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CEI-DPU

RETA FINAL 2017


3ª RODADA - 05/05/2017

CEI-DPU
RETA FINAL 2017
3ª RODADA - 05/05/2017
DURAÇÃO

18/04/2017 A 17/07/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

150 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

Caio Paiva. Coordenador do CEI-DPU e professor de Direito Penal e Criminologia, Direito


Penal Militar, Direito Processual Penal, Direito Processual Penal Militar, Direitos
Humanos e Princípios Institucionais da Defensoria Pública
Defensor Público Federal. Chefe da Defensoria Pública da União em Campinas/SP. Especialista em
Ciências Criminais. Autor dos livros Audiência de Custódia e o Processo Penal Brasileiro e Prática
Penal para Defensoria Pública, e coautor do livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

Thimotie Aragon Heemann. Professor de Direito Eleitoral, Direito Internacional e


Direito Ambiental
Advogado. Especialista em Processo Penal Internacional. Coautor do livro Jurisprudência Internacional
de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.thiotieheemann@gmail.com

Maria Helena Rocha. Professora de Direito Administrativo, Direito do Trabalho,


Direito Processual do Trabalho, Direito Tributário
Advogada da União. Foi Defensora Pública do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da
DPU, DPE/RN e AGU. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.

E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

Edilson Santana. Professor de Direito Processual Civil e Direito Constitucional


Defensor Público Federal. Especialista em Direito Processual. Foi Defensor Público do Estado do
Maranhão. Coautor do livro Dicionário de Ministério Público e autor dos livros A Eficácia Horizontal
dos Direitos Fundamentais: sua vinculação às relações particulares e Defensoria Pública e a Tutela
Coletiva de Direitos.

E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

Fernanda Prugner. Professora de Direito Civil, Direito Empresarial e Direito do Con-


sumidor
Advogada. Aprovada nos concursos da Defensoria Pública do Estado da Bahia e Defensoria Pública
do Estado do Espírito Santo.

E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

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Rafael Vasconcelos Porto. Professor de Direito Previdenciário e da Assistência Social


Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1) Foi Defensor
Público Federal (2010-2011). Bacharel em Direito pela UFMG e mestrando em Direito Previdenciário
pela PUC-SP. Aprovado também para os cargos de Procurador Federal (AGU) e Advogado da Caixa
Econômica Federal.

E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

Daniel Chiaretti. Professor de Filosofia do Direito, Noções de Ciência Política e No-


ções de Sociologia Jurídica
Defensor Público Federal. Bacharel em Direito e Filosofia pela USP. Mestrando em Ética e Filosofia
pela USP. Defensor Regional dos Direitos Humanos em São Paulo.

E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

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INSTRUÇÕES GERAIS

Bem vindo(a)s ao CEI-DPU!

O CEI nasceu como um curso voltado exclusivamente para a preparação para o concurso da DPU,
em 2013. Depois foram surgindo cursos para diversas outras carreiras, mas certamente temos um
carinho especial pelo CEI-DPU, curso com o qual conseguimos contribuir para a aprovação de 78
alunos no V Concurso da DPU.

ALGUMAS ORIENTAÇÕES:

1) Simulem ao máximo a prova real. Quanto estiverem fazendo as questões objetivas, não deixem
nenhum material de pesquisa por perto. Se puderem imprimir o material, melhor ainda; se não
puderem, não há problema. Quando forem fazer as questões dissertativas e a peça judicial, deixem
por perto apenas a legislação seca (sem anotações).

2) Fiquem à vontade para enviarem suas respostas e peças escritas à mão ou digitadas. Para
qualquer destas opções, há um modelo na área do aluno que vocês devem observar. Se decidirem
enviar as respostas escritas à mão, baixem o modelo (disponível também no final desse arquivo) e
depois, na hora de enviar para o e-mail do professor, lembrem-se de colocar as páginas em arquivo
único no formato .pdf. Se decidirem enviar as respostas no formato digitadas, baixem o modelo no
formato .doc.

3) Observem os prazos estabelecidos no cronograma, que está no site e agora repetido aqui:

Publicação rodada Limite para Limite para Publicação espelho


resposta correção
1ª. Rodada 18/04/17 23/04/17 01/05/17 03/05/17
2ª. Rodada 25/04/17 30/04/17 08/05/17 10/05/17
3ª. Rodada 05/05/17 10/05/17 20/05/17 22/05/17
4ª. Rodada 15/05/17 20/05/17 30/05/17 01/06/17
5ª. Rodada 25/05/17 30/05/17 09/06/17 12/06/17
6ª. Rodada 05/06/17 10/06/17 20/06/17 22/06/17
7ª. Rodada 15/06/17 20/06/17 30/06/17 03/07/17
8ª. Rodada 26/06/17 01/07/17 11/07/17 13/07/17
9ª. Rodada 06/07/17 11/07/17 21/07/17 24/07/17
10ª. Rodada 17/07/17 22/07/17 01/08/17 03/08/17

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4) Para dúvidas sobre os temas tratados nas rodadas, falem diretamente com o professor
responsável. Todos os e-mails estarão nos materiais. Para críticas ou considerações, podem
escrever para mim no e-mail profcei.caiopaiva@gmail.com. Para dúvidas sobre acesso ao material
ou à área do aluno, falem no e-mail suporte@cursocei.com.

Estaremos juntos por 10 semanas. Aproveitem. Estudem muito.


Espero que em breve sejamos colegas!

CAIO PAIVA
Coordenador do CEI-DPU

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................9


GRUPO I.....................................................................................................................................................9
DIREITO CIVIL..........................................................................................................................................9
DIREITO EMPRESARIAL...................................................................................................................... 12
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................. 13
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 14
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................ 15
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 16

GRUPO II....................................................................................................................................................... 17
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA................................................................................................. 17
DIREITO PROCESSUAL PENAL......................................................................................................... 18
DIREITO PENAL MILITAR................................................................................................................... 19
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................ 19
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................20

GRUPO III......................................................................................................................................................20
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................20
DIREITO DO TRABALHO....................................................................................................................22
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.........................................................................................23
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.............................................................................................................. 24
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA....................................................26

GRUPO IV......................................................................................................................................................27
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................27
DIREITO INTERNACIONAL................................................................................................................30
DIREITOS HUMANOS..........................................................................................................................32
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA...................................................................................................................................................33

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...................................................................................................36

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................37


GRUPO I........................................................................................................................................................37
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................37
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................52
DIREITO DO CONSUMIDOR.............................................................................................................55

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DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 61
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................65
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................73

GRUPO II.......................................................................................................................................................79
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA.................................................................................................79
DIREITO PROCESSUAL PENAL.........................................................................................................83
DIREITO PENAL MILITAR...................................................................................................................86
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................88
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................89

GRUPO III..................................................................................................................................................... 94
DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................. 94
DIREITO DO TRABALHO..................................................................................................................105
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO........................................................................................110
DIREITO PREVIDENCIÁRIO............................................................................................................. 114
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA..................................................125

GRUPO IV....................................................................................................................................................130
DIREITO CONSTITUCIONAL...........................................................................................................130
DIREITO INTERNACIONAL..............................................................................................................142
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................154
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA.................................................................................................................................................159

QUESTÕES DISSERTATIVAS....................................................................................................................... 168


DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.......................................................................................168
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................168

PEÇA JUDICIAL.............................................................................................................................................. 170


DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO INTERNACIONAL................................................... 170

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 1. Julgue o item seguinte:

A naturalidade, constante do assento de nascimento das pessoas naturais, poderá ser do


Município em que ocorreu o nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando
na data do nascimento, desde que localizado em território nacional, cabendo a opção ao
declarante no ato de registro do nascimento.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil, analise e julgue o item abaixo:

A responsabilidade pressuposta busca primeiramente à reparação das vítimas do evento


danoso, restando a verificação da culpa ou o responsável pela criação do risco, para
momento posterior.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Ainda no tema responsabilidade civil, julgue o item a seguir:

A responsabilidade civil objetiva indireta determina que os pais responderão pelos atos
praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia,
independentemente da comprovação de culpa destes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. Sobre o tema obrigações, julgue o item abaixo:

De acordo com o Código Civil, na cessão de crédito o devedor precisará consentir com a
transmissão.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 5. Acerca ainda da transmissão das obrigações, julgue o item a seguir:

É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do


credor, podendo ser fixado prazo para que este consinta na assunção da dívida, interpretando-
se seu silêncio como aceitação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. Sobre o tema contratos aleatórios, julgue o item abaixo:

O contrato aleatório emptio spei é aquele em que o risco está adstrito à quantidade da coisa
negociada, já o contrato aleatório emptio rei speratae diz respeito à própria existência da
coisa objeto do negócio.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. Julgue o item abaixo:

Danos morais coletivos configura-se por lesões à sociedade no seu nível de vida, tanto por
rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 8. Acerca do entendimento do STF, julgue o item abaixo:

Dias atrás, em conclusão de julgamento, o STF declarou, em definitivo, a inconstitucionalidade


do artigo 1.790 do Código Civil, o qual previa o tratamento diferenciado em matéria sucessória
entre cônjuge e companheiro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Julgue o item a seguir:

A retrovenda é uma cláusula especial inserida no contrato de compra e venda, pela qual o
vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de reaver o bem, no prazo decadencial
máximo de três anos.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 10. Analise e julgue o item seguinte:

O tu quoque é conhecido como um dos desdobramentos da boa-fé objetiva, no qual o sujeito


viola uma norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da situação em benefício
próprio.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. Acerca das modalidades contemporâneas de família, julgue o item abaixo:

Família mosaico é a estrutura familiar originada no matrimônio ou na união estável de um


casal, no qual um ou ambos de seus integrantes têm filhos provenientes de um casamento
ou relação prévia.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 12. Analise e julgue o item abaixo:

A legitimação fundiária constitui forma derivada de aquisição do direito real de propriedade,


conferido por ato discricionário do Poder Público àquele que detiver área pública ou possuir
área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo
urbano informal consolidado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 13. Acerca do instituto do usufruto, julgue o item seguinte:

O usufruto é um direito real de gozo ou fruição, sendo vedado em nosso ordenamento


jurídico o denominado usufruto deducto.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, julgue o item abaixo:

O dolo enantiomórfico é causa de anulabilidade do negócio jurídico.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 15. Analise e julgue o item abaixo:

A conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma criança ou adolescente,


configura elemento caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa, consoante
entendimento do STJ.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Analise e julgue o item a seguir:

De acordo com o STJ, a responsabilização subsidiária dos sócios para a quitação de


obrigações assumidas pela pessoa jurídica, prevista no artigo 1.023 do CC, aplica-se,
igualmente, às associações civis sem fins lucrativos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Julgue o item seguinte:

Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. Julgue o item abaixo:

A EIRELI e a sociedade limitada podem adotar firma ou denominação como nome empresarial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 19. De acordo com o STJ, julgue o item seguinte:

A natureza trabalhista do crédito obsta que o credor requeira a falência do devedor, consoante
entendimento do STJ.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 20. Acerca da sociedade limitada, julgue o item abaixo:

Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I

QUESTÃO 21. Acerca da incidência do Código do Consumidor, analise e julgue o item


abaixo:

Consoante entendimento do STJ, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao contrato


de plano de saúde administrado por entidade de autogestão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Consoante jurisprudência do STJ e as normas consumeristas, julgue o item
abaixo:

É ilegal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal e impõe ao consumidor, após tal prazo, a
procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto
à existência do vício, pois violadora do artigo 18, § 1º, do CDC, que estabelece o prazo de 30
dias para troca.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. Julgue o item abaixo:

Em observância ao princípio da obrigatoriedade da identificação da mensagem publicitária,


o Código de Defesa do Consumidor veda a prática de teaser.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. Analise e julgue o item abaixo:

O prazo de reflexão, previsto expressamente no Código de Defesa do Consumidor, constitui


direito potestativo, podendo ser exercido pelo consumidor em até sete dias, a contar
da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que

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a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento


comercial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 25. Julgue o item abaixo:

Consoante entendimento cristalizado do STJ, na hipótese de resolução de contrato de


compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a
imediata e integral restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

QUESTÃO 26. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de exportação
de animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. Em regra, o poder de polícia ambiental é discricionário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. Prescreve em três anos, contados do término do processo administrativo,
a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. O princípio da solidariedade intergeracional possui uma faceta sincrônica e
uma faceta diacrônica.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 30. A obrigação civil de reparar o dano ambiental dentro de uma determinada
propriedade é de natureza propter rem.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma
que a ação pode ser manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos,
não mencionando os direitos difusos.

ccCERTO ccERRADO
Acerca das condições da ação e do Código de Processo Civil de 2015, julgue as questões
abaixo:

QUESTÃO 32. O Código de Processo Civil de 2015 suprimiu a possibilidade jurídica do


pedido das condições da ação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. A expressão “condições da ação” foi suprimida pelo Código de Processo
Civil de 2015.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 34. Apenar de o Código de Processo Civil de 2015 ter suprimido a expressão
“condições da ação” de seu texto, parcela da doutrina defende que ainda é possível extrai-la
do código, sendo composta pela legitimidade e interesse de agir.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. A competência para proceder à confirmação de testamento particular e
ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, quando o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional, é concorrente entre
a autoridade judiciária brasileira e o tribunal estrangeiro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 36. Havendo previsão em tratado internacional do qual o Brasil seja signatário,
poderá ser reconhecida a litispendência entre tribunal estrangeiro e autoridade judiciária
nacional.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 37. Supondo que, em ação relativa a imóveis situados no Brasil, o réu alegue, em
contestação, a existência de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional. Neste caso, não competirá a autoridade judiciária brasileira o processamento
e o julgamento da ação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. Tramitando o processo em comarca que não seja sede de vara do juízo
federal, os autos serão remetidos ao juízo federal competente sempre que nele intervier
entidade autárquica federal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. O autor não pode alegar a incompetência relativa tendo em conta que, para
ele, se operou a preclusão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. Havendo alegação de incompetência, a contestação poderá ser protocolada
no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

QUESTÃO 41. A imunidade de imprensa, que tem natureza subjetiva, recai sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, bem como sobre livro eletrônico.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 42. O pagamento do tributo caracteriza-se como obrigação tributária principal;
por outro lado, o pagamento de multa, assim como a emissão de notas fiscais, escrituração
de livros fiscais e permissão de acesso da fiscalização ao estabelecimento são obrigações
acessórias.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 43. Apesar de reconhecer o dever fundamental ao pagamento de tributos, o


Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a Lei nº 8.866/94, que permite a prisão
do depositário infiel de débitos tributários.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. A interpretação do artigo 97 do CTN leva à conclusão de que o Município
pode atualizar o valor monetário da base de cálculo do IPTU por meio de decreto. Entretanto,
de acordo com o entendimento do STJ, é vedado que este ato infralegal atualize o tributo em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. Em regra, a discussão da dívida ativa da Fazenda Pública deve ser realizada
no âmbito da execução fiscal. Essa regra, contudo, comporta exceções, como a ação
anulatória de débito fiscal, ajuizada pelo sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Caso
a ação anulatória seja proposta na pendência de processo administrativo sobre o mesmo
débito fiscal, nada impede que a discussão administrativa continue ocorrendo, paralelamente
ao litígio judicial.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

QUESTÃO 46. Entendem os tribunais superiores que o crime de estelionato previdenciário,


quando praticado pelo próprio beneficiário das prestações, possui caráter instantâneo
de efeitos permanentes, iniciando o prazo prescricional com o recebimento da primeira
prestação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 47. Tanto o STJ quanto o STF já se posicionaram contrariamente à compatibilidade
da tentativa com o dolo eventual.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 17


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Sobre o instituto do arrependimento posterior, julgue os três itens a seguir.

QUESTÃO 48. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 49. Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do crime, a causa
de diminuição de pena do arrependimento posterior estende-se aos demais coautores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. No crime de peculato, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

No que diz respeito à fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, julgue os dois itens a seguir:

QUESTÃO 51. Conforme tem decidido o STJ, a fixação de valor mínimo para reparação dos
danos prescinde de pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 52. Conforme tem decidido o STJ, o CPP autoriza a fixação do valor mínimo tanto
para a reparação dos danos materiais quanto para a reparação dos danos morais causados
pela infração.

ccCERTO ccERRADO
Sobre o tema jurisdição e competência, julgue os três itens a seguir.

QUESTÃO 53. Os tribunais superiores têm entendido que a convocação de juízes de primeiro
grau para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 18


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QUESTÃO 54. A sentença absolutória, ainda que proferida por juiz absolutamente
incompetente, faz coisa julgada formal e material após o trânsito em julgado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 55. Entre os requisitos para que seja provido o incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal se encontra a internacionalização da conduta.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. O Código Penal Militar contempla a figura do arrependimento posterior no


crime de furto como causa obrigatória de redução da pena, desde que o agente seja primário
e restitua a coisa ou repare o dano causado antes do recebimento da denúncia.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal Militar admite que seja aplicada a pena do crime consumado
ao autor do crime tentado em caso de especial gravidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 58. O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora para tratar do estado
de necessidade.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. Diversamente do que ocorre com o processo penal comum, no processo
penal militar o acusado pode defender a si próprio, ainda que não tenha habilitação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 60. Segundo estabelece a legislação que rege a matéria, compete à Justiça
Militar da União julgar crimes cometidos por oficiais das Forças Armadas no exercício das
atribuições subsidiárias de auxiliarem o poder civil no combate ao crime.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 19


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DIREITO ELEITORAL GRUPO II

QUESTÃO 61. Em determinados casos o Código Eleitoral não prevê a pena mínima de
certos crimes eleitorais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as hipóteses de inelegibilidade reflexa
do art. 14, § 7º, CF, não são aplicáveis às eleições suplementares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. O direito eleitoral brasileiro é regido pelo princípio do in dubio pro voto.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 64. O crime de votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem, é
um crime de atentado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a exigência de autorização judicial
para a instauração de inquérito policial com o intuito de investigar crimes eleitorais viola a
Constituição Federal de 1988, ressalvados os casos envolvendo autoridades com foro por
prerrogativa de função nos tribunais superiores.

ccCERTO ccERRADO

DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

QUESTÃO 66. Havendo encarceramento sem a observância das condições legais


necessárias à manutenção, com dignidade, do detento, é possível que este, com base
naquelas circunstâncias, obtenha do Estado indenização pelos danos sofridos, inclusive de
ordem moral.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 20


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QUESTÃO 67. Os ocupantes de cargos eletivos não se submetem à regra da aposentadoria


compulsória, que se restringe aos ocupantes de cargos efetivos e àqueles que ocupam
cargo exclusivamente em comissão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 68. A Constituição, a lei, a doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes
formais do Direito Administrativo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 69. Conceitua-se hierarquia militar como a rigorosa observância e o acatamento
integral das normas que fundamentam o organismo militar. A hierarquia se caracteriza pelo
cumprimento integral do dever por parte de todos os componentes daquele organismo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 70. João, ex-prefeito da cidade de Buíque/PE, praticou ato de improbidade, em
janeiro de 2009, consistente na permissão de aquisição de bem por preço superior ao do
mercado. Em 2012, foi reeleito, tendo terminado seu segundo mandato em dezembro de
2016. Imagine que, em fevereiro de 2018, o Promotor de Justiça ajuíze ação de improbidade
contra João. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, a pretensão de aplicação
das sanções de improbidade administrativa estará prescrita, pois decorridos mais de cinco
anos do primeiro mandato de João.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. A concessão de uso especial para fins de moradia é uma forma de utilização
privativa dos bens públicos, considerada como um direito real, que pode ser instituída pela
via administrativa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 72. Lei de determinado Estado da federação que prevê hipóteses genéricas de
contratação temporária é inconstitucional.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 21


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QUESTÃO 73. José, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, faleceu em maio de 2011,
aos 90 anos, deixando como dependente apenas seu filho, João, de 60 anos de idade,
solteiro, que sofre de transtornos neurológicos graves, vivendo em estado vegetativo desde
os 30 anos de idade, tendo como curadora sua tia, Maria. Em 2014, Maria, em nome de
João, requereu a pensão especial de ex-combatente em benefício dele, como dependente
incapaz de José. Nesse caso, o termo inicial para o pagamento do benefício, considerando
que tenham sido preenchidos todos os requisitos legais, será a data do requerimento
administrativo, de acordo com o entendimento do STJ.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 74. Os dirigentes de autarquia têm legitimidade passiva para figurar como
autoridades coatoras em Mandado de Segurança.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 75. Maria prestou concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, tendo sido
eliminada, na segunda fase do certame, por faltar-lhe a nota necessária. Entendendo injusta
a pontuação obtida, impetrou Mandado de Segurança, obtendo liminar para prosseguir no
certame e tomar posse no cargo, caso aprovada. Regularmente aprovada, Maria tomou
posse e trabalhou como Auditora em diversas localidades, chegando a se aposentar. Três
anos após sua aposentadoria, foi proferida a sentença, denegando a segurança por ela
pretendida e revogando a liminar. Intimado da sentença, o Ministro do Trabalho cassou a
aposentadoria de Maria. Esse ato é legítimo, conforme o entendimento do STJ, que não
admite a adoção da teoria do fato consumado.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 76. João, professor, foi contratado em janeiro de 2016 por determinada
faculdade particular. Ali, ensinava em três turmas, com cinquenta alunos cada, recebendo
R$ 200,00 (duzentos reais) por hora-aula. Lecionava duas horas em cada turma, por semana.
No segundo semestre de 2016, com a diminuição da procura pelo curso e a redução no
número de alunos, João, embora permanecesse ganhando o mesmo valor por hora-aula, foi
comunicado pela faculdade que teria apenas duas turmas, o que reduziu consideravelmente
o seu padrão de vida. Essa redução de carga horária constitui alteração contratual lesiva,
vedada pelo artigo 468 da CLT.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 22


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QUESTÃO 77. Em regra, caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho


a prestação de serviços a duas empresas do mesmo grupo econômico durante a mesma
jornada de trabalho.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. O empregado que faltar ou se atrasar injustificadamente durante a semana
pode perder o direito à remuneração do repouso semanal remunerado, mas não pode deixar
de gozar do dia de descanso.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. O salário mínimo é estendido ao menor de 18 anos, devendo compreender as
necessidades do trabalhador e de sua família com moradia, como dispõe, expressamente,
a Constituição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 80. Apenas com o advento da Emenda Constitucional nº 72/2013, o empregado
doméstico passou a ter direito ao aviso-prévio e à licença-paternidade.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 81. O TST é composto por vinte e sete juízes e, assim como o STJ, não respeita a
regra de destinar um quinto dos cargos aos advogados e membros do Ministério Público com
mais de dez anos de atividade profissional ou efetivo exercício do cargo, respectivamente.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 82. De acordo com o entendimento do TST, aplica-se o jus postulandi às
reclamações trabalhistas, aos recursos ordinários e aos Mandados de Segurança.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. Cabe recurso ordinário das decisões definitivas dos Tribunais Regionais do
Trabalho em processos de sua competência originária, salvo em dissídios coletivos.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 23


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QUESTÃO 84. Na execução trabalhista, em relação à ordem preferencial de bens à penhora,


incide a gradação prevista no Código de Processo Civil, e não a prevista na Lei de Execução
Fiscal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. João firmou termo de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia
com José, seu ex-empregador. Dentre as demais cláusulas previstas, estava o pagamento,
por parte de José, da quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) de verbas rescisórias a João.
Entretanto, José não cumpriu com sua parte no acordo. De acordo com as regras aplicáveis
à execução trabalhista, João poderá optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial ou ajuizar a execução do título extrajudicial diretamente.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. A Previdência Social cobre, precipuamente, eventos que geram situações
de necessidade. Dentre estas, podemos arrolar a invalidez, a morte, a idade avançada, a
maternidade, o desemprego involuntário, o desgaste provocado por labor sob condições que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e a reclusão. Todas estas encontram previsão
constitucional, ainda que implícita.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 87. A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas do RGPS terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 88. Ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio é reduzido em
cinco anos o requisito relativo ao tempo de contribuição, no âmbito do RGPS, mas não o
da idade mínima. Já no Regime Próprio do Servidor Público, ambos os requisitos sofrem
redução de cinco anos, mas apenas na aposentadoria voluntária integral.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 24


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QUESTÃO 89. Embora seja possível averbar tempo de serviço público no RGPS, a recíproca
não é verdadeira, ou seja, não se pode averbar no Regime Próprio do Servidor Público o
tempo de serviço prestado no âmbito do RGPS.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. Para efeito de aposentadoria específica de professores, o tempo de serviço
prestado fora da sala de aula não pode ser computado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 91. Segundo o STJ, o trabalhador urbano inscrito no RGPS até 24/7/1991, mesmo
que nessa data não mais apresente condição de segurado, caso restabeleça relação jurídica
com o INSS e volte a ostentar a condição de segurado após o advento da Lei 8.213/1991,
tem direito à aplicação da regra de transição prevista no art. 142 (redução do período de
carência) do mencionado diploma.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 92. No caso de contagem recíproca, o benefício resultante será concedido e
pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na forma
da respectiva legislação, sendo que não será contado por um sistema o tempo de serviço já
utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 93. Não é possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte
com pensão civil ex delicto.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 94. Segundo o STJ, para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por
idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente
como rurícola pode ser considerada como início de prova material do tempo de serviço,
ainda que este tenha exercido atividade urbana no período de carência.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 95. No auxílio-reclusão, segundo o STF, a renda que deve ser aferida, para fins
de preenchimento do requisito “baixa renda”, é a dos dependentes e não a do segurado-
instituidor.

ccCERTO ccERRADO
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

No que diz respeito à história, à organização legislativa, à estrutura e ao detalhamento


jurídico geral da Defensoria Pública da União, julgue os quatro itens a seguir.

QUESTÃO 96. Os primeiros membros da Defensoria Pública da União vieram da carreira da


Advocacia-Geral da União, que, em 1988, tiveram a opção entre seguirem como advogados
da União ou migrarem para a recém criada DPU.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. A Defensoria Pública da União é integrada pela carreira de defensor público
federal, a qual se compõe de três categorias: segunda, primeira e especial. É atribuição
dos defensores públicos federais de categoria especial atuar perante a Turma Nacional
de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. É atribuição dos defensores públicos
federais de segunda categoria atuar perante o Tribunal Marítimo. É atribuição dos defensores
públicos federais de primeira categoria atuar perante os Tribunais Regionais do Trabalho.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. O processo de escolha do Defensor Público-Geral Federal é considerado
completo porque envolve a vontade da carreira de formar uma lista tríplice mediante voto
direto, secreto, plurinominal e obrigatório, a vontade do Poder Executivo de escolher
livremente um dos integrantes da lista tríplice e a vontade do Poder Legislativo de aprovar,
por maioria absoluta dos membros do Senado Federal, o nome do candidato escolhido. É
permitida uma recondução ao cargo de Defensor Público-Geral Federal, sendo desnecessária
nova aprovação pelo Senado Federal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 99. Conforme dispõe a LC 80, o Defensor Público-Geral Federal será substituído,
em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, por ele nomeado
dentre integrantes estáveis da carreira.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. A prospective overruling possibilitou ao Supremo Tribunal Federal rever


sua postura em caso de litígio constitucional em matéria de competência legislativa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 101. A Constituição Federal prevê, além de competências privativas, um
condomínio legislativo, de que resultarão normas específicas a serem editadas pela União,
o que não exclui a competência suplementar dos Estados, podendo estes últimos exercer
competência legislativa plena para atender suas peculiaridades quando da inexistência de
normas específicas federais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 102. Suponha que em ação judicial ajuizada perante juizado especial federal,
envolvendo caso de saúde, seja deferido o pleito antecipatório de tutela provisória de
urgência, para fornecimento de medicamento, solidariamente, pelo Município, Estado e
União. Após, é proferida sentença confirmando-se a decisão liminar. Nas razões de Recurso
Inominado, dirigido à Turma Recursal, o recorrente alega que a decisão, por não observar
a divisão de competências entre os entes estabelecida pela lei 8.080/90, acaba por afastar
sua incidência, o que equivale a declarar, indiretamente, sua inconstitucionalidade. Por isso,
deve ser observada a cláusula de reserva de plenário (full bench).

ccCERTO ccERRADO

QUESTÃO 103. Com relação ao enunciado número 10 da súmula da jurisprudência dominante


no STF - VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ARTIGO 97) A DECISÃO DE
ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO DECLARE EXPRESSAMENTE
A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO PODER PÚBLICO, AFASTA
SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE – é correto afirmar que esta é de observância
obrigatória relativamente à normas pré-constitucionais.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 104. A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal não se aplica aos magistrados
singulares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 105. Supondo que a União edite lei estabelecendo normas gerais sobre previdência
social. O Estado “x”, posteriormente, edita lei com normas específicas sobre o mesmo
tema. Em ação direita de controle de constitucionalidade alega-se a inconstitucionalidade
da norma estadual, aduzindo que o Estado-membro estaria usurpando a competência da
União, tendo em vista que a lei estadual supostamente extrapolaria os limites estabelecidos
pela lei federal. Em sua defesa, o Estado alega que não seria viável a ADI, tendo em conta
que a violação seria à lei (controle de legalidade), sendo a ofensa à Constituição Federal
apenas reflexa. Assiste razão ao Estado-membro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 106. Tribunais de Justiça não podem exercer controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição
Federal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 107. Não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal tendo como objeto lei municipal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 108. Nos termos da Constituição Federal, a ação declaratória de constitucionalidade
poderá ter como objeto lei ou ato normativo federal ou estadual.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 109. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,
far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. Enquanto não editada a lei federal, são inconstitucionais todas
as leis estaduais que tratem do tema.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 28


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QUESTÃO 110. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se


para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação por lei ordinária do Congresso Nacional e referendo da população diretamente
interessada. Já a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Município,
faz-se por lei municipal, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerá de referendo das populações dos Municípios envolvidos, após divulgação de
estudo de viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 111. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os
serviços de transporte ferroviário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 112. No texto da Constituição Federal identificam-se normas de reprodução
obrigatória, como os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais
extensíveis e os princípios constitucionais estabelecidos, sendo certo que a Constituição
Federal impõe limites às Constituições estaduais, que devem ser observados em razão do
denominado princípio da simetria.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 113. Cabe à União explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços
locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 114. Compete ao Tribunal Regional Federal, com jurisdição no município do
mandato, julgar crime cometido por prefeito, ainda que o fato tenha ocorrido em Estado da
federação abrangido por seção da justiça federal diversa.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Todos os tratados internacionais admitem reservas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 116. O Supremo Tribunal Federal não pode deferir um pedido de extradição
envolvendo a prática do delito de desaparecimento forçado, uma vez que o Estado brasileiro
ainda não tipificou o desaparecimento forçado em seu ordenamento jurídico interno.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 117. O Tribunal Penal Internacional não julga Estados, mas apenas pessoas
físicas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 118. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um órgão da Organização
dos Estados Americanos (OEA).

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, uma vez emitida a ordem de captura
internacional pela INTERPOL (red notice), a mesma possui aplicação imediata no Brasil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 120. Segundo a doutrina majoritária, não há hierarquia entre fontes de Direito
Internacional, ressalvados os casos envolvendo normas de jus cogens.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 121. Segundo a LINDB, o estatuto pessoal é regido pela lex domicilii.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 122. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de
sentença eclesiástica de anulação de matrimônio, confirmada pelo órgão de controle

ALUNO: mirlonfernando pág. 30


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superior da Santa Sé.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 123. A homologação de sentença estrangeira oriunda de júri cível norte-
americano viola a ordem pública interna.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 124. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de
sentença estrangeira oriunda do Tribunal Comercial do Reino Unido.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 125. O Tribunal Penal Internacional é um tribunal de segunda geração.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 126. Não é cabível o pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 127. A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização aberta,
enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 128. O heimatlos é aquele que possui mais de uma nacionalidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 129. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 31


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DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

Sobre a proteção internacional dos direitos humanos de minorias e demais grupos


vulneráveis, julgue os seis itens a seguir.

