Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
NORIE - NÚCLEO ORIENTADO PARA A INOVAÇÃO
DA EDIFICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A medição de desempenho é um elemento essencial para o gerenciamento do desempenho da
empresa, pois fornece informações que ajudam no planejamento e controle dos processos
gerenciais, possibilitando, ainda, o monitoramento e o controle dos objetivos e metas
estratégicas.
Observa-se, no entanto, que muitas empresas, inclusive da construção civil, não possuem
sistemas de medição de desempenho ou, quando possuem, existem graves deficiências. Essa
situação é decorrente de alguns fatores, destacando-se a dificuldade das empresas em
determinar o que medir e como medir.
Outro problema observado é que as medidas de desempenho utilizadas em muitas
organizações são raramente integradas ou alinhadas com o processo de negócio. Em muitos
sistemas, os indicadores não são selecionados de acordo com os objetivos estratégicos e
fatores críticos da empresa, o que dificulta sua inserção nos processos gerenciais da
organização.
A partir de meados da década de 1980, iniciou-se na indústria da construção um crescente
interesse pela gestão da qualidade e, como conseqüência, a implementação de sistemas de
medição. Este movimento é reflexo da ênfase dada à qualidade em outros setores da
economia e em todo o mundo, mas decorre também das mudanças que vem afetando o setor,
dentre as quais se destacam: a globalização da economia, a escassez de recursos para
construção, uma maior exigência dos clientes quanto à qualidade e ao padrão das edificações
e, também, um maior grau de organização e reivindicação da mão-de-obra.
No Brasil, vem crescendo a importância dos sistemas de medição de desempenho em
empresas de construção. Muitas dessas empresas vêm investindo em programas formais de
melhoria de desempenho e certificação de seus sistemas da qualidade baseado nas exigências
da série NBR ISO 9000 ou através de programas setoriais da qualidade como o PBQP-H
(Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat).
Com relação à medição de desempenho, a norma NBR ISO 9001 estabelece que a
organização deve: (a) medir e monitorar informações relativas à percepção do cliente sobre o
atendimento dos requisitos desse cliente pela organização; (b) executar auditorias internas
para determinar se o sistema de gestão está conforme, mantido e implementado eficazmente;
(c) demonstrar a capacidade dos processos identificados no sistema de gestão da qualidade
em alcançar os resultados planejados; e (d) medir e monitorar as características do produto
para verificar se os seus requisitos têm sido atendidos.
Além da medição e monitoramento, essa norma exige a necessidade de controlar produtos
não-conformes; analisar os dados, fornecendo informações relativas à satisfação do cliente;
verificar a conformidade com os requisitos do produto; controlar as características e as
tendências dos processos, incluindo oportunidades para ações preventivas; e, por fim, controlar
os fornecedores. A norma estabelece também que a organização deve continuamente
melhorar a eficácia do sistema de gestão da qualidade por meio do uso da política da
qualidade, objetivos da qualidade, resultados de auditoria, análises de dados, ações corretivas
e preventivas e análise crítica pela direção (ABNT, 2000).
No entanto, apesar dos esforços empreendidos nos últimos anos por grupos de pesquisa e do
interesse de entidades setoriais na disseminação desses conceitos, observa-se que o uso dos
indicadores ainda não constituiu uma prática sistemática para muitas empresas do setor da
Construção. A ausência de medidas adequadas tem sido apontada como uma das dificuldades
para avaliação do seu desempenho e para elevar o nível de competitividade do setor.
Buscando disseminar princípios e práticas de medição de desempenho associados aos novos
conceitos de gestão para as empresas de construção, em 1993 o NORIE/UFRGS1 iniciou um
projeto de pesquisa para o desenvolvimento de um Sistema de Indicadores de Qualidade e
1 NORIE – Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação; UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO
Os sistemas de medição de desempenho vêm assumindo novos papéis no gerenciamento de
processos e negócios. Estas mudanças têm levado à necessidade de reformulação dos
critérios utilizados na seleção dos indicadores e na sua forma de implementação. Este capítulo
apresenta alguns conceitos e requisitos básicos para a seleção, projeto e implementação de
sistemas de medição de desempenho.
