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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS .....................................................................................................................

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REVISÃO – DL 111-A/2017 ..................................................................................................................... 6
APONTAMENTOS...................................................................................................................................... 6
PARTE I ......................................................................................................................................................................... 6
TÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS .............................................................................................................................. 6
Artigo 1.º - Âmbito ................................................................................................................................... 6
Artigo 1.º -A – Princípios .......................................................................................................................... 6
Artigo 2.º - Entidades Adjudicantes ......................................................................................................... 9
Artigo 4.º - Contratos excluídos ............................................................................................................... 9
Artigo 5.º - Contratação excluída ........................................................................................................... 10
Artigo 5.º - A – Contratação no âmbito do setor público ....................................................................... 13
Artigo 6.º - A – Contratos de serviços sociais e de outros serviços específicos ..................................... 14
Artigo 6.º - B – Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial do Comércio ..................... 14
TÍTULO II – SETORES ESPECIAIS ............................................................................................................................ 14
Artigo 7.º - Entidades dos setores especiais .......................................................................................... 14
Artigo 8.º - Entidades dos setores especiais como contraentes públicos .............................................. 14
Artigo 9.º - Atividades nos setores especiais ......................................................................................... 15
Artigo 10.º - Atividades excecionadas nos setores especiais ................................................................. 15
Artigo 11.º - Âmbito de contratação nos setores especiais ................................................................... 15
Artigo 12.º - Extensão do âmbito de contratação nos setores especiais ............................................... 16
Artigo 13.º - Restrição do âmbito de aplicação da contratação pública nos setores especiais ............. 16
Artigo 14.º - Empresa Associada ............................................................................................................ 17
PARTE II ...................................................................................................................................................................... 18
TIPOS E ESCOLHA DE PROCEDIMENTOS .............................................................................................................. 18
CONSULTA PRÉVIA ................................................................................................................................. 18
Regime da consulta prévia ..................................................................................................................... 18
PARCERIA PARA A INOVAÇÃO ................................................................................................................ 21
VALOR DO CONTRATO – ARTIGO 17.º .................................................................................................. 24
Escolha de procedimentos de formação do contrato – Regra geral ...................................................... 27
Escolha de procedimento em função dos critérios materiais ............................................................... 28
Critério material do artigo 24.º - Generalidade dos contratos .............................................................. 28
Por motivos de urgência imperiosa – condições: ................................................................................... 29
Artigo 25.º - Critérios materiais aplicáveis às empreitadas ................................................................... 30
Artigo 26.º - Critério material nas locações e aquisições de bens ......................................................... 31
Artigo 27.º - Ajuste direto por critérios materiais para aquisição de serviços ....................................... 31
Outras condições para a determinação / escolha do procedimento, que não se baseiam no valor ..... 33
Outros critérios ...................................................................................................................................... 35
FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO .................................................................................................................... 36
O ANÚNCIO DE PRÉ-INFORMAÇÃO ........................................................................................................ 36
A consulta preliminar ao mercado ......................................................................................................... 37
DEVER ESPECIAL DE FUNDAMENTAÇÃO DA CONTRATAÇÃO ................................................................. 38
AGRUPAMENTO DE ENTIDADES ADJUDICANTES ................................................................................... 39
PEÇAS DO PROCEDIMENTO – artigo 40.º ............................................................................................. 40
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CONVITE ................................................................................................................................................. 41
ANÚNCIO ................................................................................................................................................ 42
PROGRAMA ............................................................................................................................................ 43
CADERNO DE ENCARGOS ....................................................................................................................... 47
CADERNOS DE ENCARGOS NAS EMPREITADAS ...................................................................................... 51
NULIDADE DO CADERNO DE ENCARGOS – N.º 8 DO ARTIGO 43.º......................................................... 52
ADJUDICAÇÃO POR LOTES – ARTIGO 46.º -A ......................................................................................... 53
PREÇO BASE – ARTIGO 47.º .................................................................................................................... 54
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS – ARTIGO 49.º ............................................................................................ 55
ESCLARECIMENTOS, RETIFICAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS PEÇAS PROCEDIMENTAIS ................................. 58
REGRAS DE PARTICIPAÇÃO – O ARTIGO 55.º........................................................................................ 60
O ARTIGO 464.º-A .................................................................................................................................. 62
RELEVAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS – ARTIGO 55.ºA ............................................................................... 63
PROPOSTA – NOÇÃO, CONDIÇÕES DE VALIDADE, MODO DE APRESENTAÇÃO, PRAZO PARA A SUA
APRESENTAÇÃO E PRAZO PARA A SUA MANUTENÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS ...................... 65
Proposta .............................................................................................................................................. 65
ARTIGO 63.º - PRAZOS PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS ............................................................. 67
PRORROGAÇÃO DO PRAZO FIXADO PARA A APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS – ARTIGO 64.º .............. 70
PRAZO DE VALIDADE E MANUTENÇÃO DAS PROPOSTAS – Artigo 65.º ................................................. 70
CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS DA PROPOSTA – artigo 66.º ........................................................... 70
O JÚRI NOS PROCEDIMENTOS .............................................................................................................. 70
ANÁLISE DE PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E ADJUDICAÇÃO ........................................................... 71
CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃO – ARTIGO 74.º ........................................................................................ 75
ADJUDICAÇÃO ..................................................................................................................................... 78
FASE DA HABILITAÇÃO DO ADJUDICATÁRIO ........................................................................................ 81
A CAUÇÃO – 88.º A 91.º ....................................................................................................................... 82
CONFIRMAÇÃO DE COMPROMISSOS – ARTIGOS 92.º e 93.º ................................................................ 83
DO CONTRATO – ARTIGOS 94.º A 106.º ............................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................................... 84
CONTEÚDO DO CONTRATO .................................................................................................................... 85
A PREVISÃO CONTRATUAL DAS MODIFICAÇÕES DO OBJETO DO CONTRATO ....................................... 86
A MENÇÃO CONTRATUAL AO GESTOR DO CONTRATO .......................................................................... 87
O PREÇO CONTRATUAL .......................................................................................................................... 88
A MINUTA DO CONTRATO...................................................................................................................... 88
OS AJUSTAMENTOS AO CONTRATO ....................................................................................................... 88
A RECLAMAÇÃO SOBRE A MINUTA DO CONTRATO ............................................................................... 89
OUTORGA OU NÃO OUTORGA DO CONTRATO – 104.º A 106.º ............................................................ 89
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS .......................................................................................................... 90
TÍTULO III .................................................................................................................................................................... 92
TRAMITAÇÃO PROCEDIMENTAL .............................................................................................................................. 92
CONCURSO PÚBLICO – ARTIGOS 130.º A 154.º .................................................................................... 92
ARTIGO 133.º - DISPONIBILIZAÇÃO ELETRÓNICA GRATUITA DAS PEÇAS DO CONCURSO ..................... 92
O ARTIGO 139.º - MODELO DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS .................................................................. 93
ARTIGO 146.º - RELATÓRIO PRELIMINAR ............................................................................................... 93

2
ARTIGO 147.º - AUDIÊNCIA PRÉVIA ........................................................................................................ 94
ARTIGO 149.º - FASE DE NEGOCIAÇÃO DE PROPOSTAS – ÂMBITO........................................................ 94
CONCURSO PÚBLICO URGENTE – ARTIGO 155.º A 161.º ...................................................................... 95
CONCURSO PÚBLICO POR PRÉVIA QUALIFICAÇÃO – 162.º a 192.º ....................................................... 96
Artigo 164.º - Programa do Concurso .................................................................................................... 96
ARTIGO 165.º - REQUISITOS MÍNIMOS .................................................................................................. 96
ARTIGO 168.º - DOCUMENTOS DA CANDIDATURA ................................................................................ 97
ARTIGO 173.º - PRAZOS – VER TABELA .................................................................................................. 97
ARTIGO 174.º - PRAZOS - IDEM .............................................................................................................. 97
ARTIGO 179.º - MODELO SIMPLES DE QUALIFICAÇÃO........................................................................... 97
ARTIGO 184. º - RELATÓRIO PRELIMINAR DA FASE DE QUALIFICAÇÃO ................................................. 97
ARTIGO 187.º - DEVER DE QUALIFICAÇÃO ............................................................................................. 98
ARTIGO 188.º - NOTIFICAÇÃO DA DECISÃO DE QUALIFICAÇÃO ............................................................. 98
ARTIGO 189.º - FASE DE APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS – CONVITE ................................................... 98
PROCEDIMENTO POR NEGOCIAÇÃO – ARTIGOS 193.º A 203.º ............................................................. 99
DIÁLOGO CONCORRENCIAL – ARTIGOS 204.º A 218.º .......................................................................... 99
PARCERIA PARA A INOVAÇÃO – NOVIDADE – ARTIGOS 218.º A 218.º D ............................................ 100
CONCURSO DE CONCEÇÃO – ARTIGOS 219.º A 236.º ......................................................................... 100
SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO – ARTIGOS 237.º A 244.º ........................................................... 102
ARTIGO 238.º FASES DO SISTEMA ........................................................................................................ 103
ARTIGO 240.º - PEÇAS DO PROCEDIMENTO ......................................................................................... 103
ARTIGO 241.º A – PARTICIPAÇÃO E QUALIFICAÇÃO ............................................................................ 103
ARTIGO 241.º B – CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS .......................................................... 104
ARTIGO 241.º C – LEILÃO E CATÁLOGOS ELETRÓNICOS ....................................................................... 104
ARTIGO 241.º D – ATUALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS QUALIFICADOS ............................................... 104
SISTEMAS DE QUALIFICAÇÃO – ARTIGO 245.º A 250.º - ..................................................................... 104
SERVIÇOS SOCIAIS E OUTROS SERVIÇOS ESPECÍFICOS – ARTIGO 250.º-A A 250.º-D ........................... 105
ACORDOS-QUADRO – ARTIGOS 251.º A 259.º.................................................................................... 106
CENTRAIS DE COMPRAS – ARTIGOS 260.º A 266º-A ........................................................................... 113
ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS – TÍTULO VI-A ARTIGOS 266.º-A A 266.º-C ..................................................... 114
TÍTULO VII ................................................................................................................................................................. 116
GARANTIAS ADMINISTRATIVAS – ARTIGOS 267.º A 274.º ................................................................................... 116
TÍTULO VIII – EXTENSÃO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO – ARTIGO 275.º A 277.º ................................................ 116
PARTE III ................................................................................................................................................................... 118
REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................ 118
DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 118
INVALIDADES ..................................................................................................................................... 120
INVALIDADE DO PROCEDIMENTO – EFEITOS ....................................................................................... 120
INVALIDADES PRÓPRIAS DO CONTRATO .............................................................................................. 121
EXECUÇÃO DO CONTRATO ................................................................................................................. 122
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – ARTIGO 286.º - SEM ALTERAÇÕES ...................................................... 122
ARTIGO 287.º - EFICÁCIA DO CONTRATO ............................................................................................. 122
O GESTOR DO CONTRATO - ARTIGO 290.º-A ....................................................................................... 123
LIBERTAÇÃO DA CAUÇÃO ..................................................................................................................... 124
Artigo 296.º - EXECUÇÃO de caução .................................................................................................... 125
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VICISSITUDES DA EXECUÇÃO DO CONTRATO ..................................................................................... 125
FATURAÇÃO ELETRÓNICA E CONTRATOS COM FORTE COMPONENTE DE INOVAÇÃO ........................ 126
QUANTO AO ARTIGO 299.º-B – FATURAÇÃO ELETRÓNICA .................................................................. 127
QUANTO AO ARTIGO 301.º A – CONTRATOS COM FORTE COMPONENTE DE INOVAÇÃO .................. 127
OS PODERES EXORBITANTES DO CONTRAENTE PÚBLICO ................................................................... 128
A MODIFICAÇÃO OBJETIVA DO CONTRATO ....................................................................................... 129
A MODIFICAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO ...................................................................................... 133
CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL E SUBCONTRATAÇÃO .................................................................. 133
A CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL POR INCUMPRIMENTO DO COCONTRATANTE – ARTIGO 318.º-A
.............................................................................................................................................................. 134
SUBCONTRATAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO DO CONTRATO ............................................................... 135
ARTIGOS MAIS RELEVANTES QUE SE MANTÊM SOBRE ESTE ASSUNTO, SEM ALTERAÇÃO: ................ 135
PAGAMENTO DIRETO DO CONTRAENTE PÚBLICO AOS SUBCONTRATADOS ....................................... 135
INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – REGIME GERAL .......................................................................... 136
INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO COCONTRATANTE......................................................................... 136
INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO CONTRAENTE PÚBLICO ................................................................ 137
SANÇÕES CONTRATUAIS ...................................................................................................................... 137
CAUSAS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO ............................................................................................... 137
CONTRATOS ENTRE CONTRAENTES PÚBLICOS ................................................................................... 138
EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS ................................................................................................................... 140
CONSIGNAÇÃO DA OBRA – ARTIGOS 355.º A 360.º - SEM ALTERAÇÃO .............................................. 142
ARTIGOS 361.º (PLANO DE TRABALHOS) A 364.º (PATRIMÓNIO CULTURAL E RESTOS HUMANOS) –
SEM ALTERAÇÃO .................................................................................................................................. 142
ARTIGO 365.º A 369.º - SUSPENSÃO DE TRABALHOS, AUTO DE SUSPENSÃO – SEM ALTERAÇÕES. .... 142
MODIFICAÇÕES OBJETIVAS DO CONTRATO DE EMPREITADA ............................................................ 142
ARTIGO 370.º - TRABALHOS COMPLEMENTARES ................................................................................ 142
RESPONSABILIDADE PELOS TRABALHOS COMPLEMENTARES ............................................................. 145
ARTIGO 379.º - REGIME DOS TRABALHOS A MENOS – MANTÉM-SE INALTERADO ............................. 146
ARTIGO 380.º - INUTILIZAÇÃO DOS TRABALHOS NÃO EXECUTADOS .................................................. 146
ARTIGO 381.º - INDEMNIZAÇÃO POR SUPRESSÃO DE TRABALHOS ..................................................... 146
ARTIGO 382.º - REVISÃO ORDINÁRIA DE PREÇOS ................................................................................ 146
MODIFICAÇÕES SUBJETIVAS NO CONTRATO DE EMPREITADAS ......................................................... 147
SUBEMPREITADAS ................................................................................................................................ 147
MEDIÇÃO E PAGAMENTO – ARTIGOS 387.º A 393.º ........................................................................... 147
RECEÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA – ARTIGOS 394.º A 398-.º ......................................................... 147
LIQUIDAÇÃO DA EMPREITADA E RELATÓRIO FINAL – ARTIGO 399.º A 402.º ..................................... 147
INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – ARTIGOS 403.º A 406.º .............................................................. 147
CONCESSÃO DE OBRAS PÚBLICAS E SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................................ 148
LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 431.º A 436. ......................................................................................... 148
AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 437.º A 449.º ..................................................................................... 149
AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS – ARTIGOS 450.º A 454.º ........................................................................................... 149
GOVERNAÇÃO E SISTEMA SANCIONATÓRIO ...................................................................................................... 150
GOVERNAÇÃO ................................................................................................................................... 150
REGIME SANCIONATÓRIO .................................................................................................................. 150
DISPOSIÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................. 153
4
PUBLICITAÇÃO DOS CONTRATOS – ARTIGO 465.º .............................................................................. 153
RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS ......................................................................................... 154
NOTA FINAL: ............................................................................................................................................................. 159

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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS

REVISÃO – DL 111-A/2017

APONTAMENTOS

PARTE I

TÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1.º - Âmbito

A alteração do n.º 3 – Aos procedimentos destinados à atribuição unilateral de


vantagens ou benefícios pelas entidades adjudicantes do artigo 2.º, aplica-se o
Código dos Contratos Públicos, com as necessárias adaptações e ainda que
essa atribuição o seja através de ato administrativo ou equiparado.

Na redação ainda em vigor, determinava-se a aplicação apenas da parte II.

Não se vê, à primeira leitura, qual a vantagem da alteração, já que a parte III se destina
a regular a parte substantiva dos contratos públicos – a vigência e execução desses
contratos, o que não se afigura aplicável a estas atribuições unilaterais (subsídios, etc).

A alteração do n.º 4 – Eliminação desta norma. O legislador optou por destacar


os princípios aplicáveis à contratação pública em artigo autónomo – o artigo 1.º
A.

A alteração do n.º 5 – Apenas alteração de redação.

Todavia, afigura-se que a presente redação é mais correta.

A alteração do n.º 6 – Revogado.

Tratava-se de uma disposição equívoca e desnecessária.

Artigo 1.º -A – Princípios

Este artigo introduz os princípios que regem a contratação pública e, tal como a
doutrina tem vindo a desenvolver, são muitos.
6
Princípios da atividade administrativa:

Princípios da legalidade, prossecução do interesse público, imparcialidade,


proporcionalidade, boa-fé, tutela da confiança, sustentabilidade,
responsabilidade;

No plano estrito da contratação pública:

Princípios da concorrência, publicidade, transparência, igualdade e não


descriminação.

Outros princípios

Ainda que não expressamente citados, outros princípios gerais da Constituição,


do Tratado da União Europeia e do CPA.

O ora revogado n.º 3 do artigo 1.º não previa expressamente todos estes
princípios, mas não deixava de os prever implicitamente, ao estabelecer que, em
matéria de contratação pública, se aplicavam especialmente os princípios da
transparência, igualdade e concorrência. Como a contratação pública é ainda
uma atividade administrativa, sempre se lhe aplicariam os demais princípios que
regem, nos termos do CPA, a atividade administrativa do Estado.

Por isso, em rigor, não estamos perante uma verdadeira alteração significativa e
substancial do regime.

Porém, o n.º 2 deste artigo 1º A é, ainda que surgindo no plano dos princípios,
uma efetiva novidade, cuja aplicação em concreto nos convoca para o modo e
as formas como pode ser cumprido pelas entidades adjudicantes.

Com efeito, à luz desta disposição, as entidades adjudicantes passam a ter o


dever de assegurar que, na formação dos contratos públicos e na sua execução,
os operadores económicos cumprem as normas em vigor em matéria social,
laboral, ambiental e de igualdade de género, sejam estas normas de direito
interno, comunitário ou internacional.

Dado que este dever de assegurar tal cumprimento abrange não apenas os
contraentes particulares dos contratos a celebrar – o que limitaria a sua
verificação à fase da execução dos contratos -, mas ainda “os operadores
económicos” e também “em fase de formação dos contratos”, incluindo, pois, os
procedimentos de contratação – interessados, candidatos e concorrentes -,
como se efetiva, em ações concretas, esta verificação?

7
Como pode ela constituir um fundamento de exclusão de propostas ou mesmo
de candidaturas, por exemplo?

Como prever a sua relevância nas peças de procedimento – no caderno de


encargos, sem dúvida, mas aqui restrito à execução do contrato, mas também
no programa ou no convite. Em que termos?

Esta é uma boa questão e uma boa interrogação, porquanto, a verificação do


cumprimento destas normas, na perspetiva do condicionamento já não apenas
da execução de um contrato público, mas ao nível da própria apresentação de
propostas ou candidaturas, deve constituir um corolário do princípio da
concorrência e da igualdade de condições e oportunidades, evitando assim um
nivelamento por baixo nas propostas e/ou candidaturas, que se consegue
frequentemente apenas com o sacrifício daqueles valores que as referidas
normas visam proteger.

Quanto ao n.º 3

De uma forma implícita, este n.º aponta para o cumprimento das garantias de
imparcialidade do CPA, reforçando o dever de atuação das entidades
adjudicantes no sentido de deverem adotar medidas que se afigurem adequadas
a impedir, identificar e resolver conflitos de interesses que possam surgir na
condução de procedimentos de contratação pública, no respeito e para garantia
do princípio da concorrência e do princípio da igualdade.

O n.º 4 oferece uma definição operativa da noção de “conflito de interesses”.

“Considera-se conflito de interesses qualquer situação em que o dirigente


ou o trabalhador de uma entidade adjudicante ou de um prestador de
serviços que age em nome da entidade adjudicante, que participe na
preparação e na condução do procedimento de formação de contrato
público ou que possa influenciar os resultados do mesmo, tem direta ou
indiretamente um interesse financeiro, económico ou outro interesse
pessoal suscetível de comprometer a sua imparcialidade e independência
no contexto do referido procedimento.”

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Artigo 2.º - Entidades Adjudicantes

Passa-se a incluir também o Banco de Portugal, no elenco das entidades


adjudicantes de primeira linha (n.º 1.1).

O n.º 2 do artigo não introduz novidades de monta.

Alarga o conceito de entidade adjudicante às que sejam maioritariamente


financiadas por qualquer organismo de direito público, quando na redação atual
apenas se faz referência ao financiamento pelas entidades do n.º 1.

Por outro lado, oferece-nos indícios do que é não estar submetido à lógica
concorrencial do mercado - é não ter escopo lucrativo e/ou não assumir os
prejuízos decorrentes da sua atividade.

É claro que esta novidade não é relevante do ponto de vista da novidade


substantiva, servindo, quando muito, de referência interpretativa.

Artigo 4.º - Contratos excluídos

Contratos que sejam celebrados ao abrigo de convenções ou tratados ou


organizações internacionais de que Portugal faça parte, que não devam estar
sujeitos ao regime comunitário, mas às regras específicas nesses instrumentos
definidos ou previstos.

Contratos relacionados com a segurança e defesa – artigo 346.º do Tratado


Europeu.

Contratos ao abrigo de convénios internacionais relativos ao estacionamento de


tropas.

Contratos de trabalho, mesmo em funções públicas

Doação de bens móveis a qualquer entidade adjudicante.

Compra, venda, doação, permuta ou arrendamento de bens imóveis ou contratos


similares.

Contratos sobre produção ou coprodução de programas destinados a serviços


de difusão áudio ou vídeo por prestadores de serviços de comunicação social
(…).

9
A alínea e) do n.º 2 – satisfação de necessidades de serviços periféricos das
entidades adjudicantes do artigo 2.º, fora do território nacional e sujeitas ao
regime que se aplique em matéria de contratação pública, nos termos do direito
internacional público, exceto se celebrados no espaço comum europeu e para
valores relevantes para a contratação pública com publicação comunitária, nos
termos previstos – agora – no artigo 474.º, 3. a), b) e c) – é a única que se
afigura inovadora deste artigo.

Artigo 5.º - Contratação excluída

O n.º 1 deste artigo, com poucas e não relevantes alterações relativamente à


versão ainda em vigor, representa um princípio geral orientador e fundamentador
desta exclusão – se se trata de prestações que não estão sujeitas à
concorrência de mercado, a contratação fica excluída da parte II –
Procedimento contratual.

E em que casos essas prestações não estão sujeitas a tal concorrência?

- Natureza ou caraterísticas das prestações – por exemplo, mercado cativo


(direitos exclusivos, abastecimento público de água, por exemplo) ou prestações
de natureza administrativa (licenciamentos, por exemplo).

- Atendendo à posição relativa das partes no contrato ou do contexto da sua


formação – Exemplos? Protocolos de colaboração? Ou estes entram na previsão
do n.º 2 como missões públicas? Contratos entre entidades adjudicantes?

Outros exemplos, agora previstos expressamente.

N.º 2 – Acordos ou instrumentos jurídicos que organizem a transferência ou


delegação de poderes ou responsabilidades para a execução de missões
públicas entre entidades adjudicantes, ainda que em agrupamento, não se
prevendo remuneração.

A redação do n.º 2 pré-revisão previa:

A exclusão deste tipo de contratos, mas apenas quando uma das entidades exercesse
sobre a atividade da outra, isoladamente ou em conjunto com outras, um controlo

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análogo ao exercido cobre os seus próprios serviços, desde que essa atividade
fosse essencialmente desenvolvida em favor da entidade controlante.

Veremos adiante que o regime aí definido, correspondente à contratação in


house, é agora objeto de um tratamento autónomo, no artigo 5.º A.

n.º 4:

A parte II não é ainda aplicável à formação de contratos que:

- Devam ser celebrados com uma entidade adjudicante, que beneficie de um


direito exclusivo de prestar o serviço a adquirir, desde que essa exclusividade
seja compatível com as normas e os princípios constitucionais e comunitários
aplicáveis.

- Atribuição de subsídios ou subvenções, apenas pelas entidades adjudicantes


do 2.º.1. (sem alterações)

- Contratos de sociedade, sendo o capital social totalmente constituído por


entidades adjudicantes do 2.º 1 (sem alterações também);

- Contratos de natureza financeira – relacionados com a emissão e gestão de


valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros na aceção da diretiva
2004/CE/39 ou serviços de emissão e gestão de dívida pública e gestão de
tesouraria do estado

Esta exclusão, com redação alterada e aparentemente mais cuidada, estava já prevista.

NOVO – contratos celebrados entre Centrais de Compras e entidades


adjudicantes – faz todo o sentido, no plano sistemático, mas em substância, não
constitui uma novidade.

Defesa e segurança – Nesta organização sistemática, constitui também uma


novidade

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Por interesses essenciais da Defesa e da Segurança do Estado – não teria,
porventura, de estar especialmente previsto, dada a exclusão dos contratos
prevista no artigo 4.º sobre defesa e segurança dos Estados.

Serviços de investigação e desenvolvimento, para objetos que integrem os CPV


do anexo VIII, desde que

(i) os resultados obtidos com os referidos serviços não revertam


totalmente a favor da entidade adjudicante para utilização no exercício
da sua própria atividade; 1
(ii) o pagamento desses serviços tampouco seja exclusivamente
suportado pela entidade adjudicante, podendo tratar-se de projeto
cofinanciado por fundos nacionais ou comunitários. 1

A anterior alínea f) do n.º 4 é revogada (a nova redação não é uma alteração,


mas uma substituição). Nessa redação anterior, ela tratava de certos serviços
de saúde e de caráter social, que são agora objeto de procedimento
contratual autónomo. Ver-se-á no artigo 6.º - A.

Por seu turno, a alínea g) do n.º 4 ainda em vigor, também desaparece,


confundindo-se o âmbito da exclusão nela prevista com a previsão do artigo 4.º
- contratos excluídos.

Por fim, na alínea i), apenas se alterou a redação, sem alteração de substância.

Os números 5, 6 e 7 da redação ainda em vigor são revogados, passando a sua


matéria a fazer parte, ao menos no plano dos princípios aplicáveis à contratação
excluída, do regime definido no artigo 5.º B.

Há um número 8 no artigo, novo e introduzido pela revisão com o seguinte


teor:

“A parte II (regime da formação de contratos) não é aplicável…

… Aos contratos celebrados pelo Banco de Portugal ou pelas entidades


adjudicantes do 2.º 2…

… Se não abrangerem prestações típicas…

…De empreitada, aquisição de bens ou de serviços, concessões de obras


públicas ou serviços públicos ou locações.

1
De outro modo, estará a comprar serviços e tudo se passa em torno de um contrato normal de
prestação de serviços
12
Este regime corresponde ao previsto no n.º 2 do artigo 6.º pré-revisão. Este artigo
6.º foi revogado. Mas ver artigo 6.º-A aditado.

Artigo 5.º - A – Contratação no âmbito do setor público

Este artigo, agora introduzido, define a contratação in house e as condições de


aplicação ou não aplicação da Parte II.

Não há lugar a essa aplicação quando:

 Se verifique o controlo do tipo atrás referido por uma entidade


adjudicante, isolada ou em conjunto com outras;

 Se a entidade adjudicante controlada exercer mais de 80% da sua


atividade em benefício da controlante, em funções que lhe tenham
sido por este confiadas ou pelo agrupamento de entidades
adjudicantes controlantes se for o caso.

 No capital social da entidade adjudicante em questão, não haja


entradas de capital privado ou havendo-o, este não tenha poderes
de controlo e de bloqueio e não possa exercer uma influência
decisiva sobre a entidade.

Não há ainda lugar à aplicação da Parte II nos contratos celebrados entre duas
entidades adjudicantes controladas pela mesma entidade adjudicante.

Os números 3 e 4 desenvolvem o que se deve entender por controlo análogo


isolado ou conjunto sobre uma entidade adjudicante, para os efeitos da aplicação
do n.º 1.

Para além destas situações em que a dispensa da aplicação da Parte II se


fundamenta pela preexistência de uma relação hierárquica relevante (em termos
de controlo) de uma entidade adjudicante (ou mais do que uma) sobre outra,
também se verifica igual dispensa na contratação entre duas entidades
adjudicantes, fora daquelas condições, desde que:

 O contrato estabeleça uma cooperação, colaboração ou conexão


entre as duas entidades adjudicantes;
 A cooperação seja ditada unicamente por critérios de interesse
público;
13
 As entidades adjudicantes em causa não exerçam no domínio do
mercado mais de 20% (quota de quota) da atividade objeto do
contrato.
 A percentagem atrás referida, bem como a de 80% referida na
alínea b) do artigo 5.º-A, afere-se pelos resultados registados nos
3 anos económicos anteriores ou sendo inferior a duração em
causa, pela projeção das atividades a desenvolver.

Artigo 6.º - A – Contratos de serviços sociais e de outros serviços específicos

A estes contratos não se aplica a parte II, desde que o seu valor não seja igual
ou superior ao previsto na alínea d) do n.º 3 do artigo 474.º (750 mil euros,
atualmente).

No caso de ultrapassarem, aplicam-se as regras do artigo 250.º-A e seguintes


(Serviços sociais e outros serviços específicos.

Estão aqui em causa os contratos previstos no anexo IX – em função dos


respetivos CPV. Corresponde ao anexo XIV na Diretiva 24/2014/EU, mas este
apresenta uma extensão superior que o legislador nacional não quis
acompanhar.

Artigo 6.º - B – Acordo sobre Contratos Públicos da Organização Mundial do


Comércio
Princípio de tratamento idêntico aos operadores económicos dos Estados
signatários ao concedido pelas entidades adjudicantes desses Estados aos
operadores económicos da União.

TÍTULO II – SETORES ESPECIAIS

Artigo 7.º - Entidades dos setores especiais

Sem alterações – aplica-se a parte II

Artigo 8.º - Entidades dos setores especiais como contraentes públicos

14
(se, por sua vontade, qualificam os contratos celebrados ao abrigo do artigo 7.º
como contratos administrativos).

Sem alterações

Artigo 9.º - Atividades nos setores especiais

Artigo alterado

Toda a estrutura do artigo é alterada, de forma que me parece mais rigorosa,


estabelecendo os regimes específicos de cada setor especial – da energia, no
n.º 1, da água, no n.º 2, nos serviços de transporte, no n.º 3 e 4.

No domínio da água, passou a incluir-se as contratações no âmbito das


atividades de eliminação ou tratamento das águas residuais.

Artigo 10.º - Atividades excecionadas nos setores especiais

Atividades dos setores especiais às quais não se aplica a parte II, desde que as
entidades adjudicantes respetivas o não sejam por força do artigo 2.º, mas
unicamente por força do artigo 7.º.

Artigo 11.º - Âmbito de contratação nos setores especiais

Este artigo foi alterado apenas na alínea b) do seu n.º 1, passando a remeter
para o artigo 374.º, quando na redação ainda em vigor, remetia para a Diretiva
dos Serviços Especiais (a revogada pela Diretiva 25/2015/EU), na determinação
dos montantes limiares da contratação ao abrigo da parte II.

Assim e desde que os contratos digam direta e principalmente respeito às


atividades previstas no artigo 9.º, se tratem de empreitadas, concessões,
locação ou aquisição de bens e aquisição de serviços, ficam subordinados à
parte II do CCP, nas seguintes condições:

Empreitadas – para valores iguais ou superiores a € 5.448.000,00;2

2
Valor atualizado nos termos do Regulamento Delegado (EU) 2017/2364 da Comissão, de 18.12.2017
15
Concessões – todas

Locação, aquisição de bens ou de serviços – para valores iguais ou


superiores a € 443.000,00;2

Aquisição de serviços sociais ou outros do anexo IX – para valores iguais ou


superiores a € 1.000.000,00.

A contratação de serviços bancários prestados pelo Banco de Portugal ou


destinados à aquisição, desenvolvimento, produção ou coprodução de
programas destinados a emissão por entidades de radiodifusão ou relativos a
tempos de emissão, pelas entidades do artigo 7.º, estão sempre sujeitos à
parte II do CCP.

No domínio da atividade da água, aos contratos relacionados com projetos de


engenharia hidráulica, irrigação ou drenagem, se o volume total de água
destinado a abastecimento de água potável for, nos termos desses projetos,
superior a 20%, também se lhes aplica a parte II do CCP.

Artigo 12.º - Extensão do âmbito de contratação nos setores especiais

Este artigo não foi objeto de qualquer alteração, mas importa sublinhá-lo,
porquanto ele determina que às entidades adjudicantes do artigo 2.º, que
exerçam a sua atividade em qualquer um dos setores especiais, as regras do
artigo 11.º aplicam-se a todos os contratos que digam direta e
principalmente respeito às atividades daquele setor.

Ou seja, para qualquer outro tipo de contratação, estas entidades adjudicantes


seguirão o regime geral do CCP. Para a contratação inserida nos setores
especiais, há como que uma derrogação desse regime, aplicando-se-lhe o
regime especial desenhado para os referidos setores.

Artigo 13.º - Restrição do âmbito de aplicação da contratação pública nos setores


especiais

16
Este artigo sofreu fortes alterações, no que respeita a situações de contratação
que, à luz dos artigos 8.º a 11.º, deveriam estar sujeitas ao regime da Parte II do
CCP, mas que, por via deste artigo, devem ser excluídas desse regime.

Estão em causa situações diversas, das quais, importa essencialmente salientar:

- As que visem espaços fora do âmbito geográfico da União Europeia;

- As que estão reconhecidamente expostas a concorrência em mercado de


acesso não reservado:

- As que configurem situações de contratação in house com entidades


adjudicantes do artigo 2.º e/ou suas associadas, neste caso, desde que, pelo
menos, 80% do volume de negócio com essa contratação provenha da
realização dessas obras ou que tal percentual se afigure credível, na
eventualidade da empresa associada ter sido constituída há menos de 3 anos.

Artigo 14.º - Empresa Associada

O artigo 14.º, também muito alterado relativamente à redação ainda em vigor


define as condições da empresa associada, desde logo, a que tenha contas
consolidadas com entidade adjudicante do artigo 2.º ou caso exista uma
relação de domínio desta sobre aquela – que passará, por exemplo, por deter
a maioria dos direitos de voto, o controlo da gestão ou o direito a designar a
maioria dos titulares dos órgãos de gestão ou fiscalização.

Em tais situações, por excluírem a contratação em causa do regime do CCP,


deve-se proceder à sua comunicação à Comissão Europeia, a pedido destas,
comunicação essa com o teor das alíneas a), b) e c) do n.º q do artigo 15.º
(identificação das entidades adjudicantes e associadas, natureza dos contratos
e preços, entre outros elementos que a Comissão entenda ser exigíveis para
comprovar o preenchimento dos requisitos do artigo 13.º.

17
PARTE II

TIPOS E ESCOLHA DE PROCEDIMENTOS

No que respeita aos tipos e escolha de procedimentos, registam-se as seguintes


alterações mais significativas:

Tipos de procedimentos – o artigo 16.º acrescenta a consulta prévia e a


parceria para a inovação.

CONSULTA PRÉVIA

A consulta prévia resulta do desdobramento das condições de admissibilidade


do ajuste direto no CCP pré-revisão, constituindo o procedimento mínimo
exigível para os seguintes valores de contrato (entendendo-se este “valor de
contrato” como o preço base definido para o procedimento):

- Empreitadas – Entre 30.000 € inclusive e até 150.000 €, exclusive (artigo 19.º,


alínea c))

- Aquisição de bens, serviços e locações – Entre 20.000 € inclusive e até 75.000


€ exclusive. (artigo 20.º, alínea c))

Sempre que os motivos de adoção de ajuste direto por critérios materiais,


previstos nos artigos 23.º a 27.º, sejam compatíveis com a adoção do
procedimento da consulta prévia, deve ser esta adotada em detrimento do ajuste
direto (artigo 27.ºA).

A compatibilidade afere-se pela possibilidade de tal motivo permitir a consulta de


proposta a mais do que uma entidade ou operador económico.

REGIME DA CONSULTA PRÉVIA


Corresponde, em grande medida, ao do ajuste direto, tal como configurado no
CCP em vigor.

Artigos 112.º a 127.º

18
Devem ser consultadas pelo menos três entidades à escolha, sendo admitida
a fase de negociação dos aspetos de execução do contrato a celebrar – artigo
112.º.

Este artigo 112.º sofreu as alterações de redação inerentes à introdução do novo


procedimento, limitando, por razões lógicas, o ajuste direto ao convite a uma
única entidade – conferir o seu n.º 2

A escolha das entidades a convidar obedece ao limite do artigo 113.º.

Até agora, aplicável ao ajuste direto, este artigo sofreu as alterações


circunscritas à necessidade de acomodar e contemplar também as adjudicações
provenientes de procedimentos por consulta prévia.

Assim sendo, teremos de atender aos valores admissíveis para um e outro


destes procedimentos, aquando da aplicação do n.º 2 do artigo 113.º, no
sentido de que o valor a atender, no ano em curso e nos dois anos económicos
anteriores, para a admissibilidade do ajuste direto, sob o critério do valor, para
uma mesma entidade, é de 20.000€ ou 30.000€, consoante o objeto do contrato
seja uma aquisição de bens, serviços ou locação, por um lado e, por outro, uma
empreitada, ao passo que o valor a considerar, nas mesmas circunstâncias,
será, para a consulta prévia, de 75.000€ ou 150.000€, em função do objeto do
contrato a celebrar.

