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A Psicanálise dos Contos de Fadas

Introdução

A Psicanálise dos Contos de Fadas

O que é a Psicanálise

As três componentes que constituem a estrutura da personalidade:

Id , Ego , Superego

1.- O que é a Psicanálise?


A Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica desenvolvido pelo médico
neurologista Sigmund Freud.

Propõe-se à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do


inconsciente.

Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento da psicoterapia.

● A psicanálise aborda várias realidades, entre as quais, a psicanálise dos contos de


fadas.

● Bruno Bettelheim é o psicólogo infantil que mais se debruça sobre a psicanálise dos
contos de fadas.

● Para este psicólogo os contos infantis fornecem às crianças pistas para a resolução
dos seus problemas de desenvolvimento e do quotidiano.

2.- As três componentes que constituem a estrutura da


personalidade:
● Os contos de fadas ao serem ouvidos/ lidos pelas crianças, contribuem para a
estruturação da sua personalidade.

● Para Freud existem três componentes que constituem a estrutura da personalidade,


são estas: Id , Ego , Superego

Id

● O Id é a parte da personalidade inata, desorganizada e não socializada e tem como


função reduzir as tensões criadas por pulsões essenciais.

● O Id opera de acordo com o princípio do prazer, isto é, procura o prazer e evita o


sofrimento, localizando-se, então, na zona inconsciente da mente.

Ego
● O Ego, que significa “eu” em latim, é o componente psicológico da personalidade e
actua de acordo com o Princípio da Realidade.

● Ego é como se fosse um “executivo” da personalidade pois toma decisões, controla


acções e permite o pensamento e resolução de problemas de ordem mais elevada.

Superego

● O Superego é a estrutura da personalidade final, ou seja, representa o certo e o


errado das normas e valores sociais transmitidos pelos pais, professores e outras
figuras ao indivíduo.

● Este é estruturado durante a fase fálica, pois é durante esta fase que as crianças
começam a distinguir o certo e o errado, segundo as suas normas sociais.

● O Superego inclui dois componentes:

- Consciência

- Ideal do Ego

● O Superego ajuda-nos a controlar os impulsos provenientes do Id, tornando o nosso


comportamento mais honesto.

