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CEI-DPU
RETA FINAL 2017
ESPELHO DE CORREÇÃO DA 10ª RODADA
DURAÇÃO
18/04/2017 A 17/07/2017
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada
1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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ALUNO: mirlonfernando pág. 2
CEI-DPU
RETA FINAL 2017
ESPELHO DE CORREÇÃO DA 10ª RODADA
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO CIVIL
MODELO DE RESPOSTA
COMENTÁRIO
garantia de alienação fiduciária firmado entre Paulo e a Caixa Econômica Federal é regido pelo
Decreto-Lei nº 911/69. Nos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-
Lei nº 911/1969, a mora se configura automaticamente quando vencido o prazo para pagamento,
todavia, o deferimento da busca e apreensão tem como pressuposto a comprovação desse
fato por meio de notificação extrajudicial do devedor fiduciante. Nesse sentindo, importante o
teor da Súmula 72 do Superior Tribunal de Justiça: “A comprovação da mora é imprescindível
à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”, requisito não vislumbrado na situação
problema exposta.
Ainda de acordo com o STJ, para a comprovação da mora é imprescindível que a notificação
extrajudicial seja encaminhada ao endereço do devedor, ainda que dispensável a notificação
pessoal. Vejam o que dispõe o artigo 2º, § 2º, do Decreto-Lei 911/1969: “A mora decorrerá do
simples vencimento do prazo para pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada
com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do referido aviso
seja a do próprio destinatário. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)”.
* Prescrição: Em que pese forte divergência jurisprudencial acerca do tema, em uma prova
de Defensoria, é perfeitamente possível sustentar a prescrição quinquenal intercorrente da ação
de busca e apreensão do bem objeto de alienação fiduciária, fruto da inércia da credora. Embora
não se trate de demanda pela satisfação do crédito, a busca e apreensão da alienação fiduciária
pressupõe dívida inadimplida. Logo, se a pretensão de cobrança da dívida está prescrita, com
respaldo no artigo 206, § 5º, I, do Código Civil, diante da inércia da CEF em requer a conversão
do pedido de busca e apreensão em ação executiva (artigo 4º, do Decreto-Lei 911/69), forçoso
concluir pela prescrição da própria ação de busca e apreensão, a fim de que não se perpetue
situação de insegurança jurídica e eternização da pretensa constrição patrimonial. Nesse ponto,
oportuno salientar, existência de julgados de Tribunais locais reconhecendo o prazo prescricional
decenal para a hipótese, previsto no artigo 205 do Código Civil. Apesar disso e, diante da ausência
de posicionamento consolidado pelos Tribunais Superiores, perfeitamente plausível arguir a
prescrição quinquenal no caso em ótica, posição mais favorável ao assistido.
De acordo com o artigo 401, I, do Código Civil, o devedor purga a mora quando oferece ao
credor as prestações vencidas, mais o valor dos prejuízos comprovadamente sofridos. Em outras
palavras, nos contratos anteriores a vigência da Lei 10.931/2004 é permitida a purgação da mora
pelo devedor quando já pago 40% do valor financiado (Súmula 284 do STJ), sendo exatamente
esse o caso apresentado na questão. Importante ressaltar, o entendimento sumular apresentado é
Por sua vez, nos contratos posteriores a vigência da Lei 10.931/2004 não é mais permitido ao
devedor purgar a mora, tendo o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo, fixado
a seguinte tese: “Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004, compete ao devedor,
no prazo de 5 (cinco) dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar
a integralidade da dívida - entendida esta como os valores apresentados e comprovados
pelo credor na inicial -, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto
de alienação fiduciária” (REsp 1418593/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 14/05/2014, DJe 27/05/2014).
