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CEI-DPU
RETA FINAL 2017
3ª RODADA - 05/05/2017
DURAÇÃO
18/04/2017 A 17/07/2017
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada
1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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ALUNO: mirlonfernando pág. 2
CEI-DPU
RETA FINAL 2017
3ª RODADA - 05/05/2017
PROFESSORES
E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com
E-mail: profcei.thiotieheemann@gmail.com
E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com
E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com
E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com
E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com
E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com
INSTRUÇÕES GERAIS
O CEI nasceu como um curso voltado exclusivamente para a preparação para o concurso da DPU,
em 2013. Depois foram surgindo cursos para diversas outras carreiras, mas certamente temos um
carinho especial pelo CEI-DPU, curso com o qual conseguimos contribuir para a aprovação de 78
alunos no V Concurso da DPU.
ALGUMAS ORIENTAÇÕES:
1) Simulem ao máximo a prova real. Quanto estiverem fazendo as questões objetivas, não deixem
nenhum material de pesquisa por perto. Se puderem imprimir o material, melhor ainda; se não
puderem, não há problema. Quando forem fazer as questões dissertativas e a peça judicial, deixem
por perto apenas a legislação seca (sem anotações).
2) Fiquem à vontade para enviarem suas respostas e peças escritas à mão ou digitadas. Para
qualquer destas opções, há um modelo na área do aluno que vocês devem observar. Se decidirem
enviar as respostas escritas à mão, baixem o modelo (disponível também no final desse arquivo) e
depois, na hora de enviar para o e-mail do professor, lembrem-se de colocar as páginas em arquivo
único no formato .pdf. Se decidirem enviar as respostas no formato digitadas, baixem o modelo no
formato .doc.
3) Observem os prazos estabelecidos no cronograma, que está no site e agora repetido aqui:
4) Para dúvidas sobre os temas tratados nas rodadas, falem diretamente com o professor
responsável. Todos os e-mails estarão nos materiais. Para críticas ou considerações, podem
escrever para mim no e-mail profcei.caiopaiva@gmail.com. Para dúvidas sobre acesso ao material
ou à área do aluno, falem no e-mail suporte@cursocei.com.
CAIO PAIVA
Coordenador do CEI-DPU
SUMÁRIO
GRUPO II....................................................................................................................................................... 17
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA................................................................................................. 17
DIREITO PROCESSUAL PENAL......................................................................................................... 18
DIREITO PENAL MILITAR................................................................................................................... 19
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................ 19
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................20
GRUPO III......................................................................................................................................................20
DIREITO ADMINISTRATIVO..............................................................................................................20
DIREITO DO TRABALHO....................................................................................................................22
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.........................................................................................23
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.............................................................................................................. 24
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA....................................................26
GRUPO IV......................................................................................................................................................27
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................27
DIREITO INTERNACIONAL................................................................................................................30
DIREITOS HUMANOS..........................................................................................................................32
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA...................................................................................................................................................33
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 61
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................65
DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................................................73
GRUPO II.......................................................................................................................................................79
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA.................................................................................................79
DIREITO PROCESSUAL PENAL.........................................................................................................83
DIREITO PENAL MILITAR...................................................................................................................86
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................88
DIREITO ELEITORAL.............................................................................................................................89
GRUPO III..................................................................................................................................................... 94
DIREITO ADMINISTRATIVO............................................................................................................. 94
DIREITO DO TRABALHO..................................................................................................................105
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO........................................................................................110
DIREITO PREVIDENCIÁRIO............................................................................................................. 114
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA..................................................125
GRUPO IV....................................................................................................................................................130
DIREITO CONSTITUCIONAL...........................................................................................................130
DIREITO INTERNACIONAL..............................................................................................................142
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................154
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA.................................................................................................................................................159
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil, analise e julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Ainda no tema responsabilidade civil, julgue o item a seguir:
A responsabilidade civil objetiva indireta determina que os pais responderão pelos atos
praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia,
independentemente da comprovação de culpa destes.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. Sobre o tema obrigações, julgue o item abaixo:
De acordo com o Código Civil, na cessão de crédito o devedor precisará consentir com a
transmissão.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. Sobre o tema contratos aleatórios, julgue o item abaixo:
O contrato aleatório emptio spei é aquele em que o risco está adstrito à quantidade da coisa
negociada, já o contrato aleatório emptio rei speratae diz respeito à própria existência da
coisa objeto do negócio.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. Julgue o item abaixo:
Danos morais coletivos configura-se por lesões à sociedade no seu nível de vida, tanto por
rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 8. Acerca do entendimento do STF, julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Julgue o item a seguir:
A retrovenda é uma cláusula especial inserida no contrato de compra e venda, pela qual o
vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de reaver o bem, no prazo decadencial
máximo de três anos.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. Acerca das modalidades contemporâneas de família, julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 12. Analise e julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 13. Acerca do instituto do usufruto, julgue o item seguinte:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Julgue o item seguinte:
Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. Julgue o item abaixo:
A EIRELI e a sociedade limitada podem adotar firma ou denominação como nome empresarial.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 19. De acordo com o STJ, julgue o item seguinte:
A natureza trabalhista do crédito obsta que o credor requeira a falência do devedor, consoante
entendimento do STJ.
ccCERTO ccERRADO
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Consoante jurisprudência do STJ e as normas consumeristas, julgue o item
abaixo:
É ilegal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal e impõe ao consumidor, após tal prazo, a
procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto
à existência do vício, pois violadora do artigo 18, § 1º, do CDC, que estabelece o prazo de 30
dias para troca.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. Julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. Analise e julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 25. Julgue o item abaixo:
ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL GRUPO I
QUESTÃO 26. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de exportação
de animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. Em regra, o poder de polícia ambiental é discricionário.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. Prescreve em três anos, contados do término do processo administrativo,
a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. O princípio da solidariedade intergeracional possui uma faceta sincrônica e
uma faceta diacrônica.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 30. A obrigação civil de reparar o dano ambiental dentro de uma determinada
propriedade é de natureza propter rem.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 31. O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma
que a ação pode ser manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos,
não mencionando os direitos difusos.
ccCERTO ccERRADO
Acerca das condições da ação e do Código de Processo Civil de 2015, julgue as questões
abaixo:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. A expressão “condições da ação” foi suprimida pelo Código de Processo
Civil de 2015.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 34. Apenar de o Código de Processo Civil de 2015 ter suprimido a expressão
“condições da ação” de seu texto, parcela da doutrina defende que ainda é possível extrai-la
do código, sendo composta pela legitimidade e interesse de agir.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. A competência para proceder à confirmação de testamento particular e
ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, quando o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional, é concorrente entre
a autoridade judiciária brasileira e o tribunal estrangeiro.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 36. Havendo previsão em tratado internacional do qual o Brasil seja signatário,
poderá ser reconhecida a litispendência entre tribunal estrangeiro e autoridade judiciária
nacional.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 37. Supondo que, em ação relativa a imóveis situados no Brasil, o réu alegue, em
contestação, a existência de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional. Neste caso, não competirá a autoridade judiciária brasileira o processamento
e o julgamento da ação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. Tramitando o processo em comarca que não seja sede de vara do juízo
federal, os autos serão remetidos ao juízo federal competente sempre que nele intervier
entidade autárquica federal.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. O autor não pode alegar a incompetência relativa tendo em conta que, para
ele, se operou a preclusão.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. Havendo alegação de incompetência, a contestação poderá ser protocolada
no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I
QUESTÃO 41. A imunidade de imprensa, que tem natureza subjetiva, recai sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, bem como sobre livro eletrônico.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 42. O pagamento do tributo caracteriza-se como obrigação tributária principal;
por outro lado, o pagamento de multa, assim como a emissão de notas fiscais, escrituração
de livros fiscais e permissão de acesso da fiscalização ao estabelecimento são obrigações
acessórias.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. A interpretação do artigo 97 do CTN leva à conclusão de que o Município
pode atualizar o valor monetário da base de cálculo do IPTU por meio de decreto. Entretanto,
de acordo com o entendimento do STJ, é vedado que este ato infralegal atualize o tributo em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. Em regra, a discussão da dívida ativa da Fazenda Pública deve ser realizada
no âmbito da execução fiscal. Essa regra, contudo, comporta exceções, como a ação
anulatória de débito fiscal, ajuizada pelo sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Caso
a ação anulatória seja proposta na pendência de processo administrativo sobre o mesmo
débito fiscal, nada impede que a discussão administrativa continue ocorrendo, paralelamente
ao litígio judicial.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 47. Tanto o STJ quanto o STF já se posicionaram contrariamente à compatibilidade
da tentativa com o dolo eventual.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 48. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 49. Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do crime, a causa
de diminuição de pena do arrependimento posterior estende-se aos demais coautores.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. No crime de peculato, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II
No que diz respeito à fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, julgue os dois itens a seguir:
QUESTÃO 51. Conforme tem decidido o STJ, a fixação de valor mínimo para reparação dos
danos prescinde de pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 52. Conforme tem decidido o STJ, o CPP autoriza a fixação do valor mínimo tanto
para a reparação dos danos materiais quanto para a reparação dos danos morais causados
pela infração.
ccCERTO ccERRADO
Sobre o tema jurisdição e competência, julgue os três itens a seguir.
QUESTÃO 53. Os tribunais superiores têm entendido que a convocação de juízes de primeiro
grau para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 54. A sentença absolutória, ainda que proferida por juiz absolutamente
incompetente, faz coisa julgada formal e material após o trânsito em julgado.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 55. Entre os requisitos para que seja provido o incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal se encontra a internacionalização da conduta.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal Militar admite que seja aplicada a pena do crime consumado
ao autor do crime tentado em caso de especial gravidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 58. O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora para tratar do estado
de necessidade.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II
QUESTÃO 59. Diversamente do que ocorre com o processo penal comum, no processo
penal militar o acusado pode defender a si próprio, ainda que não tenha habilitação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 60. Segundo estabelece a legislação que rege a matéria, compete à Justiça
Militar da União julgar crimes cometidos por oficiais das Forças Armadas no exercício das
atribuições subsidiárias de auxiliarem o poder civil no combate ao crime.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 61. Em determinados casos o Código Eleitoral não prevê a pena mínima de
certos crimes eleitorais.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as hipóteses de inelegibilidade reflexa
do art. 14, § 7º, CF, não são aplicáveis às eleições suplementares.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. O direito eleitoral brasileiro é regido pelo princípio do in dubio pro voto.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 64. O crime de votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem, é
um crime de atentado.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a exigência de autorização judicial
para a instauração de inquérito policial com o intuito de investigar crimes eleitorais viola a
Constituição Federal de 1988, ressalvados os casos envolvendo autoridades com foro por
prerrogativa de função nos tribunais superiores.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 68. A Constituição, a lei, a doutrina e a jurisprudência são consideradas fontes
formais do Direito Administrativo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 69. Conceitua-se hierarquia militar como a rigorosa observância e o acatamento
integral das normas que fundamentam o organismo militar. A hierarquia se caracteriza pelo
cumprimento integral do dever por parte de todos os componentes daquele organismo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 70. João, ex-prefeito da cidade de Buíque/PE, praticou ato de improbidade, em
janeiro de 2009, consistente na permissão de aquisição de bem por preço superior ao do
mercado. Em 2012, foi reeleito, tendo terminado seu segundo mandato em dezembro de
2016. Imagine que, em fevereiro de 2018, o Promotor de Justiça ajuíze ação de improbidade
contra João. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ, a pretensão de aplicação
das sanções de improbidade administrativa estará prescrita, pois decorridos mais de cinco
anos do primeiro mandato de João.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. A concessão de uso especial para fins de moradia é uma forma de utilização
privativa dos bens públicos, considerada como um direito real, que pode ser instituída pela
via administrativa.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 72. Lei de determinado Estado da federação que prevê hipóteses genéricas de
contratação temporária é inconstitucional.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 73. José, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, faleceu em maio de 2011,
aos 90 anos, deixando como dependente apenas seu filho, João, de 60 anos de idade,
solteiro, que sofre de transtornos neurológicos graves, vivendo em estado vegetativo desde
os 30 anos de idade, tendo como curadora sua tia, Maria. Em 2014, Maria, em nome de
João, requereu a pensão especial de ex-combatente em benefício dele, como dependente
incapaz de José. Nesse caso, o termo inicial para o pagamento do benefício, considerando
que tenham sido preenchidos todos os requisitos legais, será a data do requerimento
administrativo, de acordo com o entendimento do STJ.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 74. Os dirigentes de autarquia têm legitimidade passiva para figurar como
autoridades coatoras em Mandado de Segurança.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 75. Maria prestou concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, tendo sido
eliminada, na segunda fase do certame, por faltar-lhe a nota necessária. Entendendo injusta
a pontuação obtida, impetrou Mandado de Segurança, obtendo liminar para prosseguir no
certame e tomar posse no cargo, caso aprovada. Regularmente aprovada, Maria tomou
posse e trabalhou como Auditora em diversas localidades, chegando a se aposentar. Três
anos após sua aposentadoria, foi proferida a sentença, denegando a segurança por ela
pretendida e revogando a liminar. Intimado da sentença, o Ministro do Trabalho cassou a
aposentadoria de Maria. Esse ato é legítimo, conforme o entendimento do STJ, que não
admite a adoção da teoria do fato consumado.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO TRABALHO GRUPO III
QUESTÃO 76. João, professor, foi contratado em janeiro de 2016 por determinada
faculdade particular. Ali, ensinava em três turmas, com cinquenta alunos cada, recebendo
R$ 200,00 (duzentos reais) por hora-aula. Lecionava duas horas em cada turma, por semana.
No segundo semestre de 2016, com a diminuição da procura pelo curso e a redução no
número de alunos, João, embora permanecesse ganhando o mesmo valor por hora-aula, foi
comunicado pela faculdade que teria apenas duas turmas, o que reduziu consideravelmente
o seu padrão de vida. Essa redução de carga horária constitui alteração contratual lesiva,
vedada pelo artigo 468 da CLT.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. O empregado que faltar ou se atrasar injustificadamente durante a semana
pode perder o direito à remuneração do repouso semanal remunerado, mas não pode deixar
de gozar do dia de descanso.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. O salário mínimo é estendido ao menor de 18 anos, devendo compreender as
necessidades do trabalhador e de sua família com moradia, como dispõe, expressamente,
a Constituição.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 80. Apenas com o advento da Emenda Constitucional nº 72/2013, o empregado
doméstico passou a ter direito ao aviso-prévio e à licença-paternidade.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III
QUESTÃO 81. O TST é composto por vinte e sete juízes e, assim como o STJ, não respeita a
regra de destinar um quinto dos cargos aos advogados e membros do Ministério Público com
mais de dez anos de atividade profissional ou efetivo exercício do cargo, respectivamente.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 82. De acordo com o entendimento do TST, aplica-se o jus postulandi às
reclamações trabalhistas, aos recursos ordinários e aos Mandados de Segurança.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. Cabe recurso ordinário das decisões definitivas dos Tribunais Regionais do
Trabalho em processos de sua competência originária, salvo em dissídios coletivos.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. João firmou termo de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia
com José, seu ex-empregador. Dentre as demais cláusulas previstas, estava o pagamento,
por parte de José, da quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) de verbas rescisórias a João.
Entretanto, José não cumpriu com sua parte no acordo. De acordo com as regras aplicáveis
à execução trabalhista, João poderá optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial ou ajuizar a execução do título extrajudicial diretamente.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III
QUESTÃO 86. A Previdência Social cobre, precipuamente, eventos que geram situações
de necessidade. Dentre estas, podemos arrolar a invalidez, a morte, a idade avançada, a
maternidade, o desemprego involuntário, o desgaste provocado por labor sob condições que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e a reclusão. Todas estas encontram previsão
constitucional, ainda que implícita.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 87. A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas do RGPS terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 88. Ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio é reduzido em
cinco anos o requisito relativo ao tempo de contribuição, no âmbito do RGPS, mas não o
da idade mínima. Já no Regime Próprio do Servidor Público, ambos os requisitos sofrem
redução de cinco anos, mas apenas na aposentadoria voluntária integral.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 89. Embora seja possível averbar tempo de serviço público no RGPS, a recíproca
não é verdadeira, ou seja, não se pode averbar no Regime Próprio do Servidor Público o
tempo de serviço prestado no âmbito do RGPS.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. Para efeito de aposentadoria específica de professores, o tempo de serviço
prestado fora da sala de aula não pode ser computado.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 91. Segundo o STJ, o trabalhador urbano inscrito no RGPS até 24/7/1991, mesmo
que nessa data não mais apresente condição de segurado, caso restabeleça relação jurídica
com o INSS e volte a ostentar a condição de segurado após o advento da Lei 8.213/1991,
tem direito à aplicação da regra de transição prevista no art. 142 (redução do período de
carência) do mencionado diploma.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 92. No caso de contagem recíproca, o benefício resultante será concedido e
pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na forma
da respectiva legislação, sendo que não será contado por um sistema o tempo de serviço já
utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 93. Não é possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte
com pensão civil ex delicto.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 94. Segundo o STJ, para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por
idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente
como rurícola pode ser considerada como início de prova material do tempo de serviço,
ainda que este tenha exercido atividade urbana no período de carência.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 95. No auxílio-reclusão, segundo o STF, a renda que deve ser aferida, para fins
de preenchimento do requisito “baixa renda”, é a dos dependentes e não a do segurado-
instituidor.
ccCERTO ccERRADO
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. A Defensoria Pública da União é integrada pela carreira de defensor público
federal, a qual se compõe de três categorias: segunda, primeira e especial. É atribuição
dos defensores públicos federais de categoria especial atuar perante a Turma Nacional
de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. É atribuição dos defensores públicos
federais de segunda categoria atuar perante o Tribunal Marítimo. É atribuição dos defensores
públicos federais de primeira categoria atuar perante os Tribunais Regionais do Trabalho.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. O processo de escolha do Defensor Público-Geral Federal é considerado
completo porque envolve a vontade da carreira de formar uma lista tríplice mediante voto
direto, secreto, plurinominal e obrigatório, a vontade do Poder Executivo de escolher
livremente um dos integrantes da lista tríplice e a vontade do Poder Legislativo de aprovar,
por maioria absoluta dos membros do Senado Federal, o nome do candidato escolhido. É
permitida uma recondução ao cargo de Defensor Público-Geral Federal, sendo desnecessária
nova aprovação pelo Senado Federal.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 99. Conforme dispõe a LC 80, o Defensor Público-Geral Federal será substituído,
em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, por ele nomeado
dentre integrantes estáveis da carreira.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 101. A Constituição Federal prevê, além de competências privativas, um
condomínio legislativo, de que resultarão normas específicas a serem editadas pela União,
o que não exclui a competência suplementar dos Estados, podendo estes últimos exercer
competência legislativa plena para atender suas peculiaridades quando da inexistência de
normas específicas federais.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 102. Suponha que em ação judicial ajuizada perante juizado especial federal,
envolvendo caso de saúde, seja deferido o pleito antecipatório de tutela provisória de
urgência, para fornecimento de medicamento, solidariamente, pelo Município, Estado e
União. Após, é proferida sentença confirmando-se a decisão liminar. Nas razões de Recurso
Inominado, dirigido à Turma Recursal, o recorrente alega que a decisão, por não observar
a divisão de competências entre os entes estabelecida pela lei 8.080/90, acaba por afastar
sua incidência, o que equivale a declarar, indiretamente, sua inconstitucionalidade. Por isso,
deve ser observada a cláusula de reserva de plenário (full bench).
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 104. A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal não se aplica aos magistrados
singulares.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 105. Supondo que a União edite lei estabelecendo normas gerais sobre previdência
social. O Estado “x”, posteriormente, edita lei com normas específicas sobre o mesmo
tema. Em ação direita de controle de constitucionalidade alega-se a inconstitucionalidade
da norma estadual, aduzindo que o Estado-membro estaria usurpando a competência da
União, tendo em vista que a lei estadual supostamente extrapolaria os limites estabelecidos
pela lei federal. Em sua defesa, o Estado alega que não seria viável a ADI, tendo em conta
que a violação seria à lei (controle de legalidade), sendo a ofensa à Constituição Federal
apenas reflexa. Assiste razão ao Estado-membro.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 106. Tribunais de Justiça não podem exercer controle abstrato de
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição
Federal.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 107. Não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal tendo como objeto lei municipal.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 108. Nos termos da Constituição Federal, a ação declaratória de constitucionalidade
poderá ter como objeto lei ou ato normativo federal ou estadual.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 109. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,
far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. Enquanto não editada a lei federal, são inconstitucionais todas
as leis estaduais que tratem do tema.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 111. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os
serviços de transporte ferroviário.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 112. No texto da Constituição Federal identificam-se normas de reprodução
obrigatória, como os princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais
extensíveis e os princípios constitucionais estabelecidos, sendo certo que a Constituição
Federal impõe limites às Constituições estaduais, que devem ser observados em razão do
denominado princípio da simetria.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 113. Cabe à União explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços
locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 114. Compete ao Tribunal Regional Federal, com jurisdição no município do
mandato, julgar crime cometido por prefeito, ainda que o fato tenha ocorrido em Estado da
federação abrangido por seção da justiça federal diversa.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 116. O Supremo Tribunal Federal não pode deferir um pedido de extradição
envolvendo a prática do delito de desaparecimento forçado, uma vez que o Estado brasileiro
ainda não tipificou o desaparecimento forçado em seu ordenamento jurídico interno.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 117. O Tribunal Penal Internacional não julga Estados, mas apenas pessoas
físicas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 118. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não é um órgão da Organização
dos Estados Americanos (OEA).