QUESTÃO 130. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não possui competência para
analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará, de modo que o monitoramento
dos direitos assegurados por esse tratado fica a cargo apenas da Comissão Interamericana.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 131. Ao contrário do sistema global de proteção dos direitos humanos, em
que não há um instrumento jurídico específico de hard law sobre a matéria, no sistema
interamericano de direitos humanos há uma Convenção voltada exclusivamente para a
proteção dos direitos humanos das pessoas idosas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 132. O Brasil já aderiu o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criança a respeito do direito de petição das vítimas ao Comitê para os Direitos da Criança.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 133. O Caso Atala Riffo, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
em 2012, se notabilizou por ter sido o primeiro precedente da Corte sobre proteção do direito
à diversidade sexual.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 134. Surpreendendo negativamente toda a comunidade jurídica e política
internacional, e em especial entidades e grupos de defesa dos direitos humanos da
comunidade LGBTI, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em julgamento proferido
no ano de 2016, decidiu que os Estados possuem uma margem de apreciação para decidirem
se o benefício de pensão por morte pode ser concedido a pessoas do mesmo sexo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 135. Conforme decidiu recentemente a Corte Interamericana de Direitos

ALUNO: mirlonfernando pág. 32


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Humanos, no julgamento do Caso Flor Freire vs. Equador, a orientação sexual não deve ser
fator determinante para selecionar quem deve ou não ser membro das Forças Armadas.

ccCERTO ccERRADO
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E
GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. Uma norma jurídica pode ter um caráter geral, como o tipo que dispõe acerca
do homicídio (art. 121 do Código Penal), ou individual, como a sentença do magistrado que
condena determinado agente pela prática do delito em questão.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 137. Em uma das abordagens possíveis do fenômeno jurídico, pode-se dizer que
as normas jurídicas não existem sozinhas, mas apenas em relações específicas entre si.
Dentro desta concepção, não surgem problemas relativos à coerência do sistema jurídico.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 138. As antinomias jurídicas podem ser sanadas por critérios da hierarquia,
especialidade e temporal.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 139. Uma das consequências do dogma da completude do ordenamento jurídico
é a proibição do non liquet.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 140. Assim como certas sanções aplicadas por grupos sociais, como uma
censura social em razão de uma conduta considerada imoral, as sanções jurídicas são
consideradas externas.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 33


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QUESTÃO 141. De acordo com o modelo clássico de soberania de autores como Thomas
Hobbes e Jean Bodin, é admissível a divisão da soberania entre diversos órgãos ou poderes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 142. Um dos elementos necessários para que certo agrupamento humano seja
considerado uma sociedade é a existência de uma finalidade social.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 143. Um agrupamento humano com uma finalidade própria, que promova
manifestações coletivas ordenadas e se submeta a um poder, é considerado uma sociedade.
Estes grupos podem adquirir uma feição de sociedade política, mas em razão deste aspecto
coletivo que as caracteriza, não podem ser sociedades de fins particulares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 144. Há um consenso na ciência política acerca da imprescindibilidade do estudo
da finalidade do Estado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 145. A finalidade do Estado brasileiro deve ser procurada não em textos escritos
ou legislativos, mas sim nas práticas do dia a dia da população.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 146. É possível uma aproximação entre a sociologia jurídica e o direito natural
na medida em que ambos rejeitam a ideia de que a lei possa ser pensada apenas do ponto
de vista da autoridade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 147. A sociologia jurídica admite que, dentro de um determinado agrupamento
social que coincida territorialmente com o próprio Estado podem existir agrupamentos
sociais particulares, como grupos familiares, clãs, classes sociais etc.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 34


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QUESTÃO 148. Os agrupamentos particulares, simbolizados por certos grupos sociais


(classes, associações, grupos religiosos etc.), devem ser individualmente considerados,
não compondo o espaço social global de determinada sociedade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 149. A sociologia do direito, bem como a dogmática jurídica, admite que grupos
dentro de certa sociedade podem possuir ordens jurídicas particulares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 150. Dentro da tradicional dicotomia entre direito e moral, pode-se dizer que o
segundo campo é o objeto por excelência de grupos sociais extra-estatais.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 35


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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 CERTO 39 CERTO 77 ERRADO 115 ERRADO


2 CERTO 40 CERTO 78 CERTO 116 ERRADO
3 ERRADO 41 ERRADO 79 CERTO 117 CERTO
4 ERRADO 42 ERRADO 80 ERRADO 118 CERTO
5 ERRADO 43 CERTO 81 ERRADO 119 ERRADO
6 ERRADO 44 CERTO 82 ERRADO 120 CERTO
7 ERRADO 45 ERRADO 83 ERRADO 121 CERTO
8 ERRADO 46 ERRADO 84 CERTO 122 CERTO
9 CERTO 47 ERRADO 85 CERTO 123 ERRADO
10 CERTO 48 ERRADO 86 CERTO 124 CERTO
11 CERTO 49 CERTO 87 CERTO 125 ERRADO
12 ERRADO 50 ERRADO 88 CERTO 126 CERTO
13 ERRADO 51 ERRADO 89 ERRADO 127 CERTO
14 ERRADO 52 CERTO 90 ERRADO 128 ERRADO
15 CERTO 53 CERTO 91 CERTO 129 CERTO
16 ERRADO 54 CERTO 92 CERTO 130 ERRADO
17 CERTO 55 ERRADO 93 ERRADO 131 CERTO
18 CERTO 56 ERRADO 94 ERRADO 132 ERRADO
19 ERRADO 57 CERTO 95 ERRADO 133 CERTO
20 CERTO 58 CERTO 96 ERRADO 134 ERRADO
21 ERRADO 59 ERRADO 97 CERTO 135 CERTO
22 ERRADO 60 CERTO 98 ERRADO 136 CERTO
23 ERRADO 61 CERTO 99 ERRADO 137 ERRADO
24 CERTO 62 ERRADO 100 CERTO 138 ERRADO
25 ERRADO 63 CERTO 101 ERRADO 139 CERTO
26 CERTO 64 CERTO 102 ERRADO 140 CERTO
27 ERRADO 65 CERTO 103 ERRADO 141 ERRADO
28 ERRADO 66 CERTO 104 CERTO 142 CERTO
29 CERTO 67 ERRADO 105 ERRADO 143 ERRADO
30 CERTO 68 ERRADO 106 ERRADO 144 ERRADO
31 CERTO 69 ERRADO 107 CERTO 145 ERRADO
32 CERTO 70 ERRADO 108 ERRADO 146 CERTO
33 CERTO 71 CERTO 109 ERRADO 147 CERTO
34 CERTO 72 CERTO 110 ERRADO 148 ERRADO
35 ERRADO 73 ERRADO 111 ERRADO 149 ERRADO
36 CERTO 74 CERTO 112 CERTO 150 CERTO
37 ERRADO 75 ERRADO 113 ERRADO
38 ERRADO 76 ERRADO 114 CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 36


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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: FERNANDA PRUGNER


E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

DIREITO CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 1. Julgue o item seguinte:

A naturalidade, constante do assento de nascimento das pessoas naturais, poderá ser do


Município em que ocorreu o nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando
na data do nascimento, desde que localizado em território nacional, cabendo a opção ao
declarante no ato de registro do nascimento.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Pessoas naturais e jurídicas. 2.1. Capacidade, domicílio, registro.


(...) 6.1. Adoção.

A Lei 6.015/73, Lei de Registros Públicos, foi alterada semana passada (26/04/17) pela Medida
Provisória 776/17 e gostaria de chamar à atenção de vocês, pois o tema pessoas naturais/registro
está expresso no edital do último concurso de Defensor Público Federal. Ademais, precisamos
estar atualizados com as recentes alterações legislativas, diante da alta probabilidade de aparecer
na prova.

A novíssima MP 776/17 alterou os artigos 19, 54 e 70 da Lei de Registros Públicos. Dentre as


novidades, está a possibilidade de o declarante (normalmente, pai ou mãe, com algumas exceções
contempladas no artigo 52 da LRP) escolher, no ato de registro de nascimento, o local de naturalidade
da criança, conforme cobrado na questão, vejamos: Art. 54. O assento de nascimento deverá
conter: (...) § 4º  A naturalidade poderá ser do Município em que ocorreu o nascimento ou do
Município de residência da mãe do registrando na data do nascimento, desde que localizado
em território nacional, cabendo a opção ao declarante no ato de registro do nascimento. Ou
seja, a partir da MP 776/17, os pais poderão optar pelo local de naturalidade da criança, constante
de sua certidão de nascimento. Vale lembrar, antes da alteração promovida pela MP 776/17, o
Oficial de Registro deveria lançar no campo naturalidade, constante do assento de nascimento da
criança, o local do efetivo nascimento, inexistindo a opção agora desenhada.

Na sequência, peço o cuidado de vocês para o novo § 5º do mesmo dispositivo legal: § 5º Na hipótese
de adoção iniciada antes do registro do nascimento, o declarante poderá optar pela naturalidade

ALUNO: mirlonfernando pág. 37


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do Município de residência do adotante na data do registro, além das alternativas previstas


no § 4º.

Para conhecimento de todas as alterações promovidas pela MP 776/17, remeto vocês à leitura do
texto legal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv776.htm

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil, analise e julgue o item abaixo:

A responsabilidade pressuposta busca primeiramente à reparação das vítimas do evento


danoso, restando a verificação da culpa ou o responsável pela criação do risco, para
momento posterior.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Responsabilidade civil

De acordo com a doutrina contemporânea, a responsabilidade civil está em constante evolução,


agregando novas dimensões e contornos. Com esse espírito, Giselda Maria Fernandes Novaes
Hironaka em sua tese de livre-docência, defendida na Faculdade de Direito da USP, propõe uma
nova modalidade de responsabilização, a chamada responsabilidade pressuposta, visando o
pronto-atendimento às vítimas de danos pela atribuição à alguém, do dever de indenizá-los, antes
mesmo da análise da culpa ou da verificação da responsabilidade pela criação do risco, propondo
um novo olhar para a doutrina tradicional da responsabilidade civil, com a consequente inversão da
análise de seus elementos.

Consoante leciona Flavio Tartuce, “a responsabilidade pressuposta pode ser resumida nas
seguintes palavras: deve-se buscar, em um primeiro plano, reparar a vítima, para depois
verificar-se de quem foi a culpa, ou quem assumiu o risco. Com isso, o dano assume o papel
principal no estudo da responsabilidade civil, deixando de lado a culpa. Ademais, pela tese,
pressupõe-se a responsabilidade do agente pela exposição de outras pessoas a situações de
risco ou de perigo, diante de sua atividade (mise en danger). (...) Trata-se de uma otimização
da regra constante do art. 927, parágrafo único, do Código Civil (...)”. (TARTUCE, Flávio.
Direito Civil. V.2: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense.
2017. p. 376/378). (nossos grifos)

De acordo com seus defensores, a responsabilidade pressuposta está intimamente ligada ao


princípio da dignidade humana (artigo 1º, III, da CR/88), pois visa à prevenção de danos e a redução
de vítimas não ressarcidas.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 38


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QUESTÃO 3. Ainda no tema responsabilidade civil, julgue o item a seguir:

A responsabilidade civil objetiva indireta determina que os pais responderão pelos atos
praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia,
independentemente da comprovação de culpa destes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Responsabilidade Civil

Insisto com vocês na responsabilidade civil, pois o tema esteve muito presente nas últimas
provas para Defensor Público Federal. O artigo 932 do Código Civil enumera algumas hipóteses
de responsabilidade civil por atos praticados por terceiros, também chamada pela doutrina de
responsabilidade civil objetiva indireta ou por atos de outrem (importante conhecer os sinônimos
de institutos conhecidos), dentre as quais, a responsabilidade dos pais, vejamos: “Artigo 932. São
também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia”.

A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva, todavia, para
sua configuração é necessário que se comprove a culpa dos filhos no ato ilícito, sendo assim
denominada objetiva impura ou indireta. Eis o erro da questão.

Sobre o assunto, vale relembrar:

Enunciado 451/CJF: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade


objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.

Enunciado 590/CJF: A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, prevista no
art. 932, inc. I, do Código Civil, não obstante objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta
imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a sua responsabilização.

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS GENITORES PELOS DANOS


CAUSADOS POR SEU FILHO ESQUIZOFRÊNICO.

Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de idade e


more sozinho tem responsabilidade civil pelos danos causados durante os recorrentes
surtos agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente cientes dessa situação,
tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o propósito de evitar a
repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo
sob sua guarda e companhia. (REsp 1.101.324-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 13/10/2015, DJe 12/11/2015).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 39


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QUESTÃO 4. Sobre o tema obrigações, julgue o item abaixo:

De acordo com o Código Civil, na cessão de crédito o devedor precisará consentir com a
transmissão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações. 8.2. Cessão
de crédito.

A cessão de crédito é uma modalidade de transmissão das obrigações, prevista expressamente no


último edital do concurso de Defensor Público Federal, merecendo atenção do candidato por seus
detalhes. Consoante artigo 286 do CC: O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser
a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão
não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. E
continua no artigo 287: Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se
todos os seus acessórios (princípio da gravitação jurídica).

“A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático,
gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo
ou em parte, a sua posição na relação obrigacional”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.2: Direito
das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 340).

De acordo com o artigo 290 do CC: A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor,
senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita. Cuidado com pegadinhas! Pela leitura atenta do
dispositivo em tele, extrai-se que na cessão de crédito o devedor não precisará consentir com
a transmissão. Ou seja, a cessão independe da anuência/concordância do devedor, todavia, a
cessão não terá eficácia se o devedor dela não for notificado. Vale frisar, referida notificação pode
ser judicial ou extrajudicial, não exigindo a lei requisitos formais. Como bem nos lembra Tartuce, na
obra citada, o dispositivo admite inclusive a notificação presumida, pela qual o devedor, em escrito
público ou particular, declara-se ciente da cessão feita. Aliás, após essa notificação presumida o
devedor não poderá alegar o contrário, o que é aplicação da máxima venire contra factum proprium,
que veda que a pessoa caia em contradição por conduta que ela mesma praticou (princípio da boa-
fé objetiva e teoria dos atos próprios – vedação do comportamento contraditório)”.

Por fim, não devemos confundir cessão de crédito com pagamento com sub-rogação, institutos
díspares. A fim de dirimir qualquer dúvida, reproduzo quadro esquemático:

ALUNO: mirlonfernando pág. 40


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TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.2: Direito das Obrigações e


Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 212).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 5. Acerca ainda da transmissão das obrigações, julgue o item a seguir:

É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do


credor, podendo ser fixado prazo para que este consinta na assunção da dívida, interpretando-
se seu silêncio como aceitação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações.

A assunção de dívida, também chamada de cessão de débito, consiste em um negócio jurídico


por meio do qual o devedor, com o expresso consentimento do credor (aqui é necessário o
consentimento!!), transmite a um terceiro sua obrigação. Como leciona Pablo Stolze Gagliano
e Rodolfo Pamplona Filho, “cuida-se de uma transferência debitória, com mudança subjetiva na
relação obrigacional” (Novo Curso de Direito Civil. V.2. Obrigações. 15ª ed. São Paulo. Saraiva).

Consoante artigo 299 do CC, é facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o
consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o credor ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar
prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como
recusa.

Na assunção de dívida, o velho ditado popular “quem cala, consente” não é aplicado, portanto,
cuidado! O consentimento do credor na cessão de débito é imperioso, tendo em vista que o
patrimônio do devedor é a garantia da satisfação do crédito, sendo o silêncio qualificado como

ALUNO: mirlonfernando pág. 41


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recusa. Aqui reside o equívoco da questão apresentada.

Assunção cumulativa ou coassunção. Enunciado 16/CJF: O art. 299 do Código


Civil não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida quando dois ou mais
devedores se tornem responsáveis pelo débito com a concordância do credor.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 6. Sobre o tema contratos aleatórios, julgue o item abaixo:

O contrato aleatório emptio spei é aquele em que o risco está adstrito à quantidade da coisa
negociada, já o contrato aleatório emptio rei speratae diz respeito à própria existência da
coisa objeto do negócio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos.

A doutrina conceitua o contrato aleatório como aquele em que “a prestação de uma das partes não
é conhecida com exatidão no momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da
sorte, da álea, que é um fator desconhecido”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.3: Teoria Geral dos
Contratos e Contratos em Espécie. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 43)

O Código Civil consagra duas espécies de contratos aleatórios, disciplinadas nos artigos 458 e
459, vejamos:

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de
não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o
que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do
avençado venha a existir. (Contrato aleatório emptio spei)

Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco
de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço,
desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade
inferior à esperada. (Contrato aleatório emptio rei speratae)

Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá
o preço recebido.

Ainda de acordo com a obra citada, “o contrato aleatório emptio spei (art. 458/CC) é a hipótese
em que um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria existência da coisa, sendo
ajustado um determinado preço, que será devido integralmente, mesmo que a coisa não exista
no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte. No caso de compra e venda, essa

ALUNO: mirlonfernando pág. 42


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forma negocial pode ser denominada venda da esperança. Por sua vez, o contrato aleatório
emptio rei speratae (art. 459/CC) é a hipótese em que o risco versa somente em relação à
quantidade da coisa comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio.
Nessa espécie de contrato aleatório, a parte terá direito a todo o preço, desde que de sua parte
não tenha concorrido culpa, ainda que venha a existir em quantidade inferior a esperada. Mas, se
a coisa não vier a existir, alienação não haverá, e o alienante deverá devolver o preço recebido. Na
compra e venda trata-se da venda da esperança com coisa esperada”. O erro da questão está na
troca dos conceitos.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 7. Julgue o item abaixo:

Danos morais coletivos configura-se por lesões à sociedade no seu nível de vida, tanto por
rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Responsabilidade Civil

Primeiro, danos sociais e danos morais coletivos não são sinônimos. A conceituação apresentada
pela questão é de danos sociais e não morais coletivos. O dano social é uma nova modalidade de
dano, proposta pelo professor titular da Universidade de São Paulo, Antônio Junqueira de Azevedo,
o qual afirma: “os danos sociais, por sua vez, são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto
por rebaixamento de seu patrimônio moral, principalmente a respeito da segurança, quanto por
diminuição na qualidade de vida”.

Acerca do tema, Enunciado 456 do CJF: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos
individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais
homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO, EX OFFICIO,


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS SOCIAIS EM AÇÃO INDIVIDUAL. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).

É nula, por configurar julgamento extra petita, a decisão que condena a parte ré,
de ofício, em ação individual, ao pagamento de indenização a título de danos sociais
em favor de terceiro estranho à lide. Inicialmente, cumpre registrar que o dano social
vem sendo reconhecido pela doutrina como uma nova espécie de dano reparável,
decorrente de comportamentos socialmente reprováveis, pois diminuem o nível social

ALUNO: mirlonfernando pág. 43


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de tranquilidade, tendo como fundamento legal o art. 944 do CC. Desse modo, diante da
ocorrência de ato ilícito, a doutrina moderna tem admitido a possibilidade de condenação
ao pagamento de indenização por dano social, como categoria inerente ao instituto da
responsabilidade civil, além dos danos materiais, morais e estéticos. (...) os danos sociais
são admitidos somente em demandas coletivas e, portanto, somente os legitimados
para propositura de ações coletivas têm legitimidade para reclamar acerca de supostos
danos sociais decorrentes de ato ilícito, motivo por que não poderiam ser objeto de ação
individual. (Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 12/11/2014. nossos os
grifos)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 8. Acerca do entendimento do STF, julgue o item abaixo:

Dias atrás, em conclusão de julgamento, o STF declarou, em definitivo, a inconstitucionalidade


do artigo 1.790 do Código Civil, o qual previa o tratamento diferenciado em matéria sucessória
entre cônjuge e companheiro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Modalidades contemporâneas de família. 5.1. União estável. (...) 11.
Sucessões. (...) 11.2. Herdeiros.

Dispõe o artigo 1.790 do CC: A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,


quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída
ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do
que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a
um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Referido dispositivo legal sempre foi alvo de duras críticas pela doutrina, pois, em apertada síntese,
ao estabelecer tratamento sucessório diferenciado entre companheiros e cônjuges (artigo 1.829/
CC), estaria violando a CR/88 e os princípios da dignidade humana, igualdade e da proteção da
família.

Instado a se manifestar acerca do tema, o STF iniciou o julgamento do RE 878694, no qual, até o
momento, sete ministros votaram pela inconstitucionalidade da indicada norma, por entenderem
que a CR/88 garante a equiparação entre regimes da união estável e do casamento no tocante
ao regime sucessório. Atualmente, o julgamento encontra-se suspenso pelo pedido de vista do
ministro Dias Toffoli, eis o erro da questão. Dessa maneira, inexistindo formalmente uma decisão
final do STF, o artigo 1.790 do CC ainda é válido e continua sendo cobrado em provas. Peço que

ALUNO: mirlonfernando pág. 44


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acompanhem o indicado julgamento e memorizem o artigo 1790 do CC, pois, certamente, será
objeto de questionamento no próximo concurso de Defensor Público Federal.

PARA MAIOR APROFUNDAMENTO

http://www.ibdfam.org.br/noticias/6095/Julgamento+do+STF+tem+sete+votos+a+fa-
vor+pela+inconstitucionalidade+do+artigo+1.790%2C+que+prevê+diferenças+entre+-
cônjuge+e+companheiro+quanto+à+herança

http://www.ibdfam.org.br/noticias/na-midia/13019

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 9. Julgue o item a seguir:

A retrovenda é uma cláusula especial inserida no contrato de compra e venda, pela qual o
vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de reaver o bem, no prazo decadencial
máximo de três anos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...) 9.2.
Compra e venda.

Dispõe o artigo 505 do CC: “O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-
la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando
as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuarem com a
sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias”.

A cláusula de retrovenda, também chamada de cláusula de resgate ou pactum de retrovendendo,


de acordo com a doutrina, “constitui um pacto inserido no contrato de compra e venda pelo qual o
vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, dentro de certo prazo,
restituindo o preço, desde que previamente ajustadas. (...) Na verdade, essa cláusula especial
confere ao vendedor o direito de desfazer a venda, revendo de volta o bem alienado dentro
do prazo máximo de três anos (decadencial). (...) Assim sendo, tecnicamente, trata-se de
cláusula resolutiva expressa, porque enseja ao vendedor a possibilidade de desfazer a venda,
operando-se o resgate do bem e a consequente extinção do contrato, reconduzindo as partes ao
estado anterior. Em outras palavras, a propriedade do comprador, até o prazo de três anos,
é resolúvel”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.3: Teoria Geral dos Contratos e Contratos em
Espécie. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 396/397). (grifamos)

Importante destacar, o dispositivo legal em estudo afirma, o direito de retrato pode ser exercido

ALUNO: mirlonfernando pág. 45


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no prazo decadencial máximo de três anos, o que significa que as partes poderão pactuar prazo
inferior para o exercício da retrovenda.

CURIOSIDADE. STJ JÁ ADMITIU RETROVENDA PARA BENS MÓVEIS.

DIREITO CIVIL. EMPRESA. FALÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CONTRATO DE


VENDA E COMPRA COM PACTO DE RETROVENDA. BENS MÓVEIS. POSSIBILIDADE.
RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA PROBATÓRIA. SÚMULA 5 E 7-STJ.

1 - Consoante o entendimento pretoriano, não há incompatibilidade entre a cláusula


de retrovenda e o contrato de compra e venda de bens móveis, funcionando aquele
puramente como garantia, sem força suficiente, portanto, para anular o negócio jurídico
em sua integralidade. (...)

3 - Recurso especial não conhecido. (REsp 260923/SP. DJ 20/10/2003)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 10. Analise e julgue o item seguinte:

O tu quoque é conhecido como um dos desdobramentos da boa-fé objetiva, no qual o sujeito


viola uma norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da situação em benefício
próprio.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos.

Conforme estudada na rodada pretérita, a boa-fé objetiva (artigo 422 do CC), pode ser conceituada
como um conjunto de deveres exigidos nos negócios jurídicos, impondo aos contratantes um
compromisso, essencialmente, de fidelidade e cooperação nas suas relações. Na continuação, um
dos desdobramentos da boa-fé objetiva, apresentado pela doutrina e seguido pela jurisprudência,
é o tu quoque.

Como leciona a doutrina, “a parte que sempre infringiu uma regra obrigacional não pode invocar
esta mesma regra em seu favor. Aquele que despreza a norma não pode dela se aproveitar”.
(Cristiano Chaves de Farias. Luciano Figueiredo. Marcos Ehrhardt Júnior. Wagner Inácio Dias.
Código Civil para Concursos. 5ª ed. 2017. JusPodivm) – (grifamos). Dessa maneira, está vedado
que alguém faça contra o outro o que não faria contra si mesmo.

Exemplo de aplicação prática do tu quoque, trazido pela doutrina e jurisprudência, é a denominada


exceção do contrato não cumprido, estampada no artigo 476 do CC: Nos contratos bilaterais, nenhum
dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

ALUNO: mirlonfernando pág. 46


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Vale lembrar ainda, o Enunciado 412 do CJF: “As diversas hipóteses de exercício inadmissível de
uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra factum
proprium, são concreções da boa-fé objetiva”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 11. Acerca das modalidades contemporâneas de família, julgue o item abaixo:

Família mosaico é a estrutura familiar originada no matrimônio ou na união estável de um


casal, no qual um ou ambos de seus integrantes têm filhos provenientes de um casamento
ou relação prévia.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Modalidades contemporâneas de família.

Nos dias de hoje, inexiste um conceito único de família, capaz de abranger todas as relações
intersubjetivas verificadas no cotidiano. Por tal razão, atualmente, diz-se que a definição de família
está atrelada ao reconhecimento do afeto entre seus membros. “Para essa nova tendência de
identificar a família pelo seu envolvimento afetivo surgiu um novo nome: família eudemonista,
que busca a felicidade individual, por meio da emancipação de seus membros. (...) A absorção do
princípio eudemonista pelo ordenamento legal altera o sentido da proteção jurídica da família,
deslocando-o da instituição para o sujeito, como se infere da primeira parte do § 8º do art. 226
da CF: o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram”.
(DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais.
2016) – (grifamos)

Diante de novas bases, despontam novos modelos de família, sendo um deles a denominada
família mosaico/composta, nos exatos termos apresentados na questão. Ainda, de acordo com a
doutrina acima citada, “a especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído
por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para
a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: os meus,
os teus, os nossos”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 12. Analise e julgue o item abaixo:

A legitimação fundiária constitui forma derivada de aquisição do direito real de propriedade,


conferido por ato discricionário do Poder Público àquele que detiver área pública ou possuir

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área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo
urbano informal consolidado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Direitos reais. 7.1. Posse e propriedade.

A recente Medida Provisória 759/16, dispõe, entre outros assuntos, acerca da regularização
fundiária rural e urbana. Referida medida provisória promoveu alterações em diversos diplomas
legais, dentre os quais, a Lei 11.977/09 (Programa Minha Casa, Minha Vida –PMCMV), Lei 8.666/93
(Licitações), MP 2.220/01 (Concessão de Uso Especial de Moradia), etc.

De acordo com o artigo 21, da MP 759/16: “A legitimação fundiária constitui forma originária de
aquisição do direito real de propriedade, conferido por ato discricionário do Poder Público àquele
que detiver área pública ou possuir área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação
urbana, integrante de núcleo urbano informal consolidado”. Isto é, o erro da questão está justamente
em afirmar que a legitimação fundiária constitui forma derivada de aquisição de direito real de
propriedade, quando, na verdade, é forma originária.  

Apenas para relembrar, a propriedade admite formas de aquisição originárias e derivadas. “Nas
formas originárias, há um contato direto da pessoa com a coisa, sem qualquer intermediação
pessoal. Nas formas derivadas, há intermediação subjetiva, ou seja, por uma ou mais pessoas.
(...) nas formas originárias a pessoa que adquire a propriedade o faz sem que esta tenha as
características anteriores, de outro proprietário. Didaticamente, pode-se afirmar que a propriedade
começa do zero, ou seja, é “resetada”. É o que ocorre na usucapião, por exemplo. Já nas formas
derivadas, há um sentido de continuidade da propriedade anterior, como se dá na compra e venda”.
(TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p.
106) – (grifamos)

A par de todas às críticas enfrentadas pela novel MP 759/16 é importante um estudo detido de suas
disposições, pois, muito provavelmente, ela aparecerá na prova de vocês. Segue o link: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Mpv/mpv759.htm

PONTO EXTRA: Fiquem de olho no artigo 20 da MP 759/16, diante da legitimação


expressa da Defensoria Pública para requerer a Regularização Fundiária Urbana
(Reurb).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 13. Acerca do instituto do usufruto, julgue o item seguinte:

O usufruto é um direito real de gozo ou fruição, sendo vedado em nosso ordenamento


jurídico o denominado usufruto deducto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Direitos reais. (...) 7.5. Uso e usufruto.

Conforme apresentado na questão, o usufruto é um direito real de gozo ou fruição, previsto no


artigo 1.225, IV, do CC. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades
(artigo 1.390 do CC).

Para rememorar, “o usufrutuário que, como o próprio nome já diz, tem os atributos de usar (ou
utilizar) e fruir (ou gozar) a coisa, (...) são os atributos diretos, que formam o domínio útil. Diante
do fracionamento dos atributos da propriedade, o usufrutuário mantém a posse direta sobre o
bem, tendo o contato corpóreo imediato. A outra parte é o nu-proprietário, que tem os atributos
de reivindicar (ou buscar) e dispor (ou alienar) a coisa (...). É assim chamado justamente por estar
despido dos atributos diretos, relativos ao domínio útil, que estão com o usufrutuário. Tem
a posse indireta ou imediata da coisa, diante do exercício do direito real”. (TARTUCE, Flávio.
Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 246/247) – (grifamos)

O equívoco da questão está em afirmar a impossibilidade de usufruto deducto em nosso


ordenamento pátrio. O usufruto deducto, também chamado de usufruto por retenção, é aquele
em que o proprietário reserva para si o usufruto e transfere a nua propriedade a um terceiro,
verificando-se prática bastante comum.

Ainda, de acordo com a obra citada, “O usufruto convencional deducto geralmente é utilizado
como forma de planejamento sucessório. Assim, é comum na prática, no caso de falecimento de
um dos cônjuges que possuem relevante patrimônio imobiliário, dividir os imóveis em lotes, que
serão escolhidos ou sorteados entre os filhos, a quem se atribui a nua propriedade, dividida de
forma equânime e nos limites da proteção da legítima. Tal divisão é efetivada por meio de doação
do sobrevivente ou testamento do falecido. O cônjuge supérstite mantém o usufruto vitalício dos
bens imóveis e, quando do seu falecimento, este é extinto. Percorrendo tal caminho, são evitados
maiores conflitos entre os filhos, pois, quando do falecimento do segundo ascendente, todos os
bens já estão divididos”.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 49


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QUESTÃO 14. Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, julgue o item abaixo:

O dolo enantiomórfico é causa de anulabilidade do negócio jurídico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Fatos e atos jurídicos. 4.1. Forma, prova, modalidades, defeitos,
nulidade, anulabilidade, inexistência, ineficácia e consequência.

Dolo é todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro, com o propósito de
prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico. O dolo, vício do negócio jurídico,
está disciplinado a partir do artigo 145 do CC, dispondo este: São os negócios jurídicos anuláveis
por dolo, quando este for a sua causa (dolo essencial/substancial/principal). Nesse ponto,
importante lembrar, o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo (artigo 146 do CC).
Ou seja, o dolo acidental não é causa de anulabilidade do negócio jurídico (plano da validade),
repercutindo apenas na sua eficácia, gerando o dever de satisfação das perdas e danos.

O dolo enantiomórfico, nada mais é do que o conhecido dolo recíproco, bilateral ou compensado,
não sendo causa de anulabilidade do negócio jurídico. É a situação em que ambas as partes
agem dolosamente, uma tentando prejudicar a outra, mediante o emprego de artifícios ardilosos.
Consoante o artigo 150 do CC: Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-
lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.

“Em regra, haverá uma compensação total dessas condutas movidas pela má-fé, consagração da
regra pela qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza (nemo auditur propriam turpitudinem
allegans), inclusive se presente de forma recíproca. Segundo o art. 150 do CC/2002, não podem
as partes alegar os dolos concorrentes, permanecendo incólume o negócio jurídico celebrado, não
cabendo qualquer indenização a título de perdas e danos. (...) De toda sorte, se os dolos de ambos
os negociantes causarem prejuízos de valores diferentes, pode ocorrer uma compensação parcial
das condutas, o que gera ao prejudicado em quantia maior o direito de pleitear perdas e danos da
outra parte”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.1: Lei de Introdução e Parte Geral. 13ª ed. Rio de
Janeiro. Forense. 2017. p. 351.)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 15. Analise e julgue o item abaixo:

A conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma criança ou adolescente,


configura elemento caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa, consoante
entendimento do STJ.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Pessoas naturais e jurídicas. (...)10. Responsabilidade civil.

O dano moral objetivo, presumido ou in re ipsa, independe de prova do prejuízo moral, bastando
a simples causação do ato violador. O STJ tem reiteradamente afirmado, nos casos de lesão a
valores fundamentais protegidos pela Constituição Federal, o dano moral dispensa a prova de
sentimentos humanos desagradáveis, presumindo-se o prejuízo. Ou seja, sempre que demonstrada
a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana, dispensa-se a comprovação de dor
e sofrimento para configuração de dano moral.

Nesse sentido, decidiu recentemente o Tribunal da Cidadania, vejamos:

(...) De início, cumpre salientar que o STJ já decidiu que as crianças, mesmo da mais tenra idade,
fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, assegurada a indenização pelo dano
moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/02.
(REsp 1.037.759-RJ, 3ª Turma, DJe 5/3/2010). Da legislação aplicada à espécie, arts. 186 e 927 do
CC/02, extrai-se que aquele que violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito e deve repará-lo. Na doutrina, a reparabilidade dos danos morais exsurge
no plano jurídico a partir da simples violação (ex facto), i.e., existente o evento danoso surge
a necessidade de reparação, observados os pressupostos da responsabilidade civil em geral.
Uma consequência do afirmado acima seria a prescindibilidade da prova de dano em concreto à
subjetividade do indivíduo que pleiteia a indenização. De fato, em diversas circunstâncias, não
é realizável a demonstração de prejuízo moral, bastando a simples causação do ato violador
e, nesse sentido, fala-se em damnun in re ipsa. Ao analisar a doutrina e a jurisprudência, o que
se percebe não é a operação de uma presunção iure et de iure propriamente dita na configuração
das situações de dano moral, mas a substituição da prova de prejuízo moral – em muitas situações,
incabível – pela sensibilidade ético-social do julgador. (...) Em outra vertente, vale destacar que a
Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziram na nossa cultura
jurídica uma nova percepção, inspirada pela concepção da criança e do adolescente como sujeitos
de direitos e cuidados especiais. Nesse sentido, os arts. 227 da CF/88 e 17 da Lei n. 8.069/90,
asseguram a primazia do interesse das crianças e dos adolescentes, com a proteção integral dos
seus direitos. Sob outro viés, a sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite
concluir que os sentimentos de inferioridade, dor e submissão, sofridos por quem é agredido
injustamente, verbal ou fisicamente, são elementos caracterizadores da espécie do dano moral
in re ipsa. Logo, a injustiça da conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra
uma criança ou adolescente, independe de prova e caracteriza atentado à dignidade dos
menores. (REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 7/2/2017,
DJe 13/2/2017) – (grifamos)

GABARITO: CERTO

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DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Analise e julgue o item a seguir:

De acordo com o STJ, a responsabilização subsidiária dos sócios para a quitação de


obrigações assumidas pela pessoa jurídica, prevista no artigo 1.023 do CC, aplica-se,
igualmente, às associações civis sem fins lucrativos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital:1. O empresário. (...) 3. Responsabilidade dos sócios. 4. A personalidade


jurídica. 5. A desconsideração da personalidade jurídica.

O artigo 1.023 do CC estabelece: Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem
os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de
responsabilidade limitada. Pois bem, diante do indicado dispositivo legal, o STJ no REsp 1398438
(julgado em 04/04/2017), entendeu que a hipótese de responsabilização subsidiária dos sócios para
a quitação de obrigações assumidas pela pessoa jurídica não se aplica ao caso de associações
civis sem fins lucrativos. Ainda, de acordo com o entendimento adotado pelo Tribunal da Cidadania,
a regra prevista no artigo 1.023 do Código Civil foi pensada especificamente para as sociedades
empresariais, de modo a estabelecer a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas dívidas
contraídas pela sociedade. Tal conceito, não pode ser estendido às associações civis, já que estas
são criadas para fim específico e têm características diferentes.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 17. Julgue o item seguinte:

Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. O empresário. 2. Sociedade de fato e de direito.

A questão é disposição literal do artigo 977 do CC e frequentemente cobrado nos concursos,


por isso, importante sua memorização. Consoante entendimento do STJ, referida regra vale tanto
para às sociedades empresarias, quanto para simples.

De acordo com a doutrina especializada, “A intenção do legislador, ao editar a norma em questão,


foi proteger, de certo modo, o regime de bens adotado pelos cônjuges. Com efeito, no caso

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dos cônjuges casados sob o regime de comunhão universal, fica bastante difícil individualizar a
contribuição de cada um para o capital da sociedade, razão pela qual, na verdade, nem sempre
haveria de fato dois sócios, mas apenas um. Por outro lado, no regime da separação obrigatória,
alguns bens dos cônjuges, que deveriam estar separados por determinação legal, restariam unidos
por força do contrato de sociedade firmado. Em suma: a possibilidade de contratação de sociedade
entre cônjuges casados sob um desses dois regimes de bens poderia de certa forma transmudar o
regime matrimonial adotado. Mas as críticas, como dito, são fortes e muito pertinentes. Afinal,
no regime de comunhão universal há bens que não se comunicam (art. 1.668 do Código Civil),
e no regime de separação obrigatória admite-se a aquisição de bem em condomínio”. (RAMOS,
André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014.
grifamos).

Enunciado 204/CJF. Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o
regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades
constituídas após a vigência do Código Civil de 2002.

Enunciado 205/CJF. Art. 977: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977: 1. a


vedação à participação de cônjuges casados nas condições previstas no artigo refere-se
unicamente a uma mesma sociedade. 2. o artigo abrange tanto a participação originária
(na constituição da sociedade) quanto a derivada, isto é, fica vedado o ingresso de sócio
casado em sociedade de que já participa o outro cônjuge.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 18. Julgue o item abaixo:

A EIRELI e a sociedade limitada podem adotar firma ou denominação como nome empresarial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. O empresário. 2. Sociedade de fato e de direito.

O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário individual, da EIRELI e da


sociedade empresária. De acordo com a doutrina majoritária, o direito ao nome empresarial é um
direito personalíssimo. Estabelece o artigo 1.155 do CC: Considera-se nome empresarial a firma ou
denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo
único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das
sociedades simples, associações e fundações.

