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CONTEÚDOS DE BIOQUÍMICA– Curso de ENFERMAGEM - Prof. Breno D’Oliveira


DISPONIBILIZADO PARA C.H. DA DISCIPLINA DE 51 HS/AULA - ATUALIZADO EM MARÇO DE 2018

CARBOIDRATOS

1. INTRODUÇÃO
Juntamente com lipídios e proteínas, os carboidratos tem papel
fundamental na vida dos animais e das plantas: São fonte de energia para
os seus processos metabólicos. Possuem carbono, hidrogênio, oxigênio,
às vezes fósforo e nitrogênio. São solúveis em água e com sabor doce.
Também são chamados hidratos de carbono, glicídeos ou açúcares.

2. CLASSIFICAÇÃO

Compreendem dois grupos básicos: As oses (monossacarídeos) e


os osídeos (oligossacarídeos e polissacarídeos).

3. OSES ou MONOSSACARÍDEOS

As OSES são glicídeos não hidrolisáveis, cristalizáveis, facilmente


dialisáveis, possuindo carbono, hidrogênio e oxigênio na proporção de
1:2:1. A cadeia apresenta de 3 a 7 carbonos com um grupo aldeídico - CHO
(no carbono 1), ou cetônico =CO (no carbono 2), caracterizando-as como,
aldoses e cetoses.
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As trioses são as oses mais simples. São elas o gliceraldeído (aldeído


glicérico), uma aldose e a dihidroxi cetona, uma cetose.

As tetroses não tem importância significativa no metabolismo. São


elas a eritrose, a treose (aldoses) e a eritrulose (cetose).

As pentoses de maior importância são a ribose e a desoxirribose,


integrantes de compostos chamados nucleotídeos, a serem vistos adiante.
A ribose também está presente na estrutura de certas coenzimas
importantes no metabolismo (NAD, NADP,FAD) e, especialmente, no ATP.
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As hexoses, chamadas oses fisiológicas, são as mais encontradas nos


alimentos e mais diretamente relacionadas com o metabolismo. São em
número de 16 aldoses e 8 cetoses. São exemplos a glicose e a galactose
(aldoses) e a frutose (cetose).

Algumas oses em solução, podem adquirir formas cíclicas, o que


eleva a sua solubilidade.

Algumas oses em solução, podem adquirir formas cíclicas, o que


eleva a sua solubilidade.

..................................................................................................................

Os OSÍDIOS, outro grupo dos carboidratos, são formados pela


polimerização de oses ou derivados de oses. Por hidrólise total, liberam
esses produtos. São chamados oligossacarídeos quando liberam até 10
unidades e polissacarídeos, mais de 10 unidades.
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4. OLIGOSSACARÍDEOS

Os dissacarídeos são o grupo mais importante. Sua fórmula


molecular é C12H22O11. Por hidrólise liberam duas oses.

4.1- MALTOSE- É formada por duas moléculas de glicose ligadas por


uma ligação glicosídica 1→4. é encontrada em vegetais, e tem
função energética. É também chamada de “açúcar de malte de cereais”.

4.2- LACTOSE: Açúcar dissacarídeo presente no leite e seus derivados.


É composto por dois monossacarídeos: a glicose e a galactose. No leite
humano representa cerca de 7,2% e no leite de vaca cerca de 4,7%.

4.3- SACAROSE: dissacarídeo formado pela união de uma molécula


de glicose e uma de frutose. Encontra-se em abundância na cana-de-
açúcar, frutas e na beterraba.

5. POLISSACARÍDEOS
Os polissacarídeos possuem massa molecular elevada porque sua
unidade se polimeriza “n” vezes liberando, por hidrólise total, grande
quantidade de moléculas mais simples (monossacarídeos). Os
polissacarídeos podem ser homogêneos, que liberam apenas um tipo de
mnonossacarídeo como o amido e o glicogênio ou heterogêneos que
liberam mais de um tipo de produto como o condroidin sulfato, o ácido
hialurônico e a heparina.
.
A unidade fundamental no amido e no glicogênio é glicose. Tanto
no amido como no glicogênio as unidades de glicose são polimerizadas
5

formando cadeias que, de distância em distância, se ramificam


originando polímeros semelhantes com cerca de 30 unidades glicosídicas.
A cadeia principal do amido é denominada amilose; o conjunto de
ramificações, amilopectina.

O glicogênio tem estrutura semelhante a do amido, porém suas


cadeias são de menor comprimento (10 a 20 unidades de glicose) o que
torna a molécula muito mais rica de ramificações. Armazena-se no fígado
e músculos como fonte de glicose no jejum e no exercício físico intenso.

Os polissacarídeos heterogêneos, também são chamados


mucopolissacarídeos ou glicosaminoglicanos (GAGS). Estabilizam e
suportam os componentes celulares dos tecidos como O tecido
conjuntivo, a pele, os tendões, as cartilagens, os ligamentos e a matriz
óssea.
O ácido hialurônico é um mucopolissacarídeo que constitui a
substância fundamental dos tecidos conjuntivos, nos quais exerce função
cementante, agregando as unidades celulares e as fibras do colágeno. Sua
undade repetitiva é um dissacarídeo formado por um açúcar ácido (ácido
glicurônico) e um açúcar amino (acetil-glicosamina).
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A biossíntese do ácido hialurônico está na dependência da


vitamina C alimentar e de hormônios, especialmente os corticoides. Por
essa razão, as doenças do tecido conjuntivo respondem favoravelmente
aos tratamentos de ácido ascórbico (vit.C) e de corticoides.
Algumas bactérias patogênicas, como o pneumococo, liberam uma
enzima específica –hialuronidase- que despolimeriza o ácido hialurônico,
hidrolisando as ligações glicosídicas 1-4 para facilitar sua mobilidade
através da membrana celular. Nas infecções, os tecidos afetados perdem
por este mecanismo o elemento unitivo tornando-se flácidos e sujeitos à
invasão microbiana. Também é liberada pelo acrossoma do
espermatozoide, para que este ultrapasse a corona radiata do ovócito.
O Ácido hialurônico, forma soluções altamente viscosas e claras que
também funcionam como lubrificantes nas articulações e compõem a
matriz da cartilagem e tendões, conferindo-lhes elasticidade e resistência
à tensão.
No caso do preenchimento de determinadas áreas da face com
ácido hialurônico, a administração tem o objetivo de promover
o rejuvenescimento das regiões faciais afetadas pela perda de colágeno e
hidratação, inclusive as extensões da mandíbula e queixo, que em muitos
pacientes necessitam ser delineadas para recuperar os ângulos mais
bonitos do rosto.
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unidade repetitiva do ácido hialurônico

O Concroidin Sulfato, polissacarídeo sulfatado, foi isolado de


cartilagem. Posteriormente foi encontrado também no osso do adulto e
na córnea, na pele, nas válvulas do coração e nos tendões e no cordão
umbilical. Sua unidade monomérica é constituída por ácido glicurônico ou
seu isômero idurônico e acetil galactosamina sulfatada em C-4 ou C-6.

A Heparina é também um polissacarídeo sulfatado. Possui uma


ação farmacológica atuando como medicamento anticoagulante em várias
patologias, como no tratamento da coagulação intravascular
disseminada, na prevenção do tromboembolismo e na prevenção
e tratamento da trombose venosa profunda. Encontra-se presente
nos tecidos que estão em contato com o meio externo, tais como
pulmões, pele e mucosa intestinal, ou em órgãos responsáveis
pela defesa do organismo, tais como timo e gânglios linfáticos. Ela
interage com a antitrombina(*) , formando um complexo que inativa
várias enzimas da coagulação, mais significativamente a trombina.
(*) Antitrombina (ou antitrombina III, abreviada como AT-III) é uma pequena molécula que
desativa várias enzimas da coagulação. É um inibidor da coagulação.
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6. GLICOPROTEÍNAS (Proteoglicanos)
Neste grupo se enquadram principalmente as substâncias
denominadas mucinas, produtos elaborados por células especiais, as
células mucíparas, dos epitélios de revestimento e glandulares.
Todas as secreções digestivas (saliva, suco gástrico, suco
pancreático ,bile, suco entérico) contém mucinas às quais devem sua alta
viscosidade, assim como sua ação lubrificante.
As mucinas protegem ainda a mucosa gastro-intestinal contra
enzimas e bactérias. Conjuntamente, essas macromoléculas de
glicoproteínas apresentam um aspecto mucogelatinoso que reveste
externamente a membrana plasmática, recebendo o nome de glicocálix.

. ...

Também são exemplos de glicoproteínas as imunoglobulinas


(sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B;
os plasmócitos, presentes no plasma, que atacam proteínas estranhas
ao corpo, chamadas de antígenos) e protombina ( sintetizada no fígado, na
presença de vitamina K), precursora da trombina, que ao final da cascata
da coagulação induz a formação da fibrina, além de diversas
glicoproteínas presentes nas secreções mucosas.

ASSUNTOS COMPLEMENTARES
1.-GALACTOSEMIA CLÁSSICA

A galactosemia é um erro inato do metabolismo (de característica


autossômica recessiva), caracterizado por uma inabilidade de converter
galactose em glicose de maneira normal. O resultado imediato é o
acúmulo de metabólitos da galactose no organismo, que passa a ter níveis
circulantes elevados e tóxicos principalmente para o fígado, cérebro e
olhos. A lactose é a principal fonte de galactose na dieta.
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O principal passo do metabolismo da galactose, em humanos, é a


conversão da galactose em glicose, o que requer várias etapas ( via de
Leloir). A elevação dos níveis de galactose no tecido nervoso, cristalino,
fígado e rim, bem como do seu produto de redução, o galactitol, tem
como consequências a lesão hepática, retardo mental severo e catarata.

2.- INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Durante a digestão a lactose sofre hidrólise enzimática pela lactase


(Beta-galactosidase) secretada na mucosa intestinal. E uma enzima muito
ativa na fase de amamentação, porém apenas os indivíduos de algumas
tribos africanas e norte europeus tendem a manter a atividade da lactase
intestinal na idade adulta. Os indivíduos adultos de outros grupos
humanos, orientais, árabes, judeus, a maioria dos africanos, indianos e
mediterrâneos, tem pouquíssima lactase intestinal e muitos mostram
intolerância à lactose.

É uma deficiência de natureza genética. Como a lactose não pode


ser absorvida sem ser hidrolisada em suas unidades monossacarídicas, ela
permanece no tracto intestinal das pessoas intolerantes. A ingestão em
grandes quantidades, no leite, causa diarréia, fluxo intestinal anormal e
cólicas abdominais.
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A intolerância à lactose pode ocorrer em bebês prematuros


(deficiência transitória ou congênita), deficiência secundária por cirurgia
de remoção de parte do intestino delgado e deficiência devido à lesão da
mucosa. A carência desta enzima elimina a principal fonte de galactose da
dieta.

2.- INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À FRUTOSE NAS CRIANÇAS

A frutose ou levulose é um tipo de açúcar que contém tanto na


fruta como no mel. Enquanto o açúcar de mesa é formado pela união da
glicose e frutose, a frutose em si é um monossacarídeo, por não sofrer
hidrólise. Isso significa que não tem a necessidade de ser reduzida pela
digestão e pode passar diretamente do intestino à corrente sanguínea
para finalizar o seu processo no fígado. Essa intolerância é causada por
uma deficiência de atividade da enzima frutose-1-fosfato aldolase
(aldolase b) que resulta no acúmulo de frutose-1-fosfato no fígado, rim e
intestino delgado.
Os primeiros sintomas que aparecem quando uma criança é
intolerante à frutose, depois do consumo de um alimento com esse tipo
de açúcar, são dores abdominais e vômitos.
O tratamento é basicamente preventivo. Deve-se controlar a
alimentação da criança para evitar a ingestão de frutas ou mel. Além
disso, devem evitar outro tipo de açúcares como a sacarose, por esta
conter frutose. Frutas que mais contêm frutose: maçã, pêra e caqui.
DIFERENÇA ENTRE A INTOLERÂNCIA À FRUTOSE (HFI) E A MÁ ABSORÇÃO DA FRUTOSE

A má absorção da frutose é uma doença mais comum que a


intolerância hereditária à frutose, e acontece em aproximadamente 30%
da população mundial. Nesse caso, são as células intestinais que não são
capazes de absorver de forma completa a frutose, provocando na criança
dor abdominal, gases, diarréia ou náuseas.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1. Comente a estrutura da sacarose e da lactose

2. O que são polissacarídeos homogêneos e heterogêneos ? Exemplifique.


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3. Os polissacarídeos heterogêneos, também chamados mucopolissacarídeos ou


glicosaminoglicanos possuem , na sua maioria, uma unidade monomérica
dissacarídica. Exemplifique.

4.- Cite a importância do ácido hialurônico no tecido conjuntivo e as alterações que


podem ocorrer por ocasião de infecções instaladas nesse tecido.

5. Qual o tratamento indicado para a regressão das doenças que afetam a resistência
do tecido conjuntivo? Em que se baseia desse tratamento ?

6.- Comente a importância farmacológica da HEPARINA.

7.- O que ocasiona a “galactosemia clássica” e quais as consequência desse distúrbio ?

8.- Em que consiste a intolerância à lactose e quais são os seus principais sintomas ?

9.- Qual e causa da “ lntolerância à Lactose” ? Que consequências ela traz para o
indivíduo ?

10.- Qual a diferença entre intolerância e má absorção da frutose ?

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LIPÍDEOS
1.- CONSIDERAÇÕES GERAIS-

Os lipídeos se caracterizam por sua solubilidade em solventes


orgânicos. Possuem carbono, hidrogênio e oxigênio, às vezes fósforo e
nitrogênio. A grande maioria possui pelo menos uma molécula de
ácido graxo. Sua principal função é energética. Também atuam como
isolantes térmicos, protetores traumáticos e fazem parte das membranas
celulares. Alguns hormônios e vitaminas se incluem no grupo dos lipídeos.

2.- ÁCIDOS GRAXOS

Os ácidos carboxílicos encontrados nos lipídeos levam o nome de


ÁCIDOS GRAXOS. Raramente existem livres na natureza. No organismo,são
encontrados livres, porém associados com albumina no plasma
sanguíneo. Geralmente são acíclicos, não ramificados, com número par
de átomos de carbono. São inferiores com até 10 carbonos .
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Em geral, são combinados com álcoois sob forma de ésteres . Podem ser
saturados ou insaturados.
São exemplos de inferiores os ácidos butírico, capróico, caprílico e
cáprico, saturados, com 4, 6, 8 e 10 carbonos respectivamente.
São superiores Palmitico (C-16), esteárico (C-18) , oleico (C-18),
palmitolêico (C-16), linolêico (C-18), linolênico (C-18) etc. Os dois
primeiros, que são saturados, apresentam menor solubilidade e maior
ponto de fusão. Os insaturados são mais solúveis, bem como os de cadeia
curta.

Nas gorduras animais predominam ácidos graxos superiores


saturados, enquanto que nas gorduras vegetais , geralmente óleos,
predominam os insaturados. Exceção ocorre na gordura de côco e na
manteiga de cacau.

3.- CLASSIFICAÇÃO
3.1- GLICERÍDEOS OU ACILGLICERÓIS

Os triacilgliceróis (triglicerídeos) constituem os lipídeos


predominantes das gorduras naturais animais e vegetais. Nos animais
encontram-se em todas as células, particularmente como reserva de
energia no tecido adiposo. Quimicamente são ésteres do glicerol com 1, 2
ou 3 ácidos graxos, respectivamente mono, di e tri acilgliceróis (ou mono,
di e triglicerídeos).
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Os triacilgliceróis (triglicerídeos) constituem os lipídeos


predominantes e característicos das gorduras naturais animais e vegetais.
Nos animais encontram-se em todas as células, particularmente como
lipídios de reserva no tecido adiposo, prontas para a mobilização quando
são requeridas como combustível.

3.2- FOSFOLIPÍDIOS
Servem primariamente como elementos estruturais das membranas
e não são armazenados em grandes quantidades.

Este grupo de lipídios contém fósforo na forma de grupos do ácido fosfórico.

Os fosfolipídeos mais abundantes são a fosfatidil etanolamina


(cefalina) e fosfatidil colina (lecitina). A cefalina e a lecitina estão
intimamente relacionadas, contendo respectivamente os álcoois
etanolamina (colamina) e trimetiletanoilamina (colina).
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CH2-00C-R CH2-00C-R
| |
R-C00-CH CEFALINA R-C00-CH LECITINA
| |
+ +
CH2-0-[P]-0-CH2-CH2-NH3 CH2-0-[P]-0-CH2-CH2-N-(CH3)3
[ETANOLAMINA (COLAMINA] [TRIMETIL ETANOLAMINA ( COLINA]

3.3- ESFINGOLIPÍDIOS

Constituem a segunda grande classe dos lipídios de membranas.


Contém um álcool superior aminado na molécula, o esfingosinol.
CH3-(CH2)12-CH=CH-CH-0H CH3-(CH2)12-CH=CH-CH-0H
| |
HC-NH-NH2 + HOOC-R -------→ HC-NH-OC-R + H20
| |
CH2-0H CH2-0H
ESFINGOSINOL CERAMIDA

Os esfingolipídios abrangem as esfingomielinas, os cerebrosídeos e


os gangliosídeos, contendo respectivamente colina fosfato, uma ose
(glicose ou galactose) ou um oligossacarídeo ligado à ceramida.
As esfingomielinas estão presentes na maioria das membranas das
células animais; a bainha de mielina envoltória de certas células nervosas
é muito rica de esfingomielina.
CH3-(CH2)12-CH=CH-CH-0H
|
HC-NH-NH2
|
CH2-0-[colina fosfato]
Os cerebrosídios encontram-se em tecidos não neurais como fígado
e nas membranas celulares do cérebro. Possue glicose ou galactose em
lugar da colina fosfato na representação estrutural acima.

CH3-(CH2)12-CH=CH-CH-0H
|
HC-NH-NH2
|
CH2-0-[glicose ou galactose]

Os gangliosídios são encontrados primariamente nas células do


sistema nervoso central, particularmente nas extremidades nervosas.
Possui um pequeno oligossacarídeo no carbono terminal da ceramida.

CH3-(CH2)12-CH=CH-CH-0H
|
15

HC-NH-NH2
|
CH2-0-[oligossacarídeo]
3.4- ISOPRENÓIDES

Os representantes deste grupo podem ser considerados como


polímeros de unidades isoprênicas. O isopreno (2-metilbutadieno) é um
hidrocarboneto acíclico, insaturado, de cinco átomos de carbono.

Os isoprenóides se dividem em acíclicos e cíclicos.

Os acíclicos, terpenos, encontram-se como componentes de


muitos óleos essenciais extraídos de produtos vegetais, como o citronelol,
(óleos de rosa), o geranioL, (óleo de gerânio), o citral, importante matéria
prima para a síntese de vit. A. Além dessa, as vitaminas K e E também são
terpenos.

Os cíclicos, esteróides são amplamente distribuídos nos


organismos vivos e incluem alguns hormônios, a vitamina D e os esteróis,
como o colesterol e hormônios. Possuem o anel básico
ciclopentanoperidrofenantreno
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A vitamina D é um esteroide lipossolúvel essencial para o corpo


humano. É necessária para a manutenção do tecido ósseo, e também
influencia consideravelmente no sistema imunológico.

O colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa, usualmente


considerado um esteroide, encontrado nas membranas celulares e
transportado no plasma sanguíneo de todos os animais.
É um componente essencial das membranas celulares dos
mamíferos. É o principal esterol sintetizado pelos animais, sendo apenas
uma pequena parte adquirida pela dieta.
É necessário para construir e manter as membranas celulares;
participa na fabricação da bílis; é o principal precursor da vitamina D e
de vários hormônios esteróides que incluem o cortisol e a aldosterona nas
glândulas supra-renais, e os hormônios sexuais progesterona, os diversos
estrógenos, testosterona e derivados.
Terapeuticamente, os corticosteroides são utilizados como
imunossupressores no tratamento de doenças autoimunes e na cirurgia
de transplantes.

