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Gestão de Resíduos Sólidos

Parte 1

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expressa do autor

Abril/2015

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ÍNDICE

Parte 1:

Tópico 1: Introdução: breve histórico sobre a questão dos resíduos sólidos.


Tópico 2: Características e classificação e de resíduos sólidos.
Tópico 3: Visão geral sobre as leis e políticas referentes aos resíduos sólidos -
PNRS
Tópico 4: Gestão e Gerenciamento de resíduos sólidos
Conclusões
Referências Bibliográficas

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Tópico 1
Introdução: breve histórico sobre a questão dos resíduos sólidos .

A palavra lixo origina-se do latim lix, que significa cinzas ou lixívia. A denominação
resíduo sólido, residuu, do latim, significa sobra de determinadas substâncias, e a palavra
sólido é incorporada para diferenciá-los de gases e líquidos. (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
O dicionário Aurélio Buarque de Holanda define lixo como “aquilo que não se quer
mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor”.
A Norma ABNT NBR10004/2004 (“Resíduos Sólidos - Classificação”) define resíduos
sólidos como sendo:
“resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor
tecnologia disponível.”
A Lei 12.305/10 que disciplina sobre os resíduos sólidos, estabelece em seu artigo 3, o
conceito de resíduos sólidos:
a) materiais, substâncias, objetos ou bens descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido (lodos de estações de tratamento de água –ETA e
tratamento de esgoto – ETE;
b) liquidos (perigosos e acondicionados em tambores) cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
c) gases contidos em recipientes.”
Os resíduos radioativos possuem uma legislação específica e, portanto, não são
mencionados na Lei 12305/10.
De acordo com o ambientalista Paulo Affonso Leme Machado, o termo “resíduo
sólido”, significa lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos
sólidos e materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas e de
atividades da comunidade (MACHADO, 2007, p. 561).
A organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza os resíduos sólidos como
qualquer coisa que o proprietário não quer mais, em certo local e em certo momento, e que
não apresenta valor comercial, corrente ou percebido.
Há várias definições para lixo e resíduo, todavia podemos simplificar dizendo que:
Lixo → nome vulgar de resíduos sólidos;
Resíduo → gerado em grande quantidade, pode ser transformado e constitui um dos
grandes problemas da sociedade. Medidas que transformem resíduos em recursos
reutilizáveis devem ser tomadas.;
Vale dizer que um resíduo passa a ser rejeito quando se esgotarem todas as
possibilidades disponíveis e economicamente viáveis de tratamento e recuperação por

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processo tecnológico, de modo que não haja outra alternativa que não seja disposição final
ambientalmente adequada.
Então, todo processo, seja industrial ou não, produz algum tipo de resíduo. Atualmente
existe o mito de que os resíduos são uma exclusividade do homem e da sociedade
industrial. Na verdade, os resíduos sempre existiram. O que ocorre é que, na prática, a
quantidade de resíduos sólidos gerada pela sociedade industrial é muito maior do que a
quantidade de produtos consumidos. Além disso, em 250 anos a população mundial se
multiplicou em 3 vezes, e consequentemente a sociedade industrial multiplicou a quantidade
de resíduos. O desenvolvimento de produtos com obsolescência programada veio para
agravar a situação e aumentar a geração de resíduo pós-consumo. Outro fator agravante é
que a maioria desses resíduos não existe na natureza e possui grande potencial tóxico.
Assim como nas indústrias, o ensino de engenharia tende a se concentrar apenas na
fase de produção, ignorando o ciclo de vida do produto, não questionando a lógica do ciclo
de produção aberto (o que sobra vai para o lixo), como se as matérias-primas naturais
fossem infinitas e a gestão e o manejo dos resíduos isentos de problemas e riscos.
Com a necessidade de proteção ambiental, nos últimos anos, criou-se uma
regulamentação mais adequada dos resíduos, visando sua destinação apropriada. Por esse
motivo começa uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos que
seriam descartados para a fabricação de novos objetos. Cresce o interesse pela reciclagem,
representando economia da matéria-prima e de energia fornecidas pela natureza. Desta
forma o conceito de lixo e resíduo tende a ser modificado, podendo ser entendido como
“coisas que podem ser úteis e aproveitáveis pelo homem”.

História do Lixo
Pré-história:
Os humanos viviam em pequenos grupos nas cavernas, eram nômades,
vestiam-se de peles de animais, alimentavam-se dos animais que caçavam, peixes
que pescavam e das plantas e frutas. Fabricavam seus próprios instrumentos de
caça e pesca. Quando a alimentação ficava escassa mudavam-se de lugar e o lixo
deixado era decomposto pelo tempo. Seus resíduos eram basicamente excrementos
e restos de animais. Não havia preocupação com o meio ambiente e nem com os
resíduos deixados. A população era minoria.
Com o passar do tempo começaram a produzir, por exemplo, vasilhames de
cerâmica para seu conforto, usarem roupas. Desenvolveram o hábito de fabricar
suas casas, de criarem animais para o seu consumo etc. Com o início da atividade
agrícola surgiram os restos da produção. Como esses resíduos (em pequena escala)
eram originários da própria natureza, eles acabavam sendo decompostos pela ação
do tempo e não geravam impactos ambientais.

Surgimento das cidades:


Conforme os homens passaram a viver em comunidades, fixando-se em
determinados lugares e abandonando os hábitos nômades, há o aumento de
pessoas e consequentemente dos resíduos produzidos por elas mesmas. Começa a
surgir o acúmulo de resíduos e esses incomodavam, causavam doenças e
epidemias. Sendo assim, os resíduos eram transferidos para locais distantes e
enterrados, ou queimados.
Apesar do crescimento das áreas urbanas, não foi considerada a necessidade
de adequação de locais específicos para depósito e tratamento dos resíduos
gerados.

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Revolução Industrial:
Ao longo da história da humanidade, a ideia de crescimento se confunde com um
crescente domínio e transformação da natureza.
Com o advento da Revolução Industrial, que originou na Inglaterra mas que logo se
expandiu, incluindo países pobres, na metade do século XX, surge um modelo de
crescimento econômico pautado no consumismo imediatista.
A Revolução Industrial foi um divisor de águas na história da humanidade. Ela
transformou artesões em proletários, ambientes domesticados em artificiais, subsistência
em salário, imprimindo uma drástica mudança na organização social. Além das
transformações socioeconômicas, a Revolução Industrial também intensificou problemas
ambientais, acelerando a extração dos recursos naturais.
Ao longo desse tempo histórico, o crescimento desenfreado, sem qualquer
preocupação ambiental somado ao acúmulo de resíduos, passou a ser um problema de toda
a humanidade. Muitos ecossistemas desapareceram, ou foram afetados, com o
desaparecimento de espécies de animais, plantas e muitas mudanças climáticas. Apesar da
situação, as consequências deste desenvolvimento não eram uma preocupação.
Até a década de 60 o conceito de desenvolvimento significava apenas crescimento
econômico. Poluição e fumaça saindo das chaminés eram sinônimo de progresso.
As indústrias produziam e, continuam a produzir, objetos de consumo em larga escala
e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando o volume e a diversidade de
resíduos gerados nas áreas urbanas.
A “onda do consumismo” passa a ser a problemática da geração de descarte de lixo.
Os produtos que antigamente eram feitos para durar muitos anos, hoje têm uma vida útil
muito menor.

Brasil:

Como a disposição adequada e o tratamento dos resíduos não era uma preocupação
na época, não havia qualquer tipo de regulamentação. Sem local e tratamento adequado, os
locais de disposição dos resíduos passaram a ser foco de proliferação de doenças.
Mudanças nos hábitos e uma busca de alternativas para a disposição final dos resíduos
só foram tomadas quando as más condições de higiene passaram a ser vistas como um
incômodo.

O século XVIII, em 1760, a cidade do Rio de Janeiro, com a população de 30 mil


habitantes, já enfrentava problemas relacionados aos resíduos sólidos. Consta que a
primeira menção da Câmara Municipal, referente à limpeza pública, data de 1830 e versava
sobre “Limpeza, desempachamento das ruas e praças, providências contra a divagação de
loucos, embriagados e animais ferozes que podiam incomodar o público” (POLETO, 2010).

No Brasil, o serviço de limpeza pública foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de


1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do império. Neste dia, foi
assinado pelo imperador D. Pedro II, o Decreto n. 3024, que tratava da aprovação de um
contrato de “limpeza e irrigação” para a cidade (POLETO, 2010).

Em 1885 foi contratado Aleixo Gary para a realização do serviço de limpeza das
praias, com a remoção dos resíduos da cidade para a Ilha de Sapucaia. (POLETO, 2010).

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Em 1906, o serviço de limpeza dispunha de 1084 animais, os quais eram insuficientes
para o trabalho de coleta. Nesta época foram adquiridos, como experiência, dois caminhões,
e com isso iniciou-se a coleta mecanizada dos resíduos sólidos no Brasil (AIZEN, 1985).

O seguimento que mais se desenvolveu dentro do sistema de limpeza urbana foi a


coleta de lixo. Embora represente a maior abrangência de atendimento junto à população, é
a atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por parte da
municipalidade.
Fotos da história de coleta de lixo no Brasil podem ser vistas no site da G1 da globo:
http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-paulo-mais-limpa/fotos/2012/05/fotos-mostram-historia-
da-coleta-de-lixo-em-sp.html#F424208
Cada cidade, cada pais, ao longo de sua história defrontou-se com problemas
relacionados aos resíduos sólidos urbanos, e cada qual deu uma solução de acordo com
seu desenvolvimento tecnológico, seus recursos econômicos e a vontade política de seus
legisladores para encontrar uma solução. No entanto, os resíduos sólidos continuam a ser
uma das grandes preocupações ambientais do mundo moderno. As sociedades de consumo
avançam destruindo os recursos naturais e os bens, os quais em geral têm vida útil limitada
e são transformados em resíduos, com quantidades crescentes, gerando impactos diretos
na qualidade de vida e saúde humana.

Resíduo urbano como problema


A questão do lixo urbano é um dos mais sérios problemas ambientais “enfrentados”
atualmente no Brasil e no mundo. A maior parte das cidades brasileiras possui um serviço
de coleta e gestão que não prevê a separação e tratamento adequado do lixo da origem ao
destino final (IBGE, 2010).
A principal destinação dos resíduos gerados no Brasil é o depósito a céu aberto,
formando os chamados “lixões”. Esta gestão irresponsável do lixo em nosso país gera
graves problemas ambientais e de saúde pública, tais como: contaminação do solo, rios e
lençóis freáticos; assoreamento; enchentes; proliferação de vetores transmissores de
doenças; além de poluição visual e mau cheiro (MUCELIN; BELLINI, 2008).
Outro destino comum dado ao resíduos sólidos em nossos centros urbanos é a
incineração a céu aberto, processo aparentemente eficiente por reduzir consideravelmente o
volume dos resíduos sólidos. No entanto, possui como desvantagem a poluição do ar por
gases tóxicos e a geração de fuligem, gerando problemas respiratórios na população. Tal
prática é ambientalmente desaconselhada sendo proibida nos Estados Unidos em estados
brasileiros como São Paulo e Rio Grande do Sul (MACHADO, 2007, p. 565). Cabe ressaltar
que desde a entrada em vigor da lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 essa prática passa a
ser proibida em todo o território nacional.