A firma, que pode ser individual ou social, é formada por um nome civil, ou seja, pelo nome do
próprio empresário (na firma individual), pelo nome do titular (EIRELI) ou pelo nome de um ou mais

ALUNO: mirlonfernando pág. 53


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sócios (sociedades empresárias). Deve-se ressaltar, de acordo com o artigo 1.156 do CC, na firma
poderá (faculdade) ser indicado o ramo de atividade desenvolvida. Por sua vez, a denominação,
pode ser utilizada por algumas sociedades e pela EIRELI, sendo formada por qualquer expressão
(o que alguns doutrinadores chamam elemento fantasia) e a indicação do ramo de atividade, que,
neste caso, é obrigatória, conforme estabelece o artigo 1.158, § 2º, do CC.

Para o acerto da questão, basta o conhecimento de dois dispositivos legais: Art. 980-A. (...) §1º.
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. E o artigo 1.158 do CC:
Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final “limitada”
ou a sua abreviatura.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 19. De acordo com o STJ, julgue o item seguinte:

A natureza trabalhista do crédito obsta que o credor requeira a falência do devedor, consoante
entendimento do STJ.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. O empresário. (...) 6. Fim da personalidade jurídica. 6.1. Efeitos da


falência sobre os sócios.

O artigo 97, inciso IV, da Lei 11.101/05 (LRF), dispõe: “Podem requerer a falência do devedor: [...]
IV - qualquer credor”. Com fulcro no dispositivo legal transcrito, o STJ entendeu que a natureza
trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor, vejamos: “(...)
verifica-se que o legislador conferiu ampla legitimidade ativa para o requerimento de decretação
de falência do devedor, de modo que, em princípio, estarão todos os credores aptos a fazê-lo.
Nessa linha, há doutrina no sentido de que o credor “é, por excelência, o titular da relação jurídica
falimentar. [...] A lei não distingue entre dívida civil, comercial, trabalhista ou fiscal, importando,
isso sim, que seja líquida, dando ensejo, repita-se, à ação executiva”. Em igual sentido, existem
doutrinadores pátrios que têm entendido que “a palavra ‘qualquer’, constante do inciso, sugere que
todos os credores, individualmente ou em conjunto, podem requerer a falência do devedor. Incluir-
se-iam, nesse rol, os credores civis, comerciais, trabalhistas e fiscais”. Assim, adota-se corrente
doutrinária que sustenta que: “Credores trabalhistas, fiscais, acidentários podem em tese
requerer a falência do devedor desde que possuam o título executivo pertinente, seja ele
judicial ou extrajudicial e esteja protestado para fins falimentares. Neste caso, é possível o
pedido de falência com base no art. 94, I, da LRF. Há, também, a possibilidade do pleito de falência
com base no art. 94, II, quando superveniente uma execução frustrada”. (REsp 1.544.267-DF, Rel.

ALUNO: mirlonfernando pág. 54


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Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 23/8/2016, DJe 6/9/2016. grifamos).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 20. Acerca da sociedade limitada, julgue o item abaixo:

Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sociedade de fato e de direito. 3. A responsabilidade dos sócios.

A sociedade limitada possui duas características básicas, a contratualidade e a limitação de


responsabilidade dos sócios. Em regra, na sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios
é sempre subsidiária, ou seja, enquanto a sociedade possuir bens, os sócios não poderão ser
executados pessoalmente por dívidas sociais.

Relembradas as bases conceituais das sociedades limitadas, de acordo com o artigo 1.055 do CC:
Na sociedade limitada, o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma
ou diversas a cada sócio (artigo 1.055/CC). E ainda, na sociedade limitada, a responsabilidade
de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social (art. 1.052 do CC), nos exatos termos da questão apresentada.

“Por fim, merece destaque o fato de que os sócios de uma sociedade limitada são
solidariamente responsáveis pela integralização do capital social, razão pela qual pode
o credor da sociedade – uma vez exaurido o patrimônio da pessoa jurídica e verificada
a não integralização total do capital social – executar qualquer dos sócios quotistas,
ainda que um deles já tenha integralizado a parte que lhe cabe. (...) Estabelece-se,
pois, uma solidariedade interna entre os quotistas, podendo um deles, ainda que tenha
integralizado a sua respectiva parte, ser executado por credores da sociedade, se algum
dos demais não tiver ainda integralizado a sua quota”. (RAMOS, André Luiz Santa Cruz.
Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014)

GABARITO: CERTO

DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I

QUESTÃO 21. Acerca da incidência do Código do Consumidor, analise e julgue o item


abaixo:

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Consoante entendimento do STJ, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao contrato


de plano de saúde administrado por entidade de autogestão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital:2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 2.3. Definição de consumidor


e fornecedor.

A súmula 469 do STJ afirma, “aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde”. Entretanto, o próprio STJ afasta a incidência do CDC nos contratos de plano de
saúde administrados por entidade de autogestão, aplicando aqui, a mesma ratio decidendi
veiculada para a não aplicação do diploma consumerista para as entidades fechadas de previdência
complementar (estudada na rodada passada), diante da coincidência de características entre as
entidades.

Os planos de autogestão são assim denominados dada a opção feita pela empresa empregadora
em assumir a responsabilidade pela gestão e pelo fornecimento de serviços de assistência
médico-hospitalar, seja por meio de rede própria seja por meio de convênios ou quaisquer tipos
de associação com as empresas que fornecerão, de fato, o serviço. As operadoras de planos de
saúde de autogestão, assim como as operadoras comerciais, celebram contratos cujo objeto é a
assistência privada à saúde, entretanto, apenas as comerciais operam em regime de mercado,
podendo auferir lucro das contribuições vertidas pelos participantes, razão pela qual, não pode
ser aplicado o conceito de fornecedor, estabelecido no artigo 3º do CDC, às operadoras de
plano de saúde que operam em regime de autogestão.

Dessa maneira, assim como ocorre nos casos de entidades de previdência privada fechada, os
valores alocados ao fundo comum obtidos nas entidades de autogestão pertencem aos participantes
e beneficiários do plano, de modo que todo excedente do fundo de pensão é aproveitado em favor
de seus próprios integrantes. Diante do exposto, conclui-se, as regras do Código Consumerista,
mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam
às relações envolvendo entidades de planos de saúde constituídas sob a modalidade de
autogestão.

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. DESCLASSIFICAÇÃO DE OPERADORA DE


PLANO DE SAÚDE DE AUTOGESTÃO COMO FORNECEDORA. Não se aplica o
CDC às relações existentes entre operadoras de planos de saúde constituídas sob
a modalidade de autogestão e seus filiados, na hipótese em que firmado contrato de
cobertura médico-hospitalar. (REsp 1.285.483-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 22/6/2016, DJe 16/8/2016).

PARA MEMORIZAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA EM TESE STJ

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O Código de Defesa do Consumidor não se aplica ao contrato de plano de saúde administrado


por entidade de autogestão, por inexistir relação de consumo.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 22. Consoante jurisprudência do STJ e as normas consumeristas, julgue o item


abaixo:

É ilegal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal e impõe ao consumidor, após tal prazo, a
procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto
à existência do vício, pois violadora do artigo 18, § 1º, do CDC, que estabelece o prazo de 30
dias para troca.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. 2.1 Direitos básicos do


consumidor. (...) 5. Vício do produto e do serviço. 6. Práticas abusivas.

De acordo com o artigo 18 do CDC: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício
sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço”.

De acordo com o STJ, não existe no CDC norma cogente que confira ao consumidor um direito
potestativo de ter o produto trocado antes do prazo legal de 30 dias, estabelecido no dispositivo legal
em destaque. Ou seja, constatado o defeito, concede-se primeiro a oportunidade de o fornecedor
sanar o vício do produto no prazo máximo de 30 dias, podendo fazer uso de assistência técnica,
caso não seja resolvido o problema, o consumidor poderá exigir, alternativamente e a sua escolha,
as opções elencadas no §1º, do artigo 18 do CDC.

“A troca imediata do produto viciado, portanto, embora prática sempre recomendável,


não é imposta ao fornecedor. O prazo de 3 (três) dias para a troca da mercadoria é
um plus oferecido pela empresa, um benefício concedido ao consumidor diligente, que,
porém, não é obrigatório. Ademais, verifica-se que essa política de troca não exclui a

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possibilidade de o consumidor realizar a troca, na forma do art. 18 do CDC”.

Dessa maneira, é legal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após tal prazo, a procura
de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto à existência
do vício. (REsp 1.459.555-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
14/2/2017, DJe 20/2/2017).

IMPORTANTE LEMBRAR. ARTIGO 18, § 3º, DO CDC.

§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre
que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer
a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 23. Julgue o item abaixo:

Em observância ao princípio da obrigatoriedade da identificação da mensagem publicitária,


o Código de Defesa do Consumidor veda a prática de teaser.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor

Estabelece o artigo 36, caput, do CDC: “A publicidade dever ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”, denominado pela doutrina de Princípio
da Identificação da Publicidade, não se admitindo a publicidade clandestina ou subliminar, visando
sempre à proteção do consumidor, de modo a torná-lo consciente de que é o destinatário de
uma mensagem publicitária, tendo facilmente condições de identificar o fornecedor, assim como o
produto/serviço oferecido.

Por seu turno, a prática de teaser pode ser entendida como a mensagem que visa criar expectativa
ou curiosidade no público, podendo prescindir da identificação do anunciante, do produto ou do
serviço. Ou seja, é o chamado anúncio do anúncio, no qual são utilizados artifícios de atração,
criando uma expectativa ou curiosidade em relação aos produtos/serviços que serão lançados.
Ex.: publicidade de veículo que utiliza a expressão “ele está chegando”, sem apontar o modelo.

Tratando-se de parte de anúncio publicitário, a prática de teaser não é vedada pelo CDC, sendo
sua utilização admissível, desde que não configure publicidade enganosa ou abusiva, servindo o
Código Consumerista como mecanismo de controle.

ALUNO: mirlonfernando pág. 58


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 24. Analise e julgue o item abaixo:

O prazo de reflexão, previsto expressamente no Código de Defesa do Consumidor, constitui


direito potestativo, podendo ser exercido pelo consumidor em até sete dias, a contar
da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que
a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 7. Proteção contratual do


consumidor.

O artigo 49 do CDC estabelece: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar
de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento
previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados”. O que convencionou-se chamar de
direito de arrependimento ou prazo de reflexão.

“Esse direito de arrependimento, relativo ao prazo de reflexão de sete dias, constitui um


direito potestativo colocado à disposição do consumidor, contrapondo-se a um estado de
sujeição existente contra o fornecedor ou prestador. Como se trata do exercício de um direito
legítimo, não há a necessidade de qualquer justificativa, não surgindo da sua atuação regular
qualquer direito de indenização por perdas e danos a favor da outra parte. Como decorrência
lógica de tais constatações, não se pode falar também em incidência de multa pelo exercício, o que
contraria a própria concepção do sistema de proteção ao consumidor”. (TARTUCE, Flávio. NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo. Método. 2017. p.
175. grifamos).

Importante ressaltar, compete ao fornecedor arcar com as despesas postais decorrentes do


exercício do direito de arrependimento, não podendo repassá-las ao consumidor, sob pena de
desestímulo ao comércio fora do estabelecimento e do próprio exercício deste direito. Por fim,
apenas exemplificativamente, contratação fora do estabelecimento comercial é aquela realizada
via internet, por catálogo, telefone, a domicílio, etc.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 59


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QUESTÃO 25. Julgue o item abaixo:

Consoante entendimento cristalizado do STJ, na hipótese de resolução de contrato de


compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a
imediata e integral restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 7. Proteção contratual do


consumidor. 7.1. Boa-fé objetiva e equilíbrio econômico.

Cuidado com pegadinhas! De acordo com a Súmula 543 do STJ: Na hipótese de resolução de contrato
de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente,
em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha
sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.

Sobre o assunto, importante também rememorar alguns artigos do diploma consumerista:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que: (...) II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já
paga, nos casos previstos neste código; (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com
a boa-fé ou a equidade;

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações,
bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em
razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado”. Ou
seja, é nula de pleno direito a chamada cláusula de decaimento.

(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site


Dizer o Direito)

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 60


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PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

QUESTÃO 26. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de exportação
de animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

Esta controvérsia foi recentemente dirimida pelo Supremo Tribunal Federal. Os Ministros da Corte
Constitucional brasileira entenderam pela competência da Justiça Federal para julgar o crime em
estudo, uma vez que o Estado brasileiro é signatário de diversas convenções internacionais acerca
do tema e a conduta em comento foi praticada de forma transnacional, incidido o artigo 109, IV, da
Constituição Federal. Deste modo, o Supremo Tribunal Federal aprovou a seguinte tese em sede
de repercussão geral: “compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter
transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou
protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil” (STF, RE 835558).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 27. Em regra, o poder de polícia ambiental é discricionário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

O artigo 78 do Código Tributário Nacional define poder de polícia como:

“atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou


liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos”.

Ordinariamente, uma das características elencadas pela doutrina de direito administrativo acerca

ALUNO: mirlonfernando pág. 61


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do poder de polícia é a sua discricionariedade, uma vez que o agente público atuaria à luz de uma
análise acerca da conveniência e oportunidade de determinada ação. No entanto, as normas de
direito ambiental são em sua grande maioria indisponíveis, uma vez que tutelam um interesse
transindividual de titularidade de todo indivíduo. Desta forma, em razão dos valores ambientais
envolvidos, a doutrina ambientalista entende que o poder de polícia ambiental é vinculado,
diferenciando-se, portanto, do poder de polícia estudado na matéria de direito administrativo. Sobre
este tema, vejamos a lição de Frederico Amado:

“Assim sendo, que é vasta a legislação que rege o poder de polícia ambiental, é indene
de dúvidas a sua natureza vinculada, em regra, normalmente inexistindo conveniência e
oportunidade na sua exteriorização, mesmo porque é dever do Poder Público promover
a conservação do meio ambiente, à luz do Princípio da Natureza Pública da Proteção
Ambiental”. (AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 7ª ed. São Paulo:
Método, 2016, pp. 138)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 28. Prescreve em três anos, contados do término do processo administrativo,


a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

Segundo a Súmula 467 do STJ: “Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.”.

O tema da prescrição da pretensão da administração pública para promover a execução de multa


por infração ambiental é frequentemente cobrado pela banca CESPE em provas objetivas, uma
vez que esta banca examinadora possui uma predileção pelo direito sumular. Portanto, insisto
novamente: leiam as súmulas do STJ e STF! Elas possuem uma alta incidência na prova objetiva
da Defensoria Pública da União!

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 62


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QUESTÃO 29. O princípio da solidariedade intergeracional possui uma faceta sincrônica e


uma faceta diacrônica.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

Segundo o artigo 225 da Constituição Federal de 1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.

Nesta linha, a doutrina e os tribunais superiores reconhecem a existência do princípio da


solidariedade intergeracional, que preconiza o dever do Poder Público e da coletividade em
defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Nesse sentido, é
a lição de Frederico Amado: “Por este Princípio, que inspirou a parte final do caput do artigo 225
da CRFB, as presentes gerações devem preservar o meio ambiente e adotar políticas ambientais
para a presente e as futuras gerações, não podendo utilizar os recursos ambientais de maneira
irracional de modo que prive seus descendentes do seu desfrute. Não é justo utilizar recursos
naturais que devem ser reservados aos que ainda não existem”. (AMADO, Frederico. Direito
Ambiental Esquematizado. 7ª ed. São Paulo: Método, 2016, pp. 74-75)

Ainda sobre este princípio, o professor Édis Milaré reconhece a existência de duas facetas (ou
dimensões), quais sejam, a solidariedade sincrônica e a solidariedade diacrônica. Elaborei um
quadro sinótico sobre este ponto com base na obra do Professor Milaré:

Significa a solidariedade exercida no âmbito de proteção e


Solidariedade sincrônica preservação do bem ambiental para com as presentes gerações
em tempo real.

Significa a solidariedade exercida no âmbito de proteção e


Solidariedade diacrônica
preservação do bem ambiental para com as futuras gerações.

A diferenciação entre solidariedade sincrônica e diacrônica já foi objeto de questionamento em


provas orais de concurso!

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 63


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QUESTÃO 30. A obrigação civil de reparar o dano ambiental dentro de uma determinada
propriedade é de natureza propter rem.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: A matéria “direito ambiental” é novidade no concurso da DPU.

A obrigação de reparar o dano ambiental ocorrido em determinada propriedade particular é do


seu proprietário, e não necessariamente de quem deu causa ao dano ambiental. Deste modo, e à
luz do princípio da função socioambiental da propriedade, se o indivíduo adquire um imóvel e no
interior da área deste bem há uma vegetação ambiental carecendo de reparos, o novo adquirente
será responsável pela reparação. Trata-se de uma obrigação propter rem, ou seja, inerente ao
próprio bem. Nesse sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

“AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MULTA APLICADA ADMINISTRATIVAMENTE


EM RAZÃO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM FACE
DO ADQUIRENTE DA PROPRIEDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. MULTA COMO
PENALIDADE ADMINISTRATIVA, DIFERENTE DA OBRIGAÇÃO CIVIL DE REPARAR
O DANO. (...) 5. Esta Corte Superior possui entendimento pacífico no sentido
de que a responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais adere à
propriedade, como obrigação propter rem, sendo possível cobrar também do
atual proprietário condutas derivadas de danos provocados pelos proprietários
antigos. Foi essa a jurisprudência invocada pela origem para manter a decisão
agravada. (...) 13. Note-se que nem seria necessária toda a construção doutrinária
e jurisprudencial no sentido de que a obrigação civil de reparar o dano ambiental é
do tipo propter rem, porque, na verdade, a própria lei já define como poluidor todo
aquele que seja responsável pela degradação ambiental - e aquele que, adquirindo
a propriedade, não reverte o dano ambiental, ainda que não causado por ele, já
seria um responsável indireto por degradação ambiental (poluidor, pois). (...)
(REsp 1251697/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 12/04/2012, DJe 17/04/2012; (grifo nosso)”

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 64


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PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma
que a ação pode ser manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos,
não mencionando os direitos difusos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 34 Mandado de segurança.

O cabimento de Mandado de Segurança Coletivo para a tutela de direitos difusos não é pacífico.
O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma que a ação pode ser
manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos, não mencionando os direitos
difusos:

“Art. 21. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim
entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.”

Como a questão requer o conhecimento da previsão legal, verifica-se, desde já, que a assertiva se
encontra correta.

Todavia, vamos além no nosso estudo:

O artigo 5º, LXX, “a”, da Constituição Federal, ao tratar da legitimidade do partido político, não
faz qualquer restrição quanto aos interesses a serem tutelados (LXX - o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional).
Com base nisso, forte parcela doutrinária defende o cabimento do remédio para os direitos difusos,
conferindo ao artigo 21 uma interpretação conforme a Constituição. Nesse sentido, se posicionaram
José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
pp. 458 – 459), Leonardo José Carneiro da Cunha (A fazenda pública em juízo. 8. ed. São Paulo:
Dialética, 2010. pp. 469 – 470), Teori Zavasck (ZAVASCKI, Teori. Processo coletivo. 6 ed. São
Paulo: RT, 2014. p. 193-194) e Alexandre de Moraes (Direito Constitucional. 31. ed. São Paulo:
Atlas S.A., 2015. pp. 177), todos mencionados no fundamento da decisão tomada na Medida

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Cautelar Liminar em Mandados de Segurança Coletivos (34070 e 34071) pelo Ministro Gilmar
Mendes, que admitiu o manejo do MS Coletivo em direito difuso (polêmico caso envolvendo o ex-
presidente Lula). Assim, tratando-se de garantia constitucional, não poderia o legislador restringi-
la. Esta posição pode ser utilizada em provas, especialmente subjetivas e orais. Na primeira fase,
verifiquem se a questão pede a literalidade da lei ou aprofunda a questão. No segundo caso,
analisem com cuidado e lembre-se deste precedente e da posição doutrinária pelo cabimento do
MS para a tutela de direitos difusos.

GABARITO: CERTO

Acerca das condições da ação e do Código de Processo Civil de 2015, julgue as questões
abaixo:

QUESTÃO 32. O Código de Processo Civil de 2015 suprimiu a possibilidade jurídica do


pedido das condições da ação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Ação. 3.2 Condições da ação.

O Código de Processo Civil de 2015 alterou o regramento das condições da ação, de forma que a
possibilidade jurídica do pedido deixou de ter previsão legal.

Nos termos do artigo 17 do CPC “para postular em juízo é necessário ter interesse (jurídico) e
legitimidade”.

O artigo 485, VI, por sua vez, dispõe que “o juiz não resolverá o mérito quando: verificar ausência
de legitimidade ou de interesse processual”.

Ou seja, os artigos não enumeram a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação.
Demais disso, o artigo 330 do Código não mais a enumera dentre as causas de inépcia da petição
inicial, como fazia o artigo 295, parágrafo único, do CPC de 1973.

“Art. 330. § 1º - Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o


pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.”

ALUNO: mirlonfernando pág. 66


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Se um pedido é vedado pelo ordenamento (impossibilidade jurídica do pedido) deve ser julgado
improcedente por sentença que aprecia o mérito. Demais disso, no caso de formulação de pedido
que se sabe juridicamente impossível, este não trará utilidade ao autor, de forma que lhe faltará
utilidade e, portanto, interesse de agir.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 33. A expressão “condições da ação” foi suprimida pelo Código de Processo
Civil de 2015.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Ação. 3.2 Condições da ação.

A expressão “condições da ação” era prevista, unicamente, no artigo 267, VI, do CPC de 1973, que
tratava da extinção do processo sem resolução do mérito quando ausentes as condições da ação
(àquela época a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual).

Seu equivalente no CPC de 2015 é o artigo 485, VI:

“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade
ou de interesse processual”.

O novo código, portanto, suprimiu o termo “condições da ação” de seu texto. Diante disso, parcela
considerável da doutrina passou a afirmar que o código acabou com a categoria das condições da
ação, passando a legitimidade para a causa e o interesse processual a figurar como pressupostos
processuais. Nesse sentido:

“O art. 267, VI, do CPC/1973, era o único dispositivo de lei que previa a expressão
‘condições da ação’ e que foi suprimida pelo artigo 485, VI, do CPC/2015. Resta então
uma indagação: teria o código desejado exterminar a categoria condições da ação,
deixando a legitimidade para a causa e o interesse processual como mero pressupostos
processuais? Parece-nos que sim. O CPC/2015 foi enfático, em seu silêncio, ao não
mencionar o termo ‘condições da ação’ em nenhum de seus 1.072 artigos. Aos demais,
pode-se alocar a legitimidade ad causam e o interesse de agir entre os pressupostos
processuais, como pressuposto de validade subjetivo e pressuposto de validade objetivo
intrínseco, respectivamente”. (BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre. MACEDO, Daniel.
Novo código de processo civil – temas inéditos, mudanças e supressões. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 54-55).

Observação: Daniel Macedo, um dos autores da obra acima mencionada, é Defensor Público
Federal. Considero, também por isso – já que a qualidade da obra é indiscutível – que o livro deve

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ser indicado para a preparação ao certamente, o que faço neste momento).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 34. Apenar de o Código de Processo Civil de 2015 ter suprimido a expressão
“condições da ação” de seu texto, parcela da doutrina defende que ainda é possível extrai-la
do código, sendo composta pela legitimidade e interesse de agir.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Ação. 3.2 Condições da ação.

Como vimos acima, forte parcela da doutrina defende a extinção das condições da ação, passando
a legitimidade e interesse de agir a figurar como pressupostos processuais, devendo a possibilidade
jurídica ser analisada como questão de mérito, consagrando a teoria abstrata do direito de ação e
o binômio pressupostos processuais-mérito.

Em sentido contrário, entendendo pela manutenção da categoria condições da ação: (NEVES,


Daniel Amorim Assumpção. Novo código de processo civil comentado artigo por artigo. Salvador:
Juspodivm, 2016 p. 42). O autor afirma que o próprio Liebman, criador da teoria eclética, por meio da
qual explica as condições da ação, reformulou seu entendimento inicial, passando a entender que
a possibilidade jurídica do pedido não estaria contida no interesse de agir, de forma que restariam
somente duas condições da ação: legitimidade e interesse de agir. Portanto, o artigo 17 do CPC,
cuja redação mencionei nos comentários da questão 32, seria nesse sentido.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 35. A competência para proceder à confirmação de testamento particular e


ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, quando o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional, é concorrente entre
a autoridade judiciária brasileira e o tribunal estrangeiro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6 Jurisdição.

A hipótese mencionada no enunciado é de competência exclusiva da autoridade brasileira.

O regramento é encontrado no artigo 23 do Código de Processo Civil, que enumera causas que
competem à autoridade brasileira, com exclusão de qualquer outra, sendo elas: I - relativas a
imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de

ALUNO: mirlonfernando pág. 68


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testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em
divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados
no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 36. Havendo previsão em tratado internacional do qual o Brasil seja signatário,
poderá ser reconhecida a litispendência entre tribunal estrangeiro e autoridade judiciária
nacional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6 Jurisdição.

A regra geral, estabelecida pelo Código de Processo Civil, é no sentido de que “a ação proposta
perante tribunal estrangeiro não induz litispendência”. Vejamos:

Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

Reparem que o final da redação do artigo traz uma ressalva. Havendo tratado internacional ou
acordo bilateral em vigor no Brasil, a regra prevista na primeira parte restará afastada, ou seja, a
ação proposta perante tribunal estrangeiro poderá induzir litispendência e obstar que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.

É o caso, por exemplo, da Convenção de Direito Internacional de Havana (código de Bustamante –


homologada pelo Decreto 18.871 de 1929), que permite a alegação de litispendência internacional,
em seu artigo 394:

“Artículo 394. La litis pendencia por pleito en otro de los Estados contratantes podrá
alegarse en materia civil cuando la sentencia que se dicte en uno de ellos haya de
producir en el otro los efectos de cosa juzgada”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 37. Supondo que, em ação relativa a imóveis situados no Brasil, o réu alegue, em
contestação, a existência de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional. Neste caso, não competirá a autoridade judiciária brasileira o processamento

ALUNO: mirlonfernando pág. 69


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e o julgamento da ação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6 Jurisdição.

O artigo 25 do Código de Processo Civil traz exceção legal à regra da competência internacional
concorrente, ao dispor que “não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação”.

As regras para competência internacional concorrente, que podem, portanto, ser excepcionadas,
encontram-se nos artigos 21 e 22 do Código. O artigo 23, por sua vez, traz os casos de competência
exclusiva.

“Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular


e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja
de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha


de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional.”

Para essas (competência exclusiva, Art. 23), não se aplica a exceção prevista no artigo 25, conforme
se vê em seu parágrafo primeiro. Vejamos:

“Art. 25. § 1º - Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional


exclusiva previstas neste Capítulo”.

Portanto, ainda que exista cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional e isto seja arguido pelo réu na contestação, competirá à autoridade judiciária brasileira
o processamento e o julgamento da ação relativa a imóveis situados no Brasil, já que este tema é
matéria de competência exclusiva, nos termos do artigo 23, inciso I do CPC.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 38. Tramitando o processo em comarca que não seja sede de vara do juízo
federal, os autos serão remetidos ao juízo federal competente sempre que nele intervier
entidade autárquica federal.

ALUNO: mirlonfernando pág. 70


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Competência: absoluta e relativa.

Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se
nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de
fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, conforme
preleciona o artigo 45 do CPC. O próprio artigo excepciona desta regra às ações (1) de recuperação
judicial, (2) falência, (3) insolvência civil e (4) acidente de trabalho, assim como as sujeitas à (5)
justiça eleitoral e (6) à justiça do trabalho.

A regra reproduz, em parte, o disposto no artigo 109 da Constituição Federal:

“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho”.

No parágrafo terceiro do mesmo artigo constitucional (109) encontramos outra exceção, a qual,
não obstante não mencionada expressamente pelo CPC, deve ser observada.

Tal parágrafo dispõe que “serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio
dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social
e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela
justiça estadual”.

Sendo assim, há casos onde mesmo intervindo entidade autárquica federal o processo permanecerá
no juízo estadual. Exemplo disso é a ação previdenciária proposta pelo segurado em face do INSS
em comarca de seu domicílio e que não seja sede de vara do juizado federal. Nestes casos, o juízo
estadual atua com competência federal delegada.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 39. O autor não pode alegar a incompetência relativa tendo em conta que, para
ele, se operou a preclusão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Competência: absoluta e relativa.

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Enquanto as regras de competência absoluta são fundadas em razões de ordem pública,


prevalecendo o interesse público, as de competência relativa privilegiam a liberdade das partes. O
ordenamento jurídico brasileiro mescla normas de competência absoluta e relativa.

A questão encontra-se correta, tendo em vista que o autor possui a oportunidade de se manifestar
a respeito da competência relativa já quando da propositura da demanda, sendo ilógico que, após
propor a ação no foro por ele escolhido, alegue incompetência por ele mesmo criada. Opera-se,
portanto, a preclusão lógica.

O réu, por sua vez, poderá excepcionar o juízo, pleiteando que a regra de determinada competência
relativa seja respeitada, com a consequente remessa do processo ao juízo competente. O momento
adequado para tanto é o da contestação.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 40. Havendo alegação de incompetência, a contestação poderá ser protocolada


no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Competência: absoluta e relativa.

Como visto, o réu poderá excepcionar o juízo, pleiteando que a regra de determinada competência
relativa seja respeitada, com a consequente remessa do processo ao juízo competente, na
contestação.

Havendo alegação de incompetência (relativa ou absoluta), a contestação poderá ser protocolada


no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico, conforme autoriza o artigo 340 do CPC.

Nestes casos, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver


sido designada.

Sendo reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída
a contestação será considerado prevento, devendo designar nova data para a audiência de
conciliação ou de mediação, conforme preceitua os parágrafos do artigo supramencionado.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 72


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PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

Futuros Defensores Públicos Federais,

Como anda a força de estudo? Lembrem-se de que nenhum tempo pode ser
perdido e do objetivo a ser conquistado. Tenham paciência e persistência, para
ler os materiais e para riscar os editais. Lembram-se do nosso conselho? Ao ver
um tema que nunca estudaram aqui no CEI, estudem-no completamente nos
seus livros, apostilas ou cadernos e risquem o tema no edital. Assim, vocês terão
ideia do quanto têm avançado na persecução do edital e, também (Deus queira!),
de quão mais perto estão de se tornarem Defensores Públicos Federais.

Nesta rodada, em Direito Tributário, abordamos a questão referente à imunidade


de imprensa, recente decisão do Supremo; conceitos básicos de obrigações
tributárias; decisões do Supremo envolvendo normas tributárias e a SV 28;
princípio da legalidade e a ação anulatória de débito fiscal.

Em relação ao estudo dos princípios tributários, aconselho a vocês montarem um


quadro com todas as exceções aos princípios da legalidade e da anterioridade
(e, caso já o tenham, que o revisem), pois é importante saber, na cabeça, não
apenas os casos de necessidade de LC para a instituição de tributos, como
apontamos em uma das questões, mas também as exceções aqueles princípios.
São lições básicas de tributário que lhes servirão para muitas questões, aqui no
CEI e na prova.

Já vamos para a terceira de nossas dez rodadas! Não se atrasem nas leituras.

Sigam firmes!

QUESTÃO 41. A imunidade de imprensa, que tem natureza subjetiva, recai sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, bem como sobre livro eletrônico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Sistema Tributário Nacional. (...) 9.2. Limitações ao poder de tributar.

Inicialmente, é importante lembrar que, de acordo com o artigo 150, VI, “d”, da Constituição da

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República, é vedado aos entes federativos a instituição de impostos sobre “livros, jornais, periódicos
e o papel destinado à sua impressão.” Ao contrário das alíneas anteriores do artigo 150, VI, a
chamada imunidade de imprensa tem natureza objetiva, pois recai sobre coisas. Nesse sentido,
à luz do que decidiu o STF no RE 628122, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 19/06/2013, Eduardo
Sabbag ensina que “as imunidades objetivas, também denominadas reais, são aquelas instituídas
em virtude de determinados fatos, bens ou situações importantes para o bom desenvolvimento da
sociedade. Assim, referem-se aos impostos ditos reais - ICMS, IPI, II e IE. Os demais impostos
deverão incidir normalmente sobre os bens constantes da alínea ‘d’.” (SABBAG, Eduardo. Manual
de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 387).

No que diz respeito à abrangência do conceito de livro, é importante lembrar que o STF já tinha
posição firme no sentido de que estariam nele incluídas as apostilas e manuais técnicos (RE
183.403, Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 07/11/2000).

A questão sobre a extensão da imunidade aos livros eletrônicos chegou ao STF, tendo o Ministro
Dias Toffoli, em 2010, afastado tal imunidade, em decisão monocrática. (a título de curiosidade,
Sabbag (Op. Cit., p. 394) explica o caso: “o mencionado recurso extraordinário foi movido pelo
governo do Rio de Janeiro contra acórdão da justiça fluminense, que imunizara a editora Elfez
Edição Comércio e Serviços quanto ao pagamento de ICMS sobre a venda de CDs relativos à sua
Enciclopédia Jurídica Soibelman”). Entretanto, o Ministro reconsiderou sua decisão, submetendo a
decisão ao plenário, que, recentemente, no dia 08/03/2017, fixou, por unanimidade, a seguinte tese
para efeitos de repercussão geral: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88
aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-lo.” (RE 330817, Rel. Min. Dias Toffoli, j. em 08/03/2017, veiculado no Informativo nº 856).

O erro da assertiva está, portanto, na definição da natureza da imunidade, que é objetiva.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 42. O pagamento do tributo caracteriza-se como obrigação tributária principal;


por outro lado, o pagamento de multa, assim como a emissão de notas fiscais, escrituração
de livros fiscais e permissão de acesso da fiscalização ao estabelecimento são obrigações
acessórias.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Obrigação tributária. 6.1. Conceito e espécies.

Em relação às espécies de obrigações tributárias, é necessário conhecer o disposto no artigo 113


do CTN, que define o objeto da obrigação principal e da obrigação acessória. Pela relevância do
dispositivo, transcrevo-o integralmente:

ALUNO: mirlonfernando pág. 74


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“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,


positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização
dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em


obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

Vê-se, portanto, que a obrigação principal diz respeito à prestação pecuniária, inclusive a
multa. Por outro lado, a obrigação acessória está ligada às obrigações de ação ou omissão
do contribuinte para facilitar a arrecadação ou fiscalização dos tributos.

Lembrem-se de que, mesmo quando o contribuinte não está obrigado a pagar determinado tributo
(ou seja, não tem obrigação principal), as obrigações acessórias subsistem de forma autônoma.
Essa regra já foi cobrada em diversos concursos.

O erro da assertiva está em afirmar que o pagamento da multa é obrigação acessória.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 43. Apesar de reconhecer o dever fundamental ao pagamento de tributos, o


Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a Lei nº 8.866/94, que permite a prisão
do depositário infiel de débitos tributários.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Processo judicial tributário.

