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APRESENTAÇÃO DO CURSO

Olá!

É com grande satisfação que iniciamos este curso de redação, que vai te orientar a construir um texto
nota máxima. Sou o professor Vinícius Oliveira, e este material é o SEU portal para a nota 1000! Portan-
to, peço que você não o leia, somente. Explore-o! Anote, escreva, reescreva, releia até que TODO con-
teúdo seja compreendido e aplicado, beleza?

Só mais um pedido: não se desespere. Muita gente fala sobre redação, mas poucos de fato compreen-
dem a diferença entre verdade e mito. Neste curso, você vai aprender a construir um texto e a descons-
truir as mentiras acerca da redação.

MEU DESABAFO - A nota 1000 é possível sim! Entretanto, eu fico angustiado de ver vários professo-
res e plataformas cobrando os alunos incessantemente, dizendo ALEATORIAMENTE que o texto
está mal escrito ou que os argumentos são ruins. Ora, por que os professores não experimentam o
que é fazer um texto de verdade? A minha crítica aqui é apenas àqueles mestres que submetem os
alunos a um jugo que eles mesmos são incapazes de suportar, entende?

Eu, professor Vinícius, garanto a você que TODA cobrança que eu lhe fizer, antes, foi feita por mim
a mim mesmo. Eu garanto a você que não há hipocrisia textual neste curso.

Entenda que a redação é um TEXTO ESTRATÉGICO, ou seja, tem uma lógica interna, uma estrutura ba-
se. Se você conseguir oferecer à banca o que ela procura, não haverá mais esses problemas. Este curso
é inovador, porque é feito JUSTAMENTE a partir das dúvidas dos alunos presenciais e das redações dos
ex-alunos feitas nas provas de fato. Agora eu vou lhe orientar, e você vai receber todas as dicas, conse-
lhos, comandos e “bizus” necessários para não ter problema no dia da prova.

Ao longo do seu estudo, você vai encontrar alguns LINKS ou com


QR CODEs. Trata-se de vídeos meus que vão ajudar um pouco na
sua caminhada.

Vamos começar com este. Assista a uma entrevista que eu gravei


em 2016 com uma ex-aluna presencial que agora faz MEDICINA
UFRJ, clicando AQUI.

A minha sugestão é que você IMPRIMA este material, a fim de estudá-lo melhor. Inclusive, ha-
verá exercícios ao decorrer do curso, em que você precisará redigir. Ao longo desta rápida ca-
minhada, você vai ver redações de alunos que acreditaram neste curso e lograram êxito na re-
dação.

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O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

São muitos os sentimentos que envolvem a redação de concursos: angústia, ansiedade, medo, dúvidas
etc. Somam-se a isso as “lendas urbanas” que circundam a elaboração dessa prova e o resultado é um
turbilhão de sensações que deixam qualquer candidato à beira do desespero. No entanto, não há exa-
tamente grandes mistérios nesta dissertação argumentativa. Pelo contrário: entender seus principais
tópicos é o caminho mais certo e tranquilo para conseguir êxito na prova.

O texto dissertativo-argumentativo tem uma dupla natureza: é argumentativo porque defende uma
tese, uma opinião, e é dissertativo porque são utilizadas explicações para justificá-la.

É importante começar qualquer discussão a respeito de dissertações argumentativas quebrando alguns


paradigmas e desvendando alguns mitos. Primeiramente, é essencial entender que “dissertar” e “opi-
nar” não são sinônimos, apesar do que se pensa. Semanticamente, “dissertar” quer dizer discorrer,
falar sobre determinado assunto. Nesse sentido, um texto dissertativo é aquele que analisa, expõe,
explica e avalia aspectos de determinada questão, no caso do Enem, de um tema.

Existem, basicamente, dois tipos de dissertação: a expositiva e a argumentativa. Um texto jornalístico,


como uma reportagem, é uma dissertação expositiva. Nela, discorre-se sobre um fato específico, ge-
ralmente um acontecimento, que tenha ganhado algum destaque.

Algumas provas solicitam outros gêneros textuais, como é o caso da UNICAMP, que tem o
costume de variar as suas provas discursivas. Portanto, quando você estiver fazendo uma re-
dação, certifique-se de que o gênero textual solicitado foi compreendido, ok?

Não há a defesa de um ponto de vista, ou seja, o posicionamento do autor não deve ficar evidente em
uma dissertação expositiva – que é o caso do Estudo de caso. É justamente o não cumprimento dessa
regra básica que faz alguns veículos de imprensa serem tão criticados. Por outro lado, a maioria dos
concursos do Brasil pede que os candidatos elaborem outro tipo de dissertação: a argumentativa. Nes-
se caso, além da análise sobre o tema, apresentam-se argumentos que fundamentam um ponto de vis-
ta, ao qual se dá o nome de tese.

Do grego thesis, tese é uma proposição a respeito de um assunto e é defendida por meio de argumen-
tos, a fim de marcar uma opinião. Quando se fala sobre defender a tese em uma dissertação argumen-
tativa, espera-se que o autor do texto, diante do tema proposto, formule uma hipótese – uma opinião a
respeito do assunto – e a defenda a partir de argumentos que comprovem e fundamentem essa tese.
Quando os argumentos são claros e coerentes, e a tese é bem defendida, o autor consegue atingir o
objetivo máximo desse tipo de redação: o convencimento do leitor. Espera-se que, ao final do texto, o
leitor não necessariamente concorde com tudo que foi dito, mas, ao menos, compreenda o ponto de
vista defendido e respeite a relevância do que está sendo tratado.

Olha que frase bonita: Espera-se que o leitor respeite a relevância do que está sendo tra-
tado. Vamos falar um pouco sobre RELEVÂNCIA.

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Eu prefiro falar logo no início do curso sobre a relevância, porque acredito que seja ela o grande dife-
rencial entre as redações. O avaliador espera ler um texto que fuja ao senso comum e agreguem algum
valor de informatividade.

INFORMATIVIDADE *

É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pe-
lo receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais
trabalhosa, porém mais interessante, envolvente.

*Excesso de informatividade acarreta rejeição por parte do receptor.

Imagine que você vá fazer uma redação e leia o seguinte tema:

Os desafios da mobilidade urbana no Brasil

Suponha também que você – num rompante de inspiração – escreva esta introdução sobre mobilidade:

1) No Brasil, muitas pessoas saem de casa pela manhã para ir ao trabalho e encontram dificuldades
para chegar ao destino, como o grande fluxo de veículos automotores nas avenidas, ruas e estradas; a má-
conservação dos transportes coletivos e a sua superlotação; e, inclusive, a alta tarifa cobrada pelas empre-
sas de ônibus. Todas essas dificuldades são consequência do descaso do poder público na administração da
mobilidade urbana no país, que coloca em risco a qualidade de vida dos cidadãos.

Eu gostaria que você soubesse que a introdução que você acabou de ler não tem nenhum erro gramati-
cal e apresenta um ponto de vista bem claro – segundo o qual o poder público age com descaso quanto
à mobilidade. No entanto, eu considero – honestamente – que as ideias trazidas nesse primeiro pará-
grafo são muito rasas e não exploram o problema com relevância. Eu, enquanto avaliador, já esperava
mesmo que o aluno falasse que o brasileiro enfrenta ônibus lotados. Eu, enquanto avaliador, tinha cer-
teza de que o aluno diria que o transporte público no Brasil é caro e lotado. Ora, se o aluno só diz coisas
esperadas, é porque ele é previsível.

Bom, vou fazer, então, uma nova redação sobre mobilidade urbana agora. Só que, dessa vez, vou ten-
tar sair dessa mesmice do parágrafo anterior. Veja:

2) No século XVIII, Adam Smith estabeleceu os alicerces do liberalismo ao afirmar que a prosperida-
de das sociedades dependia exclusivamente esforço de cada indivíduo na busca de seus próprios interes-
ses. Com efeito, essa ideologia serviu de base para o desenvolvimento da mobilidade urbana no Brasil, na
medida em que o culto ao automóvel era – e ainda é – a realidade no país. Entretanto, a política individua-
lista na mobilidade é capaz de trazer prejuízos à sociedade contemporânea, devendo, pois, ser descontruí-
da pelo poder público e pela população.

Pronto. A introdução 2 traz informações mais relevantes do que a introdução 1, porque traz Adam
Smith – o pai do liberalismo moderno –, e diz qual foi o embrião da mobilidade urbana no Brasil: o indi-
vidualismo. No desenvolvimento, fará total sentido falar sobre Juscelino Kubitschek e tal.

– Poxa, prof, mas eu não tenho esse conhecimento todo para falar sobre Adam Smith, individualismo,
JK etc.

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Bom, inevitavelmente, uma boa redação precisa demonstrar repertório. Se você é raso, suas redações
também serão rasas. Para conseguir repertório, eu indico que você acompanhe os meus eixos temáti-
cos e, antes de fazer uma redação, pergunte a si mesmo:

– Que informações RELEVANTES eu poderei usar para fazer esta redação?

Beleza? Nenhum corretor aguenta ler que água é vida e 70% do corpo é composto por ela e que a Ama-
zônia é o Pulmão do Mundo (isso já até caiu por terra, sabia? Clique aqui e leia sobre isso.).

Vamos voltar a falar sobre a estrutura do texto dissertativo argumentativo?

Existem muitas formas de escrever uma dissertação argumentativa. Porém, em concursos, estabeleceu-
se uma estrutura ortodoxa que, comprovadamente, é bem eficiente. Para isso, deve-se respeitar a lógi-
ca de início, meio e fim. Na dissertação, essas partes ganham o nome de introdução, desenvolvimento e
conclusão, cada uma com funções bastante específicas.

Antes de falar sobre as três partes da redação, eu gostaria de me debruçar sobre a TESE.

Certa vez, um aluno me disse assim: “Professor, eu escrevi meu texto, mas não sei até agora
qual é a minha OPINIÃO.” Não é incoerente? Se a redação tem como finalidade sustentar uma
opinião/tese, o texto desse aluno perdeu todo o sentido.

O que é opinião? Opinião (ponto de vista ou tese) significa alguma ideia capaz de gerar discordância ou
concordância:

Michel Temer é o presidente do Bra-


Essa informação não é uma opinião, já que você NÃO pode dis-
sil.
cordar dela.

O presidente Michel Temer lidera o Essa informação é uma opinião, já que você pode discordar dela
Brasil de maneira eficiente. ou concordar com ela.

Atenção! Se dentro de um texto não houver opinião alguma, não se encaixará no tipo dissertativo- ar-
gumentativo. Será dissertativo-EXPOSITIVO e fugirá da proposta da banca. Seguem dois textos abaixo
sobre um tema em recente discussão. Veja qual deles defende um ponto de vista/tese:

TEXTO I TEXTO II

O aborto consiste na interrupção de uma gestação em qual- O aborto é uma prática inaceitável de banalização da vida e,
quer uma de suas fases. Em países como a Holanda, é uma por isso, deve continuar classificado como ilegal. Trata-se do
prática comum e de amparo legal. No Brasil, onde, anual- assassinato de um ser inocente e indefeso, configurando,
mente, centenas de mulheres sofrem mutilações ou chegam portanto, um crime. A sociedade não pode permitir a apro-
ao óbito em clínicas clandestinas, o aborto só é permitido vação de leis que tentem abalizar tal absurdo, sob a argu-
legalmente, em casos de estupro ou risco para a vida da mentação de preocupação com a saúde da mulher. Para
mãe. Embora haja essas duas possibilidades de concessão, cuidar da saúde feminina há que aprovar normas que garan-
ainda existe uma forte polêmica moral e religiosa acerca do tam, entre outras medidas, o planejamento familiar; e não
assunto, envolvendo, inclusive, a opinião pública liberar o descarte da vida humana.

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DETALHES IMPORTANTES
 Seu texto deve conter entre 25 e 30 linhas, mas atenção: a banca quer ver se você consegue de-
fender uma tese com profundidade. Portanto, quanto mais você escrever, maior tenderá a ser
sua argumentatividade. Escreva até não ser mais possível!

 O título nem sempre é solicitado. Fique atento ao comando da proposta no dia da prova.

 Não pule linhas. Você não será apenado se o fizer, mas perderá espaço para escrever.

 Preocupe-se também com a estética do texto, ou seja, veja se o texto que você redigiu está bo-
nito. Isso é capaz de gerar boa expectativa em seus corretores.

 Nunca “fale” com o leitor. Em hipótese alguma se refira a quem está lendo seu texto.

Ah, eu queria falar sobre os casos de anulação de prova. Eu sei que você está se dedicando ao concurso
– senão não teria adquirido este curso – e não teria sua prova anulada por fazer brincadeiras. Entretan-
to, as bancas repudiam alguns detalhes dos quais a gente nem se dá conta, às vezes.

Por exemplo, ferir os direitos humanos é um problema capaz de levar a anulação da sua prova. Você
disse que os idosos são nocivos à sociedade e, portanto, devem ser extintos. Pronto, redação zerada.

Aí você vai me dizer assim: “Vinícius, eu JAMAIS vou agir contra os Direitos Humanos ou contra
as normas constitucionais porque eu sou uma pessoa boa.” Beleza, mas alguns alunos já fizeram
isso SEM QUERER. Veja o que um deles escreveu numa redação:

Cabe ao governo construir escolas destinadas somente ao público com Síndrome de Down, a fim
de dar-lhes melhores condições de aprendizado.

Pronto! Já foi CONTRA as normas legais. Se você disser que os alunos com Síndrome de Down
não poderiam frequentar as mesmas escolas que os demais alunos, você está indo contra LEI
13.146 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), de 2015, que diz isto:

“É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, destinada a assegurar e a


promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”

Entendeu?

Inclusive, recentemente, uma aluna fez uma redação sobre preconceito racial e, ao final da redação, ela
propôs que o Poder Judiciário processasse e julgasse aqueles que são protagonistas de racismo. Entre-
tanto, ela disse que seria interessante que os criminosos fossem banidos em virtude de suas práticas
(ela usou o verbo banir no sentido conotativo, ou seja, repudiados, criticados etc). A banca organizado-
ra do concurso zerou a redação da menina, dizendo o seguinte:

A Constituição Federal preceitua no inciso XLVII de seu artigo 5º que:

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XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis.

Pronto. Não adianta chorar. Eu aconselho, de verdade, que você leia o artigo 5º da Constituição Federal,
para evitar ferir os direitos humanos. Aliás, você vai perceber que a Constituição Federal é cheia de in-
formações interessantes para agregar valor ao seu texto. Clique aqui e leia, sem preguiça!

O seu texto será zerado se você fizer quaisquer marcas na borda da prova. A banca acredita que o alu-
no pode estar querendo se identificar ao corretor.

Eu gostaria de explicar a você outros TIPOS de texto que você pode usar
na sua redação, ok? Assista ao meu vídeo TIPOS DE TEXTO, clicando
AQUI ou lendo o QR CODE ao lado:

Talvez você ainda esteja com algumas dificuldades para entender o que é
o texto dissertativo-argumentativo. Se desejar, assista a uma videoaula
sobre o assunto, clicando AQUI ou lendo o QR CODE ao lado:

ANOTAÇÕES

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A PRÉ-REDAÇÃO

Certamente eu não tenho de explicar para você o que é uma pré-redação, já que o próprio nome define:
pré-redação é aquilo que você faz ANTES de iniciar o seu texto, de fato. O que importa é saber que a
pré-redação é responsável por 60% do seu sucesso (ou do seu fracasso).

Na pré-redação, você deve criar as ideias mais importantes do seu texto, ok? Agora, o que é mais impor-
tante na redação? Se eu tivesse de definir o que é REDAÇÃO, seria este o conceito: um conjunto de idei-
as organizadas em hierarquia. Nessa hierarquia, quem predomina é a TESE (opinião):

Por favor, jamais confunda a sua TESE com o TEMA.

TEMA – IDEIA SEM POSICIONAMENTO


TESE – O POSICIONAMENTO DENTRO DO TEMA

TEMA é o que a banca de oferece para que você


crie sua tese e escreva sua redação. TESE é a sua
opinião sobre o tema que a banca te deu. Veja 

Assista a um vídeo sobre a Assista à aula de PRÉ-REDAÇÃO


diferença entre assunto x AQUI ou leia o código:
tema x tese, clicando AQUI
ou lendo este código

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Entendeu? Veja mais exemplos:

TEMA TESES POSSÍVEIS

1 – A Lei Seca teve resultados bastante eficientes no


Brasil.

OS EFEITOS DA 2 – A Lei Seca não foi capaz de alcançar os resultados esperados


LEI SECA NO BRASIL neste país.

3 – O efeito da Lei Seca é capaz de colaborar para uma socieda-


de mais responsável

A TESE
Após ler o tema até entendê-lo, faça a si mesmo a seguinte pergunta: qual é a minha opinião sobre isso?
O que eu penso sobre o tema? Depois construa uma frase curta que contenha seu ponto de vista:

TEMA - A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA NA ESCOLA.

Qual é a minha opinião sobre esse tema? O que eu penso sobre a tecnologia da escola?

RESPOSTA = A tecnologia é uma ótima ferramenta para o ensino dos cidadãos.

ATENÇÃO!

Tenha um senso crítico para perceber se o que você está criando é de fato uma tese. Se for um
fato inquestionável, não serve!

 A tecnologia é uma ótima ferramenta para o ensino dos cidadãos. (TESE/OPINIÃO)


× A tecnologia está presente no Brasil. (FATO/EXPOSIÇÃO)
× A tecnologia é usada por muitos alunos de escolas. (FATO/EXPOSIÇÃO)

Mais exemplos:

TEMA TESE

JUVENTUDE E MUDANÇA SOCIAL A juventude não tem se preocupado com a mudança social do
país.

TRÂNSITO: IMPRUDÊNCIA E CON- Os problemas de imprudência no trânsito começam na autoes-


SEQUÊNCIA cola

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Atenção:
a) Não tente a todo custo criar uma tese se baseando em palavras do tema. Tenha como base a IDEIA
do tema, com cuidado para não fugir dela.

b) Cuidado para que sua tese não fique em forma de proposta:

Tese em forma de proposta Tese na forma correta!

O Governo deveria ampliar os recursos tecno- A tecnologia é uma ótima ferramenta para o
lógicos nas escolas. ensino dos cidadãos.

A Lei Seca deve ser ampliada e incentivada no A Lei Seca não foi capaz de alcançar os resul-
Brasil tados esperados neste país.

Perceba que a tese é uma frase bastante curta. Tente fazê-la desta forma, para que a banca identifique
qual é sua opinião de forma bem rápida e objetiva. Aliás, essa é a ideia mais importante do seu texto.

Muitos alunos têm dificuldade em FORMULAR a tese, ou seja, eles até têm opinião, mas são incapazes
de escrevê-la em linguagem culta. Para ajudar, criei um macete que serve para a maioria dos casos:

MACETE PARA CRIAR TESE * Eu gostaria que


ficasse claro que
existem inúmeras
outras formas de
defender teses
acerca do tema do
desrespeito ao
idoso. A minha
intenção a partir
desta estrutura é
incentivá-lo a fazer
um juízo de valor
sobre os temas
propostos.

* Lembre-se de que a estrutura acima não se encaixa em todos os temas de redação, mas é um cami-
nho para os candidatos iniciantes.

Assim, se o tema for OS IMPACTOS DO BIG BROTHER BRASIL NA SOCIEDADE (imagina!), minha tese pode
ser: O BBB é horrível.

Calma! Vamos formular essa opinião em LINGUAGEM FORMAL:

O Big Brother Brasil é prejudicial à sociedade (ok, agora. Segui o macete e coloquei minha opinião em lin-
guagem culta).

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OS ARGUMENTOS
Depois de criar a tese, precisamos criar argumentos para o texto, afinal o modelo textual é ARGUMEN-
TATIVO. Toda tese deve ser explicada, sustentada, defendida. São os argumentos que explicam, sus-
tentam e defendem a opinião.

Para criá-los é simples:

Coloque a tese e depois dê um porquê para ela:

Percebeu quais são os dois argumentos possíveis para provar que a tecnologia é importante para o en-
sino destacados em vermelho? Resumidamente, para criar os argumentos é só fazer o esquema: TESE,
porque ARGUMENTO.

Não entendeu bem? Assista a uma videoaula sobre o assunto, clicando AQUI ou lendo
este QR CODE:

Mais exemplos com as teses sugeridas no tópico anterior:

TESES ARGUMENTOS

A Lei Seca teve resultados bastante eficientes no porque houve redução nos casos de acidentes
Brasil, envolvendo motoristas embriagados
A Lei Seca não foi capaz de alcançar os resultados porque muitos motoristas conseguem saber onde
esperados neste país, estão as blitzes.
O efeito da Lei Seca é capaz de colaborar para porque aplica medidas punitivas como multas e
uma sociedade mais responsável, apreensões aos motoristas imprudentes.

Essa ligação entre TESE e ARGUMENTO por meio da conjunção “porque” se chama ARTICULAÇÃO.
Tome cuidado para que a frase fique coerente, ou seja, tenha sentido, lógica:

Perfeito! É argumen-
porque prioriza os interesses da minoria
O presidente Michel to.
detentora do poder econômico.
Temer defende o país de
porque valorizou os esporte mundiais no território
modo ineficaz
nacional, os quais agregam muito valor ao povo Não funciona como
(tese)
brasileiro. argumento!

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Veja que a segunda frase não é considerada argumento, já que não EXPLICA a tese, pelo contrário, vai
contra ela – por isso será chamada de CONTRA-ARGUMENTO – e, a conjunção porque deveria ser subs-
tituída pela conjunção mas (ou porém, contudo, todavia etc.). A primeira frase (em verde) é um argu-
mento, já que é capaz de explicar a tese. (Os contra-argumentos têm lugar na redação, mas de outra
forma. Aguarde um pouco.)

VALOR EXPLICATIVO

Um detalhe eu gostaria que ficasse claro a você agora, portanto vou repetir: os argumentos devem ter
valor explicativo. Mesmo que não seja possível colocar a conjunção “porque” entre a tese e o argu-
mento, tenha consciência do valor explicativo entre eles. Veja um exemplo com base no tema “Desafi-
os da mobilidade urbana no Brasil”:

TESE  O poder público é ineficaz na gestão da mobilidade urbana no Brasil.

ARGUMENTO  O interesse privado das minorias detentoras do poder econômico sempre foi prioridade.

ALUSÃO HISTÓRICA  No governo de Juscelino Kubitschek, o culto ao carro foi incentivado como a
principal política de desenvolvimento nacional e possibilitou que os grandes empresários estabeleces-
sem multinacionais como a Ford e a Toyota. Ocorre que a maioria da população ficou à margem do
progresso proposto pelo presidente, já que só teria acesso à mobilidade quem pudesse adquirir veícu-
los automotivos particulares. Historicamente, portanto, há pouco – ou nenhum – interesse em demo-
cratizar o direito de locomoção das pessoas no meio urbano, o que vai de encontro ao Estado de Direi-
to.
Na verdade, esta frase é um resumo – ou uma síntese – da argumentação que você se
propõe a desenvolver no parágrafo. Entendeu?

Espero que esta hierarquia das ideias tenha ficado mais clara com os exemplos sobre mobilidade, que
eu dei acima.

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EXERCÍCIOS

1) Verifique se os enunciados abaixo são opiniões ou evidências/fatos, utilizando T (para TESE/OPINIÃO) ou F


(para FATO/EVIDÊNCIA). Se você ainda tiver dúvidas na diferença entre TESE x FATO, assista à explicação em
vídeo, clicando AQUI. Se este material estiver impresso, leia o QR CODE ao lado com seu smartphone.

a. Alguns países da América Latina não têm tantas belezas naturais como o Brasil.

b. A Presidente Dilma liderou este país de forma ineficaz.

c. O Congresso Nacional se divide em Senado Federal e Câmara dos Deputados.

d. Algumas instituições de ensino erram ao aderir às cotas raciais.

e. O Estado do Rio de Janeiro tem altos índices de violência.

f. O Brasil é um país adequado para a vinda de turistas.

g. As paisagens do Nordeste o tornam inquestionavelmente adequado ao turismo.

h. A violência contra as mulheres pode acontecer de forma verbal, física e moral. Todas essas formas
são puníveis pela lei.

i. Infelizmente, o Brasil é inadequado ao turismo.

j. O Nordeste brasileiro reúne grandes paisagens, internacionalmente reconhecidas.

k. É fato que a realização dos jogos da Copa do Mundo no Brasil veio em momento complicado.

l. O Nordeste é uma região desprestigiada nacionalmente.

m. As tribos indígenas são minorias étnicas, e a maioria delas está restrita a áreas de difícil acesso.

n. Infelizmente, os indígenas não recebem o reconhecimento pelo seu grande valor cultural neste país.

o. Os indígenas têm grande valor cultural neste país.

p. Algumas instituições começaram a estruturar formas de tratar o esgoto para reunir água, recurso
que tende a escassez.

q. O uso de ar-condicionado no Estado do Rio de Janeiro se tornou fundamental para a qualidade de


vida.

r. A água é um recurso culturalmente utilizado com pouca responsabilidade.

s. Utilizar águas de reuso é a forma mais adequada de solucionar a escassez.

t. Muitos estudantes brasileiros têm pouco acesso à educação de qualidade no país.

u. As novas formas de aprendizado advindas com a tecnologia tornam a educação do país melhor.

v. As novas tecnologias prejudicam o aprendizado dos alunos, que preferem a internet a ouvir seus pro-
fessores.

v.2. As novas tecnologias prejudicam o aprendizado dos alunos que preferem a internet a ouvir seus
professores.

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Comentário às duas últimas assertivas:

Nos dois enunciados há alunos prejudicados pelas novas tecnologias. No entanto, no primeiro,
é feita uma generalização, de maneira que TODOS os alunos preferem internet a ouvir seus
mestres.

O segundo, por sua vez, é um enunciado mais sensato, que afirma serem as novas tecnologias
prejudiciais somente àqueles estudantes que se permitem dispersar. Por pressuposição, en-
tende- se que haja alunos que saibam lidar bem com as referidas novidades tecnológicas. Aliás,
as orações adjetivas costumam ser carreadas de conteúdos não-ditos (ou ditos nas entreli-
nhas).