Art. 3o O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na
forma estabelecida pelo § 2o do art. 2o, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor
ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida
liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário. (Redação dada pela Lei nº
13.043, de 2014)
§ 1o Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a
propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário,
cabendo às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de
registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus
da propriedade fiduciária. (Redação dada pela Lei 10.931, de 2004)
* Observações Finais: 1) Na prova que irão enfrentar é fornecido pouco espaço para elaboração
da resposta, sendo imprescindível uma abordagem pontual dos temas tratados. 2) Na maioria das
provas discursivas é vedada consulta ao teor das súmulas. Nesse caso, mais importante do que a
indicação do número do enunciado, imprescindível o conhecimento de seu conteúdo, com menção
“conforme entendimento sumulado do STJ”, por exemplo. Se souber o número da súmula, perfeito!
3) Quando apresentada tese contrária ao entendimento dos Tribunais Superiores, imprescindível
menção ao entendimento jurisprudencial atual e seu contraponto, demonstrando, dessa maneira,
o conhecimento da jurisprudência e o posicionamento crítico.
Chegamos ao final desse curso de reta final e desejo a todos uma excelente prova!
Grande abraço.
MELHORES RESPOSTAS
- Com relação ao item “B”, é viável o pedido feito pelo defensor público federal, no
sentido de que seja a União condenada ao pagamento de verbas sucumbenciais em
favor da DPU?
MODELO DE RESPOSTA
COMENTÁRIO
Nada obstante a legitimidade ativa para a ação popular seja exclusiva do cidadão, conforme
artigo 5º, LXXIII, da Constituição Federal e artigo 1º da Lei 4.717/65, que regula a ação popular,
disposição constante no artigo 6º, § 3º, desta lei autoriza que as pessoas jurídicas de direito público
ou privado, incialmente demandas na ação, possam optar por migrar para o polo ativo, passando
a atuar em litisconsórcio com cidadão.
Nos termos do dispositivo, a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja
objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou
dirigente.
Como se verifica, a excepcional mudança de polo deve ser útil ao interesse público. Pode ocorrer,
inclusive, de a pessoa jurídica, inicialmente ré, passar a atuar sozinha no polo ativo, quando,
após sua migração, o cidadão desistir da ação e nenhum outro cidadão ou o Ministério Público
assumirem a posição, promovendo o prosseguimento da ação (Art. 9º da lei 4.717/65).
A razão do dispositivo é simples. Visando a ação proteger o patrimônio público, a pessoa jurídica
demandada pode, em tese, ser diretamente lesada pela prática ilegal apontada na inicial, o que
motivaria seu interesse por compor o polo ativo da ação.
Pela mesma razão, e considerando o microssistema de processo coletivo, há, também, possibilidade
de a pessoa jurídica demandada migrar para o polo ativo na ação civil pública, sendo possível,
por exemplo, que réu passe a atuar ao lado da Defensoria Pública numa ação por ela ajuizada.
Havendo interesse público, será possível o deslocamento. A jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça, inclusive, “é no sentido de que o deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público
do polo passivo para o ativo na Ação Civil Pública é possível quando presente o interesse público,
a juízo do representante legal ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/1965,
combinado com o art. 17, § 3º, da Lei de Improbidade Administrativa” (STJ. REsp 1391263 / SP.
Rel. Min. Herman Bejamin. Segunda Turma. j. 06/05/2014. DJe 07/11/2016). No mesmo sentido:
AgRg no REsp 1012960 / PR. Segunda Turma. DJe 04/11/2009.
seu artigo 17, § 3º, autoriza a aplicação, no que couber, do disposto no § 3º, do art. 6º, da Lei no
4.717, sendo, portanto, aplicável a regra concernente à possibilidade de deslocamento da pessoa
jurídica para o polo ativo. Válido observar que a ação de improbidade é ajuizada, em geral, em face
unicamente dos agentes públicos. Mesmo nesses casos, ainda que não se trate propriamente de
alteração da posição processual, a pessoa jurídica interessada pode requerer seu ingresso no polo
ativo, ao lado do Ministério Público, com vistas a resguardar o interesse público. Segundo Daniel
Amorim Assumpção Neves, nesses casos, apesar de corrente doutrinária considerar obrigatória
a informação acerca da existência do processo à pessoa jurídica interessada, o Superior Tribunal
de Justiça já consolidou o entendimento contrário, afirmando ser facultativa essa informação”, a
exemplo do que se decidiu no Resp 886.524/SP (rel. Min. João Otávio Noronha, DJe 13.11.2007).