Atenção:

O artigo 113.º sofreu ainda uma outra alteração restritiva.

No seu n.º 2 da redação ainda em vigor, os valores acumulados para efeito da


verificação do respetivo limite, respeitavam a adjudicações feitas para a
celebração de contratos cujo objeto fosse constituído por prestações do mesmo
tipo ou idênticas às do contrato a celebrar.

Na nova redação, não existe esta condição, sendo agora relevantes toda e
qualquer celebração de contratos, consoante se trate, por um lado, de
contratos de empreitada e, por outro, de aquisição de bens e/ou serviços.

Dito de outro modo, sem aquela condição, que sempre foi muito difícil de operar
e cuja interpretação passou muitas vezes pela verificação da identidade ou
proximidade dos respetivos CPV, é agora mais “fácil” e mais “rápido” atingir o
limite do artigo 113.º.

19
Se o artigo 112.º define a consulta prévia como o procedimento contratual no
qual são convidadas pelo menos três entidades a apresentar proposta, o artigo
114.º reitera, no seu n.º 1, sem necessidade de o fazer, a exigência desse
mínimo de três entidades, sendo essa escolha da competência do órgão
competente para decidir contratar, conforme referido no n.º 1 do artigo 113.º (já
era assim, de resto).

O artigo 114.º, no seu n.º 2 determina que:

“No caso do ajuste direto ser adotado ao abrigo do disposto na alínea g) do n.º
1 do artigo 27.º (critérios materiais), a entidade adjudicante deve convidar (…)
todos os selecionados no concurso de conceção”.

Ainda que estejamos perante uma modalidade específica de contratação, em


que o ajuste direto ocupa uma fase determinada no seu desenvolvimento, que
aliás, nesta matéria, não sofreu alteração significativa (apenas de correção do
português), na medida em que a revisão do CCP criou a consulta prévia,
restringindo o conceito de ajuste direto aos casos em que é consultada
apenas uma entidade, afigura-se que, por coerência, o artigo 114.º/2 deveria
referir ajuste direto ou consulta prévia, consoante estejamos perante um único
ou mais selecionados – como, de resto, é sugerido no artigo 27.º A.

Aspetos até agora previstos para o ajuste direto em sentido lato e que passam
a estar previstos apenas para a consulta prévia:

- Fase da negociação – artigos 118.º a 121.º

- Relatório preliminar e fase da audiência prévia – artigos 122.º e 124.º.

Nos termos do artigo 125.º, que já assim era, sempre que tenha sido apresentada
uma única proposta, não há lugar às fases de negociação e audiência prévia e
o relatório preliminar e final são substituídos por um projeto de decisão de
adjudicação, embora se possa convidar o concorrente a melhorar a sua
proposta.

Com a definição que vigorará para o ajuste direto, no sentido de que este é
restrito aos procedimentos em que há convite a uma única entidade, o artigo
125.º passará a aplicar-se a todos os procedimentos por ajuste direto e
àquelas consultas prévias em que, pese embora terem sido convidadas a

20
apresentar proposta pelo menos três entidades, apenas se verificou a
apresentação de uma única proposta.

PARCERIA PARA A INOVAÇÃO

As parcerias para a inovação surgem na Diretiva 24/EU/2014, artigo 49.º.

O conceito de Inovação é-nos fornecido pelo n.º 18 do artigo 2.º da Diretiva:

(1) “Implementação de um produto, serviço ou processo novo ou


significativamente melhorado;

(2) Incluindo, mas não limitado aos processos de produção ou construção;


ou

(3) Novo método de comercialização; ou

(4) Novo método organizacional nas práticas empresariais, na organização


do local de trabalho ou nas relações externas,

(5) Nomeadamente, com o objetivo de ajudar a resolver os desafios


societais ou de apoiar a Estratégia Europa 2020, para um crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo”.

A parceria para a inovação está prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 16.º.

O artigo 30.º-A determina que a parceria para a inovação pode ser adotada para
a realização de atividades de investigação e desenvolvimento de bens,
serviços ou obras inovadoras, independentemente da sua natureza e área de
atividade, com vista à sua aquisição posterior, na condição de que os bens,
serviços ou obras em questão correspondam aos níveis de desempenho e
preços máximos previamente acordados entre a entidade adjudicante e os
participantes na parceria.

As peças deste procedimento são as definidas na alínea g) do n.º 1 do artigo


40.º, constando de:

- Anúncio;

- Programa do procedimento;

- Convite à apresentação de propostas;


21
- Caderno de Encargos.

Quanto ao regime do procedimento, foi aditado ao CCP, nos artigos 218.º-


A a 218.º D.

O artigo 218.º A determina que o procedimento contratual aplicável à parceria


para a inovação é constituído por 3 fases:

- Fase da apresentação de candidaturas – podendo ocorrer uma subfase de


qualificação dos candidatos, no quadro da respetiva seleção, se estiver em
causa o desenvolvimento de projetos dotados de especial complexidade;

- Fase de apresentação de propostas de projetos de investigação ou


desenvolvimento;

- Fase da análise das propostas e celebração da parceria.

O início do procedimento faz-se através da publicação de um anúncio, que


segue os termos do anúncio para o concurso limitado por prévia qualificação,
com as devidas adaptações (artigo 167.º, por remissão do artigo 218.ºA, n.º 2).

Nas peças do procedimento (caderno de encargos) devem ser identificadas:

 A necessidade dos bens, serviços ou obras que não são possíveis de


adquirir, tendo em conta as ofertas disponíveis do mercado;
 Os requisitos mínimos que, para a entidade adjudicante, dão satisfação a
essa necessidade;
 As disposições de proteção dos direitos de propriedade intelectual;

E, no programa do procedimento:

Os requisitos inerentes às capacidades que os futuros concorrentes devem


possuir no domínio da investigação, desenvolvimento e implementação das
soluções inovadoras que constituem o objeto da parceria.

22
À parceria para a inovação aplicam-se supletivamente as regras do
procedimento por negociação.

Esquema de tramitação do procedimento

(1) Recebidas as candidaturas e …


(2) … Selecionados os candidatos admitidos, …
(3) … A entidade adjudicante envia-lhes convite para a apresentação de
propostas de investigação e desenvolvimento no âmbito do objeto do
procedimento, …
(4) … Devendo as propostas ser apresentadas nos termos prescritos no
artigo 62.º, uma única por cada concorrente….
(5) A entidade adjudicante deve abrir uma fase de negociação com os
concorrentes com proposta apresentada, …
(6) … Até à proposta final de cada um, não podendo ser negociados os
requisitos mínimos e o critério de adjudicação, incluindo os seus
fatores e subfactores.

(O critério de adjudicação aplicável é o da proposta


economicamente mais vantajosa, conforme regulado
na alínea a) do artigo 74.º.)

(7) Aplicam-se à fase de análise das propostas o disposto nos artigos 146.º
a 148.º (relatório preliminar, audiência prévia e relatório final).

(8) A parceria pode ser estabelecida com um ou mais concorrentes, que


passam a designar-se por parceiros, competindo a cada um, neste último
caso, atividades de desenvolvimento e investigação distintas.

(9) A parceria é paga, mediante a fixação de metas intermédias.

(10) No final de cada fase da parceria, a entidade adjudicante é livre


de lhe pôr termo, de reduzir o número de parceiros que se mantêm
para a frente – desde que tal esteja previsto nas peças do procedimento.

23
(11) No final, desde que os bens, serviços ou obras correspondam aos
padrões de desempenho desejados pela entidade adjudicante, esta
procede à sua aquisição, desde que os respetivos custos não sejam
desproporcionados relativamente ao investimento exigido para o seu
desenvolvimento.3

Há, naturalmente, disposições esparsas sobre este procedimento que serão


abordadas mais adiante.4

VALOR DO CONTRATO – ARTIGO 17.º

O valor do contrato corresponde, como até aqui, ao valor máximo do benefício


económico que a contraparte poderá obter com a sua execução, incluindo as
vantagens que decorram diretamente para esta da sua execução e que possam
ainda ser consideradas como contrapartidas das suas prestações.

Nas empreitadas, inclui-se ainda o valor total dos bens móveis e serviços
que a entidade adjudicante põe à sua disposição para a execução do contrato.

Nos acordos quadro e sistemas de aquisição dinâmicos, a sua determinação


é feita com base em todos os contratos previstos ao abrigo da respetiva
vigência.

Nas parcerias para a inovação, é o valor das atividades de investigação e


desenvolvimento juntamente com os bens, serviços e obras desenvolvidos
e adquiridos no final da parceria.

O valor do contrato enquadra assim o preço base5, nos termos do artigo 47.º,
n.º 1 e a sua fixação deve ser fundamentada com base em critérios objetivos,
tendo em conta preferencialmente:

3
Em princípio, a aferir conforme previsto no caderno de encargos
4
Ver também o artigo 301.º-A, sobre o específico modo de remuneração dos contratos com forte
componente de inovação
5
O preço base, por regra, coincide com o valor do contrato, mas podemos configurar contratos em que
representa apenas uma componente do respetivo valor, correspondendo ao que a entidade adjudicante
se propõe pagar, ficando aquém do que o contraente particular espera vir a receber – caso das
concessões, por exemplo.
24
- Os custos médios unitários de prestações do mesmo tipo adjudicadas em
anteriores procedimentos pela entidade adjudicante.

No anteprojeto, falava-se do lapso de tempo relevante para este efeito – os três


últimos anos. Na redação definitiva, deixa-se a delimitação do tempo relevante
para o critério da entidade adjudicante.

Em todo o caso, esta referência como preferencial parece ignorar a nefasta


prática dos preços baixos nas contratações feitas, designadamente em
empreitadas, com sacrifício da qualidade das obrigações prestadas, por um lado
e, por outro, com a auto canibalização dos próprios operadores económicos,
assim forçados a nivelarem-se por baixo.6

O n.º 8 do artigo 17.º proíbe o fracionamento do valor do contrato com o fito


de o excluir dos procedimentos de maior exposição à concorrência.

Complementado com esta proibição, o artigo 22.º estabelece, sob o título


“Contratação de prestações do mesmo tipo em diferentes procedimentos”,
que, (n.º 1) quando sejam adotados vários procedimentos para prestações do
mesmo tipo que poderiam/deveriam ser objeto de um único contrato, para
efeitos da escolha do procedimento contratual a adotar, deve-se ter em
consideração o somatório dos valores de todos os contratos a celebrar que
ocorram em simultâneo ou o somatório dos valores de todos os contratos já
celebrados, com aqueles cujos procedimentos estejam em curso, quando
ocorram ao longo do período de um ano, desde que a entidade adjudicante
devesse ter previsto – ou podido prever – a necessidade do seu lançamento.

Exceciona-se deste regime (n.º 2) os procedimentos para aquisição de bens


e serviços de valor inferior a 80 mil euros ou empreitadas de valor inferior
a 1 milhão de euros, desde que o somatório dos valores de todos os
procedimentos lançados nas condições supra não exceda 20% desse valor
(ou seja, 96 mil euros para as aquisições de bens e serviços e 1,2 milhões
de euros para as empreitadas).

Assim, se no período de um ano, tiverem sido lançados procedimentos de


empreitadas que poderiam e deveriam ter sido previstas como um único
procedimento, com vista à celebração de um único contrato, mas não tiverem
sido ultrapassados no somatório dos respetivos preços contratuais o limite de
1,2 milhões de euros, não se aplica o disposto no n.º 1, isto é, fica-se dispensado

6
Ainda que se promova a atualização destes preços através da aplicação de fórmulas de revisão do
preço ou pela variação do índice dos preços no consumidor, como não pode deixar de ser feito.
25
de atender ao somatório dos valores de todos os procedimentos e contratos
celebrados no referido período de tempo, para a determinação do tipo de
procedimento a adotar.

Este artigo 22.º, na sua atual redação ainda em vigor, é de uma confusão plena, desde
logo, no próprio título “Divisão em lotes”, que configura efetivamente o efeito do
fracionamento induzido, não sendo o próprio fracionamento que a norma pretende
regular. Depois, porque toda a redação e estrutura do artigo é verdadeiramente obscura.

A redação do artigo na revisão do CCP é, deste ponto de vista, mais clara.

Em todo o caso, a disposição legal em causa – sobretudo na dispensa prevista


no n.º 2 - direciona-se particularmente para a opção entre ajuste direto,
consulta prévia e concurso público de âmbito nacional, já que a majoração
de 20% sobre os limites de valor aí estabelecidos só nestes procedimentos
encontra campo de aplicação.

Dito de outro modo, em caso algum o n.º 2 da norma se aplica aos


procedimentos que, à luz do n.º 1, deveriam seguir o tipo de concurso público
com publicidade no JOUE e que foram, todos eles como concurso público de
âmbito nacional, atento o limite previsto na alínea a) do n.º 3 do artigo 474.º (€
5.548.000,00 e 144.000,00€ ou 221.000,00 € 7 , consoante se trate de
empreitadas ou aquisições de bens e serviços), que são claramente superiores
aos limites de 1.000.000,00€ e 80.000,00€, estabelecidos no n.º 2 do artigo 22.º.

Ainda assim, o que sejam “prestações do mesmo tipo, suscetíveis de


constituírem objeto de um único contrato” precisa ainda dos contributos da
doutrina e da jurisprudência, em particular comunitária, para se determinar com
segurança. Talvez a lei pudesse ter ido mais longe.

Pense-se, por exemplo, no “negócio da água”, se seria suscetível de constituir


um único contrato a renovação de toda (e é só uma) rede pública de
abastecimento de água no perímetro urbano em que se desenvolve. As clássicas
caraterísticas de contiguidade, proximidade temporal, similitude do objeto
de contratações sucessivas, como indiciadores do que pode ser fracionamento
de procedimentos, com a finalidade de os subtrair a exposições concorrenciais
mais amplas, poderiam talvez ganhar mais, em clareza, se a lei as acolhesse
expressamente, ainda que a título meramente exemplificativo.

7
Novos limiares introduzidos nos termos indicados na nota de rodapé 1 e no Regulamento Delegado EU
2017/2365, da Comissão, de 18.12.2017
26
ESCOLHA DE PROCEDIMENTOS DE FORMAÇÃO DO CONTRATO –
REGRA GERAL
(Artigos 18.º, 19.º, 20.º e 21.º)8

Objeto do Ajuste Ajuste Consulta Concurso Concurs


contrato simplificad direto prévia Público - o Público
o9 nacional - JOUE

Empreitada <= 10.000€ <30.000€ <150.000 < Sem


€ 5.548.000€ limite

Aquisição <= 5.000€ < < 75.000€ <144.000 Sem


bens / 20.000€ €10 limite
serviços
<221.000
€11

Outros - < 50.000 < 100.000 Sem limite


contratos12 € €

Concessõe - < < 75.000 < Sem


s 75.000€ €13 5.548.000€ limite
13 14

8
Sem esquecer que, nos termos do artigo 11.º (setores especiais), a parte II só se aplica aos contratos aí
previstos, a partir dos seguintes valores de contrato: empreitadas - < € 5.548.000; aquisição de bens,
serviços e locações – 418.000 €; aquisição de serviços sociais – 1.000.000,00, conforme n.º 1 do artigo e
artigo 474.º, n.º 4, sem prejuízo da sua aplicação nos contratos de aquisição de serviços financeiros com
o Banco de Portugal e de produção de programas, radiodifusão ou relativos a tempos de emissão.
9
Artigo 128.º
10
Para adjudicações do Estado – Entidades adjudicantes do artigo 2.º, 1. Neste caso e nos pontos
seguintes, os valores indicados para os procedimentos de publicação comunitária têm os respetivos
valores atualizados a 18.12.2017.
11
Para adjudicações de outras entidades adjudicantes – entidades adjudicantes do artigo 2.º, 2.
12
Que não sejam de empreitadas, aquisições de serviço, concessões de serviços públicos ou de
sociedade
13
N.º 4 do artigo 31.º - concessões de obras ou serviço de duração inferior a 1 ano. Conferir ainda,
repetindo este regime, o n.º 4 do artigo 31.º.
14
Artigo 474.º, n.º 2
27
Sociedade < < 75.000
75.000€ €
15

ESCOLHA DE PROCEDIMENTO EM FUNÇÃO DOS CRITÉRIOS


MATERIAIS

Referimo-nos a situações em que a escolha do procedimento não resulta do


critério de valor.

Nos termos dos artigos 24.º a 27.º, pode ser escolhido o ajuste direto ou a
consulta prévia, para os contratos em geral, como previsto no artigo 24.º, para
os contratos de empreitadas, conforme previsto no artigo 25.º, para os
contratos de aquisição ou locação de bens, como previsto no artigo 26.º e,
finalmente, como estabelecido no artigo 27.º, para as aquisições de serviços.

CRITÉRIO MATERIAL DO ARTIGO 24.º - GENERALIDADE DOS CONTRATOS

No que respeita ao artigo 24.º, aplicável à generalidade dos contratos, as


primeiras duas alíneas referem-se a situações equivalente a deserção em
procedimentos anteriores.

De acordo com o seu n.º 2, se a “deserção” resultar da exclusão de todas as


propostas apresentadas com base no n.º 2 do artigo 70.º, a adoção do ajuste
direto ou da consulta prévia (ver artigo 27.º A) só permite contratar até ao limite
previsto na alínea b) do artigo 19.º (empreitadas - € 5.548.000,00) e do artigo
20.º (aquisição de bens ou serviços e locação - € 144.000 ou € 221.000,
consoante a natureza da entidade adjudicante), se o procedimento original não
tiver seguido a publicação no JOUE.

15
Conferir, no entanto, o n.º 3 do artigo 31.º, que admite o ajuste direto, por razões de interesse
público.
28
Caso o tenha sido, não há lugar a ajuste direto, mas a consulta prévia, devendo
ser convidadas todas e apenas as entidades que apresentaram proposta e que
viram essas propostas excluídas com fundamento no n.º 2 do artigo 370.º.

Em todo o caso, nas situações aqui previstas, o procedimento a lançar em tais


condições não pode ser substancialmente alterado, no que respeita ao
caderno de encargos e eventuais requisitos mínimos de capacidade técnica e
financeira.

O n.º 9 considera que existe essa alteração substancial, se tiverem sido


introduzidas alterações àquela peça e/ou aos requisitos que “eliminem” os
fundamentos que determinaram a exclusão das propostas ou possam
“explicar” a deserção do procedimento anterior.

Dá-se como exemplo a modificação dos parâmetros base fixados no caderno de


encargos.

POR MOTIVOS DE URGÊNCIA IMPERIOSA – CONDIÇÕES:

- Na medida do estritamente necessário;

- A urgência em causa deve ter sido determinada por acontecimentos


imprevisíveis (não basta que não tenham sido previstos, exigindo-se ainda que
o não tivessem podido ser):

- Que determine a impossibilidade de dar cumprimento aos prazos legais do


procedimento adequado em razão do valor;

- Desde que as circunstâncias em causa não possam, em caso algum, ser


imputáveis à entidade adjudicante (ou seja, esta não pode “fabricar” as
condições de preenchimento da urgência para depois se fundamentar nesta para
avançar com o procedimento urgente).

As razões de caráter técnico ou artístico, que só possam ser preenchidas


por um operador económico – Condições:

- Apenas para a criação ou aquisição de obra de arte ou espetáculo artístico;


ou

- Em que não exista concorrência por motivos de caráter técnico;

29
ou

- Se verifique a necessidade de proteger direitos exclusivos, incluindo direitos


de propriedade intelectual.

O Tribunal de Contas tem entendido que as condições atrás referidas não são
relevantes, na eventualidade da entidade adjudicante se ter colocado
voluntariamente nesta situação.

O n.º 4 do artigo 24.º determina, para os casos de falta de concorrência por


motivos técnicos ou pela proteção dos direitos exclusivos, que tais condições só
são relevantes, se não existir alternativa ou substituto razoável, bem como,
em linha com a jurisprudência do Tribunal de Contas, a inexistência de
concorrência não resulte de restrições desnecessárias, impostas pela
entidade adjudicante face ao objeto do contrato a celebrar.

ARTIGO 25.º - CRITÉRIOS MATERIAIS APLICÁVEIS ÀS EMPREITADAS

O artigo 25.º, aplicável apenas às empreitadas, apresenta alterações de


redação, mas não altera, no essencial, o regime pré-revisão

Assim, pode-se adotar o critério material do recurso ao ajuste direto – e aqui,


não é possível o recurso à consulta prévia – para a contratação de novas
obras com objeto similar ao já anteriormente celebrado, desde que as partes
sejam as mesmas, as obras precedam e sejam conformes com um projeto base
comum, o contrato inicial tenha sido celebrado há menos de 3 anos e a
possibilidade do recurso ao ajuste direto por critérios materiais tiver sido
indicada no anúncio ou no programa do concurso anterior.

Nestas condições, pode-se celebrar contratos por ajuste direto até ao valor limite
para os concursos de âmbito nacional (até 5.548.000 €), salvo se o anúncio
respetivo tiver sido publicado no JOUE, caso em que não há limite a observar.

Este valor limite é obtido pelo somatório do valor contratual do contrato


precedente com o valor do ajuste direto (ou ajustes) por critérios materiais.

É ainda possível recorrer a este ajuste direto por critérios materiais para obras
com finalidades de investigação, experimentação e desenvolvimento, que
não sigam a finalidade da obtenção de lucro ou da amortização do custo dessas
atividades, até ao limite de 5.548.000 €, bem como e, neste caso, de adoção
mais corrente, para adjudicações ao abrigo de acordos-quadro.
30
ARTIGO 26.º - CRITÉRIO MATERIAL NAS LOCAÇÕES E AQUISIÇÕES DE
BENS

O artigo 26.º - ajuste direto por critérios materiais para aquisição de locação
e bens - sofreu também pequenas alterações, essencialmente de redação.

A alínea a) do n.º 1 mantém-se– substituição parcial ou ampliação de bens


ou equipamentos de uso corrente com a mesma entidade já anteriormente
contratada para esse fornecimento, desde que a mudança de fornecedor
implicasse incompatibilidades de caraterísticas técnicas ou dificuldades de
utilização e manutenção desproporcionadas.

A alínea b) – aquisição de bens para fins de investigação, desenvolvimento


e experimentação, não destinados a comércio e até ao valor limite de
admissibilidade de concurso público de âmbito nacional (144 mil ou 221 mil
euros, consoante os casos já atrás referidos).

A alínea c) – Aquisição de materiais cotados em mercado de matérias-primas


e nestes adquiridos (sem alteração relevante).

A alínea d) – Aquisições em condições economicamente mais vantajosas


que as normais (insolvências, liquidações judiciais, leilões, etc) – sem alteração
relevante.

A alínea e) – Aquisições em acordo-quadro – idem

A alínea f) – Aquisição de água ou energia para entidades adjudicantes dos


setores respetivos – sem alterações.

O artigo não conhece outras alterações, mantendo o regime do n.º 2 e 3


(extensão do regime para as entidades adjudicantes dos setores especiais e
obrigação de comunicação à Comissão Europeia das categorias dos bens
referidos na alínea a) do n.º 2).

ARTIGO 27.º - AJUSTE DIRETO POR CRITÉRIOS MATERIAIS PARA


AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS

Aqui as alterações são de maior monta.

31
A alínea a) remete-nos para a situação de novos serviços que consistam em
repetição de serviços anteriormente contratados, entre as mesmas partes,
em conformidade com um projeto comum, desde que o contrato preexistente
tenha sido celebrado há menos de 3 anos e desde que a possibilidade da
adoção do ajuste direto por critérios materiais tenha constado do respetivo
anúncio ou programa.

O valor admissível do cumulado dos dois ou mais contratos obedece às regras


já atrás expostas, consoante o anúncio em causa tenha sido ou não publicado
no JOUE.

A alínea b) foi alterada na redação, mantendo, no essencial, o regime ainda


vigente. Aplica-se às situações de prestação de serviço que, pela sua
natureza, designadamente, intelectual, não permitam elaborar especificações
contratuais suficientemente precisas para que sejam definidos os atributos
qualitativos das propostas para a definição de um modelo de avaliação (critério
de adjudicação) e desde que um critério puramente quantitativo (mais baixo
preço) se revele inadequado para os objetivos e finalidades pretendidos.

As aquisições de serviços aqui em causa excluem a elaboração de planos,


projetos ou criações de caráter conceptual nos domínios artístico, do
ordenamento do território, planeamento urbanístico, arquitetura,
engenharia ou processamento de dados (conforme n.º 4 sem alterações) e
o preço base do procedimento tem de ser inferior a 144 mil euros ou 221 mil
euros, consoante a natureza da entidade adjudicante (conforme n.º 3 do artigo).

A alínea c) mantém-se (contratação de serviços para aquisição ou locação de


imóveis ou direitos sobre estes, com exceção dos serviços financeiros
celebrados no âmbito desses serviços).

A alínea d) inclui a mediação a par da arbitragem e da conciliação.

A alínea e) refere-se à aquisição de serviços de investigação e


desenvolvimento abrangidos pela Parte II do CCP, nos termos e a contrario do
n.º 4 do artigo 5.º, alínea j).

A alínea g) refere-se ao procedimento adjudicatório após a realização de um


concurso de conceção, nas condições já atualmente vigentes,
designadamente, desde que previsto nos termos de referência deste último.

A escolha do ajuste direto ou consulta prévia, neste caso, tem de ser tomada no
prazo máximo de um ano a contar da data da adjudicação tomada no

32
concurso de conceção, devendo o convite ser enviado nesse prazo, sob pena
de caducidade da decisão (n.º 5, sem alteração de redação), dando lugar ao
dever de indemnizar os concorrentes pelos encargos suportados com a sua
participação no concurso de conceção (n.º 6, também sem alteração).

Esta é uma das situações em que, consoante fixar estabelecido nos termos de
referência, podem ser convidados a apresentar proposta mais do que um
participante do concurso de conceção, aplicando-se então a modalidade da
audiência prévia, nos termos do artigo 27.º A.

A alínea h) refere-se a contratações ao abrigo de acordos-quadro.

A alínea i) respeita às aquisições de serviço em condições economicamente


mais vantajosas do que as do ambiente normal do mercado – que se afigura
adequado na aquisição de bens, mas não se vê facilmente a sua utilidade na
aquisição de serviços.

O n.º 2 anterior – que estabelecia limites a esta contratação, quando a entidade


adjudicante era o Estado – foi revogado – o que se afigura fazer todo o sentido.

O artigo 28.º, por não ter sido alterado, mantendo a redação ainda em vigor, faz
uma remissão errada para o artigo anterior (doravante, seria o artigo 27.º-A), que
se deve entender feita para o artigo 27.º.

OUTRAS CONDIÇÕES PARA A DETERMINAÇÃO / ESCOLHA DO


PROCEDIMENTO, QUE NÃO SE BASEIAM NO VALOR

É o caso do artigo 29.º, que define, numa redação substancialmente diferente


da anterior, as condições para a adoção do procedimento por negociação e
do diálogo concorrencial, que ficam sujeitos, no que a este aspeto respeita ao
mesmo regime, ou seja,

 as necessidades em causa carecem de soluções facilmente


disponíveis,

 as prestações objeto do contrato são complexas e específicas,


33
 não é objetivamente possível adjudicar sem negociações prévias e

 não é possível identificar com precisão as especificações técnicas


por referência às normas ou homologações técnicas existentes.

Nestes casos, os concorrentes como que são convidados a “completar” a


definição do objeto do contrato a celebrar, como decorre dos respetivos regimes
procedimentais, definidos, para o procedimento de negociação, nos artigos
193.º a 203.º e, para o diálogo concorrencial, nos artigos 204.º a 218.º, como
resulta, aliás, muito claramente neste último, no n.º 3 do artigo 207.º.

Na medida em que os concorrentes ou candidatos contribuem com a sua


participação para a configuração concreta da prestação a contratar (da concreta
solução adotada para a satisfação da necessidade que deu origem ao
procedimento), encontramos traços comuns entre estes procedimentos, em
particular, o diálogo concorrencial e a parceria para a inovação, sendo que
nesta pode não haver lugar a qualquer adjudicação, como referido atrás.

É ainda o caso do artigo 31.º, que define os procedimentos contratuais


admissíveis para a concessão de obras públicas e serviços públicos e para
os contratos de sociedade, sem prejuízo das situações passíveis de ajuste direto,
referidas na tabela anterior.

Os procedimentos são os seguintes: concurso público, concurso limitado por


prévia qualificação, procedimento por negociação e o diálogo
concorrencial.

O n.º 3 deste artigo consente ainda, assente em relevantes razões de interesse


público, que o contrato de sociedade possa ser feito através do ajuste direto.

O artigo 32.º estabelece as regras a atender para a formação de contratos


mistos, que envolvam prestações enquadráveis em mais do que um tipo de
contrato, que só são admissíveis quando não possam ser funcionalmente
separáveis ou quando essa separação causar inconvenientes graves (é
basicamente o mesmo regime da Diretiva).

Em princípio, atende-se à componente de valor mais elevado – por exemplo,


contrato com parte de empreitada, parte de aquisição de bens ou serviços.

34
Se o contrato abranger prestações típicas integradoras dos contratos abrangidos
pela Parte II e outras não abrangidas, fica sujeito ao regime nesta consignado,
atendendo-se ao total do valor implicado.

OUTROS CRITÉRIOS

Por fim, o artigo 33.º determina os tipos de procedimento que podem ser
adotados pelas entidades dos setores especiais:

- Concurso Público

- Concurso limitado por prévia qualificação

- Procedimento por negociação

- Diálogo concorrencial

- Parceria para a inovação

- Ajuste direto ou consulta prévia, nos termos dos artigos 24.º a 27.º

No caso destas entidades adjudicantes serem também entidades adjudicantes


ao abrigo do artigo 2.º, n.º 2, se os contratos a celebrar não disserem apenas
respeito às atividades do setor a que pertencem, conforme definido no artigo
9.º, aplica-se o regime geral da Parte II, se não for possível determinar a que
atividade tais contratos dizem principalmente respeito, afigurando-se que essa
determinação se poderá e deverá fazer nos termos do artigo 32.º.

35
FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO

O ANÚNCIO DE PRÉ-INFORMAÇÃO

O CCP integra no Capítulo respeitante à preparação do procedimento o anúncio


de pré-informação a publicar no JOUE, remetendo agora para os termos
previstos na Diretiva 2014/UE/24, artigo 48.º.

Nos termos da respetiva norma comunitária, este anúncio é facultativo.

A atual redação do n.º 1 do artigo 34.º substituiu o facultativo “podem” pelo mais
assertivo “enviam”, o que nos fará perguntar se efetivamente estamos perante
uma obrigação jurídica.

Creio que não, porquanto a remissão feita para o n.º 1 do artigo 48.º da
Diretiva 24, tomada pelo seu todo, mantém a possibilidade – e não a
obrigação – do respetivo envio, agora, já não diretamente pela norma nacional,
mas através da norma comunitária em questão.

Apesar desta conclusão, não deixa de ser significativo o detalhe com que o
legislador nacional se ocupa em definir o regime deste anúncio de pré-
informação em termos que só são habituais quando se está a estabelecer uma
obrigação jurídica efetiva.

Aliás, isso mesmo parece decorrer do n.º 6 do artigo, quando estabelece que os
anúncios são enviados após o início de cada exercício orçamental, mas já a
versão anterior dispunha o mesmo no seu n.º 4 – exatamente nos mesmos
precisos termos -, o mesmo sucedendo, mutatis mutandi, com os n.ºs 7 e 5,
respetivamente, para os contratos de empreitada e ou concessão de obras
públicas ou serviços públicos.

Não havendo, pois, alteração do regime neste particular, tenderia a concluir que
o envio desta pré-informação é facultativo, mas caso se proceda a esse envio,
ele terá de respeitar o regime definido no artigo 34.º.

36
A consulta preliminar ao mercado

O artigo 35.º A introduz um tema novo, do ponto de vista da disciplina jurídica,


mas que corresponde necessariamente à prática habitual no domínio da
contratação pública -a CONSULTA PRELIMINAR AO MERCADO.

Situações há em que a consulta ao mercado não se justifica apenas pela


obtenção de referências de preço, comum, por exemplo, nas aquisições de bens,
tendo ainda a finalidade de procurar informações, recomendações e orientações
baseadas nas práticas comerciais dos operadores económicos consultados, com
ampla experiência sobre a matéria objeto de contratação – dando o exemplo de
prestações de serviços atípicas quanto ao respetivo objeto – informações
essas que servirão para preencher as especificações técnicas do referido
objeto e mesmo das cláusulas específicas a integrar no caderno de encargos
a elaborar.

Nestes casos, verifica-se uma proximidade perigosa entre os contributos


recebido em tal consulta informal e a situação prevista na alínea i) do n.º 1
do artigo 55.º, podendo configurar um apoio técnico indireto na preparação e
elaboração das peças de procedimento, ficando apenas por comprovar que de
tal resultou uma vantagem que falseie as condições normais de
concorrência.

Tendo em conta a necessidade de tornar transparentes as tais consultas


preliminares ao mercado e a necessidade de as destacar, sob qualquer critério
de razoabilidade, do apoio técnico indireto referido na alínea i) do artigo 55.º,
muito se esperava do regime introduzido neste artigo 35.º - A.

Deve, desde já adiantar-se dois aspetos decisivos: o primeiro, de que ele


corresponde, grosso modo, ao estatuído na Diretiva 24, nos seus artigos 40.º
e 41.º; o segundo, de que pela estatuição em causa, essas consultas saem do
limbo da clandestinidade e tornam-se práticas legalmente aceites, ainda que
sob a condição de respeitarem o estatuído neste artigo 35.º-A.

Quanto ao regime propriamente dito, apesar dele ser curto e, porventura, pela
natureza da matéria regulada, não poder talvez ser mais assertivo, retira-se que
o artigo exige que se tomem medidas adequadas para evitar qualquer
distorção da concorrência, apontando como medidas possíveis a
comunicação aos restantes candidatos ou concorrentes de todas as
37
informações pertinentes trocadas no âmbito da participação do candidato ou
concorrente na preparação do procedimento de formação do contrato, fazendo
incluir essas informações assim obtidas nas peças do procedimento.

De facto, parece que a mais do que um pouco de burocracia, o artigo não traz
muito proveito – e, volto a dizer, provavelmente, dificilmente traria – no reforço
da transparência e da verdade do procedimento em termos de concorrência.

Mas, sobretudo, não traz grande descanso a quem presta tais informações e
apoio técnico indireto, de boa fé16, que não fica assim totalmente ao abrigo da
possibilidade de ver a sua futura proposta ou candidatura excluída, com
fundamento na citada alínea i) do artigo 55.º ou, pelo menos, de ver uma eventual
qualificação ou adjudicação ser atacada justamente por essa razão.

DEVER ESPECIAL DE FUNDAMENTAÇÃO DA CONTRATAÇÃO

Do artigo 36.º, destaca-se essencialmente o n.º 3, que obriga a fundamentar


especialmente as decisões de contratação cujo preço base seja igual ou
superior a 5 milhões de euros, em geral, ou igual ou superior a 2,5 milhões de
euros, para as parcerias para a inovação (n.º 4). Essa fundamentação equivale
basicamente a um estudo de impactos e viabilidade financeira.

O n.º 5 também merece registo – As peças de procedimento devem identificar


todos os pareceres prévios, licenciamentos, autorizações necessárias para
o prosseguimento do procedimento e para a execução do contrato -,
aplicando-se esta norma a todos os procedimentos e não apenas aos referidos
nos números 3 e 4.

A lei não destaca nenhuma sanção especial para a omissão destas referências,
designadamente, não as reconduzindo a qualquer tipo de nulidade, como as
previstas no n.º 8 do artigo 42.º.

Por outro lado, é evidente que estas informações, a constarem, terão de


integrar o caderno de encargos, por se relacionarem com a substância do
contrato e não com a regulação do procedimento que lhe dá origem.

16
Sendo certo que é também da natureza das coisas que a colaboração dada por um operador
económico numa possível transação futura a lançar pelo seu consulente, nunca será e não tem de ser
puramente desinteressada – o que seria uma contradição de termos com a sua condição e atividade
económica.
38
AGRUPAMENTO DE ENTIDADES ADJUDICANTES

A constituição de um agrupamento de entidades adjudicantes, quando


necessária ou conveniente, é verdadeiramente um ato de preparação do
procedimento.

Como resulta do artigo 39.º, o agrupamento pode ser constituído para a


formação de contratos (incluindo ou não a sua execução) de interesse comum,
um acordo-quadro, a gestão de sistemas de aquisição dinâmicos ou a aquisição
conjunta pela via dos catálogos eletrónicos.

