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Instituto Livre de Estudos Avançados nas Religiões Afro-brasileras

Afroteologia
O Cosmo-sensível africano segundo o Candomblé

Prof. Dr. Sidnei Barreto Nogueira


ilearasp@gmail.com
AFROTEOLOGIA

A afroteologia então é a teologia própria das religiões de


matriz africana. Parte de princípios próprios da visão de
mundo ancestral africana, que lhe confere uma relação
singular entre o significante e o significado; lhe emprega
sentidos próprios seguindo a lógica cultural das observações
desse povo sobre o mundo visível e o invisível.

SILVEIRA, Hendrix. Afroteologia: elementos epistemológicos para se pensar numa


teologia das religiões de matriz africana. In: CONGRESSO DA SOTER , 26., 2013,
Belo Horizonte. Anais do congresso da SOTER / Sociedade de Teologia e Ciências
da Religião: Deus na sociedade plural: fé, símbolos, narrativas. Belo Horizonte:
PUC Minas, 2013. p. 1143.
“Worldsense” – cosmo-sensível vs a Cosmo-visão

(...) ao contrário da Europa, as culturas africanas não são e não


foram historicamente ordenadas de acordo com a lógica da visão,
mas sim através de outros sentidos. A noção de uma "cosmovisão" só
é apropriada ao contexto europeu. “Worldsense" melhor
corresponde ao modo africano de conhecer, sentir, fazer e ser. É
preciso contestar a idéia de que um esquema categórico ocidental
para entender a sociedade e a dinâmica social pode simplesmente
ser exportado para outro lugar.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. The Invention of Women: making an african sense of


western gender discourses. New York: Palgrave Mcmillan, 2011.
O legado africano no Brasil

Nos porões dos navios, além dos músculos, iam as ideias, os


sentimentos, tradições, mentalidades, hábitos alimentares, ritmos,
canções, palavras, crenças religiosas, formas de ver a vida, e o que
é mais incrível: o africano levava tudo isso dentro da sua alma, pois
não lhes era permitido carregar seus pertences.

Filme Atlântico Negro – na rota dos Orixás. Renato Barbieri, 1998.


Devemos acreditar que a História é Única?

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=ZUtLR1ZWtEY>
Provocações: somos afroteológicos?
As perguntas que não querem calar (...)

1. Semiose 2. Èèwo: organização social e equilíbrio


da força vital

3. Significados
O início de tudo: a palavra

A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a


fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é
uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo
que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra
latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o
baobá já existe em potencial em sua semente.

Tierno Bokar Salif, falecido em 1940, passou toda a sua vida em Bandiagara
(Mali). Grande Mestre da ordem muçulmana de Tijaniyya, foi igualmente
tradicionalista em assuntos africanos. Cf. BÂ, Hampaté & CARDAIRE, M. Tierno
Bokar: le sage de Bandiagara. Paris: Présence Africaine, 1957.
A palavra [ a noção de erro/ mentira]

(...) nenhum africano de formação tradicionalista sequer


sonharia em colocar em dúvida a veracidade da fala de um
tradicionalista, doma, especialmente quando se trata da
transmissão dos conhecimentos herdados da cadeia dos ancestrais
(Ampate Bâ, 2010: 179-180).
A palavra - ancestralidade

Antes de falar, o Doma, por deferência,


dirige-se às almas dos antepassados para
pedir-lhes que venham assisti-lo, a fim de
evitar que a língua troque as palavras ou
que ocorra um lapso de memória, que o
levaria a alguma omissão (Ampaté Bâ,
2010:180).
Afroteologia: O Cosmo-sensível africano
segundo o Candomblé (TMA) - ESCOPO

A fala pode criar a paz, assim como pode destruí-la. É como o


fogo. Uma única palavra imprudente pode desencadear uma
guerra, do mesmo modo que um graveto em chamas pode
provocar um grande incêndio. Diz o adágio malinês: "O que é que
coloca uma coisa nas devidas condições (ou seja, a arranja, a
dispõe favoravelmente)? A fala. O que é que estraga uma coisa? A
fala. O que é que mantém uma coisa em seu estado? A fala.
[Hampate Bá. A tradição Viva, 1977].
Afroteologia: O Cosmo-sensível africano
segundo o Candomblé (TMA) - ESCOPO
Objetivo Geral:

fortalecer, por meio de uma Afroteologia/ Afrofilosofia /afrocentricidade


(estudo de Deus e do pensamento por meio da África no Brasil) o
Candomblé e, por extensão, as TMA – Tradições de Matriz Africana.

