ouvidas  as  comunidades  afetadas,  ficando­lhes  assegurada
participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe
ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido,
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras
a  que  se  refere  este  artigo,  ou  a  exploração  das  riquezas  naturais  do  solo,  dos  rios  e  dos  lagos  nelas  existentes,  ressalvado  relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.

§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art.  232.  Os  índios,  suas  comunidades  e  organizações  são  partes  legítimas  para  ingressar  em  juízo  em  defesa  de  seus  direitos  e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.

 TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS

  Art.  233.  Para  efeito  do  art.  7º,  XXIX,  o  empregador  rural  comprovará,  de  cinco  em  cinco  anos,  perante  a  Justiça  do  Trabalho,  o
cumprimento  das  suas  obrigações  trabalhistas  para  com  o  empregado  rural,  na  presença  deste  e  de  seu  representante  sindical.           
(Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
            §  1º  Uma  vez  comprovado  o  cumprimento  das  obrigações  mencionadas  neste  artigo,  fica  o  empregador  isento  de  qualquer  ônus
decorrente  daquelas  obrigações  no  período  respectivo.  Caso  o  empregado  e  seu  representante  não  concordem  com  a  comprovação  do
empregador, caberá à Justiça do Trabalho a solução da controvérsia.      (Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
            §  2º  Fica  ressalvado  ao  empregado,  em  qualquer  hipótese,  o  direito  de  postular,  judicialmente,  os  créditos  que  entender  existir,
relativamente aos últimos cinco anos.        (Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
      § 3º A comprovação mencionada neste artigo poderá ser feita em prazo inferior a cinco anos, a critério do empregador.       (Revogado
pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

Art.  234.  É  vedado  à  União,  direta  ou  indiretamente,  assumir,  em  decorrência  da  criação  de  Estado,  encargos  referentes  a  despesas
com pessoal inativo e com encargos e amortizações da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da indireta.

Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as seguintes normas básicas:

 I ­ a Assembléia Legislativa será composta de dezessete Deputados se a população do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes,
e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil;

II ­ o Governo terá no máximo dez Secretarias;

III ­ o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório
saber;

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IV ­ o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;

V ­ os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma:

a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área do novo Estado ou do Estado originário;

b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e saber jurídico, com dez anos, no mínimo,
de exercício profissional, obedecido o procedimento fixado na Constituição;

VI ­ no caso de Estado proveniente de Território Federal, os cinco primeiros Desembargadores poderão ser escolhidos dentre juízes de
direito de qualquer parte do País;

VII  ­  em  cada  Comarca,  o  primeiro  Juiz  de  Direito,  o  primeiro  Promotor  de  Justiça  e  o  primeiro  Defensor  Público  serão  nomeados  pelo
Governador eleito após concurso público de provas e títulos;

VIII ­ até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria­Geral, pela Advocacia­Geral e pela Defensoria­Geral
do Estado advogados de notório saber, com trinta e cinco anos de idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis "ad
nutum";

IX  ­  se  o  novo  Estado  for  resultado  de  transformação  de  Território  Federal,  a  transferência  de  encargos  financeiros  da  União  para
pagamento dos servidores optantes que pertenciam à Administração Federal ocorrerá da seguinte forma:

a)  no  sexto  ano  de  instalação,  o  Estado  assumirá  vinte  por  cento  dos  encargos  financeiros  para  fazer  face  ao  pagamento  dos
servidores públicos, ficando ainda o restante sob a responsabilidade da União;

b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos restantes cinqüenta por cento;

X  ­  as  nomeações  que  se  seguirem  às  primeiras,  para  os  cargos  mencionados  neste  artigo,  serão  disciplinadas  na  Constituição
Estadual;

XI ­ as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinqüenta por cento da receita do Estado.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)

§ 1º  Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos,
e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

§  2º    Lei  federal  estabelecerá  normas  gerais  para  fixação  de  emolumentos  relativos  aos  atos  praticados  pelos  serviços  notariais  e  de
registro.

§ 3º  O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer
serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Art.  237.  A  fiscalização  e  o  controle  sobre  o  comércio  exterior,  essenciais  à  defesa  dos  interesses  fazendários  nacionais,  serão
exercidos pelo Ministério da Fazenda.

Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de matérias­
primas renováveis, respeitados os princípios desta Constituição.

Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7
de  setembro  de  1970,  e  para  o  Programa  de  Formação  do  Patrimônio  do  Servidor  Público,  criado  pela  Lei  Complementar  nº  8,  de  3  de
dezembro  de  1970,  passa,  a  partir  da  promulgação  desta  Constituição,  a  financiar,  nos  termos  que  a  lei  dispuser,  o  programa  do  seguro­
desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo. (Regulamento)

§  1º    Dos  recursos  mencionados  no  "caput"  deste  artigo,  pelo  menos  quarenta  por  cento  serão  destinados  a  financiar  programas  de
desenvolvimento  econômico,  através  do  Banco  Nacional  de  Desenvolvimento  Econômico  e  Social,  com  critérios  de  remuneração  que  lhes
preservem o valor.

§ 2º  Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público são
preservados,  mantendo­se  os  critérios  de  saque  nas  situações  previstas  nas  leis  específicas,  com  exceção  da  retirada  por  motivo  de
casamento,  ficando  vedada  a  distribuição  da  arrecadação  de  que  trata  o  "caput"  deste  artigo,  para  depósito  nas  contas  individuais  dos
participantes.

§ 3º  Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social ou para o Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público, até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário
mínimo anual, computado neste valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas,
até a data da promulgação desta Constituição.

§ 4º  O financiamento do seguro­desemprego receberá uma contribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade da força de
trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei.

Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários,
destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

Art. 241. Aos delegados de polícia de carreira aplica­se o princípio do art. 39, § 1º, correspondente às carreiras disciplinadas no art. 135
desta Constituição.

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de
cooperação  entre  os  entes  federados,  autorizando  a  gestão  associada  de  serviços  públicos,  bem  como  a  transferência  total  ou  parcial  de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  19,
de 1998)

Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes
na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.

§ 1º  O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro.

§ 2º  O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.

Art.  243.  As  glebas  de  qualquer  região  do  País  onde  forem  localizadas  culturas  ilegais  de  plantas  psicotrópicas  serão  imediatamente
expropriadas  e  especificamente  destinadas  ao  assentamento  de  colonos,  para  o  cultivo  de  produtos  alimentícios  e  medicamentosos,  sem

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qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
será  confiscado  e  reverterá  em  benefício  de  instituições  e  pessoal  especializados  no  tratamento  e  recuperação  de  viciados  e  no
aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais
de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à
reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de
outras  sanções  previstas  em  lei,  observado,  no  que  couber,  o  disposto  no  art.  5º.            (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

Parágrafo  único.  Todo  e  qualquer  bem  de  valor  econômico  apreendido  em  decorrência  do  tráfico  ilícito  de
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e  reverterá  a  fundo  especial
com destinação específica, na forma da lei.      (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente
existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.

Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes
de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.

Art.246.  É  vedada  a  adoção  de  medida  provisória  na  regulamentação  de  artigo  da  Constituição  cuja  redação  tenha  sido  alterada  por
meio de emenda promulgada a partir de 1995.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
          Art.  246.  É  vedada  a  adoção  de  medida  provisória  na  regulamentação  de  artigo  da  Constituição  cuja  redação  tenha  sido  alterada  por
meio de emenda promulgada a partir de 1995.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995)

Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por
meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive.         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda
do  cargo  pelo  servidor  público  estável  que,  em  decorrência  das  atribuições  de  seu  cargo  efetivo,  desenvolva  atividades  exclusivas  de
Estado.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do cargo somente ocorrerá mediante processo administrativo em
que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão responsável pelo regime geral de previdência social, ainda que à conta do
Tesouro  Nacional,  e  os  não  sujeitos  ao  limite  máximo  de  valor  fixado  para  os  benefícios  concedidos  por  esse  regime  observarão  os  limites
fixados no art. 37, XI.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Art.  249.  Com  o  objetivo  de  assegurar  recursos  para  o  pagamento  de  proventos  de  aposentadoria  e  pensões  concedidas  aos
respectivos servidores e seus dependentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios  poderão  constituir  fundos  integrados  pelos  recursos  provenientes  de  contribuições  e  por  bens,  direitos  e  ativos  de  qualquer
natureza,  mediante  lei  que  disporá  sobre  a  natureza  e  administração  desses  fundos.              (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  20,  de
1998)

Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento dos benefícios concedidos pelo regime geral de previdência social,
em  adição  aos  recursos  de  sua  arrecadação,  a  União  poderá  constituir  fundo  integrado  por  bens,  direitos  e  ativos  de  qualquer  natureza,
mediante lei que disporá sobre a natureza e administração desse fundo.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Brasília, 5 de outubro de 1988.

Ulysses Guimarães , Presidente ­ Mauro Benevides , 1.º Vice­Presidente ­ Jorge Arbage ,  2.º  Vice­Presidente  ­


Marcelo Cordeiro , 1.º Secretário ­ Mário Maia , 2.º Secretário ­ Arnaldo Faria de Sá , 3.º Secretário ­ Benedita  da
Silva  ,  1.º  Suplente  de  Secretário  ­  Luiz  Soyer  ,  2.º  Suplente  de  Secretário  ­  Sotero  Cunha  ,  3.º  Suplente  de
Secretário  ­  Bernardo  Cabral  ,  Relator  Geral  ­  Adolfo  Oliveira  ,  Relator  Adjunto  ­  Antônio  Carlos  Konder  Reis  ,
Relator  Adjunto  ­  José  Fogaça  ,  Relator  Adjunto  ­  Abigail  Feitosa  ­  Acival  Gomes  ­  Adauto  Pereira  ­  Ademir
Andrade ­ Adhemar de Barros Filho ­ Adroaldo Streck ­ Adylson Motta ­ Aécio de Borba ­ Aécio Neves ­ Affonso
Camargo ­ Afif Domingos ­ Afonso Arinos ­ Afonso Sancho ­ Agassiz Almeida ­ Agripino de Oliveira Lima ­ Airton
Cordeiro  ­  Airton  Sandoval  ­  Alarico  Abib  ­  Albano  Franco  ­  Albérico  Cordeiro  ­  Albérico  Filho  ­  Alceni  Guerra  ­
Alcides Saldanha ­ Aldo Arantes ­ Alércio Dias ­ Alexandre Costa ­ Alexandre Puzyna ­ Alfredo Campos ­ Almir
Gabriel  ­  Aloisio  Vasconcelos  ­  Aloysio  Chaves  ­  Aloysio  Teixeira  ­  Aluizio  Bezerra  ­  Aluízio  Campos  ­  Álvaro
Antônio ­ Álvaro Pacheco ­ Álvaro Valle ­ Alysson Paulinelli ­ Amaral Netto ­ Amaury Müller ­ Amilcar Moreira ­
Ângelo Magalhães ­ Anna Maria Rattes ­ Annibal Barcellos ­ Antero de Barros ­ Antônio Câmara ­ Antônio Carlos
Franco ­ Antonio Carlos Mendes Thame ­ Antônio de Jesus ­ Antonio Ferreira ­ Antonio Gaspar ­ Antonio Mariz ­
Antonio  Perosa  ­  Antônio  Salim  Curiati  ­  Antonio  Ueno  ­  Arnaldo  Martins  ­  Arnaldo  Moraes  ­  Arnaldo  Prieto  ­
Arnold Fioravante ­ Arolde de Oliveira ­ Artenir Werner ­ Artur da Távola ­ Asdrubal Bentes ­ Assis Canuto ­ Átila
Lira ­ Augusto Carvalho ­ Áureo Mello ­ Basílio Villani ­ Benedicto Monteiro ­ Benito Gama ­ Beth Azize ­ Bezerra
de  Melo  ­  Bocayuva  Cunha  ­  Bonifácio  de  Andrada  ­  Bosco  França  ­  Brandão  Monteiro  ­  Caio  Pompeu  ­  Carlos
Alberto ­ Carlos Alberto Caó ­ Carlos Benevides ­ Carlos Cardinal ­ Carlos Chiarelli ­ Carlos Cotta ­ Carlos De’Carli
­ Carlos Mosconi ­ Carlos Sant’Anna ­ Carlos Vinagre ­ Carlos Virgílio ­ Carrel Benevides ­ Cássio Cunha Lima ­
Célio  de  Castro  ­  Celso  Dourado  ­  César  Cals  Neto  ­  César  Maia  ­  Chagas  Duarte  ­  Chagas  Neto  ­  Chagas
Rodrigues  ­  Chico  Humberto  ­  Christóvam  Chiaradia  ­  Cid  Carvalho  ­  Cid  Sabóia  de  Carvalho  ­  Cláudio  Ávila  ­
Cleonâncio Fonseca ­ Costa Ferreira ­ Cristina Tavares ­ Cunha Bueno ­ Dálton Canabrava ­ Darcy Deitos ­ Darcy

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17/03/2016 Constituição

Pozza  ­  Daso  Coimbra  ­  Davi  Alves  Silva  ­  Del  Bosco  Amaral  ­  Delfim  Netto  ­  Délio  Braz  ­  Denisar  Arneiro  ­
Dionisio Dal Prá ­ Dionísio Hage ­ Dirce Tutu Quadros ­ Dirceu Carneiro ­ Divaldo Suruagy ­ Djenal Gonçalves ­
Domingos  Juvenil  ­  Domingos  Leonelli  ­  Doreto  Campanari  ­  Edésio  Frias  ­  Edison  Lobão  ­  Edivaldo  Motta  ­
Edme Tavares ­ Edmilson Valentim ­ Eduardo Bonfim ­ Eduardo Jorge ­ Eduardo Moreira ­ Egídio Ferreira Lima ­
Elias Murad ­ Eliel Rodrigues ­ Eliézer Moreira ­ Enoc Vieira ­ Eraldo Tinoco ­ Eraldo Trindade ­ Erico Pegoraro ­
Ervin Bonkoski ­ Etevaldo Nogueira ­ Euclides Scalco ­ Eunice Michiles ­ Evaldo Gonçalves ­ Expedito Machado
­ Ézio Ferreira ­ Fábio Feldmann ­ Fábio Raunheitti ­ Farabulini Júnior ­ Fausto Fernandes ­ Fausto Rocha ­ Felipe
Mendes ­ Feres Nader ­ Fernando Bezerra Coelho ­ Fernando Cunha ­ Fernando Gasparian ­ Fernando Gomes ­
Fernando Henrique Cardoso ­ Fernando Lyra ­ Fernando Santana ­ Fernando Velasco ­ Firmo de Castro ­ Flavio
Palmier da Veiga ­ Flávio Rocha ­ Florestan Fernandes ­ Floriceno Paixão ­ França Teixeira ­ Francisco Amaral ­
Francisco  Benjamim  ­  Francisco  Carneiro  ­  Francisco  Coelho  ­  Francisco  Diógenes  ­  Francisco  Dornelles  ­
Francisco Küster ­ Francisco Pinto ­ Francisco Rollemberg ­ Francisco Rossi ­ Francisco Sales ­ Furtado Leite ­
Gabriel  Guerreiro  ­  Gandi  Jamil  ­  Gastone  Righi  ­  Genebaldo  Correia  ­  Genésio  Bernardino  ­  Geovani  Borges  ­
Geraldo Alckmin Filho ­ Geraldo Bulhões ­ Geraldo Campos ­ Geraldo Fleming ­ Geraldo Melo ­ Gerson Camata ­
Gerson Marcondes ­ Gerson Peres ­ Gidel Dantas ­ Gil César ­ Gilson Machado ­ Gonzaga Patriota ­ Guilherme
Palmeira  ­  Gumercindo  Milhomem  ­  Gustavo  de  Faria  ­  Harlan  Gadelha  ­  Haroldo  Lima  ­  Haroldo  Sabóia  ­  Hélio
Costa  ­  Hélio  Duque  ­  Hélio  Manhães  ­  Hélio  Rosas  ­  Henrique  Córdova  ­  Henrique  Eduardo  Alves  ­  Heráclito
Fortes  ­  Hermes  Zaneti  ­  Hilário  Braun  ­  Homero  Santos  ­  Humberto  Lucena  ­  Humberto  Souto  ­  Iberê  Ferreira  ­
Ibsen Pinheiro ­ Inocêncio Oliveira ­ Irajá Rodrigues ­ Iram Saraiva ­ Irapuan Costa Júnior ­ Irma Passoni ­ Ismael
Wanderley  ­  Israel  Pinheiro  ­  Itamar  Franco  ­  Ivo  Cersósimo  ­  Ivo  Lech  ­  Ivo  Mainardi  ­  Ivo  Vanderlinde  ­  Jacy
Scanagatta  ­  Jairo  Azi  ­  Jairo  Carneiro  ­  Jalles  Fontoura  ­  Jamil  Haddad  ­  Jarbas  Passarinho  ­  Jayme  Paliarin  ­
Jayme Santana ­ Jesualdo Cavalcanti ­ Jesus Tajra ­ Joaci Góes ­ João Agripino ­ João Alves ­ João Calmon ­
João Carlos Bacelar ­ João Castelo ­ João Cunha ­ João da Mata ­ João de Deus Antunes ­ João Herrmann Neto
­  João  Lobo  ­  João  Machado  Rollemberg  ­  João  Menezes  ­  João  Natal  ­  João  Paulo  ­  João  Rezek  ­  Joaquim
Bevilácqua ­ Joaquim Francisco ­ Joaquim Hayckel ­ Joaquim Sucena ­ Jofran Frejat ­ Jonas Pinheiro ­ Jonival
Lucas  ­  Jorge  Bornhausen  ­  Jorge  Hage  ­  Jorge  Leite  ­  Jorge  Uequed  ­  Jorge  Vianna  ­  José  Agripino  ­  José
Camargo ­ José Carlos Coutinho ­ José Carlos Grecco ­ José Carlos Martinez ­ José Carlos Sabóia ­ José Carlos
Vasconcelos ­ José Costa ­ José da Conceição ­ José Dutra ­ José Egreja ­ José Elias ­ José Fernandes ­ José
Freire  ­  José  Genoíno  ­  José  Geraldo  ­  José  Guedes  ­  José  Ignácio  Ferreira  ­  José  Jorge  ­  José  Lins  ­  José
Lourenço ­ José Luiz de Sá ­ José Luiz Maia ­ José Maranhão ­ José Maria Eymael ­ José Maurício ­ José Melo
­  José  Mendonça  Bezerra  ­  José  Moura  ­  José  Paulo  Bisol  ­  José  Queiroz  ­  José  Richa  ­  José  Santana  de
Vasconcellos ­ José Serra ­ José Tavares ­ José Teixeira ­ José Thomaz Nonô ­ José Tinoco ­ José Ulísses de
Oliveira ­ José Viana ­ José Yunes ­ Jovanni Masini ­ Juarez Antunes ­ Júlio Campos ­ Júlio Costamilan ­ Jutahy
Júnior  ­  Jutahy  Magalhães  ­  Koyu  Iha  ­  Lael  Varella  ­  Lavoisier  Maia  ­  Leite  Chaves  ­  Lélio  Souza  ­  Leopoldo
Peres ­ Leur Lomanto ­ Levy Dias ­ Lézio Sathler ­ Lídice da Mata ­ Louremberg Nunes Rocha ­ Lourival Baptista
­ Lúcia Braga ­ Lúcia Vânia ­ Lúcio Alcântara ­ Luís Eduardo ­ Luís Roberto Ponte ­ Luiz Alberto Rodrigues ­ Luiz
Freire ­ Luiz Gushiken ­ Luiz Henrique ­ Luiz Inácio Lula da Silva ­ Luiz Leal ­ Luiz Marques ­ Luiz Salomão ­ Luiz
Viana  ­  Luiz  Viana  Neto  ­  Lysâneas  Maciel  ­  Maguito  Vilela  ­  Maluly  Neto  ­  Manoel  Castro  ­  Manoel  Moreira  ­
Manoel  Ribeiro  ­  Mansueto  de  Lavor  ­  Manuel  Viana  ­  Márcia  Kubitschek  ­  Márcio  Braga  ­  Márcio  Lacerda  ­
Marco Maciel ­ Marcondes Gadelha ­ Marcos Lima ­ Marcos Queiroz ­ Maria de Lourdes Abadia ­ Maria Lúcia ­
Mário  Assad  ­  Mário  Covas  ­  Mário  de  Oliveira  ­  Mário  Lima  ­  Marluce  Pinto  ­  Matheus  Iensen  ­  Mattos  Leão  ­
Maurício Campos ­ Maurício Correa ­ Maurício Fruet ­ Maurício Nasser ­ Maurício Pádua ­ Maurílio Ferreira Lima
­ Mauro Borges ­ Mauro Campos ­ Mauro Miranda ­ Mauro Sampaio ­ Max Rosenmann ­ Meira Filho ­ Melo Freire
­  Mello  Reis  ­  Mendes  Botelho  ­  Mendes  Canale  ­  Mendes  Ribeiro  ­  Messias  Góis  ­  Messias  Soares  ­  Michel
Temer  ­  Milton  Barbosa  ­  Milton  Lima  ­  Milton  Reis  ­  Miraldo  Gomes  ­  Miro  Teixeira  ­  Moema  São  Thiago  ­
Moysés  Pimentel  ­  Mozarildo  Cavalcanti  ­  Mussa  Demes  ­  Myrian  Portella  ­  Nabor  Júnior  ­  Naphtali  Alves  de
Souza  ­  Narciso  Mendes  ­  Nelson  Aguiar  ­  Nelson  Carneiro  ­  Nelson  Jobim  ­  Nelson  Sabrá  ­  Nelson  Seixas  ­
Nelson  Wedekin  ­  Nelton  Friedrich  ­  Nestor  Duarte  ­  Ney  Maranhão  ­  Nilso  Sguarezi  ­  Nilson  Gibson  ­  Nion
Albernaz  ­  Noel  de  Carvalho  ­  Nyder  Barbosa  ­  Octávio  Elísio  ­  Odacir  Soares  ­  Olavo  Pires  ­  Olívio  Dutra  ­
Onofre  Corrêa  ­  Orlando  Bezerra  ­  Orlando  Pacheco  ­  Oscar  Corrêa  ­  Osmar  Leitão  ­  Osmir  Lima  ­  Osmundo
Rebouças  ­  Osvaldo  Bender  ­  Osvaldo  Coelho  ­  Osvaldo  Macedo  ­  Osvaldo  Sobrinho  ­  Oswaldo  Almeida  ­
Oswaldo  Trevisan  ­  Ottomar  Pinto  ­  Paes  de  Andrade  ­  Paes  Landim  ­  Paulo  Delgado  ­  Paulo  Macarini  ­  Paulo
Marques ­ Paulo Mincarone ­ Paulo Paim ­ Paulo Pimentel ­ Paulo Ramos ­ Paulo Roberto ­ Paulo Roberto Cunha
­ Paulo Silva ­ Paulo Zarzur ­ Pedro Canedo ­ Pedro Ceolin ­ Percival Muniz ­ Pimenta da Veiga ­ Plínio Arruda
Sampaio  ­  Plínio  Martins  ­  Pompeu  de  Sousa  ­  Rachid  Saldanha  Derzi  ­  Raimundo  Bezerra  ­  Raimundo  Lira  ­
Raimundo Rezende ­ Raquel Cândido ­ Raquel Capiberibe ­ Raul Belém ­ Raul Ferraz ­ Renan Calheiros ­ Renato
Bernardi ­ Renato Johnsson ­ Renato Vianna ­ Ricardo Fiuza ­ Ricardo Izar ­ Rita Camata ­ Rita Furtado ­ Roberto
Augusto  ­  Roberto  Balestra  ­  Roberto  Brant  ­  Roberto  Campos  ­  Roberto  D’Ávila  ­  Roberto  Freire  ­  Roberto
Jefferson  ­  Roberto  Rollemberg  ­  Roberto  Torres  ­  Roberto  Vital  ­  Robson  Marinho  ­  Rodrigues  Palma  ­  Ronaldo
Aragão ­ Ronaldo Carvalho ­ Ronaldo Cezar Coelho ­ Ronan Tito ­ Ronaro Corrêa ­ Rosa Prata ­ Rose de Freitas ­
Rospide  Netto  ­  Rubem  Branquinho  ­  Rubem  Medina  ­  Ruben  Figueiró  ­  Ruberval  Pilotto  ­  Ruy  Bacelar  ­  Ruy
Nedel ­ Sadie Hauache ­ Salatiel Carvalho ­ Samir Achôa ­ Sandra Cavalcanti ­ Santinho Furtado ­ Sarney Filho ­
Saulo  Queiroz  ­  Sérgio  Brito  ­  Sérgio  Spada  ­  Sérgio  Werneck  ­  Severo  Gomes  ­  Sigmaringa  Seixas  ­  Sílvio
Abreu ­ Simão Sessim ­ Siqueira Campos ­ Sólon Borges dos Reis ­ Stélio Dias ­ Tadeu França ­ Telmo Kirst ­
Teotonio Vilela Filho ­ Theodoro Mendes ­ Tito Costa ­ Ubiratan Aguiar ­ Ubiratan Spinelli ­ Uldurico Pinto ­ Valmir
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17/03/2016 Constituição

Campelo ­ Valter Pereira ­ Vasco Alves ­ Vicente Bogo ­ Victor Faccioni ­ Victor Fontana ­ Victor Trovão ­ Vieira
da  Silva  ­  Vilson  Souza  ­  Vingt  Rosado  ­  Vinicius  Cansanção  ­  Virgildásio  de  Senna  ­  Virgílio  Galassi  ­  Virgílio
Guimarães ­ Vitor Buaiz ­ Vivaldo Barbosa ­ Vladimir Palmeira ­ Wagner Lago ­ Waldec Ornélas ­ Waldyr Pugliesi
­ Walmor de Luca ­ Wilma Maia ­ Wilson Campos ­ Wilson Martins ­ Ziza Valadares.

Participantes:  Álvaro  Dias  ­  Antônio  Britto  ­  Bete  Mendes  ­  Borges  da  Silveira  ­  Cardoso  Alves  ­  Edivaldo
Holanda ­ Expedito Júnior ­ Fadah Gattass ­ Francisco Dias ­ Geovah Amarante ­ Hélio Gueiros ­ Horácio Ferraz
­  Hugo  Napoleão  ­  Iturival  Nascimento  ­  Ivan  Bonato  ­  Jorge  Medauar  ­  José  Mendonça  de  Morais  ­  Leopoldo
Bessone  ­  Marcelo  Miranda  ­  Mauro  Fecury  ­  Neuto  de  Conto  ­  Nivaldo  Machado  ­  Oswaldo  Lima  Filho  ­  Paulo
Almada ­ Prisco Viana ­ Ralph Biasi ­ Rosário Congro Neto ­ Sérgio Naya ­ Tidei de Lima.

In Memoriam: Alair Ferreira ­ Antônio Farias ­ Fábio Lucena ­ Norberto Schwantes ­ Virgílio Távora.

Este texto não substitui o publicado no DOU de 5.10.1988

TÍTULO X
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS

Art.  1º.  O  Presidente  da  República,  o  Presidente  do  Supremo  Tribunal  Federal  e  os  membros  do  Congresso  Nacional  prestarão  o
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, no ato e na data de sua promulgação.

Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o
sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda Constitucional nº 2, de 1992)

§  1º  Será  assegurada  gratuidade  na  livre  divulgação  dessas  formas  e  sistemas,  através  dos  meios  de  comunicação  de  massa
cessionários de serviço público.

§ 2º O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas regulamentadoras deste artigo.

Art.  3º.  A  revisão  constitucional  será  realizada  após  cinco  anos,  contados  da  promulgação  da  Constituição,  pelo  voto  da  maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

Art. 4º. O mandato do atual Presidente da República terminará em 15 de março de 1990.

 §  1º  A  primeira  eleição  para  Presidente  da  República  após  a  promulgação  da  Constituição  será  realizada  no  dia  15  de  novembro  de
1989, não se lhe aplicando o disposto no art. 16 da Constituição.

 § 2º É assegurada a irredutibilidade da atual representação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados.

§  3º  Os  mandatos  dos  Governadores  e  dos  Vice­Governadores  eleitos  em  15  de  novembro  de  1986  terminarão  em  15  de  março  de
1991.

 § 4º Os mandatos dos atuais Prefeitos, Vice­Prefeitos e Vereadores terminarão no dia 1º de janeiro de 1989, com a posse dos eleitos.

Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de novembro de 1988 o disposto no art. 16 e as regras do art. 77 da Constituição.

§ 1º Para as eleições de 15 de novembro de 1988 será exigido domicílio eleitoral na circunscrição pelo menos durante os quatro meses
anteriores ao pleito, podendo os candidatos que preencham este requisito, atendidas as demais exigências da lei, ter seu registro efetivado
pela Justiça Eleitoral após a promulgação da Constituição.

§  2º  Na  ausência  de  norma  legal  específica,  caberá  ao  Tribunal  Superior  Eleitoral  editar  as  normas  necessárias  à  realização  das
eleições de 1988, respeitada a legislação vigente.

 § 3º Os atuais parlamentares federais e estaduais eleitos Vice­Prefeitos, se convocados a exercer a função de Prefeito, não perderão o
mandato parlamentar.

 § 4º O número de vereadores por município será fixado, para a representação a ser eleita em 1988, pelo respectivo Tribunal Regional
Eleitoral, respeitados os limites estipulados no art. 29, IV, da Constituição.

§  5º  ­  Para  as  eleições  de  15  de  novembro  de  1988,  ressalvados  os  que  já  exercem  mandato  eletivo,  são  inelegíveis  para  qualquer
cargo, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes por consangüinidade ou afinidade, até o segundo grau, ou por adoção,
do  Presidente  da  República,  do  Governador  de  Estado,  do  Governador  do  Distrito  Federal  e  do  Prefeito  que  tenham  exercido  mais  da
metade do mandato.

Art.  6º.  Nos  seis  meses  posteriores  à  promulgação  da  Constituição,  parlamentares  federais,  reunidos  em  número  não  inferior  a  trinta,
poderão  requerer  ao  Tribunal  Superior  Eleitoral  o  registro  de  novo  partido  político,  juntando  ao  requerimento  o  manifesto,  o  estatuto  e  o
programa devidamente assinados pelos requerentes.

§ 1º O registro provisório, que será concedido de plano pelo Tribunal Superior Eleitoral, nos termos deste artigo, defere ao novo partido
todos os direitos, deveres e prerrogativas dos atuais, entre eles o de participar, sob legenda própria, das eleições que vierem a ser realizadas
nos doze meses seguintes a sua formação.

§ 2º O novo partido perderá automaticamente seu registro provisório se, no prazo de vinte e quatro meses, contados de sua formação,
não obtiver registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral, na forma que a lei dispuser.

Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos.

  Art.  8º.  É  concedida  anistia  aos  que,  no  período  de  18  de  setembro  de  1946  até  a  data  da  promulgação  da  Constituição,  foram
atingidos,  em  decorrência  de  motivação  exclusivamente  política,  por  atos  de  exceção,  institucionais  ou  complementares,  aos  que  foram
abrangidos  pelo  Decreto  Legislativo  nº  18,  de  15  de  dezembro  de  1961,  e  aos  atingidos  pelo  Decreto­Lei  nº  864,  de  12  de  setembro  de
1969,  asseguradas  as  promoções,  na  inatividade,  ao  cargo,  emprego,  posto  ou  graduação  a  que  teriam  direito  se  estivessem  em  serviço
ativo,  obedecidos  os  prazos  de  permanência  em  atividade  previstos  nas  leis  e  regulamentos  vigentes,  respeitadas  as  características  e
peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados os respectivos regimes jurídicos.      (Regulamento)

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§  1º  O  disposto  neste  artigo  somente  gerará  efeitos  financeiros  a  partir  da  promulgação  da  Constituição,  vedada  a  remuneração  de
qualquer espécie em caráter retroativo.

  §  2º  Ficam  assegurados  os  benefícios  estabelecidos  neste  artigo  aos  trabalhadores  do  setor  privado,  dirigentes  e  representantes
sindicais  que,  por  motivos  exclusivamente  políticos,  tenham  sido  punidos,  demitidos  ou  compelidos  ao  afastamento  das  atividades
remuneradas  que  exerciam,  bem  como  aos  que  foram  impedidos  de  exercer  atividades  profissionais  em  virtude  de  pressões  ostensivas  ou
expedientes oficiais sigilosos.

§  3º  Aos  cidadãos  que  foram  impedidos  de  exercer,  na  vida  civil,  atividade  profissional  específica,  em  decorrência  das  Portarias
Reservadas  do  Ministério  da  Aeronáutica  nº  S­50­GM5,  de  19  de  junho  de  1964,  e  nº  S­285­GM5  será  concedida  reparação  de  natureza
econômica,  na  forma  que  dispuser  lei  de  iniciativa  do  Congresso  Nacional  e  a  entrar  em  vigor  no  prazo  de  doze  meses  a  contar  da
promulgação da Constituição.

  §  4º  Aos  que,  por  força  de  atos  institucionais,  tenham  exercido  gratuitamente  mandato  eletivo  de  vereador  serão  computados,  para
efeito de aposentadoria no serviço público e previdência social, os respectivos períodos.

  §  5º  A  anistia  concedida  nos  termos  deste  artigo  aplica­se  aos  servidores  públicos  civis  e  aos  empregados  em  todos  os  níveis  de
governo  ou  em  suas  fundações,  empresas  públicas  ou  empresas  mistas  sob  controle  estatal,  exceto  nos  Ministérios  militares,  que  tenham
sido punidos ou demitidos por atividades profissionais interrompidas em virtude de decisão de seus trabalhadores, bem como em decorrência
do  Decreto­Lei  nº  1.632,  de  4  de  agosto  de  1978,  ou  por  motivos  exclusivamente  políticos,  assegurada  a  readmissão  dos  que  foram
atingidos a partir de 1979, observado o disposto no § 1º.

 Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, foram cassados ou tiveram seus direitos políticos suspensos no período de 15 de
julho  a  31  de  dezembro  de  1969,  por  ato  do  então  Presidente  da  República,  poderão  requerer  ao  Supremo  Tribunal  Federal  o
reconhecimento dos direitos e vantagens interrompidos pelos atos punitivos, desde que comprovem terem sido estes eivados de vício grave.

Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá a decisão no prazo de cento e vinte dias, a contar do pedido do interessado.

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:

I ­ fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei  nº
5.107, de 13 de setembro de 1966;

II ­ fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura
até um ano após o final de seu mandato;

b)  da  empregada  gestante,  desde  a  confirmação  da  gravidez  até  cinco  meses  após  o  parto.            (Vide  Lei  Complementar  nº  146,  de
2014)

§ 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da licença­paternidade a que se refere o inciso
é de cinco dias.

§ 2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições para o custeio das atividades dos sindicatos rurais será feita juntamente
com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão arrecadador.

§  3º  Na  primeira  comprovação  do  cumprimento  das  obrigações  trabalhistas  pelo  empregador  rural,  na  forma  do  art.  233,  após  a
promulgação da Constituição, será certificada perante a Justiça do Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações das obrigações
trabalhistas de todo o período.

 Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da
promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.

Parágrafo  único.  Promulgada  a  Constituição  do  Estado,  caberá  à  Câmara  Municipal,  no  prazo  de  seis  meses,  votar  a  Lei  Orgânica
respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.

  Art.  12.  Será  criada,  dentro  de  noventa  dias  da  promulgação  da  Constituição,  Comissão  de  Estudos  Territoriais,  com  dez  membros
indicados  pelo  Congresso  Nacional  e  cinco  pelo  Poder  Executivo,  com  a  finalidade  de  apresentar  estudos  sobre  o  território  nacional  e
anteprojetos relativos a novas unidades territoriais, notadamente na Amazônia Legal e em áreas pendentes de solução.

§  1º    No  prazo  de  um  ano,  a  Comissão  submeterá  ao  Congresso  Nacional  os  resultados  de  seus  estudos  para,  nos  termos  da
Constituição, serem apreciados nos doze meses subseqüentes, extinguindo­se logo após.

§ 2º  Os Estados e os Municípios deverão, no prazo de três anos, a contar da promulgação da Constituição, promover, mediante acordo
ou arbitramento, a demarcação de suas linhas divisórias atualmente litigiosas, podendo para isso fazer alterações e compensações de área
que atendam aos acidentes naturais, critérios históricos, conveniências administrativas e comodidade das populações limítrofes.

§ 3º  Havendo solicitação dos Estados e Municípios interessados, a União poderá encarregar­se dos trabalhos demarcatórios.

§  4º    Se,  decorrido  o  prazo  de  três  anos,  a  contar  da  promulgação  da  Constituição,  os  trabalhos  demarcatórios  não  tiverem  sido
concluídos, caberá à União determinar os limites das áreas litigiosas.

§ 5º  Ficam reconhecidos e homologados os atuais limites do Estado do Acre com os Estados do Amazonas e de Rondônia, conforme
levantamentos  cartográficos  e  geodésicos  realizados  pela  Comissão  Tripartite  integrada  por  representantes  dos  Estados  e  dos  serviços
técnico­especializados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Art.  13.  É  criado  o  Estado  do  Tocantins,  pelo  desmembramento  da  área  descrita  neste  artigo,  dando­se  sua  instalação  no
quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas não antes de 1º de janeiro de 1989.

§ 1º  O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita­se com o Estado de Goiás pelas divisas norte dos Municípios de São Miguel
do  Araguaia,  Porangatu,  Formoso,  Minaçu,  Cavalcante,  Monte  Alegre  de  Goiás  e  Campos  Belos,  conservando  a  leste,  norte  e  oeste  as
divisas atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso.

§  2º    O  Poder  Executivo  designará  uma  das  cidades  do  Estado  para  sua  Capital  provisória  até  a  aprovação  da  sede  definitiva  do
governo pela Assembléia Constituinte.

§ 3º  O Governador, o Vice­Governador, os Senadores, os Deputados Federais e os Deputados Estaduais serão eleitos, em um único
turno,  até  setenta  e  cinco  dias  após  a  promulgação  da  Constituição,  mas  não  antes  de  15  de  novembro  de  1988,  a  critério  do  Tribunal
Superior Eleitoral, obedecidas, entre outras, as seguintes normas:

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I ­ o prazo de filiação partidária dos candidatos será encerrado setenta e cinco dias antes da data das eleições;

II ­ as datas das convenções regionais partidárias destinadas a deliberar sobre coligações e escolha de candidatos, de apresentação
de  requerimento  de  registro  dos  candidatos  escolhidos  e  dos  demais  procedimentos  legais  serão  fixadas,  em  calendário  especial,  pela
Justiça Eleitoral;

III ­ são inelegíveis os ocupantes de cargos estaduais ou municipais que não se tenham deles afastado, em caráter definitivo, setenta e
cinco dias antes da data das eleições previstas neste parágrafo;

IV ­ ficam mantidos os atuais diretórios regionais dos partidos políticos do Estado de Goiás, cabendo às comissões executivas nacionais
designar comissões provisórias no Estado do Tocantins, nos termos e para os fins previstos na lei.

§  4º    Os  mandatos  do  Governador,  do  Vice­Governador,  dos  Deputados  Federais  e  Estaduais  eleitos  na  forma  do  parágrafo  anterior
extinguir­se­ão  concomitantemente  aos  das  demais  unidades  da  Federação;  o  mandato  do  Senador  eleito  menos  votado  extinguir­se­á
nessa mesma oportunidade, e os dos outros dois, juntamente com os dos Senadores eleitos em 1986 nos demais Estados.

§ 5º  A Assembléia Estadual Constituinte será instalada no quadragésimo sexto dia da eleição de seus integrantes, mas não antes de
1º de janeiro de 1989, sob a presidência do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, e dará posse, na mesma data, ao
Governador e ao Vice­Governador eleitos.

§ 6º  Aplicam­se à criação e instalação do Estado do Tocantins, no que couber, as normas legais disciplinadoras da divisão do Estado
de Mato Grosso, observado o disposto no art. 234 da Constituição.

§  7º    Fica  o  Estado  de  Goiás  liberado  dos  débitos  e  encargos  decorrentes  de  empreendimentos  no  território  do  novo  Estado,  e
autorizada a União, a seu critério, a assumir os referidos débitos.

Art.  14.  Os  Territórios  Federais  de  Roraima  e  do  Amapá  são  transformados  em  Estados  Federados,  mantidos  seus  atuais  limites
geográficos.

§ 1º  A instalação dos Estados dar­se­á com a posse dos governadores eleitos em 1990.

§ 2º  Aplicam­se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e Amapá as normas e critérios seguidos na criação do Estado
de Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e neste Ato.

§ 3º  O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a promulgação da Constituição, encaminhará à apreciação do Senado
Federal  os  nomes  dos  governadores  dos  Estados  de  Roraima  e  do  Amapá  que  exercerão  o  Poder  Executivo  até  a  instalação  dos  novos
Estados com a posse dos governadores eleitos.

§ 4º  Enquanto não concretizada a transformação em Estados, nos termos deste artigo, os Territórios Federais de Roraima e do Amapá
serão beneficiados pela transferência de recursos prevista nos arts. 159, I, "a", da Constituição, e 34, § 2º, II, deste Ato.

Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco.

Art.  16.  Até  que  se  efetive  o  disposto  no  art.  32,  §  2º,  da  Constituição,  caberá  ao  Presidente  da  República,  com  a  aprovação  do
Senado Federal, indicar o Governador e o Vice­Governador do Distrito Federal.

§ 1º  A competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, até que se instale, será exercida pelo Senado Federal.

§ 2º  A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Distrito Federal, enquanto não for instalada a Câmara
Legislativa,  será  exercida  pelo  Senado  Federal,  mediante  controle  externo,  com  o  auxílio  do  Tribunal  de  Contas  do  Distrito  Federal,
observado o disposto no art. 72 da Constituição.

§ 3º  Incluem­se entre os bens do Distrito Federal aqueles que lhe vierem a ser atribuídos pela União na forma da lei.

Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo
percebidos  em  desacordo  com  a  Constituição  serão  imediatamente  reduzidos  aos  limites  dela  decorrentes,  não  se  admitindo,  neste  caso,
invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título. (Vide Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 1º  É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que estejam sendo exercidos por médico
militar na administração pública direta ou indireta.

§  2º    É  assegurado  o  exercício  cumulativo  de  dois  cargos  ou  empregos  privativos  de  profissionais  de  saúde  que  estejam  sendo
exercidos na administração pública direta ou indireta.

  Art.  18.  Ficam  extintos  os  efeitos  jurídicos  de  qualquer  ato  legislativo  ou  administrativo,  lavrado  a  partir  da  instalação  da  Assembléia
Nacional Constituinte, que tenha por objeto a concessão de estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da administração direta
ou indireta, inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e
das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham
sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.

§ 1º  O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para fins de
efetivação, na forma da lei.

§ 2º  O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que
a  lei  declare  de  livre  exoneração,  cujo  tempo  de  serviço  não  será  computado  para  os  fins  do  "caput"  deste  artigo,  exceto  se  se  tratar  de
servidor.

§ 3º  O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.

Art.  20.  Dentro  de  cento  e  oitenta  dias,  proceder­se­á  à  revisão  dos  direitos  dos  servidores  públicos  inativos  e  pensionistas  e  à
atualização dos proventos e pensões a eles devidos, a fim de ajustá­los ao disposto na Constituição.

 Art. 21. Os juízes togados de investidura limitada no tempo, admitidos mediante concurso público de provas e títulos e que estejam em
exercício  na  data  da  promulgação  da  Constituição,  adquirem  estabilidade,  observado  o  estágio  probatório,  e  passam  a  compor  quadro  em
extinção,  mantidas  as  competências,  prerrogativas  e  restrições  da  legislação  a  que  se  achavam  submetidos,  salvo  as  inerentes  à
transitoriedade da investidura.

Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de que trata este artigo regular­se­á pelas normas fixadas para os demais juízes estaduais.

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Art.  22.  É  assegurado  aos  defensores  públicos  investidos  na  função  até  a  data  de  instalação  da  Assembléia  Nacional  Constituinte  o
direito de opção pela carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição.

  Art.  23.  Até  que  se  edite  a  regulamentação  do  art.  21,  XVI,  da  Constituição,  os  atuais  ocupantes  do  cargo  de  censor  federal
continuarão exercendo funções com este compatíveis, no Departamento de Polícia Federal, observadas as disposições constitucionais.

Parágrafo único. A lei referida disporá sobre o aproveitamento dos Censores Federais, nos termos deste artigo.

 Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios editarão leis que estabeleçam critérios para a compatibilização de seus
quadros de pessoal ao disposto no art. 39 da Constituição e à reforma administrativa dela decorrente, no prazo de dezoito meses, contados
da sua promulgação.

Art.  25.  Ficam  revogados,  a  partir  de  cento  e  oitenta  dias  da  promulgação  da  Constituição,  sujeito  este  prazo  a  prorrogação  por  lei,
todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso
Nacional, especialmente no que tange a:

I ­ ação normativa;

II ­ alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie.

§  1º    Os  decretos­lei  em  tramitação  no  Congresso  Nacional  e  por  este  não  apreciados  até  a  promulgação  da  Constituição  terão  seus
efeitos regulados da seguinte forma:

I ­ se editados até 2 de setembro de 1988, serão apreciados pelo Congresso Nacional no prazo de até cento e oitenta dias a contar da
promulgação da Constituição, não computado o recesso parlamentar;

II  ­  decorrido  o  prazo  definido  no  inciso  anterior,  e  não  havendo  apreciação,  os  decretos­lei  alí  mencionados  serão  considerados
rejeitados;

III ­ nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão plena validade os atos praticados na vigência dos respectivos decretos­lei, podendo
o Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os efeitos deles remanescentes.

§  2º    Os  decretos­lei  editados  entre  3  de  setembro  de  1988  e  a  promulgação  da  Constituição  serão  convertidos,  nesta  data,  em
medidas provisórias, aplicando­se­lhes as regras estabelecidas no art. 62, parágrafo único.

 Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da Constituição, o Congresso Nacional promoverá, através de Comissão mista,
exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro.

§  1º    A  Comissão  terá  a  força  legal  de  Comissão  parlamentar  de  inquérito  para  os  fins  de  requisição  e  convocação,  e  atuará  com  o
auxílio do Tribunal de Contas da União.

§  2º    Apurada  irregularidade,  o  Congresso  Nacional  proporá  ao  Poder  Executivo  a  declaração  de  nulidade  do  ato  e  encaminhará  o
processo ao Ministério Público Federal, que formalizará, no prazo de sessenta dias, a ação cabível.

Art. 27. O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal Federal.

§ 1º  Até que se instale o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal exercerá as atribuições e competências definidas na
ordem constitucional precedente.

§ 2º  A composição inicial do Superior Tribunal de Justiça far­se­á:

I ­ pelo aproveitamento dos Ministros do Tribunal Federal de Recursos;

II ­ pela nomeação dos Ministros que sejam necessários para completar o número estabelecido na Constituição.

§ 3º  Para os efeitos do disposto na Constituição, os atuais Ministros do Tribunal Federal de Recursos serão considerados pertencentes
à classe de que provieram, quando de sua nomeação.

§  4º    Instalado  o  Tribunal,  os  Ministros  aposentados  do  Tribunal  Federal  de  Recursos  tornar­se­ão,  automaticamente,  Ministros
aposentados do Superior Tribunal de Justiça.

§ 5º  Os Ministros a que se refere o § 2º, II, serão indicados em lista tríplice pelo Tribunal Federal de Recursos, observado o disposto no
art. 104, parágrafo único, da Constituição.

§  6º    Ficam  criados  cinco  Tribunais  Regionais  Federais,  a  serem  instalados  no  prazo  de  seis  meses  a  contar  da  promulgação  da
Constituição,  com  a  jurisdição  e  sede  que  lhes  fixar  o  Tribunal  Federal  de  Recursos,  tendo  em  conta  o  número  de  processos  e  sua
localização geográfica.

§ 7º  Até que se instalem os Tribunais Regionais Federais, o Tribunal Federal de Recursos exercerá a competência a eles atribuída em
todo  o  território  nacional,  cabendo­lhe  promover  sua  instalação  e  indicar  os  candidatos  a  todos  os  cargos  da  composição  inicial,  mediante
lista tríplice, podendo desta constar juízes federais de qualquer região, observado o disposto no § 9º.

§ 8º  É vedado, a partir da promulgação da Constituição, o provimento de vagas de Ministros do Tribunal Federal de Recursos.

  §  9º    Quando  não  houver  juiz  federal  que  conte  o  tempo  mínimo  previsto  no  art.  107,  II,  da  Constituição,  a  promoção  poderá
contemplar juiz com menos de cinco anos no exercício do cargo.

§ 10.  Compete à Justiça Federal julgar as ações nela propostas até a data da promulgação da Constituição, e aos Tribunais Regionais
Federais  bem  como  ao  Superior  Tribunal  de  Justiça  julgar  as  ações  rescisórias  das  decisões  até  então  proferidas  pela  Justiça  Federal,
inclusive daquelas cuja matéria tenha passado à competência de outro ramo do Judiciário.

§  11.  São  criados,  ainda,  os  seguintes  Tribunais  Regionais  Federais:  o  da  6ª  Região,  com  sede  em  Curitiba,  Estado  do  Paraná,  e
jurisdição  nos  Estados  do  Paraná,  Santa  Catarina  e  Mato  Grosso  do  Sul;  o  da  7ª  Região,  com  sede  em  Belo  Horizonte,  Estado  de  Minas
Gerais, e jurisdição no Estado de Minas Gerais; o da 8ª Região, com sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição nos Estados da Bahia
e  Sergipe;  e  o  da  9ª  Região,  com  sede  em  Manaus,  Estado  do  Amazonas,  e  jurisdição  nos  Estados  do  Amazonas,  Acre,  Rondônia  e
Roraima.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 73, de 2013)  (Vide ADIN nº 5017, de 2013)

 Art. 28. Os juízes federais de que trata o art. 123, § 2º, da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº
7, de 1977, ficam investidos na titularidade de varas na Seção Judiciária para a qual tenham sido nomeados ou designados; na inexistência
de vagas, proceder­se­á ao desdobramento das varas existentes.

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Parágrafo  único.  Para  efeito  de  promoção  por  antigüidade,  o  tempo  de  serviço  desses  juízes  será  computado  a  partir  do  dia  de  sua
posse.

Art.  29.  Enquanto  não  aprovadas  as  leis  complementares  relativas  ao  Ministério  Público  e  à  Advocacia­Geral  da  União,  o  Ministério
Público  Federal,  a  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional,  as  Consultorias  Jurídicas  dos  Ministérios,  as  Procuradorias  e  Departamentos
Jurídicos  de  autarquias  federais  com  representação  própria  e  os  membros  das  Procuradorias  das  Universidades  fundacionais  públicas
continuarão a exercer suas atividades na área das respectivas atribuições.

§  1º    O  Presidente  da  República,  no  prazo  de  cento  e  vinte  dias,  encaminhará  ao  Congresso  Nacional  projeto  de  lei  complementar
dispondo sobre a organização e o funcionamento da Advocacia­Geral da União.

§  2º    Aos  atuais  Procuradores  da  República,  nos  termos  da  lei  complementar,  será  facultada  a  opção,  de  forma  irretratável,  entre  as
carreiras do Ministério Público Federal e da Advocacia­Geral da União.

§ 3º  Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido antes da
promulgação da Constituição, observando­se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta.

§  4º    Os  atuais  integrantes  do  quadro  suplementar  dos  Ministérios  Públicos  do  Trabalho  e  Militar  que  tenham  adquirido  estabilidade
nessas funções passam a integrar o quadro da respectiva carreira.

§  5º    Cabe  à  atual  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional,  diretamente  ou  por  delegação,  que  pode  ser  ao  Ministério  Público
Estadual, representar judicialmente a União nas causas de natureza fiscal, na área da respectiva competência, até a promulgação das leis
complementares previstas neste artigo.

Art.  30.  A  legislação  que  criar  a  justiça  de  paz  manterá  os  atuais  juízes  de  paz  até  a  posse  dos  novos  titulares,  assegurando­lhes  os
direitos e atribuições conferidos a estes, e designará o dia para a eleição prevista no art. 98, II, da Constituição.

Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os direitos dos atuais titulares.

Art.  32.  O  disposto  no  art.  236  não  se  aplica  aos  serviços  notariais  e  de  registro  que  já  tenham  sido  oficializados  pelo  Poder  Público,
respeitando­se o direito de seus servidores.

  Art.  33.  Ressalvados  os  créditos  de  natureza  alimentar,  o  valor  dos  precatórios  judiciais  pendentes  de  pagamento  na  data  da
promulgação da Constituição, incluído o remanescente de juros e correção monetária, poderá ser pago em moeda corrente, com atualização,
em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de oito anos, a partir de 1º de julho de 1989, por decisão editada pelo Poder
Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da Constituição. (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Parágrafo  único.  Poderão  as  entidades  devedoras,  para  o  cumprimento  do  disposto  neste  artigo,  emitir,  em  cada  ano,  no  exato
montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis para efeito do limite global de endividamento.

  Art.  34.  O  sistema  tributário  nacional  entrará  em  vigor  a  partir  do  primeiro  dia  do  quinto  mês  seguinte  ao  da  promulgação  da
Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

  §  1º    Entrarão  em  vigor  com  a  promulgação  da  Constituição  os  arts.  148,  149,  150,  154,  I,  156,  III,  e  159,  I,  "c",  revogadas  as
disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.

§ 2º  O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e o Fundo de Participação dos Municípios obedecerão às seguintes
determinações:

I  ­  a  partir  da  promulgação  da  Constituição,  os  percentuais  serão,  respectivamente,  de  dezoito  por  cento  e  de  vinte  por  cento,
calculados sobre o produto da arrecadação dos impostos referidos no art. 153, III e IV, mantidos os atuais critérios de rateio até a entrada
em vigor da lei complementar a que se refere o art. 161, II;

II ­ o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal será acrescido de um ponto percentual no exercício
financeiro de 1989 e, a partir de 1990, inclusive, à razão de meio ponto por exercício, até 1992, inclusive, atingindo em 1993 o percentual
estabelecido no art. 159, I, "a";

III  ­  o  percentual  relativo  ao  Fundo  de  Participação  dos  Municípios,  a  partir  de  1989,  inclusive,  será  elevado  à  razão  de  meio  ponto
percentual por exercício financeiro, até atingir o estabelecido no art. 159, I, "b".

§ 3º  Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão editar as leis necessárias à aplicação
do sistema tributário nacional nela previsto.

§  4º    As  leis  editadas  nos  termos  do  parágrafo  anterior  produzirão  efeitos  a  partir  da  entrada  em  vigor  do  sistema  tributário  nacional
previsto na Constituição.

§ 5º  Vigente o novo sistema tributário nacional, fica assegurada a aplicação da legislação anterior, no que não seja incompatível com
ele e com a legislação referida nos §3º e § 4º.

 § 6º  Até 31 de dezembro de 1989, o disposto no art. 150, III, "b", não se aplica aos impostos de que tratam os arts. 155, I, "a" e "b", e
156, II e III, que podem ser cobrados trinta dias após a publicação da lei que os tenha instituído ou aumentado.

§  7º    Até  que  sejam  fixadas  em  lei  complementar,  as  alíquotas  máximas  do  imposto  municipal  sobre  vendas  a  varejo  de  combustíveis
líquidos e gasosos não excederão a três por cento.

§  8º    Se,  no  prazo  de  sessenta  dias  contados  da  promulgação  da  Constituição,  não  for  editada  a  lei  complementar  necessária  à
instituição  do  imposto  de  que  trata  o  art.  155,  I,  "b",  os  Estados  e  o  Distrito  Federal,  mediante  convênio  celebrado  nos  termos  da  Lei
Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.

§ 9º  Até que lei complementar disponha sobre a matéria, as empresas distribuidoras de energia elétrica, na condição de contribuintes
ou  de  substitutos  tributários,  serão  as  responsáveis,  por  ocasião  da  saída  do  produto  de  seus  estabelecimentos,  ainda  que  destinado  a
outra  unidade  da  Federação,  pelo  pagamento  do  imposto  sobre  operações  relativas  à  circulação  de  mercadorias  incidente  sobre  energia
elétrica,  desde  a  produção  ou  importação  até  a  última  operação,  calculado  o  imposto  sobre  o  preço  então  praticado  na  operação  final  e
assegurado seu recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer essa operação.

§  10.    Enquanto  não  entrar  em  vigor  a  lei  prevista  no  art.  159,  I,  "c",  cuja  promulgação  se  fará  até  31  de  dezembro  de  1989,  é
assegurada a aplicação dos recursos previstos naquele dispositivo da seguinte maneira:

I ­ seis décimos por cento na Região Norte, através do Banco da Amazônia S.A.;

II ­ um inteiro e oito décimos por cento na Região Nordeste, através do Banco do Nordeste do Brasil S.A.;

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III ­ seis décimos por cento na Região Centro­Oeste, através do Banco do Brasil S.A.

§ 11.  Fica criado, nos termos da lei, o Banco de Desenvolvimento do Centro­Oeste, para dar cumprimento, na referida região, ao que
determinam os arts. 159, I, "c", e 192, § 2º, da Constituição.

§  12.    A  urgência  prevista  no  art.  148,  II,  não  prejudica  a  cobrança  do  empréstimo  compulsório  instituído,  em  benefício  das  Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), pela Lei nº 4.156, de 28 de novembro de 1962, com as alterações posteriores.

Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo­se os recursos entre as
regiões macroeconômicas em razão proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986­87.

§ 1º  Para aplicação dos critérios de que trata este artigo, excluem­se das despesas totais as relativas:

I ­ aos projetos considerados prioritários no plano plurianual;

II ­ à segurança e defesa nacional;

III ­ à manutenção dos órgãos federais no Distrito Federal;

IV ­ ao Congresso Nacional, ao Tribunal de Contas da União e ao Poder Judiciário;

V  ­  ao  serviço  da  dívida  da  administração  direta  e  indireta  da  União,  inclusive  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público
federal.

 § 2º  Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:

I  ­  o  projeto  do  plano  plurianual,  para  vigência  até  o  final  do  primeiro  exercício  financeiro  do  mandato  presidencial  subseqüente,  será
encaminhado  até  quatro  meses  antes  do  encerramento  do  primeiro  exercício  financeiro  e  devolvido  para  sanção  até  o  encerramento  da
sessão legislativa;

II ­ o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e
devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;

  III  ­  o  projeto  de  lei  orçamentária  da  União  será  encaminhado  até  quatro  meses  antes  do  encerramento  do  exercício  financeiro  e
devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

Art.  36.  Os  fundos  existentes  na  data  da  promulgação  da  Constituição,  excetuados  os  resultantes  de  isenções  fiscais  que  passem  a
integrar  patrimônio  privado  e  os  que  interessem  à  defesa  nacional,  extinguir­se­ão,  se  não  forem  ratificados  pelo  Congresso  Nacional  no
prazo de dois anos.       (Vide Decreto Legislativo nº 66, de 1990)

Art. 37. A adaptação ao que estabelece o art. 167, III, deverá processar­se no prazo de cinco anos, reduzindo­se o excesso à base de,
pelo menos, um quinto por ano.

Art.  38.  Até  a  promulgação  da  lei  complementar  referida  no  art.  169,  a  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  não
poderão despender com pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respectivas receitas correntes.

Parágrafo  único.  A  União,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios,  quando  a  respectiva  despesa  de  pessoal  exceder  o  limite
previsto neste artigo, deverão retornar àquele limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por ano.

 Art. 39. Para efeito do cumprimento das disposições constitucionais que impliquem variações de despesas e receitas da União, após a
promulgação  da  Constituição,  o  Poder  Executivo  deverá  elaborar  e  o  Poder  Legislativo  apreciar  projeto  de  revisão  da  lei  orçamentária
referente ao exercício financeiro de 1989.

Parágrafo único. O Congresso Nacional deverá votar no prazo de doze meses a lei complementar prevista no art. 161, II.

 Art.  40.  É  mantida  a  Zona  Franca  de  Manaus,  com  suas  características  de  área  livre  de  comércio,  de  exportação  e  importação,  e  de
incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)

Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos
projetos na Zona Franca de Manaus.

Art.  41.  Os  Poderes  Executivos  da  União,  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  e  dos  Municípios  reavaliarão  todos  os  incentivos  fiscais  de
natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legislativos respectivos as medidas cabíveis.

  §  1º    Considerar­se­ão  revogados  após  dois  anos,  a  partir  da  data  da  promulgação  da  Constituição,  os  incentivos  que  não  forem
confirmados por lei.

§  2º    A  revogação  não  prejudicará  os  direitos  que  já  tiverem  sido  adquiridos,  àquela  data,  em  relação  a  incentivos  concedidos  sob
condição e com prazo certo.

§  3º    Os  incentivos  concedidos  por  convênio  entre  Estados,  celebrados  nos  termos  do  art.  23,  §  6º,  da  Constituição  de  1967,  com  a
redação  da  Emenda  Constitucional  nº  1,  de  17  de  outubro  de  1969,  também  deverão  ser  reavaliados  e  reconfirmados  nos  prazos  deste
artigo.

Art. 42. Durante quinze anos, a União aplicará, dos recursos destinados à irrigação:
Art.  42.  Durante  25  (vinte  e  cinco)  anos,  a  União  aplicará,  dos  recursos  destinados  à  irrigação:  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 43, de 15.4.2004) 
 I ­ vinte por cento na Região Centro­Oeste;
II ­ cinqüenta por cento na Região Nordeste, preferencialmente no semi­árido.