Ainda que o n.º 7 só exija a celebração de um acordo prévio entre as entidades


adjudicantes agrupadas, quando estas pertençam a mais do que um Estado
Membro da União17, afigura-se que, na generalidade destes agrupamentos, tal
acordo constitui um instrumento útil e necessário, ao abrigo do qual:

- Fique designado o respetivo representante;

- Fiquem identificadas e definidas as respetivas responsabilidades contratuais,


incluindo as financeiras;

- Se estabeleça o regime de imputação de encargos em caso de modificação


contratual, tendo em conta a entidade ou entidades responsáveis pela ocorrência
do facto que a motivou, no caso em que tal modificação implica aumento de
encargos a suportar no contrato;

- Se defina o regime da responsabilidade solidária, quando as respetivas


obrigações devam ser assumidas por todo o agrupamento e as
responsabilidades individuais de casa entidade do agrupamento;

- Se defina o modo de processamento de pagamentos e a sua faturação prévia;

- Se defina o modo de acompanhamento e fiscalização da execução do contrato,


tendo em vista a realização dos interesses de cada entidade agrupada;

17
Dando assim cumprimento ao exigido na Diretiva 24/2014/EU, mas que o legislador poderia também
“importar” para todos os tipos ou âmbitos de agrupamentos de entidades adjudicantes
39
- Se defina o modo de receção das prestações e a relevância das objeções a
este, por cada entidade agrupada.

No mais, as regras são similares às que resultam do atual artigo 39.º, alargando-
se a exigência das deliberações de cada uma também à designação do júri,
bem como a todos os atos cuja competência a lei atribua ao órgão com
competência para contratar (por exemplo, decisão sobre erros e omissões e,
na fase de execução do contrato, adjudicação de trabalhos complementares),
admitindo-se, para este efeito, a figura da conferência procedimental, nos
termos regulados pelos artigos 77.º a 81.º do CPA, sendo certo que não se vê
muito bem como tirar partido da agilização permitida por estas normas, quando
estejam em causa órgãos colegiais em matérias para as quais o CCP não
consinta delegação de competências – por exemplo, seria necessário, para
estas situações, que Conselhos de Administrações das várias entidades, sendo
o caso, reunissem em simultâneo, ainda que através de videoconferência?

Finalmente, as limitações nos números 4 e 5 já resultavam do regime atual, tendo


sido introduzida apenas a modalidade da consulta prévia.

PEÇAS DO PROCEDIMENTO – artigo 40.º

61 CONVI ANÚNCIO PRO- C. CONVITE MEMÓRIA CONVITE


-TE GRAM ENCARGO PROPOSTA DESCRITIV SOLUÇÕE
A S S A S

AJUSTE X X
DIRETO

CONSULTA X X
PRÉVIA

CONCURSO X X X
PÚBLICO

CONC. X X X X
LIMITADO
PRÉVIA
QUALIF.

PROCEDI- X X X X
MENTO

NEGOCIAÇÃ
O

40
DIÁLOGO X X X X X X
CONCOR-
RENCIAL

PARCERIA X X X X

INOVAÇÃO

CONCEÇÃO APENAS TERMOS DE REFERÊNCIA


OU

IDEIAS

Nos procedimentos concorrenciais por anúncio, este passa a ser também uma
peça procedimental, com a consequência de que a respetiva minuta tem também
de ser aprovada pela entidade competente para a decisão de contratar.

Os números 4 e 5 do artigo 40.º estabelecem regras de prevalência do


programa sobre o anúncio e das peças do procedimento em geral sobre as
indicações constantes da plataforma eletrónica, em caso de divergência
entre elas.

O artigo 41.º, que nos oferece o conceito do programa do procedimento,


mantém-se sem alteração.

Vejamos, por tipo de procedimento, e ainda que em linhas gerais, o


conteúdo obrigatório do convite, do anúncio e do programa.

CONVITE

Artigo 115.º.

Cumpre a função que é atribuída ao programa, pelo que, nos termos do artigo
41.º, constitui o regulamento do procedimento por ajuste direto ou consulta
prévia.

Mantém-se a possibilidade do procedimento tramitar fora de plataforma


eletrónica, desde que se assegure o seu processamento por meios
eletrónicos, conforme resulta da alínea g) do n.º 1 e do n.º 4 do artigo;

Agora, a indicação do critério de adjudicação fica reservada para a consulta


prévia, como, de facto, já era para os ajustes diretos com convite a mais do que
uma entidade.
41
Do mesmo modo, a possibilidade do procedimento contemplar uma fase de
negociação, reservada agora para as consultas prévias, tem de ser afirmada
no convite, valendo no silêncio a inexistência desta fase.

O n.º 5 deste artigo comete, a meu ver, uma inconsistência – nos casos de
ajuste direto previsto no artigo 27.º, n.º 1 g) – no seguimento de concurso de
conceção ou ideias – faz referência expressa unicamente ao ajuste direto, sendo
que a existir critério de adjudicação, teremos sempre a possibilidade de mais de
um concorrente e proposta, o que se reconduz à figura da consulta prévia; por
outro lado, a alínea b) do n.º 5 do artigo faz referência ao conteúdo a observar
no caderno de encargos, o que não faz o mínimo sentido, quando se está a reger
o convite.

ANÚNCIO18

Concurso Público – artigo 130.º e 131.º;

Concurso Público Urgente – artigo 157.º

Concurso Limitado por prévia qualificação – artigo 167.º

Procedimento por negociação – artigo 167.º, por remissão do artigo 193.º

Diálogo concorrencial – artigo 167.º, por remissão do artigo 204.º

Parceria para a inovação – artigo 167.º, por remissão do artigo 218.º A, n.º 2

No concurso público, os artigos 130.º e 131.º não registaram qualquer


alteração.

No primeiro caso, como aliás na generalidade dos procedimentos sujeitos a


anúncio, o conteúdo deste é determinado pelos modelos oficiais aprovados –
sem prejuízo disso e porque se trata de uma peça de procedimento, tem de ir à
aprovação do órgão competente para decidir contratar.

No caso da publicação do JOUE, os elementos a constar do anúncio estão


também pré-identificados, conforme referido no n.º 1 do artigo 131.º.

18
Sobre os formulários de anúncios de âmbito nacional, conferir agora a Portaria 371/2017, de 14 de
dezembro, que os publica.
42
Realce-se que nos termos do artigo 133.º, a disponibilização das peças do
procedimento e do caderno de encargos deve ser livre, completa e gratuita,
através da plataforma eletrónica.

Quanto ao concurso público urgente, o artigo 157.º, apesar da sua epígrafe,


não trata apenas do anúncio.

Reduzido agora a um único número, o artigo dispõe que o programa e o


caderno de encargos são disponibilizados nos termos do artigo 133.º, ou
seja, na plataforma eletrónica. Recorde-se que na redação ainda em vigor, estas
peças faziam parte do anúncio.

No concurso limitado por prévia qualificação, procedimento por


negociação, diálogo concorrencial e parceria para a inovação, rege, como
referido supra e se precisa agora, para os concursos de âmbito nacional, o artigo
167.º.

Mais uma vez o artigo remete para modelos já aprovados de anúncio.

Por outro lado, tratando-se de procedimentos de publicidade comunitária, o


n.º 2 do artigo remete para o art.º. 131.º.

O número 3 do artigo 167.º parece dispensar a publicação de qualquer


anúncio específico, mesmo para as situações em que a entidade adjudicante
pertence aos setores especiais (conferir o citado n.º 3, conjugado com o n.º 3 do
artigo 131.º), quando tenha sido publicado o anúncio periódico do artigo 35.º,
desde que neste anúncio se identifique as prestações do contrato a celebrar,
a modalidade de procedimento contratual a adotar (que há-de ser o concurso
limitado por prévia qualificação) e se indique um prazo não superior a 11 meses
para os interessados apresentarem as suas candidaturas. No fundo, o
anúncio periódico substitui o anúncio do concurso limitado por prévia
qualificação nestes casos.

PROGRAMA

Concurso Público – Art.º 132.º e 150.º (neste caso, se o concurso admitir uma
fase de negociação das propostas).

43
No concurso público urgente, não haverá lugar à fase de negociação
(conferir n.º 2 do artigo 156.º, o que se compreende por razões óbvias da
urgência inerente ao procedimento).

O programa do concurso pode ainda prever a convenção da arbitragem na


resolução de conflitos suscitados na fase da formação do contrato – conferir a
este respeito o artigo 476.º e o anexo XII ao CCP, no seu n.º 2.

Poderá e deverá ainda incluir os critérios de desempate, nos termos do artigo


74.º, n.º 6.

Concurso Limitado por prévia qualificação – art.º 164.º

Procedimento por negociação – art.º 196.º, com remissão para o n.º 1 do artigo
164.º e para o n.º 1 do artigo 150.º.

Diálogo concorrencial – Artigo 206.º, n.º 1, para além dos elementos previstos
no 164.º, n.º 1.

Parceria para a inovação – Dada a ausência de norma específica sobre o


programa neste procedimento, à luz da remissão feita pelo n.º 2 do artigo 218.º
A para o anúncio regulado pelo art. 167.º, bem como pelo disposto no n.º 3 do
mesmo artigo 218.º-A, afigura-se que se deve usar como referência do conteúdo
do programa o artigo 164.º, sendo assim usado como referência para todos estes
procedimentos o concurso limitado por prévia qualificação.

Quanto ao concurso de ideias ou de conceção, como já referido, não há


Programa, mas Termos de Referência.

Vejamos agora um pouco sobre o conteúdo do programa de concurso, sem nos


alongarmos excessivamente sobre o assunto, mas tendo como assente que ele
é o regulamento do procedimento, que rege até à celebração do contrato.

Em termos de alterações ao regime vigente, a alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º,


com a redação pós-revisão exige que se tome posição expressa sobre a
admissibilidade de apresentação de propostas variantes. 19

Mas não se pode deixar de considerar que a omissão desta indicação “Sim” ou
“Não” há-de impor como solução supletiva o “Não”, já que, sendo admitidas
propostas variantes, elas terão de ser merecedoras de uma avaliação

19
E neste sentido esta inovação vai também ao encontro da Diretiva 24/2014/EU, que julgou necessário
que as entidades adjudicantes “estimulassem” o surgimento de propostas variantes.
44
específica, particularmente, quando o critério de adjudicação não for o preço e,
para além disso, o caderno de encargos terá de identificar expressamente as
“condições alternativas” em que possam assentar as propostas variantes –
conferir artigo 59.º, n.º 1. Ou seja, não é logicamente possível aceitar a
admissibilidade de propostas variantes tacitamente.

Se, em termos de puro raciocínio lógico, isto parece ser assim, já a introdução
de uma nova redação ao n.º 2 do artigo 59.º, pelo seu teor e sobretudo, pela
conjugação desta disposição com a alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º. suscita nova
reflexão.

Com efeito, prescreve o citado n.º 2 do artigo 59.º na sua redação pos-revisão:

“Nos casos previstos no número anterior, é sempre permitida a apresentação


de propostas variantes, salvo quando o programa do procedimento não o
permita expressamente”, devendo sempre ser apresentada uma proposta
base.20

Ora, dado que a alínea j) do n.º 1 do artigo 132.º dispõe que “se é ou não
admissível a apresentação de propostas variantes”, contra a redação pré-
revisão, que estabelecia “se é admissível a apresentação …., [etc]”, parece
resultar da conjugação das duas alterações, um querer forçar a
admissibilidade por defeito das propostas variantes.

Se assim é, não parece que a redação do n.º 2 do artigo 59.º seja a mais feliz.
De facto, ao remeter esta disposição para “os casos previstos no número
anterior”, não pode deixar de considerar esse número no seu todo, aceitando
que só há lugar a propostas variantes, quando o programa de concurso não
o impeça expressamente e o caderno de encargos admita, também
expressamente, a possibilidade de existirem condições contratuais alternativas.

É claro que a não reflexão desta eventualidade no modelo de avaliação de


propostas, nos termos do n.º 5 do artigo 59.º, conduzirá necessariamente a um
caso de omissão nas peças do procedimento (merecedor talvez antes de um
pedido de esclarecimento, mas veremos que na redação pós-revisão, não faz
muita diferença a invocação de uma ou de outra destas figuras), pois não se
saberá como avaliar as alternativas consentidas pelo caderno de encargos.

2020
Apesar dos formulários dos anúncios, conforme a portaria 371/2017, exigirem o preenchimento
obrigatório da admissibilidade ou não das propostas variantes, o artigo 59.º/2 do CCP exige que o
programa tome posição expressa sobre esta admissibilidade, valendo, aparentemente, a ausência de
posição como admissão (atendo-nos apenas a uma interpretação conforme a letra da lei).
45
Regressando ao Programa, este deve indicar o modelo de avaliação de
propostas, definido nos termos do artigo 139.º - conforme al. n) do n.º 1 do artigo
132.º, que teremos de revisitar adiante.

Pode ainda, de acordo com a redação pós-revisão, prever a adoção da


possibilidade de um ajuste direto ou consulta prévia, nos termos já
abordados do artigo 25.º, n.º 1, al. a) e 27.º, n.º 1, alínea a), alteração esta que
se impôs, pela necessidade de se introduzir também aqui a possibilidade da
consulta prévia que a redação atual, naturalmente, não prevê.

No entanto e já isso foi referido atrás, não parece haver aqui qualquer
possibilidade de consulta prévia, mas exclusivamente, de ajuste direto, já
que, conforme resulta das citadas normas habilitadoras daqueles tipos de
procedimento por critérios materiais, tais contratos têm de ser celebrados com
as mesmas entidades que celebraram os contratos anteriores que os
fundamentam.

É revogado o número 3, relativo à adjudicação por lotes, em linha com as


alterações a este regime introduzidas pela revisão.

Interessante, por fim, a ver mais adiante, a inovação da alínea r) relativa à


indicação sobre se se trata de um contrato reservado, nos termos do artigo
54.º A ou do 250.º D.

No mais, o regime do Programa mantém as regras já previstas na atual redação.

Já o artigo 164.º, relativo ao programa nos concursos limitados por prévia


qualificação, conhece algumas alterações interessantes no seu n.º 1,
designadamente, a revogação da alínea i), relativa ao fator f do cálculo da
capacidade económica, tendo igualmente sido removido o anexo IV que
determinava a forma de cálculo dessa capacidade.21

De referir ainda a remissão feita na alínea f) – documentos de habilitação, já


não para o n.º 6 do artigo 81.º, entretanto revogado, mas para o n.º 2, que prevê

21
Mais uma vez aqui, a Diretiva 24/2014/EU não vai ao ponto de “proibir” a adoção de critérios de
capacidade financeira para a qualificação de candidatos, admitindo mesmo, em determinadas situações,
a eminente necessidade dessa adoção. Mas percebe-se que olha com desconfiança para estes critérios,
os quais, quando adotados sem justificação razoável, atuam ou podem atuar apenas como restritores da
concorrência.
46
a publicação de uma portaria que definirá os termos de comprovação de
titularidades e qualificações profissionais, no domínio de contratos de
empreitadas a celebrar.22

A alínea p) relacionada com o critério de adjudicação e o modelo de avaliação


das propostas a apresentar na segunda fase deste tipo de procedimento não é
exatamente inovadora na substância do que regula.

A pós-revisão acrescenta ainda e afigura-se que com pertinência, a alínea


respeitante ao prazo para apresentação dos documentos comprovativos da
capacidade técnica e financeira, que deve assim constar do programa (alínea
s), a indicação do prazo limite para identificação de erros e omissões e sua
resposta, quando tal prazo se quiser superior ao previsto no artigo 50.º
(alínea t) e se se trata ou não de concurso reservado, nos termos já atrás
indicados do 54.º-A ou do 250.º-D (alínea u).

Da redação do artigo 164.º e, em particular, do seu n.º 4, parece resultar que


apenas a avaliação da capacidade técnica é obrigatória. A avaliação da
capacidade financeira, com os limites do artigo 165.º, é facultativa, apenas
constituindo fundamento de exclusão da candidatura, se o programa do
procedimento expressamente o estabelecer – conferir artigo 184.º, na alínea d)
do seu n.º 2.

Assim, em matéria do Programa, socorrendo-nos aqui dos dois tipos mais


frequentemente utilizados na contratação pública e na medida em que os demais
tipos de procedimento nele se inspiram, afigura-se não ser necessário
acrescentar mais nada, sendo certo que não se disse tudo, porventura muito
longe disso.

CADERNO DE ENCARGOS

Como se referiu na tabela supra, esta peça é [quase] omnipresente, seja qual for
o tipo de procedimento seguido na contratação pública.

Quase, porque conhecemos três exceções:

22
Trata-se da portaria 372/2017, de 14 de dezembro, que vem agora completar o regime do artigo 81.º,
em matéria de documentos de habilitação.
47
- O concurso de conceção ou de ideias – que só tem uma peça de
procedimento – os termos de referência;

- O n.º 2 do artigo 42.º, que estabelece que, em redação que não sofreu
alterações, nos casos de manifesta simplicidade das prestações objeto de
contrato, as cláusulas do caderno de encargos podem consistir na mera fixação
das especificações técnicas e na referência a outros aspetos essenciais da
execução do contrato – preço base e prazo, essencialmente.23

- Reconduzível, porventura, à situação anterior, o ajuste direto simplificado do


artigo 128.º, que pode até não ter nenhuma peça procedimental, sendo a
adjudicação feita diretamente sobre uma fatura ou documento equivalente.
Este é um caso curioso da produção de efeitos jurídicos em resultado das
consultas informais ao mercado, em que a alínea i) do artigo 55.º acaba por
não fazer mossa.

O caderno de encargos é, de algum modo, a versão unilateral da minuta do


contrato, retratando as condições pelas quais a entidade adjudicante está
disposta a contratar. E digo “versão unilateral” da referida minuta, porque lhe
falta a outra versão, que é a constante da proposta adjudicada, que a vai
completar, seja em função do preço contratual efetivo, seja em termos de todos
os outros aspetos de execução do contrato e das suas prestações deixados aos
concorrentes para esse efeito, designadamente, por constituírem atributos
dessas mesmas propostas.

Sendo assim parcelas de uma mesma soma, não se pense, porém, que os seus
pesos relativos são iguais, porque não são.

De facto, a proposta só preenche os espaços vazios que o caderno de


encargos lhe consente, quanto mais não seja, a fixação do preço contratual,
quando tudo o que tem de estar definido para a perfeita concretização da
prestação ou aquisição que se pretende o está no caderno de encargos,
unicamente com a exceção desse detalhe, aliás importante, no contexto da
igualdade jurídica – aqui sim – entre prestação e contraprestação contratual.

23
Ainda que, no limite, se possa defender que a mera fixação das especificações técnicas e a referência
a outros aspetos essenciais da execução do contrato, por definirem os encargos a assumir pelo
cocontratante, constitui ainda o caderno de encargos do procedimento, definido em termos mais
simples do que os habituais.
48
É por essa razão que os concorrentes entregam com a sua proposta um
exemplar do anexo I ao CCP, no qual se comprometem a aceitar sem
reservas as cláusulas do Caderno de Encargos.

É que esta desigualdade entre o caderno de encargos e a proposta para a


formação do contrato existe desde o início do procedimento com a publicação
do anúncio.

De facto, neste, conjugado com o programa e com o caderno de encargos, a


entidade adjudicante torna pública que pretende contratar o quê, quando,
quanto, por quanto e em que condições de execução, de qualidade, etc.

O que circunscreve assim o objeto da prestação objeto do contrato é esta como


que promessa unilateral de contratar, mas de o fazer apenas nestas e
naquelas condições.

Ora, neste esquema, a proposta não é mais do que a resposta de quem


entende poder fazer uma oferta que preencha as condições da intenção
publicitada de adquirir ou contratar, a qual, a ser aceite, se limita a preencher,
agora sim, para efeitos do contrato e bilateralizando os seus termos, a parte que
falta para este efeito.

Dito isto, a revisão do CCP alterou o artigo 42.º, relativo ao caderno de


encargos, nos seguintes termos:

n.º 4 – Os parâmetros base passam a poder referir-se também às condições de


modificação do contrato, que podem ser nestes definidos, mantendo-se aqui
com especial acuidade o necessário respeito pelos limites resultantes das
vinculações legais ou regulamentares aplicáveis.

Esta matéria da possibilidade de modificação do contrato, para além dos casos


previstos na lei, em função do que o próprio contrato prevê e admite, será
abordada mais à frente.

n.º 6 – O caderno de encargos pode definir agora aspetos de execução


relacionados com condições de natureza social, ambiental ou que se
destinem a favorecer a aplicação de medidas de promoção da igualdade do
género e igualdade salarial no trabalho, o aumento da participação das
mulheres no mercado de trabalho, a conciliação da vida profissional e

49
familiar dos trabalhadores afetos e a inclusão de pessoas com deficiências
no mercado.24

Afigurar-se-ia, embora o legislador o não restrinja, que estes aspetos poderiam


ter utilidade na apreciação de candidaturas no quadro de um procedimento
limitado por prévia qualificação ou sistema de qualificação para os setores
especiais.

No mais, não se antevê que possam ser apreciados como atributos das
propostas, porquanto, nestes casos, o que tem de ser apreciado em sede de
concurso, é a própria proposta e não a concorrente, regra que teria de ser,
porventura, infringida, se tivéssemos de levar em linha de conta o tipo de gestão
de recursos humanos praticado pela empresa, por exemplo.

Em matéria ambiental, dir-se-ia o mesmo.

Importa, em sede de apreciação de propostas, apreciar como pretende a


concorrente preservar, no concreto objeto de contrato a celebrar no termo do
procedimento, questões ambientais conexas com esse objeto e com a
execução do contrato.

Afigura-se que só em sede de apreciação de candidaturas, se poderá ir mais


longe, apreciando verdadeiramente a implementação de políticas de qualidade
e proteção ambiental das empresas candidatas e, eventualmente, certificações
nessa área.

Outra via possível seria o próprio caderno de encargos impor obrigatoriamente


exigências concretas no âmbito daquelas importantes questões, exigindo,
porventura, que os concorrentes a estas expressamente se vinculem nas
propostas que apresentam – termos e condições a que o caderno de encargos
exige que os concorrentes expressamente se vinculem.

Mas não deixa de se considerar como algo estranho exigir, por exemplo, aspetos
concretizadores da vida familiar e pessoal dos trabalhadores afetos à
execução do contrato ou o aumento da participação das mulheres no
mercado do trabalho, aspetos que, em si mesmos, extravasam o puro domínio
da execução do objeto do contrato, sendo a esta estranhos, sem embargo de se
poder, por excesso de zelo, cair em situações potencialmente discriminatórias
entre concorrentes.

24
Ainda em linha com a intenção declarada da Diretiva 24/2014/UE
50
O n.º 11 é ainda uma novidade introduzida na revisão, referindo-se ao que se
considera aspetos submetidos à concorrência e aspetos não submetidos à
concorrência.

Esta definição é, apesar de tudo, um pouco tautológica e desnecessária.

CADERNOS DE ENCARGOS NAS EMPREITADAS

O artigo 43.º especializa o regime dos cadernos de encargos de empreitada,


quando estejam em causa contratos de empreitada, registando-se aqui também
algumas novidades.

Assim, no n.º 2 – Revisão de Projetos - repete-se sem qualquer alteração a


redação do preceito que já tinha sido introduzida pelo DL 149/2012, de 12 de
julho.

No n.º 3 do artigo 5.º deste DL prescrevia-se que a alteração à redação original


do preceito só entraria em vigor a partir da entrada em vigor do diploma que
viesse a estabelecer o regime aplicável à revisão do projeto de execução.

Este diploma nunca foi publicado e não consta da norma revogatória do artigo
10.º do DL 111-B/2017, que reviu agora o CCP.

Fica-se assim sem entender se a inclusão deste n.º 2 do artigo 43.º no elenco
das disposições alteradas significa que aquela suspensão foi revogada,
entrando a citada norma plenamente em vigor a partir de 1 de janeiro de 2018
ou se, ao contrário, a suspensão se mantém, atendendo à não revogação
expressa do diploma e ao facto de, até à data, efetivamente, não existir ato
normativo disciplinador da revisão de projetos de execução de empreitadas.

Repare-se que a lei 40/2015, de 1 de junho, se refere frequentemente a revisão


de projetos.

Porém, sendo esta uma lei que visa apenas estabelecer a qualificação
profissional exigida para a elaboração e subscrição de projetos, sua
coordenação, direção e fiscalização e, dentro destas, a revisão de projetos, ela
não estabelece realmente o regime dessa revisão.

Com efeito, esta lei veio alterar a lei 31/2009, que é anterior à publicação do DL
149/2012, e já dispunha, no seu artigo 18.º, sobre as mesmas qualificações para
a exigência dessa revisão.

51
Afigura-se que, pelo menos, ao nível da repartição de responsabilidades por
erros e omissões de projeto, que tenha sido objeto de revisão e que nesta não
tenham sido identificados, podendo-o ser objetivamente, tendo em conta a
natureza do erro ou da omissão, eventualmente notória, seria necessário um
diploma que disciplinasse essa repartição, designadamente, tendo em conta
o disposto nos atuais n.º 6 e 7 do artigo 378.º, que passam, sem alterações
substanciais, para o CCP pós-revisão, ainda que por inclusão em outros artigos.

É claro que estas normas não fazem referência expressa aos autores dos
projetos, mas a terceiros, o que não exclui a responsabilidade do revisor.

Porém, sem existir um regime jurídico expresso que estabeleça as regras da


repartição de responsabilidades em causa, poderão as entidades
adjudicantes nos cadernos de encargos dos respetivos contratos de
elaboração de projeto e revisão, estabelecer essa repartição?
Aparentemente, sim, mas à luz de que critério?

Na falta desse normativo e não desconhecendo a profunda utilidade que a


revisão dos projetos pode ter como garantia de melhores projetos para a
entidade adjudicante, restará, porventura, a esta, nos cadernos de encargos,
quer da encomenda de projetos, quer da encomenda da sua revisão, definir
regras precisas de distribuição ou imputação de responsabilidades entre estes
dois intervenientes – autor do projeto e revisor.

NULIDADE DO CADERNO DE ENCARGOS – N.º 8 DO ARTIGO 43.º

A correção feita à alínea a) do n.º 8 afigura-se útil e oportuna. Ocorre pensar que
se é possível dizer as coisas da forma mais simples, porque razão o legislador
nem sempre opta por o fazer, como era o caso das redações anteriores desta
norma?

A nulidade prevista no n.º 8 do artigo é passível de sanação, com remissão para


o n.º 2 do artigo 164.º do CPA, ou seja, por reforma ou conversão.

Dá-se a reforma do ato nulo pela prática de um outro com o mesmo objeto,
que sane os vícios geradores de nulidade do antecedente.

Dá-se a conversão do ato nulo pela prática de ato que expurgue o ato anterior
dos vícios geradores de nulidade, aproveitando a parte do ato que se encontra
válida, desde que essa parte do ato, correspondendo ainda à vontade e ao

52
interesse de quem o praticou, seja em si mesma idónea à produção de efeitos
jurídicos.

Nos termos do n.º 5 do artigo 164.º CPA, a reforma e a conversão do ato podem
ter efeitos retroativos à data do ato que corrigem, desde que não tenha
havido alteração ao regime legal respetivo, sem prejuízo da anulação dos
efeitos lesivos produzidos na vigência do ato corrigido, quando envolvam a
imposição de deveres, encargos, ónus ou sujeições, aplicação de sanções
ou a restrição de direitos ou interesses protegidos.

No caso do artigo 43.º, considera-se sanada a nulidade, conforme prescrito


no seu n.º 10:

a) Antes da apresentação das propostas - Pela junção ao procedimento dos


elementos que estejam em falta, por parte da entidade adjudicante, no prazo
de cinco dias após a sua verificação, prorrogando-se o prazo definido para
essa apresentação;

b) Tendo já sido apresentadas propostas - Desde que não se alterem os


pressupostos em que assentou a elaboração da proposta do adjudicatário, em
igual prazo de cinco dias;

c) Se, sendo notificada da falta da apresentação dos elementos exigidos nos


termos do n.º 5 do artigo 43.º, a entidade adjudicante, no mesmo prazo de 5
dias, justificar a sua não exigência.25

ADJUDICAÇÃO POR LOTES – ARTIGO 46.º -A

Este artigo é uma das novidades mais interessantes da revisão e que encontra
paralelo também na Diretiva 24/2014, justamente no artigo 46.º também.

A adjudicação por lotes tem de estar prevista nas peças do procedimento.

25
Dado que a própria lei se refere a esta exigência, quando o seja efetivamente, à luz das caraterísticas
concretas da obra, que podem exigir estes elementos (levantamentos de base, estudos geológicos e
geotécnicos, estudos ambientais e declaração de impacto ambiental, ensaios laboratoriais e outros,
planos de prevenção de resíduos de construção e demolição, sendo que, neste caso, a exigência decorre
da lei e, portanto, não se afigura aplicável o seu afastamento por exercício de vontade, ainda que
justificável, da entidade adjudicante) ou não.
53
A novidade deste artigo 46.º-A reside precisamente no caráter supletivo da
adjudicação por lotes prevista no n.º 2, sempre que estejam em causa
aquisições ou locações de bens ou aquisições de serviços de valor
superior a 135.000€ ou empreitadas de valor superior a 500.000€, sendo que,
para afastar a adjudicação por lotes, a entidade adjudicante tem de fundamentar
a sua decisão, designadamente, nas seguintes razões:

a) as prestações em causa são técnica ou funcionalmente incindíveis ou, não o


sendo, a sua separação em lotes causaria graves inconvenientes à entidade
adjudicante (sendo necessário concretizar esses inconvenientes e fundamentar
essa gravidade);

b) Motivos de urgência ou imperativos técnicos ou funcionais justificam que


a gestão de um único contrato seja mais eficiente para a entidade adjudicante.

Este regime não se aplica às entidades adjudicantes dos setores especiais.

O programa do procedimento ou convite podem limitar o número máximo de


adjudicações por lotes a cada concorrente, definindo os critérios objetivos da
escolha dos lotes a adjudicar a cada concorrente nos casos em que, da aplicação
do critério de adjudicação, a qualquer um deles caiba um número superior ao
máximo de adjudicações permitidas.

A intenção deste regime, em linha com os considerandos da Diretiva, é a de


estimular o acesso à contratação pública por pequenas e médias
empresas, que, de outro modo, não disporiam de capacidade para concorrer ao
objeto do contrato no seu todo.

É, por isso, uma norma muito diferente da do artigo 22.º, que visa efetivamente
contrariar o fracionamento de despesas, com vista a furtar o procedimento a
âmbitos de concorrência mais alargados.

PREÇO BASE – ARTIGO 47.º

Também neste aspeto a lei é inovadora, embora, em grande parte, nas


alterações introduzidas, estejam em causa essencialmente propósitos de
simplificação da respetiva redação e não tanto alterações substanciais de
regime.

54
Assim, o n.º 1 corresponde grosso modo ao n.º 1 pré-revisão, fixando que o preço
base é o montante máximo que a entidade adjudicante está disposta a pagar
pelo objeto do contrato a celebrar.

O n.º 2 é novo, aplicando-se às situações em que não há um preço a pagar,


sendo este fixado com base no montante previsível a receber pelo prestador,
em função das prestações que constituem o objeto do contrato – tem-se
aqui em conta o preceituado no artigo 17.º sobre o valor do contrato, enquanto
expressão do benefício económico que pode ser obtido pelo adjudicatário
(exemplo, mediadores de seguros).

O n.º 3 faz a ponte com o artigo 35.º A – o tal que “legaliza” as consultas informais
ao mercado – para determinar a obrigação da fundamentação da fixação do
preço base, tendo como fatores de fundamentação:

 os preços atualizados de mercado obtidos através de consulta


informal ao mercado; ou
 os custos médios unitários resultantes de anteriores procedimentos do
mesmo tipo, sendo, porém, este o critério preferencial, à luz do que
dispõe o n.º 7 do artigo 17.º.

O n.º 4 estabelece o princípio da correspondência entre o preço e o


procedimento, em ligação lógica com o artigo 18.º.

O n.º 5 estatui sobre os procedimentos que não têm preço base definido, sendo
procedimentos para qualquer valor de contrato, desde que o órgão
competente disponha de competência com essa amplitude para autorizar
despesa. Trata-se de uma situação que a lei marca como excecional e que tem
de ser devidamente fundamentada, evitando a ficção do preço base (apesar
de não expressamente definido) definido na redação pré-revisão, na alínea c) do
n.º 1 do artigo 47.º e nos números 3 e 4 do mesmo artigo.

O n.º 6, que equivale ao n.º 6 da redação pré-revisão, estabelece a regra da


determinação do preço base nos procedimentos promovidos por
agrupamentos de entidades adjudicantes (conferir artigo 39.º),
correspondendo ao somatório dos valores máximos que os órgãos
competentes de cada uma das entidades agrupadas pode autorizar a realização
de despesa.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS – ARTIGO 49.º

55
Todo este artigo foi inteiramente revisto.

Não se afigurando que o texto novo represente alterações substanciais de


monta, mais a mais, sendo esta uma matéria de especial sensibilidade no
domínio da concorrência a que o Direito Comunitário, em matéria de contratos
públicos, é tão sensível, as alterações introduzidas tornam reconhecidamente o
teor do regime mais explícito e inteligível.

Todos os objetos dos contratos devem ser identificados pelas


correspondentes especificações técnicas, que devem consta
obrigatoriamente do caderno de encargos.

Elas servem para definir, de forma o mais clara possível e tendo em conta a
elaboração de propostas pelos concorrentes e, antes disso, a manifestação da
vontade de concorrer pelos interessados, as caraterísticas exigidas para o
objeto do contrato a celebrar.

Tal exigência é corolário do princípio de transparência e visa criar condições


de igualdade de acesso ao procedimento por todos os potenciais concorrentes.

A Diretiva 24/2014/EU aborda também esta questão, estabelecendo que a


definição das especificações técnicas não pode ser feita de forma tão restritiva
que tenha como verdadeiro intuito a introdução de restrições à concorrência. Por
isso, as especificações técnicas definidas devem ainda justificar-se pela
concretização do objeto do procedimento a seguir,

O que importa é, pois, saber-se o que a entidade adjudicante pretende


adquirir. Sendo esta configuração inteiramente da sua discricionariedade, o
que importa e constitui um ónus seu é que seja capaz de dizer ao mercado
efetivamente o que pretende, fazendo-o por referência a vários fatores e
normas técnicas.

Assim, a caraterização do objeto do contrato pode ser feita por:

 Referência a processos de produção;


 Processos relacionados com o ciclo de vida (manutenções, por exemplo
e fim de vida);
 Eventualmente, transmissão de direitos de propriedade intelectual;
 Normas de acessibilidade obrigatória, sempre que o objeto do contrato
se destine a ser utilizado por pessoas singulares,

56
 Referência a normas da UE, regras técnicas nacionais vinculativas, em
temos de desempenho;
 Especificações técnicas, critérios ambientais, homologações e
certificações nacionais ou comunitárias, etc.
 Não sendo possível identificar convenientemente o objeto do contrato, a
não ser por referência a uma marca, produto, fornecedor, patente,
modo de produção determinado, excecionalmente, pode recorrer-se a
estas referências, mencionado sempre “ou equivalente”.

A equivalência, relevante também quando o objeto é referenciado a


especificações técnicas normalizadas, pode ser demonstrada pelo
concorrente nos termos do n.º 12 do artigo, ou seja, por qualquer meio
adequado, designadamente os previstos no artigo 49.º-A (rótulos, relatórios de
ensaio, certificações e outros meios de prova).

Já depois da entrada em vigor da revisão do CCP, foi publicada a portaria


72/2018, de 9 de março, que define o regime de rótulos específicos para atestar
que as obras, bens móveis ou serviços correspondem às caraterísticas exigidas,
prevendo ainda a apresentação de relatórios de ensaios de organismos de
avaliação, que atestem a conformidade respetiva ou a apresentação de
certificados por organismos competentes que comprovem a conformidade com
os requisitos e critérios estabelecidos; ou ainda, a apresentação de amostras
dos produtos a adquirir.

Pode assim a entidade adjudicante exigir rótulos específicos relativos ao objeto


a contratar, desde que os requisitos exigidos digam apenas respeito a aspetos
desse objeto, permitam a caraterização do mesmo, se baseiem em critérios
objetivamente verificáveis e não discriminatórios e sejam criados através de
procedimentos abertos e transparentes em que possam participar todas as
entidades interessadas e a estas estejam acessíveis, não podendo os seus
requisitos ser definidos por alguém sobre o qual o operador económico possa
exercer uma influência decisiva.

Ainda assim, a entidade adjudicante deve aceitar todos os rótulos, diversos dos
que exigiu, desde que estes obedeçam a requisitos de rotulagem equivalentes
ou, na impossibilidade do operador económico os obter em tempo útil (dentro do
prazo para a apresentação da proposta), deve aceitar outros meios de prova de
que as obras, bens ou serviços a propor pelo operador económico cumprem os
requisitos especificados.

57
Para tal efeito, a entidade adjudicante pode exigir a apresentação de
relatórios de ensaio ou certificados que comprovem a conformidade com
os requisitos e critérios por si estabelecidos, devendo, no entanto, aceitar outros
meios de prova adequada – documentação técnica do fabricante -, se o operador
não os puder obter em tempo útil.

Do mesmo modo, a entidade adjudicante pode ainda exigir amostras de


produtos ou materiais, que constituem meios de prova da conformidade com
os requisitos e critérios estabelecidos pela entidade adjudicante, sendo estas
amostras gratuitas.

Em suma, a entidade adjudicante deve querer adquirir um produto, bem, serviço


ou obra e não adquirir esses bens àquela ou a um daquelas entidades, sejam
estas quais forem.

ESCLARECIMENTOS, RETIFICAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS PEÇAS


PROCEDIMENTAIS

ARTIGO 50.º

Este artigo foi também substancialmente alterado e aqui com algumas novidades
significativas do ponto de vista da substância.

Assim, quer os pedidos de esclarecimento, quer a listagem de erros e omissões


têm de ser apresentados no primeiro terço do prazo fixado para a
apresentação de propostas.

