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Jul / Dez 2009 A

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ARTIGO ORIGINAL O
M
I

Ortopedia funcional dos maxilares na prevenção e interceptação


de más-oclusões em crianças de 2 a 5 anos

Dentofacial orthopedics on prevention and interception of


malocclusions in children from 2 to 5 years

Manuel Eduardo Moiolli Rodrigues1


Kurt Faltin Júnior2
Resumo
Cristina Lúcia Feijó Ortolani3 Atualmente as más oclusões ocupam espaço destacado na clínica diária,
Lúcia Maria Mendonça Gomes4 sua identificação, prevenção e interceptação precoce é tema abordado pelos
mais respeitados autores. Foram avaliados 12 pacientes da faixa etária entre
1- Membro Titular da ABOMI, 02 e 05 anos tratados pela ortopedia funcional dos maxilares, a fim de consta-
Especialista em Ortodontia e
Ortopedia Funcional dos Maxilares,
tar se esta filosofia era capaz de prevenir, interceptar e corrigir precocemente
Mestre em Ortodontia e Ortopedia as disgnatias do sistema estomatognático. Foram analisados os exames
Facial pela Universidade Paulista, radiográficos, cefalométricos e de modelos destes pacientes com a finalidade
Prof. Coordenador dos Cursos de
Pós-Graduação em Ortopedia de comprovar a tese. Em 83,3% dos casos as terapêuticas empregadas foram
Funcional dos Maxilares da UVA e capazes de impedir e tratar precocemente as disgnatias do sistema
da FOV.
2- Professor Titular de Ortodontia e estomatognático. Concluímos que a ortopedia funcional dos maxilares visa
Ortopedia Facial da Graduação e prioritariamente à prevenção e interceptação das disgnatias do sistema
Coordenador da Pós-Graduação em
Ortodontia e Ortopedia Facial da
estomatognático a partir dos 2 anos de idade, através de técnicas e terapêuticas
UNIP. exclusivas impedindo assim a instalação de más oclusões nas dentaduras
3- Professora Titular de Ortodon-tia decídua, mista e permanente, funcionando, portanto como uma técnica capaz
e Ortopedia Facial da Graduação e
Pós-Graduação da UNIP. de evitar os distúrbios funcionais advindos da manutenção e/ou aparecimento
4- Especialista em Ortopedia de más oclusões nestas dentições.
Funcional dos Maxilares e
Odontopediatria, Profª. Assistente Palavras-chave: Prevenção, interceptação, más oclusões e disgnatias.
do Curso de Especialização em
Ortopedia Funcional dos Maxilares
da UVA.

Endereço para correspondência:


Rua Mossoró, 43 – Loja D – Rio de
Janeiro-RJ – CEP 20775-110 – Tel:
(21) 2218-5011 ou 7849-1360 – e-
mail: eduardomoiolli@ibest.com.br

Recebido para publicação em


10 de abril de 2009 e aceito em
08 de outubro de 2009.

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B
O Abstract
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I Actually malocclusions occupy outstanding space in the daily clinic, his identification, prevention and
precocious interception is theme approached by the more respected authors. They were appraised 12 patient of
the age group between 02 and 05 years treated by the dentofacial orthopedics, in order to verify this philosophy
was capable to prevent, to intercept and to correct previously the disgnaties of the sthomatognatic system. For so
much they were appraised the radiographic and cephalometrics exams, and study of models from these patients
ones with the purpose of proving the theory. In 83,3% of the cases the employed therapeutics were capable to
impede and to treat precociously the disgnaties of the sthomatognatic system. We ended that the functional dentofacial
orthopedics seeks priorly to the prevention and interception of the disgnaties from the sthomatognatic system
starting from the 2 years old, through techniques and exclusive therapeutics impeding like this the installation of
malocclusions in the deciduous, mixed and permanent dentition, working, therefore as a technique capable to avoid
the disturbances functional from the maintenance and/or appearance of malocclusions in these teeth’s.

Key-words: Prevention, interception, malocclusions and disgnaties.

