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UNIVERDIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

HANNAH ARENDT: A CONDIÇÃO HUMANA (RESENHA)

LUZINEIDE ANDRADE

MANAUS-AM

2019
ARENDT. Hannah. A Condição Humana; tradução de Roberto Raposo, posfácio de Celso
Lafer.-10.ed.-Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

Hannah Arendt, uma das maiores filosofas e teóricas políticas do século passado em seu livro
‘’A Condição Humana “ postula e discorre sobre múltiplas alternativas a respeito da
observação do mundo, bem como dos seres sociais ou não. Compreende mais que as
condições que a vida foi dada ao ser. Traz em si a compreensão da modernidade.

A presente resenha pretende abordar as principais questões tratadas nos capítulos V e VI da


obra “A Condição Humana”, de Hannah Arendt. Nesta obra a autora busca entender quem é
o homem, e para tanto, trata da existência humana desde a Grécia Antiga até a Europa
moderna, a fim de compreender também a natureza da sociedade e sua evolução, bem como
pesquisar as origens da alienação no mundo moderno. Para tanto, ela constrói uma espécie
de ideal de homem, no conceito de vida ativa, que deu lugar a uma condição de artificialidade,
resultado de uma cultura que distanciou a natureza do homem, ou seja, uma cessão de
espaço a uma vida pública que invadiu quase que por completo a vida privada do homem,
culminando na perda da capacidade do homem de se inventar, de determinar aquilo que é
essencial para si. Assim o presente resumo busca compreender de que forma a vida pública
atualmente, na visão de Hannah Arendt, influencia na própria natureza humana, de forma a
repreendê-la, impedindo que o homem crie, se reinvente.

A diversidade humana, característica que influencia no falar e agir do homem, o permite ser
igual e diferente ao mesmo tempo. Por serem iguais, os homens compreendem-se entre si e
pensam no tempo futuro, e por serem diferentes, os homens necessitam da fala e do agir para
que possam se fazer compreender para outros homens.

Ação e fala andam juntas, visto que a ação é iniciada pela fala, e uma vez que se o homem
agisse sem a fala, seria um ser mecânico. A fala também pode ser uma atividade secundária
em outras situações, mas tem um papel muito importante na ação, uma vez que esta é
precedida por aquela.

Se o homem não se revelar a outro durante sua ação, significa que ela é somente um meio
para atingir determinado fim. Sendo assim a ação perde o seu objetivo, que é o de o homem
se fazer entender para outros.

Embora nos seja visível quem uma pessoa é, ao tentarmos exprimir essa ideia, acabamos
nos distanciando do objetivo inicial e exprimindo o que ela é, e assim perdemos o que ela tem
de único, pois verdadeiramente não a descrevemos, e sim um personagem. Isto se assemelha
ao fato de tentar definir o homem e chegar somente a respostas que exprimem o que ele é,
sendo que sua essência está em quem ele é. Esta incerteza, faz com haja barreiras entre os
negócios humanos.

Mesmo que o ato e o discurso ocorram por algum interesse, ainda assim, o homem é revelado,
uma vez que o interesse interliga as pessoas. E além de revelar as pessoas, esta ação e fala
revela alguma realidade mundana.

Dar-se o nome de teia de relações as relações não objetivas, que apesar de não
materializadas, são reais.

Os negócios humanos são baseados na teia de relações humanas e a revelação do homem


precipita-se sobre qualquer teia de relação já presente.

A teia de relações humanas tem dois aspectos, um negativo e outro positivo, o primeiro é pelo
fato da variabilidade de seu fim e vontades, que acabam entrando em conflito, fazendo com
que o agir acabe não atingindo seu alvo inicial. Mas graça a essa teia, o homem a partir do
seu agir, pode construir a sua história. Essas histórias também revelam o homem, mas este
homem não é autor nem produtor de sua própria história. Mesmo que apontemos o sujeito
responsável pelas fala e ação que dão início a uma história e por isso é personagem principal
dela, mesmo este não pode ser considerado autor do que acontece e irá acontecer. Só
conhecemos o ser humano quando ficamos cientes da história na qual ele é personagem
principal. Mas é necessário para isso conhecer sua história e a história que é dele, mas que
é contada por outro. Caso isso aconteça, estaremos diante de o que ele é e não quem ele é.
Para ser o personagem principal de uma história, o homem não precisa ter características de
um herói, basta que este participe da história. Essas qualidades estarão presentes na própria
ação e discurso dele e no fato dele interagir com o mundo e iniciar sua história. Toda história
manifesta algum acontecimento de um fato importante, que só será revelado a partir da
repetição desse fato por meio da fala e da ação. Só por meio da repetição da imitação é que
é revelada a teia de relações.