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, uma vez emitida a ordem de captura
internacional pela INTERPOL (red notice), a mesma possui aplicação imediata no Brasil.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 120. Segundo a doutrina majoritária, não há hierarquia entre fontes de Direito
Internacional, ressalvados os casos envolvendo normas de jus cogens.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 121. Segundo a LINDB, o estatuto pessoal é regido pela lex domicilii.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 122. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de
sentença eclesiástica de anulação de matrimônio, confirmada pelo órgão de controle
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 123. A homologação de sentença estrangeira oriunda de júri cível norte-
americano viola a ordem pública interna.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 124. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a homologação de
sentença estrangeira oriunda do Tribunal Comercial do Reino Unido.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 125. O Tribunal Penal Internacional é um tribunal de segunda geração.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 126. Não é cabível o pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 127. A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização aberta,
enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 128. O heimatlos é aquele que possui mais de uma nacionalidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 129. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 130. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não possui competência para
analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará, de modo que o monitoramento
dos direitos assegurados por esse tratado fica a cargo apenas da Comissão Interamericana.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 131. Ao contrário do sistema global de proteção dos direitos humanos, em
que não há um instrumento jurídico específico de hard law sobre a matéria, no sistema
interamericano de direitos humanos há uma Convenção voltada exclusivamente para a
proteção dos direitos humanos das pessoas idosas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 132. O Brasil já aderiu o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criança a respeito do direito de petição das vítimas ao Comitê para os Direitos da Criança.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 133. O Caso Atala Riffo, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
em 2012, se notabilizou por ter sido o primeiro precedente da Corte sobre proteção do direito
à diversidade sexual.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 134. Surpreendendo negativamente toda a comunidade jurídica e política
internacional, e em especial entidades e grupos de defesa dos direitos humanos da
comunidade LGBTI, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em julgamento proferido
no ano de 2016, decidiu que os Estados possuem uma margem de apreciação para decidirem
se o benefício de pensão por morte pode ser concedido a pessoas do mesmo sexo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 135. Conforme decidiu recentemente a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, no julgamento do Caso Flor Freire vs. Equador, a orientação sexual não deve ser
fator determinante para selecionar quem deve ou não ser membro das Forças Armadas.
ccCERTO ccERRADO
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E
GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA
QUESTÃO 136. Uma norma jurídica pode ter um caráter geral, como o tipo que dispõe acerca
do homicídio (art. 121 do Código Penal), ou individual, como a sentença do magistrado que
condena determinado agente pela prática do delito em questão.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 137. Em uma das abordagens possíveis do fenômeno jurídico, pode-se dizer que
as normas jurídicas não existem sozinhas, mas apenas em relações específicas entre si.
Dentro desta concepção, não surgem problemas relativos à coerência do sistema jurídico.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 138. As antinomias jurídicas podem ser sanadas por critérios da hierarquia,
especialidade e temporal.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 139. Uma das consequências do dogma da completude do ordenamento jurídico
é a proibição do non liquet.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 140. Assim como certas sanções aplicadas por grupos sociais, como uma
censura social em razão de uma conduta considerada imoral, as sanções jurídicas são
consideradas externas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 141. De acordo com o modelo clássico de soberania de autores como Thomas
Hobbes e Jean Bodin, é admissível a divisão da soberania entre diversos órgãos ou poderes.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 142. Um dos elementos necessários para que certo agrupamento humano seja
considerado uma sociedade é a existência de uma finalidade social.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 143. Um agrupamento humano com uma finalidade própria, que promova
manifestações coletivas ordenadas e se submeta a um poder, é considerado uma sociedade.
Estes grupos podem adquirir uma feição de sociedade política, mas em razão deste aspecto
coletivo que as caracteriza, não podem ser sociedades de fins particulares.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 144. Há um consenso na ciência política acerca da imprescindibilidade do estudo
da finalidade do Estado.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 145. A finalidade do Estado brasileiro deve ser procurada não em textos escritos
ou legislativos, mas sim nas práticas do dia a dia da população.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 146. É possível uma aproximação entre a sociologia jurídica e o direito natural
na medida em que ambos rejeitam a ideia de que a lei possa ser pensada apenas do ponto
de vista da autoridade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 147. A sociologia jurídica admite que, dentro de um determinado agrupamento
social que coincida territorialmente com o próprio Estado podem existir agrupamentos
sociais particulares, como grupos familiares, clãs, classes sociais etc.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 149. A sociologia do direito, bem como a dogmática jurídica, admite que grupos
dentro de certa sociedade podem possuir ordens jurídicas particulares.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 150. Dentro da tradicional dicotomia entre direito e moral, pode-se dizer que o
segundo campo é o objeto por excelência de grupos sociais extra-estatais.
ccCERTO ccERRADO
COMENTÁRIO
A Lei 6.015/73, Lei de Registros Públicos, foi alterada semana passada (26/04/17) pela Medida
Provisória 776/17 e gostaria de chamar à atenção de vocês, pois o tema pessoas naturais/registro
está expresso no edital do último concurso de Defensor Público Federal. Ademais, precisamos
estar atualizados com as recentes alterações legislativas, diante da alta probabilidade de aparecer
na prova.
Na sequência, peço o cuidado de vocês para o novo § 5º do mesmo dispositivo legal: § 5º Na hipótese
de adoção iniciada antes do registro do nascimento, o declarante poderá optar pela naturalidade
Para conhecimento de todas as alterações promovidas pela MP 776/17, remeto vocês à leitura do
texto legal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv776.htm
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Consoante leciona Flavio Tartuce, “a responsabilidade pressuposta pode ser resumida nas
seguintes palavras: deve-se buscar, em um primeiro plano, reparar a vítima, para depois
verificar-se de quem foi a culpa, ou quem assumiu o risco. Com isso, o dano assume o papel
principal no estudo da responsabilidade civil, deixando de lado a culpa. Ademais, pela tese,
pressupõe-se a responsabilidade do agente pela exposição de outras pessoas a situações de
risco ou de perigo, diante de sua atividade (mise en danger). (...) Trata-se de uma otimização
da regra constante do art. 927, parágrafo único, do Código Civil (...)”. (TARTUCE, Flávio.
Direito Civil. V.2: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense.
2017. p. 376/378). (nossos grifos)
GABARITO: CERTO
A responsabilidade civil objetiva indireta determina que os pais responderão pelos atos
praticados pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia,
independentemente da comprovação de culpa destes.
COMENTÁRIO
Insisto com vocês na responsabilidade civil, pois o tema esteve muito presente nas últimas
provas para Defensor Público Federal. O artigo 932 do Código Civil enumera algumas hipóteses
de responsabilidade civil por atos praticados por terceiros, também chamada pela doutrina de
responsabilidade civil objetiva indireta ou por atos de outrem (importante conhecer os sinônimos
de institutos conhecidos), dentre as quais, a responsabilidade dos pais, vejamos: “Artigo 932. São
também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia”.
A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva, todavia, para
sua configuração é necessário que se comprove a culpa dos filhos no ato ilícito, sendo assim
denominada objetiva impura ou indireta. Eis o erro da questão.
Enunciado 590/CJF: A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, prevista no
art. 932, inc. I, do Código Civil, não obstante objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta
imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a sua responsabilização.
GABARITO: ERRADO
De acordo com o Código Civil, na cessão de crédito o devedor precisará consentir com a
transmissão.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8. Modalidades das obrigações. 8.1. Efeitos das obrigações. 8.2. Cessão
de crédito.
“A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático,
gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo
ou em parte, a sua posição na relação obrigacional”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.2: Direito
das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 340).
De acordo com o artigo 290 do CC: A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor,
senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita. Cuidado com pegadinhas! Pela leitura atenta do
dispositivo em tele, extrai-se que na cessão de crédito o devedor não precisará consentir com
a transmissão. Ou seja, a cessão independe da anuência/concordância do devedor, todavia, a
cessão não terá eficácia se o devedor dela não for notificado. Vale frisar, referida notificação pode
ser judicial ou extrajudicial, não exigindo a lei requisitos formais. Como bem nos lembra Tartuce, na
obra citada, o dispositivo admite inclusive a notificação presumida, pela qual o devedor, em escrito
público ou particular, declara-se ciente da cessão feita. Aliás, após essa notificação presumida o
devedor não poderá alegar o contrário, o que é aplicação da máxima venire contra factum proprium,
que veda que a pessoa caia em contradição por conduta que ela mesma praticou (princípio da boa-
fé objetiva e teoria dos atos próprios – vedação do comportamento contraditório)”.
Por fim, não devemos confundir cessão de crédito com pagamento com sub-rogação, institutos
díspares. A fim de dirimir qualquer dúvida, reproduzo quadro esquemático:
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Consoante artigo 299 do CC, é facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o
consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o credor ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar
prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como
recusa.
Na assunção de dívida, o velho ditado popular “quem cala, consente” não é aplicado, portanto,
cuidado! O consentimento do credor na cessão de débito é imperioso, tendo em vista que o
patrimônio do devedor é a garantia da satisfação do crédito, sendo o silêncio qualificado como
GABARITO: ERRADO
O contrato aleatório emptio spei é aquele em que o risco está adstrito à quantidade da coisa
negociada, já o contrato aleatório emptio rei speratae diz respeito à própria existência da
coisa objeto do negócio.
COMENTÁRIO
A doutrina conceitua o contrato aleatório como aquele em que “a prestação de uma das partes não
é conhecida com exatidão no momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da
sorte, da álea, que é um fator desconhecido”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.3: Teoria Geral dos
Contratos e Contratos em Espécie. 12ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 43)
O Código Civil consagra duas espécies de contratos aleatórios, disciplinadas nos artigos 458 e
459, vejamos:
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de
não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o
que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do
avençado venha a existir. (Contrato aleatório emptio spei)
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco
de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço,
desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade
inferior à esperada. (Contrato aleatório emptio rei speratae)
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá
o preço recebido.
Ainda de acordo com a obra citada, “o contrato aleatório emptio spei (art. 458/CC) é a hipótese
em que um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria existência da coisa, sendo
ajustado um determinado preço, que será devido integralmente, mesmo que a coisa não exista
no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte. No caso de compra e venda, essa
forma negocial pode ser denominada venda da esperança. Por sua vez, o contrato aleatório
emptio rei speratae (art. 459/CC) é a hipótese em que o risco versa somente em relação à
quantidade da coisa comprada, pois foi fixado pelas partes um mínimo como objeto do negócio.
Nessa espécie de contrato aleatório, a parte terá direito a todo o preço, desde que de sua parte
não tenha concorrido culpa, ainda que venha a existir em quantidade inferior a esperada. Mas, se
a coisa não vier a existir, alienação não haverá, e o alienante deverá devolver o preço recebido. Na
compra e venda trata-se da venda da esperança com coisa esperada”. O erro da questão está na
troca dos conceitos.
GABARITO: ERRADO
Danos morais coletivos configura-se por lesões à sociedade no seu nível de vida, tanto por
rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida.
COMENTÁRIO
Primeiro, danos sociais e danos morais coletivos não são sinônimos. A conceituação apresentada
pela questão é de danos sociais e não morais coletivos. O dano social é uma nova modalidade de
dano, proposta pelo professor titular da Universidade de São Paulo, Antônio Junqueira de Azevedo,
o qual afirma: “os danos sociais, por sua vez, são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto
por rebaixamento de seu patrimônio moral, principalmente a respeito da segurança, quanto por
diminuição na qualidade de vida”.
Acerca do tema, Enunciado 456 do CJF: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos
individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais
homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas.
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
É nula, por configurar julgamento extra petita, a decisão que condena a parte ré,
de ofício, em ação individual, ao pagamento de indenização a título de danos sociais
em favor de terceiro estranho à lide. Inicialmente, cumpre registrar que o dano social
vem sendo reconhecido pela doutrina como uma nova espécie de dano reparável,
decorrente de comportamentos socialmente reprováveis, pois diminuem o nível social
de tranquilidade, tendo como fundamento legal o art. 944 do CC. Desse modo, diante da
ocorrência de ato ilícito, a doutrina moderna tem admitido a possibilidade de condenação
ao pagamento de indenização por dano social, como categoria inerente ao instituto da
responsabilidade civil, além dos danos materiais, morais e estéticos. (...) os danos sociais
são admitidos somente em demandas coletivas e, portanto, somente os legitimados
para propositura de ações coletivas têm legitimidade para reclamar acerca de supostos
danos sociais decorrentes de ato ilícito, motivo por que não poderiam ser objeto de ação
individual. (Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 12/11/2014. nossos os
grifos)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5. Modalidades contemporâneas de família. 5.1. União estável. (...) 11.
Sucessões. (...) 11.2. Herdeiros.
Referido dispositivo legal sempre foi alvo de duras críticas pela doutrina, pois, em apertada síntese,
ao estabelecer tratamento sucessório diferenciado entre companheiros e cônjuges (artigo 1.829/
CC), estaria violando a CR/88 e os princípios da dignidade humana, igualdade e da proteção da
família.
Instado a se manifestar acerca do tema, o STF iniciou o julgamento do RE 878694, no qual, até o
momento, sete ministros votaram pela inconstitucionalidade da indicada norma, por entenderem
que a CR/88 garante a equiparação entre regimes da união estável e do casamento no tocante
ao regime sucessório. Atualmente, o julgamento encontra-se suspenso pelo pedido de vista do
ministro Dias Toffoli, eis o erro da questão. Dessa maneira, inexistindo formalmente uma decisão
final do STF, o artigo 1.790 do CC ainda é válido e continua sendo cobrado em provas. Peço que
acompanhem o indicado julgamento e memorizem o artigo 1790 do CC, pois, certamente, será
objeto de questionamento no próximo concurso de Defensor Público Federal.
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6095/Julgamento+do+STF+tem+sete+votos+a+fa-
vor+pela+inconstitucionalidade+do+artigo+1.790%2C+que+prevê+diferenças+entre+-
cônjuge+e+companheiro+quanto+à+herança
http://www.ibdfam.org.br/noticias/na-midia/13019
GABARITO: ERRADO
A retrovenda é uma cláusula especial inserida no contrato de compra e venda, pela qual o
vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de reaver o bem, no prazo decadencial
máximo de três anos.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...) 9.2.
Compra e venda.
Dispõe o artigo 505 do CC: “O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-
la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando
as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuarem com a
sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias”.
Importante destacar, o dispositivo legal em estudo afirma, o direito de retrato pode ser exercido
no prazo decadencial máximo de três anos, o que significa que as partes poderão pactuar prazo
inferior para o exercício da retrovenda.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Conforme estudada na rodada pretérita, a boa-fé objetiva (artigo 422 do CC), pode ser conceituada
como um conjunto de deveres exigidos nos negócios jurídicos, impondo aos contratantes um
compromisso, essencialmente, de fidelidade e cooperação nas suas relações. Na continuação, um
dos desdobramentos da boa-fé objetiva, apresentado pela doutrina e seguido pela jurisprudência,
é o tu quoque.
Como leciona a doutrina, “a parte que sempre infringiu uma regra obrigacional não pode invocar
esta mesma regra em seu favor. Aquele que despreza a norma não pode dela se aproveitar”.
(Cristiano Chaves de Farias. Luciano Figueiredo. Marcos Ehrhardt Júnior. Wagner Inácio Dias.
Código Civil para Concursos. 5ª ed. 2017. JusPodivm) – (grifamos). Dessa maneira, está vedado
que alguém faça contra o outro o que não faria contra si mesmo.
Vale lembrar ainda, o Enunciado 412 do CJF: “As diversas hipóteses de exercício inadmissível de
uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra factum
proprium, são concreções da boa-fé objetiva”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 11. Acerca das modalidades contemporâneas de família, julgue o item abaixo:
COMENTÁRIO
Nos dias de hoje, inexiste um conceito único de família, capaz de abranger todas as relações
intersubjetivas verificadas no cotidiano. Por tal razão, atualmente, diz-se que a definição de família
está atrelada ao reconhecimento do afeto entre seus membros. “Para essa nova tendência de
identificar a família pelo seu envolvimento afetivo surgiu um novo nome: família eudemonista,
que busca a felicidade individual, por meio da emancipação de seus membros. (...) A absorção do
princípio eudemonista pelo ordenamento legal altera o sentido da proteção jurídica da família,
deslocando-o da instituição para o sujeito, como se infere da primeira parte do § 8º do art. 226
da CF: o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram”.
(DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais.
2016) – (grifamos)
Diante de novas bases, despontam novos modelos de família, sendo um deles a denominada
família mosaico/composta, nos exatos termos apresentados na questão. Ainda, de acordo com a
doutrina acima citada, “a especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído
por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para
a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: os meus,
os teus, os nossos”.
GABARITO: CERTO
área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo
urbano informal consolidado.
COMENTÁRIO
A recente Medida Provisória 759/16, dispõe, entre outros assuntos, acerca da regularização
fundiária rural e urbana. Referida medida provisória promoveu alterações em diversos diplomas
legais, dentre os quais, a Lei 11.977/09 (Programa Minha Casa, Minha Vida –PMCMV), Lei 8.666/93
(Licitações), MP 2.220/01 (Concessão de Uso Especial de Moradia), etc.
De acordo com o artigo 21, da MP 759/16: “A legitimação fundiária constitui forma originária de
aquisição do direito real de propriedade, conferido por ato discricionário do Poder Público àquele
que detiver área pública ou possuir área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação
urbana, integrante de núcleo urbano informal consolidado”. Isto é, o erro da questão está justamente
em afirmar que a legitimação fundiária constitui forma derivada de aquisição de direito real de
propriedade, quando, na verdade, é forma originária.
Apenas para relembrar, a propriedade admite formas de aquisição originárias e derivadas. “Nas
formas originárias, há um contato direto da pessoa com a coisa, sem qualquer intermediação
pessoal. Nas formas derivadas, há intermediação subjetiva, ou seja, por uma ou mais pessoas.
(...) nas formas originárias a pessoa que adquire a propriedade o faz sem que esta tenha as
características anteriores, de outro proprietário. Didaticamente, pode-se afirmar que a propriedade
começa do zero, ou seja, é “resetada”. É o que ocorre na usucapião, por exemplo. Já nas formas
derivadas, há um sentido de continuidade da propriedade anterior, como se dá na compra e venda”.
(TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p.
106) – (grifamos)
A par de todas às críticas enfrentadas pela novel MP 759/16 é importante um estudo detido de suas
disposições, pois, muito provavelmente, ela aparecerá na prova de vocês. Segue o link: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Mpv/mpv759.htm
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Para rememorar, “o usufrutuário que, como o próprio nome já diz, tem os atributos de usar (ou
utilizar) e fruir (ou gozar) a coisa, (...) são os atributos diretos, que formam o domínio útil. Diante
do fracionamento dos atributos da propriedade, o usufrutuário mantém a posse direta sobre o
bem, tendo o contato corpóreo imediato. A outra parte é o nu-proprietário, que tem os atributos
de reivindicar (ou buscar) e dispor (ou alienar) a coisa (...). É assim chamado justamente por estar
despido dos atributos diretos, relativos ao domínio útil, que estão com o usufrutuário. Tem
a posse indireta ou imediata da coisa, diante do exercício do direito real”. (TARTUCE, Flávio.
Direito Civil. V.4: Direito das Coisas. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 2017. p. 246/247) – (grifamos)
Ainda, de acordo com a obra citada, “O usufruto convencional deducto geralmente é utilizado
como forma de planejamento sucessório. Assim, é comum na prática, no caso de falecimento de
um dos cônjuges que possuem relevante patrimônio imobiliário, dividir os imóveis em lotes, que
serão escolhidos ou sorteados entre os filhos, a quem se atribui a nua propriedade, dividida de
forma equânime e nos limites da proteção da legítima. Tal divisão é efetivada por meio de doação
do sobrevivente ou testamento do falecido. O cônjuge supérstite mantém o usufruto vitalício dos
bens imóveis e, quando do seu falecimento, este é extinto. Percorrendo tal caminho, são evitados
maiores conflitos entre os filhos, pois, quando do falecimento do segundo ascendente, todos os
bens já estão divididos”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 14. Sobre os defeitos dos negócios jurídicos, julgue o item abaixo:
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 4. Fatos e atos jurídicos. 4.1. Forma, prova, modalidades, defeitos,
nulidade, anulabilidade, inexistência, ineficácia e consequência.
Dolo é todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro, com o propósito de
prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico. O dolo, vício do negócio jurídico,
está disciplinado a partir do artigo 145 do CC, dispondo este: São os negócios jurídicos anuláveis
por dolo, quando este for a sua causa (dolo essencial/substancial/principal). Nesse ponto,
importante lembrar, o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo (artigo 146 do CC).
Ou seja, o dolo acidental não é causa de anulabilidade do negócio jurídico (plano da validade),
repercutindo apenas na sua eficácia, gerando o dever de satisfação das perdas e danos.
O dolo enantiomórfico, nada mais é do que o conhecido dolo recíproco, bilateral ou compensado,
não sendo causa de anulabilidade do negócio jurídico. É a situação em que ambas as partes
agem dolosamente, uma tentando prejudicar a outra, mediante o emprego de artifícios ardilosos.
Consoante o artigo 150 do CC: Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-
lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
“Em regra, haverá uma compensação total dessas condutas movidas pela má-fé, consagração da
regra pela qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza (nemo auditur propriam turpitudinem
allegans), inclusive se presente de forma recíproca. Segundo o art. 150 do CC/2002, não podem
as partes alegar os dolos concorrentes, permanecendo incólume o negócio jurídico celebrado, não
cabendo qualquer indenização a título de perdas e danos. (...) De toda sorte, se os dolos de ambos
os negociantes causarem prejuízos de valores diferentes, pode ocorrer uma compensação parcial
das condutas, o que gera ao prejudicado em quantia maior o direito de pleitear perdas e danos da
outra parte”. (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. V.1: Lei de Introdução e Parte Geral. 13ª ed. Rio de
Janeiro. Forense. 2017. p. 351.)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O dano moral objetivo, presumido ou in re ipsa, independe de prova do prejuízo moral, bastando
a simples causação do ato violador. O STJ tem reiteradamente afirmado, nos casos de lesão a
valores fundamentais protegidos pela Constituição Federal, o dano moral dispensa a prova de
sentimentos humanos desagradáveis, presumindo-se o prejuízo. Ou seja, sempre que demonstrada
a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana, dispensa-se a comprovação de dor
e sofrimento para configuração de dano moral.
(...) De início, cumpre salientar que o STJ já decidiu que as crianças, mesmo da mais tenra idade,
fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, assegurada a indenização pelo dano
moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/02.
(REsp 1.037.759-RJ, 3ª Turma, DJe 5/3/2010). Da legislação aplicada à espécie, arts. 186 e 927 do
CC/02, extrai-se que aquele que violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito e deve repará-lo. Na doutrina, a reparabilidade dos danos morais exsurge
no plano jurídico a partir da simples violação (ex facto), i.e., existente o evento danoso surge
a necessidade de reparação, observados os pressupostos da responsabilidade civil em geral.