Consideram-se erros das peças de procedimento e não já apenas do caderno


de encargos – como referido no artigo 61.º em vigor:

a) aspetos ou dados que sejam desconformes com a realidade;

b) erros nas espécies ou quantidades;

c) condições técnicas que o interessado considere inexequíveis;

d) erros e omissões do projeto de execução (estritamente para as


empreitadas) não incluídos nos pontos anteriores.

58
Sobre os interessados ao procedimento impende o dever de identificar de
forma clara e inequívoca os referidos erros e omissões, exceto tratando-se
dos referidos na alínea d) e de quaisquer outros que, atendendo às
circunstâncias concretas do procedimento (por exemplo, prazo muito curto para
apresentação de propostas a um procedimento com objeto muito complexo) e
usando-se da diligência objetivamente exigível, apenas pudessem ser detetados
em fase de execução.

A omissão deste dever não sanciona os interessados, mas apenas o


adjudicatário, nos termos do artigo 378.º.

Até ao termo do 2.º terço do prazo 26 , a entidade adjudicante presta os


esclarecimentos pedidos e pronuncia-se sobre os erros e omissões
apresentados.

Relativamente aos erros e omissões, esta pronúncia é da competência


indelegável (no júri) do órgão que autorizou a contratação.

Relativamente aos pedidos de esclarecimento, a resposta a estes é da


competência desse mesmo órgão ou do órgão que tenha sido indicado para
os prestar, nas peças de procedimento (entenda-se, convite ou programa).

No entanto, se os pedidos de esclarecimento obrigarem a alterar em algum


aspeto as peças do procedimento, então, a competência para essa alteração
terá de ser do órgão competente para aprovar a contratação, já que, com
essa aprovação, aprovou também as peças do procedimento.

No mesmo prazo – 2.º terço do prazo para apresentação de propostas – a


entidade adjudicante pode oficiosamente prestar esclarecimentos ou
promover a correção de erros e omissões nas peças do procedimento,
disponibilizando-os na plataforma eletrónica e notificando todos os
interessados que tenham obtido as referidas peças – agora sem qualquer
custo – desse facto.

Estes esclarecimentos e decisões sobre erros e omissões prevalecem sobre os


aspetos constantes das peças do procedimento que sejam divergentes.

É possível ainda à entidade adjudicante, nos termos atrás referidos, mesmo


após o 2.º terço do prazo para apresentação de propostas, promover

26
Conforme previsto no n.º 5 do artigo 50.º, este prazo do 2.º terço é supletivo, podendo ser alterado
no programa ou no convite.
59
oficiosamente a correção das peças e prestar esclarecimentos, desde que o
faça até ao termo daquele prazo.

Na eventualidade das retificações ou esclarecimentos pedidos ultrapassarem o


prazo referido no parágrafo anterior, ao abrigo do artigo 64.º, a entidade
adjudicante deve prorrogar o prazo para apresentação de propostas
/candidaturas, pelo menos, pelo período correspondente ao atraso
verificado.

Ainda ao abrigo deste artigo 64.º, se tais correções implicarem alterações


substanciais das peças do procedimento, a entidade adjudicante terá de
prorrogar o prazo para apresentação de propostas, no mínimo, pelo período
de tempo já decorrido, tudo se passando como se o prazo se iniciasse no
momento da respetiva disponibilização na plataforma eletrónica.

Conforme previsto no n.º 4 deste artigo, a competência para decidir as


prorrogações atrás referidas é do órgão competente para a decisão de
contratar, afigurando-se que possa ser delegada, devendo a decisão de
prorrogação ser junta às peças do procedimento e notificada a todos os
interessados que tenham adquirido as respetivas peças. Deve ainda ser
publicado aviso da decisão de prorrogação, no DR ou no JOUE, quando o
procedimento contratual siga, consoante os casos, esta forma de publicitação.

REGRAS DE PARTICIPAÇÃO – O ARTIGO 55.º

O artigo 52.º altera o conceito de candidato, de forma a englobar também o novo


procedimento de parceria para a inovação.

O artigo 54.º A permite reservar a possibilidade de ser candidato ou


concorrente às entidades que tenham por objeto social a integração social
de profissional de pessoas desfavorecidas, na condição de, pelo menos,
30% dos seus trabalhadores (e não, como deveria, dos trabalhadores
afetos) serem reconhecidamente desfavorecidos.27

27
Este regime não se confunde com os definidos para os artigos 6.º A e 250.º A a D, que correspondem
a procedimentos contratuais específicos de publicação obrigatória no JOUE, a partir de determinado
valor (750 mil euros, de acordo com a alínea d) do n.º 3 do artigo 474.º)
60
Quanto ao artigo 55.º

Também aqui temos a registar uma ou outra alteração importante, descurando


assim aquelas que consistam em meras alterações de redação, que não de
substância relevante.

A alínea a) inclui nas exceções o plano especial de recuperação, que estava


omisso na redação ainda em vigor (mas estava implícito e assim tem sido
entendido) – aliás, o impedimento não pode ter, em virtude de constituir uma
restrição de direitos, uma interpretação analógica, razão pela qual o PER nunca
poderia ser considerado como impedimento a concorrer ou candidatar, mesmos
nos termos da redação anterior.

As atuais alíneas f) e g) são fundidas na futura alínea f), passando a atual alínea
h) para g) sem alteração de redação.

A alínea h) – anterior alínea i) – procede à atualização de todas as remissões


feitas para atos normativos do direito comunitário, aplicáveis à participação
em organização criminosa, corrupção, fraude, branqueamento de capitais,
infrações terroristas e trabalho infantil – acrescentando estas duas últimas
tipologias de crimes ao elenco atualmente previsto.

A alínea i) pós-revisão já foi atrás abordada na temática da consulta informal


ao mercado, correspondendo sem alterações à anterior alínea j).

É incluída uma nova alínea j), cujos factos geradores deste impedimento se
oferecem de muito difícil prova – está em causa a atuação de terceiros que
vise influenciar indevidamente a decisão de contratar, a tentativa de obter
informações confidenciais para destas retirar vantagens indevidas, a prestação
de informações erróneas suscetíveis de influenciarem a alteração material de
decisões de exclusão, qualificação ou adjudicação – faltando saber se tais
condutas são restritas ao procedimento para o qual se gera o impedimento ou
se são relevantes ainda condutas deste tipo detetadas em procedimentos
anteriores. À luz de uma leitura restritiva da norma de impedimentos, por
representar ela própria a restrição de um direito, concluiria que estão em causa
condutas que se verificaram apenas relativamente ao procedimento
concreto.

Foi também incluída uma nova alínea k), relativa a situações de conflito de
interesses que não possam ser corrigidos por medidas menos gravosas que o
próprio impedimento.

61
Nos termos do novo n.º 2 do artigo 55.º, as medidas menos gravosas que
poderão ser adotadas em lugar do impedimento são:

 a substituição dos membros do júri ou peritos que prestem apoio ao


júri;
 a instituição de sistemas de reconfirmação de análises, apreciações
ou aferições técnicas; ou
 a proibição do concorrente recorrer a determinado subcontratado.

Por último, a alínea mais falada e aguardada nesta matéria respeita ao


impedimento de apresentar candidatura ou proposta a operador económico que,
nos últimos 3 anos, tenha acusado deficiências significativas ou
persistentes de execução em anteriores contratos públicos, tendo, por
causa disso, dado origem a, pelo menos, duas resoluções sancionatórias,
ao pagamento de indemnização em resultado desse incumprimento, à
aplicação de sanções pecuniárias que tenham atingido os seus valores
máximos legalmente admissíveis ou outras sanções equivalentes.

Pela redação da norma e pela ausência de uma remissão legal, num Código que
se carateriza justamente pelo elevado número de remissões que utiliza,
pareceria óbvio que este impedimento se referiria apenas à entidade adjudicante
à qual o incumprimento diz respeito. Nesse sentido, não estaríamos perante
um impedimento absoluto, mas relativo.

Porém, tendo em conta o disposto no artigo 464.º-A, também ele sem remissões
para esta disposição, este entendimento não pode ser sustentado.

O ARTIGO 464.º-A

Este artigo determina a aplicação de uma sanção específica de


participação em procedimentos de contratação, nas seguintes situações:

- Incumprimento que tenha dado origem à aplicação de sanções que tenham


atingido o máximo previsto no artigo 329.º, n.º 2 e 3;

62
- Ou que tenham dado origem a duas resoluções sancionatórias, com
fundamento na alínea a) do artigo 333.º (Incumprimento definitivo pelo
cocontratante);

- Ou com fundamento nas alíneas b) a g) do n.º 1 do artigo 405.º (aplicável às


empreitadas – falta injustificada à consignação, por duas vezes, atraso na
execução da obra por períodos superiores a 1/40 do prazo de execução, atraso
no início dos trabalhos complementares, 15 dias após a notificação da ordem da
sua execução, suspensão dos trabalhos de que advenham graves prejuízos para
o interesse público, sempre por motivos imputáveis ao empreiteiro)

- Em qualquer dos casos, verificados nos últimos três anos.

Os números 2 e 3 do artigo 464.º -A atribuem ao IMPIC a competência para a


aplicação destas sanções e para a sua publicação no portal dos contratos
públicos, no âmbito das suas competências e atribuições no domínio da
contratação pública – conferir artigo 454.º-A que estabelece que o IMPIC é o
organismo responsável pela regulação dos contratos públicos e a entidade
de referência com a Comissão Europeia.

O impedimento da alínea j) corresponde assim à aplicação de uma sanção, nos


termos do Capítulo II da Parte IV, devendo as entidades adjudicantes em cujos
contratos uma das situações referidas nos parágrafos anteriores comunicar-lhe,
no prazo de dez dias a respetiva ocorrência.

Estaremos assim então perante um impedimento de caráter absoluto, de


publicação obrigatória pelo IMPIC no portal dos contratos públicos.

Mais inovadora ainda e, porventura, complexando um procedimento que já é


bastante denso, aumentando os fatores de aleatoriedade que por vezes são
incontornáveis nesse procedimento, temos o artigo 55.º-A. Advirta-se, no
entanto, que esta possibilidade de sanação nos impedimentos encontra respaldo
na Diretiva 24/2014/EU.

RELEVAÇÃO DOS IMPEDIMENTOS – ARTIGO 55.ºA

Trata-se da possibilidade de relevar os impedimentos, permitindo aos


interessados impedidos de o fazerem, concorrer ou de se candidatar.

Da redação algo equívoca do n.º 1 extrai-se que se os operadores económicos


devedores da AT ou da Segurança Fiscal estiverem abrangidos por regimes
de regularização de dívida, a ausência de uma situação tributária ou
63
contributiva regularizada não constitui impedimento à sua participação em
procedimentos contratuais.

Nas situações das alíneas b) (condenação por crime que afete a honorabilidade),
c) (sanção administrativa por falta profissional grave), g) (sanção administrativa
por utilização de mão-de-obra não declarada, para efeitos de impostos e
contribuições à Segurança Social) e l) (situação já atrás referida de graves faltas
de cumprimento em contratos anteriores), o impedimento pode ser relevado se
o visado demonstrar que adotou medidas adequadas para repor a sua
idoneidade, designadamente, através

- Do ressarcimento efetivo ou da tomada de medidas para ressarcir os eventuais


danos que, por aqueles factos, tenha causado;

- Da demonstração de que colaborou ativamente com as autoridades


competentes para esclarecer integralmente os factos e circunstâncias em causa;

- Da adoção comprovada de medidas para evitar a incorrência em outras


infrações penais ou faltas graves.

A entidade competente para relevar o impedimento é a entidade


adjudicante.

As sanções acessórias de proibição em participação em concursos públicos


aplicadas por decisão (judicial) transitada em julgado não são passíveis de
relevação.

Relativamente às atividades em que é possível relevar o impedimento, pode


assim dar-se o caso de umas entidades adjudicantes aceitarem essa relevação
e outras que a recusem – conferir o n.º 3 do artigo 55.ºA -, o que nos conduz a
situações de puro casuísmo, em matéria que deveria exigir regimes claros e
objetivos, por estar em causa a participação concorrencial em procedimentos,
de acordo com critérios objetivos de imparcialidade e igualdade de
oportunidades.

64
PROPOSTA – NOÇÃO, CONDIÇÕES DE VALIDADE, MODO DE
APRESENTAÇÃO, PRAZO PARA A SUA APRESENTAÇÃO E
PRAZO PARA A SUA MANUTENÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE
DOCUMENTOS

Proposta

A proposta, enquanto documento que objetiva a vontade do concorrente


contratar e em que condições, em particular, no que respeita aos atributos da
proposta, não mereceu alteração – artigo 56.º.

No artigo 57.º - Documentos da proposta – revoga-se a alínea d) do n.º 1,


segundo a qual, sendo possível ao concorrente saber que a sua proposta
apresentava um preço anormalmente baixo, deveria desde logo apresentar os
respetivos esclarecimentos, sob pena de exclusão da proposta.

Agora, com a eliminação desta alínea, para os efeitos previstos no artigo 70.º,
n.º 2 e em conjugação com o n.º 3 do artigo 71.º, é sempre necessário que o
júri peça esclarecimentos sobre o preço anormalmente baixo, antes de se
decidir pela exclusão da proposta, devendo esse pedido de esclarecimento ser
feito na fase de apreciação das propostas e, portanto, com estas já
apresentadas, mesmo que o procedimento não fixe um limiar de preço
anormalmente baixo, conforme induz o n.º 1 do artigo 71.º in fine.

Nota ainda para o n.º 6 do artigo, referente aos procedimentos com publicação
no JOUE, nos quais, o documento do anexo i é substituído pela exigência do
Documento Europeu Único de Contratação Pública, documento este que tenderá
cada vez mais a incorporar-se nos procedimentos de contratação pública da EU.

O artigo 58.º, impondo de princípio, a adoção do idioma português na redação


das propostas mantém-se sem alterações.

Quanto às propostas variantes, reguladas no artigo 59.º e a que já fizemos atrás


breve referência, a grande e única alteração é a já referida, quanto ao
favorecimento da admissibilidade e apresentação de propostas variantes, ainda
assim, no entanto, umbilicalmente ligadas à proposta base, já que não é
admissível a apresentação de variante sem base e a exclusão desta implica a
exclusão daquela.

O n.º 7 deste artigo 59.º, quer na redação atual, quer na redação pré-revisão,
continua sistematicamente fora do sítio, já que configura um aspeto do regime
65
jurídico das propostas em geral e não um aspeto particular das propostas
variantes. A sua posição correta seria, portanto, como n.º 3 do artigo 56.º, com
a menção de “sem prejuízo do disposto no artigo 59.º, cada concorrente só pode
apresentar uma única proposta”.

O artigo 60.º, sobre o preço da proposta, mantém o regime em vigor, com a única
alteração a residir na designação do IMPIC e na remissão, já não para o artigo
81.º/5, mas para a portaria a publicar, nos termos do n.º 2 do artigo 81.º -
documentos de habilitação. Esta portaria viria a ser publicada em 14 de agosto
de 2017, sob o identificativo 371/2017.

Em consequência da concentração numa única fase dos pedidos de


esclarecimento e a apresentação das listagens de erros e omissões, como
referimos supra – artigo 50.º - o artigo 61.º foi revogado.

As propostas devem ser apresentadas diretamente na plataforma eletrónica


definida. Os ajustes diretos e consultas prévias podem correr extraplataforma,
desde que seja assegurada a utilização de meios eletrónicos – artigo 62.º e artigo
115.º, n.º 4.

A revogação dos números 2 e 3 do artigo 62.º não corresponde realmente a


alterações substanciais do regime da apresentação de propostas que, no que no
que respeita ao seu relacionamento com as plataformas eletrónicas, terá de
seguir, por parte dos respetivos utilizadores, o regime definido na lei 96/2015, de
17 de agosto.

Quanto ao n.º 6 agora introduzido, esta norma prepara-nos para um futuro


próximo de utilização de uma base ou plataforma comum, a gerir pelo IMPIC, e
aplicável e empreitadas de obras públicas, pelo menos, para as empreitadas que
se considerem mais relevantes ou significativas.

O Artigo 62.ºA introduz-nos os catálogos eletrónicos. A possibilidade de adquirir


pelos catálogos eletrónicos enquadra-se nos sistemas de aquisições dinâmicos
e na possibilidade das centrais de compras instituírem catálogos eletrónicos para
utilização das entidades adjudicantes – conferir, respetivamente, artigos 237.º e
seguintes, artigo 241.º C, artigo 261.º e Anexo XIV ao CCP.

A aquisição de bens móveis por catálogo pode ser feita por consulta prévia ou
ajuste direto, desde que os valores de aquisição respetivos o admitam.

Os catálogos eletrónicos poderão vir a ser objeto de regulação por portaria, que
imponha designadamente requisitos técnicos específicos.

66
Um dos problemas dos catálogos eletrónicos, quando a entidade adjudicante os
exija nos termos do n.º 1 do artigo 62.º-A e que já vai sendo uma prática habitual
por parte das entidades adjudicantes, reside naquelas situações em que o
catálogo não exista em idioma português, o que, aliás se afigura, perfeitamente
normal.

Seria então necessário que, para este efeito, a entidade adjudicante introduzisse
a devida exceção ao regime do artigo 58.º, no programa ou no convite para o
procedimento.

ARTIGO 63.º - PRAZOS PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS

Prazos mínimos para a apresentação de propostas:


PROCEDIMENTOS PRAZOS MÍNIMOS DISPOSIÇÃO LEGAL

Ajuste Direto e Consulta Prévia Não mencionado 115.º/f; 63.º

Concurso público nacional 6 dias – bens e serviços 135.º

14 dias – empreitadas

6 dias – empreitadas muito


simples

Concurso público JOUE 30 dias – a contar do envio 136.º


do anúncio, podendo ser
reduzido para 15 dias nem
situação de urgência
fundamentada

15 dias, se publicado o
anúncio do 34.º ou o anúncio
do 35.º28

Concurso Público Urgente 24 horas – aquisição de bens 158.º


e serviços e locação

72 horas – empreitadas

Concurso limitado por prévia


qualificação

28
Nas condições previstas no n.º 2 do artigo 136.º
67
- Sem publicação JOUE Candidatura – 6 dias 173.º

Proposta – 6 dias ou 14 190.º31


dias29

- Com publicação JOUE


Candidatura – 30 dias ou 15
174.º
dias (ver concurso público
supra)

Proposta – 25 dias ou 10 191.º


dias30

- Procedimento por negociação Candidatura:

C/ publicidade internacional –
30 ou 25 dias32;
198.º
S/ publicidade internacional

- 33 6 dias

Proposta – os mesmos
prazos do concurso limitado
por prévia qualificação34

Versão final da proposta – o


que for definido pelo júri
Artigo 121.º, por
remissão do artigo 202.º

29
Consoante se trate de aquisição de bens ou serviços, locação ou empreitada com trabalhos muito
simplificados, de um lado e, do outro, empreitadas.
30
Consoante não tenha havido ou tenha havido publicação do anúncio de pré-informação, com uma
antecedência mínima de 52 dias e máxima de 12 meses em relação ao anúncio do procedimento. O
prazo mais curto aplica-se também aos procedimentos dos setores especiais.
31
Mas ver artigo 192.º para os setores especiais
32
Consoante não tenha havido ou tenha havido publicação no JOUE do anúncio de pré-informação, nas
condições já referidas. Pode haver redução até 7 dias nas condições do n.º 3 do artigo 198.º - publicação
no portal do simap.eu.int
33
Aplicando-se a regra do concurso limitado por prévia qualificação, dado que não há disposição
expressa para esta modalidade de procedimento para os prazos de apresentação de proposta sem
anúncio no JOUE.
34
Por falta de disposição expressa nesta modalidade procedimental, segue-se, com pleno
aproveitamento, a remissão implícita do artigo 199.º, justamente para o concurso limitado por prévia
qualificação.
68
Diálogo concorrencial 40 dias para apresentação Ver 218.º
de proposta

Parceria para a inovação Sem indicação expressa,


assume-se como indicativo
os prazos do concurso
limitado por prévia
qualificação, para a
candidatura e para a
apresentação de propostas,
com ou sem publicação no
JOUE.

Concurso de conceção 30 dias nos concursos 219.º -B, n.º 5


públicos e 15 dias nos
concursos limitados

Sistemas de aquisição dinâmica Candidatura - 30 dias 240.º, n.º 1, b); ver


também 241.º, quanto à
apresentação das
propostas. Também n.º 3
e 4 do artigo 242.º

Sistema de qualificação Candidaturas – a todo o


tempo

Proposta – Aplicam-se os
mínimos fixados no concurso
limitado por prévia
qualificação, para a fase de
apresentação de propostas.

Acordos-quadro Prazos aplicáveis ao O n.º 1 do artigo 253.º


concurso público. remete para todo o título
III da Parte II.
Nas propostas concretas ao
abrigo do acordo-quadro,
aplicam-se os prazos
definidos para o
subprocedimento em causa
(ajuste direto ou consulta
prévia, que não tem limite
legal mínimo expresso).

69
PRORROGAÇÃO DO PRAZO FIXADO PARA A APRESENTAÇÃO DE
PROPOSTAS – ARTIGO 64.º

As alterações introduzidas ao n.º 2 justificam-se apenas pela revogação do artigo


61.º e pela concentração no artigo 50.º do momento procedimental adequado
para apresentação de pedidos de esclarecimento e listagens de erros e
omissões.

No mais, o regime mantém-se.

PRAZO DE VALIDADE E MANUTENÇÃO DAS PROPOSTAS – Artigo 65.º

Mantém-se o prazo de 66 dias após o termo do prazo para apresentação das


propostas, como prazo supletivo. Sem alterações.

CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS DA PROPOSTA – artigo 66.º

Mantém-se o regime em vigor.

Com a inclusão de um novo n.º 6, reforça-se a obrigação da entidade adjudicante


se abster de divulgar qualquer informação constante de documento classificado
– o que já estava implícito.

O n.º 7, também uma novidade incluída neste artigo, respeita agora à proteção
dos dados e informações de caráter confidencial, que a entidade adjudicante
tenha disponibilizado aos concorrentes ao longo do procedimento de formação
do contrato ou a que estes, por virtude da sua participação no procedimento em
causa, tenham tido acesso.

O JÚRI NOS PROCEDIMENTOS

O artigo 67.º sofreu algumas alterações, que beneficiaram indubitavelmente o


seu regime.

Assim, tendo em conta a introdução no cardápio das modalidades de


procedimento, da consulta prévia, o legislador vem agora, no n.º 3 deste artigo,
permitir que não haja constituição do júri neste procedimento, por decisão do
70
órgão competente para autorizar a contratação, o mesmo ocorrendo no concurso
público urgente.

Por outro lado, o n.º 4 limita-se a tornar mais claro o que já constituía uma prática
corrente – tendo sido apresentada uma única proposta, a intervenção do júri
pode ser dispensada. Também aqui, a decisão da dispensa pertence ao órgão
competente para autorizar a contratação, que nessa decisão, designou o júri. Por
isso e por razões de agilização dos processos de decisão, a possibilidade da
dispensa do júri nos casos do n.º 4 do artigo deve constar logo da decisão de
contratação.

A declaração de inexistência de conflitos de interesse prevista no n.º 5 do artigo


e no Anexo Xiii do CCP, também não constitui propriamente uma novidade,
sendo corrente esta prática ao abrigo do cumprimento dos planos de gestão de
risco da corrupção e crimes conexos.

O artigo 68.º mantém-se sem alterações – Funcionamento do júri.

Já o artigo 69.º - competências do júri - conhece algumas alterações, das quais,


aquela que tem maior importância, no plano do esclarecimento legislativo, é a
introduzida no n.º 2, ao prever expressamente a impossibilidade legal de neste
órgão competências para decidir sobre erros e omissões apresentadas,
devendo ter também incluído respostas a esclarecimentos que impliquem a
alteração das peças do procedimento.

ANÁLISE DE PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E ADJUDICAÇÃO

Entramos agora num capítulo que sofreu também algumas alterações


significativas, que tendem, de um modo geral, não à simplificação procedimental,
que seria um dos propósitos do legislador, mas, nestes casos, agravando a
tramitação procedimental, tornando-a mais complexa e menos previsível,
alterações estas que parecem ter sido orientadas num sentido de proteção
desmesurada da concorrência e da prevalência da substância sobre a forma – o
que, em tese, se aceita, mas que pode sacrificar a segurança e a previsibilidade
jurídicas.

Admite-se que esta evolução seja ainda um corolário da Diretiva que se tem de
transpor, que se encaminha também no mesmo sentido, e é uma objetivação
normativa das tendências da jurisprudência, em especial, do Tribunal de Contas,

71
e mesmo de alguma Doutrina, sem que, todavia, nos devamos esquecer nunca,
que todo o negócio celebrado no quadro da contratação pública, é, com as
raríssimas exceções de alguns ajustes diretos simplificados, um negócio formal
e se o é, então a forma tem uma importância -de segurança e de certeza, pelo
menos – que não pode ser absolutamente descurada.

Em relação ao artigo 70.º, sobre a Análise das Propostas, detetamos alterações


nos números 2, 3, 4 e 5, sendo que a atual n.º 3 se desdobrará na versão pós-
revisão, em dois números.

No que respeita ao famoso n.º 2 do artigo 70.º, que elenca as causas de


exclusão de propostas, a complementar com as previstas no artigo 146.º:

Na alínea a), causa de exclusão por falta de apresentação de algum dos atributos
exigidos nos termos do artigo 57.º/1 b), acrescenta-se agora a falta dos termos
e condições a que a entidade adjudicante pretende que o concorrente se
vincule expressamente. Não basta dizer que se assinou uma declaração a
aceitar os termos do caderno de encargos, sendo necessário preencher aquelas
declarações quanto ao tempo e ao modo de execução de determinados
aspetos do contrato, que a entidade adjudicante não avaliará como atributo,
mas que pretende que o concorrente a elas se vincule. A sua omissão, a partir
de 1 de janeiro de 2018, dará causa à exclusão da proposta.

Quanto à alínea e), preço anormalmente mais baixo, este só dará causa à
exclusão da proposta, após pedidos e prestados esclarecimentos, conforme
resulta do n.º 3 do artigo 71.º, se, ainda assim, o júri entender
fundamentadamente que os esclarecimentos prestados não foram
suficientemente demonstrativos da exequibilidade do contrato em tais condições.

No CCP pós-revisão, deixa de existir valores indicativos a aplicar


supletivamente, como limiares do preço anormalmente baixo (40% para a
empreitada e 50% para os demais contratos), o que significa que, se nada for
estabelecido nos programas dos procedimentos ou nos convites, os
procedimentos seguem sem limiar inferior.

Para obstar a que tal aconteça, deve a entidade adjudicante fixar ela própria o
limiar do preço anormalmente baixo adotado em casa procedimento
contratual, fundamentando não apenas a necessidade de adotar este limiar,
como os critérios de que se serviu para essa fixação.

Nos esclarecimentos a prestar pelo concorrente que tenha, em tais


circunstâncias, apresentado um preço considerado anormalmente baixo, às
72
cinco “ajudas” ou “pistas” que o n.º 4 do artigo 71.º em vigor oferece ao
concorrente – economias do processo, soluções técnicas xpto, condições
excecionalmente favoráveis, específicas condições de trabalho de que beneficia,
possibilidade de obtenção de um auxílio do Estado legalmente concedido (é
espantoso como se pode aceitar como fundamento um auxílio do Estado
que, só por si, a ser atendido, distorce a concorrência, beneficiando deste
modo um concorrente), a versão pós-revisão acrescenta mais duas: - a
verificação da decomposição do preço por meio de documentos
comprovativos dos preços unitários em causa, folhas de pagamento e
declarações dos fornecedores que atestem os preços declarados; a prova de o
concorrente cumpre as obrigações laborais, ambientais e sociais, ou seja,
de que não é por incumprimento destas obrigações, que ele se encontra em
condições de apresentar um preço tão vantajoso.

Deve dizer-se que, pelo seu grau de vinculação e de demonstração razoável,


estas duas últimas alíneas que o legislador introduziu ao artigo 71.º, n.º 4 f)
e g) – parecem à partida oferecer muito mais préstimo do que as originais e
que elas não servem apenas para o concorrente provar que o seu preço é bem
formado e exequível, mas ainda para que a entidade adjudicante lhe possa
exigir essa prova.

Voltando então ao artigo 70.º, os seus números 3 e 4, relativos a exclusões de


propostas com fundamento em preço anormalmente baixo, mesmo após o
respetivo esclarecimento prestado (al. e) do n.º 2 do artigo 70.º) ou em virtude
de tal proposta configurar um contrato que violasse vinculações legais ou
regulamentares, impõem a comunicação respetiva para, no caso da alínea e),
a ASAE e, no caso da alínea f), para a Autoridade para a Concorrência.

Se o preço anormalmente baixo apresentado se justificar por ajudas estatais que


não sejam compatíveis com as regras do mercado e do Tratado da EU, a
comunicação será feita não só para a ASAE, como ainda para a Autoridade
para a Concorrência e para a Comissão Europeia, caso o procedimento tenha
tido publicidade no JOUE.

Até aqui, tudo bem, dado que o regime, com a nuance da causa de exclusão
fundada na apresentação do preço anormalmente baixo não operar agora
automaticamente, como a redação ainda em vigor do CCP permitia em
larguíssima escala, ainda é o mesmo, é seguro e previsível tanto quanto o
possa ser.

Mas o artigo 72.º sacrifica um pouco essa segurança.


73
Assim, se os seus dois primeiros números correspondem à redação atual,
respeitando a pedidos de esclarecimento que o júri pode fazer aos concorrentes,
na fase de análise e avaliação das respetivas propostas, pedidos e
esclarecimentos esses que devem ser sempre submetidos na plataforma
eletrónica, com notificação a todos os concorrentes (agora n.º 3, de futuro, n.º 5,
certo é que os números 3 e 4 introduzem uma subfase sanatória de
irregularidades das propostas e candidaturas.

Tendo em conta que se mantém a redação do n.º 2 do artigo, segundo a qual os


pedidos de esclarecimento não podem servir para suprir omissões que
determinam a sua exclusão, o n.º 3 permite a sanação de irregularidades
não essenciais que careçam de suprimento, incluindo a apresentação de
documentos que se limitem a comprovar factos ou qualidades anteriores à
apresentação da proposta ou da candidatura, para cujo efeito o júri solicita
aos candidatos e concorrentes, num prazo máximo de 5 dias.

Este curioso n.º 3, articulado com o n.º 2, que estabelece as condições de não
suprimento das propostas por via dos pedidos e prestações de esclarecimento
do artigo, poderia ter o alcance de converter todas as outras formalidades em
não essenciais – o que parece ser um pouco excessivo.

Em todo o caso, assente o alcance da norma, ainda assim ela configuraria um


regime seguro e previsível. Só que este número 3 acrescenta no final “desde
que tal suprimento não afete a concorrência e a igualdade de tratamento” e
aqui parece abrir a porta para o mais perfeito casuísmo.

Nos termos do n.º 4 do artigo 72.º, o júri ainda faz mais: ele deve proceder à
retificação oficiosa de erros de escrita e de cálculo contidos nas
candidaturas e propostas, desde que seja evidente para qualquer destinatário
não só a existência do erro, mas ainda os termos em que o mesmo deve ser
corrigido.

Desta forma, a lei despromove o júri do procedimento a auxiliador ou corretor


dos erros das propostas alheias – o que se afigura um pouco desequilibrado
de mais, ainda porque só os erros de escrita e cálculo verdadeiramente
relevantes serão detetados. O problema não é que os júris já não façam isto,
o problema é que tais correções oficiosas se convertem agora num dever
jurídico de as fazer.

É evidente que, pelas regras da prevalência, por exemplo, das indicações


numerárias por extenso sobre as indicadas em algarismos, dos somatórios

74
dos preços unitários x quantidades por comparação e em caso de
divergência, com o preço total indicado na proposta, o júri pode, utilizando-se
dessas regras, interpretar os termos das propostas dos concorrentes da forma
acertada, ainda que diversa de como essas propostas concluem.

Mas transformar isso que tem sido feito um pouco por todas as entidades
adjudicantes, num encargo legal, numa obrigação do júri, afigura-se-me, mas
é uma opinião, como qualquer coisa de excessivo.

No artigo 73.º - Noção de adjudicação, de enfatizar a alteração do n.º 2, de


forma a contemplar-se a adjudicação por lotes do artigo 46.º-A, que pode ser
tomada por uma única decisão para todos os lotes ou por decisões singulares
por cada lote, até mesmo produzidas em momentos distintos.

CRITÉRIOS DE ADJUDICAÇÃO – ARTIGO 74.º

Na redação anterior, a interpretação correta do n.º 2 apontava para que o critério


da proposta economicamente mais vantajosa fosse o critério supletivo, já
que o critério do preço mais baixo exigiria que o caderno de encargos definisse
de tal forma completa todos os aspetos da execução, que apenas o preço
pudesse ser levado, como atributo, à concorrência.

Ora, ainda que a prática tenha vindo a inverter esta hierarquia, optando muitas
entidades adjudicantes pelo critério do mais baixo preço, para evitar
complicações, designadamente, com o Tribunal de Contas, em tese, esta
hierarquia parecia correta, simples e até equilibrada.

A densificação desta norma no pós-revisão tornou-a aparentemente mais


complicada. Vejamos.

A adjudicação tem como critério geral o da proposta economicamente mais


vantajosa35, como na redação atual, mas até com maior ênfase e assertividade.

No entanto, este critério da proposta economicamente mais vantajosa subdivide-


se em duas modalidades, que já existem:

35
Esta construção conceitual segue de perto o previsto na Diretiva 24/2014/UE
75
A da melhor relação qualidade-preço, em que o critério de adjudicação opera
fatores e subfactores num modelo de avaliação de propostas – e é o critério
da proposta economicamente mais vantajosa que conhecemos;

Ou a avaliação do preço ou do custo, como único aspeto da execução do


contrato a avaliar – e é praticamente o critério do preço mais baixo.

Com este artifício, quis o legislador dizer que, mesmo quando o critério do preço
é o único a ser avaliado num determinado procedimento, a proposta a adjudicar
é ainda a economicamente mais vantajosa, ainda que aferida esta vantagem
unicamente pelo preço.

Em substância, para além da inclusão do custo ao lado do preço, que, aqui sim,
pode constituir uma novidade interessante, o resto não parece trazer nada de
substancialmente novo.

Assim, a inclusão do n.º 3 do artigo 74.º recupera, com outra roupagem e com a
previsão expressa do custo ao lado do preço, o n.º 2 da redação anterior.

Já o n.º 2 do artigo estabelece que a entidade adjudicante pode, desde que


devidamente fundamentado, não submeter o preço ou o custo à
concorrência, estabelecendo ela própria um preço fixo ou máximo no caderno
de encargos. Neste caso, as propostas serão avaliadas apenas na modalidade
da melhor relação qualidade-preço.

Os números 4, 5 e 6 do artigo limitam-se a regular os critérios de desempate,


excluindo qualquer possibilidade de duas propostas empatadas serem
desempatadas pela ordem de entrada ou apresentação – mas admitindo, ver
n.º 6 – que a natureza da concorrente – se for uma empresa social, uma
pequena ou média empresa – já possa constituir fator de desempate.

Embora se concorde com este critério de desempate pelas suas razões mais
óbvias, certo é que, vedando-se na apreciação das propostas outra
avaliação que não seja a das próprias propostas e não a qualidade de quem
as propõe, não deixa de ser curioso que, como critério de desempate, já se
aceite a qualidade do concorrente.

Mas trata-se apenas de uma curiosidade.

Em todo o caso, a impossibilidade absoluta de se recorrer à ordem cronológica


da entrada de propostas enquanto fator de desempate, desatende a sua eventual

76
razoabilidade, quando aplicado nos concursos públicos urgentes, tal como
previsto na redação ainda em vigor.

Na verdade, compreendendo-se que o legislador, no anterior artigo 160.º, n.º 2


tenha querido premiar a prontidão da resposta dos concorrentes, erigindo a
ordem de entrada de proposta a fator de desempate, certo é que dessa
precedência de entrada não resultaria nunca qualquer poupança do tempo
necessário à conclusão do procedimento, porquanto sempre se terá de aguardar
a expiração do prazo fixado para a apresentação de propostas para se que possa
dar seguimento ao procedimento contratual.

Neste sentido, deve aceitar-se a revogação deste n.º 2.

O artigo 75.º - Fatores e subfactores – na linha das coisas novas que primeiro
se estranham e depois se entranham, esta disposição estava já razoavelmente
adquirida na prática corrente das entidades adjudicantes, sem grandes
dificuldades perante a linguagem densa utilizada.

Com o objetivo, porventura de o simplificar, a estrutura deste artigo, no pós-


revisão, terá um total de 10 números, contra os 4 atuais.

O n.º 1 é um princípio – serão avaliados todos e apenas os aspetos de


execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de
encargos.

O n.º 2 distingue entre os fatores e subfactores:

- de qualidade – lá teremos os ambientais e as caraterísticas sociais, por


exemplo, ao lado do valor técnico e da estética.

- os de organização, qualificação, experiência do pessoal empregue na


execução do contrato, sobretudo, nos serviços de natureza intelectual ou de
projeto de obras, p. ex; (*)

- a assistência pós-venda, condições de entrega;

- a sustentabilidade ambiental ou social – tempo de transporte??? (não pode


conduzir a uma situação de discriminação, privilegiando os concorrentes mais
próximos da entidade adjudicante?).