Art.  42.  Durante  40  (quarenta)  anos,  a  União  aplicará  dos  recursos  destinados  à  irrigação:      (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)

I ­ 20% (vinte por cento) na Região Centro­Oeste;   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
II  ­  50%  (cinquenta  por  cento)  na  Região  Nordeste,  preferencialmente  no  Semiárido.      (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 89, de 2015)

Parágrafo  único.  Dos  percentuais  previstos  nos  incisos  I  e  II  do  caput,  no  mínimo  50%  (cinquenta  por

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cento)  serão  destinados  a  projetos  de  irrigação  que  beneficiem  agricultores  familiares  que  atendam  aos
requisitos previstos em legislação específica.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 89, de 2015)
Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesquisa e a lavra de recursos e jazidas minerais, ou no prazo de um ano, a
contar  da  promulgação  da  Constituição,  tornar­se­ão  sem  efeito  as  autorizações,  concessões  e  demais  títulos  atributivos  de  direitos
minerários, caso os trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam sido comprovadamente iniciados nos prazos legais ou estejam inativos.    
(Regulamento)

  Art.  44.  As  atuais  empresas  brasileiras  titulares  de  autorização  de  pesquisa,  concessão  de  lavra  de  recursos  minerais  e  de
aproveitamento  dos  potenciais  de  energia  hidráulica  em  vigor  terão  quatro  anos,  a  partir  da  promulgação  da  Constituição,  para  cumprir  os
requisitos do art. 176, § 1º.

§ 1º  Ressalvadas as disposições de interesse nacional previstas no texto constitucional, as empresas brasileiras ficarão dispensadas do
cumprimento  do  disposto  no  art.  176,  §  1º,  desde  que,  no  prazo  de  até  quatro  anos  da  data  da  promulgação  da  Constituição,  tenham  o
produto de sua lavra e beneficiamento destinado a industrialização no território nacional, em seus próprios estabelecimentos ou em empresa
industrial controladora ou controlada.

§  2º    Ficarão  também  dispensadas  do  cumprimento  do  disposto  no  art.  176,  §  1º,  as  empresas  brasileiras  titulares  de  concessão  de
energia hidráulica para uso em seu processo de industrialização.

§ 3º  As empresas brasileiras referidas no § 1º somente poderão ter autorizações de pesquisa e concessões de lavra ou potenciais de
energia hidráulica, desde que a energia e o produto da lavra sejam utilizados nos respectivos processos industriais.

Art. 45. Ficam excluídas do monopólio estabelecido pelo art. 177, II, da Constituição as refinarias em funcionamento no País amparadas
pelo art. 43 e nas condições do art. 45 da Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953.

Parágrafo único. Ficam ressalvados da vedação do art. 177, § 1º, os contratos de risco feitos com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás),
para pesquisa de petróleo, que estejam em vigor na data da promulgação da Constituição.

 Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o vencimento, até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou suspensão, os créditos
junto  a  entidades  submetidas  aos  regimes  de  intervenção  ou  liquidação  extrajudicial,  mesmo  quando  esses  regimes  sejam  convertidos  em
falência.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica­se também:

I ­ às operações realizadas posteriormente à decretação dos regimes referidos no "caput" deste artigo;

II ­ às operações de empréstimo, financiamento, refinanciamento, assistência financeira de liquidez, cessão ou sub­rogação de créditos
ou cédulas hipotecárias, efetivação de garantia de depósitos do público ou de compra de obrigações passivas, inclusive as realizadas com
recursos de fundos que tenham essas destinações;

III ­ aos créditos anteriores à promulgação da Constituição;

 IV ­ aos créditos das entidades da administração pública anteriores à promulgação da Constituição, não liquidados até 1 de janeiro de
1988.

  Art.  47.  Na  liquidação  dos  débitos,  inclusive  suas  renegociações  e  composições  posteriores,  ainda  que  ajuizados,  decorrentes  de
quaisquer empréstimos concedidos por bancos e por instituições financeiras, não existirá correção monetária desde que o empréstimo tenha
sido concedido:

I ­ aos micro e pequenos empresários ou seus estabelecimentos no período de 28 de fevereiro de 1986 a 28 de fevereiro de 1987;

II  ­  ao  mini,  pequenos  e  médios  produtores  rurais  no  período  de  28  de  fevereiro  de  1986  a  31  de  dezembro  de  1987,  desde  que
relativos a crédito rural.

§ 1º  Consideram­se, para efeito deste artigo, microempresas as pessoas jurídicas e as firmas individuais com receitas anuais de até dez
mil Obrigações do Tesouro Nacional, e pequenas empresas as pessoas jurídicas e as firmas individuais com receita anual de até vinte e cinco
mil Obrigações do Tesouro Nacional.

§ 2º  A classificação de mini, pequeno e médio produtor rural será feita obedecendo­se às normas de crédito rural vigentes à época do
contrato.

§ 3º  A isenção da correção monetária a que se refere este artigo só será concedida nos seguintes casos:

I ­ se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros legais e taxas judiciais, vier a ser efetivada no prazo de noventa dias, a contar da
data da promulgação da Constituição;

II ­ se a aplicação dos recursos não contrariar a finalidade do financiamento, cabendo o ônus da prova à instituição credora;

III ­ se não for demonstrado pela instituição credora que o mutuário dispõe de meios para o pagamento de seu débito, excluído desta
demonstração seu estabelecimento, a casa de moradia e os instrumentos de trabalho e produção;

IV ­ se o financiamento inicial não ultrapassar o limite de cinco mil Obrigações do Tesouro Nacional;

V ­ se o beneficiário não for proprietário de mais de cinco módulos rurais.

§ 4º  Os benefícios de que trata este artigo não se estendem aos débitos já quitados e aos devedores que sejam constituintes.

§  5º    No  caso  de  operações  com  prazos  de  vencimento  posteriores  à  data­  limite  de  liquidação  da  dívida,  havendo  interesse  do
mutuário, os bancos e as instituições financeiras promoverão, por instrumento próprio, alteração nas condições contratuais originais de forma
a ajustá­las ao presente benefício.

 § 6º  A concessão do presente benefício por bancos comerciais privados em nenhuma hipótese acarretará ônus para o Poder Público,
ainda que através de refinanciamento e repasse de recursos pelo banco central.

§ 7º  No caso de repasse a agentes financeiros oficiais ou cooperativas de crédito, o ônus recairá sobre a fonte de recursos originária.

Art.  48.  O  Congresso  Nacional,  dentro  de  cento  e  vinte  dias  da  promulgação  da  Constituição,  elaborará  código  de  defesa  do
consumidor.

Art.  49.  A  lei  disporá  sobre  o  instituto  da  enfiteuse  em  imóveis  urbanos,  sendo  facultada  aos  foreiros,  no  caso  de  sua  extinção,  a
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remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos contratos.

§  1º    Quando  não  existir  cláusula  contratual,  serão  adotados  os  critérios  e  bases  hoje  vigentes  na  legislação  especial  dos  imóveis  da
União.

§ 2º  Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam assegurados pela aplicação de outra modalidade de contrato.

§ 3º  A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a partir da orla
marítima.

§  4º    Remido  o  foro,  o  antigo  titular  do  domínio  direto  deverá,  no  prazo  de  noventa  dias,  sob  pena  de  responsabilidade,  confiar  à
guarda do registro de imóveis competente toda a documentação a ele relativa.

Art. 50. Lei agrícola a ser promulgada no prazo de um ano disporá, nos termos da Constituição, sobre os objetivos e instrumentos de
política  agrícola,  prioridades,  planejamento  de  safras,  comercialização,  abastecimento  interno,  mercado  externo  e  instituição  de  crédito
fundiário.

  Art.  51.  Serão  revistos  pelo  Congresso  Nacional,  através  de  Comissão  mista,  nos  três  anos  a  contar  da  data  da  promulgação  da
Constituição, todas as doações, vendas e concessões de terras públicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período de 1º
de janeiro de 1962 a 31 de dezembro de 1987.

§ 1º  No tocante às vendas, a revisão será feita com base exclusivamente no critério de legalidade da operação.

§ 2º  No caso de concessões e doações, a revisão obedecerá aos critérios de legalidade e de conveniência do interesse público.

§ 3º  Nas hipóteses previstas nos parágrafos anteriores, comprovada a ilegalidade, ou havendo interesse público, as terras reverterão
ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 52. Até que sejam fixadas as condições a que se refere o art. 192, III, são vedados:

 Art. 52. Até que sejam fixadas as condições do art. 192, são vedados:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

I ­ a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras domiciliadas no exterior;

II  ­  o  aumento  do  percentual  de  participação,  no  capital  de  instituições  financeiras  com  sede  no  País,  de  pessoas  físicas  ou  jurídicas
residentes ou domiciliadas no exterior.

Parágrafo  único.  A  vedação  a  que  se  refere  este  artigo  não  se  aplica  às  autorizações  resultantes  de  acordos  internacionais,  de
reciprocidade, ou de interesse do Governo brasileiro.

Art. 53. Ao ex­combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da
Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos:

I ­ aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade;

II ­ pensão especial correspondente à deixada por segundo­tenente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo,
sendo inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de
opção;

III ­ em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à do inciso anterior;

IV ­ assistência médica, hospitalar e educacional gratuita, extensiva aos dependentes;

  V ­ aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em qualquer regime jurídico;

VI ­ prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas viúvas ou companheiras.

Parágrafo  único.  A  concessão  da  pensão  especial  do  inciso  II  substitui,  para  todos  os  efeitos  legais,  qualquer  outra  pensão  já
concedida ao ex­combatente.

 Art. 54. Os seringueiros recrutados nos termos do Decreto­Lei nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, e amparados pelo Decreto­Lei  nº
9.882, de 16 de setembro de 1946, receberão, quando carentes, pensão mensal vitalícia no valor de dois salários mínimos.

§ 1º  O benefício é estendido aos seringueiros que, atendendo a apelo do Governo brasileiro, contribuíram para o esforço de guerra,
trabalhando na produção de borracha, na Região Amazônica, durante a Segunda Guerra Mundial.

§ 2º  Os benefícios estabelecidos neste artigo são transferíveis aos dependentes reconhecidamente carentes.

§  3º    A  concessão  do  benefício  far­se­á  conforme  lei  a  ser  proposta  pelo  Poder  Executivo  dentro  de  cento  e  cinqüenta  dias  da
promulgação da Constituição.

Art.  54­A.  Os  seringueiros  de  que  trata  o  art.  54  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias
receberão indenização, em parcela única, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).        (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 78, de 2014)        (Vide Emenda Constitucional nº 78, de 2014)
Art.  55.  Até  que  seja  aprovada  a  lei  de  diretrizes  orçamentárias,  trinta  por  cento,  no  mínimo,  do  orçamento  da  seguridade  social,
excluído o seguro­desemprego, serão destinados ao setor de saúde.

Art.  56.  Até  que  a  lei  disponha  sobre  o  art.  195,  I,  a  arrecadação  decorrente  de,  no  mínimo,  cinco  dos  seis  décimos  percentuais
correspondentes à alíquota da contribuição de que trata o Decreto­Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, alterada pelo Decreto­Lei nº 2.049,
de 1º de agosto de 1983, pelo Decreto nº 91.236, de 8 de maio de 1985, e pela Lei  nº  7.611,  de  8  de  julho  de  1987,  passa  a  integrar  a
receita da seguridade social, ressalvados, exclusivamente no exercício de 1988, os compromissos assumidos com programas e projetos em
andamento.

Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios relativos às contribuições previdenciárias até 30 de junho de 1988 serão liquidados,
com correção monetária, em cento e vinte parcelas mensais, dispensados os juros e multas sobre eles incidentes, desde que os devedores
requeiram o parcelamento e iniciem seu pagamento no prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação da Constituição.

§ 1º  O montante a ser pago em cada um dos dois primeiros anos não será inferior a cinco por cento do total do débito consolidado e
atualizado, sendo o restante dividido em parcelas mensais de igual valor.

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§ 2º  A liquidação poderá incluir pagamentos na forma de cessão de bens e prestação de serviços, nos termos da Lei nº 7.578, de 23
de dezembro de 1986.

§ 3º  Em garantia do cumprimento do parcelamento, os Estados e os Municípios consignarão, anualmente, nos respectivos orçamentos
as dotações necessárias ao pagamento de seus débitos.

§ 4º  Descumprida qualquer das condições estabelecidas para concessão do parcelamento, o débito será considerado vencido em sua
totalidade, sobre ele incidindo juros de mora; nesta hipótese, parcela dos recursos correspondentes aos Fundos de Participação, destinada
aos Estados e Municípios devedores, será bloqueada e repassada à previdência social para pagamento de seus débitos.

 Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela previdência social na data da promulgação da Constituição, terão seus
valores  revistos,  a  fim  de  que  seja  restabelecido  o  poder  aquisitivo,  expresso  em  número  de  salários  mínimos,  que  tinham  na  data  de  sua
concessão, obedecendo­se a esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio e benefícios referidos no artigo seguinte.

Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios atualizadas de acordo com este artigo serão devidas e pagas a partir do sétimo
mês a contar da promulgação da Constituição.

 Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da seguridade social e aos planos de custeio e de benefício serão apresentados no
prazo máximo de seis meses da promulgação da Constituição ao Congresso Nacional, que terá seis meses para apreciá­los.

Parágrafo único. Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos serão implantados progressivamente nos dezoito meses seguintes.

 Art. 60.Nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição, o Poder Público desenvolverá esforços, com a mobilização de todos
os  setores  organizados  da  sociedade  e  com  a  aplicação  de,  pelo  menos,  cinqüenta  por  cento  dos  recursos  a  que  se  refere  o  art.  212  da
Constituição, para eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental. 
            Parágrafo  único.  Em  igual  prazo,  as  universidades  públicas  descentralizarão  suas  atividades,  de  modo  a  estender  suas  unidades  de
ensino superior às cidades de maior densidade populacional.

 Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos
de  sessenta  por  cento  dos  recursos  a  que  se  refere  o  caput  do  art.  212  da  Constituição  Federal,  à  manutenção  e  ao  desenvolvimento  do
ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§  1º  A  distribuição  de  responsabilidades  e  recursos  entre  os  Estados  e  seus  Municípios  a  ser  concretizada  com  parte  dos  recursos
definidos  neste  artigo,  na  forma  do  disposto  no  art.  211  da  Constituição  Federal,  é  assegurada  mediante  a  criação,  no  âmbito  de  cada
Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de
natureza contábil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º O Fundo referido no parágrafo anterior será constituído por, pelo menos, quinze por cento dos recursos a que se referem os arts.
155, inciso II; 158, inciso IV; e 159, inciso I, alíneas "a" e "b"; e inciso II, da Constituição Federal, e será distribuído entre cada Estado e seus
Municípios, proporcionalmente ao número de alunos nas respectivas redes de ensino fundamental. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
14, de 1996)
§ 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o § 1º, sempre que, em cada Estado e no Distrito Federal, seu
valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ajustarão progressivamente, em um prazo de cinco anos, suas contribuições
ao  Fundo,  de  forma  a  garantir  um  valor  por  aluno  correspondente  a  um  padrão  mínimo  de  qualidade  de  ensino,  definido  nacionalmente.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento dos recursos de cada Fundo referido no § 1º será destinada ao pagamento dos
professores do ensino fundamental em efetivo exercício no magistério. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§  6º  A  União  aplicará  na  erradicação  do  analfabetismo  e  na  manutenção  e  no  desenvolvimento  do  ensino  fundamental,  inclusive  na
complementação a que se refere o § 3º, nunca menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212
da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, sua fiscalização e controle, bem como
sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

    Art.  60.  Até  o  14º  (décimo  quarto)  ano  a  partir  da  promulgação  desta  Emenda  Constitucional,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os
Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da
educação  básica  e  à  remuneração  condigna  dos  trabalhadores  da  educação,  respeitadas  as  seguintes  disposições:  (Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006).  (Vide Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

I ­ a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada mediante a
criação,  no  âmbito  de  cada  Estado  e  do  Distrito  Federal,  de  um  Fundo  de  Manutenção  e  Desenvolvimento  da  Educação  Básica  e  de
Valorização dos Profissionais da Educação ­ FUNDEB, de natureza contábil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

 II ­ os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem os
incisos I, II e III do art. 155; o inciso II do caput do art. 157; os incisos II, III e IV do caput do art. 158; e as alíneas a e b do inciso I e o inciso
II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, e distribuídos entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número  de
alunos das diversas etapas e modalidades da educação básica presencial, matriculados nas respectivas redes, nos respectivos âmbitos de
atuação prioritária estabelecidos nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

III  ­  observadas  as  garantias  estabelecidas  nos  incisos  I,  II,  III  e  IV  do  caput  do  art.  208  da  Constituição  Federal  e  as  metas  de
universalização  da  educação  básica  estabelecidas  no  Plano  Nacional  de  Educação,  a  lei  disporá  sobre:  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

a) a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, as diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por
aluno entre etapas e modalidades da educação básica e tipos de estabelecimento de ensino; (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  53,
de 2006).

b) a forma de cálculo do valor anual mínimo por aluno; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

  c)  os  percentuais  máximos  de  apropriação  dos  recursos  dos  Fundos  pelas  diversas  etapas  e  modalidades  da  educação  básica,
observados  os  arts.  208  e  214  da  Constituição  Federal,  bem  como  as  metas  do  Plano  Nacional  de  Educação;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

d) a fiscalização e o controle dos Fundos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

 e) prazo para fixar, em lei específica, piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

IV ­ os recursos recebidos à conta dos Fundos instituídos nos termos do inciso I do caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e
Municípios exclusivamente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
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V ­ a União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o inciso II do caput deste artigo sempre que, no Distrito Federal e
em cada Estado, o valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente, fixado em observância ao disposto no inciso VII do caput
deste  artigo,  vedada  a  utilização  dos  recursos  a  que  se  refere  o  §  5º  do  art.  212  da  Constituição  Federal;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

 VI  ­  até  10%  (dez  por  cento)  da  complementação  da  União  prevista  no  inciso  V  do  caput  deste  artigo  poderá  ser  distribuída  para  os
Fundos por meio de programas direcionados para a melhoria da qualidade da educação, na forma da lei a que se refere o inciso III do caput
deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

  VII  ­  a  complementação  da  União  de  que  trata  o  inciso  V  do  caput  deste  artigo  será  de,  no  mínimo:  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

a) R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no primeiro ano de vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006).

b) R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no segundo ano de vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda  Constitucional  nº  53,


de 2006).

c) R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos milhões de reais), no terceiro ano de vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

d) 10% (dez por cento) do total dos recursos a que se refere o inciso II do  caput  deste  artigo,  a  partir  do  quarto  ano  de  vigência  dos
Fundos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

VIII ­ a vinculação de recursos à manutenção e desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 da Constituição Federal suportará,
no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União, considerando­se para os fins deste inciso os valores previstos no inciso VII
do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

IX  ­  os  valores  a  que  se  referem  as  alíneas  a,  b,  e  c  do  inciso  VII  do  caput  deste  artigo  serão  atualizados,  anualmente,  a  partir  da
promulgação  desta  Emenda  Constitucional,  de  forma  a  preservar,  em  caráter  permanente,  o  valor  real  da  complementação  da  União;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

X ­ aplica­se à complementação da União o disposto no art. 160 da Constituição Federal; (Incluído pela  Emenda  Constitucional  nº  53,


de 2006).

XI  ­  o  não­cumprimento  do  disposto  nos  incisos  V  e  VII  do  caput  deste  artigo  importará  crime  de  responsabilidade  da  autoridade
competente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

XII  ­  proporção  não  inferior  a  60%  (sessenta  por  cento)  de  cada  Fundo  referido  no  inciso  I  do  caput  deste  artigo  será  destinada  ao
pagamento dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão assegurar, no financiamento da educação básica, a melhoria da
qualidade  de  ensino,  de  forma  a  garantir  padrão  mínimo  definido  nacionalmente.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  53,  de
2006).

§ 2º O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, não poderá ser inferior ao praticado no
âmbito do Fundo  de  Manutenção  e  Desenvolvimento  do  Ensino  Fundamental  e  de  Valorização  do  Magistério  ­  FUNDEF,  no  ano  anterior  à
vigência desta Emenda Constitucional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§  3º  O  valor  anual  mínimo  por  aluno  do  ensino  fundamental,  no  âmbito  do  Fundo  de  Manutenção  e  Desenvolvimento  da  Educação
Básica  e  de  Valorização  dos  Profissionais  da  Educação  ­  FUNDEB,  não  poderá  ser  inferior  ao  valor  mínimo  fixado  nacionalmente  no  ano
anterior ao da vigência desta Emenda Constitucional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§ 4º Para efeito de distribuição de recursos dos Fundos a que se refere o inciso I do caput deste artigo, levar­se­á em conta a totalidade
das  matrículas  no  ensino  fundamental  e  considerar­se­á  para  a  educação  infantil,  para  o  ensino  médio  e  para  a  educação  de  jovens  e
adultos 1/3 (um terço) das matrículas no primeiro ano, 2/3 (dois terços) no segundo ano e sua totalidade a partir do terceiro ano. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§  5º  A  porcentagem  dos  recursos  de  constituição  dos  Fundos,  conforme  o  inciso  II  do  caput  deste  artigo,  será  alcançada
gradativamente nos primeiros 3 (três) anos de vigência dos Fundos, da seguinte forma:  (Redação dada pela Emenda Constitucional  nº  53,
de 2006).

I ­ no caso dos impostos e transferências constantes do inciso II do caput do art. 155; do inciso IV do caput do art. 158; e das alíneas  a
e b do inciso I e do inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento), no primeiro ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006).

b)  18,33%  (dezoito  inteiros  e  trinta  e  três  centésimos  por  cento),  no  segundo  ano;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  53,  de
2006).

c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

II ­ no caso dos impostos e transferências constantes dos incisos I e III  do  caput  do  art.  155;  do  inciso  II  do  caput  do  art.  157;  e  dos
incisos II e III do caput do art. 158 da Constituição Federal:  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento), no primeiro ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por cento), no segundo ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§ 6º (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

§ 7º (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

  Art. 61. As entidades educacionais a que se refere o art. 213, bem como as fundações de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido
autorizada por lei, que preencham os requisitos dos incisos I e II do referido artigo e que, nos últimos três anos, tenham recebido recursos
públicos, poderão continuar a recebê­los, salvo disposição legal em contrário.

Art.  62.  A  lei  criará  o  Serviço  Nacional  de  Aprendizagem  Rural  (SENAR)  nos  moldes  da  legislação  relativa  ao  Serviço  Nacional  de

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Aprendizagem  Industrial  (SENAI)  e  ao  Serviço  Nacional  de  Aprendizagem  do  Comércio  (SENAC),  sem  prejuízo  das  atribuições  dos  órgãos
públicos que atuam na área.

 Art. 63. É criada uma Comissão composta de nove membros, sendo três do Poder Legislativo, três do Poder Judiciário e três do Poder
Executivo,  para  promover  as  comemorações  do  centenário  da  proclamação  da  República  e  da  promulgação  da  primeira  Constituição
republicana do País, podendo, a seu critério, desdobrar­se em tantas subcomissões quantas forem necessárias.

Parágrafo  único.  No  desenvolvimento  de  suas  atribuições,  a  Comissão  promoverá  estudos,  debates  e  avaliações  sobre  a  evolução
política,  social,  econômica  e  cultural  do  País,  podendo  articular­se  com  os  governos  estaduais  e  municipais  e  com  instituições  públicas  e
privadas que desejem participar dos eventos.

Art. 64. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta ou
indireta,  inclusive  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público,  promoverão  edição  popular  do  texto  integral  da  Constituição,  que
será  posta  à  disposição  das  escolas  e  dos  cartórios,  dos  sindicatos,  dos  quartéis,  das  igrejas  e  de  outras  instituições  representativas  da
comunidade, gratuitamente, de modo que cada cidadão brasileiro possa receber do Estado um exemplar da Constituição do Brasil.

 Art. 65. O Poder Legislativo regulamentará, no prazo de doze meses, o art. 220, § 4º.

 Art. 66. São mantidas as concessões de serviços públicos de telecomunicações atualmente em vigor, nos termos da lei.

Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição.

Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva,
devendo o Estado emitir­lhes os títulos respectivos.

Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas Procuradorias­Gerais ou Advocacias­Gerais, desde
que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos distintos para as respectivas funções.

Art. 70. Fica mantida atual competência dos tribunais estaduais até que a mesma seja definida na Constituição do Estado, nos termos
do art. 125, § 1º, da Constituição.

Art.  71.  Fica  instituído,  nos  exercícios  financeiros  de  1994  e  1995,  o  Fundo  Social  de  Emergência,  com  o  objetivo  de  saneamento
financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômica, cujos recursos serão aplicados no custeio das ações dos sistemas de
saúde  e  educação,  benefícios  previdenciários  e  auxílios  assistenciais  de  prestação  continuada,  inclusive  liquidação  de  passivo
previdenciário,  e  outros  programas  de  relevante  interesse  econômico  e  social.  (incluído  pela  Emenda  Constitucional  de  Revisão  nº  1,  de
1994)
      Parágrafo único. Ao Fundo criado por este artigo não se aplica, no exercício financeiro de 1994, o disposto na parte final do inciso II do §
9.º do art. 165 da Constituição. (incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
       Art. 71. Fica  instituído,  nos  exercícios  financeiros  de  1994  e  1995,  bem  assim  no  período  de  1º  de  janeiro  de  1996  a  30  de  junho  de
1997, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômica,
cujos  recursos  serão  aplicados  prioritariamente  no  custeio  das  ações  dos  sistemas  de  saúde  e  educação,  benefícios  previdenciários  e
auxílios  assistenciais  de  prestação  continuada,  inclusive  liquidação  de  passivo  previdenciário,  e  despesas  orçamentárias  associadas  a
programas de relevante interesse econômico e social.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)     

  Art.  71.  É  instituído,  nos  exercícios  financeiros  de  1994  e  1995,  bem  assim  nos  períodos  de  01/01/1996  a  30/06/97  e  01/07/97  a
31/12/1999,  o  Fundo  Social  de  Emergência,  com  o  objetivo  de  saneamento  financeiro  da  Fazenda  Pública  Federal  e  de  estabilização
econômica,  cujos  recursos  serão  aplicados  prioritariamente  no  custeio  das  ações  dos  sistemas  de  saúde  e  educação,  incluindo  a
complementação de recursos de que trata o § 3º do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, benefícios previdenciários e
auxílios  assistenciais  de  prestação  continuada,  inclusive  liquidação  de  passivo  previdenciário,  e  despesas  orçamentárias  associadas  a
programas  de  relevante  interesse  econômico  e  social.(Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  17,  de  1997)        (Vide  Emenda
Constitucional nº 17, de 1997)

§  1º  Ao  Fundo  criado  por  este  artigo  não  se  aplica  o  disposto  na  parte  final  do  inciso  II  do  §  9º  do  art.  165  da  Constituição.
(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)]

§ 2º O Fundo criado por este artigo passa a ser denominado Fundo de Estabilização Fiscal a partir do início do exercício financeiro de
1996. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

§  3º  O  Poder  Executivo  publicará  demonstrativo  da  execução  orçamentária,  de  periodicidade  bimestral,  no  qual  se  discriminarão  as
fontes e usos do Fundo criado por este artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

Art. 72. Integram o Fundo Social de Emergência: (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

  I  ­  o  produto  da  arrecadação  do  imposto  sobre  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza  incidente  na  fonte  sobre  pagamentos
efetuados, a qualquer título, pela União, inclusive suas autarquias e fundações; (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  de  Revisão  nº  1,  de
1994)   (Vide Emenda Constitucional nº 17, de 1997)

 II ­ a parcela do produto da arrecadação do imposto sobre propriedade territorial rural, do imposto sobre renda e proventos de qualquer
natureza e do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, decorrente das alterações
produzidas pela Medida Provisória n.º 419 e pelas Leis n.ºs 8.847, 8.849 e 8848, todas de 28 de janeiro de 1994, estendendo­se a vigência
da última delas até 31 de dezembro de 1995; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
      III ­ a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação da alíquota da contribuição social sobre o lucro dos contribuintes a que
se refere o § 1° do art. 22 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, passa a ser de trinta
por cento, mantidas as demais normas da Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1,
de 1994)
       IV ­ vinte por cento do produto da arrecadação de todos os impostos e contribuições da União, excetuado o previsto nos incisos I, II e
III;(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
      V ­ a parcela do produto da arrecadação da contribuição de que trata a Lei Complementar n.º 7, de 7 de setembro de 1970, devida pelas
pessoas  jurídicas  a  que  se  refere  o  inciso  III  deste  artigo,  a  qual  será  calculada,  nos  exercícios  financeiros  de  1994  e  1995,  mediante  a
aplicação  da  alíquota  de  setenta  e  cinco  centésimos  por  cento  sobre  a  receita  bruta  operacional,  como  definida  na  legislação  do  imposto
sobre renda e proventos de qualquer natureza;(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

II ­ a parcela do produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários, decorrente das alterações produzidas pela Lei nº 8.894, de 21 de junho
de  1994,  e  pelas  Leis  nºs  8.849  e  8.848,  ambas  de  28  de  janeiro  de  1994,  e  modificações  posteriores;  (Redação  dada  pela  Emenda
Constitucional nº 10, de 1996)

III  ­  a  parcela  do  produto  da  arrecadação  resultante  da  elevação  da  alíquota  da  contribuição  social  sobre  o  lucro  dos  contribuintes  a
que se refere o § 1º do Art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim no
período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, passa a ser de trinta por cento, sujeita a alteração por lei ordinária, mantidas as

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demais normas da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

IV  ­  vinte  por  cento  do  produto  da  arrecadação  de  todos  os  impostos  e  contribuições  da  União,  já  instituídos  ou  a  serem  criados,
excetuado o previsto nos incisos I, II e III, observado o disposto nos §§ 3º e 4º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

V  ­  a  parcela  do  produto  da  arrecadação  da  contribuição  de  que  trata  a  Lei  Complementar  nº  7,  de  7  de  setembro  de  1970,  devida
pelas pessoas jurídicas a que se refere o inciso III deste artigo, a qual será calculada, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim
no  período  de  1º  de  janeiro  de  1996  a  30  de  junho  de  1997,  mediante  a  aplicação  da  alíquota  de  setenta  e  cinco  centésimos  por  cento,
sujeita  a  alteração  por  lei  ordinária,  sobre  a  receita  bruta  operacional,  como  definida  na  legislação  do  imposto  sobre  renda  e  proventos  de
qualquer natureza; e" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

V  ­  a  parcela  do  produto  da  arrecadação  da  contribuição  de  que  trata  a  Lei  Complementar  nº  7,  de  7  de  setembro  de  1970,  devida
pelas pessoas jurídicas a que se refere o inciso III deste artigo, a qual será calculada, nos exercícios financeiros de 1994 a 1995, bem assim
nos períodos de 1ºde janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997 e de 1º de julho de 1997 a 31 de dezembro de 1999, mediante a aplicação da
alíquota  de  setenta  e  cinco  centésimos  por  cento,  sujeita  a  alteração  por  lei  ordinária  posterior,  sobre  a  receita  bruta  operacional,  como
definida  na  legislação  do  imposto  sobre  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  17,  de
1997)      (Vide Emenda Constitucional nº 17, de 1997)

VI ­ outras receitas previstas em lei específica. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

§ 1.º As alíquotas e a base de cálculo previstas nos incisos III e V aplicar­se­ão a partir do primeiro dia do mês seguinte aos noventa
dias posteriores à promulgação desta Emenda. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

§  2.º  As  parcelas  de  que  tratam  os  incisos  I,  II,  III  e  V  serão  previamente  deduzidas  da  base  de  cálculo  de  qualquer  vinculação  ou
participação  constitucional  ou  legal,  não  se  lhes  aplicando  o  disposto  nos  arts.  158,  II,  159,  212  e  239  da  Constituição.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
      § 3.º A parcela de que trata o inciso IV será previamente deduzida da base de cálculo das vinculações ou participações constitucionais
previstas nos arts. 153, § 5.º, 157, II, 158, II, 212 e 239 da Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
            §  4.º  O  disposto  no  parágrafo  anterior  não  se  aplica  aos  recursos  previstos  no  art.  159  da  Constituição.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
            §  5.º  A  parcela  dos  recursos  provenientes  do  imposto  sobre  propriedade  territorial  rural  e  do  imposto  sobre  renda  e  proventos  de
qualquer  natureza,  destinada  ao  Fundo  Social  de  Emergência,  nos  termos  do  inciso  II  deste  artigo,  não  poderá  exceder:  (Incluído  pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
      I  ­  no  caso  do  imposto  sobre  propriedade  territorial  rural,  a  oitenta  e  seis  inteiros  e  dois  décimos  por  cento  do  total  do  produto  da  sua
arrecadação; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)
      II ­ no caso do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, a cinco inteiros e seis décimos por cento do total do produto da
sua arrecadação. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

§  2º  As  parcelas  de  que  tratam  os  incisos  I,  II,  III  e  V  serão  previamente  deduzidas  da  base  de  cálculo  de  qualquer  vinculação  ou
participação  constitucional  ou  legal,  não  se  lhes  aplicando  o  disposto  nos  artigos,  159,  212  e  239  da  Constituição.(Redação  dada  pela
Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

§ 3º A parcela de que trata o inciso IV será previamente deduzida da base de cálculo das vinculações ou participações constitucionais
previstas nos artigos 153, § 5º, 157, II, 212 e 239 da Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

§  4º  O  disposto  no  parágrafo  anterior  não  se  aplica  aos  recursos  previstos  nos  Artigos  158,  II  e  159  da  Constituição.  (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

§  5º  A  parcela  dos  recursos  provenientes  do  imposto  sobre  renda  e  proventos  de  qualquer  natureza,  destinada  ao  Fundo  Social  de
Emergência, nos termos do inciso II deste artigo, não poderá exceder a cinco inteiros e seis décimos por cento do total do produto da sua
arrecadação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1996)

Art.  73.  Na  regulação  do  Fundo  Social  de  Emergência  não  poderá  ser  utilizado  o  instrumento  previsto  no  inciso  V  do  art.  59  da
Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 1994)

Art.  74.  A  União  poderá  instituir  contribuição  provisória  sobre  movimentação  ou  transmissão  de  valores  e  de  créditos  e  direitos  de
natureza financeira. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 12, de 1996)

§  1º  A  alíquota  da  contribuição  de  que  trata  este  artigo  não  excederá  a  vinte  e  cinco  centésimos  por  cento,  facultado  ao  Poder
Executivo reduzi­la ou restabelecê­la, total ou parcialmente, nas condições e limites fixados em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
12, de 1996)

§  2º  A  contribuição  de  que  trata  este  artigo  não  se  aplica  o  disposto  nos  arts.  153,  §  5º,  e  154,  I,  da  Constituição.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 12, de 1996)

§  3º  O  produto  da  arrecadação  da  contribuição  de  que  trata  este  artigo  será  destinado  integralmente  ao  Fundo  Nacional  de  Saúde,
para financiamento das ações e serviços de saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 12, de 1996)

§  4º  A  contribuição  de  que  trata  este  artigo  terá  sua  exigibilidade  subordinada  ao  disposto  no  art.  195,  §  6º,  da  Constituição,  e  não
poderá ser cobrada por prazo superior a dois anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 12, de 1996)

Art. 75. É prorrogada, por trinta e seis meses, a cobrança da contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e
de créditos e direitos de natureza financeira de que trata o art. 74, instituída pela Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996,  modificada  pela
Lei nº 9.539, de 12 de dezembro de 1997, cuja vigência é também prorrogada por idêntico prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
21, de 1999)

§ 1º Observado o disposto no § 6º do art. 195 da Constituição Federal, a alíquota da contribuição será de trinta e oito centésimos por
cento,  nos  primeiros  doze  meses,  e  de  trinta  centésimos,  nos  meses  subseqüentes,  facultado  ao  Poder  Executivo  reduzi­la  total  ou
parcialmente, nos limites aqui definidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 21, de 1999)

§ 2º O resultado do aumento da arrecadação, decorrente da alteração da alíquota, nos exercícios financeiros de 1999, 2000 e 2001,
será destinado ao custeio da previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 21, de 1999)

§  3º  É  a  União  autorizada  a  emitir  títulos  da  dívida  pública  interna,  cujos  recursos  serão  destinados  ao  custeio  da  saúde  e  da
previdência  social,  em  montante  equivalente  ao  produto  da  arrecadação  da  contribuição,  prevista  e  não  realizada  em  1999.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 21, de 1999)(Vide ADIN nº 2.031­5)

Art.  76.  É  desvinculado  de  órgão,  fundo  ou  despesa,  no  período  de  2000  a  2003,  vinte  por  cento  da  arrecadação  de  impostos  e
contribuições sociais da União, já instituídos ou que vierem a ser criados no referido período, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 27, de 2000:)
Art.  76.  É  desvinculado  de  órgão,  fundo  ou  despesa,  no  período  de  2003  a  2007,  vinte  por  cento  da  arrecadação  da  União  de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 98/107
17/03/2016 Constituição
impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados no referido período, seus
adicionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
 Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de
impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados  até  a  referida  data,  seus
adicionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 56, de 2007)
§  1 o   O  disposto  no  caput  deste  artigo  não  reduzirá  a  base  de  cálculo  das  transferências  a  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios  na
forma  dos  arts.  153,  §  5 o ;  157,  I;  l58,  I  e  II;  e  159,  I,  "a"  e  "b",  e  II,  da  Constituição,  bem  como  a  base  de  cálculo  das  aplicações  em
programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro­Oeste a que se refere o art. 159, I, "c", da Constituição.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 27, de 2000:)
§  1º  O  disposto  no  caput  deste  artigo  não  reduzirá  a  base  de  cálculo  das  transferências  a  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios  na
forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e  b;  e  II,  da  Constituição,  bem  como  a  base  de  cálculo  das  destinações  a  que  se
refere o art. 159, I, c, da Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 2 o  Excetua­se da desvinculação de que trata o caput deste artigo a arrecadação da contribuição social do salário­educação a que se
refere o art. 212, § 5 o , da Constituição.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 27, de 2000:)
  §  3º  Para  efeito  do  cálculo  dos  recursos  para  manutenção  e  desenvolvimento  do  ensino  de  que  trata  o  art.  212  da  Constituição,  o
percentual referido no caput deste artigo será de 12,5 % (doze inteiros e cinco décimos por cento) no exercício de 2009, 5% (cinco por cento)
no exercício de 2010, e nulo no exercício de 2011. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

 Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2015, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União
de  impostos,  contribuições  sociais  e  de  intervenção  no  domínio  econômico,  já  instituídos  ou  que  vierem  a  ser  criados  até  a  referida  data,
seus adicionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 68, de 2011).

§ 1° O disposto no caput não reduzirá a base de cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios, na forma do  §  5º
do art. 153, do inciso I do art. 157, dos incisos I e II do art. 158 e das alíneas a, b e d do inciso I e do inciso  II  do  art.  159  da  Constituição
Federal, nem a base de cálculo das destinações a que se refere a alínea c do inciso I do art. 159 da Constituição Federal.  (Redação  dada
pela Emenda Constitucional nº 68, de 2011).

§ 2° Excetua­se da desvinculação de que trata o caput a arrecadação da contribuição social do salário­educação a que se refere o §  5º
do art. 212 da Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 68, de 2011).

§ 3° Para efeito do cálculo dos recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal,
o percentual referido no caput será nulo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 68, de 2011).

Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicados nas ações e serviços públicos de saúde serão equivalentes:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I ­ no caso da União: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

a)  no  ano  2000,  o  montante  empenhado  em  ações  e  serviços  públicos  de  saúde  no  exercício  financeiro  de  1999  acrescido  de,  no
mínimo, cinco por cento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto ­ PIB; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II ­ no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos
recursos  de  que  tratam  os  arts.  157  e  159,  inciso  I,  alínea  a,  e  inciso  II,  deduzidas  as  parcelas  que  forem  transferidas  aos  respectivos
Municípios; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

III ­ no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e
dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que apliquem percentuais inferiores aos fixados nos incisos II e III deverão elevá­los
gradualmente, até o exercício financeiro de 2004, reduzida a diferença à razão de, pelo menos, um quinto por ano, sendo que, a partir de
2000, a aplicação será de pelo menos sete por cento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, quinze por cento, no mínimo, serão aplicados nos Municípios, segundo o
critério populacional, em ações e serviços básicos de saúde, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinados às ações e serviços públicos de saúde e os transferidos
pela  União  para  a  mesma  finalidade  serão  aplicados  por  meio  de  Fundo  de  Saúde  que  será  acompanhado  e  fiscalizado  por  Conselho  de
Saúde, sem prejuízo do disposto no art. 74 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, § 3º, a partir do exercício financeiro de 2005, aplicar­se­á à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o disposto neste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato
das  Disposições  Constitucionais  Transitórias  e  suas  complementações  e  os  que  já  tiverem  os  seus  respectivos  recursos  liberados  ou
depositados em juízo, os precatórios pendentes na data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até
31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e
sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

§ 1º É permitida a decomposição de parcelas, a critério do credor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

 § 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder
liberatório  do  pagamento  de  tributos  da  entidade  devedora.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  30,  de  2000)      (Vide  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)
§  3º  O  prazo  referido  no  caput  deste  artigo  fica  reduzido  para  dois  anos,  nos  casos  de  precatórios  judiciais  originários  de
desapropriação  de  imóvel  residencial  do  credor,  desde  que  comprovadamente  único  à  época  da  imissão  na  posse.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 30, de 2000)

§ 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição ao direito de
precedência,  a  requerimento  do  credor,  requisitar  ou  determinar  o  seqüestro  de  recursos  financeiros  da  entidade  executada,  suficientes  à
satisfação da prestação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)

Art.  79.  É  instituído,  para  vigorar  até  o  ano  de  2010,  no  âmbito  do  Poder  Executivo  Federal,  o  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da
Pobreza, a ser regulado por lei complementar com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos
recursos serão aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de
relevante  interesse  social  voltados  para  melhoria  da  qualidade  de  vida.          (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  31,  de  2000)      (Vide
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 99/107
17/03/2016 Constituição
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)   (Vide Emenda Constitucional nº 67, de 2010)

Parágrafo  único.  O  Fundo  previsto  neste  artigo  terá  Conselho  Consultivo  e  de  Acompanhamento  que  conte  com  a  participação  de
representantes da sociedade civil, nos termos da lei.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

Art.  80.  Compõem  o  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da  Pobreza:      (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  31,  de  2000)    (Vide
Emenda Constitucional nº 67, de 2010)

I ­ a parcela do produto da arrecadação correspondente a um adicional de oito centésimos por cento, aplicável de 18 de junho de 2000
a  17  de  junho  de  2002,  na  alíquota  da  contribuição  social  de  que  trata  o  art.  75  do  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias;   
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

II  ­  a  parcela  do  produto  da  arrecadação  correspondente  a  um  adicional  de  cinco  pontos  percentuais  na  alíquota  do  Imposto  sobre
Produtos  Industrializados  ­  IPI,  ou  do  imposto  que  vier  a  substituí­lo,  incidente  sobre  produtos  supérfluos  e  aplicável  até  a  extinção  do
Fundo;   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

III ­ o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153, inciso VII, da Constituição;   (Incluído pela Emenda Constitucional nº
31, de 2000)

IV ­ dotações orçamentárias;   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

V­ doações, de qualquer natureza, de pessoas físicas ou jurídicas do País ou do exterior;    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31,
de 2000)

VI ­ outras receitas, a serem definidas na regulamentação do referido Fundo.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

§ 1º Aos recursos integrantes do Fundo de que trata este artigo não se aplica o disposto nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Constituição,
assim como qualquer desvinculação de recursos orçamentários.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

§ 2º A arrecadação decorrente do disposto no inciso I deste artigo, no período compreendido entre 18 de junho de 2000 e o início da
vigência  da  lei  complementar  a  que  se  refere  a  art.  79,  será  integralmente  repassada  ao  Fundo,  preservado  o  seu  valor  real,  em  títulos
públicos federais, progressivamente resgatáveis após 18 de junho de 2002, na forma da lei.    (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  31,
de 2000)

Art.  81.  É  instituído  Fundo  constituído  pelos  recursos  recebidos  pela  União  em  decorrência  da  desestatização  de  sociedades  de
economia mista ou empresas públicas por ela controladas, direta ou indiretamente, quando a operação envolver a alienação do respectivo
controle  acionário  a  pessoa  ou  entidade  não  integrante  da  Administração  Pública,  ou  de  participação  societária  remanescente  após  a
alienação,  cujos  rendimentos,  gerados  a  partir  de  18  de  junho  de  2002,  reverterão  ao  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  de  Pobreza.   
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)     (Vide Emenda Constitucional nº 67, de 2010)

§  1º  Caso  o  montante  anual  previsto  nos  rendimentos  transferidos  ao  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da  Pobreza,  na  forma  deste
artigo,  não  alcance  o  valor  de  quatro  bilhões  de  reais.  far­se­à  complementação  na  forma  do  art.  80,  inciso  IV,  do  Ato  das  disposições
Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

§  2º  Sem  prejuízo  do  disposto  no  §  1º,  o  Poder  Executivo  poderá  destinar  ao  Fundo  a  que  se  refere  este  artigo  outras  receitas
decorrentes da alienação de bens da União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

§ 3º A constituição do Fundo a que se refere o caput, a transferência de recursos ao     Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza e
as demais disposições referentes ao § 1º deste artigo serão disciplinadas em lei, não se aplicando o disposto no art. 165, § 9º, inciso II, da
Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os recursos de que trata este
artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a participação da sociedade
civil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ­ ICMS, ou do imposto que vier a substituí­lo, sobre os produtos e serviços supérfluos,
não  se  aplicando,  sobre  este  adicional,  o  disposto  no  art.  158,  inciso  IV,  da  Constituição.(Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  31,  de
2000)

§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do
Imposto  sobre  Circulação  de  Mercadorias  e  Serviços  ­  ICMS,  sobre  os  produtos  e  serviços  supérfluos  e  nas  condições  definidas  na  lei
complementar  de  que  trata  o  art.  155,  §  2º,  XII,  da  Constituição,  não  se  aplicando,  sobre  este  percentual,  o  disposto  no  art.  158,  IV,  da
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§  2º  Para  o  financiamento  dos  Fundos  Municipais,  poderá  ser  criado  adicional  de  até  meio  ponto  percentual  na  alíquota  do  Imposto
sobre serviços ou do imposto que vier a substituí­lo, sobre serviços supérfluos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

Art.  83.  Lei  federal  definirá  os  produtos  e  serviços  supérfluos  a  que  se  referem  os  arts.  80,  inciso  II,  e  82,  §§  1º  e  2º.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 31, de 2000)

Art. 83. Lei federal definirá os produtos e serviços supérfluos a que se referem os arts. 80, II, e 82, § 2º . (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 84. A contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira, prevista
nos  arts.  74,  75  e  80,  I,  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias,  será  cobrada  até  31  de  dezembro  de  2004.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§  1º  Fica  prorrogada  até  a  data  referida  no  caput  deste  artigo,  a  vigência  da  Lei  nº  9.311,  de  24  de  outubro  de  1996,  e  suas
alterações.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

 § 2º Do produto da arrecadação da contribuição social de que trata este artigo será destinada a parcela correspondente à alíquota de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I ­ vinte centésimos por cento ao Fundo Nacional de Saúde, para financiamento das ações e serviços de saúde; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 37, de 2002)

II ­ dez centésimos por cento ao custeio da previdência social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

III  ­  oito  centésimos  por  cento  ao  Fundo  de  Combate  e  Erradicação  da  Pobreza,  de  que  tratam  os  arts.  80  e  81  deste  Ato  das
Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 100/107
17/03/2016 Constituição
§ 3º A alíquota da contribuição de que trata este artigo será de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I ­ trinta e oito centésimos por cento, nos exercícios financeiros de 2002 e 2003; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II  ­  oito  centésimos  por  cento,  no  exercício  financeiro  de  2004,  quando  será  integralmente  destinada  ao  Fundo  de  Combate  e
Erradicação  da  Pobreza,  de  que  tratam  os  arts.  80  e  81  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias.  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 37, de 2002) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 85. A contribuição a que se refere o art. 84 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias não incidirá, a partir do trigésimo
dia da data de publicação desta Emenda Constitucional, nos lançamentos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

  I  ­  em  contas  correntes  de  depósito  especialmente  abertas  e  exclusivamente  utilizadas  para  operações  de:  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 37, de 2002) (Vide Lei nº 10.982, de 2004)

a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação e de liquidação de que trata o parágrafo único do art. 2º da Lei nº 10.214, de
27 de março de 2001; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

b) companhias securitizadoras de que trata a Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de
2002)

c)  sociedades  anônimas  que  tenham  por  objeto  exclusivo  a  aquisição  de  créditos  oriundos  de  operações  praticadas  no  mercado
financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

 II ­ em contas correntes de depósito, relativos a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

a) operações de compra e venda de ações, realizadas em recintos ou sistemas de negociação de bolsas de valores e no mercado de
balcão organizado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

b)  contratos  referenciados  em  ações  ou  índices  de  ações,  em  suas  diversas  modalidades,  negociados  em  bolsas  de  valores,  de
mercadorias e de futuros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

III  ­  em  contas  de  investidores  estrangeiros,  relativos  a  entradas  no  País  e  a  remessas  para  o  exterior  de  recursos  financeiros
empregados,  exclusivamente,  em  operações  e  contratos  referidos  no  inciso  II  deste  artigo.  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  37,  de
2002)

§ 1º O Poder Executivo disciplinará o disposto neste artigo no prazo de trinta dias da data de publicação desta Emenda Constitucional.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§ 2º O disposto no inciso I deste artigo aplica­se somente às operações relacionadas em ato do Poder Executivo, dentre aquelas que
constituam o objeto social das referidas entidades. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§ 3º O disposto no inciso II deste artigo aplica­se somente a operações e contratos efetuados por intermédio de instituições financeiras,
sociedades  corretoras  de  títulos  e  valores  mobiliários,  sociedades  distribuidoras  de  títulos  e  valores  mobiliários  e  sociedades  corretoras  de
mercadorias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Art.  86.  Serão  pagos  conforme  disposto  no  art.  100  da  Constituição  Federal,  não  se  lhes  aplicando  a  regra  de  parcelamento
estabelecida no caput do art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, os débitos da Fazenda Federal, Estadual, Distrital
ou  Municipal  oriundos  de  sentenças  transitadas  em  julgado,  que  preencham,  cumulativamente,  as  seguintes  condições:  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I ­ ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II ­ ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que trata o § 3º do art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87 deste Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

III ­ estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na data da publicação desta Emenda Constitucional. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 37, de 2002)

§ 1º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou os respectivos saldos, serão pagos na ordem cronológica de apresentação dos
respectivos precatórios, com precedência sobre os de maior valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§  2º  Os  débitos  a  que  se  refere  o  caput  deste  artigo,  se  ainda  não  tiverem  sido  objeto  de  pagamento  parcial,  nos  termos  do  art.  78
deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias,  poderão  ser  pagos  em  duas  parcelas  anuais,  se  assim  dispuser  a  lei.(Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

§ 3º Observada a ordem cronológica de sua apresentação, os débitos de natureza alimentícia previstos neste artigo terão precedência
para pagamento sobre todos os demais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Art.  87.  Para  efeito  do  que  dispõem  o  §  3º  do  art.  100  da  Constituição  Federal  e  o  art.  78  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais
Transitórias  serão  considerados  de  pequeno  valor,  até  que  se  dê  a  publicação  oficial  das  respectivas  leis  definidoras  pelos  entes  da
Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário,
que tenham valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I  ­  quarenta  salários­mínimos,  perante  a  Fazenda  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal;  (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  37,  de
2002)

II ­ trinta salários­mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far­se­á, sempre, por meio de precatório,
sendo  facultada  à  parte  exeqüente  a  renúncia  ao  crédito  do  valor  excedente,  para  que  possa  optar  pelo  pagamento  do  saldo  sem  o
precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a
que se refere o inciso III do caput do mesmo artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

I ­ terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao
Decreto­Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

II  ­  não  será  objeto  de  concessão  de  isenções,  incentivos  e  benefícios  fiscais,  que  resulte,  direta  ou  indiretamente,  na  redução  da
alíquota mínima estabelecida no inciso I. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 101/107
17/03/2016 Constituição
Art.  89.  Os  integrantes  da  carreira  policial  militar  do  ex­Território  Federal  de  Rondônia,  que  comprovadamente  se  encontravam  no
exercício regular de suas funções prestando serviços àquele ex­Território na data em que foi transformado em Estado, bem como os Policiais
Militares admitidos por força de lei federal, custeados pela União, constituirão quadro em extinção da administração federal, assegurados os
direitos  e  vantagens  a  eles  inerentes,  vedado  o  pagamento,  a  qualquer  título,  de  diferenças  remuneratórias,  bem  como  ressarcimentos  ou
indenizações de qualquer espécie, anteriores à promulgação desta Emenda. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 38, de 2002)
      Parágrafo único. Os servidores da carreira policial militar continuarão prestando serviços ao Estado de Rondônia na condição de cedidos,
submetidos  às  disposições  legais  e  regulamentares  a  que  estão  sujeitas  as  corporações  da  respectiva  Polícia  Militar,  observadas  as
atribuições de função compatíveis com seu grau hierárquico.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 38, de 2002)

Art. 89. Os integrantes da carreira policial militar e os servidores municipais do ex­Território Federal de Rondônia que, comprovadamente,
se  encontravam  no  exercício  regular  de  suas  funções  prestando  serviço  àquele  ex­Território  na  data  em  que  foi  transformado  em  Estado,
bem como os servidores e os policiais militares alcançados pelo disposto no art. 36 da Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981,
e aqueles admitidos regularmente nos quadros do Estado de Rondônia até a data de posse do primeiro Governador eleito, em 15 de março
de  1987,  constituirão,  mediante  opção,  quadro  em  extinção  da  administração  federal,  assegurados  os  direitos  e  as  vantagens  a  eles
inerentes,  vedado  o  pagamento,  a  qualquer  título,  de  diferenças  remuneratórias.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  60,  de
2009)

§  1º  Os  membros  da  Polícia  Militar  continuarão  prestando  serviços  ao  Estado  de  Rondônia,  na  condição  de  cedidos,  submetidos  às
corporações  da  Polícia  Militar,  observadas  as  atribuições  de  função  compatíveis  com  o  grau  hierárquico.  (Incluído    pela  Emenda
Constitucional nº 60, de 2009)

§ 2º Os  servidores  a  que  se  refere  o  caput  continuarão  prestando  serviços  ao  Estado  de  Rondônia  na  condição  de  cedidos,  até  seu
aproveitamento em órgão ou entidade da administração federal direta, autárquica ou fundacional. (Incluído    pela  Emenda  Constitucional  nº
60, de 2009)

Art. 90. O prazo previsto no caput do art. 84 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias fica prorrogado até 31 de dezembro
de 2007. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§  1º  Fica  prorrogada,  até  a  data  referida  no  caput  deste  artigo,  a  vigência  da  Lei  nº  9.311,  de  24  de  outubro  de  1996,  e  suas
alterações. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§  2º  Até  a  data  referida  no  caput  deste  artigo,  a  alíquota  da  contribuição  de  que  trata  o  art.  84  deste  Ato  das  Disposições
Constitucionais Transitórias será de trinta e oito centésimos por cento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 91. A União entregará aos Estados e ao Distrito Federal o montante definido em lei complementar, de acordo com critérios, prazos e
condições nela determinados, podendo considerar as exportações para o exterior de produtos primários e semi­elaborados, a relação entre
as  exportações  e  as  importações,  os  créditos  decorrentes  de  aquisições  destinadas  ao  ativo  permanente  e  a  efetiva  manutenção  e
aproveitamento do crédito do imposto a que se refere o art. 155, § 2º, X, a. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§  1º  Do  montante  de  recursos  que  cabe  a  cada  Es­tado,  setenta  e  cinco  por  cento  pertencem  ao  próprio  Estado,  e  vinte  e  cinco  por
cento,  aos  seus  Municípios,  distribuídos  segundo  os  critérios  a  que  se  refere  o  art.  158,  parágrafo  único,  da  Constituição.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 2º A entrega de recursos prevista neste artigo perdurará, conforme definido em lei complementar, até que o imposto a que se refere o
art.  155,  II,  tenha  o  produto  de  sua  arrecadação  destinado  predominantemente,  em  proporção  não  inferior  a  oitenta  por  cento,  ao  Estado
onde ocorrer o consumo das mercadorias, bens ou serviços. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§  3º  Enquanto  não  for  editada  a  lei  complementar  de  que  trata  o  caput,  em  substituição  ao  sistema  de  entrega  de  recursos  nele
previsto, permanecerá vigente o sistema de entrega de recursos previsto no art. 31 e Anexo da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro
de 1996, com a redação dada pela Lei Complementar nº 115, de 26 de dezembro de 2002. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

§  4º  Os  Estados  e  o  Distrito  Federal  deverão  apresentar  à  União,  nos  termos  das  instruções  baixadas  pelo  Ministério  da  Fazenda,  as
informações  relativas  ao  imposto  de  que  trata  o  art.  155,  II,  declaradas  pelos  contribuintes  que  realizarem  operações  ou  prestações  com
destino ao exterior.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art.  92.  São  acrescidos  dez  anos  ao  prazo  fixado  no  art.  40  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias.  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)  (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)

Art.  92­A.  São  acrescidos  50  (cinquenta)  anos  ao  prazo  fixado  pelo  art.  92  deste  Ato  das  Disposições
Constitucionais Transitórias.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 83, de 2014)
Art. 93. A vigência do disposto no art. 159, III, e § 4º, iniciará somente após a edição da lei de que trata o referido inciso III. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art.  94.  Os  regimes  especiais  de  tributação  para  microempresas  e  empresas  de  pequeno  porte  próprios  da  União,  dos  Estados,  do
Distrito Federal e dos Municípios cessarão a partir da entrada em vigor do regime previsto no art. 146, III, d, da Constituição. (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

  Art.  95.  Os  nascidos  no  estrangeiro  entre  7  de  junho  de  1994  e  a  data  da  promulgação  desta  Emenda  Constitucional,  filhos  de  pai
brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se
vierem a residir na República Federativa do Brasil. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

 Art.  96.  Ficam  convalidados  os  atos  de  criação,  fusão,  incorporação  e  desmembramento  de  Municípios,  cuja  lei  tenha  sido  publicada
até 31  de  dezembro  de  2006,  atendidos  os  requisitos  estabelecidos  na  legislação  do  respectivo  Estado  à  época  de  sua  criação.  (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 57, de 2008).

 Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às
suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão
esses pagamentos de acordo com  as  normas  a  seguir  estabelecidas,  sendo  inaplicável  o  disposto  no  art.  100  desta  Constituição  Federal,
exceto  em  seus  §§  2º,  3º,  9º,  10,  11,  12,  13  e  14,  e  sem  prejuízo  dos  acordos  de  juízos  conciliatórios  já  formalizados  na  data  de
promulgação desta Emenda Constitucional.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)       (Vide Emenda Constitucional nº 62,
de 2009)

§  1º  Os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  sujeitos  ao  regime  especial  de  que  trata  este  artigo  optarão,  por  meio  de  ato  do
Poder Executivo:      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

 I ­ pelo depósito em conta especial do valor referido pelo § 2º deste artigo; ou     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 102/107
17/03/2016 Constituição
 II ­ pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quinze) anos, caso em que o percentual a ser depositado na conta especial
a  que  se  refere  o  §  2º  deste  artigo  corresponderá,  anualmente,  ao  saldo  total  dos  precatórios  devidos,  acrescido  do  índice  oficial  de
remuneração básica da caderneta de poupança e de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança
para fins de compensação da mora, excluída a  incidência  de  juros  compensatórios,  diminuído  das  amortizações  e  dividido  pelo  número  de
anos restantes no regime especial de pagamento.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  2º  Para  saldar  os  precatórios,  vencidos  e  a  vencer,  pelo  regime  especial,  os  Estados,  o  Distrito  Federal  e  os  Municípios  devedores
depositarão  mensalmente,  em  conta  especial  criada  para  tal  fim,  1/12  (um  doze  avos)  do  valor  calculado  percentualmente  sobre  as
respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse percentual, calculado no
momento  de  opção  pelo  regime  e  mantido  fixo  até  o  final  do  prazo  a  que  se  refere  o  §  14  deste  artigo,  será:              (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ para os Estados e para o Distrito Federal:       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

a) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para os Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro­Oeste, além do
Distrito Federal, ou cujo estoque de precatórios pendentes das suas administrações direta e indireta corresponder  a  até  35%  (trinta  e  cinco
por cento) do total da receita corrente líquida;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

b) de, no mínimo, 2% (dois por  cento),  para  os  Estados  das  regiões  Sul  e  Sudeste,  cujo  estoque  de  precatórios  pendentes  das  suas
administrações direta e indireta corresponder a mais de 35% (trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida;      (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)

II ­ para Municípios:      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

a)  de,  no  mínimo,  1%  (um  por  cento),  para  Municípios  das  regiões  Norte,  Nordeste  e  Centro­Oeste,  ou  cujo  estoque  de  precatórios
pendentes  das  suas  administrações  direta  e  indireta  corresponder  a  até  35%  (trinta  e  cinco  por  cento)  da  receita  corrente  líquida;           
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

b) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para Municípios das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de precatórios
pendentes das suas administrações direta e indireta corresponder a mais de 35 % (trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida.      
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  3º  Entende­se  como  receita  corrente  líquida,  para  os  fins  de  que  trata  este  artigo,  o  somatório  das  receitas  tributárias,  patrimoniais,
industriais, agropecuárias, de contribuições e de serviços, transferências correntes e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º
do art. 20 da Constituição Federal, verificado no período compreendido pelo mês de referência e os 11 (onze) meses anteriores, excluídas as
duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009)

II  ­  nos  Estados,  no  Distrito  Federal  e  nos  Municípios,  a  contribuição  dos  servidores  para  custeio  do  seu  sistema  de  previdência  e
assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal.       (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 4º As contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º serão administradas pelo Tribunal de Justiça local, para pagamento de precatórios
expedidos pelos tribunais.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 5º Os recursos depositados nas contas especiais de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo não poderão retornar para Estados, Distrito
Federal e Municípios devedores.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 6º Pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos de que tratam os §§ 1º e 2º deste artigo serão utilizados para pagamento de
precatórios em ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo ano e no
§ 2º do art. 100, para requisitórios de todos os anos.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  7º  Nos  casos  em  que  não  se  possa  estabelecer  a  precedência  cronológica  entre  2  (dois)  precatórios,  pagar­se­á  primeiramente  o
precatório de menor valor.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 8º A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por
ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente: (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ destinados ao pagamento dos precatórios por meio do leilão; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II ­ destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados na forma do § 6° e do inciso I, em ordem única e crescente de valor por
precatório;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

III  ­  destinados  a  pagamento  por  acordo  direto  com  os  credores,  na  forma  estabelecida  por  lei  própria  da  entidade  devedora,  que
poderá prever criação e forma de funcionamento de câmara de conciliação.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 9º Os leilões de que trata o inciso I do § 8º deste artigo:       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ serão realizados por meio de sistema eletrônico administrado por entidade autorizada pela Comissão  de  Valores  Mobiliários  ou  pelo


Banco Central do Brasil;       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II ­ admitirão a habilitação de  precatórios,  ou  parcela  de  cada  precatório  indicada  pelo  seu  detentor,  em  relação  aos  quais  não  esteja
pendente,  no  âmbito  do  Poder  Judiciário,  recurso  ou  impugnação  de  qualquer  natureza,  permitida  por  iniciativa  do  Poder  Executivo  a
compensação com débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra devedor originário pela Fazenda Pública
devedora até a data da expedição do precatório, ressalvados aqueles cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos da legislação, ou que já
tenham sido objeto de abatimento nos termos do § 9º do art. 100 da Constituição Federal;       (Incluído pela Emenda Constitucional  nº  62,
de 2009)

III  ­  ocorrerão  por  meio  de  oferta  pública  a  todos  os  credores  habilitados  pelo  respectivo  ente  federativo  devedor;            (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

IV ­ considerarão automaticamente habilitado o credor que satisfaça o que consta no inciso II;      (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009)

V ­ serão realizados tantas vezes quanto necessário em função do valor disponível;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009)

VI  ­  a  competição  por  parcela  do  valor  total  ocorrerá  a  critério  do  credor,  com  deságio  sobre  o  valor  desta;        (Incluído  pela  Emenda
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 103/107
17/03/2016 Constituição
Constitucional nº 62, de 2009)

VII ­ ocorrerão na modalidade deságio, associado ao maior volume ofertado cumulado ou não com o maior percentual de deságio, pelo
maior  percentual  de  deságio,  podendo  ser  fixado  valor  máximo  por  credor,  ou  por  outro  critério  a  ser  definido  em  edital;  (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

VIII ­ o mecanismo de formação de preço constará nos editais publicados para cada leilão; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009)

IX  ­  a  quitação  parcial  dos  precatórios  será  homologada  pelo  respectivo  Tribunal  que  o  expediu.            (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)

§ 10. No caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do § 1º e os §§ 2º e 6º deste artigo:      (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ haverá o sequestro de quantia nas contas de Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ordem do Presidente do Tribunal
referido no § 4º, até o limite do valor não liberado;       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II  ­  constituir­se­á,  alternativamente,  por  ordem  do  Presidente  do  Tribunal  requerido,  em  favor  dos  credores  de  precatórios,  contra
Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios  devedores,  direito  líquido  e  certo,  autoaplicável  e  independentemente  de  regulamentação,  à
compensação  automática  com  débitos  líquidos  lançados  por  esta  contra  aqueles,  e,  havendo  saldo  em  favor  do  credor,  o  valor  terá
automaticamente  poder  liberatório  do  pagamento  de  tributos  de  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios  devedores,  até  onde  se
compensarem;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

III  ­  o  chefe  do  Poder  Executivo  responderá  na  forma  da  legislação  de  responsabilidade  fiscal  e  de  improbidade  administrativa;         
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

IV ­ enquanto perdurar a omissão, a entidade devedora:      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

a) não poderá contrair empréstimo externo ou interno;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

b) ficará impedida de receber transferências voluntárias;     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

V ­ a União reterá os repasses  relativos  ao  Fundo  de  Participação  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal  e  ao  Fundo  de  Participação  dos
Municípios, e os depositará nas contas especiais referidas no § 1º, devendo sua utilização obedecer ao que prescreve o § 5º, ambos deste
artigo.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  11.  No  caso  de  precatórios  relativos  a  diversos  credores,  em  litisconsórcio,  admite­se  o  desmembramento  do  valor,  realizado  pelo
Tribunal de origem do precatório, por credor, e, por este, a habilitação do valor total a que tem direito, não se aplicando, neste caso, a regra
do § 3º do art. 100 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  12.  Se  a  lei  a  que  se  refere  o  §  4º  do  art.  100  não  estiver  publicada  em  até  180  (cento  e  oitenta)  dias,  contados  da  data  de
publicação  desta  Emenda  Constitucional,  será  considerado,  para  os  fins  referidos,  em  relação  a  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios
devedores, omissos na regulamentação, o valor de:      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

I ­ 40 (quarenta) salários mínimos para Estados e para o Distrito Federal;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

II ­ 30 (trinta) salários mínimos para Municípios.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 13. Enquanto Estados, Distrito Federal e Municípios devedores estiverem realizando pagamentos de precatórios pelo regime especial,
não poderão sofrer sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva dos recursos de que tratam o inciso II do § 1º e o § 2º
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§ 14. O regime especial de pagamento de precatório previsto no inciso I do § 1º vigorará enquanto o valor dos precatórios devidos for
superior ao valor dos recursos vinculados, nos termos do § 2º, ambos deste artigo, ou pelo prazo fixo de até 15 (quinze) anos, no caso da
opção prevista no inciso II do § 1º.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  15.  Os  precatórios  parcelados  na  forma  do  art.  33  ou  do  art.  78  deste  Ato  das  Disposições  Constitucionais  Transitórias  e  ainda
pendentes de pagamento ingressarão no  regime  especial  com  o  valor  atualizado  das  parcelas  não  pagas  relativas  a  cada  precatório,  bem
como o saldo dos acordos judiciais e extrajudiciais.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  16.  A  partir  da  promulgação  desta  Emenda  Constitucional,  a  atualização  de  valores  de  requisitórios,  até  o  efetivo  pagamento,
independentemente  de  sua  natureza,  será  feita  pelo  índice  oficial  de  remuneração  básica  da  caderneta  de  poupança,  e,  para  fins  de
compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

§  17.  O  valor  que  exceder  o  limite  previsto  no  §  2º  do  art.  100  da  Constituição  Federal  será  pago,  durante  a  vigência  do  regime
especial, na forma prevista nos §§ 6º e 7º ou nos incisos I, II e III do § 8° deste artigo, devendo os valores dispendidos para o atendimento
do  disposto  no  §  2º  do  art.  100  da  Constituição  Federal  serem  computados  para  efeito  do  §  6º  deste  artigo.              (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 62, de 2009)

§  18.  Durante  a  vigência  do  regime  especial  a  que  se  refere  este  artigo,  gozarão  também  da  preferência  a  que  se  refere  o  §  6º  os
titulares  originais  de  precatórios  que  tenham  completado  60  (sessenta)  anos  de  idade  até  a  data  da  promulgação  desta  Emenda
Constitucional.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo
serviço  da  Defensoria  Pública  e  à  respectiva  população.              (Incluído  pela  Emenda  Constitucional  nº  80,  de
2014)

§  1º  No  prazo  de  8  (oito)  anos,  a  União,  os  Estados  e  o  Distrito  Federal  deverão  contar  com  defensores
públicos  em  todas  as  unidades  jurisdicionais,  observado  o  disposto  no  caput  deste  artigo.              (Incluído  pela
Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

§  2º  Durante  o  decurso  do  prazo  previsto  no  §  1º  deste  artigo,  a  lotação  dos  defensores  públicos  ocorrerá,
prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional.      
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 104/107
17/03/2016 Constituição

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º do art. 155, no caso de operações e prestações que
destinem  bens  e  serviços  a  consumidor  final  não  contribuinte  localizado  em  outro  Estado,  o  imposto
correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual será partilhado entre os Estados de origem
e de destino, na seguinte proporção:   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015)

I ­ para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o Estado de destino e 80% (oitenta por cento) para o
Estado de origem;

II ­ para o ano de  2016:  40%  (quarenta  por  cento)  para  o  Estado  de  destino  e  60%  (sessenta  por  cento)
para o Estado de origem;

III ­ para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para o Estado de destino e 40% (quarenta por cento)
para o Estado de origem;

IV ­ para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o Estado de destino e 20% (vinte por cento) para o
Estado de origem;

V ­ a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para o Estado de destino.

Art.  100.  Até  que  entre  em  vigor  a  lei  complementar  de  que  trata  o  inciso  II  do  §  1º  do  art.  40  da
Constituição  Federal,  os  Ministros  do  Supremo  Tribunal  Federal,  dos  Tribunais  Superiores  e  do  Tribunal  de
Contas da União aposentar­se­ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do
art. 52 da Constituição Federal.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)

Brasília, 5 de outubro de 1988.

Ulysses Guimarães , Presidente ­ Mauro Benevides , 1.º Vice­Presidente ­ Jorge Arbage ,  2.º  Vice­Presidente  ­


Marcelo Cordeiro , 1.º Secretário ­ Mário Maia , 2.º Secretário ­ Arnaldo Faria de Sá , 3.º Secretário ­ Benedita  da
Silva  ,  1.º  Suplente  de  Secretário  ­  Luiz  Soyer  ,  2.º  Suplente  de  Secretário  ­  Sotero  Cunha  ,  3.º  Suplente  de
Secretário  ­  Bernardo  Cabral  ,  Relator  Geral  ­  Adolfo  Oliveira  ,  Relator  Adjunto  ­  Antônio  Carlos  Konder  Reis  ,
Relator  Adjunto  ­  José  Fogaça  ,  Relator  Adjunto  ­  Abigail  Feitosa  ­  Acival  Gomes  ­  Adauto  Pereira  ­  Ademir
Andrade ­ Adhemar de Barros Filho ­ Adroaldo Streck ­ Adylson Motta ­ Aécio de Borba ­ Aécio Neves ­ Affonso
Camargo ­ Afif Domingos ­ Afonso Arinos ­ Afonso Sancho ­ Agassiz Almeida ­ Agripino de Oliveira Lima ­ Airton
Cordeiro  ­  Airton  Sandoval  ­  Alarico  Abib  ­  Albano  Franco  ­  Albérico  Cordeiro  ­  Albérico  Filho  ­  Alceni  Guerra  ­
Alcides Saldanha ­ Aldo Arantes ­ Alércio Dias ­ Alexandre Costa ­ Alexandre Puzyna ­ Alfredo Campos ­ Almir
Gabriel  ­  Aloisio  Vasconcelos  ­  Aloysio  Chaves  ­  Aloysio  Teixeira  ­  Aluizio  Bezerra  ­  Aluízio  Campos  ­  Álvaro
Antônio ­ Álvaro Pacheco ­ Álvaro Valle ­ Alysson Paulinelli ­ Amaral Netto ­ Amaury Müller ­ Amilcar Moreira ­
Ângelo Magalhães ­ Anna Maria Rattes ­ Annibal Barcellos ­ Antero de Barros ­ Antônio Câmara ­ Antônio Carlos
Franco ­ Antonio Carlos Mendes Thame ­ Antônio de Jesus ­ Antonio Ferreira ­ Antonio Gaspar ­ Antonio Mariz ­
Antonio  Perosa  ­  Antônio  Salim  Curiati  ­  Antonio  Ueno  ­  Arnaldo  Martins  ­  Arnaldo  Moraes  ­  Arnaldo  Prieto  ­
Arnold Fioravante ­ Arolde de Oliveira ­ Artenir Werner ­ Artur da Távola ­ Asdrubal Bentes ­ Assis Canuto ­ Átila
Lira ­ Augusto Carvalho ­ Áureo Mello ­ Basílio Villani ­ Benedicto Monteiro ­ Benito Gama ­ Beth Azize ­ Bezerra
de  Melo  ­  Bocayuva  Cunha  ­  Bonifácio  de  Andrada  ­  Bosco  França  ­  Brandão  Monteiro  ­  Caio  Pompeu  ­  Carlos
Alberto ­ Carlos Alberto Caó ­ Carlos Benevides ­ Carlos Cardinal ­ Carlos Chiarelli ­ Carlos Cotta ­ Carlos De’Carli
­ Carlos Mosconi ­ Carlos Sant’Anna ­ Carlos Vinagre ­ Carlos Virgílio ­ Carrel Benevides ­ Cássio Cunha Lima ­
Célio  de  Castro  ­  Celso  Dourado  ­  César  Cals  Neto  ­  César  Maia  ­  Chagas  Duarte  ­  Chagas  Neto  ­  Chagas
Rodrigues  ­  Chico  Humberto  ­  Christóvam  Chiaradia  ­  Cid  Carvalho  ­  Cid  Sabóia  de  Carvalho  ­  Cláudio  Ávila  ­
Cleonâncio Fonseca ­ Costa Ferreira ­ Cristina Tavares ­ Cunha Bueno ­ Dálton Canabrava ­ Darcy Deitos ­ Darcy
Pozza  ­  Daso  Coimbra  ­  Davi  Alves  Silva  ­  Del  Bosco  Amaral  ­  Delfim  Netto  ­  Délio  Braz  ­  Denisar  Arneiro  ­
Dionisio Dal Prá ­ Dionísio Hage ­ Dirce Tutu Quadros ­ Dirceu Carneiro ­ Divaldo Suruagy ­ Djenal Gonçalves ­
Domingos  Juvenil  ­  Domingos  Leonelli  ­  Doreto  Campanari  ­  Edésio  Frias  ­  Edison  Lobão  ­  Edivaldo  Motta  ­
Edme Tavares ­ Edmilson Valentim ­ Eduardo Bonfim ­ Eduardo Jorge ­ Eduardo Moreira ­ Egídio Ferreira Lima ­
Elias Murad ­ Eliel Rodrigues ­ Eliézer Moreira ­ Enoc Vieira ­ Eraldo Tinoco ­ Eraldo Trindade ­ Erico Pegoraro ­
Ervin Bonkoski ­ Etevaldo Nogueira ­ Euclides Scalco ­ Eunice Michiles ­ Evaldo Gonçalves ­ Expedito Machado
­ Ézio Ferreira ­ Fábio Feldmann ­ Fábio Raunheitti ­ Farabulini Júnior ­ Fausto Fernandes ­ Fausto Rocha ­ Felipe
Mendes ­ Feres Nader ­ Fernando Bezerra Coelho ­ Fernando Cunha ­ Fernando Gasparian ­ Fernando Gomes ­
Fernando Henrique Cardoso ­ Fernando Lyra ­ Fernando Santana ­ Fernando Velasco ­ Firmo de Castro ­ Flavio
Palmier da Veiga ­ Flávio Rocha ­ Florestan Fernandes ­ Floriceno Paixão ­ França Teixeira ­ Francisco Amaral ­
Francisco  Benjamim  ­  Francisco  Carneiro  ­  Francisco  Coelho  ­  Francisco  Diógenes  ­  Francisco  Dornelles  ­
Francisco Küster ­ Francisco Pinto ­ Francisco Rollemberg ­ Francisco Rossi ­ Francisco Sales ­ Furtado Leite ­
Gabriel  Guerreiro  ­  Gandi  Jamil  ­  Gastone  Righi  ­  Genebaldo  Correia  ­  Genésio  Bernardino  ­  Geovani  Borges  ­
Geraldo Alckmin Filho ­ Geraldo Bulhões ­ Geraldo Campos ­ Geraldo Fleming ­ Geraldo Melo ­ Gerson Camata ­
Gerson Marcondes ­ Gerson Peres ­ Gidel Dantas ­ Gil César ­ Gilson Machado ­ Gonzaga Patriota ­ Guilherme
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17/03/2016 Constituição

Palmeira  ­  Gumercindo  Milhomem  ­  Gustavo  de  Faria  ­  Harlan  Gadelha  ­  Haroldo  Lima  ­  Haroldo  Sabóia  ­  Hélio
Costa  ­  Hélio  Duque  ­  Hélio  Manhães  ­  Hélio  Rosas  ­  Henrique  Córdova  ­  Henrique  Eduardo  Alves  ­  Heráclito
Fortes  ­  Hermes  Zaneti  ­  Hilário  Braun  ­  Homero  Santos  ­  Humberto  Lucena  ­  Humberto  Souto  ­  Iberê  Ferreira  ­
Ibsen Pinheiro ­ Inocêncio Oliveira ­ Irajá Rodrigues ­ Iram Saraiva ­ Irapuan Costa Júnior ­ Irma Passoni ­ Ismael
Wanderley  ­  Israel  Pinheiro  ­  Itamar  Franco  ­  Ivo  Cersósimo  ­  Ivo  Lech  ­  Ivo  Mainardi  ­  Ivo  Vanderlinde  ­  Jacy
Scanagatta  ­  Jairo  Azi  ­  Jairo  Carneiro  ­  Jalles  Fontoura  ­  Jamil  Haddad  ­  Jarbas  Passarinho  ­  Jayme  Paliarin  ­
Jayme Santana ­ Jesualdo Cavalcanti ­ Jesus Tajra ­ Joaci Góes ­ João Agripino ­ João Alves ­ João Calmon ­
João Carlos Bacelar ­ João Castelo ­ João Cunha ­ João da Mata ­ João de Deus Antunes ­ João Herrmann Neto
­  João  Lobo  ­  João  Machado  Rollemberg  ­  João  Menezes  ­  João  Natal  ­  João  Paulo  ­  João  Rezek  ­  Joaquim
Bevilácqua ­ Joaquim Francisco ­ Joaquim Hayckel ­ Joaquim Sucena ­ Jofran Frejat ­ Jonas Pinheiro ­ Jonival
Lucas  ­  Jorge  Bornhausen  ­  Jorge  Hage  ­  Jorge  Leite  ­  Jorge  Uequed  ­  Jorge  Vianna  ­  José  Agripino  ­  José
Camargo ­ José Carlos Coutinho ­ José Carlos Grecco ­ José Carlos Martinez ­ José Carlos Sabóia ­ José Carlos
Vasconcelos ­ José Costa ­ José da Conceição ­ José Dutra ­ José Egreja ­ José Elias ­ José Fernandes ­ José
Freire  ­  José  Genoíno  ­  José  Geraldo  ­  José  Guedes  ­  José  Ignácio  Ferreira  ­  José  Jorge  ­  José  Lins  ­  José
Lourenço ­ José Luiz de Sá ­ José Luiz Maia ­ José Maranhão ­ José Maria Eymael ­ José Maurício ­ José Melo
­  José  Mendonça  Bezerra  ­  José  Moura  ­  José  Paulo  Bisol  ­  José  Queiroz  ­  José  Richa  ­  José  Santana  de
Vasconcellos ­ José Serra ­ José Tavares ­ José Teixeira ­ José Thomaz Nonô ­ José Tinoco ­ José Ulísses de
Oliveira ­ José Viana ­ José Yunes ­ Jovanni Masini ­ Juarez Antunes ­ Júlio Campos ­ Júlio Costamilan ­ Jutahy
Júnior  ­  Jutahy  Magalhães  ­  Koyu  Iha  ­  Lael  Varella  ­  Lavoisier  Maia  ­  Leite  Chaves  ­  Lélio  Souza  ­  Leopoldo
Peres ­ Leur Lomanto ­ Levy Dias ­ Lézio Sathler ­ Lídice da Mata ­ Louremberg Nunes Rocha ­ Lourival Baptista
­ Lúcia Braga ­ Lúcia Vânia ­ Lúcio Alcântara ­ Luís Eduardo ­ Luís Roberto Ponte ­ Luiz Alberto Rodrigues ­ Luiz
Freire ­ Luiz Gushiken ­ Luiz Henrique ­ Luiz Inácio Lula da Silva ­ Luiz Leal ­ Luiz Marques ­ Luiz Salomão ­ Luiz
Viana  ­  Luiz  Viana  Neto  ­  Lysâneas  Maciel  ­  Maguito  Vilela  ­  Maluly  Neto  ­  Manoel  Castro  ­  Manoel  Moreira  ­
Manoel  Ribeiro  ­  Mansueto  de  Lavor  ­  Manuel  Viana  ­  Márcia  Kubitschek  ­  Márcio  Braga  ­  Márcio  Lacerda  ­
Marco Maciel ­ Marcondes Gadelha ­ Marcos Lima ­ Marcos Queiroz ­ Maria de Lourdes Abadia ­ Maria Lúcia ­
Mário  Assad  ­  Mário  Covas  ­  Mário  de  Oliveira  ­  Mário  Lima  ­  Marluce  Pinto  ­  Matheus  Iensen  ­  Mattos  Leão  ­
Maurício Campos ­ Maurício Correa ­ Maurício Fruet ­ Maurício Nasser ­ Maurício Pádua ­ Maurílio Ferreira Lima
­ Mauro Borges ­ Mauro Campos ­ Mauro Miranda ­ Mauro Sampaio ­ Max Rosenmann ­ Meira Filho ­ Melo Freire
­  Mello  Reis  ­  Mendes  Botelho  ­  Mendes  Canale  ­  Mendes  Ribeiro  ­  Messias  Góis  ­  Messias  Soares  ­  Michel
Temer  ­  Milton  Barbosa  ­  Milton  Lima  ­  Milton  Reis  ­  Miraldo  Gomes  ­  Miro  Teixeira  ­  Moema  São  Thiago  ­
Moysés  Pimentel  ­  Mozarildo  Cavalcanti  ­  Mussa  Demes  ­  Myrian  Portella  ­  Nabor  Júnior  ­  Naphtali  Alves  de
Souza  ­  Narciso  Mendes  ­  Nelson  Aguiar  ­  Nelson  Carneiro  ­  Nelson  Jobim  ­  Nelson  Sabrá  ­  Nelson  Seixas  ­
Nelson  Wedekin  ­  Nelton  Friedrich  ­  Nestor  Duarte  ­  Ney  Maranhão  ­  Nilso  Sguarezi  ­  Nilson  Gibson  ­  Nion
Albernaz  ­  Noel  de  Carvalho  ­  Nyder  Barbosa  ­  Octávio  Elísio  ­  Odacir  Soares  ­  Olavo  Pires  ­  Olívio  Dutra  ­
Onofre  Corrêa  ­  Orlando  Bezerra  ­  Orlando  Pacheco  ­  Oscar  Corrêa  ­  Osmar  Leitão  ­  Osmir  Lima  ­  Osmundo
Rebouças  ­  Osvaldo  Bender  ­  Osvaldo  Coelho  ­  Osvaldo  Macedo  ­  Osvaldo  Sobrinho  ­  Oswaldo  Almeida  ­
Oswaldo  Trevisan  ­  Ottomar  Pinto  ­  Paes  de  Andrade  ­  Paes  Landim  ­  Paulo  Delgado  ­  Paulo  Macarini  ­  Paulo
Marques ­ Paulo Mincarone ­ Paulo Paim ­ Paulo Pimentel ­ Paulo Ramos ­ Paulo Roberto ­ Paulo Roberto Cunha
­ Paulo Silva ­ Paulo Zarzur ­ Pedro Canedo ­ Pedro Ceolin ­ Percival Muniz ­ Pimenta da Veiga ­ Plínio Arruda
Sampaio  ­  Plínio  Martins  ­  Pompeu  de  Sousa  ­  Rachid  Saldanha  Derzi  ­  Raimundo  Bezerra  ­  Raimundo  Lira  ­
Raimundo Rezende ­ Raquel Cândido ­ Raquel Capiberibe ­ Raul Belém ­ Raul Ferraz ­ Renan Calheiros ­ Renato
Bernardi ­ Renato Johnsson ­ Renato Vianna ­ Ricardo Fiuza ­ Ricardo Izar ­ Rita Camata ­ Rita Furtado ­ Roberto
Augusto  ­  Roberto  Balestra  ­  Roberto  Brant  ­  Roberto  Campos  ­  Roberto  D’Ávila  ­  Roberto  Freire  ­  Roberto
Jefferson  ­  Roberto  Rollemberg  ­  Roberto  Torres  ­  Roberto  Vital  ­  Robson  Marinho  ­  Rodrigues  Palma  ­  Ronaldo
Aragão ­ Ronaldo Carvalho ­ Ronaldo Cezar Coelho ­ Ronan Tito ­ Ronaro Corrêa ­ Rosa Prata ­ Rose de Freitas ­
Rospide  Netto  ­  Rubem  Branquinho  ­  Rubem  Medina  ­  Ruben  Figueiró  ­  Ruberval  Pilotto  ­  Ruy  Bacelar  ­  Ruy
Nedel ­ Sadie Hauache ­ Salatiel Carvalho ­ Samir Achôa ­ Sandra Cavalcanti ­ Santinho Furtado ­ Sarney Filho ­
Saulo  Queiroz  ­  Sérgio  Brito  ­  Sérgio  Spada  ­  Sérgio  Werneck  ­  Severo  Gomes  ­  Sigmaringa  Seixas  ­  Sílvio
Abreu ­ Simão Sessim ­ Siqueira Campos ­ Sólon Borges dos Reis ­ Stélio Dias ­ Tadeu França ­ Telmo Kirst ­
Teotonio Vilela Filho ­ Theodoro Mendes ­ Tito Costa ­ Ubiratan Aguiar ­ Ubiratan Spinelli ­ Uldurico Pinto ­ Valmir
Campelo ­ Valter Pereira ­ Vasco Alves ­ Vicente Bogo ­ Victor Faccioni ­ Victor Fontana ­ Victor Trovão ­ Vieira
da  Silva  ­  Vilson  Souza  ­  Vingt  Rosado  ­  Vinicius  Cansanção  ­  Virgildásio  de  Senna  ­  Virgílio  Galassi  ­  Virgílio
Guimarães ­ Vitor Buaiz ­ Vivaldo Barbosa ­ Vladimir Palmeira ­ Wagner Lago ­ Waldec Ornélas ­ Waldyr Pugliesi
­ Walmor de Luca ­ Wilma Maia ­ Wilson Campos ­ Wilson Martins ­ Ziza Valadares.

Participantes:  Álvaro  Dias  ­  Antônio  Britto  ­  Bete  Mendes  ­  Borges  da  Silveira  ­  Cardoso  Alves  ­  Edivaldo
Holanda ­ Expedito Júnior ­ Fadah Gattass ­ Francisco Dias ­ Geovah Amarante ­ Hélio Gueiros ­ Horácio Ferraz
­  Hugo  Napoleão  ­  Iturival  Nascimento  ­  Ivan  Bonato  ­  Jorge  Medauar  ­  José  Mendonça  de  Morais  ­  Leopoldo
Bessone  ­  Marcelo  Miranda  ­  Mauro  Fecury  ­  Neuto  de  Conto  ­  Nivaldo  Machado  ­  Oswaldo  Lima  Filho  ­  Paulo
Almada ­ Prisco Viana ­ Ralph Biasi ­ Rosário Congro Neto ­ Sérgio Naya ­ Tidei de Lima.

In Memoriam: Alair Ferreira ­ Antônio Farias ­ Fábio Lucena ­ Norberto Schwantes ­ Virgílio Távora.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 106/107
17/03/2016 Constituição

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 107/107
COMANDO DO 2°DISTRITO NAVAL
Processo Seletivo para convocação de Profissionais de Nível
Médio, de ambos os sexos, para a prestação do Serviço Militar
Voluntário (SMV) temporário como Praça de 2ª Classe da Reserva da
Marinha (RM2) – O Comando do 2º Distrito Naval divulga os
gabaritos referentes às Provas Escritas Objetivas de Conhecimentos
Profissionais realizadas no dia 25 de junho de 2016.

Publicado em 28 de junho de 2016.

AMARELA AZUL ROSA VERDE


01 B 26 B 01 E 26 C 01 B 26 E 01 E 26 A
02 C 27 D 02 E 27 B 02 C 27 D 02 C 27 E
03 E 28 D 03 E 28 D 03 C 28 B 03 C 28 E
04 D 29 D 04 B 29 C 04 E 29 E 04 B 29 D
05 A 30 E 05 C 30 E 05 B 30 A 05 E 30 D
06 B 31 E 06 E 31 E 06 B 31 E 06 B 31 C
07 C 32 C 07 B 32 A 07 E 32 B 07 A 32 B
08 E 33 B 08 C 33 B 08 A 33 C 08 E 33 A
09 B 34 A 09 D 34 C 09 A 34 B 09 B 34 B
10 B 35 C 10 D 35 D 10 A 35 C 10 C 35 B
11 E 36 D 11 A 36 E 11 D 36 B 11 E 36 C
12 B 37 A 12 B 37 A 12 C 37 D 12 B 37 C
13 D 38 C 13 A 38 D 13 B 38 A 13 B 38 D
14 B 39 E 14 B 39 D 14 C 39 C 14 D 39 D
15 E 40 A 15 C 40 E 15 A 40 C 15 E 40 B
16 D 41 E 16 E 41 B 16 E 41 E 16 A 41 E
17 A 42 B 17 B 42 C 17 E 42 A 17 E 42 E
18 A 43 D 18 D 43 C 18 D 43 B 18 D 43 E
19 D 44 C 19 C 44 D 19 E 44 A 19 B 44 C
20 C 45 C 20 E 45 E 20 E 45 D 20 D 45 C
21 E 46 B 21 A 46 A 21 D 46 D 21 A 46 A
22 E 47 B 22 B 47 B 22 B 47 D 22 B 47 A
23 C 48 E 23 B 48 A 23 D 48 E 23 D 48 D
24 B 49 A 24 A 49 B 24 B 49 E 24 C 49 E
25 A 50 E 25 D 50 E 25 B 50 C 25 A 50 B

OBS: O candidato que desejar interpor recurso da prova escrita, previsto no item
7 do Edital e Instruções ao Candidato, poderá fazê-lo até o dia 01 de julho de
2016.
COMANDO DO 1º DISTRITO NAVAL
Processo Seletivo para Prestação do Serviço Militar Voluntário (PS-SMV-PR) em 2017. O
Comando do 1º Distrito Naval divulga, após a análise de recursos, os gabaritos referentes às Provas
Escritas do PS-SMV-PR/2017, realizadas em 26 de março de 2017.

Nível Médio
AMARELA AZUL VERDE ROSA
01 - A 26 - D 01 - B 26 - B 01 - C 26 - E 01 - B 26 - C
02 - B 27 - B 02 - C 27 - D 02 - D 27 - ANULADA 02 - C 27 - B
03 - B 28 - ANULADA 03 - B 28 - E 03 - B 28 - D 03 - D 28 - C
04 - E 29 - C 04 - D 29 - ANULADA 04 - A 29 - D 04 - A 29 - C
05 - C 30 - B 05 - E 30 - D 05 - D 30 - A 05 - D 30 - ANULADA
06 - D 31 - D 06 - D 31 - C 06 - B 31 - A 06 - E 31 - C
07 - D 32 - C 07 - A 32 - E 07 - E 32 - B 07 - B 32 - E
08 - A 33 - B 08 - C 33 - C 08 - D 33 - B 08 - B 33 - A
09 - A 34 - B 09 - E 34 - ANULADA 09 - E 34 - C 09 - A 34 - D
10 - D 35 - E 10 - A 35 - B 10 - B 35 - C 10 - A 35 - E
11 - ANULADA 36 - ANULADA 11 - C 36 - D 11 - D 36 - B 11 - D 36 - B
12 - E 37 - A 12 - A 37 - D 12 - A 37 - C 12 - A 37 - B
13 - A 38 - B 13 - C 38 - B 13 - A 38 - D 13 - A 38 - D
14 - C 39 - D 14 - A 39 - A 14 - ANULADA 39 - A 14 - E 39 - D
15 - D 40 - E 15 - B 40 - C 15 - C 40 - C 15 - C 40 - C
16 - D 41 - A 16 - D 41 - B 16 - A 41 - D 16 - C 41 - ANULADA
17 - E 42 - C 17 - C 42 - B 17 - A 42 - ANULADA 17 - D 42 - ANULADA
18 - A 43 - C 18 - E 43 -ANULADA 18 - C 43 - E 18 - D 43 - B
19 - B 44 - E 19 - A 44 - ANULADA 19 - C 44 - C 19 - A 44 - B
20 - C 45 - ANULADA 20 - D 45 - C 20 - E 45 - B 20 - C 45 - E
21 - A 46 - ANULADA 21 - A 46 - E 21 - A 46 - ANULADA 21 - C 46 - ANULADA
22 - C 47 - D 22 - A 47 - A 22 - D 47 - ANULADA 22 - D 47 - D
23 - D 48 - C 23 - ANULADA 48 - C 23 - C 48 - ANULADA 23 - A 48 - A
24 - A 49 - ANULADA 24 - D 49 - ANULADA 24 - D 49 - B 24 - E 49 - ANULADA
25 - C 50 - A 25 - D 50 - A 25 - A 50 - E 25 - ANULADA 50 - A
Comando do 1° Distrito Naval
Processo Seletivo para Prestação do Serviço Militar Voluntário (PS-SMV-PR) em 2018.

O Comando do 1° Distrito Naval divulga os gabaritos referentes às Provas Escritas de Nivel Médio do
SMV 2018, realizadas em 15 de abril de 2018.
Publicado em 19 de abril de 2018.

Língua Portuguesa e Formação Militar Naval - Nível Médio

AMARELA AZUL VERDE ROSA

01 - A 26 - A 01 - C 26 - D 01 - D 26 - B 01 - B 26 - A

02 - E 27 - C 02 - B 27 - D 02 - C 27 - D 02 - B 27 - C

03 - B 28 - D 03 - B 28 - D 03 - C 28 - D 03 - C 28 - B

04 - A 29 - D 04 - E 29 - B 04 - E 29 - D 04 - A 29 - B

05 - B 30 - E 05 - B 30 - E 05 - D 30 - E 05 - B 30 - C

06 - C 31 - B 06 - D 31 - C 06 - C 31 - E 06 - E 31 - E

07 - E 32 - A 07 - B 32 - B 07 - C 32 - D 07 - D 32 - D

08 - D 33 - D 08 - C 33 - C 08 - B 33 - C 08 - D 33 - D

09 - C 34 - C 09 - B 34 - A 09 - B 34 - C 09 - D 34 - C

10 - B 35 - D 10 - D 35 - C 10 - B 35 - A 10 - D 35 - D

11 - B 36 - B 11 - A 36 - A 11 - A 36 - C 11 - C 36 - E

12 - D 37 - D 12 - A 37 - B 12 - E 37 - B 12 - D 37 - C

13 - C 38 - B 13 - A 38 - D 13 - C 38 - A 13 - E 38 - D

14 - E 39 - E 14 - C 39 - A 14 - D 39 - A 14 - B 39 - E

15 - A 40 - C 15 - D 40 - A 15 - E 40 - C 15 - E 40 - B

16 - A 41 - A 16 - E 41 - E 16 - B 41 - A 16 - D 41 - B

17 - C 42 - A 17 - E 42 - C 17 - E 42 - E 17 - B 42 - A

18 - B 43 - E 18 - D 43 - D 18 - B 43 - B 18 - B 43 - D

19 - C 44 - C 19 - A 44 - B 19 - A 44 - A 19 - C 44 - D

20 - D 45 - B 20 - E 45 - C 20 - D 45 - E 20 - C 45 - A

21 - D 46 - A 21 - C 46 - D 21 - D 46 - D 21 - A 46 - A

22 - D 47 - B 22 - B 47 - A 22 - A 47 - B 22 - E 47 - C

23 - B 48 - E 23 - D 48 - E 23 - B 48 - C 23 - A 48 - A

24 - E 49 - D 24 - C 49 - E 24 - D 49 - B 24 - A 49 - B

25 - D 50 - C 25 - D 50 - B 25 - A 50 - D 25 - C 50 - E
COMANDO DO 1º DISTRITO NAVAL
Processo Seletivo para Prestação do Serviço Militar Voluntário (PS-SMV-PR) em 2017. O
Comando do 1º Distrito Naval divulga, após a análise de recursos, os gabaritos referentes às Provas
Escritas do PS-SMV-PR/2017, realizadas em 26 de março de 2017.

Nível Fundamental
AMARELA AZUL VERDE ROSA
01 - C 26 - C 01 - D 26 - E 01 - B 26 - E 01 - D 26 - C
02 - Alterada
02 - B 27 - C 02 - E 27 - D 02 - A 27 - D 27 - E
para A
03 - D 28 - E 03 - A 28 - D 03 - C 28 - B 03 - E 28 - A
04 - E 29 - B 04 - D 29 - D 04 - D 29 - E 04 - D 29 - D
05 - B 30 - D 05 - D 30 - C 05 - B 30 - A 05 - A 30 - B
06 - C 31 - D 06 - B 31 - C 06 - A 31 - A 06 - D 31 - C
07 - D 32 - E 07 - A 32 - B 07 - A 32 - C 07 - A 32 - B
08 - Alterada
33 - C 08 - A 33 - C 08 - E 33 - D 08 - A 33 - ANULADA
para A
09 - A 34 - ANULADA 09 - B 34 - E 09 - A 34 - C 09 - D 34 - B
10 - A 35 - D 10 - A 35 - B 10 - D 35 - B 10 - B 35 - B
11 - A 36 - B 11 - C 36 - A 11 - D 36 - C 11 - B 36 - D
12 - D 37 - A 12 - D 37 - C 12 - C 37 - C 12 - D 37 - D
13 - E 38 - D 13 - A 38 - B 13 - C 38 - A 13 - C 38 - B
14 - B 39 - C 14 - B 39 - D 14 - A 39 - B 14 - A 39 - C
15 - A 40 - D 15 - B 40 - B 15 - A 40 - ANULADA 15 - A 40 - D
16 - D 41 - E 16 - A 41 - D 16 - A 41 - D 16 - C 41 - A
17 - B 42 - E 17 - C 42 - A 17 - A 42 - B 17 - A 42 - E
18 - A 43 - B 18 - A 43 - C 18 - E 43 - D 18 - C 43 - E
19 - Alterada
19 - A 44 - C 44 - B 19 - E 44 - B 19 - E 44 - C
para A
20 - A 45 - B 20 - E 45 - B 20 - B 45 - E 20 - A 45 - B
21 - D 46 - B 21 - C 46 - C 21 - A 46 - D 21 - A 46 - C
22 - E 47 - B 22 - A 47 - ANULADA 22 - D 47 - B 22 - A 47 - A
23 - Alterada
23 - C 48 - C 23 - E 48 - E 48 - E 23 - B 48 - D
para A
24 - A 49 - A 24 - D 49 - E 24 - D 49 - C 24 - B 49 - E
25 - A 50 - A 25 - A 50 - A 25 - B 50 - C 25 - E 50 - C
Comando do 1° Distrito Naval
Processo Seletivo para Prestação do Serviço Militar Voluntário (PS-SMV-PR) em 2018.

O Comando do 1° Distrito Naval divulga os gabaritos referentes às Provas Escritas de Nivel


Fundamental do SMV 2018, realizadas em 15 de abril de 2018.

Publicado em 19 de abril de 2018.

Língua Portuguesa e Formação Militar Naval - Nível Fundamental

AMARELA AZUL VERDE ROSA

01 - A 26 - A 01 - A 26 - E 01 - A 26 - E 01 - D 26 - A

02 - D 27 - A 02 - C 27 - D 02 - D 27 - B 02 - B 27 - A

03 - B 28 - E 03 - B 28 - E 03 - B 28 - B 03 - E 28 - D

04 - E 29 - E 04 - D 29 - E 04 - C 29 - D 04 - C 29 - E

05 - C 30 - E 05 - E 30 - A 05 - E 30 - A 05 - A 30 - E

06 - D 31 - B 06 - C 31 - A 06 - D 31 - A 06 - E 31 - C

07 - C 32 - A 07 - E 32 - C 07 - B 32 - A 07 - B 32 - C

08 - E 33 - D 08 - C 33 - E 08 - B 33 - D 08 - B 33 - B

09 - E 34 - B 09 - E 34 - D 09 - E 34 - E 09 - A 34 - A

10 - E 35 - C 10 - D 35 - B 10 - D 35 - E 10 - D 35 - C

11 - D 36 - C 11 - A 36 - D 11 - A 36 - D 11 - D 36 - C

12 - E 37 - E 12 - D 37 - E 12 - A 37 - A 12 - E 37 - A

13 - E 38 - C 13 - E 38 - A 13 - C 38 - C 13 - B 38 - E

14 - D 39 - E 14 - C 39 - B 14 - E 39 - E 14 - C 39 - E

15 - A 40 - B 15 - A 40 - E 15 - D 40 - B 15 - A 40 - E

16 - C 41 - D 16 - A 41 - A 16 - C 41 - C 16 - E 41 - E

17 - A 42 - B 17 - A 42 - D 17 - A 42 - C 17 - A 42 - B

18 - D 43 - A 18 - B 43 - B 18 - B 43 - B 18 - E 43 - A

19 - C 44 - C 19 - E 44 - C 19 - A 44 - B 19 - E 44 - D

20 - A 45 - A 20 - B 45 - C 20 - E 45 - E 20 - C 45 - B

21 - C 46 - D 21 - C 46 - B 21 - D 46 - E 21 - D 46 - D

22 - B 47 - D 22 - B 47 - C 22 - E 47 - C 22 - C 47 - B

23 - B 48 - B 23 - E 48 - A 23 - E 48 - A 23 - D 48 - D

24 - A 49 - D 24 - D 49 - B 24 - C 49 - D 24 - C 49 - B

25 - B 50 - E 25 - D 50 - D 25 - C 50 - D 25 - A 50 - D
Simulado – Temporário Marinha Jan 20

03 – Analise os períodos abaixo:


I - Já faz dois anos que moro em Curitiba.
II - No final de semana, destruíram o jardim da praça.
III - Desconfiava-se da proposta apresentada na reunião.
IV - Alugam-se apartamentos para temporada de inverno.

Com relação à classificação do sujeito dos verbos destacados, assinale a alternativa correta.
a) Nas orações I e IV, o sujeito é simples.
b) O sujeito das orações II e III é indeterminado.
c) Apenas na oração IV o sujeito pode ser classificado como inexistente.
d) Há sujeito indeterminado nas orações II e IV.
e) O sujeito da oração IV é indeterminado.

04 - Analise as frases abaixo quanto ao grau dos adjetivos destacados.


I - "Um dos caboclos, o mais forte, teve uma ideia." (Dinah S. Queirós)
II - "Aquele dia foi belíssimo, pra ficar na memória por muito tempo..."
III - "Pessoas muito ocupadas quase não percebem a vida passar."
IV - "Ele se sentia livre que nem um passarinho."
V - “Essa é a pior música que já ouvi.”

Pode-se afirmar que


a) o grau do adjetivo destacado na frase I é comparativo de superioridade.
b) "belíssimo", na frase II, é superlativo absoluto analítico.
c) na frase IV, observa-se o comparativo de igualdade expresso na língua coloquial.
d) em V, ocorre o grau superlativo relativo de inferioridade
e) o grau do adjetivo destacado na frase III é superlativo absoluto analítico, assim como o adjetivo da frase II.

05 – A oração em destaque classifica-se como subordinada adjetiva em qual alternativa?


a) Esse foi o principal motivo que contribuiu para o meu desligamento da empresa.
b) Eles queriam que eu participasse de negócios escusos.
c) A pressão era tão grande que eu passei a desenvolver problemas de saúde.
d) Tente, que alcançará seus objetivos.
e) Alguns sócios eram mais espertos que raposas.

06 – Assinale a alternativa em que a colocação do pronome oblíquo átono não está correta, segundo a norma culta.
a) Os professores se haviam encontrado no curso.
b) Felizmente, há pessoas que nos são fiéis toda a vida.
c) Nada me aborrecerá neste momento de paz.
d) Defenda-nos junto ao chefe, meu amigo!
e) Ninguém trouxe-me boas notícias naquele momento.

07 – Com relação à concordância nominal, assinale a alternativa correta.


a) Segundo informações confiáveis, está proibido, por prazo indeterminado, a formação de novos consórcios.
b) Com a aprovação do relatório, a organização política-administrativa da empresa não sofreu alterações significativas.
c) A questão da violência tem afetado a qualidade de vida das grandes cidades. É necessária segurança para se viver bem.
d) O argumento dos alunos não me convence mais. Já ouvi isso bastantes vezes.
e) Observe que se enviaram anexo, ao meio-dia e meia, aquelas documentações referentes aos pagamentos dos imóveis.

08 – Assinale a alternativa em que a expressão destacada não se classifica como locução adverbial.
a) Solitário andava a esmo.
b) Muitas crianças ainda morrem de fome, devido à desnutrição.
c) As políticas salariais sempre beneficiam os trabalhadores de maior poder aquisitivo.
d) Um dos preceitos do estatuto familiar, em minha casa, era que rapazes não deveriam ficar à toa, por tempo nenhum e a
nenhum pretexto.
e) “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e
daquelas ferozes.”

09 – Leia:
O veículo elétrico não emite gás carbônico ou nenhum outro tipo de gás nocivo ao meio ambiente.
Assinale a alternativa em que o predicado destacado classifica-se como o predicado presente no trecho em destaque na
frase acima.
a) Somente pessoas de alto poder aquisitivo comprarão veículos elétricos.
b) Fabricar veículos elétricos ficará cada vez mais oneroso para as montadoras nacionais.
c) A fabricação de veículos elétricos será importante para a preservação do meio ambiente.
d) O custo dos veículos elétricos é muito elevado.
e) Será fundamental que não nos considerem incapazes para essa missão.
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10 – O termo destacado abaixo exerce a função sintática de objeto indireto em


a) “– Que bom que vocês puderam vir à Suíça Brasileira!”
b) “Entreguei-te meu coração para toda a eternidade.”
c) “Ela já me aguardava andando pelo gramado.”
d) “Quero antes o lirismo dos loucos.”
e) Levaram-lhe o carro novo.

11 – A conjunção coordenativa em destaque está corretamente classificada em


a) Não assumiu a responsabilidade nem pediu desculpas ao chefe. – alternativa
b) No domingo passado, nós não fomos à praia, mas também não fomos ao museu. – adversativa
c) Ela se indignou com a ofensa, entretanto manteve a calma e permaneceu calada. – explicativa
d) Ele saiu muito atrasado hoje, portanto perderá o ônibus para o trabalho. – conclusiva
e) Fez sol no final de semana, e não fomos à piscina. – aditiva

12 – Assinale o segmento em que não ocorre conotação:


a) Lendo o futuro no passado dos políticos (...)
b) Antes do meio-dia, a reportagem estava pronta.
c) Eram 75 linhas que jorravam na máquina de escrever com regularidade mecânica.
d) As fontes é que iam beber em seus ouvidos.
e) (...) capaz de cortar com a elegância de um golpe de florete.

13 – Leia:
Ao contrário do que a juventude dos anos 60 viveu, os rapazes e as moças de hoje tem estabelecido com os pais uma
relação de proximidade e amizade. Os temores que havia por parte dos filhos agora estão sendo dissipados.
Considerando os verbos em destaque, de acordo com a norma culta, pode-se dizer que a concordância do(s)
a) dois verbos está correta.
b) dois verbos está incorreta.
c) 1º verbo está correta, apenas.
d) 2º verbo está incorreta, pois deveria ser “haviam”
e) 2º verbo está correta, apenas.

14 – Em qual alternativa não é possível identificar se o ser ao qual o substantivo em destaque se refere é masculino ou
feminino?
a) A agente de turismo me garantiu que o hotel é excelente.
b) A cliente reclamou do péssimo atendimento ao gerente do banco.
c) O público aplaudiu muito a intérprete quando o espetáculo terminou.
d) Depois de várias ameaças anônimas, a testemunha passou a receber proteção policial.
e) O contralto da igreja recebeu vários elogios após sua última apresentação.

15 – Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, os espaços pontilhados do período abaixo.
..... muito tempo, passamos por um ......... momento, .......... nossos filhos estavam desempregados. Algumas pessoas,
então, nos questionavam o ......... de tanta alegria; não sabiam da imensa fé que alimentava nossa família.
a) A – mal – porque – porque
b) Há – mau – porquê – porquê
c) Há – mau – porque – porquê
d) A – mal – porquê – porque
e) Há – mau – por que – porquê

16 – Em relação à concordância nominal, assinale a alternativa correta.


a) Bastantes sacolinhas plásticas ainda são distribuídas e vendidas em supermercados.
b) Não é necessário a distribuição de sacolinhas plásticas nos supermercados a partir de 2012.
c) Estão anexo ao processo as cópias da lei que proíbe o uso de sacolinhas plásticas.
d) Os supermercados ainda distribuem bastante sacolinhas plásticas.
e) As donas de casa estão meias confusas em relação à lei que proíbe a distribuição de sacolinhas plásticas.

17 – Assinale a alternativa em que o verbo está na voz passiva analítica.


a) A moça penteou seus lindos cabelos antes da partida.
b) O escritório fora invadido por bandidos encapuzados.
c) Durante a palestra, ouviam-se vozes irritadas e insistentes.
d) Naquele local bucólico, os dois amigos de infância abraçaram-se.
e) Os computadores tinham apresentado diversos problemas.

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18 – Leia: Ele vivia da política corrupta; sua ex-esposa do trabalho honesto.


Caberia uma vírgula depois de
a) vivia.
b) política.
c) trabalho.
d) ex-esposa.
e) ele.

19 – Em que alternativa a palavra em destaque é classificada como pronome?


a) Aquela questão da prova não estava certa.
b) Mudanças certas não ocorrem em horas certas.
c) Certas cidades oferecem excelente educação pública.
d) As decisões certas nas horas certas facilitam o trabalho cotidiano
e) Trata-se da profissional certa para assumir a nova chefia.

20 – Leia:
O verde da bandeira brasileira representa nossas matas, nossa vegetação. O brasileiro não tem noção da importância
dessa riqueza natural, por isso não defende nosso território.
De acordo com o contexto, em qual alternativa existe adjetivo?
a) verde
b) riqueza
c) brasileiro e brasileira
d) verde e brasileira
e) brasileira

21 – Leia:
Na rua, o luar embalava carinhosamente os sonhos dos namorados.
Qual a figura de linguagem presente na frase acima?
a) prosopopeia
b) metonímia
c) hipérbole
d) antítese
e) hipérbato

22 – Assinale a alternativa incorreta em relação ao emprego do pronome relativo onde.


a) Na Bolívia oriental, onde o jaguar é um bicho comum, os homens ainda hoje partem para a caça desse animal, armados
unicamente com uma lança de madeira.
b) Há uma crença onde se acredita que alguns homens possam se transformar em jacarés.
c) O prédio onde morava fora demolido, pois sua construção era irregular.
d) Já foi terminada a casa onde ficaremos alojados até o final do curso.
e) As grutas onde caminhamos são bem escuras.

23 – Em qual alternativa o emprego da crase está incorreto?


a) Refiro-me àquele homem que foi meu vizinho.
b) Não dê importância àquelas palavras indelicadas.
c) As pessoas, àquela hora, não conseguiam mais se concentrar na aula.
d) Admira-me àquela disposição que ele ainda tem para trabalhar todos os dias.
e) Demos um presente de Natal à Patrícia.

24 – A conjunção subordinativa em destaque estabelece que tipo de relação de sentido entre as orações por ela conectadas?
Como as organizações ambientalistas têm denunciado, os países industrializados são os que mais poluem o meio ambiente.
a) Conformidade.
b) Comparação.
c) Finalidade.
d) Condição.
e) Causa.

25 – Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas da frase abaixo:


Os navios negreiros, ....... donos eram traficantes, foram revistados. Ninguém conhecia o traficante ....... o fazendeiro
negociava.
a) nos quais / que
b) cujos / que
c) que / cujo
d) de cujos / com quem
e) cujos / com quem

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HISTÓRIA NAVAL

26 - Leia o texto a seguir:


“... minha resolução foi de acabar de uma vez, com toda a esquadra paraguaia, que eu teria conseguido se os quatro
vapores que estavam mais acima não tivessem fugido. Pus a proa sobre o primeiro, que o escangalhei, ficando inutilizado
completamente, de agua aberta, indo pouco depois ao fundo. Segui a mesma manobra contra o segundo, que era o Marques
de Olinda, que inutilizei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou pela mesma forma. ”
(Parte de Combate escrita em 12 de junho de 1865 a bordo da Fragata amazonas pelo Chefe da Divisão Francisco Manoel
Barroso).

O trecho acima se trata do relato do almirante Barroso a respeito da vitória brasileira sobre as forças navais paraguaias, na
Batalha naval do Riachuelo, ocorrida no dia 11 e junho de 1865. Apesar de a guerra ter se estendido até 1870. Porque tal
Batalha Naval pode ser considerada como decisiva para a vitória da Tríplice aliança?

a) O presidente paraguaio, Francisco Solano Lopez, foi morto durante a Batalha naval do Riachuelo, desestabilizando aas
forças paraguaias.
b) Na Batalha Naval do Riachuelo, grande parte da esquadra paraguaia foi aniquilada, o que garantiu o bloqueio naval que
impediu o Paraguai de receber armamentos do exterior.
c) Com a vitória brasileira em Riachuelo, parte das fortalezas paraguaias se rebelou contra o governo paraguaio.
d) Tal batalha anulou todas as forças paraguaias, de modo que o restante do conflito foi uma marcha sem esforços da
Tríplice Aliança até Assunção.
e) Com a vitória em Riachuelo, a Argentina entrou na guerra ao lado do brasil, saindo do seu estado de neutralidade.

27 - A frase atribuída ao Almirante Paulo de Castro Moreira da Silva, “Não compreendo defender-se um mar que não se
use”, encerra uma recíproca verdadeira, na medida em que dificilmente se fará uso do mar sem assegurar a sua defesa.
Assim, na dinâmica Poder Marítimo e Poder Naval, é INCORRETO afirmar que:

a) Toda a potencialidade marítima de um país, traduzida em termos de uso do mar, constitui o seu Poder Marítimo, tendo o
Poder Naval para assegurá-lo.
b) O Poder Naval traduz-se como parte do Poder Marítimo, englobando aquele à Marinha Mercante, nascida em decorrência
da existência das Marinha de Guerra, apesar de hoje, maciçamente, o comércio internacional não se realizar mais por mar.
c) O Poder Naval é parte do poder Marítimo, que inclui também a Marinha Mercante, o território marítimo, as indústrias
subsidiárias, a vocação marítima de um povo, a política governamental para tal e outros elementos afins.
d) O Poder Naval constitui-se de uma esquadra ou de Forças Navais (como núcleo), das bases navais, do pessoal engajado, e
de outros elementos diretamente ligados à guerra naval, tendo surgido posteriormente à Marinha Mercante na história.
e) As Marinhas de Guerra são apenas uma parte do Poder Marítimo, constituindo o chamado Poder Naval, a reunir os
elementos diretamente responsáveis pela garantia do exercício da soberania de cada país no mar.

28 - Analise o texto abaixo.


“Desde cedo usado para o estabelecimento de relações entre os povos por ele banhados (...) vê-se que o mar teve, como
ainda tem, amplo uso: comércio, expansão de ideias e de domínios, fonte de sobrevivência, etc.”
(ALBUQUERQUE, Antônio Luis Porto e; SILVA, Léo Fonseca e. Fatos da História Naval. P. 25)

O trecho acima se refere à importância do mar nas origens da civilização ocidental. Na obra citada, os autores destinam
particularmente ênfase à dimensão restrita do mar, que se associa ao uso circunscrito do mar...

a) Adriático
b) Mediterrâneo
c) Egeu
d) Atlântico
e) Vermelho

29 - O desenvolvimento da tecnologia náutica ocorrido na Península ibérica entre os séculos XIII e XV foi fundamental para a
consecução da navegação oceânica, possibilitando a emergência das chamadas “Grandes Navegações”. Assinale a opção que
apresenta uma embarcação pertencente ao contexto histórico da Expansão Marítima Europeia dos séculos XV-XVI.

a) O encouraçado tipo dreadnought, detentor de forte armamento e poderosa blindagem e resistente às intempéries
oceânicas.
b) A galé movida a remo, que se constituía como embarcação veloz e era própria para a navegação atlântica.
c) A caravela, que devido às suas velas latinas possibilitou melhor navegabilidade na cosa africana.
d) O galeão, que fora projetado para servir exclusivamente como navio mercante, tendo, desse modo, um grande porte.
e) A nau, que era uma embarcação de pequeno porte totalmente desarmada e equipada com velas redondas.

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30 - Leia o texto a seguir:


“As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados.
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram;
Novo reino, que tanto sublimaram (...)”
(Trecho de “Os Lusíadas” de Luís de Camões, 1572)

Publicado no século XVI, Os ‘Lusíadas’ de Luís de Camões, trata-se de uma ode ao pioneirismo lusitano no processo de
expansão marítima europeia no final do século XIV. Que fatores posicionaram tal pioneirismo português?
a) A centralização política de Portugal e a aliança entre a nobreza e os setores mercantis.
b) A vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos cem Anos e a posição geográfica favorável.
c) A absorção de tecnologia náuticas dos ingleses e o isolamento da nobreza.
d) A independência portuguesa ao Reino de Castela e o emprego dos navegadores holandeses.
e) A aliança com os comerciantes genoveses e o monopólio português do comercio do mar mediterrâneo.

31 - Leia o texto a seguir:


“ Graças às iniciativas de homens como Jerônimo de Albuquerque, a monarquia podia se viabilizar em suas conquistas.
Afinal, esses homens, dispersos em intricadas redes imperiais, eram capazes de movimentar redes que traziam substância à
política ultramarina. ”

(BITTENCOURT, A. de S.; Loureiro, M.J.G.; RESTIER JUNIOR, R.J.P. Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval
contra os franceses no Maranhão. In. Revista Navigator. V.7/n. 13. Rio de Janeiro. Jun/2011. P. 82)

O trecho acima faz menção a bem-sucedida luta da Coroa luso-espanhola pela manutenção de suas posses no Maranhão
diante de uma ocupação estrangeira ocorrida entre 1612 e 1615. Em tal período, a possessão portuguesa no Maranhão
esteve sob o domínio de invasores...
a) Ingleses
b) Holandeses
c) Franceses
d) Irlandeses
e) Italianos

32 - Após a Proclamação da Independência do Brasil em 1822, o Governo Imperial teve a necessidade de criar rapidamente
uma Esquadra Brasileira com a intenção de efetivar a Independência e combater as forças opositoras à autonomia política
da nação. Além de a recém-criada Marinha do Brasil, ter sido fundamental na guerra pela independência, que outro fator
de destaque pode ser atribuído à Esquadra Imperial Brasileira?
a) A transformação colônia brasileira em uma República.
b) A manutenção da unidade territorial brasileira.
c) A incorporação das Províncias unidas do Prata ao território brasileiro.
d) O apresamento dos navios portugueses seguido da tomada da cidade de Lisboa.
e) A proibição de contratação de estrangeiros para comporem a Marinha do Brasil.

33 - O primeiro conflito internacional que o Brasil participou após sua independência foi a Guerra da Cisplatina (1825-1828).
A respeito dessa guerra, é correto afirmar que,
a) A independência da Cisplatina, sob o nome de República Oriental do Uruguai, foi um de seus resultados.
b) Devido ao maior poderio naval argentino, a Esquadra Imperial Brasileira fez uso intensivo da guerra de corso.
c) A causa principal desse conflito foi a invasão paraguaia à província do Mato Grosso.
d) A vitória brasileira se deu em consequência de sua estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata.
e) Ao bloquear o Rio da Paraná, Argentina e Uruguai, deu um duro golpe na Força Naval Paraguaia.

34 - O tradado da Tríplice Aliança foi assinado contra o Governo do Paraguai, pelo Brasil, Argentina e Uruguai1, em 1o de
maio de 1865. É errado afirmar que um dos principais motivos dessa aliança foi,
a) A apresamento do Vapor brasileiro Marquês de Olinda, que viajava para Mato Grosso transportando o novo presidente
dessa província, em 12 de novembro de 1864, em Assunção.
b) A invasão do Sul de Mato Grosso por tropas paraguaias, em 28 de dezembro de 1864.
c) A descoberta de um plano de Solano Lopes de atacar de surpresa a Esquadra Brasileira estacionada em Montevidéu.
d) A invasão de território da Argentina por tropas paraguaias, em 13 de abril de 1865, ocupando a Cidade de Corrientes.
e) Apresando dos vapores argentinos Gualeguay e 25 de Mayo.

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35 - Uma das principais armas que o Paraguai utilizou durante o conflito contra o Império brasileiro na Guerra da Tríplice
Aliança contra o Governo do Paraguai, foi
a) O navio encouraçado, que resistiam aos tiros dos canhões posicionados nas margens dos rios.
b) O navio monitor, inovação tecnológica da Guerra Civil Americana
c) Navios de propulsão mista, vapor e vento.
d) As chatas artilhadas, que rebocadas até onde iriam ser utilizadas provocavam avarias em vários navios da Marinha
Imperial Brasileira.
e) Navios a vela, que tinham mais mobilidade nas batalhas em rios.

36 - Durante a Primeira Guerra Mundial, navios mercantes brasileiros foram atacados por submarinos alemães, o que levou
o governo brasileiro a declarar estado de guerra com o Império Alemão em 1917. Constitui-se como ação brasileira nesta
guerra a criação:
a) Da Divisão Naval em Operações de Guerra.
b) Da Força Naval do Nordeste.
c) Da Força Aérea Brasileira.
d) Da Divisão Naval do Rio da Prata.
e) Do Corpo de Fuzileiros Navais.

37 - Qual das missões abaixo representou a principal atuação da Marinha do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial?
a) Patrulhar a área compreendida entre Dakar e Gibraltar na costa da África.
b) Realizar o bloqueio naval no Rio da Prata.
c) Transportar tropas para a Europa e realizar operações anfíbias de desembarque na França ocupada.
d) Enfrentar os encouraçados alemães no Atlântico Sul, dentre os quais pode ser citado o Encouraçado Graf Spee.
e) Patrulhar o atlântico sul e escoltar os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o litoral sul
do Brasil

38 - Na década de 1960, uma crise envolveu Brasil e França em uma questão correlacionada à soberania do marco territorial
brasileiro. Tal crise levou o governo brasileiro a tomar uma atitude de persuasão naval coercitiva, determinando o envio de
navio da Marinha do Brasil ao local da crise a defender seus direitos. Finalmente, o conflito de interesses foi resolvido no
campo da diplomacia. Como ficou conhecida essa crise?
a) Guerra das Malvinas.
b) Crise dos Mísseis.
c) Questão Christie.
d) Guerra da Lagosta.
e) Crise Vichy.

