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NUMINON – Instituto de Estudos Psicanalíticos e Ciências da Mente

Curso Livre de Formação em Psicanálise Aula -3 Módulo IV

João Ricard

2019
NUMINON – Instituto de Estudos Psicanalíticos

Esta apostila tem por objetivo ser um pequeno guia, um resumo das aulas, para auxiliar os
alunos do curso livre de formação em psicanálise do NUMINON a complementarem seus
estudos. Todos os temas aqui abordados poderão ser estudados com mais profundidade nas
obras indicadas como bibliografia recomendada ao final de cada aula.

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Sumário

A Perversão.................................................................................................................3

Estrutura Perversa............................................ ..........................................................5

Sadismo e Masoquismo como tipos clínicos...........................................................10

Apêndice .................................................................................................................13

Bibliografia recomendada e estudos complementares............................................14

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Perversão

Ao contrário da neurose e da psicose a estrutura perversa, mesmo dentro da psicanálise ocupou


nas primeiras décadas do séc XX um lugar secundário, o não visto, o não falado, uma espécie de limbo
psicanalítico, muito pouco foi aprofundado sobre o assunto... Hoje porém muitos estudos modernos têm
sido desenvolvidos, as estruturas perversas e o narcisismo já ocupam uma boa parcela da equação
psicossocial corrente. São mudanças de paradigmas importantes que enfrentamos de 100 anos para cá.
A psicanálise clássica, como sendo a clínica do neurótico é muito válida, porém pensar o narcisismo e
as estruturas perversas nos dias atuais é de extrema necessidade. Trazer o narcisismo, e a perversão para
o âmbito das reflexões psicanalíticas mais profundas seria tão necessário hoje como foi feito em relação
à psicose estudada e aprofundada por Lacan, sendo uma grande contribuição ao entendimento desta
estrutura. Traze-los para o campo de estudos mais aprofundados além de tudo seria uma forma de
compreender melhor o nosso próprio tempo.

Logo de inicio, é extremamente necessário fazer uma distinção entre perversão e


perversidade. Dentro da cultura leiga perversidade e perversão são sinônimos, porém para nós que
estudamos a metapsicologia é fundamental fazermos esta distinção. A perversidade é atributo moral
referente a algo que é cruel, mal, desprezível, uma tendência a aplicar sofrimento e dor. Já a perversão,
dentro da metapsicologia é o desvio de uma norma, desvio daquilo que é considerado normal sendo
também uma estrutura de personalidade. Também é bem comum no universo leigo pensar em psicopatia
e estrutura perversa como se fosse uma mesma coisa. Psicopatia é um termo da psiquiatria e da
criminologia, em psicanálise não existe este diagnóstico. Parara alicerçarmos estas distinções seria
interessante pensarmos em três termos de uso corriqueiro, que são o Normal, o Comum e o Natural.
Podemos pensar no comum como, COMO-UM, é aquilo que fazemos e pensamos coletivamente como
se fossemos um só, o comum é o pensar coletivo informal. Por exemplo, no Brasil é muito COMUM
reclamar da politica. Todos nós em nossa grande maioria fazemos isso, ou seja, reclamar de politica no

