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Parte 1
Abril/2015
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ÍNDICE
Parte 1:
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Tópico 1
Introdução: breve histórico sobre a questão dos resíduos sólidos .
A palavra lixo origina-se do latim lix, que significa cinzas ou lixívia. A denominação
resíduo sólido, residuu, do latim, significa sobra de determinadas substâncias, e a palavra
sólido é incorporada para diferenciá-los de gases e líquidos. (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
O dicionário Aurélio Buarque de Holanda define lixo como “aquilo que não se quer
mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor”.
A Norma ABNT NBR10004/2004 (“Resíduos Sólidos - Classificação”) define resíduos
sólidos como sendo:
“resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor
tecnologia disponível.”
A Lei 12.305/10 que disciplina sobre os resíduos sólidos, estabelece em seu artigo 3, o
conceito de resíduos sólidos:
a) materiais, substâncias, objetos ou bens descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido (lodos de estações de tratamento de água –ETA e
tratamento de esgoto – ETE;
b) liquidos (perigosos e acondicionados em tambores) cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
c) gases contidos em recipientes.”
Os resíduos radioativos possuem uma legislação específica e, portanto, não são
mencionados na Lei 12305/10.
De acordo com o ambientalista Paulo Affonso Leme Machado, o termo “resíduo
sólido”, significa lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos
sólidos e materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas e de
atividades da comunidade (MACHADO, 2007, p. 561).
A organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza os resíduos sólidos como
qualquer coisa que o proprietário não quer mais, em certo local e em certo momento, e que
não apresenta valor comercial, corrente ou percebido.
Há várias definições para lixo e resíduo, todavia podemos simplificar dizendo que:
Lixo → nome vulgar de resíduos sólidos;
Resíduo → gerado em grande quantidade, pode ser transformado e constitui um dos
grandes problemas da sociedade. Medidas que transformem resíduos em recursos
reutilizáveis devem ser tomadas.;
Vale dizer que um resíduo passa a ser rejeito quando se esgotarem todas as
possibilidades disponíveis e economicamente viáveis de tratamento e recuperação por
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processo tecnológico, de modo que não haja outra alternativa que não seja disposição final
ambientalmente adequada.
Então, todo processo, seja industrial ou não, produz algum tipo de resíduo. Atualmente
existe o mito de que os resíduos são uma exclusividade do homem e da sociedade
industrial. Na verdade, os resíduos sempre existiram. O que ocorre é que, na prática, a
quantidade de resíduos sólidos gerada pela sociedade industrial é muito maior do que a
quantidade de produtos consumidos. Além disso, em 250 anos a população mundial se
multiplicou em 3 vezes, e consequentemente a sociedade industrial multiplicou a quantidade
de resíduos. O desenvolvimento de produtos com obsolescência programada veio para
agravar a situação e aumentar a geração de resíduo pós-consumo. Outro fator agravante é
que a maioria desses resíduos não existe na natureza e possui grande potencial tóxico.
Assim como nas indústrias, o ensino de engenharia tende a se concentrar apenas na
fase de produção, ignorando o ciclo de vida do produto, não questionando a lógica do ciclo
de produção aberto (o que sobra vai para o lixo), como se as matérias-primas naturais
fossem infinitas e a gestão e o manejo dos resíduos isentos de problemas e riscos.
Com a necessidade de proteção ambiental, nos últimos anos, criou-se uma
regulamentação mais adequada dos resíduos, visando sua destinação apropriada. Por esse
motivo começa uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos que
seriam descartados para a fabricação de novos objetos. Cresce o interesse pela reciclagem,
representando economia da matéria-prima e de energia fornecidas pela natureza. Desta
forma o conceito de lixo e resíduo tende a ser modificado, podendo ser entendido como
“coisas que podem ser úteis e aproveitáveis pelo homem”.
História do Lixo
Pré-história:
Os humanos viviam em pequenos grupos nas cavernas, eram nômades,
vestiam-se de peles de animais, alimentavam-se dos animais que caçavam, peixes
que pescavam e das plantas e frutas. Fabricavam seus próprios instrumentos de
caça e pesca. Quando a alimentação ficava escassa mudavam-se de lugar e o lixo
deixado era decomposto pelo tempo. Seus resíduos eram basicamente excrementos
e restos de animais. Não havia preocupação com o meio ambiente e nem com os
resíduos deixados. A população era minoria.
Com o passar do tempo começaram a produzir, por exemplo, vasilhames de
cerâmica para seu conforto, usarem roupas. Desenvolveram o hábito de fabricar
suas casas, de criarem animais para o seu consumo etc. Com o início da atividade
agrícola surgiram os restos da produção. Como esses resíduos (em pequena escala)
eram originários da própria natureza, eles acabavam sendo decompostos pela ação
do tempo e não geravam impactos ambientais.
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Revolução Industrial:
Ao longo da história da humanidade, a ideia de crescimento se confunde com um
crescente domínio e transformação da natureza.