Com relação aos honorários, importa pontuar que a Defensoria Pública é órgão autônomo, conforme
restou estabelecido no artigo 134 da Constituição Federal. Assim é que, nada obstante não seja um
Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), a Defensora Pública passou a ser dotada de autonomia
funcional, administrativa e, para tanto, de orçamento próprio, podendo, inclusive, encaminhar sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, por força
de disposição constitucional.
Válido é recordar que, cronologicamente, a autonomia foi conferida, pelo texto constitucional,
primeiramente para às Defensorias Públicas estaduais, por meio da EC 45/2004. A distorção foi
corrigida pelas Emendas 69 e 74, que explicitaram no texto constitucional que a autonomia se
estende à Defensoria do Distrito Federal e à Defensoria Pública da União.
A não inclusão da instituição na estrutura dos três poderes estatais visa acima de tudo a lhes
conferir a autonomia necessária para que possa desempenhar de modo adequado o seu papel.
Aliás, o Supremo Tribunal Federal vem reafirmando a autonomia da Defensoria Pública, a exemplo do
que decidiu nos seguintes precedentes: ADI nº 3965/MG, Tribunal Pleno, Relator a Ministra Cármen
Lúcia, DJ de 30/3/12; ADI nº 4056/MA, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ
de 1/8/12; ADI nº 3569/PE, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 11/5/07;
MS 33193 MC / DF. Decisão de 30/10/2014.
Assim, embora organicamente a Defensoria Pública esteja ligada ao Poder Executivo, é deste
corpo órgão autônomo, dotado de vida própria e elevado grau de independência (funcional e
administrativa). É diante deste cenário, portanto, que deve ser analisada, hodiernamente, a questão
concernente ao recebimento de verbas sucumbenciais em decorrência de condenação da Fazenda
Pública, em favor da Defensoria.
Nesse contexto, importa, inicialmente, observar que as verbas sucumbenciais, que encontram
fundamento no art. 4º, XXI, da Lei Complementar 80/94, fazem parte do reforço orçamentário
necessário à saúde financeira da Defensoria Pública, função essencial à Justiça. Citado dispositivo
é taxativo ao dispor que as verbas sucumbências são devidas por quaisquer entes públicos,
conforme se observa de sua redação, conferida pela Lei Complementar n. 132/09. Assim, com
o advento desta lei, os honorários de sucumbência são devidos à Defensoria Pública, e não à
pessoa jurídica de direito público a qual ela pertence (União, Distrito Federal e Estados). Apesar
de não ostentar personalidade jurídica, a Defensoria ocupa posição de credora na relação jurídica.
Neste sentido, anota Frederico Rodrigues Viana de Lima (Defensoria Pública. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2014. p. 441).
Interessante notar que o enunciado nº 421 da súmula do STJ reflete entendimento jurisprudencial
anterior ao advento da Lei Complementar nº 132/09, que entrou em vigor em 7 de outubro de 2009,
visto que, apesar de ter sido editada e publicada em 2010, o fundamento sumular é baseado em
precedentes anteriores à novel legislação.
Demais disso, embora o STJ tenha se utilizado do art. 381 do Código Civil - que trata do instituto
da confusão – para fundamentar a edição da súmula nº 421, tal fundamento também não encontra
sustentação, pois (a) a Lei Complementar nº 132/09 é norma específica, devendo prevalecer sobre
aquele codex, de caráter geral. Além do mais, referido código é voltado à regulação de relações
jurídicas de ordem eminentemente privada; (b) não há que se falar em confusão para órgão dotado
de autonomia, o qual possui, inclusive, orçamento próprio. A credora das verbas sucumbenciais
não é a Fazenda Pública, mas sim a própria Defensoria, órgão autônomo e responsável por gerir os
fundos mencionados no artigo 4º, XXI, da LC 80/94, destinados, exclusivamente, ao aparelhamento
do órgão e à capacitação profissional de seus membros e servidores. É sempre de bom alvitre
destacar que o defensor público não recebe, nem mesmo percentualmente, qualquer valor a título
de condenação em verbas sucumbenciais, equívoco bastante comum no meio forense.
