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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO

Hermenêutica
Prof. Marcos Silva

David Fortunato Pinto1

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA HERMENÊUTICA: BREVE HISTÓRICO E SEUS


FUNDAMENTOS.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho, os aspectos da hermenêutica que serão discutidos, a ênfase será um


panorama histórico da interpretação bíblica a partir do período apostólico até os nossos dias,
comentando principalmente as características principais de cada período. Um outro tópico a ser
discutido será a definição de hermenêutica, suas características e métodos, com o objetivo de
extrairmos os principais fundamentos desta disciplina que é de indubitável importância, pois
sem a mesma não seria possível um fazer teológico de forma consistente.

1 A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA NO PERÍODO PÓS-APOSTÓLICO.

Do século II até o IV, no período chamado pós-apostólico, duas correntes


hermenêuticas marcaram este período, a saber, uma mais ligada à alegoria no processo
interpretativo, que foi a escola de Alexandria, e a outra mais preocupada com a interpretação
literal do texto, que fora à de Antioquia. Tais escolas nortearam o modo como a interpretação
bíblica se daria, para os Alexandrinos, a melhor interpretação seria a que fosse dotada de
alegorias e espiritualizações criativas dos seus significados, já para os de Antioquia, uma
interpretação não literal poderia significar uma plasticidade nociva à hermenêutica.

1.1 Os pais latinos

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Evangelista, aluno do curso de Mestrado em Teologia com habilitação em Divindade pelo SETEB
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Após o período anterior, à partir do século IV, os principais colaboradores com a


interpretação são os chamados pais latinos, e estes valorizaram os aspectos mais literais do
texto, observando critérios, que, em outro tempo viriam a ser chamados de método gramático-
histórico.
Um outro ponto deste período era a relevância que o contexto histórico tinha para
a interpretação do texto, isto é, não se deve observar apenas o significado gramatical do texto,
mas também aspectos da cosmovisão do autor, e o que aquele termo em questão representava
para o autor. Embora alegorizassem alguns textos do Antigo Testamento, eles possuíam um
senso lógico de interpretação, em que as passagens mais obscuras deveriam ser desvendadas à
luz das mais claras, além de fazer da interpretação paradigma, e de tornar consoante sua
hermenêutica com a tradição da Igreja.

2 A INTERPRETAÇÃO NA IDADE MÉDIA

Na Idade Média, período que compreende os séculos do VI ao XVI, houve um


retorno ao método interpretativo alexandrino, isto é, uma ênfase na compreensão dos textos sob
uma perspectiva alegórica. A preocupação com o oculto dentro dos escritos, aliado às alegorias,
fez deste período um grande produtor de interpretações tendenciosas, e por conseguinte, sua
finalidade era a aprovação de costumes ou tradições, bem como dogmas da igreja. Porém, ainda
neste período surgiu o método gramático-histórico, que dava maior ênfase ao significado das
palavras (valor léxico), e considerava os aspectos históricos e a cosmovisão do autor, com isso,
as alegorias fantasiosas e passionais ganharam um grande adversário, que é esta nova
compreensão. O motivo pelo que isso se deu, o surgimento do método gramático-histórico, foi
causado por diversos fatores, um deles a importância com o estudo mais acadêmico da
Escritura, inclusive o surgimento das escolas teológicas, também obras que pediam uma
interpretação mais literal da Escritura influenciaram este processo de conversão hermenêutica.

3 A INTERPRETAÇÃO NA REFORMA PROTESTANTE

A Reforma trouxe uma mudança imensa na hermenêutica, uma vez que, agora a
Bíblia torna-se a principal fonte da doutrina da igreja, não mais a hierarquia eclesiástica, a
Escritura explicando a Escritura, e não autoridades humanas explicando-a, isto altera
drasticamente os resultados hermenêuticos, visto que, assim consegue-se o máximo de
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imparcialidade, o que não ocorre quando a interpretação é alegorizada e pessoal, principalmente


se essa interpretação pode favorecer alguma autoridade humana.
A rejeição do método alegórico, que tira a objetividade da Escritura, bem como, a
necessidade da iluminação do Espírito Santo, entre outros fatores, foram as marcas da
interpretação bíblica neste período.