Na ADI 1055, veiculada no Informativo nº 851, o STF decidiu pela inconstitucionalidade da Lei
nº 8.866/94, que permitia a prisão de depositário infiel de débitos tributários. Os fundamentos
para a declaração de inconstitucionalidade foram os seguintes: 1) violação ao princípio do devido
processo legal; 2) ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa e 3) violação às
Súmulas Vinculantes nº 28 e 25. O Informativo nº 851 pontua as disposições da lei declarada
inconstitucional: “a) cria a ação de depósito fiscal, com o escopo primordial de coagir, sob pena de
prisão, o devedor a depositar o valor referente à dívida na contestação, ou após a sentença, no
prazo de 24 horas; b) chancela a possibilidade de submeter o devedor a sofrer processo judicial de
depósito, sem que tenha ocorrido a finalização do processo administrativo fiscal; e c) dispõe sobre

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a proibição de, em se tratando de coisas fungíveis, seguir-se o disposto sobre o mútuo (CC/1916,
art. 1280; CC/2002, art. 645), com a submissão do devedor a regime mais gravoso de pagamento,
em face dos postulados da proporcionalidade, do limite do direito de propriedade e do devido
processo legal.”

Assim, o Supremo considerou que essas disposições seriam desproporcionais, pois a Fazenda
Pública disporia de outros meios para a cobrança dos tributos, como a Execução Fiscal e a Medida
Cautelar Fiscal, ambas as quais têm ritos próprios previstos em lei.

O Supremo considerou, ainda, que “determinar que a contestação seja apresentada com o
depósito do numerário sob pena de revelia equivale a exigir depósito prévio como requisito de
admissibilidade de ação judicial, o que é manifestamente proibido pela Suprema Corte, nos termos
da Súmula Vinculante 28.”

Ademais, a Súmula Vinculante nº 25 dispõe que “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito.”

Interessante dado do julgamento foi o reconhecimento, pelo Ministro Gilmar Mendes, relator da
ADI, do dever fundamental de pagar tributos, que é o meio eficaz à consecução do amplíssimo
rol de direitos sociais (e mesmo dos direitos ditos de primeira dimensão1) previsto na Constituição
da República. Entretanto, na visão do Supremo, os meios escolhidos para cobrar os tributos devem
obedecer às três vertentes da proporcionalidade.

Vale lembrar que, no caso concreto, houve modulação dos efeitos da decisão, para que as ações
de depósito fiscal em curso fossem transformadas em ação de cobrança, de rito ordinário, abrindo-
se vista à Fazenda para requerer a adequação ou a extinção das referidas ações.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 44. A interpretação do artigo 97 do CTN leva à conclusão de que o Município


pode atualizar o valor monetário da base de cálculo do IPTU por meio de decreto. Entretanto,
de acordo com o entendimento do STJ, é vedado que este ato infralegal atualize o tributo em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Direito Tributário: conceito e princípios.

1 Nesse sentido, é muito esclarecedora a leitura (para depois do concurso, é claro) do livro de Holmes e
Sunstein: The Cost of Rights - Why Liberty Depends on Taxes, em que os autores refletem que não apenas os direitos
prestacionais, mas também os direitos de abstenção do Estado, dependem do pagamento de tributos, para que o
Estado possa, por exemplo, aparelhar o sistema de segurança pública e, assim, as pessoas possam, efetivamente, ir
e vir.

ALUNO: mirlonfernando pág. 76


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Pelo princípio da legalidade (art. 5º, II, CRFB), previsto de forma específica para o Direito Tributário
no artigo 150, I, da CRFB, veda-se aos entes federados “exigir ou aumentar tributo sem lei que
o estabeleça.” Vale lembrar que a instituição de tributos se dá, em regra, por lei ordinária, tendo
a Constituição disciplinado os casos em que será necessária Lei Complementar - empréstimos
compulsórios, contribuições residuais, impostos residuais e IGF (arts. 148; 195, § 4º; 154, I e 153,
VII, da CRFB). (ATENÇÃO: é preciso conhecê-los de cor, bem como as implicações que a reserva
de lei complementar refletem na sistemática geral desses tributos, como a proibição de instituí-los
por medida provisória).

Entretanto, não é apenas a instituição e o aumento de tributos que se sujeitam à legalidade.


Regulamentando o referido princípio - e tendo em vista o status de LC com que foi recepcionado
pela CRFB - o CTN, em seu artigo 97, disciplina as matérias submetidas à reserva legal. Vejam:

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração2 de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,
39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto


no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos


artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos,


ou para outras infrações nela definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de


dispensa ou redução de penalidades.

§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que


importe em torná-lo mais oneroso.

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.”

Da leitura do § 2º, percebe-se que a primeira parte da assertiva está correta: a atualização do
valor monetário da base de cálculo do tributo não é considerada majoração e, portanto,

2 Lembrar que a CF possui exceções ao princípio da legalidade no que diz respeito à majoração de tributos,
como a alteração das alíquotas de II, IE, IPI, IOF, redução e restabelecimento de CIDE-combustíveis e fixação de
alíquota de ICMS monofásico combustíveis - estudaremos a CIDE Combustíveis na próxima rodada.

ALUNO: mirlonfernando pág. 77


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pode ser realizada por ato infralegal (interpretando-se, a contrario sensu, o artigo 973).

Ricardo Alexandre adverte que “deve-se tomar cuidado para não confundir a atualização do valor
monetário da base de cálculo com o aumento desta mesma base de cálculo (este reservado à lei).”
(ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 132).

Em relação à segunda parte da assertiva, o enunciado nº 160 da Súmula do STJ dispõe que “é
defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial
de correção monetária.” Assim, a questão está correta.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 45. Em regra, a discussão da dívida ativa da Fazenda Pública deve ser realizada
no âmbito da execução fiscal. Essa regra, contudo, comporta exceções, como a ação
anulatória de débito fiscal, ajuizada pelo sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Caso
a ação anulatória seja proposta na pendência de processo administrativo sobre o mesmo
débito fiscal, nada impede que a discussão administrativa continue ocorrendo, paralelamente
ao litígio judicial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11.2. Ação anulatória de débito fiscal.

Antes de adentrar na questão, é interessante conhecer o disposto no artigo 38 da Lei nº 6.830/80


(Lei de Execução Fiscal), cujo caput prevê o seguinte: “a discussão judicial da Dívida Ativa da
Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado
de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta
precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos
juros e multa de mora e demais encargos.”

Portanto, o referido dispositivo traz as exceções, ou seja, elenca as ações que podem ser propostas
para discutir a dívida ativa da Fazenda Pública, quais sejam: mandado de segurança, ação de
repetição de indébito e ação anulatória de débito fiscal.

De logo, é interessante notar que a parte final do dispositivo, que prevê que a ação anulatória deve
ser precedida do depósito do valor do débito é incompatível com a Súmula Vinculante nº 28, que já
discutimos brevemente na questão 43.

O erro da assertiva está na afirmação de que a discussão judicial pode ocorrer paralelamente

3 Ou seja: o que não está no artigo 97 nem na CF como sujeito à reserva de lei pode ser feito por ato infralegal.
Nesse sentido, por exemplo, o STF tem decidido que a fixação do prazo para recolhimento do tributo pode ser feita por
decreto.

ALUNO: mirlonfernando pág. 78


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à administrativa, pois o parágrafo único do artigo 38 da Lei de Execução Fiscal prevê que “a
propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder
de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.”

Kiyoshi Harada ensina que “respeitado o prazo quinquenal contra a Fazenda Pública, a ação pode
ser proposta a qualquer tempo: logo após a notificação do lançamento, no decorrer do procedimento
administrativo fiscal ou após a inscrição na dívida ativa.” (HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Atlas, 2017, p. 736).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

QUESTÃO 46. Entendem os tribunais superiores que o crime de estelionato previdenciário,


quando praticado pelo próprio beneficiário das prestações, possui caráter instantâneo
de efeitos permanentes, iniciando o prazo prescricional com o recebimento da primeira
prestação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime consumado, tentado e impossível. 2.1. Desistência voluntária


e arrependimento eficaz. 2.2. Arrependimento posterior.

Primeiramente, para deixar nossa conversa mais didática, diferenciemos crime permanente de
crime instantâneo de efeitos permanentes. No crime permanente, a consumação se estende ou
prorroga com o tempo até que o agente cesse a conduta delituosa. Importante perceber que no
crime permanente o agente tem o poder de fazer cessar a conduta criminosa. O exemplo mais
comum de crime permanente é o sequestro e cárcere privado. Já no crime instantâneo de efeitos
permanentes, diferente do crime permanente, a conduta criminosa não se estende ou prorroga no
tempo, mas os seus efeitos, sim, se submetem a uma continuidade temporal.

Foi a partir dessa classificação que os tribunais superiores – STF e STJ – pacificaram as suas
jurisprudências sobre o crime de estelionato previdenciário, que nada é do que o crime de estelionato
majorado por ser cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia
popular, assistência social ou beneficência (CP, art. 171, § 3º). Para os tribunais superiores, quando
a fraude é praticada por um terceiro – um funcionário do INSS ou um contador, p. ex. –, o crime

ALUNO: mirlonfernando pág. 79


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assume a característica de instantâneo de efeitos permanentes, e isso porque a conduta criminosa


(fraude) foi praticada uma vez e não se protraiu no tempo; o que se tornou permanente foram os
seus efeitos, que ensejaram a concessão de um benefício previdenciário ou assistencial indevido,
recebido mensalmente. Por outro lado, tratando-se da obtenção de vantagem ilícita pelo cidadão,
que recebe mês a mês o benefício previdenciário ou assistencial, os tribunais superiores consideram
haver aqui a figura do crime permanente, já que se tem uma conduta criminosa prorrogada no
tempo. Percebam que enquanto o terceiro que praticou a fraude em regra não possui condições
de interromper a conduta criminosa – salvo se ele próprio denunciar o esquema criminoso –, o
cidadão beneficiário pode fazer cessar a conduta a qualquer momento.

A principal repercussão desse entendimento diz respeito à prescrição, que se iniciará no recebimento
da primeira prestação no caso do terceiro que praticou a fraude e com a cessação da fraude no
caso do cidadão beneficiário.

Atenção: finalmente, ainda é possível encontrar uma hipótese que não se encaixa nem no crime
permanente nem no crime instantâneo de efeitos permanentes, que ocorre quando o terceiro
também for o beneficiário do crime. Exemplo: um terceiro utiliza o cartão de segurado falecido para
sacar o valor mensal do benefício. Nesse caso, entende o STJ se tratar de crime continuado. Vale
a pena consultar o REsp 1.282.118.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 47. Tanto o STJ quanto o STF já se posicionaram contrariamente à compatibilidade


da tentativa com o dolo eventual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime consumado, tentado e impossível. 2.1. Desistência voluntária


e arrependimento eficaz. 2.2. Arrependimento posterior.

O enunciado está equivocado. Conforme aponta Rogério Sanches, “Apesar de haver doutrina
lecionando não ser possível tentativa no dolo eventual, argumentando que, nessa espécie, o
agente não tem vontade de realizar o resultado (apenas o aceita como possível), prevalece a tese
em sentido contrário. A lei equiparou, em termos de vontade, o dolo eventual ao dolo direto, sendo
possível o conatus nos dois casos” (Manual de Direito Penal..., p. 381). Essa discussão costuma
surgir com frequência nos casos de acidentes de carro quando um dos condutores age com dolo
eventual de homicídio. No âmbito do STJ, tem-se decidido que a tentativa é compatível com o dolo
eventual (AgRg no REsp 1.322.788). Embora não tenha aprofundado a discussão, o STF também
já teve a oportunidade de admitir a compatibilidade entre esses institutos (HC 114.223).

Sobre o tema, noticiando um caso muito recente, recomendo que leiam essa matéria: http://www.

ALUNO: mirlonfernando pág. 80


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conjur.com.br/2016-set-27/stj-admite-dolo-eventual-cinegrafista-atingido-rojao

GABARITO: ERRADO

Sobre o instituto do arrependimento posterior, julgue os três itens a seguir.

QUESTÃO 48. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime consumado, tentado e impossível. 2.1. Desistência voluntária


e arrependimento eficaz. 2.2. Arrependimento posterior.

Esse tipo de questão é muito comum nas provas do CESPE e já foi utilizado várias vezes nos
concursos da DPU. Eu me refiro ao examinador apontar um ou mais temas e a partir dele seguir
com alguns itens para o candidato julgar certo ou errado. Nesse sentido, p. ex., vejam as questões
de 51 a 52 do V concurso da DPU.

Pois bem. É muito comum que candidatos preparados e com domínio da matéria errem questões
como essa, de puro decoreba. O equívoco do enunciado está no termo final para que a reparação
do dano ou a restituição da coisa seja providenciada pelo agente, que é o recebimento e não o
oferecimento da denúncia, nos termos do art. 16 do Código Penal. E se a reparação do dano for
posterior ao recebimento da denúncia? Nesse caso, apenas incidirá a atenuante do art. 65, III, b,
do CP.

Relembremos os requisitos para que se concretize o arrependimento posterior, causa geral de


diminuição da pena (de um a dois terços): (I) o crime deve ser cometido sem violência ou grave
ameaça; (II) deve haver a reparação do dano ou a restituição da coisa até o recebimento da
denúncia; e (III) esse ato reparatório do agente deve ser espontâneo.

Interessante: a reparação do dano ou a restituição da coisa deve ser integral ou pode ser parcial?
Não há um consenso em torno desse assunto. Embora exista um precedente do STF no sentido de
que “A norma do art. 16 do Código Penal direciona à gradação da diminuição da pena de um a dois
terços presente a extensão do ato reparador do agente” (HC 98.658), trata-se de decisão proferida
no ano de 2010. No âmbito do STJ, predomina o entendimento de que a reparação ou a restituição
da coisa precisa ser integral.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 81


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QUESTÃO 49. Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do crime, a causa
de diminuição de pena do arrependimento posterior estende-se aos demais coautores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime consumado, tentado e impossível. 2.1. Desistência voluntária


e arrependimento eficaz. 2.2. Arrependimento posterior.

O enunciado reproduz trecho de ementa de decisão do STJ (REsp 1.187.976). Recentemente, o


STJ reiterou esse entendimento: “O arrependimento posterior, previsto no art. 16 do Código Penal,
por possuir natureza objetiva, deve ser estendido aos corréus” (REsp 1.578.197, j. 26/04/2016). A
doutrina não diverge: “A reparação do dano é circunstância objetiva que se estende aos corréus
da prática delitiva (art. 30 do CP). Assim, concorrendo mais de uma pessoa para o crime, o
arrependimento posterior de um deles gera a causa de redução de pena para todos os demais”
(SANCHES, Rogério. Manual de Direito Penal..., p. 390).

Atenção: analisando o caso concreto, qual corréu reparou o dano, em quais circunstâncias, se
outro corréu colaborou ou não para a reparação, o juiz fracionará a causa de diminuição de pena
do art. 16 do Código Penal.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 50. No crime de peculato, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,


extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime consumado, tentado e impossível. 2.1. Desistência voluntária


e arrependimento eficaz. 2.2. Arrependimento posterior.

Trago-lhes mais uma pegadinha. Muito cuidado: leiam os enunciados sempre com muita atenção.
O concurso da DPU é cansativo. São 200 itens para desafiar a sua serenidade e a sua atenção.
Um pequeno deslize e você perde um ponto precioso.

O equívoco do enunciado está na generalização do peculato, pois a situação especial de prolongar


o termo final do arrependimento posterior para até o trânsito em julgado, quando extinguirá a
punibilidade, ou mesmo para após o trânsito, quando reduzirá de metade a pena imposta, se aplica
somente ao peculato culposo. Nesse sentido, dispõe o art. 312, § 3º, do Código Penal: “No caso
do parágrafo anterior [que se refere exclusivamente ao peculato culposo], a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 82


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Uma outra situação comum de ser cobrada em provas é o caso do estelionato mediante emissão
de cheque sem fundos (CP, art. 171, § 2º, IV). Estabelece a Súmula 554 do STF que “O pagamento
de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
prosseguimento da ação penal”. Logo, se o pagamento do cheque é feito até o recebimento da
denúncia, a ação penal se verá obstada. Temos aqui um cenário mais benéfico do que aquele
previsto no art. 16 do Código Penal, que se limita a impor uma diminuição da pena.

GABARITO: ERRADO

DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

No que diz respeito à fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, julgue os dois itens a seguir:

QUESTÃO 51. Conforme tem decidido o STJ, a fixação de valor mínimo para reparação dos
danos prescinde de pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Sentença.

O enunciado está equivocado. Com a alteração promovida pela Lei 11.719/2008, o CPP passou a
estabelecer que o juiz, ao proferir sentença condenatória, deve fixar valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387, IV).
Em observância ao sistema acusatório e à garantia da ampla defesa, o STJ já consolidou a sua
jurisprudência no sentido de que é imprescindível pedido expresso do ofendido ou do Ministério
Público para que o juiz proceda com a fixação do valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 52. Conforme tem decidido o STJ, o CPP autoriza a fixação do valor mínimo tanto
para a reparação dos danos materiais quanto para a reparação dos danos morais causados
pela infração.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Sentença.

O STJ tem decidido que “O preceito normativo esculpido no art. 387, IV, do Código de Processo

ALUNO: mirlonfernando pág. 83


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Penal, não estabelece nenhuma restrição quanto à natureza dos danos suscetíveis de reparação
mediante o valor indenizatório mínimo. (...) A aferição do dano moral, na maior parte das situações,
não ensejará nenhum alargamento da instrução criminal, porquanto tal modalidade de dano, de
modo geral, dispensa a produção de prova específica acerca da sua existência, encontrando-se
in re ipsa” (AgRg no REsp 1.626.962, j. 06/12/2016). Esse também é o entendimento de Renato
Brasileiro, para quem “(...) como o referido dispositivo legal faz menção genérica aos danos
causados pela infração, sem estabelecer qualquer restrição quanto à espécie, depreende-se que
a lei não quis restringir a reparação apenas aos danos patrimoniais. (...) Portanto, para além dos
danos patrimoniais, aí incluídos os danos emergentes (ou positivos) e os lucros cessantes (ou
negativos), parece-nos possível a fixação de valor mínimo para reparação dos danos morais e
estéticos, mas desde que haja elementos probatórios que permitam a fixação desse valor” (Manual
de Processo Penal..., p. 327).

GABARITO: CERTO

Sobre o tema jurisdição e competência, julgue os três itens a seguir.

QUESTÃO 53. Os tribunais superiores têm entendido que a convocação de juízes de primeiro
grau para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Jurisdição. 3.1. Competência: critérios de determinação e modificação.


3.2. Incompetência. 3.3 Efeitos.

Os tribunais superiores têm decidido reiteradamente que a convocação de juízes de primeiro grau
para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural, sendo exigido apenas que a
convocação se dê a partir de critérios objetivos previamente fixados. Nesse sentido, já decidiu o
STF, p. ex., que “A convocação de juízes para compor órgãos colegiados dos Tribunais não ofende
o princípio do juiz natural (...)” (ARE 795.550 AgR, j. 28/10/2014). Para o STJ, “A designação de
juízes convocados para atuarem nos tribunais tem o escopo de concretizar a garantia constitucional
da duração razoável do processo para a adequada prestação jurisdicional (...), ou, muitas vezes,
até viabilizá-la, haja vista que as turmas de tribunais são compostas somente por três julgadores”
(HC 332.511, j. 16/02/2016).

No âmbito normativo, a matéria é disciplinada pelo art. 118 da LOMAN e pelo art. 4º da Lei 9.788/99,
esta segunda referente à Justiça Federal.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 84


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QUESTÃO 54. A sentença absolutória, ainda que proferida por juiz absolutamente
incompetente, faz coisa julgada formal e material após o trânsito em julgado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Jurisdição. 3.1. Competência: critérios de determinação e modificação.


3.2. Incompetência. 3.3 Efeitos.

Na minha prova oral (IV concurso, 2010), a pergunta de processo penal foi sobre essa questão.
A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), ao dispor sobre a garantia do bis in idem,
estabelece que “O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido
a novo processo pelos mesmos fatos” (art. 8.4). Percebam que a CADH não condiciona a proibição
do segundo julgamento ao fato de que o primeiro foi conduzido por juízo competente. Esse
também é o entendimento dos tribunais superiores. Para o STF, “A decisão que declarou extinta
a punibilidade em favor do paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência
do juízo, é suscetível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in
idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos
pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito
à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar” (HC
86.606). Para o STJ, “A sentença absolutória transitada em julgado, ainda que emanada de juiz
absolutamente incompetente, não pode ser anulada e dar ensejo a novo processo pelos mesmos
fatos” (HC 36.091).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 55. Entre os requisitos para que seja provido o incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal se encontra a internacionalização da conduta.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Jurisdição. 3.1. Competência: critérios de determinação e modificação.


3.2. Incompetência. 3.3 Efeitos.

O enunciado está equivocado. Vejamos o que dispõe o art. 109, § 5º, da CF: “Nas hipóteses
de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
Portanto, o IDC exige dois requisitos: (I) a existência de crime praticado com grave violação aos
direitos humanos; e (II) a demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações

ALUNO: mirlonfernando pág. 85


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decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante de inércia, falta de vontade
ou de condições das instituições do Estado-membro para proceder com a persecução penal.

Atenção: a CF não exige a internacionalização da conduta para que o STJ dê provimento ao IDC.
A internacionalização da conduta – não confundam! – é um requisito para definir a competência
ordinária da Justiça Federal nos casos de crimes cometidos em ofensa a direitos que o Brasil se
obrigou internacionalmente a prevenir e punir.

Retornaremos ao tema do IDC noutra rodada, em Direitos Humanos. Na próxima rodada, em Direito
Processual Penal, veremos cinco questões sobre competência criminal da justiça federal, um tema
importantíssimo para o concurso da DPU.

GABARITO: ERRADO

DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. O Código Penal Militar contempla a figura do arrependimento posterior no


crime de furto como causa obrigatória de redução da pena, desde que o agente seja primário
e restitua a coisa ou repare o dano causado antes do recebimento da denúncia.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime.

Primeiro, vejamos a lição de Marcelo Uzeda sobre o arrependimento posterior no Código Penal
Militar: “O Código Castrense não contempla o arrependimento posterior como causa obrigatória de
redução de pena (minorante). Diferentemente do previsto no artigo 16 do Código Penal comum,
não há previsão de diminuição de pena de um a dois terços, pela restituição da coisa ou reparação
do dano por ato voluntário do agente antes do recebimento da inicial acusatória” (Direito Penal
Militar..., p. 146). Atenção: tema já cobrado duas vezes em concurso da DPU!

O enunciado está equivocado. O Código Penal Militar não contempla a figura do arrependimento
posterior como causa obrigatória de redução da pena, exceto para o crime de peculato culposo,
que segue a mesma regra do Código Penal comum. No crime de furto tratado pelo Código Penal
Militar, há uma causa facultativa de redução da pena pelo arrependimento posterior, tanto que o
legislador utilizou a expressão “pode” e não “deve” (art. 240, §§ 1º e 2º).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 86


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QUESTÃO 57. O Código Penal Militar admite que seja aplicada a pena do crime consumado
ao autor do crime tentado em caso de especial gravidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime.

O enunciado está correto. Entre as teorias que fundamentam e explicam a tentativa, se destacam
a teoria objetiva, segundo a qual a pena do crime tentado deve ser menor do que a pena do crime
consumado em razão do menor dano ao bem jurídico protegido, e a teoria subjetiva, que confere
mais importância ao dolo do agente, assentando, assim, que não deve haver diferença entre a
pena do crime tentado e a pena do crime consumado.

O Código Penal comum adotou a teoria objetiva ao estabelecer que “Salvo disposição em contrário,
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços” (art. 14, II, § único). Importante esclarecer que a expressão “salvo disposição em contrário”
está relacionada com os denominados crimes de atentado ou de empreendimento, em que tanto a
consumação quanto a tentativa já estão alocadas no tipo penal sob a mesma pena, a exemplo do
que ocorreu com o crime previsto no art. 352 do CP (evasão mediante violência contra a pessoa).

Já o Código Penal Militar adotou ambas as teorias, podendo-se afirmar que há aqui uma teoria
objetiva temperada, e isso porque o CPM admite, conforme colocado no enunciado, que o juiz
aplique a pena do crime consumado ao autor do crime tentado quando verificar no caso uma
gravidade excepcional (art. 30, II, § único).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 58. O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora para tratar do estado
de necessidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Crime.

Esse tema já caiu em concursos anteriores da DPU, inclusive em prova dissertativa. É um assunto
já do conhecimento de todos que possuem uma base de conhecimento na matéria, mas como
o curso se destina também a quem está iniciando os estudos, não posso deixar de tratá-lo aqui.
Vejamos a didática exposição de Marcelo Uzeda:

“O Código Penal comum adota a Teoria Unitária, pois a definição do seu artigo 24 não
estabelece previamente diferença quanto aos valores dos bens jurídicos em conflito.
(...).

ALUNO: mirlonfernando pág. 87


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Assim, para o Código Penal comum, respeitado a critério da razoabilidade, todo estado
de necessidade seria justificante, a eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo
agente, não importando se o bem por ele protegido é de valor menor, igual ou superior
ao daquele que será sacrificado.

O Código Penal Militar adota a Teoria Diferenciadora Alemã, pois, considerando-se


os valores dos bens jurídicos em conflito, distinguem-se o Estado de Necessidade
Justificante e o Estado de Necessidade Exculpante” (Direito Penal Militar..., p. 155-156).

Dever de casa: leiam com atenção os artigos 39 e 43 do Código Penal Militar. Percebam que
a teoria diferenciadora possui repercussão meramente teórica, pois na prática, excluindo-se a
ilicitude ou a culpabilidade, a consequência para o réu será idêntica.

GABARITO: CERTO

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. Diversamente do que ocorre com o processo penal comum, no processo
penal militar o acusado pode defender a si próprio, ainda que não tenha habilitação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Juiz, auxiliares e partes no processo.

O enunciado está equivocado. Vejamos o que dispõe o art. 71, § 3º, do CPPM: “A nomeação de
defensor não obsta ao acusado o direito de a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação; mas
o juiz manterá a nomeação, salvo recusa expressa do acusado, a qual constará dos autos”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 60. Segundo estabelece a legislação que rege a matéria, compete à Justiça
Militar da União julgar crimes cometidos por oficiais das Forças Armadas no exercício das
atribuições subsidiárias de auxiliarem o poder civil no combate ao crime.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8.2. Competência da Justiça Militar da União.

Temos aqui um tema muito atual. Segue trecho do meu livro com o Thim, Jurisprudência
Internacional de Direitos Humanos, 2ª edição, em que abordamos o assunto:

ALUNO: mirlonfernando pág. 88


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“4.3.4. Incompetência da Justiça Militar para julgamento dos crimes cometidos


por oficiais das Forças Armadas no exercício das atribuições subsidiárias de
auxiliarem o poder civil no combate ao crime. A LC 97/1999 dispõe sobre as normas
gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. Este diploma
normativo recebeu diversas alterações com o advento da LC 117/2004, em especial
no que diz respeito à possibilidade de os membros das Forças Armadas atuarem
subsidiariamente e em auxílio ao poder civil no combate ao crime ou na garantia da
lei e da ordem. A LC 136/2010 também promoveu outras alterações na LC 97/1999,
unificando a operação das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) como
um objetivo da denominada Estratégia Nacional de Defesa. Estas inovações ampliaram,
portanto, o espectro da atuação das Forças Armadas, afirmando, ainda, que eventuais
crimes cometidos por seus membros no exercício destas atribuições subsidiárias devem
ser julgados pela Justiça Militar da União. A Procuradoria-Geral da República ingressou
com a ADI 5.032 contra os dispositivos das LCs 97, 117 e 136, defendendo que ‘A
ampliação e o fortalecimento das Forças Armadas no combate ao crime, especialmente
o de fronteira, não é incompatível com a Constituição Federal de 1988 e com o Estado
Democrático de Direito. Todavia o é a transferência, à Justiça Militar, da competência
para o julgamento dos crimes cometidos no exercício das atribuições subsidiárias
acometidas às Forças Armadas e a cada uma de suas Armas’ (rel. min. Marco Aurélio,
pendente de julgamento). A PGR menciona alguns precedentes da CorteIDH na petição
inicial da ADI 5.032 – p. ex. Caso Durand e Ugarte e Caso Castillo Petruzzi, ambos contra
o Peru – para criticar a ampliação da competência da Justiça Militar, ressaltando que
esta jurisdição deve ser restrita, excepcional e dotada apenas de competência funcional
(isto é, para julgar crimes funcionais cometidos por militares)” (p. 102-103).

Atenção: o enunciado está correto porque foi cobrado o conhecimento da legislação de regência.
Numa prova dissertativa, vocês poderiam perfeitamente criticar essa previsão legal e aderir aos
fundamentos da PGR na citada ADI.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO ELEITORAL GRUPO II

QUESTÃO 61. Em determinados casos o Código Eleitoral não prevê a pena mínima de
certos crimes eleitorais.

ALUNO: mirlonfernando pág. 89


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Crimes eleitorais.

Realmente, não são todos os crimes eleitores que possuem a sua pena mínima estabelecida
pelo legislador brasileiro. Trata-se de uma técnica legislativa obsoleta e não mais utilizada pelo
Legislativo nos dias atuais. Nesse sentido, o artigo 295 do Código Eleitoral dispõe que: “Sempre
que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de quinze dias para a pena
de detenção e de um ano para a de reclusão”.

Deste modo, nos delitos punidos por detenção e que o legislador não estipulou um quantum de
pena mínima, aplica-se o quantum de quinze dias. Já para os casos envolvendo os crimes de
reclusão, aplica-se o quantum mínimo de um ano!

Esta problemática costuma cair muito nas provas objetivas do CESPE. Deste modo, elaborei um
quadro sinótico para fins de memorização:

Crimes do Código Eleitoral nos quais o legislador não estipulou um quantum mínimo de pena

Crimes punidos com detenção: Aplica-se o quantum mínimo de quinze dias.

Crimes punidos com reclusão: Aplica-se o quantum mínimo de um ano.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 62. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as hipóteses de inelegibilidade reflexa


do art. 14, § 7º, CF, não são aplicáveis às eleições suplementares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4 Elegibilidade e inelegibilidade.

Segundo o artigo 14, § 7º, da Constituição Federal de 1988, “são inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.

Trata-se da famosa ilegibilidade reflexa, uma vez que o indivíduo se torna inelegível em razão do
cargo exercido por outrem. Acerca do tema, chegou ao Supremo Tribunal Federal uma controvérsia
sobre a aplicabilidade deste dispositivo constitucional às eleições suplementares, ou seja, aquelas
eleições marcadas após a impossibilidade do candidato eleito continuar em seu cargo (inelegibilidade

ALUNO: mirlonfernando pág. 90


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superveniente etc). Ao decidir o tema, o Supremo Tribunal Federal consagrou entendimento no


sentido de que as hipóteses de inelegibilidade reflexa são aplicáveis às eleições suplementares.
Senão vejamos o precedente da Corte Constitucional brasileira:

CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO


GERAL. PREFEITO AFASTADO POR DECISÃO DO TRE. ELEIÇÃO SUPLEMENTAR.
PRAZO DE INELEGIBILIDADE. ART. 14, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
APLICAÇÃO. 1. As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da
Constituição Federal, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às
eleições suplementares. Eleição suplementar marcada para menos de seis meses
do afastamento do prefeito por irregularidades. 2. Recurso improvido. (RE 843455,
Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/2015; grifo nosso)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 63. O direito eleitoral brasileiro é regido pelo princípio do in dubio pro voto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Princípios do Direito Eleitoral.

O princípio do in dubio pro voto, também chamado de princípio do aproveitamento do voto, dispõe
que o juiz deverá deixar de pronunciar nulidades que não ocasionem um prejuízo no pleito eleitoral.
Tudo isso ocorre em razão do Direito Eleitoral ser regido por um arcabouço jurídico que busca
a celeridade do pleito eleitoral, como por exemplo, o curto prazo eleitoral de três dias para os
recursos eleitorais (em regra), a falta de efeito suspensivo nos recursos eleitorais (em regra) e a
irrecorribilidade das decisões interlocutórias (em regra). Sobre o princípio do aproveitamento do
voto, é a lição de Jaime Barreiros: “O juiz deverá se abster-se de pronunciar nulidades sem prejuízo
(in dubio pro voto). Assim, por exemplo, em uma eleição proporcional, o voto dado a candidato
inexistente, mas que permita a identificação do partido (por exemplo, número 99.200 não se refere
a nenhum candidato, mas o número 99 é o número do Partido X) deve ser validado como voto de
legenda”. (BARREIROS, Jaime. Direito Eleitoral. 6ª ed. Bahia: juspodivm, 2016, p. 47)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 64. O crime de votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem, é
um crime de atentado.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 91


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Ponto do edital: 7 Crimes eleitorais.

Segundo o artigo 309 do Código Eleitoral, considera-se crime eleitoral a conduta de “votar ou
tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem”. Nessa linha, a doutrina reconhece como
“crimes de atentado”, também chamados de crimes de empreendimento, aqueles que preveem
expressamente em suas descrições típicas a conduta de tentar o resultado, afastando a incidência
da do art. 14, II, do Código Penal, que cuida da tentativa. Um exemplo frequente dado pela doutrina
brasileira é justamente o artigo 309 do Código Eleitoral brasileiro.

Nestes casos, a tentativa é elevada ao mesmo status do delito consumado, não havendo a
possibilidade de redução de pena tendo em vista a sua previsão expressa no tipo penal. Sobre os
delitos de atentado, é a lição de Cleber Masson: “É aquele em que a lei pune de forma idêntica o
crime consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o
caso do crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art. 352: “Evadir-se ou tentar
evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
contra a pessoa)”. (MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 9ª ed. São Paulo: Método,
2016, p. 223)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a exigência de autorização judicial


para a instauração de inquérito policial com o intuito de investigar crimes eleitorais viola a
Constituição Federal de 1988, ressalvados os casos envolvendo autoridades com foro por
prerrogativa de função nos tribunais superiores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8 Processo Penal Eleitoral.