FORMAÇÃO MILITAR NAVAL

39 – O tempo de duração do estado de defesa e de sítio não poderá exceder inicialmente:


a) 10 dias
b) 20 dias
c) 30 dias
d) 40 dias
e) 50 dias

40 – No caso de declaração de estado de guerra deverá ser promulgado(a):


a) Estado de calamidade
b) Estado de Sítio
c) Estado de Defesa
d) Ato Institucional
e) Medida Provisória

41 – Destinam-se a defesa da pátria, garantia dos poderes constitucionais e garantia da lei e da ordem:
a) Polícias Federais
b) Forças Armadas
c) Guardas Municipais
d) Polícias Militares
e) Auditores Fiscais

42 – Assinale a alternativa incorreta:


a) Os membros das Forças Armadas são denominados militares
b) O serviço militar é obrigatório
c) A polícia ferroviária federal é um órgão de segurança pública
d) É proibido a sindicalização e a greve aos militares
e) Caberá habeas corpus as punições disciplinares militares
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43 – Uma das premissas para a reorganização da base industrial de defesa brasileira é:


a) Priorizar o desenvolvimento de capacitações tecnológicas independentes
b) Incrementar a pesquisa avançada em detrimento da produção rotineira
c) Descentralizar as considerações comerciais aos imperativos estratégicos
d) Priorizar a tecnologia estrangeira a fim de desenvolver tecnologias autóctones
e) A produção estatal da base Industrial de Defesa, competindo com o setor privado a fim de obter entabilidade similar

44 – Segundo a END quais os setores estratégicos para o país:


a) Terrestre, Marítimo e Aeroespacial
b) Espacial, Cibernético e Nuclear
c) Espacial, Industrial, Cibernético
d) Agro-industrial, Econômico e Cibernético
e) Indústria Naval, Espacial, e Nuclear

45 – Grau hierárquico da praça conferido pela autoridade militar competente:


a) Posto
b) Antiguidade
c) Graduação
d) Patente
e) Arma

46 – Em último caso a antiguidade entre militares do mesmo posto ou graduação será medida pela(o):
a) Posição nas escalas numéricas da força
b) Data da assinatura da promoção
c) Data da incorporação
d) Data de nascimento
e) Data da declaração

47 – Conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a um militar em serviço:


a) Função
b) Cargo
c) Tarefa por Tempo Certo
d) Termo de posse
e) Tarefas

48 - No emprego de qual estilo de liderança o líder demonstra desinteresse pelos problemas e ideias, tolhendo a iniciativa
e, por conseguinte, a participação e a criatividade dos subordinados?
a) Autocrática
b) Democrática
c) Delegativa
d) Transacional
e) Transformacional

49 - O caminho para a liderança passa pelo conhecimento profissional, pelo autoconhecimento e por conhecer bem seus
subordinados. Qual aspecto fundamental da liderança, oferece ferramentas úteis para o líder desenvolver o
autoconhecimento e conhecer bem seus subordinados?
a) Filosófico
b) Metodológico
c) Psicológico
d) Sociológico
e) Antropológico

50 - De acordo com o EMA-137, o comandante deve possuir dois atributos, a fim de conduzir eficazmente a organização no
cumprimento da missão. Quais são esses atributos?
a) Líder e Condutor de homens
b) Gerente e Diretor
c) Chefe e Gerente
d) Chefe e Líder
e) Chefe e Diretor

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51 - Que nível de liderança desenvolve-se em organizações de maior envergadura, normalmente estruturadas como Estado-
Maior, sendo composta por liderança direta, conduzida em menor escala e voltada para os subordinados imediatos, e por
delegação de tarefas?
a) Indireta
b) Organizacional
c) Estratégica
d) Direta
e) Autocrática

52 - Qual estilo de liderança é caracterizado pelos aspectos: influência idealizada, inspiração motivadora, estimulação
intelectual e consideração individualizada?
a) Autocrática
b) Participativa ou Democrática
c) Delegativa
d) Transacional
e) Transformacional

53 - Considerando-se apenas a variável situacional “alto” nível de maturidade (profissional e/ou emocional), quais estilos
quanto ao grau de centralização de poder; tipo de incentivo; e foco do líder, deverão ser empregados pelo líder?
a) Autocrática, Transformacional e Orientada para Relacionamento
b) Participativa, Transacional e Orientada para Tarefa
c) Delegativa, Transformacional, Orientada para Relacionamento
d) Autocrática, Transacional e Orientada para Tarefa
e) Delegativa, Transacional e Orientada para o Relacionamento

CARTÃO RESPOSTA:

A B C D E A B C D E A B C D E A B C D E A B C D E
1 12 23 34 45
2 13 24 35 46
3 14 25 36 47
4 15 26 37 48
5 16 27 38 49
6 17 28 39 50
7 18 29 40 51
8 19 30 41 52
9 20 31 42 53
10 21 32 43
11 22 33 44

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SIMULADO 1 – SMV–RM2-OF/2018

Nome: ________________________________________________________

1. Você receberá o material descrito abaixo:


a) este Caderno com o enunciado das 30 questões, sem repetição ou falha,
contendo 15 questões de Português e 15 de Formação Militar Naval; e
b) uma Folha de Respostas destinada às respostas das questões formuladas
na prova.
2. Verifique se o material está em ordem.
3. Ao receber a Folha de Respostas, é obrigação do aluno:
a) preencher o espaço destinado ao seu nome; e
b) preencher de caneta azul ou preta a opção correta para cada questão.
4. As questões são identificadas pelo número que se situa ao lado de seu
enunciado.
5. Reserve 10 (dez) minutos para marcar a Folha de Respostas.
6. O rascunho de Caderno de Questões não será levado em consideração.
7. Quando terminar, entregue somente a Folha de Respostas.
8. O tempo disponível para esta prova é de duas horas.
(corte aqui)

FOLHA DE RESPOSTAS – SMV–RM2–OF/2018 – SIMULADO 1


NOME COMPLETO: __________________________________________________________

TURMA CPF
SEM SAB EAD

01 A B C D E 11 A B C D E 21 A B C D E 31 A B C D E 41 A B C D E
02 A B C D E 12 A B C D E 22 A B C D E 32 A B C D E 42 A B C D E
03 A B C D E 13 A B C D E 23 A B C D E 33 A B C D E 43 A B C D E
04 A B C D E 14 A B C D E 24 A B C D E 34 A B C D E 44 A B C D E
05 A B C D E 15 A B C D E 25 A B C D E 35 A B C D E 45 A B C D E
06 A B C D E 16 A B C D E 26 A B C D E 36 A B C D E 46 A B C D E
07 A B C D E 17 A B C D E 27 A B C D E 37 A B C D E 47 A B C D E
08 A B C D E 18 A B C D E 28 A B C D E 38 A B C D E 48 A B C D E
09 A B C D E 19 A B C D E 29 A B C D E 39 A B C D E 49 A B C D E
10 A B C D E 20 A B C D E 30 A B C D E 40 A B C D E 50 A B C D E

CG - ACERTOS MÉDIA FINAL

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SIMULADO 1 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

TEXTO 04) Entre as frases abaixo, aquela em que a


Comunicação Política na Suíça preposição sobre tem valor diferente do dos demais
casos é:
Os cidadãos suíços são convocados a se
pronunciar periodicamente, de quatro a cinco vezes A) “Os cidadãos suíços são convocados a se
por ano aproximadamente, sobre um total de quinze pronunciar periodicamente, de quatro a cinco vezes
temas da atualidade política. Além de cada uma por ano aproximadamente, sobre um total de quinze
dessas votações populares, os cidadãos são temas da atualidade política”.
convidados a dar suas opiniões (votando B) “Além de cada uma dessas votações populares,
simplesmente sim ou não) sobre três ou quatro os cidadãos são convidados a dar suas opiniões
problemas de interesse nacional, aos quais se (votando simplesmente sim ou não) sobre três ou
acrescentam alguns tópicos especiais dos cantões e quatro problemas de interesse nacional, aos quais se
das comunas. Esse sistema repousa sobre a acrescentam alguns tópicos especiais dos cantões e
iniciativa popular e sobre o referendum, que das comunas”.
permitem a uma minoria, respectivamente 100.000 C) “Esse sistema repousa sobre a iniciativa popular e
cidadãos, no caso da iniciativa popular, e 50.000, no sobre o referendum, que permitem a uma minoria...”.
caso do referendum, obrigar o conjunto do país a se D) “...obrigar o conjunto do país a se interessar sobre
interessar sobre o que a preocupa. o que a preocupa”.
(Argumentação, Hermès. Paris: CNRS Edições. E) “Entender os debates mais recentes sobre a
2011, p. 58) colonização, as práticas humanitárias, a bioética, o
choque de culturas...”.
01) O texto emprega as formas verbais “são
convocados” e “são convidados” em referência aos 05) A frase “Crescei e multiplicai-vos”, se colocada
cidadãos suíços. na mesma pessoa, no singular, deveria assumir a
Se bem empregadas, essas formas deveriam referir- seguinte forma:
se, respectivamente, a: A) “Cresce e multiplique-se”.
A) presença obrigatória / participação voluntária. B) “Cresça e multiplique-se”.
B) participação optativa / participação optativa. C) “Cresce e multiplica-te”.
C) participação voluntária / presença incentivada. D) “Cresça e multiplica-te”.
D) presença incentivada / participação obrigatória. E) “Cresce e multiplique-te”.
E) presença obrigatória / presença obrigatória.
06) Aponte a alternativa CORRETA quanto ao uso
do hífen:
02) Cidadãos e opiniões são substantivos formados
A) Emprega-se o hífen quando o 1º elemento termina
com o sufixo -ão, que fazem seus plurais, exata e
com consoante igual à que inicia o segundo
respectivamente, como:
elemento. Por exemplo: inter-racial, sub-base e
A) escrivão / vulcão. super-revista.
B) cristão / ademão. B) Serão usadas com hífen expressões como dia-a-
C) anão / corrimão. dia, arco-e-flecha e à-toa.
D) chorão / ancião. C) Não se deve empregar o hífen em compostos que
designam espécies botânicas: andorinha do mar,
E) cartão / aldeão. erva doce, joão de barro.
D) Não se emprega o hífen nos compostos sem
03) Entre as palavras abaixo, aquela que só existe elemento de ligação quando o primeiro elemento
com acento gráfico é: está representado pelas formas além, aquém,
A) história. recém, bem e sem: além mar, aquém Pirineus,
recém casado, bem vindo e sem vergonha.
B) evidência.
E) Alguns compostos que perderam a noção de
C) até. composição, podem ser escritos tanto
D) país. aglutinadamente como podem ser separados por
E) humanitárias. hífen, como é o caso de: paraquedas ou paraquedas
e mandachuva ou manda-chuva.

SIMULADO 1 1 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 1 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

07) Com relação aos ditongos ÉI/ÓI, o Novo Acordo 10) Em “voos”, percebe-se a mudança de acordo
Ortográfico retirou o acento gráfico do seguinte par com o Novo Acordo Ortográfico. Assinale a opção
de palavras: em que as alternativas abaixo, estão todas corretas:
A) destroier / caracóis. A) feiúra / paraquedas / parachoque / minissaia /
B) jibóia / odisseia. antirretroviral / bóia.
C) méier / alcaloide. B) feiura / para-quedas / para-choque / mini-saia /
anti-retroviral / bóia.
D) constrói / colmeia.
C) feiura / paraquedas / para-choque / minissaia /
E) pastéis / ovóide.
antirretroviral / boia.
D) feiúra / para-quedas / para-choque / minissaia /
08) “Vocês têm certeza que não pegaram o antirretroviral / boia.
Veríssimo errado?”. Se observado à luz do novo
E) feiura / paraquedas / para-choque / mini-saia /
acordo ortográfico, o termo em destaque autoriza a
antirretroviral / bóia
seguinte leitura:
A) manteve a grafia na terceira pessoa do plural do
presente do indicativo, algo semelhante ocorre com 11) Considere as seguintes afirmações sobre a
seus derivados conter e obter. formação da palavra divinização.
B) o acento circunflexo desapareceu na conjugação I - Apresenta sufixo formador de substantivo a
da terceira pessoa do plural do presente do partir de verbo.
indicativo dos verbos crer, ler, ter, ver e derivados. II - Apresenta sufixo formador de substantivo a
C) a exemplo do que ocorre com os verbos crer, ler, partir de adjetivo.
ver e derivados, permaneceu inalterável. III - Apresenta sufixo formador de adjetivo a
D) passou a grafar-se “têem”, a fim de igualar-se aos partir de verbo.
verbos crer, ler e ver na terceira pessoa do plural. Quais estão corretas?
E) a exemplo do que ocorreu com a palavra A) Apenas I.
homófona “para” (Ela pára o trânsito/ Ela para o B) Apenas II.
trânsito), o termo em destaque perdeu o acento
circunflexo; logo, “Vocês tem certeza que não C) Apenas III.
pegaram o Veríssimo errado?” é a forma correta. D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.
09) Considerando o significado das palavras abaixo,
assinale a alternativa que relaciona corretamente 12) A respeito da formação de palavras, analise as
seus sinônimos, atentando-se para a grafia: seguintes assertivas, assinalando V, se verdadeiras,
ou F, se falsas.
NOTÁVEL - IMEDIATO - CONCEDER - (....) A palavra ‘recursos’ é formada por
CONSERTAR - CONFIRMAR - PRINCIPIANTE prefixação.
(....) O vocábulo ‘palavra-chave’ é formado por
A) iminente - eminente - deferir - ratificar - retificar - justaposição.
incipiente. (....) A palavra ‘pronunciamento’ é formada por
B) eminente - iminente - deferir - retificar - ratificar - sufixação.
incipiente. A ordem correta de preenchimento dos parênteses,
C) eminente - iminente - deferir - ratificar - retificar - de cima para baixo, é:
insipiente. A) F – V – F.
D) iminente - eminente - diferir - retificar - ratificar - B) V – F – F.
incipiente. C) V – F – V.
E) eminente - iminente - deferir - ratificar - retificar – D) F – V – V.
insipiente
E) V – V – F

SIMULADO 1 2 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 1 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

13) Em “bem-estar”, temos um composto ligado por 16) No período 1487/1488, atingiu cabo das
hífen. Dentre os trios abaixo, qual aquele em que Tormentas, no extremo sul do continente – que
todos podem ir para o plural? passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança –
A) caneta-tinteiro; blusa cinza; couve-flor. e chegou ao Oceano Índico, conquistando o trecho
mais difícil do caminho das Índias.
B) alto-falante; navio-escola; carro-forte.
O trecho acima está fazendo referência a qual
C) blusa verde-bandeira, blusa cor-de-rosa; pé de importante navegador português do século XV?
moleque.
A) Vasco da Gama.
D) surdo-mudo, primeira-dama; guarda-civil.
B) Pedro Alvares Cabral.
E) Abaixo-assinado, azul-celeste, azul-marinho
C) Gonçalo Coelho.
D) Bartolomeu Dias.
14) Na oração “Nunca esteve na Febem, portanto, E) Diogo Cão.
não teve tempo de aprender a ser criança-problema”,
o vocábulo em destaque é um exemplo de:
17) Em consonância com os novos conceitos na
A) Composição por aglutinação.
liderança, foram estabelecidos três níveis de
B) Derivação sufixal. liderança que definem com precisão toda a
C) Derivação regressiva. abrangência da liderança que é adotada na Doutrina
de Liderança da Marinha. Quais?
D) Composição por justaposição.
A) Direta, organizacional e estratégica.
E) Derivação parassintética.
B) Delegativa, situacional e democrática.
C) Operacional, tático e estratégico.
15) “A doença DESENCADEIA sintomas
D) Direta, situacional e estratégico.
semelhantes aos da dengue, porém mais brandos.”
E) Autocrática, democrática e situacional.
O verbo em destaque acima, cuja flexão apresenta
formas ditongadas, é do grupo de verbos terminados
no infinitivo em –ear, semelhantes, quanto à flexão, à 18) A Marinha precisa de militares, homens e
dos verbos terminados em –iar. mulheres, que observem em suas vidas,
Das frases abaixo, com verbos terminados no infinito permanentemente, preceitos como: amar a verdade
em –ear e –iar, aquela que está em DESACORDO e a responsabilidade como fundamento de dignidade
com as normas de flexão desses verbos é: pessoal; respeitar a dignidade da pessoa humana; e
ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
A) São poucos os medicamentos que remedeiam a apreciação do mérito dos subordinados.
febre Zika.
Os preceitos citados acima são exemplos de
B) É preciso que se freie a proliferação dos vetores
A) dever militar.
para o controle da doença.
B) amor à carreira militar.
C) É importante que nós receiemos os efeitos da
febre Zika, para participarmos da sua erradicação. C) ética militar.
D) valor militar.
D) É estimulante que se premiem os esforços para
se combater o mosquito vetor. E) disciplina militar.
E) Todos nós receamos que se perca o controle de
combate ao mosquito. 19) Entre as várias medidas de política externa de D.
João após a chegada da família real do Rio de
Janeiro, podemos destacar aquela que é
considerada o batismo de fogo dos Corpo de
Fuzileiros Navais.
Marque abaixo a opção que apresenta essa medida
de política externa.
A) Invasão da Banda Oriental.
B) Invasão da Guiana Francesa.
C) Guerra da Cisplatina.
D) Revolta Nativista de 1817.
E) Guerra de Independência.
SIMULADO 1 3 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 1 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

20) Em que o estilo de liderança, o líder está 23) Com relação ao cargo militar, assinale a opção
significativamente associado às medidas de ERRADA.
satisfação dos liderados em relação ao trabalho e ao A) É o exercício das obrigações inerentes ao cargo
chefe, pode ser útil em situações de tensão, militar.
frustração, insatisfação e desmotivação do grupo?
B) Encontra-se especificado nos Quadros de Efetivo
A) Autoritária. ou Tabelas de Lotação das FA ou previsto,
B) Liderança Transformacional. caracterizado ou definido como tal em outras
C) Liderança Transacional. disposições legais.
D) Liderança Orientada para Tarefa. C) As obrigações inerentes ao cargo militar devem
E) Liderança Orientada para Relacionamento. ser compatíveis com o correspondente grau
hierárquico.
21) Como se denomina a soma de autoridade, D) São providos com pessoal que satisfaça aos
deveres e responsabilidades de que o militar é requisitos de grau hierárquico e de qualificação
investido legalmente quando conduz homens ou exigidos para o seu desempenho.
dirige uma organização militar? E) O seu provimento far-se-á por ato de nomeação
A) Grau hierárquico. ou determinação expressa da autoridade
competente.
B) Direção.
C) Comando.
D) Chefia. 24) “Duas invasões não foram iniciativas do governo
da França, cuja estratégia estava voltada para seus
E) Hierarquia. interesses na própria Europa, mas sim iniciativas
privadas, com autorização e até ajuda do rei. Em
22) “Durante o reinado de D. Dinis (1279-1324), ambas, faltou o apoio do Estado francês, no
sexto rei de Portugal, iniciativas bastante relevantes momento em que, atacadas pelos portugueses,
foram adotadas para o fomento da cultura, da necessitaram de socorro. Por outro lado, a
agricultura, do comércio e da navegação. colonização do Brasil foi um interesse de Portugal,
Denominado O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda que pretendia proteger a rota de seu comércio com a
Rei Poeta ou Rei Trovador, D. Dinis foi um monarca Índia. Todos os recursos do Estado português
essencialmente administrador e não guerreiro. estavam disponíveis para expulsar os invasores e
Envolvendo-se em guerra contra Castela, em 1295, proteger os núcleos de colonização portuguesa”.
desistiu dela em troca das Vilas de Serpa e Moura. Os eventos citados referem-se:
Pelo Tratado de Alcanizes (1297) formou a paz com
A) À França Antártica, em que o Rio de Janeiro foi
Castela, ocasião em que foram definidas as
invadido duas vezes, uma com Nicolau Durand de
fronteiras atuais entre os países ibéricos.”
Villegagnon, em 1555; e outra com Duclerc, em
(Introdução à História Marítima Brasileira) 1612.
Sobre o reinado do Rei D. Diniz de Portugal (1279- B) Às invasões corsárias promovidas por Daniel de la
1325), no que concerne especificamente ao Touche de la Ravardière e o Barão de Sancy,
desenvolvimento das atividades marítimas em respectivamente em 1710 e 1711.
Portugal é correto afirmar que:
C) À França Antártica, comandada por Nicolau
A) Governou defendendo os interesses da burguesia
Durand de Villegagnon em 1555; e a França
mercantil portuguesa que o apoiara na revolução de
Equinocial, promovidas por Daniel de la Touche de la
Avis (1283-1285).
Ravardière e o Barão de Sancy em 1612.
B) Instituiu a Marinha Real e assinou o primeiro
D) À França Equinocial em 1710, comandada por
tratado comercial com a Inglaterra.
François Duclerc; e a França Antártica em 1711, com
C) Fundou a Companhia das Naus, espécie de René Dugay-Trouin.
empresa de seguros para armadores e construtores
navais. E) À França Equinocial em 1555, comandada por
François Duclerc; e a França Antártica em 1612, com
D) Ordenou as primeiras viagens portuguesas ao René Dugay-Trouin.
norte da África, inclusive a conquista da Ceuta em
1315.
E) Fundou a Escola de Sagres, dedicada aos
estudos náuticos e a expansão marítima portuguesa.

SIMULADO 1 4 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 1 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

25) De acordo com o EMA 137, NÃO é correto 28) “A vitória estratégica coube aos luso-espanhóis,
afirmar que que não foram impedidos de cumprir integralmente sua
A) na Liderança Orientada para Relacionamento, a missão. Os holandeses, porém, não perderam o
especialização em tarefas é a principal controle do mar na costa nordeste brasileira, que já
responsabilidade do Líder. vinham exercendo antes da chegada de Oquendo e
que continuaram dominando após a partida da força
B) na Liderança Orientada para Relacionamento, o
luso-espanhola para cumprir o restante de sua missão.”
foco do líder é a manutenção e fortalecimento das
relações pessoais e do próprio grupo. (Introdução à História Marítima Brasileira).
C) os melhores líderes utilizam estilos diferentes, em O texto acima está fazendo referência a qual episódio
distintas situações. dos conflitos entre holandeses, espanhóis e
portugueses no nordeste do Brasil?
D) os bons líderes eficientes são também bons
seguidores e cumpridores das orientações de seus A) Jornada dos Vassalos.
superiores, passando esse exemplo a seus B) Jornada do Galeão.
subordinados. C) Batalha Naval de 1640.
E) O líder, independentemente de sua vontade, atua D) Batalha Naval de Abrolhos.
como elemento modificador do comportamento de E) Reconquista de Angola.
seus liderados subordinados.
29) O ser humano precisa receber uma educação
26) A formação do território brasileiro no período adequada para ser capaz de valorizar um objeto (vida,
colonial resultou de vários movimentos Pátria, família). Sem essa educação, perde-se a
expansionistas e foi consolidada por tratados no capacidade de perceber esses valores, especialmente
século XVIII. Assinale a opção que relaciona quando se trata daqueles universais, tais como:
corretamente os movimentos de expansão com um A) moral, ética e justiça.
dos Tratados de Limites assinados entre espanhóis e
B) honra, dignidade e honestidade.
portugueses no século XVIII
C) disciplina, hierarquia e ética.
A) A expansão da fronteira norte, impulsionada pela
descoberta de minas de ouro, foi consolidada no D) honra, honestidade e justiça.
tratado de Utrecht. E) moral, dignidade e lealdade.
B) A região missioneira do Sul constituiu um caso à
parte, só resolvido a favor de Portugal com a 30) No século XVII, os holandeses ocuparam boa
extinção da Companhia de Jesus. parte do Nordeste brasileiro. A primeira invasão
C) O Tratado de Madri revogou o de Tordesilhas e ocorreu na Bahia (1624 1625), mas foi a partir do
deu ao território brasileiro conformação semelhante à domínio de Pernambuco que os holandeses
atual. conseguiram uma ocupação mais prolongada (1630-
D) O Tratado do Pardo garantiu a Portugal o controle 1654). Estas invasões estão ligadas:
da região das missões e do rio da Prata. A) à posição assumida pelos proprietários de terra
E) Os tratados de Santo Ildefonso e Badajoz portugueses na América que, receando perder
consolidaram o domínio português no Sul, passando mercado na Europa com a União Ibérica,
a incluir a região platina. mantiveram sua aliança com as Províncias Unidas
mesmo após o estabelecimento da União Ibérica.
27) Como se denomina o ato prestado por todo o B) ao interesse holandês de manter seu acesso à
todo cidadão, após ingressar em uma das FA produção de açúcar do Nordeste do Brasil, acesso
mediante incorporação, matrícula ou nomeação, no que foi interrompido com o estabelecimento da União
qual afirmará a sua aceitação consciente das Ibérica em 1580.
obrigações e dos deveres militares e manifestará a C) ao interesse da Holanda que desejava prejudicar
sua firme disposição de bem cumpri-los? os interesses da Inglaterra, aliada da Espanha que
A) Compromisso do incorporado. mais lucrava com a produção açucareira do Brasil.
B) Juramento à bandeira. D) à Companhia das Índias Orientais, criada no
C) Compromisso do matriculado e do nomeado. século XVI, que tinha por objetivo controlar
diretamente a produção de cana do nordeste do
D) Compromisso militar. Brasil.
E) Engajamento militar. E) à necessidade de Antuérpia e Amsterdã
manterem-se como centros urbanos desinteressados
em comercializar açúcar na Europa.
SIMULADO 1 5 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2-OF/2018

Nome: ________________________________________________________

1. Você receberá o material descrito abaixo:


a) este Caderno com o enunciado das 30 questões, sem repetição ou falha,
contendo 15 questões de Português e 15 de Formação Militar Naval; e
b) uma Folha de Respostas destinada às respostas das questões formuladas
na prova.
2. Verifique se o material está em ordem.
3. Ao receber a Folha de Respostas, é obrigação do aluno:
a) preencher o espaço destinado ao seu nome; e
b) preencher de caneta azul ou preta a opção correta para cada questão.
4. As questões são identificadas pelo número que se situa ao lado de seu
enunciado.
5. Reserve 10 (dez) minutos para marcar a Folha de Respostas.
6. O rascunho de Caderno de Questões não será levado em consideração.
7. Quando terminar, entregue somente a Folha de Respostas.
8. O tempo disponível para esta prova é de duas horas.
(corte aqui)

FOLHA DE RESPOSTAS – SMV–RM2–OF/2018 – SIMULADO 2


NOME COMPLETO: __________________________________________________________

TURMA CPF
SEM SAB EAD

01 A B C D E 11 A B C D E 21 A B C D E 31 A B C D E 41 A B C D E
02 A B C D E 12 A B C D E 22 A B C D E 32 A B C D E 42 A B C D E
03 A B C D E 13 A B C D E 23 A B C D E 33 A B C D E 43 A B C D E
04 A B C D E 14 A B C D E 24 A B C D E 34 A B C D E 44 A B C D E
05 A B C D E 15 A B C D E 25 A B C D E 35 A B C D E 45 A B C D E
06 A B C D E 16 A B C D E 26 A B C D E 36 A B C D E 46 A B C D E
07 A B C D E 17 A B C D E 27 A B C D E 37 A B C D E 47 A B C D E
08 A B C D E 18 A B C D E 28 A B C D E 38 A B C D E 48 A B C D E
09 A B C D E 19 A B C D E 29 A B C D E 39 A B C D E 49 A B C D E
10 A B C D E 20 A B C D E 30 A B C D E 40 A B C D E 50 A B C D E

CG - ACERTOS MÉDIA FINAL

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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO
TEXTO pisado, estremecia em vasilhas de barro. Tudo
A Repartição dos Pães diante de nós. Tudo limpo do retorcido desejo
humano. Tudo como é, não como quiséramos. Só
Era sábado e estávamos convidados para o
existindo, e todo. Assim como existe um campo.
almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava
Assim como as montanhas. Assim como homens e
demais de sábado para gastá-lo com quem não
mulheres, e não nós, os ávidos. Assim como um
queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara
sábado. Assim como apenas existe. Existe.
com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali
presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e Em nome de nada, era hora de comer. Em nome
fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. de ninguém, era bom. Sem nenhum sonho. E nós
Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. pouco a pouco a par do dia, pouco a pouco
Quanto a meu sábado - que fora da janela se anonimizados, crescendo, maiores, à altura da vida
balançava em acácias e sombras - eu preferia, a possível. Então, como fidalgos camponeses,
gastá-lo mal, fechá-la na mão dura, onde eu o aceitamos a mesa.
amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, Não havia holocausto: aquilo tudo queria tanto ser
bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: comido quanto nós queríamos comê-lo. Nada
amanhã já seria domingo. Não é com você que eu guardando para o dia seguinte, ali mesmo ofereci o
quero, dizia nosso olhar sem umidade, e que eu sentia àquilo que me fazia sentir. Era um
soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A viver que eu não pagara de antemão com o
avareza de não repartir o sábado, ia pouco a pouco sofrimento da espera, fome que nasce quando a
roendo e avançando como ferrugem, até que boca já está perto da comida. Porque agora
qualquer alegria seria um insulto à alegria maior. estávamos com fome, fome inteira que abrigava o
Só a dona da casa não parecia economizar o todo e as migalhas. [...]
sábado para usá-lo numa quinta de noite. Ela, no E não quero formar a vida porque a existência já
entanto, cujo coração já conhecera outros sábados. existe. Existe como um chão onde nós todos
Como pudera esquecer que se quer mais e mais? avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma
Não se impacientava sequer com o grupo palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos
heterogêneo, sonhador e resignado que na sua casa fortes e nós comemos.
só esperava como pela hora do primeiro trem partir, Pão é amor entre estranhos.
qualquer trem - menos ficar naquela estação vazia, LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio
menos ter que refrear o cavalo que correria de
de Janeiro: Rocco, 1999.
coração batendo para outros, outros cavalos.
Passamos afinal à sala para um almoço que não
tinha a bênção da fome. E foi quando surpreendidos 01) Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.
deparamos com a mesa. Não podia ser para nós... I. O conto começa em tom de mistério sem
Era uma mesa para homens de boa-vontade. apontar sentimentos dos personagens acerca
Quem seria o conviva realmente esperado e que não da ação que realizam.
viera? Mas éramos nós mesmos. Então aquela II. Os convidados, além de seguirem o que
mulher dava o melhor não importava a quem? E manda a tradição, estabelecem uma relação
lavava contente os pés do primeiro estrangeiro. de solicitude e aproximação entre si.
Constrangidos, olhávamos.
III. O sábado para a narradora é um dia de
A mesa fora coberta por uma solene abundância. obrigação, que encerra em si, tudo que é
Sobre a toalha branca amontoavam-se espigas de peso, amarras e prisão. Além disso, o almoço
trigo. E maçãs vermelhas, enormes cenouras não passa de um ritual que acarreta
amarelas [...]. Os tomates eram redondos para
desconforto.
ninguém: para o ar, para o redondo ar. Sábado era
de quem viesse. E a laranja adoçaria a língua de IV. Em meio a sentimentos negativos, ligados
quem primeiro chegasse. ao encontro da partilha efetuado ritualmente
Junto do prato de cada mal-convidado, a mulher no sábado, apenas uma pessoa concebe-o de
que lavava pés de estranhos pusera - mesmo sem forma diferente, sacralizada: a dona da casa.
nos eleger, mesmo sem nos amar - um ramo de trigo Está correto apenas o que se afirma em:
ou um cacho de rabanetes ardentes ou uma talhada A) I, III e IV.
vermelha de melancia com seus alegres caroços.
B) III e IV.
Tudo cortado pela acidez espanhola que se
adivinhava nos limões verdes. Nas bilhas estava o C) II, III e IV.
leite, como se tivesse atravessado com as cabras o D) I, II e III.
deserto dos penhascos. Vinho, quase negro de tão E) IV.
SIMULADO 2 1 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

02) No sentido literário, epifania é a percepção de 06) Em relação às palavras: “suicídio”, “também”,
uma realidade atordoante quando os objetos mais “número”, “crescimento” e “ininterrupto” e
simples, os gestos mais banais e as situações considerando as regras de acentuação e as regras
mais cotidianas comportam iluminação súbita na de divisão silábica das palavras da língua
consciência das personagens. portuguesa, assinale a alternativa correta.
No texto, o objeto que funciona dessa forma para a
narradora é a(o): A) Justifica-se a acentuação das palavras
A) cigarro seco. “suicídio” e “número”, pois recebem acento todas
as palavras proparoxítonas, e da palavra
B) sábado. “também”, pois recebe acento a vogal “e” da
C) mesa. terminação “em” das palavras oxítonas; registra-se
D) dona da casa. a divisão silábica das palavras “crescimento” e
E) cavalo “ininterrupto”, da seguinte forma: cres/ci/men/ to e
i/nin/ter/ru/p/to.
03) Sobre os elementos destacados do fragmento
“Era sábado e estávamos convidados para o B) Justifica-se a acentuação das palavras
almoço de obrigação.”, leia as afirmativas. “suicídio”, “também” e “número”, respectivamente,
pois recebe acento a vogal tônica das paroxítonas
I. ERA, ESTÁVAMOS são verbos transitivos terminadas em ditongo oral, recebe acento a vogal
diretos. “e” da terminação “em” das palavras oxítonas e
II. A palavra ALMOÇO foi formada por recebem acento todas as palavras proparoxítonas;
derivação regressiva. registra-se a divisão silábica das palavras
III. PARA tem valor de finalidade. “crescimento” e “ininterrupto”, da seguinte forma:
Está correto apenas o que se afirma em: cres/ci/men/to e i/nin/ter/rup/to.
A) I.
B) II e III C) Justifica-se a acentuação das palavras
“suicídio”, “também” e “número”, respectivamente,
C) I e III. pois recebe acento a vogal tônica de todas as
D) II. palavras paroxítonas terminadas em “o”, recebe
E) I e II. acento a vogal tônica de todas as palavras
oxítonas terminadas pelas consoantes nasais “m”
04) “ELA, no entanto, cujo coração já conhecera ou “n” e recebem acento todas as palavras
outros sábados.” proparoxítonas; registra-se a divisão silábica das
No contexto, o uso da forma destacada se justifica palavras “crescimento” e “ininterrupto”, da seguinte
em razão de: forma: cre/sci/men/to e i/nin/te/rrup/to.
A) possibilitando a desconstrução do que foi dito D) Justifica-se a acentuação das palavras
antes. “suicídio”, “também” e “número”, pois recebem
B) entrelinhas. acento agudo todas as vogais abertas que
C) texto. estiverem na sílaba tônica de palavras
D) termo antecedente, estabelecendo coesão e paroxítonas, oxítonas e proparoxítonas da língua
evitando repetição. portuguesa; registra-se a divisão silábica das
E) em claro valor exofórico. palavras “crescimento” e “ininterrupto”, da seguinte
forma: cres/ci/men/ to; i/nin/te/rrup/to.
05) Assinale a alternativa em que o vocábulo E) Justifica-se a acentuação das palavras
destacado resulta de derivação parassintética. “suicídio”, “também” e “número”, respectivamente,
A) “O INEBRIADO engano." pois recebe acento agudo a vogal “i” precedida da
B) “Esperará RECONHECER-se incompleto." consoante “c” em palavras paroxítonas, recebe
C) “tendo-a por justa e AVERIGUADA, com acento agudo a vogal “e” seguida da consoante
convicção manifesta." “m” em palavras oxítonas e recebem acento todas
D) “Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, as palavras proparoxítonas; registra-se a divisão
MINUCIOSAMENTE." silábica das palavras “crescimento” e “ininterrupto”,
E) “Voando o mais em ÍMPETO." da seguinte forma: cres/ci/men/to e i/nin/ter/rup/to.

SIMULADO 2 2 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

07) Assinale a alternativa em que a frase preenche 10) Sabe-se perfeitamente a distinção no emprego
corretamente o balão da fala da personagem no entre os parônimos “cestas” “sestas” e “sextas”.
primeiro quadrinho, em conformidade com a Quanto ao emprego de parônimos, dadas as
norma-padrão da língua portuguesa. frases abaixo, assinale a alternativa cujos
vocábulos preenchem corretamente as lacunas
das frases.
I. O cidadão se dirigia para sua
_____________ eleitoral.
II. A zona eleitoral ficava ___________ 200
metros de um posto policial.
III. O condutor do automóvel __________ a
lei seca.
IV. Foi encontrada uma __________ soma
de dinheiro no carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.

A) Irmão Hagar deponha sua espada e pega esta 11) Faz plural de três formas distintas, EXCETO:
pena. A) aldeão
B) Irmão Hagar deponha sua espada e pegue B) ancião
aquela pena.
C) deão
C) Irmão Hagar, deponha sua espada e pegue
essa pena. D) ermitão
D) Irmão Hagar deponha sua espada e pega essa E) truão
pena.
E) Irmão Hagar, deponha sua espada e pegue 12) Há palavras que, ao serem colocadas no plural
esta pena. tem seu sentido modificado. Dentre as palavras
abaixo, a única que faz a manutenção do sentido
08) De acordo com as regras ortográficas em é:
vigor, a única dupla de palavras corretamente A) féria
hifenizadas é B) costa
A) arco-íris & cor-de-abóbora. C) pai
B) cor-de-rosa & bola-de-gude D) bem
C) zé-ninguém & arco-da-velha E) mal
D) bolha-de-sabão & água-de-colônia.
E) água-de-cheiro & maria-vai-com-as-outras.

09) Assinale a alternativa em que o plural do


substantivo composto está inadequado segundo a
norma-padrão:
A) flores-de-lis
B) vices-delegados
C) amores-perfeitos
D) notícias-bomba
E) tico-ticos
SIMULADO 2 3 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

TEXTO TEXTO
CANÇÃO NEGREIRA
Amo-te
com as raízes de uma canção negreira
na madrugada dos meus olhos pardos.
E derrotas de fome
nas minhas mãos de bronze
florescem languidamente na velha
e nervosa cadência marinheira
do cais donde os meus avós negros
embarcaram para hemisférios da escravidão
Mas se as madrugadas
das minhas órbitas violentadas
despertam as raízes do tempo antigo ...
mulher de olhos fadados de amor verde-claro
ventre sedoso de veludo
lábios de mampsincha(*) madura
e soluções de espasmo latejando no quarto
14) De acordo com a norma-padrão e as questões
enche de beijos as sirenas do meu sangue gramaticais referentes ao período “Os temas
que meninos das mesmas raízes tratados neste blog se referem aos assuntos
e das mesmas dolorosas madrugadas institucionais das diversas áreas dos Correios e os
esperam a sua vez. posts publicados poderão ser comentados pelos
leitores.” (linhas de 8 a 10), assinale a alternativa
* fruto comestível de planta rasteira.
correta.
José Craveirinha, in Obra Poética. A) Caso o autor resolvesse substituir a expressão
Maputo: Direcção de Cultura, Universidade “Os temas tratados” pela construção Grande parte
Eduardo dos temas, a nova redação poderia manter o
Mondlane, 2002. verbo da oração na 3ª pessoa do plural.
B) O trecho “das diversas áreas dos Correios”
13) A forma verbal florescem, no poema dado, poderia ser substituído pela redação das diversas
concorda com a seguinte expressão: áreas que existe nos Correios, pois o verbo
existir é impessoal.
A) minhas mãos.
C) Do ponto de vista da concordância, o trecho
B) os meus avós negros.
“Os temas tratados neste blog” poderia ser
C) derrotas de fome. substituído pela redação Os temas o qual é
D) hemisférios da escravidão. tratado neste blog.
E) embarcaram. D) A redação Se faz necessário dizer que os
temas tratados neste blog se referem aos
assuntos institucionais das diversas áreas dos
Correios poderia substituir a original, pois o
pronome Se está corretamente colocado no início
da oração.
E) A concordância está correta na redação e
serão possíveis aos leitores comentar os posts
publicados e poderia substituir a original, pois as
regras de concordância foram devidamente
observadas.

SIMULADO 2 4 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

TEXTO
O que quer dizer civilização do espetáculo? É a 16) Em relação ao estilo de Liderança Autocrática, é
civilização de um mundo onde o primeiro lugar na CORRETO afirmar que
tabela de valores é ocupado pelo entretenimento, A) não é aceita como correta e legítima pela
onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão estrutura do grupo.
universal. Esse ideal de vida é perfeitamente B) inibe a iniciativa do subordinado e não considera
legítimo. Mas transformar em valor supremo essa os aspectos humanos no relacionamento.
propensão natural à diversão tem consequências C) pode ser útil e, até mesmo, mas não é
inesperadas: banalização da cultura, recomendável, em situações especiais como em
generalização da frivolidade e, no campo da combate.
informação, a proliferação do jornalismo
D) baseia a sua atuação numa disciplina flexível,
irresponsável da bisbilhotice e do escândalo. impondo obediência e mantendo-se relacionamentos
O que fez o Ocidente ir resvalando para uma mais formais com os seus subordinados.
civilização desse tipo? O bem-estar que se seguiu E) a principal restrição a esse tipo de liderança é o
aos anos de privações da Segunda Guerra desinteresse pelos problemas e ideias, mas não
Mundial e à escassez dos primeiros anos pós- tolhendo a iniciativa e, por conseguinte, a
guerra. Depois dessa etapa duríssima, seguiu-se participação e a criatividade dos subordinados.
um período de extraordinário desenvolvimento
econômico. As classes médias cresceram e a
17) Quanto aos conceitos estabelecidos pelo
mobilidade social se intensificou. O bem-estar e o
Estatuto dos Militares mencionados abaixo,
espaço ocupado pelo ócio no mundo desenvolvido
classifique as alternativas abaixo com (V) se foram
constituíram notável estímulo para as indústrias da
verdadeiras ou (F) se forem falsas e assinale a
diversão, promovidas pela publicidade, mestra de opção correta.
nosso tempo. Não se entediar e evitar o que
1) Graduação é o grau hierárquico do oficial,
perturba e angustia passou a ser, para setores
conferido por ato do PRESREP ou do
sociais cada vez mais amplos da pirâmide social, o
Comandante da Força Singular e confirmado
preceito de toda uma geração, aquilo que Ortega y
por Carta Patente.
Gasset chamava de “espírito de nosso tempo”.
2) Círculos hierárquicos são âmbitos de
(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A convivência entre os militares de quaisquer
civilização do espetáculo: uma radiografia do categorias e têm a finalidade de desenvolver o
nosso tempo e da nossa cultura. Edição digital. espírito de camaradagem, em ambiente de
Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012) estima e confiança, sem prejuízo do respeito
mútuo.
15) No segundo parágrafo, 3) A hierarquia militar é a ordenação da
A) os elementos sublinhados em As classes autoridade, em níveis diferentes, dentro da
médias cresceram e a mobilidade social se estrutura das FA.
intensificou exercem a mesma função sintática. 4) Posto é o grau hierárquico da praça,
conferido pela autoridade competente.
B) o segmento para setores sociais cada vez mais
amplos da pirâmide social exprime noção de 5) Disciplina é a rigorosa observância e o
finalidade. acatamento integral das leis, regulamentos,
normas e disposições que fundamentam o
C) o ponto de interrogação da primeira frase pode organismo militar e coordenam seu
ser suprimido, por se tratar de pergunta retórica. funcionamento regular e harmônico,
D) o segmento sublinhado em seguiu-se um traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
período de extraordinário desenvolvimento dever por parte de todos e de cada um dos
econômico é complemento verbal de “seguir”. componentes desse Organismo.
E) O segmento mestra de nosso tempo restringe o São VERDADEIRAS as alternativas:
sentido do termo “publicidade”. A) 1 e 4.
B) 2 e 3.
C) 3 e 5.
D) 1, 3, 4 e 5.
E) Todas são verdadeiras.

SIMULADO 2 5 SMV–RM2–OF/2018
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18) Sobre o Período Regencial (1831 - 1840), é 21) De acordo com o Estatuto dos Militares (Lei n°.
incorreto afirmar que: 6.880, de 9 de dezembro de 1980), assinale a
A) foi um período de intensa agitação social, com a opção que NÃO corresponde a manifestações
Cabanagem no Rio Grande do Sul e a guerra dos essenciais do valor militar.
Farrapos no Rio de Janeiro; A) O orgulho pela organização onde serve.
B) passou por três etapas: regência trina provisória, B) O civismo e o culto das tradições históricas.
regência trina e regência una;
C) A fé na missão elevada das Forças Armadas.
C) foi criada a Guarda Nacional, formada por tropas
controladas pelos grandes fazendeiros; D) A supremacia do conhecimento militar sobre o
D) através do Ato Adicional as províncias ganharam técnico-profissional.
mais autonomia; E) O amor à profissão das armas e o entusiasmo
E) cai a participação do açúcar entre os produtos com que é exercida.
exportados pelo Brasil e cresce a participação do
café. 22) De acordo com a Doutrina de Liderança na
MB, qual o componente comum a todo atributo de
19) Por meio de qual processo o líder coordena, um Líder?
supervisiona, avalia, ensina, treina e aconselha seus A) Especialização em tarefas.
subordinados?
A) Supervisão.
B) Preservar as boas relações pessoais no grupo.
B) Comunicação. C) Capacidade de influenciar seus seguidores.
C) Liderança. D) Capacidade profissional.
D) Ensino. E) Conduzir as operações pela força do exemplo
E) Motivação. no cumprimento da missão.

20) Leia o texto: 23) Sobre as operações militares durante a Guerra


“Ainda no reinado de D. Pedro I, uma revolta na da Cisplatina (1825-1828), marque a única opção
Província de Pernambuco colocou em perigo a correta.
integridade territorial do Império. A Marinha atuou A) Na batalha do Juncal, próximo à ilha de Martim
contra a revolta em algumas províncias do Nordeste, Garcia, já fortificada pelo inimigo, a terceira divisão
principalmente em Pernambuco, a partir de abril de brasileira foi praticamente esmagada.
1824. Porém, o aumento do combate à revolta só se
deu com o envio da força naval comandada por B) O Brasil concentrou seus esforços para
Cochrane, onde foi embarcada a 3a Brigada do empreender a guerra de corso.
Exército Imperial, com 1.200 homens, comandada C) O Tratado de Badajós permitiu o fim das
pelo Brigadeiro Francisco Lima e Silva. As tropas hostilidades entre argentinos e brasileiros
foram desembarcadas em Alagoas e seguiram por D) Nenhuma batalha foi vencida pelos argentinos.
terra para a província rebelada, enquanto a força
E) O Almirante Rodrigo Lobo foi substituído, no
naval alcançou Recife em 18 de agosto de 1824,
instituindo severo bloqueio naval. Com a Marinha e o
comando das operações pelo Almirante Inhaúma.
Exército atuando conjuntamente, as forças rebeldes
de Recife foram derrotadas em 18 de setembro. ” 24) Na definição de liderança, estão implícitos os
O chamado “Primeiro Reinado” (1822-1831) foi seus agentes, ou seja, o líder e os liderados, as
marcado pela Guerra da Cisplatina (1825-1828). No relações entre eles e os princípios que regem o
entanto o Brasil também teve que combater uma comportamento humano.
rebelião interna, que ameaçou a unidade territorial e Quais são esses princípios?
política do jovem Império.
A) Psicológicos e axiológicos.
O texto acima faz referência a esse movimento
que foi: B) Filosóficos e psicológicos.
A) A Cabanagem C) Psicológicos e sociológicos.
B) A Confederação do Equador D) Filosóficos, psicológicos e axiológicos.
C) A Revolta Nativista de Pernambuco E) Filosóficos, psicológicos e sociológicos.
D) A Rebelião Praieira
E) A Balaida

SIMULADO 2 6 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

25) Leia o texto: 27) Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era
“Após superar o osbtáculo Humaitá, Caxias necessário vencer diversas passagens fortificadas,
pode avançar para o Norte. Era necessário que a destacando-se, inicialmente, Curuzu, Curupaiti e
Força Naval acompanhasse o movimento das Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado
forças terrestes aliadas e Inhaúma sabia da para navegar em rios, de casco de madeira, sem
importância da Marinha subir o Rio Paraguai para couraça, como os da Força Naval brasileira que
prestar apoio às tropas terrestres. Caxias tinha um combatera em Riachuelo, não teriam bom êxito.
outro obstáculo: Piquissiri. Ele não dejesava atacar Era evidente que o Brasil necessitava de navios
pelo fronte e sim pela retaguarda, onde o uso dos encouraçados para o prosseguimento das ações
navios da Marinha seria muito relevante. Essa de guerra. Os obstáculos e fortificações de
passagem foi denominada manobra do Piquissiri e Humaitá eram uma séria ameaça, mesmo para
utilizou uma estrada pelo pantano do Chaco”. estes navios.
Como ficou conhecido esse ataque? Qual foi o primeiro navio encouraçado da Marinha
A) Dezembrada. do Brasil e que chegou ao Teatro de Operações
B) Retirada da Laguna. em 1865?
A) Barroso.
C) Combate naval de Curuzu.
B) Tamandaré.
D) Campanha da Cordilheira.
E) Combate de Curupaiti. C) Brasil.
D) Bahia.
26) Durante o Segundo Reinado, o Governo E) Rio de Janeiro.
Imperial Brasileiro se viu envolvido numa série de
conflitos na Região do Prata. Entre esses conflitos 28) Segundo o Estatuto dos Militares (Lei n 6880,
destacamos a Guerra Contra Oribe e Rosas, de 9 de dezembro de 1980), julgue os itens abaixo
travada entre 1851 e 1852. Sobre as operações como VERDADEIROS ou FALSOS no que
navais nesse conflito é correto afirmar que: corresponde a precedência entre ente as praças
A) A esquadra Argentina era comandada pelo especiais e as demais praças.
Almirante William George Brown, a esquadra 1) Os alunos do Colégio Naval têm
brasileira era comandada pelo Almirante Rodrigo precedência sobre os Suboficiais, aos quais
Lobo, que foi exonerado, assumindo o Almirante são equiparados.
Pinto Guedes. 2) Os alunos da Escola Naval
B) A Passagem de Humaitá pela esquadra imperial hierarquicamente superiores às demais
foi fator decisivo na guerra, constituindo com a praças.
Batalha Naval de Riachuelo os eventos mais 3) Os Guardas-Marinhas são inferiores
importantes do conflito para a Marinha Imperial. hierarquicamente às demais praças.
C) No final do conflito, o poder naval brasileiro só É(São) VERDADEIRA(S) apenas a(s)
era inferior ao das marinhas da Inglaterra, Rússia, afirmativa(s)
EUA e Itália, mas era uma esquadra apropriada A) 1
para operações fluviais e defesa costeira, pois a B) 2
maior parte dos navios possuía pequena borda
C) 3
livre, com pouco deslocamento e reduzida
velocidade. D) 1 e 2
D) Na Batalha de Monte Santiago, a esquadra E) 2 e 3
Argentina é destruída e deixa de ser uma força
naval capaz de ameaçar as forças brasileiras na 29) De acordo com o EMA - 137 (Doutrina de
região. Liderança da Marinha), quais são os níveis
E) Na passagem de Toneleiro, no rio Paraná, a funcionais?
esquadra comandada por John Pascoe Grenfell A) Direta, Tático e Organizacional.
forçou a passagem e conseguiu desembarcar B) Operacional, Tático e Estratégica.
tropas rio acima. Toneleiro foi o mais importante C) Direta, Organizacional e Estratégica.
acontecimento na guerra, servindo também para D) Autocrática, Democrática, Delegativa.
consagrar em definitivo o uso dos navios a vapor
E) Estratégica, Organizacional e Operacional.
na esquadra brasileira.
SIMULADO 2 7 SMV–RM2–OF/2018
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SIMULADO 2 – SMV–RM2–OF/2018 - CURSO ASCENSÃO

30) A maior derrota na Guerra do Paraguai (1865-


1870) sofrida pelos aliados do Tratado da Tríplice
Aliança ocorreu na tentativa de ultrapassagem da
fortaleza de Curupaiti em 22 de setembro de 1866.
Esta derrota acarretou numa reestruturação de
comando nas forças brasileiras.
Assinale a única opção correta:
A) Tamandaré foi substituído por Inhaúma,
permanecendo Barroso enquanto comandante da
Divisão Naval que guarnecia Riachuelo.
B) Caxias assume o comando das forças
brasileiras, e Barroso manteve-se no comando da
esquadra.
C) Tamandaré e Inhaúma se retiraram da guerra,
estando Caxias à frente de todas as operações.
D) Inhaúma substituiu Barroso, o que acarretou
melhor entendimento com Tamandaré no decorrer
da campanha.
E) Tamandaré e Barroso se retiraram da guerra,
enquanto Inhaúma assumiu a esquadra brasileira
em operações no Paraguai.

SIMULADO 2 8 SMV–RM2–OF/2018
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FMN-12 OSTENSIVO

APOSTILA

HISTÓRIA NAVAL

MARINHA DO BRASIL
ESCOLA DE APRENDIZES-MARINHEIROS DO ESPÍRITO SANTO

2017

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OSTENSIVO FMN-12

MARINHA DO BRASIL

ESCOLA DE APRENDIZES-MARINHEIROS DO ESPÍRITO SANTO

2017

FINALIDADE: DIDÁTICA

OSTENSIVO ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

ATO DE APROVAÇÃO

Aprovo para emprego nas Escola de Aprendizes-Marinheiros, a publicação


FMN-12- APOSTILA HISTÓRIA NAVAL.

VILA VELHA,ES.

Em 9 de maio de 2017.

FÁBIO CASAES PASSOS


Capitão de Fragata
Comandante
ASSINADO DIGITALMENTE

Autenticado Rubrica
Pelo Orc

Em___/___/______ Carimbo

OSTENSIVO - II - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

ÍNDICE

Folha de Rosto........................................................................................................................ I
Ato de Aprovação................................................................................................................... II
Índice III
Introdução.............................................................................................................................. VI
CAPÍTULO 1- A IMPORTÂNCIA DO MAR NOS DIVERSOS PERÍODOS DA 1-1
HISTÓRIA DO BRASIL
1.1 A descoberta do Brasil...................................................................................... 1-4
1.2 As Expedições Exploradoras............................................................................ 1-5
1.3 As Expedições Guarda-Costas......................................................................... 1-6
1.4 A Expedição Colonizadora............................................................................... 1-6
1.5 As Invasões Estrangeiras.................................................................................. 1-7
1.5.1 Os franceses no Rio de Janeiro...................................................................... 1-7
1.5.2 Os franceses no Maranhão............................................................................. 1-8
1.5.3 Os holandeses na Bahia.................................................................................. 1-9
1.5.4 Os holandeses em Pernambuco..................................................................... 1-10
CAPÍTULO 2 – O PAPEL DA MARINHA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 2-1
2.1 A Corte portuguesa no Rio de Janeiro (1808-1821)............................................ 2-2
2.2 A Elevação do Brasil a Reino Unido em 1815.................................................... 2-2
2.3 O retorno de D. João VI para Portugal................................................................ 2-2
2.4 A Regência de D. Pedro I e a Proclamação da Independência........................... 2-3
2.5 A Formação da Esquadra brasileira.................................................................... 2-4
2.6 A Guerra Cisplatina (1825-1828)........................................................................ 2-4
2.7 O Período Regencial e a atuação da Esquadra brasileira................................... 2-7
2.7.1 A Revolta Cabanagem...................................................................................... 2-8
2.7.2 A Revolta dos Farrapos.................................................................................. 2-9
2.7.3 A Revolta Sabinada......................................................................................... 2-9
2.7.4 A Revolta Balaiada......................................................................................... 2-9
2.8 O Golpe da Maioridade..................................................................................... 2-10
CAPÍTULO 3 – A MARINHA DO BRASIL NA GUERRA DO PARAGUAI 3-1
3.1 O Governo de D. Pedro II (1840-1889)............................................................. 3-1
3.2 Antecedentes da guerra...................................................................................... 3-1
3.3 Causas da guerra................................................................................................ 3-3

OSTENSIVO - III - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

3.4 A Batalha Naval do Riachuelo..................................................................................... 3-4


3.4.1 Os navios encouraçados e a invasão do Paraguai..................................................... 3-6
3.4.2 O ataque a Curuzu..................................................................................................... 3-6
3.4.3 A Passagem de Curupaiti........................................................................................... 3-7
3.4.4 A Passagem de Humaitá............................................................................................. 3-7
3.4.5 O recuo das forças paraguaias.................................................................................... 3-8
3.4.6 A ocupação de Assunção e a fase final da guerra..................................................... 3-8
CAPÍTULO 4 – A EVOLUÇÃO DA ESQUADRA BRASILEIRA NOS SÉCULOS XIX E 4-1
XX
4.1 A Marinha na República.............................................................................................. 4-1
4.2 Conflitos que marcaram o início da República......................................................... 4-3
4.2.1 As Revoltas da Armada............................................................................................... 4-3
4.2.2 A Revolta da Chibata................................................................................................ 4-4
4.3 A Primeira Guerra Mundial........................................................................................ 4-5
4.3.1 O preparo do Brasil.................................................................................................. 4-6
4.3.2 A Divisão Naval em Operações de Guerra (D.N.O.G)........................................... 4-7
4.4 O Período Entre Guerras............................................................................................. 4-10
4.5 A Segunda Guerra Mundial........................................................................................ 4-11
4.5.1 A Lei de Empréstimos e Arrendamento (Lend Lease).............................................. 4-12
4.5.2 A Defesa Ativa na costa brasileira............................................................................ 4-13
4.5.3 A missão da Marinha do Brasil na Segunda Guerra................................................. 4-14
CAPÍTULO 5 - O PAPEL DA MARINHA NO DESENVOLVIMENTO DA NAÇÃO 5-1
5.1 O Emprego Permanente do Poder Naval na guerra e na paz...................................... 5-1
5.2 Programas da Marinha do Brasil................................................................................. 5-1
5.2.1 Programa Antártico (PROANTAR).......................................................................... 5-1
5.2.2 Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)................................................. 5-2
5.2.3 O Programa de Construção do Submarino Nuclear (PROSUB) 5-3
5.3 A Marinha e as atividades permanentes em tempo de paz.......................................... 5-3
CAPÍTULO 6- OS VULTOS NAVAIS BRASILEIROS 6-1
6.1 Almirantes Joaquim Marques Lisboa........................................................................ 6-1
6.2 Lord Alexander Thomas Cochrane............................................................................ 6-2
6.3 Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva......................................................… 6-2

OSTENSIVO - IV - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

6.4 Guarda-Marinnha João Guilherme Greenhalgh.................................................... 6-3


6.5 Imperial Marinheiro Marcílio Dias....................................................................... 6-3
6.6 Almirante Custódio de Melo................................................................................ 6-4
6.7 Almirante Luiz Philippe de Saldanha da Gama.................................................... 6-4
6.8 Almirante Alfredo Carlos Soares Dutra............................................................... 6-5
6.9 Almirante Alexandrino Faria de Alencar............................................................... 6-5
6.10 Jerônimo de Albuquerque Maranhão.................................................................. 6-6
CAPÍTULO 7 – A AMAZÔNIA AZUL 7-1
7.1 Conceito................................................................................................................. 7-1
7.2 Elementos da Amazônia Azul............................................................................... 7-1
7.2.1 Mar Territorial.................................................................................................... 7-1
7.2.2 Zona Contígua.................................................................................................... 7-1
7.2.3 Zona Econômica Exclusiva................................................................................ 7-2
7.2.4 Plataforma Continental....................................................................................... 7-2
ANEXO A REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... A-1
ANEXO B- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO........................................................................... B-1

OSTENSIVO -V- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

INTRODUÇÃO

1- PROPÓSITO

Esta publicação tem o propósito de apresentar aos alunos do Curso de Formação de


Marinheiros para ativa (C-FORM-MN) os principais conceitos que contribuirão para o
desenvolvimento da mentalidade marítima. Entendemos que os alunos, ao ingressarem na Escola,
já vêm imbuídos de conhecimentos propedêuticos que são agregados aos novos conhecimentos nas
disciplinas de ensino militar naval. Diante disso, faz-se necessário num primeiro momento, um
plano de ação em que serão trabalhados conceitos específicos sobre a mentalidade marítima, bem
como conhecer os principais vultos navais e seus feitos gloriosos no serviço dedicado a Nação,
lutando e defendendo a integridade territorial brasileira, que por diversos momentos da história do
Brasil foi ultrajada, como por exemplo, nas invasões estrangeiras.

Durante o curso, o aluno terá a oportunidade de desenvolver a competência


comportamental da motivação, cujos exemplos deixados pelos nossos heróis navais servirão de
estímulo para sua carreira militar.

2- DESCRIÇÃO

Esta publicação está dividida em 7 capítulos, distribuídos da seguinte maneira:

O Capítulo 1 trata da importância do mar na história do Brasil; os conceitos básicos de


comunicações marítimas; Poder Marítimo; Poder Naval; processo histórico do descobrimento do
Brasil; as expedições enviadas ao Brasil no período pré-colonial; as invasões estrangeiras, com
destaque especial para a atuação do brasileiro Jerônimo de Albuquerque.

O Capítulo 2 aborda o papel da Marinha do Brasil na independência do Brasil, destacando


a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil e o seu retorno para Portugal; Proclamação da
Independência e a regência de D. Pedro I; Formação da Esquadra brasileira; A Guerra Cisplatina;
Período Regencial e o Golpe da Maioridade.

O Capítulo 3 trata da ação da Marinha do Brasil na Guerra do Paraguai, destacando o


governo de D. Pedro II e a ação da Marinha na Batalha Naval do Riachuelo; a importância do uso
dos navios encouraçados nas Passagens de Curuzu, Curupaiti e Humaitá.

OSTENSIVO - VI - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

O Capítulo 4 aborda a evolução da Esquadra brasileira nos Séculos XIX e XX; a Marinha
na República; os conflitos internos que marcaram a República: Revoltas da Armada e Revolta da
Chibata; a missão da Marinha do Brasil nas duas grandes Guerras Mundiais.