Com exceção dos sinalizados com (*), os fatores e subfactores definidos devem
atender às propostas e não à qualidade de quem as propõem.

77
Sobre a relação entre os fatores e subfactores e o objeto dos contratos, conferir
nº 4, que é bastante tautológico, o nº 5, que estende os fatores a relevar – e
que, por isso, podem ser definidos – aos envolvidos no processo específico de
produção ou fornecimento de bens, serviços ou obras, mesmo em relação
a uma outra fase do ciclo de vida – por exemplo, recolha no fim de vida.

A avaliação do pessoal afeto a um contrato, para poder ser relevante, nos termos
sinalizados com (*) obriga a que a entidade adjudicante exija, em fase de
execução, que as qualificações que constem da proposta e que tenham sido
determinantes para a adjudicação da mesma sejam efetivamente cumpridas
em sede de execução do contrato.

Na consideração do custo como fator de avaliação, tomar-se-á em conta – é


tudo muito exemplificativo, já que a lei não tem a veleidade de abarcar toda a
realidade fáctica – os custos de aquisição, de consumo, de manutenção e de
fim de vida e ainda os custos de externalidades ambientais que os bens,
serviços ou obras objeto do contrato possam causar. Relativamente ao ciclo
de vida, o programa deve indicar a metodologia aplicável para o calcular,
desde que se trate sempre de metodologia não discriminatória, objetiva e
verificável.

O legislador tem muita esperança de que o Direito da União Europeia venha a


estabelecer e mandar utilizar uma metodologia comum para os cálculos dos
custos de ciclo de vida e se assim for, a mesma deverá ser aplicada. Esta é
uma forma muito sui generis de transposição do direito comunitário.

ADJUDICAÇÃO

No que respeita à adjudicação, ela continua a corresponder a um dever da


entidade adjudicante, nos termos inalterados do artigo 76.º.

Ela tem de ser notificada a todos os concorrentes em simultâneo, mas a


notificação ao adjudicatário, para lá da notificação para apresentar no prazo
previsto os documentos de habilitação e a prestação da caução, passa a incluir
também o envio da minuta do contrato para efeitos da sua aprovação (alínea
d) do n.º 2 do artigo 77.º).

No que respeita a esta inovação, ela só pode merecer aplauso, por pôr termo
a uma moratória sem sentido nenhum que a redação atual impõe.

78
De facto, no momento em que se está a notificar a adjudicação, a entidade
adjudicante dispõe de todos os elementos necessários para a elaboração da
minuta, apenas lhe faltando e só quando tal for exigível, a concreta
identificação da caução prestada e do respetivo meio de que o adjudicatário
se serviu para a prestar. Em todo o caso, este é um elemento de acessoriedade
contratual que não altera o complexo das prestações e contraprestações que
devem ficar consagradas no contrato. Importa, isso sim, é que este não seja
outorgado, enquanto não ficar comprovado que a caução devida foi efetivamente
prestada, falta que, nos termos seguintes, pode mesmo fazer caducar a
adjudicação.

A alínea e) deste número exige, se assim igualmente exigido ou previsto nas


peças do procedimento ou nos termos da própria proposta adjudicada, a
comprovação da constituição de sociedade comercial (por exemplo,
agrupamento complementar de empresas) nesta fase de habilitação.

A adjudicação é anunciada nos termos do artigo 78.º, que comporta várias


mudanças relativamente à redação anterior, mas que são de detalhe,
principalmente impostas pelo facto do CCP, depois da revisão, dispor de um
artigo que concentra os valores relevantes para distinguir a publicidade
obrigatória dos procedimentos – o artigo 474.º. Estas alterações referem-se
assim, essencialmente, à correção das remissões em causa. Procede-se
também à atualização das remissões para o Direito Comunitário novo, nos casos
em que foram substituídos os atos normativos das remissões atuais.

Se a Adjudicação constitui um dever da entidade adjudicante, situações há em


que se justifica a não adjudicação.

Desde logo, atendendo a que estas situações são excecionais relativamente a


um dever de atuação pública, restringindo, por essa via, direitos, interesses e
expectativas legítimas, o regime excecional que as consagra deve ser taxativo
e não suscetível de, pelo menos, interpretação analógica. Mas nada na lei
diz isso, é uma opinião.

O artigo 79.º define as causas de não adjudicação, desde os procedimentos que


ficaram desertos, pelas circunstâncias previstas em a) e b) – nenhuma
candidatura ou proposta apresentada, nenhuma candidatura ou proposta
admitida, todas excluídas -, até situações de maior ambiguidade.

Assim:

79
Circunstâncias imprevistas que tornem necessário alterar aspetos
fundamentais do procedimento – repare-se, imprevistas e não imprevisíveis.
Isto quer dizer erros ou omissões das peças de procedimento, ainda que
detetadas por iniciativa única da entidade adjudicante. Nestes casos e como
bem referido no n.º 3 (em nada alterado), a entidade adjudicante deve promover
a abertura de novo procedimento corrigido no prazo de 6 meses.

Circunstâncias supervenientes relativas aos pressupostos da decisão de


contratar o justifiquem – estas circunstâncias – imprevisíveis, porque
superveniente - podem ser as mais diversas, desde a existência de erros,
porventura, mesmo de incompetências, que apontam para a necessidade de se
rever todo o processado, até à necessidade de reponderar o interesse
público subjacente, apontando para a ampliação ou redução do respetivo
objeto, ou mesmo, ainda pela mesma reponderação, desistência da
contratação, por reorientação de prioridades financeiras ou pura e
simplesmente, impossibilidade de levar a cabo a contratação em causa.

Nos casos em que não é fixado o preço base, valendo o procedimento sem
qualquer limite de valor (casos excecionais previstos no n.º 5 do artigo 47.º), dá-
se também a não adjudicação juridicamente válida, se a entidade adjudicante
considerar que todos os preços propostos são inaceitáveis – o que constitui
uma válvula de escape legal para a temeridade implícita no referido n.º 5 do
artigo 47.º.

Mantendo-se a possibilidade de não adjudicação, no caso do diálogo


concorrencial em que nenhuma das soluções seja considerada adequada –
pareceria que a parceria para a inovação também poderia estar aqui envolvida,
mas, de facto, nesta, a possibilidade de se vir a adquirir os bens finais não
constitui um dever jurídico da entidade adjudicante, podendo não ocorrer,
desde logo, pelo preço dai resultante. Mas ainda assim, havia aqui espaço para
referir esta situação nova.

No procedimento para um acordo-quadro com várias entidades, verificar-se-á a


não adjudicação, quando o número de candidaturas for inferior ao número
mínimo previsto no programa.

O n.º 2 exige a notificação da não adjudicação a todos os concorrentes e o n.º 4


prevê as devidas indemnizações pelo interesse contratual negativo, nos
casos das alíneas c) e d).

80
No artigo 80.º, é revogado o n.º 2, pelo que a decisão de não adjudicação
passa a implicar necessariamente a revogação da decisão de contratar.

FASE DA HABILITAÇÃO DO ADJUDICATÁRIO

O artigo 81.º 36 é o nosso velho conhecido dos documentos de habilitação,


muitíssimo mudado e simplificado no CCP pós-revisão.

Assim, para além da declaração do anexo II ao CCP, importa comprovar


negativamente os impedimentos das alíneas b, d, e) e h) do n.º 1 do artigo 55.º,
respeitantes, respetivamente, atestados criminais da concorrente e dos titulares
dos seus órgãos sociais; situação regularizada junto da Administração Tributária
e Segurança Social, essencialmente.

A comprovação das habilitações profissionais, sobretudo alvarás, fica


dependente da publicação de uma portaria.

Os números 3, 4, 5 , 6 e 7 são revogados.

O n.º 8, relativamente à possibilidade do órgão competente para a decisão de


contratar poder exigir ao adjudicatário qualquer outro documento não
tipificado no artigo, mas que vise comprovar a titularidade das habilitações
legalmente exigidas para a execução do objeto do contrato a celebrar, mantém-
se sem alterações.

Os artigos 82.º - idioma dos documentos de habilitação – e 83.º - modo de


apresentação dos documentos de habilitação, através da sua submissão na
plataforma eletrónica, como regra geral, mantêm-se sem alterações.

O artigo 83.ºA – força probatória dos documentos de habilitação (o que é


considerado prova bastante) e o artigo 84.º (documentos de habilitação a
apresentar por agrupamentos) mantêm-se sem alterações, se excetuarmos a
atualização da designação do IMPIC, como referido na própria lei preambular do
DL 111-B/2017.

Também o artigo 85.º, obrigando a entidade adjudicante a notificar todos os


concorrentes da apresentação dos documentos de habilitação pelo
adjudicatário, com a indicação da data dessa apresentação e ainda para

36
Conjugar com a portaria 372/2017, de 14 de dezembro
81
disponibilizar esses documentos à consulta dos demais concorrentes, se
mantém sem alterações nem aparentemente necessidade para isso.

Por seu turno, o artigo 86.º mantém, sem alterações o regime da caducidade
da adjudicação pela falta de entrega atempada dos documentos de
habilitação.

Revoga-se o n.º 5 – comunicação ao IMPIC – uma vez que esta matéria passa
a ser regida inteiramente em capítulo próprio - ver, a este respeito, a alínea b)
do artigo 456.º, o que significa que não deixa de ser obrigatória essa
comunicação, ao abrigo do princípio da colaboração das entidades adjudicantes
com o IMPIC, enquanto regulador da contratação pública.

É acrescentado um novo artigo 87.º-A, com novas causas de caducidade da


adjudicação, sendo estas as seguintes:

- Impossibilidade natural ou jurídica, extinção da entidade adjudicante ou


do adjudicatário, insolvência do adjudicatário, ocorridas
supervenientemente à deliberação de adjudicação, entre outras;

- Nestes casos, quando a causa da não adjudicação for imputável ao


adjudicatário, a adjudicação deverá ser feita à proposta classificada no lugar
seguinte, ficando dependente desta proposta ainda se manter válida ou, não se
mantendo, o seu proponente aceitar ainda assim as condições por si assumidas
para contratar – o que significa que, caso recuse e o prazo de manutenção da
proposta já tenha expirado, nada obsta a que a entidade adjudicante, caso assim
o entenda, consulte os concorrentes em lugares subsequentes, para
aferição do interesse destes em contratar.

Nas circunstâncias imputáveis ao adjudicatário, este deverá indemnizar a


entidade adjudicante pelos prejuízos “culposamente” causados.

A CAUÇÃO – 88.º A 91.º

Melhor redação do n.º 2 do artigo 88.º, consagrando o que tem vindo a ser a
prática e que a dúbia redação original poderia pôr em dúvida (se a não
exigibilidade da caução poderia impedir a sua exigência), alargando a
inexigibilidade aos casos em que a adjudicatária é também uma entidade
adjudicante do artigo 2.º ou 7.º e aos contratos da alínea c) do n.º 1 do artigo
95.º - aquisição de bens móveis ou serviços, independentemente do valor, ainda
82
que haja contrato escrito, desde que o cumprimento do contrato, sendo de
locação, aquisição de bens ou serviços, se esgote no prazo máximo de 20 dias
após a notificação da adjudicação, excetuando-se as obrigações de garantia e
desde que o contrato não esteja sujeito a visto prévio do Tribunal de Contas
(o que introduz indiretamente um limite ao valor de contrato admissível –
350.000,00€ para 2017, pelo artigo 130.º da LOGE).

Já o artigo 89.º introduz alterações de nota à redação ainda em vigor.

Desde logo, o valor da caução em 5% deixa de ser um percentual fixo, para ser
um percentual máximo, mantendo-se, no entanto, a possibilidade de exigir
caução até 10% nas adjudicações de propostas de preço anormalmente baixo
que tenham sido admitidas. Estas percentagens são de aplicação supletiva,
sendo de aplicar pelos seus valores máximos, quando não constem
expressamente do caderno de encargos.

No caso dos contratos em que não há pagamento por parte da entidade


adjudicante, a caução há-de ter em conta a vantagem económica para aquela,
não podendo a caução ser superior a 2% do montante dessa vantagem (ainda
que estimada) – regime igual ao atual.

Estando o contrato sujeito a renovações, o valor determinante para o cálculo da


caução a prestar, sendo exigível, respeita ao preço do seu período de vigência
inicial, devendo ser renovada em cada ano de vigência, pelo valor contratual
respeitante a esse ano.

Porém, se a vigência do contrato for superior a 5 anos – contrato de execução


duradoura, cuja duração foi inicialmente fixada – a caução será referida apenas
ao primeiro terço do contrato.

Sobre o modo de prestação do contrato e as consequências da não


prestação de caução, quando exigida, mantém-se sem alterações, a redação
atual dos artigos 90.º e 91.º.

CONFIRMAÇÃO DE COMPROMISSOS – ARTIGOS 92.º e 93.º

O regime consignado nestas disposições mantém-se sem qualquer alteração.


Trata-se dos compromissos de entidades terceiras que se associam ao

83
concorrente e à sua proposta, com as suas qualificações específicas para, em
regime de subempreitada inicial, preencherem com ele as exigências
habilitacionais do procedimento.

Sem esta confirmação dos compromissos, a adjudicação caduca também.

DO CONTRATO – ARTIGOS 94.º A 106.º

CONSIDERAÇÕES GERAIS
Esta temática sofreu também algumas alterações ou aperfeiçoamentos de
regime, uma das quais, aliás, já atrás referida, reportando-se ao momento da
elaboração e notificação da minuta do contrato.

Os artigos 94.º e 95.º, relativos à exigência de celebração do contrato escrito e


às situações de dispensa dessa formalidade, mantêm sem alterações a redação
atual -a regra é a redução a escrito, em suporte papel ou em suporte
informático.

Cada vez mais se segue esta última opção, com a assinatura do contrato, por
assinatura eletrónica qualificada, a ser feita diretamente na plataforma eletrónica
do procedimento. Este regime deveria, aliás, ser o regime regra, a benefício da
transparência. Os demais concorrentes e potenciais interessados no
procedimento ficam a saber que o adjudicatário outorgou o contrato e quando,
ficando também a conhecer o seu teor e se o mesmo foi objeto de eventuais
ajustamentos que o transfiguraram e que poderão ser qualificados como dano à
concorrência.

Os contratos cuja redução a escrito não é exigível são, de um modo geral, os


de aquisições de bens e serviços e locação até 10 mil euros ou que,
independentemente do valor e como já referido atrás, vêm os efeitos
contratuais esgotados dentro dos 20 das seguintes à notificação da
adjudicação, sem prejuízo das obrigações de garantia e desde que o contrato
não esteja sujeito ao visto prévio do Tribunal de Contas.

Os contratos de empreitada são sempre reduzidos a escrito – mesmo se


adjudicados por ajuste direto simplificado -, mas aparentemente, contando hoje
com a exceção dos contratos celebrados no âmbito de concursos públicos
urgentes, que até à entrada em vigor da revisão do CCP e salvo situações
excecionais previstas avulsamente nas leis do orçamento geral do Estado, não
podiam ser adotados para a contratação de empreitadas.
84
Outras dispensas da redução a escrito residem em razões de segurança
pública, interna ou externa, no facto da adjudicação ter ocorrido na sequência
de um concurso público urgente, admitindo-se que apenas na medida em que
o respeito pela forma ponha em causa as razões dessa urgência e, pelas
mesmas razões, agora de urgência imperiosa, a entidade adjudicante tenha
interesse em que o contrato produza imediatamente efeitos.

Razões de transparência – também para evitar uma velha prática de factos


consumados – nos contratos cujo procedimento de formação tenha sido sujeito
a publicidade no JOUE, impõem que haja um diferimento de pelo menos 10
dias entre a celebração do contrato e o início da produção dos seus efeitos
– n.º 3 do artigo 95.º e, em termos análogos, alínea a) do n.º 1 do artigo 104.º,
para a outorga dos contratos escritos, sendo possível dispensar este período
de diferimentos, em situações de urgência, previstas, respetivamente, no n.º 4
do artigo 95.º e no nº 2 do artigo 104.º.

Esta exigência dos 10 dias decorre da transposição do Direito Comunitário, entre


outros, da Diretiva 2007/66/CE, pelo que a legislação nacional – nos dois
preceitos atrás referidos – dispensa, entre outras situações, a sua
observância nos casos em que não haja publicação de anúncio no JOUE
(conferir al. a) do n.º 4 do artigo 95.º e al. a) do n.º 2 do artigo 104.º.

CONTEÚDO DO CONTRATO

Quanto ao artigo 96.º - Conteúdo do contrato – a sua redação sofre


alterações.

Nos elementos obrigatoriamente a constar do seu clausulado, acresce agora


duas alíneas i) e j), relativas à identificação do gestor do contrato, inovação
prevista, em sede de execução do contrato (parte III) no artigo 290.º A; e às
eventuais condições de modificação do contrato expressamente previstas
no caderno de encargos, incluindo cláusulas de revisão ou opção, claras,
precisas e inequívocas.

Ora, de facto, uma das novidades da futura redação do CCP, introduzida pelo
DL 111-B/2017, consiste, nos termos do artigo 42.º, em poder o caderno de
encargos fixar, conforme previsto no n.º 4 e no quadro da definição de
parâmetros base, as condições de modificação do contrato, a definir, em
princípio, através de limites mínimos e/ou máximos.

85
Esta alteração poderia aí passar despercebida, desde logo porque os artigos
311.º a 315.º estabelecem com rigor e até restritivamente o regime das
modificações ao contrato, designadamente, no quadro das prerrogativas que o
artigo 302.º confere ao contraente público.

A PREVISÃO CONTRATUAL DAS MODIFICAÇÕES DO OBJETO DO


CONTRATO

De entre estas regras, consta, desde logo, os limites previstos no artigo 313.º,
que impedem a alteração substancial do contrato e, sobretudo, para o que
aqui interessa, que essas modificações constituam uma forma de falsear a
concorrência ou, lê-se na alínea c) do n.º 1 do artigo, “alterações que, se
fizessem parte do caderno de encargos, teriam ocasionado, de forma
objetivamente demonstrável, a alteração da ordenação das propostas ou a
admissão de outras…”

Sem prejuízo de melhor atenção que esta interessante matéria da modificação


dos contratos merece, certo é que, nos termos do artigo 311.º, a modificação
objetiva do contrato pode resultar de ato administrativo do contraente público,
fundado no interesse público por si servido, por decisão do tribunal ou arbitral
e por acordo entre as partes, que tem de seguir a forma escrita se o contrato
também a seguiu.

Ora, este acordo entre as partes continua sujeito aos fundamentos do artigo
312.º (alteração anormal e imprevisível das circunstâncias, em termos tais
que a manutenção do contrato qual tal por exigência da parte não lesada
afetasse gravemente os princípios da boa fé contratual e tal lesividade não
estivesse coberta pelos riscos próprios do negócio – prejuízos e danos, portanto,
anormais ou, pelo menos, atípicos da atividade empresarial em causa -, mas
ainda, por razões de interesse público, em resultado de uma nova ponderação
das circunstâncias existentes) e aos já referidos limites do artigo 313.º.

Dito isto, afigura-se que a definição de limites mínimos e/ou máximos do que
pode ou não ser abrangido no programa contratual das próprias modificações
dessa contrato, conforme descrito no caderno de encargos, não é mais do que
uma representação antecipatória do que pode ocorrer em sede de execução
do contrato e que venha a forçar a modificação do mesmo nas condições e
restrições aqui referidas, não podendo esse programa de modificação pôr em
causa nem o regime do artigo 312.º, nem o regime do artigo 313.º.

86
Sendo assim e sendo ainda certo que, mesmo que esse programa de
modificações contratuais não venha a constar do caderno de encargos,
dado não ser obrigatório, qual o interesse do legislador em criar esta
possibilidade?

Desde logo, dir-se-á que ela responde ao limite previsto na alínea c) do n.º 1
do artigo 313.º, em termos de permitir concluir que as modificações contratuais
efetivamente feitas ao contrato em fase de execução, não apanhou ninguém
de surpresa e não atentou, por isso, contra a concorrência.

Em segundo lugar, porque, conforme resulta do artigo 314.º, tais modificações


contratuais têm consequências, designadamente, no que respeita à reposição
do equilíbrio financeiro do contrato, permitindo, à partida, prever o acréscimo de
encargos daí resultante para as partes.

Ora, se se proceder à definição do quadro de modificações do contrato no


caderno de encargos, permitindo até, entre limites mínimos e/ ou máximos,
que os concorrentes definam, em termos de propostas, os critérios,
modalidades e quantum dessa reposição do equilíbrio financeiro, nos
limites, não só dos parâmetros base oferecidos, mas da própria lei, em particular,
do artigo 282.º, então, a eventualidade de se poder vir a ter um conflito contratual
a este respeito em sede de execução do contrato, fica assim muito mais
diminuída.

Por tal razão se compreende que a alínea j) do n.º 1 do artigo 96.º tenha incluído
como fazendo parte expressa do conteúdo do contrato a celebrar “as eventuais
condições de modificação do contrato expressamente previstas no
caderno de encargos, incluindo cláusulas de revisão ou opção, claras,
precisas e inequívocas”.

O n.º 7 do artigo 96.º estabelece a nulidade dos contratos a que faltem os


elementos referidos nas alíneas a) a i) do n.º 1, considerando-as como
elementos essenciais do contrato. Estando omissos no clausulado contratual,
mas estando compreendidos nos documentos que fazem parte do contrato,
nos termos do n.º 2, prevalecendo a substância sobre a forma, não se verifica
a nulidade.

A MENÇÃO CONTRATUAL AO GESTOR DO CONTRATO

87
A identificação do gestor do contrato (alínea i) do n.º 1), figura que ainda agora
chegou à contratação pública, se omissa, implica também a nulidade do
contrato, o que significa que é tratado como um dos seus elementos essenciais.

No mais, recordar as regras de prevalência entre peças do contrato, conforme


previsto nos n.ºs 5 e 6, e a faculdade que à entidade adjudicante assiste de
excluir “expressamente” do contrato termos e condições contidos na
proposta adjudicada em aspetos não regulados pelo caderno de encargos,
que não sejam estritamente necessários à execução do contrato ou que
sejam considerados desproporcionados.

O PREÇO CONTRATUAL

O artigo 97.º, sobre o preço contratual, mantém-se inalterado,


correspondendo o mesmo integralmente à contrapartida de todas as prestações
contidas no contrato, incluindo eventuais prorrogações contratualmente
previstas, tácitas ou expressas, do respetivo prazo (eventuais cláusulas de
renovação contratual) e não incluindo as situações de reposição do equilíbrio
financeiro, as contrapartidas emergentes das modificações objetivas do
contrato(serviços ou trabalhos complementares) e prémios de antecipação de
prazos, quando expressamente previstas no contrato.

A MINUTA DO CONTRATO

As alterações ao artigo 98.º - Aprovação da minuta do contrato – resumem-


se ao estabelecimento da regra de simultaneidade da sua aprovação pela
entidade adjudicante com a deliberação de adjudicação, mantendo o restante
sem alterações.

OS AJUSTAMENTOS AO CONTRATO

O artigo 99.º - Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar- mantém-


se sem alterações, sendo sempre oportuno enfatizar que tais ajustamentos não
podem violar parâmetros base, nem termos e condições não submetidos à

88
concorrência, nem incluir soluções contidas em proposta de outro concorrente
que foi preterida.

A RECLAMAÇÃO SOBRE A MINUTA DO CONTRATO

Os artigos 100.º a 102.º referem-se ao subprocedimento de aprovação da


minuta do contrato, eventualmente com as alterações resultantes da
reclamação do cocontratante, na qual são identificados expressamente os
ajustamentos ao contrato propostos nos termos do artigo 99.º.

Havendo reclamação, tem o órgão competente para contratar o prazo de 10


dias para responder, valendo o silêncio como rejeição tácita do reclamado.

As reclamações só podem ter por fundamento a previsão de obrigações não


previstas na proposta nem no caderno de encargos ou a recusa dos
ajustamentos propostos, nos termos do artigo 99.º.

Procedendo-se a novos ajustamentos, em função do atendimento da


reclamação, deve-se proceder a nova notificação dos mesmos aos
concorrentes cujas propostas não tenham sido excluídas (artigo 103.º).

A minuta notificada considera-se aprovada pelo cocontratante, mediante


aceitação expressa ou tacitamente, não havendo reclamação no prazo de 5
dias (ou 2, em caso de ajuste direto ou consulta prévia), a contar da data da sua
notificação. - Artigo 101.º

OUTORGA OU NÃO OUTORGA DO CONTRATO – 104.º A 106.º

Sobre a outorga, já atrás fizemos referência à dilação dos 10 dias entre a


notificação da adjudicação e a data da outorga nos procedimentos com
publicação no JOUE.

O contrato não pode ser outorgado, sem que:

- Estejam apresentados todos os documentos de habilitação;

- Depositada e comprovada a caução, quando exigida;

- Confirmados os compromissos, quando necessários.

89
Sendo a outorga presencial, isto é, não sendo eletrónica, a hora, data e local são
marcados pela entidade adjudicante e notificados com a antecedência de cinco
dias ao adjudicatário; sendo eletrónica, a notificação é feita com a antecedência
de 3 dias.

Este artigo 104.º mantém-se sem alteração.

Decorrido o prazo para a outorga, se o adjudicatário a ela não comparecer ou


não remeter o contrato assinado eletronicamente pelas adequadas vias, ou,
sendo um agrupamento, se não se tiver constituído na modalidade prevista no
artigo 54.º/ 4, a adjudicação caduca e o adjudicatário perde a caução
prestada, procedendo-se à adjudicação do contrato ao concorrente
subsequente.

Verificando-se atraso da entidade adjudicante na outorga do contrato no prazo


de 30 dias contados da data da aceitação da minuta ou da decisão sobre a
reclamação (ver n.º 1 do artigo 104.º), o adjudicatário pode:

- Desvincular-se da proposta, tendo direito à liberação da caução e a ser


indemnizado pelos danos contratuais comprovadamente incorridos;

- Exigir judicialmente a celebração do contrato.

Com a revisão, o n.º 5 do artigo 105.º - participação obrigatória ao IMPIC, é


revogado, mais uma vez, porque a matéria sancionatória foi toda remetida
sistematicamente para os artigos 454.º A e seguintes, estando a ausência não
justificada do adjudicatário para outorgar, prevista e punida, como
contraordenação grave, nos termos do artigo 457.º.

Por fim, a respeito da outorga dos contratos, o artigo 106.º estabelece as regras
e exigências de representação das entidades adjudicantes, não tendo sido
alterado, podendo haver procuração e delegação.

DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

90
A encerrar o título II, temos a regulação das competências e a habilitação para
efeitos de delegação, em particular, no artigo 109.º, que não foi alterado e que
apenas exclui a possibilidade de delegação das competências previstas na parte
final do n.º 2 do artigo 69.º - retificação das peças do procedimento, decisão
sobre erros e omissões, decisão de qualificação dos candidatos e decisão de
adjudicação.

91
TÍTULO III
TRAMITAÇÃO PROCEDIMENTAL

Em relação a este assunto, ao qual já se fez aqui algumas referências, quer no


ajuste direto e na consulta prévia, quer na parceria para a inovação, bem como
os principais prazos definidos para a apresentação de propostas ou de
candidaturas e peças dos respetivos procedimentos, farei apenas uma
abordagem muito sucinta, para refletir sobre uma ou outra alteração introduzida
pelo DL 111-B/ 2017, que se afigure merecedora de especial relevo, por ser de
caráter mais substantivo ou inovador.

E dado que já se fez supra a devida referência ao ajuste direto e consulta prévia,
passo desde já para o concurso público

CONCURSO PÚBLICO – ARTIGOS 130.º A 154.º

Poucas alterações e de alcance reduzido.

No artigo 131.º - Anúncio 37 – alterações de formalidades dos anúncios em


função dos anexos V à Diretiva 2014/24 (contratos em geral) e à diretiva 2014/23
(concessões) e do anexo XI à diretiva 2014/25 (setores especiais), quando o
anúncio tenha de ser publicado no JOUE.

No artigo 132.º, Programa – essencialmente, correções de remissões no n.º 1


e correção à referência ao preço anormalmente baixo, visto que desapareceram
os critérios supletivos do CCP anda em vigor.

O n.º 6 é revogado, por afirmar uma regra de prevalência que agora consta do
regime das peças de procedimento – artigo 40.º, n.º 4

ARTIGO 133.º - DISPONIBILIZAÇÃO ELETRÓNICA GRATUITA DAS PEÇAS


DO CONCURSO

É uma alteração importante, porque faz cair a possibilidade de exigência de


um preço pela disponibilização das peças do procedimento.

37
Conferir formulários de anúncios aprovados na portaria 371/2017, de 14 de dezembro
92
É evidente que esta exigência, ainda nos casos em que se pudesse recuperar o
pagamento feito – nos termos do artigo 134.º, agora REVOGADO – constituía
uma restrição à concorrência, um ónus para concorrer, já que, se
correspondesse efetivamente ao preço devido por um serviço prestado, então
não haveria lugar a qualquer devolução.

Era como que uma prova da seriedade de que os interessados passavam a


concorrentes num determinado procedimento – para ir a jogo, neste participando
efetivamente e não tanto para conhecer as propostas dos demais concorrentes.
Simplesmente, com a possibilidade de recuperarem o que prestaram, desde
que apresentassem uma proposta, esse efeito persuasivo resultava menos em
persuasão efetiva e mais em constrangimento real a quem não tinha por vezes
a condições económicas adequadas a suportar de imediato o seu custo, por
vezes, exageradamente elevado.

O n.º 6 é também importante, na medida em que o prazo fixado para a


apresentação das propostas pode ser prorrogado oficiosamente ou a pedido
de interessados, quando as peças do procedimento não tiverem sido
disponibilizadas na plataforma eletrónica, logo a seguir à publicação do
anúncio.

O ARTIGO 139.º - MODELO DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS

Mantém toda a redação em vigor, com exceção ao corpo inicial do artigo, que
tem de se adequar à semântica utilizada na revisão no âmbito dos critérios de
adjudicação.

ARTIGO 146.º - RELATÓRIO PRELIMINAR

A alínea g) do n.º 2 – exclusão de propostas variantes quando apresentadas sem


apresentação da proposta base – já estava prevista, embora numa redação
menos imediata. Não é uma novidade.

O n.º 3 já é uma novidade, uma vez que restringe os efeitos da exclusão


atualmente previstos, no caso de apresentação de propostas variantes,
quando não admitidas, ou em número superior ao admitido (alínea f) do n.º 2) ou
quando se verifica violação do n.º 7 do artigo 59.º - não sendo admitidas

93
propostas variantes, o concorrente só pode apresentar uma proposta (alínea i)
do mesmo número.

Na redação ainda em vigor, em tais hipóteses, a exclusão era total, de todas


as propostas entradas, representando, pois, a exclusão do concorrente.

Agora, o n.º 3 estabelece que não fica excluída a proposta base. Se no caso
da apresentação das propostas variantes (citada alínea f)) esta exclusão se
entende, porque a proposta base está explicitamente identificada, no caso da
alínea i), em que são apresentadas duas propostas base, como
identificamos a que sai? Pela precedência da submissão, sendo a primeira
a apresentar considerada a base e a seguinte ou seguintes consideradas
variantes? Parece esta a única solução. (conferir ainda n.º 7 do artigo 59.º, a
este respeito).

ARTIGO 147.º - AUDIÊNCIA PRÉVIA

Neste caso, o legislador optou – e bem – por eliminar a remissão para a


audiência prévia prevista no ajuste direto – passando a afirmar aqui
expressamente esse direito. Em todo o caso e em substância, não há
alteração.

ARTIGO 149.º - FASE DE NEGOCIAÇÃO DE PROPOSTAS – ÂMBITO

Aplicada como um “enxerto” na tramitação do concurso público38, esta fase de


negociação, até agora reservada à formação de contratos de concessão de
obras ou serviços públicos, passa também a poder ocorrer em contratos de
empreitadas, de valor inferior a € 5.548.000,00 (n.º 3, alínea a) do artigo 474.º)
e aquisições de bens ou serviço e locação, de valor inferior a € 144.000,00
(n.º 3, alínea b) do mesmo artigo).

A ela se aplicam as regras do n.º 1 do artigo 118.º e nos artigos 119.º a 121.º,
em matéria de negociação e apresentação das versões finais integrais das

38
Nas consultas prévias com negociação, esta inicia-se após a apresentação das propostas e
necessariamente, após a decisão sobre a sua admissão ou exclusão, nos termos do n.º 2 do artigo 146.º,
como prescreve o n.º 2 do artigo 118, obrigando a uma primeira audiência prévia, na eventualidade de
haver exclusões de propostas nestes termos, já que não serão admitidas à negociação.
94
propostas, sem prejuízo do estatuído especialmente neste artigo 149.º e
seguintes (conforme previsto no artigo 151.º).

No caso da negociação admitida no concurso público, com a amplitude aqui


referida, a negociação pode restringir-se aos classificados nos primeiros
lugares, devendo o programa definir o número mínimo e máximo das
propostas ou concorrentes a selecionar para a negociação. (150.º).

A não ser definido este parâmetro, à negociação são admitidas todas as


propostas não excluídas (n.º 2 do artigo 149.º), pelo que se exige que, antes
de se passar a esta fase, se promova, em sede de 1.º relatório preliminar, à
audiência prévia de todas as excluídas.

Em qualquer caso, o programa do concurso deve identificar os aspetos de


execução que não são objeto da negociação e se esta decorrerá total ou
parcialmente por via eletrónica.

CONCURSO PÚBLICO URGENTE – ARTIGO 155.º A 161.º

Passou a admitir-se concurso público urgente para a contratação de


empreitadas até 300 mil euros, sendo o critério de adjudicação o mais baixo
preço ou custo.

Regime que não se aplica nos concursos públicos urgentes:

- 50.º - Fase de esclarecimentos e apresentação de erros e omissões;

- 64.º - Prorrogações dos prazos para a apresentação de proposta;

- 67.º a 69.º - Não há lugar à participação de júri;

- 72.º - Não há pedidos de esclarecimento;

- 88.º a 91.º - Prestação de caução;

- 138.º - Publicação das listas de concorrentes após a abertura das propostas;

- 146.º a 152.º - Relatório preliminar, audiência prévia, pronúncia, relatório final


e fase de negociação.

Artigo 160.º, n.º 2 – Revogado. Era um critério de desempate que atendia à


ordem de precedência da entrega das propostas, que agora é considerado
inadmissível nos termos do artigo74.º, no seu n.º 5.
95
Quanto à redução do contrato a escrito, enquanto formalidade também
dispensada neste procedimento, conferir n.º 2, alínea b) do artigo 95.º, já atrás
referido.

CONCURSO PÚBLICO POR PRÉVIA QUALIFICAÇÃO – 162.º a 192.º

Artigo 164.º - Programa do Concurso

A alínea f) só corrige a remissão para o artigo 81.º (hoje só com 2 números e a


portaria 372/2017).

A alínea i) foi revogada- remetia para o anexo IV ao CCP, também revogado,


com a fórmula aritmética para determinação do fator f, necessário ao
apuramento da capacidade financeira.

A alínea q) – alterada na sua redação, em função das alterações introduzidas


aos critérios de avaliação de propostas, em particular, artigo 74.º.

Acrescenta-se:

Alíneas s) – prazo para apresentação dos comprovativos do cumprimento


dos requisitos mínimos financeiros, após decisão de qualificação; e

Alínea u) se se trata ou não de um concurso reservado, com um percentual


afeto, nos termos do artigo 54.º A e 250.º D.

n.º 4- Requisitos mínimos em matéria económica – correção em virtude da


revogação do anexo IV, para o qual este número remetia.

ARTIGO 165.º - REQUISITOS MÍNIMOS

Revogação da alínea e) – Informação constante da base de dados do IMPIC


relativa a empreiteiros, quando esteja em causa um procedimento para a
contratação de empreitada.

Revogação do n.º 2 – que remetia ainda, em matéria de capacidade financeira,


para o Anexo IV revogado.

Revogação do n.º 5 – Pelo menos, por remeter para o fator f, previsto na alínea
i) do n.º 1 do artigo 164.º e anexo IV, ambos revogados.
96
Alteração da redação do n.º 3 – limites para a exigência dos requisitos mínimos
de capacidade financeira, fixados no dobro do valor do contrato, como limite
máximo, salvo em casos devidamente justificados, atendendo à natureza do
contrato, à aptidão estimada dos candidatos para mobilizar os meios financeiros
necessários à boa execução do contrato.

ARTIGO 168.º - DOCUMENTOS DA CANDIDATURA

A alteração da redação deste artigo, remete, como até agora, para o modelo do
Anexo V ao CCP, ou ao Documento Europeu Único de Contratação Pública,
se o procedimento tiver tido publicidade no JOUE.

Esta equivalência é reiterada nos números 1, 2 e 3 do artigo.

ARTIGO 173.º - PRAZOS – VER TABELA

ARTIGO 174.º - PRAZOS - IDEM

ARTIGO 179.º - MODELO SIMPLES DE QUALIFICAÇÃO

N.º 3 – elimina apenas a remissão para o n.º 2 do artigo 165.º, que será
revogado

ARTIGO 184. º - RELATÓRIO PRELIMINAR DA FASE DE QUALIFICAÇÃO

Exclusão de candidaturas:

N.º 2, alínea e) – Uma vez mais, estabelecida aqui a equiparação e importância


do Documento Europeu Único da Contratação Pública – comparar a redação da
alínea d) deste número 2 com a alínea l) do mesmo número. Por prudência, deve
entender-se que, também para a alínea l) e no que respeita à exclusão da
candidatura com fundamento em não preenchimento dos mínimos exigidos na
capacidade financeira, o programa deve expressamente prever este
sancionamento da candidatura, já que parece existir uma notória contradição
entre a redação destas alíneas.