O agir e o falar existem somente fora do isolamento, pois são tangenciados pela teia de
relações. A ilusão de que exista o homem forte que não se relaciona com outros é falsa e
criada a partir do momento em que o homem se ilude imaginando que pode lidar com os
outros homens da mesma maneira que se faz com as coisas. Nos é conhecido histórias de
vários homens que eram considerados superiores a outros, mas fracassaram. Fracasso esse
atribuído a população, considerada inferior a ele.

Este superior passou a liderar e governar os demais. O que possibilitou a seguinte divisão:
Esse superior, com a função de dirigir e os demais, com a função de executar. Divisão essa
que começou pela iniciativa desse governador em se isolar por vontade própria, pois pensava
que por ser 'superior', era mais forte que os demais, não sabendo ele que sua força estava
em sua iniciativa e riscos e não na realização propriamente dita. Essa força que ele pensava
ter por estar só, na verdade advinha da força em conjunto dos demais, que ele monopolizava
e pegava para si. Dando a falsa ideia de que a força vinha dele.

A relação entre os homens é movimento, ou seja, ele não é só agente da ação como também
ser passivo. Sendo assim o agir pode possibilitar tanto a felicidade quanto a tristeza. E ação
não é um fato acabado, e sim dá sequência a outra ação, que dá sequência a outra, a outra
e assim por diante. O agir é algo que é feito pelo homem e atinge outros homens, fazendo
parte da relação entre os homens, por isso pode atingir um nível além do desejado,
transportando todas as barreiras. O homem necessita de barreiras, seja econômica, política,
de leis, entre outras, que venha a lhe assegurar estabilidade, mas as mesmas não são
totalmente seguras, o que possibilita que outrem venha a agir sobre elas e quebrá-las, daí a
importância da moderação para se respeitar o limite do outro e não o ultrapassar. Apesar
dessas barreiras, que protegem o homem, em corpo político, é necessário ter cuidado devido
sua imprevisibilidade, não apenas com relação a não se pode prever as consequências de
determinada atitude, mas também pelo fato de só se conhecer as consequências de
determinada ação somente a partir do momento em que se dá seu fim.

Na Grécia Antiga, os gregos não consideravam o ato de legislar como parte da política, já,
que era considerada como uma 'fabricação', podendo o legislador ser um estrangeiro,
enquanto para a política era permitido somente cidadãos. Já para os socráticos, a legislação
era uma atividade política.

A polis surgiu a partir do momento em que o homem percebeu que era útil viver junto e deveria
possibilitar ao homem conseguir reconhecimento e sucesso e tirar tudo o que tinha de
supérfluo na ação e na fala para que um ato pudesse trazer esse reconhecimento que ele
tanto almejava. A configuração da polis, cercada de muros, permitia que a história do homem
se concentrasse e pudesse ser vista e ouvida sempre e assim sua história permaneceria viva
para sempre.

A esfera política resulta da ação conjunta entre a fala e a ação. A polis não é o espaço físico
em si, mas o nascer do agir e falar entre as pessoas, portanto a polis está entre as pessoas,
ou seja, a ação e fala não necessitam necessariamente de um espaço físico, podendo existir
em qualquer tempo e lugar, pois a realidade do mundo só necessita que exista outros homens
para que ela possa existir também.

Já o poder, só está presente onde há uma sintonia entre discurso e ação; quando isso não
ocorre, se perde o poder e é essa perda que vem a pôr fim às comunidades políticas.
Mas a “matematificação” da física, mediante a qual o homem renunciou aos sentidos para fins
de adquirir conhecimento, teve, em seus últimos estágios, a inesperada, mas plausível
consequência de que toda pergunta que o homem faz à natureza é respondida em termos de
configurações matemáticas às quais nenhum modelo pode jamais corresponder, visto que
todo modelo teria que ser criado à imagem de nossas experiências sensoriais. (p. 300).