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Brasil é algo comum. Já o normal é aquilo que segue uma NORMA, norma geralmente é criada por
outro, é um padrão estabelecido, um costume alicerçado em regras expressas de forma tácita ou
expressa, um regulador o qual devemos acatar e nos adaptarmos. O natural por sua vez é regido pelas
leis da própria natureza, tudo o que herdamos genética e filogeneticamente, e é alheio a cultura, é o
instinto, a vitalidade a natureza em nós, o próprio Id Freudiano. Por exemplo, comer quando se esta com
fome dormir quando se tem sono, lutar ou fugir quando ameaçado são atitudes naturais. Esta primeira
formulação de conceitos é importante para podermos determinar dentro da metapsicologia o que é
perversão. Para a teoria Freudiana Perversão é aquilo que se desvia da NORMA, do normal. Durante
a evolução da sociedade, da cultura, muitas normas implícitas ou explicitas foram criadas, percebidas,
substituídas, transformadas, e outras permanecem atuais, isto nos leva a entender que se a perversão é o
desvio da norma, e que esta norma é em muitos casos mutável através do desenvolvimento social, logo a
própria perversão esta estabelecida dentro de critérios relativos a momentos e locais específicos. Logo,
podemos concluir que o conceito de perversão é um conceito relacionado à cultura vigente. A perversão
é uma estrutura clinica oposta a neurose, e também esta relacionada ao desenvolvimento psicossexual
infantil, ela seria uma expressão libidinal a qual não se sujeita a primazia genital, permanecendo parcial
e polimorfa dentro da sexualidade adulta. Neste caso, dentro deste modo de pensar teoricamente
estruturado, a perversão para Freud não seria NORMAL, Pois para ele a norma seria todas as pulsões
parciais infantis serem canalizadas ao entorno da primazia genital, após o período de latência. Ou seja,
aqui ele simplesmente esta dizendo que em muitos casos a perversão não é normal, pois não segue a
norma, porém ela pode ser natural e até comum. Os tipos clínicos da perversão diferem da psicose e
neurose, pois eles não geram sintomas tão evidentes e característicos, a perversão ao contrário da
neurose é egossintônica, pois esta de acordo com o modo de ser do sujeito e de certa forma é sancionado
pelo ego. Já sabemos que a neurose tem sua etiologia no recalque da “sexualidade infantil” e nos futuros
recalques que por ventura vierem a ocorrer. O excesso de libido contida e recalcada geram os sintomas
neuróticos. Porém a perversão é o ralo por onde esta libido escapa, se livrando do excedente de libido,
mesmo que de forma considerada fora dos padrões, o sujeito evita seu acumulo e em decorrência disso
os sintomas neuróticos. Também é interessante que observemos a perversão sempre por dois ângulos,

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que é a perversão moral e a sexual (erógena), que são estruturadas através do mesmo processo
(denegação ou recusa da metáfora paterna), porém a personalidade perversa tem seu modo de ser tanto
no campo da sexualidade (como desvio da conduta sexual não visando a genitalidade) como no campo
moral, sendo o desvio do que moralmente é aceito como conduta, moral ou ética. A perversão pode ser
entendida tanto dentro de um contexto como dentro de outro ou ambos. Inclusive quando os limites
éticos/morais são ultrapassados e chegamos aos problemas legais como o crime estamos no extrema da
perversão que é a psicopatia (já um termo referente a psiquiatria e ao ordenamento jurídico) Para fins
didáticos poderemos pensar na psicopatia como o polo extremo e exagerado da perversão. “A libido
perversa” pode obter prazer através da sexualidade como das atitudes ditas morais. Por exemplo, o
masoquismo e o sadismo moral podem ser tão prazerosos para a estrutura perversa quanto os atos
sadomasoquistas dentro da sexualidade adulta.

O conceito (perversão) origina-se do verbo latino per-vertere (desviar, por de lado) e pode ser
usado tanto em referência à conduta sexual de um individuo quanto a outras tendências instintivas,
morais, éticas ou até mesmo históricas. Pode-se, atribuir e se perceber a importância das perversões na
ordem psíquica, na ordem do sexual etc... Freud se interessou mais pelas perversões de ordem
sexualidade e de suas consequências psíquicas. Os tipos clínicos da perversão são classificados por
Lacan como - Masoquismo/Sadismo, Voyeurismo/Exibicionismo e o Fetichismo. Abordamos este
assunto na aula três módulos três, e na apostila correspondente, a qual poderá complementar este
resumo.

Estrutura Perversa

Como vimos anteriormente, a estrutura da personalidade humana, segundo a psicanálise


clássica, é formada durante o desenvolvimento psicossexual infantil e suas fases, e tem seu desfecho
definitivo dado ao final do complexo de Édipo, por volta dos 6 anos de idade. Enquanto o mecanismo

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que dá origem a neurose é o recalque o da perversão é o oposto, dar passagem a estas mesmas pulsões
através de um super ego estruturado de forma frágil através da denegação ou recusa da função paterna.

Psicopatia, Perversão na (Sexologia), Perversão na (Psicanálise).

O conceito psicopatia é um termo relacionado e elaborado pela psiquiatria e usado pela criminologia
para designar transtornos mentais os quais preservam o funcionamento da razão. Na psicopatia o
intelecto do sujeito esta preservado. Era comum nas épocas tradicionais e iniciais da psiquiatria a
relação com o psicótico, àqueles que tinham a consciência e o sentido de realidade afetados,
sucumbindo por alucinações e delírios. Mas, e os transtornos os quais mantinham intactos a noção de
realidade, o raciocínio, e a intelectualidade, porém o qual atacava o individuo através de um Pathos?
(Pathos = pujança interior incontrolável, passional a qual leva o sujeito a cometer atos contra sua
vontade consciente podendo ser criminosos ou não). Isto levou a psiquiatria corrente a elaborar um novo
conceito para diferenciar estes dois tipos de transtornos, por um lado se tinha a Psicose (dementia
precox) e por outo o conceito de psicopatia. O termo psicopatia foi estabelecido em 1941 pelo psicólogo
Hervey Cleckley, mas antes disso Pinel já conhecia este estado, e o chamava de mania ou loucura sem
delírio. Independentemente do termo, aqui se enquadram os psicopatas, serial killers, piromaníacos,
maníacos sexuais etc...

