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REVISÃO – DL 111-A/2017 ..................................................................................................................... 6
APONTAMENTOS...................................................................................................................................... 6
PARTE I ......................................................................................................................................................................... 6
TÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS .............................................................................................................................. 6
Artigo 1.º - Âmbito ................................................................................................................................... 6
Artigo 1.º -A – Princípios .......................................................................................................................... 6
Artigo 2.º - Entidades Adjudicantes ......................................................................................................... 9
Artigo 4.º - Contratos excluídos ............................................................................................................... 9
Artigo 5.º - Contratação excluída ........................................................................................................... 10
Artigo 5.º - A – Contratação no âmbito do setor público ....................................................................... 13
Artigo 6.º - A – Contratos de serviços sociais e de outros serviços específicos ..................................... 14
Artigo 6.º - B – Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial do Comércio ..................... 14
TÍTULO II – SETORES ESPECIAIS ............................................................................................................................ 14
Artigo 7.º - Entidades dos setores especiais .......................................................................................... 14
Artigo 8.º - Entidades dos setores especiais como contraentes públicos .............................................. 14
Artigo 9.º - Atividades nos setores especiais ......................................................................................... 15
Artigo 10.º - Atividades excecionadas nos setores especiais ................................................................. 15
Artigo 11.º - Âmbito de contratação nos setores especiais ................................................................... 15
Artigo 12.º - Extensão do âmbito de contratação nos setores especiais ............................................... 16
Artigo 13.º - Restrição do âmbito de aplicação da contratação pública nos setores especiais ............. 16
Artigo 14.º - Empresa Associada ............................................................................................................ 17
PARTE II ...................................................................................................................................................................... 18
TIPOS E ESCOLHA DE PROCEDIMENTOS .............................................................................................................. 18
CONSULTA PRÉVIA ................................................................................................................................. 18
Regime da consulta prévia ..................................................................................................................... 18
PARCERIA PARA A INOVAÇÃO ................................................................................................................ 21
VALOR DO CONTRATO – ARTIGO 17.º .................................................................................................. 24
Escolha de procedimentos de formação do contrato – Regra geral ...................................................... 27
Escolha de procedimento em função dos critérios materiais ............................................................... 28
Critério material do artigo 24.º - Generalidade dos contratos .............................................................. 28
Por motivos de urgência imperiosa – condições: ................................................................................... 29
Artigo 25.º - Critérios materiais aplicáveis às empreitadas ................................................................... 30
Artigo 26.º - Critério material nas locações e aquisições de bens ......................................................... 31
Artigo 27.º - Ajuste direto por critérios materiais para aquisição de serviços ....................................... 31
Outras condições para a determinação / escolha do procedimento, que não se baseiam no valor ..... 33
Outros critérios ...................................................................................................................................... 35
FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO .................................................................................................................... 36
O ANÚNCIO DE PRÉ-INFORMAÇÃO ........................................................................................................ 36
A consulta preliminar ao mercado ......................................................................................................... 37
DEVER ESPECIAL DE FUNDAMENTAÇÃO DA CONTRATAÇÃO ................................................................. 38
AGRUPAMENTO DE ENTIDADES ADJUDICANTES ................................................................................... 39
PEÇAS DO PROCEDIMENTO – artigo 40.º ............................................................................................. 40
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CONVITE ................................................................................................................................................. 41
ANÚNCIO ................................................................................................................................................ 42
PROGRAMA ............................................................................................................................................ 43
CADERNO DE ENCARGOS ....................................................................................................................... 47
CADERNOS DE ENCARGOS NAS EMPREITADAS ...................................................................................... 51
NULIDADE DO CADERNO DE ENCARGOS – N.º 8 DO ARTIGO 43.º......................................................... 52
ADJUDICAÇÃO POR LOTES – ARTIGO 46.º -A ......................................................................................... 53
PREÇO BASE – ARTIGO 47.º .................................................................................................................... 54
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS – ARTIGO 49.º ............................................................................................ 55
ESCLARECIMENTOS, RETIFICAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS PEÇAS PROCEDIMENTAIS ................................. 58
REGRAS DE PARTICIPAÇÃO – O ARTIGO 55.º........................................................................................ 60
O ARTIGO 464.º-A .................................................................................................................................. 62
RELEVAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS – ARTIGO 55.ºA ............................................................................... 63
PROPOSTA – NOÇÃO, CONDIÇÕES DE VALIDADE, MODO DE APRESENTAÇÃO, PRAZO PARA A SUA
APRESENTAÇÃO E PRAZO PARA A SUA MANUTENÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS ...................... 65
Proposta .............................................................................................................................................. 65
ARTIGO 63.º - PRAZOS PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS ............................................................. 67
PRORROGAÇÃO DO PRAZO FIXADO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS – ARTIGO 64.º .............. 70
PRAZO DE VALIDADE E MANUTENÇÃO DAS PROPOSTAS – Artigo 65.º ................................................. 70
CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS DA PROPOSTA – artigo 66.º ........................................................... 70
O JÚRI NOS PROCEDIMENTOS .............................................................................................................. 70
ANÁLISE DE PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E ADJUDICAÇÃO ........................................................... 71
CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃO – ARTIGO 74.º ........................................................................................ 75
ADJUDICAÇÃO ..................................................................................................................................... 78
FASE DA HABILITAÇÃO DO ADJUDICATÁRIO ........................................................................................ 81
A CAUÇÃO – 88.º A 91.º ....................................................................................................................... 82
CONFIRMAÇÃO DE COMPROMISSOS – ARTIGOS 92.º e 93.º ................................................................ 83
DO CONTRATO – ARTIGOS 94.º A 106.º ............................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................................... 84
CONTEÚDO DO CONTRATO .................................................................................................................... 85
A PREVISÃO CONTRATUAL DAS MODIFICAÇÕES DO OBJETO DO CONTRATO ....................................... 86
A MENÇÃO CONTRATUAL AO GESTOR DO CONTRATO .......................................................................... 87
O PREÇO CONTRATUAL .......................................................................................................................... 88
A MINUTA DO CONTRATO...................................................................................................................... 88
OS AJUSTAMENTOS AO CONTRATO ....................................................................................................... 88
A RECLAMAÇÃO SOBRE A MINUTA DO CONTRATO ............................................................................... 89
OUTORGA OU NÃO OUTORGA DO CONTRATO – 104.º A 106.º ............................................................ 89
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS .......................................................................................................... 90
TÍTULO III .................................................................................................................................................................... 92
TRAMITAÇÃO PROCEDIMENTAL .............................................................................................................................. 92
CONCURSO PÚBLICO – ARTIGOS 130.º A 154.º .................................................................................... 92
ARTIGO 133.º - DISPONIBILIZAÇÃO ELETRÓNICA GRATUITA DAS PEÇAS DO CONCURSO ..................... 92
O ARTIGO 139.º - MODELO DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS .................................................................. 93
ARTIGO 146.º - RELATÓRIO PRELIMINAR ............................................................................................... 93
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ARTIGO 147.º - AUDIÊNCIA PRÉVIA ........................................................................................................ 94
ARTIGO 149.º - FASE DE NEGOCIAÇÃO DE PROPOSTAS – ÂMBITO........................................................ 94
CONCURSO PÚBLICO URGENTE – ARTIGO 155.º A 161.º ...................................................................... 95
CONCURSO PÚBLICO POR PRÉVIA QUALIFICAÇÃO – 162.º a 192.º ....................................................... 96
Artigo 164.º - Programa do Concurso .................................................................................................... 96
ARTIGO 165.º - REQUISITOS MÍNIMOS .................................................................................................. 96
ARTIGO 168.º - DOCUMENTOS DA CANDIDATURA ................................................................................ 97
ARTIGO 173.º - PRAZOS – VER TABELA .................................................................................................. 97
ARTIGO 174.º - PRAZOS - IDEM .............................................................................................................. 97
ARTIGO 179.º - MODELO SIMPLES DE QUALIFICAÇÃO........................................................................... 97
ARTIGO 184. º - RELATÓRIO PRELIMINAR DA FASE DE QUALIFICAÇÃO ................................................. 97
ARTIGO 187.º - DEVER DE QUALIFICAÇÃO ............................................................................................. 98
ARTIGO 188.º - NOTIFICAÇÃO DA DECISÃO DE QUALIFICAÇÃO ............................................................. 98
ARTIGO 189.º - FASE DE APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS – CONVITE ................................................... 98
PROCEDIMENTO POR NEGOCIAÇÃO – ARTIGOS 193.º A 203.º ............................................................. 99
DIÁLOGO CONCORRENCIAL – ARTIGOS 204.º A 218.º .......................................................................... 99
PARCERIA PARA A INOVAÇÃO – NOVIDADE – ARTIGOS 218.º A 218.º D ............................................ 100
CONCURSO DE CONCEÇÃO – ARTIGOS 219.º A 236.º ......................................................................... 100
SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO – ARTIGOS 237.º A 244.º ........................................................... 102
ARTIGO 238.º FASES DO SISTEMA ........................................................................................................ 103
ARTIGO 240.º - PEÇAS DO PROCEDIMENTO ......................................................................................... 103
ARTIGO 241.º A – PARTICIPAÇÃO E QUALIFICAÇÃO ............................................................................ 103
ARTIGO 241.º B – CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS .......................................................... 104
ARTIGO 241.º C – LEILÃO E CATÁLOGOS ELETRÓNICOS ....................................................................... 104
ARTIGO 241.º D – ATUALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS QUALIFICADOS ............................................... 104
SISTEMAS DE QUALIFICAÇÃO – ARTIGO 245.º A 250.º - ..................................................................... 104
SERVIÇOS SOCIAIS E OUTROS SERVIÇOS ESPECÍFICOS – ARTIGO 250.º-A A 250.º-D ........................... 105
ACORDOS-QUADRO – ARTIGOS 251.º A 259.º.................................................................................... 106
CENTRAIS DE COMPRAS – ARTIGOS 260.º A 266º-A ........................................................................... 113
ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS – TÍTULO VI-A ARTIGOS 266.º-A A 266.º-C ..................................................... 114
TÍTULO VII ................................................................................................................................................................. 116
GARANTIAS ADMINISTRATIVAS – ARTIGOS 267.º A 274.º ................................................................................... 116
TÍTULO VIII – EXTENSÃO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO – ARTIGO 275.º A 277.º ................................................ 116
PARTE III ................................................................................................................................................................... 118
REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................ 118
DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 118
INVALIDADES ..................................................................................................................................... 120
INVALIDADE DO PROCEDIMENTO – EFEITOS ....................................................................................... 120
INVALIDADES PRÓPRIAS DO CONTRATO .............................................................................................. 121
EXECUÇÃO DO CONTRATO ................................................................................................................. 122
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – ARTIGO 286.º - SEM ALTERAÇÕES ...................................................... 122
ARTIGO 287.º - EFICÁCIA DO CONTRATO ............................................................................................. 122
O GESTOR DO CONTRATO - ARTIGO 290.º-A ....................................................................................... 123
LIBERTAÇÃO DA CAUÇÃO ..................................................................................................................... 124
Artigo 296.º - EXECUÇÃO de caução .................................................................................................... 125
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VICISSITUDES DA EXECUÇÃO DO CONTRATO ..................................................................................... 125
FATURAÇÃO ELETRÓNICA E CONTRATOS COM FORTE COMPONENTE DE INOVAÇÃO ........................ 126
QUANTO AO ARTIGO 299.º-B – FATURAÇÃO ELETRÓNICA .................................................................. 127
QUANTO AO ARTIGO 301.º A – CONTRATOS COM FORTE COMPONENTE DE INOVAÇÃO .................. 127
OS PODERES EXORBITANTES DO CONTRAENTE PÚBLICO ................................................................... 128
A MODIFICAÇÃO OBJETIVA DO CONTRATO ....................................................................................... 129
A MODIFICAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO ...................................................................................... 133
CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL E SUBCONTRATAÇÃO .................................................................. 133
A CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL POR INCUMPRIMENTO DO COCONTRATANTE – ARTIGO 318.º-A
.............................................................................................................................................................. 134
SUBCONTRATAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO DO CONTRATO ............................................................... 135
ARTIGOS MAIS RELEVANTES QUE SE MANTÊM SOBRE ESTE ASSUNTO, SEM ALTERAÇÃO: ................ 135
PAGAMENTO DIRETO DO CONTRAENTE PÚBLICO AOS SUBCONTRATADOS ....................................... 135
INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – REGIME GERAL .......................................................................... 136
INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO COCONTRATANTE......................................................................... 136
INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO CONTRAENTE PÚBLICO ................................................................ 137
SANÇÕES CONTRATUAIS ...................................................................................................................... 137
CAUSAS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO ............................................................................................... 137
CONTRATOS ENTRE CONTRAENTES PÚBLICOS ................................................................................... 138
EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS ................................................................................................................... 140
CONSIGNAÇÃO DA OBRA – ARTIGOS 355.º A 360.º - SEM ALTERAÇÃO .............................................. 142
ARTIGOS 361.º (PLANO DE TRABALHOS) A 364.º (PATRIMÓNIO CULTURAL E RESTOS HUMANOS) –
SEM ALTERAÇÃO .................................................................................................................................. 142
ARTIGO 365.º A 369.º - SUSPENSÃO DE TRABALHOS, AUTO DE SUSPENSÃO – SEM ALTERAÇÕES. .... 142
MODIFICAÇÕES OBJETIVAS DO CONTRATO DE EMPREITADA ............................................................ 142
ARTIGO 370.º - TRABALHOS COMPLEMENTARES ................................................................................ 142
RESPONSABILIDADE PELOS TRABALHOS COMPLEMENTARES ............................................................. 145
ARTIGO 379.º - REGIME DOS TRABALHOS A MENOS – MANTÉM-SE INALTERADO ............................. 146
ARTIGO 380.º - INUTILIZAÇÃO DOS TRABALHOS NÃO EXECUTADOS .................................................. 146
ARTIGO 381.º - INDEMNIZAÇÃO POR SUPRESSÃO DE TRABALHOS ..................................................... 146
ARTIGO 382.º - REVISÃO ORDINÁRIA DE PREÇOS ................................................................................ 146
MODIFICAÇÕES SUBJETIVAS NO CONTRATO DE EMPREITADAS ......................................................... 147
SUBEMPREITADAS ................................................................................................................................ 147
MEDIÇÃO E PAGAMENTO – ARTIGOS 387.º A 393.º ........................................................................... 147
RECEÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA – ARTIGOS 394.º A 398-.º ......................................................... 147
LIQUIDAÇÃO DA EMPREITADA E RELATÓRIO FINAL – ARTIGO 399.º A 402.º ..................................... 147
INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – ARTIGOS 403.º A 406.º .............................................................. 147
CONCESSÃO DE OBRAS PÚBLICAS E SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................................ 148
LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 431.º A 436. ......................................................................................... 148
AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 437.º A 449.º ..................................................................................... 149
AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS – ARTIGOS 450.º A 454.º ........................................................................................... 149
GOVERNAÇÃO E SISTEMA SANCIONATÓRIO ...................................................................................................... 150
GOVERNAÇÃO ................................................................................................................................... 150
REGIME SANCIONATÓRIO .................................................................................................................. 150
DISPOSIÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................. 153
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PUBLICITAÇÃO DOS CONTRATOS – ARTIGO 465.º .............................................................................. 153
RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS ......................................................................................... 154
NOTA FINAL: ............................................................................................................................................................. 159
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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS
REVISÃO – DL 111-A/2017
APONTAMENTOS
PARTE I
Não se vê, à primeira leitura, qual a vantagem da alteração, já que a parte III se destina
a regular a parte substantiva dos contratos públicos – a vigência e execução desses
contratos, o que não se afigura aplicável a estas atribuições unilaterais (subsídios, etc).