3 A importância da exteriorização: personagens e acontecimentos


fantásticos

O espírito de uma criança contém uma colecção (que rapidamente se enriquece) de


impressões frequentemente mal agrupadas e só parcialmente integradas: alguns
aspectos correctamente apreendidos da realidade, mas muito mais elementos
completamente dominados pela fantasia. Esta preenche enormes hiatos no
entendimento da criança, devido à imaturidade do seu pensar e à sua falta de
informações pertinentes. Outras distorções são consequência de pressões interiores
que conduzem aos contra-sensos das percepções da criança.
A criança normal começa a fantasiar com um segmento da realidade mais ou menos
bem observado, o que poderá evocar nela necessidades e angústias tão fortes que
pode deixar-se arrastar por elas. Muitas vezes as coisas tornam-se tão confusas no
seu espírito que ela não consegue apartá-las umas das outras. Mas é necessário um
certo ordenamento para que a criança regresse à realidade, não enfraquecida nem
vencida, mas antes fortalecida por esta excursão pelas suas fantasias.
Os contos de fadas ajudam-na, mostrando-lhe como uma claridade superior pode
emergir, e emerge mesmo, de todas as suas fantasias. Estes contos começam
geralmente de uma forma bastante realista: uma mãe que diz à filha para ir sozinha
visitar a avó ( A Menina do Capuchinho Vermelho); as dificuldades que um pobre casal
tem para sustentar os filhos (Hansel e Gretel); um pescador que não apanha nenhum
peixe na sua rede ( O Pescador e o Génio). Isto é, a história começa com uma
situação real, mas de certo modo problemática.
Uma criança, perante os problemas e acontecimentos que, no dia-a-dia, a deixam
perplexa, é estimulada pela sua educação a compreender o como e o porquê destas
situações e a procurar soluções. Contudo, uma vez que o raciocínio tem, então, um
fraco controle sobre o seu inconsciente, a imaginação da criança foge da pressão das
emoções e dos conflitos não resolvidos. A habilidade do raciocínio emergente da
criança é depressa subjugada por angústias, esperanças, receios, desejos, simpatias
e ódios que se entrelaçam com o que quer que seja que a criança tenha começado a
pensar.
O conto de fadas, não obstante começar pelo estado psicológico da criança – tais
como sentimentos de rejeição quando comparada com os irmãos, como em A Gata
Borralheira – nunca principia com a sua realidade física. Nenhuma criança tem de
sentar-se sobre cinzas, como a Gata Borralheira, ou ser deliberadamente abandonada
num bosque denso, como Hansel e Gretel, porque uma semelhança física seria
demasiado assustadora para a criança e “acertaria perto de mais no alvo, para seu
conforto”, exactamente quando confortar é um dos propósitos dos contos de fadas.
Uma criança familiarizada com os contos de fadas compreende que eles lhe falam
numa linguagem de símbolos e não na da realidade de todos os dias. O conto de
fadas diz-nos, a partir do seu intróito, através do seu enredo e pelo seu desfecho, que
aquilo de que nos fala não são factos tangíveis ou pessoas e lugares reais. Os
acontecimentos reais só se tornam importantes para a criança através do sentido
simbólico que ela lhes dá ou que ela neles encontra.
Era uma vez, Num certo país, Há mil anos ou mais, No tempo em que os animais
falavam, Uma vez, num velho castelo, no meio de uma grande e densa floresta – estes
intróitos sugerem que o que se vai seguir não pertence ao “aqui e agora” que
conhecemos. Esta imprecisão deliberada, no princípio dos contos de fadas, simboliza
que estamos a deixar o mundo concreto da realidade quotidiana. Os velhos castelos,
as cavernas escuras, as portas fechadas à chave onde é proibido entrar, os bosques
impenetráveis, todos sugerem que alguma coisa normalmente escondida virá a ser
revelada, enquanto o há muito tempo implica que vamos lidar com acontecimentos
arcaicos.
Depois dos cinco anos – a idade em que os contos de fadas se tornam
verdadeiramente plenos de sentido –, nenhuma criança normal toma estas histórias
como a verdade da realidade exterior. A pequenita que imagina ser a princesa que vive
num castelo e desfia fantasias complicadas sabe, quando a mãe a chama para jantar,
que não é uma princesa. E, se bem que o arvoredo de um parque possa ser visto, às
vezes, como uma floresta densa e profunda, cheia de segredos escondidos, a criança
sabe que na realidade é somente um arvoredo – exactamente como a pequenita sabe
que a sua boneca não é na verdade o seu bebé, por muito que ela a trate como tal.
Os contos que comecem mais próximos da realidade, na sala de estar ou no pátio da
criança, em vez de evocarem a cabana de um lenhador junto de uma grande floresta,
e que contenham gente muito parecida com os pais da criança, e não com lenhadores
pobres ou reis e rainhas (mas que misturem estes elementos realistas com
componentes fantásticos, que satisfazem todos os desejos), são capazes de levar a
criança a confundir o real com o que não o é. Estas histórias, sem estarem de acordo
com a realidade interior da criança, por mais fiéis que sejam à realidade exterior,
alargam o fosso que separa a experiência interior e exterior da criança. Elas separam-
na ainda dos seus pais, porque a criança começa a sentir que ela e eles vivem em
mundos espirituais diferentes; por muito próximo que eles se encontrem no espaço
“real”, emocionalmente parecem viver, temporariamente, em continentes diferentes.
Isto contribui para uma descontinuidade entre as gerações, o que é doloroso tanto
para os pais como para a criança.
Se contarem a uma criança histórias “verdadeiras como a realidade” (o que quer dizer
falsas para partes importantes da sua realidade interior), ela pode concluir que muito
dessa realidade interior é inaceitável para os seus pais. Assim, há muita criança que
se afasta da sua vida interior, e isso depaupera-a. Consequentemente, ela pode
depois, já adolescente e, fora da ascendência emocional dos seus pais, vir a detestar
o mundo racional e escapar-se completamente para um mundo de fantasia, como que
para se desforrar do que perdeu na infância.
Quando for mais velha, isso poderá implicar uma severa quebra com a realidade, com
todas as perigosas consequências para o indivíduo e para a sociedade. Ou, menos
seriamente, a pessoa poderá continuar esta clausura do seu “eu” interior toda a sua
vida, e não se sentir nunca plenamente satisfeita com o mundo, porque, alienada dos
processos inconscientes, ela não pode usá-los para enriquecer a sua vida na realidade
das coisas. A vida deixa então de ser “um prazer” ou “uma espécie de privilégio
excêntrico”. Com tal separação, o que quer que aconteça na realidade deixa de
oferecer satisfação apropriada às necessidades inconscientes. O resultado é que a
pessoa sente sempre que a sua vida é incompleta.
Quando uma criança não é subjugada pelos seus processos mentais interiores e é
bem tratada em todos os aspectos importantes, pode então dirigir a sua vida de
maneira apropriada relativamente à sua idade. Nessas ocasiões, ela pode resolver os
problemas que se levantem. Mas, se observarmos as crianças nos seus receios, por
exemplo, verificaremos como esses períodos são limitados.
Assim que as pressões interiores da criança estão na mó de cima – o que acontece
frequentemente –, a única esperança que ela tem de ter algum controle sobre elas é
exteriorizá-las. Mas o problema é como fazê-lo sem deixar que as exteriorizações se
apoderem dela. Pôr ordem nas diversas facetas da sua experiência exterior é tarefa
muito difícil para uma criança; e, a não ser que consiga ajuda, torna-se impossível
desde que as experiências exteriores se baralhem com as suas experiências
interiores.
Por si só, a criança ainda não é capaz de ordenar e dar sentido aos seus processos
interiores. Os contos de fadas oferecem personagens nas quais ela pode exteriorizar o
que se passa no seu espírito, por meios controláveis. Os contos de fadas mostram à
criança como ela pode personalizar os seus desejos destrutivos numa só figura, ir
buscar satisfações desejadas a outra, identificar-se com uma terceira, ter ligações com
uma quarta, e assim por diante, conforme as suas necessidades de momento.

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