A quantidade média de colesterol no sangue varia com a idade,


tipicamente aumentando gradualmente até a pessoa chegar aos sessenta
anos de idade.
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O termo hipercolesterolemia refere-se a níveis aumentados de


colesterol na corrente sanguínea, que é a principal causa de doença
coronariana cardíaca e outras formas de cardiopatias.

ASSUNTOS COMPLEMENTARES

1. - LIPÍDIOS NA DIETA

Necessidades diárias: Deve-se ingerir uma grama de gordura por quilo de


peso, no mínimo. Em relação ao valor calórico total da dieta, cerca de 25 a
35% das calorias devem ser de fontes lipídicas.

Fontes alimentares:

Origem animal: creme de leite, manteiga, toucinho, banha, óleo de fígado


de bacalhau, leite integral, queijos, carnes, gema do ovo, etc.

Origem vegetal: margarina, gordura hidrogenada, óleos (milho, soja, oliva,


algodão e outros), azeitona, chocolate, abacate, nozes, castanhas, coco,
etc.

2- O METABOLISMO DOS LIPÍDIOS ESTÁ SUJEITO A DEFEITOS GENÉTICOS

Todos os lipídios polares da membrana sofrem constante renovação


metabólica, num estado de equilíbrio dinâmico, onde a velocidade da sua
síntese é equilibrada por igual velocidade de degradação, promovida por
enzimas hidrolíticas, cada uma capaz de hidrolisar uma ligação covalente
específica. Assim, a degradação da fosfatidilcolina ocorre pela ação de
várias fosfolipases diferentes. O metabolismo dos esfingolipídios de
membrana, que incluem a esfingomielina, os cerebrosídios e os
gangliosídios, é particularmente suscetível a defeitos genéticos das
enzimas envolvidas na sua degradação. Em consequência, os
esfingolipídios ou seus produtos de degradação parciais se acumulam em
grandes quantidades nos tecidos, pois sua síntese é de velocidade normal
mas sua degradação é interrompida. Por ex., na anormalidade genética
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rara chamada de doença de Niemann-Pick, a esfingomielina se acumula no


cérebro, baço e fígado, por uma deficiência genética na degradação da
esfingomielina pela enzima esfingomielinase, que cliva a fosfocolina a
partir da esfingomielina. A doença torna-se evidente primeiro nas crianças
e provoca retardo mental e morte precoce.
Muito mais comum é a doença de Tay-Sachs, onde um tipo
específico de gangliosídeo se acumula no cérebro e baço devido à falta da
enzima lisossômica N-acetil hexoaminidase, que hidrolisa uma ligação
específica entre a N-acetil-D-galactosamina e um resíduo específico de D-
galactose na cabeça polar do gangliosídio. Como consequência, grandes
quantidades do gangliosídeo parcialmente degradado se acumulam,
causando a degeneração do sistema nervoso e levando ao retardo mental,
à cegueira e à morte precoce.
Pelo fato da doença ser irreversível e requerer cuidados
institucionais totais, o aconselhamento genético dos pais torna-se
importante pela advertência de suas consequências. Tem sido propostos
testes para determinar a incidência dos genes recessivos nos pais
presumíveis.
Testes no feto também podem ser feitos durante a gravidez pela
colheita do fluido amniótico, conhecida como amniocentese.
Outro exemplo de doença lisossômica é a síndome de Hurler ou
gargolismo, onde uma enzima que participa na degradação da porção de
ácido mucopolissacarídeo dos proteoglicanos está defeituosa e produtos
de degradação parcial se acumulam. Crianças com esta doença
desenvolvem feições faciais grosseiras, dobras espessas na pele, que é rica
em proteoglicanos, retardo mental e cegueira. A morte precoce é
inevitável.
Muitas pesquisas são realizadas para corrigir deficiências genéticas
das enzimas lisossômicas por meio da engenharia bioquímica. O principal
objetivo é substituir a enzima defeituosa pela sua forma normal,
cataliticamente ativa. Entretanto grandes dificuldades são encontradas
para essa substituição. Uma outra abordagem é introduzir o gene ativo
normal da enzima defeituosa nos cromossomas das células, de tal forma
que elas possam sintetizar a enzima ativa normal, a partir da informação
fornecida pelo gene e direcionar a nova enzima para dentro do lisossomo.
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3. OBESIDADE (Compilado de FUNDAMENTOS PARA AS CIÊNCIAS BIOMÉDICAS –


Isaias RAW & outros)

Se definirmos como obesa a pessoa cujo peso corporal apresenta


mais de 25% de gordura no homem e 30% na mulher adulta, uma grande
parte da população de classe média é obesa. Este é um problema
primordial de saúde, tendo se calculado que as pessoas obesas têm uma
probabilidade aumentada em 400% de ter diabete e uma incidência
aumentada em 200-250% de apendicite, cirrose do fígado, cálculos
biliares, hipertensão e nefrite crônica, um aumento de 150% em moléstias
cardiovasculares, hemorragias cerebrais, e câncer do fígado e da vesícula
biliar. Um excesso de peso de 15-24% aumenta a taxa de mortalidade em
44%, e um excesso acima de 25% eleva essa taxa para 74%.

Independente de sua natureza, a obesidade provém de um


desequilíbrio entre a ingestão e o consumo de calorias. Num único ano,
um adulto médio ingere cerca de um milhão de quilocalorias. Se a
entrada superar somente em 1% a demanda energética (o que equivale a
dois refrigerantes por dia), o resultado será de cerca de 1 quilo de gordura
depositada por mês. Um quilo de gordura, 9.000 kcal, pode fornecer toda
a demanda de energia para uns 4 dias. Para consumir essa quantidade de
energia armazenada apenas através de mais trabalho, serão necessárias
150 horas de exercício intenso.

Ao pesquisar a etiologia da obesidade, deve-se levar em conta a


regulação da ingestão aumentada de alimentos. Há evidências de que
existem mecanismos que regulam, a longo e a curto prazo, a ingestão de
alimentos. Acreditava-se que a sensação de saciedade se originava no
estômago. Apesar de o estomago ter sensores para a distensão e para a
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pressão osmótica,a sua desnervação total não provoca modificações


sensíveis na ingestão de alimentos, e pacientes com gastrectomia total
continuam a sentir fome e saciedade. Quando ratos são alimentados com
dietas contendo quantidades variáveis de celulose ou qualquer outro
suplemento não nutritivo, ingerem mais alimento para compensar a
diluição calórica, mostrando que a saciedade imediata não depende do
volume de alimento..

4. – GORDURA TRANS

A Gordura trans é um tipo especial de gordura formada a partir


de um processo químico que torna óleos de origem vegetal líquidos em
gordura semi-sólida (hidrogenação da gordura). O que acontece é que
durante esse processo, em que se transforma ácido graxo
insaturado Cis em ácido graxo trans, as moléculas de gordura são
rearranjadas estruturalmente, ou seja, o óleo "bom" tem seus átomos
dispostos paralelamente, já na gordura trans os átomos estão dispostos na
transversal (daí o nome da gordura). Esse processo de troca, na
hidrogenação, é chamado isomerização cis- trans. Assim como é possível
ver na imagem abaixo, a formação do isômero trans acontece quando (em
relação a dupla ligação) um dos átomos de hidrogênio permanece ligado a
molécula da mesma forma que na conformação cis, e o outro átomo é
retirado da posição inicial, e é aí que está o perigo, pois essa nova
conformação é mais rígida e termodinamicamente mais estável.
Por essas características na sua conformação, a gordura trans não é
sintetizada pelo organismo, e com a sua ingestão fica muito mais fácil o
acúmulo de LDL- colesterol nas paredes das artérias e há também a
redução do HDL.
A gordura trans apenas foi inventada para que os alimentos
ficassem mais saborosos e para que pudessem ser conservados por mais
tempo, porém, não é difícil saber que os malefícios que ela traz a saúde
são muitos. Ela também é responsável pela produção de gordura visceral,
que se acumula na região pélvica ocasionando uma série de doenças
graves (diabete, colesterol alto, hipertensão etc.).
21

Tais problemas aumentam a chance de doenças cardiovasculares e


também do AVC. Outro grave efeito é a inibição da atividade de enzimas
que catalisam a desidrogenação de ácidos graxos que trabalham
biossinteticamente nos ácidos graxos fundamentais ao metabolismo, tal
efeito pode interferir no desenvolvimento infantil já que esses ácidos são
transferidos pelo leite materno e até mesmo pela placenta.
Em 2006, a ANVISA determinou que em todos os produtos
industrializados devem conter a informação sobre a quantidade dessa
gordura(gramas presentes por porção do alimento), assim fica mais fácil
saber se um alimento é rico ou não em gordura trans, facilitando a
possibilidade de escolhas mais saudáveis, pois não há nenhum benefício
nutricional aparente com a ingestão da mesma.

5 – ÁCIDOS GRAXOS POLINSATURADOS ÔMEGA 3 E ÔMEGA 6

Os ácidos graxos poliinsaturados exercem inúmeros benefícios à


saúde. Os mais conhecidos são o ômega 3 (ω-3), o ômega 6 (ω-6) e o
ômega 9 (ω-9) que, em quantidades adequadas, desempenham papel
importante na prevenção de doenças cardiovasculares, doenças
inflamatórias, desenvolvimento neural, trombose, câncer e melhora na
imunidade.

Esses ácidos abrangem as categorias de ácidos graxos


poliinsaturados. Os ácidos graxos de cadeia longa, como os ácidos
araquidônico (AA- C19H31-COOH) e docosahexaenoico -ADH-( C21H31-
COOH), desempenham funções importantes no desenvolvimento e
funcionamento do cérebro e da retina.
22

ADH

Esse grupo de ácidos graxos não pode ser obtido pela síntese, mas pode
ser obtido a partir dos ácidos linoleico (C17H31-COOH) e linolênico (C17H29-
COOH) presentes na dieta. Os ácidos linoléico e linolênico. são necessários
para manter sob condições normais, as membranas celulares, as funções
cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos. Esses ácidos são
considerados essenciais por não serem sintetizados pelo organismo.

Nos óleos vegetais, a maior concentração do ácido alfa-linolênico


ocorre no óleo de linhaça, sendo que os óleos de canola e soja também
apresentam concentrações significativas. Assim, a razão entre a ingestão
diária de alimentos fontes de ácidos graxos n-6 e n-3 assume grande
importância na nutrição humana, resultando em várias recomendações
que têm sido estabelecidas por autores e órgãos de saúde, em vários
países do mundo.
23

Autores consultados:: Bioquímica Ilustrada (Pâmela Champ - Richard Harvey); BioquímicaFundamental (Renato
Dutra Dias & Clovis); Princípios de Bioquímica (Lehninger); Bioquímica (Bacila). Pesquisa em artigos de rede
aberta

QUESTIONÁRIO PARA ESTUDO

1. Cite as principais funções dos lipídos.


2. Como são constituídos os triacilgliceróis e qual a sua principal importância ?
3. Onde são encontrados os fosfolipídios de um modo geral ? Quais os principais
representantes ?
4. Qual o nome dos grupos de lipídios derivados da ceramida e qual a
particularidade estrutural de cada um deles ?
5. Quais as indicações clínicas para tratamento com corticosteroides e que efeitos
colaterais podem provocar quando utilizados em quantidades excessivas ?
6. O que significa hipercolesterolemia e quais as suas consequências primárias ?
Quais hábitos alimentares devem ser evitados para o surgimento dessa
condição?
7. Qual o processo químico pelo qual a gordura trans é produzida ?
8. ? Qual a importância dos ácidos linolêico e linolênico ao organismo e porque
são considerados ácidos graxos essenciais ?
9. Independentemente da natureza, quais os fatores básicos que determinam a
obesidade ?
10. Qual a relação entre o volume de gordura (em pêso) e o suprimento calórico
que esta massa pode proporcionar a uma pessoa ?
11.
24

AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS
1.- INTRODUÇÃO

As proteínas desempenham uma variedade de funções como a


hemoglobina, como os catalisadores (enzimas), como componentes
estruturais (colágeno nos ossos e tendões), nas atividades mecânicas
(miosina do músculo), ou coordenando a função dos órgãos (hormônios)
ou como defesa do organismo (imunoglobulinas do sangue).
Quimicamente são polímeros de pequenas unidades, os aminoácidos ,
unidos entre sí por ligações covalentes.

Os aminoácidos são compostos de função mista, amina (-NH2) e


ácida (-COOH) .Estes grupamentos estão ligados a um carbono ao qual
também se liga um radical orgânico (-R) e um átomo de hidrogênio.

Os aminoácidos podem formar cadeias através de ligação entre seus


grupos carboxila e amino, formando peptídeos.

----- >

A ligação que polimeriza aminoácidos ,–CO-NH- é chamada de


LIGAÇÃO PEPTÍDICA.

Embora mais de 300 aminoácidos tenham sido descritos na


natureza, somente 20 são encontrados nas proteínas dos mamíferos.
25

2.- CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS:

Quanto às necessidades nutritivas, classificam-se em essenciais e não


essenciais, conforme a capacidade de serem produzidos no organismo (às
custas de carbono e nitrogênio) ou não.

3.- PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS AMINOÁCIDOS

Com exceção da glicina, todos os aminoácidos podem pertencer a


duas séries: D ou L. sendo que os aminoácidos naturais dos mamíferos são
da séri
26

4.- AMINOÁCIDOS COMO ELETRÓLITOS

Quando um aminoácido é colocado em solução aquosa, sua


carboxila (-COOH) dissocia um próton (H+) tornando-se aniônica (-COO-),
enquanto seu grupo amino (-NH2) capta um próton (H+), tornando-se
catiônico(-NH3+), o que caracteriza-o como um íon dipolar ou anfótero.

5.- AMINOÁCIDOS COMO TAMPÕES

Por ação TAMPÃO ou ‘’BUFFER’’ entende-se a capacidade de uma


solução em resistir a variações acentuadas de pH apesar da adição
limitada de um ácido ou de uma base. As substâncias responsáveis por
este efeito, levam a denominação de “tampões”. As propriedades dessas
substâncias tem grande importância não só em laboratório, como
também nos organismos vivos.

Curva de titulação do aminoácido alanina. Explicações em sala de aula.


Valores de Pks: pK1 = 2,35; pK2 = 9,87;
pI = 6,11
27

6.- PEPTÍDEOS

São cadeias compostas por dois ou mais aminoácidos unidos por


ligações peptídicas. Assim quando forem dois aminoácidos será um
dipeptídeo; tres, tripeptídeo, etc.; até 20 aminoácidos unidos por ligação
peptídica considera-se oligopeptídeo; além disso são polipeptídeos.
São exemplos de oligopeptídeos o aspartame (cerca de 200 vezes mais
doce que a sacarose, substitui esse açúcar em diabéticos ou no
tratamento da obesidade. Todavia, sua utilização é contraindicada a
pessoas com fenilcetonúria.

A glutationa reduzida é um tripeptídeo formado por glutamato,


cisteína e glicina, substrato fornecedor de hidrogênios para a enzima
glutationa- peroxidase que reduz peróxido de hidrogênio à água,
protegendo assim o eritrócito contra os efeitos tóxicos e oxidantes desse
composto.
GLU GLU GLU GLU
| | -2H + 2e | |
CIS-SH + HS-CIS < ============= > CIS-S-S-CIS
| | +2H +2e | |
GLI GLI GLI GLI

GLUTATIONA REDUZIDA GLUTATIONA OXIDADA

Outros oligopeptídeos são a angiotensina, substância


vasoconstritora e hipertensiva e a bradicina, hipotensor e estimulante da
musculatura lisa.
28

As proteínas são peptídeos com um grande número de unidades


polimerizadas por ligações peptídicas (polipeptídeos).

De acordo com a funcionalidade, podemos classificar as proteínas em:

Enzimas – ex. Ribonuclease e tripsina.


Proteínas transportadoras – ex: Hemoglobina, albumina do soro,
Proteínas nutritivas e de reserva – ex: caseína (leite), ferritina (sangue).
Proteínas contráteis ou de movimento – ex. Actina, miosina, tubulina.
Proteínas estruturais- ex. Queratina, fibroína, colágeno, elastina,
Proteínas de defesa –ex. Anticorpos, fibrinogênio, trombina.
Proteínas reguladoras – ex. Insulina.

Quanto à conformação, as proteínas se dividem em dois grupos:


Fibrosas e globulares.

NAS PROTEÍNAS FIBROSAS ocorrem cadeias alongadas e


filamentosas, unidas por vários tipos de ligações dando estruturas estáveis
e insolúveis, como na queratina, na miosina e no colágeno. Devido à
firmeza do enrolamento da tripla hélice do colágeno e de suas
interligações, ele não tem capacidade de distender-se. Tendões,
ligamentos, cartilagens e a matriz orgânica dos ossos são seus locais de
maior ocorrência.

colágeno

Os músculos esqueléticos, assim como muitas células não


musculares, contêm duas proteínas que formam estruturas fibrilares ou
filamentosas características- a miosina e a actina. Elas não tem função
biológica estrutural, contudo participam da atividade contrátil.
29

NAS PROTEÍNAS GLOBULARES a cadeia polipeptídica dobra-se várias


vezes, resultando em uma estrutura globular compacta. Elas tem
conformação mais complexa, com uma variedade de funções biológicas
muito maior e atividades mais dinâmicas que estáticas. Quase todas as
enzimas conhecidas são globulares. Outras funcionam como
transportadoras de oxigênio (hemeproteínas), de nutrientes e de íons no
sangue; algumas são ainda anticorpos e hormônios.

A hemoglobina é encontrada exclusivamente em eritrócitos, onde


sua principal função é o transporte de oxigênio dos pulmões aos capilares
dos tecidos. É composta de quatro cadeias polipeptídicas -duas cadeias
alfa e duas beta (dois pares) mantidas unidas por ligações não covalentes,
caracterizada como estrutura quaternária (a ser vista mais adiante).

mioglobina e hemoglobina

A mioglobina, proteína presente no coração e músculo esquelético,


funciona tanto quanto reservatório como transportador de oxigênio,
aumentando a velocidade de transporte dentro da célula muscular. A
mioglobina consiste em uma única cadeia polipeptídica estruturalmente
similar às cadeias da molécula da hemoglobina. Ela é particularmente
30

abundante nos músculos dos mamíferos marinhos como a baleia, a foca e


o golfinho, capazes de mergulhar longa e profundamente, liberando o O2 a
medida que o tecido entra em hipóxia. A hemoglobina e a mioglobina são
chamadas hemeproteínas por conterem o grupo prostético heme,
portador do íon Fe++, encarregado do armazenamento de oxigênio.
7.- PROTEÍNAS SIMPLES E PROTEÍNAS CONJUGADAS

As albuminas, as globulinas, as histonas, as enzimas e outras,


contém apenas aminoácidos e nenhum outro grupo químico sendo, por
isso, chamadas de proteínas simples. Entretanto, outras proteínas
apresentam diferentes componentes químicos ligados aos aminoácidos,
sendo chamadas proteínas conjugadas.

A porção não constituída por aminoácidos de uma proteína


conjugada é usualmente chamada de grupo prostético.

As proteínas conjugadas são classificadas pela natureza de seus


grupos prostéticos em glicoproteínas, lipoproteínas e metaloproteínas.