Introdução distorrelações mandibulares, mésiorrelações mandibu-


A Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM) é a lares, mordidas cruzadas, entre outros.
especialidade odontológica, que cuida da correção das Esta especialidade originou-se na Europa no início
patologias do crescimento e desenvolvimento do sis- do século 20 e apenas no século 21 foi reconhecida no
tema estomatognático, solucionando desequilíbrios Brasil, apesar de praticada por aqui desde a década de
ósseos, musculares e funcionais; prorcionando o ali- 60. O nome OFM foi dado por Viggo Waldemar Julius
nhamento dos dentes e a regreção de DTM (Desordens Andresen, que por isso é considerado o pai da Ortope-
Temporo Mandibulares), através de aparelhos removí- dia Funcional dos Maxilares Moderna. Posteriormente,
veis capazes de promover a reorientação dos estímu- mestres como Pedro Planas (Espanha), Wilhelm Balters,
los funcionais. O tratamento não deve causar dor e é Hans Peter Bimler, Georg Klammt, Rolf Fränkel (Ale-
executado sem extração de dentes. A ortopedia funcio- manha), fortaleceram e ampliaram o campo de atuação
nal dos maxilares visa prioritariamente à prevenção e da OFM criando técnicas específicas.
interceptação das disgnatias do sistema Por utilizar-se de estímulos neurais a OFM difere
estomatognático a partir dos 2 anos de idade, através fundamentalmente e conceitualmente da Ortopedia
de técnicas e terapêuticas exclusivas, impedindo as- Facial (Ortodontia), que usa força mecânica sobre os
sim a instalação de más oclusões. dentes e ossos por meio de aparelhos fixos como, por
Os aparelhos Ortopédicos Funcionais produzem exemplo, os aparelhos para expansão rápida da maxila
estímulos na rede de neurônios sensoriais da cavidade e as máscaras faciais.
bucal, que levam a mensagem até o sistema nervoso Os aparelhos usados pela OFM produzem uma ade-
central que, por sua vez, responde remodelando estru- quada estimulação neural que é enviada à região da
turas ósseas, musculares, articulares e funcionais. As- boca no córtex sensorial, o qual processa o estímulo, e
sim, a estética facial e as funções exercidas pela boca uma resposta de remodelagem é transmitida de volta
são reestabelecidas, trazendo de volta o equilíbrio do ao sistema estomatognático. As mudanças que ocor-
sistema estomatognático (SE). A OFM atrés de suas rem no SE são também incorporadas pelo córtex sen-
diversas técnicas e aparatologias está habilitada para sorial/motor e são codificadas como novas memórias
tratar os seguintes sinais e sintomas: apnéia do sono, de longo prazo, as quais são responsáveis pela manu-
bruxismo, dores de cabeça, dores na face ou nos maxi- tenção do sistema no novo equilíbrio.
lares (DTM), prognatismo mandibular, dentes mal Esta intensa plasticidade neural, produz remodela-
posicionados, dentes apinhados, mordidas abertas an- gem/crescimento ósseo, inclusive em idade adulta ma-
teriores, sobremordidas e mordidas profundas, dura, desde que adequadamente estimulada.

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O grande avanço recente nas neurociências permi- vesse contato dental sempre na mesma posição. O
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tem visualizar que num futuro próximo poder-se-á en- Assim foram identificados 01 caso de apinhamento I
tender melhor os sistemas neurofisiológicos que com compressão maxilo-mandibular, 01 caso de
viabilizam os tratamentos realizados, levando a OFM distorrelação mandibular com sobremordida, 01 caso de
a novos patamares de evolução. mordida cruzada unilateral com compressão maxilar, 03
casos de mordida cruzada anterior com tendência a
Material e Método distorrelação mandibular (Fig. 01 e 02), 01 caso de mor-
Participaram desta pesquisa crianças pacientes do dida cruzada unilateral com compressão maxilar e mor-
Grupo de Pesquisas Avançadas em Ortopedia Funcio- dida aberta anterior, 01 caso de mordida cruzada poste-
nal dos Maxilares do IBRAPO – Instituto Brasileiro rior bilateral com mordida aberta anterior, 03 casos de
de Pós-Graduação em Saúde da cidade do Rio de Ja- mordida cruzada unilateral sem compressão maxilar, 01
neiro - RJ. Após reunião com a diretoria e funcionários caso de mordida cruzada unilateral com compressão
dessa instituição foram esclarecidos sobre os objetivos maxilar e distorrelação mandibular (Fig. 03 e 04).
e a metodologia a ser utilizada e, então, obteve-se a per-
Tratamento
missão para o desenvolvimento do presente estudo.
Com o intuito de se obterem os resultados para o
Exame clínico presente trabalho, foram tratados os 12 pacientes que
Foram examinadas 15 crianças em início de trata- satisfizeram os requisitos do protocolo de pesquisa
mento na faixa etária de 2 a 5 anos, sendo anotadas, através de Técnicas Interceptativas para o Trata-
em ficha clínica pré-testada, as características das ar- mento Precoce das Más Oclusões Através da Or-
cadas dentárias e as más oclusões presentes. topedia Funcional dos Maxilares, além de tratamen-
Os exames foram, em seguida, realizados obede- to fonoaudiológico de apoio e acompanhados duran-
cendo aos preceitos de controle de infecção. Participa- te 12 meses.
ram do estudo somente as crianças com dentição Houve sucesso em 83% dos tratamentos, sendo
decídua completa. desconsideradas as fichas clínicas das crianças que não
Os indicadores de más oclusões, como a mordida satisfizeram o protocolo de pesquisa. Assim, foi reali-
cruzada posterior e os trespasses vertical e horizontal, zada a análise de 12 fichas correspondentes a 12 trata-
foram observados em relação cêntrica, para que hou- mentos realizados.