Molefi Kete Asante, The Afrocentric Idea. Philadelphia: Temple University


Press, 1998.
Afrocentricidade (1)

Afrocentricidade é um paradigma baseado na idéia de que os


povos africanos devem reafirmar o sentido de agência para
atingir a sanidade. Durante os anos de 1960 um grupo de
intelectuais africanos-americanos inseriram os Estudos Negros
nos departamentos das universidades, começando a formular
maneiras originais de análise do conhecimento. Em muitos casos,
estes novos modos foram denominados de conhecimento numa
“perspectiva negra” como oposição ao que tem sido considerado
“perspectiva branca” da maior parte do conhecimento na
academia americana.

Molefi Kete Asante, The Afrocentric Idea. Philadelphia: Temple University


Press, 1998.
Afrocentricidade (2)

Afrocentricidade responde esta questão assegurando o papel central


do sujeito africano dentro do contexto histórico africano, por
conseguinte, removendo a Europa do centro da realidade africana.
Deste modo, Afrocentricidade promove uma idéia revolucionária
porque estuda idéias, conceitos, eventos, personalidades e processos
políticos e econômicos de um ponto de vista do povo negro como
sujeito e não como objeto, baseando todo conhecimento na autêntica
interrogação sobre a localização.

Molefi Kete Asante, The Afrocentric Idea. Philadelphia: Temple University Press,
1998.
Afroteologia: O Cosmo-sensível africano
segundo o Candomblé (TMA) - ESCOPO
Objetivos específicos:
• iniciar um processo para a sistematização e divulgação de
conhecimentos afro-brasileiros (contornos);
• agregar pessoas das mais variadas formações e crenças;
• formar uma rede de pensadores do/no Candomblé e nas TMA;
• divulgar saberes ancestrais da África Profunda no Brasil;
• evitar as “distorções” e a “colonização que, a um só tempo, transfigura
a gênese e aprisiona o Candomblé para a não aceitação do
contemporâneo”;
• atuar no fortalecimento do Candomblé nos mais variados espações
sociais e
• desfazer os movimentos internos e externos de intolerância.
Apresentação dos Pensadores e Temas
Prof. Dr. Sidnei Barreto Nogueira (SP)
1. AS LÍNGUAS DO CANDOMBLÉ: ENTRE
Mestre e doutor em Semiótica e Linguística Geral pela FFLCH - PALAVRAS FALADAS, CANTADAS E A
USP (2001-2009) com Estágio de doutorado no CNRS- SABERES ANCESTRAIS QUE VALORIZAM
LLACAN/Fr. É coordenador dos Projetos: (1) Conversa de O SOPRO DE VIDA;
Terreiro – Jornada de Diálogos, Estudos, Dinâmicas e 2. SEMIOSE DA INICIAÇÃO, RITUAL,
Sistematização de Conhecimentos Ancestrais da África Negra - METÁFORAS E SIMBOLISMO: DA
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial; (2) ILÊ ARA – PRÁTICA AOS SIGNIFICADOS;
Instituto Livre de Estudos Avançados nas Religiões Afro- 3. EWÔ: ORIGENS, SIGNIFICADOS E
IMPORTÂNCIA DAS INTERDIÇÕES NO
brasileiras; e Coordenador do Projeto GEAS – Grupo de Estudos
CANDOMBLÉ - UMA ANÁLISE SEMIO-
em Africanidades. É Babalorixá da CCRIAS – Comunidade da SOCIAL;
Compreensão e da Restauração Ile Àse Sàngó; é Membro do 4. DIÁLOGOS IMPERTINENTES E
Coletivo OKANDIMÓ (corações que se abraçam). Principais QUESTÕES IDENTITÁRIAS NA
temas de pesquisa e ensino são: línguas africanas, MODERNIDADE: INTOLERÂNCIA
descolonização cultural, racismo religioso e a exclusão social RELIGIOSA, RACISMO, HOMOFOBIA,
do povo do axé. É autor do livro “Coisas do Povo do Santo (Srs TRANSFOBIA E ABORTO.
ed., 2011).
Iyalorixá Mara Montalvão de Iyemojá (RJ)