Tendo o surgimento do enunciado nº 421 da súmula do STJ ocorrido com base em precedentes
Neste sentido, a decisão tomada na Ação Rescisória 1937/DF (Supremo Tribunal Federal, Plenário,
30.6.2017 – portanto, deste ano) condenou a União ao pagamento de honorários em favor da
Defensoria Pública da União, posição que deve ser adotada na prova.
MELHORES RESPOSTAS
1 a) Sim. Através do microssistema da tutela coletiva composto pela Lei da Ação Civil Pública,
2 Código de Defesa do Consumidor, Lei da Ação Popular e outras é possível concluir pela
3 viabilidade de migração da União do polo passivo para o polo ativo da demanda, conforme
4 autoriza o §3º do artigo 6º da Lei 4.717/1965 – Lei da Ação Popular, desde que se afigure útil ao
5 interesse público; b) Sim. Em que pese a literalidade da Súmula nº 421 do Superior Tribunal de
6 Justiça não reconheça os honorários advocatícios quando a Defensoria Pública atuar contra
7 pessoa jurídica à qual pertença, o novo cenário normativo desenhado a partir das Emendas
8 Constitucionais nº 74/2013 e 80/2014, permite sustentar a superação daquele enunciado face
9 a sua incompatibilidade com a autonomia institucional assegurada pela Constituição Federal
10 de 1988.
LORENA CHIROL
Observação do professor: a súmula 421 ainda está em vigor. Assim, tecnicamente, ainda não foi
superada. Desta forma, deve-se atentar bem para a forma como as frases serão formuladas na
resposta, com a finalidade de não permitir interpretações dúbias, em prejuízo da pontuação.
PALOMA MORAIS
1 Sim. O deslocamento da pessoa jurídica de direito público do polo passivo para o ativo na ACP
2 é possível quando presente o interesse público, a juízo do seu representante. A migração entre
3 os polos está prevista no art. 6º §3º da Lei 4717/1965 e no §3º do art. 17 da Lei 8429/1929.
4 Doutrina e jurisprudência entendem que tais dispositivos se aplicam também à Lei 7347/1985,
5 haja vista que os três diplomas (Lei da Ação Popular, Lei da Improbidade Administrativa e
6 Lei da ACP) compõem um microssistema de defesa do patrimônio público através da tutela
7 coletiva, impondo-se, assim, uma interpretação sistemática. b) Sim. Recentemente o STF
8 condenou a União ao pagamento de honorários à DPU, nos moldes do art.85 do CPC e art. 4º,
9 XXI da LC 80/94 com redação da LC 132/09. Ressalte-se que inexiste confusão patrimonial a
10 obstar o deferimento das verbas de sucumbência em favor da DPU tendo em vista a autonomia
11 administrativa, funcional e orçamentária da instituição face ao governo federal (EC 74/2013).
LINE CARDOZO
Observação do professor: deve-se ter absoluto cuidado com as margens. NÃO ULTRAPASSAR,
NEM DEIXAR ESPAÇOS EM BRANCO AO FINAL DE CADA LINHA, por mínimos que sejam (salvo,
obviamente, no caso de linha que anteceder novo parágrafo).
AURORA LAUREANO
1 Quanto ao item “A”, o pedido de transferência da União para o polo ativo se justifica pela
2 ausência de contestação e pelo fato de ter havido o efetivo repasse das verbas federais
3 necessárias à manutenção do atendimento do SUS que, diante da ausência de efetiva
4 aplicação pelos demais entes, configura hipótese útil ao interesse público, nos termos do art.