Com o advento da Revolução Industrial, que originou na Inglaterra mas que logo se
expandiu, incluindo países pobres, na metade do século XX, surge um modelo de
crescimento econômico pautado no consumismo imediatista.
A Revolução Industrial foi um divisor de águas na história da humanidade. Ela
transformou artesões em proletários, ambientes domesticados em artificiais, subsistência
em salário, imprimindo uma drástica mudança na organização social. Além das
transformações socioeconômicas, a Revolução Industrial também intensificou problemas
ambientais, acelerando a extração dos recursos naturais.
Ao longo desse tempo histórico, o crescimento desenfreado, sem qualquer
preocupação ambiental somado ao acúmulo de resíduos, passou a ser um problema de toda
a humanidade. Muitos ecossistemas desapareceram, ou foram afetados, com o
desaparecimento de espécies de animais, plantas e muitas mudanças climáticas. Apesar da
situação, as consequências deste desenvolvimento não eram uma preocupação.
Até a década de 60 o conceito de desenvolvimento significava apenas crescimento
econômico. Poluição e fumaça saindo das chaminés eram sinônimo de progresso.
As indústrias produziam e, continuam a produzir, objetos de consumo em larga escala
e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando o volume e a diversidade de
resíduos gerados nas áreas urbanas.
A “onda do consumismo” passa a ser a problemática da geração de descarte de lixo.
Os produtos que antigamente eram feitos para durar muitos anos, hoje têm uma vida útil
muito menor.
Brasil:
Como a disposição adequada e o tratamento dos resíduos não era uma preocupação
na época, não havia qualquer tipo de regulamentação. Sem local e tratamento adequado, os
locais de disposição dos resíduos passaram a ser foco de proliferação de doenças.
Mudanças nos hábitos e uma busca de alternativas para a disposição final dos resíduos
só foram tomadas quando as más condições de higiene passaram a ser vistas como um
incômodo.
Em 1885 foi contratado Aleixo Gary para a realização do serviço de limpeza das
praias, com a remoção dos resíduos da cidade para a Ilha de Sapucaia. (POLETO, 2010).
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Em 1906, o serviço de limpeza dispunha de 1084 animais, os quais eram insuficientes
para o trabalho de coleta. Nesta época foram adquiridos, como experiência, dois caminhões,
e com isso iniciou-se a coleta mecanizada dos resíduos sólidos no Brasil (AIZEN, 1985).
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Uma forma eficiente é a substituição dos atuais lixões a céu aberto pelos aterros
sanitários. Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis aterro sanitário é o
método de disposição de refugo na terra, sem criar prejuízos ou ameaças à saúde e
segurança pública, pela utilização de princípios de engenharia que confinam o refugo ao
menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada dia de
operação, ou mais frequentemente de acordo com o necessário (MACHADO, 2007).
Trata-se de um lugar estrategicamente escolhido e preparado com o solo devidamente
impermeabilizado a fim de proteger os lençóis subterrâneos; também possui um sistema de
tratamento do chorume e dos gases produzidos no processo de decomposição dos
materiais. O gás produzido é o biogás que pode ser utilizado como fonte energética nas
próprias unidades de tratamento do lixo (MAGRO DIONYSIO; BARBOSA DIONYSIO, 2009).
O aterro sanitário possui como principais vantagens, além da eliminação dos problemas
anteriormente citados, a viabilidade do processo, a possibilidade de receber diversos tipos e
quantidades de lixo, e acima de tudo, a utilização posterior das áreas, como parques e
praças, por exemplo (MAGRO DIONYSIO; BARBOSA DIONYSIO, 2009).
Existe ainda a possibilidade de incineração controlada realizada em instalações
centrais de caráter público com dispositivos que eliminam ou minimizam a poluição
atmosférica. É um meio viável porque reduz o lixo a 5% do seu volume original (MACHADO,
2007).
Outro método muito antigo e eficiente é a compostagem. Consiste na decomposição
natural do lixo orgânico (cascas de frutas e legumes, podas de árvores, folhas, restos de
feiras livres e de restaurantes e restos de alimentos residenciais) (MAGRO DIONYSIO;
BARBOSA DIONYSIO, 2009). O material orgânico é transformado em um composto rico em
nutrientes pela atuação catalisadora de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos
(FIORILO, 2007). O húmus, como é chamado este composto, enriquece o solo, previne a
erosão, aumenta a capacidade de retenção de água e impede a acidificação (FIORILO,
2007). Pode ser utilizado como substrato de diversas culturas, sendo ideal para a produção
de plantas ornamentais. Pois, por não serem utilizadas na alimentação humana, estas
plantas não oferecem risco à saúde, por eventual ingestão de metais pesados, ou agentes
infecciosos absorvidos do composto pelo sistema radicular (BACKES; KÃMPF, 1991).
Outra forma de reaproveitamento é a reciclagem. Consiste em reaproveitar material já
utilizado (como papel, papelão, vidro, metal, alumínio, entulho) na fabricação de novos
produtos. Isso além de diminuir a produção original resolve de forma eficiente o problema do
lixo, além de gerar emprego e renda.