Uma consequência do afirmado acima seria a prescindibilidade da prova de dano em concreto à
subjetividade do indivíduo que pleiteia a indenização. De fato, em diversas circunstâncias, não
é realizável a demonstração de prejuízo moral, bastando a simples causação do ato violador
e, nesse sentido, fala-se em damnun in re ipsa. Ao analisar a doutrina e a jurisprudência, o que
se percebe não é a operação de uma presunção iure et de iure propriamente dita na configuração
das situações de dano moral, mas a substituição da prova de prejuízo moral – em muitas situações,
incabível – pela sensibilidade ético-social do julgador. (...) Em outra vertente, vale destacar que a
Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziram na nossa cultura
jurídica uma nova percepção, inspirada pela concepção da criança e do adolescente como sujeitos
de direitos e cuidados especiais. Nesse sentido, os arts. 227 da CF/88 e 17 da Lei n. 8.069/90,
asseguram a primazia do interesse das crianças e dos adolescentes, com a proteção integral dos
seus direitos. Sob outro viés, a sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite
concluir que os sentimentos de inferioridade, dor e submissão, sofridos por quem é agredido
injustamente, verbal ou fisicamente, são elementos caracterizadores da espécie do dano moral
in re ipsa. Logo, a injustiça da conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra
uma criança ou adolescente, independe de prova e caracteriza atentado à dignidade dos
menores. (REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 7/2/2017,
DJe 13/2/2017) – (grifamos)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O artigo 1.023 do CC estabelece: Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem
os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de
responsabilidade limitada. Pois bem, diante do indicado dispositivo legal, o STJ no REsp 1398438
(julgado em 04/04/2017), entendeu que a hipótese de responsabilização subsidiária dos sócios para
a quitação de obrigações assumidas pela pessoa jurídica não se aplica ao caso de associações
civis sem fins lucrativos. Ainda, de acordo com o entendimento adotado pelo Tribunal da Cidadania,
a regra prevista no artigo 1.023 do Código Civil foi pensada especificamente para as sociedades
empresariais, de modo a estabelecer a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas dívidas
contraídas pela sociedade. Tal conceito, não pode ser estendido às associações civis, já que estas
são criadas para fim específico e têm características diferentes.
GABARITO: ERRADO
Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
COMENTÁRIO
dos cônjuges casados sob o regime de comunhão universal, fica bastante difícil individualizar a
contribuição de cada um para o capital da sociedade, razão pela qual, na verdade, nem sempre
haveria de fato dois sócios, mas apenas um. Por outro lado, no regime da separação obrigatória,
alguns bens dos cônjuges, que deveriam estar separados por determinação legal, restariam unidos
por força do contrato de sociedade firmado. Em suma: a possibilidade de contratação de sociedade
entre cônjuges casados sob um desses dois regimes de bens poderia de certa forma transmudar o
regime matrimonial adotado. Mas as críticas, como dito, são fortes e muito pertinentes. Afinal,
no regime de comunhão universal há bens que não se comunicam (art. 1.668 do Código Civil),
e no regime de separação obrigatória admite-se a aquisição de bem em condomínio”. (RAMOS,
André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014.
grifamos).
Enunciado 204/CJF. Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o
regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades
constituídas após a vigência do Código Civil de 2002.
GABARITO: CERTO
A EIRELI e a sociedade limitada podem adotar firma ou denominação como nome empresarial.
COMENTÁRIO
A firma, que pode ser individual ou social, é formada por um nome civil, ou seja, pelo nome do
próprio empresário (na firma individual), pelo nome do titular (EIRELI) ou pelo nome de um ou mais
sócios (sociedades empresárias). Deve-se ressaltar, de acordo com o artigo 1.156 do CC, na firma
poderá (faculdade) ser indicado o ramo de atividade desenvolvida. Por sua vez, a denominação,
pode ser utilizada por algumas sociedades e pela EIRELI, sendo formada por qualquer expressão
(o que alguns doutrinadores chamam elemento fantasia) e a indicação do ramo de atividade, que,
neste caso, é obrigatória, conforme estabelece o artigo 1.158, § 2º, do CC.
Para o acerto da questão, basta o conhecimento de dois dispositivos legais: Art. 980-A. (...) §1º.
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. E o artigo 1.158 do CC:
Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final “limitada”
ou a sua abreviatura.
GABARITO: CERTO
A natureza trabalhista do crédito obsta que o credor requeira a falência do devedor, consoante
entendimento do STJ.
COMENTÁRIO
O artigo 97, inciso IV, da Lei 11.101/05 (LRF), dispõe: “Podem requerer a falência do devedor: [...]
IV - qualquer credor”. Com fulcro no dispositivo legal transcrito, o STJ entendeu que a natureza
trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor, vejamos: “(...)
verifica-se que o legislador conferiu ampla legitimidade ativa para o requerimento de decretação
de falência do devedor, de modo que, em princípio, estarão todos os credores aptos a fazê-lo.
Nessa linha, há doutrina no sentido de que o credor “é, por excelência, o titular da relação jurídica
falimentar. [...] A lei não distingue entre dívida civil, comercial, trabalhista ou fiscal, importando,
isso sim, que seja líquida, dando ensejo, repita-se, à ação executiva”. Em igual sentido, existem
doutrinadores pátrios que têm entendido que “a palavra ‘qualquer’, constante do inciso, sugere que
todos os credores, individualmente ou em conjunto, podem requerer a falência do devedor. Incluir-
se-iam, nesse rol, os credores civis, comerciais, trabalhistas e fiscais”. Assim, adota-se corrente
doutrinária que sustenta que: “Credores trabalhistas, fiscais, acidentários podem em tese
requerer a falência do devedor desde que possuam o título executivo pertinente, seja ele
judicial ou extrajudicial e esteja protestado para fins falimentares. Neste caso, é possível o
pedido de falência com base no art. 94, I, da LRF. Há, também, a possibilidade do pleito de falência
com base no art. 94, II, quando superveniente uma execução frustrada”. (REsp 1.544.267-DF, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 23/8/2016, DJe 6/9/2016. grifamos).
GABARITO: ERRADO
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
COMENTÁRIO
Relembradas as bases conceituais das sociedades limitadas, de acordo com o artigo 1.055 do CC:
Na sociedade limitada, o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma
ou diversas a cada sócio (artigo 1.055/CC). E ainda, na sociedade limitada, a responsabilidade
de cada sócio é restrita ao valor das suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social (art. 1.052 do CC), nos exatos termos da questão apresentada.
“Por fim, merece destaque o fato de que os sócios de uma sociedade limitada são
solidariamente responsáveis pela integralização do capital social, razão pela qual pode
o credor da sociedade – uma vez exaurido o patrimônio da pessoa jurídica e verificada
a não integralização total do capital social – executar qualquer dos sócios quotistas,
ainda que um deles já tenha integralizado a parte que lhe cabe. (...) Estabelece-se,
pois, uma solidariedade interna entre os quotistas, podendo um deles, ainda que tenha
integralizado a sua respectiva parte, ser executado por credores da sociedade, se algum
dos demais não tiver ainda integralizado a sua quota”. (RAMOS, André Luiz Santa Cruz.
Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro. Método. 2014)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A súmula 469 do STJ afirma, “aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde”. Entretanto, o próprio STJ afasta a incidência do CDC nos contratos de plano de
saúde administrados por entidade de autogestão, aplicando aqui, a mesma ratio decidendi
veiculada para a não aplicação do diploma consumerista para as entidades fechadas de previdência
complementar (estudada na rodada passada), diante da coincidência de características entre as
entidades.
Os planos de autogestão são assim denominados dada a opção feita pela empresa empregadora
em assumir a responsabilidade pela gestão e pelo fornecimento de serviços de assistência
médico-hospitalar, seja por meio de rede própria seja por meio de convênios ou quaisquer tipos
de associação com as empresas que fornecerão, de fato, o serviço. As operadoras de planos de
saúde de autogestão, assim como as operadoras comerciais, celebram contratos cujo objeto é a
assistência privada à saúde, entretanto, apenas as comerciais operam em regime de mercado,
podendo auferir lucro das contribuições vertidas pelos participantes, razão pela qual, não pode
ser aplicado o conceito de fornecedor, estabelecido no artigo 3º do CDC, às operadoras de
plano de saúde que operam em regime de autogestão.
Dessa maneira, assim como ocorre nos casos de entidades de previdência privada fechada, os
valores alocados ao fundo comum obtidos nas entidades de autogestão pertencem aos participantes
e beneficiários do plano, de modo que todo excedente do fundo de pensão é aproveitado em favor
de seus próprios integrantes. Diante do exposto, conclui-se, as regras do Código Consumerista,
mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial, não se aplicam
às relações envolvendo entidades de planos de saúde constituídas sob a modalidade de
autogestão.
GABARITO: ERRADO
É ilegal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal e impõe ao consumidor, após tal prazo, a
procura de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto
à existência do vício, pois violadora do artigo 18, § 1º, do CDC, que estabelece o prazo de 30
dias para troca.
COMENTÁRIO
De acordo com o artigo 18 do CDC: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício
sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço”.
De acordo com o STJ, não existe no CDC norma cogente que confira ao consumidor um direito
potestativo de ter o produto trocado antes do prazo legal de 30 dias, estabelecido no dispositivo legal
em destaque. Ou seja, constatado o defeito, concede-se primeiro a oportunidade de o fornecedor
sanar o vício do produto no prazo máximo de 30 dias, podendo fazer uso de assistência técnica,
caso não seja resolvido o problema, o consumidor poderá exigir, alternativamente e a sua escolha,
as opções elencadas no §1º, do artigo 18 do CDC.
Dessa maneira, é legal a conduta do fornecedor que concede apenas 3 dias para troca de produtos
defeituosos, a contar da emissão da nota fiscal, e impõe ao consumidor, após tal prazo, a procura
de assistência técnica credenciada pelo fabricante para que realize a análise quanto à existência
do vício. (REsp 1.459.555-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em
14/2/2017, DJe 20/2/2017).
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre
que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer
a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Estabelece o artigo 36, caput, do CDC: “A publicidade dever ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal”, denominado pela doutrina de Princípio
da Identificação da Publicidade, não se admitindo a publicidade clandestina ou subliminar, visando
sempre à proteção do consumidor, de modo a torná-lo consciente de que é o destinatário de
uma mensagem publicitária, tendo facilmente condições de identificar o fornecedor, assim como o
produto/serviço oferecido.
Por seu turno, a prática de teaser pode ser entendida como a mensagem que visa criar expectativa
ou curiosidade no público, podendo prescindir da identificação do anunciante, do produto ou do
serviço. Ou seja, é o chamado anúncio do anúncio, no qual são utilizados artifícios de atração,
criando uma expectativa ou curiosidade em relação aos produtos/serviços que serão lançados.
Ex.: publicidade de veículo que utiliza a expressão “ele está chegando”, sem apontar o modelo.
Tratando-se de parte de anúncio publicitário, a prática de teaser não é vedada pelo CDC, sendo
sua utilização admissível, desde que não configure publicidade enganosa ou abusiva, servindo o
Código Consumerista como mecanismo de controle.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O artigo 49 do CDC estabelece: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar
de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento
previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados”. O que convencionou-se chamar de
direito de arrependimento ou prazo de reflexão.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Cuidado com pegadinhas! De acordo com a Súmula 543 do STJ: Na hipótese de resolução de contrato
de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente,
em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha
sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que: (...) II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já
paga, nos casos previstos neste código; (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com
a boa-fé ou a equidade;
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações,
bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em
razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado”. Ou
seja, é nula de pleno direito a chamada cláusula de decaimento.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 26. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de exportação
de animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou protegidos por
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
COMENTÁRIO
Esta controvérsia foi recentemente dirimida pelo Supremo Tribunal Federal. Os Ministros da Corte
Constitucional brasileira entenderam pela competência da Justiça Federal para julgar o crime em
estudo, uma vez que o Estado brasileiro é signatário de diversas convenções internacionais acerca
do tema e a conduta em comento foi praticada de forma transnacional, incidido o artigo 109, IV, da
Constituição Federal. Deste modo, o Supremo Tribunal Federal aprovou a seguinte tese em sede
de repercussão geral: “compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter
transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção, espécimes exóticas, ou
protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil” (STF, RE 835558).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ordinariamente, uma das características elencadas pela doutrina de direito administrativo acerca
do poder de polícia é a sua discricionariedade, uma vez que o agente público atuaria à luz de uma
análise acerca da conveniência e oportunidade de determinada ação. No entanto, as normas de
direito ambiental são em sua grande maioria indisponíveis, uma vez que tutelam um interesse
transindividual de titularidade de todo indivíduo. Desta forma, em razão dos valores ambientais
envolvidos, a doutrina ambientalista entende que o poder de polícia ambiental é vinculado,
diferenciando-se, portanto, do poder de polícia estudado na matéria de direito administrativo. Sobre
este tema, vejamos a lição de Frederico Amado:
“Assim sendo, que é vasta a legislação que rege o poder de polícia ambiental, é indene
de dúvidas a sua natureza vinculada, em regra, normalmente inexistindo conveniência e
oportunidade na sua exteriorização, mesmo porque é dever do Poder Público promover
a conservação do meio ambiente, à luz do Princípio da Natureza Pública da Proteção
Ambiental”. (AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 7ª ed. São Paulo:
Método, 2016, pp. 138)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Segundo a Súmula 467 do STJ: “Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental.”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Segundo o artigo 225 da Constituição Federal de 1988: “Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
Ainda sobre este princípio, o professor Édis Milaré reconhece a existência de duas facetas (ou
dimensões), quais sejam, a solidariedade sincrônica e a solidariedade diacrônica. Elaborei um
quadro sinótico sobre este ponto com base na obra do Professor Milaré:
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 30. A obrigação civil de reparar o dano ambiental dentro de uma determinada
propriedade é de natureza propter rem.
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 31. O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma
que a ação pode ser manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos,
não mencionando os direitos difusos.
COMENTÁRIO
O cabimento de Mandado de Segurança Coletivo para a tutela de direitos difusos não é pacífico.
O artigo 21 da lei 12.016/09, que disciplina o Mandado de Segurança, afirma que a ação pode ser
manejada para tutela de direitos coletivos e individuais homogêneos, não mencionando os direitos
difusos:
“Art. 21. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim
entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.”
Como a questão requer o conhecimento da previsão legal, verifica-se, desde já, que a assertiva se
encontra correta.
O artigo 5º, LXX, “a”, da Constituição Federal, ao tratar da legitimidade do partido político, não
faz qualquer restrição quanto aos interesses a serem tutelados (LXX - o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional).
Com base nisso, forte parcela doutrinária defende o cabimento do remédio para os direitos difusos,
conferindo ao artigo 21 uma interpretação conforme a Constituição. Nesse sentido, se posicionaram
José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
pp. 458 – 459), Leonardo José Carneiro da Cunha (A fazenda pública em juízo. 8. ed. São Paulo:
Dialética, 2010. pp. 469 – 470), Teori Zavasck (ZAVASCKI, Teori. Processo coletivo. 6 ed. São
Paulo: RT, 2014. p. 193-194) e Alexandre de Moraes (Direito Constitucional. 31. ed. São Paulo:
Atlas S.A., 2015. pp. 177), todos mencionados no fundamento da decisão tomada na Medida
Cautelar Liminar em Mandados de Segurança Coletivos (34070 e 34071) pelo Ministro Gilmar
Mendes, que admitiu o manejo do MS Coletivo em direito difuso (polêmico caso envolvendo o ex-
presidente Lula). Assim, tratando-se de garantia constitucional, não poderia o legislador restringi-
la. Esta posição pode ser utilizada em provas, especialmente subjetivas e orais. Na primeira fase,
verifiquem se a questão pede a literalidade da lei ou aprofunda a questão. No segundo caso,
analisem com cuidado e lembre-se deste precedente e da posição doutrinária pelo cabimento do
MS para a tutela de direitos difusos.
GABARITO: CERTO
Acerca das condições da ação e do Código de Processo Civil de 2015, julgue as questões
abaixo:
COMENTÁRIO
O Código de Processo Civil de 2015 alterou o regramento das condições da ação, de forma que a
possibilidade jurídica do pedido deixou de ter previsão legal.
Nos termos do artigo 17 do CPC “para postular em juízo é necessário ter interesse (jurídico) e
legitimidade”.
O artigo 485, VI, por sua vez, dispõe que “o juiz não resolverá o mérito quando: verificar ausência
de legitimidade ou de interesse processual”.
Ou seja, os artigos não enumeram a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação.
Demais disso, o artigo 330 do Código não mais a enumera dentre as causas de inépcia da petição
inicial, como fazia o artigo 295, parágrafo único, do CPC de 1973.
Se um pedido é vedado pelo ordenamento (impossibilidade jurídica do pedido) deve ser julgado
improcedente por sentença que aprecia o mérito. Demais disso, no caso de formulação de pedido
que se sabe juridicamente impossível, este não trará utilidade ao autor, de forma que lhe faltará
utilidade e, portanto, interesse de agir.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 33. A expressão “condições da ação” foi suprimida pelo Código de Processo
Civil de 2015.
COMENTÁRIO
A expressão “condições da ação” era prevista, unicamente, no artigo 267, VI, do CPC de 1973, que
tratava da extinção do processo sem resolução do mérito quando ausentes as condições da ação
(àquela época a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual).
“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade
ou de interesse processual”.
O novo código, portanto, suprimiu o termo “condições da ação” de seu texto. Diante disso, parcela
considerável da doutrina passou a afirmar que o código acabou com a categoria das condições da
ação, passando a legitimidade para a causa e o interesse processual a figurar como pressupostos
processuais. Nesse sentido:
“O art. 267, VI, do CPC/1973, era o único dispositivo de lei que previa a expressão
‘condições da ação’ e que foi suprimida pelo artigo 485, VI, do CPC/2015. Resta então
uma indagação: teria o código desejado exterminar a categoria condições da ação,
deixando a legitimidade para a causa e o interesse processual como mero pressupostos
processuais? Parece-nos que sim. O CPC/2015 foi enfático, em seu silêncio, ao não
mencionar o termo ‘condições da ação’ em nenhum de seus 1.072 artigos. Aos demais,
pode-se alocar a legitimidade ad causam e o interesse de agir entre os pressupostos
processuais, como pressuposto de validade subjetivo e pressuposto de validade objetivo
intrínseco, respectivamente”. (BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre. MACEDO, Daniel.
Novo código de processo civil – temas inéditos, mudanças e supressões. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 54-55).
Observação: Daniel Macedo, um dos autores da obra acima mencionada, é Defensor Público
Federal. Considero, também por isso – já que a qualidade da obra é indiscutível – que o livro deve
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 34. Apenar de o Código de Processo Civil de 2015 ter suprimido a expressão
“condições da ação” de seu texto, parcela da doutrina defende que ainda é possível extrai-la
do código, sendo composta pela legitimidade e interesse de agir.
COMENTÁRIO
Como vimos acima, forte parcela da doutrina defende a extinção das condições da ação, passando
a legitimidade e interesse de agir a figurar como pressupostos processuais, devendo a possibilidade
jurídica ser analisada como questão de mérito, consagrando a teoria abstrata do direito de ação e
o binômio pressupostos processuais-mérito.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O regramento é encontrado no artigo 23 do Código de Processo Civil, que enumera causas que
competem à autoridade brasileira, com exclusão de qualquer outra, sendo elas: I - relativas a
imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em
divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados
no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 36. Havendo previsão em tratado internacional do qual o Brasil seja signatário,
poderá ser reconhecida a litispendência entre tribunal estrangeiro e autoridade judiciária
nacional.
COMENTÁRIO
A regra geral, estabelecida pelo Código de Processo Civil, é no sentido de que “a ação proposta
perante tribunal estrangeiro não induz litispendência”. Vejamos:
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Reparem que o final da redação do artigo traz uma ressalva. Havendo tratado internacional ou
acordo bilateral em vigor no Brasil, a regra prevista na primeira parte restará afastada, ou seja, a
ação proposta perante tribunal estrangeiro poderá induzir litispendência e obstar que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.
“Artículo 394. La litis pendencia por pleito en otro de los Estados contratantes podrá
alegarse en materia civil cuando la sentencia que se dicte en uno de ellos haya de
producir en el otro los efectos de cosa juzgada”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 37. Supondo que, em ação relativa a imóveis situados no Brasil, o réu alegue, em
contestação, a existência de cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional. Neste caso, não competirá a autoridade judiciária brasileira o processamento
e o julgamento da ação.
COMENTÁRIO
O artigo 25 do Código de Processo Civil traz exceção legal à regra da competência internacional
concorrente, ao dispor que “não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação”.
As regras para competência internacional concorrente, que podem, portanto, ser excepcionadas,
encontram-se nos artigos 21 e 22 do Código. O artigo 23, por sua vez, traz os casos de competência
exclusiva.
“Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
Para essas (competência exclusiva, Art. 23), não se aplica a exceção prevista no artigo 25, conforme
se vê em seu parágrafo primeiro. Vejamos:
Portanto, ainda que exista cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional e isto seja arguido pelo réu na contestação, competirá à autoridade judiciária brasileira
o processamento e o julgamento da ação relativa a imóveis situados no Brasil, já que este tema é
matéria de competência exclusiva, nos termos do artigo 23, inciso I do CPC.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 38. Tramitando o processo em comarca que não seja sede de vara do juízo
federal, os autos serão remetidos ao juízo federal competente sempre que nele intervier
entidade autárquica federal.
COMENTÁRIO
Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se
nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de
fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, conforme
preleciona o artigo 45 do CPC. O próprio artigo excepciona desta regra às ações (1) de recuperação
judicial, (2) falência, (3) insolvência civil e (4) acidente de trabalho, assim como as sujeitas à (5)
justiça eleitoral e (6) à justiça do trabalho.
No parágrafo terceiro do mesmo artigo constitucional (109) encontramos outra exceção, a qual,
não obstante não mencionada expressamente pelo CPC, deve ser observada.
Tal parágrafo dispõe que “serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio
dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social
e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela
justiça estadual”.
Sendo assim, há casos onde mesmo intervindo entidade autárquica federal o processo permanecerá
no juízo estadual. Exemplo disso é a ação previdenciária proposta pelo segurado em face do INSS
em comarca de seu domicílio e que não seja sede de vara do juizado federal. Nestes casos, o juízo
estadual atua com competência federal delegada.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 39. O autor não pode alegar a incompetência relativa tendo em conta que, para
ele, se operou a preclusão.
COMENTÁRIO
A questão encontra-se correta, tendo em vista que o autor possui a oportunidade de se manifestar
a respeito da competência relativa já quando da propositura da demanda, sendo ilógico que, após
propor a ação no foro por ele escolhido, alegue incompetência por ele mesmo criada. Opera-se,
portanto, a preclusão lógica.