Resíduo urbano como possibilidade


Por todos os problemas gerados podemos dizer que o ideal seria a não geração de
resíduos. Entretanto, apesar de pensamentos utópicos defenderem esta proposta,
dificilmente os processos industriais deixarão de gerá-los, até pela dependência imposta
pelo convívio em sociedade (RIBEIRO; MORELLI, 2009). Então, em harmonia com o
princípio do desenvolvimento sustentável, resta-nos buscar alternativas economicamente
viáveis para o reaproveitamento desses resíduos, e como a redução da produção, além da
substituição dos processos tradicionais de gestão do resíduo no Brasil.

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Uma forma eficiente é a substituição dos atuais lixões a céu aberto pelos aterros
sanitários. Segundo a Sociedade Americana de Engenheiros Civis aterro sanitário é o
método de disposição de refugo na terra, sem criar prejuízos ou ameaças à saúde e
segurança pública, pela utilização de princípios de engenharia que confinam o refugo ao
menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada dia de
operação, ou mais frequentemente de acordo com o necessário (MACHADO, 2007).
Trata-se de um lugar estrategicamente escolhido e preparado com o solo devidamente
impermeabilizado a fim de proteger os lençóis subterrâneos; também possui um sistema de
tratamento do chorume e dos gases produzidos no processo de decomposição dos
materiais. O gás produzido é o biogás que pode ser utilizado como fonte energética nas
próprias unidades de tratamento do lixo (MAGRO DIONYSIO; BARBOSA DIONYSIO, 2009).
O aterro sanitário possui como principais vantagens, além da eliminação dos problemas
anteriormente citados, a viabilidade do processo, a possibilidade de receber diversos tipos e
quantidades de lixo, e acima de tudo, a utilização posterior das áreas, como parques e
praças, por exemplo (MAGRO DIONYSIO; BARBOSA DIONYSIO, 2009).
Existe ainda a possibilidade de incineração controlada realizada em instalações
centrais de caráter público com dispositivos que eliminam ou minimizam a poluição
atmosférica. É um meio viável porque reduz o lixo a 5% do seu volume original (MACHADO,
2007).
Outro método muito antigo e eficiente é a compostagem. Consiste na decomposição
natural do lixo orgânico (cascas de frutas e legumes, podas de árvores, folhas, restos de
feiras livres e de restaurantes e restos de alimentos residenciais) (MAGRO DIONYSIO;
BARBOSA DIONYSIO, 2009). O material orgânico é transformado em um composto rico em
nutrientes pela atuação catalisadora de microorganismos aeróbicos e anaeróbicos
(FIORILO, 2007). O húmus, como é chamado este composto, enriquece o solo, previne a
erosão, aumenta a capacidade de retenção de água e impede a acidificação (FIORILO,
2007). Pode ser utilizado como substrato de diversas culturas, sendo ideal para a produção
de plantas ornamentais. Pois, por não serem utilizadas na alimentação humana, estas
plantas não oferecem risco à saúde, por eventual ingestão de metais pesados, ou agentes
infecciosos absorvidos do composto pelo sistema radicular (BACKES; KÃMPF, 1991).
Outra forma de reaproveitamento é a reciclagem. Consiste em reaproveitar material já
utilizado (como papel, papelão, vidro, metal, alumínio, entulho) na fabricação de novos
produtos. Isso além de diminuir a produção original resolve de forma eficiente o problema do
lixo, além de gerar emprego e renda.
No Brasil, aproximadamente 800 mil pessoas sobrevivem da catação de reciclados,
com uma renda média de 1 a 1,5 salário mínimo por mês (RIBEIRO; MORELLI, 2009). O
principal produto reciclado no Brasil é o alumínio, o que se deve ao fato desse material
poder ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas características no processo. Além
disso, a energia no processo de reciclagem equivale a menos de 5% da energia gasta no
processo de obtenção primária do alumínio através da bauxita. Isso gera uma economia de
700 mil toneladas de bauxita por ano. (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Outros produtos que são 100% recicláveis são o vidro e o papel. O primeiro pode levar
até 5 mil anos para se decompor na natureza e pode ser reciclado infinitas vezes sem perda
da qualidade e pureza, além de apresentar grande vantagem econômica. O segundo,
também gera ganhos econômicos com a geração de cerca de 100 mil empregos diretos e
aproximadamente 200 mil indiretos em seu processo de reciclagem no Brasil. E ganhos
ambientais gigantescos, na medida em que cada tonelada de papel reciclado poupa cerca
de 22 árvores nativas ou 50 eucaliptos e 75% de energia (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Existem muitos outros produtos passiveis de reciclagem tais como: plásticos e
diversos tipos de polímeros, metais, entulhos oriundos da construção civil etc. Há em nosso
país diversos exemplos de sucesso de municípios e empresas que economizam muito
dinheiro com a reciclagem. É necessário agora, que mais empresas e gestores públicos

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acreditem que é possível encarar os resíduos como um subproduto que, se devidamente
trabalhado e com investimentos consistentes, pode se tornar nova fonte de receita e
economia (RIBEIRO; MORELLI, 2009).

Lixão a céu aberto:


Os primeiros lixões surgiram na Grécia, em Atenas, por volta de 500 a.C., os resíduos
eram descartados no solo e cobertos com terra.
Lixões são vazadouros a céu aberto, que não fornecem nenhum tratamento adequado
para o lixo. Resíduos vindos de diversos lugares, como residências, indústrias, hospitais e
feiras são simplesmente descarregados sobre o solo, sem qualquer técnica de proteção ao
meio ambiente, podendo poluir o solo, as águas superficiais e subterrâneas pela infiltração
do chorume; acarretando problemas de saúde pública, como da proliferação de vetores de
doenças. A maioria dos lixões é clandestina.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada em 2008 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 50,8% dos municípios brasileiros
possuem como destinação final de seus resíduos sólidos os lixões, 22,5% usam aterros
controlados e 27,7% usam aterros sanitários.

Doenças:
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da medicina e da engenharia sanitária
permitiu o conhecimento da forma de transmissão de doenças por animais, aves e insetos
que se alimentavam e proliferavam no “lixo” e, desde então, começaram a ser tomadas
providências efetivas para que os resíduos sólidos não mais se acumulassem nas ruas,
áreas baldias ou que fossem atirados nos cursos d’água ou no mar. O lixo passou a ser
coletado nos domicílios, com regularidade.
Com a divulgação dos princípios de higiene e de saúde pública nas escolas de
primeiro grau e, ainda, por meio dos meios de comunicação, formou-se uma consciência
nas populações das cidades de que a retirada dos resíduos sólidos produzidos é
necessária, para que sejam preservadas as condições sanitárias das comunidades.
Esta tarefa tem sido considerada como obrigação dos governos das municipalidades
que, não obstante, podem permitir a realização total ou parcial da coleta por particulares
(terceirização), sob fiscalização e responsabilidade das Prefeituras.
É bom esclarecer que o “lixo” não é, em geral, responsável por agravos à saúde da
população por contato direto mas, principalmente, por via indireta, por meio de insetos,
roedores, suínos e aves que se desenvolvem e se alimentam desses resíduos. As moscas
transmitem dezenas de infecções, especialmente resultando em diarréias; há evidências de
que as baratas transmitem, além de outras doenças, a poliomielite; os ratos são portadores
de peste bubônica, leptospirose, doença de Chagas e outras; os suínos, que se alimentam
do lixo, podem transmitir para o homem a toxoplasmose, cujo agente infeccioso pode ser
encontrado também nos urubus (Tabela 1).
Segundo a Agenda 21, documento proveniente das discussões ocorridas durante a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, promovida pela
ONU no Rio de Janeiro, em 1992 (ECO92),
“aproximadamente 5,2 milhões – incluindo 4 milhões de crianças – morrem
por ano de doenças relacionadas com o lixo. Metade da população urbana
dos países em desenvolvimento não tem serviços de despejo de lixo sólido.
Globalmente, o volume de lixo municipal produzido deve dobrar até o final
do século e dobrar novamente antes do ano de 2025.”

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Tabela 1: Descrição das doenças relacionadas com insetos vetores e roedores e seu
controle

Categoria Doenças Controle


Doenças Infecções excretadas transmitidas Melhoria do
relacionadas com por moscas ou baratas acondicionamento e da
insetos vetores Filariose coleta do lixo
Tularemia Controle de insetos
Doenças Peste Melhoria do
relacionadas com Leptospirose acondicionamento e da
vetores e roedores Demais doenças relacionadas com coleta de roedores
moradia,a água e os excretos, cuja Controle de insetos
transmissão ocorre por roedores

Tempo de decomposição:

Coleta Seletiva:
É um sistema de separação de resíduos pelas suas propriedades e pelo destino que
lhes pode ser dado, com o intuito de tornar mais fácil e eficiente a sua reciclagem ou
recuperação.
A coleta seletiva não é uma alternativa. É uma demanda ambiental, econômica e
social.
A coleta seletiva contribui a medida que:

! diminui a exploração de recursos naturais


! reduz o consumo de energia
! diminui a poluição do solo, da água e do ar
! prolonga a vida útil dos aterros sanitários

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! possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo
! diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis
! pelas indústrias
! diminui o desperdício
! diminui os gastos com a limpeza urbana
! cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias
! gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis

Século XX: nova fase:


Os problemas relacionados aos resíduos sólidos não são peculiares a esse século. O
consumo e a conseqüente geração de resíduos sempre estiveram relacionados com a
abundância dos recursos disponíveis, mais do que qualquer outro fator.
Ao longo da história, o crescimento acelerado das cidades fez com que as áreas
disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas, por esse motivo, muitas vezes, a
disposição final do lixo é realizada de formas inadequadas.
Nas décadas de 1970 e 1990, enquanto a população mundial cresceu cerca de 18%, a
quantidade de resíduos gerada cresce 25% no mesmo período. De 1992 a 2000 o
crescimento populacional foi de 16,4% e no mesmo período a geração de resíduos sólidos
foi de 49%. Segundo o IBGE 70% desses resíduos ainda são dispostos de forma
inadequada.
Com o avanço da tecnologia e o pensamento consumista ocorre um aumento
significativo da geração de resíduos sólidos (exemplos: isopor, pilhas, plásticos, lâmpadas,
baterias etc.).
Uma vez que todos os países, não importando sua localização ou seu status
internacional, produzem milhões de toneladas de resíduos por dia, se justifica a
obrigatoriedade de desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias apropriadas e
ecológicas, com a redução da utilização de recursos naturais, de desperdício, da geração de
resíduos e poluição, é uma ação de prioridade mundial.
Devido ao grande acúmulo de resíduos, a utilização deste é cada vez mais necessária.
É preciso estudar a melhor forma de reutilização e destinação, pois nem sempre a
reciclagem resulta num processo viável e/ou compensador para o meio ambiente.
Desenvolver um novo material ou componente usando resíduo como matéria-prima
envolve aspectos técnicos multidisciplinares, ambientais, financeiros, legais e sociais. Esse
projetos devem reduzir ao mínimo as chances de contaminação do meio ambiente e dos
seres humanos, e comprovar a eficácia técnica.
O resíduo é um problema que, se bem gerenciado, pode se transformar em
oportunidade de lucro e preservação ambiental.
Vale ressaltar que:
! os serviços de varrição e limpeza de logradouros são muito deficientes na maioria
das cidades brasileiras.
! com relação aos resíduos de serviços de saúde – RSS, só nos últimos anos
iniciou-se uma discussão mais consistente do problema. Algumas prefeituras já
implantaram sistemas específicos para a coleta desses resíduos.
! com relação ao tratamento de resíduos, tem-se instalados no Brasil algumas
unidades de compostagem/reciclagem.