No Brasil, aproximadamente 800 mil pessoas sobrevivem da catação de reciclados,
com uma renda média de 1 a 1,5 salário mínimo por mês (RIBEIRO; MORELLI, 2009). O
principal produto reciclado no Brasil é o alumínio, o que se deve ao fato desse material
poder ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas características no processo. Além
disso, a energia no processo de reciclagem equivale a menos de 5% da energia gasta no
processo de obtenção primária do alumínio através da bauxita. Isso gera uma economia de
700 mil toneladas de bauxita por ano. (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Outros produtos que são 100% recicláveis são o vidro e o papel. O primeiro pode levar
até 5 mil anos para se decompor na natureza e pode ser reciclado infinitas vezes sem perda
da qualidade e pureza, além de apresentar grande vantagem econômica. O segundo,
também gera ganhos econômicos com a geração de cerca de 100 mil empregos diretos e
aproximadamente 200 mil indiretos em seu processo de reciclagem no Brasil. E ganhos
ambientais gigantescos, na medida em que cada tonelada de papel reciclado poupa cerca
de 22 árvores nativas ou 50 eucaliptos e 75% de energia (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Existem muitos outros produtos passiveis de reciclagem tais como: plásticos e
diversos tipos de polímeros, metais, entulhos oriundos da construção civil etc. Há em nosso
país diversos exemplos de sucesso de municípios e empresas que economizam muito
dinheiro com a reciclagem. É necessário agora, que mais empresas e gestores públicos
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acreditem que é possível encarar os resíduos como um subproduto que, se devidamente
trabalhado e com investimentos consistentes, pode se tornar nova fonte de receita e
economia (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Doenças:
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da medicina e da engenharia sanitária
permitiu o conhecimento da forma de transmissão de doenças por animais, aves e insetos
que se alimentavam e proliferavam no “lixo” e, desde então, começaram a ser tomadas
providências efetivas para que os resíduos sólidos não mais se acumulassem nas ruas,
áreas baldias ou que fossem atirados nos cursos d’água ou no mar. O lixo passou a ser
coletado nos domicílios, com regularidade.
Com a divulgação dos princípios de higiene e de saúde pública nas escolas de
primeiro grau e, ainda, por meio dos meios de comunicação, formou-se uma consciência
nas populações das cidades de que a retirada dos resíduos sólidos produzidos é
necessária, para que sejam preservadas as condições sanitárias das comunidades.
Esta tarefa tem sido considerada como obrigação dos governos das municipalidades
que, não obstante, podem permitir a realização total ou parcial da coleta por particulares
(terceirização), sob fiscalização e responsabilidade das Prefeituras.
É bom esclarecer que o “lixo” não é, em geral, responsável por agravos à saúde da
população por contato direto mas, principalmente, por via indireta, por meio de insetos,
roedores, suínos e aves que se desenvolvem e se alimentam desses resíduos. As moscas
transmitem dezenas de infecções, especialmente resultando em diarréias; há evidências de
que as baratas transmitem, além de outras doenças, a poliomielite; os ratos são portadores
de peste bubônica, leptospirose, doença de Chagas e outras; os suínos, que se alimentam
do lixo, podem transmitir para o homem a toxoplasmose, cujo agente infeccioso pode ser
encontrado também nos urubus (Tabela 1).
Segundo a Agenda 21, documento proveniente das discussões ocorridas durante a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, promovida pela
ONU no Rio de Janeiro, em 1992 (ECO92),
“aproximadamente 5,2 milhões – incluindo 4 milhões de crianças – morrem
por ano de doenças relacionadas com o lixo. Metade da população urbana
dos países em desenvolvimento não tem serviços de despejo de lixo sólido.
Globalmente, o volume de lixo municipal produzido deve dobrar até o final
do século e dobrar novamente antes do ano de 2025.”
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Tabela 1: Descrição das doenças relacionadas com insetos vetores e roedores e seu
controle
Tempo de decomposição:
Coleta Seletiva:
É um sistema de separação de resíduos pelas suas propriedades e pelo destino que
lhes pode ser dado, com o intuito de tornar mais fácil e eficiente a sua reciclagem ou
recuperação.
A coleta seletiva não é uma alternativa. É uma demanda ambiental, econômica e
social.
A coleta seletiva contribui a medida que:
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! possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo
! diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis
! pelas indústrias
! diminui o desperdício
! diminui os gastos com a limpeza urbana
! cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias
! gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis
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! o manejo e a disposição final dos resíduos industriais – constituem um problema
ainda maior que certamente já tem trazido e continuará a trazer no futuro sérias
consequências ambientais, e para a saúde da população
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Tópico 2
Caracterização e Classificação dos Resíduos
Características físicas:
• Geração per capta:
Referência que traduz a quantidade diária de resíduos gerada por cada habitante.
• Teor de umidade:
Reflete o percentual, em peso, de água em uma amostra de resíduo sólido. O teor de
umidade de RS exibe papel fundamental na velocidade de degradação, visto que a
umidade é essencial para a efetivação das reações microbiológicas, além de ser
importante na incineração, uma vez que a água possui calor especifico diferente dos
resíduos.