97
ARTIGO 187.º - DEVER DE QUALIFICAÇÃO

Aqui, o legislador da revisão resolveu acrescentar mais substância a um regime


de apenas dois números.

O n.º 1 corresponde ao atual n.º 1 – dever de qualificação no prazo máximo


de 44 dias – salvo se o programa tiver fixado um prazo maior - após o termo do
prazo fixado para a apresentação de candidaturas, com envio do relatório final
da fase de qualificação e respetivos fundamentos, notificado nesse prazo a
todos os candidatos.

Nessa notificação e apenas para os candidatos qualificados (a lei é omissa nesta


restrição, mas afigura-se que é a única interpretação lógica), concede-se o
prazo mínimo de 5 dias para apresentar os documentos comprovativos do
preenchimento dos requisitos técnicos e económicos mínimos para a
qualificação, se tais requisitos tiverem sido apenas declarados, como acontece
com o Documento Europeu Único da Contratação Pública.

Nesse mesmo prazo, devem os candidatos qualificados confirmar os


compromissos assumidos por terceiros nas suas candidaturas, para
preenchimento dos requisitos técnicos, sobretudo (poderão ser financeiros?)
exigidos.

Se não forem apresentados atempadamente os documentos atrás referidos ou


se não for demonstrado o cumprimento dos requisitos mínimos de capacidade
técnica e financeira exigidos no programa, a decisão de qualificação caduca,
havendo, previamente, lugar à audiência prévia do visado.

Os candidatos qualificados que passam à fase da apresentação de proposta


fazem-no em condições de igualdade relativa.

ARTIGO 188.º - NOTIFICAÇÃO DA DECISÃO DE QUALIFICAÇÃO

Sem alterações de substância

ARTIGO 189.º - FASE DE APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS – CONVITE

98
N.º 2, alínea e) – “Se é admissível ou não a apresentação de propostas
variantes…” Como já discorrido em relação ao programa – peças de
procedimento – e convite, o legislador afasta o regime supletivo, válido no
silêncio, de que não são admitidas propostas variantes. Ele agora pretende que
a entidade adjudicante tome posição expressa a esse respeito e que diga qual
o número máximo de propostas variantes admitidas.

Idem, alínea i) – eliminação da remissão para o n.º 3 do artigo 89.º - o que se


trata de correção de uma remissão incorretamente feita.

Revogação da alínea j) – o caderno de encargos tem de ser disponibilizado na


plataforma eletrónica.

Introdução de uma nova alínea k – para ser indicado o prazo limite para
pedidos de esclarecimento e apresentação de erros e omissões e suas
respostas, quando tal prazo for superior ao do artigo 50.º.

Artigos 190.º e 191.º - Prazos para apresentação das propostas, consoante o


procedimento tenha tido publicidade no JOUE ou não – ver tabela.

PROCEDIMENTO POR NEGOCIAÇÃO – ARTIGOS 193.º A 203.º

SEM ALTERAÇÃO

DIÁLOGO CONCORRENCIAL – ARTIGOS 204.º A 218.º

Uma única alteração, no artigo 206.º, n.ºs 3 e 4 – O critério de adjudicação


unicamente admissível neste procedimento é o da proposta economicamente
mais vantajosa, diz a redação ainda em vigor, nos termos da alínea a) do n.º 1
do artigo 74.º, mercê das alterações sofridas nesse artigo. Mas não há, de facto,
uma alteração substancial.

O n.º 4, também alterado, não tem um regime muito diferente do que está em
vigor, com correção, aliás dispensável, em função da alteração atrás referida.

99
O que este n.º 4 prescreve é que, sabendo-se quais os fatores e subfactores a
considerar na avaliação das propostas, por se tratar de um objeto de contrato
que se vai constituindo num processo de negociação e consulta, na
elaboração do programa, podemos ainda não ter condições de densificar o peso
relativo desses fatores e subfactores, num completo modelo de avaliação de
propostas, podendo assim apresentá-los no programa, apenas pela ordem
decrescente da sua importância.

PARCERIA PARA A INOVAÇÃO – NOVIDADE – ARTIGOS 218.º A


218.º D
Já abordado

CONCURSO DE CONCEÇÃO – ARTIGOS 219.º A 236.º

Muitas alterações, com a introdução dos artigos 219.º-A a 219.º-J


Revogação dos artigos 219.º a 236.º

O 219.ºA define o âmbito e as modalidades deste procedimento, que se


circunscreve à apresentação de trabalhos de conceção, ao nível do programa
base ou similar, nos domínios artístico, ordenamento do território, urbanismo,
arquitetura, engenharia ou processamento de dados.

O n.º 2 estabelece um caso singular de obrigatoriedade de adoção do


procedimento de conceção. A modalidade regra é o concurso público,
podendo ser precedido de concurso limitado por prévia qualificação para
seleção dos candidatos (mas isso não põe em causa a regra do anonimato?); a
exceção é o concurso de conceção simplificado, quando o valor dos prémios
a atribuir acrescidos dos valores inerentes ao subsequente ajuste direto nos
termos do artigo 27.º, n.º 1 g), se a este houver lugar, for igual ou inferior a 75
mil euros.

O 219.º-B estabelece as disposições gerais – cada concorrente pode


apresentar vários trabalhos, valendo cada um como uma candidatura autónoma,
a não ser que os termos de referência disponham em contrário; prevalece a regra
do anonimato até à elaboração do relatório final; o procedimento decorre em
plataforma eletrónica, podendo certos elementos ser entregues por correio

100
registado ou presencialmente, mas de modo a garantir o anonimato, sob pena
de exclusão da candidatura.

O 219.º- C rege sobre a publicidade, no JOUE ou no DR, neste caso, segundo


modelo em vigor. O concurso de conceção simplificado é unicamente
publicitado de forma adequada à sua plena difusão e obrigatoriamente, no
site da entidade adjudicante.

O 219.º- D rege os Termos de Referência, que, neste procedimento, substituem


o Programa do Concurso, devendo nesses termos indicar, entre outros aspetos,
o objeto do concurso, o critério de seleção das candidaturas, o montante dos
prémios a atribuir, o número de trabalhos a selecionar, se há ou não lugar a
ajuste direto ou consulta prévia, nos termos do artigo 27.º/1 g) e, em caso
afirmativo, fazendo acompanhar os Termos de Caderno de Encargos do
procedimento de ajuste direto ou consulta prévia em questão.

O 219.º E rege sobre a composição do júri e é mais exigente do que nos


procedimentos normais, tendo as deliberações deste sobre a ordenação e
exclusão de candidaturas, quando fundada em inobservância da descrição
dos trabalhos a apresentar definida nos Termos de Referência, caráter
vinculativo para a entidade adjudicante e não podendo, em caso algum, ser
alteradas, depois de conhecida a identidade dos concorrentes.

O artigo 219.º F desenvolve as garantias de anonimato, só podendo ser


conhecidos os seus autores pelo júri depois de ter procedido à seleção dos
trabalhos, em função do modelo de avaliação definido nos Termos de
Referência.

Nos termos do 219.º G e depois de conhecida a identidade dos concorrentes, se


os Termos de Referência assim o preverem expressamente, pode haver lugar a
uma fase de pedidos de esclarecimento e de demonstrações dos trabalhos
de conceção propostos, para aferir da sua exequibilidade, podendo, de tais
diligências, resultar nova ordenação dos concorrentes, em novo relatório final.

Os artigos 219.º G e 219.º H dispõem sobre as formalidades do concurso limitado


de conceção por prévia qualificação e do concurso simplificado.

Seguindo-se a modalidade do concurso limitado por prévia qualificação, fica


claro que, pelo menos, a identificação dos concorrentes excluídos, ainda que
sem o relacionamento com os trabalhos de conceção que apresentarão, fica de
imediato conhecida. Assim, a regra do anonimato neste caso deve ser
entendida no relacionamento entre concorrente e trabalho.
101
O artigo 219.º I estabelece as formalidades finais – decisão, atribuição de
prémios, notificação a todos os candidatos em simultâneo, comprovativo das
qualificações profissionais exigidas pelos Termos de Referência, sendo o caso,
com a possibilidade de caducidade da seleção para o concorrente que não
proceder a essa entrega, sendo selecionado o trabalho ordenado em lugar
subsequente – o que pode dar asneira, obviamente.

O 219.º J trata autonomamente do Concurso de Ideias, introduzindo as


adaptações que considera pertinentes, mas mandando aplicar as normas
anteriores.

SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO – ARTIGOS 237.º A 244.º

Os artigos 239.º e 241.º a 244.º são revogados.

O artigo 237.º é alterado nos seguintes termos:

N.º 1. Admite a adoção deste procedimento para empreitadas de


complexidade técnica reduzida, exigindo que, para todo o tipo de contratos a
celebrar, as caraterísticas e modos de execução estejam genericamente
disponíveis no mercado e estas satisfaçam as respetivas necessidades.

N.º 2. O sistema é totalmente eletrónico, admitindo a apresentação de


candidaturas durante todo o período da sua vigência e é inteiramente
gratuito.

N.º 3. O procedimento segue as regras, devidamente adaptadas, do concurso


limitado por prévia qualificação.

N.º 4 – Estabelece as regras do procedimento com publicação nacional (para


valores totais das aquisições pretendidas inferiores a 135 mil ou 209 mil euros,
consoante a natureza das entidades adjudicantes), devendo ser de publicação
no JOUE para esses valores ou superiores.

N.º 5 – Pode ser instituído por centrais de compras para as entidades nestas
abrangidas.

N.º 6 – Não pode falsear as regras da concorrência (e seria necessário dizê-lo?)

102
N.º 7 – As entidades adjudicantes não são obrigadas a celebrar contratos ao
abrigo destes sistemas, salvo se tal obrigação resultar do caderno de
encargos.

ARTIGO 238.º FASES DO SISTEMA

A instituição faz-se por mera publicação nos termos antecedentes.

Fase de candidatura e qualificação de candidatos – nos termos do concurso


limitado por prévia qualificação, mas podendo ser apresentadas candidaturas
durante toda a vigência do sistema.

Apresentação de propostas e análise das mesmas

Artigo 239.º - Revogado

ARTIGO 240.º - PEÇAS DO PROCEDIMENTO

Programa do concurso, nos termos do artigo 164.º, acrescendo as seguintes


informações: duração do sistema, que não pode ser superior a 4 anos, salvo
excecionalmente e com a devida fundamentação; fixação do prazo para
apresentação de candidaturas; fornecimento de todas as informações para
acesso ao sistema, designadamente, equipamento eletrónico utilizado,
modalidades e aspetos técnicos de ligação ao sistema;

O programa deve ainda indicar as regras para a fase de apresentação de


propostas, critério de adjudicação e adjudicação, sem necessidade de
apresentar um modelo de avaliação de propostas fechado.

ARTIGO 241.º A – PARTICIPAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

As candidaturas são analisadas num prazo de 10 dias, prorrogáveis por mais


5, nas situações mais complexas ou se necessário apreciar documentação
adicionalmente solicitada, podendo estender-se este prazo, desde que não
sejam enviados convites ao abrigo do sistema durante esse prazo.

103
ARTIGO 241.º B – CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS

Enfatizar – possibilidade de adjudicação em lotes, se o sistema estiver


assim estruturado.

O prazo para apresentação de propostas não pode ser inferior a 10 dias

No convite, apresenta-se já um modelo de avaliação – a não ser que o critério


seja o preço

Referência ao valor e modo de prestação da caução, se exigível.

ARTIGO 241.º C – LEILÃO E CATÁLOGOS ELETRÓNICOS

Possibilidade de uma fase de leilão eletrónico, nos termos adaptados dos artigos
140.º a 145.º

Possibilidade de utilização de catálogos eletrónicos, nos termos previstos no


anexo XIV do CCP.

ARTIGO 241.º D – ATUALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS QUALIFICADOS

Durante a vigência do sistema e a qualquer momento, a entidade adjudicante


pode exigir aos candidatos admitidos a apresentação, no prazo de 5 dias, da
atualização do Documento Europeu Único de Contratação Pública, se o mesmo
tiver sido apresentado na fase de instituição do sistema.

SISTEMAS DE QUALIFICAÇÃO – ARTIGO 245.º A 250.º -

RESTRITO AOS SETORES ESPECIAIS

Única alteração: n.ºs 4 e 5 do artigo 245.º - Regras de publicação – JOUE –


modelo anexo VII ao Regulamento de Execução EU 2015/1986 da Comissão, de
11 de novembro de 2015, aplicando-se, com as devidas adaptações, os n.ºs 5 a
104
7 do artigo 131.º - simultaneidade do envio dos anúncios, juntando-se ao
processo da instituição do sistema comprovativo da publicação no JOUE.

SERVIÇOS SOCIAIS E OUTROS SERVIÇOS ESPECÍFICOS – ARTIGO


250.º-A A 250.º-D

Estes serviços sociais são os também previstos no artigo 6.ºA e no anexo IX ao


CCP, com a diferença de que, até ao limiar de valor de 750 mil euros inclusive
(1 milhão para os setores especiais – ver n.º 4 do artigo 474.º), os contratos
para este tipo de objeto não estão sujeitos à parte II do Código.
Ultrapassando esse valor, ficam sujeitos a estes cinco artigos, sendo os
respetivos procedimentos obrigatoriamente publicitados no JOUE,
independentemente de o serem também no DR.

A publicidade deste tipo de contratação, em atenção ao objeto respetivo, pode


ser feita através do anúncio de pré-informação – do artigo 34.º, n.º 3 – que
contenha as informações exigíveis no anúncio normal e esclareça que os
procedimentos contratuais anunciados não estão sujeitos a nova publicação,
pelo que os interessados podem de imediato manifestar-se por escrito; ou
através de anúncio normal para cada procedimento, nos termos do Regulamento
de execução EU 2015/1986.

As adjudicações são divulgadas sensivelmente do mesmo modo, podendo, no


entanto, ser agrupadas por trimestres – conferir n.º2 e 3 do artigo 250.ºB.

A lei prevê uma grande autonomia para a escolha de procedimentos para este
tipo de contratos (ver n.º 1 do artigo 250.ºC) e para o conteúdo das respetivas
peças, no respeito pelos princípios gerais da contratação pública, podendo
afastar ou incluir qualquer regra ou formalidade, desde que tal se afigure
necessário para os objetivos definidos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo
250.ºC e sendo o critério de adjudicação o da proposta economicamente
mais vantajosa, na modalidade melhor relação qualidade preço.

Na avaliação qualitativa da proposta poderão intervir fatores e subfactores


relacionados com a sustentabilidade dos serviços, a qualidade e humanidade
dos serviços a prestar, os indicadores de impacto social, entre outros.

105
O artigo 250.º D permite que se reserve certos tipos de contratos, cujos objetos,
sendo de saúde, serviços sociais, serviços de ensino ou culturais, se encontrem
incluídos no anexo X do CCP.

Essa reserva pode ser feita em benefício de quaisquer organizações que


tenham por objeto a realização de um serviço público conexo com o que for
objeto do contrato a celebrar, visam o reinvestimento dos lucros no reforço
da prossecução do objeto social ou, se os distribuem ou redistribuem,
fazem-no com base em critérios de natureza participativa (cooperativas?),
os seus trabalhadores participam no seu capital social ou a sua estrutura de
gestão tem por base a gestão participada com o envolvimento ativo dos
trabalhadores, utilizadores ou partes interessadas e, durante 3 anos, não tenha
celebrado com a mesma entidade adjudicante, contrato abrangido por este
secção.

Estes contratos podem ter uma vigência até três anos.

As empresas sociais são aquelas que se dedicam à produção de bens e serviços


com forte componente de empreendedorismo social ou de inovação social, que
promovam a integração no mercado de trabalho, desenvolvendo programas de
investigação, inovação e desenvolvimento social nas áreas dos serviços
previstos no anexo X ao CCP.

ACORDOS-QUADRO – AR
TIGOS 251.º A 259.º

O artigo 251.º, com a definição do acordo-quadro mantém-se com a mesma


redação.

É acordo-quadro o contrato celebrado entre uma ou mais entidades adjudicantes


e um ou mais operadores económicos, que tem por objetivo disciplinar relações
contratuais a estabelecer no futuro, ao longo de um determinado período de
tempo, segundo a fixação antecipada dos respetivos termos contratuais.

Estes acordos apresentam as seguintes modalidade:

(1) Se estão previstas no seu clausulado e de forma suficiente


especificada todos os aspetos da execução dos contratos a celebrar
ao seu abrigo – podendo ser celebrados com uma ou mais operadores
106
económicos (nova redação, que alarga a possibilidade de celebração com
mais do que uma entidade -por exemplo, em caso de adjudicação de
lotes);
(2) Se os mesmos referidos aspetos não estão previstos com essa
especificidade, carecendo em fases procedimentais subsequentes
dessa concretização – podendo igualmente ser celebrados com um ou
mais do que um operador económico

Estas duas alíneas foram alteradas na sua redação.

O n.º 2 mantém-se – sem necessidade disso, porquanto o princípio da


concorrência aí salvaguardado enforma e inspira todo o CCP. É, por isso, uma
reiteração ou uma redundância, conforme as interpretações.

Introduz-se um n.º 3, que vem complicar um pouco o procedimento:

O caderno de encargos deve indicar as regras para os procedimentos a realizar


no seu âmbito, quando sejam dirigidos a mais do que uma entidade [e até aqui
tudo bem], incluindo os critérios objetivos que permitem selecionar, entre os
contratantes do acordo quadro, aqueles que serão convidados num dado
procedimento.

E esta é uma regra que distingue, por exemplo, este procedimento do concurso
limitado por prévia qualificação ou sistema de qualificação (se excluirmos a
diferença estrutural óbvia, por não existir aqui um faseamento candidatura-
proposta), ali, selecionando entidades na fase de qualificação, aqui,
selecionando na 1.ª fase, condições base de negócio.

Ali, sendo obrigatório convidar todas as entidades qualificadas39, aqui, ao que


parece, podendo-se convidar, de entre os cocontratantes do acordo quadro, os
que se pretende convidar, ainda que de acordo com os critérios objetivos
contidos no caderno de encargos.

Insistindo nas diferenças, ali (concurso limitado por prévia qualificação e


sistemas de qualificação) e em princípio, adquirindo os qualificados um
direito a participar na fase subsequente do procedimento, com o convite
para apresentar propostas, aqui, ficando o cocontratante apenas com uma

39
Sem esquecer que, no concurso limitado por prévia qualificação, o programa pode limitar o número das
candidaturas a qualificar, de entre aquelas que reúnem as condições exigidas de qualificação, preferindo
as que tenham ficado classificadas nos primeiros lugares.
107
expectativa de que possa ser convidado – veremos no artigo 256.º A que esta
posição e expectativa, no pós-revisão fica ainda mais fragilizada.

O n.º 1 do artigo 253.º, que se mantém, é um absurdo de redação jurídica, uma


vez que enuncia títulos e capítulos da parte II que se aplica aos acordos-quadro,
deixando de fora apenas um capítulo do título II, constituído por dois artigos, o
34.º e o 35.º (anúncio de informação prévia e afins).

O n.º 2 mantém a regra da determinação do valor relevante para a escolha do


procedimento a seguir, em função do somatório dos preços contratuais que
se vão concretizando – ou seja, fixa-se inicialmente o procedimento e sabe-se
que as referidas contratações vão até ao valor correspondente – mas remete
agora para os limites definidos no artigo 474.º. Caso se siga o procedimento
de publicitação no JOUE, não há limite de valor para o somatório dos contratos
a celebrar ao abrigo do acordo-quadro.

O n.º 3 basicamente mantém o regime em matéria de alvará, para efeitos de


habilitação, não importando as respetivas classes.

O n.º 4 estabelece que o programa do procedimento de formação do acordo-


quadro deve indicar o número de propostas a adjudicar, para outorga deste
acordo. Esse número só poderá ser inferior a 3 se o número de propostas
apresentadas e não excluídas for ele próprio inferior a 3.

O n.º 5, agora revogado, foi condensado com o anterior n.º 4 no número 4 atual.

O artigo 254.º - possibilidade de ser exigida caução para garantir a obrigação


de celebrar contratos nos termos vinculados no acordo-quadro (conferir art.
255.º, no seu n. 1) mantém-se, bem como este mesmo artigo 255.º - obrigação
de celebrar contratos ao abrigo do acordo-quadro, que, como vimos, só vincula
o cocontratante.

Quanto ao artigo 256.º - Prazo máximo da vigência do acordo-quadro -,


mantém-se o prazo máximo de 4 anos, diretamente fixado ou com base em
eventuais prorrogações, salvo nas situações excecionais e devidamente
fundamentadas a que alude o n.º 2 do artigo 252.º, e acrescenta-se um novo
número 4, para estipular que a extinção do acordo-quadro não tem qualquer
efeito sobre os procedimentos já iniciados ao abrigo do mesmo – e, muito
menos, dos contratos celebrados nas mesmas condições, o que nem sequer
seria necessário o legislador estabelecer expressamente.

108
A revisão acrescenta um artigo 256.º-A e, efetivamente, a novidade trazida
a este tipo de contratação pela revisão, concentra-se neste artigo.

Estabelece ele que as entidades adjudicantes abrangidas num acordo-quadro


ficam dispensadas da sua vinculação ao mesmo, desde que demonstrem que
uma determinada aquisição, locação ou contratação naquele abrangida ficará
mais barata, por unidade de medida, em, pelo menos, 10% se feita fora do
acordo-quadro, mantendo-se as mesmas caraterísticas e exigências de
qualidade, nas condições seguintes:

a) O preço a considerar por unidade de medida é o da última aquisição nos


acordos-quadro na modalidade da alínea b) do n.º 1 do artigo 252, ou seja,
quando não estejam suficientemente especificados todos os aspetos dos
contratos a celebrar;

b) E corresponde ao mais baixo preço indicado nos procedimentos de


aquisição ao seu abrigo na modalidade da alínea a) do n.º 1 do mesmo artigo –
aquela em que esses aspetos se encontram suficientemente especificados.

C1) Essa demonstração é feita com base em fatura pró-forma ou documento


equivalente e declaração da entidade convidada de que o bem ou serviço a
contratar tem as mesmas caraterísticas e nível de qualidade que os do acordo-
quadro, no caso de aquisição de bens e serviços, cujo preço contratual seja
inferior a € 5.000,00;

C2) Ou mediante declaração da entidade convidada de aceitação do


respetivo caderno de encargos do acordo-quadro, conforme anexo I ao CCP
e documento que contenha uma versão simplificada dos atributos da proposta,
incluindo os aspetos em que a entidade adjudicante quer que a entidade
convidada expressamente se vincule, nos contratos de aquisição de bens ou
serviços ou locação, de valor igual ou superior a € 5.000,00 e inferior a 144
mil euros ou 221 mil euros, consoante a natureza da entidade adjudicante;

C3) Ou, finalmente, nos casos em que tal valor seja igual ou superior ao atrás
referido, mediante declaração da entidade convidada de aceitação do
conteúdo do caderno de encargos do acordo-quadro (e, imagina-se, porque
o legislador, certamente por lapso, não o referiu expressamente, tornando esta
formalidade menos exigente do que a anterior, o que não se pode conceber nem
aceitar, documento que contenha uma versão detalhada dos atributos da
proposta e dos aspetos em que a entidade adjudicante pretende que a entidade
convidada se obrigue expressamente).

109
Nos casos atrás referidos na alínea a), o despacho de adjudicação pode ser
dado, como nos ajustes diretos simplificados, sobre a fatura pró-forma ou
equivalente;

Nos casos da alínea b), promove-se o competente procedimento contratual


em função do valor, conforme previsto na parte II do CCP (ajuste direto,
consulta prévia ou concurso público)

Nos casos das alíneas C), concurso público de publicidade nacional ou


comunitária, em função do valor.

Nos acordos quadro em que, no procedimento subsequente, esteja em causa


apenas o valor – 1.ª modalidade de acordo quadro – a decisão de contratar é
tomada em simultâneo com o envio do convite às entidades a convidar à
apresentação de proposta e a apresentação das declarações atrás referidas
permitem à entidade adjudicante demonstrar que se encontram preenchidos
os requisitos exigidos no n.º 1 do artigo 256.ºA.

As entidades cocontratantes inscritas no acordo-quadro não podem


apresentar as declarações atrás referidas o que constitui aliás infração
contraordenacional – artigo 458º, alínea d)

O artigo 257.º - Regras gerais para a celebração de contratos ao abrigo do


acordo-quadro – sofreu também algumas alterações.

À luz do n.º 1, só podem apresentar propostas ao abrigo do acordo-quadro


entidades que nele estejam inscritas.

Já nada obsta que se sucedam novas adesões de entidades adjudicantes,


desde que o programa ou convite do procedimento da sua instituição o preveja
expressamente, identificando de forma suficiente, por recurso a categorias
gerais ou referências geográficas, as entidades adjudicantes que poderão
aderir.

Nos contratos a celebrar ao abrigo do acordo-quadro, a entidade adjudicante


pode definir o respetivo objeto contratual combinando prestações de
diferentes tipos, desde que disponíveis no catálogo eletrónico, nos termos do
anexo XIV ao CCP.

As condições definidas nos procedimentos a lançar ao abrigo do acordo-quadro


não podem ser substancialmente divergentes das previstas naquele, mas
tal não obsta, desde que o respetivo programa ou convite para o procedimento
da sua instituição o prevejam, que se promova a atualização das caraterísticas
110
dos bens ou serviços a adquirir, modificando-os ou substituindo-os por outros,
desde que tal se justifique em função das inovações tecnológicas observadas
e que o tipo de prestação e os objetivos das especificações fixadas no
procedimento do acordo-quadro se mantenham.

Os novos n.ºs 7 a 9 deste artigo, bem como as mudanças operadas nos números
anteriores, parecem contribuir para tornar o procedimento de contratação por
acordo-quadro um instrumento dinâmico, moderno e de constante interação
entre a entidade adjudicante e os operadores económicos inscritos.

Assim, as entidades adjudicantes podem disponibilizar um sistema eletrónico


de apresentação e disponibilização dos documentos de habilitação, no
qual, os cocontratantes poderão proceder à respetiva apresentação e
atualização, bem como à consulta da sua situação ou estado.

Existindo esse sistema, a sua utilização pelos cocontratantes é obrigatória,


permitindo dispensar a apresentação desses documentos de habilitação em
cada procedimento de contrato lançado dentro do acordo-quadro.

Se o cocontratante não atualizar esses documentos, tendo os mesmos ou algum


deles caducado, fica suspenso do acordo-quadro até que o faça, não sendo
convidado a apresentar proposta durante essa suspensão.

Por fim, no procedimento de contratação por consulta prévia dentro do acordo-


quadro, as entidades adjudicantes não estão sujeitas à indicação do
número mínimo de entidades a convidar, nos termos previstos no artigo 114.º,
desde que no caderno de encargos do procedimento que institui o acordo-
quadro, tal dispensa esteja prevista (conferir n.º 2 do artigo 259.º).

O artigo 258.º - celebração de contratos ao abrigo do acordo-quadro cujos


termos abranjam todos os aspetos submetidos à concorrência (1.ª
modalidade) – foi também objeto de completa revisão do texto ainda em vigor.

O n.º 1, que prescreve a adoção do ajuste direto, com convite a uma única
entidade – pois doravante será este o conceito do ajuste direto – a alteração
traduz-se na mera eliminação da expressão “celebrados”. Não há reabertura da
concorrência, sendo o adjudicatário escolhido de acordo com os critérios
estabelecidos no caderno de encargos da instituição do acordo-quadro, no
caso de haver mais do que um cocontratante registado.

111
Dado que este caderno de encargos é exaustivo, quanto às condições
contratuais a estabelecer, não é necessário elaborar um caderno de
encargos para o procedimento de contratação ao abrigo do acordo quadro.

Sem prejuízo disso, pode a entidade adjudicante considerar necessário pedir ao


cocontratante a pormenorização dos aspetos constantes da proposta.

O artigo 259.º regula os contratos a celebrar no âmbito do acordo-quadro


cujos cadernos de encargos não especifiquem suficientemente todos os
aspetos submetidos à concorrência (2.ª modalidade)

Neste caso, segue-se o procedimento da consulta prévia, devendo o caderno


de encargos do acordo-quadro definir as regras que presidirão à seleção dos
cocontratantes a convidar em cada procedimento.

O critério de adjudicação deste procedimento pode ser unicamente o do preço


ou do custo.

Nesse caso, e desde que a aquisição seja feita pelos sistemas de informação
disponibilizadas pela própria entidade adjudicante, são dispensadas quaisquer
outras formalidades, como o relatório preliminar, audiência prévia e
relatório final.

Porém, se o critério de adjudicação for o da proposta economicamente mais


vantajosa na relação qualidade preço, essas formalidades não são
dispensadas.

Nestas circunstâncias, o caderno de encargos do procedimento ao abrigo do


acordo quadro deve ser acompanhado de um modelo de avaliação de
proposta, com os respetivos fatores e subfactores e sua ponderação para a
pontuação final.

Em qualquer dos casos, o convite deve exigir que as propostas dos


cocontratantes convidados concretizem, desenvolvam ou complementem
o respetivo objeto das propostas, devendo também pronunciar-se sobre os
aspetos da execução do contrato expostos à concorrência – atributos das
propostas.

Ainda assim, não é elaborado novo caderno de encargos de onde se extrai


que o único caderno de encargos relevante é sempre o da instituição do
próprio acordo-quadro.

112
O convite pode ainda prever a realização do leilão eletrónico.

CENTRAIS DE COMPRAS – ARTIGOS 260.º A 266º-A

Artigo 260.º - a novidade introduzida na revisão do CCP é a possibilidade das


entidades adjudicantes nacionais poderem recorrer a condições mais
vantajosas oferecidas por centrais de compras de outros Estados da União
Europeia, regendo-se os respetivos contratos pelas disposições nacionais
desses Estados.

Nos termos do n.º 3 do artigo 260.º, as centrais de compras regem-se, no que


respeita à sua constituição, estrutura orgânica e funcionamento, pelo DL
200/2008, de 9 de outubro.

Este diploma considera como centrais de compras os sistemas de negociação


e contratualização centralizados, destinados à aquisição de conjuntos
padronizados de bens ou serviços ou execução de empreitadas públicas,
em benefício das entidades adjudicantes, assumindo, por estas, a natureza
de entidade adjudicante.

O DL 37/2007, de 19 de fevereiro, criou o Sistema Nacional de Compras


Públicas e a Lei 117-A/2012, de 14 de junho, extinguiu a Agência Nacional de
Compras Públicas, que geria aquele Sistema, criando para lhe suceder a
Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, a ESPAP IP,
que ainda se mantém como entidade gestora do Sistema Nacional das Compras
Públicas, enquanto entidade empresarial.

Os serviços da administração direta do Estado e os institutos públicos são


entidades vinculadas do Sistema Nacional de Compras Públicas, podendo
as entidades da administração autónoma e do setor empresarial público aderir
ao Sistema, como entidades compradoras voluntárias, mediante a celebração
gratuita de contrato de adesão com a ESPAP.

No seu site, a ESPAP disponibiliza catálogos eletrónicos de compras públicas,


que pode ser acedido através de prévio registo e login.

O artigo 261.º CCP – Principais atividades das centrais de compras – foi


alterado com a inclusão das alíneas d) a f) e com a revogação do n.º 3.

113
Assim, a par das finalidades de adjudicação de propostas de empreitadas, bens
e serviços, a pedido e em representação das entidades adjudicantes, da locação
ou aquisição de bens móveis e de serviços, para efeitos de agrupamento de
encomendas, beneficiando dos efeitos económicos de escala e da celebração
de acordos-quadro, que tomam a designação de contratos públicos de
aprovisionamento, para futuras contratações, este artigo prevê agora
também a instituição de sistemas dinâmicos para utilização das entidades
adjudicantes abrangidas, catálogos eletrónicos e adjudicação de contratos
públicos de prestações de serviços auxiliares de aquisições, em apoio às
atividades de aquisição.

No âmbito da sua atividade, como entidades adjudicantes que são em


representação das vinculadas ou das aderentes voluntárias, as centrais de
compras obedecem às regras do CCP, designadamente, às da parte II.

No caso concreto dos contratos públicos de aprovisionamento, serão


adotados pelas centrais de compras os procedimentos de concurso público
ou concurso limitado por prévia qualificação, com anúncio no JOUE – artigo
265.º.

ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS – TÍTULO VI-A ARTIGOS 266.º-


A A 266.º-C

Qualquer forma de transmissão temporária ou definitiva da propriedade ou


do gozo de bens móveis, incluindo a locação.

Não abrangendo:

Bens do património financeiro do Estado;

Bens culturais que integram o património cultural

Bens abrangidos pelo Regulamento das Alfândegas

Bens afetos às Forças Armadas de natureza militar

Veículos automóveis e motociclos.

114
Os bens abrangidos, quando desnecessários para o exercício das competências
da entidade adjudicante proprietária, são disponibilizados a outros serviços,
com vista à sua afetação ou alienação, por anúncio no portal dos contratos
públicos, por um período não inferior a 5 dias.

Havendo mais do que um interessado, a lei não estabelece como proceder à


respetiva seleção.

Não havendo manifestação de interesse ou sendo esta considerada


desadequada, pode evoluir-se da disponibilização para a alienação.

Esta processa-se de acordo com o artigo 266.º-C, através de uma prévia


avaliação nos termos do artigo 66.º do CPA, por outra entidade ou serviço
público, ao abrigo do dever de auxílio administrativo.

De seguida, procede-se a uma hasta pública, com publicação de anúncio no


DR, mencionando os trâmites e condições, designadamente, com a base de
licitação definida pela entidade adjudicante.

A alienação pode fazer-se diretamente, desde que com outra entidade


adjudicante, se o valor dos bens a alienar for inferior a 30.000€ ou quando for
possível recorrer a ajuste direto (por critérios materiais), designadamente, por
causa de deserção de anterior hasta pública.

A alienação pode ser efetuada a título gratuito, pelos dirigentes máximos do


serviço, devendo, quando a entidade adjudicante em causa pertencer à
administração direta ou indireta do Estado, ser pedido parecer prévio à DG do
Tesouro e Finanças e se este for favorável. Este parecer prévio pode ser
dispensado se a entidade adjudicante for uma das previstas no n.º 1 do artigo
2.º e a adquirente uma IPSS ou uma pessoa coletiva de utilidade pública
administrativa.

Sendo feita a alienação onerosa, no caso da alienante ser uma entidade


adjudicante da administração direta do Estado, apenas 25% constituirá
receita dessa entidade, sendo o restante devido aos cofres do Estado, após
descontados os encargos da alienação.

Na eventualidade de estarem em causa bens culturais não abrangidos


na alínea b) do n.º 3 do artigo 266.º-A, (obras de arte, objetos de
interesse histórico, coleções e antiguidades) a disponibilização dos bens deve
ser comunicada previamente ao serviço competente da área da cultura.

115
TÍTULO VII
GARANTIAS ADMINISTRATIVAS – ARTIGOS 267.º A 274.º

Apenas se altera o n.º 2 do artigo 267.º, para se preceituar que os prazos


previstos no presente artigo se contam nos termos do CPA, artigo 87.º, não lhe
sendo aplicável, em caso algum, o disposto no artigo 88.º do mesmo Código.

Trata-se, pois, de uma atualização da remissão da redação em vigor, atentas as


alterações introduzidas ao CPA, pelo DL 4/2015 – contagem em dias úteis sem
dilação.

No mais, mantém-se o regime das garantias administrativas definido no CCP em


vigor, sem qualquer alteração.

TÍTULO VIII – EXTENSÃO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO –


ARTIGO 275.º A 277.º

Nos termos do artigo 275.º, esta extensão aplica a parte II do CCP a entidades
não adjudicantes nos termos da Parte I.

As entidades que ficam assim abrangidas pela Parte II são as seguintes:

1.º - As que pretendam celebrar contratos de empreitada que sejam subsidiados


em mais de 50 % do preço contratual por entidade adjudicante, desde que o
preço contratual seja igual ou superior a € 5.548.000,00 e envolvam uma das
seguintes atividades:

a) Atividades de construção civil enumeradas no anexo XI ao CCP (a


generalidade das atividades classificadas como de construção civil);

b) Obras de construção de hospitais, instalações desportivas, recreativas e de


ocupação de tempos livres, estabelecimentos escolares e universitários e
edifícios para uso administrativo.

2.º - As que pretendam celebrar contratos de serviços, também subsidiados


diretamente em mais de 50% do preço contratual por entidade adjudicante,
desde que o preço contratual seja igual ou superior a 221 mil euros.

Esta entidades financiadoras são responsáveis pela verificação do


cumprimento das normas de contratação pública.

116
No caso do financiamento em causa ser integralmente reembolsável, o
disposto atrás não se aplica, mas a formação dos respetivos contratos ficam
sujeitos aos princípios gerais da contratação pública, em particular da
concorrência, imparcialidade, igualdade, boa administração, transparência,
legalidade, proporcionalidade, boa-fé e publicidade.

