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A
palavra vício é usada
pelas pessoas para designar
diversos hábitos, manias ou
costumes. Entretanto, o verdadeiro
significado dessa expressão é patológico.
É preciso saber diferenciar quando
alguma atitude na sua vida torna-se
realmente um vício e como tratar dele.
Segundo o psiquiatra Bráulio Tercius
Escobar, o vício está relacionado a uma
região do cérebro, que se chama sistema
límbico. É nessa região que são liberados
hormônios, desencadeados por certas
situações. Tais hormônios, entre eles a
dopamina, proporcionam à pessoa a
sensação de prazer e bem-estar. “Essa
liberação pode ser feita de várias formas,
como o uso de substâncias químicas ou
outras atividades, como o jogo”, explica
Escobar.
O hábito torna-se um vício a partir
do momento em que passa a impedir a
pessoa de ter uma vida normal. “Ele se
constitui numa doença quando interfere que não sejam o vício e fazê-lo enxergar sintomas paupáveis e concretos no usados para esse fim. “Já os
no dia-a-dia do indivíduo, trazendo os prejuízos causados em sua vida. Mas corpo. “É preciso enfatizar os transtornos antidepressivos sim, estes podem
sofrimento. Ele precisa daquilo”, diz a a psicóloga alerta: é importante que a que o vício está causando na vida da causar dependência”.
psicóloga Cristina Machado Gouveia. O pessoa se dê conta do mal que o vício pessoa”.
vício atrapalha o repertório de vida: o lhe causa. “No caso específico da de- Quanto às medicações usadas nos Um mal sem cura
trabalho, o relacionamento familiar e o pendência química é muito comum que tratamentos, não há com o que se
relacionamento social. “Na maioria das o familiar do paciente o traga ao preocupar. “Elas não causam depen- Há quem diga, após um tratamento
vezes as pessoas só têm essa percepção consultório médico. Mas, se não for uma dência nem síndrome de abstinência”, de vício, que está curado. Isso é um erro.
quando já estão tomadas”, reforça necessidade do viciado, as chances de afirma Escobar. Cristina explica: os “A gente não fala em cura na medicina. A
Escobar. melhora e de um prognóstico positivo remédios que podem causar depen- gente fala em tratamento”, ensina
são muito menores, porque não advém dência são os que têm tarja preta e os Escobar. Por isso que se diz que um
Paciência e remédios de uma necessidade dele, mas de quem remédios que são usados para tratar de alcoólatra viverá nessa condição para o
convive com ele e sofre junto”. vícios têm a tarja vermelha, a mesma resto da vida. No seu cérebro, há uma
O tratamento de um dependente de um antibiótico, o que não causa memória registrada de que aquela
exige paciência e perseverança. “Cada Apoio da família dependência. “Além disso, a substância traz prazer. Se não souber
pessoa tem um comportamento é fundamental psicoterapia procura acompanhar o lidar com isso, ele volta a beber.
diferente, uma biologia diferente, uma paciente, percebendo qualquer reação Felizmente, os índices de melhora são
genética diferente e um meio social Quem está próximo do doente precisa adversa, para que o vício não seja significativos, chegando a 80%. “Só que
psicológico diferente. Então, não existe estar atento. Segundo Escobar, familiares substituído pelo remédio”. A psicóloga não há uma garantia de que a pessoa
uma receita para todo mundo”, diz e amigos que desejam dar apoio precisam diz que o que acontece é o uso nunca mais terá uma recaída”, afirma o
Escobar, explicando que cada caso deve buscar a maior informação possível indiscriminado desses remédios. No psiquiatra. Porém, quando isso acontece,
ser analisado pelo profissional isolada- sobre o tipo de vício e tratamentos. Brasil, muitas pessoas recorrem à auto- o estrago tende a ser pior. Existe um nível
mente. O mais indicado é a associação “Geralmente todo mundo tem um medicação, ou seja, usam a receita do de tolerância, que registra no cérebro a
de remédios, que, como no exemplo do dependente na família, um fumante, profissional pelo resto da vida, não última quantidade de droga ou álcool
álcool, inibem a vontade de beber, com alguém que bebe, só que se tenta fazendo um retorno ao consultório para suficiente para lhe trazer prazer. “Após
a psicoterapia, que procura estudar a esconder, deixar de lado, fechando os descobrir se aquele medicamento está o tratamento, o organismo está
personalidade do viciado. “O psicólogo olhos e passando a mão na cabeça. E aí surtindo efeitos. O bioquímico Daniel desintoxicado e se a pessoa voltar a
atua descobrindo o que levou a pessoa estamos concordando com a de- Duarte confirma a tese. “Esses remédios drogar-se, por exemplo, ela tomará por
a desenvolver o vício, qual a neces- pendência dele”, completa o psiquiatra. não viciam, pois são usados por um base o último registro. É assim
sidade que está por detrás disso”, fala Cristina enfatiza que o viciado precisa de curto período de tempo. A menos que a geralmente que acontece com as
Cristina. O processo consiste em apoio, pois é um sofredor psíquico e o pessoa continue tomando por anos, aí overdoses, levando à morte, porque o
mostrar ao paciente que existem outras vício é como uma doença invisível, não sim”. Duarte diz não saber de nenhum organismo estava diferente, estava mais
maneiras de atender essa necessidade como tantas outras que apresentam caso de alguém viciado em remédios sensível”.
Textos e fotos: Alunos do 6º Semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: Alunos do 7º Semestre/Prof. Ildo Silva
Fale com a gente! Diagramação: Muriel Albonico, 8ª fase/Agcom | Capa: Arte dos alunos do 6º Semestre.
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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão novembro 2007 3