Desta forma, subclassifica-se em:
• secos: papéis, plásticos, metais, isopor, tecidos, vidros;
• molhados: restos de alimentos, verduras, legumes.
• Composição gravimétrica:
Traduz os valores porcentuais (em peso) dos diferentes componentes dos RS em
uma dada amostra. As categorias de resíduos podem ser as mais comumente
encontradas, como orgânico, plástico, papel, vidro, metal e diversos, ou ainda mais
detalhadas, conforme o grau de detalhamento desejável, como plástico duro e
plástico mole, por exemplo.
• Compressividade:
Calcula o potencial de redução de volume de dado RS sob a ação da pressão. É
importante também para o dimensionamento dos equipamentos de coleta e
transporte, além de contribuir para a vida útil do aterro sanitário, uma vez que
reduzindo-se os RS ao menos volume possível, garante-se uma estabilidade no
talude, uma redução no recalque e maior aproveitamento da área do terreno.
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Características químicas:
• Proporção Carbono/Nitrogênio (C/N):
Revela o grau de decomposição de determinada massa de resíduos, seja em
condições aeróbias ou anaeróbias, uma vez que o Carbono e o Nitrogênio são
metabolizados em proporções diferentes pelos micro-organismos, existindo
proporções ótimas para cada fase dos processos biológicos.
• Composição química:
Compreende as análises da presença de macro ou micronutrientes, fundamentais
para o metabolismo dos micro-organismos durante a degradação da matéria
orgânica.
Uma maneira de subclassificar os RS seria em:
• orgânicos (ou biodegradáveis): ossos, podas de jardim, restos de alimentos,
cascas e bagaços de frutas
• inorgânicos: compostos por produtos manufaturados, como: vidros,
borrachas, metais, porcelana, lâmpadas
Características biológicas:
É importante o conhecimento de fundamentos da microbiologia, pois as reações
microbiológicas em ambientes na presença de oxigênio (aeróbios), na ausência de oxigênio
e presença de nitratos (anóxicos) e na ausência de oxigênio (anaeróbicos) determinam as
espécies microbiológicas presentes em dada espécie de resíduos. Além disso, cada
processo de tratamento utiliza-se de um micro-organismo, ou seja, as espécies
microbiológicas que irão desempenhar papel fundamental nas diversas fases de
compostagem, por exemplo, são distintas das que irão ser relevantes para as diversas fases
da digestão anaeróbia.
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Classificação dos resíduos sólidos
• Resíduos domiciliares:
Originários de atividades domésticas em residências urbanas. Constituem-se uma
grande diversidade de itens, como sobras de alimento, produtos deteriorados, garrafas
(tanto de vidro, como de plástico), embalagens, papel higiênico, fraldas descartáveis etc.
Contudo, alguns resíduos passiveis de serem tóxicos podem ser descartados
inapropriadamente, como lâmpadas fluorescentes, pilhas, inseticidas, entre outros. São
produtos introduzidos no mercado por hábitos que foram desenvolvidos na população,
acarretando um ciclo “vicioso” de dependência, característico do modelo capitalista. Estes
induzem ao consumo e á maior produção de artigos de vida útil reduzida, e ao conseqüente
grande volume de embalagens descartáveis: sacos plásticos rígidos e filmes, isopores etc.
(PEREIRA NETO, 1994).
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O grupo de resíduo comercial, assim como os entulhos de obras, pode ser dividido em
subgrupos chamados de "pequenos geradores" e "grandes geradores".
O regulamento de limpeza urbana do município poderá definir precisamente os
subgrupos de pequenos e grandes geradores.
Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120 litros
de lixo por dia. Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um
volume de resíduos superior. Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a
pessoa física ou jurídica que gera até 1000 kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto
grande gerador de entulho é aquele que gera um volume diário de resíduos acima disso.
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• Resíduos da construção civil (RCC);
Gerados nas construções, reformas, reparos, demolições de obras civis, incluindo os
resultantes da preparação e escavação de terrenos. São constituídos por materiais
agregados para concreto, fragmentos de concreto armado, madeira, cerâmica, argamassa,
solos, restos de alimentação feita por funcionários, sendo incluídos também alguns materiais
passivos de toxidade, como tintas, lâmpadas fluorescentes, solventes, amianto, entre outros.
Existem diversas possibilidades de reciclagem e reaproveitamento dos resíduos da
construção civil, como por exemplo, o uso em fabricação de tijolos e uso de agregados
reciclados para confecção de peças não estruturais de concreto e pavimentação, além da
utilização de resíduos classe A na cobertura operacional de aterros sanitários de pequeno
porte.
• Resíduos rurais:
São os resíduos oriundos das atividades agropecuárias.
• Resíduos agrossilvopastoris;
Constituídos pelos resíduos gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais,
incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. São resíduos perigosos
utilizados na agricultura, como embalagens com restos de fertilizantes químicos e
pesticidas.