5 6º, §3º da Lei de Ação Popular, cuja incidência na ação civil pública é admitida em razão do
6 microssistema processual das ações coletivas já reconhecido pelo STJ no RESP 1106515/
7 MG. Quanto ao item “B”, é possível o pedido de condenação da União ao pagamento das
8 verbas sucumbenciais em favor da DPU nos termos do art. 4º, XXI da LC 80/94 com redação
9 dada pela LC 132/09, que inclui dentre as funções institucionais o recebimento de verbas
10 devidas por quaisquer entes públicos, bem como pela autonomia institucional conferida a
11 partir da EC 73/13, dispositivos posteriores à edição da Súmula 521 STJ cujo conteúdo pode
12 restar superado.
PEÇA JUDICIAL
DIREITOS CONSTITUCIONAL
Em janeiro de 2017, o Senhor Thiago Paiva foi diagnosticado com câncer no pulmão.
Passados 6 meses do diagnóstico, o câncer do Sr. Thiago Paiva está em estado de metástase.
Segundo os médicos do hospital, “não há mais nada o que fazer”. Ocorre que neste mesmo
período, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul desenvolveu um medicamento
experimental chamado “CÂNCERLESS – a pílula do câncer” e utilizou a referida pílula em
pacientes terminais. Dos 10 pacientes que foram utilizados como “cobaias” da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, situada em Porto Alegre, 9 faleceram em decorrência da
doença. No entanto, um dos pacientes submetido ao tratamento experimental pela UFRGS
apareceu milagrosamente curado. Assim, após assistir uma reportagem sobre o case, a
filha do Sr. Thiago Paiva, Sra. Fernanda Helena Paiva procurou a DPU de Porto Alegre no
intuito de obter tal medicamento experimental para o seu pai. A DPU ingressou com a ação,
mas o juiz federal da 1ª Vara Federal de Porto Alegre negou a liminar, sob o argumento de
que o objeto da ação se trata de um mero fármaco experimental e que o Poder Judiciário
não pode endossar “aventuras jurídicas” (trecho da sentença proferida pelo juiz). Ainda na
mesma sentença, o magistrado de primeira instância ainda exarou em sua sentença que
o medicamento experimental estaria “fora da lista do SUS” e que a ação deveria ter sido
interposta “contra o Município de Porto Alegre”. A decisão foi exarada e publicada no dia
31 de julho de 2017. O colega que ajuizou a ação entrou de férias, e os autos com o pedido
de liminar não concedido pelo juízo vieram para a DPU. Elabore a peça/recurso processual
datando a peça para o último dia do prazo.
MODELO DE RESPOSTA
4 AGRAVADO: UNIÃO
11 O agravo de instrumento foi instruído com as cópias obrigatórias do art. 1017 do CPC.
12 O juízo de origem foi comunicado da interposição do presente recurso para que possa
13 exercer juízo de retratação (art. 1018, §2º e 3º CPC).
25 COLENDA CÂMARA/TURMA
26 NOBRE RELATOR
27 1. SÍNTESE PROCESSUAL
34 2. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE
37 tendo o juízo de indeferido o pedido liminar formulado pelo agravante correto é o cabimento do
38 agravo de instrumento.
39 Além disso, é tempestivo o recurso interposto. Isso porque a decisão foi proferida no dia
40 31/07/2017 com remessa dos autos para a Defensoria Pública da União na mesma data.
41 A contagem do prazo iniciou no dia seguinte 01/08/2017 e o prazo final ocorrerá no dia
42 11/09/2017.
51 4. DO MÉRITO
70 O fato do medicamento não figurar na lista do SUS, por si só, não obsta a que seja
71 fornecido pelo Poder Público, ainda mais quando o tratamento terapêutico convencional
72 mostrou-se ineficaz ou insuficiente no combate à enfermidade, sendo razoável que o agravante
73 busque todos as formas para se manter saudável e prolongar sua vida ou, ao menos, amenizar
74 seu sofrimento, como expressão do seu direito à saúde (art. 6º e 196 da CF) e à dignidade
75 humana (art. 1º, III, CF).