2) Crie um ARGUMENTO para cada tese abaixo:

Veja uma sugestão: O Brasil é um país adequado para a vinda de turistas, porque dispõe de muitas
praias e pontos turísticos mundialmente conhecidos, capazes de gerar lucro para o país.

a) O Brasil é um país sem vocação para o turismo, porque (?)


b) Pode ser percebida inabilidade do Congresso Nacional no trato das questões urgentes do Brasil, na
medida em que (?)
c) A distribuição de recursos hídricos é, no Brasil, fator que motiva a desigualdade social, porque (?)
d) Os jogos mundiais sediados no Brasil são análogos à política do Pão e Circo romana, porque (?)
e) As informações veiculadas na internet devem ser avaliadas com criticidade pelos cidadãos, porque
(?)
f) Assim como assevera Zygmunt Bauman, a cultura no mundo pós-moderno é um fator de sedução e
de lucro, porque (?)
g) O agronegócio deve ser gerenciado com responsabilidade ambiental, porque (?)
h) A PEC 215 é negativa aos indígenas, porque (?)
i) A PEC 65 é negativa ao meio ambiente, porque (?)
j) O Estatuto do Idoso é uma medida legislativa fundamental ao país, porque (?)

Foi? Perceba que dei uma única linha para que você fizesse os argumentos. Fiz isso para te mostrar que
o argumento é uma frase curta, que será desenvolvido no texto num outro momento.

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INTRODUÇÃO

Agora vamos começar a montar o texto, ok?

Você certamente já ouviu alguém dizer que a redação precisa de uma introdução. Agora mesmo eu
digitei no Google assim: “COMO FAZER REDAÇÃO?”, e o Yahoo Answers me deu uma resposta. Olha aí:

Viu? É fácil dizer que o candidato deve fazer uma introdução. O complicado é dizer COMO se faz uma
introdução PASSO A PASSO, LINHA A LINHA, IDEIA A IDEIA. É isso que eu quero mostrar neste capítulo.

Ah, você talvez queira saber:

1) Começo a introdução na primeira linha da folha?

Minha resposta: Se você não for colocar título, sim, mas ele não é obrigatório em muitos concursos.

2) Se eu colocar título, devo pular uma linha entre o título e a introdução?

Minha resposta: NÃO PULE LINHAS ENTRE TÍTULO E INTRODUÇÃO.

3) Se eu pular linha entre título e introdução, vou perder pontos?

Minha resposta: na prova, você não perderá pontos por isso. Vai apenas perder uma linha, que pode fazer
falta no texto. Isso acontece muito com os meus alunos presencias e virtuais. Quer ver?

WTF??

Nesta redação, a aluna pulou a linha entre título e introdução e ficou apertado no final do texto. Se ela não
tivesse pulado, teria uma linha a mais sobrando e evitaria a confusão na linha 30. Entretanto, mesmo com
esse probleminha estético, o texto foi muito bem avaliado e chegou a 940 (e ela hoje faz medicina na
UFRJ)!

4) E aquele espaçozinho antes de começar a escrever a introdução?

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Minha resposta: o RECUO do parágrafo deve ser suficiente para que o corretor perceba que ali tem um pa-
rágrafo. Veja a redação de uma aluna de 2014:

Se você olhar de longe o texto dela, vai perceber que ela fez QUATRO pará-
grafos. Como você percebe isso? Pelo recuo do parágrafo. Portanto, não há tama-
nho exato, mas deve ficar claro que ali começa um parágrafo. A Dani conseguiu
980 pontos nesta redação, em 2014.

OBS: Se o corretor não perceber os seus pará-


grafos, ele pode zerar o texto, alegando parágrafo
único, fuga do gênero solicitado etc. No entanto,
preciso dizer que tive alunos que QUASE não deram
recuo e não foram zerados, o que ocorreu com a re-
dação ao lado:

Esta redação à direita é de 2014, da Lorraine,


que conseguiu 920 pontos, estando ainda no 1º ano
do Ensino Médio!

Os avaliadores não implicaram com o recuo


pequeno que ela deu antes dos parágrafos. Porém,
não vale a pena arriscar.

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7) Quantas linhas deve ter a introdução?

Minha resposta: Esta pergunta SEMPRE invade as nossas aulas de redação e tem uma única respos-
ta: DEPENDE.

Como assim depende? Sua introdução não deve ser medida por LINHAS, mas por INFORMAÇÕES.
Ela deve ter poucas informações, que sejam suficientes para dar uma visão do seu texto ao avaliador. Se
você puser muitas informações na introdução, ela ficará desenvolvida demais, e você vai acabar ANTECI-
PANDO o desenvolvimento do texto. Entendeu?

Talvez você nunca tenha estudado a introdução dessa forma, por isso vou explicar com base na in-
trodução de um aluno de 2014. Leia o fragmento abaixo:

A introdução que eu coloquei acima tem algumas ideias:

IDEIA 1 – Fala o que Casimiro de Abreu exalta em uma de suas obras.


IDEIA 2 – Afirma que a publicidade deve respeitar os limites para resguardar a infância.
IDEIA 3 – Afirma que crianças são facilmente influenciáveis.
IDEIA 4 – Afirma que a mídia prejudica a saúde das crianças.

Você viu, portanto, que essa introdução teve 4 ideias. Veja a próxima e compare:

Vamos analisar:

IDEIA 1 – Émile Durkheim previu conceitos de exterioridade [não fica claro o que são esses conceitos
na introdução]

IDEIA 2 – Esses conceitos de Durkheim foram previstos em meados do século XIX.

IDEIA 3 – Os conceitos de exterioridade influenciam e formam as concepções das pessoas.

IDEIA 4 – A rede publicitária objetiva ao lucro

IDEIA 5 – A rede publicitária direciona seus idéias capitalistas ao público infantil

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IDEIA 6 - A rede publicitária acaba construindo o alicerce da geração futura

IDEIA 7 – Esta geração futura vai acabar se tornando consumista

IDEIA 8 – Cabe ao governo e à família intervir neste problema.

Vamos comparar agora. As introduções têm praticamente o mesmo tamanho (6/7 linhas), mas você
consegue me dizer qual introdução foi mais objetiva, ou seja, qual trouxe as informações necessárias? A
primeira introdução trouxe 4 ideias, e a segunda trouxe o DOBRO! Perceba, então, que a quantidade de
linhas não importa: o que importa é a quantidade de INFORMAÇÃO!

Uma lição deve ficar aqui:

Todas as ideias devem ser apresentadas de forma bastante sintética (ou “pincelada”,
expressão que costumo usar com os alunos presenciais), pois é no desenvolvimento que se-
rão detalhadas. Repito: não explique, exemplifique ou desenvolva nada na introdução. Haverá
lugar para ampliar as ideias (o desenvolvimento).

Aqui vai uma dica, aliás, um grande conselho: faça apenas UM parágrafo de introdu-
ção. Não fragmente seu parágrafo em “paragrafozinhos”. Esse erro demonstra completo
desconhecimento do modelo de texto solicitado. Neste material, você vai aprender como de-
ve ser uma introdução. Assim, se quiser ter uma boa nota, deverá seguir o passo-a-passo à ris-
ca, beleza?

O QUE DEVE CONTER NA INTRODUÇÃO?

Quando o chamamos o primeiro momento da redação de INTRODUÇÃO, nos propomos a introduzir


uma ideia (como o próprio nome já diz, é claro). O conteúdo da introdução deve ser aquilo que virá ao lon-
go do texto, ou seja, se vamos falar de uma tese e sustentá-la com argumentos, esperamos que na introdu-
ção venham a tese e os argumentos. Deve ficar claro que tudo precisa ser bastante conciso e sintético na
introdução. Não se deve explicar ou desenvolver nada por enquanto, aliás, o lugar de desenvolver os ele-
mentos é o desenvolvimento do texto. Ok?

Segue um exemplo de INTRODUÇÃO:

TEMA – Juventude e mudança social

Juventude sempre foi sinônimo de força, perspectiva e vida. Trata-se de uma faixa etária cuja caracte-
rística se define pela vontade de mudanças. Entretanto, os jovens desta geração não têm sido ousados, na me-
dida em que houve uma acomodação, potencializada pela mídia. Ainda, há outros assuntos que eles conside-
ram mais relevantes. Nesse sentido, cabe aos centros acadêmicos veicular postagens nas mídias sociais capazes
de desenvolver o senso crítico nos jovens.

Você deve ter lido a introdução e entendido o conteúdo dela. Ocorre que CADA frase que eu escrevi foi
FRIAMENTE CALCULADA!

Vamos dissecar esse parágrafo:

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Juventude sempre foi sinônimo de força, perspectiva e vida. Trata-se de
ABORDAGEM DO TEMA
uma faixa etária cuja característica se define pela vontade de mudanças.
Entretanto, os jovens desta geração não têm sido ousados, TESE
na medida em que houve uma acomodação, potencializada pela mídia.. ARGUMENTO 1
Ainda, há outros assuntos que eles consideram mais relevantes. ARGUMENTO 2
Nesse sentido, cabe aos centros acadêmicos veicular postagens nas mídias sociais
PROPOSTA
capazes de desenvolver o senso crítico nos jovens

Na introdução de qualquer texto argumentativo, não é


obrigatória a vinda de argumentos e de propostas de
intervenção, ok? Você os coloca se quiser.

Percebeu que tudo o que se escreve na introdução tem um motivo? Todas as ideias trazidas à redação têm
uma função.

Preste a maior atenção possível agora! Costumo dividir a redação do primeiro parágrafo do texto em 4
PASSOS:

Eu coloquei aspas nas pala-


vras OBRIGATÓRIO porque,
 1º PASSO  Abordagem do tema “OBRIGATÓRIO”!
em verdade, nada é obrigatório
 2º PASSO  TESE “OBRIGATÓRIO”! na redação. Existem, entretan-
 3º PASSO  ARGUMENTOS to, alguns princípios básicos
que devem ser seguidos
 4º PASSO  Proposta de intervenção estrategicamente. Entendeu?

FACULTATIVOS

Vamos ver detalhadamente:

1º PASSO = ABORDE O TEMA.

O que é ABORDAR O TEMA?

Vou explicar de uma forma MUITO clara. Caso eu precise iniciar uma redação com base no seguinte tema:
Os persistentes casos de violência contra a mulher, como eu ABORDARIA O TEMA?

No Brasil, os casos de violência contra mulher continuam persistindo. (...)

Aí você vai me perguntar:

Ué? Mas a sua abordagem do tema é praticamente igual ao próprio tema?

Aí eu vou responder:

SIM! EXATAMENTE ISSO! Sua abordagem do tema é o próprio tema trazido para o nosso contexto. O avali-
ador quer isso, mas você não pode se alongar muito nessa abordagem inicial, ok? Perceba que, no exemplo
que eu dei a você inicialmente, o 1º PASSO não é longo:

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OBS: Veja que o 1º passo tem DOIS PERÍODOS. Período é uma frase verbal que começa na letra maiúscula e
acaba no ponto. Olha aí:

Portanto, cada passo pode ter UM, DOIS, TRÊS OU MAIS PERÍODOS, ou seja, não é obrigatório que cada
passo represente um período, ok?

Espero que você tenha entendido o que é uma abordagem e que ela é a PRIMEIRA IDEIA a vir no texto.
Afinal, NÃO posso abordar o tema no final da introdução. Não tem sentido.

ESTRATÉGIAS DE ABORDAGEM
Quero mostrar agora as estratégias que você pode usar para abordar um tema. Antes, preciso dizer uma
situação:

Muitos alunos me perguntam se existe uma palavra legal para começar redações. Eu digo que você não
deve pensar numa PALAVRA para começar a escrever, mas deve pensar numa IDEIA legal para iniciar o
texto. Quando você se propõe a pensar na ideia, fica mais fácil. Confie em mim.

Ah, por favor, JAMAIS inicie redações com ATUALMENTE ou com expressões equivalentes. É
muito clichê (comum, batido, todo mundo faz isso). Aliás, se o avaliador seleciona um tema pa-
ra a redação, ele SEMPRE parte do momento atual. Torna-se, portanto, redundante reafirmar
que eu estou escrevendo sobre o momento atual. Vou explicar isso com mais calma depois.

Você se lembra do princípio da informatividade, sobre o qual eu falei no primeiro módulo?

INFORMATIVIDADE *

É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo
receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais traba-
lhosa, porém mais interessante, envolvente.

*Excesso de informatividade acarreta rejeição por parte do receptor.

Então, eu vou mostrar agora SEIS formas de fazer abordagem, mas entenda um detalhe: você precisa ten-
tar construir a abordagem que agregue maior informatividade. Entendeu? Não basta escolher qualquer
estratégia, antes veja se ela é a melhor que você pode fazer no momento.

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 19
Seguem SEIS formas interessantes de iniciar redações.

ABORDAGEM TEMA EXEMPLO

A POLÍCIA MILITAR É comum perceber no Brasil que crescem os casos de en-


BRASILEIRA volvimento da polícia militar com esquemas ilícitos.
1) MENÇÃO A
DADOS
O PRECONCEITO NO O preconceito no Brasil já chegou a índices altíssimos, ma-
BRASIL nifestando-se em diversas esferas da sociedade.

 Você pode iniciar sua redação mencionando dados sobre o problema trazido no tema. Tenha cuida-
do apenas para não copiar informações dos textos motivadores. Não copie NADA deles.

 Não mencione excesso de estatísticas. Tenha senso crítico para que esse momento de abordagem
do tema seja bastante curto e sintético, como todas as ideias na introdução. Um ou dois períodos
são suficientes para esse momento.

 Não acredito que os corretores abrirão o Google para averiguar se suas informações têm uma fonte
de fato. A minha dica pra você é esta: apenas mencione sutilmente os dados nessa primeira etapa.

ABORDAGEM TEMA EXEMPLO

Corrupção, envolvimento com traficantes, serviços de


A POLÍCIA MILITAR
milícias. A população não sabe se confia plenamente na
BRASILEIRA
polícia militar.
FLASHES
2)
ARGUMENTATIVOS
Baixa autoestima, constrangimento, medo de se expor.
O PRECONCEITO
Alguns prejuízos são inevitáveis quando um ambiente é
NO BRASIL
carregado de preconceito.

 Esta estratégia é mais performática e valoriza o jogo de palavras chave do tema. Você pode iniciar
sua redação colocando pequenos fatos que servirão de argumentos na sequência.

 Use essa estratégia se você tiver um bom domínio argumentativo do assunto desenvolvido, já que
as ideias não poderão ficar se repetindo na introdução.

 Os fragmentos poderão ficar justapostos, o que caracteriza a estrutura em flashes. Um ponto posi-
tivo: o leitor do texto subentende sua tese já num primeiro momento.

Veja uma introdução completa:

Baixa autoestima, constrangimento, medo de se expor. O preconceito tem raízes antigas e seu efeito
pode permanecer: uma sociedade preconceituosa não se desenvolverá sadia. Suas consequências traumáticas
e atingem a todas as esferas da nação. Deveria haver, portanto, um amadurecimento da comunidade, capaz de
acabar com os frutos da desigualdade.

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Identifique sozinho agora qual é a tese e o argumentos do texto:

TESE  ________________________________________________________________________________

ARGUMENTO 1  ________________________________________________________________________

ARGUMENTO 2 ________________________________________________________________________

ABORDAGEM TEMA EXEMPLO


Brasil, década de 70. Instaura-se um lugar de instabilidade,
A POLÍCIA MILITAR
e o povo brasileiro não sabe como lidar com os problemas
BRASILEIRA
3) do país.
ALUSÃO
HISTÓRICA
A diferença construída entre os indivíduos separou nações
O PRECONCEITO
inteiras no mundo, movendo a ilusão segundo a qual ha-
NO BRASIL
veria uma raça superior.

A alusão histórica possibilita alto nível de informatividade!

Começar uma redação com alusão a algum fato histórico importante é uma demonstra-
ção de interdisciplinaridade, ou seja, é aplicar outra área do conhecimento no texto. Ar-
risco a dizer que só têm conceito máximo os alunos que conseguem converter seus co-
nhecimentos adquiridos a favor de sua argumentação. Se você se dispuser a usar a alusão
histórica, tenha certeza de que seu texto caminhará para uma escrita autoral e, conse-
quentemente, para a nota máxima ou quase, como foi o caso da Daniella, que tirou
980/1000 num texto que teve esta introdução:

Na introdução, a Daniella usou alusão histórica para fazer o 1º passo. Você consegue saber onde começa e
onde termina a abordagem dela? Logicamente, a abordagem começa em COM O PROCESSO (na linha 2) e
vai até AUMENTOU (na linha 4).

A Dani foi minha aluna presencial numa turma específica para MEDICINA em 2014 e fez esta
redação naquele ano. No entanto, apenas uma coisa ficou ruim na introdução dela (que, in-
clusive, a fez cair de 1000 para 980 pontos). Vou falar deste detalhe no 4º PASSO, ok?

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ABORDAGEM TEMA EXEMPLO

Apesar de haver muitas pessoas que duvidem da real


A POLÍCIA MILITAR
utilidade da polícia militar brasileira, é preciso compre-
BRASILEIRA
ender sua importância na segurança pública do país.

CONTESTAÇÃO
Apesar de haver pessoas que veem no preconceito
O PRECONCEITO NO uma forma de construir sua identidade, é fundamental
BRASIL compreender que essa postura é capaz de anular o
outro enquanto indivíduo.

Você pode começar sua redação demonstrando um ponto de vista contrário ao seu, que será desconstruí-
do imediatamente depois. Assumir pontos contrários à tese é a prova de que o aluno tem maturidade e
segurança para escrever seu texto.

Nessa estratégia, sua tese já vem subentendida no fragmento subsequente:

Construí uma introdução completa pra você ver:

Apesar de haver pessoas que veem no preconceito uma forma de construir sua identidade, é funda-
mental compreender que essa postura é capaz de anular o outro enquanto indivíduo. Assim, em vez de cons-
truir a sociedade, o pensamento sectarista destrói as camadas sociais, pois desenvolve ambientes competitivos
e tenta esvaziar as pessoas do valor que têm.
Se você não souber o
que significam as pala-
Percebeu minha tese e meus argumentos? vras deste material, por
favor, pare e pesquise!
TESE  o pensamento sectarista destrói as camadas sociais

ARGUMENTOS 1 e 2  pois desenvolve ambientes competitivos e tenta esvaziar as pessoas do va-


lor que têm.

Não pus proposta de intervenção para que o parágrafo não ficasse muito grande.

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Veja como poderíamos aplicar essa estratégia ao tema “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”:

Apesar de alguns brasileiros não perceberem a importância da implantação da Lei Seca neste país, é
possível ver que seu resultado poderá construir uma sociedade mais responsável. Essa medida faz com que os
condutores tenham mais cuidado com a manutenção da própria vida, bem como mais compromisso social.
Assim, o bafômetro deveria continuar fazendo parte do trânsito brasileiro.

VAMOS DISSECAR:

Beleza?

ABORDAGEM TEMA EXEMPLO

A POLÍCIA MILITAR A polícia militar consiste numa estância dos governos esta-
5) BRASILEIRA duais para promover as leis nas cidades, bairros e ruas.

DEFINIÇÃO
DO TEMA Preconceito é uma avaliação carregada de estigmas, que
O PRECONCEITO não considera a igualdade dos indivíduos e não os valoriza
NO BRASIL enquanto seres humanos.

Iniciar a redação definindo o tema é uma das formas mais rápidas, objetivas e simples de começar a escre-
ver. Tenha cuidado apenas para que essa simplicidade não te prejudique. Afinal, você precisa demonstrar
informatividade! Informatividade é a capacidade que o texto tem de trazer informações menos previsíveis, ou seja, quanto
mais previsível for a sua redação, menor informatividade ela vai ter – e vice-versa.

ABORDAGEM TEMA EXEMPLO

Não é um erro afirmar que haja grande ligação entre cavalei-


A POLÍCIA MILITAR ros medievais, nobres que guardavam seus reinos, e a polí-
BRASILEIRA cia militar brasileira, atual guardiã da ordem e das leis nas
ruas.
6)
LINGUAGEM
METAFÓRICA
A Ovelha Negra e o Patinho Feio ainda têm muito a dizer nos
O PRECONCEITO dias de hoje. Ambos os personagens poderiam ainda sofrer
NO BRASIL preconceito, se fossem inseridos nesta comunidade brasilei-
ra.

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Apesar de o seu texto ser técnico, referencial, você pode iniciar sua redação com uma abordagem mais
conotativa, ou metafórica. Tenha cuidado apenas para que a metáfora tenha lugar restrito, ou seja, não
escreva uma crônica! Destine, no máximo, os dois primeiros períodos da introdução à linguagem figurada.

Cuidado também para que a linguagem conotativa não seja coloquial ou informal:

Quando o brasileiro sai à rua, logo bate o olho no problema: a fila do ônibus parece mais com a fila
do SUS.

Nada há de interessante nessas metáforas aí, ok?

POSSO FAZER PERGUNTAS EM MEU TEXTO?

Essa é uma pergunta frequente nos cursos presenciais de redação. A resposta e o meu ponto
de vista é simples:

 NÃO FAÇA PERGUNTAS.

Agora lhe dou argumentos: A pergunta:

 não demonstra conteúdo, argumentatividade, interdisciplinaridade (nem qualquer co-


nhecimento);

 não é padrão do modelo de texto dissertativo;

 pode ser considerada tentativa de identificação do candidato e anular sua prova;

 a banca pode entender como falta de criatividade e prejudicar o quesito conteúdo da


correção;

 é um tipo de interlocução, cujo uso é condenado em modelos técnicos.

2º PASSO = INTRODUZA A TESE

Depois da abordagem do tema, traga sua TESE à introdução. Ela deve ser bastante clara e objetiva, afinal é
a ideia mais importante do seu texto e, por isso, a ideia mais importante da introdução. Repito o parágrafo
que ainda estamos dissecando:

Se preferir, use redes soci-


ais ou mídias sociais.

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A tese é bem clara, curta e simples:

Não inverta a abordagem do tema com a tese. Do contrário, haverá desorganização das ideias no primeiro
parágrafo, e você será apenado na paragrafação ou na organização estrutural.

Daqui a pouco, vou mostrar como criar teses boas para a redação, que denotem problemas sociais, ok?

O interessante é criar a tese ANTES de começar a redigir. A tarefa ficará mais simples.

3º PASSO = INTRODUZA OS ARGUMENTOS

Imediatamente após a tese, você pode introduzir os argumentos, que a sustentarão.

Se preferir,
use “na
medida em
que” ou
outros
conectivos Repito: O interessante é que você já tenha criado seus argumentos ANTES de
de explica- começar a escrever sua redação. Lembre-se de que eles são uma explicação à te-
ção mais se, um porquê dela.
elegantes.

Perceba que os dois argumentos servem para EXPLICAR a tese:

Entenda, inclusive, que deve haver senso crítico para não repetir palavras e não construir um período longo
demais. O segundo argumento constitui um novo período, a fim de não saturar o anterior:

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Quantos argumentos a redação deve ter?

A dica é a seguinte: faça DOIS argumentos (não menos nem mais do que dois).

 Um único argumento é incapaz de explorar minimamente os aspectos do tema proposto.

 Criar dois argumentos é o ideal para que o candidato tenha espaço para sustentar a tese
com autoria e criatividade.

 Fazer 3 argumentos acarretará fazer 3 parágrafos de desenvolvimento, ou seja, sua reda-


ção terá 5 parágrafos ao todo, somando introdução, desenvolvimento e conclusão. Saben-
do que o aluno pode escrever até 30 linhas, ficarão 6 linhas para cada parágrafo, e pode
ocorrer argumentação superficial e/ou repetição de ideias.

Vamos falar disso com mais calma no tópico sobre desenvolvimento, ok?

A maioria dos alunos faz uma pergunta: Sou obrigado a fazer tudo isso na introdução? A resposta é simples:
o gênero textual que estamos desenvolvendo oferece bastante liberdade ao candidato e não delimita uma
forma enrijecida de redigir o texto. Talvez essa liberdade seja o problema. Então, devemos ser objetivos:

o O texto é feito para a banca avaliadora.

o A banca espera encontrar TESE, ARGUMENTOS e PROPOSTA.


EM BREVE, FALAREI SOBRE OS
o Vamos demonstrar esses elementos logo no início da redação! CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.

Um comentário breve sobre a correção. Seu texto é avaliado por, no mínimo, dois corretores,
que têm tempo reduzido para ler e pontuar cada redação (exatamente 3 minutos). Cada profes-
sor corrige em média 100 redações ao dia, o que te obriga a facilitar esse trabalho. Facilite a cor-
reção colocando já no primeiro parágrafo as ideias mais importantes. Isso vai te ajudar muito,
afinal, para a banca, seu texto é apenas mais um, mas, para você, é o produto de um ano de es-
forço e seu sucesso no vestibular.

4º PASSO = PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Adianto que você precisará demonstrar ser um cidadão consciente e trazer propostas de intervenção aos
problemas sociais desenvolvidos no texto. Antecipe também essa proposta já na introdução:

Veja que não é pra ampliar a ideia ainda, ou seja, ela deve ser curta. No entanto, deve ser CON-
CRETA (fique tranquilx, porque eu vou explicar o que é uma proposta concreta ao final do
curso).

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Entenda esse último passo como mais ou menos acessório. Se o seu parágrafo já estiver grande demais
(com 7/8 linhas), não inclua a proposta. Não há mínimo de linhas para cada parágrafo, mas eu te aconselho
a escrever entre 6 e 8 linhas.

Alguns alunos reclamam não ter assunto para escrever e dizem ser obrigados a encher linguiça, ou seja, re-
digir coisas aleatórias apenas para preencher as linhas. Não encha linguiça alguma! Se você quiser dar um
corpo maior à sua introdução, aplique ao final dela, uma proposta de intervenção curta.

– Poxa, prof. Ouvi um professor dizer que o único lugar onde eu deveria colocar propostas era na conclu-
são. É verdade?

– Essa informação não procede. O Inep não diz exatamente onde devem vir as propostas de intervenção.
Existem professores que obrigam o aluno a colocar suas soluções somente na conclusão, mas isso é um
costume, e não uma regra. Ora, se você preferir seguir o costume, fique à vontade e dedique propostas de
intervenção somente ao último parágrafo, mas talvez isso possa restringir as suas possibilidades argumen-
tativas.

Imagine que você tenha se dedicado MUITO à introdução, mas não tenha conseguido sair da quinta linha.
Não há problema deixá-la com cinco linhas, mas, se você quiser aumentar o parágrafo sem encher linguiça,
coloque uma proposta de solução concreta – se você ainda não souber o que é isso, aguarde o momento
de estudar as propostas.