Este artigo introduz os princípios que regem a contratação pública e, tal como a
doutrina tem vindo a desenvolver, são muitos.
6
Princípios da atividade administrativa:
Outros princípios
O ora revogado n.º 3 do artigo 1.º não previa expressamente todos estes
princípios, mas não deixava de os prever implicitamente, ao estabelecer que, em
matéria de contratação pública, se aplicavam especialmente os princípios da
transparência, igualdade e concorrência. Como a contratação pública é ainda
uma atividade administrativa, sempre se lhe aplicariam os demais princípios que
regem, nos termos do CPA, a atividade administrativa do Estado.
Por isso, em rigor, não estamos perante uma verdadeira alteração significativa e
substancial do regime.
Porém, o n.º 2 deste artigo 1º A é, ainda que surgindo no plano dos princípios,
uma efetiva novidade, cuja aplicação em concreto nos convoca para o modo e
as formas como pode ser cumprido pelas entidades adjudicantes.
Dado que este dever de assegurar tal cumprimento abrange não apenas os
contraentes particulares dos contratos a celebrar – o que limitaria a sua
verificação à fase da execução dos contratos -, mas ainda “os operadores
económicos” e também “em fase de formação dos contratos”, incluindo, pois, os
procedimentos de contratação – interessados, candidatos e concorrentes -,
como se efetiva, em ações concretas, esta verificação?
7
Como pode ela constituir um fundamento de exclusão de propostas ou mesmo
de candidaturas, por exemplo?
Quanto ao n.º 3
De uma forma implícita, este n.º aponta para o cumprimento das garantias de
imparcialidade do CPA, reforçando o dever de atuação das entidades
adjudicantes no sentido de deverem adotar medidas que se afigurem adequadas
a impedir, identificar e resolver conflitos de interesses que possam surgir na
condução de procedimentos de contratação pública, no respeito e para garantia
do princípio da concorrência e do princípio da igualdade.
8
Artigo 2.º - Entidades Adjudicantes
Por outro lado, oferece-nos indícios do que é não estar submetido à lógica
concorrencial do mercado - é não ter escopo lucrativo e/ou não assumir os
prejuízos decorrentes da sua atividade.
9
A alínea e) do n.º 2 – satisfação de necessidades de serviços periféricos das
entidades adjudicantes do artigo 2.º, fora do território nacional e sujeitas ao
regime que se aplique em matéria de contratação pública, nos termos do direito
internacional público, exceto se celebrados no espaço comum europeu e para
valores relevantes para a contratação pública com publicação comunitária, nos
termos previstos – agora – no artigo 474.º, 3. a), b) e c) – é a única que se
afigura inovadora deste artigo.
A exclusão deste tipo de contratos, mas apenas quando uma das entidades exercesse
sobre a atividade da outra, isoladamente ou em conjunto com outras, um controlo
10
análogo ao exercido cobre os seus próprios serviços, desde que essa atividade
fosse essencialmente desenvolvida em favor da entidade controlante.
n.º 4:
Esta exclusão, com redação alterada e aparentemente mais cuidada, estava já prevista.
11
Por interesses essenciais da Defesa e da Segurança do Estado – não teria,
porventura, de estar especialmente previsto, dada a exclusão dos contratos
prevista no artigo 4.º sobre defesa e segurança dos Estados.
Por fim, na alínea i), apenas se alterou a redação, sem alteração de substância.
1
De outro modo, estará a comprar serviços e tudo se passa em torno de um contrato normal de
prestação de serviços
12
Este regime corresponde ao previsto no n.º 2 do artigo 6.º pré-revisão. Este artigo
6.º foi revogado. Mas ver artigo 6.º-A aditado.
Não há ainda lugar à aplicação da Parte II nos contratos celebrados entre duas
entidades adjudicantes controladas pela mesma entidade adjudicante.
A estes contratos não se aplica a parte II, desde que o seu valor não seja igual
ou superior ao previsto na alínea d) do n.º 3 do artigo 474.º (750 mil euros,
atualmente).
14
(se, por sua vontade, qualificam os contratos celebrados ao abrigo do artigo 7.º
como contratos administrativos).
Sem alterações
Artigo alterado
Atividades dos setores especiais às quais não se aplica a parte II, desde que as
entidades adjudicantes respetivas o não sejam por força do artigo 2.º, mas
unicamente por força do artigo 7.º.
Este artigo foi alterado apenas na alínea b) do seu n.º 1, passando a remeter
para o artigo 374.º, quando na redação ainda em vigor, remetia para a Diretiva
dos Serviços Especiais (a revogada pela Diretiva 25/2015/EU), na determinação
dos montantes limiares da contratação ao abrigo da parte II.
2
Valor atualizado nos termos do Regulamento Delegado (EU) 2017/2364 da Comissão, de 18.12.2017
15
Concessões – todas
Este artigo não foi objeto de qualquer alteração, mas importa sublinhá-lo,
porquanto ele determina que às entidades adjudicantes do artigo 2.º, que
exerçam a sua atividade em qualquer um dos setores especiais, as regras do
artigo 11.º aplicam-se a todos os contratos que digam direta e
principalmente respeito às atividades daquele setor.
16
Este artigo sofreu fortes alterações, no que respeita a situações de contratação
que, à luz dos artigos 8.º a 11.º, deveriam estar sujeitas ao regime da Parte II do
CCP, mas que, por via deste artigo, devem ser excluídas desse regime.
17
PARTE II
CONSULTA PRÉVIA
18
Devem ser consultadas pelo menos três entidades à escolha, sendo admitida
a fase de negociação dos aspetos de execução do contrato a celebrar – artigo
112.º.
Atenção:
Na nova redação, não existe esta condição, sendo agora relevantes toda e
qualquer celebração de contratos, consoante se trate, por um lado, de
contratos de empreitada e, por outro, de aquisição de bens e/ou serviços.
Dito de outro modo, sem aquela condição, que sempre foi muito difícil de operar
e cuja interpretação passou muitas vezes pela verificação da identidade ou
proximidade dos respetivos CPV, é agora mais “fácil” e mais “rápido” atingir o
limite do artigo 113.º.
19
Se o artigo 112.º define a consulta prévia como o procedimento contratual no
qual são convidadas pelo menos três entidades a apresentar proposta, o artigo
114.º reitera, no seu n.º 1, sem necessidade de o fazer, a exigência desse
mínimo de três entidades, sendo essa escolha da competência do órgão
competente para decidir contratar, conforme referido no n.º 1 do artigo 113.º (já
era assim, de resto).
“No caso do ajuste direto ser adotado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º
1 do artigo 27.º (critérios materiais), a entidade adjudicante deve convidar (…)
todos os selecionados no concurso de conceção”.
Aspetos até agora previstos para o ajuste direto em sentido lato e que passam
a estar previstos apenas para a consulta prévia:
Nos termos do artigo 125.º, que já assim era, sempre que tenha sido apresentada
uma única proposta, não há lugar às fases de negociação e audiência prévia e
o relatório preliminar e final são substituídos por um projeto de decisão de
adjudicação, embora se possa convidar o concorrente a melhorar a sua
proposta.
Com a definição que vigorará para o ajuste direto, no sentido de que este é
restrito aos procedimentos em que há convite a uma única entidade, o artigo
125.º passará a aplicar-se a todos os procedimentos por ajuste direto e
àquelas consultas prévias em que, pese embora terem sido convidadas a
20
apresentar proposta pelo menos três entidades, apenas se verificou a
apresentação de uma única proposta.
O artigo 30.º-A determina que a parceria para a inovação pode ser adotada para
a realização de atividades de investigação e desenvolvimento de bens,
serviços ou obras inovadoras, independentemente da sua natureza e área de
atividade, com vista à sua aquisição posterior, na condição de que os bens,
serviços ou obras em questão correspondam aos níveis de desempenho e
preços máximos previamente acordados entre a entidade adjudicante e os
participantes na parceria.
- Anúncio;
- Programa do procedimento;
E, no programa do procedimento:
22
À parceria para a inovação aplicam-se supletivamente as regras do
procedimento por negociação.
(7) Aplicam-se à fase de análise das propostas o disposto nos artigos 146.º
a 148.º (relatório preliminar, audiência prévia e relatório final).
23
(11) No final, desde que os bens, serviços ou obras correspondam aos
padrões de desempenho desejados pela entidade adjudicante, esta
procede à sua aquisição, desde que os respetivos custos não sejam
desproporcionados relativamente ao investimento exigido para o seu
desenvolvimento.3
Nas empreitadas, inclui-se ainda o valor total dos bens móveis e serviços
que a entidade adjudicante põe à sua disposição para a execução do contrato.
O valor do contrato enquadra assim o preço base5, nos termos do artigo 47.º,
n.º 1 e a sua fixação deve ser fundamentada com base em critérios objetivos,
tendo em conta preferencialmente:
3
Em princípio, a aferir conforme previsto no caderno de encargos
4
Ver também o artigo 301.º-A, sobre o específico modo de remuneração dos contratos com forte
componente de inovação
5
O preço base, por regra, coincide com o valor do contrato, mas podemos configurar contratos em que
representa apenas uma componente do respetivo valor, correspondendo ao que a entidade adjudicante
se propõe pagar, ficando aquém do que o contraente particular espera vir a receber – caso das
concessões, por exemplo.
24
- Os custos médios unitários de prestações do mesmo tipo adjudicadas em
anteriores procedimentos pela entidade adjudicante.
6
Ainda que se promova a atualização destes preços através da aplicação de fórmulas de revisão do
preço ou pela variação do índice dos preços no consumidor, como não pode deixar de ser feito.
25
de atender ao somatório dos valores de todos os procedimentos e contratos
celebrados no referido período de tempo, para a determinação do tipo de
procedimento a adotar.