As glicoproteínas contêm cadeias de oligossacarídeos


covalentemente ligados a cadeias laterais de polipeptídeos. A glicoforina,
encontrada na membrana dos eritrócitos, contém mais de 20 % de
carboidratos, enquanto a mucina, proteína gástrica humana, contém mais
de 60 % de carboidratos.

As lipoproteínas consistem em um conjunto composto por proteínas


e lipídeos, organizados de modo a facilitar o transporte dos lipídeos pelo
plasma sanguíneo.
31

As metaloproteínas contendo ferro constituem o grupo mais


característico. O exemplo clássico é a hemoglobina contendo um grupo
prostético (heme) que consiste de um átomo de ferro situado no centro
de um anel chamado porfirina. O átomo de ferro ferroso [Fe2+] exerce a
função de ligação com o oxigênio. A hemoglobina possui quatro grupos
heme

8.- ESTRUTURAS DAS PROTEÍNAS

Os aminoácidos encontrados nas proteínas estão ligados entre sí


por ligações peptídicas. A complexidade da estrutura proteica é analisada
considerando-se quatro níveis organizacionais: primário, secundário,
terciário e quaternário.

A sequência de aminoácidos é denominada estrutura primária da


proteína. A compreensão da estrutura primária das proteínas é
importante, pois muitas doenças genéticas resultam de proteínas com
sequências anormais de aminoácidos.
32

Estrutura secundária:

A cadeia polipeptídica forma disposições de aminoácidos que estão


localizados próximos uns aos outros em sequência linear. Esses arranjos
são denominados estrutura secundária da proteína. A alfa hélices e beta
lâminas são exemplos de estruturas secundárias frequentemente
encontradas nos polipeptídeos.

A alfa hélice é uma estrutura espiral com as cadeias laterais dos


aminoácidos estendendo-se para fora do eixo central. As queratinas são
proteínas fibrosas cuja estrutura é quase totalmente constituída de alfa
hélices. Elas são componentes de tecidos como o cabelo e a pele. A
conformação é mantida por pontes de hidrogênio, distantes três a quatro
resíduos de aminoácidos.

Representação das estruturas em α hélice e β lâmina (pregueada ou “ plissada”).


33

Na beta lâmina (beta estrutura ou pregueada) todos os


componentes estão envolvidos nas pontes de hidrogênio. As superfícies
das beta lâminas parecem “dobradas”, e frequentemente denominadas
“beta dobraduras”. A fibroína da seda , apresenta beta-lâmina. Também,
a imunoglobulina, tem predomínio deste tipo de estrutura.

A estrutura terciária, apresentada pelas proteínas globulares,


confere maior estabilidade à molécula, devido a interação de
grupamentos das cadeias laterais dos aminoácidos, propiciando deste
modo o enovelamento da cadeia peptídica. A estabilidade é mantida por
pontes de hidrogênio entre os grupos –R, por interações hidrofóbicas
(não polares), por ligações iônicas entre grupos carregados positiva e
negativamente e por ligações covalentes do tipo dissulfeto (S-S). A
molécula da mioglobina constitui-se de uma cadeia dobrada de maneira
terciária, semelhante às unidades que compõe a estrutura quaternária da
hemoglobina.

A estrutura quaternária refere-se à associação de cadeias


polipeptídicas terciárias de uma mesma proteína. Esta associação
envolve interações não covalentes, principalmente do tipo hidrofóbico,
entre as cadeias polipeptídicas.
34

As modificações da estrutura quaternária da proteínas globular,


constitui-se num importante mecanismo regulatório de sua função
biológica, especialmente na atividade de algumas enzimas.
9.- DESNATURAÇÃO DAS PROTEÍNAS

Quando aquecidas, expostas a extremos de pH ou tratadas com certos


solventes, as proteínas globulares tornam-se insolúveis e perdem sua
atividade biológica sem sofrer alterações na cadeia polipeptídica. Este
processo, chamado desnaturação, é devido ao desenrolamento da cadeia
polipeptídica pelo rompimento das pontes de hidrogênio que mantém a
estabilização da estrutura tridimensional, com grande aumento de
entropia (desorganização molecular).

Nas proteínas enzimáticas ocorre a perda do poder catalítico; na


hemoglobina verifica-se a perda da capacidade de fixação do oxigênio.
A coagulação irreversível da albumina de ovo pelo calor é um exemplo
bem visível.

Algumas proteínas são capazes de se redobrarem espontaneamente


depois da desnaturação. Por exemplo, a ribonuclease A se renatura com
a remoção gradual do agente desnaturante. Outras proteínas mantêm
capacidades variáveis de renaturação, dependendo da extensão da
desnaturação ocorrida.
10.- HORMÔNIOS PEPTÍDICOS

A integração do metabolismo energético é controlada


primariamente pelas ações dos hormônios, alguns deles, como a insulina,
o glucagon, a secretina e colecistoquinina, a prolactina e outros,
pertencentes ao grupo dos hormônios nitrogenados, proteicos ou
35

peptídicos, pela estrutura que apresentam, característica desses


compostos.

11.- ASSUNTOS COMPLEMENTARES

11.1. ASPARTAME, O PEPTÍDEO DOCE

O dipeptídeo L-aspartil-L-fenilalanina tem uma considerável importância


comercial. O Resíduo de aspartil te um grupo alfa amina livre, o final N-terminal da
molécula, e o resíduo da fenilalanina tem um grupo carboxila livre, o final C-terminal.
Esse dipeptídeo é mais ou menos 200 vezes mais doce que o açúcar. Um éster metil
derivado desse dipeptídeo é de importância comercial bem maior do que o próprio
peptídeo. O derivado tem um grupo metila no final C-terminal, em uma ligação éster
ao grupo carboxila. Esse derivado é chamado de aspartame e é comercializado como
um substituto do açúcar sob a marca registrada NutraSweet.

O consumo de açúcar comum nos Estados Unidos é de aproximadamente


45,359 Kg por indivíduo por ano. Muitas pessoas gostariam de reduzir a quantidade de
açúcar ingerida como uma maneira de evitar a obesidade. Outros indivíduos precisam
limitar a ingestão de açúcar por causa da diabete.

Uma das maneiras mais comuns de fazê-lo é ingerir bebias dietéticas. A


indústria de refrigerantes é um dos maiores mercados do aspartame. O uso desse
adoçante foi aprovado pelo U.S. Food and Drug Administration, em 1981, depois de
extensivos testes, embora ainda haja controvérsias consideráveis sobre a sua
segurança.

Refrigerantes adoçados com aspartame trazem no rótulo recomendações sobre


a presença da fenilalanina. Essa informação é de importância vital para as pessoas que
tem fenilcetonúria, uma doença genética do metabolismo da fenilalanina. Observe que
os dois aminoácidos tem a configuração L.

Se um aminoácido D for substituído por um dos aminoácidos ou por ambos, o


derivado resultante terá um sabor amargo em vez de doce. Um substituto para o
aspartame, o qual leva o nome de Alatame, contém alanina em vez de fenilalanina. Ele
foi desenvolvido para oferecer os benefícios do aspartame sem os perigos associados à
fenilalanina

11.2.- FENILCETONÚRIA

A fenilcetonúria é uma doença relacionada a uma alteração genética rara


(herdada) que envolve o metabolismo de proteínas. Em geral, quando uma pessoa
ingere alimentos que contêm proteína, as enzimas quebram estas proteínas em
aminoácidos, que são peças que irão formar as proteínas, importantes ao nosso corpo,
36

participando do processo normal de crescimento. Uma pessoa com fenilcetonúria não


tem a quantidade normal de uma enzima específica (fenilalanina hidroxilase hepática)
para quebrar o aminoácido fenilalanina.

Por isso, qualquer fonte que contenha fenilalanina não pode ser digerida
corretamente e ela se acumula no organismo, causando problemas no cérebro e em
outros órgãos.

Ainda não se tem a cura medicamentosa, mas é possível tratar a fenilcetonúria


desde que o diagnóstico seja feito precocemente, evitando-se graves conseqüências
no desenvolvimento do sistema nervoso central.

A fenilcetonúria afeta aproximadamente 1 em cada 12.000 recém-nascidos no


Brasil. As crianças com fenilcetonúria não têm diferenças das outras nos primeiros
meses de vida. No entanto, se não tratadas, começam a ficar menos ativas e apáticas,
mostrando pequeno interesse em tudo ao seu redor, por volta do 3° ao 6° mês de vida,
caracterizando o retardo mental. Ao final do 1° ano de vida, já se observa as alterações
neurológicas e atrasos severos no desenvolvimento.

A doença se manifesta, ainda, através de outros sintomas, tais como, irritabilidade,


rigidez muscular, ansiedade e até ataques epiléticos, embora o retardo mental seja a
conseqüência mais séria. As crianças têm níveis mais baixos de melanina, a substância
que dá cor a cabelo e à pele. Isso porque quando a fenilalanina é quebrada, um de
seus produtos é usado para fazer melanina.

Como resultado, crianças com fenilcetonúria terão freqüentemente pele pálida,


cabelos loiros e olhos azuis. Descamação da pele (pele seca), eczema e um cheiro de
mofo resultante da formação de fenilalanina no cabelo, pele e urina também são
comuns.

Hoje em dia os recém nascidos habitualmente fazem o exame para detecção da


fenilcetonúria por volta do sétimo ao décimo sai depois do nascimento.

O programa de triagem foi considerado obrigatório em todo Brasil desde 1990


pela lei 8069 de 13/07/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente, onde a
fenilcetonúria pode ser diagnosticada e tratada, possibilitando às crianças ter um
desenvolvimento normal, sem os problemas neurológicos causados pela doença. Uma
quantidade muito pequena de sangue é tomada por uma picada no calcanhar do bebê
(teste do pezinho). Se forem encontradas quantidades anormalmente altas de
37

fenilalanina no sangue, exames complementares podem ser necessários para firmar o


diagnóstico.

11.3.- GLÚTEN- A palavra vem do latim cujo significado é cola.


O glúten resulta da mistura de proteínas que se encontram naturalmente na
semente de cereais da família das gramíneas, como o trigo, cevada, triticale e centeio.
Esses cereais são compostos por cerca de 40-70% de amido, 1-5% de lipídios, e 7-15%
de proteínas (gliadina, glutenina,albumina e globulina). Por sua estrutura bioquímica,
esse tipo de glúten é, muitas vezes, denominado "glúten triticeae", e popularmente
conhecido como "glúten de trigo".
Espécies da Aveneae, como a aveia, não contém glúten, mas normalmente são
processadas em fábricas e moinhos que também processam cereais que contém esta
substância, causando assim a contaminação da aveia pelos resíduos de glúten.
Os alimentos que contém glúten são todos aqueles que podem ser feitos com
trigo, cevada, centeio ou aveia como bolachas, bolos, biscoitos, pão, torradas, cerveja
e qualquer massa que leve farinha de trigo, como a massa de pizza, por exemplo.
As pessoas portadoras de doença celíaca têm uma hipersensibilidade ao glúten,
que pode ser resultado de uma alergia ou de intolerância ao glúten. Nestas pessoas o
glúten provoca danos na mucosa do intestino delgado, impedindo uma
digestão normal.
38

Outra manifestação de intolerância, porém mais rara é a presença de lesões na


pele chamada dermatite herpetiforme.

Em geral pessoas celíacas que não sabem que sejam portadoras desta doença,
ao ingerirem alimentos com glúten sentem uma discreta indisposição estomacal que
se torna mais acentuada com o tempo.
Não devem consumir nem mesmo carnes e legumes empanados em farinha de
trigo, ou alimentos produzidas em óleo de fritura onde tenha sido imerso outro
alimentos contendo farinha de trigo. Como a doença celíaca é crônica, seus portadores
devem adotar uma alimentação sem glúten que geralmente deve ser seguida por toda
a vida.

11.4.- DOENÇA CELÍACA

A doença celíaca é um transtorno autoimune do intestino delgado que ocorre


em pessoas geneticamente predispostas de todas as idades a partir de meados da
infância. Os sintomas incluem dor e desconforto no sistema digestivo, obstipação
e diarreia crónicas, atraso do desenvolvimento fisiológico em crianças, anemia e
fadiga, embora seja possível que estes sintomas não se cheguem a manifestar e
tenham também sido descritos sintomas em outros órgãos.
A doença celíaca é causada por uma reação à gliadina, uma prolamina (proteína
do glúten) presente no trigo, e a proteínas semelhantes presentes no grupo das
Triticeae (que inclui outros cereais comuns como a cevada e o centeio).O termo
"celíaca" tem origem no grego κοιλιακός (koiliakós, "abdominal") e foi introduzido
no século XIX para traduzir aquela que é geralmente considerada a primeira descrição
da doença por Areteu da Capadócia, durante a antiguidade.

11.6.- AMINOÁCIDOS E NEUROTRANSMISSORES

Dois aminoácidos merecem um destaque especial, uma vez que ambos são
precursores chave para muitos hormônios e neurotransmissores (as substancias
39

envolvidas nos impulsos nervosos): a tirosina e o triptofano. Seus produtos ativos são
derivados monoaminados, que são degradados ou desativados por monoamina
oxidases –MAOs.
Há uma visão de que esses dois aminoácidos podem ter efeitos inesperados em
algumas pessoas. Por exemplo, há cada vez mais evidências de que há pessoas que
sofrem mais de dor de cabeça ou algum outro distúrbio em função da fenilalanina do
aspartame.

Algumas pessoas insistem que suplementos de tirosina lhes dá mais ânimo


matinal, e que o triptofano os ajuda a sentirem-se melhor e a dormir a noite. As
proteínas do leite têm altos níveis de triptofano; um copo de leite morno antes de
deitar é considerado como ajuda para induzir o sono. Queijos e vinhos tintos contém
grandes quantidades de tiramina, que mimetiza a noradrenalina; um omelete de
queijo pela manhã é a maneira preferida de muitas pessoas de começar bem o dia(*).

(*) Os alimentos ricos em triptofano, como ajudam na formação de serotonina,


proporcionam uma sensação de bem-estar e, por isso, devem ser consumidos de
preferência na parte da manhã para que o seu efeito possa ser sentido durante o dia.

Os principais alimentos ricos em triptofano são:

 Queijo;
 Castanha-de-caju, castanha-do-pará, amêndoas, amendoim, nozes;
 Abacaxi, abacate, banana, uva, caqui, tâmara, maçã, pera, melancia, morango, goiaba,
manga, mamão, laranja, tangerina, batata-doce, batata inglesa, berinjela;
 Feijão, ervilha.

As principais funções do aminoácido triptofano, além de ajudar na formação do


hormônio serotonina, são facilitar também a libertação dos componentes energéticos,
para manter a vitalidade do organismo no combate aos agentes estressantes dos
distúrbios do sono.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.-0 Que é ligação peptídica ? Esquematize-a.


2.- Qual a importância das substâncias que possuem capacidade de atuar como
tampão ?
3.- Cite a composição da glutationa e sua importância no glóbulo vermelho.
4.- Qual a composição do aspartame e que tipo de restrição contraindica o seu uso ?
5.- Como se classificam as proteínas quanto à conformação ? Exemplifique
6.- Colágeno: Característica estrutural e principais tecidos em que ocorre
7.- Cite as funções das proteínas e exemplifique.
8.- O que são hemeproteínas ? Qual a sua importância?
9. Comente a estrutura da hemoglobina.
10. Que é “grupo prostético” ? Quais seus tipos gerais ?
40

11. Que é desnaturação da proteína ? Que fatores podem ocasioná-la ?


12. Qual a causa da fenilcetonúria ? Que consequências podem trazer ao paciente ?
13. O que significa “gluten” e quais são os seus componentes bioquímicos ?
14. Quais são os aminoácidos que participam na síntese de hormônios e
neurotransmissores ?
15. Quais as principais funções do aminoácido triptofano ?
............................................................................................................................................

ENZIMAS
1.- INTRODUÇÃO
A vida depende da realização de inúmeras reações químicas que
ocorrem no interior das células e também fora delas, como nos meios
circulantes e nos compartimentos de certos órgãos. Por outro lado, todas
essas reações dependem da existência de uma determinada enzima.
As enzimas são substâncias, do grupo das proteínas, que atuam como
catalisadores, acelerando a velocidade de uma reação química.

2. MODO DE AÇÃO

O mecanismo de atuação da enzima se inicia quando ela se liga ao


reagente, conhecido como substrato. Forma-se, então, um complexo
enzima/substrato [ES], instável, que logo se desfaz, liberando o(s)
produto(s) da reação (P).

Mas para que ocorra uma reação química entre duas substâncias
orgânicas é preciso fornecer uma certa quantidade de energia, geralmente
em forma de calor, que favoreça o encontro e a colisão entre elas pela
elevação da energia cinética. Essa energia de partida para que a reação
química aconteça, é chamada de energia de ativação.
41

A presença da enzima provoca uma diminuição da energia de


ativação necessária para que a reação química aconteça e isso facilita a
reação.

3. APOENZIMA, HOLOENZIMA E COENZIMA

Muitas enzimas possuem, além da porção protéica propriamente


dita, uma porção não-protéica chamada cofator ou coenzima. A parte
protéica é a apoenzima e a não protéica é o cofator ou coenzima. Quando
o cofator é uma molécula orgânica, é chamado de coenzima. O conjunto
enzima-cofator é denominado holoenzima.

4. SÍTIO CATALÍTICO (centro ativo da enzima)

Na formação das estruturas secundária e terciária de uma enzima


(não esqueça que as enzimas são proteínas), acabam surgindo certos
locais na molécula que servirão de encaixe à instalação de um ou mais
substratos, do modo semelhante a uma chave se encaixa na fechadura.
42

Esses locais de encaixe são chamados de sítios catalíticos ou centros


ativos e ficam na superfície da enzima. Após ocorrer a reação química
com os substratos, desfaz-se o complexo enzima-substrato. Liberam-se os
produtos e a enzima volta a atrair novos substratos uma vez que a enzima
não é consumida durante a reação química que ela catalisa.

5.- FATORES QUE IMFLUEM NA ATIVIDADE ENZIMÁTICA

Baixas temperaturas podem causar inativação e altas temperaturas


podem causar a desnaturação.

Por essa razão, as enzimas catalisam com maior velocidade em uma


temperatura ótima. Na espécie humana esta temperatura está em torno
dos 37º C. Valores acima ou abaixo retardam a velocidade da reação e até
torná-la nula.

Cada enzima também possui um pH ótimo para desempenhar suas


funções, seja no estômago, no caso das pepsinas em pH ácido (por volta
de 2,0), ou em qualquer outro órgão ou tecido, na boca ou na corrente
sanguínea, cada uma, em seu local, requer condições favoráveis para
potencializar sua atuação.
43

Levando-se em conta a concentração das moléculas de enzimas,


quanto maior a sua concentração, maior será a velocidade da reação.

Quando aumentamos a concentração do substrato, a velocidade


atinge um limite determinante compatível com a quantidade de enzimas
no sistema. A partir desse ponto nenhuma influência terá o excesso de
substrato sobre a velocidade, pois todas as enzimas já se encontram em
atividade máxima (diz-se que o sistema enzimático está saturado).

6.- ESPECIFICIDADE ENZIMÁTICA

Uma enzima possui especificidade absoluta, quando transforma


somente um tipo de substrato (teoria da chave e fechadura de Fischer). É
o caso da urease, da sacarase, da maltase, da lactase, enfim, a maioria
das enzimas.
44

No modelo chamado “chave e fechadura”, o centro ativo da enzima


é rígido e encaixa somente o substrato que se adapte perfeitamente.

Uma enzima apresenta especificidade relativa, quando pode atuar


sobre mais de um tipo de substrato, como as lipases que não tem
seletividade por tipos específicos de tricilgliceróis (teoria do “encaixe
induzido” de Koschland). No modelo de “encaixe induzido”, o centro ativo
é flexível e a presença do substrato causa uma modificação
conformacional na enzima, “moldando-o” para poder se encaixar (teoria
do “encaixe induzido” de Koschland).