89 Como se não bastasse, a teoria do right to try (“direito de tentar”), oriunda do direito
90 norte-americano, respalda o pedido do agravante. Tal teoria consiste, em breve síntese, na
91 garantia de que o paciente possa tentar a cura de uma doença por meio de tratamentos
92 médicos experimentais, ainda que não exista prova da eficácia do medicamento e de registros
93 nos órgãos reguladores. O right to try visa garantir ao indivíduo a manutenção do direito à
94 vida, corolário do princípio mater do ordenamento jurídico brasileiro, qual seja, a dignidade
95 da pessoa humana. É importante observar que no julgamento da ADI da Pílula do Câncer,
96 diversos Ministros do Supremo Tribunal Federal reconheceram a possibilidade de se invocar
97 o right to try no direito brasileiro.
98 5. DOS PEDIDOS
COMENTÁRIO
Questões estruturais: organização do texto; respeito às margens; uso correto do vernáculo (até
3,0 pontos);
Medida cabível: Agravo de instrumento contra a União (no intuito de reformar a decisão de
primeira instância) (até 1,0 ponto);
Aspectos formais: endereçamento, legitimidade passiva e ativa, síntese fática (até 1,0 ponto);
Fundamentos jurídicos: a) Preliminarmente; Há solidariedade entre os entes federativos nas
questões envolvendo o direito à saúde, em que pese não exista a necessidade de formar um
litisconsórcio passivo necessário, podendo o autor escolher contra qual ente federativo quer
litigar (contra um individualmente, contra dois ou contra todos). b) mérito; b.1) fundamentar a
reforma da decisão liminar com base na teoria do right to try. A teoria do right to try (“direito de
tentar”) consiste na garantia de que o paciente possa tentar a cura de uma doença por meio de
tratamentos médicos experimentais, ainda que não exista prova da eficácia do medicamento e de
registros nos órgãos reguladores. O right to try visa garantir ao indivíduo a manutenção do direito
à vida, corolário do princípio mater do ordenamento jurídico brasileiro, qual seja, a dignidade
da pessoa humana. Antes da suspensão da lei que autorizava o uso da fosfoetanolamina pelo
STF, muitos juízes autorizaram a distribuição e uso da “pílula do câncer” com base no “direito de
tentar”. Para maior aprofundamento no tema, recomendamos a leitura da notícia “Justiça manda
USP fornecer ‘cápsula contra o câncer’ a mulher de 41 anos”, que pode ser encontrada neste
link: http://www.conjur.com.br/2016-jan-30/usp-fornecer-capsula-cancer-mulher-41-anos.
Recomendamos também a leitura da reportagem “Direito de tentar: paciente consegue acesso
à pílula do câncer da USP”, que pode ser encontrada neste link: http://www.migalhas.com.br/
Quentes/17,MI232838,71043-Direito+de+tentar+paciente+consegue+acesso+a+pilula+do+c
ancer+da+USP. Portanto, não se trata de uma “aventura jurídica”, conforme o enunciado da
questão, mas a busca pela manutenção do direito à vida. b.2) fundamentar a revogação da
medida liminar com base no mínimo existencial: O fato do medicamento estar fora da lista do
SUS é um argumento um tanto temerário por parte da União, afinal, trata-se de medicamento
experimental e o paciente está entre a vida e a morte. Assim, não é possível dar guarida a tal
argumento, uma vez que o direito à saúde é uma obrigação imposta pela Constituição Federal ao
Poder Público (art. 196, caput, e artigo 6º, caput, ambos da Constituição Federal de 1988). Nessa
linha de raciocínio, é importante lembrar que o STF refuta a utilização de argumentos retóricos
como “medicamento fora da lista” “reserva do possível” etc, em casos envolvendo a subsistência
do mínimo existencial do paciente (STF, ARE 639337 AgR dentre outros). Até 10,0 pontos
Pedido liminar: reforma imediata da decisão liminar proferida pelo juízo de 1º grau. Demonstração
da urgência envolvendo o caso. Até 2,0 pontos
Pedidos: prerrogativas da DPU, recurso datado para o último dia do prazo, intimação da União
para oferecer contestação; intimação do MPF (há idoso em situação de risco, sendo necessária
a intimação do MPF, nos termos do STJ, AgRg no AREsp 755993/SC). Até 3,0 pontos
NOTA FINAL:
Pontuação máxima: 20,0 pontos
MELHORES RESPOSTAS
AURORA LAUREANO
1 EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª
2 REGIÃO
3 THIAGO PAIVA, já qualificado nos autos do processo XXX, vem, por meio da DEFENSORIA
4 PÚBLICA DA UNIÃO, não conformado com a decisão interlocutória prolatada pelo Juízo da
5 1ª Vara Federal de Porto Alegre que indeferiu liminar em obrigação de fazer, interpor, com
6 base no art. 1015, I, NCPC, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO pelos fatos e
7 fundamentos expostos nas razões que se seguem.