Este artigo 22.º, na sua atual redação ainda em vigor, é de uma confusão plena, desde
logo, no próprio título “Divisão em lotes”, que configura efetivamente o efeito do
fracionamento induzido, não sendo o próprio fracionamento que a norma pretende
regular. Depois, porque toda a redação e estrutura do artigo é verdadeiramente obscura.
7
Novos limiares introduzidos nos termos indicados na nota de rodapé 1 e no Regulamento Delegado EU
2017/2365, da Comissão, de 18.12.2017
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ESCOLHA DE PROCEDIMENTOS DE FORMAÇÃO DO CONTRATO –
REGRA GERAL
(Artigos 18.º, 19.º, 20.º e 21.º)8
8
Sem esquecer que, nos termos do artigo 11.º (setores especiais), a parte II só se aplica aos contratos aí
previstos, a partir dos seguintes valores de contrato: empreitadas - < € 5.548.000; aquisição de bens,
serviços e locações – 418.000 €; aquisição de serviços sociais – 1.000.000,00, conforme n.º 1 do artigo e
artigo 474.º, n.º 4, sem prejuízo da sua aplicação nos contratos de aquisição de serviços financeiros com
o Banco de Portugal e de produção de programas, radiodifusão ou relativos a tempos de emissão.
9
Artigo 128.º
10
Para adjudicações do Estado – Entidades adjudicantes do artigo 2.º, 1. Neste caso e nos pontos
seguintes, os valores indicados para os procedimentos de publicação comunitária têm os respetivos
valores atualizados a 18.12.2017.
11
Para adjudicações de outras entidades adjudicantes – entidades adjudicantes do artigo 2.º, 2.
12
Que não sejam de empreitadas, aquisições de serviço, concessões de serviços públicos ou de
sociedade
13
N.º 4 do artigo 31.º - concessões de obras ou serviço de duração inferior a 1 ano. Conferir ainda,
repetindo este regime, o n.º 4 do artigo 31.º.
14
Artigo 474.º, n.º 2
27
Sociedade < < 75.000
75.000€ €
15
Nos termos dos artigos 24.º a 27.º, pode ser escolhido o ajuste direto ou a
consulta prévia, para os contratos em geral, como previsto no artigo 24.º, para
os contratos de empreitadas, conforme previsto no artigo 25.º, para os
contratos de aquisição ou locação de bens, como previsto no artigo 26.º e,
finalmente, como estabelecido no artigo 27.º, para as aquisições de serviços.
15
Conferir, no entanto, o n.º 3 do artigo 31.º, que admite o ajuste direto, por razões de interesse
público.
28
Caso o tenha sido, não há lugar a ajuste direto, mas a consulta prévia, devendo
ser convidadas todas e apenas as entidades que apresentaram proposta e que
viram essas propostas excluídas com fundamento no n.º 2 do artigo 370.º.
29
ou
O Tribunal de Contas tem entendido que as condições atrás referidas não são
relevantes, na eventualidade da entidade adjudicante se ter colocado
voluntariamente nesta situação.
Nestas condições, pode-se celebrar contratos por ajuste direto até ao valor limite
para os concursos de âmbito nacional (até 5.548.000 €), salvo se o anúncio
respetivo tiver sido publicado no JOUE, caso em que não há limite a observar.
É ainda possível recorrer a este ajuste direto por critérios materiais para obras
com finalidades de investigação, experimentação e desenvolvimento, que
não sigam a finalidade da obtenção de lucro ou da amortização do custo dessas
atividades, até ao limite de 5.548.000 €, bem como e, neste caso, de adoção
mais corrente, para adjudicações ao abrigo de acordos-quadro.
30
ARTIGO 26.º - CRITÉRIO MATERIAL NAS LOCAÇÕES E AQUISIÇÕES DE
BENS
O artigo 26.º - ajuste direto por critérios materiais para aquisição de locação
e bens - sofreu também pequenas alterações, essencialmente de redação.
31
A alínea a) remete-nos para a situação de novos serviços que consistam em
repetição de serviços anteriormente contratados, entre as mesmas partes,
em conformidade com um projeto comum, desde que o contrato preexistente
tenha sido celebrado há menos de 3 anos e desde que a possibilidade da
adoção do ajuste direto por critérios materiais tenha constado do respetivo
anúncio ou programa.
A escolha do ajuste direto ou consulta prévia, neste caso, tem de ser tomada no
prazo máximo de um ano a contar da data da adjudicação tomada no
32
concurso de conceção, devendo o convite ser enviado nesse prazo, sob pena
de caducidade da decisão (n.º 5, sem alteração de redação), dando lugar ao
dever de indemnizar os concorrentes pelos encargos suportados com a sua
participação no concurso de conceção (n.º 6, também sem alteração).
Esta é uma das situações em que, consoante fixar estabelecido nos termos de
referência, podem ser convidados a apresentar proposta mais do que um
participante do concurso de conceção, aplicando-se então a modalidade da
audiência prévia, nos termos do artigo 27.º A.
O artigo 28.º, por não ter sido alterado, mantendo a redação ainda em vigor, faz
uma remissão errada para o artigo anterior (doravante, seria o artigo 27.º-A), que
se deve entender feita para o artigo 27.º.
34
Se o contrato abranger prestações típicas integradoras dos contratos abrangidos
pela Parte II e outras não abrangidas, fica sujeito ao regime nesta consignado,
atendendo-se ao total do valor implicado.
OUTROS CRITÉRIOS
Por fim, o artigo 33.º determina os tipos de procedimento que podem ser
adotados pelas entidades dos setores especiais:
- Concurso Público
- Diálogo concorrencial
- Ajuste direto ou consulta prévia, nos termos dos artigos 24.º a 27.º
35
FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO
O ANÚNCIO DE PRÉ-INFORMAÇÃO
A atual redação do n.º 1 do artigo 34.º substituiu o facultativo “podem” pelo mais
assertivo “enviam”, o que nos fará perguntar se efetivamente estamos perante
uma obrigação jurídica.
Creio que não, porquanto a remissão feita para o n.º 1 do artigo 48.º da
Diretiva 24, tomada pelo seu todo, mantém a possibilidade – e não a
obrigação – do respetivo envio, agora, já não diretamente pela norma nacional,
mas através da norma comunitária em questão.
Apesar desta conclusão, não deixa de ser significativo o detalhe com que o
legislador nacional se ocupa em definir o regime deste anúncio de pré-
informação em termos que só são habituais quando se está a estabelecer uma
obrigação jurídica efetiva.
Aliás, isso mesmo parece decorrer do n.º 6 do artigo, quando estabelece que os
anúncios são enviados após o início de cada exercício orçamental, mas já a
versão anterior dispunha o mesmo no seu n.º 4 – exatamente nos mesmos
precisos termos -, o mesmo sucedendo, mutatis mutandi, com os n.ºs 7 e 5,
respetivamente, para os contratos de empreitada e ou concessão de obras
públicas ou serviços públicos.
Não havendo, pois, alteração do regime neste particular, tenderia a concluir que
o envio desta pré-informação é facultativo, mas caso se proceda a esse envio,
ele terá de respeitar o regime definido no artigo 34.º.
36
A consulta preliminar ao mercado
Quanto ao regime propriamente dito, apesar dele ser curto e, porventura, pela
natureza da matéria regulada, não poder talvez ser mais assertivo, retira-se que
o artigo exige que se tomem medidas adequadas para evitar qualquer
distorção da concorrência, apontando como medidas possíveis a
comunicação aos restantes candidatos ou concorrentes de todas as
37
informações pertinentes trocadas no âmbito da participação do candidato ou
concorrente na preparação do procedimento de formação do contrato, fazendo
incluir essas informações assim obtidas nas peças do procedimento.
De facto, parece que a mais do que um pouco de burocracia, o artigo não traz
muito proveito – e, volto a dizer, provavelmente, dificilmente traria – no reforço
da transparência e da verdade do procedimento em termos de concorrência.
Mas, sobretudo, não traz grande descanso a quem presta tais informações e
apoio técnico indireto, de boa fé16, que não fica assim totalmente ao abrigo da
possibilidade de ver a sua futura proposta ou candidatura excluída, com
fundamento na citada alínea i) do artigo 55.º ou, pelo menos, de ver uma eventual
qualificação ou adjudicação ser atacada justamente por essa razão.
A lei não destaca nenhuma sanção especial para a omissão destas referências,
designadamente, não as reconduzindo a qualquer tipo de nulidade, como as
previstas no n.º 8 do artigo 42.º.
16
Sendo certo que é também da natureza das coisas que a colaboração dada por um operador
económico numa possível transação futura a lançar pelo seu consulente, nunca será e não tem de ser
puramente desinteressada – o que seria uma contradição de termos com a sua condição e atividade
económica.
38
AGRUPAMENTO DE ENTIDADES ADJUDICANTES
17
Dando assim cumprimento ao exigido na Diretiva 24/2014/EU, mas que o legislador poderia também
“importar” para todos os tipos ou âmbitos de agrupamentos de entidades adjudicantes
39
- Se defina o modo de receção das prestações e a relevância das objeções a
este, por cada entidade agrupada.
No mais, as regras são similares às que resultam do atual artigo 39.º, alargando-
se a exigência das deliberações de cada uma também à designação do júri,
bem como a todos os atos cuja competência a lei atribua ao órgão com
competência para contratar (por exemplo, decisão sobre erros e omissões e,
na fase de execução do contrato, adjudicação de trabalhos complementares),
admitindo-se, para este efeito, a figura da conferência procedimental, nos
termos regulados pelos artigos 77.º a 81.º do CPA, sendo certo que não se vê
muito bem como tirar partido da agilização permitida por estas normas, quando
estejam em causa órgãos colegiais em matérias para as quais o CCP não
consinta delegação de competências – por exemplo, seria necessário, para
estas situações, que Conselhos de Administrações das várias entidades, sendo
o caso, reunissem em simultâneo, ainda que através de videoconferência?
AJUSTE X X
DIRETO
CONSULTA X X
PRÉVIA
CONCURSO X X X
PÚBLICO
CONC. X X X X
LIMITADO
PRÉVIA
QUALIF.
PROCEDI- X X X X
MENTO
NEGOCIAÇÃ
O
40
DIÁLOGO X X X X X X
CONCOR-
RENCIAL
PARCERIA X X X X
INOVAÇÃO
IDEIAS
Nos procedimentos concorrenciais por anúncio, este passa a ser também uma
peça procedimental, com a consequência de que a respetiva minuta tem também
de ser aprovada pela entidade competente para a decisão de contratar.
CONVITE
Artigo 115.º.
Cumpre a função que é atribuída ao programa, pelo que, nos termos do artigo
41.º, constitui o regulamento do procedimento por ajuste direto ou consulta
prévia.
O n.º 5 deste artigo comete, a meu ver, uma inconsistência – nos casos de
ajuste direto previsto no artigo 27.º, n.º 1 g) – no seguimento de concurso de
conceção ou ideias – faz referência expressa unicamente ao ajuste direto, sendo
que a existir critério de adjudicação, teremos sempre a possibilidade de mais de
um concorrente e proposta, o que se reconduz à figura da consulta prévia; por
outro lado, a alínea b) do n.º 5 do artigo faz referência ao conteúdo a observar
no caderno de encargos, o que não faz o mínimo sentido, quando se está a reger
o convite.
ANÚNCIO18
Parceria para a inovação – artigo 167.º, por remissão do artigo 218.º A, n.º 2
18
Sobre os formulários de anúncios de âmbito nacional, conferir agora a Portaria 371/2017, de 14 de
dezembro, que os publica.
42
Realce-se que nos termos do artigo 133.º, a disponibilização das peças do
procedimento e do caderno de encargos deve ser livre, completa e gratuita,
através da plataforma eletrónica.
PROGRAMA
Concurso Público – Art.º 132.º e 150.º (neste caso, se o concurso admitir uma
fase de negociação das propostas).
43
No concurso público urgente, não haverá lugar à fase de negociação
(conferir n.º 2 do artigo 156.º, o que se compreende por razões óbvias da
urgência inerente ao procedimento).
Procedimento por negociação – art.º 196.º, com remissão para o n.º 1 do artigo
164.º e para o n.º 1 do artigo 150.º.
Diálogo concorrencial – Artigo 206.º, n.º 1, para além dos elementos previstos
no 164.º, n.º 1.
Mas não se pode deixar de considerar que a omissão desta indicação “Sim” ou
“Não” há-de impor como solução supletiva o “Não”, já que, sendo admitidas
propostas variantes, elas terão de ser merecedoras de uma avaliação
19
E neste sentido esta inovação vai também ao encontro da Diretiva 24/2014/EU, que julgou necessário
que as entidades adjudicantes “estimulassem” o surgimento de propostas variantes.