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! o manejo e a disposição final dos resíduos industriais – constituem um problema
ainda maior que certamente já tem trazido e continuará a trazer no futuro sérias
consequências ambientais, e para a saúde da população

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Tópico 2
Caracterização e Classificação dos Resíduos

A primeira etapa para se proceder ao gerenciamento dos resíduos sólidos, quaisquer


que sejam, é o conhecimento dos mesmos. Nesse sentido, há que se saber as
características dos resíduos para se conhecer quais as melhores formas de lidar com os
mesmos nas etapas de acondicionamento, coleta, transporte e tratamento/disposição final.
Existem várias formas de classificar os diversos tipos de resíduos sólidos existentes.
Algumas delas são conflitantes, mas a grande maioria caminha para um senso comum,
sofrendo pequenas alterações em função de conceitos próprios dos diversos autores.

Características dos resíduos sólidos (RS)


Os resíduos podem ser caracterizados física, química e biologicamente, de modo a
facilitar e otimizar as etapas do gerenciamento.

Características físicas:
• Geração per capta:
Referência que traduz a quantidade diária de resíduos gerada por cada habitante.

• Teor de umidade:
Reflete o percentual, em peso, de água em uma amostra de resíduo sólido. O teor de
umidade de RS exibe papel fundamental na velocidade de degradação, visto que a
umidade é essencial para a efetivação das reações microbiológicas, além de ser
importante na incineração, uma vez que a água possui calor especifico diferente dos
resíduos.
Desta forma, subclassifica-se em:
• secos: papéis, plásticos, metais, isopor, tecidos, vidros;
• molhados: restos de alimentos, verduras, legumes.

• Composição gravimétrica:
Traduz os valores porcentuais (em peso) dos diferentes componentes dos RS em
uma dada amostra. As categorias de resíduos podem ser as mais comumente
encontradas, como orgânico, plástico, papel, vidro, metal e diversos, ou ainda mais
detalhadas, conforme o grau de detalhamento desejável, como plástico duro e
plástico mole, por exemplo.

• Peso específico aparente:


Consiste na relação entre o peso do RS não compactado (em kg) e o volume que
ocupa (em m3), resultando na variável com unidade kg/m3. É uma grandeza
importante para o dimensionamento dos equipamentos de coleta, transporte e até
mesmo dos aterros.

• Compressividade:
Calcula o potencial de redução de volume de dado RS sob a ação da pressão. É
importante também para o dimensionamento dos equipamentos de coleta e
transporte, além de contribuir para a vida útil do aterro sanitário, uma vez que
reduzindo-se os RS ao menos volume possível, garante-se uma estabilidade no
talude, uma redução no recalque e maior aproveitamento da área do terreno.

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Características químicas:
• Proporção Carbono/Nitrogênio (C/N):
Revela o grau de decomposição de determinada massa de resíduos, seja em
condições aeróbias ou anaeróbias, uma vez que o Carbono e o Nitrogênio são
metabolizados em proporções diferentes pelos micro-organismos, existindo
proporções ótimas para cada fase dos processos biológicos.

• Poder calorífico inferior (PCI):


Traduz a energia, na forma de calor, que dada massa de resíduos irá desprender ao
ser submetida a um processo térmico, como a incineração.

• pH: Classifica o ambiente da massa de resíduos em:


• ácido (valores de pH menores do que 7);
• neutro (pH = 7);
• alcalino (valores de pH superiores a 7).
Sendo de relevante importância para a determinação do ambiente ideal para as
espécies de micro-organismos, que podem ou não sobreviver em determinados pHs.

• Composição química:
Compreende as análises da presença de macro ou micronutrientes, fundamentais
para o metabolismo dos micro-organismos durante a degradação da matéria
orgânica.
Uma maneira de subclassificar os RS seria em:
• orgânicos (ou biodegradáveis): ossos, podas de jardim, restos de alimentos,
cascas e bagaços de frutas
• inorgânicos: compostos por produtos manufaturados, como: vidros,
borrachas, metais, porcelana, lâmpadas

Características biológicas:
É importante o conhecimento de fundamentos da microbiologia, pois as reações
microbiológicas em ambientes na presença de oxigênio (aeróbios), na ausência de oxigênio
e presença de nitratos (anóxicos) e na ausência de oxigênio (anaeróbicos) determinam as
espécies microbiológicas presentes em dada espécie de resíduos. Além disso, cada
processo de tratamento utiliza-se de um micro-organismo, ou seja, as espécies
microbiológicas que irão desempenhar papel fundamental nas diversas fases de
compostagem, por exemplo, são distintas das que irão ser relevantes para as diversas fases
da digestão anaeróbia.

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Classificação dos resíduos sólidos

1. Quanto à origem (Lei 12305/2010, art. 13, inciso I)


2. Quanto à periculosidade (ABNT NBR 10.004:2004)
3. Quanto à finalidade (Lei 12305/2010)

1. Quanto à origem (Lei 12305/2010, art. 13, inciso I):


A origem dos resíduos auxilia na atribuição de responsabilidades, assim como na
tomada de decisão pelas escolhas nas diversas etapas do gerenciamento dos resíduos
sólidos, perante as esferas Federal, Estadual e Municipal.
• Resíduos domiciliares;
• Resíduos de limpeza urbana;
• Resíduos sólidos urbanos (RSU);
• Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços
• Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico;
• Resíduos industriais (RSI);
• Resíduos de serviços de saúde (RSS);
• Resíduos da construção civil (RCC);
• Resíduos rurais;
• Resíduos agrossilvopastoris;
• Resíduos de serviços de transportes;
• Resíduos de mineração

• Resíduos domiciliares:
Originários de atividades domésticas em residências urbanas. Constituem-se uma
grande diversidade de itens, como sobras de alimento, produtos deteriorados, garrafas
(tanto de vidro, como de plástico), embalagens, papel higiênico, fraldas descartáveis etc.
Contudo, alguns resíduos passiveis de serem tóxicos podem ser descartados
inapropriadamente, como lâmpadas fluorescentes, pilhas, inseticidas, entre outros. São
produtos introduzidos no mercado por hábitos que foram desenvolvidos na população,
acarretando um ciclo “vicioso” de dependência, característico do modelo capitalista. Estes
induzem ao consumo e á maior produção de artigos de vida útil reduzida, e ao conseqüente
grande volume de embalagens descartáveis: sacos plásticos rígidos e filmes, isopores etc.
(PEREIRA NETO, 1994).

• Resíduos de limpeza urbana:


Procedentes da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e demais serviços
de limpeza urbana. São compostos por folhas, galhos de árvores, terra e areia. Pode
ocorrer, também, o descarte de materiais inadequados, como pneus, entulho etc.
Um reaproveitamento possível feito a partir desde resíduo é a utilização da capina
originada na limpeza urbana em aterros sanitários de pequeno porte.

• Resíduos sólidos urbanos (RSU);


Junção dos resíduos domiciliares (incluindo os passiveis de serem tóxicos), de
limpeza urbana, de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço público. Oriundos
das atividades humanas que ocorrem nos centros urbanos, sendo caracterizados por uma
pequena geração individual, mas havendo grande geração coletiva.

• Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços:


Compostos pelo resultado da atividade comercial praticada, como por exemplo, os
restos alimentares vindos de lanchonetes e restaurantes. Possuem ainda grande quantidade
de material de escritório, papelão, plástico, embalagens em geral, entre outros.

14
O grupo de resíduo comercial, assim como os entulhos de obras, pode ser dividido em
subgrupos chamados de "pequenos geradores" e "grandes geradores".
O regulamento de limpeza urbana do município poderá definir precisamente os
subgrupos de pequenos e grandes geradores.
Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120 litros
de lixo por dia. Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um
volume de resíduos superior. Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a
pessoa física ou jurídica que gera até 1000 kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto
grande gerador de entulho é aquele que gera um volume diário de resíduos acima disso.

• Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico:


São os lodos provenientes das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e Estações
de Tratamento de Água (ETA).

• Resíduos sólidos industriais (RSI):


São os resíduos gerados nos processos produtivos de instalações industriais.
Engloba uma diversidade de indústrias e processos, assim como resíduos que muitas vezes
não estão associados ao produto final da indústria. Assim, torna-se extremamente
necessário o conhecimento do processo industrial que deu origem ao resíduo, visando o
correto gerenciamento deste, indo do transporte interno até a destinação final
ambientalmente adequada. O lixo em si é bastante variado, podendo ser representado por
cinzas, lodos, óleos, plásticos, metal, escória, cerâmicas, lâmpadas, inclui-se grande
quantidade de lixo tóxico.
Adota-se a norma ABNT NBR 10.004 da ABNT para se classificar os resíduos
industriais: Classe I (Perigosos), Classe II (Não-Inertes) e Classe III (Inertes).

