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servem-para-nada-diz-jose-pacheco

Publicado em NOVA ESCOLA 05 de Setembro | 2019

Futuro para a Educação

A Finlândia e a Base Nacional não


servem para nada, diz José
Pacheco
Para o educador, as turmas precisam acabar o quanto antes e a Educação
precisa se voltar para as relações aliadas à tecnologia digital
Paula Peres

Foto: Divulgação Bienal do Rio / Felipe Panfili

“Uma menina chega, e eu pergunto ‘o que queres fazer?’ ‘Nada.’ ‘O que queres saber?’ ‘Nada. Você não
é meu pai, não pode me obrigar, deixe-me ir embora’. ‘O que queres ser?’ Não é quando for grande, o
que queres ser agora. Perguntar quando for grande é um insulto para uma criança. Ela é, não vai ser. E
ela disse ‘Eu quero ser rapper’. Fiz um projeto de vida com ela. Um currículo de subjetividade onde ela
aprendeu tudo o que está na Base. E aos 13 anos foi abrir os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro ao lado
da Karol Conká: Mc Soffia”.

O breve relato foi dado por José Pacheco no Fórum da Educação, programação integrante da Bienal do
Livro do Rio de Janeiro, entre os dias 2 e 3 de setembro. As histórias de Mc Soffia e José Pacheco se
cruzaram no Projeto Âncora, escola onde a adolescente estudou, e onde José Pacheco trabalhou e
considera, atualmente, a melhor escola do Brasil.

LEIA MAIS José Pacheco e a Escola da Ponte

O educador costuma dizer que “há muitas Finlândias no Brasil”. Ou seja, escolas, comunidades de
aprendizagem de excelência, que colocam o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem.
Mas até isso, segundo ele, está ultrapassado. “A Finlândia não serve para nada. Fez coisas ótimas, deu
autonomia às escolas, acabou com provas, exames, acabou com avaliação externa, mas continua a
haver aula, turmas, séries”.

O Projeto Âncora não tem turmas, séries nem aulas planejadas. Quem conduz o ritmo de
aprendizagem e os projetos a serem desenvolvidos são os alunos, facilitados por seus tutores (os
professores). Tudo o que José Pacheco acredita.

Novas possibilidades

O educador que ajudou a criar a Escola da Ponte, referência de Educação construtivista em Portugal e
no mundo, acredita que inovar em Educação é estar constantemente aberto a novas possibilidades,
sem a chance de cristalizar. “Me perguntaram se eu estava aposentado, e o que eu estava a fazer. Eu
respondi que estava a ajudar brasileiros a fixar novas construções sociais de aprendizagem. E me
perguntaram ‘E quando você conseguir fazer esse projeto, vai deixar de fazer projetos?’, eu respondi
‘Não. Já dizia Paulo Freire: nós estamos incompletos. Então eu vou fazer outro projeto depois’. ‘E que
projeto será esse?’ Eu respondi ‘Certamente será um projeto para acabar com as comunidades de
aprendizagem, que deve vir outra coisa melhor depois’.

LEIA MAIS O que ninguém te conta sobre a Educação na Finlândia

Em 2019, José Pacheco acredita que, enquanto ainda há “escolas do século 19”, com turmas, séries e o
professor no centro da aula, as pessoas estão batalhando para implementar a “Educação do século
20”, que coloca o aluno no centro da aprendizagem, mas o novo paradigma da Educação não é
nenhum desses dois. “Nós estamos no paradigma da Comunicação, o centro é a relação, é o vínculo, a
aprendizagem significativa”, provoca.

Segundo ele, o que vemos em sala de aula hoje são paliativos que usam a palavra “inovação” para
inserir a tecnologia no modelo tradicional de aula, quando isso deveria ser rompido. “O problema é
exatamente colocar computadores, ou lousa digital, por exemplo, em uma sala de aula. Não serve para
nada. Saiu há pouco um estudo na Inglaterra que mostrou que 20 anos de lousa digital não mudou
nada. PowerPoint, a mesma coisa. Saiu agora outro estudo, não serve para nada. Por que nós estamos
a fazer paliativos do mesmo modelo?”

Então, como mudar o modelo na prática? “As tecnologias digitais da informação e da comunicação
fazem sentido na Educação 4.0, 5.0. É na relação, é na comunicação, não é centrado no professor em
sala de aula, nem no aluno. O protagonismo juvenil tem que ser desenvolvido, mas com os outros. Eu
existo porque tu existes”.

BNCC

Sobrou até para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “A Base Nacional que está aí é ilegal, não
serve para nada. Tem uma introdução que é maravilhosa, fala de competências do século 21,
desenvolvimento socioemocional, fala de habilidades, fala de Educação integral. Mas é só a introdução,
porque a prática, a base, é o contrário da introdução”, disse José Pacheco.

Para ele, o problema está na imposição dos conteúdos que devem ser ensinados e no modelo
tradicional de organização dessa aprendizagem. “Se eu quiser saber o que é raiz quadrada, eu coloco
no Google, em 5 minutos ele me ensina. Porque eu quero saber, é significativo, faz sentido, eu preciso.
Toda aprendizagem parte da necessidade, do problema, e não do professor, nem de uma Base
Curricular que é currículo imposto e prescrito”.

O educador dá um exemplo: “Uma menina fica preocupada ao ler um artigo de uma revista norte-
americana, uma menina de 9 anos que dominava perfeitamente o inglês. Estou a falar do Projeto
Âncora, no Brasil. Ela interessa-se pelo artigo e pede para a tutora ajudá-la a fazer um projeto para ver
se é possível vida humana em outros planetas. Porque é isso que a NASA está a fazer. A procurar
planetas onde seja possível o ser humano viver quando a Terra já não tiver solução para a nossa
existência. Então a criança de 9 anos fez um trabalho duplo. Primeiro, perceber se é possível evitar a
catástrofe. O buraco de ozônio está a aumentar, a Amazônia está a ser destruída, a água do mar está
subindo. Ela fez esse estudo de sustentabilidade da vida humana na Terra, mas simultaneamente a
essa dimensão do currículo, ela foi estudar a possibilidade de vida em outros planetas. Essa menina fez
13 anos, e há 6 meses, foi convidada pela NASA e foi para Washington com o seu projeto, e neste
momento está numa nave espacial norte-americana à volta da Terra. Isso é o paradigma da
Comunicação, a Educação 5.0, um currículo significativo”.

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