44
específica, particularmente, quando o critério de adjudicação não for o preço e,
para além disso, o caderno de encargos terá de identificar expressamente as
“condições alternativas” em que possam assentar as propostas variantes –
conferir artigo 59.º, n.º 1. Ou seja, não é logicamente possível aceitar a
admissibilidade de propostas variantes tacitamente.
Se, em termos de puro raciocínio lógico, isto parece ser assim, já a introdução
de uma nova redação ao n.º 2 do artigo 59.º, pelo seu teor e sobretudo, pela
conjugação desta disposição com a alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º. suscita nova
reflexão.
Com efeito, prescreve o citado n.º 2 do artigo 59.º na sua redação pos-revisão:
Ora, dado que a alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º dispõe que “se é ou não
admissível a apresentação de propostas variantes”, contra a redação pré-
revisão, que estabelecia “se é admissível a apresentação …., [etc]”, parece
resultar da conjugação das duas alterações, um querer forçar a
admissibilidade por defeito das propostas variantes.
Se assim é, não parece que a redação do n.º 2 do artigo 59.º seja a mais feliz.
De facto, ao remeter esta disposição para “os casos previstos no número
anterior”, não pode deixar de considerar esse número no seu todo, aceitando
que só há lugar a propostas variantes, quando o programa de concurso não
o impeça expressamente e o caderno de encargos admita, também
expressamente, a possibilidade de existirem condições contratuais alternativas.
2020
Apesar dos formulários dos anúncios, conforme a portaria 371/2017, exigirem o preenchimento
obrigatório da admissibilidade ou não das propostas variantes, o artigo 59.º/2 do CCP exige que o
programa tome posição expressa sobre esta admissibilidade, valendo, aparentemente, a ausência de
posição como admissão (atendo-nos apenas a uma interpretação conforme a letra da lei).
45
Regressando ao Programa, este deve indicar o modelo de avaliação de
propostas, definido nos termos do artigo 139.º - conforme al. n) do n.º 1 do artigo
132.º, que teremos de revisitar adiante.
No entanto e já isso foi referido atrás, não parece haver aqui qualquer
possibilidade de consulta prévia, mas exclusivamente, de ajuste direto, já
que, conforme resulta das citadas normas habilitadoras daqueles tipos de
procedimento por critérios materiais, tais contratos têm de ser celebrados com
as mesmas entidades que celebraram os contratos anteriores que os
fundamentam.
21
Mais uma vez aqui, a Diretiva 24/2014/EU não vai ao ponto de “proibir” a adoção de critérios de
capacidade financeira para a qualificação de candidatos, admitindo mesmo, em determinadas situações,
a eminente necessidade dessa adoção. Mas percebe-se que olha com desconfiança para estes critérios,
os quais, quando adotados sem justificação razoável, atuam ou podem atuar apenas como restritores da
concorrência.
46
a publicação de uma portaria que definirá os termos de comprovação de
titularidades e qualificações profissionais, no domínio de contratos de
empreitadas a celebrar.22
CADERNO DE ENCARGOS
Como se referiu na tabela supra, esta peça é [quase] omnipresente, seja qual for
o tipo de procedimento seguido na contratação pública.
22
Trata-se da portaria 372/2017, de 14 de dezembro, que vem agora completar o regime do artigo 81.º,
em matéria de documentos de habilitação.
47
- O concurso de conceção ou de ideias – que só tem uma peça de
procedimento – os termos de referência;
- O n.º 2 do artigo 42.º, que estabelece que, em redação que não sofreu
alterações, nos casos de manifesta simplicidade das prestações objeto de
contrato, as cláusulas do caderno de encargos podem consistir na mera fixação
das especificações técnicas e na referência a outros aspetos essenciais da
execução do contrato – preço base e prazo, essencialmente.23
Sendo assim parcelas de uma mesma soma, não se pense, porém, que os seus
pesos relativos são iguais, porque não são.
23
Ainda que, no limite, se possa defender que a mera fixação das especificações técnicas e a referência
a outros aspetos essenciais da execução do contrato, por definirem os encargos a assumir pelo
cocontratante, constitui ainda o caderno de encargos do procedimento, definido em termos mais
simples do que os habituais.
48
É por essa razão que os concorrentes entregam com a sua proposta um
exemplar do anexo I ao CCP, no qual se comprometem a aceitar sem
reservas as cláusulas do Caderno de Encargos.
49
familiar dos trabalhadores afetos e a inclusão de pessoas com deficiências
no mercado.24
No mais, não se antevê que possam ser apreciados como atributos das
propostas, porquanto, nestes casos, o que tem de ser apreciado em sede de
concurso, é a própria proposta e não a concorrente, regra que teria de ser,
porventura, infringida, se tivéssemos de levar em linha de conta o tipo de gestão
de recursos humanos praticado pela empresa, por exemplo.
Mas não deixa de se considerar como algo estranho exigir, por exemplo, aspetos
concretizadores da vida familiar e pessoal dos trabalhadores afetos à
execução do contrato ou o aumento da participação das mulheres no
mercado do trabalho, aspetos que, em si mesmos, extravasam o puro domínio
da execução do objeto do contrato, sendo a esta estranhos, sem embargo de se
poder, por excesso de zelo, cair em situações potencialmente discriminatórias
entre concorrentes.
24
Ainda em linha com a intenção declarada da Diretiva 24/2014/UE
50
O n.º 11 é ainda uma novidade introduzida na revisão, referindo-se ao que se
considera aspetos submetidos à concorrência e aspetos não submetidos à
concorrência.
Este diploma nunca foi publicado e não consta da norma revogatória do artigo
10.º do DL 111-B/2017, que reviu agora o CCP.
Fica-se assim sem entender se a inclusão deste n.º 2 do artigo 43.º no elenco
das disposições alteradas significa que aquela suspensão foi revogada,
entrando a citada norma plenamente em vigor a partir de 1 de janeiro de 2018
ou se, ao contrário, a suspensão se mantém, atendendo à não revogação
expressa do diploma e ao facto de, até à data, efetivamente, não existir ato
normativo disciplinador da revisão de projetos de execução de empreitadas.
Porém, sendo esta uma lei que visa apenas estabelecer a qualificação
profissional exigida para a elaboração e subscrição de projetos, sua
coordenação, direção e fiscalização e, dentro destas, a revisão de projetos, ela
não estabelece realmente o regime dessa revisão.
Com efeito, esta lei veio alterar a lei 31/2009, que é anterior à publicação do DL
149/2012, e já dispunha, no seu artigo 18.º, sobre as mesmas qualificações para
a exigência dessa revisão.
51
Afigura-se que, pelo menos, ao nível da repartição de responsabilidades por
erros e omissões de projeto, que tenha sido objeto de revisão e que nesta não
tenham sido identificados, podendo-o ser objetivamente, tendo em conta a
natureza do erro ou da omissão, eventualmente notória, seria necessário um
diploma que disciplinasse essa repartição, designadamente, tendo em conta
o disposto nos atuais n.º 6 e 7 do artigo 378.º, que passam, sem alterações
substanciais, para o CCP pós-revisão, ainda que por inclusão em outros artigos.
É claro que estas normas não fazem referência expressa aos autores dos
projetos, mas a terceiros, o que não exclui a responsabilidade do revisor.
A correção feita à alínea a) do n.º 8 afigura-se útil e oportuna. Ocorre pensar que
se é possível dizer as coisas da forma mais simples, porque razão o legislador
nem sempre opta por o fazer, como era o caso das redações anteriores desta
norma?
Dá-se a reforma do ato nulo pela prática de um outro com o mesmo objeto,
que sane os vícios geradores de nulidade do antecedente.
Dá-se a conversão do ato nulo pela prática de ato que expurgue o ato anterior
dos vícios geradores de nulidade, aproveitando a parte do ato que se encontra
válida, desde que essa parte do ato, correspondendo ainda à vontade e ao
52
interesse de quem o praticou, seja em si mesma idónea à produção de efeitos
jurídicos.
Nos termos do n.º 5 do artigo 164.º CPA, a reforma e a conversão do ato podem
ter efeitos retroativos à data do ato que corrigem, desde que não tenha
havido alteração ao regime legal respetivo, sem prejuízo da anulação dos
efeitos lesivos produzidos na vigência do ato corrigido, quando envolvam a
imposição de deveres, encargos, ónus ou sujeições, aplicação de sanções
ou a restrição de direitos ou interesses protegidos.
Este artigo é uma das novidades mais interessantes da revisão e que encontra
paralelo também na Diretiva 24/2014, justamente no artigo 46.º também.
25
Dado que a própria lei se refere a esta exigência, quando o seja efetivamente, à luz das caraterísticas
concretas da obra, que podem exigir estes elementos (levantamentos de base, estudos geológicos e
geotécnicos, estudos ambientais e declaração de impacto ambiental, ensaios laboratoriais e outros,
planos de prevenção de resíduos de construção e demolição, sendo que, neste caso, a exigência decorre
da lei e, portanto, não se afigura aplicável o seu afastamento por exercício de vontade, ainda que
justificável, da entidade adjudicante) ou não.
53
A novidade deste artigo 46.º-A reside precisamente no caráter supletivo da
adjudicação por lotes prevista no n.º 2, sempre que estejam em causa
aquisições ou locações de bens ou aquisições de serviços de valor
superior a 135.000€ ou empreitadas de valor superior a 500.000€, sendo que,
para afastar a adjudicação por lotes, a entidade adjudicante tem de fundamentar
a sua decisão, designadamente, nas seguintes razões:
É, por isso, uma norma muito diferente da do artigo 22.º, que visa efetivamente
contrariar o fracionamento de despesas, com vista a furtar o procedimento a
âmbitos de concorrência mais alargados.
54
Assim, o n.º 1 corresponde grosso modo ao n.º 1 pré-revisão, fixando que o preço
base é o montante máximo que a entidade adjudicante está disposta a pagar
pelo objeto do contrato a celebrar.
O n.º 3 faz a ponte com o artigo 35.º A – o tal que “legaliza” as consultas informais
ao mercado – para determinar a obrigação da fundamentação da fixação do
preço base, tendo como fatores de fundamentação:
O n.º 5 estatui sobre os procedimentos que não têm preço base definido, sendo
procedimentos para qualquer valor de contrato, desde que o órgão
competente disponha de competência com essa amplitude para autorizar
despesa. Trata-se de uma situação que a lei marca como excecional e que tem
de ser devidamente fundamentada, evitando a ficção do preço base (apesar
de não expressamente definido) definido na redação pré-revisão, na alínea c) do
n.º 1 do artigo 47.º e nos números 3 e 4 do mesmo artigo.
55
Todo este artigo foi inteiramente revisto.
Elas servem para definir, de forma o mais clara possível e tendo em conta a
elaboração de propostas pelos concorrentes e, antes disso, a manifestação da
vontade de concorrer pelos interessados, as caraterísticas exigidas para o
objeto do contrato a celebrar.
56
Referência a normas da UE, regras técnicas nacionais vinculativas, em
temos de desempenho;
Especificações técnicas, critérios ambientais, homologações e
certificações nacionais ou comunitárias, etc.
Não sendo possível identificar convenientemente o objeto do contrato, a
não ser por referência a uma marca, produto, fornecedor, patente,
modo de produção determinado, excecionalmente, pode recorrer-se a
estas referências, mencionado sempre “ou equivalente”.
Ainda assim, a entidade adjudicante deve aceitar todos os rótulos, diversos dos
que exigiu, desde que estes obedeçam a requisitos de rotulagem equivalentes
ou, na impossibilidade do operador económico os obter em tempo útil (dentro do
prazo para a apresentação da proposta), deve aceitar outros meios de prova de
que as obras, bens ou serviços a propor pelo operador económico cumprem os
requisitos especificados.
57
Para tal efeito, a entidade adjudicante pode exigir a apresentação de
relatórios de ensaio ou certificados que comprovem a conformidade com
os requisitos e critérios por si estabelecidos, devendo, no entanto, aceitar outros
meios de prova adequada – documentação técnica do fabricante -, se o operador
não os puder obter em tempo útil.
ARTIGO 50.º
Este artigo foi também substancialmente alterado e aqui com algumas novidades
significativas do ponto de vista da substância.
58
Sobre os interessados ao procedimento impende o dever de identificar de
forma clara e inequívoca os referidos erros e omissões, exceto tratando-se
dos referidos na alínea d) e de quaisquer outros que, atendendo às
circunstâncias concretas do procedimento (por exemplo, prazo muito curto para
apresentação de propostas a um procedimento com objeto muito complexo) e
usando-se da diligência objetivamente exigível, apenas pudessem ser detetados
em fase de execução.
26
Conforme previsto no n.º 5 do artigo 50.º, este prazo do 2.º terço é supletivo, podendo ser alterado
no programa ou no convite.