7. ATIVADORES ENZIMÁTICOS
Tornam a ação da enzima possível ou mais eficiente. Podem ser
íons, hormônios e outras enzimas.

a). -ATIVAÇÃO POR ÍONS: Íons inorgânicos podem afetar diretamente a


atividade de muitas enzimas. A grande maioria das enzimas, cuja
atividade depende de íons inorgânicos, requer a presença de cátions,
como Na+, K+, Mg++, Ca++, Zn++, Mn++ Fe++.

b). -ATIVAÇÃO POR HORMÔNIOS: A adrenalina tem ação hiperglicemiante,


uma vez que é ativador de um sistema que leva à degradação do
45

glicogênio hepático para manter a glicemia no jejum; também ativa uma


lipase que promove a mobilização das gorduras armazenadas.

c) -ATIVAÇÃO POR OUTRAS ENZIMAS: Enzimas proteolíticas do suco


pancreático, tripsina, quimotripsina e outras, chegam ao intestino na
forma inativa (zimogênio ou pró enzima), conforme são secretadas.
Todavia uma enzima produzida na parede intestinal, a enteroquinase,(ou
enteropeptidase) ativa o tripsinogênio que passa à forma ativa – tripsina-
que por sua vez, ativa os demais zimogênios da digestão das proteínas.

8.- ZIMOGÊNIOS

Zimogênios ou pró-enzimas são precursores inativos de enzimas que


precisam ser clivados em um ponto específico para dar origem a proteínas
funcionais (ilustração acima): “tripsinogênio”, “quimotripsinogênio”, etc.
46

9.- INIBIÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA

Qualquer substância que possa diminuir ou paralisar a velocidade


de uma reação catalisada é denominada inibidor. Os dois tipos mais
comuns de inibição são a competitiva e não-competitiva.
a) INIBIÇÃO COMPETITIVA

Na inibição competitiva o inibidor tem estrutura semelhante a do


substrato. Ele atua no centro ativo da enzima formando com este um
complexo inativo. Há, portanto, uma competição, entre o substrato e o
inibidor, pelo centro ativo da enzima.

As sulfonamidas são inibidoras competitivas de uma enzima bacteriana,


por serem análogas ao seu substrato, o ácido para-aminobenzóico —
PABA. A enzima catalisa uma reação que leva à síntese de ácido fólico, a
partir do PABA, (necessário para a síntese de precursoresde DNA e RNA).

Outro exemplo é a inibição da enzima succinato desidrogenase, do ciclo


de Krebs, pelo malonato, cuja estrutura “engana” a enzima por ser
semelhante a do seu substrato, o succinato. Isso paralisa do ciclo.
47

b) INIBIÇÃO NÃO COMPETITIVA

O inibidor não competitivo pode ligar-se à enzima livre ou ao


complexo ES, impedindo assim a ocorrência da reação.

c) ENZIMAS REGULATÓRIAS, ALOSTÉRICAS OU “MARCAPASSO”

Em cada sistema enzimático existe pelo menos uma enzima, a


“marcapasso”, que regula a velocidade de toda a sequência porque ela
catalisa o passo mais lento ou limitante da velocidade. Na maioria dos
sistemas a primeira enzima da sequência é a “marcapasso”.

Quando um sítio alostérico é ocupado por um inibidor (ou


modulador negativo), a enzima sofre uma mudança para um estado
menos ativo ou “forma inativa”, isto é, ela é “desligada.

O termo “alostérico” deriva do grego: allo –“outro”; stereos –“sítio


ou espaço”. Enzimas alostéricas são aquelas que possuem outros sítios.

Quando o modulador negativo abandona o sítio alostérico, a enzima


volta a seu estado de atividade ou, seja, está “ ligada.
48

10.- ISOZIMAS

Isozimas ou isoenzimas são enzimas que catalisam a mesma reação


mas apresentam diferenças geneticamente determinadas na sequência de
aminoácidos. Uma das primeiras enzimas descobertas como tendo formas
múltiplas foi a lactato desidrogenase (LDH), que ocorre nos tecidos com
cinco tipos diferentes (LDH1, LDH2, LDH3, LDH4 e LDH5).

A análise de isozimas é usada frequentemente em diagnósticos


médicos. A isozima de LHD1 predominante no tecido cardíaco aumenta
muito no plasma sanguíneo após um infarto do miocárdio, quando a
irrigação sanguínea de uma região do coração é comprometida. As
membranas das células cardíacas lesadas deixam que algumas enzimas do
citosol, inclusive a LDH, “escapem” ao sangue. Em algumas doenças do
fígado, como a hepatite infecciosa, as isoenzimas do tecido hepático, LDH4
e LDH5, tendem a aumentar no plasma sanguíneo pelo mesmo motivo.
11.- EQUAÇÃO DE MICHAELIS-MENTEN

A constante de Michaelis, KM, reflete a afinidade da enzima para


determinado substrato. O KM é numericamente igual à concentração de
substrato na qual velocidade da reação é igual à metade da velocidade
máxima (Vmax). O KM não varia com a concentração da enzima.

Um Km numericamente pequeno (baixo) reflete uma afinidade


elevada da enzima ao substrato, pois uma baixa concentração de
substrato é suficiente para saturar a enzima em 50% - isto é, atingir uma
velocidade que é Vmax.

Pelo gráfico da direita observa-se que a glicoquinase tem KM MAIOR pela AFINIDADE MENOR.
49

Equação de Michaelia-Menten
Vo = velocidade inicial da reação;
Vmax = velocidade máxima; Km = constante de Michaelis = (K1+K2); [S] = conc. do substrato

12.-NOMENCLATURA DAS ENZIMAS

a)- Nome do substrato com sufixo “ase”:


maltase, sacarase, lactase, fumarase, etc.

b)-Tipo de reação com sufixo “ase”:


Desaminase, desidrogenase, descarboxilase, etc.

c)- Nome do substrato + tipo de reação com sufixo “ase”:


Lactato desidrogenase, piruvato descarboxilase, etc.

d)- Nomes especiais terminados em “ ina”:


. Pepsina, tripsina, ptialina, etc.

14.- CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS

a) OXIRREDUTASES: São enzimas que transferem hidrogênio, oxigênio ou


elétrons de um doador para um aceptor. As oxirredutases mais comuns
são as desidrogenases e as oxidases. As desidrogenases removem
hidrogênio de um substrato reduzido, oxidando-o. .

b) TRANSFERASES: São enzimas que transferem radicais de um doador


para um aceptor, como fosfotransferase, ou a uma aminotransferase.

c) HIDROLASES: Rompem ligações químicas de substratos pela adição de


água, desdobrando-os no mínimo em duas moléculas. As enzimas da
digestão dos alimentos são hidrolases, como a amilase, e a lipase.

d) LIASES: Catalisam reações de clivagem sem hidrólise, ou seja, sem


adição de água. Na via de degradação da glicose, participa uma liase
denominada ALDOLASE.
50

e) LIGASES: Catalisam reações de união entre moléculas, formando


ligações as custas de energia do tipo ATP. Algumas enzimas que catalisam
este tipo de reação envolvendo grupos fosfato são chamadas
genericamente quinases.

f) ISOMERASES: Catalisam reações de isomerização, transformando um


substrato em seu isômero ótico ou geométrico.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.- De que modo atuam as enzimas ?


2.- O que ocorre durante a formação do complexo ES ?
3.- O que são enzimas com especificidade absoluta e especificidade relativa ?
4.-O que caracteriza a especificidade absoluta e a especificidade relativa das enzimas ?
5. Qual a influência da elevação da temperatura sobrea velocidade da reação ?
6. O que são inibidores enzimáticos ? Quais os tipos e de que modo se ligam com a
enzima?
7. Porque se considera a inibição no centro ativo da enzima como “inibição
competitiva “?
8. O que é uma inibição não competitiva ?
9. Em que situações enzimas alostéricas são ativadas ?
10. O que são isozimas ? De que maneira elas contribuem no diagnóstico de lesões
teciduais ?
11. Qual a relação do valor de KM com a concentração de substrato na ativação
enzimática?
12. O que são zimogênios ou pró enzimas ?
13. O que são e quais os tipos ativadores enzimáticos ?
14. De que modo a concentração elevada de enzimas intracelulares no plasma
sanguíneo pode contribuir no diagnóstico clínico de uma determinada doença?
15. Quais as consequências da alteração estrutural de uma enzima devido a
mutação no DNA responsável pela sua codificação ?

12.- ASSUNTO COMPLEMENTAR - USO DA PAPAÍNA NOS CURATIVOS FEITOS PELA


ENFERMAGEM

À enfermeira é comumente delegada a tarefa de escolher o tratamento mais


eficaz para a cicatrização de lesões de pele de vários tipos, desde leves dermatites de
contato até profundas úlceras de decúbito. Para essa escolha, ela deve,
primeiramente, fazer uma análise do paciente, verificando principalmente os fatores
individuais que interferem diretamente na cicatrização (idade, estado nutricional,
presença de patologia e suas características), seguida de uma análise completa da
51

lesão em questão (sua etiologia, comprometimento tecidual, fatores agravantes,


complicações e possíveis seqüelas). Existe, atualmente, em todo o mundo, forte
tendência ao aproveitamento de recursos naturais na terapêutica e principalmente
aqueles já utilizados, de há muito, pela medicina tradicional. Dentre as muitas
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1977) há a de se fazer
investigação sobre sistemas de medicina tradicional, principalmente trabalhos para
identificação de remédios eficazes de origem mineral, vegetal ou animal (OMS 1977).
Há muito que tribos da América, África e das Ilhas do Caribe utilizam o mamão verde,
(Carica papaya) no tratamento de ferimentos. (MAMÃO, 1977; WISEMAN, 1980).
Segundo estudiosos do assunto, o mamão possui propriedades nutricionais e curativas
excelentes. Rico em vitaminas A, Bl, B2, B6, C e sais minerais como Ca, P e Fe. Possui
em seu látex, presente apenas na fruta verde, grandes quantidades de uma enzima
proteolítica, a papaína. (BALBACHAS, s.d.). Em 1968, Vinson foi o primeiro a estudar o
princípio digestivo do látex do mamão ao qual denominara "caricina". Peckolt, em
1876, isolou esse princípio ativo denominando-o "papaiotina". Somente em 1879,
Wurtz & Bouchut publicaram um trabalho sobre o fermento digestivo do mamoeiro ao
qual denominaram papaína, termo que vigora internacionalmente até hoje. (MEDINA
et alií, 1980). A papaína é uma mistura complexa de enzimas proteolíticas e
peroxidases existentes no látex do mamoeiro, conhecido popularmente como "leite
de mamão". Segundo MEDINA et alii (1980), a papaína se caracteriza pela propriedade
de provocar, em doses diminutas, a proteólise, isto é, a dissociação de uma quantidade
importante de proteínas em moléculas mais simples e, finalmente, em aminoácidos.

A utilização da papaína no tratamento de lesões de pele foi testada em estudos


recentes. Christopher Rudge (1977), baseado em experiência anteriores com tribos sul-
africanas, utilizou fatias de mamão verde como tratamento de uma deiscência
cirúrgica, pós-transplante renal, que não respondera com antibioticoterapia
tradicional, obtendo sucesso em poucas aplicações. Dias depois, vários jornais
londrinos dedicaram extensas reportagens ao caso, afirmando que: " onde falharam os
antibióticos, teve sucesso o remédio dos africanos". (MAMÃO, 1977).

Os 15 pacientes submetidos ao estudo, apresentavam as seguintes


características: - idade média: 41.8 anos, sendo o mais idoso com 76 anos e o mais
jovem com 20 anos. - sexo: masculino 9 pacientes e feminino 6. - patologia: 7
pacientes com AVC, sendo que 4 deles com quadro infeccioso associado apresentando
hipertermia diariamente, sendo que destes 4, 2, apresentavam anemia. Outros 4
pacientes politraumatizados sendo que um deles com infecção pulmonar por
pseudomonas e em coma. Uma paciente com esclerose múltipla. Um paciente com CA
de pele, diabetes e lesão decorrente de radioterapia. Um paciente paraplégico com
infecção.
52

Os pacientes apresentavam lesões de diâmetro variado, sendo a menor com 1


,25 cm e, a maior, com 15,6 cm. Nos 15 pacientes, das 24 lesões estudadas, 20 delas
continham tecido necrosado. O primeiro paciente foi tratado com raspa de polpa de
mamão verde, havendo cicatrização completa depois de 33 dias, de uma escara na
região sacra, com 15 cm de comprimento, 8 cm de largura e 8,2 de profundidade. A
partir do segundo paciente, o mamão não foi mais utilizado por se julgar que este
poderia oferecer riscos de infecção ao paciente, além de, apresentar dificuldades de
ser manuseado. Passou-se, então, a se utilizar a papaína segundo a técnica descrita
anteriormente na metodologia. No início do tratamento, utilizando-se o mamão ou a
papaína, observou-se um aumento da secreção de aspecto sero-purulenta,
amolecimento do tecido necrosado, afrouxamento dos bordos e, conseqüentemente,
pequeno aumento do diâmetro da lesão. Após a fase inicial, o tecido necrosado, já
amolecido, foi sofrendo uma liquefação gradativa, até se desprender totalmente do
tecido são. À cada curativo, tentou-se retirar toda a secreção acumulada e o tecido
necrosado desprendido durante a limpeza da lesão com gaze úmida.

Qualquer lesão tecidual que contenha exsudato purulento ou tecido necrosado


depende de uma limpeza rigorosa, com remoção completa da crosta necrótica e do
material infectado, para sua cicatrização. Esta limpeza, chamada desbridamento, pode
ser feita mecanicamente, mas a técnica é cansativa, muito delicada e geralmente
causa sofrimento ao paciente. Requer, também, muito cuidado para que, durante a
sua execução, não venha a aumentar a contaminação local. Atualmente, o
debridamento com enzimas proteolíticas tem sido proposto para obter-se uma rápida
remoção, não traumática, do material proteico não desejável nas lesões, apresentando
a vantagem de não oferecer nenhum prejuízo ao paciente. (STARKOV, 1978; UDOD,
1981; WISEMAN, 1980).

Durante este estudo, houve o receio de que a utilização de enzimas


proteolíticas em feridas abertas pudesse provocar prejuízos do tecido sadio, uma vez
que este é formado basicamente por proteína. Mas esse receio foi afastado ao
tomarmos conhecimento de que, FLINDT (1978) fez referência em seu trabalho, da
existência de uma antiprotease plasmática e alfa - um - anti-tripsina. A existência dessa
substância no tecido sadio justifica a ação da papaína nos tecidos que não possuem
esta antiprotease, tais como no tecido necrosado e nos microorganismos.

Toda solução de continuidade possui um alo de hiperemia ao seu redor, que


poderá ter maior ou menor tamanho na dependência da gravidade da lesão, uma vez
que esse alo reflete um sinal de inflamação local. No decorrer deste trabalho
observou-se de início, um aumento importante deste alo, chegando a duplicar seu
diâmetro em alguns casos (pacientes 6, 10 e 12). Na maioria dos casos, a partir do 5º
dia de uso da papaína, este alo retornou ao seu tamanho original regredindo gradativa
e rapidamente. No decorrer do tratamento deste trabalho, após a fase de
53

desbridamento da lesão pela papaína, observou-se diminuição progressiva da secreção


e crescimento do tecido de granulação. Esta fase caracterizou-se pelo aparecimento de
uma borda de tecido cicatricial que foi aumentando de fora para dentro. Ainda nesta
fase, observou-se que a cada troca de curativo ocorreu sangramento momentâneo da
lesão após aplicação da gaze umedecida na solução. Isto ocorre devido à ação
fibrinolítica da papaína. O sangramento cessa rapidamente pois o Ferro contido no
sangue oxida a enzima, inativando-a.

Das 23 lesões estudadas, pode-se observar a cicatrização completa de 5, pois


dos 15 pacientes acompanhados, 3 foram submetidos à enxerto de pele, 2 tiveram
óbito, em 1 caso foi suspenso o tratamento e, 5 pacientes receberam alta hospitalar
com suas lesões já em fase final de cicatrização.

Dos 15 pacientes acompanhados, 12 eram conscientes e mantinham


comunicação verbal. Com relação às sensações referidas por estes no decorrer do
tratamento, observou-se que 6 não referiram, quando indagados, ardor durante o
curativo ou após ele; 5 queixaram-se de ardor moderado durante o curativo e todos
eles informaram que este ardor vai diminuindo gradativamente, durando, no máximo,
20 minutos até que cesse completamente. Neste trabalho, não foi observado nenhum
caso de reação alérgica à papaína ou qualquer outra reação indesejável. Apenas um
paciente apresentou queixa de forte ardor durante alguns curativos, sendo suspenso o
tratamento pela autora, apesar do médico responsável pelo paciente questionar a real
necessidade da suspensão, por considerar estranho o fato do paciente não referir-se a
ardor em todos os curativos.

CONCLUSÃO: Levando-se em conta o objetivo para este trabalho, conclui-se


que a papaína é um valioso recurso terapêutico no tratamento de lesões de pele,
podendo ser utilizada pela enfermagem, com a segurança de não oferecer riscos ao
paciente. Este estudo não pretendeu esgotar o tema. Por representar uma tecnologia
apropriada ao nosso país, estimulou o início de uma pesquisa que vem se
desenvolvendo na Universidade de São Paulo, onde se procurará utilizar um produto à
base do mamão verde.

4. Lisozima – Uma descoberta científica

Um investigador1, muito resfriado e com intenso lacrimejar, trabalhava com culturas


bacterianas. Inadvertidamente uma lágrima acabou de cair sobre uma das placas de cultura.

Apesar do acidente, o investigador1 realizou cuidadosa observação da cultura bacteriana


“contaminada” pela lágrima. O que observou deixou-o perplexo!

1
Sir Alexander Fleming;
54

As bactérias da cultura, atingidas pela lágrima, dissolviam-se rapidamente. Algo


extraordinário havia ocorrido, atingindo a curiosidade do investigador.

O que havia de especial na lágrima, capaz de dissolver as bactérias?

O investigador, a partir dessa dúvida pensou: “a lágrima deverá conter alguma


substância capaz de eliminar as bactérias. Essa substância, apesar de atuar contra os
microorganismos, deverá ser inócua a tecidos e funcionamento dos órgãos”.

Após exaustivos trabalhos experimentais o investigador conseguiu isolar uma


substância: “uma substância presente nos tecidos e nas secreções do corpo, a qual é capaz
de dissolver rapidamente certas bactérias”2, não atuando sobre tecidos e funcionamento dos
órgãos. Devido à semelhança com enzimas e à sua capacidade de destruir células, a
substância isolada foi chamada de LISOZIMA.

A lisozima é um elemento importante nas defesas naturais do corpo, atuando contra


bactérias, dissolvendo-lhes a parede celular. Por outro lado, a lisozima é inócua sobre
tecidos. Além disso, foi desenvolvida “nova compreensão da parede celular bacteriana, na
sua relação com os processos que se realizam no citoplasma muito bem protegido pela
mesma”3.

A descoberta da LISOZIMA foi um achado dos mais importantes pois abriu


perspectivas à procura de procura de outras substâncias capazes de destruir micróbios sem
afetar o organismo. Isso veio realmente a ocorrer em 1929, com a descoberta da Penicilina,
pelo mesmo investigador.

Assim como essa descoberta, num continuado esforço tem sido produzida uma gama
considerável de conhecimentos que tem beneficiado o homem. Muitos são úteis ao homem,
melhorando condições de sobrevivência, seus aspectos intelectuais e materiais. Os trabalhos
continuam na tentativa de melhorar ainda mais o mundo todo, pretende transformá-lo em
um bom lugar para se viver.