8 1) DA TEMPESTIVIDADE
13 2) DA DISPENSA DO PREPARO
19 Pede deferimento.
22 RAZÕES DO RECURSO
23 EGRÉGIO TRIBUNAL,
24 COLENDA CÂMARA
25 Em que pese a decisão interlocutória exarada no Juízo de 1º grau que indeferiu a liminar em
26 obrigação de fazer, a situação de urgência do agravante em razão de seu estado de saúde
27 justifica a reforma da referida decisão, conforme se restará demonstrado a seguir.
28 Processo nº XXX
32 1) DOS FATOS
69 3) DOS PEDIDOS
73 b) A citação dos réus, na pessoa de seus representantes legais, para contestação, termos do
74 art. 1021, §2º, NCPC
78 d) caso o presente recurso seja recebido, que seja concedido efeito suspensivo ativo, nos
79 termos do art. 1019, I, NCPC;
80 e) a condenação dos réus ao pagamento das custas despesas e custas processuais, incluindo
81 honorários de sucumbência devidos à Defensoria Pública da União;
RAFAELA PIQUIÁ
3 PAJ nº:
5 AGRAVADO: UNIÃO
6 THIAGO PAIVA, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, por intermédio da DEFENSORIA
7 PÚBLICA DA UNIÃO, com endereço eletrônico___, através de seu órgão de execução que a
8 esta subscreve, cuja procuração é dispensada por força do artigo 4º, inciso XI, respeitosamente,
9 perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1015, inciso I, do Código de Processo Civil,
10 interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO em face da decisão proferida às fls. ___ que denegou
11 o pedido de liminar.
12 O agravo de instrumento foi instruído com as cópias obrigatórias do art. 1017 do CPC.
13 O juízo de origem foi comunicado da interposição do presente recurso para que possa exercer
14 juízo de retratação (art. 1018, §2º e 3º CPC).
15 Atuam no processo como advogado da parte agravada _____, endereço _____e endereço
16 eletrônico.
26 COLENDA CÂMARA/TURMA
27 NOBRE RELATOR
28 1. SÍNTESE PROCESSUAL
35 2. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE
36 Conforme dispõe o Código de Processo Civil, cabe agravo de instrumento em face das
37 decisões interlocutórias que versarem sobre tutelar provisórias (art. 1015, inciso I). Assim,
38 tendo o juízo de indeferido o pedido liminar formulado pelo agravante correto é o cabimento
39 do agravo de instrumento.
40 Além disso, é tempestivo o recurso interposto. Isso porque a decisão foi proferida no dia
41 31/07/2017 com remessa dos autos para a Defensoria Pública da União na mesma data.
42 A contagem do prazo iniciou no dia seguinte 01/08/2017 e o prazo final ocorrerá no dia
43 11/09/2017.
52 4. DO MÉRITO
64 às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Trata-se, pois, de direito
65 fundamental que compõe o mínimo existencial para uma vida digna, sendo o fornecimento
66 de medicamentos um consectário lógico desse direito, conforme se infere do art. 6º, I, d e art.
67 19-M, I, da Lei 8.080/90.