4 A INTERPRETAÇÃO NO PÓS-REFORMA

Muito semelhante a um ciclo, assim se deu ao longo do tempo a história da


Hermenêutica, esta, enquanto um saber, sofreu diversas vezes as mudanças de paradigmas de
tempos em tempos. Neste período, que sucedeu a Reforma, foi a era dos dogmas, isto é, a
interpretação dentro do protestantismo retornou às suas origens, e quais? As de estabelecer
doutrinas e confissões que suplantassem a autoridade da Escritura, desta forma, crendo no
dogma crê-se na Escritura, logo o Dogma é infalível e irrefutável. Divergências e credos
diversos, também muitas divisões podem ser características marcantes deste período.

4.1 A interpretação e os puritanos

Prosseguindo no período pós-reforma, surge então os puritanos com a sua


contribuição à hermenêutica bíblica, a Confissão de Westminster. A Confissão de Fé de
Westminster é não apenas uma confissão, mas também um tratado teológico e hermenêutico,
porquanto demonstra como produzir um ensino fundamentando-o na Escritura, e não em
Dogmas, ou seja, a autoridade da Escritura é preservada, embora seja um tratado, seus
fundamentos são bíblicos. É óbvio que nem tudo foram flores entre os puritanos, mas
especialmente no que tange às discussões e divergências surgidas entre eles por conta das
interpretações de textos e temas polêmicos, porém seu apreço pela Escritura, de fato, é um sinal
extremamente evidente de seu período.

4.2 A interpretação bíblica e tempos de racionalismo

Com a influência do Racionalismo, surge uma nova tendência no fazer teológico, e


principalmente na hermenêutica bíblica, uma vez que os paradigmas de validação de um
conceito teológico sofreram alterações, sendo, portanto, privilegiado um método que
aproximasse o método teológico do método científico. Houve uma desconstrução da teologia,
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em relação ao que era, e no lugar pôs-se uma nova ciência, que descrê no sobrenatural, nas
doutrinas, e que “desmitifica” os milagres e tudo quanto é metafísico.

4.3 A interpretação bíblica e o modelo histórico-crítico

No final do século XVII surge, de forma mais consolidada, o método histórico-


crítico, este que apresentou um novo método de se interpretar a Escritura, tendo uma influência
cientificista e materialista. Alguns pontos característicos desse método: manifestação contra os
dogmas e doutrinas produzidas pela teologia sistemática; a ideia de “mito” na Bíblia; A leitura
do Antigo Testamento totalmente independente do Novo; descrédito sobre a inerrância da
Escritura; a influência de filosofias, como a de Hegel, para produzir explicações teológicas que
excluíssem Deus como causa. Os métodos preferidos e produzidos nesse período foram: a
crítica das fontes; Crítica da forma; crítica da redação. Os tais métodos suplantaram a ideia
original dos autores, introduziram um conceito de autoria “compartilhada”, em que elementos
do texto atual, na verdade, foram adicionados ao longo do tempo, isto é, tanto sua autoria como
a sua composição se deu por mais de uma pessoa e é resultado de enxertos das tradições.

5 A INTERPRETAÇÃO EM TEMPOS PÓS-MODERNOS

A partir da década de 70 surge o que alguns sociólogos e historiadores classificam


como pós-modernismo, este período é marcado como um período de desconstrução de valores
e instituições, verdades transitórias e relativistas são suas características fundamentais, não
existe certo nem errado, é tudo uma questão pessoal e subjetiva. Isso acabou por influenciar a
hermenêutica, isto é, qualquer sistemática acerca de doutrinas são e serão vistas como nocivas
e é puro fundamentalismo religioso. Embora o discurso racionalista moderno tenha perdido
forças, foi substituído por uma nova estrutura discursal mais nociva, que é destruição de um
padrão, ou a ideia de uma moral absoluta, agora a noção teológica é inclusivista e busca redimir
comportamentos, que outrora inaceitáveis, agora são tidos como positivos e aceitáveis.
Com a força filosófica desse novo sentido, a interpretação bíblica principalmente
no seu sentido gramático-histórico ficou prejudicada, pois tal método tornou-se, nesse período,
obsoleto, e isto porque não se crê na possibilidade de restauração do sentido original do texto.
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6 ASPECTOS PRÁTICOS E REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO

Seguindo adiante após um uma breve explanação dos aspectos históricos que
influenciaram a interpretação bíblica, veremos alguns princípios norteadores de seu estudo de
forma proveitosa.