• Resíduos de Serviços de Saúde (RSS):


Engloba todos os serviços de saúde em sua definição, tais como: hospitais, clinicas
veterinárias, clinicas em geral, laboratório de análises clinicas, ambulatórios, entre outras.
Desta forma, percebe-se que há uma diversidade muito grande de geração de RSS, o que
torna imprescindível o seu correto gerenciamento, apesar de existirem também alguns
resíduos passiveis de serem reciclados, em sua maioria gerados em áreas administrativas.
Todavia, por assim dizer, merecem um cuidado especial em seu acondicionamento,
manipulação e disposição final. Devem ser incinerados e os resíduos de sua queima,
levados ao aterro. (Resoluções CONAMA 5/93 e CONAMA 283/01 e Resoluções ANVISA
RDC 33/03).
O Gerenciamento dos RSS deve estar centrado na redução dos risos ao trabalhador
da saúde, à população e ao meio ambiente, e regulamentado pela Resolução RDC
306/2004 da ANVISA e pela Resolução 358/2005 do CONAMA. Sendo assim, as normas
ABNT NBR 12.807 e ABNT NBR 12.808 perderam eficácia.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os resíduos
são divididos em grupos (RIBEIRO; MORELLI, 2009).
• Classe A: Resíduos Potencialmente Infectantes, apresentam risco potencial à
saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos,
sangue e hemoderivados;
• Classe B: Resíduos Químicos, medicamentos vencidos, contaminados, substâncias
para revelação de filmes usados em raio X; Classe
• Classe C: Rejeitos Radioativos, matérias que contenham radionucídeos em
quantidades superiores aos limites de inspeção;
• Classe D: Comuns;
• Classe E: Perfurocortantes, como agulhas, bisturis, lâmpadas dentre outros.

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• Resíduos da construção civil (RCC);
Gerados nas construções, reformas, reparos, demolições de obras civis, incluindo os
resultantes da preparação e escavação de terrenos. São constituídos por materiais
agregados para concreto, fragmentos de concreto armado, madeira, cerâmica, argamassa,
solos, restos de alimentação feita por funcionários, sendo incluídos também alguns materiais
passivos de toxidade, como tintas, lâmpadas fluorescentes, solventes, amianto, entre outros.
Existem diversas possibilidades de reciclagem e reaproveitamento dos resíduos da
construção civil, como por exemplo, o uso em fabricação de tijolos e uso de agregados
reciclados para confecção de peças não estruturais de concreto e pavimentação, além da
utilização de resíduos classe A na cobertura operacional de aterros sanitários de pequeno
porte.

Tabela 2 - Classificação dos resíduos da construção civil. Elaborado com base na


Resolução CONAMA n° 307/2002 e Resolução n° 348/2004 (CONAMA, 2008).

Classe A Reutilizáveis e Alvenaria, concreto, Deverão ser reutilizados ou reciclados


recicláveis como argamassa, solos, na forma de agregados, ou
agregados blocos, tubos, telhas, encaminhados a áreas de aterro de
outros resíduos da construção civil, sendo
dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura
Classe B Recicláveis para Madeira, papel, Deverão ser reutilizados ou
outras destinações plástico, metal e encaminhados a áreas de
outros armazenamento temporário, sendo
dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura
Classe C Sem tecnologia ou Deverão ser armazenados,
utilizações transportados e destinados em
economicamente conformidade com as normas técnicas
viáveis para específicas
reutilização e/ou
reciclagem
Classe D Resíduos perigosos Tintas, óleos, Deverão ser armazenados,
solventes, amianto etc. transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas
específicas

• Resíduos rurais:
São os resíduos oriundos das atividades agropecuárias.

• Resíduos agrossilvopastoris;
Constituídos pelos resíduos gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais,
incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades. São resíduos perigosos
utilizados na agricultura, como embalagens com restos de fertilizantes químicos e
pesticidas.
Devido a periculosidade desses resíduos, existem regulamentações vigentes para o
descarte do mesmo.

• Resíduos de serviços de transportes:


Originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e
passagens de fronteira, são resíduos que recebem atenção especial em decorrência do fato

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de que o tráfego de cargas e pessoas representa o risco de transmissão de doenças e
disseminação de pragas em agriculturas, por exemplo.

• Resíduos de mineração:
São constituídos pelos resíduos gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios. Nesse sentido, destacam-se normas para remoção de
poluentes específicos, como o Bário solúvel, Sulfetos, Arsênio, Óleos e graxas, Cianetos,
Zinco, Cádmio e Chumbo.

2. Quanto à periculosidade (ABNT NBR 10.004:2004)


A norma ABNT NBR 10004:2004 classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Baseia-se nas características dos resíduos,
em listagem dos resíduos reconhecidamente perigosos e em listagem de padrões de
concentração de poluentes (Figura 1).

Figura 1 – Classificação quanto a periculosidade (ABNT NBR 10.004:2004)

CLASSE I – PERIGOSOS:
Apresentam riscos à saúde pública, podendo provocar mortalidade, incidência de
doenças ou aumento de seus índices, ou ao meio ambiente, em função de suas
propriedades físicas, químicas, infectocontagiosas ou quando for gerenciado de forma
inadequada.
Podem ser condicionados, armazenados temporariamente, incinerados, tratados ou
dispostos em aterros próprios para receber resíduos perigosos. Entre eles, podem-se citar
latas de tinta, óleos minerais e lubrificantes, resíduos com thinner, serragens contaminadas
com óleo, graxas ou produtos químicos, EPIs contaminadas (luvas e botas de couro),
resíduos de sais provenientes de tratamento térmico de metais, estopas, borra de chumbo,
lodo da rampa de lavagem, lona de freio, filtro de ar, pastilhas de freio, lodo gerado no corte,
filtros de óleo, papéis e plásticos contaminados com graxa/óleo e varreduras.entre outros.

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Uma forma de identificar um resíduo perigoso é por meio das seguintes características
(inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade), que sempre
aparecerão pelo menos uma vez nos resíduos:

! INFLAMABILIDADE: É conferida no caso de o resíduo apresentar as seguintes


propriedades:
- ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60° (excetuando-se as soluções
aquosas com menos de 24% de álcool em volume);
- não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25°C
e 0,1 Mpa (1 atm), produzir fogo por fricção, por absorção de umidade ou por
alterações químicas espontâneas e, quando inflamada, queimar vigorosa e
persistentemente, dificultando a extinção do fogo;
- ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como
resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro
material;
- ser um gás comprimido inflamável.

! CORROSIVIDADE: É conferida no caso de o resíduo apresentar as seguintes


propriedades:
- ser aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou, superior ou igual a 12,5, ou
sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que
apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;
- ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um
líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano,
a uma temperatura de 55°C, de acordo com USEPA SW 846 ou equivalente.

! REATIVIDADE: É conferida no caso de o resíduo apresentar as seguintes


propriedades:
- ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar;
- reagir violentamente com a água;
- formar misturas potencialmente explosivas com a água;
- gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar
danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando misturados com a água;
- possuir em sua constituição os íons CN- (cianeto) ou S2– (sulfeto) em
concentrações que ultrapassem os limites de 250 mg de HCN (ácido cianídrico)
liberável por quilograma de resíduo ou 500 mg de H2S (ácido sulfídrico) liberável
por quilograma de resíduo, de acordo com ensaio estabelecido no USEPA – SW
846 ou equivalente.

! PATOGENICIDADE: Um resíduo sólido é caracterizado como patogênico se uma


amostra dele contiver ou se houver suspeita de conter um ou mais dos elementos abaixo,
capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais :
- microorganismos patogênicos;
- proteínas virais;
- ácido desoxiribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN);
- recombinantes;
- organismos geneticamente modificados;
- plasmídios;
- cloroplastos
- mitocôndrias ou toxinas

! TOXIDADE: É conferida no caso de o resíduo apresentar as seguintes propriedades:


- ser comprovadamente letal ao homem;
- possuir substância em concentração comprovadamente letal ao homem ou
estudos do resíduo que demonstrem uma DL50 oral para ratos menor que 50

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mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor que 2 mg/L ou uma DL50 dérmica para
coelhos menor que 200 mg/kg.
-

Assim, para lidar com toda essa sua periculosidade, o descarte do resíduo da classe
I pode ser feito por meio de um armazenamento temporário, incineradores, tratamentos ou
até mesmo disposição em aterros sanitários próprios para receber resíduos perigosos.

CLASSE II – NÃO PERIGOSOS:

Subdivididos em:
! CLASSE IIA – NÃO INERTES:
Constituem-se nessa classe os resíduos que não se enquadram na Classe I (perigosos) ou
Classe IIB (não perigosos e inertes). Contudo, podem ter propriedades tais como
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água com possibilidade de
acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente; e ainda podem ser transformados em
composto orgânico e substrato para plantas.
Ex: materiais orgânicos da indústria alimentícia, lamas de sistemas de tratamento de águas,
limalha de ferro, poliuretano, fibras de vidro, resíduos provenientes de limpeza de caldeiras
e lodos provenientes de filtros, EPIs (uniformes e botas de borracha, pó de polimento,
varreduras, polietileno e embalagens, prensas, vidros (pára-brisa), gessos, discos de corte,
rebolos, lixas e EPIs não contaminados.

! CLASSE IIB – INERTES:


São os resíduos que quando amostrados de forma representativa, segundo a norma ABNT
NBR 10004:2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
desionizada, à temperatura ambiente, conforme a norma ABNT NBR 10.006:2004, não
tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões
de potabilidade da água, com exceção da cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G
da ABNT NBR 10.004:2004.
Além disso, os inertes podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados, pois não
sofrem qualquer tipo de alteração em sua composição com o passar do tempo.
Ex.: entulhos, sucata de ferro e aço.

Normas pertinentes :

• ABNT NBR 10.005:2004 – lixiviação (separação por lavagem ou percolação)


• ABNT NBR 10.006:2004 – solubilização (constituintes solubilizados em concentrações
superiores a padrão)
• ABNT NBR 10.007:2004 – amostragem (número de amostras > 4; amostragem logo após
geração de resíduos; resíduos ao ar livre: amostragem a 15 cm de profundidade
amostras compostas)

A Tabela 3 apresenta exemplos de código de identificação de resíduos classificados


como não perigosos.

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Tabela 3 - Codificação de alguns resíduos classificados como não perigosos (ABNT NBR
10.004:2004)

Um resumo do procedimento para a classificação de resíduos sólidos quanto à sua


periculosidade (segundo a ABNT NBR 10.004:00) é mostrado na Figura 2.

Figura 2 – Fluxograma de como classificar resíduos sólidos quanto a sua periculosidade

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A seguir a Tabela 4, expõem os responsáveis pelo gerenciamento dos diferentes tipos
de resíduos.

Tabela 4 - Responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de resíduo (JARDIM, 1995)

Origem Possíveis Classes Responsável


Domiciliar II-A; II-B Prefeitura
Comercial II-A; II-B Prefeitura
Industrial I, II-A; II-B Gerador de resíduo
Público II-A; II-B Prefeitura
Serviços de saúde I, II-A; II-B Gerador de resíduo
Portos, aeroportos e ferrovias I, II-A; II-B Gerador de resíduo
Agrícola I, II-A; II-B Gerador de resíduo
Construção II-B Gerador de resíduo

3. Quanto à finalidade (Lei 12305/2010)


São classificados quanto à finalidade: resíduos sólidos reversos e os rejeitos.

