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GEODIVERSIDADE DO
ESTADO DO CEARÁ
ESTADO DO CEARÁ
DO CEARÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
Geodiversidade do Estado do Ceará é um produto
concebido para oferecer aos diversos segmentos
da sociedade cearense uma tradução do atual
GEODIVERSIDADE DO ESTADO
conhecimento geocientífico da região, com vistas ao
planejamento, aplicação, gestão e uso adequado do
território. Destina-se a um público alvo muito variado, SEDE
SGAN – Quadra 603 • Conj. J • Parte A – 1º andar
incluindo desde as empresas de mineração, passando Brasília – DF • 70830-030
pela comunidade acadêmica, gestores públicos Fone: 61 3326-9500 • 61 3322-4305
Fax: 61 3225-3985
estaduais e municipais, sociedade civil e ONGs.
Escritório Rio de Janeiro – ERJ
Av. Pasteur, 404 – Urca
Dotado de uma linguagem voltada para múltiplos Rio de Janeiro – RJ • 22290-255
Fone: 21 2295-5337 • 21 2295-5382
usuários, o mapa compartimenta o território cearense Fax: 21 2542-3647
em unidades geológico-ambientais, destacando suas Presidência
limitações e potencialidades frente à agricultura, obras Fone: 21 2295-5337 • 61 3322-5838
Fax: 21 2542-3647 • 61 3225-3985
civis, utilização dos recursos hídricos, fontes poluidoras,
Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial
potencial mineral e geoturístico. Fone: 21 2295-8248 • Fax: 21 2295-5804
Ouvidoria
Fone: 21 2295-4697 • Fax: 21 2295-0495
ouvidoria@cprm.gov.br
Geodiversidade é o estudo do meio físico constituído por ambientes
diversos e rochas variadas que, submetidos a fenômenos naturais Serviço de Atendimento ao Usuário – SEUS
e processos geológicos, dão origem às paisagens, ao relevo, outras Fone: 21 2295-5997 • Fax: 21 2295-5897
seus@cprm.gov.br
rochas e minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos
superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo
como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, www.cprm.gov.br
2014
o educativo e o turístico, parâmetros necessários à preservação
responsável e ao desenvolvimento sustentável.
2014
Secretaria de
Geologia, Mineração e Ministério de
Transformação Mineral Minas e Energia
2014
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente
Manoel Barretto da Rocha Neto
Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
Thales de Queiroz Sampaio
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
Roberto Ventura Santos
Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Antônio Carlos Bacelar Nunes
Diretor de Administração e Finanças
Eduardo Santa Helena da Silva
RESIDÊNCIA DE FORTALEZA
Chefia
Darlan Filgueira Maciel
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO CEARÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
Levantamento da Geodiversidade
ORGANIZAÇÃO
Ricardo de Lima Brandão
Luis Carlos Bastos Freitas
Fortaleza, Brasil
2014
CRÉDITOS TÉCNICOS Colaboração Departamento de Apoio Técnico
Antonio Maurílio Vasconcelos (DEPAT)
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE Edgar Shinzato Divisão de Editoração Geral (DIEDIG)
Francisco Edson Mendonça Gomes (projeto de editoração/diagramação)
DO ESTADO DO CEARÁ Valter Alvarenga Barradas
José Adilson Dias Cavalcanti
Marcelo Eduardo Dantas Andréia Amado Continentino
COORDENAÇÃO NACIONAL Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff Agmar Alves Lopes
Departamento de Gestão Territorial Regina Célia Gimenez Armesto (supervisão de editoração)
Thamila Bastos de Menezes (Estagiária) Andréia Amado Continentino
Cassio Roberto da Silva
(editoração)
COORDENAÇÃO TEMÁTICA Revisão Técnica José Luiz Coelho
Edgar Shinzato (edição de imagem)
Geodiversidade Marcelo Eduardo Dantas
Antonio Theodorovicz Juliana Colussi
Leila Maria Rosa de Alcantara
Revisão ortográfica e gramatical
Geomorfologia
Homero Coelho Benevides Superintendência Regional de
Marcelo Eduardo Dantas
Manaus (MANAUS-MA)
Normalização e Revisão Bibliográfica
Solos Gerência de Relações Institucionais
Divisão de Documentação Técnica / DIDOTE
Edgar Shinzato e Desenvolvimento (GERIDE)
Roberta Silva de Paula
(projeto de multimídia)
Teresa Cristina Rosenhayme
Cenários Maria Tereza da Costa Dias
Valter José Marques Projeto Gráfico/Editoração/Multimídia
(elaboração do projeto no
Coordenação de Geoprocessamento Departamento de Relações Institucionais ArcExibe)
e da Base de Dados de Geodiversidade (DERID) Aldenir Justino de Oliveira
Maria Angélica Barreto Ramos Divisão de Marketing e Divulação
Maria Adelaide Mansini Maia (DIMARK) (padrão capa/embalagem)
Ernesto von Sperling
Execução Técnica
José Marcio Henriques Soares
Ricardo de Lima Brandão Washington J F Santos
Luís Carlos Bastos Freitas Chá Com Nozes
Organização do Livro Geodiversidade
do Estado do Ceará
Ricardo de Lima Brandão
Luís Carlos Bastos Freitas FOTOS DA CAPA:
Sistema de Informação Geográfica 1. Atrativo geoturístico: Vista do teleférico que leva à gruta de Ubajara, formada em rochas calcárias
e Leiaute do Mapa proterozoicas. Parque Nacional de Ubajara - CE.
Luís Carlos Bastos Freitas 2. Atrativo geoturístico: açude do Cedro, com a Pedra da Galinha Choca ao fundo, constituindo um
Ricardo de Lima Brandão cenário de grande beleza e atração turística. A Pedra da Galinha Choca é um inselberg granítico
Banco de Dados, SIG e que faz parte da unidade de conservação Monumento Natural dos Monolitos de Quixadá - CE.
Desenvolvimento da Base 3. Implicações geotécnicas: área em processo de desertificação, apresentando solos rasos e
Geodiversidade pedregosos (pavimentos detríticos). Atuação intensa da erosão laminar, que removeu os horizontes
Divisão de Geoprocessamento (DIGEOP) superficiais dos solos. Rodovia BR-222, próximo à cidade de Irauçuba - CE.
João Henrique Gonçalves 4. Atrativo geoturístico: símbolo da praia de Canoa Quebrada, esculpido em falésia formada nos
Reginaldo Leão Neto sedimentos do Grupo Barreiras - CE.
Leonardo Brandão Araújo
Elias Bernard da Silva do Espírito Santo
Gabriela Figueiredo de Castro Simão Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
DIDOTE – Processamento Técnico
ISBN 978-85-7499-140-5
CDD 551.098131
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 09
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff e Ricardo de Lima Brandão
2. ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO.................................................. 15
2.1. EVOLUÇÃO GEOLÓGICA ............................................................. 19
José Adilson Dias Cavalcanti e José Carvalho Cavalcante
2.2. ORIGEM DAS PAISAGENS............................................................ 35
Marcelo Eduardo Dantas, Edgar Shinzato, Ricardo de Lima Brandão,
Luis Carlos Bastos Freitas e Wenceslau Geraldes Teixeira
2.3. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS............................................ 61
José Alexandre Moreira Farias, José Francisco Rêgo
e Silva, Luiz da Silva Coelho
2.4. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS........................................ 75
Robério Bôto de Aguiar e Rafael Rolim de Sousa
3. METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E
ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS .......... 89
Maria Angélica Barreto Ramos, Marcelo Eduardo Dantas,
Antonio Theodorovicz, Valter José Marques, Vitório Orlandi Filho,
Maria Adelaide Mansini Maia e Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff
4. GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUABILIDADES/
POTENCIALIDADES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO........................... 103
Ricardo de Lima Brandão, Luis Carlos Bastos Freitas e Edgar Shinzato
APÊNDICES
I – UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
SUMÁRIO
Geodiversidade......................................................................................................11
Aplicações..............................................................................................................12
Referências.............................................................................................................13
INTRODUÇÃO
11
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
12
INTRODUÇÃO
Importantes projetos nacionais na área de infraestru- o levantamento ao longo do trajeto planejado para as
tura já se utilizam do conhecimento sobre a geodiversidade ferrovias Transnordestina, Este-Oeste e Norte-Sul, em que
da área proposta para sua implantação. Como exemplo, o conhecimento das características da geodiversidade da
região se faz importante para escolha não só dos métodos
construtivos do empreendimento, como também para o
aproveitamento econômico das regiões no entorno desses
projetos.
Convém ressaltar que o conhecimento da geodiver-
sidade implica o conhecimento do meio físico no tocante
às suas limitações e potencialidades, possibilitando a pla-
nejadores e administradores uma melhor visão do tipo de
aproveitamento e do uso mais adequado para determinada
área ou região.
Referências
13
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
14
2
Aspectos Gerais
do Meio Físico
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................17
2.1. Evolução Geológica ....................................................................................... 19
José Adilson Dias Cavalcanti e José Carvalho Cavalcante
2.2. Origem das Paisagens.....................................................................................35
Marcelo Eduardo Dantas, Edgar Shinzato, Ricardo de Lima Brandão,
Luis Carlos Bastos Freitas e Wenceslau Geraldes Teixeira
2.3. Recursos Hídricos Superficiais.........................................................................61
José Alexandre Moreira Farias, José Francisco Rêgo e Silva, Luiz da Silva Coelho
2.4. Recursos Hídricos Subterrâneos...................................................................... 75
Robério Bôto de Aguiar e Rafael Rolim de Sousa
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO
INTRODUÇÃO
O estado do Ceará ocupa um território de aproxima- e as médias térmicas superiores a 24oC, caracterizando um
damente 146.000 km2, dos quais cerca de 74% (108.000 clima quente ou megatérmico (SOUZA, 2000).
km2) têm seu subsolo constituído de rochas ígneas e me- Os recursos hídricos superficiais e subterrâneos depen-
tamórficas, genericamente chamadas de cristalinas. Esse dem dos fatores geológicos, geomorfológicos e climáticos.
domínio geológico, de um modo geral, corresponde a toda O regime hidrológico do estado do Ceará é caracterizado
a porção central do estado e é bordejado, em sua maior pela marcante intermitência dos seus cursos d’água, que
parte, por rochas sedimentares que formam as bacias do normalmente escoam nos períodos chuvosos e secam nos
Araripe (sul), Parnaíba (oeste) e Apodi (leste), além dos se- períodos de estiagem. No domínio das rochas cristalinas as
dimentos da faixa costeira (norte). A diversidade litológica águas subterrâneas acumulam-se em fraturas das rochas,
e estrutural reflete-se no desenvolvimento das formas de constituindo aquíferos de baixa produtividade, em que
relevo, na disponibilidade de recursos hídricos superficiais e a qualidade hídrica muitas vezes é comprometida pela
subterrâneos, na potencialidade de recursos minerais, bem elevada concentração de sais. Já nas áreas sedimentares,
como na variedade de solos existente no território cearense. destaca-se a maior potencialidade de recursos hídricos
O relevo do estado tem predominância muito signi- subterrâneos, representados pelas formações aquíferas das
ficativa de terras situadas abaixo do nível de 200 metros, bacias sedimentares do Araripe, Parnaíba e Apodi, além de
com prevalência de superfícies aplainadas a suavemente pequenas bacias sedimentares interiores (bacias de Iguatu,
onduladas. Os compartimentos serranos (maciços residuais Malhada Vermelha, Lima Campos e Lavras da Mangabeira)
cristalinos e planaltos sedimentares) acima de 700 metros e os sedimentos das formações cenozoicas representados
têm extensões restritas. No litoral, além dos campos de por depósitos aluvionares, depósitos litorâneos, dunas,
dunas modelados em sedimentos atuais, os depósitos mais Grupo Barreiras e coberturas detríticas.
antigos (sedimentos do Grupo Barreiras) são entalhados Segundo SOUZA (2000), os solos do estado do Ceará
incipientemente pela drenagem superficial, isolando inter- têm um mosaico bastante complexo, oriundo dos mais
flúvios tabulares que representam os tabuleiros costeiros diferenciados tipos de combinações entre os seus fatores
(SOUZA, 2000). e processos de formação. Nas áreas sertanejas, a pequena
O clima regional, apesar da evidente predominância do espessura dos solos e a grande frequência de afloramentos
semiárido (cerca de 92% do território cearense), marcado rochosos e pavimentos pedregosos constituem proprieda-
por prolongados períodos de estiagem, apresenta variações. des típicas do ambiente semiárido das caatingas, ressal-
As áreas úmidas circunscrevem os topos e vertentes de tando-se, porém, a ocorrência de expressivas manchas de
barlavento dos maciços cristalinos e dos planaltos sedimen- solos dotados de fertilidade natural média a alta.
tares. As áreas subúmidas, com totais pluviométricos pouco O conhecimento e a análise integrada do meio físico,
superiores a 900 mm anuais, abrangem o litoral e assegu- permitindo estabelecer as relações mútuas entre seus
ram um teor de umidade que se prolonga por 6-7 meses componentes, fornecem importantes subsídios técnicos
durante o ano. A semiaridez propriamente dita, com déficits necessários para uma melhor compreensão das limitações e
hídricos na maior parte do ano, apresenta um caráter mais potencialidades dos recursos naturais de uma determinada
acentuado nas depressões interiores, como nas regiões dos região. Esse estudo foi concebido de forma a contribuir para
Inhamuns, de Irauçuba e do Médio-Jaguaribe, configuradas orientar e adequar, em bases sustentáveis, os processos
como núcleos de desertificação. Atenua-se nos pés-de- de uso e ocupação do território cearense, e seu resultado
-serra, nos baixos maciços e nos sertões mais próximos do reflete-se na compartimentação em domínios e unidades
litoral. De modo genérico, as chuvas são de verão-outono de geodiversidade apresentada no Capítulo 4.
17
2.1
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
José Adilson Dias Cavalcanti (jose.adilson@cprm.gov.br)1
José Carvalho Cavalcante (cavalcantejc@oi.com.br)2
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Consultor
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................21
Arqueano-Paleoproterozoico................................................................................ 23
Proterozoico...........................................................................................................24
Paleoproterozoico...............................................................................................24
Neoproterozoico.................................................................................................26
Fanerozoico........................................................................................................... 28
Paleozoico.......................................................................................................... 28
Mesozoico...........................................................................................................29
Cenozoico...........................................................................................................31
Considerações Finais..............................................................................................32
Referências Bibliográficas......................................................................................32
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
INTRODUÇÃO
21
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
Figura 2.1.4 - Seção geológica simplificada (sem escalas) envolvendo os principais domínios geológicos do Ceará. ZCTB – zona de
cisalhamento Sobral-Pedro II ou Lineamento Transbrasiliano; ZCT - zona de cisalhamento Tauá; ZCSP – zona de cisalhamento Senador
Pompeu; ZCO – zona de cisalhamento Orós; ZCJ- zona de cisalhamento Jaguaribe.
22
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
23
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
a b
Figura 2.1.6 - (a) Os ortognaisses cinzentos (TTGs) do Complexo Cruzeta estão entre as rochas mais antigas do Ceará; (b) O cromitito da
Unidade Troia é um importante tipo de mineralização de Cr-Ni e elementos do grupo da platina, que ocorre na região de Troia.
Proterozoico
b
Paleoproterozoico
24
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
No Domínio Ceará Central é marcado pela presença estreita faixa sigmoidal com cerca de 500 km de extensão,
de um cinturão acrescionário, de idade riaciana, em torno constituída por duas sequências metavulcanossedimenta-
do núcleo arqueano-paleoproterozoico, atualmente reco- res paralelas, de idade estateriana (PARENTE; ARTHAUD,
brindo cerca de 50% da área (Figura 2.1.8). Esse cinturão 1995). As rochas metassedimentares da Faixa Orós são
é composto por sequências vulcânicas, plutônicas e sedi- xistos aluminosos com quartzitos contendo lentes de
mentares, normalmente atribuídas às unidades Algodões, mármores (calcíticos, dolomíticos e magnesianos), rochas
São José da Macaoca, Suíte Madalena e Complexo Canindé cálciossilicáticas e xistos carbonáceos; e as rochas meta-
do Ceará (em parte, designado anteriormente de Unidade vulcânicas são principalmente metarriolitos, metadacitos
Canindé, do Complexo Ceará). Os metabasaltos da Unidade e, localmente, metatufos félsicos de natureza alcalina a
Algodões foram interpretados como um remanescente de subalcalina de ambiente continental com idades entre 1,8
um platô oceânico acrescionário, com idade em torno de e 1,75 bilhão de anos (SÁ et al., 1995; PARENTE; ARTHAUD,
2,23 bilhões de anos (MARTINS et al., 2009). A Unidade 1995). É comum a presença de ortognaisses de composição
Madalena corresponde a uma suíte plutônica intrusiva na granítica (metaplutônicas) recortando a sequência vulca-
Unidade Algodões, com idades em torno de 2,15 bilhões de nossedimentar. Na Faixa Jaguaribe, há predominância da
anos (CASTRO, 2004). Já o Complexo Canindé do Ceará é associação vulcano-plutônica sobre a metassedimentar.
composto por uma sequência de rochas metassedimentares As rochas metessedimentares são quartzitos e xistos e
depositadas em ambiente de margem passiva afetadas pelo as rochas metavulcânicas são lavas e piroclásticas ácidas,
metamorfismo de alto grau, composta de migmatitos, recortadas por rochas metaplutônicas. Estas associações
gnaisses, xistos, quartzitos e metacalcários, e também por desenvolveram-se em um ambiente geológico do tipo rifte
uma sequência metaplutônica de composição tonalítica e continental, acompanhado por um magmatismo bimodal
granodiorítica, com idades em torno de 2,10 bilhões de e por sedimentação psamo-pelítico-carbonática (SÁ et al.,
anos (Figura 2.1.7). 1995). Os depósitos de magnesita de origem sedimentar
O Domínio Rio Grande do Norte, no estado do Ce- encontram-se encaixados nos metadolomitos da Faixa Orós.
ará, é formado principalmente por sequências vulcanos- O Complexo Jaguaretama é composto por ortognaisses
sedimentares anorogênicas representadas pelo Sistema graníticos a granodioríticos cinzentos e gnaisses banda-
Orós-Jaguaribe e também pelo Complexo Jaguaretama dos (por vezes migmatizados), além de lentes/camadas de
(Figura 2.1.7). O Sistema Orós-Jaguaribe constitui uma mármores, rochas calciossilicáticas, quartzitos e anfibolitos/
gnaisses anfibolíticos, com idade riaciana,
em torno de 2,1 bilhões de anos (PARENTE;
ARTHAUD, 1995).
Na Subprovíncia Transversal as rochas
do período Orosiriano são representadas por
ortognaisses cinzentos de composição graní-
tica, granodiorítica e tonalítica do Complexo
Piancó, com idades entre 2,14 e 2,05 bilhões
de anos (KOZUCH, 2003 apud VAN SCHMUS
et al., 2011). Estes ortognaisses constituem
o embasamento do Grupo Cachoerinha, de
idade neoproterozoica (Figura 2.1.8).
Em todos os domínios as unidades
supracitadas podem constituir fragmentos
do continente de idade paleoproterozoica
denominado de Atlântica (Figura 2.1.9).
Nesse continente foram reconhecidas: uma
fase oceânica há 2,5 bilhões de anos, com
subducção em 2,1 bilhões de anos; fecha-
mento do oceano entre 2,1 e 2,0 bilhões de
anos, seguido por uma colisão continental e
orogênese; ascensão de plumas mantélicas,
gerando plutonismo granítico; e rifteamento
com separação continental entre 1,8 e 1,7
bilhão de anos (TEIXEIRA et al., 2007). A
formação dos protominérios de manganês da
província manganesífera Aracoiaba-Pacajus
provavelmente está relacionada às bacias
Figura 2.1.8 - O Paleoproterozoico no Ceará. sedimentares paleoproterozoicas.
25
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
a b
a
Figura 2.1.10 - Rochas metacalcárias do Grupo Ubajara: (a) Vista dos maciços calcários durante a descida no bondinho que dá acesso à
entrada da Gruta de Ubajara; (b) Detalhe do maciço de metacalcário exibindo feições típicas do carste.
26
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
a b
a
Figura 2.1.11 - Magmatismo granítico Pedra Lisa intrusivo na zona de cisalhamento Tauá, na região de Independência: (a) Vista parcial
do maciço granítico brasiliano, no período de seca; (b) Detalhe de um matacão no topo da elevação; (c) detalhe das marmitas no topo da
elevação, no período chuvoso; (d) aspecto textural e mineralógico do granito.
27
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
do Complexo Acopiara e estão mineralizados, contendo Amazônico), de diferentes idades e que foram deformados
gemas (berilo, turmalina e ametista), minerais industriais durante essa convergência (Figura 2.1.13). A Província
(feldspato, moscovita e quartzo) e minerais portadores Borborema insere-se na porção oeste do Gondwana.
de metais não ferrosos e semimetais, tais como Be,
Li, Sn, Nb e Ta (berilo, ambligonita, espodumênio,
lepidolita, cassiterita e tantalita-columbita). Ainda no
Neoproterozoico, o evento brasiliano foi responsável por
um intenso magmatismo associado às grandes estruturas
transcorrentes.
Na Província Transversal, o Neoproterozoico é repre-
sentado pelas rochas metassedimentares e metavulcânicas
do Grupo Cachoeirinha de idade criogeniana e pelos gra-
nitoides associados aos grandes lineamentos brasilianos
(Figura 2.1.12). A Formação Santana dos Garrotes, do
Grupo Cachoeirinha, é composta por metapelitos, me-
tapsamitos, metaconglomerados e, mais raramente, por
metavulcânicas, mármores e formações ferríferas, com
idades entre 660 e 620 milhões de anos (MEDEIROS, 2004).
Estes metassedimentos podem ter sido depositados em
ambiente de margem passiva e as rochas vulcânicas em
ambiente colisional.
O principal evento geológico do Neoproterozoico,
presente no Ceará, que marca a História Geológica da
Terra, foi a consolidação do supercontinente Gondwana Figura 2.1.13 - Reconstituição do Gondwana Ocidental. 1) áreas
continentais; 2) zonas de falhas, 3) rifte juro-cretáceo e 4) crátons.
entre 750 Ma e 530 Ma (COLLINS; PISAREVSKY, 2005).
Baseado em FAIRHEAD (1988), UNTERNEHE (1988), GUIRAUD
Esta amalgamação envolveu diferentes blocos crustais & MAURIN (1992), HOFFINAN (1991) e ZALÁN et al. (1990).
(os crátons São Francisco-Congo, São Luís-Oeste África e Compilado de ALMEIDA et al.(1996).
fanerozoico
Paleozoico
28
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
gerou ocorrências de Fe-Cu associadas a brechas contendo sequência vulcanossedimentar composta por sedimentos de-
sulfetos e óxidos. Outro importante evento hidrotermal positados em ambientes de leques aluviais ou fanglomerados
ocorreu nas bordas do plúton granítico Mucambo, ge- e depósitos lacustres aos quais se associou um vulcanismo
rando um depósito de ferro hidrotermal em sua auréola bimodal (PARENTE et al., 1990). A mineralização de cobre,
metamórfica, relacionado com a migração de íons de Fe na bacia, restringe-se à presença de malaquita preenchendo
a partir das rochas metassedimentares do Grupo Ubajara. fraturas e disseminada sob a forma de pontuações e manchas
No Domínio Ceará Central formou-se a bacia do no conglomerado brechoide, em uma faixa aflorante de três
Cococi, que também é uma bacia intracontinental do tipo metros de largura (PRADO et al., 1980).
molassa, associada à reativação dos lineamentos brasilianos Na porção oeste do Ceará, afloram rochas sedimenta-
durante o Cambriano. Essa bacia é composta por rochas res pertencentes à Província Parnaíba. Trabalhos recentes
sedimentares (conglomerados e brechas polimíticas, areni- têm redefinido a bacia do Parnaíba dividindo-a em quatro
tos, siltitos, argilitos e folhelhos) e rochas vulcânicas ácidas, bacias menores: Parnaíba (Siluriano-Triássico), Alpercatas
com idade em torno de 548+6 Ma, às quais se associam (Jurássico-Eocretáceo), Grajaú (Cretáceo) e Espigão Mestre
importantes concentrações de cobre (Figura 2.1.14) (MA- (Cretáceo) (GOES; COIMBRA 1996). Os sedimentos da bacia
CHADO, 2006). Já o magmatismo anorogênico Ordoviciano do Parnaíba, no território cearense, foram depositados so-
ocorreu em cerca de 460 milhões de anos (CASTRO et al., bre os riftes (bacias) cambro-ordovicianos Jaibaras e Cococi.
2008) e é representado por plútons de rochas granitoides, Apenas uma pequena porção dessa bacia ocorre no oeste
tais como o Complexo Anelar Taperuaba. Foi durante este do território cearense, próximo à divisa com o Piauí, onde
magmatismo que ocorreu a formação dos albititos, que são afloram as rochas sedimentares do Grupo Serra Grande,
rochas portadoras de mineralização de urânio e fosfato. que foram depositadas em ambiente flúvio-glacial, pas-
Os plútons de albita granitos são comumente explotados sando a transicional e retornando ao ambiente continental
como rocha ornamental (granito branco). fluvial entrelaçado (GOES; FEIJÓ, 1994).
Na Subprovíncia Transversal a bacia de Iara está alojada
em uma estrutura do tipo graben, controlada pelas zonas Mesozoico
de cisalhamento Iara e Cuncas. A bacia é formada por uma
A era mesozoica, segundo a Comissão Internacional
a de Estratigrafia (ICS, 2009), é subdividida em três períodos
conhecidos como: Triássico (251 Ma – 159 Ma), Jurássico
(159Ma – 145 Ma) e Cretáceo (145 Ma – 65 Ma). No Domí-
nio Ceará Central, o indício da ruptura do supercontinente
Pangea, que culminou com a abertura do oceano Atlântico,
é representado pelo enxame de diques de basaltos toleí-
ticos denominado de vulcanismo Rio Ceará-Mirim (Figura
2.1.15). Estes constituem um feixe de diques de olivina
basalto orientados na direção E-W, que se estende por
centenas de quilômetros, desde a região costeira a norte
de Natal, passando pelo rio Jaguaribe, até atingir a bacia do
Parnaíba. As datações posicionam estas rochas no Cretáceo
Inferior, com datações entre 140 e 120 milhões de anos, o
equivalente às idades valanginiana a aptiana (ALMEIDA et
b
al., 1996). A fonte desses basaltos está relacionada com a
fusão de um manto litosférico enriquecido, desencadeado
por uma anomalia térmica de longa duração, ou seja, pode
estar relacionado tanto a plumas mantélicas profundas
quanto a células convectivas induzidas por descontinuida-
des litosféricas (HOLLANDA et al,. 2006). De acordo com
HOLLANDA (op. cit.) um único evento magmático relacio-
nando ao vulcanismo Rio Ceará-Mirim e à pluma Tristão da
Cunha foi sugerido pelas idades de 130 milhões de anos.
No Subdomínio Jaguaribeano as bacias interiores
(Iguatu, Lima Campos, Malhada Vermelha e Lavras da
Mangabeira) constituem um conjunto de bacias formadas
a partir da reativação mesozoica da plataforma Sul-
Figura 2.1.14 - Rochas pertencentes à bacia do Cococi:
(a) conglomerados polimíticos, utilizados na produção de rochas
americana (Figura 2.1.15). Essas bacias foram preenchidas
ornamentais; (b) rochas vulcânicas hidrotermalizadas com por sedimentos típicos de sistemas deposicionais de leques
mineralização de cobre. aluviais a fluviais. São compostas por arenitos com níveis
29
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
a b
Figura 2.1.15 - Vulcanismo Rio Ceará-Mirim. (a) afloramento e (b) microfotografia da rocha em luz natural
(Px - piroxênio, Amp - anfibólio, Fsd – feldspato, Op – mineral opaco).
30
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
31
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
a b
Figura 2.1.18 - (a) Falésias do Grupo Barreiras em Canoa Quebrada, município de Aracati;
(b) Campo de dunas com lagos de água doce, próximo ao litoral em Paracuru.
32
EVOLUÇÃO GEOLÓGICA
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34
2.2
ORIGEm DAS PAISAGENS
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)1
Edgar Shinzato (edgar.shinzato@cprm.gov.br)1
Ricardo de Lima Brandão (ricardo.brandao@cprm.gov.br)1
Luis Carlos Bastos Freitas (luis.freitas@cprm.gov.br)1
Wenceslau Geraldes Teixeira (wenceslau.teixeira@embrapa.br)2
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Embrapa
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................37
Domínios Geomorfológicos do Ceará....................................................................41
Planície Costeira do Ceará...................................................................................41
Tabuleiros Costeiros........................................................................................... 42
Chapada do Apodi............................................................................................. 43
Chapada do Araripe........................................................................................... 44
Chapada Ibiapaba.............................................................................................. 45
Depressão Sertaneja...........................................................................................47
Depressões Sedimentares em Meio à Superfície Sertaneja.................................52
Maciços Residuais Cristalinos............................................................................. 53
Referências............................................................................................................ 58
ORIGEM DAS PAISAGENS
37
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
mais baixas também são muito antigas, tendo em vista que Destacam-se, no estado do Ceará, dois sistemas
a Depressão Sertaneja a leste do vale do Jaguaribe está produtores de chuvas que atingem, marginalmente, o seu
sendo exumada, estando sotoposta aos arenitos de idade território semiárido (NIMER, 1989):
albiana da base da Formação Açu. Segundo PEULVAST et 1) A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que
al. (2008), esta interpretação seria reforçada pelo fato de promove intensa pluviosidade no Amapá e no norte do
que as taxas de soerguimento epirogenético após o Ceno- Pará e Maranhão, e atinge o sertão do Piauí, Ceará e Rio
maniano são baixas e na plataforma continental interna, Grande do Norte apenas durante o máximo de sua oscilação
verifica-se um espesso registro sedimentar associado ao no hemisfério Sul entre os meses de fevereiro a abril. Os
Cretáceo Médio e Superior. Entretanto, observa-se tam- outros meses do ano tendem a ser secos.
bém um expressivo registro sedimentar que se prolonga 2) A Massa Equatorial Atlântica (mEa), portadora dos
ao longo do Cenozoico. ventos alíseos úmidos (ventos do quadrante leste), promove
A despeito dos sólidos argumentos apresentados intensa precipitação no litoral oriental do Nordeste durante
pelos autores supracitados e considerando a tese de que o inverno, porém poucas chuvas nas áreas a sotavento do
a Depressão Sertaneja (ou parte dela) tenha sido originada Planalto da Borborema. Portanto, o semiárido do Rio Gran-
no Cretáceo Médio ou Superior, não se pode desconsiderar de do Norte e Ceará tende também a apresentar longas
que, durante todo o Cenozoico, os processos de erosão e estiagens com curtos períodos chuvosos durante o inverno.
aplainamento tenham sido constantes e promoveram ou A situação sinótica exposta acima explica o regime
acentuaram uma notável planura da Depressão Sertane- climático de semiaridez que graça sobre a região, porém a
ja, sendo apenas interrompida por esparsos inselbergs e característica climática mais penosa para a população serta-
maciços residuais. Todavia, a paisagem física atual ainda neja é a sua irregularidade pluviométrica. Neste caso, existe
denuncia uma incipiente dissecação quaternária das super- uma diferença fundamental entre estiagem e o fenômeno
fícies aplainadas, marcadas pela ligeira incisão fluvial e pela da seca. A prolongada estiagem de 7 a 10 meses é um fato
topografia muito suavemente ondulada das vastas áreas climático já esperado pelo sertanejo. Todavia, nos anos
pediplanadas, bem como o pequeno desenvolvimento em que a ZCIT atua de forma atenuada no hemisfério Sul,
pedogenético dos solos, sendo dominantemente rasos a não ocorrem chuvas no Ceará durante seu período úmido
pouco profundos, comprovada pela elevada relação silte/ (fevereiro-abril). Isto implica em mais de ano sem chuvas
argila e sílica (SiO2)/alumina (Al2O3), (Jacomine, 1996). ou chuvas inexpressivas. Assim, se caracteriza o fenômeno
Entretanto, o entendimento do funcionamento e di- da “seca” que tanto castiga a população sertaneja.
nâmica deste conjunto de paisagens sertanejas envolve, Os anos atípicos de 2009 e 2010 ilustram, de forma
forçosamente, a compreensão de sua dinâmica climática exemplar, esta situação: em 2009, quando o Nordeste Se-
e sua importância para caracterizar um conjunto de tentrional estava submetido à influência do fenômeno La
terrenos, o qual se convencionou denominar de Sertão. Niña, a ZCIT oscilou de forma acentuada no hemisfério Sul
O estado do Ceará (incluindo sua zona costeira) está in- e promoveu chuvas torrenciais (muito acima das normais
serido no denominado “polígono das secas” com regime de chuvas mensais) nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará,
climático quente e semiárido, com temperaturas sempre Rio Grande do Norte e Paraíba, entre os meses de feve-
elevadas (típico de uma zona subequatorial), onde a reiro e junho. Tal evento acarretou inundações, perdas de
maior parte de seu território registra uma precipitação colheita, danos em obras de infra-estrutura (construções,
média anual inferior a 700 mm/ano, sendo que essas pontes, açudes, estradas etc.). Em contraposição, no ano
chuvas estão concentradas em dois ou mais meses do de 2010, quando o Nordeste Setentrional estava subme-
ano. O trimestre chuvoso restringe-se aos meses de fe- tido à influência do fenômeno El Niño, a ZCIT oscilou de
vereiro a abril (Nimer, 1989; Mendonça; Danni-Oliveira, forma muito atenuada no hemisfério Sul e verificou-se o
2007). Nas áreas mais úmidas do estado (faixa costeira fenômeno da “seca” (precipitações muito abaixo das nor-
e os “brejos de altitude”) o período úmido se estende mais de chuvas mensais no período úmido) nos mesmos
de janeiro a julho. Nas áreas mais áridas, dominadas por estados supracitados. Tal evento acarretou (do mesmo
“caatingas hiperxerófilas”, prevalece o clima tipo BSh de modo) perdas de colheita (severa quebra da safra agrícola)
Köeppen, com predomínio de precipitações pluviomé- e morte de animais.