59
oficiosamente a correção das peças e prestar esclarecimentos, desde que o
faça até ao termo daquele prazo.
27
Este regime não se confunde com os definidos para os artigos 6.º A e 250.º A a D, que correspondem
a procedimentos contratuais específicos de publicação obrigatória no JOUE, a partir de determinado
valor (750 mil euros, de acordo com a alínea d) do n.º 3 do artigo 474.º)
60
Quanto ao artigo 55.º
As atuais alíneas f) e g) são fundidas na futura alínea f), passando a atual alínea
h) para g) sem alteração de redação.
É incluída uma nova alínea j), cujos factos geradores deste impedimento se
oferecem de muito difícil prova – está em causa a atuação de terceiros que
vise influenciar indevidamente a decisão de contratar, a tentativa de obter
informações confidenciais para destas retirar vantagens indevidas, a prestação
de informações erróneas suscetíveis de influenciarem a alteração material de
decisões de exclusão, qualificação ou adjudicação – faltando saber se tais
condutas são restritas ao procedimento para o qual se gera o impedimento ou
se são relevantes ainda condutas deste tipo detetadas em procedimentos
anteriores. À luz de uma leitura restritiva da norma de impedimentos, por
representar ela própria a restrição de um direito, concluiria que estão em causa
condutas que se verificaram apenas relativamente ao procedimento
concreto.
Foi também incluída uma nova alínea k), relativa a situações de conflito de
interesses que não possam ser corrigidos por medidas menos gravosas que o
próprio impedimento.
61
Nos termos do novo n.º 2 do artigo 55.º, as medidas menos gravosas que
poderão ser adotadas em lugar do impedimento são:
Pela redação da norma e pela ausência de uma remissão legal, num Código que
se carateriza justamente pelo elevado número de remissões que utiliza,
pareceria óbvio que este impedimento se referiria apenas à entidade adjudicante
à qual o incumprimento diz respeito. Nesse sentido, não estaríamos perante
um impedimento absoluto, mas relativo.
Porém, tendo em conta o disposto no artigo 464.º-A, também ele sem remissões
para esta disposição, este entendimento não pode ser sustentado.
O ARTIGO 464.º-A
62
- Ou que tenham dado origem a duas resoluções sancionatórias, com
fundamento na alínea a) do artigo 333.º (Incumprimento definitivo pelo
cocontratante);
Nas situações das alíneas b) (condenação por crime que afete a honorabilidade),
c) (sanção administrativa por falta profissional grave), g) (sanção administrativa
por utilização de mão-de-obra não declarada, para efeitos de impostos e
contribuições à Segurança Social) e l) (situação já atrás referida de graves faltas
de cumprimento em contratos anteriores), o impedimento pode ser relevado se
o visado demonstrar que adotou medidas adequadas para repor a sua
idoneidade, designadamente, através
64
PROPOSTA – NOÇÃO, CONDIÇÕES DE VALIDADE, MODO DE
APRESENTAÇÃO, PRAZO PARA A SUA APRESENTAÇÃO E
PRAZO PARA A SUA MANUTENÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE
DOCUMENTOS
Proposta
Agora, com a eliminação desta alínea, para os efeitos previstos no artigo 70.º,
n.º 2 e em conjugação com o n.º 3 do artigo 71.º, é sempre necessário que o
júri peça esclarecimentos sobre o preço anormalmente baixo, antes de se
decidir pela exclusão da proposta, devendo esse pedido de esclarecimento ser
feito na fase de apreciação das propostas e, portanto, com estas já
apresentadas, mesmo que o procedimento não fixe um limiar de preço
anormalmente baixo, conforme induz o n.º 1 do artigo 71.º in fine.
Nota ainda para o n.º 6 do artigo, referente aos procedimentos com publicação
no JOUE, nos quais, o documento do anexo i é substituído pela exigência do
Documento Europeu Único de Contratação Pública, documento este que tenderá
cada vez mais a incorporar-se nos procedimentos de contratação pública da EU.
O n.º 7 deste artigo 59.º, quer na redação atual, quer na redação pré-revisão,
continua sistematicamente fora do sítio, já que configura um aspeto do regime
65
jurídico das propostas em geral e não um aspeto particular das propostas
variantes. A sua posição correta seria, portanto, como n.º 3 do artigo 56.º, com
a menção de “sem prejuízo do disposto no artigo 59.º, cada concorrente só pode
apresentar uma única proposta”.
O artigo 60.º, sobre o preço da proposta, mantém o regime em vigor, com a única
alteração a residir na designação do IMPIC e na remissão, já não para o artigo
81.º/5, mas para a portaria a publicar, nos termos do n.º 2 do artigo 81.º -
documentos de habilitação. Esta portaria viria a ser publicada em 14 de agosto
de 2017, sob o identificativo 371/2017.
A aquisição de bens móveis por catálogo pode ser feita por consulta prévia ou
ajuste direto, desde que os valores de aquisição respetivos o admitam.
Os catálogos eletrónicos poderão vir a ser objeto de regulação por portaria, que
imponha designadamente requisitos técnicos específicos.
66
Um dos problemas dos catálogos eletrónicos, quando a entidade adjudicante os
exija nos termos do n.º 1 do artigo 62.º-A e que já vai sendo uma prática habitual
por parte das entidades adjudicantes, reside naquelas situações em que o
catálogo não exista em idioma português, o que, aliás se afigura, perfeitamente
normal.
Seria então necessário que, para este efeito, a entidade adjudicante introduzisse
a devida exceção ao regime do artigo 58.º, no programa ou no convite para o
procedimento.
14 dias – empreitadas
15 dias, se publicado o
anúncio do 34.º ou o anúncio
do 35.º28
72 horas – empreitadas
28
Nas condições previstas no n.º 2 do artigo 136.º
67
- Sem publicação JOUE Candidatura – 6 dias 173.º
C/ publicidade internacional –
30 ou 25 dias32;
198.º
S/ publicidade internacional
- 33 6 dias
Proposta – os mesmos
prazos do concurso limitado
por prévia qualificação34
29
Consoante se trate de aquisição de bens ou serviços, locação ou empreitada com trabalhos muito
simplificados, de um lado e, do outro, empreitadas.
30
Consoante não tenha havido ou tenha havido publicação do anúncio de pré-informação, com uma
antecedência mínima de 52 dias e máxima de 12 meses em relação ao anúncio do procedimento. O
prazo mais curto aplica-se também aos procedimentos dos setores especiais.
31
Mas ver artigo 192.º para os setores especiais
32
Consoante não tenha havido ou tenha havido publicação no JOUE do anúncio de pré-informação, nas
condições já referidas. Pode haver redução até 7 dias nas condições do n.º 3 do artigo 198.º - publicação
no portal do simap.eu.int
33
Aplicando-se a regra do concurso limitado por prévia qualificação, dado que não há disposição
expressa para esta modalidade de procedimento para os prazos de apresentação de proposta sem
anúncio no JOUE.
34
Por falta de disposição expressa nesta modalidade procedimental, segue-se, com pleno
aproveitamento, a remissão implícita do artigo 199.º, justamente para o concurso limitado por prévia
qualificação.
68
Diálogo concorrencial 40 dias para apresentação Ver 218.º
de proposta
Proposta – Aplicam-se os
mínimos fixados no concurso
limitado por prévia
qualificação, para a fase de
apresentação de propostas.
69
PRORROGAÇÃO DO PRAZO FIXADO PARA A APRESENTAÇÃO DE
PROPOSTAS – ARTIGO 64.º
O n.º 7, também uma novidade incluída neste artigo, respeita agora à proteção
dos dados e informações de caráter confidencial, que a entidade adjudicante
tenha disponibilizado aos concorrentes ao longo do procedimento de formação
do contrato ou a que estes, por virtude da sua participação no procedimento em
causa, tenham tido acesso.
Por outro lado, o n.º 4 limita-se a tornar mais claro o que já constituía uma prática
corrente – tendo sido apresentada uma única proposta, a intervenção do júri
pode ser dispensada. Também aqui, a decisão da dispensa pertence ao órgão
competente para autorizar a contratação, que nessa decisão, designou o júri. Por
isso e por razões de agilização dos processos de decisão, a possibilidade da
dispensa do júri nos casos do n.º 4 do artigo deve constar logo da decisão de
contratação.
Admite-se que esta evolução seja ainda um corolário da Diretiva que se tem de
transpor, que se encaminha também no mesmo sentido, e é uma objetivação
normativa das tendências da jurisprudência, em especial, do Tribunal de Contas,
71
e mesmo de alguma Doutrina, sem que, todavia, nos devamos esquecer nunca,
que todo o negócio celebrado no quadro da contratação pública, é, com as
raríssimas exceções de alguns ajustes diretos simplificados, um negócio formal
e se o é, então a forma tem uma importância -de segurança e de certeza, pelo
menos – que não pode ser absolutamente descurada.
Na alínea a), causa de exclusão por falta de apresentação de algum dos atributos
exigidos nos termos do artigo 57.º/1 b), acrescenta-se agora a falta dos termos
e condições a que a entidade adjudicante pretende que o concorrente se
vincule expressamente. Não basta dizer que se assinou uma declaração a
aceitar os termos do caderno de encargos, sendo necessário preencher aquelas
declarações quanto ao tempo e ao modo de execução de determinados
aspetos do contrato, que a entidade adjudicante não avaliará como atributo,
mas que pretende que o concorrente a elas se vincule. A sua omissão, a partir
de 1 de janeiro de 2018, dará causa à exclusão da proposta.
Quanto à alínea e), preço anormalmente mais baixo, este só dará causa à
exclusão da proposta, após pedidos e prestados esclarecimentos, conforme
resulta do n.º 3 do artigo 71.º, se, ainda assim, o júri entender
fundamentadamente que os esclarecimentos prestados não foram
suficientemente demonstrativos da exequibilidade do contrato em tais condições.
Para obstar a que tal aconteça, deve a entidade adjudicante fixar ela própria o
limiar do preço anormalmente baixo adotado em casa procedimento
contratual, fundamentando não apenas a necessidade de adotar este limiar,
como os critérios de que se serviu para essa fixação.
Até aqui, tudo bem, dado que o regime, com a nuance da causa de exclusão
fundada na apresentação do preço anormalmente baixo não operar agora
automaticamente, como a redação ainda em vigor do CCP permitia em
larguíssima escala, ainda é o mesmo, é seguro e previsível tanto quanto o
possa ser.
Este curioso n.º 3, articulado com o n.º 2, que estabelece as condições de não
suprimento das propostas por via dos pedidos e prestações de esclarecimento
do artigo, poderia ter o alcance de converter todas as outras formalidades em
não essenciais – o que parece ser um pouco excessivo.
Nos termos do n.º 4 do artigo 72.º, o júri ainda faz mais: ele deve proceder à
retificação oficiosa de erros de escrita e de cálculo contidos nas
candidaturas e propostas, desde que seja evidente para qualquer destinatário
não só a existência do erro, mas ainda os termos em que o mesmo deve ser
corrigido.
74
dos preços unitários x quantidades por comparação e em caso de
divergência, com o preço total indicado na proposta, o júri pode, utilizando-se
dessas regras, interpretar os termos das propostas dos concorrentes da forma
acertada, ainda que diversa de como essas propostas concluem.
Mas transformar isso que tem sido feito um pouco por todas as entidades
adjudicantes, num encargo legal, numa obrigação do júri, afigura-se-me, mas
é uma opinião, como qualquer coisa de excessivo.
Ora, ainda que a prática tenha vindo a inverter esta hierarquia, optando muitas
entidades adjudicantes pelo critério do mais baixo preço, para evitar
complicações, designadamente, com o Tribunal de Contas, em tese, esta
hierarquia parecia correta, simples e até equilibrada.
35
Esta construção conceitual segue de perto o previsto na Diretiva 24/2014/UE
75
A da melhor relação qualidade-preço, em que o critério de adjudicação opera
fatores e subfactores num modelo de avaliação de propostas – e é o critério
da proposta economicamente mais vantajosa que conhecemos;
Com este artifício, quis o legislador dizer que, mesmo quando o critério do preço
é o único a ser avaliado num determinado procedimento, a proposta a adjudicar
é ainda a economicamente mais vantajosa, ainda que aferida esta vantagem
unicamente pelo preço.
Em substância, para além da inclusão do custo ao lado do preço, que, aqui sim,
pode constituir uma novidade interessante, o resto não parece trazer nada de
substancialmente novo.
Assim, a inclusão do n.º 3 do artigo 74.º recupera, com outra roupagem e com a
previsão expressa do custo ao lado do preço, o n.º 2 da redação anterior.
Embora se concorde com este critério de desempate pelas suas razões mais
óbvias, certo é que, vedando-se na apreciação das propostas outra
avaliação que não seja a das próprias propostas e não a qualidade de quem
as propõe, não deixa de ser curioso que, como critério de desempate, já se
aceite a qualidade do concorrente.