O artigo 8º da Resolução 23.396/2013 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que regulamenta a


tramitação da notícia-crime e do inquérito policial eleitoral, previa que “o inquérito policial eleitoral
somente será instaurado mediante determinação da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em
flagrante”. Em razão disso, o Procurador Geral da República propôs ADI contra a referida Resolução
do TSE, sob o argumento de que o ato normativo em questão violaria o sistema acusatório, além
dos princípios da legalidade e da inércia de jurisdição. Ao analisar a controvérsia em questão,
o Supremo Tribunal Federal acatou a argumentação da PGR e decretou a inconstitucionalidade
de uma série de dispositivos da referida Resolução do TSE. Vejamos o precedente da Corte
Constitucional Brasileira:

Resolução nº 23.396/2013, do Tribunal Superior Eleitoral. Instituição de controle


jurisdicional genérico e prévio à instauração de inquéritos policiais. Sistema acusatório e

ALUNO: mirlonfernando pág. 92


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papel institucional do Ministério Público. 1. Inexistência de inconstitucionalidade formal


em Resolução do TSE que sistematiza as normas aplicáveis ao processo eleitoral.
Competência normativa fundada no art. 23, IX, do Código Eleitoral, e no art. 105, da
Lei nº 9.504/97. 2. A Constituição de 1988 fez uma opção inequívoca pelo sistema
penal acusatório. Disso decorre uma separação rígida entre, de um lado, as tarefas
de investigar e acusar e, de outro, a função propriamente jurisdicional. Além de
preservar a imparcialidade do Judiciário, essa separação promove a paridade de
armas entre acusação e defesa, em harmonia com os princípios da isonomia e do
devido processo legal. Precedentes. 3. Parâmetro de avaliação jurisdicional dos
atos normativos editados pelo TSE: ainda que o legislador disponha de alguma
margem de conformação do conteúdo concreto do princípio acusatório – e,
nessa atuação, possa instituir temperamentos pontuais à versão pura do sistema,
sobretudo em contextos específicos como o processo eleitoral – essa mesma
prerrogativa não é atribuída ao TSE, no exercício de sua competência normativa
atípica. 4. Forte plausibilidade na alegação de inconstitucionalidade do art. 8º,
da Resolução nº 23.396/2013. Ao condicionar a instauração de inquérito policial
eleitoral a uma autorização do Poder Judiciário, a Resolução questionada institui
modalidade de controle judicial prévio sobre a condução das investigações, em
aparente violação ao núcleo essencial do princípio acusatório. 5. Medida cautelar
parcialmente deferida para determinar a suspensão da eficácia do referido art. 8º,
até o julgamento definitivo da ação direta de inconstitucionalidade. Indeferimento
quanto aos demais dispositivos questionados, tendo em vista o fato de
reproduzirem: (i) disposições legais, de modo que inexistiria fumus boni juris; ou
(ii) previsões que já constaram de Resoluções anteriores do próprio TSE, aplicadas
sem maior questionamento. Essa circunstância afastaria, quanto a esses pontos,
a caracterização de periculum in mora. (ADI 5104 MC, Relator(a):  Min. ROBERTO
BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2014; grifo nosso)

Ainda nessa linha, lembro ao aluno que em se tratando de autoridades com foro por prerrogativa
de função no STF, a jurisprudência vem entendendo pela necessidade de autorização do Ministro
Relator para que seja possível iniciar a investigação (Inq 2411)

Por fim, lembro ao aluno que as resoluções do TSE dotadas de caráter normativo e inovador
podem ser objeto de ADI. Trata-se de posição jurisprudencial consolidada no STF.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 93


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PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

QUESTÃO 66. Havendo encarceramento sem a observância das condições legais


necessárias à manutenção, com dignidade, do detento, é possível que este, com base
naquelas circunstâncias, obtenha do Estado indenização pelos danos sofridos, inclusive de
ordem moral.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. Responsabilidade civil do Estado.

Na recente e emblemática decisão do Supremo Tribunal Federal, a tese aprovada pelo Plenário
daquela corte foi a seguinte: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema
normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º,
da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente
causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento” (RE 580252, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/02/2017). Na oportunidade,
o Ministro Luís Roberto Barroso propôs que, no caso de preso submetido a situação degradante,
fosse substituída a indenização em dinheiro pela remição da pena, reduzindo-se um dia de pena
por três a sete dias de prisão em situação degradante. Barroso, nesse sentido, foi acompanhado
por Fux e Celso de Mello. Entretanto, prevaleceu a tese segundo a qual é possível a fixação de
indenização em dinheiro.

Quanto à responsabilidade civil do Estado em relação a detentos, é importante, também, relembrar


que há casos em que está consagrada a responsabilidade objetiva do Estado, ainda que se trate
de ato omissivo. Um desses casos é aquele em que o Estado assume o dever de custódia de
determinada pessoa. De fato, em regra, diz-se que a responsabilidade civil do Estado por ações
é objetiva (independe da comprovação de dolo ou culpa do agente, de acordo com o art. 37, § 6º,
da CF e art. 43 do CC), enquanto a responsabilidade por omissão estatal é subjetiva, dependendo
da comprovação de culpa. Trata-se, aqui, de uma culpa específica, pois “origina-se, na espécie, do
descumprimento do dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a consumação do dano.”
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, p. 567).
Porém, essa regra, como se disse, não é absoluta. Nesse sentido, veja-se o que diz recente notícia
sobre decisão do STF (RE 841526/RS): “Para o relator do recurso, ministro Luiz Fux, até mesmo
em casos de suicídio de presos ocorre a responsabilidade civil do Estado. O ministro apontou a

ALUNO: mirlonfernando pág. 94


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existência de diversos precedentes neste sentido no STF e explicou que, mesmo que o fato tenha
ocorrido por omissão, não é possível exonerar a responsabilidade estatal, pois há casos em que
a omissão é núcleo de delitos. O ministro destacou que a Constituição Federal, em seu artigo 5º,
inciso XLIX, é claríssima em assegurar aos presos o respeito à integridade física e moral. (...)
“Se o Estado tem o dever de custódia, tem também o dever de zelar pela integridade física do
preso. Tanto no homicídio quanto no suicídio há responsabilidade civil do Estado”, concluiu
o relator. (...) Ao final do julgamento, foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: ‘Em caso
de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da
Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento’.” (fonte: http://www.stf.
jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=313198)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 67. Os ocupantes de cargos eletivos não se submetem à regra da aposentadoria


compulsória, que se restringe aos ocupantes de cargos efetivos e àqueles que ocupam
cargo exclusivamente em comissão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Função Pública. (...) 5.3. Regimes jurídicos.

O artigo 40, caput e § 1º, da Constituição da República prevê o seguinte:

“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão
aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§
3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição,


exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei;

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70


(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
complementar*;

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício

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no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,


observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e


cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,


com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.”

Em decisão veiculada no Informativo nº 851 (RE 786540, Rel. Min. Dias Toffoli, j. em 15/12/2016),
o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que “os servidores ocupantes de cargo
exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória
prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento
efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão.”
Destacou-se, ademais, que, “ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há
óbice constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação
e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a
Administração4.”

O fundamento da decisão foi, em primeiro lugar, a redação do artigo 40 da Constituição, cujo caput
se refere, de forma específica, aos servidores efetivos. Assim, quando pretendeu, a Constituição
mencionou o regime de previdência social dos ocupantes de cargos em comissão (art. 40, § 13,
com a redação da EC 20/98), o qual é o RGPS que, por sua vez, não prevê compulsoriedade de
aposentação.

Além disso, o Supremo levou em consideração o raciocínio utilizado para a contratação de


servidores efetivos e dos ocupantes de cargo em comissão. Para o Tribunal: “os efetivos ingressam
no serviço público mediante concurso. Adquirem estabilidade e tendem a manter longo vínculo com
a Administração, o que torna admissível a expulsória como forma de renovação. Os comissionados,
por sua vez, adentram no serviço público para o desempenho de cargos de chefia, direção ou
assessoramento, pressuposta a existência de relação de confiança e de especialidade incomum.”

ATENÇÃO: esse raciocínio, por certo, não pode ser aplicado às funções de confiança, que são
exercidas por ocupantes de cargos efetivos.

*O artigo 100 do ADCT dispõe que “até que entre em vigor a lei complementar de que trata o
inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75

4 Nesse sentido: “o servidor efetivo aposentado compulsoriamente, embora mantenha esse vínculo com a
Administração mesmo após sua passagem para a inatividade, ao tomar posse em virtude de provimento em comissão,
inaugura, com esta, uma segunda e nova relação, referente ao cargo comissionado. Não se trata da criação de um
segundo vínculo efetivo, mas da coexistência de um vínculo efetivo e de um cargo em comissão sem vínculo efetivo.”

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(setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.” A LC 152/2015,
de dezembro de 2015, disciplinou a regra, estendendo a aposentadoria compulsória aos 75 anos
para a) os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; b) os membros do Poder Judiciário; c) os
membros do Ministério Público; d) os membros das Defensorias Públicas e e) os membros dos
Tribunais e dos Conselhos de Contas. Também estão abrangidos os integrantes das carreiras
policiais. Note-se que tramita no Supremo a ADI 5490, que questiona a constitucionalidade da LC
152, que foi de iniciativa parlamentar e, por isso, vetada pela Presidência da República, mas está
em vigor porque o veto foi derrubado.

Por fim, ainda no tema da aposentadoria compulsória, em decisão veiculada no Informativo nº


854, o STF decidiu que “não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da
CF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de cargo
público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres públicos.” (RE 647.827, Rel.
Min. Gilmar Mendes, j. em 15/02/2017).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 68. A Constituição, a lei, a doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes


formais do Direito Administrativo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Conceito e objeto do Direito Administrativo.

As fontes formais do Direito Administrativo são “as que constituem propriamente o direito aplicável,
abrangendo a Constituição, a lei, o regulamento e outros atos normativos da Administração
Pública, bem como, parcialmente, a jurisprudência”. Por outro lado, as fontes materiais são “as
que promovem ou dão origem ao direito aplicável, abrangendo a doutrina, a jurisprudência
e os princípios gerais do direito.” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São
Paulo: Forense, 2017, p. 58). Vale ressaltar que, embora Di Pietro minimize o papel do costume no
Direito Administrativo (para ela: “no âmbito do Direito Administrativo brasileiro, o costume - como
prática reiterada da atuação administrativa - tem aplicação praticamente nula.”), a maioria dos
autores também inclui o costume como fonte do Direito Administrativo, o que parece correto, desde
que estejam presentes a longa consuetudo e a opinio juris.

Em relação à jurisprudência, quando produzir efeitos vinculantes, terá natureza de fonte formal. “No
entanto, como regra geral, a jurisprudência não constitui fonte obrigatória do Direito Administrativo
brasileiro”, nesses casos sendo fonte material (cf. DI PIETRO, Op. Cit., p. 67).

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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 69. Conceitua-se hierarquia militar como a rigorosa observância e o acatamento


integral das normas que fundamentam o organismo militar. A hierarquia se caracteriza pelo
cumprimento integral do dever por parte de todos os componentes daquele organismo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5.6. O militar. (...) 5.6.2. O dever de disciplina. 5.6.3. Hierarquia.

A alternativa confunde os conceitos de disciplina e hierarquia, que vêm previstos no Capítulo


II do Estatuto dos Militares (Lei nº 6.880/1980). O artigo 14, caput, do referido estatuto prevê
que “a hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a
responsabilidade crescem com o grau hierárquico.” Em seguida, os §§ 1º e 2º do mesmo dispositivo
definem hierarquia e disciplina. Para facilitar a compreensão e a diferenciação entre ambos, fiz,
com base nas disposições legais, o quadro abaixo:

Ordenação da autoridade, em níveis O respeito à hierarquia é


diferentes, dentro da estrutura das consubstanciado no espírito de
Forças Armadas. acatamento à sequência de autoridade
Hierarquia OBS: Faz-se por postos ou graduações. (ou seja: a hierarquia está ligada à
Dentro de um mesmo posto ou submissão às autoridades militares,
graduação, faz-se pela antiguidade no da forma como elencadas na estrutura
posto ou na graduação. das Forças Armadas).

Observância rigorosa e acatamento


integral das leis, regulamentos, A disciplina se traduz pelo perfeito
normas e disposições que cumprimento do dever por parte de
Disciplina
fundamentam o organismo militar todos e de cada um dos componentes
e coordenam o seu funcionamento desse organismo.
regular e harmônico.

Por fim, vale ressaltar que a disciplina e o respeito à hierarquia abrangem não apenas todas as
circunstâncias da vida entre militares da ativa, mas também entre os militares da reserva remunerada
e os reformados, como dispõe o artigo 14, § 3º, do Estatuto dos Militares.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 70. João, ex-prefeito da cidade de Buíque/PE, praticou ato de improbidade, em


janeiro de 2009, consistente na permissão de aquisição de bem por preço superior ao do
mercado. Em 2012, foi reeleito, tendo terminado seu segundo mandato em dezembro de
2016. Imagine que, em fevereiro de 2018, o Promotor de Justiça ajuíze ação de improbidade
contra João. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, a pretensão de aplicação
das sanções de improbidade administrativa estará prescrita, pois decorridos mais de cinco
anos do primeiro mandato de João.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6.1. A ação civil pública por improbidade administrativa.

O STJ tem entendimento firme no sentido de que sendo o agente público detentor de mandato
eletivo e tendo praticado ato ímprobo no primeiro mandato e se reelegido, a prescrição é
contada a partir do término do segundo mandato (REsp 1107833, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. em 08/09/2009).

Vale lembrar o artigo 23 da Lei 8.429/92, que foi modificado em 2014, e prevê os prazos prescricionais
para a propositura da ação de improbidade administrativa. Para facilitar, faço um quadro:

Tipo de vínculo Prazo prescricional

Ocupantes de cargo em comissão, função de Cinco anos após o término do exercício do


confiança ou mandato. encargo temporário.

Prazo prescricional previsto em lei específica


Cargo efetivo ou emprego público para faltas disciplinares puníveis com
demissão a bem do serviço público.

Entidade que receba subvenção, benefício ou


incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público
Cinco anos da data da apresentação à
bem como daquelas para cuja criação ou
Administração da prestação de contas final
custeio o erário haja concorrido ou concorra
pelas entidades.
com menos de cinquenta por cento do
patrimônio ou da receita anual.

Em relação aos terceiros (particulares), “apesar da omissão legislativa, tem prevalecido o


entendimento de que o prazo deve ser o mesmo previsto para o respectivo agente público que
praticou, em conjunto, o ato de improbidade.” (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de
Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2017, p. 873).

Vale lembrar, ainda, que a decisão do STF no RE 669.069, em que a Corte decidiu pela prescritibilidade
da ação de reparação de danos à Fazenda Pública, não abarcou os danos decorrentes dos atos de

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improbidade. Para entender essa questão, que é muito importante, recomendo a leitura do Dizer
o Direito, neste link: <http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/e-prescritivel-acao-de-reparacao-de.
html>.

Peço apenas a atenção de vocês, porque a postagem é de fevereiro de 2016, ou seja, logo após
o julgamento do RE, mas o STF (plenário virtual) reconheceu a repercussão geral (Tema 897) da
questão relativa à “prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes
públicos por ato de improbidade administrativa”, determinando a suspensão de todas as ações em
curso sobre o tema, em junho de 2016. O processo (RE 852.475) era de relatoria do Ministro Teori
Zavascki e, agora, é do Ministro Alexandre de Moraes.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 71. A concessão de uso especial para fins de moradia é uma forma de utilização
privativa dos bens públicos, considerada como um direito real, que pode ser instituída pela
via administrativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Bens públicos (...) utilização.

Em linhas generalíssimas, pode-se dizer que a utilização dos bens públicos se dá de três maneiras:
a) uso comum (que, por sua vez, pode ser ordinário, como no caso de utilização da praia para passear;
ou extraordinário, como na hipótese de utilização da praia para realizar um evento beneficente);
b) uso especial (exemplo: a escola é utilizada pelos alunos) ou c) uso privativo, “nas hipóteses em
que o Poder Público consente com a utilização do bem público por determinado indivíduo com
exclusividade, em detrimento do restante da coletividade.” (OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 652). De
acordo com Rafael Oliveira, o uso privativo pode se dar em oito casos, conforme o quadro abaixo
(Op. Cit, p. 673): a) autorização; b) autorização condicionada ou qualificada; c) autorização de uso
urbanístico; d) permissão; e) permissão condicionada ou qualificada; f) concessão; g) cessão de
uso e h) uso privativo de bem público por instrumentos de direito privado.

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A afirmativa se referia a uma das formas de concessão, que é a chamada concessão de uso
especial para fins de moradia, prevista na MP 2.220/2001. A concessão de uso especial para fins
de moradia é importante instrumento de regularização fundiária urbana, cujo regramento deve
ser conhecido de vocês (a MP só tem 15 artigos, nem tem desculpa pra não saber!), a qual é
reconhecida como direito real pelo artigo 1.225, XI, do CC. Ademais, o artigo 6º da MP 2.220/2001
prevê que “o título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via
administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de recusa
ou omissão deste, pela via judicial.”

GABARITO: CERTO

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QUESTÃO 72. Lei de determinado Estado da federação que prevê hipóteses genéricas de
contratação temporária é inconstitucional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Função Pública. 5.1. Investidura e exercício.

No julgamento da ADI 3662 (veiculada no Informativo nº 858), em março deste ano, o STF entendeu
que “são inconstitucionais, por violarem o artigo 37, IX, da CF, a autorização legislativa
genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de
contratações temporárias.”

De fato, o artigo 37, IX, da Constituição, prevê que “a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.” Para
o Supremo, a lei deve ser específica e, de fato, obedecer à temporariedade, não podendo prever
a prorrogação indefinida das contratações. A lei questionada era do Estado do Mato Grosso e, no
caso concreto, houve modulação dos efeitos da decisão, autorizando-se que os atuais contratos
permanecessem em vigor por mais um ano. Neste ponto (modulação), foram “vencidos os ministros
Marco Aurélio (relator) e Cármen Lúcia (Presidente), que não modulavam os efeitos da decisão. O
ministro Marco Aurélio frisava que, toda vez que o STF agasalhasse situações inconstitucionais,
ele não só estimularia os legislativos a disporem de forma contrária à Constituição, como também
acabaria tornando-a um documento simplesmente flexível. A ministra Cármen Lúcia pontuava que
a norma estaria em vigor há mais de 25 anos e não seria possível existir situação de urgência que
durasse por todo esse período.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 73. José, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, faleceu em maio de 2011,
aos 90 anos, deixando como dependente apenas seu filho, João, de 60 anos de idade,
solteiro, que sofre de transtornos neurológicos graves, vivendo em estado vegetativo desde
os 30 anos de idade, tendo como curadora sua tia, Maria. Em 2014, Maria, em nome de
João, requereu a pensão especial de ex-combatente em benefício dele, como dependente
incapaz de José. Nesse caso, o termo inicial para o pagamento do benefício, considerando
que tenham sido preenchidos todos os requisitos legais, será a data do requerimento
administrativo, de acordo com o entendimento do STJ.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5.6. O militar.

No EREsp 1.141.037, Rel. Min. Humberto Martins, j. em 07/12/2016, o STJ decidiu que “em se

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tratando de dependente incapaz, o termo inicial para o pagamento do benefício da pensão


especial de ex-combatente é o óbito do instituidor.” Havia decisões da Segunda Turma no sentido
de que o início do pagamento seria a data do requerimento administrativo. Entretanto, a Segunda
e a Sexta Turmas vinham decidindo que o termo inicial, quando ausente o prévio requerimento
administrativo, seria a citação, mas, no caso de incapaz, a data do óbito. Para entender esse
raciocínio, é preciso saber que, de acordo com o regramento da pensão especial de ex-combatente
(art. 53, II, do ADCT e art. 10 da Lei 8.059/90), ela pode ser requerida a qualquer tempo. Além disso,
o CC dispõe que não corre a prescrição contra o absolutamente incapaz (não ignoro a discussão
do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que alterou o entendimento sobre as incapacidades, mas,
logicamente, em se tratando de dependente de ex-combatente, não será, faticamente, possível,
que ele seja menor de 16 anos, de modo que o julgado se refere às situações pretéritas, como
nos referimos na questão e, em qualquer caso, deverá ser interpretado no sentido de proteger o
beneficiário). Assim, o STJ concluiu que “no caso dos incapazes, o exercício da pretensão fica
postergado para o momento do suprimento da incapacidade, razão pela qual é devida a pensão a
partir da data do falecimento do instituidor da pensão.”

Em relação aos benefícios do ex-combatente, é importante conhecer o disposto no artigo 53 do


ADCT (que aqui transcrevo para facilitar a vida de vocês), que assegura àquele grupo de pessoas
diversos direitos, como o aproveitamento no serviço público sem a exigência de concurso!

“Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas


durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de
1967, serão assegurados os seguintes direitos:

I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade;

II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas,


que poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer
rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários,
ressalvado o direito de opção;

III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma


proporcional, de valor igual à do inciso anterior;

IV - assistência médica, hospitalar e educacional gratuita, extensiva aos dependentes;

V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em
qualquer regime jurídico;

VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas
viúvas ou companheiras.

Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II substitui, para todos os


efeitos legais, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente.”

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Só a título de compartilhamento, meu avô foi ex-combatente e se beneficiou do inciso V, aposentando-


se aos vinte e cinco anos de serviço militar efetivo. Hoje, tem 90 anos de idade e, ao contrário do
José da questão, espero que viva muitos outros anos felizes (recado para quem ainda tem avós: o
estudo não deve privá-los da companhia deles - faz bem demais e é coisa rara).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 74. Os dirigentes de autarquia têm legitimidade passiva para figurar como
autoridades coatoras em Mandado de Segurança.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Organização Administrativa.

Pessoal, foi lançada a Jurisprudência em Teses nº 79 do STJ, que trata sobre entidades da
administração pública indireta e cuja leitura fica desde logo recomendada. A terceira tese, que foi
objeto da questão é a seguinte: “as autarquias possuem autonomia administrativa, financeira
e personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão
pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como autoridades coatoras
em Mandados de Segurança.”

Nesse sentido, o STJ já decidiu, por exemplo, que “o Coordenador Chefe de Recursos Humanos do
INSS tem legitimidade para figurar como autoridade coatora em Mandado de Segurança impetrado
por servidor de autarquia em que se objetive o afastamento de descontos em proventos mensais,
uma vez que lhe cabe o controle das folhas de pagamento.” (REsp 1132e23,Rel. Min. Herman
Benjamin, j. em 11/05/2010).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 75. Maria prestou concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, tendo sido
eliminada, na segunda fase do certame, por faltar-lhe a nota necessária. Entendendo injusta
a pontuação obtida, impetrou Mandado de Segurança, obtendo liminar para prosseguir no
certame e tomar posse no cargo, caso aprovada. Regularmente aprovada, Maria tomou
posse e trabalhou como Auditora em diversas localidades, chegando a se aposentar. Três
anos após sua aposentadoria, foi proferida a sentença, denegando a segurança por ela
pretendida e revogando a liminar. Intimado da sentença, o Ministro do Trabalho cassou a
aposentadoria de Maria. Esse ato é legítimo, conforme o entendimento do STJ, que não
admite a adoção da teoria do fato consumado.

ALUNO: mirlonfernando pág. 104


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5.3. Regimes jurídicos.

Na primeira rodada, fizemos uma questão sobre teoria do fato consumado, no caso de liminar
para remoção de servidor público. Por outro lado, em decisão de 22/02/2017 (MS 20.558, Rel.
Min. Herman Benjamin), a Primeira Seção do STJ, por unanimidade, decidiu um caso extremo: a
pessoa tomou posse como Auditora Fiscal do Trabalho por força de liminar e, tão lenta foi a justiça,
que apenas depois que a pessoa se aposentou foi denegada a segurança. Nesse caso, o Ministro
do Trabalho decidiu, ao receber a comunicação da sentença, cassar a aposentadoria. Nesse caso
- que, como já disse e repito, foi extremo - o STJ decidiu que não havia amparo legal para a
cassação da aposentadoria, não apenas porque não havia hipótese legal prevista na Lei 8.112,
mas, também, porque a impetrante havia vertido, normalmente, as contribuições previdenciárias
devidas. O destaque do julgamento foi este: “quando o exercício do cargo foi amparado
por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final de
mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima
contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao
servidor prosseguir no certame não pode ocasionar a cassação da aposentadoria.”

Vale lembrar, contudo, que o entendimento do Supremo Tribunal Federal, inclusive em sede de
repercussão geral, é no sentido de que a teoria do fato consumado não se aplica para manter
em cargo público candidato não aprovado em concurso público e que tenha tomado posse
em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de
natureza precária, superveniente revogado ou modificado (RE 608.482).

O STJ, entretanto, na decisão objeto da questão, fez um distinguishing em relação ao entendimento


do Supremo, ao afirmar que, caso a impetrante estivesse exercendo o caso, deveria ser afastada.
Contudo, considerando que trabalhou até se aposentar, entendeu que “embora o vínculo de trabalho
fosse precário, o vínculo previdenciário, após as contribuições previdenciárias ao regime próprio,
consolidou-se com a reunião dos requisitos para a concessão de aposentadoria”.

GABARITO: ERRADO

DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 76. João, professor, foi contratado em janeiro de 2016 por determinada
faculdade particular. Ali, ensinava em três turmas, com cinquenta alunos cada, recebendo
R$ 200,00 (duzentos reais) por hora-aula. Lecionava duas horas em cada turma, por semana.
No segundo semestre de 2016, com a diminuição da procura pelo curso e a redução no
número de alunos, João, embora permanecesse ganhando o mesmo valor por hora-aula, foi

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comunicado pela faculdade que teria apenas duas turmas, o que reduziu consideravelmente
o seu padrão de vida. Essa redução de carga horária constitui alteração contratual lesiva,
vedada pelo artigo 468 da CLT.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3 Alteração do contrato individual de trabalho.

A alteração do contrato individual de trabalho é um assunto muito presente na Justiça do Trabalho,


havendo diversas Orientações Jurisprudenciais e Súmulas do TST que dispõem sobre o tema, em
seus mais variados aspectos. Ao longo do curso, exploraremos algumas delas. Para esta e para as
questões nas próximas rodadas sobre o tema, contudo, vale uma breve introdução.

Em primeiro lugar, de acordo com o artigo 468 da CLT, “nos contratos individuais de trabalho só é
lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que
não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente dessa garantia.” De seu turno, o parágrafo único do referido dispositivo prevê a regra
segundo a qual “não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que
o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício
de função de confiança.” Percebe-se, da redação do caput do artigo 468, que há, em regra, dois
requisitos para a alteração contratual: 1) mútuo consentimento e 2) em respeito ao princípio da
proteção, a ausência de prejuízo ao trabalhador.

Entretanto, “com fundamento no poder diretivo, art. 2º da CLT, cabe ao empregador efetuar
algumas alterações para melhor organizar a atividade empresarial. Aliás, como é o empregador que
assume os riscos da atividade econômica, nada mais justo que exerça algumas modificações no
contrato de trabalho. Essas alterações promovidas pelo empregador, sem o prévio consentimento
do empregado, são chamadas jus variandi5.” (CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para
Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 526).

No que diz respeito, especificamente, à situação da questão, é possível a redução de carga horária
do professor, desde que não haja redução do valor da hora-aula. Nesse sentido, a OJ nº 244 da
SDI-I do TST dispõe que “a redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição
do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez que não implica redução
da hora-aula.”

GABARITO: ERRADO

5 O jus variandi pode ser ordinário (alterações no dia-a-dia da empresa, como a alteração de horário de entrada
e saída do trabalho) ou extraordinário (alteração excepcional - exige previsão em lei ou jurisprudência).

ALUNO: mirlonfernando pág. 106


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QUESTÃO 77. Em regra, caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho


a prestação de serviços a duas empresas do mesmo grupo econômico durante a mesma
jornada de trabalho.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.2.2. Grupo econômico.

A assertiva contraria o enunciado nº 129 da Súmula do TST, segundo o qual “a prestação de


serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de
trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em
contrário.” Sabe-se, a teor do disposto no artigo 2º, § 2º, da CLT, que o grupo econômico é tratado
como empregador único. A interpretação a contrario sensu da Súmula nº 129, contudo, permite
concluir que o fim de sua redação “traz uma exceção ao contrato único. É possível, de acordo com
essa jurisprudência, que as partes celebrem contratos simultâneos de trabalho. Nesse caso, o
empregado teria sua CTPS assinada por duas empresas do grupo (2 contratos de trabalho), sem
que isso acarretasse prejuízo ao trabalhador.” (CORREIA, Henrique. Op. Cit., p. 259).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 78. O empregado que faltar ou se atrasar injustificadamente durante a semana


pode perder o direito à remuneração do repouso semanal remunerado, mas não pode deixar
de gozar do dia de descanso.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4.1 Repouso semanal remunerado.

Para que o empregado faça jus ao descanso semanal remunerado, deve ser frequente e pontual ao
trabalho. Nesse sentido, é “importante frisar que os empregados que não cumprirem os requisitos
anteriores perdem o direito apenas à remuneração.” (CORREIA, Henrique. Op. Cit., p. 643).
Correta, portanto, a assertiva.

Sobre o descanso semanal remunerado, é importante lembrar que, de acordo com o artigo 7º, XV,
da Constituição Federal, ele deve ser gozado, preferencialmente, aos domingos. Caso não seja
concedido o descanso, a Súmula nº 146 do TST prevê que “o trabalho prestado em domingos e
feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao
repouso semanal.” Por outro lado, a OJ nº 410 da SDI-I dispõe que “viola o artigo 7º, XV, da CF, a
concessão de repouso semanal remunerado após o sétimo dia consecutivo de trabalho, importando
no seu pagamento em dobro.”

ALUNO: mirlonfernando pág. 107


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 79. O salário mínimo é estendido ao menor de 18 anos, devendo compreender as


necessidades do trabalhador e de sua família com moradia, como dispõe, expressamente,
a Constituição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Salário Mínimo

O artigo 7º, IV, da Constituição, assegura aos trabalhadores urbanos e rurais o direito ao “salário
mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.” Portanto, correta a questão, já
que a moradia está entre as expressas necessidades previstas na Constituição. Noto que há o
salário mínimo nacional e que, mesmo que a competência privativa para legislar sobre Direito do
Trabalho seja da União, a LC 103 autoriza os Estados a fixarem um piso estadual. Se isso ocorrer,
o piso estadual deve ser sempre superior ao nacional.

Remeto-lhes à possibilidade de pagamento de salário mínimo proporcional, prevista na OJ nº 358


da SDI-I, que estudamos em Direito Administrativo na rodada passada.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 80. Apenas com o advento da Emenda Constitucional nº 72/2013, o empregado


doméstico passou a ter direito ao aviso-prévio e à licença-paternidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 28. Trabalho Doméstico.

Em relação ao trabalho doméstico, sobre o qual faremos explicação detalhada no espelho da peça
da 2ª rodada, é interessante saber que há fases: a) direitos previstos na CF e na lei antes da EC 72;
b) direitos previstos na EC 72/2013 com aplicação imediata e c) direitos previstos na EC 72/2013 e
regulamentados pela LC 150/2015.

O direito ao aviso-prévio e à licença-paternidade estão no rol daqueles que eram assegurados


desde a promulgação da Constituição de 1988.

Henrique Correia sintetiza as fases nos seguintes quadros (Op. Cit., pp. 194-196):

ALUNO: mirlonfernando pág. 108


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ALUNO: mirlonfernando pág. 109


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GABARITO: ERRADO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 81. O TST é composto por vinte e sete juízes e, assim como o STJ, não respeita a
regra de destinar um quinto dos cargos aos advogados e membros do Ministério Público com
mais de dez anos de atividade profissional ou efetivo exercício do cargo, respectivamente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Justiça do Trabalho. 1.1. Organização.

Para responder à questão, bastaria conhecer o disposto no artigo 111-A, caput, da Constituição, in
verbis:

“Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros,


escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;

II- os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura

ALUNO: mirlonfernando pág. 110


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da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.”

Assim, ao contrário do STJ, o TST também tem o chamado “quinto constitucional”. Era uma questão
simples, mas que tem chance de ser cobrada, para lembrá-los de não ignorar as disposições
constitucionais sobre organização da Justiça do Trabalho, ponto expresso do edital.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 82. De acordo com o entendimento do TST, aplica-se o jus postulandi às


reclamações trabalhistas, aos recursos ordinários e aos Mandados de Segurança.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Dissídios individuais.

O jus postulandi, ou seja, a possibilidade de ir a juízo independentemente de assistência de


advogado, é previsto no artigo 791 da CLT. Interpretando o alcance dessa garantia, o TST editou
a Súmula nº425 (que deve ser memorizada por vocês, mesmo que não exista mais processo
cautelar autônomo e lembrando-se dessa ressalva). Eis o teor do enunciado: “O jus postulandi
das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 83. Cabe recurso ordinário das decisões definitivas dos Tribunais Regionais do
Trabalho em processos de sua competência originária, salvo em dissídios coletivos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Recursos no processo trabalhista.

A alternativa é simples, sobre as hipóteses de cabimento do recurso ordinário. Como se sabe, o


prazo para recurso ordinário, que tem efeito meramente devolutivo em regra (v., sobre a exceção,
a Súmula nº 414, I, do TST), é de oito dias, mas para a Defensoria, bem como para a Fazenda
Pública e para o MPT, é de dezesseis dias.

As hipóteses de cabimento vêm previstas no artigo 895 da CLT:

“Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;

ALUNO: mirlonfernando pág. 111


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II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de


sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos.”

Para uma visualização do trâmite recursal, é interessante o seguinte quadro:

(Fonte: MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos. Salvador:


Juspodivm, 2017, p. 766).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 84. Na execução trabalhista, em relação à ordem preferencial de bens à penhora,


incide a gradação prevista no Código de Processo Civil, e não a prevista na Lei de Execução
Fiscal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Execução no processo trabalhista.

A primeira regra que se deve saber sobre execução trabalhista é a prevista no artigo 889 da CLT,
pela qual “aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para
a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.” Ou seja, na fase de execução

ALUNO: mirlonfernando pág. 112


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trabalhista, em caso de omissão, antes de serem aplicadas, no que compatíveis, as regras do


CPC, aplicam-se as regras da Lei de Execução Fiscal. Entretanto, conforme adverte Élisson
Miessa, essa ordem não será observada “quando a própria norma celetista impuser qual a norma
a ser aplicada.” (MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para Concursos. Salvador: Juspodivm,
2017, p. 948). É, justamente, o caso do artigo 882 da CLT, que determina que “o executado que
não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da mesma,
atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a
ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil.” O artigo 655 é o que,
atualmente, corresponde ao artigo 835 do NCPC.

O importante é guardar a regra geral (no processo trabalhista/fase de conhecimento, aplica-se,


primeiramente a CLT e as leis trabalhistas e, havendo omissão e compatibilidade com os princípios,
o CPC de forma subsidiária); a exceção (no processo trabalhista/fase de execução, aplica-se,
primeiramente, a CLT e as leis trabalhistas e, havendo omissão e compatibilidade com os princípios,
a LEF de forma subsidiária e, permanecendo a omissão, o CPC) e a ressalva da exceção (se a
própria norma celetista impuser a norma aplicável, esta será utilizada diretamente).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 85. João firmou termo de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia
com José, seu ex-empregador. Dentre as demais cláusulas previstas, estava o pagamento,
por parte de José, da quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) de verbas rescisórias a João.
Entretanto, José não cumpriu com sua parte no acordo. De acordo com as regras aplicáveis
à execução trabalhista, João poderá optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial ou ajuizar a execução do título extrajudicial diretamente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Execução no processo trabalhista

Pessoal, decidi, pela relevância do tema e para facilitar a fixação dos assuntos, fazer duas questões
seguidas sobre execução no processo trabalhista.

A assertiva está correta e reflete o entendimento, incorporado pela doutrina trabalhista, previsto no
artigo 785 do NCPC, pelo qual “a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.” Assim, é importante
saber que “na vigência do CPC/73, entendia-se que o ajuizamento do processo de conhecimento
quando já existia o título executivo provocava a extinção do processo sem resolução do mérito
por falta de interesse de agir. O Novo CPC admite o ajuizamento do processo de conhecimento,
mesmo estando de posse de título executivo (NCPC, art. 785). (MIESSA, Élisson. Op. Cit., p. 950).