Figura 1: Paciente feminino de 3,5 anos de idade, com mordida cruzada anterior com tendência a distorrelação
mandibular em vistas frontal e laterais antes do tratamento.

Figura 2: Paciente da fig 1 tratada com Pistas Diretas Planas em vistas frontal e laterais após a instalação das pistas.

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O Figura 3: Paciente feminino de 5,5 de idade com mordida cruzada unilateral esquerda com discreta compressão
M maxilar em vistas frontal e laterais antes do tratamento.
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Figura 4: Paciente da fig. 3 tratada com Pistas Diretas Planas em vistas frontal e laterais após a instalação das pistas.

Análise estatística agendadas, 02 crianças (16,67%) compareceram a 70%


Os dados obtidos foram submetidos à análise esta- ou mais das consultas agendadas e outras 02 crianças
tística utilizando-se os programas para microcompu- (16,67%) compareceram a 50% ou menos das consul-
tador EPI-INFO e o pacote estatístico S.A.S. Para ava- tas agendadas, tanto na clínica Ortopédica Funcional
liar a concordância intra-examinador, utilizou-se o ín- quanto na Clínica Fonoaudiológica. Os resultados
dice de concordância Kappa. O teste escolhido foi o indicaram que em 10 crianças (83,33%) os tratamen-
X2 (Qui-quadrado). Sob a hipótese de que não existe tos aplicados foram eficientes para corrigir as disgnatias
associação, pode ser mostrado que a estatística tem apresentadas e prevenir sua instalação em idade mais
aproximadamente uma distribuição X2 com (R-1) (C- avançada e somente em 02 crianças (16,67%) os trata-
1) graus de liberdade. Todos os resultados foram con- mentos trouxeram melhoras significativas, porém sem
siderados significativos em um nível de significância erradicar totalmente as disgnatias.
de 5% (p£ 0,05). A colaboração dos pacientes para com os
tratamentos e a erradicação das disgnatias
Resultados Constatou-se que 75% das crianças colaboraram com
Na população estudada, constatou-se que em 10 cri- os tratamentos propostos, 8,3% das crianças colaborou
anças (83,33%) observou-se a erradicação das em 50% do tempo e 16,6% das crianças colaborou em
disgnatias e em 02 crianças (16,67%) não houve 20% ou menos do tempo. Os resultados indicaram que
erradicação total das disgnatias. No que se refere à aquelas crianças que colaboraram em menos de 50% do
colaboração dos pacientes com os tratamentos propos- tempo com os tratamentos, apresentaram um resultado
tos, observou-se que 09 crianças (75%) colaboraram muito inferior com relação àquelas que foram colabora-
em 90% ou mais do tempo, 01 criança (8,33%) cola- doras em mais de 50% do tempo. A relação entre cola-
borou em 50% do tempo e somente 02 crianças boração e não colaboração com os tratamentos também
(16,67%) colaboraram em 20% ou menos do tempo. foi significante estatisticamente. Foi observado que
Quanto à freqüência as consultas de acompanhamento 100% das crianças que apresentaram índices de colabo-
durante o período do estudo, apenas 08 crianças ração com os tratamentos superior a 50% obtiveram a
(66,66%) compareceram a 90% ou mais das consultas erradicação total das disgnatias apresentadas e que 100%
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daquelas que apresentaram um índice de colaboração Simões (2003) refere que a colaboração do paci- O
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com os tratamentos inferior a 20% não obtiveram a ente ao tratamento é de vital importância para os re- I
erradicação total das disgnatias observadas. sultados, uma vez que as técnicas empregadas reque-
rem revisão periódica para checagem de sua integridade
A freqüência aos tratamentos e a erradicação
e funcionalidade em consonância com os objetivos pro-
das disgnatias
Ao se avaliar a relação entre a freqüência ás con- postos. É observado também Por Van Der Linden (1990)
sultas de acompanhamento durante os tratamentos e a que o crescimento e desenvolvimento do sistema
erradicação das disgnatias, observou-se que as crian- estomatognático está diretamente relacionado com a
ças (66,6%) com freqüência acima de 70% ás consul- correta funcionalidade do mesmo, o que precisa ser che-
tas obtiveram um resultado ligeiramente melhor (85%) cado periodicamente afim de se eliminar interferências
de erradicação das disgnatias do que aquelas (16,6%) e ou ajustes ou acrécimos que devam ser restaurados.
com freqüência acima de 50% que obtiveram (81%) Mongini (1988) expõe que há maior tendência de
de cura, contra (16,6%) com freqüência abaixo de 50% re-funcionalização do sistema estomatognático após a
que obtiveram um índice de (17%) de cura. eliminação de travas e interferências presentes durante
as principais funções do SE, dado também observado
A incidência de más oclusões no presente estudo.
Relacionando todos os pacientes tratados, a mor- Já no estudo apresentado por Pinto (2002), foi de-
dida cruzada anterior e mordida cruzada unilateral pos- monstrado que de acordo com a Hipótese da Matriz
terior foram as más oclusões mais freqüentes (25%) Funcional de Melvin Moss, a melhora no quadro res-
cada, seguidas dos apinhamentos com compressão piratório, na deglutição e na fonoarticulação, leva á
maxilo-mandibular (8,3%), das distorrelações mandi- pneumatização dos seios da face e das células da
bulares com sobremordida (8,3%), das mordidas cru- mastóide, já que boca e trato respiratório superior, sei-
zadas unilaterais com compressão maxilar (8,3%), das os e fossas nasais são uma única estrutura e devem fun-
mordidas cruzadas unilaterais com compressão maxi- cionar em harmonia, por isso a importância do trata-
lar e mordida aberta anterior (8,3%), das mordidas cru- mento fonoaudiológico concomitante. Para Sá Filho
zadas posteriores bilaterais com mordida aberta ante- (1999), a etiologia diversificada das más oclusões, po-
rior (8,3%) e das mordidas cruzadas unilaterais com rém sempre vinculada ao aspecto funcional desequili-
compressão maxilar e distorrelação mandibular (8,3%). brado do paciente, requer que os tratamentos propos-
A relação entre as más oclusões e sua erradicação tos sejam realizados cada vez mais precocemente para
Como obtivemos 83,33% de erradicação das más que se possa evitar a presença das disgnatias em ida-
oclusões apresentadas das 16,67% das que não conse- des mais avançadas, o que seria desastroso para o sis-
guimos a completa erradicação a com menor resposta tema estomatognático.
foi a mordida cruzada unilateral com compressão ma- Importante salientar que a maioria dos autores con-
xilar e distorrelação mandibular com (75%) de corda que o tratamento precoce e a prevenção e a
erradicação, seguida da mordida cruzada unilateral com interceptação das disgnatias do sistema estomatogná-
compressão maxilar e mordida aberta anterior com tico são sempre menos traumáticos e iatrogênicos do
(80%) de cura. que os tratamentos considerados por Planas (1997)
como tardios.
Discussão
Após análise dos resultados, pode-se observar que Conclusão
há maior resposta aos tratamentos propostos através De acordo com os resultados obtidos, pode-se con-
da Ortopedia Funcional dos Maxilares deste estudo cluir que:
quanto maior for o percentual de colaboração do pa- 1. Crianças com maior colaboração aos tratamentos
ciente com as técnicas propostas. Este dado é supor- propostos apresentam resultados mais significativos com
tado por Planas (1997), que relata a maior taxa de relação àquelas com menor percentual de colaboração.
insucessos em indivíduos não colaboradores ou par- 2. Crianças com maior freqüência as consultas pro-
cialmente colaboradores. postas apresentaram pequena, porém significativa me-