O Capítulo 5 trata do emprego permanente do Poder Naval na guerra e na paz; os


Programas ProAntar e o Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM); a Marinha do Brasil e
a construção do Submarino Nuclear (PROSURB); e a Marinha do Brasil nas atividades
permanentes em tempos de paz.

O Capítulo 6 destaca a ação dos vultos navais brasileiros e seus feitos gloriosos defendendo
a nação em diversos momentos, tendo como missão mor: garantir a integridade territorial brasileira
a qualquer custo. Os feitos realizados pelos vultos navais servem de exemplos a serem seguidos
pelos alunos.

O Capítulo 7 aborda os conceitos e os elementos da Amazônia Azul; e a ação da Marinha


do Brasil na preservação dessa área.

3- RECOMENDAÇÃO

Prioritariamente, esta publicação destina-se à aplicação da disciplina de História Naval no


C-FMN.

4- CLASSIFICAÇÃO

Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411, Manual de Publicação da


Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, didática e manual.

5- SUBSTITUIÇÃO

Esta publicação substitui o Livro-Texto de História Naval, Introdução à História Marítima


Brasileira, 1ª edição, aprovado em 2006.

OSTENSIVO - VII - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

CAPÍTULO 1

1- A IMPORTÂNCIA DO MAR NOS DIVERSOS PERÍODOS DA HISTÓRIA DO BRASIL

O mar sempre teve uma importância fundamental na história do Brasil. Do mar, de Portugal
veio Pedro Álvares Cabral, em 1500, para tomar posse do nosso País. Do mar vieram as invasões
francesas e holandesas e as incursões inglesas nos séculos XVI e XVII. O mar também foi o
principal meio em que se transportaram colonos e funcionários administrativos portugueses para o
Brasil durante o período colonial.

Durante a Guerra da Independência do Brasil, a então recém-criada Esquadra brasileira teve


papel primordial nas mãos do Primeiro Almirante Lorde Thomas Cochrane, bloqueando os portos
conflagrados e combatendo os lusitanos. As tropas de Dom Pedro I, que lutaram contra as juntas
governativas da Bahia, Maranhão, Pará e Banda Oriental, aliadas das Cortes portuguesas, foram
transportadas pelo mar.

No período regencial, o mar novamente foi o caminho natural para o transporte de tropas
para as províncias insurgentes que ameaçavam se preparar para o império. Naquela ocasião, as
estradas que ligavam as principais cidades do Brasil eram muito rudimentares, daí a enorme
importância estratégica que o mar adquiriu mais uma vez.

Com a Proclamação da República e o aumento da tecnologia náutica, a importância do mar


ficou ainda mais evidente. Do mar aumentaram as nossas importações e escoaram os nossos
produtos para o exterior. Também do mar vieram nossos inimigos: os submarinos alemães que
atacaram os navios mercantes que transportavam nossas mercadorias, tanto na Primeira como na
Segunda Guerra Mundiais. Naquela oportunidade houve a necessidade premente de se proteger as
comunicações marítimas. Então, antes de tratar da importância do mar na história do Brasil,
vamos conhecer alguns conceitos importantes para a formação da mentalidade marítima. O primeiro
conceito, a saber, é sobre as comunicações marítimas.

1.1 Comunicações Marítimas

Comunicações Marítimas são os caminhos existentes no mar para o comércio externo ou


interno, isto é, as rotas por onde trafegam os navios, desde seus portos de origem até os de destino.
Elas não são vias físicas, somente se materializando quando existirem navios, tanto de transporte ou
de guerra, navegando com suas cargas.

OSTENSIVO -1-1- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

Cada nação atribui determinada importância às comunicações marítimas segundo o seu grau
de dependência. Sua importância econômica e militar determinará o esforço a ser realizado para a
manutenção dessas rotas abertas e livres de ataque do inimigo. Para o país a proteção dessas
comunicações têm sido fundamental.

Hoje em dia o mar assume uma importância cada vez maior para o Brasil. Nosso comércio é
transportado quase exclusivamente por ele. Do mar extraímos o petróleo, tão importante para o
desenvolvimento do País, e os peixes que servem de alimento aos brasileiros e proporcionam
melhores condições de vida aos nossos pescadores.

Enfim, o mar é fundamental para a sobrevivência do País. Devemos cada vez mais
desenvolver nosso Poder Marítimo para nos projetarmos no cenário internacional. Surge o
segundo conceito de nossa discussão: o que vem a ser o Poder Marítimo de uma nação?

1.2 - Poder Marítimo

Poder Marítimo é a capacidade que resulta da integração dos recursos que dispõe o Brasil
para a utilização do mar e também das águas interiores, quer como instrumento de ação política e
militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando a conquistar e a manter os
objetivos nacionais.

Os elementos, que constituem o nosso Poder Marítimo, são componentes das expressões
do poder da Nação, relacionados com a capacidade de utilização do mar e hidrovias interiores, são
eles: Marinha Mercante; infraestrutura hidroviária; indústria naval; indústria bélica; indústria de
pesca; organizações e os meios de pesquisas; organizações e meios de exploração; o pessoal que
desempenha atividades relacionadas com o mar e hidrovias interiores e o poder militar. Mas que
poder militar é esse? É o que veremos agora com o nosso terceiro conceito.

1.3 - Poder Naval

Poder Nava é o componente militar do Poder Marítimo, capaz de atuar no mar e nas águas
interiores (rios, lagoas) na conquista e manutenção dos objetivos estabelecidos pela Nação. O Poder
Naval compreende os meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais, as bases e posições de apoio,
suas estruturas de comando e controle, logística e administração, bem como as forças e os meios de
apoio não constitutivos da Marinha do Brasil, quando vinculados ao cumprimento da missão da
Marinha e submetidos a algum tipo de orientação, comando ou controle de autoridade naval.

OSTENSIVO -1-2- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

Podemos, assim, observar que um Poder Naval, para ser eficaz, necessita ser capaz de atuar
em grandes áreas, por um período de tempo ponderável e nelas adotar atitudes tanto defensivas
quanto ofensivas, com aproveitamento de suas características de mobilidade, permanência,
versatilidade e flexibilidade. Vejamos o que significa cada uma dessas características. A mobilidade
representa a capacidade de deslocar-se prontamente e a grandes distâncias, mantendo elevado nível
de prontidão em condições de emprego. Assim, quando uma força naval se desloca rapidamente
para uma área conflagrada a característica por ela utilizada é a mobilidade. A permanência indica a
possibilidade de operar continuamente por longos períodos em áreas distantes e de grandes
dimensões com independência.

A versatilidade permite regular o poder de destruição e alterar a postura militar, mantendo a


aptidão para executar uma grande gama de tarefas. Um exemplo dessa característica é a utilização
de uma força naval como instrumento de combate, ao mesmo tempo em que ela pode transformar-se
em instrumento da paz por meio de apoio a populações atingidas por sinistros naturais, como
furacões e tsunamis. A última característica importante para um Poder Naval com credibilidade é a
flexibilidade, que pode ser sintetizada pela capacidade de organizar grupamentos operativos de
diferentes valores, em função da missão recebida. Por exemplo, um grupo de navios varredores
pode limpar as minas de um campo marítimo, assim como pode, devido ao seu armamento, realizar
uma patrulha no mar territorial reprimindo a pesca ilegal.

OSTENSIVO -1-3- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

CAPÍTULO 2

2- O PAPEL DA MARINHA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Emergindo das dificuldades do período revolucionário (1789 - 1799), a França erguia-se


perante a Europa aristocrática com o “Grande Exército” chefiado por Napoleão Bonaparte. As
notáveis vitórias militares francesas subjugaram a maior parte do Velho Mundo e esse
expansionismo teve repercussões intensas na própria América, abrindo caminho para a emancipação
política das colônias ibéricas.
As guerras napoleônicas (1804-1815) foram caracterizadas por dois aspectos: o primeiro na
luta de uma nação burguesa contra uma Europa aristocrática; e o segundo na luta entre França e
Inglaterra. Com a derrota da Marinha francesa na Batalha de Trafalgar (1805) para a Marinha
inglesa, muito superior, decide Napoleão investir contra seus inimigos continentais (Áustria e
Prússia) e, ao tomar Berlim, iniciou guerra econômica à Inglaterra, estabelecendo em 1806 um
“bloqueio continental”.
Portugal sempre manteve laços comerciais com a Inglaterra e a sua não adesão ao bloqueio
foi determinante para a decisão de sua invasão por Exército francês sob o comando do General
Junot. Ao saber da chegada do Exército invasor de Napoleão, o Conselho de Estado com o Príncipe
Regente D. João acordaram na retirada para o Brasil de toda a Família Real.
A 29 de novembro de 1807, a Família Real embarcou rumo ao Brasil. O comboio de
transportes que conduziu todo o aparato (15.000 pessoas dentre militares e civis) era de 30 navios, e
várias embarcações, protegidas por uma escolta inglesa composta por 13 naus.

A 22 de janeiro de 1808, a Nau Príncipe Real, onde o Príncipe Regente D. João encontrava-
se embarcado, chegou à Bahia. No dia 28, D. João proclamava a independência econômica do
Brasil com a publicação da famosa carta régia que abriu ao comércio estrangeiro os portos do país;
e a 7 de março de 1808 D. João, à testa de uma força naval composta por três naus, um bergantim e
um transporte, entrou na Baía de Guanabara. A bordo também vinham os integrantes da Brigada
Real da Marinha encarregados da artilharia e da defesa dos navios.
Com o retorno de D. João VI para Portugal, permaneceu no Brasil seu filho D. Pedro, que
passou a sofrer pressão vinda da Corte de Portugal para que regressasse a Lisboa. Como
consequência, temos o Dia do Fico (09/01/1822) e, posteriormente, após novas pressões, D. Pedro
proclama a nossa Independência.

OSTENSIVO -2 -1- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

Para concretizar a nossa Independência e levar a todos os recantos do litoral brasileiro a


notícia do dia 7 de setembro, foi necessário organizar uma força naval capaz de atingir todas as
províncias, e fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.

2.1 O RETORNO DE D. JOÃO VI PARA PORTUGAL

Tal estado de “abrasileiramento” da monarquia portuguesa, somado ao clamor por uma


flexibilização do absolutismo vindo de setores da sociedade portuguesa, fez estourar na cidade do
Porto um movimento revolucionário liberal. Logo a revolução se espalhou por todo o Portugal,
fomentando a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte denominada de “Cortes”, que
visava a instaurar uma monarquia Constitucional. O estado revolucionário da antiga metrópole
provocou o retorno do Rei em 26 de abril de 1821, deixando seu filho D. Pedro como Príncipe
Regente. Tentava, assim, a dinastia de Bragança manter sob controle, e longe dos ventos liberais, as
duas partes de seu reino.
Mesmo com o retorno do Rei, as Cortes reunidas em Lisboa mantiveram-se atuantes na
imposição de uma monarquia constitucional a D. João VI. Contudo, o posicionamento das Cortes
em relação ao Brasil era completamente contrário ao seu discurso liberal: vinha no sentido de
reativar a subordinação política e econômica posterior a 1808, reerguendo o pacto colonial. A
oposição que as Cortes faziam à dinastia de Bragança em Portugal e suas crescentes imposições ao
Príncipe Regente provocaram reações de D. Pedro.
Em 9 de janeiro de 1822, dia em que ficou conhecido como “Dia do Fico”, D. Pedro
declarou que permaneceria no Brasil apesar da determinação das Cortes para que retornasse a
Lisboa. Concomitantemente, o Príncipe nomeou um novo Gabinete de Ministros, sob a liderança de
José Bonifácio de Andrada e Silva, que defendia a emancipação do Brasil sob uma monarquia
constitucional encabeçada pelo Príncipe Regente.
A pressão das Cortes pela restauração do pacto colonial com o consequente esvaziamento
das suas atribuições de regente levaram D. Pedro a defender a autonomia brasileira perante a
restauração da condição de colônia pretendida pelas Cortes.
2.2 A REGÊNCIA DE D. PEDRO I E A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA (1822-
1831)

Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe D. Pedro declarava a Independência do Brasil. Porém,


só as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais atenderam de imediato à conclamação
emanada das margens do Ipiranga.

OSTENSIVO -2 -2- ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

Até pela proximidade geográfica, estas se mantiveram fiéis às decisões emanadas do Paço
mesmo após a partida de D. João VI. As capitais das províncias ao Norte do País mantiveram sua
ligação com a metrópole, pois as peculiaridades da navegação a vela e a falta de estradas as punham
mais próximas desta do que do Rio de Janeiro.
Mormente o expressivo número de patriotas no interior destas províncias, nas capitais e nas
poucas principais cidades, a elite de comerciantes era majoritariamente portuguesa e adepta da
restauração colonial realizada pelo movimento liberal português. Durante a “queda-de-braço”
empreendida entre as Cortes e D. Pedro, foram reforçadas as guarnições militares das províncias do
Norte e Nordeste para manter a vinculação com Lisboa. Os principais focos de resistência à
Independência eram Pará; Maranhão; Piauí e Cisplatina, porém, a resistência mais forte estava
justamente em Salvador, Bahia, onde essa guarnição era mais numerosa.
Em Salvador havia uma tropa comandada pelo General Madeira de Melo e uma Esquadra
sob o comando do Almirante Félix de Campos. No sul, a recém-incorporada Província Cisplatina
viu as guarnições militares que lá ainda estavam dividirem-se perante a causa da Independência,
enquanto o comandante das tropas de ocupação, General Carlos Frederico Lecor, colocou-se ao lado
dos brasileiros, seu subcomandante, D. Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior parte das
tropas defenderam o pacto com Lisboa.
2.3 A FORMAÇÃO DA ESQUADRA BRASILEIRA

O governo brasileiro, por intermédio de seu Ministro do Interior e dos Negócios


Estrangeiros José Bonifácio de Andrada e Silva, percebeu que somente com o domínio do mar
conseguiram manter a unidade territorial brasileira, pois eram por meio do mar que as províncias
litorâneas, onde estava concentrada a maior parte da população e da força produtiva brasileira se
interligavam e comercializavam seus produtos. A rápida formação de uma Marinha de Guerra
nacional constituía-se no melhor meio de transporte e concentrar tropas leais e suprimentos para as
áreas de embate com os portugueses.
O nascimento da Marinha Imperial, portanto, se deu nesse regime de urgência, aproveitando
os navios que tinham sido deixados no porto do Rio de Janeiro pelos portugueses, que estavam em
mau estado de conservação, e os oficiais e praças da Marinha portuguesa que aderiram à
Independência, portanto no dia 10 de novembro de 1822 nasceu a Esquadra brasileira.
Os navios foram reparados em um intenso trabalho do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
e foram adquiridos outros, tanto pelo governo como por subscrição pública. E as lacunas
encontradas nos corpos de oficiais e praças foram completadas com a contratação de estrangeiros,

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sobretudo experientes remanescentes da Marinha inglesa. A necessidade de se dispor da Força


Naval como um eficiente elemento operativo e como um fator de dissuasão para as pretensões de
reconquista portuguesa fez com que o governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas
Cochrane, um brilhante e experiente oficial de Marinha inglês, como Comandante em Chefe da
Esquadra.

2.4 PERÍODO REGENCIAL (1831-1840): A ESQUADRA BRASILEIRA E A


MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE TERRITORIAL BRASILEIRA

A peculiar Independência brasileira, que pôs à frente do processo de emancipação da ex-


colônia o herdeiro do trono real português, produziu uma divisão na política brasileira que marcaria
o reinado de D. Pedro I: a separação entre brasileiros, liberais, que defendiam a monarquia
constitucional, e portugueses, que propunham a concentração de poder nas mãos do Imperador.
O Imperador D. Pedro I tornava-se cada vez mais autoritário, buscando o apoio da facção
dos portugueses que defendiam maior poder ao monarca. Já a facção dos brasileiros queria que o
poder do Estado brasileiro fosse dividido entre o Imperador e a Assembleia Legislativa, constituída
de representantes eleitos da sociedade, que redigiria a Carta Constitucional e faria as leis. Ou seja,
defendiam que a monarquia de D. Pedro fosse uma monarquia constitucional.
A Assembleia Constituinte foi reunida, em maio de 1823, para redigir a primeira
Constituição brasileira. A maioria dos deputados constituintes queria uma Constituição que
limitasse os poderes do Imperador. Tal fato desagradava D. Pedro e os homens que o apoiavam, já
que o monarca queria no Brasil uma monarquia absolutista.
O conflito entre D. Pedro e os deputados constituintes acabou quando o Imperador dissolveu
a Assembleia Constituinte em 1823. Em seguida, nomeou um Conselho de Estado composto por dez
membros, com a tarefa de redigir um projeto de Constituição. Resultando na imposição uma
Constituição, outorgada em 1824, que praticamente resgatava o regime absolutista. A atitude
autoritária do Imperador aumentou em muito a oposição liberal a ele, representada pelo Partido
Brasileiro.
Foram vários anos de disputa política entre os Partidos Português e Brasileiro, e de críticas,
cada vez mais violentas, ao Imperador vindas dos políticos do Partido Brasileiro e de todos que
defendiam que o poder do Estado não ficasse concentrado nas mãos de D. Pedro. Também
desagradava muito aos brasileiros a influência que os portugueses residentes no país tinham junto
ao Imperador, ampliando o poder dos portugueses adesistas na sociedade brasileira, pois
monopolizavam o comércio exterior nas capitais das principais províncias, motivo de insatisfação

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do resto da população.
Essa insatisfação tomou uma proporção tão significativa a ponto de estourar no Rio de
Janeiro um levante conhecida como “Noite das Garrafadas”, que tinha como objetivo retirar D.
Pedro I do poder, porém antes disso, D. Pedro I tomou a decisão de abdicar do trono.
Pressionado pela população, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou do trono em favor
de seu filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco anos de idade. Como o herdeiro não
tinha idade para assumir o trono instalou-se no Brasil um governo regencial. O Poder Executivo
seria composto por três membros, uma regência trina, conforme determinava a Carta
Constitucional. Posteriormente, a regência seria constituída de uma só pessoa, a regência una.
No período regencial, o conturbado ambiente político da Corte se refletiu nas províncias do
Império em movimentos armados que explodiram por todos os principais centros regionais, desde
1831 até os anos de consolidação do reinado de D. Pedro II. A Marinha da Independência e da
Guerra Cisplatina, constituída por elevado número de navios de grande porte, foi sendo
transformada em uma Marinha de unidades menores, próprias para enfrentar as conflagrações nas
províncias e ajustadas às limitações orçamentárias.
As revoltas que estouraram no Brasil no período Regencial foram: CABANAGEM,
BALAIADA, SABINADA E FARROUPILHA. Estudaremos cada uma delas destacando em
especial a participação da Marinha em cada conflito.
2.4.1 Cabanagem

A primeira sublevação ocorrida no período regencial foi a Cabanagem, no Grão-Pará, que se


generalizou em 1835 com a ocupação da capital da província, Belém. O governo central enviou
uma força interventora constituída de elementos da Marinha e do Exército Imperial que, após
primeira tentativa frustrada de reconquistar a capital, desembarcou e a ocupou sem a resistência dos
rebeldes. Contudo, os cabanos retomaram o fôlego para a luta com o crescimento da revolta no
interior e retomaram a capital em agosto de 1835.
Durante o conflito, as forças militares atuaram contra focos rebeldes espalhados por um
território inóspito e desconhecido, a floresta amazônica. A Marinha bloqueou o porto de Belém,
com a atuação do Capitão-Tenente Frederico Mariath, dificultando o seu abastecimento,
bombardeou posições rebeldes, desembarcou tropas do Exército e embrenhou-se nos rios
amazônicos para dar combate aos mais isolados focos de revolta. O desgaste que as forças militares
impuseram aos cabanos levou-os ao abandono da capital em maio de 1836 continuando a resistir no
interior. A luta se estendeu até 1840, com a ação conjunta da Força Naval e das tropas do Exército

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debelando a resistência dos cabanos por todo o Pará.

2.4.2 Guerra dos Farrapos

A Guerra dos Farrapos, rebelião no sul do Império que durou dez anos, de 1835 a 1845,
atingiu uma região de fronteira já conturbada por conflitos externos. A Marinha novamente atuaria
em cooperação com o Exército no transporte e abastecimento das tropas e apoiando ações em terra
com o fogo dos canhões embarcados.
Porém, na Guerra dos Farrapos os navios de guerra estiveram envolvidos em pequenos
combates navais com os farroupilhas. Os combates não ocorreram em mar aberto, mas em águas
restritas, como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro combate naval da Guerra dos Farrapos
opôs o Iate Oceano, da Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos revoltosos, na Lagoa Mirim,
quando o navio rebelde foi posto a pique.
A pequena Força Naval que os farroupilhas mantinham na Lagoa dos Patos foi
completamente vencida em agosto de 1839, quando o Chefe-de-Divisão John Pascoe Grenfell,
comandante das Forças Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes em Camaquã. A
rebelião rio-grandense estendeu-se para Santa Catarina, onde os farroupilhas formaram uma
pequena Força Naval com navios mercantes apresados e lanchões remanescentes das operações na
Lagoa dos Patos e Mirim, que foi vencida pela Marinha em um combate no porto de Laguna. Foi
neste conflito regional que pela primeira vez a Marinha brasileira empregou um navio movido
a vapor em operações de guerra.

2.4.3 Sabinada

A Sabinada, revolta que eclodiu contra a autoridade da Regência na Bahia, em novembro de


1837, foi combatida pela Marinha Imperial com um bloqueio da província e o combate a uma
diminuta Força Naval montada pelos rebeldes com navios apresados. A revolta foi finalmente
sufocada em 1838.

2.4.4 Balaiada

A Balaiada, agitação que tomou conta das Províncias do Maranhão e do Piauí, entre 1838 e
1841, reuniu a população pobre e os escravos contra as autoridades constituídas da própria
província. Em agosto de 1839, seguiu para o Maranhão o Capitão-Tenente Joaquim Marques

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Lisboa, futuro Marquês de Tamandaré, nomeado comandante da Força Naval em operação contra os
insurretos.
A partir de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão-Tenente Joaquim Marques Lisboa
atuaria em cooperação com o então Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias,
que comandava a Divisão Pacificadora do Norte, reunida para debelar a revolta. A união dos futuros
patronos das forças singulares de mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma situação
recorrente em todos os conflitos internos durante a Regência e o Segundo Império: a atuação
conjunta da Marinha e do Exército na manutenção da ordem constituída e da unidade do Império.

Figura 3 / Fonte: www.multirio.rj.gov.br

2.5 O GOLPE DA MAIORIDADE (1840)

O Período Regencial foi marcado por disputas de partidos políticos em busca de projeção e
abandono para as províncias, culminando com sucessivas revoltas de caráter separatista, o que
representou um sério perigo à integridade territorial brasileira, destaca-se nesse momento a atuação
da Esquadra brasileira no combate aos movimentos separatistas.
Para muitas pessoas essa situação só mudaria com o retorno de um imperador brasileiro ao
poder a partir de então, alguns políticos brasileiros ligados ao partido liberal “arquitetaram” e
colocaram em prática o Golpe da Maioridade, em junho de 1840. Com o golpe, o príncipe regente
com 14 anos de idade assumiu o poder com o título de D. Pedro II. O seu governo foi de 49 anos,

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ou seja, iniciou em 1840 e durou até o ano de 1889.

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CAPÍTULO 3

3- A MARINHA DO BRASIL NA GUERRA DO PARAGUAI

3.1 O GOVERNO DE D. PEDRO II (1840 – 1889)

O governo de D. Pedro II iniciou com a missão de combater os movimentos separatistas e


para isso ele fez uso do Pode Moderador, concentrando os poderes políticos em suas mãos. No
aspecto político, D. Pedro II procurou organizar o governo de maneira a estabilizar as divergências
políticas entre o partido liberal e conservador, que se revezavam no comando da Câmara dos
Deputados.
No plano interno, D. Pedro II teve que combater a Farroupilha que terminou em 1845, a
revolta Praieira que estourou na província de Pernambuco em 1848, considerada uma grande
revolta. A revolta foi duramente sufocada em 1850 pelas tropas do governo.
No plano externo, D. Pedro II enfrentou dois conflitos: As duas Guerras civis no Uruguai
que estouraram nos anos de 1851/1852 e a guerra civil de 1864 e o maior de deles que foi a Guerra
do Paraguai de 1865-1870. Nos dois conflitos a Marinha do Brasil atuou com eficácia com sua
Esquadra protegendo e defendendo a integridade territorial.
3.2 ANTECEDENTES DA GUERRA

A livre navegação nos rios e os limites entre o Brasil e o norte do Paraguai eram motivos de
discordância entre os dois países. Não se chegou a um acordo satisfatório até a conclusão da Guerra
da Tríplice Aliança. Para os brasileiros, era muito importante acessar, sem empecilhos, a Província
de Mato Grosso, navegando pelo Rio Paraguai. Sabendo disto, os paraguaios mantinham a questão
dos limites, que reivindicavam associada à da livre navegação. O litígio existia principalmente em
relação a um território situado à margem esquerda do Rio Paraguai, entre os Rios Aspa e Branco,
ocupado por brasileiros.
Apesar dessas questões, o entendimento entre o Brasil e o Paraguai era cordial, excetuando-
se algumas crises que não chegaram a ter maiores consequências. Interessava principalmente ao
Império que o Paraguai se mantivesse fora da Confederação Argentina, que muita dificuldade lhe
vinha causando, com sua permanente instabilidade política.
Com a morte de Carlos López, ascendeu ao governo do Paraguai seu filho, Francisco Solano
López, que ampliou a política externa do País, inclusive estabelecendo laços de amizade com o
General Justo José de Urquiza, que liderava a Província argentina de Entre Rios, e com o Partido

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Blanco uruguaio. Essas alianças, sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai ao mar.
Com a invasão do Uruguai por tropas brasileiras, na intervenção realizada em 1864, contra o
governo do Presidente uruguaio Manuel Aguirre, do Partido Blanco, Solano López considerou que
seu próprio país fora agredido e declarou guerra ao Brasil. Aliás, ele havia enviado um ultimato ao
Brasil, que fora ignorado. Como foi negada pelos portenhos, permissão para que seu exército
atravessasse território argentino para atacar o Rio Grande do Sul, invadiu a Província de Corrientes,
envolvendo a Argentina no conflito.
O Paraguai estava se mobilizando para uma possível guerra desde o início de 1864. López se
julgava mais forte – o que provavelmente era verdadeiro, no final de 1864 e início de 1865– e
acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e do argentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele
superestimou o poderio econômico e militar do Paraguai e subestimou o potencial do Poder Militar
brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.

Figura 4 / Fonte: http://telecastdehistoria.blogspot.com

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3.3 CAUSAS DA GUERRA

Foram vários os atos de hostilidades que indiciavam a eclosão da guerra, porém como causa
principal podemos destacar: as pretensões de Solano Lopes em aumentar o tamanho do Paraguai, o
que para isso teria que conquistar terras da região da Bacia do Prata, além da primordial saída para
o Oceano Atlântico.
O início da guerra pode ser marcado pelos seguintes atos:

• Em novembro de 1864, o navio mercante Marquês de Olinda foi aprisionado pelos


paraguaios, quando passava pelo rio Paraguai;
• Em dezembro de 1864, o Paraguai invadiu o sul de Mato Grosso, tomando o Forte Coimbra;
• Em abril de 1865, as tropas paraguaias invadiram a cidade de Corrientes, na Argentina.
• Em 1º de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai selaram um Tratado conhecido
como Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai.

A aliança com os argentinos era, na opinião de um dos observadores estrangeiros, uma


“aliança de cão e gato”. Havia muitas desavenças recentes e ao Brasil não interessava subordinar
sua Força Naval a um comandante argentino. A Argentina possuía, durante essa guerra, apenas uma
pequena Marinha e o esforço naval foi quase totalmente da Marinha do Brasil. O Império não
queria criar uma situação em que um estrangeiro pudesse decidir o destino de seu Poder Naval.
Poder que sempre desempenhara um papel importante, de diferenciador nos conflitos da região do
Rio da Prata.
Isto significava, também, que no início da guerra, as operações envolvendo forças navais e
terrestres seriam operações conjuntas, sem unidade de comando.
No início da Guerra da Tríplice Aliança, a Marinha do Brasil dispunha de 45 navios
armados. Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam
exclusivamente do vento. A propulsão a vapor, no entanto, era essencial para operar nos rios. Todos
tinham casco de madeira. Muitos deles já estavam armados com canhões raiados de carregamento
pela culatra.
Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os de propulsão mista, eram adequados para operar
no mar e não nas condições de águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações nos Rios
Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um perigo sempre presente. Além disso,
esses navios, com casco de madeira, eram muito vulneráveis à artilharia de terra, posicionada nas

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margens.
Era uma época de frequentes inovações tecnológicas no hemisfério norte e a Guerra Civil
Americana trouxera muitas novidades para a guerra naval e, especificamente, para o combate nos
rios. Sua influência, logo depois dessa primeira fase de navios de madeira, na Guerra da Tríplice
Aliança fez-se sentir, principalmente, com o aparecimento dos navios protegidos por couraça de
ferro, projetados para a guerra fluvial, e a mina naval.
Todos os navios da Esquadra paraguaia, exceto um, eram navios de madeira, mistos, a vela e
a vapor, com propulsão por rodas de pás. Embora todos eles fossem adequados para navegar nos
rios, somente o Taquary era um verdadeiro navio de guerra; os outros, apesar de convertidos, não
foram projetados para tal.
Os paraguaios desenvolveram a chata com canhão como arma de guerra. Era um barco de
fundo chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado até o local
de utilização, onde ficava fundeado. Transportava apenas a guarnição do canhão e sua borda ficava
próximo da água, deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via-se somente a boca do canhão acima
da superfície da água.
3.4 A BATALHA NAVAL DO RIACHUELO

Em 11 de junho de 1865, a Armada brasileira infligiu uma terrível derrota ao Paraguai, sob o
comando do Almirante Barroso. Se vencessem, os paraguaios iriam apoderar-se dos nossos navios e
incorporá-los a sua esquadra. Apesar de terem apoio dos canhões de suas forças que operavam na
margem esquerda do Rio Paraná, perderam a batalha. O Almirante Barroso destruiu a força naval
paraguaia.
Cabe aqui destacar que a participação da Esquadra brasileira foi fundamental para a vitória
em Riachuelo para garantir a integridade territorial brasileira, colocando por terra a pretensão de
Solano Lopes em acessar a saída para o Atlântico. E a atuação do Almirante Barroso foi decisiva, a
bordo da Fragata Amazonas.
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe-de-Divisão Barroso, na parte que transmitiu ao
Visconde de Tamandaré, assim se deu a batalha (grafia de época):

– “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma vez, com tôda a esquadra paraguaya, que eu
teria conseguido se os quatro vapôres que estavam mais acima não tivessem fugido. Pus a prôa
sôbre o primeiro, que o escangalhei, ficando inutilisado completamente, de agoa aberta, indo
pouco depois ao fundo. Segui a mesma manobra contra o segundo, que era o Marques de Olinda,
que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou pela mesma fórma. Os quatro restantes
vendo a manobra que eu praticava e que eu estava disposto a fazer-lhes o mesmo, trataramde fugir

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rio acima. Em seguimento ao terceiro vapor destruído, aproei auma chata que com o choque e um
tiro foi a pique.
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram feitas pela Amazonas, debaixo do mais vivo
fogo, quer dos navios e chatas, como das baterias de terra e mosquetaria de mais de mil
espingardas. A minha tenção era destruir por esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que
andar para baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais tarde havíamos de
encalhar, por ser naquella localidade o canal mui estreito.
Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, tratei de tomar as chatas, que ao approximar-me
d’ellas eram abandonadas, saltando todos ao rio, e nadando para terra, que estava a curta
distância.
O quarto vapor paraguayo Paraguary, de que ainda não fallei, recebeu tal rombo no costado e
caldeiras, quando desceram, que foi encalharem uma ilha em frente, e toda a gente saltou para
ella, fugindo e abandonando o navio”.

Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira. Foi uma batalha naval, em alguns
aspectos, decisiva. A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada, e não teria mais participação
relevante no conflito. Estava garantido o bloqueio que impediria que o Paraguai recebesse
armamentos e, até mesmo, os navios encouraçados encomendados no exterior. Comprometeu,
também, a situação das tropas invasoras e, pouco tempo depois, a guerra passou para o território
paraguaio.
Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo bom êxito de sua força naval em Riachuelo. O
futuro Barão de Teffé declarou que o vira, do Araguari, em plena batalha, destemido, expondo-se
sobre a roda da Amazonas, com a barba branca, que deixara crescer, ao vento e sentira por ele um
grande respeito e admiração.
A cidade de Corrientes continuava ocupada pelo inimigo e a Força Naval brasileira, que
mostrara sua presença, fundeada próxima a ela, precisou iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a
descida do rio, que estava baixando.
Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança venceria a guerra em pouco tempo, mas tal não
ocorreu. O que parecia fácil estagnou. O Paraguai era um país mobilizado para a guerra que, aliás,
foi ele que iniciou, achando que tinha vantagens.
Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável enquanto não estivessem disponíveis os novos
meios navais que estavam em obtenção pelo Brasil: os navios encouraçados.
Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era necessário vencer diversas passagens fortificadas,
destacando-se, inicialmente, Curuzu, Curupaiti e Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado
para navegar em rios, de casco de madeira, sem couraça, como os da Força Naval brasileira que
combatera em Riachuelo, não teriam bom êxito. Era evidente que o Brasil necessitava de navios
encouraçados para o prosseguimento das ações de guerra. Os obstáculos e fortificações de Humaitá

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eram uma séria ameaça, mesmo para estes navios.


3.4.1 Os navios encouraçados e a invasão do Paraguai

Os navios encouraçados começaram a chegar à frente de combate em dezembro de 1865. O


encouraçado Brasil, encomendado à França, foi o primeiro que chegou a Corrientes em dezembro
de 1865. No Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, iniciara-se a construção de outros
navios encouraçados, especificados para lutar naquele teatro de operações fluviais.
Em 21 de fevereiro de 1866, Tamandaré chegou a Corrientes se assumiu o comando da
Força Naval, mantendo Barroso como seu chefe de estado-maior. Em 17 de março, os navios
suspenderam para iniciar as operações rio acima. Quatro dos encouraçados já estavam disponíveis
nessa força. Um deles tinha o nome de Barroso, e outro o de Tamandaré. Era uma grande
homenagem, em vida, aos dois ilustres chefes.
A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai necessitava de apoio naval. Passo da Pátria foi
uma operação conjunta de forças navais e terrestres. Coube, inicialmente, à Marinha fazer os
levantamentos hidrográficos, combater as chatas paraguaias e bombardear o Forte de Itapiru e o
acampamento inimigo. Em março de 1866, já estavam disponíveis nove navios encouraçados,
inclusive três construídos no Brasil: Tamandaré, Barroso e Rio de Janeiro. A reação da artilharia
paraguaia ceifou vidas preciosas, como a do Tenente Mariz e Barros, comandante do Tamandaré.
Houve, depois, perfeita cooperação entre as forças, na grande operação de desembarque que
ocorreu em 16 de abril de 1866. Enquanto parte da Força Naval bombardeava a margem direita do
Rio Paraná, de modo a atrair a atenção do inimigo, os transportes avançaram e entraram no Rio
Paraguai.
Os navios transportaram inicialmente cerca de 45 mil homens, de um efetivo de 66 mil (38
mil brasileiros, 25 mil argentinos e 3 mil uruguaios), artilharia, cavalos e material. O General
Osório foi o primeiro a desembarcar em território inimigo.
Com a invasão, os paraguaios abandonaram Itapiru e Passo da Pátria e, após tentativas
infrutíferas de derrotar o invasor em Estero Bellaco e Tuiuti, concentraram suas defesas nas
fortificações que barravam o caminho: Curuzu, Curupaiti e Humaitá.

3.4.2 O ataque a Curuzu

Em 31 de agosto de 1866, as tropas comandadas pelo General Manoel Marques de Souza, o


Barão de Porto Alegre, desembarcaram na margem esquerda para atacar Curuzu e, no dia seguinte,
os navios começaram a bombardear a fortificação.

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Em 2 de setembro, o navio encouraçado Rio de Janeiro foi atingido por duas minas
flutuantes e afundou com perda de vidas humanas. Curuzu foi conquistada pelo Barão de Porto
Alegre, apoiado pelo fogo naval, em 3 de setembro.

3.4.3 A passagem de Curupaiti

Em 15 de agosto de 1867, já promovido a Vice-Almirante, Joaquim Ignácio comandou a


Passagem de Curupaiti, enfrentando o fogo das baterias de terra e obstáculos no rio. Pelo feito,
recebeu, logo depois, o título de Barão de Inhaúma. Participaram da passagem dez navios
encouraçados que, em seguida, fundearam um pouco abaixo de Humaitá e começaram a
bombardeá-la.
A posição desses navios, porém, expunha-os aos tiros das fortificações paraguaias e
Inhaúma considerava que ainda não era o momento de forçar Humaitá. Caxias apoiou esta decisão.
O apoio logístico a essa Força Naval operando entre Curupaiti e Humaitá era muito difícil e
exigiu que os brasileiros fizessem o caminho pela margem direita do Rio Paraguai, no Chaco. Logo
depois construiu-se uma pequena ferrovia nesse caminho, para transportar as provisões necessárias.
Há meses que a Força Naval bombardeava diariamente Curupaiti, tentando diminuir seu poder de
fogo e abalar o moral dos defensores.

3.4.4 A passagem de Humaitá

Na madrugada de 19 de fevereiro de 1868, iniciou-se a Passagem de Humaitá. A Força


Naval de Inhaúma intensificou o bombardeio e a Divisão Avançada, comandada pelo Capitão-de-
Mar-e-Guerra Delfim Carlos de Carvalho, depois Almirante e Barão da Passagem, avançou rio
acima.

Essa Divisão era formada por seis navios: os Encouraçados Barroso, Tamandaré e Bahia e os
Monitores Rio Grande, Pará e Alagoas. Eles acometeram a passagem formando três pares
compostos, cada um, por um encouraçado e um Monitor amarrado ao seu contrabordo.

Estava, no entanto, vencida Humaitá, que aos poucos seria desguarnecida pelos paraguaios.
Solano López decidiu que era necessário retirar-se com seu exército para uma nova posição
defensiva, mais ao norte.

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3.4.5 O recuo das forças paraguaias

Na madrugada de 3 de março de 1868, López se retirou de Humaitá com cerca de 12 mil


homens. Os aliados fecharam o cerco.
Em 25 de julho, os últimos defensores abandonaram Humaitá, que foi ocupada pelos
aliados. Era preciso reforçar o cerco para evitar que eles se juntassem ao grosso do Exército
paraguaio. Para isso, os aliados criaram uma flotilha de escaleres, lanchas e canoas para bloquear a
passagem dos fugitivos pela Lagoa Verá.
Os combates que ali ocorreram, corpo-a-corpo, entre as tripulações de embarcações,
constituíram um dos conjuntos de episódios mais dramáticos da guerra. Participaram deles, com
grande bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes Saldanha da Gama e Júlio de
Noronha, entre outros. Ao final, renderam-se 1.300 paraguaios.
3.4.6 A ocupação de Assunção e a fase final da guerra

Como não havia mais obstáculos até Assunção, ela foi ocupada pelos aliados e a Força
Naval fundeou em frente à cidade, em janeiro de 1869. Em fevereiro, o Chefe-de-Esquadra Elisário
Antônio dos Santos assumiu o comando da Força Naval. Ficaram no Paraguai os navios de menor
calado, mais úteis para atuar nos afluentes.

Uma Força Naval subiu o Rio Paraguai até território brasileiro, em Mato Grosso. Houve um
último combate no Rio Manduvirá. Seguiu-se a Campanha da Cordilheira, em que a Marinha não
mais confrontou o inimigo. Em 1870, o Paraguai estava derrotado e seu povo dizimado. Solano
Lopes fugiu para Cerro Corá, onde não se rendeu, sendo atingido fatalmente por um tiro.

Figura 5 / Fonte: www.slideshare.net

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CAPÍTULO 4

4- A EVOLUÇÃO DA ESQUADRA BRASILEIRA NOS SÉCULOS XIX E XX

4.1 A MARINHA NA REPÚBLICA

Os primeiros anos da República foram marcados pela progressiva desmobilização da


Esquadra brasileira. As revoltas que assolaram a Nação e o desgaste econômico provocaram o
gradativo desmantelamento das unidades da Força Naval. A situação interna do País se refletia nos
orçamentos insuficientes que negavam à Marinha os recursos necessários à modernização dos meios
flutuantes e à criação de uma infra-estrutura de apoio.
Essa situação se manteve por toda a década final do século XIX. A sucessão de quatro
ministros da Marinha em apenas seis anos contribuiu negativamente para a elaboração de um
programa naval condizente com o litoral e os interesses a serem defendidos.
Em 15 de novembro de 1902, o Almirante Júlio de Noronha assumiu a pasta da Marinha,
encontrando uma Força Naval composta de navios reformados, sendo, na sua maioria, modelos
obsoletos frente às classes mais modernas que estavam em processo de construção pelas potências
industriais da época.
Em 1904, o Ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio Branco, percebeu que a
Marinha, apesar de querer se equipar com os melhores meios, não alcançava um nível aceitável de
Força Armada para o porte do Brasil. Apresentou então ao Almirante Júlio de Noronha pessoas
interessadas em oferecer navios ou indicar estaleiros para a construção daqueles que fariam parte do
Programa Naval que o Almirante imaginava.
Procurando satisfazer a justa aspiração brasileira em constituir uma Marinha bem
aparelhada, o Deputado Dr. Laurindo Pitta apresentou à Câmara, em julho de 1904, um projeto que
continha o programa naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual poderia atender a tais
expectativas.
O Programa de 1904, de autoria de Júlio de Noronha, apresentava a vantagem de ser um
plano de conjunto, ou seja, incluía a criação de um moderno arsenal e um porto militar, que
juntamente com os navios formaria um tripé de sustentação da Marinha brasileira. Foi o Almirante
Júlio de Noronha quem fez nascer a campanha de remodelação da Esquadra, que deveriam
pressionar principalmente a opinião pública e que gerou os resultados necessários para a reforma da
nossa Marinha.
Em 15 de novembro de 1906, assumiu a Presidência da República o Conselheiro Afonso
Pena e, com ele, o seu novo ministério, sendo a pasta da Marinha ocupada pelo Almirante

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Alexandrino Faria de Alencar. Não demorou que este conseguisse do Congresso a reforma do
Programa de 1904. A alteração mais marcante trazida pelo novo programado Almirante Alexandrino
foi a adição de três novos encouraçados do tipo dreadnought de 20 mil toneladas, cuja aprovação
resultou no Decreto nº 1.567, de 24 de novembro de 1906.
Nesse programa, foi cancelado o projeto de um novo arsenal. Em seu lugar, optou-se por
modernizar as instalações da Ilha das Cobras, porém, admitia-se a construção de bases secundárias
em Belém e em Natal, e um porto militar de pequeno porte em Santa Catarina.
Como consequência direta do Programa Alexandrino, a Esquadra de 1910, assim chamada
por haver chegado ao Brasil nesse ano a maior parte de seus componentes, representou um
verdadeiro revigoramento militar e tecnológico da Marinha brasileira. Dessa forma, o Brasil passou
a possuir uma frota de alto-mar ofensiva, podendo levar a outros rincões o Pavilhão Nacional e,
principalmente, apoiar a ação diplomática do governo brasileiro em qualquer local que se fizesse
necessário.
A incorporação de navios como os Encouraçados Minas Gerais e São Paulo, pertencentes à
classe dos dreadnoughts mais poderosos do mundo, encheu de orgulho e confiança os brasileiros.
Além dessas embarcações, também chegaram os Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os
Contratorpedeiros Amazonas, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe,
Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.
Posteriormente ao ano de 1910, o Contratorpedeiro Maranhão, os Submarinos F1, F3, F5 e
Humaitá, o Tender Ceará e outros navios auxiliares complementaram os efetivos navais da
Marinha.
O terceiro encouraçado previsto pelo Programa Alexandrino era o Rio de Janeiro, lançado
ao mar em 22 de janeiro de 1913. A demora em sua construção se deveu à necessidade de se
introduzir novas modificações que o tornassem ainda mais poderoso. Este navio não chegou a ser
incorporado à Armada brasileira. Foi adquirido pela Marinha turca e depois pela Marinha inglesa,
tendo participado da Batalha da Jutlândia.
A Esquadra brasileira passou a ser organizada, essencialmente, em divisões de encouraçados
e cruzadores, e flotilhas de contratorpedeiros e de submarinos. Porém, com o início da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), o Ministro da Marinha Alexandrino de Alencar determinou que as
principais unidades operativas de superfície fossem reorganizadas em três divisões a fim de
patrulhar as águas costeiras dentro de cada área de responsabilidade, sendo criadas as Divisões
Navais do Sul (São Francisco do Sul), Centro (Rio de Janeiro) e Norte (Belém).

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4.2 CONFLITOS QUE MARCARAM O INÍCIO DA REPÚBLICA

Voltando às questões políticas na República, destacamos duas revoltas que marcaram esse
período: as revoltas da Armada e a revolta da Chibata.
4.2.1 As revoltas da armada

A primeira revolta da Armada aconteceu logo após a proclamação da República em 15 de


novembro de 1889, movimento liderado pelo Exército, em que, a partir de então, o Marechal
Deodoro da Fonseca assumiu o poder no Brasil, contrariando os setores ligados à Marinha do
Brasil, que, aliás, esteve praticamente ausente desse movimento.
O Marechal Deodoro da Fonseca foi escolhido Chefe do Governo Provisório e o Marechal
Floriano Peixoto para vice. Deodoro encontrou muita dificuldade para governar devido a forte
oposição dentro do partido Republicano Paulista, a ponto de decretar Estado de Sítio e tentar fechar
o Congresso Nacional.
O Vice-Almirante Custódio de Melo, Comandante da Armada, resistiu ao golpe e ameaçou a
bombardear o Rio de Janeiro. Temendo uma guerra civil, Deodoro renunciou. A reação de Custódio
de Melo é conhecida como a Primeira Revolta da Armada.
Com a renúncia do Presidente, estabelecia a Constituição de 1891. “Se não houver ainda
decorrido dois anos, proceder-se-á à nova eleição” (art.42). O governo de Deodoro não tinha durado
um ano, mas Floriano não convocou novas eleições como previa a Constituição em vigor. Em abril
de 1892, treze generais do Exército e da Marinha assinaram um manifesto a favor da convocação
imediata de novas eleições. Floriano Peixoto afastou os oficiais da vida ativa.
Em 6 de setembro de 1893, o Vice Almirante Custódio de Melo, liderou a segunda Revolta
da Armada. Ao mesmo tempo, no Rio Grande do Sul, eclodiu um movimento contra Floriano
Peixoto, a Revolução Federalista.
A esquadra comandada por Custódio de Melo lutou bravamente, recebendo reforço inclusive
do Contra Almirante Luís Felipe Saldanha da Gama, que na época era Comandante da Escola
Naval, mas não lograram sucesso. Custódio de Melo teve que se exilar, o seu navio o Encouraçado
Aquidabã foi torpedeado.
Com o apoio do Exército e do Partido Republicano Paulista, Floriano Peixoto reagiu aos
movimentos rebeldes. Ele governou até o final do mandato de Deodoro, ganhando o apelido de o
“Marechal de Ferro”.

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4.2.2 A Revolta da Chibata

No final de novembro de 1910, eclodiu a Revolta da Chibata, movimento organizado pelos


marinheiros para a abolição dos castigos físicos e melhoria das condições de trabalho na Instituição.
Embora bem-sucedidos nas justas reivindicações a repressão que se seguiu aos participantes foi
violenta e implacável.
Os castigos físicos aplicados aos marinheiros nesse período eram chibatadas, ou seja, os
marinheiros eram submetidos a castigos semelhantes aos aplicados no período escravista. Essa
situação gerou grande descontentamento entre os marinheiros e crescia cada vez mais um
movimento para o fim das punições.
Esse contexto revoltava centenas de marujos que durante os anos de 1908 e 1909 passaram a
se organizar, buscando, sem sucesso, negociar melhorias trabalhistas com o governo. No dia 21 de
novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, acusado de embarcar com uma garrafa
de cachaça, foi violentamente punido não com 25, mas com 250 chibatadas, na presença de todos os
tripulantes.
Essa insatisfação ganhou proporção a ponto de surgir um grupo liderado pelo marinheiro
João Cândido, ganhando adesão de mais de dois mil colegas de farda, que em 22 de novembro de
1910, assumiram o controle dos encouraçados Minas Gerais, São Paulo e do cruzador-ligeiro Bahia
(recém-construídos na Inglaterra) e do antigo encouraçado Deodoro.
Os marinheiros de posse dos rádios de comunicação enviaram para as autoridades suas
exigências: fim dos castigos corporais, aumento dos salários e melhores condições de trabalho. João
Cândido comandou as tripulações dos navios em manobras no litoral, chegando a disparar alguns
tiros de canhão. Diante da ameaça contra a capital, o governo decidiu atender às reivindicações dos
marinheiros, que se entregaram em 26 de novembro de 1910.
Os castigos corporais foram abolidos, mas, dias depois, a Marinha prendeu alguns
marinheiros, incluindo João Cândido, que foi expulso da Marinha e permaneceu preso até 1912. Ele
ficou conhecido como “Almirante Negro” e apesar de sofrer muitas perseguições das autoridades,
não deixou de participar ativamente de outros movimentos políticos, até sua morte em 1969.

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4.3 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Figura 6 / Fonte: www.slideshare.net

No ano de 1914, as relações entre as principais nações europeias estavam tensas. Nos
últimos 60 anos havia ocorrido a Segunda Revolução Industrial e várias potências econômicas
surgiram ameaçando a supremacia da Grã-Bretanha, com destaque para os Estados Unidos, Itália,
Rússia, Alemanha e Japão. Isto significava que todos esses países tinham como produzir, mas
precisavam de matérias-primas e de mercados para vender sua produção.
Se na primeira Revolução Industrial o grande fato impulsionador foi a invenção da máquina
a vapor, na segunda a eletricidade foi o mecanismo que revolucionou os meios de produção. Outro
grande fator de crescimento econômico foi o aumento da disponibilidade de ferro e aço. A
mecanização da indústria se elevou, proporcionando o consequente aumento do número de
máquinas e motores menores, que viriam dotar os bens de consumo duráveis, os maiores símbolos
da sociedade moderna.
Naquele ano de 1914, vigorava a Paz Armada, uma situação em que todas as nações
procuravam se armar para inibir o adversário de atacá-las. Duas grandes alianças político-militares
predominavam: a Tríplice Aliança, formada pelo Império Austro-Húngaro, Itália e Alemanha, e a
Tríplice Entente, formada pela França, Inglaterra e Rússia. Pequenas frentes de luta surgiam nas
áreas em disputa. Todos queriam se apossar de territórios.
Um terrorista sérvio conseguiu assassinar o Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do
trono austríaco, em um atentado em Sarajevo, na Bósnia. Esta morte imediatamente provocou a
guerra entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia, fiadora da Sérvia, iniciou um confronto com a Áustria,

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provocando a intervenção alemã e unindo a França e a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado


entraram na Guerra. Iniciava-se a Primeira Guerra Mundial.
De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu lado mais cruel. Milhões de vidas foram
ceifadas na chamada guerra de trincheiras, quando as tropas limitavam-se a defender determinadas
posições estratégicas.
Em 1917, os Estados Unidos da América (EUA) entraram no conflito. No mesmo ano,
eclodiu a revolução socialista na Rússia e seus dirigentes assinaram com a Alemanha o Tratado de
Brest-Litovsky, se retirando da guerra.
Em 1917, o Brasil entrou no conflito quando a campanha submarina alemã atingiu seus
navios mercantes, afundados em razão do bloqueio alemão a Grã-Bretanha. O Brasil enviou então
uma Divisão Naval para operar com a Marinha britânica entre Dakar e Gibraltar em 1918.
A Alemanha, depois de uma fracassada ofensiva no teatro de operação ocidental, se viu
exausta com as perdas sofridas, vindo a assinar o Armistício com os aliados no mês de novembro de
1918.
4.3.1 O preparo do Brasil

A disposição do Brasil em manter-se neutro no conflito foi evidenciada desde o primeiro


minuto de combates na Europa em 1914. Era o nosso Presidente da República o Exmo. sr
Wenceslau Braz. Naqueles dias conturbados, prevalecia no País uma tendência natural de simpatia a
favor dos aliados, principalmente porque a elite nacional via na educação e na cultura francesas seus
principais paradigmas. A neutralidade foi a marca brasileira nos três primeiros anos de guerra,
mesmo quando Portugal foi a ela arrastada em março de 1916.
O Brasil apresentou, inicialmente, seu protesto formal à Alemanha, sendo logo depois
obrigado a romper relações comerciais com esse país, mantendo-se, contudo, ainda, na mais
rigorosa neutralidade.
O que veio a modificar a atitude brasileira foi o afundamento do Navio Mercante Paraná ao
largo de Barfleur, na França, apesar de ostentar a palavra Brasil pintada no costado e a Bandeira
Nacional içada no mastro. Naquela oportunidade, a população na capital Rio de Janeiro atacou
firmas comerciais alemãs, criando grande desconforto para o governo de Wenceslau Braz.
Seguiu-se então o rompimento das relações diplomáticas com o governo alemão em 11 de
abril de 1917. Um fato importante que influiu na decisão de se romper relações com o Império
Alemão foi a atitude de protesto dos Estados Unidos com o bloqueio irrestrito, tendo sofrido por
isso o torpedeamento de dois de seus navios. Tais acontecimentos motivaram a declaração de guerra

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norte-americana. Mantínhamos até esse ponto laços comerciais profundos com esse país e claras
simpatias com os aliados.

Como estava formada nossa Esquadra?

Nossa Marinha de Guerra era centrada na chamada Esquadra de 1910, com navios
relativamente novos construídos na Inglaterra sob o Plano de Construção Naval do Almirante
Alexandrino Faria de Alencar, Ministro da Marinha, como anteriormente mencionado.
Eram ao todo dois encouraçados tipo dreadnought, o Minas Gerais e o São Paulo, dois
cruzadores tipo scouts, o Rio Grande do Sul e o Bahia, que viria a ser perdido tragicamente na
Segunda Guerra Mundial, e dez contratorpedeiros de pequenas dimensões. Esses meios eram todos
movidos a vapor, queimando carvão.
Desde o início da participação brasileira no conflito, o governo nacional decidiu-se pelo
envio de uma divisão naval para operar em águas europeias, o que representaria um grande esforço
para a Marinha.
Outra contribuição significativa foi a designação de 13 oficiais aviadores, sendo 12 da
Marinha e um do Exército para se aperfeiçoarem como pilotos de caça da RAF no teatro europeu.
Depois de árduo adestramento em que dois pilotos se acidentaram, sendo um fatal, ele foram
considerados qualificados para operações de combate, tendo sido empregados no 16o Grupo da
RAF, com sede em Plymouth, em missões de patrulhamento no Canal da Mancha.
No principal porto do país, o do Rio de Janeiro, centro econômico e político mais
importante, instituiu-se uma linha de minas submarinas cobrindo 600 metros entre as Fortalezas da
Laje e Santa Cruz. Duas ilhas oceânicas preocupavam as autoridades navais devido a possibilidade
de serem utilizadas como pontos de refúgio de navios inimigos.
As de Trindade e Fernando de Noronha. A primeira foi ocupada militarmente em maio de
1916 com um grupo de cerca de 50 militares. Uma estação radiotelegráfica mantinha as
comunicações com o continente e frequentemente Trindade era visitada por navios de guerra para o
seu reabastecimento.
Quanto a Fernando de Noronha, lá existia um presídio do Estado de Pernambuco. A
Marinha, então, passou a assumir a defesa dessa ilha, destacando um grupo de militares para
guarnecê-la. Não houve nenhuma tentativa de ocupação por parte dos alemães.
4.3.2 A divisão naval em operações de guerra

O Presidente da República, Wenceslau Braz decidiu enviar uma divisão naval, a D.N.O.G

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(Divisão Naval em Operações de Guerra) para operar sob as ordens da Marinha britânica, na
ocasião a maior e mais poderosa do mundo. Logicamente, os navios escolhidos deveriam ser da
Esquadra adquirida oito anos antes na própria Inglaterra, pois eram os mais modernos que o Brasil
possuía.
No entanto, devido aos avanços tecnológicos provocados pela própria guerra, esses navios
se tornaram obsoletos rapidamente. Em que pese tal fato, a escolha da alta administração naval
recaiu nos dois cruzadores (Rio Grande do Sul e Bahia), em quatro contratorpedeiros (Piauí, Rio
Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina), um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador-
auxiliar (Belmonte), ao todo oito navios.
O Comandante da D.N.O.G era o Almirante Pedro Max Fernando de Frontin. A principal
tarefa a ser cumprida por essa divisão seria patrulhar uma área marítima contra os submarinos
alemães, compreendida entre Dakar no Senegal e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, com
subordinação ao Almirantado inglês.
A preparação dos navios ainda no Brasil requereu muitos recursos de toda a ordem. Entre os
pontos a serem corrigidos estava a deficiência de abastecimento, principalmente a escassez de
combustível, o carvão. Dava-se preferência a um tipo de carvão proveniente da Inglaterra, o tipo
cardiff ou dos Estados Unidos da América. O carvão nacional, por possuir grande quantidade de
enxofre, era contra-indicado e esse ponto nevrálgico preocupou os chefes navais durante toda a
comissão da DNOG.
Depois de três meses de adestramento contínuo com as tripulações, os navios suspenderam
do Rio de Janeiro em grupos pequenos para se juntarem na Ilha de Fernando de Noronha.
Inicialmente, os contratorpedeiros deixaram a Guanabara no dia 7 de maio de 1918, seguidos no dia
11 pelos dois cruzadores.
Em 6 de julho, suspendeu do Rio de Janeiro o Cruzador Auxiliar Belmonte e, dois dias
depois, o Rebocador Laurindo Pitta. Esses navios ficaram responsáveis de transportar o carvão
necessário para a DNOG, daí sua grande importância logística.
No dia 1º de agosto a Divisão unida suspendeu de Fernando de Noronha com destino a
Dakar, passando por Freetown. O propósito dessa primeira derrota até Freetown era destruir os
submarinos inimigos que se encontravam na rota da DNOG. É interessante mencionar que o próprio
submarino, naquela oportunidade, não possuía capacidade de permanecer mergulhado durante longo
período de tempo, o que era uma grande limitação.
Normalmente, os ataques contra mercantes eram realizados utilizando-se os canhões

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localizados em seus conveses. A maior possibilidade de se destruir esses submarinos acontecia


quando o inimigo vinha à superfície para destruir o alvo ou por canhão ou mesmo com o uso de
torpedos. Nessa travessia inicial, alguns rebates de “prováveis submarinos” foram dados, porém não
tiveram confirmação.
Outro ponto interessante na travessia Fernando de Noronha–Freetown era a faina de
transferência de carvão em alto-mar. Esses recebimentos aconteciam em quaisquer condições de
tempo e de mar e obrigavam a atracação dos navios ao Cruzador-Auxiliar Belmonte e a utilização
do Rebocador Laurindo Pitta para auxílio nas aproximações.
Foram manobras perigosas que demandaram muita capacidade marinheira dos tripulantes,
além da natural vulnerabilidade durante os abastecimentos, quando os submarinos inimigos
poderiam aproveitar a baixa velocidade dos navios para o ataque torpédico. A tensão reinante
durante esses eventos era enorme, sem contar com as difíceis condições em que eram realizadas. Os
navios ficavam literalmente negros de carvão e todos trabalhavam do nascer do sol até o término do
abastecimento.
A 26 de agosto, os navios aportavam em Dakar e aí começariam as grandes provações dos
tripulantes nacionais. Todo esse martírio teria início quando o navio inglês Mantua iniciou uma
rotina observada por nossos marinheiros que o viam suspender de quando em vez para o alto-mar
regressando em seguida. Logo após, soube-se que essas saídas eram para lançar ao mar os corpos
dos homens de sua tripulação que haviam contraído a terrível “gripe espanhola”. Possivelmente o
Mantua foi o responsável pela transmissão da moléstia que vitimaria diversos tripulantes que nunca
retornariam ao Brasil.
Em 3 de novembro, a DNOG largou de Dakar em direção a Gibraltar, sem o Rio Grande do
Sul, o Rio Grande do Norte, o Belmonte e o Laurindo Pitta, os dois primeiros avariados e os dois
seguintes designados para outras missões. Sete dias depois os navios da Divisão faziam sua entrada
em Gibraltar.
No dia seguinte, o Armistício foi assinado, dando a Grande Guerra como terminada. Nossa
missão de guerra findara, no entanto nossa Divisão prolongou sua permanência na Europa, já que
foi convidada para participar das festividades promovidas pelos vitoriosos. Por cerca de seis meses
nossos navios permaneceram em águas europeias participando das comemorações pela vitória, e
visitando países que tomaram parte naquele grande conflito.
A vitória dos aliados seria confirmada em Paris, em 28 de junho de 1919, quando se
reuniram os representantes de 32 países e assinaram o Tratado de Versalhes, que foi imposto à

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Alemanha derrotada.
Em 9 de junho de 1919, depois de parar Recife por breves dias, os navios da DNOG
entravam na Baía de Guanabara, porto sede da Divisão Naval. Acabara assim, a participação da
Marinha na Primeira Guerra Mundial.

4.4 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

Figura 7 / Fonte: História 9 - Atlas Histórico", Ed. O Livro.

Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi obrigada a restituir a Alsácia e a


Lorena à França, ceder as minas de carvão, suas colônias, submarinos e navios mercantes. Além
disso, deveria pagar aos vencedores uma indenização em dinheiro, ficando proibida de possuir
Força Aérea e de fabricar alguns tipos de armas. Era proibido também possuir um Exército superior
a 100 mil homens.
Estas medidas do Tratado de Versalhes atingiram duramente a economia alemã, afligindo
seu povo, que passou a nutrir um sentimento de aversão às principais potências da época. Estavam
constituídos os elementos que os nazistas necessitavam para alcançar o poder. Muitas dessas
restrições, sob o comando de Hitler, começaram a ser ignoradas. A Alemanha crescia e, por isso,
necessitava de mercado para os seus produtos e de colônias onde pudesse adquirir matérias-primas.