Resíduos Sólidos Reversos: São resíduos sólidos restituíveis, por meio da logística
reversa, visando o seu tratamento e reaproveitamento em novos produtos, na forma de
insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos. Ex: pilhas e baterias, lâmpadas
fluorescentes, pneus.

Pilhas e Baterias
As pilhas e baterias têm como princípio básico converter energia química em energia
elétrica utilizando um metal como combustível. Podem conter um ou mais dos seguintes
metais: chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni),prata (Ag), lítio (Li), zinco
(Zn),manganês (Mn) e seus compostos. As substâncias das pilhas que contêm esses metais
possuem características de corrosividade, reatividade e toxicidade e são classificadas como
"Resíduos Perigosos Classe I". As substâncias contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata e
níquel causam impactos negativos sobre o meio ambiente e, em especial, sobre o homem.
Outras substâncias presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o manganês e o lítio,
embora não estejam limitadas pela ABNTNBR 10.004:2004, também causam problemas ao
meio ambiente. Já existem no mercado pilhas e baterias fabricadas com elementos não
tóxicos, que podem ser descartadas, sem problemas, juntamente com o lixo domiciliar.

Lâmpadas Fluorescentes
O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes contém
mercúrio. Isso não está restrito apenas às lâmpadas fluorescentes comuns de forma tubular,
mas encontra-se também nas lâmpadas fluorescentes compactas. As lâmpadas
fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas em aterros
sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é
tóxico para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou ingerido, pode causar vários

21
problemas fisiológicos. Uma vez lançado ao meio ambiente, o mercúrio sofre uma
"bioacumulação", isto é, ele tem suas concentrações aumentadas nos tecidos dos peixes
tornando-os menos saudáveis, ou mesmo perigosos se forem ingeridos freqüentemente. As
mulheres grávidas que se alimentam de peixe contaminado transferem o mercúrio para os
fetos, que são particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos. A acumulação do
mercúrio nos tecidos também pode contaminar outras espécies selvagens, como marrecos,
aves aquáticas e outros animais.

Pneus
São muitos os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus.
Se deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, servindo
como local para a proliferação de mosquitos, se encaminhados para aterros de lixo
convencionais, provocam "ocos" na massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro.
Se destinados em unidades de incineração, a queima da borracha gera enormes
quantidades de material particulado e gases tóxicos, necessitando de um sistema de
tratamento dos gases extremamente eficiente e caro.

Rejeitos: ão os resíduos sólidos após esgotadas todas as possibilidades de tratamento e


recuperação pelos processos acessíveis, não apresentando outra alternativa além do
descarte ambientalmente correto.

Fatores que influenciam as características dos resíduos sólidos

Climáticos
• Chuvas: aumento do teor de umidade;
• Outono: aumento do teor de folhas;
• Verão: aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
rígidos).

Épocas especiais
• Carnaval: aumento do teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos
rígidos);
• Natal/Ano Novo/Páscoa: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos
maleáveis e metais), aumento de matéria orgânica;
• Dia dos Pais/Mães: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis
e metais);
• Férias Escolares: esvaziamento de áreas da cidade em locais não turísticos,
aumento populacional em locais turísticos.

Demográficos
• População urbana: quanto maior a população urbana, maior a geração de
resíduo per capta;

22
Sócioeconômicos
• Nível Cultural: quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica;
• Nível Educacional: quanto maior o nível educacional, menor a incidência de
matéria orgânica;
• Poder Aquisitivo: quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais
recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica;
• Desenvolvimento Tecnológico: introdução de materiais cada vez mais leves,
reduzindo o valor do peso específico aparente dos resíduos;
• Lançamento de Novos Produtos: aumento de embalagens
• Promoções de Lojas Comerciais: aumento de embalagens
• Campanhas Ambientais: redução de materiais não biodegradáveis (plásticos) e
aumento de materiais recicláveis e/ou degradáveis (papéis, metais e vidros).

23
Tópico 3
Visão geral sobre as leis e políticas referentes aos resíduos sólidos

No Brasil existe várias leis, decretos, resoluções e normas que evidenciam


preocupação com o meio ambiente e, especificamente na questão da limpeza urbana, há
ainda iniciativa do poder legislativo municipal nas leis orgânicas e demais instrumentos
legais locais.
A Constituição Federal estabelece no art. 170 os princípios gerais das atividades
econômicas. Em seu art. 225 estabelece a imposição ao Poder Público e a coletividade a
obrigação de defender o ambiente.
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações” (art. 225)
Resíduos sólido também é tema o qual se ocupa o CONAMA (Conselho Nacional do
Meio Ambiente) instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/99, que tem como finalidade de assessorar,
estudar e propor ao conselho do governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio
ambiente e deliberar sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente.

Assista ao vídeo: Debate sobre Política Nacional de Resíduos Sólidos (9:58 m)


http://www.youtube.com/watch?v=iOYmg2QlXXs

Resolução CONAMA 01/86

Ementa: Define responsabilidade e critérios para avaliação de impacto ambiental e define


atividades que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).

Artigo 1° – Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,


químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultantes das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos.

Resolução CONAMA 08/91

Ementa: Veta a entrada no Brasil de materiais residuais destinados à disposição final e


incineração.

Artigo 1° – É vetado a entrada no pais de materiais residuais destinados à disposição final e


incineração.

Artigo 2° – A não observância desta Resolução sujeitará os infratores às penas previstas na


legislação vigente

24
Resolução CONAMA 275/01

Ementa: Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado
na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas
para a coleta seletiva.

Artigo 1° – Estabelecer o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser


adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva.

Artigo 2° – Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da


administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades
paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecido conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 - Padrões de cores adotados pela Resolução CONAMA 275/01

Resolução CONAMA 301/02

Ementa: Trata da destinação final de pneumáticos inservíveis.

Pneu ou Pneumático: todo artefato inflável, constituído basicamente por borracha e


materiais de reforço utilizados para rodagem em veículos automotores e bicicletas;

Pneu ou Pneumático Inservível: aquele que não mais se presta a processo de reforma que
permita condição de rodagem adicional.

Artigo 1° – as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos para uso em


veículos automotores e bicicletas ficam obrigadas a coletar e dar destinação final,
ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na
proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou
importadas.

25
Resolução CONAMA 334/03

Ementa: Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos


destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos.

Artigo 1° – Esta Resolução disciplina, sem prejuízo de outras normas aplicáveis à espécie,
os requisitos e critérios técnicos mínimos necessários pra o licenciamento ambiental, pelos
órgãos competentes, de unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos e
afins.

Assista aos vídeos: Embalagens Agrotóxicos


http://www.youtube.com/watch?v=TQbsSVSve0U
https://www.youtube.com/watch?v=kL4Hb8-VOKw

Norma ABNT NBR 8.418:1984


Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos

Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros de resíduos industriais

Comitê: ABNT/CB -02 Construção Civil

Normas relacionadas a ABNT NBR 8.418:1984


• ABNT NBR 6.459:1984 – solo – determinação do limite de liquidez
• ABNT NBR 7.180:1988 – solo – determinação de plasticidade
• ABNT NBR 7.181:1988 – solo – análise granulométrica
• ABNT NBR 8.036:1983 – programação de sondagens de simples reconhecimento do solo
para fundações de edifícios
• ABNT NBR 5.984:1980 – norma geral de desenho técnico

Norma ABNT NBR 8.849:1985


Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos

Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos

Comitê: ABNT/CB -02 Construção Civil

Normas relacionadas a ABNT NBR 8.849:1985


• ABNT NBR 8.419:192 - apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos
sólidos urbanos
• ABNT NBR 5.984:1980 – norma geral de desenho técnico
• Portaria n. 053 de 1/3/1979 – define critérios para tratamento de resíduos sólidos
• Portaria n. 124 de 20/8/1980 – define critérios para industrias potencialmente poluentes e
construções

26
Norma ABNT NBR 8.419:1992 (versão corrigida 1996)
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos

Ementa: Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos
de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos

Comitê: ABNT/CB -02 Construção Civil

Norma ABNT NBR 1.057:1987


Aterros de resíduos perigosos – critérios para projeto, construção e operação

Ementa: Esta norma fixa as condições mínimas exigíveis para projeto e operação de aterros
de resíduos perigosos, de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas
superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e
populações vizinhas.

Comitê: ABNT/CB-02 Construção Civil

Normas relacionadas a ABNT NBR 10.157:1987


• ABNT NBR 10.004:2004 – resíduos sólidos – classificação
• ABNT NBR 10.007:2004 – amostragem de resíduos sólidos
• ABNT NBR 8.418:1984 – apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
perigosos

Norma ABNT NBR 13.896:1997


Aterros de resíduos perigosos – critérios para projeto, construção e operação

Ementa: Fixa condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros
de resíduos não perigosos, de forma a proteger adequadamente as coleções hídricas
superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas instalações e
populações vizinhas.

Comitê: ABNT/CEE Comissão de Estudo Especial

Normas relacionadas a ABNT NBR 13.896:1997


• ABNT NBR 10.004:2004 – resíduos sólidos – classificação
• ABNT NBR 10.007:2004 – amostragem de resíduos sólidos
• ABNT NBR 12.998:1993 – líquidos livres – verificação em amostras de resíduos
• ABNT NBR 8.419:1996 – apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos
sólidos urbanos

Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6938/81


O princípio do “poluidor pagador” encontra-se estabelecido na Lei Nacional do Meio
Ambiente. Isso significa dizer que “cada gerador é responsável pela manipulação e destino
final de seu resíduo”.
Sistema de Licenciamento Ambiental está previsto na Lei Federal nº 6.938, de
31/8/1981, e foi regulamentado pelo Decreto Federal nº 99.274, de 06/6/1990. Por outro
lado, a Resolução CONAMA nº 01/86 define responsabilidades e critérios para avaliação de

27
impacto ambiental e define as atividades que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental -
EIA - e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA -, entre as quais se inclui a implantação de
aterros sanitários