No ano de 2016, aconteceu um fato curioso sobre essa discussão acerca do lugar apropriado para as
propostas. O Enem solicitou o tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa” e adivinha: o
avaliador esperava que a tese dos candidatos fossem propostas para combater a intolerância. Em
resumo, quem não apresentou propostas de intervenção na introdução deu margem ao tangencia-
mento da proposta, como se não tivesse entendido o tema. Eu fiz esta redação – em situações reais
de prova, como treineiro – e até o final do curso vou mostrá-la a você.

– Poxa, prof, uma vez um professor disse que eu não poderia ser a favor do aborto ou da pena de morte,
porque significaria desobediência aos direitos humanos e zeraria a minha redação. É verdade?

– Essa dúvida é MUITO recorrente nos cursos presenciais e virtuais, e ainda bem que o Inep não se omitiu
em relação a isso. Bom, em vez de eu mesmo responder, veja o que diz o próprio Inep no Manual do Estu-
dante de 2016:

• Como saber se o participante está ferindo os direitos humanos na redação? O Enem tornou
oficial a desclassifi-
cação do candidato
A prova de redação do Enem sempre assinalou que o participante respeitasse os direitos que desrespeitasse
humanos (DH). Em 2013, após a publicação das Diretrizes Nacionais para a Educação em os DH, mas não disse
Direitos Humanos – ocorrida em 2012 –, o próprio edital do Exame tornou obrigatório o o que exatamente
eram as formas
respeito aos DH, sob pena de a redação receber nota 0 (zero).
desse desrespeito.

Depois dessa determinação, os temas de redação passaram a suscitar maiores discussões


sobre o assunto, como ocorreu nas edições de 2014 e 2015. As redações que feriram os DH
no Enem 2014, cujo tema foi Publicidade infantil em questão no Brasil, são as que apresen-
taram propostas com a intenção de tolher* a liberdade de expressão da mídia. Foram en- *Tolher = restringir
contradas outras proposições, como as de tortura e execução sumária para quem abusa de
crianças. Nesse Exame, as proposições foram avaliadas com nota zero por ferirem os DH
quando também apresentaram sugestões de “acabar com esses bandidos”, “matar todos
esses pais idiotas” e similares. Se o candidato, entretanto, apresentasse um mediador (o

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Em outras palavras,
governo, as autoridades, as leis, por exemplo), houve o entendimento de garantia, por par- o Inep está afir-
mando que o candi-
te do candidato, do papel de mediador exercido por uma autoridade, fundamental para se dato pode sim ser
considerar que a expressão de uma opinião não fere os DH. favorável à execu-
ção de quem abusa
de crianças (pena de
No Enem 2015, com o tema A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasi-
morte), desde que o
leira, configurou-se como desrespeito aos DH a incitação de qualquer tipo de violência con- Estado fosse colo-
tra a mulher, a formulação de propostas de intervenção pautadas na supremacia de gênero cado como media-
e as propostas que, baseadas na condição feminina, atentaram contra quaisquer aspectos dor dessa punição.

da dignidade da pessoa humana. A intenção do ENEM


não é acobertar
pessoas que incen-
Para o desenvolvimento do tema de 2015, proposições de ações discriminatórias ou que
tivem a justiça com
atentassem contra a integridade física ou moral de mulheres, ou dos que defendem seus as próprias mãos
direitos, também foram consideradas desrespeito aos DH, tais como: o cerceamento de (ou justiçamentos),
livre arbítrio; a desigualdade de remuneração ou de tratamento; a imposição de escolhas mas garantir que os
candidatos sejam
religiosas, políticas ou afetivas. Também foram observadas as propostas com conotação de livres para expor um
violência, como castigo para comportamentos femininos e as propostas que incitavam vio- ponto de vista
lência contra os infratores das leis de proteção à mulher: linchamento público, mutilação, coerente, dentro da
lógica do Estado
tortura, execução sumária ou privação de liberdade por agentes não legitimados para isso. Democrático de
Direito, que tem o
Exemplos de propostas que receberam nota 0 (zero) na redação no Enem 2015: Poder Judiciário
como o responsável
por julgar e punir.
• “ser massacrado na cadeia”;
• “deve sofrer os mesmos danos causados à vítima, não em todas as situações, mas em
algumas ou até mesmo a pena de morte”;
 Bizarrices ao lado
• “fazer sofrer da mesma forma a pessoa que comete esse crime”;
• “deveria ser feita a mesma coisa com esses marginais”;
• “as mulheres fazerem justiça com as próprias mãos”;
• “merecem apodrecer na cadeia”; Neste último pará-
• “muitos dizem [...] devem ser castrados, seria uma boa ideia”. grafo deixa claro
que o candidato
pode ser favorável à
Em resumo, na prova de redação do Enem, constituem desrespeito aos DH propostas que pena de morte e à
incitam a violência, ou seja, propostas nas quais transparece a ação de indivíduos na ad- prisão perpétua (e,
ministração da punição, como as que defendem a “justiça com as próprias mãos” ou a lei analogamente, aos
temas polêmicos
do “olho por olho, dente por dente” [grifo meu]. Por isso, as propostas de pena de morte como o aborto, a
ou prisão perpétua para os agressores não caracterizam desrespeito aos DH, por remete- eutanásia, à poliga-
rem ao Estado a administração da punição ao agressor, ou seja, nesse caso, as punições não mia etc), desde que
o Estado seja o
dependem da decisão individual, caracterizando-se como contratos sociais cujos efeitos mediador.
todos devem conhecer e respeitar em uma sociedade.

Eu tenho certeza que os alunos deste curso terão cuidado para não ir de encontro aos direitos humanos e
não serão nonsenses no desenvolvimento do texto. Falando em pessoas sem noção, veja por que a
redação abaixo foi zerada:

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Pronto! Viu que sua introdução tem funções específicas? Não queime etapas nessa parte tão importante
para a sua redação e faça com que a banca perceba que está corrigindo o texto de um aluno organizado e
bem preparado! Continue seguindo os comandos trazidos aqui!

_________________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS
1) Analise as introduções seguintes e:

a) ILUMINE OS ELEMENTOS ARGUMENTATIVOS ASSIM:

ABORDAGEM [toda introdução tem de ter!]


TESE [toda introdução tem de ter!]
ARGUMENTOS [é interessante que venham na introdução, mas não são obrigatórios]
PROPOSTA [é interessante que venha na introdução, mas não é obrigatória]

a) Vamos avaliar cada parágrafo segundo a informatividade de 1 a 5, sendo 1 para aquelas introduções
que você considerar previsíveis e 5 para aquelas que você percebeu que trouxe informações rele-
vantes.

1. A física já comprovou que um automóvel tem grande deslocamento mesmo após o momento da frenagem,
a depender da velocidade com que era conduzido. O que a ciência não precisou demonstrar é que a impru-
dência no trânsito tem sua origem na autoescola. Certamente, a indiferença dos futuros condutores e a
defasagem no trabalho das autoescolas podem colaborar para inúmeros problemas posteriores.

VEJA COMO VOCÊ DEVE FAZER:

A física já comprovou que um móvel atinge grande deslocamento mesmo após o momento da frenagem, a depender
da velocidade com que era conduzido. O que a ciência não precisou demonstrar é que a imprudência no trânsito tem
sua origem na autoescola. Certamente, a indiferença dos futuros condutores e a defasagem no trabalho das autoesco-
las podem colaborar para inúmeros problemas posteriores. 


(Física) [GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

2. Um empresário de muito sucesso esquece a data do aniversário do filho mais novo. Não percebe o novo
corte de cabelo da esposa nem a conquista do filho mais velho no vestibular. Assim, apesar de uma vida
profissionalmente bem sucedida, é possível entender que não observar alguns detalhes poderá trazer bas-
tantes prejuízos nos relacionamentos afetivos.

3. Juventude sempre foi sinônimo de força, perspectiva e vida. Trata-se de uma faixa etária cuja característica
se define pela vontade de mudanças. Os jovens desta geração, no entanto, não têm lançado mão dessa
ousadia, porque houve uma acomodação, potencializada pela mídia. Ainda, há outros assuntos tornados
mais relevantes do ponto de vista desses cidadãos.

4. Baixa autoestima, constrangimento, medo de se expor. A origem desse preconceito é antiga, mas seu
efeito pode ainda permanecer: uma sociedade preconceituosa não se desenvolverá sadia. Suas consequên-
cias são fatais e atingem a todas as esferas da nação. Deve haver, portanto, um amadurecimento da comu-
nidade, capaz de acabar com os frutos da desigualdade.

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5. Apesar de haver pessoas que veem no preconceito uma forma de construir sua identidade, é fundamental
compreender que essa postura é capaz de anular o outro enquanto indivíduo. Assim, em vez de construir a
sociedade, o pensamento sectarista destrói as camadas sociais, pois desenvolve ambientes competitivos e
tenta esvaziar as pessoas do valor que têm.

6. Em 1901, um engenheiro francês projetou uma lâmpada, acesa até hoje na Califórnia, cuja durabilidade é
surpreendente. Infelizmente, essa longevidade é inadequada ao momento atual, visto que, com o descarte
dos antigos aparelhos, há maior lucro, bem como ascensão do prestígio individual em função da compra
dos novos. Assim, é possível perceber uma grande contradição tecnológica.

7. Desde a antiguidade já era perceptível uma enorme desigualdade social, que se tentava, por parte das
elites, fazer imperceptível. Nesse contexto surgiu a política do pão e circo, que promovia banquetes e es-
petáculos sangrentos, objetivando alienar a plebe. Ação idêntica se verifica hoje com o MMA, que é um dos
maiores objetos de manobra de massa, junto ao futebol. Deveria haver, portanto, uma lúcida fruição do
entretenimento no Brasil.

8. O Brasil presenciou protestos de mulheres que saíram sem roupa às ruas durante a década de 70. O Movi-
mento Feminista alcançou as primeiras conquistas; entretanto, ainda é preciso ampliar as vitórias femininas
na área da sexualidade. Há, infelizmente, muitos estereótipos sobre seus corpos, bem como existem dife-
renças entre os gêneros acerca da liberdade sexual.

9. O Navio Negreiro", que descreveu a terrível situação dos negros no período da escravidão, é uma obra que
compõe a literatura romântica brasileira. No entanto, a luta de alguns cidadãos mostra que o preconceito
está além da ficção, devido à postura e ao pensamento de indivíduos equivocados. Infelizmente, Castro
Alves ainda teria assunto em seu combate ao preconceito.

10. A partir de 1850, o território brasileiro passou por um forte processo de mercantilização, com a Lei de
Terras, que determinara a privatização das propriedades rurais, segregando diversos setores da sociedade.
Esse problema persiste e deixa claro que a reforma agrária solucionaria muitos problemas socioeconômi-
cos presentes ainda hoje. Certamente, a exploração de trabalho e monopólio oligárquico seriam diluídos
com a aplicação da medida.

11. Vidas Secas, de Graciliano Ramos, descreve o drama de uma família de retirantes nordestinos motivado
pela falta de chuva. O conflito e a falta de perspectiva de vida dos personagens do romance também são a
realidade de muitos brasileiros. Infelizmente, o descaso na distribuição da água no Brasil faz com que mui-
tos indivíduos protagonizem fabianos e sinhás vitórias. Dessa forma, os interesses sociais e econômicos em
torno desse recuso deveriam ser repensados.

12. Designados para defender e promover as leis nas ruas, os policiais militares mantêm a segurança e a
sensação de paz. Entretanto, esses agentes não têm sido eficazes em suas funções, pois seus baixos salá-
rios e, ainda, porque suas longas jornadas de trabalho motivam-nos a estas práticas condenáveis.

13. Designados para defender e promover as leis nas ruas, os policiais militares mantêm a segurança e a
sensação de paz. Entretanto, frequentemente, os PMs se envolvem em esquemas ilícitos, pois seus baixos
salários e, ainda, porque suas longas jornadas de trabalho motivam-nos a estas práticas condenáveis. Cabe,
portanto, ao Governo do Estado reajustar em 30% os salários dos policiais.

14. São comuns os casos de mortandade de peixes em lagos e lagoas brasileiros. Os biólogos já demonstraram
que o processo de eutrofização é fator motivador desses eventos, em virtude de os decompositores de
matéria orgânica utilizarem oxigênio, tão caro ao ecossistema marinho. Entretanto, mais do que os de-
compositores, homens e mulheres têm responsabilidade nos problemas ambientais, por serem impruden-
tes e negligentes acerca do cuidado com a poluição.

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DESENVOLVIMENTO

Depois de construído o parágrafo de introdução, você vai se preocupar com a segunda parte do texto,
chamada genericamente de desenvolvimento.

Ele será composto por DOIS parágrafos, se você houver criado dois argumentos; ou três parágrafos, se três
argumentos tiverem sido selecionados para a defesa da tese. Ou seja, o número de parágrafos de desen-
volvimento é proporcional à quantidade de argumentos de que você vai falar no texto. Veja:

Existe, entretanto, a possibilidade de um argumento precisar desenrolar-se em dois pará-


grafos, a depender da sua complexidade e abrangência. O que deve ficar claro neste mo-
mento é o seguinte: o assunto de cada parágrafo de desenvolvimento deve ficar bem claro
para você. Ora, se você tiver dúvidas sobre o assunto desenvolvido no parágrafo, certa-
mente o seu avaliador também terá dúvidas sobre o que está lendo.

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Vamos retomar o que vimos no início deste material:

O ARGUMENTO 1 será o assunto principal do primeiro parágrafo do desenvolvimento; e o ARGUMENTO 2,


assunto principal do segundo parágrafo do desenvolvimento.

Para facilitar o seu trabalho, veja como montar o desenvolvimento por meio da estratégia da
REDAÇÃO EM 10 PASSOS:

 5º PASSO  Tópico Frasal

 6º PASSO  Ampliação do Tópico

 7º PASSO  Solução ou aplicação social

Vamos detalhar agora:

5º PASSO  TÓPICO FRASAL

Quando corrijo redações, tenho impressão de que o aluno às vezes sabe falar bastante sobre o tema, mas
desconhece a estrutura do texto. Ora, é importante conhecer a estrutura textual para evitar que as ideias
fiquem embaralhadas e desconexas e para que a redação não seja produto da intuição do seu criador.

O assunto de cada parágrafo do desenvolvimento são os argumentos do texto, que você já criou antes
mesmo de iniciar a redação e talvez já tenha até mencionado na introdução.

O TÓPICO FRASAL é o período que expressa a síntese do argumento, a ideia mais importante. Ficou abstra-
to? Vamos ver na prática, retomando os nossos elementos criados em rascunho:

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A tecnologia dá acesso a muitos conteú- Peguei o ARGUMENTO 1 e o usei como ideia principal do parágrafo
dos informacionais importantes.
(ARGUMENTO 1) do desenvolvimento, ou seja, como tópico frasal, que deve ser curto
e reproduzir a ideia do argumento introduzido no primeiro parágrafo.
Cuidado apenas para não repetir palavras:

Esse recurso oferece um imenso acervo de conhecimento teórico ao aluno. O estudante, há alguns
anos, era obrigado a procurar bibliotecas, livros, enciclopédias a fim de realizar trabalhos escolares ou pes-
quisas acadêmicas. Hoje, existem inúmeros sites de buscas que reúnem e potencializam seu estudo. Dessa
forma, as novas gerações crescerão com formas pedagógicas cada vez mais sofisticadas e ampliarão suas
realidades.

A tecnologia aproxima os alunos dos


acontecimentos mais importantes do Fiz o mesmo procedimento
mundo. (ARGUMENTO 2) Em caso de dúvida, mande e-mail para
com o segundo argumento.
contato@professorviniciusoliveira.com.br.
Observe:

A ampliação também acontece em virtude do contato que o cidadão tem com diferentes realida-
des. Ou seja, a possibilidade de conhecer os fatos de outros países ou até continentes distintos enriquece o
acervo cultural do aluno. Aquele que está em formação escolar precisa ganhar dimensões que vão além de
sua comunidade, função que está atrelada à ascensão tecnológica. Assim, os indivíduos terão experiências
diferenciadas e fundamentais para seu desenvolvimento.

Entendeu? O tópico frasal é o argumento em outras palavras!

ARGUMENTO TÓPICO FRASAL

A tecnologia dá acesso a muitos conteúdos Esse recurso oferece um imenso acervo de conhecimen-
informacionais importantes. to teórico ao aluno.

A tecnologia aproxima os alunos dos A ampliação também acontece em virtude do contato


acontecimentos mais importantes do mundo. que o cidadão tem com diferentes realidades.

Depois do tópico frasal, é necessário ampliá-lo.

6º PASSO  AMPLIAÇÃO DO TÓPICO

Todas as informações que vierem após o tópico devem servir para sustentá-lo, explicá-lo. Qualquer conhe-
cimento que você tenha sobre o argumento precisa ser avaliado como pertinente (ou não) para a sua am-
pliação. Se não tiver muito a ver, não inclua.

Veja só:

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Você leu a ampliação do tópico frasal? Eu gostaria que você respirasse agora e prestasse bastante atenção
no que eu vou lhe dizer.

A ampliação é uma EXPLICAÇÃO/SUSTENTAÇÃO/DESENVOLVIMENTO do tópico frasal. Imagine


uma conversa entre mim e o JORGE (personagem que eu criei agora). Eu começo dizendo isto:

EU – Meu amigo, preciso lhe falar uma coisa muito importante.

JORGE – Diga aí, Vinícius.

EU – A tecnologia oferece muito conteúdo aos alunos. Entendeu, cara?

JORGE – Não entendi, Vinícius. Explica melhor isso aí.

EU – É simples, po. O estudante, há alguns anos, era obrigado a procurar bibliotecas, livros, en-
ciclopédias a fim de realizar trabalhos escolares ou pesquisas acadêmicas. Hoje a situação mu-
dou. Existem inúmeros sites de buscas que facilitam o acesso ao estudo.

JORGE – Boa!

Espero que a ilustração que eu acabei de fazer tenha servido para mostrar que AMPLIAR uma
ideia é nada mais que EXPLICAR MELHOR. Existem estratégias para EXPLICAR MELHOR uma ideia a
alguém. Por exemplo, não sei se você percebeu que eu fiz uma COMPARAÇÃO para explicar ao JORGE
que a tecnologia oferece bastante conteúdo aos alunos.

Percebeu? Eu fiz a COMPARAÇÃO entre duas épocas (tempo passado x tempo presente).

POR FAVOR, entenda uma coisa de uma vez por todas: NADA NA REDAÇÃO É PRODUTO DA
SUA INTUIÇÃO. TUDO É ESTRATÉGIA. Logicamente, é interessante que você tenha criativida-
de, claro, mas sua criatividade deve ser guiada estrategicamente, ok?

ESTRATÉGIAS DE AMPLIAÇÃO
Por falar em ESTRATÉGIAS DE AMPLIAÇÃO, preciso dizer que não existe só a comparação. Veja
abaixo outras formas de ampliar um tópico:

1) Demonstração de contraste:

A ascensão da tecnologia é capaz de afastar os relacionamentos. Apesar de tablets e smartphones


terem sido criados com finalidades interpessoais – e unir pessoas –, acabam distanciando amigos e rela-
ções fisicamente estabelecidas. Com efeito, a facilidade de interação virtual desses aparelhos pode tornar
a vida presencial desnecessária e aparentemente substituível. Dessa forma, o país poderá perder sua ca-
racterística de hospitalidade.

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2) Inserir um dado contrário e depois desconstruí-lo:

As blitzes do DETRAN impuseram a responsabilidade atrás do volante. Embora os condutores con-


sigam saber pelas redes sociais onde estão localizadas essas equipes – sobretudo pelo Twitter –, a fiscali-
zação é distribuída em pontos estratégicos da cidade. Geralmente, as vias de acesso obrigatório são for-
temente monitoradas pelos agentes e impedem o translado daqueles que insistem em conduzir seus veí-
culos após a ingestão de álcool. Assim, o motorista encontra um posicionamento estratégico da Lei Seca e
não consegue recalcular sua rota.

O tema da redação passa pela sua opinião sobre a LEI SECA. Veja que eu faço um juízo de valor positivo em
relação à lei e digo que gosto da eficácia da medida porque ela impôs a responsabilidade dos condutores
de veículos automotivos. Compreendeu?

– Poxa, prof, mas por que você falou que a Lei Seca é previsível, já que todo mundo pode saber onde os
agentes montaram os postos de fiscalização? Esse não é um fato RUIM?

– Sim! A previsibilidade da Lei Seca é, de fato, ruim. No entanto, eu trouxe essa informação negativa para o
texto para dizer ao meu avaliador o seguinte: a Lei Seca tem problemas, mas mesmo assim é eficaz no Bra-
sil. Percebeu? Esse recurso é chamado de contra-argumentação e é interessante para que o aluno demons-
tre para a banca que sua tese é boa apesar dos pontos negativos.

O mais interessante é que você pode aproveitar essa fragilidade da LEI SECA para propor soluções bem
relacionadas àquilo que você mostrou no desenvolvimento. Por exemplo, eu posso propor, ao final, que o
DETRAN quebre a previsibilidade das blitzes para surpreender o maior número de motoristas possível e
passe a montar os postos de fiscalização em horários diversos – não somente à noite.

Muitos alunos me perguntam se podem falar de um lado positivo e outro negativo em sua redação. A resposta é que,
se o candidato apenas disser que há fatores favoráveis e desfavoráveis do tema, não escreveu uma dissertação argu-
mentativa. O texto pode até demonstrar pontos contrários, mas uma TESE deve prevalecer – quando isso ocorre, te-
mos a estratégia da redação dialética.

3) Exemplificação:

Sua ampliação pode se amparar em alguns exemplos. Tenha cuidado apenas para que a exemplificação não
fique desconexa da ideia do tópico. Lembre-se também de que é importante aplicar sua ampliação social-
mente.

1. O resultado da Lei Seca foi bastante eficiente. Após a implantação da medida, houve redução
dos casos de acidentes no trânsito; o número de feridos nos hospitais foi reduzido significativa-
mente; ocorreu ainda um aumento no uso de transportes alternativos, como vans e táxis; aliás, fo-
ram reduzidas as brigas entre pessoas embriagadas nas ruas e ampliada a paz nas comunidades.

2. Ainda, o pensamento dominante pode usar a fotografia para orientar as camadas populares.
Alguns programas utilizam a construção visual da notícia a fim de reiterar seu posicionamento. Em
2013, o Jornal Meia Hora – de grande circulação no Rio de Janeiro – ampliou a fumaça de uma foto
registrada nas manifestações ocorridas na cidade para legitimar a ação truculenta dos policiais mi-
litares e fazer os seus leitores se tornarem contrários aos movimentos. Lamentavelmente, o sensa-
cionalismo subjuga a ética.

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Os dados também são formas interessantes de ampliar um tópico. Tenha cuidado apenas para que sua re-
dação não fique saturada de estatísticas (seu texto não é um censo do IBGE!). Segue um exemplo:

Aliás, a relação amorosa possessiva pode ainda ser mergulhada num ciúme em medida errada. Quando
duas pessoas se propõem a uma união, mas o fazem sem uma base sólida, há, inevitavelmente, bastante
desconfiança. O setor de relacionamento interpessoal da PUC-RIO revelou, por pesquisa feita em 2012,
que aproximadamente 60% dos casais assumem ser muito ciumentos. Assim, o que era um zelo saudável
se torna possessividade e inevitavelmente conduz ambos à ruína.

Os candidatos me perguntam sempre se podem CRIAR dados. Sinceramente, não acredito que
seus corretores interromperão a leitura do texto para avaliar se suas informações têm fonte
verdadeira. Entendo que eles terão bom senso em não invalidar sua informação, se ela tiver o
mínimo de lógica. No entanto, se você duvida do bom senso da banca, evite inventar dados em
seu texto.

4) Causas e consequências:

Outra forma de ampliar seu tópico é encadear as consequências. Observe um exemplo:

O resultado da Lei Seca foi bastante eficiente. Após a implantação da medida, houve redução dos
casos de acidentes no transito, fato fundamental para que as pessoas parassem de chorar a morte de seus
familiares, e que os hospitais públicos passassem a ter mais leitos vagos, destinados a vítimas de outros
casos. Ainda, a redução dos sinistros nas estradas ampliou a sensação de paz e incentivou a população a
viajar com a certeza de que retornarão em paz às suas casas.

Perceba que o tópico frasal foi causa para o desenvolvimento do parágrafo:

 as pessoas pararam de perder


seu entes queridos em vão  Tudo isso ampliou a
sensação de paz e incen-
A medida foi  houve redução tivou a população a viajar
implantada no dos acidentes no  os hospitais têm mais leitos com a certeza de que
Brasil trânsito vagos, que passaram a ser usados retornarão em paz às
por vítimas de outros problemas. suas casas.

Obs: A aplicação está delimitada na última consequência.

5) Comparação/metáfora

Apesar de seu texto não ser conotativo, ou seja, ser referencial é possível fazer algumas abordagens mais
metafóricas ou figuradas. Veja um exemplo:

Aliás, a mídia explora o meio imagético para influenciar os cidadãos. Na pós-modernidade, os teles-
pectadores são seduzidos pelo canto da tevê e naufragam como os marinheiros das mitologias das serei-
as. Com efeito, a propaganda repetida constantemente e massificada pela grande mídia potencializa o
consumismo – quase sempre supérfluo. Permanecem imunes a essa sedução apenas aqueles que já adqui-
riam defesa à atração da música dos comerciais e à estratégia persuasiva da sociedade de consumo.

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Dois detalhes sobre o parágrafo que você acabou de ler.

i) A linguagem metafórica foi sutilmente aplicada, ou seja, a metáfora é bem “le-


ve”. Não podemos comprometer a objetividade do texto.

ii) A aplicação social está embutida ao final da metáfora.

Há ainda possibilidade de fazer comparações com outros momentos culturais no mundo e, com isso, reali-
zar uma ponte interdisciplinar. Veja abaixo:

O apelo midiático contribui para um *carpe diem social, desenvolvendo uma ideia segundo a qual se
deve aproveitar a vida e sua diversão sem preocupação com o futuro. Evidentemente, não se pode responsabi-
lizar totalmente a tevê pela opção dos jovens à cerveja e ao futebol em vez dos movimentos políticos e ideoló-
gicos do país. Deve haver, entretanto, a consciência de que a postura hedonista pode contribuir para a manipu-
lação pela mídia, pelos políticos e até pelas más amizades.