O réu, por sua vez, poderá excepcionar o juízo, pleiteando que a regra de determinada competência
relativa seja respeitada, com a consequente remessa do processo ao juízo competente. O momento
adequado para tanto é o da contestação.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Como visto, o réu poderá excepcionar o juízo, pleiteando que a regra de determinada competência
relativa seja respeitada, com a consequente remessa do processo ao juízo competente, na
contestação.
Sendo reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída
a contestação será considerado prevento, devendo designar nova data para a audiência de
conciliação ou de mediação, conforme preceitua os parágrafos do artigo supramencionado.
GABARITO: CERTO
Como anda a força de estudo? Lembrem-se de que nenhum tempo pode ser
perdido e do objetivo a ser conquistado. Tenham paciência e persistência, para
ler os materiais e para riscar os editais. Lembram-se do nosso conselho? Ao ver
um tema que nunca estudaram aqui no CEI, estudem-no completamente nos
seus livros, apostilas ou cadernos e risquem o tema no edital. Assim, vocês terão
ideia do quanto têm avançado na persecução do edital e, também (Deus queira!),
de quão mais perto estão de se tornarem Defensores Públicos Federais.
Já vamos para a terceira de nossas dez rodadas! Não se atrasem nas leituras.
Sigam firmes!
QUESTÃO 41. A imunidade de imprensa, que tem natureza subjetiva, recai sobre livros,
jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, bem como sobre livro eletrônico.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Sistema Tributário Nacional. (...) 9.2. Limitações ao poder de tributar.
Inicialmente, é importante lembrar que, de acordo com o artigo 150, VI, “d”, da Constituição da
República, é vedado aos entes federativos a instituição de impostos sobre “livros, jornais, periódicos
e o papel destinado à sua impressão.” Ao contrário das alíneas anteriores do artigo 150, VI, a
chamada imunidade de imprensa tem natureza objetiva, pois recai sobre coisas. Nesse sentido,
à luz do que decidiu o STF no RE 628122, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 19/06/2013, Eduardo
Sabbag ensina que “as imunidades objetivas, também denominadas reais, são aquelas instituídas
em virtude de determinados fatos, bens ou situações importantes para o bom desenvolvimento da
sociedade. Assim, referem-se aos impostos ditos reais - ICMS, IPI, II e IE. Os demais impostos
deverão incidir normalmente sobre os bens constantes da alínea ‘d’.” (SABBAG, Eduardo. Manual
de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 387).
No que diz respeito à abrangência do conceito de livro, é importante lembrar que o STF já tinha
posição firme no sentido de que estariam nele incluídas as apostilas e manuais técnicos (RE
183.403, Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 07/11/2000).
A questão sobre a extensão da imunidade aos livros eletrônicos chegou ao STF, tendo o Ministro
Dias Toffoli, em 2010, afastado tal imunidade, em decisão monocrática. (a título de curiosidade,
Sabbag (Op. Cit., p. 394) explica o caso: “o mencionado recurso extraordinário foi movido pelo
governo do Rio de Janeiro contra acórdão da justiça fluminense, que imunizara a editora Elfez
Edição Comércio e Serviços quanto ao pagamento de ICMS sobre a venda de CDs relativos à sua
Enciclopédia Jurídica Soibelman”). Entretanto, o Ministro reconsiderou sua decisão, submetendo a
decisão ao plenário, que, recentemente, no dia 08/03/2017, fixou, por unanimidade, a seguinte tese
para efeitos de repercussão geral: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88
aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-lo.” (RE 330817, Rel. Min. Dias Toffoli, j. em 08/03/2017, veiculado no Informativo nº 856).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito
dela decorrente.
Vê-se, portanto, que a obrigação principal diz respeito à prestação pecuniária, inclusive a
multa. Por outro lado, a obrigação acessória está ligada às obrigações de ação ou omissão
do contribuinte para facilitar a arrecadação ou fiscalização dos tributos.
Lembrem-se de que, mesmo quando o contribuinte não está obrigado a pagar determinado tributo
(ou seja, não tem obrigação principal), as obrigações acessórias subsistem de forma autônoma.
Essa regra já foi cobrada em diversos concursos.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Na ADI 1055, veiculada no Informativo nº 851, o STF decidiu pela inconstitucionalidade da Lei
nº 8.866/94, que permitia a prisão de depositário infiel de débitos tributários. Os fundamentos
para a declaração de inconstitucionalidade foram os seguintes: 1) violação ao princípio do devido
processo legal; 2) ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa e 3) violação às
Súmulas Vinculantes nº 28 e 25. O Informativo nº 851 pontua as disposições da lei declarada
inconstitucional: “a) cria a ação de depósito fiscal, com o escopo primordial de coagir, sob pena de
prisão, o devedor a depositar o valor referente à dívida na contestação, ou após a sentença, no
prazo de 24 horas; b) chancela a possibilidade de submeter o devedor a sofrer processo judicial de
depósito, sem que tenha ocorrido a finalização do processo administrativo fiscal; e c) dispõe sobre
a proibição de, em se tratando de coisas fungíveis, seguir-se o disposto sobre o mútuo (CC/1916,
art. 1280; CC/2002, art. 645), com a submissão do devedor a regime mais gravoso de pagamento,
em face dos postulados da proporcionalidade, do limite do direito de propriedade e do devido
processo legal.”
Assim, o Supremo considerou que essas disposições seriam desproporcionais, pois a Fazenda
Pública disporia de outros meios para a cobrança dos tributos, como a Execução Fiscal e a Medida
Cautelar Fiscal, ambas as quais têm ritos próprios previstos em lei.
O Supremo considerou, ainda, que “determinar que a contestação seja apresentada com o
depósito do numerário sob pena de revelia equivale a exigir depósito prévio como requisito de
admissibilidade de ação judicial, o que é manifestamente proibido pela Suprema Corte, nos termos
da Súmula Vinculante 28.”
Ademais, a Súmula Vinculante nº 25 dispõe que “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito.”
Interessante dado do julgamento foi o reconhecimento, pelo Ministro Gilmar Mendes, relator da
ADI, do dever fundamental de pagar tributos, que é o meio eficaz à consecução do amplíssimo
rol de direitos sociais (e mesmo dos direitos ditos de primeira dimensão1) previsto na Constituição
da República. Entretanto, na visão do Supremo, os meios escolhidos para cobrar os tributos devem
obedecer às três vertentes da proporcionalidade.
Vale lembrar que, no caso concreto, houve modulação dos efeitos da decisão, para que as ações
de depósito fiscal em curso fossem transformadas em ação de cobrança, de rito ordinário, abrindo-
se vista à Fazenda para requerer a adequação ou a extinção das referidas ações.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
1 Nesse sentido, é muito esclarecedora a leitura (para depois do concurso, é claro) do livro de Holmes e
Sunstein: The Cost of Rights - Why Liberty Depends on Taxes, em que os autores refletem que não apenas os direitos
prestacionais, mas também os direitos de abstenção do Estado, dependem do pagamento de tributos, para que o
Estado possa, por exemplo, aparelhar o sistema de segurança pública e, assim, as pessoas possam, efetivamente, ir
e vir.
Pelo princípio da legalidade (art. 5º, II, CRFB), previsto de forma específica para o Direito Tributário
no artigo 150, I, da CRFB, veda-se aos entes federados “exigir ou aumentar tributo sem lei que
o estabeleça.” Vale lembrar que a instituição de tributos se dá, em regra, por lei ordinária, tendo
a Constituição disciplinado os casos em que será necessária Lei Complementar - empréstimos
compulsórios, contribuições residuais, impostos residuais e IGF (arts. 148; 195, § 4º; 154, I e 153,
VII, da CRFB). (ATENÇÃO: é preciso conhecê-los de cor, bem como as implicações que a reserva
de lei complementar refletem na sistemática geral desses tributos, como a proibição de instituí-los
por medida provisória).
II - a majoração2 de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,
39, 57 e 65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.”
Da leitura do § 2º, percebe-se que a primeira parte da assertiva está correta: a atualização do
valor monetário da base de cálculo do tributo não é considerada majoração e, portanto,
2 Lembrar que a CF possui exceções ao princípio da legalidade no que diz respeito à majoração de tributos,
como a alteração das alíquotas de II, IE, IPI, IOF, redução e restabelecimento de CIDE-combustíveis e fixação de
alíquota de ICMS monofásico combustíveis - estudaremos a CIDE Combustíveis na próxima rodada.
pode ser realizada por ato infralegal (interpretando-se, a contrario sensu, o artigo 973).
Ricardo Alexandre adverte que “deve-se tomar cuidado para não confundir a atualização do valor
monetário da base de cálculo com o aumento desta mesma base de cálculo (este reservado à lei).”
(ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 132).
Em relação à segunda parte da assertiva, o enunciado nº 160 da Súmula do STJ dispõe que “é
defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial
de correção monetária.” Assim, a questão está correta.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 45. Em regra, a discussão da dívida ativa da Fazenda Pública deve ser realizada
no âmbito da execução fiscal. Essa regra, contudo, comporta exceções, como a ação
anulatória de débito fiscal, ajuizada pelo sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Caso
a ação anulatória seja proposta na pendência de processo administrativo sobre o mesmo
débito fiscal, nada impede que a discussão administrativa continue ocorrendo, paralelamente
ao litígio judicial.
COMENTÁRIO
Portanto, o referido dispositivo traz as exceções, ou seja, elenca as ações que podem ser propostas
para discutir a dívida ativa da Fazenda Pública, quais sejam: mandado de segurança, ação de
repetição de indébito e ação anulatória de débito fiscal.
De logo, é interessante notar que a parte final do dispositivo, que prevê que a ação anulatória deve
ser precedida do depósito do valor do débito é incompatível com a Súmula Vinculante nº 28, que já
discutimos brevemente na questão 43.
O erro da assertiva está na afirmação de que a discussão judicial pode ocorrer paralelamente
3 Ou seja: o que não está no artigo 97 nem na CF como sujeito à reserva de lei pode ser feito por ato infralegal.
Nesse sentido, por exemplo, o STF tem decidido que a fixação do prazo para recolhimento do tributo pode ser feita por
decreto.
à administrativa, pois o parágrafo único do artigo 38 da Lei de Execução Fiscal prevê que “a
propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder
de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.”
Kiyoshi Harada ensina que “respeitado o prazo quinquenal contra a Fazenda Pública, a ação pode
ser proposta a qualquer tempo: logo após a notificação do lançamento, no decorrer do procedimento
administrativo fiscal ou após a inscrição na dívida ativa.” (HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Atlas, 2017, p. 736).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Primeiramente, para deixar nossa conversa mais didática, diferenciemos crime permanente de
crime instantâneo de efeitos permanentes. No crime permanente, a consumação se estende ou
prorroga com o tempo até que o agente cesse a conduta delituosa. Importante perceber que no
crime permanente o agente tem o poder de fazer cessar a conduta criminosa. O exemplo mais
comum de crime permanente é o sequestro e cárcere privado. Já no crime instantâneo de efeitos
permanentes, diferente do crime permanente, a conduta criminosa não se estende ou prorroga no
tempo, mas os seus efeitos, sim, se submetem a uma continuidade temporal.
Foi a partir dessa classificação que os tribunais superiores – STF e STJ – pacificaram as suas
jurisprudências sobre o crime de estelionato previdenciário, que nada é do que o crime de estelionato
majorado por ser cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia
popular, assistência social ou beneficência (CP, art. 171, § 3º). Para os tribunais superiores, quando
a fraude é praticada por um terceiro – um funcionário do INSS ou um contador, p. ex. –, o crime
A principal repercussão desse entendimento diz respeito à prescrição, que se iniciará no recebimento
da primeira prestação no caso do terceiro que praticou a fraude e com a cessação da fraude no
caso do cidadão beneficiário.
Atenção: finalmente, ainda é possível encontrar uma hipótese que não se encaixa nem no crime
permanente nem no crime instantâneo de efeitos permanentes, que ocorre quando o terceiro
também for o beneficiário do crime. Exemplo: um terceiro utiliza o cartão de segurado falecido para
sacar o valor mensal do benefício. Nesse caso, entende o STJ se tratar de crime continuado. Vale
a pena consultar o REsp 1.282.118.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Conforme aponta Rogério Sanches, “Apesar de haver doutrina
lecionando não ser possível tentativa no dolo eventual, argumentando que, nessa espécie, o
agente não tem vontade de realizar o resultado (apenas o aceita como possível), prevalece a tese
em sentido contrário. A lei equiparou, em termos de vontade, o dolo eventual ao dolo direto, sendo
possível o conatus nos dois casos” (Manual de Direito Penal..., p. 381). Essa discussão costuma
surgir com frequência nos casos de acidentes de carro quando um dos condutores age com dolo
eventual de homicídio. No âmbito do STJ, tem-se decidido que a tentativa é compatível com o dolo
eventual (AgRg no REsp 1.322.788). Embora não tenha aprofundado a discussão, o STF também
já teve a oportunidade de admitir a compatibilidade entre esses institutos (HC 114.223).
Sobre o tema, noticiando um caso muito recente, recomendo que leiam essa matéria: http://www.
conjur.com.br/2016-set-27/stj-admite-dolo-eventual-cinegrafista-atingido-rojao
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 48. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
COMENTÁRIO
Esse tipo de questão é muito comum nas provas do CESPE e já foi utilizado várias vezes nos
concursos da DPU. Eu me refiro ao examinador apontar um ou mais temas e a partir dele seguir
com alguns itens para o candidato julgar certo ou errado. Nesse sentido, p. ex., vejam as questões
de 51 a 52 do V concurso da DPU.
Pois bem. É muito comum que candidatos preparados e com domínio da matéria errem questões
como essa, de puro decoreba. O equívoco do enunciado está no termo final para que a reparação
do dano ou a restituição da coisa seja providenciada pelo agente, que é o recebimento e não o
oferecimento da denúncia, nos termos do art. 16 do Código Penal. E se a reparação do dano for
posterior ao recebimento da denúncia? Nesse caso, apenas incidirá a atenuante do art. 65, III, b,
do CP.
Interessante: a reparação do dano ou a restituição da coisa deve ser integral ou pode ser parcial?
Não há um consenso em torno desse assunto. Embora exista um precedente do STF no sentido de
que “A norma do art. 16 do Código Penal direciona à gradação da diminuição da pena de um a dois
terços presente a extensão do ato reparador do agente” (HC 98.658), trata-se de decisão proferida
no ano de 2010. No âmbito do STJ, predomina o entendimento de que a reparação ou a restituição
da coisa precisa ser integral.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 49. Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do crime, a causa
de diminuição de pena do arrependimento posterior estende-se aos demais coautores.
COMENTÁRIO
Atenção: analisando o caso concreto, qual corréu reparou o dano, em quais circunstâncias, se
outro corréu colaborou ou não para a reparação, o juiz fracionará a causa de diminuição de pena
do art. 16 do Código Penal.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Trago-lhes mais uma pegadinha. Muito cuidado: leiam os enunciados sempre com muita atenção.
O concurso da DPU é cansativo. São 200 itens para desafiar a sua serenidade e a sua atenção.
Um pequeno deslize e você perde um ponto precioso.
Uma outra situação comum de ser cobrada em provas é o caso do estelionato mediante emissão
de cheque sem fundos (CP, art. 171, § 2º, IV). Estabelece a Súmula 554 do STF que “O pagamento
de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
prosseguimento da ação penal”. Logo, se o pagamento do cheque é feito até o recebimento da
denúncia, a ação penal se verá obstada. Temos aqui um cenário mais benéfico do que aquele
previsto no art. 16 do Código Penal, que se limita a impor uma diminuição da pena.
GABARITO: ERRADO
No que diz respeito à fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, julgue os dois itens a seguir:
QUESTÃO 51. Conforme tem decidido o STJ, a fixação de valor mínimo para reparação dos
danos prescinde de pedido expresso do ofendido ou do Ministério Público.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Com a alteração promovida pela Lei 11.719/2008, o CPP passou a
estabelecer que o juiz, ao proferir sentença condenatória, deve fixar valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387, IV).
Em observância ao sistema acusatório e à garantia da ampla defesa, o STJ já consolidou a sua
jurisprudência no sentido de que é imprescindível pedido expresso do ofendido ou do Ministério
Público para que o juiz proceda com a fixação do valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 52. Conforme tem decidido o STJ, o CPP autoriza a fixação do valor mínimo tanto
para a reparação dos danos materiais quanto para a reparação dos danos morais causados
pela infração.
COMENTÁRIO
O STJ tem decidido que “O preceito normativo esculpido no art. 387, IV, do Código de Processo
Penal, não estabelece nenhuma restrição quanto à natureza dos danos suscetíveis de reparação
mediante o valor indenizatório mínimo. (...) A aferição do dano moral, na maior parte das situações,
não ensejará nenhum alargamento da instrução criminal, porquanto tal modalidade de dano, de
modo geral, dispensa a produção de prova específica acerca da sua existência, encontrando-se
in re ipsa” (AgRg no REsp 1.626.962, j. 06/12/2016). Esse também é o entendimento de Renato
Brasileiro, para quem “(...) como o referido dispositivo legal faz menção genérica aos danos
causados pela infração, sem estabelecer qualquer restrição quanto à espécie, depreende-se que
a lei não quis restringir a reparação apenas aos danos patrimoniais. (...) Portanto, para além dos
danos patrimoniais, aí incluídos os danos emergentes (ou positivos) e os lucros cessantes (ou
negativos), parece-nos possível a fixação de valor mínimo para reparação dos danos morais e
estéticos, mas desde que haja elementos probatórios que permitam a fixação desse valor” (Manual
de Processo Penal..., p. 327).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 53. Os tribunais superiores têm entendido que a convocação de juízes de primeiro
grau para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural.
COMENTÁRIO
Os tribunais superiores têm decidido reiteradamente que a convocação de juízes de primeiro grau
para substituir desembargadores não viola a garantia do juiz natural, sendo exigido apenas que a
convocação se dê a partir de critérios objetivos previamente fixados. Nesse sentido, já decidiu o
STF, p. ex., que “A convocação de juízes para compor órgãos colegiados dos Tribunais não ofende
o princípio do juiz natural (...)” (ARE 795.550 AgR, j. 28/10/2014). Para o STJ, “A designação de
juízes convocados para atuarem nos tribunais tem o escopo de concretizar a garantia constitucional
da duração razoável do processo para a adequada prestação jurisdicional (...), ou, muitas vezes,
até viabilizá-la, haja vista que as turmas de tribunais são compostas somente por três julgadores”
(HC 332.511, j. 16/02/2016).
No âmbito normativo, a matéria é disciplinada pelo art. 118 da LOMAN e pelo art. 4º da Lei 9.788/99,
esta segunda referente à Justiça Federal.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 54. A sentença absolutória, ainda que proferida por juiz absolutamente
incompetente, faz coisa julgada formal e material após o trânsito em julgado.
COMENTÁRIO
Na minha prova oral (IV concurso, 2010), a pergunta de processo penal foi sobre essa questão.
A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), ao dispor sobre a garantia do bis in idem,
estabelece que “O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido
a novo processo pelos mesmos fatos” (art. 8.4). Percebam que a CADH não condiciona a proibição
do segundo julgamento ao fato de que o primeiro foi conduzido por juízo competente. Esse
também é o entendimento dos tribunais superiores. Para o STF, “A decisão que declarou extinta
a punibilidade em favor do paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência
do juízo, é suscetível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio do ne bis in
idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos e as garantias individuais previstos
pela Constituição da República, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito
à liberdade, com apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar” (HC
86.606). Para o STJ, “A sentença absolutória transitada em julgado, ainda que emanada de juiz
absolutamente incompetente, não pode ser anulada e dar ensejo a novo processo pelos mesmos
fatos” (HC 36.091).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 55. Entre os requisitos para que seja provido o incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal se encontra a internacionalização da conduta.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Vejamos o que dispõe o art. 109, § 5º, da CF: “Nas hipóteses
de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
Portanto, o IDC exige dois requisitos: (I) a existência de crime praticado com grave violação aos
direitos humanos; e (II) a demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais firmados pelo Brasil, resultante de inércia, falta de vontade
ou de condições das instituições do Estado-membro para proceder com a persecução penal.
Atenção: a CF não exige a internacionalização da conduta para que o STJ dê provimento ao IDC.
A internacionalização da conduta – não confundam! – é um requisito para definir a competência
ordinária da Justiça Federal nos casos de crimes cometidos em ofensa a direitos que o Brasil se
obrigou internacionalmente a prevenir e punir.
Retornaremos ao tema do IDC noutra rodada, em Direitos Humanos. Na próxima rodada, em Direito
Processual Penal, veremos cinco questões sobre competência criminal da justiça federal, um tema
importantíssimo para o concurso da DPU.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Primeiro, vejamos a lição de Marcelo Uzeda sobre o arrependimento posterior no Código Penal
Militar: “O Código Castrense não contempla o arrependimento posterior como causa obrigatória de
redução de pena (minorante). Diferentemente do previsto no artigo 16 do Código Penal comum,
não há previsão de diminuição de pena de um a dois terços, pela restituição da coisa ou reparação
do dano por ato voluntário do agente antes do recebimento da inicial acusatória” (Direito Penal
Militar..., p. 146). Atenção: tema já cobrado duas vezes em concurso da DPU!
O enunciado está equivocado. O Código Penal Militar não contempla a figura do arrependimento
posterior como causa obrigatória de redução da pena, exceto para o crime de peculato culposo,
que segue a mesma regra do Código Penal comum. No crime de furto tratado pelo Código Penal
Militar, há uma causa facultativa de redução da pena pelo arrependimento posterior, tanto que o
legislador utilizou a expressão “pode” e não “deve” (art. 240, §§ 1º e 2º).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal Militar admite que seja aplicada a pena do crime consumado
ao autor do crime tentado em caso de especial gravidade.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Entre as teorias que fundamentam e explicam a tentativa, se destacam
a teoria objetiva, segundo a qual a pena do crime tentado deve ser menor do que a pena do crime
consumado em razão do menor dano ao bem jurídico protegido, e a teoria subjetiva, que confere
mais importância ao dolo do agente, assentando, assim, que não deve haver diferença entre a
pena do crime tentado e a pena do crime consumado.