Devido a periculosidade desses resíduos, existem regulamentações vigentes para o
descarte do mesmo.
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de que o tráfego de cargas e pessoas representa o risco de transmissão de doenças e
disseminação de pragas em agriculturas, por exemplo.
• Resíduos de mineração:
São constituídos pelos resíduos gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios. Nesse sentido, destacam-se normas para remoção de
poluentes específicos, como o Bário solúvel, Sulfetos, Arsênio, Óleos e graxas, Cianetos,
Zinco, Cádmio e Chumbo.
CLASSE I – PERIGOSOS:
Apresentam riscos à saúde pública, podendo provocar mortalidade, incidência de
doenças ou aumento de seus índices, ou ao meio ambiente, em função de suas
propriedades físicas, químicas, infectocontagiosas ou quando for gerenciado de forma
inadequada.
Podem ser condicionados, armazenados temporariamente, incinerados, tratados ou
dispostos em aterros próprios para receber resíduos perigosos. Entre eles, podem-se citar
latas de tinta, óleos minerais e lubrificantes, resíduos com thinner, serragens contaminadas
com óleo, graxas ou produtos químicos, EPIs contaminadas (luvas e botas de couro),
resíduos de sais provenientes de tratamento térmico de metais, estopas, borra de chumbo,
lodo da rampa de lavagem, lona de freio, filtro de ar, pastilhas de freio, lodo gerado no corte,
filtros de óleo, papéis e plásticos contaminados com graxa/óleo e varreduras.entre outros.
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Uma forma de identificar um resíduo perigoso é por meio das seguintes características
(inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade), que sempre
aparecerão pelo menos uma vez nos resíduos:
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mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor que 2 mg/L ou uma DL50 dérmica para
coelhos menor que 200 mg/kg.
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Assim, para lidar com toda essa sua periculosidade, o descarte do resíduo da classe
I pode ser feito por meio de um armazenamento temporário, incineradores, tratamentos ou
até mesmo disposição em aterros sanitários próprios para receber resíduos perigosos.
Subdivididos em:
! CLASSE IIA – NÃO INERTES:
Constituem-se nessa classe os resíduos que não se enquadram na Classe I (perigosos) ou
Classe IIB (não perigosos e inertes). Contudo, podem ter propriedades tais como
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água com possibilidade de
acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente; e ainda podem ser transformados em
composto orgânico e substrato para plantas.
Ex: materiais orgânicos da indústria alimentícia, lamas de sistemas de tratamento de águas,
limalha de ferro, poliuretano, fibras de vidro, resíduos provenientes de limpeza de caldeiras
e lodos provenientes de filtros, EPIs (uniformes e botas de borracha, pó de polimento,
varreduras, polietileno e embalagens, prensas, vidros (pára-brisa), gessos, discos de corte,
rebolos, lixas e EPIs não contaminados.
Normas pertinentes :
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Tabela 3 - Codificação de alguns resíduos classificados como não perigosos (ABNT NBR
10.004:2004)
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A seguir a Tabela 4, expõem os responsáveis pelo gerenciamento dos diferentes tipos
de resíduos.
Resíduos Sólidos Reversos: São resíduos sólidos restituíveis, por meio da logística
reversa, visando o seu tratamento e reaproveitamento em novos produtos, na forma de
insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos. Ex: pilhas e baterias, lâmpadas
fluorescentes, pneus.
Pilhas e Baterias
As pilhas e baterias têm como princípio básico converter energia química em energia
elétrica utilizando um metal como combustível. Podem conter um ou mais dos seguintes
metais: chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni),prata (Ag), lítio (Li), zinco
(Zn),manganês (Mn) e seus compostos. As substâncias das pilhas que contêm esses metais
possuem características de corrosividade, reatividade e toxicidade e são classificadas como
"Resíduos Perigosos Classe I". As substâncias contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata e
níquel causam impactos negativos sobre o meio ambiente e, em especial, sobre o homem.
Outras substâncias presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o manganês e o lítio,
embora não estejam limitadas pela ABNTNBR 10.004:2004, também causam problemas ao
meio ambiente. Já existem no mercado pilhas e baterias fabricadas com elementos não
tóxicos, que podem ser descartadas, sem problemas, juntamente com o lixo domiciliar.
Lâmpadas Fluorescentes
O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes contém
mercúrio. Isso não está restrito apenas às lâmpadas fluorescentes comuns de forma tubular,
mas encontra-se também nas lâmpadas fluorescentes compactas. As lâmpadas
fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas em aterros
sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é
tóxico para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou ingerido, pode causar vários
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problemas fisiológicos. Uma vez lançado ao meio ambiente, o mercúrio sofre uma
"bioacumulação", isto é, ele tem suas concentrações aumentadas nos tecidos dos peixes
tornando-os menos saudáveis, ou mesmo perigosos se forem ingeridos freqüentemente. As
mulheres grávidas que se alimentam de peixe contaminado transferem o mercúrio para os
fetos, que são particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos. A acumulação do
mercúrio nos tecidos também pode contaminar outras espécies selvagens, como marrecos,
aves aquáticas e outros animais.