Por outro lado, também dispostos a destruírem a ordem colonial vigente, Japão e Itália
adotaram, na década de 1930, uma política expansionista contra a qual a Liga das Nações mostrou-
se impotente. Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados da Ásia, o Japão reiniciou sua
investida imperialista em 1931, conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia à

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China.
Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini invadiu a Etiópia. Em 1936, a Alemanha nazista
começou a mostrar suas intensões ocupando a Renânia (região situada entre a França e a
Alemanha),indo juntar-se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil Espanhola a favor do General
Franco. Neste ano de 1936, Itália, Alemanha e Japão assinaram um acordo para combater o
comunismo internacional (Pacto Anti-Comintern), formalizando o Eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética firmaram entre si um Pacto de Não
Agressão, que estabelecia, secretamente, a partilha do território polonês entre as duas nações. Hitler
se sentiu à vontade para agir, invadindo a Polônia e dando início à Segunda Guerra Mundial, que se
alastrou por toda a Europa.
Os primeiros ataques à nossa Marinha Mercante ocorreram quando o Brasil ainda se
mantinha neutro no conflito europeu. Em 22 de março de 1941, no Mar Mediterrâneo, o Navio
Mercante (NM) Taubaté foi metralhado pela Força Aérea alemã, tendo sido avariado apesar da
pintura em seu costado da Bandeira Brasileira. Com a entrada dos Estados Unidos da América
naquele conflito, os submarinos alemães passaram a operar no Atlântico ocidental, ameaçando os
navios de bandeiras neutras que tentassem adentrar portos norte-americanos.
A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo, que deixou o porto de Filadélfia, nos
Estados Unidos, com carga de carvão, em 14 de fevereiro de 1942. Naquele momento ainda não
existia o sistema de comboios nas Antilhas. O navio desapareceu rapidamente sem dar sinais,
podendo ter sido torpedeado por um submarino alemão ou italiano. Ele foi considerado perdido por
ação do inimigo, uma vez que o tempo reinante era bom e claro.
Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países que
compunham o Eixo, A colaboração militar entre o Brasil e os Estados Unidos, que desde meados de
1941 já era notória, intensificou-se com a assinatura de um acordo político-militar em 23 de maio
de 1942.
Neste período deslocava-se para o saliente nordestino brasileiro a Força-Tarefa 3 da Marinha
norte-americana, tendo governo Vargas colocado os portos de Recife, Salvador e, posteriormente,
Natal à disposição das forças norte-americanas.
4.4.1 A lei de empréstimo e arrendamento e modernizações de nossos meios

A Lei de Empréstimo e Arrendamento – Lend Lease – com os Estados Unidos permitia, sem
operações financeiras imediatas, o fornecimento dos materiais necessários ao esforço de guerra dos
países aliados. Ela foi assinada a 11 de março de 1941.

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Em acordo firmado a 1o de outubro de 1941, o Brasil obteve, nos termos dessa lei, um
crédito de 200 milhões de dólares, o qual, por ordem do presidente da República, coube ao Exército
100 milhões e à Marinha e à Força Aérea 50 milhões cada. Da cota destinada à Marinha, um total de
2 milhões de dólares foi despendido com o armamento dos navios mercantes.
Essas aquisições pelo Lend Lease e os aperfeiçoamentos impetrados em nossa Força Naval
vieram aumentar em muito nossa capacidade de reagir de forma adequada aos novos desafios que se
afiguravam. Seria injusto não mencionar que o auxílio norte americano foi vital para que
pudéssemos nos contrapor aos submarinos alemães.
Além disso, algumas providências de caráter administrativo, de treinamento e modificações
materiais foram se tornando necessárias.
Como primeira medida de caráter orgânico, foram instalados os Comandos Navais, criados
pelo Decreto no 10.359, de 31 de agosto de 1942, com o propósito de prover uma defesa mais
eficaz da nossa fronteira marítima, orientando e controlando as operações em águas a ela
adjacentes, não só as relativas à navegação comercial, como às de guerra propriamente ditas e de
assuntos correlatos. A área de cada Comando abrangia determinado setor de nossas costas marítimas
e fluviais.
Foram instalados os seguintes Comandos:

Comando Naval do Norte, com sede em Belém, abrangendo os Estados do Acre, Amazonas, Pará,
Maranhão e Piauí.

Comando Naval do Nordeste, com sede em Recife, abrangendo os Estados do Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Comando Naval do Leste, com sede em Salvador, abrangendo os Estados de Sergipe, Bahia e
Espírito Santo.

Comando Naval do Centro, com sede no Rio de Janeiro, abrangendo os Estados do Rio de Janeiro
e São Paulo.

Comando Naval do Sul, com sede em Florianópolis, abrangendo os Estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.

Comando Naval do Mato Grosso, com sede em Ladário, abrangendo as bacias fluviais de Mato
Grosso e Alto Paraná.

4.4.2 Defesa ativa da costa brasileira

Na História há numerosos exemplos de navios corsários que surgiram de surpresa diante de


um porto para danificarem suas instalações ou amedrontarem suas populações17. Do ponto de vista

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militar, os efeitos dessas incursões são reduzidos, sendo a ação, na maioria das vezes, executada
para desorganizar a vida da localidade e obter efeitos morais.
Com o advento do submarino, o perigo tornou-se maior, com a possibilidade de
torpedeamento de navios surtos nos portos. Por esses motivos, foi organizada a defesa ativa,
atuando em pontos focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer ataque aéreo ou naval
inimigo, por meio de ações coordenadas da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica.
Adotaram-se medidas de defesa ativa nos portos do Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Natal, Vitória,
Ilhas Oceânicas, Santos e Rio Grande.
4.4.3 A missão da Marinha do Brasil na segunda guerra mundial

A missão da Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi patrulhar o Atlântico


Sul e proteger os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o
nosso litoral sul contra a ação dos submarinos e navios corsários germânicos e italianos.
A criação da Força Naval do Nordeste, pelo Aviso nº 1.661, de 5 de outubro de 1942, foi
parte de um rápido e intenso processo de reorganização das nossas forças navais para adequar-se à
situação de conflito. Sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, a
recém-criada força foi inicialmente composta pelos seguintes navios: Cruzadores Bahia e Rio
Grande do Sul, Navios Mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã e Cabedelo posteriormente
reclassificados como corvetas) e os Caça-Submarinos Guaporé e Gurupi.
Um dos principais pontos desse relacionamento Brasil–Estados Unidos foi a integração
operacional entre as duas Marinhas. Foram aperfeiçoados procedimentos comuns e táticas eficazes
na luta anti-submarino.
Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a Força Naval do Nordeste regressou ao
Rio de Janeiro em seu último cruzeiro, tendo contribuído para a livre circulação nas linhas de
navegação do Atlântico Sul.

OSTENSIVO - 4 - 13 - ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN- 12

CAPÍTULO 5

5- O PAPEL ATUAL DA MARINHA DO BRASIL NO DESENVOLVIMENTO DA NAÇÃO

5.1 O EMPREGO PERMANENTE DO PODER NAVAL NA GUERRA E NA PAZ

Sem o Poder Naval não haveria este Brasil que herdamos de nossos antepassados, o Poder
Naval português, por algum tempo o luso-espanhol, e, mais tarde, após a Independência, o
brasileiro, foram empregados com a violência necessária nos conflitos e nas guerras que ocorreram
no passado. Toda vez que alguém utilizou a força para impor seus próprios interesses encontrou a
oposição de um Poder Naval que defendeu com eficácia o território e os interesses que
possibilitaram a formação do Brasil.
Cabe observar que, em geral, o que qualquer nação mais deseja é a paz. Mesmo os países
que promoveram as guerras do passado queriam alcançar a paz. A paz, porém, da forma que
desejavam, impondo aos outros o que lhes convinha.
A guerra resulta de conflitos de interesses. Ela ocorre porque não há um árbitro supremo
para resolver completamente as questões entre os países. Existem organizações internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA),
por exemplo, que muito ajudam para evitar a violência e manter essas questões no campo da
diplomacia. Verifica-se, no entanto, que o poder delas é limitado, porque as nações são ciosas de sua
soberania. Cada país precisa se precaver, cuidando da defesa de seus interesses, para que os outros
nunca pensem em empregar meios violentos para resolver os conflitos.
No caso do Brasil, por exemplo, na paz que desejamos, a Amazônia é território nacional; o
comércio internacional deve ser livre, assim como o uso do transporte marítimo nas rotas de nosso
interesse; a maior parte do petróleo continua sendo extraída do fundo do mar, sem ingerências de
outros países; a enorme área compreendida pela Zona Econômica Exclusiva e pela Plataforma
Continental brasileira, chamada de Amazônia Azul, é controlada pelo País; não ocorrem exigências
anormais no pagamento de nossa dívida externa; entre outras coisas. A dissuasão é, portanto, uma
das principais formas de emprego permanente do Poder Militar em tempo de paz.

5.2 A Marinha na história do Brasil em tempos de paz.

5.2.1 Principais ações em defesa da paz:

a) Diplomacia Preventiva = compreende as atividades destinadas a prevenir o surgimento de


disputas entre as partes, a evitar que as disputas existentes degenerem em conflitos armados.

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Contempla as diferentes modalidades de atuação mencionadas no capítulo VI da Carta das Nações


Unidas (solução pacífica de controvérsias) e outras que venham a ser acordadas entre os
interessados.

b) Promoção da paz = designa as ações diplomáticas posteriores ao início do conflito, para levar as
partes litigantes a suspender as hostilidades e a negociarem. As ações de promoção da paz baseiam-
se nos meios de solução pacífica de controvérsias previstos no capítulo VI da Carta das Nações
Unidas, os quais podem incluir, em casos extremos, o isolamento diplomático e a imposição de
sanções, adentrando então nas ações coercitivas previstas no capítulo VII da referida Carta.

c) Manutenção da paz = trata das atividades levadas a cabo no terreno, com o consentimento das
partes em conflito, por militares, policiais e civis, para implementar ou monitorar a execução de
arranjos relativos ao controle de conflitos (cessar-fogo, separação de forças etc.) e sua solução
(acordos de paz abrangentes ou parciais), em complemento aos esforços políticos realizados para
encontrar uma solução pacífica e duradoura para o conflito. A partir dos anos 1990, essas operações
passaram a ser MD34-M-02 15/66 utilizadas, mormente, em disputas de natureza interna,
caracterizadas, muitas vezes, por uma proliferação de atores ou pela falta de autoridade no local.

d) Imposição da paz = corresponde às ações adotadas ao abrigo do capítulo VII da Carta, incluindo
o uso de força armada para manter ou restaurar a paz e a segurança internacionais em situações nas
quais tenha sido identificada e reconhecida a existência de uma ameaça à paz, ruptura da paz ou ato
de agressão. Nesses casos, tem sido delegada às coalizões de países ou às organizações regionais e
sub-regionais a execução, mas não a condução política, do Mandato de intervenção.

e) Consolidação da paz = refere-se às iniciativas voltadas para o tratamento dos efeitos do


conflito, visando a fortalecer o processo de reconciliação por meio de implementação de
projetos destinados a recompor as estruturas institucionais, a recuperar a infraestrutura física
e a ajudar na retomada da atividade econômica. Essas ações, voltadas basicamente para o
desenvolvimento econômico e social do país anfitrião, são empreendidas, preferencialmente,
por outros órgãos das Nações Unidas, mas, dependendo das condições no terreno, podem
requerer a atuação militar.

5.3 PROGRAMAS DA MARINHA DO BRASIL

5.3.1 PROANTAR

A Antártica tem um papel essencial nos sistemas naturais globais. É o principal regulador
térmico do Planeta, controla as circulações atmosféricas e oceânicas, influenciando o clima e as
condições de vida na Terra. Além disso, é detentora das maiores reservas de gelo (90%) e água doce
(70%) do Planeta e de recursos minerais e energéticos incalculáveis.
Ao longo das últimas décadas, importantes observações científicas, dentre as quais, as
relativas à redução da camada protetora de ozônio da atmosfera, à poluição atmosférica e à
desintegração parcial do gelo na periferia do continente, evidenciaram a sensibilidade da região
polar austral às mudanças climáticas globais.

OSTENSIVO -5 -2- ORIGINAL

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A pesquisa científica da região austral, na qual o Brasil se engajou desde o final do século
XIX, é de indubitável importância para o entendimento do funcionamento do sistema Terra.
Esclarecer as complexas interações entre os processos naturais antárticos e globais é, pois, essencial
para a preservação da própria vida.
A condição do Brasil de país atlântico, situado a uma relativa proximidade da região
antártica (é o sétimo país mais próximo), e as óbvias ou prováveis influências dos fenômenos
naturais que lá ocorrem sobre o território nacional, já de início, justificam plenamente o histórico
interesse brasileiro sobre o continente austral.
Essas circunstâncias, além de motivações estratégicas, de ordem geopolítica e econômica,
foram fatores determinantes para que o País aderisse ao Tratado da Antártica, em 1975, e desse
início ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), em 1982.
A entrada do Brasil no chamado Sistema do Tratado da Antártica abriu à comunidade
científica nacional a oportunidade de participar em atividades que, juntamente com a pesquisa do
espaço e do fundo oceânico, constituem as últimas grandes fronteiras da ciência internacional.
No contexto acima delineado, o Programa Antártico Brasileiro estabelece como o Brasil
participará das explorações científicas deste continente, em vista à sua importância para a
humanidade e especialmente para o País.
Desde a primeira vez em que o Brasil foi à Antártica, no verão de 1982-83, até os dias de
hoje, o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) tem contribuído sobremaneira para o
desenvolvimento da ciência antártica.
O PROANTAR foi criado em janeiro de 1982 e, naquele mesmo ano, a Marinha do Brasil
(MB) adquiriu o navio polar dinamarquês "Thala Dan", apropriado para o trabalho nas regiões
polares, recebendo o nome de Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) "Barão de Teffé". O nome
da Base da Marinha na Antártica é Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). O nome é
em homenagem ao Comandante da Marinha Luis Antônio de Carvalho Ferraz. Ele era
hidrógrafo e oceanógrafo que já havia por duas vezes visitado à Antártica.

5.3.2 O Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM)

A Esquadra da Marinha do Brasil é composta pela Força de Superfície, Força de


Submarinos e Força Aeronaval. A quantidade de meios é claramente insuficiente para que a MB
possa cumprir as tarefas a ela imposta.
O Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM) 2006-2025, encaminhado ao

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Ministério da Defesa em julho de 2005, foi estruturado em dois decênios (2006-2015 e 2016-
2025), se coaduna com a Estratégia Nacional de Defesa e se destina a reposição e modernização dos
meios considerados prioritários para a capacidade operacional da Força.
5.3.3 O Programa de Construção do Submarino Nuclear (PROSUB)

O Brasil possui duas Amazônias. A primeira todo mundo conhece: 3,2 milhões de km² de
floresta e biodiversidade. A outra, apesar de ocupar toda a porção leste do país, ainda é quase
secreta. É a Amazônia Azul, como a Marinha convencionou chamar o território submerso na costa
brasileira. A área tem 4,4 milhões de km² de água salgada, e importância econômica incrível — dali
é retirado 90% de nosso petróleo e por ali passa 95% de nosso comércio exterior.
Escondidos sob as ondas, somente 5 submarinos patrulham essa imensidão é como patrulhar
as fronteiras da floresta amazônica e deixar o miolo desprotegido.Com a descoberta do pré-sal,
cuidar dessa área se faz ainda mais urgente.
Para isso, a Marinha traçou um plano de longuíssimo prazo: até 2047, o país terá 26
submarinos patrulhando sua costa. O primeiro passo foi no final de 2008, quando o governo
brasileiro firmou um convênio com a França para a transferência da tecnologia do submarino
Scorpène. O segundo foi em julho de 2011, com o início da fabricação das novas embarcações no
estaleiro de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
A próxima geração de submarinos brasileiros deve chegar aos mares em 2017. Mais
importante que isso, no entanto, são as mudanças que os engenheiros brasileiros planejam fazer no
projeto francês. A ideia é realizar um transplante: sai o motor a diesel, entra um reator nuclear.
Começando agora, a Marinha espera concluir a construção do primeiro submarino movido a
propulsão nuclear em 2023. O nome do nosso submarino nuclear será SNB-Álvaro Alberto, em
homenagem ao Vice-Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, um cientista brasileiro.
Com isso, o Brasil entraria para o seleto clube dos países que dominam a tecnologia China,
Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia. Para se ter uma noção da importância estratégica desse
veículo, esses 5 são justamente os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

5.4 A MARINHA DO BRASIL E ATIVIDADES PERMANENTES EM TEMPO DE PAZ

Em período de paz, a tarefa da Marinha do Brasil é de grande relevância, com a obrigação


de:
• patrulhar cerca de 40 mil km de rios navegáveis, de nove diferentes bacias hidrográficas,
que, por não estarem interligadas, exigem inúmeros navios e embarcações de diversos tipos;

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• fiscalizar e inspecionar os navios que chegam aos nossos 80 portos ou terminais


hidroviários e marítimos e os que deles saem;
• proteger cerca de 100 plataformas de exploração de petróleo situadas na Amazônia Azul,
particularmente na Bacia de Campos, de onde se extrai 90% do petróleo produzido no Brasil;
• prover o socorro (emergência) às pessoas acidentadas no mar e nos rios, operando o
Serviço de Busca e Salvamento (Salvamar) – atividade conhecida mundialmente pela sigla SAR
(Search and Rescue);
• acompanhar cerca de 750 navios, sendo 70 de bandeira brasileira, que trafegam
diariamente de/para portos nacionais em uma extensa área no Atlântico Sul (área SAR de
responsabilidade do Brasil), caracterizando a atividade denominada internacionalmente como
Controle Naval do Tráfego Marítimo;

• autorizar a atividade de pesquisa e de exploração de recursos naturais por navios e


embarcações estrangeiras na Amazônia Azul;

• executar ações preventivas e repressivas nos navios brasileiros ou estrangeiros, quando


navegando na área SAR do Brasil e submetidos a ataques terroristas, após decisão de autoridade
competente;
• fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, na Amazônia Azul, exercendo a função de
Autoridade Marítima;
• executar a inspeção naval e a vistoria da qualificação do pessoal de bordo, a fim de
verificar o cumprimento de todos os requisitos de segurança da navegação aquaviária;
• cooperar com os órgãos de segurança pública, na repressão aos crimes de repercussão
nacional ou internacional, quando ocorridos no mar e nas águas interiores;
• contribuir para a formulação e a condução de políticas nacionais que digam respeito ao
mar, particularmente, nas áreas de pesca, pesquisa científica no mar, mentalidade marítima e
modernização dos portos.
• efetuar levantamentos hidrográficos, sinalização, balizamento e manutenção dos faróis no
litoral e nos mares brasileiros;
• prover a prevenção e a fiscalização ambiental de poluições causadas por embarcações ou
plataformas petrolíferas no mar brasileiro;
• qualificar os profissionais aquaviários, levando Ensino Profissional Marítimo para aqueles
que guarnecerão as embarcações e os navios em todo o mar brasileiro e nas comunidades

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ribeirinhas situadas nas nove bacias hidrográficas;


• regulamentar o serviço de praticagem e estabelecer as zonas em que a utilização desse
serviço seja obrigatória;
• conduzir o Programa Antártico Brasileiro, mantendo a Estação Antártica Comandante Ferraz;
• cooperar com o desenvolvimento nacional, por meio de projetos elaborados pelas organizações
de pesquisa científica e de desenvolvimento tecnológico;
• cooperar com o Sistema Nacional de Defesa Civil, por meio de ações preventivas, de
socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas a evitar ou atenuar os efeitos causados por
catástrofes naturais;
• prover assistência médica e odontológica às populações ribeirinhas na Bacia Amazônica e do
Rio Paraguai, que não têm acesso a esses serviços de outra forma;
• executar Assistência Cívico-sociais nas comunidades carentes, particularmente nas áreas
ribeirinhas da Bacia Amazônica e do Rio Paraguai;
• participar de campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse social,
determinadas pelo governo federal.
Certamente a Marinha exerce diariamente inúmeras atividades, rotineiramente, em prol da
sociedade brasileira e que muito contribuem para o desenvolvimento do País, mas nem todas
aparecem para o público de maneira geral. A maioria dessas ações não fica ao alcance da visão dos
cidadãos, pois estão em “alto mar” é um trabalho silencioso, mas executado com profissionalismo.
Essa é a Marinha, a nossa Marinha, presente e ativa desde o nascimento do Estado brasileiro
na defesa do interesse e das aspirações do País, e a Marinha, em última análise, nada mais é do que
a Nação brasileira no mar, porque é formada e mantida por todos nós, brasileiros, amantes da paz,
trabalhadores incansáveis para o desenvolvimento do País, e sempre prontos para, em caso de
necessidade, sacrificar a própria vida em benefício do Brasil.

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CAPÍTULO 6

6- OS VULTOS NAVAIS BRASILEIROS

A galeria dos vultos notáveis da nossa Marinha de Guerra é extensa e brilhante. Desde os
primórdios do Brasil independente, quando se constituiu nos nossos mares verdes a Marinha
genuinamente brasileira, representada pela Esquadra da Independência esses vultos notáveis se vêm
alteando, pouco a pouco, aqui e ali, através das etapas históricas que temos atravessado.
Hoje, com a consagração do tempo e a sanção da posteridade, muitos nomes ilustres se
destacam e se afirmam como homens tutelares da nossa Marinha, faróis de longo alcance cuja
intensa luminosidade aclara a trajetória e orienta o rumo dos que ora cruzam os caminhos marítimos
a serviço do Brasil.
Destacaremos para nosso estudo os seguintes vultos navais: Alte Tamandaré; Lorde
Cochrane; Alte Barroso; Guarda-Marinha Greenhalgh; Imperial Marinheiro Marcílio Dias; Alte
Custódio de Melo; Alte Saldanha da Gama; Alte Soares Dutra; Alte Alexandrino; e Jerônimo de
Albuquerque Maranhão.
6.1 PATRONO DA MARINHA – ALTE. JOAQUIM MARQUES LISBOA MARQUÊS DE
TAMANDARÉ

Almirante Joaquim Marques Lisboa (1807–1898), natural do Rio Grande do Sul. Ingressou
na Marinha como voluntário da Academia Imperial, praticante de piloto, por ocasião da
consolidação da Independência (1823). Embarcado na fragata Niterói, fez parte do combate de 4 de
maio de 1823, contra a Esquadra portuguesa, e o célebre cruzeiro desse navio em perseguição aos
lusitanos que deixaram a Bahia no dia 2 de julho de 1823.
Oficial brilhante, extremamente dedicado à profissão, “sua fé-de-ofício é a própria História
da Marinha Brasileira”, como escreveu o historiador Garcez Palha. Tomou parte em todas as nossas
lutas internas, na Campanha Cisplatina (1825– 1828), na Campanha Oriental (1864–1865) e na
Guerra do Paraguai, no comando-em-chefe das Forças Navais do Brasil.
Foi Barão, em 1860; Visconde, em 1865; Conde, em 1887 e Mar quês de Tamandaré, em
1888. Símbolo de virtudes cívicas, o grande marinheiro Marquês de Tamandaré foi, por isso
mesmo, elevado às honras e à culminância de Patrono da Marinha Brasileira, pela Lei nº 461, de 29
de outubro de 1948. Durante toda sua existência, Tamandaré foi apenas, e exclusivamente,
marinheiro. Dedicou-se à Marinha e ao Brasil com todo amor e devoção. De voluntário da
Academia Imperial, classe de aspirante, que não tinha foro de nobreza – uma das exigências da
época – chegou às glórias do almirantado, sempre digno, sempre admirado. Desde logo,

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OSTENSIVO FMN- 12

encontramo-lo lutando bravamente, nas campanhas da Independência, na guerra da Cisplatina, em


que praticou atos de bravura, e na consolidação da Pátria, quando a nossa Marinha teve papel
decisivo e brilhante.
Na Abrilada, na Guerra dos Cabanos, na Balaiada, na Sabinada, na Guerra dos Farrapos, na
Revolução Praieira de Pernambuco, na Guerra contra Oribe e Rosas, em todas elas Tamandaré
agigantou se, foi um bravo, um valente, um herói, que tudo fez para que a Pátria não se
fragmentasse e para que o prestígio do Brasil no continente não decaísse, antes se afirmasse, como
Nação líder e digna de sua grandeza moral e material. O Decreto nº 42.112, de 20 de agosto de
1957, criou a medalha Mérito Tamandaré para galardoar aqueles que se destacam a serviço da
Marinha. A data de 13 de dezembro, aniversário de nascimento de Tamandaré, foi instituída como
Dia do Marinheiro. Tamandaré faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897.
6.2 LORDE COCHRANE – ALTE. ALEXANDER THOMAS COCHRANE

Nasceu em 14 de dezembro de 1775. Contratado para o serviço do Brasil com a patente de


Primeiro-Almirante (1823), comandou a Esquadra da Independência, entrando em combate com a
Esquadra portuguesa, que se achava na Bahia. Destacou-se na integração das províncias do Norte
do Império, notadamente Bahia, Maranhão e Pará. Lorde Cochrane, em 1823, apresenta-se no Rio
de Janeiro organizando, com outros oficiais ingleses igualmente contratados, a nossa Marinha,
constituída de navios deixados pelos portugueses e outros que foram adquiridos.
Foi o consolidador da nossa independência política, o que fez com o maior devotamento,
assegurando a integridade do nosso território, o que lhe valeu o título de Marquês do Maranhão. A
atuação de Cochrane significou tudo para a nossa sobrevivência como Estado e como Nação
instituídos pela vontade dos brasileiros.
6.3 BARÃO DO AMAZONAS – ALTE. FRANCISCO MANUEL BARROSO DA SILVA

Barão do Amazonas (1804–1882),nasceu em Lisboa, ingressou na Escola Naval, já com sede


no Brasil, em 1821. Destacou-se sempre, como oficial e comandante-chefe. Realizou longas viagens
de instrução com turmas de guardas marinha, revelando-se verdadeiro homem do mar. Herói da
Guerra do Paraguai, foi vencedor da Batalha Naval do Riachuelo (11/6/1865), quando, investindo
com a proa da sua capitânia – a fragata Amazonas – contra os navios inimigos que lhe estavam mais
próximos e pondo-os a pique, decidiu a favor do Brasil a sorte da luta.
Duas frases de Barroso deixaram claros sua fibra e seu patriotismo, entrando para a nossa
história: “Atacar e destruir o inimigo o mais perto que puder” e “O Brasil espera que cada um
cumpra o seu dever”. A importância de sua atuação na Batalha Naval do Riachuelo foi reconhecida

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pelo governo imperial, que lhe concedeu a Ordem Imperial do Cruzeiro e o título honorífico de
Barão do Amazonas.
6.4 GUARDA-MARINHA JOÃO GUILHERME GREENHALGH

Nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1845, foi herói da Guerra do Paraguai.


Durante a Batalha Naval do Riachuelo (11/6/1865), foi o seu navio, a corveta Parnaíba, abordado a
um só tempo por três navios paraguaios e teve sua tolda a ré ocupada pela turba inimiga.
Defendendo com todas as forças de bravura e de heroísmo o pavilhão nacional, que um
oficial paraguaio tentava arriar, viu-se Greenhalgh acutilado por todos os lados e tombou ferido de
morte no convés de seu navio, no mesmo dia 11 de junho. Naquele episódio brada-lhe o inimigo:
“Larga esse trapo!”. Porém Greenhalgh não consente que se consuma tão monstruosa afronta a sua
Pátria; em punha sua arma e a descarrega sobre o adversário. Os paraguaios, em onda, avançam
para o herói e decepam-lhe a cabeça.
Cai Guilherme Greenhalgh. Mas não caiu a bandeira do Brasil. No mastro ela ficou firme e
serena, ocasionalmente sacudida pela brisa que a envolvia. Por isso a Marinha lhe tem dedicado, em
várias épocas, um navio de guerra com a auréola de seu nome para que, com o navio, sintam os
marinheiros de hoje a grande responsabilidade de bem servir à Pátria com fervor e patriotismo
consciente, que deve ser a mística, como foi do guarda-marinha herói.
6.5 IMPERIAL MARINHEIRO MARCÍLIO DIAS

Nasceu na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Marcílio Dias ingressou na
Marinha como grumete, com 17 anos de idade, tendo praça no Corpo de Imperiais Marinheiros no
dia 5 de agosto de 1855. Destacou-se no assalto à praça forte de Paissandu, durante a Campanha
Oriental (1864–1865) e sagrou-se herói na Batalha Naval do Riachuelo (11/6/1865), no início da
Guerra do Paraguai.
Chefe do rodízio raiado de ré da corveta Parnaíba, ao ser este navio abordado por três navios
paraguaios, travou, armado de sabre, luta corpo a corpo contra quatro inimigos, abatendo dois deles,
mas tombando, afinal, ferido de morte, para falecer no dia seguinte. Com as honras do cerimonial
marítimo, foi sepultado (13/6/1865) nas próprias águas do Rio Paraná. Foi condecorado com a
medalha de Paissandu, pela bravura com que participou na batalha do mesmo nome.
Sua passagem pela Marinha foi a de um marinheiro excelente, disciplinado, cumpridor dos
seus deveres. A carreira de Marcílio Dias foi encerrada com a graduação de Primeira Classe, a que
foi promovido no dia 20 de julho de 1864.

OSTENSIVO -6 -3- ORIGINAL

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6.6 ALMIRANTE CUSTÓDIO JOSÉ DE MELO

Nasceu no estado da Bahia em 1840. Tomou parte na Guerra do Paraguai, sendo um dos
sobreviventes do afundamento do encouraçado Rio de Janeiro, torpedeado pelos paraguaios em 2 de
setembro de 1866. Tomou parte ativa no bombardeio de Curupaiti, nas passagens de Humaitá,
Timbó e Tebicuari.
Comandou o cruzador Almirante Barroso em viagem de circunavegação nos anos de 1889 e
1890. Foi ministro da Marinha no governo do marechal Floriano Peixoto e contra este veio a
comandar a Revolta da Armada no período de 1893 a 1894. Foi um oficial de grande cultura e
inteligência, autor de trabalhos de grande utilidade para a Marinha. Lutando, forjou seu caráter
indômito e, na luta, conquistou a admiração e o respeito de seus compatriotas.
Homem de estudo, ao mesmo tempo em que homem de ação, tanto se achava bem no
passadiço do navio comandando a manobra, como dirigindo os movimentos de uma esquadra. Antes
de falecer, em 1902, Custódio de Melo ocupou vários cargos, entre os quais, em caráter interino, o
de ministro da Guerra e das Relações Exteriores, este último, por duas vezes.
6.7 ALMIRANTE LUIZ PHILIPPE DE SALDANHA DA GAMA

Nasceu em Campos, estado do Rio de Janeiro, em 7 de abril de 1846. Tomou parte na


Campanha Oriental (1864–1865) e na Guerra do Paraguai. Além de várias outras ações de guerra,
esteve presente à rendição paraguaia em Uruguaiana e participou do forçamento da fortaleza de
Curupaiti e das baterias de Angostura e Timbó.
Por serviços de guerra, foi promovido de Guarda-Marinha a Segundo-Tenente, Primeiro-
Tenente e Capitão-Tenente. Já no posto de Capitão-de-Fragata, assumiu o comando da corveta
Parnaíba e, nesse navio, Saldanha partiu para Punta Arenas, extremo sul da América, numa viagem
de estudos: deveria observar a passagem de Vênus pelo disco solar. No dia da partida da Parnaíba,
Dom Pedro II esteve a bordo para prestigiar o que julgava ser um empreendimento de universal
proveito.
Como diretor da Escola Naval (1892), tornou-se símbolo do oficial da Marinha para os
Aspirantes de então. Por solidariedade à sua classe, participou da Revolta da Esquadra (1893–
1894), justificando: “Aceitando essa situação que me é imposta pelo patriotismo, reúno-me, sem
prévios conchavos pela libertação da Pátria”. Morreu em combate, em 24 de junho de 1895, em
Campo Osório, Rio Grande do Sul, durante a Revolução Federalista.

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OSTENSIVO FMN- 12

6.8 ALMIRANTE ALFREDO CARLOS SOARES DUTRA

Nasceu em Manaus, em 4 de novembro de 1883, tendo ingressado na Escola Naval em 12 de


abril de 1900, e sido promovido a Guarda Marinha no dia 6 de janeiro de 1903.
Participou das duas Grandes Guerras Mundiais: na primeira, a bordo do cruzador Rio
Grande do Sul, capitânia da Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG); na segunda, como
Comandante-em-Chefe da Força Naval do Nordeste que, integrada à Quarta Esquadra dos Estados
Unidos, teve atuação marcante na Batalha do Atlântico.
Sob o comando do Almirante Soares Dutra, a Marinha teve participação direta e decisiva nas
operações navais do Atlântico Sul, fazendo sentir a ação da Força Naval do Nordeste desde a altura
do mar das Caraíbas até as solidões do Atlântico Sul, no Arquipélago de Tristão da Cunha.
Em novembro de 1945, concluída a sua missão, o Almirante Soares Dutra regressou ao Rio
de Janeiro com sua Força Naval. A curta, árdua e intensa vida operativa da FNNE contribuiu
significativamente para a livre circulação nas linhas de comunicação do Atlântico Sul, fator de suma
importância para a economia brasileira e dos países aliados.
Por sua brilhante atuação durante a II Guerra Mundial, em operação no Atlântico Sul, o
Congresso Americano concedeu-lhe a Legião do Mérito. O Almirante Soares Dutra faleceu no Rio
de Janeiro, em 30 de agosto de 1954.
6.9 ALMIRANTE ALEXANDRINO FARIA DE ALENCAR

Nascido no Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 12 de outubro de 1848, Alexandrino Faria de
Alencar assentou praça de Aspirante a Guarda-Marinha em 28 de março de 1865. Logo encaminhou
requerimento ao Imperador D. Pedro II solicitando ser empregado na Esquadra em operações na
guerra contra o Paraguai. Porém, devido a sua pouca idade, foi reconduzido ao Rio de Janeiro para
continuar os estudos. Em 1868, foi promovido a Guarda-Marinha. Serviu na Divisão Naval de
Montevidéu, retornando à guerra. Durante a carreira, comandou navios como os Encouraçados
“Riachuelo” e “Aquidabã”. Foi nomeado Chefe do Estado-Maior da Armada.
Mas foi no Ministério da Marinha, que o Almirante Alexandrino deixou sua marca. Na
Secretaria de Estado e Negócios da Marinha, realizou várias obras ao longo de três administrações.
Na 1ª administração, de 15 de novembro de 1906 até 15 de novembro de 1910, executou grande
parte do Programa Naval de 1904, conhecido como Programa Alexandrino. Elaborou o plano de
Reaparelhamento Naval, a reforma das repartições de Marinha e a Organização do Ministério. Criou
o Almirantado. Melhorou o Ensino Profissional para Oficiais e Praças. Foi o grande Mentor da
encomenda dos “Dreadgnouts” e do material naval. Projetou novos Diques e o novo Arsenal de

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Marinha na Ilha das Cobras.


Foi responsável pela construção, manutenção e incorporação de novos navios a Esquadra;
como os Cruzadores “São Paulo” e “Minas Gerais”; e os Contratorpedeiros “Rio Grande do Sul” e
“Bahia”. Na 2ª administração, de 2 de agosto de 1913 até 15 de novembro de 1918; criou a Escola
de Aviação Naval e a Escola de Guerra Naval. Adquiriu novas unidades de combate, e reformou a
Escola de Grumetes.
Durante a 3ª e última administração, de 15 de novembro de 1922 até 17 de abril de 1926;
reorganizou os quadros de pessoal, administração e Comando da Marinha. Criou novas Escolas de
Aprendizes-Marinheiros e transferiu a Escola de Grumetes para Ilha das Enxadas. Mudou a Escola
Naval para a Enseada Almirante Batista das Neves. Elaborou um novo curso de submarinos e
aviação para praças e oficiais. Organizou a Reserva Naval, e incorporou à Armada os submersíveis
F1, F2 e F5. Responsável pela criação do dia do Marinheiro, Almirante Alexandrino reorganizou
todo o Poder Naval. Como último ato, encomendou o Submarino “Humaitá”, encerrando os 13 anos
de sua administração como Ministro da Marinha.
6.10 JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO

Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618) foi militar brasileiro. Conquistou São Luís
na luta contra os franceses. Foi nomeado capitão-mor do Maranhão e acrescentou Maranhão ao seu
nome. Participou da construção da cidade de Natal no Rio Grande, e do forte dos Reis Magos, para
a defesa da área.
Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618) nasceu na vila de Olinda, em 1548. Filho
de Jerônimo de Albuquerque e da índia Maria do Espírito Santo. Estudou no colégio dos jesuítas e
logo se dedicou a carreira das armas. Com 20 anos participou de sua primeira expedição, que se
dirigiu à Paraíba.
Em 1594, os franceses estavam instalados no Maranhão, onde haviam fundado a cidade de
São Luís, nome dado em homenagem ao rei da França. Em 1613, Jerônimo de Albuquerque recebeu
a difícil tarefa de ocupar o Maranhão, partindo do Recife, com uma expedição por mar. Lá
chegando, fundou a fortificação de Nossa Senhora do Rosário, no local conhecido como Buraco das
tartarugas. Percebendo que não tinha forças suficientes para lutar com o grande número de
franceses, que ainda contavam com o apoio dos índios, resolveu buscar reforços.
Voltou a Pernambuco e em seguida, já com reforços, retornou para o Maranhão, se instalou
na Bahia de São Marcos, onde fundou o arraial de Santa Maria. O ataque aos franceses aconteceu
no dia 19 de novembro de 1614, onde não houve vencido nem vencedor. Os chefes militares

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resolveram transferir para as cortes de Madri e de Paris, a decisão sobre quem teria direito sobre o
Maranhão. A Espanha determinou o envio de uma esquadra, que sob o comando de D. Alexandre de
Moura, iniciou o ataque, travando uma batalha em que os franceses foram derrotados, no dia 2 de
novembro de 1615.
Com a vitória dos hispano-portugueses, Jerônimo foi nomeado capitão-mor do Maranhão.
Durante dois anos exerceu o cargo e acrescentou Maranhão ao seu nome. Reconstruiu a cidade de
São Luís e intensificou o seu povoamento.
Jerônimo de Albuquerque Maranhão faleceu no Rio Grande do Norte, no ano de 1618.

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CAPÍTULO 7

7- A AMAZÔNIA AZUL

7.1 A AMAZÔNIA AZUL OU TERRITÓRIO MARÍTIMO BRASILEIRO

É a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil cuja área corresponde a aproximadamente


3,6 milhões de quilômetros quadrados - equivalente à superfície da floresta amazônica. A área
poderá ser ampliada para 4,4 milhões de quilômetros quadrados em face da reivindicação brasileira
perante a Comissão de Limites das Nações Unidas.
É proposto prolongar a Plataforma Continental do Brasil em 900 mil quilômetros quadrados
de solo e subsolo marinhos, que o país poderá explorar. Com o prolongamento, a zona passará a ser
mais contígua, incluindo as áreas dos arquipélagos brasileiros no Atlântico Sul. A região com a
maior Amazônia Azul é o Nordeste, devido a existência de várias ilhas que se encontram bem
espaçadas uma das outras em zona marinha contígua (a ilha da Trindade está excessivamente
distante da costa para o mesmo ocorrer).
Esta região possui muitas riquezas e potencial de uso econômico de diversos tipos:
• pesca, devido à enorme diversidade de espécies marítimas que residem nesta região.
• minerais metálicos e outros recursos minerais no subsolo marinho;
• enorme biodiversidade de espécies marítimas que residem nesta região.
• petróleo, como o encontrado na Bacia de Campos e no pré-sal (Bacia de Campos, Santos
Espírito Santo) - a prospecção nestas áreas já corresponde a dois milhões de barris de petróleo
por dia, 90% da atual produção brasileira);
• aproveitamento de energia maremotriz e energia eólica em alto-mar ou offshore.
7.2 OS ELEMENTOS DA AMAZÔNIA AZUL

7.2.1 Mar Territorial

O mar territorial compreende uma faixa de 12 milhas marítimas (1 milha marítima = 1.852
metros) de largura, medidas a partir das linhas de base do litoral continental e insular brasileiro. No
mar territorial, o Estado costeiro exerce soberania ou controle pleno sobre a massa líquida e o
espaço aéreo sobrejacente, assim como sobre o leito e o subsolo desse mar.
7.2.2 Zona Contígua

A zona contígua compreende uma faixa de 12 milhas marítimas medidas a partir do limite
exterior do mar territorial. Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as medidas de fiscalização

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OSTENSIVO FMN- 12

necessárias para evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou
sanitários.
7.2.3 Zona Econômica Exclusiva (ZEE)

A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente e
não se estenderá além de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a
largura do mar territorial. A convenção garante ao Estado costeiro direitos de soberania para fins de
exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das
águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo.
Na ZEE, o estado costeiro tem jurisdição para regulamentar a investigação científica
marinha e tem o direito exclusivo de construir e de autorizar e regulamentar a construção, a
operação e a utilização de ilhas artificiais; instalações e estruturas com finalidades econômicas ou
para fins de investigação científica. Qualquer investigação científica na ZEE brasileira por
instituições nacionais ou internacionais somente poderá ser realizada com o consentimento do
governo brasileiro.
7.2.4 Plataforma Continental (PC)

A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas


submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural do seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância
de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial,
nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.
A Marinha do Brasil iniciou, em junho de 1987, a demarcação da plataforma continental
com uma comissão de levantamento efetuada pelo navio oceanográfico Almirante Câmara, da
Diretoria de Hidrografia e Navegação.
Há mais de quatro décadas, portanto muito antes da Convenção sobre o Direito do Mar, a Marinha
já havia ocupado, em caráter permanente, a Ilha da Trindade, distante cerca de 540 milhas
marítimas do porto de Vitória (ES). Para efeito de aplicação da Lei do Mar, a ocupação de Trindade
representa um acréscimo de cerca de 450 mil quilômetros quadrados à ZEE.
Em 1998, ademais, o Brasil providenciou a ocupação contínua do Arquipélago de São Pedro
e São Paulo, afastado cerca de 500 milhas do litoral nordeste do Rio Grande do Norte. Na ilha
Belmonte, a principal do arquipélago, foi instalada uma estação com capacidade para abrigar quatro
pesquisadores de cada vez, que lá desenvolvem mais de 40 projetos científicos.
O arquipélago vale ressaltar, acha-se posicionado na rota de peixes migratórios, além de

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situar-se em região muito rica em recursos do mar. Sua ocupação permanente representa um
acréscimo de mais 450 mil km2 à ZEE brasileira. Com a soma desses dois acréscimos, a faixa
litorânea de 200 milhas marítimas passou a ter 3.539.919 km2. Fica demarcado, assim, um “Brasil
Maior”, com a avantajada superfície de 12.087.322,5 km2.
Como muito bem classificou o Comandante da Marinha, Almirante de squadra Roberto de
Guimarães Carvalho, incorporou-se ao território pátrio uma “Amazônia Azul”, assemelhando a área
marítima incorporada à “Amazônia Verde”, não por sua posição geográfica, mas pela semelhança de
dimensões e pelas riquezas existentes.

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ANEXO A

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de


Documentação da Marinha, 1985.
__________________. Considerações sobre o poder naval do Brasil na década de 1860/70.
In:Navigator: subsídios para a história marítima do Brasil, Rio de Janeiro, n.2, dez. 1970.
2. BITTENCOURT, Armando de Senna. Caxias e Inhaúma. Revista Marítima Brasileira, Rio de
Janeiro,v.123, n.10/12, out./dez. 2003. Boxer, Charles Ralph. Império marítimo português 1415 –
1825. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
3. BRITO, Adalberto da Silveira, 1946. Textos de História Naval/Adalberto da Silveira Brito.
Florianópolis: Edição do Autor, 2003.
4. CAMINHA, Herick Marques. Dicionário marítimo brasileiro. Rio de Janeiro: Clube Naval,
1996.
___________________. Organização e administração do Ministério da Marinha na República.
Brasília: Fundação Centro de Formação do Servidor Público; Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação da Marinha, 1989. Carvalho, Alvanir Bezerra. Construção de modelo de chatas –
canhoneiras. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, v.115, n.10/12. p.111 – 112, out/dez,
1995.
5. COSTA, Francisco Felix Pereira. História da guerra do Brasil contra as Repúblicas do Uruguai
e Paraguai. Rio de Janeiro: Livraria Guimarães, 1870. v.3.
6. DISCIPLINA DE HISTÓRIA. A Segunda Guerra Mundial: a guerra na Europa e Norte de África
(1939-42). Disponível em: <http://disciplina-de-historia.blogspot. com.br/2012/01/segunda-guerra-
mundial-guerra-na-europa.html>. Acesso em: 13 dez. 2016.
7. FORTES, Diogo Borges. Passo da Pátria: operação anfíbia. Revista Marítima Brasileira, Rio de
Janeiro, v.68, n.10/12, out./dez. 1949.
8. GANSHOF, F. L. O que é feudalismo? 3.ed. São Paulo: Ed. Europa-América, 1974.
GRUPO 3 JNEVES. Rio Grande Do Sul: A História Passada A Limpo. Disponível em:
<http://grupo3jneves.blogspot.com.br/>. Acesso em: 19 dez. 2016.
9. GUEDES, Max Justo. Barão do Rio Branco e a modernização da defesa. Revista Marítima
Brasileira, Rio de Janeiro, v.123, n.7/9, p.99-116, jul./set. 2003.

_________________Independência ou Morte. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, v.90, n.


7/9, jul/set. 1970.

_________________. O Descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Diretoria do Patrimônio


Histórico e Cultural da Marinha, 1998.
10. HISTÓRIA geral do Brasil: da colonização portuguesa à modernização autoritária. Org. de
Maria Yedda Linhares. Rio de Janeiro: Campus, 1990.
11. HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1975-
IMPÉRIO. In: BRASIL história: (texto e consulta). 2.ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979. v.2.
p.115-27.
12. MAIA, João do Prado. A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império: (tentativa de
reconstituição histórica). Rio de Janeiro: J. Olympio, 1965.
13. MARTINS, Helio Leôncio. A estratégia naval brasileira da Guerra do Paraguai: (com algumas
observações sobre ações táticas e o apoio logístico Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro,
v.117, n.7/9, jul./set. 1997.

OSTENSIVO A-1 ORIGINAL

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OSTENSIVO FMN-12

_______________; BOITEUX, Lucas Alexandre. Campanha naval na Guerra Cisplatina. In:


14. HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha,
1975-. v.3, t.1.
15. MEIRELLES, Teotônio. A Marinha de Guerra brasileira em Paissandu e durante a Guerra do
Paraguai. Rio de Janeiro: Tipografia Teatral e Comercial, 1876.
16. MENDONÇA, Lauro Nogueira Furtado de. Humaitá. Navigator: subsídios para a história
marítima do Brasil, Rio de Janeiro, n.2, p.72-82, dez. 1970.
17. REINO Unido e Brasil. In: O EXÉRCITO na história do Brasil. Salvador, Odebrecht, 1998. v.2.
18. SCAVARDA, Levy. A Marinha no final de uma campanha gloriosa: de Humaitá a Assunção.
Navigator: subsídios para a história marítima do Brasil, Rio de Janeiro, n.2, dez. 1970.
Pedro Carlos da Silva. História da construção naval no Brasil. Rio de Janeiro: FEMAR/LAMN,
2001.
19. VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História geral do Brasil. 9.ed. São Paulo: Ed.
Melhoramentos, 1978. 3v. VIANNA, Hélio. História do Brasil: período colonial, Monarquia e
República. 14.ed. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1980. VIANNA, Paulo Fernando Dias et alii.
Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/Ed.
Nova Fronteira/ Pró-Memória/INL, 1985.

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OSTENSIVO FMN-12

ANEXO B

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1- Após estudos realizados em sala de aula e com o auxílio da apostila, responda no seu
caderno as questões abaixo:

a) Explique com suas palavras qual a importância do mar no período colonial brasileiro.

b) Conceitue Comunicações Marítimas.

c) Conceitue Poder Marítimo. Cite os principais elementos que constituem esse poder.

d) Conceitue Pode Naval. Cite e explique as características do Poder Naval.

2- O processo histórico da Independência do Brasil

a) Explique o contexto histórico do dia 7 de setembro de 1822.

b) Após a Independência, D. Pedro I enfrentou resistências em algumas províncias brasileiras.


Quais foram essas províncias? O que elas queriam na verdade? Onde estava localizado o
foco mais forte da resistência?

c) Produza um texto, explicando a ação da Marinha do Brasil para combater os focos de


resistência à Independência, destacando no seu texto a importância do dia 10 de novembro de
1822.

d) Produza um texto, relacionando a forma de governar de D. Pedro I ao seu processo de


abdicação no dia 7 de abril de 1831.

e) Qual foi a consequência política mais direta da abdicação de D. Pedro I?

f) Quais são as principais características do período regencial?

g) Cite as revoltas do período regencial, destacando a atuação da MB no combate às revoltas?

h) Explique o contexto histórico do Golpe da Maioridade. Quem assumiu o governo do Brasil?

3) A guerra do Paraguai

a) Qual foi o maior conflito que abalou o governo de D. Pedro II?

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OSTENSIVO FMN-12

b) Como era o relacionamento entre Brasil e Paraguai antes da guerra?

c) Por que o Brasil tinha interesse em manter uma política de cordialidade com o Paraguai?

d) O que fez mudar essa política?

e) Quais eram os planos do presidente do Paraguai Francisco Solano Lopez?

f) Quais foram os atos considerados disparadores para o início do conflito?

g) Como estava composta a Armada brasileira no início do conflito?

h) Como estava composta a Armada paraguaia?

i) Produza um texto destacando a importância da Batalha Naval do Riachuelo em 11 de junho


de 1865. Utilize o mapa da página 23 e o relato do Almirante Barroso nas páginas 25 e 26
para fundamentar o seu texto.

j) Explique a importância do uso dos navios encouraçados na Guerra do Paraguai, destaque em


sua resposta a relação entre esses navios e as passagens de Curuzu, Curupaiti e Humaitá.

k) Descreva como ocorreu a ocupação de Assunção e a fase final da guerra.

4) A Marinha na República

a) Como ficaram marcados os primeiros anos da República Brasileira?

b) Quais foram os principais programas criados para reaparelhar a Marinha do Brasil?

c) Cite os autores dos Programas Navais de 1904 e 1906 e suas respectivas propostas e ações.

d) Cite os navios que foram incorporados à esquadra brasileira nesse período.

e) Cite os conflitos internos que marcaram a 1ª República, explicando cada uma delas de
maneira sucinta.

5) A Primeira Guerra Mundial

a) No período da 1ª Guerra (1914- 1918), quais foram os dois blocos de alianças que se
formaram? Para responder, observe atentamente o mapa da página 33.

b) Qual foi a causa imediata para o início do conflito?

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OSTENSIVO FMN-12

c) Quando e como se deu a participação do Brasil no conflito?

d) Explique porque a neutralidade foi marca do Brasil nos três primeiros anos.

e) O que fez o governo brasileiro mudar de atitude?

f) Como estava formada a nossa esquadra nesse período?

g) Qual o significado da sigla D.N.O.G.? Quem era o seu comandante? Qual a principal tarefa a
ser cumprida por essa Divisão?

h) Como terminou a Primeira Guerra Mundial?

i) Como estava a Marinha do Brasil no período entre guerras?

j) Quem era o Ministro da Marinha no período entre guerras?

6) A Segunda Guerra Mundial

a) Quais países formaram os blocos de aliança na segunda guerra?

b) Explique como ocorreu a entrada do Brasil na guerra.

c) Exemplifique o que foi o Lend Lease.

d) Quais foram os comandos navais criados a partir de 31 de agosto de 1942?

e) Qual o objetivo da criação da defesa ativa nos portos brasileiros?

f) Qual a missão da Marinha do Brasil na 2ª Guerra Mundial?

7) O emprego permanente do Poder Naval.

a) Por que é importante para a Marinha do Brasil, manter o seu Poder Naval permanente mesmo
em tempos de paz?
b) Cite as principais ações da Marinha do Brasil em tempos de paz.
c) Discorra sobre a importância dos Programas Proantar e o PRM.
d) Explique a importância do submarino com propulsão nuclear para a história da Marinha do
Brasil.
e) Qual é a previsão para a conclusão da construção do nosso primeiro submarino com
propulsão nuclear? Como ele será chamado? Por que receberá esse nome?
f) Em períodos de paz, a tarefa da Marinha do Brasil é de grande relevância, com algumas

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OSTENSIVO FMN-12

obrigações. Cite as obrigações da Marinha em períodos de paz.

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COMO ERA UMA VIAGEM MARÍTIMA NO TEMPO DOS
DESCOBRIMENTOS?

Extremamente desconfortável, insalubre e perigosa. Em média, a cada


três navios que partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um
afundava. Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não
só de naufrágios, mas também de ataques piratas, doenças e choques
com nativos dos locais visitados. Quem sobrevivia ainda tinha que
aguentar o insuportável mau cheiro a bordo e as acomodações
precárias. “Nas cobertas inferiores (onde as pessoas dormiam), o ar e
a luz eram escassos, sendo fornecidos apenas por fendas entre as
madeiras, que deixavam passar também a água do mar, tornando os
porões abafados, quentes e úmidos”, diz o historiador Fábio Pestana
Ramos, da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban). Se o
alojamento era ruim, a dieta era pior ainda. As caravelas nunca
levavam a quantidade ideal de comida, o que estimulava um mercado
negro a bordo. Os oficiais mais graduados controlavam o negócio,
vendendo produtos, como frutas, por exemplo, a quem pagasse mais.

Quem não tinha dinheiro e via os alimentos se esgotarem caçava


ratos e baratas, que infestavam os navios, para sobreviver. Nesse
ambiente de luta pela sobrevivência, os motins se tornavam comuns e
eram reprimidos com brutalidade pelos oficiais, que andavam com
espada, adaga e pistolas. A falta de segurança ainda era agravada
pela má conservação dos barcos, que em muitas ocasiões tinham
cascos apodrecidos e velas desgastadas. Mesmo com tantos
problemas essas embarcações valiam fortunas. “Em meados do
século 16, uma caravela aparelhada para 120 tripulantes custava em
torno de 75 quilos de ouro, o equivalente à compra de 758 mil
escravos africanos”, afirma Fábio. A caravela se tornou o mais famoso
tipo de navio usado nas jornadas dos descobrimentos, mas havia
também a nau, embarcação mais lenta, mas que possuía maior
capacidade de carga e podia levar um número maior de canhões e
tripulantes.

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Pesadelo em alto-mar
Numa nau do século 16, cerca de 500 pessoas conviviam sem
banheiro, havia estupros e crianças dormiam no convés

1. Camarote VIP
Em geral, o espaço para acomodar tripulantes e passageiros numa
nau era de apenas 50 cm2 por pessoa! Já o capitão do navio
normalmente tinha direito a um camarote individual, com 2,2 m2.
Oficiais e membros da alta nobreza não tinham esse privilégio,
embora pudessem contar com um espaço maior que os
apertadíssimos 50 cm2
2. Muvuca infernal

Uma nau comportava cerca de 500 pessoas. Tripulantes e


passageiros dormiam no mesmo espaço, em estreitos beliches com
até quatro andares. Pior viagem faziam os grumetes, crianças entre 7
e 16 anos que formavam o grosso da tripulação. Alistados à força
pelos pais (por causa dos salários), os aprendizes de marinheiros
dormiam no convés

3. Banheiro perigoso

A higiene a bordo era bastante precária. Banho, nem pensar, o que


fazia proliferar pulgas, piolhos e percevejos. Os mais ricos usavam
penicos, esvaziados no mar por criados. A maioria dos homens e
mulheres, porém, tinha que se aliviar à vista de todos, debruçando-se
no costado da embarcação, com risco até de cair no mar

4. Saúde à deriva

Ter um médico a bordo era raridade e os doentes eram tratados no


improviso —principalmente com sangrias, que podiam transformar
uma indisposição em anemia mortal. A falta de vitamina C na
alimentação provocava escorbuto, doença que apodrecia as gengivas
e fazia cair os dentes. Era comum a disenteria, a febre tifóide e a
varíola

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5. Para passar o tempo
A lotação do barco, as suas más condições e o excesso de tempo livre
faziam surgir tensões entre os viajantes. Para aliviá-las, os oficiais
organizavam, com a ajuda de religiosos, missas, procissões e
encenações de peças contando a vida dos santos. Mas a distração
predileta dos marujos era mesmo um bom jogo de cartas a dinheiro

6. Sexo forçado

Havia uma proporção média de uma mulher para cada 50 homens


numa embarcação. Grupos de marinheiros ficavam à espreita e,
quando surgia uma oportunidade, podiam estuprar algumas mulheres,
mesmo as casadas. Às vezes, prostitutas embarcavam, mesmo assim
o homossexualismo costumava ser freqüente entre os marujos

7. Saber é poder

Instalado numa cadeira na popa (parte de trás do navio), o piloto era


quem realmente comandava a embarcação e sua autoridade técnica
não era contestada nem pelo capitão, que tinha um comando mais
político da tripulação. O piloto trabalhava ao lado do timoneiro,
fazendo cálculos de navegação com instrumentos como astrolábios e
bússolas primitivas

8. Dieta restrita

A quantidade de comida era reduzida e a dieta pobre em vitaminas.


Um cozinheiro fazia pão e preparava a carne salgada, servida
esporadicamente. As provisões incluíam biscoitos, bacalhau, lentilha,
alho, cebola, açúcar, farinha, água (muitas vezes contaminada) e
vinho. Para garantir algo fresco, eram levados uns poucos animais
vivos, em geral galinhas.

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b) A participação do Brasil contribuiu para o
HISTÓRIA NAVAL fornecimento de suprimentos agrícolas aos
países da Tríplice Entente. Além disso, a
economia brasileira passou por um grande
Exercícios processo de industrialização, figurando entre
as principais potências capitalistas do mundo
Leia o texto a seguir. "No início da década de pós-guerra.
1940, o nosso Poder Naval possuía limitações
operacionais importantes. No início da Segunda c) O governo brasileiro participou
Guerra Mundial, em 1939, na Europa, o Brasil timidamente da Primeira Guerra Mundial,
contava com praticamente os mesmos navios da
Primeira Guerra Mundial. (...) Ao rompermos
ele ficou responsável pelo envio de navios
relações diplomáticas com o Eixo, a Marinha do para a defesa do Atlântico, caso houvesse
Brasil desconhecia as novas táticas ataques alemães, além do envio de
antissubmarino e estava, consequentemente, suprimentos agrícolas e apoio médico aos
desprovida do material flutuante e dos países da Tríplice Entente.
equipamentos necessários para executá-las."
(BITTENCOURT, A . de S . Introdução à História d) A Alemanha no ano de 1917 financiou a
Marítima Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação da Marinha, 2006. p p . 141 e
industrialização brasileira para conseguir seu
148) Diante da situação apontada acima, o apoio durante a Primeira Guerra Mundial. O
governo brasileiro efetivou um acordo governo do Presidente Venceslau Brás
internacional denominado Lend Lease, que aceitou a ajuda econômica e no mesmo ano
possibilitou o empréstimo e o arrendamento para invadiu o território da França.
a Marinha do Brasil de vários navios que fossem
tecnologicamente apropriados àquela guerra. 4 - Sobre o mais conhecido caso da
Com qual nação foi realizado esse acordo,
firmado em outubro de 1941?
participação militar do Brasil na Primeira
Guerra Mundial é correto afirmar que:
(a) Estados Unidos da América.
a) José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi
(b) Alemanha. o principal militar brasileiro envolvido no
conflito. Foi ele quem comandou os pelotões
(c) Inglaterra. de cavalaria francesa e uma pequena
unidade de tanques de guerra contra os
(d) França. alemães. Com sua experiência, ele
incentivou o Brasil a adquirir os primeiros
(e) União Soviética carros blindados.
1 - Explique o principal motivo que levou o Brasil
b) O Brigadeiro Francisco de Lima e Silva
a entrar na Primeira Guerra Mundial em 1917.
tornou-se um dos símbolos da participação
2 - Discorra sobre a participação do Brasil do Brasil na grande guerra, pois foi ele quem
durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). liderou os navios brasileiros nos ataques aos
navios alemães, conquistando uma grande
3 - Em relação à participação do Brasil na vitória das forças militares brasileiras no
Primeira Guerra Mundial é correto afirmar Atlântico.
que:
c) O Brasil teve um grande confronto com os
a) Teve uma participação decisiva durante o japoneses na tentativa de conquistar o
confronto naval que influenciou diretamente território do Império Austro-húngaro. Nessa
o resultado da guerra, dando a vitória aos disputa com os asiáticos, destacou-se a
países da Tríplice Aliança. Em troca da ajuda figura do militar brasileiro Carlos Prestes,
dada a estes países, o Brasil chefiou as que no controle do navio Encouraçado,
reuniões do pós-guerra, como foi o caso do trouxe a vitória para os aliados da Tríplice
Tratado de Versalhes. Entente.

d) O mais conhecido caso de participação do


Brasil foi durante a invasão da Itália, quando

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o Marechal Hermes da Fonseca em 1917 em relação à Primeira Guerra Mundial. A
liderou os navios brasileiros contra os navios participação aconteceu de maneira tímida,
italianos. Hermes da Fonseca, logo após o mas ajudou os países da Tríplice Entente no
fim da guerra, tornou-se o símbolo da envio de navios, alimentos (produtos
participação brasileira na Primeira Guerra
agrícolas) e médicos para tratar dos
Mundial.
soldados feridos nas linhas de frente das
A SEGUIR AS RESPECTIVAS RESPOSTAS: batalhas.