O Código Penal comum adotou a teoria objetiva ao estabelecer que “Salvo disposição em contrário,
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços” (art. 14, II, § único). Importante esclarecer que a expressão “salvo disposição em contrário”
está relacionada com os denominados crimes de atentado ou de empreendimento, em que tanto a
consumação quanto a tentativa já estão alocadas no tipo penal sob a mesma pena, a exemplo do
que ocorreu com o crime previsto no art. 352 do CP (evasão mediante violência contra a pessoa).
Já o Código Penal Militar adotou ambas as teorias, podendo-se afirmar que há aqui uma teoria
objetiva temperada, e isso porque o CPM admite, conforme colocado no enunciado, que o juiz
aplique a pena do crime consumado ao autor do crime tentado quando verificar no caso uma
gravidade excepcional (art. 30, II, § único).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 58. O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora para tratar do estado
de necessidade.
COMENTÁRIO
Esse tema já caiu em concursos anteriores da DPU, inclusive em prova dissertativa. É um assunto
já do conhecimento de todos que possuem uma base de conhecimento na matéria, mas como
o curso se destina também a quem está iniciando os estudos, não posso deixar de tratá-lo aqui.
Vejamos a didática exposição de Marcelo Uzeda:
“O Código Penal comum adota a Teoria Unitária, pois a definição do seu artigo 24 não
estabelece previamente diferença quanto aos valores dos bens jurídicos em conflito.
(...).
Assim, para o Código Penal comum, respeitado a critério da razoabilidade, todo estado
de necessidade seria justificante, a eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo
agente, não importando se o bem por ele protegido é de valor menor, igual ou superior
ao daquele que será sacrificado.
Dever de casa: leiam com atenção os artigos 39 e 43 do Código Penal Militar. Percebam que
a teoria diferenciadora possui repercussão meramente teórica, pois na prática, excluindo-se a
ilicitude ou a culpabilidade, a consequência para o réu será idêntica.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 59. Diversamente do que ocorre com o processo penal comum, no processo
penal militar o acusado pode defender a si próprio, ainda que não tenha habilitação.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Vejamos o que dispõe o art. 71, § 3º, do CPPM: “A nomeação de
defensor não obsta ao acusado o direito de a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação; mas
o juiz manterá a nomeação, salvo recusa expressa do acusado, a qual constará dos autos”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 60. Segundo estabelece a legislação que rege a matéria, compete à Justiça
Militar da União julgar crimes cometidos por oficiais das Forças Armadas no exercício das
atribuições subsidiárias de auxiliarem o poder civil no combate ao crime.
COMENTÁRIO
Temos aqui um tema muito atual. Segue trecho do meu livro com o Thim, Jurisprudência
Internacional de Direitos Humanos, 2ª edição, em que abordamos o assunto:
Atenção: o enunciado está correto porque foi cobrado o conhecimento da legislação de regência.
Numa prova dissertativa, vocês poderiam perfeitamente criticar essa previsão legal e aderir aos
fundamentos da PGR na citada ADI.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 61. Em determinados casos o Código Eleitoral não prevê a pena mínima de
certos crimes eleitorais.
COMENTÁRIO
Realmente, não são todos os crimes eleitores que possuem a sua pena mínima estabelecida
pelo legislador brasileiro. Trata-se de uma técnica legislativa obsoleta e não mais utilizada pelo
Legislativo nos dias atuais. Nesse sentido, o artigo 295 do Código Eleitoral dispõe que: “Sempre
que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de quinze dias para a pena
de detenção e de um ano para a de reclusão”.
Deste modo, nos delitos punidos por detenção e que o legislador não estipulou um quantum de
pena mínima, aplica-se o quantum de quinze dias. Já para os casos envolvendo os crimes de
reclusão, aplica-se o quantum mínimo de um ano!
Esta problemática costuma cair muito nas provas objetivas do CESPE. Deste modo, elaborei um
quadro sinótico para fins de memorização:
Crimes do Código Eleitoral nos quais o legislador não estipulou um quantum mínimo de pena
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Segundo o artigo 14, § 7º, da Constituição Federal de 1988, “são inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.
Trata-se da famosa ilegibilidade reflexa, uma vez que o indivíduo se torna inelegível em razão do
cargo exercido por outrem. Acerca do tema, chegou ao Supremo Tribunal Federal uma controvérsia
sobre a aplicabilidade deste dispositivo constitucional às eleições suplementares, ou seja, aquelas
eleições marcadas após a impossibilidade do candidato eleito continuar em seu cargo (inelegibilidade
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 63. O direito eleitoral brasileiro é regido pelo princípio do in dubio pro voto.
COMENTÁRIO
O princípio do in dubio pro voto, também chamado de princípio do aproveitamento do voto, dispõe
que o juiz deverá deixar de pronunciar nulidades que não ocasionem um prejuízo no pleito eleitoral.
Tudo isso ocorre em razão do Direito Eleitoral ser regido por um arcabouço jurídico que busca
a celeridade do pleito eleitoral, como por exemplo, o curto prazo eleitoral de três dias para os
recursos eleitorais (em regra), a falta de efeito suspensivo nos recursos eleitorais (em regra) e a
irrecorribilidade das decisões interlocutórias (em regra). Sobre o princípio do aproveitamento do
voto, é a lição de Jaime Barreiros: “O juiz deverá se abster-se de pronunciar nulidades sem prejuízo
(in dubio pro voto). Assim, por exemplo, em uma eleição proporcional, o voto dado a candidato
inexistente, mas que permita a identificação do partido (por exemplo, número 99.200 não se refere
a nenhum candidato, mas o número 99 é o número do Partido X) deve ser validado como voto de
legenda”. (BARREIROS, Jaime. Direito Eleitoral. 6ª ed. Bahia: juspodivm, 2016, p. 47)
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 64. O crime de votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem, é
um crime de atentado.
COMENTÁRIO
Segundo o artigo 309 do Código Eleitoral, considera-se crime eleitoral a conduta de “votar ou
tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem”. Nessa linha, a doutrina reconhece como
“crimes de atentado”, também chamados de crimes de empreendimento, aqueles que preveem
expressamente em suas descrições típicas a conduta de tentar o resultado, afastando a incidência
da do art. 14, II, do Código Penal, que cuida da tentativa. Um exemplo frequente dado pela doutrina
brasileira é justamente o artigo 309 do Código Eleitoral brasileiro.
Nestes casos, a tentativa é elevada ao mesmo status do delito consumado, não havendo a
possibilidade de redução de pena tendo em vista a sua previsão expressa no tipo penal. Sobre os
delitos de atentado, é a lição de Cleber Masson: “É aquele em que a lei pune de forma idêntica o
crime consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o
caso do crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art. 352: “Evadir-se ou tentar
evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
contra a pessoa)”. (MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado. 9ª ed. São Paulo: Método,
2016, p. 223)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ainda nessa linha, lembro ao aluno que em se tratando de autoridades com foro por prerrogativa
de função no STF, a jurisprudência vem entendendo pela necessidade de autorização do Ministro
Relator para que seja possível iniciar a investigação (Inq 2411)
Por fim, lembro ao aluno que as resoluções do TSE dotadas de caráter normativo e inovador
podem ser objeto de ADI. Trata-se de posição jurisprudencial consolidada no STF.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Na recente e emblemática decisão do Supremo Tribunal Federal, a tese aprovada pelo Plenário
daquela corte foi a seguinte: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema
normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º,
da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente
causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento” (RE 580252, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/02/2017). Na oportunidade,
o Ministro Luís Roberto Barroso propôs que, no caso de preso submetido a situação degradante,
fosse substituída a indenização em dinheiro pela remição da pena, reduzindo-se um dia de pena
por três a sete dias de prisão em situação degradante. Barroso, nesse sentido, foi acompanhado
por Fux e Celso de Mello. Entretanto, prevaleceu a tese segundo a qual é possível a fixação de
indenização em dinheiro.
existência de diversos precedentes neste sentido no STF e explicou que, mesmo que o fato tenha
ocorrido por omissão, não é possível exonerar a responsabilidade estatal, pois há casos em que
a omissão é núcleo de delitos. O ministro destacou que a Constituição Federal, em seu artigo 5º,
inciso XLIX, é claríssima em assegurar aos presos o respeito à integridade física e moral. (...)
“Se o Estado tem o dever de custódia, tem também o dever de zelar pela integridade física do
preso. Tanto no homicídio quanto no suicídio há responsabilidade civil do Estado”, concluiu
o relator. (...) Ao final do julgamento, foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: ‘Em caso
de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da
Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento’.” (fonte: http://www.stf.
jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=313198)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão
aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§
3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício
Em decisão veiculada no Informativo nº 851 (RE 786540, Rel. Min. Dias Toffoli, j. em 15/12/2016),
o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que “os servidores ocupantes de cargo
exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória
prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de provimento
efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão.”
Destacou-se, ademais, que, “ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há
óbice constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação
e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a
Administração4.”
O fundamento da decisão foi, em primeiro lugar, a redação do artigo 40 da Constituição, cujo caput
se refere, de forma específica, aos servidores efetivos. Assim, quando pretendeu, a Constituição
mencionou o regime de previdência social dos ocupantes de cargos em comissão (art. 40, § 13,
com a redação da EC 20/98), o qual é o RGPS que, por sua vez, não prevê compulsoriedade de
aposentação.
ATENÇÃO: esse raciocínio, por certo, não pode ser aplicado às funções de confiança, que são
exercidas por ocupantes de cargos efetivos.
*O artigo 100 do ADCT dispõe que “até que entre em vigor a lei complementar de que trata o
inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos
Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75
4 Nesse sentido: “o servidor efetivo aposentado compulsoriamente, embora mantenha esse vínculo com a
Administração mesmo após sua passagem para a inatividade, ao tomar posse em virtude de provimento em comissão,
inaugura, com esta, uma segunda e nova relação, referente ao cargo comissionado. Não se trata da criação de um
segundo vínculo efetivo, mas da coexistência de um vínculo efetivo e de um cargo em comissão sem vínculo efetivo.”
(setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.” A LC 152/2015,
de dezembro de 2015, disciplinou a regra, estendendo a aposentadoria compulsória aos 75 anos
para a) os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações; b) os membros do Poder Judiciário; c) os
membros do Ministério Público; d) os membros das Defensorias Públicas e e) os membros dos
Tribunais e dos Conselhos de Contas. Também estão abrangidos os integrantes das carreiras
policiais. Note-se que tramita no Supremo a ADI 5490, que questiona a constitucionalidade da LC
152, que foi de iniciativa parlamentar e, por isso, vetada pela Presidência da República, mas está
em vigor porque o veto foi derrubado.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
As fontes formais do Direito Administrativo são “as que constituem propriamente o direito aplicável,
abrangendo a Constituição, a lei, o regulamento e outros atos normativos da Administração
Pública, bem como, parcialmente, a jurisprudência”. Por outro lado, as fontes materiais são “as
que promovem ou dão origem ao direito aplicável, abrangendo a doutrina, a jurisprudência
e os princípios gerais do direito.” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São
Paulo: Forense, 2017, p. 58). Vale ressaltar que, embora Di Pietro minimize o papel do costume no
Direito Administrativo (para ela: “no âmbito do Direito Administrativo brasileiro, o costume - como
prática reiterada da atuação administrativa - tem aplicação praticamente nula.”), a maioria dos
autores também inclui o costume como fonte do Direito Administrativo, o que parece correto, desde
que estejam presentes a longa consuetudo e a opinio juris.
Em relação à jurisprudência, quando produzir efeitos vinculantes, terá natureza de fonte formal. “No
entanto, como regra geral, a jurisprudência não constitui fonte obrigatória do Direito Administrativo
brasileiro”, nesses casos sendo fonte material (cf. DI PIETRO, Op. Cit., p. 67).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5.6. O militar. (...) 5.6.2. O dever de disciplina. 5.6.3. Hierarquia.
Por fim, vale ressaltar que a disciplina e o respeito à hierarquia abrangem não apenas todas as
circunstâncias da vida entre militares da ativa, mas também entre os militares da reserva remunerada
e os reformados, como dispõe o artigo 14, § 3º, do Estatuto dos Militares.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O STJ tem entendimento firme no sentido de que sendo o agente público detentor de mandato
eletivo e tendo praticado ato ímprobo no primeiro mandato e se reelegido, a prescrição é
contada a partir do término do segundo mandato (REsp 1107833, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. em 08/09/2009).
Vale lembrar o artigo 23 da Lei 8.429/92, que foi modificado em 2014, e prevê os prazos prescricionais
para a propositura da ação de improbidade administrativa. Para facilitar, faço um quadro:
Vale lembrar, ainda, que a decisão do STF no RE 669.069, em que a Corte decidiu pela prescritibilidade
da ação de reparação de danos à Fazenda Pública, não abarcou os danos decorrentes dos atos de
improbidade. Para entender essa questão, que é muito importante, recomendo a leitura do Dizer
o Direito, neste link: <http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/e-prescritivel-acao-de-reparacao-de.
html>.
Peço apenas a atenção de vocês, porque a postagem é de fevereiro de 2016, ou seja, logo após
o julgamento do RE, mas o STF (plenário virtual) reconheceu a repercussão geral (Tema 897) da
questão relativa à “prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes
públicos por ato de improbidade administrativa”, determinando a suspensão de todas as ações em
curso sobre o tema, em junho de 2016. O processo (RE 852.475) era de relatoria do Ministro Teori
Zavascki e, agora, é do Ministro Alexandre de Moraes.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 71. A concessão de uso especial para fins de moradia é uma forma de utilização
privativa dos bens públicos, considerada como um direito real, que pode ser instituída pela
via administrativa.
COMENTÁRIO
Em linhas generalíssimas, pode-se dizer que a utilização dos bens públicos se dá de três maneiras:
a) uso comum (que, por sua vez, pode ser ordinário, como no caso de utilização da praia para passear;
ou extraordinário, como na hipótese de utilização da praia para realizar um evento beneficente);
b) uso especial (exemplo: a escola é utilizada pelos alunos) ou c) uso privativo, “nas hipóteses em
que o Poder Público consente com a utilização do bem público por determinado indivíduo com
exclusividade, em detrimento do restante da coletividade.” (OLIVEIRA, Rafael. Op. Cit., p. 652). De
acordo com Rafael Oliveira, o uso privativo pode se dar em oito casos, conforme o quadro abaixo
(Op. Cit, p. 673): a) autorização; b) autorização condicionada ou qualificada; c) autorização de uso
urbanístico; d) permissão; e) permissão condicionada ou qualificada; f) concessão; g) cessão de
uso e h) uso privativo de bem público por instrumentos de direito privado.
A afirmativa se referia a uma das formas de concessão, que é a chamada concessão de uso
especial para fins de moradia, prevista na MP 2.220/2001. A concessão de uso especial para fins
de moradia é importante instrumento de regularização fundiária urbana, cujo regramento deve
ser conhecido de vocês (a MP só tem 15 artigos, nem tem desculpa pra não saber!), a qual é
reconhecida como direito real pelo artigo 1.225, XI, do CC. Ademais, o artigo 6º da MP 2.220/2001
prevê que “o título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via
administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de recusa
ou omissão deste, pela via judicial.”
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 72. Lei de determinado Estado da federação que prevê hipóteses genéricas de
contratação temporária é inconstitucional.
COMENTÁRIO
No julgamento da ADI 3662 (veiculada no Informativo nº 858), em março deste ano, o STF entendeu
que “são inconstitucionais, por violarem o artigo 37, IX, da CF, a autorização legislativa
genérica para contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de
contratações temporárias.”
De fato, o artigo 37, IX, da Constituição, prevê que “a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.” Para
o Supremo, a lei deve ser específica e, de fato, obedecer à temporariedade, não podendo prever
a prorrogação indefinida das contratações. A lei questionada era do Estado do Mato Grosso e, no
caso concreto, houve modulação dos efeitos da decisão, autorizando-se que os atuais contratos
permanecessem em vigor por mais um ano. Neste ponto (modulação), foram “vencidos os ministros
Marco Aurélio (relator) e Cármen Lúcia (Presidente), que não modulavam os efeitos da decisão. O
ministro Marco Aurélio frisava que, toda vez que o STF agasalhasse situações inconstitucionais,
ele não só estimularia os legislativos a disporem de forma contrária à Constituição, como também
acabaria tornando-a um documento simplesmente flexível. A ministra Cármen Lúcia pontuava que
a norma estaria em vigor há mais de 25 anos e não seria possível existir situação de urgência que
durasse por todo esse período.”
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 73. José, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, faleceu em maio de 2011,
aos 90 anos, deixando como dependente apenas seu filho, João, de 60 anos de idade,
solteiro, que sofre de transtornos neurológicos graves, vivendo em estado vegetativo desde
os 30 anos de idade, tendo como curadora sua tia, Maria. Em 2014, Maria, em nome de
João, requereu a pensão especial de ex-combatente em benefício dele, como dependente
incapaz de José. Nesse caso, o termo inicial para o pagamento do benefício, considerando
que tenham sido preenchidos todos os requisitos legais, será a data do requerimento
administrativo, de acordo com o entendimento do STJ.
COMENTÁRIO
No EREsp 1.141.037, Rel. Min. Humberto Martins, j. em 07/12/2016, o STJ decidiu que “em se
V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em
qualquer regime jurídico;
VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas
viúvas ou companheiras.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 74. Os dirigentes de autarquia têm legitimidade passiva para figurar como
autoridades coatoras em Mandado de Segurança.
COMENTÁRIO
Pessoal, foi lançada a Jurisprudência em Teses nº 79 do STJ, que trata sobre entidades da
administração pública indireta e cuja leitura fica desde logo recomendada. A terceira tese, que foi
objeto da questão é a seguinte: “as autarquias possuem autonomia administrativa, financeira
e personalidade jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão
pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como autoridades coatoras
em Mandados de Segurança.”
Nesse sentido, o STJ já decidiu, por exemplo, que “o Coordenador Chefe de Recursos Humanos do
INSS tem legitimidade para figurar como autoridade coatora em Mandado de Segurança impetrado
por servidor de autarquia em que se objetive o afastamento de descontos em proventos mensais,
uma vez que lhe cabe o controle das folhas de pagamento.” (REsp 1132e23,Rel. Min. Herman
Benjamin, j. em 11/05/2010).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 75. Maria prestou concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, tendo sido
eliminada, na segunda fase do certame, por faltar-lhe a nota necessária. Entendendo injusta
a pontuação obtida, impetrou Mandado de Segurança, obtendo liminar para prosseguir no
certame e tomar posse no cargo, caso aprovada. Regularmente aprovada, Maria tomou
posse e trabalhou como Auditora em diversas localidades, chegando a se aposentar. Três
anos após sua aposentadoria, foi proferida a sentença, denegando a segurança por ela
pretendida e revogando a liminar. Intimado da sentença, o Ministro do Trabalho cassou a
aposentadoria de Maria. Esse ato é legítimo, conforme o entendimento do STJ, que não
admite a adoção da teoria do fato consumado.
COMENTÁRIO
Na primeira rodada, fizemos uma questão sobre teoria do fato consumado, no caso de liminar
para remoção de servidor público. Por outro lado, em decisão de 22/02/2017 (MS 20.558, Rel.
Min. Herman Benjamin), a Primeira Seção do STJ, por unanimidade, decidiu um caso extremo: a
pessoa tomou posse como Auditora Fiscal do Trabalho por força de liminar e, tão lenta foi a justiça,
que apenas depois que a pessoa se aposentou foi denegada a segurança. Nesse caso, o Ministro
do Trabalho decidiu, ao receber a comunicação da sentença, cassar a aposentadoria. Nesse caso
- que, como já disse e repito, foi extremo - o STJ decidiu que não havia amparo legal para a
cassação da aposentadoria, não apenas porque não havia hipótese legal prevista na Lei 8.112,
mas, também, porque a impetrante havia vertido, normalmente, as contribuições previdenciárias
devidas. O destaque do julgamento foi este: “quando o exercício do cargo foi amparado
por decisões judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final de
mandado de segurança, por tempo de contribuição durante esse exercício e após legítima
contribuição ao sistema, a denegação posterior da segurança que inicialmente permitira ao
servidor prosseguir no certame não pode ocasionar a cassação da aposentadoria.”
Vale lembrar, contudo, que o entendimento do Supremo Tribunal Federal, inclusive em sede de
repercussão geral, é no sentido de que a teoria do fato consumado não se aplica para manter
em cargo público candidato não aprovado em concurso público e que tenha tomado posse
em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de
natureza precária, superveniente revogado ou modificado (RE 608.482).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 76. João, professor, foi contratado em janeiro de 2016 por determinada
faculdade particular. Ali, ensinava em três turmas, com cinquenta alunos cada, recebendo
R$ 200,00 (duzentos reais) por hora-aula. Lecionava duas horas em cada turma, por semana.
No segundo semestre de 2016, com a diminuição da procura pelo curso e a redução no
número de alunos, João, embora permanecesse ganhando o mesmo valor por hora-aula, foi
comunicado pela faculdade que teria apenas duas turmas, o que reduziu consideravelmente
o seu padrão de vida. Essa redução de carga horária constitui alteração contratual lesiva,
vedada pelo artigo 468 da CLT.
COMENTÁRIO
Em primeiro lugar, de acordo com o artigo 468 da CLT, “nos contratos individuais de trabalho só é
lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que
não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente dessa garantia.” De seu turno, o parágrafo único do referido dispositivo prevê a regra
segundo a qual “não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que
o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício
de função de confiança.” Percebe-se, da redação do caput do artigo 468, que há, em regra, dois
requisitos para a alteração contratual: 1) mútuo consentimento e 2) em respeito ao princípio da
proteção, a ausência de prejuízo ao trabalhador.
Entretanto, “com fundamento no poder diretivo, art. 2º da CLT, cabe ao empregador efetuar
algumas alterações para melhor organizar a atividade empresarial. Aliás, como é o empregador que
assume os riscos da atividade econômica, nada mais justo que exerça algumas modificações no
contrato de trabalho. Essas alterações promovidas pelo empregador, sem o prévio consentimento
do empregado, são chamadas jus variandi5.” (CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para
Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 526).
No que diz respeito, especificamente, à situação da questão, é possível a redução de carga horária
do professor, desde que não haja redução do valor da hora-aula. Nesse sentido, a OJ nº 244 da
SDI-I do TST dispõe que “a redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição
do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez que não implica redução
da hora-aula.”
GABARITO: ERRADO
5 O jus variandi pode ser ordinário (alterações no dia-a-dia da empresa, como a alteração de horário de entrada
e saída do trabalho) ou extraordinário (alteração excepcional - exige previsão em lei ou jurisprudência).