76
razoabilidade, quando aplicado nos concursos públicos urgentes, tal como
previsto na redação ainda em vigor.
O artigo 75.º - Fatores e subfactores – na linha das coisas novas que primeiro
se estranham e depois se entranham, esta disposição estava já razoavelmente
adquirida na prática corrente das entidades adjudicantes, sem grandes
dificuldades perante a linguagem densa utilizada.
Com exceção dos sinalizados com (*), os fatores e subfactores definidos devem
atender às propostas e não à qualidade de quem as propõem.
77
Sobre a relação entre os fatores e subfactores e o objeto dos contratos, conferir
nº 4, que é bastante tautológico, o nº 5, que estende os fatores a relevar – e
que, por isso, podem ser definidos – aos envolvidos no processo específico de
produção ou fornecimento de bens, serviços ou obras, mesmo em relação
a uma outra fase do ciclo de vida – por exemplo, recolha no fim de vida.
A avaliação do pessoal afeto a um contrato, para poder ser relevante, nos termos
sinalizados com (*) obriga a que a entidade adjudicante exija, em fase de
execução, que as qualificações que constem da proposta e que tenham sido
determinantes para a adjudicação da mesma sejam efetivamente cumpridas
em sede de execução do contrato.
ADJUDICAÇÃO
No que respeita a esta inovação, ela só pode merecer aplauso, por pôr termo
a uma moratória sem sentido nenhum que a redação atual impõe.
78
De facto, no momento em que se está a notificar a adjudicação, a entidade
adjudicante dispõe de todos os elementos necessários para a elaboração da
minuta, apenas lhe faltando e só quando tal for exigível, a concreta
identificação da caução prestada e do respetivo meio de que o adjudicatário
se serviu para a prestar. Em todo o caso, este é um elemento de acessoriedade
contratual que não altera o complexo das prestações e contraprestações que
devem ficar consagradas no contrato. Importa, isso sim, é que este não seja
outorgado, enquanto não ficar comprovado que a caução devida foi efetivamente
prestada, falta que, nos termos seguintes, pode mesmo fazer caducar a
adjudicação.
Assim:
79
Circunstâncias imprevistas que tornem necessário alterar aspetos
fundamentais do procedimento – repare-se, imprevistas e não imprevisíveis.
Isto quer dizer erros ou omissões das peças de procedimento, ainda que
detetadas por iniciativa única da entidade adjudicante. Nestes casos e como
bem referido no n.º 3 (em nada alterado), a entidade adjudicante deve promover
a abertura de novo procedimento corrigido no prazo de 6 meses.
Nos casos em que não é fixado o preço base, valendo o procedimento sem
qualquer limite de valor (casos excecionais previstos no n.º 5 do artigo 47.º), dá-
se também a não adjudicação juridicamente válida, se a entidade adjudicante
considerar que todos os preços propostos são inaceitáveis – o que constitui
uma válvula de escape legal para a temeridade implícita no referido n.º 5 do
artigo 47.º.
80
No artigo 80.º, é revogado o n.º 2, pelo que a decisão de não adjudicação
passa a implicar necessariamente a revogação da decisão de contratar.
36
Conjugar com a portaria 372/2017, de 14 de dezembro
81
disponibilizar esses documentos à consulta dos demais concorrentes, se
mantém sem alterações nem aparentemente necessidade para isso.
Por seu turno, o artigo 86.º mantém, sem alterações o regime da caducidade
da adjudicação pela falta de entrega atempada dos documentos de
habilitação.
Revoga-se o n.º 5 – comunicação ao IMPIC – uma vez que esta matéria passa
a ser regida inteiramente em capítulo próprio - ver, a este respeito, a alínea b)
do artigo 456.º, o que significa que não deixa de ser obrigatória essa
comunicação, ao abrigo do princípio da colaboração das entidades adjudicantes
com o IMPIC, enquanto regulador da contratação pública.
Melhor redação do n.º 2 do artigo 88.º, consagrando o que tem vindo a ser a
prática e que a dúbia redação original poderia pôr em dúvida (se a não
exigibilidade da caução poderia impedir a sua exigência), alargando a
inexigibilidade aos casos em que a adjudicatária é também uma entidade
adjudicante do artigo 2.º ou 7.º e aos contratos da alínea c) do n.º 1 do artigo
95.º - aquisição de bens móveis ou serviços, independentemente do valor, ainda
82
que haja contrato escrito, desde que o cumprimento do contrato, sendo de
locação, aquisição de bens ou serviços, se esgote no prazo máximo de 20 dias
após a notificação da adjudicação, excetuando-se as obrigações de garantia e
desde que o contrato não esteja sujeito a visto prévio do Tribunal de Contas
(o que introduz indiretamente um limite ao valor de contrato admissível –
350.000,00€ para 2017, pelo artigo 130.º da LOGE).
Desde logo, o valor da caução em 5% deixa de ser um percentual fixo, para ser
um percentual máximo, mantendo-se, no entanto, a possibilidade de exigir
caução até 10% nas adjudicações de propostas de preço anormalmente baixo
que tenham sido admitidas. Estas percentagens são de aplicação supletiva,
sendo de aplicar pelos seus valores máximos, quando não constem
expressamente do caderno de encargos.
83
concorrente e à sua proposta, com as suas qualificações específicas para, em
regime de subempreitada inicial, preencherem com ele as exigências
habilitacionais do procedimento.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Esta temática sofreu também algumas alterações ou aperfeiçoamentos de
regime, uma das quais, aliás, já atrás referida, reportando-se ao momento da
elaboração e notificação da minuta do contrato.
Cada vez mais se segue esta última opção, com a assinatura do contrato, por
assinatura eletrónica qualificada, a ser feita diretamente na plataforma eletrónica
do procedimento. Este regime deveria, aliás, ser o regime regra, a benefício da
transparência. Os demais concorrentes e potenciais interessados no
procedimento ficam a saber que o adjudicatário outorgou o contrato e quando,
ficando também a conhecer o seu teor e se o mesmo foi objeto de eventuais
ajustamentos que o transfiguraram e que poderão ser qualificados como dano à
concorrência.
CONTEÚDO DO CONTRATO
Ora, de facto, uma das novidades da futura redação do CCP, introduzida pelo
DL 111-B/2017, consiste, nos termos do artigo 42.º, em poder o caderno de
encargos fixar, conforme previsto no n.º 4 e no quadro da definição de
parâmetros base, as condições de modificação do contrato, a definir, em
princípio, através de limites mínimos e/ou máximos.
85
Esta alteração poderia aí passar despercebida, desde logo porque os artigos
311.º a 315.º estabelecem com rigor e até restritivamente o regime das
modificações ao contrato, designadamente, no quadro das prerrogativas que o
artigo 302.º confere ao contraente público.
De entre estas regras, consta, desde logo, os limites previstos no artigo 313.º,
que impedem a alteração substancial do contrato e, sobretudo, para o que
aqui interessa, que essas modificações constituam uma forma de falsear a
concorrência ou, lê-se na alínea c) do n.º 1 do artigo, “alterações que, se
fizessem parte do caderno de encargos, teriam ocasionado, de forma
objetivamente demonstrável, a alteração da ordenação das propostas ou a
admissão de outras…”
Ora, este acordo entre as partes continua sujeito aos fundamentos do artigo
312.º (alteração anormal e imprevisível das circunstâncias, em termos tais
que a manutenção do contrato qual tal por exigência da parte não lesada
afetasse gravemente os princípios da boa fé contratual e tal lesividade não
estivesse coberta pelos riscos próprios do negócio – prejuízos e danos, portanto,
anormais ou, pelo menos, atípicos da atividade empresarial em causa -, mas
ainda, por razões de interesse público, em resultado de uma nova ponderação
das circunstâncias existentes) e aos já referidos limites do artigo 313.º.
Dito isto, afigura-se que a definição de limites mínimos e/ou máximos do que
pode ou não ser abrangido no programa contratual das próprias modificações
dessa contrato, conforme descrito no caderno de encargos, não é mais do que
uma representação antecipatória do que pode ocorrer em sede de execução
do contrato e que venha a forçar a modificação do mesmo nas condições e
restrições aqui referidas, não podendo esse programa de modificação pôr em
causa nem o regime do artigo 312.º, nem o regime do artigo 313.º.
86
Sendo assim e sendo ainda certo que, mesmo que esse programa de
modificações contratuais não venha a constar do caderno de encargos,
dado não ser obrigatório, qual o interesse do legislador em criar esta
possibilidade?
Desde logo, dir-se-á que ela responde ao limite previsto na alínea c) do n.º 1
do artigo 313.º, em termos de permitir concluir que as modificações contratuais
efetivamente feitas ao contrato em fase de execução, não apanhou ninguém
de surpresa e não atentou, por isso, contra a concorrência.
Por tal razão se compreende que a alínea j) do n.º 1 do artigo 96.º tenha incluído
como fazendo parte expressa do conteúdo do contrato a celebrar “as eventuais
condições de modificação do contrato expressamente previstas no
caderno de encargos, incluindo cláusulas de revisão ou opção, claras,
precisas e inequívocas”.
87
A identificação do gestor do contrato (alínea i) do n.º 1), figura que ainda agora
chegou à contratação pública, se omissa, implica também a nulidade do
contrato, o que significa que é tratado como um dos seus elementos essenciais.
O PREÇO CONTRATUAL
A MINUTA DO CONTRATO
OS AJUSTAMENTOS AO CONTRATO
88
concorrência, nem incluir soluções contidas em proposta de outro concorrente
que foi preterida.
89
Sendo a outorga presencial, isto é, não sendo eletrónica, a hora, data e local são
marcados pela entidade adjudicante e notificados com a antecedência de cinco
dias ao adjudicatário; sendo eletrónica, a notificação é feita com a antecedência
de 3 dias.
Por fim, a respeito da outorga dos contratos, o artigo 106.º estabelece as regras
e exigências de representação das entidades adjudicantes, não tendo sido
alterado, podendo haver procuração e delegação.
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
90
A encerrar o título II, temos a regulação das competências e a habilitação para
efeitos de delegação, em particular, no artigo 109.º, que não foi alterado e que
apenas exclui a possibilidade de delegação das competências previstas na parte
final do n.º 2 do artigo 69.º - retificação das peças do procedimento, decisão
sobre erros e omissões, decisão de qualificação dos candidatos e decisão de
adjudicação.
91
TÍTULO III
TRAMITAÇÃO PROCEDIMENTAL
E dado que já se fez supra a devida referência ao ajuste direto e consulta prévia,
passo desde já para o concurso público
O n.º 6 é revogado, por afirmar uma regra de prevalência que agora consta do
regime das peças de procedimento – artigo 40.º, n.º 4
37
Conferir formulários de anúncios aprovados na portaria 371/2017, de 14 de dezembro
92
É evidente que esta exigência, ainda nos casos em que se pudesse recuperar o
pagamento feito – nos termos do artigo 134.º, agora REVOGADO – constituía
uma restrição à concorrência, um ónus para concorrer, já que, se
correspondesse efetivamente ao preço devido por um serviço prestado, então
não haveria lugar a qualquer devolução.
Mantém toda a redação em vigor, com exceção ao corpo inicial do artigo, que
tem de se adequar à semântica utilizada na revisão no âmbito dos critérios de
adjudicação.
93
propostas variantes, o concorrente só pode apresentar uma proposta (alínea i)
do mesmo número.
Agora, o n.º 3 estabelece que não fica excluída a proposta base. Se no caso
da apresentação das propostas variantes (citada alínea f)) esta exclusão se
entende, porque a proposta base está explicitamente identificada, no caso da
alínea i), em que são apresentadas duas propostas base, como
identificamos a que sai? Pela precedência da submissão, sendo a primeira
a apresentar considerada a base e a seguinte ou seguintes consideradas
variantes? Parece esta a única solução. (conferir ainda n.º 7 do artigo 59.º, a
este respeito).
A ela se aplicam as regras do n.º 1 do artigo 118.º e nos artigos 119.º a 121.º,
em matéria de negociação e apresentação das versões finais integrais das
38
Nas consultas prévias com negociação, esta inicia-se após a apresentação das propostas e
necessariamente, após a decisão sobre a sua admissão ou exclusão, nos termos do n.º 2 do artigo 146.º,
como prescreve o n.º 2 do artigo 118, obrigando a uma primeira audiência prévia, na eventualidade de
haver exclusões de propostas nestes termos, já que não serão admitidas à negociação.
94
propostas, sem prejuízo do estatuído especialmente neste artigo 149.º e
seguintes (conforme previsto no artigo 151.º).
Acrescenta-se:
Revogação do n.º 5 – Pelo menos, por remeter para o fator f, previsto na alínea
i) do n.º 1 do artigo 164.º e anexo IV, ambos revogados.