Pneus
São muitos os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus.
Se deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, servindo
como local para a proliferação de mosquitos, se encaminhados para aterros de lixo
convencionais, provocam "ocos" na massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro.
Se destinados em unidades de incineração, a queima da borracha gera enormes
quantidades de material particulado e gases tóxicos, necessitando de um sistema de
tratamento dos gases extremamente eficiente e caro.
Climáticos
• Chuvas: aumento do teor de umidade;
• Outono: aumento do teor de folhas;
• Verão: aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
rígidos).
Épocas especiais
• Carnaval: aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
rígidos);
• Natal/Ano Novo/Páscoa: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos
maleáveis e metais), aumento de matéria orgânica;
• Dia dos Pais/Mães: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis
e metais);
• Férias Escolares: esvaziamento de áreas da cidade em locais não turísticos,
aumento populacional em locais turísticos.
Demográficos
• População urbana: quanto maior a população urbana, maior a geração de
resíduo per capta;
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Sócioeconômicos
• Nível Cultural: quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica;
• Nível Educacional: quanto maior o nível educacional, menor a incidência de
matéria orgânica;
• Poder Aquisitivo: quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica;
• Desenvolvimento Tecnológico: introdução de materiais cada vez mais leves,
reduzindo o valor do peso específico aparente dos resíduos;
• Lançamento de Novos Produtos: aumento de embalagens
• Promoções de Lojas Comerciais: aumento de embalagens
• Campanhas Ambientais: redução de materiais não biodegradáveis (plásticos) e
aumento de materiais recicláveis e/ou degradáveis (papéis, metais e vidros).
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Tópico 3
Visão geral sobre as leis e políticas referentes aos resíduos sólidos
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Resolução CONAMA 275/01
Ementa: Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado
na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas
para a coleta seletiva.
Pneu ou Pneumático Inservível: aquele que não mais se presta a processo de reforma que
permita condição de rodagem adicional.
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Resolução CONAMA 334/03
Artigo 1° – Esta Resolução disciplina, sem prejuízo de outras normas aplicáveis à espécie,
os requisitos e critérios técnicos mínimos necessários pra o licenciamento ambiental, pelos
órgãos competentes, de unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos e
afins.
Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros de resíduos industriais
Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos
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Norma ABNT NBR 8.419:1992 (versão corrigida 1996)
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos
Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos
Ementa: Esta norma fixa as condições mínimas exigíveis para projeto e operação de aterros
de resíduos perigosos, de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas
superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e
populações vizinhas.
Ementa: Fixa condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros
de resíduos não perigosos, de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas
superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e
populações vizinhas.
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impacto ambiental e define as atividades que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental -
EIA - e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA -, entre as quais se inclui a implantação de
aterros sanitários
28
Assista aos vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=CBd7PWb1NlA
https://www.youtube.com/watch?v=Q1IZth6qnnw
https://www.youtube.com/watch?v=xM0IOorzB1w
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Estrutura da PNRS: implementação e regulamentação
• Resíduos ≠ Rejeitos
• Destinação final ambientalmente adequado dos resíduos (reciclagem, reutilização,
compostagem, recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
admitidas pelos órgãos competentes)
• Disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (aterros), observando normas
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança
e a minimizar os impactos ambientais adversos
• Geradores
• Planos de Gestão (Nacional, Estaduais, Microrregionais e Municipais): devem ser
renovados a cada 4 anos
• Plano de Gerenciamento (Setor Empresarial): devem ser renovados a cada 4 anos
• Responsabilidade Compartilhada
• Acordo Setoriais (Logística reversa) são instrumentos contratuais entre os poderes
públicos, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes para a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por meio da logística
reversa dos resíduos e embalagens pós consumo.
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Um dos grandes ganhos com relação ao estabelecimento da Política Nacional de
Resíduos Sólidos foi a definição dos Planos de Resíduos Sólidos, em todas as esferas,
Figura 5. O Decreto 7.404/2010 estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração de uma
Versão Preliminar do Plano a ser colocada em discussão com a sociedade civil que devem
ser formulados, implementados e operacionalizados com ampla participação social, além de
possuir ampla publicidade.
! !
Plano Nacional Plano Estadual
de Resíduos de Resíduos
Sólidos! Sólidos!
Planos de
Resíduos Sólidos
de regiões
metropolitanas
! !
Planos ou aglomerações Planos
urbanas
Microrregionais Municipais de
de Resíduos Resíduos
Sólidos! Sólidos!
!
Planos
Intermunicipais
de Resíduos
Sólidos!
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Leitura complementar
Os movimentos sociais e a política nacional de resíduos sólidos
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Tópico 4
Gestão e Gerenciamento de resíduos sólidos
A grande quantidade de resíduos gerados, bem como as leis que não punem
exemplarmente os geradores que não gerenciam eficazmente, constituem-se num dos
grandes problemas da sociedade moderna. Portanto, deve ser tomados medidas que
transformem estes resíduos em recursos reutilizáveis.
