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O nacionalismo é um termo ligado a modernidade europeia; surgiu por volta século XVIII
com os ideias iluministas,a fim de criar laços históricos e linguísticos entre habitantes de um
mesmo território.
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A constituição de 1934 é nomeada como “A constituição dos Estados Unidos do Brasil” e ilustra a
inauguração do Estado Novo, período da 2°República.
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A tomada da distância da pontuação que enumera é para dar maior visibilidade a pontuação dos
trechos do poema.
A composição estrutural faz chamar atenção para a pontuação escolhida pelo autor,
nota-se que a exclamação sugere uma exaltação, mas vale também atenção quanto ao uso
do ponto final somente em algumas palavras, embora simples, parece sugerir um aspecto
muito particular e crítico da própria formação de identidade brasileira. As palavras que
antecedem essa característica são: “colonizar.educar.louvar” o Brasil.
Esses vocábulos remetem mais um conflito de identidade do que propriamente uma
vangloriação nacionalista. O ponto da crítica de Drummond faz aqui, vale-se mais da
ausência do sujeito coletivo de povos indígenas, que desde o período colonizador é um
sujeito apagado da história nacional, o eu-lírico parecer intencionalmente sintetizar esse
processo de modo sutil.
A ausência não evidencia quem são esses sujeitos, apenas sugere por essa hipótese que
há um eu-lírico coletivo, da primeira pessoa do plural que expressa o “nós” e o foco que o
autor dá sobre isso caracterizando o símbolo coletivo de Drummond,bem como sobre a
consciência coletiva construtiva para descobrir o Brasil.
Outro aspecto que parece ser recorrente ao longo de toda poesia é a aliteração do /r/ e do
/s/ mas por quase sempre se apresentar entre vogais é sonorizado em /z/ reitera cada vez
mais ao termo Brasil, como se clamasse atenção, talvez mais diretamente ao leitor.
Na primeira estrofe a imagem criada pela exuberância natural do Brasil, parece
novamente fazer referência direta ao hino nacional, “gigante pela própria natureza”, e no
poema é colocado como escondido e em versos seguintes é estabelecida a necessidade de
colonizar, é possível notar uma dualidade nesses versos, pois ao mesmo tempo que Brasil
está relacionado enquanto território e recursos naturais é possível ser visto também como
seus próprios habitantes.
A segunda estrofe alude ao período do fluxo imigratório no Brasil pelos versos do
poema, a partir da segunda estrofe até a antepenúltima o eu-lírico concede lugar à voz do
discurso da colonização, da cópia dos modelos europeus e da ruína do Brasil, que às vezes
se disfarça de desenvolvimento. Há também uma objetificação das pessoas, mais
especificamente pelo gênero feminino(francesas,alemãs,russas,sírias,japonesas), tal como
se presta a utilizar a nomenclatura “importar”, nesse sentido mais adequada ao
mercado,logo, ao capitalismo. Sobre esse mesmo aspecto é possível fazer uma ligação
com o “poema das sete faces” em que o poeta destaca o multiculturalismo presente no
Brasil, expondo seu desejo carnal sobre estas mulheres. Ademais, a figura da mulher
aparece aqui limitadas também a serventes “garçonettes dos restaurantes noturnos”,
indicando um eufemismo para prostitutas,demonstrado pelo caso possessivo e específico
de restaurantes noturnos.
Drummond estabelece nesses versos algumas dicotomias; há claramente uma exaltação
das outras nacionalidades, demonstrando que a escolha do léxico “garçonettes” em francês
foi intencionada para designar essa estrangeiras, do mesmo modo que o tipo de olhar que o
eu-lírico transpassa ao leitor seja com grau de superioridade moral. Nem mesmo motivado
por comparação o autor menciona nenhum individualismo sobre o “ser Brasil”, ao contrário
é como se ele remetesse a estrofe sobre um novo processo de colonização, mas dessa vez
consentida.
A quarta estrofe reitera a ideia colocada na estrofe anterior, o ato de assimilação é negar
a própria essência e de fato se formar em outra concepção social e ideológica. Novamente
é colocado no discurso uma equiparação de pessoas(professores) e livros, para além disso
a educação é vista como mercadoria. Com a forma dramática no interior do verso,
Drummond tem intuito de promover uma ironia, e isso fica mais evidente ao final desta
estrofe “subvencionaremos as elites”, o lado gauche drummondiano se faz presente
ironizando o fato da nação continuar “carregando” as elites.
“Cada brasileiro terá sua casa/ com fogão e aquecedor elétricos, piscina,/ salão para
conferências científicas./ E cuidaremos do Estado Técnico.
O eu-lírico que fala na estrofe acima, parece ser a voz da própria elite, cômoda,
debruçada sobre um discurso cheio de demagogias. A burguesia conservadora do Brasil, é
herdeira de um processo de atraso e de imitação dos valores europeus; esse tipo de
discurso remete uma influência positivista, mas que para sociedade brasileira da época
seria uma realidade utópica.
“O ressentimento drummondiano origina-se da impossibilidade dessa
ordem ideal,recortando-se contra um pano de fundo longínquo e
afirmativo que, mesmo quando invisível, está suposto na perspectiva
do discurso e é a contraface do modo irônico.” (DRUMMOND,2002)
Drummond é pertencente dessa elite decadente. A crise de 1929 afetou a sua família
que era fazendeira em Minas Gerais, após perderem suas posses a família se muda para
Itabira. Embora isso tenha ocorrido, foi o que motivou mais uma das fases o poeta, o
poema “O fazendeiro do ar” exemplifica bem essa fase; mesmo sem fazenda Drummond
herda a espírito de fazendeiro da sua família, então por conseguinte ele é também um
fazendeiro, só que de lugar nenhum.