A Lei 12.305 e as novas perspectivas para a gestão do resíduos urbano no Brasil


Em 2010 o Brasil deu um grande avanço em relação ao meio ambiente, especialmente
para o desenvolvimento sustentável, ecoeficiência, economia solidária, inclusão social,
responsabilidade compartilhada, prevenção e precaução ambiental, quando da instituição da
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pela Lei Federal 12.305 de 2
de agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Federal n. 7.404 de 23 de dezembro de
2010.
A PNRS, após muitos anos de discussão, traz definições e reúne um conjunto de
princípios, objetivos, instrumentos, metas, diretrizes e ações que devem ser adotadas pelo
poder público em parceria com instituições privadas e representativas da sociedade em
geral.
O caput do art. 9º da lei afirma que na nova gestão de resíduos sólidos, deve ser
observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos. Percebemos pela redação deste artigo que a não geração vem
antes da reutilização na linha de prioridade. Na verdade deveria ser o contrário, uma vez
que a reutilização e reciclagem trazem como lógica a redução na geração primária de
resíduos.
A lei prevê, ainda, a criação de um plano nacional de resíduos sólidos, planos
estaduais de resíduos sólidos, planos microrregionais e planos de resíduos para regiões
metropolitanas, planos intermunicipais de resíduos sólidos, planos municipais de gestão
integrada de resíduos sólidos e planos de gerenciamento de resíduos sólidos, estes últimos,
destinados aos geradores de resíduos.
No art. 16 a lei estabelece como condição para os Estados terem acesso aos recursos
da União ou controlados por ela, bem como a incentivos e financiamentos das entidades
federais de crédito relacionados à gestão de resíduos, a elaboração desse plano estadual
de resíduos sólidos. No art. 18 a lei faz a mesma observação em relação aos municípios e
ao distrito federal, que terão que elaborar planos municipais de gestão integrada contendo,
dentre tantas outras coisas: o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no
respectivo território, com origem e volume; a caracterização dos resíduos e as formas de
destinação e disposição final adotadas.
A Lei 12.305/10 introduz alterações na Lei 9.605/98, estabelecendo: pena de reclusão
de 1 a 4 anos e multa para quem abandona os produtos ou substâncias tóxicas, perigosas
ou nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente ou os utiliza em desacordo manipula,
acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou designa destinação final a
resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
E por fim, e mais importante, o capítulo VI que trata das proibições, veda o lançamento
in natura a céu aberto (exceto os resíduos da mineração) e a queima a céu aberto como
destinação ou disposição final para os resíduos sólidos. Na prática, a lei obriga a União,
Estados, Distrito Federal e municípios a substituírem as formas tradicionais de gestão do
lixo por uma destinação ambientalmente adequada dos rejeitos e, assim, condena à
extinção os famosos lixões a céu aberto, que gradativamente, e vale dizer, lentamente,
desaparecerão da realidade de nosso país.
O pode público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade
das ações voltadas para assegurar a observância da PNRS, ou seja, todos são
responsáveis.

28
Assista aos vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=CBd7PWb1NlA
https://www.youtube.com/watch?v=Q1IZth6qnnw
https://www.youtube.com/watch?v=xM0IOorzB1w

Tabela 5 – Princípio, instrumentos e diretrizes da PNRS (Adaptado da Lei 12.305/10)


Princípios Instrumentos Diretrizes
Prevenção e precaução Planos de resíduos sólidos Não geração, redução,
reutilização, reciclagem,
Inventários e sistema tratamento de resíduos e a
declaratório anual disposição final adequada

O poluidor-pagador e Coleta seletiva, sistemas de Gestão integrada dos


protetor-recebedor logística reversa e outros resíduos sólidos
A visão sistêmica (ambiental, Criação e desenvolvimento Promover a integração da
social, cultural, econômica, de cooperativas organização, do
tecnológica e de saúde planejamento e da execução
pública) Monitoramento e fiscalização das funções públicas
ambiental, sanitária e relacionadas à gestão
agropecuária
Desenvolvimento sustentável Cooperação técnica e Controlar e fiscalizar as
financeira entre setor público atividades geradoras sujeitas
e privado ao licenciamento
A ecoeficiência Pesquisa científica e Manter de forma conjunta o
tecnológica Sistema Nacional de
Informações sobre a Gestão
dos Resíduos Sólidos
A cooperação entre poder Educação ambiental
público, setor empresarial e
a sociedade em geral
Responsabilidade Incentivos fiscais, financeiros
compartilhada (ACV) e creditícios
Reconhecimento do FNMA e FNDCT
reutilizável e do reciclável
como bem econômico e Sinir
social, gerador de trabalho e
renda e promotor da Sinisa
cidadania
Respeito às diversidades Conselhos de meio ambiente
locais e regionais e conselhos de saúde
Direito à informação e ao Órgãos colegiados
controle social municipais
A razoabilidade e Cadastro nacional de
proporcionalidade operadores de resíduos
perigosos
Acordos setoriais

29
Estrutura da PNRS: implementação e regulamentação
• Resíduos ≠ Rejeitos
• Destinação final ambientalmente adequado dos resíduos (reciclagem, reutilização,
compostagem, recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
admitidas pelos órgãos competentes)
• Disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (aterros), observando normas
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança
e a minimizar os impactos ambientais adversos
• Geradores
• Planos de Gestão (Nacional, Estaduais, Microrregionais e Municipais): devem ser
renovados a cada 4 anos
• Plano de Gerenciamento (Setor Empresarial): devem ser renovados a cada 4 anos
• Responsabilidade Compartilhada
• Acordo Setoriais (Logística reversa) são instrumentos contratuais entre os poderes
públicos, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes para a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por meio da logística
reversa dos resíduos e embalagens pós consumo.

Figura 4 – Quadro com Logística reversa, responsabilidades compartilhada e acordos


setoriais interligados

30
Um dos grandes ganhos com relação ao estabelecimento da Política Nacional de
Resíduos Sólidos foi a definição dos Planos de Resíduos Sólidos, em todas as esferas,
Figura 5. O Decreto 7.404/2010 estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração de uma
Versão Preliminar do Plano a ser colocada em discussão com a sociedade civil que devem
ser formulados, implementados e operacionalizados com ampla participação social, além de
possuir ampla publicidade.

! !
Plano Nacional Plano Estadual
de Resíduos de Resíduos
Sólidos! Sólidos!

Planos de
Resíduos Sólidos
de regiões
metropolitanas
! !
Planos ou aglomerações Planos
urbanas
Microrregionais Municipais de
de Resíduos Resíduos
Sólidos! Sólidos!

!
Planos
Intermunicipais
de Resíduos
Sólidos!

Figura 5 – Planos de resíduos sólidos de acordo com a Lei 12.305/10

Pode-se dizer que a PNRS trouxe inovações:


• Responsabilidade Compartilhada;
• Incentivo à Não Geração, Redução, Reutilização e Reciclagem;
• Estímulo à implantação da Coleta Seletiva;
• Estímulo à Logística Reversa;
• Estímulo à Formação de Consórcios Municipais;
• Elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos nas Esferas Administrativas;
• Elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos no âmbito da Iniciativa Privada;
• Incentivo à Implantação, Formalização, Aparelhamento e Capacitação de Cooperativas de
Catadores de Resíduos;
• Estabelecimento de Prazo para Desativação dos Lixões.

31
Leitura complementar
Os movimentos sociais e a política nacional de resíduos sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos terá papel fundamental na inclusão


econômica, social e cultural das pessoas que vivem, convivem e sobrevivem das atividades
de reutilização e reciclagem de produtos, materiais e embalagens pós consumo. A
responsabilidade e gestão compartilhadas entre fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes, poderes públicos e consumidores terá na logística reversa uma das principais
ferramentas de gestão e as cooperativas de cooperativas em reciclagem, estimuladas pela
Lei 12.305/10 (art. 36 § 1°), serão fundamentais para fortalecer as parcerias estratégicas
dos municípios e consórcios na operacionalização dos programas integrados de resíduos
sólidos em suas áreas de atuação.
Estas cooperativas e associações serão estimuladas e auxiliadas pelos poderes
públicos, inclusive com incentivos e recursos organizacionais e financeiros que facilitem sua
consolidação como instrumentos indispensáveis na gestão dos resíduos. As empresas terão
nestas organizações, parceiras estratégicas em suas responsabilidades de
acompanhamento e retorno de seus produtos e embalagens (logística reversa), sendo
indispensáveis atividades técnicas e operacionais comuns. Os acordos setoriais entre
poderes públicos e setores empresariais devem garantir a capacitação de trabalhadores
internos e externos às empresas, possibilitando a formação de mão de obra qualificada.
Surgirão novas atividades e oportunidades econômicas, gerando trabalho e renda de
qualidade para um contingente tradicionalmente marginalizado da sociedade.
Os movimentos sociais e comunitários, principalmente os relacionados com a inclusão
social, organização e acesso ao trabalho, meio ambiente e autogestão podem ser
protagonistas fundamentais da organização e capacitação dos trabalhadores cooperativados
para que os serviços prestados às empresas ou órgãos públicos sejam satisfatórios,
regulares e legais. Indispensável destacar que estas organizações precisarão estar
licenciadas pelos órgãos ambientais e de segurança do trabalho e que serão necessários
treinamentos específicos dos recursos humanos, ampliando os conhecimentos técnicos de
manejo dos resíduos e as capacidades administrativas dos trabalhadores, estimulando a
participação dos cooperados nas decisões internas e estabelecendo uma rede de relações
externas que garantam o fortalecimento da participação popular e da democracia.
É uma oportunidade importante para que os movimentos sociais sejam fortalecidos e
busquem a integração social, econômica e cultural de setores da sociedade que
tradicionalmente estão na margem destes processos, resgatando a dignidade humana e
contribuindo para um futuro sustentável, onde as responsabilidades sejam compartilhadas e
os recursos naturais utilizados para promover o bem comum e a paz social.

Antonio Silvio Hendges


Publicado na revista EcoLógica em 19 Fevereiro 2011,
(http://revistaecologica.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1034%3Aos-
movimentos-sociais-e-a-politica-nacional-de-residuos-solidos-artigo-de-antonio-silvio-
hendges-&catid=163%3Ameio-ambiente, acesso em 18/11/2011.

32
Tópico 4
Gestão e Gerenciamento de resíduos sólidos

A grande quantidade de resíduos gerados, bem como as leis que não punem
exemplarmente os geradores que não gerenciam eficazmente, constituem-se num dos
grandes problemas da sociedade moderna. Portanto, deve ser tomados medidas que
transformem estes resíduos em recursos reutilizáveis.
É necessário que haja uma sinergia entre o gerador de resíduo, os empresários que
desenvolvam alternativas para estes resíduos, o governo e os órgãos oficiais que fomentem
este tipo de iniciativa com incentivos fiscais e a sociedade, no sentido de aceitar estes
produtos, de reconhecida qualidade, e dando preferência a empresas, produtos e serviços
que se preocupem com as questões ambientais.

Conceito de Gestão de resíduos sólidos de acordo com a Lei 12.305/10: conjunto de


ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a
premissa do desenvolvimento sustentável. Portanto, abrange atividades referentes à tomada
de decisões estratégicas e à organização do setor para esse fim, envolvendo instituições,
políticas, instrumentos e meios.

Conceito de Gerenciamento de resíduos sólidos de acordo com a Lei 12.305/10: refere-


se aos aspectos tecnológicos e operacionais da questão, envolvendo fatores
administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de desempenho: produtividade e
qualidade, por exemplo, e relaciona-se à prevenção, redução, segregação, reutilização,
acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e destinação final
de resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos

Objetivos da Gestão de Resíduos Sólidos


• reduzir a geração de resíduos sólidos
• ampliar ao máximo a reutilização e a reciclagem
• promover a inclusão social e econômica dos catadores
• promover a disposição final ambientalmente correta
• otimizar os recursos disponíveis
• universalizar a prestação dos serviços a toda a população.