...“A psicopatia foi descrita através da excessiva manifestação de egocentrismo, incapacidade para o
amor não narcísico, falta de remorso, vergonha ou culpa, tendência à mentira e à insinceridade, vida sexual
impessoal, charme envolvente, mas superficial, boa capacidade retórica, inclinação para se fazer de vítima e
boa capacidade cognitiva sem comprometimento com a percepção da realidade.”

Verbete Dicionário de Psiquiatria

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Já a perversão é um termo médico oriundo da sexologia o qual foi elaborado e posteriormente


estudado pelo médico Krafft Ebing no seu ensaio “Psychopathia Sexualis” ao final da década de 1890
designando o desvio do padrão sexual normal. E foi a partir da sexologia que houve uma tentativa de
classificação e sistematização. A classificação médica se dava da seguinte forma:

1. Anestesia - incapacidade de sentir prazer falta de desejo, impotência sexual.


2. Hiperestesias – O oposto da anestesia, uma hiper intensificação do desejo, algo como a tara ou a
ninfomania.
3. Parestesias – Masoquismo, sadismo, fetichismo, voyeurismo e exibicionismo. Desvio em
relação à meta ou objetivo.
4. Parafilias - As Parafilias são os desvios em relação aos objetos. Por exemplo, a Necrofilia,
Pedofilia, Zoofilia etc...

Lista com mais de 100 parafilías para consulta poderá ser encontrada na área do aluno ou em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_parafilias

É com esta realidade médica e suas tentativas de sistematização que Freud se deparou no inicio
do século XX. Em 1905 começou a dialogar, trazendo para dentro da psicanálise nascente, e no âmbito
do subjetivo humano aquilo que estava dentro e sob domínio da medicina/psiquiatria. Freud em 1905 no
seu livro três ensaios sobre a teoria da sexualidade se apropria do termo Perversão e o expande dentro
de seu sistema de entendimento relacionando-o à sua forma característica de entender à sexualidade
humana, como pulsão erótica. Resumindo, Psicopatia e Perversão são coisas distintas, apesar da
psicopatia ser o polo extremo da perversão não devemos de forma nenhuma associar a estrutura
perversa à psicopatia. É raro uma personalidade estruturada de forma perversa chegar a este grau. O
Psicopata e o Perverso são diferentes, e participantes de campos epistemológicos distintos. É muito
importante ter estas distinções em mente, para que não confundamos uns com os outros... O Perverso

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não é um psicopata, porém o psicopata é estruturado em uma personalidade perversa, pois é através do
mecanismo da denegação que o perverso, não aceitando a castração Edipiana, não aceita também ser
submetido às leis paternas e, em consequência disto, as leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade
como o psicótico e nem reprime os seus desejos como o neurótico. Ele escolhe ficar “ao lado” do
Complexo de Édipo da lei paterna e às vezes das leis sociais passando a satisfazer sua libido da forma
que mais o interessa, voltado apenas a si próprio (Narcisismo). Como falamos anteriormente, durante
muito tempo a perversão ocupou um segundo, ou mesmo um terceiro plano dentro dos estudos e
pesquisas psicanalíticas. No inicio do século XX com Freud e a sexologia vigente a literatura a respeito
das perversões eram escassas, rasas, porém da década de 50/60 para cá pesquisadores e psicanalistas
passaram a dedicar mais tempo e interesse ao assunto. Hoje já temos muitas visões modernas e
aprofundadas a respeito do tema, porém como nosso objetivo é apenas apresentar o pensamento da
psicanálise clássica (Freud/Lacan), sairia da presente proposta ampliarmos este conceito. Porém ficara
disponível na área do aluno uma lista com as obras mais relevantes e modernas sobre este assunto para
quem quiser se aprofundar mais neste tema. Concluindo com um exemplo, o Psicanalista Masud Khan
(1924 -1989), discípulo de Winnicott trouxe ótimas contribuições a este assunto, apesar de não trazer
contribuições quantitativas robustas, trouxe algumas contribuições de grande qualidade teórica e clínica.
Poucas palavras que dizem muito... Masud foi muito criticado pela sociedade psicanalítica Inglesa por
suas ideias e posições em desacordo com a ortodoxia que vigorava dentro da sociedade. Dono de uma
personalidade polêmica e inusitada causou muitos desafetos. Porém seu valor como psicanalista, e suas
ideias foram logo reconhecidas por Anna Freud e Winnicott. Anna Freud até chegou a citar que Khan
entendeu o trabalho de seu pai melhor do que qualquer outra pessoa.