Todo conhecimento e as descobertas são produto da Ciência e têm dado ao homem


um importante legado, transmitido de uma geração para a outra. Esse legado é resultado da
atividade árdua e inteligente de um reduzido grupo de pessoas – os cientistas,
merecedores de toda consideração.

Os cientistas trabalham segundo processos sutis de atividade racional, lógica e


prática, que se constituem no Método Científico.

REFERÊNCIA

HENNIG, Georg, J. Metodologia do ensino de ciências. Porto Alegre: Mercado Aberto,


1986. (Série Novas Perspectivas, 18).

2
Textual de Fleming;
3
Textual de R. F. Acker e S. E. Hartsell.
55

VITAMINAS

1. O que é um nutriente?

Um nutriente é qualquer substância usada no metabolismo corporal


adquirida através da alimentação. As vitaminas e os aminoácidos
essenciais são exemplos de nutrientes.

2. Qual a diferença entre macro e micronutrientes?

O critério de classificação dos nutrientes em macro e


micronutrientes não tem nenhuma relação com o tamanho das moléculas.
Macronutrientes são aquelas substâncias que o organismo necessita em
grande quantidade, como por exemplo, proteínas e carboidratos.
Os micronutrientes são nutrientes no qual o organismo precisa em baixas
quantidades, como no caso das vitaminas.

3. De acordo com a função que exercem como os nutrientes podem ser


classificados?

Uma classificação bastante útil e funcional é aquela que separa os


nutrientes em três grupos: energéticos, estruturais e regulatórios.

Os nutrientes energéticos são aqueles usados como fonte de


energia pelo metabolismo, na maioria das vezes essa função é exercida
pelos carboidratos, porém, lipídios e proteínas também podem ser usados
para tal fim.

Os nutrientes estruturais são aqueles utilizados no suporte e na


estruturação das células e tecidos. Eles são os aminoácidos que em
conjunto, formam proteínas como o colágeno, a hemoglobina, a albumina,
etc.

Os nutrientes regulatórios são aqueles que formam as enzimas e


coenzimas responsáveis pela homeostase (equilíbrio funcional),
metabolismo osmótico e equilíbrio eletrolítico das células. Alguns
aminoácidos, vitaminas e sais minerais fazem parte deste grupo.
56

4. O que são vitaminas? Quais são as principais vitaminas necessárias aos


seres humanos?

A maioria das vitaminas atua como coenzimas (substâncias


fundamentais para o funcionamento de certas enzimas) e não são
produzidas pelo organismo, precisando serem obtidas através da
alimentação.As vitaminas mais importantes para os seres humanos são as
vitaminas A, C, D, E, K, além das vitaminas do complexo B (incluindo o
ácido fólico, a biotina e o ácido pantotênico).

5. Qual a diferença entre as vitaminas hidrossolúveis e as lipossolúveis?


Por que as lipossolúveis podem causar problemas se consumidas em
excesso?

As vitaminas hidrossolúveis são aquelas solúveis em água. Já as


vitaminas lipossolúveis são aquelas solúveis em óleos e gorduras (lipídios).
A vitamina C e as vitaminas do complexo B são exemplos de vitaminas
hidrossolúveis. As vitaminas A, D, E e K são exemplos de vitaminas
lipossolúveis. O fato das vitaminas lipossolúveis não serem solúveis em
água, faz com que o organismo tenha dificuldade em excretá-
las. Exatamente por isto, a tendência dessas vitaminas é acumular-se nos
tecidos, produzindo efeitos tóxicos quando são ingeridas em quantidades
superiores as necessárias.

6. Quais são os maiores problemas ocasionados pela deficiência de


vitamina A? Como está vitamina atua nos mecanismos da visão?

A deficiência da vitamina A (retinol) no organismo pode causar


cegueira noturna, ressecamento da córnea e predisposições ao
aparecimento de lesões na pele.

7. O que é ácido fólico? Por que a anemia causada pelo sua deficiência é
conhecida como anemia megaloblástica?

O ácido fólico (ou folato) é uma coenzima que participa da síntese e


duplicação do DNA. Por esta razão, ele é fundamental para o processo de
divisão celular.
57

Caso não haja quantidade suficiente de ácido fólico dentro das


células com alto grau de renovação, como é o caso das células vermelhas
do sangue, elas acabam por terem a sua produção reduzida.

Na deficiência de ácido fólico, as células percursoras (reticulócitos),


que originam os eritrócitos (glóbulos vermelhos), iniciam o processo de
divisão celular de forma muito lenta, enquanto que o crescimento do
citoplasma destas células que estão se dividindo, continua normal.
Assim, as células acabam se tornando anormalmente grandes, um efeito
típico desta anemia chamada de anemia megaloblástica.

A anemia megaloblástica também pode ser causada pela deficiência


da vitamina B-12 (cianocobalamina), pois esta vitamina também é
importante para a divisão celular.

8. Quais são as vitaminas que formam o complexo B? E quais são os


problemas associados a falta destas vitaminas?

As vitaminas do complexo B são: tiamina (B1), riboflavina (B2),


niacina (B3). Estas três vitaminas são importantes na constituição das
moléculas aceptoras de hidrogênio (FAD, NAD e NADP) envolvidas no
metabolismo energético. Além delas ainda fazem parte do complexo B a
piridoxina (B6) e a cianocobalamina (B12).

A deficiência da vitamina B1 causa beribéri, falta de apetite e fadiga.


A carência de vitamina B2 causa lesões na mucosa da boca, língua e lábios.
A deficiência em B3 causa problemas neurológicos, distúrbios digestivos,
58

perda de energia e pelagra. A falta de vitamina B6 causa lesões na pele,


irritação e convulsões. A vitamina B12 age junto com o ácido fólico e sua
carência gera problemas no processo de divisão célula causando anemia
perniciosa (um tipo de anemia megaloblástica). A absorção da vitamina
B12 depende de uma substância denominada fator intrínseco que é
secretada pelo estômago.

9.- Como a vitamina C age no organismo? Qual problema é causado pela


sua carência? Por que a falta de vitamina C era conhecida como a “doença
do marinheiro”?

A vitamina C, ou ácido ascórbico, participa do metabolismo do


colágeno que é fundamental para a integridade dos capilares sanguíneos.

Escorbuto é o nome da doença causada pela falta de vitamina C.


Este problema se caracteriza por lesões na pele, lábios, gengiva, nariz e
articulações. O escorbuto era conhecido como a doença do marinheiro
porque nas expedições marinhas do passado, não era comum haver
alimentos a bordo que continha vitamina C, como as frutas cítricas, pela
falta de congelamento. Por este motivo, muitos marinheiros desenvolviam
o escorbuto.

10. Por que não se pode aquecer os alimentos que contém vitamina C?

Para a obtenção da vitamina C, como por exemplo, de um doce de


laranja, o alimento que contém esta vitamina não pode ser aquecida. Isto
ocorre porque a vitamina C é termolábil, sendo inativada com o calor.

11. Qual é a relação entre a vitamina D e o banho de sol?

A vitamina D, ou calciferol, inicia seu processo de síntese na pele


devido à ação dos raios ultravioletas do sol sobre moléculas precursoras.
Depois ela é transformada na forma ativa no fígado e nos rins.

12. Qual doença é causada pela deficiência de vitamina D? Quais os


tecidos que são afetados ?
59

A falta de vitamina D causa uma doença conhecida como


raquitismo. Este problema se caracteriza pela descalcificação dos ossos e
deformação dos mesmos. Esta vitamina é fundamental para a absorção de
cálcio contribuindo para a manutenção da saúde do tecido ósseo.

13. Qual a função da vitamina E? Em quais alimentos ela pode ser


encontrada?

A vitamina E, ou tocoferol, é uma vitamina lipossolúvel que participa


como coenzima na cadeia respiratória (etapa final da respiração celular
aeróbica). A sua deficiência pode causar esterilidade, aborto espontâneo e
distrofia muscular. Esta vitamina pode ser encontrada no germe de trigo,
leite, ovos e vegetais folhosos.

14. Por que alguns tipos de hemorragia são atribuídos a carência de


vitamina K?

A deficiência de vitamina K predispõe ao aparecimento de


hemorragias devido ao fato dela ser de fundamental importância para a
formação da protrombina no processo de coagulação do sangue.

15. Qual a função da biotina e do ácido pantotênico no organismo? Como


essas vitaminas são obtidas?

A biotina, também conhecida como vitamina B-8, é uma vitamina


que age no metabolismo de vários aminoácidos. O ácido pantotênico ou
vitamina B5 é importante para a respiração celular aeróbica, pois atua no
transporte do radical acetil, essencial na síntese de acetil Coenzima A
(CoA)..

A síntese da biotina é feita por bactérias que vivem no interior do


tubo digestório humano (interação harmônica interespecífica) de forma
suficiente para garantir as necessidades diárias do organismo. A biotina e
o ácido pantotênico são encontrados nos vegetais, cereais, ovos, peixe,
leite e carne magra.
60

16. Quais sais minerais são responsáveis pelo controle da pressão


osmótica celular?

Os principais sais minerais que atuam na regulação da pressão


osmótica dentro das células e tecidos são o cloro, o sódio e o potássio.

17. Qual é a principal função celular do potássio?

Além de ser de importante para o mecanismo de regulação osmótica


e equilíbrio ácido-base da célula (PH), o potássio é fundamental para os
mecanismos de excitação dos nervos e contração dos músculos.

18. Quais são os sais minerais presentes na dieta que atuam como
coenzimas? São eles: magnésio, zinco e cobre.

19. Qual a doença causada pela deficiência de iodo na dieta?


A falta de iodo no organismo causa o hipotireoidismo, que é uma queda
anormal na produção dos hormônios da tireoide que precisam de iodo
para serem formados.

20. Qual a importância de uma dieta rica em ferro? Qual doença é causada
pela carência deste nutriente?

O ferro é um importante constituinte da molécula de hemoglobina e


de enzimas que atuam na digestão e no metabolismo energético. Uma
dieta pobre em ferro, causa anemia devido à queda da concentração de
hemoglobina no sangue. Vale salientar que durante a gravidez, o feto
consome muito ferro, podendo causar anemia na mãe.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1.- Qualquer substância usada no metabolismo corporal adquirida através da


alimentação chamada de:
a) metabólito. b) substrato. c) produto d) nutriente e) alimento.

2.- O critério de classificação dos nutrientes em macro e micronutrientes leva em


conta: a) o tamanho das moléculas. b) as necessidades do organismo.
c) as quantidades a serem ingeridas. d) a importância biológica ao organismo.
e) são corretas b e c.
61

3.- Alguns aminoácidos, vitaminas e sais minerais fazem parte do grupo de nutrientes:
a) estruturais. b) regulatórios. c) energéticos. d) calóricos. e) corretas c e d.

4.- A maioria das vitaminas atua como: a) ativadores enzimáticos. b) biorreguladores


do metabolismo. c) coenzimas. d) moduladores alostéricos. e) transportadores.

5.- A tendência de certas vitaminas acumular-se nos tecidos, produzindo efeitos


tóxicos quando são ingeridas em quantidades superiores as necessárias deve-se ao
fato de serem: a) metabolizadas lentamente pelo organismo. b) solubilizadas com
dificuldade nos tecidos. c) dotadas de baixo caráter polar. d) lipossolúveis.
e) corretas b,c e d.

6.- Consequências da carência de vitamina A: a) cegueira noturna. b) anemia.


c) lesões cutâneas. d) ressecamento da córnea. e) corretas a e d.

7.- O ácido fólico participa:


a) Na síntese e duplicação do DNA. b) no processo de divisão celular. c) Na absorção
de ferro. d) na absorção de aminoácidos a nível intestinal. e) corretas a e b.

8.- Beriberi, falta de apetite e fadiga são sinais característicos da carência de vitamina:
a) B-1. b) B-2. c) B-3. d) B-6. e) B-12

9.- Vitaminas importantes na constituição das moléculas aceptoras de hidrogênio


(FAD, NAD e NADP) envolvidas no metabolismo energético:
a) B-1. b) B-2. c) B-3. d) são corretas b e c. e) são corretas a, b e c.

10- A deficiência em niacina causa problemas neurológicos, distúrbios digestivos,


perda de energia e pelagra. Esta afirmativa refere-se à vitamina:
a) B-1. b) B-2. c) B-3 d) B-6 e) B-12

11-Vitamina que age junto com o ácido fólico e sua carência gera problemas no
processo de divisão celular das hemácias causando anemia perniciosa (um tipo de
anemia megaloblástica): a) B-1. b) B-2 c) B-3. d) B-6. e) B-12.

12- A vitamina da questão anterior é denominada: a) acido ascórbico. b) niacina.


c) riboflavina. d) tiamina. e) cianocobalamina

. 13- Qual das alternativas da questão anterior cuja carência causa pelagra, problemas
neurológicos, distúrbios digestivos, e perda de energia: a) b) c) d) e)

14- A absorção da vitamina B12 depende de uma substância denominada fator


intrínseco que é secretada no: a) estomago. b)duodeno. c) fígado. d) pâncreas
e) Íleo.

15-O escorbuto, cujos sinais clínicos são lesões na pele, lábios, gengiva, nariz e
articulações, decorre da carência de vitamina: a) A b) B-1 c) C d) D e) E
62

16- A vitamina D, ou calciferol, inicia seu processo de síntese na pele devido à ação dos
raios ultravioletas do sol sobre moléculas precursoras. Depois ela é transformada na
forma ativa no: a) Fígado. b) Intestino. c) Rins. d) Estomago. e) Corretas a e c.

17- Vitamina fundamental para a absorção de cálcio contribuindo para a manutenção


da saúde do tecido ósseo. a) A b) B-2 c) C d) D e) E

18- A biotina ou vitamina B-8, embora encontrada em certos alimentos de origem


vegetal pode ser obtida através de: a) leite e derivados. b) certos tipos de carne.
c) Síntese bacteriana no tracto digestivo. d) Radiação solar. e) corretas a, b e c.

19. O ácido pantotênico é componente da: a) Coenzima A. B) vitamina D. c) bile


d) membrana celular. d) fibra muscular.

20. Quais os principais sais minerais que atuam na regulação da pressão osmótica
dentro das células e tecidos? a) cloro, ferro e potássio. b) cloro ferro e sódio.
c) ferro sódio e potássio. d) cloro, sódio e potássio. e) Todas são corretas.

21. Além de ser de importante para o mecanismo de regulação osmótica e equilíbrio


ácido-base da célula (pH), o potássio é fundamental para os mecanismos de: a) de
excitação dos nervos b) contração dos músculos. c) atividade enzimática. d) são
corretas a e b. e) São corretas b e c.

22. Sais minerais presentes na dieta que atuam como coenzimas: a) magnésio, zinco e
cobre. b) Cobre e magnésio e manganês. c) cálcio, manganês e magnésio.
d) magnésio, zinco e manganês. e) zinco, cobre e manganês.

23. A falta de iodo no organismo causa: a) anemia. b) hipertireoidismo.


c) hipotireoidismo. d) hemólise. e) São corretas a e d

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ASSUNTO COMPLEMENTAR – ANEMIA

Anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição


na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado
da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa
deficiência.

As anemias podem ser causadas por deficiência de vários nutrientes como


ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas. Porém, a anemia causada por deficiência de
ferro, denominada anemia ferropriva, é muito mais comum que as demais (estima-se
que 90% das anemias sejam causadas por carência de Ferro).O ferro é um nutriente
essencial para a vida e atua principalmente na síntese (fabricação) das células
vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do corpo.
63

Os sinais e sintomas da anemia por carência de ferro são inespecíficos,


necessitando-se de exames laboratoriais para que seja confirmado o diagnóstico da
anemia ferropriva. Os principais sinais e sintomas da anemia por carência de ferro são:
fadiga generalizada, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas),
menor disposição para o trabalho, dificuldade de aprendizagem nas crianças e apatia
(crianças muito "paradas"). O ferro pode ser fornecido ao organismo por alimentos de
origem animal e vegetal. São indicadas fontes de ferro as carnes vermelhas,
principalmente fígado de qualquer animal e outras vísceras como rim e coração, carnes
de aves e de peixes, e mariscos crus.

ASSUNTO COMPLEMENTAR - PELAGRA

Os hábitos alimentares podem variar de acordo com culturas, povos e regiões. Muitas
vezes, dentro de um mesmo país, existem regiões com hábitos alimentares
completamente diferentes umas das outras. Essa diversidade pode variar de acordo
com a cultura, a disponibilidade de alimentos, a fertilidade do solo.

Essas diferenças, além de representarem à cultura da região, em alguns casos, podem


gerar problemas como a deficiências de algumas vitaminas e minerais na alimentação,
como é caso de povos que baseiam sua alimentação exclusivamente no milho. Este
cereal tem baixo teor de triptofano e niacina, contribuindo para a carência de
vitaminas do complexo B e proteínas. A deficiência ou falta destes nutrientes em nosso
organismo devido aos hábitos alimentares denominam-se pelagra.

Outro grupo com grande chance de apresentar pelagra, não apenas por aspectos
culturais da alimentação de sua região, mas devido a maus hábitos de consumo, são os
alcoólatras crônicos. Este grupo, muitas vezes, apresenta uma alimentação deficiente
em vários nutrientes, acarretando em faltas nutricionais.

As conseqüências da pelagra estão relacionadas a problemas na pele, no intestino e,


em estágios mais desenvolvidos, pode até mesmo afetar funções do cérebro. Uns dos
primeiros sinais pode ser o aparecimento de marcas na pele,semelhantes
queimaduras, sendo que na grande maioria das vezes essas manchas não desaparecem
com facilidade e costumam descamar. Náuseas, mal estar, enjôos, perda de apetite e
diarréia também são sintomas comuns, pois afeta todo o sistema intestinal. Na língua
e na boca podem aparecer alguns sinais de irritação,contendo focos de inflamação.

Quando a doença apresenta um estágio mais avançado é comum aparecer problemas


vaginais e algumas alterações no sistema nervoso (cansaço, falta de sono, palidez)
acarretando em alguns distúrbios mentais, falta de memória , incluindo características
de depressão.A avaliação desse quadro pode ser feita por meio do exame de sangue e
na urina, pelas taxas de niacina. A prevenção pode ser contribuída com uma
alimentação diversificada em nutrientes, especialmente contendo vitaminas e sais
minerais. Fonte: Artigo publicado em rede aberta.

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64

NUCLEOTÍDEOS

1.- GENERALIDADES

Os nucleotídeos são essenciais para todas as células, uma vez que a


síntese das proteínas e a divisão celular estão na sua dependência.
Desempenham importante papel como “fornecedores de energia” na
célula e como transportadores de compostos intermediários em rotas
metabólicas. Alguns nucleotídeos atuam ainda como coenzimas.
2.- ESTRUTURA DOS NUCLEOTÍDEOS

São formados por uma base nitrogenada, uma pentose e 1, 2 ou 3


grupamentos fosfóricos.

3.- BASES NITROGENADAS

As bases nitrogenadas dos nucleotídeos derivam-se de dois


compostos fundamentais – pirimidina e purina.

Da pirimidina derivam-se a uracil (ou uracila) a timina e a citosina

Da purina, derivam-se a adenina e a guanina.

4.- PENTOSES - Duas são as pentoses encontradas nos nucleotídeos: a


ribose e a desoxi-2-ribose, ambas na forma beta.
65

5.- GRUPAMENTOS FOSFÓRICOS ( -PO3H2- ) São derivados do ácido fosfórico


(H3PO4) que possui 3 hidrogênios dissociáveis.