PROCESSA-
GERÊNCIA AVALIAÇÃO
MENTO
Decisão Dados
INTERVEN-
COLETA
ÇÃO
Ação Medidas
PROCESSO
Fornecedor Cliente
De uma maneira geral, pode-se colocar que as medições têm sido utilizadas pelas empresas
para (Sink e Tuttle, 1993):
Desvio de Custo da Obra (Custo real – custo orçado / custo orçado) x 100
Desvio de Prazo da Obra (Prazo real – prazo previsto / prazo previsto) x 100
Percentual de Planos (Número de pacotes de trabalho 100% concluídos / Número de pacotes de
Concluídos trabalho planejados) x 100
PRODUÇÃO
Índice de Boas Práticas
(Somatório dos pontos obtidos / Total de itens avaliados) x 10
de Canteiros de Obras
(Número de acidentes ocorridos no mês com afastamento de um dia /
Taxa de Freqüência de
número de horas trabalhadas por todos os funcionários da empresa no
Acidentes
mês) x 100
Índice de Satisfação do Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
Cliente Usuário do conjunto de itens
CLIENTE
Índice de Satisfação do Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
Cliente Contratante do conjunto de itens
Velocidade de Vendas (Número de unidades vendidas / Número de unidades a venda) x 100
VENDAS (N° obras ganhas / Número de (Valor dos contratos / Valor total
Índice de Contratação
propostas) x 100 orçado) x 100
Avaliação de
Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
Fornecedores de
do conjunto de itens
Serviços
Avaliação de
Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
FORNECEDORES Fornecedores de
do conjunto de itens
Materiais
Avaliação de
Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
Fornecedores de
do conjunto de itens
Projetos
Número de não NNCAI = Número de não conformidades encontradas em auditorias internas
conformidades em
Auditorias NNCAE = Número de não conformidades encontradas em auditorias externas
QUALIDADE
Índice de não
conformidade na (Número de não conformidade / Número de verificações) x 100
Entrega do Imóvel
Índice de Satisfação do
Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
Cliente Interno nas
do conjunto de itens
Obras
Índice de Satisfação do Somatório de notas de um conjunto de itens com notas de 0 a 10 / Total
PESSOAS Cliente Interno na Sede do conjunto de itens
Índice de Treinamento (Número total de horas de treinamento / Efetivo médio)
Percentual de
(Número de funcionários treinados / Efetivo médio) x 100
Funcionários Treinados
Ciclo do
Planejamento e
Controle
AÇÃO
Fluxo de Decis ão
Planejamento de Curto Prazo
Fluxo de Revis ão
EMPREENDIMENTO
Elabora
Elaboraçã
çãoo do
do Identifica
Identificaçã
çãoo das
das
Plano
Plano de
de Restri
Restriçõ
ções
es de
de
Longo
Longo Prazo
Prazo Longo
Longo Prazo
Prazo
Elabora
Elaboraçã çãoo do
do
Cronograma
Cronograma
FFíísico
sico--
Fluxo de Decis ão
Financeiro
Financeiro
Fluxo de Revis ão
Planejamento
Planejamento de
de M
Méédio
dio Prazo
Prazo
Ferramentas ou
Etapas Informações necessárias Agentes Foco
técnicas
Seqüência de execução da unidade
base Equipe de
Gráfico de Gantt Recursos de produção Produção ou
Elaboração do
Linhas de balanço Fluxo de trabalho na unidade base Profissional com
plano de longo Obra
seqüenciais Fluxo de trabalho no habilidade para
prazo
Rede CPM empreendimento trabalhar com a
Capacidade de produção dos técnica CPM
processos críticos
Elaboração do
Plano de longo prazo Gerência
cronograma Planilha eletrônica Obra
Receita prevista financeira
físico-financeiro
Recursos de produção
Planilha de Equipe de
Programação de Especificação dos materiais
aquisição de Produção do Obra
recursos classe 1 Plano de longo prazo
recursos Empreendimento
Cronograma físico-financeiro
Planejamento
Planejamento de
de Longo
Longo Prazo
Prazo
Planejamento
Planejamento de
de Médio
Médio Prazo
Prazo
PROCESSO
Identificação e
Remoção de
Restrições Fluxo de Decisão
Fluxo de Revisão
Planejamento
Planejamento de
de Curto
Curto Prazo
Prazo
PA V IM EN TOS C ON C LU ÍD OS
240 240
236 236 236 236 236
222
208 208 208 208
200 200 196
180 180 182
170 170
160 156 160 156 156
142 142
132 130
120 118 118 118 120 118 118
104 104
92
80 80 80 80
66 66 66
52 52 54
40 40 40 42
28 28 28
14 14 14 14 14 14
0 0 0 0 0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
SEMANA SEMANA
ALVENARIA PLANEJADA ACUMULADA ALVENARIA EXECUTADA ACUMULADA LAJE PLANEJADA ACUMULADA LAJE EXECUTADA ACUMULADA
Ferramentas ou
Etapas Informações necessárias Agentes Foco
técnicas
Revisão do Cronograma físico
Gerência de produção,
dimensionamento Diagrama de Plano de longo prazo
mestre e encarregados Processo
das capacidades sincronia Dimensionamento de de produção.
de produção capacidade de produção
Croqui das unidades
Planta baixa dos pavimentos
Estabelecimento Projeto dos fluxos
Ritmo planejado Gerência de produção,
dos fluxos de de trabalho
Seqüência da unidade base mestre e encarregados Processo
trabalho no local Mapas de
Fluxos de trabalho do de produção.