Para Khan, diferentemente do que pensava Lacan, a personalidade perversa não se estruturava ao
final do Édipo com o duplo interdito paterno e a castração, mas sim, vinha se desenvolvendo muito
antes, já na fase oral de desenvolvimento. Para ele a personalidade perversa se estruturaria envolta de
um Falso Self, de uma falsa noção de Si mesmo, um ego desvinculado de sua essência, de sua realidade
psíquica inerente, um ego cingido pelo ambiente ao qual estava inserido, levando o sujeito a já adentrar
no Édipo com predisposição a denegação, a recusa, e a estrutura perversa. Então, todo o contexto

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anterior ao Édipo já marcaria a sua conclusão de antemão. Ou seja, os perversos não sentem ou
demonstram os seus próprios desejos anseios ou necessidades. Uma mãe insuficientemente boa não
respeitaria os tempos, vontades e necessidades verdadeiras de seu filho nos primeiros anos de sua vida.
Ao limitar os gestos essenciais e verdadeiros da criança com o intuito de impor as próprias necessidades
de tempo, alimentação, espaço, valores religiosos e projetos de vida, por exemplo, esta mãe coibiria a
manifestação dos processos e experiências de subjetividade desta criança, ou seja, seu verdadeiro Self.
Não podendo experimentar o mundo por si mesmo, a criança passa a criar objetos idealizados para si,
como a mãe, por exemplo, e submeter seus gestos a vontade de outros surgindo o falso Self defensivo
contra os próprios desejos e o próprio masoquismo como substrutura perversa. O perverso, na infância,
é o retrato dos desejos inconscientes de sua mãe, por esta causa o perverso entra no Complexo de Édipo
enviesado e predisposto a não aceitar a lei paterna. A descrição dos processos perversos feita por Khan
questiona a posição de Freud e Lacan quanto ao surgimento da perversão durante o Complexo de Édipo.
Outra posição contrária é que, para ele, o perverso não busca realizar seus desejos sem se preocupar
com os limites impostos, como ensinam Freud e Lacan. Os perversos, por serem constituídos de
um falso Self, não podem "desejar". Só pode desejar algo quem sabe o que é, e o que deseja, ou seja,
que tem um Self. O perverso se move pela inveja, pelo que acreditou ser seu desejo provindo de outros.
Os próprios desejos primitivos recalcados pelo falso Self os perturbam e os fazem infelizes e invejosos.

Como as outras estruturas clínicas, a estrutura perversa também têm suas substruturas ou tipos
clínicos correspondentes, que são o masoquismo/sadismo o fetichismo e o voyeurismo/exibicionismo.
As parafilias também podem fazer parte da estrutura perversa. A sintomatologia perversa é muito
peculiar, pois diferentemente da neurose, apenas em casos mais raros causam surtos ou sofrimentos
significativos. Em ultima análise a estrutura perversa é uma forma que o sujeito encontrou de existir
como individuo na vida.

Nunca devemos diagnosticar estruturas clínicas baseados apenas na sintomatologia apresentada.


Os diagnósticos das estruturas se dão pela transferência em análise, e isto pode levar certo tempo. A
estrutura se apresenta ao analista no decorrer do tratamento pois a estrutura é aquilo que acontece na

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maioria do tempo, é a regra e não a exceção. Na regra do que se acontece na maior parte do tempo no
dia a dia de um individuo é que poderemos notar de que forma se esta estruturada a personalidade. E
como o contato do analista com o analisando é curto, talvez uma hora por semana atualmente, é
necessário tempo transferência e experiência para não confundir a regra com a exceção. Todos nós
poderemos ter traços das três estruturas. Porém temos uma personalidade estruturada de forma
predominantemente e esta é a estrutura clínica do individuo.