70 O fato do medicamento não figurar na lista do SUS, por si só, não obsta a que seja fornecido
71 pelo Poder Público, ainda mais quando o tratamento terapêutico convencional mostrou-se
72 ineficaz ou insuficiente no combate à enfermidade, sendo razoável que o agravante busque
73 todos as formas para se manter saudável e prolongar sua vida ou, ao menos, amenizar seu
74 sofrimento, como expressão do seu direito à saúde (art. 6º e 196 da CF) e à dignidade humana
75 (art. 1º, III, CF).
76 Tendo sido desenganado pela medicina de evidência não há como prosperar o argumento do
77 juízo de piso no sentido de se tratar de “aventura jurídica”, mas de direito fundamental à vida
78 e à liberdade de escolher terapia alternativa, ainda que experimental, como última esperança
79 para o tratamento de sua enfermidade.
89 5. DOS PEDIDOS
90 Ante o exposto, requer seja conhecido o recurso para: I - conceder a antecipação da pretensão
91 recursal, determinando o fornecimento da substância medicamentosa ainda não registrada
92 na Anvisa pelo tempo necessário, nos termos do art. 1019, I, CPC; II – intimar o agravado
93 para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias (art. 1019, II, CPC); III – a intimação do
94 Ministério Público Federal para que se manifeste no prazo de 15 dias (art. 1019, III, CPC);
95 IV – No mérito, o provimento do recurso para condenador o agravado a fornecer pelo tempo
96 necessário o medicamento experimental, bem como, em conjunto com os detentores da
97 patente, realizar os estudos e testes clínicos indispensáveis para seu registro; V – requer
98 a observância das prerrogativas processuais da Defensoria Pública, sobretudo a intimação
99 pessoal com remessa dos autos e o prazo em dobro (art. 44, I, LC 80/94 e art. 186 do CPC).
3 Processo originário nº... Origem: 1ª Vara Federal de Porto Alegre - Seção Judiciária do Rio
4 Grande do Sul
7 THIAGO PAIVA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da identidade nº..., inscrito
8 no CPF\MF nº..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado a ..., vem, por intermédio da
9 DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, perante Vossas Excelências, com fundamento no artigo
10 1015, I, CPC, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE TUTELA
11 DE EVIDÊNCIA RECURSAL contra Respeitável Decisão de fls...., proferida nos autos do
12 Ação Cível nº..., em trâmite na 1ª Vara Federal de Porto Alegre, que indeferiu o pedido de
13 liminar requerido, consistente na concessão de medicamento que poderá prolongar a vida do
14 Agravante, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
15 DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA: Inicialmente informa que não houve preparo uma vez que
16 o Agravante é hipossuficiente e teve o benefício da Gratuidade de Justiça deferido em 1ª
17 Instância. Requer, portanto, a manutenção do benefício também em sede recursal, tendo
18 em vista a impossibilidade de arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem
19 prejuízo do sustento próprio e de sua família.
35 Trata-se de medida judicial cujo objeto é a tutela do direito à saúde do Agravante, portador
36 de CÂNCER NO PULMÃO agressivo, e que busca, por meio deste recurso, a reforma da
37 decisão interlocutória que indeferiu o pedido de concessão do medicamento CANCERLESS
38 sob fundamento de que “...se trata de um mero fármaco experimental e que o Poder Judiciário
39 não pode endossar “aventuras jurídicas”(...)o medicamento experimental estaria “fora da lista
40 do SUS” e que a ação deveria ter sido interposta “contra o Município de Porto Alegre”...”
41 Sim, Excelência, este medicamento é experimental, como reforça o Eminente Magistrado,
42 no entanto, data venia, não se trata de uma aventura jurídica, mas do legítimo DIREITO DE
43 TENTAR ao qual faz jus o Agravante, no legítimo exercício de direitos fundamentais à vida, à
44 saúde e à dignidade humana.
62 a quo, uma vez que não possui nenhum vínculo com a Universidade FEDERAL do RS, ora
63 Agravada e fabricante do medicamento pleiteado.