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Para que o empregado faça jus ao descanso semanal remunerado, deve ser frequente e pontual ao
trabalho. Nesse sentido, é “importante frisar que os empregados que não cumprirem os requisitos
anteriores perdem o direito apenas à remuneração.” (CORREIA, Henrique. Op. Cit., p. 643).
Correta, portanto, a assertiva.
Sobre o descanso semanal remunerado, é importante lembrar que, de acordo com o artigo 7º, XV,
da Constituição Federal, ele deve ser gozado, preferencialmente, aos domingos. Caso não seja
concedido o descanso, a Súmula nº 146 do TST prevê que “o trabalho prestado em domingos e
feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao
repouso semanal.” Por outro lado, a OJ nº 410 da SDI-I dispõe que “viola o artigo 7º, XV, da CF, a
concessão de repouso semanal remunerado após o sétimo dia consecutivo de trabalho, importando
no seu pagamento em dobro.”
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O artigo 7º, IV, da Constituição, assegura aos trabalhadores urbanos e rurais o direito ao “salário
mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.” Portanto, correta a questão, já
que a moradia está entre as expressas necessidades previstas na Constituição. Noto que há o
salário mínimo nacional e que, mesmo que a competência privativa para legislar sobre Direito do
Trabalho seja da União, a LC 103 autoriza os Estados a fixarem um piso estadual. Se isso ocorrer,
o piso estadual deve ser sempre superior ao nacional.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Em relação ao trabalho doméstico, sobre o qual faremos explicação detalhada no espelho da peça
da 2ª rodada, é interessante saber que há fases: a) direitos previstos na CF e na lei antes da EC 72;
b) direitos previstos na EC 72/2013 com aplicação imediata e c) direitos previstos na EC 72/2013 e
regulamentados pela LC 150/2015.
Henrique Correia sintetiza as fases nos seguintes quadros (Op. Cit., pp. 194-196):
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 81. O TST é composto por vinte e sete juízes e, assim como o STJ, não respeita a
regra de destinar um quinto dos cargos aos advogados e membros do Ministério Público com
mais de dez anos de atividade profissional ou efetivo exercício do cargo, respectivamente.
COMENTÁRIO
Para responder à questão, bastaria conhecer o disposto no artigo 111-A, caput, da Constituição, in
verbis:
I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II- os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura
Assim, ao contrário do STJ, o TST também tem o chamado “quinto constitucional”. Era uma questão
simples, mas que tem chance de ser cobrada, para lembrá-los de não ignorar as disposições
constitucionais sobre organização da Justiça do Trabalho, ponto expresso do edital.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 83. Cabe recurso ordinário das decisões definitivas dos Tribunais Regionais do
Trabalho em processos de sua competência originária, salvo em dissídios coletivos.
COMENTÁRIO
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A primeira regra que se deve saber sobre execução trabalhista é a prevista no artigo 889 da CLT,
pela qual “aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para
a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.” Ou seja, na fase de execução
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 85. João firmou termo de conciliação perante a Comissão de Conciliação Prévia
com José, seu ex-empregador. Dentre as demais cláusulas previstas, estava o pagamento,
por parte de José, da quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) de verbas rescisórias a João.
Entretanto, José não cumpriu com sua parte no acordo. De acordo com as regras aplicáveis
à execução trabalhista, João poderá optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter
título executivo judicial ou ajuizar a execução do título extrajudicial diretamente.
COMENTÁRIO
Pessoal, decidi, pela relevância do tema e para facilitar a fixação dos assuntos, fazer duas questões
seguidas sobre execução no processo trabalhista.
A assertiva está correta e reflete o entendimento, incorporado pela doutrina trabalhista, previsto no
artigo 785 do NCPC, pelo qual “a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.” Assim, é importante
saber que “na vigência do CPC/73, entendia-se que o ajuizamento do processo de conhecimento
quando já existia o título executivo provocava a extinção do processo sem resolução do mérito
por falta de interesse de agir. O Novo CPC admite o ajuizamento do processo de conhecimento,
mesmo estando de posse de título executivo (NCPC, art. 785). (MIESSA, Élisson. Op. Cit., p. 950).
Vale lembrar que a CLT prevê dois títulos executivos extrajudiciais (art. 876), quais sejam, o TAC
firmado perante o MPT e os termos de conciliação firmados perante a CCP. Além disso, a CRFB
(art. 114, VII) prevê a certidão de dívida ativa da União em relação às penalidades administrativas
impostas ao empregador pelos órgãos de fiscalização do trabalho. A IN nº 39/2016 do TST elenca,
ademais, como título extrajudicial o cheque/nota promissória que tenham sido emitidos como
reconhecimento de dívida inequivocamente trabalhista.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 86. A Previdência Social cobre, precipuamente, eventos que geram situações
de necessidade. Dentre estas, podemos arrolar a invalidez, a morte, a idade avançada, a
maternidade, o desemprego involuntário, o desgaste provocado por labor sob condições que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e a reclusão. Todas estas encontram previsão
constitucional, ainda que implícita.
COMENTÁRIO
O art. 201 da CRFB expressamente prevê: “cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e
idade avançada” (inciso I); proteção à maternidade, especialmente à gestante (inciso II); proteção
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (inciso III); salário-família e auxílio-reclusão
para os dependentes dos segurados de baixa renda (inciso IV); pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes (...) (inciso V); é vedada a adoção de
requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime
geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física (§1º)”. Há alguma dissonância em doutrina em
relação, por exemplo, à idade avançada, que para alguns não gera risco de infortunística, mas,
diante da previsão constitucional expressa, o candidato não pode se arriscar em uma questão
objetiva. Também o art. 1º da Lei 8.213/91 diz que “A Previdência Social, mediante contribuição,
tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de
incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e
prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”. Esclareço, por fim, que, segundo
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 87. A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas do RGPS terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
COMENTÁRIO
A assertiva consagra transcrição literal do disposto no § 6º do art. 201 da CRFB. Assim, o 13º
salário é um “espelho” do valor pago em dezembro e não uma média anual. Na legislação
infraconstitucional, o benefício é denominado “abono anual”, e é estendido, conforme dicção do art.
40 da Lei 8.213/91, para além de aposentadorias e pensão, abarcando também quem percebeu
auxílio-doença, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão ao longo do ano, sendo que o Decreto 3.048/99,
em seu art. 120, amplia ainda mais, contemplando também quem percebeu salário-maternidade.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 88. Ao professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio é reduzido em
cinco anos o requisito relativo ao tempo de contribuição, no âmbito do RGPS, mas não o
da idade mínima. Já no Regime Próprio do Servidor Público, ambos os requisitos sofrem
redução de cinco anos, mas apenas na aposentadoria voluntária integral.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 3.1 3 O regime próprio dos servidores civis da União. Pontos de
convergência e divergência em relação ao Regime Geral.
O § 5º do art. 40 da CRFB, que cuida do Regime Próprio, diz que “os requisitos de idade e de
tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, “a”
[aposentadoria integral], para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio”. Já o § 8º do art.
201 da CRFB, que cuida do RGPS, diz que “os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo
anterior [aposentadoria por tempo de contribuição] serão reduzidos em cinco anos, para o professor
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
infantil e no ensino fundamental e médio”.
Embora pareça uma distinção prejudicial ao trabalhador submetido ao RGPS, é preciso observar
as peculiaridades de cada sistema. No Regime Próprio, há dois tipos de aposentadoria voluntária
(ambas exigem dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo
em que se dará a aposentadoria): a integral, que exige a conjugação dos requisitos de idade
mínima (60 anos, se homem; 55, se mulher) e tempo de contribuição (35 anos, se homem; 30, se
mulher); e a proporcional ao tempo de contribuição, que exige apenas a idade mínima (65 anos, se
homem; 60 anos, se mulher). Para esta última, como vimos, não incide a redução. No RGPS, há a
aposentadoria por tempo de contribuição, que não exige idade mínima, e a aposentadoria por idade.
Aquela é integral (100% do salário de benefício, embora haja incidência do fator previdenciário),
enquanto esta é, em princípio, proporcional (incide sobre o salário de benefício um coeficiente
mínimo de 70%, acrescido de 1% a cada grupo de 12 contribuições, até o máximo de 100%, que
ocorrerá aos 30 anos de contribuição). Assim, a distinção encontra, a meu ver, razão de ser, tendo
em vista a exigência de idade mínima na aposentadoria integral no RPPS. Acrescento, por fim,
que uma das teses intensamente debatidas hodiernamente em jurisprudência é a da aplicação ou
não do fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição do professor no âmbito do
RGPS. O INSS vem aplicando, a partir de uma interpretação literal (o § 9º do art. 29 da Lei 8.213/91
prevê a aplicação, acrescentando, para o cálculo, cinco anos, se homem, ou dez anos, se mulher,
no tempo de contribuição), mas a tese dos professores é no sentido de que sua aposentadoria
seria modalidade de aposentadoria especial (ainda que por analogia), sobre a qual não incide o
fator previdenciário.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 89. Embora seja possível averbar tempo de serviço público no RGPS, a recíproca
não é verdadeira, ou seja, não se pode averbar no Regime Próprio do Servidor Público o
tempo de serviço prestado no âmbito do RGPS.
COMENTÁRIO
O § 9º do art. 201 da CRFB diz que: “para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
segundo critérios estabelecidos em lei”. Regulando o tema, a Lei 8.213/91 diz, em seu art. 94, o
seguinte:
Art. 94. Para efeito dos benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social
ou no serviço público é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição
na atividade privada, rural e urbana, e do tempo de contribuição ou de serviço na
administração pública, hipótese em que os diferentes sistemas de previdência social se
compensarão financeiramente.
§ 2º Não será computado como tempo de contribuição, para efeito dos benefícios
previstos em regimes próprios de previdência social, o período em que o segurado
contribuinte individual ou facultativo tiver contribuído na forma do § 2º do art. 21 da Lei
no 8.212, de 24 de julho de 1991, salvo se complementadas as contribuições na forma
do § 3º do mesmo artigo.
A Súmula n. 10 da TNU diz que: “O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº. 8.213/91
pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de
atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas
as respectivas contribuições previdenciárias”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Embora reflita a redação da Súmula n. 726 do STF (“Para efeito de aposentadoria especial de
professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula”), esta foi parcialmente
superada no julgamento da ADIn n. 3772-2 (cuja ementa transcrevo abaixo), que foi interposta
contra a Lei 11.301/2006, que, ao alterar a Lei 9.394/96, estabeleceu que “são consideradas
funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho
de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus
diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade
escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico”. Já consta, inclusive, no art. 56,
§ 2º, do Decreto 3048/99, o seguinte: “Para os fins do disposto no § 1º, considera-se função de
magistério a exercida por professor, quando exercida em estabelecimento de educação básica
em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as funções de
Julgamento: 29/10/2008
EMENTA
Conforme já consignado pelo próprio STF, a decisão “deve ser entendida no sentido de que os
professores de carreira que exercerem funções de direção, coordenação e assessoramento podem
ter esse tempo de serviço computado para fins de aposentadoria especial. A condição de professor
é, portanto, indispensável para a aquisição do direito à aposentadoria especial”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 91. Segundo o STJ, o trabalhador urbano inscrito no RGPS até 24/7/1991, mesmo
que nessa data não mais apresente condição de segurado, caso restabeleça relação jurídica
com o INSS e volte a ostentar a condição de segurado após o advento da Lei 8.213/1991,
tem direito à aplicação da regra de transição prevista no art. 142 (redução do período de
COMENTÁRIO
Como salientei na rodada passada, não houve, no último edital, um ponto específico sobre
carência, mas, além de acreditar que isto possa ser solucionado agora, trata-se de tema que pode
ser abordado dentro de outros pontos, sendo que, neste caso específico, diz respeito apenas a
aposentadorias programadas. O art. 142 da Lei 8.213/91 diz que “Para o segurado inscrito na
Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador
rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo
de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado
implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício” (grifei). Assim, o STJ
entendeu inicialmente (AgRg no REsp 794.128) que o postulante deveria ostentar qualidade de
segurado por ocasião do advento da Lei 8.213/91 para poder fazer jus à regra de transição. Não
obstante, mais recentemente mudou de opinião, conforme decisão publicada em seu Informativo
n. 539, a qual transcrevo integralmente por abordar também, e de forma didática, a relevante tese
do denominado “congelamento da carência”:
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A presente questão pode ser solucionada a partir da redação literal da Lei 8.213/91, mas não é de
solução tão simples, por cuidar de tema não muito profundamente estudado, que é a contagem
recíproca de tempo de contribuição. Sobre o tema, Rocha/Baltazar Júnior (Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social) esclarecem que “A contagem recíproca é um instituto previdenciário
decorrente do princípio da universalidade do seguro social, tendo por finalidade franquear ao
segurado que esteve vinculado a diferentes regimes a obtenção dos benefícios previdenciários,
quando ele não preenche os requisitos, considerando-se unicamente um determinado regime
previdenciário”. O tema está regulado nos arts. 94 a 99 da Lei 8.213/91, transcrevo os que nos
interessam (grifei):
Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado de
acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes:
III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão
de aposentadoria pelo outro;
Art. 99. O benefício resultante de contagem de tempo de serviço na forma desta Seção
será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo,
e calculado na forma da respectiva legislação.
A lei 9.796/99 “Dispõe sobre a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência
Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de
aposentadoria, e dá outras providências”. Não obstante, se mesmo após a aposentadoria, restou
tempo não utilizado, o STJ vem entendendo ser possível a averbação. Neste sentido:
Ementa
2. O art. 98 da Lei n.º 8.213/91 deve ser interpretado restritivamente, dentro da sua
objetividade jurídica. A vedação contida em referido dispositivo surge com vistas à
reafirmar a revogação da norma inserida na Lei n.º 5.890/73, que permitia o acréscimo
de percentual a quem ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir
a utilização do tempo excedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria
concedida.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 93. Não é possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte
com pensão civil ex delicto.
COMENTÁRIO
A questão também esbarra em outro ponto do edital: 2.3.15. Cumulação de benefícios. Parece
óbvio que não haveria impedimento à cumulação, pelo que a leitura inicial do enunciado pode
até causar certa estranheza e levar o candidato a cogitar se não há aí alguma “casca de banana”
escondida. É curioso que o tema já tenha chegado até o STJ - razão pela qual, inclusive, passa a
nos interessar - estando pacificado, lá, a possibilidade de cumulação:
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 94. Segundo o STJ, para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por
idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente
como rurícola pode ser considerada como início de prova material do tempo de serviço,
ainda que este tenha exercido atividade urbana no período de carência.
COMENTÁRIO
Um debate bastante atual é sobre a possibilidade de aquele que é empregado (em sentido estrito,
com CTPS anotada) rural poderia “emprestar” a prova à cônjuge quando esta pretende comprovar
exercício de atividade rural (como segurada especial, boia-fria ou empregada rural sem CTPS
assinada perante o mesmo empregador).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 95. No auxílio-reclusão, segundo o STF, a renda que deve ser aferida, para fins
de preenchimento do requisito “baixa renda”, é a dos dependentes e não a do segurado-
instituidor.
COMENTÁRIO
Segundo o art. 80 da Lei 8.213/91, “o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da
pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência
em serviço”. O benefício é devido apenas para os dependentes do instituidor de baixa renda,
conforme estabelece a CRFB. O STF tem posição firmada no sentido de que a renda que deve
ser aferida é a do instituidor, não a do(s) dependente(s). Recentemente, o STJ entendeu (REsp
1.480.461) que se o instituidor estiver desempregado ou sem renda no momento do recolhimento
à prisão, o requisito da baixa renda está preenchido, independentemente do valor do último salário-
de-contribuição. O benefício somente é devido se o instituidor está sob regime fechado ou semi-
aberto, não se no aberto. O INSS também vem admitindo se a prisão é cautelar (o tema, contudo,
já foi cobrado em provas em sentido diverso) ou se é caso medida socioeducativa de internação.
Acerca da prisão civil, reside forte controvérsia em doutrina. Transcrevo decisão do STF, já antiga,
sobre o tema:
Julgamento: 25/03/2009
Ementa
I - Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que
a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus
dependentes.
III - Diante disso, o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vício da
inconstitucionalidade.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Como instituição nacional, a Defensoria Pública foi criada em 1988 pela Constituição Federal.
Em 1994, a LC 80 organizou a Defensoria Pública da União e prescreveu normas gerais para as
demais Defensorias. A efetiva criação da DPU ocorreu em 1995, com a Medida Provisória 930, que
dispôs sobre a sua implantação, em caráter emergencial e provisório, criando os primeiros setenta
cargos de defensor público da união, que seriam providos mediante aprovação prévia em concurso
público de provas e títulos.
O enunciado está equivocado. Segue trecho do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:
“Os primeiros membros da DPU vieram da carreira de Advogado de Ofício, que era
integrada por servidores públicos cuja atribuição era oferecer assistência jurídica gratuita
para os militares de baixa renda perante a Justiça Militar da União. Assim, o art. 138,
caput, da LC 80, assentou que ‘Os atuais cargos de Advogado de Ofício e de Advogado
de Ofício Substituto da Justiça Militar e de Advogado de Ofício da Procuradoria Especial
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 97. A Defensoria Pública da União é integrada pela carreira de defensor público
federal, a qual se compõe de três categorias: segunda, primeira e especial. É atribuição
dos defensores públicos federais de categoria especial atuar perante a Turma Nacional
de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. É atribuição dos defensores públicos
federais de segunda categoria atuar perante o Tribunal Marítimo. É atribuição dos defensores
públicos federais de primeira categoria atuar perante os Tribunais Regionais do Trabalho.
COMENTÁRIO
“A DPU é integrada pela carreira de defensor público federal, composta, nos termos
do art. 19 da LC 80, de três categorias: (I) defensor público federal de 2ª categoria
– inicial; (II) defensor público federal de 1ª categoria – intermediária; e (III) defensor
público federal de categoria especial – final. Os defensores públicos federais de 2ª
categoria atuam junto aos Juízos Federais, aos Juízos do Trabalho, às Juntas e aos
Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo e
às instâncias administrativas da União (art. 20). Os defensores públicos federais de 1ª
categoria atuam nos Tribunais Regionais Federais, nas Turmas dos Juizados Especiais
Federais, nos Tribunais Regionais do Trabalho e nos Tribunais Regionais Eleitorais
(art. 21). Os defensores públicos federais de categoria especial atuam no Superior
Tribunal de Justiça, no Tribunal Superior do Trabalho, no Tribunal Superior Eleitoral,
no Superior Tribunal Militar e na Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais (art. 22). Finalmente, o defensor público-geral federal atua junto ao
Supremo Tribunal Federal (art. 23)” (p. 19).
Não é preciso decorar essas informações. Basta que vocês entendam que há uma correlação da
categoria com a hierarquia dos órgãos jurisdicionais, incumbindo aos membros de 2ª categoria atuar
na primeira instância (+ Tribunal Marítimo e instâncias administrativas da União), aos membros de
1ª categoria nas instâncias intermediárias e aos membros de categoria especial nas instâncias
superiores (+ TNU). A atuação no STF é atribuída ao DPGF, que designa membros para auxiliá-lo.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A primeira parte do enunciado está correta. O processo de escolha do DPGF realmente é complexo
e se completa com a junção de três vontades: da carreira na formação da lista tríplice, do Poder
Executivo na escolha de um dos candidatos integrantes daquela lista e do Poder Legislativo na
aprovação do nome desse candidato. A segunda parte do enunciado, porém, está equivocada, pois
a aprovação pelo Poder Legislativo também é exigida na recondução. Vocês precisam decorar
os elementos principais do art. 6º da LC 80: “A Defensoria Pública da União tem por chefe o
Defensor Público-Geral Federal, nomeado pelo Presidente da República, dentre membros estáveis
da carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada pelo voto
direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros, após a aprovação de seu nome pela
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma
recondução, precedida de nova aprovação do Senado Federal”.
Dica: anotem como uma obrigação ler e reler esse dispositivo na véspera ou momentos antes da
prova, pois ele é cobrado com muita frequência.
Atenção: Há quem invoque o sistema dos freios e contrapesos para defender que a ratificação
legislativa do candidato nomeado pelo Chefe do Poder Executivo também se aplica às Defensorias
dos Estados, argumentando que este expediente democratizaria o processo. Não há essa previsão
na LC 80 para as DPEs. Instado a se manifestar num caso em que a Constituição do Estado de
Roraima foi alterada para prever a submissão de diversas autoridades nomeadas pelo Governador
à sabatina pela Assembleia Legislativa – entre estas autoridades, o candidato ao cargo de Defensor
Público-Geral –, o STF, embora tenha declarado a inconstitucionalidade formal do dispositivo por
se tratar de matéria privativa do Chefe do Poder Executivo, decidiu que submeter o candidato
nomeado pelo Governador à sabatina pela Assembleia Legislativa seria compatível com a
Constituição Federal em razão do princípio da simetria com a Defensoria Pública da União
(ADI 4.284, rel. min. Ricardo Lewandowski, Plenário, j. 09/04/2015).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 99. Conforme dispõe a LC 80, o Defensor Público-Geral Federal será substituído,
em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, por ele nomeado
dentre integrantes estáveis da carreira.
COMENTÁRIO
Há uma diferença de tratamento da matéria pela LC 80 no que diz respeito às Defensorias dos
Estados e à Defensoria Pública da União. No âmbito das DPEs, estabelece o art. 99, § 1º, da LC
80, que “O Defensor Público-Geral será substituído em suas faltas, licenças, férias e impedimentos
pelo Subdefensor Público-Geral, por ele nomeado dentre integrantes estáveis da carreira, na forma
da legislação estadual”. Observem, portanto, que é o próprio DPG que escolhe e nomeia ou seu
SUBDPG. Já no âmbito da DPU, o DPGF possui uma interferência mínima na escolha do seu
SUBDPGF. Vejamos o que dispõe o art. 7º, caput, da LC 80: “O Defensor Público-Geral Federal será
substituído, em suas faltas, licenças e férias, pelo Subdefensor Público-Geral Federal, nomeado
pelo Presidente da República, dentre os integrantes da categoria especial da carreira, escolhidos
pelo Conselho Superior, para mandato de 2 (dois) anos”.
Sobre o tema, anotei no meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:
competência ao Defensor Público-Geral (arts. 99, § 1º, e 104, caput)” (p. 31).