Sadismo e Masoquismo como tipo clínico

Freud abordou o assunto do masoquismo e do sadismo em alguns momentos de sua obra. Suas
ideias em relação ao sadismo permaneceram muito parecidas no decorrer do tempo. Para ele o sadismo
era elemento primário do psiquismo humano ligado à agressividade. Muito cedo ele percebeu uma
espécie de sadismo infantil em relação a pequenos animais e insetos. Talvez por não querer chancelar
algumas ideias de Adler, não usou muitas vezes e claramente o termo pulsão de poder, vontade de poder
similar ao que Nietzsche também apregoava aos quatro cantos. Foi apenas em “O problema econômico
do masoquismo” que discretamente toca neste assunto, mas fica evidente em seus escritos esta
conotação. Já com o masoquismo foi diferente, a própria contradição intrínseca e antinatural do
masoquismo o levou a elaborar algumas teorias a respeito. A princípio Freud derivou o masoquismo do
próprio sadismo (masoquismo secundário). Para ele no início de suas teorias o masoquismo não era um
elemento psíquico que existiria por conta própria e sim um elemento derivado do sadismo. Masoquismo

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era o sadismo voltado contra o próprio sujeito, logo, elemento secundário ou derivativo. No entanto em
seus trabalhos futuros, principalmente após seus escritos “Além do Principio do Prazer - 1920” e o
“Ego e o Id - 1922” onde estrutura sua segunda tópica, em posse destes novos elementos e do conceito
de pulsão de morte Thanatos passa a entender o masoquismo de forma diferente, agora como primário
ou originário, o que culminou no artigo “O Problema econômico do Masoquismo 1924”. Neste artigo
Freud apresenta pela primeira vez o masoquismo como inerente ao psiquismo humano. E descrimina
três tipos de masoquismo que são o masoquismo erógeno, o masoquismo feminino e o masoquismo
moral.

Masoquismo erógeno: É o masoquismo do senso comum, vinculado a sexualidade masoquista ao


prazer em sentir dor, prazer no sofrimento físico. Ele não é derivativo de outro tipo de masoquismo e
sim um masoquismo essencial. Este tipo de masoquismo nem Freud explica. Ele não se da em bases
psíquicas, mas sim biológicas. Freud fala sobre a etiologia do masoquismo erógeno:

“... Suas bases devem ser buscadas ao longo de linhas biológicas e constitucionais. Ele permanece
incompreensível, a menos que se decida efetuar certas suposições sobre assuntos extremamente obscuros”.
S. Freud – O problema econômico do masoquismo 1924

Masoquismo feminino: Por paradoxal que possa parecer o masoquismo feminino do qual Freud trata é
referente aos homens. Freud não deixa de ser um homem de seu tempo, e como tal existindo dentro de
um contexto cultural especifico que percebia a mulher como polo passivo e submisso. Para Freud,
quando o homem apresentava um masoquismo dentro deste contesto de submissão e passividade ele
apresentava um masoquismo feminino. As características deste tipo de masoquismo são: a impotência
ligada com o desejo de apanhar, ser amarrado, açoitado, maltratado etc...

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Masoquismo Moral: Já o masoquismo moral é aquele que ocorre dentro do próprio psiquismo do
sujeito onde de certa forma ele mesmo exerce as funções de sádico e masoquista consigo mesmo. Freud
coloca o sentimento de culpa inconsciente como o desencadeador do masoquismo moral. Seria a relação
sádica por parte do super ego em relação ao ego masoquista. Seria a necessidade de punição que o ego
sentiria causada por uma culpa inconsciente. Ao mesmo tempo em que existe o sofrimento masoquista
por parte do ego também existe um certo prazer pelo alivio da culpa a qual o aflingia. Este mecanismo
pode ser projetado e transferido para fora do individuo onde outras pessoas assumiriam o papel do Ego
masoquista ou do superego sádico.

A perversão é um fenômeno presente em todas as sociedades humanas que engloba aspectos físicos,
psíquicos e sociais sendo até hoje objeto de estudo dentro da psicanálise, psicologia, psiquiatria,
antropologia etc...

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APÊNDICE

Colaboração Gráfica para ajudar a entender as estruturas e suas relações.

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BIBLIOGRAFÍA RECOMENDADA E ESTUDOS COMPLEMENTARES.

FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. VII.

FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. In: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XIV.

FREUD, S. (1915). As pulsões e suas vicissitudes. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XIV.

FREUD, S. (1920). Além do princípio do Prazer. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XVIII.

FREUD, S. (1923). O ego e o Id. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XIX.

FREUD, S. (1923). O problema econômico do masoquismo: Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996, vol. XIX.

*Todo material sugerido poderá ser encontrado na área do aluno.

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