ALUNO: mirlonfernando pág. 113


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Vale lembrar que a CLT prevê dois títulos executivos extrajudiciais (art. 876), quais sejam, o TAC
firmado perante o MPT e os termos de conciliação firmados perante a CCP. Além disso, a CRFB
(art. 114, VII) prevê a certidão de dívida ativa da União em relação às penalidades administrativas
impostas ao empregador pelos órgãos de fiscalização do trabalho. A IN nº 39/2016 do TST elenca,
ademais, como título extrajudicial o cheque/nota promissória que tenham sido emitidos como
reconhecimento de dívida inequivocamente trabalhista.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RAFAEL VASCONCELOS PORTO


E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. A Previdência Social cobre, precipuamente, eventos que geram situações
de necessidade. Dentre estas, podemos arrolar a invalidez, a morte, a idade avançada, a
maternidade, o desemprego involuntário, o desgaste provocado por labor sob condições que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e a reclusão. Todas estas encontram previsão
constitucional, ainda que implícita.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2. RGPS. As prestações.

O art. 201 da CRFB expressamente prevê: “cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e
idade avançada” (inciso I); proteção à maternidade, especialmente à gestante (inciso II); proteção
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (inciso III); salário-família e auxílio-reclusão
para os dependentes dos segurados de baixa renda (inciso IV); pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes (...) (inciso V); é vedada a adoção de
requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime
geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física (§1º)”. Há alguma dissonância em doutrina em
relação, por exemplo, à idade avançada, que para alguns não gera risco de infortunística, mas,
diante da previsão constitucional expressa, o candidato não pode se arriscar em uma questão
objetiva. Também o art. 1º da Lei 8.213/91 diz que “A Previdência Social, mediante contribuição,
tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de
incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e
prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”. Esclareço, por fim, que, segundo

ALUNO: mirlonfernando pág. 114


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o § 1º do art. 9º da Lei 8.213/91, o RGPS “garante a cobertura de todas as situações expressas no


art. 1º desta Lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de aposentadoria
por tempo de contribuição para o trabalhador de que trata o § 2º do art. 21 da Lei no 8.212, de 24
de julho de 1991”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 87. A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas do RGPS terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.14. RGPS. OS benefícios. Abono Anual.

A assertiva consagra transcrição literal do disposto no § 6º do art. 201 da CRFB. Assim, o 13º
salário é um “espelho” do valor pago em dezembro e não uma média anual. Na legislação
infraconstitucional, o benefício é denominado “abono anual”, e é estendido, conforme dicção do art.
40 da Lei 8.213/91, para além de aposentadorias e pensão, abarcando também quem percebeu
auxílio-doença, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão ao longo do ano, sendo que o Decreto 3.048/99,
em seu art. 120, amplia ainda mais, contemplando também quem percebeu salário-maternidade.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 88. Ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio é reduzido em
cinco anos o requisito relativo ao tempo de contribuição, no âmbito do RGPS, mas não o
da idade mínima. Já no Regime Próprio do Servidor Público, ambos os requisitos sofrem
redução de cinco anos, mas apenas na aposentadoria voluntária integral.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 3 O regime próprio dos servidores civis da União. Pontos de
convergência e divergência em relação ao Regime Geral.

O § 5º do art. 40 da CRFB, que cuida do Regime Próprio, diz que “os requisitos de idade e de
tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, “a”
[aposentadoria integral], para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio”. Já o § 8º do art.
201 da CRFB, que cuida do RGPS, diz que “os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo
anterior [aposentadoria por tempo de contribuição] serão reduzidos em cinco anos, para o professor

ALUNO: mirlonfernando pág. 115


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que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
infantil e no ensino fundamental e médio”.

Embora pareça uma distinção prejudicial ao trabalhador submetido ao RGPS, é preciso observar
as peculiaridades de cada sistema. No Regime Próprio, há dois tipos de aposentadoria voluntária
(ambas exigem dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo
em que se dará a aposentadoria): a integral, que exige a conjugação dos requisitos de idade
mínima (60 anos, se homem; 55, se mulher) e tempo de contribuição (35 anos, se homem; 30, se
mulher); e a proporcional ao tempo de contribuição, que exige apenas a idade mínima (65 anos, se
homem; 60 anos, se mulher). Para esta última, como vimos, não incide a redução. No RGPS, há a
aposentadoria por tempo de contribuição, que não exige idade mínima, e a aposentadoria por idade.
Aquela é integral (100% do salário de benefício, embora haja incidência do fator previdenciário),
enquanto esta é, em princípio, proporcional (incide sobre o salário de benefício um coeficiente
mínimo de 70%, acrescido de 1% a cada grupo de 12 contribuições, até o máximo de 100%, que
ocorrerá aos 30 anos de contribuição). Assim, a distinção encontra, a meu ver, razão de ser, tendo
em vista a exigência de idade mínima na aposentadoria integral no RPPS. Acrescento, por fim,
que uma das teses intensamente debatidas hodiernamente em jurisprudência é a da aplicação ou
não do fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição do professor no âmbito do
RGPS. O INSS vem aplicando, a partir de uma interpretação literal (o § 9º do art. 29 da Lei 8.213/91
prevê a aplicação, acrescentando, para o cálculo, cinco anos, se homem, ou dez anos, se mulher,
no tempo de contribuição), mas a tese dos professores é no sentido de que sua aposentadoria
seria modalidade de aposentadoria especial (ainda que por analogia), sobre a qual não incide o
fator previdenciário.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 89. Embora seja possível averbar tempo de serviço público no RGPS, a recíproca
não é verdadeira, ou seja, não se pode averbar no Regime Próprio do Servidor Público o
tempo de serviço prestado no âmbito do RGPS.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.4. RGPS. Tempo de serviço e contagem recíproca.

O § 9º do art. 201 da CRFB diz que: “para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
segundo critérios estabelecidos em lei”. Regulando o tema, a Lei 8.213/91 diz, em seu art. 94, o
seguinte:

ALUNO: mirlonfernando pág. 116


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Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social
ou no serviço público é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição
na atividade privada, rural e urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço na
administração pública, hipótese em que os diferentes sistemas de previdência social se
compensarão financeiramente.

§ 1º A compensação financeira será feita ao sistema a que o interessado estiver vinculado


ao requerer o benefício pelos demais sistemas, em relação aos respectivos tempos de
contribuição ou de serviço, conforme dispuser o Regulamento.

§ 2º Não será computado como tempo de contribuição, para efeito dos benefícios
previstos em regimes próprios de previdência social, o período em que o segurado
contribuinte individual ou facultativo tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei
no 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se complementadas as contribuições na forma
do § 3º do mesmo artigo.

A Súmula n. 10 da TNU diz que: “O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº. 8.213/91
pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de
atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas
as respectivas contribuições previdenciárias”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 90. Para efeito de aposentadoria específica de professores, o tempo de serviço


prestado fora da sala de aula não pode ser computado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.5. RGPS. Os benefícios. Aposentadoria por tempo de contribuição.

Embora reflita a redação da Súmula n. 726 do STF (“Para efeito de aposentadoria especial de
professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula”), esta foi parcialmente
superada no julgamento da ADIn n. 3772-2 (cuja ementa transcrevo abaixo), que foi interposta
contra a Lei 11.301/2006, que, ao alterar a Lei 9.394/96, estabeleceu que “são consideradas
funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho
de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade
escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico”. Já consta, inclusive, no art. 56,
§ 2º, do Decreto 3048/99, o seguinte: “Para os fins do disposto no § 1º, considera-se função de
magistério a exercida por professor, quando exercida em estabelecimento de educação básica
em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as funções de

ALUNO: mirlonfernando pág. 117


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direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico”. Transcrevo a


decisão proferida pelo STF:

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Processo: ADI 3772

Relator: Min. Carlos Britto

Julgamento: 29/10/2008

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

EMENTA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º


DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI
9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS
EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO
PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSAAOS ARTS. 40, § 5º, E 201, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM
INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas
ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de
provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico
e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e
assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos,
em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os
especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime
especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição
Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme,
nos termos supra.

Conforme já consignado pelo próprio STF, a decisão “deve ser entendida no sentido de que os
professores de carreira que exercerem funções de direção, coordenação e assessoramento podem
ter esse tempo de serviço computado para fins de aposentadoria especial. A condição de professor
é, portanto, indispensável para a aquisição do direito à aposentadoria especial”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 91. Segundo o STJ, o trabalhador urbano inscrito no RGPS até 24/7/1991, mesmo
que nessa data não mais apresente condição de segurado, caso restabeleça relação jurídica
com o INSS e volte a ostentar a condição de segurado após o advento da Lei 8.213/1991,
tem direito à aplicação da regra de transição prevista no art. 142 (redução do período de

ALUNO: mirlonfernando pág. 118


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carência) do mencionado diploma.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3. RGPS. Os benefícios.

Como salientei na rodada passada, não houve, no último edital, um ponto específico sobre
carência, mas, além de acreditar que isto possa ser solucionado agora, trata-se de tema que pode
ser abordado dentro de outros pontos, sendo que, neste caso específico, diz respeito apenas a
aposentadorias programadas. O art. 142 da Lei 8.213/91 diz que “Para o segurado inscrito na
Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador
rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo
de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado
implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício” (grifei). Assim, o STJ
entendeu inicialmente (AgRg no REsp 794.128) que o postulante deveria ostentar qualidade de
segurado por ocasião do advento da Lei 8.213/91 para poder fazer jus à regra de transição. Não
obstante, mais recentemente mudou de opinião, conforme decisão publicada em seu Informativo
n. 539, a qual transcrevo integralmente por abordar também, e de forma didática, a relevante tese
do denominado “congelamento da carência”:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APLICABILIDADE DA REGRA DE TRANSIÇÃO PREVISTA


NO ART. 142 DA LEI 8.213/1991. O inscrito no RGPS até 24/7/1991, mesmo que nessa
data não mais apresente condição de segurado, caso restabeleça relação jurídica com
o INSS e volte a ostentar a condição de segurado após a Lei 8.213/1991, tem direito à
aplicação da regra de transição prevista no art. 142 do mencionado diploma, devendo o
requisito da carência, para a concessão de aposentadoria urbana por idade, ser definido
de acordo com o ano em que o segurado implementou apenas o requisito etário – e
não conforme o ano em que ele tenha preenchido, simultaneamente, tanto o requisito
da carência quanto o requisito etário. Com o advento da Lei 10.666/2003, que passou
a disciplinar especificamente a questão da dissociação dos requisitos para obtenção do
benefício, a nova sistemática não faz distinção entre o tempo anterior e o posterior à perda
da qualidade de segurado. Nesse sentido, o § 1º do art. 3º dessa mesma lei estabelece
que, para a concessão de aposentadoria por idade, “a perda da qualidade de segurado não
será considerada para a concessão desse benefício”, desde que o segurado preencha o
requisito da carência (recolhimento mínimo de contribuições) exigido para a concessão do
benefício. Além disso, sob a perspectiva da Lei 10.666/2003, o STJ, em sede de incidente
de uniformização de jurisprudência (Pet 7.476-PR, Terceira Seção, DJe 25/4/2011),
firmou orientação de que a norma contida no § 1º do art. 3º da Lei 10.666/2003 permitiu
a dissociação da comprovação dos requisitos para os benefícios da aposentadoria por
contribuição, da aposentadoria especial e da aposentadoria por idade urbana, os quais

ALUNO: mirlonfernando pág. 119


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pressupõem contribuição, de modo que não é necessária a manutenção da qualidade


de segurado para fins de concessão do benefício da aposentadoria urbana por idade.
Sendo assim, admitindo-se a aplicação do art. 142 da Lei 8.213/1991 combinado com
o § 1º do art. 3º da Lei 10.666/2003, deve-se permitir a incidência da regra de transição
do art. 142 da Lei 8.213/1991 ao segurado inscrito no RGPS até 24/7/1991 que tenha
reestabelecido o vínculo com o INSS após a Lei 8.213/1991. Além do mais, no tocante à
aplicação da regra de transição prevista no art. 142 da Lei 8.213/1991, o STJ já afirmou
que não é obrigatório o preenchimento simultâneo dos dois referidos requisitos (idade
mínima e carência) para a concessão da aposentadoria urbana por idade (AgRg no
AG 1.364.714-RS, Quinta Turma, DJe 6/5/2011; e REsp 784.145-SC, Quinta Turma, DJ
28/11/2005). Isso porque a interpretação a ser dada ao aludido dispositivo legal deve
ser finalística, em conformidade com os seus objetivos, que estão voltados à proteção
do segurado que se encontre no período de transição ali especificado. Dessa forma, a
implementação dos requisitos para a aposentadoria urbana por idade poderá ocorrer em
momentos diversos (sem simultaneidade) e, uma vez que o segurado atinja o requisito
etário (idade mínima), o prazo de carência será consolidado, de modo que ele poderá
cumpri-la posteriormente à implementação do requisito etário.

REsp 1.412.566-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27/3/2014.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 92. No caso de contagem recíproca, o benefício resultante será concedido e


pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na forma
da respectiva legislação, sendo que não será contado por um sistema o tempo de serviço já
utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.4. RGPS. Tempo de serviço e contagem recíproca.

A presente questão pode ser solucionada a partir da redação literal da Lei 8.213/91, mas não é de
solução tão simples, por cuidar de tema não muito profundamente estudado, que é a contagem
recíproca de tempo de contribuição. Sobre o tema, Rocha/Baltazar Júnior (Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social) esclarecem que “A contagem recíproca é um instituto previdenciário
decorrente do princípio da universalidade do seguro social, tendo por finalidade franquear ao
segurado que esteve vinculado a diferentes regimes a obtenção dos benefícios previdenciários,
quando ele não preenche os requisitos, considerando-se unicamente um determinado regime
previdenciário”. O tema está regulado nos arts. 94 a 99 da Lei 8.213/91, transcrevo os que nos
interessam (grifei):

ALUNO: mirlonfernando pág. 120


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Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado de
acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:

I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;

II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada,


quando concomitantes;

III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão
de aposentadoria pelo outro;

IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência


Social só será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período
respectivo, com acréscimo de juros moratórios de um por cento ao mês e multa de dez
por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de serviço na forma desta Seção
será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo,
e calculado na forma da respectiva legislação.

A lei 9.796/99 “Dispõe sobre a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência
Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria, e dá outras providências”. Não obstante, se mesmo após a aposentadoria, restou
tempo não utilizado, o STJ vem entendendo ser possível a averbação. Neste sentido:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Processo: REsp 687479 / RS

Relator(a): Ministra LAURITA VAZ (1120)

Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento: 26/04/2005

Ementa

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SEGURADO JÁ APOSENTADO NO


SERVIÇO PÚBLICO COM UTILIZAÇÃO DA CONTAGEM RECÍPROCA. CONCESSÃO
DE APOSENTADORIA JUNTO AO RGPS. TEMPO NÃO UTILIZADO NO INSTITUTO
DA CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO DE PERÍODO. POSSIBILIDADE.
ART. 98 DA LEI N.º 8.213/91. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.

1. A norma previdenciária não cria óbice a percepção de duas aposentadorias em regimes


distintos, quando os tempos de serviços realizados em atividades concomitantes sejam

ALUNO: mirlonfernando pág. 121


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computados em cada sistema de previdência, havendo a respectiva contribuição para


cada um deles.

2. O art. 98 da Lei n.º 8.213/91 deve ser interpretado restritivamente, dentro da sua
objetividade jurídica. A vedação contida em referido dispositivo surge com vistas à
reafirmar a revogação da norma inserida na Lei n.º 5.890/73, que permitia o acréscimo
de percentual a quem ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir
a utilização do tempo excedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria
concedida.

3. É permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado,


possibilitando ao segurado da Previdência Social levar para o regime de previdência
próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo de serviço que lhe seja
necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Tal período, uma vez
considerado no outro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS. O
tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitos previdenciários junto à Previdência
Social.

4. Recurso especial a que se nega provimento.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 93. Não é possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte
com pensão civil ex delicto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.8. RGPS. Os benefícios. Pensão por morte.

A questão também esbarra em outro ponto do edital: 2.3.15. Cumulação de benefícios. Parece
óbvio que não haveria impedimento à cumulação, pelo que a leitura inicial do enunciado pode
até causar certa estranheza e levar o candidato a cogitar se não há aí alguma “casca de banana”
escondida. É curioso que o tema já tenha chegado até o STJ - razão pela qual, inclusive, passa a
nos interessar - estando pacificado, lá, a possibilidade de cumulação:

DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ACUMULAÇÃO DE PENSÃO DECORRENTE


DE ATO ILÍCITO COM O BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE PENSÃO POR MORTE. É
possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte com pensão civil
ex delicto. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que “o benefício previdenciário
é diverso e independente da indenização por danos materiais ou morais, porquanto,
ambos têm origens distintas. Este, pelo direito comum; aquele, assegurado pela

ALUNO: mirlonfernando pág. 122


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Previdência. A indenização por ato ilícito é autônoma em relação a qualquer benefício


previdenciário que a vítima receba” (AgRg no AgRg no REsp 1.292.983-AL, Segunda
Turma, DJe 7/3/2012). Precedentes citados: AgRg no REsp 1.295.001-SC, Terceira
Turma, DJe 1º/7/2013; e AgRg no AREsp 104.823-SP, Quarta Turma, DJe 17/9/2012.
REsp 776.338-SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 6/5/2014.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 94. Segundo o STJ, para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por
idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente
como rurícola pode ser considerada como início de prova material do tempo de serviço,
ainda que este tenha exercido atividade urbana no período de carência.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.1.3. RGPS. Os beneficiários. Segurado. O trabalhador rural.

A jurisprudência majoritária admite que a segurada se valha de documento no qual conste a


atividade ou profissão de seu esposo como “rurícola” (“lavrador”, “agricultor” etc.) - até mesmo
quando conste a sua, por exemplo, como “doméstica” (mas não se constar como urbana) -, a título
de início de prova material. Não obstante, se o INSS demonstra que esposo exerceu atividade
urbana no período de carência, a prova “emprestada” perde seu valor, pois não pode alguém
que não é rural emprestar a outrem prova neste sentido. Neste sentido, decisão publicada no
Informativo n. 538 do STJ:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL DE ATIVIDADE RURAL.


Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de trabalhador rural, a
certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente como rurícola não pode
ser considerada como início de prova material na hipótese em que esse tenha exercido
atividade urbana no período de carência. Precedentes citados: AgRg no REsp 947.379-
SP, Quinta Turma, DJ 26/11/2007; e AgRg no Ag 1.340.365-PR, Quinta Turma, DJe
29/11/2010. AgRg no REsp 1.310.096-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 25/2/2014.

Um debate bastante atual é sobre a possibilidade de aquele que é empregado (em sentido estrito,
com CTPS anotada) rural poderia “emprestar” a prova à cônjuge quando esta pretende comprovar
exercício de atividade rural (como segurada especial, boia-fria ou empregada rural sem CTPS
assinada perante o mesmo empregador).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 123


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QUESTÃO 95. No auxílio-reclusão, segundo o STF, a renda que deve ser aferida, para fins
de preenchimento do requisito “baixa renda”, é a dos dependentes e não a do segurado-
instituidor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.12. RGPS. Os benefícios. Auxílio-reclusão.

Segundo o art. 80 da Lei 8.213/91, “o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da
pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência
em serviço”. O benefício é devido apenas para os dependentes do instituidor de baixa renda,
conforme estabelece a CRFB. O STF tem posição firmada no sentido de que a renda que deve
ser aferida é a do instituidor, não a do(s) dependente(s). Recentemente, o STJ entendeu (REsp
1.480.461) que se o instituidor estiver desempregado ou sem renda no momento do recolhimento
à prisão, o requisito da baixa renda está preenchido, independentemente do valor do último salário-
de-contribuição. O benefício somente é devido se o instituidor está sob regime fechado ou semi-
aberto, não se no aberto. O INSS também vem admitindo se a prisão é cautelar (o tema, contudo,
já foi cobrado em provas em sentido diverso) ou se é caso medida socioeducativa de internação.
Acerca da prisão civil, reside forte controvérsia em doutrina. Transcrevo decisão do STF, já antiga,
sobre o tema:

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Processo: RE 587365 / SC - SANTA CATARINA

Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI

Julgamento: 25/03/2009

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Ementa

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO
DO UNIVERSO DOS CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO
RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO
INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA DO
SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

I - Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que
a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus
dependentes.

ALUNO: mirlonfernando pág. 124


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II - Tal compreensão se extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998,


que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o
critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dos beneficiários.

III - Diante disso, o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vício da
inconstitucionalidade.

IV - Recurso extraordinário conhecido e provido.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

No que diz respeito à história, à organização legislativa, à estrutura e ao detalhamento


jurídico geral da Defensoria Pública da União, julgue os quatro itens a seguir.

QUESTÃO 96. Os primeiros membros da Defensoria Pública da União vieram da carreira da


Advocacia-Geral da União, que, em 1988, tiveram a opção entre seguirem como advogados
da União ou migrarem para a recém criada DPU.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. A Defensoria Pública da União.

Como instituição nacional, a Defensoria Pública foi criada em 1988 pela Constituição Federal.
Em 1994, a LC 80 organizou a Defensoria Pública da União e prescreveu normas gerais para as
demais Defensorias. A efetiva criação da DPU ocorreu em 1995, com a Medida Provisória 930, que
dispôs sobre a sua implantação, em caráter emergencial e provisório, criando os primeiros setenta
cargos de defensor público da união, que seriam providos mediante aprovação prévia em concurso
público de provas e títulos.

O enunciado está equivocado. Segue trecho do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:

“Os primeiros membros da DPU vieram da carreira de Advogado de Ofício, que era
integrada por servidores públicos cuja atribuição era oferecer assistência jurídica gratuita
para os militares de baixa renda perante a Justiça Militar da União. Assim, o art. 138,
caput, da LC 80, assentou que ‘Os atuais cargos de Advogado de Ofício e de Advogado
de Ofício Substituto da Justiça Militar e de Advogado de Ofício da Procuradoria Especial

ALUNO: mirlonfernando pág. 125


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da Marinha, cujos ocupantes tenham sido aprovados em concurso público de provas


ou de provas e títulos e optem pela carreira, são transformados em cargos de Defensor
Público da União’. O primeiro concurso da DPU foi realizado em 2001” (p. 18).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 97. A Defensoria Pública da União é integrada pela carreira de defensor público
federal, a qual se compõe de três categorias: segunda, primeira e especial. É atribuição
dos defensores públicos federais de categoria especial atuar perante a Turma Nacional
de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. É atribuição dos defensores públicos
federais de segunda categoria atuar perante o Tribunal Marítimo. É atribuição dos defensores
públicos federais de primeira categoria atuar perante os Tribunais Regionais do Trabalho.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. A Defensoria Pública da União.

Segue trecho do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:

“A DPU é integrada pela carreira de defensor público federal, composta, nos termos
do art. 19 da LC 80, de três categorias: (I) defensor público federal de 2ª categoria
– inicial; (II) defensor público federal de 1ª categoria – intermediária; e (III) defensor
público federal de categoria especial – final. Os defensores públicos federais de 2ª
categoria atuam junto aos Juízos Federais, aos Juízos do Trabalho, às Juntas e aos
Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo e
às instâncias administrativas da União (art. 20). Os defensores públicos federais de 1ª
categoria atuam nos Tribunais Regionais Federais, nas Turmas dos Juizados Especiais
Federais, nos Tribunais Regionais do Trabalho e nos Tribunais Regionais Eleitorais
(art. 21). Os defensores públicos federais de categoria especial atuam no Superior
Tribunal de Justiça, no Tribunal Superior do Trabalho, no Tribunal Superior Eleitoral,
no Superior Tribunal Militar e na Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais (art. 22). Finalmente, o defensor público-geral federal atua junto ao
Supremo Tribunal Federal (art. 23)” (p. 19).

Não é preciso decorar essas informações. Basta que vocês entendam que há uma correlação da
categoria com a hierarquia dos órgãos jurisdicionais, incumbindo aos membros de 2ª categoria atuar
na primeira instância (+ Tribunal Marítimo e instâncias administrativas da União), aos membros de
1ª categoria nas instâncias intermediárias e aos membros de categoria especial nas instâncias
superiores (+ TNU). A atuação no STF é atribuída ao DPGF, que designa membros para auxiliá-lo.

ALUNO: mirlonfernando pág. 126


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 98. O processo de escolha do Defensor Público-Geral Federal é considerado


completo porque envolve a vontade da carreira de formar uma lista tríplice mediante voto
direto, secreto, plurinominal e obrigatório, a vontade do Poder Executivo de escolher
livremente um dos integrantes da lista tríplice e a vontade do Poder Legislativo de aprovar,
por maioria absoluta dos membros do Senado Federal, o nome do candidato escolhido. É
permitida uma recondução ao cargo de Defensor Público-Geral Federal, sendo desnecessária
nova aprovação pelo Senado Federal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. A Defensoria Pública da União.

A primeira parte do enunciado está correta. O processo de escolha do DPGF realmente é complexo
e se completa com a junção de três vontades: da carreira na formação da lista tríplice, do Poder
Executivo na escolha de um dos candidatos integrantes daquela lista e do Poder Legislativo na
aprovação do nome desse candidato. A segunda parte do enunciado, porém, está equivocada, pois
a aprovação pelo Poder Legislativo também é exigida na recondução. Vocês precisam decorar
os elementos principais do art. 6º da LC 80: “A Defensoria Pública da União tem por chefe o
Defensor Público-Geral Federal, nomeado pelo Presidente da República, dentre membros estáveis
da carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada pelo voto
direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros, após a aprovação de seu nome pela
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma
recondução, precedida de nova aprovação do Senado Federal”.

Dica: anotem como uma obrigação ler e reler esse dispositivo na véspera ou momentos antes da
prova, pois ele é cobrado com muita frequência.

Atenção: Há quem invoque o sistema dos freios e contrapesos para defender que a ratificação
legislativa do candidato nomeado pelo Chefe do Poder Executivo também se aplica às Defensorias
dos Estados, argumentando que este expediente democratizaria o processo. Não há essa previsão
na LC 80 para as DPEs. Instado a se manifestar num caso em que a Constituição do Estado de
Roraima foi alterada para prever a submissão de diversas autoridades nomeadas pelo Governador
à sabatina pela Assembleia Legislativa – entre estas autoridades, o candidato ao cargo de Defensor
Público-Geral –, o STF, embora tenha declarado a inconstitucionalidade formal do dispositivo por
se tratar de matéria privativa do Chefe do Poder Executivo, decidiu que submeter o candidato
nomeado pelo Governador à sabatina pela Assembleia Legislativa seria compatível com a
Constituição Federal em razão do princípio da simetria com a Defensoria Pública da União
(ADI 4.284, rel. min. Ricardo Lewandowski, Plenário, j. 09/04/2015).

ALUNO: mirlonfernando pág. 127


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 99. Conforme dispõe a LC 80, o Defensor Público-Geral Federal será substituído,
em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, por ele nomeado
dentre integrantes estáveis da carreira.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. A Defensoria Pública da União.

Há uma diferença de tratamento da matéria pela LC 80 no que diz respeito às Defensorias dos
Estados e à Defensoria Pública da União. No âmbito das DPEs, estabelece o art. 99, § 1º, da LC
80, que “O Defensor Público-Geral será substituído em suas faltas, licenças, férias e impedimentos
pelo Subdefensor Público-Geral, por ele nomeado dentre integrantes estáveis da carreira, na forma
da legislação estadual”. Observem, portanto, que é o próprio DPG que escolhe e nomeia ou seu
SUBDPG. Já no âmbito da DPU, o DPGF possui uma interferência mínima na escolha do seu
SUBDPGF. Vejamos o que dispõe o art. 7º, caput, da LC 80: “O Defensor Público-Geral Federal será
substituído, em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, nomeado
pelo Presidente da República, dentre os integrantes da categoria especial da carreira, escolhidos
pelo Conselho Superior, para mandato de 2 (dois) anos”.

Atenção para as diferenças sobre a nomeação do Subdefensor Público-Geral nas DPEs e na


DPU: nas DPEs, o SUBDPG é escolhido pelo próprio DPG entre os membros estáveis da carreira;
na DPU, o SUBDPGF é escolhido pelo Presidente da República dentre integrantes de uma lista
sêxtupla formada pelo Conselho Superior, na qual podem figurar apenas membros da categoria
especial. A interferência mínima do DPGF na escolha do SUBDPGF consistirá apenas no seu voto
quando da formação da lista sêxtupla no âmbito do Conselho Superior da DPU.

Sobre o tema, anotei no meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:

“A LC 80 contém gravíssima incongruência ao organizar a DPU e a DPDF de uma forma e,


logo em seguida, prescrever normas gerais diversas para a organização das Defensorias
dos Estados, o que se afigura como decorrência de que, quando das alterações
promovidas pela LC 132/2009, somente as Defensorias dos Estados dispunham da
autonomia concedida pela EC 45, enquanto a DPU e a DPDF permaneciam vinculadas
ao Poder Executivo, cenário que foi alterado, respectivamente, em 2013 (EC 74) e em
2012 (EC 69). Desse modo, entendo como derrogados pela EC 74 os arts. 7º, 12, 55
e 60 da LC 80, na parte em que atribuem ao Presidente da República a competência
para nomear o Subdefensor Público-Geral e o Corregedor-Geral da DPU e da DPDF,
enquanto, no âmbito das Defensorias dos Estados, a LC 80 acertadamente confere tal

ALUNO: mirlonfernando pág. 128


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competência ao Defensor Público-Geral (arts. 99, § 1º, e 104, caput)” (p. 31).

GABARITO: ERRADO

MATERIAL EXTRA

Seguiremos na próxima rodada com mais questões sobre a DPU. Segue abaixo um quadro-resumo
extraído do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:

Principais informações sobre a Defensoria Pública da União

A LC 80 estabelece exaustivamente a organização legislativa


da DPU, diversamente, portanto, do tratamento legal conferido
Organização legislativa
às DPEs e à DPDF, que têm apenas as suas normas gerais na
LONDP

Em 1995, com a Lei 9020, decorrente da conversão da Medida


Criação Provisória 930, que dispôs sobre a sua implantação, em caráter
emergencial e provisório

Os primeiros membros da DPU vieram da conversão dos cargos


Primeiros membros
de Advogado de Ofício (art. 138, caput, da LC 80)

Anteriormente denominado defensor público da união, o cargo


Nome do cargo passou a ser denominado, após a LC 132/2009, de defensor
público federal

Autonomia A DPU alcançou a autonomia em 2013, com a EC 74

Diversamente do MPU, cuja estrutura é dividida entre os


Ministérios Públicos Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito
Estrutura única Federal e Territórios, a DPU possui estrutura única, de modo
que os defensores públicos federais podem atuar perante as
Justiças Federal, Trabalhista, Eleitoral e Militar

A carreira de defensor público federal é composta de três


Divisão da carreira categorias: (I) 2ª categoria – inicial; (II) 1ª categoria –
intermediária; e (III) categoria especial – final

ALUNO: mirlonfernando pág. 129


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PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. A prospective overruling possibilitou ao Supremo Tribunal Federal rever


sua postura em caso de litígio constitucional em matéria de competência legislativa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11 Poder Judiciário. 15 Controle de constitucionalidade.

A Doutrina do “prospective overruling” originou-se no Sistema Judiciário Americano. Trata-se


de técnica proveniente do common law, que designa a modulação de efeitos temporais quando
da alteração de um precedente da Corte. O objetivo básico é superar um precedente sem que
haja efeitos retrospectivos. (Fonte: https://www.lawteacher.net/free-law-essays/administrative-law/
jurisprudence-prospective-overruling-in-reference-administrative-law-essay.php. Livre tradução).

Assim, a decisão tomada em determinado caso não teria efeito retroativo, mas tão somente
prospectivo (daí em diante).

A expressão foi utilizada na decisão tomada na ADI 4.060, constando na ementa do julgado, senão
vejamos:

“A prospective overruling, antídoto ao engessamento do pensamento jurídico, revela


oportuno ao Supremo Tribunal Federal rever sua postura prima facie em casos de litígios
constitucionais em matéria de competência legislativa, para que passe a prestigiar, como
regra geral, as iniciativas regionais e locais, a menos que ofendam norma expressa e
inequívoca da Constituição de 1988” (trecho da ementa).

A ação versava sobre a constitucionalidade de lei de Estado-membro que fixava número máximo
de alunos em sala de aula, em face da regra contida no artigo 24, XI, da Constituição Federal, que
estabelece a competência concorrente entre União, Estados e Municípios para legislarem sobre
educação e ensino.

Lembrem-se que a ADI, em regra, possui efeitos ex tunc (para trás). Sendo assim, a técnica da
prospective overruling permite a modulação dos efeitos.

Alegava-se ofensa a competência da União para tratar de regras gerais em matéria de educação
(CF. Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais).

ALUNO: mirlonfernando pág. 130


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São interessantes os seguintes trechos do voto do Min. Luiz Fux:

“Não se pode ignorar a contundente atuação do Supremo Tribunal Federal ao exercer


o controle de constitucionalidade de lei ou ato federal e estadual, especialmente aquele
inspirado no “princípio da simetria” e numa leitura excessivamente inflacionada das
competências normativas da União. O cenário, porém, não é estático. (...) Acredito seja
momento de a Corte rever sua postura prima facie em casos de litígios constitucionais
em matéria de competência legislativa, passando a prestigiar as iniciativas regionais
e locais, a menos que ofendam norma expressa e inequívoca da Constituição (...)
não havendo necessidade autoevidente de uniformidade nacional na disciplina da
temática, proponho prestigiar a iniciativa local em matéria de competências legislativas
concorrentes. O benefício da dúvida deve ser pró-autonomia dos Estados e Municípios”.

Note-se, portanto, que a alteração de entendimento da Corte, a partir do julgado, conforme resta
claro nos votos dos ministros, se dá em relação a ideia de federação e maior prestígio à autonomia
dos Estados-membros, superando a proteção “excessiva” concedida pelo Supremo a unidade
nacional. Vejamos, por fim, trecho do voto do Min. Celso se Melo:

“estimula reflexão necessária e essencial ao processo de reconstrução, ainda que por


via jurisdicional, da ideia de Federação em nosso país, cabendo ao Supremo Tribunal
Federal, no exercício legítimo de sua jurisdição constitucional, protagonizar esse
processo”.

Observação final: li o inteiro teor do julgado e não encontrei nos registros escritos dos votos dos
Ministros a expressão “prospective overruling”. Esta consta, tão somente, na ementa do julgado.
Foi mencionada, também, em informativo da Corte que divulgou o julgado da ADI 2.663 (julgamento
em 8.03.2017), cujo inteiro teor ainda não está disponível no site do Supremo. Vejamos trecho do
informativo:

“O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 11.743/2002 do Estado do Rio Grande do Sul,
conferindo à decisão efeitos “ex nunc”, a partir da publicação da ata deste julgamento.
A lei impugnada assegura às empresas patrocinadoras de bolsas de estudo para
professores que ingressam em curso superior a possibilidade de exigir dos beneficiários
serviços para implementação de projetos de alfabetização ou aperfeiçoamento de
empregados dessas empresas, bem como outras atividades compatíveis com a sua
formação profissional. O art. 3º da lei impugnada autoriza o Poder Executivo a conceder
à empresa patrocinadora incentivo equivalente a 50% do valor da bolsa, a ser deduzido
do ICMS.