GABARITO: ERRADO
MATERIAL EXTRA
Seguiremos na próxima rodada com mais questões sobre a DPU. Segue abaixo um quadro-resumo
extraído do meu livro Prática Penal para Defensoria Pública:
COMENTÁRIO
Assim, a decisão tomada em determinado caso não teria efeito retroativo, mas tão somente
prospectivo (daí em diante).
A expressão foi utilizada na decisão tomada na ADI 4.060, constando na ementa do julgado, senão
vejamos:
A ação versava sobre a constitucionalidade de lei de Estado-membro que fixava número máximo
de alunos em sala de aula, em face da regra contida no artigo 24, XI, da Constituição Federal, que
estabelece a competência concorrente entre União, Estados e Municípios para legislarem sobre
educação e ensino.
Lembrem-se que a ADI, em regra, possui efeitos ex tunc (para trás). Sendo assim, a técnica da
prospective overruling permite a modulação dos efeitos.
Alegava-se ofensa a competência da União para tratar de regras gerais em matéria de educação
(CF. Art. 24. § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais).
Note-se, portanto, que a alteração de entendimento da Corte, a partir do julgado, conforme resta
claro nos votos dos ministros, se dá em relação a ideia de federação e maior prestígio à autonomia
dos Estados-membros, superando a proteção “excessiva” concedida pelo Supremo a unidade
nacional. Vejamos, por fim, trecho do voto do Min. Celso se Melo:
Observação final: li o inteiro teor do julgado e não encontrei nos registros escritos dos votos dos
Ministros a expressão “prospective overruling”. Esta consta, tão somente, na ementa do julgado.
Foi mencionada, também, em informativo da Corte que divulgou o julgado da ADI 2.663 (julgamento
em 8.03.2017), cujo inteiro teor ainda não está disponível no site do Supremo. Vejamos trecho do
informativo:
“O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 11.743/2002 do Estado do Rio Grande do Sul,
conferindo à decisão efeitos “ex nunc”, a partir da publicação da ata deste julgamento.
A lei impugnada assegura às empresas patrocinadoras de bolsas de estudo para
professores que ingressam em curso superior a possibilidade de exigir dos beneficiários
serviços para implementação de projetos de alfabetização ou aperfeiçoamento de
empregados dessas empresas, bem como outras atividades compatíveis com a sua
formação profissional. O art. 3º da lei impugnada autoriza o Poder Executivo a conceder
à empresa patrocinadora incentivo equivalente a 50% do valor da bolsa, a ser deduzido
do ICMS.
sugere novas searas normativas que possam ser trilhadas pelos Estados-Membros,
Municípios e Distrito Federal. A “prospective overruling”, antídoto ao engessamento
do pensamento jurídico, possibilita ao STF rever sua postura em casos de litígios
constitucionais em matéria de competência legislativa, viabilizando o prestígio das
iniciativas regionais e locais, ressalvadas as hipóteses de ofensa expressa e inequívoca
a norma da Constituição”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A divisão de tarefas está contemplada nos parágrafos do art. 24, de onde se extrai que
cabe à União editar normas gerais – i. é, normas não-exaustivas, leis-quadro, princípios
amplos, que traçam um plano, sem descer a pormenores. Os Estados-membros e o
Distrito Federal podem exercer, com relação às normas gerais, competência suplementar
(art. 24, § 2º), o que significa preencher claros, suprir lacunas” (MENDES, Gilmar
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 102. Suponha que em ação judicial ajuizada perante juizado especial federal,
envolvendo caso de saúde, seja deferido o pleito antecipatório de tutela provisória de
urgência, para fornecimento de medicamento, solidariamente, pelo Município, Estado e
União. Após, é proferida sentença confirmando-se a decisão liminar. Nas razões de Recurso
Inominado, dirigido à Turma Recursal, o recorrente alega que a decisão, por não observar
a divisão de competências entre os entes estabelecida pela lei 8.080/90, acaba por afastar
sua incidência, o que equivale a declarar, indiretamente, sua inconstitucionalidade. Por isso,
deve ser observada a cláusula de reserva de plenário (full bench).
COMENTÁRIO
A cláusula de reserva de plenário (ou full bench) é prevista no artigo 97 da CF/1988: “Somente pelo
voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.
No caso em apreço não se mostra necessária a observância da full bench. O texto do artigo
97 se refere expressamente a tribunais. Portanto, os juízes singulares, assim como as Turma
Recursais de Juizados Especiais, não necessitam observar a reserva de plenário, pois não se trata
de tribunal. Nesse sentido: “Realmente, o art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento
da inconstitucionalidade de preceito normativo à decisão nesse sentido da ‘maioria absoluta de
seus membros ou dos membros dos respectivos órgãos especiais’, está se dirigindo aos Tribunais
indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93, XI. A referência,
portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados especiais (art. 98, I),
que, pela configuração atribuída pelo legislador, não funcionam, na esfera recursal, sob regime
de plenário ou de órgão especial. As Turmas Recursais, órgãos colegiados desses juizados,
podem, portanto, sem ofensa ao art. 97 da Constituição e à Súmula Vinculante 10, decidir sobre
a constitucionalidade ou não de preceitos normativos.” (STF. Segunda Turma. ARE 792.562 AgR.
DJe 2.4.2014).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O mesmo raciocínio esposado nos comentários à questão anterior, relativamente a não aplicação
da cláusula de reserva de plenário – full bench – se dá em relação à norma pré-constitucional.
Assim, não haveria inconstitucionalidade em sentido estrito (por exemplo, na análise da lei 6.815/80,
tendo como parâmetro a Constituição Federal). Nesse caso, o que ocorre é sua não recepção, não
se aplicando a reserva de plenário na hipótese de não recepção de norma.
A norma que possui natureza pré-constitucional exige, “como se sabe, um eventual juízo negativo
de recepção (por incompatibilidade com as normas constitucionais supervenientes), e não um
juízo declaratório de inconstitucionalidade, para o qual se imporia, certamente, a observância da
cláusula de reserva de plenário.” (STF. Pleno. Rcl 15.786 AgR. 2014).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 104. A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal não se aplica aos magistrados
singulares.
COMENTÁRIO
Como vimos a cláusula de reserva de plenário é dirigida aos tribunais, por expressa previsão
constante no artigo 97 da Constituição Federal de 1988.
“A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal, porque exclusivamente dirigida aos órgãos
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 105. Supondo que a União edite lei estabelecendo normas gerais sobre previdência
social. O Estado “x”, posteriormente, edita lei com normas específicas sobre o mesmo
tema. Em ação direita de controle de constitucionalidade alega-se a inconstitucionalidade
da norma estadual, aduzindo que o Estado-membro estaria usurpando a competência da
União, tendo em vista que a lei estadual supostamente extrapolaria os limites estabelecidos
pela lei federal. Em sua defesa, o Estado alega que não seria viável a ADI, tendo em conta
que a violação seria à lei (controle de legalidade), sendo a ofensa à Constituição Federal
apenas reflexa. Assiste razão ao Estado-membro.
COMENTÁRIO
Não assiste razão ao Estado-membro. Nestes casos, onde a competência é concorrente (Art. 24,
XII, da CF), a existência de normas federais tratando da mesma temática não afasta a ofensa direta
das regras constitucionais de repartição da competência legislativa.
É que, se a lei estadual estiver usurpando competência da União para editar normas de caráter
geral, ela ofenderia diretamente o texto constitucional. Neste sentido: STF. ADI 4060/SC, Tribunal
Pleno, julgado em 25/02/2015; ADI 4423, Tribunal Pleno, julgado em 24/09/2014; STF. ADI 3645,
Tribunal Pleno, julgado em 31/05/2006.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Note-se, portanto, que, em regra, o TJ não pode fazer o controle tendo como parâmetro a
Constituição Federal, já que a guarda desta última cabe ao Supremo Tribunal Federal.
No caso, todavia, de a norma (parâmetro) ser de reprodução obrigatória, esta constará, ao mesmo
tempo, na Constituição Federal e na Constituição Estadual. Neste caso, os Tribunais de Justiça
poderão analisar a lei em face da Constituição Estadual e, inevitavelmente, em face da CF. Nesse
sentido:
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 107. Não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal tendo como objeto lei municipal.
COMENTÁRIO
Como visto, o controle de constitucionalidade no âmbito estadual é feito por meio do Tribunal de
Justiça respectivo, através da Representação de Inconstitucionalidade, podendo ter como objeto
leis ou atos normativos estaduais ou municipais. O parâmetro é a Constituição Estadual (Art. 125,
§ 2º, da CF).
Já no âmbito federal, poderá ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade lei ou ato normativo
federal ou estadual (Art. 102, I, “a”, da CF).
Assim, não cabe ADI no Supremo tendo como objeto lei municipal, já que o objeto desta é somente
lei ou ato normativo federal ou estadual.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Cuidado. A questão traz a necessidade de se observar um detalhe que, não de forma incomum,
pode levar o candidato ao erro de questão relativamente simples.
Portando, no que se refere à ação declaratória de constitucionalidade, o objeto apenas poderá ser
lei ou ato normativo federal.
- ADI
- ADC
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Para a criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º, da CF/88, exige a edição de uma Lei Complementar
Federal estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser criados,
incorporados, fundidos ou desmembrados. Como atualmente não existe essa Lei Complementar, as
leis estaduais que forem editadas criando novos Municípios são inconstitucionais por violarem essa
exigência (Nesse sentido: STF. Plenário. ADI 4992 MC/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, 26/6/2013).
Todavia, caso essas leis estaduais sejam anteriores a 31/12/2006, existindo desde lá os Municípios,
são constitucionais. Isso porque o Congresso Nacional editou a EC 57/2008, acrescentando o art.
96 ao ADCT, que previu a convalidação desses Municípios:
OBS: Em 2015, o Plenário do Senado aprovou o “Projeto de Lei do Senado (PLS) 199/2015 –
Complementar”, que regula a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios. O
projeto pende de exame na Câmara dos Deputados e, se aprovado, será encaminhado à sanção
presidencial. Outros dois projetos similares foram vetados anteriormente pela presidente Dilma
Rousseff, por considerar a iniciativa prejudicial ao Erário. Válido ficar atento a eventual aprovação
(e sanção) da legislação antes da publicação do edital.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
(1) Com relação aos Estados, estes podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, desde
que: haja aprovação da população diretamente interessada e do Congresso Nacional, por lei
complementar, e não por lei ordinária, como afirma a questão.
(2) A consulta à população se dará por meio de plebiscito, e não por referendo.
(3) Além disso, no que concerne aos Municípios, a criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento, faz-se por lei estadual, e não por lei municipal, como consta na questão.
(4) A consulta à população, também neste caso, ocorre por meio de plebiscito.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 111. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os
serviços de transporte ferroviário.
COMENTÁRIO
Compete à União os serviços de transporte ferroviário, nos termos do artigo 21, XII, “d”, da
Constituição Federal. Importa observar que o artigo 21 traz competências administrativas exclusivas
da União, já que as competências administrativas comuns estão no artigo 23 da Carta. Assim, leia-
se, no caput do artigo 21: “Compete (exclusivamente), à União”.
A fim de completar o estudo do tema, indico que sejam lidos os artigos 21 e 23 da Constituição
Federal, sistematicamente. Como estudar estes artigos sistematicamente? Lendo os artigos “22
e 24” juntos e “21 e 23” juntos, a fim de facilitar o entendimento da sistematização feita pela
Constituição Federal e utilizando métodos mnemônicos para decorar as competências. O ideal é
que cada um crie seus próprios métodos de memorização.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição
do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal,
obedecidos os princípios desta”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A questão é relativamente simples, mas exige que o candidato conheça a divisão de competências
estabelecidas pela Constituição Federal.
A última parte da questão encontra-se correta, já que é vedada a edição de MP para a sua
regulamentação, conforme dispõe a Constituição Federal: “Art. 25. § 2º - Cabe aos Estados explorar
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
a edição de medida provisória para a sua regulamentação”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O artigo 29, inciso X, da Constituição Federal, prevê foro por prerrogativa de função para julgamento
de prefeitos municipais, que deverá ocorrer perante o Tribunal de Justiça.
O STJ (conflito de competência 120.848-PE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/3/2012) decidiu
que os prefeitos devem ser julgados pelo TJ de onde se localizam seu município (onde exercem o
mandato), mesmo que o crime tenha sido praticado em Estado diverso. Por exemplo: prefeito de
município localizado em Fortaleza - CE comete crime no Rio Grande do Norte. Competência para
julgamento: Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Ou seja, se fato praticado for de competência da Justiça Federal, o julgamento se dará perante
o Tribunal Regional Federal respectivo. O mesmo ocorre com relação à seara eleitoral, quando o
julgamento será realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ao formular uma reserva, o Estado está declarando que não quer se vincular a determinada(s)
cláusula(s) daquela convenção. Portanto, o objetivo da reserva é excepcionar determinado dispositivo
de um tratado internacional quando da sua adesão. Não são todos os tratados internacionais que
admitem a formulação de reserva. O Estatuto de Roma, tratado internacional que instituiu o Tribunal
Penal Internacional, não admite reservas. A Convenção sobre a Diversidade Biológica também
não admite reservas, além de outras convenções internacionais. Neste mesmo sentido, a doutrina
majoritária entende pela impossibilidade da formulação de reservas em tratados internacionais
bilaterais (tratados que envolvendo apenas dois Estados), sob pena de desvirtuamento do próprio
tratado. Assim, segundo a doutrina, as reservas poderiam ser formuladas apenas nos tratados
multilaterais.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 116. O Supremo Tribunal Federal não pode deferir um pedido de extradição
envolvendo a prática do delito de desaparecimento forçado, uma vez que o Estado brasileiro
ainda não tipificou o desaparecimento forçado em seu ordenamento jurídico interno.
COMENTÁRIO
Para viabilizar o pleito da extradição, o requisito da dupla tipicidade é medida que se impõe.
Entende-se por princípio da dupla tipicidade (também chamado de “princípio da dupla incriminação”
ou da “identidade da infração”) a necessidade de que determinada conduta seja tipificada tanto no
estado requerido quanto no estado requerente da extradição. Para que seja satisfeito o requisito da
dupla tipicidade, não é necessário que a conduta criminosa tenha o mesmo nomen juris em ambos
os países. Ao realizar a análise de pedidos de extradição envolvendo o delito de desaparecimento
forçado, o Supremo Tribunal Federal entendeu que estaria satisfeito o princípio da dupla tipicidade,
mesmo não havendo a tipificação do delito de desaparecimento na ordem interna brasileira. Para
chegar a este raciocínio, o STF entendeu que o delito de sequestro previsto no art. 146 do Código
Penal brasileiro seria equivalente ao delito de desaparecimento forçado para fins de aferir se
está preenchida ou não a dupla tipicidade. Foi o que entendeu o Supremo Tribunal Federal nas
extradições 974, 1278 e 1150. Vejamos um destes julgados como forma de ilustrar a questão:
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 117. O Tribunal Penal Internacional não julga Estados, mas apenas pessoas
físicas.
COMENTÁRIO
É o que se conclui pela leitura do artigo 25 do Estatuto de Roma, que dispõe in verbis: “De acordo
com o presente Estatuto, o Tribunal será competente para julgar as pessoas físicas”. O fato de o
Tribunal Penal Internacional julgar apenas pessoas físicas é de suma importância para a proteção
internacional dos direitos humanos, pois consolida a possibilidade da pessoa humana ser sujeito
de direitos na ordem internacional. Assim, é possível afirmar atualmente que o indivíduo também
é dotado de personalidade jurídica internacional, embora esta personalidade seja mais restrita do
que a personalidade internacional dos Estados, já que o indivíduo não possui o chamado “treaty-
making power”, qual seja, a capacidade para celebrar tratados internacionais. Outrossim, além
do Tribunal Penal Internacional, os outros tribunais penais internacionais (Ruanda, Ex-Iugoslávia,
Tóquio, Serra Leoa, etc.) também são dotados de competência apenas para julgar pessoas físicas.
O único Tribunal internacional penal em que foi admitida a persecução penal contra pessoas
jurídicas foi o Tribunal de Nuremberg, ao julgar o partido nazista e pessoas jurídicas aliadas.
Por outro lado, relembramos que a Corte Internacional de Justiça (órgão judicial da ONU), embora
não seja um tribunal internacional penal propriamente dito, não julga pessoas físicas, mas apenas
Estados.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Trata-se de uma pegadinha que é frequentemente questionada aos candidatos nas provas
orais de concursos que abordam a matéria de direitos humanos. A Corte Interamericana de
Direitos Humanos não é órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas sim
da Convenção Americana de Direitos Humanos. Nesse sentido, é a lição de André de Carvalho
Ramos: “O segundo órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Corte Interamericana
de Direitos Humanos (Corte IDH), é uma instituição judicial autônoma, não sendo órgão da
OEA, mas sim da Convenção Americana de Direitos Humanos” (RAMOS, André de Carvalho.
Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 324; grifo nosso).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, uma vez emitida a ordem de captura
internacional pela INTERPOL (red notice), a mesma possui aplicação imediata no Brasil.
COMENTÁRIO
Apesar de ter enfrentado poucas vezes o tema, o Supremo Tribunal Federal, ao se deparar com a
ordem internacional de captura da INTERPOL (também chamada de red notice), entendeu que esta
não recebe validação automática pelo Estado brasileiro. Assim, além da ordem internacionalmente
emitida, a prisão cautelar do foragido internacional deve ser requerida e decretada pelo STF (v. HC
80923, Rel. Min. Néri da Silveira, Tribunal Pleno, j. 15/08/2001; PPE 623 QO, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, j. 01/07/2010). O STF deixou claro que há a necessidade do preenchimento
de outros requisitos, não bastando a mera ordem de prisão internacional para que o foragido
possa ser preso no Estado brasileiro. Nesse sentido, explica Renato Brasileiro de Lima: “Se no
estrangeiro, a difusão vermelha é suficiente, de per si, para que seja efetivada a prisão da pessoa
procurada, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal entende que é indispensável prévia ordem escrita
da autoridade judiciária competente brasileira. Logo, estando a pessoa no território nacional, ainda
que seu nome conste na Interpol como procurada em razão da difusão vermelha, deve haver prévio
pedido de extradição tramitando no Supremo, ocasião que o Ministro relator poderá determinar a
prisão preventiva para fins de extradição, nos termos do art. 102, I, “g”, da Constituição Federal.
Nesse contexto, o Plenário do Supremo já teve a oportunidade de asseverar que, ausente o pedido
de extradição em tramitação perante o STF, caracteriza constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção o cumprimento de mandado de prisão expedido por justiça estrangeira contra pessoa
residente no Brasil, para cuja execução foi solicitada a cooperação da Interpol, já que tal mandado,
por si só, não pode lograr qualquer eficácia no território nacional” (LIMA, Renato Brasileiro. Manual
de Processo Penal. 2.ed. Salvador: Juspodivm, 2014. p.837).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 120. Segundo a doutrina majoritária, não há hierarquia entre fontes de Direito
Internacional, ressalvados os casos envolvendo normas de jus cogens.
COMENTÁRIO
Ao analisar as fontes do Direito Internacional, a doutrina leciona desde os seus primórdios que não
há hierarquia de fontes no âmbito do Direito Internacional. Deste modo, é possível observarmos
que um costume internacional pode revogar um tratado internacional e vice-versa, ressalvadas as
normas de jus cogens uma vez que estas só podem ser revogadas por normas de igual quilate.
O artigo 38 da Corte Internacional de Justiça prevê um rol exemplificativo de fontes do Direito
Internacional, senão vejamos: “1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional
as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar: 2. As convenções internacionais, sejam
gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados
litigantes; 3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 5. As decisões judiciais e
as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar (...) 6.
A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono,
se convier às partes”. (grifo nosso)
Por fim, alerto ao aluno que o CESPE já entendeu em suas provas objetivas pela inexistência de
hierarquia entre fontes de direito internacional.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 121. Segundo a LINDB, o estatuto pessoal é regido pela lex domicilii.
COMENTÁRIO
Segundo o artigo 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “A lei do país em que
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família”.
Deste modo, é correto afirmar que o estatuto pessoal do indivíduo é regido pela lex domicilii. Senão
vejamos a lição de Erik Frederico Gramstrup e André de Carvalho Ramos sobre o tema:
“Entre os mais diversos fatos transnacionais que podem ser regulados pelo Direito
Internacional Privado, destacam-se os que se referem ao estatuto pessoal, que consiste
no conjunto de atributos afetos à individualidade jurídica. O estatuto pessoal refere-
se, em geral, à pessoa física e engloba a regulamentação sobre estado da pessoa,
capacidade, filiação, nome, pátrio poder, casamento, dissolução do matrimônio, união
homoafetiva, morte, alimentos, adoção, entre outros temas”. (...) “Assim, somente em
1942, o Brasil curvou-se ao já adotado nos demais países receptores de mão de obra
migrante nas Américas e implantou a regra da lei do domicílio (lex domicilii)”. (RAMOS,
André de Carvalho e GRAMSTRUP, Erik Frederico. Comentários à Lei de Introdução Às
Normas do Direito Brasileiro – LINDB. São Paulo: Saraiva, 2016, pp. 134 144)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Segundo o artigo 12, § 1º, do Decreto nº 7.107/2010 (que homologou o acordo firmado entre o
Brasil e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, aprovado pelo Decreto
A partir desse arcabouço normativo, o Superior Tribunal de Justiça decidiu ser possível a homologação
de sentença eclesiástica de anulação de matrimônio, confirmada pelo órgão de controle superior
da Santa Sé. Vejamos o precedente do Tribunal da Cidadania:
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Como se sabe, no direito norte americano o Tribunal do Júri não se restringe ao julgamento de
crimes, uma vez que diversas causas cíveis são levadas ao julgamento pelos jurados. Desta forma,
parte da doutrina entendia que não seria possível a homologação de sentenças estrangeiras
exaradas em Tribunais do Júri de natureza cível, sob o argumento que tal homologação violaria
a ordem pública interna. A controvérsia chegou ao Supremo Tribunal Federal, que decidiu ser
possível a homologação de sentença estrangeira oriunda de Júri cível norte-americano. Vejamos o
precedente da Corte Constitucional Brasileira:
Por fim, lembro vocês que desde a EC da reforma do Judiciário o Supremo Tribunal Federal não
atua mais no âmbito da homologação de sentenças estrangeiras. Atualmente, o STJ exerce essa
função.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ainda sobre o Tribunal Penal Internacional, a doutrina denomina de “crimes de jus cogens” aqueles
que, quando cometidos, afetam valores essenciais da comunidade internacional. São crimes de jus
cogens os crimes de agressão, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e o crime de
genocídio, todos de competência do Tribunal Penal Internacional.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 126. Não é cabível o pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.