tricas médias anuais entre 400 e 450 mm/ano. As taxas Do ponto de vista geomorfológico, as chuvas concen-
de evaporação são altas, a insolação é forte e a umidade tradas e torrenciais (como as registradas no período úmido
relativa é baixa (Jacomine et al., 1989). de 2009) que ocorrem em curtos períodos de tempo geram,
Neste sentido, deve-se levar em consideração que o inclusive, fluxos de enxurradas com alto potencial erosivo
regime hídrico de semiaridez do Sertão Nordestino está caracterizado por intensos fluxos laminares de escoamento
diretamente associado ao fato de que todos os sistemas superficial. Após o período da seca, ainda com a caatinga
produtores de chuvas que atingem a região atuam por desfolhada, essas chuvas intensas praticamente não encon-
poucos meses promovendo, portanto, estiagens muito pro- tram nenhuma barreira ao chegar ao solo. Até mesmo as
longadas que podem variar de sete a dez meses, condição folhas ou restos vegetais já estão bastante destruídos pela
hídrica característica do Bioma da Caatinga. insolação e altas temperaturas. Isso se intensifica à medi-
38
ORIGEM DAS PAISAGENS
da que os terrenos são degradados pelo desmatamento chuvoso, uma quantidade de água suficiente para manter
da caatinga, gerando um cenário de solos intensamente o fluxo de base de forma contínua. Deste modo, os rios da
castigados por erosão laminar e linear acelerada, onde os caatinga são intermitentes.
materiais finos são transportados pela erosão aflorando Destacam-se nestas paisagens, predominantemente
cada vez mais pedregosidade e rochosidade, numa pré- aplainadas e de clima semiárido do Ceará, restritas zonas
-condição à implantação de processos de desertificação, de exceção: são os Brejos de Altitude. Estas paisagens,
como será mais bem analisado mais adiante (Figura 2.2.2). retratadas como enclaves úmidos e semiúmidos de topo-
A paisagem da caatinga consiste de rios intermitentes grafia acidentada, que se sobressaem em meio à Depressão
(excetuando-se os rios São Francisco e Parnaíba que exibem Sertaneja (SOUZA; OLIVEIRA, 2006), são originadas a partir
suas nascentes em chapadas revestidas por cerrado). Neste do efeito orográfico que promove uma distribuição diferen-
ambiente o período de estiagem é muito prolongado (de ciada da pluviosidade em torno dos maciços montanhosos
7 a 10 meses), típico de um clima tropical a subequatorial residuais e dos planaltos sedimentares (chapadas). Neste
semiárido. Em função da diversidade de litologia e material sentido, encostas a barlavento que retêm os ventos pro-
originário, de relevo e da menor ou maior aridez do clima, venientes da ZCIT e da massa Equatorial Atlântica (alíseos
os solos da caatinga são jovens, rasos (<50cm) (Neossolos de leste), representam redutos de umidade, associados a
Litólicos) e pouco profundos (<100cm) (Luvissolos e Argis- temperaturas mais amenas, em meio ao vasto território
solos). As condições climáticas favoreceram a formação de semiárido da Depressão Sertaneja. Apresentam as melhores
solos afetados por sais (Planossolos Nátricos e Planossolos condições para o desenvolvimento da agricultura, porém
solódicos). Relacionados aos calcários ocorrem os Cam- apresentam também, grande fragilidade ambiental, devido
bissolos eutróficos, Vertissolos e, em menor expressão, ao relevo acidentado. O desmatamento generalizado e a
os Neossolos Rêndzicos. Em geral, é comum observar retirada de lenha destas exíguas áreas acarretam, dentre
grandes quantidades de cascalho, calhaus e até matacões outros problemas, a supressão da floresta original e na
de quartzo nesses solos, em face dos frequentes veios de erosão acelerada dos solos.
quartzo presentes na rocha matriz e também por serem Entretanto, um dos problemas ambientais mais graves
mais resistentes ao intemperismo e à erosão superficial. que se alastra sobre o estado do Ceará e que afeta áreas
Nas áreas sedimentares, podem ser encontradas os solos significativas de todo o polígono semiárido nordestino é a
muito profundos (>200cm) arenosos, textura média e até desertificação (AB’ SABER, 1977; MONTEIRO, 1988, 1995;
argilosos, como os Neossolos Quartzarênicos e Latosso- NIMER, 1988; SOUZA et al., 2000, RODRIGUEZ; SILVA,
los Amarelos e Vermelho-Amarelos. Ocorrem também 2002; BRANDÃO, 2003; CONTI, 2005) dentre outros - Fi-
alguns solos específicos relacionados às rochas ígneas e gura 2.2.3.
metamórficas como os Neossolos Regolíticos que com- Segundo a literatura citada, pode-se conceituar o
preendem solos arenosos porém com grande quantidade fenômeno de desertificação como um conjunto de proces-
de minerais facilmente decomponíveis na massa do solo. sos físicos que acarretam a perda irreversível da cobertura
(Jacomine, 1996). vegetal dos terrenos, sendo estes processos, invariavel-
Em geral, os solos da caatinga por terem pequeno mente, agravados pelas atividades humanas (em especial,
manto de intemperismo, possuem uma baixa capacidade
de armazenamento de água e, portanto, não conseguem
reter em sua matriz, durante o curto e irregular período
39
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
40
ORIGEM DAS PAISAGENS
morfológicos existentes. Com base na análise dos produtos do tipo barcanas e longitudinais e atinge, frequentemente,
de sensoriamento remoto disponíveis, perfis de campo e mais de 30 metros de altura (SOUZA, 1988). Estas formações
estudos geomorfológicos regionais anteriores (IBGE, 1995; eólicas são construídas a partir do retrabalhamento de areias
ROSS, 1985, 1997) dentre outros, os terrenos cearenses marinhas da planície costeira e da plataforma continental
foram compartimentados, neste estudo, em dez Domínios interna rasa, sob domínio de ventos alíseos do quadrante
Geomorfológicos, que serão descritos, a seguir. leste, em clima semiárido. A geração dos atuais campos
de dunas deve ter sido ainda mais importante durante os
Domínios Geomorfológicos períodos glaciais pleistocênicos, quando o clima apresentava
do Estado do Ceará uma aridez mais severa e níveis relativos do mar em torno
de 100 metros abaixo do nível do mar atual.
Planície Costeira do Ceará De forma subordinada e restrita às desembocadu-
ras fluviais desenvolvem-se as planícies fluviomarinhas,
Abrange uma estreita, mas extensa franja ao longo destacando-se os manguezais que ocorrem nas margens
do litoral cearense, invariavelmente posicionada entre a dos estuários ou desembocaduras dos rios Coreaú, Acaraú,
linha de costa e os Tabuleiros Costeiros. Por vezes, esses Mundaú, Cocó, Ceará, Piranji e Jaguaribe (Figura 2.2.6).
tabuleiros atingem o litoral, formando falésias de grande Além de Fortaleza foram implantadas, no litoral cea-
beleza cênica e desnivelamentos superiores a 25 metros, rense, as localidades de Icapuí, Canoa Quebrada, Fortim,
com especial ênfase às diferentes colorações apresentadas Parajuru, Beberibe, Cumbuco, Paracuru, Trairi, Acaraú, Jeri-
pelos sedimentos do Grupo Barreiras (que variam entre coacoara e Camocim. Predominantemente, estes terrenos
branco, amarelo, laranja, vermelho e ocre), marca registra- se assentam sobre solos essencialmente quartzosos, muito
da de localidades de grande apelo turístico, como Canoa profundos, com pouca adesão e coesão entre suas partí-
Quebrada e Morro Branco. culas, além da baixa capacidade de retenção de umidade
Esta unidade apresenta um diversificado conjunto de e nutrientes, constituindo-se os Neossolos Quartzarênicos
padrões de relevo deposicionais de origens eólica (Figura na maior parte dos terrenos (dunas e cordões litorâneos) e
2.2.5), fluvial e marinha, dentre os quais destacam-se: subordinadamente os Espodossolos Ferrihumilúvicos (cor-
os campos de dunas (R1f); e as planícies fluviomarinhas dões litorâneos). Compreendem também solos quartzosos,
(R1d), sob forma de mangues na desembocadura dos porém apresentam acúmulo de ferro e matéria orgânica em
principais rios. A linha de costa apresenta-se retificada subsuperfície, normalmente ao nível do lençol freático, po-
e com o formato de um amplo arco convexo de direção dendo ser facilmente detectado pela “água de coca-cola” nas
aproximada WNW-ESE, interrompida por esparsos cabos linhas de drenagem. Além desses ocorrem solos de influência
rochosos (tais como os de Jericoacoara, Pecém e Mucuripe) marinha com problemas de tiomorfismo (sulfatos), salinidade
e desembocaduras fluviais. e sodicidade elevada constituindo-se os Solos de Mangue,
Denominada de “costa semiárida” por MABESOONE Gleissolos sálicos ou tiomórficos (Jacomine, 1973). Esta
(1978) ocorre um amplo predomínio de formas de relevo unidade apresenta um clima subúmido com precipitação
derivadas de processos eólicos (dunas móveis, junto à linha média anual entre 1.000 e 1.400mm e estiagem expressiva,
de costa e dunas fixas e vegetadas, à sua retaguarda), apre- entre 4 e 6 meses (Rodriguez; Silva, 2002). O rigor climático
sentando uma largura média entre 5 e 10 km (SOUZA et al., da semiaridez não atinge de forma tão expressiva o litoral,
1979). A faixa de dunas apresenta formas predominantes devido a uma maior influência dos alísios de leste.
Figura 2.2.5 - Predomínio de formações eólicas (dunas ativas ou Figura 2.2.6 - Vista do manguezal associado à planície
semiestabilizadas) na faixa costeira entre Mundaú e Flecheiras. fluviomarinha do rio Cocó, na cidade de Fortaleza.
41
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Esta unidade se caracteriza por uma acelerada ex- associados com a necessidade de execução de mais enro-
pansão de núcleos urbanos (muitos dos quais oriundos camentos e outras obras de contenção, condicionando a
de antigas vilas de pescadores) além da própria Região transferência do processo erosivo para os setores mais a
Metropolitana de Fortaleza. Este processo de expansão jusante, no sentido da deriva litorânea (BRANDÃO et al.,
urbana, em terrenos de sedimentação quaternária, de 1995; MORAES et al., 2006).
grande fragilidade ambiental, decorre da ação do capital
imobiliário, impulsionado pela expansão da “indústria do Tabuleiros Costeiros
turismo” nos últimos 20 ou 30 anos. O avanço do turismo
na região costeira do Ceará promove impactos positivos Os tabuleiros do Grupo Barreiras consistem de
no desenvolvimento econômico local, com forte influên- formas de relevo tabulares, de extensos topos planos,
cia na geração de renda e de empregos, entretanto os esculpidas em rochas sedimentares, em geral pouco
impactos ambientais acarretados por essa apropriação do litificadas, com predomínio de processos de pedogê-
espaço costeiro têm sido, igualmente, muito relevantes, nese e formação de solos espessos e bem drenados,
com destaque para a ocupação de áreas de dunas (e a com baixa suscetibilidade à erosão nas áreas de topo e
consequente reativação de processos de erosão eólica); moderada a forte nas vertentes (R2a1). Apenas a oes-
destruição de mangues (acarretando sérios prejuízos te de Camocim e estendendo-se pelo litoral do Piauí,
à atividade pesqueira); remoção das matas ciliares nos os tabuleiros encontram-se mais dissecados (R2a2),
baixos cursos fluviais; e construção de edificações junto à francamente entalhados por uma rede de canais de
linha de costa, tornando-as vulneráveis aos processos de moderada densidade de drenagem. Esta unidade está
erosão costeira. Os imensos molhes construídos na costa compreendida, junto ao litoral, pelas planícies costeiras
urbana de Fortaleza (praias de Iracema, do Meireles e do e, em direção ao interior, pelas superfícies aplainadas da
Futuro), assim como os diversos trechos da costa cearense Depressão Sertaneja. Frequentemente, o contato entre
que registram fenômenos de ação erosiva, demonstram a os tabuleiros e os pediplanos adjacentes ocorre por meio
importância dessa questão para o estado e a necessidade de pequenos degraus erosivos, provenientes de remoção
de um gerenciamento ordenado da faixa costeira e da progressiva do capeamento sedimentar (Figura 2.2.8).
plataforma continental rasa, com o intuito de mitigar os Também foram incluídas nesta unidade as superfícies
processos erosivos, muitos dos quais promovidos, artifi- tabulares sustentadas por arenitos e conglomerados, de
cialmente, pelo bloqueio de correntes de deriva litorânea idade paleógena, das formações Camocim e Faceira.
(MUEHE, 2005). Desta forma, a construção de molhes Esses tabuleiros estão posicionados em cotas entre 30
promove o barramento do transporte de areia, acarretando e 100 metros, sendo que são crescentes à medida que estas
um desequilíbrio do prisma praial. No setor concordante à formas de relevo avançam em direção ao interior, podendo
corrente de deriva litorânea, ocorre um processo de “alar- embasar superfícies situadas até 140 metros de altitude. Na
gamento artificial” da praia. No setor oposto, por sua vez, costa leste cearense, por vezes, atingem a linha de costa
devido ao déficit de sedimentos, ocorre o desaparecimento formando falésias, sendo que estas feições se prolongam
da praia e os fenômenos de erosão costeira (Figura 2.2.7), pelo litoral potiguar (Figura 2.2.9).
Os tabuleiros costeiros representam, portanto, antigas
superfícies deposicionais apresentando gradientes extre-
mamente suaves em direção à linha de costa. Estas formas
de relevo encontram-se dissecadas por uma rede de canais
de baixa densidade de drenagem e padrão dendrítico,
formando vales rasos e encaixados em “U” de, no máxi-
mo, 20 metros de desnivelamento. Em direção ao interior,
estes tabuleiros apresentam-se fragmentados em meio às
superfícies cristalinas da Depressão Sertaneja, devido à
remoção parcial deste capeamento sedimentar. Este fato
sugere uma abrangência original significativamente mais
ampla e contínua da cobertura do Grupo Barreiras, que
se estendeu por várias dezenas de quilômetros adentro
do território cearense, podendo ter alcançado o sopé do
maciço do Baturité, como exemplo. Este pacote sedimentar
teria sido depositado ao longo do Neógeno (entre Mioceno
e o Pleistoceno) como sequências de leques aluviais coa-
Figura 2.2.7 - Molhes construídos na orla da cidade de Fortaleza, lescentes, produzidos pela erosão/denudação da superfície
promovendo o barramento de sedimentos transportados pela
sertaneja e dos maciços elevados, e deposição em larga fai-
deriva litorânea a montante e, consequentemente,
erosão a jusante. xa (que pode exceder 80 km de largura) em um paleo-nível
marinho mais baixo que o atual (PEULVAST et al., 2008).
42
ORIGEM DAS PAISAGENS
Chapada do Apodi
43
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
44
ORIGEM DAS PAISAGENS
favorecem a lixiviação da sílica, mesmo sendo o pH ácido, profundos a rasos, moderadamente drenados, com estru-
tendo grande contribuição do fator “tempo”. A maior turas em blocos ou prismáticas, normalmente pedregosos
solubilidade da sílica e a sua saída mais rápida do sistema e rochosos, necessitando-se de cuidados especiais com o
favorece o enriquecimento do alumínio precipitando a gi- manejo adequado dos processos erosivos e também com
bbsita. Os solos assim formados apresentam baixa relação a salinização.
molecular SiO2 /Al2O3 (índice ki), com desenvolvimento de MAGALHÃES et al. (2010) apontam para os pro-
estruturas granulares (tipo pó de café), compreendendo a blemas decorrentes da expansão desordenada da malha
classe dos Latossolos. Entretanto, ao contrário do Apodi, urbana conurbada de Juazeiro do Norte - Crato - Barba-
a chapada do Araripe exibe, devido ao efeito orográfico, lha em direção às vertentes do Araripe. Desmatamento
uma área de brejo úmido com alta densidade de drenagem generalizado, superexplotação e poluição dos recursos
em suas faces norte e nordeste (justamente as que estão hídricos e ocupação urbana junto às calhas dos cursos
voltadas para o Ceará) devido ao barramento da umidade fluviais são os mais relevantes impactos ambientais im-
proveniente do deslocamento da ZCIT para sul durante postos à região. Registros estratigráficos de corridas de
o verão e outono. Souza (1988) denomina esta área de massa de grandes proporções (quilométricas) no sopé da
“brejo de encosta”. escarpa do Araripe denunciam o risco potencial do qual
Este fato explica uma melhor condição de umidade a população está submetida com o avanço da ocupação
numa região tradicionalmente denominada de Cariri, no humana nessas áreas.
sopé da escarpa norte do Araripe e na depressão periférica
subjacente (“depressão do Cariri”), onde está situado o Chapada da Ibiapaba
aglomerado urbano de Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte.
Esta região é, portanto, caracterizada por um clima subú- Representa uma superfície cimeira, em escala regio-
mido com precipitação média anual entre 850 e 1.600mm nal, delineando o rebordo oriental da bacia sedimentar
e estiagem expressiva, entre 4 e 6 meses. (RODRIGUEZ; do Parnaíba. Esta unidade, denominada pelo IBGE (1995)
SILVA, 2002; MAGALHÃES et al., 2010). como Planalto da Ibiapaba compreende um conjunto de
Em associação à dinâmica climática supramenciona- platôs (R2c), degraus litoestruturais (R4e) e planaltos
da, deve-se ressaltar o fato de que as camadas de rochas mais rebaixados (R2b3 e R2b2), sustentados por rochas
sedimentares na chapada do Araripe sofreram um bascu- sedimentares da bacia do Parnaíba, perfazendo todo
lamento para norte, produzindo um movimento da água o limite ocidental do território cearense, na divisa (em
subterrânea nesta direção e o surgimento de um grande parte, litigiosa) com o estado do Piauí. A chapada da
número de nascentes (“olhos d’água”) na borda norte Ibiapaba consiste, portanto, num extenso planalto com
do Araripe (ANDRADE, 1964). Trata-se do Cariri úmido, disposição geral no sentido norte-sul e caimento grada-
revestido por um reduto de mata atlântica. Em contraste, tivo para oeste. Esta unidade representa uma extensa
as vertentes sul e leste, voltadas para Pernambuco e a área soerguida por epirogênese da borda leste da bacia
Paraíba, são muito mais áridas (DANTAS et al., 2008). sedimentar do Parnaíba. No topo, apresenta um relevo
Neste cenário, destaca-se outra região, denominada dissecado em colinas suaves e patamares, apresentando
de Cariri seco onde está situado o emblemático núcleo solos profundos. Todavia, para leste, a Ibiapaba apresenta
urbano de Exu, já em território pernambucano. Esta uma majestosa escarpa festonada (R4d) (voltada para o
localidade, assolada pelas dificuldades impostas pela estado do Ceará) desenvolvida pela erosão regressiva do
semiaridez, consiste na terra natal do famoso compositor rebordo da chapada, gerando um relevo abrupto, com
Luiz Gonzaga. ocorrência de cornijas e paredões rochosos subverticais.
A superfície cimeira do Araripe está sustentada por Trata-se, portanto, de um vasto relevo cuestiforme (SOU-
arenitos e arenitos conglomeráticos, de idade cretácica, da ZA et al., 1979) com um front escarpado voltado para
formação Exu. Sobre esses sedimentos desenvolvem solos leste e um reverso planáltico ligeiramente adernado para
muito profundos, areno-argilosos, bastante permeáveis e oeste (Figura 2.2.12).
porosos, friáveis e de baixa fertilidade natural. Apesar de A chapada da Ibiapaba representa um conjunto de
haver limitações químicas, a mecanização fica favorecida superfícies inclinadas com cotas decrescentes, de leste
em função do relevo suave, sendo apenas necessário o para oeste, que variam de 920 a 650 metros. Todavia, os
emprego de corretivos e fertilizantes para se ter uma boa desnivelamentos entre o topo da Ibiapaba e a Depressão
produtividade agrícola. Nas escarpas erosivas da vertente Sertaneja adjacente são bastante elevados, invariavel-
norte da chapada, por sua vez, afloram sedimentos, tam- mente, superiores a 350 metros, podendo atingir até 700
bém cretácicos, da formação Santana (calcários, folhelhos, metros de desnivelamento em Ubajara. Assim sendo, o
margas e evaporitos) e, na base, arenitos de idade jurássica, conjunto de planaltos da chapada da Ibiapaba apresenta
da Formação Missão Velha. Os solos que ocorrem nessas superfícies suavemente basculadas para oeste, com um
escarpas são bem providos de nutrientes, cujas alternativas progressivo decréscimo de altitude até convergir com o
de uso são restritas devido, principalmente, ao relevo mo- piso das superfícies aplainadas da bacia do Parnaíba, no
vimentado em que ocorrem. Além disso, são solos pouco estado do Piauí.
45
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
A erosão regressiva da escarpa da Ibiapaba pode ser Ocorre um predomínio, nos topos, de solos muito
facilmente atestada pela ocorrência de pequenas serras profundos, bem drenados, muito friáveis, porosos e com
vizinhas ao front da escarpa (serras de São Joaquim, baixa fertilidade natural (Latossolos Vermelho-Amarelos
Ubatuba e Umari), morros-testemunho sustentados por distróficos) e com baixa coesão e adesão entre suas par-
rochas sedimentares da bacia do Parnaíba e por extensas tículas e pequena capacidade de retenção de umidade
rampas coluvionares que se espraiam a partir do sopé da e de nutrientes (Neossolos Quartzarênicos órticos). Nos
escarpa, por amplas áreas da Depressão Sertaneja (R1c). terrenos escarpados, por sua vez, predominam solos rasos,
Estes depósitos, gerados por movimentos de massa e com grande influência do material originário, moderada-
fluxos de enxurrada, formam uma delgada cobertura pe- mente drenado, normalmente pedregoso ou cascalhentos
dimentar que capeia as superfícies aplainadas. No sopé das (Neossolos Litólicos) e, subordinadamente, solos pouco
áreas escarpadas, estes depósitos são representados por profundos e profundos, areno-argilosos, com gradiente
depósitos de tálus (fácies proximal), podendo se estender textural, bem a moderadamente drenados, que merecem
por mais de uma dezena de quilômetros ao longo das su- cuidados especiais com o desenvolvimento de processos
perfícies aplainadas, formando um capeamento arenoso erosivos (Argissolos Vermelhos eutróficos) e Afloramentos
com seixos de arenitos (fácies distal) – Figura 2.2.13. Tais de Rocha (IBGE-EMBRAPA, 2001). Nas áreas de borda é
evidências morfoestratigráficas demonstram uma evolução comum verificar a formação de petroplintitas ou concreções
geomorfológica recente de toda esta região, comandada ferruginosas, principalmente devido à variação do material
por processos de recuo lateral das vertentes, geração de sedimentar que causa um diferencial de infiltração de água,
pedimentos e pediplanos (assemelhando-se ao modelo de que por sua vez provoca a oscilação entre microambientes
evolução de relevo preconizado por King). de redução e oxidação favorecendo a formação dessas
Os relevos planálticos do topo da Ibiapaba estão as- concreções. Essas concreções funcionam com um resistato
sentados em arenitos e conglomerados da Formação Serra na manutenção do relevo atual, tendo função parecida
Grande, de idade siluriana, que corresponde à base da bacia aos vergalhões utilizados para a estabilidade das colunas
sedimentar do Parnaíba. O relevo escarpado, por sua vez, de concreto nas construções. Uma vez erodidas essas
é sustentado por uma cornija de arenitos acentuadamente estruturas de ferro, o relevo sofre grandes alterações na
litificados. Abaixo dos paredões subverticais sustentados paisagem (Jacomine, 1982).
pelas cornijas areníticas afloram rochas do embasamento De modo diverso ao verificado no Araripe, a chapada
ígneo-metamórfico da Faixa de Dobramentos do Nordeste. da Ibiapaba representa um brejo de altitude, devido ao efei-
Destacam-se, neste contexto, os ortognaisses, paragnaisses to orográfico, principalmente em sua face leste, escarpada
e migmatitos de idade paleoproterozoica dos complexos e nas superfícies cimeira do topo do planalto, adjacentes
Granja e Ceará (Unidade Canindé); e os quartzitos, meta- ao rebordo da escarpa, sendo toda esta área recoberta
calcários e xistos de idade neoproterozoica das formações por mata atlântica. SOUZA (1988) denomina esta área de
São Joaquim, Covão, Frecheirinha, Trapiá e Novo Oriente. “brejo de cimeira”. Todavia, o padrão climático é similar.
A famosa gruta de Ubajara, local de grande interesse tu- Nesta muralha escarpada, que consiste o front oriental
rístico, foi elaborada justamente sobre metacalcários da da chapada da Ibiapaba, ressalta-se um trecho erodido
Formação Frecheirinha. representado pelo boqueirão do Poti. O alto curso do rio
46
ORIGEM DAS PAISAGENS
Poti, afluente do rio Parnaíba, drena um trecho do setor te, mais baixas do que os maciços cristalinos e chapadas
ocidental da Depressão Sertaneja no Ceará e inflete para circundantes, o que caracteriza toda a superfície sertaneja
oeste, escavando uma profunda garganta (water-gap), como uma vasta depressão interplanáltica. Deste modo,
truncando todas as camadas sedimentares que sustentam sugere-se a presente classificação.
a Ibiapaba, adentrando assim pelo estado do Piauí. A sul A Depressão Sertaneja I corresponde aos pedi-
desta percée, a Ibiapaba apresenta um aspecto menos planos bem elaborados e pouco reafeiçoados (R3a2) que
imponente e desnivelamentos entre 250 e 350 metros se sobressaem próximo ao litoral e que se estendem em
(Figura 2.2.14). direção ao interior até localidades como Novo Oriente,
Independência, Senador Pompeu, Piquet Carneiro e Orós.
Na porção oeste do estado, a partir da localidade de Qui-
terianópolis, ressalta-se um prolongado rebordo erosivo
de aproximadamente 100 a 150 metros de desnivelamento
total (R4e). Já na porção leste do estado, a partir da lo-
calidade de Deputado Irapuan Pinheiro, ressalta-se outro
extenso rebordo erosivo (R4e) de aproximadamente 70 a
100 metros de desnivelamento, que ressalta o baixo platô
de Acopiara (R2b3). A partir destes rebordos erosivos em
direção ao interior, até o sopé do Araripe, individualiza-se
a Depressão Sertaneja II. Neste setor, o relevo regional
apresenta-se mais dissecado, sob forte condicionamento
estrutural (em especial, por extensas zonas de cisalhamen-
to Brasilianas), resultando num padrão predominante de
colinas, morrotes e morros alinhados (R4a1, R4a2 e R4b).
Depressão Sertaneja I
Figura 2.2.14 - Garganta epigênica que atravessa,
transversalmente, o front da chapada da Ibiapaba. Esta unidade se notabiliza por um conjunto de super-
Rodovia CE-187-403, entre Nova Russas e Crateús. fícies de aplainamento (R3a2), que truncam e obliteram
um complexo e diversificado conjunto de rochas ígneo-
Devido às condições climáticas mais favoráveis - índices -metamórficas, invariavelmente recobertas por caatinga.
pluviométricos entre 1.200 e 1.800mm anuais – (Souza; Oli- Este domínio é constituído por vastos pediplanos incipien-
veira, 2006) e desenvolvimento de solos muito profundos, temente dissecados por uma rede de drenagem de baixa
friáveis, mecanizáveis, apenas necessitando de corretivos densidade e por extensos pedimentos posicionados no
e fertilizantes par ao seu bom aproveitamento, os topos sopé de maciços montanhosos ou da borda de cuestas e
planos da chapada da Ibiapaba se tornaram uma área de escarpas de chapadas. Estes pediplanos encontram-se, fre-
ocupação intensiva de uma agricultura comercial (policul- quentemente, pontilhados por inselbergs e agrupamentos
tura, olericultura e fruticultura) destinada a abastecer os de inselbergs (muitos dos quais, sustentados por rochas
mercados consumidores no Ceará e no Piauí. Destacam-se, graníticas resistentes) que, invariavelmente, destacam-se
nesta unidade, as cidades de Viçosa do Ceará, Tianguá, na paisagem monótona das superfícies aplainadas (R3b).
Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba Em alguns casos, estes relevos residuais estão dispostos
do Norte, Croatá e Poranga. Em seu sopé, já na Depressão em longos alinhamentos de morrotes ou morros (R4a2 e
Sertaneja, destacam-se as cidades de Frecheirinha, Pacujá, R4b) de centenas de quilômetros de extensão, controlados
Ipu, Ipueiras, Ararendá e Novo Oriente. por rochas mais resistentes de antigas faixas miloníticas
(em especial, os quartzitos do Grupo Orós), com destaque
Depressão Sertaneja para uma espetacular sequência de morrotes alinhados
de direção N-S que ocorre entre Orós e Banabuiú e depois
Neste estudo, optou-se por subdividir a unidade geo- inflete para NE até ser inumada pelos sedimentos do Grupo
morfológica Depressão Sertaneja no estado do Ceará em Barreiras, já próximo ao litoral (Figuras 2.2.15 e 2.2.16).
duas subunidades: Depressão Sertaneja I e Depressão Em termos gerais, a Depressão Sertaneja, no estado do
Sertaneja II. Tal proposta reflete a necessidade de dis- Ceará está delimitada, a oeste, pela chapada da Ibiapaba;
tinguir dois padrões morfológicos distintos de superfícies a leste, pela chapada do Apodi e pelo maciço residual de
aplainadas regionais e em patamares altimétricos dife- Pereiro; e a sul, pela chapada do Araripe. Ressaltam-se ainda,
renciados. Segundo a denominação proposta pelo IBGE a ocorrência de diversos maciços residuais cristalinos que se
(1995), as superfícies aplainadas do estado do Ceará foram destacam topograficamente em meio às planuras semiáridas.
subdivididas em Depressão Sertaneja e Planalto Sertanejo. As condições de denudação e esculturação do relevo sob
Todavia, as duas unidades apresentam-se, topograficamen- clima semiárido ao longo do Cenozoico exibem um modelo
47
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figuras 2.2.15 e 2.2.16 - Modelo Digital de Terreno com relevo sombreado salientando extenso alinhamento de cristas dissecadas
em morrotes em meio à Depressão Sertaneja.
de evolução do relevo muito similar ao preconizado por KING vegetação de caatinga hipoxerófila e hiperxerófila (Planos-
(1953, 1956), onde se destacam processos de recuo lateral solos Nátricos). Nos casos em que os solos tornam-se menos
das vertentes, sendo estas demarcadas por escarpas erosivas espessos, eleva-se a frequência de pedregosidades, rocho-
e elaboração de pedimentos detríticos e pediplanos, além sidades e aparecimento de lajedos, sendo a profundidade o
de feições residuais constituídas, invariavelmente, por rochas caráter mais restritivo ao uso (Neossolos Litólicos). Apesar
mais resistentes ao intemperismo e à erosão – os inselbergs – das restrições comentadas, esses solos prestam-se ao uso
tais como os notáveis monólitos de Quixadá (Figura 2.2.17). da pecuária, podendo encontrar pastagens boas nas áreas
As Superfícies Aplainadas da Depressão Sertaneja I consis- mais úmidas ou menos áridas. São indicadas para criação de
tem em vastas superfícies arrasadas, invariavelmente em cotas bovinos (capim buffel), caprinos, culturas de algodão arbóreo,
baixas, cujo piso situa-se entre 40 e 350 metros. Inserem-se, palma forrageira e em menor proporção, feijão e milho nas
também, no contexto das grandes depressões interplanálticas. épocas mais úmidas. Trata-se da típica paisagem do Sertão
Este domínio é o mais extenso do território do Ceará e está Nordestino. (BRASIL, 1972; Jacomine, 1973, 1996).
embasado por rochas do embasamento ígneo-metamórfico Estas superfícies apresentam gradientes muito suaves
Pré-Cambriano da Faixa de Dobramentos do Nordeste. Ocorre que convergem para os eixos dos talvegues ou, quando
um predomínio de um conjunto de solos rasos com fertilidade próximos da Faixa Litorânea, para a linha de costa (Souza et
natural baixa a alta em um ambiente tropical semiárido, com al., 1979). Todavia, destaca-se uma notável variação morfo-
predomínio de vegetação de caatinga hiperxerófita. Trata-se pedológica no interior das superfícies aplainadas: em geral, os
da típica paisagem do Sertão Nordestino (Figura 2.2.18). terrenos mais planos dos tesos interfluviais (ou “colinas rasas”,
Predominam um conjunto de solos rasos a pouco pro- segundo Ab’ Saber, 1974) apresentam solos medianamente
fundos, com espessura de solum (horizonte A + horizonte desenvolvidos e com textura mais fina, tais como Argissolos
B) próximo de 50cm, com argila de atividade alta, com Vermelho-Amarelos eutróficos e Luvissolos Crômicos reco-
propriedades de expansibilidade e com alta saturação por bertos por caatinga arbórea (Jacomine, 1973); enquanto que
bases (>50%) (Luvissolos Crômicos). É comum nesses solos os terrenos localmente dissecados e os fundos de vales apre-
ocorrer o pavimento desértico (revestimento pedregoso) na sentam solos muito pouco desenvolvidos e pedregosos, tais
superfície do solo ou dentro do horizonte A, normalmente como Neossolos Litólicos, recobertos por caatinga arbustiva
fraco e de pequena espessura (<10cm). Podem apresen- aberta (Nascimento et al., 2008). Também ocorrem Planos-
tar horizonte superficial com cores claras e textura mais solos Nátricos em zonas abaciadas da Depressão Sertaneja
leve contrastando abruptamente com o horizonte B mais (os rasos, muitos deles colonizados por carnaubais). Técnicas
argiloso, adensado e pouco permeável, tendo cores de re- de irrigação nestes solos são proibitivas devido ao risco de
dução, acinzentado e com mosqueados em decorrência da salinização e esterilização irreversível destes Planossolos com
deficiência de drenagem desses solos (Planossolos Háplicos elevado teor de sais (especialmente, o sódio).
solódicos). São solos que apresentam limitações moderada Na Depressão Sertaneja I ressalta-se o domínio absolu-
a forte ao uso agrícola devido a má condição física do solo to do intemperismo físico, calcado em processos de erosão
e de teores médios de sódio trocável. Quando os índices de por escoamento superficial difuso e concentrado em fluxos
sódio tornam-se mais elevados, intensificam-se também os de enxurrada (flash-floods) típicos de zona semiárida. Esta
problemas com o desenvolvimento de estruturas colunares região é, portanto, caracterizada por um clima semiárido
ou prismáticas em decorrência do íon Na+ dispersar as argilas com precipitação média anual entre 500 e 800 mm e es-
expansivas tornando os solos muito mais adensados e imper- tiagem prolongada, entre 6 e 10 meses, com ocorrência
meáveis. São solos normalmente desenvolvidos de granitos, restrita de áreas onde a semiaridez é muito severa, no oeste
gnaisses, migmatitos e granulitos e que estão associados à e sudoeste do Ceará. (RODRIGUEZ; SILVA, 2002).