96
Alteração da redação do n.º 3 – limites para a exigência dos requisitos mínimos
de capacidade financeira, fixados no dobro do valor do contrato, como limite
máximo, salvo em casos devidamente justificados, atendendo à natureza do
contrato, à aptidão estimada dos candidatos para mobilizar os meios financeiros
necessários à boa execução do contrato.
A alteração da redação deste artigo, remete, como até agora, para o modelo do
Anexo V ao CCP, ou ao Documento Europeu Único de Contratação Pública,
se o procedimento tiver tido publicidade no JOUE.
N.º 3 – elimina apenas a remissão para o n.º 2 do artigo 165.º, que será
revogado
Exclusão de candidaturas:
97
ARTIGO 187.º - DEVER DE QUALIFICAÇÃO
98
N.º 2, alínea e) – “Se é admissível ou não a apresentação de propostas
variantes…” Como já discorrido em relação ao programa – peças de
procedimento – e convite, o legislador afasta o regime supletivo, válido no
silêncio, de que não são admitidas propostas variantes. Ele agora pretende que
a entidade adjudicante tome posição expressa a esse respeito e que diga qual
o número máximo de propostas variantes admitidas.
Introdução de uma nova alínea k – para ser indicado o prazo limite para
pedidos de esclarecimento e apresentação de erros e omissões e suas
respostas, quando tal prazo for superior ao do artigo 50.º.
SEM ALTERAÇÃO
O n.º 4, também alterado, não tem um regime muito diferente do que está em
vigor, com correção, aliás dispensável, em função da alteração atrás referida.
99
O que este n.º 4 prescreve é que, sabendo-se quais os fatores e subfactores a
considerar na avaliação das propostas, por se tratar de um objeto de contrato
que se vai constituindo num processo de negociação e consulta, na
elaboração do programa, podemos ainda não ter condições de densificar o peso
relativo desses fatores e subfactores, num completo modelo de avaliação de
propostas, podendo assim apresentá-los no programa, apenas pela ordem
decrescente da sua importância.
100
registado ou presencialmente, mas de modo a garantir o anonimato, sob pena
de exclusão da candidatura.
N.º 5 – Pode ser instituído por centrais de compras para as entidades nestas
abrangidas.
102
N.º 7 – As entidades adjudicantes não são obrigadas a celebrar contratos ao
abrigo destes sistemas, salvo se tal obrigação resultar do caderno de
encargos.
103
ARTIGO 241.º B – CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
Possibilidade de uma fase de leilão eletrónico, nos termos adaptados dos artigos
140.º a 145.º
A lei prevê uma grande autonomia para a escolha de procedimentos para este
tipo de contratos (ver n.º 1 do artigo 250.ºC) e para o conteúdo das respetivas
peças, no respeito pelos princípios gerais da contratação pública, podendo
afastar ou incluir qualquer regra ou formalidade, desde que tal se afigure
necessário para os objetivos definidos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo
250.ºC e sendo o critério de adjudicação o da proposta economicamente
mais vantajosa, na modalidade melhor relação qualidade preço.
105
O artigo 250.º D permite que se reserve certos tipos de contratos, cujos objetos,
sendo de saúde, serviços sociais, serviços de ensino ou culturais, se encontrem
incluídos no anexo X do CCP.
ACORDOS-QUADRO – AR
TIGOS 251.º A 259.º
E esta é uma regra que distingue, por exemplo, este procedimento do concurso
limitado por prévia qualificação ou sistema de qualificação (se excluirmos a
diferença estrutural óbvia, por não existir aqui um faseamento candidatura-
proposta), ali, selecionando entidades na fase de qualificação, aqui,
selecionando na 1.ª fase, condições base de negócio.
39
Sem esquecer que, no concurso limitado por prévia qualificação, o programa pode limitar o número das
candidaturas a qualificar, de entre aquelas que reúnem as condições exigidas de qualificação, preferindo
as que tenham ficado classificadas nos primeiros lugares.
107
expectativa de que possa ser convidado – veremos no artigo 256.º A que esta
posição e expectativa, no pós-revisão fica ainda mais fragilizada.
O n.º 5, agora revogado, foi condensado com o anterior n.º 4 no número 4 atual.
108
A revisão acrescenta um artigo 256.º-A e, efetivamente, a novidade trazida
a este tipo de contratação pela revisão, concentra-se neste artigo.
C3) Ou, finalmente, nos casos em que tal valor seja igual ou superior ao atrás
referido, mediante declaração da entidade convidada de aceitação do
conteúdo do caderno de encargos do acordo-quadro (e, imagina-se, porque
o legislador, certamente por lapso, não o referiu expressamente, tornando esta
formalidade menos exigente do que a anterior, o que não se pode conceber nem
aceitar, documento que contenha uma versão detalhada dos atributos da
proposta e dos aspetos em que a entidade adjudicante pretende que a entidade
convidada se obrigue expressamente).
109
Nos casos atrás referidos na alínea a), o despacho de adjudicação pode ser
dado, como nos ajustes diretos simplificados, sobre a fatura pró-forma ou
equivalente;
Os novos n.ºs 7 a 9 deste artigo, bem como as mudanças operadas nos números
anteriores, parecem contribuir para tornar o procedimento de contratação por
acordo-quadro um instrumento dinâmico, moderno e de constante interação
entre a entidade adjudicante e os operadores económicos inscritos.
O n.º 1, que prescreve a adoção do ajuste direto, com convite a uma única
entidade – pois doravante será este o conceito do ajuste direto – a alteração
traduz-se na mera eliminação da expressão “celebrados”. Não há reabertura da
concorrência, sendo o adjudicatário escolhido de acordo com os critérios
estabelecidos no caderno de encargos da instituição do acordo-quadro, no
caso de haver mais do que um cocontratante registado.
111
Dado que este caderno de encargos é exaustivo, quanto às condições
contratuais a estabelecer, não é necessário elaborar um caderno de
encargos para o procedimento de contratação ao abrigo do acordo quadro.
Nesse caso, e desde que a aquisição seja feita pelos sistemas de informação
disponibilizadas pela própria entidade adjudicante, são dispensadas quaisquer
outras formalidades, como o relatório preliminar, audiência prévia e
relatório final.
112
O convite pode ainda prever a realização do leilão eletrónico.
113
Assim, a par das finalidades de adjudicação de propostas de empreitadas, bens
e serviços, a pedido e em representação das entidades adjudicantes, da locação
ou aquisição de bens móveis e de serviços, para efeitos de agrupamento de
encomendas, beneficiando dos efeitos económicos de escala e da celebração
de acordos-quadro, que tomam a designação de contratos públicos de
aprovisionamento, para futuras contratações, este artigo prevê agora
também a instituição de sistemas dinâmicos para utilização das entidades
adjudicantes abrangidas, catálogos eletrónicos e adjudicação de contratos
públicos de prestações de serviços auxiliares de aquisições, em apoio às
atividades de aquisição.
Não abrangendo:
114
Os bens abrangidos, quando desnecessários para o exercício das competências
da entidade adjudicante proprietária, são disponibilizados a outros serviços,
com vista à sua afetação ou alienação, por anúncio no portal dos contratos
públicos, por um período não inferior a 5 dias.
115
TÍTULO VII
GARANTIAS ADMINISTRATIVAS – ARTIGOS 267.º A 274.º
Nos termos do artigo 275.º, esta extensão aplica a parte II do CCP a entidades
não adjudicantes nos termos da Parte I.
116
No caso do financiamento em causa ser integralmente reembolsável, o
disposto atrás não se aplica, mas a formação dos respetivos contratos ficam
sujeitos aos princípios gerais da contratação pública, em particular da
concorrência, imparcialidade, igualdade, boa administração, transparência,
legalidade, proporcionalidade, boa-fé e publicidade.
117
PARTE III
REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
DISPOSIÇÕES GERAIS
118
Artigo 280.º - Direito aplicável
Este artigo, que dispunha de três normas muito simples e de fácil compreensão,
deu agora lugar a um texto pesado, com 4 normas, é certo, mas de conteúdo
muito mais denso.
119
finalidade uma das atrás referidas. Tais contratos estão, pois, sujeitos à
disciplina da parte III do CCP.
São ainda aplicáveis aos contratos que, embora a sua formação tenha obedecido
à Parte II, não tenham gerado relações contratuais administrativas, os
princípios e as disposições previstas neste número (entre as quais, as
limitações às modificações objetivas, as regras sobre cessão da posição
contratual e subcontratos, regime de invalidade).
INVALIDADES
120
O artigo 283.º rege sobre invalidade consequente de atos procedimentais
inválidos, tendo sido alterado na revisão.
Os contratos são nulos, diz, de forma redonda, o artigo 283.º/1, se a nulidade foi
declarada em tribunal ou se puder vir a sê-lo. Nesta segunda opção, parece-nos
estar em causa a declaração oficiosa de nulidade por parte, por exemplo, do
contraente público, suportado em norma habilitadora do CPA. O n.º 2 passa a
ter redação nova, ao tratar dos contratos anuláveis:
São anuláveis:
- se se comprovar:
O n.º 4 dispõe que, por decisão judicial ou arbitral, o efeito anulatório pode ser
afastado, com fundamento da desproporção da anulação ou contrária à
boa-fé, atendendo aos interesses públicos e privados em presença.
O artigo 283.º-A foi revogado, tendo-se aqui optado por dizer de menos.
40
Sobre o que entende ser o conteúdo essencial do contrato, o legislador, profuso a oferecer definições,
nada diz. Deve entender-se, presumo, o objeto do contrato e o valor da correspondente contrapartida
máxima que a entidade adjudicante está disposta a pagar por esse objeto.
121
O n.º 2 regula os vícios geradores de nulidade do contrato, remetendo para
o artigo 161.º do CPA, para além das situações especialmente previstas no CCP.
Em geral:
1.º - Redução e conversão, nos termos dos artigos 292.º e 293.º do CC;
3.º - Se o efeito anulatório for desproporcionado ou contrário à boa fé, pode ser
afastado por decisão judicial ou arbitral, nos termos referidos atrás.
EXECUÇÃO DO CONTRATO
Alterado
(3) Não se tenha respeitado o prazo de dez dias, referido no n.º 3 do artigo
95.º ou no art. 104.º/1 a), quando aplicável.
A identificação deste Gestor deve constar do contrato, sob pena de nulidade, nos
termos do artigo 96.º, no seu n.º 7.
LIBERTAÇÃO DA CAUÇÃO
124
O n.º 8 determina que a libertação de caução depende da inexistência de defeitos
da prestação ou após a respetiva correção, que tenham sido detetados até ao
momento da respetiva libertação.
125
Por impossibilidade temporária do cumprimento do contrato, em virtude de mora
da parte pública na entrega ou disposição dos meios ou bens necessários à
execução e por exceção de não cumprimento.
Em regra, 30 dias, podendo ser acordado no contrato até 60 dias – conferir n.º
4. Nulidade das cláusulas contratuais que estabeleçam prazos superiores ao
anterior – Artigo 299.º-A. Com a nulidade, a cláusula tem-se por não escrita,
passando a valer o prazo supletivo previsto na lei, ou seja, 30 dias (redução do
contrato, pelo princípio do aproveitamento da parte que nele é válida)
Esta possibilidade tem de constar do contrato, salvo nos casos em que natureza
do contrato ou a lei não permitem.
Nos termos do artigo 9.º da Lei Preambular, durante o ano de 2018, as partes
particulares podem não utilizar a faturação eletrónica.
41
Sem prejuízo do artigo 9.º da lei preambular, que permite uma moratória até 31 de dezembro de
2018.
127
despendidos com o esforço da contraparte para a obtenção dos resultados
pretendidos.
Foi alterada a alínea c), sem grande significado, obrigando a que a modificação
unilateral do contrato pela parte pública fique condicionada aos limites da lei
(em particular, os do artigo 312.º).
129
Por seu turno, o artigo 311.º regula sobre os fundamentos da modificação do
contrato, enquanto exercício unilateral dos poderes exorbitantes do
contraente público, mantendo-se sem alteração.
O artigo 312.º estabelece, após alteração, que o contrato pode ser modificado
nos termos que nele próprio ficaram estabelecidos e nas situações a seguir
previstas, que não sofreram alterações – mas ver o n.º 3 do artigo 314.º.
Artigo 313.º
Na redação em vigor, dizia-se que não podia conduzir à alteração das prestações
principais do objeto do contrato. Dado que o legislador não terá pretendido fazer
apenas um exercício de sinónimos, pergunta-se o que estará implicado na
alteração da expressão usada nesta alínea.