6.- NUCLEOSÍDEOS

Os nucleosídeos são constituídos por base nitrogenada e pentose. A


ligação BASE-PENTOSE ocorre entre o nitrogênio 1 das pirimidinas ou 9 das
purinas e o carbono 1 da pentose, pela retirada de H2O.

Adenosina desoxi-citidina

Os nucleosídeos denominam-se uridina, timidina, citidina,


adenosina e guanosina. Quando a pentose for a desoxirribose, antepõe-se
a palavra “desoxi” ao nome do nucleosídeo.
7. NUCLEOTÍDEOS

São obtidos quando o grupo fosfórico liga-se à hidroxila do carbono


5 da pentose do nucleosídeo. Se um grupo fosfato está ligado na pentose,
a estrutura é um nucleotídeo monofosfatado, como o AMP ou CMP; se um
66

segundo ou terceiro fosfato é adicionado ao nucleosídeo, o resultado é


um nucleotídeo di e trifosfatado, como o ADP e o ATP respectivamente.

8.- QUESTIONÁRIO

1. Cite as funções dos nucleotídeos


2. Quais os componentes que formam um nucleotídeo ?
3. Qual a diferença entre nucleosídeo e nucleotídeo ?

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OXIDAÇÕES BIOLÓGICAS

1 – INTRODUÇÃO

Quando a glicose sofre oxidação total (combustão) em uma bomba


calorimétrica, ela libera 685 Kcal/mol em forma de calor.
---------------
Glicose + 6 O2 6 CO2 + 6H2O + 685 Kcal

Quando a glicose é degradada na célula, também fornece 685


Kcal/mol, mas apenas uma parte é desprendida em forma de calor; a
outra parte é acumulada sob forma de energia química no ATP. A fração
de energia que fica no ATP representa o rendimento energético da
transformação das glicose em CO2 e H2O.

2 – CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS

Quando um composto é oxidado, libera elétrons para um agente


oxidante (o aceptor) que, portanto, se reduz ( capta elétrons). A
toda reação de oxi-redução está associada uma liberação de energia.
67

A quantidade de energia liberada nesta transferência de elétrons (oxi-


redução) é decorrente da diferença entre o potencial de oxidação do
oxidante e o potencial de oxidação do redutor. Tanto maior for esta
diferença, maior será a energia liberada. A energia liberada, passível de
ser aproveitada para trabalho, denomina-se –energia livre.

Para tanto, o sistema deve munir-se de dispositivos capazes de


captar a energia livre liberada na oxi-redução e, posteriormenrte,
transferí-la para os processos endoergônicos (reações que absorvem
energia), como a atividade física, por exemplo. É assim que um
organismo vivo obtém a energia necessária para viver.

Na célula aeróbica, portadora de mitocôndria e com oxigênio


disponível para consumo, as coenzimas reduzidas se reoxidam às custas
dos componentes da cadeia de transporte de elétrons (cadeia
respiratória), para onde os elétrons são transferidos, percorrendo
estruturas que agem como carregadores de elétrons numa sequência de
reações de oxi- reduções contínuas na qual cada composto que se oxida
reduz o seguinte até serem, os elétrons, captados pelo oxigênio, no final
do processo, produzindo água. Esses elétrons que se deslocam ao longo
da cadeia respiratória procedem das substâncias que são fontes de
energia para formar ATP. Estas são o próprio alimento, ou dele se
derivam.

A formação de ATP envolve um processo oxidativo e um processo


fosforilativo. A oxidação é feita na cadeia respiratória e tem por objetivo
liberar a energia necessária para a fosforilação do ADP. Daí dizer-se que a
produção de ATP resulta de um processo metabólico chamado
fosforilação oxidativa, que ocorre na membrana interna da
mitocôndria.
68

Quando dois elétrons percorrem toda a cadeia, oportunizam


energia suficiente para formar 3 ATP. Portanto, os substratos
hidrogenados cujas desidrogenases utilizam o NAD+/NADH como
coenzima, proporcionam a síntese de 3 ATP na cadeia respiratória .É o
que comumente acontece. Quando uma desidrogenase utiliza o
FAD/FADH2, formam-se 2 ATP, porque os elétrons passam para os
citocromos sem o envolvimento da coenzima NAD

FATORES QUE INFLUEM NA FOSFORILAÇÃO DO ADP

A – INTEGRIDADE DA MEMBRANA

A membrana mitocondrial interna deve estar intacta. A existência


de fraturas ou fendas impede sua capacidade de realizar a fosforilação
oxidativa, embora o transporte de elétrons dos substratos para o oxigênio
possa fluir normalmente.
B – AGENTES DESACOPLADORES

Determinadas substâncias químicas, como o 2,4 dinitrofenol,


impedem a fosforilação do ADP sem, contudo, interferir no fluxo de
elétrons ao longo da cadeia respiratória, desacoplando a relação essencial
entre os dois sistemas. Esses agentes tem a capacidade de causar um
desequilíbrio iônico nos ambientes envolvidos no fluxo normal de
elétrons pela membrana mitocondrial interna, dissipando a energia útil
em forma de calor. A aspirina e outros salicilatos em doses elevadas,
69

atuam como desacopladores, o que justifica a febre que advém dessa


prática.

C – INIBIDORES DO TRANSPORTE DE ELÉTRONS

A rotenona, os barbitúricos, o cianeto e o monóxido de carbono


impedem a reoxidação de determinado componente da cadeia
respiratória, criando um “ponto de estrangulamento” no fluxo de
elétrons.

Os barbitúricos e a rotenona impedem a reoxidação do NADH; o


cianeto e o monóxido de carbono são potentes inibidores da citocromo
oxidase (cit a-3). Dessa forma os inibidores causam redução no
consumo de oxigênio podendo levar à morte em concentrações elevadas
paralisando definitivamente o consumo de O2. Ao contrário, os
desacopladores, aumentam o consumo de O2.

QUESTÕES PARA ESTUDO


1. QUAL A ORIGEM DOS PARES DE ELÉTRONS QUE ENTRAM NA CADEIA RESPIRATÓRIA ?
2. QUANTOS ATPs SÃO PRODUZIDOS QUANDO UM PAR DE ELÉTRONS PERCORRE TODA A CADEIA
RESPIRATÓRIA ?
3. DE QUE MODO OS INIBIDORES E DESACOPLADORES DA CADEIA RESPIRATÓRIA INFLUEM NO
CONSUMO DE OXIGÊNIO E NA PRODUÇÃO DE ATP ?

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70

METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS

1 – DIGESTÃO

Os carboidratos dos alimentos são hidrolisados no aparelho


digestivo por amilases (salivar e pancreática) e dissacaridases (maltase,
isomaltase, sacarase e lactase) em suas unidades mais simples, os
monossacarídeos (oses), os quais são rapidamente absorvidos pelo
intestino delgado para a VEIA PORTA , pela qual são levados ao fígado.

A medida que os monossacarídeos são absorvidos, aumenta a taxa


de açúcar no sangue, atingindo, ao final de 1 hora, um pico com cerca de
160 mg/100 ml.

2 – ABSORÇÃO CELULAR

A medida que os monossacarídeos são absorvidos, aumenta a taxa


de açúcar no sangue, atingindo, ao final de 1 hora, um pico com cerca de
160 mg/100 ml. A partir daí diminui lentamente até atingir o nível de
jejum pela remoção da glicose e de outros monossacarídeos pelo fígado.

A penetração da glicose na célula se dá através de dois mecanismos


de transporte. O primeiro, transporte facilitado, é mediado por um
sistema de cinco transportadores de glicose na membrana celular,
denominados glut 1 a glut 5, havendo uma variação entre eles nos tecidos.
O segundo a difusão facilitada, é a simples difusão da glicose do meio
mais para o menos concentrado,no sentido sangue -> citoplasma. A
insulina aumenta a permeabilidade celular, favorecendo a absorção.
71

3 – GLICÓLISE

A conversão da molécula da glicose em duas moléculas de piruvato


é chamada de glicólise. Em condições anaeróbicas, o piruvato é reduzido a
lactato pela enzima lactato desidrogenase (LDH) produzindo um ganho
líquido de 2 ATP, cerca de 16 Kcal.
72

Nas células aeróbicas o piruvato não é transformado em lactato. Deixa o


citoplasma e é convertido em Acetil CoA , na mitocôndria, para o Ciclo de
Krebs, com liberação de CO2 e H2O (fase 3).

Nas reações em que participa a coenzima NAD há produção de 3 ATP na cadeia respiratória;
na reação da enzima succinato desidrogenase, a reoxidação do FADH2 na cadeia respiratória
proporciona 2 ATP. Nas reações em que participa a coenzima NAD há produção de 3
ATP na cadeia respiratória; na reação da enzima succinato desidrogenase, a
reoxidação do FADH2 na cadeia respiratória proporciona 2 ATP.
73

Nas reações em que participa a coenzima NAD há produção de 3


ATP na cadeia respiratória; na reação da enzima succinato desidrogenase,
a reoxidação do FADH2 na cadeia respiratória proporciona 2 ATP. Nas
reações em que participa a coenzima NAD há produção de 3 ATP na
cadeia respiratória; na reação da enzima succinato desidrogenase, a
reoxidação do FADH2 na cadeia respiratória proporciona 2 ATP.

Considere-se, ainda, que a conversão de piruvato em acetil CoA


possibilita mais 3 ATP às custas do NADH, na cadeia respiratória (x2 pela
duplicação da rota, que conduz à produção de duas moléculas de
piruvato).
74

O ATP computado pela fosforilação do GDP na reação catalisada


pela enzima succinato tioquinase (passo 5) é o único ATP produzido
verdadeiramente no Ciclo de Krebs. Diz-se, à semelhança dos ATPs
liberados na via glicolítica, que são ATPs produzidos a nível do substrato.
Os demais ATPs são obtidos nafosforilação oxidativa (cadeia respiratória),
às custas de coenzimas reduzidas no ciclo de Krebs, ou na via glicolítica.

Fazendo um balanço geral, em condições aeróbicas, com a


participação da via glicolítica, do Ciclo de Krebs e da Cadeia Respiratória, o
rendimento energético da oxidação da glicose passa para 38 ATP, cerca
de 304 Kcal.
75

4.- GLICOGÊNESE – SÍNTESE DO GLICOGÊNIO

Uma fonte constante de glicose para o sangue é uma necessidade


absoluta. Em virtude desta necessidade, o corpo desenvolveu mecanismos
para armazenar um suprimento de glicose em uma forma mobilizável – o
glicogênio. O glicogênio é produzido no fígado e músculos a partir de
moléculas de alfa-D-glicose. As principais enzimas envolvidas são
glicogênio sintetase (polimeriza a glicose por ponte 1.4) e glicosil 4:6
transferase ou “enzima ramificadora” (remove fragmentos da cadeia
refazendo sua ligação por ponte 1.6,constituindo o início das ramificações.
O aceptor de glicose para polimerização é o nucleotídeo UTP com a
formação do UDPG,com a liberação de fosfato através da enzima UDPG
pirofosforilase.

No fígado, a síntese de glicogênio é acelerada durante períodos pós


alimentares, enquanto a degradação aumenta em períodos de jejum.

5.- DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO

Quando o glicogênio é degradado, o produto é a glicose 1-fosfato


obtida pela quebra das ligações 1.4. Três enzimas catalisam a degradação
do glicogênio: Fosforilase, glicosil 4:4 transferase e amilo 1;6 glicosidase.
76

A fosforilase rompe as ligações alfa-1.4 dos extremos das


ramificações em direção à ponte 1.6, introduzindo uma molécula de
fosfato inorgânico no primeiro carbono, liberando moléculas de glicose 1-
fosfato, até quatro resíduos de glicose próximos da ponte 1-6.

Terminada a ação da fosforilase, a glicosil -4,4-transferase remove uma


unidade trissacarídica dos ramos das cadeias laterais para a cadeia
principal, deixando apenas o resíduo de glicose unido por ligação alfa-l,6.
O trissacarídeo é religado por ponte 1.4.

O resíduo de glicose unido por ligação alfa-1,6, é liberado pela amilo-1,6-glicosidase

glicose livre

As moléculas de glicose 1-fosfato liberadas pelo rompimento de cada


ligação alfa-1-4, são convertidas em glicose 6-fosfato pela ação da
fosfoglicomutase.

No fígado, a enzima glicose 6-fosfatase faz a remoção hidrolítica do


fosfato da glicose 6-P, permitindo sua difusão para o sangue; no músculo,
a glicose-6-P segue a via glicolítica para provimento de energia no tecido.

A regulação da glicogenólise se dá por efeito da adrenalina e do glucagon


que induzem indiretamente a ativação da fosforilase nos casos em que há
necessidade de demanda imediata de energia.
77

6.- GLICONEOGÊNESE - SÍNTESE DE GLICOSE

Durante o jejum prolongado, e na atividade intensa a glicose passa a


ser sintetizada a partir de compostos não carboidratados como o lactato
liberado pela glicólise anaeróbica, o glicerol oriundo da hidrólise dos
triacilgliceróis do tecido adiposo e os aminoácidos resultantes da
degradação das proteínas.

Esses três compostos são chamados coletivamente “compostos


gliconeogênicos”. A via gliconeogênica segue basicamente o inverso da
via glicolítica, com modificações em três passagens irreversíveis da via:

a) Entre o piruvato e o fosfoenolpiruvato:

b) Entre frutose 1.6 bifosfato e frutose 6 fosfato

c) Entre glicose 6 fosfato e glicose

A via gliconeogênica ocorre principalmente no fígado (cerca de 90 %) e na


córtex adrenal.

A seguir a via glicolitica com as adaptações para o inverso em vermelho e


os compostos gliconeogênicos em azul.
78

O CONSUMO DE ÁLCOOL INIBE A GLICONEOGÊNESE NO FÍGADO.

O consumo excessivo de álcool etílico é altamente inibitório à


gliconeogênese hepática e pode resultar numa hipoglicemia acentuada.
Este efeito do álcool é particularmente nefasto depois de períodos de
exercícios físicos pesados ou da diminuição da ingestão de alimentos. Se o
etanol for oferecido após um período de esforço físico exaustivo, o nível
de glicose sanguínea pode declinar até apenas 30 a 40 por cento da sua
concentração normal.

A hipoglicemia afeta especialmente aquelas porções do cérebro


relacionadas com a regulação da temperatura, resultando, nestas
circunstâncias, uma queda da temperatura retal de 2 graus ou mais. Se a
glicose for oferecida a tais indivíduos por via oral, a temperatura do corpo
é rapidamente restaurada. A antiga prática de oferecer brindes alcólicos
às pessoas desnutridas e exaustas, recuperadas do mar ou de uma região
inóspita, é fisiologicamente sem sentido e mesmo perigosa. O tratamento
racional é a ADMINISTRAÇÃO DE GLICOSE.
79

HIPOGLICEMIA NEONATAL IDIOPÁTICA

Recém-nascidos tem uma necessidade crítica da gliconeogênese. O


suprimento de glicose pela placenta é interrompido e não há glicose
imediatamente disponível na dieta. Uma vez que o cérebro precisa ter
uma fonte prolongada de glicose proveniente do sangue, os genes para as
enzimas gliconeogênicas são ativados simultaneamente ao nascimento.
Ocasionalmente, esta ativação não ocorre e o recém nascido, deve ser
alimentado com uma solução de glicose ou terá hipoglicemia, podendo
levar em casos extremos a convulsões, lesão em tecidos neurais e morte.
7. METABOLISMO DO LACTATO

No adulto, a produção de ácido lático é de cerca de 140g/dia e


resulta principalmente da glicólise anaeróbica feita pela medula renal,
pela mucosa intestinal e pelos eritrócitos. A velocidade da produção de
ácido lático aumenta rapidamente no decorrer do exercício intenso, com a
produção de cerca de 30 g de ácido ao cabo de poucos minutos. São
necessários cerca de 90 minutos para que os níveis de lactato retornem ao
normal após interrupção da atividade. Durante um dia podem ser
utilizados até 330 g de lactato.

Em 1928, Minwich e depois Cori descobriram que o ácido lático


produzido pelo músculo durante intensa atividade é liberado para o
sangue e removido pelo fígado, onde é novamente transformado em
glicose para redistribuição ou armazenamento em forma de glicogênio.
Rins e coração são capazes de consumir uma quantidade considerável de
lactato para oxidação no ciclo de Krebs. Abaixo o Ciclo de Cori.
80

8. REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS

O metabolismo dos carboidratos é regulado por diversos


hormônios, especialmente a insulina, o glucagon e a adrenalina.

O efeito hiperglicêmico da adrenalina é explicado através de sua


ativação sobre o sistema enzimático que desencadeia a degradação do
glicogênio hepático, liberando glicose para o sangue. No músculo, a
adrenalina aumenta a produção de ácido lático que, passando ao fígado,
será usado na síntese de glicose por gliconeogênese

O glucagon é considerado um segundo hormônio do pâncreas,


produzido nas células alfa das ilhotas de Languerhans. Sua ação é idêntica
à da adrenalina.

A insulina é uma proteína simples produzida nas células beta das


ilhotas de Languerhans do pâncreas. Sua ação hipoglicemiante se baseia
no fato de ela aumentar a permeabilidade celular da glicose através das
membranas celulares.

QUESTÕES PARA ESTUDO


1.- DE QUE MANEIRA O FÍGADO CONTRIBUI PARA A MANUTENÇÃO DA GLICEMIA ?
2.- QUE É GLICÓLISE ? QUAIS OS TIPOS E PRODUTOS FINAIS ?
3.- DE QUE MANEIRA O OXIGÊNIO PARTICIPA NA GLICÓLISE ?
4.- COMENTE O DESTINO DAS COENZIMAS REDUZIDAS (NADH e FADH2) PRODUZIDAS NO CICLO DE KREBS ?
5.- QUAL É A PARTICIPAÇÃO DA ENZIMA GLICOSE-6-FOSFATASE NA GLICOGENÓLISE HEPÁTICA?
6.- QUE É GLICONEOGÊNESE ? QUAIS SÃO OS COMPOSTOS GLICONEOGÊNICOS ? EM QUE LOCAIS ESSA VIA É ATIVA
7.- COMO SE DÁ A REGULAÇÃO HORMONAL DO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ?
8.- DE QUE MODO A INGESTÃO DE ÁLCOOL INFLUE NA GLICEMIA APÓS EXERCÍCIO INTENSO ?
9.- QUAL A IMPORTÂNCIA DA GLICONEOGÊNESE NOS RECÉM NASCIDOS ?
10.- QUAL O OBJETIVO MAIS IMPORTANTE NO CONTROLE DIETÉTICO DOS PACIENTES DIABÉTICOS ?
81

ASSUNTOS COMPLEMENTARES
1.- DIABETIS E BEBIDA ALCOÓLICA

As bebidas alcoólicas, além do álcool, são compostas de


carboidratos. No geral, falamos que as bebidas contêm calorias vazias - ou
seja, quem ingere bebidas alcoólicas consumindo calorias, sem nenhum
nutriente, estaria portanto ingerindo um alimento nutricionalmente
pobre.
Para os pacientes com diabetes tipo 2, ingerir bebidas alcoólicas
pode levar inicialmente ao aumento dos níveis de glicose no sangue,
principalmente se for acompanhada da alimentação. Isso porque as
bebidas alcoólicas são, geralmente, muito calóricas. E calorias a mais são
iguais a ganho de peso e maior concentração de glicose no sangue.
No entanto, uma situação inversa pode acontecer. O fígado tem
várias tarefas essenciais ao nosso corpo. Uma delas é controlar os níveis
de açúcar na corrente sanguínea. Quando um paciente diabético bebe de
estômago vazio, o fígado fica muito ocupado desativando o álcool
ingerido, e dessa forma não consegue regular a quantidade de açúcar no
sangue de forma correta. O resultado é que as taxas de açúcar no sangue
podem cair, levando ao risco de hipoglicemia.
Para os pacientes diabéticos adultos, a ingestão diária de etanol
deve ser limitada a uma dose ou menos para mulheres e duas doses ou
menos para homens. Isso é o equivalente a uma dose 150 ml de vinho (1
taça) ou 360 ml de cerveja ou 45 m de destilados, o que equivale a 15 g de
etanol.
O paciente nunca deve beber sem se alimentar. Recomenda-se que
seja feita uma alimentação antes da ingestão e que a glicose seja
controlada durante o período de consumo do álcool. E lembre-se que
gestantes, crianças, adolescentes e pacientes com problemas de colesterol
e fígado não devem beber!
Tenha sempre cuidado. Quantidades maiores que 30g de etanol por
dia podem causar sérios danos, como desidratação e aumento da insulina
e da pressão. Se você não é diabético, bebidas em excesso são uma das
principais causas de desenvolvimento de diabetes tipo 2, porque estão
associadas ao ganho de peso.
82

3.- APOIO DIETÉTICO NO DIABETES MELLITUS

Dieta e controle ponderal constituem o fundamento para o controle


do diabético. As necessidades nutricionais básicas de cada paciente são
satisfeitas por uma dieta que contém todos os constituintes alimentares
essenciais e que fornece calorias suficientes para promover um
crescimento ótimo e a manutenção do peso corporal.