48
ORIGEM DAS PAISAGENS
a b
a
c d
Figura 2.2.17 - Inselbergs em meio à Depressão Sertaneja. (a) inselbergs em Quixeramobim. Rodovia CE-060. (b) inselbergs em Quixadá.
Rodovia BR-122. (c) pedra da Galinha Choca. (d) campo de inselbergs (granodiorito) da Galinha Choca, junto ao açude do Cedro, Quixadá.
49
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
50
ORIGEM DAS PAISAGENS
abrúpticos, com argilas expansivas de alta atividade (Luvissolos Na Depressão Sertaneja II, as condições climáticas são
Crômicos), normalmente associados a fragmentos de quart- similares às verificadas na Depressão Sertaneja I, todavia os
zo de diversos tamanhos (cascalho, calhaus e blocos) e aos processos de denudação e esculturação do relevo sofrem um
frequentes “lajedões” (Afloramentos de Rocha) (Jacomine, marcante controle lito-estrutural decorrente da denudação de
1973). De um modo geral, as principais atividades econômi- antigo substrato rochoso, onde são salientadas estruturas her-
cas estão relacionadas à pecuária extensiva e à agricultura dadas do Ciclo Brasiliano, num relevo caracterizado por morro-
de subsistência de baixa produtividade. Destacam-se nesta tes e cristas alinhadas e o encaixamento de bacias sedimentares
unidade as cidades de Tauá, Arneiroz, Campos Sales, Jucás, cretácicas embutidas num nível altimétrico mais baixo.
Farias Brito, Várzea Alegre, Caririaçu, Aurora, Cedro e Lavras Neste cenário, assim como na Depressão Sertaneja I,
das Mangabeiras, dentre as principais. predominam solos pouco desenvolvidos, rasos, com hori-
zonte A diretamente assentado sobre a rocha ou horizonte
Depressão Sertaneja II C de pequena espessura (Neossolos Litólicos). Via de regra,
são pedregosos ou rochosos, sendo também usualmente
Esta unidade se caracteriza por um nível mais cascalhentos, facilmente explicado pela frequente presença
elevado e dissecado da Depressão Sertaneja, em sua de veios de quartzo na matriz do material originário e pela
porção mais interiorana, mas ainda assim insere-se sua maior resistência ao intemperismo e à erosão superficial.
no contexto das grandes depressões interplanálticas Encontram-se associados, por um lado, aos Afloramentos de
semiáridas do Nordeste Brasileiro, posicionando-se em Rochas, e por outro, aos solos um pouco mais desenvolvidos,
cotas que variam de 250 a 550 metros. Neste setor, as com horizonte Bt de pouca espessura, argila de atividade
superfícies de aplainamento (R3a2) foram, em grande alta, estruturas em blocos fortemente desenvolvidos, gra-
parte, desfeitas em conjunto de formas de relevo, tais diente textural abrupto, eutróficos, baixos teores de alumí-
como colinas, morrotes e morros (R4a1, R4a2 e R4b), nio trocável, suscetível tanto a erosão como a salinização
cuja dissecação obedece a extensos lineamentos estru- (Luvissolos Crômicos) (Jacomine, 1973). O fato de esses
turais e zonas de cisalhamento de direções preferenciais solos ocorrerem em ambientes mais declivosos eleva-se a
WSW-ENE e W-E sobre um complexo embasamento de componente de suscetibilidade à erosão. Essas limitações são
rochas ígneo-metamórficas, invariavelmente recobertas facilmente observadas pela ocupação rarefeita, realçando à
por caatinga (Figura 2.2.22). sua baixa capacidade produtiva dos seus recursos naturais.
Este domínio é constituído por uma rede de drena- Estes terrenos são drenados pelo médio-alto curso da
gem de baixa a média densidade delimitada e embutida, a bacia do rio Jaguaribe abrangendo, além do coletor principal,
oeste, pela serra Grande (chapada da Ibiapaba); a sul, pela os rios Salgado, Cariús, Trussu, dos Bastiões e os riachos São
chapada do Araripe e a leste, pelo maciço montanhoso do Miguel, da Conceição e Jucá, dentre os principais. Assim como
Pereiro. A norte, esta unidade coalesce com a Depressão na Depressão Sertaneja I, essa extensa rede de canais percorre
Sertaneja I e destaca-se, ainda, a ocorrência de maciços vastas áreas de delgado manto de intemperismo com baixa ca-
residuais e baixos platôs isolados (R4b, R4c e R2b3), as pacidade de armazenamento de água e vegetação de caatinga
denominadas “serras secas”, que emergem em meio aos em clima semiárido, resultando, desta forma, numa bacia de
baixos terrenos da Depressão Sertaneja II. rios intermitentes e efêmeros e o crônico déficit de recursos
hídricos superficiais. O grande açude de Orós localiza-se nesta
unidade, assim como os açudes de Lima Campos e Várzea do
Boi (próximo a Tauá), dentre os principais.
Apresentando menor expressão espacial do que na
Depressão Sertaneja I, mas igualmente relevante para a
agricultura regional, destacam-se as planícies aluviais do alto
vale do rio Jaguaribe e de segmentos dos rios Salgado e dos
Bastiões, devido aos solos mais profundos e de melhor ferti-
lidade (Neossolos Flúvicos) e pelo acesso ao aquífero aluvial.
O substrato geológico, como na Depressão Sertaneja
I, é constituído por uma grande diversidade litológica,
compreendendo terrenos que no Mapa de Geodiversida-
de do Estado do Ceará estão delimitados pelos seguintes
domínios: Complexos Gnáissico-Migmatíticos e Granulí-
ticos (DCGMGL), Complexos Granitoides Deformados e
Intensamente Deformados (DCGR2 e DCGR3), Domínio
das Sequências Vulcanossedimentares tipo Greenstone
Figura 2.2.22 - Depressão Sertaneja II, na região centro-sul Belt (DGB) e Domínios das Coberturas Sedimentares e
do Ceará, apresentando padrão de relevo dissecado em forma Vulcanossedimentares Eopaleozoicas e Proterozoicas Dife-
de colinas rasas. rentemente Dobradas e Metamorfizadas (DSVE e DSVP2).
51
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
52
ORIGEM DAS PAISAGENS
Por fim deve-se destacar a Depressão do Cariri, posi- As atuais superfícies de topo representam remanescentes
cionada em cotas entre 330 e 450 metros, sendo bem mais de uma antiga superfície de erosão cretácica que, outrora,
extensa que as anteriores. Consiste numa depressão em teria ocupado áreas muito mais amplas no Ceará, possivel-
amplo anfiteatro com relevo aplainado (R3a2), bordejada mente correlacionáveis com o topo da chapada da Ibiapaba.
pelos flancos norte e leste da chapada do Araripe, como Predominam solos bem desenvolvidos, profundos, bem
já mencionado anteriormente. Estes terrenos estão sus- drenados, com gradientes texturais (Argissolos Vermelhos
tentados por arenitos, siltitos, argilitos e calcários de idade e Vermelho-Amarelos eutróficos) associados a solos me-
jurássica da bacia do Araripe, representada pelas formações nos profundos, pouco desenvolvidos e caracterizados por
Brejo Santo e Missão Velha. Esta depressão representa um apresentar o horizonte superficial A assentado diretamente
brejo de encosta onde se situa o núcleo metropolitano de sobre a rocha ou sobre um horizonte C de pequena espes-
Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte (Figura 2.2.24). Ocorre sura (Neossolos Litólicos). Os Argissolos podem ocupar a
um predomínio de solos profundos e pouco profundos, de mesma posição no relevo que os Neossolos Litólicos, isto
boa fertilidade natural, que apresentam gradientes texturais é, nas vertentes, sendo, nesses casos, menos espessos que
(Argissolos Vermelhos eutróficos) associados a solos com aqueles de topo, consequentemente, são também muito
gradientes abruptos e de argila de atividade alta, sendo mais suscetíveis aos processos erosivos.
mais suscetíveis à erosão que o anterior (Luvissolos Crô- Dependendo de sua situação geográfica, estes maciços
micos) (IBGE-EMBRAPA, 2001). Outros núcleos urbanos de montanhosos podem apresentar duas condições geoecoló-
expressão localizados na Depressão do Cariri são Missão gicas contrastantes, conforme já salientado por SOUZA et
Velha, Milagres, Mauriti e Brejo Santo. al. (1979):
Figura 2.2.24 - Relevo aplainado da Depressão do Cariri ao sopé da chapada do Araripe onde está situada
a cidade de Juazeiro do Norte. Rodovia CE-060-122, no outeiro do monumento ao Padre Cícero.
53
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
por mata atlântica subcaducifólia, floresta estacional decídua metros), também sustentados por quartzitos. Nesta super-
(caducifólia) ou por caatinga arbórea (PEREIRA; SILVA, 2005). fície cimeira do Baturité, assim como na vertente oriental,
Os brejos de altitude constituem ilhas de umidade, prevalece um clima úmido de brejo de altitude, revestido
apresentando um maior adensamento populacional, em por mata atlântica e influenciado por chuvas orográficas.
relação às superfícies semiáridas adjacentes, com uma Neste cenário, desenvolvem-se solos bem desenvolvidos,
economia calcada numa policultura de subsistência ou profundos e bem drenados, em terrenos dissecados por
comercial intensiva, num sistema fundiário baseado em pe- uma rede de drenagem de alta densidade, sendo que a
quenas propriedades e minifúndios (com destaque para os superfície encontra-se inclinada para norte, tendo em vista
cultivos de frutas – em especial banana, e olerícolas). Estes um decréscimo gradual de altitude entre as localidades de
ambientes, de peculiar constituição geoecológica, foram Guaramiranga e Palmácia. O topo do maciço do Baturité
sugestivamente denominados com a alcunha de “jardins registra, inclusive, um clima úmido com precipitação média
suspensos do sertão” (CAVALCANTE, 2005). Todavia, práti- anual entre 1.400 e 1.800mm e estiagem curta, entre 2 e
cas agrícolas inadequadas, em terrenos movimentados, têm 4 meses. (Rodriguez; Silva, 2002; Souza; Oliveira, 2006).
produzido sérios problemas socioambientais nestas exíguas Bétard et al. (2007) produziu um engenhoso transect
e valiosas áreas (SOUZA et al., 1979), acarretando processos geoecológico E-W da região da serra de Baturité, no qual
de erosão dos solos, exaustão dos recursos hídricos e no estão associados parâmetros de relevo, solos, clima e vege-
desaparecimento da floresta original. tação. Em síntese, seus resultados definiram uma notável
divisão morfopedoclimática com quatro unidades distintas: a
Serras Úmidas vertente oriental de relevo escarpado, subúmida e recoberta
por floresta subcaducifólia apresenta solos pouco profundos
Segue, abaixo, a análise dos principais maciços resi- (Cambissolos Háplicos), com gradiente textural (Argissolos
duais cristalinos que consistem (pelo menos, em grande Vermelho-Amarelos eutróficos), decorrentes de um modera-
parte) em brejos de altitude, com clima úmido e vegetação do intemperismo químico (Figura 2.2.26); a cimeira de relevo
florestal, destacando-se, neste contexto, as serras de Batu- colinoso, úmida e recoberta por floresta subperenifólia,
rité, da Meruoca, de Uruburetama e os pequenos maciços apresenta solos muito profundos, porosos, permeáveis e
de Maranguape e Pacatuba. friáveis (Latossolos Vermelho-Amarelos) decorrentes de um
A serra de Baturité, posicionada ao sul da cidade de forte intemperismo químico; a vertente ocidental de relevo
Fortaleza, consiste num imponente maciço montanhoso escarpado (abaixo da cota de 700 metros), semiárida e re-
(R4c e R4b) de formato alongado com direção aproximada coberta por caatinga, apresenta solos rasos, com horizonte
SSW-NNE que dista aproximadamente 50 quilômetros da A assentado diretamente sobre a rocha ou um horizonte C
linha de costa (Souza, 1988). Este maciço apresenta vertentes reduzido (Neossolos Litólicos), normalmente associados à
escarpadas tanto no flanco leste (encosta úmida, a barlaven- presença de cascalho, calhaus e matacões de quartzo re-
to), quanto no flanco oeste (encosta seca, a sotavento). A manescentes dos veios do material originário, decorrentes da
superfície de topo encontra-se delimitada por afloramentos atuação predominante do intemperismo predominantemen-
de quartzitos muito resistentes (Bétard et al., 2007), estando te físico; e as superfícies aplainadas, posicionadas em cotas
dissecada em colinas e morros (Figura 2.2.25). Esta cimeira muito baixas (100 a 200 metros) que, exceto as condições
encontra-se alçada em cotas em torno de 750 a 950 metros, de relevo, apresentam situação geoecológica similar a da
além de elevações esporádicas, como o Pico Alto (1.112 vertente ocidental da serra de Baturité.
Figura 2.2.25 - Relevo dissecado em morros florestados do topo Figura 2.2.26 - Sopé de relevo escarpado na borda leste do
planáltico do maciço do Baturité. Pico Alto – ponto culminante do maciço do Baturité, mais úmida e recoberta por vegetação
maciço, sustentado por quartzitos. florestal. Rodovia CE-356, entre Aracoiaba e Baturité.
54
ORIGEM DAS PAISAGENS
55
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
56
ORIGEM DAS PAISAGENS
muito declivosas que alcançam entre 300 e 600 metros litoestrutural, devido à ocorrência de zona de cisalhamento
de desnivelamento total, principalmente em sua vertente de direção preferencial SW-NE e ressaltam-se em meio à
oeste, voltada para a localidade de Tamboril (Figura 2.2.30). paisagem aplainada ou colinosa da Depressão Sertaneja
Todavia, observa-se na serra das Matas a ocorrência por elevações entre 100 e 300 metros acima do nível de
de restritos brejos de altitude em seus topos. A locali- base regional (Figura 2.2.31).
dade de Monsenhor Tabosa, situada no alto curso do O substrato geológico deste conjunto de terrenos é
rio Acaraú, registra um nível pluviométrico de 670 mm/ bastante diversificado, mas apresenta um nítido domínio
ano, com base numa série histórica de vinte anos, entre do embasamento de idade arqueano-paleoproterozoica,
1984 e 2005 (FALCÃO SOBRINHO, 2006). Este índice de representado por rochas do Complexo Cruzeta (ortognais-
chuvas é similar ao que ocorre nas superfícies aplainadas ses, metagranitos e migmatitos das unidades Pedra Branca
circunjacentes. e Mombaça, e rochas metamáficas e metaultramáficas
Este maciço montanhoso é constituído por rochas da Unidade Troia). Este embasamento está intrudido, por
ígneas de idade neoproterozoica (granitos e granodioritos) sua vez, por granitos da suíte intrusiva Cedro. Mais ao sul
representadas pelo plúton Tamboril. Predominam solos de afloram quartzitos, paragnaisses, xistos e migmatitos dos
boa fertilidade natural, de alta suscetibilidade
à erosão, com gradiente textural (Argissolos
Vermelho-Amarelos eutróficos), gradiente
abrúptico e argila de atividade alta (Luvissolos
Crômicos) e rasos (Neossolos Litólicos eutró-
ficos), sendo todos associados à ocorrência
de cascalhos, calhaus e matacões de quartzo,
muito devido aos frequentes veios de quartzo
da rocha matriz (IBGE-EMBRAPA, 2001).
A serra da Pedra Branca localiza-se a sul
da serra das Matas e representa uma extensa
área interfluvial no sudoeste do estado Ceará:
em suas vertentes voltadas para oeste situam-
-se as cabeceiras dos rios Poti, Carrapateira e
Jaguaribe; já em suas vertentes voltadas para
leste situam-se as cabeceiras dos rios Banabuiú e
Trussu (afluentes do rio Jaguaribe). Esta unidade
abrange, na realidade, um amplo conjunto de
serras baixas (R4b), cujas altitudes atingem entre
Figura 2.2.31 - terrenos elevados de relevo amorreado do denominado
600 e 800 metros e planaltos isolados (R2b3), “maciços centro-ocidentais do Ceará”. Cabeceira de bacia de drenagem
alçados a cotas em torno de 500 a 650 metros, controlada por extenso lineamento estrutural (Zona de Cisalhamento Senador
onde estão situadas as localidades de Pedra Pompeu, de direção SW-NE). Ao fundo, superfícies aplainadas da
Depressão Sertaneja I. Observa-se uma vegetação mais exuberante
Branca e Catarina. Estes terrenos de relevo mo-
na calha da drenagem em decorrência da maior
vimentado exibem um forte condicionamento disponibilidade hídrica. Rodovia CE-363, entre Tauá e Mombaça.
57
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Por fim a serra do Pereiro, que se localiza no extremo Destacam-se, no maciço do Pereiro, sobre o platô, a
leste do estado do Ceará, na divisa com os estados da Pa- localidade de Pereiro e em seu entorno imediato as locali-
raíba e do Rio Grande do Norte. Consiste num imponente dades de Ererê, Iracema, Jaguaribe, Icó e Umari.
alinhamento serrano de direção SSW-NNE (R4c) encimado
por um extenso platô (R2c), bruscamente delimitado por REFERÊNCIAS
uma escarpa voltada para o vale do rio Jaguaribe (R4d). A
superfície cimeira do platô Pereiro atinge cotas que variam AB’SABER, A.N. O domínio morfoclimático semi-árido
entre 550 e 800 metros, sendo gradativamente elevadas em das caatingas brasileiras. Geomorforlogia, São Paulo,
direção ao interior sugerindo que, outrora, existisse uma n. 43, p. 1-39, 1974.
conexão física com o Planalto da Borborema. Ressalta-se,
portanto, um imponente maciço montanhoso com topos ______. Participação das superfícies aplainadas nas
aplainados e vertentes escarpadas que se sobressaem entre paisagens do nordeste brasileiro. Geomorfologia, São
300 e 500 metros acima do piso regional, representado Paulo, n. 19, p. 1-38, 1969.
pela Depressão Sertaneja (Figura 2.2.32).
______. Problemática da desertificação
e da savanização no Brasil Intertropical.
Geomorfologia, São Paulo, n. 53, p. 1-19,
1977.
58
ORIGEM DAS PAISAGENS
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60
2.3
RECURSOS HÍDRICOS
SUPERFICIAIS
José Alexandre Moreira Farias (jose.alexandre@cprm.gov.br.)
José Francisco Rêgo e Silva (jose.francisco@cprm.gov.br)
Luiz da Silva Coelho (luiz.coelho@.cprm.gov.br)
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 63
Principais Bacias Hidrográficas do Estado do Ceará.............................................. 63
Bacia do Rio Jaguaribe....................................................................................... 64
Bacia do Rio Salgado......................................................................................... 64
Bacia do Rio Banabuiú....................................................................................... 65
Bacia do rio Piranji............................................................................................. 65
Bacia do Rio Curu............................................................................................... 65
Bacia do Rio Acaraú........................................................................................... 66
Bacia do Rio Coreaú........................................................................................... 66
Regime Hidrológico do Estado do Ceará............................................................... 67
Regime Intermitente dos Rios............................................................................ 67
Reservação Superficial: Açudagem no Estado do Ceará.................................... 67
Rede Hidrometeorológica Nacional Operada pela REFO
no Estado do Ceará............................................................................................... 69
Rede Hidrometeorológica Operada pela REFO/CPRM.........................................70
Importância do Monitoramento.........................................................................74
Considerações Finais..............................................................................................74
Bibliografia............................................................................................................74
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
INTRODUÇÃO
63
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental Devido às características de intermitência dos seus
contempla fragmentos dos Biomas Floresta Atlântica, tributários e do próprio rio Jaguaribe, os escoamentos su-
Caatinga, pequena área de Cerrados, e Biomas Costeiros perficiais em suas calhas chegavam a desaparecer em épocas
e Insulares. É nesta bacia hidrográfica que se observa uma de estiagem, o que lhe dava a atribuição de um dos maiores
das maiores evoluções da ação antrópica sobre a vegetação rios secos do mundo. Todavia, durante o período da quadra
nativa - a caatinga foi bastante devastada pela pecuária que chuvosa, que se estende oficialmente entre os meses de fe-
ocupou as áreas de sertão; a Zona da Mata teve extensas vereiro a maio, os escoamentos superficiais logo ocupam as
áreas desmatadas para a implantação da cultura canavieira. calhas dos seus tributários e do leito principal, aumentando
Ainda hoje, o extrativismo vegetal, principalmente para muito rapidamente em volume e espraiamento d’água.
exploração do potencial madeireiro para fabricação de O rio Jaguaribe, como praticamente toda a rede hi-
carvão vegetal, representa uma das atividades de maior drográfica superficial do estado do Ceará, está sob forte
impacto sobre o meio ambiente. influência das variações das precipitações pluviométricas,
Em algumas áreas das bacias costeiras limítrofes com sendo suas descargas máximas observadas durante a
a Região Hidrográfica do São Francisco, situa-se parte do quadra chuvosa. Os níveis pluviométricos médios anuais
polígono das secas, território reconhecido pela legislação apresentam uma forte variabilidade interanual, já tendo
como sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens, sido registradas médias anuais de mais de 1.200 mm, en-
com várias zonas geográficas e diferentes índices de aridez. quanto que em anos de estiagens mais severas, esta média
No caso específico do estado do Ceará, a sub-bacia 35 anual ficou abaixo dos 500 mm.
é formada pelos rios Acaraú, Piranji, Coreaú, Curu, Mundaú As regiões de maior destaque e importância hidrocli-
e outros, enquanto que a sub-bacia 36 é formada pelo rio mática na bacia do Jaguaribe são a chapada do Araripe e a
Jaguaribe. Os rios que compõem as sub-bacias 35 e 36 serra do Pereiro. As condições climáticas dominantes nessas
encontram-se, praticamente, inseridos em suas totalidades regiões favorecem a ocorrência de níveis de pluviosidade
no estado do Ceará, ou seja, apresentam suas principais média anual em torno de 1.200 mm, com razoáveis efici-
nascentes e as desembocaduras em território cearense, ências e excedentes hídricos, além de baixas temperaturas
logo, as sub-bacias que os contêm ficam, também, quase médias, se comparadas a outras áreas da bacia.
que totalmente inseridas no mesmo estado. Geograficamente, a bacia hidrográfica do rio Jagua-
Já a pequena porção da sub-bacia 34 presente no ribe apresenta em sua desembocadura uma significativa
estado do Ceará é constituída das nascentes do rio Poti, zona estuarina, marcada pela presença de diversas ilhas e
que é, por sua vez, um dos principais tributários da margem canais sinuosos, podendo o canal principal atingir 900m
direita do rio Parnaíba. de largura, além de possuir uma área de mangue com 11,8
km², que começa a 18 km da foz e cuja penetração das
Bacia do Rio Jaguaribe águas do mar se faz sentir em até 30 km de distância da foz.
64
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
A bacia sedimentar do Araripe, cuja parcela na bacia que ocorre na maioria dos casos, em sistemas de fraturas.
do Salgado é de 14%, é a que melhor representa o uso O alto curso do rio Banabuiú é encachoeirado, onde são
da água subterrânea para fins de abastecimento humano. frequentes as corredeiras. As declividades do curso d’água
Somente as sedes de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, variam de 2,1% a 0,5%.
consomem juntas 29 milhões de m³/ano para abastecimen- A bacia do Banabuiú apresenta um padrão geológi-
to público. Na região do Cariri, a água subterrânea abastece co simples, observando-se um predomínio de rochas do
o público em mais de 90% das sedes municipais e distritos. embasamento cristalino, representadas por gnaisses e
Como principais tributários do rio Salgado, podem ser migmatitos diversos, associados a rochas plutônicas e me-
citados: rios Batateiras, Granjeiro, Carás e Missão Velha; e taplutônicas de composição predominantemente granítica,
riachos do Saco, Lobo, São José, dos Porcos, do Cuncas, de idade precambriana. Sobre esse substrato, repousam
Olho d’Água, Rosário, São Miguel e do Machado. os sedimentos terciários do Grupo Barreiras, coberturas
tércio-quaternárias, que afloram sob a forma de manchas
Bacia do Rio Banabuiú esparsas, ao longo da região, e coberturas aluviais, de ida-
de quaternária, encontradas ao longo dos cursos d’água.
O rio Banabuiú é considerado o principal tributário do A bacia do Banabuiú possui déficit hídrico considerável
rio Jaguaribe. Banabuiú, que de acordo com Tomás Pom- para todos os municípios nela inseridos. Isso se deve às
peu de Sousa Brasil, significa “rio que tem muitas voltas”: elevadas temperaturas e altas taxas de evaporação, aliadas
“bana” - que torce, volteia; “bui”- muito, com excesso; e às fracas pluviosidades. Desta forma, o escoamento na
“u”- água, rio. Outro topônimo de origem indígena diz que rede de drenagem natural fica praticamente restrito aos
Banabuiú é o pantanal ou vale das borboletas. períodos chuvosos. Esta escassez pluviométrica acentua-se
O rio Banabuiú, apresentando uma extensão de mais a oeste, diminuindo a leste da bacia (de mesma latitude,
de 300 km de comprimento e drenando mais de 19.000 porém mais próximo ao mar).
km², desenvolve-se em direção ao leste, confluindo com
o rio Jaguaribe pela margem esquerda deste rio, nas pro- Bacia do Rio Piranji
ximidades da cidade de Limoeiro do Norte.
Os principais afluentes do rio Banabuiú são: pela O nome vem do tupi rio de peixes, segundo Teodoro
margem esquerda os rios Patu, Quixeramobim e Sitiá; e Fernandes Sampaio. Ao longo dos anos, a grafia foi alterada
somente o riacho Livramento na sua margem direita; para pirá-gy, pirangê, pirangi (mantida na sinalização ao
A bacia do Banabuiú drena quinze municípios do ser- longo do curso d’água) e finalmente para piranji (determi-
tão central cearense, quais sejam: Banabuiú, Boa Viagem, nada pelo Acordo Ortográfico de 1943).
Ibicuitinga, Itatira, Madalena, Mombaça, Monsenhor Tabo- O rio Piranji nasce na lagoa de Carnaúba no distrito de
sa, Morada Nova, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Quixadá, Daniel de Queiroz, município de Quixadá. Em seu percurso,
Quixeramobim, Senador Pompeu, Limoeiro do Norte e drena os municípios de Ibaretama, Aracoiaba, Ocara, Mo-
Milhã, estes dois últimos drenados parcialmente. Sua área rada Nova e Cascavel, desaguando no oceano Atlântico,
equivale a 13% do território cearense. onde sua foz está no limite entre os municípios de Beberibe
A área de drenagem do rio Banabuiú apresenta um e Fortim, ambos no estado do Ceará. Sua bacia hidrográfica
clima Tropical Quente Semiárido, cujas médias das tempera- abrange também parte dos municípios de Russas, Palhano,
turas anuais são elevadas, apresentando uma média anual Aracati e Chorozinho, no mesmo estado. Ao todo, sua área
da precipitação entre 700 e 800 mm, sendo que esse rio se de drenagem é estimada em pouco mais de 4.300 km²,
insere no sertão central do Ceará, região mais fortemente sendo que sua bacia apresenta conformação retangular
submetida às estiagens do semiárido. alongada e quase constante.
A bacia do Banabuiú encontra-se sobre superfície de O rio Piranji, como todo curso de água cearense, sofre
aplainamento conservada ou moderadamente dissecada grande influência das variações das precipitações pluviomé-
em colinas rasas ou em pequenos interflúvios tabulares, tricas, sendo suas descargas máximas observadas na época
sendo os vales abertos e com mínima amplitude altimétrica das chuvas, de fevereiro a maio. Sua bacia está totalmente
entre os fundos de vales e os interflúvios sertanejos com inserida em uma região de clima tropical quente semiárido
feições tabulares ou em forma de colinas. e apresenta como afluentes na margem direita os riachos
Sua altitude varia geralmente entre níveis de 89 a 725 Cipó, dos Macacos e do Feijão e pela margem esquerda os
m. As maiores altitudes, a oeste, determinam o sentido riachos Cajueiro e Humaitá.
oeste-leste da maior parte dos cursos d’água secundários
que convergem para o rio principal (Banabuiú), assim como Bacia do Rio Curu
este último mantém a direção leste até convergir-se com
o rio Jaguaribe, como já citado, formando-se aluviões em O rio Curu apresenta uma área total estimada em
seu trecho final. 8.600 km², com suas nascentes na região montanhosa
A bacia apresenta uma frequência de rios e riachos formada pelas serras do Céu, da Imburana e do Lucas,
intermitentes, com baixo potencial de águas subterrâneas, localizadas no município de Canindé. Sua foz está na divisa
65
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
dos municípios de Paracuru e Paraipaba. Além destes, o de significativa riqueza natural. Esse estuário encontra-se
rio Curu banha outros seis municípios em seu percurso: muito degradado devido a intervenções humanas em áreas
Paramoti, General Sampaio, Apuiarés, Pentecoste, São de mangues e dunas, necessitando de um programa de
Luís do Curu e São Gonçalo do Amarante. É a fonte hídrica educação ambiental para a população local.
para diversos projetos de irrigação, especialmente aqueles Nesta bacia estão construídos importantes açudes
localizados no município de Paraipaba. cearenses, destacando-se: o Edson Queiroz, em Santa Qui-
Esse rio encontra-se totalmente inserido em uma téria, o Forquilha, no município do mesmo nome, o Ayres
região semiárida, ou seja, é um rio temporário, sujeito às de Souza (ou Jaibaras), em Sobral, além do Paulo Sarasate
variações pluviométricas típicas da região, que é marcada (ou Araras), que está construído sobre o leito do rio Acaraú
por um período chuvoso que vai de fevereiro a maio e um e cuja barragem está localizada no limite dos municípios
período seco que vai de junho a janeiro. Contudo seu leito de Varjota, Pires Ferreira e Santa Quitéria.
é perenizado a partir dos açudes General Sampaio e Pente- A maior parte da bacia está situada em região de
coste, que juntamente com os açudes Caxitoré, Tejuçuoca clima tropical quente semiárido com apenas uma pequena
e Frios são os principais mananciais de acumulação hídrica porção (na base da chapada da Ibiapaba) que apresenta
superficial da bacia do rio Curu. clima tropical quente semiárido brando. A pluviometria,
Ao longo dos quase 200 km de extensão, até sua foz, portanto, é baixa com volumes de chuva que variam entre
corre preferencialmente no sentido sudoeste-nordeste. No 500 e 1.000 mm em praticamente toda a sua área.
conjunto, esta bacia possui relevo predominantemente de Como principais afluentes, podemos citar: rios Jaibaras
moderado a fortemente acidentado, com grande parcela e Groairas; e riacho dos Macacos.
de seu divisor sendo formada por zonas montanhosas, com Devido às excessivas precipitações que caíram sobre
destaque para Baturité, ao leste, e Uruburetama, ao oeste. Os o estado do Ceará no ano de 2009, o volume escoado no
principais afluentes são os rios Caxitoré, na margem direita e rio Acaraú aumentou significativamente, fato não esperado
o Canindé, pela margem esquerda, sendo que a bacia hidro- nas cidades que se desenvolveram às suas margens. De-
gráfica do rio Curu espalha-se por um total de 24 municípios. vido sua longa extensão, essas cidades sofreram grandes
Apresenta como principais problemas ambientais o impactos com as enchentes no referido ano.
elevado risco de assoreamento e o risco de eutrofização Diversos núcleos urbanos e acessos municipais e estaduais
dos açudes e rios existentes na bacia hidrográfica, especial- que cortam a região foram inundados e, praticamente, des-
mente pelo lançamento de esgotos domésticos e resíduos truídos. Na cidade de Sobral, por exemplo, houve interrupção
de fertilizantes dos projetos de irrigação. do sistema de abastecimento d’água devido aos danos na
infraestrutura hídrica de distribuição d’água na cidade.