6) Argumento de autoridade

Essa estratégia consiste em reproduzir sentenças ditas por especialistas no assunto abordado ou dados de
instituições confiáveis. Portanto, é importante que você saiba utilizar esse meio de ampliação a seu favor, a
fim de respaldar (defender, apoiar) sua tese e embasar seus argumentos. Para isso, o mais adequado é que
a fonte não seja anônima, assim a banca examinadora concluirá que o estudante conhece bem a questão
levantada.

Em primeiro plano, a suspensão de animais em testes tornaria o país submetido às nações tecno-
logicamente evoluídas. A partir dessa perspectiva, o geneticista Gilson Volpato compreende que o uso
de cobaias em experimentos é importante para o desenvolvimento econômico brasileiro, uma vez que
a exportação de medicamentos contribui com mais de 2 milhões de reais para a balança comercial.

Lembre-se:

I – Caso a frase seja citada da mesma forma tal qual foi escrita, utilize aspas.

II – Se a estratégia for utilizada em mais de um parágrafo de desenvolvimento (o que não aconselho) certi-
fique-se de que as opiniões dos autores não vão de encontro às suas.

*Carpe diem?

Carpe diem é uma expressão latina de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para ganhe o dia ou
aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com
coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

O hedonismo é uma teoria ou doutrina filosófico-moral segundo a qual o prazer é o supremo bem da vida huma-
na. O significado do termo em linguagem comum, bastante diferente do significado original, surgiu no iluminis-
mo e designa uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres momentâneos. Com esse sentido,
"hedonismo" é usado de maneira pejorativa, visto normalmente como sinal de decadência.

Introduzir essas noções no seu texto confere autoria à sua redação.

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Existem inúmeras formas de ampliar um tópico frasal e construir os parágrafos componentes do
desenvolvimento. Olha um exemplo a NÃO seguir:

 Esses desajustes surgem, na verdade, dentro da autoescola. Se a desprezarmos, desenvolve-


remos uma comunidade formada por motoristas imperitos, e haverá uma ascendente sensação de
insegurança.

Esse parágrafo está curtinho porque falta a ampliação do tópico frasal. Ele é considerado argu-
mentativo, pode estar pertinente ao tema, mas não foi construído com consistência.

Dependendo da matriz de nota, esse problema pode prejudicar você no quesito organização ou
paragrafação. Ora, organizar o texto também é um requisito para a compreensão do conteúdo,
portanto uma redação desorganizada também prejudica, indiretamente, o quesito conteúdo!

Como poderíamos ganhar o conceito máximo em organização?

Esses desajustes surgem, na verdade, dentro da autoescola. Os alunos frequentam as au-


las para cumprir o período teórico do curso, considerando serem excessivas as horas de aula
teórica. Muitos, aliás, apenas vão ao local colher a biometria e não estudam sinalização, legis-
lação, manutenção veicular, primeiros socorros. A manutenção dessa conduta perigosa desen-
volverá uma comunidade formada por motoristas imperitos, e haverá uma ascendente sensação
de insegurança.

A informatividade na ampliação do parágrafo de desenvolvimento.

Vamos levantar uma situação hipotética. Estão em uma mesma sala dois alunos: Vinícius e Jorge, ambos
com a mesma formação e a mesma capacidade de produção textual e precisam construir uma redação so-
bre o tema: O problema do consumismo na sociedade pós-moderna.

O aluno Vinícius compreendeu o tema, fez uma introdução e passou agora para o primeiro parágrafo de
desenvolvimento argumentativo e escreveu o seguinte texto:

Em primeiro plano, o consumismo é um problema que afeta os indivíduos de forma imperceptível. Mui-
tas pessoas guardam o costume de frequentar shoppings e ir a lojas simplesmente pelo prazer de comprar
aquilo que já possuem, somente para suprir a necessidade de consumir. Por outro lado, aqueles que não nu-
trem o consumismo – seja por motivos ideológicos ou econômicos – passam a receber um juízo de valor nega-
tivo por parcela da população, incentivado pelo apelo da grande mídia. Com efeito, o estilo de vida imposto
pelos comerciais de televisão é um problema a ser administrado pela sociedade pós-moderna.

Pronto. O Vinícius fez um parágrafo

1) argumentativo, porque deixa claro um posicionamento crítico contrário ao consumismo;


2) organizado, porque dividiu o parágrafo em três momentos argumentativos bem claros – tópico fra-
sal, ampliação e aplicação social;
3) e obediente ao tema proposto, porque trouxe um exemplo que tem tudo a ver com o problema do
consumismo. Aliás, ele até utilizou as palavras-chaves do tema como PROBLEMA, CONSUMISMO,
SOCIEDADE PÓS-MODERNA.

Após redigir este parágrafo em 9 linhas, Vinícius pediu para ir ao banheiro certo de que havia feito um bom
parágrafo.

Ao lado, por sua vez, estava Jorge, que, após a introdução, se dedicou ao primeiro parágrafo de desenvol-
vimento. Veja aí:

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Em primeiro plano, o consumismo é um problema que afeta os indivíduos de forma imperceptível. O
conceito de Indústria Cultural, de Theodor Adorno, explica os fundamentos do consumismo e denuncia que a
grande mídia veicula suas propagandas de modo intenso e com poucas variações de estilo e de linguagem. Esse
movimento repetitivo do apelo midiático – a Indústria Cultural – tem a intenção de oferecer a toda a sociedade
a mesma visão de mundo, baseada não na criticidade, mas na reprodução de comportamentos que possibili-
tem a manipulação por meio do consumismo. Com efeito, o estilo de vida imposto pela sociedade de consumo
é um problema a ser administrado pela sociedade pós-moderna.

Pronto. Jorge fez um parágrafo

1) argumentativo, porque deixa claro um posicionamento crítico contrário ao consumismo;


2) organizado, porque dividiu o parágrafo em três momentos argumentativos bem claros – tópico fra-
sal, ampliação e aplicação social;
3) e obediente ao tema proposto, porque trouxe um conceito da sociologia que tem tudo a ver com o
problema do consumismo. Aliás, ele até utilizou as palavras-chaves do tema como PROBLEMA,
CONSUMISMO, SOCIEDADE PÓS-MODERNA.

Após redigir este parágrafo em 10 linhas, Jorge pediu para ir ao banheiro certo de que havia feito um ótimo
parágrafo.

– Poxa, prof, por que você está fazendo o paralelo entre os alunos Vinícius e Jorge?

– É simples. Vamos comparar os parágrafos lado a lado. Eles fizeram o mesmo


tópico frasal!

Em primeiro plano, o consumismo é um pro- Em primeiro plano, o consumismo é um pro-


blema que afeta os indivíduos de forma imperceptí- blema que afeta os indivíduos de forma imperceptí-
vel. Muitas pessoas guardam o costume de fre- vel. O conceito de Indústria Cultural, de Theodor
quentar shoppings e ir a lojas simplesmente pelo Adorno, explica os fundamentos do consumismo e
prazer de comprar aquilo que já possuem, somente denuncia que a grande mídia veicula suas propa-
para suprir a necessidade de consumir. Por outro gandas de modo intenso e com poucas variações
lado, aqueles que não nutrem o consumismo – seja de estilo e de linguagem. Esse movimento repetiti-
por motivos ideológicos ou econômicos – passam a vo do apelo midiático – a Indústria Cultural – tem a
receber um juízo de valor negativo por parcela da intenção de oferecer a toda a sociedade a mesma
população, incentivado pelo apelo da grande mí- visão de mundo, baseada não na criticidade, mas na
dia. Com efeito, o estilo de vida imposto pelos co- reprodução de comportamentos que possibilitem a
merciais de televisão é um problema a ser adminis- manipulação por meio do consumismo. Com efei-
trado pela sociedade pós-moderna. to, o estilo de vida imposto pela sociedade de con-
sumo é um problema a ser administrado pela socie-
VINÍCIUS dade pós-moderna.

JORGE
O Vinícius selecionou exemplos facilmente perce- O Jorge desenvolveu a teoria da Indústria Cultural, postu-
bidos no cotidiano da sociedade pós-moderna, lada pelos sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer,
para ampliar o parágrafo de desenvolvimento. da escola de Frankfurt, para ampliar o parágrafo de desen-
volvimento.

Qual é a conclusão? Ambos os alunos desenvolveram o texto suficientemente, mas um deles foi além e
trouxe uma informação pouco previsível e razoavelmente incomum. Ora, coloque-se no lugar dos alunos
que fizeram a redação com base no tema O PROBLEMA DO CONSUMISMO e pense quantos candidatos
colocariam em seus textos que os indivíduos vão ao shopping e compram produtos dos quais não preci-

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sam? Muitos escreveriam isso, certamente. Agora, quantas pessoas seriam capazes de falar que a mídia
reproduz os mesmos padrões de consumo justamente para construir na sociedade a mesma visão e com-
preensão de mundo. Os comerciais de carro têm a mesma linguagem – tecnologia e beleza. As propagan-
das de cerveja também são exemplo dessa reprodução a nível industrial: todas são mais do mesmo. Ah,
recentemente eu percebi um comercial de bebida que tenta desconstruir os estereótipos de beleza, e vejo
que a empresa que faz o marketing cedeu à pressão ideológica que tem acontecido nas redes sociais. Bom,
é um começo.

Enfim, na comparação entre os parágrafos de desenvolvimento, o Jorge conseguiria a melhor nota porque
ele demonstrou um conhecimento diferente e saiu do lugar-comum. Compreendeu? Logicamente, a im-
pressão que fica é que ele é um candidato mais bem preparado do que Vinícius e, portanto, merece a vaga
no concurso ou na universidade.

7º PASSO SOLUÇÃO OU APLICAÇÃO SOCIAL

Você está finalizando o parágrafo de desenvolvimento. Permita-me trazer um exemplo de parágrafo de


desenvolvimento sobre O TEMA ABAIXO:

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Veja aí e tente identificar o tópico frasal e a ampliação:

Em primeiro plano, aqueles brasileiros que abdicam da participação social assegurada pela atual
Carta Magna não compreendem a dimensão da sua atitude. As eleições diretas são a principal for-
ma que o povo possui para influenciar a sua própria realidade e garantir seus direitos políticos,
que, inclusive, eram bastante restritos na primeira metade do século passado.

[abdicar = ignorar, abrir mão]


Já conseguiu identificar tópico e ampliação? Vou mostrar:

TÓPICO Em primeiro plano, aqueles brasileiros que abdicam a participação social assegurada
FRASAL pela atual Carta Magna não compreendem a dimensão da sua atitude.

As eleições diretas são a principal forma que o povo possui para influenciar a sua
AMPLIAÇÃO
própria realidade e garantir seus direitos políticos, que, inclusive, eram bastante res-
DO TÓPICO
tritos na primeira metade do século passado.

Ok. Agora você vai identificar PROBLEMAS que o tópico e ampliação possam ter trazidos. Você é capaz de
perceber algum problema social nos fragmentos acima?

O problema trazido é que existem brasileiros que ignoram a participação social, ou seja, que não têm inte-
resse em mudar a sociedade. Ainda é possível extrair da ampliação que há cidadãos que não votam e aca-
bam errando duas vezes:

1) não influenciam a própria realidade;

2) não valorizam a conquista da possibilidade de votar e escolher seus governantes,


o que, na primeira metade do século passado, era inviável.

Esses problemas que foram levantados no tópico e na ampliação merecem uma solução, ok?

Não vamos esperar a conclusão para solucionar esses problemas! Eles serão solucionados no próprio pará-
grafo de desenvolvimento, imediatamente após a ampliação.

Veja:
TÓPICO Em primeiro plano, aqueles brasileiros que abdicam a participação social assegurada
FRASAL pela atual Carta Magna não compreendem a dimensão da sua atitude.

As eleições diretas são a principal forma que o povo possui para influenciar a sua
AMPLIAÇÃO
própria realidade e garantir seus direitos políticos, que, inclusive, eram bastante res-
DO TÓPICO
tritos na primeira metade do século passado.
1)
2) Nesse sentido, os indivíduos que praticam uma “pseudo-cidadania” devem visitar o
SOLUÇÃO site do Tribunal Superior Eleitoral e informar-se sobre a vida política de seus candi-
datos e do país.

Entendeu o que eu fiz? Eu trouxe o problema na AMPLIAÇÃO e dei a solução na


SOLUÇÃO. Daqui a pouco, você fará exercícios sobre isso, ok?

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Preste atenção a um detalhe FUNDAMENTAL. Veja o que eu vou fazer agora e tente identificar o problema
do parágrafo abaixo:

Em primeiro plano, aqueles brasileiros que abrem mão da participação social assegurada
pela atual Carta Magna não compreendem a dimensão da sua atitude. As eleições diretas são a
principal forma que o povo possui para influenciar a sua própria realidade e garantir seus di-
reitos políticos, que, inclusive, eram bastante restritos na primeira metade do século passado.
Nesse sentido, é importante que as pessoas divulguem vídeos nas mídias digitais mostrando
o problema psicológico que as mulheres sofrem quando são agredidas fisicamente.

Qual problema você identificou?

a) O autor da redação não apresenta qualquer tipo de solução;


b) A solução que vem ao final não soluciona o problema apresentado no parágrafo;
c) A solução não deveria aparecer no desenvolvimento, porque isso cabe somente ao Estado;
d) Não deve haver referência às mídias digitais nas redações;
e) Não houve problema nenhum, e o parágrafo está perfeito.

ORGANIZAÇÃO DOS PASSOS 5, 6 e 7


Para finalizar, você precisa saber mais um detalhe fundamental sobre desenvolvimento. O tópico frasal
precisa ser a primeira frase do parágrafo. Se você puser algo antes dele, essa informação será considerada
desarticulada.

Veja:

 68% dos cursos para CNH não contemplam todas as exigências do DETRAN, 10% não aplicam
nada solicitado pelo governo, e apenas 22% são autoescolas de qualidade. A imprudência se mani-
festa também na defasagem na construção dos centros de instrução. Ou seja, é papel também dos
centros instrução desenvolver no candidato à carteira o compromisso por um país mais responsá-
vel.

Escolha fazer assim:

 A imprudência se manifesta também na defasagem na construção dos centros de instrução.


68% dos cursos para CNH não contemplam todas as exigências do DETRAN, 10% não aplicam nada
solicitado pelo governo, e apenas 22% são autoescolas de qualidade. Ou seja, é papel também dos
centros instrução desenvolver no candidato à carteira o compromisso por um país mais responsá-
vel.

As ideias são as mesmas, no entanto mais bem organizadas, percebeu? Logicamente, eu não tenho preten-
são de esgotar TODAS as possibilidades de escrita de um texto nem de defender uma verdade absoluta –
aliás, há poucas verdades absolutas em redação. Minha intenção é trilhar um caminho produtivo e confor-
tável para a construção do seu texto, sem surpresas.

Permita-me mostrar-lhe uma redação que eu mesmo fiz em um concurso de 2015, que me rendeu 100/100
pontos e foi proposta pela Fundação Carlos Chagas, na ocasião do concurso o cargo de Técnico Judiciário
do Tribunal Regional de Minas Gerais, que, aliás, me garantiu a 64ª colocação.
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Veja a proposta:

ANOTAÇÕES SOBRE O TEMA

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Perceba que a banca organizadora da prova não ofereceu um tema a ser desenvolvido, mas selecionou três
textos a partir dos quais se deveria redigir. Veja como eu desenvolvi (ah, por favor, NENHUMA redação é
protótipo de perfeição, ok? Todo texto pode ser melhorado, inclusive este que você vai ler):

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EXERCÍCIOS
1) Leu cuidadosamente a redação? Então, por favor, ilumine os passos da redação vistos até agora.
a) Os passos da introdução;
b) Os passos de cada parágrafo do desenvolvimento – usei os 3 passos, aliás, em um deles eu finalizei com reflexão e
em outro proposta de solução.
Entendeu o que deve ser feito? Após fazer o exercício, veja o padrão de resposta!
Para facilitar o seu trabalho, digitei a minha redação.
Se quiser, use esta aba para
Ao divulgar as bases do Modernismo no Brasil e da Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade fazer a identificação dos
defendeu que não estava interessado em formar seguidores de sua forma de pensar: sua maior intenção passos.
era motivar seus pares e construir a própria ideologia. Quase cem anos depois, a declaração do escritor
ganha ainda mais sentido, na medida em que a verdadeira identidade de um povo está na construção de
um senso crítico autônomo, capaz de fazer escolhas entre o que seja, de fato, relevante à sociedade.

Em primeiro plano, a garantia do verdadeiro papel social do cidadão está vinculada à valoriza-
ção das informações úteis à sua formação. Os programas de televisão, os conteúdos vinculados na inter-
net e nos demais veículos de comunicação precisam passar pela avaliação crítica da população que os
recebe. Nesse sentido, o historiador e especialista em história da Globalização Renato Pellizzari, defende
a tese segundo a qual as novas formas de comunicação global trazem consigo não só os elementos rele-
vantes de outras culturas, como também os supérfluos. Cabe, portanto, aos receptores das informações
conseguir reter aquilo que possa contribuir para a sua informação individual.

Outrossim, a criticidade do cidadão influencia a forma com que se posiciona em rela-


ção à sociedade e aos seus problemas. Tal influência pode ser ilustrada por movimentos de combate à
corrupção que ocorreram durante os jogos da Copa do mundo. Apesar de a mídia usar estratégias para
ocultar os problemas brasileiros, seja escondendo informações, seja manipulando a notícia, foram per-
cebidos grupos que reivindicavam a reforma política no período em que o futebol era o assunto mais
disseminado. Cumprem, portanto, seu papel social os cidadãos que lidam com os desafios do país de
forma crítica, preterindo o supérfluo.

Urge, pois, que a população esteja atenta às informações úteis à sociedade brasileira e busque
desenvolver o senso crítico, a fim de fazer jus ao dispositivo Constitucional, segundo o qual todo poder
emana do povo. Dessa forma, as informações supérfluas não serão o centro da atenção do Estado De-
mocrático de Direito.

2) ILUMINE SOMENTE A AMPLIAÇÃO E DIGA QUAL FOI A ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO DE CADA PARÁGRAFO DE DESEN-
VOLVIMENTO [pode acumular mais de uma estratégia por parágrafo!]:
 Exemplificação
 Argumento de autoridade
 Causa e consequência
 Comparação

A. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. A partir do momento em que uma moça é
estuprada, por exemplo, os efeitos de seu sofrimento e de sua insegurança são transmitidos ao núcleo familiar, ou seja, pais, mães, irmãos são
afetados indiretamente pelo ato da tortura. Com efeito, caso as famílias brasileiras permaneçam sendo atingidas por atos nocivos à integridade
de seus componentes, haverá uma constante sensação de insegurança. Nesse sentido, é fundamental que as ONGs organizem semanalmente
grupos de homens e mulheres vítimas de tortura, a fim de que compartilhem suas histórias e sejam orientados por psicólogos a superar os
traumas.
B. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. A partir dessa perspectiva, o professor de
sociologia da Universidade de Toronto, Jean-Pierre Ryngaert, entende que a população de uma comunidade em que acontecem constantes
casos de estupro, por exemplo, tende a alimentar ódio e desejo de vingança, caso não perceba intervenção efetiva do Estado. Com base na ideia
defendida pelo sociólogo, seria interessante que o setor de Inteligência da Polícia Militar designe viaturas aos locais onde ocorreram os atos de
tortura, a fim de que os policiais revezem em plantão e afirmem a representatividade estatal na comunidade.
C. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. Tal problema pode ser ilustrado com o
caso de Jasmine, que teve três dedos lentamente arrancados pelo ex-marido, em virtude do ódio ao novo relacionamento da vítima. Essa atitude
de crueldade trouxe uma sensação generalizada de vingança aos moradores da comunidade, que atearam fogo à casa do torturador, o que
causou graves ferimentos às filhas dele, comprovando a idéia segundo a qual as atitudes de tortura repercutem na sociedade de forma generali-

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zada. Assim, é urgente que o setor de Inteligência da Polícia Militar designe viaturas aos locais onde ocorreram os atos de tortura, a fim de que os
policiais revezem em plantão e afirmem a representatividade estatal na comunidade.
D. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. No ano passado, os Estados Unidos pre-
senciaram vários casos de policiais que colocavam o rosto de criminosos negros dentro de vasos sanitários com fezes, atitude que desencadeou
revolva social e moveu a sociedade a não confiar nos agentes de segurança americana. Nos quartéis brasileiros, por sua vez, são comuns episó-
dios como esse, onde a disciplina deveria ser imposta sem tortura. Assim, cabe ao poder público fiscalizar atitudes que agridam a integridade das
pessoas, por meio de um telefone destinado especificamente a denuncias dessas práticas.
E. PC já vendeu 41 milhões de livros em todo o mundo, e não é possível que tanta gente esteja enganada. Algum valor ele deve ter. No
momento, ele é o 5.° escritor que mais vende no planeta - o que dá mais ou menos um terço de um fenômeno como o Harry Potter atual ou a
metade de um Karl May do século passado, que vendeu mais de 100 milhões de livros, incluindo a saga de “Winnetou”, herói indígena da América
do Norte. Ou, se você quiser outra comparação, isso dá quase a metade dos AK-47 Kalashnikov vendidos no mundo todo até hoje — um “best-
seller” macabro dos mercadores da morte. Assim, nada mais justo que PC assumir sua cadeira na ABL.
F. O processo judicial deve ser rigoroso. Marco Antonio, Humberto Costa e Jeovani França, criminosos condenados respectivamente a
124, 47 e 7 anos de prisão, foram os responsáveis pelo estupro da jornalista Mirele Silva, quando os rapazes estavam em liberdade condicional. O
editorial não explica a diferença entre as penas dos jovens, mas informa que a pena máxima no Brasil é de 30 anos e que o criminoso pode ser
solto, por bom comportamento, após cumprir um sexto da pena. Com efeito, não se discute que os não Mirele não teria sido estuprada caso o
sistema prisional cumprisse o rigor da punição.
G. Em primeiro plano, o investimento em soja é fundamental para a revitalização da economia brasileira. Paulo Adário, diretor da cam-
panha da Amazônia do Greenpeace, entende, em linhas gerais que quem achou que o investimento não era para valer vai perder dinheiro e
mercado, já que a indústria da soja está dando um exemplo de respeito à floresta e aos consumidores, que não querem ser coautores da destrui-
ção da Amazônia. A partir da assertiva de Paulo Adário, é possível compreender que a medida é interessante para não só reduzir drasticamente o
desmatamento, mas também desenvolver a economia nacional.
H. Em primeiro plano o distúrbio do peso corpóreo é capaz de trazer o surgimento de problemas de saúde. Algumas enfermidades ad-
vindas com a obesidade são doenças cardiovasculares, problemas respiratórios, desgaste dos ossos e articulações, surgimento de câncer,
complicações metabólicas, entre outras. Dessa forma, é urgente que os indivíduos busquem trocar comidas de alto índice calórico por alimentos
mais saudáveis e nutritivos, a fim de evitar complicações de saúde.
I. Em primeiro plano, a necessidade de atingir os estereótipos ocasiona prejuízos fisiológicos. Segundo o sociólogo Jean-Pierre Rynga-
ert, essa procura é explicada pela cultura hedonista do culto ao corpo pregada pela mídia, que, por meio de estratégias apelativas, impõe o
padrão estético a seguir. Ocorre que, na busca pela perfeição corporal de homeros e helenas (símbolos da beleza grega), pode haver casos
como o da modelo Andressa Urack, que obteve sérias complicações após aplicar hidrogel no corpo. A partir disso, as academias deveriam
desenvolver palestras semanais, trazendo pessoas que foram vítimas do culto ao corpo, a fim elucidar os limites entre a estética e a saúde.

J. Ademais, a busca pela conquista dos paradigmas estéticos acarreta também consequências psicológicas. Não é raro que se encon-
trem meninas que deixam de se alimentar, a fim de manter o corpo magro. Inclusive, há moças – ávidas pelo que acreditam ser a beleza – ca-
pazes de praticar a bulimia, ou seja, comer e, na sequência, vomitar o que ingeriram. A repetição dessa atitude inadequada pode trazer distúr-
bios alimentares graves, como a anorexia, patologia análoga à depressão. É fundamental, portanto, que pais e mães percebam o comporta-
mento dos filhos após as refeições, a fim de evitar os problemas de origem psicológica.

K. Cada vez mais, os brasileiros estão insatisfeitos com os meios de transporte. Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), classes médias e altas preferem transporte privado ao público. A população está descontente com todo o custo de
passagens. Além disso, diariamente enfrentam um caos na qualidade dos transportes, como, por exemplo, o fato de geralmente estarem lota-
dos. Isso acarreta uma maior utilização de carros, taxis, motocicletas, elevando a emissão de gases poluentes. Compete ao poder público exigir
que, no prazo de seis meses, as concessionárias de transporte aumentem em trinta por cento o número de veículos nas ruas, a fim de atender
o interesse público.

L. Além disso, o sistema de saúde, seja público, seja privado, não está pronto para receber uma epidemia. Nossos hospitais estão muitas
vezes superlotados e as pacientes em condições precárias, sem quartos disponíveis e em leitos espalhados pelos corredores. Hospitais nessas
condições não conseguiriam suportar um surto de dengue e vários pacientes poderiam, infelizmente, morrer, aumentando, assim, a taxa de
mores por dengue no Brasil. É urgente que o poder público construa alas destinadas especificamente aos pacientes contaminados pelo Flavivi-
rus – micro-organismo causador da dengue.

M. Outro fator problemático acerca da excessiva acumulação de gordura é o bullying. Nos Estados Unidos, as crianças acima do peso são
acometidas por vários preconceitos no ambiente escolar, como piadas de mau gosto, agressões físicas e verbais e exclusão social. À vista disso,
é possível compreender que o acúmulo de tecido adiposo traz problemas sociais, sobretudo às crianças. Assim é importante incutir nos brasi-
leiros a necessidade de evitar tais transtornos e montar dietas acompanhadas por nutricionistas, a fim de tratar os impactos da obesidade.