Nos termos do artigo 276.º, aplicável a concessionários que não sejam


entidades adjudicantes, a intenção de contratar empreitadas de obras públicas
de valor igual ou superior a € 5.548.000,00 fica sujeita a publicação no DR,
através de anúncio de modelo aprovado por portaria e a publicação de anúncio
no JOUE, conforme modelo Anexo XXI do Regulamento de Execução EU
2015/1986.

O anúncio é dispensado se o contrato, a ser celebrado por uma entidade


adjudicante, estiver abrangido por um critério material do ajuste direto, nos
termos do artigo 24.º ou 25.º; se o adjudicatário é uma empresa associada do
concessionário; se for membro do agrupamento que apresentou a
proposta que ditou a concessão; ou se for empresa associada a qualquer um
desses membros (contratação in house).

Havendo lugar à publicação de anúncio, o concessionário está ainda sujeito ao


cumprimento dos prazos mínimos para apresentação de candidaturas (37
dias) ou de propostas (40 dias), a contar da data do envio do anúncio, sem
prejuízo das reduções previstas no art. 136.º/3 e 174.º/3, consoante os casos.

As peças do procedimento têm de ser disponibilizadas aos interessados no


prazo de 3 dias após solicitação, prorrogando-se os prazos anteriores na
medida dos atrasos nesta disponibilização.

O artigo 277.º, aplicável a contratos a celebrar por entidades beneficiárias de


direitos especiais ou exclusivos no exercício de atividades de serviço público não
sofreu alterações.

117
PARTE III
REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigos 278.º e 279.º - Sem alteração.

O artigo 278.º estabelece um princípio aberto de utilização do contrato


administrativo como instrumento para o exercício da atividade administrativa,
salvo se o contrário resultar da natureza das relações contratuais em causa ou
de lei.

Para ilustrar, tendo em conta o princípio da indisponibilidade dos créditos


tributários consagrado pela Lei Geral Tributária, só é possível à Administração
Tributária contratualizar a cedência desses créditos para terceiros ao abrigo de
lei habilitante para o efeito, o que quer dizer que, enquanto não exista tal lei, a
cedência de créditos tributários não pode ser contratualizada – artigo 29.º da
LGT.

Resulta da redação do artigo 279.º que as cláusulas contratuais e os demais


elementos integrantes do contrato cedem perante o regime definido no título I (e,
deve entender-se, pela sua aplicação subsidiária dos regimes especiais
definidos nos demais títulos da Parte III da Código, a todo o regime desta Parte
III), como resulta da construção da frase “sem prejuízo do disposto no presente
título…”

É claro que esta prevalência só se verifica nas normas imperativas, já que


quando é o próprio legislador a estabelecer o regime de subsidiariedade da
norma legal perante o texto contratual, é obviamente este que prevalece. É o
caso das normas legais que vêm acompanhadas do “sem prejuízo de disposição
contratual em contrário” ou qualquer fórmula semelhante.

Em todo o caso, verificando-se a existência de norma reguladora do regime


substantivo dos contratos administrativos em geral ou do regime especial de
qualquer contrato específico, que atribua ao contrato a possibilidade de regular
diferentemente do regime supletivo que ela estabelece, de acordo com a
segunda parte do artigo 279.º, a regulação contratual daí resultante tem ainda
de ser conforme com a Constituição e com a lei.

118
Artigo 280.º - Direito aplicável

Este artigo, que dispunha de três normas muito simples e de fácil compreensão,
deu agora lugar a um texto pesado, com 4 normas, é certo, mas de conteúdo
muito mais denso.

Basicamente, dizia-se que as normas da parte III se aplicavam às relações


emergentes do contrato e subsidiariamente a relações contratuais de contratos
especiais, regulados no CCP ou em outra lei, aplicando-se ainda
subsidiariamente em tudo quanto não estiver regulado no CCP, os princípios
gerais do direito administrativo, as normas de direito administrativo e o direito
civil, por esta ordem.

No novo art. 280.º, n.º 1 começa por dizer-se:

1.º - Os contratos que configuram relações contratuais administrativas (há


uma certa dificuldade em chamá-los de contratos administrativos, embora
sendo-o acima de qualquer dúvida pertinente) são aqueles acordos de vontade,
independentemente da forma (escrita ou não) ou da designação (não tem de ser
dizer “contrato administrativo de aquisição de serviços”, por exemplo) em que,
pelo menos uma das partes é um contraente público, desde que esse
contrato se integre numa das seguintes categorias:

a) Contratos administrativos, assim considerados por estarem sujeitos a um


regime substantivo de direito público, por lei ou por vontade das partes;

b) Contratos que confiram ao cocontratante poderes especiais sobre coisas


públicas ou que tenham por objeto o exercício de funções públicas;

c) Contratos com objeto passível de ato administrativo e demais contratos sobre


o exercício de poderes públicos;

d) Contratos que a lei submeta a um processo de formação regulado por normas


de direito público e em que a prestação do cocontratante seja relevante, seja em
que sentido for, para a realização de atribuições do contraente público.

Em suma, dir-se-á que um contrato administrativo ou gerador de relações


contratuais administrativas, é um contrato em que uma das partes é um
contraente público e a disciplina do contrato se rege, por força da lei ou
pela vontade das partes, por normas de direito público, seja para efeitos da
sua formação, seja para efeitos de regular a sua execução e que tenha por

119
finalidade uma das atrás referidas. Tais contratos estão, pois, sujeitos à
disciplina da parte III do CCP.

2.º - Diz o n.º 2 do artigo:

A parte III aplica-se ainda subsidiariamente a outras relações contratuais


administrativas, diferentes das referidas atrás e que sejam regidas por
legislação especialmente aplicável, a não ser que os tipos dos contratos
em causa afastem essa aplicação subsidiária.

3.º - Por seu turno, o n.º 3 do artigo estabelece:

São ainda aplicáveis aos contratos que, embora a sua formação tenha obedecido
à Parte II, não tenham gerado relações contratuais administrativas, os
princípios e as disposições previstas neste número (entre as quais, as
limitações às modificações objetivas, as regras sobre cessão da posição
contratual e subcontratos, regime de invalidade).

4.º- No mais e mantendo a aplicação subsidiária, quando necessária e por


esta ordem, aplicam-se os princípios gerais do direito administrativo e o
direito civil.

O artigo 281.º foi mantido sem alterações (proporcionalidade e conexão


material das prestações contratuais) – impedindo a assunção pelo contraente
público de direitos ou obrigações desproporcionais.

O artigo 282.º é o nosso velho conhecido regime da reposição do equilíbrio


financeiro, que se cruza com outras disposições mais adiante e que não foi
alterado.

INVALIDADES

INVALIDADE DO PROCEDIMENTO – EFEITOS

120
O artigo 283.º rege sobre invalidade consequente de atos procedimentais
inválidos, tendo sido alterado na revisão.

Os contratos são nulos, diz, de forma redonda, o artigo 283.º/1, se a nulidade foi
declarada em tribunal ou se puder vir a sê-lo. Nesta segunda opção, parece-nos
estar em causa a declaração oficiosa de nulidade por parte, por exemplo, do
contraente público, suportado em norma habilitadora do CPA. O n.º 2 passa a
ter redação nova, ao tratar dos contratos anuláveis:

São anuláveis:

- Os contratos que nasçam de atos do procedimento de contratação que


tiverem sido anulados ou forem anuláveis;

- se se comprovar:

- Que o vício é causa adequada e suficiente da invalidade do contrato;

- designadamente, por implicar uma modificação subjetiva do contrato


celebrado;

- ou alterar o seu conteúdo essencial.40

O n.º 3 (possibilidade de convalidação ou renovação do ato procedimental


gerador do vício) foi revogado.

O n.º 4 dispõe que, por decisão judicial ou arbitral, o efeito anulatório pode ser
afastado, com fundamento da desproporção da anulação ou contrária à
boa-fé, atendendo aos interesses públicos e privados em presença.

O artigo 283.º-A foi revogado, tendo-se aqui optado por dizer de menos.

INVALIDADES PRÓPRIAS DO CONTRATO

Já o artigo 284.º - invalidade própria do contrato – foi alterada.

O n.º 1 mantém-se, estabelecendo, ao que parece, a regra geral da


anulabilidade, mesmo que sejam lesados princípios ou normas injuntivas.

40
Sobre o que entende ser o conteúdo essencial do contrato, o legislador, profuso a oferecer definições,
nada diz. Deve entender-se, presumo, o objeto do contrato e o valor da correspondente contrapartida
máxima que a entidade adjudicante está disposta a pagar por esse objeto.
121
O n.º 2 regula os vícios geradores de nulidade do contrato, remetendo para
o artigo 161.º do CPA, para além das situações especialmente previstas no CCP.

Estão em causa, designadamente, alterações essenciais aos cadernos de


encargos e da proposta adjudicada e cláusulas de modificação contratual que
violem os limites previstos para o efeito no CCP.

O artigo 285.º, com nova redação, dispõe sobre os regimes de invalidade:

Em geral:

1.º - Redução e conversão, nos termos dos artigos 292.º e 293.º do CC;

2.º - Não sendo tal possível, aplica-se o regime de invalidade do CCP e da


legislação administrativa;

3.º - Se o efeito anulatório for desproporcionado ou contrário à boa fé, pode ser
afastado por decisão judicial ou arbitral, nos termos referidos atrás.

Aos contratos com objeto passível de ato administrativo ou sobre o exercício de


poderes públicos – regime de invalidade previsto para o ato administrativo.

EXECUÇÃO DO CONTRATO

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – ARTIGO 286.º - SEM ALTERAÇÕES

ARTIGO 287.º - EFICÁCIA DO CONTRATO

Alterado

A condição suspensiva da eficácia do contrato, por falta de visto publicidade


e outros atos integrativos – n.º 1

A possibilidade da eficácia retroativa do contrato, por vontade das partes,


desde que não seja proibida por lei, não lese direitos ou interesses legítimos e
não impeça, falseie a concorrência – n.º 2 (sem alteração)

Sempre que do contrato resulte a produção de alterações na esfera jurídica de


terceiros, o contrato só se julga eficaz para esses efeitos, com o consentimento
do terceiro, salvo se se tratar de cláusulas contratuais de efeito normativo,
publicitado com as mesmas formalidades dos regulamentos do contraente
público– n.º 3 e 4. (sem alteração)
122
- São ineficazes os contratos

(1) cujo procedimento tenha sido tramitado sem publicação no JOUE,


quando exigível, salvo se o procedimento tiver sido escolhido por um critério
material dos artigos 24.º a 27.º CCP;

(2) Tendo sido publicado o anúncio voluntário de transparência do art. 78.º-


A,

(3) Não se tenha respeitado o prazo de dez dias, referido no n.º 3 do artigo
95.º ou no art. 104.º/1 a), quando aplicável.

Por sentença judicial ou decisão arbitral, o efeito suspensivo do n.º 1 do


artigo 287.º pode ser afastado (falta de visto prévio ???), sendo esse
afastamento acompanhado de redução da duração do contrato ou uma
sanção pecuniária de montante inferior ou igual ao preço contratual,
conforme o que for decidido na sentença ou na decisão arbitral.

Esta sentença ou decisão arbitral há-de fundamentar-se no jogo de interesse


público/interesses privados em causa, na grave desproporção e violação
da boa-fé, nos termos atrás referidos para o artigo 283.º, mas não se pode
fundamentar nos atrasos da execução do contrato, resultante da abertura de
um novo procedimento de formação do contrato, ou da mudança de
cocontratantes ou de obrigações legais resultantes da ineficácia – n.º 8).

O GESTOR DO CONTRATO - ARTIGO 290.º-A

A figura do Gestor do Contrato foi introduzida com o DL 111-B/2017 e visa


assegurar e institucionalizar o acompanhamento permanente da execução do
contrato e suas garantias, através de um representante do contraente público.

A identificação deste Gestor deve constar do contrato, sob pena de nulidade, nos
termos do artigo 96.º, no seu n.º 7.

Compete ao Gestor do Contrato detetar desvios e defeitos ou outras anomalias


na execução deste, comunicando-os de imediato ao órgão competente e
propondo em relatório fundamentado as medidas corretivas que se lhe afigurem
adequadas.

Com a ressalva da modificação e cessação do contrato, o órgão competente


pode delegar no Gestor do Contrato as medidas que considere adequadas para
123
o efeito anterior – mesmo, presumo, em abstrato consideradas, competindo
então ao gestor adotar a que lhe pareça mais conveniente no caso concreto com
que se confronte.

No caso da liberação parcial de cauções a seguir referida, competirá então ao


gestor do contrato denunciar ao cocontratante as anomalias, defeitos e outros
vícios que considere impeditivos da liberação parcial em causa, antes do decurso
do prazo estabelecido para essa liberação, exigindo a sua reparação.

Afigura-se que, nestas circunstâncias e não sendo as anomalias detetadas


devidamente reparadas, poderá o gestor do contrato desencadear o
acionamento das respetivas garantias, se nele tiverem sido delegadas
competências para tal.

No caso de contratos com especiais caraterísticas de complexidade técnica ou


financeira ou que tenham duração superior a 3 anos, o gestor do contrato deve
elaborar indicadores de execução qualitativos e quantitativos adequados ao
contrato, que permitam medir os níveis de desempenho, a execução financeira,
técnica e material, entre outros aspetos.

Embora a lei não o diga expressamente, de forma a não haver sobreposição de


funções e competências, nos contratos de empreitada, quando a fiscalização é
assegurada com recursos próprios do contraente público, o diretor de
fiscalização pode acumular a função do gestor do contrato, porquanto as suas
funções se equivalem às aqui previstas.

LIBERTAÇÃO DA CAUÇÃO

O artigo 295.º - Liberação de caução - foi também alterado, no n.º 5,


estabelecendo um regime de liberação parcial e gradual da caução prestada,
quando de duração superior a 2 anos – devendo ser estabelecido no contrato.

O n.º 6 é revogado, por se tratar ainda de matéria relacionada com liberação


faseada da garantia, que fica toda regulada no n.º 5. Este estabelece um regime
de liberação faseada próxima da que foi definido no DL 190/2012, de 22 de
agosto, diploma temporária, que tem vindo a vigorar e que cairá a partir de 1 de
janeiro de 2018.

124
O n.º 8 determina que a libertação de caução depende da inexistência de defeitos
da prestação ou após a respetiva correção, que tenham sido detetados até ao
momento da respetiva libertação.

O contraente público pode, no entanto, considerar que os defeitos identificados


e não corrigidos são de pequena importância e não justificam a retenção da
garantia.

Parece assim ter sido eliminada a vistoria prévia, agendada sob


requerimento prévio do cocontratante, para efeitos da 1.ª liberação parcial
da garantia, conforme previsto no DL 190/2012, bastando, para que a
liberação constitua direito daquele, que o contraente público não tenha
reclamado a reparação de defeitos detetados no termo de cada um dos períodos
de liberação parcial.

O artigo 12.º da lei preambular, no seu n.º 3, determina que o regime do


artigo 295.º passa a aplicar-se a todos os contratos de empreitada de obras
públicas em vigor, incluindo os que tenha os prazos de garantia em curso,
bem como os contratos que venham a ser celebrados depois de 1 de janeiro de
2018, ao abrigo de procedimentos lançados ainda no atual regime

Artigos que se mantêm sem alteração (296.º a 301.º):

Artigo 296.º - Execução de caução

Destaque-se que a caução pode ser utilizada para o pagamento de sanções


pecuniárias aplicadas. Prejuízos sofridos pela parte pública por incumprimento
do contrato, eventuais cláusulas penais, obrigando, em todos os casos, à
reposição da caução, sob pena de resolução sancionatória do contrato. A
utilização da caução não carece de prévia decisão judicial ou arbitral.

VICISSITUDES DA EXECUÇÃO DO CONTRATO

Artigo 297.º - Suspensão da execução

125
Por impossibilidade temporária do cumprimento do contrato, em virtude de mora
da parte pública na entrega ou disposição dos meios ou bens necessários à
execução e por exceção de não cumprimento.

Artigo 298.º - Recomeço da execução

Logo que cessem as causas da suspensão, determinando a prorrogação do


prazo (não faz muito sentido dizer isto assim. Não se trata de uma verdadeira
prorrogação, A suspensão da execução corresponde, no artigo anterior, a
suspensão da contagem do prazo de execução, contagem que se reata quando
cessam as causas de suspensão).

Artigo 299.º - Prazo de pagamento

Em regra, 30 dias, podendo ser acordado no contrato até 60 dias – conferir n.º
4. Nulidade das cláusulas contratuais que estabeleçam prazos superiores ao
anterior – Artigo 299.º-A. Com a nulidade, a cláusula tem-se por não escrita,
passando a valer o prazo supletivo previsto na lei, ou seja, 30 dias (redução do
contrato, pelo princípio do aproveitamento da parte que nele é válida)

Artigo 300.º - Revisão de preços

Salvo nos contratos de empreitada, só há revisão de preços se o contrato


expressamente o prever.

Artigo 301.º - Prémios por cumprimento antecipado

Esta possibilidade tem de constar do contrato, salvo nos casos em que natureza
do contrato ou a lei não permitem.

FATURAÇÃO ELETRÓNICA E CONTRATOS COM FORTE


COMPONENTE DE INOVAÇÃO

Foram, entretanto, introduzidos dois novos artigos, o 299.º B, sobre a faturação


eletrónica e o 301.º A, para contratos com forte componente de inovação.
126
QUANTO AO ARTIGO 299.º-B – FATURAÇÃO ELETRÓNICA

A emissão de faturação eletrónica passa a ser obrigatória41, salvo tratando-se


de contratos secretos ou acompanhados de especiais medidas de segurança.

O modelo da fatura eletrónica é o estabelecido pela norma europeia, conforme


publicação no portal dos contratos públicos, sendo a sua regulamentação
definida por portaria a publicar. Os dados pessoais incluídos na fatura só
podem ser utilizados para finalidades compatíveis com a faturação.

Nos termos do artigo 9.º da Lei Preambular, durante o ano de 2018, as partes
particulares podem não utilizar a faturação eletrónica.

QUANTO AO ARTIGO 301.º A – CONTRATOS COM FORTE COMPONENTE


DE INOVAÇÃO

A lei reconhece a especificidade deste tipo de contratos (parcerias para a


inovação, aquisição de serviços sociais, saúde, ensino, investigação e
desenvolvimento), resultando dessa especificidade o seguinte:

- As prestações contratuais podem ser definidas em função dos resultados a


obter, mesmo que não haja garantia dessa obtenção – serviços que podem,
por isso, não ser remunerados, se não se verificarem os resultados previstos
ou em que a remuneração só se torna certa, no final da execução das
prestações;

- Nos casos antecedentes, devem ser definidos indicadores de resultado,


porventura com recurso a avaliações independentes;

- Pode ser previsto um faseamento da execução do contrato, sujeitos à


fiscalização da parte pública;

- As prestações e os indicadores devem ser flexíveis, admitindo cenários


alternativos, no respeito pelos limites de modificação objetivas do contrato;

- O contraente público pode pôr termo ao contrato no final de cada fase em


que a sua prestação se desdobra, compensando apenas os custos

41
Sem prejuízo do artigo 9.º da lei preambular, que permite uma moratória até 31 de dezembro de
2018.
127
despendidos com o esforço da contraparte para a obtenção dos resultados
pretendidos.

OS PODERES EXORBITANTES DO CONTRAENTE PÚBLICO

Artigo 302.º - Poderes do contraente público – os designados poderes


exorbitantes

Foi alterada a alínea c), sem grande significado, obrigando a que a modificação
unilateral do contrato pela parte pública fique condicionada aos limites da lei
(em particular, os do artigo 312.º).

Foi acrescentada a alínea f), que permite, em certas circunstâncias, que se


abordarão à frente, a cessão da posição contratual do cocontratante para
terceiro, por ordem da parte pública, em situações de impasse e risco de
incumprimento definitivo por parte do contraente particular. É uma inovação
importante, cujos efeitos práticos são, todavia, duvidosos. – conferir novo artigo
318.ºA.

Entre os artigos 303.º e 306.º, inclusive, não se registam quaisquer alterações.

Estão em causa os princípios respeitantes aos poderes de fiscalização e


direção da parte pública (303.º), o poder de direção da execução das
prestações por parte do contraente público e os limites da reserva da
autonomia técnica e da gestão do cocontratante (304.º), e as regras para o
exercício do poder de fiscalização, finalidade, conteúdo e formalidade, em
atos, registos ou livros próprios (305.º e 306.º).

O artigo 307.º - natureza das declarações do contraente público – no seu n.º


1, apenas atualiza a menção à ação administrativa comum, que passa a ação
administrativa, atualizando a remissão assim feita para o regime em vigor do
CPTA.

Quanto ao n.º 2, as declarações do contraente público que valem como atos


administrativos passam a incluir o poder de ordenar a cessão da posição
contratual do cocontratante para terceiro – cessão de posição contratual
128
compulsiva – em função da alteração feita também ao artigo 302.º. – conferir
também artigo 318.ºA introduzido com a revisão.

Os artigos 308.º a 311.º mantêm a sua redação sem alterações.

Estão em causa a formação dos atos administrativos no âmbito da execução


dos contratos, que não fica sujeita às regras do CPA, com exceção da
aplicação de sanções contratuais, que ficam, estas sim, sujeitas a audiência
prévia da parte privada (308.º), salvo na situação prevista no n.º 3 deste artigo.

A executividade dos atos administrativos do contraente público, que salvo no


caso da resolução do contrato e, no âmbito das concessões, o sequestro e o
resgate ou em outras situações expressamente previstas na lei, não podem ser
impostas coercivamente.

Esta limitação à executoriedade dos atos administrativos, que servem de


título executivo para se recorrer à ação executiva, não deixa de chocar com o
disposto no artigo 296.º, em matéria de aplicação de sanções pecuniárias
que não carece de decisão judicial ou arbitral, para serem executadas,
mediante acionamento da caução), pelo que se deve entender que a ressalva
feita para “outras situações previstas na lei” abrange também este artigo. Porém,
o legislador poderia e deveria, em sede de revisão do CCP, ter acautelado
expressamente esta situação.

O artigo 310.º mantém a sua redação e é um artigo muito relevante do CCP, em


sede de execução dos contratos, permitindo às partes, acordar entre si sobre
o modo de exercício dos poderes exorbitantes da parte pública (302.º).
Estes acordos substituirão assim a emanação dos atos administrativos em
que se configura o exercício de tais poderes. No entanto, como se refere no
número 2 do artigo, quando estes acordos versem sobre as possibilidades de
modificação objetiva do contrato, ficam sujeitas ao regime do capítulo V (artigos
311.º a 315.º), regime esse que define os limites legais do âmbito admissível de
tais acordos.

A MODIFICAÇÃO OBJETIVA DO CONTRATO

129
Por seu turno, o artigo 311.º regula sobre os fundamentos da modificação do
contrato, enquanto exercício unilateral dos poderes exorbitantes do
contraente público, mantendo-se sem alteração.

O artigo 312.º estabelece, após alteração, que o contrato pode ser modificado
nos termos que nele próprio ficaram estabelecidos e nas situações a seguir
previstas, que não sofreram alterações – mas ver o n.º 3 do artigo 314.º.

Quanto às modificações previstas no próprio contrato, remetemos a sua


consideração para o artigo 42.º - Caderno de Encargos – no seu n.º 4, quando
permite que os parâmetros base definidos neste podem respeitar às
condições de modificação do contrato, condições essas a levar ao contrato,
nos termos da alínea j) do seu n.º 1, “eventuais condições de modificação do
contrato expressamente previstas no caderno de encargos, incluindo
cláusulas de revisão ou opção, claras, precisas e inequívocas”.

A modificação objetiva do contrato tem os limites previstos no artigo 313.º.

Este artigo foi substancialmente alterado.

Artigo 313.º

Assim, a modificação objetiva do contrato, seja por ato administrativo no


exercício dos poderes do contraente público, seja nos termos previstos no
contrato, tem os seguintes limites:

1.º - Não pode conduzir à alteração substancial do contrato.

Na redação em vigor, dizia-se que não podia conduzir à alteração das prestações
principais do objeto do contrato. Dado que o legislador não terá pretendido fazer
apenas um exercício de sinónimos, pergunta-se o que estará implicado na
alteração da expressão usada nesta alínea.

Em que medida a alteração substancial é mais ou é menos concreta do que


a alteração das prestações principais? Trata-se de substituir um conceito
impreciso por outro conceito impreciso.

Se na redação atual, o esforço interpretativo se dirigia a saber que ou quais das


prestações previstas no contrato eram principais, agora, procura saber que
alterações podem ser consideradas substanciais ou não substanciais.

Recorrendo ao termo usado, dir-se-á tautologicamente que são substanciais


as alterações que modificam a substância do objeto do contrato, em termos
em que se possa afirmar que o que se obtém não é igual ao que se pretendia
130
contratar. Com esta amplitude, podemos reconhecer que esta terminologia
consente mais do que a que ainda está em uso, ampliando as
possibilidades de modificação do contrato.

Com efeito, o limite está agora fixado unicamente no que o contraente


público vai receber da parte privada, em função do objeto contratual definido,
nada se dizendo sobre a sua própria prestação (o preço e as condições de
pagamento, as prorrogações graciosas do prazo de execução, por exemplo).

Por outro lado, mesmo relativamente ao objeto executado à luz do contrato,


não parece que, ao menos em abstrato, já que casos há em que tal não possa
ser tão facilmente afirmado, a entrega do objeto executado em prazo
diferente do previsto no contrato inicial altere a substância desse objeto, o que
parece abrir caminho à possibilidade das prorrogações graciosas do prazo de
execução, em termos que, em rigor, a redação vigente não consentia, por se
estar perante uma prestação principal da parte do contraente particular.

Com efeito, este não só tinha de cumprir uma prestação determinada, como
tinha de o fazer em determinado tempo de execução. Esta obrigação
mantém-se, mas o contraente público poderá assim autorizar a sua alteração,
em determinadas circunstâncias que podem até estar previstas no caderno de
encargos e no contrato, sem que com tal se altere a substância do objeto do
contrato.

2.º - Não pode configurar uma violação das regras da concorrência – sem
novidade.

3.º - A modificação não é admissível, nos casos em que, se o caderno de


encargos tivesse contemplado essa modificação, de forma objetivamente
demonstrável, seria adjudicada outra proposta – sem novidade;

4.º - O aumento do preço, devido à modificação, não pode ser superior a 25%
do preço contratual inicial, nos casos da alínea a) do artigo 312.º - alteração das
circunstâncias que implicam uma maior onerosidade do contrato e não
integram os riscos próprios do contrato42; ou 10%, no caso da alínea b) do
mesmo artigo – reponderação das circunstâncias existentes, por razões de
interesse público – novidade absoluta, com limitação dos valores alterados,
em função das modificações objetivas introduzidas (até agora, este acréscimo

42
No entanto, ver as condições estabelecidas no n.º 3 do artigo 314.º.
131
de custo tinha como fundamento apenas a reposição do equilíbrio financeiro,
nos termos do artigo 282.º CCP).

5.º - Não pode alterar o equilíbrio financeiro subjacente ao contrato, em


termos de colocar o cocontratante em posição mais favorecida – novo, pelo
menos, do ponto de vista da inserção sistemática, embora reproduza, com
nuances, o disposto no n.º 6 do artigo 282.º.

As modificações que resultem da natureza duradora do contrato, quando o


decurso do tempo o justifique, não estão sujeitas aos limites das alíneas a) a
c) – o que não deixa de ser extraordinário, pois uma consequência literal desta
exceção, no que respeita à alínea b), levaria a concluir que, neste caso, se
admitiria o falseamento da concorrência.

Creio que uma das situações em que este n.º 2 fará sentido tem a ver, por
exemplo, com os contratos de fiscalização de empreitada, com uma
determinada duração, quando se verifica na execução da obra atrasos,
obrigando ao prolongamento do contrato de fiscalização, ainda que sem
alteração do respetivo objeto.

No que respeita aos limites atrás referidos, o n.º 3 exceciona expressamente


os contratos de empreitada deste regime de modificação, mandando
aplicar o regime próprio – conferir artigos 370.º e seguintes.

O artigo 314.º - Consequências da modificação objetiva do contrato - tem


também nova redação nos seus números 1 e 3.

Em substância, o n.1 – direito à reposição do equilíbrio financeiro – mantém


a estatuição anterior, ao passo que o n.º 3 é acrescentado ao corpo do artigo,
constituindo uma restrição à reposição do equilíbrio financeiro nas situações
de modificação objetiva do contrato integradas na alínea a) do artigo 312.º, ou
seja, nas decorrentes da alteração anormal das circunstâncias que
determinaram a contratação, provocando uma maior onerosidade não
coberta pelos riscos próprios do negócio.

Determina este n.º 3 que essa alteração anormal dos pressupostos da


contratação por parte do cocontratante só é relevante para tais efeitos, desde

132
que a parte pública não ignorasse ou não devesse ignorar esses
pressupostos.43

O artigo 315.º - Obrigação de Transparência – obriga a publicitar no portal


dos concursos públicos as modificações objetivas que representem uma
variação acumulada para mais, superior a 10% (na redação vigente, é de
15%), no prazo máximo de 5 dias após a sua concretização, devendo tal
anúncio manter-se até 6 meses após a extinção do contrato.

Esta publicação deve ser feita também no JOUE, se o procedimento contratual


seguiu essa publicação para o respetivo anúncio, através de preenchimento e
publicação de modelo próprio. Esta extensão da publicação fica, no entanto,
restrita às situações previstas no 370.º/4 – empreitadas 44 , trabalhos
complementares por circunstâncias imprevistas; 420.ºA (modificações nos
contratos de concessão, por circunstâncias não previstas) e 454.º/3 – idem,
para os contratos de prestação de serviços.

A MODIFICAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO

CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL E SUBCONTRATAÇÃO

Os artigos 316.º e 317.º mantêm-se sem alteração (Âmbito e limites à cessão e


à subcontratação).

Quanto ao artigo 318.º, sofreu alterações e é acompanhado de um artigo 318.º-


A, no seguimento das alterações ao artigo 302.º e 307.º (aditamento da alínea f)
ao primeiro e da alínea e) ao n.º 2 do segundo), relativo à cessão da posição
contratual por incumprimento do cocontratante.

Quanto às alterações ao artigo 318.º, sobre a cessão e subcontratação do


cocontratante, em regra, a sua possibilidade depende de estar
expressamente prevista no contrato.

Exceções:

43
Condição que já constava do artigo 282.º, sobre reposição do equilíbrio contratual
44
De onde se vê que, ao menos no que respeita a esta obrigação de transparência, ela tem também
aplicabilidade aos contratos de empreitada, pese embora o disposto no n.º 3 do artigo 313.º
133
- Ter ocorrido transmissão da posição do cocontratante na sequência da
restruturação societária, seja por aquisição ou fusão ou por oferta pública de
aquisição e desde que o cessionário satisfaça os requisitos de habilitação,
capacidade económica e financeira que foram exigidos ao cocontratante;

- O contraente público assume as obrigações do cocontratante perante os


subcontratados, que passam a trabalhar diretamente para ele.

Os outros números do artigo mantêm-se sem alteração.

A CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL POR INCUMPRIMENTO DO


COCONTRATANTE – ARTIGO 318.º-A

Neste caso e desde que previsto no contrato 45– o mesmo é dizer, também no
caderno de encargos – e como alternativa à resolução sancionatória, o
cocontratante, em caso de incumprimento, é obrigado a ceder a sua posição
contratual ao concorrente do procedimento contratual, a indicar pelo contraente
público, segundo a ordem sequencial desse procedimento, dependendo da
aceitação deste de termos contratuais que não foram os seus.

Obtendo-se o consentimento de um deles, a cessão opera por mero ato do


contraente público e é eficaz a partir da data por este indicada.

Os direitos e obrigações – todos! – do cocontratante transmitem-se para o


cessionário, sem que este a tal se possa opor.

A caução e garantias prestadas pelo cocontratante são objeto de redução


proporcional em relação à parte do contrato já executada, sendo
integralmente liberada no prazo de seis meses após a data da cessão ou,
persistindo obrigações de garantia, após o final dos respetivos prazos.

Com a transmissão da posição do cocontratante, transmite-se também e


automaticamente as suas posições nos subcontratos por si celebrados para
a execução do contrato (subempreiteiros, por exemplo), salvo se o cessionário
recusar.

45
Esta é uma exigência insólita da lei, porque nos remete para um poder exorbitante do contraente
público, a exercer mediante a prática de um ato administrativo, que, no entanto, tem a sua fonte no
contrato. Se não estiver neste prevista, aquele poder não pode ser exercido – conferir al. f) do artigo
302.º.
134
SUBCONTRATAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO DO CONTRATO

O artigo 319.º rege a subcontratação na fase de execução e foi também alterado


na revisão.

Carece de autorização, no regime geral dos contratos.

Essa autorização é precedida de uma proposta do cocontratante, fundamentada


e instruída com todos os documentos exigidos nos termos do artigo 318.º. n-.º 3
, alínea a), ou seja, os mesmos exigidos ao cocontratante em fase de
habilitação - equivalência entre estes subcontratos e os celebrados para início
de execução.

O contraente público pronuncia-se em 30 dias e, caso o não faça


expressamente nesse período, considera-se a proposta rejeitada (este efeito é
a novidade).

No entanto, convém referir que estamos ainda a falar da subcontratação no


regime geral do contrato administrativo, a que é necessário contrapor o regime
especial dos contratos de empreitadas, que, em matéria de subempreitadas, tem
um regime substancialmente divergente – conferir artigo 383.º a 386.º, cuja
redação atual se mantém.

ARTIGOS MAIS RELEVANTES QUE SE MANTÊM SOBRE ESTE ASSUNTO,


SEM ALTERAÇÃO:

Artigo 320 – Recusa de autorização à subcontratação – com base em fundado


receio de que a subcontratação envolva um aumento do risco de incumprimento
do contrato. A recusa, salvo a tácita, prevista agora, no artigo 319.º, tem de ser
fundamentada.

Artigo 321.º - Responsabilidade do cocontratante – Perante o contraente


público, a responsabilidade contratual é sempre sua.

PAGAMENTO DIRETO DO CONTRAENTE PÚBLICO AOS


SUBCONTRATADOS

135
O DL 111-B/2017 introduziu um artigo 321.ºA, repondo uma prática já
sancionada noutros regimes jurídicos da contratação pública revogados (por
exemplo DL 59/99 e DL 197/99), conquanto que em termos não equivalentes –
trata-se da possibilidade do pagamento direto aos subcontratados.

Estabelece o artigo que em caso de não pagamento pontual pelo


cocontratante, os subcontratados podem reclamar junto do contraente
público esse pagamento direto do que estiver comprovadamente em atraso.

O contraente público começa por reter os pagamentos devidos por si no


montante reclamado e notifica o contraente particular para proceder ao
pagamento devido aos subcontratados ou justificar o não pagamento,
neste caso, com a apresentação de plano regularizador daquela dívida a
cumprir em prazo não superior a 30 dias.

Caso cumpra, liberta-se e paga-se as verbas retidas. Caso não cumpra, o


contraente público paga por ele, exercendo a compensação entre o que
deve ao contraente e o que pagou aos subcontratados em causa.

O pagamento direto aos subcontratados pelo contraente público é, obviamente,


limitado pelo valor dos débitos ao cocontratante que se encontram
vencidos e foram retidos ou eventualmente, pelos débitos futuros que o
contraente público já reconheceu.

Esta disposição aplica-se aos contratos de aquisições de bens e de serviços


e aos contratos de empreitada, em todo o caso, que não configurem uma
parceria público-privada.

Artigo 324.º - Cessão da posição contratual pelo contraente público – não está
sujeita à autorização do cocontratante, mas este pode opor-se com fundado
receio de aumento de risco de incumprimento das obrigações contratualmente
assumidas pelo cedente.

INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – REGIME GERAL

INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO COCONTRATANTE

O artigo 325.º, que rege sobre a reação devida perante o incumprimento


imputável ao cocontratante mantém-se sem alterações.
136
INCUMPRIMENTO IMPUTÁVEL AO CONTRAENTE PÚBLICO

Idem, para o artigo 326.º, sobre as consequências decorrentes dos atrasos


nos pagamentos, aqui, centradas unicamente no direito a juros de mora.

Já à data se considerou e bem que a norma realmente inovadora sobre este


aspeto era a exceção de não comprimento por parte do cocontratante por
motivo, facto ou omissão imputável ao contraente público.

Esta exceção, porém, não procede, se, mediante resolução fundamentada,


este último declarar ou reconhecer que a suspensão da execução do contrato
em tais condições seria gravemente prejudicial para o interesse público – e,
neste caso, poderá ainda prosseguir se estiver em causa a viabilidade
económica e financeira do contraente particular.

Está aqui em causa, como é evidente, em grande medida, o incumprimento do


dever de pagar. Ainda que o contraente público tenha também outras
obrigações acessórias como parte do contrato, esta é de facto a central e aquela,
cujo incumprimento pontual maior impacto tem para o contraente particular.

O artigo 328.º, com uma incursão sobre o direito de retenção, aplica-se também
na situação anterior, sendo que, a prolongar-se o incumprimento, mormente
do preço, o contraente particular pode, no limite, suscitar a resolução do
contrato.