Elementos indispensáveis em um modelo de Gestão


• reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos e identificação dos papéis de
cada um;
• consolidação da base legal;
• mecanismos de financiamento para a sustentabilidade dos serviços;
• sistema de planejamento integrado para implementação das políticas públicas do setor.

Benefícios com a Gestão de resíduos sólidos


Redução de Custos
• melhoria na eficiência de utilização do material do processo;
• desenvolvimento de novas tecnologias para processar subprodutos;

33
• lucro na venda de materiais recicláveis;
• redução nos gastos com disposição

Preservação do Meio Ambiente


• conservação de recursos;
• redução na emissão de produtos tóxicos;
• menor quantidades de resíduos destinadas ao aterro.

O problema da gestão dos resíduos sólidos nas sociedades atuais tornou-se complexo
devido à quantidade e à diversidade dos resíduos, à explosão das áreas urbanas, à
limitação dos recursos financeiros públicos em muitas cidades, aos impactos da tecnologia e
às limitações tanto de energia quanto de recursos naturais. Portanto, se a gestão dos
resíduos sólidos for realizada de maneira ordenada e eficiente, os aspectos e as relações
fundamentais envolvidas podem ser identificadas e ajustadas para a uniformização dos
dados e um melhor entendimento das ações necessárias ao bom andamento das políticas
públicas de fornecimento de serviços municipais de gestão de resíduos sólidos (BRAGA,
BONETTO, 1993).

Desafios da Gestão de RSU


1- Aumento do volume dos resíduos
• maior população
• maior consumo
• maior quantidade de materiais descartáveis
• menor durabilidade

2- Manejo dos diferentes tipos/classes de resíduos gerados - composição do lixo está cada
vez mais complicada
• novos materiais
• novas combinações químicas
• ausência de cultura de separação

3- Resíduos jogados /deixados nas vias públicas


• elevado índice de descarte de resíduos em locais inadequados
• espaço limitado para instalação de lixeiras
• dificuldades para colocação de contêineres

4- Restrições de trânsito e circulação de caminhões


• dificuldades de acesso
• dificuldades de tráfego de caminhões
• emissões de poluentes e aquecimento global

5- Destinação final
• necessidade de adequação
• distância dos centros de geração
• unidades em fim de vida útil

34
Figura 6 – Estratégia para a gestão e o gerenciamento integrado de resíduos
sólidos

GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


É o conjunto de ações normativas, de planejamento, financeiras e operacionais que a
municipalidade deve desenvolver, baseada nos aspectos sanitários e ambientais, de forma a
tratar do resíduo sólido, desde a sua geração até a destinação final, utilizando tecnologias
mais compatíveis com a realidade local.
O gerenciamento inadequado de resíduos pode resultar em riscos para a qualidade
de vida das comunidades, criando, ao mesmo tempo, problemas de saúde pública e se
transformando em fator de degradação do meio ambiente, além, é claro, dos aspectos
social, estético, econômico e administrativo envolvidos.
Igualmente grave é a questão dos catadores, muitos dos quais crianças, que buscam
nos vazadouros públicos alimentos ou materiais que possam ser comercializados e, nesse
aspecto, reside não só o risco direto à saúde dos que buscam a subsistência nos lixões
como o risco da venda de determinados resíduos como matéria-prima para fins
desconhecidos.
Para entender melhor o risco potencial à saúde, é preciso ressaltar que a população
pode ficar exposta a doenças infecciosas, direta ou indiretamente, em decorrência do
gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos, seja na fase de manuseio,
acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e destinação final.
Desta maneira, justifica-se a preocupação com os resíduos sólidos, em função da
recorrência de problemas de natureza operacional dos sistemas de coleta, tratamento e
disposição final nos municípios.

35
Estão sujeitos à elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos:
I - os geradores de resíduos sólidos dos serviços públicos de saneamento básico, de
resíduos industriais, de resíduos de serviços de saúde e de resíduos de mineração;
II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos
perigosos, ou resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza,
composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público
municipal;
III - as empresas de construção civil;
IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações (portos, aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira), e as empresas de
transporte;
V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris.

Conteúdo mínimo do Plano de Gerenciamento de Resíduos:


• descrição do empreendimento ou atividade
• origem, volume e caracterização dos resíduos sólidos
• os responsáveis por cada etapa do gerenciamento
• os procedimentos operacionais do gerenciamento
• identificação das soluções consorciadas/compartilhadas
• ações preventivas/corretivas
• metas para minimização/reutilização/reciclagem
• ações de responsabilidade compartilhada (ciclo de vida)
• medidas sobre passivos ambientais (resíduos sólidos)
• periodicidade de sua revisão (licença de operação)

Como se faz?
• primeira etapa: planejamento (aspectos ambientais; requerimentos legais e outros;
objetivos e metas);

• segunda etapa: implementação e operação (estrutura e responsabilidade;


treinamento, consciência e competência; manuseio e acondicionamento; pré-
tratamento; destinação final; documentação do PGR; controle operacional);

• terceira etapa: verificação e ações corretivas (monitoramento e medições; não-


conformidade e corretivas; registros; auditorias do PGR);

• quarta etapa: revisão da gestão

As características de cada tipo de resíduo exigem um modelo de


gestão/gerenciamento adequado, que não tenha como objetivo APENAS a coleta e a
destinação final, mas o tratamento ideal de cada um, com a finalidade de evitar problemas
de saúde pública e contaminação ambiental, impactos sociais e econômicos.
Assim, as atividades relacionadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos, do ponto de
vista da geração à disposição final, podem ser agrupadas em seis grupos funcionais
(POLETO, 2010):
• geração de resíduos;
• manuseio e separação, armazenamento e processamento dos resíduos da fonte;
• coleta;

36
• separação, processamento e transformação dos resíduos;
• transporte;
• disposição final;

É importante ressaltar que por meio da consideração isolada de cada elemento


funcional é possível:
• identificar os aspectos e as relações fundamentais envolvidas;
• desenvolver, onde possível, relações quantificáveis para os propósitos de
comparações de métodos de engenharia, análises e avaliações.

Um processo de hierarquização em gestão de resíduos sólidos pode ser utilizado para


estabelecer o ordenamento das ações a serem realizadas pra a implantação e a
implementação dos programas em uma determinada comunidade.

“Na gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada


a seguinte ordem de prioridade: não-geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos” (art. 9°)

A Figura 7 ilustra de maneira genérica um programa integrado de resíduos sólidos


(POLETTO, 2010).

Figura 7 – Hierarquia da gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos

Não geração: O posicionamento deste elemento no topo da hierarquia da gestão e do


gerenciamento de resíduos sólidos é devido à efetividade que esta ação pode representar
na geração da quantidade de resíduos, na gestão dos custos associados e seus impactos
ambientais.

Redução resíduos sólidos: envolve a redução das quantidades e/ou toxicidade dos
resíduos gerados. A redução dos resíduos pode ocorrer por meio de projeto, manufatura, ou
embalagem de produtos que apresentem o menor potencial tóxico possível, o menor volume
e a maior vida útil. Pode ocorrer no âmbito doméstico, comercial ou industrial por meio de
padrões seletivos de compra e venda, bem como de reutilização dos materiais separados.

37
Exemplos de atividade de redução de resíduos:
• “design” dos produtos ou embalagens voltado à redução da quantidade, à redução da
toxicidade dos materiais utilizados e a facilitação do reuso;
• reuso de produtos ou embalagens como, por exemplo, garrafas recicláveis,
“pallets”recicláveis, barris e tambores recondicionados;
• aumento da vida útil dos produtos, de modo a evitar ao máximo possível, a necessidade
de produzi-los e, consequentemente, dispô-los;
• utilização de embalagens que diminuam os danos ou o derramamento dos produtos; e
• gerenciamento de resíduos orgânicos como restos de alimentos e resíduos de jardinagem,
por meio da compostagem no próprio local ou por outras alternativas de disposição (como
dispor restos de poda sobre o gramado).

Reutilização: significa dar vida mais longa aos objetos, aumentando sua durabilidade e
reparabilidade ou dando–lhes nova personalidade ou uso, muito comum com as
embalagens retornáveis, rascunhos, roupas etc. Após a utilização de um produto ou material
(sólido, liquido, energia etc.) deve-se recorrer a todos os meios para reutilização. Um
exemplo típico é a reutilização das garrafas de vidro; usar o verso do papel sulfite para
rascunho etc.

Reciclagem: envolve a separação e a coleta de materiais; a preparação destes materiais


para o reuso, reprocessamento e remanufatura propriamente ditos. A reciclagem é um
importante fator no auxílio à redução da demanda sobre os recursos naturais e sobre o
tempo de vida útil dos aterros sanitários e em operação. Um exemplo típico é a reciclagem
de garrafas plásticas para produzir outras garrafas plásticas ou outros produtos.
A reciclagem se diferencia da reutilização porque, neste caso, não há a reutilização
direta do produto propriamente dito, mas do material de que é feito. Em conseqüência,
reciclagem é um método de reaproveitamento no qual é necessário levar-se em conta uma
provável perda de valor, mesmo que sensível, do produto original

Tratamento: é baseado na transformação térmica, química, física ou biológica da matéria-


prima utilizada na fabricação do produto, para produzir material e/ou energia diretamente
disponível para uso. É representada pelas operações de reaproveitamento de resíduos
sólidos para a produção de energia por meio da incineração e pela compostagem da porção
biodegradável para a utilização na agricultura ou em substituição à terra vegetal e, parques
e praças. Como recursos recuperados a partir da gestão de resíduos sólidos também pode
ser citada a utilização do biogás produzido nos aterros sanitários como consequência da
decomposição anaeróbica da fração orgânica dos componentes dos resíduos sólidos.

Aterramento: a eliminação final é o último método de gerenciamento de resíduos e deve


ser restrita somente ao resíduo ou frações do mesmo, que não sejam reutilizáveis,
recicláveis ou recuperáveis (ou seja rejeito). A eliminação final pode ser realizada em aterros
sanitários ou em incineradores, para a redução do volume. A
Apesar de todas as alternativas que podem ser identificadas para resolver o
problema da disposição final dos resíduos sólidos, sempre haverá a necessidade de dispor
as frações que não tem tratamento viável economicamente.