6.1 O que é Hermenêutica e seu aspectos fundamentais

A Hermenêutica é a ciência que se ocupa dos métodos e técnicas interpretativas de


textos em geral, contudo, no âmbito teológico, ela trata da interpretação da Escritura de forma
coerente e harmoniosa.
Alguns aspectos fundamentais para o estudo da Escritura são: espírito respeitoso,
que respeite e creia na Escritura como palavra de Deus; espírito dócil, que com docilidade acate
os conselhos da Escritura; amante da verdade, o estudante deve amar a verdade, e por isso não
usará de falsidade nem de interpretações fraudulentas para provar as suas teses; paciente nos
estudos, visto que os estudos demandam intensa dedicação perscrutando o texto da Escritura,
não pode ser o estudante impaciente e apressado. Tais elementos são fundamentais para que
compreendamos à excelência do reto entendimento da Escritura.

6.2 A linguagem da Escritura e sua regra fundamental

Cientes dos princípios que o estudante deve preservar para o estudo proveitoso,
deve-se também compreender as peculiaridades do texto bíblico, que sabemos que há pontos
fáceis, e de simples interpretação, porém há também pontos muito difíceis, como a própria
ensina. Diante disso, o intérprete deve ler não somente o texto em questão, mas como também
todo o contexto, inclusive o que o termo estudado representa para o autor, isto é os valores
semânticos aplicáveis à expressão ou versículo lido.
Como visto anteriormente, um grande princípio hermenêutico é a compreensão de
que a Escritura como autoridade e fonte doutrinária deve se auto interpretar, isto é, a Bíblia
explica a Bíblia, logo, os argumentos bíblicos devem ser tecidos pela própria Bíblia. Esta é a
regra fundamental da hermenêutica bíblica, ninguém ou qualquer autoridade humana pode
contradizer a Escritura, nem tomar como fundamento discursal título e certificados humanos
como fonte doutrinária.
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6.3 Principais regras práticas

A primeira regra nos fala de tomamos o sentido do texto no seu sentido usual e
comum, isto é, não interpretar alegoricamente, a não ser que a expressão remeta a isto. É o
entender se a palavra tem um sentido denotativo ou conotativo.
A segunda regra nos ensina a tomar a expressão estudada segundo o conjunto da
frase, ou seja, considerar a sua intenção mediante o exame do período completo.
A terceira regra é a observância do contexto em que está inserido o termo estudado,
logo, trata-se de estudar os versículos que precedem e sucedem o termo.
A quarta regra é buscar a compreensão do propósito do livro e o significado das
palavras obscuras ao longo do livro, ou seja, se um termo aparece 5 vezes com um sentido, é
bem provável que na 6ª seja preservado o mesmo sentido.
A quinta regra trata da consulta de textos paralelos para a compreensão de como o
assunto é tratado por outros autores nas páginas da Escritura, com a finalidade de
harmonizarmos as descobertas, e não cairmos no engodo de falsas interpretações.
A quinta regra (parte 2) acrescenta significado a quinta, pois agora, não somente
termos semelhantes devem ser tomados como fundamentais, mas também textos que possuam
ideias paralelas, isto é, tratem do mesmo tema.
A quinta regra (parte 3) nos fala que não somente paralelos textuais ou de ideias
são suficientes, mas também paralelos de ensinos gerais, ou seja, investigar toda a Escritura
com o propósito de se obter o máximo de informações sobre princípios que possam clarear o
entendimento do tema estudado, e com isso saber se tomaremos o termo em questão no seu
sentido literal ou figurado.