da produção acompanhamento
empreendimento
Projeto dos processos críticos
Controle dos Plano de longo prazo Gerência de produção,
ritmos por Gráficos de ritmo Fluxos de trabalho do mestre e encarregados Processo
processo empreendimento de produção
Analisar de Plano de longo prazo
Cronograma físico Gerência de produção,
restrições
Planilha eletrônica mestre e encarregados Obra
Programar Recursos de produção de produção
recursos classe 2 Especificação dos materiais
Planejamento
Planejamento de
de Médio
Médio Prazo
Prazo
Planejamento
Planejamento de
de Curto
Curto Prazo
Prazo
PROCESSO / EMPREENDIMENTO
Preparação
Preparação ee Controle
Controle
Difusão
Difusão do
do Plano
Plano Sistemático
Sistemático
de
de Curto
Curto Prazo
Prazo da
da Execução
Execução
Fluxo de Decisão
Fluxo de Revisão
Nº FO 000 Versão Nº 00
PLANEJAMENTO SEMANAL Página 7 de 1
Elaborado em:
Alterado em:
19/05/03
P *
Toda equipe Execução do contrapiso 100 _____
E
P
Toda equipe Madeiramento da cobertura 100
E
Falha no planejamento; o
Instalação de água e caixa P
instalador não começou o
Daril e Enir d’água do galpão e instalação da 50
serviço no dia previsto. Atraso
fossa séptica e sumidouro E
início da tarefa.
100% 100%
100% 95%
87%
81%
78% 75%
80% 75%
68% 70% 71%
57%
60% 50%
40%
20%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
P E R ÍO D O ( S E M A N A S )
3%
Falt a de equipament o 3%
7%
Tempo
28%
(chuva,vent o)
41%
Taref a
16%
superest imada
2%
Baixa
2%
pr odut ividade
OC OR R ÊN C I A S ( %)
PPC x PPBD
120%
100%
PORCENTAGEM
80%
60%
40%
20%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
SEMANAS
PPC PPBD
80%
OCORRÊNCIA (%)
60%
40%
20%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
PERÍODO (SEMANAS)
O quadro abaixo apresenta as principais ferramentas utilizadas em cada uma das etapas do
planejamento de curto prazo.
Ferramentas utilizadas no Planejamento de Curto Prazo
5 PERDAS NA CONSTRUÇÃO
Existem muitas divergências no setor da construção civil quanto ao conceito de perdas e
também quanto à forma de medi-las. Em função disto, existem intermináveis debates quanto à
validade e ao significado dos indicadores de perdas levantados em diferentes estudos.
Com freqüência as perdas na construção civil são consideradas como sinônimo de entulho, tais
como restos de madeira, argamassa, blocos e outros materiais, os quais não apresentam a
possibilidade de serem reaproveitados.
Ou seja, perda é entendida como todo aquele material virtualmente sem valor, que sobra ao
final da obra ou serviço.
A figura abaixo ilustra a distribuição dos custos típica de um processo antes e depois de um
processo de melhoria, no qual observaram-se as seguintes mudanças:
c) Pequena redução de custos nas atividades que agregam valor através da melhoria da sua
eficiência;
d) Média redução de custos nas atividades que não agregam valor através da melhoria da sua
eficiência ou da sua eliminação; e
e) Grande redução dos custos através da eliminação das perdas, principalmente através da
eliminação de atividades que não agregam valor. Uma pequena parcela de perdas
permanece, pelo fato de que sua eliminação não é viável economicamente, a não ser que
haja mudanças substanciais nos métodos utilizados. Não se pode afirmar que existe, para
cada material, um percentual único de perdas que pode ser considerado inevitável para
todo o setor. Existem diversos valores, os quais dependem do nível de desenvolvimento
gerencial e tecnológico da empresa. A competitividade da empresa é alcançada na medida
que a organização persegue a redução de perdas continuamente.
Perda inicial
Atividades que
agregam valor
ANTES DA APÓS A
MELHORIA MELHORIA
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ISATTO, Eduardo L. et al.. Lean construction: diretrizes e ferramentas para o controle de perdas na
construção civil. Porto Alegre, SEBRAE/RS, 2000.
COSTA, D. B. et al.. Guia de Procedimentos de Indicadores para Benchmarking: Projeto SISIND-
NET. UFRGS/PPGEC/NORIE, Porto Alegre, Setembro, 2004.
OLIVEIRA, M.; LANTELME, E.M.V.; FORMOSO, C.T. Sistema de indicadores de qualidade e
produtividade na construção civil: manual de utilização. Porto Alegre: SEBRAE, 1995.
BALLARD, G.; HOWELL, G. Shielding Production: An essential step in production control.
Technical Report No. 97-1, Construction Engineering and Management Program, Department of Civil and
Environmental Engineering, University of California, 1997.
BERNARDES, M. M. S. Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento e Controle da Produção
para Empresas de Construção. Porto Alegre, PPGEC/UFRGS, 2001. Tese de doutorado.
LAUFER, A.; TUCKER, R. L. Is construction planning really doing its job ? A critical examination of focus,
role and process. Construction Management and Economics, London, n. 5, p. 243-266, 1987.
MARCHESAN, P. R. C. Modelo Integrado de Gestão de Custos e Controle da Produção par Obras
Civis. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Curso de Pós-Graduação em Engenharia
Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
NEVES, R. M; COELHO, H. O.; FORMOSO, C.T. Aprendizagem na implantação do PCP. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22., 2002. Curitiba. Anais… Curitiba:
ENEGEP, 2002.