O ideal do brasil como “o país do futuro” vem da mesma linha de pensamento
positivista europeu, e com os projetos pensados sobre a industrialização o autor promove
associação com o trecho do Hino Nacional “teu futuro espelha essa grandeza”. Sob esse
discurso enfeitado o autor procura satirizar a realidade.
Retoma na quinta estrofe o resgate identitário por meio do enaltecimento da natureza e
lugares turísticos, ao longo de cada verso é notável a contradição. No começo, tenta criar a
imagem de uma grande potência, que ostenta revoluções,usando do artifício da hipérbole;
mas ao final se limita a reticências como se de fato não conhecesse a dimensão territorial
da nação. A pontuação em reticências com o efeito hiperbólico no discurso exibe a
argumentação rasa do eu-lírico. Cândido(1975)4 relata que esse tipo de efeito foi
demasiadamente utilizado por “quase três séculos e serviu de compensação para o atraso e
o primitivismo reinantes”. Vale ressaltar que o primitivismo empregado aqui, está
relacionado ao atraso da burguesia e que serve a muitos como forma de desviar de
assuntos das mazelas sociais.
Na sexta estrofe do poema,o eu-lírico chama o interlocutor a não somente amar o
Brasil,mas contempla-lo . Muito embora crie a princípio uma atmosfera mais “clamativa”, o
eu-lírico parece entrar em um processo de conflito e muitas indagações. Drummond
estrutura esse processo de reflexão por meio de anáforas, daí em diante o eu-lírico segue
em meditação.Novamente o uso de reticências, mas esse dá um sentido mais de
lamentação, talvez até remeta ao verso da primeira estrofe “coitado” , mas aqui parece
expressar muito mais um sujeito singular.A incógnita que o autor deixa é sobre de quais
homens o eu-lírico se refere, não há qualquer referência direta no poema que os associam.
Na última estrofe ,o poeta encaminha o final do poema com muitas outras dúvidas, já no
primeiro verso reitera a necessidade de se esquecer o Brasil, e segue em caminhos
existencialistas. Compreensível que esse conflito identitário faça questionar se realmente
houveram brasileiros, mas a verdade é que somos uma composição multifacetada, e há
várias vozes que se expressam na extensão deste território.
Oswald de Andrade na formulação Antropológica destaca que somos por excelência,
uma nação que se constituiu a partir do outro; são influências indígenas, africanas,
portuguesas e tantas outras.
O desfecho do poema é com uma dúvida no futuro do presente do indicativo, “E acaso
existirão brasileiros?” que pode ser traduzida para outras questões, mas é uma questão que
não há de ter resposta exata,a ideia de nação é um constructo cultural.
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CÂNDIDO, Antônio. Iniciação à literatura brasileira:momentos decisivos.Vol I. 2ed.São
Paulo:Martins,1975
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. “Hino nacional” .in:Brejo das almas. Rio de Janeiro:Record,2001.
PONTES, Maria do Socorro Aguiar. Literatura e sociedade: como a idéia de nação é redimensionada
no poema de Drummond?, Brasília,Universidade de Brasília;Revista Água Viva,2009
Nacionalismo:
Termo ligado a modernidade europeia.
Sec. XVIII - concepção linguistico-histórica ;
Sec. XIX - Fortalecimento da ideia de nacionalismo - Emergência do termo “Estado-nação”
Ideologia da identidade nacional - A busca da identidade. O que é ser brasileiro?
Relacionado aos laços históricos e linguisticos , COMUM A HABITANTES DE UM
DETERMINADO TERRITÓRIO; O conceito de nação é uma ideia puramente cultural.
Noção de pertencimento;
2 modelos de nação : França(por toda influência da REVOLUÇÃO FRANCESA) e
EUA(Singular processo de independência).
“Que a poesia de Carlos Drummond de Andrade tem sentido social,um sentido “político” na
significação mais alta da palaravras, todos reconhecem.”
“A nossa época coletiva produz uma poesia às vezes hermética, mas que, em todo caso,
não é e não pode ser poesia para todos.” DÁ PRA ENCAIXAR SENTIDO, TRECHO DE
DIREITO A LITERATURA DO ANTONIO CANDIDO.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade, expressão duma alma muito pessoal, é poesia
objetiva. Não precisa de elogios subjetivos. Precisa duma interpretação objetiva.”
Carlos Drummond de Andrade , representante dum novo verbo lírico, é um poeta muito
diferente, e o “bom gosto” mal-educado não basta para interpretar devidamente essa
poesia, feita com a maior precisão de uma inteligência superior.
Com humor satírico, que, na sua poesia, não se passa nunca dum incidente, mas é também
índice significativo do seu dramatismo interior
Carlos Drummond parece-se com um um desenhista que elimina tudo o que é vago e
supérfluo. Faz poesia “desnuda”,como diz Juan Ramón Jiménez, mas distingue-se do
simbolismo do grande espanhol pela falta de exclusividade simbolista.”
“Poesia dum mundo em movimento, poesia dialética, que só encontra o ponto firme fora da
realidade coletiva:no indivíduo isolado, na alma dissociada em lembranças individuais.”
“Só o mundo envenenado por slogans das propagandas e perturbado em faces dos
monstros pensa e sente exclusivamente em problemas.
O seu lugar fica mais perto dos poetas ingleses Auden, Day Lewis e Spender, e é
importante observar e compreender a evolução desses poetas, que se deu em três etapas
distintas: começaram com sarcasmo e desespero,continuaram em dialética revolucionária,
terminaram - bem dialeticamente - na síntese de suportar realisticamente o “tempo
presente”
“O “novo verbo lírico” do tempo presente fala a sua própria língua[...] coisas novas exigem
nova língua. Dizer coisas novas em língua velha,isto é próprio da poesia tendenciosa.”