Bacia do Rio Acaraú Ainda, famílias perderam suas moradias devido à
inundação e/ou destruição das casas. O setor de comércio
A origem do topônimo Acaraú é indígena, sendo e prestação de serviços foi drasticamente afetado, bem
resultado da fusão de “Acará” (Garça) e “Hu” (Água), sig- como houve uma maior incidência de doenças de veicula-
nificando, portanto, “Rio das Garças” (Paulinho Nogueira). ção hídrica. Houve ainda perdas agrícolas decorrentes das
Teria habitado às margens desse rio o grupo indígena inundações das áreas irrigadas.
brasileiro Tremembé.
Situado na porção norte do estado do Ceará, apre- Bacia do Rio Coreaú
senta sua nascente na serra das Matas, um dos pontos
mais altos da região. Partindo do município de Monsenhor Inicialmente denominado de Curuayú, de curiá (ave
Tabosa, em pleno sertão cearense, percorre aproximados aquática de pequeno porte) + iú (do verbo beber), onde
320 quilômetros até sua foz, sendo que neste percurso, se forma bebedouro dos curiás, o rio Coreaú situa-se no
atravessa a cidade de Sobral, uma das mais importantes vale Coreaú.
cidades do Ceará. Com uma área de drenagem estimada Está totalmente inserido em uma região de clima
em 14.500 km², banha 18 municípios (Tamboril, Sobral, semiárido brando e tropical quente subúmido, ou seja,
Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Bela Cruz e Cruz, é um rio temporário sujeito às variações pluviométricas
entre outros) até desembocar no oceano Atlântico por meio típicas da região, que é marcada por um período chuvoso
de dois braços: Cacimba e Mosqueiro, em Acaraú. Nessas que vai de janeiro a maio e um período seco que vai de
regiões, as chuvas são restritas e por causa das elevadas junho a dezembro.
temperaturas, as taxas de evaporação são altas. Apresenta uma área de drenagem de pouco mais de
A área estuarina do rio Acaraú configura-se como um 10.650 km², correspondente a 7,2% do território cearense,
ambiente sujeito a degradação ambiental causada pela englobando tanto a bacia drenada pelo rio Coreaú e seus
pressão antrópica, que promove vários desequilíbrios no afluentes com 4.446 km², como também o conjunto de
seu dinamismo natural. O manguezal, ambiente caracterís- bacias independentes e adjacentes.
tico de áreas estuarinas, está sujeito a atividades humanas O rio Coreaú nasce na confluência dos riachos Jatobá
que colocam em risco a conservação desse ecossistema e Caiçara, oriundos do sopé da serra da Ibiapaba, e se de-
66
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
senvolve (praticamente em sentido sul–norte) por mais de vado número de horas de brilho solar anual, acabam por
165 km até o seu deságue no oceano Atlântico, tendo como favorecer altas taxas de evaporação.
afluente principal o rio Itacolomi. Esta bacia é composta por Não obstante, ocorre uma forte variabilidade intera-
21 municípios (Ibiapina, Frecheirinha, Mucambo, Ubajara, nual das precipitações no estado do Ceará, havendo anos
Coreaú, Moraújo, Uruoca, Granja, Camocim, dentre outros) em que a abundância de chuvas promove elevações dos
e apresenta uma capacidade de acumulação de águas níveis dos rios além do esperado e caracterizam anos de
superficiais de 297 milhões de m³, distribuídos num total cheias, promovendo inundações e diversos tipos de perdas
de nove açudes públicos. nas áreas atingidas, bem como anos em que os volumes de
O rio Coreaú, além da importância ambiental possui chuvas ficam bem aquém da média, caracterizando anos de
um valor histórico, pois foi através das suas margens que secas, acentuando ainda mais a escassez hídrica verificada
ocorreram as primeiras ocupações na cidade de Granja, nas áreas menos favorecidas.
ainda no período colonial. Desde o início da colonização do Assim, o regime hidrológico do estado do Ceará vive
território brasileiro, piratas franceses e holandeses passavam em um constante dilema hídrico, onde, por um lado, tem-se
pelo rio da Cruz, depois chamado de rio Camocim e Coreaú. que gerenciar os excedentes hídricos dos anos de cheias,
O rio era navegável por embarcações a vela. As tripulações controlando e armazenando da melhor forma possível esses
faziam o escambo (troca de mercadorias) com os índios. excedentes, para aproveitá-los nos anos de estiagens, ou
Os europeus trocavam produtos como machados, secas, no atendimento das demandas existentes.
foices, facas, facões e miudezas em geral por animais,
madeira e pássaros. As madeiras que possibilitavam uma Regime Intermitente dos Rios
boa coloração amarela eram utilizadas para tinturaria e nas
construções. No final do século XVII, já não era praticado Conforme foi indicado anteriormente, o regime hidro-
esse tipo de escambo no rio Coreaú por estrangeiros, mas lógico dos rios que escoam no estado do Ceará apresenta
sim por luso-brasileiros, que ficavam à margem do rio características de intermitência, com a distinção clara de
negociando com os nativos da região. dois períodos bem definidos: cheia e estiagem/seca (quan-
Muitas pessoas utilizam o rio Coreaú como fonte de do não ocorrem anos médios).
vida de onde tiram sua renda através da sustentabilidade O período das cheias está diretamente ligado à quadra
oferecida na pesca, outros se beneficiam com o lazer chuvosa e, tão logo cessadas as precipitações, os níveis
diante de um cenário de beleza natural, mas sua principal dos rios baixam, chegando, em muitos casos, a expor o
utilização é o abastecimento dos centros urbanos que se leito natural.
desenvolvem às suas margens. As Figuras 2.3.2 a 2.3.5 mostram hidrogramas médios
de anos hidrológicos em estações hidrometeorológicas
REGIME HIDROLÓGICO operadas pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM, Resi-
DO ESTADO DO CEARÁ dência de Fortaleza - REFO, onde se observa a marcante
característica de intermitência dos rios do estado.
Em decorrência do predomínio de um clima semiárido, Já a Figura 2.3.6 mostra fotografias de seções de
com pluviosidades que, em trechos da região dos Inha- monitoramento fluviométrico operadas pela Residência de
muns, podem ser menor que 500mm, embora haja, tam- Fortaleza - REFO, onde se verifica a condição de distinção
bém, locais onde a pluviosidade anual supera aos 1.200mm hidrológica entre os períodos de cheias e de escassez hí-
devido ao predomínio de um clima semiárido mais brando drica, caracterizando bem o regime de intermitência dos
(presente, por exemplo, na região do Cariri, nas regiões rios do estado do Ceará.
serranas do estado e nas cidades relativamente próximas Outro exemplo do regime de contraste hidrológico en-
à faixa litorânea), juntamente com a presença marcante de tre os períodos da quadra chuvosa e o período de estiagem,
solos rasos e substratos de origem cristalina, o regime hi- que dominam os rios do estado do Ceará, pode ser visto na
drológico dos escoamentos superficiais no estado do Ceará sequência de fotografias da Figura 2.3.7, onde são mostradas
é fortemente marcado pela intermitência de seus cursos situações distintas durante o ano hidrológico de 2008 na seção
d’água, os quais normalmente escoam durante o período de monitoramento do rio Jaguaribe, no município homônimo.
das chuvas, sendo este, portanto, o principal alimentador
dos fluxos hídricos superficiais no estado. Tão logo cessam Reservação Superficial:
as chuvas, os escoamentos diminuem drasticamente, até o A Açudagem no Estado do Ceará
completo esgotamento das vazões.
Outros fatores que contribuem significativamente para Por definição, açude é uma “construção destinada a
a interrupção dos escoamentos na época das estiagens são represar a água dos rios ou das levadas, para ser utilizada
as elevadas temperaturas, com pequena amplitude anual na indústria, agricultura ou abastecimento das povoações
de aproximadamente 5 a 10°C, girando entre meados de em regiões sujeitas à secas”.
20°C no topo das serras a até mais de 30 - 35°C nos sertões Esta é uma solução adotada há tempos pela engenha-
mais quentes. Estas altas temperaturas, associadas ao ele- ria em vários países que tem, dentre as suas finalidades,
67
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figura 2.3.2 - Hidrograma da estação 36020000, Figura 2.3.3 - Hidrograma da estação 36320000,
no rio Jaguaribe, em Arneiroz. no rio Jaguaribe, em Jaguaribe.
Figura 2.3.4 - Hidrograma da estação 35830000, Figura 2.3.5 - Hidrograma da estação 35210000,
no rio Choró, em Itapiúna. no rio Acaraú, em Hidrolândia.
Cheia do rio Acaraú, em Sobral, ano de 2009 Cheia do rio Curú, em S. L. do Curú, ano de 2009
Cheia do rio Coreaú, em Granja, ano de 2009. Leito do rio Jacurutu (Est. Curral Velho), em Groaíras,
na estiagem do ano de 2010
Figura 2.3.6 - Fotografias que mostram situações de cheias e estiagens nos rios que drenam o estado do Ceará.
68
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
Figura 2.3.7 - Eventos hidrológicos observados na estação Jaguaribe, no rio Jaguaribe, no ano hidrológico de 2008.
o controle de cheias e o acúmulo superficial das águas de 890 milhões de m³. Ou seja, esses quatro açudes, juntos,
escoadas na época de abundância, a fim de dispor esta acumulam aproximadamente 11 bilhões de m³ superficial-
água acumulada no período em que a mesma se torna mente no estado do Ceará.
escassa, sobremaneira nas regiões com características de Destaque especial deve ser dado ao açude Castanhão,
aridez e/ou semiaridez, como ocorre no estado do Ceará. cuja capacidade de acumulação é de 6.700.000.000 m³, o
Desta forma, ao longo do tempo foi construída uma que o coloca como o maior açude para múltiplos usos da
quantidade significativa de reservatórios de acumulação América Latina. Sozinho, ele apresenta 37% de toda a ca-
superficial no estado do Ceará (estimada em cerca de pacidade de armazenamento dos reservatórios cearenses.
8.000 unidades), conhecidos localmente como açudes, A Figura 2.3.8 a seguir ilustra os quatro maiores açu-
distribuídos em reservatórios anuais, sub-anuais e inte- des do estado do Ceará.
ranuais.
Para a gestão integrada de recursos hídricos, os açu- REDE HIDROMETEOROLÓGICA NACIONAL
des de maior porte são aqueles que têm as atenções dos OPERADA PELA REFO NO ESTADO DO CEARÁ
gestores voltadas para o monitoramento, uma vez que são
obras de porte considerado que acumulam até bilhões de O aumento da demanda de água leva à necessidade
m³ de água, permitindo assim, um planejamento de longo de melhor se conhecer os processos hidrológicos e suas
prazo para enfrentar e atravessar os extensos períodos de influências diretas no uso dos recursos hídricos. Esses
estiagem tão comuns no estado. estudos auxiliam na gestão, através do conhecimento
Segundo dados do IPECE — Instituto de Pesquisa e qualiquantitativo da água para os diversos usos, além da
Estratégia Econômica do Ceará, as 11 bacias hidrográficas prevenção e mitigação da ocorrência de eventos extremos
que compõem o estado do Ceará permitiram a existência e identificação de processos erosivos, de assoreamento e
de mais de 130 açudes estratégicos monitorados pelo Pro- de degradação do meio aquático.
grama do Governo do Estado de Gerenciamento das Águas Para subsidiar esses estudos, uma rede de monito-
Territoriais no ano de 2010. Esta quantidade de açudes ramento hidrometeorológico, monitorada pelo Serviço
monitorados apresenta uma capacidade de acumulação Geológico do Brasil - CPRM em parceria com a Agência
hídrica de 17,8 bilhões de metros cúbicos de água. Nacional de Águas – ANA, vem sendo ampliada a cada
Dentre o açudes construídos no estado do Ceará me- ano. Esse processo contempla a implantação e operação
recem destaque os açudes Orós, Banabuiú e Castanhão, de redes hidrometeorológicas, telemétricas, de qualidade
na bacia do rio Jaguaribe e Araras na bacia do rio Acaraú. de água e sedimentométricas, bem como monitoramento
Estes açudes são os quatro maiores existentes no estado. de níveis em açudes. A rede hidrometeorológica nacional
Os três primeiros açudes somam uma capacidade compreende cerca de 2.500 estações, sendo 200 telemé-
de acumulação de 10,2 bilhões de m³, enquanto que o tricas via satélite, constituída pela coleta, consistência e
açude Araras apresenta uma capacidade de acumulação armazenamento de cerca de 240.000 dados hidrológicos
69
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
anuais. A análise de consistência é realizada de acordo com diário dos rios em uma determinada seção de controle
as Diretrizes para Tratamento de Dados Hidrométricos, através de réguas linimétricas), sedimentométricas (mede
elaborada em parceria com a ANA e o armazenamento a quantidade de sedimentos em suspensão em uma deter-
é efetuado através do Gerenciador de Banco de Dados minada seção de controle, sendo que a partir do ano de
HIDRO (ANEEL/ANA) e disponibilizado, de forma gratuita, 2011, iniciou-se o serviço de monitoramento de sedimento
ao público no sistema HIDROWEB (ANA, 2010). de fundo) e de qualidade da água (determina a qualidade
da água através de parâmetros de qualidade). A distribuição
Rede Hidrometeorológica Operada das estações conforme a sua finalidade está indicada na
pela REFO/CPRM tabela seguinte (Tabela 2.3.1).
Como exemplo de estação pluviométrica operada pela
A Residência de Fortaleza – REFO/CPRM opera direta- REFO, mostra-se na Figura 2.3.10 a estação pluviométrica
mente as estações hidrométricas cuja área de abrangência Fazenda Paraná (00440043).
atinge todo o estado do Ceará. As estações estão loca- O equipamento utilizado para medir as precipita-
lizadas prioritariamente nas sub-bacias 35 e 36 e numa ções é do tipo Ville de Paris, padrão das entidades de
pequena área da sub-bacia 34. O total de estações em monitoramento. Este pluviômetro destina-se à captação
operação na área de atuação da REFO é de 57 estações e acumulação de chuva para posterior medição com
fluviométricas e 40 estações pluviométricas, distribuídas provetas graduadas. O modelo é o de uso mais tradi-
em quatro (01 a 04) roteiros de operação, conforme apre- cional e generalizado do Brasil. Consiste em um aro
sentado na Figura 2.3.9. circular de captação com 400 cm², dotado de um cone
A rede é composta por estações pluviométricas (mede coletor, encimando um recipiente com capacidade de
a quantidade diária de chuva), fluviométricas (mede o nível acumulação de cerca de 5 litros, que representa 125 mm
70
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
Figura 2.3.9 - Localização das estações operadas pela REFO Figura 2.3.10 - Estação pluviométrica Fazenda Paraná.
71
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figura 2.3.13 - Medição de descarga líquida a vau, com molinete de eixo horizontal.
Figura 2.3.15 - Medição de descarga líquida em barco, com molinete de eixo horizontal.
72
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
73
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Os parâmetros de qualidade d’água monitorados são: Foi relatada, ainda, a importância do uso dos reser-
• Ph vatórios de acumulação superficial, construídos há várias
• Condutividade décadas no estado do Ceará, por meio de barramento
• Oxigênio Dissolvido dos principais rios que drenam a região. Estas obras,
• Temperatura do Ar e Água conhecidas localmente como açudes, desempenham um
• Turbidez primordial papel na gestão dos escassos recursos hídricos
do estado, uma vez que funcionam como regularizadores
Importância do Monitoramento da tão variável oferta hídrica da região, a qual se encon-
tra diretamente sujeita ao comportamento climático das
A concepção da Política Nacional de Recursos Hídri- precipitações.
cos, estabelecida através da Lei 9.433/97, determina que
a gestão dos recursos hídricos deva sempre proporcionar REFERÊNCIAS
o uso múltiplo das águas. Como um dos instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos, destaca-se o Sistema AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Hidro Web:
de Informações sobre Recursos Hídricos, que é um sistema sistema de informações hidrológicas. Disponível em:
de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de <http://hidroweb.ana.gov.br>. Acesso em 20 Jul.
informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes 2011.
em sua gestão (Art. 25. Lei 9433/97). Portanto, as informa-
ções hidrológicas básicas são cada vez mais importantes, IBGE. Base cartográfica integrada digital do Brasil
do ponto de vista estratégico, para o gerenciamento e para ao milionésimo. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em:
o desenvolvimento de projetos em várias áreas de atuação, <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 18 Jul. 2011.
como: geração de energia, transporte, agricultura e meio INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (Brasil).
ambiente. Normais Climatológicas (1961 – 1990). Brasília, DF:
Assim, os dados hidrológicos coletados pela operação INMET, 1992.
da rede hidrometeorológica nacional permitem aos ges-
tores e projetistas o correto dimensionamento e operação HARGREAVES, G.H. Potential evapotranspiration
das intervenções hídricas empregadas na engenharia de and irrigation requirements for Northeast Brazil.
recursos hídricos, intervenções estas que são solução para Logan: Utah State University, 1974. [55 p.]. On-farm
as mais diversas finalidades, que vão desde o lazer, até water management research program..
os importantes benefícios trazidos por tais obras, como
o controle de enchentes e a garantia de abastecimento CEARÁ (Estado). Secretaria de Recursos Hídricos. Plano
d’água de grandes centros urbanos. de gerenciamento das águas da bacia do rio
Deve-se ter em mente, ainda, que um bom conheci- Jaguaribe. Fortaleza, 1997.
mento hidrológico e o emprego das séries históricas co-
letadas, com quantidade e qualidade de dados suficiente, ______. Plano de gerenciamento das águas das
permitem um planejamento racional dos recursos hídricos bacias metropolitanas. Fortaleza, 2001.
a partir de estimativas corretas da realidade hidrológica
e hidráulica, evitando tomadas de decisões errôneas e ______. Plano estadual de recursos hídricos: PERH.
o dimensionamento de obras que não condizem com a Fortaleza, 1992.
capacidade hídrica da bacia estudada.
STRANG, D.M.D. Análise climatológica das normais
CONSIDERAÇÕES FINAIS pluviométricas do nordeste brasileiro. São José dos
Campos: Centro Técnico Aeroespacial, 1972.
Neste capítulo foram apresentadas algumas das carac-
terísticas das principais bacias hidrográficas presentes no MOLLE, François. Perdas por evaporação e
estado do Ceará, juntamente com a descrição do regime infiltração em pequenos açudes. Recife: SUDENE,
hidrológico predominante e a exemplificação da típica 1989. 175 p. il.
intermitência que ocorre nos rios que drenam a região.
Houve ainda a descrição da rede de monitoramento hidro- CAVALCANTE, Nice Maria da Cunha; DOHERTY,
meteorológico da Agência Nacional de Águas, no estado do Frederico Roberto; CADIER, Eric. Bacia hidrográfica
Ceará, que é operada pela Residência de Fortaleza – REFO, representativa de Tauá - CE: relatório final. Recife:
do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, bem como das SUDENE, 1990. 326 p. il. (Hidrologia, 28).
atividades desenvolvidas pela equipe técnica de hidrologia
no desenvolvimento desta atividade de operação da rede WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://
hidrometeorológica nacional. pt.wikipedia.org/>. Acesso em 22 Jul. 2011.
74
2.4
RECURSOS HÍDRICOS
SUBTERRÂNEOS
Robério Bõto de Aguiar (roberio.boto@cprm.gov.br.)
Rafael Rolim de Sousa (rafael.rolim@cprm.gov.br)
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 77
Aquíferos do Estado do Ceará...............................................................................78
Aquíferos em Meio Poroso com Produtividade Muito Elevada:
em geral, suas vazões estão acima de 50m3/h....................................................79
Aquífero em Meio Poroso com Produtividade Moderada a Elevada:
em geral, suas vazões estão entre 10 e 50 m3/h................................................ 80
Aquíferos em Meio Poroso com Produtividade Baixa a Moderada:
em geral, suas vazões estão entre 5 e 10m3/h................................................... 80
Aquíferos em Meio Poroso com Produtividade Muito Baixa:
em geral, suas vazões estão entre 1 e 5 m3/h.................................................... 82
Aquíferos em Rochas Fraturadas com Produtividade Muito Elevada:
em geral, suas vazões estão acima de 50 m3/h.................................................. 84
Aquíferos em Rochas Fraturadas com Produtividade Baixa a Moderada:
em geral, suas vazões estão entre 5 e 10 m3/h.................................................. 84
Aquíferos em Rochas Fraturadas com Produtividade Muito Baixa:
em geral, suas vazões estão entre 1 e 5 m3/h.................................................... 85
Aquíferos Mistos com Produtividade Baixa a Moderada:
em geral, suas vazões estão entre 5 e 10 m3/h.................................................. 85
Aquíferos Mistos com Produtividade Muito Baixa:
em geral, suas vazões estão entre 1 e 5 m3/h.................................................... 85
Não Aquíferos ou Aquíferos com Produtividade
Extremamente Baixa a Nula: com vazões inferiores a 1 m3/h............................. 86
Referências............................................................................................................ 87
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
77
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
78
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
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GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
valores: transmissividade (T) variando de 3,3 x10-4 m2/s ocorre de maneira livre, e elevada, quando confinada pelos
a 8 x 10-3 m2/s; condutividade hidráulica (K) média de 5 x calcários da Formação Jandaíra. Contínuo e de extensão
10-5 m/s; coeficiente de armazenamento (S) médio de 8 limitada à bacia do Apodi, apresenta permeabilidade
x 10-2 e capacidade específica média de 2,325 m3/h/m. média. Sua espessura para a área aflorante varia de 10
Localmente, as vazões podem ultrapassar os 150 m3/h, a 260 metros, podendo apresentar, quando confinado,
observando-se também mínimos abaixo dos 10 m3/h. espessuras superiores a 600 metros em direção ao centro
Com base nos dados do SIAGAS apresenta, em média, os da bacia. Conforme COSTA (1995), os parâmetros hidro-
seguintes valores: nível estático (NE) de 35,6 metros; nível dinâmicos da unidade, quando confinada, apresentam os
dinâmico (ND) de 52,3 metros e STD de 216 mg/L. seguintes valores: transmissividade (T) = 2,3 x 10-4 m2/s;
condutividade hidráulica (K) = 7,5 x 10-6 m/s; coeficiente
Aquíferos em Meio Poroso com de armazenamento (S) = 1,0 x 10-4; capacidade específica
Produtividade Moderada a Elevada: em média de 2,925 m3/h/m e vazões em torno de 24,9 m3/h.
geral, suas vazões estão entre 10 e 50 m3/h. Na condição de aquífero livre, os valores médios de nível
estático (NE) e nível dinâmico (ND) são, respectivamente,
Essa classe de aquíferos porosos com produtividades 20 e 38 metros. A salinidade em geral apresenta valores
moderadas possui, como soma de suas áreas aflorantes, inferiores a 500 mg/L, alcançando, próximo às bordas da
valores em torno de 2.096,5 km2 e é composta pelas uni- bacia, valores que variam entre 1.000 e 2.000 mg/L.
dades aquíferas Açu e Mauriti (Figura 2.4.6).
Aquífero Mauriti
80
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
81
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
82
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
Pertencente ao Grupo Barreiras, esse aquífero pos- A unidade aquífera Malhada Vermelha é a sequência
sui uma área de exposição de aproximadamente 826,6 intermediária do Grupo Iguatu, ocorrendo nas bacias de
km2 localizado no nordeste do estado, próximo à borda Iguatu, Malhada Vermelha e Lima Campos. Hidrogeologi-
da bacia sedimentar do Apodi, apresentando-se sob a camente é caracterizada por ser contínua, semiconfinada,
forma de largas faixas alinhadas para nordeste e que se com pequenas áreas aflorantes, no total de 138 km2, e as
estreitam à medida que se caminha para sudoeste. É espessuras variam de 400 a 800 metros, de acordo com
um aquífero contínuo, livre e de espessuras variáveis de as bacias que estão expostas. É constituída por ritmitos
30 a aproximadamente 70 metros. Sua base é formada cimentados, onde se alternam siltitos, folhelhos e arenitos
por conglomerados que gradam para arenitos mais finos de cores verdes e vermelhas, com predominância dos
grosseiros no topo e, por vezes, conglomeráticos, pouco termos mais pelíticos na base gradando para termos mais
consolidados, em meio a uma matriz areno-argilosa e grosseiros no topo. Litotipos com baixo grau de fratura-
cimentados por argilas impregnadas, muitas vezes, por mento e permeabilidade muito baixa.
materiais de óxido de ferro. Comumente são observadas
alternâncias com horizontes de areias siltosas, mostran- Aquífero Icó
do baixo grau de fraturamento e permeabilidade muito
baixa. Com uma pequena área aflorante de aproximada-
mente 277 km2, essa unidade aquífera tem ocorrência
Aquífero Camocim nas bacias sedimentares de Iguatu, Lima Campos, Lavras
da Mangabeira e Bastiões. Dependendo da bacia em
Assim como a unidade aquífera Faceira, essa unidade que ocorre, pode haver grandes variações de espessura,
também pertence ao Grupo Barreiras e ocorre no noroeste onde na bacia de Lavras da Mangabeira não ultrapassa
do estado em pequenas extensões territoriais. Hidrogeo- 60 metros e nas bacias de Lima Campos e Iguatu podem
logicamente caracteriza-se por ser contínuo, livre, com- atingir, em determinados locais, 400 metros. Hidro-
posto de ortoconglomerados, compactos, apresentando geologicamente é contínuo, apresenta baixo grau de
médio grau de cimentação por materiais lateríticos siltico- fraturamento e permeabilidade muito baixa. Litologica-
-ferruginosos, de tonalidades castanhas e avermelhadas, mente, engloba uma sequência consolidada de arenitos
baixo grau de fraturamento, porosidade primária baixa e arcoseanos, líticos, avermelhados, de granulação grossa
permeabilidade muito baixa. a conglomerática, com intercalações de arenitos finos a
médios, além de folhelhos e margas. Segundo PRIEM et
Aquífero Exu al. (1978), foram descritas finas camadas de derrames de
rochas básicas, na porção mais inferior dessa unidade,
O aquífero Exu está localizado no extremo sul do variando de 1 a 8 metros de espessura e concordantes a
estado e encerra a sequência sedimentar da bacia do subconcordantes com a estratificação dos sedimentos,
Araripe. Com uma área de exposição de 2.116,4 km2, que pertencem apenas à bacia de Lavras da Mangabeira.
segundo BRASIL (1996), pertence ao sistema aquífero Apresenta uma passagem gradacional com a formação
superior e juntamente com a Formação Arajara possui superior, Malhada Vermelha, passando de termos mais
espessura média de 320 metros. Isoladamente a unidade psamíticos para pelíticos.
aquífera Exu pode ser caracterizada como contínua, de
extensão regional e espessura média aflorante de 150 a Aquífero Brejo Santo
200 metros. No extremo leste da área de ocorrência, o
pacote sedimentar sofre um afinamento, com as espes- A unidade aquífera Brejo Santo está localizada no
suras atingindo 15 metros. Esse aquífero está classificado extremo sul do Ceará, com uma área de exposição de
como de muito baixa produtividade devido a sua grande aproximadamente 789 km2 e recobrindo os sedimentos do
dificuldade em reter água, tendo, como consequência, aquífero Mauriti. Hidrogeologicamente é caracterizada por
vazões muito baixas e níveis d’água a profundidades ser contínua, de extensão limitada à bacia sedimentar do
médias de 180/200 metros. Em contrapartida, as vazões Araripe. Possui espessura média em torno de 450 metros
de suas fontes são elevadas, com média de 62,3 m3/h, e é constituída predominantemente por folhelhos e siltitos,
podendo chegar a até 376 m3/h. Suas águas são de com intercalações de arenitos finos de coloração averme-
boa qualidade química, com STD médio de 347,1 mg/L. lhada. São litotipos de compactação média, porosidade
Litologicamente, inclui arenitos médios a grosseiros, primária alta e permeabilidade muito baixa. A importância
mal selecionados, pouco consolidados, coloração aver- desse aquífero se dá na sua porção basal, que é constituída
melhada, com intercalações de níveis conglomeráticos. de camadas areníticas com aproximadamente 100 metros
Apresenta porosidade primária média a alta e permea- de espessura e juntamente com o aquífero Mauriti formam
bilidade muito elevada. o sistema aquífero inferior da bacia.
83
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Aquíferos em Rochas Fraturadas com nível estático (NE) entre 0 e 90 metros (média de 21 metros);
Produtividade muito Elevada: em geral, nível dinâmico (ND) entre 0 e 127 metros (média de 35 me-
suas vazões estão acima de 50 m3/h. tros); capacidade específica média de 4,453 m3/h/m. Suas
águas são duras e, às vezes, salgadas, com concentração
Essa classe de aquífero está representada apenas pelo de sais entre 1 e 5 mg/L e vazões que podem apresentar
aquífero Jandaíra que forma o topo da bacia sedimentar valores máximos de 200 m3/h, mas que também podem
do Apodi (Figura 2.4.9). ser inferiores a 1m3/h.
Aquífero Jandaíra
84
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
isolada, compreendendo faixas entre a serra da Ibiapaba Aquíferos Mistos com Produtividade Baixa
e Meruoca. a Moderada: em geral, suas vazões estão
entre 5 e 10 m3/h.
Aquíferos em Rochas Fraturadas com
Produtividade muito Baixa: em geral, Essa classe de aquífero está representada apenas pela
suas vazões estão entre 1 e 5 m3/h. unidade aquífera Coreaú (Figura 2.4.12).
Essa classe de aquífero é representada pela unidade A unidade aquífera Coreaú está localizada na por-
Cristalino Indiferenciado, que ocupa uma área de aproximada- ção noroeste do estado, com área de ocorrência de
mente 108.000 km2 em todo o estado do Ceará (Figura 2.4.11). aproximadamente 500 km2. Constituído por sequências
areníticas subarcóseas e arcóseas finas, de cores creme
e cinza-clara e grauvacas líticas de cor escura, sendo as
vezes conglomeráticas, constituindo um conjunto com
variações laterais e verticais de fácies fluvial. Apresenta
metamorfismo epigenético de baixo grau, alta compacta-
ção e cimentação, grau de fraturamento médio e espes-
suras elevadas (em torno de 2.000 metros). Suas vazões
médias são de aproximadamente 5 m3/h, com máxima de
17,6 m3/h (localmente no município de Coreaú) e mínimas
abaixo de 1 m3/h.
85
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
A unidade aquífera Bacias tipo Jaibaras Indiferencia- A unidade não aquífera Santana, ou aquiclude Santana,
da está representada pela bacia sedimentar do Jaibaras, está localizada na porção sul do estado, com áreas aflorante
localizada na porção noroeste do estado, pela bacia do de 728 km2 e não aflorante de 2.844,4 km2 aproximadamente.
Cococi, encontrada na porção sudoeste e, com pequena É constituída dominantemente por carbonatos, com espessura
extensão territorial, a bacia sedimentar de Iara, localiza- média de cerca de 180 metros. Na base ocorrem calcários la-
da na parte sudeste do estado. Juntas, essas três bacias minados e margas, a porção média é dominada por calcários,
possuem uma área de aproximadamente 1.294,7 km2. gipsita e folhelhos negros e betuminosos, enquanto na parte
São representadas por arenitos arcoseanos, arenitos superior predominam margas e folhelhos cinza-escuros. Seus
líticos, argilitos, folhelhos, ardósias e conglomerados, litotipos de fina granulometria apresentam-se pouco fratura-
fortemente consolidados e com elevado grau de cimen- dos, com carstificação pouco desenvolvida, porosidade muito
tação e fraturamento, apresentando, em consequência, baixa e permeabilidade muito baixa ou nula. Sua importância
permoporosidade primária muito baixa. Suas vazões decorre do fato de ocorrer superposto ao aquífero Missão
médias possuem valores em torno de 4 m3/h e mínimos Velha, de produtividade elevada.
inferiores a 1 m3/h. Seus melhores valores para vazões
foram encontrados no município de Coreaú, chegando Não Aquífero Pimenteiras
a 26,4 m3/h.
Essa unidade não aquífera, ou aquiclude Pimenteiras,
Não Aquíferos ou Aquíferos está localizada a oeste do estado, no limite entre Ceará e
com Produtividade Piauí, em uma pequena área de aproximadamente 122 km2.
Extremamente É uma unidade de extensão regional e espessura aflorante
Baixa a Nula: com vazões média de 70 metros que atinge, além do limite do Ceará,
inferiores a 1 m3/h. mais de 250 metros em subsuperfície e confina o aquífero
Serra Grande. Constituído essencialmente por sedimentos
Essa unidade não aquífera está representada pelas pelíticos de permeabilidade muito baixa, que incluem sil-
unidades Santana e Pimenteiras (Figura 2.4.14). titos e folhelhos, além de arenitos finos.
86
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
87
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
das bacias sedimentares da região semi-árida do LEAL, Onofre. Inventário hidrogeológico básico do
nordeste brasileiro. nordeste: folha nº9, Jaguaribe - NO. Recife: SUDENE,
1970. 178 p. il. (Hidrogeologia, 29). Anexo
______; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO 1 mapa.
NORTE. Hidrogeologia do aquifero Açu na borda
leste da bacia Potiguar, Rio Grande do Norte. MANOEL FILHO, João. Inventário hidrogeológico
Natal: CPRM, 2008. 1 CD-Rom. Escala 1:100.000. Projeto básico do Nordeste: folha nº 10, Jaguaribe, NE. Recife:
comportamento das bacias sedimentares da região semi- SUDENE, 1970. 343 p. il. (Hidrogeologia, 30).
árida do nordeste brasileiro.