Com efeito, este não só tinha de cumprir uma prestação determinada, como
tinha de o fazer em determinado tempo de execução. Esta obrigação
mantém-se, mas o contraente público poderá assim autorizar a sua alteração,
em determinadas circunstâncias que podem até estar previstas no caderno de
encargos e no contrato, sem que com tal se altere a substância do objeto do
contrato.
2.º - Não pode configurar uma violação das regras da concorrência – sem
novidade.
4.º - O aumento do preço, devido à modificação, não pode ser superior a 25%
do preço contratual inicial, nos casos da alínea a) do artigo 312.º - alteração das
circunstâncias que implicam uma maior onerosidade do contrato e não
integram os riscos próprios do contrato42; ou 10%, no caso da alínea b) do
mesmo artigo – reponderação das circunstâncias existentes, por razões de
interesse público – novidade absoluta, com limitação dos valores alterados,
em função das modificações objetivas introduzidas (até agora, este acréscimo
42
No entanto, ver as condições estabelecidas no n.º 3 do artigo 314.º.
131
de custo tinha como fundamento apenas a reposição do equilíbrio financeiro,
nos termos do artigo 282.º CCP).
Creio que uma das situações em que este n.º 2 fará sentido tem a ver, por
exemplo, com os contratos de fiscalização de empreitada, com uma
determinada duração, quando se verifica na execução da obra atrasos,
obrigando ao prolongamento do contrato de fiscalização, ainda que sem
alteração do respetivo objeto.
132
que a parte pública não ignorasse ou não devesse ignorar esses
pressupostos.43
Exceções:
43
Condição que já constava do artigo 282.º, sobre reposição do equilíbrio contratual
44
De onde se vê que, ao menos no que respeita a esta obrigação de transparência, ela tem também
aplicabilidade aos contratos de empreitada, pese embora o disposto no n.º 3 do artigo 313.º
133
- Ter ocorrido transmissão da posição do cocontratante na sequência da
restruturação societária, seja por aquisição ou fusão ou por oferta pública de
aquisição e desde que o cessionário satisfaça os requisitos de habilitação,
capacidade económica e financeira que foram exigidos ao cocontratante;
Neste caso e desde que previsto no contrato 45– o mesmo é dizer, também no
caderno de encargos – e como alternativa à resolução sancionatória, o
cocontratante, em caso de incumprimento, é obrigado a ceder a sua posição
contratual ao concorrente do procedimento contratual, a indicar pelo contraente
público, segundo a ordem sequencial desse procedimento, dependendo da
aceitação deste de termos contratuais que não foram os seus.
45
Esta é uma exigência insólita da lei, porque nos remete para um poder exorbitante do contraente
público, a exercer mediante a prática de um ato administrativo, que, no entanto, tem a sua fonte no
contrato. Se não estiver neste prevista, aquele poder não pode ser exercido – conferir al. f) do artigo
302.º.
134
SUBCONTRATAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO DO CONTRATO
135
O DL 111-B/2017 introduziu um artigo 321.ºA, repondo uma prática já
sancionada noutros regimes jurídicos da contratação pública revogados (por
exemplo DL 59/99 e DL 197/99), conquanto que em termos não equivalentes –
trata-se da possibilidade do pagamento direto aos subcontratados.
Artigo 324.º - Cessão da posição contratual pelo contraente público – não está
sujeita à autorização do cocontratante, mas este pode opor-se com fundado
receio de aumento de risco de incumprimento das obrigações contratualmente
assumidas pelo cedente.
O artigo 328.º, com uma incursão sobre o direito de retenção, aplica-se também
na situação anterior, sendo que, a prolongar-se o incumprimento, mormente
do preço, o contraente particular pode, no limite, suscitar a resolução do
contrato.
SANÇÕES CONTRATUAIS
137
As causas de extinção do contrato administrativo em geral estão previstas nos
artigos 330.º a 335.º
138
139
EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS
140
O artigo 354.º - Reposição do equilíbrio financeiro por agravamento dos
custos na realização da obra – que nesta inserção sistemática faz todo o
sentido, inserindo-se como é o caso no contexto dos direitos e obrigações das
partes – foi ligeiramente alterado.
O prazo de 90 dias, ainda por cima, podendo ser prorrogado sem limite, parece
excessivo. Até aqui não havia um limite legal para decidir – em último termo,
teríamos a conta final da empreitada, mas ainda aí poderiam pender
reclamações não resolvidas que não obstaculizam a aprovação da conta.
Agora, temos este prazo, que, pese embora não parecer uma inovação, habilita
de imediato o empreiteiro a recorrer ao tribunal, nos termos do n.º 5.
Com efeito, de acordo com este número, após o termo dos 90 dias ou do período
de prorrogação que estiver a correr, o empreiteiro pode seguir para tribunal.
141
e por esta via, não se vê em que tempo útil o empreiteiro vai ter o problema da
sua reclamação resolvido em definitivo. A seu favor ou contra ele.
142
a) Não poderem esses trabalhos ser técnica ou economicamente separáveis
do objeto do contrato, sem inconvenientes graves e aumento considerável
de custos para o dono da obra; - condição que, na redação vigente, se
aplicava ao regime de trabalhos a mais;
b) O preço acumulado destes trabalhos não pode exceder 10% do preço
contratual – condição até agora aplicada aos trabalhos de suprimento de
erros e omissões (entre 5% a 10%, nas condições, respetivamente, dos
números 3 e 4 do artigo 376.º);
c) O somatório do preço contratual com este tipo de trabalhos
complementares adjudicados não pode exceder os valores máximos
admissíveis para o ajuste direto (30 mil euros) ou para a consulta prévia
(150 mil euros), consoante o procedimento que tiver sido adotado para a
formação do contrato;
ou
d) Não tiver excedido o limite admissível para o concurso público ou
concurso limitado por prévia qualificação, de publicidade apenas nacional,
se foi este o tipo de procedimento adotado.
143
c) e d), como até agora se fazia para os trabalhos para suprimento de erros e
omissões.
O seu regime é alterado na revisão, como não podia deixar de ser, de modo a
distinguir os regimes aplicáveis aos dois tipos de trabalhos complementares
– os ditados por circunstâncias imprevistas (reconduzíveis aos motivados por
erros e omissões) e os ditados por circunstâncias imprevisíveis (reconduzíveis a
trabalhos a mais).
145
responsável por suportar metade dos valores dos respetivos trabalhos
complementares de suprimento – n.º 3 do artigo;
Mantém-se inalterado.
SUBEMPREITADAS
147
Sem alterações. 46
Sem alterações
46
Muito embora se deva relembrar aqui também a possibilidade de substituir a aplicação de resolução
sancionatória pela cessão da posição contratual por incumprimento do cocontratante prevista no artigo
318.º-A, desde que tal esteja expressamente previsto no contrato
148
AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 437.º A 449.º
Sem alterações
149
GOVERNAÇÃO E SISTEMA SANCIONATÓRIO
GOVERNAÇÃO
REGIME SANCIONATÓRIO
150
O quadro sancionatório contraordenacional, no âmbito da contratação
pública, está estabelecido nos artigos 456.º a 458.º, tendo sido acrescentada a
conduta ilícita definida na alínea c) do artigo 457.º - não remessa do contrato
assinado eletronicamente no prazo fixado pelo órgão competente para a
decisão de contratar, em violação do n.º 3 do artigo 104.º - que corresponde
a contraordenação grave e, nas alíneas b), c) e d) do artigo 458.º -
respetivamente, verificação de que a declaração do n.º 3, alínea a) do artigo
256.º-A não corresponde à verdade47; não apresentação de proposta nos
termos do artigo 256.º-A, n.º 648; e violação do n.º 8 do mesmo artigo 256.º-
A49.- correspondendo, em todos os casos, a contraordenações simples.
Tenho as maiores dúvidas de que isso possa ser assim, uma vez que há que
qualificar o incumprimento por parte do cocontratante que justifica a sua
aplicação.
47
No quadro da obtenção do preço mais vantajoso fora do acordo-quadro, declaração de que o bem ou
serviço a fornecer tem as mesmas caraterísticas e nível de qualidade dos bens ou serviços objeto do
acordo-quadro.
48
Nos casos da alínea c) do n.º 3 do artigo, em que a demonstração de que o bem ou serviço a adquirir
fora do acordo-quadro tem um preço mais vantajoso do que o do acordo-quadro e tem as mesmas
caraterísticas e nível técnico, para aquisições de valor igual ou superior a 135 mil ou 209 mil euros,
consoante a natureza da entidade adjudicante, e o operador económico convidado não apresenta
proposta, estando vinculado a fazê-lo.
49
Proibição das entidades cocontratantes do acordo-quadro apresentarem as declarações e
documentos previstos no n.º 3.
151
A lei determina (n.º 1 do artigo 460.º) que essa sanção poderá ser aplicada
quando a gravidade da infração e a culpa do agente o justifiquem, sendo a
redação do n.º 2 igual à atualmente em vigor.
Resulta daqui que este artigo 460.º não apresenta nenhuma novidade
relativamente à redação em vigor.
O disposto no artigo 460.º nada tem a ver com o artigo 464.º-A introduzido com
a revisão.
152
Esta sanção tem correspondência com o impedimento previsto na alínea l) do
artigo 55.º.
DISPOSIÇÕES FINAIS
Quanto ao artigo 474.º, ele define os montantes dos limiares europeus e tem
sido vastas vezes referenciado nestas notas.
O seu número 5 constitui uma modalidade sui generis de alterar o texto da lei
através de mera divulgação no portal dos contratos públicos (sem embargo
da revisão dos limites, sendo feita através de regulamento europeu, ter
aplicabilidade imediata nas ordens jurídicas internas dos Estados membros.
153
O artigo 475.º faz uma breve e muito necessária referência ao e-Certis, base de
dados europeia que organiza vários tipos de documentos e certificados,
necessários à habilitação dos candidatos e concorrentes em procedimentos,
sobretudo, internacionais, facilitando a sua produção, pelo que as entidades
adjudicantes a ele devem recorrer.
Por último, o artigo 476.º, não estabelecendo uma prioridade para a resolução
de conflitos através das vias alternativas – arbitragem, designadamente –
vem permitir o recurso a esses meios, regulando esse recurso nos seguintes
termos:
154
urgência previsto no CPTA (sobretudo, em litígios no âmbito da formação dos
contratos, para os quais, o CPTA estabelece os processos urgentes), OU AINDA
8.º Das decisões arbitrais sobre litígios com valor superior a 500 mil euros,
cabe recurso para o tribunal administrativo competente, com efeitos
meramente devolutivos.
155
ANEXO IX DO CCP - Lista de serviços de saúde, serviços sociais,
serviços de ensino e outros serviços específicos
156
ANEXO XIV DA DIRETIVA 24/2014/EU
Código CPV D
e
s
75200000-8; 75231200-6; 75231240-8; 79611000-0; 79622000-0 Saúde, serviços sociais
c e
[Serviços de fornecimento de pessoal auxiliar doméstico]; 79624000-4 serviços conexosr
[Serviços de fornecimento de pessoal de enfermagem] e 79625000-1 i
[Serviços de fornecimento de pessoal médico] de 85000000-9 a ç
85323000-9; 98133100-5, 98133000-4; 98200000-5; 98500000-8 ã
o
[Residências particulares com empregados domésticos] e 98513000-2 a
98514000-9 [Serviços de fornecimento de pessoal para agregados fami-
liares, Serviços de agências de pessoal para agregados familiares, Serviços de
empregados para agregados familiares, Pessoal temporário para agregados
familiares, Serviços de assistência ao domicílio e Serviços domésticos]
157
de 79100000-5 a 79140000-7; 75231100-5; Serviços jurídicos, na medida
em que não estejam
excluídos nos termos do ar-
tigo 10.o, alínea d)
de 75100000-7 a 75120000-3; 75123000-4; de 75125000-8 a Outros serviços
75131000-3 administrativos e das ad-
ministrações públicas
de 75200000-8 a 75231000-4 Prestação de serviços à
comunidade
158
NOTA FINAL:
Estas Notas, elaboradas sobre o correr do prazo para a entrada em vigor das
alterações introduzidas pelo DL 111-A/2017, podem estar feridas, aqui e ali, de
imprecisões e conclusões precipitadas, que exigirão mais tempo de maturação
e, sobretudo, de serem testadas pela efetiva entrada em vigor da revisão
operada.
Com efeito, as alterações ao CCP são mais do que muitas e, em alguns casos,
perturbam o regime substantivo com que estamos habituados a trabalhar, com
inovações cuja amplitude e impactos só pela realidade prática da sua
operacionalização se poderão avaliar.
Apesar de tudo, com intuitos de pura reflexão, como quem está a falar consigo
próprio sobre o teor das alterações introduzidas, mas também por um esforço de
sistematização que permita abarcar todo o leque dessas mesmas alterações,
entendi adequado elaborá-las.
159