OBS.: É dentro desse espírito que Heisenberg diz só pode explicar a estrutura atômica em
linguagem matemática. Realmente, nada merecia menos fé para quem quisesse adquirir
conhecimento e aproximar-se da verdade que a observação passiva ou a mera contemplação.
Para que tivesse certeza, o homem tinha que verificar e, para conhecer, tinha que agir. (...)

Desde então, a verdade científica e a verdade filosófica separaram-se de vez; a verdade


científica não só não precisa ser eterna, como não precisa ser sequer compreensível ou
adequada ao raciocínio humano. (p. 303). Como no caso da linguagem matemática, conforme
Heisenberg. OS filósofos tornaram-se epistemologistas, preocupados com uma teoria global
da ciência da qual os cientistas não necessitavam (...) a filosofia sofreu mais com a
modernidade que qualquer outro campo de ocupação humana; e é difícil dizer se sofreu em
decorrência da quase elevação da atividade a uma dignidade completamente inesperada e
sem precedentes ou da perda da verdade tradicional, ou seja, do conceito de verdade que
havia por trás de toda a nossa tradição. (p. 307). A ideia de que só aquilo que vou fazer será
real – perfeitamente verdadeira e legítima na esfera da fabricação – é sempre derrotada pelo
curso real dos acontecimentos, no qual nada acontece com mais frequência que o totalmente
inesperado. (p. 313).

Portanto, se o moderno desafio à prioridade da contemplação em relação a todo tipo de


atividade não houvesse feito mais que virar de cabeça para baixo a ordem estabelecida entre
as atividades de fabricar e contemplar, a contemplação teria ainda assim permanecido na
estrutura tradicional. Esta estrutura, porém, foi completamente violada quando, no conceito
da própria fabricação, a ênfase mudou inteiramente, passando do produto e do modelo
permanente e orientador para o processo de fabricação, afastando-se da questão de “o que”
uma coisa é e de que tipo de coisa deve ser produzida para a questão de “como” e através
de que meios e processo ela veio a existir e pode ser reproduzida. Porque isto implicava, ao
mesmo tempo, que já não se acreditava que a contemplação pudesse produzir a verdade, e
que havia perdido a sua posição na própria vita activa e, consequentemente, no âmbito da
experiência humana comum. (p. 317).

O motivo pelo qual a vida se afirmou como ponto último de referência na era moderna e
permaneceu como bem supremo para a sociedade foi que a moderna inversão de posições
ocorreu dentro da textura de uma sociedade cristã, cuja crença fundamental nas sacros
santidade da vida sobrevivera à secularização e ao declínio geral da fé cristã, que nem mesmo
chegaram a abalá-la. (p. 327). Os resultados dessa inversão só podiam ser desastrosos para
a estima e a dignidade da política. A atividade política, que até então se inspirara basicamente
no desejo de imortalidade mundana, baixou agora ao nível de atividade sujeita a vicissitudes,
destinada remediar, de um lado, as consequências da natureza pecaminosa do homem, e de
outro, a atender às necessidades e interesses legítimos da vida terrena. Daí por diante,
qualquer aspiração à imortalidade só poderia ser equacionada com a vanglória; toda fama
que o mundo pudesse outorgar ao homem era ilusória, uma vez que o mundo era ainda mais
perecível que o homem, e a luta pela imortalidade humana era inútil, visto como a própria vida
era imortal. (p. 327).(...) somente quando a imortalidade da vida individual passou a ser o
credo básico da humanidade ocidental, isto é, somente com o surgimento do cristianismo, a
vida na Terra passou também a ser o bem supremo do homem.

A ênfase colocada pelo cristianismo na inviolabilidade da vida tendia a nivelar, anulando-as,


as antigas distinções e expressões da vita activa; tendia a ver o labor, o trabalho e a ação
como igualmente sujeitos às vicissitudes da vida na Terra. (...) O antigo desprezo em relação
ao escravo, menosprezado porque servia apenas às necessidades da vida e se submetia ao
domínio do amo por desejar permanecer vivo a qualquer preço, não podia de modo algum
sobreviver na era cristã. (p. 329). A única atividade que Jesus de Nazareth recomenda em
suas pregações é a ação, e a única capacidade que ele salienta é a capacidade de “fazer
milagres”. (p. 332).