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O lhora na taxa de erradicação das disgnatias em relação Referências
M MONGINI, F. O Sistema Estomatognático. São Paulo:
I
á aquelas com menor freqüência ás consultas.
Quintessence, 1988.
3. Os tratamentos propostos através das técnicas
PINTO, W.S. Ortodontia e Ortopedia Facial. São Paulo: Artes
de prevenção, interceptação e tratamento precoce em Médicas, 2002.
crianças de 02 a 05 anos surtiram efeitos positivos para PLANAS, P. Reabilitação Neuro-Oclusal. 2.ed. Rio de Janeiro:
a erradicação e controle das disgnatias encontradas. Medsi, 1997.
Portanto acreditamos que as técnicas ortopédicas fun- SÁ FILHO, F.P.G. As Bases Fisiológicas da Ortopedia Maxilar.
2.ed. São Paulo: Santos, 1999.
cionais dos maxilares apresentaram boas opções especi-
SIMÕES, W.A. Ortopedia Funcional dos Maxilares. 2.ed. São
ficamente desenvolvidas para crianças dentro da faixa Paulo: Artes Médicas, 2003.
etária pesquisada e foram bastante eficazes na prevenção, VAN DER LINDEN, F.P.G.M. Crescimento e Ortopedia Facial.
interceptação e tratamento deste grupo de pacientes. São Paulo: Quintessence, 1990.

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