De um lado, a Corte entendeu que o princípio federativo reclama o abandono de qualquer


leitura inflacionada centralizadora das competências normativas da União, bem como

ALUNO: mirlonfernando pág. 131


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sugere novas searas normativas que possam ser trilhadas pelos Estados-Membros,
Municípios e Distrito Federal. A “prospective overruling”, antídoto ao engessamento
do pensamento jurídico, possibilita ao STF rever sua postura em casos de litígios
constitucionais em matéria de competência legislativa, viabilizando o prestígio das
iniciativas regionais e locais, ressalvadas as hipóteses de ofensa expressa e inequívoca
a norma da Constituição”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 101. A Constituição Federal prevê, além de competências privativas, um


condomínio legislativo, de que resultarão normas específicas a serem editadas pela União,
o que não exclui a competência suplementar dos Estados, podendo estes últimos exercer
competência legislativa plena para atender suas peculiaridades quando da inexistência de
normas específicas federais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa.

A questão versa sobre a competência concorrente entre os entes federados, constitucionalmente


prevista no artigo 24 da Constituição Federal. Nesses casos, compete à União estabelecer normas
gerais (Art. 24, § 1º). Note que reside aí o erro da assertiva, que fala em “normas específicas da
União”.

Sendo assim, “no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais”. Demais disso, insta observar que, nos termos dos demais parágrafos
do artigo 24 “a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados”, sendo que “inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades”. Nesta última
hipótese, “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,
no que lhe for contrário”.

“A Constituição Federal prevê, além de competências privativas, um condomínio


legislativo, de que resultarão normas gerais a serem editadas pela União e normas
específicas, a serem editadas pelos Estados-membros (...)

A divisão de tarefas está contemplada nos parágrafos do art. 24, de onde se extrai que
cabe à União editar normas gerais – i. é, normas não-exaustivas, leis-quadro, princípios
amplos, que traçam um plano, sem descer a pormenores. Os Estados-membros e o
Distrito Federal podem exercer, com relação às normas gerais, competência suplementar
(art. 24, § 2º), o que significa preencher claros, suprir lacunas” (MENDES, Gilmar

ALUNO: mirlonfernando pág. 132


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Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de


Direito Constitucional. 3ª Edição. São Paulo: Saraiva: 2008, p. 822).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 102. Suponha que em ação judicial ajuizada perante juizado especial federal,
envolvendo caso de saúde, seja deferido o pleito antecipatório de tutela provisória de
urgência, para fornecimento de medicamento, solidariamente, pelo Município, Estado e
União. Após, é proferida sentença confirmando-se a decisão liminar. Nas razões de Recurso
Inominado, dirigido à Turma Recursal, o recorrente alega que a decisão, por não observar
a divisão de competências entre os entes estabelecida pela lei 8.080/90, acaba por afastar
sua incidência, o que equivale a declarar, indiretamente, sua inconstitucionalidade. Por isso,
deve ser observada a cláusula de reserva de plenário (full bench).

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11 Poder Judiciário. 15 Controle de constitucionalidade.

A cláusula de reserva de plenário (ou full bench) é prevista no artigo 97 da CF/1988: “Somente pelo
voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

No caso em apreço não se mostra necessária a observância da full bench. O texto do artigo
97 se refere expressamente a tribunais. Portanto, os juízes singulares, assim como as Turma
Recursais de Juizados Especiais, não necessitam observar a reserva de plenário, pois não se trata
de tribunal. Nesse sentido: “Realmente, o art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento
da inconstitucionalidade de preceito normativo à decisão nesse sentido da ‘maioria absoluta de
seus membros ou dos membros dos respectivos órgãos especiais’, está se dirigindo aos Tribunais
indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93, XI. A referência,
portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados especiais (art. 98, I),
que, pela configuração atribuída pelo legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime
de plenário ou de órgão especial. As Turmas Recursais, órgãos colegiados desses juizados,
podem, portanto, sem ofensa ao art. 97 da Constituição e à Súmula Vinculante 10, decidir sobre
a constitucionalidade ou não de preceitos normativos.” (STF. Segunda Turma. ARE 792.562 AgR.
DJe 2.4.2014).

Nesse caso, não incide o teor da Súmula Vinculante número 10 do STF:

VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ARTIGO 97) A DECISÃO


DE ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO DECLARE
EXPRESSAMENTE A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO

ALUNO: mirlonfernando pág. 133


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PODER PÚBLICO, AFASTA SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 103. Com relação ao enunciado número 10 da súmula da jurisprudência dominante


no STF - VIOLA A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ARTIGO 97) A DECISÃO DE
ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL QUE, EMBORA NÃO DECLARE EXPRESSAMENTE
A INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO DO PODER PÚBLICO, AFASTA
SUA INCIDÊNCIA, NO TODO OU EM PARTE – é correto afirmar que esta é de observância
obrigatória relativamente à normas pré-constitucionais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

O mesmo raciocínio esposado nos comentários à questão anterior, relativamente a não aplicação
da cláusula de reserva de plenário – full bench – se dá em relação à norma pré-constitucional.

Assim, não haveria inconstitucionalidade em sentido estrito (por exemplo, na análise da lei 6.815/80,
tendo como parâmetro a Constituição Federal). Nesse caso, o que ocorre é sua não recepção, não
se aplicando a reserva de plenário na hipótese de não recepção de norma.

A norma que possui natureza pré-constitucional exige, “como se sabe, um eventual juízo negativo
de recepção (por incompatibilidade com as normas constitucionais supervenientes), e não um
juízo declaratório de inconstitucionalidade, para o qual se imporia, certamente, a observância da
cláusula de reserva de plenário.” (STF. Pleno. Rcl 15.786 AgR. 2014).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 104. A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal não se aplica aos magistrados
singulares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

Como vimos a cláusula de reserva de plenário é dirigida aos tribunais, por expressa previsão
constante no artigo 97 da Constituição Federal de 1988.

Sendo assim, ainda sob a perspectiva do Supremo Tribunal Federal:

“A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal, porque exclusivamente dirigida aos órgãos

ALUNO: mirlonfernando pág. 134


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colegiados do Poder Judiciário, não se aplica aos magistrados singulares quando no


exercício da jurisdição constitucional” (HC 69921 / MS. Primeira Turma. 1993).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 105. Supondo que a União edite lei estabelecendo normas gerais sobre previdência
social. O Estado “x”, posteriormente, edita lei com normas específicas sobre o mesmo
tema. Em ação direita de controle de constitucionalidade alega-se a inconstitucionalidade
da norma estadual, aduzindo que o Estado-membro estaria usurpando a competência da
União, tendo em vista que a lei estadual supostamente extrapolaria os limites estabelecidos
pela lei federal. Em sua defesa, o Estado alega que não seria viável a ADI, tendo em conta
que a violação seria à lei (controle de legalidade), sendo a ofensa à Constituição Federal
apenas reflexa. Assiste razão ao Estado-membro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

Não assiste razão ao Estado-membro. Nestes casos, onde a competência é concorrente (Art. 24,
XII, da CF), a existência de normas federais tratando da mesma temática não afasta a ofensa direta
das regras constitucionais de repartição da competência legislativa.

A jurisprudência do STF é pacífica ao reconhecer que a existência de norma federal tratando do


tema não configura ofensa reflexa à Constituição da República, hábil a obstaculizar o manejo de
uma ação direta de inconstitucionalidade.

É que, se a lei estadual estiver usurpando competência da União para editar normas de caráter
geral, ela ofenderia diretamente o texto constitucional. Neste sentido: STF. ADI 4060/SC, Tribunal
Pleno, julgado em 25/02/2015; ADI 4423, Tribunal Pleno, julgado em 24/09/2014; STF. ADI 3645,
Tribunal Pleno, julgado em 31/05/2006.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 106. Tribunais de Justiça não podem exercer controle abstrato de


constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição
Federal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

ALUNO: mirlonfernando pág. 135


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O controle de constitucionalidade no âmbito estadual é feito por meio do Tribunal de Justiça


respectivo, através da Representação de Inconstitucionalidade, podendo ter como objeto leis ou
atos normativos estaduais ou municipais. O parâmetro é a Constituição Estadual (Art. 125, § 2º, da
CF).

Note-se, portanto, que, em regra, o TJ não pode fazer o controle tendo como parâmetro a
Constituição Federal, já que a guarda desta última cabe ao Supremo Tribunal Federal.

No caso, todavia, de a norma (parâmetro) ser de reprodução obrigatória, esta constará, ao mesmo
tempo, na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Neste caso, os Tribunais de Justiça
poderão analisar a lei em face da Constituição Estadual e, inevitavelmente, em face da CF. Nesse
sentido:

“Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis


municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se
trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados” (trecho retirado do Inf. 852.
STF. Repercussão geral. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgamento em 1º.2.2017).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 107. Não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal tendo como objeto lei municipal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

Como visto, o controle de constitucionalidade no âmbito estadual é feito por meio do Tribunal de
Justiça respectivo, através da Representação de Inconstitucionalidade, podendo ter como objeto
leis ou atos normativos estaduais ou municipais. O parâmetro é a Constituição Estadual (Art. 125,
§ 2º, da CF).

Já no âmbito federal, poderá ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade lei ou ato normativo
federal ou estadual (Art. 102, I, “a”, da CF).

Assim, não cabe ADI no Supremo tendo como objeto lei municipal, já que o objeto desta é somente
lei ou ato normativo federal ou estadual.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 136


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QUESTÃO 108. Nos termos da Constituição Federal, a ação declaratória de constitucionalidade


poderá ter como objeto lei ou ato normativo federal ou estadual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade.

Cuidado. A questão traz a necessidade de se observar um detalhe que, não de forma incomum,
pode levar o candidato ao erro de questão relativamente simples.

Vejamos o que diz o texto da Constituição Federal:

“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a


ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal”.

Portando, no que se refere à ação declaratória de constitucionalidade, o objeto apenas poderá ser
lei ou ato normativo federal.

É importante sistematizar a matéria:

- ADI

Parâmetro: Constituição Federal

Objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual

- ADC

Parâmetro: Constituição Federal

Objeto: lei ou ato normativo federal

- Representação de Inconstitucionalidade (âmbito estadual)

Parâmetro: Constituição Estadual

Objeto: lei ou ato normativo estadual ou municipal

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 137


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QUESTÃO 109. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,


far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. Enquanto não editada a lei federal, são inconstitucionais todas
as leis estaduais que tratem do tema.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10 Organização do Estado.

Para a criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º, da CF/88, exige a edição de uma Lei Complementar
Federal estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser criados,
incorporados, fundidos ou desmembrados. Como atualmente não existe essa Lei Complementar, as
leis estaduais que forem editadas criando novos Municípios são inconstitucionais por violarem essa
exigência (Nesse sentido: STF. Plenário. ADI 4992 MC/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, 26/6/2013).

Todavia, caso essas leis estaduais sejam anteriores a 31/12/2006, existindo desde lá os Municípios,
são constitucionais. Isso porque o Congresso Nacional editou a EC 57/2008, acrescentando o art.
96 ao ADCT, que previu a convalidação desses Municípios:

“Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento


de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os
requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 57, de 2008)”.

OBS: Em 2015, o Plenário do Senado aprovou o “Projeto de Lei do Senado (PLS) 199/2015 –
Complementar”, que regula a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. O
projeto pende de exame na Câmara dos Deputados e, se aprovado, será encaminhado à sanção
presidencial. Outros dois projetos similares foram vetados anteriormente pela presidente Dilma
Rousseff, por considerar a iniciativa prejudicial ao Erário. Válido ficar atento a eventual aprovação
(e sanção) da legislação antes da publicação do edital.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 110. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se


para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação por lei ordinária do Congresso Nacional e referendo da população diretamente
interessada. Já a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Município,
faz-se por lei municipal, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerá de referendo das populações dos Municípios envolvidos, após divulgação de

ALUNO: mirlonfernando pág. 138


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estudo de viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ponto do edital: 10 Organização do Estado.

A alternativa possui vários erros. Vejamos:

(1) Com relação aos Estados, estes podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, desde
que: haja aprovação da população diretamente interessada e do Congresso Nacional, por lei
complementar, e não por lei ordinária, como afirma a questão.

(2) A consulta à população se dará por meio de plebiscito, e não por referendo.

(3) Além disso, no que concerne aos Municípios, a criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento, faz-se por lei estadual, e não por lei municipal, como consta na questão.

(4) A consulta à população, também neste caso, ocorre por meio de plebiscito.

A matéria é tratada no artigo 18, parágrafos 3º e 4º, da Constituição Federal.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 111. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os
serviços de transporte ferroviário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa. 10.2 União.

Compete à União os serviços de transporte ferroviário, nos termos do artigo 21, XII, “d”, da
Constituição Federal. Importa observar que o artigo 21 traz competências administrativas exclusivas
da União, já que as competências administrativas comuns estão no artigo 23 da Carta. Assim, leia-
se, no caput do artigo 21: “Compete (exclusivamente), à União”.

A fim de completar o estudo do tema, indico que sejam lidos os artigos 21 e 23 da Constituição
Federal, sistematicamente. Como estudar estes artigos sistematicamente? Lendo os artigos “22
e 24” juntos e “21 e 23” juntos, a fim de facilitar o entendimento da sistematização feita pela
Constituição Federal e utilizando métodos mnemônicos para decorar as competências. O ideal é
que cada um crie seus próprios métodos de memorização.

ALUNO: mirlonfernando pág. 139


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 112. No texto da Constituição Federal identificam-se normas de reprodução


obrigatória, como os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais
extensíveis e os princípios constitucionais estabelecidos, sendo certo que a Constituição
Federal impõe limites às Constituições estaduais, que devem ser observados em razão do
denominado princípio da simetria.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa. 3.5 Limitações ao Poder


Constituinte derivado. 3.5.1 Limites formais e materiais. 3.5.2 Limites temporais e
circunstanciais.

Os artigos 25 da Constituição Federal e 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias


– ADCT, impõem limites às Constituições estaduais, que devem ser observados em razão do
denominado princípio da simetria.

“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.

Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição
do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal,
obedecidos os princípios desta”.

Há, assim, normas de reprodução obrigatória (também chamadas de centrais ou simplesmente


normas de reprodução), de caráter compulsório. São elas: a) os princípios constitucionais sensíveis
(Art. 34, VII, da CF/88); b) os princípios constitucionais extensíveis, explícitos (ex: Art. 28 da CF) ou
implícitos (ex: 58, § 3º, da CF); c) os princípios constitucionais estabelecidos, explícitos (ex: Art. 37
da CF) ou implícitos (ex: Art. 21 da CF).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 113. Cabe à União explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços


locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.1 Organização político-administrativa. 10.3 Estados Federados.

ALUNO: mirlonfernando pág. 140


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A questão é relativamente simples, mas exige que o candidato conheça a divisão de competências
estabelecidas pela Constituição Federal.

Cabe aos Estados, e não à União, a exploração de gás canalizado.

A última parte da questão encontra-se correta, já que é vedada a edição de MP para a sua
regulamentação, conforme dispõe a Constituição Federal: “Art. 25. § 2º - Cabe aos Estados explorar
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
a edição de medida provisória para a sua regulamentação”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 114. Compete ao Tribunal Regional Federal, com jurisdição no município do


mandato, julgar crime cometido por prefeito, ainda que o fato tenha ocorrido em Estado da
federação abrangido por seção da justiça federal diversa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11 Poder Judiciário. 11.4 Justiça Federal. 10 Organização do Estado.


10.5 Municípios.

O artigo 29, inciso X, da Constituição Federal, prevê foro por prerrogativa de função para julgamento
de prefeitos municipais, que deverá ocorrer perante o Tribunal de Justiça.

O STJ (conflito de competência 120.848-PE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/3/2012) decidiu
que os prefeitos devem ser julgados pelo TJ de onde se localizam seu município (onde exercem o
mandato), mesmo que o crime tenha sido praticado em Estado diverso. Por exemplo: prefeito de
município localizado em Fortaleza - CE comete crime no Rio Grande do Norte. Competência para
julgamento: Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Sobre o tema, o STF publicou o seguinte enunciado de súmula:

“Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se


aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”.

Ou seja, se fato praticado for de competência da Justiça Federal, o julgamento se dará perante
o Tribunal Regional Federal respectivo. O mesmo ocorre com relação à seara eleitoral, quando o
julgamento será realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Adotando-se o mesmo entendimento, a competência será do TRF com jurisdição no município


no qual o prefeito exerce o mandato. Por exemplo: Prefeito de Fortaleza – CE comete crime em
Manaus – AM. A competência será do TRF da 5º Região (que possui jurisdição sobre o Ceará) e

ALUNO: mirlonfernando pág. 141


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não do TRF da 1ª Região (que tem jurisdição em Manaus-Amazonas).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Todos os tratados internacionais admitem reservas.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 15 Direito dos Tratados.

Ao formular uma reserva, o Estado está declarando que não quer se vincular a determinada(s)
cláusula(s) daquela convenção. Portanto, o objetivo da reserva é excepcionar determinado dispositivo
de um tratado internacional quando da sua adesão. Não são todos os tratados internacionais que
admitem a formulação de reserva. O Estatuto de Roma, tratado internacional que instituiu o Tribunal
Penal Internacional, não admite reservas. A Convenção sobre a Diversidade Biológica também
não admite reservas, além de outras convenções internacionais. Neste mesmo sentido, a doutrina
majoritária entende pela impossibilidade da formulação de reservas em tratados internacionais
bilaterais (tratados que envolvendo apenas dois Estados), sob pena de desvirtuamento do próprio
tratado. Assim, segundo a doutrina, as reservas poderiam ser formuladas apenas nos tratados
multilaterais.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 116. O Supremo Tribunal Federal não pode deferir um pedido de extradição
envolvendo a prática do delito de desaparecimento forçado, uma vez que o Estado brasileiro
ainda não tipificou o desaparecimento forçado em seu ordenamento jurídico interno.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.1 Extradição.

Para viabilizar o pleito da extradição, o requisito da dupla tipicidade é medida que se impõe.
Entende-se por princípio da dupla tipicidade (também chamado de “princípio da dupla incriminação”
ou da “identidade da infração”) a necessidade de que determinada conduta seja tipificada tanto no

ALUNO: mirlonfernando pág. 142


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estado requerido quanto no estado requerente da extradição. Para que seja satisfeito o requisito da
dupla tipicidade, não é necessário que a conduta criminosa tenha o mesmo nomen juris em ambos
os países. Ao realizar a análise de pedidos de extradição envolvendo o delito de desaparecimento
forçado, o Supremo Tribunal Federal entendeu que estaria satisfeito o princípio da dupla tipicidade,
mesmo não havendo a tipificação do delito de desaparecimento na ordem interna brasileira. Para
chegar a este raciocínio, o STF entendeu que o delito de sequestro previsto no art. 146 do Código
Penal brasileiro seria equivalente ao delito de desaparecimento forçado para fins de aferir se
está preenchida ou não a dupla tipicidade. Foi o que entendeu o Supremo Tribunal Federal nas
extradições 974, 1278 e 1150. Vejamos um destes julgados como forma de ilustrar a questão:

“EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA PELA JUSTIÇA


ARGENTINA. TRATADO ESPECÍFICO: REQUISITOS ATENDIDOS. EXTRADITANDO
INVESTIGADO PELOS CRIMES DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TRAIÇÃO
(“HOMICÍDIO AGRAVADO POR ALEIVOSIA E POR EL NUMERO DE PARTICIPES”) E
SEQÜESTRO QUALIFICADO (“DESAPARICIÓN FORZADA DE PERSONAS”): DUPLA
TIPICIDADE ATENDIDA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DOS CRIMES DE HOMICÍDIO
PELA PRESCRIÇÃO: PROCEDÊNCIA. CRIME PERMANENTE DE SEQÜESTRO
QUALIFICADO: INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. ALEGAÇÕES DE AUSÊNCIA
DE DOCUMENTAÇÃO, CRIME MILITAR OU POLÍTICO, TRIBUNAL DE EXCEÇÃO E
EVENTUAL INDULTO: IMPROCEDÊNCIA. EXTRADIÇÃO PARCIALMENTE DEFERIDA.
1. O pedido formulado pela República da Argentina atende aos pressupostos necessários
ao seu deferimento parcial, nos termos da Lei n. 6.815/80 e do Tratado de Extradição
específico. 2. Ressalvada a categórica prescrição dos crimes de homicídio descritos no
presente pedido de extradição, o Estado Requerente dispõe de competência jurisdicional
para processar e julgar os demais crimes imputados ao Extraditando, que teria sido autor
de atos que supostamente configuram o tipo penal de “desaparecimento forçado de
pessoas”, estando o caso em perfeita consonância com o disposto no art. 78, inc. I, da
Lei n. 6.815/80 e com o princípio de direito penal internacional da territorialidade da lei
penal. (...). 11. Extradição parcialmente deferida pelos crimes de “desaparecimento
forçado de pessoas”, considerada a dupla tipicidade do crime de “seqüestro
qualificado”, ressalvado que, na eventual hipótese de condenação do Extraditando
pelo desaparecimento ou seqüestro de FERNANDO GABRIEL PIEROLA, JULIO
ANDRES PEREIRA, ROBERTO HORACIO YEDRO e REYNALDO AMALIO ZAPATA
SOÑEZ, não concorrerá para a pena o eventual fim ou motivo político dos crimes;
devendo ser efetuada a detração do tempo de prisão, ao qual foi submetido no
Brasil, em razão desse pedido, nem podendo lhe ser aplicada a pena de prisão
perpétua. (Ext 1150, Relator(a):  Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
19/05/2011, DJe-116 DIVULG 16-06-2011 PUBLIC 17-06-2011 EMENT VOL-02546-01
PP-00001)”

ALUNO: mirlonfernando pág. 143


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 117. O Tribunal Penal Internacional não julga Estados, mas apenas pessoas
físicas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21 O Tribunal Penal Internacional.

É o que se conclui pela leitura do artigo 25 do Estatuto de Roma, que dispõe in verbis: “De acordo
com o presente Estatuto, o Tribunal será competente para julgar as pessoas físicas”. O fato de o
Tribunal Penal Internacional julgar apenas pessoas físicas é de suma importância para a proteção
internacional dos direitos humanos, pois consolida a possibilidade da pessoa humana ser sujeito
de direitos na ordem internacional. Assim, é possível afirmar atualmente que o indivíduo também
é dotado de personalidade jurídica internacional, embora esta personalidade seja mais restrita do
que a personalidade internacional dos Estados, já que o indivíduo não possui o chamado “treaty-
making power”, qual seja, a capacidade para celebrar tratados internacionais. Outrossim, além
do Tribunal Penal Internacional, os outros tribunais penais internacionais (Ruanda, Ex-Iugoslávia,
Tóquio, Serra Leoa, etc.) também são dotados de competência apenas para julgar pessoas físicas.
O único Tribunal internacional penal em que foi admitida a persecução penal contra pessoas
jurídicas foi o Tribunal de Nuremberg, ao julgar o partido nazista e pessoas jurídicas aliadas.
Por outro lado, relembramos que a Corte Internacional de Justiça (órgão judicial da ONU), embora
não seja um tribunal internacional penal propriamente dito, não julga pessoas físicas, mas apenas
Estados.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 118. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um órgão da Organização


dos Estados Americanos (OEA).

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19.2 Organizações Internacionais.

Trata-se de uma pegadinha que é frequentemente questionada aos candidatos nas provas
orais de concursos que abordam a matéria de direitos humanos. A Corte Interamericana de
Direitos Humanos não é órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas sim
da Convenção Americana de Direitos Humanos. Nesse sentido, é a lição de André de Carvalho
Ramos: “O segundo órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Corte Interamericana

ALUNO: mirlonfernando pág. 144


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de Direitos Humanos (Corte IDH), é uma instituição judicial autônoma, não sendo órgão da
OEA, mas sim da Convenção Americana de Direitos Humanos” (RAMOS, André de Carvalho.
Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 324; grifo nosso).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, uma vez emitida a ordem de captura
internacional pela INTERPOL (red notice), a mesma possui aplicação imediata no Brasil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13 Conflitos de jurisdição. 13.1 As hipóteses legais de exercício de


jurisdição pela autoridade jurisdicional brasileira.

Apesar de ter enfrentado poucas vezes o tema, o Supremo Tribunal Federal, ao se deparar com a
ordem internacional de captura da INTERPOL (também chamada de red notice), entendeu que esta
não recebe validação automática pelo Estado brasileiro. Assim, além da ordem internacionalmente
emitida, a prisão cautelar do foragido internacional deve ser requerida e decretada pelo STF (v. HC
80923, Rel. Min. Néri da Silveira, Tribunal Pleno, j. 15/08/2001; PPE 623 QO, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, j. 01/07/2010). O STF deixou claro que há a necessidade do preenchimento
de outros requisitos, não bastando a mera ordem de prisão internacional para que o foragido
possa ser preso no Estado brasileiro. Nesse sentido, explica Renato Brasileiro de Lima: “Se no
estrangeiro, a difusão vermelha é suficiente, de per si, para que seja efetivada a prisão da pessoa
procurada, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal entende que é indispensável prévia ordem escrita
da autoridade judiciária competente brasileira. Logo, estando a pessoa no território nacional, ainda
que seu nome conste na Interpol como procurada em razão da difusão vermelha, deve haver prévio
pedido de extradição tramitando no Supremo, ocasião que o Ministro relator poderá determinar a
prisão preventiva para fins de extradição, nos termos do art. 102, I, “g”, da Constituição Federal.
Nesse contexto, o Plenário do Supremo já teve a oportunidade de asseverar que, ausente o pedido
de extradição em tramitação perante o STF, caracteriza constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção o cumprimento de mandado de prisão expedido por justiça estrangeira contra pessoa
residente no Brasil, para cuja execução foi solicitada a cooperação da Interpol, já que tal mandado,
por si só, não pode lograr qualquer eficácia no território nacional” (LIMA, Renato Brasileiro. Manual
de Processo Penal. 2.ed. Salvador: Juspodivm, 2014. p.837).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 145


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QUESTÃO 120. Segundo a doutrina majoritária, não há hierarquia entre fontes de Direito
Internacional, ressalvados os casos envolvendo normas de jus cogens.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 16 Fontes do Direito Internacional.

Ao analisar as fontes do Direito Internacional, a doutrina leciona desde os seus primórdios que não
há hierarquia de fontes no âmbito do Direito Internacional. Deste modo, é possível observarmos
que um costume internacional pode revogar um tratado internacional e vice-versa, ressalvadas as
normas de jus cogens uma vez que estas só podem ser revogadas por normas de igual quilate.
O artigo 38 da Corte Internacional de Justiça prevê um rol exemplificativo de fontes do Direito
Internacional, senão vejamos: “1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional
as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar: 2. As convenções internacionais, sejam
gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados
litigantes; 3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais e
as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar (...) 6.
A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono,
se convier às partes”. (grifo nosso)

Sobre a inexistência de hierarquia entre as Fontes do Direito Internacional, ressalvadas as normas


de jus cogens, é a lição de Paulo Henrique Gonçalves Portela: “O Estatuto da Corte Internacional
de Justiça não determina a hierarquia das fontes de Direito Internacional, e a mera ordem em
que essas fontes aparecem no texto do artigo 38 não define a primazia entre elas. Com isso,
a definição das fontes de Direito Internacional é tarefa à qual a doutrina vem se dedicando, em
debates marcados pela falta de consenso. Parte da doutrina confere preferência aos tratados,
por ser uma fonte escrita, cujas normas podem, por isso, se revestir de maior clareza e precisão.
Entretanto, esse entendimento não é unânime, como revela Guido Soares, que defende que não
pode haver hierarquia entre as fontes de Direito Internacional, por conta da estreita relação que
estas mantêm entre si, mormente no momento da aplicação de uma norma, quando a regra de
um tratado pode ser interpretada à luz do costume e da doutrina, por exemplo. É nesse sentido
que Celso de Albuquerque Mello, em entendimento muito difundido, afirma que não há hierarquia
entre tratado e costume, não prevalecendo nenhum deles sobre o outro. Com isso, um tratado
mais recente pode derrogar ou modificar um costume, e vice-versa. O entendimento de que não
há hierarquia entre fontes é majoritário na doutrina”. (PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves.
Direito Internacional. 7ª ed. Bahia: Juspodivm, 2015, pp. 62; grifo nosso)

Por fim, alerto ao aluno que o CESPE já entendeu em suas provas objetivas pela inexistência de
hierarquia entre fontes de direito internacional.

ALUNO: mirlonfernando pág. 146


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 121. Segundo a LINDB, o estatuto pessoal é regido pela lex domicilii.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1 A lei determinadora do estatuto pessoal.

Segundo o artigo 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “A lei do país em que
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família”.

Deste modo, é correto afirmar que o estatuto pessoal do indivíduo é regido pela lex domicilii. Senão
vejamos a lição de Erik Frederico Gramstrup e André de Carvalho Ramos sobre o tema:

“Entre os mais diversos fatos transnacionais que podem ser regulados pelo Direito
Internacional Privado, destacam-se os que se referem ao estatuto pessoal, que consiste
no conjunto de atributos afetos à individualidade jurídica. O estatuto pessoal refere-
se, em geral, à pessoa física e engloba a regulamentação sobre estado da pessoa,
capacidade, filiação, nome, pátrio poder, casamento, dissolução do matrimônio, união
homoafetiva, morte, alimentos, adoção, entre outros temas”. (...) “Assim, somente em
1942, o Brasil curvou-se ao já adotado nos demais países receptores de mão de obra
migrante nas Américas e implantou a regra da lei do domicílio (lex domicilii)”. (RAMOS,
André de Carvalho e GRAMSTRUP, Erik Frederico. Comentários à Lei de Introdução Às
Normas do Direito Brasileiro – LINDB. São Paulo: Saraiva, 2016, pp. 134 144)

O artigo 7º da LINDB é um dos dispositivos mais cobrados na matéria de Direito Internacional


Privado. Não deixem de memorizá-lo!

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 122. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de


sentença eclesiástica de anulação de matrimônio, confirmada pelo órgão de controle
superior da Santa Sé.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras.

Segundo o artigo 12, § 1º, do Decreto nº 7.107/2010 (que homologou o acordo firmado entre o
Brasil e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, aprovado pelo Decreto

ALUNO: mirlonfernando pág. 147


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Legislativo n. 698/2009), “A homologação das sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial,


confirmadas pelo órgão de controle superior da Santa Sé, será efetuada nos termos da legislação
brasileira sobre homologação de sentenças estrangeiras”.

A partir desse arcabouço normativo, o Superior Tribunal de Justiça decidiu ser possível a homologação
de sentença eclesiástica de anulação de matrimônio, confirmada pelo órgão de controle superior
da Santa Sé. Vejamos o precedente do Tribunal da Cidadania:

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. ANULAÇÃO DE CASAMENTO


RELIGIOSO. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 12 DO DECRETO
LEGISLATIVO N. 698/2009 E ART. 12 DO DECRETO 7.107/2010. ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE REJEITADA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.
PRELIMINAR NÃO ACOLHIDA. REQUISITOS DA HOMOLOGAÇÃO PRESENTES.
PEDIDO DEFERIDO. I - O art. 12 do Decreto Legislativo n. 698/2009, bem como o
art. 12 do Decreto Federal n. 7.107/2010 (ambos com a mesma redação) dispõem
que a homologação de sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial será realizada
nos termos da legislação brasileira atinente a matéria, de modo que, confirmadas pelo
órgão superior de controle da Santa Sé são consideradas sentenças estrangeiras e
deverão ser homologadas de acordo com a legislação brasileira vigente. Arguição de
inconstitucionalidade que se rejeita. II - Nos termos do art. 216-A, § 1º, do RISTJ, “serão
homologados os provimentos não judiciais que, pela lei brasileira, tiverem natureza
de sentença”. Preliminar de impossibilidade jurídica do pedido não acolhida. III - Com
o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, o processamento e o julgamento
dos pedidos de homologação de sentença estrangeira passaram a integrar o rol das
competências deste Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, da Constituição Federal).
IV - Ao promover a homologação de sentença estrangeira, compete a esta Corte verificar
se a pretensão preenche os requisitos agora preconizados no seu Regimento Interno
(Emenda Regimental n. 18, de 17/12/2014), mais especificamente aos comandos dos
artigos 216-C, 216-D e 216-F, o que se verifica, in casu, devidamente atendidos. V - Como
bem elucidado pelo d. Subprocurador-Geral da República, “a assinatura do Acordo entre
o Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil tem suporte
no art. 19, § 1º, da Constituição, que autoriza a colaboração entre o Estado e confissões
religiosas em prol do interesse público [...] vale salientar quanto ao procedimento, que o
Código de Direito Canônico assegura plenamente o direito de defesa e os princípios da
igualdade e do contraditório”. Arguição de inconstitucionalidade rejeitada. Homologação
deferida. (SEC 11.962/EX, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado
em 04/11/2015, DJe 25/11/2015)

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 148


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QUESTÃO 123. A homologação de sentença estrangeira oriunda de júri cível norte-


americano viola a ordem pública interna.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4 Ordem pública. 5 Homologação de sentenças estrangeiras.

Como se sabe, no direito norte americano o Tribunal do Júri não se restringe ao julgamento de
crimes, uma vez que diversas causas cíveis são levadas ao julgamento pelos jurados. Desta forma,
parte da doutrina entendia que não seria possível a homologação de sentenças estrangeiras
exaradas em Tribunais do Júri de natureza cível, sob o argumento que tal homologação violaria
a ordem pública interna. A controvérsia chegou ao Supremo Tribunal Federal, que decidiu ser
possível a homologação de sentença estrangeira oriunda de Júri cível norte-americano. Vejamos o
precedente da Corte Constitucional Brasileira:

SENTENÇA ESTRANGEIRA. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. INCOMPETÊNCIA DO


JUÍZO. OFENSA À ORDEM PÚBLICA. JÚRI CIVIL. DECISÃO NÃO FUNDAMENTADA.
I - A competência internacional prevista no artigo 88 do CPC é concorrente.
O réu domiciliado no Brasil pode ser demandado tanto aqui quanto no país
onde deva ser cumprida a obrigação, tenha ocorrido o fato ou praticado o ato,
desde que a respectiva legislação preveja a competência da justiça local. II
- O Supremo já firmou entendimento no sentido de que o sistema do júri civil,
adotado pela lei americana, não fere o princípio de ordem pública no Brasil. III
- Sentença devidamente fundamentada com invocação da legislação norte-
americana respectiva, do veredicto do júri, bem como das provas produzidas.
Ação homologatória procedente. (SEC 4415, Relator(a):  Min. FRANCISCO REZEK,
Tribunal Pleno, julgado em 11/12/1996; grifo nosso).

Por fim, lembro vocês que desde a EC da reforma do Judiciário o Supremo Tribunal Federal não
atua mais no âmbito da homologação de sentenças estrangeiras. Atualmente, o STJ exerce essa
função.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 124. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de


sentença estrangeira oriunda do Tribunal Comercial do Reino Unido.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5 Homologação de sentenças estrangeiras.