É necessário que haja uma sinergia entre o gerador de resíduo, os empresários que
desenvolvam alternativas para estes resíduos, o governo e os órgãos oficiais que fomentem
este tipo de iniciativa com incentivos fiscais e a sociedade, no sentido de aceitar estes
produtos, de reconhecida qualidade, e dando preferência a empresas, produtos e serviços
que se preocupem com as questões ambientais.
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• lucro na venda de materiais recicláveis;
• redução nos gastos com disposição
O problema da gestão dos resíduos sólidos nas sociedades atuais tornou-se complexo
devido à quantidade e à diversidade dos resíduos, à explosão das áreas urbanas, à
limitação dos recursos financeiros públicos em muitas cidades, aos impactos da tecnologia e
às limitações tanto de energia quanto de recursos naturais. Portanto, se a gestão dos
resíduos sólidos for realizada de maneira ordenada e eficiente, os aspectos e as relações
fundamentais envolvidas podem ser identificadas e ajustadas para a uniformização dos
dados e um melhor entendimento das ações necessárias ao bom andamento das políticas
públicas de fornecimento de serviços municipais de gestão de resíduos sólidos (BRAGA,
BONETTO, 1993).
2- Manejo dos diferentes tipos/classes de resíduos gerados - composição do lixo está cada
vez mais complicada
• novos materiais
• novas combinações químicas
• ausência de cultura de separação
5- Destinação final
• necessidade de adequação
• distância dos centros de geração
• unidades em fim de vida útil
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Figura 6 – Estratégia para a gestão e o gerenciamento integrado de resíduos
sólidos
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Estão sujeitos à elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos:
I - os geradores de resíduos sólidos dos serviços públicos de saneamento básico, de
resíduos industriais, de resíduos de serviços de saúde e de resíduos de mineração;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos
perigosos, ou resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza,
composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público
municipal;
III - as empresas de construção civil;
IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações (portos, aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira), e as empresas de
transporte;
V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris.
Como se faz?
• primeira etapa: planejamento (aspectos ambientais; requerimentos legais e outros;
objetivos e metas);
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• separação, processamento e transformação dos resíduos;
• transporte;
• disposição final;
Redução resíduos sólidos: envolve a redução das quantidades e/ou toxicidade dos
resíduos gerados. A redução dos resíduos pode ocorrer por meio de projeto, manufatura, ou
embalagem de produtos que apresentem o menor potencial tóxico possível, o menor volume
e a maior vida útil. Pode ocorrer no âmbito doméstico, comercial ou industrial por meio de
padrões seletivos de compra e venda, bem como de reutilização dos materiais separados.
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Exemplos de atividade de redução de resíduos:
• “design” dos produtos ou embalagens voltado à redução da quantidade, à redução da
toxicidade dos materiais utilizados e a facilitação do reuso;
• reuso de produtos ou embalagens como, por exemplo, garrafas recicláveis,
“pallets”recicláveis, barris e tambores recondicionados;
• aumento da vida útil dos produtos, de modo a evitar ao máximo possível, a necessidade
de produzi-los e, consequentemente, dispô-los;
• utilização de embalagens que diminuam os danos ou o derramamento dos produtos; e
• gerenciamento de resíduos orgânicos como restos de alimentos e resíduos de jardinagem,
por meio da compostagem no próprio local ou por outras alternativas de disposição (como
dispor restos de poda sobre o gramado).
Reutilização: significa dar vida mais longa aos objetos, aumentando sua durabilidade e
reparabilidade ou dando–lhes nova personalidade ou uso, muito comum com as
embalagens retornáveis, rascunhos, roupas etc. Após a utilização de um produto ou material
(sólido, liquido, energia etc.) deve-se recorrer a todos os meios para reutilização. Um
exemplo típico é a reutilização das garrafas de vidro; usar o verso do papel sulfite para
rascunho etc.
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Metodologia proposta para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos
A gestão de resíduos sólidos e as boas práticas revelam-se altamente rentáveis para o
empresário. As técnicas de redução na fonte, substituição de matéria-prima, reutilização e
reciclagem podem trazer reais benefícios econômicos, além de evitar a exposição do
negócio aos riscos dos passivos ambientais (desvalorização ou perda total da atividade).
A gestão inadequada de resíduos, no entanto, pode levar seus responsáveis ao
pagamento de multas e a sanções penais (prisão, por exemplo) e administrativas. Além
disso, o dano causado ao meio ambiente, como poluição de corpos hídricos, contaminação
de lençol freático e danos à saúde, devem ser reparados pelos responsáveis pelos resíduos.
A reparação do dano, na maioria dos casos, é muito mais complicada tecnicamente e
envolve muito mais recursos financeiros do que a prevenção, isto é, do que os investimentos
técnico-financeiros na gestão adequada de resíduos.