Questão 1 Questão 4
Nos primeiros anos da Primeira Guerra Letra A. Nos relatos sobre a participação do
Mundial, o Brasil adotou uma postura de Brasil na Primeira Guerra Mundial, o nome
neutralidade no apoio aos países do militar José Pessoa Cavalcanti de
envolvidos no confronto, porém essa Albuquerque figurou como o grande
neutralidade causou a fúria dos alemães. símbolo do país tupiniquim nesse conflito
Em abril de 1917, eles decretaram um mundial. A experiência com a guerra fez
ataque ao navio brasileiro Paraná nas com que Albuquerque contribuísse para o
proximidades do Canal da Mancha. Meses pedido dos primeiros carros blindados para
depois, o navio Encouraçado Macau foi o exército brasileiro. Destacou-se na sua
também atacado. Dessa forma, o governo participação o comando dos pelotões de
brasileiro pressionado pela população cavalaria francesa e uma pequena unidade
resolveu apoiar os países da Tríplice de tanques de guerra contra os alemães.
Entente (Estados Unidos, Inglaterra e
França) que lutavam contra as nações da
Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro
húngaro e Império Turco-Otomano.)

Questão 2
Ao entrar na Primeira Guerra Mundial, o
Brasil teve a incumbência de proteger o
Atlântico de possíveis ataques alemães.
Para isso, foram utilizados sete navios
brasileiros: dois cruzadores, quatro
contratorpedeiros e mais um navio auxiliar.
Além disso, o Brasil teve participação no
envio de suprimentos agrícolas, apoio
médico e matéria-prima para os envolvidos
no conflito. É importante salientar também
que nesse período a economia brasileira
passou por um leve processo de

industrialização. Como as indústrias das


potências europeias estavam em retrocesso
em virtude da guerra, o Brasil acabou
recebendo mais investimentos internos do
governo para suprir a falta de produtos
industrializados.

Questão 3
Letra C. Por não ter uma grande estrutura
militar, o Brasil não teve um papel decisivo

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A formação do Estado Nacional português está
relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre
cristãos e muçulmanos na península Ibérica.

A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de


Borgonha (a partir de 1143), caracterizada pelo
processo de expansão territorial interna.
Fatores para a Expansão
Entre os anos de 1383 e 1385, o Reino de Portugal
Marítima conhece um movimento político denominado
Revolução de Avis - movimento que realiza a
A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, centralização do poder político: aliança entre a
daí definir este processo como uma empresa burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem
comercial de navegação, ou como grandes de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é caracterizada
empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta pela expansão externa de Portugal: a expansão
atividade comercial, o fator essencial foi a formação marítima.
do Estado Nacional.

• Formação do Estado Nacional e a


Etapas da expansão
centralização política: as Grandes
Navegações só foram possíveis com a A expansão marítima portuguesa interessava à
centralização do poder político, pois fazia-se Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à
necessária uma complexa estrutura material nobreza, interessada em conquista de terras; e à
de navios, armas, homens, recursos Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros
financeiros. povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar
• A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance seus lucros.
destes objetivos, tornando viável a expansão
marítima. A seguir, as principais etapas da expansão de
• Avanços técnicos na arte náutica: o Portugal:
aprimoramento dos conhecimentos
geográficos, graças ao desenvolvimento da • 1415 - tomada de Ceuta, importante
cartografia; o desenvolvimento de entreposto comercial no norte da África.
instrumentos náuticos - bússola, astrolábio, • 1420 - ocupação das ilhas da Madeira e
sextante - e a construção de embarcações Açores no Atlântico.
capazes de realizar viagens a longa distância, • 1434 - chegada ao Cabo Bojador.
como as naus e as caravelas. • 1445 - chegada ao Cabo Verde.
• Interesses econômicos: a necessidade de • 1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do
ampliar a produção de alimentos, em virtude Cabo das Tormentas.
da retomada do crescimento demográfico; a
• 1498 - Vasco da Gama atinge as Índias
necessidade de metais preciosos para suprir a
(Calicute).
escassez de moedas; romper o monopólio
• 1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao
exercido pelas cidades italianas no
Brasil.
Mediterrâneo que contribuía para o
encarecimento das mercadorias vindas do
Oriente; tomada de Constantinopla, pelo
turcos otomanos, encarecendo ainda mais os
produtos do Oriente.
• Sociais: o enfraquecimento da nobreza feudal Expansão marítima
e o fortalecimento da burguesia mercantil.
• Religiosos: a possibilidade de conversão dos espanhola
pagãos ao cristianismo mediante a ação
missionária da Igreja Católica.
A Espanha será um Estado Nacional somente em
1469, com o casamento de Isabel de Castela e
Expansão marítima Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos
que enfrentaram os mouros na Guerra de
portuguesa Reconquista.

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão No ano de 1492, o último reduto mouro - Granada - foi
marítima. Além da posição geográfica, de uma conquistado pelos cristãos. Neste mesmo ano,
situação de paz interna e da presença de uma forte Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da
burguesia mercantil; o pioneirismo português é Espanha.
explicado pela sua centralização política que, como
vimos, era condição primordial para as Grandes
Navegações.

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Colombo acreditava que, navegando para Oeste, mercados europeus, asiáticos, africanos e
atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e, americanos.
sem saber chegou a um novo continente: a América.
A seguir, algumas das principais mudanças:
A seguir, a principais etapas da expansão espanhola:
• Decadência das cidades italianas.
• 1492 - chegada de Colombo a um novo • Mudança do eixo econômico do mar
continente, a América. Mediterrâneo para o oceano Atlântico.
• 1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra • Formação do Sistema Colonial.
descoberta por Colombo era um novo • Enorme afluxo de metais para a Europa
continente. proveniente da América.
• 1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a • Retorno do escravismo em moldes capitalistas
primeira viagem de circunavegação do globo. • Eurocentrismo, ou a hegemonia europeia
sobre o mundo.
• Processo de acumulação primitiva de capitais
resultado na organização da formação social
do capitalismo.
A rivalidade Ibérica
EXERCÍCIOS
Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre
os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram 1) (PUCCamp-SP) -o processo de colonização
assinar um acordo - proposto pelo papa Alexandre VI - europeia da América, durante os séculos XVI,XVII
em 1493: um meridiano passando 100 léguas a oeste e XVIII, está ligado à:
das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento
Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e das monarquias nacionais absolutas e à política
no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas. mercantilista.
b) Disseminação do movimento cruzadista, ao
O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas crescimento do comércio com os povos orientais e à
demais nações europeias. política livre-cambista.
c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação
agrícola das terras e ao crescimento do comércio
Navegações Tardias: bilateral. Criação das companhias de comércio, ao
desenvolvimento do modo feudal de produção e à
Inglaterra, França e Holanda política liberal.
d)Política industrial, ao surgimento de um mercado
O atraso na centralização política justifica o atraso interno consumidor e ao excesso de mão-de-obra
destas nações na expansão marítima:A Inglaterra e livre.
França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos
(1337-1453) e, após este longo conflito, a Inglaterra 2) Cesup/Unaes/Seat-MS)- Na expansão da Europa,
passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas a partir do século XV, encontramos intimamente
(1455-1485); já a França, no final do conflito com a ligados à sua história:
Inglaterra, enfrenta um período de lutas no reinado de a) a participação da espanha nesse empreendimento,
Luís XI (1461-1483). por interesse exclusivo de Fernando de Aragão e
Isabel de Castela, seus soberanos na época;
Somente após estes conflitos internos é que ingleses, b) a descoberta da América, em 1492, anulou
durante o reinado de Elizabeth I (1558-1603 ); e imediatamente o interesse comercial da Europa com o
franceses, durante o reinado de Francisco I, iniciaram Oriente;
a expansão marítima. c) o tratado de Tordesilhas, que dividia as terras
descobertas entre Portugal e Espanha, sob
A Holanda tem seu processo de centralização política fiscalização e concordância da França, Inglaterra e
atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o Holanda;
enfraquecimento da Espanha e com o processo de d) Portugal, imediatamente após o descobrimento do
sua independência é que os holandeses iniciarão a Brasil, iniciou a colonização, extraindo muito ouro para
expansão marítima. a Europa, desde 1500;
e) O pioneirismo português.

Consequências 3) PUC-MG - O descobrimento da América, no


início dos tempos modernos, e posteriormente a
As Grandes navegações contribuíram para uma conquista e colonização, considerando-se a
radical transformação da visão da história da mentalidade do homem ibérico, permitem perceber
humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento que, EXCETO:
humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira a) O colonizador, ao se dar conta da perda do paraíso
Revolução Comercial, a partir da unificação dos terrestre, do maravilhoso, lançou-se à reprodução da
cenografia europeia da América;

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b) O colonizador, negando o que pudesse parecer 2. Qual era o principal objetivo dos
novo, preferiu ver apenas o seu reflexo no espelho da empreendimentos marítimos dos séculos XV e
história; XVI?
c) Colombo se recusava a ver a América, preferindo
manter seus sonhos de que estaria próximo ao
A - Fazer a navegação ao redor do mundo passando
Oriente;
d) O processo de descrição e observação do novo por todos os oceanos.
continente envolvia basicamente a manutenção do B - Descobrir e controlar uma rota marítima para as
universo indígena; Índias para comprar especiarias diretamente na fonte
e) A conquista representou a possibilidade de e vender com elevados lucros na Europa.
transplante e difusão dos padrões culturais europeus C - Chegar até o extremo norte do continente
na América. americano para iniciar o povoamento da região.
D - Estabelecer e controlar novas rotas marítimas
4) Portugal e Espanha foram as primeiras nações a para a Oceania com o objetivo de explorar os
lançarem-se nas Grandes Navegações. Isto deveu- recursos minerais da região.
se, basicamente a/ao:
a) enorme quantidade de capitais acumulados nestas __________________________________
duas nações desde o renascimento comercial na
Baixa Idade Média;
b) processo de centralização política favorecido pela 3. Quem foram os principais financiadores dos
Guerra de Reconquista; empreendimentos marítimos da época das
c) diferentemente de outras nobrezas, a nobreza Grandes Navegações?
portuguesa e espanhola estavam fortalecidas e
conseguiram financiar o projeto de expansão A - Reis e burgueses
marítima; B - Integrantes do clero católico e pequenos
d) o desenvolvimento industrial da península Ibérica comerciantes
forçou estas nações a buscarem mercados C - Marinheiros e profissionais liberais
consumidores e fornecedores;
D - Artistas e engenheiros de caravelas
e) espírito aventureiro de portugueses e espanhóis.
__________________________________
5) Entre as consequências da Expansão Marítima,
NÃO encontramos:
a) a formação do Sistema Colonial; 4. Qual das alternativas abaixo explica o
b) o desenvolvimento do euro-centrismo; pioneirismo de Portugal nas Grandes
c) a expansão do regime assalariado da Europa para Navegações dos séculos XV e XVI?
a América
d) início do processo de acumulação de capitais, A - Portugal era o país mais rico e populoso da
impulsionando o modo de produção capitalista; e) Europa, marinheiros de vários países moravam e
introdução do trabalho escravo na América. trabalhavam em Portugal e dinheiro para
investimento em navegação oriundo da
industrialização do país.
Respostas dos exercícios B - Apoio total da população, ajuda de outros países,
1) A
altos investimentos na construção de caravelas feitos
2) E
por ricos comerciantes asiáticos e americanos.
3) D
4) C C - Posição geográfica favorável, bons
5) C conhecimentos e experiência em navegação, domínio
da técnica de construção de caravelas, capital para
investimentos oriundo da burguesia e nobreza.
D - Experiência em navegação de longo alcance
desde o início da Idade Média, grande quantidade de
1. Quais os dois países que mais se destacaram madeira e ferro no território português para a
no período das Grandes Navegações e construção das caravelas, total conhecimento das
Descobrimentos Marítimos dos séculos XV e técnicas de navegação.
XVI?
__________________________________
A - Inglaterra e França
B - Holanda e Itália 5. Qual das alternativas abaixo apresenta dois
C - Portugal e Espanha importantes momentos das navegações
D - Alemanha e Noruega portuguesas dos séculos XV?

__________________________________ A - Descobrimento da Oceania e chegada ao litoral


argentino em 1501.

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B - Conquista da Ásia no final do século XV e
descobrimento de ilhas no Caribe.
C - Navegação da costa oeste do continente
americano e chegada ao norte da Rússia em 1502. Respostas das questões:
D - Chegada de Vasco da Gama às Índias em 1498 e 1. C | 2. B | 3. A | 4. C | 5. D
chegada de Cabral ao Brasil em 1500.

riqueza de uma nação é determinada pela quantidade de ouro e


1. O que foram as Grandes prata que essa nação consegue acumular”, explica Dimas.
Além disso, precisamos destacar a influência das ideias
Navegações? renascentistas. Durante esse período, aconteceu uma mudança na
mentalidade do homem europeu, principalmente pelo
As Grandes Navegações são definidas como um conjunto de antropocentrismo (o homem no centro da preocupação do próprio
expedições marítimas, praticadas por países europeus (com homem) e do racionalismo (que foi combustível para desenvolver
destaque para Portugal e Espanha), que tinham como objetivo ciências como a Geografia, confecção de mapas, bússolas e
chegar ao oriente – território conhecido naquele momento como construção naval).
“Índias” e famoso por suas especiarias.

5. Qual o interesse da Igreja


2. Quando elas aconteceram? Católica na Expansão Marítima?
“Essas expedições marítimas aconteceram basicamente ao longo A Igreja Católica estava se sentindo ameaçada com as ondas da
dos séculos XV, XVI e XVII”, afirma Dimas, professor de História do Reforma Protestante e precisava conquistar novos fiéis. “Uma forma
Stoodi. de justificar as Grandes Navegações era a questão da busca de
Portugal = foi pioneiro nesse processo e iniciou suas expedições novas pessoas que fariam parte do mundo cristão”, afirma o
durante o século XV. professor. Por isso, muitos as chamavam de Expansão de Fé.
Espanha = começaram a navegar no século XV, mas
desenvolveram o trabalho principalmente durante o século XVI.
Expansões Marítimas Tardias = países como Holanda e Inglaterra,
por exemplo, começaram suas expedições durante o século XVII. É 6. Por que Portugal foi pioneiro nas
importante lembrar que este fator negativo, não impediu a Holanda,
como União Ibérica, de colonizar o Brasil.
Grandes Navegações?
Podemos enumerar 5 motivos que contribuíram para Portugal ser
pioneiro nas Expansões Marítimas.

3. Qual era o contexto histórico das 1. Porque tinha uma localização privilegiada e fácil acesso para
Grandes Navegações? navegar;
De acordo com o prof. Dimas, esse momento é marcado por muitas
transformações importantes no campo econômico, intelectual, 2. Porque o país estava em paz, sem conflito interno ou externo – já a
cultural e na área religiosa. “Estamos na transição da Idade Média
para a Idade Moderna”, comenta ele. Espanha e a Inglaterra não contavam com a mesma sorte e
Contexto econômico: precisaram se preocupar com assuntos mais urgentes como a
As Grandes Navegações aconteceram exatamente no momento da
decadência do feudalismo como modo de produção e da ascensão
Guerra dos Cem Anos e a Guerra da Reconquista);
do sistema capitalista.
Contexto cultural: 3. Porque sua burguesia era muito forte e participativa no comércio
Em relação ao campo da cultura, nós temos uma verdadeira
revolução chamada Renascimento Cultural. marítimo;
Contexto religioso:
Nesse momento, a Igreja Católica está perdendo muitos adeptos 4. Porque Portugal não era formado de vários reinos, mas sim de uma
por conta da Reforma Protestante, com o Luteranismo,
Anglicanismo e Calvinismo em evidência. monarquia centralizada (um país independente);

5. Porque Portugal contava com muito desenvolvimento nas ciências


4. Quais foram os fatores de causa
das Grandes Navegações? náuticas.
Se você está pensando “ok, mas qual era a motivação que levava
alguém a deixar sua casa e sua segurança para navegar por 6.
mares perigosos?”, fique tranquilo que é exatamente isso que
vamos te responder. 7. Como era a relação entre
A burguesia europeia tem grande responsabilidade nesse processo.
Com a ascensão desse grupo social, eles não tinham o mesmo Portugal e Espanha durante esse
status que a nobreza, porém queriam consumir (e ostentar) os
mesmos produtos. A grande busca pelas especiarias provocou uma processo?
alta nos preços. Apesar de nunca ter acontecido algum conflito direto, existia uma
Tudo isso gerou um grande desconforto na burguesia. As cidades guerra diplomática entre as duas nações. Porém, tudo isso foi
italianas cobravam um preço muito alto porque contavam com o resolvido por meio de tratados.
monopólio pela rota comercial do Mediterrâneo. A saída, então, foi Dimas explica que os tratados tinham justamente o objetivo de
buscar uma rota marítima alternativa que permitisse o acesso direto dividir as terras conquistadas por meio das Grandes Navegações.
às especiarias. Podemos destacar 3 estabelecidos entre Portugal e Espanha.
Outro ponto muito relevante nessa decisão foi a escassez de ouro e 1º Tratado de Toledo (1480): ele dizia que a partir daquele ano as
prata na Europa. “Não se esqueça que uma das características do Ilhas Canárias ficariam com a Espanha, enquanto Portugal teria o
Mercantilismo era o metalismo, que consiste na ideia de que a

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direito de monopolizar o comércio e navegação no litoral da África EXERCÍCIOS
do Sul.
2º Tratado de Tordesilhas (1494): ele determinava a criação de Acerca da expansão marítima comercial implementada
uma linha imaginária para dividir as terras da América. Ela ficou a pelo Reino Português, podemos afirmar que:
370 léguas a oeste de Cabo Verde.
A Espanha ficou com as terras a oeste dessa linha e Portugal com a) a conquista de Ceuta marcou o início da expansão,
as terras a leste.
3º Tratado de Saragoça (1529): ele determinava a criação de uma ao possibilitar a acumulação de riquezas para a
linha imaginária para dividir as terras do Oriente. A referência nesse manutenção do empreendimento.
caso seriam as Ilhas Molucas. Veja a foto:
b) a conquista da Baía de Arguim permitiu a Portugal
montar uma feitoria e manter o controle sobre
importantíssima rota comercial interafricana.
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda
possibilitou a montagem de grande rede de
abastecimento de escravos para o mercado europeu.
d) o domínio português de Piro e Sidon e o consequente
monopólio de especiarias do Oriente Próximo tornaram
desinteressante a conquista da Índia.
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na Ilha
da Madeira, após 1510, aumentou o preço dos
escravos, tanto nos portos africanos quanto nas praças
brasileiras.

Questão 2

A conexão que o reino português estabeleceu com


8. Quais eram as especiarias das reinos da costa atlântica do continente africano ao
Índias mais valorizadas nas longo dos anos de expansão marítima possibilitou,
Grandes Navegações? entre outras coisas:

As principais especiarias valorizadas no momento de Expansão a) a criação de capitanias hereditárias na costa oeste
Marítima são: cravo, açafrão. pimenta, gengibre, cardamomo, noz africana.
moscada, canela e ervas aromáticas (como alecrim, louro,
manjericão, entre outras). b) o desenvolvimento da pecuária nas savanas
africanas.
c) a intensiva prospecção de metais preciosos.
9. Quais foram as consequências
d) o desenvolvimento do tráfico negreiro transatlântico.
das Grandes Navegações?
Chegou a hora de entender quais foram as consequências disso
e) a montagem do sistema de engenhos de açúcar em
tudo. As Grandes Navegações geraram uma mudança do eixo Benin.
econômico europeu capitalista – da região do Mediterrâneo para o
Atlântico. Questão 3
Como comentamos brevemente durante o nosso resumo, outro
ponto importante foi o desenvolvimento do Mercantilismo, que
segundo Dimas será intensificado graças a colonização de novos (Fuvest) No processo de expansão mercantil europeu
territórios. dos séculos XV e XVI, Portugal teve importante papel,
O colonialismo também será uma das consequências das grandes chegando a exercer durante algum tempo a supremacia
expedições, em especial a da América. Foi nesse momento também
que aconteceu a introdução do trabalho escravo e tráfico negreiro
comercial na Europa. Todavia "em meio da aparente
(principalmente por parte de Portugal). prosperidade, a nação empobrecia. Podiam os
Não podemos deixar de pontuar a expansão do cristianismo no empreendimentos da coroa ser de vantagem para
mundo e o processo de europeização do mundo, com a forte alguns particulares (…)" (Azevedo, J. L. de, ÉPOCAS
influência dos costumes, seja em relação aos hábitos alimentares,
seja em relação às vestimentas.
DE PORTUGAL ECONÔMICO, Livraria Clássica
Editora, pág. 180).
Ao analisarmos o processo de expansão mercantil de
Portugal, concluímos que:

10. Preciso fazer exercícios sobre a) a falta de unidade política e territorial em Portugal
determinava a fragilidade econômica interna.
as Grandes Navegações para fixar a
matéria? b) a expansão do império acarretava crescentes
despesas para o Estado, queda da produtividade
Nossa resposta é sim! Apesar de ler o conteúdo e assistir às aulas agrícola, diminuição da mão de obra, falta de
ser muito bom para você compreender esse processo, você só vai
identificar o que não está mandando tão bem por meio dos
investimentos industriais, afetando a economia
exercícios. nacional.
c) a luta para expulsar os muçulmanos do reino
português, que durou até o final do século XV,

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empobreceu a economia nacional que ficou carente de b) a Real Casa de Exploração.
capitais.
c) a feitoria.
d) a liberdade comercial praticada pelo Estado
português no século XV levou ao escoamento dos d) a intendência das Minas.
lucros para a Espanha, impedindo seu reinvestimento e) a intendência da África.
em Portugal.
e) o empreendimento marítimo português revelou-se
tímido, permanecendo Veneza como o principal centro
redistribuídor dos produtos asiáticos, durante todo o RESPOSTAS NA PÁGINA A SEGUIR!
século XVI.

Questão 4

O sistema de administração instituído por Portugal nas


regiões que começou a ocupar logo nos anos iniciais
de sua expansão marítima foi:
a) a capitania.

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Resposta Questão 1
Letra A Exercícios
A conquista de Ceuta, cidade do norte da
África, em 1415, foi o marco inaugural da Dispostos a participar do lucrativo comércio de
expansão marítima europeia, haja vista especiarias, realizado pelos portos do levante
que, a partir daí o processo de expansão mediterrâneo e controlado pelos venezianos, os
evoluiu grandemente, culminando na portugueses buscaram um caminho alternativo. Em
criação de feitorias ao longo da costa 1498, Vasco da Gama conseguiu chegar à Índia:
oeste africana, na chegada à Índia e na a) através dos portos do poente mediterrâneo.
descoberta do Brasil.
b) utilizando as antigas rotas terrestres do Meio
Resposta Questão 2 Oriente.
Letra D c) utilizando o canal do Panamá.
O tráfico negreiro transatlântico resultou
de uma aliança comercial entre os reinos d) através do Estreito de Magalhães.
europeus (principalmente o português) e) circunavegando a África.
com os reinos africanos, que já traficavam
negros entre si há séculos. Esse tráfico foi 2) (FGV-2003) A respeito de Portugal durante a época
estimulado pela expansão marítima e pela Moderna, é correto afirmar:
descoberta do Brasil e de outras regiões a) A montagem do vasto império ultramarino esteve
da América. ligada ao fortalecimento dos setores aristocráticos
que dominavam os principais postos e funções do
Resposta Questão 3 Estado lusitano.
Letra B
A expansão marítima do império b) A vinculação à monarquia espanhola durante a
português, apesar das grandes conquistas União Ibérica (1580-1640) estimulou o movimento
de território e da lucratividade oriunda do republicano vitorioso na revolta de 1640.
plantio de açúcar, da mineração e do c) Vantajosos tratados econômicos foram
tráfico negreiro, não constituiu algo que estabelecidos com a Inglaterra, desde o século XVII, o
privasse Portugal de problemas que garantiu a prosperidade da economia portuguesa
econômicos de outra ordem. Apesar de ter durante a crise do Antigo Sistema Colonial.
se expandido, Portugal passou a depender
da integração econômica intercontinental d) Durante a União Ibérica (1580-1640), estreitou-se
ainda mais a parceria entre os portugueses e os
e a ter de se articular com nações
holandeses, que financiavam e distribuíam na Europa
poderosas, como a Inglaterra. Essas
os produtos coloniais brasileiros.
articulações nem sempre traziam soluções
plausíveis para os problemas do império. e) Ao contrário das demais sociedades européias, o
Antigo Regime português caracterizou-se pela
Resposta Questão 4 ausência de conflitos religiosos e pelo interesse na
Letra C produção cultural estrangeira.
As feitorias eram estruturas
3) (ENEM-2001) O texto abaixo reproduz parte de um
administrativas fortificadas que tinham o
diálogo entre dois personagens de um romance. -
objetivo de demarcar as regiões ocupadas
Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? -
por Portugal ao longo de suas incursões
Perguntou Sofia. - Se cada hora valer cem anos, então
marítimas. Cada feitoria era confiada à sua conta está certa. Podemos imaginar que Jesus
ação de um feitor, que devia obediência à nasceu à meia-noite, que Paulo saiu em peregrinação
coroa portuguesa. missionária pouco antes da meia-noite e meia e

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morreu quinze minutos depois, em Roma. Até as três b) Desconhecendo o valor político de sua arte de
da manhã a fé cristã foi mais ou menos proibida. (...) cartografar para os rumos da rivalidade
Até as dez horas as escolas dos mosteiros detiveram o castelhanoportuguesa.
monopólio da educação. Entre dez e onze horas são
c) Ignorando a hagiografia medieval e as crenças na
fundadas as primeiras universidades. Adaptado de
existência de monstros marinhos e de correntes de
GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da
ventos nos oceanos.
História da Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997. O
ano de 476 d.C., época da queda do Império Romano d) Confirmando os conhecimentos estáticos sobre o
do Ocidente, tem sido usado como marco para o início planeta, resultantes da observação direta dos espaços
da Idade Média. De acordo com a escala de tempo desconhecidos.
apresentada no texto, que considera como ponto de
partida o início da Era Cristã, pode-se afirmar que: e) Anotando nos mapas pontos geográficos,
longitudes e latitudes com exímia precisão, em função
a) as Grandes Navegações tiveram início por volta das dos eficazes instrumentos de navegação.
quinze horas.
6) (Mack-2004) Assinale a alternativa correta acerca
b) a Idade Moderna teve início um pouco antes das da Expansão Ultramarina Européia.
dez horas.
a) A corrida expansionista de Portugal e Espanha
c) o Cristianismo começou a ser propagado na Europa gerou, na segunda metade do século XV, um período
no início da Idade Média. de grande cooperação entre esses reinos europeus,
denominado de União Ibérica.
d) as peregrinações do apóstolo Paulo ocorreram após
os primeiros 150 anos da Era Cristã. b) Posteriormente à descoberta do novo continente, o
grande afluxo do ouro e da prata americanos para a
e) os mosteiros perderam o monopólio da educação
Europa gerou uma significativa baixa nos preços dos
no final da Idade Média.
alimentos.
4) (UFSCar-2003) À cristianização compulsiva se
c) O navegador Cristóvão Colombo provou, com sua
seguiu, tempos depois, a partir da dinastia dos
viagem, a tese do el levante por el poente, isto é, de
Bourbons, a castelhanização compulsiva. O
que seria possível alcançar as Índias, no Ocidente,
centralismo castelhano, negador da pluralidade
navegando em direção ao Oriente.
nacional e cultural da Espanha, chegou ao paroxismo
sob a ditadura de Franco. Eduardo Galeano. A d) As chamadas Grandes Navegações Européias
descoberta da América (que ainda não houve) Tendo inserem-se no processo de superação dos entraves
em vista o texto, considere as quatro afirmações medievais ao desenvolvimento da economia mercantil
seguintes: O autor refere-se ao período da imposição e ao fortalecimento da classe burguesa.
do cristianismo na Espanha e suas colônias, com os
tribunais da inquisição, nos séculos XV e XVI. O autor e) Em agosto de 1492, a nau Santa Maria e as
refere-se à unificação espanhola comandada por caravelas Nina e Pinta partiram de Palos, na Espanha,
castelhanos, a partir da aliança entre Isabel de Castela rumo ao leste, e atingiram, em outubro do mesmo
e Fernando de Aragão. O autor refere-se às lutas por ano, a costa da América do Norte.
independência por parte de catalãos, andaluzes, 7) Podemos dizer que a ideia de globalização é mais
bascos e galegos. O autor refere-se ao centralismo do antiga do que imaginamos. Alguns acreditam que sua
Estado ditatorial de Franco no final do século XIX. origem remonta a uma Bula Papal, de 1493, que pela
Estão corretas as afirmações I e II, apenas. I, II e III, primeira vez empregou a palavra descobrimento. Por
apenas. I, III e IV, apenas. II, III e IV, apenas. I, II, III e este documento, a Europa adquiria o direito de
IV. 5) (UEL-2003) Para compreender a expansão converter à sua religião os povos do mundo e se
marítima nos séculos XV e XVI, é necessário apropriar das terras por ela descobertas.
considerar a importância da cartografia. Sobre o Evidentemente, trata-se de uma ideia unilateral e
tema, é correto afirmar que os cartógrafos unidimensional de globalização: foram
representaram o mundo: desconsideradas, quando não aniquiladas, as
a) Valendo-se de conhecimentos acumulados e diferenças culturais e sociais.
transmitidos por meio da filosofia, da astronomia e da (Adaptado de Eduardo Subirats, O mundo, todo e
experiência concreta. uno) a) Quais os países europeus que desencadearam

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essa globalização? b) Por que o autor considera políticas, econômicas e, em consequência das
unilateral essa globalização? c) De acordo com o descobertas ultramarinas, globais – que nunca
enunciado, qual o significado de descobrimento para anteriormente tantas pessoas haviam visto o seu
os europeus? Por que, hoje, eles são contestados? 8) tempo como único, referindo-se a ‘esta nova época’,
(Fuvest-2003) “Antigamente a Lusitânia e a Andaluzia ‘à presente época’, ‘a nossa época’. Para um
eram o fim do mundo, mas agora, com a descoberta observador era uma ‘época abençoada’, para outro ‘a
das Índias, tornaram-se o centro dele”. Essa frase, de pior época da História’.” Fonte: adaptado de HALE,
Tomás de Mercado, escritor espanhol do século 16, John. A Civilização européia no Renascimento. Lisboa,
referia-se: Editorial Presença, 2000, p. 19. No período
considerado aprimorou-se o conhecimento do
a) ao poderio das monarquias francesa e inglesa, que
mundo, tanto na geografia quanto na zoologia e na
se tornaram centrais desde então.
botânica. A partir do texto, identifique dois processos
b) à alteração do centro de gravidade econômica da cuja combinação permitiu semelhante
Europa e à importância crescente dos novos aprimoramento.
mercados.
13) (FUVEST-2008) “Os cosmógrafos e navegadores de
c) ao papel que os portos de Lisboa e Sevilha Portugal e Espanha procuram situar estas costas e
assumiram no comércio com os marajás indianos. ilhas da maneira mais conveniente aos seus
propósitos. Os espanhóis situam-nas mais para o
d) ao fato de a América ter passado a absorver, desde Oriente, de forma a parecer que pertencem ao
então, todo o comércio europeu. Imperador (Carlos V); os portugueses, por sua vez,
e) ao desenvolvimento da navegação a vapor, que situam-nas mais para o Ocidente, pois deste modo
encurtava distâncias. entrariam em sua jurisdição.” Carta de Robert Thorne,
comerciante inglês,ao rei Henrique VIII, em 1527. O
9) Observe o mapa e explique: texto remete diretamente
a) Por que não estão representados todos os a) à competição entre os países europeus
continentes? retardatários na corrida pelos descobrimentos.
b) Quais os conhecimentos necessários na época, b) aos esforços dos cartógrafos para mapear com
final do século 15, para se confeccionar um mapa com precisão as novas descobertas.
essas características?
c) ao duplo papel da marinha da Inglaterra, ao mesmo
10) (UERJ-2006) As grandes navegações dos séculos tempo mercantil e corsária.
XV e XVI possibilitaram a exploração do Oceano
Atlântico, conhecido, à época, como Mar Tenebroso. d) às disputas entre países europeus, decorrentes do
Como resultado, um novo movimento penetrava Tratado de Tordesilhas.
nesse mundo de universos separados, dando início a e) à aliança das duas Coroas ibéricas na exploração
um processo que foi considerado por alguns marítima.
historiadores uma primeira globalização e no qual
coube aos portugueses e espanhóis um papel de 14) (VUNESP-2010) A propósito da expansão marítimo
vanguarda. comercial europeia dos séculos XV e XVI pode-se
afirmar que
A) Apresente o motivo que levou historiadores a
considerarem as grandes navegações uma primeira a) a igreja católica foi contrária à expansão e não
globalização. participou da colonização das novas terras.

B) Aponte dois fatores que contribuíram para o b) os altos custos das navegações empobreceram a
pioneirismo de Portugal e Espanha nas grandes burguesia mercantil dos países ibéricos.
navegações.
c) a centralização política fortaleceu-se com o
12) “Entre 1450 e 1620 a Europa testemunhou a onda descobrimento das novas terras.
mais carregada de energia intelectual e criativa [a
d) os europeus pretendiam absorver os princípios
cultura do renascimento] que jamais passara pelo
religiosos dos povos americanos.
continente. Foi igualmente um período em que se
deram mudanças tão extraordinárias – religiosas,

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e) os descobrimentos intensificaram o comércio de
especiarias no mar Mediterrâneo.

15) (VUNESP-2007) No extremo leste da Indonésia, na


parte oriental de uma ilha, situa-se um dos membros
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), o Timor Leste, cuja autonomia só
recentemente foi assegurada, graças à importante
presença de forças da ONU. A existência de um país
de língua portuguesa nessa região deve-se

a) à Companhia de Jesus, que disseminou o


catolicismo na região e contribuiu para que seu povo GABARITO A SEGUIR
adotasse o idioma de Camões.

b) ao imperialismo neocolonialista do final do século


XIX, que levou essa região do globo a ser partilhada
pelos países europeus.

c) à ação humanitária dos portugueses, que


intervieram na região para impedir que sua população
cristã fosse subjugada pela maioria budista.

d) aos conflitos originados da Guerra Fria, quando os


EUA apoiaram a presença portuguesa na região para
defender os interesses ocidentais.

e) à expansão comercial e marítima dos séculos XV e


XVI, que levaram as naus portuguesas a essa região,
então, incorporada ao império de Lisboa.

16) (UFSCar-2009) No fim do século XVIII, a ocupação


europeia no Oriente estava na seguinte situação:

a) os portugueses continuavam fortes no oceano


Índico e no Pacífico e tinham perdido seus domínios 1) Resposta: E
sobre Goa, Macau e Timor.
2) Resposta: A Como o Estado Lusitano, durante a
b) os holandeses controlavam algumas feitorias na Idade Moderna, está inserido no modelo do Antigo
Índia, tinham um império comercial na Indonésia e Regime, cabia à aristocracia fornecer os quadros
relações com a China e o Japão. administrativos e militares do Império Ultramarino
c) os espanhóis mantinham importantes domínios na Português.
Indonésia, comércio com o Japão e foram expulsos da 3) Resposta: A
Índia pelos franceses.
4) Resposta: B
d) os franceses, que chegaram depois, expulsaram os
espanhóis da Índia e tomaram o lugar dos 5) Resposta: A 6) Alternativa: D
portugueses em Goa e Macau.
7) a) Os países foram Portugal e Espanha.
e) com a presença inglesa na Indonésia e o comércio
b) Unilateral no sentido de que portugueses e
inglês com a China, as especiarias permaneceram
espanhóis reservaram para si o direito de converter os
como principal fator da expansão européia na Ásia.
povos conquistados à sua religião e o direito de se
apropriarem das terras descobertas, desconsiderando
ou aniquilando as demais culturas, conforme citado
no próprio texto.

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c) Para os europeus, o sentido de "descobrimento" 13) Alternativa: D Havia no século XVI uma série de
estava relacionado às metas da expansão marítima, dificuldades na demarcação geográfica. No caso o
ou seja, à necessidade de se atingir diretamente as texto faz referência as Ilhas do Atlântico.
fontes de produtos valorizados no mercado europeu. Aproveitando-se disto os países ibéricos através do
Supondo que os povos indígenas que habitavam o Tratado de Tordesilhas (1494) inseriram estas ilhas em
continente antes da chegada dos europeus não eram seus domínios.
populações autóctones, de acordo com diversas
14) Alternativa: C
teorias sobre a origem do homem na América, não se
sustenta a concepção de História que atribui aos 15) Alternativa: E
europeus o descobrimento dessas terras.
16) Alternativa: B
8) Resposta: B

9) No mapa mundi do século XV devem ser


considerados sua origem européia e o fato de, na EXERCÍCIOS
época, a maioria dos continentes não terem sido
suficientemente reconhecidos e explorados pelos 1) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (Fuvest) Sobre a
presença francesa na baía de Guanabara (1557-1560),
europeus, como por exemplo a Oceania, a Antártida e
podemos dizer que foi:
a América. Para confeccionar um mapa com tais
a) apoiada por armadores franceses católicos que
características no final do século XV, eram necessários procuravam estabelecer no Brasil a agroindústria
alguns requisitos, dos quais podemos destacar: • açucareira.
conhecer técnicas de representação e rudimentos de
cartografia; • dispor de relatos de viajantes sobre as b) um desdobramento da política francesa de luta pela
terras exploradas que contivessem descrições liberdade nos mares, e assentou-se numa exploração
suficientemente detalhadas para poderem ser econômica do tipo da feitoria comercial.
reproduzidas em um mapa; • dispor dos
conhecimentos sobre navegação e orientação da c) um protesto organizado pelos nobres franceses
época. huguenotes, descontentes com a Reforma Católica
implementada pelo Concílio de Trento.
10) a) O estabelecimento de intercâmbios – d) uma alternativa de colonização muito mais
econômicos e culturais – da Europa com povos avançada do que a portuguesa, porque os huguenotes
isolados da África, da Ásia e da América. que para cá vieram eram burgueses ricos.

b) Dois dentre os fatores: guerras de reconquista


e) parte de uma política econômica francesa levada a
vocação marítima da Península Ibérica posição cabo pelo Estado, com intuito de criar companhias de
geográfica da Península Ibérica vanguardismo ibérico comércio.
no campo náutico afluxo de capitais para a Península
Ibérica proximidade em relação à Península Itálica 2) (UFG/2006) No período da União Ibérica (1580-
processo de centralização da coroa portuguesa e 1640), o domínio espanhol sobre Portugal provocou,
espanhola. também, mudanças político-econômicas importantes
no império colonial português. Explique uma das
11) a) Graças às inovações nos transportes, ocorreu mudanças ocorridas na América portuguesa, resultante
uma redução horária entre os espaços geográficos. da dominação espanhola.
b) As grandes navegações ampliaram o horizonte
geográfico, introduzindo na cartografia da época
novos continentes e locais até então desconhecidos.
3) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (UEL/2001) “Se
c) Poderiam ser citados meios de transporte como:
determinais Deus meu dar estas mesmas terras aos
balões dirigíveis, automóveis, aviões e barcos a
piratas de Holanda, porque não as destes enquanto
combustão interna.
eram agrestes e incultas, senão agora? Tantos serviços
12) O candidato deverá relacionar as descobertas vos tem feito essa gente pervertida e apóstata, que nos
ultramarinas - que possibilitaram o conhecimento de mandasses primeiro cá por seus aposentadores, para
lhe lavrarmos as terras, para edifcarmos as cidades e
novos territórios, povos e espécies da fauna e da flora
depois de cultivadas e enriquecidas lhes entregardes?
-, com o movimento intelectual e criativo pelo qual
Assim se hão de lograr os hereges, e inimigos da fé,
passava a Europa de então. dos trabalhos portugueses e dos suores católicos (…)”.

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VIEIRA, A. “Obras completas”. Porto: Lello & b) a ocupação de Salvador, em 1624, por tropas
Irmãos,1951. v. XIV, p.315. flamengas, foi um sucesso, do ponto de vista militar,
para diminuir o poderio de Filipe II, rei da Espanha.

c) a criação da Companhia das Índias Ocidentais foi


Com base no texto e em seus conhecimentos sobre a responsável pela conquista do litoral ocidental da
presença holandesa no Brasil, é correto afirmar: África, do nordeste brasileiro e das Antilhas, visando
obter mão de obra para as lavouras antilhanas.
a) O domínio holandês no Brasil constituiu o episódio
central dos conflitos entre Portugal e Países Baixos d) o domínio holandês, no nordeste brasileiro, buscava
pelo controle do açúcar brasileiro, do tráfico de garantir o abastecimento de açúcar, controlando a
escravos africanos e das especiarias asiáticas. principal região produtora, pois foi graças ao capital
flamengo que a empresa açucareira pode ser instalada
b) Senhores de engenho, escravos e índios na colônia.
converteram-se ao calvinismo e recusaram-se a
participar do movimento de expulsão dos holandeses e) a Companhia das Índias Ocidentais, em 1634, na luta
da Bahia e de Pernambuco. pela conquista do litoral nordestino, propõe a
proteção das propriedades brasileiras submetidas à
c) A intolerância religiosa holandesa para com os custódia holandesa, porém, em troca, os brasileiros
católicos, impedindo as tradicionais festas religiosas, não poderiam manter sua liberdade religiosa.
procissões e missas, determinou a expulsão dos
calvinistas do Brasil.

d) Os portugueses renderam-se aos holandeses por


acreditarem que os batavos fundariam mais cidades no
Brasil. 5) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (Fatec/2006) Em
relação ao período da ocupação holandesa no
e) Para os portugueses, o domínio holandês no Brasil Nordeste brasileiro, afirma-se:
representou uma disputa religiosa sem implicações
políticas e econômicas para o Brasil e Portugal. I. A invasão deveu-se aos interesses dos comerciantes
holandeses pelo açúcar produzido na região, interesses
esses que foram prejudicados devido à União Ibérica
(1580-1640).

II. Foi, também, uma consequência dos conflitos


4) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (Mackenzie) (…) o econômicos e políticos que envolviam as relações
número de refinarias, na Holanda, passara de 3 ou 4 entre os chamados Países Baixos e o Império Espanhol.
(1595) para 29 (1622), das quais 25 encontravam-se em
Amsterdã, que se transformara no grande centro de III. As medidas econômicas de Nassau garantiam os
refino e distribuição do açúcar na Europa. lucros da Companhia das Índias Ocidentais e os lucros
dos senhores de engenho, já que aumentaram a
Elza Nadai e Joana Neves. produção do açúcar.

IV. A política adotada por Nassau para assentar os


holandeses na Bahia acabou por deflagrar sua derrota
e o fim da ocupação holandesa, graças à resistência
A respeito do aumento de interesse, por parte dos
dos índios e portugueses expulsos das terras que
holandeses, não apenas na refinação do açúcar
ocupavam.
brasileiro, mas também no transporte e distribuição
desse produto nos mercados europeus,
acentuadamente no século XVII, é correto afirmar que: São verdadeiras as proposições:
a) com a União Ibérica (1580-1640), os holandeses
desejavam conquistar militarmente o litoral nordestino a) I e II.
para obter postos estratégicos na luta contra a
Espanha. b) I, II e III.

c) II, III e IV.

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d) I, III e IV. Baseando-se nos versos da peça de teatro CALABAR,
responda:
e) II e IV.
a) O que era o “Brasil holandês”?

b) Por que os autores afirmam que no Brasil havia


6) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (UFTM-MG/2007) lugar “para o português e para o Banco de
Os holandeses invadiram parte do Nordeste brasileiro Amsterdam”?
no século XVII e, sob Maurício de Nassau (1637-1644),
ocorreu o auge desse domínio. A administração de 8) (IBMEC-SP/2008) “As hostilidades dos colonos luso-
Nassau foi caracterizada: brasileiros contra os holandeses começaram ainda
antes da partida de Nassau – com a retomada do
a) pela concessão de créditos aos senhores de Maranhão, em fevereiro de 1644 -, demitido de seu
engenho e por incentivos à produção cultural, com a cargo pelos diretores da companhia. O respaldo
vinda de artistas e cientistas. ideológico do catolicismo foi fundamental para unir os
colonos luso-brasileiros contra o inimigo calvinista.
b) por uma política de tolerância religiosa e pela Não por acaso a insurreição foi denominada pelos
tomada das terras dos colonos portugueses, a fim de próprios senhores de Guerra da Liberdade Divina.”
assegurar aos holandeses a produção açucareira.
Aquino, Fernando, Gilberto e Hiran. Sociedade
c) pela regularização do fornecimento de escravos brasileira. Uma história através dos movimentos
africanos e pela proibição à participação política dos sociais. RJ: Record. 1999, p. 148.
senhores de engenho.
Considerando o texto, a Insurreição Pernambucana
d) pelo aumento dos impostos cobrados aos colonos contra os holandeses resultou do (a):
portugueses e pela modernização dos engenhos de
açúcar mediante investimentos. a) Confronto entre proprietários de escravos
portugueses e os religiosos holandeses abolicionistas.
e) pela utilização intensiva de mão de obra escrava
indígena e pela política de arrocho colonial, com o b) Interesse inglês em romper com o predomínio
reforço do monopólio. mercantil holandês no Atlântico Sul.

c) Pressão da companhia holandesa para que os


proprietários rurais pagassem suas dívidas.
d) Caráter religioso antagônico entre holandeses,
protestantes, e os portugueses, católicos, no Brasil.
7) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (Unesp)
e) Pressão diplomática portuguesa, com apoio da
monarquia inglesa para resgatar seus domínios
“E se a lição foi aprendida
ocupados pelos holandeses.

a vitória não será vã.


9) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (UFSM/2013)
Analise o mapa e o texto.
Neste Brasil holandês,

Tem lugar para o português

e para o Banco de Amsterdam.”

Chico Buarque e Rui Guerra.

CALABAR, 1973.

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Os domínios holandeses da colônia portuguesa c) apenas I, II e III.
estenderam-se desde o litoral dos atuais Maranhão até
Sergipe. Para administrá-los, foi nomeado o conde d) apenas III e IV.
Maurício de Nassau, que permaneceu no cargo entre
1637 e 1644. Preocupado em normalizar a rica e) I, II, III e IV.
produção açucareira, o conde conseguiu a colaboração
de muitos senhores de engenho, concedendo- lhes
10) As Invasões Estrangeiras ao Brasil: (Unesp/2012) O
empréstimos que permitiram o aumento da
artista holandês Albert Eckhout (c.1610-c.1666) esteve
produtividade. […]
no Brasil entre 1637 e 1644, na comitiva de Maurício
de Nassau. A tela foi pintada nesse período e pode ser
A administração de Nassau destacou-se pelas considerada exemplar da forma como muitos viajantes
realizações urbanísticas e culturais, saneando e europeus representaram os índios que aqui viviam.
modernizando Recife, que se converteu num centro
urbano repleto de notáveis obras arquitetônicas,
passando a chamar-se Mauritzstadt, ou cidade
Maurícia.

Fonte: VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo.


História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione,
2008. p. 188-189. (adaptado)

A economia colonial portuguesa do nordeste


açucareiro constituiu um dos núcleos fundamentais do
mercado mundial em expansão, nos séculos XVI e XVII.
As invasões dos holandeses, o domínio das regiões
produtoras e os investimentos feitos atestam essa
importância.

Integram esse contexto histórico, entre outros, os (Albert Eckhout. Índia Tarairiu (tapuia), 1641.)
seguintes processos:
Identifique e analise dois elementos da imagem que
I. o domínio da Espanha sobre Portugal durante a expressem esse “olhar europeu” sobre o Brasil.
denominada “União Ibérica”.

II. as rivalidades entre holandeses e espanhóis na


Europa, fruto das lutas para a formação do Estado
Nacional holandês em territórios sob o domínio da
monarquia espanhola. GABARITO NA PÁGINA A SEGUIR

III. a continuidade da produção açucareira,


caracterizada como uma economia colonial típica,
voltada para o exterior, com a função de promover a
acumulação primitiva do capital.

IV. o enfraquecimento do controle dos senhores sobre


seus escravos durante o conflito com os holandeses,
facilitando o aumento das fugas e a ampliação
da população dos quilombos, principalmente o de
Palmares.
Está(ão) correta(s):

a) apenas I.

b) apenas II.

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b) Durante a administração de Maurício de Nassau,
banqueiros holandeses financiavam a obtenção de
escravos e a produção açucareira aos senhores de
engenho, havendo uma relativa tranquilidade na
convivência entre os invasores e invadidos.

8) c;

9) e;

10) Importante perceber que a questão não exige que


se destaque elementos quaisquer da obra, mas aqueles
que mostram o “olhar europeu”, ou seja, a visão do
conquistar/colonizador, frente a uma nova realidade.
Nesse sentido pode-se destacar:

Gabarito com as 1. A folha cobrindo o sexo da indígena, elemento


introduzido pelo autor da obra, devido ao moralismo
respostas das questões cristão da época, uma vez que os índios andavam nus.

de História do Brasil 2. Os pedaços de corpos carregados pela índia, em sua


mão e na cesta, indicando a visão de que os nativos
sobre As Invasões eram selvagens e canibais, representando uma
Estrangeiras ao Brasil: ameaça.

1) b EXERCÍCIOS
2) – A expansão das fronteiras e o rompimento das 1 - Após a Proclamação da Independência do Brasil
linhas definidas pelo Tratado de Tordesilhas; em 1822, o Governo Imperial teve a necessidade
de criar rapidamente uma Esquadra Brasileira com
– A união das coroas ibéricas foi fundamental para as a intenção de efetivar a Independência e combater
invasões holandesas no Nordeste brasileiro em busca, as forças opositoras à autonomia política da nação.
do domínio das regiões produtoras de açúcar, em Além de a recém criada Marinha do Brasil ter sido
fundamental na guerra pela independência, que
função das guerras contra os e espanhóis;
outro fator de destaque pode ser atribuído à
Esquadra Imperial Brasileira?
– Incentivo às expedições em busca de ouro.
a) A transformação da colônia brasileira em uma
República.

b) A manutenção da unidade territorial brasileira.


3) a;
c) A incorporação das Províncias Unidas do Prata
4) d; ao território brasileiro.

5) b; d) O apresamento dos navios portugueses seguido


da tomada da cidade de Lisboa .
6) a;
e) A proibição de contratação de estrangeiros
para comporem a Marinha do Brasil.
7) a) O nordeste brasileiro ocupado pelos holandeses,
a partir das invasões na Bahia (1624-25), e em
2 - Durante a Guerra Cisplatina, a Marinha Imperial
Pernambuco (1630-1654) após a proibição do rei da brasileira lutou com a Força Naval argentina e com
Espanha, durante a União Ibérica, da participação corsários que atacavam os navios mercantes
holandesa no comércio do açúcar brasileiro. brasileiros por toda a nossa costa. Assinale a opção

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que apresenta a primeira ação de guerra da Força • E. A faixa que vai de Porto Alegre ao Chuí e a
Naval brasileira na Guerra Cisplatina. área em torno da hidrovia do Paraná-Tietê.

a) Estabelecimento de um bloqueio fluvial no Rio da De acordo com as Diretrizes da Estratégia


Prata. Nacional de Defesa (Decreto nº 6.703 de 18 de
dezembro de 2008), a organização das Forças
b) Abordagem e captura de uma Fragata Argentina.
Armadas está baseada sobre que égide?
• A. Deslocamento, concentração e
c) Conquista de uma praça fortificada na margem
esquerda do Rio da Prata. permanência.
• B. Surpresa, preparo e unidade de comando.
d) Corte do abastecimento por mar da capital • C. Manobra, prontidão e segurança.
argentina. • D. Monitoramento/controle, mobilidade e
presença.
e)Resgate de dois navios mercantes capturados por • E. Simplicidade, flexibilidade e mobilidade.
corsários.

GABARITO: 1-C e 2-D

REVISÃO.

1-É correto afirmar : O Brasil é pacífico por tradição e


por convicção. Rege suas relações internacionais,
EXERCÍCIOS DE dentre outros, pelos princípios constitucionais da
intervenção, para manter a paz e solução por meio da
REVISÃO PND/PNE dissuasão para a solução dos conflitos.

2- A organização da indústria de material de defesa,


tem a finalidade de assegurar a autonomia
1 - A política oficial de defesa e segurança do Brasil operacional para as três Forças.
está explicitada em documento intitulado Estratégia
Nacional de Defesa. 3- Se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no
mundo, Não é necessário estar preparado para
Correto ( ) defender-se, pois somos pacíficos e não estamos
sujeitos a sofrermos a ameaças e nem agressões,
Falso ( )
NR02 falso ou verdadeiro?

1-Estratégia nacional de defesa pode se separar da


2 - De acordo com a Estratégia Nacional da estratégia nacional de desenvolvimento. Falso –
Defesa (Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro inseparável
de 2008), a construção de meios para exercer
2- Os recursos demandados pela defesa exigem uma
o controle de áreas marítimas terá como focos
transformação de consciências para que se constitua
as áreas estratégicas de acesso marítimo ao
uma estratégia de defesa para o Brasil. Verdadeiro
Brasil. Duas áreas do litoral continuarão a
merecer atenção especial, do ponto de vista da 3- Projeto forte de defesa favorece projeto forte de
necessidade de controlar o acesso marítimo ao desenvolvimento, é certo afirmar que devem se guiar
Brasil. Quais são essas áreas? pelos princípios pautados na Independência nacional,
efetivada pela mobilização de recursos físicos,
• A. A faixa que vai de Fortaleza a Natal e a área
econômicos e humanos, pela capacitação tecnológica
que contém os afluentes do rio Amazonas.
autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial,
• B. A faixa que vai da Bahia ao Rio de Janeiro e
cibernético e nuclear e assegurada pela
a área em torno da foz do Rio da Prata.
• C. A faixa que vai de Santos a Vitória e a área democratização de oportunidades educativas e
em torno da foz do rio Amazonas. econômicas. Verdadeiro
• D. A faixa que vai do Rio de Janeiro a
Florianópolis e a área que contém os afluentes 4- A reorganização da indústria nacional de material
do rio Paraguai. de defesa, para assegurar que o atendimento das

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necessidades de equipamento das Forças Armadas 11-Quanto ao reposicionamento da 03 Forças, a
apoie-se em tecnologias sob domínio nacional ,não Marinha deverá estar concentrada na área do RJ,
pode ser considerado como um eixo estruturante para visando aprimorar a defesa da concentração da
organização da A Estratégia Nacional de Defesa FALSO Esquadra e o Exército deverá posicionar suas reservas
É UM EIXO ESTRUTURANTE É O SEGUNDO EIXO 5- estratégicas no centro do País, de onde poderão se
Quais são os outros eixos? Os outros são deslocar em qualquer direção. Errado :A Marinha
deverá estar mais presente na região da foz do
1-As Forças Armadas devem-se organizar e orientar Amazonas e nas grandes bacias fluviais do Amazonas
para melhor desempenharem sua destinação e do Paraguai-Paraná.
constitucional e O terceiro eixo estruturante versa
sobre a composição dos efetivos das Forças Armadas 12- Em face às dimensões continentais do território
e, consequentemente, sobre o futuro do Serviço nacional, presença não pode significar onipresença. A
Militar Obrigatório presença ganha efetividade graças à sua relação com
monitoramento/controle e com mobilidade nas
6-Ao lado da destinação constitucional e das fronteiras terrestres e nas águas jurisdicionais
competências próprias de cada Força e da maneira de brasileiras, as unidades militares têm, sobretudo,
sistematizá-las em estratégia de defesa integrada, tarefas de .............vigilância!
aborda-se o papel de três setores decisivos para a
defesa nacional o marítimo, o cibernético e o nuclear. 13- Permitir que organizações ou indivíduos sirvam de
falso são o espacial, o cibernético e o nuclear instrumentos para interesses estrangeiros – políticos
Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa 23 pontos ou econômicos – na Amazônia, bem como nações
queiram a tutela sobre as suas decisões a respeito de
7-As Forças Armadas devem ser organizadas sob a preservação, de desenvolvimento e de defesa da
égide do binômio :mobilidade e presença. Não Amazônia. O que isso fere? O princípio da soberania
trinômio monitoramento/controle, mobilidade e brasileira.
presença. 9 www.mcaconcursos.com Organização
básica da Marinha – Professor Diógenes 14- Desenvolver, para atender aos requisitos de
monitoramento/controle, mobilidade e presença, o
8-O imperativo de mobilidade ganha importância conceito de flexibilidade no combate no caso da
decisiva, dadas a vastidão do espaço a defender e a Amazônia está correlacionado a assegurar que as
escassez dos meios para defendê-lo. O esforço de forças convencionais adquiram predicados
presença, sobretudo ao longo das fronteiras terrestres comumente associados a forças não-convencionais
e nas partes mais estratégicas do litoral, tem pode parecer mais evidente no ambiente da selva
limitações intrínsecas e a mobilidade que permitirá amazônica. Certo
superar o efeito prejudicial de tais limitações. SIM-
CORRETO 15- O Brasil não tem inimigos no presente. Para não
os ter no futuro, é preciso preservar a paz e preparar-
9-O Brasil tem compromisso ( CFRB) e da adesão ao se para a guerra. Convém organizar as Forças Armadas
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares – em torno de inimigos específicos, não em torno de
com o uso estritamente pacífico da energia nuclear. capacidades ERRADO Convém organizar as Forças
Entretanto, afirma a necessidade estratégica de Armadas em torno de capacidades, não em torno de
desenvolver e dominar essa Tecnologia visando inimigos específicos.
garantir a supremacia militar nuclear na América do
Sul. Qual o erro nesta afirmação? Visa garantir 16-Quanto às responsabilidades constitucionais das
equilíbrio e a versatilidade da sua matriz energética Forças Armadas. Está correto a afirmativa abaixo:
(maioria matriz Hidroelétrica) e avançar em áreas, tais Efetuar operações internas em garantia da lei e da
como as de agricultura e saúde, que podem se ordem (GLO), quando os poderes constituídos não
beneficiar da tecnologia de energia nuclear. conseguem garantir a paz pública e um dos Chefes
dos três Poderes o requer. SIM
10- O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas será
chefiado por um Civil com notório saber por indicação 17- A formulação e a execução da política de compras
do Presidente da República, escutado o Senado de produtos de defesa serão centralizadas no
Federal, e terá a participação dos Chefes dos Estados- Ministério da Defesa, sob a responsabilidade de uma
Maiores das três Forças (tese da unificação secretaria de produtos de defesa, é admitida
doutrinária) e será subordinado diretamente ao delegação na sua execução? SIM
Ministro da Defesa. Errado Oficial-General de último
posto ( 04 estrelas)

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18- É condição para que se possa mobilizar o povo III – os componentes da reserva das Forças
brasileiro em defesa da soberania nacional a Armadas quando convocados, reincluídos,
Manutenção do serviço militar obrigatório sim designados ou mobilizados;
IV – os alunos de órgão de formação de militares
19- Dentre as tarefas estratégicas apresentadas, da ativa e da reserva; e
relacionadas ao poder naval, qual é a que organiza, a V – em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro
estratégia de defesa marítima do Brasil e tem mobilizado para o serviço ativo nas Forças
implicações para a reconfiguração das forças navais? Armadas.
A negação do uso do mar ao inimigo
05 - COMO ESTÃO DISPOSTOS OS MILITARES
20- Duas áreas do litoral continuarão a merecer NA INATIVIDADE?
atenção especial, do ponto de vista da necessidade de
controlar o acesso marítimo ao Brasil? a faixa que vai I –os da reserva remunerada, quando pertençam
de Santos a Vitória e a área em torno da foz do Rio à reserva das Forças Armadas e percebam
Amazonas. 21- Para assegurar sua capacidade de remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à
projeção de poder, a Marinha possuirá, que tipo de prestação de serviço na ativa, mediante
meios? Meios de Fuzileiros Navais, em permanente convocação ou mobilização; e
condição de pronto emprego. II – os reformados, quando, tendo passado por
uma das situações anteriores estejam
22- A Marinha iniciará os estudos e preparativos para dispensados, definitivamente, da prestação de
estabelecer, em lugar próprio, uma base naval de uso serviço na ativa, mas continuem a perceber
múltiplo, comparável, na abrangência e na densidade remuneração da União.
de seus meios, à Base Naval do Rio de Janeiro. QUAL III– os da reserva remunerada, e,
O LOCAL? o mais próximo possível da foz do rio excepcionalmente, os reformados, executando
Amazonas. tarefa por tempo certo, segundo regulamentação
para cada Força Armada.
QUESTÕES SOBRE O
06 - INDIVIDUALMENTE, São considerados
ESTATUTOS DOS MILITARES reserva das Forças Armadas:
01 - O QUE REGULA O ESTATUTO DOS
a) os militares da reserva remunerada; e
MILITARES ?
b) os demais cidadãos em condições de
R - O presente Estatuto regula a situação,
convocação ou de mobilização para a ativa.
obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos
membros das Forças Armadas.
07 – NO CONJUNTO GERAL, São considerados
reserva das Forças Armadas
02 - Os membros das Forças Armadas, em razão
de sua destinação constitucional, formam uma
a) as Polícias Militares; e
categoria especial de servidores da Pátria,por
b) os Corpos de Bombeiros Militares.
isso são denominados?
R- são denominados militares.
08 - Como são denominadas as empresas
03 – COMO ESTÃO COMPOSTOS OS
declaradas diretamente devotada às finalidades
MILITARES?
precípuas das Forças Armadas e quais são elas?
R – São compostos por militares DA ATIVA E DA
R - São denominadas empresas de atividade
RESERVA –INATIVIDADE.
efeitos de mobilização e de emprego e são
consideradas reserva das Forças Armadas. Por
04 - COMO ESTÃO DISPOSTOS OS MILITARES
exemplo A Marinha Mercante, a Aviação Civil.
DA ATIVA:
Porém o pessoal civil que trabalha nessas áreas
só serão considerados militares se convocados.
I – os de carreira;
II – os incorporados às Forças Armadas para
prestação de serviço militar inicial, durante os
09 - A condição jurídica dos militares é definida
prazos previstos na legislação que trata do
pelos dispositivos da Constituição que lhes sejam
serviço militar, ou durante as prorrogações
aplicáveis, por este Estatuto e pela legislação,
daqueles prazos;

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que lhes outorgam direitos e prerrogativas e lhes
impõem deveres e obrigações.
Art. 8º - O disposto neste Estatuto aplica-se, no
que couber:
I – aos militares da reserva remunerada e
reformados;
II – aos alunos de órgão de formação da reserva;
III – aos membros do Magistério Militar; e
IV – aos Capelães Militares.