N. Em primeiro plano, a publicidade infantil pode trazer impactos negativos à saúde das crianças. Esse problema pode ser ilustrado com
o caso do menino Rafael Silva, de Rondônia, que gostava tanto do palhaço Patati – personagem lúdico bastante presente no meio infantil –,
que se tornou compulsivo pelo consumo de doces vinculados ao palhaço e, em virtude da ingestão excessiva de açúcar, contraiu diabetes. A
partir disso, é possível compreender que essa compulsão pelo consumo de doces é capaz de trazer variadas doenças, às vezes irreversíveis.

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Nesse sentido, é urgente que a família não só perceba se a atração pelo personagem é sadia, mas também evite comprar produtos em super-
mercados somente pela imagem lúdica estampada.

O. Outrossim, o consumo exagerado por parte de meninos e meninas com pouca idade é nocivo ao seu desenvolvimento. A partir dessa
perspectiva, o psicólogo Jean-Pierre Ryngaert entende, em linhas gerais, que, a partir do momento em que uma criança consome produtos
somente pela publicidade em torno dele, começa a se estabelecer uma personalidade fútil e compulsiva pelo consumo. Com base nesse ponto
de vista, é possível compreender que, caso meninos e meninas se desenvolvam fúteis, toda a sociedade brasileira estará, no futuro próximo,
descomprometida com suas reais necessidades e preocupada somente com o consumismo vazio. Nesse sentido, é interessante o poder públi-
co, por meio da mídia, veicule propagandas durante o dia na televisão capazes de mostrar aos pais que se deve avaliar a real necessidade da
compra dos produtos para as crianças.

3) PROBLEMAS E PROPOSTAS

CADA PARÁGRAFO ABAIXO APRESENTA PROBLEMAS SOCIAIS. LOCALIZE A SOLUÇÃO QUE MELHOR SE ARTICULA AOS PROBLEMAS
APRESENTADOS.

PROBLEMAS

1. Essa postura contemplativa tem relação ao apelo midiático, que contribui para um “carpe diem” social. Ou seja, muitos jovens desen-
volvem a ideia segundo a qual se deve aproveitar a vida e sua diversão sem preocupação com o futuro. Evidentemente, não se pode respon-
sabilizar totalmente a mídia pela opção dos jovens à cerveja e ao futebol em vez dos movimentos políticos e ideológicos do país.

2. Outra atitude inocente dessa geração é optar por outros assuntos não pertinentes ao futuro do país, considerando ser muito cedo para
se preocupar com os problemas do Brasil. Repudiando esse comportamento, os jovens guerreiros da Antiguidade interessavam-se na mu-
dança da sua comunidade e nos rumos tomados pela sociedade. No presente século, entretanto, rapazes e moças costumam considerar
irrelevante sua participação política e social. Essa postura egoísta ou despreocupada dos cidadãos do presente século deixará o país sob o
comando daqueles que resolverem agir favoravelmente ao interesse coletivo ou não.

3. Em primeiro plano, as relações amorosas de algumas pessoas costumam se basear na necessidade de pertença e na facilidade de estabe-
lecer relacionamento. É comum encontrar casais que se unem, motivados pela carência ou por qualquer sentimento distinto do amor. Tal
desespero de pertencer é capaz de levar casais a estabelecer uma união efêmera, sem qualquer perspectiva futura. Nesse sentido, a manu-
tenção de relacionamentos sem um real compromisso os levará à infidelidade e consequentemente a traumas difíceis de resolver.

4. Ainda, a relação amorosa possessiva pode ainda ser mergulhada num ciúme em medida errada. Quando duas pessoas se propõem a
uma união, mas o fazem sem uma base sólida, há, inevitavelmente, bastante desconfiança. Já no início do século passado, o poeta francês
Jean Pierre Ryngaert afirmava que seres humanos possessivos são capazes de prejudicar a si mesmos e aos outros simultaneamente, reali-
dade que se comprova no presente século. Assim, em vez de um zelo saudável, nasce a patologia, que, inevitavelmente, conduz ambos à
ruína.

5. Em primeiro plano, a grande mídia manipula frequentemente suas notícias. Os telespectadores são seduzidos pelo canto da tevê e nau-
fragam como os marinheiros das mitologias das sereias. Essa analogia motológica é possível, uma vez que a propaganda potencializa o
consumismo, às vezes supérfluo, e seduz os brasileiros mais vulneráveis.

6. Ainda, o pensamento dominante pode usar a fotografia para orientar as camadas populares. Alguns programas utilizam a construção
visual da notícia a fim de reiterar seu posicionamento. Inclusive, descobriu-se, alguns dias atrás, que um jornal teve o cuidado de ampliar a
fumaça da cena registrada para dar mais impacto a manifestações.

7. Em primeiro plano, o pensamento estigmatizante é capaz de subjugar a mulher a uma espécie de ditadura do corpo. A imposição ao
comportamento feminino era, na verdade, comum em épocas medievais, em que as moças precisavam usar tipos específicos de roupa e
frequentar apenas lugares previamente estabelecidos. Tal postura ainda se percebe no presente século e deixa claro que a sociedade preci-
sa se modernizar e evoluir.

8. Tal criação de estereótipos fica ainda mais nítida quando são comparados os gêneros. Ou seja, homens que se relacionam com bastantes
mulheres recebem prestígio em sua comunidade, como marca de virilidade. Se a lógica se inverte, e as moças passam a estabelecer relações
com vários parceiros, há forte juízo de valor, como sinal de promiscuidade feminina.

9. Em primeiro plano, aqueles brasileiros que abrem mão da participação social assegurada pela atual Carta Magna não compreendem a
dimensão da sua atitude. As eleições diretas são a principal forma que o povo possui para influenciar a sua própria realidade e garantir seus
direitos políticos, que, inclusive, eram bastante restritos na primeira metade do século passado.

10. Ainda, são recorrentes os casos de compra e venda de votos, por iniciativa de candidatos que desvalorizam ou desconhecem a impor-
tância de suas futuras atribuições. Tal problema fica ainda maior à medida que a população se permite corromper, motivada pelo dinheiro
ou por benefícios. O que talvez não se perceba é que, se, antes de chegarem ao poder, já são claras as condutas delituosas dos candidatos,
serão ainda mais graves os casos de corrupção após a posse em seus cargos, e ficará ainda mais distante a realidade de um país bem repre-
sentado.

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PROPOSTAS

a) É urgente que o poder público fiscalize e puna não só os candidatos que compram votos, mas também os cidadãos que os
vendem.

b) Seria interessante que homens e mulheres conversassem mais antes do namoro, a fim de estabelecer relações menos efêmeras.

c) Cabe ao poder público obrigar as empresas de comunicação a divulgar as modificações que tenham feito, ainda que mínimas, a
fim de garantir a fidelidade da notícia.

d) Lamentavelmente, o sensacionalismo subjuga a ética, fazendo-se urgente que os cidadãos construam grupos nas redes sociais, a
fim de desconstruir estratégias manipuladoras da grande mídia e ampliar o senso crítico da população menos engajada.

e) Entretanto, cabe à mídia divulgar propagandas na televisão mostrando as conquistas dos jovens, iniciando pela Semana de Arte
Moderna, em 1922, a fim de que eles percebam a relevância de sua participação ativa.

f) Portanto, cabe ao casal não fiscalizar o celular do companheiro, tampouco suas redes sociais, a fim de demonstrar-lhe confiança.

g) Portanto, cabe a todos os indivíduos participar de movimentos feministas e repudiar comentários preconceituosos, como aquele
que afirma ser da mulher a responsabilidade do estupro.

h) Nesse sentido, os indivíduos que praticam uma “pseudo-cidadania” devem visitar o site do Tribunal Superior Eleitoral e informar-
se sobre a vida política de seus candidatos e do país.

i) É preciso, então, que cada indivíduo repudie os comentários que menosprezem a participação social dos jovens.

j) Para solucionar essa diferenciação, a mídia poderia construir propagandas na televisão que ratifiquem a igualdade de gêneros, a
fim de desconstruir o preconceito contra a mulher, sob pena de não haver uma sociedade igualitária.

Suas respostas são:


PARÁGRAFO PROPOSTA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10

Os exercícios desta etapa são maiores para garantir que você tenha compreendido tudo o que eu ensinei neste capítulo. Ao termi-
nar, veja o padrão de resposta, que vem anexo ao final dos módulos.

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A LINGUAGEM NO TEXTO DISSERTATIVO

A característica mais marcante da linguagem de um texto dissertativo-argu- Ser impessoal na lingua-


mentativo é a IMPESSOALIDADE. gem significa demonstrar
que o que você está escre-
Isso pode parecer um tanto contraditório, uma vez que se pretende defender um vendo não é uma opinião
sua, mas é uma verdade
ponto de vista pessoal na redação. Muito embora a abordagem seja pessoal – ora, superior a você. Em linhas
afinal toda opinião é pessoal! –, ela deve ser passada de forma impessoal, como gerais, significa que você
se o que está sendo dito fosse uma verdade universal, não uma opinião. Enten- não se envolve com o que
escreve – não rola senti-
deu? Ela vai ser impessoal na forma e pessoal no conteúdo. Por isso, deve-se mento nem subjetividade,
evitar o uso da 1ª pessoa do singular (eu). A impessoalidade proporciona maior entende?
credibilidade ao texto e maximiza a possibilidade de convencimento. Observe-se:

 “Em primeiro lugar, é coerente dizer que a educação no Brasil é muito deficitária.”

A frase acima é uma tese que tem forma impessoal e conteúdo pessoal (de opinião). Como seria se ela
tivesse forma e conteúdo pessoal?

 “Em primeiro lugar, eu considero bastante coerente dizer que a educação no Brasil é muito deficitá-
ria.”

A linguagem do fragmento acima (em vermelho) deve ser evitada veementemente, ok?

A simples adesão do termo “eu considero” transformou a segunda construção em uma análise extrema-
mente pessoal. Isso ficou camuflado na primeira construção, pois, nela, o autor se restringiu a dizer que “é
coerente”, tratando o problema da deficiência da educação no Brasil não como uma impressão subjetiva
do autor , mas como uma realidade compartilhada no Brasil. Algumas bancas de concurso dizem que a tese
deve se mostrar além da pessoa que a escreve – acho muito filosófico isso! Por esse mesmo motivo, o uso
do imperativo e de interlocuções também deve ser evitado.

– Vinicius, eu posso usar a 1ª pessoa do PLURAL (nós)?

A 1ª pessoa do plural (nós), muito embora não seja recomendada, não é con-
denável, contanto que seja usada para incluir leitor e autor em um grande
grupo, como “humanidade” ou “brasileiros”. Qualquer restrição a pequenos
grupos deve ser evitada.

 Nós vivemos em um mundo predominantemente capitalista. (ok!)


 Nós vivemos em um país de dimensões continentais. (ok!)
 Nós gostamos muito de fazer redação. (cuidado)

Repare que o terceiro fragmento pode ser facilmente refutável, uma vez que
alguém que tenha sido incluído no contexto da frase talvez não goste nada de
fazer redações. Você consegue perceber que a 1ª pessoa do plural é meio
complexa? Então, se quiser, evite.

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Existem várias formas de dar impessoalidade a um conteúdo. Veja:

1) Eu acho o Brasil muito violento. (Super pessoal! Evite sempre).


2) Nós consideramos o Brasil muito violento. (Pessoalidade intermediária. Evite)
3) Considera-se o Brasil muito violente. (Impessoal!)

O fragmento (3) ficou impessoal porque eu usei a partícula –SE (partícula apassivadora), que é capaz de
omitir o autor da consideração. Se você estiver na caminhada dos estudos, saiba que tanto a partícula
apassivadora quanto a indeterminadora do sujeito são capazes de omitir o agente do processo verbal.
Entretanto, eu, particularmente, não gosto de usar estruturas com verbo mais partícula –se. Considero
meio comum demais.

Se quiser, vá por mim e faça assim

4) O Brasil é considerado muito violento.

Não sei qual é a sua opinião em relação a isso, mas, ao meu sentir, a frase (4) está mais interessante
do que a (3). Ambas foram convertidas para a voz passiva – a primeira, sintética; e a segunda, analí-
tica.

Finalmente, eu posso deixar o fragmento impessoal colocando um sujeito geral na terceira pessoa

5) Muitos indivíduos consideram o Brasil muito violento.

Essa estratégia (5) é, com efeito, a mais adequada para qualquer texto que vise ao sucesso. O sujeito MUI-
TOS INDIVÍDUOS é composto de um núcleo substantivo em 3ª pessoa – indivíduos – acompanhado de um
pronome indefinido – muitos – também em 3ª pessoa. Impessoalidade total.

– Posso usar infelizmente, indubitavelmente, certamente?

Essas expressões são chamadas advérbios oracionais de opinião – oracionais porque não modificam um
verbo especificamente, mas dão um juízo de valor ao discurso. Entretanto, essas palavras dispõem de alta
carga de subjetividade. Colocá-las no texto não acarreta necessariamente um erro, mas deixa a redação
menos impessoal, entende?

Eu gostaria que você evitasse os advérbios com alta carga de subjetividade, como ficou claro na frase abai-
xo:

 A redução da maioridade penal é CERTA e INDUBITAVELMENTE a melhor alternativa para a solução


dos problemas do país.

OS VERBOS NA REDAÇÃO

“O altruísmo e o pensamento a longo prazo perdem cada vez mais espaço no mundo contemporâ-
neo.”

O verbo destacado está no presente do indicativo. Esse tempo e esse modo não têm uma conotação
temporal marcada e permitem uma generalização própria ao texto dissertativo. Portanto, devem
predominar nas dissertações.

“O Brasil está enfrentando a crise econômica, e o Estado é o maior responsável por esse problema.

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Talvez você já tenha ouvido algum professor de redação repudiar o gerúndio na redação. Bom, de fato,
deve haver atenção quanto ao uso dessa forma nominal. Os verbos terminados em NDO só devem ser usa-
dos com ideia de SIMULTANEIDADE, ou seja, o enunciado que você escreveu deve equivaler a algum fato
que esteja se desenrolando no momento da produção do texto. Perceba que agora mesmo – no ato da
minha escrita – o Brasil vive uma crise econômica evidente. Portanto, eu posso dizer que o país está enfren-
tando uma crise econômica. Agora veja o fragmento abaixo

“O Brasil enfrentou crises econômicas na década de 90, sendo o governo o maior responsável por ela”.

Perceba que o gerúndio não expressa uma simultaneidade com o momento da produção do texto, isto é,
na hora em que eu escrevi esta redação, o governo vigente já não era mais o responsável pela crise de 1990.
Compreende? Enfim, se você estiver com dúvida em avaliar a correta aplicação do gerúndio, vá por estes
macetes:

1) O conteúdo que eu estou escrevendo tem valor de adição? Se sim, eu devo trocar o gerúndio por
qualquer conjunção aditiva:

“O Brasil enfrentou crises econômicas na década de 90, e o governo foi o maior responsável por ela”.

Vamos fazer outro teste:

 A sociedade brasileira está experimentando [gerúndio correto!] vários problemas na área da educa-
ção, sendo [gerúndio incorreto!], pois, a reformulação do Ensino Médio uma medida ineficiente para
solucionar esses conflitos na área educacional..
 A sociedade brasileira está experimentando vários problemas na área da educação, e a reformula-
ção do Ensino Médio se mostra uma medida ineficiente para solucionar esses conflitos na área edu-
cacional.

Se você quiser retirar TODOS os gerúndios para evitar cair em inadequações, repudie todos! Veja:

 A sociedade brasileira experimenta vários problemas na área da educação, e a reformulação do En-


sino Médio se mostra uma medida ineficiente para solucionar esses conflitos na área educacional.

Beleza, eu troquei o gerúndio por um verbo no presente do indicativo, já que ambos têm aspecto verbal
cursivo – já estudou isso em língua portuguesa?

LINGUAGEM COLOQUIAL

Por fim, é essencial destacar que as dissertações argumentativas devem ser redigidas dentro da variedade
padrão, a norma culta da língua portuguesa. Isso permite que elas sejam lidas e entendidas pelos mais di-
versos tipos de leitores, aumentando a sua abrangência.

“Quando o brasileiro dá de cara com os altos preços dos produtos nos supermercados, logo fica ins a-
tisfeito com a crise econômica do Brasil.”

Bom, você consegue identificar o que é a linguagem coloquial no fragmento acima, certo? A expressão “dá
de cara” é extremamente metafórica e informal, portanto deve ser modificada por uma expressão mais
literal e mais formal.

Quando o brasileiro se depara com os altos preços (...)

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1) Corrija a redação abaixo obedecendo aos princípios abaixo:

I. IMPESSOALIDADE - Deixe o texto em terceira pessoa, sem partícula –se.


II. REPÚDIO AO GERÚNDIO – Evite todos.
III. FORMALIDADE – repudie as construções extremamente metafóricas
IV. REPÚDIO À INTERLOCUÇÃO - Evite sempre.

A nossa República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, tendo como fundamen-
to a dignidade da pessoa humana. Portanto, nós não devemos ser preconceituosos com as pessoas que têm
algum tipo de deficiência, na medida em que, caso essa discriminação se mantenha, nós vamos cair no mesmo
erro de civilizações antigas como Esparta – partidária do infanticídio.

Em primeiro plano, a gente tende a ser preconceituoso, infelizmente, com todo mundo. Para nos agradar, você
tem que fazer várias coisas legais pra mim e ser meu amigo. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, por sua vez,
garante a todos um tratamento igualitário – independente de sua função social ou poder econômico – sendo,
pois, o Ministério Público competente para propor ações civis públicas em caso de descumprimento da lei.

Deve-se, pois, ter em mente que as pessoas com deficiência também são gente como a gente, mas nós nos es-
quecemos disso, em virtude do caráter individualista a que nós somos submetidos diariamente (...).

ANOTAÇÕES

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FINALIZANDO O TEXTO

Estamos caminhando para a finalização da teoria do nosso curso, e eu gostaria de deixar claro que exis-
tem inúmeras formas de alcançar a nota 1000. Portanto, pode ser que outros professores cheguem a
você com outras técnicas e estratégias – até mesmo contrárias às minhas! –, mas o que você deve avali-
ar é o seguinte:

 Eu consigo me adaptar a essas técnicas?


 Eu acho coerente o que está sendo ensinado?
 Essas técnicas já tiveram resultado ou eu estou sendo cobaia?

Bom, você já percebeu que a estratégia da REDAÇÃO EM 10 PASSOS é de fácil aplicação, e eu gostaria
de deixar claro que MUITOS RESULTADOS JÁ FORAM ALCANÇADOS por meio dessa metodologia. Aliás,
eu mesmo testei a redação em 10 passos na última edição do ENEM (2016) e provei que o 1000 é possí-
vel. Veja abaixo:

Se você tiver alguma dúvida acerca da veracidade dessas informações, eu posso lhe mandar o
meu cadastro no site enem.inep.gov.br/participante para a comprovação. O objetivo de anexar es-
te resultado não é manipular você, mas lhe mostrar que É POSSÍVEL ALCANÇAR A NOTA 1000 com
as minhas estratégias, beleza?

Na página seguinte, vou anexar a redação que eu fiz em situações reais de prova – eu me preocupei em
trazer o caderno de questões com o rascunho, fiel ao texto original. Ah, eu fiz a prova da 1ª aplicação,
cujo tema era CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA. Veja a seguir:

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DUVIDO VOCÊ ENCONTRAR UM (1) ÚNICO GERÚNDIO NA MINHA REDAÇÃO!

Tolerância na prática Comecei com uma infor-


mação TOTALMENTE rele-
A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurí- vante sobre o tema.
dico brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes
casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam Já na introdução, deveria
esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os ficar claro o foco nos cami-
nhos para combater.
caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.

Em primeiro plano, é necessário que a sociedade brasileira não seja uma re- Os tópicos frasais deveri-
am ser também demons-
produção da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senza-
trações dos caminhos para
la”. O autor ensina que a realidade colonial do Brasil até o século XIX estava com- combater a intolerância
pactada no interior da casa grande, cuja religião oficial era católica, e as demais religiosa.
crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque
os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No Aqui eu usei a obra “Casa-
entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que grande & Senzala” e falei
deve, pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de combater a intolerância de do sincretismos religioso.

crença. Antes de ir fazer a prova,


eu estava com DUAS CON-
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende na obra “Modernida-
VICÇÕES:
de Líquida” que o individualismo é uma das principais características – e o maior
conflito – da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a 1) Eu iria usar o Zygmunt
Bauman na redação;
ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no
Brasil, onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura 2) Eu iria usar muitos tra-
religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho vessões no texto e estra-
possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal tégias para valorizar a
estética do texto.
problema da pós-modernidade segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.

Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar


a intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e A proposta de intervenção
tomou contornos concre-
dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias
tos por meio das mídias
sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao sociais e por intermédio do
Ministério Público, por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando Ministério Público.
houver atitudes individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada
a ação conjunta entre população e poder público, alçará o país a verdadeira posição
de Estado Democrático de Direito.

Vinícius Oliveira de Lima

Eu gostaria que você entendesse que esta redação não está perfeita, e não há nada impossível. A nota
1000 se deve, portanto, aos seguintes motivos:

 Utilizei interdisciplinaridade em TODOS os parágrafos;


 Não errei gramática;
 Demonstrei vários recursos coesivos;
 Demonstrei variedade lexical – palavras bonitinhas.

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 54
A minha meta é que você entenda que a redação ENEM é um texto performático e deve ser orquestra-
do com muito cuidado. Aliás, há uma característica do ENEM que o distingue dos outros exames discur-
sivos: a proposta de intervenção.

A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
É fundamental que você dedique sua atenção também a este tópico, já que o ENEM dedicou a última
competência só para ele. A proposta de intervenção ou solução é simplesmente o que você entende
que deva ser feito para que o problema do tema seja resolvido ou minimizado. Veja:

TEMA - O fluxo imigratório para Brasil no século XXI. (ENEM 2012)

TESE – A vinda de imigrantes sem controle governamental é prejudicial ao país.

O que se deve fazer então?

 O Governo Federal deveria dobrar o número de equipes fiscalizadoras nas fronteiras.


 Os imigrantes precisariam se envolver em projetos sociais para manter-se neste país.
 Os imigrantes deveriam se comprometer a ampliar o repertório sociocultural do Brasil.

TEMA – Efeitos da Lei Seca no Brasil. (ENEM 2013)

TESE – O resultado da Lei Seca colabora para uma nação mais responsável.

Se a Lei Seca tem efeito positivo, o que se deve fazer então?

 Deveria haver aumento de 40% no número de equipes nas ruas.


 As blitzes poderiam ser alocadas em frente a bares e boates.
 As pessoas precisam sair em grupos, elegendo aquele que não vai beber a fim de voltar dirigindo.
 As cooperativas de transportes alternativos nas grandes cidades deveriam dobrar o número de veículos
em frente a locais de venda de bebida alcoólica.

TEMA - Os persistentes casos de violência contra a mulher (ENEM 2015)

TESE – Os persistentes casos de violência contra a mulher evidenciam que a sociedade brasileira ainda têm bases
patriarcais. [sociedade patriarcal = o homem como chefe]

Se você percebe que a sociedade brasileira ainda é patriarcal, o que se deve fazer então?

 Os cidadãos devem compartilhar postagens nas mídias sociais capazes de desconstruir a desigualdade entre os gê-
neros.
 Os jovens devem divulgar vídeos no YouTube que mostrem casos de agressão à mulher, de modo que a dissemina-
ção do vídeo leve à punição do agressor.
 A mídia televisiva deve fazer propagandas com artistas consagrados que incitem à denúncia dos casos de violência.

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 55
Em que momento do texto vem a proposta?

Saiba que não há lugar obrigatório para as suas propostas. No manual do ENEM, lemos que a solução
poderá vir em qualquer parágrafo, desde que não fique implícita ou diluída entre a argumentação.

Aliás, você deve ter percebido que a estratégia REDAÇÃO EM 10 PASSOS possibilita que a proposta de
intervenção venha em TODOS os parágrafos, mas houve quem me criticasse dizendo que o ENEM res-
tringe a proposta somente à conclusão, ou seja, reza a lenda que o candidato só pode colocar soluções
no último parágrafo. Vou lhe dar um exemplo sobre esse assunto.

Em 2015, muitos alunos meus fizeram o ENEM colocando proposta de intervenção em (literalmente!)
TODOS os parágrafos e conseguiram notas bastante altas na competência cinco, que avalia a proposta
de intervenção. Veja os fragmentos iluminados:

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 56
Na redação do João Marcos, que foi nosso aluno em 2015, houve proposta de intervenção ao final de cada pará-
grafo e em toda a conclusão, uma vez que ele utilizou a solução como estratégia de fechamento de parágrafos. A
nota final dele foi 960 pontos, e só perdeu pontuação em gramática. O texto dele é apenas um exemplo de que o
candidato pode SIM colocar propostas de intervenção em TODOS os parágrafos e ter sucesso.

A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NO ENEM 2016

– Prof, por que você não está usando exemplos dos alunos de 2016 neste material teórico?

– Ora, o curso está sendo atualizado agora (em janeiro de 2017), e as redações dos alunos de 2016 ainda não
foram liberadas para a vista pedagógica – que ocorre quando o Inep libera os espelhos de redação para você ver
onde errou e tal. Aliás, um fato inusitado aconteceu na edição de 2016, acerca da proposta de intervenção.

Durante todo o curso de 2016, eu pedia aos alunos que colocassem propostas de solução durante o texto, caso
lhes faltassem ideias. Por exemplo, fiz uma introdução com abordagem e tese, mas ela ficou com 5 linhas somen-
te. Uma forma de escrever um pouco mais – sem encher linguiça – é incluir uma proposta concreta ao final. En-
tendeu? Assim, os alunos foram internalizando as propostas de solução como estratégia utilizável em TODO O
TEXTO, não somente adstrita ao último parágrafo.

Pois bem. Veio o tema da redação de 2016, no seguinte formato: CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA. Ora, perceba: o tema NÃO era intolerância religiosa, mas focalizava quais deveriam ser os caminhos
para combatê-la.

O que eu você deve perceber com isso é o seguinte: em 2016, TODA a redação deveria se basear em propostas de
intervenção! TODOS os parágrafos deveriam mostrar formar de intervir no problema da intolerância religiosa
para combatê-la. Portanto, a estratégia de usar soluções em todos os parágrafos foi fundamental no tema de
2016. Sucesso total!

Quanto vale a proposta?