PARENTE, Roberto Cruz. Qualidade das águas
______; ______. Hidrogeologia do aqüífero Açu subterrâneas dos municípios de Iguatu e Quixelô,
na borda leste da bacia Potiguar, Rio Grande do Ceará, Brasil. 2001. 107 p. il. Dissertação (Mestrado
Norte: trecho Upanema - Afonso Bezerra. [Natal, RN]: em Hidrogeologia) - Centro de Ciências, Universidade
CPRM; UFRN; FINEP, 2005. Escala 1:100.000. Projeto Federal do Ceará, Fortaleza, 2001.
comportamento das bacias sedimentares da região semi-
árida do nordeste brasileiro. PRIEM, H.N.A. et al. K/Ar dating of a basaltic layer in the
sedimentary Lavras basin, northeastern Brasil. Revista
______. Mapa geológico do estado do Piauí: 2º Brasileira de Geologia, São Paulo, v. 8, n. 4,
versão. Teresina: CPRM, 2006. p. 262-269, 1978.
1 CD-Rom. Escala 1:1.000.000.
RIBEIRO, José Alcir Pereira. Características
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. hidrogeológicas e hidroquímicas da faixa costeira
Programa nacional de estudos dos distritos leste da região metropolitana de Fortaleza, Ceará.
mineiros: projeto avaliação hidrogeológica da bacia 2001. 112 p. il. Dissertação (Mestrado em Hidrogeologia)
sedimentar do Araripe. Recife: DNPM, 1996. 101 p. - Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2001.
FERREIRA, Cicero Alves; SANTOS, Edilton José dos (Org.).
Jaguaribe SE, folha SB.24-Z: estados do Ceará, Rio VASCONCELOS, Antônio Maurílio; GOMES, Francisco
Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Rio de Janeiro: Edson Mendonça (Org.). Iguatu, folha SB.24-Y-B:
CPRM, 2000. 1 CD-Rom. Escala 1:500.000. Programa estado do Ceará. Brasília: CPRM, 1998. 1 CD- Rom.
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil - PLGB. Escala 1:250.000. Programa Levantamentos Geológicos
Básicos do Brasil - PLGB.
GOMES, José Roberto de Carvalho; VASCONCELOS,
Antônio Maurílio (Org.). Jaguaribe SW folha SB.24-Y: VERÍSSIMO, Liano Silva et al. Avaliação das
estados do Ceará, de Pernambuco e do Piauí. Brasília: potencialidades hídrica e mineral do médio-
CPRM, 2000. 1 CD-Rom. Escala 1:500.000. Programa baixo Jaguaribe, CE. Fortaleza: CPRM, 1996. 87 p. il.
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB. Programa Gestão e Administração Territorial.
88
3
METODOLOGIA,
ESTRUTURAÇÃO DA BASE
DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Maria Angélica Barreto Ramos (angelica.barreto@cprm.gov.br.)1
Macedo Eduaraado Dantas (macedo.dantas@cprm.gov.br)1
Antonio Theodorivicz (antonio.teodorivicz@cprm.gov.br)1
Valter José Marques (valter.marques@cprm.gov.br)1
Vitório Orlalndi Filho (vitorio.orlandi@cprm.gov.br)2
Maria Adelaide Mansini Maia (adelaide.maia@cprm.gov.br)1
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff (pedro.augusto@cprm.gov.br)1
1
CPRM – Serviço Geológico do Brasil
2
Consultor
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................91
Procedimentos Metodológicos..............................................................................91
Definição dos Domínios e Unidades Geológico-Ambientais..................................91
Atributos da Geologia............................................................................................92
Atributos de Relevo............................................................................................... 95
Modelo Digital de Terreno – Shutlle Radar Topography Mission (SRTM)............... 95
Mosaico Geocover 2000....................................................................................... 96
Análise da Drenagem............................................................................................ 97
Kit de Dados Digitais............................................................................................. 97
Trabalhando com Kit de Dados Digitais............................................................. 98
Estruturação da Base de Dados: Geobank............................................................ 98
Atributos dos Campos do Arquivo das Unidades Geológico-Ambientais:
Dicionário de Dados.............................................................................................100
Referências...........................................................................................................101
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
91
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
92
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 3.1 - Resistência à compressão uniaxial e classes de alteração para diferentes tipos de rochas. Fonte: Modificado de VAZ (1996).
93
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
94
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
95
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
A escolha do Shuttle Radar Topography Mission A literatura do tema apresenta diversas possibilidades
(SRTM) [missão espacial liderada pela NASA, em parceria de correção desses problemas, desde substituição de tais
com as agências espaciais da Alemanha (DLR) e Itália (ASI), áreas por dados oriundos de outros produtos – o GTOPO30
realizada durante 11 dias do mês de fevereiro de 2000, aparece como proposta para substituição em diversos
visando à geração de um modelo digital de elevação quase textos – ao uso de programas que objetivam diminuir tais
global] foi devida ao fato de os MDTs disponibilizados por incorreções por meio de edição de dados (BARROS et al.,
esse sensor já se encontrarem disponíveis para toda a Amé- 2004). Neste estudo, foi utilizado o software ENVI 4.1 para
rica do Sul, com resolução espacial de aproximadamente 90 solucionar o citado problema.
x 90 m, apresentando alta acurácia e confiabilidade, além
da gratuidade (CCRS, 2004 apud BARROS et al., 2004). MOSAICO GEOCOVER 2000
Durante a realização dos trabalhos de levantamento
da geodiversidade do território brasileiro, apesar de todos A justificativa para a utilização do Mosaico GeoCover
os pontos positivos apresentados, os dados SRTM, em 2000 é o fato de este se constituir em um mosaico ortorre-
algumas regiões, acusaram problemas, tais como: valores tificado de imagens ETM+ do sensor LandSat 7, resultante
espúrios (positivos e negativos) nas proximidades do mar do sharpening das bandas 7, 4, 2 e 8. Esse processamento
e áreas onde não são encontrados valores. Tais problemas realiza a transformação RGB-IHS (canais de cores RGB-IHS
são descritos em diversos trabalhos do SRTM (BARROS et / vermelho, verde e azul – Matiz, Saturação e Intensida-
al., 2004), sendo que essas áreas recebem o valor -32768, de), utilizando as bandas 7, 4 e 2 com resolução espacial
indicando que não há dado disponível. de 30 m e, posteriormente, a transformação IHS-RGB
96
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
utilizando a banda 8 na Intensidade (I) para aproveitar -- Gasodutos e Oleodutos: arquivos de gasodutos,
a resolução espacial de 15 m. Tal procedimento junta as refinarias etc.
características espaciais da imagem com resolução de 15 -- Pontos Geoturísticos: sítios geológicos, paleonto-
m às características espectrais das imagens com resolução lógicos etc.
de 30 m, resultando em uma imagem mais “aguçada”. As -- Quilombolas: áreas de quilombolas
imagens do Mosaico GeoCover LandSat 7 foram coletadas -- Recursos Minerais: dados de recursos minerais
no período de 1999/2000 e apresentam resolução espacial -- Áreas de Desertificação: arquivo das áreas de de-
de 14,25 m. sertificação
Além da exatidão cartográfica, o Mosaico GeoCover -- Poços: dados de poços cadastrados pelo Sistema
possui outras vantagens, como: facilidade de aquisição de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS)
dos dados sem ônus, âncora de posicionamento, boa criado pela CPRM/SGB
acurácia e abrangência mundial, o que, juntamente com -- ZEE (Zona Econômica Exclusiva da Plataforma Con-
o MDT, torna-o imprescindível aos estudos de análise tinental): recursos minerais e feições da ZEE
ambiental (ALBUQUERQUE et al., 2005; CREPANI; ME- -- MDT_SRTM: arquivo Grid pelo recorte do estado
DEIROS, 2005). -- Declividade: arquivo Grid pelo recorte do estado
-- GeoCover: arquivo Grid pelo recorte do estado
ANÁLISE DA DRENAGEM -- Simbologias ESRI: fontes e arquivos *style (arquivo
de cores e simbologias utilizadas pelo programa
Segundo GUERRA e CUNHA (2001), o reconheci- ArcGis) para implementação das simbologias para
mento, a localização e a quantificação das drenagens leiaute – instruções de uso por meio do arquivo leia-
de uma determinada região são de fundamental impor- me.doc, que se encontra dentro da pasta.
tância ao entendimento dos processos geomorfológicos As figuras 3.2 a 3.4 ilustram parte dos dados do kit
que governam as transformações do relevo sob as mais digital para o Mapa Geodiversidade do Estado do Ceará.
diversas condições climáticas e geológicas. Nesse senti- Os procedimentos de tratamento digital e proces-
do, a utilização das informações espaciais extraídas do samento das imagens geotiff e MrSid (SRTM e GeoCover,
traçado e da forma das drenagens é indispensável na respectivamente), dos Grids (declividade e hipsométrico),
análise geológico-ambiental, uma vez que são respostas/ bem como dos recortes e reclass dos arquivos vetoriais
resultados das características ligadas a aspectos geológi- (litologia, planimetria, curvas de nível, recursos minerais
cos, estruturais e a processos geomorfológicos, os quais etc.) contidos no kit digital foram realizados em ambiente
atuam como agentes modeladores da paisagem e das SIG, utilizando os softwares ArcGis9 e ENVI 4.4.
formas de relevo.
Dessa forma, a integração de atributos ligados às
redes de drenagem – como tipos de canais de escoamen-
to, hierarquia da rede fluvial e configuração dos padrões
de drenagem – a outros temas trouxe respostas a várias
questões relacionadas ao comportamento dos diferentes
ambientes geológicos e climáticos locais, processos fluviais
dominantes e disposição de camadas geológicas, dentre
outros.
97
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figura 3.3 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Figura 3.4 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do
Ceará: unidades geológico-ambientais versus relevo sombreado Ceará: modelo digital de elevação (SRTM) versus drenagem bifilar.
(MDT-SRTM).
Trabalhando com o Kit de Dados Digitais Assim, a nova unidade geológico-ambiental resultou
da interação da unidade geológico-ambiental definida na
Na metodologia adotada, a unidade geológico-am- primeira etapa com o relevo.
biental, fruto da reclassificação das unidades geológicas Finalizado o trabalho de implementação dos parâ-
(reclass), é a unidade fundamental de análise, na qual foram metros da geologia e do relevo pela equipe responsável,
agregadas todas as informações da geologia possíveis de o material foi enviado para a Coordenação de Geoproces-
serem obtidas a partir dos produtos gerados pela atuali- samento, que procedeu à auditagem do arquivo digital
zação da cartografia geológica dos estados, pelo SRTM, da geodiversidade para retirada de polígonos espúrios,
mosaico GeoCover 2000 e drenagem. superposição e vazios, gerados durante o processo de edi-
Com a utilização dos dados digitais contidos em cada ção. Paralelamente, iniciou-se a carga dos dados na Base
DVD-ROM foram estruturados, para cada folha ou mapa Geodiversidade – APLICATIVO GEODIV (VISUAL BASIC), com
estadual, um Projeto.mxd (conjunto de shapes e leiaute) posterior migração dos dados para o GeoBank (CPRM/SGB).
organizado no software ArcGis9.
No diretório de trabalho havia um arquivo shapefile, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS:
denominado geodiversidade_estado.shp, que corres- GEOBANK
pondia ao arquivo da geologia onde deveria ser aplicada
a reclassificação da geodiversidade. A implantação dos projetos de levantamento da geodi-
Após a implantação dos domínios e unidades geoló- versidade do Brasil teve como objetivo principal oferecer aos
gico-ambientais, procedia-se ao preenchimento dos parâ- diversos segmentos da sociedade brasileira uma tradução
metros da geologia e, posteriormente, ao preenchimento do conhecimento geológico-científíco, com vistas a sua
dos campos com os atributos do relevo. aplicação ao uso adequado para o ordenamento territorial e
As informações do relevo serviram para melhor ca- planejamento dos setores mineral, transportes, agricultura,
racterizar a unidade geológico-ambiental e também para turismo e meio ambiente, tendo como base as informações
subdividi-la. Porém, essa subdivisão, em sua maior parte, geológicas presentes no SIG da Carta Geológica do Brasil
alcançou o nível de polígonos individuais. ao Milionésimo (CPRM, 2004).
Quando houve necessidade de subdivisão do polígono, Com essa premissa, a Coordenação de Geoproces-
ou seja, quando as variações fisiográficas eram muito contras- samento da Geodiversidade, após uma série de reuniões
tantes, evidenciando comportamentos hidrológicos e erosivos com as Coordenações Temáticas e com as equipes locais da
muito distintos, esse procedimento foi realizado. Nessa etapa, CPRM/SGB, estabeleceu normas e procedimentos básicos a
considerou-se o relevo como um atributo para subdividir a serem utilizados nas diversas atividades dos levantamentos
unidade, propiciando novas deduções na análise ambiental. estaduais, com destaque para:
98
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
-- Definição dos domínios e unidades geológico- drícula ao milionésimo, mapas estaduais), todas as infor-
ambientais com base em parâmetros geológicos mações das unidades geológico-ambientais, permitindo a
de interesse na análise ambiental, em escalas organização dos dados no GeoBank de forma a possibilitar
1:2.500.000, 1:1.000.00 e mapas estaduais. a conexão dos dados vetoriais com os dados alfanuméricos.
-- A partir da escala 1:1.000.000, criação de atributos Em uma primeira fase, com auxílio dos elementos-chave
geológicos aplicáveis ao planejamento e informa- descritos nas tabelas, é possível vincular, facilmente, mapas
ções dos compartimentos do relevo.
-- Acuidade cartográfica compatível com as escalas
adotadas.
-- Estruturação de um modelo conceitual de base para
o planejamento, com dados padronizados por meio
de bibliotecas.
-- Elaboração da legenda para compor os leiautes dos
mapas de geodiversidade estaduais.
-- Criação de um aplicativo de entrada de dados
local desenvolvido em Visual Basic 6.0 Aplicativo
GEODIV.
-- Implementação do modelo de dados no GeoBank
(Oracle) e migração dos dados do Aplicativo GEODIV
para a Base Geodiversidade.
-- Entrada de dados de acordo com a escala e fase Figura 3.5 - Tela de cadastro das unidades geológico-ambientais
(mapas estaduais). para os mapas estaduais de geodiversidade (aplicativo GEODIV).
-- Montagem de SIGs.
-- Disponibilização dos mapas na Internet, por meio
do módulo Web Map do GeoBank (<http://geo-
bank.sa.cprm.gov.br>), onde o usuário tem acesso
a informações relacionadas às unidades geológico
ambientais (Base Geodiversidade) e suas respectivas
unidades litológicas (Base Litoestratigrafia).
A necessidade de prover o SIG Geodiversidade com
tabelas de atributos referentes às unidades geológico-
-ambientais, dotadas de informações para o planejamen-
to, implicou a modelagem de uma Base Geodiversidade,
intrinsecamente relacionada à Base Litoestratigrafia, uma
vez que as unidades geológico-ambientais são produto de
reclassificação das unidades litoestratigráficas.
Esse modelo de dados foi implantado em um aplicativo
de entrada de dados local desenvolvido em Visual Basic 6.0,
denominado GEODIV. O modelo do aplicativo apresenta Figura 3.6 - Tela de cadastro dos atributos da geologia
(aplicativo GEODIV).
seis telas de entrada de dados armazenados em três tabe-
las de dados e 16 tabelas de bibliotecas. A primeira tela
recupera, por escala e fase, todas as unidades geológico
-ambientais cadastradas, filtrando, para cada uma delas,
as letras-símbolos das unidades litoestratigráficas (Base
Litoestratigrafia) (Figura 3.5).
Posteriormente, de acordo com a escala adotada, o
usuário cadastra todos os atributos da geologia de interesse
para o planejamento (Figura .6).
Na última tela, o usuário cadastra os compartimentos
de relevo (Figura 3.7).
Todos os dados foram preenchidos pela equipe da Coor-
denação de Geoprocessamento e inseridos no aplicativo que
possibilita o armazenamento das informações no GeoBank
(Oracle), formando, assim, a Base Geodiversidade (Figura 3.8).
O módulo da Base Geodiversidade, suportado por Figura 3.7 - Tela de cadastro dos atributos do relevo
bibliotecas, recupera, também por escala e por fase (qua- (aplicativo GEODIV).
99
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
100
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
LITOTIPO1 - Litotipos que representam mais de 10% da AMPL_TOPO (AMPLITUDE) - Amplitudes topográficas.
unidade litoestratigráfica, ou com representatividade não GEO_REL (CÓDIGO DA UNIDADE GEOLÓGICO-AM-
determinada. BIENTAL + CÓDIGO DO RELEVO) – Sigla da nova unidade
LITOTIPO2 - Litotipos que representam menos que 10% geológico-ambiental, fruto da composição da unidade
da unidade litoestratigráfica. geológica com o relevo. Na escala 1:1.000.000, é o campo
CLASSE_ROC (CLASSE DA ROCHA) - Classe dos litotipos indexador, que liga a tabela aos polígonos do mapa e ao
que representam mais de 10% da unidade litoestratigráfica, banco de dados (é formada pelo campo COD_UNIGEO
ou com representatividade não determinada. + COD_REL).
COD_DOM (CÓDIGO DO DOMÍNIO GEOLÓGICO-
AMBIENTAL) – Sigla dos domínios geológico-ambientais. OBS (CAMPO DE OBSERVAÇÕES) – Campo-texto onde
DOMINIO (DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO GEOLÓGICO- são descritas todas as observações consideradas relevantes
AMBIENTAL) – Reclassificação da geologia pelos grandes na análise da unidade geológico-ambiental.
domínios geológicos.
COD_UNIGEO (CÓDIGO DA UNIDADE GEOLÓGICO- REFERÊNCIAS
AMBIENTAL) – Sigla da unidade geológico-ambiental.
AB’SABER, A. N. Um conceito de geomorfologia
UNIGEO (DESCRIÇÃO DA UNIDADE GEOLÓGICO-
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101
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
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102
4
GEODIVERSIDADE:
LIMITAÇÕES E
ADEQUABILIDADES/
POTENCIALIDADES FRENTE
AO USO E À OCUPAÇÃO
Ricardo de Lima Brandão (ricardo.brandao@cprm.gov.br.)
Luis Carlos Bastos Freitas (luis.freitas@cprm.gov.br)
Edgar Shinzato (edgar.shinzato@cprm.gov.br)
SUMÁRIO
Introdução...........................................................................................................105
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Inconsolidados ou Pouco
Consolidados, Depositados em Meio Aquoso (DC)..............................................105
Domínios dos Sedimentos Cenozoicos Inconsolidados do Tipo Coluvião
e Tálus (DCICT)..................................................................................................... 114
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Eólicos (DCE)............................................. 116
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Semiconsolidados Fluviais (DCF)...............121
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos e/ou Mesozoicos,
Pouco a Moderadamente Consolidados, Associados a Pequenas Bacias
Continentais do Tipo Rift (DCMR)........................................................................122
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Pouco a Moderadamente
Consolidados, Associados a Tabuleiros (DCT)......................................................126
Domínio das Sequências Sedimentares Mesozoicas Clastocarbonáticas,
Consolidadas em Bacias de Margens Continentais - RIFT (DSM)..........................130
Domínio das Coberturas Sedimentares e Vulcanosssedimentares Mesozoicas
e Paleozoicas, Pouco a Moderadamente Consolidadas, Associada a Grandes
e Profundas Bacias Sedimentares do Tipo Sinéclise (DSVMP)...............................132
Domínio dos Complexos Alcalinos Intrusivos e Extrusivos, Diferenciados
do Terciário, Mesozoico e Proterozoico (DCA).....................................................135
Dominio das Sequências Sedimentares e Vulcanossedimentares
do Eopaleozoico, Associadas a Rifts, Não ou Pouco Deformadas
e Metamorfizadas (DSVE)....................................................................................137
Domínio das Coberturas Sedimentares Proterozoicas, Não ou Muito Pouco
Dobradas e Metamorfizadas (DSP1).....................................................................139
Domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas Dobradas,
Metamorfizadas de Baixo a Alto Grau (DSP2)......................................................142
Dominio das Sequências Vulcanossedimentares Proterozoicas Dobradas,
Metamorfizadas de Baixo a Alto Grau (DSVP2)....................................................147
Dominio das Sequências Vulcanossedimentares Tipo Greenstone Belt,
Arqueano até o Mesoproterozoico (DGB)............................................................150
Domínio dos Corpos Máfico-Ultramáficos (Suítes Komatiíticas,
Suítes Toleíticas, Complexos Bandados) (DCMU).................................................152
Domínio dos Complexos Granitoides Não Deformados (DCGR1)..........................154
Domínio dos Complexos Granitoides Deformados (DCGR2)................................157
Domínio dos Complexos Granitoides Intensamente Deformados (DCGR3)..........162
Domínio dos Complexos Gnáissico-Migmatíticos e Granulitos (DCGMGL)...........164
Referências...........................................................................................................172
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
105
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
106
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade Relevo
Geológico-Ambiental
2 - Ambiente misto
a - Planícies fluviomarinhas
(marinho/continental) - DCm
a - Planícies costeiras
3 - Ambiente marinho costeiro
(praias, terraços marinhos
- DCmc
e cordões litorâneos)
Obs.: A numeração das unidades e as letras correspondentes ao Figura 4.4 - Fotografia aérea mostrando a planície fluviomarinha
relevo referem-se à identificação no Mapa Geodiversidade do do rio Ceará (na Região Metropolitana de Fortaleza),
Estado do Ceará. com vegetação de mangue associada.
107
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Ambiente Marinho Costeiro – DCmc oeste), não foram delimitadas no mapa devido à escala
do trabalho.
Os sedimentos marinhos acumulam-se nas praias atu- Incluem-se também, no contexto das praias recentes,
ais e em terraços construídos a partir dos processos trans- os beach-rocks ou arenitos de praia, que afloram em di-
gressivos e regressivos marinhos, que ocorreram durante versos trechos do litoral, sob a forma de corpos alinhados
o Quaternário. As praias formam depósitos, desde a linha paralelamente à linha de costa. Podem ocorrer em dois
de maré baixa até a base dos campos de dunas, contínuos subambientes praiais: na zona de estirâncio e na zona de
e alongados por toda a extensão da costa cearense (Figura rebentação. Em geral, são arenitos conglomeráticos com
4.5). São acumulações arenosas, com predominância de grande quantidade de bioclastos (fragmentos de moluscos
granulação média a grossa, ocasionalmente cascalhenta e algas), cimentados por carbonato de cálcio (Figura 4.7).
(próximo às desembocaduras dos rios maiores), com restos Esses corpos, muitas vezes, atenuam os efeitos da energia
de conchas, matéria orgânica e minerais pesados. das ondas que se aproximam da praia, evitando ou mini-
Os terraços marinhos formam superfícies de topo mizando os impactos da erosão costeira.
plano, geralmente com cotas altimétricas inferiores a 5
metros. Os mais largos exibem, em sua superfície, cristas
arenosas alongadas, com orientação paralela à linha de
costa (cordões litorâneos), que testemunham antigas
posições do nível relativo do mar. Na planície costeira de
Icapuí, divisa com o Rio Grande do Norte, ocorre o terraço
marinho mais expressivo do litoral cearense (Figura 4.6).
Várias outras áreas, com presença de terraços marinhos,
como nas planícies costeiras de Itarema e Acaraú (litoral
108
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
109
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
110
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
um significativo potencial nutricional, constituindo como subterrânea. Quando possuem espessuras suficientes,
boa opção de utilização agrícola, principalmente nas áreas fornecem boas vazões através de captações rasas e de
mais secas. Nos sertões semiáridos, muitas vezes a unidade baixo custo.
DCa constitui-se na única opção de terrenos propícios As aluviões (unidade DCa) representam importantes
para produção agrícola, principalmente por lavouras de fontes de abastecimento hídrico, especialmente através de
subsistência (Figura 4.12). poços escavados (cacimbas) para uso doméstico e outras
A topografia da unidade DCa é, em geral, plana ou demandas, como pequenos projetos de irrigação (Figura
suavemente ondulada, apresentando limitação nula ou 4.13). Também são áreas indicadas, dependendo de algu-
apenas ligeira quanto à erodibilidade. São áreas favoráveis mas características específicas do depósito aluvionar, para
à utilização de pequenos maquinários agrícolas, principal- a construção de barragens subterrâneas (Figura 4.14). Nas
mente nos períodos de menor pluviosidade. áreas mais secas (sertões semiáridos), associadas ao domí-
Em menor proporção, porém não menos importante, nio dos terrenos cristalinos, esses sedimentos destacam-se,
a unidade DCa também apresenta solos com pequena muitas vezes, como a única opção para a captação de água
variação textural, dominantemente argilosos, com alta subterrânea.
atividade coloidal, caracterizada pela elevada capacidade
de contração quando secos e expansão quando úmidos,
resultando em fendas profundas, superfícies de fricção
slikensides e microrrelevos na superfície do terreno - gil-
gais. Compreende os Vertissolos, que são solos de argila
de atividade alta, consequentemente com elevada reserva
mineral, sendo também altamente férteis. Por outro lado,
os altos teores de argila de elevada atividade coloidal deter-
minam consistência dura a muito dura quando o solo está
seco e muito plástica e muito pegajosa quando molhado,
tornando extremamente difícil o manejo deles (SANTOS,
2013). A erodibilidade, em razão da baixa permeabilidade,
é relativamente alta. Sua drenagem é restrita, em função
da sua permeabilidade lenta. Exigem tecnologia apropriada
para seu uso adequado. Quando mantida a umidade ideal
são solos altamente produtivos. Estão localizados princi-
palmente no extremo sul do estado.
111
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Potencial Mineral
112
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
113
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
114
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
115
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
casos apresentando rochas expostas “Neossolos Litólicos”. Essas coberturas, normalmente porosas e permeáveis,
São solos muito suscetíveis aos processos erosivos, intensi- formam um meio de alta vulnerabilidade à contaminação
ficando à medida em que a declividade aumenta. Devido a das águas subterrâneas. Nas áreas onde os sedimentos
sua grande fragilidade, essas áreas deveriam ser mantidas apresentam maior conteúdo de argila, a capacidade de reter
como reserva natural. Entretanto, verificam-se pastagens e eliminar poluentes é alta, diminuindo a vulnerabilidade
e até pequenos cultivos de subsistência. à contaminação.
Na porção oeste do estado (como nas regiões de
Ararendá, Crateús e Novo Oriente), a unidade DCICT reúne Potencial Mineral
solos profundos e muito profundos, com gradiente textural,
translocação de argila e intemperismo dos minerais primá- Localmente, os depósitos de colúvios e tálus possuem
rios nos horizontes inferiores - “Argissolos”. A presença do potencial para extração de areia, cascallho e saibro de uso
gradiente textural determina uma condutividade hidráulica na construção civil.
diferenciada entre os horizontes, elevando a suscetibilidade Potencial para mineralizações secundárias de ferro e
à erosão desses solos. Apesar de terem boa profundidade manganês, a exemplo dos depósitos coluviais que estão
efetiva, é comum a ocorrência de pedregosidade e até sendo lavrados nos municípios de Sobral e Ocara, pro-
rochosidade, fato esse que limita bastante a mecaniza- venientes, respectivamente, da desagregação de rochas
ção agrícola. Mesmo assim, são solos bastante indicados ferríferas e manganesíferas.
para agricultura, com ressalvas para a necessidade de um
maior controle dos processos erosivos, principalmente nas Aspectos Ambientais e Potencial
áreas de maior declive. Nas áreas onde a mecanização fica Turístico/Geoturístico
impedida, seja pela declividade ou pela pedregosidade, a
agricultura de subsistência com o uso de pequenos imple- As áreas desse domínio, situadas nas baixas encostas
mentos de tração animal pode ser aplicada. e nos sopés do planalto da Ibiapaba e da chapada do
No extremo sudoeste do estado, abrangendo as Araripe, são de certa forma associadas ao contexto de
localidades de Salitre, Araripe, Campo Sales, Aiuaba beleza cênica e de atratividade turística/geoturística, dos
e Parambu, ocorrem solos muito profundos, bem de- rebordos erosivos e frentes escarpadas desses relevos
senvolvidos, em estágio avançado de intemperismo, serranos.
consequentemente com material coloidal com baixa
capacidade de troca de cátions. A reserva de nutrientes DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS
é muito reduzida, fato esse que não impede de serem EÓLICOS (DCE)
solos muito produtivos quando corrigidos e fertilizados
- “Latossolos”. São permeáveis, porosos e muito friáveis, Na região litorânea do Ceará esse domínio distribui-
com a permeabilidade variando de moderada (1,5 – 5,0 -se numa estreita faixa, de forma quase contínua, disposta
cm.h-1) quando a textura for argilosa a rápida (15,0 - 50,0 paralelamente à linha de costa, abrangendo uma área de
cm.h-1) quando a textura for média (REICHARDT, 2012). 907 km2, o que corresponde a 0,6% da superfície total
São pouco suscetíveis aos processos erosivos, ocorrendo do estado (Figura 4.25). Sua continuidade é interrompida,
em relevos mais suavizados, podendo ser amplamente vez por outra, pela presença de planícies fluviais ou flu-
mecanizados. Em alguns casos ocorrem grandes quan- viomarinhas, de tabuleiros costeiros (sedimentos do Grupo
tidades de concreções de ferro como as petroplintitas Barreiras) que se projetam até a linha de praia formando
- “lateritas” que reduzem proporcionalmente o volume falésias, e de pontais, ou promontórios, constituídos de
de solo disponível para as plantas e, consequentemente, rochas do embasamento pré-cambriano.
a quantidade de nutrientes e umidade. Além disso, des- As dunas costeiras são formadas pela acumulação
gastes por abrasão podem ser significativos quando se de sedimentos arenosos removidos da face de praia pela
pratica a mecanização nesses solos. ação dos ventos. Para que se desenvolvam são necessárias
as seguintes condições essenciais: 1- existência de estoque
Recursos Hídricos Subterrâneos abundante de sedimentos, com textura adequada; 2- atu-
e Fontes Poluidoras ação de ventos soprando costa adentro e com velocidades
suficientes para movimentar os grãos de areia; 3- existência
Aquíferos superficiais livres, de potencial hidrogeo- de superfície adequada para a mobilização e deposição dos
lógico normalmente baixo a muito baixo. Quando esses sedimentos e 4- baixo teor de umidade, visto que areias
depósitos são mais espessos e de composição arenosa, mais úmidas necessitam de maior energia eólica para iniciar
dependendo das condições climáticas locais, podem a movimentação dos grãos.
constituir mananciais para captação de água subterrânea, São constituídas de areias quartzosas, esbranquiçadas,
com potencial para atender a pequenas demandas. São, amareladas e acinzentadas, de granulação fina a média, bem
também, áreas importantes para a recarga dos aquíferos selecionadas, com grãos de quartzo foscos e arredondados.
das unidades geológicas subjacentes. Muitas vezes encerram níveis de minerais pesados, principal-
116
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Figura 4.25 - Distribuição espacial das unidades geológico- Obras de Engenharia
ambientais do domínio dos sedimentos cenozoicos eólicos - DCE
mente ilmenita. Estratificações cruzadas e plano-paralelas, Ambientes constituídos de sedimentos arenosos in-
de médio a grande porte, e marcas ondulares eólicas podem consolidados, submetidos à contínua movimentação pela
ser observadas em algumas exposições (BRANDÃO, 1995). dinâmica eólica. Obras e construções estabelecidas nas
No Mapa de Geodiversidade do Estado do Ceará, esse zonas de migração de dunas podem ser soterradas lenta-
domínio compreende duas unidades geológico-ambientais: mente pelo avanço das areias. Áreas inadequadas para a
Dunas Móveis - DCEm e Dunas Fixas - DCEf. Dunas móveis expansão urbana e da malha viária (Figura 4.27).
são aquelas caracterizadas pela ausência de vegetação fi- Terrenos instáveis, vulneráveis a desmoronamentos
xadora ou estabilizadora, que associada à sua estruturação e erosão em taludes de corte. Sujeitos ao fenômeno de
interna (baixa coesão dos grãos), favorece o deslocamento fluxo por liquefação de solos arenosos, que ocasiona a
contínuo dos grãos de areia pelos ventos, provocando a perda de resistência e o risco de colapsos das fundações
movimentação de todo o corpo dunar. neles implantadas. Nos terrenos interdunares, de topografia
Quando as condições dos depósitos são mais estáveis, plana, a presença do nível freático próximo à superfície
pela maior coesão dos grãos e pela presença de um reves- pode provocar alagamentos em obras de escavações,
timento vegetal, que detém ou atenua os efeitos da ação principalmente nos períodos chuvosos.
dos ventos, são denominadas de dunas fixas. Em grande A construção de moradias em dunas tem causado,
parte, os dois tipos coexistem lado a lado, não sendo possível dentre outros impactos ambientais, o aparecimento de
sua individualização em mapas de escalas regionais (como áreas de risco associadas a deslizamentos de encostas.
no presente trabalho) e, muitas vezes, as dunas móveis Esse fato ocorre, principalmente, nas áreas ocupadas por
encontram-se migrando sobre as dunas fixas (Figura 4.26). moradias de baixa renda, como na cidade de Fortaleza,
Importantes estudos executados na costa do Ceará onde o processo de favelização em dunas é mais intenso
(MAIA,1998; MORAIS, 2000; CLAUDINO-SALES; PEULVAST, (Figura 4.28). A constituição arenosa dos morros (favo-
2001; CASTRO, 2001; MEIRELES; SERRA, 2002; CARVALHO, recendo uma alta taxa de infiltração das águas pluviais
2003; MEIRELES et al., 2006, dentre outros), identificaram e, consequentemente, um elevado nível de saturação do
até cinco gerações distintas de depósitos eólicos, correlacio- solo), a declividade acentuada, a distribuição e pressão das
nando-as cronologicamente aos episódios de flutuações do habitações nas encostas, o acúmulo de lixo e entulho nos
nível do mar e de mudanças climáticas, ocorridos ao longo do taludes, o lançamento das águas servidas em superfície
Quaternário, em especial nos últimos 120.000 anos. Quanto ou em fossas (contribuindo para aumentar a saturação
à morfologia das dunas, diversos tipos, desde os mais simples do solo), a remoção da cobertura vegetal e a ação dos
até os de geometria mais complexa, ocorrem no litoral cea- ventos que promovem a remobilização dos sedimentos
rense, com predomínio das barcanas, parabólicas e lineares são os principais fatores que induzem as movimentações
117
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figura 4.27 - Estrada cortando campo de dunas, no município de Figura 4.29 - Aerogeradores instalados em dunas, na Prainha,
Aquiraz. A mobilização de grandes volumes de areia, pela ação dos município de Aquiraz.
ventos, resulta na necessidade de manutenção permanente para
desobstruir a pista e não inviabilizar o tráfego de veículos. dominantemente por quartzo, não são plásticos, em
virtude da baixa coesão entre as partículas de sílica, e
têm baixa capacidade de retenção de água e nutrientes,
apresentando alta condutividade hidráulica. São solos
excessivamente drenados, com baixos teores de matéria
orgânica, porém com rápida velocidade de decomposição
dela, alta resistência à compactação e baixa resistência
à erosão eólica - “Neossolos Quartzarênicos”. Algumas
plantas adaptadas desenvolvem-se nesses ambientes are-
nosos, como cajueiro, coqueiro e vegetação de restinga.