As refeições terão que ser medidas e espaçadas a intervalos


regulares. O cardápio é variado, devendo-se enfatizar muito mais aquilo
que é permitido ao paciente e não o que lhe é proibido, devendo-se
também levar em consideração os antecedentes étnicos e culturais do
paciente na seleção diária dos alimentos.

O primeiro passo no preparo do plano alimentar consiste em


determinar as necessidades calóricas básicas do paciente, levando-se em
consideração idade, sexo, peso corporal e grau de atividade. Existem
vários métodos para avaliar as necessidades calóricas.

Um método simples, usado na maioria das dietas destinadas a


manter um determinado peso, consiste em multiplicar o peso ideal por
30-35 cal/kg. Para obter redução ponderal é conveniente multiplicar o
peso ideal por 15-20 cal/kg. Para a maioria das pessoas pode conseguir-se
dietas de redução a longo prazo com níveis calóricos entre 1.000 e 1.200
calorias. A demanda calórica pode ser aumentada depois que o paciente
alcança o nível desejado.

O objetivo mais importante no controle dietético dos pacientes


diabéticos consiste em controlar a ingestão calórica total, a fim de
alcançar ou manter o peso ideal.

Em se tratando de paciente jovem e magro com diabetes insulino


dependente, deve-se dar prioridade a um fornecimento de dietas com
calorias suficientes para manter um crescimento e desenvolvimento
normais.

Concentrações muito altas de glicose podem fazer com ocorra


glicosilação não enzimática de proteínas (reação de Amadori). No diabete
83

mellitus a concentração de glicose é alta o suficiente para que ocorra essa


glicosilação na hemoglobina. Essa hemoglobina é facilmente medida e, é
através dela que os diabéticos podem monitorar a sua glicemia.

......................................................................................................................

METABOLISMO DOS LIPÍDIOS


1.- DIGESTÃO E ABSORÇÃO

Os lipídios constituem um grupo heterogêneo de compostos


insolúveis em água devido ao seu baixo caráter polar. Atuam fonte de
energia e realizam muitas funções especiais como vitaminas e hormônios
esteróides.

Um adulto ingere cerca de 60 a 150 g de lipídios por dia, dos quais


mais de 90% normalmente são triacilgliceróis. O restante dos lipídios da
dieta corresponde ao colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos livres.

A digestão os lipídios é feita eficazmente no intestino onde


participam os agentes emulsificantes – sais biliares -que são liberados da
vesícula biliar.

Os triacilgliceróis são reduzidos a beta-monoacilgliceróis (ou 2-


monoacilgliceróis) pela lipase pancreática na luz intestinal, por hidrólise
de dois ácidos graxos das posições mais externas.
84

Após penetrarem na membrana, enzimas específicas ao


comprimento da cadeia dos ácidos graxos, as aciltransferases,
ressintetizam os triacilgliceróis que são liberados para a linfa, seguindo
pelo ducto torácico em forma de gotículas chamadas quilomicras,
rodeadas por uma proteína (apolipoproteína B-48) que as estabiliza no
meio aquoso.

Conduzidas às cavidades direitas do coração, as quilomicras são


incorporadas à circulação sanguínea, sendo reduzidas a gotículas de
diâmetro menor, as lipoproteínas, pela ação da enzima lipase lipoprotêica
que se encontra na superfície dos adipócitos.

Essas lipoproteínas incluem a VLDL (de densidade muito baixa), as


LDL (de densidade baixa) e as HDL (de alta densidade por conter maior
quantidade de proteína em relação à massa lipídica). [Nota: as quilomicras
diferem das lipoproteínas plasmáticas por serem menos densas e terem
maior diâmetro].

Alternativamente os ácidos graxos livres podem ser transportados


no sangue em associação com a albumina sérica, uma grande proteína
secretada pelo fígado, até que eles sejam captados pelas células. A
maioria das células pode oxidar os ácidos graxos para produzir energia.
85

2.- DEGRADAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS - CICLO DE LYNEN (BETA OXIDAÇÃO)

A nível da matriz mitocondrial, os ácidos graxos, são degradados,


após atravessarem a membrana interna, em forma de acilCoA, com o
auxílio de um transportador – carnitina, pelo consumo de 1 ATP. A L-
Carnitina é um aminoácido sintetizado pelo organismo que ajuda a
transportar ácidos graxos de cadeia longa para as mitocôndrias das
células, onde são convertidos em energia.

Através de 5 reações subsequentes do ciclo de Lynen, a acilCoA vai


sendo reduzida a moléculas de acetilCoA (com 2 cabonos) para
degradação no ciclo de Krebs. O número de moléculas de acetil Coa
produzidas equivale à metade do número de carbonos da acilCoA (ácido
graxo).

De um modo simplificado, cada acetil CoA írá produzir 12 ATP pelo


ciclo de Krebs, o que equivale a cerca de 74% do rendimento calórico do
ácido graxo; os outros 26% são obtidos as custas da reoxidação de
coenzimas participantes da rota, na cadeia respiratória.
86

3.- COLESTEROL

O colesterol é sintetizado praticamente em todos os tecidos


dos seres humanos, embora o fígado, intestino, córtex adrenal e tecidos
reprodutivos incluindo ovários, testículos e placenta façam as maiores
contribuições de colesterol corporal. O colesterol é o esterol mais
abundante nos seres humanos, e realiza uma série de funções no corpo.
Por exemplo, é componente de todas as membranas celulares, e funciona
como precursor de ácidos biliares, hormônios esteroides e vitamina D.

As duas primeiras reações na rota sintética do colesterol resultam


na produção de HMG CoA (Hidroxi-metil glutaril coenzima A) as custas da
condensação de moléculas de acetilCoA. O passo a seguir, catalisado pela
enzima HMG CoA redutase é a etapa alostérica reguladora da velocidade
da síntese do colesterol.

A atividade da HMG CoA redutase é controlada hormonalmente


pela insulina e pelo glucagon. A insulina tem efeito de aumentar a síntese,
enquanto que o glucagon tem ação contrária, por ativação ou inibição da
enzima respectivamente. A eliminação do colesterol pode se dar de duas
maneiras: (1) Conversão em ácidos biliares excretados nas fezes e (2)
secreção do colesterol direto na bile, pela qual chega ao intestino para
eliminação.
87

4.- ÁCIDOS E SAIS BILIARES

A bile consiste em uma mistura aquosa de compostos orgânicos e


inorgânicos. A lecitina e os sais biliares são quantitativamente os
componentes orgânicos mais importantes. Os ácidos biliares mais comuns
são ácido cólico e quenodeocólico. Os ácidos biliares são anfipáticos,
podendo agir como agentes emulsificantes no intestino, auxiliando a
estabilização do triacilglicerídeo e outros lipídios da dieta no suco
digestivo, para degradação pela enzima lipase pancreática. Todavia, antes
de deixarem o fígado, parte dos ácidos biliares é convertida em sais
biliares cujo pode detergente é muito aumentado.

Os ácidos e os sais biliares são reabsorvidos no íleo pelo sistema


porta, para o fígado, onde são reintegrados à bile. O contínuo processo de
secreção de ácidos biliares na bile, sua passagem através do duodeno
onde alguns são convertidos em sais biliares, e o seu retorno subsequente
ao fígado como uma mistura de ácidos e sais biliares é denominado
circulação entero hepática.
88

5.- CORPOS CETÔNICOS – UM COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO PARA AS CÉLULAS – Ver Anexo 3

O fígado tem a capacidade de desviar um excesso de acetilCoA


derivado do catabolismo da glicose ou dos ácidos graxos, para corpos
cetônicos. O HMG CoA produzido a partir da condensação de moléculas
de acetilCoA dá origem ao acetoacetato que, por sua vez, pode originar
beta-hidroxibutirato e acetona. Essas três substâncias são coletivamente
conhecidas como corpos cetônicos.

Os corpos cetônicos são sintetizados na matriz mitocondrial dos


hepatócitos (fígado) a partir de um excesso acetil-coA causado pelo
excesso de lipólise causado por uma baixa glicemia, ou seja, jejum
prolongado que aumenta a lipólise. Abaixo, síntese e degradação dos c.c.

São importante fonte de energia para os tecidos periféricos porque


são produzidos durante períodos quando a quantidade de acetilCoA
presente excede a capacidade oxidativa do fígado e são lançados na
corrente sanguínea por onde irão para os tecidos neural (cérebro), muscular
(inclusive o coração) e córtex adrenal que são consumidores para produção de
energia pela reconversão em acetil CoA para oxidação no ciclo de Krebs – isto
é importante durante períodos de jejum. Todavia, somente o
acetoacetato e o beta hidroxibutirato são metabolizados pelos tecidos,
pela conversão em acetilCoA para reforço do ciclo de Krebs.A acetona não
é metabolizada , e, sendo volátil, desprende-se pelas mucosas,
especialmente na mucosa oral produzindo mau hálito – hálito cetônico.
89

6.- METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO

Os ácidos graxos armazenados no tecido adiposo, em forma


de triacilglicerol, servem como a principal reserva de combustível do
corpo. Os triaciçlgliceróis fornecem depósitos concentrados de energia
metabólica, pois são portadores de cadeias de carbono e hidrogênio
altamente produtoras de acetilCoA. O produto da oxidação completa dos
ácidos graxos é de 9 Kcal/g de gordura, comparado a 4 Kcal de proteína ou
carboidrato.

A mobilização da gordura depositada é iniciada pela hidrólise dos


ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis.

Este processo é iniciado pela lipase hormônio sensível que remove


um dos ácidos graxos, e outras lipases adicionais específicas para os
mono e diacilgliceróis remanescentes, removendo os ácidos graxos
restantes.

Os ácidos graxos livres deslocam-se através da membrana celular do


adipócito e imediatamente ligam-se à albumina do plasma sanguíneo,
pelo qual se difundem nos tecidos e são absorvidos pelas células, para
fornecimento de energia (beta-oxidação).
[O cérebro e outros tecidos nervosos, eritrócitos e a medula adrenal não podem
utilizar ácidos graxos livres plasmáticos para obter energia, independente de seus
níveis sanguíneos].

A lipase hormônio sensível é ativada por um mecanismo que tem


como base a ação da adrenalina . Por outro lado ,no estado alimentado,
níveis elevados de insulina e glicose tornam a enzima inativa, cessando a
lipólise (degradação).
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7.- BIOSSÍNTESE DE TRIGLICERÍDEOS

A demanda calórica de um adulto é da ordem de 100 Kcal/hora.


Assim, os alimentos ingeridos que excedem essas necessidades imediatas
devem ser armazenados para suprir as exigências do organismo no
intervalo entre as refeições. Uma vez reabastecido o organismo, todos os
alimentos excedentes são desviados para a formação de triglicerídeos que
são armazenados no tecido adiposo.

Abaixo um esquema simplificado da biossíntese de tr

QUESTÕES PARA ESTUDO


1.- Qual o destino dos sais biliares após emulsificação dos lipídios a nível intestinal ?

2.- Qual o metabólito que dá origem aos corpos cetônicos ? Em que situação isso
ocorre ?

3.- As quilomicras, incorporadas à circulação sanguínea, são reduzidas a diâmetro


menor pela enzima lipase lipoprotêica. Onde se encontra essa enzima ?

4.- Cite os principais componentes da bile.

5.- De que modo a digestão dos lipídios é facilitada no intestino ?

6.- De que modo a lipase pancreática atua na digestão dos triacilgliceróis ?


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7.- Qual é o agente estabilizante dos ácidos graxos livres no transporte pelo sangue ?

8.- Cite a(s) função(funções) das lipoproteínas plasmáticas.

9.- Cite as formas de eliminação do colesterol.

10.- Qual o papel da enzima lipase hormônio sensível e como se dá a sua inibição no
estado alimentado ? Que consequências isso traz para a lipólise ?

11.- Cite os corpos cetônicos e justifique o motivo pelo qual o jejum prolongado
influencia a sua síntese para mais ou para menos.

12.- Em que circunstâncias os corpos cetônicos podem ser mobilizados pelos tecidos
para produção de energia ? Quais os tecidos capazes de metabolizá-los e qual o
caminho para essa utilização ?

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ASSUNTOS COMPLEMENTARES
1.- RISCO CARDIOVASCULAE E SUA AVALIAÇÃO

As concentrações plasmáticas de lipoproteínas são um dos fatores importantes


na avaliação do risco cardiovascular de um indivíduo (a probabilidade de a pessoa
sofrer um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral no futuro). No entanto, há
outros fatores de risco cardiovascular não lipídicos, como o tabagismo, a hipertensão,
a obesidade, o sedentarismo e o diabetes.
Em se tratando de lipídios, o risco de doenças cardiovasculares está relacionado
às concentrações plasmáticas de colesterol total, o colesterol LDL, colesterol HDL e
triglicerídios.
O risco de um evento aterosclerótico como um infarto do miocárdio ou
acidente vascul cerebral pode ser diminuído pela eliminação dos fatores de risco por
meio de dieta, exercícios, interrupção do tabagismo, controle da pressão sanguínea e
pela redução de lipoproteína plasmáticas indesejavelmente alta.
A concentração plasmática da LDL (e consequentemente do colesterol
plasmático total) pode diminuir quando a pessoa segue uma dieta baixa em colesterol.
Além disso, há diversos medicamentos que diminuem a concentração plasmática de
colesterol intracelular (inibidores da HMG CoA redutase conhecidos como estatinas).

2.- DISLIPIDEMIAS
Os defeitos no metabolismo das lipoproteínas levam a distúrbios conhecidos
como hiperlipidemias ou dislipidemias, quais sejam hipercolesterolemia familiar,
hipercolesterolemia familiar combinada, disbetalipoproteinemia familiar
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(hiperlipidemia tipo III) e hiperlipidemia mista (colesterol e triglicerídios aumentados


no plasma).
Os pacientes com hipercolesterolemia familiar possuem altas concentrações
plasmáticas de colesterol e colesterol LDL. Apresentam também uma história familiar
marcada por doenças cardíacas precoces, consistente com uma herança autossômica
dominante.
A hipercolesteroemia familiar combinada, caracterizada por um aumento na
produção de VLDL. É a causa relativamente comum de infarto do miocárdio prematuro
(abaixo dos 55 anos em homens e em mulheres abaixo dos 65 anos).
A dislipidemia que afeta principalmente a via de transporte de combustível é a
disbeta lipoproteinemia familiar causada pela mutação do gene apoE. Nesta doença há
um aumento tanto no colesterol quanto nos triglicerídios plasmáticos. Aqui os
xantomas característicos ocorrem nas palmas das mãos (xantomas palmares). Também
está associada a doenças coronárias precoces.
O xantoma é uma espécie de tumor benigno de pele composto de lipídios, que pode
aparecer em qualquer parte do corpo, especialmente em cotovelos, joelhos, mãos,
pés, coxas e glúteos.

3.- O METABOLISMO DOS LIPÍDIOS ESTÁ SUJEITO A DEFEITOS GENÉTICOS

Todos os lipídios polares da membrana sofrem constante renovação


metabólica, num estado de equilíbrio dinâmico, onde a velocidade da sua síntese é
equilibrada por igual velocidade de degradação, promovida por enzimas hidrolíticas,
cada uma capaz de hidrolisar uma ligação covalente específica. Assim, a degradação da
fosfatidilcolina ocorre pela ação de várias fosfolipases diferentes.
O metabolismo dos esfingolipídios de membrana, que incluem a
esfingomielina, os cerebrosídios e os gangliosídios, é particularmente suscetível a
defeitos genéticos das enzimas envolvidas na sua degradação. Em consequência, os
esfingolipídios ou seus produtos de degradação parciais se acumulam em grandes
quantidades nos tecidos, pois sua síntese é de velocidade normal mas sua degradação
é interrompida. Por ex., na anormalidade genética rara chamada de doença de
Niemann-Pick, a esfingomielina se acumula no cérebro, baço e fígado, por uma
deficiência genética na degradação da esfingomielina pela enzima esfingomielinase,
que cliva a fosfocolina a partir da esfingomielina. A doença torna-se evidente primeiro
nas crianças e provoca retardo mental e morte precoce.
Muito mais comum é a doença de Tay-Sachs, onde um tipo específico de
gangliosídeo se acumula no cérebro e baço devido à falta da enzima lisossômica N-
acetil hexoaminidase, que hidrolisa uma ligação específica entre a N-acetil-D-
galactosamina e um resíduo específico de D-galactose na cabeça polar do gangliosídio.
Como consequência, grandes quantidades do gangliosídeo parcialmente degradado se
93

acumulam, causando a degeneração do sistema nervoso e levando ao retardo mental,


à cegueira e à morte precoce.
Pelo fato da doença ser irreversível e requerer cuidados institucionais totais, o
aconselhamento genético dos pais torna-se importante pela advertência de suas
consequências. Tem sido propostos testes para determinar a incidência dos genes
recessivos nos pais presumíveis. Testes no feto também podem ser feitos durante a
gravidez pela colheita do fluido amniótico, conhecida como amniocentese.
Outro exemplo de doença lisossômica é a síndome de Hurler ou gargolismo,
onde uma enzima que participa na degradação da porção de ácido mucopolissacarídeo
dos proteoglicanos está defeituosa e produtos de degradação parcial se acumulam.
Crianças com esta doença desenvolvem feições faciais grosseiras, dobras espessas na
pele, que é rica em proteoglicanos, retardo mental e cegueira. A morte precoce é
inevitável.
Muitas pesquisas são realizadas para corrigir deficiências genéticas das enzimas
lisossômicas por meio da engenharia bioquímica. O principal objetivo é substituir a
enzima defeituosa pela sua forma normal, cataliticamente ativa. Entretanto grandes
dificuldades são encontradas para essa substituição. Uma outra abordagem é
introduzir o gene ativo normal da enzima defeituosa nos cromossomas das células, de
tal forma que elas possam sintetizar a enzima ativa normal, a partir da informação
fornecida pelo gene e direcionar a nova enzima para dentro do lisossomo.