A proposta de solução/intervenção vale ¼ da prova, ou seja, os seus corretores podem lhe dar de 0 a
200 pontos só para a proposta, que é avaliada de acordo com a COMPETÊNCIA 5:

Para facilitar o seu entendimento, vou produzir um parágrafo de conclusão para cada nível da
competência 5, de 0 a 200 pontos e gostaria que você dissesse qual deles deve receber nota 0, 40, 80,
120, 160 ou 200. Vamos lá!

a) Portanto, a intolerância religiosa é um problema social ainda presente na sociedade brasileira,


que, por consequência, acarreta outras formas de violência – verbal, física, racial, de gênero. Entretanto,
encontrar caminhos para combater esse problema não é a prioridade dos cidadãos nem do poder público.
Assim, mesmo assegurada pela Constituição Federal de 1988, a liberdade de consciência e de crença
continuará apenas na teoria. [nota ____ ]

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b) Portanto, a intolerância religiosa é um problema social ainda presente na sociedade brasileira,
que, por consequência, acarreta outras formas de violência – verbal, física, racial, de gênero. Com efeito,
encontrar caminhos para combater esse problema deve ser a prioridade dos cidadãos e do poder público.
Assim, mesmo assegurada pela Constituição Federal de 1988, a liberdade de consciência e de crença
continuará apenas na teoria. [nota ____ ]

c) Portanto, deve haver conscientização acerca do combate à intolerância religiosa, em virtude de


ser um problema social ainda presente na sociedade brasileira, que, por consequência, acarreta outras
formas de violência – verbal, física, racial, de gênero. Com efeito, encontrar caminhos para combater esse
problema deve ser a prioridade dos cidadãos e do poder público. Assim, mesmo assegurada pela
Constituição Federal de 1988, a liberdade de consciência e de crença continuará apenas na teoria. [nota
____ ]

d) Portanto, deve haver repúdio à intolerância religiosa, em virtude de ser um problema social ainda
presente na sociedade brasileira, que, por consequência, acarreta outras formas de violência – verbal, física,
racial, de gênero. Com efeito, encontrar caminhos para combater esse problema deve ser a prioridade dos
cidadãos e do poder público. Assim, mesmo assegurada pela Constituição Federal de 1988, a liberdade de
consciência e de crença continuará apenas na teoria. [nota ____ ]

e) Portanto, deve haver repúdio à intolerância religiosa, em virtude de ser um problema social ainda
presente na sociedade brasileira, que, por consequência, acarreta outras formas de violência – verbal, física,
racial, de gênero. Com efeito, encontrar caminhos para combater esse problema deve ser a prioridade dos
cidadãos e do poder público, por meio de passeatas e de manifestações virtuais. Assim, mesmo assegurada
pela Constituição Federal de 1988, a liberdade de consciência e de crença continuará apenas na teoria.
[nota ____ ]

f) Portanto, indivíduos e instituições públicas devem cooperar para mitigar a intolerância religiosa.
Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro,
por meio de debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as de-
mais. Ao Ministério Público, por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes
individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e po-
der público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito. [nota ____ ]

Eu gostaria que você percebesse a diferença entre os parágrafos que foram avaliados
com notas 160 e 200. Aliás, eu tenho alguns alunos que fazem várias edições do ENEM e
nunca conseguem chegar a 200 pontos na competência 5. Ora, isso acontece por quê?

Porque trazem mais do mesmo. Colocam que alguém deve conscientizar as pessoas de
que o problema é errado etc. A minha orientação é que você INOVE na proposta e surpreenda os
avaliadores. Vamos aprender a construir uma proposta de solução/intervenção do zero, ok? Mesmo se
você já tenha algum conhecimento sobre ela, esteja aberto àquilo que eu vou lhe mostrar agora.

ANOTAÇÕES

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PRINCÍPIOS DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Quando eu ensino proposta de intervenção, costumo mostrar aos alunos alguns princípios, que
são estratégias capazes de potencializar a nota da competência 5. Vamos a eles.

PRINCÍPIO I - O SEU TEXTO DEVE APRESENTAR PROBLEMAS SOCIAIS DESDE O PRIMEIRO PARÁGRAFO
DA REDAÇÃO.

Independentemente de onde vão aparecer as propostas – se durante todo o texto ou somente


na conclusão –, você deve JÁ NA INTRODUÇÃO mostrar problemas sociais advindos do tema. Talvez
seja esta a maior característica dos temas do enem: apresentação de problemáticas sociais.

— Poxa, prof, como eu faço para apresentar problemas sociais na introdução?

— Tenha o senso crítico de estar criando uma TESE COM PROBLEMA SOCIAL. Vou explicar
detalhadamente, mas precisamos rapidamente voltar à TESE, cuja criação você aprendeu nos primeiros
módulos deste curso.

Ora, se a nossa intenção é solucionar problemas na conclusão, é fundamental que problemas tenham
sido levantados ao longo do texto. Nesse sentido, a ideia mais importante da redação — a tese! — deve
levantar situações problemáticas a serem solucionadas. Veja as teses abaixo sobre o tema segunte:

“A importância da leitura na construção da identidade brasileira”:

É ASSIM
QUE DEVE
SER A TESE!

Preciso que você perceba a diferença entre as teses de ambas as colunas. Todas estão corretas, são
opiniões e poderiam tranquilamente ser a idéia principal de um texto. No entanto, a tese 1a não levanta
nenhuma situação problemática, bem como em 2a, ou seja, ambas não denotam problemas sociais.

Por sua vez, as teses 1b e 2b explicitam problemas sociais a partir do tema proposto. Percebeu? É só
questão de ponto de vista. Lembra aquela teoria do copo meio cheio/vazio? Uma mesma tese pode ser
escrita realçando problemas ou não. Depende da perspectiva.

Para o ENEM  Sempre levante problemas sociais!

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 59
Eu posso dizer que O VOTO É IMPORTANTE PARA A SOCIEDADE, porém poderia dizer que NÃO VOTAR
É PREJUDICIAL PARA A SOCIEDADE. São as mesmas ideias, mas observadas de pontos diferentes. O
lado que nos interessa é aquele que privilegia os problemas, ok?

Não estranhe de termos retornado à tese. Não esqueça que ela é a ideia mais importante do texto e
merece nossa atenção. Aliás. eu gostaria de mostrar esse princípio da tese com problema social em uma
redação avaliada com 1000 pontos na última edição do ENEM.

A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura
a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os
indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Esta-
do sobre os caminhos para combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.

Em resumo, o fragmento acima, iluminado de vermelho, é uma TESE que denota problema social.
Vamos continuar.

PRINCÍPIO II – OS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO DEVEM MOSTRAR PROBLEMAS SOCIAIS.

Vamos direto à prática. Quais são os problemas apresentados nos dois parágrafos de desenvolvimento
da minha redação?
O 2º parágrafo deixa claros
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade brasileira não seja uma re- os problemas sociais na
produção da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senza- sua ampliação e, até mes-
la”. O autor ensina que a realidade colonial do Brasil até o século XIX estava com- mo, na proposta de inter-
venção – ora, como um
pactada no interior da casa grande, cuja religião oficial era católica, e as demais
Estado laico pode deixar o
crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque modelo de casa-grande
os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No ainda sobreviver? No Brasil,
entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que vivemos uma pseudo-
deve, pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de combater a intolerância de laicidade.

crença. No 3º parágrafo, eu apre-


sentei o INDIVIDUALISMO
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende na obra “Modernida- como um dos problemas
de Líquida” que o individualismo é uma das principais características – e o maior que motivam a intolerância
conflito – da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a religiosa. Ora, como uma
sociedade multicultural (ou
ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no
pluricultural) pode ser
Brasil, onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura intolerante com a diversi-
religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho dade de crença?!
possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal
problema da pós-modernidade segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 60
Não sei se você percebeu, mas os três primeiros parágrafos do texto se dedicam a mostrar problemas
sociais.

A tese mostra o problema-base – o Brasil repudia a intolerância religiosa na teoria, mas ela ainda é
frequente na prática. Inclusive, eu tinha pensado em colocar o título DA TEORIA À PRÁTICA, mas não fiz,
porque já vi muitas redações com esse mesmo título. Sei lá, preferi fazer outro.

O primeiro desenvolvimento ressalta uma incoerência do ESTADO – a formação identitária do Brasil


sempre segregou as demais religiões, sorbetudo a de origem africana. Aliás, não só a religião, mas a
literatura africana, as comemorações etc. (se eu fosse falar disso tudo, não caberia em 30 linhas). Ao
final do parágrafo, eu afirmei que é incoerente que um Estado laico – sem religião oficial – ainda seja
palco de intolerância religiosa.

O segundo desenvolvimento ressalta uma incoerência do INDIVÍDUO – ora, a colonização do Brasil não
foi homogênea, ou seja, MUITAS etnias, povos, tribos, raças se misturaram, e assim está configurada a
identidade do brasileiro. É incoerente, portanto, que alguém seja intolerante – não só sobre a crença,
mas também sobre a cor da pele, etc.

Recentemente, eu vi um vídeo no Youtube, que


mostra um supremacista branco (líder do projeto
que tenta transformar a cidade norteamericana
Dakota do Norte em um "enclave branco") é 14%
negro!

Assista ao vídeo clicando AQUI!

Finalizando o segundo princípio, eu fiz DOIS desenvolvimentos: o primeiro focalizando incoerências do


ESTADO, e o segundo, incoerência do INDIVÍDUO. Portanto, eu vou fazer uma conclusão com duas
frentes de solução. Entendeu?

PRINCÍPIO III – ARTICULAR AS SOLUÇÕES DA CONCLUSÃO AOS PROBLEMAS APRESENTADOS NO


DESENVOLVIMENTO.

Veja as propostas da minha conclusão:

Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa.
Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro,
por meio de debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as de-
mais. Ao Ministério Público, por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes
individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e po-
der público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito.

ARTICULAÇÃO significa combinar os problemas do desenvolvimento com as soluções da


conclusão. Só isso. Veja a explicação detalhada abaixo:

Os fragmentos iluminados em amarelo buscam solucionar os problemas apresentados no segundo


parágrafo, ou seja, um Estado laico que manifesta intolerância à diversidade religiosa. Os fragmentos
iluminados em azul dão solução aos problemas apresentados no terceiro parágrafo do
desenvolvimento, segundo o qual existem indivíduos que consideram sua religião como principal.
WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 61
PRINCÍPIO IV – MOSTRAR PROPOSTA, AGENTE E MEIO.

Aqui vamos nos debruçar sobre a microestrutura, ou seja, o universo DENTRO do parágrafo de
conclusão. Talvez você tenha ouvido os seguintes apelidos:

PROPOSTA  | AGENTE  | MEIO 

Leia as minhas duas propostas e identifique O QUÊ, QUEM e COMO:

Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro,
por meio de debates nas mídias sociais* capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as
demais.

O QUÊ ___________________________________________________________________________________

QUEM___________________________________________________________________________________

COMO ___________________________________________________________________________________

*Perceba que é possível extrair o LUGAR de veiculação da proposta, que seriam as mídias sociais.

Ao Ministério Público, *por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes indivi-
dualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder
público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito.

O QUÊ ___________________________________________________________________________________

QUEM___________________________________________________________________________________

COMO ___________________________________________________________________________________

Perceba que o conectivo *POR SUA VEZ marca a transição da proposta do indivíduo para a do governo.

Portanto, quando você estiver montando as suas propostas de intervenção, lembre-se de especificar
quem é o agente da solução, ou seja, quem é capaz de interver para melhorar o problema, bem como o
que esse agente deve fazer e como ele agirá. Assim, a sua proposta vai caminhar para o próximo princí-
pio.

PRINCÍPIO V - TENHA CERTEZA DE QUE A SUA PROPOSTA É CONCRETA.

É simples. A proposta concreta é aquela que pode ser realizada imediatamente. Veja:

PROPOSTA ABSTRATA PROPOSTA CONCRETA


Eu não sei exatamente o que deve ser feito Eu sei exatamente o que deve ser feito

 Os jovens devem compartilhar postagens críticas


 A população deve se conscientizar acerca dos problemas
nas redes sociais que denunciem casos de desigualdade
das mulheres na sociedade brasileira.
entre homens e mulheres

 Os governantes que lideram a sociedade brasileira devem  A prefeitura deve destinar 30% de sua receita às fro-
se conscientizar e investir em transporte público tas de ônibus, a fim de diminuir o preço cobrado aos pas-
sageiros.

WWW.PROFESSORVINICIUSOLIVEIRA.COM.BR 62
A segunda proposta é mais concreta do que a primeira. É isso que o ENEM chama de solução factível, ou
seja, solução que “dá pra fazer”. Perceba o detalhamento da proposta:

[ABSTRATO] [CONCRETO]

A população  O jovem
Deve se conscientizar  deve devem compartilhar postagens críticas nas redes sociais
Os governantes  A prefeitura
Deve investir  deve destinar 30% da sua receita

PRINCÍPIO IV – BUSQUE SER CRIATIVO.

Bom, eu tenho certeza que os princípios de 1 a 5 são suficientes para garantir o sucesso da sua proposta.
Entretanto, eu gostaria que você tivesse senso crítico para verificar o nível de informatividade da sua
proposta. A CRIATIVIDADE é capaz de tornar excelente a sua competência 5 e o levar aos 200 pontos.
A única diferença entre a proposta boa e a excelente é a inovação (a criatividade/a autoria).

Você tem senso crítico?

Acredito que o senso crítico seja capaz de solucionar esse problema de criatividade. Avalie os parágra-
fos abaixo e perceba qual deles é MAIS CRIATIVO/INTERESSANTE:

1) Deveria existir uma medida que promovesse 2) As equipes do DETRAN poderiam receber auxílio
ainda mais a eficiência da fiscalização da Lei da polícia rodoviária, e deveria haver aumento de
Seca. O governo poderia ampliá-la, e as boates cem por cento das equipes da Lei Seca, alocadas
precisariam aderir à política de fiscalização. sobretudo em frente a bares. Ainda, as boates
Ainda, as pessoas deveriam se conscientizar de poderiam organizar caravanas para deixar seus
que álcool não combina com direção. clientes em locais próximos às suas casas.

SENSO CRÍTICO É RELATIVO?

Você já sabia que os avaliadores das redações costumam discordar em relação às notas? Alguns alunos cos-
tumam me fazer as seguintes perguntas:

1) Para que servem as competências? Para que haja um critério, uma justiça quanto à avaliação dos
quase 8 milhões de textos.

2) Se há critério, por que existem divergências? Simples. Cada professor tem uma realidade de forma-
ção, uma experiência peculiar e um estado de espírito no momento da correção das redações.

3) Estado de espírito no momento da correção? Claro! O corretor tem uma meta de 50 redações por dia
e 3 minutos pra ler, avaliar e pontuar cada uma, nos hieróglifos mais variados. Não há como dizer que a pri-
meira redação receberá a mesma atenção e concentração do que a última. Infelizmente.

4) Se houver bastante diferença entre cada avaliador? Seu texto será corrigido por um 3º professor, e a
nota final será a média aritmética das duas notas totais que mais se aproximarem. Se a discrepância se man-
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tiver, uma banca presencial de 3 professores se formará a fim de dar a nota da bendita redação. Preciso lhe
dizer que muitos textos costumam passar por todo esse procedimento.

Caso você nunca tenha visto a matriz de correção do ENEM, vire a página.

Atenção aos detalhes

Um último comentário sobre a proposta se faz imprescindível neste material. Tenha certeza de que são cria-
tivas as propostas que você percebe no seu dia a dia, ou seja, a pequenas soluções tendem a ser mais inte-
ressantes ao texto do que as grandes intervenções estatais propostas pelo Congresso Nacional. Certamente,
os avaliadores valorização os elementos da sua realidade, da sua experiência. Quer um exemplo? Um amigo
meu, professor David Augusto, fez uma postagem com a seguinte imagem:

Citei a postagem do meu


brother David Augusto em
discurso direto para que
você perceba o quão úteis
são as “pequenas solu-
ções” (pequenas não por
serem menos úteis, mas
por se dedicarem a deta-
lhezinhos do dia a dia, tão
caros à vida da população).

CONSELHO PRA VOCÊ

Tente, portanto, propor medidas que atendam aos detalhes do cotidiano, em que, aliás, poucas pessoas
pensariam no momento da prova. São essas poucas pessoas que auferem 1000 em sua redação: em 2016,
somente 77 alunos conseguiram. Esse é o nosso alvo!

“Auferem” = Conseguem, alcançam

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EXERCÍCIOS
1) Numere as propostas de 1 a 5 de acordo com o nível de concreticidade, sendo 1 para menos
concreta e 5 para pais concreta

2) Marque X nas teses COM problema social explícito.

ANOTAÇÕES

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CONCLUSÃO
Vamos passar a estudar agora o parágrafo final do seu texto – a conclusão. Ao meu sentir, o último parágrafo da
redação é o que mais encontra óbice para a sua execução. Ora, você já escreveu aproximadamente 25 linhas de
pura argumentação e já dedicou TODAS as ideias que tinha à introdução e ao desenvolvimento. Entretanto, não
dê mole: a conclusão é o último contato que o avaliador tem com o seu texto antes de aferir a sua nota! Portan-
to, qualquer má impressão que advier do seu texto vai comprometer a sua nota final. De outro modo, tudo vai
dar certo se o final do texto trouxer uma boa impressão – aquela sensação que a gente tem de ter lido um texto
fora do comum.

Eu, por minha vez, não considero a conclusão uma tarefa complicada – não é! Eu a considero EXAUSTIVA / CAN-
SATIVA. Eu gostaria de pedir, aliás, que você não abandone o texto nas linhas finais, ou seja, não finalize de qual-
quer forma, ok? É o nosso trabalho que está em jogo.

Antes de irmos à teoria, eu queria lhe mostrar uma conclusão modelo – não de perfeição, mas de suficiência –
construído com base em um exame discursivo do Rio de Janeiro. Eu gostaria que você lesse toda a proposta, ok?

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Logicamente, para construir a conclusão, é interessante que eu já tenha construído introdução e desenvolvimen-
to. Eu fiz todo o texto, mas queria lhe mostrar primeiro a conclusão sobre o tema “necessidade de conhecer
EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS de VIOLÊNCIA E OPRESSÃO, para a construção de uma sociedade mais DEMOCRÁTI-
CA”. Coloquei algumas palavras em caixa alta porque as considero importantes para a compreensão do tema e,
aliás, eu vou aproveitá-las literalmente ao logo do texto. Veja aí a conclusão:

Urge, portanto, que o presente seja construído com base na reflexão das experiências traumáti-
cas do passado para que a sociedade do porvir seja mais democrática. Assim como se percebe na Consti-
tuição Federal de 1988, a realidade pretérita deve servir de parâmetro para a formulação de medidas
legislativas que visem à construção da coletividade segundo propõe o artigo 5º da Carta Magna: socieda-
de livre, justa e solidária.

Perceba alguns detalhes da minha conclusão:

1) Eu me apropriei de palavras, expressões e ideias do tema (todas sublinhadas) para a formulação do pa-
rágrafo;
2) A estrutura da conclusão deve – ao meu sentir – ser composta por 3 partes básicas, a saber:

 8º PASSO - Retome a tese ou a estratégia de abordagem temática. | |1 ||


 9º PASSO – Desenvolva propostas de intervenção; | 2 |
 10º PASSO – Dê um “final feliz”. ||3||

Urge, portanto, que o presente seja construído com base na reflexão das experiências traumáticas
do passado para que a sociedade do porvir seja mais democrática. Assim como se percebe na Constituição
Federal de 1988, a realidade pretérita deve servir de parâmetro para a formulação de medidas legislativas
que visem à construção da coletividade segundo propõe o artigo 5º da Carta Magna: sociedade livre, justa e
solidária.

Fiz esse esquema para mostrar que seu texto não é criado aleatoriamente. Ele precisa seguir uma estrutura bási-
ca, amparada na introdução.

8º PASSO – RETOME A TESE OU A ABORDAGEM

Quando eu fazia ensino médio, meus mestres sempre diziam que eu deveria terminar o texto da forma
com que eu o comecei. Na época, eu considerava um pouco estranho, já que parecia confuso ou redun-
dante. Hoje entendo que na redação devemos agir estrategicamente, ou seja, não adianta trazer um
bom conteúdo: é fundamental mostrar ORGANIZAÇÃO desse conteúdo e fazer a banca perceber o
quanto eu ensaiei para aquele momento. Nesse sentido, entendo hoje que os professores queriam que
meu texto evidenciasse organização, já no ensino médio.

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Pronto! Viu que eu comecei falando sobre “Quando eu fazia ensino médio (...)” e acabei o texto mencionan-
do novamente o ensino médio? Certamente não foram redundantes as informações, mas demonstraram para
você certa organização. Há ainda um detalhe: a intenção maior do que eu escrevi acima não foi lhe contar
minha experiência subjetiva ou dizer que eu tinha dificuldade para entender meus professores. A ideia cen-
tral foi, entretanto, a necessidade de mostrar para o avaliador que o texto foi ensaiado, pensado e organiza-
do.

Perceba que a pincelada do tema é o primeiro período da introdução e precisa ser o primeiro período
da conclusão. Haverá, portanto, uma retomada dessa pincelada (ou da estratégia de abordagem temá-
tica). Se sua introdução começar falando sobre uma alusão cultural ou histórica, o último parágrafo
deve começar com o mesmo assunto, claro com outras palavras.

Para ver como isso acontece objetivamente no texto, precisamos analisar uma introdução:

A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: a
dignidade da pessoa humana. Entretanto, a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira impede
o país de viver plenamente esse fundamento. A continuidade desse crime hediondo em território nacional põe em
xeque tanto o bem-estar social quanto a almejada posição de Estado desenvolvido. Com efeito, o povo, por meio da
iniciativa individual, deve fomentar diariamente em conversas e atitudes o respeito ao sexo feminino.

O autor desta introdução, o aluno João Marcos, desenvolveu a introdução dele por meio de 4 passos.
Vamos analisar o parágrafo dele então:

A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como


1º PASSO – ABORDAGEM
fundamento: a dignidade da pessoa humana.

Entretanto, a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira impede o país


2º PASSO – TESE
de viver plenamente esse fundamento.

A continuidade desse crime hediondo em território nacional põe em xeque tanto o bem-estar
3º PASSO - ARGUMENTOS
social quanto a almejada posição de Estado desenvolvido.

Com efeito, o povo, por meio da iniciativa individual, deve fomentar diariamente em conver-
4º PASSO – PROPOSTA
sas e atitudes o respeito ao sexo feminino.

Vamos dar um foco especial nos dois primeiros passos:

A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como


1º PASSO – ABORDAGEM
fundamento: a dignidade da pessoa humana.

Entretanto, a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira impede o país


2º PASSO – TESE
de viver plenamente esse fundamento.

O João Marcos fez a abordagem dele usando o Direito Constitucional, especificamente, com o artigo 5º
da Carta Magna. Na sequência, ele trouxe a tese. Agora vamos analisar a conclusão do texto:

A união do povo e governo faz-se, portanto, indispensável para mitigar a violência contra a mulher. Ao povo,
por meio de redes sociais na internet, cabe compartilhar postagens denunciando atos preconceituosos contra o sexo
feminino. Ao Estado, por meio de mídias televisivas, cabe desenvolver propagandas com artistas famosos com o
objetivo de atrair a atenção da população à necessidade de valorização das mulheres. Assim, a nação verde-e-
amarela poderá vivenciar os direitos previstos na Lei Maior promulgada em 1988.

(Mitigar = diminuir/acabar)

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Percebeu qual foi a primeira frase da conclusão? Para fazer o 8º passo da redação, o João reto-
mou a ideia da tese:

Entretanto, a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira impede o país


2º PASSO – TESE
de viver plenamente esse fundamento.

8º PASSO – RETOMADA DA
A união do povo e governo faz-se indispensável para mitigar a violência contra a mulher.
TESE

Repare que a tese foi retomada em forma de conclusão. Ele disse que a persistência da violência
contra a mulher impede o país de viver a dignidade da pessoa humana e, ao final, propõe uma reflexão:
que seja diminuída a violência contra a mulher.

9º PASSO – DESENVOLVER PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO

Depois do 8º passo, o João Marcos faz um detalhamento da proposta. Veja:

A união do povo e governo faz-se, portanto, indispensável para mitigar a violência contra a mulher. Ao povo,
por meio de redes sociais na internet, cabe compartilhar postagens denunciando atos preconceituosos
contra o sexo feminino. Ao Estado, por meio de mídias televisivas, cabe desenvolver propagandas com
artistas famosos com o objetivo de atrair a atenção da população à necessidade de valorização das mu-
lheres. Assim, a nação verde-e-amarela poderá vivenciar os direitos previstos na Lei Maior promulgada em 1988.

Eu preciso que você se lembre dos princípios da proposta de intervenção, estudados no módulo anteri-
or, ok? Vamos dissecar o 9º passo da redação:

Ao povo, por meio de redes sociais na internet, cabe compartilhar postagens denunciando atos
O POVO PODE FAZER
preconceituosos contra o sexo feminino.
Ao Estado, por meio de mídias televisivas, cabe desenvolver propagandas com artistas famosos
O GOVERNO PODE FAZER
com o objetivo de atrair a atenção da população à necessidade de valorização das mulheres.

ATENÇÃO

Uma grande estratégia para construir um parágrafo de conclusão que mereça 200 pontos é oferecer ao Inep
o que ele espera de você. Veja o final do comentário que o MEC fez a uma redação:

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Preste atenção no último período e veja que o aluno que recebeu 200 pontos trouxe GOVERNO (políticos) e POVO
(cidadãos e ONGs, esta seria um meio-termo entre povo e governo). ESTE CURSO VAI TRAZER PRA VOCÊ UM CON-
SELHO A FIM DE QUE TENHAMOS A NOTA MÁXIMA:

1) Separe GOVERNO e POVO, e entenda que a noção de GOVERNO não é tão simples.

Não há como dizer:

 Cabe ao governo diminuir as tarifas de ônibus.

O certo seria:

Cabe ao Poder Legislativo editar normas capazes de impor às empresas de ônibus o reajuste de suas tarifas.

O mesmo comentário serve para o povo. Não seria adequado dizer:

 Cabe ao povo acabar se conscientizar acerca dos problemas advindos com as drogas.

Entenda que o campo semântico de POVO é muitíssimo amplo. Seria melhor fazer assim:

Aos jovens cabe trazer à tona, as mídias sociais, diálogos informais que problematizem a questão das drogas na
sociedade.