Iyalorixá do Ile Àse Egbé Omo Ejá (RJ);


Professora, massoterapeuta clínica; (SENAC RJ); Técnica em
Enfermagem (Prognóstico Escola de Enfermagem);
Formação em Psicanálise (SFLUP);
Cursando Sociologia (UNOPAR);
Iniciada no culto às Mães Ancestrais (Axé Bomboxê); Pesquisadora e
palestrante em africanidades com enfoque para o papel da mulher em
comunidades afro-brasileiras.

AS MÃES ANCESTRAIS E O
EMPODERAMENTO FEMININO NO
CANDOMBLÉ: MITOS E VERDADES.
Ojé João de Andrade Monteiro Filho (Brasília)

EGUNGUN CONTINUIDADES E IMORTALIDADES NO CANDOMBLÉ:


ASESE, SIHUN E NTAMBI - OLHARES DESCOLONIZADOS.
Iniciado nos cultos:
• Orisa, Egungun, Muso, Iya, Alálé, Ori.
Postos:
• Culto Orisa, Otun Oya, Axundeji(
Arrundegy), Mogba Sango, Jagun Sigun,
Oluponan e Asogba.
• Culto a Egungun- Oje Deyi;
• Culto a Iya- Osola (Oxola).
• Nos cultos a Ori e Álálè.
Babalorixá Professor Me. Rodney Willian (SP)

Pai Rodney de Oxóssi é antropólogo,


escritor e babalorixá. Há mais de 20
anos pesquisa relações raciais, racismo
e religiões de matriz africana. É
sacerdote do Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá.

HISTÓRIA E NARRATIVAS DAS


ORIGENS DO CANDOMBLÉ NO BRASIL:
UM OLHAR SOBRE AS DIFERENTES
TRADIÇÕES
Psiquiatra
Gabriel Zaccaria Mourão (SP)
ANÁLISE ARQUETÍPICA DA MITOLOGIA DOS ORIXÁS: AMPLIFICAÇÕES
SIMBÓLICAS DO CANDOMBLÉ SOB O PRISMA DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA JUNGUIANA
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP); Pós-graduado em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP); Analista junguiano em formação pela Sociedade Brasileira de
Psicologia Analítica; Coordenador técnico e médico psiquiatra do Centro de
Atenção Psicossocial III (CAPS-III) Vila Vitória em Santo André/SP;
Psicoterapeuta e psiquiatra clínico, atendendo indivíduos, famílias e casais em
âmbito de consultório; Estudioso de mitologia iorubá, egípcia, grega, asteca,
maia, nórdica, celta, taoísta, budista, hindu e mesopotâmica, com ênfase na
análise arquetípica no campo da mitologia comparada
Iyawo de Òsùmàrè da Comunidade da Compreensão e da Restauração Ile Àse
Sàngó (CCRIAS), em Suzano/SP.
Babalorixá Professor Márcio de JAGUN (RJ)