O licenciamento ambiental, previsto na PNMA e obrigatório para as atividades que
geram resíduos sólidos, poderá estabelecer critérios para a gestão dos resíduos, de acordo
com as especificações do órgão licenciador. Em geral, quando a atividade tem impacto
apenas dentro de um mesmo estado, o órgão mais atuante e responsável pelo
estabelecimento de normas e pelo licenciamento ambiental das atividades é o órgão
ambiental estadual.
Para o estabelecimento de um Plano Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS com o
objetivo de se desenvolver produtos que venham a agregar valor, propõe-se uma sequência
de etapas, já citadas anteriormente, a saber: Planejamento, Implementação e operação,
Verificação e ações corretivas e Revisão da Gestão.
Planejamento:
Durante a etapa de planejamento do PGR, os principais passos estão vinculadas ao
levantamento dos aspectos ambientais (os resíduos gerados); requerimentos legais e
outros; e à definição dos objetivos e metas.
- Aspectos ambientais: conheça seus resíduos. Onde os resíduos são gerados?
Qual a suas características e classificação? Quais as quantidades de cada
resíduo? A determinação da quantidade de cada resíduo gerado será
fundamental para a definição das formas de transporte e armazenamento, assim
como para a análise financeira do tratamento e da destinação final;
- Requerimento legais: para determinar todas as etapas do PGRS é fundamental
conhecer detalhadamente todos os requerimentos legais ou outros aos quais o
Plano estará subordinado.
- Objetivos e metas: são direcionamentos gerais aos quais o PGRS deverá estar
vinculado, enquanto as metas devem ser numéricas e temporais.
Implementação e operação
- Estrutura e responsabilidade: É fundamental que o PGRS contemple toda a
estrutura proposta para a gestão dos resíduos e indique claramente os
responsáveis por cada atividade componente do Plano;
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• o manuseio e o acondicionamento corretos dos resíduos possibilitarão a
maximização das oportunidades com a reutilização e a reciclagem, já que
determinados resíduos podem ficar irrecuperáveis no caso de serem
acondicionados de forma incorreta;
• a separação correta e criteriosa permite o tratamento diferenciado, a
racionalização de recursos despendidos e facilita a reciclagem;
• caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um resíduo não perigoso
pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dificultando seu gerenciamento e
aumentando os custos a ele associados;
• redução de riscos de contaminação do meio ambiente, do trabalhador e da
comunidade. É certamente menos oneroso manusear e acondicionar resíduos
de forma adequada do que a recuperação de recursos naturais contaminados,
bem como o tratamento de saúde do pessoal envolvido com os resíduos.
A fim de facilitar e padronizar a segregação dos resíduos, a Resolução
CONAMA 275/01 orientou as cores que poderão ser utilizadas para a
identificação dos diferentes tipos de resíduos.
- Controle operacional:
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- Não-conformidade e ações preventivas e corretivas: O resultado das auditorias e da
análise dos indicadores informará sobre possíveis desvios do PGRs, que são
chamadas de não-conformidades (que podem ser desvios legais, técnicos e até
mesmo relações custo/benefício que podem ser melhoradas). Depois de conhecidas
as não-conformidades, devem ser estabelecidas ações corretivas e preventivas, de
forma que as mesmas não se repitam no futuro.
- Auditoria do PGRS: Para garantir que o PGRS está operando de forma correta e
sua melhoria contínua, o melhor método é realizar auditorias internas (etapas do
PGRS conduzidas na empresa) e auditorias externas (nos terceiros).
• Auditorias Internas: As auditorias internas devem ser conduzidas
periodicamente em todas as etapas do gerenciamento. O PGRS deverá
indicar claramente a periodicidade para realização das auditorias internas e
deve conter um protocolo para a realização das mesmas. O protocolo deve
ser específico para cada empresa e deve conter um checklist das questões
vinculadas a resíduos que devem ser avaliadas durante a auditoria interna.
• Auditorias Externas: É fundamental realizar auditorias nas dependências
dos terceiros contratados para conduzir quaisquer etapas do gerenciamento
dos resíduos. Vale lembrar que o gerador dos resíduos sempre terá
responsabilidade legal pelos mesmos até a sua destruição final.
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Tecnologias de Tratamento para o resíduo sólido
O tratamento nunca constitui um sistema de destinação final completo ou definitivo pois
há sempre um remanescente que não é aproveitável.
O aproveitamento dos resíduos gerados pode trazer benefícios interessantes, tanto do
ponto de vista ambiental como também:
• na redução da criação e utilização de aterros;
• nos gastos com acondicionamento e transporte;
• na redução da utilização dos recursos naturais;
• na diminuição dos riscos ambientais proporcionados por esses resíduos;
• geração de empregos por meio de criação de cooperativas.
Do ponto de vista econômico, essas soluções são atrativas tanto na redução de custos
de transporte e da disposição legal do aterro, quanto na redução dos custos globais das
matérias-primas.
A escolha dos métodos de tratamento e disposição final deve considerar fatores
técnicos, legais e financeiros.
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CONCLUSÃO
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Referências bibliográficas
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