38
Metodologia proposta para o Gerenciamento de Resíduos Sólidos
A gestão de resíduos sólidos e as boas práticas revelam-se altamente rentáveis para o
empresário. As técnicas de redução na fonte, substituição de matéria-prima, reutilização e
reciclagem podem trazer reais benefícios econômicos, além de evitar a exposição do
negócio aos riscos dos passivos ambientais (desvalorização ou perda total da atividade).
A gestão inadequada de resíduos, no entanto, pode levar seus responsáveis ao
pagamento de multas e a sanções penais (prisão, por exemplo) e administrativas. Além
disso, o dano causado ao meio ambiente, como poluição de corpos hídricos, contaminação
de lençol freático e danos à saúde, devem ser reparados pelos responsáveis pelos resíduos.
A reparação do dano, na maioria dos casos, é muito mais complicada tecnicamente e
envolve muito mais recursos financeiros do que a prevenção, isto é, do que os investimentos
técnico-financeiros na gestão adequada de resíduos.
O licenciamento ambiental, previsto na PNMA e obrigatório para as atividades que
geram resíduos sólidos, poderá estabelecer critérios para a gestão dos resíduos, de acordo
com as especificações do órgão licenciador. Em geral, quando a atividade tem impacto
apenas dentro de um mesmo estado, o órgão mais atuante e responsável pelo
estabelecimento de normas e pelo licenciamento ambiental das atividades é o órgão
ambiental estadual.
Para o estabelecimento de um Plano Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS com o
objetivo de se desenvolver produtos que venham a agregar valor, propõe-se uma sequência
de etapas, já citadas anteriormente, a saber: Planejamento, Implementação e operação,
Verificação e ações corretivas e Revisão da Gestão.

Planejamento:
Durante a etapa de planejamento do PGR, os principais passos estão vinculadas ao
levantamento dos aspectos ambientais (os resíduos gerados); requerimentos legais e
outros; e à definição dos objetivos e metas.
- Aspectos ambientais: conheça seus resíduos. Onde os resíduos são gerados?
Qual a suas características e classificação? Quais as quantidades de cada
resíduo? A determinação da quantidade de cada resíduo gerado será
fundamental para a definição das formas de transporte e armazenamento, assim
como para a análise financeira do tratamento e da destinação final;
- Requerimento legais: para determinar todas as etapas do PGRS é fundamental
conhecer detalhadamente todos os requerimentos legais ou outros aos quais o
Plano estará subordinado.
- Objetivos e metas: são direcionamentos gerais aos quais o PGRS deverá estar
vinculado, enquanto as metas devem ser numéricas e temporais.

Implementação e operação
- Estrutura e responsabilidade: É fundamental que o PGRS contemple toda a
estrutura proposta para a gestão dos resíduos e indique claramente os
responsáveis por cada atividade componente do Plano;

- Treinamento, consciência e competência: Durante etapa de implantação do PGR,


deve-se avaliar cautelosamente as pessoas a serem envolvidas nos processos
inerentes à gestão de resíduos, as quais deverão ter a competência técnica
necessária para conduzir os processos.

- Manuseio e acondicionamento: as principais razões para preocupar-se com


esses dois processos em um PGRS são as seguintes:

39
• o manuseio e o acondicionamento corretos dos resíduos possibilitarão a
maximização das oportunidades com a reutilização e a reciclagem, já que
determinados resíduos podem ficar irrecuperáveis no caso de serem
acondicionados de forma incorreta;
• a separação correta e criteriosa permite o tratamento diferenciado, a
racionalização de recursos despendidos e facilita a reciclagem;
• caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um resíduo não perigoso
pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dificultando seu gerenciamento e
aumentando os custos a ele associados;
• redução de riscos de contaminação do meio ambiente, do trabalhador e da
comunidade. É certamente menos oneroso manusear e acondicionar resíduos
de forma adequada do que a recuperação de recursos naturais contaminados,
bem como o tratamento de saúde do pessoal envolvido com os resíduos.
A fim de facilitar e padronizar a segregação dos resíduos, a Resolução
CONAMA 275/01 orientou as cores que poderão ser utilizadas para a
identificação dos diferentes tipos de resíduos.

- Pré-tratamento: Em muitos casos, os resíduos requerem algum tipo de pré-


tratamento antes do seu encaminhamento. Por exemplo, latas de alumínio para
reciclagem precisam ser prensadas antes do transporte para redução de volume.
Esse pré-tratamento pode ser conduzido dentro ou fora das dependências da
empresa geradora e deve ser especificado no PGRS. Caso o pré-tratamento seja
conduzido dentro da empresa é necessário verificar com o órgão ambiental sobre
a necessidade de licença de operação para o processo em questão.

- Destinação final: As variáveis comumente avaliadas na definição da destinação


final de resíduos são as seguintes:
• tipo de resíduo;
• classificação do resíduo;
• quantidade do resíduo;
• métodos técnica e ambientalmente viáveis de tratamento ou disposição;
• disponibilidade dos métodos de tratamento ou disposição;
• resultados de longo prazo dos métodos de tratamento ou disposição;
• custos dos métodos de tratamento ou disposição.

- Documentação do PNRS: Para que o PGRS possa obedecer a procedimentos


específicos para cada etapa da gestão dos resíduos, de forma padronizada, faz-
se necessário que haja documentação suficiente que abranja as atividades
envolvidas em cada etapa. Essa documentação deve ser conhecida e de fácil
acesso para todos os envolvidos nas atividades do PGR.

- Controle operacional:

Verificação e ações corretivas


- Monitoramento e medições: O monitoramento do PGRS deverá ser conduzido com
a criação de indicadores vinculados a resíduos (quantitativos, qualitativos e
financeiros), fundamentais para a avaliação do desempenho da empresa, para a
mensuração dos ganhos econômicos e ambientais e para a criação de metas e
objetivos futuros; garantindo, assim, a melhoria contínua do desempenho ambiental.
Os indicadores devem ser criados durante a implantação do PGRS e reavaliados ao
longo do seu funcionamento, de forma a espelhar da melhor maneira possível a
eficácia dos processos conduzidos para o gerenciamento de resíduos na empresa.

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- Não-conformidade e ações preventivas e corretivas: O resultado das auditorias e da
análise dos indicadores informará sobre possíveis desvios do PGRs, que são
chamadas de não-conformidades (que podem ser desvios legais, técnicos e até
mesmo relações custo/benefício que podem ser melhoradas). Depois de conhecidas
as não-conformidades, devem ser estabelecidas ações corretivas e preventivas, de
forma que as mesmas não se repitam no futuro.

- Registros: Todos os registros relativos a resíduos devem ser devidamente


guardados. Esse procedimento, além de atender a requisitos legais, facilita o
acompanhamento do PGRS pelos responsáveis por cada etapa dos processos.
Para cada resíduo destinado para fora da unidade, deve-se providenciar também:
• documento emitido pelo receptor do resíduo informando a data e a hora em
que o resíduo foi processado, tratado, incinerado, aterrado etc. e o processo
de tratamento ou disposição utilizado. Esses documentos devem ser mantidos
pela empresa para resguardá-la em caso de haver quaisquer problemas em
um dos receptores de resíduos.
• documento de saída do resíduo, informando quantidade, destino, data, meio
de transporte e percurso a ser percorrido.
• documento de chegada do resíduo ao seu destino (pode ser o documento de
saída protocolado junto ao receptor com a data e a hora de chegada ou um
documento específico para ser assinado pelo receptor do resíduo).

- Auditoria do PGRS: Para garantir que o PGRS está operando de forma correta e
sua melhoria contínua, o melhor método é realizar auditorias internas (etapas do
PGRS conduzidas na empresa) e auditorias externas (nos terceiros).
• Auditorias Internas: As auditorias internas devem ser conduzidas
periodicamente em todas as etapas do gerenciamento. O PGRS deverá
indicar claramente a periodicidade para realização das auditorias internas e
deve conter um protocolo para a realização das mesmas. O protocolo deve
ser específico para cada empresa e deve conter um checklist das questões
vinculadas a resíduos que devem ser avaliadas durante a auditoria interna.
• Auditorias Externas: É fundamental realizar auditorias nas dependências
dos terceiros contratados para conduzir quaisquer etapas do gerenciamento
dos resíduos. Vale lembrar que o gerador dos resíduos sempre terá
responsabilidade legal pelos mesmos até a sua destruição final.

Para que o PGRS seja capaz de otimizar as oportunidades vinculadas ao correto


gerenciamento de resíduos e reduzir os riscos associados às atividades que o compõem, é
importante que ele seja fundamentado na teoria dos 3Rs. Esta tendência mundial que
classifica as formas de gestão de resíduos, prioriza a redução da geração na fonte, seguida
dos outros dois Rs: Reutilização e Reciclagem, pode vir a ser o principal objetivo do PGRS.

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Tecnologias de Tratamento para o resíduo sólido
O tratamento nunca constitui um sistema de destinação final completo ou definitivo pois
há sempre um remanescente que não é aproveitável.
O aproveitamento dos resíduos gerados pode trazer benefícios interessantes, tanto do
ponto de vista ambiental como também:
• na redução da criação e utilização de aterros;
• nos gastos com acondicionamento e transporte;
• na redução da utilização dos recursos naturais;
• na diminuição dos riscos ambientais proporcionados por esses resíduos;
• geração de empregos por meio de criação de cooperativas.
Do ponto de vista econômico, essas soluções são atrativas tanto na redução de custos
de transporte e da disposição legal do aterro, quanto na redução dos custos globais das
matérias-primas.
A escolha dos métodos de tratamento e disposição final deve considerar fatores
técnicos, legais e financeiros.

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CONCLUSÃO

A crescente atividade industrial mundial e a ausência de programas eficazes de gestão


de resíduos fazem com que cada vez mais resíduos sejam gerados sem que haja uma
correta utilização ou depósito destes, o que compromete a qualidade de vida das presentes
e futuras gerações.
Como o crescimento populacional nos grandes centros urbanos, aumento desenfreado
dos níveis de consumo e a histórica gestão despreocupada dos resíduos sólidos em nosso
país, temos hoje instalado um caos ambiental e um grave problema de saúde pública.
O interessante de se observar é que existem soluções economicamente viáveis e
ambientalmente adequadas para os problemas gerados pelos resíduos, com possibilidade
de reaproveitamento energético, reciclagem de materiais, diminuição da produção original e
geração de emprego e renda. Dessa forma, um dos maiores problemas ambientais da
atualidade pode se transformar em possibilidades. A lei 12.305/10 pode ser um bom começo
e uma boa oportunidade para repensarmos nossos propósitos e redefinirmos nossos
paradigmas.
Não podemos negar a importância das novas tecnologias e do consumo para a vida
do homem que se diz moderno. O ser humano precisa de tecnologia para gerir sua vida
com mais conforto e facilidade, porém, o consumo supérfluo que a mesma proporciona,
perpassa também por questões morais, éticas, sociais, políticas e ambientais. Estas devem
ser consideradas, para que a tecnologia e o desenvolvimento tecnológico não sejam
considerados fins em si mesmos, mas proporcionem meios para se alcançar o bem-estar
geral, e um meio ambiente equilibrado está, necessariamente, incluído neste enfoque.

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Referências bibliográficas

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