4.- HCG – A DIETA DO HORMÔNIO DA GRAVIDEZ - Publicado na(s) categoria(s) Nutri News

Ano após ano, sempre aparece alguma dieta que promete enxugar aqueles
quilos extras em pouquíssimo tempo. Ultimamente, uma que está em evidência é a
dieta do hormônio da gravidez . Se você já ouviu e se interessou, tenha cuidado : a
dieta HCG é um método muito controverso para perda de peso.
O HCG (gonadotrofina coriônica humana) é um hormônio produzido durante a
gravidez pelas células que formam a placenta. Esse hormônio é detectado no sangue
em torno de 11 dias após a concepção ou é detectado na urina em torno de 12-14 dias
após a concepção.
O HCG sinaliza ao hipotálamo (região do cérebro que afeta o metabolismo )
para mobilizar reservas de gordura. Na gravidez, isso ajuda a trazer nutrientes para a
placenta, gerando ao feto a energia para crescer.
A dieta de HCG combina injeções diárias do hormônio com uma dieta de
apenas 500 calorias. Você pode perder de 450g a 1,3kg por dia. Normalmente, a dieta
de HCG dura três semanas e é acompanhada por um profissional de saúde. Nos dois
primeiros dias da injeção você pode se alimentar normalmente. Após a 3ª injeção,
você deve aderir à dieta de 500 Kcal por até 72 h após a última injeção. Açúcares,
frutas com alto índice glicêmico, alimentos processados e amidos não são permitidos.
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Uma alimentação de 500 calorias por dia é uma dieta extremamente restritiva-
na verdade, não são calorias suficientes para suportar a função normal do cérebro. Seu
corpo irá compensar a falta de calorias usando estoques de glicogênio, proteínas
(músculo) e alguma gordura, o que diminui seu metabolismo de repouso. Antes que
você realmente perca peso, pode haver irritação, tontura, e sensação de fome que
poderá induzir à ingestão de qualquer alimento que chegar em seu alvo de visão.
Provavelmente se houver perda de peso será mais pela restrição calórica do que pelo
uso do HCG.
Conclusão: Não há evidências científicas que sustentem as injeções de HCG como
estratégia de emagrecimento. Além disso, estas injeções não são aprovadas pela FDA
para o uso na perda de peso. Desde 1975, a FDA exigiu que todo o marketing e
publicidade de HCG declarem o seguinte: “HCG não demonstrou ser uma terapia
coadjuvante eficaz no tratamento da obesidade”.
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METABOLISMO DAS PROTEÍNAS


“Uma considerável quantidade de estudos já foi feita acerca das necessidades
de proteínas na dieta de atletas. A maioria aponta que atletas fundistas devem ingerir
entre 1,3-1,8 gramas de proteína por kg de massa corporal. Atletas que ingerem pouca
proteína geralmente não se recuperam satisfatoriamente dos treinamentos.
Entretanto os estudos mostraram que ingerir uma quantidade de proteína maior do
que a necessidade não implica em ganho de força ou de massa muscular. Pesquisas
mais recentes mostraram que a ingestão após a atividade física de proteínas,
juntamente com carboidratos, acelera a recuperação do atleta.

Liz Appelegate- Director of Sports Nutrition at the University of California- ,


recomenda que atletas procurem ingerir diariamente 140-170 gramas de carne magra
ou 2-3 porções de produtos a base de soja, além de 2-3 porções de laticínios com pouca
gordura e várias porções de grãos.”
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1.- VISÃO GERAL

Os aminoácidos contém nitrogênio, carbono, hidrogênio e oxigênio.


O nitrogênio não pode ser armazenado, e os aminoácidos em excesso
além das necessidades biossintéticas do organismo são degradados.
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2.-METABOLISMO GERAL DO NITROGÊNIO

O nitrogênio está presente em uma série de compostos da dieta,


sendo que as proteínas são o alimento preferencial. O nitrogênio deixa o
corpo em forma de uréia, amônia e outros produtos derivados do
metabolismo os aminoácidos.
3.- DIGESTÃO DAS PROTEÍNA DA DIETA:

As proteínas devem ser hidrolisadas para originar seus aminoácidos


constituintes, a fim de que possam ser absorvidos. As enzimas
proteolíticas são produzidas no estômago, no pâncreas e no intestino
delgado. O estômago secreta o suco gástrico contendo ácido clorídrico e a
proenzima pepsinogênio. O ácido do estômago funciona para eliminar
algumas bactérias e desnaturar proteínas, tornando-as mais acessíveis às
enzimas proteolíticas; O HCl também ativa a proenzima pepsinogênio em
pepsina que libera peptídeos e alguns aminoácidos livres.

Ao entrar no intestino delgado, os polipeptídeos são clivados a


oligopeptideos e a.a. livres por enzimas proteases pancreáticas (tripsina ,
quimotripsina, carboxipeptidases A e B e elastase). Nos indivíduos com
deficiência na secreção pancreática (como na pancreatite crônica ou
perda cirúrgica do pâncreas, a digestão é incompleta resultando no
surgimento anormal de lipídios, (esteatorréia) e proteínas não digeridas
nas fezes.
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A superfície da mucosa intestinal contém uma aminopeptidase, que


cliva os oligopeptídeos produzindo a.a. livres, que são absorvidos na
parede intestinal para a veia porta e levados ao fígado onde são
metabolizados ou liberados na circulação.

4.- POOL DE AMINOÁCIDOS: Os aminoácidos liberados pela hidrólise das


proteínas da dieta ou teciduais misturados a outros aminoácidos livres
distribuídos pelo corpo, constituem coletivamente o pool de aminoácidos.

O pool, contendo cerca de 100 g de a.a., é pequeno em comparação


à quantidade de proteínas do corpo, cerca de 12 quilos para um homem
de 70 quilos.
5.-TURNOVER DE PROTEÍNAS

A maioria das proteínas corporais estão constantemente sendo


sintetizadas e a seguir degradadas. Nos adultos saudáveis, a quantidade
total de proteínas no corpo permanece constante, porque a velocidade
de síntese da proteínas é apenas suficiente para repor a proteína
degradada. Este processo, que é denominado turnover de proteínas, leva
à hidrólise e ressíntese de 300 a 400 gramas de proteína corporal a cada
dia.
6.-PAPEL DA PROTEÍNA NO METABOLISMO GERAL DO NITROGÊNIO

Ao contrário dos carboidratos e triacilgliceróis, cuja principal função


é fornecer energia, o papel principal dos aminoácidos é servir como
matéria prima nas reações biossintéticas, particularmente de proteínas
teciduais.
7. INGESTÃO DIETÉTICA RECOMENDADA PARA AS PROTEÍNAS

O catabolismo dos aminoácidos leva a uma perda líquida de 30 a 35


gramas de proteína a cada dia em adultos saudáveis. Esta perda deve ser
compensada pela dieta, de modo a manter uma quantidade constante de
proteína corporal com uma ingesta diária de 56 g de proteína/dia para um
homem de 70 kg.
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8. CONSEQUÊNCIAS DE DIETAS POBRES EM PROTEÍNAS

Se a dieta não fornece quantidades adequadas de proteína, ocorre


uma deficiência de aminoácidos essenciais requeridos para a síntese das
proteínas corporais. Isto resulta na degradação da proteína tecidual que
pode levar a sintomas clínicos da deficiência de uma determinada função
no organismo.

9. TRANSPORTE DOS AMINOÁCIDOS ÀS CÉLULAS:

A concentração de aminoácidos livres nos líquidos extracelulares é


significativamente menor que dentro das células. Este gradiente de
concentração é mantido porque os sistemas de transporte ativo, dirigido
pela hidrólise do ATP, são requeridos para o movimento dos aminoácidos
para dentro da célula.
10. REMOÇÃO DE NITROGÊNIO DOS AMINOÁCIDOS:

O primeiro passo no catabolismo de todos os aminoácidos é a


remoção do grupo a-amino por transaminação e desaminação oxidativa,
reações que resultam em amônia e aspartato, as duas fontes de
nitrogênio da uréia. Uma vez removido, o nitrogênio pode ser incorporado
a outros compostos ou ser eliminado na urina.
11. TRANSAMINAÇÃO:

É o primeiro passo do catabolismo da maioria dos aminoácidos, pela


transferência de seu grupo a-amino ao a-cetoglutarato (cetoácido),
produzindo glutamato (aminoácido).

Esta transferência de grupos amino é catalisada por um grupo de


enzimas aminotransferases (ou transaminases) que atuam em todos os
aminoácidos, com exceção da lisina e da treonina.

As aminotransferases são normalmente enzimas intracelulares.


Assim, a presença de níveis elevados no plasma indica lesão em células
ricas nessas enzimas, como traumas ou doença que possa causar lise
celular. Duas aminotransferases, quando encontradas no plasma, tem
valor diagnóstico de interesse clínico: a aspartato aminotransferase (AST)
e a alanina aminotransferase (ALT).
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Essas enzimas estão elevadas em quase todas as doenças do fígado,


particularmente na hepatite , mas também na doença não hepática como
infarto do miocárdio e em distúrbios musculares.

O objetivo da transaminação é produzir o aminoácido glutamato


pela remoção do grupo amino dos aminoácidos excedentes, deixando livre
a sua cadeia carbonada (cetoácido) para metabolização e produção de
energia, principalmente no ciclo de Krebs, uma vez que a maioria dos
aminoácidos desaminados constituem componentes dessa rota
energética ou piruvato.

O aminoácido produzido ( glutamato) sofre desaminação


oxidativa e libera a amônia para o oxaloacetato o qual a conduz para a
síntese da úréia em forma de Aspartato. Com isso regenera-se o alfa-
cetoglutarato para participar novamente da transaminação com outro
aminoácido. Esquematizando:

12. DESAMINAÇÃO OXIDATIVA:

Enquanto as reações de transaminação transferem, grupos amino,


a desaminação oxidativa resulta na liberação do grupo amino como
amônia livre. Estas reações ocorrem principalmente no fígado e rim, e
fornecem a-cetoácidos (os quais podem entrar na rota central do
99

metabolismo energético –ciclo de Krebs) e amônia (a qual é fonte de


nitrogênio na síntese da uréia).

O glutamato é o único aminoácido que sofre desaminação


oxidativa , reação catalisada pela glutamato desidrogenase, enzima que
pode usar tanto o NAD+ como NADP+ como coenzima. O ATP e o GTP
são inibidores da glutamato desidrogenase, enquanto o ADP E GDP são
ativadores da enzima .

13. DESCARBOXILAÇÃO:

É o terceiro tipo de reação geral dos aminoácidos. Consiste na


retirada de CO2 do grupo carboxila, originando aminas a partir dos
aminoácidos. As descarboxilases dos aminoácidos requerem um derivado
da vitamina B-6, o piridoxal-fosfato (PyF) como coenzima. Algumas aminas
formadas, como resultado da descarboxilação tem importantes efeitos
fisiológicos. A histamina, produzida a partir do a.a. histidina , entre outros
efeitos, estimula a secreção gástrica. A dihidroxi fenilamina (DOPAMINA),
obtida pela descarboxilação do aminoácido dihidroxi fenilalanina (DOPA),
é um intermediário na síntese da adrenalina que, além da sua ação
vasoconstritora, é um importante hormônio regulador no metabolismo.
14. CICLO DA URÉIA:

A uréia, produzida no fígado, é a principal forma de eliminação dos


grupos amino derivados dos aminoácidos, e responde por mais de 90 %
dos componentes nitrogenados da urina. Um dos dois nitrogênios da
molécula da uréia é suprido pelo NH3 livre (derivado da desaminação
oxidativa do glutamato); o outro nitrogênio vem do aspartato (através da
transaminação do oxaloacetato pela aspartato transaminase). A ornitina
e citrulina são aminoácidos básicos do ciclo da uréia mas não participam
nas proteínas celulares. O carbono e oxigênio são derivados do CO2. A
100

formação do carbamil-fosfato é estimulada pelo consumo de duas


moléculas de ATP, o que direciona a reação para frente. A ornitina é
regenerada em cada volta do ciclo. A uréia produzida (NH2-CO-
NH2) é transportada pelo sangue aos rins, onde sofre filtração
glomerular, e excreção pela urina.

ENZIMAS DO CICLO:

1. Carbamilfosfato sintetase; 2. Ornitina transcarbamilase;


3. Argininosuccinato sintetase; 4. Arginino succinase. 5. Arginase (somente no fígado)

Uma característica do diabetes severo é uma excreção elevada de


uréia. A quantidade de uréia eliminada por dia é uma medida da
quantidade total de aminoácidos degradados, que por sua vez, reflete o
balanço entre a ingesta protêica e a degradação diária normal das
proteínas do organismo. A concentração de uréia no sangue é tão alta
quanto 25 mM (milimoles), cerca de 5 vezes maior que o valor normal.
A degradação excessiva dos aminoácidos nos diabéticos eleva a taxa de
gliconeogênese a partir dos aminoácidos. Na ausência de insulina o fígado
tende a lançar glicose no sangue. Em consequência, os estoques do
glicogênio ficam muito baixos e todos os aminoácidos disponíveis capazes
de produzir glicose são degradados. Desta forma a dosagem de uréia no
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sangue e na urina fornece valiosas informações sobre o estado metabólico


dos pacientes diabéticos.
15. AMINOÁCIDOS GLICOGÊNICOS E CETOGÊNICOS:

Os aminoácidos cujo catabolismo origina piruvato (ala-ser-gli-cis-


tre) ou um dos intermediários do ciclo de Krebs (asp-glu-pro-arg-his-phen-
tir-met-val-iso-ter) são considerados glicogênicos por serem precursores
de glicose ou glicogênio no fígado e músculos. Por outro lado,
aminoácidos cuja degradação origina acetoacetato ou seus precursores (
acetil CoA ou acetoacetil CoA), são denominados cetogênicos por darem
origem a corpos cetônicos. São a leucina e a lisina. A isoleucina (iso) é
considerada um aminoácido glicocetogênico porque, originando acetil
CoA e propionil CoA (precursor de succinil CoA do C.K.) é capaz de
produzir corpos cetônicos e glicose (por gliconeogênese).

16. AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS:

São aqueles que o organismo não sintetiza ou o faz em quantidade


insuficiente às necessidades, devendo ser integrantes da dieta. Os bebês
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e as crianças em crescimento requerem 10 aminoácidos na alimentação:


arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina,
treonina, triptofano e valina. Na fase adulta, a arginina e a histidina
deixam de ser essenciais porque o organismo desenvolvido já os sintetiza,
como os demais aminoácidos não essenciais.
Autores Consultados: Pamela Champe/Richard Harvey; Bacila, Vilela Tastaldi; Harold Harper; Lehninger; Artigos e
imagens disponibilizadas em rede aberta.

QUESTÕES PARA ESTUDO


1.- Porque os aminoácidos em excesso devem ser degradados no organismo ?
2.- Quais os mecanismos bioquímicos que estão envolvidos na primeira fase do
catabolismo dos aminoácidos ?
3.- Qual a importância das proteínas no metabolismo do nitrogênio?
4.- Oque significa “pool” de aminoácidos ?
5.- Qual a quantidade aproximada do “turnover” das proteínas ?
6.- Quais as consequências da dieta pobre em proteínas ?
7.- Qual o destino dos aminoácidos excedentes na digestão das proteínas ?
8.- Que consequências decorrem de uma pancreatite crônica ou da perda cirúrgica do
pâncreas ?
9.- De que modo os aminoácidos são absorvidos na célula ?
10.- Para que servem as reações de transaminação e desaminação oxidativa ?
11.- Qual o sinal clínico que se traduz pela presença de níveis elevados de
transaminases no plasma sanguíneo ?
12- Onde se dá a síntese da uréia e de que modo esse processo se relaciona com o
ciclo de Krebs ?
13.- Quais as consequências da degradação excessiva dos aminoácidos nos diabéticos
na taxa de gliconeogênese ? Por quê ?
14.- Qual o papel do fígado ausência de insulina ?
15.- O que são aminoácidos essenciais ? Quais o são somente durante o crescimento ?

ASSUNTO COMPLEMENTAR – BILIRRUBINA

É um pigmento da bile produzido por quebra do heme e redução


da biliverdina, que normalmente circula no plasma sanguíneo. É absorvido
por células do fígado e conjugado de modo a formar diglucuronide, um
pigmento solúvel em água excretada na bílis.
Cerca de 70 a 80% da bilirrubina são provenientes da destruição
das hemácias velhas, 15% de fontes hepáticas e o restante é proveniente
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da destruição de hemácias defeituosas na medula óssea e nos citocromos.


Permanece no plasma sanguíneo até ser eliminada na urina. Quanto mais
bilirrubina eliminada na urina, mais amarela ela se torna. Excesso de
bilirrubina (hiperbilirrubinemia) pode indicar problemas no fígado, baço,
nos rins ou na vesícula biliar.
No grupo heme o anel heme é aberto, produzindo ferro livre e
biliverdina, que é reduzida a bilirrubina pela enzima biliverdina redutase.
Essa bilirrubina recém-formada circula no sangue ligada à albumina sérica
(forma não-conjugada). É transportada pelo sistema porta até o fígado,
onde penetra no hepatócito por dois mecanismos distintos: difusão
passiva e endocitose.
Uma vez dentro do hepatócito, a bilirrubina desliga-se da albumina
e forma um complexo protéico com as chamadas proteínas Y e Z (também
chamadas ligandinas). É então transportada para o retículo
endoplasmático liso, onde se torna um substrato da enzima glicuronil
transferase, dando origem a um diglicuronídeo conjugado (mono- e
triglicuronídeos também são formados). A bilirrubina, agora já conjugada,
é transportada até a membrana celular.
Uma pequena quantidade é excretada pelos rins, sendo designado
urobilinogênio. Existem portanto dois tipos de bilirrubina circulantes - a
não conjugada (ligada à albumina), também chamada de bilirrubina
indireta, e a conjugada, chamada de bilirrubina direta.
A icterícia, ou popular “amarelão”, atinge cerca de 60% dos recém-
nascidos. Essa disfunção ocorre quando o organismo produz
excessivamente a bilirrubina, substância não metabolizada pelo fígado por
causa da imaturidade do órgão, e que deixa a pele do bebê amarelada.
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. Na maioria dos casos, a icterícia regride naturalmente e desaparece


na primeira semana de vida da criança. Mas caso o amarelão persista, os
pais precisam procurar ajuda. O nível da icterícia no bebê pode ser
detectado por meio de um exame de sangue ou por um aparelho
chamado bilirrubinômetro, que mede a quantidade da substância no
organismo por meio de toques do aparelho na testa da criança.
Nas situações mais extremas, a bilirrubina pode se instalar no cérebro e
interromper o metabolismo das células nervosas e ocasionar sua morte.
Isso pode gerar uma grande irritabilidade no bebê, apatia, ausência de
reflexos, convulsões, estado de coma ou até mesmo morte.

SINAIS E SINTOMAS:
Tanto a pele quanto os olhos e as mucosas se tornam bastante
amarelados. O freio da língua é outro local que costuma também ser
afetado. Esta coloração é decorrente do pigmento da bilirrubina. Outro
sintoma muito frequente é a coceira, que acaba incomodando mais do
que a diferença no tom da pele e dos olhos.
Quando o problema é devido à concentração de bilirrubina direta também
é muito comum se verificar urina de cor bem escura ou com uma forte cor
alaranjada. Este sintoma recebe o nome de colúria. Já quando algo está
ocorrendo nos intestinos e a substância não é devidamente excretada, as
fezes adquirem uma coloração clara, quase branca, devido à ausência da
bilirrubina.

ÍNDICE
1.- Carboidratos .......................................01
2.- Lipídios ...............................................11
3.- Aminoácidos e Proteínas ...................24
4.- Enzimas ...............................................40
5.- Vitaminas e Coenzimas .......................55
6.- Nucleotídeos ...................................... 64
7.- Oxidações Biológicas .......................... 66
8.- Metabolismo dos Carboidratos .......... 70
9.- Metabolismo dos lipídios .....................83
10.- Metabolismo das Proteínas .............. 94
............................................................................................................................................

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