ORI, ORIXÁ CABEÇA- CABAÇA- DESTINO: ORIGENS, HISTÓRIA, RITUAIS E SUA IMPORTÂNCIA PARA AS TMA
(Tradições de Matriz Africana)
Babalorixá do Ilé Àse Àiyé Obalúwáyé, descendente da Casa de Òsùmàrè
(Salvador- BA), advogado, professor, escritor, consultor em cultura yorùbá
do Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões (PROEPER/UERJ),
foi apresentador do Programa Orí na Rádio Metropolitana/ Rio 1090 AM
e na TVC/Rio (canal 6 da NET). Responsável pela pesquisa para inclusão
do idioma yorùbá no IDL (Inventário Nacional de Diversidade
Linguística) junto ao IPHAN. É conferencista, articulista e autor dos
seguintes livros: Orí – a cabeça como divindade; Ewé: A chave do Portal;
Candomblé: Casa de santo, casa de gente e Yorùbá: vocabulário temático
Candomblé. Em 2000, começa a militar no combate à intolerância
religiosa e contra o clientelismo religioso, atuação que mantém até o
presente. Foi um dos fundadores da ANMA (Associação Nacional de
Mídia Afro), no ano de 2013.
Professor Dr. Tadeu Mourão (SP)

RELAÇÕES ENTRE ARTE E


COSMOVIVÊNCIA AFRO-BRASILEIRAS:
EQUIVALÊNCIAS, ACÚMULOS E
TRANSFORMAÇÕES
Doutor e mestre em Arte e Cultura pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Professor do Instituto Federal de São Paulo,
onde é membro do Núcleo de Estudos afro-
brasileiros e indígenas. Autor do livro
"Imagens de Exu e Pombajira", editado pela
Aeroplano em 2012, iniciado para Obaluayê
na CCRIAS - São Paulo/ Suzano.
Awô Ifaleiye Akalá (SP)

ERINDILOGUN E SUAS ESTRADAS - ODU, OBI E OROGBÔ: A


VOZ DA ÁFRICA ANCESTRAL E SUAS ORIENTAÇÕES

Iniciado no Candomblé Angola há mais de 21


anos e pesquisador das artes divinatórias
yorùbá: Obi, Orogbô, Erindilogun e Opelê
Ifá. Iniciado nos cultos tradicionais: Obatalá,
Egungun, Ogboni e Egbe Orun;
Dirigente do Templo Religioso Emi Ojíjí Iledi
Tifase Agboola;
Membro do Fórum Inter-religioso para a
Cultura de Paz e Liberdade de Crença da
SJDCESP.
O Curso:
PRESENCIAL (às terças e quintas de 24 de outubro até 05 de novembro/ 12 encontros
incluindo a formatura)
EAD – Ensino à distância (de 01 de novembro até 01 de maio – vídeo- aulas quinzenais)
Fragmentos: quais conhecimentos precisamos
acessar e divulgar?
[Arquétipos universais) Iyewá é o
crepúsculo. Por isso são poucas as suas
filhas. Quem consegue aprisionar o
crepúsculo? A que horas ele vem? Em que
momento? Quanto ele dura? Iyewá é a
personificação desta sensação fugidia.
Orixá leve e rigoroso não se expõe, não
exagera. Iyewá! Senhora da palha
vermelha, igualmente uma das cores do
crepúsculo. Iyewá é um Orixá de
transição. Iyewá tem seus encantos.
Iyewá é fugidia como o é o crepúsculo. A
ela pedimos visão, intuição, possibilidade
de superar o intransponível.
Fragmentos: quais conhecimentos precisamos
acessar e divulgar?

FILOSOFIA, POESIA E METÁFORAS:


lições de vida.
"Exu faz o torto endireitar e o direito
entortar. Ele se senta sobre a pele de
uma formiga. Ele matou o pássaro
ontem, com uma pedra que atirou
somente hoje. Sentado a sua cabeça
bate no teto; de pé, não atinge a
altura de um fogareiro."
Fragmentos: quais conhecimentos precisamos
acessar e divulgar?

A palavra escrita é a
oralidade deitada no
papel. Antes de ir ao
papel, é axé, força
vital, é sentimento.
O que significa?

[Babá Efun onijalê/ Areô onijá


Babá Efun onijalê/Areô onijá]

O Pai do Efun é o senhor do dia e da


noite;
O Pai do Efun é o senhor do dia e da
noite;
Nós nos alegramos com a sua presença.
Façamos juntos esta jornada! Ubuntu!

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