COMENTÁRIO
Um dos requisitos para o pedido de extradição é a existência de uma pena privativa de liberdade.
Deste modo, não há que se falar em pedido de extradição para o cumprimento da pena de multa.
Nesse sentido, é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
Ainda sobre o tema em estudo, lembro ao aluno que exige-se uma pena mínima de um ano para a
viabilidade do pedido de extradição. Os requisitos para a viabilidade do pedido de extradição estão
previstos no artigo 80 e seguintes da Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 127. A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização aberta,
enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada.
COMENTÁRIO
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização fechada, uma vez que não são
todos os países que estão aptos a ingressar na referida organização, mas apenas aqueles Estados
situados no continente americano. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) é considerada
uma organização aberta, uma vez que todo e qualquer país pode ingressar em seus quadros.
Ainda sobre o tema das organizações internacionais, relembro ao aluno que estas possuem
personalidade jurídica de direito internacional, conforme estudamos na rodada passada deste
curso.
Para finalizar o tema das organizações internacionais, alerto ao futuro Defensor Público Federal
que as organizações internacionais podem exercer a chamada proteção funcional em relação aos
danos sofridos pelos seus agentes. Deste modo, a proteção funcional se caracteriza nos casos em
que as organizações internacionais podem tomar para si os litígios referentes a danos sofridos por
seus agentes, quando em exercício. Valendo-se dessa prerrogativa, as organizações internacionais
também podem outorgar endosso, seguindo requisitos análogos aos da proteção diplomática. É
ato discricionário da organização internacional envolvida. Nesse sentido, também é a lição de
Valério Mazzuoli de Oliveira: “Assim, tem-se a proteção diplomática para os casos relativos ao
endosso do Estado na salvaguarda dos direitos dos seus nacionais e a proteção funcional para
aqueles atinentes à proteção que as organizações internacionais dão àqueles funcionários que se
encontrarem a seu serviço. A proteção funcional baseia-se na ideia de que os agentes que servem
a determinada organização não devem precisar de outra proteção que não aquela da organização
para qual trabalha. Tais agentes não devem depender da proteção de seu Estado patrial nestes
casos, sendo essencial que a sua proteção advenha da própria organização a que está servindo
naquele momento” (MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional. 5. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 562).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Denomina-se “heimatlos” aquele indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade (apátrida).
Sobre este ponto, é a lição de Bernardo Gonçalves Fernandes: “Apátrida (heimatlos): é aquele
que não tem nenhuma nacionalidade” (FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito
Constitucional. 6. ed. Bahia: Juspodivm, 2014, p.606).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
jurisdicional brasileira.
Segundo dispõe o artigo 25 do Novo Código de Processo Civil: “Não compete à autoridade judiciária
brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação”.
Venho insistindo em todas as rodadas para que vocês leiam todos os dispositivos relacionados ao
Direito Internacional Público e ao Direito Internacional Privado que foram cristalizados no corpo
do NCPC. Não tenho a menor dúvida que tais dispositivos serão explorados na prova objetiva
da Defensoria Pública da União. Por fim, transcrevo o texto do artigo 24 do NCPC, um dos mais
importantes acerca do tema:
“A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que
a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 130. A Corte Interamericana de Direitos Humanos não possui competência para
analisar violações a respeito da Convenção de Belém do Pará, de modo que o monitoramento
dos direitos assegurados por esse tratado fica a cargo apenas da Comissão Interamericana.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Segue trecho do nosso livro, meu com o Thim, Jurisprudência
Internacional de Direitos Humanos (2ª edição, 2017):
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Interamericana sobre Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas. O Brasil já assinou essa
Convenção. No entanto, o texto do tratado ainda não passou pelo procedimento de incorporação
legislativa na ordem jurídica interna.
Atenção: além da Convenção específica ou setorial, as pessoas idosas também contam com
direitos expressamente protegidos pelo Protocolo de San Salvador (art. 17).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela ONU em 1989. O Brasil aderiu à
esta Convenção em 1990, completando todas as fases de incorporação legislativa do tratado na
ordem jurídica interna no mesmo ano. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três
protocolos facultativos: (I) o primeiro, adotado em 2000, diz respeito ao envolvimento de crianças
em conflitos armados e foi assinado pelo Brasil no mesmo ano, completando o ciclo de incorporação
na ordem jurídica interna em 2004; (II) o segundo, adotado também em 2000, diz respeito à venda
de crianças, à prostituição infantil e à pornografia infantil, tendo sido incorporado na ordem jurídica
interna em 2004; (III) e o terceiro, de 2011, criou o direito de petições das vítimas ao Comitê para
os Direitos das Crianças. Atenção: diversamente do que afirma o enunciado, o Brasil ainda não
aderiu ao protocolo da Convenção sobre os Direitos da Criança que confere legitimidade às vítimas
para denunciarem violações de direitos humanos junto ao Comitê.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 133. O Caso Atala Riffo, julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
em 2012, se notabilizou por ter sido o primeiro precedente da Corte sobre proteção do direito
à diversidade sexual.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Segue trecho do meu livro com o Thim, Jurisprudência Internacional
de Direitos Humanos, 2ª edição – 2017:
Ainda voltaremos a esse tema – da proteção dos direitos humanos da comunidade LGBTI –
noutra rodada, pois se trata de assunto já cobrado no IV concurso da DPU (questão 178) e que
tem conquistado cada vez mais relevância na atuação da DPU, principalmente após a criação
do Grupo de Trabalho Identidade de Gênero e Cidadania LGBTI. Em rol exemplificativo, cito as
seguintes atuações: (I) pedido de providências no CNJ sobre retificação do registro de nome e
sexo de pessoas trans: http://www.dpu.def.br/images/stories/pdf_noticias/2016/pedido_de_
providencias_cnj_retificacao_de_nome.pdf; (II) Resolução 108/2015 do CSDPU sobre uso do
nome social pelas pessoas trans, travestis e transexuais usuárias dos serviços, pelos defensores
públicos, estagiários, servidores e terceirizados da DPU: http://www.dpu.def.br/conselho-superior/
resolucoes/25623-resolucao-n-108-de-5-de-maio-de-2015-uso-do-nome-social-pelas-pessoas-
trans-travestis-e-transexuais-usuarias-dos-servicos-pelos-defensores-publicos-estagiarios-
servidores-e-terceirizados-da-defensoria-publica-da-uniao; (III) obtenção de liminar em ACP para
garantir tratamento hormonal para transexuais em penitenciárias do Estado de SP: http://www.dpu.
def.br/noticias-sao-paulo/36961-dpu-consegue-liminar-que-garante-tratamento-hormonal-para-
transexuais-em-sp; (IV) atuação como amicus curiae no STF na defesa da retificação do nome e do
gênero das pessoas trans no registro civil sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual
ou de qualquer outra condicionante: https://dpu.jusbrasil.com.br/noticias/450369207/dpu-sustenta-
no-stf-alteracao-de-registro-de-pessoas-trans-mesmo-sem-cirurgia; e (V) memoriais como amicus
curiae na Corte Interamericana em pedido de opinião consultiva da Costa Rica sobre questões
relacionadas à identidade de gênero: http://www.dpu.def.br/images/stories/arquivos/PDF/Amicus_
curiae-OC_Costa_Rica.pdf
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
“73.2.1. A orientação sexual não pode ser entendida como fator determinante para
impedir a obtenção do benefício previdenciário pensão por morte. Em conformidade
com o que a CorteIDH já havia decidido no julgamento do Caso Atala Riffo, também aqui,
no Caso Duque, assentou que nenhuma norma, decisão ou prática de direito interno
pode diminuir ou restringir os direitos de uma pessoa a partir de sua orientação sexual,
reiterando que a CADH proíbe a discriminação em geral, incluindo nessas categorias
a orientação sexual. Assim, a Corte Interamericana concluiu que “(...) o Estado é
responsável pela violação do direito à igualdade e à não discriminação contida no artigo
24 da Convenção, em conjunto com o artigo 1.1, em detrimento do senhor Angel Duque,
em razão da negativa de concessão do benefício de pensão por morte com fulcro na
legislação interna da Colômbia” (...).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Quis tratar com vocês de mais um tema relacionado ao grupo vulnerável LGBTI. Segue trecho do
meu livro com o Thim, Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, no qual resumimos
e comentamos esse interessante Caso Flor Freire:
“75.2.1. A orientação sexual não deve ser fator determinante para selecionar quem
deve ou não ser membro das Forças Armadas. Tal como tem decidido o TEDH,
a CorteIDH também se pronunciou no julgamento do Caso Flor Freire no sentido da
inconvencionalidade de se considerar a orientação sexual como fator determinante
para selecionar quem deve ou não ser membro das Forças Armadas. Trata-se de um
precedente importante contra a homofobia e a discriminação de natureza sexual que
tradicionalmente estiveram incorporadas no regime disciplinar e hierárquico das Forças
Armadas” (p. 620).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 136. Uma norma jurídica pode ter um caráter geral, como o tipo que dispõe acerca
do homicídio (art. 121 do Código Penal), ou individual, como a sentença do magistrado que
condena determinado agente pela prática do delito em questão.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: Filosofia do Direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.
No entanto, no âmbito da filosofia do direito, é possível classificar a norma jurídica a partir de seus
destinatários. Caso sejam todos, como os destinatários da norma do art. 121 do CP, estamos
diante de uma norma geral. No entanto, caso seja um indivíduo apenas, como o destinatário de
uma cláusula contratual, estamos diante de uma norma particular.
Dentre as normas particulares temos os comandos judiciais, que estabelecem um comando para
uma dada situação e um destinatário determinado. O elemento distintivo aqui com relação a uma
norma geral é a individualização deste destinatário.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 137. Em uma das abordagens possíveis do fenômeno jurídico, pode-se dizer que
as normas jurídicas não existem sozinhas, mas apenas em relações específicas entre si.
Dentro desta concepção, não surgem problemas relativos à coerência do sistema jurídico.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.
Trata-se de uma questão inspirada na obra de Norberto Bobbio, que exerceu profunda influência na
filosofia do direito brasileira. Para este autor, o foco da teoria jurídica deve estar no ordenamento
jurídico. Trata-se de uma investigação que parte da ideia de que “as normas jurídicas nunca
existem sozinhas, mas sempre num contexto de normas que têm relações específicas entre si”
(Teoria geral do ordenamento jurídico, p. 185).
Essa ênfase no ordenamento tem influência clara no conceito de direito para Bobbio. Segundo o
autor, “o que costumamos chamar de direito é um caráter de certos ordenamentos normativos mais
do que normas” (p. 193). Para o autor, somente em uma teoria do ordenamento o direito encontra
sua explicação adequada. Esta foi, como já vimos, a estratégia adotada por Bobbio para explicar
como é possível uma norma sem sanção.
Neste sentido, ainda segundo Bobbio, “[s]e um ordenamento jurídico é composto de várias normas,
isso significa que os principais problemas vinculados à existência de um ordenamento são os
problemas que nascem das relações das diversas normas entre si” (p. 199).
Dentre estes problemas temos o da coerência, relacionado à solução das antinomias a partir,
principalmente, dos critérios clássicos: cronológico, hierárquico e de especialidade.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 138. As antinomias jurídicas podem ser sanadas por critérios da hierarquia,
especialidade e temporal.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.
De fato, as antinomias aparentes podem ser resolvidas a partir destes três critérios clássicos
da hermenêutica jurídica. Contudo, determinadas situações não podem ser resolvidas por estes
critérios, colocando o intérprete diante de uma antinomia real. Ou seja, os critérios em questão só
são válidos para as antinomias aparentes.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.
A proibição do non liquet consiste na obrigação do juiz de decidir acerca de qualquer controvérsia
jurídica a ele apresentada. Não pode o magistrado alegar, neste sentido, que a decisão é impossível
em razão da inexistência de uma norma jurídica.
Daí porque, seguindo um modelo tradicional de abordagem dessa questão de um ponto de vista
positivista, o sistema jurídico é considerado completo, cabendo ao intérprete, através de formas
de integração do ordenamento, como a analogia e os princípios gerais do direito, buscar suprir
eventuais lacunas.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 140. Assim como certas sanções aplicadas por grupos sociais, como uma
censura social em razão de uma conduta considerada imoral, as sanções jurídicas são
consideradas externas.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: Filosofia do direito. 2 A estrutura do Direito. 2.1 Teoria da norma jurídica.
Diante da violação da norma, deve-se promover uma ação sobre a conduta. Trata-se da aplicação
de uma sanção, que consiste “no expediente com que se busca, em um sistema normativo,
salvaguardar a lei da erosão das ações contrárias; é, portanto, uma consequência do fato de que
em um sistema normativo, diferentemente do que ocorre em um sistema científico, os princípios
dominam os fatos, e não o contrário” (BOBBIO, Norberto. Teoria geral do ordenamento jurídico.
p. 145).
Ou seja, a sanção é a resposta à violação no caso das normas jurídicas. Esta sanção é
externa (uma resposta do grupo social – diferente de sanção moral, que é interna ao agente)
e institucionalizada (regulada pelas mesmas formas e gerada pelas mesmas fontes de regras
primárias – diferente de sanção social, que não decorre de uma instituição).
A ideia desta questão era induzir o candidato a marcar errado ao associar a sanção de um grupo
com uma sanção moral. Contudo, a diferença entre essa sanção social e a sanção jurídica reside
em sua institucionalização.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 141. De acordo com o modelo clássico de soberania de autores como Thomas
Hobbes e Jean Bodin, é admissível a divisão da soberania entre diversos órgãos ou poderes.
COMENTÁRIO
Para os autores citados, como já vimos em rodada pretérita, essa cisão é impossível por contradizer
a própria ideia de soberania. Para esses autores há uma identificação entre a figura do soberano
e o próprio exercício da soberania. Já para pensadores como Locke e Montesquieu é possível
conceber o exercício da soberania de modo dividido entre outros poderes, sendo esta repartição,
inclusive, recomendável para a proteção dos súditos contra o arbítrio estatal.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 142. Um dos elementos necessários para que certo agrupamento humano seja
considerado uma sociedade é a existência de uma finalidade social.
COMENTÁRIO
Segundo Dalmo de Abreu Dallari (Elementos de Teoria Geral do Estado), são três os requisitos
para que um agrupamento social seja reconhecido como uma sociedade:
a) uma finalidade ou valor social: organização social de modo a permitir que seus
membros busquem seus fins particulares, tendo em vista o bem comum.
c) o poder social: considerado um dos mais importantes para o estudo de uma sociedade,
possui as seguintes características segundo Dalmo Dallari: “a) o poder, reconhecido
como necessário, quer também o reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém
mediante o consentimento dos que a ele se submetem; b) embora o poder não chegue
a ser puramente jurídico ele age concomitantemente com o direito, buscando uma
coincidência entre os objetivos de ambos; c) há um processo de objetivação, que dá
precedência à vontade objetiva dos governados ou da lei, desaparecendo a característica
de poder pessoal; d) atendendo a uma aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma
técnica do poder, que o torna despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao
mesmo tempo em que busca meios sutis de atuação, colocando a coação como forma
extrema.”
Em suma, segundo o autor, “os agrupamentos humanos caracterizam-se como sociedades quando
têm um fim próprio e, para sua consecução, promovem manifestações de conjunto ordenadas e se
submetem a um poder, e no tocante à sociedade humana, globalmente considerada, verificamos
que o fim a atingir é o bem comum.”
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 143. Um agrupamento humano com uma finalidade própria, que promova
manifestações coletivas ordenadas e se submeta a um poder, é considerado uma sociedade.
Estes grupos podem adquirir uma feição de sociedade política, mas em razão deste aspecto
coletivo que as caracteriza, não podem ser sociedades de fins particulares.
COMENTÁRIO
Na verdade, a definição de sociedade oferecida por Dalmo Dallari pode se configurar tanto em uma
sociedade com fins particulares, como aquela em que seus membros voluntariamente escolhem
uma finalidade específica (ex: uma sociedade para a promoção do estudo da filosofia), bem como
sociedade políticas, cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as condições necessárias para que
os indivíduos e as demais sociedades que nela se integram consigam atingir seus fins particulares.
A participação nestas sociedades quase sempre independe de um ato de vontade.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O candidato sempre deve ter muito cuidado com questões que envolvem ideias como “consenso”.
Dificilmente há consenso em disciplinas de humanística. Acerca deste ponto específico, temos
uma divergência entre aqueles que, como Kelsen, acham que a finalidade não faz parte da análise
técnico-jurídica do Estado e outros que afirmam com veemência que é imprescindível que o Estado
se ocupe de questões como bem comum, ordem, defesa etc., os quais representam os fins estatais
essenciais.
No Brasil há uma tendência entre os autores de incluir a finalidade entre os elementos essenciais
do Estado. É neste sentido que, por exemplo, Miguel Reale afirma que “o Estado, de maneira
geral, é a sociedade juridicamente organizada, isto é, organizada para a satisfação das aspirações
individuais e coletivas, o que se exprime também dizendo: é a institucionalização do poder para a
realização do bem comum” (Teoria do Direito e do Estado, p. 112).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 145. A finalidade do Estado brasileiro deve ser procurada não em textos escritos
ou legislativos, mas sim nas práticas do dia a dia da população.
COMENTÁRIO
O erro da questão está em afastar documentos escritos como definidores da finalidade do Estado.
Na verdade, textos políticos fundamentais, em especial as Constituições, são extremamente
importantes para a definição da finalidade de um Estado. No caso do Brasil, podemos procurar
estes elementos em vários pontos do texto constitucional, mas em especial no art. 3º, no qual são
apresentados os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 146. É possível uma aproximação entre a sociologia jurídica e o direito natural
na medida em que ambos rejeitam a ideia de que a lei possa ser pensada apenas do ponto
de vista da autoridade.
COMENTÁRIO
Em que pese uma assertiva desta natureza possa ser polêmica, ao limitar a comparação a um
único aspecto, a aproximação sugerida no enunciado se torna correta. Isto porque, de fato, tanto
a sociologia jurídica quanto o direito natural são marcantemente antipositivistas, recusando-se a
pensar o fenômeno jurídico apenas do ponto de vista de uma legislação posta por uma autoridade
constituída.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Segundo a lição de Jean Carbonnier (Sociologia Jurídica. Coimbra: Almedina, 1979, pp. 210 e
ss.), o grupo sociológico por excelência é o que ele chama de sociedade global, o qual coincide
modernamente com o âmbito territorial do Estado. É, portanto, o grupo social mais amplo submetido
às normas jurídicas estatais.
No entanto, a sociologia jurídica admite que dentro deste corpo mais amplo existem outros
agrupamentos particulares que coincidem, em sociedades menos estruturalmente complexas,
com clãs e famílias e, nas sociedades contemporâneas, as classes, associações etc. Estes
agrupamentos também serão objeto da sociologia jurídica.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ainda de acordo com Jean Carbonnier, “entre o indivíduo e a sociedade global interpõe-se,
concorrendo para compor o espaço global, aquilo que a ciência política chamava antigamente,
pelo menos em alguns casos, corpos intermediários, aquilo que a sociologia de hoje chama de
grupos ou agrupamentos particulares.” (op. cit., pp. 211-212). Ou seja, esses grupos particulares
concorrem sim para formar o todo social.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 149. A sociologia do direito, bem como a dogmática jurídica, admite que grupos
dentro de certa sociedade podem possuir ordens jurídicas particulares.
COMENTÁRIO
O candidato sempre deve ter muito cuidado quando a sociologia jurídica é comparada com outras
disciplinas, especialmente aquelas dogmáticas, ou seja, que se limitam a uma análise de certa
forma mais legalista do direito. No caso, em regra, a dogmática jurídica não admite este pluralismo
indicado na questão, pois há apenas uma ordem jurídica, que é aquela imposta pelo Estado através
de um sistema legislativo pré-estabelecido.
A sociologia jurídica, a seu turno, admite que grupos particulares podem dispor sobre ordens
jurídicas particulares, ainda que em descompasso com o direito estatal. Um exemplo no Brasil
contemporâneo seria o “tribunal do crime” administrado por organizações como o PCC, que
possuem certas normas que são aplicadas em total descompasso com o direito oficial.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 150. Dentro da tradicional dicotomia entre direito e moral, pode-se dizer que o
segundo campo é o objeto por excelência de grupos sociais extra-estatais.
COMENTÁRIO
Como explica Machado Neto ao expor a separação gradativa entre o direito e a ordem moral conforme
a sociedade vai ficando mais complexa, “o direito passa a ser a norma estatal por excelência; a
moral e as normas do trato vão aparecer como as formas específicas da socialização, quando esta
é realizada diretamente pela sociedade e pelos diversos grupos sociais extra-estatais”.
De fato, isso pode ser visto, por exemplo, em grupos religiosos, que em que pesem possam fazer
julgamentos morais acerca de uma pessoa que se relaciona com outra do mesmo sexo, não podem
mais atirá-la em uma fogueira.
GABARITO: CERTO
QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS
DIREITOS HUMANOS
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.caiopaiva@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS
PEÇA JUDICIAL
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
Neste momento, estas pessoas, muitas menores ou idosos, encontram-se na sede da Polícia
Federal em Manaus, aguardando a deportação para a Venezuela, que pode ser efetivada a
qualquer momento. A Defensoria Pública da União foi informada que estão todos alojados
em uma sala, sem possibilidade de contato com o mundo externo.
O Defensor Público Federal, após tomar ciência, compareceu ao local, tendo confirmado a
informação. Após oficiar a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, não obteve
resposta positiva quanto à possibilidade de solução extrajudicial da questão.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 10/05/2017:
profcei.edilsonsantana@gmail.com - LIMITE 90 LINHAS
NOME:_________________________________________________________________________________________________
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ALUNO: mirlonfernando
FOLHA PADRÃO
90 LINHAS
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ALUNO: mirlonfernando
FOLHA PADRÃO
90 LINHAS
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86
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88
89
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ALUNO: mirlonfernando
FOLHA PADRÃO
10 LINHAS
NOME:_________________________________________________________________________________________________
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5
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8
9
10
ALUNO: mirlonfernando
CEI-DPU
RETA FINAL 2017
3ª RODADA - 05/05/2017