Mesmo assim, são áreas recomendadas para preservação
natural.
Ainda nessa unidade observam-se algumas estruturas
arenoquartzosas solidificadas que, devido ao crescimento
de sílica amorfa, em ciclos de umedecimento e secagem
do solo, eventualmente soldam as partículas de caulintas
adjacentes, terminando por ligar a matriz do solo, mesmo
Figura 4.28 - Ocupação inadequada de duna, provocando a sem preencher completamente o espaço poroso (KERR
instabilidade das encostas e o aparecimento de áreas de risco. et al., 2012). Essas estruturas podem reter um pouco de
Morro do Castelo Encantado, bairro do Mucuripe – Fortaleza. umidade, tendo como resultado o acúmulo de matéria
orgânica próxima a essa camada.
gravitacionais nessas áreas, principalmente em períodos
de pluviosidade elevada, quase sempre com resultados Recursos Hídricos Subterrâneos
desastrosos para seus habitantes. e Fontes Poluidoras
As áreas de dunas apresentam, de um modo geral,
condições favoráveis (topografia e disponibilidade de ven- Os depósitos de dunas (recentes e paleodunas) são
tos) para a implantação de parques geradores de energia aquíferos superficiais livres, de boa potencialidade hidro-
eólica (Figura 4.29). Devem ser construídos e operados de geológica, merecendo destaque na captação de água
forma muito bem controlada, a fim de minimizar o conjunto subterrânea de boa qualidade nas regiões costeiras, através
de impactos ambientais negativos provocados por esse tipo de poços tubulares rasos, com profundidades inferiores a
de empreendimento. 20 metros, e vazões médias de 5 a 10 m3/hora, podendo
atingir até 15 m3/hora. As dunas funcionam, também,
Agricultura como áreas de recarga para a unidade geológica subjacente
(sedimentos do Grupo Barreiras).
As dunas móveis são desprovidas de solos, portanto Em geral, os teores de sais apresentam concentrações
são inaptas para atividades agrícolas. As dunas fixas exi- inferiores a 500 mg/l, sendo que, eventualmente, são en-
bem pedogênese incipiente, seus solos são constituídos contradas águas cloretadas (com altos teores de sais). Deve-
118
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
119
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
resulta na formação de lagoas costeiras de grande atra- CARVALHO et al. (2008), dentre outros, caracterizam
tividade turística e de lazer, como as lagoas da Tatajuba, essas feições como depósitos eólicos pertencentes a uma
da Jijoca, do Cauípe, do Catu e do Uruaú, dentre outras geração mais antiga do que as dunas móveis recentes.
(Figura 4.33). Em grande parte, essas lagoas são ali- Os eolianitos originaram-se em tempos holocênicos de
mentadas através dos exutórios dos aquíferos dunares. nível relativo do mar mais baixo que o atual, quando os
Em algumas áreas, a migração de dunas ocasiona o as- sedimentos da plataforma continental adjacente, rica em
soreamento de ecossistemas aquáticos, como lagoas e carbonatos biogênicos, ficaram expostos e, posterior-
mangues. mente, foram removidos e depositados, por ação dos
As dunas vegetadas são consideradas áreas de pre- ventos, formando acumulações dunares. O processo de
servação permanente (Lei 4771, Art. 20, de 15/09/1965 cimentação das areias efetivou-se pela dissolução (por
– Código Florestal Brasileiro). Apesar de proibida pela ação de águas pluviais) e precipitação dos carbonatos,
legislação ambiental, a retirada da cobertura vegetal presentes nos fragmentos de conchas e carapaças bio-
fixadora das dunas é uma prática comum no litoral cea- gênicas marinhas.
rense, promovendo a transformação de dunas fixas em Segundo CARVALHO et al. (2008), um aspecto marcan-
dunas móveis. te dos eolianitos da costa cearense é o excelente estado de
Na costa noroeste do Ceará ocorrem depósitos eó- conservação de suas estruturas deposicionais internas, faci-
licos cimentados por carbonato de cálcio, denominados litando a interpretação da morfodinâmica costeira à época
de eolianitos, considerados como formações raras no de sua formação. Destaca-se, também, a exuberante beleza
litoral brasileiro. Os estudos desenvolvidos por MAIA et cênica que essas estruturas apresentam (Figura 4.34). Ainda,
al. (1997), CASTRO et al. (2006), CASTRO; RAMOS (2006), de acordo com os citados autores, os eolianitos (conhecidos
popularmente como cascudos) funcionaram
como importantes áreas de apoio e abrigo para
grupos de índios nômades, que de deslocavam
pelo litoral cearense antes da colonização por-
tuguesa. Nessas áreas há inúmeros registros de
ocupação humana antiga, representados por
vestígios de fogueiras e fragmentos de materiais
cerâmicos e líticos diversos. Devido à importân-
cia geocientífica, geoturística e arqueológica,
associada à necessidade de conservação/pre-
servação desse patrimônio da geodiversidade
brasileira, os eolianitos que ocorrem na região
das praias de Flecheiras e Mundaú (município de
Trairi) foram considerados pela Comissão Bra-
Figura 4.32 - Imagem do satélite QuickBird. Zona de promontório quartzítico sileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos –
(ponta do Iguape), no município de Aquiraz. A ocupação, principalmente por SIGEP, como um Geossítio, na categoria de Sítio
casas de veraneio, interfere no aporte eólico de sedimentos para o setor a Geomorfológico.
sotavento (à esquerda da foto), promovendo
a erosão da praia.
120
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Agricultura
121
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
com pedregosidade em superfície - “Argissolos”. Apesar e do vale do Cariri; e num conjunto de bacias interiores
da elevada fertilidade natural, cuidados são necessários menores – Iguatu, Icó, Lima Campos, Rio do Peixe e Lavras
quanto ao desenvolvimento de processos erosivos, princi- da Mangabeira, na porção centro-sul do estado. Essas
palmente nas áreas de maior declive, visto que a diferença bacias foram originadas no evento tectônico distensivo
textural pode provocar um diferencial de infiltração da responsável pela ruptura do paleocontinente Gondwana,
água, elevando sua suscetibilidade à erosão. A utilização com a consequente separação América do Sul - África e
de máquinas agrícolas é apropriada, à exceção das áreas formação do oceano Atlântico meridional, durante o final
de maior pedregosidade. do Jurássico e início do Cretáceo.
Em função das características composicionais e textu-
Recursos Hídricos Subterrâneos rais das rochas e, consequentemente, das diferentes impli-
e Fontes Poluidoras cações quanto ao uso e ocupação, além de outros aspectos
da geodiversidade, o domínio DCMR foi subdividido em três
As camadas horizontalizadas de areia e cascalho unidades geológico-ambientais, distribuídas por uma área
possuem moderado potencial armazenador e circulador de 6.500 km2, o que representa 4,5% do território cearense
de água subterrânea, enquanto as camadas de granu- (Figura 4.36). As diferentes formas de relevo associadas a
lometria mais fina (síltico-argilosas) possuem baixo a cada unidade estão mostradas no Quadro 4.5.
muito baixo potencial hidrogeológico. No conjunto, as Na unidade de geodiversidade DCMRa (predomínio
condições aquíferas da Formação Moura são considera- de sedimentos arenosos) foram agrupadas as formações
das limitadas. Exu, Missão Velha e Mauriti, pertencentes à bacia do Ara-
Nos locais onde os sedimentos arenosos e conglo- ripe; e as formações Icó, Lima Campos e Antenor Navarro,
meráticos afloram, os fluidos poluentes infiltram-se com que preenchem as pequenas bacias isoladas de Iguatu,
mais facilidade, aumentando o risco de poluição das Icó, Lima Campos, Rio do Peixe e Lavras da Mangabeira
águas subterrâneas, principalmente onde o lençol freático (Figura 4.37).
se encontra em baixas profundidades. Onde afloram os A unidade DCMRsa (predomínio dos sedimentos
sedimentos pelíticos, de baixo grau de permeabilidade, a síltico-argilosos) compreende os folhelhos e siltitos,
capacidade de percolação dos efluentes líquidos é redu- com intercalações de arenitos finos, das formações Brejo
zida, minimizando a vulnerabilidade à poluição/contami- Santo (bacia do Araripe) e Malhada Vermelha (bacias
nação dos aquíferos. de Iguatu, Lima Campos e Icó). A Formação Santana,
Potencial Mineral
122
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.5 - Formas de relevo associadas ao domínio dos Em certas áreas da unidade DCMRa os arenitos mostram-se
sedimentos cenozoicos e mesozoicos pouco a moderadamente bastante silicificados, tornando-se bem mais endurecidos
consolidados, associados a pequenas bacias
continentais do tipo rift – DCMR.
e resistentes (Figura 4.38).
Os solos residuais, dominantemente arenosos nas
Unidade áreas onde ocorre a unidade DCMRa, são naturalmente
Relevo
Geológico-Ambiental erosivos e desestabilizam-se com facilidade em taludes
de corte. No caso da unidade DCMRsa, a presença de
a – Tabuleiros
b – Chapadas e platôs folhelhos finamente laminados facilita os desplacamentos
c – Superfícies aplainadas em taludes de corte. Essas rochas podem gerar solos que
8 - Predomínio de sedimentos d – Morros e serras baixas contêm grande quantidade de argilominerais expansivos
arenosos - DCMRa e – Colinas dissecadas
(solos erosivos e colapsíveis), inadequados para uso como
e morros baixos
f – Montanhoso material de empréstimo e instáveis em taludes de corte.
g – Escarpas serranas Na unidade geológico-ambiental DCMRcsa, o pre-
domínio de rochas carbonáticas, que se dissolvem com
9 - Predomínio dos a – Tabuleiros
sedimentos síltico-argilosos b – Superfícies aplainadas facilidade pela ação das águas, pode formar cavidades
DCMRsa c – Morros e serras baixas subterrâneas que causam abatimentos e colapsos da su-
perfície do terreno. As grandes obras de engenharia devem
a – Colinas dissecadas
10 - Calcários com intercalações e morros baixos
ser precedidas de investigações geológicas e geotécnicas, a
síltico-argilosas b – Morros e serras baixas fim de identificar a possível existência dessas feições. Deve-
DCMRcsa c – Escarpas serranas -se evitar o excessivo bombeamento de água subterrânea,
d – Vales encaixados pois nas áreas de rochas calcárias pode causar o intenso
rebaixamento do lençol freático e, consequentemente,
pertencente à bacia do Araripe, foi enquadrada no induzir ou acelerar os processos de abatimento e colapso
Mapa Geodiversidade do Estado do Ceará, na unidade dos terrenos.
DCMRcsa (calcários com intercalações síltico-argilosas e
camadas evaporíticas).
123
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
solos muito fácies de serem preparados para o plantio. mento superficial. A manifestação da consistência está
Essa mesma característica determina uma baixa condu- intimamente relacionada ao teor de matéria orgânica no
tividade hidráulica não saturada, minimizando os efeitos solo, pois quanto maior for o teor menor serão os efeitos
da evapotranspiração nesses solos, quando se reduz a de expansão e contração das estruturas, a friabilidade será
ascendência da umidade através da capilaridade - “Ne- elevada e a compactação poderá ser reduzida.
ossolos Quartzarênicos”. A pequena capacidade de troca A região do Cariri (sul do estado), geologicamente
catiônica dos constituintes da fração areia determina o sustentada por rochas da bacia do Araripe, é coberta
baixo poder tampão ao material arenoso, sendo reco- por vales espraiados e coalescentes, formados a partir
mendável o emprego parcelado de insumos e corretivos da ramificação da drenagem originada pelas centenas
do solo para evitar a perda, ou mesmo a supersaturação de fontes e ressurgências, que brotam no contato entre
(OLIVEIRA, 2005). arenitos e formações pelíticas subjacentes, nos rebordos
Apesar de os solos presentes das unidades DCMRsa da chapada do Araripe. Apresenta condições hídricas
e DCMRcsa serem síltico-argilosos e argilosos, a atividade (superficiais e subterrâneas) excelentes e solos muito
da argila elevada é que vai comandar os fenômenos de ex- profundos, estratificados, de alta fertilidade natural, com
pansão e contração das estruturas dos solos. Apresentam grande variação vertical e horizontal em todos os seus
significativas mudanças em suas condições físicas quando atributos morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos
estão secos ou molhados. Quando secos surgem fendas - “Neossolos Flúvicos”. É comum a presença de mosque-
centimétricas devido à elevada contração e, quando estão ados nesses solos, indicativos dos processos temporários
molhados, elas somem com a expansão das unidades de redução e oxidação em função da influência do lençol
estruturais, normalmente prismáticas colunares. Quando freático e da proximidade com os leitos dos rios. São solos
secos a condutividade hidráulica inicial pode alcançar sujeitos a inundações periódicas, porém o fato de estarem
próximo de 100 mm h-1, enquanto que molhados pode localizados em condições de relevo e de mananciais hídri-
reduzir-se a 2 mm h-1 (BRADY, 2013). A mecanização cos favoráveis, potencializa sua vocação para produções
fora dos limites ideais de umidade torna-se inaplicável, agrícolas diversificadas.
principalmente quando o solo está molhado e a consis-
tência fica muito pegajosa. Quando seco, o fendilhamento Recursos Hídricos Subterrâneos
intenso do solo pode levar à ruptura do sistema radicular e Fontes Poluidoras
das plantas - “Vertissolos”. Por outro lado, são solos muito
férteis, com boa reserva natural de nutrientes, em alguns As formações predominantemente de natureza pelíti-
casos, como os “carbonáticos” provindos de alteração ca (Brejo Santo e Malhada Vermelha) da unidade DCMRsa
das rochas calcárias (unidade DCMRcsa). Apresentam são impermeáveis a semipermeáveis, de baixo a muito baixo
alta capacidade de reter e fixar nutrientes e de assimilar potencial hidrogeológico. Localmente podem apresentar
matéria orgânica (Figura 4.39). condições aquíferas, devido às intercalações com níveis
Apesar de ocorrerem em áreas de relevo plano e areníticos.
suavemente ondulado, são solos bastante erosivos devido O potencial hidrogeológico das rochas calcárias
à baixa condutividade hidráulica, que favorece o escoa- (unidade DCMRcsa) é bastante irregular: o fluxo de
água subterrânea se dá através de fraturas e canais
de dissolução, funcionando como aquíferos fissurais.
Esses terrenos podem conter cavidades subterrâneas,
onde as águas se acumulam em volumes consideráveis,
formando aquíferos cársticos que fornecem boas vazões
em poços tubulares.
Grande capacidade transmissora e armazenadora
de água subterrânea nos arenitos da unidade DCMRa,
resultando em aquíferos de elevada produtividade, como
as formações Missão Velha e Mauriti (bacia do Araripe).
No aquífero Missão Velha são encontradas as maiores
vazões, em todo o estado do Ceará, em captações feitas
por poços tubulares, chegando a 300 m3/hora. Elevado
potencial de recarga dos aquíferos, principalmente nas
superfícies planas de platôs e topos de chapadas. É o
caso do arenito Exu, que ocorre capeando a chapada
do Araripe: sua capacidade de armazenamento de água
Figura 4.39 - Aspecto de solo argiloso, de cor avermelhada, com
bom potencial agrícola, desenvolvido sobre folhelhos e siltitos da
é baixa, porém é uma excelente área de recarga para as
Formação Brejo Santo. unidades subjacentes.
124
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Aproveitamento de rochas calcárias para fabricação tetos), agricultura, medicina ortopédica e indústrias diversas
de pisos e revestimentos. Nesse domínio são produzidos, (papel, tintas etc.).
em larga escala, a partir dos calcários laminados da No âmbito da unidade DCMRa existem áreas com
Formação Santana (bacia do Araripe), destacando-se as potencial para extração de areia para uso na construção
minas dos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda civil. Água mineral é outro recurso com potencial de explo-
(Figura 4.40). Em grande parte, essa atividade causa ração, com destaque para as fontes da bacia do Araripe,
impactos ambientais relacionados à lavra predatória, em especial do aquífero Missão Velha. Argilitos e siltitos,
que avança sobre depósitos fossilíferos, à disposição presentes na unidade DCMRsa, podem ser utilizados como
inadequada dos rejeitos, à degradação paisagística e à materiais de construção civil.
desestabilização de encostas. As rochas carbonáticas
também têm potencial para a fabricação de cimento, Aspectos Ambientais e Potencial
cal, e corretivo de solos. Turístico/Geoturístico
Existência de importantes depósitos de gipsita, que
ocorrem intercalados nas rochas calcárias, destacando-se As formas de relevo modeladas nas rochas da bacia
as áreas onde existem minas na bacia do Araripe, principal- sedimentar do Araripe, como chapadas, escarpas e tabulei-
mente em Santana do Cariri (Figura 4.41). Quando calcinada ros (mesetas), além de afloramentos rochosos que exibem
a gipsita dá origem ao gesso, que possui múltiplas apli- interessantes feições ruiniformes, resultantes da ação ero-
cações: construção civil (fabricação de cimento, paredes e siva em arenitos, constituem locais de significativa beleza
cênica, com potencial para o desenvolvimento de atividades
turísticas/geoturísticas (Figuras 4.42, 4.43 e 4.44).
A bacia sedimentar do Araripe representa um pa-
trimônio geológico-paleontológico de grande interesse
científico e geoturístico, caracterizado por importantes
registros da evolução geológica do período Cretáceo e
por abundantes depósitos fossilíferos, muito bem preser-
vados, dos mais diversos tipos de animais e plantas. Para
proteger e valorizar esse acervo geocientífico, foi criado
pela UNESCO, em 2006, o Geoparque Araripe, primeiro e
único das Américas, com uma área de aproximadamente
3.520 km2 (Figura 4.45).
Merece destaque, também, a Floresta Nacional do
Araripe – FLONA, primeira floresta nacional criada no país,
no ano de 1946, que ocupa os níveis de cimeira da chapada
do Araripe, onde predomina vegetação dos tipos cerrado
e cerradão (Figura 4.46).
Figura 4.40 - Atividade de lavra em calcários laminados da
Nas áreas de declives acentuados (relevo montanhoso,
Formação Santana (bacia do Araripe), para produção de lajotas escarpas serranas, degraus estruturais e rebordos erosivos),
usadas em pisos e revestimentos – pedra cariri. a suscetibilidade à erosão e movimentos de massa é alta.
125
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
126
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
127
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
dições morfogenéticas são de elevada instabilidade. Essas à baixa coesão e adesão das partículas, podem desenvolver
áreas são submetidas à erosão e solapamentos, pela ação erosão nas áreas mais declivosas, principalmente em áreas
das ondas do mar, pela concentração de águas pluviais e de tabuleiros dissecados.
também por atividades antrópicas. Apesar das condições Predominam, nesse domínio, as culturas de caju, coco,
limitantes, construções de empreendimentos hoteleiros, feijão, milho e mandioca, geralmente como atividades
casas de veraneio e vias de acesso, são as principais formas econômicas de subsistência. As condições topográficas
de ocupação das falésias, em muitos casos provocando (relevo plano a suavemente ondulado) favorecem a prática
e/ou acelerando o processo de desestabilização desses de agricultura mecanizada.
ambientes. É comum a ocorrência de uma camada subsuperficial
com baixo conteúdo de matéria orgânica e alta densidade
Agricultura aparente, baixa condutividade hidráulica e com consistência
extremamente dura quando seca - “fragipã”. Encontra-se,
Os solos deste domínio dividem-se em dois grupos comumente, em solos de textura média, principalmente
a partir da divisa entre os municípios de Eusébio e Aqui- nos tabuleiros costeiros. A profundidade de ocorrência dos
raz, predominando os Argissolos até o limite norte com fragipãs influencia diretamente o regime hídrico do solo,
o estado do Piauí e os Neossolos Quartzarênicos até o afetando também o desenvolvimento do sistema radicular
limite sul com o Rio Grande do Norte. Subordinadamente, das plantas. Além disso, a sua espessura deverá também ser
esses solos estão associados aos Latossolos em toda a dimensionada para eventual manejo como, por exemplo,
unidade DCT. a subsolagem.
A principal característica dos solos da porção norte
é a diferença textural do horizonte subsuperficial com Recursos Hídricos Subterrâneos
o horizonte suprajacente, fato este que provoca um e Fontes Poluidoras
diferencial de infiltração de água no solo que, quando
abrúptico, torna-se muito suscetível à erosão. Essa sus- O potencial para captação de água subterrânea do
cetibilidade aumenta nas áreas de borda dos tabuleiros domínio DCT é variável e irregular, de acordo com o tipo
e, também, à medida que a declividade do terreno é de sedimento dominante na área de interesse, sendo
elevada. moderado nos mais arenosos e conglomeráticos, e baixo
Apesar de o relevo ser plano ou suave ondulado, a muito baixo nos siltosos e argilosos. As condições aquí-
principalmente nas áreas de topo, propiciando a meca- feras podem ser potencializadas nas áreas recobertas por
nização, a fertilidade natural é baixa, requerendo muitas depósitos arenosos eólicos (domínio DCE), que funcionam
vezes a adição de corretivos e fertilizantes. São solos muito como áreas de recarga hídrica, formando o sistema aquífero
profundos, bem drenados, permeáveis, normalmente de Dunas-Barreiras.
coloração vermelho-amarelada ou amarelada, com textura Apesar de não ser considerado um bom aquífero, sua
mais grosseira em superfície. explotação é bastante intensa, devido ao amplo espaço
Subordinadamente ocorrem solos com pouca ou geográfico que ocupa na zona costeira (região de alta
quase nenhuma variação textural, muito desenvolvidos, densidade populacional) e à sua relativa capacidade para
muito profundos, permeáveis, bastante friáveis e com atender a pequenas e médias demandas.
baixa fertilidade natural, localizados nas áreas mais As águas, no geral, não apresentam boa qualidade
planas de topo - “Latossolos”. São muito resistentes à química, com valores de STD (sólidos totais dissolvidos)
erosão, bem estruturados, mas também requerem o que podem ultrapassar 1.700 mg/L (CPRM, 2010), o que
incremento de corretivos e fertilizantes para alcançar significa altas concentrações de sais. Além disso podem
boas produtividades. apresentar, em determinadas áreas, elevados teores de
Na porção mais a sul, predominam solos de com- ferro.
posição arenoquartzosa, muito profundos, com elevada O Grupo Barreiras caracteriza-se pelas intercalações
condutividade hidráulica saturada, fortemente drenados, irregulares de material síltico-argiloso, de baixa permeabili-
com baixa capacidade de retenção de umidade e de nu- dade, com sedimentos arenosos e conglomeráticos de alta
trientes - “Neossolos Quartzarênicos”. Subordinadamente permeabilidade. Portanto, a vulnerabilidade à contaminação
ocorrem solos semelhantes, diferindo-se deles por apre- do lençol freático pode variar de baixa a elevada, dependendo
sentar um maior teor de argila, com valores pouco acima dos sedimentos que ocorrem nas camadas mais superficiais.
de 15%. Apresentam avançado estágio de intemperismo,
com material coloidal com baixa capacidade de troca ca- Potencial Mineral
tiônica, com reservas de nutrientes também muito baixas.
São solos de fácil preparo para o plantio, amplamente Áreas favoráveis à extração de areia, argila e cascalho
mecanizáveis, mas que necessitam fortemente de corre- para uso na construção civil, sendo observadas inúmeras
tivos e fertilizantes para alcançar uma boa produtividade atividades de lavra (areia fina ou areia vermelha) na faixa
- “Latossolos”. Apesar de serem muito permeáveis, devido costeira do Ceará, principalmente nos municípios de Cau-
128
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
129
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES Figura 4.57 - Distribuição espacial das unidades geológico-ambientais
MESOZOICAS CLASTOCARBONÁTICAS, do domínio das sequências sedimentares clastocarbonáticas,
consolidadas em bacias de margens continentais (rift) – DSM.
CONSOLIDADAS EM BACIAS DE MARGENS
CONTINENTAIS RIFT (DSM) Quadro 4.7 - Formas de relevo associadas ao domínio das
sequências sedimentares clastocarbonáticas, consolidadas em
bacias de margens continentais (rift) – DSM.
Esse domínio é representado, no estado do Ceará, pela
borda oeste da bacia Potiguar, formada a partir da fragmen- Unidade
tação do paleocontinente Gondwana, que resultou num rift Geológico-Ambiental Relevo
de direção NE-SW preenchido por sedimentos neocretácicos e
a - Superfícies aplainadas
terciários. A maior parte da bacia Potiguar está contida no es- 12 - Predomínio de sedimentos conservadas
tado do Rio Grande do Norte. No Ceará distribui-se na porção quartzoarenosos e conglomeráti- b - Superfícies aplainadas
nordeste do estado, compreendendo terrenos da chapada do cos, com intercalações de sedimen- retocadas ou degradadas
Apodi e superfícies aplainadas a suavemente onduladas que tos síltico-argilosos e/ou calcíferos c - Colinas amplas e suaves
– DSMqcg d - Degraus estruturais e
bordejam o vale do rio Jaguaribe. O domínio DSM foi subdividi- rebordos erosivos
do em duas unidades geológico-ambientais, conforme as suas
variações litológicas, totalizando 2.856 km2, que representam 13- Predomínio de calcários e se-
a- Baixos platôs
dimentos síltico-argilosos - DSMc
2,0% da área do estado (Figura 4.57). As formas de relevo,
associadas a essas unidades, são mostradas no Quadro 4.7.
A unidade DSMc (predomínio de calcários e sedimentos Limitações e Adequabilidades
síltico-argilosos) compreende a sequência carbonática da Frente ao Uso e Ocupação
Formação Jandaíra, que é formada por calcários, intercalados
com margas, folhelhos, siltitos e evaporitos. Ocorre capeando Obras de Engenharia
o topo da chapada do Apodi. A Formação Açu, constituída
de arenitos cinzentos e avermelhados, de granulação fina a As rochas do domínio DSM são, em geral, pouco a mo-
grossa, localmente conglomeráticos, e interestratificados com deradamente coesas, apresentando baixa a média resistência
siltitos e folhelhos (CAVALCANTE et al., 2003), está sotoposta ao corte e à penetração, e podendo ser escavadas com certa
à Formação Jandaíra, aflorando nos rebordos erosivos da cha- facilidade com máquinas e ferramentas leves. Em certas áreas
pada do Apodi e nos pediplanos subjacentes. É representada, da unidade DSMqcg, os arenitos podem se mostrar bastante
no Mapa Geodiversidade do Estado do Ceará, pela unidade silicificados, tornando-se bem mais endurecidos e resistentes.
geológico-ambiental DSMqcg (predomínio de sedimentos Nas áreas onde ocorrem os sedimentos carbonáticos,
quartzoarenosos e conglomeráticos, com intercalações de da unidade DSMc, podem ocorrer cavidades superficiais e
sedimentos síltico-argilosos e/ou calcíferos). subterrâneas (dolinas e cavernas), formadas pela dissolução
130
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Agricultura
Figura 4.58 - Imagem de satélite mostrando parte do perímetro
Os solos provenientes da Formação Açu (unidade irrigado na chapada do Apodi. Fonte: Google Earth.
DSMqcg) caracterizam-se pelo incremento de argila em
subsuperficie, provocando um diferencial de infiltração dominantemente de natureza arenosa, possui alta capaci-
de água no solo que, quando abrúptico, torna-se muito dade transmissora e armazenadora de água subterrânea,
suscetível à erosão - “Argissolos”. A ocorrência de cama- resultando em produtividade elevada dos poços perfurados
das mais arenosas em superfície, em princípio, é benéfica, nesses terrenos.
pois minimiza os efeitos da evapotranspiração, com a As rochas carbonáticas podem conter cavidades
diminuição dos efeitos da capilaridade e, por outro lado, subterrâneas, onde as águas se acumulam em volumes
a condição mais argilosa em subsuperfície eleva a capaci- significativos, formando aquíferos cársticos, como nos
dade de retenção tanto de umidade quanto de nutrientes calcários da Formação Jandaíra, que fornecem elevadas
no solo. São solos profundos, bem estruturados, com boa vazões nas captações feitas por poços tubulares. Nessas
fertilidade natural, mais por influência dos materiais ricos áreas, a qualidade da água pode estar comprometida por
em bases provenientes da formação suprajacente. altos teores de carbonato de cálcio (água dura), muitas
Nas áreas da unidade DSMc os solos encontram-se em vezes servindo apenas para irrigação.
estágio intermediário de intemperismo, onde as alterações Cuidados especiais devem ser tomados com a ins-
físicas, químicas e mineralógicas ainda não estão muito talação de fontes potencialmente poluidoras nas áreas
avançadas, apresentando teores elevados de minerais do domínio DSM. A unidade DSMqcg é constituída de
primários facilmente intemperizáveis. São solos profundos sedimentos e solos arenosos, bastante percolativos, o que
e pouco profundos que não apresentam muita variação torna esses terrenos altamente vulneráveis à contaminação
ou incremento de argila em profundidade, mas possuem das águas subterrâneas. Com relação à unidade DSMc, a
boa fertilidade natural devido ao material carbonático da vulnerabilidade também é elevada, principalmente pela
Formação Jandaíra. Com estrutura ainda em desenvolvi- existência de ligações diretas entre as águas superficiais e
mento, os processos de infiltração de água no solo são subterrâneas, através de canais de dissolução e fraturas nas
deficientes, exigindo cuidados com o desenvolvimento de rochas calcárias. Níveis preocupantes de contaminação por
processos erosivos, mesmo levando-se em conta o relevo fertilizantes e defensivos agrícolas (agrotóxicos), têm sido
suave em que ocorrem. observados nas águas do aquífero Jandaíra.
O perímetro irrigado da chapada do Apodi, no muni-
cípio de Limoeiro do Norte, instalado sobre solos derivados Potencial mineral
de calcários da Formação Jandaíra, é o principal polo agrí-
cola do Ceará (Figura 4.58). As condições de relevo plano A bacia Potiguar possui reservas de hidrocarbonetos
(chapadas e baixos platôs) são amplamente favoráveis à (petróleo e gás), tanto em áreas marítimas como terrestres,
mecanização agrícola. nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Na porção
cearense da bacia os campos petrolíferos terrestres situam-
Recursos Hídricos Subterrâneos -se entre os municípios de Icapuí e Aracati, sendo o principal
e Fontes Poluidoras na localidade Fazenda Belém, onde existem mais de 500
poços (Figura 4.59). As rochas-reservatório são os arenitos
A bacia sedimentar Potiguar comporta a segunda da Formação Açu, que não afloram na área de exploração,
maior reserva hídrica subterrânea do estado do Ceará (a estando recobertos pelos calcários da Formação Jandaíra
primeira está contida na bacia do Araripe). O aquífero Açu, (subaflorante na área) e por sedimentos do Grupo Barreiras.
131
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
132
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.61 - Vista da frente escarpada do planalto da Ibiapaba, Figura 4.62 - Arenito silicificado do Grupo Serra Grande, exibindo
na fronteira entre o Ceará e o Piauí. O topo da chapada é padrão de fraturamento vertical, que facilita a desestabilização de
sustentado por uma cornija de arenitos bastante litificados. encostas e taludes.
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
133
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
4.63). Apesar da boa capacidade de infiltração de água, a da Ibiapaba um importante polo de atração turística/
baixa coesão e adesão entre as partículas do solo favorecem geoturística no estado do Ceará (Figuras 4.64 e 4.65). As
a erosão, requerendo a aplicação de técnicas de controle condições de maior umidade e temperaturas mais amenas,
de processos erosivos. determinadas pelas altitudes do planalto, que chegam
Apesar das limitações naturais dos solos, as condições até cerca de 900 metros, criam um enclave climático
climáticas favoráveis (índices de precipitação mais elevados diferenciado do contexto semiárido predominante no
e melhor regularidade das chuvas) e o relevo plano nas território cearense.