Em vez de dizer GOVERNO, eu trago o Poder Legislativo e, em vez de dizer POVO, trago os JOVENS. Essa estraté-
gia deixa a proposta mais concreta, ou seja, mais específica. Afinal, o que é mais específico? POVO ou JOVENS?

A PROPOSTA DEVE SER CONSTRUÍDA DA MESMA FORMA QUE O CONGRESSO NACIONAL.

— Como assim, prof? Construir a


proposta da mesma forma como o
Congresso foi construído?

— Sim. Você já deve ter notado que o Con-


gresso Nacional foi projetado contendo dois
semicírculos – aqueles dois pratos, um vira-
do para baixo e outra para cima.

O semicírculo aberto é o lugar onde se reú-


nem os Deputados Federais, que represen-
tam a população de cada Estado. Teorica-
mente, um deputado deve buscar renovação e melhorias para o povo que o elegeu. Aliás, o mínimo de idade para
se candidatar a Deputado Federal é de 21 anos, portanto seriam pessoas abertas à mudança – daí o motivo de o
semicírculo ser aberto!

O semicírculo fechado, por sua vez, é onde se reúnem os Senadores, que representam a vontade do Estado que
representam. Os Senadores teoricamente seriam pessoas mais velhas – mínimo para candidatura é 35 anos! – e
são apenas 3 por Estado, responsáveis pela manutenção da ordem jurídica vigente – seriam pessoas mais conser-
vadoras, daí o semicírculo fechado!

Agora, vamos pensar na sua conclusão: de um lado, você vai ressaltar as propostas que envolvem o POVO, e, de
outro lado, vamos mostrar as soluções de responsabilidade do PODER PÚBLICO. Ah, para finalizar esta metáfora,
você sabia que entre os dois semicírculos há uma torre em forma de H? A forma em H significa que as vontades

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do povo e do governo devem estar centradas nos Direitos Humanos! Como é que o Niemeyer pensou em tudo
isso, cara? Resumindo: sua conclusão se constrói com o povo de um lado, o governo de outro, e todas as vonta-
des devem respeitar os Direitos Humanos, sob pena de anulação da prova.

PANORAMA DA PROPOSTA – ASSUNTO VOTO

GOVERNO – O QUE ELE FAZ?

Políticos – promover projetos de lei capazes de cercear as manobras político-partidárias dos candidatos.
Mídia – divulgar propagandas na tevê de forma realista, sem manipular a população.
Escolas – construir debates sobre os candidatos, a fim de trazer engajamento aos alunos.
Universidades – construir debates com os candidatos, a fim de avaliar suas propostas.
Agentes de segurança – fiscalizar o devido cumprimento dos critérios de propaganda pelos candidatos.

SOCIEDADE – O QUE ELA FAZ?

Mídias sociais – divulgar a vida pregressa dos candidatos, a partir de publicações não só no período eleitoral.
Ação individual – buscar conhecer os projetos propostos pelos candidatos, por meio do site do TSE.
Família – mover nas crianças o senso crítico e o questionamento a partir da argumentação.
ONGs – Avaliar a procedência das pesquisas divulgadas pelos veículos de comunicação
Associações – Rejeitar e denunciar a interveniência política ou solicitação de apoio partidário.
Jornais comunitários – ampliar a divulgação política a fim de fazer a comparação das propostas feitas.

Para a proposta ficar completa, você deve mostrar no mínimo:

QUEM FAZ O QUE FAZ COMO FAZ


Assim:

QUEM FAZ O QUE FAZ COMO FAZ


devem defender os direitos da mu- por meio do repúdio a ofensas a elas destina-
Os jovens
lheres das

Essa aí é a base da proposta. Se faltar o QUEM, a proposta fica sem agente. Se faltar o O QUÊ, não
existe proposta. Se faltar o COMO, a proposta pode ficar abstrata. Você pode evoluir e colocar mais
informação, se achar necessário para dar especificidade a ela.

Em vez de dizer que o governo deve fiscalizar a postura dos médicos nos hospitais, diga que é dever do
CRM (Conselho Regional de Medicina) fiscalizar a postura dos médicos nos hospitais. Veja algumas su-
gestões de agentes:

SUGESTÃO DE AGENTES DA PROPOSTA


ANA → Agência Nacional de Águas GREENPEACE → Greenpeace mesmo
ANAC → Agência Nacional de Aviação Civil IBGE → Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
ANATEL → Agência Nacional de Telecomunicações INCA → Instituto Nacional do Câncer
ANTT → Agência Nacional de Transportes Terrestres INEP → Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
ANVISA → Agência Nacional de Vigilância Sanitária OIT → Organização Internacional do Trabalho
APAE → Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais OMS → Organização Mundial de Saúde
CNPQ → Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ONU → Organização das Nações Unidas
CRM → Conselho Regional de Medicina SISU → Sistema Integrado de Seleção Unificada
DETRAN → Departamento de Trânsito STF → Supremo Tribunal Federal
FUNAI → Fundação Nacional do Índio UNICEF → Fundo das Nações Unidas para a Infân-
FUNASA → Fundação Nacional da Saúde cia
UPP → Unidade de Polícia Pacificadora UPA → Unidade de Pronto Atendimento

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10º PASSO – FINAL FELIZ

Finalizando a microestrutura da redação, eu gostaria que você lesse as introduções abaixo dando rele-
vo aos fragmentos destacados:

i. Urge, portanto, que o presente seja construído com base na reflexão das experiências traumáticas do passado
para que a sociedade do porvir seja mais democrática. Assim como se percebe na Constituição Federal de 1988, a
realidade pretérita deve servir de parâmetro para a formulação de medidas legislativas que visem à construção
da coletividade segundo propõe o artigo 5º da Carta Magna: sociedade livre, justa e solidária.

ii. A união do povo e governo faz-se, portanto, indispensável para mitigar a violência contra a mulher. Ao povo, por
meio de redes sociais na internet, cabe compartilhar postagens denunciando atos preconceituosos contra o sexo
feminino. Ao Estado, por meio de mídias televisivas, cabe desenvolver propagandas com artistas famosos com o
objetivo de atrair a atenção da população à necessidade de valorização das mulheres. Assim, a nação verde-e-
amarela poderá vivenciar os direitos previstos na Lei Maior promulgada em 1988.

iii. Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa. Cabe aos
cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de de-
bates nas mídias sociais capazes de descontruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério Pú-
blico, por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes individualistas ofensivas à di-
versidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder público, alçará o país a verda-
deira posição de Estado Democrático de Direito.

O final feliz foi uma forma que eu encontrei de lhe mostrar intuitivamente que, apesar de todos os problemas
sociais que a redação trouxer, ainda deve prevalecer um tom otimista ao final do seu texto, o que, aliás, colabora
para dar um clima de conclusão ao final. Ora, eu sei que a redação não é uma história que precise de um final feliz
em que todos vivam felizes para sempre – o Brasil e o mundo estão cada vez mais distantes desse desfecho ro-
mântico --, mas é interessante que eu termine a redação de alguma forma, e a melhor delas – a meu sentir – é o
final feliz.

Ah, tenha cuidado para que o seu final feliz não seja utópico:

Ora, se é mundo capita-


lista, é desigual sempre.
“Dessa forma, as desigualdades sociais não existirão mais no mundo capitalista”. O que pode haver é a
REDUÇÃO da desigual-
dade.

Dificilmente, uma nação


alcança sucesso em to-
“Assim, o Brasil alcançará sucesso em todas as áreas da sociedade”.
das as áreas – econômi-
ca, social, política etc.

Erradicar a emissão de
gases poluentes é uma
“Nesse sentido, não haverá mais gases poluentes sendo lançados na atmosfera”.
tarefa impossível para
qualquer sociedade.

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MODALIZAÇÃO - Qual é o tempo verbal da proposta de intervenção?

O tempo verbal da proposta é o futuro do pretérito. Se você tiver dificuldade em gramática é só pensar
que este é o tempo da POSSIBILIDADE.

O que é uma possibilidade? É alguma coisa que PODERIA acontecer, mas depende de outro fator. O
verbo poderia está conjugado no futuro do pretérito, já que expressa possibilidade.

Veja um exemplo:

Um detalhe importante, portanto, já havia sido percebido pelo sociólogo: a aparente impessoalida-
de fotográfica pode ser tendenciosa. Deveria haver uma legislação específica que seria capaz de fiscalizar
rigorosamente as possíveis edições veiculadas, bem como poderiam ser suspensos os jornais ou programas
cujas notícias teriam sido modificadas. Só assim este país não será atraído pelo canto da imagem e experi-
mentará o verdadeiro Estado Democrático de Direito.

Futuro do pretérito demonstra insegurança?

Alguns alunos presenciais me questionam isto: “Se eu demonstrar possibilidades na redação não pode-
ria ser considerado insegurança?” A resposta é simples.

Se você fosse a uma lanchonete e pedisse um cachorro quente, poderia fazer o pedido de duas formas:

 Me dá um cachorro quente!
 Eu gostaria de um cachorro quente, por favor.

A primeira forma demonstra sua vontade de uma forma um pouco inadequada. A segunda, por sua vez,
também faz a solicitação do lanche, mas com a sofisticação de quem sabe usar a linguagem.

Não há inadequação em usar o futuro do pretérito para fazer solicitações ou propostas de intervenção.
Essa é uma estratégia argumentativa chamada MODALIZAÇÃO. Aliás, qualquer forma de “amaciar” seu
discurso (falar com “jeitinho”) está dentro desse recurso.

Veja exemplos de modalização: ;

 A presidente Dilma Rousseff era incompetente  A presidente Dilma Rousseff desempenhava


no desempenho de seu cargo seu cargo de forma bastante ineficiente.
 O brasileiro é irresponsável ao lidar com seus  O brasileiro lida com seus recursos financeiros
recursos financeiros. com imprudência.
 O capitalismo é o sistema mais estúpido e mor-  O capitalismo é um sistema econômico compli-
tífero, que destrói a sociedade. cado e prejudicial para os interesses coletivos.
 O socialismo é um sistema econômico perfeito,
 O socialismo pode ser considerado um sistema
já que visa a valorizar o interesse de todas as
adequado, já que valoriza o interesse coletivo.
pessoas.

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A REDAÇÃO NAS OBJETIVAS

Para potencializar a sua preparação, eu montei 10 questões objetivas que se debruçam sobre a
montagem de um texto argumentativo, assim como também faz o ENEM. Vamos a elas:

TEXTO I PARA AS QUESTÕES 1 E 2

No século XVI, os primeiros navios negreiros saíam, sobretudo, da costa ocidental africana e
chegavam ao Brasil trazendo à força africanos, que eram obrigados a trabalhar em condições desumanas,
além do fato de os europeus submetê-los a torturas constantes. A liberdade chegou-lhes em 1988 motivada
por questões econômicas e sem inclusão social dos negros, que, mesmo no presente século, eles continuam
sendo excluídos socialmente. Com efeito, é urgente que os indivíduos deste presente século compartilhem
postagens no “Facebook” que sejam capazes de promover a igualdade e a divulgar independente da raça e
da cor.

QUESTÃO 1) O problema apresentado pelo parágrafo argumentativo acima se relaciona com a questão
do racismo no Brasil. Pode-se dizer que o autor:

a) Entende que o problema do racismo seja uma questão de políticas públicas, já que o governo
vigente não disponibiliza políticas afirmativas, como bolsas e cotas para negros.
b) Atesta que existam outras formas de racismo, não só contra a raça negra, mas também contra a
raça branca, cujo nome é “racismo reverso”.
c) Demonstra que o preconceito racial contra os negros tem origens históricas, na medida em que
não houve valorização dessa raça no momento da Lei Áurea.
d) Afirma que existam pessoas que fazem postagens no Facebook veiculando mensagens de ódio
aos negros.
e) Não traz quaisquer propostas de solução ao problema do racismo, mas se preocupa em
desenvolver uma alusão histórica sobre o tema.

QUESTÃO 2) Ao ler o TEXTO I, podemos subentender que a tese do autor sobre o tema é a seguinte:

a) Os negros eram obrigados a trabalhar em situações desumanas


b) Os navios negreiros saíam da costa ocidental, principalmente
c) O poder público não disponibiliza políticas afirmativas no presente século
d) Historicamente, não houve – e ainda não há – intenção de incluir o negro na sociedade
e) Os europeus submetiam os negros a torturas constantes

TEXTO II PARA AS QUESTÕES 3 E 4

Em primeiro plano, a automedicação pode trazer efeitos colaterais indesejados. A química


demonstra que os medicamentos agem de forma diversa no organismo dos seres humanos, uma vez que
sempre haverá diferença de um metabolismo para o outro. Com efeito, o potencial hidrogeniônico da
substância – que é uma escala peculiar a todo composto químico – pode variar em função do peso do
paciente, levando em consideração sua idade e o seu nível de enfermidade. Em virtude disso, não é
adequado que uma pessoa administre o mesmo medicamento usado por um amigo ou parente, na medida
em que não haverá garantia de resultado, podendo até agravar o problema. Portanto, é fundamental que

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as farmácias solicitem a receita médica antes da venda de um medicamento que traga complicações ao
paciente.

QUESTÃO 3) O TEXTO II versa sobre o problema da automedicação e foi desenvolvido, de modo


interdisciplinar, por meio da estratégia seguinte:

a) Testemunho autorizado
b) Comparação com outras nações
c) Apelo emotivo ao leitor
d) Causa e consequência
e) Argumento de autoridade com sociólogo

QUESTÃO 4) O conceito de informatividade foi definido por Ingedore Villaça como sendo a
característica dos textos serem produzidos com informações relevantes, capazes de fugir das
informações banais do senso comum. O fragmento que faz jus à informatividade, de modo mais
evidente, está em:

a) Em primeiro plano, a automedicação pode trazer efeitos colaterais indesejados.


b) O potencial hidrogeniônico da substância – que é uma escala peculiar a todo composto químico –
pode variar
c) não é adequado que uma pessoa administre o mesmo medicamento usado por um amigo ou
parente
d) é fundamental que as farmácias solicitem a receita médica
e) não haverá garantia de resultado

TEXTO III PARA A QUESTÃO 5

Outrossim, o uso de medicamentos sem receita e de forma exagerada pode provocar a resistência
de bactérias a antibióticos. As bactérias, ao longo do tempo, sofrem mutações e começam a adaptar-se aos
antibióticos que são utilizadas para combatê-las. Com o consumo demasiado de medicamentos que atuam
sobre as bactérias, ocorre maior adaptação bacteriana e a consequente ineficácia do medicamento
produzido pelos farmacêuticos, com base em critérios rígidos de dosagem. Assim, ante a resistência de
bactérias a antibióticos e à falta de medicamentos para combatê-las, a sociedade fica exposta às doenças
causadas por microorganismos nocivos à integridade do organismo humano. Nesse sentido, é interessante
que o Poder Legislativo invista em laboratórios para pesquisas em busca de substâncias que eliminem as
bactérias adaptadas.

QUESTÃO 5) Acerca do texto acima, é possível afirmar corretamente:

a) O texto foi desenvolvido por meio do testemunho autorizado, na medida em que o autor lança
mão de informações relevantes envolvendo o campo da biologia, especificamente da
imunologia.
b) O texto foi desenvolvido por meio da exemplificação, na medida em que o autor traz exemplos
concretos de pessoas que foram prejudicadas pela automedicação, sobretudo por terem tido o
seu sistema imunológico prejudicado pela presença de substâncias advindas da automedicação.
c) O texto foi desenvolvido com evidente interdisciplinaridade, na medida em que se debruça
sobre a imunologia, campo da biomedicina que estuda o conjunto dos mecanismos de defesa do
organismo contra antígenos.

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d) O texto foi desenvolvido por meio da causa e consequência, na medida em que o autor
apresenta a resistência a bactérias como o problema que causa a automedicação entre os
brasileiros.
e) O texto foi desenvolvido por meio do argumento de autoridade com sociólogo, na medida em
que o autor lança mão de informações relevantes envolvendo o campo da biologia,
especificamente da imunologia.

TEXTO IV PARA AS QUESTÕES DE 6 A 10.

A AIDS na adolescência

A adolescência é um período da vida caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento,


que se manifesta por transformações físicas, psicológicas e sociais. Ela representa um período de crise,
na qual o adolescente tenta se integrar a uma sociedade que também está passando por intensas
modificações e que exige muito dele. Dessa forma, o jovem se vê frente a um enorme leque de
possibilidades e opções e, por sua vez, quer explorar e experimentar tudo a sua volta. Algumas dessas
transformações e dificuldades que a juventude enfrenta, principalmente relacionadas à sexualidade,
bem como ao abuso de drogas ilícitas, aumentam as chances dos adolescentes de adquirirem a
infecção por HIV, fazendo-se necessária a realização de programas de prevenção e controle da AIDS na
adolescência.

Estudos de vários países têm demonstrado a crescente ocorrência de AIDS entre os adolescentes,
sendo que, atualmente, as taxas de novas infecções são maiores entre a população jovem. Quase
metade dos novos casos de AIDS ocorre entre os jovens com idade entre 15 e 24 anos. Considerando
que a maioria dos doentes está na faixa dos 20 anos, conclui-se que a grande parte das infecções
aconteceu no período da adolescência, uma vez que a doença pode ficar por longo tempo
assintomática.

Existem algumas características comportamentais, socioeconômicas e biológicas que fazem com


que os jovens sejam um grupo propenso à infecção pelo HIV. Dentre as características
comportamentais, destaca-se a sexualidade entre os adolescentes. Muitas vezes, a não utilização dos
preservativos está relacionada ao abuso de álcool e outras drogas, os quais favorecem a prática do
sexo inseguro. Outras vezes os jovens não usam o preservativo quando em relacionamentos estáveis,
justificando que seu uso pode gerar desconfiança em relação à fidelidade do casal, apesar de que, no
mundo, hoje, o uso de preservativo nas relações poderia significar uma prova de amor e proteção para
com o outro. Observa-se, também, que muitas jovens abrem mão do preservativo por medo de serem
abandonadas ou maltratadas por seus parceiros. Por outro lado, o fato de estar apaixonado faz com
que o jovem crie uma imagem falsa de segurança, negando os riscos inerentes à ausência do
preservativo.

Outro fator importante a ser levado em consideração é o grande apelo erótico emitido pelos
meios de comunicação, frequentemente direcionado ao adolescente. A televisão informa e forma
opiniões, unificando padrões de comportamento, independente da tradição cultural, colocando o
jovem frente a uma educação sexual informal que propaga o sexo como algo não planejado e comum,
dizendo que “todo mundo faz sexo, mas poucos adoecem”.

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(Disponível em: http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3867/-1/a-aids-na-adolescencia.html.
Adaptado. Acesso em: 19/04/2016.)

QUESTÃO 6) De acordo com as informações textuais, podemos inferir que

a) as notificações da AIDS e do HIV são obrigatórias e urgentes.

b) o número de casos de AIDS se mantém em escala ascendente entre casais homoafetivos

c) o adolescente busca a si mesmo e não há constantes flutuações de humor.

d) a AIDS deixou de ser uma doença letal e se tornou uma condição crônica passível de controle.

e) o consumo de álcool e drogas pode ser uma das causas para o contágio pelo vírus da AIDS

QUESTÃO 7) De acordo com as informações textuais sobre a adolescência é correto afirmar que

a) representa um período de crise.

b) ocorre uma explosão de desejos.

c) refere-se a uma fase homogênea.

d) há uma mudança típica de amadurecimento.

e) trata-se de um fenômeno de forte caracterização cultural.

QUESTÃO 8) A adolescência é um período da vida caracterizado por intenso crescimento e


desenvolvimento, que se manifesta por transformações físicas, psicológicas e sociais. Ela representa um
período de crise, na qual o adolescente tenta se integrar a uma sociedade que também está passando por
intensas modificações e que exige muito dele.

Com base no fragmento acima, assinale a assertiva correta:

a) o pronome relativo que inicia a oração “que se manifesta por transformações físicas, psicológicas e
sociais.” tem como referente o substantivo vida.
b) O pronome pessoal ela tem função dêitica e anafórica, ou seja, localiza o enunciado no tempo e no
espaço e retoma a palavra adolescência.
c) O pronome pessoal ela tem função dêitica e catafórica, ou seja, localiza o enunciado no tempo e no
espaço e retoma a palavra adolescência.
d) Os dois pronomes relativos da oração que também está passando por intensas modificações e que
exige muito dele têm como referente o substantivo sociedade.
e) Os pronomes relativos da oração que também está passando por intensas modificações e que exige
muito dele têm como referente o substantivo adolescente e sociedade, respectivamente.

QUESTÃO 9) O fragmento A adolescência é um período da vida caracterizado por intenso crescimento e


desenvolvimento, que se manifesta por transformações físicas, psicológicas e sociais. foi reescrito sem
alteração do sentido original e sem erros gramaticais em:

a) os adolescentes imaturos sofrem transformações físicas e psicológicas da sociedade, a qual se


caracteriza por intenso crescimento e desenvolvimento.

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b) O crescimento intenso e o desenvolvimento caracterizam a adolescência, o qual se manifesta por
transformações de ordem psicológica, social e física.

c) O intenso crescimento e desenvolvimento são característicos de um período da vida chamado


adolescência, que se manifesta por transformações físicas, sociais e psicológicas.

d) Físicas, sociais ou psicológicas, as mudanças que caracterizam a intensidade dos adolescentes


manifestam-se em um período da vida restrito à adolescência.

e) A adolescência, período da vida caracterizado por crescimento e desenvolvimento físico e


psicológico, manifesta-se por meio de transformações sociais intensas.

QUESTÃO 10) No primeiro parágrafo do texto sobre adolescência, fica clara a seguinte assertiva:

a) O autor inicia sua redação por meio da estratégia de abordagem flashes argumentativos.
b) O autor inicia sua redação de modo interdisciplinar com história, na medida em que define o que
é a adolescência.
c) O autor inicia o texto por meio da estratégia da definição do tema/assunto, na medida em que
se vale de características da adolescência para iniciar a redação.
d) O autor do texto inicia sua redação por meio da definição do que seja adolescência, mas não dá
nenhuma proposta de intervenção para minorar os problemas dela advindos.
e) O autor inicia a sua redação por meio de propostas de intervenção, que serão desenvolvidas no
decorrer da produção textual.

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CORREÇÃO – MÓDULO 1

EXERCÍCIO 1) ATRIBUA F PARA FATO E T PARA TESE.

a. Alguns países da América Latina não têm tantas belezas naturais como o Brasil. [FATO]

É indiscutível que haja países que não tenham tantas belezas naturais. Ninguém discorda de que o Chile tenha menos belezas
naturais do que o Brasil, justamente porque o território brasileiro seja muito maior do que o chileno.

b. A Presidente Dilma liderou este país de forma ineficaz. [TESE]

Parece confuso mesmo, mas dizer que a Dilma é ineficaz é uma opinião. Existem pessoas que defendem a presidenta, dizendo que
ela tem uma boa gestão. Fato seria se disséssemos que o Brasil vive uma crise.]

c. O Congresso Nacional se divide em Senado Federal e Câmara dos Deputados. [FATO]

d. Algumas instituições de ensino erram ao aderir às cotas raciais. [TESE]

e. O Estado do Rio de Janeiro tem altos índices de violência. [FATO]

f. O Brasil é um país adequado para a vinda de turistas. [TESE]

g. As paisagens do Nordeste o tornam inquestionavelmente adequado ao turismo. [TESE]

h. A violência contra as mulheres pode acontecer de forma verbal, física e moral. Todas essas formas
são puníveis pela lei. [FATO]

i. Infelizmente, o Brasil é inadequado ao turismo. [TESE]

j. O Nordeste brasileiro reúne grandes paisagens, internacionalmente reconhecidas. [FATO]

k. É fato que a realização dos jogos da Copa do Mundo no Brasil veio em momento complicado. [TESE]

l. O Nordeste é uma região desprestigiada nacionalmente. [TESE]

m. As tribos indígenas são minorias étnicas, e a maioria delas está restrita a áreas de difícil acesso. [FA-
TO]

n. Infelizmente, os indígenas não recebem o reconhecimento pelo seu grande valor cultural neste país.
[TESE]

o. Os indígenas têm grande valor cultural neste país. [TESE]


Há pessoas que simplesmente desconsideram o valor cultural dos indígenas.

p. Algumas instituições começaram a estruturar formas de tratar o esgoto para reunir água, recurso
que tende a escassez. [FATO]

q. O uso de ar-condicionado no Estado do Rio de Janeiro se tornou fundamental para a qualidade de


vida. [TESE]

r. A água é um recurso culturalmente utilizado com pouca responsabilidade. [TESE]


É opinião dizer que as pessoas no Brasil usam água de forma irresponsável. Muitos discordam disso. Basta perguntar pra alguém:
você usa água de forma irresponsável?

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s. Utilizar águas de reuso é a forma mais adequada de solucionar a escassez. [TESE]

t. Muitos estudantes brasileiros têm pouco acesso à educação de qualidade no país. [FATO]

u. As novas formas de aprendizado advindas com a tecnologia tornam a educação do país melhor. [TE-
SE]

v. As novas tecnologias prejudicam o aprendizado dos alunos, que preferem a internet a ouvir seus pro-
fessores. [TESE]

v.2. As novas tecnologias prejudicam o aprendizado dos alunos que preferem a internet a ouvir seus
professores. [TESE]
Na verdade, esta frase é tese da mesma forma que a anterior. O que muda é o seguinte: na primeira, eu disse que
TODOS os alunos tem preferido internet e TODOS saem prejudicados; na segunda, eu disse que a alguns alunos pre-
ferem internet, e somente esses alunos saem prejudicados. A vírgula na oração adjetiva muda tudo.