SANÇÕES CONTRATUAIS

Sobre as sanções contratuais que o regime geral define no artigo 329.º, o DL


111-B/2017 introduz um n.º 4, estabelecendo que se um contrato tiver previsto
prorrogações sucessivas (normalmente, um contrato de aquisição de
serviços) o valor a atender para o cálculo do limite referido neste artigo, é
o do preço contratual relativo à primeira vigência contratual.

CAUSAS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO

137
As causas de extinção do contrato administrativo em geral estão previstas nos
artigos 330.º a 335.º

Nenhum destes artigos foi alterado pela revisão do CCP. Especialmente


merecedoras de atenção, temos o artigo 332.º, que trata da resolução por
iniciativa do cocontratante, a que há pouco se aludiu e que aqui aparece
referido na alínea c) do n.º 1 do artigo.

Também o artigo 333.º, relativo à resolução sancionatória, define um regime


importante, que se deve agora articular com o novo artigo 318.º-A, que
sistematicamente se encontra, sem censura, arrumado nas normas sobre
modificação subjetiva dos contratos, mas que, por poder constituir uma
alternativa à resolução sancionatória do contrato, conquanto este assim o
preveja, poderia igualmente estar arrumado neste capítulo.

Os artigos 334.º e 335.º, sobre a resolução por interesse público, causa


objetiva de cessação do contrato, que não remete para qualquer incumprimento
imputável ao contraente particular, mas, entre outros motivos fundamentados, a
alterações anormais e imprevisíveis das circunstâncias que tornam
insubsistente a manutenção do interesse de contratar, podendo, nos termos
destes artigos, haver lugar a indemnização ao contraente particular, pela
justa indemnização, que inclui os lucros cessantes, não foram objeto de
qualquer alteração.

CONTRATOS ENTRE CONTRAENTES PÚBLICOS

O artigo 338.º - Contratos entre contraente públicos - foi também alterado.

Como decorria a sua redação em vigor, as disposições da Parte III do contrato


não se aplicavam entre estas partes, quando se articulassem em plano de
igualdade. Na nova redação, a Parte III ainda aqui se aplica, mas deve atender-
se à posição de igualdade entre as partes, quando o contrato é celebrado nesse
plano, para a conformação dos poderes exorbitantes do artigo 302.º.

Qualquer um dos contraentes públicos pode exercer o poder de resolução


unilateral, com fundamento em interesse público.

138
139
EMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS

Entre os artigos 343.º e 347.º, inclusive, não se verifica qualquer alteração.

Temos assim como normas estáveis, a noção do contrato de empreitada de


obras públicas, as noções das partes e de quem as representa em obra, as
garantias administrativas do empreiteiro relativamente a factos que devam
ser registados em autos (respetivamente, artigos 342.º a 345.º).

Entrando, de seguida, na matéria dos direitos e obrigações das partes,


mantem-se sem alteração o regime da manutenção da boa ordem no local dos
trabalhos, devendo o empreiteiro retirar do local de trabalho trabalhador que
esteja a perturbar a boa ordem, diretamente ou por determinação do dono de
obra, através da Fiscalização; bem como a necessidade da afixação de
publicidade do empreiteiro, seus fornecedores ou subempreiteiros, depender
da autorização do dono da obra (respetivamente, artigos 346.º e 347.º).

O artigo 348.º - Menções obrigatórias no local dos trabalhos – sofreu uma


ligeira alteração, em resultado da necessidade de o adaptar à simplificação
extrema que a revisão fez ao artigo 81.º, hoje reduzido a dois números.

Aos artigos 349.º a 353.º inclusive, não se registam quaisquer alterações.

São artigos relacionados ainda com direitos e obrigações das partes em


contexto de obra, que identifica o empreiteiro como responsável pelos meios
destinados à sua execução e pelos trabalhos preparatórios e acessórios ,
salvo disposição contratual em contrário (349.º), definindo o que são esses
trabalhos preparatórios e eventuais, sem prejuízo do que o contrato possa
estabelecer diferentemente ou para além dos aqui previstos (350.º), a
responsabilidade que assiste ao dono da obra de promover todos os
processos de expropriações, servidões e ocupações de prédio, prévios à
consignação da empreitada (351.º e 352.º).

O artigo 353.º parece aqui um pouco fora do sitio, correspondendo ao reforço


da caução depositada após adjudicação, reforço este restrito aos contratos
de empreitada.

140
O artigo 354.º - Reposição do equilíbrio financeiro por agravamento dos
custos na realização da obra – que nesta inserção sistemática faz todo o
sentido, inserindo-se como é o caso no contexto dos direitos e obrigações das
partes – foi ligeiramente alterado.

Esta reposição do equilíbrio financeiro nada tem a ver com a revisão de


preços, obrigatória nestes contratos, apesar deste mecanismo da revisão
aparecer como um instrumento para a reposição no artigo 282.º/3, mas que se
deve interpretar como aplicável restritivamente aos demais contratos, em virtude
de neles, a revisão de preços estar dependente da prévia estipulação contratual.

Aqui, se o dono da obra tiver dado causa a maior dificuldade ou onerosidade da


obra, aumentos os respetivos custos para o empreiteiro, este tem 30 dias para
reclamar dos danos incorridos, mesmo que a essa data ainda não conheça a
extensão real dos mesmos, sob pena de caducidade do direito à reposição.
(É o anteriormente designado direito de reserva)

O dono da obra aprecia e decide a reclamação no prazo de 90 dias, prazo esse


que pode ainda ser prorrogado por – todo – o tempo necessário para a
realização das diligências – dilatórias? – complementares.

Perante a decisão negativa, o empreiteiro pode impugnar nos termos do


CPTA.

Os dois parágrafos anteriores correspondem aos números 4 e 5 do artigo 354.º


e representam a inovação trazida ao mesmo pelo DL 111-B/2017.

O prazo de 90 dias, ainda por cima, podendo ser prorrogado sem limite, parece
excessivo. Até aqui não havia um limite legal para decidir – em último termo,
teríamos a conta final da empreitada, mas ainda aí poderiam pender
reclamações não resolvidas que não obstaculizam a aprovação da conta.

Agora, temos este prazo, que, pese embora não parecer uma inovação, habilita
de imediato o empreiteiro a recorrer ao tribunal, nos termos do n.º 5.

Com efeito, de acordo com este número, após o termo dos 90 dias ou do período
de prorrogação que estiver a correr, o empreiteiro pode seguir para tribunal.

Não creio que o possa fazer, em falta de disposição expressa que o


concretize, com fundamento em indeferimento tácito da reclamação, mas
para pedir ao tribunal que condene o dono de obra na prática do ato,
respeitante a essa decisão. O que, de facto, é muito pouco, já que, a ser assim

141
e por esta via, não se vê em que tempo útil o empreiteiro vai ter o problema da
sua reclamação resolvido em definitivo. A seu favor ou contra ele.

CONSIGNAÇÃO DA OBRA – ARTIGOS 355.º A 360.º - SEM ALTERAÇÃO

ARTIGOS 361.º (PLANO DE TRABALHOS) A 364.º (PATRIMÓNIO CULTURAL


E RESTOS HUMANOS) – SEM ALTERAÇÃO

ARTIGO 365.º A 369.º - SUSPENSÃO DE TRABALHOS, AUTO DE


SUSPENSÃO – SEM ALTERAÇÕES.

MODIFICAÇÕES OBJETIVAS DO CONTRATO DE EMPREITADA

ARTIGO 370.º - TRABALHOS COMPLEMENTARES

Esta é a nova terminologia adotada para a adjudicação de trabalhos não


previstos no contrato inicial e engloba os trabalhos a mais e os derivados do
suprimento de erros e omissões.

Ainda que o termo “trabalhos a mais” tenha desaparecido, a distinção feita na


lei entre (1) os trabalhos complementares que tenham por finalidade o
suprimento de erros e omissões do projeto (conferir n.º 2 do artigo 378.º, na nova
redação), que se reconduzem à previsão legal do n.º 2 do artigo 370.º, enquanto
trabalhos não previstos (mas que poderiam ter sido previstos e não o foram
por erro ou omissão) e (2) os trabalhos complementares que resultem de
circunstâncias imprevisíveis (conferir n.º 4 do artigo 370.º) corresponde,
grosso modo e em termos de regime aplicável, à dicotomia atual entre
trabalhos a mais e trabalhos de suprimento de erros e omissões – como se
verá, mesmo em termos de consequências jurídicas a extrair

Nestes termos, as alterações a este regime são mais de forma do que de


substância. Mas, ainda assim, há diferenças que importa assinalar.

Relativamente aos trabalhos complementares impostos pela necessidade


de suprir imprevisões ou previsões deficientes (erros e omissões), a sua
adjudicação ao empreiteiro fica dependente da reunião cumulativa das
seguintes condições – conferir n.º 2 do artigo 370.º:

142
a) Não poderem esses trabalhos ser técnica ou economicamente separáveis
do objeto do contrato, sem inconvenientes graves e aumento considerável
de custos para o dono da obra; - condição que, na redação vigente, se
aplicava ao regime de trabalhos a mais;
b) O preço acumulado destes trabalhos não pode exceder 10% do preço
contratual – condição até agora aplicada aos trabalhos de suprimento de
erros e omissões (entre 5% a 10%, nas condições, respetivamente, dos
números 3 e 4 do artigo 376.º);
c) O somatório do preço contratual com este tipo de trabalhos
complementares adjudicados não pode exceder os valores máximos
admissíveis para o ajuste direto (30 mil euros) ou para a consulta prévia
(150 mil euros), consoante o procedimento que tiver sido adotado para a
formação do contrato;
ou
d) Não tiver excedido o limite admissível para o concurso público ou
concurso limitado por prévia qualificação, de publicidade apenas nacional,
se foi este o tipo de procedimento adotado.

Relativamente aos trabalhos complementares impostos por circunstâncias


imprevisíveis, os equivalentes aos trabalhos a mais, previstos na redação
ainda em vigor, a sua admissibilidade passa pela verificação cumulativa das
seguintes condições – conferir n.º 4 do artigo 370.º:

a) A equivalente à alínea a) anterior;


b) O preço acumulado deste tipo de trabalhos complementares não pode
exceder 40% do preço contratual (como estava estabelecido para os
trabalhos a mais, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 370.º;

Como se verifica, a alteração do regime, por detrás da questão estritamente


semântica da introdução da nova figura de trabalhos complementares, reside na
imputação a cada um tipo de trabalhos em causa de aspetos que até agora
regulavam o outro tipo.

Assim, aos trabalhos complementares equivalentes hoje a trabalhos de


suprimento de erros e omissões, aplica-se o regime descrito na alínea a) do
n.º 2 e da alínea c) do n.º 2 (atrás desdobrada, por questões de conveniência
expositiva, em c) e d)), que até agora se aplicavam aos trabalhos a mais.

Por seu turno, aos trabalhos complementares equivalentes hoje a trabalhos


a mais, aplica-se a inobservância dos limites referidos nas sobreditas alíneas

143
c) e d), como até agora se fazia para os trabalhos para suprimento de erros e
omissões.

Ou seja, há efetivamente uma troca de regimes entre estes dois tipos de


trabalhos complementares.

Feito este esclarecimento, as restantes disposições sobre este assunto mantêm-


se sem alterações ou são alteradas em pormenores necessários à adoção a
nova semântica – trabalhos complementares – ou resultam de alterações
formais, sem impacto na substância dos regimes.

Assim, o artigo 371.º - obrigação da execução de trabalhos a mais – mantém-


se inalterado e o artigo 372.º - recusa da execução de trabalhos a mais – as
alterações são impostas pela necessidade de coerência com a nova estrutura do
artigo 370.º.

O artigo 373.º mantém-se, com a alteração do respetivo título para “Preço e


prazo de execução de trabalhos complementares”. O mesmo sucede com o
artigo 375.º - Formalização de trabalhos complementares”.

O artigo 374.º - Prorrogação do prazo de execução da obra – substitui apenas


a expressão “trabalhos a mais” por “trabalhos complementares”, no texto
republicado, embora omita a correspondente alteração no elenco dos artigos
alterados pelo DL 111-B/2017 (conferir artigo 3.º da lei preambular, que omite
esta alteração).

Resulta da substituição em causa que o seu regime passa aplicar-se também


aos trabalhos complementares que se reconduzem aos atuais trabalhos de
suprimento de erros e omissões.

Daqui se infere que, atento o artigo 378.º, que determina a responsabilidade


pelos trabalhos complementares, no que respeita aos respetivos custos,
que podem ser assumidos, total ou parcialmente pelo empreiteiro, ao abrigo dos
seus n.º 3 e 4, como adiante se verá, ainda assim e mesmo nestas
circunstâncias, o empreiteiro terá direito à prorrogação do prazo
necessários para a execução desses trabalhos, por deixar de existir uma
norma restritiva dessa prorrogação, equivalente à do atual n.º 2 do artigo 377.º,
revogado com a revisão.

Os artigos 376.º e 377.º foram revogados, sendo o seu regime atualmente


simplificado e constante uniformemente do artigo 371.º - que se aplica a todos
144
os trabalhos complementares – e do artigo 373.º - também aplicável a todos
os trabalhos complementares.

E este é o ganho de simplificação atingido com a criação da nova figura de


“trabalhos complementares”.

RESPONSABILIDADE PELOS TRABALHOS COMPLEMENTARES

Resta assim o artigo 378.º - Responsabilidade pelos erros e omissões,


doravante, responsabilidade por trabalhos complementares –

O seu regime é alterado na revisão, como não podia deixar de ser, de modo a
distinguir os regimes aplicáveis aos dois tipos de trabalhos complementares
– os ditados por circunstâncias imprevistas (reconduzíveis aos motivados por
erros e omissões) e os ditados por circunstâncias imprevisíveis (reconduzíveis a
trabalhos a mais).

Quanto a estes últimos, é indubitável que a responsabilidade pelo seu


pagamento é do dono da obra (n.º 1).

Quanto aos trabalhos complementares ditados por circunstâncias imprevistas


ou não previstas, aplica-se-lhes o atual regime de responsabilidade dos
trabalhos por erros e omissões:

a) Se o contrato envolver também a elaboração do projeto de execução –


contrato de conceção-construção – o empreiteiro é responsável pelos
trabalhos de suprimento dos respetivos erros e omissões, salvo se
os mesmos tiverem sido induzidos pelos elementos elaborados ou
disponibilizados pelo dono da obra – n.º 2 do artigo;

b) Se o empreiteiro pudesse ter detetado esses erros e omissões em fase


do procedimento para a formação do contrato, nos termos do artigo 50.º,
ele é responsável pelo pagamento de metade do valor dos respetivos
trabalhos de suprimento, com base na conjugação do n.º 3 do artigo
378.º com o n.º 4 do artigo 50.º.

c) Se o empreiteiro, nos primeiros 60 dias após a consignação total ou


da primeira consignação parcial, não tiver detetado esses erros e
omissões, sendo estes objetivamente detetáveis, deles reclamando, é

145
responsável por suportar metade dos valores dos respetivos trabalhos
complementares de suprimento – n.º 3 do artigo;

d) Aqueles erros e omissões, detetáveis somente em fase de execução,


que o empreiteiro, no prazo de 30 dias a contar da data em que lhe fosse
exigível a sua deteção (por corresponder aos trabalhos que deveria estar
a executar segundo o plano de trabalhos) não tenha apresentado a
respetiva reclamação, correm inteiramente por sua conta.

e) Se os erros e omissões resultarem de incumprimento de obrigações de


conceção, quando esta foi contratada a terceiros, o dono de obra deve
exercer obrigatoriamente o direito que lhe assiste de ser
indemnizado por parte desses terceiros, ficando o empreiteiro sub-
rogado em tal direito até ao limite do que suportou, nos termos dos
n.º 3 e 4, sendo a responsabilidade do terceiro limitada ao triplo dos
honorários devidos pelo contrato que celebrou com o dono da obra para
a elaboração do respetivo projeto, salvo se for demonstrado que usou
de dolo ou negligência grosseira, caso em que a responsabilidade
tem apenas como limite o total de danos a reparar.

ARTIGO 379.º - REGIME DOS TRABALHOS A MENOS – MANTÉM-SE


INALTERADO

ARTIGO 380.º - INUTILIZAÇÃO DOS TRABALHOS NÃO EXECUTADOS

Apenas a introdução da expressão “trabalhos complementares” em lugar de


trabalhos a mais e de suprimento de erros e omissões.

ARTIGO 381.º - INDEMNIZAÇÃO POR SUPRESSÃO DE TRABALHOS

Mantém-se inalterado.

ARTIGO 382.º - REVISÃO ORDINÁRIA DE PREÇOS

Mantém-se inalterado, impondo a revisão do preço.


146
MODIFICAÇÕES SUBJETIVAS NO CONTRATO DE EMPREITADAS

SUBEMPREITADAS

Artigo 383. – Limites às subempreitadas – mantém-se inalterado

Artigo 384.º - Forma e conteúdo – Acrescenta, à luz do regime dos alvarás de


construção civil, definido pela lei 41/2015, de 3 de junho, os certificados de
empreiteiro de obras públicas, ao lado dos alvarás.

Artigos 385.º - Subempreitadas na fase de execução – e 386.º - Oposição e


recusa de autorização à subempreitada – mantêm-se inalterados.

MEDIÇÃO E PAGAMENTO – ARTIGOS 387.º A 393.º


Sem alterações

RECEÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA – ARTIGOS 394.º A 398-.º


Sem alterações.

LIQUIDAÇÃO DA EMPREITADA E RELATÓRIO FINAL – ARTIGO


399.º A 402.º
Sem alterações.

INCUMPRIMENTO DO CONTRATO – ARTIGOS 403.º A 406.º

147
Sem alterações. 46

CONCESSÃO DE OBRAS PÚBLICAS E SERVIÇOS PÚBLICOS

São alterados os artigos 410.º, permitindo a prorrogação do prazo de concessão,


sem prejuízo do prazo máximo de 30 anos, quando tal se afigure necessário para
amortização e remuneração do capital investido, em condições normais de
rendibilidade, pelo mecanismo da reposição do equilíbrio financeiro; o artigo
413.º, sobre a partilha de risco, explicitando-se em que consiste a assunção do
risco de exploração pelo concessionário; e o artigo 429.º, sobre princípios gerais
da concessão de serviços públicos, determinando que este regime é definido em
legislação especial.

Ainda neste capítulo, são incluídos dois novos artigos.

O artigo 410.º-A, sobe o valor do contrato de concessão, correspondendo ao


volume total de negócios do concessionário gerado ao longo da duração do
contrato, sem iva, como contrapartida das obras e serviços que constituem
objeto da concessão.

O artigo 420.ºA, sobre as modificações ao contrato, desde que o valor dos


serviços ou obras a ampliar, em termos de quantidade, não representem mais
do que 10% do valor do contrato e não puder ser técnica ou economicamente
separáveis do objeto do contrato, sem inconvenientes graves ou se, não
cumprindo esta condição, implicarem um aumento considerável de custos para
o concedente; ou, se essa ampliação for fundada em circunstâncias
imprevisíveis, caso em que o limite de valor associado ascende a 50 % do
valor do contrato.

LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 431.º A 436.

Sem alterações

46
Muito embora se deva relembrar aqui também a possibilidade de substituir a aplicação de resolução
sancionatória pela cessão da posição contratual por incumprimento do cocontratante prevista no artigo
318.º-A, desde que tal esteja expressamente previsto no contrato
148
AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS – ARTIGOS 437.º A 449.º

Sem alterações

AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS – ARTIGOS 450.º A 454.º

É alterado o artigo 454.º, de forma a integrar o novo conceito de serviços


complementares, a exemplo do sucedido com os trabalhos complementares.

A nova redação segue de perto o regido para os trabalhos complementares,


mutatis mutandi, a que não é estranho, nos termos do n.º 6, com a remissão para
os artigos 371.º a 375.º e 379.º a 381.º, excetuando o artigo 378.º, sobre a
responsabilidade pelos trabalhos complementares, que constitui um regime
específico das empreitadas.

149
GOVERNAÇÃO E SISTEMA SANCIONATÓRIO

GOVERNAÇÃO

No capítulo I, relativo à Governação, o DL 111-B/2017 introduz 3 novos artigos,


os 454.º - A, B e C.

No 454-A, confere-se ao IMPIC atribuições e competência de regulação da


contratação pública.

No 454-B, reitera-se a competência de auditoria e fiscalização dos contratos


públicos no Tribunal de Contas, na Inspeção Geral de Finanças e em
entidades com competências de inspeção e controlo interno.

No 454.º-C, estabelece-se o dever de colaboração entre as entidades


adjudicantes e o IMPIC e o Ministério Público, a Autoridade da Concorrência e
as entidades de auditoria e fiscalização atrás referidas. As informações
prestadas neste âmbito apenas podem ser utilizadas no quadro de competências
das entidades que as solicitam.

REGIME SANCIONATÓRIO

No capítulo II, estabelece-se o regime sancionatório aplicável aos contratos


públicos.

Se o objeto do contrato for empreitadas de obras públicas, ainda que no quadro


de concessões, o regime contraordenacional aplicável é o definido na lei
41/2015.

Para efeitos contraordenacionais, as entidades adjudicantes e os donos de obra,


bem como os concessionários têm o dever de participar os ilícitos de que
tenham conhecimento ao IMPIC. (artigo 455.º).

150
O quadro sancionatório contraordenacional, no âmbito da contratação
pública, está estabelecido nos artigos 456.º a 458.º, tendo sido acrescentada a
conduta ilícita definida na alínea c) do artigo 457.º - não remessa do contrato
assinado eletronicamente no prazo fixado pelo órgão competente para a
decisão de contratar, em violação do n.º 3 do artigo 104.º - que corresponde
a contraordenação grave e, nas alíneas b), c) e d) do artigo 458.º -
respetivamente, verificação de que a declaração do n.º 3, alínea a) do artigo
256.º-A não corresponde à verdade47; não apresentação de proposta nos
termos do artigo 256.º-A, n.º 648; e violação do n.º 8 do mesmo artigo 256.º-
A49.- correspondendo, em todos os casos, a contraordenações simples.

Foram ainda revistas, sem alteração do sentido, as alíneas c) do 456.º; b) do


457.º, passando a atual alínea c) para alínea d) do mesmo artigo; e a) do 458.º,
que não estava estruturado por alíneas.

O artigo 460.º atual – Sanção acessória – consentia que, no quadro de um


procedimento contraordenacional, fosse aplicada a sanção acessória de
privação do direito de participar, como candidato, concorrente ou participante em
agrupamento candidato ou concorrente, em procedimento contratual, sanção
essa que não poderia ter uma duração superior a 2 anos, devendo ser fixado o
tempo de privação em função da infração e da culpa do agente.

Este artigo foi alterado.

Em primeiro lugar, o respetivo título deixou de referenciar a sanção como


acessória. Aparentemente, parece tratar-se agora de uma sanção de aplicação
autónoma a aplicar pelo IMPIC.

Tenho as maiores dúvidas de que isso possa ser assim, uma vez que há que
qualificar o incumprimento por parte do cocontratante que justifica a sua
aplicação.

47
No quadro da obtenção do preço mais vantajoso fora do acordo-quadro, declaração de que o bem ou
serviço a fornecer tem as mesmas caraterísticas e nível de qualidade dos bens ou serviços objeto do
acordo-quadro.
48
Nos casos da alínea c) do n.º 3 do artigo, em que a demonstração de que o bem ou serviço a adquirir
fora do acordo-quadro tem um preço mais vantajoso do que o do acordo-quadro e tem as mesmas
caraterísticas e nível técnico, para aquisições de valor igual ou superior a 135 mil ou 209 mil euros,
consoante a natureza da entidade adjudicante, e o operador económico convidado não apresenta
proposta, estando vinculado a fazê-lo.
49
Proibição das entidades cocontratantes do acordo-quadro apresentarem as declarações e
documentos previstos no n.º 3.
151
A lei determina (n.º 1 do artigo 460.º) que essa sanção poderá ser aplicada
quando a gravidade da infração e a culpa do agente o justifiquem, sendo a
redação do n.º 2 igual à atualmente em vigor.

Se estamos perante uma infração, há que qualificá-la. Se é uma “infração”


apenas contratual, o quadro sancionatório aplicável é o definido nos artigos
403.º a 405.º, bem como no quadro especialmente definido no contrato.

Se não estamos apenas perante uma infração deste tipo – um incumprimento


contratual – então, estamos perante uma infração contraordenacional.

Mas, se estamos perante uma infração contraordenacional, nos termos do DL


433/82, a infração é punida com coima – sanção pecuniária, conforme aliás
previsto nos artigos 456.º a 458.º.

Ora, se só estamos perante sanção contraordenacional nos casos em que há


lugar à aplicação de coima, então a sanção prevista no artigo 460.º é uma
sanção acessória, como já é na redação em vigor.

Resulta daqui que este artigo 460.º não apresenta nenhuma novidade
relativamente à redação em vigor.

O disposto no artigo 460.º nada tem a ver com o artigo 464.º-A introduzido com
a revisão.

Neste, claramente se assume o propósito de aplicar uma sanção específica,


autónoma de qualquer procedimento contraordenacional.

O prazo máximo da proibição passa a ser apenas de 1 ano (duração fixa) e


aplicável sempre que esteja em causa:

- incumprimento contratual que tenha dado origem à aplicação de sanções


pecuniárias pelo máximo admitido nos n.ºs 2 e 3 do artigo 329.º;

- incumprimentos contratuais que tenham dado origem a duas resoluções


sancionatórias com fundamento na alínea a) do artigo 333.º (incumprimento
definitivo do contrato por motivo imputável ao cocontratante) ou com
fundamento as alíneas b) a g) do artigo 405.º (Empreitadas); ou com
fundamento no artigo 423.º (este último aplicado às concessões).

Para estes efeitos, os contraentes públicos devem comunicar ao IMPIC as


situações atrás descritas, de modo a que este promova a aplicação da
proibição, mandando-a publicar no portal dos concursos públicos.

152
Esta sanção tem correspondência com o impedimento previsto na alínea l) do
artigo 55.º.

Como corolário das competências reguladoras em matéria de contratação


pública cometidas ao IMPIC (454.ºA), esta entidade é a única competente para
a instauração e arquivamento dos processos contraordenacionais e
aplicação de coimas e sanções acessórias, cujo produto reverte em 60% para
o Estado, 30% para o IMPIC e 10% para as entidades adjudicantes participantes
das infrações, que constitui um dever destas (artigos 461.º e 462.º), devendo a
sanção acessória prevista no artigo 460.º ser publicitada no portal dos
contratos públicos, durante todo o período do impedimento (463.ª) e o seu
desrespeito pelo visado constitui crime de desobediência nos termos do
Código Penal (464.º).

DISPOSIÇÕES FINAIS

PUBLICITAÇÃO DOS CONTRATOS – ARTIGO 465.º

É revogado o seu n.º 2, sendo essa publicitação obrigatoriamente feita de acordo


com o modelo III do CCP.

O artigo 466.º foi revogado, o que se compreende pelas competências de


regulação em matéria de contratação pública, atribuídas ao IMPIC.

O artigo 470.º foi revisto na sua redação, de modo a atualizar as remissões aí


feitas para o CPA (contagem de prazos), mas sem alteração de substância.

O artigo 472.º - Obrigações perante a Comissão Europeia – desenvolve a


competência prevista no artigo 454.ºA que define o IMPIC como o ponto de
referência de cooperação com a Comissão Europeia.

São acrescentados os artigos 474.º, 475.º e 476.º ao CCP.

Quanto ao artigo 474.º, ele define os montantes dos limiares europeus e tem
sido vastas vezes referenciado nestas notas.

O seu número 5 constitui uma modalidade sui generis de alterar o texto da lei
através de mera divulgação no portal dos contratos públicos (sem embargo
da revisão dos limites, sendo feita através de regulamento europeu, ter
aplicabilidade imediata nas ordens jurídicas internas dos Estados membros.
153
O artigo 475.º faz uma breve e muito necessária referência ao e-Certis, base de
dados europeia que organiza vários tipos de documentos e certificados,
necessários à habilitação dos candidatos e concorrentes em procedimentos,
sobretudo, internacionais, facilitando a sua produção, pelo que as entidades
adjudicantes a ele devem recorrer.

Como referido no seu n.º 2, estão aí também disponibilizadas todas as versões


linguísticas do Documento Europeu Único de Contratação Pública, constituindo
as versões oficiais desse documento.

RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DE CONFLITOS

Por último, o artigo 476.º, não estabelecendo uma prioridade para a resolução
de conflitos através das vias alternativas – arbitragem, designadamente –
vem permitir o recurso a esses meios, regulando esse recurso nos seguintes
termos:

1.º - Todos os interessados num dado procedimento – candidatos ou


concorrentes – devem aceitar a jurisdição do centro de arbitragem
institucionalizado, no âmbito dos litígios suscitados na fase de formação de
contratos, de acordo com o modelo XII ao CCP, que deve fazer parte integrante
do programa do procedimento.

2.º - Os cocontratantes devem aceitar essa jurisdição, para os litígios


emergentes da execução do contrato, nos termos do mesmo modelo XII, a
incluir no caderno de encargos.

3.º - O modo de constituição do tribunal arbitral e o regime processual a aplicar,


ainda que por remissão para as normas do regulamento do centro de arbitragem
institucional devem constar de uma e outra das peças atrás referidas,
conforme o mesmo modelo XII.

4.º - A resolução de litígios através de arbitragem não integrada em centros de


arbitragem institucionalizados só pode ser utilizada com fundamento na
elevada complexidade das questões jurídicas ou técnicas suscitadas ou na
inexistência de centro institucionalizado competente na matéria; OU

5.º Quando o processo arbitral previsto nos regulamentos dos centros de


arbitragem institucionalizados não sejam conformes com o regime de

154
urgência previsto no CPTA (sobretudo, em litígios no âmbito da formação dos
contratos, para os quais, o CPTA estabelece os processos urgentes), OU AINDA

6.º Se se demonstrar que o recurso a um centro de arbitragem institucionalizado


seria mais moroso ou representaria um custo mais elevado para os
contraentes públicos ou para as entidades adjudicantes.

7.º Optando-se por um tribunal arbitral não integrado em centros


institucionalizados, a entidade contratante (na sua dupla veste de entidade
adjudicante e de contraente público) deve elaborar uma avaliação dos
impactos dos custos dessa opção, tendo em conta os honorários dos
árbitros e advogados, taxas, custas e outras despesas.

8.º Das decisões arbitrais sobre litígios com valor superior a 500 mil euros,
cabe recurso para o tribunal administrativo competente, com efeitos
meramente devolutivos.

155
ANEXO IX DO CCP - Lista de serviços de saúde, serviços sociais,
serviços de ensino e outros serviços específicos

156
ANEXO XIV DA DIRETIVA 24/2014/EU

SERVIÇOS A QUE SE REFERE O ARTIGO 74.o

Código CPV D
e
s
75200000-8; 75231200-6; 75231240-8; 79611000-0; 79622000-0 Saúde, serviços sociais
c e
[Serviços de fornecimento de pessoal auxiliar doméstico]; 79624000-4 serviços conexosr
[Serviços de fornecimento de pessoal de enfermagem] e 79625000-1 i
[Serviços de fornecimento de pessoal médico] de 85000000-9 a ç
85323000-9; 98133100-5, 98133000-4; 98200000-5; 98500000-8 ã
o
[Residências particulares com empregados domésticos] e 98513000-2 a
98514000-9 [Serviços de fornecimento de pessoal para agregados fami-
liares, Serviços de agências de pessoal para agregados familiares, Serviços de
empregados para agregados familiares, Pessoal temporário para agregados
familiares, Serviços de assistência ao domicílio e Serviços domésticos]

85321000-5 e 85322000-2, 75000000-6 [Serviços relacionados com a Serviços administrativos nas


administração pública, a defesa e a segurança social], 75121000-0, áreas social, da educação, da
75122000-7, 75124000-1; de 79995000-5 a 79995200-7; de saúde e da cultura
80000000-4 [Serviços de educação e formação profissional] a 80660000-
-8; de 92000000-1 a 92700000-8
79950000-8 [Serviços de organização de exposições, feiras e congressos],
79951000-5 [Serviços de organização de seminários], 79952000-2 [Ser-
viços de eventos], 79952100-3 [Serviços de organização de eventos cul-
turais], 79953000-9 [Serviços de organização de festivais], 79954000-6
[Serviços de organização de receções], 79955000-3 [Serviços de organi-
zação de desfiles de moda], 79956000-0 [Serviços de organização de feiras
e exposições]

75300000-9 Serviços relacionados com a


segurança so- cial
obrigatória (1)
75310000-2, 75311000-9, 75312000-6, 75313000-3, 75313100-4, Serviços relacionados com as
75314000-0, 75320000-5, 75330000-8, 75340000-1 prestações sociais

98000000-3; 98120000-0; 98132000-7; 98133110-8 e 98130000-3 Outros serviços coletivos,


sociais e pessoais, incluindo
serviços prestados por
organiza- ções sindicais,
organizações políticas, orga-
nizações de juventude e
outras organiza- ções
98131000-0 Serviços prestados por
associativas.
organizações reli- giosas

de 55100000-1 a 55410000-7; de 55521000-8 a 55521200-0 Serviços de hotelaria e


[55521000-8 Serviços de fornecimento de refeições (catering) a agregados restauração
privados, 55521100-9 Serviços de refeições ao domicílio, 55521200-0
Serviços de entrega de refeições]
55520000-1 Serviços de fornecimento de refeições ao domicílio (catering),
55522000-5 Serviços de fornecimento de refeições a empresas de trans-
portes, 55523000-2 Serviços de fornecimento de refeições (catering) a
outras empresas e instituições, 55524000-9 Serviços de fornecimento de
refeições (catering) a escolas
55510000-8 Serviços de cantinas, 55511000-5 Serviços de cantinas e
outros serviços de cafetaria de clientela restrita, 55512000-2 Serviços de
gestão de cantinas, 55523100-3 Serviços de cantinas escolares

157
de 79100000-5 a 79140000-7; 75231100-5; Serviços jurídicos, na medida
em que não estejam
excluídos nos termos do ar-
tigo 10.o, alínea d)
de 75100000-7 a 75120000-3; 75123000-4; de 75125000-8 a Outros serviços
75131000-3 administrativos e das ad-
ministrações públicas
de 75200000-8 a 75231000-4 Prestação de serviços à
comunidade

de 75231210-9 a 75231230-5; de 75240000-0 a 75252000-7; Serviços relacionados com estabelecimentos


794300000-7; 98113100-9 prisionais, serviços de segurança pública e
serviços de socorro, na medida em que não
estejam excluídos por força do artigo 10.o, alínea
h)

de 79700000-1 a 79721000-4 [Serviços de investigação e de segurança, Serviços de investigação e segurança


Serviços de segurança, Serviços de controlo de alarmes, Serviços de guarda,
Serviços de vigilância, Serviços de localização, Serviços de localização de
fugitivos, Serviços de patrulha, Serviços de emissão de cartões de identifi-
cação, Serviços de inquirição e investigação e Serviços de agência de
detetives] 79722000-1 [Serviços de grafologia], 79723000-8 [Serviços de
análise de resíduos]

98900000-2 [Serviços prestados por organizações e entidades extraterri- Serviços internacionais


toriais] e 98910000-5 [Serviços específicos às organizações e entidades
extraterritoriais]

64000000-6 [Serviços postais e de telecomunicações], 64100000-7 [Ser- Serviços postais


viços postais e de correio rápido], 64110000-0 [Serviços postais],
64111000-7 [Serviços postais de encaminhamento e distribuição de jornais
e publicações periódicas], 64112000-4 [Serviços postais de encaminha-
mento e distribuição de correspondência], 64113000-1 [Serviços postais de
encaminhamento e distribuição de encomendas], 64114000-8 [Serviços
postais de atendimento], 64115000-5 [Aluguer de apartados postais],
64116000-2 [Serviços de posta restante], 64122000-7 [Serviços de correio
interno]

50116510-9 [Serviços de recauchutagem de pneumáticos], 71550000-8 Serviços diversos


[Serviços de ferraria]
PT
(1) Estes serviços não são abrangidos pela presente diretiva nos casos em que sejam organizados como serviços de interesse geral
sem caráter económico. Os Estados-Membros são livres de organizar a prestação de serviços sociais obrigatórios ou de outros
serviços enquanto serviços de interesse geral ou enquanto serviços de interesse geral sem caráter económico.
L 94/230 Jornal Oficial da União Europeia 28.3.2014

158
NOTA FINAL:

Estas Notas, elaboradas sobre o correr do prazo para a entrada em vigor das
alterações introduzidas pelo DL 111-A/2017, podem estar feridas, aqui e ali, de
imprecisões e conclusões precipitadas, que exigirão mais tempo de maturação
e, sobretudo, de serem testadas pela efetiva entrada em vigor da revisão
operada.

Com efeito, as alterações ao CCP são mais do que muitas e, em alguns casos,
perturbam o regime substantivo com que estamos habituados a trabalhar, com
inovações cuja amplitude e impactos só pela realidade prática da sua
operacionalização se poderão avaliar.

Apesar de tudo, com intuitos de pura reflexão, como quem está a falar consigo
próprio sobre o teor das alterações introduzidas, mas também por um esforço de
sistematização que permita abarcar todo o leque dessas mesmas alterações,
entendi adequado elaborá-las.

Com o perdão das incorreções a corrigir em futuras releituras, é óbvio que as


ofereço a quem tenha interesse em as consultar.

Carlos Ribeiro, 24.11.2017 (parcialmente revisto em março de 2018)

159

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