áreas de topo da chapada da Ibiapaba, propiciam um bom Na chapada da Ibiapaba está localizado o Parque Na-
desenvolvimento de culturas de longo e curto ciclo, com cional de Ubajara, criado em 1959, em uma área de 563 ha,
uso de adubação e corretivos de acidez dos solos. e considerado o menor parque nacional do Brasil. Dentro
do parque ocorre a gruta de Ubajara, formada em calcários
Recursos Hídricos Subterrâneos proterozoicos do domínio DSP1, que será descrito mais
e Fontes Poluidoras adiante. Situada nas vertentes da chapada, representa um
patrimônio espeleológico de grande importância científica
Aquíferos porosos, de constituição arenítica e con- e turística/geoturística (Figura 4.66).
glomerática, apresentando bom potencial armazenador e Nas áreas escarpadas e nos rebordos erosivos da cha-
circulador de água subterrânea. Nas áreas onde os arenitos pada os declives acentuados, associados à degradação da
exibem alto grau de silicificação e/ou diagênese, reduzindo
sua permoporosidade primária, costumam estar mais fra-
turados, funcionando como aquíferos poroso-fissurais. A
natureza arenosa das rochas e dos solos favorece a recarga
das águas subterrâneas, principalmente nas superfícies
planas de platôs e topos de chapadas.
A concentração de sólidos totais dissolvidos (STD),
verificada na grande maioria dos poços perfurados nessa
unidade, situa-se abaixo de 500 mg/l, o que significa uma
qualidade química muito boa das águas.
Os solos arenosos são bastante permeáveis, apresen-
tando baixa capacidade de reter e eliminar poluentes, o que
torna esses terrenos altamente vulneráveis à contaminação/
poluição dos mananciais hídricos subterrâneos. Em alguns
locais os arenitos mostram-se bem fraturados, o que, além
da permeabilidade primária da rocha, contribui para facilitar
a percolação de efluentes líquidos, que podem rapidamente
Figura 4.64 - Frente de escarpas da serra da Ibiapaba, vista
atingir o nível freático. do mirante do Parque Nacional de Ubajara. Altitudes de até
900 metros determinam condições climáticas mais úmidas,
Potencial Mineral diferenciadas do contexto semiárido cearense.
134
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
135
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Quadro 4.9 - Formas de relevo associadas ao domínio dos aproveitamento desses solos com culturas de pequeno
complexos alcalinos intrusivos e extrusivos, diferenciados do desenvolvimento radicular e pastagens.
Terciário, Mesozoico e Proterozoico – DCA.
Agricultura
136
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
137
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Sedimentos síltico-argilosos podem ser maciços e culturas adaptadas a esses solos: palma, abacaxi, e algumas
bastante rijos, ou então finamente laminados e de alta gramíneas. É comum observar a ocorrência de pedregosi-
fissilidade, além de serem portadores de argilominerais dade em superfície, além de solos expostos, em face das
expansivos, fendilhando-se e desestabilizando-se com sérias limitações para o desenvolvimento das plantas.
facilidade em taludes de corte.
Geralmente as rochas vulcânicas da unidade DSVEv Recursos Hídricos Subterrâneos
mostram-se bem fraturadas, favorecendo o desprendimento e Fontes Poluidoras
de blocos em taludes de corte. Alteram-se para solos argilo-
sos ou argilossiltosos que, quando pouco evoluídos, podem O potencial hidrogeológico é baixo nas áreas dominadas
apresentar grande quantidade de argilas expansivas, cau- por sedimentos síltico-argilosos e argilosos, e também nas
sando desestabilização em taludes de corte. Quando bem áreas onde os arenitos e conglomerados têm sua permopo-
evoluídos (pedogênese avançada) são pouco erosivos, com rosidade primária reduzida devido ao elevado grau de dia-
boa capacidade de compactação, boa estabilidade em ta- gênese e/ou silicificação, caracterizando-se como aquíferos
ludes e adequados para uso como material de empréstimo. poroso-fissurais, onde as fraturas têm papel fundamental
como meio de circulação e armazenamento de água. Onde
Agricultura ocorrem rochas vulcânicas (unidade DSVEv) o potencial hidro-
geológico é bastante irregular, dependendo da densidade e
A unidade DSVEs reúne solos pouco espessos e rasos, das interconexões entre fraturas (aquíferos fissurais).
com pequena expressão dos processos pedogenéticos, Considerando-se a alternância entre rochas de carac-
sem grandes modificações do material parental. Apresenta terísticas granulométricas distintas, na unidade DSVEs, que
severas restrições ao desenvolvimento radicular em face do no processo de intemperismo formam solos de diferentes
contato lítico ocorrer próximo de 50 cm de profundidade. índices de permeabilidade, a vulnerabilidade dos terrenos
Essa característica determina um volume reduzido de à contaminação das águas subterrâneas pode variar de
“ancoragem” para as plantas, facilitando o tombamento e alta nos sedimentos e solos arenosos, a baixa nos síltico-
restringindo a sua utilização apenas para plantas de sistema -argilosos.
radicular não muito desenvolvido. Quando as rochas da unidade DSVEv apresentam-se
Os solos provenientes do intemperismo das rochas muito fraturadas, a percolação de fluidos poluentes é facili-
vulcânicas são pouco profundos, com incremento de argila tada por essas estruturas. Por outro lado, os solos argilosos
em subsuperfície, caracterizando um gradiente textural que, possuem boa capacidade de reter e eliminar poluentes.
quando abrúptico, tornam-se muito suscetíveis à erosão -
Argissolos. Essa suscetibilidade intensifica-se à medida que se Potencial Mineral
eleva a declividade. Por outro lado, são solos ricos em bases,
normalmente com presença de esmectitas e com drenagem Ambiência geológica favorável a mineralizações hidro-
interna moderada. No caso das vulcânicas básicas são solos termais de ferro, associadas ou não a cobre, destacando-
ainda mais ricos em nutrientes para as plantas, principalmen- se aquelas na sequência vulcanossedimentar da bacia do
te Ca e Mg, potencializando sua fertilidade natural. Jaibaras, controladas por zonas de cisalhamento. PAREN-
Nas áreas de baixada da unidade DSVEs, onde os TE et al. (2005) advogam que o minério de Fe-Cu foi, em
solos são provenientes dos arenitos e conglomerados, há grande parte, originado dos arenitos oxidados e das rochas
predominância de solos quartzoarenosos em superfície, vulcânicas basálticas toleíticas intercaladas. Posteriormente,
com transição abrúptica para o horizonte sobrejacente de a intrusão de corpos graníticos promoveu o metamorfismo
textura mais fina, adensado, com permeabilidade lenta ou das rochas hospedeiras e remobilizou as concentrações
muito lenta - Planossolos. A baixa condutividade hidráulica pré-existentes, reconcentrando-as em zonas de forte al-
nesse horizonte pode provocar a formação de lençol sus- teração hidrotermal e brechação ao longo de estruturas
penso em períodos mais úmidos do ano, estabelecendo um dúctil-frágeis ou frágeis. Segundo esses autores, a tipologia
ambiente redutor causando danos aos sistemas radiculares das ocorrências é variada: granitos (intrusivos no conjunto
das plantas não adaptadas ao encharcamento. vulcanossedimentar) brechados com pirita e calcopirita
A presença de sódio nesses solos pode ser um agra- disseminados, recortados por vênulas de óxido de ferro;
vante, pois as estruturas do horizonte B tornam-se pris- brechas vulcânicas epidosíticas; brechas hematítico-silicosas
máticas e colunares devido ao processo de dispersão das maciças e corpos magnetítico-hematíticos tabulares, ma-
argilas, provocado por esses íons, diminuindo ainda mais a ciços, que gradam lateralmente entre si.
permeabilidade nesses solos. A consistência fica muito dura Na bacia do Cococi, foram registradas ocorrências
quando seco, dificultando tanto a aração e gradagem, e de cobre associadas a rochas vulcânicas ácidas e de veios
as limitações são tão mais expressivas quanto mais super- mineralizados em barita encaixados em metassiltitos.
ficiais forem esses horizontes adensados. São solos muito Os conglomerados das bacias do Jaibaras e Cococi são
suscetíveis à erosão em face das deficiências de drenagem, aproveitados como rochas ornamentais e de revestimentos
principalmente nos relevos mais acidentados. Poucas são as (Figuras 4.72 e 4.73).
138
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.73 - Detalhe de um bloco de conglomerado extraído Figura 4.74 - Distribuição espacial das unidades geológico-
da pedreira mostrada na figura anterior. ambientais do domínio das coberturas sedimentares proterozoicas,
Foto cedida por José Adilson Dias Cavalcanti. não ou muito pouco dobradas e metamorfizadas - DSP1.
139
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Agricultura
Figura 4.75 - Ardósias da Formação Caiçaras (Grupo Ubajara).
Na unidade DSP1acgsa predominam solos residuais de Observa-se problema geotécnico em talude de corte, relacionado
pequena profundidade efetiva com contato lítico a menos a desplacamentos nos planos de clivagem da rocha.
de 50 cm, devido à pouca alteração do material de origem. Estrada que liga Sobral a Frecheirinha.
140
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Potencial Mineral
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GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
142
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.12 - Formas de relevo associadas ao domínio das sequências sedimentares proterozoicas dobradas,
metamorfizadas de baixo a alto grau - DSP2.
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
a - Planaltos
b - Superfícies aplainadas retocadas ou degradadas
22 - Predomínio de metassedimentos síltico-argilosos, c - Inselbergs e outros relevos residuais
representados por xistos, com intercalações de d - Colinas amplas e suaves
metassedimentos arenosos, metacalcários e e - Colinas dissecadas e morros baixos
calcissilicáticas – DSP2mxaccal f - Morros e serras baixas
g - Montanhoso
h - Degraus estruturais e rebordos erosivos
a - Planaltos
b - Superfícies aplainadas retocadas ou degradadas
23 - Predomínio de metacalcários, com intercalações
c - Inselbergs e outros relevos residuais
subordinadas de metassedimentos síltico-argilosos e
d - Colinas amplas e suaves
arenosos – DSP2mcsaa.
e - Morros e serras baixas
f - Montanhoso
143
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
144
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
de natureza síltico-argilosa não é favorável à recarga dos gulares, maciços, e em veios (Figura 4.84). Estão associados,
aquíferos. O potencial de explotação hidrogeológica dos preferencialmente, a corpos lenticulares de mármores e de
metacalcários (unidade DSP2mcsaa ) é local e bastante irre- rochas calcissilicáticas, intercaladas em rochas metapelíticas
gular, sendo normalmente baixo: aquíferos fissurais, onde o e metapsamíticas, meso a neoproterozoicas, metamorfi-
fluxo de água subterrânea se dá através de fraturas e canais zadas em fácies anfibolito alto (CASTRO et al., 2005). A
de dissolução nos calcários. Podem, eventualmente, conter cubagem da jazida indicou uma reserva de 142.500 t de
grandes cavidades subterrâneas armazenadoras de água, minério de urânio, com teor médio de 0,19% de U3O8, e
formando aquíferos cársticos, cuja potencialidade depende 18.000.000 t de minério de fosfato, com teor médio de
das condições climáticas locais (taxas de precipitação). 6,35% de P205 (MENDONÇA et al., 1985).
Quanto à suscetibilidade à poluição/contaminação das
águas subterrâneas, por efluentes líquidos, as característi-
cas de permoporosidade secundária (grau de fraturamento
alto) dos quartzitos, metarenitos e metaconglomerados,
além da elevada permeabilidade de seus solos arenosos,
facilitam a percolação de fluidos poluentes, que podem
atingir o nível freático. Nas áreas onde ocorrem metasse-
dimentos síltico-argilosos, os solos são pouco permeáveis
e de alta capacidade de reter e eliminar poluentes. Onde
são espessos, o potencial de contaminação do lençol fre-
ático é baixo. Já nas áreas onde afloram os metacalcários,
podem existir ligações diretas entre a superfície e as águas
subterrâneas, através de canais e cavidades formados por
dissolução dessas rochas, configurando alta vulnerabilidade
à poluição/contaminação dos lençóis freáticos. Deve-se Figura 4.84 - Veios de colofanito (minério de urânio),
evitar a instalação de fontes potencialmente poluidoras em preenchendo fraturas em metacalcários. Jazida de Itataia,
município de Santa Quitéria.
áreas onde ocorram essas feições de dissolução cárstica.
Foto cedida por José Adilson Dias Cavalcanti.
Potencial Mineral
Aspectos Ambientais e Potencial
Metarenitos e quartzitos têm potencial para utilização Turístico/Geoturístico
em revestimentos e como pedras de cantaria. O manto de
alteração dessas rochas, à base de quartzo, pode servir Em terrenos do domínio DSP2, encontram-se partes de
como fonte de areia e saibro, para uso na construção civil. duas regiões do estado consideradas como de alta susceti-
Os metacalcários podem ser aproveitados como rochas bilidade à desertificação: Núcleo dos Sertões de Irauçuba e
ornamentais e de revestimentos, brita, cimento, corretivo Núcleo dos Sertões dos Inhamuns, onde a semiaridez é mais
de solo e na indústria de tintas (Figura 4.83). acentuada (com índices pluviométricos médios inferiores
No município de Santa Quitéria (região centro-norte a 600 mm anuais) e os efeitos da ocupação histórica de-
do Ceará) localiza-se a jazida fósforo-uranífera de Itataia, sordenada são mais marcantes. Esses fatores combinados,
considerada a maior reserva de urânio do país. Inserida resultam em um quadro de degradação ambiental gene-
no contexto geológico da sequência metacarbonática da ralizada, que envolve os meios físico, biótico e antrópico,
unidade DSP2mcsaa, a jazida é constituída de colofanitos caracterizando os processos de desertificação.
(minério de urânio) que ocorrem sob a forma de corpos irre- Os variados tipos litológicos, na área de definição do
domínio DSP2, formados em diferentes ambientes depo-
sicionais, fortemente deformados e metamorfizados, e
intensamente modelados pelos processos erosivos, geraram
padrões de relevo bastante diversificados, como colinas,
morros, serras e montanhas, que destacam certas áreas
como potenciais atrativos turísticos/geoturísticos.
Algumas áreas de relevo serrano constituem enclaves
úmidos e subúmidos, dispersos no contexto dominante dos
sertões semiáridos do Ceará. No domínio DSP2 encontra-
-se parte do maciço de Baturité, com altitudes médias de
600-800 metros, cujas vertentes de barlavento (voltadas
para os ventos úmidos que sopram do oceano) apresentam
Figura 4.83 - Frente de lavra em metacalcários da Unidade
Independência (Complexo Ceará). Serra do Cantagalo, município condições climáticas, hídricas e pedológicas mais favoráveis,
de Acarape. Foto cedida por Simone Zwirtes. potencializando sua utilização para fins agrícolas e turís-
145
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
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GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
a - Superfícies aplainadas
26 - Predomínio de retocadas ou degradadas
vulcânicas ácidas b - Morros e serras baixas
– DSVP2va c - Montanhoso
Figura 4.89 - Distribuição espacial das unidades Figura 4.90 - Afloramento de quartzito, com mergulho de 30o
geológico-ambientais do domínio das sequências para noroeste, bastante fraturado, pertencente ao Grupo Novo
vulcanossedimentares proterozoicas dobradas, Oriente (unidade geológico-ambiental DSVP2q). Município de
metamorfizadas de baixo a alto grau - DSVP2. Quiterianópolis. Foto cedida por Carlos Eduardo Ganade de Araújo.
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GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
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GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
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GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figura 4.92 - Pedra Furada. Rocha quartzítica (Formação São Figura 4.93 - Distribuição espacial das
Joaquim – Grupo Martinópole), intensamente fraturada, exibindo unidades geológico-ambientais do domínio
feição geomorfológica em forma de arco, esculpida pela ação das sequências vulcanossedimentares tipo greenstone belt,
erosiva das ondas. Praia de Jericoacoara. Arqueano até o Mesoproterozoico - DGB.
150
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.14 - Formas de relevo associadas ao domínio das em profundidade, gerando um gradiente textural, nesse
sequências vulcanossedimentares tipo greenstone belt, caso de atividade baixa -Argissolos. Em outro caso, ocorrem
Arqueano até o Mesoproterozoico - DGB.
gradientes texturais associados com argilas de atividade
Unidade elevada e alta fertilidade - Luvissolos. Nos casos onde os
Relevo solos possuem gradientes abrúpticos e estão associados às
Geológico-Ambiental
argilas expansivas, são muito suscetíveis à erosão, levando-
27 - Sequência a - Colinas dissecadas e -se em conta o regime concentrado de chuvas no semiárido,
vulcanossedimentar morros baixos
– DGBvs b - Morros e serras baixas
fato este que explica, em parte, a frequente ocorrência de
pedregosidade em superfície nesses solos. A proximidade
do material parental rico em nutrientes, isto é, a pequena
Limitações e adequabilidades profundidade efetiva, além de dificultar a infiltração de
frente ao uso e ocupação água, torna esses solos suscetíveis aos processos de sali-
nização, devido aos efeitos provocados pela evaporação e
Obras de Engenharia capilaridade. A quantidade e natureza dos sais presentes
dependem da composição da rocha e dos processos de
Esses terrenos caracterizam-se por intercalações irregu- intemperização, produzindo um maior ou menor risco à
lares de camadas com marcantes diferenças composicionais salinização (OLIVEIRA et al., 1992). São solos que exigem
e texturais, em geral dobradas e de espessuras variadas, cuidados e técnicas complexas de manejo e conservação.
resultando em comportamentos geomecânicos e hidráulicos Os solos arenosos, originados das rochas quartzíticas,
bastante heterogêneos (vertical e horizontalmente), tanto do são fortemente drenados e permeáveis, resultando em
substrato rochoso como dos solos residuais. baixa capacidade de retenção de umidade e nutrientes.
Presença de metassedimentos micáceos, finamente Possuem também limitação relacionada à pequena pro-
laminados, com marcante fissilidade, favorecendo despla- fundidade efetiva.
camentos em taludes de corte. Deve-se evitar traçados de Onde ocorrem formações ferríferas, os solos residuais
estradas em que os cortes tenham de ser feitos em posição são desenvolvidos, pouco profundos e, em menor propor-
desfavorável aos planos de foliação. Ocorrem também ção, profundos. Possuem baixa fertilidade natural, com
metassedimentos quartzoarenosos bem fraturados, o que ocorrências localizadas de concreções de ferro, petroplin-
facilita o desprendimento de placas e blocos em taludes titas e até crostas lateríticas.
de corte. Essas rochas (quartzitos) são abrasivas e de alta Os solos argilosos provenientes das rochas metamáficas
resistência ao corte e à penetração. Alteram-se para solos e metaultramáficas são, em geral, de alta fertilidade natural,
arenosos, naturalmente erosivos. ricos em nutrientes como Mg, Fe, Ni e Cr, mas que podem ser
As rochas metavulcânicas apresentam moderada a deficientes em Ca, Al, K e Na (Kampf; Curi, 2012). Nos terre-
alta resistência ao corte e à penetração. Alteram-se de nos onde afloram metacalcários, os solos também possuem
forma diferenciada, podendo deixar blocos e matacões boa fertilidade natural, sendo ricos em Ca e Mg. Apesar de
em meio ao solo. os solos serem de boa fertilidade natural, não são profun-
Em áreas onde ocorrem metacalcários há riscos de dos, mas possuem boa estruturação, sendo bem drenados,
colapsos e subsidências dos terrenos, devido à presença de permeáveis, e necessitam de técnicas simples de controle de
cavidades formadas por dissolução dessas rochas. processos erosivos. No entanto, se forem continuamente
Formações ferríferas, que ocorrem nesse domínio, submetidos a cargas elevadas, por meio de mecanização
podem liberar ácidos bastante corrosivos, prejudiciais para agrícola ou pisoteio intensivo do gado (sobrepastoreio),
obras enterradas. podem tornar-se compactados e impermeabilizados, favo-
Quando bem evoluídos, os solos provenientes dos recendo a erosão hídrica laminar ou em sulcos.
metassedimentos pelíticos e das metavulcânicas possuem
boa capacidade de compactação, podendo ser utilizados Recursos Hídricos Subterrâneos
como material de empréstimo e apresentam boa estabi- e Fontes Poluidoras
lidade em taludes de corte.
Predominam aquíferos fissurais, ou seja, a água
Agricultura subterrânea armazena-se e circula através de falhas e fra-
turas presentes nas rochas. O potencial hidrogeológico é
Tipos de solos com características agrícolas variáveis, bastante irregular, determinado pela densidade de fissuras
provenientes da alteração de litotipos diversos que ocorrem abertas e pela existência de interconectividade entre elas.
intercalados entre si nos terrenos do domínio DGB. De Aquíferos cársticos podem existir associados às rochas
modo geral há predominância de solos pouco profundos e metacarbonáticas: as águas são armazenadas e circulam
rasos, de boa fertilidade natural, associados à ocorrência de em cavidades formadas pela dissolução do carbonato de
pedregosidade, tanto na superfície quanto internamente. cálcio. A qualidade pode estar comprometida por altos
Caracterizam-se por apresentar um incremento de argila teores de carbonato de cálcio (água dura).
151
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Os solos arenosos são altamente percolativos e com determinam importantes descontinuidades geomecânicas e
baixa capacidade de reter e depurar poluentes, que podem hidráulicas, a serem consideradas em obras de engenharia,
atingir o lençol freático. Onde ocorrem rochas metacalcárias principalmente subterrâneas.
podem existir cavidades de ligação entre os fluxos d’água Predominam, nesse domínio, rochas de moderada a
superficiais e subterrâneos (dolinas e sumidouros de drena- alta resistência ao corte e à penetração. Quando frescas,
gem), configurando áreas vulneráveis à contaminação dos as rochas máficas e ultramáficas normalmente necessitam
mananciais hídricos subterrâneos. Solos síltico-argilosos e do uso de explosivos para o seu desmonte. É comum a
argilosos são pouco permeáveis, com boa capacidade de
reter e eliminar poluentes: onde são espessos, os terrenos
apresentam baixa vulnerabilidade à contaminação das
águas subterrâneas.
Potencial Mineral
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
O aspecto textural e estrutural dessas rochas, for- Figura 4.95 - Distribuição espacial das unidades geológico-
temente anisotrópicas (bandadas e dobradas), e as in- ambientais do domínio dos corpos máfico-ultramáficos - suítes
tercalações com diferentes litologias (metassedimentos), komatiíticas, suítes toleíticas, complexos bandados - DCMU.
152
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
a – Planaltos
b – Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
28 - Série máfico-ultramáfica Figura 4.97 - Ocupação agrícola em áreas com solos de fertilidade
c – Domínio de colinas amplas
– DCMUmu alta, originados de rochas básicas e ultrabásicas da Unidade Troia
e suaves
d – Domínio de morros (Complexo Cruzeta).
e de serras baixas
Ocorrem também solos semelhantes aos descritos,
porém diferindo-se deles por apresentar horizonte super-
ficial menos desenvolvido, consequentemente mais pobre
e com menores teores de matéria orgânica em superfície-
Luvissolos. Entretanto, a proximidade do horizonte C rico
em sais e a pequena profundidade efetiva desses solos
torna-os muito suscetíveis à salinização se manejados
inadequadamente. São solos normalmente associados à
pedregosidade e o caráter abrúptico, quando ocorre em
áreas declivosas, torna-os muito suscetíveis ao desenvol-
vimento de processos erosivos.
Em menor proporção, ocorrem solos mais desenvol-
vidos, pouco profundos e profundos, bem drenados, com
incremento de argila no horizonte subsuperficial, de colo-
ração avermelhada e boa fertilidade natural - Argissolos.
As limitações ficam por conta do relevo acidentado em
que ocorrem e da elevada suscetibilidade à erosão. Essa
suscetibilidade intensifica-se à medida que se eleva o uso
desses terrenos com mecanização intensiva.
153
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
pouco permeável, desfavorável à recarga dos aquíferos. Na muitas vezes em forma de diques, e não puderam ser car-
maior parte, os terrenos do domínio DCMU não oferecem tografados no Mapa de Geodiversidade do Ceará, devido
boas possibilidades para captação de água subterrânea. à sua escala regional. Entre os principais representantes
A vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas, desse domínio estão os plútons graníticos das serras da
por efluentes líquidos, é maior nas áreas onde as rochas Meruoca, do Mucambo e da Barriga.
aflorantes encontram-se densamente fraturadas. Os solos As formas de relevo identificadas na área de definição
são pouco percolativos, com boa capacidade de reter e desse domínio são mostradas no quadro abaixo:
eliminar poluentes.
Potencial Mineral
154
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.16 - Formas de relevo associadas ao domínio dos compactação, mais estáveis em taludes de corte e adequa-
complexos granitoides não deformados - DCGR1. dos para uso como material de empréstimo. Ocorrem, em
maior proporção, nas áreas de relevo plano a moderada-
Unidade
Geológico-Ambiental
Relevo mente ondulado, como as superfícies aplainadas e colinas
amplas e suaves.
29 - Séries graníticas a – Superfícies aplainadas
subalcalinas: retocadas ou degradadas
calcialcalinas (baixo, b – Inselbergs e outros relevos
médio e alto-K) e residuais
toleíticas – DCGR1salc c – Montanhoso
a – Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
30 - Série granítica
b – Colinas dissecadas e morros
shoshonítica
baixos
– DCGR1sho
c – Morros e serras baixas
d – Montanhoso
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
155
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
erosivos para sua utilização, sendo aqueles mais rasos quartzo e feldspato, apresenta potencial para utilização
e com maiores limitações, normalmente indicados para como saibro.
preservação da flora e da fauna. Fluidos hidrotermais associados ao evento magmático
Solos que contêm alta proporção de argila, como que deu origem a essas rochas são responsáveis por jazi-
acontecem em alguns casos dessa unidade, se forem con- mentos de minerais metálicos importantes. Os depósitos
tinuamente mecanizados com equipamentos pesados ou de cobre e ferro, descritos nos domínios DSP1, DSVE e DGB,
excessivamente pisoteados pelo gado, podem compactar- foram formados pela remobilização e reconcentração dos
-se e impermeabilizar-se favorecendo o escoamento das
águas pluviais e, consequentemente, a remoção do hori-
zonte superficial por erosão hídrica laminar.
As áreas de serras úmidas, neste domínio repre-
sentado pela serra da Meruoca, no noroeste do estado,
apresentam condições climáticas, hídricas e pedológicas
mais favoráveis, com solos de maior profundidade, mais
estruturados e bem drenados. A fertilidade natural nor-
malmente é baixa, porém quando aplicados corretivos
e fertilizantes tornam-se solos com elevado potencial
agrícola. Entretanto, as limitações, em maior parte, ficam
por conta do relevo fortemente acidentado, impedindo a
prática de mecanização agrícola. As áreas mais suavizadas
encontram-se ocupadas com fruteiras, milho, mandioca,
abacaxi, entre outros.
Recursos Hídricos Subterrâneos Figura 4.101 - Vista de uma pedreira de granito, bastante
e Fontes Poluidoras fraturado, situada no serrote de Itaitinga
(Região Metropolitana de Fortaleza).
As rochas graníticas constituem aquíferos do tipo fis-
sural. O armazenamento e a circulação de água subterrânea elementos metálicos, por meio de soluções hidrotermais
dependem da quantidade de falhas e fraturas abertas, e associadas a corpos graníticos pós-tectônicos, intrusivos
das interconectividades existentes entre elas. O potencial nas sequências sedimentares e vulcanossedimentares. Ma-
hidrogeológico desses terrenos é, portanto, bastante irre- nifestações hidrotermais tardias também deram origem a
gular, podendo ocorrer um poço tubular de vazão alta, ao corpos pegmatíticos, potencialmente portadores de gemas
lado de um improdutivo (seco ou de vazão muito baixa). e minerais de uso industrial.
Os solos, pouco permeáveis, são desfavoráveis à infiltração
das águas pluviais e, consequentemente, à recarga dos Aspectos Ambientais e Potencial
aquíferos. Os terrenos desse domínio apresentam, em Turístico/Geoturístico
média, baixo potencial hidrogeológico.
Os solos residuais dos granitos, por conterem alto teor Algumas áreas de relevo montanhoso constituem
de argila, são pouco permeáveis e possuem boa capacidade enclaves úmidos e subúmidos, dispersos no contexto
de reter e depurar poluentes. Onde são espessos e bem climático dos sertões semiáridos cearenses. No domínio
evoluídos, a vulnerabilidade à contaminação das águas DCGR1, destaca-se o maciço residual granítico da serra
subterrâneas é relativamente baixa. Nas áreas onde os solos da Meruoca, na região noroeste do estado. Suas encos-
são rasos e as rochas apresentam-se bem fraturadas, os tas oriental e norte-oriental, além do seu topo, situado
poluentes podem se infiltrar com certa facilidade e atingir a 750 metros de altitude, são submetidos a um regime
as águas subterrâneas. de chuvas elevado e mais regularmente distribuído, em
relação às áreas circunvizinhas da depressão sertaneja. Há
Potencial Mineral muitos locais de grande beleza cênica e adequados para
a prática de atividades turísticas e ecoturísticas, como tri-
Rochas com características mineralógicas e texturais lhas, cachoeiras e piscinas naturais. A região é protegida
adequadas para utilização na construção civil, como ro- por uma unidade de conservação federal: APA da serra
chas ornamentais e de revestimentos, pedras de cantaria da Meruoca, criada em dezembro/2008, com mais de
e brita. Merecem destaque as pedreiras localizadas nas 600 ha (Figuras 4.102 e 4.103). Apesar disso, observa-se
serras da Meruoca, da Barriga e do Mucambo, na região um quadro de degradação ambiental em que os desma-
noroeste do estado, bem como no serrote de Itaitinga, na tamentos desordenados, praticados principalmente para
Região Metropolitana de Fortaleza (Figura 4.101). O manto ocupação agrícola, desencadeiam processos de erosão e
de alteração parcial (saprólito) dessas rochas, à base de de movimentos de massa.
156
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
157
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
158
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
mento radicular das plantas, não permitindo uma eficiente uso agrícola. Apesar das limitações impostas pela forte
“ancoragem”, nem o armazenamento de umidade e de declividade das vertentes, essas áreas têm sido ocupadas
nutrientes. Normalmente estão associados à ocorrência de de forma incompatível com as normas conservacionistas
pedregosidade, rochosidade e afloramentos de rocha. Nas (Figura 4.108).
áreas mais aplainadas, os solos são ricos em bases, imper-
feitamente drenados, com horizonte subsuperficial eluvial,
de textura mais leve, seguido de um horizonte subjacente
adensado, com incremento de argila, de permeabilidade
muito lenta - Planossolos. Esse horizonte adensado é
responsável pela formação de lençol suspenso na época
das chuvas, que causa um ambiente redutor prejudicial ao
desenvolvimento das plantas, principalmente aquelas não
adaptadas à condição de encharcamento. Essas caracte-
rísticas se agravam quando há quantidades significativas
do íon Na+ no sistema, pois ele tem papel fundamental
na dispersão das argilas, que destroem as pequenas es-
truturas para dar origem a grandes estruturas prismáticas
ou colunares, praticamente impermeáveis, tornando-se
extremamente duros quando secos e extremamente firmes
quando úmidos. Alguns desses solos podem apresentar
características vérticas, com abertura de fendas devido à
elevada atividade das argilas que expandem ou contraem-se
com a variação de umidade no solo.
As rochas da unidade DCGR2salc (granitos das séries Figura 4.108 - Ocupação agrícola (bananicultura) inadequada,
subalcalinas) liberam bastante potássio e cálcio para o solo, atingindo setores de alta declividade da vertente úmida da serra
resultando em fertilidade relativamente boa. Reúne solos de Uruburetama. Observa-se a presença de raras manchas da
vegetação primária.
com pouca profundidade efetiva (<1m), com alta saturação
por bases e argila de atividade alta, isto é, possuem argilas
expansivas. São solos ricos quimicamente, pois possuem Recursos Hídricos Subterrâneos
minerais primários facilmente intemperizáveis, especial- e Fontes Poluidoras
mente K+1, por outro lado, possuindo alta fragilidade por
serem altamente suscetíveis à erosão - Luvissolos. Tal fato As rochas desse domínio constituem aquíferos do
se agrava nos solos onde o horizonte superficial é pouco tipo fissural. O armazenamento e a circulação de água
espesso e situados em declives acentuados e, em especial, subterrânea dependem da quantidade de falhas e fraturas
naqueles onde a transição entre os horizontes se dá de abertas, e das interconectividades existentes entre elas.
maneira abrupta. Isto explica, em parte, o predomínio de O potencial hidrogeológico desses terrenos é, portanto,
pedregosidade em superfície. bastante irregular, podendo ocorrer um poço tubular de
Os granitos das séries alcalina e shoshonítica (uni- vazão alta, ao lado de um improdutivo (seco ou de vazão
dades DCGR2alc e DCGR2sho) dão origem a solos ricos, muito baixa). Os planos de foliação dessas rochas formam
especialmente em K+1. Apesar de serem solos ricos em descontinuidades que podem favorecer a capacidade cir-
nutrientes, apresentam problemas físicos, como gradien- culadora e armazenadora de água subterrânea, em relação
te textural abrúptico, drenagem imperfeita, formação aos granitoides do domínio anterior (DCGR1). Os solos,
de lençol suspenso temporário e, mesmo em condições pouco permeáveis, são desfavoráveis à infiltração das águas
de relevo suave, são suscetíveis à erosão - Planossolos. pluviais e, consequentemente, à recarga dos aquíferos.