A humanidade socializada é aquele estado social no qual impera somente um interesse, e o


sujeito desse interesse são as classes ou a espécie humana, mas não o homem nem os
homens. (...) O que restava era uma “força natural”, a força do próprio processo vital, ao qual
todos os homens e todas as atividades humanas estavam igualmente sujeitos (“o próprio
processo de pensar é um processo natural”) e cujo único objetivo, se é que tinha algum
objetivo, era a sobrevivência da espécie animal humana. O último estágio de uma sociedade
de operários, que é a sociedade de detentores de empregos, requer de seus membros um
funcionamento puramente automático, como se a vida individual realmente houvesse sido
afogada no processo vital da espécie, e a única decisão ativa exigida do indivíduo fosse
deixar-se levar, por assim dizer, abandonar a sua individualidade, as dores e as penas de
viver ainda sentidas individualmente, e aquiescer num tipo funcional de conduta entorpecida
e “tranquilizada”. (p. 335). Veja-se aqui a presença do raciocínio de Baudrillard.

Finalmente, a atividade de pensar – que, fiéis à tradição pré-moderna e moderna, omitimos


de nossa reconsideração da vita activa – ainda é possível, e sem dúvida ocorre, onde quer
que os homens vivam em condições de liberdade política. Infelizmente, e ao contrário do que
geralmente se supõe quanto à proverbial torre de marfim dos pensadores, nenhuma outra
capacidade humana é tão vulnerável; de fato, numa tirania, é muito mais fácil agir do que
pensar. (...) “Nunca ele está mais ativo do que quando nada faz, nunca está menos só que
quando a sós consigo mesmo.

A ação não possui fim ou finalidade. A canalização da capacidade humana de agir resulta do
processo da tentativa de suprimir a ação. A solução contra a imprevisibilidade de perdoar.
Sem a capacidade de perdão, a capacidade humana de atuar estaria enclausurada em um só
“se não fossemos perdoados, nossa capacidade de agir ficaria limitada, não estando obrigado
a cumprir com as promessas, não mentiríamos nossa identidade. “Ao contrário do perdão a
forca estabilizadora inerente a faculdade de prometer sempre foi conhecida em nossa
tradição”. A promessa vem para suprir a incapacidade de antecipar. A ação e o perdão são
considerados como uma espécie de milagres.

Arendt acaba por propor uma ampliada consideração da condição humana no que diz respeito
a modernidade, levando em consideração os fracassos e medos da humanidade. Isso e
determinado por três eventos modernos quais seja: a descoberta da América; a Reforma
Protestante e o avanço da tecnologia através da invenção do telescópio. Faz uma reflexão
sobre a proximidade do ser social com a natureza.

A alienação está dividida em duas etapas, a primeira baseada na crueldade, infortúnio e


miséria. Tendo em vista o recrudescimento do pauperismo a época. A segunda forma de
alienação exemplificada pela autora é a alienação expressada no momento em que o ser
social se converte em sujeito de nova vida, ou seja, o processo de alienação da humanidade
frente ao mundo. Levando em consideração a expropriação do homem pela terra.

A descoberta do ponto de vista arquimediano postula a representação da evolução humana,


permitindo a distinção do universo e da ciência, citando Galileu. A ciência e a natureza dividem
a linha tênue entre a era moderna e o mundo atual. Faz uma argumentação sobre descartes,
onde discorre sobre os processos que surgem da mente humana, e que estes processos
podem converte-se em objeto de pesquisa/investigação. Essa investigação consiste em
elevar a ação contemplando enquanto o estado mais elevado do ser em suas relações sociais.
O fazer e o fabricar eram pertencentes ao homo faber. A conceituação do ser é trocada pela
conceituação do processo de trabalho, desaparecendo no produto.

CRITICA PESSOAL
A obra de Hannah Arendt é imprescindível para enriquecer o saber filosófico de muitas
pessoas todos deveriam ler. Em “A Condição Humana”, ela faz um belo paralelo entre a
Grécia antiga com a modernidade como um mapa que nos faz situar em sua percepção
fazendo-nos transitar para o moderno a leitura e repleta de referência históricas para que
possamos refletir sobre um fato para que possa ser aplicado nos conhecimentos atuais.
REFERÊNCIA
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Ed. Forense
Universitária, 2000.

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