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Termos tais como “Psicologia Criminal”, “Psicologia Judiciária”, “Psicologia Legal”, coexistem
e devido a sua proximidade causam confusão sobre quando se deve utilizá-los.
A palavra “forense” tem a sua origem na palavra latina “fórum”, que designa o sítio da
geografia da cidade romana onde se situariam os tribunais. Sendo assim, a palavra “forense”
seria atribuída a aquilo que se relacionasse com o funcionamento dos tribunais. Esta designação,
quando falamos da sua utilização na Psicologia, tem sido adotada, sobretudo nos Estados
Unidos. A abrangência do termo “forense” permite que toda a atividade psicológica que
funcione numa interelação contínua com a Lei se possa incluir sob esta designação: psicólogos
que trabalhem em instituições de reinserção social, em estabelecimentos prisionais, instituições
de proteção e educação de menores em risco, instituições de apoio a vítimas, peritos judiciais.
Todos estes profissionais, apesar das especificidades que possuem o seu trabalho, partilham uma
mesma linguagem, melhor ainda, têm a tarefa de tradutores: da linguagem do Sujeito para a Lei,
e a linguagem da Lei para o Sujeito.
Contudo, a utilização deste termo não é unânime em todos os países, chegando mesmo a haver
discordância dentro do mesmo país. Por exemplo, em França não foi possível conseguir um
consenso entre os psicólogos que trabalham no meio judicial sobre a designação “Psicologia
Forense”, que os incluiria a todos. Deste modo foi decidido por aqueles que realizam perícias
para os tribunais atribuir a designação de “Psicologia Legal” à condição de perito, sendo, assim,
o equivalente psicológico da Medicina Legal (Viaux, 2003).
Desde cedo a Psicologia se interessou pela execução da Justiça, nomeadamente pelas variáveis
psicológicas que interferiam nesse processo. Seriam os estudos sobre a relação entre a memória
e a capacidade de testemunho que inauguraram a relação entre Psicologia e Justiça. Neste
campo destacam-se os estudos de experimentalistas tais como Cattell e Jastrow nos E.U.A., e
Stern e Binet na Europa. De fato, será na Europa que o desenvolvimento destes estudos se torna
mais visível devido à hegemonia alemã no campo da Psicologia.
Na virada do século XX era habitual a utilização de psicólogos como testemunhas perito. Albert
von Shranck-Notzing, primeiro psicólogo nesta condição, em 1896 tenta convencer um juiz que
a influência da cobertura realizada sobre o caso de assassinato que estava a ser julgado, estaria a
provocar falsas recordações nas testemunhas do caso, sendo que estas já não distinguiriam o que
sabiam daquilo que os jornais diziam (Bartol & Bartol, 1999).
Se na Europa a Psicologia foi rapidamente aceite, nos E.U.A.
A sua aceitação foi um pouco mais tardia. Será Hugo Munsterberg, discípulo de Wunt, que irá
salientar a importância dos contributos que a Psicologia poderá fornecer à administração da
Justiça, o que ele demonstra na sua obra “On the Witness Stand: Essays on Psychology and
Crime” (1925). Aliás, Munsterberg foi um dos grandes pilares do Funcionalismo americano.
Defendia que a Psicologia se poderia aplicar a qualquer área da experiência humana, desde a
Educação à Justiça, como da Saúde ao Trabalho. É por causa disto que muitas vezes é chamado
de “pai da Psicologia Aplicada”. Apesar de defender ideias inovadoras, Munsterberg, gera muita
desconfiança e polemica entre os seus pares, contudo, não deixa de suscitar o interesse nos
psicólogos por campos algo diferentes dos que eram considerados os da Psicologia,
nomeadamente da Justiça.
Desde que Munsterberg chama a atenção para a relação entre Psicologia e Justiça, a intervenção
dos psicólogos americanos nos procedimentos judiciais intensifica-se. Na década de 40, apesar
das dificuldades impostas pelos psiquiatras forenses, os psicólogos começam a ser aceitos como
peritos sobre o estado mental.