Ocorrem também solos rasos, com o horizonte superficial Os terrenos desse domínio apresentam, em média, baixo
assentado diretamente sobre a rocha, em face do pequeno potencial hidrogeológico.
desenvolvimento pedogenético, normalmente associados a Os solos residuais dos granitos, por conterem alto teor
ocorrências de pedregosidade e rochosidade, sendo muito de argila, são pouco permeáveis e possuem boa capacidade
suscetíveis à erosão - Neossolos Litólicos. São áreas não de reter e depurar poluentes. Onde os solos são profundos
mecanizáveis, de baixo retorno econômico e, normalmente, e bem evoluídos a vulnerabilidade à poluição/contaminação
são utilizados com pequenas culturas de subsistência, como das águas subterrâneas por efluentes líquidos é reduzida.
a palma forrageira. Onde os solos são rasos e as rochas apresentam-se bem
As áreas de serras úmidas e subúmidas, como o pla- fraturadas, os poluentes podem se infiltrar e atingir com
tô e a vertente norte-oriental da serra de Uruburetama, certa facilidade as águas subterrâneas. Os planos de fo-
apresentam solos bem desenvolvidos, profundos e muito liação também podem facilitar a percolação de fluidos
profundos, de boa fertilidade natural, potencializando seu poluentes.
159
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
160
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
161
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
162
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
a – Planaltos
b – Superfícies aplainadas
retocadas ou degradadas
c – Colinas amplas e suaves
d – Colinas dissecadas
36 - Séries graníticas
e morros baixos
alcalinas – DCGR3alc
e – Inselbergs e outros
relevos residuais
f – Morros e serras baixas
g – Montanhoso
h – Escarpas serranas
37 - Séries graníticas
subalcalinas: calcialcalinas
a - Montanhoso
(baixo, médio e alto-K)
e toleíticas – DCGR3salc
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Figura 4.119 - Aspecto da marcante foliação em metagranitoide Obras de Engenharia
porfirítico intensamente deformado (ortognaisse). Detalhe de uma
falha com movimentação sinistral.
Predomínio de rochas com alto grau de coesão, de alta
resistência ao corte e à penetração. Bastante deformadas,
exibem pronunciada anisotropia textural (normalmente em
todo o maciço), que representa descontinuidades geomecâ-
nicas e hidráulicas relacionadas a faixas com concentração
de minerais micáceos (principalmente biotita) estirados e
deformados, segundo uma direção preferencial, facilitan-
do a percolação de fluidos, o intemperismo, a erosão e a
desestabilização em taludes de corte.
Nas áreas com encostas declivosas, onde prevalecem
os processos morfogenéticos, o escoamento superficial é
rápido e, consequentemente, o potencial de erosão hídri-
ca dos solos e de movimentos de massa é alto, podendo
comprometer as obras de engenharia implantadas nesses
terrenos.
As rochas desse domínio alteram-se para solos argilo-
síltico-arenosos que quando pouco evoluídos (pedogênese
pouco desenvolvida) são bastante erosivos, desestabilizan-
do-se com facilidade em obras do tipo taludes de corte. Os
solos bem evoluídos, de textura dominantemente argilosa,
possuem características físicas mais favoráveis, resultando
em materiais mais estáveis para obras de engenharia.
Agricultura
163
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
164
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Foram agrupadas nesse domínio as rochas pertencen- de 3); DCGMGLgno - Complexo Cruzeta (unidades Mombaça
tes às seguintes unidades litoestratigráficas, cartografadas e Pedra Branca), Complexo Jaguaretama, Complexo Granja,
nos mapas geológicos ao milionésimo das folhas SB.24 – Complexo Granjeiro (Suíte TTG), Complexo Itaizinho, Complexo
Jaguaribe e SA.24 – Fortaleza: Piancó (Unidade 2) e ortognaisses indiferenciados; DCGMGL-
DCGMGLgnp - Complexo Ceará (Unidade Canindé), Com- mgi - Suíte Tamboril-Santa Quitéria; DCGMGLglo - Complexo
plexo Acopiara, Unidade Algodões e Complexo Piancó (Unida- Granja (Unidade Granulítica); DCGMGLcar - Complexo Ceará
(Unidade Canindé - calcário) e Complexo Acopiara (calcário).
As formas de relevo predominantes na área de defini-
ção desse domínio, identificadas em trabalhos de campo
e por meio da análise de produtos de sensores remotos,
encontram-se representadas no quadro 4.19.
Limitações e Adequabilidades
Frente ao Uso e Ocupação
Obras de Engenharia
Unidade
Relevo
Geológico-Ambiental
Figura 4.121 - Afloramento de rocha gnáissico-migmatítica
a – Planaltos
da Unidade Mombaça (Complexo Cruzeta), mostrando
b – Superfícies aplainadas
alternâncias entre neossomas quartzo-feldspáticos, alguns
retocadas ou degradadas
pegmatíticos, e paleossomas biotíticos. Localidade de Juatama,
c – Inselbergs e outros relevos
município de Quixadá.
residuais
38 - Predomínio de gnaisses d – Colinas amplas e suaves
paraderivados. Podem e – Colinas dissecadas
conter porções migmatíticas – e morros baixos
DCGMGLgnp f – Morros e serras baixas
g – Domínio montanhoso
h – Escarpas serranas
i – Degraus estruturais e
rebordos erosivos
j – Vales encaixados
39 - Gnaisses granulíticos
a – Superfícies aplainadas
ortoderivados. Podem
b – Montanhoso
conter porções migmatíticas –
c – Escarpas serranas
DCGMGLglo
40 - Migmatitos a – Planaltos
indiferenciados –DCGMGLmgi b – Superfícies aplainadas
retocadasou degradadas
c – Inselbergs e outros relevos
residuais
d – Colinas amplas e suaves
41 - Predomínio de gnaisses e – Colinas dissecadas e
ortoderivados. Podem morros baixos
conter porções migmatíticas – f – Morros e serras baixas
DCGMGLgno g – Domínio montanhoso
h – Escarpas serranas
i – Degraus estruturais e
rebordos erosivos
a – Superfícies aplainadas
42 - Metacarbonatos – conservadas
Figura 4.122 - Distribuição espacial das unidades DCGMGLcar b – Colinas amplas e suaves
geológico-ambientais do domínio dos c – Morros e serras baixas
complexos gnáissico-migmatíticos e granulitos - DCGMGL.
165
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
166
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
tibilidade à erosão é moderada, tendendo a alta quando quantidade de água e de nutrientes. São áreas inadequadas
o declive é acentuado. para implantação de sistemas perenes, à mecanização, e
Os Luvissolos são semelhantes aos Argissolos, exigem técnicas complexas de controle de processos ero-
diferindo-se deles por apresentar argila de atividade alta e sivos, em face do relevo movimentado em que ocorrem. É
elevada fertilidade. Nos casos onde o gradiente é abrúp- comum observar tanto pedregosidade quanto rochosidade
tico e estão associados às argilas expansivas, os solos são nessas áreas.
muito suscetíveis à erosão, levando-se em conta o regime O desmatamento generalizado da caatinga, o piso-
concentrado de chuvas no clima semiárido. É comum, teio excessivo do gado (sobrepastoreio) e a mecanização
nesses solos, ocorrer pedregosidade em superfície em agrícola aumentam a compactação dos solos e reduzem
face da sua grande suscetibilidade à erosão. São solos sua capacidade de infiltração, intensificando a taxa de es-
menos profundos que os Argissolos e essa característica coamento superficial e, consequentemente, as perdas de
de proximidade do material parental rico em nutrientes, solo por erosão hídrica laminar e concentrada (em sulcos).
além de dificultar a infiltração de água, torna esses solos É comum a ocorrência de solos pedregosos e frequentes
suscetíveis aos processos de salinização devido aos efeitos afloramentos rochosos, resultantes da remoção do material
provocados pela evaporação e capilaridade. A quantidade mais fino pela água (Figura 4.125).
e natureza dos sais presentes dependem da composição Apesar das condições climáticas desfavoráveis (dis-
da rocha e dos processos de intemperização, produzindo tribuição irregular das chuvas, no tempo e no espaço,
um maior ou menor risco à salinização (OLIVEIRA et al., com recorrentes períodos prolongados de seca), serem o
1992). São solos que exigem cuidados e técnicas complexas principal fator limitante para o desenvolvimento agrícola na
de manejo e conservação. maior parte dos terrenos desse domínio, as áreas de topo-
Em menor proporção, porém não menos importan- grafia aplainada a suavemente ondulada são, relativamente,
te, essa unidade também apresenta solos com pequena propícias à prática dessa atividade, bem como da pecuária
variação textural, dominantemente argilosos, com alta extensiva, desde que realizadas com manejo adequado dos
atividade coloidal, caracterizada pela elevada capacidade solos, incluindo métodos de irrigação controlada (Figura
de contração quando secos e expansão quando úmidos, 4.126). O que se verifica, no entanto, é a prática genera-
resultando em fendas profundas, superfície de fricção (sli- lizada de técnicas agrícolas predatórias, que conduzem à
kensides) e microrrelevos na superfície do terreno (gilgais). degradação progressiva da capacidade produtiva dos solos
Compreendem os Vertissolos, que são solos de argila de e, em certas áreas, a um quadro irreversível de instalação
atividade alta, consequentemente com elevada reserva e expansão dos processos de desertificação.
mineral, sendo também altamente férteis. Por outro lado, Em algumas regiões serranas, contidas nesse do-
os altos teores de argila de elevada atividade coloidal deter- mínio, como é o caso das serras de Pacatuba/Aratanha,
minam consistência dura a muito dura quando o solo está Maranguape e parte do maciço de Baturité, as condições
seco e muito plástica e muito pegajosa quando molhado, de solo e de umidade são mais favoráveis à prática de ati-
tornando extremamente difícil o manejo deles. A erodibi- vidades agrícolas, notadamente nos setores de suavização
lidade, em razão da baixa permeabilidade, é relativamente topográfica, em fundos de vales, onde se desenvolvem
alta, sendo sua drenagem restringida em função da sua planícies alveolares formadas por deposição colúvio-
permeabilidade lenta. Exigem tecnologia apropriada para aluvionar.
seu uso adequado, que quando mantida a umidade ideal
são solos altamente produtivos.
Nas áreas topograficamente mais suaves, ou de
baixadas, apesar de os solos serem ricos em nutrientes,
apresentam problemas físicos, como gradiente textural
abrúptico, drenagem imperfeita, formação de lençol
suspenso temporário, sendo também suscetíveis à erosão
- Planossolos. Nos casos onde se verifica a presença sig-
nificativa do íon Na+1 essas limitações ficam ampliadas,
comprometendo ainda mais a infiltração e a estruturação
do solo, praticamente inabilitando-o para a agricultura
comercial. Apenas algumas culturas de baixo rendimento
são observadas nesses solos, como a palma forrageira e o
extrativismo de algumas palmáceas.
Nas áreas mais elevadas, com vertentes declivosas,
predominam solos rasos que apresentam contato lítico a
50cm ou menos de profundidade, oferecendo pequeno Figura 4.125 - Sulcos de erosão, evoluindo para voçorocas, em
volume de solo para o aprofundamento do sistema radicu- Argissolos derivados de rochas gnáissicas da Unidade Canindé
lar das plantas, restringindo o volume de “ancoragem”, a (Complexo Ceará). Estrada que liga Crateús a Novo Oriente.
167
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
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GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Potencial Mineral
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GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
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GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
171
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
Figuras 4.135 e 4.136 - Tanques fossilíferos de Itapipoca. Sua origem é relacionada à existência de fraturas, por onde as águas
meteóricas percolam, proporcionando o intemperismo e o alargamento progressivo das mesmas. Este processo é favorecido pela
composição mineral das rochas, ricas em feldspatos e micas (pouco resistentes ao intemperismo químico). A água (com presença
de matéria orgânica) acumulada nos tanques formados atua, ao longo do tempo, no aprofundamento dessas feições.
172
GEODIVERSIDADE: LIMITAÇÕES E ADEQUALIDADES/POTENCIALIDADES
FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
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173
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
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salinidade das águas subterrâneas no Ceará, segundo da Fazenda Angostura, município de Sobral, CE. In:
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174
APÊNDICE I
UNIDADES
GEOLÓGICO-AMBIENTAIS
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
3
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
4
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
5
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
6
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Indiferenciado DSP1in
7
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
8
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metagrauvacas e metaconglomerados
DSP2mgccg
predominantes.
Indiferenciado. DSVP2in
9
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
10
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR1ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR1pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
11
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR1sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
DCGR1
NÃO DEFORMADOS.
Indeterminado. DCGR1in
Associações charnoquíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR2ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR2pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR2sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR2in
Associações charnoquíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR3ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
12
aPÊNDICE i - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR3pal
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
DCGR3
INTENSAMENTE DEFORMADOS: ORTOGNAISSES cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série Shoshonítica.
Ex: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR3sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR3in
13
GEODIVERSIDADE do ESTADO Do ceará
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metacarbonatos. DCGMGLcar
14
APÊNDICE II
BIBLIOTECA DE RELEVO
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Marcelo Eduardo Dantas (marcelo.dantas@cprm.gov.br)
3
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
dente pode ser visualizado, bastando acessar, na shape, baixos interflúvios, denominados Áreas de Acumulação
o campo de atributos “COD_REL”. Inundáveis (Aai), frequentes na Amazônia, estão inseridos
nessa unidade.
Referências:
R4b
R1a
R1a
4
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
ser mapeada em vales de grandes dimensões, em especial, R1b2 – Terraços Lagunares (paleoplanícies
nos rios amazônicos. de inundação no rebordo de lagunas costeiras)
Amplitude de relevo: 2 a 20 m.
5
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
Amplitude de relevo: 2 a 10 m.
R1c1
R1c – Rampas de colúvio que se espraiam a partir da borda oeste do platô sinclinal (Moeda – Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais).
6
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R1d
R1d
R1d
R1e – Planícies Costeiras (terraços marinhos
e cordões arenosos)
7
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
R1e
R1e
R1f1
R1e
R4a1
R1f1
R1e
8
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R1g – Recifes
R1f1
R1g
Superfícies de relevo plano a suave ondulado consti- R1g – Santa Cruz Cabrália (sul do estado da Bahia).
tuído de depósitos sílticos ou síltico-argilosos, bem sele-
9
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
R2a1 – Tabuleiros
R2a1 – Tabuleiros pouco dissecados da bacia de Macacu (Venda das
Pedras, Itaboraí, Rio de Janeiro).
Relevo de degradação em rochas sedimentares.
Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
10
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
R2a2
R2a2 – Tabuleiros dissecados em amplos vales em forma de “U”,
em típica morfologia derivada do grupo Barreiras (bacia do rio
Guaxindiba, São Francisco do Itabapoana, Rio de Janeiro).
Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
11
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
R2b2
R2b1
R2b2
12
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R2b3 – Planaltos
R2b3
Relevo de degradação predominantemente em rochas
sedimentares, mas também sobre rochas cristalinas. R4d
Superfícies mais elevadas que os terrenos adjacentes,
pouco dissecadas em formas tabulares ou colinas muito
amplas. Sistema de drenagem principal com fraco enta-
lhamento e deposição de planícies aluviais restritas ou em
vales fechados. R3a2
Predomínio de processos de pedogênese (formação
de solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a
moderada suscetibilidade à erosão). Eventual atuação de
processos de laterização. Ocorrências esporádicas, restritas
a processos de erosão laminar ou linear acelerada (ravinas
e voçorocas).
R2b3
R2b3
R2b3 – Topo do planalto da serra dos Martins, sustentado
por cornijas de arenitos ferruginosos da formação homônima
(sudoeste do estado do Rio Grande do Norte).
13
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
R2c
Inclinação das vertentes: topo plano, excetuando-
-se os eixos dos vales fluviais.
R3a2
Relevo de aplainamento.
Amplitude de relevo: 0 a 10 m.
R2c – Borda Leste da Chapada dos Pacaás Novos (região No bioma da floresta amazônica: franco predomínio
central do estado de Rondônia).
de processos de pedogênese (formação de solos espessos
e bem drenados, em geral, com baixa suscetibilidade à
erosão). Eventual atuação de processos de laterização.
Nos biomas de cerrado e caatinga: equilíbrio entre
processos de pedogênese e morfogênese (a despeito das
baixas declividades, prevalece o desenvolvimento de solos
R2c rasos e pedregosos e os processos de erosão laminar são
significativos).
R4d
R3a2 – Superfícies Aplainadas Retocadas
ou Degradadas
Relevo de aplainamento.
14
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R3a1 R3a1
Amplitude de relevo: 10 a 30 m.
R3a2
R4c
R3a2
R3a2 – Médio vale do rio Xingu (estado do Pará). R3a2 – Extensa superfície aplainada da depressão sertaneja
(sudoeste do estado do Rio Grande do Norte).
15
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
Inclinação das vertentes: 25o-45o, com ocorrência R3b – Neck vulcânico do pico do Cabugi (estado do Rio Grande
de paredões rochosos subverticais (60o-90o). do Norte).
R4a1
R3b
R3b
R4a1
16
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4a2
R4a1
R4a2
R4a1
R4a2 – Leste do estado da Bahia.
17
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
18
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4b R4c
R4c
R4b
19
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
R4c
R4d
R4c R4d
Inclinação das vertentes: 25º-45o, com ocorrência R4d – Escarpa da serra de Miguel Inácio, cuja dissecação está
de paredões rochosos subverticais (60o-90o). controlada por rochas metassedimentares do grupo Paranoá
(cercanias do Distrito Federal).
20
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4e R4e
R4e
R4e
R4e – Degrau estrutural do flanco oeste do planalto de morro do R4e – Degrau estrutural no contato da bacia do Parnaíba com o
Chapéu (Chapada Diamantina, Bahia). embasamento cristalino no sul do Piauí.
21
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO ceará
R4f
R2b3 R2b3
R4f
R4f
22
NOTA SOBRE OS AUTORES
GEODIVERSIDADE do ESTADO DO CEARÁ
ANTONIO MAURILIO VASCONCELOS – Geólogo (UFC/1974) com especialização em Metalogenia pela UNICAMP e pela UECE. Funcionário da
CPRM desde 1975, exercendo atividades relacionadas a mapeamento geológico-metalogenético regional, na região Nordeste do Brasil. Desenvolveu
estudos integrados nos projetos “Estudo Global dos Recursos Minerais da Bacia Sedimentar do Parnaíba”, no “Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil” e coordena as atividades de cartografia geológica básica de semidetalhe, escala 1:100.000, do “Empreendimento
Levantamentos Geológicos do Estado do Ceará”, integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Atualmente ocupa o cargo de
Coordenador Executivo de Geologia e Recursos Minerais na Residência de Fortaleza - REFO.
ANTÔNIO THEODOROVICZ – Geólogo formado (1977) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialização (1990) em Geologia
Ambiental. Ingressou na CPRM – Superintendência Regional de Porto Velho em 1978. Desde 1982 atua na Superintendência Regional de
São Paulo. Executou e chefiou vários projetos de mapeamento geológico, prospecção mineral e metalogenia em diversas escalas nas regiões
Amazônica, Sul e Sudeste. De 1990 até 2012 atuou como supervisor/executor de vários estudos geoambientais, para os quais concebeu uma
metodologia também adaptada e aplicada na geração dos mapas de Geodiversidade do Brasil e estaduais. Atualmente também é coordenador
regional do Projeto Geoparques da CPRM, ministrando treinamentos de campo para caracterização do meio físico para fins de planejamento e
gestão ambiental, para equipes da CPRM e de países da América do Sul.
EDGAR SHINZATO – Graduado (1990) em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e mestre (1998)
em Agronomia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF. Área de concentração: Pedologia, Meio Ambiente e Geoprocessamento.
Atualmente, é coordenador executivo do Departamento de Gestão Territorial (DEGET) da CPRM/SGB. Desenvolveu atividades profissionais em
Projetos do Programa GATE/CPRM, como estudos e mapeamentos de solos, capacidade de uso das terras, aptidão agrícola e uso e cobertura
vegetal. Foi coordenador de Geoprocessamento dos Estudos do TAV (Trem de Alta Velocidade) e do Projeto Setorização de Risco Remanescentes
de Nova Friburgo-RJ. É membro do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, núcleo regional de estudo, Rio de Janeiro. É membro do Comitê
Assessor Externo da Embrapa Solos.
JOSÉ ADILSON DIAS CAVALCANTI – Engenheiro geólogo pela Universidade Federal de Ouro Preto (1996). Mestre (1999) e doutor em
Geociências (2003) na área de metalogênese pela Universidade Estadual de Campinas. Professor de Ensino Superior entre 2000 e 2006.
Atualmente é Assistente de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil - Residência Fortaleza. Atua nas áreas de Geologia
Econômica e Geologia Regional.
JOSÉ ALEXANDRE MOREIRA FARIAS – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (2000) e Mestrado em
Engenharia Civil com Área de Concentração em Recursos Hídricos pela Universidade Federal do Ceará (2003). Atualmente exerce a função de
Pesquisador em Geociências (Engenheiro Hidrólogo) na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, na Residência de Fortaleza - REFO.
Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Recursos Hídricos, Hidrologia, Hidráulica e Meio Ambiente.
JOSÉ CARVALHO CAVALCANTE – Geólogo graduado pela Universidade Federal de Brasília, com Mestrado em Geodinâmica pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Trabalhou na CPRM até dezembro de 2008, onde atuou principalmente na área de cartografia geológica básica
nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil, tendo sido responsável pela revisão técnica final de diversos projetos de mapeamento. Nas
duas últimas décadas exerceu a função de supervisor técnico das atividades de geologia e recursos minerais da Residência de Fortaleza – REFO
da CPRM. Entre suas obras principais merecem destaques as duas últimas versões do Mapa Geológico do Estado do Ceará, escala 1:500.000.
JOSÉ FRANCISCO RÊGO E SILVA – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (1983). Atualmente exerce a
função de Pesquisador em Geociências (Engenheiro Hidrólogo) na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, na Residência de
Fortaleza - REFO. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Recursos Hídricos, Hidrologia, Hidráulica e Meio Ambiente.
LUIS CARLOS BASTOS FREITAS – Graduado (2007) e Mestre (2009) em Geologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua na Companhia
de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB) desde 2008.
Fez parte da equipe de elaboração do Mapa Geodiversidade do Estado da Bahia e do mapeamento geológico-geotécnico e delimitação das
áreas de risco geológico ao longo do traçado da via do trem de alta velocidade (TAV).
Atualmente faz parte da equipe de elaboração do Mapa Geodiversidade do Estado do Ceará e do projeto Geoparques.
LUIZ DA SILVA COELHO – Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Fortaleza (1995). Atualmente exerce a função de
Pesquisador em Geociências (Engenheiro Hidrólogo) na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM, na Residência de Fortaleza - REFO.
Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Recursos Hídricos, Hidrologia, Hidráulica e Meio Ambiente.
MARCELO EDUARDO DANTAS – Graduado (1992) em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com os títulos de licenciado
em Geografia e Geógrafo. Mestre (1995) em Geomorfologia e Geoecologia pela UFRJ. Nesse período, integrou a equipe de pesquisadores do
Laboratório de Geo-Hidroecologia (GEOHECO/UFRJ), tendo atuado na investigação de temas como: Controles Litoestruturais na Evolução do
Relevo; Sedimentação Fluvial; Impacto das Atividades Humanas sobre as Paisagens Naturais no Médio Vale do Rio Paraíba do Sul. Em 1997
ingressou na CPRM/SGB, atuando como geomorfólogo até o presente. Desenvolveu atividades profissionais em projetos na área de Geomorfologia,
Diagnósticos Geoambientais e Mapeamentos da Geodiversidade, em atuação integrada com a equipe de geólogos do Programa GATE/CPRM.
Dentre os trabalhos mais relevantes destacam-se: Mapa Geomorfológico e Diagnóstico Geoambiental do Estado do Rio de Janeiro; Mapa
Geomorfológico do ZEE RIDE Brasília; Estudo Geomorfológico Aplicado à Recomposição Ambiental da Bacia Carbonífera de Criciúma; Análise
da Morfodinâmica Fluvial Aplicada ao Estudo de Implantação das UHEs de Santo Antônio e Jirau (Rio Madeira-Rondônia). Atua, desde 2002,
como professor-assistente do curso de Geografia/UNISUAM. Atualmente, é coordenador nacional de Geomorfologia do Projeto Geodiversidade
do Brasil (CPRM/SGB). Membro efetivo da União da Geomorfologia Brasileira (UGB) desde 2007.
MARIA ADELAIDE MANSINI MAIA – Graduada (1996) em Geologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestre (2013) em
Ciências (Geologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ingressou na CPRM/SGB em 1997, onde exerce o cargo de Pesquisadora em
Geociências na área de Gestão Territorial (DEGET). Atuou, de 1997 a 2009, na Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA), nos projetos
de Gestão Territorial, destacando-se o Mapa da Geodiversidade do Estado do Amazonas e os Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEEs) do Vale
do Rio Madeira, da porção central do estado de Roraima e do Distrito Agropecuário da Zona Franca de Manaus. Participou do mapeamento
2
NOTA SOBRE OS AUTORES
geológico-geotécnico do traçado do Trem de Alta Velocidade (TAV) e de mapeamento de área de risco geológico no município de Teresópolis
(RJ). Atualmente lotada no Escritório Rio de Janeiro, desenvolve atividades ligadas à coordenação executiva do DEGET, notadamente no Programa
Geologia do Brasil – Levantamento da Geodiversidade e Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundação. É coautora
nos livros “Geodiversidade do Brasil” e “Levantamento da Geodiversidade do Estado do Amazonas” e autora de diversos trabalhos científicos.
MARIA ANGÉLICA BARRETO RAMOS – Graduada (1989) em Geologia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre (1993) em Geociências
pela UFBA. Ingressou na CPRM/SGB em 1994, onde atuou em mapeamento geológico no Projeto Aracaju ao Milionésimo. Em 1999, no
Departamento de Gestão Territorial (DEGET), participou dos projetos Acajutiba-Aporá-Rio Real e Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália. Em 2001,
na Divisão de Avaliação de Recursos Minerais, integrou a equipe de coordenação do Projeto GIS do Brasil e de Banco de Dados da CPRM/SGB. A
partir de 2006, passou a atuar na coordenação de Geoprocessamento do Projeto Geodiversidade do Brasil no DEGET. Especialista em Modelagem
Espacial de Dados em Geociências, ministra cursos e treinamentos em ferramentas de SIG aplicados a projetos da CPRM/SGB. É autora de 33
trabalhos individuais e coautora nos livros “Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil”, “Geodiversidade do Brasil” e “Levantamento
da Geodiversidade do Estado da Bahia”, dentre outros (13). Foi presidenta da Associação Baiana de Geólogos no período 2005-2007 e vice-
presidenta de 2008 a 2009.
PEDRO AUGUSTO DOS SANTOS PFALTZGRAFF – Geólogo formado (1984) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestre
(1994) na área de Geologia de Engenharia e Geologia Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor (2007) em Geologia
Ambiental pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Trabalhou, entre 1984 e 1988, em obras de barragens e projetos de sondagem
geotécnica na empresa Enge Rio – Engenharia e Consultoria S.A. e como geólogo autônomo entre os anos de 1985-1994. Trabalha na CPRM/
SGB desde 1994, onde atua em diversos projetos de Geologia Ambiental.
RAFAEL ROLIM DE SOUSA – Geólogo formado (2006) pela Universidade Federal do Ceará. Atua desde 2007 na Residência de Fortaleza da
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB) no setor de água subterrânea. Possui experiência em
geoprocessamento e cartografia hidrogeológica. Participa atualmente do projeto Mapa Hidrogeológico do Brasil. Participou também dos projetos
Geoquímica Multiuso no Estado do Ceará, RIMAS (Rede Integrada de Monitoramento de Águas Subterrâneas), Pesquisa Hidrogeológica em
Bacias Sedimentares no Nordeste Brasileiro e do SIAGAS (Sistema de Informações de Águas Subterrâneas).
RICARDO DE LIMA BRANDÃO – Geólogo formado em 1978 pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Desde então é contratado
pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB). Trabalhou em projetos de mapeamento geológico
e prospecção geoquímica na região Amazônica, de 1978 a 1981 na Superintendência Regional de Porto Velho (SUREG/PV) e de 1986 a 1990
na Superintendência Regional de Manaus (SUREG/MA). Entre esses dois períodos, de 1981 a 1986, atuou em supervisão de projetos na área de
Metalogenia e Geologia Econômica, no Escritório Rio de Janeiro (ERJ). De 1990 a 2012 esteve lotado na Residência de Fortaleza (REFO), onde
desenvolveu diversas atividades nos temas Geologia Ambiental e Recursos Hídricos Subterrâneos, com ênfase em estudos geoambientais de
regiões semiáridas e zonas costeiras, para fins de planejamento e gestão territorial. Atualmente, lotado no Escritório Rio de Janeiro (ERJ), realiza
trabalhos de mapeamento e avaliação da suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa, enchentes e inundações.
ROBÉRIO BÔTO DE AGUIAR – Graduado em Geologia (1991) e Mestre em Hidrogeologia (1999) pela Universidade Federal do Ceará.
Trabalhou nas Secretarias de Indústria, Comércio e Turismo - SINCT e do Meio Ambiente – SEMA, no Estado do Maranhão. Foi Assessor Técnico
da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará – COGERH. Desde 2003 é Pesquisador em Geociências da Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, atuando principalmente nos seguintes temas: pesquisa hidrogeológica, gestão e monitoramento de
aquíferos, qualidade de água e perfuração de poços.
VITÓRIO ORLANDI FILHO – Geólogo (1967) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialização em Sensoriamento Remoto
e Fotointerpretação no Panamá e Estados Unidos. De 1970 a 2007 exerceu suas atividades junto à CPRM/SGB, onde desenvolveu projetos ligados
a Mapeamento Geológico Regional, Prospecção Mineral e Gestão Territorial. Em 2006 participou da elaboração do Mapa Geodiversidade do
Brasil (CPRM/SGB).
VALTER JOSÉ MARQUES – Graduado (1966) em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialização em
Petrologia (1979), pela Universidade de São Paulo (USP), e Engenharia do Meio Ambiente (1991), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Nos primeiros 25 anos de carreira, dedicou-se ao ensino universitário, na Universidade de Brasília (UnB), e ao mapeamento geológico na
CPRM/SGB, entremeando um período em empresas privadas (Mineração Morro Agudo e Camargo Correa), onde atuou em prospecção mineral
em todo o território nacional. Desde 1979, quando retornou à CPRM/SGB, exerceu diversas funções e ocupou diversos cargos, dentre os quais
o de Chefe do Departamento de Geologia da CPRM/SGB e o de Superintendente de Recursos Minerais. Nos últimos 18 anos vem se dedicando
à gestão territorial, com destaque para o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), sobretudo na Amazônia e nas faixas de fronteira com os
países vizinhos, atuando como coordenador técnico de diversos projetos binacionais. Nos últimos 10 anos vem desenvolvendo estudos quanto
à avaliação da Geodiversidade para o desenvolvimento regional utilizando técnicas de cenários prospectivos.
WENCESLAU GERALDES TEIXEIRA – Graduado (1989) em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestre (1992)
em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e doutor (2001) em Geoecologia pela Universidade
de Bayreuth (Alemanha). Desde 1995 é pesquisador da Embrapa. Participa como professor associado da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM) no curso de pós-graduação em Agronomia Tropical e do curso de pós-graduação em Agricultura do Trópico Úmido no Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA). Trabalha na área de Agronomia, com ênfase em Física, Manejo e Conservação do Solo e da Água, atuando
principalmente nos seguintes temas: Indicadores da Qualidade Física e Métodos de Avaliação das Características Físico-Hídricas de Solos Tropicais;
Modelagem de Fluxos de Água e Solutos no Solo; Gênese das Terras Pretas de Índio.
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GEODIVERSIDADE DO
GEODIVERSIDADE DO
ESTADO DO CEARÁ
ESTADO DO CEARÁ
DO CEARÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
Geodiversidade do Estado do Ceará é um produto
concebido para oferecer aos diversos segmentos
da sociedade cearense uma tradução do atual
GEODIVERSIDADE DO ESTADO
conhecimento geocientífico da região, com vistas ao
planejamento, aplicação, gestão e uso adequado do
território. Destina-se a um público alvo muito variado, SEDE
SGAN – Quadra 603 • Conj. J • Parte A – 1º andar
incluindo desde as empresas de mineração, passando Brasília – DF • 70830-030
pela comunidade acadêmica, gestores públicos Fone: 61 3326-9500 • 61 3322-4305
Fax: 61 3225-3985
estaduais e municipais, sociedade civil e ONGs.
Escritório Rio de Janeiro – ERJ
Av. Pasteur, 404 – Urca
Dotado de uma linguagem voltada para múltiplos Rio de Janeiro – RJ • 22290-255
Fone: 21 2295-5337 • 21 2295-5382
usuários, o mapa compartimenta o território cearense Fax: 21 2542-3647
em unidades geológico-ambientais, destacando suas Presidência
limitações e potencialidades frente à agricultura, obras Fone: 21 2295-5337 • 61 3322-5838
Fax: 21 2542-3647 • 61 3225-3985
civis, utilização dos recursos hídricos, fontes poluidoras,
Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial
potencial mineral e geoturístico. Fone: 21 2295-8248 • Fax: 21 2295-5804
Ouvidoria
Fone: 21 2295-4697 • Fax: 21 2295-0495
ouvidoria@cprm.gov.br
Geodiversidade é o estudo do meio físico constituído por ambientes
diversos e rochas variadas que, submetidos a fenômenos naturais Serviço de Atendimento ao Usuário – SEUS
e processos geológicos, dão origem às paisagens, ao relevo, outras Fone: 21 2295-5997 • Fax: 21 2295-5897
seus@cprm.gov.br
rochas e minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos
superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo
como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, www.cprm.gov.br
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o educativo e o turístico, parâmetros necessários à preservação
responsável e ao desenvolvimento sustentável.
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Secretaria de
Geologia, Mineração e Ministério de
Transformação Mineral Minas e Energia
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