EXERCÍCIO 2) Crie um ARGUMENTO para cada tese abaixo:

MINHAS TESES SUGESTÕES DE ARGUMENTOS

porque dispõe de muitas praias e pontos turís-


Veja uma sugestão: O Brasil é um país adequado para
ticos mundialmente conhecidos, capazes de
a vinda de turistas,
gerar lucro para o país.
porque não dispõe de um programa de segu-
a) O Brasil é um país sem vocação para o turismo,
rança pública capaz de garantir a integridade
porque (?)
dos turistas.
porque frequentemente o interesse privado
b) Pode ser percebida inabilidade do Congresso Na- subjuga o interesse público. [Aí você poderia
cional no trato das questões urgentes do Brasil, na fundamentar usando a teoria da cordialidade,
medida em que (?) do sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Ho-
landa]
Você poderia dizer que a água é um fator de
prestígio social, de modo que os locais bem
c) A distribuição de recursos hídricos é, no Brasil,
servidos desse recurso tem uma especulação
fator que motiva a desigualdade social, porque (?)
imobiliária maior do que os locais mal abaste-
cidos.
Você poderia dizer que, assim como a Política
do Pão e Circo, o governo usou os jogos mun-
d) Os jogos mundiais sediados no Brasil são análogos
diais sediados no Brasil para alienar o povo da
à política do Pão e Circo romana, porque (?)
crise política e econômica em que se encontra
o país.

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e) As informações veiculadas na internet devem ser Você poderia dizer que as informações falsas
avaliadas com criticidade pelos cidadãos, porque são capazes de manipular ideologicamente
(?) uma nação.
f) Assim como assevera Zygmunt Bauman, a cultura a indústria cultural nas sociedades pós-
no mundo pós-moderno é um fator de sedução e modernas tem o objetivo de manipular a popu-
de lucro, porque (?) lação e esvaziá-la ideologicamente.
Você poderia dizer que o agronegócio é capaz
g) O agronegócio deve ser gerenciado com respon- de alterar os biomas vegetais e modificar o
sabilidade ambiental, porque (?) ciclo das chuvas na região e a umidade relativa
do ar.
Colocaria a demarcação das terras indígenas
h) A PEC 215 é negativa aos indígenas, porque (?) sob a responsabilidade de Deputados e Sena-
dores que são donos de grandes fazendas.
Tende a fragilizar a importância dos estudos
i) A PEC 65 é negativa ao meio ambiente, porque (?) de impactos ambientais, o que acarretaria de-
sastres irreversíveis na natureza.
Tem o objetivo de resguardar o interesse das
pessoas idosas, segundo a isonomia de Aristó-
j) O Estatuto do Idoso é uma medida legislativa fun-
teles, a saber: tratar os iguais com igualdade e
damental ao país, porque (?)
os desiguais de forma desigual, na medida das
suas desigualdades.

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CORREÇÃO – MÓDULO 2
VAMOS À CORREÇÃO. VEJA O QUE VOCÊ FEZ E COMPARE COM AS RESPOSTAS CERTAS.

EU INCLUÍ O GRAU DE INFORMATIVIDADE DO PARÁGRAFO, QUE VARIOU DE 1 A 5, SENDO 5 PARA O MELHOR, OK? ENTRE-
TANTO, ESSA AVALIAÇÃO TENDE A SER UM POUCO SUBJETIVA. AQUILO QUE PARA ALGUÉM PODE SER INFORMATIVIDA-
DE 5 PARA OUTRO PODE SER INFORMATIVIDADE 4. O QUE, CERTAMENTE, NÃO ACONTECERÁ É A CONFUSÃO ENTRE IN-
FORMATIVIDADE 1 E 5, ENTENDEU?

SUGESTÃO

1) A física já comprovou que um móvel atinge grande deslocamento mesmo após o momento da frenagem, a depen-
der da velocidade com que era conduzido. O que a ciência não precisou demonstrar é que a imprudência no trânsi-
to tem sua origem na autoescola. Certamente, a indiferença dos futuros condutores e a defasagem no trabalho
das autoescolas podem colaborar para inúmeros problemas posteriores. 


(Física) [GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

CORREÇÃO:

2) Um empresário de muito sucesso esquece a data do aniversário do filho mais novo. Não percebe o novo corte de
cabelo da esposa nem a conquista do filho mais velho no vestibular. Assim, apesar de uma vida profissionalmente
bem sucedida, é possível entender que não observar alguns detalhes poderá trazer bastantes prejuízos nos relaci-
onamentos afetivos.

Não houve interdisciplinaridade.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 3]

CORREÇÃO:

3) Juventude sempre foi sinônimo de força, perspectiva e vida. Trata-se de uma faixa etária cuja característica se de-
fine pela vontade de mudanças. Os jovens desta geração, no entanto, não têm lançado mão dessa ousadia, porque
houve uma acomodação, potencializada pela mídia. Ainda, há outros assuntos tornados mais relevantes do ponto
de vista desses cidadãos. 


Não houve interdisciplinaridade.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 2]

CORREÇÃO:

4) Baixa autoestima, constrangimento, medo de se expor. A origem desse preconceito é antiga, mas seu efeito pode
ainda permanecer: uma sociedade preconceituosa não se desenvolverá sadia. Suas consequên- cias são fatais e
atingem a todas as esferas da nação. Deve haver, portanto, um amadurecimento da comu- nidade, capaz de acabar
com os frutos da desigualdade.

Não houve interdisciplinaridade.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

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CORREÇÃO:

5) Apesar de haver pessoas que veem no preconceito uma forma de construir sua identidade, é fundamental com-
preender que essa postura é capaz de anular o outro enquanto indivíduo. Assim, em vez de construir a sociedade,
o pensamento sectarista destrói as camadas sociais, pois desenvolve ambientes competitivos e tenta esvaziar as
pessoas do valor que têm.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 2]

Não houve interdisciplinaridade.

CORREÇÃO:

6) Em 1901, um engenheiro francês projetou uma lâmpada, acesa até hoje na Califórnia, cuja durabilidade é surpreen-
dente. Infelizmente, essa longevidade é inadequada ao momento atual, visto que, com o descarte dos antigos apa-
relhos, há maior lucro, bem como ascensão do prestígio individual em função da compra dos novos.Assim, é possí-
vel perceber uma grande contradição tecnológica.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 4]

CORREÇÃO:

7) Desde a antiguidade já era perceptível uma enorme desigualdade social, que se tentava, por parte das elites, fazer
imperceptível. Nesse contexto surgiu a política do pão e circo, que promovia banquetes e es- petáculos sangren-
tos, objetivando alienar a plebe. Ação idêntica se verifica hoje com o MMA, que é um dos maiores objetos de ma-
nobra de massa, junto ao futebol. Deveria haver, portanto, uma lúcida fruição do entretenimento no Brasil.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

CORREÇÃO:

8) O Brasil presenciou protestos de mulheres que saíram sem roupa às ruas durante a década de 70. O Movimento
Feminista alcançou as primeiras conquistas; entretanto, ainda é preciso ampliar as vitórias femininas na área da se-
xualidade. Há, infelizmente, muitos estereótipos sobre seus corpos, bem como existem dife- renças entre os gêne-
ros acerca da liberdade sexual.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

CORREÇÃO:

9) “O Navio Negreiro", que descreveu a terrível situação dos negros no período da escravidão, é uma obra que com-
põe a literatura romântica brasileira. No entanto, a luta de alguns cidadãos mostra que o preconceito está além da
ficção, devido à postura e ao pensamento de indivíduos equivocados. Infelizmente, Castro Alves ainda teria assun-
to em seu combate ao preconceito.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

CORREÇÃO:

10) A partir de 1850, o território brasileiro passou por um forte processo de mercantilização, com a Lei de Terras, que
determinara a privatização das propriedades rurais, segregando diversos setores da sociedade. Esse problema
persiste e deixa claro que a reforma agrária solucionaria muitos problemas socioeconômicos presentes ainda hoje.
Certamente, a exploração de trabalho e monopólio oligárquico seriam diluídos com a aplicação da medida.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 5]

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CORREÇÃO:

11) Vidas Secas, de Graciliano Ramos, descreve o drama de uma família de retirantes nordestinos motivado pela falta
de chuva. O conflito e a falta de perspectiva de vida dos personagens do romance também são a realidade de mui-
tos brasileiros. Infelizmente, o descaso na distribuição da água no Brasil faz com que muitos indivíduos protagoni-
zem fabianos e sinhás vitórias. Dessa forma, os interesses sociais e econômicos em torno desse recuso deveriam
ser repensados.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 6!]

CORREÇÃO:

12) Designados para defender e promover as leis nas ruas, os policiais militares mantêm a segurança e a sensação de
paz. Entretanto, esses agentes não têm sido eficazes em suas funções, pois seus baixos salários e, ainda, porque
suas longas jornadas de trabalho motivam-nos a estas práticas condenáveis.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 1]

Não houve interdisciplinaridade.

CORREÇÃO:

13) Designados para defender e promover as leis nas ruas, os policiais militares mantêm a segurança e a sensação de
paz. Entretanto, frequentemente, os PM’s se envolvem em esquemas ilícitos, pois seus baixos salários e, ainda,
porque suas longas jornadas de trabalho motivam-nos a estas práticas condenáveis. Cabe, portanto, ao Governo
do Estado reajustar em 30% os salários dos policiais.

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 1]

Não houve interdisciplinaridade.

CORREÇÃO:

14) São comuns os casos de mortandade de peixes em lagos e lagoas brasileiros. Os biólogos já demonstraram que o
processo de eutrofização é fator motivador desses eventos, em virtude de os decompositores de matéria orgânica
utilizarem oxigênio, tão caro ao ecossistema marinho. Entretanto, mais do que os de- compositores, homens e mu-
lheres têm responsabilidade nos problemas ambientais, por serem impruden- tes e negligentes acerca do cuidado
com a poluição. (Biologia)

[GRAU DE INFORMATIVIDADE 7!!!!!!!!!]

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CORREÇÃO – MÓDULO 3

EXERCÍCIOS

1) Leu cuidadosamente a redação? Então, por favor, arrume uma forma de iluminar os passos da redação vistos
até agora.
a) Os passos da introdução – usei somente 3;
b) Os passos de cada parágrafo do desenvolvimento – usei os 3 passos, aliás, em um deles eu finalizei com re-
flexão e em outro proposta de solução.

Entendeu o que deve ser feito? Mostre para mim, de alguma forma, que você entendeu a minha abordagem, a
minha tese etc etc. O ideal é que você tenha imprimido este material (“tenha imprimido” está correto gramati-
calmente, ok?).

ABORDAGEM
TESE
ARGUMENTOS
PROPOSTA
TÓPICO FRASL
AMPLIAÇÃO DO TÓPICO
SOLUÇÃO OU APLICAÇÃO SOCIAL

Ao divulgar as bases do Modernismo no Brasil e da Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade


defendeu que não estava interessado em formar seguidores de sua forma de pensar: sua maior inten-
ção era motivar seus pares e construir a própria ideologia. Quase cem anos depois, a declaração do es-
critor ganha ainda mais sentido, na medida em que a verdadeira identidade de um povo está na cons-
trução de um senso crítico autônomo, capaz de fazer escolhas entre o que seja, de fato, relevante à
sociedade.

Em primeiro plano, a garantia do verdadeiro papel social do cidadão está vinculada à valorização
das informações úteis à sua formação. Os programas de televisão, os conteúdos vinculados na internet
e nos demais veículos de comunicação precisam passar pela avaliação crítica da população que os rece-
be. Nesse sentido, o historiador e especialista em história da Globalização Renato Pellizzari, defende a
tese segundo a qual as novas formas de comunicação global trazem consigo não só os elementos rele-
vantes de outras culturas, como também os supérfluos. Cabe, portanto, aos receptores das informa-
ções conseguir reter aquilo que possa contribuir para a sua informação individual.

Outrossim, a criticidade do cidadão influencia a forma com que se posiciona em relação à


sociedade e aos seus problemas. Tal influência pode ser ilustrada por movimentos de combate à cor-
rupção que ocorreram durante os jogos da Copa do mundo. Apesar de a mídia usar estratégias para
ocultar os problemas brasileiros, seja escondendo informações, seja manipulando a notícia, foram per-
cebidos grupos que reivindicavam a reforma política no período em que o futebol era o assunto mais
disseminado. Cumprem, portanto, seu papel social os cidadãos que lidam com os desafios do país de
forma crítica, preterindo o supérfluo.

Urge, pois, que a população esteja atenta às informações úteis à sociedade brasileira e busque
desenvolver o senso crítico, a fim de fazer jus ao dispositivo Constitucional, segundo o qual todo poder
emana do povo. Dessa forma, as informações supérfluas não serão o centro da atenção do Estado De-
mocrático de Direito.

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2) ILUMINE SOMENTE A AMPLIAÇÃO E DIGA QUAL FOI A ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO DE CADA PARÁGRAFO
DE DESENVOLVIMENTO [pode acumular mais de uma estratégia por parágrafo!]:

Exemplificação Causa e consequência


Argumento de autoridade Comparação

A. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. A partir
do momento em que uma moça é estuprada, por exemplo, os efeitos de seu sofrimento e de sua inse-
gurança são transmitidos ao núcleo familiar, ou seja, pais, mães, irmãos são afetados indiretamente
pelo ato da tortura. Com efeito, caso as famílias brasileiras permaneçam sendo atingidas por atos noci-
vos à integridade de seus componentes, haverá uma constante sensação de insegurança. Nesse senti-
do, é fundamental que as ONGs organizem semanalmente grupos de homens e mulheres vítimas de
tortura, a fim de que compartilhem suas histórias e sejam orientados por psicólogos a superar os trau-
mas.
B. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. A partir
dessa perspectiva, o professor de sociologia da Universidade de Toronto, Jean-Pierre Ryngaert, enten-
de que a população de uma comunidade em que acontecem constantes casos de estupro, por exem-
plo, tende a alimentar ódio e desejo de vingança, caso não perceba intervenção efetiva do Estado. Com
base na ideia defendida pelo sociólogo, seria interessante que o setor de Inteligência da Polícia Militar
designe viaturas aos locais onde ocorreram os atos de tortura, a fim de que os policiais revezem em
plantão e afirmem a representatividade estatal na comunidade.
C. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. Tal pro-
blema pode ser ilustrado com o caso de Jasmine, que teve três dedos lentamente arrancados pelo ex-
marido, em virtude do ódio ao novo relacionamento da vítima. Essa atitude de crueldade trouxe uma
sensação generalizada de vingança aos moradores da comunidade, que atearam fogo à casa do tortu-
rador, o que causou graves ferimentos às filhas dele, comprovando a idéia segundo a qual as atitudes
de tortura repercutem na sociedade de forma generalizada. Assim, é urgente que o setor de Inteligên-
cia da Polícia Militar designe viaturas aos locais onde ocorreram os atos de tortura, a fim de que os poli-
ciais revezem em plantão e afirmem a representatividade estatal na comunidade.
D. Em primeiro plano, toda a sociedade é afetada quando algum indivíduo é vítima de tortura. No ano
passado, os Estados Unidos presenciaram vários casos de policiais que colocavam o rosto de criminosos
negros dentro de vasos sanitários com fezes, atitude que desencadeou revolva social e moveu a socie-
dade a não confiar nos agentes de segurança americana. Nos quartéis brasileiros, por sua vez, são co-
muns episódios como esse, onde a disciplina deveria ser imposta sem tortura. Assim, cabe ao poder
público fiscalizar atitudes que agridam a integridade das pessoas, por meio de um telefone destinado
especificamente a denuncias dessas práticas.
E. PC já vendeu 41 milhões de livros em todo o mundo, e não é possível que tanta gente esteja engana-
da. Algum valor ele deve ter. No momento, ele é o 5.° escritor que mais vende no planeta - o que dá
mais ou menos um terço de um fenômeno como o Harry Potter atual ou a metade de um Karl May do
século passado, que vendeu mais de 100 milhões de livros, incluindo a saga de “Winnetou”, herói indí-
gena da América do Norte. Ou, se você quiser outra comparação, isso dá quase a metade dos AK-47
Kalashnikov vendidos no mundo todo até hoje — um “best-seller” macabro dos mercadores da morte.
Assim, nada mais justo que PC assumir sua cadeira na ABL.
F. O processo judicial deve ser rigoroso. Marco Antonio, Humberto Costa e Jeovani França, criminosos
condenados respectivamente a 124, 47 e 7 anos de prisão, foram os responsáveis pelo estupro da jorna-
lista Mirele Silva, quando os rapazes estavam em liberdade condicional. O editorial não explica a dife-
rença entre as penas dos jovens, mas informa que a pena máxima no Brasil é de 30 anos e que o crimi-
noso pode ser solto, por bom comportamento, após cumprir um sexto da pena. Com efeito, não se dis-
cute que os não Mirele não teria sido estuprada caso o sistema prisional cumprisse o rigor da punição.

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G. Em primeiro plano, o investimento em soja é fundamental para a revitalização da economia brasilei-
ra. Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace, entende, em linhas gerais que
quem achou que o investimento não era para valer vai perder dinheiro e mercado, já que a indústria da
soja está dando um exemplo de respeito à floresta e aos consumidores, que não querem ser coautores
da destruição da Amazônia. A partir da assertiva de Paulo Adário, é possível compreender que a medida
é interessante para não só reduzir drasticamente o desmatamento, mas também desenvolver a eco-
nomia nacional.
H. Em primeiro plano o distúrbio do peso corpóreo é capaz de trazer o surgimento de problemas de
saúde. Algumas enfermidades advindas com a obesidade são doenças cardiovasculares, problemas
respiratórios, desgaste dos ossos e articulações, surgimento de câncer, complicações metabólicas, en-
tre outras. Dessa forma, é urgente que os indivíduos busquem trocar comidas de alto índice calórico
por alimentos mais saudáveis e nutritivos, a fim de evitar complicações de saúde.

I. Em primeiro plano, a necessidade de atingir os estereótipos ocasiona prejuízos fisiológicos. Segundo


o sociólogo Jean-Pierre Ryngaert, essa procura é explicada pela cultura hedonista do culto ao corpo
pregada pela mídia, que, por meio de estratégias apelativas, impõe o padrão estético a seguir. Ocorre
que, na busca pela perfeição corporal de homeros e helenas (símbolos da beleza grega), pode haver
casos como o da modelo Andressa Urack, que obteve sérias complicações após aplicar hidrogel no cor-
po. A partir disso, as academias deveriam desenvolver palestras semanais, trazendo pessoas que foram
vítimas do culto ao corpo, a fim elucidar os limites entre a estética e a saúde.

J. Ademais, a busca pela conquista dos paradigmas estéticos acarreta também consequências psicoló-
gicas. Não é raro que se encontrem meninas que deixam de se alimentar, a fim de manter o corpo ma-
gro. Inclusive, há moças – ávidas pelo que acreditam ser a beleza – capazes de praticar a bulimia, ou
seja, comer e, na sequência, vomitar o que ingeriram. A repetição dessa atitude inadequada pode trazer
distúrbios alimentares graves, como a anorexia, patologia análoga à depressão. É fundamental, portan-
to, que pais e mães percebam o comportamento dos filhos após as refeições, a fim de evitar os pro-
blemas de origem psicológica.

K. Cada vez mais, os brasileiros estão insatisfeitos com os meios de transporte. Segundo pesquisas do
Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), classes médias e altas preferem transporte
privado ao público. A população está descontente com todo o custo de passagens. Além disso, diaria-
mente enfrentam um caos na qualidade dos transportes, como, por exemplo, o fato de geralmente
estarem lotados. Isso acarreta uma maior utilização de carros, taxis, motocicletas, elevando a emissão
de gases poluentes. Compete ao poder público exigir que, no prazo de seis meses, as concessionárias
de transporte aumentem em trinta por cento o número de veículos nas ruas, a fim de atender o inte-
resse público.

L. Além disso, o sistema de saúde, seja público, seja privado, não está pronto para receber uma epide-
mia. Nossos hospitais estão muitas vezes superlotados e as pacientes em condições precárias, sem
quartos disponíveis e em leitos espalhados pelos corredores. Hospitais nessas condições não consegui-
riam suportar um surto de dengue e vários pacientes poderiam, infelizmente, morrer, aumentando,
assim, a taxa de mortes por dengue no Brasil. É urgente que o poder público construa alas destinadas
especificamente aos pacientes contaminados pelo Flavivirus – micro-organismo causador da dengue.

M. Outro fator problemático acerca da excessiva acumulação de gordura é o bullying. Nos Estados Uni-
dos, as crianças acima do peso são acometidas por vários preconceitos no ambiente escolar, como pia-
das de mau gosto, agressões físicas e verbais e exclusão social. À vista disso, é possível compreender
que o acúmulo de tecido adiposo traz problemas sociais, sobretudo às crianças. Assim é importante
incutir nos brasileiros a necessidade de evitar tais transtornos e montar dietas acompanhadas por nu-
tricionistas, a fim de tratar os impactos da obesidade.

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N. Em primeiro plano, a publicidade infantil pode trazer impactos negativos à saúde das crianças. Esse
problema pode ser ilustrado com o caso do menino Rafael Silva, de Rondônia, que gostava tanto do
palhaço Patati – personagem lúdico bastante presente no meio infantil –, que se tornou compulsivo
pelo consumo de doces vinculados ao palhaço e, em virtude da ingestão excessiva de açúcar, contraiu
diabetes. A partir disso, é possível compreender que essa compulsão pelo consumo de doces é capaz
de trazer variadas doenças, às vezes irreversíveis. Nesse sentido, é urgente que a família não só perce-
ba se a atração pelo personagem é sadia, mas também evite comprar produtos em super-mercados
somente pela imagem lúdica estampada.

O. Outrossim, o consumo exagerado por parte de meninos e meninas com pouca idade é nocivo ao seu
desenvolvimento. A partir dessa perspectiva, o psicólogo Jean-Pierre Ryngaert entende, em linhas ge-
rais, que, a partir do momento em que uma criança consome produtos somente pela publicidade em
torno dele, começa a se estabelecer uma personalidade fútil e compulsiva pelo consumo. Com base
nesse ponto de vista, é possível compreender que, caso meninos e meninas se desenvolvam fúteis, to-
da a sociedade brasileira estará, no futuro próximo, descomprometida com suas reais necessidades e
preocupada somente com o consumismo vazio. Nesse sentido, é interessante o poder público, por
meio da mídia, veicule propagandas durante o dia na televisão capazes de mostrar aos pais que se deve
avaliar a real necessidade da compra dos produtos para as crianças.

3) PROBLEMAS E PROPOSTAS – PARTE 1

CADA PARÁGRAFO ABAIXO APRESENTA PROBLEMAS SOCIAIS. LOCALIZE A SOLUÇÃO QUE MELHOR
SE ARTICULA AOS PROBLE-MAS APRESENTADOS.

PROBLEMAS PROPOSTAS
1 E
2 I
3 B
4 F
5 D
6 C
7 G
8 J
9 H
10 A

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CORREÇÃO – MÓDULO 4

Não estranhe de termos retornado à tese. Não esqueça que ela é a ideia mais importante do texto e merece nos-
sa atenção. Agora, faça dois rápidos exercícios e envie as respostas para mim depois:

1) Corrija a redação abaixo obedecendo aos princípios abaixo:

I. IMPESSOALIDADE - Deixe o texto em terceira pessoa, sem partícula –se.


II. REPÚDIO AO GERÚNDIO – Evite todos.
III. FORMALIDADE – repudie as construções extremamente metafóricas
IV. REPÚDIO À INTERLOCUÇÃO - Evite sempre.

REDAÇÃO COM PESSOALIDADE, GERÚNDIO, INFORMALIDADE E INTERLOCUÇÃO REDAÇÃO BOA

A nossa República Federativa do Brasil constitui-se em Estado A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Demo-
Democrático de Direito, tendo como fundamento a dignidade crático de Direito e tem como fundamento a dignidade da
da pessoa humana. Portanto, nós não devemos ser preconcei- pessoa humana. Portanto, não é razoável que o preconceito se
tuosos com as pessoas que têm algum tipo de deficiência, na mantenha em relação às pessoas que têm algum tipo de defi-
medida em que, caso essa discriminação se mantenha, nós ciência, na medida em que, caso essa discriminação se mante-
vamos cair no mesmo erro de civilizações antigas como Espar- nha, haverá reprodução de atitudes arcaizadas de civilizações
ta – partidária do infanticídio. antigas como Esparta – partidária do infanticídio.

Em primeiro plano, a gente tende a ser preconceituoso, infe- Em primeiro plano, existe, no Brasil, uma tendência ao precon-
lizmente, com todo mundo. Para nos agradar, você tem que ceito. Para que aconteça empatia, é necessário que o outro
fazer várias coisas legais pra mim e ser meu amigo. O Estatuto indivíduo tome atitudes que visem a essa finalidade e, com
da Pessoa com Deficiência, por sua vez, garante a todos um efeito, quem demonstra comportamento diverso, passa a ser
tratamento igualitário – independente de sua função social ou alvo da intolerância. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, por
poder econômico – sendo, pois, o Ministério Público compe- sua vez, garante a todos um tratamento igualitário – indepen-
tente para propor ações civis públicas em caso de descumpri- dente de sua função social ou poder econômico – e, inclusive, é
mento da lei. o Ministério Público competente para propor ações civis públi-
cas em caso de descumprimento da lei.
Deve-se, pois, ter em mente que as pessoas com deficiência
também são gente como a gente, mas nós esquecemos disso, Urge, pois, que os indivíduos compreendam que as pessoas
em virtude do caráter individualista a que nós somos submeti- com deficiência também são beneficiários da dignidade da
dos diariamente (...). pessoa humana – segundo prevê a Constituição. Entretanto,
parcela da população não aceita que esse direito seja estendi-
do àqueles que apresentam deficiências, em virtude caráter
individualista a que a sociedade contemporânea é submetida
diariamente (...).

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CORREÇÃO – MÓDULO 5

Leia as minhas duas propostas e identifique O QUÊ, QUEM e COMO:

Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro,
por meio de debates nas mídias sociais* capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as
demais.

O QUÊ  repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro
QUEM  cidadãos
COMO  por meio de debates nas mídias sociais* capazes de desconstruir a prevalência de uma religião
sobre as demais.

Ao Ministério Público, *por sua vez, promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes indivi-
dualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder
público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de Direito.

O QUÊ  promover as ações judiciais pertinentes quando houver atitudes individualistas ofensivas à diver-
sidade de crença
QUEM  Ministério Público
COMO  [por meio de] ações judiciais

Perceba que a proposta está tão detalhada que nem precisa evidenciar o COMO.
_____________________________________________________
Numere as propostas de 1 a 5 de acordo com o nível de concreticidade, sendo 1 para menos concreta e 5
para pais concreta

Marque X nas teses COM problema social explícito.

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GABARITO – REDAÇÃO NAS OBJETIVAS

Gabarito:

1-c
2-d
3-d
4-b
5-c
6-e
7-a
8-d
9-c
10 - c

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