10 - Os oficiais-generais nomeados Ministros do


Superior Tribunal Militar, os membros do
Magistério Militar e os Capelães Militares são
regidos por legislação específica, quando se
tratar de suas situações, jurídicas por serem
militares.

11 – Quando é facultado o ingresso nas Forças


Armadas?
É facultado mediante incorporação, matrícula ou
nomeação, a todos os brasileiros que preencham
WHATSAPP 21992416387
os requisitos estabelecidos em lei e nos
regulamentos da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
APOSTILA DE REDAÇÃO POR R$15,00
12 - Quando houver conveniência para o serviço
de qualquer das Forças Armadas, o brasileiro
possuidor de reconhecida competência técnico
profissional ou de notória cultura científica
poderá, mediante sua aquiescência e proposta
do Ministro da Força interessada, ser?

R - Poderá ser incluído nos Quadros ou Corpos


da Reserva e convocado para o serviço na ativa
em caráter transitório.

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Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) equilibrado de carreira para os
o que se afirma abaixo sobre os militares. O planejamento da carreira
Direitos e as Prerrogativas dos dos oficiais e das praças é atribuição de
Militares, conforme as informações cada um dos Ministérios das Forças
contidas no Estatuto dos Militares, Lei Singulares.
nº 6880, de 9 de dezembro de 1980. ( ) As promoções serão efetuadas pelos
critérios de antiguidade, merecimento
( ) O ingresso nas Forças Armadas é ou escolha, ou, ainda,
facultado, mediante incorporação, por bravura e post mortem. Em casos
matrícula ou nomeação, a todos os extraordinários e independentemente
brasileiros que preencham os requisitos de vagas, poderá haver promoção em
estabelecidos em lei e nos ressarcimento de preterição. A
regulamentos da Marinha, do Exército promoção de militar feita em
e da Aeronáutica. Quando houver ressarcimento de preterição será
conveniência para o serviço de efetuada segundo os critérios de
qualquer das Forças Armadas, o antiguidade ou merecimento,
brasileiro possuidor de reconhecida recebendo ele o número que lhe
competência técnico-profissional ou de competir na escala hierárquica, como
notória cultura científica poderá, se houvesse sido promovido, na época
mediante sua aquiescência e proposta devida, pelo critério em que ora é feita
do Ministro da Força interessada, ser sua promoção.
incluído nos Quadros ou Corpos da ( ) Férias são afastamentos totais do
Reserva e convocado para o serviço na serviço, anual e obrigatoriamente
ativa em caráter transitório. concedidos aos militares para
( ) A remuneração dos militares será descanso, a partir do último mês do ano
estabelecida em legislação específica, a que se referem e durante todo o ano
comum às Forças Armadas. Na ativa, o seguinte. O Poder Executivo fixará a
militar receberá soldo, gratificações e duração das férias, inclusive para os
indenizações regulares. O soldo é militares servindo em localidades
irredutível e não está sujeito à penhora, especiais. Compete aos Ministros
sequestro ou arresto, exceto nos casos Militares regulamentar a concessão de
previstos em lei. Por ocasião de sua férias. A concessão de férias fica
passagem para a inatividade, o militar prejudicada pelo gozo anterior de
terá direito a tantas quotas de soldo licença para tratamento de saúde, bem
quantos forem os anos de serviço, como por punição anterior decorrente
computáveis para a inatividade, até o de contravenção ou transgressão
máximo de 15 (quinze) anos. disciplinar, ou pelo estado de guerra, ou
( ) O acesso na hierarquia militar, para que sejam cumpridos atos em
fundamentado principalmente no valor serviço.
moral e profissional, é seletivo, gradual
e sucessivo e será feito mediante Marque a alternativa com a sequência
promoções, de conformidade com a correta.
legislação e regulamentação de
promoções de oficiais e de praças, de GABARITO - (V), (F), (V), (V), (F)
modo a obter-se um fluxo regular e

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O GESTO DE LEVAR A PONTA DA


EXERCÍCIOS
ESPADA ATÉ O CHÃO É UMA ANTIGA
TRADIÇÕES NAVAIS DEMONSTRAÇÃO DE:
Selecione uma das seguintes:

1 - NOS NAVIOS, AS SITUAÇÕES •


HIERARQUIA
PREVISTAS PARA FAINAS OU •
RESPEITO
FORMATURAS E QUE DESIGNA

CADA HOMEM PARA UM RELAXAMENTO
DETERMINADO POSTO OU FUNÇÃO •
SUBMISSÃO
É DESCRITO:

Selecione uma das seguintes AUTORIDADE
Anterior

NA TABELA MESTRA
Na Marinha do Brasil, quando um navio

NA ORDEM DE SERVIÇO é desarmado, seu livros arquivados em
• que OM?
NO PLANO DO DIA
Selecione uma das seguintes:

NO QUADRO DE AVISO •
Capitania dos Portos

NA PORTARIA •
SDM

1º DN
2 - Se embarcar no navio o

Comandante da Força Naval, onde ele DAdM

irá se alojar: •
DAbM
Selecione uma das seguintes:
REFERENTE A SAUDAÇÃO COM

No camarote CANHÕES, ASSINALE A OPÇÃO

CORRETA:
No alojamento dos oficiais

Selecione uma das seguintes:
No camarim •

A MAIOR SALVA DE TIRO DE CANHÃO É
Na câmara do Comandante DE 28 TIROS

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A SALVA DE 14 TIROS ERA A SALVA DA Que o navio é comandado por um oficial MB
MARINHA BRITÂNICA

• Que o senhor Comandante está ausente
A SALVA DE TIRO É CONSAGRADO NA
NODAM
Defina o significado da palavra
• Belonave:
NA ÉPOCA DE HENRIQUE VII, UM
CANHÃO NÃO REPETIA O TIRO
REFERENTE A SALVA DE APITO,

PARA CADA TIRO DE CANHÃO DE QUANTOS TOQUES E VIVAS É DADA
BORDO, A TERRA RESPONDIA EM 3
TIROS COMO HONRA MÁXIMA?
ADDBECD,NAVIO DE GUERRA,D,A,D,EC Selecione uma das seguintes:

Nos navios antigos as armas portáteis 21

privadas dos oficiais eram guardadas •


28
em que local: •
Selecione uma das seguintes: 14


Camarim 7

• •
Câmara 1


Praça d’armas OS INTERVALOS DOS QUARTOS
• SÃO MARCADAS POR BATIDAS DE
Alojamentos dos oficiais
SINO DE BORDO, AO FIM DE CADA

Paiol de material bélico MEIA HORA. QUANTAS BATIDAS
SERÃO DADAS NA 5ª MEIA HORA DO
No topo do mastro dos navios da
QUARTO?
Marinha do Brasil, existe uma flâmula
Selecione uma das seguintes:
com 21 estrelas, o que ela significa

Selecione uma das seguintes: DUAS BATIDAS DUPLAS E UMA SINGELA
• •
Que o senhor Comandante está à bordo TRÊS BATIDAS DUPLAS
• •
Que o navio está em final de comissão no DUAS BATIDAS DUPLAS
exterior

• TRÊS BATIDAS DUPLAS E UMA SINGELA
Que há um oficial à bordo de Marinha
Estrangeira •
UMA BATIDA DUPLA E UMA SINGELA

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Defina o significado da palavra Arribar:
AS MEDALHAS SÃO USADAS DO LADO
Selecione uma das seguintes: ESQUERDO DO PEITO

• •
Encostar o navio a um cais OS COSTUMES DE USO DE MEDALHAS
VEM DOS TEMPOS GLACIAIS

Desencostar do cais onde esteve atracado •
OS CAVALEIROS USAVAM O ESCUDO NA
• MÃO DIREITA
Recolher o peso ou amarra do fundo

Voltar ao ponto de partida
Na cerimônia de incorporação de um

Prender o navio ao fundo navio de guerra, faz parte a mostra de
armamento. Defina seu significado:
Selecione uma das seguintes:

EM UM NAVIO DE GUERRA, QUAL A
Balanço dos projeteis do paiol
SUA PRINCIPAL FAINA? •
Teste de tiro real do canhão de popa
Selecione uma das seguintes:


Constitui em uma inspeção no navio a saber
SOCORRO EXTERNO
se está tudo em ordem


INCÊNDIO
Formar os artilheiros em seus postos de
• combate para exercício real
RECOLHIMENTO DE NÁUFRAGO

• Teste de tiro real do canhão de proa
HOMEM AO MAR

POSTO DE COMBATE
REFERENTE A REFEIÇÕES DE
BORDO, A QUEM COMPETE
REFERENTE A CONDECORAÇÕES E
PRESIDIR AS REFEIÇÕES SO/SG:
MEDALHAS, ASSINALE A OPÇÃO
Selecione uma das seguintes:
CORRETA:

Selecione uma das seguintes: OFICIAL DE SERVIÇO

• •
AS CONDECORAÇÕES SÃO USADAS DO CONTA MESTRE DE SERVIÇO
LADO DIREITO DO PEITO

• OFICIAL MAIS ANTIGO
OS CAVALEIROS USAVAM OS ESCUDOS

PARA PROTEGE A CABEÇA MESTRE DO NAVIO

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IDENTIFIQUE ABAIXO, O OFICIAL
MESTRE D’ARMAS
EXECUTIVO DO NAVIO:
NO PERÍODO COMPREENDIDO, Selecione uma das seguintes:
ENTRE A ALVORADA E O SILÊNCIO, •
IMEDIATO
EM QUANTOS QUARTOS DE HORA

SÃO DIVIDIDOS: OFICIAL DE MÁQUINAS

Selecione uma das seguintes: •


ENCARREGADO DA DIVISÃO DE
• PESSOAL
4

• CHEFE DA INTENDÊNCIA
8

• ENCARREGADO DE ARMAMENTO
6 ADDBECD,NAVIO DE GUERRA,D,A,D,EC,ABBDaDAD

2 Antigamente os navios eram pintados

na cor preta, este costume vinha de que
10
povos:
OS INTERVALOS DOS QUARTOS
Selecione uma das seguintes:
SÃO MARCADAS POR BATIDAS DE

SINO DE BORDO, AO FIM DE CADA Romanos

MEIA HORA. QUANTAS BATIDAS •


Gregos
SERÃO DADAS NA 3ª MEIA HORA DO

QUARTO? Egípcios

Selecione uma das seguintes:
Portugueses


UMA BATIDA DUPLA
Fenícios

UMA BATIDA SINGELA
REFERENTE AO SINAL DE LUTO,

TRÊS BATIDAS DUPLAS ASSINALE A OPÇÃO CORRETA:
• Selecione uma das seguintes:
UMA BATIDA DUPLA E UMA SINGELA

• O JEQUE É IÇADO ATÉ O TOPE DO
TRÊS BATIDAS DUPLAS E UMA SINGELA MASTRO

A BANDEIRA NACIONAL É IÇADA ATÉ O
TOPE DO MASTRO

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SOMENTE A BANDEIRA NACIONAL É
IÇADA A MEIO PAU

O JEQUE ACOMPANHA A BANDEIRA
NACIONAL A MEIO PAU

O JEQUE E BANDEIRA NACIONAL É
IÇADA ATÉ O TOPE DO MASTRO E
PERMANECE

GABARITO DE FORMA RESPECTIVA:


1-A 2-D 3-D 4-B 5-E 6-C 7-D 8-NAVIO
DE GUERRA 9-D 10-A 11-D 12-E 13-C
14-A 15-B 16-B 17-D 18-A 19-D 20-A
21-D

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decisões são tomadas, em vez
Exercícios: de quais decisões devem ser
tomadas, já os Gerentes
Relações focam nos pontos importantes
dos eventos e decisões.
• E.os Líderes tomam uma
Humanas e atitude impessoal e passiva
em relação aos objetivos, já os
Liderança: Gerentes tomam uma atitude
ativa e pessoal em relação aos
objetivos.

Qual o tipo de liderança em que os


seguidores atribuem capacidades
heroicas ou extraordinárias a seus
líderes quando observam
determinados comportamentos?
• A.Carismática
• B.Autocrática
• C.Democrática
• D.Liberal

Quais são os conceitos


Considerando-se as diferenças fundamentais do processo de
existentes entre os líderes e atribuição de autoridade e que
gerentes, é correto afirmar que: podem ser observados na figura a
• A.os Gerentes tomam uma seguir?
atitude impessoal e passiva
em relação aos objetivos, já os
Líderes tomam uma atitude
ativa e pessoal em relação aos
objetivos.
• B.os Gerentes procuram o
risco quando as oportunidades • A.Estratégia e fator humano.
são interessantes, já os • B.Hierarquia e amplitude de
Líderes evitam o risco. controle.
• C.os Gerentes se relacionam • C.Formalização e estruturação
com as pessoas de modo de cargos.
direto e com empatia, já os • D.Complexidade e estabilidade
Líderes preferem trabalhar ambiental.
com pessoas, mas com pouco • E.Políticas e avaliação de
envolvimento emocional. desempenho.
• D.os Líderes focam no
processo, no “ como” as

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A liderança é uma conquista na qual
o líder é aceito pela equipe em Os estudos sobre liderança
virtude da maneira como a conduz e desenvolvidos pela Universidade de
como se relaciona com ela. Assinale Ohio nos anos de 1940, buscaram
a alternativa que apresenta como o identificar dimensões independentes
líder pode ser no exercício da do comportamento do líder,
liderança, quando a situação descrevendo duas categorias de
permite que ele delegue decisões à liderança, que são:
equipe e ajude-a a implementá-las • A.diretiva e colaborativa.

com sucesso. • B.democrática e autocrática.

• A.Autocrático. • C.autocentrada e cooperativa.

• B.Vendedor. • D.ênfase nas pessoas e

• C.Democrático. ênfase na produção.


• D.Participativo. • E.estrutura de iniciação e

• E.Abdicrático. consideração.

Profissional de Nível Universitário Jr


Com relação às teorias de O entendimento sobre o processo
liderança, assinale V para a de liderança passa pela discussão
afirmativa verdadeira e F para a sobre os contextos em que ela se
falsa. aplica, as características dos
( ) O estilo de liderança chamado de líderes, dos liderados e da tarefa e
laissez faire ou democrático sobre os estilos de liderança
caracteriza-se pela autonomia e propriamente ditos. A respeito do
pelo apoio do líder às decisões do fenômeno da liderança nas
grupo. organizações, assinale a alternativa
correta.
( ) A teoria dos traços se concentra
• A.O estilo de liderança
nos atributos pessoais,
transacional é aquele que
características físicas, mentais e
oferece recompensa ou
culturais como diferencial para a
ameaça, especialmente às
geração de lideranças.
necessidades básicas dos
( ) O grid gerencial distingue cinco seguidores.
estilos básicos de liderança que se • B.Liderança e autoridade
deslocam entre a preocupação com formal são sinônimos quando
as pessoas e a preocupação com a tratamos dos relacionamentos
produção. hierárquicos da organização.
• C.O seguidor obedece à lei
As afirmativas são,
respectivamente, incorporada na figura do líder.
• D.A liderança orientada para
• A.F – V – F. as pessoas focaliza o trabalho
• B.F – V – V. do subordinado e enfatiza o
• C.V– F – F. cumprimento de prazos, metas
• D.V – V – F. e padrões de qualidade.
• E.V – F – V.

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• E.Os estudos sobre traços de • A.Forças nos subordinados:
personalidade focalizam a competências pessoais,
possibilidade de necessidade de autonomia,
desenvolvimento de desejo de assumir
habilidades para liderança. responsabilidade, sua
compreensão do problema e
desejo de participar das
Michael Porter defende que a decisões.
análise do escopo e da vantagem • B.Forças nos subordinados:
competitiva de um negócio pode competências pessoais,
produzir três estratégias genéricas necessidade de autonomia,
para atingir desempenho superior desejo de assumir
em um setor. Essa proposição vem responsabilidade, suas
sendo amplamente divulgada no inclinações sobre como liderar,
campo teórico e prático da sua compreensão do problema
administração estratégica desde a e cultura organizacional.
década de 1980. Assinale a • C.Forças no gerente: valores
alternativa que apresenta as três pessoais do gerente, suas
estratégias genéricas propostas por convicções pessoais,
Porter. competência do gerente,
• A.Diferenciação de imagem, cultura organizacional,
redução de custos e análise confiança nos subordinados,
ambiental. suas inclinações sobre como
• B.Liderança de custo, liderar, tolerância para
diferenciação e foco. ambiguidade e problema a ser
• C.Nicho, pioneirismo e foco resolvido.
em lucratividade. • D.Forças no gerente: valores
• D.Liderança em qualidade, pessoais do gerente, suas
mimetismo e diferenciação de convicções pessoais,
preço. competência do gerente,
• E.Preço, qualidade e necessidade de autonomia,
atendimento. suas inclinações sobre como
liderar, tolerância para
Fiscal Fisioterapeuta ambiguidade e problema a ser
Segundo as teorias situacionais de resolvido e desejo de participar
liderança para escolher o padrão de das decisões.
liderança a adotar em relação aos • E.Forças no gerente:
subordinados, o administrador deve competências pessoais,
considerar e avaliar três forças que necessidade de autonomia,
agem simultaneamente: forças na desejo de assumir
situação, forças no gerente e forças responsabilidade, sua
nos subordinados. compreensão do problema e
Em relação a essas forças, escolha cultura organizacional.
a opção correta:

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A História da Navegação A Expansão Marítima Europeia e o Invasões Estrangeiras ao Formação da Marinha Atuação da Marinha nos GUERRA DA TRÍPLICE A MARINHA NA O Emprego Permanente do
Descobrimento do Brasil Brasil Imperial Brasileira Conflitos da Regência ALIANÇA REPÚBLICA Poder Naval
Introdução
Grandes Navegações Guerra de Corso A Vinda da Família Real Conflitos Internos Contexto Histórico Reaparelhamento Naval de 1904 O Poder Naval na guerra e na paz
Objetivos
Objetivos Objetivos Objetivos Objetivos Objetivos Objetivos Tipos de persuasão naval:
Descrever o desenvolvimento da relação
das sociedades da antiguidade com o mar
Descrever o emprego do poder marítimo Descrever o surgimento da estratégia naval Descrever os antecedentes históricos do Reconhecer a influência da Marinha nos Identificar os motivos que causaram a Identificar as características dos programas Dissuasão: evitar uma ação pelo receio
no desenvolvimento de Portugal conhecida como “Guerra de Corso” processo de independência do Brasil conflitos internos Guerra da Tríplice de reaparelhamento naval de 1904 das consequências. É um estado mental
Identificar os tipos básicos de navios da provocado pela existência de uma
antiguidade ameaça credível de uma retaliação
Identificar as consequências da guerra de
Expansão Marítima de Portugal Motivo Revoltas Introdução Programa Naval inaceitável
corso para o Brasil colonial
Os Navios de Madeira Por que Portugal estava em vantagem para Napoleão declarou o Bloqueio Continental , Cabanagem A Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) foi O Deputado Dr. Laurindo Pitta apresentou Ex: Guerra da Lagosta
liderar as navegações oceânicas no século O que é um Corsário? que proibia o comércio das nações o maior conflito militar na América do Sul, à Câmara, em julho de 1904, um projeto
Galés: eram embarcações movidas XV? europeias com a Inglaterra unindo Brasil, Argentina e Uruguai contra o que continha o programa naval do
Guerra dos Farrapos ou Revolução
principalmente por remos, algumas com Paraguai Almirante Júlio de Noronha, sendo o Coerção: Empregar ofensivamente o poder
Corsários eram particulares que recebiam Farroupilha
muitos remadores, embora pudessem projeto finalmente aprovado, quase que naval, e através do confronto, persuadir o
Estabilidade política autorização de um país em conflito (Carta de Por que a família Real fugiu para o Brasil?
também ter velas. Solano López assume o governo do por unanimidade, ele se transformou no inimigo
Marca ou Patente de Corso), para operar sob Sabinada Decreto no 1.296, de 14 de novembro de
sua bandeira em ataques ao comércio Paraguai, com um política de ampliação da
União de interesses entre a realeza e a O descumprimento por Portugal levou 1904.
Navio: uma embarcação grande, marítimo e às colônias do adversário política externa do País Ex: Guerra da Tríplice Aliança
burguesia mercantil. Napoleão a invadir esse país. Em
construída há mais de dois mil anos. Balaiada
consequência, a Corte portuguesa fugiu
Empregava-se a madeira, pois ela foi o O envolvimento brasileiro na política interna Foi aprovada a aquisição de três
para o Brasil (1807) que, depois, foi elevado
primeiro material que se mostrou mais Motivação uruguaia (1864), em apoio a Venâncio Flores encouraçados, três
A expansão marítima portuguesa a Reino Unido com Portugal e Algarve Revolta Praieira
adequado para a construção naval. (Partido Colorado), levou López a declarar cruzadores-encouraçados, 18 torpedeiras e
caracterizou-se por duas vertentes: (1815), passos importantes para nossa
guerra ao Brasil e invadir o Mato Grosso três submarinos e outras modernizações
Os demais reinos da Europa, independência Em todas estas revoltas, a Marinha não
A primeira, de aspecto imediatista, principalmente França e Inglaterra, não
Os Navios Portugueses enfrentou nenhum grande inimigo no mar.
realizada ao norte do continente africano, aceitaram a divisão dos mares e terras López enviou 10.000 soldados ao Uruguai,
Embora na Guerra dos Farrapos os rebeldes Conclusões
visava à obtenção de riquezas acumuladas descobertas entre Portugal e Espanha, mas como não obteve permissão para
Conclusões tenham formado uma pequena flotilha de
Caravelas: velas latinas, próprias para naquelas regiões através de prática de causando uma série de conflitos. cruzar o território argentino, também
embarcações armadas, que foi facilmente
navegar com qualquer vento, e por pilhagens. invadiu esse país O programa de reaparelhamento naval de
A família Real portuguesa se viu obrigada vencida
isso, adequadas às explorações. Franceses, ingleses e holandeses 1906 trouxe meios modernos para a
a fugir para o Brasil, devido a iminente Marinha, mas estes não puderam ser
Na segunda , o objetivo colocava-se mais a começaram a atacar o tráfego mercante e
invasão do exército de Napoleão efetivamente aproveitados devido à falta
Galeão: navio de guerra maior e com mais longo prazo, já que se buscava conquistar as colônias ibéricas, até conseguirem Conclusões Marinha do Brasil no início da guerra
recursos suficientes para estabelecer suas de capacidade tecnológica e industrial do
canhões, para combater turcos no Oriente, pontos estratégicos das rotas comerciais com
próprias colônias país
corsários e piratas. Foi a origem do navio o Oriente, criando ali entrepostos (feitorias) A Marinha se fez presente basicamente Os navios brasileiros eram adequados para
de guerra. controlados pelos comerciantes lusos. Política externa de D. João no rápido transporte de tropas do operar no mar e não nos rios do teatro de
Exército e apoio logístico na maior parte operações, devido ao seu calado. A
Conclusões
Objetivos dos conflitos internos possibilidade de encalhar era um perigo Primeira Guerra Mundial
Navios de Guerra O longo processo de desenvolvimento da sempre presente.
navegação oceânica e reconhecimento do As disputas políticas dos modernos Estados
Conhecer os acontecimentos da Objetivos
litoral africano culminou com a chegada de europeus passaram a depender dos
Por que surgiram os navios de guerra? Os navios possuíam casco de madeira,
Vasco da Gama à Índia (1498), após recursos obtidos pela expansão colonial
incorporação da Província Cisplatina e a Conflitos Externos
ocupação da Guiana Francesa sendo muito vulneráveis à artilharia de
circunavegar a África. Descrever as causas e consequências da
Para proteger os navios mercantes de terra, posicionada nas margens. Essas
participação da Marinha
ataques piratas. Eram mais estreitos e de O poder marítimo tornou-se a base para o Objetivos características obrigaram o Brasil a obter,
Colombo adotou estratégia diferente e, desenvolvimento econômico dos Estados Ocupação da Guiana Francesa rapidamente, navios encouraçados com
fundo chato, visando oferecer pouca
navegando para oeste, chegou à América pequeno calado. Identificar a renovação da Marinha
resistência à água, daí serem chamados de Descrever a importância da Marinha na
(1492) iniciada durante o governo Vargas
“navios compridos”. A propulsão principal Estados com menor poder naval precisaram Os limites entre o Brasil e a Guiana Guerra Cisplatina
dos navios de guerra era o remo, utilizar estratégias indiretas para obtenção Francesa voltaram a ser questionados.
inicialmente manejados pelos próprios de recursos econômicos, como o Corso Frente a esse desgaste, D. João realiza o Conclusões
Conclusões Guerra Cisplatina Por que entramos na guerra?
guerreiros, depois por escravos, e eles não primeiro ato consistente de política externa.
fundeavam, tendo que ser puxados para Por meio militar, contando com forças A postura diplomática de Solano López
terra. O desenvolvimento do poder marítimo navais e terrestres anglo-luso-brasileira, A Argentina buscava a incentivar causou uma guerra de grandes O abuso de bandeiras neutras por parte dos
depende de vários fatores, principalmente Invasões Francesa ocupa a Guiana Francesa por oito anos. independência da Cisplatina (Uruguai) e proporções, que exigira grandes esforços ingleses levou a Alemanha a declarar, em
políticos, culturais e econômicos incorpora-lo em seguida, o que ameaça da Marinha da Brasil 1917, a campanha submarina irrestrita na
Conclusões a segurança do Brasil zona de guerra ao redor das ilhas britânicas.
Objetivos Ocupação da Banda Oriental O afundamento de navios mercantes
O investimento na tecnologia aplicada ao
brasileiros por submarinos alemães levou o
Necessidades específicas de emprego poder marítimo traz benefícios à sociedade A Marinha realizou um bloqueio naval na Atuação da Marinha na Guerra
Descrever as motivações que levaram a Outro movimento importante de D. João na Brasil a declarar guerra contra os impérios
levaram ao desenvolvimento de diferentes como um todo foz do Rio da Prata
França a invadir a colônia de Portugal política externa foi a ocupação da Banda centrais em 1917
tipos de navios na antiguidade
Oriental. Em 31 de julho de 1821, em Objetivos
assembleia formada por deputados A batalha de Monte Santiago eliminou o
Descrever a expulsão dos franceses do Como foi a participação da Marinha?
Descobrimento do Brasil representantes de todas as localidades poder combatente argentino, restando-lhe
território brasileiro Descrever a importância da participação da
Desenvolvimento da Navegação orientais, foi aprovada por unanimidade a o corso
Marinha do Brasil na Guerra da Tríplice
Oceânica incorporação da Banda Oriental à Coroa
Aliança
Com o envio de uma a força-tarefa, a
Objetivos França Antártica (Rio de Janeiro, portuguesa, fazendo parte do domínio do Os altos custos da guerra para ambos os Divisão Naval em Operações de Guerra
1555-1567) Brasil com o nome de Província Cisplatina países, somados à intermediação inglesa, (DNOG), para realizar patrulha
Objetivos Descrever o reconhecimento da costa (atual Uruguai) . levaram ao reconhecimento da Anti-Submarina próximo ao litoral da
Bloqueio Naval
brasileira independência do Uruguai região norte da África, compreendida
Uma expedição com cerca de cem homens,
Identificar os desenvolvimentos entre Dakar no Senegal, e Gibralta, na
distribuídos em dois navios, comandada por Conclusões A missão da nossa Marinha seria, mais uma
tecnológicos necessários para as grandes entrada do Mediterrâneo.
Nicolas Durand de Villegagnon, dirigiu-se à vez, o bloqueio naval e o apoio logístico às
navegações Tratado de Tordesilhas Guerra contra Oribe e Rosas
baía de Guanabara no Rio de Janeiro, forças de terra. Posteriormente, quando o
visando a estabelecer um núcleo de D. João ao chegar ao Brasil, ampliou a
território paraguaio fosse invadido, seria Conclusões
Para defender seus interesses, enquanto colonização política externa brasileira O Brasil apoiou o argentino Urquiza contra
Desenvolvimento Tecnológico muito importante o apoio de fogo contra as
aumentava seu conhecimento náutico, o argentino Rosas, aliado do uruguaio fortalezas do rio Paraguai O afundamento de navios brasileiros por
Portugal negociou um tratado com a Oribe, pois estes dois pretendiam anexar o
Quais foram os desenvolvimentos Espanha, em 1494 França Equinocial (Maranhão, submarinos alemães levou o Brasil a
tecnológicos que somados as questões 1611-1615) Independência do Brasil Uruguai às Províncias Unidas
declarar guerra contra os impérios centrais
Batalha Naval do Riachuelo (11/06/1865)
politicas, puderam fazer com que em 1917
Portugal pudesse liderar as navegações Chegada de Pedro Álvares Cabral O fato mais marcante da Marinha brasileira
Representou a segunda tentativa dos Objetivos A inversão da iniciativa na Guerra da
oceânicas a partir do final do século XV? foi a Passagem de Tonelero, onde esta
franceses de se fixarem no Brasil, quando Tríplice Aliança Após a IGM, a Marinha iniciou longo
transportou o Exército a uma posição
Na segunda expedição portuguesa para as foram expulsos definitivamente do relacionamento com a marinha americana, o
Descrever o emprego do poder naval no estratégica passando por uma fortificação
Bússola - rumo “Índias”, ao afastar-se demais da África para território. processo de independência do Brasil que muito contribuiu para o
fortemente guarnecida A batalha valia controle dos rios, principais
fugir das correntes e ventos contrários, desenvolvimento
Cabral “descobre” o Brasil (1500) artérias do teatro de operações de guerra,
Astrolábio - latitude Como os franceses foram expulsos do garantindo seu uso pelos aliados e
Retorno de D. João
Brasil colônia? Conclusões negando-o aos paraguaios (bloqueio naval)
Imprensa - cartas náuticas
Conclusões Segunda Guerra Mundial
D.João embarcou para Lisboa, mas deixou
A expulsão dos franceses do Maranhão foi A defesa da livre navegação na bacia do rio Como foi decidida a batalha?
seu filho, D.Pedro de Alcântara, como
Portugal encontra-se diante de um obtida com a contribuição de uma força Paraná levou o Brasil a intervir na política
Vela Latina - navegar contra o vento regente em seu lugar. Apesar de liberal, o interna das repúblicas do Uruguai, Paraguai Objetivos
novo mundo a ser explorado naval comandada pelo brasileiro Jerônimo
novo governo português adotou uma Almirante Barroso investiu com a proa da
economicamente de Albuquerque e Argentina
política reacionária para o Brasil, fragata Amazonas (não possuía esporão) Descrever as causas e consequências da
Pólvora - proteção. pretendendo revertê-lo à situação de sobre os navios inimigos (tática do participação da MB na IIGM
Conclusões colônia abalroamento)
Projeção de Mercator - meridianos e paralelos Primeiras Expedições
A reação violenta das Cortes portuguesas Motivos do Brasil entrar na guerra
A discordância da França com o Tratado de A vitória acabou definitivamente com a
Tordesilhas culminou nas invasões levou D.Pedro a proclamar a Independência capacidade combativa da esquadra
Obejtivos
paraguaia Submarinos alemães afundaram 5 navios
em nossa área pois assumimos um
Descrever os principais motivos e Uma Força naval comandada por Nascimento da Marinha do Brasil posicionamento francamente pós
resultados das primeiras um brasileiro realiza tem um feito
Passagem de Humaitá americano
expedições de grande importância na história
do Brasil A Marinha do Brasil nasceu com a
Independência e seu grande artífice foi José O forçamento das estreitas passagens Como os EUA contribuiu para desenvolvimento
A Expedição de 1501/1502 Bonifácio fortificadas dependia do uso de navios de nossa Marinha, pois o Brasil não detinha
encouraçados, preferencialmente monitores todos os meios necessários?
A primeira expedição oficial portuguesa Invasões Holandesas Havia poucos navios e muita falta de
chegou ao Brasil com o objetivo de explorar pessoal, pois a profissão era proibida aos A passagem de Humaitá levou ao Através da Lei de Empréstimos e
a recém descoberta costa brasileira. Estava brasileiros e questionava-se a lealdade dos abandono da fortaleza, praticamente
Objetivos Arrendamento os EUA forneceram navios
comandada por Gonçalo Coelho que estava portugueses que decidiram permanecer no decidindo a guerra contra-torpedeiros e navios patrulha para
acompanhado pelo navegador Américo Brasil.
Descrever as motivações que levaram a nossa tarefa de patrulhar a costa. Como
Vespúcio. Nessa expedição, também seriam também a vinda de militares americanos
nomeados os acidentes geográficos e Holanda a invadir a colônia de Portugal
Como que recurso a Esquadra Brasileira foi Conclusão para nos adestrar das novas táticas
elaborado um mapa do litoral brasileiro. aparelhada? anti-submarina
Descrever a expulsão dos holandeses
A batalha naval do Riachuelo foi o ponto
do território brasileiro
A Expedição de 1502/1503 Alguns navios foram reparados e outros de inflexão da guerra da Tríplice Aliança O Brasil era importante para os EUA devido a:
comprados com subscrição pública,
arrecadação proveniente da população,
Resultado de arrendamento de exploração Bahia (1624-1625) A participação da Marinha do Brasil foi - Sua posição geográfica (saliente
uma espécie de "vaquinha" fundamental para o resultado final da
das terras por judeus convertidos ao nordestino);
cristianismo, que em contra-partida tinha guerra
Para controlar a produção e comercialização
que enviar todo ano seis navios e descobrir do açúcar era necessário ocupar e se apoderar - Como fonte de matérias-primas vitais
300 léguas avante da costa, como também Operações Navais
de partes do território colonial brasileiro onde para o esforço de guerra.
construir fortalezas. ele era produzido. Desse modo, os
As capitais das províncias ao norte do País
Conclusões da Guerra da Tríplice
holandeses iniciaram sua primeira invasão do
Brasil em 1624 mantiveram sua ligação com Portugal Aliança
A Expedição de 1503/1504 Participação da Marinha:

Atacaram a cidade de Salvador, na época o Exemplos que confirmam que a participação Nunca houve tamanho desenvolvimento
Uma nova expedição exploradora foi da Esquadra foi imprescindível à integração relativo em nossa Marinha (quinta maior Patrulha Anti-Submarina e escolta de
centro administrativo da colônia. Mas, um
organizada em 1503, sob o comando de nacional ao reforçar o poder do governo marinha em número de navios em 1870); comboios na costa do Brasil até Antilhas
ano após terem chegado, foram expulsos,
Gonçalo Coelho. Navegando em direção nacional após a consolidação da
sem grandes dificuldades
ao Sul, chegaram até o Rio de Janeiro. Independência:
Depois de alguns meses, carregou seus Nunca ficou tão evidente a necessidade de Força Naval do Nordeste
navios de madeira pau-brasil e regressou sempre ser mantida uma razoável força
a Lisboa. Pernambuco (1630-1654) Campanha Cisplatina (Uruguai) naval atualizada e pronta, em benefício da
Com o auxílio dos EUA, o Brasil criou uma
segurança do Estado.
segunda base para a esquadra, com a
Neste período, os holandeses dominaram Campanha da Bahia finalidade de patrulhar os Oceano Atlântico
As Expedições Guarda-Costas uma enorme parte do território nordestino As maiores dificuldades para criarmos uma e escoltar navios mercantes
indústria naval moderna no Brasil foram:
Tentando coibir a extradição de pau-brasil Após muitos conflitos, o governador Nassau
pelos franceses, a Coroa Portuguesa deixou seu cargo. Este fato facilitou a ação Confederação do Equador Conclusões
- A falta de mão de obra especializada,
organizou as expedições guarda-costas dos portugueses, que tiveram a chance de engenheiros e operários que pudessem ser
para patrulhamento da costa reagir em batalhas como a do Monte das Uma revolta na Província de convocados; e O afundamento de navios brasileiros pelos
Tabocas e a de Guararapes, expulsando-os Pernambuco colocou em perigo a alemães foi em represália à adoção pelo
após muitos confrontos integridade territorial do Imperio Brasil de uma postura francamente
A Expedição Colonizadora de Martim - A inexistência de uma indústria nacional
Afonso de Souza moderna que pudesse ser mobilizada e pró-americana
A revolta se espalhou por quase todo o convertida para utilização militar.
Conclusões Nordeste O auxílio norte-americano foi fundamental
Em 1531, foi enviada ao Brasil a expedição
com o objetivo de ocupar e explorar a terra, para adquirimos a capacidade de controlar
As invasões holandesas deixou algumas As forças rebeldes foram derrotadas com a áreas marítimas
pois o comércio com o Oriente declinava, e
as invasões ao território brasileiro eram marcas que perduram até hoje, como a atuação conjunta da Marinha e do Exército
muito frequentes cidade de Recife O recebimento de meios modernos e a
assimilação de novas táticas levaram a uma
Ações da Marinha do Brasil mudança de mentalidade na Marinha

Liderada por Almirantes como


Cochrane, Taylor e Grenfell, a Marinha
tinha as seguintes tarefas que cabiam Guerra da Lagosta
a Esquadra:
Objetivos
- Estabelecer o bloqueio naval;
Descrever as causas e consequências do
- Sustentar a facção nacional junto aos conflito diplomático conhecido como
núcleos de resistência à independência; “Guerra da Lagosta

- Destruir ou neutralizar as forças navais Contribuição da Marinha na Guerra da


portuguesas ainda no Brasil. Lagosta:

O Conselho de Segurança Nacional


Conclusões determinou o deslocamento de uma
respeitável força naval para a área que
A Marinha foi fundamental para apoiar o atuou como FATOR DE DISSUASÃO e a
governo central na consolidação da força naval francesa (que estava aqui para
independência do Brasil e na manutenção proteger os pesqueiros franceses) se retirou
da unidade nacional da área.

Conclusões

Durante o conflito diplomático conhecido

Achou.site - Procurou, achou! como “Guerra da Lagosta”, o uso do Poder


Militar de forma dissuasória pelo Brasil
impediu o desvio de seus recursos naturais
Licensed to Ronaldo Costa Pinto Filho , E-mail: ronaldocpi@yahoo.com.br
Relações Humanas e
Liderança

Chefia e Liderança Aspectos Fundamentais da Seleção de Estilos de Fatores de Liderança Níveis de Liderança
Liderança Liderança
Chefia O Líder Liderança Direta
Aspecto Filosófico Quanto ao grau de centralização
Comando ou direção, é entendido pelo do poder Os bons líderes eficientes são também Ocorre em organizações onde os
conjunto de ações e decisões tomadas bons e cumpridores das orientações de subordinados estão acostumados a ver
A Axiologia, também conhecida como a
pelo mais antigo, com autoridade para tal, seus superiores, passando esse exemplo a seus chefes frequentemente. É mais
teoria dos valores, é considerada a parte
na sua esfera de competência, a fim de
mais nobre da Filosofia.
Liderança Autocrática ou seus subordinados. presente nos escalões inferiores,
conduzir de forma integrada o setor que Autoritária quando o contato pessoal é constante.
lhe é confiado.
A tarefa de doutrinamento visa transmitir a Os Liderados
sua correta hierarquização, priorizando a O líder baseia a sua atuação numa disciplina Liderança Organizacional
Liderança honra, a dignidade, a honestidade, a rígida, impondo obediência e mantendo-se
lealdade e o amor à pátria em relação aos afastado de relacionamentos menos formais O conhecimento dos liderados é fator
valores materiais, como o dinheiro, o poder com os seus subordinados, controla o grupo essencial para o exercício da liderança e A influência dos líderes organizacionais é
Processo que consiste em influenciar e a satisfação pessoal. por meio de inspeções de verificação do depende do entendimento claro da basicamente indireta: eles expedem suas
pessoas no sentido de que ajam, cumprimento de normas e padrões de natureza humana, das suas necessidades, políticas e diretivas e incentivam seus
voluntariamente, em prol do eficiência, exercendo pressão contínua. emoções e motivações. liderados por meio de seu staff e
cumprimento da missão comandantes subordinados. Os
Aspecto Psicológico resultados de suas ações são
Liderança Participativa ou A Situação frequentemente menos visíveis e mais
A Psicologia é uma ciência que demorado
Democrática
fornece firme embasamento teórico e
Não existem normas nem fórmulas que
prático para que o líder possa
mostrem com exatidão o que deve ser
influenciar pessoas. O líder abre mão de parte da autoridade Liderança Estratégica
feito.
formal em prol de uma esperada participação
dos subordinados e aproveitamento de suas
Líderes estratégicos exercem sua liderança
Aspecto Sociológico ideias.
A comunicação no âmbito dos níveis mais elevados da
instituição. Os líderes estratégicos
trabalham para deixar, hoje, a instituição
Liderança Delegativa O líder deve ser claro e “escolher”
pronta para o amanhã, ou seja, para
cuidadosamente as palavras, de tal forma
enfrentar os desafios do futuro.
que signifiquem a mesma coisa para ele e
Esse estilo é indicado para assuntos de
para seus subordinados.
natureza técnica, onde o líder atribui a
assessores a tomada de decisões
especializadas, deixando-os agir por si só.

Quanto ao foco do líder: Liderança Orientada


para Tarefa e Liderança Orientada para
Relacionamento

Quanto ao tipo de incentivo: Liderança


Transformacional e Liderança Transacional

Quanto ao foco do líder

Liderança Orientada para Tarefa

O líder focaliza o desempenho de tarefas e


a realização de objetivos, transmitindo
orientações específicas, definindo maneiras
de realizar o trabalho, o que espera de cada
um e quais são os padrões organizacionais.

Liderança Orientada para


Relacionamento

Nesse estilo de liderança, o foco do líder é


a manutenção e fortalecimento das
relações pessoais e do próprio grupo.

Quanto ao tipo de incentivo

Liderança Transformacional
(Situacional)

É especialmente indicado para situações de


pressão, crise e mudança, que requerem
elevados níveis de envolvimento e
comprometimento dos subordinados,
sendo que “uma ou mais pessoas
engajam-se com outras de tal forma que
líderes e seguidores elevam um ao outro a
níveis mais altos de motivação e moral.

Liderança Transacional

Nesse estilo de liderança, o líder trabalha


com interesses e necessidades primárias
dos seguidores, oferecendo recompensas
de natureza econômica ou psicológica, em
troca de esforço para alcançar os resultados
organizacionais desejados
Achou.site - Procurou, achou!
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PORTUGUÊS

Uso do Sinal Indicador de Colocação Pronominal Concordância Nominal Concordância Verbal Pontuação Regência Verbal Regência Nominal Uso do Hífen Acentuação Gráfica Formação de Palavras Relações de Sentido na Relações de Sentido na
Crase Construção do Texto Construção do Período
Próclise Há cerca de/ A cerca de/ Acerca de Haver Vírgula Verbo Transitivo Direto (VTD) Chamamos de regência nominal o nome da Usa-se hífen: Não se acentua ditongo aberto crescente: Derivação
relação existente entre um nome éu, éi, ói
Não se utiliza crase antes de: (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os Denotação Adição
Palavra de sentido negativo (não, nada, Há cerca de: desde aproximadamente Sentido de “existir”: permanece singular, Enumeração de mais de dois elementos: São complementados por objeto direto termos regidos por esse nome. Essa relação Vogal + Vogal (iguais) Derivação Prefixal: acrescenta-se um prefixo
Ex: assembleia, ideia, azaleia, cefaleia
nunca, ninguém) impessoal, mesmo em locuções verbais. (OD). Pergunta-se “algo ou alguém”. é sempre intermediada por uma preposição. à palavra primitiva e, nem, mas também
Pronomes oblíquos (mim, ti, nós, vós, Sentido literal, real
ele, eles...) Ex: Fui no mercado para comprar leite, Abaixo estão alguns verbos que tem
Ex: Não vou há cerca de 5 anos. Ex: Anti-inflamatória
Ex: Não me convidaram para a festa Ex: Haverá mudanças. margarina e ovos. Ex: O turista comprava recordações -> importância para este concurso, e seus Acentua-se somente ditongo Ex: ler -> reler
Quem compra, compra "algo", logo, OD. significados aberto de palavras oxítonas e Oposição
Ex: Dirigiu a palavra a ela. Conotação
A cerca de: perto de Palavras iniciadas com “h” monossílabas.
Conjunção subordinativa. Ex: Deve haver muitas pessoas na reunião. Para isolar o vocativo Ex: capaz -> incapaz mas, porém, entretanto, todavia, contudo,
Aspirar: sugar
Sentido figurado. no entanto
Pronomes indefinidos (alguém, Ex: Brasília fica a cerca de 200km. Verbo Transitivo Indireto (VTI) Aspirar a: almejar Ex: Super-homem Ex: lençóis, ilhéu, pastéis.
ninguém, todos, nada...) Ex: Quando te encontrei. Ex: Mariana, traga seus documentos aqui. Derivação Sufixal: acrescenta-se um
Fazer/ Ir Assistir: acompanhar, amparar sufixo à palavra primitiva, que pode
Acerca de: sobre
São complementados por objeto indireto
Consoante + Consoante (iguais) Paroxítona: Acentua-se as terminadas em Polissemia Alternância
Ex: Obedecia a todos (OI). Pergunta-se “preposição+algo ou Assistir a: ver, observar sofrer alteração de significado ou
Advérbio (melhor, demais, ali, muito, Para isolar o aposto explicativo (utilizar i, is, us, um, uns, l, n, r, x, os, ã, ãs, ão, ãos.
Sentido fenômeno da natureza ou tempo preposição+alguém”. Assistir em: morar, habitar mudança de classe gramatical
sempre) duas virgulas) ou, ora...ora, seja...seja
Ex: Estávamos conversando acerca da decorrido: permanece singular, impessoal. Ex: Inter-regional Algo que tem mais de um significado.
Pronomes demonstrativos (este, esta, viagem. Ex: táxi, lápis, vírus, álbum, fórum,
Ex: Em você, eu confio sempre. -> Quem Preferir: verbo + OD + a + OI Ex: papel -> papelaria
esse, essa...) Ex: Assim se resolveram os problemas. Ex: Salvador, a primeira capital do Brasil, é automóvel, elétron, cadáver, tórax, fórceps,
Ex: Ontem fez 12 dias. confia, confiam "em alguém", logo, OI. Ex: Prefiro praia a piscina. Ex: vela (de barco)/ vela (de cera) / vela (do Conclusão
linda! Sub + Palavra com “r” ímã, ímãs, órfão, órfãos.
verbo velar)
Ex: Não foi a esta festa. Ex: riso -> risonho
Pronome indefinido (tudo, nada, alguém, Onde/ Aonde Ex: Em Joinville faz verões quentes.
Implicar: acarretar, ocasionar logo, portanto, pois (depois do verbo), por
ninguém) Para marcar a supressão do verbo em Implicar em: envolver-se "em" algo Ex: Sub-regional Paroxítona: Acentua-se quando tem
Verbo Intransitivo (VI) Ex: atual -> atualizar
conseguinte, então
Pronomes de Tratamento (você, senhor, Onde: deve ser empregado somente para
uma oração Implicar com: implicância "com" alguém ditongo oral, crescente ou decrescente. Ambiguidade
Vossa Alteza...) Ex: Tudo se acaba na vida. lugares físicos. Prefixo –além, -bem, -ex, -pós, -recém,
Dar/ Bater / Soar Ex: Eu fiz faculdade de administração; ele, Não é complementado nem por OD, nem
Lembrar: quando não é pronominal -sem, -vice, -mal+ vogal ou “h” Ex: água, pônei, mágoa, jóquei. O que pode ter mais de um significado ou
Explicação
por OI. Não é nem OD, nem OI. Derivação Prefixal e Sufixal:
de economia. ( ele fez -> verbo suprimido) Ex: Tudo aqui lembra você. sentido
Ex: Preciso informar a Vossa Senhoria. Ex: O bairro onde moro. acrescenta-se, de forma não simultânea,
Pronome relativo (onde, cuja, qual, que) que, porque, pois (antes do verbo)
Concordância com o sujeito. Ex: Mal-humorado, bem-intencionado, - Acentua-se 3ª pessoa do plural dos sufixo e prefixo
Ex: Chegamos no voo das onze horas. -> Lembrar de: quando é pronominal
Orações subordinadas adjetivas: são Quem chega, chega em algum lugar. A mal-intencionado. verbos “ter” e “vir” e dos seus Ex: O rapaz pediu um prato ao garçom ->
Artigo indefinido (uma, um, uns, umas) Ex: Não encontrei o caminho que me Aonde: ideia de movimento (DICA: Ex: Ele se lembrou de algo / Eu me
Ex: O relógio soou a meia noite. ligadas por pronomes relativos (que, frase não completa nem com OD, nem com compostos. Ex: feliz -> infelizmente não se sabe se o rapaz pediu um prato de Causa
indicaram. substitua por “para onde”). lembrei de pegar o cachorro no pet.
quem, quando, cujo, a qual). OI. louça ou um prato de comida
Ex: Dirigiu-se a uma cidade. Não se usa hífen
Ex: Os relógios soaram a meia noite. Aludir a: fazer referência a Ex: ele tem/ eles têm Ex: leal -> deslealmente porque, pois, como, pois que, uma vez que,
Palavras interrogativas, exclamativas e Ex: A cidade aonde ele vai. Restritiva: sem vírgula, restringe. visto que, porquanto
optativas (desejo).
Verbo Ex: Os jogadores de futebol que são Vogal + Vogal (diferentes) Ex: ele vem/ eles vêm
Concordância com o numeral. Morar "em"
iniciantes, não recebem salário -> somente Composição Concessão
Ex: Quem te disse? Emergir/ Imergir os iniciantes não recebem salário.
Ex: Ele estava disposto a colaborar Ex: Autoescola Ex: ele contém/ eles contêm
Referir "a"
Ex: Deu uma hora no relógio.
Por Justaposição: junta-se duas palavras ou embora, conquanto, se, caso, dado que
Ex: Quanto me custa dizer a verdade! Emergir: elevar algo Explicativa: com vírgula, se refere ao todo.
2ª palavra com “s” ou “r”  dobra-se a Não se acentua os hiatos “oo” e “ee” radicais, sem alteração fonética
Utiliza-se crase antes de: Ex: Deram sete horas no relógio.
consoante “s” ou “r”
Ex: Deus te proteja. Ex: O Brasil precisa emergir da crise Ex: Os jogadores de futebol, que são Finalidade
econômica. iniciantes, não recebem salário -> todos os Ex: passatempo, girassol, quinta-feira,
Ex: creem, leem, voo, enjoo
Palavras femininas + Verbo transitivo jogadores de futebol são iniciantes e não Ex: Ultrassom, antirrugas couve-flor.
indireto para que, afim de que
recebem salário.
Ênclise Imergir: afundar algo Não se acentua palavras homógrafas
Por Aglutinação: junta-se dois ou mais
Ex: Ela nunca está atenta à aula. Tempo
Exceções vocábulos ou radicais, ocorre supressão
Verbo no início da frase Ex: O monge imergiu em sono profundo. Ex: pera (substantivo)/ pera (preposição de um ou mais dos elementos
fonaéticos. quanto, quando, depois que, sempre que,
Expressões adverbiais (tempo, modo, Substantivos compostos até que
lugar) e locuções prepositivas Ex: Sabe-se da verdade. Ex: para (verbo)/ para (preposição)
Alerta Ex: embora (em boa hora)
Ex: Bem-te-vi, couve-flor, guarda-chuva.
Ex: Hoje à noite, terá festa. Ex: pelo (substantivo)/ pelo (verbo) Comparação
Após vírgula
Palavra que não existe plural Ex: planalto (plano alto)
Ex: Às vezes chegamos mais cedo ao clube. Espécies botânicas mais que, menos que, bem, como, assim
Ex: Naquela situação, soube-se da verdade. Exceção: pode/pôde e por/pôr
Ex: hidrelétrico (hidro elétrico) como
Ex: Estão todos alerta.
Ex: Ele terminou a prova às pressas. Ex: Erva-doce, pimenta-de-cheiro
Verbo no imperativo afirmativo Conformação
A fim/ Afim Exceções
Indicação exata de hora Ex: Alunos, apresentem-se ao diretor! conforme, segundo, como
A fim: finalidade Ex: Água-de-colônia, água-de-coco,
Ex: Chegaremos às 22h. Verbo no gerúndio cor-de-rosa
Proporção
Ex: Estudou, a fim de passar no concurso.
"Terra", se for especficado Ex: O diretor apareceu avisando-lhe sobre o
a medida que, ao passo que
início das avaliações.
Afim: semelhante, parecido
Ex: Fomos à sua terra natal.
Caso o gerúndio venha precedido pela
preposição “EM”, ocorrerá próclise! Ex: Possuem comportamentos afins.

É facultativo o uso da crase: Ex: Em se tratando de cinema.


Porcentagem
Antes de pronomes possessivos
Verbo no infinitivo impessoal
Concorda com o substantivo
Ex: Fizeram referência a/à minha mãe.
Ex: Leia antes de resolvê-las.
Ex: Em 25% do orçamento.
Antes de nomes próprios femininos
Verbo no participio
Ex: 85% dos eleitores.
Ex: Enviei cartas a/à Heloísa.
Ex: Haviam-me convidado.
Concorda com o número, caso não haja
Depois da preposição "até" substantivo
Mesóclise
Ex: Fomos até a/à porta. Ex: 25% querem.
Verbo no futuro do presente ou no futuro
do pretérito do indicativo. Ex: 1% conhece.

Ex: Planejar-se-ão todos os gastos


referentes a este ano. Bastante/ Meio/ Caro/ Barato/
Muito
Ex: Comemorar-se-ia o aniversário se todos
estivessem presentes.
É invariável quando for advérbio (DICA:
sempre substitua por “muito” e veja se
pode trocar para o plural “muitos”, se não
Regência do Pronome Oblíquo der, é porque é advérbio e é invariável).

Objeto direto: o, a os, as Ex: Ele treinou bastante.

Ex: Faz tempo que não o vejo Ex: Eles treinaram bastante.

Objeto indireto: lhe, lhes Quando tem valor de adjetivo,


concordam com o substantivo.
Ex: Deram-lhe presentes.
Ex: Há bastantes tipos de comida.
Palavras terminadas em r,s,z com objeto
direto, caem as consoantes e coloca “L”
Este/ Esse
Ex: Fazer ele feliz -> Fazê-lo feliz.
Este: Indicam que está relativamente
Verbos com som nasal, m, til com objeto próximo à pessoa que fala e para referir o
direto, coloca-se “N” que vai ser mencionado no discurso

Ex: Este mapa que tenho nas mãos era da


Ex: Indicam um caminho -> Indicam-no.
minha vó.

Ex: Este comentário que eu faço é por sua


causa.

Esse: Indicam que está relativamente


próximo à pessoa com quem se fala e
para referir o que foi mencionado no
discurso

Ex: Esse mapa que tu tens na mão e de que


ano?

Ex: Esse comentário foi incorreto.

Porque/ Por que/ Porquê/ Por


quê

Porque: Explica ou mostra a causa de algo


já citado, é utilizado para responder
perguntas

Ex: Não vou ao cinema porque preciso


estudar.

Por que: significa “por qual razão”, é


utilizado para fazer perguntas

Por que você não vai ao cinema?

Porquê: significa “o motivo”, “a razão”.

Gostaria de saber o porquê de você não ir


no cinema.

Por quê: mesmo sentido de “Por que”,


porém, é utilizado antes de um ponto
(final, interrogativo, exclamação)

Você não vai ao cinema? Por quê?

Quando for adjetivo, significando “sozinho”,


é variável e concorda com a palavra a que se
refere.

Ex: Naquele momento, elas queriam ficar


sós.

Quando significa “apenas, somente” é


advérbio, logo, é invariável.

Ex: Elas ficaram só naquela cidade.

Meio/ Meia

Quando for adjetivo ou numeral, deve ser


flexionado

Ex: Aquela cidadã fala através de meias


palavras.

Ex: Era meio dia e meia quando ela chegou


(concorda com horas).

Quando for advérbio (substituir por “um


pouco”), é invariável

Ex: A aluna estava meio cansada

Menos/ Menas

Menos: palavra invariável

Menas: NÃO existe.

É necessário/ É proibido/ É bom

Se o substantivo não for precedido de


artigo ou pronome, essas expressões ficam
no masculino singular

Ex: Água é bom para a saúde. Aquela água


é boa para a saúde.

Ex: É proibido entrada de estranhos. É


proibida a entrada de estranhos.

Ex: É necessário paciência. É necessária a


paciência.
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Legislação Militar-Naval

Hierarquia Militar e Cargos e Funções Valor Militar Ética Militar Compromisso, Comando e Violação das Obrigações e Das Contravenções ou
Disciplina Militares Subordinação Deveres Militares Transgressões Disciplinares
Quais são as manifestações essenciais do Quais são as manifestações essenciais da
valor militar? ética militar?
A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Cargo Militar Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças A violação dos preceitos da ética militar As penas disciplinares de impedimento,
Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o Armadas mediante incorporação, matrícula ou será tão mais grave quanto mais elevado detenção ou prisão não podem ultrapassar
grau hierárquico. A disciplina e o respeito à hierarquia devem O patriotismo, traduzido pela vontade Amar a verdade e a responsabilidade como nomeação, prestará compromisso de honra, no for o grau hierárquico de quem a cometer. 30 (trinta) dias
ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares É um conjunto de atribuições, deveres e inabalável de cumprir o dever militar e pelo fundamento de dignidade pessoal; qual afirmará a sua aceitação consciente das
da ativa, da reserva remunerada e reformados. responsabilidades cometidos a um militar solene juramento de fidelidade à Pátria até obrigações e dos deveres militares e manifestará a O militar que, por sua atuação, se tornar
em serviço ativo. com o sacrifício da própria vida; Exercer, com autoridade, eficiência e sua firme disposição de bem cumpri-los. incompatível com o cargo, ou demonstrar
probidade, as funções que lhe couberem incapacidade no exercício de funções
Hierarquia
O civismo e o culto das tradições históricas; em decorrência do cargo; militares a ele inerentes, será afastado do
Função Militar Comando
cargo.
É a ordenação da autoridade, em níveis A fé na missão elevada das Forças Armadas; Respeitar a dignidade da pessoa humana;
É o exercício das obrigações inerentes ao É a soma de autoridade, deveres e
diferentes, dentro da estrutura das Forças responsabilidades de que o militar é Código Penal Militar: relaciona e classifica os
cargo militar
Armadas. A ordenação se faz por postos ou O espírito de corpo, orgulho do militar pela Cumprir e fazer cumprir as leis, os investido legalmente quando conduz crimes militares, em tempo de paz e em
graduações; dentro de um mesmo posto ou organização onde serve; regulamentos, as instruções e as ordens das homens ou dirige uma organização militar,
autoridades competentes:
tempo de guerra, e dispõe sobre a aplicação
é vinculado ao grau hierárquico e constitui
graduação se faz pela antiguidade no posto ou aos militares das penas correspondentes aos
O amor à profissão das armas e o entusiasmo uma prerrogativa impessoal.
na graduação. O respeito à hierarquia é Ser justo e imparcial no julgamento dos crimes por eles cometidos.
com que é exercida; e
consubstanciado no espírito de acatamento à atos e na apreciação do mérito dos
A subordinação não afeta, de modo algum,
sequência de autoridade. O aprimoramento técnico-profissional.
subordinados;
a dignidade pessoal do militar e decorre,
exclusivamente, da estrutura hierarquizada
Empregar todas as suas energias em das Forças Armadas.
Disciplina benefício do serviço;

Cabe ao militar a responsabilidade integral


Praticar a camaradagem e desenvolver,
É a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, pelas decisões que tomar, pelas ordens que
permanentemente, o espírito de
regulamentos, normas e disposições que fundamentam cooperação; emitir e pelos atos que praticar.
o organismo militar e coordenam seu funcionamento
regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito Ser discreto em suas atitudes, maneiras e
cumprimento do dever por parte de todos e de cada um em sua linguagem escrita e falada;
dos componentes desse organismo.
Abster-se de tratar, fora do âmbito
apropriado, de matéria sigilosa de qualquer
Círculos Hierárquicos natureza;

Acatar as autoridades civis;


São âmbitos de convivência entre os militares da
mesma categoria e têm a finalidade de
desenvolver o espírito de camaradagem, em Proceder de maneira ilibada na vida pública
ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do e na particular;
respeito mútuo.
Conduzir-se, mesmo fora do serviço ou
quando já na inatividade, de modo que não
Posto sejam prejudicados os princípios da
disciplina, do respeito e do decoro militar;
É o grau hierárquico do oficial, conferido por
ato do Presidente da República ou do Abster-se de fazer uso do posto ou da
Ministro de Força Singular e confirmado em graduação para obter facilidades pessoais
Carta Patente. de qualquer natureza ou para encaminhar
negócios particulares ou de terceiros;

Graduação
Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar
É o grau hierárquico da praça, conferido parte na administração ou gerência de sociedade
pela autoridade militar competente ou dela ser sócio ou participar, exceto como
acionista ou quotista, em sociedade anônima ou
Praças Especiais por quotas de responsabilidade limitada.

São os Guardas-Marinha, os No intuito de desenvolver a prática profissional, é


Aspirantes-a-Oficial e os alunos de órgãos
específicos de formação de militares
permitido aos oficiais titulares dos Quadros ou
Serviços de Saúde e de Veterinária o exercício de
atividade técnico-profissional no meio civil, desde
Quais são os postos providos que tal prática não prejudique o serviço e não
somente em tempo de guerra? infrinja o disposto neste artigo.

Os postos de Almirante, Marechal e


Marechal-do-Ar.
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DESENVOLVIDA POR: DOUGLAS BARROS
d-lopes2011@bol.com.br

Boa prova!

“Um guerreiro encontra motivação para lutar em qualquer situação, e


mesmo rastejando consegue forças para se reerguer.”

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