6.4 Figuras de retórica

É extremamente necessário compreendermos além das regras, também as


peculiaridades próprias das figuras de linguagem e de pensamento contidas no texto. Algumas
figuras de retórica são as: metáforas, estas são exemplificações simbológicas que seu
significado está no entendimento do símbolo apresentado, e assim desvelando compreende-se
sua mensagem, Cristo como a videira e os crentes como ramos são exemplos; sinédoque, é o
expressar a parte pelo todo, ou o oposto, expressar um ponto que represente o todo; metonímia,
é a tomada da causa pelo efeito, dizer Moisés ao invés de lei mosaica é um exemplo;
prosopopeia, é atribuir a objetos ou substantivos abstratos o que somente pessoas e substantivos
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concretos podem realizar; ironia, o ato de dizer uma frase, porém com a evidente ideia de
expressar o oposto; hipérbole, exagerar nas afirmações com a finalidade de expressar grandeza:
“ a séculos que não a vejo” é um exemplo.
Há inclusive figuras retóricas que possuem porções maiores do que expressões
circunstanciais, são textos inteiros, exemplo: alegoria, são várias metáforas unidas; fábulas,
contos em formato narrativo que tem por finalidade representar ideias; enigma, são metáforas
cujo significado é obscuro, de difícil interpretação; tipos, são metáforas não ditas, ou seja, é a
tomada de fatos históricos ou objetos reais com o propósito de exemplificar algo futuro;
símbolo, é a tomada de uma característica principal de um objeto ou ser que serve de significado
para representar outro; parábola, é uma alegoria que em forma narrativa visa a exposição de
princípios e doutrinas.
Outras figuras de linguagem adicionais são as: símiles, empregar o nome de uma
coisa com o de outra, fazendo isso ressalta aspectos do termo empregado na pessoa ou objeto
chamado; interrogação, são perguntas que não necessitam de resposta pois a mesma já indica
sua resolução, exemplo disso é a pergunta que Paulo faz aos coríntios “está Cristo dividido?”;
apóstrofe, tem a finalidade de evocar como participante do diálogo algo grandioso e simbólico
para ressaltar um princípio ou valor, sempre em tom exclamativo; antítese, são apresentações
de ideias que naturalmente se opõem, apresenta-se uma afirmativa e que depois é contrastada
com outra afirmação de valor lógico oposto; gradação ou clímax, é uma sucessão de ideias que
antecedem o ponto central do texto, o objeto do texto.
Algumas figuras de retórica são gêneros literários completos como: provérbios, que
são máximas da sabedoria de um povo ou de algum autor, são adágios populares, que
estabelecem paralelos entre ideias; acróstico, é a formação de um texto ou poema tendo como
base a decomposição de uma palavra ou frases e com cada uma delas começar uma frase ou
verso, ocorre nos Salmos, Lamentações de Jeremias, entre outros pontos; paradoxo, uma
afirmação que sua essência contraria a lógica comum, “quem quiser ser o maior que seja o
menor” é um exemplo.
Há outra figura retórica importante, os hebraísmos, que são expressões peculiares
da cultura judaica que expressam sua cultura e que, portanto, escondem diversos significados.
O número sete é um exemplo, nem sempre representa literalmente sete, às vezes representa
completude, perfeição, de modo completo, etc.

CONCLUSÃO
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Este trabalho sintetizou e um primeiro momento aspectos históricos e fundacionais


da interpretação bíblica, e em segundo momento aspectos práticos desse mesmo assunto, o
objetivo de tal abordagem é de termos uma compreensão superficial, sendo portanto necessária
uma análise mais específica em cada área para seu aprofundamento, entretanto, com a leitura
deste trabalho será possível compreender quais sejam as principais características deste assunto
tão rico e empolgante, que é a Hermenêutica.

BIBLIOGRAFIA

LUND, E; NELSON, P.C. Hermenêutica – Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras. 7ª


Ed. Tradução de Etuvino Adiers. Miami, Florida. Editora Vida, 1968.
LOPES, A. Nicodemus. A História da Interpretação Cristã da Bíblia.
BÍBLIA SAGRADA. Edição Revista Atualizada. 4ª Ed. Tradução de João Ferreira de Almeida.
Barueri. SBB. 2009.

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