ALUNO: mirlonfernando pág. 149


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A controvérsia acerca da possibilidade ou não de sentença estrangeira oriunda do Tribunal


Comercial do Reino Unido chegou até o Superior Tribuna de Justiça no ano de 2015. Sobre o tema,
o STJ acabou decidindo pela possibilidade, nos seguintes termos:

DIREITO INTERNACIONAL. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA


CONTESTADA. PLEITO DE HOMOLOGAÇÃO. INADIMPLEMENTO DE CONTRATO.
SENTENÇA ESTRANGEIRA. DIVISÃO QUEEN´S BENCH DO TRIBUNAL COMERCIAL
DO REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA DO NORTE. IRREGULARIDADES
FORMAIS. AUSÊNCIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DE HOMOLOGAÇÃO. 1. A
homologação de sentença estrangeira é procedimento que visa dar executoriedade
interna a sentenças proferidas em outro país. Como é cediço, adotamos o “sistema de
delibação”, pelo qual se examinam, singularmente, as formalidades da sentença à luz
de princípios fundamentais para se considerar justo um processo, tais como: respeito
ao contraditório e à ampla defesa, legalidade dos atos processuais, respeito aos direitos
fundamentais humanos, adequação aos bons costumes. Em outras palavras, no nosso
sistema judicial observa-se, apenas, a obediência aos requisitos formais do processo,
não se aprofundando em questões de mérito. 2. A sentença estrangeira de que se
cuida preenche adequadamente todos os requisitos referidos nos arts. 3º, 4º, 5º e 6º da
Resolução n. 9/2005, desta Corte Superior de Justiça, bem como no art. 15 da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). 3. A regularidade formal foi atendida,
presentes toda documentação exigida pelas normas de regência. 4. Não há violação
à ordem pública, por desrespeito à ampla defesa, quando se verifica regular citação
por carta rogatória. 5. Questões meritórias são infensas às possibilidades de análise
no âmbito da mera homologação. 6. Pedido de homologação deferido. (SEC 10.076/
EX, Rel. Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/05/2015, DJe
02/06/2015)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 125. O Tribunal Penal Internacional é um tribunal de segunda geração.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21 O Tribunal Penal Internacional.

A doutrina e as cortes internacionais idealizaram as chamadas gerações de tribunais internacionais


de direitos humanos. Nesta classificação, o TPI seria um tribunal de terceira geração. A classificação
foi idealizada a partir de um critério cronológico.

ALUNO: mirlonfernando pág. 150


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Tribunal Internacional de Nuremberg

Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente (“Tribunal de 1a GERAÇÃO


Tóquio”)

Tribunal Penal Internacional de Ruanda


2a GERAÇÃO
Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia

Tribunal Penal Internacional – TPI 3a GERAÇÃO

Tribunais penais internacionalizados ou híbridos


4a GERAÇÃO
(e.g: Tribunal Especial para Serra Leoa).

Ainda sobre o Tribunal Penal Internacional, a doutrina denomina de “crimes de jus cogens” aqueles
que, quando cometidos, afetam valores essenciais da comunidade internacional. São crimes de jus
cogens os crimes de agressão, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e o crime de
genocídio, todos de competência do Tribunal Penal Internacional.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 126. Não é cabível o pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.1 Extradição.

Um dos requisitos para o pedido de extradição é a existência de uma pena privativa de liberdade.
Deste modo, não há que se falar em pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.
Nesse sentido, é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

EXTRADIÇÃO: REQUISITOS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRESCRIÇÃO.


MULTA. 1. Estando atendidos todos os requisitos dos artigos 80 e seguintes da Lei
nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, modificada pela Lei nº 6.964, de 9/12/1981, e não
ocorrendo qualquer das hipóteses previstas no art. 77, é de ser acolhido o parecer do
Ministério Público Federal, e deferido o pedido de extradição, como formulado, ou seja,
para que o extraditando cumpra, na Itália, a pena remanescente de ambos os delitos,
de 6 (seis) anos, 4 (quatro) meses e 17 (dezessete) dias, deduzido o tempo de sua
permanência, no Brasil, na prisão decretada pelo Relator (art. 91, II, da mesma Lei).
2. Não se pede extradição para o cumprimento de pena de multa, de sorte que a
questão não precisa ser examinada. 3. Extradição deferida. (Ext 819, Relator(a):  Min.
SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 07/02/2002; grifo nosso)

ALUNO: mirlonfernando pág. 151


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Ainda sobre o tema em estudo, lembro ao aluno que exige-se uma pena mínima de um ano para a
viabilidade do pedido de extradição. Os requisitos para a viabilidade do pedido de extradição estão
previstos no artigo 80 e seguintes da Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 127. A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização aberta,
enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19.2 Organizações Internacionais.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada, uma vez que não são
todos os países que estão aptos a ingressar na referida organização, mas apenas aqueles Estados
situados no continente americano. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) é considerada
uma organização aberta, uma vez que todo e qualquer país pode ingressar em seus quadros.

Organização dos Estados Americanos


É considerada uma organização fechada.
(OEA)

Organização das Nações Unidas (ONU) É considerada uma organização aberta.

Ainda sobre o tema das organizações internacionais, relembro ao aluno que estas possuem
personalidade jurídica de direito internacional, conforme estudamos na rodada passada deste
curso.

Para finalizar o tema das organizações internacionais, alerto ao futuro Defensor Público Federal
que as organizações internacionais podem exercer a chamada proteção funcional em relação aos
danos sofridos pelos seus agentes. Deste modo, a proteção funcional se caracteriza nos casos em
que as organizações internacionais podem tomar para si os litígios referentes a danos sofridos por
seus agentes, quando em exercício. Valendo-se dessa prerrogativa, as organizações internacionais
também podem outorgar endosso, seguindo requisitos análogos aos da proteção diplomática. É
ato discricionário da organização internacional envolvida. Nesse sentido, também é a lição de
Valério Mazzuoli de Oliveira: “Assim, tem-se a proteção diplomática para os casos relativos ao
endosso do Estado na salvaguarda dos direitos dos seus nacionais e a proteção funcional para
aqueles atinentes à proteção que as organizações internacionais dão àqueles funcionários que se
encontrarem a seu serviço. A proteção funcional baseia-se na ideia de que os agentes que servem
a determinada organização não devem precisar de outra proteção que não aquela da organização
para qual trabalha. Tais agentes não devem depender da proteção de seu Estado patrial nestes
casos, sendo essencial que a sua proteção advenha da própria organização a que está servindo

ALUNO: mirlonfernando pág. 152


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naquele momento” (MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional. 5. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 562).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 128. O heimatlos é aquele que possui mais de uma nacionalidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1 Nacionalidade. 1.1 Aquisição de nacionalidade. 1.2 Mudança de


nacionalidade. 1.3 Perda de nacionalidade.

Denomina-se “heimatlos” aquele indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade (apátrida).
Sobre este ponto, é a lição de Bernardo Gonçalves Fernandes: “Apátrida (heimatlos): é aquele
que não tem nenhuma nacionalidade” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito
Constitucional. 6. ed. Bahia: Juspodivm, 2014, p.606).

Lembramos ao aluno que atualmente há um intenso movimento no Direito Internacional contra


a situação de apatridía. O Estatuto dos Apátridas confeccionado pela ONU busca demonstrar a
preocupação da comunidade internacional contra os indivíduos que não possuem nacionalidade
alguma. Por fim, elaborei um quadro sinótico com a diferença entre apatridía própria e apatridía
imprópria:

A apatridía propriamente dita ocorre quando positivado está o fato da


Apatridía própria: perda da nacionalidade pelo indivíduo. Na apatridía própria a antiga
nacionalidade do apátrida é conhecida.

A apatridía impropriamente dita ocorre quando apenas é desconhecida


a situação que deu ensejo a perda da nacionalidade pelo apátrida.
Apatridía imprópria:
Assim, na apatridía imprópria a antiga nacionalidade do apátrida é
desconhecida.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 129. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o


julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13.1 As hipóteses legais de exercício de jurisdição pela autoridade

ALUNO: mirlonfernando pág. 153


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jurisdicional brasileira.

Segundo dispõe o artigo 25 do Novo Código de Processo Civil: “Não compete à autoridade judiciária
brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação”.

Venho insistindo em todas as rodadas para que vocês leiam todos os dispositivos relacionados ao
Direito Internacional Público e ao Direito Internacional Privado que foram cristalizados no corpo
do NCPC. Não tenho a menor dúvida que tais dispositivos serão explorados na prova objetiva
da Defensoria Pública da União. Por fim, transcrevo o texto do artigo 24 do NCPC, um dos mais
importantes acerca do tema:

“A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que
a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil”.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

Sobre a proteção internacional dos direitos humanos de minorias e demais grupos


vulneráveis, julgue os seis itens a seguir.

QUESTÃO 130. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não possui competência para
analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará, de modo que o monitoramento
dos direitos assegurados por esse tratado fica a cargo apenas da Comissão Interamericana.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

O enunciado está equivocado. Segue trecho do nosso livro, meu com o Thim, Jurisprudência
Internacional de Direitos Humanos (2ª edição, 2017):

“46.2.3. Competência da CorteIDH para analisar violações a respeito da Convenção


de Belém do Pará. Durante o processamento do Caso ‘Campo Algodoeiro’, o México

ALUNO: mirlonfernando pág. 154


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alegou a incompetência da CorteIDH para analisar violações a respeito da Convenção


de Belém do Pará, aduzindo que a competência da Corte deve ser estabelecida por
‘declaração especial’ ou por ‘convenção especial’, ao que a CorteIDH respondeu que
‘(...) a declaração especial para aceitar a competência contenciosa da Corte segundo
a Convenção Americana, levando em consideração o artigo 62 da mesma, permite
que o Tribunal conheça tanto de violações à Convenção como de outros instrumentos
interamericanos que lhe concedem competência’ (...). O Estado mexicano arguiu, ainda,
que o art. 12 da Convenção de Belém do Pará menciona expressa e exclusivamente a
CIDH como o órgão encarregado da prevenção da Convenção, por meio do procedimento
de petições individuais, nada prevendo a respeito da Corte, que seria incompetente
no seu entender. A CorteIDH, porém, considerou equivocada essa interpretação e
afirmou que ‘(...) o teor literal do artigo 12 da Convenção de Belém do Pará concede
competência à Corte ao não excetuar de sua aplicação nenhuma das normas e requisitos
de procedimento para as comunicações individuais’ (...), concluindo que ‘a conjunção
entre as interpretações sistemática e teleológica, a aplicação do princípio do efeito útil,
somadas à suficiência do critério literal no presente caso, permitem ratificar a competência
contenciosa da Corte a respeito de conhecer de violações ao artigo 7º da Convenção de
Belém do Pará’ (...). Para efeito de síntese: a CorteIDH possui competência para analisar
violações de outros tratados que compõem o sistema interamericano, a exemplo da
Convenção de Belém do Pará” (p. 403-404).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 131. Ao contrário do sistema global de proteção dos direitos humanos, em


que não há um instrumento jurídico específico de hard law sobre a matéria, no sistema
interamericano de direitos humanos há uma Convenção voltada exclusivamente para a
proteção dos direitos humanos das pessoas idosas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

No âmbito do sistema global – ou onusiano – de proteção dos direitos humanos, não há um


instrumento jurídico específico de hard law sobre as pessoas idosas, um grupo indiscutivelmente
vulnerável. Recordemos que hard law significa documento com força jurídica vinculante, como é
típico das convenções ou tratados, ao passo que soft law significa documento sem força jurídica
vinculante, como é próprio das declarações de direitos. Tratando-se de norma de soft law, no
sistema global há o documento Princípios das Nações Unidas para as Pessoas Idosas. Mas e no
sistema interamericano? Recentemente, em 2015, foi adotado no âmbito da OEA a Convenção

ALUNO: mirlonfernando pág. 155


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Interamericana sobre Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas. O Brasil já assinou essa
Convenção. No entanto, o texto do tratado ainda não passou pelo procedimento de incorporação
legislativa na ordem jurídica interna.

Atenção: além da Convenção específica ou setorial, as pessoas idosas também contam com
direitos expressamente protegidos pelo Protocolo de San Salvador (art. 17).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 132. O Brasil já aderiu o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da


Criança a respeito do direito de petição das vítimas ao Comitê para os Direitos da Criança.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela ONU em 1989. O Brasil aderiu à
esta Convenção em 1990, completando todas as fases de incorporação legislativa do tratado na
ordem jurídica interna no mesmo ano. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três
protocolos facultativos: (I) o primeiro, adotado em 2000, diz respeito ao envolvimento de crianças
em conflitos armados e foi assinado pelo Brasil no mesmo ano, completando o ciclo de incorporação
na ordem jurídica interna em 2004; (II) o segundo, adotado também em 2000, diz respeito à venda
de crianças, à prostituição infantil e à pornografia infantil, tendo sido incorporado na ordem jurídica
interna em 2004; (III) e o terceiro, de 2011, criou o direito de petições das vítimas ao Comitê para
os Direitos das Crianças. Atenção: diversamente do que afirma o enunciado, o Brasil ainda não
aderiu ao protocolo da Convenção sobre os Direitos da Criança que confere legitimidade às vítimas
para denunciarem violações de direitos humanos junto ao Comitê.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 133. O Caso Atala Riffo, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
em 2012, se notabilizou por ter sido o primeiro precedente da Corte sobre proteção do direito
à diversidade sexual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

O enunciado está correto. Segue trecho do meu livro com o Thim, Jurisprudência Internacional
de Direitos Humanos, 2ª edição – 2017:

ALUNO: mirlonfernando pág. 156


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“52.2.1. Primeiro precedente da CorteIDH sobre proteção do direito à diversidade


sexual. O Caso Atala Riffo se destaca na jurisprudência da Corte por ter sido o primeiro
precedente sobre proteção do direito à diversidade sexual, projetando uma mensagem
para o continente americano de que as discriminações baseadas na orientação sexual
não devem ser admitidas pelo sistema interamericano de direitos humanos” (p. 473).

Ainda voltaremos a esse tema – da proteção dos direitos humanos da comunidade LGBTI –
noutra rodada, pois se trata de assunto já cobrado no IV concurso da DPU (questão 178) e que
tem conquistado cada vez mais relevância na atuação da DPU, principalmente após a criação
do Grupo de Trabalho Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI. Em rol exemplificativo, cito as
seguintes atuações: (I) pedido de providências no CNJ sobre retificação do registro de nome e
sexo de pessoas trans: http://www.dpu.def.br/images/stories/pdf_noticias/2016/pedido_de_
providencias_cnj_retificacao_de_nome.pdf; (II) Resolução 108/2015 do CSDPU sobre uso do
nome social pelas pessoas trans, travestis e transexuais usuárias dos serviços, pelos defensores
públicos, estagiários, servidores e terceirizados da DPU: http://www.dpu.def.br/conselho-superior/
resolucoes/25623-resolucao-n-108-de-5-de-maio-de-2015-uso-do-nome-social-pelas-pessoas-
trans-travestis-e-transexuais-usuarias-dos-servicos-pelos-defensores-publicos-estagiarios-
servidores-e-terceirizados-da-defensoria-publica-da-uniao; (III) obtenção de liminar em ACP para
garantir tratamento hormonal para transexuais em penitenciárias do Estado de SP: http://www.dpu.
def.br/noticias-sao-paulo/36961-dpu-consegue-liminar-que-garante-tratamento-hormonal-para-
transexuais-em-sp; (IV) atuação como amicus curiae no STF na defesa da retificação do nome e do
gênero das pessoas trans no registro civil sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual
ou de qualquer outra condicionante: https://dpu.jusbrasil.com.br/noticias/450369207/dpu-sustenta-
no-stf-alteracao-de-registro-de-pessoas-trans-mesmo-sem-cirurgia; e (V) memoriais como amicus
curiae na Corte Interamericana em pedido de opinião consultiva da Costa Rica sobre questões
relacionadas à identidade de gênero: http://www.dpu.def.br/images/stories/arquivos/PDF/Amicus_
curiae-OC_Costa_Rica.pdf

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 134. Surpreendendo negativamente toda a comunidade jurídica e política


internacional, e em especial entidades e grupos de defesa dos direitos humanos da
comunidade LGBTI, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em julgamento proferido
no ano de 2016, decidiu que os Estados possuem uma margem de apreciação para decidirem
se o benefício de pensão por morte pode ser concedido a pessoas do mesmo sexo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

ALUNO: mirlonfernando pág. 157


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O enunciado está equivocado. Em 2016, a Corte Interamericana de Direitos Humanos julgou o


Caso Duque vs. Colômbia, que eu e o Thim resumimos e comentamos na 2ª edição do nosso
livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos. Segue o trecho que responde a essa
questão:

“73.2.1. A orientação sexual não pode ser entendida como fator determinante para
impedir a obtenção do benefício previdenciário pensão por morte. Em conformidade
com o que a CorteIDH já havia decidido no julgamento do Caso Atala Riffo, também aqui,
no Caso Duque, assentou que nenhuma norma, decisão ou prática de direito interno
pode diminuir ou restringir os direitos de uma pessoa a partir de sua orientação sexual,
reiterando que a CADH proíbe a discriminação em geral, incluindo nessas categorias
a orientação sexual. Assim, a Corte Interamericana concluiu que “(...) o Estado é
responsável pela violação do direito à igualdade e à não discriminação contida no artigo
24 da Convenção, em conjunto com o artigo 1.1, em detrimento do senhor Angel Duque,
em razão da negativa de concessão do benefício de pensão por morte com fulcro na
legislação interna da Colômbia” (...).

73.3. Conexões com o Direito brasileiro

73.3.1. Possibilidade de obter o benefício previdenciário denominado pensão


por morte. Outro dado importantíssimo a ser ressaltado sobre o Caso Duque é que
a jurisprudência internacional e a jurisprudência dos tribunais superiores do Estado
brasileiro estão em convergência, uma vez que o STF (RE 477.554 AgR, rel. min. Celso
de Mello, 2ª Turma, j. 16/08/2011) e o STJ (REsp 395.904, rel. min. Hélio Quaglia Barbosa,
6ª Turma, j. 13/12/2015) admitem a possibilidade de se obter o benefício previdenciário
denominado pensão por morte, ainda que a relação seja entre pessoas do mesmo sexo”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 135. Conforme decidiu recentemente a Corte Interamericana de Direitos


Humanos, no julgamento do Caso Flor Freire vs. Equador, a orientação sexual não deve ser
fator determinante para selecionar quem deve ou não ser membro das Forças Armadas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. A proteção a minorias e demais grupos vulneráveis.

Quis tratar com vocês de mais um tema relacionado ao grupo vulnerável LGBTI. Segue trecho do
meu livro com o Thim, Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, no qual resumimos
e comentamos esse interessante Caso Flor Freire:

ALUNO: mirlonfernando pág. 158


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“75.2.1. A orientação sexual não deve ser fator determinante para selecionar quem
deve ou não ser membro das Forças Armadas. Tal como tem decidido o TEDH,
a CorteIDH também se pronunciou no julgamento do Caso Flor Freire no sentido da
inconvencionalidade de se considerar a orientação sexual como fator determinante
para selecionar quem deve ou não ser membro das Forças Armadas. Trata-se de um
precedente importante contra a homofobia e a discriminação de natureza sexual que
tradicionalmente estiveram incorporadas no regime disciplinar e hierárquico das Forças
Armadas” (p. 620).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: DANIEL CHIARETTI


E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E


GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. Uma norma jurídica pode ter um caráter geral, como o tipo que dispõe acerca
do homicídio (art. 121 do Código Penal), ou individual, como a sentença do magistrado que
condena determinado agente pela prática do delito em questão.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia do Direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.

Além da definição de norma jurídica, já abordada em rodada anterior, é importante termos em


mente algumas classificações. Escolhi a de norma individual por trazer mais controvérsia, já que
intuitivamente pensamos na norma como um preceito abstrato criado pelo legislador ou pelo
executivo nos casos em que isso é possível.

No entanto, no âmbito da filosofia do direito, é possível classificar a norma jurídica a partir de seus
destinatários. Caso sejam todos, como os destinatários da norma do art. 121 do CP, estamos
diante de uma norma geral. No entanto, caso seja um indivíduo apenas, como o destinatário de
uma cláusula contratual, estamos diante de uma norma particular.

Dentre as normas particulares temos os comandos judiciais, que estabelecem um comando para
uma dada situação e um destinatário determinado. O elemento distintivo aqui com relação a uma
norma geral é a individualização deste destinatário.

ALUNO: mirlonfernando pág. 159


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 137. Em uma das abordagens possíveis do fenômeno jurídico, pode-se dizer que
as normas jurídicas não existem sozinhas, mas apenas em relações específicas entre si.
Dentro desta concepção, não surgem problemas relativos à coerência do sistema jurídico.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.

Trata-se de uma questão inspirada na obra de Norberto Bobbio, que exerceu profunda influência na
filosofia do direito brasileira. Para este autor, o foco da teoria jurídica deve estar no ordenamento
jurídico. Trata-se de uma investigação que parte da ideia de que “as normas jurídicas nunca
existem sozinhas, mas sempre num contexto de normas que têm relações específicas entre si”
(Teoria geral do ordenamento jurídico, p. 185).

Essa ênfase no ordenamento tem influência clara no conceito de direito para Bobbio. Segundo o
autor, “o que costumamos chamar de direito é um caráter de certos ordenamentos normativos mais
do que normas” (p. 193). Para o autor, somente em uma teoria do ordenamento o direito encontra
sua explicação adequada. Esta foi, como já vimos, a estratégia adotada por Bobbio para explicar
como é possível uma norma sem sanção.

E assim o autor chega a um ponto muito importante de sua teoria:

“Concluindo, essa posição predominante que aqui se dá ao ordenamento jurídico leva a


uma inversão de perspectiva no estudo de alguns problemas da teoria geral do direito.
Essa inversão pode ser expressa sinteticamente da seguinte forma: enquanto para
a teoria tradicional um ordenamento jurídico se compõe de normas jurídicas, para a
nova perspectiva normas jurídicas são aquelas que passam a integrar um ordenamento
jurídico. Em outros termos: não existem ordenamentos jurídicos porque existem normas
jurídicas distintas de normas não jurídicas; mas existem normas jurídicas porque existem
ordenamentos jurídicos distintos de ordenamentos não jurídicos. O termo ‘direito’, na
acepção mais comum de direito objetivo, indica um tipo de sistema normativo,
não um tipo de norma” (pp; 195-196).

Neste sentido, ainda segundo Bobbio, “[s]e um ordenamento jurídico é composto de várias normas,
isso significa que os principais problemas vinculados à existência de um ordenamento são os
problemas que nascem das relações das diversas normas entre si” (p. 199).

Dentre estes problemas temos o da coerência, relacionado à solução das antinomias a partir,
principalmente, dos critérios clássicos: cronológico, hierárquico e de especialidade.

ALUNO: mirlonfernando pág. 160


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 138. As antinomias jurídicas podem ser sanadas por critérios da hierarquia,
especialidade e temporal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.

De fato, as antinomias aparentes podem ser resolvidas a partir destes três critérios clássicos
da hermenêutica jurídica. Contudo, determinadas situações não podem ser resolvidas por estes
critérios, colocando o intérprete diante de uma antinomia real. Ou seja, os critérios em questão só
são válidos para as antinomias aparentes.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 139. Uma das consequências do dogma da completude do ordenamento jurídico


é a proibição do non liquet.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.

A proibição do non liquet consiste na obrigação do juiz de decidir acerca de qualquer controvérsia
jurídica a ele apresentada. Não pode o magistrado alegar, neste sentido, que a decisão é impossível
em razão da inexistência de uma norma jurídica.

Daí porque, seguindo um modelo tradicional de abordagem dessa questão de um ponto de vista
positivista, o sistema jurídico é considerado completo, cabendo ao intérprete, através de formas
de integração do ordenamento, como a analogia e os princípios gerais do direito, buscar suprir
eventuais lacunas.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 140. Assim como certas sanções aplicadas por grupos sociais, como uma
censura social em razão de uma conduta considerada imoral, as sanções jurídicas são
consideradas externas.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 161


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Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.

Diante da violação da norma, deve-se promover uma ação sobre a conduta. Trata-se da aplicação
de uma sanção, que consiste “no expediente com que se busca, em um sistema normativo,
salvaguardar a lei da erosão das ações contrárias; é, portanto, uma consequência do fato de que
em um sistema normativo, diferentemente do que ocorre em um sistema científico, os princípios
dominam os fatos, e não o contrário” (BOBBIO, Norberto. Teoria geral do ordenamento jurídico.
p. 145).

Ou seja, a sanção é a resposta à violação no caso das normas jurídicas. Esta sanção é
externa (uma resposta do grupo social – diferente de sanção moral, que é interna ao agente)
e institucionalizada (regulada pelas mesmas formas e gerada pelas mesmas fontes de regras
primárias – diferente de sanção social, que não decorre de uma instituição).

A ideia desta questão era induzir o candidato a marcar errado ao associar a sanção de um grupo
com uma sanção moral. Contudo, a diferença entre essa sanção social e a sanção jurídica reside
em sua institucionalização.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 141. De acordo com o modelo clássico de soberania de autores como Thomas
Hobbes e Jean Bodin, é admissível a divisão da soberania entre diversos órgãos ou poderes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política. 6.3 A soberania.

Para os autores citados, como já vimos em rodada pretérita, essa cisão é impossível por contradizer
a própria ideia de soberania. Para esses autores há uma identificação entre a figura do soberano
e o próprio exercício da soberania. Já para pensadores como Locke e Montesquieu é possível
conceber o exercício da soberania de modo dividido entre outros poderes, sendo esta repartição,
inclusive, recomendável para a proteção dos súditos contra o arbítrio estatal.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 142. Um dos elementos necessários para que certo agrupamento humano seja
considerado uma sociedade é a existência de uma finalidade social.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política. 2 Conceito de sociedade.

ALUNO: mirlonfernando pág. 162


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Segundo Dalmo de Abreu Dallari (Elementos de Teoria Geral do Estado), são três os requisitos
para que um agrupamento social seja reconhecido como uma sociedade:

a) uma finalidade ou valor social: organização social de modo a permitir que seus
membros busquem seus fins particulares, tendo em vista o bem comum.

b) manifestações de conjunto ordenadas: existência de uma ordem jurídica e social


que permite a manifestação conjunta dos membros do grupo.

c) o poder social: considerado um dos mais importantes para o estudo de uma sociedade,
possui as seguintes características segundo Dalmo Dallari: “a) o poder, reconhecido
como necessário, quer também o reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém
mediante o consentimento dos que a ele se submetem; b) embora o poder não chegue
a ser puramente jurídico ele age concomitantemente com o direito, buscando uma
coincidência entre os objetivos de ambos; c) há um processo de objetivação, que dá
precedência à vontade objetiva dos governados ou da lei, desaparecendo a característica
de poder pessoal; d) atendendo a uma aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma
técnica do poder, que o torna despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao
mesmo tempo em que busca meios sutis de atuação, colocando a coação como forma
extrema.”

Em suma, segundo o autor, “os agrupamentos humanos caracterizam-se como sociedades quando
têm um fim próprio e, para sua consecução, promovem manifestações de conjunto ordenadas e se
submetem a um poder, e no tocante à sociedade humana, globalmente considerada, verificamos
que o fim a atingir é o bem comum.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 143. Um agrupamento humano com uma finalidade própria, que promova
manifestações coletivas ordenadas e se submeta a um poder, é considerado uma sociedade.
Estes grupos podem adquirir uma feição de sociedade política, mas em razão deste aspecto
coletivo que as caracteriza, não podem ser sociedades de fins particulares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política. 2 Conceito de sociedade.

Na verdade, a definição de sociedade oferecida por Dalmo Dallari pode se configurar tanto em uma
sociedade com fins particulares, como aquela em que seus membros voluntariamente escolhem
uma finalidade específica (ex: uma sociedade para a promoção do estudo da filosofia), bem como
sociedade políticas, cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as condições necessárias para que

ALUNO: mirlonfernando pág. 163


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os indivíduos e as demais sociedades que nela se integram consigam atingir seus fins particulares.
A participação nestas sociedades quase sempre independe de um ato de vontade.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 144. Há um consenso na ciência política acerca da imprescindibilidade do estudo


da finalidade do Estado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política. 6 O poder do Estado.

O candidato sempre deve ter muito cuidado com questões que envolvem ideias como “consenso”.
Dificilmente há consenso em disciplinas de humanística. Acerca deste ponto específico, temos
uma divergência entre aqueles que, como Kelsen, acham que a finalidade não faz parte da análise
técnico-jurídica do Estado e outros que afirmam com veemência que é imprescindível que o Estado
se ocupe de questões como bem comum, ordem, defesa etc., os quais representam os fins estatais
essenciais.

No Brasil há uma tendência entre os autores de incluir a finalidade entre os elementos essenciais
do Estado. É neste sentido que, por exemplo, Miguel Reale afirma que “o Estado, de maneira
geral, é a sociedade juridicamente organizada, isto é, organizada para a satisfação das aspirações
individuais e coletivas, o que se exprime também dizendo: é a institucionalização do poder para a
realização do bem comum” (Teoria do Direito e do Estado, p. 112).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 145. A finalidade do Estado brasileiro deve ser procurada não em textos escritos
ou legislativos, mas sim nas práticas do dia a dia da população.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política. 6 O poder do Estado

O erro da questão está em afastar documentos escritos como definidores da finalidade do Estado.
Na verdade, textos políticos fundamentais, em especial as Constituições, são extremamente
importantes para a definição da finalidade de um Estado. No caso do Brasil, podemos procurar
estes elementos em vários pontos do texto constitucional, mas em especial no art. 3º, no qual são
apresentados os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.

ALUNO: mirlonfernando pág. 164


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 146. É possível uma aproximação entre a sociologia jurídica e o direito natural
na medida em que ambos rejeitam a ideia de que a lei possa ser pensada apenas do ponto
de vista da autoridade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica. 1 Perspectivas sociológicas do Direito.

Em que pese uma assertiva desta natureza possa ser polêmica, ao limitar a comparação a um
único aspecto, a aproximação sugerida no enunciado se torna correta. Isto porque, de fato, tanto
a sociologia jurídica quanto o direito natural são marcantemente antipositivistas, recusando-se a
pensar o fenômeno jurídico apenas do ponto de vista de uma legislação posta por uma autoridade
constituída.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 147. A sociologia jurídica admite que, dentro de um determinado agrupamento


social que coincida territorialmente com o próprio Estado podem existir agrupamentos
sociais particulares, como grupos familiares, clãs, classes sociais etc.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 5 Os grupos sociais e o Direito. 6 Direito estatal e


direito extraestatal.7 Conflito social e conflito jurídico.

Segundo a lição de Jean Carbonnier (Sociologia Jurídica. Coimbra: Almedina, 1979, pp. 210 e
ss.), o grupo sociológico por excelência é o que ele chama de sociedade global, o qual coincide
modernamente com o âmbito territorial do Estado. É, portanto, o grupo social mais amplo submetido
às normas jurídicas estatais.

No entanto, a sociologia jurídica admite que dentro deste corpo mais amplo existem outros
agrupamentos particulares que coincidem, em sociedades menos estruturalmente complexas,
com clãs e famílias e, nas sociedades contemporâneas, as classes, associações etc. Estes
agrupamentos também serão objeto da sociologia jurídica.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 165


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QUESTÃO 148. Os agrupamentos particulares, simbolizados por certos grupos sociais


(classes, associações, grupos religiosos etc.), devem ser individualmente considerados,
não compondo o espaço social global de determinada sociedade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 5 Os grupos sociais e o Direito. 6 Direito estatal e


direito extraestatal.7 Conflito social e conflito jurídico.

Ainda de acordo com Jean Carbonnier, “entre o indivíduo e a sociedade global interpõe-se,
concorrendo para compor o espaço global, aquilo que a ciência política chamava antigamente,
pelo menos em alguns casos, corpos intermediários, aquilo que a sociologia de hoje chama de
grupos ou agrupamentos particulares.” (op. cit., pp. 211-212). Ou seja, esses grupos particulares
concorrem sim para formar o todo social.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 149. A sociologia do direito, bem como a dogmática jurídica, admite que grupos
dentro de certa sociedade podem possuir ordens jurídicas particulares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 5 Os grupos sociais e o Direito. 6 Direito estatal e


direito extraestatal.7 Conflito social e conflito jurídico.

O candidato sempre deve ter muito cuidado quando a sociologia jurídica é comparada com outras
disciplinas, especialmente aquelas dogmáticas, ou seja, que se limitam a uma análise de certa
forma mais legalista do direito. No caso, em regra, a dogmática jurídica não admite este pluralismo
indicado na questão, pois há apenas uma ordem jurídica, que é aquela imposta pelo Estado através
de um sistema legislativo pré-estabelecido.

A sociologia jurídica, a seu turno, admite que grupos particulares podem dispor sobre ordens
jurídicas particulares, ainda que em descompasso com o direito estatal. Um exemplo no Brasil
contemporâneo seria o “tribunal do crime” administrado por organizações como o PCC, que
possuem certas normas que são aplicadas em total descompasso com o direito oficial.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 166


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QUESTÃO 150. Dentro da tradicional dicotomia entre direito e moral, pode-se dizer que o
segundo campo é o objeto por excelência de grupos sociais extra-estatais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 5 Os grupos sociais e o Direito.

Como explica Machado Neto ao expor a separação gradativa entre o direito e a ordem moral conforme
a sociedade vai ficando mais complexa, “o direito passa a ser a norma estatal por excelência; a
moral e as normas do trato vão aparecer como as formas específicas da socialização, quando esta
é realizada diretamente pela sociedade e pelos diversos grupos sociais extra-estatais”.

De fato, isso pode ser visto, por exemplo, em grupos religiosos, que em que pesem possam fazer
julgamentos morais acerca de uma pessoa que se relaciona com outra do mesmo sexo, não podem
mais atirá-la em uma fogueira.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 167


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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 1. Explique o efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário trabalhista,


apontando seu amparo legal. Na resposta, indique, objetiva e fundamentadamente, se é
possível que o TRT: a) examine fundamentos não analisados da sentença e b) julgue, de
forma direta, o mérito da causa.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITOS HUMANOS

QUESTÃO 2. O art. 46 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos estabelece os


requisitos ou as condições para que uma petição que veicule alegação de violação de direitos
humanos seja admitida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A partir desse
dispositivo e da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, analise as
três seguintes situações e responda objetivamente se em cada uma delas a vítima poderia
peticionar na Comissão Interamericana:

a) No procedimento para esgotar os recursos internos, verificou-se que não foram


ajuizadas as ações do controle concentrado de constitucionalidade;

b) Verificou-se que há um procedimento de relatórios periódicos contra o país em


andamento no âmbito do sistema global de proteção dos direitos humanos (ONU);

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c) O líder da comunidade indígena ou tradicional não deu autorização aos integrantes


da comunidade para que provocassem o sistema interamericano de direitos humanos.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.caiopaiva@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

ALUNO: mirlonfernando pág. 169


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3ª RODADA - 05/05/2017

PEÇA JUDICIAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO INTERNACIONAL

A Polícia Federal realiza operação, no estado do Amazonas, com o fim de proceder à


deportação em massa de 450 venezuelanos que ingressaram no território nacional há cerca
de quinze dias.

Neste momento, estas pessoas, muitas menores ou idosos, encontram-se na sede da Polícia
Federal em Manaus, aguardando a deportação para a Venezuela, que pode ser efetivada a
qualquer momento. A Defensoria Pública da União foi informada que estão todos alojados
em uma sala, sem possibilidade de contato com o mundo externo.

O Defensor Público Federal, após tomar ciência, compareceu ao local, tendo confirmado a
informação. Após oficiar a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, não obteve
resposta positiva quanto à possibilidade de solução extrajudicial da questão.

Diante disso, elabore o remédio constitucional apto a resguardar a liberdade de locomoção


dos imigrantes.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.edilsonsantana@gmail.com - LIMITE 90 LINHAS

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FOLHA PADRÃO
90 LINHAS

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CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 3ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

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FOLHA PADRÃO
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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 3ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

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ALUNO: mirlonfernando pág. 175

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